Edição Especial - Engenharia de Pesca

Transcrição

Edição Especial - Engenharia de Pesca
Revista Brasileira de
REPESCA
ISSN
1980-587X
Engenharia de Pesca
Volume 3, edição especial, setembro de 2008
Foto Haroldo Gomes Barroso
Expediente Catalografia Editorial Artigos
São Luís, MA - 1 a 5 de setembro de 2008
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA
VOLUME 3, EDIÇÃO ESPECIAL, SETEMBRO DE 2008
COLETÂNEA DE TRABALHOS
I SEMANA NORDESTINA DE ENGENHARIA DE PESCA (I SENEP)
(SÃO LUÍS, 1 A 5 DE SETEMBRO DE 2008)
PROMOÇÃO
CURSO DE ENGENHARIA DE PESCA, UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO
COORDENADOR DA I SENEP
HAROLDO GOMES BARROSO (UEMA)
EDITOR
José Milton Barbosa - UFRPE
EDITOR ADJUNTO
Adierson Erasmo de Azevedo - UFRPE
Assistentes de Edição
Adriana Ferreira Lima - UFRPE
Chirleide Marcelino do Nascimento - UFRPE
Ebenezer José da Silva Oliveira - UFRPE
Joana Angélica Lyra Vogeley de Carvalho - UFRPE
Kelly de Souza Ferraz - UFRPE
Larissa Neves Simões de Souza - UFRPE
Renata Maria Medeiros de Alencar - UFRPE
Roberta Maria Cavalcanti Nery – UFRPE
Webmaster
Junior Baldez - UEMA
Curso de Engenharia de Pesca
Universidade Estadual do Maranhão
2
Departamento de Pesca e Aqüicultura
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
A REPesca está indexada à base de dados: SUMARIOS.ORG (www.sumarios.org)
 Publicada em setembro de 2008
Todos os direitos reservados a Editora da Universidade Federal do Maranhão.
Proibida a reprodução, por qualquer meio,
sem autorização dos Editores.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Ficha catalográfica
Setor de Processos Técnicos da Biblioteca Central - UFRPE
R454
Revista Brasileira de Engenharia de Pesca
Nacional / editores: José Milton Barbosa, Haroldo Gomes
Barroso -- São Luís, Ed. UEMA, 2008.
V.3, edição especial: 96p. : il.
Semestral
1. Pesca 2. Aqüicultura 3. Ecossistemas Aquáticos,
4. Pescados – Tecnologia I. Barbosa, José Milton II. Barroso
Haroldo Gomes III. Universidade Estadual do Maranhão
CDD 639
3
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ISSN-1980-587X
REVISTA BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PESCA
Volume 3
setembro, 2008
Edição Especial
EDITORIAL
A
Revista Brasileira de Engeharia de Pesca sente-se
honrada em publicar, em Edição Especial, a Coletânea de
Trabalhos da I Semana Nordestina de Engenharia de
Pesca. Importante Evento que reunirá os atores dos cursos
de Engenharia de Pesca do Nordeste num conclave magno,
onde serão abordados os novos paradigmas da profissão no
Nordeste e no Brasil, na certeza que a troca de experiências
e predisposição de cooperação e amizade, estreitará nossos
laços de irmandade e respeito mútuo.
Por fim não poderia deixar de exaltar a espírito supremo
do Programa de Educação Tutorial do Departamento de
Pesca e Aqüicultura da UFRPE (PET/Pesca), cujo
trabalho de dedicação exemplar e correção de atitudes,
possibilitaram a realização desta Edição Especial. E ao
Prof. Adierson Erasmo de Azevedo nosso exemplar
pioneiro que dedicou sua sapiência e disposição na revisão
desta Edição.
José Milton Barbosa
Editor
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Sumário
Atenção: Para abrir click em “”
TRABALHOS
Diário de Bordo: Um Informativo do PET/Pesca da Universidade Federal Rural de
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Pernambuco
Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria
Cavalcanti NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo
Augusto Soares REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS
JUNIOR
Diferentes Métodos de Indução a Reprodução da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae 12
(Guilding, 1828) em Laboratório
Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís
Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA
NETO; Andre Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ
Maturação da Ostra Nativa Crassostrea rhizophorae (Guilding, 1828) em Laboratório
15
Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís
Mendes de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA
NETO; André Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ
Avaliação Limnológica Nictimeral no Cultivo de Tilápia (Oreochromis niloticos) em
18
Tanque-rede
Elaine Cristina SANTOS; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS
FILHO; Athiê Jorge dos Santos GUERRA
Rendimento do Filé de Pirarucu
21
Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA;
Francisco José de Seixas SANTOS; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA
Alometria do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (Decapoda:
Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil
Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; Fábio H. V.
HAZIN; José Roberto F. SILVA
Sazonalidade da Proporção Sexual do Guaiamum, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828
(Decapoda: Gecarcinidae) no Estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil
Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES; Jones SANTANDER-NETO; José Roberto F.
SILVA; Fábio H. V. HAZIN
Influência do Ciclo Hidrológico do Reservatório de Sobradinho sobre a Carga de Fósforo
Total
Bruno Dourado Fernandes da COSTA; Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA; Antony
Evangelista de LIMA; Márcia Darcilene Correia do PRADO; Teresa Cristina Paiva
SANTOS; Michelle Miranda Biondi ANTONELLO; Aureliano de Vilela CALADO NETO;
Anderson ANTONELLO; William SEVERI
Abundância da Ictiofauna Capturada com Rede de Arrasto na Praia do Pesqueiro, Ilha de
Marajó (Pará, Brasil)
Jean Michel CORRÊA; Eurivaldo Santos da COSTA; Francisco Carlos Alberto Fonteles
HOLANDA
Zooplâncton de Barra de Jangada, Pernambuco, Brasil
Valdylene Tavares PESSOA; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO; Fernando
Figueiredo PORTO NETO; Sigrid NEUMANN-LEITÃO; Fábio Hissa Vieira HAZIN
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27
31
35
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Análise Preliminar da Dinâmica Populacional do Camarão-Rosa Farfantepenaeus subtilis
(Pérez-Farfante, 1967) junto a Região Litorânea do Município de Sirinhaém, PE, Brasil
Euclides Pereira e SILVA; Freddy Vogeley de CARVALHO; Joana Angelica Lyra Vogeley
de CARVALHO; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Sílvio
Ricardo Maurano PEIXOTO
Cultivo do Camarão Marinho Litopenaeus vannamei, Submetido a Diversas Densidades de
Estocagem, Quando em Água Doce
Sthelio Braga da FONSECA; Paulo de Paula MENDES; Cândida Juliana de Lyra
ALBERTIM; Cláudio Figueiroa BITTENCOURT; Yuri Vinicius de Andrade LOPES
Cultivo do Camarão Litopenaeus vannamei, em Meio Heterotrófico, com Adição de
Substrato
Yuri Vinicius de Andrade LOPES; Paulo de Paula MENDES; Dijaci Araujo FERREIRA;
Sâmia Regia Rocha MONTEIRO; Josélia Karolline dos Santos CORREIA
Mapeamento da Pesca Artesanal no Reservatório Billings (Alto Tietê, SP)
Paula M. G. de CASTRO; Maria Eugênia P. ALVES DA SILVA; Lídia S. MARUYAMA;
Patrícia de PAIVA
Avaliação do Crescimento Populacional do Rotífero Brachionus plicatilis com a Utilização
de Microalga e Probiótico na Dieta
Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Isabela Bacalhau de OLIVEIRA;
Wanessa de Melo COSTA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES;
Alfredo Olivera GALVEZ; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO
Sistematização de Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 1. Espécies
Dulciaqüícolas
José Milton BARBOSA; Kelly de Souza FERRAZ
Sistematização de Nomes Vulgares de Peixes Comerciais do Brasil: 2. Espécies Marinhas
José Milton BARBOSA; Chirleide Marcelino do NASCIMENTO
Mortalidade no transporte de curimatã-pacu (Prochilodus argentus)
Genilson Maurício dos ANJOS; André da Silva MARTINS; Emerson Carlos SOARES;
Jonnhy de MELO; Eduardo Jorge Santana SANTOS; Luiz Henrique Nunes DANTAS
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DIÁRIO DE BORDO: UM INFORMATIVO DO PET/PESCA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
RURAL DE PERNAMBUCO
DIÁRIO DE BORDO: AN INFORMATIVE OF PET/PESCA OF THE UNIVERSITY FEDERAL RURAL OF
PERNAMBUCO
Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO; Adriana Ferreira LIMA; Roberta Maria Cavalcanti
NERY; Antony Evangelista de LIMA; Tiago Vandevelde TORRES; Marcelo Augusto Soares
REGO; Larissa Neves Simões de SOUZA; Ivan Alves de FARIAS JUNIOR.
Bolsistas do Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE.
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Av. Dom Manuel de Medeiros, s/n, 33206525.
E-mail: [email protected]
Resumo - O jornal Diário de Bordo faz parte de uma ação contínua de extensão promovida pelo
PET/Pesca, estando no seu XIV ano e 36ª edição, sendo organizado por membros do
programa, recebendo artigos de alunos, professores e profissionais da área. O presente
estudo teve por objetivo relatar a trajetória da publicação do Diário de Bordo. Para
efeito do estudo, foram analisadas todas as edições do jornal. Atualmente, o informativo
é publicado trimestralmente, com tiragem de 500 exemplares, divulgado na forma
impressa, em papel A4 e contendo quatro páginas em digital. Durante a trajetória do
jornal, aconteceram interrupções na veiculação do mesmo entre os anos de 2000 e 2002,
devido às tentativas de extinção dos grupos PET pelo Governo Federal. O informativo
recebe matérias de autoria própria e contribuições publicadas em outros meios de
informação.
Palavras–chave: jornal, leitura, Programa de Educação Tutorial, extensão.
Abstract - The newspaper “Diário de Bordo” is part of a continuous action of extension promoted
by PET / Pesca, and being in its XIV year and 36th edition, being organized by members
of the program, receiving articles of students, teachers and professionals in the area. This
study aimed at to report the trajectory of the publication of the “Diário de Bordo”. For
the purpose of the study were analyzed all editions of the newspaper. Currently, the
information is published quarterly, with a print run of 500 copies, published in printed
form, on A4 paper and containing four pages, and digital. During the trajectory of the
newspaper happened interruptions in running between 2000 and 2002 years, due to
attempts to extinguish the groups PET by the Federal Government. The information
received materials of owon authorship itself and contributions published in other media
of information.
Key-words: newspaper, reading, Tutorial Program of Education, extension.
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INTRODUÇÃO
O Diário de Bordo é um jornal que faz parte de uma ação contínua de extensão promovida
pelo Programa de Educação Tutorial do curso de Engenharia de Pesca – PET/Pesca da Universidade
Federal Rural de Pernambuco - UFRPE. Esse informativo está no seu XIV ano e, durante toda a sua
trajetória, vem abordando temas referentes às ciências pesqueiras, à pesca e à aqüicultura e temas de
áreas afins pertinentes à Engenharia de Pesca, além de economia e política que envolve a profissão.
É inquestionável a responsabilidade da leitura em uma educação de qualidade, mas as
evidências apontam que diversos alunos saem do ensino fundamental e médio sem essa habilidade.
Tais alunos ingressam no ensino superior com sérias deficiências no comportamento de leitura
(Garrido, 1988). Dessa forma, o Diário de Bordo enriquece e contribui para a formação do discente
de graduação, uma vez que os mesmos exercitam a escrita, a leitura, o senso crítico e a capacidade
de concatenar idéias.
Essa publicação é organizada pelos integrantes do PET/Pesca e encontra-se em sua 36ª
edição, sempre com jovens editores à frente de sua elaboração. O Diário de Bordo recebe artigos de
estudantes, professores e profissionais da área que a cada edição enriquecem a leitura com artigos
científicos, informativos, curiosidades, eventos, entrevistas, concursos, dentre outros.
O objetivo do presente estudo foi relatar a trajetória da publicação Diário de Bordo durante
os 14 anos de veiculação.
METODOLOGIA
Para efeito desse estudo, foram analisadas todas as edições do Diário de Bordo e
contabilizado o número de matérias já publicadas e edições ao longo dos 14 anos do informativo,
além do número de editores que já contribuíram para o jornal. Foi observada também a evolução do
layout, a disposição das matérias, tamanho e número de páginas, além dos locais de veiculação do
informativo.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Atualmente, o informativo é publicado trimestralmente e impresso pela Imprensa
Universitária da UFRPE, com uma tiragem de 500 exemplares para cada edição, sendo divulgado
também na forma digital, disponível na homepage do Departamento de Pesca e Aqüicultura da
UFRPE, www.ep.ufrpe.br. Os textos enviados para publicação são revisados pelos editores do
jornal.
O Diário de Bordo é publicado desde 1995 (Figura 1), realizando a veiculação gratuita de
informações para a comunidade acadêmica da UFRPE, demais cursos de Engenharia de Pesca do
Brasil, órgãos de áreas afins e profissionais da área. Durante a trajetória do informativo,
aconteceram interrupções na veiculação deste entre 2000 e 2002, devido aos processos de tentativa
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de extinção dos grupos PET promovido pelo Governo Federal, desarticulando o trabalho dos
editores do jornal, que são alunos vinculados ao programa.
No ano de 1995, o jornal era bimestral, apresentado em papel tamanho A5 (148 X 210 mm),
contando com uma média de quatro folhas e tinha cinco editores. Em 1997, ampliou-se o tamanho
do informativo para folha de papel A4 (210 X 297 mm) e reduziu-se o número de folhas para duas,
continuando bimestral e editado por quatro alunos. De 1997 a 1999, o DB passou a ser semestral,
mas continuou com as características já citadas anteriormente. No ano de 2003, passado o período
de tentativa do governo de extinguir o programa, retomaram-se as publicações, com edição de três
números. A partir de 2004 o jornal passou a ter publicação trimestral, preservando características
como: papel tamanho A4, sob responsabilidade de quatro editores. Em 2006, ampliou-se o número
de folhas para quatro. Ao longo desses anos, o jornal já contou com a contribuição de 37 editores.
Figura 1. Trajetória do número de edições e renovação dos editores do
Diário de Bordo desde a sua implantação.
As matérias publicadas no jornal podem ser de dois tipos: contribuição, que é uma matéria
transcrita total ou parcialmente, já publicada em outro veículo de comunicação, sendo a matéria
relevante para as áreas de Recursos Pesqueiros e Aqüicultura e preservando os direitos autorais do
artigo original, com citação da fonte; outra forma é o artigo de autoria própria, devendo este
também ser pertinente para área de conhecimento do público-alvo do jornal. A figura 2 representa o
número de matérias publicadas no Diário de Bordo.
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40
Número de Matérias
35
30
25
20
15
10
5
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
0
Ano
Figura 2. Número de matérias veiculadas pelo Diário
de Bordo a cada ano.
O Diário Bordo conta ainda com colunas que vem acompanhando toda sua trajetória, como a
denominada “Peixes de nossas águas”; algumas colunas marcaram presença num determinado
período e outras colunas foram criadas recentemente como a denominada “Há... anos”. Esta última
traz matérias relacionadas à área que foram publicadas a um determinado tempo, o qual nomeia a
coluna. Este paradigma demonstra a dinâmica do informativo.
Desde 2005, o Diário de Bordo conta com artigos regulares da direção do Departamento de
Pesca e Aqüicultura e coordenação do curso de Engenharia de Pesca da UFRPE. Os principais
contribuintes para o informativo são alunos vinculados ao programa, o que auxilia na formação
holística dos mesmos.
Atualmente, o Diário de bordo é distribuído na UFRPE, entre estudantes, professores e a
comunidade acadêmica, e é enviado para as instituições de ensino superior que oferecem o curso de
Engenharia de Pesca, profissionais da área, bibliotecas, empresas e órgãos relacionados à atividade,
totalizando mais de 50 destinatários.
É sabido que a leitura representa um grande passo para aquisição de conhecimento, pois é
por meio dela que se adquire uma percepção singular do mundo. Além disso, oferece também uma
contribuição no funcionamento e desenvolvimento do pensamento crítico, levando o leitor a avaliar
e questionar o texto lido, dentro de um referencial próprio de seus conhecimentos, conceitos e
valores (Gregoire e Piérart, 1997).
Considerando esse contexto, a universidade tem o dever de proporcionar ao estudante uma
formação que lhe propicie condições de desenvolver uma leitura eficaz, principalmente no que
tange à leitura técnico-científica, que é primordial ao futuro desempenho profissional desse
estudante (Witter, 1996,1997). A habilidade de leitura é essencial para o estudante universitário,
conforme observa Santos (1991), pois seu sucesso no ensino superior está associado à sua
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maturidade em leitura, que pode ser melhorada, se diagnosticada apropriadamente. Assim, o papel
da universidade é planejar, desenvolver e administrar programas de superação das limitações
relacionadas à dificuldade de leitura.
REFERÊNCIAS
Garrido, E. (1988).O ensino da filosofia no 2º grau e a compreensão de textos: Um levantamento
em São Paulo e uma aplicação da técnica Cloze. Tese Doutorado não-publicada, Faculdade de
Educação,Universidade de São Paulo.São Paulo,SP.
Gregoire,J.& Piérart,B.(1997). Avaliação problemas de leitura: Os novos modelos teóricos e suas
implicações (M. R. B. Osório, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas.
Oliveira, K. L. e Santos, A. A. A. (2005). Compreensão em leitura e avaliação da aprendizagem em
universitários. Psicologia Reflexão e Crítica, Porto Alegre, 18(1): 118-124.
Santos, A. A. A. (l991). Desempenho em leitura: Um estudo diagnóstico da compreensão e hábitos
de leitura entre universitário.Estudos de Psicologia, 8(1): 6-19.
Witter,G.P. (1996). Avaliação da produção científica sobre leitura na universidade. Psicologia
Escolar e Educacional, 1: 31-37.
Witter, G. P. (1997). Leitura e universidade. Em G. P. Witter (Org.), Leitura e universidade (pp. 918). Campinas, SP: Alínea.
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DIFERENTES MÉTODOS DE INDUÇÃO A REPRODUÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea
rhizophorae (GUILDING, 1828) EM LABORATÓRIO
DIFFERENT METHODS FOR THE INDUCTION OF REPRODUCTION OF NATIVE OYSTER Crassostrea
rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY
Henrique David LAVANDER*; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes
de OLIVEIRA; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; Andre
Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ.
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
*E-mail: [email protected]
Resumo - Para o processo de produção de sementes das ostras ocorra continuamente, é necessário
ter reprodutores maturos sexualmente e aptos a desovarem durante o ano inteiro. Devido
a isso, esta pesquisa pretendeu analisar os diferentes métodos de obtenção de gametas
da ostra nativa Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram capturadas 240 ostras
nos estuários do rio Formoso e do rio Timbó, ambas situadas no litoral do Estado de
Pernambuco. As do rio Timbó foram maturadas com dieta algal baseada em 5% do peso
seco das ostras durante 35 dias, já as do rio Formoso não passaram por este processo.
Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “secomolhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura. As ostras
maturadas em laboratório responderam positivamente, a todos os estímulos. E as ostras
advindas diretamente do campo por outro lado não apresentaram nenhum resposta,
apresentando apenas espasmos.
Palavras–chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; reprodução induzida.
Abstract - For the production of seed oysters occur continuously, it is necessary to have breeding
couples and sexually capable of spawning during the entire year. Hence, this research
indended to examine the different methods of obtaining gametes of the native oyster
Crassostrea rhizophorae in the laboratory. Were captured 240 oysters in the estuaries of
the river Timbó and Formoso, both located in the coastal of the Pernambuco state.
Oysters from the Timbó river were maturared with diet algae, based on 5% of the dry
weight, for 35 days. Oysters from Formoso river didn't go to this process. The methods
by induction to the reproduction used were variation to the salinity, "dry-wet" (an
exposere to the air with immersion) and to the temperature’s variation. The oysters ripen
in laboratory answered the positively, to all stimuli, and the oysters proceeding directly
from of the field on the other hand didn't answer, the any just presenting spasms.
Key-words: native oyster, Crassostrea rhizophorae. induction, reproduction.
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Diante da decrescente disponibilidade de alimentos e a crescente demanda populacional, a
aqüicultura é apontada como a principal alternativa para incrementar a oferta de pescado no mundo,
considerada uma importante fonte de produção de alimento (FAO, 2002), sendo a ostreicultura um
dos seus principais ramos FAO (2004).
Um dos entraves para o desenvolvimento da ostreicultura na região nordeste é a
disponibilidade de sementes. A captação de sementes de ostras nativas no ambiente natural se dá
através do uso de diversos tipos de coletores artificiais, no entanto atende apenas a demanda em
nível artesanal, sendo necessária uma produção em laboratório para suprir a necessidade em escala
comercial da atividade.
Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira geral ocorre na
primavera, no entanto desovas parciais ocorrem ao longo do ano. Desta forma, para que o processo
de produção de sementes ocorra continuamente é necessário ter reprodutores maturos sexualmente
provenientes do ambiente natural, ou maturados em laboratório.
METODOLOGIA
Os organismos utilizados no estudo foram selecionados em ambiente natural e coletados
durante o verão. Foram capturadas 120 ostras no estuário do rio Formoso e 120 no estuário do rio
Timbó, localizados respectivamente no litoral sul e norte do estado de Pernambuco.
As ostras foram coletadas em diferentes pontos e em diferentes substratos (rocha, lama e
raízes) de cada estuário. Analisou-se a salinidade do local e em seguida os indivíduos foram
armazenados em caixas térmicas e conduzidos para o Laboratório de Maricultura Sustentável
(LAMARSU) da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
Os indivíduos capturados no estuário do rio Formoso apresentavam gônada em estágio
maturacional avançado e características morfométricas desejáveis. Por outro lado, os capturados no
estuário do rio Timbó não apresentavam características desejáveis e passaram por uma maturação
em laboratório durando 35 dias.
A maturação dos indivíduos foi realizada com alimentação diária, ofertada em duas porções,
e taxa de alimentação utilizada foi de 5%, baseada no peso seco e as espécies de microalgas
ministradas na dieta foram: Isochrysis galbana, Tetraselmis tetrathele e Chaetoceros calcitrans.
Ambos os lotes do estuário do rio Formoso e do rio Timbó, foram distribuídos em três
caixas plásticas (unidades experimentais) com 20 indivíduos cada. Os estímulos foram aplicados em
06 caixas com capacidade para 50 litros, sendo utilizado um volume de 15 litros para cada caixa.
Os métodos de indução à reprodução utilizados foram variação de salinidade, “secomolhado” (exposição ao ar com imersão) e variação de temperatura.
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
O tempo de imersão em água de cada tratamento foi de 20 minutos sendo o primeiro com
variação crescente da salinidade (15, 20, 25, 30 e 35), o segundo com variação crescente de
temperatura (20° C, 24° C, 28° C, 32° C e 35° C) e o último apenas com imersão e exposição ao ar
(10 minutos para todos os métodos). As variáveis foram mensuradas através de um equipamento
multiparâmetro modelo YSI-incorporeted 556 mps e refratômetro ATAGO S10E.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As ostras maturadas em laboratório advindas do rio Timbó responderam ao estímulo de
indução à desova nos três tratamentos. No método de variação na salinidade, apenas 02 machos
liberaram gametas na água. Com o método de variação de temperatura, 03 machos liberaram
gametas. E o método ”seco e molhado”, 02 machos responderam ao estímulo.
O lote das ostras do rio Timbó, maturadas em laboratório, apresentavam pouco
desenvolvimento das gônadas com exceção de alguns indivíduos que estavam aptos para desova. As
ostras provenientes do estuário do rio Formoso, que não foram maturadas, em nenhum dos
tratamentos responderam aos estímulos. Os indivíduos que receberam o método com variação de
salinidade, responderam melhor ao estímulo, com espasmos constantes das valvas, devido aos
valores das variáveis encontrados em campo como salinidade de 15.
É de fundamental importância a realização de futuros estudos, que testem novamente os
métodos escolhidos, com indivíduos melhores maturados em laboratório e capturados em campo em
épocas distintas ao longo do ano.
REFERÊNCIAS
FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2002. Roma: Food and Agriculture
Organization of the United Nations FAO, 2002.
FAO. El estado mundial de la pesca y la acuicultura 2004. Roma: Food and Agriculture
Organization of the United Nations, 2004.
Rios, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994.
328p.
14
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
MATURAÇÃO DA OSTRA NATIVA Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828)
EM LABORATÓRIO
MATURITY OF NATIVE OYSTER Crassostrea rhizophorae (GUILDING, 1828) IN LABORATORY
Henrique David LAVANDER; Leônidas de Oliveira CARDOSO JUNIOR; Ricardo Luís Mendes
de OLIVEIRA*; Leilane Bruna Gomes dos SANTOS; Sérgio Rodrigues da SILVA NETO; André
Batista de SOUZA; Wanessa de Melo COSTA; Alfredo Olivera GÁLVEZ
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
*Email: [email protected]
Resumo - A maturação é o processo pelo qual os organismos realizam a formação de gametas e
inicia quando a energia armazenada na forma de glicogênio, que é um carboidrato de
reserva, é transformada em material reprodutivo. Segundo Illanes (1997), a seleção dos
reprodutores se orienta, basicamente, na obtenção de exemplares adultos com
características desejáveis e condicionados para liberar gametas de boa qualidade. Tendo
isto em vista, o estudo pretendeu avaliar a metodologia para a maturação da ostra nativa
Crassostrea rhizophorae em laboratório. Foram coletados 170 indivíduos no estuário do
rio Timbó, situado no litoral do Estado de Pernambuco, onde permaneceram durante 45
dias em processo de maturação, com temperatura controlada. A alimentação foi
composta por três espécies de microalgas e baseada em 5% do peso seco das ostras. A
determinação do estágio maturacional focou-se em amostras iniciais e finais para
análise visual e microscópica da gônada. Os resultados obtidos foram satisfatórios,
devido à maior proporção dos indivíduos que se apresentaram maduros e outra
proporção em maturação, encontrando-se poucos indivíduos esvaziados demonstrando
assim, a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em laboratório.
Palavra-chave: ostra nativa; Crassostrea rhizophorae; maturação gonadal.
Abstract - Maturation is the process by which organisms carry out the formation of gametes and
begins when the stored energy in the form of glycogen, a reserve of carbohydrates, is
transformed into reproductive material. In accordance with Illanes (1997), the selection
of breeding is oriented mainly to obtain copies of adults with desirable characteristics
and conditioned to make gametes of good quality. In view of this, this study assessed
the methodology for maturation of the native oyster Crassostrea rhizophorae in the
laboratory. Were collected 170 individuals in the estuary of the river Timbó, located on
the coast of the state of Pernambuco, and he remained for 45 days in the process of
maturing, with temperature control. The diet was composed of three species of
microalgae and based on 5% of the dry weight of oysters. The determination of
maturational stage focused on the initial and final visual and microscopic analysis of
samples for the gonads. The results were satisfactory, due to higher proportion of
individuals showed up and mature a certain proportion being in maturity, finding few
individuals emptied, thus demonstrating the feasibility of maturity of adults in a
laboratory.
Key-words: maturity, native oyster, Crassostrea rhizophorae.
15
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Maturação é um ponto de fundamental importância para a produção de sementes de ostras
em ambiente controlado, uma vez que o período reprodutivo da maioria das espécies é restrito a
certas épocas do ano. Segundo Rios (1994), o pico reprodutivo para moluscos bivalves de maneira
geral ocorre na primavera, no entanto, desovas parciais ocorrem ao longo do ano.
É conhecido que a manipulação dos fatores físicos e nutricionais pode afetar o
desenvolvimento gonadal, atuando na aceleração da gametogênese ou no retardamento da
maturação gonadal (GALLAGER & MANN, 1986).
Desta forma, para que o processo de produção de sementes de ostras ocorra continuamente,
é necessário ter reprodutores maturos sexualmente aptos a desovarem durante o ano inteiro. Para
realização do processo de maturação deve-se manter controladas as variáveis determinantes para
maturação das gônadas.
METODOLOGIA
As ostras utilizadas no estudo foram obtidas no estuário do rio Timbó, localizado no litoral
norte do estado de Pernambuco. Os 170 indivíduos coletados foram conduzidos para o Laboratório
de Maricultura Sustentável (LAMARSU) localizado na Universidade Federal Rural de Pernambuco
(UFRPE) onde permaneceram por um período de 45 dias em processo de maturação.
As ostras foram coletadas nas raízes do mangue, durante a maré baixa, com auxílio de facas
e luvas, e em seguida foram armazenadas em caixas térmicas e transportadas até o laboratório. Após
a chegada ao LAMARSU, procedeu-se a limpeza das ostras as quais foram escovadas
manualmente, lavadas, separadas e foram removidos os organismos incrustantes, como esponjas,
cracas, poliquetas e outras ostras menores. A seguir, as ostras foram colocadas em um recipiente de
50 litros contendo solução de cloro a 25 ppm, durante 30 minutos para eliminação de poliquetas que
ficam entre as valvas dos indivíduos.
Após a limpeza, os indivíduos foram medidos com paquímetro de precisão de 0,005 mm e
pesados em balança analítica (modelo Marte AL-500) e em seguida colocados em uma calha de
fibra retangular com 450 litros de água salgada, aeração constante e um sistema de biofiltro com
air-lift para recirculação da água.
O estudo foi conduzido em uma na sala com controle de temperatura. Diariamente foram
aferidas as variáveis físicas como temperatura (°C), oxigênio dissolvido (mg/L-1), oxigênio em
saturação (%), salinidade, condutividade (ms/cm) e pH.
A alimentação foi composta por três espécies de microalgas: Chaetoceros muelleri,
Isochrysis galbana e Tetraselmis tetrathele produzidas no Laboratório de Produção de Alimento
Vivo (LAPAVI) e no LAMARSU. A taxa de alimentação baseou-se em 5% do peso seco das ostras
16
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
(540,5 g). O alimento foi ofertado duas vezes ao dia: pela manhã, após sifonagem do tanque, e à
tarde, após aferição das variáveis.
Para determinação do estágio maturacional das ostras foram retiradas amostras iniciais e
finais de exemplares para análises visual e microscópica da gônada. Na análise visual observou-se a
coloração e o tamanho da gônada, classificando-a em imatura, em maturação, maduras ou
esvaziadas. A análise microscópica objetivou a identificação do sexo. Nas fêmeas, observou-se o
formato e o tamanho dos ovócitos e, nos machos, a mobilidade e quantidade de espermatozóides.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias dos valores de temperatura (ºC), oxigênio dissolvido (mg.L-1), saturação de
oxigênio (%), pH e salinidade são 22,28 ºC, 5,94 mg/L ,67,6 %, 8,05 , 32 respectivamente.
Para análise inicial das gônadas, foram utilizados 50 indivíduos, onde se observou que 38%
destes encontrava-se em maturação, 8% maduros e 54% esvaziados.
Dentre os 120 indivíduos utilizados para maturação, 15 exemplares morreram, apresentando
uma sobrevivência de 87,5%. O lote obteve médias de 55,523 mm e 36,722 mm de comprimento e
largura respectivamente. A proporção de machos e fêmeas foi respectivamente de 68,57% e
31,43%. Dentre esses indivíduos 33,33% apresentaram-se em maturação, 44,76% maduros, 21,90%
esvaziados e nenhum imaturo.
Os resultados obtidos foram satisfatórios devido a maior proporção dos indivíduos
apresentaram-se maduros e uma certa proporção estarem em maturação, encontrando-se poucos
indivíduos esvaziados demonstrando assim a viabilidade da maturação de indivíduos adultos em
laboratório. Contudo existe a necessidade da realização de novos trabalhos que testem novas dietas
de microalgas e em concentrações distintas durante a maturação das ostras.
REFERÊNCIAS
ILLANES, Juan E.. Manejo de reproductores. Curso Internacional en Cultivos de Moluscos,
Coquimbo, Chile, 1997, p 89–98.
GALLAGER, S. M.; MANN, R. 1986. Growth and survival of larvae of Mercenaria mercenaria
(L.) and Crassostrea virginica (Gmelin) relative to broodstock conditioning and lipid content of
eggs. Aquaculture 56, p 105– 121.
RIOS, E. C. Seashells of Brasil. Fundação cidade do Rio Grande. Museu Oceanográfico, 1994.
328p.
17
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
AVALIAÇÃO LIMNOLÓGICA NICTIMERAL NO CULTIVO DE TILÁPIA
(Oreochromis niloticos) EM TANQUE-REDE
LIMNOLOGICAL NICTIMERAL EVALUATION IN CULTURE OF TILÁPIA (Oreochromis niloticus) IN CAGE
Elaine Cristina SANTOS*; Samuel Herculano de FREITAS; Vinicius Augusto DIAS FILHO; Athiê
Jorge dos Santos GUERRA
Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE
*E-mail: [email protected]
Resumo - O cultivo de tilápia em tanque-rede vem crescendo de forma acelerada nos últimos anos,
e uma boa produção depende das características ambientais. Neste estudo objetivou-se
avaliar a qualidade da água em um cultivo. As análises de água in situ foram medidas
com aparelho multiparamêtros e as variáveis químicas em laboratório. Os parâmetros
físico-químicos da água estão dentro dos valores estabelecidos pela resolução
CONAMA nº357/2005, comprovando assim a viabilidade do cultivo sem causar
alterações significativas ao ambiente aquático.
Palavras-chave: nictimeral, tilápia (Oreochromis niloticus), qualidade da água.
Abstract - The culture of tilapia in pond-net is growing so quickly in recent years, and a good
production depends on the environmental characteristics. This study purposed to evaluate
the water quality. The analyses of water were measured in situ with multiparameters
equipament and the others variables in laboratory. The parameters physiciochemical of
the water are inside of the values established for CONAMA resolution nº357/2005,
proving the viability of the culture without causing significant alterations in the aquatic
environment.
Key-words: nictimeral, tilapia (Oreochromis niloticus), water quality.
18
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Com o crescimento da tilapicultura em tanque-rede faz necessário o monitoramento da
qualidade da água nos arredores das instalações de cultivo, através da compreensão de variáveis
limnológicas, que permite reconhecer alterações ocorridas e efeitos sobre as comunidades naturais,
possibilitando o gerenciamento sustentável dos recursos hídricos.
O reservatório de Moxotó apresenta condições ambientais adequadas à implantação de
projetos de piscicultura em tanques-rede. Esse tipo de criação introduz diretamente no corpo d’água
uma grande quantidade de matéria orgânica, o que pode contribuir para acelerar os processos de
eutrofização do meio devido aos aportes de nutrientes e materiais em suspensão provenientes,
principalmente, do excedente de alimentos, fezes e excretas dos peixes. Estudos sobre os impactos
causados por essa atividade podem fornecer dados para uma gestão ambiental que permita
maximizar o uso múltiplo dos recursos hídricos sem que haja maiores danos ao ambiente aquático.
Este estudo teve como objetivo, avaliar os efeitos do cultivo de tilápia em tanque-rede na qualidade
de água.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostras da água foram obtidas de oito estações pré-estabelecidas, próximas ao local de
cultivo, no município de Jatobá-PE, no período de 24h, com intervalos de 3h entre as coletas.
As variáveis temperatura, pH, condutividade elétrica, salinidade, oxigênio dissolvido da
água, e sólidos totais dissolvidos, foram determinadas in sito, com analisador multiparâmetro. As
demais variáveis, foram efetuadas com amostras de superfície e analisadas em laboratório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As variações encontradas foram: temperatura 27,1 a 27,7ºC. O OD de 4,64 a 5,73mg/L. O
pH de 7,3 a 7,6. A alcalinidade total variou entre 29,75 a 31,00 mg/L CaCO3. A dureza de 24,95 a
26,35 mg/L CaCO3, cálcio de 6,09 a 6,32mg/L Ca e o magnésio de 2,37 a 2,69 mg/L Mg. Os
parâmetros de condutividade elétrica (0,056 µS/cm), salinidade (0,02 psl), o STD (0,036 g/L), não
apresentaram variações. Resultados semelhantes foram descritos pela FADURPE (2000)
A concentração de cloreto e turbidez apresentaram valores inferiores aos recomendados pelo
CONAMA, a saber, 250 mg/L(cloreto), 100 UNT(turbidez).
A concentração dos nutrientes fosfatados foi expressa na forma de fosfato inorgânico,
fosfato total e fósforo total, porém apenas o fósforo total tem valores limites estabelecidos, cujo os
níveis apresentaram-se acima do limite 30,0 µg estabelecido pelo CONAMA (Tabela 1).
Os parâmetros físico-químicos da água em sua maioria estão dentro dos valores
estabelecidos pela resolução CONAMA nº357/2005, não apresentando alterações significativas na
19
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
qualidade da água durante a análise nictimeral, havendo, enfim, viabilidade técnica para o cultivo
da espécie com menor impacto ambiental.
Tabela 1. Valores das variáveis analisadas em laboratório, nos diferentes horários de coleta.
Horário
Alcalinidade total (mg/L CaCO3)
Dureza total (mg/L CaCO3)
Cálcio (mg/L Ca)
Magnésio(mg/L Mg)
Cloreto (mg/L Cl)
Turbidez (UNT)
Nitrato (µg/l N)
Nitrito (µg/l N)
Nitrogênio amoniacal (µg/l N)
Fosfato inorgânico (µg/l P)
Fosfato total(µg/l P)
Fósforo total(µg/l P)
Clorofila-a (µg/l )
Feofitina (µg/l )
7:30
10:30
13:30
16:30
19:30
22:30
01:30
04:30
Desvio
Amp
29,88
25,55
6,06
2,53
0,60
0,9
9,684
0,084
14,973
4,111
7,257
55,573
1,150
1,718
29,94
25,62
6,18
2,47
0,60
1,0
7,440
0,063
12,223
2,860
6,684
37,049
1,155
1,094
29,75
25,80
6,12
2,55
0,60
0,9
8,700
0,077
16,602
3,217
6,493
50,698
1,303
1,221
30,69
25,97
6,32
2,47
0,61
2,1
7,865
0,063
10,593
2,323
6,111
40,298
1,301
1,380
30,00
25,17
6,09
2,42
0,60
2,0
10,527
0,091
7,537
3,038
6,111
41,598
1,469
1,397
31,00
24,95
6,09
2,37
0,62
0,7
11,843
0,049
10,084
3,038
6,111
51,998
1,143
1,475
30,25
26,35
6,26
2,60
0,61
1,2
8,113
0,098
7,639
4,468
7,066
51,998
0,973
1,475
30,38
26,30
6,09
2,69
0,61
1,1
14,114
0,042
6,213
4,647
6,302
47,448
1,409
1,175
0,433752
0,498023
0,093875
0,103265
0,00744
0,523552
2,289830
0,019953
3,68978
0,83809
O,45011
6,659028
0,162427
0,20011
1,3
0,8
0,3
0,3
0
1,4
6,7
0.1
10,4
2,3
1,1
18,5
0,5
0,6
REFERÊNCIAS
BRASIL, 2005. Resolução CONAMA nº. 357, de 17 de março de 2005.
FADURPE. 2000. Zoneamento da Piscicultura em Tanques-rede nos Reservatórios do Sub-médio
São Francisco: Zoneamento do Reservatório de Moxotó. Relatório técnico 12/2000, Recife,
FADURPE/CHESF.
20
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
RENDIMENTO DO FILÉ DE PIRARUCU
PIRARUCU’S FILLET YIELD
Samanta Eulles Quixaba de CARVALHO1*; Fabíola Helena dos Santos FOGAÇA1; Francisco José
de Seixas SANTOS1; Elenise Gonçalves de OLIVEIRA2
1
2
Embrapa Meio-Norte, BR 343, Km 35, Caixa Postal 341, CEP 64200-970, Parnaíba, PI.
Universidade Federal do Ceará, Avenida da Universidade, 2853, Benfica, CEP 60002-181,
Fortaleza, CE
*E-mail: [email protected]
Resumo - Avaliou-se o rendimento do filé de pirarucu (Arapaima gigas) cultivado em canal de
irrigação. Foram comparados três grupos com diferentes médias de peso. Os exemplares
foram medidos, pesados, eviscerados e, após a filetagem, calculou-se o rendimento do
filé sem pele. Para as classes de 8, 12 e 15 kg, os rendimentos foram de 47,63, 48,62 e
49,79%, respectivamente. Com base nos resultados obtidos, não houve diferença
significativa (P<0,05) de rendimento de filé entre as classes de pesos estudadas,
mostrando que o peso entre 8 e 15 kg não influenciou no rendimento de filé.
Palavras-chave: canal de irrigação, classes de peso, filetagem.
Abstract - The study evaluated the fillet yield of pirarucu (Arapaima gigas) cultivated in an
irrigation canal. Three groups containing different average weight was compared. The
fishes were weighed, measured, eviscerated and after filleting, fillet yield was estimated
of skinless fillet. For the classes with 8, 12 and 15 Kg the respective yields were 47.63,
48.62 and 49.79%, respectively. The results showed no statistic difference between the
weight groups for fillet yield, showed that the weight of the fishes between 8 and 15 kg
didn’t influence on fillet yield.
Key-words: filleting, irrigation canal, weight groups.
21
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Pirarucu é a denominação popular dada ao peixe da espécie Arapaima gigas, também
conhecido como bacalhau-da-Amazônia, considerado um dos maiores peixes de água doce do
mundo (Oliveira, 2007). Poucos são os estudos relacionados ao rendimento do filé do pirarucu,
sendo importante determiná-lo para avaliar fatores críticos no processamento e visualizar seu
potencial de industrialização, permitindo assim à indústria dimensionar sua produção e ao mercado
saber o potencial de recursos disponíveis. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar o
rendimento do filé sem pele do pirarucu, segundo diferentes classes de pesos.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi realizado na Embrapa Meio-Norte, Unidade de Execução de Pesquisa de
Parnaíba. Foram utilizados 15 exemplares de pirarucu (Arapaima gigas), com aproximadamente 18
meses de idade, provenientes do canal de irrigação do DITALPI (Distrito de Irrigação Tabuleiros
Litorâneos do Piauí). Os peixes foram capturados com rede de pesca e puçás, e estocados em caixas
de fibra de 1.000 L para serem transportados ao local de realização do trabalho.
Os peixes foram pesados em balança digital e medidos em um ictiômetro para obter o peso e
comprimento total. Em seguida foram abatidos por choque térmico em gelo e água (1:1), sangrados
pelo corte das guelras, eviscerados e filetados. O rendimento (RF) foi analisado em três grupos de
pesos: 7,99 + 0,27; 12,05 + 0,27 e 15,14 + 0,99 kg, segundo a equação: RF = (Peso do filé x
100)/Peso Total.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
pesos.
A tabela abaixo apresenta os resultados de rendimento de filé das diferentes classes de
Tabela 1. Médias de rendimento do filé (RF) de pirarucu
Grupo
RF (%)
1
2
3
47,43 + 1,46
48,62 + 3,00
49,79 + 3,60
Média de 5 peixes (n=5) + DP. Grupos: 1 (7,99 + 0,27 kg), 2 (12,05 + 0,27 kg) e 3 (15,14 + 0,99 kg).
Apesar de apresentarem difenças numéricas, não houve diferença estatística (P<0,05) entre
os grupos. No entanto, os valores de rendimento foram superiores aos encontrados por Oliveira
(2007) que encontrou rendimento de 41,41% para peixes com peso médio de 7,14 kg. Desta forma,
verifica-se que o peso total de peixes entre 8 e 15 kg não tem influência no rendimento de filé no
pirarucu.
REFERÊNCIAS
Oliveira, P. R. Qualidade do pirarucu (Arapaima gigas Cuvier, 1829) procedente de piscicultura,
estocado em gelo, congelado e de seus produtos derivados. Manaus: INPA/UFAM, 2007,119 f.
(Tese de Doutorado em Ciências Biológicas - Área de Concentração em Biologia de Água Doce e
Pesca Interior).
22
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ALOMETRIA DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA,
GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL
ALOMETRY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) FROM
JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL
Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; Fábio H. V. HAZIN2 e
José Roberto F. SILVA1
1
2
Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará.
Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
*E-mail: [email protected]
Resumo - No presente trabalho, a largura do cefalotórax (LC), o comprimento do maior quelípodo
(CQ), nos machos, e a largura do 5º segmento abdominal (L5), nas fêmeas, de 334
indivíduos de Cardisoma guanhumi, capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará,
Brasil, entre Dez./06 e Nov./07, foram mensurados. O tamanho da muda puberal foi
determinado através do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5. A
largura do cefalotórax em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, nos machos, e
6,20 cm, nas fêmeas. Foram obtidas as seguintes relações, para juvenis e adultos,
respectivamente, dos machos: CQ = 0,0747 LC 2,2826 e CQ = 0,5148LC1,3055; e das
fêmeas: L5 = 0,0839LC2,5744 e L5 = 0,6666LC2,0554.
Palavras-chaves: guaiamum, alometria, manguezal, caranguejo terrestre, muda puberal.
Abstract - In the present study, the width of the cephalothorax (LC), the length of the largest
chelipod (CQ), for males, and the length of the 5thabdominal segment, for females, were
measured from 334 specimes of Cardisoma guanhumi, caught from Dec./06 to Nov./07,
in the Jaguaribe River Estuary, Ceara State, Brazil. The size of pubertal molting was
determined through the inflection point of the relation LC x CQ and LC x L5. The width
of the cephalothorax in which the pubertal molting occurs was equal to 7.1 cm, for males,
and 6.20 cm, for females. The following equations were obtained, for juvenile and adult
specimens, respectively, for males: CQ= 0.0747 LC2, 2826 and CQ = 0.5148 LC1, 3055, and
for females: L5 = 0,0839LC2,5744 and L5 = 0,6666LC2,0554.
Key-words: guaiamum, alometry, mangrove, land crab, puberal molting.
23
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
O guaiamum, Cardisoma guanhumi, é um caranguejo terrestre que possui hábitos noturnos
(Melo, 1996) e distribuição circumequatorial (Burggren & McMahon, 1988), cuja amplitude é, em
grande medida, determinada pela temperatura da água, sendo a sobrevivência das larvas
comprometida em áreas onde a mesma é inferior a 20ºC (Hill, 2001).
O estudo da alometria no crescimento é uma importante ferramenta na determinação do
tamanho em que a espécie atinge a maturidade funcional. Esta determinação é possível devido à
presença de uma muda puberal que é acompanhada de bruscas modificações nas dimensões do
corpo (Hartnol, 1978), como, por exemplo, o comprimento do quelípodo nos machos e a largura do
abdômen nas fêmeas.
Objetivou-se, com o presente trabalho, analisar o crescimento alométrico de machos e
fêmeas de Cardisoma guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas dos indivíduos foram realizadas na área de manguezal do estuário do Rio
Jaguaribe, no estado do Ceará, com armadilhas artesanais, tendo sido capturados 334 exemplares no
período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007. Todos os indivíduos foram mensurados
quanto à largura do cefalotórax (LC), comprimento do maior quelípodo (CQ) dos machos e largura
do 5º segmento abdominal (L5) das fêmeas. O tamanho em que ocorre a muda puberal foi
determinado através da determinação do ponto de inflexão da curva na relação LC x CQ e LC x L5,
para machos e fêmeas, respectivamente. Para determinar se em cada sexo houve diferença entre os
estágios imaturo e maturo, foi utilizada a estatística “w” de comparação de retas que utiliza a
distribuição de qui-quadrado (Mendes, 1999).
RESULTADOS
Foram coletados 334 indivíduos, sendo 167 machos e 167 fêmeas. A largura do cefalotórax
em que ocorre a muda puberal, foi igual a 7,10 cm, para os machos, e 6,20 cm, para as fêmeas. As
curvas de regressão, para ambos os estágios (imaturo e maturo) e para ambos os sexos,
apresentaram equações potenciais que diferiram estatisticamente (p < 0,05).
Entre os machos, os indivíduos imaturos apresentaram uma alometria positiva, próximo à
isometria (1,30), enquanto que os adultos apresentaram uma forte alometria positiva, com valor de
θ= 2,28. Já em relação às fêmeas, os indivíduos maturos apresentaram uma alometria menos
positiva que os imaturos, com valores de θ iguais a 2,57 e 2,05 cm, respectivamente.
24
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Comprimento da quela - CQ (cm)
12
CQ(maturo) = 0,0747LC
2
R = 0,5883
10
2,2826
8
6
CQ(imaturo) = 0,5148LC1,3055
R2 = 0,8662
4
2
0
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Largura do cefalotórax - LC (cm)
Figura 1. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e comprimento da quela (CQ), de
machos de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e
Nov/07.
16
L5(imaturo) = 0,0839LC
2
R = 0,7271
Largura do abdômen - L5 (cm)
14
2,5744
12
10
L5(maturo) = 0,2218LC
2
R = 0,6666
2,0554
8
6
4
2
4
5
6
7
8
Largura do cefalotórax - LC (cm)
Figura 2. Relação entre Largura do cefalotórax (cm) e largura do abdômen (L5), de
fêmeas de C. guanhumi, no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez/06 e
Nov/07.
DISCUSSÃO
O crescimento mais acelerado do quelípodo dos machos maturos, em relação aos imaturos,
encontrado para a população de C. guanhumi no estuário do Rio Jaguaribe, Ceará, é uma
característica comum aos decápodes que está associada à defesa e competição pelas fêmeas
(Hartnol, 1978).
25
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
O incremento da largura do abdômen das fêmeas é limitado à coxa, sendo este, o valor de
largura máxima para o abdômen. É provável que o crescimento alométrico menos positivo para
fêmeas maturas esteja associado a esta característica. Trabalhos de fecundidade podem corroborar
esta hipótese, uma vez que o desenvolvimento do abdômen está diretamente relacionado à
incubação dos ovos.
A legislação vigente determina o tamanho mínimo de captura de machos de guaiamum
(IBAMA, 2006), para o estado do Ceará, de 6,00 cm de LC. Em comparação com os resultados
obtidos, este valor é inferior ao tamanho em que ocorre a muda puberal.
É importante ressaltar que o ponto de inflexão da curva não representa, necessariamente, o
tamanho em que 50% da população está apta à reprodução, embora seja um ótimo indicativo das
mudanças no crescimento. Os dados obtidos no presente trabalho podem ser um indício do início da
atividade reprodutiva na população de C. guanhumi para a referida região.
Desta maneira, ressalta-se a importância de trabalhos complementares que realizem estudos
de maturidade (L50) fisiológica e morfométrica para se conhecer o tamanho de primeira maturação
funcional, e assim, determinar a relação entre a muda puberal e aptidão reprodutiva.
REFERÊNCIAS
BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University
Press.United States of America. 479p, 1988.
HARTNOLL, R.G. The determination of relative growth in Crustacea. Crustaceana, Leiden, 34 (3):
281-293. 1978.
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Cardis_guanhu.htm.>. Acesso em: 20 de outubro de 2007.
IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais. Instrução Normativa n°
90, de 02 de fevereiro de 2006. 2006.
MENDES, P.P. Estatística aplicada à Aqüicultura. Recife-PE. Ed. Bargaço, 1999. 265p.
26
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
SAZONALIDADE DA PROPORÇÃO SEXUAL DO GUAIAMUM, Cardisoma guanhumi
LATREILLE, 1828 (DECAPODA: GECARCINIDAE) NO ESTUÁRIO DO RIO
JAGUARIBE, CEARÁ, BRASIL
SEX RATIO SEASONALITY OF LAND CRAB, Cardisoma guanhumi LATREILLE, 1828 (DECAPODA:
GECARCINIDAE) FROM JAGUARIBE RIVER ESTUARY, CEARÁ STATE, BRASIL
Renata Akemi SHINOZAKI-MENDES1,2*; Jones SANTANDER-NETO1; José Roberto F.
SILVA1; Fábio H. V. HAZIN2
1
2
Laboratório de Histologia Animal, Universidade Federal do Ceará.
Laboratório de Oceanografia Pesqueira, Universidade Federal Rural de Pernambuco.
*E-mail: [email protected]
Resumo - No período entre Dez/06 e Nov/07, a variação sazonal na proporção sexual de 334
indivíduos de C. guanhumi capturados no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará,
foi avaliada. A proporção sexual foi igual a 1:1, não apresentando diferença estatística
significativa (Chi-quadrado, p ≥ 0,05) ao longo dos meses. Apesar das classes
periféricas terem sido exclusivamente representadas por machos, nas classes em que se
observaram ambos os sexos, não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção.
Palavras-chaves: manguezal, proporção sexual, população.
Abstract - From Dec/06 to Nov/07, the seasonal changes of sex ratio of 334 specimes of C.
guanhumi, caught in the Jaguaribe River Estuary, were examined. The ratio between the
sexes over the months did not differ statistically (Chi-square, p ≥ 0.05). Although only
males were observed in the marginal size classes, there was no statistical difference (p ≥
0.05) in those classes where both sexes were present.
Key-words: mangroove, sexy rate, population.
27
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Cardisoma
guanhumi
é
um
caranguejo
terrestre
com
significantes
adaptações
comportamentais, morfológicas, fisiológicas e bioquímicas, que constrói galerias perto do mar,
sempre onde a água pode ser alcançada (Melo, 1996). Apresenta distribuição circumequatorial,
ocorrendo no Atlântico Oeste desde os Estados Unidos (Burggren & McMahon, 1988) até o sudeste
do Brasil (Melo, op. cit). Estudos acerca da estrutura populacional são importantes para um
adequado gerenciamento do recurso, garantindo uma explotação sustentável. Desta forma,
objetivou-se, com o presente trabalho, analisar a variação sazonal da proporção sexual do
Cardisoma guanhumi capturado no estuário do Rio Jaguaribe, Estado do Ceará.
MATERIAL E MÉTODOS
Os 334 indivíduos examinados foram capturados com armadilhas artesanais, distribuídas de
forma inteiramente aleatória, no período entre dezembro de 2006 e novembro de 2007, na área de
manguezal do estuário do Rio Jaguaribe (04º26’S a 04º32’S e 037°46’W a 037°48’W), no estado do
Ceará. Todos os indivíduos foram sexados e mensurados quanto à largura do cefalotórax (LC). As
diferenças mensais e por classe de comprimento na freqüência de machos e fêmeas foram avaliadas
por meio do teste de qui-quadrado (p ≥ 0,05).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os indivíduos capturados, 167 eram machos, e 167 fêmeas, com razão sexual de 1:1. A
variância máxima da proporção sexual mensal durante o período de amostragem foi de 28% (Fig.
1), não tendo sido observadas, entretanto, diferenças estatísticas significativas (p ≥ 0,05) (Tab. 1).
100%
80%
60%
40%
20%
0%
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
fêmeas
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
machos
Figura 1. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi, ao longo
dos meses, no período entre Dez./06 e Nov./07.
28
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Uma proporção sexual equilibrada ao longo dos meses é um bom indicativo de equilíbrio
natural da população. Resultados semelhantes foram encontrados para C. guanhumi no México
(Bozada e Chávez, 1986) e no sudeste do Brasil (Silva e Oshiro, 2002).
Tabela 1. Freqüência mensal de fêmeas e machos de C. guanhumi, capturados no estuário do Rio
Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de qui-quadrado para análise mensal
(GL=1) e total (GL=11).
fêmeas
Jan.
16
Fev.
9
Mar.
11
Abr.
12
Mai.
19
Jun.
14
Jul.
15
Ago.
13
Set.
8
Out.
15
Nov.
21
Dez.
14
TOTAL
167
machos
χ2
14
0,13NS
10
0,05 NS
20
2,61 NS
19
1,58 NS
11
2,13 NS
8
1,64 NS
17
0,13 NS
16
0,31 NS
11
0,47 NS
10
1,00 NS
19
0,10 NS
12
0,15 NS
167
10,31 NS
NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05).
A largura do cefalotórax das fêmeas variou de 4,34 a 8,56 cm, com uma moda no intervalo
entre 5,0 e 7,0 cm. Os machos apresentaram uma maior amplitude, entre 2,84 e 9,22 cm, exibindo,
porém, uma moda menos ampla que as fêmeas, entre 5,0 e 6,5 cm (Tab. 2). Apesar das três
primeiras e as três últimas classes de tamanho terem sido exclusivamente representadas por machos,
não houve diferença estatística (p ≥ 0,05) na proporção entre os sexos por classe de tamanho, para
nenhuma das classes em que ambos os sexos ocorreram (Tab. 2).
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
largura do cefalotórax (cm)
fêmeas
machos
Figura 2. Proporção entre machos e fêmeas de C. guanhumi para cada classe de
largura do cefalotórax, no período entre Dez./06 e Nov./07.
29
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Tabela 2. Freqüência de classes de largura do cefalotórax (LC) para fêmeas e machos de C. guanhumi
capturados no estuário do Rio Jaguaribe, no período entre Dez./06 e Nov./07 e valores do teste de quiquadrado para por classe de tamanho (GL=1) e total (GL=13).
2,5├3,0
3,0├3,5
3,5├4,0
4,0├4,5
4,5├5,0
5,0├5,5
5,5├6,0
6,0├6,5
6,5├7,0
7,0├7,5
7,5├8,0
8,0├8,5
8,5├9,0
9,0├9,5
TOTAL
Fêmeas (n) Machos (n)
χ2
0
1
1,00 NS
0
1
1,00 NS
0
1
1,00 NS
1
6
3,57 NS
12
8
0,80 NS
28
30
0,07 NS
57
47
0,96 NS
28
31
0,15 NS
23
17
0,90 NS
14
11
0,36 NS
4
10
2,57 NS
0
2
2,00 NS
0
1
1,00 NS
0
1
1,00 NS
167
167
16,39 NS
NS: diferença estatística não significativa (p ≥ 0,05).
Classes periféricas representadas por apenas um sexo podem indicar diferentes taxas ou
tamanhos de recrutamento e de mortalidade. Machos de C. guanhumi com maior amplitude de
tamanho em relação às fêmeas também foi encontrada por Rivera (2005), em Cuba (6,5 a 10,5 cm
para machos e 4,2 a 7,9 cm para fêmeas); por Bozada e Chávez (1986), no México (2,7 a 10,5 cm
para machos e 7,0 a 9,0 cm para fêmeas); e por Silva e Oshiro (2002), no Brasil (2,7 a 8,5 cm para
machos e 3,1 a 8,3 para fêmeas). Esses resultados parecem indicar que esta é uma característica
intrínseca das populações de C. guanhumi, independentemente da localidade.
REFERÊNCIAS
BOZADA, L e CHÁVEZ, Z. La fauna acuatica de la laguna del ostion. Centro de Ecodesarrollo.
México. 1986.
BURGGREN W.W.; MCMAHON B.R. Biology of the land crabs. Cambridge University Press.
United States of America. 479p, 1988.
MELO, G. A. S. Família Gecarcinidea. In: Manual de identificação dos brachyura (caranguejos e
siris) do litoral brasileiro. São Paulo, Ed. Plêiade. P-480 a 481. 1996.
RIVERA, J. J. El cangrejo terrestre C. guanhumi ¿Un recurso pesquero?. Ecofronteiras. No25. 2005.
SILVA, R. da & OSHIRO, L. M. Y. Aspectos reprodutivos do caranguejo Guaiamum, Cardisoma
guanhumi Latreille, 1828 (Crustacea, Decapoda, Brachyura) da Baía de Sepetiba, RJ. Revista
Brasileira de Zoologia, Curitiba/PR. 2002.
30
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INFLUÊNCIA DO CICLO HIDROLÓGICO DO RESERVATÓRIO DE SOBRADINHO SOBRE
A CARGA DE FÓSFORO TOTAL
INFLUENCE OF THE HYDROLOGICAL CYCLE OF THE SOBRADINHO RESERVOIR ON THE LOAD OF
TOTAL PHOSPHORUS
Bruno Dourado Fernandes da COSTA1*, Maurício Nogueira da Cruz PESSÔA2, Antony
Evangelista de LIMA2, Márcia Darcilene Correia do PRADO2, Teresa Cristina Paiva SANTOS2,
Michelle Miranda Biondi ANTONELLO1, Aureliano de Vilela CALADO NETO1, Anderson
ANTONELLO1 e William SEVERI2
1
Fundação de Desenvolvimento Educacional Apolônio Sales
2
Universidade Federal Rural de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Resumo - O monitoramento continuado dos parâmetros físicos, químicos e biológicos da água de
reservatórios serve como ferramenta de avaliação do seu estado trófico. Dentre os
diversos parâmetros monitorados, o fósforo total pode ser considerado o nutriente mais
importante, já que o mesmo é o principal nutriente responsável pela eutrofização de
ambientes lacustres. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência do ciclo
hidrológico do reservatório de Sobradinho, localizado no Médio São Francisco, entre os
municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA, sobre as concentrações de fósforo total nos
diferentes ambientes no trecho estudado. Análises trimestrais entre janeiro de 2007 e
janeiro de 2008, permitiram avaliar a influência do ciclo hidrológico sobre as
concentrações do fósforo total em três estações, localizadas em ambientes distintos na
área de estudo (lótico, transição rio-reservatório, lêntico). Pode se observar que as
concentrações de fósforo total diminuíram com o aumento de volume do reservatório,
com níveis mais elevados no início do período de enchimento, e menores após atingir a
cota máxima. Foi demonstrado no presente trabalho que a água de afluência ao
reservatório de Sobradinho é responsável pela elevação da concentração dos níveis de
fósforo total e que, após o enchimento do reservatório, existe uma estabilização natural
do ambiente, favorecendo a diminuição das concentrações do fósforo total.
Palavras-chaves: fósforo, reservatório, monitoramento.
Abstract - The continuous monitoring of the physical, chemical and biological parameters of water
in reservoirs serves as a tool to evaluate its trophic state. Among the various parameters
monitored, total phosphorus can be considered as the most important nutrient, since it is
the main nutrient responsible for the eutrophication of lake environments. The objective
of this study was to evaluate the influence of the hydrological cycle of the Sobradinho
reservoir, located in the Medium São Francisco, between the towns of Barra/BA and
Sobradinho/BA, on total phosphorus concentration in different environments of the
stretch studied. Quarterly analyses between January 2007 and January 2008, have
assessed the influence of the hydrological cycle on total phosphorus concentration in
three stations located within the different environments of the study area (lotic,
transition river-reservoir, lenthic). It may be noted that total phosphorus concentrations
decreased with an increase in the reservoir’s volume, presenting higher levels at the
beginning of the period of filling and lower ones after reaching its maximum level. It
was determined in this work that inflowing water to the Sobradinho reservoir is
responsible for raising the levels of total phosphorus concentrations and that after its
fulfilling, there is a stabilization of the natural environment which favors the reduction
of total phosphorus concentrations.
key-words: phosphorus, reservoirs, monitoring.
31
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Os reservatórios têm um importante papel econômico, ecológico e social, produzindo muitas
mudanças em bacias e rios. Um reservatório causa uma série de impactos significantes na bacia
onde é construído. O entendimento dos impactos causados por grandes ou pequenas represas, requer
o conhecimento prévio das condições originais dos sistemas terrestre e aquático, da diversidade e
mecanismo de funcionamento da flora e fauna, da hidrogeoquímica e flutuações sazonais
(TUNDISI, 1987).
De acordo com Tundisi e Straškraba (1999), as características mais importantes de um
reservatório relacionam-se com a sua morfometria, tempo de retenção, padrões térmicos de
estratificação e circulação, flutuações no nível de água, tipo e tamanho da área.
O fósforo é reconhecidamente um dos elementos limitantes da produtividade primária de
lagos e reservatórios (WETZEL, 1983; ESTEVES, 1998). A eutrofização de ambientes lênticos
(reservatórios) está diretamente relacionada ao aporte de fósforo, resultante de contribuição
alóctone, como escoamento superficial de áreas agrícolas ou florestadas, esgoto municipal e
efluentes industriais (ESTEVES, 1998).
O monitoramento sazonal do aporte de fósforo em um reservatório gera informações que, se
bem utilizadas, podem servir como indicadoras das atividades poluidoras a montante e no entorno
do reservatório, possibilitando a avaliação anual das medidas mitigadoras executadas, como por
exemplo, o tratamento de esgoto de uma cidade a montante do reservatório, o reflorestamento da
mata auxiliar ao longo do rio, ou a diminuição na utilização de fertilizantes agrícolas fosfatados em
torno do reservatório. Fazendo uma relação anual entre as concentrações do fósforo e o volume
afluente anual, pode-se determinar se as medidas de controle ambiental surtiram efeito.
O presente trabalho teve como finalidade caracterizar a dinâmica do aporte do fósforo total
do reservatório de Sobradinho em função da variação da sua cota.
MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo foi o reservatório de Sobradinho (Figura 1), localizado no trecho do rio São
Francisco,
compreendido entre os municípios de Barra/BA e Sobradinho/BA,
tendo
aproximadamente 320 km de extensão, uma superfície de espelho d’água de 4.214 km2 e uma
capacidade de armazenamento de 34,1 bilhões de metros cúbicos em sua cota nominal de 393,50 m. A
manutenção de uma vazão regularizada de 2.060 m3.s-1 nos períodos de estiagem, permite a operação de
todas as usinas da CHESF situadas à jusante da barragem de Sobradinho no submédio São Francisco.
32
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Foram distribuídas três estações de amostragem a
montante da Usina Hidrelétrica de Sobradinho,
contemplando os trechos: lótico, transição e lêntico.
As estações foram denominadas SF1, SF2 e SF3, e
possuem, respectivamente, as seguintes coordenadas:
10º 44` 36``S e 042º 43` 02``W; 09º 40` 01``S e 042º
01` 14``W; 09º 25` 59``S e 040º 50` 06``W. A
Figura 1. Mapa contemplando as diferentes
áreas
do reservatório
de Sobradinho
(Modificado de PETRERE, 1996).
periodicidade das coletas foi trimestral, entre
janeiro/2007 e janeiro/2008. As análises de fósforo
total foram realizadas no Laboratório de Limnologia
da Universidade Federal Rural de Pernambuco, utilizando o método proposto por Strickland &
Parsons (1960). Os dados de cota do reservatório foram fornecidos pela Divisão de Gestão de
Recursos Hídricos - DORH (CHESF).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de estudo, a cota do reservatório teve seu maior nível em abril de 2007 e
o menor volume em dezembro de 2007. Visto que a época de chuva na região e de aporte de água
ao reservatório ocorre entre os meses de dezembro e março de cada ano, é estabelecido um período
cíclico de enchente e seca. Esse período acarreta uma relação inversa entre o volume e a
concentração de fósforo total nas estações do reservatório de Sobrinho (Figura 2). No período de
enchente, a carga de nutrientes carreada pelo rio elevou os níveis de fósforo, em especial em janeiro
de 2008, quando o reservatório apresentou a menor cota. A elevação dos teores de fósforo e
inversão da quantidade entre os trechos é possivelmente ocasionada pelo material carreado para
próximo da barragem, devido a cota neste momento ter sido de aproximadamente 20% da cota
máxima.
A estação lótica apresentou concentrações superiores a 100 µg.L-1 P, valor acima do limite
de 50 µg.L-1 P, estabelecido pela resolução CONAMA 357/05 para trechos de rio, apenas nas
campanhas de janeiro. Já a estação de transição não apresentou valores de fósforo total acima deste
limite, exceto em abril e julho de 2007, quando o reservatório apresentou as maiores cotas durante
todo o período de estudo. Também nos meses de abril e julho, a estação lêntica apresentou
concentrações de fósforo total inferior a 30 µg.L-1 P, limite estabelecido na resolução do CONAMA
357/05 para esse tipo de ambiente. O aporte de fósforo total no trecho estudado está relacionado
com o escoamento superficial das águas de chuvas na região. Segundo Haygarth & Sharpley (2000),
o fósforo é removido do solo principalmente por erosão, dependendo da quantidade de material
sólido no escoamento superficial, da intensidade e quantidade de chuva.
33
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
No período de abril a julho, os níveis de nutrientes estão dentro dos valores de referência da
legislação vigente, evidenciando a diluição da carga de fósforo e caracterizando as estações quanto
aos trechos de rio pela quantidade do nutriente. Já em outubro, em conseqüência da redução do
volume, houve uma elevação da concentração deste nutriente. A análise dos componentes principais
(Figura 3) demonstra a relação entre a cota e as concentrações de fósforo total nas estações,
evidenciando que as estações localizadas no trecho lêntico e de transição são influenciadas
394
SF 1
SF 2
SF 3 ___ Cota (m)
1,0
*Cota (m)
392
Eixo 2 : 13,46%
220
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
388
386
Cota (m)
390
SF 1
0,5
0,0
SF 2
SF 3
-0,5
384
-1,0
Jan/08
Fev/08
Dez/07
Nov/07
Set/07
Out/07
Jul/07
Ago/07
Jun/07
Mai/07
Abr/07
Mar/07
Jan/07
Fev/07
Dez/06
Out/06
382
Nov/06
Fósforo total (mg.L-1 P)
diretamente pelo aumento de volume e uma maior capacidade de diluição do nutriente.
Figura 2. Resultados do fósforo total nos meses amostrados e
a cota do reservatório para o periodo do estudo. As linhas
pontilhada indicam os valores de referência do CONAMA
357/05 para os trecho lótico, transição e lêntico, com
-1
respectivamente 100, 50 e 30 µg.L P.
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
Eixo 1 : 84,80%
Figura 3. Análise de componentes
principais/ACP, entre as estações e
cotas para todo o período analisado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CONSELHO
NACIONAL
DO
MEIO
AMBIENTE
-
CONAMA,
Resolução
357/05.
http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459. Acesso em: 03/08/2008.
ESTEVES, F. A., 1998. Fundamentos da Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 602p.
HAYGARTH, P.M. & SHARPLEY, A.N. 2000. Terminology for phosphorus transfer. J. Environ.
Qual., 29:10-15.
STRICKLAND, J.D.H. & PARSONS, T.R. 1965. A manual of sea water analysis. Ottawa, Fish.
Res. Borad Canada, 202p.
TUNDISI, JOSÉ GALIZIA, 1987. Ecologia, limnologia e aspectos socioeconômicos da construção
de hidrelétricas nos trópicos. In: Encontro de Tropicologia, 4, Recife. Anais: Universidade de
Brasília;
CNPq.
1990.
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47-85.
http://www.tropicologia.org.br/conferencia/1987ecologia_
limnologia.html. Acesso em: 28/05/2004.
TUNDISI, J. G. E STRAŠKRABA, M., 1999. Theoretical Reservoir Ecology and its Applications.
São Carlos. 592p.
WETZEL, R.G. 1983. Limnology. Philadelphia, Saunders College Pub.
34
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ABUNDÂNCIA DA ICTIOFAUNA CAPTURADA COM REDE DE ARRASTO NA PRAIA DO
PESQUEIRO, ILHA DE MARAJÓ (PARÁ, BRASIL)
ABUNDANCE OF THE ICHTHYOFAUNA CAPTURED WITH NET TOWING ON THE PESQUEIRO BEACH,
ISLAND OF MARAJO (PARÁ, BRAZIL)
Jean Michel CORRÊA1*; Eurivaldo Santos da COSTA1; Francisco Carlos Alberto Fonteles
HOLANDA2
1
2
Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará
Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará
*
Email: [email protected]
Resumo - A ilha de Marajó é tida como uma região que propicia pescarias em águas continentais e
marinhas, devido à elevada diversidade da ictiofauna proveniente desses dois sistemas.
Foram realizados quatro arrastos experimentais na praia do Pesqueiro. Foi coletado um total
de 10 peixes, distribuídos em quatro espécies e três famílias. A espécie mais abundante em
todos os arrastos foi Mugil curema, com sete indivíduos. A espécie Strongylura timucu
apresentou os maiores valores de comprimento total e zoológico, enquanto Plagioscion
squamosissimus apresentou o maior valor de altura.
Palavras-chave: peixes, Mugil curema, comprimento total.
Abstract - The island of Marajó is regarded as a region that provides fisheries on continental and
marine waters because of its high diversity of the ichthyofauna from these two systems.
Four experimental fisheries were carried out on the Pesqueiro beach. It were collected a
total of ten fishes, distributed in four species and three families. The most abundant
species was Mugil curema, with seven individuals. The species Strongylura timucu
presented the higher values of total and zoological length, while Plagioscion
squamosissimus presented the higher values of height.
Key-words: fishes, Mugil curema, total length.
35
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
O arquipélago do Marajó possui localização estratégica e privilegiada, sendo o maior
arquipélago flúvio-marinho do mundo. Em sua porção noroeste, recebe águas doces, barrentas e
cheias de nutrientes do rio Amazonas; ao norte, as águas marinhas do Oceano Atlântico; a nordeste,
as águas doces e barrentas da Baía do Marajó; ao sul, as águas doces e barrentas do Rio Pará,
propiciando pescarias em áreas continentais e marinhas, com elevada diversidade de peixes
provenientes destes dois sistemas (CASA CIVIL, 2007).
Muitos peixes compõem a grande riqueza do arquipélago, sendo os mais conhecidos o
tucunaré (Cichla ocellaris), o pirarucu (Arapaima gigas), as piranhas (Serrasalmus sp.), o candiru
(Vandellia cirrhosa), entre outros (CASA CIVIL, op. cit.).
MATERIAL E MÉTODOS
Foram efetuados quatro arrastos experimentais na Praia do Pesqueiro, localizada a 8 km do
município de Soure. Em cada arrasto foi utilizado como apetrecho de pesca uma rede de arrasto
com as seguintes especificações: comprimento de 48,12 m; altura de 2,37 m; malha de 25 mm;
distância entre nós opostos de 50 mm; distância entre bóias de 94 cm e distância entre chumbadas
de 94 cm. Os arrastos foram efetuados na maré vazante, sendo o último realizado na maré enchente.
Depois, os peixes foram transportados até a margem para serem realizadas as análises biométricas.
Na biometria foram obtidas medidas de comprimento total (CT), comprimento furcal ou zoológico
(CF) e altura (ALT). O instrumento utilizado para a tomada dessas medidas foi uma trena.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O número total de indivíduos capturados nos arrastos foi de dez. Ao todo foram
identificadas quatro espécies pertencentes a três famílias: Mugilidae, Belonidae e Sciaenidae. Esses
resultados corroboram com estudo realizado por Barthem (1985) que definiu para a Baía do Marajó,
as seguintes famílias como sendo as mais diversificadas: Ariidae, Sciaenidae e Pimelodidae,
possuindo nove, sete e cinco espécies respectivamente.
A espécie Mugil curema foi a mais abundante, com sete indivíduos. As espécies Cynoscion
acoupa, Plagioscion squamosissimus e Strongylura timucu contribuíram com um indivíduo cada.
Para o comprimento total, o maior indivíduo foi um exemplar de Strongylura timucu com 56,2
cm e o menor foi um exemplar de Mugil curema com 25,0 cm. Em termos de comprimento furcal, o
maior indivíduo capturado foi um exemplar de S. timucu com 56,0 cm e o menor foi um exemplar de
M. curema com 24,0 cm. Com relação à altura, a maior espécime foi um exemplar de Plagioscion
squamosissimus com 10,0 cm e o menor foi um exemplar de S. timucu com 5,0 cm (Tabela 1).
36
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Tabela 1. Nome científico das espécies, nome vulgar, número de indivíduos (N) e amplitude do
comprimento total (CT), comprimento furcal (CF) e altura (ALT).
Nome Científico
Mugil curema
Cynoscion acoupa
Plagioscion squamosissimus
Strongylura timucu
Total
Nome Vulgar
Pratiqueira
Pescada amarela
Pescada branca
Peixe-agulha
-
N
7
1
1
1
10
CT (cm)
25,0 – 29,0
31,1
38,0
56,2
25,0 – 56,2
CF (cm)
24,0 – 28,0
56,0
24,0 – 56,0
ALT (cm)
5,3 – 7,0
7,1
10,0
5,0
5 – 10,0
REFERÊNCIAS
BARTHEM, R. B. Ocorrência, distribuição e biologia dos peixes da Baía de Marajó, Estuário
Amazônico. Bol. Mus. Par. Emílio Goeldi, série zoologia. v. 2, n.1, p. 49-69. 1985.
CASA CIVIL. Plano de desenvolvimento territorial sustentável do arquipélago do Marajó. Out.
2007. Disponível em: http://www.integracao.gov.br/download/ download.asp?endereco=/pdf/
desenvolvimentoregional/plano_marajo.pdf&nome_arquivo=plano_marajo.pdf. Acesso em 04 ago.
2008. 37
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ZOOPLÂNCTON DE BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRASIL
ZOOPLANKTON FROM BARRA DE JANGADA, PERNAMBUCO, BRAZIL
Valdylene Tavares PESSOA1; Pedro Augusto Mendes de Castro MELO1; Fernando Figueiredo
PORTO NETO2; Sigrid NEUMANN-LEITÃO1*; Fábio Hissa Vieira HAZIN3
1
Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco
2
Departamento de Zootecnia, Universidade Federal Rural de Pernambuco
3
Departamento de Pesca, Universidade Federal Rural de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Resumo - Estudos foram desenvolvidos visando conhecer a composição do zooplâncton e seu papel
como indicador da qualidade ambiental no sistema estuarino de Barra de Jangada. As
amostras foram coletadas com redes com 300 µm de abertura de malha, em arrastos
horizontais sub-superficiais. Foram identificados 29 taxa, destacando-se Copepoda com
as espécies Pseudodiaptomus acutus e P. marshi, as quais são indicadoras de sistemas
eutrofizados, evidenciando forte poluição orgânica neste ecossistema.
Palavras-chaves: Poluição, Zooplâncton, Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes-PE)
Abstract - Sdudies were carried out to assess the zooplankton composition and its role as
environmental quality indicator of the Barra das Jangada estuarine system. Sampling
were made with a plankton net 300 µm mesh size horizontaly hauled at sub-surface. It
were identified 29 taxa, dominating Copepoda wih most abundant species
Pseudodiaptomus acutus and P. marshi, which are euthrophication indicators showing
the high organic pollution of this ecosystem.
Key-words: Pollution, Zooplankton, Barra de Jangada (Jaboatão dos Guararapes-PE).
38
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
A região costeira de Pernambuco, onde está localizada a área estuarina de Barra de Jangada, tem
sido, ao longo das últimas décadas, submetida a constantes intervenções antropogênicas e recebe
cada vez mais descargas de efluentes das mais diversas origens (CPRH 1999). Isto ocorre como
conseqüência do crescimento industrial e urbano, o qual acontece sem nenhum planejamento
ecológico e sem considerar o equilíbrio do meio ambiente, tendo como conseqüência um
desenvolvimento que afeta negativamente a flora e fauna local.
Dentre os organismos da fauna, destaca-se neste trabalho o zooplâncton, cujo estudo é de
importância fundamental por apresentar espécies indicadoras das condições ambientais, permitindo
caracterizar a qualidade da água (McLusky e Elliott, 2006). Dessa forma, este trabalho tem como
principal objetivo conhecer a composição e densidade da comunidade zooplanctônica, evidenciando
as espécies indicadoras da qualidade ambiental.
MATERIAL E MÉTODOS
As coletas de plâncton foram realizadas em quatro pontos de coleta no sistema estuarino de
Barra de Jangada, localizado em Jaboatão dos Guararapes-PE. Rios Pirapama (E1) e Jaboatão (E2),
Confluência dos dois rios (E3) e lagoa Olho d’água (E4). As coletas foram realizadas durante baixamares (BM) e preamares (PM) diurnas, em maré de sizígia, de outubro a dezembro de 2007.
Foram realizados arrastos sub-superficiais com rede de plâncton cônica de náilon com 300 µm
de abertura de malha. As amostras foram fixadas com formol a 4%, neutralizado com bórax. Para
realização das análises qualitativa e quantitativa, cada amostra foi colocada em um béquer e diluída.
Foram retiradas sub-amostras de 5,0 mL, com o auxílio de uma pipeta “Stempel” e vertida em uma
placa de contagem do tipo Bogorov, analisada sob estereomicroscópio composto.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificados 29 taxa zooplanctônicos, destacando-se Copepoda, tendo as espécies
Pseudodiaptomus acutus e P. marshi apresentado freqüência de ocorrência maior que 70%, seguido
por Parvocalanus crassirrostris, com 58% e Acartia lilljeborgi com 54% (Tabela 1).
Predominaram em Barra das Jangada poucos grupos zooplanctônicos e segundo Tundisi (1970),
podem ocorrer muitas espécies no zooplâncton estuarino, mas apenas três ou quatro constituem a
maior parte da população.
Foi observada uma variação na abundância relativa do zooplâncton (figura 1) em função das
marés e das estações, e esta variação é característica de muitos estuários tropicais e subtropicais, e
são importantes na estruturação da comunidade (Buskey, 1993). Copepoda da família
Pseudodiaptomidae, seguido por Parvocalanidae e Acartidae destacaram-se, também, em
abundância, nas duas marés estudadas e em quase todos os pontos de coleta (figura 1). São
39
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
organismos holoplanctônicos dominantes na maioria dos estuários (Tundisi, 1970; McLusky e
Elliott, 2006). Neste estudo, as duas espécies dominantes (Pseudodiaptomus acutus e P. marshi) são
indicadoras de águas estuarinas eutrofizadas de baixa salinidade (Sant’anna, 1993). O meroplâncton
esteve constituído principalmente por Cirripedia (náuplio e cípris) e Brachyura (zoea e megalopa).
De acordo com McLusky e Elliott (2006), a ocorrência em grande quantidade de larvas
meroplanctônicas está associada ao período reprodutivo dos adultos bentônicos. Foi registrado um
maior número de náuplios de Cirripedia nas estações E3 e E4, principalmente na baixa-mar.
Tabela 1. Composição e freqüência de ocorrência (FO) do zooplâncton coletado sistema
estuarino de Barra de Jangada, durante outubro, novembro e dezembro de 2007.
Classificação da Freqüência de Ocorrência: ****Muito freqüente; ***Freqüente; **Pouco
freqüente; *Esporádico. (#Ticoplâncton)
Taxa
CNIDARIA
Hydromedusa
MOLLUSCA
Gastropoda (véliger)
Bivalvia (véliger)
NEMATODA#
ANNELIDA
Polychaeta (Larva)
CRUSTACEA
Crustacea (náuplios)
Calanoida
Parvocalanus crassirrostris
Pseudodiaptomus acutus
Pseudodiaptomus marshi
Pseudodiaptomus richard
Temora turbinata
Labidocera fluviatilis
Acartia lilljeborgi
Cyclopoida
Oithona hebes
Oithona oswaldocruzi
Harparcticoida
Euterpina acutifrons
FO
4%
*
25%
4%
4%
**
17%
*
4%
*
58%
92%
71%
17%
4%
8%
54%
***
****
****
*
*
*
***
4%
17%
*
*
8%
*
Taxa
Poecilostomatoida
Copepoda (copepodito)
Cladocera
Cirripedia (náuplio)
Cirripedia (cípris)
Cirripedia (exúvia)
Decapoda
Caridea
Porcellanidae (zoea)
Brachyura (zoea)
Brachyura (megalopa)
Decapoda (protozoea)
Decapoda (outros)
Tanaidacea
Isopoda
CHAETOGNATHA
Sagitta tenuis
Sagitta hispida
CHORDATA
Appendicularia
Teleostei (Ovos)
*
FO
4%
4%
42%
50%
4%
38%
*
*
***
***
*
**
17%
4%
54%
13%
4%
4%
4%
4%
*
*
***
*
*
*
*
*
4%
4%
*
*
4%
8%
*
*
Também estiveram presentes com menor freqüência e abundância os estágios larvais de
Polychaeta, Bivalvia, Gastropoda, Decapoda e Teleostei. As larvas de Polychaeta são comumente
descritas como componentes do zooplâncton estuarino e são freqüentes em águas estuarinas, sendo
bastante resistentes a baixas salinidades e condições anaeróbicas (McLusky e Elliott, 2006).
A densidade média apresentou valores baixos, principalmente nas baixa-mares, como observado
na estação 4 (28,44 org.m-3). Maiores valores de densidade ocorreram na preamar, com destaque
para a estação 2 (1137,50 org.m-3). Estes valores evidenciam o efeito da maré na estruturação da
comunidade, e o papel do fluxo marinho na melhor qualidade deste estuário.
A diversidade específica foi baixa, em decorrência do pequeno número de espécies, fato comum
a áreas dinâmicas e instáveis, como é o caso dos estuários (McLusky e Elliott, 2006). Além disso, o
40
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
estresse ambiental decorrente da poluição pelas indústrias sucro-alcooleiras e o constante
lançamento de resíduos domésticos e industriais, resultam em baixas concentrações de oxigênio e
aporte de nutrientes, impedindo que espécies trazidas pelo fluxo marinho (o que deveria aumentar a
diversidade) além das residentes possam se desenvolver, com conseqüente baixa na diversidade.
Esta baixa diversidade e eqüitabilidade (figura 2) confirmam a baixa qualidade do estuário.
100%
90%
80%
Cirripedia (náuplio)
70%
Cladocera
60%
Pseudodiaptomidae
50%
Acartiidae
40%
Parvocalanidae
30%
Outros
20%
10%
0%
E1_PM E1_BM E2_PM E2_BM E3_PM E3_BM E4_PM E4_BM
Figura 1. Abundância relativa média do zooplâncton coletado no
Sistema estuarino de Barra de Jangada.
0,50
1,50
1,00
0,30
0,20
0,50
Equitabilidade
Diversidade (H')
0,40
0,10
0,00
0,00
E1_PM E1_BM E2_PM E2_BM
E3_PM E3_BM E4_PM E4_BM
Diversidade de espécies
Equitabilidade
Figura 2. Diversidade e Equitabilidade média do zooplâncton
coletado no Sistema estuarino de Barra de Jangada.
CONCLUSÃO
A comunidade zooplanctônica apresenta baixos valores de diversidade e de eqüitabilidade, bem
como reduzido número de espécies, principalmente de Copepoda indicando ambiente eutrofizado,
com baixa qualidade da água, evidenciando ecossistema em desequilíbrio.
REFERÊNCIAS
Companhia Pernambucana do Meio Ambiente (CPRH) 1999. Relatório de monitoramento de bacias
hidrográficas do Estado de Pernambuco. Recife, 184 p.
41
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Buskey, E. J. 1993. Annual pattern of micro- and mesozooplankton and biomass in a subtropical estuary.
Journal of Plankton Research, 15: 907-924.
Sant’anna, E.M.E. 1993. Estrutura e biomassa da comunidade zooplanctônica da Bacia do Pina
(Pernambuco - Brasil), relacionadas com fatores ambientais. São Paulo. Dissertação de Mestrado.
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
McLusky, D. S.; Elliott, M. 2006. The estuarine ecosystem, ecology, threats and management.
Oxford: Oxford University Press. 214p.
Tundisi, J.G. 1970. O plâncton estuarino. Contribuições avulsas do Instituto Oceanográfico de São
Paulo, série Oceanografia Biológica, São Paulo, Brasil, 19, 1-22.
42
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ANÁLISE PRELIMINAR DA DINÂMICA POPULACIONAL DO CAMARÃO-ROSA
Farfantepenaeus subtilis (PÉREZ-FARFANTE, 1967) JUNTO A REGIÃO LITORÂNEA DO
MUNICÍPIO DE SIRINHAÉM, PE, BRASIL
PRELIMINARY ANALYSIS OF POPULATION DYNAMICS OF THE PINK-SHRIMP Farfantepenaeus subtilis
(PÉREZ-FARFANTE, 1967) IN THE COASTAL REGION OF SIRINHAÉM, PE, BRAZIL
Euclides Pereira e SILVA*; Freddy Vogeley de CARVALHO; Joana Angélica Lyra Vogeley de
CARVALHO; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES; Sílvio Ricardo Maurano
PEIXOTO
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco
*Email: [email protected]
Resumo - O presente trabalho visou ampliar os conhecimentos sobre a bioecologia e a dinâmica
populacional do camarão-rosa Farfantepenaeus subtilis na região de Sirinhaém,
Pernambuco, assim como contribuir para o desenvolvimento de um pacote tecnológico
para o cultivo comercial desta espécie. Foram realizadas amostragens biológicas
mensais (Setembro de 2007 a Junho de 2008) de 2 Kg, seguidas de contagem, sexagem
e determinação do comprimento total (CT), carapaça (CC) e peso total (PT), de cada
indivíduo. Ocorreu domínio das fêmeas sobre os machos, exceto nos meses de setembro
e outubro de 2007 e março de 2008. O valor médio (± DP) de CT para as fêmeas foi de
111 mm (± 6,49 mm) e PT foi de 12,45 g (± 2,90 mm). Para os machos estes valores
foram de 95,03 mm (± 12,76 mm) e 7,26 g (± 2,12 mm), respectivamente. Os resultados
preliminares indicam que para realizar a reprodução em cativeiro desta espécie seria
necessária a manutenção dos indivíduos em laboratório até atingirem o tamanho ideal
para indução à maturação gonadal.
Palavras-chave: camarão-rosa, Farfantepenaeus subtilis, dinâmica populacional, Sirinhaém.
Abstract - This work aimed at to improve the knowledge on the bioecology and population
dynamics of the pink-shrimp Farfantepenaeus subtilis in the region of Sirinhaém,
Pernambuco. Moreover, the future development of culture technology for this native
species is also considered in the present study. Monthly biological samples (September
2007 to June 2008) of 2 Kg were counted, sexed and measured in the total length (CT),
carapace length (CC) and total weight (PT) for each individual. The number of females
dominated over males in the samples, except in the months of September and October
2007 and March 2008. The average value (± SD) of CT for females was 111 mm (±
6.49 mm) and PT was 12.45 g (± 2.90 mm). For males these values were 95.03 mm ( ±
12.76 mm) and 7.26 g (± 2.12 mm), respectively. Preliminary results indicated that for
successful reproduction in captivity of this species it would be necessary the
maintenance of individuals in the laboratory until they reach the ideal size for the
induction to gonadal maturation.
Key-words: Pink-shrimp, Farfantepenaeus subtilis, population dynamics, Sirinhaém.
43
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
A pesca direcionada aos camarões peneídeos no litoral sul do estado de Pernambuco ocupa o
segundo lugar entre os recursos pesqueiros capturados na região, sendo superado apenas pelas
lagostas do gênero Panulirus (Paiva, 1997). O município de Sirinhaém é um dos que mais se
destacam na atividade pesqueira do estado de Pernambuco. Localizado no litoral sul do estado e
distante 70 km de Recife, a área de pesca na região encontra-se entre as coordenadas 08◦038’S /
35◦003’W e 08◦042’S / 35◦004’ W.
O camarão-rosa Farfantepenaeus subtilis (Pérez-Farfante, 1967) distribui-se desde o litoral
norte de Cuba até Cabo Frio, Rio de Janeiro. O estoque desta espécie na região costeira de
Sirinhaém possui destaque na pesca regional e já foi alvo de estudos anteriores (Tischer & Santos,
2002; Santos et al, 2002).
O presente trabalho visa ampliar os conhecimentos sobre a bioecologia e dinâmica
populacional do camarão-rosa na região de Sirinhaém. Espera-se que as informações geradas
possam contribui futuramente para captura e domesticação em laboratório de um plantel selvagem
de F. subtilis, visando assim, o desenvolvimento de um pacote tecnológico para o cultivo comercial
de uma espécie nativa da costa Brasileira.
MATERIAL E MÉTODOS
No período compreendido entre os meses de setembro de 2007 e junho de 2008, utilizou-se
uma embarcação da frota camaroneira da região de Barra de Sirinhaém para realizar as amostragens
biológicas. Mensalmente foi coletada uma amostra ao acaso de aproximadamente 2 Kg de F.
subtilis, resultante de uma média de três arrastos por dia com duração de 3 horas cada. A região
escolhida para coleta das amostras é conhecida localmente como “Lama” e fica localizada em uma
faixa costeira de 3 km a 5 km, com profundidade entre 25 m a 50 m (Tischer & Santos, 2002).
As amostras coletadas foram analisadas imediatamente após o desembarque. Primeiramente,
foi realizada a contagem e sexagem dos camarões, considerando apenas os caracteres externos de
presença de télico nas fêmeas e de petasma nos machos. Posteriormente, foi determinado para cada
indivíduo o comprimento total – CT (medida da base do rostro à margem superior do télson; mm) e
de carapaça – CC (medida da base do rostro à margem posterior da carapaça; mm) com uso de um
paquímetro, e o peso total – PT (peso úmido após leve secagem; g) com o auxílio de uma balança
analítica. Os valores de comprimento (CC e CT) foram agrupados em intervalos de classe de 1,0
mm, enquanto que os PT foram agrupados em classes de 0,1 g.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na comparação mensal da proporção sexual, verificou-se que ocorre domínio nas proporções
das fêmeas sobre os machos, com exceção dos meses de setembro e outubro de 2007 e março de
44
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
2008 (Figura 1). Essa tendência também foi observada por Coelho & Santos (2002) para F. subtilis
na região costeira do município de Tamandaré, distante cerca de 20 Km de Sirinhaém.
Freqüência observada (%)
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
MACHOS
FÊMEAS
SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN
Figura 1. Proporção mensal de machos e fêmeas do camarão-rosa
F. subtilis capturados em Sirinhaém-PE no período de setembro de
2007 a junho de 2008.
O valor médio (± DP) de comprimento total para as fêmeas foi de 111 mm (± 6,49 mm), já os
machos apresentaram um CT médio de 95,03 mm (± 12,76 mm). A média de peso total foi de 12,45
g (± 2,90 mm) e 7,26 g (± 2,12 mm), respectivamente para fêmeas e machos (Figura 2). Coelho &
Santos (1993) encontraram valores semelhantes de comprimento total e peso estudando um estoque
costeiro de F. subtilis em uma região ao sul de Sirinhaém (São José da Coroa Grande).
140
A
120
100
80
MACHOS
60
FÊMEAS
40
20
0
SET
20
OUT
NOV DEZ JAN
FEV
MAR
ABR
MAI JUN
B
Peso Médio (g)
16
12
MACHOS
FÊMEAS
8
4
0
SET
OUT
NOV DEZ JAN
FEV
MAR
ABR
MAI JUN
Figura 2. Valores mensais de comprimento total (A) e peso (B)
médio de machos e fêmeas do camarão-rosa F.subtilis capturados
em Sirinhaém-PE no período de setembro de 2007 a junho de
2008.
45
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Para a formação de um plantel de reprodutores do gênero Farfantepenaeus é recomendado
que os machos tenham um peso mínimo de 16 g e as fêmeas 30 g (Bueno, 1989; Cavalli et al.,
1997). Os resultados preliminares do presente estudo indicam que para a reprodução em laboratório
dos adultos de F. subtilis capturados junto a Sirinhaém, seria necessário seu acondicionamento em
laboratório até atingirem o peso ideal para indução a maturação gonadal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUENO, SLS. 1989. Técnicas, procedimentos e manejos para a produção de pós-larvas de camarões
peneídeos. CIRM, Brasília, Brasil.
CAVALLI, RO, MP SCARDUA, & WJ WASIELESKY. 1997. Reproductive performance
ofdifferent-sized wild and pond-reared Penaeus paulensis females. Journal of the World Aquaculture
Society, 28: 260-267 .
COELHO, P. A.& SANTOS, M. C. F. Época da reprodução do camarão rosa, Penaeus subtilis
Pérez-Farfante, 1967 (Crustacea, Decapoda,Penaeidae) na região de Tamandaré, PE. Boletim
Técnico Científico do CEPENE, Rio Formoso, 1993. v. 1, n. 1, p. 57-72.
COELHO, P.A.; SANTOS, M.C.F. A pesca de camarões marinhos no canal de Santa Cruz, PE. Bol.
Téc. Cient. CEPENE, Tamandaré, v.1, n.1, p.129-155, 1993.
IBAMA. Boletim Estatístico da Pesca Marítima e Estuarina do Nordeste do Brasil. Centro de
Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste, Tamandaré, 1997 a 2001.
PEIXOTO, S., CAVALLI, R.O., WASIELESKY, W. 2005. Recent developments on broodstock
maturation and reproduction of Farfantepenaeus paulensis. Brazilian Archives of Biology and
Technology, 48, 997-1006.
PORTO, H.L.R.; FONTELES-FILHO, A.A.; FREITAS, C.E.C. Análise da biologia pesqueira
do camarão branco, Penaeus schmitti, Burkenroad, e do camarão rosa Penaeus subtilis Pérez –
Farfante, na Ilha de São Luís, Estado do Maranhão. Bol. Lab.Hidrobiol., São Luís, v. 8, p. 97-15,
1988.RODRIGUEZ, G. El sistema de Maracaibo: biologia y ambiente. Inst. Venezuel. Invest.
Cien. Caracas, 1973. 81 p.
SANTOS, M. C. F. & FREITAS, A. E. T. S. Pesca e biologia dos peneídeos (Crustacea: Decapoda)
capturados no município de Barra de Santo Antônio (Alagoas – Brasil) (no prelo).
SANTOS, M. C. F. Biologia e pesca de camarões marinhos ao largo de Maragogi (Alagoas Brasil). Boletim Técnico-Científico CEPENE, Tamandaré, v.8, p. 99-129, 2000.
46
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
CULTIVO DO CAMARÃO MARINHO Litopenaeus vannamei, SUBMETIDO A DIVERSAS
DENSIDADES DE ESTOCAGEM, QUANDO EM ÁGUA DOCE
CULTURE OF MARINE SHRIMP Litopenaeus vannamei, SUBMITTED TO MISCELLANEOUS STORAGE
DENSITIES, WHEN IN FRESHWATER
Sthelio Braga da FONSECA*; Paulo de Paula MENDES; Cândida Juliana de Lyra ALBERTIM;
Cláudio Figueiroa BITTENCOURT; Yuri Vinicius de Andrade LOPES
Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE
*E-mail: [email protected]
Resumo - A habilidade do Litopenaeus vannamei de tolerar uma escala larga de salinidade (0.5 –
40 ‰) fez-lhe uma espécie popular para a cultura com baixa salinidade. Desta forma, o
presente estudo objetivou avaliar a influencia de diferentes densidades de estocagem do
camarão marinho L. vannamei, quando cultivado em água doce (0,0‰) e em baixa
alcalinidade e dureza. Ao término do cultivo os tratamentos com menores densidades de
estocagem foram os que geraram os melhores resultados de ganho de peso e
comprimento. A alcalinidade média da água foi de 36,97 mg.L-1 e a dureza de 38,21
mg.L-1.
Palavras-chave: Litopenaeus vannamei, água doce, alcalinidade.
Abstract - The ability of Litopenaeus vannamei to tolerate a wide range of salinity (0.5 - 40 ppm)
made it a popular species for culture with low salinity. Thus, this study aimed at
evaluate the influence of different densities of storage of L. vannamei, when cultivated
in freshwater (0.0 ‰) and low alkalinity and hardness. At the end of the cultivation, the
treatments with lower densities of storage were producing the best results of weight gain
and length. The average alkalinity of the water was 36.97 mg.L-1 and hardness of 38.21
mg.L-1.
Key-words: Litopenaeus vannamei, freshwater, alkalinity.
47
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
O cultivo de camarões marinhos encontra-se em constante desenvolvimento no mundo,
sendo essa uma alternativa para suprir a demanda de camarões gerada pelo aumento no consumo e
pela estagnação da produção pesqueira. A produção brasileira de camarões marinhos vem crescendo
significativamente nos últimos anos, destacando-se a região nordeste como principal pólo produtor
do país (POERSCH et al., 2006).
O Litopenaeus vannamei é tido como uma espécie tipicamente eurialina, possuindo
habilidade de tolerar uma larga escala de salinidade (0,5 – 40 ‰). Tal característica o consagrou
como uma espécie popular para a cultura com baixa salinidade. Desta forma, objetivou se analisar
os efeitos do cultivo do camarão marinho L. vannamei, em água doce quando submetidos a
diferentes densidades de estocagem e em baixas concentrações de alcalinidade e dureza.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho se dividiu em duas etapas, a primeira foi referente ao processo de aclimatação
das pós-larvas à água doce e a segunda etapa ao cultivo. Quando aclimatadas a água doce, as póslarvas foram estocadas em 12 viveiros de área útil de 60 m2 e cultivadas nas seguintes densidades
de estocagem: 5 (D5), 10 (D10), 15 (D15), 20 (D20), 25 (D25) e 30 (D30) cam m-2. Para alimentação,
utilizou-se ração comercial contendo 35% de Proteína Bruta (PB), administrada duas vezes ao dia.
Inicialmente, a água, utilizada nos viveiros apresentou níveis de alcalinidade e dureza total
inferiores a 10 mg.L-1 de CaCO3. Semanalmente, foi adicionado calcário dolomítico na proporção
de 6,25 kg viveiro-1, semana-1, para sua correção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao final de 52 dias de cultivo, o tratamento D5 foi o que proporcionou os melhores
resultados de peso e comprimento, diferenciando-o estatisticamente dos demais tratamentos
(p<0,05) (Tabela 1). A relação inversa da densidade de estocagem com o peso e o comprimento já
foi comprovada por vários autores. Almeida et al. (1998) ao cultivarem essa espécie, nessas
densidades, obtiveram os melhores ganhos de comprimento com o tratamento de 10 cam.m-2. A
sobrevivência média dos camarões foi estimada de 49,13+11,75%. Pode-se concluir que a
densidade de estocagem influenciou diretamente no peso e comprimento do L. vannamei quando em
água doce.
48
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Tabela 1 – Relação entre peso e comprimento com o tempo de cultivo do L. vannamei
Densidade (cam.m-2)
Modelo
5
10
15
20
25
30
P = 0,0183 tempo1,41
P = 0,0185 tempo1,27
P = 0,0192 tempo1,26
P = 0,0191 tempo1,18
P = 0,0213 tempo1,20
P = 0,0204 tempo1,15
5
10
15
20
25
30
C = 1,2854 tempo0,47
C = 1,2785 tempo0,43
C = 1,3012 tempo0,43
C = 1,3225 tempo0,39
C = 1,3381 tempo0,42
C = 1,3273 tempo0,40
EC*
R2 (%)
Peso (g)
a
98,33
b
97,39
c
99,81
be
98,78
b
98,63
de
99,66
Comprimento (cm)
a
97,26
ab
95,04
ab
97,98
b
97,80
ab
98,16
b
98,57
F
P(F)
354,3
223,5
3183,7
848,7
432,9
1774,1
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
213,4
114,9
290,8
267,3
324,1
414,9
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
<0,00001
EC - estatística comparativa; P - peso (g); C- comprimento (cm); R2- coeficiente de
determinação; F - Estatística de Snedecor; P(F) - probabilidade de rejeição de F; *Letras
diferentes entre modelos diferenciam as densidades de estocagem (p < 0,05), pela estatística W
(Mendes, 1999).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S.A.A.; CÉSAR, J.R.O.; IGARASHI, M.A.; BEZERRA, F.J.S.; CARVALHO, M.C.
Estudo preliminar do cultivo de Penaeus vannamei (Boone, 1931) em tanques com diferentes
densidades de estocagem. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 11.;
Recife. Anais. Recife: Associações dos Engenheiros de Pesca de Pernambuco, 1999. v. 2, p.648653.
MCGRAW, J.W.; DAVIS, D.A.; TEICHERT-CODDINGTON, D.; ROUSE, D.B. Acclimation of
Litopenaeus vannamei postlarvae to low salinity: influence of age, salinity endpoint, and rate of
salinity reduction. Journal of the World Aquaculture Society. v.33, p.78–84, 2002. 49
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
CULTIVO DO CAMARÃO Litopenaeus vannamei, EM MEIO HETEROTRÓFICO COM
ADIÇÃO DE SUBSTRATO
CULTIVATION OF SHRIMP Litopenaeus vannamei, MEANS HETEROTROPHIC WITH ADDITION OF
SUBSTRATE
Yuri Vinicius de Andrade LOPES*; Paulo de Paula MENDES; Dijaci Araujo FERREIRA; Sâmia
Regia Rocha MONTEIRO; Josélia Karolline dos Santos CORREIA.
Departamento de Pesca e Aqüicultura – UFRPE
*E-mail: [email protected]
Resumo - O cultivo do camarão Litopenaeus vannamei em águas de baixa salinidade é uma
atividade que desperta o interesse de vários empreendedores, devido às extensas faixas
de áreas salinizadas localizadas em regiões interiores e a boa adaptação desta espécie.
No presente estudo objetivou-se comparar a eficiência da utilização do substrato
artificial no cultivo do L vannamei em meio heterotrófico, utilizando dois tratamentos,
com e sem substrato. O ganho de peso em relação ao tempo não apresentou diferença
significativa entre os tratamentos (p≥0,05), quando a relação peso/comprimento tendeu
ao isométrico entre os dois tratamentos.
Palavras-chave: Litopenaeus vannamei, peso, heterotrófico.
Abstract - The cultivation of the shrimp Litopenaeus vannamei in the waters of low salinity is an
activity that wakes the interest of several entrepreneurs, due to the extensive ranges of
areas under salinization located in interior regions and good adaptation of this species.
The present study aimed at to compare the efficiency of the use of artificial substrate in
cultivation of L vannamei in an using means two heterotrophic treatments, with and
without substrate. The gain of weight in relation to the time presented no significant
difference between the treatments (p≥0.05), and the gain of weight in relation to the
length, tended to isometric between the two treatments.
Key-words: Litopenaeus vannamei, weight, heterotrophic.
INTRODUÇÃO
A carcinicultura marinha brasileira teve seu início na década de 70, no entanto só assumiu
nível industrial na década de 80 com uma produção fundamentada no cultivo do camarão Penaeus
japonicus. Seu cultivo não foi um sucesso, sendo substituída por espécies nativas como P. subtilis;
P. schimitti, P. brasiliensis e P. paulensis ou por outras espécies exóticas, entre elas o Litopenaeus
vannamei (MAIA, 1993).
50
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
O L. vannamei suporta rápidas e amplas flutuações de salinidade e, em várias partes do
mundo, podem ser encontrados em águas hipersalinas (> 40º/oo partes por mil) e até as oligohalinas
(0,5 – 5,0º/oo). No Brasil duas enfermidades abalaram a indústria nos últimos anos: a Mionecrose
Infecciosa (IMNV) disseminada nos cultivos da região Nordeste e a Mancha Banca (WSSV)
disseminada nos cultivos da região Sul. Desta forma objetivou-se avaliar o ganho de peso e
comprimento do camarão L. vannamei em águas oligohalinas e meio heterotrófico com o acréscimo
de área útil no cultivo.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado em duas etapas, a fase inicial utilizou-se pós-larvas (PL10)
oriundas de larvicultura comercial, foram estocadas a 10.000 ind/800L e o processo de redução de
salinidade (36‰ para 0,5‰) foi realizado gradativamente, com um tempo de aclimatação de 10
dias. A segunda etapa foi utilizada seis caixas, onde foram estocadas com densidade de 150
camarões/m2, foram alimentadas três vezes ao dia com ração de 35% de PB (Proteína Bruta).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi possível observar que o tratamento com substrato, o ganho de peso dos camarões foi
superior ao tratamento sem substrato (Figura 1), mas, estatisticamente não houve diferença entre os
mesmos (p≥0,05), semelhante ao encontrado por Domingos et al., (2003), que trabalhou com
quantidades diferentes de substrato na engorda do L. vannamei. Ao observar o ganho de peso em
relação ao comprimento, não foram estatisticamente diferentes (p≥0,05) entre os tratamentos
(Figura 2). Neste cultivo, a relação peso/comprimento indicou um padrão de crescimento tendendo
ao isométrico entre os dois tratamentos.
Figura 2. Ganho de peso em relação ao
comprimento no cultivo do L. vannamei em
meio heterotrófico, em um período de 45 dias
Figura 1. Ganho de peso em relação ao
tempo de cultivo do L. vannamei em
meio heterotrófico, em um período de 45
dias.
51
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
REFERÊNCIAS
DOMINGOS, J. A. S. (2003). Efeito do uso de diferentes quantidades de substratos artificiais na
engorda do camarão marinho Litopenaeus vannamei (Boone, 1931), em um sistema de cultivo
semi-intensivo. Tese Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura
Universidade Federal de Santa Catarina. 36p.
MAIA, E. P. Progresso e perspectivas da carcinicultura marinha no Brasil. In: Simpósio Brasileiro
sobre Cultivo de Camarão. João Pessoa. 1993. Anais... pp. 185-196.
52
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
MAPEAMENTO DA PESCA ARTESANAL NO RESERVATÓRIO BILLINGS
(ALTO TIETÊ, SP)
ARTISANAL FISHERY’S MAPPING IN THE BILLINGS RESERVOIR
Paula M. G. de CASTRO1, 2; Maria Eugênia P. ALVES DA SILVA2,3; Lídia S. MARUYAMA4;
Patrícia de PAIVA1,2
1
Pesquisador Científico do Instituto de Pesca – IP / APTA/ SAA-SP
2
Endereço/Address: Avenida Francisco Matarazzo, 455 - Água Branca, São Paulo
3
Aluna de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Aqüicultura e Pesca do Instituto de Pesca
4
Pesquisador Científico do Pólo Regional Extremo Oeste de Andradina /APTA / SAA
Resumo – A necessidade de se conhecer espacialmente os pontos de desembarque e as
concentrações de pescadores é um passo necessário na implantação de um sistema de
estatística de desembarque em regiões onde a pesca é exercida. Assim, um estudo
enfocando os aspectos estruturais da pesca foi conduzido em comunidades de pescadores
artesanais do reservatório Billings, SP, durante o período de janeiro a agosto/2005, onde
foram identificados nove núcleos de pesca e entrevistados 52 (46%) e dos estimados 113
pescadores regularmente atuantes. Os pontos foram identificados geograficamente através
de um GPS (Global Positioning System), que permitiu a plotagem em mapa
georeferenciado através do aplicativo ArcGIS versão 9.0, empregando-se a base
cartográfica digital do IBGE. Considerando que o reservatório tem uma área estimada em
112 km2, a intensidade de pesca observada foi de 1,0 pescador por km2. A pesquisa
visou contribuir com informações atuais da pesca de pequena escala em uma represa
urbana, possibilitando uma reflexão e tomada de consciência sobre a atividade
extrativista desenvolvida na região e suas transformações ao longo dos anos, no contexto
de um ambiente tão complexo como este reservatório.
Palavras-chave: pescadores artesanais; mapeamento; núcleos pesqueiros; reservatório urbano;
Billings; Alto Tietê, SP
Abstract - The need to know the points of spatially landing and concentrations of fishermen is a
necessary step to implement a system of statistical of fishery production in areas where
fishing is exercised. So, from January to August/2005, a study focusing structural
aspects of the fishery was made on communities of artisanal fishermen of Billings
Reservoir, SP, where nine main fishery communities were identified, 52 (46%) were
interviewed
and estimated 113 fishermen regularly active. The points were
geographically identified through a Global Positioning System (GPS), that allowed plot
on maps georeferencied through the application ArcGIS version 9.0, using the base of
digital cartographic IBGE. The research aimed at to contribute with up-to-date
information of the low scale fishery in an urban reservoir, making a reflection about the
exploitation activity developed in the region and its transformations along the years, in
the context of a complex environment like this reservoir.
Key-words: artisanal fishermen; mapping; fishery communities; urban reservoir; Billings; Alto
Tietê river, SP.
53
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
A Represa Billings situa-se na porção sudeste da Região Metropolitana de São Paulo, próxima
às altas escarpas da Serra do Mar. Sua construção foi iniciada em 1925, motivada pela alta demanda
de energia elétrica da cidade de São Paulo (MACEDO, 1992). É considerada uma represa urbana
por localizar-se em uma área de grande adensamento populacional, apresentando diversos
problemas ambientais e sociais, tais como, ocupação desordenada, conflitos de uso da água,
poluição da represa e em torno de suas margens, entre outros. É utilizada também como lazer pela
pesca esportiva, como manancial de abastecimento, como receptor de efluentes e como sistema
regulador da vazão do Alto Tietê, além da atividade de pesca artesanal, bastante antiga no
reservatório (MINTE-VERA, 1997). Em muitas regiões brasileiras, a pesca artesanal é a única fonte
de proteína disponível às camadas menos favorecidas da população, inclusive nas grandes cidades
onde há corpos d´água disponíveis à pesca, como na represa Billings em São Paulo, na Lagoa da
Pampulha em Belo Horizonte, no Lago Paranoá em Brasília (PETRERE et al, 2006). O presente
estudo tem por finalidade contribuir com informações atuais da pesca de pequena escala
desenvolvida na represa Billings, Alto Tietê, SP, através de levantamento e caracterização dos
núcleos pesqueiros existentes, estimando-se o contingente de pescadores artesanais regulares na
região.
MATERIAL E MÉTODOS
A primeira etapa do trabalho ocorreu no mês de dezembro de 2004, onde foram realizadas
viagens quinzenais abrangendo toda a região em foco, a fim de se obter as informações preliminares
necessárias à realização deste estudo, localizar as concentrações de pescadores, e nos inserir no
contexto deste setor. A segunda etapa ocorreu no período de janeiro a agosto de 2005, a partir do
mapeamento da atividade pesqueira extrativista na represa Billings, percorrendo todo o seu
perímetro por terra e/ou através de barco, onde foram identificados através de um GPS (Global
Positioning System) os principais pontos de desembarque e núcleos pesqueiros. Os pontos de
desembarque identificados foram plotados em mapas georeferenciados através do aplicativo
ArcGIS versão 9.0, empregando-se a base cartográfica digital do IBGE em escala 1:1.000.000
(Folha SF-23 Rio de Janeiro) (Figura 1). Para o cálculo da intensidade de pesca (ind/km2) levou-se
em conta a estimativa obtida do número de pescadores regularmente atuantes na represa e sua
respectiva área alagada (112 km2), descontando-se o braço do Rio Grande onde não há pesca
profissional (MINTE-VERA, 1997).
54
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste levantamento foram entrevistados cinqüenta e dois pescadores, tendo sido identificados
nove núcleos pesqueiros (Figura 1 e Tabela 1). Chegou-se a uma estimativa de cento e treze
pescadores regularmente atuantes nos diversos locais visitados, distribuídos entre São Paulo
(57,5%), São Bernardo do Campo (31,9%) e Ribeirão Pires (10,6%), apesar deste valor estar
próximo ao estimado (101 pescadores) na década de 1990 por MINTE VERA (1997), a atividade
pesqueira contou com uma redução no número de pescadores profissionais que exerciam suas
atividades no reservatório Billings entre as décadas de 1930 e 1940 (ROCHA, 1984). O possível
decréscimo do número de pessoas ligadas à atividade em relação ao passado pode ser explicado
pela diminuição da produtividade da pesca e conseqüente migração dos pescadores para outras
regiões, em busca de melhores áreas pesqueiras.
Figura 1. Mapa com indicação dos principais pontos de desembarque no reservatório Billings,
SP, no período de janeiro a agosto de 2005 (ponto 1- Saída da balsa 2 (Bororé); 2- Braço da
Barragem; 3- Bico da Limeira (Cati); 4-Braço dos Catetos; 5- Balsa João Basso; 6- Vila dos
Pescadores; 7-Limeira (Cati); 8-Alvarenga; 9- Bar do Bernardino (Colônia); 10- Pedra Branca;
11- Grota do banco; 12- Água Limpa; 13- Grota Bar do Pescador; 14- Braço da Barragem; 15Cabeceira da Barragem; 16- Recanto do Sol e 17- Quintal de casa de pescador –Barragem).
Ao redor de 82,3% dos pescadores estimados (Tabela 1) estavam concentrados nos núcleos
de Barragem (23,9%), Bororé (22,1%), Terceira Balsa (14,2%), Colônia (11,5%) e Ribeirão Pires
(10,6%), entretanto, a maior parte (67,3%) dos que responderam as entrevistas pertenciam apenas
55
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Tabela 1. Núcleos pesqueiros, localização geográfica, pontos de desembarque e número de
pescadores estimados e entrevistados no reservatório Billings durante o período de janeiro a
agosto de 2005.
Núcleos
Pesqueiros
Municípios
Barragem
São Paulo
Bororé
São Paulo
São Bernardo
do Campo
São Paulo
Terceira Balsa
Colônia
Ribeirão Pires
Vila dos
Pescadores
Ribeirão Pires
São Bernardo
do Campo
São Bernardo
Cati/Taquacetuba
do Campo
São Bernardo
Alvarenga
do Campo
São Bernardo
Pedreira
do Campo
Total
Pontos de
desembarque
Braço da Barragem
Cabeceira da Barragem
Casa de pescadora
Saída da segunda balsa
Balsa João Basso
Braço dos Catetos
Bar do Bernardino
Número de pescadores
entrevistados
estimados
14
27
21
25
3
16
4
13
-
12
4
10
5
6
Alvarenga
-
3
Pedreira
1
1
52
113
Balsa João Basso
Vila dos Pescadores
Limeira
Bico de Limeira
aos núcleos de Bororé (40,4%) e Barragem (26,9%). Considerando que o reservatório tem uma área
estimada em 112 km2, a intensidade de pesca observada foi de 1,0 pescador por km2, valor
semelhante ao de 0,9 pescador/km2 encontrado por MINTE-VERA (1997) e próximo àquele foi
obtido para o reservatório de Barra Bonita (1,18 pescador/km2). Entretanto, maior quando
comparados aos de Bariri (0, 71), Ibitinga (0,25), Promissão (0,32), Nova Avanhandava (0,22) e
Três Irmãos (0,21), reservatórios localizados no Médio e Baixo Tietê (MARUYAMA, 2007). O
esforço de pesca é direcionado basicamente para a captura de quatro recursos, dois exóticos e dois
nativos: tilápia-do-Nilo (O. niloticus), carpa (Cyprinus carpio), acará (Geophagus brasiliensis), e
lambari (Astyanax sp.), que juntos somam mais de 80% dos desembarques declarados, grupo de
espécies adaptadas a ambientes eutrofizados. A pesca artesanal ou de pequena escala praticada no
reservatório Billings (Alto Tietê), ao contrário de décadas passadas, está em declínio quanto ao
número de pescadores e ao rendimento pesqueiro. A comunidade pesqueira que vive no seu entorno
é constituída, geralmente, por grupo familiar, de pessoas simples e de baixa renda que se dedica a
esta atividade, na maioria dos casos, de forma complementar, como serviços gerais, caseiros,
comércio (donos de bares e lanchonetes), pedreiro, guias de turismo, piloteiros de barcos, sendo
identificado a presença, ainda, de famílias de pescadores tradicionais na região que trabalham há
mais de trinta anos. Recomenda-se a realização urgente de um estudo integrado (pescador, meio
ambiente e pescado) buscando um melhor subsídio ao ordenamento e manejo da atividade pesqueira
na região da represa Billings de forma mais realista e participativa, envolvendo todos os atores da
pesca e outros usuários do reservatório, incluindo o Comitê de Bacias Hidrográficas do Alto Tietê.
56
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MACEDO, T. 1992 Billings Viva! Secretaria de Educação, Cultura e Esportes. Prefeitura do Município
de São Bernardo do Campo, São Bernardo do Campo, 12p.
MARUYAMA, L.S. 2007 A pesca artesanal no Médio e Baixo Rio Tietê (São Paulo, Brasil):
Aspectos estruturais, sócio-econômicos e de produção pesqueira. São Paulo. 109p. (Dissertação de
Mestrado. Programa de Pós-graduação em Aqüicultura e Pesca, Instituto de Pesca/APTA/SAA-SP).
MINTE-VERA, C.V. 1997 A pesca artesanal no reservatório Billings. (São Paulo). Campinas. 86p.
(Dissertação de Mestrado. Instituto de Biologia, UNICAMP).
PETRERE Jr. M; WALTER, T.; MINTE-VERA, C. V. 2006 Income evaluation - scale fisher in two Basilian
urban reservoirs: Represa Billings (SP) and Lago Paranoá (DF). Braz. J. Biol., 66(3): 817-828.
ROCHA, A. A, 1984. A ecologia e os aspectos sanitários e a saúde pública da Represa Billings. Uma
contribuição a sua recuperação. São Paulo. 166p. (Tese de Livre Docência. Universidade de São Paulo,
Faculdade de Saúde Pública).
57
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL DO ROTÍFERO Brachionus plicatilis
COM A UTILIZAÇÃO DE MICROALGA E PROBIÓTICO NA DIETA
POPULATION GROWTH OF THE ROTIFER Brachionus plicatilis FED ON MICROALGAE AND PROBIOTIC
Joana Angélica Lyra Vogeley de CARVALHO*; Isabela Bacalhau de OLIVEIRA;
Wanessa de Melo COSTA; Roberta Maria Cavalcanti NERY; Roberta Borda SOARES;
Alfredo Olivera GALVEZ; Sílvio Ricardo Maurano PEIXOTO
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco
*Email: [email protected]
Resumo - O objetivo deste estudo foi avaliar o crescimento populacional do rotífero B. plicatilis
com a utilização da microalga Isochrysis galbana e probiótico comercial na dieta. Os
rotíferos foram distribuídos em béqueres de 250 mL, com uma densidade inicial de 10
indivíduos mL-1. Foram testados quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4) com três
repetições, onde: T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos alimentados
com Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico
comercial e T4 = rotíferos alimentados com probiótico comercial. Para avaliar o
crescimento populacional, foram realizadas contagens diárias dos indivíduos de cada
unidade experimental. Os melhores valores de crescimento foram observados nos
tratamentos T2 e T3. Os resultados observados no presente trabalho indicam que os
rotíferos alimentados somente com o probiótico escolhido não apresentaram crescimento
satisfatório para sua produção.
Palavras-chave: rotífero, Brachionus plicatilis, crescimento, probiótico
Abstract - The objective of this study was to assess the population growth of the rotifer B. plicatilis
fed with microalgae Isochrysis galbana and commercial probiotic. The rotifers were
distributed in beakers of 250 mL, with an initial density of 10 organisms ml-1. Four
treatments (T1, T2, T3 and T4) in triplicate were tested, where: T1 = rotifers without
food (Control), T2 = rotifers fed with I. galbana; T3 = rotifers fed with I. galbana +
probiotic and T4 = rotifers fed probiotic. To assess the population growth, daily
countings of individuals of each experimental unit were performed. Rotifers presented
better population growth in the T2 and T3. The results observed in this study indicated
that the rotifers fed on the probiotic tested did not show satisfactory growth for its
production.
Key-words: rotifer, Brachionus plicatilis, growth, probiotic
58
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Na seleção de organismos vivos, para fins de alimentação na larvicultura, são considerados o
tamanho adequado, o valor nutritivo compatível e a facilidade de cultivo em grande escala (Barros
& Valenti, 2003). O rotífero Brachionus plicatilis satisfaz estes requerimentos e tem sido usado
como alimento vivo oferecido a peixes e larvas de camarões (Seixas Filho et al., 2000).
O alimento vivo, quando oferecido para as larvas de animais aquáticos, pode carregar
consigo uma rica comunidade bacteriana que pode ser maléfica ou benéfica ao cultivo. Por outro
lado, a inoculação de microrganismos selecionados (probióticos) nos ambientes de cultivo tem sido
aplicada em muitas fazendas e laboratórios com o objetivo de melhorar a qualidade da água, saúde e
a produção de organismos aquáticos (McIntosh et. al. 2000), especificamente nos sistemas de
produção sem renovação de água, onde a comunidade microbiana é essencial como fonte de
alimento para os organismos cultivados (Wasielesky et al. 2006).
Hirata et al. (1998) sugerem o uso de bactérias probióticas para o cultivo de B. plicatilis
destinados para alimentação na piscicultura. Balcázar et al. (2006) citam cinco mecanismos de
atuação dos probióticos: exclusão competitiva de bactérias patogênicas, fonte de nutrientes,
contribuição enzimática para a digestão, influência sobre a qualidade da água, melhora da resposta
imune e efeitos antivirais.
Diante do exposto, pretendeu-se avaliar o crescimento populacional do rotífero B. plicatilis
com a utilização da microalga Isochrysis galbana e probiótico comercial na dieta.
MATERIAL E MÉTODOS
Os rotíferos Brachionus plicatilis avaliados foram provenientes do Laboratório de Produção
de Alimento Vivo (LAPAVI), do Departamento de Pesca e Aqüicultura da UFRPE. O experimento
teve a duração de 10 dias e foi realizado no Laboratório de Maricultura Sustentável (LAMARSU)
da mesma instituição. Os rotíferos passaram por um período de três horas sem oferta de alimento e,
em seguida, foram filtrados em malhas de 90 e 200 µm e distribuídos em béqueres de 250 mL, com
uma densidade inicial de 10 indivíduos mL-1 e aeração constante.
Foram realizados quatro tratamentos (T1, T2, T3 e T4) e três repetições com delineamento
inteiramente casualizado, onde: T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos
alimentados com Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico
comercial e T4 = rotíferos com probiótico comercial.
Para os tratamentos T2 e T3, a microalga I. galbana foi obtida do banco de cepas do
LAPAVI, rotineiramente mantida utilizando-se o meio Conway (Walne, 1974) e, quando da oferta,
59
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
encontrava-se na fase exponencial de crescimento. Para alimentação foi utilizada uma concentração
de 50 x 104 cel.mL-1, de acordo com Costa et al. (2008).
Nos tratamentos T1 e T4 foram ofertados 0,2g do probiótico comercial (Sanolife® PRO W INVE®) a cada 48h, de acordo com testes preliminares realizados no LAPAVI. Para avaliar o
crescimento populacional do B. plicatilis, foram realizadas contagens diárias dos indivíduos de cada
unidade experimental, em câmara de Sedgewick-Rafter, através de uma amostra fixada em
formalina a 4%.
A taxa de crescimento (r) foi estimada pela equação: r = (lnN1 – lnN0)/t (Omori & Ikeda,
1984), em que N0 = densidade inicial de rotíferos (indivíduos mL-1), N1 = densidade de rotíferos
após o período de cultivo (t) e t = período de cultivo (dias). O tempo de duplicação (d) foi calculado
de acordo com a equação: d = ln2/r.
O pH foi mensurado diariamente com um medidor de pH eletrônico (pH Meter Tec-2,
Tecnal), e as variáveis oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade foram mensuradas a cada 48h
com o auxílio de um analisador multi-parâmetro (YS 55, EUA) e refratômetro (Atago, S10-E).
Os resultados foram tratados estatisticamente através do teste de Kolmogorov-Smirnov para
normalidade, teste de Cochran para homogeneidade e, em seguida, análise de variância - ANOVA.
Quando necessário, os dados foram transformados. Diferenças significativas entre as médias (p <
0,05) foram testadas pelo teste de Duncan.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não foram encontradas (p < 0,05) diferenças significativas na densidade de rotíferos entre
T1 (sem alimento) e T4 (com probiótico) e entre T2 (com microalga) e T3 (microalga e probiótico).
A maior densidade final foi observada no T2 alcançando 312 rotíferos mL-1. De acordo com a
Figura 1, o T3, até o 5º dia, apresentou tendência de crescimento populacional superior àquela onde
houve oferta apenas de microalga (T2). Todavia, no tratamento com a utilização de apenas
probiótico (T4) na dieta houve diferenças significativas quando comparado aos tratamentos T2 e
T3, não apresentando crescimento. As médias de densidade populacional de B. plicatilis ao longo
do experimento estão representadas na Tabela 1.
60
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Tabela 1. Média e desvio padrão da densidade populacional (rotíferos mL-1) de B.
plicatilis nos diferentes tratamentos.
Dieta
T1 - Sem alimentação
T2 - Isochrysis galbana
T3 - Isochrysis galbana + Probiótico
comercial
T4 – Probiótico comercial
Densidade
populacional (rotíferos
mL-1)
3,1 b ± 1,50
136,8 ª ± 108,6
117,6 ª ± 80,2
4,7 b ± 3,8
Letras diferentes nas médias de densidade populacional indicam diferenças significativas.
Taxas de crescimento superiores foram observadas em T2 (microalga) e T3 (microalga e
probiótico). Valores negativos de crescimento foram observados nos tratamentos T1(sem alimento)
e T4 (probiótico) (Tabela 2). Também se observou um conseqüente aumento do tempo de
duplicação nos tratamentos T1 e T4.
Tabela 2. Médias e desvios padrão das taxas de crescimento específico e tempo de
duplicação de B. plicatilis alimentados com diferentes dietas.
Dieta
T1 - Sem alimentação
T2 - Isochrysis galbana
T3 - Isochrysis galbana + Probiótico
comercial
T4 – Probiótico comercial
Taxa de crescimento
específico
-0,167±0,0842
0,424±0,051
Tempo de
duplicação
5,238±3,299
1,652±0,209
0,378±0,069
1,879±0,368
-0,088±0,123
3,857±17,492
De acordo com Dhert et al. (2001), a alimentação e o conseqüente enriquecimento
nutricional de rotíferos se baseiam na administração contínua de compostos nutricionais essenciais
durante o seu cultivo. De acordo com Yamasaki & Hirata (1990), os rotíferos B. plicatilis podem
crescer quando alimentados com microrganismos, tais como leveduras e bactérias. Hirata et al.
(1998) acrescenta que rotíferos podem ser cultivados com bactérias probióticas, a fim de servir
como fonte de alimento para a piscicultura. Porém os resultados observados no presente trabalho
indicam que os rotíferos cultivados somente com adição do probiótico escolhido não apresentam
crescimento satisfatório para sua produção. Contudo, a adição deste probiótico junto com as
microalgas pode ser benéfico para as larvas de peixes que venham a consumi-los, fato que deverá se
apurado em experimento futuro.
61
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
Figura 1. Densidade populacional de B. plicatilis nos diferentes tratamentos durante o período
experimental, onde T1 = rotíferos sem alimentação (Controle); T2 = rotíferos alimentados com
Isochrysis galbana; T3 = rotíferos alimentados com I. galbana + probiótico comercial e T4 =
rotíferos com probiótico comercial.
REFERÊNCIAS
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Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v.3, n.2, p.173-178, 2008.
DHERT, P.; ROMBAUt, G.; SUANTIKA, G.; SORGELOOS, P. Advancement of rotifer culture
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HIRATA, H., MURATA O., YAMADA S., ISHITANI H., WACHI M. Probiotic culture of the
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OMORI, M.; IKEDA, T. Methods in marine zooplankton ecology.Wiley: New York, 332p., 1984.
62
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
SEIXAS FILHO, J.T.; TRIANI, L.; THOMAZ, L.A. et al. Utilização da morfometria na avaliação
de larvas do camarão de água doce Macrobrachium rosenbergii (De Man, 1879) submetidas a
diferentes regimes alimentares. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AQÜICULTURA-Simbraq, 11.,
2000, Florianópolis. Anais... Santa Catarina: SIMBRAq, 2000. p.2-17.
WASIELESKY WJ, H ATWOOD, A STOKES, CL BROWDY. 2006. Effect of natural production
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WALNE, P. Culture of bivalve mollusc, 50 years experience at Conway. Fishing New Books,
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YAMASAKI, S., HIRATA, H. Relationship between food consumption and metabolism of rotifer
Brachionus plicatilis. Nippon Suisan Gakkaishi 56: 591–594, 1990.
63
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
SISTEMATIZAÇÃO DE NOMES VULGARES DE PEIXES COMERCIAIS DO BRASIL:
1. ESPÉCIES DULCIAQÜÍCOLAS
VULGAR NAMES SYSTEMATIZATION OF THE COMMERCIAL FISH FROM BRAZIL:
1. FRESHWATER SPECIES
José Milton Barbosa*; Kelly de Souza Ferraz
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Resumo - O presente trabalho teve por objetivo sugerir a uniformização dos nomes vulgares de
peixes comerciais dulciaqüícolas do Brasil, evitando, desta forma, os erros crassos
comuns cometidos em vários segmentos do setor pesqueiro nacional, com prejuízos para
a fidelidade de dados, especialmente no que se refere à estatística pesqueira.
Palavras-chaves - estatística pesqueira; nomes científicos; nomes vulgares
Abstract - This work had the objctive to suggest the uniformization of the commercial freshwater
fishes’ vulgar manes, so that avoiding the crass and commom mistakes perpetrade by
several segments of the national fishery sector, at a sacrificate for the data, especially
regarding to fishery statistics.
Key-words - fishering estatistic; scientific names; common names
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Von Ihering desde o início do século XX preocupou-se com a questão do vocabulário
zoológico brasileiro, considerado muito pobre, em relação à riqueza de nossa fauna (Ihering,
1938/1968). Este fato ocorre pelo fato de que os cientistas estrangeiros que coligaram material
zoológico em suas estadas no Brasil, raramente se deram ao trabalho de anotar corretamente os
nomes vulgares das espécies, mais tarde por eles nominadas cientificamente.
Segundo Ihering (1938/1968) não foi apenas por prazer de corrigir ou de dizer mal que
temos citado alguns exemplos de definições zoológicas de todo erradas em obras de certo renome.
Atualmente a situação não é diferente, há grande descaso para a nomenclatura zoológica,
especialmente no tocante aos peixes, onde ocorra descuido de estudantes, técnicos e pesquisadores.
Assim, é importante chamar a atenção dos que são responsáveis pela divulgação de dados
técnicos ou científicos e pelo aperfeiçoamento de nossos manuais de língua portuguesa, brasileira.
Ademais, o Brasil é um país de grande extensão e diversidade de espécies muito parecidas
entre si, às vezes pertencentes ao mesmo gênero ou família, o que dificulta sobremaneira a solução
dos erros da aplicação dos nomes vulgares.
O presente trabalho foi realizado a partir de uma demanda surgida em reuniões para
consolidação da estatística pesqueira nacional. Nestas oportunidades identificou-se a necessidade de
rever e atualizar os nomes científicos utilizados e sistematizar os nomes vulgares de forma a
melhorar a qualidade da estatística pesqueira, gerada no Brasil.
Desta forma, este trabalho buscou a geração de uma lista de espécies constantes das tabelas
de produção pesqueira, com os nomes locais e os nomes sugerido, uniformizado para uso em todo
Brasil, e os correspondentes científicos. Esta lista poderá ser utilizada na compilação de dados
estatísticos e outros trabalhos que necessitem da utilização de nomes vulgares, fora da esfera
regional.
METODOLOGIA
LEVANTAMENTO DOS DADOS
Foram levantados os nomes vulgares constantes das Tabelas constantes da Estatística da
Pesca - Brasil (2001; 2002; 2003). A sistematização foi realizada verificando o nome comum mais
representativo e sugerindo-os como nome Nacional. Os demais nomes locais, de menor
importância, listados como sinônimos. Sempre procurando utilizar nome e sobrenome para grupos
mais complexos (Ex: mandi-chorão, lambari-do-rabo-amarelo; pacu-caranha, etc).
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
VERIFICAÇÃO DA VALIDADE
A validade de todos os termos científicos foi verificada, e os nomes corrigidos, de acordo
com os trabalhos mais recentes e aceitos: Reis et al., 2003; Eschmeyer, 2005 e Froese & Pauly,
2005; Zoological Records - disponível on-line (http://www.biosis.org/products/zr/); All (in this
database) Fish list (Scientific names). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/
life/warp/ fish-list.html#pisces).
VISITAS TÉCNICAS
Foram realizadas visitas técnicas aos estados onde se detectaram maiores dificuldades com
os nomes vulgares: excesso de nomes muito peculiares (endêmicos) e carência de correlação de
nomes vulgares com científicos. Os estados visitados foram: Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e
Espírito Santo, onde foram contactados técnicos do IBAMA e pesquisadores, para esclarecimentos
sobre as dúvidas existentes e realizadas identificações in loco.
COMENTÁRIOS
É preciso ter muito cuidado como a os nomes vulgares e especialmente com a prática
comum que induz ao erro, inclusive entre alguns pesquisadores: a partir do nome vulgar buscar o
nome científico na literatura. Um exemplo disto é o que ocorre no Piauí, onde o nome “matrinchã
ou matrinxã” é aplicado a um peixe de couro do gênero Ageneiosus, no resto do país, chamado
mandubé. O nome matrinchã é aplicado em todo Brasil para espécies do gênero Brycon. O nome
mandubé no Piauí é aplicado a Hemisorubim plathyrhinchus, que é a jurupoca noutros estados do
Brasil.
Outro problema é o uso de nomes relacionados com a aparência do animal, neste caso o
nome nada tem haver com a sistemática do animal, como alguns imaginam. Por exemplo, o nome
“branquinha” é usado para peixes de cor branca. Por exemplo: espécie da família Curimatidae e
espécies do gêneros Hemiodus. O nome charuto, usado para diversas espécies de peixes roliços e
compridos, como espécies dos gêneros Characidium e Leporellus ou pequenas tainhas na Bahia.
Alguns nomes são tão amplos que podem determinar diversas espécies, como por exemplo:
piaba, bagre, cascudo, mandi, acará, cação, piau, etc. Esses nomes carecem de sobrenomes para
melhor expressar, ou pelo menos aproximar, as espécies.
Outros nomes são gerais para o mesmo grupo, como por exemplo, cascudo, bodó e acari,
nomes que servem para diversas espécies da Família Loricaridae.
66
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
É bom lembrar que grande parte dos vulgares de nossos peixes é de origem Tupi1, o que
sugere a ocorrência de dialetos por outros povos não indígenas, pouco conhecedores da língua.
Alguns grupos de espécies têm nomes comuns distribuídos por região, todos com origem
comum. Exemplo os Tetragonopteríneos: piaba no Nordeste, nome originado do tupi “pi’aua”,
matupiri na Amazônia, do tupi “matupi’ri e lambari no Sul e Sudeste, do tupi “araue’ ri”.
O termo “mistura” é utilizado para diversas espécies de peixes pequenos. Enquanto “caico é
usado para peixes pequenos salgados, no Nordeste. Segundo Pereira (1976) no Sul usa-se a
expressão “mulato-velho”, para este fim.
ALGUMAS SUGESTÕES
Alguns procedimentos podem minorar a difícil missão de aplicar um nome vulgar correto a
uma espécie, dentre eles podemos destacar:
a) Sempre que possível deve-se usar nomes compostos, este procedimento poder evitar erros
grosseiros e ajudar a separar as espécies. Como por exemplo, no caso do nome “cambeva ou
cambeba” é usado para alguns bagres de água doce e marinha e para espécies do gênero Sphyrna. O
uso de nomes compostos: bagre-cabeva e cação-cambeva, reduzindo a chance de erro pelo usuário,
pois os nomes “bagre” e “cação” por si só já remetem o interlocutor ao grupo de espécies a que se
referem.
O uso de nomes comuns a outros animais, objetos ou ações, também deve ser compostos
para evitar confusões. Por exemplo: gato, cadela, cachorro, graviola, arqueiro, etc. É melhor usar:
peixe-gato, peixe-cadela, peixe-cachorro, mandi-graviola, peixe-arqueiro.
A seguir apresenta-se uma lista de nomes de peixes de água doce, com sugestões de nome
nacionais (nome sugerido), na esperança de minorar boa parte dos problemas que ocorrem no dia-adia dos que lidam no setor pesqueiro. Certamente, não se terá uma solução para o problema de
nosso vocabulário zoológico, mas pelo menos pode-se lançar um alerta, para a necessidade de que
as pessoas possam se interessar pelo acerto dos nomes vulgares de nossos peixes, tornando nossos
dados mais fidedignos e facilitando o diálogo entre a academia e o público.
1
O “tupi” é uma língua indígena extinta, originária do povo tupinambá, que teve sua gramática estudada pelos jesuítas,
e que deu origem a dois dialetos, hoje considerados línguas independentes: a língua geral paulista, e o nheengatu (língua
geral amazônica).
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LISTA DE ESPÉCIES DULCIAQÜÍCOLAS COMERCIAIS
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
A
A letra “A” aparece muitas vezes à frente de nomes vulgares, duplicando-os. Exemplo: cari, acari; cará, acará;
botoado, abotoado; raia, arraia e voador, avoador.
Abotoado – Ver ARMADO
ACARÁ - Nome de várias espécies da Família Cichlidae (Usar sobrenome)
Acará-açu - Ver APAIARI
ACARÁ-COMUM
Geophagus spp.; Cichlasoma spp.
Cichlidae
Acará
Acará-papa-terra - Ver ACARATINGA
ACARÁ-PITANGA
Cichlidae
Geophagus surinamensis
-
Acará-rói-rói - Ver ACARATINGA
ACARATINGA
Geophagus proximus
Cichlidae
Acará-papa-terra; Acará-rói-rói
ACARI (1)
Loricaria spp.
Loricariidae Usar Sobrenome
Hypostomus spp.;
Pterygoplichthys spp.
Loricariidae
Acari (2) - Ver CASCUDO
ACARI-BODÓ
Bodó; Cascudo
Acari-chicote - Ver ACARI-VIOLA
ACARI-VIOLA
Loricariichthys spp.
Loricariidae
Acari-chicote; Cari; Viola (RS)
APAIARI
Astronotus ocellatus
Cichlidae
Acará-açu
APAPÁ
Pellona spp.
Pristigasteridae
Sarda (PA); Sardinhão (MA;
PI)
ARACU
Schizodon spp.
Anostomidae
Campineiro (SP); Chimboré
(Sudeste/Sul)
ARENQUE
Lycengraulis spp.
Engraulidae
-
ARMADO
Pterodoras granulosus
Doradidae
Abotoado (MT; MS)
ARRAIA
Potamotrygon spp.
Potamotrygonidae
RAIA
ARUANÃ
Osteoglossum bicirrhosum;
O. ferrerai
Osteoglossidae
-
Aragu - Ver SAGUIRU
Avoador - Ver PEIXE-VOADOR
B
BACU
Doradidae
Platydoras costatus
Graviola (MA; PI)
BAGRE - Nome utilizado para espécies da família Pimelodidae (Usar sobrenome)
BAGRE-AFRICANO
Clarias spp.
Clariidae
BAGRE-AMARELO - Ver Mandi-amarelo
68
-
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
BAGRE-AMERICANO
Ictalurus punctatus
Ictaluridae
-
BAGRE-MANDI
Pimelodus spp.
Pimelodidae
Mandi
BAGRE-SAPO
Pariolius sp.
Heptapteridae
-
Barba-chata - Ver PIRANAMBU
BARBADO - Ver Piranambu
BARBUDO - Ver Piranambu
Beiru ou Biru - Ver SAGUIRU
Bico-de-pato -Ver SURUBIM-LIMA
Bocudo - Ver MANDUBÉ
Bodeco - Ver PIRARUCU
Bodó - Ver CASCUDO
Botoado - Ver ARMADO
BRANQUINHA (1)
Anodus spp.
Curimatidae
Charuto (PA); Cubiu (AM)
Branquinha (2) - Ver SAGUIRU
C
Caboge ou Caboja - Ver TAMBOATÁ
Cachara - Ver SURUBIM-CACHARA
Cachorra - Ver PEIXE-CACHORRA
Cachorro (1) - Ver PEIXE-CACHORRO
Cachorro (2) - Ver PEIXE-CACHORRA
CAICO - Peixes de pequeno porte salgado-seco, no Nordeste.
Campineiro - Ver ARACU
CANGATI
Auchenipteridae
Trachelyopterus galeatus
Morrudo
Cará - Ver ACARÁ
Caranha - Ver PACU-CARANHA
Cari - Ver ACARI
Carpa - Ver CARPA-COMUM
CARPA-COMUM
Cyprinus carpio
Cyprinidae
Carpa
CASCUDO
Hypostomus spp.
Loricariidae
Acari (1) (PE); Acari-bodó
BA; ES; RJ; SP); Bodó (CE;
MA; PI)
CASCUDO-ABACAXI
Megalancistrus parananus
Loricariidae
-
CASCUDO-CHINELO
Loricaria spp.
Loricariidae
-
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
CASCUDO-PRETO
Rhinelepis aspera
Loricariidae
-
CHARUTO (1)
Leporellus spp.
Anostomidae
Solteira (PR; SP)
Charuto (2) - BRANQUINHA (1)
Chimboré - Ver ARACU
Corró - Ver PIAU
CORVINA OU CURVINA (1)
Pachyurus spp.
Sciaenidae
-
Corvina ou Curvina (2) - Ver PESCADA-DO-PIAUÍ
Cubiu - Ver BRANQUINHA (1)
CUIÚ-CUIÚ
Oxydoras niger
Doradidae
Cujuba (MA)
Cujuba - Ver CUIÚ-CUIÚ
CURIMATÃ
Prochilodus spp.
Prochilodontidae
Curimba (MT; PR; SP)
Curimbatá (Sudeste);
Grumatã (MG; RS; SC)
CURIMATÃ-PACU
Prochilodus argenteus
Prochilodontidae
Xira
Curimba - Ver CURIMATÃ
Curimbatá - Ver CURIMATÃ
D
DOURADA
Brachyplatystoma
rousseauxii
Pimelodidae
-
DOURADO
Salminus brasiliensis
Characidae
-
DOURADO-CACHORRO
Raphiodon vulpinus
Characidae
-
Pimelodidae
Piraíba
F
FILHOTE
Brachyplatystoma filamentosum
Fidalgo - Ver MANDUBÉ (1)
Flecheiro - Ver PEIXE-VOADOR
G
Graviola - Ver BACU
Grumatã - Ver CURIMATÃ
I
Ituí - Ver TUVIRA
J
JACUNDÁ
Crenicichla spp.
Cichlidae
Joaninha
JARAQUI
Semaprochilodus spp.
Prochilodontidae
-
JATUARANA
Argonectes spp.;
Hemiodus spp.
Hemiodontidae
-
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
JAU
Zungaro zungaro
Pimelodidae
Pacamon (AM); Zungaro
(RS; SC)
JEJU
Hoplerythrinus unitaeniatus
Erytrhynidae
-
JUNDIÁ
Rhamdia spp.
Heptapteridae
-
JURUPOCA
Hemisorubim platyrhynchus
Pimelodidae
Mandubé (2) (PI)
Astyanax spp.
Characidae
Catathiridium jenynsii
Soleidae
Joaninha - Ver JACUNDÁ
L
LAMBARI
PIABA (Nordeste),
MATUPIRI (Norte)
Leiteiro - Ver MANDUBÉ
LINGUADO
-
Lírio - Ver MANDUBÉ
Lobó - Ver TRAÍRA
Luz-baixa - Ver SURUMANHA
M
MANDI - Espécies das famílias Pimelodidae e Heptapteridae
MANDI-AMARELO
Pimelodus maculatus
Pimelodidae
Bagre-amarelo
MANDUBÉ (1)
Ageneiosus spp.
Auchenipteridae
Bocudo (SC); Fidalgo (PI);
Matrinchã (2) (PI); Leiteiro;
Lírio (MA)
Mandubé (2) - Ver JURUPOCA
MAPARÁ
Hypophthalmus spp.
Pimelodidae
Perna-de-moça (PR);
Jurupesén (MS)
MATRINCHÃ (1)
Brycon spp.
Characidae
Piabanha; Piracanjuba (2);
Piraputanga
MISTURA - Nome de peixes de pequeno porte de diversas espécies
Matrinchã (2) - Ver MANDUBÉ (1)
MATUPIRI - Ver LAMBARI
Morenita - Ver SARAPÓ
Morrudo - Ver CANGATI
MUÇUM
Synbranchus marmoratus
Synbranchidae
-
Lophiosilurus alexandri
Pseudopimelodidae
-
P
PACAMÃO
Pacamon - Ver JAU
PACU (1) - Espécies dos gêneros Metynnis; Myleus; Myloplus; Mylossoma (Usar sobrenome)
Pacu (2) - Ver PACU-CARANHA
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NOME SUGERIDO
PACU-CARANHA
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Piaractus mesopotamicus
Characidae
Caranha; Pacu (2)
PATI
Luciopimelodus pati
Pimelodidae
-
PEIXE-CACHORRA
Hydrolycus scomberoides
Cynodontidae
Cachorra (RO; TO); Peixecachorro (2) (AM)
PEIXE-CACHORRO (1)
Acestrorhynchus spp.
Acestrorhynchidae
Cachorro; Urubarana (MA)
Rhamphicthyidae
Peixe-tatu
Atherinidae
-
Palomenta - Ver PIRANHA
Peixe-cachorro (2) - Ver PEIXE-CACHORRA
Peixe-cigarra - Ver SAICANGA
PEIXE-ESPADA
Rhamphicthys rostratus
Peixe-gato -Ver SURUMANHA
PEIXE-REI
Odontesthes bonariensis
Peixe-tatu - Ver PEIXE-ESPADA
PEIXE-VOADOR
Hemiodus spp.
Hemiodontidae
Avoador (PA); Flecheiro
(MA; PI)
Perna-de-moça - Ver MAPARÁ
PESCADA - Espécies do Gênero Plagioscion (usar sobrenome)
PESCADA-BRANCA (1)
Plagioscion spp.
Sciaenidae
-
Pescada-branca (2) - Ver PESCADA-DO-PIAUÍ
PESCADA-DO-PIAUÍ
Plagioscion squamosissimus
Sciaenidae
Corvina (2) (MA; Sudeste);
Pescada; Pescada-branca (2)
PIABA – O mesmo que LAMBARI
Piabanha - Ver MATRINCHÃ (1)
PIAPARA
Leporinus elongatus
Anostomidae
-
Anostomidae
Piavuçu (MS)
PIAU - Espécies do gênero Leporinus (Usar sobrenome)
PIAUÇU
Leporinus macrocephalus
Piava - Ver PIAU
Piavuçu - Ver PIAUÇU
PILOMBETA
Engraulidae
Anchoviella vaillanti
Manjuba
Pintado - Ver SURUBIM-PINTADO
PIRÁ
Conorynchus conirostris
Pimelodidae
Piracanjuba (1)
Brycon orbignyanus
Characidae
-
Piracanjuba (2) – Ver MATRINXÃ (1)
Piraíba - Ver FILHOTE
PIRAMUTABA
Brachyplatystoma vaillantii Pimelodidae
-
PIRAMBEBA
Serrasalmus spp.
Piranha (PR; SP)
Characidae
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
PIRANAMBU
Pinirampus pirinampu
Pimelodidae
Barbado (AM; MS: MT;
PR) Barbudo; Barba-chata
(AM; RR)
PIRANHA
Pygocentrus spp.
Characidae
Palomenta
PIRAPITINGA
Piaractus brachypomus
Characidae
-
PIRAPITINGA-DO-SUL
Brycon spp.
Characidae
-
Piraputanga - Ver MATRINXÃ (1)
PIRARARA
Phractocephalus hemiliopterus
PIRARUCU
Arapaima gigas
Pimelodidae
-
Arapaimidae
Bodeco (AM) (Exemplares
de pequeno porte)
R
RAIA - O mesmo que ARRAIA
Ruelo - Ver TAMBAQUI
S
SAGUIRU
Várias espécies
Curimatidae
Aragu (BA); Beiru ou Biru
(NE); Branquinha (2) (AM;
PA; MA; PI);
SAICANGA
Galeocharax knerii
Characidae
Peixe-cigarra (MG; SP)
SARAPÓ
Gymnotus carapo
Gymnotidae
Morenita (Sul), Tuvira (2)
(PR; SP)
Triportheus spp.
Characidae
-
Sarda - Ver Apapá
SARDINHA
Sardinhão - Ver APAPÁ
Solteira - Ver CHARUTO (1)
Surubim (1) - Ver SURUBIM-CACHARA
Surubim (2) - Ver SURUBIM-PINTADO
SURUBIM-CACHARA
Pseudoplatystoma fasciatum
Pimelodidae
Cachara (MS; MT);
Surubim (1)
SURUBIM-LIMA
Sorubim lima
Pimelodidae
Bico-de-pato (AM; PA; PI);
Jurupesén (MS; MT; SP);
Tubajara (MA)
SURUBIM-PINTADO
Pseudoplatystoma curuscans
Pimelodidae
Pintado; Surubim (2) (MG)
SURUMANHA
Auchenipterus nuchalis
Auchenipteridae
Peixe-gato (MA; PI); Luzbaixa (Norte)
TABARANA
Salminus hilarii
Characidae
Tubarana (GO)
TAMBACU OU
TAMBICU
Híbrido (Tambaqui X Pacu)
Characidae
-
T
73
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
Characidae
SINÔNIMOS
TAMBAQUI
Colossoma macropomum
TAMBATINGA
Híbrido (Tambaqui X Pirapitinga) Characidae
-
TAMBOATÁ
Hoplosternum spp.
Caboge ou Caboja
Callichthyidae
Ruelo (AM) (Exemplares
de pequeno porte)
TILÁPIA - Espécies da Família Cichlidae (Usar sobrenome)
TILÁPIA-DO-NILO
Oreochromis niloticus
Cichlidae
Tilápia
TILÁPIA-RENDALI
Tilapia rendalli
Cichlidae
Tilápia
TILÁPIA-VERMELHA
Oreochromis sp.
Cichlidae
Tilápia
TRAÍRA
Hoplias malabaricus
Erythrinidae
Lobó
TRUTA
Onchorhynchus mykiss
Salmonidae
-
Cichlidae
-
Sternopygus macrurus
Sternopygidae
Ituí
Anodus elongatus
Curimatidae
-
Tubajara - Ver SURUBIM-LIMA
Tubarana - Ver TABARANA
TUCUNARÉ
Cichla spp.
TUVIRA (1)
Tuvira (2) - Ver SARAPÓ
U
UBARANA
Urubarana - Ver PEIXE-CACHORRO
V
Viola - Ver ACARI-VIOLA
X
Xira - Ver CURIMATÃ-PACU
Z
Zungaro - Ver JAU
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANTÃO DE CARVALHO, V., 1957. Nomes vulgares de peixes brasileiros com seus
correspondeste em sistemática, Ministério da Agricultura, Rio de Janeiro.
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74
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
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Sardines, Pilchards, Sprats, Shads, Anchovies and Wolf-herrings: Part 1 - Clupeidae. FAO Fisheries
Synopsis, Rome.
WHITEHEAD, P J. P., GARETH J. NELSON, & T. WONGRATANA. 1988. Clupeoid Fishes of
the World (Suborder Clupeoidei): An Annotated and Illustrated Catalogue of the Herrings,
Sardines, Pilchards, Sprats, Shads, Anchovies and Wolf-herrings: Part 2 - Engraulididae. FAO
Fisheries Synopsis. Rome.
75
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
SISTEMATIZAÇÃO DE NOMES VULGARES DE PEIXES COMERCIAIS DO BRASIL:
2. ESPÉCIES MARINHAS
VULGAR NAMES SYSTEMATIZATION OF THE COMMERCIAL FISH FROM BRAZIL:
2. MARINE SPECIES
José Milton Barbosa*; Chirleide Marcelino do Nascimento
Departamento de Pesca e Aqüicultura, Universidade Federal Rural de Pernambuco
*E-mail: [email protected]
Resumo - O presente trabalho teve por objetivo sugerir a uniformização dos nomes vulgares de
peixes comerciais marinhos do Brasil, evitando, desta forma, os erros crassos comuns
cometidos em vários segmentos do setor pesqueiro nacional, com prejuízos para a
fidelidade de dados, especialmente no que se refere à estatística pesqueira.
Palavras-chaves - estatística pesqueira; nomes científicos; nomes vulgares
Abstract - This work had the objctive to suggest the uniformization of the commercial marine
fishes’ vulgar manes, so that avoiding the crass and commom mistakes perpetrade by
several segments of the national fishery sector, at a sacrificate for the data, especially
regarding to fishery statistics.
Key-words - fishering estatistic; scientific names; common names
76
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
Von Ihering desde o início do século XX preocupou-se com a questão do vocabulário
zoológico brasileiro, considerado muito pobre, em relação à riqueza de nossa fauna (Ihering,
1938/1968). Este fato ocorre pelo fato de que os cientistas estrangeiros que coligaram material
zoológico em suas estadas no Brasil, raramente se deram ao trabalho de anotar corretamente os
nomes vulgares das espécies, mais tarde por eles nominadas cientificamente.
Segundo Ihering (1938/1968) não foi apenas por prazer de corrigir ou de dizer mal que
temos citado alguns exemplos de definições zoológicas de todo erradas em obras de certo renome.
Atualmente a situação não é diferente, há grande descaso para a nomenclatura zoológica,
especialmente no tocante aos peixes, onde ocorre descuido de estudantes, técnicos e pesquisadores.
Assim, é importante chamar a atenção dos que são responsáveis pela divulgação de dados
técnicos ou científicos e pelo aperfeiçoamento de nossos manuais de língua portuguesa, brasileira.
Ademais, o Brasil é um país de grande extensão e diversidade de espécies muito parecidas
entre si, às vezes pertencentes ao mesmo gênero ou família. No caso das espécies marinhas
agravado pela entrada de nomes vulgares de outros países, especialmente de língua espanhola.
O presente trabalho foi realizado a partir de uma demanda surgida em reuniões para
consolidação da estatística pesqueira nacional. Nestas oportunidades identificou-se a necessidade de
rever e atualizar os nomes científicos utilizados e sistematizar os nomes vulgares de forma a
melhorar a qualidade da estatística pesqueira, gerada no Brasil.
Desta forma, este trabalho buscou a geração de uma lista de espécies constantes das tabelas
de produção pesqueira, com os nomes locais e os nomes sugerido, uniformizado para uso em todo
Brasil, e os correspondentes científicos. Esta lista poderá ser utilizada na compilação de dados
estatísticos e outros trabalhos que necessitem da utilização de nomes vulgares, fora da esfera
regional.
METODOLOGIA
LEVANTAMENTO DOS DADOS
Foram levantados os nomes vulgares constantes das tabelas constantes da Estatística da
Pesca - Brasil (2001; 2002; 2003). A sistematização foi realizada verificando o nome comum mais
representativo e sugerindo-os como nome Nacional. Os demais nomes locais, de menor
importância, listados como sinônimos. Sempre procurando utilizar nome e sobrenome para grupos
mais complexos (Ex: mandi-chorão, lambari-do-rabo-amarelo; pacu-caranha, etc).
77
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
VERIFICAÇÃO DA VALIDADE
A validade de todos os termos científicos foi verificada, e os nomes corrigidos, de acordo
com os trabalhos mais recentes e aceitos: Reis et al., 2003; Eschmeyer, 2005 e Froese & Pauly,
2005; Zoological Records - disponível on-line (http://www.biosis.org/products/zr/); All (in this
database) Fish list (Scientific names). Disponível on-line (http://www.funet.fi/pub/sci/bio/
life/warp/ fish-list.html#pisces).
VISITAS TÉCNICAS
Foram realizadas visitas técnicas aos estados onde se detectaram maiores dificuldades com
os nomes vulgares: excesso de nomes muito peculiares (endêmicos) e carência de correlação de
nomes vulgares com científicos. Os estados visitados foram: Maranhão, Pará, Rio de Janeiro e
Espírito Santo, onde foram contactados técnicos do IBAMA e pesquisadores, para esclarecimentos
sobre as dúvidas existentes e realizadas identificações in loco.
COMENTÁRIOS
É preciso ter muito cuidado como a os nomes vulgares e especialmente com a prática
comum que induz ao erro, inclusive entre alguns pesquisadores: a partir do nome vulgar buscar o
nome científico na literatura. Muitos exemplos podem ser citados, mas destacaremos os nomes
aplicados às espécies do gênero Mugil, onde se utiliza o termo “curimã”, no Nordeste, para a
espécie chamada “tainha” no Sul e Sudeste, enquanto nestas regiões usa-se o termo “parati” para
espécies que nominamos “tainha”.
Outro problema é o uso de nomes relacionados com a aparência do animal, neste caso o
nome nada tem haver com a sistemática do animal, como alguns imaginam. Por exemplo, o nome
pescada-branca é usado para cienídeos de cor branca, nem sempre se referindo a mesma espécie.
Alguns nomes podem se referir à espécies totalmente distintas como o nome “cambeva ou
cambeba” aplicado a bagres e cações do gênero Sphyrna.
Alguns nomes são tão amplos que podem determinar diversas espécies, como por exemplo:
sardinha (usado para clupeídeos marinhos e para characideos de água doce), manjuba, bagre,
pipitinga ou piquitinga (nome usado para o clupeídeo Lile piquitinga e para pequenos camarões).
Alguns nomes descrevem grandes grupos, não sendo próprio de uma única espécie:
sardinha, manjuba, bagre, cação, pescada, xáreu, est. Neste casdo torna-se imprescindível o uso de
sobrenomes. Ex. sardinha mimosa, cação-fidalgo, bagre-urutinga, xáreu-preto, etc.
78
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
ALGUMAS SUGESTÕES
Alguns procedimentos podem minorar a difícil missão de aplicar um nome vulgar correto a
uma espécie, dentre eles podemos destacar:
a) Sempre que possível deve-se usar nomes compostos, este procedimento poder evitar erros
grosseiros e ajudar a separar as espécies. Como por exemplo, no caso do nome “cambeva ou
cambeba” é usado para alguns bagres de água doce e marinha e para espécies do gênero Sphyrna. O
uso de nomes compostos: bagre-cabeva e cação-cambeva, reduzindo a possibilidade de erro pelo
usuário, pois os nomes “bagre” e “cação” por si só já remetem o interlocutor ao grupo de espécies a
que se referem.
O uso de nomes comuns a outros animais, objetos ou ações, também deve ser compostos
para evitar confusões. Por exemplo: galo, voador, perna-de-moça, pescador, etc. É melhor usar:
peixe-galo, peixe-voador, pescada-perna-de-moça, peixe-pescador.
A seguir apresenta-se uma lista de nomes de peixes de água doce, com sugestões de nome
nacionais (nome sugerido), na esperança de minorar boa parte dos problemas que ocorrem no dia-adia dos que lidam no setor pesqueiro. Certamente, não se terá uma solução para o problema de
nosso vocabulário zoológico, mas pelo menos pode-se lançar um alerta, para a necessidade de que
as pessoas possam se interessar pelo acerto dos nomes vulgares de nossos peixes, tornando nossos
dados mais fidedignos e facilitando o diálogo entre a academia e o público.
79
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
LISTA DE ESPÉCIES MARINHAS COMERCIAIS BRASIL
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
A
ABRÓTEA
Urophycis spp.
Gadidae
Brota ou Brótea
AGULHA - Nome utilizado para espécies das famílias: Belonidae (Ver Peixe-agulha) e Hemirhamphidae (Ver
Agulhinha)
AGULHÃO - Nome utilizado para espécies das famílias: Belonidae (Ver Peixe-agulha), Istiophoridae (Ver
Agulhão) e Xiphiidae (Ver Espadarte)
Agulhão-bandeira - Ver AGULHÃO-VELA
AGULHÃO-BRANCO
Tetrapturus albidus
Istiophoridae
Agulhão-prata; Marlimbranco
AGULHÃO-NEGRO
Makaira nigricans
Istiophoridae
Agulhão-preto
Istiophoridae
Agulhão-bandeira
Agulhão-preto - Ver AGULHÃO-NEGRO
AGULHÃO-VELA
Istiophorus albicans
Agulhão-prata - Ver AGULHÃO-BRANCO
AGULHINHA - Espécies das famílias: Hemirhamphidae (Usar sobrenome)
AGULHINHA-BRANCA
Hyporhamphus spp.
Hemirhamphidae
Agulha-branca
Hemiramphus spp.
AGULHINHA-PRETA
Hemirhamphidae
ALBACORA - Nome utilizado para espécies do Gênero Thunnus (Usar sobrenome)
Agulha-preta
ALBACORA-BANDOLIM
Thunnus obesus
Scombridae
Atum-cachorra
ALBACORA-BRANCA
Thunnus alalunga
Scombridae
Atum-voador
ALBACORA-LAJE
Thunnus albacares
Scombridae
Atum-galha-amarela
ALBACORINHA
Thunnus atlanticus
Scombridae
Binta
Anequim - Ver CAÇÃO-ANEQUIM
Anjo - Ver CAÇÃO-ANJO
ARABAIANA - Espécies do gênero Seriola (Nordeste); Olhete e Olho-de-boi (Sul/Sudeste); Elagatis
bipinnulata (CE; MA; PI) - Ver Arabaiana-rei).
Seriola fasciata
ARABAIANA-PINTADA (1)
Carangidae
Arabaiana
Arabaiana-pintada (2) - VER OLHO-DE-BOI
ARABAIANA-REI
Elagatis bipinnulata
Carangidae
Arabaiana (CE; MA; PI);
Peixe-rei (2) (PE)
ARACIMBORA OU
ARAXIMBORA
Caranx latus
Carangidae
Guaracimbora (NE);
Xarelete (Sul/Sudeste)
ARENQUE
Lycengraulis spp.
Engraulidae
-
ARIACÓ
Lutjanus synagris
Lutjanidae
-
ARRAIA - Nome utilizado para várias espécies das famílias: Rajidae, Myliobatidae, Gymnuridae, Narcinidae e
Dasyatidae (usar sobrenome)
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Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
ARRAIA-VIOLA
Rhinobatos spp.
Thunnus thynnus
ATUM (1)
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Rhinobatidae
Cação-viola; Viola,
Scombridae
Atum
Atum (2) - Ver ALBACORA E BONITO (Este termo deve utilizado apenas para Thunnus thynnus)
Atum-cachorra - Ver ALBACORA-BANDOLIM
Atum-galha-amarela - Ver ALBACORA-LAJE
Atum-voador - Ver ALBACORA-BRANCA
B
BADEJO
Mycteroperca spp.
Serranidae
-
BAGRE - Espécies da família Ariidae (usar sobrenome)
BAGRE-BANDEIRA
Bagre spp.
Ariidae
Bagre-fita (NE); Bandeirado
(PA: AP; MA)
BAGRE-CAMBEBA
Arius grandicassis
Aspistor quadriscutis
Ariidae
Cambéu (MA) Cambeua
Ariidae
Cangatã ou cangatá
BAGRE-CANGATÃ
Bagre-fita - Ver BAGRE-BANDEIRA
BAGRE-GURIJUBA
Hexanematichthys parkeri
Ariidae
Gurijuba
BAGRE-JURUPIRANGA
Arius rugispinis
Ariidae
Jurupiranga
BAGRE-URICICA
Hexanematichthys bonillai
Arius proops
Ariidae
Uriacica (MA); Uricica (PA)
Ariidae
Uritinga ou Urutinga
BAGRE-URUTINGA
BAIACU - Espécies da Ordem Tetraodontiformes (Usar sobrenome)
BAIACU-ARARA
Lagocephalus laevigatus
Tetraodontidae
Baiacu
Baiacu-guara - Ver BAIACU-ARARA
Bandeirado - Ver BAGRE-BANDEIRA
Barracuda - Ver BICUDA
BATATA-DE-PEDRA
Caulolatilus chrysops
Malacanthidae
Batata-de-pedra
BATATA-DO-ALTO
Lopholatilus villarii
Malacanthidae
Batata-do-alto
BEIJUPIRÁ OU BIJUPIRÁ
Rachycentron canadum
Rachycentridae
Cação-de-escama
BETARA
Menticirrhus spp.
Sciaenidae
Judeu; Papa-terra
BICUDA
Sphyraena spp.
Sphyraenidae
Barracuda
Baúna - Ver DENTÃO
Binta - Ver ALBACORINHA
BIQUARA
Haemulon spp.
Haemulidae
Boca-mole - Ver GOETE
Boca-torta (1) - Ver MANJUBA-BOCA-TORTA
Boca-torta: (2) - Ver OVEVA
81
-
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
BONITO - Espécies da Família Scombridae (Usar sobrenome)
BONITO-CACHORRO
Auxis thazard
Scombridae
Bonito
BONITO-LISTRADO
Katsuwonus pelamis
Scombridae
Gaiado (Sul/Sudeste)
BONITO-PINTADO
Euthynnus alletteratus
Scombridae
Bonito (Nordeste)
Scaridae
Budião
Brota ou Brótea - Ver ABRÓTEA
BUDIÃO
Sparisoma spp.
C
Cabeçudo - Ver CANGOÁ
Cabra - Ver PEIXE-CABRA
Cabrinha - Ver PEIXE-CABRA
CAÇÃO - Espécies das famílias Lamnidae, Carcharhinidae, Triakidae; Odontaspididae, Sphyrnidae, Alopiidae,
Hexanchidae e Squalidae (Usar sobrenome).
Obs: Não há um limite claro entre o nome cação e tubarão.
CAÇÃO-ANEQUIM
Isurus oxyrhynchus
Lamnidae
Anequim, Mako
CAÇÃO-ANJO
Squatina spp.
Squatinidae
Anjo
CAÇÃO-AZUL
Prionace glauca
Carcharhinidae
-
CAÇÃO-BAIA
Hexanchus griseus
Hexanchidae
-
Cação-cambeva - Ver CAÇÃO-MARTELO
CAÇÃO-MANGONA
Carcharias taurus
Odontaspididae
CAÇÃO-MARTELO
Sphyrna spp.
Sphyrnidae
Cação-cambeva, Panã
(Nordeste)
Cação-de-escama - Ver BEIJUPIRÁ
Cação-viola – Ver ArrAIA-VIOLA
Cambeua ou Cambéu - Ver BAGRE-CAMBEBA
CAICO - Peixes de pequeno porte salgados/seco
CAMBUBA
Haemulon flavolineatum
Haemulidae
-
Camorim ou Camurim - Ver ROBALO
CAMURUPIM
Megalopidae
Tarpon atlanticus
Cangatã ou Cangatá - Ver BAGRE-CANGATÃ
CANGOÁ OU CANGUÁ
Stellifer spp.
Pema; Pirapema (AP;
PA)
Sciaenidae
Cabeçudo (MA; PI)
Balistidae
Peroá (ES); Peixe-porco
(Sul/Sudeste)
Canguira - Ver PAMPO
Canguiro - Ver GORDINHO
CANGULO
Balistes spp.
82
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Caranha ou Caranho - Ver VERMELHO-CARANHA
Carapau - Ver GARAJUBA
CARAPEBA
Diapterus spp.
Gerreidae
-
CARAPEBA-LISTRADA
Eugerres brasilianus
Gerreidae
-
CARAPICU
Eucinostomus spp.
CARAPITANGA
Lutjanus spp.
Lutjanidae
Umbrina canosai
Sciaenidae
Scomberomorus cavalla
Scombridae
Cavala-branca
Cavala-aipim
Cascote - Ver CORVINA
CASTANHA
Catana - Ver PEIXE-ESPADA
CAVALA
Cavala-aipim - Ver CAVALA-EMPINGE
Cavala-branca - Ver CAVALA
CAVALA-EMPINGE
Acanthocybium solandri
Scombridae
CAVALINHA
Scomber japonicus
Scombridae
CHERNE
Epinephelus spp.
Serranidae
CHERNE-GALHA-AMARELA
Serranidae
CHERNE-POVEIRO
Epinephelus flavolimbatus
Polyprion americanus
Polyprionidae
-
CHERNE-VERDADEIRO
Epinephelus niveatus
Serranidae
-
CHICHARRO
Trachurus spp.
Carangidae
Xixarro
CIOBA (1)
Lutjanus analis
Lutjanidae
-
CONGRO
Conger spp.
Congridae
-
CONGRO-ROSA
Genypterus brasiliensis
Ophidiidae
-
Cherne (usar sobrenome)
Cioba (2) - Ver GUAIÚBA
Coró - Nome de Várias espécies da família Haemulidae (Usar sobrenome)
CORÓ-RONCADOR
Conodon nobilis
Haemulidae
Coró (Nordeste);
Roncador (Sul)
CORCOROCA
Haemulon spp.
Micropogonias furnieri;
M. undulatus
Haemulidae
-
Sciaenidae
Cascote, Cururuca
CORVINA (1)
Corvina (2) - Ver PESCADA-CAMBUÇU
CURIMÃ
Mugilidae
Mugil liza
Tainha (Sudeste/Sul)
Cururuca - Ver CORVINA (1)
D
DENTÃO
Lutjanidae
Lutjanus jocu
83
Bauna (NE) exemplares de
pequeno porte)
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
DOURADO
FAMÍLIA
Coryphaenidae
Coryphaena hippurus
SINÔNIMOS
-
E
ENCHOVA
Pomatomus saltatrix
Pomatomidae
-
Xiphias gladius
Xiphiidae
Meka
Espada - Ver PEIXE-ESPADA
ESPADARTE
G
Gaiado - Ver BONITO-LISTRADO
Galo - Ver PEIXE-GALO
GARAJUBA
Caranx chrysos
Carangidae
Guarajuba; Carapau
(Sul/Sudeste)
GARAPAU
Selar crumenophthalmus
Carangidae
-
GAROUPA
Epinephelus spp.
Serranidae
Garoupa (usar
sobrenome)
GAROUPA-DE-SÃO TOMÉ
Epinephelus morio
Serranidae
-
GAROUPA-VERDADEIRA
Epinephelus marginatus
Serranidae
-
GOETE
Cynoscion jamaicensis
Sciaenidae
Pescadinha-goete
GORDINHO
Prepilus paru
Stromateidae
Canguiro (MA); Paru (2)
(RS)
GUAIÚBA
Ocyurus chrysurus
Lutjanidae
Cioba (2) (ES)
GUAIVIRA
Oligoplites spp.
Carangidae
Salteira (RJ; SP); Timbira
(PA); Tibiro (Nordeste)
Paralichthyidae
-
Golosa - Ver PEIXE-PEDRA
Guarajuba - Ver GARAJUBA
Guaracimbora - Ver ARACIMBORA
Gurijuba - Ver BAGRE-GURIJUBA
J
Judeu - Ver BETARA
Jurupiranga - Ver BAGRE-JURUPIRANGA
L
LINGUADO
Paralichthys spp.
Lua - Ver PEIXE-LUA
M
Mako - Ver CAÇÃO-ANEQUIM
MANJUBA (1) - Espécies das famílias Engraulidae e Clupeidae - o termo deve ser usado apenas para espécies
da Família Engraulidae (usar sobrenome)
84
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
MANJUBA (2)
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Anchoviella spp.; Anchoa spp.; Engraulidae
Lycengraulis spp.
Pilombeta (AL; SE)
Manjuba (3) - Ver SARDINHA-LAJE
MANJUBA-BOCA-TORTA
Cetengraulis edentulus
Engraulidae
Boca-torta (1); Sardinhaboca-torta
MANJUBA-DO-IGUAPE
Anchoviella lepidentostole
Engraulidae
Manjuba
Tetrapturus pfluegeri
Istiophoridae
-
Merluccius hubbsi
Epinephelus itaiara
Merlucciidae
-
Serranidae
-
Maria-mole - Ver PESCADA-OLHUDA
Marlim-branco - Ver AGULHÃO-BRANCO
MARLIM-BICUDO
Meka - Ver ESPADARTE
MERLUZA
MERO
MISTURA - Nome utilizado para peixes de pequeno porte, misturados na pesca.
MORÉIA
Gymnothorax spp.
Muraenidae
Mororó (AL); Mututuca
(PE)
Pseudopercis numida
Mugiloididae
Carangidae
Arabaiana (Nordeste)
OLHO-DE-BOI
Seriola spp.
Seriola spp.
Carangidae
Arabaiana-pintada (2)
OLHO-DE-CÃO
Priacanthus spp.
Priacanthidae
-
OVEVA
Larimus breviceps
Sciaenidae
Boca-torta (2)
PACAMÃO
Amphichthys cryptocentrus
Bratrachoididae
-
PALOMBETA
Chloroscombrus chrysurus
Carangidae
-
PAMPO
Trachinotus spp.
Carangidae
Canguira (PA)
Mororó - Ver MORÉIA
Mututuca - Ver MORÉIA
N
NAMORADO
-
O
OLHETE
P
Panã - Ver CAÇÃO-MARTELO
Papa-terra - Ver BETARA
Parati - Ver TAINHA
Pargo (1) - Ver PARGO-ROSA
Pargo (2) - Ver PARGO-VERDADEIRO
PARGO-ROSA
Pagrus pagrus
Sparidae
Pargo (1) (Sudeste/Sul)
PARGO-VERDADEIRO
Lutjanus purpureus
Lutjanidae
Pargo (2) (Norte/Nordeste)
85
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Paru (1) - Ver PARU-BRANCO
Paru (2) - Ver GORDINHO
PARU-BRANCO
Chaetodipterus faber
Ephippidae
Paru (1) (RJ; SP)
PEIXE-AGULHA
Strongylura spp.
Belonidae
Agulha
PEIXE-CABRA
Prionotus spp.
Triglidae
Cabra, Cabrinha
PEIXE-ESPADA
Trichiurus lepturus
Trichiuridae
Catana (AL; SE); Espada
PEIXE-GALO
Selene spp.
Carangidae
Galo
PEIXE-LUA
Mola mola
Molidae
Lua
PEIXE-PEDRA
Genyatremus luteus
Haemulidae
Golosa (PI)
PEIXE-PESCADOR
Lophius gastrophysus
Lophiidae
Peixe-rape (RS; SC); Peixesapo (Sul/Sudeste)
Peixe-porco - Ver CANGULO
Peixe-rape - Ver PEIXE-PESCADOR
PEIXE-REI (1)
Atherinella brasiliensis
Atherinidae
-
Exocoetidae
Voador (1)
Peixe-rei (2) - Ver ARABAIANA-REI
Peixe-sapo - Ver PEIXE-PESCADOR
PEIXE-VOADOR
Hirundichthys affinis
Pema - Ver CAMURUPIM
Peroá - Ver CANGULO
PESCADA - Espécies do gênero Cynoscion (Usar sobrenome)
PESCADA-AMARELA
Cynoscion acoupa
Sciaenidae
-
PESCADA-BANANA
Nebris microps
Sciaenidae
-
PESCADA-BRANCA
Cynoscion leiarchus
Sciaenidae
-
PESCADA-CAMBUÇU OU
PESCADA-CAMBUCU
Cynoscion virescens
Sciaenidae
Cambuçu; Corvina (MA; PA)
Sciaenidae
Maria-mole
Pescada-gó - Ver PESCADINHA-REAL
PESCADA-OLHUDA
Cynoscion striatus;
C. guatucupa
Pescadinha - Ver PESCADINHA-REAL
Pescadinha-gó - Ver PESCADINHA-REAL
Pescadinha-goete - Ver GOETE
PESCADINHA-REAL
Sciaenidae
Macrodon ancylodon
Pez-palo – Ver TIRA-VIRA
Pilombeta – Ver MANJUBA (2)
86
Pescadinha; Pescada-gó (MA);
Pescadinha-gó (PA)
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
PIRAJICA
NOME CIENTÍFICO
Kyphosus spp.
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
Kyphosidae
-
Lobotidae
Xancarrona (Nordeste)
Pirapema - Ver CAMURUPIM
PREJEREBA
R
Raia - Ver ARRAIA
Lobotes surinamensis
Raia-viola - Ver ARRAIA-VIOLA
ROBALO
Centropomus spp.
Centropomidae
Camorim (Norte/ Nordeste)
Roncador - Ver CORÓ-RONCADOR
S
Salmonete - Ver TRILHA
Salteira - GUAIVIRA
SAPURUNA
Haemulon spp.
Haemulidae
-
SARAMUNETE
Pseudupeneus maculatus
Mullidae
-
SARDA (1)
Pellona flavipinnis
Pristigasteridae
-
Sarda (2) - Ver SERRA
SARDINHA - Espécies das famílias Clupeidae e Engraulidae - o termo deve ser usado apenas para espécies da
Família Clupeidae (usar sobrenome)
Sardinha-bandeira - Ver SARDINHA-LAJE
Sardinha-boca-torta - Ver MANJUBA-BOCA-TORTA
Harengula clupeola
SARDINHA-CASCUDA
Clupeidae
-
SARDINHA-LAJE
Opisthonema oglinum
Clupeidae
Sardinha-bandeira; Manjuba (3) exemplares de pequeno porte
(PE)
SARDINHA-VERDADEIRA
Sardinella brasiliensis
Clupeidae
Sardinha
Sauna - Ver TAINHA
SAVELHA
Brevoortia spp.
Clupeidae
-
SERIGADO OU SIRIGADO
Mycteroperca spp.
Serranidae
-
Serra
Scomberomorus brasiliensis
Scombridae
Sarda (ES; RJ), Sororoca
(Sudeste/Sul)
Sororoca - Ver SERRA
T
TAINHA
Mugil spp.
Mugilidae
Tibiro ou Timbiro - Ver GUAIVIRA
Timbira - Ver GUAIVIRA
87
Parati (Sul/Sudeste); Curimã
(PE); Sauna (Nordeste,
exemplares de pequeno porte)
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
NOME SUGERIDO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
SINÔNIMOS
TIRA-VIRA
Percophis brasiliensis
Percophidae
Pez-palo
TORTINHA
Isopisthus parvipinnis
Sciaenidae
-
TRILHA
Mullus argentinae
Mullidae
Salmonete
TUBARÃO - Este termo deve ser evitado para fins comerciais (Ver CAÇÃO)
U
UBARANA
Elops saurus
Elopidae
Uriacica ou Uricica - Ver BAGRE-URICICA
Uritinga ou Urutinga - Ver BAGRE-URUTINGA
V
VERMELHO
Lutjanus spp.
VERMELHO-CARANHA
Lutjanus griseus
Viola - Ver ARRAIA-VIOLA
Voador (1) - Ver PEIXE-VOADOR
Lutjanidae
Usar nome específico
Lutjanidae
Caranha
Exocoetidae
Voador (2)
Voador (2) - VOADOR-HOLANDÊS
VOADOR-HOLANDÊS
Cheilopogon cyanopterus
X
Xancarrona - Ver PREJEREBA
Xarelete - Ver ARACIMBORA
XARÉU - Nome espécies dos gêneros Caranx e Carangoides (Usar sobrenome)
XARÉU-BRANCO
Carangidae
-
XARÉU-PRETO
Caranx spp.
Caranx lugubris
Carangidae
-
XIRA
Haemulon spp.
Haemulidae
-
Xixarro - Ver CHICHARRO
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89
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Herrings, Sardines, Pilchards, Sprats, Shads, Anchovies and Wolf-herrings: Part 2. Engraulididae.
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90
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
MORTALIDADE NO TRANSPORTE DE CURIMATÃ-PACU (Prochilodus argentus)
MORTALITY IN THE CURIMATÃ-PACU (Prochilodus argentus) TRANSPORT
Genilson Maurício dos ANJOS1; André da Silva MARTINS1; Emerson Carlos SOARES2*; Jonnhy
de MELO1 ; Eduardo Jorge Santana SANTOS3 ; Luiz Henrique Nunes DANTAS3
1
Bolsista PIBIC/CNPq, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo
2
Professor Adjunto, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo
3
Bolsista PIBIP-Ação/UFAL, Universidade Federal de Alagoas/Pólo Penedo
*Email: [email protected]
Resumo - A mortalidade de juvenis após transporte é um dos principais entraves para seu cultivo do
curimatã-pacu. Este trabalho teve como objetivo testar o transporte de juvenis de
curimatã-pacu com adição de produtos redutores de estresse. Os produtos testados foram:
cloreto de sódio (2,0g/L), gesso 0,5g/L, óleo de cravo 0,02ml/L, mais o tratamento
controle (água e oxigênio). Os juvenis foram transportados em sistema fechados com
oxigênio por diferentes tempos. Os resultados foram avaliados através da ANOVA e teste
de Tukey (p<0,05). Os tratamentos não obtiveram efeitos significativos na mortalidade,
entretanto o tempo após transporte foi fundamental na sobrevivência dos indivíduos.
Palavras-chave: peixe, curimatã-pacu, manejo, mortalidade.
Abstract - Juvenile mortality after transportation is one of the main impediments of culture
curimatã-pacu. The present study had the objective to test the transport of juvenile
curimatã-pacu using stress reducing products. The tested products were: salt (2,0g/L),
gypsum (0,5g/L), clove oil (0,02 mg/L), more addition of product control (water and
oxygen). The juveniles were transportation in
closed systems with oxygen in time
diferents. The results were appraised through for an ANOVA and test of Tukey (p<0,05).
Treatments were not significantly in mortality, however the time after transportation were
significantly.
Key-words: fish, curimatã-pacu, management, mortality.
91
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
INTRODUÇÃO
A espécie (Prochilodus argentus) possui hábito alimentar limnófago ou iliófago
(detritívoro), de baixo nível trófico, alimentando-se no ambiente natural de material orgânico
particulado (MOP) (Yossa & Araujo-Lima, 1998).
Segundo (Soares, et al., 2007) o curimatã-pacu representa metade das capturas realizadas no
Baixo São Francisco. Esta espécie é o segundo peixe mais comercializado na feira livre de Penedo –
AL, (Carneiro et al., 2007), onde 70% do volume comercializado são oriundos das capturas no rio
São Francisco, o restante vem de cultivos semi-intensivo de paragem acima do rio. Dessa forma o
Curimatã-pacu, representa imensa importância para a população local, motivando pesquisadores,
técnicos e produtores a refletir sobre as necessidades de ampliação, melhoramento do manejo e
transferência de tecnologia a pequenos e médios produtores, incluindo a espécie no plantel de
peixes cultiváveis na região.
Nos cultivos do curimatã-pacu em escala comercial o transporte adequado dos juvenis é um
dos principais e mais importante etapas para ampliar e melhorar as técnicas de cultivo para a
espécie (Gomes, et al., 2003), assim, torna-se uma etapa obrigatória para a sua criação. Muitos dos
fatores para inibir o desenvolvimento de cultivos intensivos de espécies nativas, estão
correlacionados com altas taxas de mortalidade durante a fase inicial de desenvolvimento larval e o
manejo no transporte. Neste contexto, este trabalho tem o objetivo de testar a eficiência de um
protocolo seguro para transporte de juvenis de curimatã-pacu.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados juvenis de Curimatã-pacu (Prochilodus argentus), obtidos na Estação de
piscicultura de ITIUBA /CODEVASF, obtidos por intermédio de desova induzida das matrizes. O
experimento foi realizado em duas etapas, a primeira etapa aconteceu na própria estação de
piscicultura, localizada no município de Porto Real do Colégio/AL e a segunda etapa foi realizada
no Laboratório de Ecologia de peixes e Piscicultura-UFAL/Pólo Penedo. No total foram realizados
3 experimentos, cada um com tempo de 24 horas.
Os tratamentos utilizados foram: sal de cozinha (NaCl) 2,0g/L, gesso 0,5g/L, óleo de cravo
0,02ml/L em sacos plásticos (30L) mais o tratamento controle (água e oxigênio) com 4 repetições,
totalizando 16 unidades experimentais. As unidades experimentais continham 20% de água e
volume restante preenchido com oxigênio. Os juvenis utilizados no experimento possuíam em
92
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
média 30 dias de vida e um comprimento padrão médio de 3,0±1,0cm. A densidade de juvenis por
saco foi de 40 ind/L.
Após o transporte, as unidades experimentais foram monitoradas a cada duas horas
procedendo com a contagem dos indivíduos mortos. Os parâmetros de qualidade de água tais como:
pH, oxigênio, condutividade e amônia foram monitorados antes e após o término do experimento. A
homogeneidade da amostra foi observada através do teste de Cochran com 5% de probabilidade e
os resultados do experimento foram analisados através de uma ANOVA com 5% de significância
com a finalidade de aferir o efeito dos tratamentos sobre a mortalidade dos peixes. O teste de Tukey
(p<0,05) foi utilizado com intuito de se discriminar as médias quando “F” foi significativo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados de qualidade de água se mostraram dentro dos padrões normais de aceitação em
cultivos e situações de transporte com pequenas alterações na fase inicial e etapa final do
experimento. Não ocorreram diferenças significativas nos parâmetros de água analisados no início e
final do experimento, os dados de pH, temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade, foram,
respectivamente, 7,2, 29,5ºC, 8,0 mg/L e 102,0 µSm/cm-1 . Entretanto ocorreu um pequeno aumento
dos níveis de amônia, mas não significativo de 4,1* 10-2 para 5,2*10-2. Este aumento de amônia
deve-se em parte a excreção de metabólitos dos exemplares confinados em ambientes fechados.
Segundo Colt & Armstrong (1981) a amônia é o principal composto nitrogenado excretado por
animais aquáticos e pode ser por meio da difusão branquial, transporte ativo com sódio e mediante a
uréia (Arana, 2004). Não ocorreram diferenças significativas entre os tratamentos testados no
trabalho, embora foi possível observar que o tratamento com sal obteve os maiores índices de
mortalidade (ANOVA p<0,05, teste de Tukey) (Figura 1, Tabela 1). Gomes (2002) observou esta
mesma tendência quando observou que a sobrevivência dos juvenis de tambaqui foi menor nos
tratamentos que continham sal e/ou benzocaína. Já com gesso ou tratamento controle (água e
oxigênio) o mesmo autor encontrou melhores resultados de sobrevivência.
93
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
8
Mortalidade média
7
6
5
4
3
2
1
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento
Figura 1- Análise da mortalidade após transporte com os tratamentos:
1 - controle (água e oxigênio), 2- (NaCl), 3- gesso e 4 – óleo de cravo
Tabela 1 – Valores médios de mortalidade após transporte (ANOVA ,5%).
Variáveis
Mortalidade
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
(Controle)
(Sal)
(Gesso)
(Óleo de cravo)
4.09 ± 3.89ª*
5.36 ± 2.34ª*
4.18 ± 1.6ª*
4.00 ± 1.9ª*
*letras iguais representam não haver diferenças significativas.
O tempo pós-transporte foi determinante para a sobrevivência dos juvenis de curimatã-pacu.
A exposição dos juvenis expostos a tempos superiores a quatorze horas aumentaram
significativamente a mortalidade dos exemplares (Figura 2). Entretanto, pode-se observar que nas
primeiras duas horas de transporte ocorreu grande mortalidade dos juvenis, este fato pode estar
atrelado ao aumento do estresse durante a captura dos indivíduos submetidos ao transporte. O
mesmo foi observado por Soares (2005) que constatou aumento na mortalidade de tucunarés
submetidos a tranqüilizante durante biometrias realizadas nos experimentos de condicionamento
alimentar. O fato de sujeitarmos os peixes a condições de manejo ou de interferência do meio pode
alterar consideravelmente, aspectos fisiológicos e metabólicos do animal, levando ao aumento da
mortalidade (Soares & Araújo-Lima, 2003).
94
Rev. Bras. Eng. Pesca 3[esp], Coletânea de Trabalhos da I SENEP
10
9
Mortalidade média
8
7
6
5
4
3
2
1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
Tempo após transporte
Figura 2. Mortalidade média de juvenis de curimatã-pacu após o
tempo de transporte em horas.
CONCLUSÃO
•
Recomenda-se utilizar apenas água e oxigênio no transporte de juvenis de curimatã-pacu
•
O aumento da mortalidade acontece nas primeiras 2 horas e após 14 horas do início do
transporte
•
Devido ocorrer uma tendência de diminuição da mortalidade com o uso do gesso e óleo de
cravo, sugere-se realizar mais experimentos com estas duas substâncias, correlacionando-as
com novas densidades de indivíduos e com novas concentrações destes produtos.
AGRADECIMENTOS
A CODEVASF- Base de Itiúba pela doação dos juvenis de curimatã-pacu e pelo apoio em
todo trabalho executado, em especial aos técnicos e engenheiros de pesca Álvaro e Sérgio.
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