Caderno de Reabilitação

Transcrição

Caderno de Reabilitação
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
ÍNDICE
Editorial
Pág. 3
Conselho
de Fonoaudiologia
Pág. 4
Fonoaudiologia UFRGS
Pág. 5
Fadem
Pág. 6
Crefito 5
Pág. 7
Kinder
Pág. 8
Cuidado o Coração
Pág. 9
IPA
Pág. 10
Células-tronco contra
doenças neurológicas
Pág. 11
Educação x necessidades especiais
Pág. 12
Arte e educação
especial
Pág. 13
Longevidade
Pág. 14
Nutrição no CEREPAL
Pág. 15
Relato de
Denise Cezimbra
Pág. 16
ANO 6 - SETEMBRO - 2010
Conferência Municipal dos Direitos
das Pessoas com Deficiência (PCD)
Dilceu Junior*
Dias 11 e, 12 de agosto
no Centro de Eventos Casa
do Gaúcho, o Conselho Municipal das Pessoas Com
Deficiência de Porto Alegre,
promoveu a 3ª Conferência
Municipal dos Direitos das
Pessoas Com Deficiência.
Segundo Dilceu Jr. Presidente do COMDEPA estiveram
reunidas, 260 pessoas que
interagiram com o tema:
Inclusão Com Qualidade
de Vida. Os conferencistas
discutiram a Capacitação dos
Profissionais das diversas
áreas da saúde para atender
com qualidade as pessoas
com deficiência para tanto,
sugeriram que o COMDEPA
interaja com as universidades para incluir na grade
curricular dos cursos técnicos, profissionalizantes
assim como, de graduação
e, pós-graduação disciplina
que atenda esta proposta.
Dilceu Jr enfatizou que os
conferencistas questionaram
o gestor público municipal
em razão da não implantação
da Portaria 154/2008 uma
Equipe Interprofissional nas
comunidades, que atuariam
na prevenção de eventuais
patologias. Foi discutida a
proposta de implantação de
um Centro de Reabilitação
que atenda situações de média e alta complexidade que
poderia ser instalado PASC
(Cruzeiro do Sul), no Postão
do IAPI ou, no Centro de
Reabilitação localizado à Av.
Bento Gonçalves 827.
A conferência foi transmitida em tempo real pela
Internet, por intermédio da
PROCEMPA. Pessoas com
deficiência visual receberam
materiais especiais facilitadores da leitura, em corpo 48
e em braile. Para os surdos,
houve tradução simultânea
em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
A 3ª Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa
com Deficiência de Porto
Alegre recebeu a inscrição
de 260 pessoas pela Internet
e um total de 339, somados os
inscritos no local.
O evento foi uma realização do Conselho Municipal
dos Direitos da Pessoa com
Deficiência de Porto Alegre
(Comdepa) e da Prefeitura,
por meio da Secretaria Especial de Acessibilidade e
Inclusão Social (Seacis).”
*Presidente do COMDEPA
Aos amigos cúmplices da
utopia, Homero Negrello,
Rejane Guariglia, Sergio
Bicca e Karim Aquere Jr. um
forte abraço. A gente se vê!
[email protected]
Página 2
www.aappad.com.br
[email protected]
Rua do Comércio,567-Bairro Estação-Portão-RS-Cep: 93180-000
Telefone: (51) 3562.2012
Qualidade de vida para
os portadores de Ataxia
A AAPPAD tem como missão auxiliar
portadores de todos os tipos de
ataxias e está sempre um busca de
uma melhor qualidade de vida para
os portadores, bem como de seus
cuidadores e familiares.
Assim, buscou orientações com a
Terapeuta Ocupacional do Hospital
de Clinicas de Porto Alegre, Renata
da Silva, a respeito de como
devemos proceder na rotina do dia
a dia dos portadores.
O caminhar atáxico: O paciente não consegue seguir uma trajetória em linha reta
“Ataxia é uma doença, até então incurável, que
pode ser herdada ou adquirida. Lesões no cerebelo
ou em suas conexões levam a uma condição chamada “Ataxia”, que causa um conjunto de desordens
neurológicas, degenerativas e progressivas. Estas
doenças afetam a coordenação motora, o equilíbrio,
a fala e, em alguns casos, a visão, a audição e o funcionamento cardíaco”.
Manual da rotina diária para
pacientes com Ataxia
Alimentação
• Procure comer devagar, sem conversar;
• Se necessário, utilize prato fundo ou com borda
adaptada para facilitar a colocação do alimento no
talher;
• Uso de colher pode facilitar pegar a comida do
prato;
• Evite copo plástico e não coloque muito líquido
dentro; Tente segurar o copo ou xícara com as duas
mãos;
• Se necessário, corte a carne antes de servir o restante do prato;
• Corte pedaços pequenos;
• Use tecido antiderrapante embaixo do prato;
• Para servir líquido procure apoiar a garrafa na borda
do copo ou xícara.
Vestuário
• Procure vestir-se sentado;
• Coloque um banquinho para apoiar os pés e colocar
os sapatos e meias;
• Organize seu guarda roupa para que as roupas que
mais utilize fiquem no seu alcance.
Higiene
• Barras de apoio no seu banheiro evitam quedas;
você pode colocá-las próximo ao vaso e ao box;
• Tenha no box um banco ou cadeira para, se necessário, sentar durante o banho;
• Deixe sabonete, shampoo, etc... ao seu alcance e
evite colocá-los no alto;
• Para facilitar o banho, você pode utilizar sabonete
líquido ou fazer um furo em uma esponja e deixar
o sabonete dentro.
Lembre-se:
Na sua rotina diária evite cansar, descanse sempre
que sentir necessidade;
Organize sua rotina para não realizar muitas atividades no mesmo dia;
Seja prudente. Quando não tiver segurança, deixe para realizar atividades depois, ou peça ajuda; o
importante é não correr riscos.
Renata Cristina Rocha da Silva
Terapeuta ocupacional
CREFITO – 5018
Saiba mais sobre ataxia: www.aappad.com.br - [email protected]
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 2
EDITORIAL
Porto Alegre, não possui de um Centro de Referência em Reabilitação / Habilitação, que interaja com situações de Alta e, Média Complexidade. As pessoas com deficiência assim como, operários e, vitimas
da violência urbana não dispõem de um serviço público que as atenda
em conformidade com a Portaria 818/2001 do Ministério da Saúde.
De sublinhar, que esta Portaria prevê ações em Alta Complexidade e,
pressupõe um Centro de Referência em Reabilitação adequado para esta
finalidade, intrinsecamente ligado a Universidades. Interessante que
pontuemos, que existem duas universidades federais em Porto Alegre
e, dispõem de cursos que formam profissionais tipo: fisioterapeutas,
terapeutas ocupacionais, pedagogas, fonoaudiólogas, educador físico,
assistente sociais enfim, a equipe interdisciplinar que deve atender o
reabilitando. Em 2005, a Procuradoria Geral do Trabalho publicou
anúncio institucional referindo que no Brasil, anualmente, morrem
3.000 operários e, 15.000 ficam incapacitados para atividades laborais
concomitante, o IBGE na Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar preconiza que no Brasil, coexistimos com 14,5% da população, ou
seja, pouco mais de vinte e cinco milhões de pessoas com deficiência.
Em Porto Alegre somamos cento e noventa e oito mil pessoas. Interessante que questionemos; quais os serviços públicos ou, conveniados
que as pessoas com deficiência assim como, os operários vitimas de
acidentes de trabalho podem interagir na busca de sua reabilitação ou,
nova habilitação? Onde estão localizados? Estes serviços desenvolvem
procedimentos previstos na Portaria 818/ 2001 ou, nas Portarias 303
ou 304 todas do Ministério da Saúde ? Importante que questionemos a
não implementação da Portaria 154/2005 do Ministério da Saúde que
coloca nas comunidades uma Equipe Interprofissional cujo objetivo é
interagir com a prevenção de eventuais patologias. O gestor público
municipal omite-se ante, há um grave problema social. Os pacientes
em reabilitação são tratados enquanto objetos de clínicas conveniadas
cujas práticas estão na rota de colisão com a ciência. Em Porto Alegre
dispomos de um espaço físico para instalarmos um Centro de Reabilitação.. Trata-se um próprio federal localizado na Avenida Bento
Gonçalves 827- Bairro Stº Antônio – Porto Alegre. . O prédio dispõe
de uma área construída de 8.000 metros quadrados. Sua arquitetura
dialoga com acessibilidade. Atualmente, no primeiro andar funcionam
duas Agências de Benefícios do INSS contudo, o segundo andar está
vazio e, o Ginásio Esportes estão vazios e, sucateados. É necessário
vontade política. Concomitante, gastaremos quatrocentos milhões de
reais para recebermos 3 ou, 4 jogos da Copa do Mundo de 2014. Em
tese nada contra o futebol, a FIFA ter conquistado obras que o Orçamento Participativo vem reivindicando há anos mas, a nossa cidadania,
a participação popular. [email protected]
Dia 9 de setembro fui paciente de uma cirurgia complicada e, delicada por
esta razão desejo externar meu agradecimento à Equipe do Cirurgião Fabio
Zel constituidas pelos cirurgiões Gabriel Madene e, Eduardo Pilla. Um forte
abraço. A gente não se vê!
A Saúde em 2030
Natan Estivallet*
Muito se discute hoje, 2010, sobre a saúde na
próxima geração, ou seja, 2030. E a Organização
Mundial da Saúde (OMS) traz dados e projeções
muito interessantes, que combinadas à mudança do
perfil epidemiológico do Brasil permite identificar
questões e começar a abordá-las desde já.
A primeira estimativa cita que em 2030 aumentarão como causas de morte as doenças crônico-degenerativas e os acidentes. As doenças do coração (que
se originam na maior parte das vezes da hipertensão!) que hoje já
matam mais de 10 milhões de pessoas por ano no mundo passarão
para 18 milhões de mortes por ano. Entre os acidentes destacam-se
os de trânsito, dobrando neste período de tempo.
E porque colocar um ponto de exclamação quando se fala em
hipertensão? Porque devemos retornar à mesma “tecla”: verificar
a pressão regularmente, tomar as medicações indicadas, evitar o
sal, emagrecer, exercitar-se, alimentar-se de forma balanceada e
saudável (preferindo vegetais, fibras e frutas) e não fumar. Não
quero ser repetitivo, mas não quero confirmar essa estatística, e
nem quero que você a confirme!
Um dado triste entre os estudos da OMS é que no continente
africano doenças como HIV, tuberculose e malária matarão tanto
quanto todas as causas somadas dos países de alta renda! Temos
que prestar atenção nisto para o Brasil, em que a incidência de HIV
é alta e a tuberculose continua em níveis endêmicos.
Outro dado divulgado é o número de anos convivendo com
a doença. Isto é importante porque fala diretamente da qualidade de vida. Muitos anos que os brasileiros tem ganhado como
expectativa de vida serão anos doentes. Para 2030 prevê-se que
a depressão será a doença mais frequente causando essa incapacidade para as pessoas. Portanto, além dos hábitos saudáveis,
cultive amizades e uma boa vida familiar, harmônica, evite
estresse e discussões. A vida próxima à natureza também ajuda,
bem como a paz espiritual.
*Médico de Família
Professor de Medicina - PUCRS
EXPEDIENTE
CADERNO DE REABILITAÇÃO: Objetivos: Disponibilizar para comunidades informações pertinentes a Politícas Públicas de Reabilitação / Habilitação - Telefone 3387.1172 - Coordenador
Geral Valter Castilhos - Colaboraram nesta Edição: Marlene Canarim Danesi - Presidente do CREFONO - Silvio Miguel Coelho Dutra Presidente do SINTRAVERS - Dr. Alexandre Doval da
Costa Presidente do CREFITO - Diretor Acessobr Dr. Carlos Lenuzza - Empresário Getúlio Fortuna - Agradecimento Especial Dª Chininha e, Zumbi dos Palmares - Inspiração adolescente Nathalia
Werlang - Sugestões e Críticas: [email protected] - Jornalista: Denise Rodrigues DRT 8222 - Diagramação: João C. Martimbianco, [email protected] - Impressão: Correio do
Povo - Agradecimento Especial: Dr. Júlio César Diretor Presidente da GUARIDA Imóveis, amigos Dody&Cicão, Skippy e, Roque. Os artigos assinados são de inteira responsbilidade dos seus autores.
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 3
O uso da comunicação
suplementar alternativa (CSA)
Cristina Martins
Bastos Schneider
CREFONO7 7604
Conforme a American Speech and
Hearing Association
(ASHA), CSA é qualquer meio de comunicação que compense e facilite,
temporária ou permanentemente, fala e/ou escrita, se estes estiverem comprometidos.
É o uso integrado de componentes manuais ou gráficos,
incluindo símbolos, gestos,
recursos, enfim, estratégias
utilizadas na comunicação.
Geralmente é indicada a
pacientes com paralisia cerebral, síndromes e /ou doenças
degenerativas que comprometam a fala.
Todos os sistemas gráficos
com função comunicativa poderiam ser qualificados como
linguagem, se esta for vista
como um sistema de símbolos (sinais manuais, palavras
escritas, etc) e regras de combinação que podem ser usadas
para uma função comunicativa
(expressar sentimentos, transferir informações, etc.).
O CSA utiliza-se de recursos de baixa e alta tecnologia,
sendo os de baixa, as pranchas
de comunicação, mesas, pranchas, avental, cartões, cadernos
de comunicação e álbuns de
fotografias.
Dentre os sistemas de CSA
de alta tecnologia é o interessante PCS (Picture Communication Symbols).
O software BOARDMAKER versão 5 oferece 3500
palavras em português pelo
sistema PCS. Está dividido
em categorias: social, verbos,
pessoas, miscelânea, substantivos. É possível escrever frases,
até mesmo histórias inteiras.
Podem-se mudar personagens
e suas características, e, ainda,
incluir voz nas figuras.
Todos os alunos e pacientes
que demonstram
intencionalidade
comunicativa podem beneficiar-se
deste recurso, basta que possuam o
cognitivo suficientemente preservado para esta tarefa.
Mesmo os que nada ou pouco
falam. Também pacientes com
questões motoras importantes
de membros superiores podem
utilizá-lo através de um mouse
adaptado.
A literatura relata que o
CSA tem servido de estímulo
para esses pacientes, pois é um
lugar de fala, o que facilita os
processos dialógicos entre eles
e as pessoas de seu convívio.
Além disso, proporciona oportunidades efetivas de desenvolvimento acadêmico, intelectual
e sócio-afetivo.
Este é um trabalho multi e
interdisciplinar: fonoaudiólogos, fisioterapeutas, terapeutas
ocupacionais, psicólogos, pedagogos. O trabalho deve ser
levado às salas de aula, através
de oficinas ministradas aos
professores em conjunto com
a equipe de informática, bem
como dar orientação aos pais
e responsáveis.
O enfoque do trabalho fonoaudiológico é o da comunicação, não o da fala por si, só.
Aliás, um trabalho meramente
articulatório em pacientes com
necessidades especiais, costuma cair no vazio. Se o objetivo
for a fala, corre-se o risco de
cair-se em uma “cegueira”
terapêutica, onde somente
enxerga-se o indivíduo como
uma boca e não como um sujeito que deve ser inserido na
sociedade.
*Conselheira CREFONO7
Fonoaudióloga Escola de Educação
Especial Nazareth – APAE/ Porto Alegre
Fonoaudióloga deciBel – Soluções em
Fonoaudiologia
Pós-graduação em Fonoaudiologia
Hospitalar – São Camilo
Pós-graduação em Audiologia - IMEC
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 4
Faculdade de Fonoaudiologia/UFRGS
Saúde coletiva e Fonoaudiologia
O Sistema Único de Saúde, conhecido como SUS, é a maneira como o
Estado brasileiro definiu o funcionamento a assistência à saúde em nosso
país. Descrito na Constituição Federal
de 1988 (artigos 196 a 200) e com princípios estabelecidos pelas leis orgânicas
da saúde (n. 8080 e n. 8142), de 1990, o
funcionamento deste sistema vem sendo
aprimorado a partir da publicação de
inúmeros documentos, portarias, cartilhas, disponibilizadas pelo Ministério
da Saúde.
Como princípios doutrinários, tem a
universalidade, que é o fato de atender
a todos, sem distinção, gratuitamente; a
integralidade, ao olhar as pessoas como
um todo, não fragmentados pelas especialidades, considerando também a sua
inserção na comunidade; a equidade, que
visa o oferecimento de mais recursos
para as pessoas que necessitam de maior
cuidado para a manutenção de sua saúde
e qualidade de vida.
Atualmente, cerca de 80% da
população tem o SUS como único
recurso para o cuidado à sua saúde.
Os demais utilizam plano/seguro de
saúde privado ou subsidiam atendimento particular. Mesmo quem busca
atendimento junto ao sistema privado,
está sujeito às diretrizes do SUS, por
meio da Agência Nacional de Saúde
Suplementar, que regulamenta o funcionamento dos contratos, determina
quais procedimentos devem ser contemplados, entre outros.
Em Porto Alegre, cerca de um milhão
de habitantes necessitam dos serviços do
SUS! Para o Brasil, são aproximadamente 150.000.000 de pessoas...
De qualquer forma, todo e qualquer brasileiro está sujeito às ações
da Vigilância Sanitária, que fiscaliza
a higiene dos consultórios de profis-
Estudantes do curso de Fonoaudiologia da UFRGS (primeira turma - ingressantes 2008), no estágio de Saúde Coletiva – Colégio de
Aplicação, realizado no primeiro semestre de 2010.
sionais da saúde e estabelecimentos
que comercializam alimentos, como
supermercados, restaurantes, lanchonetes. Assim como à Vigilância Epidemiológica, que recebe notificações
sobre tuberculose, HIV/AIDS e outras
doenças e agravos, transmissíveis ou
não. Desde o nascimento, as pessoas
recebem a visita do SUS, com a vacinação, teste do pezinho e a declaração
de nascidos vivos, utilizada para o
registro de nascimento.
Além disso, é preciso considerar
que planos/seguros de saúde, em geral,
se restringem ao atendimento médico
ambulatorial e realização de exames laboratoriais. Apenas recentemente foram
incluídos procedimentos para terapias
nutricionais, psicoterápicas, fisioterápicas, de terapia ocupacional e fonoaudiologia, e ainda assim, com restrições:
é necessário o encaminhamento de um
médico e o número de atendimentos é
limitado.
Estudantes do curso de Fonoaudiologia da UFRGS (terceira turma - ingressantes 2010), que cursaram a disciplina de Saúde Coletiva no
primeiro semestre de 2010.
O atendimento em atenção básica,
internacionalmente denominado atenção
primária à saúde, responsável pela prevenção de agravos e promoção de saúde,
é uma atribuição importante dos serviços
públicos. Da mesma forma, os atendimentos de alta complexidade, como a
quimioterapia e transplantes, que são
oferecidos com exclusividade pelo SUS.
Desde a criação do SUS se tem percebido a necessidade de reorientação da
formação dos profissionais que atuarão
nesse sistema. Assim, os Ministérios da
Saúde e Educação, em parceria, decidiram, no ano de 2002, modificar a estrutura curricular dos cursos da saúde, a fim
de que as diretrizes pudessem preparar
melhor os estudantes para o exercício
profissional mais condizente com a realidade de saúde encontrada.
O curso de Fonoaudiologia da UFRGS, além de disciplinas teóricas e estágio
curricular em unidades de saúde em
diferentes locais do município de Porto
Alegre e está envolvido com o Programa
de Educação para o Trabalho – o PET-Saúde, Saúde da Família e Vigilância
em Saúde, oferecendo aos alunos a
oportunidade de vivência de atividades
nos serviços, com o intuito de prepará-los para uma atuação profissional mais
adequada às necessidades de saúde da
população.
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 5
Fadem
A ética com o paciente
implica formação continuada
FADEM - Fundação de Atendimento
de Deficiência Múltipla
Fone: (51) 3328-6780
Email: [email protected]
Rua Frei Henrique
Golland Trindade, 445
CEP: 90480-140 / Porto Alegre - RS
Dani Laura Peruzzolo*
A FADEM, desde sua origem, tem se
caracterizado por oferecer atendimento
clínico às crianças e adolescentes que
apresentam patologias neurológicas
cujas seqüelas são tão severas que acabam comprometendo vários órgãos ou
funções além de interferir diretamente
na constituição psíquica destes sujeitos.
Atualmente outras instituições também estão acolhendo pacientes com
múltiplas deficiências. Instituições e
equipes que se qualificaram para atenderem crianças com problemas motores
e também com déficit visual, por exemplo. Com isso muitos pacientes e seus
familiares, que aguardavam em listas de
espera por atendimentos especializados,
estão sendo atendidos.
A FADEM passou então da qualidade
de uma das únicas instituições não governamental a atender pessoas diagnosticadas como deficientes múltiplas com
ênfase nas psicoses infantis associadas a
deficiências motoras, à instituição com
experiência para formação de outras
equipes.
Nos últimos cinco anos a FADEM
vem investindo na oferta de formação
para profissionais da área. Mantendo a
idéia de que um paciente com múltiplas
deficiências precisa ser acolhido por
profissionais cuja equipe construa um
percurso interdisciplinar, na perspectiva
de não sobrecarregar o paciente com
especialistas, mas que ele tenha para
seu tratamento, o olhar e as abordagens
necessárias para seu desenvolvimento e
para sua constituição.
Cada vez mais, pelos avançados
estudos, fica claro o quanto as questões
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 6
emocionais (psíquicas) interferem na
aquisição de um movimento, de uma
função. Ou o quanto as questões sensoriais são a porta de entrada do corpo da
criança para suas leituras sobre o mundo
(condição tanto cognitiva quanto psíquica). Muitas destas discussões não foram
feitas dentro da academia, no período
de formação. Por isso a defesa de que
a ética com o paciente implica também
formação continuada dos profissionais.
Acreditando nisso, a FADEM tem
oferecido supervisão, grupos de estudos
e cursos para qualificar o profissional que
compreende a necessidade de manter-se atualizado e articulado com outros
grupos de trabalho.
*Terapeuta Ocupacional
Conselho Deliberativo da FADEM
A Terapia Ocupacional na inclusão de
Pessoas com Deficiência no Trabalho
Esp. Luciana Wertheimer
Esp. Priscila Mallmann Bordignon
A Terapia Ocupacional é uma profissão com diferentes possibilidades de
intervenção, seja na esfera da saúde, da
educação e na esfera social. Tem como
objetivo, perceber o sujeito em seus
fazeres cotidianos. Com relação ao
estudo do desempenho ocupacional, a
terapia ocupacional atua nas seguintes
áreas de ocupacionais: trabalho, lazer,
participação social, ATIVIDADES DE
VIDA DIÁRIA, ATIVIDADES INSTRUMENTAIS DA VIDA DIÁRIA,
e mais recentemente, estudo do sono.
Atualmente, uma das áreas de crescimento da profissão, está relacionada ao
processo de inclusão das pessoas com
deficiência no Mercado de Trabalho.
Assim, o terapeuta ocupacional tem
como objeto de trabalho, a promoção
da saúde, a inclusão, construindo
com estes sujeitos possibilidades de
desempenhar de forma satisfatória
seus papéis nos diversos contextos
em que convivem. Os diversos instrumentos, técnicas e possibilidades que
o terapeuta ocupacional propõe, têm
por objetivo desenvolver uma maior
autonomia e independência funcional
àquele sujeito que, por qualquer motivo, está impossibilitado de participar
ativamente na sociedade.
Com o surgimento em 1991, da Lei
das Cotas, que exige das empresas a
participação de pessoas com deficiências em seu quadro de funcionários
(Lei nº 8.213/91), os espaços laborais
tiveram de ser reorganizados, para
estarem aptos a recebê-las. Para atender o que sugere a Leis das Cotas, são
necessárias adequações tanto no que
se refere à capacitação profissional das
pessoas com deficiências para atender
as demandas das vagas disponibilizadas, quanto nas próprias organizações
que contratam tais pessoas.
É neste processo, que a intervenção do terapeuta ocupacional, torna-se necessária, dialogando com seus
potenciais para a ajuda na promoção
de possibilidades de uma maior autonomia funcional para o ingresso e/ou
reingresso e permanência das pessoas
na área de desempenho ocupacional
do trabalho. No âmbito da inclusão
da PcD no mercado de trabalho, entre
as funções deste profissional, estão:
realizar avaliação funcional do trabalhador; adaptar o posto de trabalho
quando necessário; elaborar e/ou indicar tecnologias assistivas; participar
do processo preventivo de educação
em saúde, sob o aspecto da saúde do
trabalhador; preparar junto à equipe
técnica interdisciplinar a pessoa com
deficiência para sua inclusão efetiva na
atividade laboral e supervisionar este
processo inclusivo no local de trabalho.
Este campo de atuação do Terapeuta Ocupacional, tem se destacado no
Estado do Rio Grande do Sul, onde as
políticas de inclusão no Mercado de
Trabalho são efetivamente fiscalizadas
pela Delegacia Regional do Trabalho e
onde os terapeutas ocupacionais estão
atuando efetivamente neste processo
de inclusão, onde o discurso das impossibilidades transforma-se a cada
dia, num discurso das possibilidades.
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 7
Entidade Filantrópica com Registro no Conselho
Nacional de Assistência Social e de Utilidade
Pública Federal, Estadual, Municipal - Rua
Marcone, 421 - Partenon - Porto Alegre - RS Brasil - 91.530-160 - Fone: (51) 3322-0522
E-mail: [email protected]
Site: www.kindernet.org.br
Comunicação alternativa na Kinder
Bruna Sampaio Vellinho,
Filipe Carbone Geyer,
Márcia Borda Ferreira,
Rejane Gonçalves
Conceição e Sandra
Lima Duarte *
A comunicação alternativa
compõe um dos recursos da
tecnologia assistiva. É uma
área de prática clínica, educacional e de pesquisa, para
terapeutas que tentam compensar e facilitar, temporária ou
permanentemente, os prejuízos
e incapacidades dos indivíduos
com severos distúrbios de compreensão e ou de expressão,
podendo ser necessária, para
indivíduos que demonstram
prejuízos nos modos de comunicação gestual, oral e ou
escrita.
Este termo é usado para
definir outras formas de comunicação com o uso de gestos,
língua de sinais, expressões
faciais, ou uso de pranchas do
alfabeto ou símbolos pictográficos, até o uso de sistemas
sofisticados de computador
com voz sintetizada. Significa
qualquer meio de comunicação, que suplemente ou substitua os meios usuais de fala
ou escrita, onde eles estiveram
comprometidos.
Em outubro de 2009, implantou-se na Kinder o projeto
“Comunique-se”, com duração
de 1 ano. Este tem como objetivo geral, oportunizar aos
alunos e pacientes da Instituição, instrumentos e recursos de
comunicação alternativa, para
que possam interagir de maneira significativa com o meio
social, elevando a sua qualidade
de vida, aprendizado e reabilitação. Atualmente, o projeto
beneficia 20 crianças/adolescentes, visando ampliar em
breve para um maior número de
indivíduos. As áreas responsáveis pela prática deste recurso,
são a fonoaudiologia que visa
explorar a iniciativa comunicativa, simbólica e funcional; e a
terapia ocupacional que executa
adaptações que permitem o uso
deste recurso aos usuários que
apresentam limitações motoras
de grau leve à grave. Desde
então, tem sido observado os
benefícios que estes usuários
têm adquirido em seu meio
escolar, reabilitador, domiciliar
e social, melhorando de forma
significativa a sua comunicação,
auto-estima e qualidade de vida.
Neste ano de 2010 iniciamos
também um grupo de estudos
com a participação das áreas
de fonoaudiologia e pedagogia,
sobre o assunto de tecnologias
assistivas e comunicação alternativa na escola, visando uma
maior integração e conseqüente
desenvolvimento e ampliação
do projeto.
Com os avanços encontrados, salienta-se a necessidade
da Instituição estar ampliando os recursos de tecnologia
assistiva com a finalidade de
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 8
conseguir contemplar atendimentos a todas as mais de
300 crianças e adolescentes da
Kinder. Entretanto, para que
seja possível dar continuidade
ao trabalho desenvolvido, há
necessidade de parceiros que
colaborem com a Instituição.
Assim conseguiremos proporcionar melhor qualidade
de vida para nossas crianças e
famílias.
* Equipe da Reabilitação
responsável pelo projeto
Cuidados Pertinentes ao Coração
Dr. Fabrício Michalski Velho*
CRM 27934
As doenças cardiovasculares possuem alta incidência
na população em geral e são,
hoje em dia, responsáveis por
altos índices de mortalidade.
Quando não se manifestam de
forma fatal, podem trazer uma
série de conseqüências desastrosas ao paciente, prejudicando, sobretudo, a sua qualidade
de vida, bem como levando a
uma diminuição significativa
da sobrevida esperada. Não há
dúvida, portanto, que é extremamente importante tomarmos
alguns cuidados simples e que
podem levar a uma redução
desse quadro.
Controle de peso – deve-se manter o índice de massa
corporal menor que 25 kg/m²
e a cintura abdominal menor
que 102 cm para os homens
e 88 cm para as mulheres. É
fundamental o acompanhamento médico e nutricional para a
manutenção desses índices.
Dieta saudável – priorizar uma dieta rica em frutas,
hortaliças, fibras, minerais e
lacticínios com baixos teores
de gordura. Deve-se evitar à
adição de sal aos alimentos
preconizando-se o máximo de
2g de sódio por dia. Ter atenção ao consumo de doces ou
bebidas com açúcar.
Atividade física – recomenda-se a prática de atividade
física aeróbica por pelo menos
5 vezes na semana com duração mínima de 30 minutos. É
fundamental uma consulta com
o Cardiologista antes de se iniciar um programa de exercícios
físicos.
Abandono ao tabagismo –
cada vez mais se tem obtido
sucesso nas medidas para a
cessação do hábito de fumar.
Recomenda-se o acompanhamento com o Pneumologista.
Evitar o uso excessivo de
bebidas alcoólicas – o uso em
demasia de bebidas alcoólicas
está associado ao aumento da
pressão arterial e que, portanto,
deve ser desencorajado.
Realizar atividades de lazer – sabemos que o estresse
também é fator contribuinte
para o surgimento de doenças
cardiovasculares. A realização
de atividades prazerosas deve
ser fortemente recomendada.
Medir a pressão arterial
– a hipertensão arterial é um
grande fator de risco para a
ocorrência de doenças cardiovasculares. Na maioria das
vezes não causa sintoma o que
pode atrasar o seu diagnóstico.
Recomenda-se, com isso, a
medida da pressão pelo menos
uma vez ao ano para os indivíduos com pressão normal.
Admite-se como valor normal
até 140/90 mmHg, buscando-se
idealmente níveis próximos a
120/80 mmHg.
Dosar o colesterol e glicose – sabe-se também que o
aumento do colesterol e suas
frações bem como da glicose
(diabete mellito) estão associados à ocorrência de doenças
cardiovasculares de forma
bastante significativa. Deve-se
realizar a dosagem no sangue
destes elementos para o diagnóstico precoce e instituição de
terapêutica apropriada quando
indicada.
Além destes cuidados básicos que devem ser encora-
jados, não podemos esquecer
que a visita ao Cardiologista é
sempre recomendada para que
este realize um exame clínico
adequado e, se necessário,
solicite exames específicos do
coração(eletrocardiograma,
teste ergométrico, ecocardiograma, etc). É importante
salientar ainda, que indivíduos
com história familiar precoce
de doença arterial coronariana
bem como de acidente vascular cerebral(derrame) devem
ter um cuidado ainda maior,
necessitando de acompanhamento médico mais próximo,
em função de que estes fatores
genéticos trazem um aumento
no risco de desenvolvimento de
doenças no coração.
*Cardiologista do Hospital São Lucas da
PUCRS e do Instituto de Cardiologia do
Rio Grande do Sul.
Ecocardiografista do Hospital São Lucas
da PUCRS e Mãe de Deus Center.
[email protected]
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 9
IPA
Atividades paradesportivas
Marcelo Sant’Anna*
Nas últimas três décadas
ocorreu em nossa sociedade
uma atenção maior aos direitos
e reconhecimento da pessoa
com deficiência como cidadão. Neste período ocorreram
vários movimentos mundiais
de pessoas com deficiência, incluindo a participação de brasileiros em diferentes atividades paradesportivas (esportes
adaptados). Esta participação
tem recebido atenção crescente, oferecendo às pessoas a
oportunidade de experimentarem sensações e movimentos
que freqüentemente são impossibilitados pelas barreiras
físicas, ambientais e sociais.
O desenvolvimento do esporte adaptado tem sua origem
após a II Guerra Mundial,
particularmente na Inglaterra
e nos Estados Unidos, com a
necessidade de reabilitação e
de reinserção na sociedade de
pessoas vítimas da guerra. Em
1944, o neurologista e neurocirurgião alemão Ludwig Guttamann acreditava que o esporte
possuía a fórmula para motivar
e diminuir o tédio da vida desocupada de um deficiente físico,
mas acabou descobrindo muito
mais. Fez com que o mundo se
organizasse, mostrando que
todas as pessoas com algum
tipo de deficiência poderiam
praticar atividades físicas e esportivas. A intenção do médico
era a de introduzir a atividade
esportiva como incentivo à
reabilitação dos deficientes.
Os resultados foram positivos
e a atividade física adaptada
logo evoluiu para um nível de
competição. Assim, em 1948
foram realizados os primeiros
jogos para deficientes, evento
paralelo às Olimpíadas que
eram realizadas em Londres.
Este evento ficou conhecido
depois como Stoke Mandeville
Games, e tornou-se um festival esportivo anual na cidade
inglesa de Aylesbury. As primeiras paraolimpíadas vieram
a ocorrer em 1960, em Roma,
e contava com a participação
de 23 países e 400 atletas.
E, em sua última edição, nos
Jogos Paraolímpicos de Pequim, houve a participação de
145 países e 4000 atletas. Os
números mostram que entre a
primeira e a última versão dos
Jogos houve uma grande evolução, o esporte para pessoas
com deficiência abandonou o
caráter estritamente de lazer
e de reabilitação, passando a
buscar também o rendimento
esportivo.
Sob vários aspectos, acredito que o esporte como ciência
e disciplina constitui-se numa
verdadeira “ferramenta” a
ser usada no esforço para a
inserção social do indivíduo
excluído. Além de promover adaptações fisiológicas
e morfológicas relevantes à
saúde física e psicológica, o
esporte também pode ser utilizado para ensinar a viver em
sociedade; educar para viver
junto; perceber a importância
de aceitar os desiguais; fazer
aprender a ganhar e a perder;
reconhecer o melhor e o mais
apto; e ainda mostrar ser necessário respeitar o mais fraco
e o inábil. No paradesporto, o
espírito competitivo existente
no participante é geralmente
alto, tanto pela própria vontade
de vencer quanto de mostrar-se
capaz. Por este motivo o enfoque esportivo, através de suas
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 10
características, talvez seja a
ferramenta mais adequada para
o trabalho de inserção social da
pessoa com deficiência. As mudanças vivenciadas pela pessoa
com deficiência envolvida em
programas esportivos suscitam
sentimentos e vontade de melhorar o seu mundo, provando
para si mesmo e para a sociedade que são capazes de terem
soluções para suas maiores
dificuldades.
*Mini Curriculum
Marcelo Morganti Sant’Anna,
professor de educação física, com
especialização em Musculação
e Treinamento Funcional
pela Universidade Veiga de
Almeida, Mestre em Ciências do
Movimento Humano pela Escola
de Educação Física da UFRGS.
Sócio-diretor da empresa Fortius,
Professor da Rede Metodista de
Educação do Sul nos cursos de
Educação Física e Fisioterapia
e Coordenador do Programa
Paradesporto da Rede Metodista.
Avanços nas pesquisas com células-tronco
para o tratamento de doenças neurológicas
Simone de Paula,
Jaderson Costa da Costa*
As células-tronco podem ser encontradas em diversas fontes, como em
embriões, no cordão umbilical e em
tecidos adultos, como o sangue e a medula óssea, por exemplo. Ao contrário
das demais células do organismo, as
células-tronco são consideradas imaturas
e, portanto, possuem grande capacidade
de transformação (diferenciação) celular
em diferentes tecidos do organismo,
incluindo o tecido cerebral. Considerando essas características biológicas,
vários estudos em animais de laboratório pesquisam sobre o uso da terapia
celular (com células-tronco) em doenças
neurológicas, demonstrando resultados
promissores deste tratamento na maioria
dos achados científicos.
No Brasil, pesquisadores do Instituto do Cérebro da PUC-RS (Figura 1)
estudam o uso dessa nova abordagem
de tratamento em animais acometidos
por graves doenças que comprometem
o sistema nervoso, tais como, esclerose
lateral amiotrófica, doença de Parkinson, epilepsia, e seqüelas neurológicas
de traumatismo raquimedular e anóxia
neonatal. Utilizando o conhecimento
adquirido nestes estudos em laboratório,
alguns grupos de pesquisa já iniciaram
os testes clínicos (em pacientes) em
tipos específicos de doenças neurológicas. Recentemente na mesma instituição
gaúcha, iniciou-se a pesquisa clínica
em um estudo pioneiro para avaliar
a segurança da terapêutica do transplante de células-tronco em pacientes
com epilepsia do lobo temporal, que
afeta principalmente a região cerebral
responsável pela memória. Apesar do
objetivo principal do estudo ter sido
avaliar a segurança da terapia celular,
dados preliminares seis meses após o
início do tratamento mostraram resultados animadores relacionados à redução
das crises epilépticas, sugerindo um
novo horizonte para o tratamento deste
distúrbio.
O método de tratamento com células-tronco em doenças neurológicas é
relativamente simples: as células-tronco
são retiradas da medula óssea do paciente e injetadas (transplantadas) através
de alguma veia ou artéria no próprio
paciente doador (Figura 2). Através da
circulação sistêmica as células administradas tendem a migrar para os locais
de lesão cerebral atraídas por estímulos
específicos, tais como focos de inflamação resultantes de crises convulsivas
ou isquemias cerebrais, por exemplo.
Levando em consideração a necessidade
da presença de fatores que sinalizam
as células-tronco, tem-se observado
que o transplante agudo de células-tronco (logo após a lesão) demonstra
resultados mais significativos quando
comparados a tratamentos tardios.
Outra pesquisa recentemente desenvolvida na instituição é o uso de células-tronco na esclerose lateral amiotrófica,
doença que atinge os neurônios da medula espinhal. Atualmente não há cura
para esta enfermidade, considerada grave
e progressiva. Apesar de considerados
preliminares, dados de estudos experimentais já evidenciam que a terapia
celular pode aumentar a sobrevida e os
movimentos dos animais acometidos.
Na área da terapia celular em lesões
neurológicas por falta de oxigenação
(anóxia) cerebral em crianças, resultados pré-clínicos (em animais) iniciais
demonstraram que o tratamento não
resultou em melhora neurológica. No entanto, quando uma quantidade maior de
células foi transplantada nos animais em
estudo os resultados foram satisfatórios.
Em crianças, a abordagem de tratamento
é similar a dos adultos. No entanto, existe
uma maior praticidade do uso de células-tronco de cordão umbilical evitando,
assim, a punção da medula em crianças
pequenas. Atualmente, diversos locais
no mundo estão estudando essa nova
terapia em animais com lesões decorrentes da anóxia cerebral. No entanto,
esta abordagem de tratamento ainda
não está disponível na prática clínica,
pois depende de estudos pré-clínicos e
clínicos mais consistentes.
Até o presente momento se desconhece como as células-tronco agem no
organismo. Os dados positivos para estas
pesquisas levantam a hipótese de que as
células-tronco possam agir através de
duas estratégias principais. A primeira
delas é de que as células-tronco transplantadas possam se transformar (diferenciar) em tipos celulares específicos
e, assim, repor os neurônios perdidos
após lesões cerebrais. A segunda delas
surgiu mais recentemente em decorrência de estudos em animais e sugere um
mecanismo de ação indireto das células-tronco. Estes estudos demonstraram que
a melhora dos animais ocorreu mesmo
na presença mínima de células-tronco
diferenciadas em neurônios, sugerindo
que, possivelmente, as células-tronco
são capazes de estimular a liberação
de fatores de crescimento capazes de
induzir a formação de novos neurônios
no tecido lesado.
Ressalta-se que os estudos pré-clínicos constituem o primeiro passo
no desenvolvimento de novas terapias.
No entanto, apesar dos resultados animadores, muitas questões sobre a terapia
celular ainda necessitam ser respondidas.
A pesquisa científica necessita passar por
diversas fases antes do uso na população
em geral. Em decorrência disso, atual-
mente, a maioria dos estudos ainda são
realizados em nível experimental, em
animais de laboratório. Aspectos ainda
pouco elucidados tais como, a quantidade de células, o local mais adequado
para o transplante e o tipo celular a ser
utilizado são variáveis importantes que
poderão influenciar significativamente
os resultados. Após estes esclarecimentos científicos, é possível que, em breve,
as pesquisas clínicas iniciarão, ou seja,
começarão a ser realizados mais estudos
científicos sobre o uso das células-tronco
em seres humanos. Inicialmente, o
uso terapêutico das células-tronco em
pacientes com doenças incapacitantes
ainda será realizado apenas através da
pesquisa científica em grupos específicos de pessoas, seguindo critérios de
inclusão para cada estudo. Além disso,
é importante considerar que a participação dos pacientes na pesquisa deve ser
voluntária e gratuita. Para garantir a segurança dos participantes, estes estudos
deverão ser realizados em instituições
reconhecidas pela comunidade científica
e passarão pela aprovação de Comitês de
Ética em Pesquisa.
Com base nos resultados recentes,
as perspectivas futuras para o uso das
células-tronco em neurologia são promissoras. No entanto, ainda não se sabe
quando essa abordagem terapêutica será
incorporada à prática médica. Ainda é
necessário consolidar os conhecimentos
adquiridos nos experimentos científicos
em animais de laboratório, garantindo
assim, segurança, ética e respeito aos
portadores de doenças neurológicas. O
que sabemos é que ainda existe um longo
caminho a percorrer.
*Pesquisadores do Instituto
do Cérebro – PUCRS
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 11
Educação x necessidades especiais:
Uma questão política e discursiva
Rejane Guariglia
da Silva*
A inclusão como direito se
apresenta hoje como inquestionável. A formulação de
políticas, leis e documentos
nacionais e internacionais
constituem os meios de assegurar esse direito, que, no
entanto, continua distante
de ser alcançado no plano
da implementação efetiva e
concreta.
Enquanto as políticas de
educação inclusiva prescrevem ações tendentes ao atendimento das necessidades de
todos os alunos, os sistemas
educacionais mantêm inalterados seus traços fundamentais: altamente seletivo e
discriminador. A rigidez dos
tempos, a necessidade de que
os indivíduos e grupos avancem de forma homogênea, sem
grandes variações, de acordo
com os recursos materiais e
humanos disponíveis e de maneira coerente com os modos
de organização do ensino, cuja
lógica acompanha a economia
da instituição mais do que as
necessidades dos indivíduos,
colidem com as metas inclusivas de atender a todos os
alunos.
A noção de educação é
formulada por meio de termos
como: “pleno desenvolvimento”, “preparo para o exercício
da cidadania” e “qualificação
para o trabalho”, as “necessidades especiais” devem ser
“atendidas”. Isso chama a
atenção para a não coincidência
entre a idéia de educação e a
de atendimento de necessidades. Principalmente, quando
se pensa nas características
do sistema de ensino, com as
suas exigências em termos
de aquisições e avaliações,
as palavras fazem diferença
porque ao privilegiar certos
sentidos conduzem à atividade
humana para certas direções e
não para outras. No caso aqui
considerado parece evidente
que o preparo e a qualificação
dos alunos para o exercício de
diferentes funções no âmbito
social, comunitário, político
e do trabalho, requerem um
conjunto de conteúdos e ações
que não necessariamente esta-
rão centrados nas necessidades
dos alunos, mas ao contrário,
exigirão destes, um movimento
que leve à apropriação ativa
dos conhecimentos necessários
para um desempenho eficaz.
As idéias que prevalecem
nos documentos oficiais estão
relacionadas ao desenvolvimento, ao preparo para a vida
adulta e à cidadania, o que
conduz à conclusão de que
o conceito de educação não
tem um vínculo forte com o
atendimento de necessidades.
Isso pode ser constatado tanto no plano discursivo, nos
documentos citados, como no
cotidiano escolar.
Por outro lado, a idéia de
que a educação deve centrar-se
no atendimento das necessidades dos alunos, tem sido
abordada de maneira crescente
por autores em diversos contextos. Entendemos que essas
elaborações contribuem para
expandir a reflexão sobre a
questão e iluminam a penumbra em que permanecem as explicações para o pouco sucesso
das práticas inclusivas.
A dificuldade de planejar uma política que atenda
às necessidades dos alunos
decorre do fato de que o sistema, apesar dos discursos,
funciona de acordo com uma
dinâmica própria que atende
às suas próprias necessidades.
A não-coincidência entre as
necessidades do sistema e as
necessidades dos alunos deixa
um espaço reduzido para o
atendimento das últimas.
Essas questões levam à
discussão das ‘políticas da
diferença’, que defendem o reconhecimento das diferenças
estruturais que marcam pontos
de partida distintos para certos
grupos de pessoas na competição pelos deveres e benefícios que a cooperação social
supõe. Desse ponto de vista,
a insistência numa política de
oportunidades de acesso igual
que não reconheça a diferença,
tende a manter a desigualdade.
Por isso, é necessário abordar
a desigualdade por meio de
uma política da diferença e
prover genuína igualdade de
oportunidades e acesso, a
partir do reconhecimento da
diferença.
Parte das difi culdades na
implementação de políticas
inclusivas se deve a que, apesar das premissas e prescrições
que proclamam a necessidade
de atender as necessidades
educacionais de todos os alunos, a lógica do sistema educacional é pouco compatível
com essa filosofia, principalmente no nível das práticas e
dos modos de funcionamento,
ou seja, nosso sistema educacional regular, já em colapso,
passa a ser um engodo para
clientela PNE.
*Psicopedagoga
FOTOS DE MÁRCIA WANDER
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 12
Arte e educação especial:
concepções e novas atitudes
Prof. Ângela
M. Aranguez*
Seria ideal que todo educador pudesse conduzir o ensinamento numa atmosfera inovadora e dinâmica, que não se
fragmentasse em disciplinas.
Ao professor cabe a atitude de
ir além, afinal ensinar é sempre
um desafio, visto que cada
aluno irá desenvolver certa
predileção, habilidade e/ou
apresentar alguma dificuldade.
O reconhecimento das diferenças individuais é o que
articula e justifica todo um
planejamento que envolve
a oferta de atividades multi,
inter e transdisciplinares. As
artes, no contexto da educação
especial, assumem um papel
importante, pois a partir do
conjunto de atitudes possibilitados pela dança e música,
pelo teatro e artes plásticas e
outras ações educativas como
essas, é que se observa uma
transformação real, na qual o
aluno, mais que ler e escrever,
se apropria de instrumentos
que lhe permitam compreender o mundo em que vivem,
com aporte para enfrentar a
diversidade.
Todo projeto educativo que
puder ser desenvolvido tendo
as artes como pano de fundo,
em se tratando da pessoa com
necessidades especiais, tem
muitas chances de êxito, pois
é bem sabido que uma grande
parte dessa população pode
ficar alheia a essas possibilidades em nossa educação formal.
Apesar da Escola Especial
carregar um rotulo de segregação, o desenvolvimento de
propostas e projetos nos quais
as artes exercem influencia,
mostram o contrário. Ações
educativas compostas pelas
artes promovem um universo
de opções em se tratando de
educação inclusiva.
O “saber-fazer” por meio
das artes tem comprovado a
força na mudança de atitudes
e comportamentos, principalmente na conscientização da
inclusão. Mudanças de atitudes
no sentido de motivar o aluno
e desenvolver a auto-estima,
favorecem o potencial criativo
das pessoas com deficiência,
favorecendo, dessa forma,
conquistas na área social.
E não falo somente de
aprendizagens no âmbito social, estende-se esse processo,
porque ele se comunica também com outros campos do
saber: com o conhecimento
lógico matemático, com a
aquisição do código escrito,
com a literatura, com noções
de espaço, com a assimilação
dos tempos, do compasso, do
ritmo... Fora o fato que hoje
existem propostas que exploram outros sentidos: propostas
de atividades que envolvem
o corpo e o movimento, onde
podem ser tocadas, cheiradas,
ouvidas...
A expressão corporal, a expressão vocal e instrumental,
a expressão coreográfica, a
expressão plástica são permeáveis uma à outra, se provocam,
se somam. É incontestável o
potencial das artes e o alcance
amplo que possui.
O trabalho com arte, ou
arte educação representa o
desenvolvimento de inúmeras
competências em alunos com
necessidades educacionais
especiais, contribuindo na
ampliação da percepção do seu
universo cultural, sua compreensão lingüística e estética; a
compreensão da sua expressividade corporal e musical;
a construção de autonomia,
participação social e conseqüentemente sua inclusão na
sociedade, mediante a arte.
O caminho que a Arte traça é de encorajamento e nele,
nós professores educadores
especiais e arte-educadores,
enxergamos e valorizamos a
superação e as potencialidades.
*Educadora Especial - UFSM
Psicopedagoga - PUC
Psicóloga - ULBRA
Especialista em Arte corpo e
Educação - UFRGS
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 13
Longevidade e funcionalidade
na atividade humana
Lenise Hetzel*
A cada ano cresce o índice populacional do idoso em nosso país, o que
pode estar associado aos avanços da
medicina preventiva. Porém, é sabido,
também, que a sociedade ainda não está
preparada ou conscientizada quanto a
esta perspectiva, principalmente nos
aspectos da acessibilidade e no que se
refere a inclusão social respeitando-se
sua plenitude e não a forma discriminada
como se observa nos dias de hoje. Várias
ações públicas já se encontram voltadas
para esta causa. Mesmo assim, ainda
existe uma série de políticas a serem
discutidas e implementadas.Podemos
notar no nosso próprio contexto familiar,
a necessidade de estarmos preparados
para com a longevidade, no sentido de
garantir, com melhor conhecimento,
menores limitações e maior qualidade de
vida para o idoso.Para isto, como conscientização de uma vida mais saudável,
nesta perspectiva, podemos pensar nas
melhorias ambientais ao nosso alcance através das AVDs (Atividades da
vida diária), AVPs (atividades da vida
prática),AVTs (atividades de Trabalho),
aVLs (atividades de lazer) como por ex.:
o banheiro com barras, assento elevado e
com apoio, banco ou cadeira de banho no
Box e com tapete anti-derrapante, salas
e dormitórios sem tapetes , sapatos e
chinelos fáceis de serem calçados e com
solado anti-derrapante, interruptores
luminosos, cadeiras firmes e com apoios
laterais, preferencialmente mesas e balcões com quinas arredondados, torneiras
e chuveiros adaptados e funcionais, de
acordo com as potencialidades de movimentos e força; os objetos de uso diário
precisam estar ao fácil alcance do idoso,
evitando qualquer tipo de incidente desnecessário.
É importante ter em vista a possibilidade de utilização de todos os recursos
que possam garantir a realização de ati-
vidades do cotidiano que garantam a manutenção da autonomia e independência.
Entretanto, um dia, nós também
estaremos alcançando essa plenitude de
vida- esperamos que seja com saúde, e
iremos precisar estarmos conscientes de
que de acordo com nossas necessidades
e vivências pessoais ou, se necessário,
procurarmos auxílio para planejar nossas
atividades de vida diária, de trabalho, de
lazer, enfim, do nosso cotidiano, para
uma readequação laboral assim como
para uma nova projeção de nossa vida
pós uma aposentadoria, com o objetivo
de nos sentimos produtivos, gratificados,
e assim inseridos numa vida social e de
lazer, como verdadeiros cidadãos.
Portanto, não basta só envelhecermos
se não pudermos usufruir de autonomia,
auto-estima e satisfação em ocuparmos
o espaço com cidadania e dignidade
humana. A atividade humana sempre foi
e é a forma de nos constituir enquanto
sujeito. Para isto, precisaremos não só
de uma assistência preventiva e eficaz
envolvendo novas tecnologias, que nos
darão condições de maior sobrevida, ao
leque de necessidades especificas para
vida de um idoso.
Sabemos que o Estatuto do Idoso
prevê enquanto diretos, o atenção preferencial em todas as instancias, mas talvez
não esteja muito claro para o profissional
de saúde, que o sua intervenção atenda
as necessidades especificas e inerentes
à condição de ser idoso e programe às
atividades e adequações para manter
ou adquirir o máximo de autonomia
nas atividades de vida diária, práticas
, de trabalho e de lazer, conforme suas
potencialidades e singularidades.
Precisamos o mais breve possível nos
apropriar e conhecer nossa consciência
de longevidade e funcionalidade para
sermos “idosos-jovens” saudáveis.
Getúlio Fortuna,
criatividade e,
irreverência.
Getúlio Fortuna é um empresário cuja capacidade de
criar é ímpar. Enfrenta crises
com audácia, irreverência e,
sobretudo com um largo sorriso. Ama o que faz. Por vezes, s
torna-se introspectivo, eqüidistante, contudo, silenciosamente,
planeja ações que oxigenam sua
administração. Tem consciência,
que do seu dinamismo depende
a mobilização dos seus colaboradores Persevera, no sentido
de proporcionar atendimento
/acolhimento de qualidade a
centenas de clientes que transformou em amigos.
Para aumentar as vendas
necessita qualificar sua Equipe
de Colaboradores para tanto,
dialoga com Plano de Carreira,
interage com a qualificação
profissional, eficiência e, comprometimento da Equipe nas
metas por estes discutidas. Interessante, que as metas de 2010
foram construídas pelo coletivo
do quadro funcional, portanto,
todos são responsáveis pela sua
execução por esta razão, periodicamente reúne o pessoal e,
avaliam os eventuais problemas
assim como, planejam as metas
de aperfeiçoamento.
Coerente com o pensamento, que para a Empresa crescer
precisa da participação efetiva
do quadro de colaboradores
firmou convênio com a ABMF
que proporcionará a todos: Colônia de Férias e, clube social
com piscinas. Getúlio está
construindo um site e, instituiu
o tele-entrega. Nos dias de hoje,
essencial para ganhar tempo.
Está construindo um depósito
proporcional ao crescimento da
madeireira neste, uma empilhadeira auxiliará os colaboradores
que desenvolvem suas atividades laborais.
Getúlio denomina-se Amigo do Empreiteiro pensando
nisso, buscou parceria com
a Caixa Econômica Federal.
Incentivou os Empreiteiros que
prestam serviços à Madeireira
ingressarem no Programa para
Micro-Empresários da Caixa
Econômica Federal neste,
tiveram acesso às linhas de
créditos especiais e, passaram
a contribuir com a Previdência
Social. Getúlio concentra sua
atenção na Madeireira contudo, encontra tempo para dialogar com as questões sociais.
Há oitos anos apóia decisivamente minha luta por políticas
públicas para as pessoas com
deficiência, como escreveu
Bertold Brecht “ os homens
que lutam todos os dias são
imprescindíveis ...”
*Terapeuta Ocupacional
CREFITO-1960-TO
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 14
cerepal
Rua Brig. Oliveira Nery, 100 e 115 | Bairro Passo D’Areia
Porto Alegre/RS – CEP 90520-260
Fones: (51) 3342-9753, 3343-7586 | FAX 3337-2045
CNPJ nº 92.902.303/0001-18
e-mail: [email protected] | site: www.cerepal.org.br
Daniela Ribeiro da Silva*
O Centro de Reabilitação
de Porto Alegre – CEREPAL é
uma entidade filantrópica que
presta atendimento para pessoas
com deficiência, entre crianças,
adolescentes e adultos de Porto
Alegre, Grande POÁ e interior
do estado do RS. Conta com o
serviço de nutrição como área
de apoio sob a responsabilidade
de uma nutricionista.
Esse serviço é dividido em
duas áreas: clínica e produção.
A área clínica funciona como
um trabalho de prevenção e auxílio no tratamento para melhor
qualidade de vida dos pacientes,
dos familiares e dos funcionários do CEREPAL, auxiliando
pacientes com baixo peso, sobrepeso, obesidade ou apenas
para reeducação alimentar.
A área de produção abrange
o refeitório, onde são servidas
três refeições diárias (lanche
da manhã, almoço e lanche
da tarde), num total de aproximadamente 105 refeições
diárias ofertadas gratuitamente.
A maioria dos beneficiados
são alunos de nossa escola de
educação especial, mas também
pacientes das áreas de reabilitação.
Nutrição no CEREPAL
*Nutricionista responsável
CRN2 7074P
Associação de Mães Rita Yasmin
A Associação de Mães Rita
Yasmin, foi fundada há cinco
anos com a finalidade de lutar
pelos direitos das crianças com
deficiência. Direitos esse, que
na maioria das vezes não são
cumpridos. As crianças ficam
na fila de espera para atendimento, fisioterapia, transporte
social e, muitas vezes chegam a
óbito antes de serem atendidas.
A Associação de Mães Rita
Yasmin retoma suas atividades
com muitos projetos. A Diretoria, dispõe de muita garra , força
de vontade e, perseverança
para transformar projetos em
realidade. O primeiro objetivo
é, a construção da sede para
que possamos dar inicio ao acolhimento às crianças especiais.
Neste as crianças receberão
atendimento para seus pais e,
responsáveis possam trabalhar,
estudar enfim, reestrurar suas
vidas, tendo um lugar especial
onde seus filhos serão tratados
com todo carinho e respeito
que merecem, para terem uma
melhor qualidade de vida.
Antonia Pinheiro,
Carmen Brandão
e Diretoria
PORTO ALEGRE - MAIO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 15
Caderno de Reabilitação
OUTUBRO/2008
Como começar a falar sobre algo
que dói demais, mas vamos lá.
Denise Cezimbra
Foram dez anos de muita
luta esperanças, lágrimas enfim,
um verdadeiro terremoto em
nossas vidas. Meu destino, ligado á lutas começou aos cinco
anos, com o nascimento de meu
irmão, que por uma fatalidade
teve uma lesão cerebral na hora
do parto irreversível. Seguiram-se muitos anos de internações,
sonhos frustrados, pois meu pai
queria muito um filho homem
para ser um grande atleta.
E, esta vontade foi transferida para mim. Resolveu
tornar-se pai de Miss, sim, pois
foi através dele, que comecei
a participar de concursos. Ao
longo dos anos, convivi com
uma família, que lutava cotidianamente com gastos absurdos,
para poder manter o tratamento
do meu irmão. Fomos morar em
São Paulo, onde ele freqüentou
a AACD. Quando voltamos,
meus pais mais um grupo de
amigos fundaram O CEREPAL,
para poder terem um tratamento
especializado para seus filhos.
O tempo passou, casei, tive
duas filhas maravilhosas, me
divorciei, e passados alguns
anos reconstruí minha vida, casando novamente. Estava muito
feliz, pois realmente sempre
achei a vida á dois, um presente
de Deus. Um mês de casada
ocorreu mais um terremoto em
minha vida. Meu pai descobre
que tem uma doença crônica
e que perderá a visão, como
de fato veio acontecer. Minha
mãe tem um AVC, que a incapacitou totalmente, vivendo
completamente debilitada. Meu
marido descobre que perdeu o
funcionamento dos rins, passando por terríveis sessões
de Hemodiálise. Enfim, tudo
aconteceu concomitante. Nesta
época eu trabalhava, em uma
grande empresa de cosméticos,
tendo um cargo de confiança,
que me exigia uma permanência constante. Foram dez anos
de muita luta, tive que vender
patrimônio, me dividir em hospitais, pois tinha momentos que,
estavam em internados juntos
mas, sempre eu tinha um sorriso no rosto, e quando chorava
era escondida. Não desisti em
nenhum momento. Parecia uma
leoa, perdida na selva. Tentando
salvar seus filhotes. Sim, pois
de filha, esposa, e irmã, virei
mãe de todos. Vários Natais,
Ano Novo, enfim passei com
cada um em uma cama, mesmos
hospitalizados, proporcionei
á eles um clima de Festa. Fiz
trabalhos para a Santa Casa,
no Projeto Cuidar de quem
Cuida onde recebi uma linda
homenagem, enfim ali estava a
sobrevivência do meu marido.
Veio a primeira perda, meu pai
veio a falecer em meus braços,
pedindo que eu não deixá-lo
morrer, nem mesmo os médicos
conseguiam arrancá-lo de mim.
Tive que mudar para uma casa
adaptada para duas cadeiras de
rodas, para minha mãe e meu
irmão, e coexistia com meu
marido definhando a cada dia,
pois sete anos de hemodiálise ,
é muito. Fui para exames queria
ser doadora, passei e quando
tudo estava certo, apareceu à
constatação que o mesmo tinha
uma doença pulmonar irreversível, não aguentaria o transplante. Perdi o chão naquele
momento. Mas ergui a cabeça
PORTO ALEGRE - SETEMBRO/2010 - CADERNO DE REABILITAÇÃO - 16
e fiz a cada dia o melhor dia de
nossas vidas. Em minha casa,
quem chegasse parecia ter uma
festa, todas as refeições eram
feitas com carinho como se
realmente houvesse uma comemoração. Meu amor infinito não
me permitia perder mais um,
como se a responsabilidade fosse minha total, me sentia com
tanta determinação, que por
mais que os médicos falassem
eu não ouvia. Nossa casa ficou
linda, minha mãe voltou a falar
um pouco, meu irmão estava
feliz, minhas filhas, sempre me
ajudando, maravilhosas, e meu
marido realizado. Aos poucos,
ia passando para a querida companheira de luta da família de
nome Santa, que me ajuda até
hoje, como ela deveria cuidar de
mim quando ele partisse. Claro
que eu não sabia... Minha mãe,
por ironia do destino, também
veio a falecer em meus braços,
em um domingo ensolarado,
enquanto eu lhe dava banho e,
por mais absurdo ainda, dias depois de meu marido ter falecido.
Neste meio tempo, minha única
tia, irmã de minha mãe, aquela
que todos os dias me ligava para
me falar algo positivo me dar
um pouco de amor, veio falecer quase junto. Amigos, hoje,
fazem três anos de tudo, estou
novamente vivendo com limitações, depois de uma depressão,
um apagão mas a certeza do dever realizado e com muito amor.
Não me considero perdedora,
pois na batalha da vida, meu
amor prolongou a vida deles
de forma especial, com muita
qualidade. Hoje, luto por meu
irmão, agradeço por tê-lo, tão
especial, tão afetuoso, e alegre.
Minhas filhas que não consigo
descrever o que representam
em minha vida, e não poderia
faltar meus queridos amigos,
de tantos anos que a vida me
devolveu, e Se para muitas pessoas a idéia de ter participado de
concursos de beleza, representem futilidades, saibam que me
realizei por ter dado esta alegria
a meu pai, e por ter feito amigos
de verdade trinta e cinco anos.
Obrigado e, quero terminar
pedindo que sempre que tiverem uma missão pela frente,
pense em um dia de cada vez, e
coloquem o coração junto.
Um beijo á todos!

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