- Piloto Comercial

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- Piloto Comercial
Olá amigos e amigas
Durante muitos anos eu corri atrás de patrocínio, e cansada de promessas, que resolvi disponibilizar o meu
livro gratuitamente. Informo que a revisão não está 100%. O importante é a história.
Boa leitura.
BASTIDORES CÔMICOS DA AVIAÇÃO
DO PASSAGEIRO AO PILOTO.
Cléia é uma mulher que sonha que gosta de evoluir constantemente. Não vê a
ambição como um defeito, e sim como uma qualidade, desde que seja um
sentimento controlado e equilibrado. Nunca pensou, realmente, em ser uma
escritora. Sempre anotou seus pensamentos em folhinhas, que juntava aos seus
diários, para curti-las tempos depois. Essas folhinhas constituíram o seu primeiro
grande livro: 1001 Cantadas de Uma Mulher. Sempre foi uma pessoa
observadora, principalmente o que leva a questionamentos, que todos nos sempre
temos, sobre o comportamento humano. Com experiência de muitos anos
trabalhando em companhias aéreas, que resolveu contar os casos e “causos”
cômicos dos bastidores da aviação.
Dizem que é louca pelo fato de enfrentar muitos desafios. Mas curte tudo com a
maior naturalidade. “Louca são aquelas pessoas que não dão espaço para mostrar
suas próprias loucuras”. Agora embarquem nesta leitura mirabolante. Apertem o
cinto que o piloto (escritora) sumiu!
p. 1
p. 2
Dedicatória
“Alberto Santos Dumont”. Nosso “orgulho”.
“Havia corridas; a minha passagem, tanto na ida como na volta,
despertou um delírio de aplausos: ouvi a gritaria e vi lenços e chapéus
arrojados ao ar; eu distava da terra apenas
de 50 a 100 metros...”
“As coisas são mais belas quando vistas de cima”.
(Santos Dumont, Alberto. “O que eu vi o que nós veremos”. São Paulo: s.n.,
1918 p.39)
“Eu não sou uma astronauta, mas sou uma pessoa
que vive voando nos meus sonhos”.
Cleia Carvalho
p. 3
O Mundo Tragicômigo da Aviação
Depois do sucesso de “1001 Cantadas de Uma Mulher”, Cleia Carvalho
parodia seu próprio cotidiano com o segundo livro: ”Bastidores Cômicos da
Aviação – Do Passageiro ao Piloto”. Aqui, mais uma vez, o foco é sua paixão
pela arte de voar.
Cleia mostra situações bizarras e melodramáticas que aconteceram durante sua
carreira na aviação, há de tudo um pouco, a autora abre o baú e faz relatos
inusitados que acontecem nos aeroportos e entre as “quatro paredes” das máquinas
voadoras. Cleia é uma bomba atômica, com conhecimento de causa, afirma: “A
maioria das pessoas não imagina que por trás desta cortina há “um palco” com
muitas histórias interessantes, muitas vezes engraçadíssimas, gafes de todos os
tipos, medo e perigos.” Diz que procura viver os desafios da vida sempre bem
humorada, por mais simples ou difícil que seja. Assinala que o bom humor é tão
saudável quando fazer exercícios (ou outra coisa...). Assevera que não tem
preconceitos, que é ousada e se arrisca a ser diferente, enfatizando que o ridículo
não existe e que está sempre com a mente aberta, preparada para novos desafios.
Situações reais, cômicas, sérias, dramáticas, o livro mostra um pouco do fascinante
e maravilhoso mundo da aviação, não apenas na arte de voar, mas em tudo o que
acontece nos bastidores desta maravilhosa profissão. O “negócio” é embarcar no
mundo de fantasias do “BASTIDORES CÔMICOS DA AVIAÇÃO”, uma
espécie de “Big Brother” aéreo, que serve como cartilha e, ainda por cima, nos
ensina como sair vencedores. Como diz a própria autora: “O importante são as
emoções que eu vivi”.
Jornalista
Gustavo Cheluje
p. 4
Quantas histórias acontecem dentro de um aeroporto ou nas milhares de
viagens pelo mundo, nos aviões? Partidas, chegadas, medos, amores, saudades,
gafes, expectativas, suspense, sexo, aventura até violência... Dá pra perceber o
quanto tem para se contar sobre essas situações. Esta foi a grande sacada de Cleia
carvalho, para dar continuidade a sua pesquisa sobre a alma humana, iniciada com
o sucesso de “Mil e uma Cantadas de Uma Mulher”, seu primeiro livro sobre a arte
da “paquera”. Nele, a autora mostra, com bom humor, as cantadas criadas sem
censura, para apimentar o relacionamento amoroso de todos os casais que queiram
sair da rotina.
Cleia é assim, inquieta, curiosa e sensacionalmente humana. Sua experiência e
conhecimento da vida, trabalhando durante anos dentro de empresas aéreas, foi
fundamental para ela captar e relatar histórias interessantes, muitas vezes
engraçadas, que com certeza ficariam restritas apenas aos bastidores da aviação. Aí
é que entra o olhar perspicaz e divertido de Cleia, que irá proporcionar a vocês,
leitores, horas de adrenalina e muitos risos!
Passageiros, apertem os cintos e curtam uma viagem da qual vocês fazem parte ou
farão algum dia.
Comandante Cleia Carvalho fará de tudo para que seja a melhor e mais
confortável viagem, mesmo quando ela fizer as mais malucas manobras na
pilotagem desse magnífico avião, que é a vida. Bom divertimento!
Jal
Jornalista e cartunista
p. 5
PREFÁCIO
Cleia Carvalho e eu temos uma coisa em comum: o gosto pelo humor
“Bastidores Cômicos da Aviação – Do Passageiro ao Piloto”, que sucede sua
primeira obra, “1001 Cantadas de Uma Mulher”, é uma coleção de casos e
“causos” hilariantes, alguns “aterrorizantes” e outros desconcertantes, recheados de
gafes e mais gafes.
Assim, com muito prazer - no bom sentido - apresento esta divertida obra. A
autora é apaixonada pela Aviação; eu, pelo Direito, mas tenho raízes na Aviação.
Fui aluno da Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR), tendo a oportunidade
de estudar teoria e prática na área de proteção ao voo. Saí da Aeronáutica para
seguir a carreira jurídica, mas não posso negar que a atividade aérea é empolgante.
No meu livro, De Faxineiro a Procurador da República, consigno o
profissionalismo dos controladores de tráfego aéreo (conhecidos por controladores
de voo). Em países do Primeiro Mundo, eles são bem remunerados, à altura da
responsabilidade do serviço que realizam. Para se ter uma ideia dessa
responsabilidade, o maior acidente aéreo da história da aviação mundial, ocorrido
em 1977, na Ilha de Tenerife, território espanhol, decorreu da falha de
comunicação entre piloto e controlador de voo, o que levou dois aviões Boing 747
colidirem na hora da decolagem, matando 583 pessoas, embarcadas nas duas
aeronaves.
No Brasil, os controladores de voo, cuja responsabilidade envolve a vida de
milhões de pessoas que se utilizam do transporte aéreo, percebem remuneração
ridícula e trabalham com equipamentos obsoletos, no entanto, o país ostenta
estatística de segurança de voo semelhante à de países desenvolvidos. Parece que,
nesse particular, Deus é brasileiro mesmo (só pode!). A propósito, na Segunda
Guerra Mundial, a Força Aérea Brasileira foi uma das poucas forças aéreas aliadas
a ganhar prêmio do governo americano pelo elevado grau de efetividade. A
criatividade e a coragem dos nossos pilotos e mecânicos garantiram altos índices
de disponibilidades operacionais nos confrontos aéreos.
Quando eu estudava na Escola de Especialistas de Aeronáutica, tive a
oportunidade de conhecer alguns dos combatentes aéreos da Segunda Guerra. Eles
estiveram em confraternização conosco e ouvimos muitas histórias, algumas
engraçadíssimas de como faziam para manter os aviões de combate
operacionalmente ativos, o que deixava os americanos impressionados (e os
inimigos assustados) com a criatividade (e coragem).
Cleia, neste livro, conta histórias engraçadas e algumas apavorantes, próprias
de uma atividade que fascina e amedronta. Que atire a primeira pedra quem nunca
sentiu medo dentro de um avião. Até o grande líder espiritual, Chico Xavier, que se
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comunicava com os mortos, relatou que certa vez ficou apavorado, quando a
aeronave na qual voava quase o transportou para a cidade dos pés juntos.
Os bastidores da arte de voar são a fonte de inspiração da autora, que adora
ver as nuvens sempre brancas (por cima elas parecem neve). Cleia lembra que
cerca não foi feita para quem tem asas; com isso, solta o cinto e abre o verbo. Eu
pego carona nessa viagem prazerosa do humor e convido você, caro leitor, para
viajarmos nas “memórias voadoras” da nossa comandante; afinal, a vida é curta e
faz bem para a mente esquecer, de vez em quando, que vivemos em um país que
não se importa com a corrupção e nem com a educação, com a saúde, com a
segurança etc. Neste pobre país rico, os mais “espertos” sempre ganham, tudo de
acordo com a famigerada “Lei de Gérson”.
Com efeito, diante dos absurdos que o “sistema” proporciona, não há nada o
que fazer, a não ser “relaxar e gozar”, consoante a “brilhante” orientação da então
ministra do Turismo, Marta Suplicy, “acalmando” os que sofriam com o “apagão
aéreo”. Enquanto os esfolados contribuintes penavam nos aeroportos, dormindo em
cima de bancos e bagagens, a “orientadora” passeava de jatinho (assim é fácil
relaxar e gozar...). A autora abre o baú e faz relatos inusitados que acontecem nos
aeroportos e entre as “quatro paredes” das máquinas voadoras. Com conhecimento
de causa, afirma: “A maioria das pessoas não imagina que por trás desta cortina
há “um palco” com muitas histórias interessantes, muitas vezes
engraçadíssimas, gafes de todos os tipos, medo e perigos.” Diz que procura viver
os desafios da vida sempre bem humorada, por mais simples ou difícil que seja.
Assinala que o bom humor é tão saudável quando fazer exercícios (ou outra
coisa...). Assevera que não tem preconceitos, que é ousada e se arrisca a ser
diferente, enfatizando que o ridículo não existe e que está sempre com a mente
aberta, preparada para novos desafios.
O livro privilegia o humor na Aviação. No Direito também temos nossa linha
humorística, claro que sem o glamour do voo livre e para concluir esta
apresentação, deixo registrado o “causo” a seguir: Em audiência de um processo
criminal, que tramitava em uma comarca do interior, apurando crime de estupro,
o juiz perguntou à testemunha, se ela tinha sido arrolada pela acusação ou pela
defesa. Assustada, a jovem recatada respondeu: - O senhor está enganado, eu não
fui “rolada” por ninguém. Em seguida falou com a firmeza de quem conhecia os
fatos: Quem foi “rolada” foi aquela ali, apontando na direção da vítima. E para
mostrar que estava determinada a colaborar com a justiça, disse: O “rolador” foi
aquele safado, que está rindo ao lado do “desavergonhado” que lhe defende.
Manoel Pastana
Escritor, palestrante motivacional e Procurador da República.
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UM VOO NOS BASTIDORES DA AVIAÇÃO.
POR FAVOR, APERTEM OS CINTOS E BOA VIAGEM!
O PRAZER DE VOAR E DE ESCREVER
O mundo fascinante, a paixão, as experiências de ter trabalhado e a
convivência que ainda tenho no meio da aviação, foram os maiores motivos que
me levaram a escrever o meu segundo livro. É uma forma de sair da rotina,
buscando outros caminhos para o meu crescimento. É o meu alicerce, meu aliado,
minha ferramenta de trabalho mais importante.
Procuro viver os desafios da vida sempre com bom humor, por mais simples ou
difícil que seja. O bom humor é tão saudável quando fazer exercícios. Não tenho
preconceitos, sou ousada e me arrisco ser diferente. O ridículo para mim não
existe. Estou sempre com a mente aberta, preparada para novos desafios e antenada
com as coisas que acontecem no mundo. É como uma viagem num planador, sem
barulho de motor e sem lugar certo para pousar. Interligo tudo que vejo ou leio
para ter subsídios, renovar ou enriquecer o que surgir em minha mente. O
importante é ter ingredientes, tais como imaginação, humor, ousadia e os sentidos
prontos para captar informações que o mundo nos oferece. Há pessoas que olham
pela janelinha do avião e só veem nuvens, outras veem o universo. Eu nasci para
voar e cerca não foi feita para quem tem asas. Por isso não deixo que minhas ideias
fiquem confinadas e quando elas surgem procuro recursos para lapidá-las e colocálas em prática para futuros planos. Planos de voo.
RECORDAÇÕES
Trabalhar na aviação trouxe os melhores momentos da minha vida. Só guardo
lembranças e recordações fantásticas. Tenho muita saudade daqueles tempos e até
hoje convivo neste meio, graças aos amigos que adquiri ao longo dos anos, não só
nas companhias que trabalhei, como também em todas as outras. Por isso, tenho
uma coletânea de coisas interessantes para contar.
Quero mostrar ao leitor fatos inusitados que acontecem nos aeroportos e dentro
dos aviões, ou seja, o que ocorre no dia-a-dia nos bastidores da aviação. A maioria
das pessoas não imagina que por trás desta cortina há “um palco” com muitas
histórias interessantes, muitas vezes engraçadíssimas, gafes de todos os tipos,
medo e perigos. Muitas pessoas não têm a mínima ideia do que se passa nos
bastidores deste mundo louco maravilhoso que ilumina o céu, a terra e o coração
dos apaixonados pela aviação. Tenho certeza de que vocês irão se divertir muito
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com as histórias hilariantes que vou contar neste livro. São depoimentos verídicos,
que aconteceram com alguns profissionais e passageiros entrevistados por mim e
fatos inusitados que ocorreram em minha vida! Eu curto as minhas histórias, mas
lembro que elas fazem parte do meu passado.
“O aqui e agora” é o mais importante, ou o dia depois de ontem é melhor ainda.
Por isso eu resolvi voar com minhas próprias asas, fazendo um retrospecto da
minha vida nesses longos anos vividos dentro da aviação.
O INGRESSO
Entrei na aviação em 1976, na Votec e, só trabalhava meio período, como
recepcionista. Ao final do expediente, pegava carona de avião para qualquer lugar,
só pelo gosto de poder voar, pois era a maior caroneira daquele tempo.
Pequei muitas vezes carona em aviões da Força Aérea, jatinhos particulares, táxi
aéreos. Com helicópteros, atravessei São Paulo quase todos os dias, de Congonhas
ao Campo de Marte. A Votec, naquele tempo, tinha uma grande frota de
helicópteros. Quando fui para o Rio, com o avião Bandeirantes da FAB, com a
certeza de ter carona de volta para trabalhar no dia seguinte, eu adorava passar as
noites nas famosas discotecas da época, como o Hippopotamus e o Oba, Oba das
mulatas do nosso saudoso Sargentelli, grande amigo. Isto acontecia com frequência
e eu sempre ia trabalhar com uma mochila preparada para o que desse e viesse.
Belos tempos. Para quem trabalha na aviação é muito comum ter essa
possibilidade, mas nem todos usam. Eu posso dizer que nada desperdicei nessa
época e foi aí que aprendi bastante sobre o mundo das asas. Eu naveguei pelo ar.
Nunca conheci uma indústria que entra na corrente sanguínea das pessoas como a
aviação.
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A MAGIA DE VOAR
Existem dois tipos de pilotos, aquele que levam em seu sangue a necessidade de
voar, pelas mesmas razões que precisam dormir comer ou respirar, e aqueles que o
fazem apenas pela tarefa, por obrigação ou por não ter alternativa. Esses últimos
normalmente chegaram à profissão por acaso ou outra forma não planejada. Os
primeiros frequentemente tem a inquietude desde pequenos, quando viam nos
aviões algo notável, místico, sublime, talvez muitos destes começaram desde
pequenos a construir modelos de aeroplanos, ou acumulando fotos e pôsteres, ou
qualquer outra coleção com motivos aéreos. Conheciam as especificações e dados
de qualquer avião com riquezas de detalhes.
Quando crescem e tem a sorte de realizar seu sonho de criança, desfrutam
plenamente do seu trabalho e sentem-se os homens mais sortudos do planeta.
Os pilotos são uma classe à parte de humanos, eles abandonam todo o mundano
para purificar seu espírito no céu, e somente voltam à terra depois de receber a
comunicação do infinito. Esse grupo conhece a diferença entre voar para
sobreviver e sobreviver para voar. A Aviação os ensina um paradoxo: orgulho e
humildade...
Voar é uma magia que faz vítimas voluntárias de seu feitiço transcendente.
Quando estão na terra, durante dias ensolarados, observam continuamente o
firmamento com saudades de estar ali, durante dias chuvosos e nublados, reveem
os procedimentos de voo em suas mentes. O piloto sabe o melhor simulador de voo
está em si mesmo, em sua imaginação, em sua atitude, porque a mente do piloto
está sempre acessível a elementos novos e compreende que para voar é preciso
acreditar no desconhecido.
No mais, os pilotos, são homens, lógicos, calmos e disciplinados, que pela
necessidade, precisam pensar claramente de outra forma, se arriscam a perder
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violentamente a vida ao sentar-se na cabine. O verdadeiro piloto não amarra seu
corpo ao avião, pelo contrário, através do arnês. Ele amarra o avião em suas costas,
em todo seu corpo.
Os comandos da aeronave passam a ser uma extensão de sua personalidade,
essa simples ação une o homem ao aparelho na simetria de uma só entidade.
Numa mistura única e indecifrável, cada vibração, cada som, cada cheiro tem
sentido e o piloto os interpreta apropriadamente. Não há dúvida de que o motor é o
coração do avião, mais o piloto é a alma que o governa. Os pilotos não veem seus
objetos de afeição como máquinas, ao contrário, são formas vivas que respiram e
possuem diferentes personalidades, em alguns momentos falam e até riem com
eles.
Esses seduzidos mortais percebem os aviões com uma beleza incondicional,
porque nada estimula mais os sentidos de um aviador que a forma esquisita de uma
aeronave, não podem evitar, estão infectados pelo feitiço, e viverão o resto de suas
vidas contemplados pela magia de sua beleza. Para o piloto ver um avião antigo é
como encontrar um familiar perdido, uma e outra vez.
Quando o destino trágico mostra sua inexorável presença e vidas se perdem em
acidentes, a essência do piloto se entristece pelo acontecido, mais não poderá
evitar, talvez por infinitesimal segundo, que a sombra de seu pensamento volte ao
aparelho caído num golpe de afeição inevitável.
Permite-lhe igualmente reconhecer que ninguém avista a montanha dali... como ele
a vê do céu...
Distinguir uma pessoa que deu sua alma à aviação é fácil, em meio à multidão
quando um avião passa seu olhar volta-se imediatamente ao firmamento buscandoo e não descansará até que o veja. Não importa quantas vezes haja visto o mesmo
avião, é preciso vê-lo novamente, é algo inconsciente e espontâneo. Os pilotos
talvez possam explorar os elementos físicos do voo, mas descrever o que ocasiona
sua existência é impossível porque explicar a magia de voar está além das palavras.
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CONHECENDO A ARTE DE VOAR E DE RIR
O PASSAGEIRO:
O passageiro é sempre passageiro. Por mais que viaje e por mais horas de voo
que acumule, o passageiro nunca será fixo, será sempre passageiro. Anualmente,
milhares deles vão à Disney levando seus filhos; sacoleiras entopem os voos para
N. York; aristocratas falidos vão à Los Angeles acreditando que a cidade ainda
detém o antigo glamour; remediados apinham as listas de espera dos voos para a
Europa, sem falar nos descendentes, que vão ao Oriente torrar o saco dos
ancestrais, que não têm como negar-lhes morada na busca por novas
oportunidades. Juntos formam uma massa interessante, porém pastosa e sem rosto,
à qual as empresas aéreas denominam "usuários".
Os usuários querem entrar no avião todos ao mesmo tempo. Esbarram o ombro
no batente da porta e olham feio para o outro que entrou ao mesmo tempo e
esbarrou o outro ombro no outro batente. Brigam pela janelinha, mesmo quando o
voo é noturno e não dá pra ver nada. Quando a conseguem, passam a noite inteira
levantando para ir ao banheiro, incomodando o outro usuário que também está com
o ombro doído. Fazem barulho, bagunça, desfolham jornais, roubam talheres,
copos, xícaras, travesseiros, mantas, fones de ouvido; assemelham-se a uma nuvem
de gafanhotos praticando um saque a que chamam "souvenir". Levam revistas de
palavras cruzadas que jamais serão resolvidas e acham-se super malandros
sentindo roçar na barriga o incômodo saco plástico que esconde os "travellerscheques". Transformam os banheiros num lodaçal, num Everglades de urina.
Sentem-se uns aventureiros, uns Indiana Jones ao contrário, já que estão viajando
de um país de terceiro mundo para lugares um pouquinho mais civilizados.
Querem abraçar o Mickey e apertar a mão do Pateta; querem arrancar uma
lasquinha de tinta da Estátua da Liberdade; querem pisar nas estrelas da Calçada da
Fama. Torcem para que neve em pleno verão e alugarão carros dos quais falarão
pelos próximos dez anos. Tiram centenas de fotos horríveis, mostrando sempre os
mesmos sorrisos sem graça e sempre com as pessoas portando sacolas de compras.
Os que já foram mais de uma vez fazem questão de explicitar isso logo no primeiro
momento da conversa: "da última vez que estivemos em Paris...". O "última vez" é
dito em itálico e negrito, deixando claro que ele já esteve lá outras vezes. Já o de
primeira viagem compara o avião ao ônibus no qual fez a excursão a Foz do
Iguaçu. E se acha criativo fazendo a inevitável comparação dos solavancos do
avião aos buracos da estrada.
Pedem para conhecer a cabine de comando e lá chegando podem ser divididos
em dois grupos: o dos experts e o dos babões. O expert, por ser expert, já entra na
cabine de dedo em riste, apontando com concreta certeza "ali é o radar, não é?"
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O babão entra quieto, compenetrado, olha tudo com muita atenção e por último
o painel do teto.
Por estar olhando para cima fica com a boca semi-aberta. E
dispara, engolindo a saliva: "poxa, quanto botão, como é que vocês decoram tudo
isso?".
O passageiro-padrão sempre quer a comida que não tem mais, e acha um
absurdo o avião não estar equipado para atender a todos os seus desejos
gastronômicos, sejam quais forem. Certa vez um me pediu pizza. De calabresa,
com bastante cebola. Desculpei-me por não poder atendê-lo, confidenciando-lhe no
ouvido que a máquina que espremia os tomates para o molho havia quebrado.
Embarcando em Seul ele quer jornal de Porto Velho. De hoje. E não adianta
explicar que o Brasil está doze horas atrás do fuso da Coréia, fato incontornável,
que faz o jornal ser sempre de ontem, nunca de hoje. Mas aí ele não quer mais,
afinal, é um homem à frente do seu tempo. E tudo isso sem falar naqueles que
voltam com dificuldades para entender o português. Compreende-se, afinal
passaram longos sete dias em Miami.
E com todo esse tumulto e confusão foi preciso que as empresas encontrassem
um profissional capaz de botar ordem naquela Babel de asas. Alguém capaz de
controlar a massa, uma espécie de PM sem cassetete e que fosse, ainda, o
responsável pela segurança. Era preciso alguém otimista, corajoso e trouxa o
suficiente para topar a parada.
COMISSÁRIO:
O comissário é antes de tudo um forte. Um forte candidato a se ferrar. Otimista
por natureza é o único que acredita poder sair vivo de um acidente numa cangalha
que anda a mais de 900 km por hora e que leva toneladas de combustível bem
embaixo do seu assento. É um eclético: atura gente arrogante na primeira classe,
atura gente chata na classe executiva, e na classe econômica atura gente que ainda
não definiu se vai ser chata ou arrogante. Tem curso de sobrevivência na selva, no
mar, no gelo e no deserto, mas nunca lhe ensinaram sobreviver com o ridículo
salário que lhe pagam. Sabe fazer parto e controlar chilique. Sabe dar extremaunção aos católicos, fazer servir a refeição kosher do rabino e conhece trechos do
Alcorão para atender os muçulmanos. Tem curso de primeiros e de últimos
socorros, conhece psicologia aplicada, e se nada disso der certo, sabe como tirar
todo mundo de dentro do avião em 90 segundos, sendo o último a sair. Dá nó em
pingo d água e quando o serviço de bordo não é suficiente para todo mundo, opera
o milagre da multiplicação. É capaz de dar o mesmo copo de suco para duas
pessoas ao mesmo tempo, sem que elas percebam. É um mágico, um ilusionista,
cujas mãos possuem uma agilidade de fazer inveja a qualquer profissional do
baralho. E é formado em ocultismo, sabendo ocultar frangos, queijos e garrafas pet
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na mala. No início do voo o comissário se apresenta ao comandante, que está de
saco cheio, com cara mal dormida e o nó da gravata torto. Juntos vão para o avião,
aquele belo exemplar de um mais pesado do que o ar, com mais de vinte anos de
uso. O livro de panes é mais grosso que a Enciclopédia Russa, várias delas em
"acr", o que significa que não tem peça de reposição. A manutenção é de terceiro
mundo e as pessoas envolvidas na operação também. O comissário checa tudo e
recepciona os passageiros com um sorriso largo e uma mentira estreita sobre o
atraso. Fecha a porta de travamento visivelmente duvidoso, senta em seu banco,
ajusta o seu cinto e dá um sorriso para a velhinha sentada bem na sua frente. Apaga
a luz, mantendo a cabine escura como a dúvida. Concentra-se para a decolagem e
acha que vai chegar inteiro ao destino. Vai ser otimista assim na lá longe!
COMISSÁRIA:
A comissária começa na carreira com um carro zero, dado pelo pai. Ele não
queria que ela interrompesse a faculdade e adiasse o casamento, mas no fundo está
feliz por ver a menina, aquela criadora de caso, ir encher o saco dos outros. Os
outros também estão felizes por conhecer a menina, e todos se mostram muito mais
interessantes que o noivo, que começou a dançar no momento em que ela colocou
os pés no avião. Na relação tentativa-erro, ela acha que toda tentativa é um acerto,
já que os novos colegas estão sempre dispostos a ensinar. Ela não se dá conta
daquele monte de gente vivida dançando em torno dela igual índio dançando em
volta da fogueira.
A comissária tem o mesmo treinamento e sabe fazer as mesmas coisas que o
comissário faz. Mas, por ser mulher, é menos otimista e, portanto, mais realista. A
bordo, ela é soberana, insuperável e insubstituível, e com um simples sorriso é
capaz de servir não dois, mas três copos de suco ao mesmo tempo, sendo que o
terceiro usuário, cheio de esperanças pelo sorriso, vai virar o copo na boca sem
perceber que ele está vazio. É ela que trabalha na linha de frente, dando o primeiro
combate à massa e por isso é, ao mesmo tempo, flecha e arco. Em pouquíssimo
tempo estará dançando em volta de todo mundo como índio dança em volta da
fogueira. Ela decola ao lado do comissário e mesmo na escuridão é capaz de
perceber, perguntando enquanto mantém o sorriso para não chamar atenção:
"fechou essa porta direito? Parece que está meio aberta". Ambos, comissário e
comissária, formam um time poderoso e, às vezes, assediam a massa, fazendo cara
séria e voz compenetrada para oferecer as carnes disponíveis na refeição: "a
senhora é vaca ou galinha?"
Mas é ela, a comissária, quem sempre prevalece. É ela que alimenta os mais
inconfessáveis sonhos de todos, principalmente do usuário. Pode não ser bonita,
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nem gostosa. Mas dentro daquele uniforme transforma-se numa espécie de fada
alcançável, um mito capaz de enlouquecer os menos avisados.
CO-PILOTO:
Existem dois tipos básicos de co-piloto: o "xodó" e o "oriundo". O "xodó" é o
xodó da mãe, senhora que transpira vaidade por todos os poros e que está sempre
avisando que o filho "chegou lá, mas ainda vai mais longe". Ele é um rapaz altivo,
que pensa ter cultura e inteligência acima da média. E se acha bonitão! É o centro
das atenções nas festas de família. Claro, não é toda família que tem um pimpolho
capaz de que decolar aqueles enormes aviões. Não mesmo! Só aquelas com grana
suficiente pra bancar o aeroclube, onde o coitado vai ralar durante seis longos
meses para tirar o brevet. O outro tipo é o "oriundo". Ele é oriundo da FAB, onde
cursou a academia e na hora de servir à pátria descobriu que a aviação comercial é
mais compensadora. Aí, ele dá baixa e vai ser civil, tirando a vaga de um
pimpolho, cuja mãe vai ficar uma fera.
Normalmente, o co-piloto xodó é mais arrogante e liberal, enquanto o oriundo é
mais humilde e "caxias". Seja como for, ambos descobrirão rapidamente que só
têm direito a escolha comportamental aquele que está por cima. E é por isso que o
passatempo de ambos é falar mal do comandante. Adoram contar sobre o dia em
que o comandante pisou na bola e - não fosse ele, herói de plantão - as coisas iam
ficar pretas. Mas, claro, só contarão para as pessoas de confiança, porque amanhã
vai ter outro voo, com um comandante amigo daquele outro, e os quinze minutos
de glória poderão se transformar em meses de pesadelo.
Por ser achar bonitão, inteligente e culto, o co-piloto acha também que pode
conquistar a comissária. Acha que a concorrência do comissário que senta junto
dela é desleal, e que a concorrência exercida pelo comandante é sacana, já que ele
usa o posto pra dar em cima da moça. Mas sabe que um dia será comandante e
então tudo será diferente. Cada um será colocado no seu devido lugarzinho e
nascerá uma nova era de justiça e paz social no relacionamento. Enquanto isso não
acontece, ele acha que todo mundo é babaca.
COMANDANTE:
Todo comandante já foi co-piloto e por isso mesmo acha que todo co-piloto é
babaca. Quando foi promovido passou a sofrer a chamada "solidão de comando",
fato difícil de contornar porque ele, apesar de estar cercado por vários tripulantes,
cada um deles especialista numa coisa, quer ser especialista em tudo. Afinal, é ele
quem tem que comandar e, a solidão de comando faz com que se sinta um Charles
Lindemberg cercado de gente por todos os lados.
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O comandante é o representante direto do patrão que, no entanto, não lhe dá
autonomia de representação. O patrão prefere nomear uma chefia, a quem dá
autonomia, que deveria representá-lo e a quem o comandante deveria representar.
Mas na opinião do comandante, toda chefia é incompetente. E não querendo
representar incompetentes, ele acaba representando apenas a si mesmo, o que
aumenta a solidão de comando. Isto faz azedar o relacionamento com os demais
tripulantes, principalmente com o seu colega mais próximo, o co-piloto. Já tendo
sido co-piloto, o comandante sabe que este o acha um babaca e, por isso, o
comandante o acha um babaca.
Um dia, de saco cheio por ter que voar um avião velho num país de terceiro
mundo, e tendo que conviver com a solidão de comando, o comandante conhece
uma comissária. Ela parece especialista em compreender tudo, um mito capaz de
fazê-lo virar o copo vazio na boca e com cancha suficiente para amenizar a solidão
de comando.
Tudo estaria resolvido, se não fosse aquele co-piloto babaca que também está
dando em cima da moça. E pior, tem aquele comissário, com seu maldito
otimismo, que senta junto dela na decolagem e tenta conquistá-la, mentindo que a
porta está fechada...
(Carlos Senra ex-comissáro da Varig)
A BEIJADINHA
Nos treinos de uma Escola Naval no Rio, os instrutores geralmente faziam uma
pegadinha, e improvisavam uma situação para ver qual atitude que cada um
deveria tomar. Um instrutor chamou um colega de lado e combinaram alguma
coisa, mas nós comissários não desconfiamos de nada. Bote salva vidas dentro da
piscina, com os "sobreviventes" dentro (nós). Nisso, esse colega põe a mão no
peito e se contorce de dor. Fica até vermelho, mais do que já era. Acreditamos
piamente que o colega estava tendo um mal súbito (coração ou coisa assim). Aliás,
foi ótimo ator. Nós todos preocupados querendo agir depressa e ajudar.
O instrutor gritando: Façam alguma coisa!!! Vejam se ele está respirando!
Ao mesmo tempo puxava o barco para a borda da piscina.
Um colega logo tomou a frente da situação e começou a fazer um "boca a boca"
nele. Mesmo assim o colega (ator) continuou firme no seu papel.
Já na borda o instrutor esclareceu a situação, dando informações do que se deveria
ter feito ou não. Resultado: Quando tudo terminou, o colega que fez o tal "boca a
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boca", saiu indignado, limpando os lábios e dizendo: - "Pô... e ainda beijei esse
cara na boca. Ficou puto! Todos riram muito da situação, e dá-lhe gozação.
Eu ria tanto dele todo invocado, que até fiz xixi na hora. Ainda bem que o
macacão já estava molhado mesmo. Tempos depois, cada vez que cruzava com
esse colega, lembrava da situação e não podia deixar de rir. Ele fazia cara
enfezada, e aí é que eu ria mais ainda. Nenhum dos dois é gay.
(Relato de uma comissária)
MELHOR PILOTO
No aeroporto, o pessoal estava na sala de espera aguardando a chamada para
embarcar. Nisso aparece o Copiloto, todo uniformizado, de óculos escuros e de
bengala, tateando pelo caminho. A atendente da companhia o encaminha até o
avião e assim que volta, explica que, apesar de ele ser cego, é o melhor Copiloto da
companhia.
Alguns minutos depois, chega outro funcionário também uniformizado, de
óculos escuros, de bengala branca e amparado por duas aeromoças.
A atendente mais uma vez informa que, apesar de ele ser cego, é o melhor piloto
da empresa e, tanto ele quanto o Copiloto, fazem a melhor dupla da companhia.
Todos os passageiros embarcam no avião preocupado com os pilotos.
O comandante avisa que o avião vai levantar voo e começa a correr pela pista,
cada vez com mais velocidade. Todos os passageiros se olham, suando, com muito
medo da situação. O avião vai aumentando a velocidade e nada de levantar voo. A
pista está quase acabando e nada do avião sair do chão. Todos começam a ficar
cada vez mais preocupados. O avião correndo e a pista acabando. O desespero
toma conta de todo mundo. Começa uma gritaria histérica no avião.
Nesse exato momento o avião decola, ganhando o céu e subindo suavemente. O
piloto vira-se para o Copiloto e diz:
- Se algum dia o pessoal não gritar, a gente tá f...!
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COISAS DE PILOTO
Num voo comercial, o piloto liga o microfone e começa a falar aos passageiros:
- Bom dia senhores passageiros. Neste exato momento estamos voando a nove mil
metros de altitude, velocidade de cruzeiro de 860 km/hora, e estamos sobrevoando
a cidade de... OHHHHHHH, MEU DEUS!'
E os passageiros escutam um grito pavoroso, seguido de um barulho infernal...
NÃÃÃÃOOOOOOO! SPLECT! SPLOFT!
Segundos depois, ele pega o microfone e, rindo sem graça, se desculpa:
- Desculpem-me, esbarrei na bandeja e minha xícara de café caiu em cima de mim.
Vocês precisam ver como ficou a parte da frente da minha calça!
E um dos passageiros grita:
- Filho da puuuuuuutaaaaaaaaa! Você precisa ver como ficou a parte de trás da
minha!
UMA VEZ SÓ!
Logo que entrou no avião, muito medroso, cutucou uma aeromoça e perguntou:
- Moça, por favor! Este tipo de avião costuma cair muito?
De jeito nenhum! – Disse ela, muito segura.
Ele suspirou aliviado e a aeromoça completou:
- Este tipo de avião cai uma vez só!
A FREIRA
A jovem freira viajava de avião pela primeira vez e pediu pra conhecer a cabine
de comando. Chegando lá, o piloto, que tinha a maior fama de tarado, pediu
discretamente para que o copiloto saísse da cabine, para que ele tentasse algo.
Papo vai, papo vem, o piloto coloca a mão da freirinha no manche.
- vamos dar uma trepadinha nas alturas? – sugeriu ele à mulher virgem.
Os tapas que ele levou foram ouvidos em todo o avião.
Então a viagem seguiu o copiloto ficou tirando o maior sarro do amigo, quando de
repente a turbina direita pifa. Segundos depois, à esquerda. E o trem de pouso.
- Apertem os cintos! – gritou o piloto, no alto-falante. – Este avião vai cair! Então,
a freira correu para a cabine e disse aflita:
- piloto, piloto! Será que ainda dá tempo daquela trepadinha?
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OFICIAL DA AFA
A mocinha passeava a beira de um lago, quando, de repente, apareceu um sapo
dizendo:
-Olhe, eu sou um oficial da Aeronáutica, solteiro, recém-formado da AFA, mas fui
transformado em sapo por uma bruxa malvada. Se você me beijar, eu volto ao
normal e me caso com você. De Uniforme e com Espadas Cruzadas e tudo o mais.
Seremos felizes para sempre!
A mocinha, toda contente, pegou o sapo e o colocou na bolsa. E foi andando
para casa.
-Ei, moça! Quando é que você vai beijar?
Ela respondeu:
- Nunca! Um sapo falante é mais vantajoso do que o soldo (salário) de um marido
militar.
FALTA DE AR
Caipira teve que fazer uma viagem de avião ao Rio de janeiro.
Quando o avião começou a subir, o caipira ficou roxo.
A aeromoça pergunta:
-O que foi senhor? Falta de ar?
-E ele responde:
- Não, dona... É farta de terra mesmo!
OLHA O JATO
Com a perda de altitude o avião começa a descer e graças á habilidade do
piloto, consegue pousar no meio da rua. Passado o pânico, os passageiros começam
a descer pelas escadas. Tudo parece resolvido, quando um táxi desgovernado bate
no avião. No interrogatório com motorista, a conversa acontece assim:
O delegado questiona:
- O piloto evita uma catástrofe e o senhor consegue bater no avião parado?
- Como é que o senhor não viu esse jato no meio da pista?
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- Doutor, eu peguei um casalzinho lá no shopping, entraram no táxi e começaram o
maior amasso e eu 100% de atenção no trânsito.
- Sim, prossiga.
- Ele tirou a blusa dela e começou a chupar os peitos da moça e eu vendo pelo
espelhinho, mas com 90% de atenção no trânsito.
- Continue...
_ Ela abriu o zíper e caiu de boca no bilau do rapaz, foi para 60% minha atenção
no trânsito.
- Ok! E então?
- Naquele pega, pega, chupa, chupa, ela tirou o bilau da boca a apontou na direção
da minha nuca, nisso o rapaz gritou:
- OLHA O JATO!
- Não vacilei, abaixei a cabeça, quando levantei, não tive tempo para desviar do
avião a aí aconteceu o acidente, afinal, como eu ia saber se era o jato da porra ou a
porra do jato?
ALFÂNDEGA
Uma senhora está voltando de uma viagem à Suíça.
No avião, ela se vira para um padre que está sentado ao seu lado e faz um pedido:
- Senhor Padre, eu comprei este aparelho, um novo depilador elétrico.
O senhor se importa de escondê-lo sob a sua batina, durante a revista, na
alfândega?
O padre responde:
- será um prazer atendê-la, senhora. Mas aviso: se me perguntarem, eu não sei
mentir.
A mulher concorda e fica torcendo para que ninguém pergunte nada ao padre.
Na alfândega um fiscal aborda o padre.
- Alguma coisa a declarar, Senhor padre?
- Da cabeça à cintura, não tenho absolutamente nada.
- E em baixo?- pergunta o fiscal, desconfiado.
- Ah, embaixo, só um instrumento para mulheres, que nunca foi utilizado...
O fiscal corou, e rindo, disse:
- O passageiro seguinte, por favor!
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O HOMEM E O AVIÃO
O Homem, até os 20 anos: se equipara ao Avião de Papel.
Apenas voos rápidos, de curto alcance e duração.
O Homem, Dos 20 aos 30: se equipara ao Caça Militar.
Sempre a postos, sete dias por semana. Ataca qualquer objetivo.
Capaz de executar várias missões, mesmo quando separadas por curtos intervalos
de tempo.
Dos 30 aos 40: Aeronave Comercial de voos internacionais.
Opera em horário regular. Destinos de alto nível. Voos longos, com raros
sobressaltos. A clientela chega com grande expectativa; ao final, sai cansada, mas
satisfeita.
Dos 40 aos 50: Aeronave Comercial de voos regionais
Mantém horários regulares. Destinos bastante conhecidos e rotineiros.
Os voos nem sempre saem no horário previsto, o que demanda mudanças e
adaptações que irritam a clientela.
Dos 50 aos 60: Aeronave de Carga
Preparação intensa e muito trabalho antes da decolagem. Uma vez no ar, manobra
lentamente e proporciona menor conforto durante a viagem.
A clientela é composta majoritariamente por malas e bagulhos diversos.
Dos 60 aos 70: Asa Delta
Exige excelentes condições externas para alçar voo. Dá um trabalho enorme para
decolar e, depois, evita manobras bruscas para não cair antes da hora.
Após a aterrissagem, desmonta e guarda o equipamento.
Dos 70 aos 80: Planador.
Só voa eventualmente, e com auxílio. Repertório de manobras extremamente
limitado. Uma vez no chão, precisa de ajuda até para voltar ao hangar.
Após os 80: Modelo em escala. Só enfeite.
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BARRACO ESPACIAL
Em fevereiro de 2007, um caso amoroso resultou em perseguição, pimenta nos
olhos, tentativa de sequestro, tentativa de homicídio e outras coisas mais. A
violência nos leva a imaginar que um “rabo de saia” teria provocado os
sentimentos primitivos de um macho ciumento. Mas não foi isso o que aconteceu.
Quem provocou o violento barraco não foi um homem, mas uma mulher. E
também não ocorreu em país de Terceiro Mundo, mas nos Estados Unidos da
América. E mais. A responsável pela gigantesca barraqueira de repercussão
mundial não foi uma fêmea sem instrução, mas uma astronauta da NASA, que
participou do voo espacial da Discovery, em julho de 2006. O nome da astronauta
ciumenta é Lisa Mare Nowak, na época dos fatos ela tinha 43 anos, casada e mãe
de três filhos.
A razão da ciumeira foi um e-mail que a engenheira militar, Collen Shipman,
enviou para o astronauta de 41 anos, Bill Oefelein, o homem que lisa, a ciumenta,
queria só para ela. O e-mail tinha os seguintes dizeres: "Meu primeiro impulso
será tirar suas roupas, jogá-lo no chão e te matar de fazer amor". Antes que a
engenheira assanhada “matasse” de amor o conquistador estelar, Lisa resolveu
matá-la de verdade.
O curioso é que Bill, o garanhão espacial, não era marido de Lisa. Ele era
marido de outra, que também não era a autora do e-mail. Além disso, ele tinha dois
filhos com a esposa duplamente traída. O marido de Lisa atende pelo adjetivo de
corno. Parece que ele não se interessa em sair da terra. É que os seus galhos são tão
grandes e pesados, que não conseguiria sequer levantar a cabeça, quanto mais
levantar voo.
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Ao tomar conhecimento do e-mail libidinoso, Lisa atravessou os EUA de carro.
Ela viajou de Houston, Texas, até Orlando, na Flórida, para digladiar com a rival,
Collen Shipman (ponha coragem ou maluquice...). Foram quase mil e quinhentos
quilômetros percorridos sem parar. Para realizar a longa viagem sem escala, a
amante enfurecida usou uma fralda feita para astronautas (não me perguntem o que
ela fez na fralda).
Quando chegou ao aeroporto internacional da Flórida, onde Shipman
desembarcaria, Lisa usou uma peruca como disfarce, a fim de sequestrá-la. Dentro
do seu carro, a mulher furiosa tinha uma marreta de aço, uma faca, uma pistola de
chumbinho, um saco plástico, luvas e spray de pimenta. Do “arsenal”, Lisa só
conseguiu usar o spray de pimenta, acertando os olhos da inimiga tarada. A
vingança de Lisa lhe rendeu a perda do emprego na NASA, perda do amante
gostosão, perda de amigos, mas não perdeu o marido corno que ainda lhe pagou a
fiança para responder o processo criminal em liberdade.
Essa novela da vida real mostra que quando o assunto é putaria, tudo é possível
e a única diferença do barraco de lá para o barraco de cá, é a repercussão,
mormente quando os protagonistas da sacanagem são viajantes do espaço. Só não
sei por que os americanos ainda não fizeram um filme, tipo “Atração Fatal, com
essa bela história de amor”.
O que o ser humano é capaz de fazer por ciúmes! Essa mulher só pode ser uma
psicopata. O que será que esse astronauta tem de tão especial assim? Será que foi a
ausência de gravidade que fez ele virá um Mega-Super-Homem? Não acredito. Por
isso que eu não invado o espaço terrestre e nem espacial de ninguém. Pra que se
meter em encrenca, só pode dar nisso. Neste caso foi um escândalo mundial, ainda
mais se tratando de pessoas de posição elevada literalmente. Ninguém escapa
mesmo!... Todos são iguais, quando o assunto é sexo (pulando o muro...)
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CURIOSIDADES PRÓPRIAS E AVENTURAS
Como amante da aviação, eu tinha loucura para conhecer um avião Jumbo.
Antigamente essa aeronave só pousava em Viracopos, Campinas, e por isso fui até
lá e encontrei um avião da Alitália estacionado, que iria decolar à noite. Não pensei
duas vezes e corri para conseguir autorização para visitá-lo. Fui conhecê-lo
acompanhada por um funcionário e vejam só o que aconteceu. Chegando à galley
(cozinha da traseira do avião) o funcionário quis agarrar-me. Eu mais que depressa
me virei para ele e disse: “Hei você não enxerga não”? “Eu vim conhecer um
Jumbo e não um jumbinho!”. E, mais que depressa saí correndo, daquele avião
imenso, totalmente vazio, até a dianteira onde estava a escada. O funcionário deve
ter ficado tão frustrado e acredito que ainda hoje a sua trombimha continua
escondida. Ah! Ah!
PILOTANDO UM JUMBO 747-300
Participando de um seminário no Rio de Janeiro, tive a oportunidade e o prazer
de pilotar com minhas próprias mãos um Jumbo 747-300, naquela época era o mais
sofisticado do mundo, em um simulador. A sensação de estar pilotando um avião é
simplesmente “the best”. Levou-me ao extremo. É tão real quanto estar no ar de
verdade. A emoção aumentava cada vez mais quando a situação era de emergência,
combate a incêndio, e assim por diante. É preciso agilidade para enfrentar qualquer
tipo de pane. Quando na cabine do Jumbo, perguntei a mim mesma: “Será que sou
eu mesma que estou pilotando”? Não imaginava que um dia estaria com minhas
mãos no manche de uma aeronave tão potente, de aproximadamente 380 toneladas.
Você, meu caro leitor, não precisa ter conhecimento de navegação aérea para
pilotar um avião. Basta ter vontade de viver esta grande aventura, claro,
acompanhado por um instrutor. Saí de lá extasiada de felicidade e sentindo-me
uma verdadeira deusa do espaço. Eu trocaria meus braços por um par de asas só
para estar sempre voando. Mas antes de voar no Jumbo, eu já havia voado em
simuladores de avião pequeno de vários tipos. Muitas vezes quebrei asa, leme trem
de pouso porque detonava com manobras radicais em aviões que não eram
próprios para as loucuras que eu queria fazer, como nos Tucanos da Esquadrilha da
Fumaça, por exemplo. Para a garotada que adora os jogos eletrônicos posso dizer
que ter essa experiência é maior do que jogar em um Playstation 100.
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AS NOVIÇAS
Certa vez peguei carona em São Paulo, de um avião Bandeirante, da FAB, que
decolou de Porto Alegre com destino a Natal. Esse avião faria várias escalas, a
segunda seria Rio. O voo estava lotado, só de caroneiros, a maioria eram freiras
(tipo “Noviças Rebeldes”). Elas estavam com aqueles chapéus pontudos na cabeça.
Era só uma delas se mexer, que as abinhas do bendito chapéu batiam em quem
estava perto. Elas incomodaram bastante durante todo o voo, tanto que cheguei ao
Rio com torcicolo, de tanto tentar me desviar daquelas “chapeladas”. Imagine só: a
freira virava tóim no meu olho, tóim, na minha orelha, tóim na minha cabeça! Eu
já estava quase cometendo um pecado mortal e mandando aquelas freiras pra
algum lugar não prazeroso. Tudo bem! Pegando carona a gente tem que topar
qualquer parada! Lembro-me que, para completar a minha falta de sorte, o avião
teve problemas de vazamento de combustível até o Rio. Aí já achei bom estar com
as freirinhas pra ajudar a rezar, afinal de contas em avião com problema encontrar
um ateu é impossível. Nunca chegar à cidade maravilhosa foi tão maravilhoso!
CHAPÉU VOADOR
Para não perder o costume de azar com chapéus, um belo dia estava eu
embarcando alguns passageiros em um avião fretado. Funcionária nova,
inexperiente e bobinha, passei por trás do avião. Pra quê! Fui arremessada ao chão,
devido ao forte vento provocado pela aeronave, com isso o meu chapéu voou
longe. Agora imagine a situação: enquanto a aeronave fazia o procedimento para a
decolagem, mais o vento virava em minha direção e, quanto mais eu corria atrás do
meu chapéu para pegá-lo, mais ele rodopiava pela pista do estacionamento a fora.
Naquela época existia no primeiro andar a tal prainha, que estava lotada de gente
vendo aquela cena cômica, isso sem contar toda a equipe de pista. Foi um horror,
até hoje dou risada, pois fiquei descabelada correndo atrás do chapéu. Parecia cena
de cinema mudo, Charles Chaplin é que iria gostar muito desta situação e com
certeza aproveitar para fazer um ótimo filme! Se fosse hoje estaria no Youtube
com toda certeza.
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ADRENALINA
Minha primeira viagem de monomotor foi para o Rio de Janeiro. O piloto já
tinha avançado metade da pista do Aeroporto Santos Dumont e ele gritava: “Esta
merda não pousa por que”? Achei que íamos mergulhar de uma vez no mar e
comecei a rezar. Pedi perdão por todos os meus pecados e deslizes e fui
encomendando a minha alma para o desfecho final, achei que já estava vendo a luz
me chamando. Assim que tocou no solo o Asteca continuou quicando como se
fosse uma bola. Entrei em pânico, já havia rezado o Pai Nosso de trás pra frente
umas 10 vezes e pedido a todos os santos existentes, minha perna estava
completamente bamba, nunca experimentei adrenalina pura na veia como dessa
vez. Dizem que adrenalina vicia e acho que foi assim que fiquei viciada. Acredito
que avião quicando seja o esporte mais radical que existe, mas recomendo que não
tentem fazer isto em casa, ou na pista, no máximo em um Flight Simulator! Mas é
numa dessas que a gente percebe o quanto é difícil um avião sofrer um acidente.
Bendito invento, que é seguro mesmo em ocasiões inseguras, afinal de contas,
meio de transporte mais seguro do que avião só elevador e escada rolante.
VOO SEM RETORNO
.
Um comandante, que era muito conhecido pelo apelido de Rasputin e querido
por todos, me convidou para ir até Ubatuba. Ele tinha sido contratado por um
passageiro que não se importou que eu fosse junto de carona. Em seguida, recebi
um telefonema de uma agência de propaganda me chamando para gravar um
comercial para TV e acabei não indo para Ubatuba. Mais tarde tive a informação
que o avião ao decolar do Aeroporto de Congonhas tinha caído no canteiro da
Avenida bandeirante, quando ainda estava sendo construída, a 300 metros da
minha casa. Os dois morreram. Fiquei por várias semanas em estado de choque.
PREMONIÇÃO
Acreditem ou não, mas na madrugada do dia 08 de junho de 1982 eu tinha
sonhado que um avião comercial, um Boing 727-200, havia batido e explodido em
uma serra, quando estava fazendo procedimento para pouso sob uma chuva fina em
Fortaleza que não sobrevivera ninguém. Tinha 137 passageiros a bordo. Quando
ligo a TV, vejo a confirmação, entrei em pânico.
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Depois eu fiquei sabendo que o Comandante estava atento a uma funcionária de
terra que no momento viajava na cabine. O copiloto avisou ao comandante diversas
vezes que estavam voando abaixo do limite de segurança, este, irritado disse que
era ele que comandava. Se o copiloto tivesse assumido o comando o acidente não
teria acontecido, mas a arrogância de certos comandantes ultrapassa os limites só
porque tem quatro faixas e se acham os melhores. Um avião não decola sem copiloto e vice-versa, o bom senso deveria prevalecer nestas horas. Os dois são
profissionais qualificados para a tal função.
Enquanto eu assistia tudo pela TV, eu tive outra premonição. Comentei com
algumas pessoas que o próximo avião a cair seria na semana seguinte, de uma
companhia regional, um avião Fokker da TABA. (Transportes Aéreos da Bacia
Amazônica). E aconteceu mesmo, quatro dias depois, em Tabatinga, no Amazonas,
no dia 12 de junho de 1982, provocando a morte de 44 passageiros.
Em julho de 2007, eu tinha sonhado que um avião tinha caído a 500 metros da
cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas, sentido Moema, justamente no
semáforo onde eu vendia o meu livro. O que eu fiz: fui ao semáforo avisar aos
meus companheiros que trabalham lá, que eu ficaria ausente por uns dias, pois
havia sonhado tal acidente. Após três dias aconteceu, o avião só não caiu na Rua
Tupiniquim esquina com a Avenida Bandeirantes onde eu ficava se não tivesse
sido à noite o acidente, porque o avião deu um “cavalo de pau” na pista para a
esquerda. Ai eu entrei em parafuso. Sem contar que eu passei 20 anos da minha
vida só abastecendo o meu carro naquele posto de gasolina por insistência do meu
marido na época, porque confiava só naquele posto onde o avião da TAM caiu.
Toda vez que eu ia abastecer o carro, eu via sempre uma cena nítida de um avião
explodindo naquela local. Quando eu passava a pé em frente ao posto, eu apressava
o passo e rezava. O pior está por vim: Minha filha constava na lista daquele voo da
TAM. Felizmente ela antecipou para um dia antes o seu voo no mesmo horário
daquele que acidentou um dia depois. O mundo desmoronou em cima de mim.
Muita gente tem premonição antes dos voos, mas geralmente é só medo de voar.
Quando uma premonição se realiza, deixa a gente meio estranha durante muito
tempo. Não tem explicação, mas posso dizer que sempre ouço falar de alguém que
previu isso ou aquilo. O duro é quando acontece com a gente, existem
determinadas coisas que só acreditamos mesmo quanto acontece de fato conosco.
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TRANSBRASIL
Sempre fui muito brincalhona e travessa. A minha brincadeira favorita na
Transbrasil era depois do voo encerrado. Eu deitava na esteira de bagagens e
quando chegava lá embaixo, passando pela cortinha eu gritava: “surpresa”. Ou
então: “Última bagagem, voo encerrado, ou me coloca na carroça que eu vou
também”. Os bagageiros caíam na gargalhada, pois não esperavam que tivesse uma
maluca na companhia para fazer este tipo de brincadeira. Eles adoravam, e eu mais
ainda.
PASSAGEIROS FURIOSOS
Na aviação o termo “no show” quer dizer: passageiros que não comparecem ao
voo. Uma mulher chegou atrasada e o avião dela já estava na cabeceira da pista
para decolar. Eu apenas comentei pela Motorola (rádio comunicador) à
recepcionista de pista, que havia um “no show” no balcão daquele voo. Que
escândalo! A mulher ficou furiosa e começou a gritar que ela não estava fazendo
show nenhum por ter perdido o voo! Eu, muito calma, serena, pacata, disse em voz
baixa: a senhora não estava, agora está!
Em outra ocasião, um passageiro chegou ao balcão e me pediu que entrasse em
contato com a aeronave que tinha vindo de Curitiba, pois havia esquecido algo a
bordo. Entrei em contato com as recepcionistas de pista e disse-lhes o prefixo da
aeronave PT- DCB. Na aviação, usamos o ALFABETO FONÉTICO, cada letra
tem um significado, temos que falar assim: Papa Tango – Delta –Charles - Bravo.
O passageiro ficou furioso, porque entendeu tudo errado e falou que ele não era
Papa Frango, nem Belga, não se chamava Charlie e que não estava Bravo. Depois
de explicar o alfabeto da aviação, ele ficou todo sem graça com a tremenda gafe
que havia cometido e pediu-me o alfabeto inteiro, para não passar por este vexame
numa próxima vez. Depois de algum tempo ele mesmo comentou que estava
usando o alfabeto até para passar telegrama fonado, e outras coisas mais. Isto
deveria ser usado em todos os tipos de serviços que precisassem soletrar e não só
na aviação mundial.
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Para quem não conhece o alfabeto fonético da
aviação, é bom decorar.
A - ALFA
B - BRAVO
C - CHARLIE
D - DELTA
E - ECHO (lê-se eco)
F – FOX
G – GOLF
H – HOTEL
I – ÍNDIA
J – JULIET
K – KILO
L – LIMA
M – MIKE
N – NOVEMBER
O – OSCAR
P – PAPA
Q – QUEBEC
R- ROMEU
S – SIERRA
T – TANGO
U – UNIFORME
V – VICTOR
W – WHISKY
X – X-RAY (ou xadrez)
Y – YANKE
Z – ZULU
Veja o alfabeto fonético nesta historinha engraçada:
ALFA ficou BRAVO ao saber que CHARLIE, comissário de bordo da DELTA
Airlines, dono de um ECHO esporte e um FOXTROT, foi de GOLF pro
HOTEL, onde conheceu uma linda INDIA chamada JULIET. Ela era de LIMA,
o largou e casou-se com MIKE em NOVEMBER. Ganhou o OSCAR e foi
abençoada pelo PAPA em QUEBEC. Outro azarado foi ROMEU que subiu a
SIERRA, dançou TANGO de UNIFORME com VICTOR depois de tomar
WHISKY, acordando com o X-RAY de um YANKE chamado ZULU na mão.
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Cantadas
Cantadas! Nós recebíamos a todo o momento, tanto quanto a extensão do
planeta terra. Cantadas de tripulantes e passageiros já faziam parte do nosso
cotidiano, e eram divertidas.
É claro que às vezes não reagíamos como deve ser em nossa posição, mas aquelas
cantadas mais criativas deixavam escapar um sorriso nos cantos dos lábios. Relato
algumas interessantes:
1 – Isto é que é um avião de mulher! Será que eu posso ajudar a aterrissar?
2 – Sou um bom piloto e quero te levar até as nuvens!
3 – Vamos viajar nas asas da paixão?
4- Isto é mulher para 300 manobras! Eu poderia participar dessas manobras com
você?
5 – Dá pra ver que você é uma mulher turbinada! Dá pra quebrar a barreira do
som!
6 – Com você no comando do AF/447. Tenho certeza que esta bela aeronave não
estaria no fundo do mar!
7- No meu próximo voo, farei melhor aproximação para que a distância seja
suficiente para identificar o alvo certo!
Um comissário me contou que a única cantada que ele levou em sua vida foi em
Porto Alegre, na porta do avião, ao desembarcar os passageiros. Uma moça
entregou-lhe seu cartão de visitas e atrás estava escrito: “Isto aqui é para você,
quando a companhia aérea não pagar o seu Hotel!”. Ele disse que se derreteu todo.
Muitos pilotos quando veem uma mulher muito bonita embarcando, logo dão
um jeito, durante o voo, de fazer com que a garota vá até a cabine. Os pilotos
pedem para um dos pombos correios (os comissários) que levam o seguinte recado:
“Seja bem vinda, esteja à vontade. Se precisar de alguma coisa e só chamar. Caso
queira conhecer a cabine do avião, o nosso comandante terá um imenso prazer em
recebê-la”. Como a maioria das mulheres não conhece uma cabine de avião, é
lógico que ficam lisonjeadas com tal convite e aceitam não só conhecer a cabine,
mas principalmente os pilotos. Conto isso, porque, já aconteceu comigo. O convite
foi feito, mas na época ninguém sabia que eu trabalhava na aviação e era casada.
Agradeci o convite e fiquei na minha.
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Como vocês sabem, muitas situações inusitadas acontecem nos aviões. Já
aconteceu de avião virar motel e até velório e maternidade. O engraçado de o avião
virar motel e que a trepidação pode até ajudar a ficar mais excitante na hora H. Ah!
Ah! Quando morre alguém em um avião é muito triste e acredito que todos,
passageiros e tripulantes, devem ficar desesperados, mas conseguem superar essa
situação, que não é nada agradável, porém passageira! O divertido é quando nasce
um bebê a bordo e depois dele crescer perguntam-lhe: onde você nasceu?
Resposta: “No espaço aéreo, dentro de um avião, a uma altitude de 41.000 pés, em
velocidade de 900 km por hora”. Portanto a minha nacionalidade é espaçonauta.
Ninguém vai acreditar! O pior e mais engraçado, ainda está por vir! Pense no nome
que essa criança receberá: Óvni, Perdido no Espaço, Planetário, Cometa,
Meteorito, Marciano, ET, Lufthansa, “Aruba”, “Fedex” e por ai vai. Eu mesma
conheci pessoas que os pais fizeram questão de homenagear a companhia aérea,
dando ao filho o nome da empresa que o transportava e que os ajudara a trazer ao
mundo seu pimpolho. Veja os exemplos: uma delas foi batizada por Vasperiana e
outra por Brithânia. Já outro teve a felicidade de nascer dentro de um avião da
FAB e teve a sorte de receber um belíssimo nome Fabiano. Ainda bem que não
tem ninguém, ainda, que tenha nascido no Aeoro Lula! Já pensou?
AVENTURA NO AEROPORTO DO GALEÃO
Um dia, depois de andar 18 km a pé, na Zona Sul do Rio de Janeiro, vendendo,
nas ruas, o meu livro, à noite, como sempre, vou para o meu cantinho favorito,
dormir no sofá de uma Lanchonete, do Galeão. Todos lá já me conhecem por causa
desse meu hábito, quando vou ao Rio a trabalho (como foi o caso desse dia). Por
volta de 01h00min h, um segurança, que era novato no aeroporto, chegou a mim
dando palmadas no meu ouvido e dizendo: Acorda! Acorda! Levanta! Levanta!
Aqui você não pode dormir! Havia mais três passageiros no local. Um deles estava
aguardando o voo para Florianópolis que iria decolar às 03h00min h e falou: Eu
vim do interior de ônibus e prefiro aguardar aqui mesmo a hora do meu voo, do
que ter que pagar um hotel para dormir somente por 04h00min h! Aproveitando a
deixa eu falei: “Não tenho dinheiro para pagar hotel”! E a taxa de embarque que
pagamos que é um absurdo, ela serve pra quê? (eu estava de carona com a FAB)
Rsrsrs. Então eu fico aonde eu quiser, pois não estou prejudicando e nem amolando
ninguém! Em qualquer país do mundo você encontra passageiro dormindo em
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aeroportos! - A senhora não pode ficar aqui, disse o segurança. - Pois bem. Aonde
e como devo ficar?
-"A senhora pode ficar sentada, mas acordada ou andando pelo aeroporto". Se a
senhora não sair, vou chamar o supervisor! - CHAMA! Eu disse. Ele foi e voltou
dizendo que o supervisor estava ocupado. - Então venha comigo, por favor! E
levei-o para o andar de embarque, dizendo: - Agora você vai acordar todos os
passageiros que estão dormindo aqui (a maioria era gringo). O segurança disse: Eu
não vou acordar ninguém! - Nãooooo! Disse-lhe eu e puxando-o pelo braço,
aproximei-me do primeiro passageiro e falei: acorda! Levei-o ao segundo e disse:
acorda! Ao terceiro, acorda e assim, o fiz acordar todos. O segurança não falava
inglês. Naquele horário são poucos os funcionários que estão trabalhando. Foi uma
confusão dos diabos e como o circo já estava armado, discretamente passei a mão
no meu carrinho de bagagem e me mandei para a ala nova do aeroporto, do outro
lado, entrei no toalete de paraplégicos e dormi abençoada por Deus, na minha suíte
cinco estrelas.
O meu apelido atual é TOM HANKS de saias. Só não recebo os direitos
autorais do filme "O TERMINAL", porque eles não sabiam dessa minha
experiência, aliás, bem anterior ao filme, rsrs. Infelizmente estamos vivendo num
verdadeiro caos. Temos que nos submeter às mais diversas alternativas para ganhar
o nosso dinheiro honestamente. Vergonhoso não é dormir em aeroportos, vender os
livros no semáforo de cabeça erguida, como eu faço. Vergonhoso é viver num país
onde existem políticos corruptos, bandidos roubando e matando pessoas inocentes.
Uma mulher forte de verdade, não se deixa abater por seguranças mal educados ou
qualquer outro tipo de pessoa que a queira maltratar, pois ela sabe que é forte o
suficiente para enfrentar a jornada do dia a dia. E, sendo assim, não permite que
ninguém tire o melhor dela: a sua dignidade!
A VAQUINHA
Passeando nas galerias, dentro da estação de trem principal de Zurick, havia uma
farmácia que possuía uma vaca de madeira enorme, toda pintada de vermelho, com
uma cruz branca de cada lado da barriga. Imaginei: tem lógica! A vaquinha está
dodói! A coitada mal cabia dentro da farmácia. Vendo aquela vaquinha dodói, o
meu pensamento voou lá para a minha terrinha, Guaçui no Espírito Santo. Na
minha infância quando eu machucava, meus pais lambuzavam os machucados com
mercúrio cromo vermelhos, e colocavam esparadrapo branco em forma de cruz.
Não comentei nada com ninguém, pois estava toda a tripulação com suas famílias.
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Já pensou se eu abrisse a boca e contasse meus pensamentos! Ia ser uma gozação
total! Decolando do aeroporto de Zurick, eu estava na cabine e vi inúmeros aviões,
pequenos, estacionados ao longo da lateral direita da pista. Fiquei tão
impressionada que argumentei: Nossa! Quanto aviãozinho de pronto socorro, para
um país tão pequeno? Acho que alguns tripulantes não ouviram ou disfarçaram,
mas naquele exato momento, era meu marido na época que estava levantando o
avião do solo e me deu uma cotovelada dizendo: “Cala a boca, aquilo é a bandeira
da Suíça”! Não fiquei envergonhada, mas a cotovelada de braço foi forte e poderia
ter causado uma tragédia. E como iriam descobrir depois que o acidente foi por
causa de uma gafe? Muitas gafes às vezes servem também de aprendizado, assim
como esta cometida por mim, mas também nunca mais esqueci a bandeira da
Suíça: vermelha com uma cruz branca no meio. Depois dessa nunca mais tirei zero
em aula de Geografia, rsrs.
AEROPORTO DE KAI TAK – HONG KONG
Quando viajei para Hong Kong pela primeira vez, eu fui sozinha e ninguém
tinha me contado que eu iria pousar no aeroporto mais radical de todos os tempos.
Mas valeu a surpresa de sentir a emoção de um pouso mais incrível em toda a
minha vida. O aeroporto de Kai Tak ficava no fundo de uma baía rodeada de
montanhas, que obrigava as aeronaves a executar uma manobra radical nos últimos
instantes do voo sobre a cidade de Kowloon. Os pilotos tinham de efetuar uma
curva apertadíssima à direita para alinhar na pista e prosseguir visualmente num
voo rasante sobre casas e apartamentos. O momento mais dramático foi quando o
meu corpo foi levado de uma forma violenta para o lado direito da aeronave onde
eu estava sentada. Olhei pela janela e vi, assustadoramente, prédios junto do avião.
Nesta hora eu pensei que estávamos caindo. Foi à primeira vez em minha vida que
senti medo de voar, ao ver a aeronave quase arrancando os telhados dos
apartamentos a poucos metros abaixo. Estive lá por duas vezes, e na última fiquei
três meses. O meu passeio predileto era ficar no patamar do estacionamento do
aeroporto. O ponto mais alto de onde tinha visão total da aproximação mais crucial
para pouso de toda a aviação comercial. O que eu mais curtia era acompanhar os
pousos da Alitália, que fazia a curva e aproximação final muito abaixo do normal,
arrancando telhados e assustando todo mundo, dentro e fora do MD-11. Eu chequei
a contar em média 35 aeronaves pousando e outras 30 decolando em uma hora.
Todos os dias havia uma imensidão de cinegrafistas e fotógrafos profissionais,
que mal dava tempo de prepararem as câmeras para acompanhar a procissão das
companhias aéreas de todo o mundo. Eu mesma fiz várias filmagens que os pilotos
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da Varig me pediam, e uma delas levei para o comandante assistir na própria
câmera o pouso que fizera. Ele caiu na gargalhada e disse: “Fui eu mesmo que fiz
este pouso, levantando toda esta fumaça?”. Eu respondi: “Não só levantou fumaça
como também arrancou cavaco da pista!” Todos da equipe deram risada do meu
comentário e tiraram o maior sarro, lógico do comandante.
Hong Kong hoje tem um novo aeroporto de Chep Lap Kok, o mais lindo e o mais
moderno aeroporto do mundo, uma mega-construção. Tornou-se o novo coração da
Ilha de Hong Kong. Fica um pouco longe do centro. Mas tem uma via expressa
moderníssima e uma linha de trem bala com vistas maravilhosas para apreciar.
PASTELARIA OU DOCERIA?
Num dia de folga em Hong Hong, reunimos a tripulação, todos com suas
esposas, e fomos conhecer a Ilha de Macau. Naquela época, esta ilha era governada
pelos portugueses. Fomos de Turbo Cat, um barco que mais parecia um avião de
tanta velocidade. Na Ilha de Macau, tudo era escrito primeiro em português, depois
inglês e chinês, apesar de os habitantes portugueses naquela ilha serem muito
poucos. Acabamos deparando-nos com uma placa enorme, na qual estava escrito:
“Pastelaria”, ficamos contentes e surpresos. Os comentários eram diversos:
- Tanto tempo fora de casa e encontrar uma pastelaria aqui é ótimo?
- Vamos matar a saudade do pastel!
- Puxa, chegou na hora certa, vou comer uns dez!
- Será que é igual ao nosso?
- Uma pastelaria do outro lado do mundo é coisa rara!
- Tivemos sorte!
- Então vamos conhecer a gororoba do pastel!
Ao entrarmos na pastelaria, uma grande decepção esperava-nos. Frustração
total, pois na verdade era uma doceria. A reclamação foi geral:
Português não sabe o significado da palavra pastelaria?
Já que aqui não tem pastelaria, vou montar uma! Quem sabe eu ganho mais
que meu emprego de piloto na Varig.
O que tem haver uma pastelaria com doceria!
Como são ignorantes!
Ou será que pastelaria pra eles é isto mesmo, e nós e que somos ignorantes!
Na verdade, nós desconhecemos o sentido da pastelaria, que em espanhol quer
dizer lugar que se fazem e se vendem tortas e doces em geral. Não disse
anteriormente que certas gafes só nos fazem aprender? Pois é, aprendemos mais
essa.
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DAMAS DAS CARMELITAS
Num show aéreo, a esposa de um coronel teve um ataque de ciúmes quando fui
cumprimentá-los. Ela não entendeu o meu espírito de brincadeira e foi o suficiente
para sair pisando dura para dentro da sala VIP. Na hora do Show da Esquadrilha da
Fumaça, eu estava filmando e fotografando. Fui importunada por três mulheres em
tempos diferentes, querendo saber quem eu era e o que fazia. Uma delas pegou o
meu livro, folheou e disse: “Vou buscar o dinheiro, que eu vou comprar um”! E
não voltou. Depois eu a vi sentada com o time das enciumadas Damas das
Carmelitas. Fiquei sabendo através de um Major, que as mulheres que me
abordaram eram esposas de Coronéis, para obter informações a meu respeito, a
pedido da esposa enciumada. Ao saber disso, cheguei bem perto da mesa onde elas
estavam e falei: “Eu venho aqui para assistir o show aéreo, porque eu adoro e faz
parte do meu trabalho”. Não para procurar homens! Se vocês comprassem o meu
livro “1001 Cantadas de Uma Mulher”, saberiam pelo menos, a opinião formada
sobre o que penso em relação a homens. E vocês com certeza se sentiriam muito
mais seguras com os seus. À noite, ao entrar na internet, havia um recado do
coronel, pedindo que eu excluísse o e-mail dele da minha lista de correio
eletrônico, sendo que nós nunca tivemos contato. Naquele dia eu estava vestida de
tigresa e respondi assim:
Prezado Senhor Coronel Aviador,
É um prazer saber que o senhor, como os demais homens, estão fazendo a sua
lição de casa direitinho. Aliás, o Coronel está de parabéns e sua professora
também. Atendendo ao seu pedido, saiba que já está fora de minha lista de e-mails.
Como eu já supunha, tigresas assustam crianças indefesas, não é mesmo Coronel?
Com todo o meu respeito.
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DIVERSOS TIPOS DE GAFES
A ocorrência de gafes é muito mais comum nos voos do que se pensa, quando
trabalhamos com pessoas, estamos sempre sujeitos a situações estressantes,
engraçadas e tensas, mas sempre muito gratificantes, abaixo cito diversas gafes
ocorridas em múltiplas situações.
Um comandante estava na porta do avião, quando entrou uma moça com
muletas. Ele disse: “Está vendo o que deu jogar futebol no fim de semana?” Ela
respondeu: “Eu nasci assim mesmo!” O comandante abaixou a cabeça, ficou
vermelho e procurou um lugar para “enfiar a cara” puxou seu colarinho e encolheu
o pescoço como se fosse uma tartaruga enfiando o pescoço no casco, e se dirigiu
para dentro da cabine do avião.
-O ator Marcos Caruso, ao se apresentar no check-in para um voo, a
recepcionista perguntou: “E aí Dr. Dráuzio Varela, como estão às grávidas?” Na
época, Dr. Dráuzio fazia a matéria das grávidas no quadro do fantástico, a gafe é
que foi “fantástica!”, embora a semelhança física entre os dois seja algo que “abafa
o caso”.
-Quando lançaram a bala Mentex (da caixa amarela), a mesma era distribuída,
naquela época, como cortesia a todos os passageiros a bordo. Um dos passageiros
teve uma atitude inusitada, pegou a balinha e colocou no ouvido pensando que era
abafador de ruídos. Ou será que ele estaria com um machucado na orelha e pensou
que poderia ser também um pequeno esparadrapo? Ou apenas queria dar uma
refrescada em sua orelha que depois desta gafe deve ter ardido muito.
-Quando se fala avião estacionado na remota, quer dizer que o avião está a certa
distância do aeroporto. Neste caso, é necessário pegar um ônibus e transportar os
passageiros até a aeronave, ou vice e versa. Um passageiro, ao entrar no ônibus,
fez o maior escândalo, porque ele havia pagado passagem de avião e não de
ônibus. O curioso é que muitas pessoas que igualmente nunca haviam viajado de
avião se comportaram de forma polida e aguardaram o desfecho da situação, mas
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sempre tem algumas pessoas mais estressadas, estes muitas vezes são os que
passam as maiores vergonhas.
-Um casal que estava sentado na classe executiva pediu para trocar de lugar. O
comissário, muito gentil, pediu a eles que aguardassem o termino do embarque. Na
classe executiva havia vários casais e quando terminou o embarque e a porta
fechou, o comissário foi avisar: ”agora vocês podem fazer a troca de casais”, e foi
aquela gargalhada. Até o comissário se divertiu com a sua tremenda gafe.
-Um jornalista no Rio de Janeiro, em um helicóptero, estava fazendo uma
reportagem ao vivo para uma rádio, quando, de repente, começou uma forte chuva
e o mesmo informou a todos os ouvintes: “Infelizmente temos que interromper a
nossa reportagem, porque, neste momento está tendo uma forte chuva e granito!”
O locutor que estava na rádio falou: “Ainda bem meu filho, já pensou se fosse
mármore”? Ficaríamos ricos! Depois dessa, o helicóptero deve ter chacoalhado
bastante com a tremenda gafe do jornalista!
-Um casal chegou para fazer o seu check-in, e a recepcionista pensou que a
mulher estava grávida e pediu para ela fazer um termo de responsabilidade, esta
por sua vez respondeu que não estava grávida. O marido olhou para a esposa e
disse: “Não lhe falei que você está gorda?” fico apenas imaginando o desfecho
desta estória, pois se pode dizer que a maior gafe que se pode cometer com uma
mulher é chamá-la de gorda.
-Certo passageiro, ao fazer o seu check-in, solicitou à funcionária um a acento
na janela e disse: “Eu sou fumante. Como sou uma pessoa educada, para não
incomodar o colega do lado, abro a janela”. A funcionária perguntou: “É sua
primeira viagem de avião?”. “Sim” respondeu ele. “Então está explicado”! Ela
completou. Mesmo assim o passageiro nem se tocou e passou metade do voo
lutando para conseguir abrir a janela, ainda bem que não conseguiu.
-Uma italiana embarcou em São Paulo com destino a Natal. Na hora do almoço
foi servida uma lasanha. Do lado dela estava uma senhora nordestina que levava
consigo farinha de mandioca. Pegou a farinha na bolsa e esfarinhou em cima da
lasanha. A italiana, ao ver aquela abundância, pediu gentilmente que lhe desse um
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pouco e esparramou por toda a lasanha. Ao experimentar, ficou decepcionada, pois
pensou que fosse queijo parmesão. E comentou: “Quando eu vi, pensei: Nossa!
Quanta fartura de queijo parmesão”! Pelo menos a italiana aprendeu, com esta
gafe, que a fartura aqui no Brasil é a “mandioca”. “Realmente mandioca tem
bastante, mas precisa saber se todas são boas de comer”!
- Um belo dia, um passageiro perguntou onde ficava o portão tal. O funcionário
acha estranho o número do portão e pede para verificar o cartão de embarque e vê
que o passageiro falou o número do acento. Isso é comum nos aeroportos, os
passageiros confundirem o acento com o número do portão.
Enquanto outros perguntam: “Onde fica o portão 14”?
Funcionária responde: “Descendo a escada rolante à direita”.
Passageiro: “É descendo lá pra baixo”?
Funcionário: “Sim, é descendo lá pra baixo”!
E repete várias vezes a mesma pergunta. Uma vez, não aguentei e respondi: “Não,
meu senhor é subindo lá pra cima”! Ele se tocou e saiu dando risada da sua própria
mancada.
-Sabe quem eu encontrei na Broadway , em New York, assistindo a Bela e Fera?
Pois é, ta pensando que eu vou contar? Na nani nanão! Bom, encontrei essa pessoa
sentada na parte superior do teatro, com as pernas esticadas em cima do balcão à
frente, sem os sapatos, a meia toda colorida, comendo batata palha, pipoca e
tomando Coca-Cola, junto com a esposa e o casal de filhos adolescentes. Um
verdadeiro piquenique durante o espetáculo (tava parecendo um farofeiro, daquele
dos nossos). Será que ele faria isto também em suas reuniões, quando estava na
presidência de uma determinada companhia aérea? Eu caí na gargalhada, pois
minha filha foi impedida de tomar água, pelo pai, dizendo que ali era local
proibido. Agora imagine a cara dele, quando as luzes acenderam e nós vimos o seu
chefe à vontade na poltrona. Se era proibido beber água, por que o presidente podia
estar ali curtindo a peça numa boa e nós não? Ele é que estava certo se deixando
levar e se soltando todo como um menino na Ilha de Manhattan, comendo a Big
Apple!
-Em algumas classes dos aviões é distribuída aos passageiros uma toalhinha
branca, enrolada quente e úmida, para fazer a higiene antes das refeições. Um
passageiro pegou-a e levou-a direto na boca, pensando que iria comer uma
tremenda e saborosa tapioca. A fome era tanta, que nem percebeu que era uma
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toalhinha. Coitado se deu mal, é comum alguns assuarem o nariz, limpar a poltrona
ou o rosto, mas tentar comer a toalhinha como sendo tapioca, foi uma situação
ímpar.
-Dois garotos estavam assistindo a um show aéreo no interior de São Paulo. Na
hora da demonstração dos helicópteros, os pilotos fazem uma parada no ar por
alguns minutos. Um dos garotos perguntou: “Por que o helicóptero ficou parado no
ar”? O outro respondeu: “É porque acabou a gasolina”! A gargalhada ao redor dos
garotos foi geral e contagiante, e os coitadinhos nem sabiam ao certo a razão.
-Um passageiro bêbado, a bordo, fez um voo cego e pagou o maior mico. Na
pressa de ir ao toalete, entrou na primeira porta que encontrou e na escuridão
acabou urinando em cima do piloto, que estava dormindo no sarcófago. Pode
parecer piada, mas ocorreu mesmo, o piloto com toda sua classe e pompa teve de
continuar o voo, que com certeza foi o mais longo de sua carreira.
-O aeroporto é alvo certo para todo tipo de confusão, baixaria e escândalo.
Estava eu fazendo o check-in de um voo para Miami, em Cumbica, quando chegou
um casal muito simpático e, para a surpresa deles e minha, chegou em seguida a
matriz (esposa) dando tapas na filial (amante) e também no marido.
Foi um escândalo! O marido ficou parecendo um pimentão. Eu fiquei ali,
assistindo tudo de camarote, até que chegaram os seguranças, e levaram os três
para a delegacia do aeroporto. Baixaria acontece em qualquer lugar!
-A esposa de um ex-jogador mundialmente conhecido perdeu um dos brincos
de ouro maciço na primeira classe. Ele (o marido) ficou várias horas de quatro, no
chão, procurando pelo mesmo. A cena estava muito engraçada. Parecia um
cachorrinho farejando um osso para comer. O copiloto, ao sair da cabine, sem
saber o que estava acontecendo, encontrou a tal personalidade naquela posição e
pensou: “Eu jamais imaginaria que um dia fulano estaria de quatro aos meus pés”!
Não adiantou tanto sacrifício, pois, não encontrara o tal brinco.
-Uma senhora idosa chega ao balcão do check-in. Durante o atendimento, o
agente pergunta, se referindo ao programa de milhagem da empresa:
- A senhora tem Smiles?
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E a resposta sincera, objetiva, prática e rápida:
- Não, meu filho! Só tenho lordose e bico-de-papagaio...
Uma senhora ao passar pelo detector de metal, o alarme tocou. Ela ficou
nervosa e foi logo gritando: “Não estou carregando nada não”! O segurança pediu
para ela tirar o colar e passar novamente e, de novo, o alarme toca. Já irritada com
aquela situação, imediatamente ela arranca toda a roupa do corpo e fica
completamente nua diante de vários funcionários e passageiros que gritavam e
batiam palmas. Ela desfilava pra lá e pra cá somente com os sapatos nos pés. E
cada vez que passava no detector o alarme disparava. Quando foram verificar,
estava na sola do sapato uma placa de metal! Precisava desse escândalo todo?
Depois, acabou pedindo desculpas, porque havia sido assaltado e estava muito
nervosa. Será que não era desculpa para fazer um reality show?
Aeroporto de Congonhas, um funcionário do setor de achados e perdidos foi
verificar uma sacola esquecida em cima de um banco. Olhou, viu o que era e
fechou de novo a sacola. Naquela época, qualquer coisa esquecida dentro do
aeroporto, só o supervisor é que poderia pegar o material e levar até o recinto. O
funcionário ligou para o supervisor para pegar a tal sacola. Irritado ele foi. Chegou
lá, abriu, olhou e gritou: “Por causa dessa merda eu tive que vir até aqui”! Com
tanta raiva, pegou a sacola, que acabou estourando o fundo, e lá foi para o chão
uma dúzia de pênis de todos os tamanhos. Ele pediu ajuda ao funcionário para
ajudar a catar, mas ele se mandou. Com certeza, muita gente que viu essa cena
deve ter pensado que ele era veado.
Além da sala VIP das companhias aéreas, existe outra, que pertence à Infraero.
Ela é exclusiva, para receber celebridades e autoridades.
Uma princesa da Tailândia, em visita oficial ao Brasil, sentou no sofá da sala, e
poucos segundos depois, seu marido e a consulesa daquele país começaram a andar
de joelhos. “Pensei que estivessem procurando algo no chão”, contou a
coordenadora de comunicação social. “Que nada! Pelas regras oficiais, ninguém
pode ficar acima da Coroa. Quando a princesa senta, todos são obrigados a se
abaixarem”. Como será que ficaram os joelhos desses pobres coitados submissos!
Antigamente, para viajar, todos se vestiam de forma impecável, eram mais
formais e cuidadosos com o visual. Homens de negócios usavam terno e gravata e
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as mulheres preferiam os tailleurs. Em tempos de turismo de massa, globalização e
apagões aéreos, o glamour, os bons modos e o requintado serviço de bordo ficaram
para trás. Voar perdeu o encanto, transformando-se num meio de transporte de
gado. (Num voo noturno de Cuiabá para São Paulo eu mesma vi galinha voando
por cima dos passageiros). Passageiros embarcam com camiseta regata, bermuda,
shorts curtíssimos, chinelos de dedo, esticam os pés para cima e joelhadas no
encosto da frente. Embarcar de jeans e camiseta, nem pensar. Claro que os tempos
mudaram, mas a forma de vestir-se não deveria ser tão despojada como é hoje.
Entrar num Banco de short, quando se está na praia é normal, agora vá entrar em
um Banco em São Paulo, se você não é barrado? Isto não acontece nos embarques
dos aeroportos. Falta de bom senso. Em algumas companhias aéreas, de outros
países, tem-se o cuidado de divulgar uma lista do que não deve usar quando for
viajar de avião. Eu mesma vi e achei ótimo, deveriam adotar o mesmo no Brasil.
RELATOS DE AERONAUTAS E AEROVIÁRIOS
Ao pousar um avião alguém na fonia disse: “que pouso de merda”! O
comandante com toda sua pompa mostrou-se indignado ao ouvir e procurou saber
quem havia feito tal comentário. A torre de controle entrou em contato com várias
aeronaves e nada. Quando perguntaram a Aerolineas Argentina o comandante
“hermano” respondeu: “Não fomos nós, mas que foi um pouso de merda foi”! Pelo
menos o piloto argentino teve peito para falar a verdade.
Um comandante comentou que estava com problemas no seu casamento. Disse
o que havia dito a esposa: “Por causa de três mentiras, você está perdendo uma
grande verdade, que é o meu amor por você”! Eu pensei: Muito lindo, se fossem só
três mentiras. Mas o currículo desse comandante era tão grande, quanto às horas de
voos registradas em sua carteira. Conviver com mentiras é a pior covardia que
pode existir entre as pessoas, seja ela qual for. Ouvir a verdade, por mais que doa
pela própria pessoa, é muito melhor do que mais tarde por outras fontes.
Em um pernoite (quando os tripulantes devem dormir na cidade de destino) e,
um tripulante teve a brilhante ideia de colocar a bandeja de refeição no corredor do
hotel, totalmente nu. Ao perceber alguns hóspedes se aproximando, e sem tempo
de voltar ao quarto, fingiu ser uma estátua, tampando suas partes genitais com as
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duas mãos e cabeça baixa. Todos perceberam o quão ridículo era a sua encenação,
mas para não causarem constrangimento preferiram deixar esta cena com ela na
memória. Deve ter sido muito cômico. Ou pensaram que era um louco que fugiu
do hospício!
Um político estava em voo para Brasília e para sua infelicidade dele, o
comissário sem querer, derramou café sobre a sua camisa branca engomadinha. O
político ficou nervoso, falou um monte de besteira, palavrões de baixo calão.
Deveria ter derramado o bule inteiro em cima dele. Café não é energizante! Assim
ficaria com mais energia no parlamento. Não comentam por ai que eles não fazem
nada, que são umas lesmas? Quem sabe um banho de café bem quente resolveria o
funcionamento dos neurônios que estão enferrujados por falta do que fazer!
Uma moça muito linda, alta, elegante chamava atenção de todos a bordos.
Estava colocando suas bagagens de mão no maleiro e uma comissária foi ajudá-la,
quando terminou ela disse: “OBRIGADO” com um vozeirão tão grosso que todos
ficaram abismados a comissária mais do que de pressa foi olhar a lista dos
passageiros e o nome era Adriano.
Um voo que saiu de Salvador com escala no Rio de Janeiro - São Paulo e
terminando em Buenos Aires. No Rio, embarcou um time de Rúgbi da Argentina.
Todos estavam contentes, fazendo a maior festa. De repente, deu uma pane ao
decolar e o avião teve que retornar. O time não queria ir mais naquele avião.
Acabou havendo bate boca e chamaram a Polícia Federal. Os argentinos brigaram
de socos e pontas pés com os policiais e três foram presos. No final, acabaram
reembarcando. A policia fez o PA e disse: “Vocês entram no clima, que o
comandante está autorizado a voltar”. Em, São Paulo, com todo o atraso que teve
no Rio, o despachante fez o embarque dos passageiros e na correria não conferiu os
tickets. A capacidade da aeronave era de 118 acentos e havia 122 passageiros. A
companhia disse que acomodaria os quatro passageiros a mais no próximo voo da
Aerolíneas Argentinas. Eles reclamavam, falavam mal, e diziam/ “Eu quero ir
neste voo”. Novamente chamaram a Policia Federal e tiraram os quatro briguentos
do avião. Quando estavam quase passando por cima de Bagé, uma senhora, com
sotaque bem baiano, chamou o comissário e disse.
-Moço!
-Pois não!
-Demora muito pra chegar em Salvador?
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-Como, senhora?
-Demora muito chegar em Salvador?
-Senhora, posso ver o seu cartão de embarque?
Ela, os dois filhos e o marido, eram os quatro passageiros a mais do bendito
avião.
-Senhora, este voo está indo para Buenos Aires!
-Mas moço, eu não tenho roupa pru frio!
Na época, tiveram que segurar outro voo, por uma hora, para trazer de volta os
quatro tapados. Deveriam ser passageiros de primeira viagem!
Por brincadeira, o comandante de um avião comercial de baixa velocidade,
Douglas DC-3, amarrou nos pés de uma galinha uma corda, abriu a janela do
cockpit e soltou a galinha amarrada até a altura das janelas dos passageiros. Um
passageiro chamou a comissária e disse que tinha uma galinha do lado de fora da
aeronave. Com olhar de surpresa a comissária disse: Quantos whisky o senhor já
tomou? Respondeu: “Não estou bêbado! Tenho certeza de que eu vi uma galinha lá
fora”! Com certeza o passageiro deve ter pensado, será que estou ficando louco e
deve pensar até hoje, já que nunca ninguém mais viu esta bendita galinha. O
comandante era mestre nas brincadeiras, vivia sempre de bom humor. Nós
tínhamos que ficar sempre antenados. De olhos bem abertos para não ser pegos de
surpresa. Era uma atrás da outra.
Outro comandante fez uma brincadeira com a comissária, amassou banana com
chocolate e colocou dentro de um saquinho de enjoo, sabendo que não havia mais
alimentação a bordo. Solicitou, então, à comissária, uma refeição. Ela informou
que infelizmente não havia sobrado nenhuma refeição. O comandante demonstrou
indignação e falou: “então eu como isto aqui mesmo”! Pegou o saquinho de enjoo
e começou a comer. A comissária não aquentou ver aquela cena e teve náusea
dentro da cabine e acabou vomitando em todo o cockpit, e a mentira do vomito
acabou virando uma nojenta verdade.
Outra peça pregada em um voo foi feita por um dos tripulantes técnicos, que
lambuzou o interfone de manteiga e o acionou o mesmo. A comissária, ao atendêlo, ficou com o rosto todo lambuzado. Este tipo de brincadeira são “pegadinhas”
que eles fazem com frequência, principalmente quando os tripulantes são novatos.
Dizem que é uma lição para aprenderem a ficarem mais espertos. Vocês que estão
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querendo ser tornar comissários se preparem para estas pegadinhas, que são
muitas, e não adianta ficar nervoso, veja isso como trote.
Uma comissária, ao passar com o carrinho no corredor da aeronave, acabou
enroscando sua pulseira sem querer e acabou arrancando a peruca de um
passageiro. Quando olhou e viu aquilo pendurado em seu braço, pensou que fosse
um bicho e começou a gritar feito louca. O mais complicado e difícil, porém não
menos engraçado, foi colocar a peruca de volta na cabeça do passageiro, com todo
mundo dentro da aeronave dando risada. Que bicho será que a comissária pensou
que fosse! Uma aranha?
Um comissário na correria para não atrasar o voo foi pegando as bagagens de
mão dos passageiros e colocando no maleiro acima, uma senhora disse: “Não,
deixa que eu levo a minha na mão”, nisso a bolsa abriu e caiu um vibrador de uns
trinta centímetros bem grosso, depressa o comissário guardou na bolsa, a mulher
ficou paralisada, estarrecida, em choque, pois todos em volta perceberam. Durante
o voo inteiro a passageira não olhou mais para a cara do comissário de tanta
vergonha.
Em Johanesburgo, a tripulação foi fazer um passeio no Safári. E Todos
estavam vestidos à vontade com jeans e tênis. Ainda no hall do hotel, chegou um
piloto todo impecável, como seu sapato bem lustrado, parecendo um espelho. A
turma toda começou a gozá-lo, dizendo que ele não ia para uma festa, e sim, para o
mato. O engraçado e que lá no Safári ele andava como se estivesse pisando em
ovos. Fez todo o percurso com lencinho na mão para tirar a poeira do sapato.
Quanto mais cuidado ele tinha, mais coisas ruins lhe aconteciam. Na caverna,
pisou em bosta, molhou o sapato, os morcegos rodopiavam na cabeça dele, e ele
reclamava o tempo todo maldizendo a hora que resolveu fazer este passeio. A
tripulação não parou de alugar o pobre coitado, era muito fresco, coitado.
Embarcaram para Europa dois travestis que ficaram em pé dentro do avião,
comissário pediu para sentar para a decolagem, elas não queriam sentar porque as
duas tinham feito uma recente cirurgia, colocaram silicone na bunda, com muito
custo acabaram sentando numa posição com as pernas pra cima. Depois da
decolagem continuaram de pé e chamava atenção de todos os passageiros com
aqueles peitos e bundas siliconadas.
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Um comissário, ao ver uma loira passando no saguão do aeroporto, ficou logo
doido. De tanto olhar para trás, acabou tropeçando em um cone e se esborrachou
dentro de um buraco no saguão. Só porque não desviava o olhar da loira. E assim
existem muitos bobos por aí, que não podem ver um rabo de saia que vão logo
metendo a cara em poste, pilastra, vidros e caindo em buracos. A equipe inteira
tirou o maior sarro do pobre coitado. Eu mesma já vi muitos tripulantes batendo a
cara em vidro de lojas em free-shop, porque estavam olhando para trás para ver o
traseiro da mulher que eles já tinham visto de frente. Mas tem que conferir tudo, o
norte, o sul, o leste e o oeste no “olhômetro”, para ver se o avião está em ordem.
Até o presidente Obama não escapou de uma olhadinha assim.
A gente pensa que certas coisas só acontecem no cinema, veja o que ocorreu
com o casal de pombinhos que para fugir da rotina embarcaram num voo muito
felizes e passaram por um apuro. De repente a mulher olha pela janela do avião e
vê seu marido embarcando também no mesmo voo, saiu correndo para pedir ajuda.
Explicou sua situação ao comissário que a colocou na última poltrona do avião, o
marido embarcou tranquilamente e sentou justamente ao lado do amante de sua
esposa. Durante o voo a mulher mandava bilhetinhos para o amante dizendo “Eu te
amo, desculpe o transtorno”, através dos comissários que serviram de pombo
correio. Quando chegou ao destino o marido desembarcou primeiro e ela por
último com o amante numa boa como se nada tivesse acontecido.
Certa vez, em um voo Manaus - Tefé - Tabatinga - Tefé - Manaus, durante a
decolagem, uma passageira apertava, desesperadamente, o botão de chamada dos
comissários. É lógico que, durante a decolagem, o aviso de atar cintos está ligado
e, consequentemente, os comissários não podem se levantar. Mas a “mala”, ou
melhor, a passageira, quase que enfiava o botão de chamada pra dentro do
compartimento superior, de tanto que apertava. A passageira fez isso mais de 10
vezes, naquele intervalo do avião correr na pista e levantar voo. Não fazia 1 minuto
que estavam voando e a passageira continuou a apertar aquele bendito botão. O
comissário não aguentou, levantou (com o avião completamente inclinado),
"escalou" o avião pelo corredor afora e foi verificar o que estava acontecendo.
Chegando ao assento da passageira, viu que ela estava completamente vomitada,
bastante suja. Pegou imediatamente o saco de enjoo e entregou a ela. A
"queridíssima" passageira vomitou de novo, agora na mão do comissário. Com
isso, o "preciosíssimo" líquido expirou do primeiro fio de cabelo até o bico do
sapato, que estava muito bem lustrado. O cheiro era insuportável. Restou a ele
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tentar se limpar com vodka, que ainda embarcava naquela época e voar os quatros
trechos que ainda faltavam pela frente, fedendo como um gambá.
Em uma companhia aérea regional, as comissárias fizeram um concurso para
escolher o piloto das pernas mais lindas. O piloto que ganhou era bonito, mas as
pernas eram cambotas. O Garrincha se estivesse vivo, ganharia dele. Eu acho que
as comissárias colocaram concurso de pernas para camuflar o concurso do piloto
bom de cama! Em outra companhia aérea internacional, fizeram um concurso para
escolher a voz mais sensual dos pilotos que fazem o speech a bordo. Tem alguns
comandantes que realmente tem voz tão sedutora, que deixam as passageiras mais
assanhadas em delírios. Mas cuidado para depois não ter uma grande decepção.
Voz não é tudo. É bom verificar primeiro a fuselagem, o combustível e o trem de
pouso. Depois que você conhecer todo o equipamento, ai sim, poderá analisar se
vale a pena conquistá-lo!
Para voar no Amazonas, tem que ser um bom piloto, mas isto não basta. Todos
os pilotos e comissários têm que ser também uns bons atiradores. Fazer cursos de
tiro ao alvo. Não é que foram encontradas, dentro de uma aeronave num voo
noturno, várias corujas, que resolveram rodopiar as cabeças dos passageiros!
Parecia à casa do terror. Como se isto não bastasse, em outro avião foi encontrada
uma cobra. Mas conseguiram eliminá-la com uma carabina, antes de embarcar os
passageiros. Os bichos resolveram invadir o espaço dos passageiros. Não se
assustem quando forem embarcar e encontrar o zoológico dentro de um avião, os
franco-atiradores estarão a postos para eliminá-los. Alguns acham que melhor ter
uma cobra dentro do avião do que um urubu na turbina.
Quando houve o incidente nas Torres Gêmeas, o mundo ficou apavorado com
os ataques terroristas. Qualquer coisa que acontecesse de diferente em um avião, já
achavam que estava havendo um ataque terrorista. Em um determinado voo
haviam embarcado no avião uma turma de argentinos e dentre eles estava um
passageiro muçulmano. Em uma determinada hora, este passageiro levantou-se,
dirigindo-se para o fundo do avião. Lá, ajoelhou-se virado para Meca e começou a
levantar e abaixar os braços entoando em voz alta um canto. Os argentinos, que
desconheciam os procedimentos da religião, acharam que o homem estava
rezando, porque iria detonar alguma bomba no avião. Imagine o rebuliço que o ato
do muçulmano causou a bordo. Até os comissários explicarem que ele estava
simplesmente fazendo a sua oração, foi um “Deus nos acuda”.
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Contou uma comissária que na época dos voos Electra na ponte Rio São Paulo,
ouvi essa do próprio comandante do voo. Era o último voo daquele dia, o trajeto
era São Paulo/Rio. Esse comandante gostava do trajeto por permitir dormir em
casa e ficou até o término do Electra, trabalhando nele. O serviço de bordo servia
bebidas alcoólicas aos passageiros, e naquele dia havia um passageiro que já tinha
bebido muito.
Ele se sentou no corredor e quando a comissária passou perguntando se ele
queria beber algo, ele não pestanejou, “passou a mão na comissária”.
O pessoal de serviço de bordo na época trabalhava em dupla, um comissário e uma
comissária jovens e primeira colocação.
À medida que a comissária ficava vermelha o comissário bichinha que trabalhava
com ela gritava: Aí meu Deus do Céu... Ai meu Deus do Céu...
O fato se repetiu, até que a comissária foi pedir ao comandante para falar com o
passageiro. Depois, o comandante disse que a comissária era linda e maravilhosa,
que até desculpava o bêbado pelo ocorrido, rsrsrs
Clodovil a bordo de um avião vai até a Cabine de Comando.
O piloto querendo falar, mas sem ofender ou ser rude diz a ele: - Vocês que são
assim ..."diferentes", eu admiro, porque geralmente são muito cultos e inteligentes.
No que o CLÔ de pronto responde: - Claro comandante, porque "BICHA
BURRA NASCE HOMEM". Dizem que foi uma gargalhada geral na cabine de
comando.
Comandante embarca, e os comissários se apresentam a ele como de praxe
manda o regulamento. Um dos comissários é gay, o comandante logo percebe, e
como bom gaúcho finérrimo diz: Ah! Quer dizer que hoje temos uma bicha a
bordo? O comissário responde logo: - Então são duas comandante, porque eu
também sou! Todos saíram de fininho, mas depois foi só gargalhada.
Um passageiro chegou atrasado para o voo com 25 galos para despachar. Na
pressa o despachante por falta de conhecimento, foi colocando as etiquetas
somente em um pé e colocando na esteira, que no final iria ser colocada numa
caixa adequada, mas a caixa não estava lá. Com isto os galos se espalharam pelo
pátio do estacionamento trazendo transtorno e muita confusão e vários
funcionários correndo atrás para pegar os galos para não atrasar mais o voo. A cena
deve ter sido cômica.
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O marido levou a esposa até o aeroporto para embarcá-la num voo. Chegando
ao check-in, ela, toda carinhosa, diz ao marido que não havia necessidade de ficar
ali esperando que ela embarcasse, já que havia feito todo o procedimento do
embarque. Despediram-se com beijos e abraços. Em seguida a mulher pede ao
check-in para retirar as malas e devolver a passagem que resolvera não viajar mais.
O carregador pegou as malas e acompanhou a mulher até o extremo da ponta do
aeroporto e lá estava o amante a espera dela de carro. Deu ao carregador uma boa
gorjeta, entrou no carro e sumiram. Coitado do marido corninho. Será que ao
chegar a casa ele conseguiu entrar pela porta com tanto galho na cabeça?
Um comandante havia se aposentado, mas não queria que a esposa soubesse.
Pensando nisso, comprou uma perua (igual a da companhia) e mandou pintar o
logotipo da empresa, além de contratar um motorista para buscá-lo normalmente,
como se fosse voar. Certo dia, o filho do comandante passou mal e a esposa entrou
em contato com o setor de escalas para saber aonde poderia encontrar o marido. O
funcionário informou-a que seu marido não fazia parte da escala, porque estava
aposentado há muito tempo. Resultado: o marido armou este ardil para que pudesse
continuar com suas aventuras amorosas. Deu a maior confusão! Com certeza esta
foi a última delas. Todo mundo sabe que mentira tem perna curta. Tem pessoas que
adoram entrar numa fria e acabam se ferrando.
-Um belo dia, um passageiro teve uma atitude inusitada, quando, de repente,
começou a despir-se na frente de todos. Sentadas junto a ele estavam duas
adolescentes, cujas famílias estavam sentadas na traseira da aeronave. A
comissária vendo tal situação chamou a chefe de equipe, que jogou uma manta
sobre o passageiro e mandou-o vestir-se. O mesmo iniciou, colocando a camisa.
Uma das meninas falou: “Ele deveria começar pela cueca e não pela camisa”! Mas
o passageiro nem se preocupou com isso, já estava pelado mesmo e o que ele tinha
para mostrar não deixou ninguém impressionado.
Ao fazer a vistoria e a limpeza de uma aeronave em Belém para seguir voo,
encontraram um passageiro deitado no chão, entre as poltronas, totalmente
adormecido. Chamaram, mexeram, cutucaram e nada do sujeito mexer. Pediram
auxílio à Infraero. Quando a equipe chegou, uma das enfermeiras falou: Vamos dar
uma injeção de insulina! Ao ouvir isto o passageiro levantou, de galope, e saiu em
disparada pela aeronave afora. Viu como certos homens têm pavor de tomar
injeção! Só de ouvir a palavra injeção desapareceu do radar.
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Um oficial do exército estava num voo, e levava dentro de sua maleta de mão,
dois potes de pimenta das bravas, daquelas bem fortes e bem ardidas. Acontece que
os potes estavam fechados e a tampa abriu derramando tudo dentro da maleta. Com
isso causou o maior transtorno dentro da aeronave. Não havia perfume e nem
desodorante que acabasse com o maldito cheiro daquelas pimentas. Acabou
sufocando os passageiros que estavam próximos. Alguns passaram mal, outros
espirravam, tossiam, lacrimejavam. Outros tentavam colocar pano no rosto para
tentar aliviar o cheiro ardido da pimenta. Quase que foi preciso soltar as máscaras
de oxigênio. O oficial ficou transtornado com a situação. Com certeza nunca mais
vai querer saber se existe pimenta na face da terra! É muito melhor comer terra em
campo de batalha do que pimenta ardida em voo!
Certa vez, uma comissária muito esperta deu o golpe em três comandantes,
dizendo que estava grávida. Consequentemente, por serem casados e para não
complicar a vida deles, foram obrigados a concordar em dar dinheiro para fazer o
tal aborto. Um comandante, desconfiado, resolveu conquistá-la para descobrir qual
era a dela. Ficaram juntos por alguns meses. A comissária, que achava que era tão
esperta assim, tentou novamente aplicar o golpe em cima dizendo que estava
grávida. O Comandante já estava preparado para desmascará-la dos golpes que
dera em seus amigos disse: “Só que agora você se deu mal, pra cima de mim não,
sua ordinária. Eu já fiz vasectomia há muito tempo”! Resultado: com o dinheiro
que ganhou dos três comandantes comprou um belíssimo carro importado. E por aí
existem muitos homens que caem no canto da fada ou safada! Quando elas
querem, são imbatíveis. E homem apaixonado fica bobo e cego. Mas isso acontece
em qualquer sociedade.
Realizar uma fantasia sexual dentro de um avião faz parte de folclore
imaginário dos passageiros. Muitas histórias são apenas papo de falastrões em
rodinha de amigos e poucas foram realmente confirmadas. O caso de uma
aeromoça pega no banheiro com um “amigo” que estava de passageiro num voo é
assumido pela própria. Fazia sexo quando outra aeromoça flagrou os dois ao ouvir
gemidos vindos do banheiro. O procedimento nesses casos é impedir
imediatamente de alguma forma que o ato continue e relatar ao comandante. Caso
seja funcionária da aviação, poderá ser desligada da empresa. Caso sejam apenas
passageiros, haverá uma repreensão que conforme a reação dos envolvidos poderá
acabar numa delegacia. A verdade é que casais sempre tentam burlar a vigilância
das aeromoças quando não tentar conquistá-las para realizar o que imaginam ser a
maior das aventuras nas alturas.
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Tem algumas esposas de tripulantes, quando estão no voo com seus maridos ou
mesmo quando estão viajando sozinhas, elas acham que são as donas do mundo.
Querem do bom e do melhor a ainda reclamam quando não está do jeito que elas
gostariam. Se forem simpáticas são muito bem recebidas por toda a equipe, mas
outras, infelizmente deixam a desejar. Alguns comandantes também são muitos
arrogantes. Acham que quatro faixas no ombro são melhores que três, chegam às
vezes, a humilhar o copiloto. E eles quando chegam em casa descontam em quem?
Nas esposas. Deveriam ser mais humildes e pensar que ninguém é melhor que o
outro. Um avião não decola só com um, dependendo do avião até com quatro. Se
não fosse a arrogância de alguns comandantes não teriam conflitos entre eles. A
humildade e a simplicidade é a forma da verdadeira grandeza do ser humano.
Uma senhora ao passar pelo detector de metal, o alarme tocou. Ela ficou
nervosa e foi logo gritando: “Não estou carregando nada não”! O segurança pediu
para ela tirar o colar e passar novamente e, de novo, o alarme toca. Já irritada com
aquela situação, imediatamente ela arranca toda a roupa do corpo e fica
completamente nua diante de vários funcionários e passageiros que gritavam e
batiam palmas. Ela desfilava pra lá e pra cá somente com os sapatos nos pés. E
cada vez que passava no detector o alarme disparava. Quando foram verificar,
estava na sola do sapato uma placa de metal! Precisava desse escândalo todo?
Depois, acabou pedindo desculpas, porque havia sido assaltado e estava muito
nervosa. Será que não era desculpa para fazer um reality show?
Aeroporto de Congonhas, um funcionário do setor de achados e perdidos foi
verificar uma sacola esquecida em cima de um banco. Olhou, viu o que era e
fechou de novo a sacola. Naquela época, qualquer coisa esquecida dentro do
aeroporto, só o supervisor é que poderia pegar o material e levar até o recinto. O
funcionário ligou para o supervisor para pegar a tal sacola. Irritado ele foi. Chegou
lá, abriu, olhou e gritou: “Por causa dessa merda eu tive que vir até aqui”! Com
tanta raiva, pegou a sacola, que acabou estourando o fundo, e lá foi para o chão
uma dúzia de pênis de todos os tamanhos. Ele pediu ajuda ao funcionário para
ajudar a catar, mas ele se mandou. Com certeza, muita gente que viu essa cena
deve ter pensado que ele era veado.
Além da sala VIP das companhias aéreas, existe outra, que pertence à Infraero.
Ela é exclusiva, para receber celebridades e autoridades.
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Uma princesa da Tailândia, em visita oficial ao Brasil, sentou no sofá da sala, e
poucos segundos depois, seu marido e a consulesa daquele país começaram a andar
de joelhos. “Pensei que estivessem procurando algo no chão”, contou a
coordenadora de comunicação social. “Que nada! Pelas regras oficiais, ninguém
pode ficar acima da Coroa. Quando a princesa senta, todos são obrigados a se
abaixarem”. Como será que ficam os joelhos desses pobres coitados submissos!
Num voo internacional da TAP (Companhia Aérea Portuguesa), uma senhora
muito idosa acionou o botão de chamada dos comissários. Como já sabiam que era
uma senhora idosa, vieram imediatamente atendê-la. “A senhora me chamou”!
Ela: Dá para pedir ao comandante para ir mais depressa?
O comissário, curioso, perguntou: Por quê?
Ela: É porque não quero perder a minha novela!
Viu como novelas conseguem prender as pessoas de qualquer idade, mesmo
estando até dentro de um avião! E o comandante, será que atendeu ao apelo da
velhinha?
Quem disse que bagunça e sujeira só aparecem em escolas públicas! Em voos
muito longos, os toaletes da classe econômica ficam um verdadeiro caos.
Passageiros não respeitam os avisos, jogam papel no vaso, às vezes não dão
descarga, o lixo chega a transbordar, a pia fica sempre molhada. E quando entope,
o banheiro fica interditado. A situação fica pior com um toalete a menos para tanta
gente, já que a classe econômica tem o maior número de acentos dentro de uma
aeronave. É o maior sufoco para nós, disse um comissário. A classe econômica não
passa de uma “carroça” voadora, os passageiros deveriam ser mais complacentes.
Um funcionário no início da noite, ao chegar ao Galeão, viu um aglomerado de
militares fardados do exército. Ele conta: Cheguei a pensar que era um Golpe de
Estado. Depois de algum tempo, eles vieram para se listar no nosso voo para Porto
Alegre, pois haviam acabado de chegar do Haiti, onde estavam cumprindo aquela
missão de paz do governo brasileiro. O voo estava lotado, ficaram 16 militares em
lista, sendo que todos eles estavam há três meses ou mais sem ver a família.
Algumas conversas e vimos a que eles se submetem. Um dos militares foi pai
há três dias, e ainda não conhecia o filho, o outro perdeu o irmão há duas semanas,
e por aí vai... Histórias que você vê, são verdadeiras e não aqueles "papos" pra
tentar dar uma quebrada de galho. Quando deu à hora de liberar a lista, sobrariam
três deles. Nesse instante, vi que um deles abriu mão de seguir em benefício de
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outro, de menor patente, que tinha problemas pessoais. Tive uma sensação estranha
(percebi que ainda existem pessoas que, mesmo estando numa situação extrema,
passando longo tempo longe de casa, num país miserável, ainda conseguem olhar
para o lado e ceder o seu lugar em benefício do próximo).
Corremos muito, porque não poderíamos atrasar o voo. No fim, entre mortos e
feridos, todos embarcaram. O que ficou de melhor de tudo isso, foi a atitude de
desprendimento daquele militar e a união entre eles (eu vi os militares fazendo
vaquinha pra pagar a passagem de um que não tinha condições). Deu orgulho de
atendê-los e de ver que lá fora, o Brasil está sendo representado por pessoas, com
espírito de união que às vezes falta aqui entre nós que continuamos no Brasil.
A atendente da Sala VIP no turno da tarde cumpria sua rotina de voos...
Sempre no final da cada embarque, ela fazia uma breve ronda pelo saguão
executivo e da primeira classe. Ao entrar na sala First Class, depara-se com um
senhor na maior intimidade com uma apetitosa garrafa de Campari. Todos os voos
já haviam decolado, o que causou espanto na atendente ao ver uma pessoa por ali
ainda... Educadamente, segue o diálogo:
Atendente: Senhor, por favor, qual o seu voo?
Senhor: É... É que..... não..... é... não to voando não.
Atendente: Como não está voando?
Senhor: Sabe? É que... É... eu sou da Receita Federal...
Atendente: (espantada) Mas, senhor? Você não sabe que não pode beber em
serviço?
Senhor: É... mas é que... É...... Hummmm... é...
Atendente: E ainda por cima com crachá de identificação e Brasão da República!
Senhor: Bom... olha... tá aqui o meu cartão. Você não me viu aqui, combinado!
Hoje eu estou absolutamente à disposição da VARIG pra QUALQUER coisa,
entendeu? QUALQUER coisa. É só ligar. Já tô indo, tá?
Atendente: É melhor mesmo, senhor..
Senhor: É... bom, até logo... ah! Posso pegar um amendoinzinho???
Atendente: Não!
Um funcionário contou que o telefone tocou por volta das 3 h da pancada
madrugada, e atendeu como sempre cordial.
Eu: - VARIG, Aeroporto Galeão, bom dia, em que posso ajudar?
Trotista (falando e rindo): - Vocês têm voo pras Ilhas Canárias?
Eu: - Temos voos para Tenerife nas Ilhas Canárias, com conexão em Madri com a
Spanair.
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Trotista (sentindo que ia ser difícil me sacanear): - E pra Luxemburgo, tem voo
direto?
Eu: - Temos possibilidade de conexão com a Lufthansa a partir de Frankfurt ou
com a British Midland a partir de Londres.
Trotista (tentando o pulo-do-gato): - Ah, muito legal. E pra Cochinchina, tem voo
direto?
Eu (ligeiramente impaciente): - Temos, porém estão todos lotados até o ano que
vem. Seus familiares fizeram reservas, todos na primeira classe.
Trotista (dando a última cartada): - É, palhaço. Então por que não vai vender
passagem pra PQP?
Eu (entusiasmado por responder "na bucha"): - Porque a senhora sua mãe já
passou aqui e o cartão dela não passou. Apesar da sua péssima tentativa de trote, a
Varig agradece a sua ligação. Depois disso só ouvi "pi... pi... pi.."
Entre as caras novas, um estagiário boa praça, gente finíssima, porém, pavio
curto. Um dia, após os treinamentos no sistema, o nosso bravo rapaz fica só de
olho nos procedimentos na prática. Local: check-in executivo. Chega um senhor já
de meia idade, bem alto, vermelhão, falando um português arrastado, com um belo
sotaque italiano. Por infelicidade, o voo da Alitalia deu overbooking na classe
executiva. Coube ao bravo estagiário dar a notícia ao cliente. O senhor respirou
fundo, olhou para o lado, passou a mão nos cabelos brancos, começou a ficar mais
vermelho (quase roxo!) e não pensou duas vezes: agarrou o estagiário pela gravata
e levantou a mão, preparando um soco:
- Babaca, babaca, babaca! Ma como overbooking?
Reservei isso há dois meses!
- Senhor, pode me soltar, por favor?
- Soltar? Io vou é arrrrrrebentar la tua cara!
- Senhor estou pedindo... me solta, por favor..... isso não vai dar certo.....
O cliente puxa mais forte a gravata e, com isso, ativa o gatilho do estagiário, que
age rápido, agarra o italiano pelo colarinho e também levanta a mão, armando
soco...
- É o seguinte: por baixo do uniforme tem um homem! E se você não baixar agora
essa sua mão e não me largar, o homem vai sair do uniforme e não vai sobrar
nenhum dente inteiro nessa boca velha!
Rapidinho o italiano largou o rapaz, abriu um sorriso, abraçou o garoto e disse que
tudo não passava de uma "brincadeirinha", que não devia ser levada tão a sério... e
ainda completou...
- Afinal, no seria legal io levar uno soco nella boca e ficar engasgado com la mia
própria dentadura...
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Como ocorre em toda história, os acontecimentos realmente importantes só se
passam à meia-noite (vide a carruagem que vira abóbora, lobisomem, os ataques de
Zé do Caixão, etc.). No Galeão a coisa funciona assim mesmo. Ao fazer o
atendimento do Corujão Recife/Fortaleza, e como sempre, os representantes da
camada mais humilde da sociedade (sem preconceitos), apareceram para realizar a
tão sonhada viagem de volta à dimensão perdida de onde vieram. Pois bem, um
grupo de aproximadamente 20 pessoas fez seu check-in e, ao saber que o voo
estava atrasado uma hora (lembram-se da história da carruagem que vira abóbora?
Esta é aplicação prática) por motivos de manutenção, foram fazer seu lanche carne seca com abóbora (jabá com jerimum) - e saíram tranquilos. Quando foi
dado o embarque, tudo corria as mil maravilhas, quando acabaram os passageiros
na área restrita e ainda faltavam 13 passageiros pra embarcar, isso com o voo já
atrasado uns 10 minutos além do previsto. Depois de inúmeras remarcações,
recontagem, chamadas finais intermináveis, descobriu-se que esses faltantes eram
nada mais nada menos que uma parte da família do jabá com jerimum. Resolveu-se
então que deixaria estes passageiros no chão para evitar maiores atrasos. Neste
momento ouve-se na fonia: "Área III embarque RG2354? O Grupo dos faltantes
está aqui no terminal 1 no Palheta, dá tempo ainda?"
O que significaria isto? Que eles estavam a uns 10 minutos de caminhada de
distância da aeronave, e que estavam seguindo PUTOS da vida porque não foram
LÁ (no TERMINAL 1!) avisá-los do embarque. Decidiram esperar a família
chegar, e, assim que entrou o último, fecharam a porta e saíram, antes que desse
dor de ouvido em alguma das 15 crianças que estavam a bordo chorando feito o
Bebeto na Copa de 94.
Greve da Federal... filas gigantescas, quase chegando no terminal 1. Um
passageiro adentra a sala vip internacional reclamando escandalosamente da fila.
Acompanhe o diálogo com o agente:
Passageiro: Tô há três horas nessa fila que nem um babaca. Pra completar o voo
está atrasado!
Agente: O atraso é justamente para não prejudicar os passageiros que, como o
senhor, estão na fila há horas. Entendo sua chateação por esperar tanto...
Passageiro: Entende droga nenhuma... o mínimo que vocês podiam fazer por mim é
deixar eu descansar um pouco nessa salinha de merda...
Agente: Posso ver seu cartão de embarque, senhor?
Então, nosso passageiro mostra o cartão de embarque: Classe econômica.
Agente: O senhor tem cartão do clube Smiles?
Passageiro: Não tenho droga nenhuma nem quero ter! E aí? Vai deixar entrar ou
não?
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Agente: O senhor não vai entrar porque é grosso. Agora pode me dar licença
porque outras clientes querem ser atendidos!
Passageiro: Puta merda... quer dizer que não vou entrar porque sou grosso?
Agente: Agradeço sua compreensão, senhor. Agora pode se retirar, por favor?
Passageiro: Não vai ficar assim!!! Não vão me fazer de babaca! Eu volto!
Agente: Esteja à vontade e tenha uma boa noite.
Ele voltou? Não, claro que não...
Uma mendiga "invadiu" a pista do Santos Dumont, andou até o pátio, entrou e
sentou-se num 737-700, que esperava tripulação pra fazer a ponte Santos Dumont
– Congonhas. Com a chegada da tripulação, deu-se início ao diálogo:
Comandante: Quê que é isso? O que faz aqui?
Mendiga: Tô indo pra Madureira...
Comandante: Mas, minha senhora, este avião não vai pra Madureira...
Mendiga: Ah, não? Então tudo bem... espero o próximo.
Assim, humildemente, a transeunte se retirou da aeronave e foi levada ao
desembarque pela galera da Swissport. Lá chegando, a Polícia Militar fez o favor
de retirá-la do saguão daquela maneira cortês que todos sabem que a PM possui...
Um estimado funcionário, já não vendo a hora de ir pra casa, vê a supervisão a
largos e velozes passos com um passageiro na cola: coroa vermelho como um
pimentão, loiro... típico alemão. Voo para Frankfurt, com check-in encerrado havia
15 minutos e com exatamente um assento restando. Abre o voo de novo e atende o
cara. Logo, percebe-se que o cliente está um pouco, digamos, tonto.
Diante do trava-língua que o cliente apresenta, o funcionário fala com o
supervisor: "Quê é isso? O cara tá falando russo!". Nossa autoridade chega e
retruca: "Russo porra nenhuma! Esse maluco tá é cheio da cachaça, meu!".
Conclusão: Quando saímos do Galeão por volta da 01h30min h da manhã, vimos o
"russo" dormindo sentado no saguão do aeroporto... Não era passageiro do tal voo.
Durante um atendimento de check-in no "Corujão":
Funcionário: A senhora tem um excesso de bagagem que deve ser pago na nossa
loja...
Cliente: Não, não... pode jogar tudo fora. Joga tudo! Só eu que não posso ser
jogada...
Funcionário: Até porque seria um grande desperdício...
Cliente: Acha mesmo, é?
E, assim o funcionário arrumou um programa para o final de semana...
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Histórias de registros de mau funcionamento feitos pelos pilotos no livro de
bordo do avião. Os mecânicos os leem, corrigem os problemas e relatam por
escrito as soluções adotadas. Não raro surgem respostas bem-humoradas do
pessoal da manutenção, em relação ao que os pilotos reportavam.
P: problema reportado no livro de bordo pelos pilotos.
M: resposta do pessoal da manutenção.
P: Pneu esquerdo principal interno quase precisando de substituição.
M: Pneu esquerdo principal interno quase substituído.
P: Alguma coisa está solta dentro do cockpit.
M: Alguma coisa foi apertada dentro do cockpit.
P: Evidências de vazamento na engrenagem do trem de pouso principal.
M: Evidências removidas.
P: As travas de fricção estão prendendo as manetes de potência.
M: É para isso que servem as travas de fricção.
P: Suspeitamos de trinca no pára-brisa.
M: Suspeitamos que vocês estejam certos.
P: A aeronave se comporta de modo engraçado.
M: A aeronave foi advertida para se comportar direito e ficar séria.
P: Rato no cockpit.
M: Gato prontamente instalado.
Durante o caos aéreo, um 767 da United pegou fogo na galley traseira, logo
após decolar de Guarulhos. Entrou em procedimento de emergência, e o terminal
São Paulo fechou Guarulhos, Congonhas e Campinas, dando prioridade para o
pouso do Heavy. Outra aeronave, disse ao controlador que precisava de uma
posição do terminal, porque tinha mais 20 minutos de combustível antes de
declarar emergência. O controlador bem idiota disse: "Confirme Comandante, está
declarando emergência”? Outro Cmte disse: "Larga de ser idiota! Ele disse que tem
ainda 20 minutos. Tá ficando surdo”? O controlador ficou irado: "Identifique-se,
identifique-se!". O Cmte: "Identifico porra nenhuma! Vocês são muito fracos!".
Outro Cmte entrou na fonia e disse: “Sabe o que é colega, já derrubaram um avião,
e agora querem derrubar mais um”.
Em Curitiba, um piloto estava taxiando pro gate. De repente, ele vê um
cachorro na taxiway. Ele comunica a torre: ô torre, tem um cachorro aqui na
taxiway. A torre responde: é, ele ta taxiando pra decolar da 15. Só ouviram risadas
na fonia.
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Uma pequena fila de aeronaves de linha aérea aguardava uma pequena aeronave
que se aproximava já na final para pouso. O controlador manda a seguinte
mensagem para os pilotos, o primeiro da fila de espera:
- Após a passagem da aeronave na final, está autorizado alinhar e decolar da 02R.
Ventos em 057 graus com 03 nós.
E o piloto responde:
- Afirmativo torre, após a passagem da lenta aeronave, alinha e decola da 02R.
O piloto da aeronave pequena responde:
- Lenta aeronave, mas está PAGA e é MINHA!"
Um 777 da Varig estava chegando para pouso em Guarulhos. A torre mandou
esperar para um pouso de outra aeronave. Quando viu a outra aeronave que tinha
pousado, um Citation, o 777 disse assim: Ô torre, você me fez esperar esse tempo
pra essa aeronave de pequeno porte pousar? Ai o Citation falou: “Pequeno é o teu
salário animal”! Todas as outras aeronaves que estavam na fonia deram risada.
Num voo, o controlador pede ao piloto de um Airbus:
- Voo xxxx curve a direita na proa 250 para evitar ruído. O piloto cumpre, mas
meio nervoso pergunta: - Mas nessa altitude, que ruído provocaria um Airbus?
- Controle responde: - Por acaso o senhor já ouviu o ruído de um Airbus batendo
com um Boing-747?
Um 777 da Varig no ponto de espera e um Caravan dos Correios numa
aproximação longa de Guarulhos.
- Varig xxxx mantenha o ponto de espera até a passagem do Caravan na final.
Varig depois de um tempo aguardando chamou a torre novamente:
- Varig em condições de alinhar decolar torre
- Negativo Varig, mantenha o ponto de espera ai.
O comandante ficou puto e soltou assim que o Caravan tocou:
- É um absurdo uma aeronave desse tamanho, ter que esperar um avião tão
pequeno, fazendo uma aproximação tão ruim e não saber nem pousar:
- O piloto do Caravan não deixou barato:
- Pelo menos eu sei usar a bussola comandante!
Nossa, foi um silêncio total!
p. 57
O Sonho de Voar
É com pesar profundo que vejo aviões serem arrestados, e de repente surgem
em minha mente sentimentos de meu passado. Como foi doce o início dos sonhos
da juventude tornando-se realidade. O Aeroclube em Marília, São Paulo. A bolsa
que recebi por uma dissertação sobre Santos Dumont. Dinheiro? Meu apelido era
meio sanduíche! Não dava para comprar um inteiro. Ajudava às vezes na oficina.
Nada importava - como era doce voar.
Primeiro voo solo, esgoelando em cantoria de pura felicidade. Viagens para São
Paulo, ingresso como empregado no controle de voo da antiga Real Aerovias.
Turno das seis a meia noite, às vezes dobrando até às seis da manhã. Enfim,
suprema felicidade - ingresso no curso de pilotos comerciais da Real Aerovias. O
trabalho continuava. Saía à meia noite, ia direto para a pensão defronte ao
aeroporto de Congonhas. Dia seguinte, duas conduções até o Campo de Marte. À
tarde, duas conduções de volta a Congonhas. Jantar no bandejão - tinha que comer
rápido na época do inverno - guardava o pão e a banana para comer à noite no
trabalho.
Nada importava - estava nas nuvens - estava voando. Término do curso. Início
do voo profissional como co-piloto. Como era belo o DC-3! Vida dura, não havia
regulamentação, por vezes voávamos por semanas seguidas. Hotéis de madeira,
charretes, mosquitos, calor, frio, nevoeiros, balizamento das pistas à noite com
lampiões de querosene, código Morse*, rádio farol*. Lembro-me de rir muito;
estava feliz, estava voando. Fim da Real Aerovia. Absorção pela Varig.
Novos conceitos - discriminação - éramos chamados de calças pretas em função de
nosso antigo uniforme (ai de mim se soubessem que as minhas calças pretas eram
compradas na feira)! Não faz mal! Continuava voando! Estudo para exame teórico
PLA*. Formamos um grupo, pagávamos as aulas que geralmente eram no período
noturno.
Tudo pronto pelo DAC*. Metade do sonhado comando estava pronto. Espera,
muita espera... Ansiedade. Enfim Porto Alegre. Cinco meses para as fases práticas.
Contato mais direto com os que receberam a herança de verdadeiros pavões alados,
Ícaros de barro em prepotência e hipocrisia! Em compensação, também havia uma
turma que era uma beleza! Normal. E eu continuava voando! Término das fases
práticas. Cheque DAC. Tudo pronto. Coroar de meus sonhos! Tornei-me
comandante! E lá fomos nós na maior felicidade para os primeiros voos de
comando.
Passaram-se os anos. Após o DC-3 veio o Avro, Electra, Boeing 727, 707, DC10 e no final, o Jumbo 747. Continuava voando! Mas já não era a mesma coisa, os
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mesmos sentimentos, os mesmos alentos. Um dia, antes da saída de um voo,
encontrei uma carta da chefia de pilotos para a festa de entrega da asa de 25 anos
de comando. Fiquei vários minutos olhando para aquele pedaço de papel. Mas a
festa era naquela noite mesmo! Eu estaria voando!...Tinha inimigos e não sabia,
pois covardemente na minha frente nunca disseram nada. E, na chegada do voo
para Nova Iorque e no hotel, ocorreram-me alguns fatos, naquela época, totalmente
estranhos.
Com aquilo em mente, fui ao departamento médico da empresa. Viraram-me de
cabeça para baixo. Finalmente deram-me uma carta para levar ao Cemal*.
Sentamos o brigadeiro médico chefe do Cemal, o coronel médico responsável pela
cardiologia e eu. Muito pequeno foi o comentário: - Comandante você precisa
somente de uma pequena angioplastia numa artéria auxiliar, e em quinze dias lhe
dou a carteira de novo. Eu lhe disse: Brigadeiro, o responsável médico da empresa
foi categórico: na Varig você não voa mais! - Então tenho que lhe colocar nos
calços *?
Pode colocar Brigadeiro. Peguei o papel assinado e quando voltava dirigindo
pelo aterro do Flamengo, senti uma estranha sensação - sensação de liberdade.
Sinceramente, nunca pensei em escrever este texto. Amadureceu quando vi a
notícia do arresto do segundo avião no exterior. Amadureceu quando vislumbrei
que nada mudou. Amadureceu por ver que no recrudescer das vaidades e no
espernear dos egos, centenas e centenas de famílias do pessoal de voo e de terra já
temem o pão de cada dia. Será que não haverá alguém que não se preocupará
apenas com números ou com posições de destaque? Que vejam além de seus
pomposos cargos? Que percebam as leis de causa e efeito como imutáveis e
eternas?
Oxalá haja! Para que um novo ciclo realmente se inicie, em que caia a busca
desenfreada pela ganância e poder, e que a deslavada hipocrisia dê lugar a um
mínimo de altruísmo. Dedico este texto aos meus queridos e queridas que se inicie
nos sonhos da arte de voar. Continuem voando! Voem sempre, pois posso lhes
assegurar do mais profundo do meu ser: continuo voando, mas agora os voos são
outros. Dedico este texto especialmente aos que continuam sonhando.
(Relato de um comandante).
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O Super Homem e a Varig
Um comandante contou quando seu filho era pequeno, lhe perguntou se em
alguma das minhas viagens eu havia visto o Super Homem voando ao lado de um
avião da VARIG. E eu, todo orgulhoso respondi que sim, que sempre que via um
avião da VARIG, o Super Homem vinha voando, se posicionava ao lado da cabine,
cumprimentava a tripulação e com um gesto muito elegante se despedia, desejando
uma boa viagem. Os filhos sorriam pensativos e orgulhosos!...
Como eu gostaria que meus netos hoje me fizessem a mesma pergunta e eu
pudesse dar a mesma resposta. Aquele orgulho de ter sido parte da VARIG ainda
existe muito forte e não quero ter a desilusão de um dia, ao olhar o céu ver apenas
o Super Homem voando solitário, e que o brilho que outrora existia nos meus
olhos, não seja agora, apenas o reflexo da luz do sol ou uma lágrima.
DEPOIMENTOS DE ESPOSAS
E EX-ESPOSAS DE TRIPULANTES
Na primeira classe de um voo, na hora do almoço, a comissária foi servir a
esposa de um comandante, e cortou com tanta má vontade uma fatia bem fininha
de filé e ainda desviou a faca para não fazer o corte completo. Era tão pequeno que
mal caberia em um buraco nos dentes, caso ela tivesse cáries. Como a classe deste
voo não estava lotada, ela pediu com gentileza se poderia cortar outra fatia:
Respondeu: “Se sobrar eu lhe sirvo depois”. Mas esse depois não veio. Ao término
do voo a esposa foi à cabine para despedir da tripulação e viu a comissária na
galley embrulhando em um papel de alumínio o filé, quase que inteiro que servira a
bordo para ela levar. O fato de ela ser esposa do piloto não quer dizer que não
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tenha o mesmo direito de comer decentemente como os demais passageiros. Isso
acontece principalmente com o pessoal de terra e parentes de tripulantes em
diversas situações. Todos trabalham arduamente o ano inteiro, para depois passar
por estas humilhações. Nenhum ser humano é auto-suficiente, todos nós
precisamos dos outros para poder ser melhores para nós mesmos.
Uma esposa de um piloto recebeu uma carta para seu marido, em sua própria
residência. Como ele estava viajando e a carta cujo remetente era de uma mulher,
ela pegou e abriu. Tudo dizia que havia algo entre eles. Quando o marido retornou
da viagem, como sempre a desculpa é que é uma grande amiga. A esposa
descobriu o telefone da mãe dela. A tal mulher trabalhava como recepcionista de
uma companhia aérea. E havia ido para Londres para fazer um estágio de inglês.
Por telefone, ela perguntou à mãe se conhecia fulano, disse que sim. Perguntei qual
era o relacionamento e se sabia que ele era casado. Respondeu que sabia que era
casado e que o relacionamento deles não passava de uma amizade. E que eu estava
confundindo as coisas, porque minha filha é quase uma freira. A esposa respondeu:
“Que eu saiba freira também é mulher...” E não é que o safado do marido dela
estava com bilhete em mãos para ir para Londres ao encontro dela, para fazer um
estágio de inglês? Ou seria um estágio de lua de mel?
Uma turma de militares alugou um barco para uma pescaria no Rio Negro, em
Manaus. As esposas, saudosas com a ausência de uma semana dos milicos, se
reuniram e foram esperá-los no porto. Ao aproximar o barco, elas viram que os
maridos haviam pescado várias “piranhas” (mulheres). Algumas piranhas, ao ver
as esposas, pularam para dentro d’água, outras não sabiam nadar, quase morreram
afogadas. A explicação que eles deram é que elas haviam pedido carona. Você
acreditaria! Eu não! Uma delas perguntou: Cadê os peixes que vocês foram pescar?
Com certeza iriam passar numa peixaria e comprar para nos enganar. “E para a
infelicidade de vocês, os planos não deram certo”. Dizem que foi o maior barraco,
tapas, socos e pontapés para tudo quanto é lado. As esposas mostraram também
que são boas de guerra. Por causa dessa aventura, houve até separações. Viu como
são bons de álibis! Depois querem mostrar que são disciplinados, mas aonde? Só
quando estão uniformizados?
Uma esposa contou que uma mulher tirou o sossego de todos numa formatura
na Aeronáutica, estava presente uma bela loira vestida com uma roupa de cor
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vinho, igualzinho ao modelo da Marilyn Monroe. Só faltou o vento do
respiradouro do metrô, para completar a cena do filme mais famoso de Hollywood.
Na hora do discurso, o Brigadeiro percebeu que todos os formandos estavam
com os olhos atentos para a esquerda, onde estava a “bela dona”. Será que eram
somente os olhos à esquerda? Um Tenente comentou: “Esta mulher tem um belo
alvo para ser atacada pelo meu míssil”! À noite, teve um baile no Clube da
Aeronáutica e lá estava ela novamente sendo disputada. Foi cordial com todos, mas
deixou muitas mulheres enciumadas. Saiu do baile sozinha, deixando os militares
mais afoitos chupando dedo, e outros ficaram até mesmo apaixonados. Ela não
deixou rastro e ninguém ficou sabendo de onde veio àquela beldade. Pode ser que
Marilyn Monroe tenha sido ressuscitada para ser a paraninfa dos formandos!
Em uma festa de aniversário, na residência de um comandante, estiveram
presentes muitas pessoas da companhia. Alguns tripulantes começaram a dançar
com as comissárias e aeroviárias. Enquanto isto, suas esposas estavam
descontraídas conversando lá fora na varanda. Mas, tinha um piloto que estava na
rota, ou seja, vigiando o espaço terrestre caso uma das esposas viesse até o recinto
onde eles estavam dançando. Quando se faz algo escondido é por que tem coisa
concreta. Uma esposa percebeu, e foi falar com as outras. É bom vocês tomarem
conta dos seus maridos, porque tem muito urubu fêmea dando em cima. É melhor
cortarem as asas o mais rápido possível’!
Uma esposa contou-me que estava levando o seu marido para o aeroporto
para fazer um voo. Ela conta: “Na metade do caminho ele percebeu que eu estava
sem a tradicional anágua, que antigamente se usava por baixo da saia e no tempo
da minha tataravó. Ele deu meia volta com tanta velocidade que quase capotou o
carro na avenida”. Troquei de roupa porque não tinha a tal anágua. Com isso, ele
acabou chegando atrasado para o voo. Sempre nas companhias há um piloto de
reserva, mas naquele dia não tinha, companhia regional sabe como é.
Senhores passageiros, quando um avião estiver atrasado nem sempre é por
problemas técnicos e sim por motivos banais como este. A guerra dos sexos.
Em Long Beach – USA, estavam hospedados em um condomínio dois pilotos
com as esposas em suítes separadas, mas a cozinha era coletiva. No café da manhã,
um piloto pegou nas mãos da esposa com força e disse: “Você não vai cortar o
limão para fazer a sua limonada, só depois que eu tomar o meu café”. Esta atitude
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é porque ele não queria sentir o cheiro do limão na hora do seu café. O outro piloto
disse: “Calma, meu amigo o dia só está começando, não é motivo para isso”. Esse
piloto era campeão em fazer a sua esposa passar por vergonha diante dos amigos,
principalmente na aviação. Será que o fuso horário mexe com os neurônios e ficam
fora de sintonia?
No interior de Rondônia, num pernoite em um hotel, havia vários tripulantes
de uma companhia regional. Neste mesmo hotel estava hospedada a miss de uma
cidade do interior daquele estado. Ela não chegou a ganhar o concurso de miss
Rondônia, mas acabou ganhando um dos engraçadinhos dos tripulantes que
chegaram a fazer uma aposta com palitinhos, para ver quem iria conquistá-la para
passar a noite com ela. E um dos garanhões acabou conquistando a bela, que não
era tão bela assim, e saiu todo garboso. E consequentemente, um dia chegou ao
ouvido da esposa, que pediu a separação. Viu como se destrói um casamento por
causa de uma pulada de cerca? Por essas atitudes insensatas, muitos acabam com o
casamento, só pelo prazer de mostrar em poucos minutos que são machos. Na hora
não pensam nas consequências do que isto pode acarretar a uma família.
Uma ex-esposa me disse que ela só tinha paz dentro de casa quando levava o
seu marido para assumir um voo. Voltava para casa toda feliz, cantarolando que
nem um passarinho voando livre. Respirava aliviada pelo fato de não ter que ouvir
as ordens do sargentão o dia inteiro. Com o passar dos anos, começou a sentir que
estava cada dia se tornando uma prisioneira. Uma mulher submissa e sem
personalidade. Resolveu tomar uma atitude e terminou o casamento. Uma mulher
que tem personalidade não aquenta ficar com um marido sargentão dentro de casa
a vida inteira! Ambos têm que respeitar as individualidades e espaços do outro.
Não adianta só um ceder. Pra tudo tem que haver limite para que haja sintonia
entre o casal! É por causa de algumas bobagens que às vezes o casamento acaba.
Outra ex-esposa relatou que uma vez o ex-marido que era piloto, arrastou-a no
hall do hotel, na frente de toda a equipe, dizendo que ela tinha que apresentar-se ao
comandante do voo porque era passageira GC. (GC quer dizer passagem com
desconto especial, para esposas e filhos de tripulantes). Hoje não é mais GC se
chama RIPE. O comandante estava ocupado naquele momento. A esposa disse:
“Apresento-me depois”! Piloto: “Agora, porque o dia em eu for comandante o
passageiro GC que não me cumprimentar não embarca no meu voo!” Resultado: o
comandante é que cumprimentou a esposa e, gentilmente, pediu a ela que entrasse
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na perua que os levaria até o aeroporto. A perua ficou lotada e o marido dela veio
em outra. Para a infelicidade dele, nessa perua não havia ar condicionado e ele
chegou todo suado e bufando de raiva no aeroporto. E durante o voo, outra esposa,
que assistiu tudo comentou: “Pra que tanta arrogância, se um dia vamos todos para
o mesmo buraco”!
Comentou outra esposa que ela só podia comer em casa, tudo aquilo que o
marido odiava, somente quando ele estivesse viajando como: todo tipo de queijo,
mortadela, cebola, cheiro verde, alho, vinagre, pimentão, manteiga e por ai vai uma
infinita lista. Quando ela sentia vontade de comer algo e ele estava em casa, era um
“Deus nos acuda”, pois ele abria portas e janelas para ventilar ou saía de casa.
Agora que falta de coerência! Será que durante o voo ele faria a mesma coisa? A
bordo tem vários tipos de refeições: tripulação, primeira classe, executiva e
econômica. Quando serve uma lasanha suculenta com bastante queijo parmesão em
qualquer classe, o cheiro espalha-se pelo avião inteiro. Qual a opção desse piloto,
abrir portas e janelas da aeronave ou pular de pára-quedas? Ou será que ele vai
para o banheiro vomitar?
Em um churrasco na casa de um piloto, estavam seus amigos da aviação,
alguns com suas amantes. O anfitrião da casa junto com a sua esposa recepcionava
a amante do seu próprio marido. Só ela coitada, não sabia, de nada. Dá para
entender uma coisa dessas! Sendo que a amante, na época, trabalhava como
assistente social de uma associação da mesma empresa aérea que o piloto
trabalhava. Realmente ela estava prestando muito bem o seu serviço social ao
piloto. Os tempos mudaram, os valores são outros, tudo é festa, tudo é possível,
mas ser cega é demais!
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RELATOS DE PASSAGEIROS
APERTEM O CINTO, O PILOTO AVISOU
Eu não sei você, mas eu tenho uma certa experiência em viagens aéreas.
Comecei a viajar de avião aos 4 anos de idade, sozinho, e foi assim até aos 19,
todos os anos, pelo menos duas vezes por ano. Pois é, ossos do ofício para quem
tem pais divorciados morando em continentes diferentes. Eu viajava com aquelas
coleirinhas ao pescoço, escrito “UM” em letras vermelhas garrafais, que eu
pensava que significava que eu era apenas um, e que depois vim a saber, que
significa “Unna companied Minor” (Menor Não Acompanhado). Era utilizada não
só para avisar o staff do aeroporto que eu estava sozinho, como também para
guardar todos os documentos importantes para a viagem. Havia algumas
vantagens, como por exemplo não pegar fila para embarcar ou passar na polícia.
Alguém do aeroporto pegava na minha mão e me levava até ao avião/meus pais o
mais rapidamente possível. Às vezes, quando era preciso esperar, o meu lugar
normalmente era na sala VIP do aeroporto (onde me chamaram de “senhor” pela
primeira vez na vida, por volta dos meus 10 anos). Houve uma vez em que me
deixaram sozinho numa sala técnica com… computadores. Se a moça soubesse da
minha fixação pelo negócio, jamais teria feito tal asneira. Cheguei perto do teclado,
olhei pros lados, apertei uma tecla. Nada. Apertei outra. Apareceu um monte de
coisa escrita no monitor. Apertei outra. Apagou tudo e ficou escrito piscando
“Processando…” e sumiu. Tela preta. Até hoje penso naquele dia e me pergunto o
que diabos terei eu feito. Quando entrava no avião, sentava quieto, observando
tudo e todos, até a decolagem. A partir do momento em que estávamos no ar, o
meu destino era sempre o mesmo: Primeira classe, fundão, enfiado atrás da última
poltrona, com um cobertor por cima, escondido. A partir daí era apenas uma
questão de tempo para o caos se apoderar de todas as aeromoças, que só me
achavam quando eu decidia. Fazer o quê, era assim que eu gostava de passar o
tempo. E a partir dessas minhas “experiências” eu pude trazer para a minha vida
adulta algumas características: - Amo aviação, a ponto de ter o brevê de piloto
privado (monomotores). – Amo suco de laranja de pacote, daquele bem azedo, que
era o único servido nos vôos. – Amo comida de avião. – Adoro turbulência.
- Adoro olhar pros outros durante a turbulência.
- Houve um dia em que eu estava sentado na poltrona perto do corredor, e havia
um senhor que passava a vida me dando choque, por causa da eletricidade estática.
Ele não parava quieto, sempre andando de um lado pro outro, falando em voz alta
com os amigos, dando uma de alma da festa. Preciso dizer que eu estava
desagradado com a presença do fulano? O sinal de apertar cintos apareceu, ele nem
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tchum. Ficou sentado no braço da poltrona do amigo, conversando e rindo. O
comandante fez o anúncio de turbulência e pediu que todos voltassem para as
poltronas e apertassem os cintos. O cara nada. Uma comissária foi falar com ele
para sentar. Ele sentou, a comissária voltou correndo para o lugar dela. Já dava pra
ver que o negócio ia ser bom. A anta desaperta o cinto, levanta, senta no braço da
poltrona do amigo de novo, e continua conversando e dando risada. O avião dá
uma balançadinha. O avião dá um tranco. O avião passa de repente por um
diferencial de pressão que faz o avião subir muito, e muito rápido. Quem entende
alguma coisa de física, pressão, ou simplesmente tem experiência em andar de
avião, como era o meu caso, sabe que depois de uma subida dessas, pode até
demorar alguns segundos, mas vai vir uma descida igual e proporcional. Eu
comecei a sorrir antecipadamente. O que aconteceu nos 3 segundos seguintes está
tatuado na minha mente. O avião despencou no poço de ar, todos os passageiros
gritaram (todos abriram muito a boca e os olhos, e alguns fizeram gritinhos como
se estivessem numa montanha russa), e o sujeito que estava sentado no braço da
poltrona bateu com as costas no teto do avião e despencou de cara no corredor, ao
lado da minha poltrona. Comecei a gargalhar com tanto gosto, que as pessoas em
volta não aguentaram e começaram a rir desalmadamente também. A comissária
veio ajudar e chorava de rir ao mesmo tempo em que perguntava se ele estava bem.
Eu só consegui parar de rir depois que o cara se sentou na poltrona dele e a
comissária trouxe um copo com água. O tiozinho passou o resto da viagem sentado
e de boca fechada. Eu já tive muitas aventuras em viagens, mas nunca me divertir
tanto como nesse dia. Por isso que eu digo, caros companheiros… acendeu o sinal
de apertar cintos, você pode ser o cara mais apertado do mundo e com a pior
diarreia da história… senta, segura e aperta o cinto.
*
Era 1998, estávamos em Paris, papai já bem doente participara da Feira do Livro
de Paris e recebera o doutoramento na Sorbonne, o que o deixou muito feliz. De
repente, uma imensa crise de saúde se abateu sobre ele, foram muitas noites sem
dormir, só mamãe e eu com ele. Uma pequena melhora e fomos tomar o avião da
Varig (que saudades) para Salvador.
Mamãe juntou tudo de que mais gostavam no apartamento onde não mais voltaria
e colocou em malas. Empurrando a cadeira de rodas de papai, ela o levou para uma
sala reservada. E eu, com dois carrinhos, somando mais de 10 malas, entrava na fila
da primeira classe. Em seguida chegou um casal que eu logo reconheci, era um
político do Sul (não lembro se na época era senador ou governador. A mulher
parecia uma arvore de Natal, cheia de saltos, cordões de ouros e berloques (Calá,
com sua graça, diria: o jegue da festa do Bonfim). É claro que eu estava de jeans e
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tênis, absolutamente exausta. De repente, a senhora bate no meu ombro e diz: Moça,
esta fila é da primeira classe, a de turistas é aquela ao fundo. Me armei de paciência
e respondi: Sim, senhora, eu sei. Queria ter dito que eu pagara minha passagem
enquanto a dela o povo pagara, mas não disse. Ficou por isso. De repente, o senhor
disse à mulher, bem alto para que eu escutasse: até parece que vai de mudança,
como os retirantes nordestinos. Eu só sorri. Terminei o check in e fui encontrar
meus pais.
Pouco depois bateram à porta, era o casal querendo cumprimentar o escritor.
(meu pai). Não mandei a putaquepariu, apesar de desejar fazê-lo, educadamente
disse não. Hoje, quando vi na TV o Senador dizendo que foi agredido por um
repórter, por isso tomou seu gravador, apagou seu chip, eteceteraetal, fiquei muito
retada, me deu uma crise de mariasampaismo e resolvi contar este triste episódio
pelo qual passei. Só eu e o gerente da Varig fomos testemunhas deste episódio,
meus pais nunca souberam de nada…
* Paloma Jorge Amado é psicóloga. (Filha de Jorge Amado)
Define a sua preferência política desta forma. “Sou livre pensadora. Odeio tudo
que é contra o povo, reacionário, retrógrado, preconceituoso. Se tivesse que escolher
uma ala, escolheria a das Baianas.”
*
Houve um boato de que o avião Jumbo da Alitália lotado em Roma estaria com
uma bomba, e para fazer a vistoria à companhia aérea mandou todos os passageiros
para um hotel. Muitos passageiros ficaram nervosos, outros irritados devido a
compromissos assumidos, outros ficaram contentes ao saberem que iriam curtir
mais um dia de férias por conta da empresa. Comentou um passageiro, que isso só
deveria acontecer quando ele ou outros passageiros estivessem de férias. Não é
nada mal ficar de graça por mais um dia em qualquer país do mundo por conta da
empresa!
Uma passageira contou-me que estava num voo internacional com seu amante
e seu maior sonho era transar no toalete, isso depois de ter assistido o filme
Emanuelle. Ficou aguçada e aproveitou o momento em que estavam todos
dormindo e para disfarçar ela foi primeiro e depois ele. Disse que foi o momento
mais inesquecível de sua vida. Perguntei se alguém havia percebido alguma coisa.
Ela disse que não. Perguntei: “E se a tripulação tivesse visto vocês saírem juntos
do toalete”? “Ela foi categórica:” Diria que estava passando mal, ou não se pode
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passar mal dentro de um avião”? Feliz é esta passageira que realizou o seu sonho!
Há muitas mulheres que gostariam de fazer o mesmo.
Uma coisa terrível que acontece dentro de um avião é quando tem criança
sentada atrás de sua poltrona. Os capetinhas metem o pé, chutam, empurram com a
mão, mexem no seu cabelo, e os pais não estão nem aí. E quando os capetinhas
descobrem os botões de chamada acima. Ficam chamando os comissários a todo o
momento.
- Comissário: A senhora me chamou?
- Passageira: Não!
Os pais nem percebem que a criança acionou o botão de chamada. E quando
eles levantam várias vezes o braço da poltrona e deixam cair fazendo aquele
barulhão! O absurdo maior são os responsáveis que não chamam a atenção das
crianças, enquanto os passageiros ficam impacientes com os capetinhas a bordo.
Mesmo assim as crianças continuam fazendo a festa. Também tem adultos que
ficam cutucando a sua poltrona com os joelhos, é horrível.
Uma passageira conta: Em uma viagem que eu fiz, tive a sensação de estar
dentro de uma carroça voadora, cheia de caipira com destino a Dallas, no Texas.
Começando pelo próprio comandante, quando fez o speech a bordo com um
sotaque bem carregado de caipira dizendo o seguinte: “Atenção senhores
passageiros. Quem está falando é o comandante Mazza. Quer dizer que todos
voceis fique tranquilos, o voo vai correr tudo normal, e que Deus proteja nóis todos
e uma boa viagem”. Será que o Mazzaropi havia ressuscitado e estava no comando
daquela aeronave? Se fosse com destino a Barretos, até que seria engraçado, mas o
destino do voo era Johannesburgo. “Pensei: Acabaram com o safári na África e
agora é só boiada”. Segura peão... Confesso que fiquei envergonhada por se tratar
de uma empresa de grande nome.
Num voo noturno da Transbrasil de Cuiabá para São Paulo, embarcou o
humorista Ronni Cósegas. Quem não se lembra dele? O voo estava lotado e alguns
passageiros incentivaram para que o Ronni fizesse um show a bordo para todos.
Claro com a autorização do comandante e também com a concordância dos demais
passageiros. Foi só gargalhada o tempo todo, que nem sentiram às duas horas do
voo até São Paulo. Ronni já fazia grande sucesso na escolinha do professor
Raymundo (Chico Anísio) e era, no dia a dia, exatamente o personagem que fazia
na TV.
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Geralmente, em voos muito longos, alguns passageiros levantam e ficam
circulando dentro da aeronave, exercitando a musculatura, de tanto ficarem
sentados em um espaço muito pequeno. Um rapaz começou a circular e o seu
sapato fazia barulho ao andar em toda a extensão da aeronave. A passageira me
disse que não conseguia dormir com aquele rangido. O que ela fez: Colocou a
bagagem de mão no corredor do avião e torceu para que ele viesse passar no
corredor novamente onde ela estava. Dito e feito, o rato caiu na ratoeira. Ele
tropeçou na bagagem e caiu. Ela fingiu que estava dormindo, e com o barulho
lógico abriu os olhos e pediu desculpas dizendo: “Minha bagagem deve ter
escorregado na turbulência”! Ele foi para o seu assento e não circulou mais.
“Coitado, se ele soubesse que era a passageira que tinha aprontado esta arapuca,
teria ouvido umas broncas”.
Um delegado da policia federal, que trabalha no aeroporto internacional, ligou
para a esposa dizendo que iria para a chácara, porque estava muito cansado, já que
a chácara ficava mais perto do aeroporto do que sua residência. A esposa pega os
filhos e vai ao encontro do marido sem que ele soubesse. Chagando lá, a esposa o
encontra com outra. Ficaram numa turbulência por três meses. Pra amenizar a
situação, o delegado comprou um belíssimo carro e deu de presente para a esposa.
Fez o maior sacrifício para pagar as prestações do carro. Acabaram ficando juntos.
Tempos depois, o delegado telefona para a esposa novamente que vai passar o final
de semana na chácara. A esposa, mais que depressa, chama a filha e vai para a
concessionária trocar por outro modelo mais caro. Com o carro novo vai para a
chácara e encontra o marido dormindo sozinho. Quebrou a cara e também o bolso
do marido. Vale mais um grande e verdadeiro amor, do que ter bens materiais e
ainda ser conhecida como “corna”.
Quando você estiver com vontade de fazer sexo dentro de um avião vá em
frente, cara. Conta um passageiro: O sexo aéreo é desconfortável e, a julgar pelo
severo comissário de bordo que certa vez me viu sair do banheiro do avião com
minha namorada, arriscado. Mas é simplesmente inigualável. Se eu tivesse que
lembrar um sexo inesquecível em minha vida, a imagem imediata que me viria à
cabeça é a de um avião, se me entendem. Você faz o que tem que fazer ali pertinho
do céu e depois pode gritar como o galã do Titanic: "Eu sou o rei do mundo!"
Lembro a cena nos detalhes e estou certo de que continuarei a lembrá-la até meu
último dia lúcido sobre esta terra.
Eu tinha acabado de ter uma briga horrível com minha namorada durante um
voo entre Roma e o Rio. Da guerra ao amor é um instante. Enquanto ela punha em
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ação seu excepcional repertório de insultos, eu pensava que tinha duas alternativas.
Uma era dar uma tapa em sua boca. A outra era acariciá-la do jeito que ela gostava,
sob o cobertor que cobria suas pernas.
O banheiro do avião não foi feito para o sexo. Não traz conforto nenhum. Mas
penso que o banheiro do avião não é confortável para nenhuma das outras
atividades que você pode desenvolver nele. Foi para lá que nos encaminhamos,
com um pequeno intervalo que eu imaginei suficiente para despistar as aeromoças.
(Sim, mas insuficiente, constatei depois, para despistar o atento e desconfiado
comissário de bordo.)
Queria colocar o seguinte: nunca ninguém jamais deixou de fazer sexo por falta
de comodidade. Minha namorada e eu, naquele voo transatlântico, resolvemos a
questão de pé, naquele cubículo que balançava a 10.000 metros de altura, com
urgência e paixão. Minha namorada não teve tempo para chegar ao pináculo. Nas
coisas do amor, ela sempre foi uma maratonista, e que formidável maratonista!
Mas eu sabia que a memória daquele sexo aéreo a inspiraria para muitos prazeres
em terra. Não sei quanto tempo se passou até que batessem à porta. Recuperamonos às pressas e saímos com um intervalo que dessa vez não escondia nada. O
comissário esperou que os dois estivessem fora do banheiro para dizer, com
expressão de desagradável invejoso, que era um perigo duas pessoas no banheiro.
Em caso de emergência, ele explicou, só havia uma máscara e... O que eu não disse
ao comissário, por ser desnecessário, mas digo aqui a você, é que enfrentaria uma,
duas, mil despressurizações em troca daquele instante mágico num precário
banheiro que chacoalhava.
Uma turma de amigos estava num voo de Nova York para Chicago, resolveram
fazer uma brincadeira. Ele conta: “quando fui ao toalete fazer minhas necessidades,
vi um papel colado atrás da porta com uma frase escrita em letras bem miúdas”.
Como estava sem os óculos, eu forcei a vista e nada. Aí fui me aproximando,
aproximando, e finalmente consegui ler: Estava escrito: “Volta para a privada, ô
otário”! “Está caindo tudo fora”! Claro, eu só tinha que rir. Nesta viagem todos
foram vítimas de coisas engraçadas. Mas valeu.
Uma passageira confessou-me, quando viaja de avião, tem o hábito de ir ao
toalete se masturbar. Disse que, além de sentir realizada, fica aliviada, relaxada
flutuando nas nuvens. Isto me fez lembrar um grande piloto de Fórmula 1, que só
entra no cockpit, depois de se masturbar minutos antes da largada. Agora, já
pensou se dois times de futebol resolvem fazer a mesma coisa, minutos antes de
entrar em campo? Vai dar para encher vários litros de suco de jabuticaba! Rsrsrs...
p. 70
Num voo de Uberlândia para Belo Horizonte, havia uma turma de garotos que
ia para Disney. Após vinte minutos de voo, o avião começou a balançar muito,
uma turbulência muito forte. Um dos garotos falou bem alto para o amiguinho que
estava sentado ao lado. “Pó cara! Eu não sabia que aqui em cima tem quebra
molas”! (Só podia ser mineirinho. Uai). E foi aquela gargalhada. Coitado do
garoto, perdido no espaço, não deve ter entendido patavina.
Isso aconteceu em um voo de Maringá para São Paulo. Lá embarcou uma
senhora com os seios tipo air-bag, no auge dos seus 50 e poucos anos, muito linda
e um passageiro disse para ela: “Com esses seios a senhora vai nos ajudar na
flutuação no ar”! E ela respondeu com sorriso.
No aeroporto, um passageiro muito gozador perguntou ao motorista de táxi.
-Quanto custa à corrida até o Hotel Novo Mundo?
- São R$ 60,00!
-E as bagagens?
- As bagagens são de graça!
Legal. Então leva as bagagens que eu vou a pé.
O taxista ficou puto da vida, lógico, mandou o passageiro para aquele lugar...
Uma adolescente me contou que, ao entrar no avião, logo de imediato viu um
gatinho lindo e foi sentar ao lado ele. Olhou disfarçadamente e viu que ele estava
lendo um livro em inglês. Pensou em puxar assunto para aproveitar a oportunidade
de praticar o inglês, e consequentemente uma possível paquera, já que ela
demonstrava interesse pelo lindo gatinho que estava sentado ao seu lado. Foi
passando toda a viagem e ela envergonhada, só no bico, tentando ler o livro junto
com ele e nada de uma chance. Ele também ficava só na dele. Quando chegou a
hora de servir o lanche, a comissária perguntou: “guaraná ou Pepsi”? Ele
respondeu: “guaraná, por favor”! A garota ficou morrendo de raiva porque o cara
era brasileiro. Esperou horas e horas para puxar assunto, por isso ela acabou
trocando de lugar de tanto ódio por ter perdido a oportunidade de conhecer aquele
gato. Por causa da timidez, a maioria das pessoas perde a grande chance de
conhecer o homem de sua vida.
p. 71
Em um determinado voo, uma mulher, completamente bêbada, levantou-se,
começou a cantar, dançar e tirar a roupa no momento em que o voo estava
tranquilo e a maioria dos passageiros estava dormindo. Claro, todos acordaram e
até pensaram que estavam sonhando ou tendo alucinações. Outros passageiros
ficaram salientes e contentes. Mas durou pouco o show, se não fosse a interferência
dos comissários em conter a ilustre passageira de strip. Iria ser um espetáculo
inédito a bordo. Se a moda pega, hein! Os voos ficariam lotados e as companhias
sairiam salvas das dívidas.
FATOS
Esta é, até hoje, a única história de um desastre aéreo que causou mais espanto com
o que aconteceu depois da tragédia. E de arrepiar.
ACIDENTE NO VÔO EASTERN 401
MISTÉRIO NO PÂNTANO
Miami, a mais importante cidade da Flórida, é banhada a leste pelo Oceano
Atlântico que deu à Miami belas praias, trazendo turistas que impulsionam a
economia local. Pelo lado oeste a natureza foi menos pródiga: os Everglades
formam uma das maiores regiões alagadas do mundo, um extenso e escuro pântano
localizado sob a rota de aproximação oeste para o Aeroporto Internacional de
Miami.
A noite de 29 de dezembro de 1972 era típica desta época do ano, cristalina e
escura também: era fase de lua nova. Não era possível distinguir céu e terra,
pântano e firmamento. A escuridão embaralhava a visão, afetava o julgamento de
espaço e distância. As 21h20mim decolou do Aeroporto JFK em New York, 1.755
quilômetros ao norte de Miami, o voo Eastern 401, operado por um L-1011 Tristar,
matriculado N310EA, com apenas quatro meses e 10 dias desde que fora entregue
à companhia.
Os 163 passageiros à bordo voariam no que havia de mais moderno e
confortável: com capacidade para quase 300 passageiros, o Tristar era um dos
novos wide-bodies, aviões de fuselagem larga, sensação no início dos anos 70. Na
cabine de comando estavam três profissionais experientes. O comandante Robert
Loft tinha mais de 30.000 horas de voo em seus 55 anos de vida, mas apenas 300
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delas no comando do Tristar. O primeiro-oficial Bert Stockstill, com 42 anos e o
engenheiro de voo Don Repo, com 51, completavam a tripulação técnica. Na
cabine, cuidavam dos passageiros 10 comissários e comissárias.
Doris Elliott era comissária na Eastern. No começo de dezembro de 1972,
enquanto trabalhava na galley durante um voo entre Orlando e JFK, subitamente
teve uma visão: um Tristar da Eastern batendo nos Everglades numa noite escura.
A sensação foi tão forte que Doris atirou-se numa poltrona vazia e pediu ajuda às
suas colegas comissárias. Assustadas, perguntaram à Doris a razão de seu mal
estar. Doris respondeu aos soluços: "vamos perder um Tristar nos Everglades...
perto do Natal... vai ser de noite... morrerá muita gente". Suas colegas tentaram
acalmá-la.
-Bobagem, Doris: nada disso vai acontecer, disse uma delas.
Não, retrucou Doris com firmeza. "Eu tenho visões. Desde minha adolescência
é assim: eu vi um trem colhendo um carro cheio de colegas, cinco dias antes do
acidente. Eu vejo as coisas e elas acontecem."
Uma das comissárias perguntou:
-Estaremos no avião, Doris?
-Não. Mas vai ser por pouco.
Eastern 401
No dia 29 de dezembro, Bob Loft acordou cedo e cuidou do jardim de sua casa.
Afável, sério e consciencioso, extremamente frio sob pressão, Loft era o piloto
número 50 na lista de mais de 4.000 tripulantes técnicos da Eastern. Sua jornada
naquele dia seria apenas uma ida e volta entre Miami e JFK.
No aeroporto JFK, Doris aguardava seu último voo do dia, o Eastern 401 com
destino à Miami. Ela chegara a pouco, vinda de Tampa. Outro voo da companhia,
o Eastern 26, estava muito atrasado e traria a tripulação para trabalhar no voo 477.
Como o voo 26 não chegava, foi necessária uma mudança de última hora na escala
dos tripulantes: foi dada a ordem para Doris e suas colegas embarcarem no voo
477 com destino à Fort Lauderdale via West Palm Beach. A tripulação chegando
no voo 26 seria então alocada ao voo 401. A troca foi feita e Doris não se queixou:
chegaria mais cedo em casa.
Finalmente, com a tripulação transferida do voo 26, o Eastern 401 pode partir.
Ajudado por um vento de cauda, o L1011 tirou parte do pequeno atraso na partida.
O voo transcorreu normalmente. Eram 23h29min e o Tristar manobrava sobre a
escuridão do pântano, em aproximação para a pista 09L. Na reta final, ao passar
pela marca de 3.000 pés, Stockstill percebeu que a luz de indicação de travamento
do trem de pouso dianteiro não estava acesa. A apenas 1.500 pés de altura e a
p. 73
segundos do pouso, o cauteloso Loft comandou uma arremetida. O Tristar ganhou
altura e solicitou à torre instruções, recebendo como resposta:
-Eastern 401, suba e mantenha 2.000 pés, contate o controle de saída na frequência
128.6. O Tristar executou uma curva para a proa 360 e depois tomou o rumo 270,
sobrevoando os Everglades. A tripulação solicitou e obteve autorização para
descrever uma série de órbitas, enquanto tentava descobri o problema.
Angelo Donadeo era engenheiro na Eastern, responsável pelos Tristar na frota e fã
do moderno jato da Lockheed, que conhecia como poucos. Voava naquela noite
como observador na cabine, ocupando o assento extra conhecido como jump-seat.
Quando surgiu o problema, Donadeo prontificou-se a ajudar a tripulação. O
comandante Loft acreditava tratar-se apenas de uma lâmpada queimada, ao invés
de um real problema no mecanismo do trem de pouso.
Para verificar se o trem estava baixado e travado na posição segura, era preciso
descer na baía de eletrônicos, situada numa caverna sob o piso da cabine de
comando e de lá observar (através de um periscópio especialmente desenhado para
esta função) se o trem de pouso dianteiro estaria travado. O acesso à baía era feito
por uma escotilha no chão da cabine de comando.
Donadeo e Repo desceram, encontrando dificuldade em enxergar claramente na
apertada e escura baía. O Tristar voava no piloto automático, cumprindo sua órbita
a 2.000 pés, enquanto a tripulação tentava resolver o problema. Impaciente, Loft
ergueu-se de seu assento. Ao fazê-lo, sem perceber empurrou a coluna de comando
e desligou o piloto automático, uma configuração de sistema onde bastava uma
pressão de 15 a 20 libras sobre a coluna de comando para desligar o auto-pilot.
Loft e sua tripulação não perceberam que o Tristar iniciara por contra própria uma
suave descida, abandonando a altitude de 2000 pés. Prosseguindo na tentativa de
resolver o problema, minutos após, Repo e Donadeo confirmaram: o trem estava
baixado e travado; o L-1011 poderia pousar com segurança.
Loft e Stockstill voltaram às suas posições. Loft chamou a torre Miami e informou
que estava pronto para reiniciar sua aproximação. Já em seu assento, Stockstill
examinou o painel à sua frente. Espantado, descobriu que o L-1011 voava mais
rápido que o previsto, 190 nós. Olhou para o altímetro, este marcava menos de 100
pés de altitude. Sua voz saiu num tom elevado, denunciando sua surpresa:
-Nós fizemos alguma coisa com a altitude!
-O quê? Perguntou surpreso o comandante Loft.
-Ainda estamos a 2.000 pés, certo?
Loft olhou para seu altímetro. Olhou também para fora: notou um estranho brilho
nos visores frontais: as luzes de aproximação do Tristar começavam a ser refletidas
nas águas escuras dos Everglades. A voz tensa de Bob Loft ficou registrada no
gravador de cabine:
p. 74
-Ei, o quê está acontecendo aqui?
Às 23h42mim da noite de 29 de dezembro de 1972, o Tristar matriculado
N310EA entrou voando a 400 km/h no pântano. A desintegração foi imediata. A
fuselagem partiu-se em três grandes partes, separando-se das asas, motores e da
cauda. Muitas partes afundaram e desapareceram de vista. Outros pedaços
desmembrados como gigantesca carcaça, permaneceram sobre as águas,
gigantescas lápides a marcar o local onde 99 pessoas perderam a vida
estupidamente.
Horas depois, equipes de resgate chegaram ao que restou da cabine de comando
em busca dos tripulantes. Stockstill morrera no impacto inicial. Bob Loft, com
graves ferimentos na cabeça, várias costelas e coluna fraturadas, fitou os membros
da equipe de resgate que tentavam consolá-lo e disse simplesmente: vou morrer.
Em mais um par de minutos, Bob Loft perdeu sua última batalha.
O resgate agora se concentrava em Repo e Donadeo, que ainda estavam dentro
da baía de aviônicos na hora do impacto. Finalmente libertados dos destroços pelos
paramédicos, foram levados ao hospital. O engenheiro Don Repo resistiu por
apenas mais algumas horas. Donadeo sobreviveu, apesar de seus ferimentos
graves.
Do luto ao espanto.
Doris estava no ônibus da tripulação quando foi avisada do desastre.
Imediatamente lembrou-se de sua premonição e irrompeu num pranto
descontrolado. A dor atingiu todos da família Eastern, especialmente pelo desastre
ter ocorrido na cidade-sede da empresa, Miami. Mas foi em fevereiro de 1973 que
a empresa passou do luto ao espanto. Num Tristar idêntico ao acidentado,
matriculado N318EA, começaram a acontecer fatos estranhos. De uma hora para
outra, tripulantes trabalhando na galley de porão reclamavam que a temperatura
estaria fria demais. Essa galley era uma característica única do Tristar, de maneira
a permitir uma maior ocupação de assentos na cabine principal. O acesso de
tripulantes e refeições era feito por um pequeno elevador.
Uma comissária, Virginia P., trabalhava esquentando as refeições quando notou
uma névoa ou halo começando a se formar na galley. Parou o que fazia e olhou
com curiosidade para o estranho fenômeno: era como uma pequena nuvem que
crescia no exíguo espaço: para seu espanto, começou a se formar dentro dessa
nuvem uma imagem. Paralisada de medo, Virginia viu um rosto lentamente surgir:
a face do engenheiro de voo Don Repo.
Virginia, em desespero, subiu para a cabine principal. Atordoada, nada disse aos
colegas, exceto que não passava bem. Com medo de ser afastada por insanidade,
p. 75
guardou em segredo a aparição. Mas menos de um mês após, soube de outro
incidente a bordo do N318EA.
A volta do Comandante.
Certo dia, durante os procedimentos de embarque no aeroporto de Newark, a
comissária chefe de um voo com destino à Miami percebeu a presença de um
comandante da Eastern sentado na primeira classe. Conferindo sua lista, não
encontrou registro de nenhum tripulante voando como passageiro extra.
Aproximou-se e indagou o comandante. Este, com uma estranha expressão no
rosto, que misturava um claro desconforto e tensão, olhava fixamente para frente e
não respondia às perguntas da comissária, que começou a ficar irritada. As
constantes perguntas sem resposta atraíram a atenção de outros passageiros da
primeira classe.
Perdendo a paciência, a comissária foi até a cabine e chamou o comandante do
voo, para que ele tentasse obrigar o estranho tripulante a se comunicar. Ao chegar
à poltrona, o capitão do voo reconheceu o comandante silencioso. Sem se conter,
gritou: "Meu Deus, é Bob Loft!" Na frente de todos, a silenciosa figura
desapareceu no ar. O voo foi cancelado, passageiros histéricos tiveram que ser
atendidos e acalmados. E com este incidente, a imprensa tomou conhecimento que
havia algo a mais nos aviões da Eastern.
O livro de bordo do N318EA, onde as tripulações reportam anomalias,
discrepâncias e panes, começou a ficar cheio de anotações como estas:
"JFK... durante reabastecimento... VP da Eastern primeiro a embarcar...
cumprimenta comandante no avião... percebe ser Bob Loft... VP sai do voo."
Voo NY-Miami... Cmte. Loft visto por três tripulantes que tentam falar com ele...
Loft não responde e desaparece na frente dos três... Avião inteiramente revistado...
“voo cancelado.”
Os livros de bordo de mais duas aeronaves, o N317EA e N308EA passam a
colecionar anotações como estas: "Funcionários da Marriott reabastecendo a galley
de primeira classe... saem correndo do avião e recusam-se a voltar... homem com
roupa de segundo oficial teria aparecido na galley... e desapareceu em pleno ar
logo e seguida."
"Comissária abre o compartimento de bagagens e dá com o rosto de Bob Loft
dentro do compartimento olhando fixamente em seus olhos... comissária desmaia...
voo atrasado."
"Copiloto faz a volta olímpica na aeronave, check pré-voo... retorna ao seu
assento na cabine... encontra engenheiro de voo sentado em sua poltrona...
engenheiro diz: "já fiz o pré-check, não se preocupe" - engenheiro era Donald
Repo... desapareceu subitamente na sua frente".
p. 76
Vozes.
Esta foi à primeira vez registrada que uma das aparições fala com alguém, mas
não a última. Na segunda, um comandante embarcou para pilotar um L-1011 em
San Juan, Puerto Rico, e deu de cara com Repo dentro da cabine. Assustado, parou
e olhou diretamente para Repo, que teria dito: "Não haverá mais nenhum acidente
com L-1011 na Eastern... nós não deixaremos que isto aconteça".
Mas o mais extraordinário aconteceu no N318EA, estacionado em New York num
voo com destino à Cidade do México e Acapulco. Enquanto preparava as
refeições, uma comissária viu o rosto de Repo formando-se no vidro de um dos
fornos da Galley de porão. Aterrorizada, subiu para a cabine principal e chamou
um colega. Decidiram retornar à galley e ao chegar, ambos viram a face de Repo.
A aparição disse simplesmente: "Cuidado com fogo neste avião". E sumiu.
O voo decolou e pousou na Cidade do México sem problemas. Ao dar a partida
para a continuação para Acapulco, o motor número três apresentou uma pane séria,
obrigando o voo a ser cancelado. A tripulação técnica foi instruída a trazer a
aeronave de volta à base de manutenção de Miami, fazendo o voo de traslado (sem
passageiros) com apenas dois motores.
No dia seguinte, o N318EA iniciou sua decolagem da Cidade do México com
apenas três tripulantes a bordo. Ao chegar na V-R, o motor número 1 explodiu e
começou a pegar fogo. O Tristar, voando a apenas 15 metros acima do solo, mal
conseguiu evitar os obstáculos e prédios ao final da pista. Minutos depois, tendo
ganhado um pouco mais de altitude, a tripulação iniciou o retorno e conseguiu
pousar em segurança.
O incidente trouxe ainda mais exposição na mídia ao drama da Eastern.
Tripulantes começaram a pedir para serem transferidos de equipamento. Talkshows na TV começaram a falar insistentemente do assunto. Por outro lado,
malucos, curiosos e médiuns faziam reservas para voar nos aviões "assombrados"
da Eastern. A empresa declarou que os incidentes eram apenas boatos,
desmentindo seus tripulantes. Em carta interna, ameaçava com demissão sumária
qualquer nova manifestação ou vazamento de informações para o público ou a
imprensa.
Dois fatos provam que algo anormal estava mesmo acontecendo: os livros de
bordo das aeronaves N318EA, N308EA e N317EA foram substituídos de um dia
para outro, sem maiores explicações. E mais importante, as aparições cessaram por
completo no início de 1974, num período de dias.
p. 77
Causa descoberta.
Investigações e documentos comprovam um fato: os três L-1011 citados acima
tinham algo em comum. Durante suas revisões de rotina, os três tiveram partes,
peças e sistemas trocadas ou substituídas por peças que foram tiradas dos destroços
do N310EA. Este é um procedimento usual. Como muitas partes do N310EA
foram resgatadas e levadas para um hangar em Miami para os trabalhos de
investigação, após a conclusão dos trabalhos, a Eastern recondicionou muitas
peças, economizando um bom dinheiro. Todas foram lavadas, recondicionadas,
testadas e aprovadas pelos técnicos da empresa.
O primeiro avião a entrar no hangar para um check mais completo foi o N318EA,
que, portanto recebeu a maioria destas peças tiradas do sinistrado N310EA. Outras
aeronaves que também receberam peças foram justamente aquelas em que foram
registradas o maior número de aparições: o N308EA e o N317EA. A direção da
Eastern percebeu o fato e mandou a diretoria de manutenção retirar todas as peças
vindas do N310EA. Foi só assim que Repo e Loft deixaram de aparecer nos Tristar
da empresa.
Contato
John G. Fuller, respeitado autor e jornalista americano, é o responsável pela
descoberta e revelação ao público de muitos destes fatos. Publicou um livro sobre
o assunto, "The Ghost of Flight 401" (1976, Souvenir Press), onde relata todo o
drama do acidente e dos fatos que se seguiram.
Relata também o contato feito através de uma médium, Elizabeth Manzione, entre
Donald Repo, sua esposa Alice e sua filha Donna.
Fuller conheceu no curso das investigações esta médium, que afirmava estar
recebendo mensagens de Repo. Uma sessão mediúnica foi marcada. Fuller anotou
todas as mensagens recebidas por meio de uma Tábua Ouidja. Entre estas: "Donna,
seja uma boa menina... eu te amo muito." "Sassy, te amo... lágrimas não ajudam...
e uma mensagem que aparentemente não fazia sentido: “os ratos já saíram do
sótão”?"
Impressionado, Fuller contatou a família de Repo e marcaram um jantar em
Miami. Cuidadosamente, Fuller foi contando das suas descobertas, até que tomou
coragem e relatou as frases anotadas na sessão. Alice, até então cética, explodiu em
lágrimas: “Sassy foi um apelido que Don inventou para mim em nossa lua-de-mel
e nunca mais usou”... e os ratos no sótão aqui de casa... só ele e eu sabíamos.
Todos se emocionaram. Foi quando Alice contou um fato até então escondido
por ela. Meses antes do acidente, um telefonema foi dado para a casa dos Repo.
Alice atendeu e uma voz masculina disse simplesmente: seu marido Donald
p. 78
morreu num desastre aéreo. Irritada, Alice desligou e virando-se para Donald, que
tomava tranquilamente café ao seu lado, relatou a conversa. Repo fez pouco caso:
"É um trote estúpido e cruel, Alice. Não ligue para isso."
Meses depois, Alice atendeu outro telefonema. Do outro lado da linha, uma voz
extremamente grave. Era um homem dizendo trabalhar na coordenação de voos da
Eastern. Queria falar com Repo, que estava nesse dia de folga em casa. Donald
atendeu e depois de alguns minutos disse à Alice: querida, fui chamado para uma
substituição. É um voo ida e volta para New York. Estarei em casa por volta da
meia-noite.
Donald saiu para o aeroporto. Uma hora depois e ainda pensando no assunto,
Alice tomou um choque: reconheceu a voz grave que meses antes tinha passado o
trote. Era a mesmíssima voz que chamara seu marido horas atrás para assumir o
voo. Desesperada, Alice ligou para a empresa, mas o Tristar já havia partido com
Donald, no voo Eastern 401.
Dias após os funerais, Alice foi até a empresa, tentando descobrir a identidade
do funcionário de voz estranha que convocou Donald para o fatídico voo. Foi
recebida pelo chefe do departamento de escala, que coordena quais os tripulantes
farão tais voos.
O homem calmamente levou-a até uma sala reservada, e com tranquilidade,
revelou que ninguém em seu departamento - e até onde ele soubesse, em toda a
empresa - havia convocado Donald Repo naquele dia para trabalhar no voo 401.
"Foi uma surpresa aqui no departamento quando ele se apresentou. Já estávamos
tentando chamar outros tripulantes em "stand-by" quando Repo apareceu. Foi
muito bom para nós naquele dia, mas uma trágica coincidência para Donald. Sinto
muito, Sra. Repo.
(Recebido por email sem fonte)
p. 79
O lanche – Uma grande lição
Eu coloquei minha bagagem de mão no compartimento de bagagem e sentei-me
na minha poltrona numerada. Ia ser um longo voo. "Estou contente por ter um bom
livro para ler. “Talvez eu vá tirar um cochilo”, pensei.
Pouco antes da descolagem, uma turma de soldados adentrou pelo corredor central
e preencheu todos os lugares vagos ao redor de mim. Eu decidi começar uma
conversa.
'Onde você está indo? “Eu perguntei ao soldado sentado próximo a mim.
"Petawawa. Estaremos lá por duas semanas de treino especial, e então nós iremos
combater no Afeganistão.
Depois de voar por cerca de uma hora, foi feito um anúncio que o lanche estava
disponível, por cinco dólares. Seriam várias horas, antes de chegarmos ao destino e
eu, rapidamente, decidi que um almoço ajudaria a passar o tempo...
Enquanto eu pegava a minha carteira, ouvi um soldado perguntar a seu amigo se
ele planejava comprar o almoço. "Não! Isso me parece um monte de dinheiro para
apenas um saquinho de almoço. Provavelmente não valha cinco dólares. Vou
esperar até chegarmos à base.” Seu amigo concordou.
Olhei para os outros soldados. Nenhum deles ia comprar o almoço. Fui até a
parte traseira do avião e entreguei à aeromoça uma nota de cinquenta dólares.
"Leve um almoço a todos os soldados”. Ela agarrou meus braços e apertou com
força. Com seus olhos molhados de lágrimas, ela agradeceu-me:
"Meu filho era um soldado no Iraque, é quase como se você estivesse fazendo isso
por ele." Pegando dez lanches embalados, ela foi até o corredor onde os soldados
estavam sentados. Ela parou na minha cadeira e perguntou: "Qual você mais gosta?
- Carne ou frango?" "Chequem", eu respondi, imaginando por que ela perguntara.
Ela retornou à frente do avião, voltando um minuto depois com um prato de jantar
da primeira classe. "Este é o nosso agradecimento".
Depois que terminei de comer, fui novamente para o fundo do avião, indo para
uma poltrona vazia, para descansar. Um homem me parou. "Eu vi que você fez. Eu
quero ser parte disso. Tome" Ele me deu 25 dólares. Logo depois voltei para o meu
lugar, e vi o comandante do avião vindo pelo corredor, olhando para os números
das poltronas. Enquanto ele andava, eu nem esperava que ele estivesse me
procurando, mas notei que ele estava olhando para os números apenas do meu lado
do avião. “Quando chegou a minha fila parou, sorriu, estendeu a mão e disse: ‘Eu
quero apertar sua mão” Rapidamente desapertei o meu cinto de segurança e peguei
na mão do capitão. Com uma voz potente, ele disse, "Eu era um soldado. Era um
piloto militar. Certa vez, alguém me comprou um almoço. Foi um ato de bondade
p. 80
que eu nunca esqueci". Eu estava envergonhado quando um aplauso foi ouvido, de
todos os passageiros.
Mais tarde, caminhei até a frente do avião para que pudesse esticar as pernas.
Um homem que estava sentado a cerca de seis fileiras na minha frente, estendeu a
mão para me cumprimentar. Ele deixou 25 dólares na minha mão.
Quando pousamos, juntei meus pertences e comecei a deixar a aeronave.
Esperando na porta do avião estava um homem que me parou, colocou algo no
bolso da minha camisa virou e foi-se embora sem dizer uma palavra. Outros 25
dólares!
Ao entrar no terminal, reencontrei os soldados preparando-se para seguir viagem
para a Base. Fui até eles e lhes entreguei setenta e cinco dólares.
"Levará algum tempo para chegarem à base. Dará tempo para um sanduíche. Deus
vos abençoe’, disse.
Dez jovens soldados deixaram o voo sentindo o amor e o respeito de seus
companheiros de viagem.
Enquanto eu caminhava rapidamente para o meu carro, sussurrei uma oração
para seu retorno seguro. Estes soldados estavam dando tudo de si para o nosso
país. Só pude dar-lhes alguns lanches. Parecia tão pouco...
Um veterano é alguém que, em um ponto de sua vida, passou um cheque em
branco nominal aos "Estados Unidos da América" para garantir a minha segurança
e até, inclusive, a minha vida '.
“Isso é Honra, e não há muitos norte-americanos que ainda entendem isso.”
Oração:
"Senhor, mantenha os nossos soldados em tuas amorosas mãos. Protegei-os
como eles nos protegem. Abençoe-os e suas famílias para os atos altruístas que
realizam para nós em nosso tempo de necessidade. Amém”.
Deus o abençoe a todos.
Assinado: Um norte-americano desconhecido.
p. 81
O REPÓRTER DA FAÇANHA INÉDITA
O peão que laçou um avião.
Numa tarde de janeiro de 1952, o jornalista Cláudio Candiota, então diretor
de A Razão, de Santa Maria, encontrava-se em sua sala quando foi procurado pelo
comandante do aeroclube da cidade, Fernando Pereiron. O visitante trazia uma
notícia de impacto, mas não para ser divulgada. Pelo contrário, queria escondê-la.
Temia causar prejuízo à imagem do estabelecimento sob sua responsabilidade.
Quando soube do que se tratava, a reação de Candiota foi em sentido oposto:
“Deixa comigo. Vou tornar este aeroclube famoso em todo o mundo. É a primeira
vez que acontece uma coisa como essa”, disse de imediato. Como também era
correspondente no Rio Grande do Sul de O Cruzeiro, o jornalista telefonou para a
direção da revista, no Rio, que mandou, já no dia seguinte, para Santa Maria, o seu
melhor fotógrafo, o gaúcho Ed Keffel. Uma semana depois aparecia, com
exclusividade, a reportagem em cinco páginas, amplamente ilustrada.
Um peão de estância tinha simplesmente laçado um avião em pleno voo. E como
houve dano na hélice do aparelho, o piloto estava ameaçado de demissão, por ter
agido de forma imprudente e provocativa, e por não ter comunicado o fato às
autoridades aeronáuticas.
p. 82
Tirando Rasantes
O autor da façanha de “laçar um avião pelo focinho” foi o peão Euclides
Guterres, 24 anos, solteiro, descrito na época como vivaz, fazedor e contador de
proezas. Tudo começou quando o jovem piloto Irineu Noal, 20 anos, pegou o
“Paulistinha” Manuel Ribas e decolou ruma à fazenda de Cacildo Pena Xavier, em
Tronqueiras, nas proximidades da base aérea de Camobi, e passou a tirar repetidos
rasantes sobre as coxilhas.
No alto de uma delas, Euclides cuidava de uma novilha com bicheira e não
gostou do que viu. Achando que aquilo era alguma provocação, não teve dúvidas:
armou o laço de 13 braças e quatro tentos e atirou em direção ao bico do teco-teco,
acertando o alvo.
Por estar preso na cincha do arreio sobre o cavalo, o laço, com o impacto,
arrebentou na presilha e seguiu pendurado no avião. O piloto, assustado, tratou de
pousar. Ainda na cabeceira da pista, longe do hangar, retirou o laço e escondeu no
meio das macegas.
“Eu não fiz por maldade. Foi pura brincadeira. Para falar a verdade, não acreditava
que pudesse pegar o aviãozinho pelas guampas num tiro de laço.” O peão Euclides
Guterres.
“Nada nos pode parecer mais estranho do que a notícia de que um homem tenha
laçado um avião. A vontade que a gente sente é mesmo de duvidar. Mas, a verdade
é que a extraordinária façanha aconteceu no pampa gaúcho, em Tronqueiras, na
rica fazenda de Arroio do Só, no município de Santa Maria.” Abertura da
reportagem publicada por O Cruzeiro em 23 de fevereiro de 1952, assinada por
Cláudio Candiota.
p. 83
QUEM NÃO SE LEMBRA DO GALO?
Galo era um rapaz pequeno todo desengonçado, franzino e gago. Participava
das conversas, desfilava sempre pelo aeroporto, todo orgulhoso com os quepes que
ele ganhava. Era querido por todos desde a tripulação, políticos e famosos. Era só
um deles, que logo corria para pegar a maleta e caminhar junto com eles até ao
balcão. Um dia, Galo viu o Blota Junior (apresentador de TV e Deputado Federal
na época) de costas com a sua maleta no chão, já fazendo o seu check-in. O Galo
foi lá, pegou a maleta escondido e correu para trás de uma pilastra. Quando Blota
Jr. não viu a maleta, ficou desesperado e saiu gritando, com as mãos para cima,
dizendo que tinham roubado a sua maleta. Fiquei com dó e quando fui para avisar
ao Bolta Jr., o Galo saiu de trás da pilastra com a maleta na cabeça. O Blota Jr. o
viu, respirou aliviado e disse: “Só podia ser você, galo!” Ambos se abraçaram e
deram risadas, e ainda ganhou uma baita gorjeta. Mas o susto foi muito grande!
- O trecho abaixo é do livro Welcome Aboard – de Leon Romero (in memoriam) Autorizado pela
Editora Asa.
O Galo vivia enfiado nas conversas, um dia, numa roda de comandantes em
Congonhas, um deles descrevia o último pouso que fizera: dificílimo!
Chovia muito...
Ventava muito...
Era noite.
-... Então, eu corrigia a trajetória...
- Comandante. – interrompia o Galo roufenho e balbuciante.
- Espera Galo, “deixa eu” terminar... aí o vento mudava e puxava o avião pra
esquerda...
- Comandante... – de novo, o Galo.
- Fala Galo... o que é?
- Por que o senhor não foi pra Viracopos?
A roda caiu na gargalhada.
Até o Galo sabia o procedimento correto.
p. 84
LAIKA O PRIMEIRO SER VIVO COLOCADO EM ÓRBITA
Recolher um jovem cão de rua e treiná-lo para uma experiência pública de
progresso, que o matará em poucas horas, em condições inóspitas, solitárias,
imprevisíveis, apavorantes e sem chance de sobrevivência, lhe parece cruel? Pois
foi isso que aconteceu com Laika, uma cadela vira-lata de aproximadamente 2
anos de idade, 6 kg e sem dono, encontrada nas ruas de Moscou. A história de
Laika começa em 14 de outubro de 1957, dez dias após o primeiro satélite artificial
(Sputnik 1) ser colocado em órbita, quando, para se provar ao mundo o poder da
União Soviética, se ordenou que fosse lançado um satélite com um ser vivo a
bordo em comemoração aos 40 anos da Revolução Russa.
Laika passou então a fazer parte de um grupo de dez cães treinados por Oleg
Gazenko, no Instituto de Medicina da Força Aérea, para vôos espaciais. Somente
três cadelas, Albina, Laika e Mukha, foram escolhidas para passar por
treinamentos intensos e estressantes de resistência a vibrações (simulador de vôo),
acelerações, cargas G em máquinas centrífugas, altos ruídos e permanência em
compartimentos cada vez menores, por até 20 dias. A escolha de fêmeas se deu
pelo fato de que, ao contrário dos machos, elas não têm a necessidade de ficar em
pé e erguer uma perna para urinar, o que era impossível de ser realizado na
pequena cabine pressurizada destinada ao cão dentro da nave. Dentre as três, Laika
foi escolhida por sua personalidade tranqüila e paciente.
No dia 3 de novembro de 1957 é lançado então o Sputnik 2, na Rússia, com a
cadela Laika a bordo. Fixada ao chão da nave com uma espécie de cadeira que a
impedia de se movimentar e equipada com um recipiente para armazenar seus
excrementos, Laika começa a uivar apavoradamente devido ao barulho
ensurdecedor e às vibrações do lançamento. Seu ritmo cardíaco dispara e chega a
três vezes acima do normal. Moscou afirmava ao mundo que em poucos dias Laika
retornaria numa cápsula espacial ou em um pára-quedas. Mas apesar do que era
divulgado, sabia-se desde o início que Laika não retornaria com vida de sua
missão, pois o Sputnik 2 não possuía tecnologia para regressar à Terra. Era uma
viagem só de ida.
Então, depois de várias especulações sobre o assunto, finalmente foi feito o
anúncio oficial de que Laika não mais voltaria, mas morreria sem dor no espaço,
após uma semana. Deste momento em diante, muitas versões para a morte da
solitária tripulante foram apresentadas, inclusive de que que Laika teria morrido
p. 85
após cerca de 10 dias em órbita, através de uma injeção letal. Mas foi somente em
2002, quarenta e cinco anos depois, que Dimitri Malashenkov, um dos cientistas da
equipe na época, revelou que Laika morreu devido a um problema na
desacoplagem de uma parte do satélite que interrompeu o sistema de controle
térmico e, consequentemente, elevou a temperatura interna do Sputinik 2 para
40ºC. Submetida a um cenário de pânico, calor extremo e desespero, Laika
finalmente morreu, entre cinco e sete horas depois do lançamento. O Sputnik 2 deu
2.570 voltas ao redor da Terra, cerca de 100 milhões de quilômetros, até consumirse na atmosfera com os restos mortais de Laika, no dia 14 de abril de 1958. Apesar
de sua morte, os cientistas afirmaram que a viagem de Laika possibilitou o
conhecimento da reação de um ser vivo em órbita e, conseqüentemente, deu início
aos vôos espaciais tripulados por seres humanos. Laika foi o primeiro ser vivo
terrestre a orbitar a Terra. Após sua missão, nenhuma outra foi realizada sem que
se tivesse a possibilidade tecnológica de retorno do animal.
Homenagens
Ainda nos dias atuais a história da cadela Laika emociona milhares de pessoas pelo
mundo. Desde 1997 Laika possui sua placa em Baikonur, a cidade das estrelas,
juntamente com as dos demais cosmonautas mortos. Em 2008, no centro de
Moscou, foi inaugurado um monumento de 2 metros de atura próximo ao Instituto
de Medicina Militar (onde foram feitos os cruéis testes com o grupo de cães) que
consiste numa parte de uma espaçonave no formato de uma mão humana que
segura o seu corpo.
p. 86
ESQUADRILHA DA FUMAÇA
Os verdadeiros cowboys do espaço.
Para ser um membro da Esquadrilha da Fumaça, primeiro é necessário que o
piloto seja um voluntario, formado pela Academia da Força Aérea, ter no mínimo
1500 h de voo, dentre essas 800 h como instrutor. E uma tarefa bastante difícil,
uma vez que são apenas onze pilotos e só duas ou três vagas são abertas por ano
para mais de 40 candidatos habilitados.
O piloto voluntário será avaliado por uma comissão formada pelos próprios pilotos
do Esquadrão, e sendo admitido ao grupo, passara por dois ou três treinamentos
diários numa única posição, ate que esteja em plena condição de demonstração
perante o publico. A permanência de cada piloto no Esquadrão e de quatro anos, ao
final e transferido para alguma unidade conforme a necessidade da Força Aérea
Brasileira.
Desde 1983, as apresentações são realizadas com o T-7 Tucano, uma aeronave
com hélice fabricada pela Embraer com o objetivo de treinar pilotos militares. As
demonstrações com avião a hélice são muito mais atraentes do que os a jato. A
velocidade não e muito alta e a arena de apresentação e mais próxima do publico.
Todas as manobras executadas pelo grupo têm a coordenação de um líder no ar. É
ele que indica o momento de executar as manobras e ligar à fumaça.
Os pilotos da Fumaça não são diferentes dos outros da Força Aérea Brasileira
(FAB). O que difere e a atividade. O trabalho e com o público. A Esquadrilha da
Fumaça representa o que os pilotos da FAB sabem fazer. A Esquadrilha preza
muito a segurança e o risco de acidente é zero.
Segundo o porta voz da Academia da Força Aérea (AFA), ainda levará algum
tempo para que uma mulher entre na Esquadrilha da Fumaça já que faz poucos
anos que o sexo feminino passou a ter a oportunidade de ingressar na FAB.
“Estimamos que a partir de 2012 alguma mulher já tenha os requisitos mínimos
para se candidatar a Esquadrilha, completa”. É uma pena que eu não tenho mais
idade para ingressar na minha querida Fumaça Já! Mas não quer dizer que eu não
consiga minhas caronas de vez em quando nos aviões da FAB.
p. 87
LIDER DA ESQUADRILHA
Em qualquer profissão, tem sempre alguém que se destaca por algum ponto
forte ou fraco de sua personalidade e ou comportamento. E na equipe de pilotos da
Esquadrilha da Fumaça não poderia ser diferente. O que quero passar aos leitores e
uma ideia de um desses pontos fortes de um piloto que sempre procurava se
apresentar na Esquadrilha da Fumaça da melhor maneira possível: bom piloto,
inteligente, bota sempre brilhando, macacão sempre limpo e capacete bem
lustrado.
Adorava ser elogiado. Mas quem que não gosta? Um dia, em Poços de Caldas,
era aniversário da cidade. Repleta de turistas e habitantes, que vibraram com as
evoluções da Fumaça, em ousadas passagens baixas e acrobacias que aceleraram a
adrenalina no sangue daquelas pessoas. Depois da demonstração, todos foram
para o hotel onde, à noite, haveria um jantar de comemoração com o prefeito e
convidados.
Porém, o Major, antes de chegar ao lobby do hotel, ao descer as escadas, é
interpelado por uma senhora bem vestida, cabelos grisalhos, com uma aparência
boa e serpenteada de jóias. O Major, vendo que ela mantinha um olhar fixo nele,
pergunta: “Em que posso servi-la?” A senhora responde: “O senhor é o líder da
esquadrilha?” – “Sim”, respondeu, esperando o elogio normal que recebe depois
das demonstrações. A resposta não foi o queria ouvir e ficou surpreso quando a
senhora apontou-lhe o dedo em riste e disse-lhe: “O senhor é maluco,
irresponsável, doido, assassino, que vai matar muita gente”. Cai fora daqui
imediatamente, seu monstro. Virando-lhe as costas, desceu as escadas e
desapareceu. O Major, sem fala e sem forças até para andar, sentou-se em um dos
degraus e segurando a cabeça baixa, pensou alto: “Nem todos são iguais”.
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DANDO ASAS À FRUSTRAÇÃO
Eu sou um piloto de caça frustrada. Vingo-me da FAB, em parte, escrevendo... Na
verdade, eu sou um piloto frustrado. Eu apenas queria voar pelo prazer de voar.
Isso que sou uma fumaceira frustrada. Puxa vida, quanta frustração... Acredite que
estou rindo disso! Pensas que tenho raiva da FAB por não admitirem mulheres na
época em que eu tinha idade para entrar na AFA? De jeito nenhum! Ninguém
merece minha frustração... ele e só minha! Logo, eu não sou única. Conheço
muitas mulheres que hoje tem medo, de voar porque são pilotos atrofiadas em si
mesmas. Ficam nervosas, suam, gritam, tremem de medo, desmaiam, não confiam
nos pilotos, nem nos aviões, porque gostariam de estar no comando. E isso
mesmo... elas queriam estar no comando das aeronaves... Sabe o que eu faço?
Eu, simplesmente, tomo consciência de que ser mulher não e tão ruim assim
quando não se e piloto. Se gosto de aviões, curto a presença deles rasgando o céu,
se gosto de pilotos, faço amizade com eles e procuro conhecer, por intermédio
deles, os aviões, e um pouco sobre aviadores, o que os levou a escolherem o céu...
etc. Se gosto da história, procuro estudá-la. Se gosto de tudo isso junto, escrevo
tributos aos tais. Há, simplesmente, nessa vida, coisas que não se podem mudar,
outras que não se devem lamentar. Não poso mudar, nem lamentar a evolução
feminina na sociedade, que, por sua vez, ainda esta em processo. Eu só tenho que
agradecer a Deus pelas pioneiras da aviação militar que nasceram na época certa
para serem, hoje, admitidas como pilotos e pedir a Ele que haja, no meio daqueles
marmanjões que soltam fumaças brancas no céu, uma mulher. Ou, ainda, para
sentir-me completamente vingada, nenhum homem, afinal, as mulheres são mais
artísticas, diga-se de passagem. Eu quero viver para ver. Será o acontecimento
perfeito.

Agradeço a Solange Guimarães que gentilmente autorizou para que fosse publicado.
p. 89
VEXAME NO AVIÃO DA FAB
Um ex-comandante da Base Aérea de São Paulo testemunhou um fato sobre o
comportamento de um ministro que o deixou perplexo.
Contou que algumas autoridades costumavam viajar para São Paulo, em
aeronaves da FAB, em alguns finais de semana. A liturgia do cargo me obrigava a
ir receber as autoridades da República que chegassem ou saíssem da unidade que
eu comandava. De maneira geral essa tarefa me dava prazer, pois podia conversar
com os ministros e com o próprio presidente e podia conhecer as ideias deles e
estimar o caráter pela forma como agiam e pelo que diziam. De todos eles, só dois
era mal educado, grosseiros e faziam questão de demonstrar que não tinham a
mínima simpatia pelas Forças Armadas e pelas pessoas que as integravam.
Numa sexta-feira à noite, por volta das 21h00min, fui ao pátio de
estacionamento para receber o Ministro. Ele chegou e, como sempre fazia, fez
questão de agir como se eu não estivesse ali. Passou por mim e entrou no carro que
o esperava. Fui então até o avião para dar boa noite aos pilotos. Eram dois capitães
que estavam espalhados, juntamente com o Sargento mecânico, catando
pedacinhos de jornal picado que estavam espalhados no piso. Perguntei como
aqueles pedaços de jornal haviam ido parar no piso da aeronave e a resposta do
comandante foi a seguinte: “O ministro veio lendo e rasgando as folhas do jornal e,
ao chegar disse que ele tinha feito àquilo para que tivéssemos alguma coisa para
fazer”.
Eu posso compreender que uma pessoa que foi perseguida por um regime
político, tenha ódio dos que fizeram isso com ele. Mas não consigo entender como
um indivíduo pode ‘descontar’ seus traumas e recalques numa geração de militares
que nem sequer tinha nascido quando ele sofreu a tal perseguição política. Eu fico
imaginando como uma mente doente como essa iria governar um Brasil para todos
os brasileiros.
Isso meus caros leitores é para vocês verem o exemplo de educação que temos
em nosso país. Se a educação não vem de cima, quem sabe de baixo para cima não
é melhor! Só não sei quem foi.
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ASSALTO A UM BOING 727
É um dos maiores mistérios do século 20: em 24 de novembro de 1971, um
homem de nome Dan Cooper embarcou em um 727 da Northwest Airlines para um
voo entre Portland e Seattle, sequestrando o avião e seus passageiros. Após a
decolagem o criminoso saltou de pára-quedas sobre uma floresta e nunca mais foi
visto outra vez.
No início, era apenas um voo normal para Seattle que decolaria do aeroporto
internacional de Portland. O bilhete, só de ida, do voo 305 para o aeroporto de
Tacoma (TAC) custou apenas uma única nota de 20 dólares ao homem que se
identificou com Dan Cooper. Os sequestros de avião eram um tanto comum na
época. Foram cerca de 150 deles entre 1967 e 1972, mas todos eles com motivação
política, feitos por jovens idealistas e sem responsabilidade. Assim, ninguém
suspeitou daquele homem de meia idade, bem vestido, que adentrou a aeronave
como um respeitável senhor.
Pouco depois das quatro da tarde, Cooper passou pelos 36 passageiros
espalhados pela aeronave e sentou-se no fundo do avião. O comandante William
Scott não tinha nem decolado o 727 de Portland para Seattle quando, as 16h35,
Cooper passou um bilhete para a comissária exigindo 200 mil dólares em notas
novas e não marcadas, quatro pára-quedas e nenhuma "gracinha" por parte das
autoridades. No bilhete ele mencionava ter uma bomba a bordo, mas não se tem
conhecimento correto dos termos do bilhete, uma vez que Cooper levou-o consigo
quando fugiu.
Como eram comuns as paqueras com comissárias, pensou que o bilhete era neste
sentido e nem o leu, guardou no bolso. O bilhete permaneceu sem leitura até que o
727 decolou. Só então a comissária leu o que havia recebido de Cooper e avisou a
tripulação, que alertou o controle de voo e os órgãos de segurança aérea. A
comissária foi instruída a ir falar com Cooper e ver se ele realmente tinha uma
bomba. Ele, discretamente, abriu sua maleta e mostrou que continha uns cilindros
vermelhos e muitos fios conectados. A ameaça foi considerada real e Cooper
tornou-se o centro das atenções, mas somente falando por meio de bilhetes ou
mesmo oralmente, com as comissárias. Na época, não havia detectores de metal
nos aeroportos e as bagagens de mãos não eram revistadas.
O FBI ficou intrigado com o pedido de quatro pára-quedas, o que queria dizer
que ou ele tinha cúmplices na aeronave ou que pretendia levar reféns com ele na
fuga. O Boeing 727 circulou sobre Seattle até as 17h24 quando o FBI informou
que tinha o dinheiro e os pára-quedas. Apesar das notas não terem recebido
marcas, a polícia copiou todas as 10.000 notas de 20 dólares para micro filmá-las e
ter os números de série, pensando em rastrear o criminoso depois. A aeronave
p. 91
pousou as 17h40, os demais passageiros não tinham noção do que estava
acontecendo. Após o pouso, Cooper deixou os passageiros desembarcarem,
permanecendo com a tripulação de cabine e uma comissária da primeira classe.
Cooper recebeu o dinheiro e os pára-quedas e exigiu que o avião decolasse em
direção ao México. No comando estava o co-piloto. O Boeing 727 foi reabastecido,
mas como Cooper pretendia saltar com o pára-quedas, instruiu o co-piloto a voar
com os trens baixados, flaps 15, não exceder 170 milhas por hora e não voar além
de 10.000 pés. Entretanto, nesta configuração, a aeronave não conseguiria chegar
até o México, razão pela qual Cooper concordou em um pouso para
reabastecimento em Reno, Nevada. Após a decolagem, as 17h44, Cooper pediu a
comissária, a única que permaneceu no avião, para que ela lhe mostrasse como
baixar a escada traseira do Boeing 727 em voo e que, após, fosse para a cabine e
ficasse lá com o resto da tripulação pelo resto do voo.
Por volta das 20h00, no cockpit, a tripulação notou uma luz vermelha no painel
indicado que a escada havia sido baixada. O piloto, alarmado, comunicou-se pelo
interfone com a traseira do avião, perguntando se estava tudo bem e se Cooper
precisava de algo, recebendo um não em resposta. Foi a última palavra que se
ouviu de D.B. Cooper. Pouco depois das 20h11, a tripulação percebeu vibrações na
traseira do avião, a qual se acredita tenha sido causada pelo salto do criminoso, que
forçou a escada de modo que ela fechou-se e abriu-se outra vez. A Força Aérea dos
Estados Unidos tinha um par de F-106 seguindo o Boeing 727 a uma distância de
cinco milhas, mas os pilotos não viram o salto de Cooper. O agente do FBI que
estava encarregado do caso e liderou as investigações por quase uma década,
tentou seguir a aeronave de um helicóptero, sem sucesso.
O FBI não estava nem mesmo certo do salto de Cooper, até vasculhar o avião
após seu pouso em Reno, onde nada além de dois pára-quedas e diversas
cigarrilhas foram encontrados. Cooper deixou o 727 a uma altura de 10.000 pés,
quando o avião estava a 196 milhas por hora. O tempo estava muito ruim:
temperatura externa de 7 graus negativos e ventos soprando forte (80 nós), com
sensação térmica de 70 abaixo de zero em razão da chuva forte. Ainda assim, o
tempo para se chegar ao solo era de apenas 15 segundos e é plenamente possível
sobreviver. Se ele morreu, provavelmente foi por não conseguir abrir o páraquedas ou por não ter como se manter na floresta coberta de neve. O FBI montou
uma equipe de 300 pessoas para procurar Cooper no local, mas nada encontraram.
Em 10 de fevereiro de 1980, um garoto estava preparando uma fogueira perto de
um rio a noroeste de Vancouver, estado de Washington quando encontrou um saco
meio enterrado contendo 5.800 dólares em notas de 20, que o FBI rapidamente
identificou como sendo do lote dado a de D.B. Cooper. Teria o dinheiro se perdido
na queda ou o criminoso plantou-o como parte de um enigma para os
p. 92
investigadores? Nunca se encontrou qualquer vestígio dos outros 194.200 dólares.
O caso nunca foi resolvido.
PILOTOS DORMEM EM PLENO VOO.
Um avião da companhia Air Índia foi parar em outro destino depois que os dois
pilotos dormiram durante o voo. A aeronave saiu de Dubai à 1h da madrugada e
pousou em Jaipur às 7h locais. Deste local, seguiu para Mumbai, a megalópole das
finanças e do cinema do país. "Porém, após ter efetuado um voo noturno, o nível
de cansaço é máximo e os dois pilotos dormiram após o avião sair de Jaipur". O
avião estava no piloto automático. Ao se aproximar do aeroporto de Mumbai, os
controladores de tráfego aéreo tentaram entrar em contato com a tripulação, mas a
aeronave seguiu a grande altitude rumo à cidade de Goa, mais ao sul. “Só quando o
avião entrou em espaço aéreo de Mumbai, a torre de controle percebeu que os
pilotos não respondiam", explicou. "Até pensamos em um sequestro", acrescentou
o controlador. Os controladores conseguiram soar um alarme de segurança que
acordou os pilotos, que deram meia volta. Ainda bem, se não tivesse este alarme
heimm!
ASSÉDIO SEXUAL À AEROMOÇA
Tudo que o passageiro de um avião espera é que o piloto, o co-piloto e o
restante da tripulação sejam pessoas sensatas, equilibradas, competentes e que
cuidem da segurança de todos. Mas não era esse o perfil do grupo de um voo da
empresa Air Índia, entre os Emirados Árabes e Nova Dheli. Piloto e co-piloto
saíram no tapa na cabine de comando e a briga se estendeu até o interior do avião,
sob as vistas de mais de 100 pessoas. A razão: o co-piloto foi acusado por uma
aeromoça de assediá-la sexualmente a uma altura de 30 mil pés quando o Airbus
A320 fazia um voo aparentemente tranquilo.
Quase toda tripulação se envolveu na troca de agressões. A situação ficou tão
tensa que o comandante, temendo o pior, disse que desceria o avião no Paquistão.
A Air Índia confirmou o grave incidente ocorrido e disse que quatro pessoas,
todos seus funcionários, estão sob investigação da polícia. A aeromoça de 24 anos
confirmou tudo num interrogatório e disse que o co-piloto tentou molestá-la, mas
ela resistiu, gritou e chamou atenção de todos, especialmente do comandante.
Não é a primeira vez que a Air Índia aparece no noticiário de uma forma pouca
apropriada. Outro voo foi suspenso quando passageiros encontraram um rato
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passeando pelo avião. Também está em julgamento na Índia, uma ação movida por
nove aeromoças afastadas por estarem um pouco gordinhas. Fala sério..
.
AVIÃO ABANDONADO VIRA HOTEL
No aeroporto de Arlanda, em Estocolmo, na Suécia, se o seu voo atrasar, não se
preocupe. Você pode simplesmente caminhar até a entrada do aeroporto e se
hospedar no Hotel Jumbo Hostel, o primeiro hotel-avião do mundo, que foi
inaugurado em janeiro de 2009. O hotel foi instalado dentro de um Boeing 747200, construído em 1976, com capacidade para 450 passageiros e está aposentado
desde 2002. A aeronave pertencia à companhia Transjet, que faliu há seis anos.
Lá dentro os hóspedes poderão se abrigar em um dos 25 quartos, incluindo uma
suíte de luxo localizada no cockpit do jato, com visão panorâmica do tráfego aéreo
de Arlanda. Dentro do avião o hóspede encontra toda a estrutura de um hotel,
como cafeteria e internet sem fio. Os quartos possuem cerca de seis metros
quadrados e três metros de altura. Todos são equipados com três camas e TVs de
tela plana, onde os hóspedes, passageiros poderão checar os horários de partida dos
voos. Os quartos possuem três camas e TV de plasma com informações dos voos.
Os banheiros e chuveiros ficam localizados ao longo dos corredores e suítes com
dependências privadas estão à disposição na parte superior do avião. Apesar da
reforma, muitas peças do avião foram mantidas intactas, como as poltronas da
primeira classe e as máscaras de oxigênio. É possível alugar o quarto todo ou fazer
reservas individuais de camas, como em um albergue. A suíte fica localizada no
cockpit do avião. E para quem já tiver onde ficar, o hotel-avião também está aberto
apenas para visitação. Alguns objetos do avião foram mantidos para reforçar as
características do lugar. “O empreendedor é dono de uma rede de hotéis, que já
começou a caçar novos “pássaros de aço” abandonados para abrir filiais do Jumbo
Hostel pelos quatro cantos do mundo.”
E eu estou procurando uma sucatinha pequena para ser minha futura residência.
Só que eu ainda não encontrei esta alma para fazer esta doação!
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AEROMOÇA AJUDA PILOTO A POUSAR AVIÃO
Uma aeromoça de um Boeing 767, que fazia a rota Toronto-Londres, assumiu o
controle da aeronave para ajudar o piloto a fazer um pouso de emergência na
Irlanda, depois que o co-piloto sofreu uma crise nervosa. O segundo comandante
do aparelho começou a "desvairar e falar coisas sem sentido" quando o avião, com
146 passageiros, sobrevoava o Oceano Atlântico, o que obrigou o piloto a tomar a
decisão de pousar no aeroporto de Shannon, ao oeste da Irlanda. A investigação
destaca que outra aeromoça ficou ferida ao tentar conter o co-piloto, que foi
afastado dos controles e imobilizado em um assento da cabine de comando. Sem
assistente a seu lado, o comandante do avião, a dez mil metros de altitude,
perguntou: "Há algum membro da tripulação com conhecimentos de pilotagem?"
Por sorte, uma das aeromoças tinha uma licença para pilotar aviões comerciais e
sentou-se ao lado do comandante para iniciar a descida e posterior aterrissagem em
Shannon. Após chegar, o piloto elogiou o trabalho da aeromoça e o co-piloto foi
levado ao hospital da cidade local, onde permaneceu internado durante onze dias.
O relatório oficial, elaborado pela Unidade de investigação de acidentes aéreos da
Irlanda, não especificou o tipo de crise nervosa sofrida pelo co-piloto, mas as
opiniões de dois médicos que o trataram, qualificaram o estado como "confundido
e desorientado". O piloto explicou que seu colega se tornou "agressivo, reticente a
cooperar e incapaz" de desenvolver suas funções, enquanto um passageiro lembra
de ter ouvido o co-piloto mencionar no viva voz "Deus". "Para seu próprio bem e
pela segurança do avião, a medida mais apropriada foi retirá-lo de suas
responsabilidades e solicitar qualquer atendimento médico disponível a bordo". Ao
perceber que era uma situação difícil, o comandante agiu com tato e
conhecimentos e manteve o controle da situação o tempo todo. O comandante e os
assistentes de voo foram parabenizados pelo profissionalismo na Irlanda.
p. 95
MEU PAI É O PILOTO
O homem observou o menino sozinho na sala de espera do aeroporto
aguardando seu voo. Quando o embarque começou o menino foi colocado na
frente da fila, para entrar e encontrar seu assento antes dos adultos.
Ao entrar no avião, o homem viu que o menino estava sentado ao lado de sua
poltrona. O menino foi cortês puxou conversa com ele e, em seguida, começou a
passar o tempo colorindo um livro. Não demonstrava ansiedade ou preocupação
com o voo, o avião entrou numa tempestade muito forte, o que fez que ele
balançasse como uma pena ao vento. A turbulência e as sacudidas bruscas
assustaram alguns passageiros. Ma o menino parecia encarar tudo com a maior
naturalidade. Uma das passageiras sentada do outro lado do corredor ficou
preocupada com aquilo tudo e perguntou ao menino:
- Você não está com medo?
- Não senhora, não tenho medo, ele respondeu, levantando os olhos de seu livro de
colorir.
- Meu pai é o piloto!
Existem situações em nossa vida que lembram um avião passando por uma forte
tempestade. Por mais que tentemos, não conseguimos nos sentir em terra firme.
Temos a sensação de que estamos pendurados no ar sem nada a nos sustentar, a
nos segurar, em que nos apoiarmos, e que nos sirva de socorro. Nestas horas
devemos lembrar com serenidade e confiança, que: NOSSO “PAI” É O PILOTO.
* Trecho do livro Silent Strenght for My life de Loyde de John Ogilvie.
p. 96
MULHER DE PILOTO
Ser mulher de um piloto profissional e antes de tudo, ser uma especialista em
extraterrestres. Toda mulher que casa com um aeronauta entra para a aviação. Não
tem como fugir. Ou a mulher aprende a falar a linguagem dos tripulantes ou tornase a burrinha da história. Considerados turistas bem remunerados, (Onde, no
Brasil!) os aeronautas hospedam-se em hotéis cinco estrelas, conhecem os
melhores restaurantes e criam hábitos sofisticados, independentemente de suas
vontades.
A força de perambular por aeroportos nacionais e internacionais, conviver com
outros povos e outras línguas, conhecer hábitos, artes, artimanhas, e todos eles com
etceteras, suas cabeças são bombardeadas a cada voo com novos e irregulares
conhecimentos.
Daí, quando eles atravessam o salão de um aeroporto com seus uniformes (que a
maioria detesta), impecável e com aquele ar de quem vive num mundo inconsútil e
sabe das coisas, trazem consigo uma aura de grande romantismo podem até ser
barrigudinhos e feios, o charme e inevitável. São assediados e incentivados a ter
aventuras amorosas, como qualquer marinheiro. Isso não quer dizer que todo
comandante seja amante da comissária. Há exceções, não mais que o médico com a
enfermeira ou o chefe com a secretaria.
De modo geral, são ligadíssimos a suas famílias, que são seu hangar seguro.
Quando eles chegam de um voo, trazem nos sapatos a poeira do mundo, nos
cabelos o pó das estrelas e nos olhos um cansaço cósmico. Penalizados pelo
diferencial de pressão atmosférica e pelo fuso horário, sentem-se exaustos de
imensidão. Incompatibilizados com fronteiras, levam horas para adaptar-se ao
micro dia-a-dia. Metade gente, metade ficção não podem, ao chegar de um voo,
serem recebidos com perguntas de maneira prosaica. De difícil convívio, fortes
candidatos a neuroses e depressões, já saem do avião defasados de realidade.
Contudo, não há motivo para desesperar-se. Dentro daqueles inconfundíveis
maletas que eles usam você encontrará toques de carinho. Uma revista italiana, um
bombom suíço, um perfume Frances ou uma escultura nigeriana. Também poderá
ouvir frases – Estava com tantas saudades e tanta pressa em chegar que larguei
todas as porteiras do céu abertas. Como são românticos! Mas acho que é só em
filme!
p. 97
A HISTÓRIA DA PROFISSÃO DE AEROMOÇA
E COMISSÁRIO DE BORDO
A profissão de comissário de bordo ou aeromoça para mulheres surgiu em
1930 por reivindicação de uma mulher, Ellen Church. Apaixonada por aviação e
por não poder pilotar uma aeronave por ser mulher, a enfermeira sugeriu a Boeing
Air Transport que colocasse enfermeiras a bordo dos aviões para cuidar da saúde e
segurança dos passageiros durante o voo.
As primeiras moças contratadas deveriam ser solteiras, não terem filhos, obedecer
a um padrão de peso e altura, porém possuíam salários muito baixos. A ideia fez
muito sucesso, pois as mulheres a bordo passavam segurança aos passageiros, já
que a mulher era considerada uma figura de fragilidade, e tendo mulheres
trabalhando a bordo passava a ideia aos viajantes de que o avião não era tão
perigoso quanto pensavam.
Devido a Segunda Guerra Mundial e com a convocação das enfermeiras para os
campos de batalha, as companhias aéreas então começaram a colocar mulheres de
nível superior a bordo. Tudo isso sem perder o charme e a elegância, já que esta
profissional representaria a empresa. A profissão se popularizou e perdeu o
símbolo sensual que possuía. Foi então que surgiu o “comissário“. Hoje é uma das
profissões que mais cresce no Brasil, devido à ascensão da aviação brasileira e o
baixo custo de passagens aéreas.
"A serviço da ONU”.
No dia 31 de outubro de 1962 um fato curioso ocorreu com o Electra PP-VJL,
que pernoitava em New York Ele foi requisitado pela Organização das Nações
Unidas, para ir buscar em Havana o secretario geral da ONU, H.Thant, que lá se
encontrava negociando a retirada de mísseis soviéticos instalados em Cuba, que se
constituíam em real ameaças aos Estados Unidos. No celebre episódio que passou
à história como a Crise dos Mísseis. Nessa missão especial o PP-VJL teve como
tripulantes os comandantes Plato e Padovani, o engenheiro Werner e o navegador
Nicásio. Por se tratar de zona de conflito, eles concordaram em realizar o voo após
receber um rádio da Varig confirmando a contratação de um seguro especial, tendo
como beneficiárias sua famílias, feito em caráter emergencial no Lloyd’s de
Londres. O voo N.York/Havana/N.York teve a duração de 9 horas e 42 minutos e,
dada à importância da missão, após a decolagem de Havana, caças americanos
escoltaram o avião brasileiro até Nova York, com espaço aéreo na rota interditado
para qualquer outra aeronave."
p. 98
VOE CADA VEZ MAIS ALTO
Um jovem piloto experimentava um monomotor muito frágil, uma daquelas
sucatas usadas no tempo da Segunda Guerra, mas que ainda tinha condições de
voar. Ao levantar voo, ouviu um ruído vindo debaixo de seu assento, era um rato
que roia uma das mangueiras que dava sustentação para o avião permanecer nas
alturas. Preocupado, pensou em retornar ao aeroporto para se livrar de seu
incômodo e perigoso passageiro.
Mas lembrou-se que devido à altura o rato logo morreria sufocado.
Então voou cada vez mais e mais alto e notou que o perigo havia sido eliminado,
assim, conseguiu prosseguir com sua viagem ao redor do mundo.
MORAL DA HISTÓRIA
Se alguém lhe ameaçar: VOE CADA VEZ MAIS ALTO.
Se alguém lhe criticar: VOE CADA VEZ MAIS ALTO...
Se alguém tentar lhe destruir por inveja e fofocas, e por fim, se alguém lhe cometer
alguma injustiça: VOE CADA VEZ MAIS ALTO...
Sabe por quê? Os ameaçadores, críticos, invejosos e injustos são iguais aos “ratos",
não resistem às grandes alturas.
p. 99
MEDO DE VOAR
Às vezes pensamos o porquê as pessoas têm... medo de voar. Ter medo é
normal, principalmente do desconhecido, é importante que os passageiros tomem
conhecimento dos procedimentos quando forem viajar pela primeira vez. Você vai
estar diante de profissionais que passaram por avaliações psicológicas, exames
médicos rigorosos e por diversos cursos de alto nível, além de terem muitas horas
de voos registradas. Para o conhecimento de alguns, até a alimentação do
comandante, copiloto e comissários é diferenciada, para evitar que todos passem
mal ao mesmo tempo por uma intoxicação. Para tornar o medo de voar menos
insustentável, os médicos recomendam um tranquilizante para ajudar a suportar
melhor a via cruzes. Já a bebida mesmo sendo relaxante, deve ser usada com
moderação. O álcool tem seu efeito potencializado em um ambiente pressurizado,
em que o ar é rarefeito. Uma dose de uísque durante o voo corresponde a três em
terra firme.
O comportamento violento de passageiros a bordo vem crescendo em números
alarmantes no mundo todo. Além de perturbar e amedrontar, o comportamento
inadequado, desordeiro e até mesmo violento de alguns passageiros, representa
ameaça à integridade física e moral dos demais passageiros, dos funcionários de
terra e da tripulação. No ambiente confinado de um avião a 10 mil metros de
altitude, abusos e agressões físicas são extremamente perigosos. O perfil do
passageiro inconveniente a bordo, de modo geral, é maior envolvendo homens do
que mulheres que são mais passivas. Para ser comissários de bordo é preciso saber
como se comportar diante desses casos. Pelas pesquisas, em 56% desses
acontecimentos resultam em agressões aos tripulantes, 64% dos casos são
protagonizados por homens e a maioria acontece na primeira classe e na executiva.
p. 100
Os principais desafios que o os tripulantes
enfrentaram a bordo são:
- consumo exagerado de bebidas alcoólicas;
- proibição de fumo;
- grande número de passageiros em espaço limitado;
- voos muito longos;
- tédio, chateação, estresse;
- mudanças climáticas e de fusos horários;
- longa espera no embarque e desembarque.
Um passageiro que estava num voo da Alaska Airlines começou a tirar a roupa,
ameaçando matar todos a bordo forçando a porta do avião e atacou o co-piloto na
cabine de comando mexendo nos instrumentos de controle. O avião chegou a cair
em mergulho até ser controlado novamente. Este deve ter saído do hospício e
ninguém viu.
Um jogador de futebol conta com o apoio de um psiquiatra e de um psicólogo
há quatro anos. “Estou melhorando muito, mas ainda fico apavorado. Prefiro mil
vezes montar em um touro bravo”, diz ele. Em época de campeonato, o jogador é
obrigado a driblar o medo com cálices de vinho. Em jogos amistosos, pede
dispensa. Foi o que fez quando o seu clube teve que ir pra a Eslovênia. A tortura de
um longo voo internacional cria situações tragicômicas para os fóbicos de
carteirinha. Ninguém é perfeito, cada um tem seus “probremas”, não é mesmo?
O sucesso do cantor Belchior: “Foi com medo de avião que segurei pela
primeira vez na sua mão”..., dizem os versos. Para uma passageira, a interpretação
foi literal durante um voo Madri – Rio. Quando o avião começou a sacudir, ela não
teve dúvidas. Pegou na mão do passageiro ao lado, que entendeu o gesto como
uma tentativa de assédio sexual. “Pedi ao espanhol sentado ao meu lado que
pegasse na minha mão”. Mas o homem começou a gritar dizendo que todas as
brasileiras eram loucas. Eu também comecei a gritar e os demais passageiros
ficaram assustadíssimos. A aeromoça teve que me mudar de lugar e acabei
ganhando um assento na primeira classe. Então passageiros, quando forem voar,
façam alguma loucura a bordo para ganhar uma primeira classe. Mas cuidado, não
exageram na loucura, se não podem desconfiar.
p. 101
Um apresentador de televisão, rico e famoso, que nunca viajou para o exterior
pelo fato também de ter medo de avião, prefere enfrentar dias e horas de estrada
com seu carro. Afirmou que é muito mais perigoso um acidente de carro do que
avião que é mais seguro. Disse também: “Mesmo assim, ainda prefiro estar aqui
em baixo em terra firme do que lá em cima. Não sou nenhum passarinho para
voar”! Pois é meu amigo, a vida tem início, meio e fim. Então vamos aproveitar o
intervalo e viver a vida voando e sonhando. Um dia vamos embora mesmo!
Nem todos os passageiros de um avião precisam do divã de um analista para
superar o trauma da queda de um avião ou de um pouso forçado. Uma atriz, que
sofreu um acidente, voltou a voar por força da profissão. “Nunca tive medo de
avião e adoro viajar”. Com certeza, em um próximo embarque ficarei receosa. Mas
preciso enfrentar devido ao meu trabalho.
A única vez que escutei gritinhos em voo foi numa arremetida chegando em
Lima. Aquele realmente deu medo. Nubladasso, e quando dava pra ver alguma
coisa eram os dentes dos Andes loucos pra rasgar a barriga do avião. Do nada o
comandante arremete de um jeito que nunca tinha visto um avião subir até então.
Depois dessa o comandante resolveu fazer a aproximação por uma rota chegando
pelo oceano para o sossego de todos a bordo.
“Quando vejo tanto acidente por aí, me convenço que tomei a decisão acertada
de não entrar nunca mais num avião”, admite um roqueiro de uma banda, que
desde março de 1995 não faz viagens aéreas. A banda recebeu um convite para
tocar nos estados Unidos. Tentou dificultar as negociações. O contrato saiu e ele
começou a se preparar para a viagem. “Fez hipnose e até apelou para uma sessãotortura dentro de um simulador de voo para controlar o pânico e embarcar em um
voo de nove horas”, relata. De volta ao Brasil, ainda tentou fazer terapia para
descobrir as razões do medo. “É irracional, mas não consigo controlar o
pensamento de que o avião vai cair comigo”, angustia-se. E dispenso convites para
o exterior. Há pouco tempo, encarou 1, 015 quilômetros de São Paulo até Brasília
de ônibus. Aqui o caso é complicado.
A atriz americana Jennifer Aniston teve uma crise de pânico, depois de ficar
duas horas sentada dentro de um avião. Ficar confinada por duas horas realmente é
desgastante, ainda mais sem ter nenhuma informação porque a aeronave esteve
p. 102
parada por tanto tempo no solo. Jennifer decidiu então não ficar mais a bordo.
Segundo alguns passageiros, ela não foi grosseira, mas avisou a tripulação que iria
descer antes que a aeronave levantasse voo. Sem informação é duro mesmo, ainda
bem que ela foi educada, porque nem todos se comportam dessa maneira.
O bom ator André Gonçalves tumultuou um voo que ia para Nova York, em
julho de 2001. Era madrugada e André armou uma confusão digna de novela das
oito com os comissários. Soube que o Pelé estava na primeira classe e tentou beijálo na boca. Ao tentar acalmá-lo, os comissários levaram tapas e cusparada, além
dos gritos do ator de que o avião iria cair a qualquer momento. Enquanto alguém
fotografava tudo, o que alimentou as manchetes dos jornais e revistas no dia
seguinte, André teve que ser amarrado à poltrona, amordaçado e sedado com uma
injeção na veia. A brincadeira deu prejuízo enorme para a companhia Aérea da
Varig. Como o avião teve que fazer uma escala extra para seu atendimento médico,
o avião do modelo MD-11 teve que jogar ao mar 60.000 litros de combustível para
aterrissar em Belém. Só aí foram 16.000 dólares perdidos. Imaginem então que,
pelo atraso, a companhia teve que providenciar novos voos, hotel, alimentação e
transporte para quem perdeu conexões. Sem contar o pagamento de horas extras
para os tripulantes que aumentaram seu trabalho em mais de três horas. Pode ter
chegado a um prejuízo de 100.000 dólares na época. Caso isso ocorresse na
Inglaterra, por exemplo, André teria que pagar uma boa multa ou até chegar à
prisão, segundo as leis que punem quem perturbar voos. Mais, o passageiro pode
entrar numa lista negra e nunca mais poder voar em qualquer companhia britânica.
Depois desse caso, o ator parece que se tocou do transtorno que causou e se
desculpou publicamente. No meu ver, isso jamais deveria ter ficado impune.
Foi o maior absurdo do mundo. E o caso terminou em pizza e a Varig ficou no
prejuízo. E por esta e outras coisas mais que a nossa Varig faliu.
Ronaldo Bôscoli tinha verdadeiro pânico de voar. Uma vez, ele tentou viajar do
Rio para São Paulo e veja o que acontece. Antes, ele foi até um boteco para
abastecer, encheu a cara para ludibriar o medo e a tensão. Depois, seguiu para o
aeroporto. Ao embarcar na pista parou, olhou para o avião e disse com a língua
enrolada: “Eu não entro de jeito nenhum neste caixão de asa turbinada”! Mesmo
com a cara cheia, não embarcou e voltou para casa. Com certeza não estava tão
bêbado assim, pois não teve coragem de encarar o avião! No dia seguinte ele foi
para São Paulo de carro.
p. 103
Mesmo nunca ter enfrentando uma situação de risco no ar, um cantor parou de
voar há dez anos por puro medo. Preferiu abolir o avião de sua vida, mesmo tendo
que enfrentar a assustadora Via Dutra para sair e voltar a São Paulo. “Voei durante
30 anos, mas, de repente, passei a me segurar na cadeira e ficar com o coração
acelerado. Então preferi parar antes que meu coração o fizesse”, diz o cantor, que
passa até três dias na estrada para fazer shows no Norte e Nordeste.
Em um Jumbo, um italiano franzino, embriagado ou dopado, subiu as escadas,
passou pela primeira classe correndo e entrou na cabine sem que nenhum dos
comissários percebesse. Naquela hora a maioria dos passageiros estava dormindo.
Eu estava neste voo, quando percebi algo estranho, chamei o meu marido (na
época), ele foi até a cabine e encontrou o rapaz transtornado, gritando com os
tripulantes, pedindo para descer da aeronave, porque estava com medo. O
desespero, o pânico de voar, fez com que o rapaz tomasse essa atitude. Foi preciso
dar-lhe uma injeção para dormir é só acordou quando chegou a São Paulo.
Já houve casos em que uma comissária inglesa recebeu uma garrafada na
cabeça que lhe rendeu 40 pontos. Outro caso, um comissário foi mordido ao tentar
controlar uma passageira que teve um surto psicótico e que já havia jogado o
carrinho de comida sobre a sua companheira além de ter quebrado a porta do
banheiro. A verdade é que, com a pressurização do ar dentro do avião, a absorção
de álcool pelo corpo humano é maior, o que potencializa o efeito. Como alguns
passageiros já tomam seus comprimidos para dormir, a ingestão de álcool pode
criar um coquetel explosivo.
Com o aumento desses casos, a Federação Internacional dos trabalhadores em
Transporte tem promovido a discussão sobre os passageiros violentos nos voos.
Bem, se você está lendo esse livro dentro de um avião, não é preciso ficar nervoso
com seu companheiro de voo ao lado. Os comissários de bordo são as pessoas mais
preparadas para enfrentarem qualquer problema desse tipo. Viu como temos que
valorizar a profissão de comissários? Tem gente que ainda não reconhece o valor
dos nossos heróis.
p. 104
SITUAÇÕES DE PERIGO
É bom lembrar aos passageiros que todo tipo de eletro-eletrônicos pode
interferir nos equipamentos nos equipamentos de rádio-navegação das modernas
aeronaves. O perigo não é só a interferência. Está comprovado que na transmissão
ou recepção de mensagem de telefones celulares, tais equipamentos geram tensão
suficiente para provocar faísca, obviamente, uma operação de reabastecimento ou
destanqueamento de aeronaves, se houver utilização simultânea de telefones
celulares a bordo.
O desembarque de um voo é sempre feito pelo lado esquerdo da aeronave,
tanto na dianteira como na traseira, isso quando o avião está na remota (pátio).
Alguns passageiros, por não terem conhecimento, outros distraídos, entram à
direita e saem direto para dentro do caminhão da comissária, Isto já aconteceu. E
se o caminhão não estiver acoplado na aeronave e o comissário não estiver atento,
pode causar um acidente.
Um passageiro saiu de Belém para uma reunião em Marabá e que tinha horas
depois outra reunião em Carajás. Sua única alternativa era pegar aqueles aviões de
garimpo. Acompanhado por um amigo, dirigiu-se ao avião, mas quando o
companheiro viu aquela carcaça velha com estofado todo rasgado, ficou
desesperado e não queria entrar. Ele disse: “vamos logo Daniel, que eu estou louco
para dormir”! Entraram no avião e tec..tec..tec e nada do avião pegar! O piloto
desceu, foi até a hélice e girou-a com a mão e ela pegou. Voltou para dentro do
avião e tec..tec..tec a outra hélice também não ligava. Teve que descer novamente e
meter a mãozona de novo na hélice, que para alívio funcionou. Nessa altura, o
amigo já estava com olho arregalado, de tanto medo. E foram assim mesmo, um
dormiu o tempo todo, enquanto o outro passou o maior apuro de sua vida, ficando
todo cagado. Nunca mais quis saber de entrar em teco-teco.
Uma passageira muito gorda foi ao toalete. Neste momento, o avião começou a
descer não se sabe se foi pressurização do avião ou pressão interna do flushing
(descarga do vaso) que sugou a mulher, ou melhor, o bundão no vaso sanitário e
essa ficou pressa. Quando a aeronave pousou, tiveram que chamar a equipe técnica
para que abrisse a parte de baixo da aeronave (local onde fica o sanitário), para
livrar a senhora deste sufoco. Deve ter sido terrível, não? Você, que está lendo, não
se preocupe, porque este fato aconteceu há muitos anos atrás. Portanto não haverá
mais bunda sendo sugada nas modernas aeronaves de hoje.
p. 105
Durante um voo, uma senhora foi ao toalete e nada de voltar. Preocupados, os
parentes que estavam juntos, foram averiguar o que estava acontecendo. Pediram
auxílio ao comissário e ao abrir a porta, a mulher estava desmaiada. Quando ela
retornou a consciência, contou que havia dado a descarga do vaso e que o barulho
foi tão forte que pensou que o avião estava explodindo e desmaiou. Realmente a
pressão interna do flushing (descarga do vaso) é muito forte e assusta qualquer
passageiro que esteja viajando pela primeira vez.
O AVIÃO É O TRANSPORTE MAIS SEGURO
A aviação é o meio de transporte mais seguro do mundo, levando-se em conta o
número de quilômetros percorridos e de pessoas transportadas. Mesmo com o vaie-vem incessante dessa massa de viajantes pelos ares do planeta, o número de
grandes acidentes na aviação comercial é muito pequeno. Dirigir um carro pelas
ruas de São Paulo é mais perigoso do que voar sobre o Atlântico, no comando de
um avião de 280 toneladas. Não há a menor dúvida para os pilotos da aviação
comercial! Acontece que como “motoristas voadores”, eles dispõem de
equipamentos de última geração, manutenção cuidadosa e revisões frequentes. As
estradas das nuvens não têm buracos nem lombadas (no máximo, uma ou outra
turbulência). No trânsito aéreo, raramente acontecem barbeiragem e, quando
acontecem, são punidos com rigor.
p. 106
Este é um dos mais belos contos da aviação. Cheguei a pensar que fosse real tal a
riqueza de detalhes e o espírito romântico do autor que soube retratar tão bem.
COMANDANTE LOUREIRO
Escrito por Mytho Leal
Ele entrou no avião. Era um velho Boeing 737-400. Hoje em dia não voam
mais. Dizem que bebe muita gasolina pra pouco espaço que cobre. Dizem que é
lento. Podem até mesmo dizer que é pequeno. Mas é o preferido de 11 em 10
comandantes que já o pilotaram.
Mal ele entrou, inspirou fundo e deixou seus pulmões serem invadidos por
aquele cheiro característico de interior de avião, uma mistura de querosene de
avião com ar condicionado desligado. Não perguntem, é esse o cheiro mesmo.
Olhou em volta, as poltronas vazias. Lembrou-se da primeira vez que pilotara o
velho 737-400 (ou 734, como é carinhosamente chamado pelos comandantes).
Lembrou-se da trepidação das turbinas ao ligá-las, e o frio na barriga que sentiu
então. Aquele avião inteiro sob seu comando. Todos confiavam nele. A vida de
120 pessoas em suas mãos, dependendo totalmente de seu juízo.
Lentamente andou pelo corredor, por onde outrora passaram carrinhos com
bebidas e comidas. Alguns anos mais tarde, passariam por ali também carrinhos
com souvenires, revistas e jornais. Se fechasse os olhos, poderia ouvir e ver
passageiros passando por ali, indo ao banheiro, conversando com as famílias. Via
as comissárias (“aeromoças”, como diziam na época) sorrindo sempre, entregando
toalhinhas refrescantes e fones de ouvido aos passageiros. Chegou à cabine, onde
observou demoradamente o painel, com todas as luzes e mostradores tão
familiares. Vivera para aquilo a vida inteira.
Sentou-se na poltrona do piloto e fechou os olhos. Agora via o tráfego. Ouvia os
controladores que davam instruções às aeronaves que chegavam ou partiam. Sentia
a segura presença do co-piloto e engenheiro de navegação ao seu lado. Eles
também confiavam nele cegamente.
Com as mãos firmes no manche, pôde sentir o controle absoluto daquele pássaro
gigante de ferro e alma. Sim, porque não importa quão avançada é a tecnologia do
homem, um objeto daquele tamanho e peso nunca sairia do chão se não possuísse
uma alma para voar.
p. 107
Uma mão pousou no seu ombro.
- Querido, temos que ir.
Era a sua esposa. Estava sorrindo, num misto de pena e tristeza. Sabia o que se
passava no interior de seu marido. Ele olhou para ela. - Me fala, Maria… quantos
anos eu tenho?
- Você faz 70 hoje… - Setenta… sabia que dentro deste avião eu passei 30 anos
desses 70?
- Sim…
Sabe Maria… eu achava que ia morrer voando. Nunca foi o meu medo. Foi a
minha vontade. Já na escola de pilotos, todos diziam: “Bom mesmo é morrer
voando”… Não é justo morrer em terra.
-Querido…
- Sabe.. acho que nunca ninguém pensou no “depois”. Eu não pensava. Só sabia
que estava destinado a voar. E nunca tinha parado pra pensar que um dia eu ia ter
que parar. Simplesmente um dia eu não ia mais poder entrar num avião destes na
qualidade de comandante. Pensava que aquilo ia durar para sempre.
- Não fala assim… nós temos filhos e netos que te adoram…
- Adoram, mas não deveriam.
Esta profissão me consumiu. Eu raramente parava em casa, como você se
lembra. Sempre daqui pra lá. De lá pra cá. Este é o último 734 operacional no
mundo, você sabia? - Não... Mas já foi sorte terem deixado a gente entrar aqui
antes dos outros… daqui a pouco o piloto e os passageiros chegam e nós temos que
ir nos sentar lá atrás, junto com os passageiros…
- É… ainda bem que eu conheço o pessoal neste aeroporto, não é verdade? Pude
entrar aqui e ver tudo… matar saudades… Ela sorriu.. não havia nada para dizer.
Ele se levantou e foram se sentar em suas poltronas, enquanto os passageiros
entravam e ocupavam seus lugares. Os comissários de bordo iniciavam os serviços,
auxiliando as pessoas a encontrarem suas poltronas, ajudando com as bagagens,
tirando dúvidas.
p. 108
Assim que as portas do avião se fecharam, ouviu-se a voz mecânica do
comandante.
“Senhores passageiros, muito boa tarde, aqui quem vos fala é o comandante
Soares. Gostaria de dar a todos as boas vindas ao vôo 1322 da nossa companhia
aérea. Hoje é um vôo especial, pois é o último vôo deste Boeing 737-400 antes de
ser substituído pelo novo Boeing 737-800. Temos também conosco neste vôo de
despedida o Comandante Loureiro, que voou durante 30 anos somente no Boeing
734, como nós o chamamos. Hoje o Comandante Loureiro completa setenta anos
de idade e seria um grande prazer tê-lo durante o vôo na cabine de comando.” Dito
isto, todos os passageiros olharam em volta, procurando o velhinho. Atônito, ele
levantou-se e, sob uma enorme quantidade de aplausos, dirigiu-se à cabine.
O comandante recebeu-o com um largo sorriso e sentou-se no lugar do co-piloto.
Comandante Loureiro, é com enorme prazer que o recebo em minha cabine e
entrego em suas mãos o último vôo do nosso querido 734. Eu fico aqui de copiloto, caso tenha se esquecido de alguma coisa.
Com os olhos marejados e sem articular palavra, ele olhava para o comandante e
para o assento do piloto, temendo acordar a qualquer momento.
- Com todo o respeito, – conseguiu finalmente dizer – em momento algum da
minha vida eu me esqueci de como isto se faz. - Não duvido Comandante Loureiro,
não duvido. Sua fama como piloto é legendária, e se não fosse ela, jamais teríamos
conseguido permissão da companhia para que o senhor pilotasse. Agora seria bom
sentar-se, pois estamos atrasados. Assim que se sentou, sua expressão modificou-se
e os gestos tornaram-se precisos e mecânicos. O avião tornara-se parte do seu
corpo. Todos os procedimentos faziam parte de um ritual sagrado que ele
interiorizara tão bem quanto o ato de andar, mastigar ou piscar os olhos. Pelo rádio,
pediu autorização para taxiar até a pista. Na resposta, outra surpresa. Ele conhecia
aquela voz.
- Antunes? – perguntou timidamente.
A resposta veio precedida por uma risada.
- Então Loureiro, você acha que é o único velho sortudo que vai ter a oportunidade
de se despedir dessa sucata? Em nome de todos os controladores (aposentados e
ativos) dou-lhe os parabéns pelo aniversário e desejo um ótimo vôo para o já
saudoso 734. Não poderia estar em melhores mãos. Enxugando rapidamente uma
lágrima que teimava rolar pelo canto do olho, ele disse:
p. 109
- É bom saber que eu não sou o único gagá neste aeroporto. Agora me dá a
autorização logo antes que eu fique em último na fila. - Não se preocupe, parece
que todos os comandantes neste aeroporto sabem do evento e se recusam a decolar
enquanto não virem à última decolagem do “Loureiro e seu passarinho de
estimação”.
- Fazia tempo que eu não ouvia essa expressão… bom, então se temos platéia, que
o show seja bonito. Taxiando ao ponto de espera da pista 09L… É difícil descrever
o que se passava em seu interior. Ele decolou ao som de palmas dos passageiros e
da torre de controle, foi saudado com entusiasmo pelo pessoal do Controle e depois
do Centro. Passou pelos 20.000 pés e, quando finalmente nivelou nos 33.000 pés,
morreu.
Hoje em dia, quem visitar a sua lápide, pode ler. “Pilotou para viver e pilotou para
morrer”. Em baixo, uma foto do velho comandante em frente ao seu 734. Na foto,
os dizeres “Loureiro e seu Passarinho de Estimação. Um não viveria sem o outro.”
Fonte: http://www.mytho.com.pt
PIADAS SOBRE AVIAÇÃO
PANE NO AVIÃO
Num avião, o som das turbinas está diferente. Os passageiros começam a
estranhar constantes turbulências. O avião chacoalha sem parar. Luzes se apagam e
ascendem. Os maleiros se abrem. As bagagens caem. O nariz do avião se inclina
para baixo. O carrinho de serviço atravessa toda extensão da aeronave e vai bater
na porta da cabine que está fechada. O pânico é geral, mas finalmente o serviço de
alto-falantes entra em ação: Srs. Passageiros: “Aqui fala o comandante Rocha e sua
tripulação. Os senhores entenderão, a seguir, o porquê de tanta demora nas
informações. Mas, voou prosseguir antes que o rádio também comece a falhar: se
olharem à direita verá a turbina em chamas. Se olharem à esquerda verá os flaps
emperrados. Se olharem abaixo verão cinco pára-quedas abertos. Somos nós que
saltamos. Boa sorte a todos! E mais uma vez, obrigados por voar sempre conosco”.
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JUMBO CHINÊS
Dia de festa no aeroporto de Changai: o primeiro avião Jumbo chinês está
pronto para decolar. Os passageiros ouvem a voz do comandante: “Senhores
passageiros, quem está falando é o Comandante Yung Fu que, juntamente com sua
tripulação, sente-se muito honrado em pilotar o primeiro Jumbo chinês. Temos
uma primeira classe com 22 camas, uma segunda classe com poltronas-leito para
700 passageiros. No segundo andar, além de duas piscinas com banheiros e saunas,
temos ainda o restaurante com boate, duas quaras de tênis e um shopping. Antes de
lhes desejar uma boa viagem, quero lhes informar que dou o c, se esta p... sair do
chão”!
O EXIBICIONISTA
Num pernoite, uma comissária convida o piloto para ir ao seu quarto. Ele, todo
exibicionista, tira a camisa, mostra os bíceps e diz: “Isso são 80 quilos de pura
dinamite”! Mostra o abdômen e diz: “Cem quilos de pura dinamite”! Depois, tira a
calça, mostra as coxas e diz: “Cento e vinte quilos de dinamite”! Enfim, tira a
samba-canção e a comissária sai pelo corredor gritando: “Evacuem o hotel! Meu
quarto está lotado de dinamite e o pavio é curto”!
SOLDADO ABUSADO
O sargento comandava os jovens soldados:
- Avançar... Sentido! Marchar... Alto! Meia volta! Esquerda... Direita... Avançar...
Alto!
De repente, um recruta sai da fila.
- Soldado Silva! Aonde você vai? – gritou o sargento.
- Vou pro alojamento... Volto daqui a pouco, quando o senhor tiver tomado uma
decisão!
PASSAGEIRO MAL EDUCADO
Um rapaz, dentro de um avião, solta um peito barulhento ao lado de um casal
distinto. O marido, irritado, protesta:
- Mas que falta de respeito! O senhor não tem maneiras?
- É a natureza, meu velho! – responde o rapaz em tom malcriado.
p. 111
- Por quê? O senhor consegue segurar?
- Claro!
-O rapaz solta outro ainda mais barulhento.
- Então, segura este!
MEDO DE AVIÃO
O cara morria de medo de avião.
No balcão do aeroporto, quando a moça perguntou que lugar ele preferia,
respondeu.
- Dentro da caixa preta, por favor!
É POSSÍVEL?
O sujeito chega ao balcão de uma companhia aérea para fazer o check-in,
deposita duas malas enormes na esteira e ordena:
- Quero que essa mala vá pra Paris e a outra para Tel-Aviv!
- Mas meu senhor – interpela a atendente, - isso não é possível. Além do mais a sua
passagem é para Miami.
- Como não é possível? Foi exatamente o que vocês fizeram na semana passada!
CONTROLADOR DE VOO
O avião entra em pane e o comandante chama a torre de controle.
O controlador de voo pergunta:
- Qual é a sua altura e posição?
- Um metro e setenta e estou sentado de pernas abertas!
EMERGÊNCIA
O piloto de um Boing 747 faz contato com a torre.
- Atenção, torre! Atenção torre! Emergência!
- As duas turbinas direitas estão em chamas, por favor, me dê instruções do que
fazer!
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- Corte a alimentação das turbinas.
- Impossível, a chave está emperrada!
- Então, tente um pouso de emergência no aeroporto mais próximo!
-Impossível, o sistema hidráulico pifou!
-Então, repita comigo: Pai nosso que estais no céu...
NO ELEVADOR
Uma comissária entrou no elevador do aeroporto. Viu que estava sozinha,
aproveitou para soltar um pum. Preocupada de alguém entrar, pegou o desodorante
e perfumou somente a parte de cima do elevador.
Em seguida o elevador para no andar acima e entra um piloto.
Ele olha de um lado para o outro e torce o nariz. A comissária pergunta:
- O que foi?
Ele responde:
-Alguém cagou no pé de jasmim!
O ADVOGADO
O avião estava com problemas nos motores e o piloto pediu às comissárias de
bordo para prepararem os passageiros para uma aterrissagem forçada. Depois, ele
chama uma atendente para saber se tudo está bem na cabine e ela responde:
-Todos estão preparados, com sinto de seguranças e na posição adequada, menos
um advogado, que está entregando o seu cartão aos passageiros.
MALA VOADORA
PRO MOÇÃO E PARA A MOCINHA! Chegou a solução para seus problemas!
Você não precisará mais utilizar sua cueca ou calcinha, para transportar seu
dinheiro. Para sua comodidade criamos a “mala voadora”, única no transporte de
grandes valores! Ela possui asas para facilitar sua vida!
Depois dela, não haverá para mais ninguém! Mas, se por acaso você for pego na
alfândega do aeroporto reze. “O senhor é o meu pastor! Se a Polícia Federal não
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aprender meus dólares, nada me faltará! Há “malas”, ops, digo males que vem
.
para o bem, ou será que são para os“bens”
AEROMOÇA
Um latino, sentado no bar do aeroporto de New York, observa uma linda
mulher vestida com uniforme, sentada em outra mesa. Ele pensa em como iniciar o
papo que pode ser promissor e logo pensa: “Esta garota tem que ser aeromoça”.
Mas, de que companhia aérea será?”Com a esperança de se dar bem, se aproxima
dela e diz: - "Love to fly and it shows".
A moça lhe olha com cara de quem foi confundida e ele pensa:
"Não trabalha para a Delta." Pouco tempo depois, se lembra de outro slogan e
manda: - "Something special in the air?"
Ela lhe dá outra olhada com a cara confusa e o cara pensa:
"Também não é da American Airlines." e, já ataca mais um slogan:
- "I would really love to fly your friendly skies.
Desta vez a garota responde:
- Escucha hijo de puta! Que quieres?!?!?
Porque no vas hablar com la puta de tu madre?!?
O homem sorri e diz: "- Ahhhh, *Aerolíneas Argentinas*!!!"
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SAUDADES DA VARIG
Uma homenagem á primeira companhia aérea do Brasil.
Orgulho do Rio Grande, glória da nação.
A Varig foi uma das melhores empresas aéreas do mundo.
Tinha uma estrutura e experiência incomparável, sabia voar, porque tinha um time
de profissionais extraordinários, que não se cria da noite para o dia, era motivo de
orgulho para o nosso país. Viveu um bom tempo de sua existência sem
concorrentes e era referência em serviço de primeira qualidade e segurança. O
atendimento aos passageiros era reconhecido pelos experts em transporte aéreo
como a melhor do mundo, pois possuía um atendimento de bordo de primeira
categoria.
Enquanto a Varig viveu a aviação brasileira funcionava, e inspirava confiança
aos passageiros.
Varig, a empresa aérea brasileira era conhecida e respeitada internacionalmente, e
se degradou até a destruição. O vazio deixado pela Varig nunca poderá ser
preenchido por qualquer outra empresa. Nenhuma outra empresa brasileira pode
nos oferecer 80 anos de experiência e tradição e muito menos o charme que só
encontramos na Varig.
O fim da Varig foi uma profunda tristeza para todos nós funcionários,
passageiros e para a nação. Foram muitas lágrimas de dor, coração partido e
desespero ao ver a estrela se apagando e ninguém para socorrê-la. Infelizmente foi
um resultado da ganância e irresponsabilidade administrativa somada ao descaso
governamental, destruída, usurpada, e explorada. O seu assassinato foi
premeditado pelos delinquentes administradores, que mais podiam ser chamados
de sanguessugas do ar. Se tivéssemos um governo decente e com um mínimo de
visão, teria lutado para manter o patrimônio mais precioso do nosso país.
Jamais teremos outra empresa aérea igual à Varig, que tanto nos orgulhávamos
de ver seus aviões voando neste imenso céu azul pelo mundo a fora, levando a sua
marca registrada: a carismática “Estrela Brasileira”.
A mais querida empresa aérea do Brasil que tanto brilhou, estará para sempre
brilhando em nossos corações.
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HOMENAGEM AO ASTRONAUTA
MARCOS PONTES
Quando se acredita em um ideal deve-se lutar por ele até o fim e foi o que fez o
nosso querido Tenente Coronel Marcos Pontes, conseguiu realizar o seu maior
sonho por ser persistente e destemido.
Mostrou que na batalha da vida só vencem os fortes. A sua realização pessoal, sua
coragem, ousadia e acima de tudo por fazer nosso povo sentir orgulho, um
sentimento que faz muito tempo que não se senti por aqui. Com tantos políticos
sem caráter nos envergonhando e nos desonrando a todo instante, e um cidadão
simples como você, nos encheu de orgulho e nos deixou honrados por ser o
primeiro astronauta brasileiro em uma missão espacial.
Obrigada por nos mostrar que, nós brasileiros, possuímos competências e
habilidades em dose suficiente para realizarmos nossos sonhos à medida que nos
empenhamos com amor e dedicação em nossas vidas, buscando nossos objetivos.
A sua coragem elevou nossa moral e a nossa bandeira ao mais alto cume do
espaço aéreo. Você é o ídolo que faltava em nosso país.
Que teu exemplo sirva de incentivo para milhões de brasileiros, crianças, jovens
e adultos, mostrando que tudo é possível e que somos capazes quando somos
honestos e trabalhamos com dignidade e competência.
Você registrou a sua vitória na história do nosso país para 186 milhões de
corações, que nesse instante quero agradecer-lhe por ter nos proporcionado esta
imensa alegria. Você é um marco para toda uma nação. Tenente Coronel voe
sempre, voe cada vez mais alto, por que, cercas não foram feitas para quem tem
asas como você. Estou muito orgulhosa e muito feliz por você ser brasileiro.
p. 116
ÚLTIMA CARTA DE SANTOS DUMONT
"São Paulo, 14 de julho de 1.932
Meus patrícios. Solicitado pelos meus conterrâneos
mineiros moradores neste Estado, para subscrever uma
mensagem que se reivindica a ordem constitucional do
pais, não me é dado, por motivo de moléstia, sahir do
refugio a que forçadamente me acolhi, mas posso, ainda,
por essas palavras escriptas, affirmar-lhes, não só o meu
inteiro applauso, como também o apello de quem tendo
sempre usado a gloria da sua Pátria, dentro do progresso
harmônico da humanidade, julga poder dirigir-se em geral
a todos os seus patrícios, como um crente sincero em que
os problemas de ordem política e econômica, que ora se
debatem, somente dentro da lei magna poderão ser
resolvidos, de forma a conduzir a nossa Pátria á superior
finalidade dos seus altos destinos.
Viva o Brasil unido!
Santos Dumont"
p. 117
CARO LEITOR (A)
Você que gostou do meu livro virtual, gostaria
imensamente que o divulgasse para todos os seus
amigos, para que eles possam dar boas gargalhadas com
as histórias aqui contadas. Quem sabe, muitos devem
ter passado por situações parecidas ou idênticas. Fiz
este livro virtual pensando em vocês, com muito
carinho, para mostrar um pouco mais deste mundo
louco, maravilhoso e fascinante dos “Bastidores Cômicos
da Aviação, do Passageiro ao Piloto”. Agora, se você é
uma pessoa que valoriza esse trabalho, pelo longo
esforço que tive dia e noite dormindo em aeroportos
deste mundo afora, entrevistando passageiros e pilotos,
pode me enviar uma pequena gratificação. Depósito no
Banco Itaú – agencia 1000 C/C 66783-0. Mesmo que
você não o faça, ficarei contente do mesmo jeito. Deixo
aqui o meu muito obrigada por ter lido o meu livro
virtual. Te desejo muito sucesso em toda sua vida. E
muito humor também.
Detalhes das viagens e fotos no blog:
www.cleia.carvalho.nafoto.net
Email: [email protected]
p. 118
Agradecimento
Quero agradecer de coração às pessoas que me deram
forças e me incentivaram a escrever este livro virtual, para
que se tornasse um meio de entretenimento.
A minha atitude em relatar também a minha história,
serviu para valorizar-me cada vez mais como pessoa.
Foi uma jornada muito divertida e, com certeza, sem
os depoimentos de algumas pessoas eu jamais teria
sido motivada a tentar esta façanha: escrever este livro.
Eu curti, eu sorri e chorei.
O importante foram às emoções que eu vivi.
Cléia Carvalho
Um brinde a todos vocês. Tim-tim!!!
Até o próximo voo.
p. 119
POSFÁCIO
Cleia quero fazer um agradecimento pelo convite. Antes de mais nada, pela
possibilidade de ter abrilhantado o nosso jornal, falando da nossa profissão, que às
vezes nem é conhecida e nem reconhecida. Tem uma frase que você disse no seu
primeiro livro: 1001 Cantadas de Uma Mulher.
“Aeronáutica, estes são os nossos heróis, defensores
de nossa Pátria, amada, cheios de bravura”.
Prá mim, particularmente, é um orgulho muito grande saber que você pensa
isso da gente. Eu espero que todos os meus companheiros tenham a oportunidade
de conhecerem o seu trabalho. O que mais me impressionou, também, é a sua força
de vontade pelo que você quer, não só neste sentido, mas em todas as coisas que a
gente tem conversado. Há uns anos atrás, na época em que estudava e achava que
não ia conseguir atingir meus objetivos, eu pensava sempre numa coisa que eu
ouvia muito. Vou falar pra você. É mais ou menos assim:
...”O querer é poder arquiopotente, é a
decisão firmada em tua mente”.
Fraco é aquele que fraco se imagina,
olha ao alto o que ao alto se destina,
a confiança em si mesma é a trajetória
que eleva aos altos cimos da Vitória.
Nem sempre o que mais corre a meta alcança,
nem mais longe o mais forte o disco lança.
Mas o que, certo em si, vai firme em frente,
com a decisão firmada em sua mente”.
(Trecho da poesia “A Vitória da Vida”, de Plínio Salgado).
Parabéns
Tenente Coronel Henry Wender Munhoz
p. 120