fecaloma ocasionado por tricobezoar em jaguatirica

FECALOMA OCASIONADO POR TRICOBEZOAR EM JAGUATIRICA
(LEOPARDUS PARDALIS): RELATO DE CASO.
1
Ramiro das Neves Dias Neto
2
Marcelo Pires Nogueira de Carvalho
1
Washington Takashi Kano
1
Felipe Fornazari
3
Rodrigo Hidaldo F. Teixeira
1
Carlos Roberto Teixeira
1
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista,
UNESP, campus Botucatu.
2
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, USP,
São Paulo, Brasil.
3
Zoológico Municipal “Quinzinho de Barros”, Sorocaba, SP.
Palavras chave: Fecaloma; Jaguatirica; Cirurgia.
RESUMO
A denominação "bezoar" refere-se genericamente a toda e qualquer formação
encontrada no trato digestivo formada espontaneamente, a partir da ingestão de várias
substâncias1. Os tricobezoares são formados por pelos e ocorrem normalmente em
felinos, devido ao hábito comportamental em realizar a limpeza de seus pelos com a
língua, estes também são expelidos normalmente pelos animais2. Pela relativa
raridade do caso o presente artigo pretende relatar os achados clínicos e radiográficos
de um caso de fecaloma em um felino selvagem. Um espécime adulto, macho, de
jaguatirica (Leopardus pardalis), mantido no Parque Zoológico Municipal “Quinzinho de
Barros” apresentou anorexia, retenção de fezes e arqueamento da região dorsal. Ao
exame clínico o animal apresentava aumento de volume abdominal e durante a
palpação abdominal foi constatado a presença de uma massa de consistência firme e
alongada no intestino grosso, sugestivo de fecaloma. Foi realizado exame radiográfico
abdominal. O resultado do exame radiográfico foi confirmativo para a presença do
fecaloma na porção de cólon descendente (Figura 1). No primeiro momento foi
realizado o tratamento conservativo, reposição volêmica e enema, contudo sem
evolução favorável. Em seguida optou-se pelo tratamento cirúrgico - enterotomia, para
a retirada do material compactado. A técnica cirúrgica utilizada para a enterotomia
seguiu os procedimentos descritos por Fossum (2008)2., que após a remoção do
conteúdo, este foi pesado, totalizando 120 gramas. No pós-operatório foi administrado
enrofloxacino (5 mg/kg), a cada 24 horas, meloxican (0,2 mg/kg), a cada 24 horas,
cloridrato de tramadol (1 mg/kg) a cada 12 horas. Contudo, durante o
acompanhamento pós-cirúrgico o animal não apresentou melhora do quadro clínico,
obtuando em 48 horas. A descrição deste caso ressalta a importância do manejo
profilático em animais selvagens, a fim de evitar a ocorrência de doenças digestórias.
Uma vez que esta é instalada, o tratamento é laborioso e o prognóstico se torna
reservado a obscuro, já que o manejo terapêutico posterior ao ato cirúrgico é limitado
e da mesma forma, compromete a saúde do animal, devido aos efeitos deletérios
proporcionados pelo estresse.
Referências
1. SPADELLA, C. T.; SAAD-HOSSNE, R.; SAAD, L. H. C, (1998) Tricobezoar gástrico: relato de caso e
revisão da literatura. Acta Cir. Bras., v. 13, n. 2, Apr.
2. FOSSUM, T. W. (2008). Cirurgia de Pequenos Animais. 3ª Edição. Editora: Elsevier.