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Análise de estratégias e metodologias para RTO num processo petroquímico Carlos A.M. Riascos1,2*, Jose E. Graciano1, Diego F. Mendoza1, Lina M. Palacio1, Elyser Estrada1, Ardson S. Vianna1, Darci Odloak1, Galo A.C. LeRoux1 1 Laboratório de Simulação y Controle de Processos, Departamento de Engenharia Química, Universidade de São Paulo 2 Grupo de Ingeniería de Sistemas de Proceso, Departamento de Ingeniería Química y Ambiental, Universidad Nacional de Colombia Resumo A otimização em linha, conhecida como otimização em tempo real (RTO: Real Time Optimization) permite fazer correções, com menor atraso possível, nas condições de operação de um processo, buscando manter o desempenho ótimo. A RTO ganha importância quando há mudanças frequentes nas condições de mercado e das matérias primas, entre outras, e requer um ciclo constante de análise e correção do estado do processo que inclui múltiplas etapas: i) identificação do estado estacionário, ii) identificação e correção dos erros grosseiros, iii) reconciliação dos dados, iv) ajuste dos parâmetros do modelo, v) estimação das condições operacionais ótimas e, vi) implementação das condições. A Petrobras tem investido na avaliação de tecnologia para RTO através de implantações piloto em unidades industriais, utilizando soluções comerciais. Tais soluções sofrem de incertezas quanto à qualidade dos modelos, que predizem o comportamento do processo, e de falta de transparência na tecnologia. Uma alternativa para fazer frente a essa situação é implementar uma abordagem híbrida, incorporando modelos de processos desenvolvidos internamente aos ambientes comerciais de modelagem. Atualmente está se desenvolvendo uma metodologia que abranja todas as etapas essenciais do projeto de RTO de um processo de refino. Este documento apresenta uma análise das estratégias e das metodologias disponíveis para cada etapa de RTO, identificando as que permitirão desenvolver uma tecnologia própria, transparente, robusta, ajustável; o que trará ganhos incrementais em relação ao estado-da-arte e as aplicações no contexto. Como caso de estudo considera-se a coluna depropenizadora da RECAP, a qual possui 157 pratos e recuperação energética mediante bomba de calor, e gera propeno com de pureza >99%. Palavras chave: Otimização depropenizadora, EMSO. em tempo real, controle avançado, coluna Área Temática: Diseño, Operación y Gestión de plantas. INTRODUÇÃO A crescente competitividade no setor de petróleo e derivados, no Brasil e no mundo, associada a custos operacionais crescentes do Refino e especificações de produto * Autor para correspondência, endereço: Avenida Carrera 30 No. 45-03, edifício 453, oficina 300, Bogotá Colombia; e-mail: [email protected] progressivamente mais restritas impõem a necessidade de adoção de novas tecnologias de otimização da operação dos processos de refino. A otimização em tempo real (RTO) define periodicamente o ponto ótimo de operação e o envia automaticamente para o controle avançado (on-line). Assim, o processo opera continuamente no ponto ótimo, com confiabilidade e baixa variabilidade. Classicamente, a implantação da estratégia de RTO é feita em três camadas (Rotava & Zanin, 2005). Essa estrutura de implementação de RTO é representada na Fig. 1. A camada superior corresponde à camada do otimizador baseado em modelo rigoroso não-linear e tem como resultado valores ótimos (IRVs – ideal resting values) para as entradas e saídas do processo. Esses valores ótimos são enviados para a camada intermediária onde um algoritmo de programação linear (PL), ou programação quadrática (PQ) baseada em modelo linear produz pontos ótimos de operação viáveis, que são utilizados na camada inferior pelo controlador que trabalha com um modelo dinâmico linear e um algoritmo de controle multivariável para a manutenção dos valores de operação das variáveis controladas (saídas) e manipuladas (entradas) nos valores ótimos. A camada da otimização não-linear é executada numa frequência relativamente baixa que, depende da complexidade do processo podendo chegar a horas o intervalo entre uma execução e outra, enquanto que a otimização linear e o controlador são resolvidos sequencialmente e na mesma frequência, na ordem de minutos. Figura 1 – Estrutura clássica da RTO em três camadas. Uma solução alternativa é eliminar a camada intermediária e usar uma estratégia de duas camadas onde os IRVs são enviados diretamente para o controlador multivariável da camada inferior. Adicionalmente, se o problema de otimização rigorosa não-linear for resolvido simultaneamente com o problema de controle preditivo multivariável, tem-se a estratégia de uma camada (Gouvêa & Odloak, 1998). Nessa estratégia, tanto a formulação do controle dinâmico linear, como as equações de lucratividade e o modelo do sistema no estado estacionário estão incluídas na função objetivo, neste caso a camada otimizador/controlador será resolvida através de um algoritmo de programação não-linear juntamente com as restrições estáticas e dinâmicas. A frequência de execução do algoritmo deve ser alta para que seja possível rejeitar adequadamente as perturbações dinâmicas do processo. Essa estratégia foi testada na Petrobras com a aplicação do otimizador não-linear integrado ao controle para a otimização de GLP em uma unidade FCC (Zanin, 2001). A experiência mostrou que o enfoque é viável, mas ainda precisa de alguns desenvolvimentos para garantir que a estratégia seja operacionalmente segura. No trabalho de Souza et al. (2010), uma versão simplificada do RTO em uma camada foi proposta. O método é baseado na inclusão dinâmica do gradiente reduzido da função objetivo econômico como um termo adicional da função objetivo do controlador. Além das camas de otimização e controle, a RTO requer etapas de análise dos dados medidos, essas análises podem ser desenvolvidas de forma sequencial, como apresentado na Figura 2, o simultaneamente e do seu desempenho depende, em grande medida, o da otimização (Camolesi et al. 2008). ANALISE DOS DADOS - Identificação do Estado Estacionario - Detecção de erros grosseiros - Reconciliação de dados - Estimação de parâmetros LEITURA das VARIÁVEIS da BASE de DADOS DETECÇÃO do ESTADO ESTACIONÁRIO EE CONTROLADOR/ OTIMIZADOR TRATAMENTO de ERROS entradas medidas perturbações não medidas PROCESSO saidas medidas saidas não medidas AJUSTE de PARÂMETROS por OTIMIZAÇÃO Figura 2 – Estrutura da RTO incluindo a análise dos dados, à direita o detalhe dessa análise. A Petrobras tem investido na avaliação da tecnologia de otimização em tempo real RTO - através de implantações piloto em unidades industriais, utilizando soluções comerciais que seguem o enfoque convencional em três camadas e os resultados obtidos sugerem que este tipo de aplicação pode gerar resultados econômicos significativos. Uma observação importante é que, essas implementações são do tipo “caixa cinza”, ou seja, não se tem acesso completo à tecnologia e portanto existe dificuldade em estender as aplicações para outros processos e sistemas não convencionais. Portanto, fica claro que o domínio dessa tecnologia passa a ser um imperativo para a efetiva otimização econômica da operação dos processos de refino na Petrobras. Este trabalho apresenta a primeira fase, a análise e seleção das estratégias e metodologias, dentro do projeto “Desenvolvimento de Solução em Tempo Real Utilizando Abordagem Orientada a Equações com Implantação em Unidade Industrial” que visa ao desenvolvimento, como projeto de pesquisa, de tecnologia básica de otimização em tempo real (RTO – Real Time Optimization), tendo como principais objetivos: a capacitação de recurso humano, a identificação de limitações e desafios da tecnologia no estado-da-arte atual, o desenvolvimento de uma metodologia para quantificar benefícios, a identificação de oportunidades de desenvolvimentos futuros, e a implementação e avaliação de um protótipo em sistemas industriais de Refino, avaliando os benefícios econômicos produzidos. DESCRIÇÃO DO SISTEMA ESTUDADO (COLUNA DEPROPENIZADORA) Como caso de estudo considera-se a depropenizadora da RECAP (Refinaria de Capuava da Petrobras): uma coluna de destilação com 157 pratos e recuperação energética mediante bomba de calor, na qual se obtém propeno com pureza >99% como destilado, e uma mistura rica em propano (∼90%) pelo fundo. O fluxograma da Figura 3 apresenta as principais características do processo e das correntes. A coluna de destilação DC é alimentada com uma mistura de dez componentes, que é despressurizada de 25 atm., pressão de operação da coluna deetanizadora que precede o sistema analisado, a 10 atm. O produto da cima mistura-se com vapor do tanque de distribuição DT e posteriormente é comprimido, no CP, para incrementar sua temperatura de condensação. Uma fração do vapor comprimido é enviada ao trocador de calor HX1, onde se emprega água como fluido de transferência, enquanto o restante condensa no refervedor RB, uma parte do condensado é subresfriado no trocador HX2, as três correntes são despressurizadas nas válvulas V2, V3 e V4 e se misturam, a corrente obtida se leva ao tanque onde uma fração líquida é retornada a coluna como refluxo e a outra é o produto. Figura 3 – Esquema simplificado da coluna depropenizadora da RECAP. ESTRATÉGIAS PARA ANÁLISE DE DADOS A análise de dados se torna imprescindível devido a que qualquer ferramenta de RTO é alimentada com medições de variáveis de entrada e saída do processo, e essas medições podem conter erros de diferente tipo, os quais, se não forem identificados e corrigidos, gerarão desajustes do modelo que a cada iteração da otimização se propagarão, afastando o valor ótimo calculado do ótimo real da planta. Adicionalmente, para o presente projeto, que considera a RTO em estado estacionário, é necessário garantir, com a maior certeza possível, que os dados representam o comportamento do sistema nesse estado. Quanto à identificação de estado estacionário, Cao e Rhinehart (1995) apresentam um método eficiente para identificação on-line, baseado na filtragem das medições e comparação da variância estimada entre valores de medições sucessivas e entre o valor medido e filtrado. Jiang et al. (2003) usam uma análise de wavelet multi-escala para a detecção de estado estacionário em processos contínuos, onde as medições nas variáveis são representadas como uma superposição de ondas (serie de wavelet) as de menor frequência representam mudanças reais do processo enquanto as de maior, contêm o ruído na medição. Savitzky e Golay (1964), empregam uma abordagem semelhante com polinômios de grau baixo. No presente projeto, os métodos foram validados e comparados com um teste empregado por simuladores comerciais (ASPEN), encontrado respostas significativamente melhores e tempos computacionais baixos para os wavelet, que apresenta melhores respostas para dados com erros sistemáticos maiores já que inclui uma filtragem dos pontos fora de tendência deixando-os sem influencia no critério de identificação de estado. Quanto aos erros, os sistemáticos ou grosseiros (outliers, bias) apresentam-se em situações nas quais as medições obtêm valores sistematicamente altos ou baixos, fora do comportamento regular. Técnicas de estatística multivariada como análise de componentes principais, análise de clusters ou redes neurais são usadas na identificação desses erros. Para os erros aleatórios, a reconciliação de dados faz o ajuste dos mesmos aos balanços de massa e energia, para essa análise deve se minimizar a diferença entre os valores medidos e os calculados com os balanços, empregando funções de máxima verossimilhança; tradicionalmente, a função de mínimos quadrados, que faz fortes hipóteses: a inexistência de erros grosseiros e função de probabilidade dos erros conhecida. Para o tratamento simultâneo dos erros pode ser empregada estatística robusta, Özyurt e Pike (2004) apresentam funções de verossimilhança robustas para a abordagem simultânea, entre as quais estão os estimadores redescendentes que reduzem significativamente o efeito de pontos fora de tendência. Finalmente, depois de verificar o estado estacionário e corrigir os erros nos dados, deve se desenvolver a estimação de parâmetros, que permite ajustar o modelo paramétrico aos dados experimentais. Assim como na reconciliação, na estimação minimiza-se uma função de verossimilhança, para ajustar as respostas do modelo com os dados experimentais reconciliados. Tradicionalmente as análises são desenvolvidas sequencialmente, gerando uma evolução nos dados como a apresentada na Figura 4. Dados Originais Estado estacionário Erros grosseiros eliminados Dados reconciliados Figura 4 – Esquema da evolução dos dados medidos, nas etapas de análise. Um segundo enfoque é a solução simultânea da eliminação de erros grosseiros, reconciliação e estimação, resolvendo um problema de otimização que ajusta tanto os dados medidos quanto os parâmetros do modelo, usando funções de verossimilhança robustas como os estimadores redescendentes. MacDonald e Howat (1988) compraram enfoques sequenciais e simultâneos, observando resultados equivalentes. No presente projeto, considerando que na analise de dados é necessário fazer duas otimizações, que poderiam se desenvolver conjuntamente evitando a propagação de erros em estratégias desacopladas, escolheu-se uma função de verossimilhança com estatística robusta para diminuir a influencia dos erros grosseiros, reconciliar os dados com as restrições do modelo e, assim, obter estimativas sem tendências e com uma fiel representação da operação, as quais serão as entradas para o estagio subsequente de otimização. ESTRATÉGIA E PLATAFORMA PARA SIMULAÇÃO E OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO Para o desenvolvimento de uma simulação é fundamental selecionar as ferramentas em concordância com o objetivo da simulação. As ferramentas empregadas em RTO devem permitir a solução e otimização rápida e robusta de modelos complexos que representam processos completos. A complexidade dos modelos para RTO deve-se à necessidade de predizer de forma rigorosa uma planta de processamento. Existem duas abordagens principais para resolver as equações do modelo: sequencial modular (SM) e orientada a equações (EO). Na abordagem SM as unidades da planta são resolvidas individual e sequencialmente, empregando estratégias de corte (tearing) quando existem correntes de recirculação para lograr a convergência do modelo completo. Já na abordagem EO as equações do sistema que modela o processo completo são resolvidas simultaneamente. Considerando a velocidade de execução e a robustez, a abordagem EO tem mostrado ser mais eficiente na solução de modelos complexos, adicionalmente permite o cálculo das derivadas de primeira e segunda ordem (Jacobiano e Hessiano) sem esforço computacional adicional. Como plataforma de modelagem escolheu-se o simulador EMSO (Soares e Secchi, 2003), que emprega uma estratégia orientada a equações e desenvolve a diferenciação automática das equações do modelo, o que facilita a resolução e otimização de modelos de grande porte. O EMSO® possui modelos dinâmicos para diversas operações unitárias e permite que o usuário programe novos modelos empregando uma sintaxe relativamente simples (Soares, 2007). Apesar de que modelos para todas as operações da planta (coluna de destilação, refervedores, tanque, compressor, trocadores de calor, misturadores, divisores, válvulas) estão disponíveis na biblioteca de modelos, para o presente projeto foram construídos modelos em estado estacionário para reduzir o número de variáveis no sistema de equações (de 7668 a 5208) o que simplifica o procedimento de inicialização dos cálculos e aumenta a robustez da solução, para a resolução do modelo foram necessários 2,6 seg. em um PC core i5. A coluna de destilação foi modelada usando modelos rigorosos que consideram a eficiência de Murphree (Taylor e Krishna, 1993) para a fase de vapor, enquanto os equipamentos de transferência de calor assim como o tanque foram modelados considerando só os fenômenos termodinâmicos, no compressor considerou-se um modelo de eficiência isentrópica, as válvulas, misturadores e divisores foram assumidos como adiabáticos, e a perda de pressão na coluna foi desconsiderada, essa última consideração é suportada nos dados de processo. Para predizer o equilíbrio de fases e outras propriedades termodinâmicas empregouse a equação de estado de Peng-Robinson (PR), disponível no complemento termodinâmico VRTherm® (vrtech, 2008). A exatidão do equilíbrio de fases usando esse modelo termodinâmico foi analizada com dados experimentais (Dechema, 2000) para os dois principais componentes do sistema, propeno e propano. Na Figura 5 pode se observar que a predição do PR não ajusta perfeitamente o comportamento do sistema, isto é atribuído à ausência de parâmetros de interação binária kij. Considerando à diferença na predição do equilíbrio de fases, a eficiência de Murphree, que será um parâmetro estimado para ajustar o modelo ao processo real, deverá compensar as imprecisões na estimação da transferência de massa e no equilíbrio de fases. Nas operações de troca térmica, as eficiências são tratadas como parâmetros de ajuste do modelo, para permitir o ajuste do modelo à operação. Figura 5 – Equilíbrio de fases para o sistema Propeno-Propano a 300 K. L(exp), V(exp) são os valores experimentais para as composições das fases, L(PR) e V(PR) são os valores preditos com a equação de Peng-Robinson. ESTRATEGIAS DE PROGRAMAÇÃO Como critérios de seleção das estratégias de programação para implementação do protótipo de solução de RTO se considera o grau de escalabilidade assim como a integração e interoperabilidade entre os elementos da ferramenta. Durante o projeto e implementação escolhem-se técnicas e paradigmas de programação que satisfaçam essas necessidades: projeto e implementação orientada a objetos; arquitetura orientada a componentes e frameworks, e programação orientada a aspectos. A continuação apresentam-se as principais características dessas estratégias. A Programação Orientada a Objetos (POO) considera que o software pode ser desenvolvido na forma de um modelo mental de objetos reais o imaginados. Dessa forma, o sistema é conformado por uma coleção ou sociedade de objetos que interagem entre si, gerando como resultado de essa interação a realização das funções e objetivos do sistema. A utilização da POO favorece o reuso e extensão do código, facilitando a manutenção, adaptação e o escalamento de sistemas complexos. O Desenvolvimento de Software Baseado em Componentes (DSBC) considera que o software deve ser desenvolvido a partir de componentes pré-fabricados. O DSBC ou a Programação Orientada a Componentes (POC) aparece como uma extensão natural da orientada a objetos para os ambientes abertos, permitindo a extensão e aplicação, dos códigos desenvolvidos, em outros processos ou operações. Dessa forma, a POC se define como um paradigma de programação centrado no projeto e implementação de componentes, particularmente nos conceitos de encapsulamento, polimorfismo, composição tardia e segurança. O reuso de arquiteturas e componentes do software é realizado com o uso de Marcos de Trabalho (framework, ou abreviadamente MT). Um MT é o projeto ou esqueleto de um sistema reusável total ou parcialmente, que é representado por um conjunto de categorias abstratas e a forma em que seus elementos interagem, o MT deve ser adaptado a necessidades concretas. As principais vantagens dos MT são a redução dos custos nos processos de desenvolvimento de aplicações de software para domínios específicos e a melhoria na qualidade do produto final (Fayad e Schmidt, 1997). A Programação Orientada a Aspectos (POA) é baseada na decomposição dos programas em diferentes aspectos, onde cada aspecto é encarregado de uma exigência do programa (execução, segurança, concorrência, fiabilidade), e pode ser desenvolvido separadamente, até em linguagem diferente (Kiczales et al., 1997). Nessa estratégia, uma ferramenta especial, conhecida como tecedor (weaver), encarrega-se de juntar ordenadamente todos os aspectos e o núcleo computacional do programa. Considerando as características das estratégias de programação consideradas, a solução de RTO terá uma arquitetura orientada a componentes, permitindo o reuso dos mesmos –por exemplo um único componente de simulação poderá ser usado no ajuste de parâmetros e na otimização–; a definição dos componentes e da sua estrutura interna será orientada a objetos, favorecendo as interações, e a programação dos componentes será desenvolvida seguindo o paradigma de programação orientada a aspectos, permitindo especificidade e interação de componentes programados em diversas linguagens. CONCLUSÕES E DESAFIOS O estudo e desenvolvimento de estratégias e metodologias para RTO deverá gerar ganhos no estado-da-arte e nas aplicações em processos de refino. A otimização em tempo real da unidade depropanizadora é um problema desafiador sem uma ferramenta definitiva, apesar dos vários estudos desenvolvidos neste sentido. O estudo de caso considerado, a coluna depropanizadora com integração energética é um sistema complexo devido a: natureza multicomponente da mistura a separar, dimensão do sistema, integração energética por recompressão do vapor, variabilidade da carga (alimentação), limitação das medições, restrições operacionais. A análise dos dados e o ajuste de parâmetros são etapas chave para o bom desempenho da RTO, pois garantem que o modelo ajuste o sistema real. A execução simultânea dessas tarefas reduz a possibilidade de propagação de erros. Os paradigmas modernos de programação: projeto e implementação orientada a objetos, arquitetura orientada a componentes e frameworks, e programação orientada a aspectos, permitem o desenvolvimento de códigos e estruturas mais eficientes. Devido ao trabalho com um simulador de código aberto requer-se maior esforço de programação, porem obtém-se maior flexibilidade no estudo e implementação de estratégias. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro da FUNDESPA, sob o projeto 15014. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Camolesi, V.J.; Moro, L.L.F.; Zanin, A.C. (2008). Implantação de um otimizador em tempo real (RTO) no conversor de uma unidade de craqueamento catalítico. Sba: Controle & Automação. pp. 128-137. Cao, S.; Rhinehart, R. R. (1995). An efficient method for on-line identification of steady state. Journal of Process Control, 5(6), p. 363-374. Dechema (2000). Vapor-liquid equilibrium data collection. Fayad; Schmidt, (1997). Object-oriented application frameworks. Communications of the ACM. 40(10), pp. 32-38. Gouvêa, M.T.; Odloak, D. (1998). One-layer real time optimization of LPG production in the FCC unit: procedure, advantages and disadvantages. Computers & Chem. Eng. 22 S1, pp. S191-S198. Jiang, T.; Chen, B.; He, X.; Stuart, P. (2003). Application of steady-state detection method based on wavelet transform. Computers & Chem. Eng., 27(4), p. 569-578. 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