portugala - Museo del Mar de Ceuta

Transcrição

portugala - Museo del Mar de Ceuta
PORTUGALA
n.o 13 * MAIO 2009 * semestral
Noticiário Malacológico
INSTITUTO PORTUGUÊS
DE MALACOLOGIA
Membro filiado da UNITAS MALACOLOGICA
Editorial
O
IPM vive tempos de mudança. Tomou posse recentemente um novo
corpo directivo a quem se deseja o maior sucesso e de quem se espera
a capacidade para fazer do IPM uma organização cada vez mais
dinâmica, atractiva e englobante dos interesses malacológicos nacionais.
Talvez tenha estado aqui o «calcanhar de Aquiles» do IPM (e contra
mim falo, que fui membro da direcção durante os dois anteriores mandatos).
É necessário reinventar estratégias para atrair um maior número de membros entre
as novas e as já estabelecidas gerações de malacólogos, que possam ver na instituição uma
mais-valia e com ela alinharem.
Ao ler, recentemente, o Público online constatei com interesse que duas
espécies de moluscos (uma lesma terrestre do País de Gales: Selenochlamys
ysbryda; e um caracol da Malásia: Opisthostoma vermiculum) guram
entre o «top-ten» de 2008 das novas espécies descritas para a Ciência
(de entre as 18 516 novas espécies). Esta lista é publicada anualmente
pelo International Institute for Species Exploration, da Universidade
do Arizona, nos Estados Unidos e ilustra bem o desconhecimento
que ainda temos do património natural do Planeta e o muito
trabalho que nos resta pela frente, também no que aos moluscos
diz respeito.
Por último, é com apreço que registo que a exposição
sobre a vida de Charles Darwin, na Gulbenkian, encerrou
com número recorde de visitantes. Nunca um exposição
na Fundação tinha sido vista por tamanha multidão,
nada menos do que 161 mil visitantes.
O EDITOR
Neste número
Novos desafios
por JOAQUIM REIS ................................. 2
DARWIN: polvos, vinagreiras
e fósseis da terra da morabeza
por MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIAS 3
Relação simbiótica: Elysia timida
e Acetabularia acetabulum
– fotossíntese em Lesmas-do-mar
por PATRÍCIA VENTURA ....................... 5
Testando a hipótese de VERMEIJ
por JOÃO CRUZ ..................................... 7
Nota sobre a associação entre
o gastrópode Pedicularia sicula
(Cænogastropoda: Ovulidæ)
e o hidrocoral Errina dabneyi
(Hydrozoa: Stylasteridæ) nos Açores
por ANDREIA BRAGA-HENRIQUES,
M. CARREIRO-SILVA,
F. PORTEIRO,
V. MATOS,
I. SAMPAIO,
O. OCAÑA
& S. ÁVILA ........................................ 9
Potencial relação entre factores
genéticos e fisiológicos
e o crescimento na amêijoa-boa
(Ruditapes decussatus)
por JOANA TEIXEIRA DE SOUSA,
DOMITÍLIA MATIAS,
SANDRA JOAQUIM
& ALEXANDRA LEITÃO .................. 11
M@rBIS
— um Sistema de Informação
para a Biodiversidade Marinha
por MÓNICA ALBUQUERQUE ............... 14
As Ostras do Tejo
...e da minha infância
por M. M. MALAQUIAS ......................... 15
NOTÍCIAS DO RECTÂNGULO 11
por ANTÓNIO MONTEIRO .................... 17
INFORMAÇÕES GERAIS
— Publicações recentes .................... 18
— Reuniões, Cursos e Exposições . 20
O IPM tem novo elenco directivo ...... 21
Evolution Megalab 09............................ 22
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
2
PORTUGALA
n.o 13 * MAIO 2009 * semestral
ISSN 1645-9822 * Depósito Legal 210446/04
Noticiário Malacológico
do INSTITUTO PORTUGUÊS
DE MALACOLOGIA
Director: JOAQUIM REIS
Secretário: MANUEL LOPES LIMA
Editor: MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIAS
E
m ano de grandes desafios a nível nacional e mundial o IPM surge de cara lavada, pronto também ele a
assumir novos desafios. No passado dia 16 de Maio
foram eleitos os novos corpos dirigentes do Instituto,
na maior renovação desde há seis anos. Com o objectivo de dar continuidade
ao excelente trabalho da
direcção anterior, esperamos que o IPM seja cada
vez mais o ponto de encontro de profissionais,
aficionados, interessados
por JOAQUIM REIS
e curiosos do mundo dos
Presidente da Direcção
moluscos em Portugal. Já
no final deste ano teremos
novo Congresso Português
de Malacologia, mais uma oportunidade para nos
encontrarmos pessoalmente e partilharmos as nossas
experiências e conhecimentos. A dinamização conseguida nos últimos anos e o sucesso da mobilização da
comunidade em eventos como o Congresso Europeu de
Malacologia, em Ponta Delgada, permitem-nos querer
ir mais além. O próximo passo será sem dúvida a ligação ao resto da sociedade civil, através de acções de
divulgação e educação para os quais o IPM deve ser um
promotor privilegiado. Passo a passo, caminhamos no
bom sentido!
Novos
desafios
Colaboram
neste número:
ANDREIA BRAGA-HENRIQUES
[email protected]
ANTÓNIO MONTEIRO
[email protected]
JOANA TEIXEIRA DE SOUSA
[email protected]
JOÃO CRUZ
[email protected]
JOAQUIM REIS
[email protected]
M. M. MALAQUIAS
[email protected]
MANUEL ANTÓNIO E. MALAQUIAS
[email protected]
MÓNICA ALBUQUERQUE
[email protected]
PATRÍCIA VENTURA
[email protected]
Gráfico: M. M. MALAQUIAS
O conteúdo dos artigos publicados é da exclusiva responsabilidade dos seus Autores
INSTITUTO PORTUGUÊS
DE MALACOLOGIA
Zoomarine - E. N. 125 km 65
Guia - 8201-864 ALBUFEIRA
PORTUGAL
Tel: 289 560 300 * Fax: 289 560 309
E-mail: [email protected]
O IPM é apoiado
pelo Fundo de Apoio à Comuni dade Científica, da Fundação
para a Ciência e Tecnologia
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
3
DARWIN:
polvos, vinagreiras e fósseis
na terra da morabeza
por MANUEL ANTÓNIO
E. MALAQUIAS
Bergen Museum
(Natural History Collections)
Imagem do «Beagle».
N
mundo da ciência são sobejamente conhecidas histórias
em que acaso e descuido deram azo a verdadeiras revoluções
de saber. Desde a célebre e anedótica descrição da maçã
que ao desprender-se da árvore atingiu Newton na cabeça,
inspirando-o a congeminar a teoria da gravidade; ou a fortuita descoberta da penicilina por Alexander Fleming, o primeiro antibiótico
conhecido, depois deste ter-se esquecido durante semanas de culturas de
bactérias num recanto do seu laboratório.
No universo dos frutuosos «acasos científicos», a presença de Charles
DARWIN a bordo do «Beagle» tem lugar de destaque! A participação de
DARWIN na viagem de circum-navegação do «Beagle», resultou de
um pedido do capitão do navio Robert FitzRoy ao Almirantado Inglês,
O
a solicitar a presença a bordo de um «moço de companhia», com quem
pudesse conversar durante as longas horas de calmaria e solidão que a
expedição deixava antever. Aceite o pedido por parte do Almirantado,
deu-se início ao recrutamento. Tanto quanto se sabe, só após pelo menos
três recusas de outros tantos potencias candidatos ao lugar, é que DARWIN
entra em cena! DARWIN que à data estudava teologia em Cambridge
mas já indiciava forte inclinação pelo estudo das ciências naturais,
nomeadamente pela entomologia e geologia, mostrou-se desde logo
entusiasmado com a ideia da viagem e possibilidades que se anteviam de
fazer observações e colheitas inéditas. Contudo, Darwin deparou-se
com fortes objecções por parte do pai, que não via com bons olhos a
paragem dos estudos em Cambridge para embarcar numa aventura náutica
4
de retorno inserto. Foram necessárias longas e penosas discussões, até
DARWIN conseguir obter consentimento, mas finalmente a 1 de Setembro
de 1831 este pode aceitar a oferta e o «moço de companhia» começou de
imediato os preparativos para a grande aventura da sua vida onde viria a
reunir os ingredientes com os quais viria a escrever a Origem das Espécies,
um dos livros (senão o livro) mais determinante na história do
pensamento moderno tendo revolucionado a maneira de vermos o
Mundo.
O «Beagle» zarpou do porto de Plymouth, no Sul de Inglaterra,
a 27 de Dezembro de 1831, com uma tripulação de setenta e três homens
na qual se incluía Charles DARWIN. Tinha havido uma tentativa de
zarpar no dia anterior, mas mais de metade da tripulação encontrava-se
«em lugar inserto», embriagada, ou ressacada devido aos festejos do dia
de Natal, vendo-se o Capitão FitzRoy forçado a cancelar a largada!
O primeiro porto de destino foi a Ilha da Madeira, onde o «Beagle»
chegou a 4 de Janeiro de 1832; contudo o mau tempo não permitiu à
tripulação desembarcar e foi decidido rumar de imediato a Tenerife no
arquipélago das Canárias. Aqui, mais uma vez os planos de desembarque
sairão frustrados, pois as autoridades sanitárias da ilha não permitiram
que a tripulação fosse a terra, sem antes cumprir uma quarentena de doze
dias devido há existência de um surto de cólera em Inglaterra. FitzRoy
decidiu que não havia tempo a perder e ordenou que o «Beagle» rumasse
de imediato às ilhas de Cabo Verde, onde aportou na hoje Cidade da Praia,
Ilha de São Tiago, a 16 de Janeiro e onde permaneceu até ao dia 7 de
Fevereiro. Foi aqui que pela primeira vez DARWIN foi a terra e observou
as mais «estranhas» criaturas e comportamentos que alguma vez tinha
visto. Ficou extraordinariamente surpreendido
com a capacidade dos polvos mudarem de cor,
tendo mesmo comparado estas criaturas a
camaleões; igualmente com a capacidade natatória
e defensiva destas criaturas, que libertavam uma
tinta escura quando molestadas. Um exemplar de
um polvo recolhido por DARWIN, em Cabo Verde,
encontra-se ainda hoje guardado nas colecções
malacológicas do Museu de História Natural de
Londres. Outro molusco que cativou a atenção de
DARWIN, foram as vinagreiras do género Aplysia
(provavelmente da espécie Aplysia dactylomela).
DARWIN conhecia seguramente este molusco
também presente no litoral Britânico, mas deve
ter sido sobretudo a dimensão desta espécie de
afinidades tropicais, que lhe prendeu a atenção.
A descoberta mais intrigante e seguramente
mais estimulante para DARWIN foi a presença de fácies de conchas fósseis
nos arredores da Cidade da Praia, sensivelmente quinze metros acima do
nível do mar. Esta observação colocava uma série de questões. Por
exemplo, como é que as conchas tinham ido ali parar? Começava assim em
palco cabo-verdiano, o longo e paulatino processo de acumulação de
evidências que culminaria vinte e sete anos mais tarde, em 1859, com a
publicação da consagrada teoria da origem das espécies por selecção
natural.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
O polvo de DARWIN (cortesia do Museu de
História Natural de Londres).
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
5
Relação simbiótica:
Elysia timida e Acetabularia acetabulum
— fotossíntese em Lesmas-do-Mar
por PATRÍCIA VENTURA
Aluna finalista da licenciatura em Biologia
no Instituto Superior de Agronomia
H
em todos nós uma curiosidade inata sobre o desconhecido.
Para mim o desconhecido traduzia-se, há uns meses, por
lesmas-do-mar que fotossintetizam.
O conceito, até então estranho, facilmente me cativou. Pensar que
pequenos moluscos podem ser capazes de algo tão complexo, que apenas
associamos ao grande grupo das plantas, é magnífico!
Aquilo a que me proponho é dar-vos a conhecer o trabalho que
tenho vindo a desenvolver nos últimos meses. Trabalho esse, que remete
para a associação simbiótica entre organismos invertebrados e algas
marinhas, nomeadamente entre a lesma-do-mar Elysia timida e a alga
Acetabularia acetabulum.
A Elysia timida (Fig. 1) é uma espécie de lesma-do-mar endémica do
Mediterrâneo que se alimenta da alga Acetabularia acetabulum, embora
não esteja totalmente comprovada a exclusividade desta alga. Pertencente
Á
Fig. 1. Elysia timida (RISSO,1818) colhida em
Mazarrón, Sul de Espanha.
à ordem Sacoglossa, possui uma rádula especial constituída por uma fileira
de dentes, cada um em forma de faca, que usam para perfurar a parede
celular das algas, sugando todo o conteúdo das células. Adquirem
intracelularmente cloroplastos não danificados, libertando-se de qualquer
outro organelo associado à alga. Os cloroplastos retidos, no caso desta
espécie, permanecem funcionais por um período de cerca de 45 dias, em
secções especializadas da glândula digestiva. Nesta relação de simbiose
entre alga e animal, os cloroplastos não demonstram capacidade de crescer
ou mesmo dividir. Com um tempo de retenção curto, esta não é de todo
a espécie mais eficiente no que toca ao aproveitamento energético da
6
relação simbiótica. Na mesma família, existem casos em que as lemas
sobrevivem sem alimento, em laboratório, durante aproximadamente
dez meses, como é o caso da Elysia chlorotica.
Tendo como foco a fantástica capacidade que estes seres manifestam
no que toca à retenção de cloroplastos funcionais a partir da alga de que
se alimentam, pretendo fazer a avaliação da eficiência fotossintética, tanto
de algas como de lesmas, em três situações distintas (imediatamente após
a amostragem, numa experiência com patamares luminosos diferentes
(Fig. 2) e numa terceira experiência, a luz
constante, em jejum). A amostragem de
todos os organismos utilizados neste
projecto decorreu na região do Mar
Mediterrâneo em três regiões onde, as
condições de luminosidade, temperatura
e hidrodinâmica são distintas.
Para a avaliação da eficiência fotossintética recorri ao fluorómetro PAM
(Pulse Amplitude Modulated – Pulso de
Amplitude Modulada). Desenvolvido
para ser utilizado em vegetais, tem sido
em anos recentes adaptado aos animais,
embora a precisão deste seja inferior
dada a mobilidade dos mesmos.
Utilizando por base a fluorescência,
através do PAM é possível fazer a
medição indirecta da eficiência
fotossintética.
Com a inclusão de cloroplastos no animal, é de esperar a associação
de alguns pigmentos. O seu estudo será feito pelo uso do HPLC (High
Performance Liquid Cromatography – Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência). Por comparação entre os pigmentos presentes nas lesmas e
nas algas, podemos verificar se de facto os pigmentos presentes no animal
provêm da alga em estudo ou se serão provenientes de outra espécie.
Outro dos factores pertinentes da análise dos pigmentos é a
funcionalidade ou não, do ciclo das xantofilas nas lesmas como ocorre
nas algas. Quando a energia absorvida excede a capacidade fotossintética,
é necessário haver a dissipação da mesma, de forma a evitar a danificação
dos pigmentos e proteínas. O papel de fotoprotecção é desempenhado
pelo ciclo das xantofilas, onde ocorre a conversão de violaxantina em
zeaxantina, através de um pigmento intermédio, anteraxantina. Convém
realçar que já foi demonstrado, na Elysia timida, que a área de exposição
dos parápodes (prolongamentos dorsais do manto) responde à irradiância que incide sobre os mesmos, ou seja, no escuro desdobram os
parápodes e fecham-nos gradualmente na presença de luz. Evitam assim
a degradação dos pigmentos.
Aqui ficam as perguntas a que me proponho responder. Terão os
cloroplastos retidos nos animais a mesma capacidade fotossintética que
os presentes nas algas? Será que nos diferentes locais amostrados
podemos ter eficiências diferentes? Estão presentes os pigmentos-chave
da alga nos animais? Faz sentido que as lesmas possuam dois mecanismos
de fotoprotecção?
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
Fig. 2. Aparato experimental correspondente à
experiência dos patamares luminosos,
obtido através de filtros adequados.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
7
Testando a Hipótese de VERMEIJ
por JOÃO CRUZ
Faculdade de Ciências
da Universidade de Lisboa
G
J. VERMEIJ, biólogo e paleontólogo holandês radicado
na Califórnia, tem desenvolvido ao longo dos anos um
interessante trabalho sobre a arms race, a corrida às armas,
defendendo a relação predador-presa, mais concretamente
o desenvolvimento de respostas face a estratégias de defesa e predação,
como um dos principais factores evolutivos. Os estudos de VERMEIJ
têm-se focado sobretudo em moluscos, tanto formas actuais como fósseis.
Em 2004, numa participação no livro Frontiers of Biogeography – New
Directions in the Geography of Nature, VERMEIJ sugeriu que, devido à menor
pressão predatória, os invertebrados marinhos das ilhas oceânicas estão
menos protegidos que os seus congéneres da costa continental. Esta teoria
foi formulada com base em inúmeros dados, recolhidos pelo autor e por
diversos investigadores, relativos à biometria de caracteres associados
a uma maior capacidade defensiva das conchas, como a sua espessura ou
a altura da espira.
O projecto «Testando a Hipótese de VERMEIJ: comparação das
defesas das comunidades litorais em ilhas oceânicas e continentes»,
financiado pela FCT, propõe-se a abordar esta questão de uma perspectiva
química, tentando averiguar se a hipótese de VERMEIJ também se adequa
a invertebrados marinhos sem uma protecção estrutural e que, portanto,
ERAAT
Stramonita — A – Fóssil de Stramonita hæmastoma recolhido nos Açores. B – Exemplar actual
de Stramonita hæmastoma proveniente dos Açores. C – Exemplar actual de Stramonita hæmastoma
proveniente de Cabo Verde. Nas formas actuais é evidente uma maior abertura da concha, quando comparadas com
a forma fóssil. De realçar também a maior robustez do exemplar de Cabo Verde em relação ao exemplar açoreano.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
8
Columbella — A – forma fóssil de Columbella rustica datada do Plistocénio superior, recolhida em Itália.
B – Exemplar actual de Columbella rustica proveniente do Algarve. C – Exemplar actual de Columbella adansoni
proveniente dos Açores. Embora não estejam em tão bom estado, é evidente o menor comprimento da espira nos exemplares
de C. rustica. VERMEIJ sugeriu que um menor comprimento da espira resultaria numa maior capacidade defensiva.
recorram a defesas químicas no combate aos predadores. Para tal,
comparar-se-ão pares de espécies de nudibrânquios e esponjas dos Açores
e de Portugal continental.
Contudo, e porque os dados trabalhados por VERMEIJ são relativos
a espécies do Pacífico, no âmbito deste projecto estão também a ser
estudadas as defesas estruturais de gastrópodes do Atlântico, tendo sido
escolhidas três espécies: Stramonita hæmastoma (com uma distribuição
generalizada em ilhas e costa continental atlântica), Columbella adansoni
(espécie com desenvolvimento indirecto e existente nas ilhas oceânicas e
na costa continental atlântica abaixo do Senegal) e Columbella rustica
(espécie com desenvolvimento directo e existente da costa portuguesa à
costa senegalesa). Com a colaboração dos coleccionadores Carlos Afonso,
Gonçalo Rosa, José Luís Piedade, José Pedro Borges, Pedro Rosa, Rita
Coelho, Rita Santiago e Rui Mendes, foi reunida uma colecção destas
espécies, com centenas de exemplares provenientes de Portugal continental, Açores, Madeira, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe
e Senegal. Graças à colecção particular de Bernie Landau e à Colecção do
Departamento de Biologia da Universidade dos Açores, foi também
possível reunir exemplares fossilizados destas espécies. Mediu-se então
a largura e comprimento das conchas, a espessura do lábio, a altura da
espira, o comprimento da abertura e o peso de todos os exemplares.
Os dados obtidos estão ainda a ser trabalhados estatisticamente,
mas pretende-se comparar os grupos de espécies de acordo com a latitude
a que se encontram, ou seja, as populações dos Açores serão comparadas
com as de Portugal Continental e as de Cabo Verde com as do Senegal.
Ao mesmo tempo, olhar-se-á para as diversas populações da Macaronésia,
comparando-as entre si e tentando perceber se há diferenças estruturais
significativas entre elas.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
9
Nota sobre a associação entre o gastrópode
Pedicularia sicula (Cænogastropoda: Ovulidæ)
e o hidrocoral Errina dabneyi (Hydrozoa: Stylasteridæ)
nos Açores
por ANDREIA BRAGA-HENRIQUES1,
M. CARREIRO-SILVA1,
F. PORTEIRO1,
V. MATOS1,
I. SAMPAIO1,
O. OCAÑA2
& S. ÁVILA3
1
E
é a espécie de hidrocoral mais abundante na
região dos Açores (BRAGA-HENRIQUES et al. 2008). Nas suas
ramificações é frequente observarem-se gastrópodes do
género Pedicularia, um dos simbiontes mais comuns dos
hidrocorais do Nordeste Atlântico e Mediterrâneo (Fig.1). Apesar
da associação entre E dabneyi e Pedicularia ter já sido referida por
CAIRNS (1991) e ZIBROWIUS & CAIRNS (1992) desconhecia-se qual
a espécie em causa, dado que a maioria dos registos se baseou na
RRINA DABNEYI
IMAR & Department of Oceanography
and Fisheries, University of Azores,
9901-862 HORTA, Azores, Portugal.
2
Departamento de Biología Marina,
Fundación Museo del Mar,
Autoridad Portuaria de Ceuta,
Muelle Cañonero Dato S/N, 51001,
North Africa, Ceuta.
3
Department of Biology,
University of Azores,
Rua da Mãe de Deus, Apartado 1422,
9501 - 801 PONTA DELGADA,
Açores, Portugal.
Fig. 1. Hidrocoral Errina dabneyi colonizado
por gastrópodes do género Pedicularia.
observação de marcas na superfície dos exoesqueletos das colónias
(cicatrizes), correspondentes ao local de fixação do gastrópode (GOUD
& HOEKSEMA, 2001).
Neste trabalho foram examinadas 36 colónias de E. dabneyi recolhidas
entre os 200 m e 1100 m de profundidade, provenientes de capturas
acessórias da pesca com palangre de fundo na Zona Económica Exclusiva
dos Açores. Verificou-se que 22 colónias alojavam gastrópodes do género
Pedicularia, com uma densidade média de 3,9 indivíduos (desvio-padrão
3.54) por cada 25 cm2 de área da colónia (valores obtidos utilizando
o software de análise de imagem ImageJ). As cicatrizes, de difícil
detecção a olho nu, consistiam em depressões no exoesqueleto de aspecto
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
10
Fig. 2. Exemplos
de cicatrizes
causadas por
Pedicularia
sicula
no exoesqueleto de
uma colónia de
Errina dabneyi.
e tamanho idênticos à margem da concha e eram delimitadas por um
bordo proeminente (Fig. 2).
A análise morfológica dos gastrópodes amostrados em cada colónia
revelou que se tratava da espécie Pedicularia sicula SWAINSON, 1840,
reconhecendo-se assim, pela primeira vez, o hidrocoral E. dabneyi como
um dos seus possíveis hospedeiros (Fig. 3). No decurso deste estudo foi
Fig. 3. Imagens de dois
exemplares
de Pedicularia
sicula obtidas
por microscopia
electrónica
de varrimento.
ainda encontrado em colecção um exemplar do hidrocoral Lepidopora
eburnea também colonizado por P. sicula. Até à data apenas se conheciam
dois hospedeiros para esta espécie, mais concretamente os hidrocorais
Errina aspera no Mediterrâneo (ARNAUD & ZIBROWIUS, 1979) e Stylaster
ibericus no Golfo da Biscaia (ZIBROWIUS & CAIRNS, 1992).
A natureza da associação entre E. dabneyi e P. sicula parece ser um
típico caso de parasitismo, no qual o hospedeiro disponibiliza abrigo e
alimento ao parasita. Segundo HABE (1955) e ROBERTSON (1970) os
gastrópodes do género Pedicularia alimentam-se dos pólipos e tecido dos
hospedeiros, nomeadamente dos hidrocorais dos géneros Stylaster,
Distichopora, Allopora e Errina e, dos corais duros do género Solenosmilia.
Uma vez que não existem observações in situ do comportamento
alimentar de P. sicula, espera-se que a análise dos conteúdos estomacais
(trabalho em curso) possibilite a identificação de estruturas celulares
características do hospedeiro, nomeadamente nematocistos.
Referências:
ARNAUD PM & ZIBROWIUS H (1979).
L’association Pedicularia sicula - Errina
aspera en Méditerrranée (Gastropoda
Prosobranchia et Hydrocorallia
Stylasterina). Rapp. Comm. int. Mer
Médit. Monaco, 25/26(4): 123-124.
BRAGA-HENRIQUES A., et al. (2008). Coldwater corals of the Azores: preliminary assessment of distribution,
diversity and associated fauna. 4th International Deep-Sea Coral Symposium, Wellington, New Zealand,
1st-5th December 2008.
CAIRNS SD (1991). A generic revision of
the Stylasteridæ (Cœlenterata: Hydrozoa). Part 3. Keys to the genera. Bull.
Mar. Sci. 49: 538–545
GOUD J. & HOEKSEMA B. W. (2001).
Pedicularia vanderlandi spec. nov., a
symbiotic snail (Cænogastropoda:
Ovulidæ) on Distichopora vervoorti
Cairns & Hoeksema, 1998 (Hydrozoa:
Stylasteridæ), from Bali, Indonesia.
Zool. Verh. Leiden, 334(29): 77-97.
HABE T. (1955). Notes on Pedicularia
(Pediculariona) stylasteris. Hedley var.
Venus 18:157–160.
ROBERTSON, R. (1970). A review of the
predators and parasites of stony corals
with special reference to symbiotic
prosobranch gastropods. Pacif. Sci.
24: 43-54.
ZIBROWIUS H. & CAIRNS S. D. (1992). Revision of the northeast Atlantic and
Mediterranean Stylasteridæ (Cnidaria:
Hydrozoa). Mem. Mus. Nat. d’Hist.
Natur. (Ser. A, Zool.), 153: 1-136.
Agradecimentos
A. BRAGA-HENRIQUES usufrui de uma bolsa
FRCT (ref. M3.1.2/F/016/2008)
e M. CARREIRO-SILVA de uma bolsa
FCT (SFRH/BPD/34634/2007). Este
trabalho foi realizado no âmbito dos seguintes
projectos: 1) BANCOMAC (financiado
pelo programa INTERREG IIIB);
2) «Taxonomy of cold-water corals of the
Azores’ seamounts» (CenSeam minigrant/2008); e 3) CoralFISH (financiado
pela EU, 7º Programa-Quadro, Actividade
6.2 «Sustainable Management of Resources», contrato nº 213144.).
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
11
Potencial relação entre factores genéticos
e fisiológicos e o crescimento
na amêijoa-boa (Ruditapes decussatus)
por JOANA TEIXEIRA DE SOUSA1,2,
DOMITÍLIA MATIAS1,
SANDRA JOAQUIM1
& ALEXANDRA LEITÃO1
1
INRB I. P./L - IPIMAR.
Av. 5 de Outubro - 8700-305 OLHÃO
(Portugal).
2
Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias.
Campo Grande, 376 - 1749-024 LISBOA
(Portugal).
Fig. 1. Amêijoa–boa (Ruditapes decussatus).
A
amêijoa–boa (Ruditapes decussatus) (Fig. 1) é uma das mais importantes espécies produzidas em Portugal, representando
80% do total da produção nacional de moluscos bivalves. A sua
produção é uma actividade estratégica uma vez que, contribui
de forma significativa para a manutenção das economias locais e constitui
um motor gerador de riqueza e emprego no litoral.
Nos últimos anos, para além de se ter vindo a observar uma grande
variabilidade na taxa de crescimento desta espécie, o tamanho dos
indivíduos capturados tem vindo a sofrer, no geral, uma acentuada
diminuição, representando um grande problema para produtores
e mariscadores de bivalves. É, de facto, frequente, numa mesma cohort,
esta espécie apresentar dois grupos distintos, os indivíduos que crescem
mais rapidamente, os chamados «fast-growers» e os que crescem mais
lentamente, os «slow-growers». Este fenómeno ocorre apesar dos
12
indivíduos estarem sujeitos às mesmas condições de cultura, tais
como alimento, temperatura e salinidade.
Na ostra Crassostrea gigas observou-se uma correlação negativa
entre a taxa de crescimento e o fenómeno citogenético de aneuploidia
(neste caso caracterizado pela ausência de um, dois ou três cromossomas - hipodiploidia), tendo-se demonstrado igualmente que este
fenómeno se encontrava associado a factores genéticos e ambientais.
A demonstração das bases genéticas deste fenómeno revelou-se essencial,
atendendo que os produtores de bivalves têm tendência de, numa
mesma cohort, comercializar os animais que atingem o tamanho
comercial mais rapidamente (os que apresentam uma taxa de aneuploidia mais baixa) e de deixar ficar nos locais de produção, durante
mais tempo, os animais com taxa de crescimento mais lenta (os que
apresentam uma taxa de aneuploidia mais elevada). Estes últimos irão
assim ter uma participação relativa mais elevada na reprodução. Esta
forma de actuar dos produtores poderá conduzir a uma selecção negativa
para o factor crescimento.
Um bom conhecimento do fenómeno da aneuploidia nas populações
naturais e cultivadas de bivalves revela-se assim essencial, no entanto, até
hoje, nenhum estudo aprofundado sobre este fenómeno foi efectuado em
R. decussatus. Por este motivo, iniciámos na Estação Experimental de
Moluscicultura de Tavira (IPIMAR), um projecto, cujo principal objectivo
é estudar as possíveis diferenças entre «fast-growers» (Fig. 2a) e «slow-growers» (Fig. 2b) de uma mesma cohort de R. decussatus ao nível das
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
Fig. 2a. Exemplos de indivíduos «fast-growers»
de amêijoa-boa (Ruditapes decussatus).
Fig. 2b. Exemplos de indivíduos «slow-growers»
de amêijoa-boa, (Ruditapes decussatus).
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
13
Fig. 3. Metafase aneuplóide em R. decussatus,
onde se observam 37 cromossomas ao
invés do número diplóide normal
(2n=38)
possíveis alterações cromossómicas numéricas (Fig. 3), bem como ao nível
da capacidade fisiológica, nomeadamente, na eficácia da utilização dos
nutrientes através da análise de componentes bioquímicos. A informação
obtida neste trabalho será importante para a gestão, quer dos bancos
naturais, quer em termos de produção deste importante recurso.
INSTITUTO PORTUGUÊS
DE
MALACOLOGIA
Zoomarine - E. N. 125 km 65 - Guia - 8201-864 ALBUFEIRA - PORTUGAL
Tel: 289 560 300 * Fax: 289 560 309 * E-mail: [email protected]
Proposta de Sócio / Membership Application
Nome completo / Full name ____________________________________________________________
Data de nascimento / Date of birth _____/___/____ Nº B. I. / Passport number _____________________
Morada / Address: __________________________________Código Postal / Post code ________-____
Correio electrónico / E-mail __________________________ Telefone / Phone ___________________
Habilitações / Title ______________________ Profissão / Occupation __________________________
Assinatura do proponente / Signature ____________________________________________________
Quota 2009: Sócio efectivo: 20 Euros; Sócio aderente individual: 20 Euros; Sócio aderente colectivo: 50 Euros; Sócio estudante 10 Euros
(neste caso juntar cópia de comprovativo da situação de estudante).
Subscription for 2009: Executive member: 20 Euros; Ordinary member: 20 Euros; Institutional member: 50 Euros; Student member: 10 Euros (please add copy
of student ID card or other student status evidence).
Formas de pagamento: Numerário; cheque ou vale postal em nome do INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA.
Methods of payment: Cheque, money or postal order payable to the INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA.
Enviar para / Send to: INSTITUTO PORTUGUÊS DE MALACOLOGIA
Zoomarine E. N. 125, Km 65 - Guia - 8201-864 ALBUFEIRA - PORTUGAL
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
14
M@rBIS
— um Sistema de Informação
para a Biodiversidade Marinha
por MÓNICA ALBUQUERQUE
Instituto Português de Malacologia
ENQUADRAMENTO
NA ESTRATÉGIA NACIONAL
PARA O MAR
Acções Estratégicas:
•
•
Protecção e Recuperação dos
Ecossistemas Marinhos;
Promoção de Portugal como
um Centro de Excelência de
Investigação das Ciências do
Mar da Europa.
Medidas:
•
•
•
•
•
Gerir informação, integrando
bases de dados existentes, recuperando informação histórica, promovendo o acesso e
partilha de dados a nível nacional e internacional, contribuindo para a rede global de
investigação e monitorização
do oceano;
Promover a conser vação,
conhecimento e valorização da
biodiversidade marinha;
Inventariar os recursos biológicos, geológicos e mineiros do
solo e subsolo marinho e coluna de água, contribuindo para
um melhor conhecimento dos
grandes ecossistemas marinhos
e definição das regiões ecológicas;
Apostar na investigação marinha nas áreas da biotecnologia e da biodiversidade;
Estabelecer uma rede nacional
de áreas marinhas protegidas
e implementar a Rede Natura
2000 no meio marinho.
O
M@rBIS - Marine Biodiversity Information System— é um
sistema de informação para a biodiversidade do meio marinho,
sob jurisdição nacional, com o objectivo de promover a sistematização e a organização da informação científica sob
biodiversidade marinha.
Inserido na Estratégia Nacional para o Mar, integra as Regiões
Autónomas e todos os ministérios com acção e interesse nos aspectos
relacionados com a biodiversidade marinha ou com os sistemas de suporte
essenciais para a sua manutenção.
A construção deste sistema de informação sobre a biodiversidade
marinha irá permitir a Portugal inventariar e cartografar a biodiversidade
marinha, identificando as espécies e os locais particularmente importantes
para a conservação, integrando igualmente todos os dados numa rede
de informação de apoio à decisão, nomeadamente no que respeita
à extensão da Rede Natura 2000.
Para além dos objectivos principais, o M@rBIS pretende elaborar
um inventário de espécies e de habitats, identificando as principais áreas
de acção/prioridades de investigação e conservação, através de um
processo de avaliação da sensibilidade dos mesmos. Pretende também
elaborar um catálogo de instituições detentoras de dados e um catálogo
de metadados, conjuntamente com um sitio na internet com ligação às
instituições.
O Programa M@rBIS irá assim compilar a informação dispersa
por diversas entidades, permitindo a sua georeferenciação e ligação a bases
de dados internacionais, que dispõem de informação essencial para
o apoio à investigação. Nesse sentido, torna-se essencial a colaboração de
todos os profissionais e investigadores das Universidades e Institutos
ligados ao mar, ou seja, de todos nós!
Contactos:
Programa M@rBIS
EMEPC
— ESTRUTURA DE MISSÃO PARA A EXTENSÃO
DA PLATAFORMA CONTINENTAL
Rua Costa Pinto, 165
2770-047 PAÇO DE ARCOS – PORTUGAL
Tel: +351 213 027 384 • Fax: +351 213 905 225
E-mail: [email protected]
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
15
As Ostras do Tejo
…e da minha infância
por M. M. MALAQUIAS
Gráfico
N
OS tempos de menino, à beira-Tejo nascido com os pés nas areias e lodo
sobre a murraça da maré-baixa, com outros companheiros a apanhar
caranguejos ou pelas tardes de Verão em maré cheia e junto às portas-de-água das salinas puxando o camaroeiro, ora do lado dos viveiros
onde o camarão vinha à babuja de novas águas que entravam pelas fissuras, ora no
chamado lado do mar na apanha do camarão que levado pela enchente da maré
procurava entrar nos viveiros. Foram os passatempos, ou brincadeiras, dos meninos
que viviam junto às margens do grande rio e onde a preocupação de nossas
avós, apenas residia nos cuidados e alertas para que não nos cortássemos nas
ostras que proliferavam por aquelas bandas.
Tejo, onde lamejinhas e ostras se apanhavam por todo o estuário e que
serviam de negócio a algumas, poucas, pessoas que a ele se dedicavam. Não que
os hábitos alimentares da nossa população mais exigissem, porque, especialmente,
a ostra com todo o seu valor nutricional não estava no conhecimento geral da
população, daí que o seu consumo seria quase nulo, apenas e quando alguém as
apanhava seria para algum petisco e muito raramente para refeição.
Do negócio das ostras do Tejo, apenas sabíamos que, a outro nível, havia
a apanha para exportar para França, onde era exigido determinada dimensão dos
exemplares, pois estes, em grande parte, seriam depois colocados para crescimento
nos estuários dos rios franceses. Negócio que foi florescente, na primeira metade
do século passado, com a criação e seu tratamento para exportação, especialmente
do Algarve, Rio Sado e do Rio Tejo. A ostra fazia e continua a fazer parte da dieta
dos franceses. É comum ver nas cidades francesas e também espanholas, caso
de Barcelona, as chamadas Huîtreries, estabelecimentos especialmente dedicados
ao consumo deste salutar molusco.
Em França, há quem lhe chame «les portuguaises», graças a um acidente
marítimo, pois segundo a história, no ano de 1868 um navio mercante de nome
«Morlaisien», carregado de ostras de Setúbal com destino a Inglaterra, refugia-se
de uma grande tempestade a sul de Bordéus, ficando a aguardar a bonança para
seguir viagem, tempo de espera que não foi compatível com a conservação da carga
que começou a dar sinais de decomposição, levando o comandante a deitá-la ao
mar. Mas, como é natural, nem todas as ostras estavam em mau estado, mais tarde
resultando que no local onde tinham sido lançadas se reproduziram em grande
escala, vindo a ultrapassar a espécie mais vulgar francesa da Baia de Arcachon, que
logo começou a importar as nossas ostras que intitularam de «les portugaises».
Depois de alguns anos, década de setenta, em que as nossas ostras começam
a desaparecer devido a vírus, à crescente poluição dos rios e à falta de observação
e cuidados por parte das autoridades responsáveis, eis que uma boa notícia, de
princípio de ano, surge nos media: «Ostras portuguesas renascem no Sado», assim
se intitulava a notícia, que nos dava conta que o a empresa Sapalsado estava
a desenvolver com bons resultados a criação, nos viveiros das antigas salinas do
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
16
Faralhão, a criação da ostra Angulata, produzindo no ano passado cerca de
dez toneladas, vendendo uma média de oitocentos quilos por mês e prevendo
atingir as cinquenta toneladas nos próximos dois anos.
E, como o futuro das ostras no nosso país é promissor, vamos
procurar consumi-las o melhor que pudermos e soubermos, pelo que
aconselhamos, como se fazia ali mesmo, à beira-Tejo em Sarilhos Pequenos:
Ao natural: depois de limpas colocá-las em cima de uma chapa
a aquecer; ou sob vapor; até darem um pouco de sinal que estão
a abrir e logo retirá-las e abri-las totalmente, com cuidado; deixando
o conteúdo sob uma das partes das cascas; passar um pouco de
pimenta, moída na altura; regar bem com limão; e… bom apetite;
Omeleta de ostras: como qualquer simples omeleta; esta com ostras,
depois de retirar as cascas e em quantidade qb; um pouco de salsa
na mistura; e… bom apetite.
Ou simplesmente, abertas e servidas em cru, cercadas de pedras
de gelo e acompanhadas com espumante ou com o nosso bom vinho
verde, também frescos…
Por cá, em plena Avenida Luísa Todi, de Setúbal, também já encontra
um estabelecimento especializado nesta iguaria bem portuguesa!
Ostrea Angulata, LAMARCK
Ostrea Virginica, GMEL
Fontes:
As ostras, mais comuns, do Rio Tejo e seu nome científico, segundo
BALTHAZAR OSÓRIO in As Ostras de Portugal, 1916, são: a Ostrea Angulata, LAMARCK,
considerada a ostra portuguesa; e a Ostrea Virginica, GMEL.
OSÓRIO, BALTHAZAR – As Ostras de Portugal,
Lisboa, 1916.
MELO, FERNANDO – «O regresso da ostra
portuguesa», Revista Extra Vinhos, Expresso,
23 de Setembro de 2006.
DORES, ROBERTO – «Ostras portuguesas
renascem no Sado», Diário de Notícias,
Lisboa, 5 de Janeiro 2009.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
17
Notícias do rectângulo 11

Tem prosseguido o
interesse de um determinado
número de coleccionadores portugueses pela fauna malacológica da
nossa costa.
Em particular, um grupo presentemente integrando (por ordem
alfabética dos apelidos): Carlos
Afonso, Carlos Durães de Carvalho,
Carlos Gonçalves, Rui Mendes,
António Monteiro, Fernando Pires
e Pedro Rosa, tem procurado
compilar um inventário fotográfico
e descritivo das espécies de menores
dimensões que vão sendo encontradas nas águas nacionais. Intitulado (pelo menos provisoriamente)
«Pequenas Conchas de Portugal»,
o trabalho em curso inclui presentemente um escafópode, oito Poliplacóforos, meia dúzia de Bivalves e um pouco mais de uma
cen tena de Gastrópodes. Para
além de poder servir de apoio a
quantos desejem identificar com
mais facilidade os exemplares de
peque nas dimensões que reco lham e acerca dos quais a bibliografia disponível não é muito
abundante, o inventário em preparação procurará também elaborar
a lista dos diversos locais em
que cada espécie vem sendo
encontrada.
Os eventuais interessados (sendo
certo que todas as contribuições serão bem acolhidas) poderão
contactar com o coordenador
do projecto, Rui Mendes, visitando o seu site no endereço:
por ANTÓNIO MONTEIRO
http://www.freewebs.com/ruimendes/index.htm .
Em parte para prossecução
do trabalho, têm sido agendadas
diversas expedições de recolha,
estando a próxima prevista para
a zona de Peniche, nos primeiros
dias de Maio.

No passado mês de
Fevereiro, o autor destas linhas
esteve em Edimburgo, na Escócia,
onde, a convite do núcleo local
A palestra apresentada mereceu
dos presentes palavras elogiosas,
nomeadamente por parte do
conhecido malacologista S. Peter
Dance, que proferiu o elogio final
e elaborou as conclusões.

Teve lugar em meados
de Março a habitual Feira Internacional de Conchas de Paris, onde
mais uma vez se encontraram
diversos coleccionadores e comerciantes portugueses, como Carlos
Shell-show de Paris 2009.
do British Shell Collectors’ Club,
tomou parte no 2nd Scottish Shell
Show, tendo apresentado uma
palestra intitulada: «The Strange
Case of the Maths Teacher and the
Shell Collector».
O evento alcançou assinalável
êxito, contando com a presença de
numerosos expositores, entre coleccionadores e comerciantes, bem
como com uma razoável afluência de
público.
Afonso, Manuel Amorim, José
Pedro Borges, Paulo Granja, Gonçalo Rosa, José Rosado, José Santos,
José Luís Távora, Armando Verdasca, e António Monteiro.
O certame decorreu com a
animação do costume sendo frequentado por numerosos visitantes que tiveram oportunidade de
examinar e adquirir exemplares do
maior interesse e por vezes de
grande raridade.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
18
Informações Gerais
Publicações recentes
LIVROS
No início do próximo mês de
Junho será lançado o livro Moluscos
Marinhos – Atlas das Ilhas
Selvagens da autoria de MÓNICA
ALBUQUERQUE, JOSÉ PEDRO BORGES
e GONÇALO CALADO.
iconografia e análise biogeográfica
são alguns dos conteúdos disponíveis
no livro, que resulta de um trabalho
iniciado em 1994 com a Expedição
«Selvagens 94», co-organizada pelo
IPM. Com a publicação deste Atlas,
o número de moluscos marinhos
conhecidos para as Ilhas Selvagens
é elevado para 216, sendo que 115
Estará disponivel após o lançamento por pedido à Direcção Regional
do Ambiente, por uma das seguintes
formas de contacto:
Via e-mail:
[email protected]
Via correio:
DIRECÇÃO REGIONAL
DO AMBIENTE
Rua Dr. Pestana Júnior, 6 - 3 Dto
9064-506 FUNCHAL
Via telefone:
291 207 350 (telefone geral)
800 212 021 (linha do ambiente
- número verde)
Via fax: 291 229 438
ARTIGOS
ÁVILA, S. P., MADEIRA P., DA SILVA
C. M., CACHÃO, M., LANDAU, B.,
QUARTAU R. & FRIAS MARTINS
A. M. 2008. Local disappearance
of bivalves in the Azores during
the last glaciation. Journal of Quaternary Science, 23: 777-785.
Publicado ao abrigo do programa
BIONATURA e editado pela Direcção Regional do Ambiente da Madeira,
conta com prefácio do director
Regional do Ambiente, João Fernandes Correia. Um inventário da
fauna malacológica das Ilhas com
foram recolhidos na expedição e
ilustrados no livro.
Este trabalho foi publicado em
memória do fundador do IPM, Ilídio
Félix-Alves, cuja dedicação à expedição «Selvagens 94» se tornou essencial para a publicação deste livro.
ÁVILA, S. P., MADEIRA P., GARCÍA-TALAVERA, F., DA SILVA C. M.,
CACHÃO, M. & FRIAS MARTINS A.
M. 2007(2009). Luria lurida (Mollusca: Gastropoda), a new record
for the Pleistocene of Santa Maria
(Azores, Portugal). Arquipélago, 24:
53-56.
ÁVILA, S. P., MADEIRA P., ZAZO, C.,
KROH, A., KIRBY, M., DA SILVA, C.
M., CACHÃO, M. & FRIAS MARTINS,
A. M. 2009. Palaeocology of the
Pleistocene (MIS5.5) outcrops of
Santa Maria Island (Azores) in a
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
complex oceanic tectonic setting.
Palaeogeography, Palaeoclimatology,
Palaeoecology, 274: 18-31.
ÁVILA, S. P., MELO, P. J., LIMA, A.,
AMARAL, A., FRIAS MARTINS A. M.
& RODRIGUES, A. 2008. Reproductive
cycle of the rissoid Alvania mediolittoralis Gofas, 1989 (Mollusca, Gastropoda) at São Miguel Island
(Azores, Portugal). Invertebrate
Reproduction & Development, 52: 31-40.
CARRILHO, J., LEITÃO, A., VICENTE, C.,
& MALHEIRO, I. 2008. Cytogenetics
of Anodonta cygnea (Mollusca: Bivalvia) as possible indicator of
environmental adversity. Estuarine,
Coastal and Shelf Science, 80: 303–306.
CIAVATTA, M. L., MANZO, E., NUZZO,
G. VILLANI, G., CIMINO, G.,
CERVERA, J. L., MALAQUIAS, M. A.
E. & GAVAGNIN, M. 2009. Aplysiopsenes: an additional example
of marine polyketides with a mixed
acetate/propionate pathway. Tetrahedron Letters, 50: 527-529.
CONSTANTINO, R., GASPAR, M. B.,
TATA-REGALA, J., CARVALHO, S.,
CÚRDIA, J., DRAGO, T., TABORDA,
R., & MONTEIRO, C. C. 2009. Clam
dredging effects and subsequent
recovery of benthic communities
at different depth ranges. Marine
Environmental Research, 67: 89-99.
GASPAR, H., CUTIGNANO, A., FERREIRA, T., CALADO, G., CIMINO, G.
& FONTANA, A. 2008. Biosynthetic
Evidence Supporting the Generation of Terpene Chemo-diversity
in Marine Mollusks of the Genus
Doriopsilla. Journal of Natural
Products, 71(12): 2053-2056.
JANSSEN, A.W, KROH, A. & ÁVILA S. P.
2008. Early Pliocene heteropods
and pteropods (Mollusca, Gastropoda) from Santa Maria Island
(Azores, Portugal): systematics and
biostratigraphic implications. Acta
Geologica Polonica, 58: 355-369.
JORDAENS, K., VAN RIEL, P., FRIAS
MARTINS, A. M., & BACKELJAU, T.
19
2009. Speciation on the Azores
islands: congruent patterns in shell
morphology, genital anatomy, and
molecular markers in endemic land
snails (Gastropoda, Leptaxinæ).
Biological Journal of the Linnean
Society, 97: 166-176
KROH, A., BITNER M. A. & ÁVILA S. P.
2008.
Novocrania
turbinate
(Brachiopoda) from the Early
Pliocene of the Azores (Portugal).
Acta Geologica Polonica, 58: 473-478.
LANDAU B. M., CAPELO, J. C. & SILVA,
C. M. 2008. Patterns of extinction
and local disappearance of tropical
marine gastropods; contrasting
examples from across the North
Atlantic. Açoreana, suppl. 5: 50-58.
LANDAU B. M., KRONENBERG, G, &
HERBERT, G. (2008). A Large New
Species of Lobatus (Gastropoda:
Strombidæ) from the Neogene of
the Dominican Republic, with
Notes on the Genus. The Veliger,
50 (1): 31-38.
LANDAU B. M., VERMEIJ, G. & SILVA,
C. M. 2008. Southern Caribbean
Neogene palaeobiogeography
revisited. New data from the
Pliocene of Cubagua, Venezuela.
Palaeogeography, Palaeoclimatology,
Palaeoecology, 257: 445-461.
LEITÃO, A., VASCONCELOS, P., BENHAMADOU, R., GASPAR, M. B.,
BARROSO, C. M., & RUANO,
R. 2009. Cytogenetics of Bolinus
brandaris and phylogenetic inferences within the Muricidæ (Mollusca: Gastropoda). Biological Journal
of the Linnean Society, 96: 185-193.
LEITÃO, F., GASPAR, M. B., SANTOS,
M. N., & MONTEIRO, C. C. 2009. A
comparison of bycatch and discard
mortality in three types of dredge
used in the Portuguese Spisula solida
(solid surf clam) fishery. Aquatic
Living Resources, 22: 1–10.
MALAQUIAS, M. A. E., BERICIBAR, E.,
& REID, D. G. 2009. Reassessment
of the trophic position of Bullidæ
(Gastropoda: Cephalaspidea) and
the importance of diet in the evolution of cephalaspidean gastropods. Journal of Zoology, 277: 88-97.
MALAQUIAS, M. A. E., CALADO, G. P.,
PADULA, V., VILLANI, G. & CERVERA, J. L. 2008. Molluscan diversity in the North Atlantic Ocean:
New records of opisthobranchs
gastropods from the Archipelago
of the Azores. Marine Biodiversity
Records, 2:e38. (9 pages; online)
[doi:10.1017/S175526720800016X].
MALAQUIAS, M. A. E., DODDS, J. M.,
BOUCHET, P., & REID, D. G. 2009.
A molecular phylogeny of the
Cephalaspidea sensu lato (Gastropoda: Euthyneura): Architectibranchia redefined and Runcinacea reinstated. Zoologica Scripta,
38(1): 23-41.
MOURA, P., GASPAR, M. B., & MONTEIRO, C. C. 2009. Age determination and growth rate of a Callista
chione population from the southwestern coast of Portugal. Aquatic
Biology, 5: 97-106.
NEVES, R., GASPAR H. & CALADO, G.
2009. Does a shell matters for
defence? Deterrence in two Cephalaspid Gastropods with distinct
shell calcification. Journal of Molluscan Studies, 75(2): 127-131.
RUFINO, M. M., GASPAR, M. B.,
MAYNOU, F., & MONTEIRO, C.
C. 2008. Regional and temporal
changes in bivalve diversity off
the south coast of Portugal.
Estuarine, Coastal and Shelf Science,
80: 517-528.
SILVA, C.M. DA & LANDAU, B. 2008.
The gastropod Spiricella (Opisthobranchia, Umbraculidæ) in the Recent Caribbean. A truly unexpected
finding! The Veliger, 50(4): 305-308.
VERMEIJ, G. J., FREY, M. A. & LANDAU,
B. M. 2009. The Gastropod Genus
Nerita in the Neogene of Tropical
America. Cainozoic Research, 6(1-2):
61-70.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
20
Reuniões, Cursos e Exposições
14-19 Junho 2009
24-27 Novembro 2009
7th International Conference
on Molluscan Shellfish Safety
Tri-annual meeting,
The Malacological Society
of Australasia
Nantes, França
Secetariado: www.icmss09.com
& [email protected]
26-29 Agosto 2009
19-28 Junho 2009
X International Congress
on Medical and Applied
Malacology
6th International Workshop
«Palaeontology
in Atlantic Islands»
Santa Maria Island, Azores
http://www.uac.pt/~fosseis
Organisation: Sérgio Ávila
(Universidade dos Açores).
For further details please contact:
[email protected]
22-25 Junho 2009
Sustainable approaches
to slug and snail control
in a warming world
Pamplona, Espanha
Organizador: Dr. Bill Symondson
([email protected]);
wttp://iobc-pamplona-2009.com/
Busan, Coreia
Organização: International Society
of Medical and Applied Malacology
e Sociedade Malacologica da Korea
(http:www.icmam.org)
Emmanuel College,
University of Queensland,
Brisbane, Queensland,
Australia
Informações adicionais em:
http://www..malsocaus.org
e [email protected]
05-08 October 2009
Workshop «(Palaeo)
Biogeography in Oceanic
Islands»
Horta, Faial Island, Azores
http://www.uac.pt/~fosseis
Organisation: Sérgio Ávila,
Filipe Porteiro, & João Gonçalves
(Universidade dos Açores)
Instructor: Sérgio Ávila
(Universidade dos Açores)
For further details please contact:
[email protected]
Novembro / Dezembro 2009
Congresso Português
de Malacologia
Local: a designar.
Mais informações contactar:
Joaquim Reis ([email protected])
20-25 Julho 2009
Workshop «Introduction
to Phylogenetic Computing
and Analysis»
University of the Azores,
Ponta Delgada, São Miguel Island, Azores
http://www.uac.pt/~fosseis
Organisation: Sérgio Ávila
(Universidade dos Açores)
Instructors: Endre Willassen
& Manuel Malaquias
(Bergen Museum of Natural History,
University of Bergen, Norway)
For further details please contact:
[email protected]
12 Novembro 2009
Molluscan Forum 2009
Londres, Museu de História Natural
(Dorothea Bate Room)
Organização: Dinarzarde Raheem
([email protected])
e Mark Davies
([email protected])
18-24 Julho 2010
World Congress
of Malacology
Phuket, Tailândia
Informações adicionais em:
contactar organizador
Prof. Somsak Panha
([email protected])
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
21
O IPM tem um novo
elenco directivo
Decorreram no passado dia 16 de Maio as eleições para os órgãos dirigentes do Instituto Português de
Malacologia (triénio Abril 2009 a Março 2012). Houve apenas uma lista candidata (Lista E; de evolução) marcada
por uma profunda remodelação de todos os órgãos dirigentes, com apenas quatro elementos a transitarem de
anteriores mandatos. A lista E, ganhou com a seguinte moção:
Moção «Radiação»:
● Continuar a edição do boletim informativo que une os sócios e a investigação em malacologia que se
faz em Portugal, promovendo a discussão sobre o formato que melhor serve os seus propósitos, no
sentido da possível incorporação artigos de formato mais científico;
● Promover uma campanha de participação mais activa dos sócios na instituição, sendo este ponto
prioritário à angariação de novos sócios que depois não participem;
● Procurar apoios para a promoção de campanhas de educação e informação sobre moluscos dirigidas
à população escolar pré-universitária;
● Envidar esforços para que o IPM colabore activamente ou passe a integrar uma unidade I+D científica
nacional, no sentido de ser possível uma maior capacidade de aquisição de meios e fundos para
investigação nas áreas para que o IPM está estatutariamente capacitado;
● Criar o cargo não remunerado de «coordenador científico», para o qual se propõe para este triénio o
presidente cessante GONÇALO CALADO, que fica responsável pela coordenação e revisão de projectos
e campanhas científicas em que o IPM esteja envolvido;
● Encetar conversações no sentido de se iniciar o processo de edição do Livro Vermelho dos
Invertebrados de Portugal, nomeadamente com a Sociedade Portuguesa de Entomologia e com o
Ministério do Ambiente;
● Promover e continuar a participar e colaborar activamente em campanhas científicas nacionais e
internacionais;
● Envidar esforços para manter a periodicidade bienal de um congresso nacional de malacologia.
Os novos órgãos dirigentes do IPM ficam assim constituídos:
Direcção Nacional:
Presidente: JOAQUIM REIS
Secretário: MANUEL LOPES LIMA
Tesoureiro: MÓNICA ALBUQUERQUE
Mesa da Assembleia Geral:
Presidente: JOSÉ PEDRO BORGES
Secretário: FÁTIMA MARTINS
Vogal: PAULO VASCONCELOS
Conselho Fiscal:
Presidente: RICARDO NEVES
Secretário: CARLOS MARQUES DA SILVA
Vogal: ALEXANDRE LOBO DA CUNHA
O anterior presidente, GONÇALO CALADO, passa a desempenhar o cargo honorífico de Coordenador
Científico.
PORTUGALA - n.º 13 - Maio 2009
22
Evolution
E
volution
M
Megalab
09
9
PARA
P
ARA T
TODAS
ODAS AS
AS IDADES,
IDADES, DESDE
DESDE CRIANÇAS
CRIANÇAS EM
EM IDADE
IDADE P
PRÉ-ESCOLAR
RÉ-ESCOLAR A AVÓS.
AVÓS.
Sabia q
Sabia
que
ue g
graças
raças a um
um p
pequeno
equeno ccaracol
aracol comum,
comum, que
que p
pode
ode
encontrar
no
e
ncontrar n
o sseu
eu jjardim,
ardim, pode
pode ver
ver evolução
evolução no
no seu
seu próprio
próprio quintal?
quintal?
Durante a P
Durante
Primavera
rimavera e o Verão
Verão 2009,
2009,
ttorne-se
orne-se num
num pequeno
pequeno ou
ou grande
grande naturalista!
naturalista!
> Observa
Observa e cconta
onta o
oss vvários
ários ttipos
ipos d
de
e ccaracol
aracol C
Cepaea
epaea nemoralis
nemoralis - ccaracol
aracol ccom
om b
bandas
andas
> Regista
Regista os
os tteus
eus dados
dados nno
oE
Evolution
volution M
MegaLab
egaLab
S
ão 14
14 p
aíses a e
studar ccaracóis
aracóis e a rrealizar
ealizar uum
mM
ega-estudo e
mb
iologia e
volutiva
São
países
estudar
Mega-estudo
em
biologia
evolutiva
www.
www.
darwin2009.pt
darwin2009.pt
ccomo
omo participar
participar | identificar,
identificar, contar
contar e classificar
classificar o
oss ccaracóis
aracóis | rregistar
egistar a
ass o
observações
bservações
Responde
R
esponde a
ao
oD
Desafio!
esafio!