Graduações em Álgebras Matriciais - UAMat
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Graduações em Álgebras Matriciais - UAMat
Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática Graduações em Álgebras Matriciais por Alan de Araújo Guimarães † sob orientação do Prof. Dr. Diogo Diniz Pereira da Silva e Silva Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. † Este trabalho contou com apoio nanceiro da CAPES. Graduações em Álgebras Matriciais por Alan de Araújo Guimarães Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Matemática - CCT - UFCG, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Matemática. Área de Concentração: Álgebra Aprovada por: Prof. Dr. Thiago Castilho de Mello - UNIFESP Prof. Dr. Antônio Pereira Brandão Júnior - UFCG Prof. Dr. Diogo Diniz Pereira da Silva e Silva Orientador Universidade Federal de Campina Grande Centro de Ciências e Tecnologia Programa de Pós-Graduação em Matemática Curso de Mestrado em Matemática Dezembro/2014 ii Resumo O tema central da presente dissertação é o estudo das graduações de um grupo G nas álgebras grupo G U Tn (F ) e U T (d1 , . . . , dm ). abeliano e nito e o corpo F provamos que qualquer graduação em G-graduado). o corpo F, U Tn (F ) é elementar (a menos de automorsmo G e chegamos à mesma conclusão. Para tanto, foi necessário utilizar técnicas ano e nito e o corpo G-graduações decomposição bra algebricamente fechado e de característica zero, Ainda no Capítulo 2, sem fazer qualquer suposição sobre o grupo mais sutis na demonstração. as Inicialmente, no Capítulo 2, supondo o F -álgebra U T (d1 , . . . , dm ). ao produto tensorial na e U T (p1 , . . . , pm ) Palavras-chave: G abeli- algebricamente fechado e de característica zero, classicamos d1 = tp1 , . . . , dm = tpm G-graduada, G-graduação da F No Capítulo 3, novamente supondo o grupo tal que Veremos que, neste caso, existe uma U T (d1 , . . . , dm ) é isomorfa, como álge- Mt (F ) ⊗ U T (p1 , . . . , pm ), tem uma G-graduação onde Mt (F ) tem uma elementar. Álgebras Associativas, Álgebra Graduadas, Álgebras Matrici- ais. iii Abstract The central theme of this dissertation is the study the of the gradings of a group G in the algebras U Tn (F ) nite abelian group and and F prove that any grading in U T (d1 , . . . , dm ). Initially, in Chapter 2, assuming U Tn (F ) obtain the same conclusion. F a an algebraically closed eld and of characteristic zero, we is elementary (up to graded isomorphism). Still in Chapter 2, without making any assumption about the group ques in demonstration. G G and the eld F, we To prove this was necessary to use more subtle techni- In Chapter 3, again assuming G a nite abelian group and an algebraically closed eld of characteristic zero, we classify the gradings of the algebra tpm U T (d1 , . . . , dm ). such that We will see that there is a decomposition U T (d1 , ..., dm ) Mt (F ) ⊗ U T (p1 , . . . , pm ), d1 = tp1 , . . . , dm = is isomorphic, as graded algebra, to the tensor product where Mt (F ) has a ne grading and U T (p1 , . . . , pm ) elementary grading. Keywords: Associative Algebras, Graded Algebras, Matrix Algebras. has a v Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus pelo dom da vida e por tudo que tem me concedido ao longo de minha existência. Aos meus pais, Valmor Guimarães e Maria Araújo, pela minha criação e por todos os bons exemplos que tive desde criança. A todos os meus irmãos pela amizade e por sempre estarem ao meu lado. Ao professor Diogo Diniz que, desde a época de minha graduação, é meu orientador e sempre esteve disposto a contribuir com minha formação acadêmica. Sou grato pela paciência ao longo de minha orientação e por ter contribuído sobremaneira com a elaboração da presente dissertação. Ao professor Manassés, meu professor de Matemática no Estadual da Palmeira que, sendo um excelente professor, me inuenciou positivamente na escolha de seguir carreira em Matemática. Devido à sua metodologia de ensino, aprendi a gostar de Matemática. A todos os professores da UAMat da UFCG que, durante a graduação e mestrado, contribuíram fortemente com minha formação matemática. Em especial, agradeço ao professor Daniel Cordeiro pelo período em que fui integrante do PET-Matemática UFCG (durante a minha graduação) e ao professor Brandão pelos cursos de mestrado de Teoria de Galois e Representação de Grupos que ampliaram meu conhecimento algébrico. Aos professores Thiago Castilho e Antônio Brandão pela composição da banca examinadora e pela colaboração com o aperfeiçoamento do nosso trabalho. A todos os colegas do mestrado e do doutorado em Matemática. Em especial, aos amigos algebristas: Levi, Claudemir e Antônio Marcos (Pajé). A todos os funcionários da UAMat e a todos os amigos da graduação e do PETMatemática da UFCG. E, por m, a CAPES pelo nanciamento do trabalho. Dedicatória Aos meus pais Valmor Guimarães e Maria Araújo. vi Conteúdo Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 Preliminares 6 9 F 1.1 Álgebras sobre um corpo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2 Graduações de Grupos em Álgebras Associativas . . . . . . . . . . . . . 15 1.3 R-Módulos 18 1.4 Representações Lineares de Grupos 1.5 Representações e e o Radical de Jacobson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 1.6 Caracteres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 1.7 Anéis Semissimples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.8 A Dualidade entre F G-módulos G-graduações Abelianas Finitas e G-ações . . . . . . 2 Classicação das Graduações de Grupo na Álgebra U Tn (F ) 2.1 Lemas Iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2 Graduações Abelianas e Finitas em 2.3 Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) . . . . . . . . . . . . . . . U Tn (F ) . . . . . . . . . . . . . 3 Classicação das Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) 3.1 A Álgebra das Matrizes Triangulares Superiores em Blocos . . . . . . . 3.2 Sobre as Graduações de Grupo na Álgebra 3.3 Graduações Abelianas e Finitas em Bibliograa Mn (F ) U T (d1 , . . . , dm ) 41 44 44 45 50 58 58 . . . . . . . . . . . . 62 . . . . . . . . . . . 63 72 Introdução Graduações surgem de modo natural em muitas classes de anéis e álgebras. O estudo das graduações de álgebras e anéis é também importante por suas aplicações, por exemplo, o estudo das Z-graduações em álgebras de Lie tem aplicações no estudo de representações de grupos lineares e em geometria diferencial ([O2]). Um dos principais problemas nesta área é a descrição de todas as graduações de álgebras importantes. Sendo de A um álgebra associativa e G um grupo, uma decomposição A = ⊕ g∈G Ag A em soma direta de subespaços é chamada de G-graduação quando Ag Ah ⊆ Agh , para quaisquer g, h ∈ G. Neste caso, dizemos que A é uma álgebra G-graduada. A descrição das graduações nas álgebras de matrizes tem um papel importante na teoria das álgebras com identidades polinomiais. As graduações na álgebra matrizes quadradas de ordem n com entradas no corpo F artigos. Em [DI] foram descritas as graduações em as matrizes elementares Eij foram estudadas em diversos Mn (F ) por um grupo Mn (F ) no caso em que [BSZ], supondo o corpo em Mn (F ) F G em que são homogêneas (as chamadas graduações elementares) e também foram descritas as graduações sob a hipótese de o grupo graduações de Mn (F ) das G G ser cíclico. As é um grupo abeliano foram classicadas em algebricamente fechado. Finalmente em [AM1] as graduações foram descritas; todas podem ser obtidas a partir do produto tensorial de duas álgebras de matrizes, sendo uma com uma graduação elementar e a outra com uma graduação na (em que cada componente tem dimensão ≤ 1). Uma extensão natural da classe das álgebras de matrizes é a classe das álgebras de matrizes triangulares em blocos. Os exemplos mais simples deste tipo de álgebras são Mn (F ) e sua subálgebra U Tn (F ) das matrizes triangulares superiores. Esta classe de álgebras desempenha um papel importante no estudo dos invariantes numéricos de 7 álgebras com identidades polinomiais. As graduações em abeliano e nito no caso em que o corpo F U Tn (F ) por um grupo G é algebricamente fechado e de característica zero foram descritas em 2003 por Valenti e Zaicev em [VZ1]. Neste artigo, a estreita relação entre as G-graduações o dual do grupo G) em U Tn (F ) de uma álgebra A e as b-ações G em A (onde é a principal ferramenta para mostrar que todas as são elementares (a menos de automorsmo generalizados em 2007 também por Valenti e Zaicev [VZ2]. Sendo (novamente, a menos de automorsmo a seguinte conjectura: Conjectura: Seja G-graduação G-graduado). U T (d1 , . . . , dm ) = ⊕ g∈G denota G-graduações G-graduado). Utilizando uma técnica diferente, os resultados para a álgebra e um corpo quaisquer, respectivamente, toda b G em U Tn (F ) G e U Tn (F ) F foram um grupo é elementar Ainda neste artigo, foi formulada Rg uma das matrizes triangulares em blocos. Se existirem inteiros G-graduação t, p1 , . . . , pm na álgebra tais que d1 = tp1 , . . . , dm = tpm , a álgebra U T (d1 , . . . , dm ) sempre é isomorfa como álgebra G-graduada ao produto tensorial Mt ⊗ U T (p1 , . . . , pm ), onde U T (p1 , . . . , pm ) tem uma graduação elementar? Em caso armativo, se em U T (d1 , . . . , dm ) d1 , . . . , dm são primos entre si, então as possíveis graduações são elementares. No ano de 2011, em [VZ3], um caso particular da conjectura acima foi resolvido. Mais precisamente, as graduações na álgebra U T (d1 , ..., dm ) superiores em blocos foram descritas sob as hipóteses de ser algebricamente fechado e de característica zero. graduações na álgebra F U T (d1 , ..., dm ) G das matrizes triangulares ser abeliano e nito e O problema de classicar as sem impor condições sobre o grupo G F G- e o corpo permanece em aberto. Na presente dissertação objetivamos realizar um estudo detalhado dos artigos [VZ1], [VZ2] e [VZ3]. Para este m, nosso trabalho foi estruturado em três capítulos. No Capítulo 1 apresentamos os conceitos fundamentais para o entendimento da dissertação. Visando tornar o texto conciso, alguns resultados clássicos foram enunciados, mas não demonstrados. G-graduada. Começamos com os conceitos de álgebra e álgebra Em seguida, zemos um breve estudo sobre R-módulo e o radical de Jacobson de um anel associativo e unitário. Também zemos uma exposição acerca da Teoria de Representações de Grupos e anéis semissimples. Finalizamos demonstrando 8 a dualidade que existe entre G-ações sobre G-graduações abelianas e nitas em uma álgebra A e A. O Capítulo 2 é dedicado ao estudo dos artigos [VZ1] e [VZ2]. Inicialmente, com base em [VZ1], apresentamos a classicação das graduações abelianas e nitas em U Tn (F ), supondo-se o corpo F algebricamente fechado e de característica zero. Em seguida, utilizando como referência [VZ2], abordamos o mesmo problema, só que sem fazer imposições sobre o grupo G e o corpo F. situações, veremos que todas as graduações em automorsmo Como será percebido, em ambas as U Tn (F ) são elementares (a menos de G-graduado). Por m, no Capítulo 3, abordaremos o problema de classicar as abelianas e nitas na álgebra U T (d1 , . . . , dm ), sob a hipótese de o corpo F G-graduações ser algebrica- mente fechado e de característica zero. Nesta etapa, a referência principal foi o artigo [VZ3]. Neste caso, veremos que existe uma decomposição tal que U T (d1 , . . . , dm ) é isomorfa (como álgebra Mt (F ) ⊗ U T (p1 , . . . , pm ), onde Mt (F ) d1 = tp1 , . . . , dm = tpm G-graduada) ao produto tensorial tem uma graduação na e U T (p1 , . . . , pm ) tem uma graduação elementar. Para realizar o estudo desejado, tivemos que nos remeter ao estudo da classicação das graduações de grupo em os resultados acerca das graduações em ações abelianas e nitas da álgebra Mn (F ) Mn (F ). Nos limitamos a enunciar e aplicá-los na classicação das gradu- U T (d1 , . . . , dm ). Neste capítulo também zemos uso de alguns teoremas clássicos, a exemplo do Teorema de Wedderburn-Malcev, para o qual não apresentamos demonstração. Capítulo 1 Preliminares O presente capítulo tem por objetivo estabelecer a linguagem que será adotada ao longo da dissertação. Nos propomos então a apresentar denições, conceitos, notações e resultados essenciais que serão utilizadas frequentemente ao longo do texto. Até o término do presente capítulo, o símbolo nos de menção em contrário. F designará um corpo qualquer, a me- Ao longo do capítulo, assumiremos que o leitor tenha familiariedade com conceitos básicos de Álgebra Linear. 1.1 Álgebras sobre um corpo F O ponto de partida de nosso estudo é o conceito de álgebras sobre um corpo (ou F -álgebras). Denição 1.1.1 Nesse sentido, passemos à seguinte denição. Seja A um espaço vetorial sobre F -álgebra (ou álgebra ∗ : A × A → A satisfaz: sendo uma é, i) a ∗ (b + c) = a ∗ b + a ∗ c; ii) (a + b) ∗ c = a ∗ c + b ∗ c; iii) sobre (λa) ∗ b = a ∗ (λb) = λ(a ∗ b), para quaisquer F a, b, c ∈ A e λ ∈ F. F) F. (A, ∗) como bilinear em A, isto Denimos um par se ∗ é uma operação Cap. 1- Álgebras sobre um corpo F 10 Na denição acima, ∗ é dita multiplicação da álgebra notaremos o produto a∗b por justaposição A escreveremos simplesmente em lugar de ab, A para quaisquer (A, ∗) e, simplesmente, de- a, b ∈ A. Mais ainda, para denotar a estrutura de álge- bra, deixando implícita a multiplicação. Diremos que A é uma álgebra ao invés de F -álgebra, deixando implícito o corpo (a1 a2 )a3 e, indutivamente, o produto ai ∈ A. Diremos que um subconjunto A, do espaço vetorial como F -espaço F. Denimos o produto a1 a2 . . . an−1 an β de A e denimos a dimensão de como sendo a1 a2 a3 como sendo (a1 a2 . . . an−1 )an , para é uma base da álgebra se é uma base A como sendo a dimensão de A vista vetorial. Conforme algumas propriedades que a multiplicação da álgebra A possua, fazemos classicações, como segue na denição seguinte. Denição 1.1.2 i) ii) iii) Seja A uma A Dizemos que é: Associativa se (ab)c = a(bc), para quaisquer a, b, c ∈ A; Comutativa se ab = ba, para quaisquer a, b ∈ A; Unitária a1A = 1A a = a, álgebra A. Quando a álgebra para todo F, 1A A com A λ, {λ1 : λ ∈ F } com tal é chamado de unidade da é única. Por simpli- Neste caso, identicamos λ ∈ F. para todo 1A , F. Nesse sentido, dizemos Particularmente, se A é um anel, com respeito à adição e à multiplicação da A. Denição 1.1.3 Seja A uma álgebra associativa e unitária. (i) Um elemento não nulo 1. de identicando for associativa, tem-se que álgebra O elemento 1 para representar a unidade 1A . λ1 naturalmente o elemento contém o corpo a ∈ A. denotado por A for unitária, é fácil ver que a unidade 1A cidade, usaremos o símbolo A A, (ou com unidade) se existe um elemento em que que F -álgebra. a∈A diz-se inversível se existe b ∈ A tal que ab = ba = Neste caso, chamamos o elemento a, inverso) de (ii) Denimos o conjunto de inversíveis de −1 {a ∈ A : ∃a (iii) Dizemos que para o qual adotamos b de inverso multiplicativo (ou simplesmente −1 a notação a . A como sendo o conjunto ∈ A}. A é uma álgebra com divisão se U (A) = A − {0}. U (A) = Cap. 1- Álgebras sobre um corpo F Denição 1.1.4 Sejam A uma álgebra, 11 V e W subespaços vetoriais de A e X ⊂ A. Denimos produto sendo o subespaço vetorial de centralizador de X em V W como {xy : x ∈ V, y ∈ W }. (i) O A como sendo CA (X) = {a ∈ A : ax = xa, ∀x ∈ X}. (ii) O A gerado pelo conjunto o conjunto centro da álgebra A como sendo o conjunto (iii) O Z(A) = CA (A) = {x ∈ A : xa = ax, ∀a ∈ A}. Quando A Z(A) = {λ1 : λ ∈ F }, é uma álgebra unitária e dizemos que A é uma central. álgebra Para ilustrar as denições dadas acima, passemos a alguns exemplos de álgebras que serão úteis ao longo do texto. Exemplo 1.1.5 F, entradas em uma F -álgebra Considere o espaço vetorial com n ∈ N xo. Mn (F ) Munido do produto usual de associativa com unidade e de dimensão unitárias as matrizes Eij , para 1 ≤ i, j ≤ n, onde Eij n2 . Chamamos de matrizes é a matriz cuja única entrada j -ésima coluna. Claramente, o conjunto β = {Eij ∈ Mn (F ) : 1 ≤ i, j ≤ n} é uma base para Mn (F ). Não é difícil ver que se Eij , Ekl ∈ Mn (F ), então Eij Ekl = δjk Eil , onde δjk não nula é 1 n × n com matrizes, Mn (F ) é de todas as matrizes na i-ésima linha e denota o delta de Kronecker. Exemplo 1.1.6 lineares sobre Sejam V. V um espaço vetorial e Temos que L(V ), T, S ∈ L(V ), em geral denota-se álgebra dos operadores lineares sobre T ◦S Exemplo 1.1.7 (Álgebra de Grupo) ∑ simplesmente por Sejam F G = { αi gi , αi ∈ F }. Denimos em F G ∑ ∑ ∑ • αi gi + βi gi = (αi + βi )gi . • λ( ∑ αi gi ) = ∑ (λαi )gi , onde o espaço vetorial dos operadores munido da composição de funções, é uma álgebra associativa com unidade, chamada de Se L(V ) V. T S. G = {g1 , . . . , gm } um grupo nito e as operações λ ∈ F. F G é um espaço vetorial sobre F que tem como base G. ∑ ∑ ∑ Inserindo em F G a operação ( αi gi )( βj gj ) = (αi βj )(gi gj ), teremos em F G uma multiplicação induzida pela operação do grupo G. Nesse sentido, F G é uma F -álgebra, denominada álgebra de grupo. Note que se G for abeliano, a álgebra de grupo F G Com essas operações, será comutativa. Cap. 1- Álgebras sobre um corpo F 12 Exemplo 1.1.8 (Produto tensorial de álgebras) ais. Consideremos o U de F (V × W ) F -espaço vetorial F (V × W ) Sejam V W F -espaços vetoriV × W e o subespaço e com base em gerado por elementos dos tipos (v1 + v2 , w) − (v1 , w) − (v2 , w) (v, w1 + w2 ) − (v, w1 ) − (v, w2 ) (λv, w) − λ(v, w) (v, λw) − λ(v, w) v1 , v2 , v ∈ V, w1 , w2 , w ∈ W e λ ∈ F . Denimos o produto tensorial de V e W , denotado por V ⊗F W (ou simplesmente V ⊗ W ) como sendo o espaço quociente F (V × W )/U . Dado (v, w) ∈ V × W , vamos denotar por v ⊗ w o elemento (v, w) de V ⊗ W . Chamamos os elementos da forma v ⊗ w de tensores. O conjunto {v ⊗ w : v ∈ V, w ∈ W } é um conjunto gerador de V ⊗ W e ocorre com que (v1 + v2 ) ⊗ w = v1 ⊗ w + v2 ⊗ w v⊗(w1 + w2 ) = v ⊗ w1 + v ⊗ w2 (λv) ⊗ w = λ(v ⊗ w) v⊗(λw) = λ(v ⊗ w). ∑ V ⊗ W são da forma (vi ⊗ wi ), com vi ∈ V e wi ∈ W . Ademais, das igualdades acima, se V = ⟨S1 ⟩ e W = ⟨S2 ⟩ (subespaço gerado), então V ⊗ W = ⟨u1 ⊗ u2 : u1 ∈ S1 , u2 ∈ S2 ⟩. Assim, se V e W são espaços vetorias de dimensão nita, tem-se que V ⊗W tem dimensão nita e dim V ⊗W = (dim V )(dim W ). No caso em que V e W são F -álgebras, denimos a operação Segue daí que os elementos de ∗ : (V ⊗ W ) × (V ⊗ W ) → V ⊗ W por faz (a ⊗ b) ∗ (x ⊗ y) = ax ⊗ by . de V ⊗ W uma F -álgebra. É possível vericar que Teorema 1.1.9 (Propriedade universal) f : V × W → U uma transformação linear Tf : V ⊗ W → U v ∈ V e w ∈ W. um corpo F e Demonstração: Como o conjunto V, W é uma operação bilinear que e aplicação bilinear. tal que V ×W segue que existe uma única aplicação linear f (u, v), para todo (v, w) ∈ V × W . Sejam ∗ U espaços vetoriais sobre Então existe uma única Tf (v ⊗ w) = f (v, w), para quaisquer F (V × W ), é uma base do espaço vetorial L : F (V ×W ) → U satisfazendo Observe que os elementos que geram U L((u, v)) = na denição Cap. 1- Álgebras sobre um corpo F de produto tensorial pertencem a tais que α1 − α2 ∈ U , 13 ker L e, assim, U ⊂ ker L. L(α1 ) = L(α2 ). então α1 , α2 ∈ F (V × W ) são Assim, a aplicação Tf : V ⊗ W −→ U 7−→ Tf (α) = L(α) α está bem denida e é linear. Além disso, dados v∈V e L((v, w)) = f (v, w). A unicidade é consequência de que conjunto gerador de V ⊗ W. Exemplo 1.1.10 Se w ∈ W, tem-se Tf (v ⊗ w) = {v ⊗ w : v ∈ V, w ∈ W } é um W F -espaços vetoriais, v0 ∈ V e w0 ∈ W vetores não nulos. Então v0 ⊗ w0 ̸= 0 em V ⊗ W . De fato, como v0 , w0 ̸= 0, existem uma base de V contendo v0 e uma base de W contendo w0 . Assim, pode-se obter alguma base de V ×W contendo (v0 , w0 ). Nesta base, dena f : V × W → F bilinear tal que f (v0 , w0 ) ̸= 0. Pela propriedade universal, existe uma transformação linear Tf : V ⊗ W → F tal que Tf (v ⊗ w) = f (v, w), e assim Tf (v0 ⊗ w0 ) ̸= 0. Daí v0 ⊗ w0 ̸= 0. Sejam V e As propriedades seguintes são bastante úteis, e seguem como aplicação da propriedade universal. Proposição 1.1.11 (i) (ii) Sejam V, W e U F -espaços vetorias quaisquer. Valem: F ⊗V ≃V. F n ⊗ V ≃ V n. (iii) V ⊗W ≃W ⊗V. (iv) (V ⊗ W ) ⊗ U ≃ V ⊗ (W ⊗ U ). (v) Se S1 = {vi : i ∈ I} respectivamente, então S2 = {wj : j ∈ J} são subconjuntos LI de V S = {vi ⊗ wj : i ∈ I, j ∈ J} é um subconjunto e e W, LI de V ⊗ W. Denição 1.1.12 Sejam A uma álgebra, B A para quaisquer e I subespaços vetorias de A. Dizemos que: i) B ii) I é uma subálgebra de se é um ideal à esquerda de mente xa ∈ I ) xy ∈ B A para quaisquer x, y ∈ B ; (respectivamente à direita) se a∈A e x ∈ I. ax ∈ I (respectiva- Cap. 1- Álgebras sobre um corpo F iii) Seja I um ideal à esquerda próprio de maximal de I ⊂ J. A. I iv) 14 A A. se não existe ideal à esquerda próprio J de Formula-se conceito análogo para o caso em que é um ideal bilateral de A I Dizemos que I (ou simplesmente ideal de é um ideal à esquerda A, com I ̸= J , tal que é um ideal à direita de A) se I é um ideal à esquerda e à direita simultaneamente. Observe que todo ideal de uma álgebra A. A No caso em que itens (ii), (iii) e (iv) res. Tem-se que n ∈ N, Seja U Tn B é um subanel de A e os são os mesmos. 0 e A sempre são ideais bilaterais da álgebra esses sejam os únicos ideais bilaterais de Exemplo 1.1.13 é, em particular, uma subálgebra de é simplesmente um anel, dizemos que Um fato elementar é que Por exemplo, sendo A A, dizemos que prova-se que a álgebra U Tn (F ) = U Tn Mn (F ) A é uma A. Caso álgebra simples. é simples. o conjunto das matrizes triangulares superio- é uma subálgebra de Mn (F ). Como U Tn = ⟨Eij : 1 ≤ i ≤ j ≤ n⟩ (subespaço gerado) segue que dim U Tn (F ) = Ressaltamos que a álgebra U Tn n(n + 1) . 2 estará fortemente presente em nosso trabalho. No Capítulo 3, apresentaremos um caso mais geral de matrizes triangulares, as chamadas matrizes triangulares superiores em blocos. Denição 1.1.14 Sejam A e B duas F -álgebras. Dizemos que uma transformação φ : A → B é um homomorsmo de álgebras se φ(ab) = φ(a)φ(b) para quaisquer a, b ∈ A. Chamamos φ de isomorsmo se φ for bijetora. Quando A = B dizemos que φ é um endomorsmo e se φ for endomorsmo e isomorsmo simultaneamente, dizemos que φ é um automorsmo da álgebra A. Se as F -álgebras A e B são isomorfas, denotamos por A ≃ B . linear Exemplo 1.1.15 vetorial álgebra, I um ideal de A. Denindo no quociente A/I a operação (a + I)(b + I) = (ab) + I , temos que A/I chamada de álgebra quociente de A por I . A Aplicação Sejam A uma álgebra e ρ : A −→ A/I a 7−→ a = a + I é um homomorsmo sobrejetor de álgebras, chamado de projeção canônica. espaço é uma Cap. 1- Graduações de Grupos em Álgebras Associativas Sendo φ : A → B 15 um homomorsmo de álgebras, dizemos que o conjunto ker(φ) = {a ∈ A; φ(a) = 0} é o núcleo de φ, e o conjunto Im(φ) = {φ(a) ∈ B | a ∈ A} φ. é a imagem de de B. Verica-se que ker(φ) é um ideal de A e que Im(φ) é uma subálgebra É imediato vericar que a aplicação φ : A/ker(φ) −→ Im(φ) 7−→ φ(a) = φ(a) a está bem denida e é um isomorsmo de álgebras. 1.2 Graduações de Grupos em Álgebras Associativas Na seção que se inicia, quando usarmos a palavra álgebra, estaremos sempre nos referindo a uma álgebra associativa e, a menos de menção em contrário, G designará um grupo qualquer, para o qual adotaremos a notação multiplicativa. Ao longo desta seção, daremos ênfase ao conceito de álgebra A, sobre uma que desempenhará um importante papel posteriormente. Denição 1.2.1 uma G-graduação G-graduação A uma álgebra associativa e G um grupo arbitrário. Denimos A como sendo uma família (Ag )g∈G de subespaços vetorias de A Sejam em tais que A = ⊕g∈G Ag e Ag Ah ⊂ Agh g, h ∈ G. para quaisquer Neste caso, diz-se que a álgebra Dizemos que os subespaços a g. de Sendo A. H um subgrupo de Em particular, fazendo subálgebra de Quando a ∈ Ag , é um elemento homogêneo de grau denominada componente neutral da G. A. G, G-graduação, g. G-graduada. G escrevemos deg(a) = g A componente homogênea onde 1 é fácil ver que a soma H = {1}, Quando o grupo é abeliana e nita. é Ag são as componentes homogêneas e os seus elementos de elementos homogêneos de grau signicar que A para A1 é denota o elemento neutro de ∑ h∈H Ah é uma subálgebra decorre que a componente neutral for abeliano e nito, dizemos que a A1 é uma G-graduação Cap. 1- Graduações de Grupos em Álgebras Associativas Exemplo 1.2.2 Toda álgebra Exemplo 1.2.3 Considere a 16 A admite uma G-graduação. Com efeito, denindo A1 = A e Ag = {0} para todo g ∈ G − {1}, temos em A uma G-graduação. Uma graduação deste tipo é chamada de G-graduação trivial. {[ ] a 0 0 b M2 (F )0 = F -álgebra M2 (F ) } : a, b ∈ F e e os supespaços {[ M2 (F )1 = } ] 0 a b 0 : a, b ∈ F . M2 (F ) = M2 (F )0 ⊕ M2 (F )1 dene uma Z2 -graduação em M2 (F ). Mais geralmente, sendo n ∈ N, n > 1, considere a álgebra Mn (F ). Para cada ⟨ ⟩ γ ∈ Zn , denamos Mγ = Eij : i − j = γ . Mostra-se que a família (Mγ )γ∈Zn é uma Zn -graduação em Mn (F ). É fácil ver que Exemplo 1.2.4 gêneo, com a ̸= 0. Exemplo 1.2.5 dade 1 A = ⊕g∈G Ag Sejam Se a Sendo é idempotente, G-graduação e a ∈ A um elemento 2 isto é, a = a, tem-se que a ∈ A1 . A G-graduada uma uma álgebra 1 ∈ A1 . é homogênea e que De fato, existem 1, tem-se g1 , . . . , gn ∈ G tais que com unidade homo- que a uni- 1 = a1 + ag1 + · · · + agn com a 1 ∈ A 1 , a gj ∈ A gj . Tomando h∈G e ah ∈ Ah arbitrários, temos ah = ah a1 + ah ag1 + · · · + ah agn . Daí, segue que ah agj = 0 Denição 1.2.6 Sejam Denição 1.2.7 Seja ah a1 = ah , e A donde A = ⊕g∈G Ag uma G-graduação. O conjunto da álgebra A, e será denotado por Supp(A). uma álgebra e {g ∈ G : Ag ̸= 0} é chamado de suporte B 1 = a1 ∈ A1 . A = ⊕g∈G Ag GG-graduado quando um subespaço vetorial de uma álgebra B é homogêneo na G-graduação ou B = ⊕g∈G Bg , onde Bg = B ∩ Ag . Formula-se denição análogo B é uma subálgebra ou um ideal de A. graduada. Dizemos que Exemplo 1.2.8 bg ∈ B Exemplo 1.2.9 neo na A = ⊕g∈G Ag uma álgebra G-graduada e B = ⊕g∈G Bg uma ∑ na G-graduação. Assim, se b = ( bg ) ∈ B , com bg ∈ Ag , Sejam subálgebra homogênea devemos ter no caso em que e reciprocamente. Sejam G-graduação. A = ⊕g∈G Ag uma álgebra I um ideal homogêG-graduada, onde as e A/I é naturalmente (A/I)g = {a + I : a ∈ Ag }. Tem-se que a álgebra componentes homogêneas são G-graduada Cap. 1- Graduações de Grupos em Álgebras Associativas Exemplo 1.2.10 Sejam Exemplo 1.2.11 Sejam 17 A = ⊕g∈G Ag uma G-graduação e a, b ∈ A1 . É fácil ver que B = aAb é uma subálgebra de A. Armamos que B é homogênea na G-graduação. Com ∑ efeito, um elemento típico de B tem a forma a( xg )b, onde xg ∈ Ag . Claramente, axg b ∈ B . Ademais, axg b ∈ A1 Ag A1 ⊂ Ag . Daí B = ⊕g∈G Bg , onde Bg = Ag ∩ B . G um grupo, H um subgrupo normal de G e A = ⊕g∈G Ag uma álgebra G-graduada. Sendo G = G/H , a G-graduação inicial induz uma G-graduação em A. Para tanto, sendo g ∈ G, dena Ag = ⊕h∈H Agh . Armamos que A = ⊕g∈G Ag dene uma G-graduação. Inicialmente, note que Ag ⊂ Ag + (⊕h̸=1 Agh ) = Ag e assim ∑ ∑ A = g∈G Ag . Provaremos agora que a soma g∈G Ag é direta. De fato, suponhamos que existam g1 , . . . , gl ∈ G tais que xg1 + · · · + xgl = 0 (onde xgj ∈ Agj ). Mas xgj = ∑ ∑ ∑ ∑ h∈H xgj h . Daí j h∈H xgj h = 0, o que contradiz o fato de que a soma j,h Agj h é direta. Por m, sendo g, g1 ∈ G, armamos que Ag Ag1 ⊂ Agg1 . De fato, note que Ag Ag1 = (⊕h∈H Agh )(⊕t∈H Ag1 t ) ⊂ ⊕h,t∈H Aghg1 t . Por outro lado, para quaisquer h, t ∈ H , armamos que Aghg1 t ⊂ Agg1 . Com efeito, −1 seja z = (g1 hg1 )t. Devido à normalidade de H em G, tem-se que z ∈ H . Assim Aghg1 t = Agg1 z ⊂ Agg1 . Juntando essas informações, teremos Ag Ag1 ⊂ Agg1 , o que encerra a armação feita. A posteriori, será de crucial importância um tipo especial de álgebras Mn (F ) e U Tn (F ): G-graduação nas as chamadas graduações elementares. Nesse sentido, apre- sentamos a denição seguinte. Denição 1.2.12 Sejam U Tn (F ) = ⊕g∈G Ag e Mn (F ) = ⊕h∈H Bh uma G e H -graduações, respectivamente. Dizemos que: (i) (ii) U Tn (F ) = ⊕g∈G Ag é uma G-graduação elementar se existe uma n-upla g = (g1 , . . . , gn ) ∈ Gn tal que a componente homogênea Ag é o subespaço gerado pelas −1 matrizes unitárias Eij , tais que g = gi gj , com i ≤ j . Mn (F ) = ⊕h∈H Bh é uma H -graduação elementar (h1 , . . . , hn ) ∈ H n tal que a componente homogênea Bh −1 matrizes unitárias Eij , tais que h = gi gj . Um exemplo de graduação elementar na álgebra se existe uma n-upla h = é o subespaço gerado pelas Mn (F ) é a Zn -graduação apre- sentada no Exemplo 1.2.3. Exemplo 1.2.13 denição, na A = U Tn = ⊕g∈G Ag uma G-graduação tem-se trivialmente que as matrizes Eij , com 1 ≤ i ≤ j ≤ n, G-graduação. Considere elementar. Por são homogêneas Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson 18 A recíproca do exemplo acima é válida, será demonstrada na proposição abaixo e desempenhará um importante papel futuramente. Proposição 1.2.14 as matrizes unitárias Sejam Eij , G com A = U Tn = ⊕g∈G Ag uma G-graduação. Se 1 ≤ i ≤ j ≤ n, são homogêneas então a G-graduação é um grupo e elementar. Demonstração: que Eii2 = Eii , Sejam 1≤i≤j ≤n e 1 o elemento neutro do grupo pelo Exemplo 1.2.4, tem-se que homogênea, seja hi ∈ G tal que Ei(i+1) ∈ Ahi . Eii ∈ A1 . Seja G Ademais, como . Desde Ei(i+1) é g1 = 1 e, indutivamente, gi+1 = gi hi . Uma vez que Eij = Ei(i+1) . . . E(j−1)j ∈ Ahi . . . Ah(j−1) ⊂ Agi−1 gj , concluímos que a G-graduação é elementar. Denição 1.2.15 Sejam G um grupo, A = ⊕g∈G Ag e A′ = ⊕g∈G A′g duas álgebras G-graduadas. φ : A → A′ é um homomorsmo G-graduado ′ se verica φ(Ag ) ⊂ Ag , para todo g ∈ G. Analogamente, denimos endomorsmo, isomorsmo e automorsmo G-graduado. No caso de um isomorsmo G-graduado, ocorre que φ(Ag ) = A′g . (i) Um homomorsmo de álgebras (ii) Dizemos que duas A são isomorfas quando existe φ(Ag ) = A′g , para todo g ∈ G. 1.3 A = ⊕g∈G A′g na mesma álgebra automorsmo φ : A → A G-graduado, isto é, G-graduações A = ⊕g∈G Ag R-Módulos um e e o Radical de Jacobson Ao longo dessa seção, quando usarmos a palavra anel, estaremos nos referindo a um anel associativo e com unidade, que será designada por apresentar o cenceito de módulo sobre um anel radical de Jacobson de Denição 1.3.1 R 1. No que segue, iremos e também o importante conceito de R. R-módulo à direita um grupo abeliano (M, +, 0), munido de uma aplicação de M ×R em M , que a cada par (x, a) ∈ M ×R associa xa ∈ M e satisfaz: Seja R um anel. Denimos como Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson (i) (x + y)a = xa + ya (ii) x(a + b) = xa + xb (iii) x(ab) = (xa)b (iv) x.1 = x para quaisquer x, y ∈ M e a, b ∈ R. Dene-se de forma similar o conceito de Observação 1.3.2 conceito de Se o anel R-espaço 19 R R-módulo à esquerda. R-módulo for um corpo, o conceito de reduz-se ao vetorial. Observação 1.3.3 (Módulos sobre Álgebras) A uma álgebra associativa com unidade. Também podemos denir o conceito de A-módulo M sobre a álgebra A, supondo M um F -espaço vetorial. Para tanto, impomos que a aplicação M × A → M , Seja além de satisfazer os quatro itens da Denição 1.3.1, também satisfaça (v) m(λa) = (λm)a = λ(ma), para quaiquer a ∈ A, λ ∈ F e m∈M . Todos os conceitos e resultados que serão apresentados em relação a módulo sobre anel têm sua versão no contexto de módulos sobre álgebras. Na seção 1.5, concentraremos nossa atenção no estudo dos módulos sobre a álgebra de grupo Denição 1.3.4 F G. R um anel e M um R-módulo à direita. Denimos o anulador de M em R com sendo o conjunto {a ∈ R : xa = 0, ∀x ∈ M }. Analogamente, se M for um R-módulo à esquerda, denimos anulador de M em R como sendo o conjunto {a ∈ R : ax = 0, ∀x ∈ M }. Sejam Observação 1.3.5 R. É fácil vericar que o anulador do módulo Em geral, denotamos tal ideal por Observação 1.3.6 M é um ideal do anel Ann(M ). a ∈ R é possível associar um endomorsmo do grupo M , a saber, fa : M → M denido por fa (x) = xa, para todo x ∈ M . Sendo End(M ) o anel de endormorsmos de M (onde a soma é a Observe que a Denição 1.3.1 expressa que a cada soma usual e o produto é a composição de endomorsmos), é fácil ver que a corres- a → fa é um homomorsmo dos Ann(M ) = 0 (neste caso M é dito módulo End(M ). pondência anéis el), R End(M ). Note ainda que se tem-se que R está imerso no anel e Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson Exemplo 1.3.7 20 (M, +, 0) pode ser visto como um Z-módulo (à direita ou à esquerda). Com efeito, sejam n ∈ Z e x ∈ M . Se n > 0, dena xn = x+· · ·+x como a soma de x consigo n vezes. Se n < 0, dena xn = −(x|n|). E se n = 0, dena x0 = 0. Essa operação de M ×Z em M torna (M, +, 0) um Z-módulo Um grupo abeliano qualquer à direita. Exemplo 1.3.8 Sejam V um F [x] Considere F -espaço o anel de polinômios com coecientes no corpo vetorial e T uma transformação linear de V dada por (V, +, 0) é um F [x]-módulo com a aplicação (a0 + a1 x + · · · + an xn )v = (a0 I + a1 T + · · · + an T n )(v). Denição 1.3.9 Sejam (i) Um subgrupo N de R um anel e M M um R-módulo é um submódulo de M se V . Neste F [x] × V em em contexto, o grupo abeliano V F. de à direita. Dizemos que xa ∈ N para todo x∈N e todo a ∈ R. N de M 0 ̸= N1 ⊂ N . (ii) Um submódulo M tal que Seja M do módulo R-módulo um M. Diremos que irredutível à direita é minimal se à direita. M é um N ̸= 0 e não existe submódulo Observe que R-módulo 0 e M simples à direita É fácil ver que um submódulo N ⊂M R-módulos de sempre são submódulos se não admitir outros submódulos além de análogo é denido quando estamos lidando com N1 ̸= N 0 ou e R-módulo M. Conceito à esquerda. é minimal em M se, e somente se, N é um módulo simples. Observação 1.3.10 R-módulo M = (R, +, 0) à direita (analogamente à esquerda) com a multiplicação do próprio anel R. Tal módulo é chamado de R-módulo regular e será denotado por RR . Observe que se I Seja R um anel. Podemos considerar o é um submódulo do módulo regular RR , então I é um ideal à direita do anel R e, reciprocamente, todo ideal à direita do anel R é um submódulo do módulo regular RR . Exemplo 1.3.11 A = U Tn (F ) e J = {(yij ) ∈ A : ykk = 0, ∀k = {1, . . . , n}}. Sendo W = ⟨E1n , . . . , En−1,n ⟩, é fácil ver que W J = 0 e, assim, W está contido no anulador à esquerda Ann(J) de J em A. Por outro lado, note que Enn J = 0 e Enn ∈ / W . Assim, a inclusão W ⊂ Ann(J) é própria. Sejam Exemplo 1.3.12 (Módulo Quociente) M um R-módulo à esquerda e N um submódulo de M . Para todo x ∈ M/N e a ∈ R, dena ax = ax. É fácil ver que teremos assim uma operação bem denida de R × M/N em M/N que faz de M/N um R-módulo à esquerda. Chamamos tal R-módulo de módulo quociente de M por N . Sejam Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson Denição 1.3.13 21 M e N R-módulos à esquerda (à direita). Um homomorsmo η dos grupos abelianos M e N tal que η(ax) = aη(x) (η(xa) = η(x)a, respectivamente), para quaiquer x ∈ M e a ∈ R é dito homomorsmo de R-módulos. Denotamos o conjunto de todos os homomorsmos de M em N por hom(M, N ). Sejam ker(η) É fácil perceber que é um submódulo de M e Im(η) é um submódulo de N. Observação 1.3.14 Considerando no conjunto hom(M, N ) morsmo, temos que hom(M, N ) a adição usual de homo- é um grupo abeliano, cujo elemento neutro é o homo- hom(M, M ) a composição de homomorsmo como "multiplicação", temos em hom(M, M ) um estrutura de anel. Chamamos tal anel de anel de endomorsmos do módulo M e o denotamos por End(M ). morsmo nulo. No caso em que M = N, Lema 1.3.15 (Lema de Schur) morsmo não nulo de então End(M ) em M2 M1 e M2 R-módulos simples. é um isomorsmo. Em particular, se Todo homo- M é simples, é um anel com divisão. Demonstração: Seja submódulo próprio η ̸= 0 um elemento de hom(M1 , M2 ). M1 mesmo tempo, como η M1 Sejam considerando em e M1 ker(η) = 0 é simples temos Uma vez que e portanto η ker(η) é um é injetora. Ao Im(η) ̸= 0, pelo mesmo motivo, devemos ter Im(η) = M2 . Assim é um isomorsmo e portanto inversível. Exemplo 1.3.16 (Soma direta de módulos) esquerda. Considere (i) (ii) M = M1 × · · · × Mn . Em Sejam M M1 , . . . , Mn R-módulos à dena as seguintes operações: (x1 , . . . , xn ) + (y1 , . . . , yn ) = (x1 + y1 , . . . , xn + yn ). a(x1 , . . . , xn ) = (ax1 , . . . , axn ), a ∈ R. Com essas operações, Mi e será (0, . . . , 0). M denotado por R-módulo à esquerda, chamado soma direta dos módulos M1 ⊕ · · · ⊕ Mn . Note que o elemento neutro de M é 0 = é um Denição 1.3.17 (Radical de Jacobson) Jacobson de à direita de R, R. denotado por J(R), Seja R um anel. Denimos o radical de como sendo a interseção de todos ideais maximais Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson 22 De forma análoga, denimos o radical de Jacobson de uma álgebra R = 0 é o anel nulo então R não possui ideais próprios. Observe que se estabelecemos que J(R) = 0. Supondo de ideais maximas à direita em Observação 1.3.18 um ideal da álgebra A. Seja A, A R ̸= 0, Neste caso, o Lema de Zorn assegura a existência R. uma álgebra associativa e unitária. É claro que se em particular I é um ideal do anel A. I for Agora suponhamos que I1 seja um ideal do anel A. Armamos que I1 é um ideal da álgebra A. De fato, sendo λ ∈ F e a ∈ I1 , temos λa = λ(1a) = (λ1)a ∈ I1 . Por conseguinte, os ideais de A vista como álgebra ou como anel são os mesmos. Devido a isto, os fatos seguintes sobre o radical de Jacobson de anéis podem ser aplicados ao radical de Jacobson de álgebras associativas e unitárias. Proposição 1.3.19 (i) (ii) (iii) Seja R um anel. Para y ∈ R, são equivalentes: y ∈ J(A); 1 − yx tem inverso à direita em M y = {my : m ∈ M } = 0, Demonstração: R, para todo para todo x ∈ R; R-módulo à direita M simples. (i) ⇒ (ii) Por contradição suponhamos a existência de x ∈ R tal que 1 − yx não seja invesível à direita. Assim, existe um ideal maximal à direita tal que (1 − yx)R ⊂ m. (ii) ⇒ (iii) m(yx − 1) = 0. (iii) ⇒ (i) é um R-módulo Decorre que 1 = (1 − yx) + yx ∈ m, Suponhamos que existe simples à direita, temos e daí Daí, Se (my)R = M . Como m yx − 1 m ∈ M Assim, existe x∈R my ̸= 0. Desde que de tal sorte que m = 0, Desde que m M é (my)x = m o que é uma contradição. é um ideal maximal à direita qualquer, tem-se que à direita simples. Uma vez que y ∈ m. o que é uma contradição. tal que é inversível, segue m⊂R (R/m)y = 0, obtemos foi tomado arbitrariamente, segue que M = R/m 1y = y = 0. y ∈ J(R). É natural perguntar o que aconteceria se na denição do radical de Jacobson, J(R), trocássemos a interseção dos ideias maximais à direita de R pelos ideais maximais à esquerda de R. A resposta é que J(R) seria o mesmo, devido à junção das próximas duas proposições. Proposição 1.3.20 feita na família dos Seja R um anel. Então R-módulos J(R) = ∩Ann(M ), simples à direita. onde a interseção é Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson Demonstração: Pelo item Como M (iii) é um Primeiramente, sejam simples qualquer, temos terseção é feita na família dos x ∈ ∩Ann(M ), x ∈ J(R) e M da proposição anterior, devemos ter R-módulo R-módulos M então para qualquer modo, pela proposição anterior, temos R-módulo R, tem-se que a interseção Proposição 1.3.21 (i) (ii) R Assim J(R) ⊂ ∩Ann(M ), M, Por outro lado, se tem-se M x = 0. o que encerra a demonstração. J(R) é um ideal do anel R. R-módulos simples à direita M J(R) = ∩Ann(M ) um anel. Para todo onde a in- Desse De fato, serem ideais também o é. y ∈ R, são equivalentes: (1 − xyz) ∈ U (R), ∀x, z ∈ R. (ii) ⇒ (i) Note que a condição (ii) acarreta que (1 − yz) tem inverso à direita para todo (i) ⇒ (ii) e assim x ∈ R. Tomemos Assim, temos y ∈ J(R) y ∈ J(R). e sejam (1 − xyz) = (1 − (xy)z) x, z ∈ R. Pela proposição anterior para quaisquer Exemplo 1.3.22 x, y ∈ R. xy ∈ u. Segue que Logo, (1 − xyz) ∈ tem inverso à direita, digamos (1 − xyz)u = 1 e assim u = 1 + (xyz)u também tem inverso à direita. U (R) x ∈ Ann(M ). y ∈ J(R) Demonstração: J(R) Seja R-módulo simples à direita. M x = 0. simples x ∈ J(R), em virtude de cada anulador à direita dos um simples à direita. Note que o resultado precedente garante que de 23 A = U Tn (F ) a álgebra das matrizes triangulares superiores. Se n = 1, temos A ≃ F e assim 0 é o único ideal próprio de A, portanto é maximal. Daí J(A) = 0. Suponhamos então n > 1. Sendo J = {(yij ) ∈ A : yii = 0, ∀i = 1, . . . , n}, armamos que J(A) = J . Com efeito, seja Y = (yij ) ∈ J(A) e suponhamos por contradição que y11 ̸= 0 (os demais casos são resolvidos de forma análoga). Denindo −1 X = (xij ) ∈ A como x11 = y11 e xij = 0 se (i, j) ̸= (1, 1), temos que C = (cij ) = (Id − XY ) satisfaz c11 = 0. Logo, det C = 0, o que é uma contradição. Assim, Y ∈ J . Tomemos agora Y ∈ J e sejam X, Z ∈ A. É facil ver que XY Z ∈ J e assim det (Id − XY Z) = 1. Segue que (Id − XY Z) ∈ U (A). Assim Y ∈ J(A), donde temos a inclusão J ⊂ J(A). Seja Aproveitando a notação do exemplo anterior, observe que J(A) = ⟨Eij , 1 ≤ i < j ≤ n⟩. Cap. 1- R-Módulos e o Radical de Jacobson Exemplo 1.3.23 tador de x com 24 A = U Tn (F ) e, para x, y ∈ A, dena [x, y] = xy − yx (comuSeja C = [A, A] = {[x, y] : x, y ∈ A}. A respeito do conjunto C , Seja y ). armamos que: (i) (ii) C ̸= {0}; C ⊂ J(A). (i), basta notar que 0 ̸= [Ek,k+1 , Ekk ] = −Ek,k+1 ∈ [A, A], para todo k = 1, . . . , n − 1. Para justicar (ii), é suciente perceber que para quaiquer x, y ∈ A, a matriz [x, y] tem diagonal nula. Para justicar Proposição 1.3.24 Sejam R um anel e u ⊂ J(R) um ideal de R. Então, J(R/u) = J(R)/u. Demonstração: A demonstração é simples e pode ser encontrada na página 51 do livro [L]. Proposição 1.3.25 Demonstração: R um anel e I um ideal de R. Então, J(I) = I ∩ J(R). Pode ser encontrar na página 16 de [H]. Consideremos ideal bilateral de Sejam A = U Tn (F ) U Tn (F ). e W = ⟨E1n , . . . , En−1,n ⟩. É fácil ver que W é um Consideremos nesse contexto a projeção canônica ρ : A −→ A/W a 7−→ a = a + W. Podemos associar a cada elemento de U Tn−1 (F ) um elemento de U Tn (F ) preen- chendo a última coluna e a última linha com zeros e, reciprocamente, a cada matriz de U Tn (F ) cuja última coluna e última linha são formadas por zeros, está bem de- nida uma matriz correspondente em U Tn (F ). U Tn−1 (F ). Assim, U Tn−1 (F ) está imersa em Nesse sentido, por vezes, cometeremos um abuso de notação escrevendo U Tn−1 (F ) ⊂ U Tn (F ). Exemplo 1.3.26 Aproveitando a notação introduzida anteriormente, é fácil ver que A/W = ρ(U Tn−1 ) ⊕ C onde C = ρ(⟨Enn ⟩). Observemos que W ⊂ J(A). Agora notemos que: J(A/W ) = J(A)/W = {I + W : I ∈ J(A)} = {I ′ + W : I ′ ∈ J(U Tn−1 )} = ρ(J(U Tn−1 )). Cap. 1- Representações Lineares de Grupos 25 U Tn−1 ≃ ρ(U Tn−1 ) e isomorsmo preserva ideais ρ(J(U Tn−1 )) = J(ρ(U Tn−1 )). Portanto, J(A/W ) = J(ρ(U Tn−1 )). Desde que maximais, tem-se Ressaltamos que na seção 2.2, o exemplo acima será sobremaneira importante. 1.4 Representações Lineares de Grupos Na presente seção objetivamos fazer uma breve exposição de resultados da impor- tante Teoria das Representações Lineares de Grupos. Tais resultados serão fundamentais para o estabelecimento da dualidade entre álgebra A e G-ações sobre A. G-graduações abelianas e nitas em uma Seremos o mais breve possível em nossa apresentação, nos limitando à exposição dos fatos que nos serão úteis. Para um maior aprofundamento no estudo das Representação de Grupos, recomendamos os livros [CR] e [S]. Usaremos a notação vetorial corpo V e GLn (F ) GL(V ) para representar o grupo dos automorsmos do espaço para representar o grupo das matrizes n×n inversíveis sobre o F. Denição 1.4.1 G Sejam presentação linear de G em um grupo e V V um F -espaço vetorial. Denimos uma re- como sendo um homomorsmo de grupos φ : G −→ GL(V ) . g 7−→ φ(g) = φg Sendo φ : G → GL(V ) uma representação linear, denimos o grau desta repre- V. sentação como sendo a dimensão de injetora. Sendo a dimensão de em e V V nita, podemos ver uma representação linear de como sendo um homomorsmo GLn (F ) Dizemos que uma representação é el se é G φ : G → GLn (F ), uma vez que os grupos GL(V ) são isomorfos. Quando queremos deixar explícito que estamos considerando o corpo a nomenclatura F -representação Exemplo 1.4.2 Sendo G ou representação linear sobre um grupo e V um F -espaço F, usamos F. vetorial qualquer, a representa- ção linear φ : G −→ GL(V ) g 7−→ φ(g) = IdV é chamada de representação trivial. Supondo que denir esta representação da seguinte forma dim V = n é nita, podemos Cap. 1- Representações Lineares de Grupos 26 φ : G −→ GLn (F ) , g 7−→ φ(g) = In onde In é a matriz identidade Exemplo 1.4.3 Seja C∞ mos n × n. o grupo cíclico innito. Sendo g um gerador de C∞ , deni- φ : C∞ −→ gn GL[2 (R) ] 1 n 7−→ φ(g n ) = . 0 1 Esta é uma representação de grau 2. Exemplo 1.4.4 φ : G → GL(V ) uma representação linear. Tal representação induz no espaço vetorial V uma estrutura de F G-módulo à direita. De fato, denindo vg = vφ(g) (vφ(g) denota a avaliação da transformação φ(g) no vetor v ) onde v ∈ V, g ∈ G, tem-se que V pode ser visto como F G-módulo à direita. Reciprocamente, sendo V um F G-módulo à direita e g ∈ G, denindo a aplicação φ(g) : V → V por mφ(g) = mg , segue que a correspondência g → φ(g) dene uma representação do grupo G no F -espaço vetorial V . Por esta razão, dizemos que o espaço vetorial V é o módulo da representação φ. Seja Denição 1.4.5 de um grupo G φ : G → GL(V ) e ϕ : G → GL(V ′ ) representações lineares W ⊂ V um subespaço vetorial φ(g)-invariante, para todo g ∈ G. Sejam e Dizemos que (i) As representações θ :V →V′ φ e ϕ são equivalentes (ou isomorfas) se existe um isomorsmo de espaços vetoriais tal que: (θ ◦ φ(g))(v) = (ϕ(g) ◦ θ)(v), para quaisquer ψ : G → GL(W ) denida sub-representação de φ. Se W for um sub-representação ψ é dita própria. (ii) A aplicação (iii) A representação φ φ ψ(g) = φ(g)|W : W → W subespaço de V diferente de 0 É claro que toda representação de grau 1 é irredutível. Se Sendo é uma e V, a é redutível. De fato, suponhamos dim V ≥ |G|. g ∈ G. por grupo nito (não trivial), então toda representação de é redutível. e é irredutível se não admitir sub-representações próprias. Caso contrário, dizemos que Exemplo 1.4.6 v∈V v0 ∈ V φ : G → GL(V ) G G é um de grau maior ou igual a |G| uma representação linear, onde um vetor não nulo, temos que W = ⟨φg (v0 ) : g ∈ G⟩ Cap. 1- Representações Lineares de Grupos 27 φ-invariante de V , com dim W ≤ |G|. Supondo φ irre⟨∑ ⟩ dutível, temos que g∈G φg = 0 (pois para cada w ∈ V , o subespaço g∈G φg (w) é φ-invariante) e daí o conjunto {φg (v0 ) : g ∈ G} é linearmente dependente. Logo, dim W < |G|, o que é uma contradição. é um subespaço não nulo e ∑ Teorema 1.4.7 Então toda Sejam G um grupo abeliano e F -representação Demonstração: Sejam V G de um representação irredutível. Se φg vetorial, com g0 ∈ G φ tal que é irredutível, decorre que φ g0 0 ̸= W ̸= V . V é φ-invariante. dim V = 1. λ∈F Dado autovalor de g ∈ G, da identidade para todo g ∈ G, Denição 1.4.8 G temos φ g0 Neste caso, levando e o autoespaço gg0 = g0 g Sejam g ∈ G, e assim W F associado a φg φg0 = φg0 φg . Logo φg é alge- um grupo e φ : G → GL(V ) φ é completamente redutível de V φ-invariantes tais que: λ é Logo, deve ser múltiplo concluindo a demonstração. Dizemos que (i) φ : G → GL(V ) Suponhamos então que exista φg (W ) ⊆ W , o que contradiz a hipótese de φ ser irredutível. subespaços nita, e não seja múltiplo escalar da identidade. Uma vez que bricamente fechado, existe tal que dim V é múltiplo escalar da identidade para todo segue-se que todo subespaço unidimensional de em conta que um corpo algebricamente fechado. irredutível de grau nito tem grau 1. F -espaço um F uma representação linear (ou semissimples) se existem W1 , . . . , Wn V = W1 ⊕ · · · ⊕ Wn . (ii) As restrições de Exemplo 1.4.9 ordem 2. φ Sejam aos F Wi 's são todas irredutíveis um corpo de característica 2 e G = {1, g} um grupo de Denindo T : F 2 −→ F2 (x, y) 7−→ T (x, y) = (x + y, y) temos que a representação linear φ : G −→ GL(F 2 ) g 7−→ φ(g) = T não é completamente redutível, uma vez que invariante de F 2 . W = ⟨(1, 0)⟩ é o único subespaço φ- Cap. 1- Representações e F G-módulos Teorema 1.4.10 (Maschke 1) 28 G um grupo nito cuja ordem não é divisível pela característica do corpo F . Se φ : G → GL(V ) é uma representação linear de grau nito e W é um subespaço φ-invariante de V , então existe W1 subespaço φ-invariante de V tal que V = W ⊕ W1 . Consequentemente, φ é completamente redutível. Demonstração: Seja dim V Do teorema acima decorre que se |G|, então φi = φ|Wi considere V = W1 ⊕ · · · ⊕ Wn , é nita e a característica de Wi onde cada é irredutível. Nesse contexto, seja Bi (g) = [φi (g)]βi , uma base de V para todo g ∈ G. φ-invariante é βi uma base de Sendo 0 Wi , para lineares do grupo G e os um grupo, em V. V B2 (g) · · · 0 . . . .. 0 0 . . . Bn (g) . . . . Considerando o produto ) w ∈ W. V φ-invariante, Uma vez que G V um tem-se φ : G → GL(V ) · : FG × V → V λg g · v = verica-se que este produto faz de um subespaço de F -representações A partir disso, extrairemos importantes infor- um espaço vetorial e g∈G e é F G. (∑ g∈G β temos que . . . . F G-módulos. mações sobre álgebra de grupo G e 0 0 Nesta seção, objetivamos estudar a forte relação existente entre as linear de i = 1, . . . , n F G-módulos Representações e G não divide e a sub-representação β = β1 ∪ · · · ∪ βn , ··· B1 (g) [φ(g)]β = Sejam F e que 1.5 Pode ser encontrada no capítulo 2, seção 6, de [L]. ∑ g∈G uma representação denido por λg φg (v), F G-módulo à esquerda. Além disso, se φg (w) ∈ W e daí é uma base de F G, g · w ∈ W, segue que W W para quaisquer é um submódulo do F G-módulo V . Reciprocamente, considere V um ψg : V v F G-módulo −→ à esquerda. Sendo V 7−→ ψg (v) = gv . é g ∈ G, dena Cap. 1- Representações e F G-módulos ψg1 g2 = ψg1 ◦ ψg2 , Ocorre que ψg−1 ◦ ψg = IdV e assim 29 para quaisquer ψg ∈ GL(V ). g1 , g2 ∈ G Daí, ψg ◦ ψg−1 = é um submódulo do F G-módulo e ψ1 = IdV . A aplicação ψ : G −→ GL(V ) 7−→ g é então uma representação linear de V, então α · w ∈ W, ψg (w) ∈ W , para quaisquer g∈G para qualquer e G ψg V. em Se α ∈ FG e w ∈ W. Logo, W w ∈ W. W Em particular, é um subespaço g·w ∈ W e daí ψ -invariante de V. Por meio das constatações acima, vemos que existe uma correspondência biunívoca entre as estruturas de de G em F G-módulo à esquerda em V e as representações lineares V. Passemos ao próximo resultado. Proposição 1.5.1 de G. (i) Sejam φ : G → GL(V ) e ψ : G → GL(W ) representações lineares Valem: φ e ψ são equivalentes se, e somente se, os respectivos F G-módulos V e W são isomorfos. (ii) φ é irredutível se, e somente se, o respectivo Demonstração: (i) Supondo que morsmo (de espaços vetoriais) Logo, considerando os φ e ψ e é irredutível. são equivalentes, temos que existe um iso- T :V →W F G-módulos V F G-módulo V W satisfazendo ψg T = T φg para todo g ∈ G. correspondentes, temos T (gv) = T (φg (v)) = ψg (T (v)) = gT (v), para quaiquer temos g∈G e T (αv) = αT (v), v ∈ V. Mais ainda, como para quaisquer α ∈ FG e T é linear e v ∈V. Logo, G T é uma base de F G, é um isomorsmo de F G-módulos. Por outro lado, suponhamos que módulos. Assim, para quaiquer T T : V → W seja um isomorsmo de é uma transformação linear bijetora que satisfaz α ∈ FG e v ∈V. F G- T (αv) = αT (v), Logo, (T φg )(v) = T (φg (v)) = T (gv) = gT (v) = ψg (T (v)) = (ψg T )(v) Cap. 1- Representações e F G-módulos e portanto (ii) dente a T φg = ψg T para todo g ∈ G, 30 donde φ e ψ são equivalentes. Pelo que vimos anteriormente, os submódulos do φ são exatamente os subespaços de Lema 1.5.2 Sejam A M e N correspon- Daí, segue o resultado. A-módulos. dois M . Se M1 , M2 , . . . , Mn são submódulos irredutíveis de M tais que M = M1 ⊕ M2 ⊕ · · · ⊕ Mn , então existem j1 , . . . , jl ∈ {1, 2, . . . , n} tais que M = N ⊕ Mj1 ⊕ · · · ⊕ Mjl . (i) Suponha que N uma álgebra e φ-invariantes. F G-módulo V é um submódulo próprio de N é um submódulo próprio de M . Se N1 M = N ⊕ N1 = N ⊕ N2 , então N1 ≃ N2 . (ii) Suponha que M tais que e N2 são submódulos de M e N são A-módulos isomorfos. Se M = M1 ⊕ · · · ⊕ Mn e N = N1 ⊕ · · · ⊕ Nm , onde Mi e Nj são submódulos minimais de M e N , respectivamente, então n = m e Mi ≃ Ni para todo i = 1, . . . , n (reordenando os Ni 's, (iii) Suponha que se necessário). Demonstração: Decorre da proposição precedente que se uma representação completamente redutível, então a decomposição de φ-invariantes, Pode ser encontrada na seção 3.5 de [J]. V φ : G → GL(V ) é em soma direta de subespaços com as respectivas sub-representações irredutíveis, é única, a menos de ordem dos subespaços e equivalência das sub-representações. Agora consideramos terística do corpo F. G um grupo nito cuja ordem não é divisível pela carac- Pelo Teorema 1.4.10, toda representação de G de grau nito é completamente redutível. Considere a representação linear ρ : G −→ GL(F G) 7−→ g onde ρg : F G → F G é denida por representação regular à esquerda de ρg ρg (α) = gα. G. Tal representação é el e corresponde ao módulo regular. Observe então que os subespaços os ideaIs à esquerda de F G. Chamamos esta representação de F G- ρ-invariantes de F G são exatamente Desse modo, decorre do Teorema de 1.4.10 que se W é Cap. 1- Representações e F G-módulos F G, um ideal à esquerda de F G = W ⊕ W1 . então existe W1 31 também ideal à esquerda de Notando que os ideais minimais à esquerda de às sub-representações irredutíveis de ρ, FG FG tal que correspondem pelo Teorema 1.4.10, segue-se que FG é uma soma direta de uma quantidade nita de ideais minimais à esquerda. Lema 1.5.3 de F G. Todo F G-módulo irredutível é isomorfo a um ideal minimal à esquerda Em outras palavras, toda representação linear irredutível de uma sub-representação da representação regular à esquerda de Demonstração: F Gv0 = V Seja V um F G-módulo e assim o homomorsmo de G é equivalente a G. irredutível e xemos v0 ∈ V − {0}. Temos F G-módulos T : F G −→ V 7−→ T (α) = αv0 α é sobrejetivo. Tomando I T1 T restrição e I de a I. Não é difícil mostrar que é um ideal minimal à esquerda de Lema 1.5.4 Sejam morfos como F G-módulos Demonstração: W I Seja ideal à esquerda de que 1 = α1 + w1 . xw1 = 0. Logo F G tal que F G = I ⊕ ker(T ), consideremos a um ideal à esquerda de e J T1 é um isomorsmo de F G. F G. Então, I e J α ∈ F G tal que J = Iα. ideais minimais à esquerda de se, e somente se, existe φ:I→J FG um isomorsmo de tal que FG = I ⊕ W. Assim, para qualquer x ∈ I, φ(x) = φ(xα1 ) = xφ(α1 ). Reciprocamente, supondo J = Iα, F G-módulos. Daí existem temos Sendo J x 7−→ α(x) = xα φ é um isomorsmo de Sabemos que existe α1 ∈ I x = xα1 + xw1 α = φ(α1 ), são iso- teremos e w1 ∈ W tais e daí devemos ter J = Im(φ) = Iα. denamos φ : I −→ É fácil ver que F G-módulos . F G-módulos. Nas hipóteses apresentadas, um fato conhecido é que G nita (a menos de equivalência) de representação irredutíveis. tem uma quantidade Seja m o número de Cap. 1- Caracteres 32 representações irredutíveis (a menos de isomorsmo) de minimais à esquerda de G. Tomemos I1 , . . . , Im ideias F G dois a dois não isomorfos como F G-módulos e dj = dimF Ij . Observe então que todo ideal minimal à esquerda de FG é isomorfo como F G-módulo a exatamente um deles. j = 1, . . . , m, Para cada 1.5.4, temos que FG Jj Jj = Ij F G. consideremos o ideal bilateral Do Lema é exatamente a soma de todos os ideais minimais à esquerda de isomorfos (como F G-módulos) a Ij . Nesse espírito, temos o seguinte resultado. Proposição 1.5.5 m o número de representações irredutíveis (a menos de equivalância) de G. Sejam I1 , I2 , . . . , Im ideais minimais à esquerda dois a dois não isomorfos como F G-módulos e dj = dimF Ij . Para cada j = 1, . . . , m, se Jj = Ij F G, então F G = J1 ⊕ J2 ⊕ · · · ⊕ Jm . Demonstração: que a soma xj ∈ Jj . Seja É fácil ver que J1 + J2 + · · · + Jm F G = J1 + J2 + · · · + Jm . é direta. Suponhamos que Sem perder generalidade, suponha que à esquerda de FG contido em I ⊂ Jm ∩ (J1 + · · · + Jm−1 ). (F G)xm . Segue que I concluímos que x1 = · · · = xm−1 = 0. Teorema 1.5.6 Se F Im e também a Devemos então ter Portanto temos de para algum F G = J1 ⊕ J2 ⊕ · · · ⊕ Jm . G, então: F -representações lineares irredutíveis de G é nito, a menos de G. d1 , d2 , . . . , dm são os graus das F -representações irredutíveis (não equivalentes) G, então |G| = d21 + d22 + · · · + d2m . Demonstração: 1.6 Ij temos xm = 0 e analogamente equivalência, e é igual ao número de classes de conjugação de (ii) Se um ideal minimal xm ∈ Jm ∩ (J1 + · · · + Jm−1 ), é isomorfo a onde é um corpo algebricamente fechado cuja característica não divide a ordem de um grupo nito (i) O número de x1 + x2 + · · · + xm = 0, xm ̸= 0 e considere I Como j ∈ {1, . . . , m−1}, o que é uma contradição. No que segue, provaremos Pode ser encontrada em [H], da página 127 até 129. Caracteres Reservamos esta seção exclusivamente para a apresentação do conceito de caracter de um grupo G. A abordagem será concisa, e priorisará o que será importante para o Cap. 1- Caracteres 33 andamento da dissertação. Denição 1.6.1 G. φ : G → GL(V ) uma representação de dimensão nita do grupo Seja Chamamos χφ : G → F (i) A aplicação dada por χφ (g) = tr(φ(g)), g ∈ G de caracter de (ii) O caracter χφ φ. de irredutível se a representação φ Em alguns momentos, usaremos apenas o símbolo Exemplo 1.6.2 Se as representações φ(g) = P ψ(g)P . teres iguais). χφ = χψ Logo, χ para denotar o caracter ψ : G → GL(V ′ ) ′ vetorias P : V → V tal φ : G → GL(V ) equivalentes, então existe um isomorsmo de espaços −1 for irredutível. e χφ . são que (ou seja, representações equivalentes têm carac- Por outro lado, para quaisquer g, x ∈ G, tr(φ−1 (x)φ(g)φ(x)) = tr(φ(x−1 gx)) = χ(x−1 gx). χ(g) = tr(φ(g)) = dizemos que χ é uma temos Devido a isso, função de classe. Seja φ : G → GL(V ) Então existem · · · ⊕ Wm uma representação completamente redutível de grau nito. W1 , . . . , Wm subespaços de e cada sub-representação φj V φ-invariantes é irredutível. Sendo tais que βj j = 1, . . . , m e β = β1 ∪β2 ∪· · ·∪βm , temos que a matriz [φg ]β cada g ∈ G. Sendo χj o caracter da representação Mais geralmente, qualquer caracter do grupo G φj , V = W1 ⊕ W2 ⊕ uma base de Wj , para é diagonal em blocos para devemos ter χ = χ1 + · · · + χm . pode ser decomposto como soma de caracteres irredutíveis, como atesta a próxima proposição. Teorema 1.6.3 Todo caracter de um grupo Demonstração: G é uma soma de caracteres irredutíveis. Pode ser encontrada na página 126 de [H]. Observação 1.6.4 irredutíveis de G Sendo G é nito. resultado anterior que dado um grupo nito, temos que o número de Sendo χ um χ1 , . . . , χm F -caracter F -caracteres esses caracteres irredutíveis, segue do de G, existem negativos tais que χ = n1 χ1 + · · · + nm χm . n1 , . . . , n m inteiros não Cap. 1- Caracteres 34 Teorema 1.6.5 (Relações de ortogonalidade) φ : G → GL(V ) e ψ : G → GL(W ) res χ1 e χ2 , respectivamente. Então: (i) Se φ (ii) Se F ∑ F um grupo G, representações irredutíveis de ∑ são não equivalentes, então g∈G nito e com caracte- χ2 (g −1 )χ1 (g) = 0. é algebricamente fechado e a característica de F não divide |G|, então −1 χ1 (g )χ1 (g) = |G|. g∈G (iii) Se ψ e G Sejam é algebricamente fechado, a característica de não divide |G| e φ e ψ não χ1 ̸= χ2 . são equivalentes, então Demonstração: F Pode ser encontrada na seção 5 do capítulo 18 de [L]. . Como corolário do último resultado, extraímos os seguintes fatos. Corolário 1.6.6 (i) Se η η F um corpo de característica zero e é um caracter de é um caracter de (iii) Caracteres de Demonstração: então ∑ g∈G um grupo nito, valem: η(g −1 )η(g) = q|G| para algum inteiro f G tal que ∑ g∈G η(g −1 )η(g) = |G|, então η é irredutível. F -representações irredutíveis e não equivalentes de G são distintos. Pode ser encontrada na seção 5 do capítulo 18 de [L]. Observação 1.6.7 de classe se G, G q ∈ F. positivo (ii) Se Sendo Dizemos que uma função f tendo G como domínio é uma função é constante em cada classe de conjugação de vetorial de todas as funções de classe de G em F . G. Podemos C(G) o espaço denir em C(G) um Seja produto interno da seguinte maneira: (χ, ψ) = Pelo que já vimos, se 0, ou seja, χ1 e χ2 Proposição 1.6.8 grupo de G, G. 1 |G| χ1 e ∑ g∈G χ2 χ(g)ψ(g −1 ) para quaisquer χ, ψ ∈ C(G). são caracteres irredutíveis distintos de G, então (χ1 , χ2 ) = são ortogonias em relação a este produto interno. F um corpo cuja característica não divide a ordem de um C = {χ1 , χ2 , . . . , χh } o conjunto dos F -caracteres irredutíveis Sejam Considerando temos: (i) Se F é algebricamente fechado, então (ii) Se a caracterísrica de i = 1, . . . , h. F (χi , χi ) = 1 é zero, então (χi , χi ) para todo i = 1, . . . , h. é um inteiro positivo para todo Cap. 1- Caracteres 35 (iii) Se a característica de subconjunto de Demonstração: C(G) Os itens F é zero ou é algebricmente fechado, então C é um linearmente independente. (i) e (ii) seguem das relações de ortogonalidade. (iii) Suponhamos λ1 , . . . , λh ∈ F i ∈ {1, 2, . . . , h}, F tais que 0 = λ1 χ1 + · · · + λh χh . Fixado qualquer segue que 0 = (λ1 χ1 + · · · + λh χh , χi ) = λ1 (χ1 , χi ) + · · · + λh (χh , χi ) = λi (χi , χi ), o que encerra a demonstração. Fixemos F um corpo algebricamente fechado cuja característica não divida |G|. Neste contexto, a propriedade essencial do produto interno denido anteriormente é que os caracteres irredutíveis de G formam uma base ortonormal para efeito, o fato de o conjunto de caracteres irredutíveis C(G). Com C = {χ1 , . . . , χk } ser um conjunto ortonormal decorre trivialmente da proposição acima. Não é difícil ver que a dimensão de C(G) é igual ao número de classes de conjugação de G de conjugação de um conjunto LI em G. Mas, o número de classes coincide com o número de caracteres irredutíveis. Desde que C(G), C é temos justicada a armação. Já sabemos que representações equivalentes têm caracteres iguais. O próximo resultado se refere à recíproca deste fato. Teorema 1.6.9 lineares de um F é um corpo de característica zero, então duas F -representações grupo G que têm o mesmo caracter são equivalentes. Se Demonstração: Exemplo 1.6.10 Consideremos G = ⟨g⟩ um grupo cíclico de ordem algebricamente fechado. Desde que o corpo raiz primitiva de sobre Pode ser encontrada na página 140 de [H]. x −1 n F n e F um corpo r∈F irredutíveis de G é algebricamente fechado, existe . Nosso objetivo é exibir todos os caracteres F. j = 0, . . . , n − 1, dena a aplicação φj : G → GL(F ) por φj (g k ) = Tjk : F → F , onde Tjk (1) = rjk . Claramente, φj é uma representação irredutível de G. Não é difícil ver que se i ̸= j , tem-se que φi e φj não são isomorfas. Uma vez que G tem n representações irredutíveis sobre F (pois o número de representações irredutíveis de G é |G| = n), tem-se que φ0 , . . . , φn−1 são, a menos de isomorsmo, todas as F -representações irredutíveis de G. Para todo Cap. 1- Caracteres 36 G Logo, os caracteres irredutíveis de sobre F χj (g k ) = tr(Tjk ) = rjk são para j = 0, . . . , n − 1 Extraindo a ideia do exemplo acima, podemos adaptar o argumento para determinar todos os caracteres irredutíveis e não isomorfos de um grupo G abeliano e nito. De fato, pelo Teorema Fundamental dos Grupos Abelianos Finitos, todo grupo abeliano e nito pode ser escrito como produto direto de grupos cíclicos. G = H1 × · · · × Hl , podemos escrever nj , para todo Para cada j = 1, . . . , l. Neste caso, t = 1, . . . , l. G onde rt deve ter é um grupo cíclico de ordem n1 · · · nl caracteres irredutíveis. dena χp1 ···pl : G → F por xnt − 1, para é uma raiz primitiva do polinômio Tais aplicações são os Vamos denotar por de G p1 = 0, . . . , n1 − 1; . . . ; pl = 0, . . . , nl − 1, χp1 ···pl (g1i · · · glj ) = r1ip1 · · · rljpl , todo Hj = ⟨gj ⟩ onde n1 · · · nl Por isso, caracteres irredutíveis de G. b o conjunto dos caracteres irredutíveis das F -representações G exibidas no exemplo acima. Proposição 1.6.11 Sejam G um grupo abeliano e nito e F um corpo algebricamte fechado. Então: (i) O conjunto (ii) Os grupos b G G Demonstração: grupo G é um grupo com a operação e b G χi χj (g) = χi (g)χj (g) para todo g ∈ G. são isomorfos. Por simplicidade de notação, faremos a demonstração supondo o cíclico de ordem n, isto é, G = ⟨g⟩, com g n = 1. Também adotaremos a notação do Exemplo 1.6.10 para os caracteres irredutíveis listados anteriormente. Observe inicialmente que para quaisquer χi, χj , a aplicação χi χj logo temos uma operação bem denida em χi χj = χj χi . Agora note que χ0 b. G é um caracter irredutível, Ademais, sendo G abeliano, tem-se é elemento neutro para essa operação, pois χ0 χj (g k ) = χ0 (g k )χj (g k ) = r0k χj = χj (g k ). Por m, sendo b, χi ∈ G é fácil ver que Provaremos agora que os grupos χn−i G e é o inverso de b G χi na operação denida. são isomorfos. Para isso, basta vericar que a aplicação b θ : G −→ G g i 7−→ χi é um isomorsmo. Cap. 1- Anéis Semissimples Exemplo 1.6.12 37 A um F -álgebra, com F algebricamente fechado e de caracb, terística zero e A = ⊕g∈G Ag uma G-graduação abeliana e nita. Para todo χ ∈ G ∑ ∑ sendo a = ag ∈ A, denamos a aplicação χA : A → A dada por χA (a) = χ(g)ag . Armamos que χA ∈ Aut(A). Inicialmente, perceba que a restrição de χA a cada subespaço Ag está bem denida e, além disso, é um isomorsmo de espaços vetoriais. Assim, desde que A = ⊕g∈G Ag , decorre que χA é um operador linear inversível do espaço vetorial A. Dados a, b ∈ A, armamos que χA (ab) = χA (a)χA (b). De fato, note que ag bh ∈ Agh para quaisquer g, h ∈ G. Fixados g, h ∈ G, vamos denotar por c o produto ag bh . Devemos ter χA (ag bh ) = χA (c) = χ(gh)c = (χ(g)χ(h))(ag ah ) = (χ(g)ag )(χ(h)bh ) = χA (ag )χA (bh ). ∑ ∑ ∑ Mais geralmente, se a = ag e b = bh temos ab = ag bh . Assim, χA (ab) = ∑ ∑ ∑ ∑ χA ( ag bh ) = χA (ag bh ) = χA (ag )χA (bh ) = (χ(g)ag )(χ(h)bh ) = χA (a)χA (b). Logo, χA ∈ Aut(A). b ⊂ Aut(A). VericaCometendo um abuso de notação, escreveremos χA = χ e G b é um subgrupo abeliano do grupo Aut(A). se que o conjunto de operadores G 1.7 Sejam Anéis Semissimples Para a elaboração desta seção, utilizamos como referência principal o capítulo 1 do livro [H]. As demonstrações omitidas dos resultados ora apresentados podem ser encontradas nesta referência. Novamente ressaltamos que, no que segue, sempre estaremos considerando R um anel associativo e com unidade. Denição 1.7.1 Seja R um anel. Dizemos que (i) R é semissimples se J(R) = 0. (ii) R é Artiniano (Noetheriano) à direita se toda cadeia decrescente (crescente, res- pectivamente) de ideais à direita R I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In ⊃ . . . (I1 ⊂ I2 ⊂ . . . ⊂ In ⊂ . . .) é estacionária, ou seja, existe (iii) R é um anel simples se (iv) Um ideal I Exemplo 1.7.2 maximal. Desse de R R n0 ∈ N In = In0 para todo n ≥ n0 . não possui ideais não triviais. é nilpotente se existe F um corpo. Temos modo, J(F ) = 0 e assim F Seja tal que n∈N que 0 tal que I n = 0. é o único ideal próprio de F, logo é pode ser visto como um anel semissimples. Cap. 1- Anéis Semissimples Exemplo 1.7.3 Sejam R 38 um anel e I um ideal de R. I também o é. De fato, pela Proposição J(R) = 0, segue-se que I é semissimples. semissimples, tem-se que J(I) = I ∩ J(R), e como Exemplo 1.7.4 Sendo Consequentemente, as R Armamos que se for 1.3.25, temos A uma álgebra de dimensão nita, claramente A F -álgebras Mn (F ), U Tn (F ) e F G são Artinianas, é Artiniana. sendo G um grupo nito. Para o andamento da dissertação, serão necessários alguns teoremas clássicos da teoria de anéis não comutativos. Nos concentraremos apenas no enunciado desses teoremas, deixando a demonstração como uma consulta à bibliograa a ser realizada pelo leitor interessado. Cada um dos seguintes resultados, e suas respectivas provas, podem ser encontrados no capítulo 1 de [H]. Teorema 1.7.5 (i) Se R Seja R um anel Artiniano. Tem-se: é semissimples, então R é soma direta de um número nito de subanéis simples. (ii) Se R é semissimples e então os (iii) J(R) (iv) Se (v) Se I R Ai R = A1 ⊕ · · · ⊕ Ak , percorrem todos os ideias minimais é um ideal nilpotente de é um ideal nilpotente de idempotente tal que simples para todo i, R. R, I ̸= 0 I = eR. é semissimples e Ai subanel de R. sendo então I ⊂ J(R). é um ideal à direita de R, então existe e ∈ R Outro resultado interessante é o seguinte: Proposição 1.7.6 Os anéis R e R/J(R) têm os mesmos módulos simples à esquerda. O teorema seguinte é clássico e, muitas vezes, se revela de grande utilidade. Teorema 1.7.7 (Wedderburn-Artin) Seja R um anel Artiniano semissimples. tão, R ≃ Mn1 (D1 ) ⊕ · · · ⊕ Mnk (Dk ), onde Di é um anel com divisão, para todo i = 1, . . . , k . En- Cap. 1- Anéis Semissimples 39 Demonstração: Pode ser encontrada na página 50 de [H]. Como consequência do que já foi enunciado, temos o seguinte resultado: Corolário 1.7.8 Seja A uma álgebra semissimples de dimensão nita sobre um corpo algebricamente fechado de característica zero. Então o número de somandos simples de A é igual à dimensão do centro de Demonstração: A característica zero ou p onde Demonstração: Dado usando a notação xTa F G. isomorsmo entre (i) Se g ̸= 1, Seja gj ∈ G não divide a ∈ F G, FG dena Ta e sua imagem G Sejam |G|. Ta Então a álgebra em x). tr(Tg ) = 0, FG ψ : F G → GL(F G) um corpo de é semissimples. xTa = xa como É claro que Ta dada por (estamos é um operador ψ(a) = Ta é um ψ(F G). como uma matriz(em relação à base então F um grupo nito e Ta : F G → F G para a avaliação de J onde o radical de Jacobson de vericando G), temos: g ∈ G. α1 ̸= 0. Logo, F G e suponha 0 ̸= x ∈ J . x = α1 g1 + · · · + αn gn . adequado e pelo fato de com tr(T1 ) = |G|. (ii) e p Além disso, a aplicação Escrevendo F. Pode ser encontrada na página 51 de [H]. Lema 1.7.9 (Teorema de Maschke) linear de sobre J Desse modo, 0 = tr(Tx ) = α1 |G|. ser um ideal de αj ∈ F Multiplicando a última igualdade por gi−1 F G, podemos supor que x = α1 + · · · + αn gn , Tx = α1 T1 + · · · + αn Tn Uma vez que Assim, existem |G| ̸= 0 é nilpotende, já que em F, segue que J α1 = 0 , é nilpotente. o que é uma contradição. Assim, J =0 e a álgebra FG é semissimples. Consideremos G um grupo abeliano e nito e F um corpo algebricamente fe- chado de característica zero. Como aplicação dos resultados anteriores, no que segue apresentaremos uma decomposição para a álgebra de grupo FG em soma de ideais minimais idempotentes. Tal fato será importante para o estabelecimento da dualidade entre G-ações e G-graduações em uma álgebra associativa e, devido à sua importância para os nossos própositos, será enunciado como lema. Cap. 1- Anéis Semissimples Lema 1.7.10 G Sejam 40 um grupo abeliano e nito de ordem n e F bricamente fechado de característica zero. Então existem elementos FG idempotentes centrais em um corpo alge- f1 , . . . , f n ∈ F G tais que F G = F f1 ⊕ · · · ⊕ F fn . Demonstração: Note que B1 , ..., Bk Teorema 1.7.5, existem Bk . Mas pelo item minimais de tal que F G. (ii) subanéis simples de para todo α1 , . . . , αn ∈ F tais que direita por qualquer B1 , . . . , Bk i = 1, . . . , k . fj , é uma base de FG Como estamos nas hipóteses desejáveis, como α1 f1 + · · · + αn fn = 0. temos αj fj = 0, F G = F f 1 ⊕ · · · ⊕ F fn , donde F -espaço idempotentes e ortogonais (isto é 1 = f1 + · · · + fr são centrais em Lema 1.7.11 e Multiplicando a última igualdade a αj = 0, para todo fi fi = fi Ui = F Gfi , Sejam G F G. e Assim, F G = U1 ⊕ · · · ⊕ Ur , Daí obtem-se fi fj = 0 para todo um grupo abeliano nito, χi para onde f1 ∈ U1 , . . . , fr ∈ Ur i, j = 1, . . . , n, i = 1, . . . , r. Demonstração: F com Ademais, i ̸= j ) f1 , . . . , f r um corpo algebricamente fechado o caracter da sub-representação sentação regular. Então o idempotende fi ∈ Ui é dado por ρi : G → GL(Ui ) da repre∑ 1 −1 fi = |G| g∈G χi (g )g . Pode ser encontrada em [ML], teorema 5.1.11. Observação 1.7.12 Pelo último lema, devemos ter fi = que j = 1, . . . , n. F G. de característica zero e 1 n ∑ g∈G χi (g −1 )g , para quaisquer g ∈ G, temos gfi = χi (g)fi . Pela χi (fj ) = δij é o delta de Kronecker. Sendo vetorial. De fato, sejam nalizando a demonstração. são ideais minimais e bilaterais de satisfazendo são todos os ideais (v) do referido teorema, existe fi ∈ F G idempotente Dada uma decomposição acima, é possível escrever Ui 's do G ser abeliano, podemos aplicar o Corolário 1.7.8 e concluir que k = n. f1 , . . . , f n os (i) F G satisfazendo F G = B1 ⊕· · ·⊕ do mesmo teorema, segue que Armamos que concluímos que é Artiniano e semissimples. Assim, pelo item Aplicando o item Bi = F Gfi , usando o fato de FG i = 1, . . . , n. extensão dos caracteres de G a F G, temos Cap. 1- A Dualidade entre G-graduações Abelianas Finitas e G-ações 1.8 A Dualidade entre tas e G-graduações 41 Abelianas Fini- G-ações Consideremos G um grupo abeliano e nito e A G- uma álgebra associativa graduada. Com as informações contidas nas seções anteriores, estamos em condições de estabelecer uma dualidade entre G-ações grande utilidade quando formos classicar as Observação 1.8.1 Seja Observação 1.8.2 Seja Proposição 1.8.3 Sejam e G-graduações G-graduações sobre A. Este fato terá sobre a álgebra U Tn (F ). A = ⊕g∈G Ag uma álgebra com uma graduação abeliana e ∑ b nita. Sendo a ∈ A, com a = g∈G ag , e χ ∈ G, lembramos que χ age por automor∑ smo sobre A da seguinte forma: χ(a) = g∈G χ(g)ag . Ao longo da seção, sempre que b falarmos em G-ações sobre A, estaremos nos referindo a este tipo de ação. G age sobre A. g Sendo g ∈ G e a ∈ A denotaremos a ação de g sobre a por g(a) = a . Podemos ∑ estender a última ação a uma ação de F G sobre A. Com efeito, sendo i αi gi ∈ F G, α1 g1 +···+αn gn g1 gn dena a = α1 a + · · · + αn a . Mostra-se que, neste caso, teremos uma ação de F G sobre A que estende a ação inicial. fechado de característica uma G-ação em A Demonstração: induz A uma F -álgebra e suponha que o grupo A uma álgebra associativa sobre um corpo F algebricamente zero e G um grupo abeliano e nito, onde |G| = n. Então uma G-graduação e reciprocamente. Primeiramente, suponhamos que o grupo G age sobre a álgebra A. Vamos utilizar o notação exponencial para denotar tal ação. Pelo que vimos no nal da seção anterior, podemos escrever irredutíveis de para cada G, teremos i = 1, . . . , n, F G = F f1 ⊕· · ·⊕F fn e sendo χ1 , . . . , χn os caracteres χi (fj ) = δij , para quaisquer 1 ≤ i, j ≤ n. Nesse contexto, denamos: Aχi = {a ∈ A : ag = χi (g)a, ∀g ∈ G}. Note que pela Observação 1.7.12, sendo g ∈ G, aχi (g)fi = χi (g)afi , afi ∈ Aχi . donde concluímos que Ademais, armamos que onde a ∈ A. Aχi gfi = χi (g)fi . Daí, (afi )g = é o subespaço gerado por elementos do tipo De fato, observando que af1 + · · · + afn ∈ Aχ1 + · · · + Aχn . temos afi , 1 = f1 + · · · + fn , temos que a = a1 = af1 +···+fn = Logo, sendo g∈G e a ∈ A, temos ag = af1 g + · · · + afn g = χ1 (g)af1 + · · · + χn (g)afn . Cap. 1- A Dualidade entre G-graduações Abelianas Finitas e G-ações a ∈ Aχi . Suponhamos que ag , igualdades para g ∈ G. Daí, Nesta caso, decorre que decorre que afj = 0, se ag = χi (g)a. (χj (g) − χi (g))afj = 0, j ̸= i. Portanto, a = afi , 42 Comparando as duas para quaisquer j = 1, . . . , n e o que conrma a armação feita. Destes fatos, obtemos A = ⊕χ∈Gb Aχ . Armamos que a decomposição apresentada acima é uma a ∈ Aχi e b ∈ Aχj . g ∈ G. para todo b-graduação. G De fato, sejam G age por automorsmos sobre A, temos (ab)g = ag bg , Uma vez que Assim, (ab)g = ag bg = (χi (g)a)(χj (g)b) = (χi (g)χj (g))(ab) = (χi χj (g))ab, donde ab ∈ Aχi χj . concluímos que A Do último fato, tem-se que é A é b-graduada G e, como b, G ≃ G G-graduada. A recíproca ca por conta do Exemplo 1.6.12. Corolário 1.8.4 V Suponhamos válidas as mesmas hipóteses do último teorema e seja A. um subespaço da álgebra Tem-se que V é homogêneo na G-graduação se, e b-ação determinada pela G-graduação da álgebra A. G Em particular, um elemento a ∈ A é homogêneo na G-graduação se, e somente se, a b. é autovetor de qualquer χ ∈ G somente se, V é invariante pela Demonstração: maneira como Suponhamos, de início, que χ age sobre A, que V com g1 , . . . , g t ∈ G não seja homogêneo na χ(g1 ) = λ e e v g1 , . . . , v gt χ(g2 ) = µ, possível escolher χ com χ(Vg ) = Vg segue que camente, suponhamos agora que V seja V = ⊕g∈G Vg , b-invariante. G G-graduação. com e, assim, χ(V ) = V . Da Recipro- Por contradição, suponhamos Assim, existe v = v g1 + · · · + v gt ∈ V , distintos e não pertencentes a λ ̸= µ Vg = Ag ∩ V . V. Seja b χ∈G tal que (note que da forma como são os elementos de b, G é nessas condições). Neste caso, u = λv − χ(v) = (λ − µ)vg2 + · · · pertence a V. Aplicando o mesmo procedimento iteradamente, teremos que a última das componentes dessa forma que v g2 , . . . , v gt V é pertencerá a G-graduado. V, o que é uma contradição. Concluímos Cap. 1- A Dualidade entre G-graduações Abelianas Finitas e G-ações a ∈ A, Para concluir a última parte da armação, dado parte do corolário ao subespaço basta aplicar a primeira V = ⟨a⟩. O próximo resultado nos fornece um critério, em termos de um certo elemento Lema 1.8.5 A = ⊕g∈G Ag 43 é homogêneo na b, G para identicar se G-graduação. F um corpo algebricamente fechado de característica zero e A = ⊕g∈G Ag uma G-graduação abeliana nita e a ∈ A − {0}. Então a ∈ A1 se, b. e somente se, χ(a) = a, para todo χ ∈ G Sejam Demonstração: que Suponhamos de início que a ∈ A1 . Assim, para todo b, χ∈G ocorre χ(a) = χ(1)a = 1F a = a. Suponhamos agora que para todo Neste caso, a é autovetor b e, pelo corolário anterior, segue-se que a é homogêneo na G-graduação. χ∈G Digamos que todo b. χ(a) = a, para qualquer χ ∈ G b. χ∈G a ∈ Ag , para algum Segue-se daí que g ∈ G. g=1 Assim devemos ter e, assim, a ∈ A1 , a = χ(a) = χ(g)a, para o que encerra a demonstração. Exemplo 1.8.6 Seja A = ⊕g∈G Ag uma álgebra com uma G-graduação abeliana e J(A) é a interseção de todos os ideais maximais à direita de A e automorsmos preservam ideais maximais à direita, tem-se que J(A) é invariante por automorsmos de A. Em particular, temos χ(J(A)) = J(A), para b. Assim, pelo último resultado, devemos ter que J(A) é um subespaço de A todo χ ∈ G homogêneo na G-graduação. nita. Desde que o radical de Jacobson Exemplo 1.8.7 A = U Tn (F ) = ⊕g∈G Ag uma G-graduação abeliana e nita. Seja X = {x ∈ A : xJ(A) = 0} (anulador à esquerda de J(A) em A). Armamos que X é homogêneo na G-graduação. De fato, dado x ∈ X e a ∈ J(A), temos x = x1 + · · · + xn e a = a1 + · · · + an , onde xj , aj ∈ Agj . Assim, como cada ai ∈ J(A) (pelo exemplo anterior), para todo i = 1, . . . , n, temos 0 = xai = (x1 + · · · + xn )ai = x1 ai + · · · + xn ai e pela unicidade da decomposição do zero, decorre que xj ai = 0, para todo j = 1, . . . , n, donde xj a = 0. Assim, xj ∈ X , para todo j = 1, . . . , n. Segue-se que X é homogêneo na G-graduação. Por outro lado, mostra-se que X = ⟨E1n , E2n , . . . , Enn ⟩. Assim, sendo W = ⟨E1n , . . . , En−1,n ⟩, temos W = J(A) ∩ X . Deste fato segue-se que W é homogêneo na G-graduação. Mais geralmente, sendo B um álgebra qualquer G-graduada e C ⊂ B um ideal G-graduado de B, tem-se que o anulador de C é G-graduado. Consideremos Capítulo 2 Classicação das Graduações de Grupo na Álgebra U Tn(F ) O presente capítulo foi reservado para o estudo e a apresentação dos resultados dos artigos [VZ1] e [VZ2]. No Capítulo 1, foram apresentados resultados que se revelarão importantes neste momento. Procurando facilitar a leitura, sempre que zermos uso de fatos já demonstrados, faremos menção a isso. Em todo o capítulo, reservamos a letra F A para designar a álgebra U Tn (F ), onde é um corpo. Nesta etapa do nosso estudo, nos propomos a demonstrar que qualquer G-graduação A = ⊕g∈G Ag é isomorfa a alguma mente, faremos isto impondo que G G-graduação elementar de seja abeliano e nito e que F A. Inicial- seja algebricamente fechado e de característica zero, tendo como referência o primeiro artigo supracitado. Em seguida, faremos o caso geral, sem impor condições sobre G e F, que pode ser encontrado no segundo artigo mencionado anteriormente. 2.1 Lemas Iniciais Os fatos expostos nesta seção são típicos de Álgebra Linear, mas se farão indis- pensáveis posteriomente. Ao longo dessa seção sempre estaremos supondo algebricamente fechado e de característica zero e G F um corpo um grupo abeliano e nito. Cap. 2- Graduações Abelianas e Finitas em U Tn (F ) Lema 2.1.1 V 45 F -espaço vetorial de dimensão nita, onde F é um corpo algebricamente fechado. Se H = {h1 , . . . , hn } é um subgrupo abeliano de GL(V ) formado por operadores diagonalizáveis, então os operadores h1 , . . . , hn podem ser diagonalizaSeja um dos simultaneamente. Demonstração: Suponhamos inicialmente que um autoespaço de h1 , provaremos que Vλ h1 (v) = λv . que Vλ h2 , é Daí, h2 -invariante. tem-se que β é n = 2 e assim H = {h1 , h2 }. h2 -invariante. h1 (h2 (v)) = h2 (h1 (v)) = λh2 (v) Logo, escolhendo para Vλ De fato, sendo e assim uma base também é formada por autovetores de β Sendo v ∈ Vλ , temos h2 (v) ∈ Vλ . Portanto, formada por autovetores de h1 . Assim, h1 e h2 podem ser diagonalizados simultaneamente. Por indução obtemos o caso geral. Lema 2.1.2 de Aut(B). Sejam B Vλ F -álgebra e I um ideal de B invariante pelos elementos ϕ ∈ Aut(B) induz um automorsmo ϕ ∈ Aut(B/I) dado por uma Então, cada ϕ : B/I −→ B/I . b + I 7−→ ϕ(b) + I Demonstração: Dado um operador automorsmo A demonstração é imediata. φ ∈ Aut(B), φ ∈ Aut(B/I) Observação 2.1.3 também usaremos a letra induzido por φ. φ para denotar o O contexto impedirá ambiguidades. A = U Tn (F ) e W = ⟨E1n , . . . , En−1,n ⟩. Já vimos no Exemplo 1.3.26 que J(A/W ) = J(ρ(U Tn−1 ) ⊕ C) = J(ρ(U Tn−1 )), onde C = ρ(⟨Enn ⟩). Não é difícil ver que ⟨ρ(Enn ), ρ(E1,n−1 )⟩ é o anulador bilateral de J(A/W ) e, pelo Exemplo 1.8.7, é homogêneo na G-graduação de A/W . Desse modo, sendo φ ∈ Aut(A), exis2 tem α, β ∈ F tais que φ(ρ(Enn )) = αρ(Enn ) + βρ(E1,n−1 ). Em virtude de Enn = Enn é imediato que α = 1 e β = 0. Consequentemente, C = ρ(⟨Enn ⟩) é homogêneo na G-graduação. Logo, ρ(U Tn−1 ) é homogêneo na G-graduação, pois é o anulador de C . 2.2 Consideremos Graduações Abelianas e Finitas em Inicialmente, iremos classicar as A, supondo F U Tn(F ) G-graduações abelianas e nitas sobre a álgebra um corpo algebricamente fechado e de característica zero. Os resultados ora apresentados podem ser encontrados no artigo [VZ1] escrito por A. Valenti e M.V. Zaicev. Como será percebido, faremos uso frequente de fatos acerca de Representações de Grupos que abordamos no capítulo anterior. Cap. 2- Graduações Abelianas e Finitas em U Tn (F ) Lema 2.2.1 A = ⊕g∈G Ag 46 G-graduação abeliana e nita. Então existem Y1 , . . . , Yn ∈ J(A) tais que as matrizes e1 = E11 +Y1 , . . . , en = Enn +Yn são ortogonais, idempotentes e pertencem à componente neutral da G-graduação considerada. Seja Demonstração: uma n, A prova será por indução em sendo o caso ponhamos por indução que o resultado seja válido para todo no Exemplo 1.8.7, o ideal W = ⟨E1n , . . . , En−1,n ⟩ 1.2.9, a álgebra quociente A/W é G-graduada. ρ : A −→ s < n. G-graduado é n=1 imediato. Su- Pelo que vimos e assim, pelo Exemplo Sendo A/W a 7−→ a = a + W W , vimos no Exemplo 1.3.26 que U Tn−1 (F ) ≃ ρ(U Tn−1 (F )). a projeção canônica sobre Como pela Observação 2.1.3 G-graduado. ρ(U Tn−1 (F )) é G-graduado, Assim, por hipótese de indução, existem ⟨Eij : 1 ≤ i < j ≤ n − 1⟩ tais que as matrizes tem-se que todo Consequentemente, j = 1, . . . , n − 1. φ(e′j ) = e′j Daí, e′j = e′j + W Sendo ′ e′1 = E11 + Y1′ , . . . , e′n−1 = En−1 + Yn−1 G-graduação φ(e′j ) − e′j ∈ W . b ⊂ Aut(W ) G b = {φ1 , . . . , φm } ⊂ Aut(A), G A/W ) W é b G β = {w1 , . . . , wn−1 } de W Fixando qualquer b φ ∈ G e podemos escrever ao espaço é um subgrupo abeliano de A/W , para 1 ≤ j ≤ n − 1. W ). Aut(W ) Recorrendo e, por hipótese, Portanto, pelo Lema 2.1.1, existe uma base que diagonaliza simultaneamente os operadores e′j , a1 , . . . , an−1 ∈ F b G de segue do Lema 1.8.5 que φ-invariante, (tomando as restrições dos elementos de é um corpo algebricamente fechado. escalares para todo Por outro lado, como ao Exemplo 1.6.12, tem-se que F pertence à componente neutral de (automorsmo induzido em é ′ Y1′ , . . . , Yn−1 ∈ J(U Tn−1 ) = são ortogonais, idempotentes e pertencem à componente neutral da U Tn−1 . U Tn−1 ⊂ A uma vez que φ(e′j ) − e′j ∈ W , para todo b. φ∈G b, φ∈G existem satisfazendo φ(e′j ) = e′j + a1 w1 + · · · + an−1 wn−1 . Ao mesmo tempo, sendo para todo j = 1, . . . , n − 1. wj b G ter ordem φ, existe λj ∈ F tal que φ(wj ) = λj wj Diante disso, temos a igualdade φk (e′j ) = e′j + Em virtude de autovetor de m, ∑n−1 i=1 temos ai (1 + λi + · · · + λk−1 )wi . i φm = Id. Da expressão acima, decorre que Cap. 2- Graduações Abelianas e Finitas em U Tn (F ) 47 )=0 ai (1 + λi + · · · + λm−1 i para todo (2.1) i = 1, . . . , n − 1. Por motivo análogo, se i = 1, . . . , n − 1. Sendo b, ψ∈G existem b1 , . . . , bn−1 ∈ F µi ∈ F tais que tais que ψ(wi ) = µi wi , para todo ψ(e′j ) = e′j + b1 w1 + · · · + bn−1 wn−1 , pelo mesmo motivo que anteriormente, devemos ter bi (1 + µi + · · · + µm−1 )=0 i para todo i = 1, . . . , n − 1. Com algumas manipulações algébricas, obtemos ψφ(e′j ) = e′j + φψ(e′j ) = e′j + Uma vez que b G (2.2) é abeliano, temos ∑n−1 i=1 (bi + µi ai )wi , i=1 (ai + λi bi )wi . ∑n−1 ψφ = φψ . Consequentemente bi (1 − λi ) = ai (1 − µi ), i = 1, . . . , n − 1. Para • φ xada, denamos os elementos Se todos os autovalores λ1 , . . . , λn−1 e′′j = e′j + • • e′′j ∈ A denamos bi como coeciente de 1−µi mas existe para todo são diferentes de b ψ ∈ G λi = 1 ρ(wi ) = wi , segundo os seguintes critérios: 1, denamos a1 an−1 w1 + · · · + wn−1 . 1 − λ1 1 − λn−1 Se algum Se (2.3) b, ρ∈G tal que µi ̸= 1 (2.4) então na igualdade 2.4, wi . na igualdade 2.4 colocamos em wi coeciente zero. Inicialmente, vamos avaliar 1, . . . , n − 1. Temos φ em e′′j no caso em que λi ̸= 1, para todo i = Cap. 2- Graduações Abelianas e Finitas em U Tn (F ) φ(e′′j ) = φ(e′j ) + ∑ ai i 1−λi φ(wi ) = e′j + e′j + No caso em que λi = 1 vemos que λi = 1 da ação de φ e existe implica ∑ ∑ µi ̸= 1 ai = 0. i ai wi + ai i 1−λi wi ai = 0, temos ∑ i ai (1 + λi )wi 1−λi ψ ̸= φ, = observando a igualdade 2.1 Neste caso, é fácil ver que o coeciente de φ(e′′j ) = e′′j . e claramente Assim, para qualquer Denindo = e′j + wi depois é ai = 0, teríamos λi a i i 1−λi wi = e′′j . para algum ai + e como ∑ 48 bi 1 − µi E no caso em que ρ(wi ) = wi para todo b, ρ ∈ G φ(e′′j ) = e′′j . b, ψ ∈G observando a igualdade 2.3, teremos uj = e′′j − e′j , temos uj ∈ W . Além disso, como ψ(e′′j ) = e′′j . W 2 = 0 e W (U Tn−1 (F )) = 0, obtemos que (e′′j )2 = (e′j + uj )2 = e′j + e′j uj , j = 1, . . . , n − 1, (e′′n )2 = e′n + un e′n e (e′′j )2 (e′′n )2 = e′j (uj + un )e′n , j = 1, . . . , n − 1, b, ψ∈G são xados para qualquer uma vez que são produtos de pontos xos. Portanto, os elementos ej = e′j + e′j uj − e′j (uj + un )e′n , j = 1, . . . , n − 1, en = e′n + un e′n satisfazem a condição ψ(ei ) = ei para todo W e′j = 0, j = 1, . . . , n − 1, e′n W = 0 quaisquer 1 ≤ i < j ≤ n − 1, e b ψ ∈ G e′1 , . . . , e′n e i = 1, . . . , n. são ortogonais e idempotentes, para devemos ter ei ej = (e′i + e′i ui − ei (ui + un )e′n )(e′j + e′j uj − e′j (uj + un )e′n ) = 0 e assim podemos escrever ei ej = δij ei para todo 1 ≤ i ≤ j ≤ n−1. en ej = 0, j = 1, . . . , n − 1. Observando que Por m, e ei ei = ei Além disso, e2n = en , Cap. 2- Graduações Abelianas e Finitas em U Tn (F ) 49 ej en = (e′j + e′j uj − e′j (uj + un )e′n )(e′n + un e′n ) = e′j uj e′n − e′j (uj + un )e′n + e′j un e′n = 0 para todo j = 1, . . . , n − 1. Assim, os elementos e1 , . . . , en G-graduação ponente neutral da considerada em realizada, vemos que os elementos Y1 , . . . , Yn ∈ J(A), são ortogonias, idempotentes e pertencem à com- e1 , . . . , e n A. Ademais, pela construção que foi são da forma E11 + Y1 , . . . , Enn + Yn com encerrando a demonstração. O próximo teorema é o principal resultado desta seção: o teorema de classicação das graduações abelianas e nitas de Teorema 2.2.2 U Tn (F ). F um corpo algebricamente fechado e de característica zero e A = U Tn (F ) = ⊕g∈G Ag uma G-graduação abeliana e nita. Então A, vista como álgebra G-graduada, é isomorfa a U Tn (F ) com alguma G-graduação elementar. Demonstração: Sejam Pelo lema anterior, existem e1 = E11 + Y1 , . . . , en = Enn + Yn todo 1 ≤ i ≤ j ≤ n, denamos tais que as matrizes são ortogonais, idempotentes e pertencem a Aij = ei Aej . Mais ainda, pelo Exemplo 1.2.10, temos que G-graduação. Y1 , . . . , Yn ∈ J(A) Note que Aij Aij ̸= 0 pois A1 . Para 0 ̸= ei Eij ej ∈ Aij . é uma subálgebra de A homogênea na Armamos que A= ⊕ Aij . 1≤i≤j≤n Primeiramente, provaremos que a soma dos vamos mostrar que I = A12 ∩ ( ∑ (i,j)̸=(1,2) Aij é direta. Por simplicidade de notação, Aij ) = 0 (para provar o caso geral, basta ajustar a notação). Seja x ∈ I. Devemos ter x = e1 x12 e2 , ∑ x = (i,j)̸=(1,2) ei xij ej e, assim, ∑ x = e1 x12 e2 = e1 (e1 x12 e2 )e2 = e1 xe2 = e1 ( (i,j)̸=(1,2) ei xij ej )e2 = 0 pois e1 ei = e2 ej = 0 para todo i ̸= 1 e j ̸= 2. Desse modo ca justicado que a referida soma é direta. quantidade de subálgebras Aij é igual à dimensão de Agora note que a A e como cada Aij ̸= 0, segue que Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) A= (pois ⊕ Aij Aij é e que dim Aij = 1 para todos 1 ≤ i ≤ j ≤ n. G-graduada), que os elementos de Observe que Aij deve existir hij ∈ G são homogêneos na tal que Aij = Daí como Aij ⊂ Ahij . ⊕ g∈G Aij ∩Ag Concluímos assim G-graduação. E1n = E12 E23 . . . En−1,n ∈ J(A)n−1 , comparando as dimensões é fácil ver que 50 J(A)n−1 ̸= 0. logo Ademais, J(A) = ⟨Aij : 1 ≤ i < j ≤ n⟩ e que J(A)n−1 = A12 . . . An−1,n . Seja ai,i+1 um gerador de Claramente temos Para ai,i+1 = ei ai,i+1 ei+1 , 1 ≤ i < j ≤ n, • aij = ai,i+1 · · · aj−1,j • akk = ek Ai,i+1 , isto é, Ai,i+1 = ⟨ai,i+1 ⟩ para todo i = 1, . . . , n − 1. para todo para todo i = 1, . . . , n − 1. denamos e k = 1, . . . , n. Observe que todos os elementos de elementos homogêneos), aij são homogêneos na aij akl = δjk ail G-graduação (pois são produtos {aij : 1 ≤ i ≤ j ≤ n} e que é uma base de A. Por m, denindo ϕ ∈ Aut(A) por ϕ : A = ⊕g∈G Ag −→ 7−→ Eij aij e pondo A′g = ϕ(Ag ), temos que De fato, note que para A = ⊕g∈G A′g , A = ⊕g∈G A′g 1 ≤ i ≤ j ≤ n, Eij = ϕ(aij ) ∈ ϕ(Ahij ) = A′hij . um automorsmo G-graduado, dene uma existe hij ∈ G Desde que as matrizes pela Proposição 1.2.14, tal A Eij G-graduação donde segue que as G-graduação tal que aij ∈ Ahij e daí são homogêneas na graduação é elementar. Claramente G-graduações ϕ é são isomorfas. Desse modo, concluímos o resultado. 2.3 elementar. Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn(F ) A tônica desta seção será generalizar o resultado da seção anterior, no sentido de que não faremos restrições sobre o grupo G e o corpo F. Como tais restrições foram sobremaneira importantes na construção feita na seção anterior, não poderemos usar Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) 51 as mesmas técnicas. Precisaremos de outro conjunto de lemas que nos darão base para a conclusão do resultado desejado. A referência principal para a confecção desta seção foi o artigo [VZ2] de autoria de A. Valenti e M.V. Zaicev. No que segue, Observação 2.3.1 F G e serão um corpo e um grupo arbitrários, respectivamente. A = U Tn (F ), V um F -espaço vetorial com dim V = n e de V . Nesse contexto, considere uma cadeia de subespaços Sejam β = {v1 , . . . , vn } uma de V satisfazendo base • V1 ⊂ . . . ⊂ Vn = V • dim Vk = k Armamos que e a Vk = ⟨v1 , . . . , vk ⟩, para todo k = 1, . . . , n. M = (mij ) ∈ A é possível associar um que T (Vk ) ⊆ Vk , para todo k = 1, . . . , n. De fato, cada T = TM : V → V tal nir T da seguinte forma: operador basta de- T (v1 ) = m11 v1 T (v2 ) = m12 v1 + m22 v2 .. . .. . .. . (2.5) T (vn ) = m1n v1 + · · · + mnn vn . Claramente, temos V T (Vk ) ⊆ Vk e [T ]ββ = M . Reciprocamente, sendo β que preserva a cadeia acima, tem-se que [T ]β ∈ A. Por esta razão, no que segue, identicaremos a álgebra operadores do espaço vetorial V um operador de com a álgebra dos que preservam a cadeia considerada. Por um abuso de notação, em alguns momentos, escreveremos Lema 2.3.2 A T A ⊂ End(V ). A idempotente é conjugado a um elemento + · · · + Eik ik , onde 1 ≤ i1 < . . . < ik ≤ n. Qualquer elemento não nulo de diagonal idempotente do tipo Ei1 i1 Demonstração: F -espaço Seja V um vetorial tal que dim V = n e V = ⟨v1 , . . . , vn ⟩. Considere uma cadeia V1 ⊂ . . . ⊂ Vn = V de subespaços de V tal que dim Vk = k e Vk = ⟨v1 , . . . , vk ⟩, para todo k = 1, . . . , n. que foi visto na Observação 2.3.1, (2.6) Pelo A pode ser visto como a álgebra das transformações Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) lineares de V tais que T (Vk ) ⊆ Vk , para todo k = 1, . . . , n. 52 Na demonstração que segue, exploraremos tal identicação. Seja e∈A um elemento idempotente. Para demonstrar o resultado, é bastante v1 , . . . , v n mostrar que existe uma base onde ϵi = 0 ou 1, para todo de n, sendo hipótese de indução que exista uma base ou 1, para todo Caso e(vn ) ∈ Vn−1 , dena segue que neste caso n=1 Vk = ⟨v1 , . . . , vk ⟩ e e(vi ) = ϵi vi , vn′ = vn − e(vn ). de V tal que {v1 , . . . , vn−1 , e(vn )} Claramente, e(vj ) = ϵj vj , e(vn ) ∈ / Vn−1 Observe agora que se donde o conjunto {v1 , . . . , vn−1 , vn′ } um caso trivial. Suponhamos por {v1 , . . . , vn } j = 1, . . . , n − 1. e(e(vn )) = e2 (vn ) = e(vn ), tal que i = 1, . . . , n. A prova será por indução em ϵj = 0 V temos é a base requerida. vn′ ∈ / Vn−1 e e(vn′ ) = 0, donde é a base requerida. Note que o lema anterior é a versão em onde A = U Tn (F ) do que ocorre em Mn (F ), onde já sabemos que toda matriz idempotente é conjugada de alguma matriz diagonal. Passemos agora ao próximo lema. Lema 2.3.3 U Tk (F ), e ∈ A k = tr(e). Seja onde Demonstração: sabemos que e um idempotente. É claro que eAe é uma subálgebra de A. Y = (Ei1 i1 ϵi = 0 Seja ou é isomorfa a Pelo lema precedente, é conjugada a uma matriz do tipo onde eAe Então a subálgebra ϵ 0 ··· 0 1 0 ϵ2 0 · · · + · · · + Eik ik ) = 0 .. .. . . . . . . . . 0 0 · · · ϵn 1. X ∈ U (A) tal que e = X −1 Y X . Agora note que eAe = X −1 (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )XAX −1 (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )X = X −1 (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )A(Ei1 i1 + · · · + Eik ik )X . Perceba que (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )Eij (Ei1 i1 + · · · + Eik ik ) = Eij , e zero nos outros casos. Logo, s, t ∈ {1, . . . , k}. se i, j ∈ {i1 , . . . , ik } (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )Eij (Ei1 i1 + · · · + Eik ik ) = Eis jt , Motivados por essa constatação, denamos onde Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) 53 θ : (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )A(Ei1 i1 + · · · + Eik ik ) −→ U Tk (F ) 7−→ Eis jt Est que é um isomorsmo de álgebras. É claro que k = tr(e) = tr(Ei1 i1 + · · · + Eik ik ). Por m, como (Ei1 i1 + · · · + Eik ik )A(Ei1 i1 + · · · + Eik ik ) isomorfa a eAe é uma álgebra (pois são conjugadas), temos o resultado. Passemos ao próximo resultado. Lema 2.3.4 {a1 , . . . , an } de n elementos ortogonais idempotentes de A = U Tn (F ) é conjugado ao conjunto {E11 , . . . , Enn }, isto é, existe S ∈ A inversível −1 tal que ai = S Eii S , para todo i = 1, . . . , n. Todo conjunto Demonstração: Novamente, vamos identicar F -espaço vetorial V lineares de um de dimensão contexto, é suciente mostrar que existe k = 1, . . . , n, Sejam e ai (vj ) = δij vj , {u1 , . . . , un } Assim, podemos ver a2k = ak , segue que com a álgebra das transformações n tal como na Observação 2.3.1. v1 , . . . , v n base de V tal que Nesse Vk = ⟨v1 , . . . , vk ⟩, denota o delta de Kronecker. V e Vk = ⟨u1 , . . . , uk ⟩, para todo k = 1, . . . , n. a1 , . . . , an como transformações lineares, e denotaremos por (ak )ij para todo (ak )ii = 0 n é um conjunto de δij uma base de (i, j) da matriz ak entrada onde A ou 1, k = 1, . . . , n. para todo Como para todo i = 1, . . . , n. a k = 1, . . . , n, temos Uma vez que {a1 , . . . , an } elementos ortogonais, cada uma de suas matrizes possui uma única entrada não nula na diagonal. Reorganizando os índices, se necessário, podemos (a1 )11 = · · · = (an )nn = 1 escrever Denindo eAe End(Vn−1 ). tal que é isomorfa a e2 = e U Tn−1 (F ) se i ̸= j . como as matrizes e que a1 , . . . , an−1 tre = n − 1. e assim para todo v1 , . . . , vn−1 , vn Observação 2.3.5 que pode ser visto como uma subálgebra de 1 ≤ i, j ≤ n − 1. A. Denindo {v1 , . . . , vn−1 } vn = an (un ), A = ⊕g∈G Ag uma de Vn−1 segue que é a base requerida. Consideremos a matriz identidade de são ortogonais Daí pelo Lema 2.3.3, se- Aplicando a hipótese de indução, existe uma base ai (vj ) = δij vj , vn ̸= Vn−1 (ai )jj = 0, e = a1 + · · · + an−1 , idempotentes, é fácil ver que gue que e G-graduação e E como sendo De acordo com o Exemplo 1.2.5, devemos ter E ∈ A1 . Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) 54 ⟨E⟩ de A1 é isomorfa ao corpo F (que é semissimples, assim, ⟨E⟩ é semissimples. Assim, segue-se que A1 possui Agora note que a subálgebra pelo Exemplo 1.7.2) e, uma subálgebra semissimples maximal (maximal no conjunto de todas as subálgebras semissimples de Lema 2.3.6 A1 ) E. contendo U Tn (F ) = A = ⊕g∈G Ag a álgebra das matrizes triangulares superiores sobre um corpo arbitrário F graduada por um grupo G, com unidade 1. Então, a subálgebra A1 contém n elementos ortogonais idempotentes. Seja Demonstração: Suponhamos A prova é por indução em n > 1. Como subálgebra não trivial somando simples de (i) (ii) e e E−e B B de e e E ∈ A1 , A1 n, sendo o caso n=1 trivialmente válido. pelo que vimos na Observação 2.3.5, existe uma que é semissimples maximal e a unidade de C, E ∈ B. Sendo C um eis as possibilidades: são duas matrizes ortogonais idempotentes ou e = E. Note que o item (ii) implica C = ⟨E⟩ = B . Trataremos inicialmente do primeiro caso. Em virtude do Lema 2.3.3, devemos ter P = eAe ≃ U Tk em conta que na e Q = (E − e)A(E − e) ≃ U Tn−k , e, E − e ∈ A1 , G-graduação. a hipótese de indução a em Q 1 ⊂ A1 lista pelo Exemplo 1.2.10, segue que Aplicando a hipótese de indução a ortogonais idempotentes em Q, P1 ⊂ A1 existem P, k = tr(e) ̸= 0. P Q). Sendo e existem (componente neutral de ak+1 , . . . , an (componente neutral de a1 , . . . , a k , . . . , a n onde Q são homogêneas a1 , . . . , a k P ). Levando elementos Agora aplicando elementos ortogonais idempotentes e e E−e ortogonais, segue que a é formada por ortogonais idempotentes de A1 , o que nos dá a conclusão. Nosso objetivo agora é provar a impossibilidade de ocorrer o item (ii). Para tanto, procederemos por contradição. Suponha a ocorrência de (ii), donde segue que será feita indução sobre Se namos T1 = ⟨E22 , . . . , Enn ⟩ Tj No que se segue, |G|. |G| = 1, temos A1 = A. Observe que cada dim B = 1 (∗). Denindo e, para é um ideal de T = ⟨E11 , . . . , Enn ⟩, vemos que T ⊂ A1 . De- j > 1, Tj = ⟨E11 , . . . , Ej−1,j−1 , Ej+1,j+1 , . . . , Enn ⟩. T que é maximal, pois dim Tj = dim T − 1. Assim, Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) J(T ) = ∩nj=1 Tj = 0 ocorrência de e, assim, T é semissimples. Por isso, neste caso, não é possível a (∗). H -graduação Suponhamos por hipotése de indução que para qualquer |H| < |G|, com a igualdade (∗) g g Ag , A g 2 , . . . , A g m j = 1, . . . , m. nilpotente (já que a 0 ̸= λ ∈ F λ−1 ak = E + λ−1 Y . implicando que e, assim, não o é), tem-se que Desse modo, existe e assim k dim A > m, ⟨E⟩ = B ≃ A1 /J(A1 ), Mas como a Provaremos m > dim A, temos que 0 ̸= aj ∈ Agj , para o que é uma contradição. Portanto ak ∈ A1 . Agora note que como ak não é ak ∈ / J(A1 ). dim A1 /J(A1 ) = 1 temos tal que ak = λE . Daí A1 /J(A1 ) = e, daí, Y = ak − λE ∈ J(A1 ), Pela Proposição 1.3.21, decorre que λ−1 ak é inversível, é inversível. homogêneo não nulo. Suponha por contradição que L = {x ∈ A : xa = 0} Sabemos que o conjunto G-graduado de A. Enn a = 0 e, assim, L J(A) não contém elemento 0 ̸= a ∈ Ag ∩ J(A) seja nilpotente. (anulador a esquerda de Como os elementos de são divisores de zero), concluímos que claramente tenhamos homogêneo na a não seja nilpotente. No que segue, provaremos que o radical de Jacobson subespaço a ∈ Ag são distintas e não triviais, pois Mas isso diz que deve ter ordem nita, digamos ⟨ ⟩ E . Suponha que A, considerada em tem ordem nita. De fato, supondo o contrário e sendo as componentes todo G-graduação Armamos que, sob esta suposição, todo elemento G-graduação é nilpotente ou inversível. que U Tn , em seja impossível. Por contradição, suponha que, na dim B = 1. 55 L a) é um não podem ser inversíveis (pois é constituído de elementos nilpotentes. Mas Enn ∈ L, o que é um absurso, já que Enn não é nilpotente. Com o argumento acima, ca provado que não nulo. Logo, como A1 J(A1 ) ⊂ A1 é semissimples e que Armamos nas Supp(A) = {g ∈ G : Ag ̸= 0} 0 ̸= x ∈ Ag e J(A1 ) ⊂ J(A), tem-se J(A1 ) = 0, seguindo que A1 = B = {λE : λ ∈ F }. que, decorre do fato de que e J(A) não contém elemento homogêneo A condições apresentadas, é um subgrupo nito de tem dimensão nita. G. o A nitude de Tomando agora conjunto Supp(A) g, h ∈ Supp(A), 0 ̸= y ∈ Ah , temos que x e y são inversíveis (pois, caso fossem nilpotentes, pertenceriam a J(A), o que não é possível) e daí que justica a armação feita. Vamos supor que 0 ̸= xy ∈ Agh . Daí gh ∈ Supp(A), o Supp(A) = G, do contrário, aplicamos Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) 56 a hipótese de indução. Inicialmente, armamos que tomemos x, y ∈ Ag que x, y x−1 satisfazendo x−1 ∈ Ag−1 . e yx−1 = λE . Para provar isto, x é homogê- Segue-se que yx−1 ∈ A1 = ⟨E⟩, logo existe Assim, y = λx, o que contradiz a suposição de são linearmente independentes. G Armamos que o grupo g, h ∈ G, não pode ser abeliano. De fato, do contrário, sendo [Ag , Ah ] ⊂ Agh + Ahg ⊂ Agh . teríamos A. elementos quaisquer da álgebra [A, A] g ∈ G. para todo supostamente linearmente independentes. Desde que neo, tem-se que existe 0 ̸= λ ∈ F dim Ag = 1, é homogênea, pois [x, y] = [xg , yh ] ∈ Agh ∩ [A, A]. 0 ̸= [A, A] ⊂ J(A). devemos ter Note que Sejam ∑ ∑ x = e ∑ y = yh g,h [xg , yh ] e, daí a álgebra Ademais, pelo Exemplo 1.3.23, Absurdo, pois, como foi visto, elementos homogêneos não nulos. xg J(A) Assim, concluímos que o grupo G não contém não pode ser abeliano. Assim, o subgrupo comutador o grupo quociente para a G = G/G′ G-graduação A em G′ = {[a, b] = a−1 b−1 ab : a, b ∈ G} é não trivial e é abeliano. Por este motivo, a conclusão do lema é válida induzida pela G-graduação Desse modo, existem ortogonais idempotentes e1 , . . . , en inicial (ver Exemplo 1.2.11). em D = A1 = ⊕h∈G′ Ah . h ∈ G′ , Dado decorre que ter existem a, b ∈ G z = x−1 y −1 xy Ah = ⟨z⟩. Em particular, E + a, ser escrito como λj ∈ F e contrário existe onde λE + a, aj ∈ J(A) ej = aj M ∈ J(A) h = a−1 b−1 ab. é não nulo e D são elementos homogêneos de tem a forma tais que tais que 0 ̸= x ∈ Aa Uma vez que A. e 0 ̸= y ∈ Ab , dim Ah = 1, é gerada como álgebra por todos x−1 y −1 xy , Não é dícil ver que toda matriz do tipo a ∈ J(A). onde z ∈ Ah . Sendo devemos onde x−1 y −1 xy Em virtude disso, qualquer elemento de a ∈ J(A). Diante disso, para cada e j = λj E + a j . Observe que cada λj j = 1, . . . , n, D 0 = ei ej = λi λj E + M ̸= 0, Portanto, concluímos que dim B = 1 pode existem é não nulo, pois caso seria nilpotente, o que não é possível. Devido a isso, sendo satisfazendo x, y i ̸= j , o que é uma contradição. não pode ocorrer, o que naliza a demons- tração. O próximo lema fornece um critério, em termos das matrizes elementares Eii , Cap. 2- Graduações de um Grupo Qualquer em U Tn (F ) i = 1, . . . , n, para que uma Lema 2.3.7 G-graduação A = ⊕g∈G Ag Seja G-graduação ente para que a Demonstração: em A seja elementar. G-graduação. uma 57 seja elementar é que Uma condição necessária e suci- Eii ∈ A1 , para todo i = 1, . . . , n. Claramente, a condição é necessária. Por isso, nos ocuparemos em mostrar que a condição é suciente. Supondo que cada cada que Aij = Eii AEjj Eij ∈ Aij , quaisquer Eii ∈ A1 , pelo Exemplo 1.2.10, sabemos que, para é uma subálgebra homogênea na seguindo que as matrizes 1 ≤ i ≤ j ≤ n. Eij G-graduação. são homogêneas na i < j, Ademais, temos G-graduação, Em virtude da Proposição 1.2.14, decorre que a para G-graduação é elementar, nalizando a demonstração. Agora faremos a junção dos resultados anteriores com a nalidade de classicar as G-graduação na álgebra Teorema 2.3.8 ⊕g∈G Ag álgebra Sejam G U Tn (F ). É esse o principal resultado da presente seção. um grupo qualquer, G-graduação na álgebra A, como álgebra G-graduada, uma F um corpo arbitrário e U Tn (F ) = A = das matrizes triangulares superiores. Então a é isomorfa a U Tn (F ) com uma G-graduação elementar. Demonstração: Pelo Lema 2.3.6, existem e1 , . . . , en ∈ A1 Ao mesmo tempo, pelo Lema 2.3.4, existe uma matriz S −1 ei S , para todo i = 1, . . . , n. ortogonais e idempotentes. S ∈ A Eii = inversível tal De posse de tais informações, denamos a seguinte aplicação: θ : A = ⊕g∈G Ag −→ 7−→ S −1 XS X Não é difícil ver que θ(Ag ), para todo Armamos que a g ∈ G, θ é um automorsmo da álgebra segue que A = ⊕g∈G A′g G-graduação A = ⊕g∈G A′g Eii = θ(ei ) ∈ θ(A1 ) = A′1 , A para todo . A. Ademais, pondo dene uma é elementar. i = 1, . . . , n. G-graduação A′g = em A. Com efeito, observe que Portanto, pelo Lema 2.3.7, ca provada a armação anterior. Pela própria construção feita, a aplicação nalizando a demonstração do teorema. θ é um automorsmo G-graduado, Capítulo 3 Classicação das Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1, . . . , dm) Pelo que foi apresentado no capítulo anterior, sabemos que as graduações de grupo na álgebra U Tn (F ) já estão descritas, a menos de isomorsmo graduado. natural seria generalizar o resultado obtido em U Tn (F ) para a álgebra Uma tentativa U T (d1 , . . . , dm ) das matrizes triangulares superiores em blocos. Esse é o espírito do presente capítulo. Como veremos, a conclusão obtida para a álgebra U T (d1 , . . . , dm ). o corpo F U Tn (F ) Não obstante, sob as hipóteses de o grupo não se aplica à álgebra G ser abeliano e nito e ser algebricamente fechado e de característica zero, temos um certo tipo de classicação. Por esta razão, a menos de menção em contrário, ao longo desse capítulo estaremos supondo que o grupo G seja abeliano e nito e o corpo F fechado e de característica zero. seja algebricamente Para a elaboração desse capítulo, utilizamos como referência principal o artigo [VZ3]. 3.1 A Álgebra das Matrizes Triangulares Superiores em Blocos Sejam por d1 , . . . , dm números inteiros positivos. Sendo n = d1 + · · · + dm , denotamos U T (d1 , . . . , dm ) a subálgebra da álgebra Mn (F ) constituída de matrizes triangulares em blocos do tipo Cap. 3- A Álgebra das Matrizes Triangulares Superiores em Blocos Md1 (F ) onde Mdi (F ) Chamamos blocos. 59 0 B12 ... B1m Md2 (F ) . . . B2m . . . . . . 0 0 é a álgebra das matrizes U T (d1 , . . . , dm ) de . . . . . . Mdm (F ) di × di sobre o corpo F, para todo i = 1, . . . , m. álgebra das matrizes triangulares superiores em Observe que o caso em que d1 = · · · = dm = 1, teremos a álgebra U Tm (F ) das matrizes triangulares superiores. Usaremos a letra Observação 3.1.1 R para denotar a álgebra U T (d1 , . . . , dm ). Ii = {M ∈ R : o i-ésimo bloco diagonal de M é nulo}. Verica-se que para cada i = 1, . . . , m, o subespaço Ii é um ideal maximal de R. m Mais ainda, todo ideal maximal de R tem esta forma. Assim, como J(R) = ∩i=1 Ii , concluímos que J(R) é formado por todas as matrizes de R cujos blocos que ocorrem Seja na diagonal são nulos. Exemplo 3.1.2 X ∈ U T (d1 , . . . , dm ), podemos escrever (de maneira única) X = D1 + · · · + Dm + Y , onde cada Di é uma matriz cujos elementos fora do i-ésimo bloco que aparece na diagonal de X são todos nulos (algumas vezes, identicaremos tal matriz com o próprio i-ésimo bloco) e Y ∈ J . Nesse contexto, denamos a aplicação Sendo ψ : R −→ Md1 (F ) ⊕ · · · ⊕ Mdm (F ) + J . X 7−→ ψ(X) = ((D1 , . . . , Dm ), Y ) Não é difícil vericar que ψ é um isomorsmo de álgebras. Por essa razão, temos U T (d1 , . . . , dm ) ≃ Md1 (F ) ⊕ · · · ⊕ Mdm (F ) + J , onde ⊕ i,j Bij ≃ J . É natural perguntar se os resultados vistos no capítulo anterior podem ser adaptados para uma G-graduação da álgebra U T (d1 , . . . , dm ). As considerações seguintes têm por objetivo elucidar esse questionamento. Seja G = ⟨a⟩n × ⟨b⟩n almente, pretendemos exibir um certo tipo de tanto, xemos ϵ∈F uma n. Inici- Mn (F ). Para o produto direto de dois grupos cíclicos de ordem n-ésima G-graduação na álgebra raiz primitiva da unidade e denamos Cap. 3- A Álgebra das Matrizes Triangulares Superiores em Blocos ϵ Xa = n−1 0 ··· 0 n−2 ··· ϵ e 0 i, j = 1, . . . , n, 0 1 0 ··· armamos que as matrizes (LI). De fato, note que 0 0 1 ··· 0 0 1 ··· Yb = ··· 0 0 0 ··· 1 0 0 ··· Para ··· 0 60 0 0 1 0 Xai Ybj Yb = E12 + · · · + En−1,n + En1 . são linearmente independentes Assim, Yb2 = E13 + E24 + · · · + En−2,n + En−1,1 + En,2 e, mais geralmente, para todo j, ocorre que Ybj = E1,j+1 + · · · + En−j,n + En−j+1,1 + · · · + En,j . Por outro lado, temos Xai = Por este motivo, temos Xai Ybj Xai Ybj = são as de posição Portanto, sendo ∑n k=1 ∑n k=1 (k, k + j) ϵi(n−k) Ekk . ϵi(n−k) Ek,k+j . Assim as entradas não nulas de (que são as mesmas posições não nulas em ⟨ ⟩ Lj = Ybj , Xa Ybj , . . . , Xan−1 Ybj , Ybj ). resulta que Lj ⊂ ⟨E1,j+1 , . . . , En−j,n , En−j+1,1 , . . . , En,j ⟩. Ademais, se j ̸= j1 , tem-se Lj ∩ Lj1 = 0 (pois Ybj posições distintas). Pretendemos provar que xado conjunto linearmente independente, para variáveis e considere o sistema linear e j, Ybj1 têm entradas não nulas em os elementos i = 1, . . . , n. Xai Ybj formam um Para isso, sejam x1 Xa + x2 Xa2 + · · · + xn Xan = 0. x1 , . . . , xn Note que a matriz associada a esse sistema é uma matriz de Vandermonde (a menos de permutação de linhas), cujo determinante é ∏ r<s (ϵ r − ϵs ) que é não nulo. Por este motivo, o sistema Cap. 3- A Álgebra das Matrizes Triangulares Superiores em Blocos inicial possui apenas a solução trivial inversível, decorre que que para todo elementos x1 Xa Ybj + · · · + xn Xan Ybj = 0 i = 1, . . . , n, Xai Ybj x1 = · · · = xn = 0. o conjunto Xai Ybj x1 = · · · = xn = 0. implica é LI. Desse modo, para formam um conjunto LI. Uma vez que temos ⟨ ⟩ Mn (F ) = Xai Ybj : i, j = 1, . . . , n . decorre que g ∈ G, Agora, para qualquer com Em virtude de g = (ai , bj ) e n2 61 Yb ser Segue i, j = 1, . . . , n, os elementos desse tipo, i, j = 1, . . . , n, denamos o seguinte subespaço ⟨ ⟩ Rg = Xai Ybj . Armamos que Mn (F ) = R = ⊕g∈G Rg anteriormente, temos R = ⊕g∈G Rg . G-graduação. é uma Além disso, notando que De fato, pelo que vimos Xa Yb = ϵYb Xa , obtemos Xai Ybj Xak Ybl = ϵkl Xai+k Ybj+l . Assim, se G-graduação g = (ai , bj ) e h = (ak , bl ), Ag Ah ⊂ Agh . teremos Chamamos uma ϵ-graduação. desse tipo de Consideremos agora a álgebra U T (n, n). Para cada g ∈ G, dena o conjunto α β : α, β, γ ∈ Rg . Ag = 0 γ Então U T (n, n) = ⊕g∈G Ag é uma G-graduação. (3.1) Além disso, como R1 = ⟨E⟩, temos dim A1 = 3. Agora observe que se contrário, teríamos n ≥ 4, a G-graduação considerada não é elementar pois, caso Eii ∈ A1 , i = 1, . . . , n, o que contradiz o fato de que dim A1 = 3. Diante das considerações anteriores, vemos que existem graduações de grupo em uma álgebra do tipo U T (d1 , . . . , dm ) não elementares. Posteriormente, iremos classicar as graduações desta álgebra. Observação 3.1.3 subespaços V1 e Sejam W1 , V e W F -álgebras respectivamente. (ou apenas vetoriais) com Decorre da propriedade universal do produto T : V1 ⊗ W1 → V ⊗ W w1 ∈ W1 . É claro que T é tensorial que existe uma transfarmação linear T (v1 ⊗ w1 ) = v1 ⊗ w1 , onde v1 ∈ V1 e portanto, V1 ⊗ W1 está imerso em V ⊗ W . Devido ⟨vi ⊗ wj : vi ∈ V1 , wj ∈ W2 ⟩ de V ⊗ W por V1 ⊗ W1 . faz F -espaços que satisinjetora e, a isso, denotamos o subespaço Cap. 3- Sobre as Graduações de Grupo na Álgebra Mn (F ) Observação 3.1.4 G B = ⊕t∈T Bt 62 S , T dois subgrupos de G. Se A = ⊕s∈S As e são uma S -graduação e T -graduação, respectivamente, então C = A ⊗ B é uma álgebra G-graduada, onde as componentes dessa G-graduação são do tipo Cg = ⊕st=g (As ⊗Bt ) e Supp(C) é um subgrupo de ST . Em particular, podemos graduar C com uma (S × T )-graduação se A for S -graduada e B for T -graduada. 3.2 Sejam um grupo abeliano e Sobre as Graduações de Grupo na Álgebra Mn(F ) Para a uidez do presente capítulo, precisaremos nos remeter ao problema de classicação as graduações de grupo na álgebra de matrizes Mn (F ). Tal problema foi parcialmente respondido no ano de 2002 por Bahturin e Zaicev em [AM1]. Neste artigo, foram classicadas as graduações de F Mn (F ), supondo o grupo G nito e o corpo algebricamente fechado e de característica zero. Como resultado principal do artigo supracitado, tem-se que a álgebra produto tensorial Mn (F ) Mp (F ) ⊗ Mq (F ), onde é isomorfa, como álgebra Mp (F ) G-graduada, tem uma graduação na e a um Mq (F ) tem uma graduação elementar. Nesta seção, não é de nosso interesse apresentar as demonstrações dos resultados que serão apresentados, mas aplicá-los na próxima seção. Denição 3.2.1 Sejam R uma álgebra e G um grupo. R = ⊕g∈G Rg é na se dim Rg ≤ 1, para todo g ∈ G. Teorema 3.2.2 Dizemos que uma G-graduação G um grupo nito, F um corpo algebricamente fechado e Mn (F ) = ⊕g∈G Rg uma G-graduação na álgebra de matrizes. Então, existem uma q decomposição n = tq , um subgrupo H de G e uma q -upla (g1 , . . . , gq ) ∈ G tal que Mn (F ) é isomorfa a Mt (F ) ⊗ Mq (F ) como álgebra G-graduada, onde Mt (F ) é uma álgebra H -graduada com uma graduação na e Mq (F ) tem uma graduação elementar denida por (g1 , . . . , gq ). Sejam Demonstração: Pode ser encontrada em [BSZ]. Denição 3.2.3 Uma álgebra R = ⊕g∈G Rg G-graduada é chamada de álgebra gradu- ada de divisão se qualquer elemento homogêneo e não nulo de R é inversível. O teorema abaixo classica as graduações abelianas nas na álgebra Mn (F ). Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) Teorema 3.2.4 63 F um corpo algebricamente fechado de característica zero, G um grupo abeliano e Mn (F ) = R = ⊕g∈G Rg uma G-graduação na álgebra de matrizes, onde dim Rg ≤ 1, para qualquer g ∈ G. Então H = Supp(R) é um subgrupo de G, H = H1 ×· · ·×Hk , Hi ≃ Zni ×Zni , i = 1, . . . , k e R é isomorfa a Mn1 (F )⊗· · ·⊗Mnk (F ) como álgebra H -graduada, onde Mni (F ) é uma álgebra Hi -graduada com uma ϵi -graduação. Em particular, Mn (F ) é uma álgebra graduada de divisão. Sejam Demonstração: 3.3 Pode ser encontrada em [BSZ]. Graduações Abelianas e Finitas em Antes de passarmos à classicação das graduações sobre U T (d1, . . . , dm) U T (d1 , . . . , dm ), expore- mos alguns resultados que se revelarão importantes para os nossos objetivos. De início, apresentamos os seguintes resultados. Teorema 3.3.1 (Wedderburn-Malcev) nita, onde F é um corpo de característica zero, Então existe uma subálgebra B de R R uma F -álgebra de dimensão e J(R) o radical de Jacobson de R. Sejam semissimples maximal tal que R = B + J(R). B e B ′ são subálgebras semissimples tais que R = B +J(R) = B ′ +J(R), x ∈ J(R) tal que B ′ = (1 + x)B(1 + x)−1 . Além disso, se então existe Demonstração: Lema 3.3.2 Seja Pode ser encontrada na página 71 de [GZ]. R = ⊕g∈G Rg uma álgebra de dimensão nita sobre um corpo alge- G. C de R bricamente fechado de característica zero graduada por um grupo abeliano e nito J = J(R), é homogêneo e existe uma subálgebra semissimples e homogênea na G-graduação tal que R = C + J . Além disso, C pode ser decomposta como uma soma direta C = C1 ⊕ · · · ⊕ Cp de ideais graduados e qualquer Cj é uma álgebra simples G-graduada. Então o radical de Jacobson, Demonstração: Do Exemplo 1.8.6, já sabemos que J provado que existe uma subálgebra semissimples maximal Assim C é homogênea e R = C + J. álgebra não-graduada, isto é, {B1 , . . . , Bk }. Mas C G-graduado. C ⊂R tal que Em [T] foi b G(C) = C. é soma direta de ideais simples como C = B1 ⊕ · · · ⊕ Bk . É claro que qualquer é Note que b G age sobre conjunto Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) ∑ Ti = é um ideal de C. invariantes) de C Por outro lado, estável por G-graduado. Claramente Lema 3.3.3 Seja C Ti 64 φ(Bi ) b φ∈G é um ideal minimal (no conjunto dos ideais b-ações. G Assim, é soma dos Ti 's, Ti é simples (como ideal bG G-graduado) o que encerra a demonstração. e R uma álgebra sobre um corpo F com elemento neutro E e seja C uma subálgebra de R isomorfa à álgebra Mn (F ). Se Eij , i, j = 1, . . . , n são as matrizes unitárias de C e E = E11 + · · · + Enn , então R = CD ≃ C ⊗ D ≃ Mn (D) onde D é o centralizador de C em R. Demonstração: Lema 3.3.4 Ver Lema 3.11 de [SK]. A uma álgebra de dimensão nita sobre um corpo F algebricamente fechado, J o radical de Jacobson de A e A = Ass + J , onde Ass = A1 ⊕ · · · ⊕ An , com Ai ≃ Mdi (F ), para todo i = 1, . . . , n. Se para algum m ≤ n, tivermos A1 JA2 . . . JAm ̸= 0, então A contém uma subálgebra isomorfa a U T (d1 , . . . , dm ). Sejam Demonstração: Lema 3.3.5 que A forma A Sejam e B F -álgebras duas de dimensão nita e unitárias e suponha seja uma álgebra central e simples. A⊗I somente se, A ⊗ I, onde Demonstração: Pode ser encontrada na página 197 de [GZ]. A ⊗ B. de B e a I Então W de I → A ⊗ I é biunívoca. é um ideal de Mais ainda, todo ideal I correspondência é um ideal B se, A ⊗ B tem é um ideal da álgebra e a Pode ser encontrada na página 75 de [B]. Um fato que será de nosso interesse posteriormente e que segue como consequência do lema acima é o seguinte resultado: Corolário 3.3.6 nha que A Sejam A e B duas F -álgebras de dimensão nita e unitárias e supo- seja uma álgebra central e simples. Então Demonstração: de A ⊗ J(B) de A ⊗ B. A inclusão ser um ideal nilpotente de Agora provaremos que um ideal de A ⊗ J(B) ⊂ J(A ⊗ B) A ⊗ B, A⊗B e U segue como consequência do fato J(A ⊗ B) J(A ⊗ B) ⊂ A ⊗ J(B). pelo lema anterior, existe J(A ⊗ B) = A ⊗ J(B). ser o maior ideal nilpotente Levando em conta que ideal de B tal que J(A ⊗ B) é J(A ⊗ B) = A ⊗ U . Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) Armamos que U u1 , u2 , . . . , un ∈ U temos dos é nilpotente. De fato, seja elementos arbitrários em n∈N U. Desde que 1⊗(u1 u2 . . . un ) = 0 e, assim, u1 u2 . . . un = 0. ui 's, segue que U n = 0. e daí decorre que J(A ⊗ B)n = 0 e tomemos 1⊗u1 , . . . , 1⊗un ∈ J(A⊗B), Devido à arbitrariedade na escolha Neste caso, devemos ter A ⊗ J(B) ⊂ J(A ⊗ B) = A ⊗ U , U = J(B) tal que 65 U ⊂ J(B). Por outro lado, como dim J(B) ≤ dim U . Assim, temos J(A ⊗ B) = A ⊗ J(B). Lema 3.3.7 B um F -álgebra e suponha que existam inteiros p e t tais que B ≃ Mp (F ) ⊗ Mt (F ). Então existem subálgebras A e C de B tais que A ≃ Mp (F ), C ≃ Mt (F ) e A ⊂ CB (C). Além disso, AC é uma subálgebra de B e B = AC . Seja Demonstração: jam φ : Mp (F ) ⊗ Mt (F ) → B X = Mp (F ) ⊗ {1} Mp (F ) ⊗ Mt (F ). XY B e que Y = {1} ⊗ Mt (F ). e um isomorsmo de álgebras. Note que X Y e são subálgebras de Mp (F ) ⊗ Mt (F ). Daí é claro que Mp (F ) ⊗ Mt (F ) = XY . A = φ(X) e C = φ(Y ), decorre que A ⊂ CB (C), que AC B = AC . Ademais, é claro que Se- X ⊂ CMp (F )⊗Mt (F ) (Y ) e consequentemente Além disso, é fácil ver que é uma subálgebra de Logo, sendo de Seja A ≃ Mp (F ) e é uma subálgebra C ≃ Mt (F ). Com os resultados supracitados, estamos em condições de enunciar e demonstrar o resultado principal desse capítulo. Teorema 3.3.8 R = U T (d1 , . . . , dm ) a álgebra das matrizes triangulares em blocos sobre um corpo F algebricamente fechado de característica zero e suponha que R = ⊕g∈G Rg seja uma G-graduação. Então existem uma decomposição d1 = tp1 , . . . , dm = tpm , um subgrupo H de G e uma n-upla (g1 , . . . , gn ) ∈ Gn , onde n = p1 + · · · + pm , tais que U T (d1 , . . . , dm ) é isomorfa a Mt (F ) ⊗ U T (p1 , . . . , pm ) como álgebra G-graduada, onde Mt (F ) é uma álgebra H graduada com uma H -gradução na e U T (p1 , . . . , pm ) tem uma graduação elementar em relação à n-upla (g1 , . . . , gn ). Demonstração: Sejam G Sejam J um caracter irredutível de graduação. um grupo abeliano e nito e o radical de Jacobson de G. Como χ(J) = J , R = U T (d1 , . . . , dm ) segue-se que Ao mesmo tempo, pelo Lema 3.3.2, tem-se que semissimples maximal e homogênea na graduação tal que 3.1.2 e pelo Teorema 3.3.1, B é isomorfa a B1 ⊕ · · · ⊕ Bm , J R b χ ∈ G é homogêneo na G- possui subálgebra B R = B + J. onde e Pelo Exemplo Bi ≃ Mdi (F ). Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) b G Armamos que tem-se χ(Bi ) ∈ {B1 , . . . , Bm }, b χ∈G notando que qualquer χ que o operador B, age sobre o conjunto para todo {B1 , . . . , Bm }, i = 1, . . . , m. χ(B) = B satisfaz B, preserva ideais simples de (pois 66 isto é, para todo De fato, xado B b, χ∈G i = 1, . . . , m, é homogêneo na graduação) e χ(Bi ) temos que é um ideal simples de χ(Bi ) ∈ {B1 , . . . , Bm }. e assim, Sendo σ ∈ Sm , σ com diferente da permutação identidade, verica-se que • B1 JB2 . . . JBm ̸= 0. • Bσ(1) JBσ(2) . . . JBσ(m) = 0. . Diante disso, devemos ter 0 ̸= χ(B1 JB2 . . . JBm ) = χ(B1 )χ(J)χ(B2 ) . . . χ(J)χ(Bm ) = χ(B1 )Jχ(B2 ) . . . Jχ(Bm ). Deste fato segue que e assim cada cada Bi elementar, Mti (F ) temos Bi ≃ Mpi (F ) ⊗ Mti (F ), tem uma graduação na e que todas as álgebras Sejam G-graduada. é uma subálgebra i = 1, . . . , m, χ(Bi ) = Bi , Mti (F ) para todo Aplicando o Teorema 3.2.2, para Mpi (F ) onde di = pi ti . tem uma graduação No que se segue, provaremos são isomorfas. C (1) = Mt1 (F ), . . . , C (m) = Mtm (F ). Armamos que se submódulo à esquerda (ou à direita) não trivial e homogêneo de dim C (i) . De fato, se para todo de divisão. M, (i) xg ∈ Cg u∈M , é um elemento homogêneo, xg ̸= 0, g ∈ G. C (i) u ̸= 0 C (i) pois do Teorema 3.2.4, xg u Por outro lado, para cada Assim, sendo β = {v1 , v2 , . . . , vt2i } conjunto linearmente independente em M. Segue daí que De acordo como o lema 3.3.7, é possível escrever Bi e inicialmente as álgebras Se e1 ∈ A(1) , e2 ∈ A(2) unitárias), tem-se que C (i) - é um dim M ≥ então implica em xg u ̸= 0, é uma álgebra graduada uma base de e C (i) formada {v1 u, v2 u, . . . , vt2i u} é um dim M ≥ dim C (i) . onde A(i) A(i) ⊂ CBi (C (i) ). e C (i) Fixemos C (2) . são idempotentes minimais (ou seja, matrizes diagonais posto(e1 ) = t1 posto(e1 )posto(e2 ) = t1 t2 . M = C (1) e1 Re2 e R, Bi = A(i) C (i) , A(i) ≃ Mpi (F ), C (i) ≃ Mti (F ) C (1) M ⊂R pertence a componentes homogêneas distintas de por elementos homogêneos de graus distintos, segue-se que são subálgebras de i = 1, . . . , m e posto(e2 ) = t2 em R e assim temos dim e1 Re2 = Por outro lado, considerando o e notando que e1 centraliza C (1) , C (1) -módulo à esquerda segue que t21 = dim C (1) ≤ dim C (1) e1 Re2 = dim e1 C (1) Re2 ≤ dim e1 Re2 = t1 t2 . Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) t2 ≥ t1 . Consequentemente, temos M ′ = e1 Re2 C (2) , à direita 67 Analogamente, trabalhando com o por simetria, também obteremos t1 ≥ t2 C (2) -módulo e daí t1 = t2 . Portanto, dim e1 Re2 = t21 = t22 . Pelo Exemplo 1.2.10, sabemos por que xado X12 ∈ e1 Re2 C (1) -módulo é um e1 Re2 (3.2) é um subespaço graduado de não nulo e homogêneo, segue que à esquerda. Além disso, note que M = C (1) X12 C (2) M ⊂ e1 Re2 . R. Assim, é homogêneo e Assim devemos ter dim C (1) ≤ dim C (1) X12 ≤ dim M ≤ dim e1 Re2 = dim C (1) . Daí dim M = dim C (1) X12 e, como Analogamente, observando que X12 C (2) . M C (1) X12 ⊂ M , é um segue-se a igualdade C (2) -módulo C (1) X12 = M . à direita, concluímos que Logo, T = C (1) X12 = X12 C (2) . Sejam gH2 , onde H1 = Supp(C (1) ) g = deg X12 . deve ter grau sendo M = gh1 , h1 ∈ H1 , P X12 ̸= 0 (pois H2 = Supp(C (2) ). h1 ∈ H1 P ∈ C (1) , com é inversível) e H1 = H2 . elemento homogêneo e, assim, P ̸= 0, T, Supp(T ) = gH1 = um elemento homogêneo de Supp(T ) ⊂ gH1 . tal que h1 = deg P . gh1 = deg P X12 ∈ Supp(T ). Analisando a outra igualdade para motivo, temos Armamos que T = C (1) X12 , De fato, como para algum existe P e (3.3) também obtemos Por outro lado, Assim, Daí T P X12 ∈ T , gH1 = Supp(T ). Supp(T ) = gH2 . Por este Ao mesmo tempo, pela igualdade 3.3, segue que para cada (1) a ∈ Ch , existe algum ba ∈ C (2) aX12 = X12 ba . tal que (3.4) Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) ba A armação agora é de que a sendo e homogêneo, claramente deg aX12 = (deg a)g . deg X12 ba = deg aX12 . t > 1 e é homogêneo em Mas, como xhi i = 1, . . . , t. e tais que deg ba = deg a = h. aX12 = X12 ba , X12 ba segue-se que ba i = 1, . . . , t. é homogêneo e não seja homogêneo, existem ba = xh1 + xh2 + · · · + xht , é inversível), para todo com Assim, temos que (2) 0 ̸= xhi ∈ Chi X12 xhi ̸= 0, não é homogêneo, o que é uma contradição. Assim decorre que g deg a = g deg ba . aX12 = X12 ba . Neste caso, temos ba deg ba = deg ba X12 = 0, ⊕t i=1 é homogêneo e, como e assim ba ̸= ba , Rghi aX12 = deg ba = deg a = h. é único. Com efeito, seja (que é uma álgebra graduada de divisão). Se implicaria ba Desse modo, obtemos Agora armamos que o elemento C (2) para Daí resulta que X12 ba = X12 (xh1 + xh2 + · · · + xht ) = X12 xh1 + X12 xh2 + · · · + X12 xht ∈ X12 ba , Com efeito, é homogêneo (pois é produto de homogêneos) Supondo por contradição que h1 , h 2 , . . . , h t ∈ G (note que aX12 C (2) 68 ba − ba ba ∈ C (2) tal que é homogêneo em a igualdade X12 ba = X12 ba o que é uma contradição. Por este motivo, segue que ba = ba , o que garante a unicidade referida. Motivados pela constatação acima, inferimos que está bem denida a aplicação φ12 : C (1) −→ a Armamos que C (1) e (i) (ii) (iii) λ ∈ F, φ12 é um isomorsmo 7−→ φ12 (a) = ba G-graduado de álgebras. De fato, sendo a, a1 ∈ (a + a1 )X12 = aX12 + a1 X12 = X12 φ12 (a) + X12 φ12 (a1 ) = X12 (φ12 (a) + φ12 (a1 )). (λa)X12 = λ(aX12 ) = λ(X12 φ12 (a)) = X12 (λφ12 (a)). (aa1 )X12 = a(a1 X12 ) = a(X12 φ12 (a1 )) = (aX12 )φ12 (a1 ) = X12 φ12 (a)φ12 (a1 ). λφ12 (a) e φ12 (aa1 ) = φ12 (a)φ12 (a1 ). φ12 (a+a1 ) = φ12 (a)+φ12 (a1 ), φ12 (λa) = Além disso, se φ12 (a) = 0, segue que a = 0. é um homomorsmo injetor de álgebras e, como isomorsmo de álgebras. Pelo que já foi visto, φ12 t1 = t2 , concluímos que é claramente Por uma construção análoga à anterior, escolhemos que . note que: De (i), (ii) e (iii), respectivamente, decorre que φ12 C (2) φ12 é um G-graduado. X23 , . . . , Xm−1m H1 = · · · = Hm , onde Hj = Supp(C (j) ), para j = 1, . . . , m. Assim, e provamos Pelo mesmo raciocínio, Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) construímos, para cada φ(k−1)k : C (k−1) → C (k) álgebras H1 -graduadas Observando que que é k = 2, . . . , m, G-graduado. e também um Assim, 69 isomorsmo C (1) , . . . , C (m) de álgebras são isomorfas como t1 = · · · = tm = t. e1 Re2 Re3 . . . em−1 Rem ̸= 0, é possível escolher X12 , . . . , Xm−1m satisfazendo X12 X23 . . . Xm−1m ̸= 0. Vamos denotar por denido por φi , i = 1, . . . , m, o isomorsmo φi = φ(i−1)i ◦ . . . ◦ φ23 ◦ φ12 . (3.5) G-graduado φi : C (1) → C (i) Nesse contexto, seja C = {x + φ2 (x) + · · · + φm (x) : x ∈ C (1) }. Armamos que de ReC C é uma subálgebra homogênea de é homogêneo. Resta provar que isso, considere α, β ∈ C . C e x, y ∈ C (1) C é um subespaço tais que β = y + φ2 (y) + · · · + φm (y). C (i) C (j) = 0 Além disso, levando em conta que É fácil ver que é fechado em relação à multiplicação. Para Assim, devem existir α = x + φ2 (x) + · · · + φm (x) R. para i, j ∈ {1, . . . , m}, com i ̸= j , temos αβ = xy + φ2 (xy) + · · · + φm (xy). Como xy ∈ C (1) , devemos ter αβ ∈ C , o que justica a armação. Além disso, a aplicação φ : C (1) −→ x 7−→ φ(x) = x + φ2 (x) + · · · + φm (x) é um isomorsmo de álgebras. simples de Seja C Assim C ≃ Mt (F ) C R. e, portanto, C é uma subálgebra R. D o centralizador de em Pelo Lema 3.3.3, devemos ter C ⊗D, onde D é uma subálgebra graduada. e que a graduação em semissimples de D é D é elementar. Provaremos agora que R = CD ≃ D ≃ U T (p1 , . . . , pm ) Inicialmente, armamos que a componente Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) 70 A(1) ⊕ A(2) ⊕ · · · ⊕ A(m) ≃ Mp1 ⊕ · · · ⊕ Mpm . A(i) ⊂ D, Inicialmente, observe que yi ∈ A(i) e x ∈ C. Note que para todo i = 1, . . . , m. x = x + φ2 (x) + · · · + φm (x), para algum De fato, sejam x ∈ C (1) . Assim, devemos ter yi x = yi (x+φ2 (x)+· · ·+φm (x)) = yi φi (x) = φi (x)yi = (x+φ2 (x)+· · ·+φm (x))yi = xyi . Daí A(i) ⊂ D, subálgebra de S = D. i = 1, . . . , m e assim A(1) ⊕ A(2) ⊕ · · · ⊕ A(m) ⊂ D. S = A(1) ⊕ A(2) ⊕ · · · ⊕ A(m) + J(D) ⊂ D segue-se que que para todo D e é fácil ver que (pois é soma de uma subálgebra com um ideal de D). S Logo, é uma Provaremos Para tanto, note que C ⊗ D ≃ R = B1 ⊕ B2 ⊕ · · · ⊕ Bm + J(R) ≃ (A1 ⊗ C 1 ) ⊕ (A2 ⊕ C 2 ) ⊕ · · · ⊕ (Am ⊗ C m ) + J(R) ≃ (A1 ⊕ A2 ⊕ · · · ⊕ Am ) ⊗ C + J(R). e C ⊗ S = C ⊗ (A1 ⊕ A2 ⊕ · · · ⊕ Am + J(D)) = C ⊗ (A1 ⊕ A2 ⊕ · · · ⊕ Am ) + C ⊗ J(D). Notando que J(R) ≃ J(C ⊗ D) 3.3.5, segue que S ⊂ D, J(R) ≃ J(C ⊗ D) = C ⊗ J(D). decorre que forma Xk−1,k ∈ D, que C é simples, pelo Corolário Portando C⊗D = C⊗S D = S = A1 ⊕ A2 ⊕ · · · ⊕ Am + J(D). componente semissimples de Da e usando o fato de que D A1 ⊕ A2 ⊕ · · · ⊕ Am , é escolhemos para cada x + φ2 (x) + · · · + φm (x), onde Neste caso segue que a como havíamos armado. X12 , X23 , . . . , Xm−1,m k = 1, . . . , m. e φ2 , . . . , φ m , De fato, um elemento típico de x ∈ C (1) . e como Assim, para qualquer devemos C ter tem a forma k = 2, . . . , m, tem-se X(k−1)k (x + φ2 (x) + · · · + φm (x)) = X(k−1)k φk (x) = X(k−1)k φk−1,k (φk−2,k−1 ◦ · · · ◦ φ12 (x)) = (φk−1,k−2 ◦ · · · ◦ φ12 (x))X(k−1)k = φk−1 (x)X(k−1)k e (x + φ2 (x) + · · · + φm (x))X(k−1)k = φk−1 (x)X(k−1)k Logo, para todo X(k−1)k ∈ J(D), existem k = 1, . . . , m, para cada segue-se que k = 2, . . . , m. a1 ∈ A(1) , . . . , am ∈ A(m) e y ∈ J(D) X(k−1)k ∈ D. Mais ainda, ocorre que De fato, desde que cada tais que X(k−1)k ∈ D, Cap. 3- Graduações Abelianas e Finitas em U T (d1 , . . . , dm ) 71 X(k−1)k = a1 + a2 + · · · + am + y . Daí segue que X(k−1)k = ek−1 X(k−1)k ek = ek−1 yek ∈ J(D). Portanto, denotando I m−1 ̸= 0. cluímos que J(D) por I, do fato de que Além disso, desde que soma de suas unidades é igual à unidade de R, X12 X23 . . . X(m−1)m ̸= 0, A1 , . . . , Am con- são álgebras unitárias e a temos A1 IA2 . . . IAm ̸= 0. Pelo Lema 3.3.4, decorre que D Mas, observando a igualdade dim Mt (F ) ⊗ U T (p1 , . . . , pm ) = dim R = dim C ⊗ D, segue-se que contém uma subálgebra isomorfa a dim D = dim U T (p1 , . . . , pm ) e, assim, pela construção realizada, veja que todas as álgebras elementar. Em particular, as matrizes E11 , . . . , Enn U T (p1 , . . . , pm ). D ≃ U T (p1 , . . . , pm ). A1 , . . . , Am (onde Por m, têm uma graduação n = p1 + · · · + pm ) são homogêneas. Concluímos do lema 1 de [ZS] que a graduação de de D U T (p1 , . . . , pm ) é elementar, o que completa a demonstração. Bibliograa [AM1] Yu. A. Bahturin and M. V. Zaicev, Group Gradings on Matrix Algebras, Canad. Math. Bull. Vol.45, 2002, pp. 499-508. [AM2] Yu. A. Bahturin and M. V. Zaicev, Identities of Graded Algebras and Codimension Growth, Amer. Math. Soc. Vol.356, 2004, pp. 3939-3950. [BSZ] Yu. A. Bahturin, S.K. Sehgal and M. V. 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