Edição Especial - Engenharia de Pesca
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Edição Especial - Engenharia de Pesca
Revista Brasileira de REPESCA ISSN 1980-587X Engenharia de Pesca Volume 3, edição especial, setembro de 2008 Foto Haroldo Gomes Barroso Expediente Catalografia Editorial Artigos São Luís, MA - 1 a 5 de setembro de 2008 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA VOLUME 3, EDIÇÃO ESPECIAL, SETEMBRO DE 2008 COLETÂNEA DE TRABALHOS I SEMANA NORDESTINA DE ENGENHARIA DE PESCA (I SENEP) (SÃO LUÍS, 1 A 5 DE SETEMBRO DE 2008) PROMOÇÃO CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO COORDENADOR DA I SENEP HAROLDO GOMES BARROSO (UEMA) EDITOR José Milton Barbosa - UFRPE EDITOR ADJUNTO Adierson Erasmo de Azevedo - UFRPE Assistentes de Edição Adriana Ferreira Lima - UFRPE Chirleide Marcelino do Nascimento - UFRPE Ebenezer José da Silva Oliveira - UFRPE Joana Angélica Lyra Vogeley de Carvalho - UFRPE Kelly de Souza Ferraz - UFRPE Larissa Neves Simões de Souza - UFRPE Renata Maria Medeiros de Alencar - UFRPE Roberta Maria Cavalcanti Nery – UFRPE Webmaster Junior Baldez - UEMA Curso de Engenharia de Pesca Universidade Estadual do Maranhão 2 Departamento de Pesca e Aqüicultura Universidade Federal Rural de Pernambuco Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP A REPesca está indexada à base de dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org) Publicada em setembro de 2008 Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Maranhão. Proibida a reprodução, por qualquer meio, sem autorização dos Editores. Impresso no Brasil Printed in Brazil Ficha catalográfica Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE R454 Revista Brasileira de Engenharia de Pesca Nacional / editores: José Milton Barbosa, Haroldo Gomes Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2008. V.3, edição especial: 96p. : il. Semestral 1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos, 4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão CDD 639 3 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ISSN-1980-587X REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA Volume 3 setembro, 2008 Edição Especial EDITORIAL A Revista Brasileira de Engeharia de Pesca sente-se honrada em publicar, em Edição Especial, a Coletânea de Trabalhos da I Semana Nordestina de Engenharia de Pesca. Importante Evento que reunirá os atores dos cursos de Engenharia de Pesca do Nordeste num conclave magno, onde serão abordados os novos paradigmas da profissão no Nordeste e no Brasil, na certeza que a troca de experiências e predisposição de cooperação e amizade, estreitará nossos laços de irmandade e respeito mútuo. Por fim não poderia deixar de exaltar a espírito supremo do Programa de Educação Tutorial do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE (PET/Pesca), cujo trabalho de dedicação exemplar e correção de atitudes, possibilitaram a realização desta Edição Especial. E ao Prof. Adierson Erasmo de Azevedo nosso exemplar pioneiro que dedicou sua sapiência e disposição na revisão desta Edição. José Milton Barbosa Editor 4 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Sumário Atenção: Para abrir click em “” TRABALHOS Diário de Bordo: Um Informativo do PET/Pesca da Universidade Federal Rural de 7 Pernambuco Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo Augusto Soares REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS JUNIOR Diferentes Métodos de Indução a Reprodução da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae 12 (Guilding, 1828) em Laboratório Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; Andre Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ Maturação da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) em Laboratório 15 Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; André Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ Avaliação Limnológica Nictimeral no Cultivo de Tilápia (Oreochromis niloticos) em 18 Tanque-rede Elaine Cristina SANTOS; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS FILHO; Athiê Jorge dos Santos GUERRA Rendimento do Filé de Pirarucu 21 Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA; Francisco José de Seixas SANTOS; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA Alometria do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (Decapoda: Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; Fábio H. V. HAZIN; José Roberto F. SILVA Sazonalidade da Proporção Sexual do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (Decapoda: Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; José Roberto F. SILVA; Fábio H. V. HAZIN Influência do Ciclo Hidrológico do Reservatório de Sobradinho sobre a Carga de Fósforo Total Bruno Dourado Fernandes da COSTA; Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA; Antony Evangelista de LIMA; Márcia Darcilene Correia do PRADO; Teresa Cristina Paiva SANTOS; Michelle Miranda Biondi ANTONELLO; Aureliano de Vilela CALADO NETO; Anderson ANTONELLO; William SEVERI Abundância da Ictiofauna Capturada com Rede de Arrasto na Praia do Pesqueiro, Ilha de Marajó (Pará, Brasil) Jean Michel CORRÊA; Eurivaldo Santos da COSTA; Francisco Carlos Alberto Fonteles HOLANDA Zooplâncton de Barra de Jangada, Pernambuco, Brasil Valdylene Tavares PESSOA; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO; Fernando Figueiredo PORTO NETO; Sigrid NEUMANN-LEITÃO; Fábio Hissa Vieira HAZIN 5 23 27 31 35 38 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Análise Preliminar da Dinâmica Populacional do Camarão-Rosa Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967) junto a Região Litorânea do Município de Sirinhaém, PE, Brasil Euclides Pereira e SILVA; Freddy Vogeley de CARVALHO; Joana Angelica Lyra Vogeley de CARVALHO; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO Cultivo do Camarão Marinho Litopenaeus vannamei, Submetido a Diversas Densidades de Estocagem, Quando em Água Doce Sthelio Braga da FONSECA; Paulo de Paula MENDES; Cândida Juliana de Lyra ALBERTIM; Cláudio Figueiroa BITTENCOURT; Yuri Vinicius de Andrade LOPES Cultivo do Camarão Litopenaeus vannamei, em Meio Heterotrófico, com Adição de Substrato Yuri Vinicius de Andrade LOPES; Paulo de Paula MENDES; Dijaci Araujo FERREIRA; Sâmia Regia Rocha MONTEIRO; Josélia Karolline dos Santos CORREIA Mapeamento da Pesca Artesanal no Reservatório Billings (Alto Tietê, SP) Paula M. G. de CASTRO; Maria Eugênia P. ALVES DA SILVA; Lídia S. MARUYAMA; Patrícia de PAIVA Avaliação do Crescimento Populacional do Rotífero Brachionus plicatilis com a Utilização de Microalga e Probiótico na Dieta Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Isabela Bacalhau de OLIVEIRA; Wanessa de Melo COSTA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Alfredo Olivera GALVEZ; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO Sistematização de Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 1. Espécies Dulciaqüícolas José Milton BARBOSA; Kelly de Souza FERRAZ Sistematização de Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 2. Espécies Marinhas José Milton BARBOSA; Chirleide Marcelino do NASCIMENTO Mortalidade no transporte de curimatã-pacu (Prochilodus argentus) Genilson Maurício dos ANJOS; André da Silva MARTINS; Emerson Carlos SOARES; Jonnhy de MELO; Eduardo Jorge Santana SANTOS; Luiz Henrique Nunes DANTAS 6 43 47 50 53 58 64 76 91 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP DIÁRIO DE BORDO: UM INFORMATIVO DO PET/PESCA DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DIÁRIO DE BORDO: AN INFORMATIVE OF PET/PESCA OF THE UNIVERSITY FEDERAL RURAL OF PERNAMBUCO Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo Augusto Soares REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS JUNIOR. Bolsistas do Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n, 33206525. E-mail: [email protected] Resumo - O jornal Diário de Bordo faz parte de uma ação contínua de extensão promovida pelo PET/Pesca, estando no seu XIV ano e 36ª edição, sendo organizado por membros do programa, recebendo artigos de alunos, professores e profissionais da área. O presente estudo teve por objetivo relatar a trajetória da publicação do Diário de Bordo. Para efeito do estudo, foram analisadas todas as edições do jornal. Atualmente, o informativo é publicado trimestralmente, com tiragem de 500 exemplares, divulgado na forma impressa, em papel A4 e contendo quatro páginas em digital. Durante a trajetória do jornal, aconteceram interrupções na veiculação do mesmo entre os anos de 2000 e 2002, devido às tentativas de extinção dos grupos PET pelo Governo Federal. O informativo recebe matérias de autoria própria e contribuições publicadas em outros meios de informação. Palavras–chave: jornal, leitura, Programa de Educação Tutorial, extensão. Abstract - The newspaper “Diário de Bordo” is part of a continuous action of extension promoted by PET / Pesca, and being in its XIV year and 36th edition, being organized by members of the program, receiving articles of students, teachers and professionals in the area. This study aimed at to report the trajectory of the publication of the “Diário de Bordo”. For the purpose of the study were analyzed all editions of the newspaper. Currently, the information is published quarterly, with a print run of 500 copies, published in printed form, on A4 paper and containing four pages, and digital. During the trajectory of the newspaper happened interruptions in running between 2000 and 2002 years, due to attempts to extinguish the groups PET by the Federal Government. The information received materials of owon authorship itself and contributions published in other media of information. Key-words: newspaper, reading, Tutorial Program of Education, extension. 7 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO O Diário de Bordo é um jornal que faz parte de uma ação contínua de extensão promovida pelo Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca – PET/Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Esse informativo está no seu XIV ano e, durante toda a sua trajetória, vem abordando temas referentes às ciências pesqueiras, à pesca e à aqüicultura e temas de áreas afins pertinentes à Engenharia de Pesca, além de economia e política que envolve a profissão. É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de qualidade, mas as evidências apontam que diversos alunos saem do ensino fundamental e médio sem essa habilidade. Tais alunos ingressam no ensino superior com sérias deficiências no comportamento de leitura (Garrido, 1988). Dessa forma, o Diário de Bordo enriquece e contribui para a formação do discente de graduação, uma vez que os mesmos exercitam a escrita, a leitura, o senso crítico e a capacidade de concatenar idéias. Essa publicação é organizada pelos integrantes do PET/Pesca e encontra-se em sua 36ª edição, sempre com jovens editores à frente de sua elaboração. O Diário de Bordo recebe artigos de estudantes, professores e profissionais da área que a cada edição enriquecem a leitura com artigos científicos, informativos, curiosidades, eventos, entrevistas, concursos, dentre outros. O objetivo do presente estudo foi relatar a trajetória da publicação Diário de Bordo durante os 14 anos de veiculação. METODOLOGIA Para efeito desse estudo, foram analisadas todas as edições do Diário de Bordo e contabilizado o número de matérias já publicadas e edições ao longo dos 14 anos do informativo, além do número de editores que já contribuíram para o jornal. Foi observada também a evolução do layout, a disposição das matérias, tamanho e número de páginas, além dos locais de veiculação do informativo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Atualmente, o informativo é publicado trimestralmente e impresso pela Imprensa Universitária da UFRPE, com uma tiragem de 500 exemplares para cada edição, sendo divulgado também na forma digital, disponível na homepage do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE, www.ep.ufrpe.br. Os textos enviados para publicação são revisados pelos editores do jornal. O Diário de Bordo é publicado desde 1995 (Figura 1), realizando a veiculação gratuita de informações para a comunidade acadêmica da UFRPE, demais cursos de Engenharia de Pesca do Brasil, órgãos de áreas afins e profissionais da área. Durante a trajetória do informativo, aconteceram interrupções na veiculação deste entre 2000 e 2002, devido aos processos de tentativa 8 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP de extinção dos grupos PET promovido pelo Governo Federal, desarticulando o trabalho dos editores do jornal, que são alunos vinculados ao programa. No ano de 1995, o jornal era bimestral, apresentado em papel tamanho A5 (148 X 210 mm), contando com uma média de quatro folhas e tinha cinco editores. Em 1997, ampliou-se o tamanho do informativo para folha de papel A4 (210 X 297 mm) e reduziu-se o número de folhas para duas, continuando bimestral e editado por quatro alunos. De 1997 a 1999, o DB passou a ser semestral, mas continuou com as características já citadas anteriormente. No ano de 2003, passado o período de tentativa do governo de extinguir o programa, retomaram-se as publicações, com edição de três números. A partir de 2004 o jornal passou a ter publicação trimestral, preservando características como: papel tamanho A4, sob responsabilidade de quatro editores. Em 2006, ampliou-se o número de folhas para quatro. Ao longo desses anos, o jornal já contou com a contribuição de 37 editores. Figura 1. Trajetória do número de edições e renovação dos editores do Diário de Bordo desde a sua implantação. As matérias publicadas no jornal podem ser de dois tipos: contribuição, que é uma matéria transcrita total ou parcialmente, já publicada em outro veículo de comunicação, sendo a matéria relevante para as áreas de Recursos Pesqueiros e Aqüicultura e preservando os direitos autorais do artigo original, com citação da fonte; outra forma é o artigo de autoria própria, devendo este também ser pertinente para área de conhecimento do público-alvo do jornal. A figura 2 representa o número de matérias publicadas no Diário de Bordo. 9 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 45 40 Número de Matérias 35 30 25 20 15 10 5 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 0 Ano Figura 2. Número de matérias veiculadas pelo Diário de Bordo a cada ano. O Diário Bordo conta ainda com colunas que vem acompanhando toda sua trajetória, como a denominada “Peixes de nossas águas”; algumas colunas marcaram presença num determinado período e outras colunas foram criadas recentemente como a denominada “Há... anos”. Esta última traz matérias relacionadas à área que foram publicadas a um determinado tempo, o qual nomeia a coluna. Este paradigma demonstra a dinâmica do informativo. Desde 2005, o Diário de Bordo conta com artigos regulares da direção do Departamento de Pesca e Aqüicultura e coordenação do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Os principais contribuintes para o informativo são alunos vinculados ao programa, o que auxilia na formação holística dos mesmos. Atualmente, o Diário de bordo é distribuído na UFRPE, entre estudantes, professores e a comunidade acadêmica, e é enviado para as instituições de ensino superior que oferecem o curso de Engenharia de Pesca, profissionais da área, bibliotecas, empresas e órgãos relacionados à atividade, totalizando mais de 50 destinatários. É sabido que a leitura representa um grande passo para aquisição de conhecimento, pois é por meio dela que se adquire uma percepção singular do mundo. Além disso, oferece também uma contribuição no funcionamento e desenvolvimento do pensamento crítico, levando o leitor a avaliar e questionar o texto lido, dentro de um referencial próprio de seus conhecimentos, conceitos e valores (Gregoire e Piérart, 1997). Considerando esse contexto, a universidade tem o dever de proporcionar ao estudante uma formação que lhe propicie condições de desenvolver uma leitura eficaz, principalmente no que tange à leitura técnico-científica, que é primordial ao futuro desempenho profissional desse estudante (Witter, 1996,1997). A habilidade de leitura é essencial para o estudante universitário, conforme observa Santos (1991), pois seu sucesso no ensino superior está associado à sua 10 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP maturidade em leitura, que pode ser melhorada, se diagnosticada apropriadamente. Assim, o papel da universidade é planejar, desenvolver e administrar programas de superação das limitações relacionadas à dificuldade de leitura. REFERÊNCIAS Garrido, E. (1988).O ensino da filosofia no 2º grau e a compreensão de textos: Um levantamento em São Paulo e uma aplicação da técnica Cloze. Tese Doutorado não-publicada, Faculdade de Educação,Universidade de São Paulo.São Paulo,SP. Gregoire,J.& Piérart,B.(1997). Avaliação problemas de leitura: Os novos modelos teóricos e suas implicações (M. R. B. Osório, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. Oliveira, K. L. e Santos, A. A. A. (2005). Compreensão em leitura e avaliação da aprendizagem em universitários. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, 18(1): 118-124. Santos, A. A. A. (l991). Desempenho em leitura: Um estudo diagnóstico da compreensão e hábitos de leitura entre universitário.Estudos de Psicologia, 8(1): 6-19. Witter,G.P. (1996). Avaliação da produção científica sobre leitura na universidade. Psicologia Escolar e Educacional, 1: 31-37. Witter, G. P. (1997). Leitura e universidade. Em G. P. Witter (Org.), Leitura e universidade (pp. 918). Campinas, SP: Alínea. 11 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP DIFERENTES MÉTODOS DE INDUÇÃO A REPRODUÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) EM LABORATÓRIO DIFFERENT METHODS FOR THE INDUCTION OF REPRODUCTION OF NATIVE OYSTER Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY Henrique David LAVANDER*; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; Andre Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ. Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: [email protected] Resumo - Para o processo de produção de sementes das ostras ocorra continuamente, é necessário ter reprodutores maturos sexualmente e aptos a desovarem durante o ano inteiro. Devido a isso, esta pesquisa pretendeu analisar os diferentes métodos de obtenção de gametas da ostra nativa Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram capturadas 240 ostras nos estuários do rio Formoso e do rio Timbó, ambas situadas no litoral do Estado de Pernambuco. As do rio Timbó foram maturadas com dieta algal baseada em 5% do peso seco das ostras durante 35 dias, já as do rio Formoso não passaram por este processo. Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “secomolhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura. As ostras maturadas em laboratório responderam positivamente, a todos os estímulos. E as ostras advindas diretamente do campo por outro lado não apresentaram nenhum resposta, apresentando apenas espasmos. Palavras–chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; reprodução induzida. Abstract - For the production of seed oysters occur continuously, it is necessary to have breeding couples and sexually capable of spawning during the entire year. Hence, this research indended to examine the different methods of obtaining gametes of the native oyster Crassostrea rhizophorae in the laboratory. Were captured 240 oysters in the estuaries of the river Timbó and Formoso, both located in the coastal of the Pernambuco state. Oysters from the Timbó river were maturared with diet algae, based on 5% of the dry weight, for 35 days. Oysters from Formoso river didn't go to this process. The methods by induction to the reproduction used were variation to the salinity, "dry-wet" (an exposere to the air with immersion) and to the temperature’s variation. The oysters ripen in laboratory answered the positively, to all stimuli, and the oysters proceeding directly from of the field on the other hand didn't answer, the any just presenting spasms. Key-words: native oyster, Crassostrea rhizophorae. induction, reproduction. 12 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Diante da decrescente disponibilidade de alimentos e a crescente demanda populacional, a aqüicultura é apontada como a principal alternativa para incrementar a oferta de pescado no mundo, considerada uma importante fonte de produção de alimento (FAO, 2002), sendo a ostreicultura um dos seus principais ramos FAO (2004). Um dos entraves para o desenvolvimento da ostreicultura na região nordeste é a disponibilidade de sementes. A captação de sementes de ostras nativas no ambiente natural se dá através do uso de diversos tipos de coletores artificiais, no entanto atende apenas a demanda em nível artesanal, sendo necessária uma produção em laboratório para suprir a necessidade em escala comercial da atividade. Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira geral ocorre na primavera, no entanto desovas parciais ocorrem ao longo do ano. Desta forma, para que o processo de produção de sementes ocorra continuamente é necessário ter reprodutores maturos sexualmente provenientes do ambiente natural, ou maturados em laboratório. METODOLOGIA Os organismos utilizados no estudo foram selecionados em ambiente natural e coletados durante o verão. Foram capturadas 120 ostras no estuário do rio Formoso e 120 no estuário do rio Timbó, localizados respectivamente no litoral sul e norte do estado de Pernambuco. As ostras foram coletadas em diferentes pontos e em diferentes substratos (rocha, lama e raízes) de cada estuário. Analisou-se a salinidade do local e em seguida os indivíduos foram armazenados em caixas térmicas e conduzidos para o Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Os indivíduos capturados no estuário do rio Formoso apresentavam gônada em estágio maturacional avançado e características morfométricas desejáveis. Por outro lado, os capturados no estuário do rio Timbó não apresentavam características desejáveis e passaram por uma maturação em laboratório durando 35 dias. A maturação dos indivíduos foi realizada com alimentação diária, ofertada em duas porções, e taxa de alimentação utilizada foi de 5%, baseada no peso seco e as espécies de microalgas ministradas na dieta foram: Isochrysis galbana, Tetraselmis tetrathele e Chaetoceros calcitrans. Ambos os lotes do estuário do rio Formoso e do rio Timbó, foram distribuídos em três caixas plásticas (unidades experimentais) com 20 indivíduos cada. Os estímulos foram aplicados em 06 caixas com capacidade para 50 litros, sendo utilizado um volume de 15 litros para cada caixa. Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “secomolhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura. 13 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP O tempo de imersão em água de cada tratamento foi de 20 minutos sendo o primeiro com variação crescente da salinidade (15, 20, 25, 30 e 35), o segundo com variação crescente de temperatura (20° C, 24° C, 28° C, 32° C e 35° C) e o último apenas com imersão e exposição ao ar (10 minutos para todos os métodos). As variáveis foram mensuradas através de um equipamento multiparâmetro modelo YSI-incorporeted 556 mps e refratômetro ATAGO S10E. RESULTADOS E DISCUSSÃO As ostras maturadas em laboratório advindas do rio Timbó responderam ao estímulo de indução à desova nos três tratamentos. No método de variação na salinidade, apenas 02 machos liberaram gametas na água. Com o método de variação de temperatura, 03 machos liberaram gametas. E o método ”seco e molhado”, 02 machos responderam ao estímulo. O lote das ostras do rio Timbó, maturadas em laboratório, apresentavam pouco desenvolvimento das gônadas com exceção de alguns indivíduos que estavam aptos para desova. As ostras provenientes do estuário do rio Formoso, que não foram maturadas, em nenhum dos tratamentos responderam aos estímulos. Os indivíduos que receberam o método com variação de salinidade, responderam melhor ao estímulo, com espasmos constantes das valvas, devido aos valores das variáveis encontrados em campo como salinidade de 15. É de fundamental importância a realização de futuros estudos, que testem novamente os métodos escolhidos, com indivíduos melhores maturados em laboratório e capturados em campo em épocas distintas ao longo do ano. REFERÊNCIAS FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2002. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations FAO, 2002. FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2004. Roma: Food and Agriculture Organization of the United Nations, 2004. Rios, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994. 328p. 14 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP MATURAÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) EM LABORATÓRIO MATURITY OF NATIVE OYSTER Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes de OLIVEIRA*; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; André Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *Email: [email protected] Resumo - A maturação é o processo pelo qual os organismos realizam a formação de gametas e inicia quando a energia armazenada na forma de glicogênio, que é um carboidrato de reserva, é transformada em material reprodutivo. Segundo Illanes (1997), a seleção dos reprodutores se orienta, basicamente, na obtenção de exemplares adultos com características desejáveis e condicionados para liberar gametas de boa qualidade. Tendo isto em vista, o estudo pretendeu avaliar a metodologia para a maturação da ostra nativa Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram coletados 170 indivíduos no estuário do rio Timbó, situado no litoral do Estado de Pernambuco, onde permaneceram durante 45 dias em processo de maturação, com temperatura controlada. A alimentação foi composta por três espécies de microalgas e baseada em 5% do peso seco das ostras. A determinação do estágio maturacional focou-se em amostras iniciais e finais para análise visual e microscópica da gônada. Os resultados obtidos foram satisfatórios, devido à maior proporção dos indivíduos que se apresentaram maduros e outra proporção em maturação, encontrando-se poucos indivíduos esvaziados demonstrando assim, a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em laboratório. Palavra-chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; maturação gonadal. Abstract - Maturation is the process by which organisms carry out the formation of gametes and begins when the stored energy in the form of glycogen, a reserve of carbohydrates, is transformed into reproductive material. In accordance with Illanes (1997), the selection of breeding is oriented mainly to obtain copies of adults with desirable characteristics and conditioned to make gametes of good quality. In view of this, this study assessed the methodology for maturation of the native oyster Crassostrea rhizophorae in the laboratory. Were collected 170 individuals in the estuary of the river Timbó, located on the coast of the state of Pernambuco, and he remained for 45 days in the process of maturing, with temperature control. The diet was composed of three species of microalgae and based on 5% of the dry weight of oysters. The determination of maturational stage focused on the initial and final visual and microscopic analysis of samples for the gonads. The results were satisfactory, due to higher proportion of individuals showed up and mature a certain proportion being in maturity, finding few individuals emptied, thus demonstrating the feasibility of maturity of adults in a laboratory. Key-words: maturity, native oyster, Crassostrea rhizophorae. 15 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Maturação é um ponto de fundamental importância para a produção de sementes de ostras em ambiente controlado, uma vez que o período reprodutivo da maioria das espécies é restrito a certas épocas do ano. Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira geral ocorre na primavera, no entanto, desovas parciais ocorrem ao longo do ano. É conhecido que a manipulação dos fatores físicos e nutricionais pode afetar o desenvolvimento gonadal, atuando na aceleração da gametogênese ou no retardamento da maturação gonadal (GALLAGER & MANN, 1986). Desta forma, para que o processo de produção de sementes de ostras ocorra continuamente, é necessário ter reprodutores maturos sexualmente aptos a desovarem durante o ano inteiro. Para realização do processo de maturação deve-se manter controladas as variáveis determinantes para maturação das gônadas. METODOLOGIA As ostras utilizadas no estudo foram obtidas no estuário do rio Timbó, localizado no litoral norte do estado de Pernambuco. Os 170 indivíduos coletados foram conduzidos para o Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) localizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) onde permaneceram por um período de 45 dias em processo de maturação. As ostras foram coletadas nas raízes do mangue, durante a maré baixa, com auxílio de facas e luvas, e em seguida foram armazenadas em caixas térmicas e transportadas até o laboratório. Após a chegada ao LAMARSU, procedeu-se a limpeza das ostras as quais foram escovadas manualmente, lavadas, separadas e foram removidos os organismos incrustantes, como esponjas, cracas, poliquetas e outras ostras menores. A seguir, as ostras foram colocadas em um recipiente de 50 litros contendo solução de cloro a 25 ppm, durante 30 minutos para eliminação de poliquetas que ficam entre as valvas dos indivíduos. Após a limpeza, os indivíduos foram medidos com paquímetro de precisão de 0,005 mm e pesados em balança analítica (modelo Marte AL-500) e em seguida colocados em uma calha de fibra retangular com 450 litros de água salgada, aeração constante e um sistema de biofiltro com air-lift para recirculação da água. O estudo foi conduzido em uma na sala com controle de temperatura. Diariamente foram aferidas as variáveis físicas como temperatura (°C), oxigênio dissolvido (mg/L-1), oxigênio em saturação (%), salinidade, condutividade (ms/cm) e pH. A alimentação foi composta por três espécies de microalgas: Chaetoceros muelleri, Isochrysis galbana e Tetraselmis tetrathele produzidas no Laboratório de Produção de Alimento Vivo (LAPAVI) e no LAMARSU. A taxa de alimentação baseou-se em 5% do peso seco das ostras 16 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP (540,5 g). O alimento foi ofertado duas vezes ao dia: pela manhã, após sifonagem do tanque, e à tarde, após aferição das variáveis. Para determinação do estágio maturacional das ostras foram retiradas amostras iniciais e finais de exemplares para análises visual e microscópica da gônada. Na análise visual observou-se a coloração e o tamanho da gônada, classificando-a em imatura, em maturação, maduras ou esvaziadas. A análise microscópica objetivou a identificação do sexo. Nas fêmeas, observou-se o formato e o tamanho dos ovócitos e, nos machos, a mobilidade e quantidade de espermatozóides. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias dos valores de temperatura (ºC), oxigênio dissolvido (mg.L-1), saturação de oxigênio (%), pH e salinidade são 22,28 ºC, 5,94 mg/L ,67,6 %, 8,05 , 32 respectivamente. Para análise inicial das gônadas, foram utilizados 50 indivíduos, onde se observou que 38% destes encontrava-se em maturação, 8% maduros e 54% esvaziados. Dentre os 120 indivíduos utilizados para maturação, 15 exemplares morreram, apresentando uma sobrevivência de 87,5%. O lote obteve médias de 55,523 mm e 36,722 mm de comprimento e largura respectivamente. A proporção de machos e fêmeas foi respectivamente de 68,57% e 31,43%. Dentre esses indivíduos 33,33% apresentaram-se em maturação, 44,76% maduros, 21,90% esvaziados e nenhum imaturo. Os resultados obtidos foram satisfatórios devido a maior proporção dos indivíduos apresentaram-se maduros e uma certa proporção estarem em maturação, encontrando-se poucos indivíduos esvaziados demonstrando assim a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em laboratório. Contudo existe a necessidade da realização de novos trabalhos que testem novas dietas de microalgas e em concentrações distintas durante a maturação das ostras. REFERÊNCIAS ILLANES, Juan E.. Manejo de reproductores. Curso Internacional en Cultivos de Moluscos, Coquimbo, Chile, 1997, p 89–98. GALLAGER, S. M.; MANN, R. 1986. Growth and survival of larvae of Mercenaria mercenaria (L.) and Crassostrea virginica (Gmelin) relative to broodstock conditioning and lipid content of eggs. Aquaculture 56, p 105– 121. RIOS, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994. 328p. 17 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP AVALIAÇÃO LIMNOLÓGICA NICTIMERAL NO CULTIVO DE TILÁPIA (Oreochromis niloticos) EM TANQUE-REDE LIMNOLOGICAL NICTIMERAL EVALUATION IN CULTURE OF TILÁPIA (Oreochromis niloticus) IN CAGE Elaine Cristina SANTOS*; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS FILHO; Athiê Jorge dos Santos GUERRA Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE *E-mail: [email protected] Resumo - O cultivo de tilápia em tanque-rede vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos, e uma boa produção depende das características ambientais. Neste estudo objetivou-se avaliar a qualidade da água em um cultivo. As análises de água in situ foram medidas com aparelho multiparamêtros e as variáveis químicas em laboratório. Os parâmetros físico-químicos da água estão dentro dos valores estabelecidos pela resolução CONAMA nº357/2005, comprovando assim a viabilidade do cultivo sem causar alterações significativas ao ambiente aquático. Palavras-chave: nictimeral, tilápia (Oreochromis niloticus), qualidade da água. Abstract - The culture of tilapia in pond-net is growing so quickly in recent years, and a good production depends on the environmental characteristics. This study purposed to evaluate the water quality. The analyses of water were measured in situ with multiparameters equipament and the others variables in laboratory. The parameters physiciochemical of the water are inside of the values established for CONAMA resolution nº357/2005, proving the viability of the culture without causing significant alterations in the aquatic environment. Key-words: nictimeral, tilapia (Oreochromis niloticus), water quality. 18 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Com o crescimento da tilapicultura em tanque-rede faz necessário o monitoramento da qualidade da água nos arredores das instalações de cultivo, através da compreensão de variáveis limnológicas, que permite reconhecer alterações ocorridas e efeitos sobre as comunidades naturais, possibilitando o gerenciamento sustentável dos recursos hídricos. O reservatório de Moxotó apresenta condições ambientais adequadas à implantação de projetos de piscicultura em tanques-rede. Esse tipo de criação introduz diretamente no corpo d’água uma grande quantidade de matéria orgânica, o que pode contribuir para acelerar os processos de eutrofização do meio devido aos aportes de nutrientes e materiais em suspensão provenientes, principalmente, do excedente de alimentos, fezes e excretas dos peixes. Estudos sobre os impactos causados por essa atividade podem fornecer dados para uma gestão ambiental que permita maximizar o uso múltiplo dos recursos hídricos sem que haja maiores danos ao ambiente aquático. Este estudo teve como objetivo, avaliar os efeitos do cultivo de tilápia em tanque-rede na qualidade de água. MATERIAL E MÉTODOS Amostras da água foram obtidas de oito estações pré-estabelecidas, próximas ao local de cultivo, no município de Jatobá-PE, no período de 24h, com intervalos de 3h entre as coletas. As variáveis temperatura, pH, condutividade elétrica, salinidade, oxigênio dissolvido da água, e sólidos totais dissolvidos, foram determinadas in sito, com analisador multiparâmetro. As demais variáveis, foram efetuadas com amostras de superfície e analisadas em laboratório. RESULTADOS E DISCUSSÃO As variações encontradas foram: temperatura 27,1 a 27,7ºC. O OD de 4,64 a 5,73mg/L. O pH de 7,3 a 7,6. A alcalinidade total variou entre 29,75 a 31,00 mg/L CaCO3. A dureza de 24,95 a 26,35 mg/L CaCO3, cálcio de 6,09 a 6,32mg/L Ca e o magnésio de 2,37 a 2,69 mg/L Mg. Os parâmetros de condutividade elétrica (0,056 µS/cm), salinidade (0,02 psl), o STD (0,036 g/L), não apresentaram variações. Resultados semelhantes foram descritos pela FADURPE (2000) A concentração de cloreto e turbidez apresentaram valores inferiores aos recomendados pelo CONAMA, a saber, 250 mg/L(cloreto), 100 UNT(turbidez). A concentração dos nutrientes fosfatados foi expressa na forma de fosfato inorgânico, fosfato total e fósforo total, porém apenas o fósforo total tem valores limites estabelecidos, cujo os níveis apresentaram-se acima do limite 30,0 µg estabelecido pelo CONAMA (Tabela 1). Os parâmetros físico-químicos da água em sua maioria estão dentro dos valores estabelecidos pela resolução CONAMA nº357/2005, não apresentando alterações significativas na 19 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP qualidade da água durante a análise nictimeral, havendo, enfim, viabilidade técnica para o cultivo da espécie com menor impacto ambiental. Tabela 1. Valores das variáveis analisadas em laboratório, nos diferentes horários de coleta. Horário Alcalinidade total (mg/L CaCO3) Dureza total (mg/L CaCO3) Cálcio (mg/L Ca) Magnésio(mg/L Mg) Cloreto (mg/L Cl) Turbidez (UNT) Nitrato (µg/l N) Nitrito (µg/l N) Nitrogênio amoniacal (µg/l N) Fosfato inorgânico (µg/l P) Fosfato total(µg/l P) Fósforo total(µg/l P) Clorofila-a (µg/l ) Feofitina (µg/l ) 7:30 10:30 13:30 16:30 19:30 22:30 01:30 04:30 Desvio Amp 29,88 25,55 6,06 2,53 0,60 0,9 9,684 0,084 14,973 4,111 7,257 55,573 1,150 1,718 29,94 25,62 6,18 2,47 0,60 1,0 7,440 0,063 12,223 2,860 6,684 37,049 1,155 1,094 29,75 25,80 6,12 2,55 0,60 0,9 8,700 0,077 16,602 3,217 6,493 50,698 1,303 1,221 30,69 25,97 6,32 2,47 0,61 2,1 7,865 0,063 10,593 2,323 6,111 40,298 1,301 1,380 30,00 25,17 6,09 2,42 0,60 2,0 10,527 0,091 7,537 3,038 6,111 41,598 1,469 1,397 31,00 24,95 6,09 2,37 0,62 0,7 11,843 0,049 10,084 3,038 6,111 51,998 1,143 1,475 30,25 26,35 6,26 2,60 0,61 1,2 8,113 0,098 7,639 4,468 7,066 51,998 0,973 1,475 30,38 26,30 6,09 2,69 0,61 1,1 14,114 0,042 6,213 4,647 6,302 47,448 1,409 1,175 0,433752 0,498023 0,093875 0,103265 0,00744 0,523552 2,289830 0,019953 3,68978 0,83809 O,45011 6,659028 0,162427 0,20011 1,3 0,8 0,3 0,3 0 1,4 6,7 0.1 10,4 2,3 1,1 18,5 0,5 0,6 REFERÊNCIAS BRASIL, 2005. Resolução CONAMA nº. 357, de 17 de março de 2005. FADURPE. 2000. Zoneamento da Piscicultura em Tanques-rede nos Reservatórios do Sub-médio São Francisco: Zoneamento do Reservatório de Moxotó. Relatório técnico 12/2000, Recife, FADURPE/CHESF. 20 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP RENDIMENTO DO FILÉ DE PIRARUCU PIRARUCU’S FILLET YIELD Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO1*; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA1; Francisco José de Seixas SANTOS1; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA2 1 2 Embrapa Meio-Norte, BR 343, Km 35, Caixa Postal 341, CEP 64200-970, Parnaíba, PI. Universidade Federal do Ceará, Avenida da Universidade, 2853, Benfica, CEP 60002-181, Fortaleza, CE *E-mail: [email protected] Resumo - Avaliou-se o rendimento do filé de pirarucu (Arapaima gigas) cultivado em canal de irrigação. Foram comparados três grupos com diferentes médias de peso. Os exemplares foram medidos, pesados, eviscerados e, após a filetagem, calculou-se o rendimento do filé sem pele. Para as classes de 8, 12 e 15 kg, os rendimentos foram de 47,63, 48,62 e 49,79%, respectivamente. Com base nos resultados obtidos, não houve diferença significativa (P<0,05) de rendimento de filé entre as classes de pesos estudadas, mostrando que o peso entre 8 e 15 kg não influenciou no rendimento de filé. Palavras-chave: canal de irrigação, classes de peso, filetagem. Abstract - The study evaluated the fillet yield of pirarucu (Arapaima gigas) cultivated in an irrigation canal. Three groups containing different average weight was compared. The fishes were weighed, measured, eviscerated and after filleting, fillet yield was estimated of skinless fillet. For the classes with 8, 12 and 15 Kg the respective yields were 47.63, 48.62 and 49.79%, respectively. The results showed no statistic difference between the weight groups for fillet yield, showed that the weight of the fishes between 8 and 15 kg didn’t influence on fillet yield. Key-words: filleting, irrigation canal, weight groups. 21 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Pirarucu é a denominação popular dada ao peixe da espécie Arapaima gigas, também conhecido como bacalhau-da-Amazônia, considerado um dos maiores peixes de água doce do mundo (Oliveira, 2007). Poucos são os estudos relacionados ao rendimento do filé do pirarucu, sendo importante determiná-lo para avaliar fatores críticos no processamento e visualizar seu potencial de industrialização, permitindo assim à indústria dimensionar sua produção e ao mercado saber o potencial de recursos disponíveis. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o rendimento do filé sem pele do pirarucu, segundo diferentes classes de pesos. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Embrapa Meio-Norte, Unidade de Execução de Pesquisa de Parnaíba. Foram utilizados 15 exemplares de pirarucu (Arapaima gigas), com aproximadamente 18 meses de idade, provenientes do canal de irrigação do DITALPI (Distrito de Irrigação Tabuleiros Litorâneos do Piauí). Os peixes foram capturados com rede de pesca e puçás, e estocados em caixas de fibra de 1.000 L para serem transportados ao local de realização do trabalho. Os peixes foram pesados em balança digital e medidos em um ictiômetro para obter o peso e comprimento total. Em seguida foram abatidos por choque térmico em gelo e água (1:1), sangrados pelo corte das guelras, eviscerados e filetados. O rendimento (RF) foi analisado em três grupos de pesos: 7,99 + 0,27; 12,05 + 0,27 e 15,14 + 0,99 kg, segundo a equação: RF = (Peso do filé x 100)/Peso Total. RESULTADOS E DISCUSSÃO pesos. A tabela abaixo apresenta os resultados de rendimento de filé das diferentes classes de Tabela 1. Médias de rendimento do filé (RF) de pirarucu Grupo RF (%) 1 2 3 47,43 + 1,46 48,62 + 3,00 49,79 + 3,60 Média de 5 peixes (n=5) + DP. Grupos: 1 (7,99 + 0,27 kg), 2 (12,05 + 0,27 kg) e 3 (15,14 + 0,99 kg). Apesar de apresentarem difenças numéricas, não houve diferença estatística (P<0,05) entre os grupos. No entanto, os valores de rendimento foram superiores aos encontrados por Oliveira (2007) que encontrou rendimento de 41,41% para peixes com peso médio de 7,14 kg. Desta forma, verifica-se que o peso total de peixes entre 8 e 15 kg não tem influência no rendimento de filé no pirarucu. REFERÊNCIAS Oliveira, P. R. Qualidade do pirarucu (Arapaima gigas Cuvier, 1829) procedente de piscicultura, estocado em gelo, congelado e de seus produtos derivados. Manaus: INPA/UFAM, 2007,119 f. (Tese de Doutorado em Ciências Biológicas - Área de Concentração em Biologia de Água Doce e Pesca Interior). 22 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ALOMETRIA DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA, GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL ALOMETRY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) FROM JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; Fábio H. V. HAZIN2 e José Roberto F. SILVA1 1 2 Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará. Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: [email protected] Resumo - No presente trabalho, a largura do cefalotórax (LC), o comprimento do maior quelípodo (CQ), nos machos, e a largura do 5º segmento abdominal (L5), nas fêmeas, de 334 indivíduos de Cardisoma guanhumi, capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil, entre Dez./06 e Nov./07, foram mensurados. O tamanho da muda puberal foi determinado através do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5. A largura do cefalotórax em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, nos machos, e 6,20 cm, nas fêmeas. Foram obtidas as seguintes relações, para juvenis e adultos, respectivamente, dos machos: CQ = 0,0747 LC 2,2826 e CQ = 0,5148LC1,3055; e das fêmeas: L5 = 0,0839LC2,5744 e L5 = 0,6666LC2,0554. Palavras-chaves: guaiamum, alometria, manguezal, caranguejo terrestre, muda puberal. Abstract - In the present study, the width of the cephalothorax (LC), the length of the largest chelipod (CQ), for males, and the length of the 5thabdominal segment, for females, were measured from 334 specimes of Cardisoma guanhumi, caught from Dec./06 to Nov./07, in the Jaguaribe River Estuary, Ceara State, Brazil. The size of pubertal molting was determined through the inflection point of the relation LC x CQ and LC x L5. The width of the cephalothorax in which the pubertal molting occurs was equal to 7.1 cm, for males, and 6.20 cm, for females. The following equations were obtained, for juvenile and adult specimens, respectively, for males: CQ= 0.0747 LC2, 2826 and CQ = 0.5148 LC1, 3055, and for females: L5 = 0,0839LC2,5744 and L5 = 0,6666LC2,0554. Key-words: guaiamum, alometry, mangrove, land crab, puberal molting. 23 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO O guaiamum, Cardisoma guanhumi, é um caranguejo terrestre que possui hábitos noturnos (Melo, 1996) e distribuição circumequatorial (Burggren & McMahon, 1988), cuja amplitude é, em grande medida, determinada pela temperatura da água, sendo a sobrevivência das larvas comprometida em áreas onde a mesma é inferior a 20ºC (Hill, 2001). O estudo da alometria no crescimento é uma importante ferramenta na determinação do tamanho em que a espécie atinge a maturidade funcional. Esta determinação é possível devido à presença de uma muda puberal que é acompanhada de bruscas modificações nas dimensões do corpo (Hartnol, 1978), como, por exemplo, o comprimento do quelípodo nos machos e a largura do abdômen nas fêmeas. Objetivou-se, com o presente trabalho, analisar o crescimento alométrico de machos e fêmeas de Cardisoma guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil. MATERIAL E MÉTODOS As coletas dos indivíduos foram realizadas na área de manguezal do estuário do Rio Jaguaribe, no estado do Ceará, com armadilhas artesanais, tendo sido capturados 334 exemplares no período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007. Todos os indivíduos foram mensurados quanto à largura do cefalotórax (LC), comprimento do maior quelípodo (CQ) dos machos e largura do 5º segmento abdominal (L5) das fêmeas. O tamanho em que ocorre a muda puberal foi determinado através da determinação do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5, para machos e fêmeas, respectivamente. Para determinar se em cada sexo houve diferença entre os estágios imaturo e maturo, foi utilizada a estatística “w” de comparação de retas que utiliza a distribuição de qui-quadrado (Mendes, 1999). RESULTADOS Foram coletados 334 indivíduos, sendo 167 machos e 167 fêmeas. A largura do cefalotórax em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, para os machos, e 6,20 cm, para as fêmeas. As curvas de regressão, para ambos os estágios (imaturo e maturo) e para ambos os sexos, apresentaram equações potenciais que diferiram estatisticamente (p < 0,05). Entre os machos, os indivíduos imaturos apresentaram uma alometria positiva, próximo à isometria (1,30), enquanto que os adultos apresentaram uma forte alometria positiva, com valor de θ= 2,28. Já em relação às fêmeas, os indivíduos maturos apresentaram uma alometria menos positiva que os imaturos, com valores de θ iguais a 2,57 e 2,05 cm, respectivamente. 24 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Comprimento da quela - CQ (cm) 12 CQ(maturo) = 0,0747LC 2 R = 0,5883 10 2,2826 8 6 CQ(imaturo) = 0,5148LC1,3055 R2 = 0,8662 4 2 0 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Largura do cefalotórax - LC (cm) Figura 1. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e comprimento da quela (CQ), de machos de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e Nov/07. 16 L5(imaturo) = 0,0839LC 2 R = 0,7271 Largura do abdômen - L5 (cm) 14 2,5744 12 10 L5(maturo) = 0,2218LC 2 R = 0,6666 2,0554 8 6 4 2 4 5 6 7 8 Largura do cefalotórax - LC (cm) Figura 2. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e largura do abdômen (L5), de fêmeas de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e Nov/07. DISCUSSÃO O crescimento mais acelerado do quelípodo dos machos maturos, em relação aos imaturos, encontrado para a população de C. guanhumi no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, é uma característica comum aos decápodes que está associada à defesa e competição pelas fêmeas (Hartnol, 1978). 25 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP O incremento da largura do abdômen das fêmeas é limitado à coxa, sendo este, o valor de largura máxima para o abdômen. É provável que o crescimento alométrico menos positivo para fêmeas maturas esteja associado a esta característica. Trabalhos de fecundidade podem corroborar esta hipótese, uma vez que o desenvolvimento do abdômen está diretamente relacionado à incubação dos ovos. A legislação vigente determina o tamanho mínimo de captura de machos de guaiamum (IBAMA, 2006), para o estado do Ceará, de 6,00 cm de LC. Em comparação com os resultados obtidos, este valor é inferior ao tamanho em que ocorre a muda puberal. É importante ressaltar que o ponto de inflexão da curva não representa, necessariamente, o tamanho em que 50% da população está apta à reprodução, embora seja um ótimo indicativo das mudanças no crescimento. Os dados obtidos no presente trabalho podem ser um indício do início da atividade reprodutiva na população de C. guanhumi para a referida região. Desta maneira, ressalta-se a importância de trabalhos complementares que realizem estudos de maturidade (L50) fisiológica e morfométrica para se conhecer o tamanho de primeira maturação funcional, e assim, determinar a relação entre a muda puberal e aptidão reprodutiva. REFERÊNCIAS BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University Press.United States of America. 479p, 1988. HARTNOLL, R.G. The determination of relative growth in Crustacea. Crustaceana, Leiden, 34 (3): 281-293. 1978. HILL, K. "Cardisoma guanhumi". 2001. Disponível em: <http://www.sms.si.edu/IRLSpec/ Cardis_guanhu.htm.>. Acesso em: 20 de outubro de 2007. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Instrução Normativa n° 90, de 02 de fevereiro de 2006. 2006. MENDES, P.P. Estatística aplicada à Aqüicultura. Recife-PE. Ed. Bargaço, 1999. 265p. 26 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP SAZONALIDADE DA PROPORÇÃO SEXUAL DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL SEX RATIO SEASONALITY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) FROM JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; José Roberto F. SILVA1; Fábio H. V. HAZIN2 1 2 Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará. Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco. *E-mail: [email protected] Resumo - No período entre Dez/06 e Nov/07, a variação sazonal na proporção sexual de 334 indivíduos de C. guanhumi capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará, foi avaliada. A proporção sexual foi igual a 1:1, não apresentando diferença estatística significativa (Chi-quadrado, p ≥ 0,05) ao longo dos meses. Apesar das classes periféricas terem sido exclusivamente representadas por machos, nas classes em que se observaram ambos os sexos, não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção. Palavras-chaves: manguezal, proporção sexual, população. Abstract - From Dec/06 to Nov/07, the seasonal changes of sex ratio of 334 specimes of C. guanhumi, caught in the Jaguaribe River Estuary, were examined. The ratio between the sexes over the months did not differ statistically (Chi-square, p ≥ 0.05). Although only males were observed in the marginal size classes, there was no statistical difference (p ≥ 0.05) in those classes where both sexes were present. Key-words: mangroove, sexy rate, population. 27 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Cardisoma guanhumi é um caranguejo terrestre com significantes adaptações comportamentais, morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, que constrói galerias perto do mar, sempre onde a água pode ser alcançada (Melo, 1996). Apresenta distribuição circumequatorial, ocorrendo no Atlântico Oeste desde os Estados Unidos (Burggren & McMahon, 1988) até o sudeste do Brasil (Melo, op. cit). Estudos acerca da estrutura populacional são importantes para um adequado gerenciamento do recurso, garantindo uma explotação sustentável. Desta forma, objetivou-se, com o presente trabalho, analisar a variação sazonal da proporção sexual do Cardisoma guanhumi capturado no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará. MATERIAL E MÉTODOS Os 334 indivíduos examinados foram capturados com armadilhas artesanais, distribuídas de forma inteiramente aleatória, no período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007, na área de manguezal do estuário do Rio Jaguaribe (04º26’S a 04º32’S e 037°46’W a 037°48’W), no estado do Ceará. Todos os indivíduos foram sexados e mensurados quanto à largura do cefalotórax (LC). As diferenças mensais e por classe de comprimento na freqüência de machos e fêmeas foram avaliadas por meio do teste de qui-quadrado (p ≥ 0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os indivíduos capturados, 167 eram machos, e 167 fêmeas, com razão sexual de 1:1. A variância máxima da proporção sexual mensal durante o período de amostragem foi de 28% (Fig. 1), não tendo sido observadas, entretanto, diferenças estatísticas significativas (p ≥ 0,05) (Tab. 1). 100% 80% 60% 40% 20% 0% Jan Fev Mar Abr Mai Jun fêmeas Jul Ago Set Out Nov Dez machos Figura 1. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi, ao longo dos meses, no período entre Dez./06 e Nov./07. 28 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Uma proporção sexual equilibrada ao longo dos meses é um bom indicativo de equilíbrio natural da população. Resultados semelhantes foram encontrados para C. guanhumi no México (Bozada e Chávez, 1986) e no sudeste do Brasil (Silva e Oshiro, 2002). Tabela 1. Freqüência mensal de fêmeas e machos de C. guanhumi, capturados no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de qui-quadrado para análise mensal (GL=1) e total (GL=11). fêmeas Jan. 16 Fev. 9 Mar. 11 Abr. 12 Mai. 19 Jun. 14 Jul. 15 Ago. 13 Set. 8 Out. 15 Nov. 21 Dez. 14 TOTAL 167 machos χ2 14 0,13NS 10 0,05 NS 20 2,61 NS 19 1,58 NS 11 2,13 NS 8 1,64 NS 17 0,13 NS 16 0,31 NS 11 0,47 NS 10 1,00 NS 19 0,10 NS 12 0,15 NS 167 10,31 NS NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05). A largura do cefalotórax das fêmeas variou de 4,34 a 8,56 cm, com uma moda no intervalo entre 5,0 e 7,0 cm. Os machos apresentaram uma maior amplitude, entre 2,84 e 9,22 cm, exibindo, porém, uma moda menos ampla que as fêmeas, entre 5,0 e 6,5 cm (Tab. 2). Apesar das três primeiras e as três últimas classes de tamanho terem sido exclusivamente representadas por machos, não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção entre os sexos por classe de tamanho, para nenhuma das classes em que ambos os sexos ocorreram (Tab. 2). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% largura do cefalotórax (cm) fêmeas machos Figura 2. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi para cada classe de largura do cefalotórax, no período entre Dez./06 e Nov./07. 29 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Tabela 2. Freqüência de classes de largura do cefalotórax (LC) para fêmeas e machos de C. guanhumi capturados no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de quiquadrado para por classe de tamanho (GL=1) e total (GL=13). 2,5├3,0 3,0├3,5 3,5├4,0 4,0├4,5 4,5├5,0 5,0├5,5 5,5├6,0 6,0├6,5 6,5├7,0 7,0├7,5 7,5├8,0 8,0├8,5 8,5├9,0 9,0├9,5 TOTAL Fêmeas (n) Machos (n) χ2 0 1 1,00 NS 0 1 1,00 NS 0 1 1,00 NS 1 6 3,57 NS 12 8 0,80 NS 28 30 0,07 NS 57 47 0,96 NS 28 31 0,15 NS 23 17 0,90 NS 14 11 0,36 NS 4 10 2,57 NS 0 2 2,00 NS 0 1 1,00 NS 0 1 1,00 NS 167 167 16,39 NS NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05). Classes periféricas representadas por apenas um sexo podem indicar diferentes taxas ou tamanhos de recrutamento e de mortalidade. Machos de C. guanhumi com maior amplitude de tamanho em relação às fêmeas também foi encontrada por Rivera (2005), em Cuba (6,5 a 10,5 cm para machos e 4,2 a 7,9 cm para fêmeas); por Bozada e Chávez (1986), no México (2,7 a 10,5 cm para machos e 7,0 a 9,0 cm para fêmeas); e por Silva e Oshiro (2002), no Brasil (2,7 a 8,5 cm para machos e 3,1 a 8,3 para fêmeas). Esses resultados parecem indicar que esta é uma característica intrínseca das populações de C. guanhumi, independentemente da localidade. REFERÊNCIAS BOZADA, L e CHÁVEZ, Z. La fauna acuatica de la laguna del ostion. Centro de Ecodesarrollo. México. 1986. BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University Press. United States of America. 479p, 1988. MELO, G. A. S. Família Gecarcinidea. In: Manual de identificação dos brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São Paulo, Ed. Plêiade. P-480 a 481. 1996. RIVERA, J. J. El cangrejo terrestre C. guanhumi ¿Un recurso pesquero?. Ecofronteiras. No25. 2005. SILVA, R. da & OSHIRO, L. M. Y. Aspectos reprodutivos do caranguejo Guaiamum, Cardisoma guanhumi Latreille, 1828 (Crustacea, Decapoda, Brachyura) da Baía de Sepetiba, RJ. Revista Brasileira de Zoologia, Curitiba/PR. 2002. 30 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INFLUÊNCIA DO CICLO HIDROLÓGICO DO RESERVATÓRIO DE SOBRADINHO SOBRE A CARGA DE FÓSFORO TOTAL INFLUENCE OF THE HYDROLOGICAL CYCLE OF THE SOBRADINHO RESERVOIR ON THE LOAD OF TOTAL PHOSPHORUS Bruno Dourado Fernandes da COSTA1*, Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA2, Antony Evangelista de LIMA2, Márcia Darcilene Correia do PRADO2, Teresa Cristina Paiva SANTOS2, Michelle Miranda Biondi ANTONELLO1, Aureliano de Vilela CALADO NETO1, Anderson ANTONELLO1 e William SEVERI2 1 Fundação de Desenvolvimento Educacional Apolônio Sales 2 Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: [email protected] Resumo - O monitoramento continuado dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água de reservatórios serve como ferramenta de avaliação do seu estado trófico. Dentre os diversos parâmetros monitorados, o fósforo total pode ser considerado o nutriente mais importante, já que o mesmo é o principal nutriente responsável pela eutrofização de ambientes lacustres. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência do ciclo hidrológico do reservatório de Sobradinho, localizado no Médio São Francisco, entre os municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA, sobre as concentrações de fósforo total nos diferentes ambientes no trecho estudado. Análises trimestrais entre janeiro de 2007 e janeiro de 2008, permitiram avaliar a influência do ciclo hidrológico sobre as concentrações do fósforo total em três estações, localizadas em ambientes distintos na área de estudo (lótico, transição rio-reservatório, lêntico). Pode se observar que as concentrações de fósforo total diminuíram com o aumento de volume do reservatório, com níveis mais elevados no início do período de enchimento, e menores após atingir a cota máxima. Foi demonstrado no presente trabalho que a água de afluência ao reservatório de Sobradinho é responsável pela elevação da concentração dos níveis de fósforo total e que, após o enchimento do reservatório, existe uma estabilização natural do ambiente, favorecendo a diminuição das concentrações do fósforo total. Palavras-chaves: fósforo, reservatório, monitoramento. Abstract - The continuous monitoring of the physical, chemical and biological parameters of water in reservoirs serves as a tool to evaluate its trophic state. Among the various parameters monitored, total phosphorus can be considered as the most important nutrient, since it is the main nutrient responsible for the eutrophication of lake environments. The objective of this study was to evaluate the influence of the hydrological cycle of the Sobradinho reservoir, located in the Medium São Francisco, between the towns of Barra/BA and Sobradinho/BA, on total phosphorus concentration in different environments of the stretch studied. Quarterly analyses between January 2007 and January 2008, have assessed the influence of the hydrological cycle on total phosphorus concentration in three stations located within the different environments of the study area (lotic, transition river-reservoir, lenthic). It may be noted that total phosphorus concentrations decreased with an increase in the reservoir’s volume, presenting higher levels at the beginning of the period of filling and lower ones after reaching its maximum level. It was determined in this work that inflowing water to the Sobradinho reservoir is responsible for raising the levels of total phosphorus concentrations and that after its fulfilling, there is a stabilization of the natural environment which favors the reduction of total phosphorus concentrations. key-words: phosphorus, reservoirs, monitoring. 31 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Os reservatórios têm um importante papel econômico, ecológico e social, produzindo muitas mudanças em bacias e rios. Um reservatório causa uma série de impactos significantes na bacia onde é construído. O entendimento dos impactos causados por grandes ou pequenas represas, requer o conhecimento prévio das condições originais dos sistemas terrestre e aquático, da diversidade e mecanismo de funcionamento da flora e fauna, da hidrogeoquímica e flutuações sazonais (TUNDISI, 1987). De acordo com Tundisi e Straškraba (1999), as características mais importantes de um reservatório relacionam-se com a sua morfometria, tempo de retenção, padrões térmicos de estratificação e circulação, flutuações no nível de água, tipo e tamanho da área. O fósforo é reconhecidamente um dos elementos limitantes da produtividade primária de lagos e reservatórios (WETZEL, 1983; ESTEVES, 1998). A eutrofização de ambientes lênticos (reservatórios) está diretamente relacionada ao aporte de fósforo, resultante de contribuição alóctone, como escoamento superficial de áreas agrícolas ou florestadas, esgoto municipal e efluentes industriais (ESTEVES, 1998). O monitoramento sazonal do aporte de fósforo em um reservatório gera informações que, se bem utilizadas, podem servir como indicadoras das atividades poluidoras a montante e no entorno do reservatório, possibilitando a avaliação anual das medidas mitigadoras executadas, como por exemplo, o tratamento de esgoto de uma cidade a montante do reservatório, o reflorestamento da mata auxiliar ao longo do rio, ou a diminuição na utilização de fertilizantes agrícolas fosfatados em torno do reservatório. Fazendo uma relação anual entre as concentrações do fósforo e o volume afluente anual, pode-se determinar se as medidas de controle ambiental surtiram efeito. O presente trabalho teve como finalidade caracterizar a dinâmica do aporte do fósforo total do reservatório de Sobradinho em função da variação da sua cota. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo foi o reservatório de Sobradinho (Figura 1), localizado no trecho do rio São Francisco, compreendido entre os municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA, tendo aproximadamente 320 km de extensão, uma superfície de espelho d’água de 4.214 km2 e uma capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos em sua cota nominal de 393,50 m. A manutenção de uma vazão regularizada de 2.060 m3.s-1 nos períodos de estiagem, permite a operação de todas as usinas da CHESF situadas à jusante da barragem de Sobradinho no submédio São Francisco. 32 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Foram distribuídas três estações de amostragem a montante da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, contemplando os trechos: lótico, transição e lêntico. As estações foram denominadas SF1, SF2 e SF3, e possuem, respectivamente, as seguintes coordenadas: 10º 44` 36``S e 042º 43` 02``W; 09º 40` 01``S e 042º 01` 14``W; 09º 25` 59``S e 040º 50` 06``W. A Figura 1. Mapa contemplando as diferentes áreas do reservatório de Sobradinho (Modificado de PETRERE, 1996). periodicidade das coletas foi trimestral, entre janeiro/2007 e janeiro/2008. As análises de fósforo total foram realizadas no Laboratório de Limnologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco, utilizando o método proposto por Strickland & Parsons (1960). Os dados de cota do reservatório foram fornecidos pela Divisão de Gestão de Recursos Hídricos - DORH (CHESF). RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o período de estudo, a cota do reservatório teve seu maior nível em abril de 2007 e o menor volume em dezembro de 2007. Visto que a época de chuva na região e de aporte de água ao reservatório ocorre entre os meses de dezembro e março de cada ano, é estabelecido um período cíclico de enchente e seca. Esse período acarreta uma relação inversa entre o volume e a concentração de fósforo total nas estações do reservatório de Sobrinho (Figura 2). No período de enchente, a carga de nutrientes carreada pelo rio elevou os níveis de fósforo, em especial em janeiro de 2008, quando o reservatório apresentou a menor cota. A elevação dos teores de fósforo e inversão da quantidade entre os trechos é possivelmente ocasionada pelo material carreado para próximo da barragem, devido a cota neste momento ter sido de aproximadamente 20% da cota máxima. A estação lótica apresentou concentrações superiores a 100 µg.L-1 P, valor acima do limite de 50 µg.L-1 P, estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para trechos de rio, apenas nas campanhas de janeiro. Já a estação de transição não apresentou valores de fósforo total acima deste limite, exceto em abril e julho de 2007, quando o reservatório apresentou as maiores cotas durante todo o período de estudo. Também nos meses de abril e julho, a estação lêntica apresentou concentrações de fósforo total inferior a 30 µg.L-1 P, limite estabelecido na resolução do CONAMA 357/05 para esse tipo de ambiente. O aporte de fósforo total no trecho estudado está relacionado com o escoamento superficial das águas de chuvas na região. Segundo Haygarth & Sharpley (2000), o fósforo é removido do solo principalmente por erosão, dependendo da quantidade de material sólido no escoamento superficial, da intensidade e quantidade de chuva. 33 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP No período de abril a julho, os níveis de nutrientes estão dentro dos valores de referência da legislação vigente, evidenciando a diluição da carga de fósforo e caracterizando as estações quanto aos trechos de rio pela quantidade do nutriente. Já em outubro, em conseqüência da redução do volume, houve uma elevação da concentração deste nutriente. A análise dos componentes principais (Figura 3) demonstra a relação entre a cota e as concentrações de fósforo total nas estações, evidenciando que as estações localizadas no trecho lêntico e de transição são influenciadas 394 SF 1 SF 2 SF 3 ___ Cota (m) 1,0 *Cota (m) 392 Eixo 2 : 13,46% 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 388 386 Cota (m) 390 SF 1 0,5 0,0 SF 2 SF 3 -0,5 384 -1,0 Jan/08 Fev/08 Dez/07 Nov/07 Set/07 Out/07 Jul/07 Ago/07 Jun/07 Mai/07 Abr/07 Mar/07 Jan/07 Fev/07 Dez/06 Out/06 382 Nov/06 Fósforo total (mg.L-1 P) diretamente pelo aumento de volume e uma maior capacidade de diluição do nutriente. Figura 2. Resultados do fósforo total nos meses amostrados e a cota do reservatório para o periodo do estudo. As linhas pontilhada indicam os valores de referência do CONAMA 357/05 para os trecho lótico, transição e lêntico, com -1 respectivamente 100, 50 e 30 µg.L P. -1,0 -0,5 0,0 0,5 1,0 Eixo 1 : 84,80% Figura 3. Análise de componentes principais/ACP, entre as estações e cotas para todo o período analisado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA, Resolução 357/05. http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 03/08/2008. ESTEVES, F. A., 1998. Fundamentos da Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 602p. HAYGARTH, P.M. & SHARPLEY, A.N. 2000. Terminology for phosphorus transfer. J. Environ. Qual., 29:10-15. STRICKLAND, J.D.H. & PARSONS, T.R. 1965. A manual of sea water analysis. Ottawa, Fish. Res. Borad Canada, 202p. TUNDISI, JOSÉ GALIZIA, 1987. Ecologia, limnologia e aspectos socioeconômicos da construção de hidrelétricas nos trópicos. In: Encontro de Tropicologia, 4, Recife. Anais: Universidade de Brasília; CNPq. 1990. p. 47-85. http://www.tropicologia.org.br/conferencia/1987ecologia_ limnologia.html. Acesso em: 28/05/2004. TUNDISI, J. G. E STRAŠKRABA, M., 1999. Theoretical Reservoir Ecology and its Applications. São Carlos. 592p. WETZEL, R.G. 1983. Limnology. Philadelphia, Saunders College Pub. 34 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ABUNDÂNCIA DA ICTIOFAUNA CAPTURADA COM REDE DE ARRASTO NA PRAIA DO PESQUEIRO, ILHA DE MARAJÓ (PARÁ, BRASIL) ABUNDANCE OF THE ICHTHYOFAUNA CAPTURED WITH NET TOWING ON THE PESQUEIRO BEACH, ISLAND OF MARAJO (PARÁ, BRAZIL) Jean Michel CORRÊA1*; Eurivaldo Santos da COSTA1; Francisco Carlos Alberto Fonteles HOLANDA2 1 2 Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará * Email: [email protected] Resumo - A ilha de Marajó é tida como uma região que propicia pescarias em águas continentais e marinhas, devido à elevada diversidade da ictiofauna proveniente desses dois sistemas. Foram realizados quatro arrastos experimentais na praia do Pesqueiro. Foi coletado um total de 10 peixes, distribuídos em quatro espécies e três famílias. A espécie mais abundante em todos os arrastos foi Mugil curema, com sete indivíduos. A espécie Strongylura timucu apresentou os maiores valores de comprimento total e zoológico, enquanto Plagioscion squamosissimus apresentou o maior valor de altura. Palavras-chave: peixes, Mugil curema, comprimento total. Abstract - The island of Marajó is regarded as a region that provides fisheries on continental and marine waters because of its high diversity of the ichthyofauna from these two systems. Four experimental fisheries were carried out on the Pesqueiro beach. It were collected a total of ten fishes, distributed in four species and three families. The most abundant species was Mugil curema, with seven individuals. The species Strongylura timucu presented the higher values of total and zoological length, while Plagioscion squamosissimus presented the higher values of height. Key-words: fishes, Mugil curema, total length. 35 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO O arquipélago do Marajó possui localização estratégica e privilegiada, sendo o maior arquipélago flúvio-marinho do mundo. Em sua porção noroeste, recebe águas doces, barrentas e cheias de nutrientes do rio Amazonas; ao norte, as águas marinhas do Oceano Atlântico; a nordeste, as águas doces e barrentas da Baía do Marajó; ao sul, as águas doces e barrentas do Rio Pará, propiciando pescarias em áreas continentais e marinhas, com elevada diversidade de peixes provenientes destes dois sistemas (CASA CIVIL, 2007). Muitos peixes compõem a grande riqueza do arquipélago, sendo os mais conhecidos o tucunaré (Cichla ocellaris), o pirarucu (Arapaima gigas), as piranhas (Serrasalmus sp.), o candiru (Vandellia cirrhosa), entre outros (CASA CIVIL, op. cit.). MATERIAL E MÉTODOS Foram efetuados quatro arrastos experimentais na Praia do Pesqueiro, localizada a 8 km do município de Soure. Em cada arrasto foi utilizado como apetrecho de pesca uma rede de arrasto com as seguintes especificações: comprimento de 48,12 m; altura de 2,37 m; malha de 25 mm; distância entre nós opostos de 50 mm; distância entre bóias de 94 cm e distância entre chumbadas de 94 cm. Os arrastos foram efetuados na maré vazante, sendo o último realizado na maré enchente. Depois, os peixes foram transportados até a margem para serem realizadas as análises biométricas. Na biometria foram obtidas medidas de comprimento total (CT), comprimento furcal ou zoológico (CF) e altura (ALT). O instrumento utilizado para a tomada dessas medidas foi uma trena. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número total de indivíduos capturados nos arrastos foi de dez. Ao todo foram identificadas quatro espécies pertencentes a três famílias: Mugilidae, Belonidae e Sciaenidae. Esses resultados corroboram com estudo realizado por Barthem (1985) que definiu para a Baía do Marajó, as seguintes famílias como sendo as mais diversificadas: Ariidae, Sciaenidae e Pimelodidae, possuindo nove, sete e cinco espécies respectivamente. A espécie Mugil curema foi a mais abundante, com sete indivíduos. As espécies Cynoscion acoupa, Plagioscion squamosissimus e Strongylura timucu contribuíram com um indivíduo cada. Para o comprimento total, o maior indivíduo foi um exemplar de Strongylura timucu com 56,2 cm e o menor foi um exemplar de Mugil curema com 25,0 cm. Em termos de comprimento furcal, o maior indivíduo capturado foi um exemplar de S. timucu com 56,0 cm e o menor foi um exemplar de M. curema com 24,0 cm. Com relação à altura, a maior espécime foi um exemplar de Plagioscion squamosissimus com 10,0 cm e o menor foi um exemplar de S. timucu com 5,0 cm (Tabela 1). 36 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Tabela 1. Nome científico das espécies, nome vulgar, número de indivíduos (N) e amplitude do comprimento total (CT), comprimento furcal (CF) e altura (ALT). Nome Científico Mugil curema Cynoscion acoupa Plagioscion squamosissimus Strongylura timucu Total Nome Vulgar Pratiqueira Pescada amarela Pescada branca Peixe-agulha - N 7 1 1 1 10 CT (cm) 25,0 – 29,0 31,1 38,0 56,2 25,0 – 56,2 CF (cm) 24,0 – 28,0 56,0 24,0 – 56,0 ALT (cm) 5,3 – 7,0 7,1 10,0 5,0 5 – 10,0 REFERÊNCIAS BARTHEM, R. B. Ocorrência, distribuição e biologia dos peixes da Baía de Marajó, Estuário Amazônico. Bol. Mus. Par. Emílio Goeldi, série zoologia. v. 2, n.1, p. 49-69. 1985. CASA CIVIL. Plano de desenvolvimento territorial sustentável do arquipélago do Marajó. Out. 2007. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/download/ download.asp?endereco=/pdf/ desenvolvimentoregional/plano_marajo.pdf&nome_arquivo=plano_marajo.pdf. Acesso em 04 ago. 2008. 37 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ZOOPLÂNCTON DE BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRASIL ZOOPLANKTON FROM BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRAZIL Valdylene Tavares PESSOA1; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO1; Fernando Figueiredo PORTO NETO2; Sigrid NEUMANN-LEITÃO1*; Fábio Hissa Vieira HAZIN3 1 Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco 2 Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco 3 Departamento de Pesca, Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: [email protected] Resumo - Estudos foram desenvolvidos visando conhecer a composição do zooplâncton e seu papel como indicador da qualidade ambiental no sistema estuarino de Barra de Jangada. As amostras foram coletadas com redes com 300 µm de abertura de malha, em arrastos horizontais sub-superficiais. Foram identificados 29 taxa, destacando-se Copepoda com as espécies Pseudodiaptomus acutus e P. marshi, as quais são indicadoras de sistemas eutrofizados, evidenciando forte poluição orgânica neste ecossistema. Palavras-chaves: Poluição, Zooplâncton, Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes-PE) Abstract - Sdudies were carried out to assess the zooplankton composition and its role as environmental quality indicator of the Barra das Jangada estuarine system. Sampling were made with a plankton net 300 µm mesh size horizontaly hauled at sub-surface. It were identified 29 taxa, dominating Copepoda wih most abundant species Pseudodiaptomus acutus and P. marshi, which are euthrophication indicators showing the high organic pollution of this ecosystem. Key-words: Pollution, Zooplankton, Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes-PE). 38 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO A região costeira de Pernambuco, onde está localizada a área estuarina de Barra de Jangada, tem sido, ao longo das últimas décadas, submetida a constantes intervenções antropogênicas e recebe cada vez mais descargas de efluentes das mais diversas origens (CPRH 1999). Isto ocorre como conseqüência do crescimento industrial e urbano, o qual acontece sem nenhum planejamento ecológico e sem considerar o equilíbrio do meio ambiente, tendo como conseqüência um desenvolvimento que afeta negativamente a flora e fauna local. Dentre os organismos da fauna, destaca-se neste trabalho o zooplâncton, cujo estudo é de importância fundamental por apresentar espécies indicadoras das condições ambientais, permitindo caracterizar a qualidade da água (McLusky e Elliott, 2006). Dessa forma, este trabalho tem como principal objetivo conhecer a composição e densidade da comunidade zooplanctônica, evidenciando as espécies indicadoras da qualidade ambiental. MATERIAL E MÉTODOS As coletas de plâncton foram realizadas em quatro pontos de coleta no sistema estuarino de Barra de Jangada, localizado em Jaboatão dos Guararapes-PE. Rios Pirapama (E1) e Jaboatão (E2), Confluência dos dois rios (E3) e lagoa Olho d’água (E4). As coletas foram realizadas durante baixamares (BM) e preamares (PM) diurnas, em maré de sizígia, de outubro a dezembro de 2007. Foram realizados arrastos sub-superficiais com rede de plâncton cônica de náilon com 300 µm de abertura de malha. As amostras foram fixadas com formol a 4%, neutralizado com bórax. Para realização das análises qualitativa e quantitativa, cada amostra foi colocada em um béquer e diluída. Foram retiradas sub-amostras de 5,0 mL, com o auxílio de uma pipeta “Stempel” e vertida em uma placa de contagem do tipo Bogorov, analisada sob estereomicroscópio composto. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram identificados 29 taxa zooplanctônicos, destacando-se Copepoda, tendo as espécies Pseudodiaptomus acutus e P. marshi apresentado freqüência de ocorrência maior que 70%, seguido por Parvocalanus crassirrostris, com 58% e Acartia lilljeborgi com 54% (Tabela 1). Predominaram em Barra das Jangada poucos grupos zooplanctônicos e segundo Tundisi (1970), podem ocorrer muitas espécies no zooplâncton estuarino, mas apenas três ou quatro constituem a maior parte da população. Foi observada uma variação na abundância relativa do zooplâncton (figura 1) em função das marés e das estações, e esta variação é característica de muitos estuários tropicais e subtropicais, e são importantes na estruturação da comunidade (Buskey, 1993). Copepoda da família Pseudodiaptomidae, seguido por Parvocalanidae e Acartidae destacaram-se, também, em abundância, nas duas marés estudadas e em quase todos os pontos de coleta (figura 1). São 39 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP organismos holoplanctônicos dominantes na maioria dos estuários (Tundisi, 1970; McLusky e Elliott, 2006). Neste estudo, as duas espécies dominantes (Pseudodiaptomus acutus e P. marshi) são indicadoras de águas estuarinas eutrofizadas de baixa salinidade (Sant’anna, 1993). O meroplâncton esteve constituído principalmente por Cirripedia (náuplio e cípris) e Brachyura (zoea e megalopa). De acordo com McLusky e Elliott (2006), a ocorrência em grande quantidade de larvas meroplanctônicas está associada ao período reprodutivo dos adultos bentônicos. Foi registrado um maior número de náuplios de Cirripedia nas estações E3 e E4, principalmente na baixa-mar. Tabela 1. Composição e freqüência de ocorrência (FO) do zooplâncton coletado sistema estuarino de Barra de Jangada, durante outubro, novembro e dezembro de 2007. Classificação da Freqüência de Ocorrência: ****Muito freqüente; ***Freqüente; **Pouco freqüente; *Esporádico. (#Ticoplâncton) Taxa CNIDARIA Hydromedusa MOLLUSCA Gastropoda (véliger) Bivalvia (véliger) NEMATODA# ANNELIDA Polychaeta (Larva) CRUSTACEA Crustacea (náuplios) Calanoida Parvocalanus crassirrostris Pseudodiaptomus acutus Pseudodiaptomus marshi Pseudodiaptomus richard Temora turbinata Labidocera fluviatilis Acartia lilljeborgi Cyclopoida Oithona hebes Oithona oswaldocruzi Harparcticoida Euterpina acutifrons FO 4% * 25% 4% 4% ** 17% * 4% * 58% 92% 71% 17% 4% 8% 54% *** **** **** * * * *** 4% 17% * * 8% * Taxa Poecilostomatoida Copepoda (copepodito) Cladocera Cirripedia (náuplio) Cirripedia (cípris) Cirripedia (exúvia) Decapoda Caridea Porcellanidae (zoea) Brachyura (zoea) Brachyura (megalopa) Decapoda (protozoea) Decapoda (outros) Tanaidacea Isopoda CHAETOGNATHA Sagitta tenuis Sagitta hispida CHORDATA Appendicularia Teleostei (Ovos) * FO 4% 4% 42% 50% 4% 38% * * *** *** * ** 17% 4% 54% 13% 4% 4% 4% 4% * * *** * * * * * 4% 4% * * 4% 8% * * Também estiveram presentes com menor freqüência e abundância os estágios larvais de Polychaeta, Bivalvia, Gastropoda, Decapoda e Teleostei. As larvas de Polychaeta são comumente descritas como componentes do zooplâncton estuarino e são freqüentes em águas estuarinas, sendo bastante resistentes a baixas salinidades e condições anaeróbicas (McLusky e Elliott, 2006). A densidade média apresentou valores baixos, principalmente nas baixa-mares, como observado na estação 4 (28,44 org.m-3). Maiores valores de densidade ocorreram na preamar, com destaque para a estação 2 (1137,50 org.m-3). Estes valores evidenciam o efeito da maré na estruturação da comunidade, e o papel do fluxo marinho na melhor qualidade deste estuário. A diversidade específica foi baixa, em decorrência do pequeno número de espécies, fato comum a áreas dinâmicas e instáveis, como é o caso dos estuários (McLusky e Elliott, 2006). Além disso, o 40 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP estresse ambiental decorrente da poluição pelas indústrias sucro-alcooleiras e o constante lançamento de resíduos domésticos e industriais, resultam em baixas concentrações de oxigênio e aporte de nutrientes, impedindo que espécies trazidas pelo fluxo marinho (o que deveria aumentar a diversidade) além das residentes possam se desenvolver, com conseqüente baixa na diversidade. Esta baixa diversidade e eqüitabilidade (figura 2) confirmam a baixa qualidade do estuário. 100% 90% 80% Cirripedia (náuplio) 70% Cladocera 60% Pseudodiaptomidae 50% Acartiidae 40% Parvocalanidae 30% Outros 20% 10% 0% E1_PM E1_BM E2_PM E2_BM E3_PM E3_BM E4_PM E4_BM Figura 1. Abundância relativa média do zooplâncton coletado no Sistema estuarino de Barra de Jangada. 0,50 1,50 1,00 0,30 0,20 0,50 Equitabilidade Diversidade (H') 0,40 0,10 0,00 0,00 E1_PM E1_BM E2_PM E2_BM E3_PM E3_BM E4_PM E4_BM Diversidade de espécies Equitabilidade Figura 2. Diversidade e Equitabilidade média do zooplâncton coletado no Sistema estuarino de Barra de Jangada. CONCLUSÃO A comunidade zooplanctônica apresenta baixos valores de diversidade e de eqüitabilidade, bem como reduzido número de espécies, principalmente de Copepoda indicando ambiente eutrofizado, com baixa qualidade da água, evidenciando ecossistema em desequilíbrio. REFERÊNCIAS Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH) 1999. Relatório de monitoramento de bacias hidrográficas do Estado de Pernambuco. Recife, 184 p. 41 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Buskey, E. J. 1993. Annual pattern of micro- and mesozooplankton and biomass in a subtropical estuary. Journal of Plankton Research, 15: 907-924. Sant’anna, E.M.E. 1993. Estrutura e biomassa da comunidade zooplanctônica da Bacia do Pina (Pernambuco - Brasil), relacionadas com fatores ambientais. São Paulo. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. McLusky, D. S.; Elliott, M. 2006. The estuarine ecosystem, ecology, threats and management. Oxford: Oxford University Press. 214p. Tundisi, J.G. 1970. O plâncton estuarino. Contribuições avulsas do Instituto Oceanográfico de São Paulo, série Oceanografia Biológica, São Paulo, Brasil, 19, 1-22. 42 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ANÁLISE PRELIMINAR DA DINÂMICA POPULACIONAL DO CAMARÃO-ROSA Farfantepenaeus subtilis (PÉREZ-FARFANTE, 1967) JUNTO A REGIÃO LITORÂNEA DO MUNICÍPIO DE SIRINHAÉM, PE, BRASIL PRELIMINARY ANALYSIS OF POPULATION DYNAMICS OF THE PINK-SHRIMP Farfantepenaeus subtilis (PÉREZ-FARFANTE, 1967) IN THE COASTAL REGION OF SIRINHAÉM, PE, BRAZIL Euclides Pereira e SILVA*; Freddy Vogeley de CARVALHO; Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco *Email: [email protected] Resumo - O presente trabalho visou ampliar os conhecimentos sobre a bioecologia e a dinâmica populacional do camarão-rosa Farfantepenaeus subtilis na região de Sirinhaém, Pernambuco, assim como contribuir para o desenvolvimento de um pacote tecnológico para o cultivo comercial desta espécie. Foram realizadas amostragens biológicas mensais (Setembro de 2007 a Junho de 2008) de 2 Kg, seguidas de contagem, sexagem e determinação do comprimento total (CT), carapaça (CC) e peso total (PT), de cada indivíduo. Ocorreu domínio das fêmeas sobre os machos, exceto nos meses de setembro e outubro de 2007 e março de 2008. O valor médio (± DP) de CT para as fêmeas foi de 111 mm (± 6,49 mm) e PT foi de 12,45 g (± 2,90 mm). Para os machos estes valores foram de 95,03 mm (± 12,76 mm) e 7,26 g (± 2,12 mm), respectivamente. Os resultados preliminares indicam que para realizar a reprodução em cativeiro desta espécie seria necessária a manutenção dos indivíduos em laboratório até atingirem o tamanho ideal para indução à maturação gonadal. Palavras-chave: camarão-rosa, Farfantepenaeus subtilis, dinâmica populacional, Sirinhaém. Abstract - This work aimed at to improve the knowledge on the bioecology and population dynamics of the pink-shrimp Farfantepenaeus subtilis in the region of Sirinhaém, Pernambuco. Moreover, the future development of culture technology for this native species is also considered in the present study. Monthly biological samples (September 2007 to June 2008) of 2 Kg were counted, sexed and measured in the total length (CT), carapace length (CC) and total weight (PT) for each individual. The number of females dominated over males in the samples, except in the months of September and October 2007 and March 2008. The average value (± SD) of CT for females was 111 mm (± 6.49 mm) and PT was 12.45 g (± 2.90 mm). For males these values were 95.03 mm ( ± 12.76 mm) and 7.26 g (± 2.12 mm), respectively. Preliminary results indicated that for successful reproduction in captivity of this species it would be necessary the maintenance of individuals in the laboratory until they reach the ideal size for the induction to gonadal maturation. Key-words: Pink-shrimp, Farfantepenaeus subtilis, population dynamics, Sirinhaém. 43 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO A pesca direcionada aos camarões peneídeos no litoral sul do estado de Pernambuco ocupa o segundo lugar entre os recursos pesqueiros capturados na região, sendo superado apenas pelas lagostas do gênero Panulirus (Paiva, 1997). O município de Sirinhaém é um dos que mais se destacam na atividade pesqueira do estado de Pernambuco. Localizado no litoral sul do estado e distante 70 km de Recife, a área de pesca na região encontra-se entre as coordenadas 08◦038’S / 35◦003’W e 08◦042’S / 35◦004’ W. O camarão-rosa Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967) distribui-se desde o litoral norte de Cuba até Cabo Frio, Rio de Janeiro. O estoque desta espécie na região costeira de Sirinhaém possui destaque na pesca regional e já foi alvo de estudos anteriores (Tischer & Santos, 2002; Santos et al, 2002). O presente trabalho visa ampliar os conhecimentos sobre a bioecologia e dinâmica populacional do camarão-rosa na região de Sirinhaém. Espera-se que as informações geradas possam contribui futuramente para captura e domesticação em laboratório de um plantel selvagem de F. subtilis, visando assim, o desenvolvimento de um pacote tecnológico para o cultivo comercial de uma espécie nativa da costa Brasileira. MATERIAL E MÉTODOS No período compreendido entre os meses de setembro de 2007 e junho de 2008, utilizou-se uma embarcação da frota camaroneira da região de Barra de Sirinhaém para realizar as amostragens biológicas. Mensalmente foi coletada uma amostra ao acaso de aproximadamente 2 Kg de F. subtilis, resultante de uma média de três arrastos por dia com duração de 3 horas cada. A região escolhida para coleta das amostras é conhecida localmente como “Lama” e fica localizada em uma faixa costeira de 3 km a 5 km, com profundidade entre 25 m a 50 m (Tischer & Santos, 2002). As amostras coletadas foram analisadas imediatamente após o desembarque. Primeiramente, foi realizada a contagem e sexagem dos camarões, considerando apenas os caracteres externos de presença de télico nas fêmeas e de petasma nos machos. Posteriormente, foi determinado para cada indivíduo o comprimento total – CT (medida da base do rostro à margem superior do télson; mm) e de carapaça – CC (medida da base do rostro à margem posterior da carapaça; mm) com uso de um paquímetro, e o peso total – PT (peso úmido após leve secagem; g) com o auxílio de uma balança analítica. Os valores de comprimento (CC e CT) foram agrupados em intervalos de classe de 1,0 mm, enquanto que os PT foram agrupados em classes de 0,1 g. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na comparação mensal da proporção sexual, verificou-se que ocorre domínio nas proporções das fêmeas sobre os machos, com exceção dos meses de setembro e outubro de 2007 e março de 44 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 2008 (Figura 1). Essa tendência também foi observada por Coelho & Santos (2002) para F. subtilis na região costeira do município de Tamandaré, distante cerca de 20 Km de Sirinhaém. Freqüência observada (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 MACHOS FÊMEAS SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN Figura 1. Proporção mensal de machos e fêmeas do camarão-rosa F. subtilis capturados em Sirinhaém-PE no período de setembro de 2007 a junho de 2008. O valor médio (± DP) de comprimento total para as fêmeas foi de 111 mm (± 6,49 mm), já os machos apresentaram um CT médio de 95,03 mm (± 12,76 mm). A média de peso total foi de 12,45 g (± 2,90 mm) e 7,26 g (± 2,12 mm), respectivamente para fêmeas e machos (Figura 2). Coelho & Santos (1993) encontraram valores semelhantes de comprimento total e peso estudando um estoque costeiro de F. subtilis em uma região ao sul de Sirinhaém (São José da Coroa Grande). 140 A 120 100 80 MACHOS 60 FÊMEAS 40 20 0 SET 20 OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN B Peso Médio (g) 16 12 MACHOS FÊMEAS 8 4 0 SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN Figura 2. Valores mensais de comprimento total (A) e peso (B) médio de machos e fêmeas do camarão-rosa F.subtilis capturados em Sirinhaém-PE no período de setembro de 2007 a junho de 2008. 45 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Para a formação de um plantel de reprodutores do gênero Farfantepenaeus é recomendado que os machos tenham um peso mínimo de 16 g e as fêmeas 30 g (Bueno, 1989; Cavalli et al., 1997). Os resultados preliminares do presente estudo indicam que para a reprodução em laboratório dos adultos de F. subtilis capturados junto a Sirinhaém, seria necessário seu acondicionamento em laboratório até atingirem o peso ideal para indução a maturação gonadal. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BUENO, SLS. 1989. Técnicas, procedimentos e manejos para a produção de pós-larvas de camarões peneídeos. CIRM, Brasília, Brasil. CAVALLI, RO, MP SCARDUA, & WJ WASIELESKY. 1997. Reproductive performance ofdifferent-sized wild and pond-reared Penaeus paulensis females. Journal of the World Aquaculture Society, 28: 260-267 . COELHO, P. A.& SANTOS, M. C. F. Época da reprodução do camarão rosa, Penaeus subtilis Pérez-Farfante, 1967 (Crustacea, Decapoda,Penaeidae) na região de Tamandaré, PE. Boletim Técnico Científico do CEPENE, Rio Formoso, 1993. v. 1, n. 1, p. 57-72. COELHO, P.A.; SANTOS, M.C.F. A pesca de camarões marinhos no canal de Santa Cruz, PE. Bol. Téc. Cient. CEPENE, Tamandaré, v.1, n.1, p.129-155, 1993. IBAMA. Boletim Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina do Nordeste do Brasil. Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste, Tamandaré, 1997 a 2001. PEIXOTO, S., CAVALLI, R.O., WASIELESKY, W. 2005. Recent developments on broodstock maturation and reproduction of Farfantepenaeus paulensis. Brazilian Archives of Biology and Technology, 48, 997-1006. PORTO, H.L.R.; FONTELES-FILHO, A.A.; FREITAS, C.E.C. Análise da biologia pesqueira do camarão branco, Penaeus schmitti, Burkenroad, e do camarão rosa Penaeus subtilis Pérez – Farfante, na Ilha de São Luís, Estado do Maranhão. Bol. Lab.Hidrobiol., São Luís, v. 8, p. 97-15, 1988.RODRIGUEZ, G. El sistema de Maracaibo: biologia y ambiente. Inst. Venezuel. Invest. Cien. Caracas, 1973. 81 p. SANTOS, M. C. F. & FREITAS, A. E. T. S. Pesca e biologia dos peneídeos (Crustacea: Decapoda) capturados no município de Barra de Santo Antônio (Alagoas – Brasil) (no prelo). SANTOS, M. C. F. Biologia e pesca de camarões marinhos ao largo de Maragogi (Alagoas Brasil). Boletim Técnico-Científico CEPENE, Tamandaré, v.8, p. 99-129, 2000. 46 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP CULTIVO DO CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei, SUBMETIDO A DIVERSAS DENSIDADES DE ESTOCAGEM, QUANDO EM ÁGUA DOCE CULTURE OF MARINE SHRIMP Litopenaeus vannamei, SUBMITTED TO MISCELLANEOUS STORAGE DENSITIES, WHEN IN FRESHWATER Sthelio Braga da FONSECA*; Paulo de Paula MENDES; Cândida Juliana de Lyra ALBERTIM; Cláudio Figueiroa BITTENCOURT; Yuri Vinicius de Andrade LOPES Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE *E-mail: [email protected] Resumo - A habilidade do Litopenaeus vannamei de tolerar uma escala larga de salinidade (0.5 – 40 ‰) fez-lhe uma espécie popular para a cultura com baixa salinidade. Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar a influencia de diferentes densidades de estocagem do camarão marinho L. vannamei, quando cultivado em água doce (0,0‰) e em baixa alcalinidade e dureza. Ao término do cultivo os tratamentos com menores densidades de estocagem foram os que geraram os melhores resultados de ganho de peso e comprimento. A alcalinidade média da água foi de 36,97 mg.L-1 e a dureza de 38,21 mg.L-1. Palavras-chave: Litopenaeus vannamei, água doce, alcalinidade. Abstract - The ability of Litopenaeus vannamei to tolerate a wide range of salinity (0.5 - 40 ppm) made it a popular species for culture with low salinity. Thus, this study aimed at evaluate the influence of different densities of storage of L. vannamei, when cultivated in freshwater (0.0 ‰) and low alkalinity and hardness. At the end of the cultivation, the treatments with lower densities of storage were producing the best results of weight gain and length. The average alkalinity of the water was 36.97 mg.L-1 and hardness of 38.21 mg.L-1. Key-words: Litopenaeus vannamei, freshwater, alkalinity. 47 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO O cultivo de camarões marinhos encontra-se em constante desenvolvimento no mundo, sendo essa uma alternativa para suprir a demanda de camarões gerada pelo aumento no consumo e pela estagnação da produção pesqueira. A produção brasileira de camarões marinhos vem crescendo significativamente nos últimos anos, destacando-se a região nordeste como principal pólo produtor do país (POERSCH et al., 2006). O Litopenaeus vannamei é tido como uma espécie tipicamente eurialina, possuindo habilidade de tolerar uma larga escala de salinidade (0,5 – 40 ‰). Tal característica o consagrou como uma espécie popular para a cultura com baixa salinidade. Desta forma, objetivou se analisar os efeitos do cultivo do camarão marinho L. vannamei, em água doce quando submetidos a diferentes densidades de estocagem e em baixas concentrações de alcalinidade e dureza. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho se dividiu em duas etapas, a primeira foi referente ao processo de aclimatação das pós-larvas à água doce e a segunda etapa ao cultivo. Quando aclimatadas a água doce, as póslarvas foram estocadas em 12 viveiros de área útil de 60 m2 e cultivadas nas seguintes densidades de estocagem: 5 (D5), 10 (D10), 15 (D15), 20 (D20), 25 (D25) e 30 (D30) cam m-2. Para alimentação, utilizou-se ração comercial contendo 35% de Proteína Bruta (PB), administrada duas vezes ao dia. Inicialmente, a água, utilizada nos viveiros apresentou níveis de alcalinidade e dureza total inferiores a 10 mg.L-1 de CaCO3. Semanalmente, foi adicionado calcário dolomítico na proporção de 6,25 kg viveiro-1, semana-1, para sua correção. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao final de 52 dias de cultivo, o tratamento D5 foi o que proporcionou os melhores resultados de peso e comprimento, diferenciando-o estatisticamente dos demais tratamentos (p<0,05) (Tabela 1). A relação inversa da densidade de estocagem com o peso e o comprimento já foi comprovada por vários autores. Almeida et al. (1998) ao cultivarem essa espécie, nessas densidades, obtiveram os melhores ganhos de comprimento com o tratamento de 10 cam.m-2. A sobrevivência média dos camarões foi estimada de 49,13+11,75%. Pode-se concluir que a densidade de estocagem influenciou diretamente no peso e comprimento do L. vannamei quando em água doce. 48 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Tabela 1 – Relação entre peso e comprimento com o tempo de cultivo do L. vannamei Densidade (cam.m-2) Modelo 5 10 15 20 25 30 P = 0,0183 tempo1,41 P = 0,0185 tempo1,27 P = 0,0192 tempo1,26 P = 0,0191 tempo1,18 P = 0,0213 tempo1,20 P = 0,0204 tempo1,15 5 10 15 20 25 30 C = 1,2854 tempo0,47 C = 1,2785 tempo0,43 C = 1,3012 tempo0,43 C = 1,3225 tempo0,39 C = 1,3381 tempo0,42 C = 1,3273 tempo0,40 EC* R2 (%) Peso (g) a 98,33 b 97,39 c 99,81 be 98,78 b 98,63 de 99,66 Comprimento (cm) a 97,26 ab 95,04 ab 97,98 b 97,80 ab 98,16 b 98,57 F P(F) 354,3 223,5 3183,7 848,7 432,9 1774,1 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 213,4 114,9 290,8 267,3 324,1 414,9 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 <0,00001 EC - estatística comparativa; P - peso (g); C- comprimento (cm); R2- coeficiente de determinação; F - Estatística de Snedecor; P(F) - probabilidade de rejeição de F; *Letras diferentes entre modelos diferenciam as densidades de estocagem (p < 0,05), pela estatística W (Mendes, 1999). REFERÊNCIAS ALMEIDA, S.A.A.; CÉSAR, J.R.O.; IGARASHI, M.A.; BEZERRA, F.J.S.; CARVALHO, M.C. Estudo preliminar do cultivo de Penaeus vannamei (Boone, 1931) em tanques com diferentes densidades de estocagem. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 11.; Recife. Anais. Recife: Associações dos Engenheiros de Pesca de Pernambuco, 1999. v. 2, p.648653. MCGRAW, J.W.; DAVIS, D.A.; TEICHERT-CODDINGTON, D.; ROUSE, D.B. Acclimation of Litopenaeus vannamei postlarvae to low salinity: influence of age, salinity endpoint, and rate of salinity reduction. Journal of the World Aquaculture Society. v.33, p.78–84, 2002. 49 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP CULTIVO DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei, EM MEIO HETEROTRÓFICO COM ADIÇÃO DE SUBSTRATO CULTIVATION OF SHRIMP Litopenaeus vannamei, MEANS HETEROTROPHIC WITH ADDITION OF SUBSTRATE Yuri Vinicius de Andrade LOPES*; Paulo de Paula MENDES; Dijaci Araujo FERREIRA; Sâmia Regia Rocha MONTEIRO; Josélia Karolline dos Santos CORREIA. Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE *E-mail: [email protected] Resumo - O cultivo do camarão Litopenaeus vannamei em águas de baixa salinidade é uma atividade que desperta o interesse de vários empreendedores, devido às extensas faixas de áreas salinizadas localizadas em regiões interiores e a boa adaptação desta espécie. No presente estudo objetivou-se comparar a eficiência da utilização do substrato artificial no cultivo do L vannamei em meio heterotrófico, utilizando dois tratamentos, com e sem substrato. O ganho de peso em relação ao tempo não apresentou diferença significativa entre os tratamentos (p≥0,05), quando a relação peso/comprimento tendeu ao isométrico entre os dois tratamentos. Palavras-chave: Litopenaeus vannamei, peso, heterotrófico. Abstract - The cultivation of the shrimp Litopenaeus vannamei in the waters of low salinity is an activity that wakes the interest of several entrepreneurs, due to the extensive ranges of areas under salinization located in interior regions and good adaptation of this species. The present study aimed at to compare the efficiency of the use of artificial substrate in cultivation of L vannamei in an using means two heterotrophic treatments, with and without substrate. The gain of weight in relation to the time presented no significant difference between the treatments (p≥0.05), and the gain of weight in relation to the length, tended to isometric between the two treatments. Key-words: Litopenaeus vannamei, weight, heterotrophic. INTRODUÇÃO A carcinicultura marinha brasileira teve seu início na década de 70, no entanto só assumiu nível industrial na década de 80 com uma produção fundamentada no cultivo do camarão Penaeus japonicus. Seu cultivo não foi um sucesso, sendo substituída por espécies nativas como P. subtilis; P. schimitti, P. brasiliensis e P. paulensis ou por outras espécies exóticas, entre elas o Litopenaeus vannamei (MAIA, 1993). 50 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP O L. vannamei suporta rápidas e amplas flutuações de salinidade e, em várias partes do mundo, podem ser encontrados em águas hipersalinas (> 40º/oo partes por mil) e até as oligohalinas (0,5 – 5,0º/oo). No Brasil duas enfermidades abalaram a indústria nos últimos anos: a Mionecrose Infecciosa (IMNV) disseminada nos cultivos da região Nordeste e a Mancha Banca (WSSV) disseminada nos cultivos da região Sul. Desta forma objetivou-se avaliar o ganho de peso e comprimento do camarão L. vannamei em águas oligohalinas e meio heterotrófico com o acréscimo de área útil no cultivo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado em duas etapas, a fase inicial utilizou-se pós-larvas (PL10) oriundas de larvicultura comercial, foram estocadas a 10.000 ind/800L e o processo de redução de salinidade (36‰ para 0,5‰) foi realizado gradativamente, com um tempo de aclimatação de 10 dias. A segunda etapa foi utilizada seis caixas, onde foram estocadas com densidade de 150 camarões/m2, foram alimentadas três vezes ao dia com ração de 35% de PB (Proteína Bruta). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi possível observar que o tratamento com substrato, o ganho de peso dos camarões foi superior ao tratamento sem substrato (Figura 1), mas, estatisticamente não houve diferença entre os mesmos (p≥0,05), semelhante ao encontrado por Domingos et al., (2003), que trabalhou com quantidades diferentes de substrato na engorda do L. vannamei. Ao observar o ganho de peso em relação ao comprimento, não foram estatisticamente diferentes (p≥0,05) entre os tratamentos (Figura 2). Neste cultivo, a relação peso/comprimento indicou um padrão de crescimento tendendo ao isométrico entre os dois tratamentos. Figura 2. Ganho de peso em relação ao comprimento no cultivo do L. vannamei em meio heterotrófico, em um período de 45 dias Figura 1. Ganho de peso em relação ao tempo de cultivo do L. vannamei em meio heterotrófico, em um período de 45 dias. 51 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP REFERÊNCIAS DOMINGOS, J. A. S. (2003). Efeito do uso de diferentes quantidades de substratos artificiais na engorda do camarão marinho Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), em um sistema de cultivo semi-intensivo. Tese Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura Universidade Federal de Santa Catarina. 36p. MAIA, E. P. Progresso e perspectivas da carcinicultura marinha no Brasil. In: Simpósio Brasileiro sobre Cultivo de Camarão. João Pessoa. 1993. Anais... pp. 185-196. 52 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP MAPEAMENTO DA PESCA ARTESANAL NO RESERVATÓRIO BILLINGS (ALTO TIETÊ, SP) ARTISANAL FISHERY’S MAPPING IN THE BILLINGS RESERVOIR Paula M. G. de CASTRO1, 2; Maria Eugênia P. ALVES DA SILVA2,3; Lídia S. MARUYAMA4; Patrícia de PAIVA1,2 1 Pesquisador Científico do Instituto de Pesca – IP / APTA/ SAA-SP 2 Endereço/Address: Avenida Francisco Matarazzo, 455 - Água Branca, São Paulo 3 Aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto de Pesca 4 Pesquisador Científico do Pólo Regional Extremo Oeste de Andradina /APTA / SAA Resumo – A necessidade de se conhecer espacialmente os pontos de desembarque e as concentrações de pescadores é um passo necessário na implantação de um sistema de estatística de desembarque em regiões onde a pesca é exercida. Assim, um estudo enfocando os aspectos estruturais da pesca foi conduzido em comunidades de pescadores artesanais do reservatório Billings, SP, durante o período de janeiro a agosto/2005, onde foram identificados nove núcleos de pesca e entrevistados 52 (46%) e dos estimados 113 pescadores regularmente atuantes. Os pontos foram identificados geograficamente através de um GPS (Global Positioning System), que permitiu a plotagem em mapa georeferenciado através do aplicativo ArcGIS versão 9.0, empregando-se a base cartográfica digital do IBGE. Considerando que o reservatório tem uma área estimada em 112 km2, a intensidade de pesca observada foi de 1,0 pescador por km2. A pesquisa visou contribuir com informações atuais da pesca de pequena escala em uma represa urbana, possibilitando uma reflexão e tomada de consciência sobre a atividade extrativista desenvolvida na região e suas transformações ao longo dos anos, no contexto de um ambiente tão complexo como este reservatório. Palavras-chave: pescadores artesanais; mapeamento; núcleos pesqueiros; reservatório urbano; Billings; Alto Tietê, SP Abstract - The need to know the points of spatially landing and concentrations of fishermen is a necessary step to implement a system of statistical of fishery production in areas where fishing is exercised. So, from January to August/2005, a study focusing structural aspects of the fishery was made on communities of artisanal fishermen of Billings Reservoir, SP, where nine main fishery communities were identified, 52 (46%) were interviewed and estimated 113 fishermen regularly active. The points were geographically identified through a Global Positioning System (GPS), that allowed plot on maps georeferencied through the application ArcGIS version 9.0, using the base of digital cartographic IBGE. The research aimed at to contribute with up-to-date information of the low scale fishery in an urban reservoir, making a reflection about the exploitation activity developed in the region and its transformations along the years, in the context of a complex environment like this reservoir. Key-words: artisanal fishermen; mapping; fishery communities; urban reservoir; Billings; Alto Tietê river, SP. 53 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO A Represa Billings situa-se na porção sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, próxima às altas escarpas da Serra do Mar. Sua construção foi iniciada em 1925, motivada pela alta demanda de energia elétrica da cidade de São Paulo (MACEDO, 1992). É considerada uma represa urbana por localizar-se em uma área de grande adensamento populacional, apresentando diversos problemas ambientais e sociais, tais como, ocupação desordenada, conflitos de uso da água, poluição da represa e em torno de suas margens, entre outros. É utilizada também como lazer pela pesca esportiva, como manancial de abastecimento, como receptor de efluentes e como sistema regulador da vazão do Alto Tietê, além da atividade de pesca artesanal, bastante antiga no reservatório (MINTE-VERA, 1997). Em muitas regiões brasileiras, a pesca artesanal é a única fonte de proteína disponível às camadas menos favorecidas da população, inclusive nas grandes cidades onde há corpos d´água disponíveis à pesca, como na represa Billings em São Paulo, na Lagoa da Pampulha em Belo Horizonte, no Lago Paranoá em Brasília (PETRERE et al, 2006). O presente estudo tem por finalidade contribuir com informações atuais da pesca de pequena escala desenvolvida na represa Billings, Alto Tietê, SP, através de levantamento e caracterização dos núcleos pesqueiros existentes, estimando-se o contingente de pescadores artesanais regulares na região. MATERIAL E MÉTODOS A primeira etapa do trabalho ocorreu no mês de dezembro de 2004, onde foram realizadas viagens quinzenais abrangendo toda a região em foco, a fim de se obter as informações preliminares necessárias à realização deste estudo, localizar as concentrações de pescadores, e nos inserir no contexto deste setor. A segunda etapa ocorreu no período de janeiro a agosto de 2005, a partir do mapeamento da atividade pesqueira extrativista na represa Billings, percorrendo todo o seu perímetro por terra e/ou através de barco, onde foram identificados através de um GPS (Global Positioning System) os principais pontos de desembarque e núcleos pesqueiros. Os pontos de desembarque identificados foram plotados em mapas georeferenciados através do aplicativo ArcGIS versão 9.0, empregando-se a base cartográfica digital do IBGE em escala 1:1.000.000 (Folha SF-23 Rio de Janeiro) (Figura 1). Para o cálculo da intensidade de pesca (ind/km2) levou-se em conta a estimativa obtida do número de pescadores regularmente atuantes na represa e sua respectiva área alagada (112 km2), descontando-se o braço do Rio Grande onde não há pesca profissional (MINTE-VERA, 1997). 54 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP RESULTADOS E DISCUSSÃO Neste levantamento foram entrevistados cinqüenta e dois pescadores, tendo sido identificados nove núcleos pesqueiros (Figura 1 e Tabela 1). Chegou-se a uma estimativa de cento e treze pescadores regularmente atuantes nos diversos locais visitados, distribuídos entre São Paulo (57,5%), São Bernardo do Campo (31,9%) e Ribeirão Pires (10,6%), apesar deste valor estar próximo ao estimado (101 pescadores) na década de 1990 por MINTE VERA (1997), a atividade pesqueira contou com uma redução no número de pescadores profissionais que exerciam suas atividades no reservatório Billings entre as décadas de 1930 e 1940 (ROCHA, 1984). O possível decréscimo do número de pessoas ligadas à atividade em relação ao passado pode ser explicado pela diminuição da produtividade da pesca e conseqüente migração dos pescadores para outras regiões, em busca de melhores áreas pesqueiras. Figura 1. Mapa com indicação dos principais pontos de desembarque no reservatório Billings, SP, no período de janeiro a agosto de 2005 (ponto 1- Saída da balsa 2 (Bororé); 2- Braço da Barragem; 3- Bico da Limeira (Cati); 4-Braço dos Catetos; 5- Balsa João Basso; 6- Vila dos Pescadores; 7-Limeira (Cati); 8-Alvarenga; 9- Bar do Bernardino (Colônia); 10- Pedra Branca; 11- Grota do banco; 12- Água Limpa; 13- Grota Bar do Pescador; 14- Braço da Barragem; 15Cabeceira da Barragem; 16- Recanto do Sol e 17- Quintal de casa de pescador –Barragem). Ao redor de 82,3% dos pescadores estimados (Tabela 1) estavam concentrados nos núcleos de Barragem (23,9%), Bororé (22,1%), Terceira Balsa (14,2%), Colônia (11,5%) e Ribeirão Pires (10,6%), entretanto, a maior parte (67,3%) dos que responderam as entrevistas pertenciam apenas 55 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Tabela 1. Núcleos pesqueiros, localização geográfica, pontos de desembarque e número de pescadores estimados e entrevistados no reservatório Billings durante o período de janeiro a agosto de 2005. Núcleos Pesqueiros Municípios Barragem São Paulo Bororé São Paulo São Bernardo do Campo São Paulo Terceira Balsa Colônia Ribeirão Pires Vila dos Pescadores Ribeirão Pires São Bernardo do Campo São Bernardo Cati/Taquacetuba do Campo São Bernardo Alvarenga do Campo São Bernardo Pedreira do Campo Total Pontos de desembarque Braço da Barragem Cabeceira da Barragem Casa de pescadora Saída da segunda balsa Balsa João Basso Braço dos Catetos Bar do Bernardino Número de pescadores entrevistados estimados 14 27 21 25 3 16 4 13 - 12 4 10 5 6 Alvarenga - 3 Pedreira 1 1 52 113 Balsa João Basso Vila dos Pescadores Limeira Bico de Limeira aos núcleos de Bororé (40,4%) e Barragem (26,9%). Considerando que o reservatório tem uma área estimada em 112 km2, a intensidade de pesca observada foi de 1,0 pescador por km2, valor semelhante ao de 0,9 pescador/km2 encontrado por MINTE-VERA (1997) e próximo àquele foi obtido para o reservatório de Barra Bonita (1,18 pescador/km2). Entretanto, maior quando comparados aos de Bariri (0, 71), Ibitinga (0,25), Promissão (0,32), Nova Avanhandava (0,22) e Três Irmãos (0,21), reservatórios localizados no Médio e Baixo Tietê (MARUYAMA, 2007). O esforço de pesca é direcionado basicamente para a captura de quatro recursos, dois exóticos e dois nativos: tilápia-do-Nilo (O. niloticus), carpa (Cyprinus carpio), acará (Geophagus brasiliensis), e lambari (Astyanax sp.), que juntos somam mais de 80% dos desembarques declarados, grupo de espécies adaptadas a ambientes eutrofizados. A pesca artesanal ou de pequena escala praticada no reservatório Billings (Alto Tietê), ao contrário de décadas passadas, está em declínio quanto ao número de pescadores e ao rendimento pesqueiro. A comunidade pesqueira que vive no seu entorno é constituída, geralmente, por grupo familiar, de pessoas simples e de baixa renda que se dedica a esta atividade, na maioria dos casos, de forma complementar, como serviços gerais, caseiros, comércio (donos de bares e lanchonetes), pedreiro, guias de turismo, piloteiros de barcos, sendo identificado a presença, ainda, de famílias de pescadores tradicionais na região que trabalham há mais de trinta anos. Recomenda-se a realização urgente de um estudo integrado (pescador, meio ambiente e pescado) buscando um melhor subsídio ao ordenamento e manejo da atividade pesqueira na região da represa Billings de forma mais realista e participativa, envolvendo todos os atores da pesca e outros usuários do reservatório, incluindo o Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê. 56 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MACEDO, T. 1992 Billings Viva! Secretaria de Educação, Cultura e Esportes. Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo, São Bernardo do Campo, 12p. MARUYAMA, L.S. 2007 A pesca artesanal no Médio e Baixo Rio Tietê (São Paulo, Brasil): Aspectos estruturais, sócio-econômicos e de produção pesqueira. São Paulo. 109p. (Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca, Instituto de Pesca/APTA/SAA-SP). MINTE-VERA, C.V. 1997 A pesca artesanal no reservatório Billings. (São Paulo). Campinas. 86p. (Dissertação de Mestrado. Instituto de Biologia, UNICAMP). PETRERE Jr. M; WALTER, T.; MINTE-VERA, C. V. 2006 Income evaluation - scale fisher in two Basilian urban reservoirs: Represa Billings (SP) and Lago Paranoá (DF). Braz. J. Biol., 66(3): 817-828. ROCHA, A. A, 1984. A ecologia e os aspectos sanitários e a saúde pública da Represa Billings. Uma contribuição a sua recuperação. São Paulo. 166p. (Tese de Livre Docência. Universidade de São Paulo, Faculdade de Saúde Pública). 57 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL DO ROTÍFERO Brachionus plicatilis COM A UTILIZAÇÃO DE MICROALGA E PROBIÓTICO NA DIETA POPULATION GROWTH OF THE ROTIFER Brachionus plicatilis FED ON MICROALGAE AND PROBIOTIC Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO*; Isabela Bacalhau de OLIVEIRA; Wanessa de Melo COSTA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Alfredo Olivera GALVEZ; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco *Email: [email protected] Resumo - O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento populacional do rotífero B. plicatilis com a utilização da microalga Isochrysis galbana e probiótico comercial na dieta. Os rotíferos foram distribuídos em béqueres de 250 mL, com uma densidade inicial de 10 indivíduos mL-1. Foram testados quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4) com três repetições, onde: T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos alimentados com Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico comercial e T4 = rotíferos alimentados com probiótico comercial. Para avaliar o crescimento populacional, foram realizadas contagens diárias dos indivíduos de cada unidade experimental. Os melhores valores de crescimento foram observados nos tratamentos T2 e T3. Os resultados observados no presente trabalho indicam que os rotíferos alimentados somente com o probiótico escolhido não apresentaram crescimento satisfatório para sua produção. Palavras-chave: rotífero, Brachionus plicatilis, crescimento, probiótico Abstract - The objective of this study was to assess the population growth of the rotifer B. plicatilis fed with microalgae Isochrysis galbana and commercial probiotic. The rotifers were distributed in beakers of 250 mL, with an initial density of 10 organisms ml-1. Four treatments (T1, T2, T3 and T4) in triplicate were tested, where: T1 = rotifers without food (Control), T2 = rotifers fed with I. galbana; T3 = rotifers fed with I. galbana + probiotic and T4 = rotifers fed probiotic. To assess the population growth, daily countings of individuals of each experimental unit were performed. Rotifers presented better population growth in the T2 and T3. The results observed in this study indicated that the rotifers fed on the probiotic tested did not show satisfactory growth for its production. Key-words: rotifer, Brachionus plicatilis, growth, probiotic 58 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Na seleção de organismos vivos, para fins de alimentação na larvicultura, são considerados o tamanho adequado, o valor nutritivo compatível e a facilidade de cultivo em grande escala (Barros & Valenti, 2003). O rotífero Brachionus plicatilis satisfaz estes requerimentos e tem sido usado como alimento vivo oferecido a peixes e larvas de camarões (Seixas Filho et al., 2000). O alimento vivo, quando oferecido para as larvas de animais aquáticos, pode carregar consigo uma rica comunidade bacteriana que pode ser maléfica ou benéfica ao cultivo. Por outro lado, a inoculação de microrganismos selecionados (probióticos) nos ambientes de cultivo tem sido aplicada em muitas fazendas e laboratórios com o objetivo de melhorar a qualidade da água, saúde e a produção de organismos aquáticos (McIntosh et. al. 2000), especificamente nos sistemas de produção sem renovação de água, onde a comunidade microbiana é essencial como fonte de alimento para os organismos cultivados (Wasielesky et al. 2006). Hirata et al. (1998) sugerem o uso de bactérias probióticas para o cultivo de B. plicatilis destinados para alimentação na piscicultura. Balcázar et al. (2006) citam cinco mecanismos de atuação dos probióticos: exclusão competitiva de bactérias patogênicas, fonte de nutrientes, contribuição enzimática para a digestão, influência sobre a qualidade da água, melhora da resposta imune e efeitos antivirais. Diante do exposto, pretendeu-se avaliar o crescimento populacional do rotífero B. plicatilis com a utilização da microalga Isochrysis galbana e probiótico comercial na dieta. MATERIAL E MÉTODOS Os rotíferos Brachionus plicatilis avaliados foram provenientes do Laboratório de Produção de Alimento Vivo (LAPAVI), do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE. O experimento teve a duração de 10 dias e foi realizado no Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU) da mesma instituição. Os rotíferos passaram por um período de três horas sem oferta de alimento e, em seguida, foram filtrados em malhas de 90 e 200 µm e distribuídos em béqueres de 250 mL, com uma densidade inicial de 10 indivíduos mL-1 e aeração constante. Foram realizados quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4) e três repetições com delineamento inteiramente casualizado, onde: T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos alimentados com Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico comercial e T4 = rotíferos com probiótico comercial. Para os tratamentos T2 e T3, a microalga I. galbana foi obtida do banco de cepas do LAPAVI, rotineiramente mantida utilizando-se o meio Conway (Walne, 1974) e, quando da oferta, 59 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP encontrava-se na fase exponencial de crescimento. Para alimentação foi utilizada uma concentração de 50 x 104 cel.mL-1, de acordo com Costa et al. (2008). Nos tratamentos T1 e T4 foram ofertados 0,2g do probiótico comercial (Sanolife® PRO W INVE®) a cada 48h, de acordo com testes preliminares realizados no LAPAVI. Para avaliar o crescimento populacional do B. plicatilis, foram realizadas contagens diárias dos indivíduos de cada unidade experimental, em câmara de Sedgewick-Rafter, através de uma amostra fixada em formalina a 4%. A taxa de crescimento (r) foi estimada pela equação: r = (lnN1 – lnN0)/t (Omori & Ikeda, 1984), em que N0 = densidade inicial de rotíferos (indivíduos mL-1), N1 = densidade de rotíferos após o período de cultivo (t) e t = período de cultivo (dias). O tempo de duplicação (d) foi calculado de acordo com a equação: d = ln2/r. O pH foi mensurado diariamente com um medidor de pH eletrônico (pH Meter Tec-2, Tecnal), e as variáveis oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade foram mensuradas a cada 48h com o auxílio de um analisador multi-parâmetro (YS 55, EUA) e refratômetro (Atago, S10-E). Os resultados foram tratados estatisticamente através do teste de Kolmogorov-Smirnov para normalidade, teste de Cochran para homogeneidade e, em seguida, análise de variância - ANOVA. Quando necessário, os dados foram transformados. Diferenças significativas entre as médias (p < 0,05) foram testadas pelo teste de Duncan. RESULTADOS E DISCUSSÃO Não foram encontradas (p < 0,05) diferenças significativas na densidade de rotíferos entre T1 (sem alimento) e T4 (com probiótico) e entre T2 (com microalga) e T3 (microalga e probiótico). A maior densidade final foi observada no T2 alcançando 312 rotíferos mL-1. De acordo com a Figura 1, o T3, até o 5º dia, apresentou tendência de crescimento populacional superior àquela onde houve oferta apenas de microalga (T2). Todavia, no tratamento com a utilização de apenas probiótico (T4) na dieta houve diferenças significativas quando comparado aos tratamentos T2 e T3, não apresentando crescimento. As médias de densidade populacional de B. plicatilis ao longo do experimento estão representadas na Tabela 1. 60 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Tabela 1. Média e desvio padrão da densidade populacional (rotíferos mL-1) de B. plicatilis nos diferentes tratamentos. Dieta T1 - Sem alimentação T2 - Isochrysis galbana T3 - Isochrysis galbana + Probiótico comercial T4 – Probiótico comercial Densidade populacional (rotíferos mL-1) 3,1 b ± 1,50 136,8 ª ± 108,6 117,6 ª ± 80,2 4,7 b ± 3,8 Letras diferentes nas médias de densidade populacional indicam diferenças significativas. Taxas de crescimento superiores foram observadas em T2 (microalga) e T3 (microalga e probiótico). Valores negativos de crescimento foram observados nos tratamentos T1(sem alimento) e T4 (probiótico) (Tabela 2). Também se observou um conseqüente aumento do tempo de duplicação nos tratamentos T1 e T4. Tabela 2. Médias e desvios padrão das taxas de crescimento específico e tempo de duplicação de B. plicatilis alimentados com diferentes dietas. Dieta T1 - Sem alimentação T2 - Isochrysis galbana T3 - Isochrysis galbana + Probiótico comercial T4 – Probiótico comercial Taxa de crescimento específico -0,167±0,0842 0,424±0,051 Tempo de duplicação 5,238±3,299 1,652±0,209 0,378±0,069 1,879±0,368 -0,088±0,123 3,857±17,492 De acordo com Dhert et al. (2001), a alimentação e o conseqüente enriquecimento nutricional de rotíferos se baseiam na administração contínua de compostos nutricionais essenciais durante o seu cultivo. De acordo com Yamasaki & Hirata (1990), os rotíferos B. plicatilis podem crescer quando alimentados com microrganismos, tais como leveduras e bactérias. Hirata et al. (1998) acrescenta que rotíferos podem ser cultivados com bactérias probióticas, a fim de servir como fonte de alimento para a piscicultura. Porém os resultados observados no presente trabalho indicam que os rotíferos cultivados somente com adição do probiótico escolhido não apresentam crescimento satisfatório para sua produção. Contudo, a adição deste probiótico junto com as microalgas pode ser benéfico para as larvas de peixes que venham a consumi-los, fato que deverá se apurado em experimento futuro. 61 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Figura 1. Densidade populacional de B. plicatilis nos diferentes tratamentos durante o período experimental, onde T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos alimentados com Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico comercial e T4 = rotíferos com probiótico comercial. REFERÊNCIAS BALCÁZAR JL, I DE BLAS, I RUIZ-ZARZUELA, D CUNNINGHAM, D VENDRELL, JL MÚZQUIZ. The role of probiotics in aquaculture. Veterinary Microbiology, 114, 173-186, 2006. BARROS, H.P.; VALENTI, W.C. Ingestion rates of Artemia nauolii for different larval stages of Macrobrachium rosenbergii. Aquaculture, v.217, n.(1-4), p.223-233, 2003. COSTA W.M, FIGUEIREDO, M.B, CAVALLI, R.O, GÁLVEZ, A.O. Crescimento populacional de rotíferos Brachionus plicatilis Müller, 1786, alimentados com microalgas e dieta formulada. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.3, n.2, p.173-178, 2008. DHERT, P.; ROMBAUt, G.; SUANTIKA, G.; SORGELOOS, P. Advancement of rotifer culture and manipulation techniques in Europe. Aquaculture, v.200, p.129–146, 2001. HIRATA, H., MURATA O., YAMADA S., ISHITANI H., WACHI M. Probiotic culture of the rotifer Brachionus plicatilis. Hydrobiologia, 387/388, 195-498,1998. MCINTOSH D, TM SAMOSHA, ER JONES, AL LAWRENCE, DA MCKEE, S HOROWITZ, A HOROWITZ, The effect of a commercial bacterial supplement on the high-density culturing of Litopenaeus vannamei with a low-protein diet in na outdoor tank system and no water exchange. Aquacultural Engineerung, 21, 251-227, 2000 OMORI, M.; IKEDA, T. Methods in marine zooplankton ecology.Wiley: New York, 332p., 1984. 62 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP SEIXAS FILHO, J.T.; TRIANI, L.; THOMAZ, L.A. et al. Utilização da morfometria na avaliação de larvas do camarão de água doce Macrobrachium rosenbergii (De Man, 1879) submetidas a diferentes regimes alimentares. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQÜICULTURA-Simbraq, 11., 2000, Florianópolis. Anais... Santa Catarina: SIMBRAq, 2000. p.2-17. WASIELESKY WJ, H ATWOOD, A STOKES, CL BROWDY. 2006. Effect of natural production in a zero exchange suspended microbial floc based super-intesive culture system for white shrimp Litopenaeus vannamei. Aquaculture, 258, 396-403. WALNE, P. Culture of bivalve mollusc, 50 years experience at Conway. Fishing New Books, Farham. 1974. 173p. YAMASAKI, S., HIRATA, H. Relationship between food consumption and metabolism of rotifer Brachionus plicatilis. Nippon Suisan Gakkaishi 56: 591–594, 1990. 63 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP SISTEMATIZAÇÃO DE NOMES VULGARES DE PEIXES COMERCIAIS DO BRASIL: 1. ESPÉCIES DULCIAQÜÍCOLAS VULGAR NAMES SYSTEMATIZATION OF THE COMMERCIAL FISH FROM BRAZIL: 1. FRESHWATER SPECIES José Milton Barbosa*; Kelly de Souza Ferraz Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: [email protected] Resumo - O presente trabalho teve por objetivo sugerir a uniformização dos nomes vulgares de peixes comerciais dulciaqüícolas do Brasil, evitando, desta forma, os erros crassos comuns cometidos em vários segmentos do setor pesqueiro nacional, com prejuízos para a fidelidade de dados, especialmente no que se refere à estatística pesqueira. Palavras-chaves - estatística pesqueira; nomes científicos; nomes vulgares Abstract - This work had the objctive to suggest the uniformization of the commercial freshwater fishes’ vulgar manes, so that avoiding the crass and commom mistakes perpetrade by several segments of the national fishery sector, at a sacrificate for the data, especially regarding to fishery statistics. Key-words - fishering estatistic; scientific names; common names 64 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Von Ihering desde o início do século XX preocupou-se com a questão do vocabulário zoológico brasileiro, considerado muito pobre, em relação à riqueza de nossa fauna (Ihering, 1938/1968). Este fato ocorre pelo fato de que os cientistas estrangeiros que coligaram material zoológico em suas estadas no Brasil, raramente se deram ao trabalho de anotar corretamente os nomes vulgares das espécies, mais tarde por eles nominadas cientificamente. Segundo Ihering (1938/1968) não foi apenas por prazer de corrigir ou de dizer mal que temos citado alguns exemplos de definições zoológicas de todo erradas em obras de certo renome. Atualmente a situação não é diferente, há grande descaso para a nomenclatura zoológica, especialmente no tocante aos peixes, onde ocorra descuido de estudantes, técnicos e pesquisadores. Assim, é importante chamar a atenção dos que são responsáveis pela divulgação de dados técnicos ou científicos e pelo aperfeiçoamento de nossos manuais de língua portuguesa, brasileira. Ademais, o Brasil é um país de grande extensão e diversidade de espécies muito parecidas entre si, às vezes pertencentes ao mesmo gênero ou família, o que dificulta sobremaneira a solução dos erros da aplicação dos nomes vulgares. O presente trabalho foi realizado a partir de uma demanda surgida em reuniões para consolidação da estatística pesqueira nacional. Nestas oportunidades identificou-se a necessidade de rever e atualizar os nomes científicos utilizados e sistematizar os nomes vulgares de forma a melhorar a qualidade da estatística pesqueira, gerada no Brasil. Desta forma, este trabalho buscou a geração de uma lista de espécies constantes das tabelas de produção pesqueira, com os nomes locais e os nomes sugerido, uniformizado para uso em todo Brasil, e os correspondentes científicos. Esta lista poderá ser utilizada na compilação de dados estatísticos e outros trabalhos que necessitem da utilização de nomes vulgares, fora da esfera regional. METODOLOGIA LEVANTAMENTO DOS DADOS Foram levantados os nomes vulgares constantes das Tabelas constantes da Estatística da Pesca - Brasil (2001; 2002; 2003). A sistematização foi realizada verificando o nome comum mais representativo e sugerindo-os como nome Nacional. Os demais nomes locais, de menor importância, listados como sinônimos. Sempre procurando utilizar nome e sobrenome para grupos mais complexos (Ex: mandi-chorão, lambari-do-rabo-amarelo; pacu-caranha, etc). 65 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP VERIFICAÇÃO DA VALIDADE A validade de todos os termos científicos foi verificada, e os nomes corrigidos, de acordo com os trabalhos mais recentes e aceitos: Reis et al., 2003; Eschmeyer, 2005 e Froese & Pauly, 2005; Zoological Records - disponível on-line (http://www.biosis.org/products/zr/); All (in this database) Fish list (Scientific names). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/ life/warp/ fish-list.html#pisces). VISITAS TÉCNICAS Foram realizadas visitas técnicas aos estados onde se detectaram maiores dificuldades com os nomes vulgares: excesso de nomes muito peculiares (endêmicos) e carência de correlação de nomes vulgares com científicos. Os estados visitados foram: Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde foram contactados técnicos do IBAMA e pesquisadores, para esclarecimentos sobre as dúvidas existentes e realizadas identificações in loco. COMENTÁRIOS É preciso ter muito cuidado como a os nomes vulgares e especialmente com a prática comum que induz ao erro, inclusive entre alguns pesquisadores: a partir do nome vulgar buscar o nome científico na literatura. Um exemplo disto é o que ocorre no Piauí, onde o nome “matrinchã ou matrinxã” é aplicado a um peixe de couro do gênero Ageneiosus, no resto do país, chamado mandubé. O nome matrinchã é aplicado em todo Brasil para espécies do gênero Brycon. O nome mandubé no Piauí é aplicado a Hemisorubim plathyrhinchus, que é a jurupoca noutros estados do Brasil. Outro problema é o uso de nomes relacionados com a aparência do animal, neste caso o nome nada tem haver com a sistemática do animal, como alguns imaginam. Por exemplo, o nome “branquinha” é usado para peixes de cor branca. Por exemplo: espécie da família Curimatidae e espécies do gêneros Hemiodus. O nome charuto, usado para diversas espécies de peixes roliços e compridos, como espécies dos gêneros Characidium e Leporellus ou pequenas tainhas na Bahia. Alguns nomes são tão amplos que podem determinar diversas espécies, como por exemplo: piaba, bagre, cascudo, mandi, acará, cação, piau, etc. Esses nomes carecem de sobrenomes para melhor expressar, ou pelo menos aproximar, as espécies. Outros nomes são gerais para o mesmo grupo, como por exemplo, cascudo, bodó e acari, nomes que servem para diversas espécies da Família Loricaridae. 66 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP É bom lembrar que grande parte dos vulgares de nossos peixes é de origem Tupi1, o que sugere a ocorrência de dialetos por outros povos não indígenas, pouco conhecedores da língua. Alguns grupos de espécies têm nomes comuns distribuídos por região, todos com origem comum. Exemplo os Tetragonopteríneos: piaba no Nordeste, nome originado do tupi “pi’aua”, matupiri na Amazônia, do tupi “matupi’ri e lambari no Sul e Sudeste, do tupi “araue’ ri”. O termo “mistura” é utilizado para diversas espécies de peixes pequenos. Enquanto “caico é usado para peixes pequenos salgados, no Nordeste. Segundo Pereira (1976) no Sul usa-se a expressão “mulato-velho”, para este fim. ALGUMAS SUGESTÕES Alguns procedimentos podem minorar a difícil missão de aplicar um nome vulgar correto a uma espécie, dentre eles podemos destacar: a) Sempre que possível deve-se usar nomes compostos, este procedimento poder evitar erros grosseiros e ajudar a separar as espécies. Como por exemplo, no caso do nome “cambeva ou cambeba” é usado para alguns bagres de água doce e marinha e para espécies do gênero Sphyrna. O uso de nomes compostos: bagre-cabeva e cação-cambeva, reduzindo a chance de erro pelo usuário, pois os nomes “bagre” e “cação” por si só já remetem o interlocutor ao grupo de espécies a que se referem. O uso de nomes comuns a outros animais, objetos ou ações, também deve ser compostos para evitar confusões. Por exemplo: gato, cadela, cachorro, graviola, arqueiro, etc. É melhor usar: peixe-gato, peixe-cadela, peixe-cachorro, mandi-graviola, peixe-arqueiro. A seguir apresenta-se uma lista de nomes de peixes de água doce, com sugestões de nome nacionais (nome sugerido), na esperança de minorar boa parte dos problemas que ocorrem no dia-adia dos que lidam no setor pesqueiro. Certamente, não se terá uma solução para o problema de nosso vocabulário zoológico, mas pelo menos pode-se lançar um alerta, para a necessidade de que as pessoas possam se interessar pelo acerto dos nomes vulgares de nossos peixes, tornando nossos dados mais fidedignos e facilitando o diálogo entre a academia e o público. 1 O “tupi” é uma língua indígena extinta, originária do povo tupinambá, que teve sua gramática estudada pelos jesuítas, e que deu origem a dois dialetos, hoje considerados línguas independentes: a língua geral paulista, e o nheengatu (língua geral amazônica). 67 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP LISTA DE ESPÉCIES DULCIAQÜÍCOLAS COMERCIAIS NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS A A letra “A” aparece muitas vezes à frente de nomes vulgares, duplicando-os. Exemplo: cari, acari; cará, acará; botoado, abotoado; raia, arraia e voador, avoador. Abotoado – Ver ARMADO ACARÁ - Nome de várias espécies da Família Cichlidae (Usar sobrenome) Acará-açu - Ver APAIARI ACARÁ-COMUM Geophagus spp.; Cichlasoma spp. Cichlidae Acará Acará-papa-terra - Ver ACARATINGA ACARÁ-PITANGA Cichlidae Geophagus surinamensis - Acará-rói-rói - Ver ACARATINGA ACARATINGA Geophagus proximus Cichlidae Acará-papa-terra; Acará-rói-rói ACARI (1) Loricaria spp. Loricariidae Usar Sobrenome Hypostomus spp.; Pterygoplichthys spp. Loricariidae Acari (2) - Ver CASCUDO ACARI-BODÓ Bodó; Cascudo Acari-chicote - Ver ACARI-VIOLA ACARI-VIOLA Loricariichthys spp. Loricariidae Acari-chicote; Cari; Viola (RS) APAIARI Astronotus ocellatus Cichlidae Acará-açu APAPÁ Pellona spp. Pristigasteridae Sarda (PA); Sardinhão (MA; PI) ARACU Schizodon spp. Anostomidae Campineiro (SP); Chimboré (Sudeste/Sul) ARENQUE Lycengraulis spp. Engraulidae - ARMADO Pterodoras granulosus Doradidae Abotoado (MT; MS) ARRAIA Potamotrygon spp. Potamotrygonidae RAIA ARUANÃ Osteoglossum bicirrhosum; O. ferrerai Osteoglossidae - Aragu - Ver SAGUIRU Avoador - Ver PEIXE-VOADOR B BACU Doradidae Platydoras costatus Graviola (MA; PI) BAGRE - Nome utilizado para espécies da família Pimelodidae (Usar sobrenome) BAGRE-AFRICANO Clarias spp. Clariidae BAGRE-AMARELO - Ver Mandi-amarelo 68 - Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS BAGRE-AMERICANO Ictalurus punctatus Ictaluridae - BAGRE-MANDI Pimelodus spp. Pimelodidae Mandi BAGRE-SAPO Pariolius sp. Heptapteridae - Barba-chata - Ver PIRANAMBU BARBADO - Ver Piranambu BARBUDO - Ver Piranambu Beiru ou Biru - Ver SAGUIRU Bico-de-pato -Ver SURUBIM-LIMA Bocudo - Ver MANDUBÉ Bodeco - Ver PIRARUCU Bodó - Ver CASCUDO Botoado - Ver ARMADO BRANQUINHA (1) Anodus spp. Curimatidae Charuto (PA); Cubiu (AM) Branquinha (2) - Ver SAGUIRU C Caboge ou Caboja - Ver TAMBOATÁ Cachara - Ver SURUBIM-CACHARA Cachorra - Ver PEIXE-CACHORRA Cachorro (1) - Ver PEIXE-CACHORRO Cachorro (2) - Ver PEIXE-CACHORRA CAICO - Peixes de pequeno porte salgado-seco, no Nordeste. Campineiro - Ver ARACU CANGATI Auchenipteridae Trachelyopterus galeatus Morrudo Cará - Ver ACARÁ Caranha - Ver PACU-CARANHA Cari - Ver ACARI Carpa - Ver CARPA-COMUM CARPA-COMUM Cyprinus carpio Cyprinidae Carpa CASCUDO Hypostomus spp. Loricariidae Acari (1) (PE); Acari-bodó BA; ES; RJ; SP); Bodó (CE; MA; PI) CASCUDO-ABACAXI Megalancistrus parananus Loricariidae - CASCUDO-CHINELO Loricaria spp. Loricariidae - 69 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS CASCUDO-PRETO Rhinelepis aspera Loricariidae - CHARUTO (1) Leporellus spp. Anostomidae Solteira (PR; SP) Charuto (2) - BRANQUINHA (1) Chimboré - Ver ARACU Corró - Ver PIAU CORVINA OU CURVINA (1) Pachyurus spp. Sciaenidae - Corvina ou Curvina (2) - Ver PESCADA-DO-PIAUÍ Cubiu - Ver BRANQUINHA (1) CUIÚ-CUIÚ Oxydoras niger Doradidae Cujuba (MA) Cujuba - Ver CUIÚ-CUIÚ CURIMATÃ Prochilodus spp. Prochilodontidae Curimba (MT; PR; SP) Curimbatá (Sudeste); Grumatã (MG; RS; SC) CURIMATÃ-PACU Prochilodus argenteus Prochilodontidae Xira Curimba - Ver CURIMATÃ Curimbatá - Ver CURIMATÃ D DOURADA Brachyplatystoma rousseauxii Pimelodidae - DOURADO Salminus brasiliensis Characidae - DOURADO-CACHORRO Raphiodon vulpinus Characidae - Pimelodidae Piraíba F FILHOTE Brachyplatystoma filamentosum Fidalgo - Ver MANDUBÉ (1) Flecheiro - Ver PEIXE-VOADOR G Graviola - Ver BACU Grumatã - Ver CURIMATÃ I Ituí - Ver TUVIRA J JACUNDÁ Crenicichla spp. Cichlidae Joaninha JARAQUI Semaprochilodus spp. Prochilodontidae - JATUARANA Argonectes spp.; Hemiodus spp. Hemiodontidae - 70 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS JAU Zungaro zungaro Pimelodidae Pacamon (AM); Zungaro (RS; SC) JEJU Hoplerythrinus unitaeniatus Erytrhynidae - JUNDIÁ Rhamdia spp. Heptapteridae - JURUPOCA Hemisorubim platyrhynchus Pimelodidae Mandubé (2) (PI) Astyanax spp. Characidae Catathiridium jenynsii Soleidae Joaninha - Ver JACUNDÁ L LAMBARI PIABA (Nordeste), MATUPIRI (Norte) Leiteiro - Ver MANDUBÉ LINGUADO - Lírio - Ver MANDUBÉ Lobó - Ver TRAÍRA Luz-baixa - Ver SURUMANHA M MANDI - Espécies das famílias Pimelodidae e Heptapteridae MANDI-AMARELO Pimelodus maculatus Pimelodidae Bagre-amarelo MANDUBÉ (1) Ageneiosus spp. Auchenipteridae Bocudo (SC); Fidalgo (PI); Matrinchã (2) (PI); Leiteiro; Lírio (MA) Mandubé (2) - Ver JURUPOCA MAPARÁ Hypophthalmus spp. Pimelodidae Perna-de-moça (PR); Jurupesén (MS) MATRINCHÃ (1) Brycon spp. Characidae Piabanha; Piracanjuba (2); Piraputanga MISTURA - Nome de peixes de pequeno porte de diversas espécies Matrinchã (2) - Ver MANDUBÉ (1) MATUPIRI - Ver LAMBARI Morenita - Ver SARAPÓ Morrudo - Ver CANGATI MUÇUM Synbranchus marmoratus Synbranchidae - Lophiosilurus alexandri Pseudopimelodidae - P PACAMÃO Pacamon - Ver JAU PACU (1) - Espécies dos gêneros Metynnis; Myleus; Myloplus; Mylossoma (Usar sobrenome) Pacu (2) - Ver PACU-CARANHA 71 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO PACU-CARANHA NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS Piaractus mesopotamicus Characidae Caranha; Pacu (2) PATI Luciopimelodus pati Pimelodidae - PEIXE-CACHORRA Hydrolycus scomberoides Cynodontidae Cachorra (RO; TO); Peixecachorro (2) (AM) PEIXE-CACHORRO (1) Acestrorhynchus spp. Acestrorhynchidae Cachorro; Urubarana (MA) Rhamphicthyidae Peixe-tatu Atherinidae - Palomenta - Ver PIRANHA Peixe-cachorro (2) - Ver PEIXE-CACHORRA Peixe-cigarra - Ver SAICANGA PEIXE-ESPADA Rhamphicthys rostratus Peixe-gato -Ver SURUMANHA PEIXE-REI Odontesthes bonariensis Peixe-tatu - Ver PEIXE-ESPADA PEIXE-VOADOR Hemiodus spp. Hemiodontidae Avoador (PA); Flecheiro (MA; PI) Perna-de-moça - Ver MAPARÁ PESCADA - Espécies do Gênero Plagioscion (usar sobrenome) PESCADA-BRANCA (1) Plagioscion spp. Sciaenidae - Pescada-branca (2) - Ver PESCADA-DO-PIAUÍ PESCADA-DO-PIAUÍ Plagioscion squamosissimus Sciaenidae Corvina (2) (MA; Sudeste); Pescada; Pescada-branca (2) PIABA – O mesmo que LAMBARI Piabanha - Ver MATRINCHÃ (1) PIAPARA Leporinus elongatus Anostomidae - Anostomidae Piavuçu (MS) PIAU - Espécies do gênero Leporinus (Usar sobrenome) PIAUÇU Leporinus macrocephalus Piava - Ver PIAU Piavuçu - Ver PIAUÇU PILOMBETA Engraulidae Anchoviella vaillanti Manjuba Pintado - Ver SURUBIM-PINTADO PIRÁ Conorynchus conirostris Pimelodidae Piracanjuba (1) Brycon orbignyanus Characidae - Piracanjuba (2) – Ver MATRINXÃ (1) Piraíba - Ver FILHOTE PIRAMUTABA Brachyplatystoma vaillantii Pimelodidae - PIRAMBEBA Serrasalmus spp. Piranha (PR; SP) Characidae 72 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS PIRANAMBU Pinirampus pirinampu Pimelodidae Barbado (AM; MS: MT; PR) Barbudo; Barba-chata (AM; RR) PIRANHA Pygocentrus spp. Characidae Palomenta PIRAPITINGA Piaractus brachypomus Characidae - PIRAPITINGA-DO-SUL Brycon spp. Characidae - Piraputanga - Ver MATRINXÃ (1) PIRARARA Phractocephalus hemiliopterus PIRARUCU Arapaima gigas Pimelodidae - Arapaimidae Bodeco (AM) (Exemplares de pequeno porte) R RAIA - O mesmo que ARRAIA Ruelo - Ver TAMBAQUI S SAGUIRU Várias espécies Curimatidae Aragu (BA); Beiru ou Biru (NE); Branquinha (2) (AM; PA; MA; PI); SAICANGA Galeocharax knerii Characidae Peixe-cigarra (MG; SP) SARAPÓ Gymnotus carapo Gymnotidae Morenita (Sul), Tuvira (2) (PR; SP) Triportheus spp. Characidae - Sarda - Ver Apapá SARDINHA Sardinhão - Ver APAPÁ Solteira - Ver CHARUTO (1) Surubim (1) - Ver SURUBIM-CACHARA Surubim (2) - Ver SURUBIM-PINTADO SURUBIM-CACHARA Pseudoplatystoma fasciatum Pimelodidae Cachara (MS; MT); Surubim (1) SURUBIM-LIMA Sorubim lima Pimelodidae Bico-de-pato (AM; PA; PI); Jurupesén (MS; MT; SP); Tubajara (MA) SURUBIM-PINTADO Pseudoplatystoma curuscans Pimelodidae Pintado; Surubim (2) (MG) SURUMANHA Auchenipterus nuchalis Auchenipteridae Peixe-gato (MA; PI); Luzbaixa (Norte) TABARANA Salminus hilarii Characidae Tubarana (GO) TAMBACU OU TAMBICU Híbrido (Tambaqui X Pacu) Characidae - T 73 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA Characidae SINÔNIMOS TAMBAQUI Colossoma macropomum TAMBATINGA Híbrido (Tambaqui X Pirapitinga) Characidae - TAMBOATÁ Hoplosternum spp. Caboge ou Caboja Callichthyidae Ruelo (AM) (Exemplares de pequeno porte) TILÁPIA - Espécies da Família Cichlidae (Usar sobrenome) TILÁPIA-DO-NILO Oreochromis niloticus Cichlidae Tilápia TILÁPIA-RENDALI Tilapia rendalli Cichlidae Tilápia TILÁPIA-VERMELHA Oreochromis sp. Cichlidae Tilápia TRAÍRA Hoplias malabaricus Erythrinidae Lobó TRUTA Onchorhynchus mykiss Salmonidae - Cichlidae - Sternopygus macrurus Sternopygidae Ituí Anodus elongatus Curimatidae - Tubajara - Ver SURUBIM-LIMA Tubarana - Ver TABARANA TUCUNARÉ Cichla spp. TUVIRA (1) Tuvira (2) - Ver SARAPÓ U UBARANA Urubarana - Ver PEIXE-CACHORRO V Viola - Ver ACARI-VIOLA X Xira - Ver CURIMATÃ-PACU Z Zungaro - Ver JAU BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANTÃO DE CARVALHO, V., 1957. Nomes vulgares de peixes brasileiros com seus correspondeste em sistemática, Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. ALL (IN THIS DATABASE) FISH LIST (SCIENTIFIC NAMES). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/life/warp/fish-list.html#pisces). COMPAGNO, L.J.V., Sharks of the world - Volumes 1 & 3. FAO Species Catalogue for Fishery Purposes. No. 1, Vols. 1 & 3.ESCHMEYER, W., 2005. Catalog of Fishes. Introductory materials species of fish, v. I, II, III. California Academy of Science, San Francisco. 74 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ESCHMEYER, W., 2005. Catalog of Fishes. Introductory materials species of fish. Vol. I, II, III. California Acedaemy of Science. San Francisco. FIGUEIREDO, J.L. & N.A. MENEZES, 1978. Manual de peixes marinhos do sudeste do Brasil. II, Teleostei 1. Museu de Zoologia, Universidade de São Paulo. FISCHER, W. (ed.), 1978. FAO species identification sheets for fishery purposes. 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MARINE SPECIES José Milton Barbosa*; Chirleide Marcelino do Nascimento Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco *E-mail: [email protected] Resumo - O presente trabalho teve por objetivo sugerir a uniformização dos nomes vulgares de peixes comerciais marinhos do Brasil, evitando, desta forma, os erros crassos comuns cometidos em vários segmentos do setor pesqueiro nacional, com prejuízos para a fidelidade de dados, especialmente no que se refere à estatística pesqueira. Palavras-chaves - estatística pesqueira; nomes científicos; nomes vulgares Abstract - This work had the objctive to suggest the uniformization of the commercial marine fishes’ vulgar manes, so that avoiding the crass and commom mistakes perpetrade by several segments of the national fishery sector, at a sacrificate for the data, especially regarding to fishery statistics. Key-words - fishering estatistic; scientific names; common names 76 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO Von Ihering desde o início do século XX preocupou-se com a questão do vocabulário zoológico brasileiro, considerado muito pobre, em relação à riqueza de nossa fauna (Ihering, 1938/1968). Este fato ocorre pelo fato de que os cientistas estrangeiros que coligaram material zoológico em suas estadas no Brasil, raramente se deram ao trabalho de anotar corretamente os nomes vulgares das espécies, mais tarde por eles nominadas cientificamente. Segundo Ihering (1938/1968) não foi apenas por prazer de corrigir ou de dizer mal que temos citado alguns exemplos de definições zoológicas de todo erradas em obras de certo renome. Atualmente a situação não é diferente, há grande descaso para a nomenclatura zoológica, especialmente no tocante aos peixes, onde ocorre descuido de estudantes, técnicos e pesquisadores. Assim, é importante chamar a atenção dos que são responsáveis pela divulgação de dados técnicos ou científicos e pelo aperfeiçoamento de nossos manuais de língua portuguesa, brasileira. Ademais, o Brasil é um país de grande extensão e diversidade de espécies muito parecidas entre si, às vezes pertencentes ao mesmo gênero ou família. No caso das espécies marinhas agravado pela entrada de nomes vulgares de outros países, especialmente de língua espanhola. O presente trabalho foi realizado a partir de uma demanda surgida em reuniões para consolidação da estatística pesqueira nacional. Nestas oportunidades identificou-se a necessidade de rever e atualizar os nomes científicos utilizados e sistematizar os nomes vulgares de forma a melhorar a qualidade da estatística pesqueira, gerada no Brasil. Desta forma, este trabalho buscou a geração de uma lista de espécies constantes das tabelas de produção pesqueira, com os nomes locais e os nomes sugerido, uniformizado para uso em todo Brasil, e os correspondentes científicos. Esta lista poderá ser utilizada na compilação de dados estatísticos e outros trabalhos que necessitem da utilização de nomes vulgares, fora da esfera regional. METODOLOGIA LEVANTAMENTO DOS DADOS Foram levantados os nomes vulgares constantes das tabelas constantes da Estatística da Pesca - Brasil (2001; 2002; 2003). A sistematização foi realizada verificando o nome comum mais representativo e sugerindo-os como nome Nacional. Os demais nomes locais, de menor importância, listados como sinônimos. Sempre procurando utilizar nome e sobrenome para grupos mais complexos (Ex: mandi-chorão, lambari-do-rabo-amarelo; pacu-caranha, etc). 77 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP VERIFICAÇÃO DA VALIDADE A validade de todos os termos científicos foi verificada, e os nomes corrigidos, de acordo com os trabalhos mais recentes e aceitos: Reis et al., 2003; Eschmeyer, 2005 e Froese & Pauly, 2005; Zoological Records - disponível on-line (http://www.biosis.org/products/zr/); All (in this database) Fish list (Scientific names). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/ life/warp/ fish-list.html#pisces). VISITAS TÉCNICAS Foram realizadas visitas técnicas aos estados onde se detectaram maiores dificuldades com os nomes vulgares: excesso de nomes muito peculiares (endêmicos) e carência de correlação de nomes vulgares com científicos. Os estados visitados foram: Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e Espírito Santo, onde foram contactados técnicos do IBAMA e pesquisadores, para esclarecimentos sobre as dúvidas existentes e realizadas identificações in loco. COMENTÁRIOS É preciso ter muito cuidado como a os nomes vulgares e especialmente com a prática comum que induz ao erro, inclusive entre alguns pesquisadores: a partir do nome vulgar buscar o nome científico na literatura. Muitos exemplos podem ser citados, mas destacaremos os nomes aplicados às espécies do gênero Mugil, onde se utiliza o termo “curimã”, no Nordeste, para a espécie chamada “tainha” no Sul e Sudeste, enquanto nestas regiões usa-se o termo “parati” para espécies que nominamos “tainha”. Outro problema é o uso de nomes relacionados com a aparência do animal, neste caso o nome nada tem haver com a sistemática do animal, como alguns imaginam. Por exemplo, o nome pescada-branca é usado para cienídeos de cor branca, nem sempre se referindo a mesma espécie. Alguns nomes podem se referir à espécies totalmente distintas como o nome “cambeva ou cambeba” aplicado a bagres e cações do gênero Sphyrna. Alguns nomes são tão amplos que podem determinar diversas espécies, como por exemplo: sardinha (usado para clupeídeos marinhos e para characideos de água doce), manjuba, bagre, pipitinga ou piquitinga (nome usado para o clupeídeo Lile piquitinga e para pequenos camarões). Alguns nomes descrevem grandes grupos, não sendo próprio de uma única espécie: sardinha, manjuba, bagre, cação, pescada, xáreu, est. Neste casdo torna-se imprescindível o uso de sobrenomes. Ex. sardinha mimosa, cação-fidalgo, bagre-urutinga, xáreu-preto, etc. 78 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP ALGUMAS SUGESTÕES Alguns procedimentos podem minorar a difícil missão de aplicar um nome vulgar correto a uma espécie, dentre eles podemos destacar: a) Sempre que possível deve-se usar nomes compostos, este procedimento poder evitar erros grosseiros e ajudar a separar as espécies. Como por exemplo, no caso do nome “cambeva ou cambeba” é usado para alguns bagres de água doce e marinha e para espécies do gênero Sphyrna. O uso de nomes compostos: bagre-cabeva e cação-cambeva, reduzindo a possibilidade de erro pelo usuário, pois os nomes “bagre” e “cação” por si só já remetem o interlocutor ao grupo de espécies a que se referem. O uso de nomes comuns a outros animais, objetos ou ações, também deve ser compostos para evitar confusões. Por exemplo: galo, voador, perna-de-moça, pescador, etc. É melhor usar: peixe-galo, peixe-voador, pescada-perna-de-moça, peixe-pescador. A seguir apresenta-se uma lista de nomes de peixes de água doce, com sugestões de nome nacionais (nome sugerido), na esperança de minorar boa parte dos problemas que ocorrem no dia-adia dos que lidam no setor pesqueiro. Certamente, não se terá uma solução para o problema de nosso vocabulário zoológico, mas pelo menos pode-se lançar um alerta, para a necessidade de que as pessoas possam se interessar pelo acerto dos nomes vulgares de nossos peixes, tornando nossos dados mais fidedignos e facilitando o diálogo entre a academia e o público. 79 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP LISTA DE ESPÉCIES MARINHAS COMERCIAIS BRASIL NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS A ABRÓTEA Urophycis spp. Gadidae Brota ou Brótea AGULHA - Nome utilizado para espécies das famílias: Belonidae (Ver Peixe-agulha) e Hemirhamphidae (Ver Agulhinha) AGULHÃO - Nome utilizado para espécies das famílias: Belonidae (Ver Peixe-agulha), Istiophoridae (Ver Agulhão) e Xiphiidae (Ver Espadarte) Agulhão-bandeira - Ver AGULHÃO-VELA AGULHÃO-BRANCO Tetrapturus albidus Istiophoridae Agulhão-prata; Marlimbranco AGULHÃO-NEGRO Makaira nigricans Istiophoridae Agulhão-preto Istiophoridae Agulhão-bandeira Agulhão-preto - Ver AGULHÃO-NEGRO AGULHÃO-VELA Istiophorus albicans Agulhão-prata - Ver AGULHÃO-BRANCO AGULHINHA - Espécies das famílias: Hemirhamphidae (Usar sobrenome) AGULHINHA-BRANCA Hyporhamphus spp. Hemirhamphidae Agulha-branca Hemiramphus spp. AGULHINHA-PRETA Hemirhamphidae ALBACORA - Nome utilizado para espécies do Gênero Thunnus (Usar sobrenome) Agulha-preta ALBACORA-BANDOLIM Thunnus obesus Scombridae Atum-cachorra ALBACORA-BRANCA Thunnus alalunga Scombridae Atum-voador ALBACORA-LAJE Thunnus albacares Scombridae Atum-galha-amarela ALBACORINHA Thunnus atlanticus Scombridae Binta Anequim - Ver CAÇÃO-ANEQUIM Anjo - Ver CAÇÃO-ANJO ARABAIANA - Espécies do gênero Seriola (Nordeste); Olhete e Olho-de-boi (Sul/Sudeste); Elagatis bipinnulata (CE; MA; PI) - Ver Arabaiana-rei). Seriola fasciata ARABAIANA-PINTADA (1) Carangidae Arabaiana Arabaiana-pintada (2) - VER OLHO-DE-BOI ARABAIANA-REI Elagatis bipinnulata Carangidae Arabaiana (CE; MA; PI); Peixe-rei (2) (PE) ARACIMBORA OU ARAXIMBORA Caranx latus Carangidae Guaracimbora (NE); Xarelete (Sul/Sudeste) ARENQUE Lycengraulis spp. Engraulidae - ARIACÓ Lutjanus synagris Lutjanidae - ARRAIA - Nome utilizado para várias espécies das famílias: Rajidae, Myliobatidae, Gymnuridae, Narcinidae e Dasyatidae (usar sobrenome) 80 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO ARRAIA-VIOLA Rhinobatos spp. Thunnus thynnus ATUM (1) FAMÍLIA SINÔNIMOS Rhinobatidae Cação-viola; Viola, Scombridae Atum Atum (2) - Ver ALBACORA E BONITO (Este termo deve utilizado apenas para Thunnus thynnus) Atum-cachorra - Ver ALBACORA-BANDOLIM Atum-galha-amarela - Ver ALBACORA-LAJE Atum-voador - Ver ALBACORA-BRANCA B BADEJO Mycteroperca spp. Serranidae - BAGRE - Espécies da família Ariidae (usar sobrenome) BAGRE-BANDEIRA Bagre spp. Ariidae Bagre-fita (NE); Bandeirado (PA: AP; MA) BAGRE-CAMBEBA Arius grandicassis Aspistor quadriscutis Ariidae Cambéu (MA) Cambeua Ariidae Cangatã ou cangatá BAGRE-CANGATÃ Bagre-fita - Ver BAGRE-BANDEIRA BAGRE-GURIJUBA Hexanematichthys parkeri Ariidae Gurijuba BAGRE-JURUPIRANGA Arius rugispinis Ariidae Jurupiranga BAGRE-URICICA Hexanematichthys bonillai Arius proops Ariidae Uriacica (MA); Uricica (PA) Ariidae Uritinga ou Urutinga BAGRE-URUTINGA BAIACU - Espécies da Ordem Tetraodontiformes (Usar sobrenome) BAIACU-ARARA Lagocephalus laevigatus Tetraodontidae Baiacu Baiacu-guara - Ver BAIACU-ARARA Bandeirado - Ver BAGRE-BANDEIRA Barracuda - Ver BICUDA BATATA-DE-PEDRA Caulolatilus chrysops Malacanthidae Batata-de-pedra BATATA-DO-ALTO Lopholatilus villarii Malacanthidae Batata-do-alto BEIJUPIRÁ OU BIJUPIRÁ Rachycentron canadum Rachycentridae Cação-de-escama BETARA Menticirrhus spp. Sciaenidae Judeu; Papa-terra BICUDA Sphyraena spp. Sphyraenidae Barracuda Baúna - Ver DENTÃO Binta - Ver ALBACORINHA BIQUARA Haemulon spp. Haemulidae Boca-mole - Ver GOETE Boca-torta (1) - Ver MANJUBA-BOCA-TORTA Boca-torta: (2) - Ver OVEVA 81 - Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS BONITO - Espécies da Família Scombridae (Usar sobrenome) BONITO-CACHORRO Auxis thazard Scombridae Bonito BONITO-LISTRADO Katsuwonus pelamis Scombridae Gaiado (Sul/Sudeste) BONITO-PINTADO Euthynnus alletteratus Scombridae Bonito (Nordeste) Scaridae Budião Brota ou Brótea - Ver ABRÓTEA BUDIÃO Sparisoma spp. C Cabeçudo - Ver CANGOÁ Cabra - Ver PEIXE-CABRA Cabrinha - Ver PEIXE-CABRA CAÇÃO - Espécies das famílias Lamnidae, Carcharhinidae, Triakidae; Odontaspididae, Sphyrnidae, Alopiidae, Hexanchidae e Squalidae (Usar sobrenome). Obs: Não há um limite claro entre o nome cação e tubarão. CAÇÃO-ANEQUIM Isurus oxyrhynchus Lamnidae Anequim, Mako CAÇÃO-ANJO Squatina spp. Squatinidae Anjo CAÇÃO-AZUL Prionace glauca Carcharhinidae - CAÇÃO-BAIA Hexanchus griseus Hexanchidae - Cação-cambeva - Ver CAÇÃO-MARTELO CAÇÃO-MANGONA Carcharias taurus Odontaspididae CAÇÃO-MARTELO Sphyrna spp. Sphyrnidae Cação-cambeva, Panã (Nordeste) Cação-de-escama - Ver BEIJUPIRÁ Cação-viola – Ver ArrAIA-VIOLA Cambeua ou Cambéu - Ver BAGRE-CAMBEBA CAICO - Peixes de pequeno porte salgados/seco CAMBUBA Haemulon flavolineatum Haemulidae - Camorim ou Camurim - Ver ROBALO CAMURUPIM Megalopidae Tarpon atlanticus Cangatã ou Cangatá - Ver BAGRE-CANGATÃ CANGOÁ OU CANGUÁ Stellifer spp. Pema; Pirapema (AP; PA) Sciaenidae Cabeçudo (MA; PI) Balistidae Peroá (ES); Peixe-porco (Sul/Sudeste) Canguira - Ver PAMPO Canguiro - Ver GORDINHO CANGULO Balistes spp. 82 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS Caranha ou Caranho - Ver VERMELHO-CARANHA Carapau - Ver GARAJUBA CARAPEBA Diapterus spp. Gerreidae - CARAPEBA-LISTRADA Eugerres brasilianus Gerreidae - CARAPICU Eucinostomus spp. CARAPITANGA Lutjanus spp. Lutjanidae Umbrina canosai Sciaenidae Scomberomorus cavalla Scombridae Cavala-branca Cavala-aipim Cascote - Ver CORVINA CASTANHA Catana - Ver PEIXE-ESPADA CAVALA Cavala-aipim - Ver CAVALA-EMPINGE Cavala-branca - Ver CAVALA CAVALA-EMPINGE Acanthocybium solandri Scombridae CAVALINHA Scomber japonicus Scombridae CHERNE Epinephelus spp. Serranidae CHERNE-GALHA-AMARELA Serranidae CHERNE-POVEIRO Epinephelus flavolimbatus Polyprion americanus Polyprionidae - CHERNE-VERDADEIRO Epinephelus niveatus Serranidae - CHICHARRO Trachurus spp. Carangidae Xixarro CIOBA (1) Lutjanus analis Lutjanidae - CONGRO Conger spp. Congridae - CONGRO-ROSA Genypterus brasiliensis Ophidiidae - Cherne (usar sobrenome) Cioba (2) - Ver GUAIÚBA Coró - Nome de Várias espécies da família Haemulidae (Usar sobrenome) CORÓ-RONCADOR Conodon nobilis Haemulidae Coró (Nordeste); Roncador (Sul) CORCOROCA Haemulon spp. Micropogonias furnieri; M. undulatus Haemulidae - Sciaenidae Cascote, Cururuca CORVINA (1) Corvina (2) - Ver PESCADA-CAMBUÇU CURIMÃ Mugilidae Mugil liza Tainha (Sudeste/Sul) Cururuca - Ver CORVINA (1) D DENTÃO Lutjanidae Lutjanus jocu 83 Bauna (NE) exemplares de pequeno porte) Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO DOURADO FAMÍLIA Coryphaenidae Coryphaena hippurus SINÔNIMOS - E ENCHOVA Pomatomus saltatrix Pomatomidae - Xiphias gladius Xiphiidae Meka Espada - Ver PEIXE-ESPADA ESPADARTE G Gaiado - Ver BONITO-LISTRADO Galo - Ver PEIXE-GALO GARAJUBA Caranx chrysos Carangidae Guarajuba; Carapau (Sul/Sudeste) GARAPAU Selar crumenophthalmus Carangidae - GAROUPA Epinephelus spp. Serranidae Garoupa (usar sobrenome) GAROUPA-DE-SÃO TOMÉ Epinephelus morio Serranidae - GAROUPA-VERDADEIRA Epinephelus marginatus Serranidae - GOETE Cynoscion jamaicensis Sciaenidae Pescadinha-goete GORDINHO Prepilus paru Stromateidae Canguiro (MA); Paru (2) (RS) GUAIÚBA Ocyurus chrysurus Lutjanidae Cioba (2) (ES) GUAIVIRA Oligoplites spp. Carangidae Salteira (RJ; SP); Timbira (PA); Tibiro (Nordeste) Paralichthyidae - Golosa - Ver PEIXE-PEDRA Guarajuba - Ver GARAJUBA Guaracimbora - Ver ARACIMBORA Gurijuba - Ver BAGRE-GURIJUBA J Judeu - Ver BETARA Jurupiranga - Ver BAGRE-JURUPIRANGA L LINGUADO Paralichthys spp. Lua - Ver PEIXE-LUA M Mako - Ver CAÇÃO-ANEQUIM MANJUBA (1) - Espécies das famílias Engraulidae e Clupeidae - o termo deve ser usado apenas para espécies da Família Engraulidae (usar sobrenome) 84 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO MANJUBA (2) FAMÍLIA SINÔNIMOS Anchoviella spp.; Anchoa spp.; Engraulidae Lycengraulis spp. Pilombeta (AL; SE) Manjuba (3) - Ver SARDINHA-LAJE MANJUBA-BOCA-TORTA Cetengraulis edentulus Engraulidae Boca-torta (1); Sardinhaboca-torta MANJUBA-DO-IGUAPE Anchoviella lepidentostole Engraulidae Manjuba Tetrapturus pfluegeri Istiophoridae - Merluccius hubbsi Epinephelus itaiara Merlucciidae - Serranidae - Maria-mole - Ver PESCADA-OLHUDA Marlim-branco - Ver AGULHÃO-BRANCO MARLIM-BICUDO Meka - Ver ESPADARTE MERLUZA MERO MISTURA - Nome utilizado para peixes de pequeno porte, misturados na pesca. MORÉIA Gymnothorax spp. Muraenidae Mororó (AL); Mututuca (PE) Pseudopercis numida Mugiloididae Carangidae Arabaiana (Nordeste) OLHO-DE-BOI Seriola spp. Seriola spp. Carangidae Arabaiana-pintada (2) OLHO-DE-CÃO Priacanthus spp. Priacanthidae - OVEVA Larimus breviceps Sciaenidae Boca-torta (2) PACAMÃO Amphichthys cryptocentrus Bratrachoididae - PALOMBETA Chloroscombrus chrysurus Carangidae - PAMPO Trachinotus spp. Carangidae Canguira (PA) Mororó - Ver MORÉIA Mututuca - Ver MORÉIA N NAMORADO - O OLHETE P Panã - Ver CAÇÃO-MARTELO Papa-terra - Ver BETARA Parati - Ver TAINHA Pargo (1) - Ver PARGO-ROSA Pargo (2) - Ver PARGO-VERDADEIRO PARGO-ROSA Pagrus pagrus Sparidae Pargo (1) (Sudeste/Sul) PARGO-VERDADEIRO Lutjanus purpureus Lutjanidae Pargo (2) (Norte/Nordeste) 85 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS Paru (1) - Ver PARU-BRANCO Paru (2) - Ver GORDINHO PARU-BRANCO Chaetodipterus faber Ephippidae Paru (1) (RJ; SP) PEIXE-AGULHA Strongylura spp. Belonidae Agulha PEIXE-CABRA Prionotus spp. Triglidae Cabra, Cabrinha PEIXE-ESPADA Trichiurus lepturus Trichiuridae Catana (AL; SE); Espada PEIXE-GALO Selene spp. Carangidae Galo PEIXE-LUA Mola mola Molidae Lua PEIXE-PEDRA Genyatremus luteus Haemulidae Golosa (PI) PEIXE-PESCADOR Lophius gastrophysus Lophiidae Peixe-rape (RS; SC); Peixesapo (Sul/Sudeste) Peixe-porco - Ver CANGULO Peixe-rape - Ver PEIXE-PESCADOR PEIXE-REI (1) Atherinella brasiliensis Atherinidae - Exocoetidae Voador (1) Peixe-rei (2) - Ver ARABAIANA-REI Peixe-sapo - Ver PEIXE-PESCADOR PEIXE-VOADOR Hirundichthys affinis Pema - Ver CAMURUPIM Peroá - Ver CANGULO PESCADA - Espécies do gênero Cynoscion (Usar sobrenome) PESCADA-AMARELA Cynoscion acoupa Sciaenidae - PESCADA-BANANA Nebris microps Sciaenidae - PESCADA-BRANCA Cynoscion leiarchus Sciaenidae - PESCADA-CAMBUÇU OU PESCADA-CAMBUCU Cynoscion virescens Sciaenidae Cambuçu; Corvina (MA; PA) Sciaenidae Maria-mole Pescada-gó - Ver PESCADINHA-REAL PESCADA-OLHUDA Cynoscion striatus; C. guatucupa Pescadinha - Ver PESCADINHA-REAL Pescadinha-gó - Ver PESCADINHA-REAL Pescadinha-goete - Ver GOETE PESCADINHA-REAL Sciaenidae Macrodon ancylodon Pez-palo – Ver TIRA-VIRA Pilombeta – Ver MANJUBA (2) 86 Pescadinha; Pescada-gó (MA); Pescadinha-gó (PA) Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO PIRAJICA NOME CIENTÍFICO Kyphosus spp. FAMÍLIA SINÔNIMOS Kyphosidae - Lobotidae Xancarrona (Nordeste) Pirapema - Ver CAMURUPIM PREJEREBA R Raia - Ver ARRAIA Lobotes surinamensis Raia-viola - Ver ARRAIA-VIOLA ROBALO Centropomus spp. Centropomidae Camorim (Norte/ Nordeste) Roncador - Ver CORÓ-RONCADOR S Salmonete - Ver TRILHA Salteira - GUAIVIRA SAPURUNA Haemulon spp. Haemulidae - SARAMUNETE Pseudupeneus maculatus Mullidae - SARDA (1) Pellona flavipinnis Pristigasteridae - Sarda (2) - Ver SERRA SARDINHA - Espécies das famílias Clupeidae e Engraulidae - o termo deve ser usado apenas para espécies da Família Clupeidae (usar sobrenome) Sardinha-bandeira - Ver SARDINHA-LAJE Sardinha-boca-torta - Ver MANJUBA-BOCA-TORTA Harengula clupeola SARDINHA-CASCUDA Clupeidae - SARDINHA-LAJE Opisthonema oglinum Clupeidae Sardinha-bandeira; Manjuba (3) exemplares de pequeno porte (PE) SARDINHA-VERDADEIRA Sardinella brasiliensis Clupeidae Sardinha Sauna - Ver TAINHA SAVELHA Brevoortia spp. Clupeidae - SERIGADO OU SIRIGADO Mycteroperca spp. Serranidae - Serra Scomberomorus brasiliensis Scombridae Sarda (ES; RJ), Sororoca (Sudeste/Sul) Sororoca - Ver SERRA T TAINHA Mugil spp. Mugilidae Tibiro ou Timbiro - Ver GUAIVIRA Timbira - Ver GUAIVIRA 87 Parati (Sul/Sudeste); Curimã (PE); Sauna (Nordeste, exemplares de pequeno porte) Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP NOME SUGERIDO NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA SINÔNIMOS TIRA-VIRA Percophis brasiliensis Percophidae Pez-palo TORTINHA Isopisthus parvipinnis Sciaenidae - TRILHA Mullus argentinae Mullidae Salmonete TUBARÃO - Este termo deve ser evitado para fins comerciais (Ver CAÇÃO) U UBARANA Elops saurus Elopidae Uriacica ou Uricica - Ver BAGRE-URICICA Uritinga ou Urutinga - Ver BAGRE-URUTINGA V VERMELHO Lutjanus spp. VERMELHO-CARANHA Lutjanus griseus Viola - Ver ARRAIA-VIOLA Voador (1) - Ver PEIXE-VOADOR Lutjanidae Usar nome específico Lutjanidae Caranha Exocoetidae Voador (2) Voador (2) - VOADOR-HOLANDÊS VOADOR-HOLANDÊS Cheilopogon cyanopterus X Xancarrona - Ver PREJEREBA Xarelete - Ver ARACIMBORA XARÉU - Nome espécies dos gêneros Caranx e Carangoides (Usar sobrenome) XARÉU-BRANCO Carangidae - XARÉU-PRETO Caranx spp. Caranx lugubris Carangidae - XIRA Haemulon spp. Haemulidae - Xixarro - Ver CHICHARRO BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANTÃO DE CARVALHO, V., 1957. Nomes vulgares de peixes brasileiros com seus correspondeste em sistemática, Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro. ALL (IN THIS DATABASE) FISH LIST (SCIENTIFIC NAMES). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/life/warp/fish-list.html#pisces ). CERVIGÓN, F.; R. CIPRIANI, W. FISCHER, L. GARIBALDI, M. HENDRICKX, A.J. LEMUS, R. MÁRQUEZ, J.M.; POUTIERS, G. ROBAINA y B. RODRIQUEZ, 1992. Fichas FAO de identificación de especies para los fines de la pesca. Guía de campo de las especies comerciales marines y de aguas salobres de la costa septentrional de Sur América. FAO, Roma 88 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP COLLETTE, B.B., 2000. Rachycentridae (cobias). p. 615. In: J.E. Randall and K.K.P. Lim (eds.) A checklist of the fishes of the South China Sea. Raffles Bull. Zool. (8):569-667. COLLETTE, B.B., REEB C. & BLOCK B.A., 2001. Systematics of the tunas and mackerels (Scombridae). In: BLOCK B.A. & STEVENS E.D. 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Clupeoid Fishes of the World (Suborder Clupeoidei): An Annotated and Illustrated Catalogue of the Herrings, Sardines, Pilchards, Sprats, Shads, Anchovies and Wolf-herrings: Part 2. Engraulididae. FAO Fisheries Synopsis. Rome. 90 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP MORTALIDADE NO TRANSPORTE DE CURIMATÃ-PACU (Prochilodus argentus) MORTALITY IN THE CURIMATÃ-PACU (Prochilodus argentus) TRANSPORT Genilson Maurício dos ANJOS1; André da Silva MARTINS1; Emerson Carlos SOARES2*; Jonnhy de MELO1 ; Eduardo Jorge Santana SANTOS3 ; Luiz Henrique Nunes DANTAS3 1 Bolsista PIBIC/CNPq, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo 2 Professor Adjunto, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo 3 Bolsista PIBIP-Ação/UFAL, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo *Email: [email protected] Resumo - A mortalidade de juvenis após transporte é um dos principais entraves para seu cultivo do curimatã-pacu. Este trabalho teve como objetivo testar o transporte de juvenis de curimatã-pacu com adição de produtos redutores de estresse. Os produtos testados foram: cloreto de sódio (2,0g/L), gesso 0,5g/L, óleo de cravo 0,02ml/L, mais o tratamento controle (água e oxigênio). Os juvenis foram transportados em sistema fechados com oxigênio por diferentes tempos. Os resultados foram avaliados através da ANOVA e teste de Tukey (p<0,05). Os tratamentos não obtiveram efeitos significativos na mortalidade, entretanto o tempo após transporte foi fundamental na sobrevivência dos indivíduos. Palavras-chave: peixe, curimatã-pacu, manejo, mortalidade. Abstract - Juvenile mortality after transportation is one of the main impediments of culture curimatã-pacu. The present study had the objective to test the transport of juvenile curimatã-pacu using stress reducing products. The tested products were: salt (2,0g/L), gypsum (0,5g/L), clove oil (0,02 mg/L), more addition of product control (water and oxygen). The juveniles were transportation in closed systems with oxygen in time diferents. The results were appraised through for an ANOVA and test of Tukey (p<0,05). Treatments were not significantly in mortality, however the time after transportation were significantly. Key-words: fish, curimatã-pacu, management, mortality. 91 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP INTRODUÇÃO A espécie (Prochilodus argentus) possui hábito alimentar limnófago ou iliófago (detritívoro), de baixo nível trófico, alimentando-se no ambiente natural de material orgânico particulado (MOP) (Yossa & Araujo-Lima, 1998). Segundo (Soares, et al., 2007) o curimatã-pacu representa metade das capturas realizadas no Baixo São Francisco. Esta espécie é o segundo peixe mais comercializado na feira livre de Penedo – AL, (Carneiro et al., 2007), onde 70% do volume comercializado são oriundos das capturas no rio São Francisco, o restante vem de cultivos semi-intensivo de paragem acima do rio. Dessa forma o Curimatã-pacu, representa imensa importância para a população local, motivando pesquisadores, técnicos e produtores a refletir sobre as necessidades de ampliação, melhoramento do manejo e transferência de tecnologia a pequenos e médios produtores, incluindo a espécie no plantel de peixes cultiváveis na região. Nos cultivos do curimatã-pacu em escala comercial o transporte adequado dos juvenis é um dos principais e mais importante etapas para ampliar e melhorar as técnicas de cultivo para a espécie (Gomes, et al., 2003), assim, torna-se uma etapa obrigatória para a sua criação. Muitos dos fatores para inibir o desenvolvimento de cultivos intensivos de espécies nativas, estão correlacionados com altas taxas de mortalidade durante a fase inicial de desenvolvimento larval e o manejo no transporte. Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de testar a eficiência de um protocolo seguro para transporte de juvenis de curimatã-pacu. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados juvenis de Curimatã-pacu (Prochilodus argentus), obtidos na Estação de piscicultura de ITIUBA /CODEVASF, obtidos por intermédio de desova induzida das matrizes. O experimento foi realizado em duas etapas, a primeira etapa aconteceu na própria estação de piscicultura, localizada no município de Porto Real do Colégio/AL e a segunda etapa foi realizada no Laboratório de Ecologia de peixes e Piscicultura-UFAL/Pólo Penedo. No total foram realizados 3 experimentos, cada um com tempo de 24 horas. Os tratamentos utilizados foram: sal de cozinha (NaCl) 2,0g/L, gesso 0,5g/L, óleo de cravo 0,02ml/L em sacos plásticos (30L) mais o tratamento controle (água e oxigênio) com 4 repetições, totalizando 16 unidades experimentais. As unidades experimentais continham 20% de água e volume restante preenchido com oxigênio. Os juvenis utilizados no experimento possuíam em 92 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP média 30 dias de vida e um comprimento padrão médio de 3,0±1,0cm. A densidade de juvenis por saco foi de 40 ind/L. Após o transporte, as unidades experimentais foram monitoradas a cada duas horas procedendo com a contagem dos indivíduos mortos. Os parâmetros de qualidade de água tais como: pH, oxigênio, condutividade e amônia foram monitorados antes e após o término do experimento. A homogeneidade da amostra foi observada através do teste de Cochran com 5% de probabilidade e os resultados do experimento foram analisados através de uma ANOVA com 5% de significância com a finalidade de aferir o efeito dos tratamentos sobre a mortalidade dos peixes. O teste de Tukey (p<0,05) foi utilizado com intuito de se discriminar as médias quando “F” foi significativo RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados de qualidade de água se mostraram dentro dos padrões normais de aceitação em cultivos e situações de transporte com pequenas alterações na fase inicial e etapa final do experimento. Não ocorreram diferenças significativas nos parâmetros de água analisados no início e final do experimento, os dados de pH, temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade, foram, respectivamente, 7,2, 29,5ºC, 8,0 mg/L e 102,0 µSm/cm-1 . Entretanto ocorreu um pequeno aumento dos níveis de amônia, mas não significativo de 4,1* 10-2 para 5,2*10-2. Este aumento de amônia deve-se em parte a excreção de metabólitos dos exemplares confinados em ambientes fechados. Segundo Colt & Armstrong (1981) a amônia é o principal composto nitrogenado excretado por animais aquáticos e pode ser por meio da difusão branquial, transporte ativo com sódio e mediante a uréia (Arana, 2004). Não ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos testados no trabalho, embora foi possível observar que o tratamento com sal obteve os maiores índices de mortalidade (ANOVA p<0,05, teste de Tukey) (Figura 1, Tabela 1). Gomes (2002) observou esta mesma tendência quando observou que a sobrevivência dos juvenis de tambaqui foi menor nos tratamentos que continham sal e/ou benzocaína. Já com gesso ou tratamento controle (água e oxigênio) o mesmo autor encontrou melhores resultados de sobrevivência. 93 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 8 Mortalidade média 7 6 5 4 3 2 1 Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento Figura 1- Análise da mortalidade após transporte com os tratamentos: 1 - controle (água e oxigênio), 2- (NaCl), 3- gesso e 4 – óleo de cravo Tabela 1 – Valores médios de mortalidade após transporte (ANOVA ,5%). Variáveis Mortalidade Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 (Controle) (Sal) (Gesso) (Óleo de cravo) 4.09 ± 3.89ª* 5.36 ± 2.34ª* 4.18 ± 1.6ª* 4.00 ± 1.9ª* *letras iguais representam não haver diferenças significativas. O tempo pós-transporte foi determinante para a sobrevivência dos juvenis de curimatã-pacu. A exposição dos juvenis expostos a tempos superiores a quatorze horas aumentaram significativamente a mortalidade dos exemplares (Figura 2). Entretanto, pode-se observar que nas primeiras duas horas de transporte ocorreu grande mortalidade dos juvenis, este fato pode estar atrelado ao aumento do estresse durante a captura dos indivíduos submetidos ao transporte. O mesmo foi observado por Soares (2005) que constatou aumento na mortalidade de tucunarés submetidos a tranqüilizante durante biometrias realizadas nos experimentos de condicionamento alimentar. O fato de sujeitarmos os peixes a condições de manejo ou de interferência do meio pode alterar consideravelmente, aspectos fisiológicos e metabólicos do animal, levando ao aumento da mortalidade (Soares & Araújo-Lima, 2003). 94 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP 10 9 Mortalidade média 8 7 6 5 4 3 2 1 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Tempo após transporte Figura 2. Mortalidade média de juvenis de curimatã-pacu após o tempo de transporte em horas. CONCLUSÃO • Recomenda-se utilizar apenas água e oxigênio no transporte de juvenis de curimatã-pacu • O aumento da mortalidade acontece nas primeiras 2 horas e após 14 horas do início do transporte • Devido ocorrer uma tendência de diminuição da mortalidade com o uso do gesso e óleo de cravo, sugere-se realizar mais experimentos com estas duas substâncias, correlacionando-as com novas densidades de indivíduos e com novas concentrações destes produtos. AGRADECIMENTOS A CODEVASF- Base de Itiúba pela doação dos juvenis de curimatã-pacu e pelo apoio em todo trabalho executado, em especial aos técnicos e engenheiros de pesca Álvaro e Sérgio. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Arana, L. V. Princípios químicos de qualidade de da água em aqüicultura: uma visão para peixes e camarões. Florianópolis: UFSC. Carneiro, P. C. F.; Barros, L. C. G.; Anjos, G. M.; Martins, A. S.; Santos2, E. J. S.; Silva, C. A. (2007) Comercialização do Tambaqui Colossoma macropomum na cidade de Penedo – Al. In: II Seminario da Piscicultura Alagoana. 95 Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP Colt, J & Armstrong, D. (1981). Nitrogen toxic to crustaceans, fish and mollusks. In: Allen, L;Kinney, E. (Ed), Proceedings of the bioengineering symposium for fish culture. Fish culture Section of the American Fisheries Society, Bethesda, Maryland, USA, p.34-47. Gomes, L.C. (2002). Transporte de juvenis de tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818). Manaus: UA/INPA. Gomes, L. C.; Araujo-Lima. C. A. R. M.; Urbinati, E. C.; Roubach, R. (2003). Avaliação dos efeitos da adição de sal e da densidade no transporte de tambaqui. Pesquisa Agropecuária Brasileira, vol.38 n.2 Brasília. Yossa, M.I; Araújo-Lima, A. R.M. (1998) Detritivory in two Amazonian fish species. Journal of Fish Biology, v.52, P.1141-1153. Soares, E. C. S; Lima, C. A. R. M. A. (2003). Influencia do Tipo do alimento e da temperatura na Evacuação Gástrica da Piranha caju (Pygocentrus nattereri). Acta Amazonica, Manaus, v. 34, n. 1, p. 35-45. Soares, E.C.S. (2005). Efeito da protease exógena sobre o aproveitamento da proteína vegetal pelo tucunaré paca, Cichla sp. Manaus: UFAM. Soares, E. C. S; Martins, A. S; Dos Anjos, G.M. (2007). Produção Pesqueira através de um sistema de desembarque na microrregião de Penedo. In: II Seminario da Piscicultura Alagoana. 96