BAR DO BRAGA - Rock Amazonense

Transcrição

BAR DO BRAGA - Rock Amazonense
NÚMERO 001|2016
COLABORE SEU TEXTO SOBRE O ROCK NO AMAZONAS: [email protected]
ROCKABILLY | METAL | PUNK | HARDCORE | SKA | REGGAE | INDIE
BLUES | JAZZ | HARD ROCK | SURF MUSIC | POP | CLASSIC ROCK
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
EHUD ABENSUR | RAMON OLIVEIRA |
ALBENIZIO JÚNIOR | KARIDY ABREU |
RENATA PAULA | ELIOMÁRIO SARAIVA
TADEU RUBIM | FABIANO SALAZAR |
GENECY SOUZA | JOSÉ AMARILDO MELO |
RODNEY SILVA | DANIEL FREDSON |
FRANK ROOSEVELT | MARCELO ARAÚJO |
ROGÉRIO VILAÇA | HENRIQUE PENA |
MARCOS EFRAIM | EBER PIRANGY |
RAFAEL VIEIRA | REINALDO SOUZA |
CLEYTON INFECTION | MARCELO TANANTA |
MÁRIO SÉRGIO OLIVEIRA | ALEX COSTA NOVO |
LINCOLN MONES | LINCOLN MOREIRA |
FABIAN COSTA | RODRIGO MORGADO
SOBRE AS LETRAS DA
BOOMERANG BLUES
POR RAMON OLIVEIRA | Vocalista e
guitarrista da Boomerang Blues.
O TOCA MÍDIA DO MEU CARRO
POR ELIOMÁRIO SARAIVA |
Vocalista e guitarrista da Nematóides
“Quero Ver Até Onde
Vocês Vão” [2013]
“Depois daquela nossa última apresentação
‘nematóidica’, no último Arte Rock & Putaria
- da Na Tora Produções – a garganta deu
uma sede daquelas nordestinas dos idos de
1970 e o nariz coçou bastante. Daquele jeito:
só no ‘guti-guti’ e ‘sniff-sniff’ – a brincadeira
tava boa mesmo. Uma hora o ‘combustível de
maluco’ (o do bolso) tava acabando e eu saí do
local do evento e me dirigi ao meu carro, o
celta vermelho. Sabe como é bêbado, né? Sem
eu perceber, o negócio tava tão tenso que
quando eu dei por mim, eu já estava pra lá de
Nárnia, chamando os gatinhos que andavam
pelas sarjetas da Av. Epaminondas, de Aslam
(vai dizer que nunca assistiu? Sai do armário!)
– em frente ao Rio Negro Clube, era lá que o
carro estava estacionado. Pô, mas até aí tava
massa! - ‘Como vai? Tudo bom? Tudo bem ou
só às vezes?’ - até o momento que desliguei o
alarme e entrei no carro. Mano, fizeram uma
devassa no meu carro - ele tava revirado,
mexeram em tudo, vasculharam tudo, ainda
deixaram as ferramentas que usaram para,
supostamente, arrombar a porta e uns DVDs
piratas. ‘Cadê a grana? Cadê os bagúio?’, eu
pensei
e
continuei,
desesperadamente
esperançado, mexendo em tudo, o tempo que
dá pra você parar e refletir: ‘E agora, José?’
Uma hora, já cansado, eu olhei pro toca mídia
do carro e paquerei ele por alguns instantes,
ele estava lá... Mas, porém, caralho, todavia, o
meu toca mídia era azul e não vermelho, não
era daquele jeito. Eu quase choro na hora. N-ão e-r-a o m-e-u c-a-r-r-o!! – a primeira coisa
que pensei quando, depois de perceber o que
estava acontecendo de verdade, (sem exagero)
quase ter um infarto, foi: “caaaaaaara, tem
uma galera aí fora só esperando eu sair pra
me guisar” – agora eu era um ladrão de carro!
Pense no medo, mas não tinha ninguém. Saí do
carro procurando o dono, e constatei que o
meu carro era o segundo de cá, por isso o
barulho perto do alarme. Enquanto ninguém
vinha me bater, eu saí andando pra dentro do
evento pensando saltitante: ‘Cara, ninguém vai
acreditar nisso.’” |
“O Rock’N’Roll Sempre
Viverá Para Mim”
[2016]
INFECTION NO PRÉ–SHOW
DO SINISTER
BAR DO BRAGA
Rua Belo Horizonte
ADRIANÓPOLIS
TER a SÁB | 18h
“As composições sempre partiram
de um pressuposto irônico-cético. A
intenção é a reflexão de certo ponto
de vista sobre realidade,
relacionamento, política,
existência... É uma espécie de
filosofia da negação. Eu iniciei essas
coisas quando vi um evento onde
haveria uma discussão sobre o rock
e suas filosofias, falavam de Rolling
Stones e de filosofia negativista,
comparavam com Nietzsche. Daí, eu
comecei a construir pensando mais
nesse pressuposto. Todas as letras
da banda tendem a isso.” |
FOI ASSIM NO METAL EM 1987
POR EHUD ABENSUR | Vocalista da Blackcaps | “Década
de 1980 foi a época em que o
metal amazonense começou a surgir, mais precisamente a partir de 1987. Alguns
pontos de reunião do movimento, como: Punk Rock – localizada na Rua Dr. Moreira
–, a Praça do Congresso, Rock Store, Cecomiz; e nos bares: Espaço Aberto,
Noturno, e as casas Moranguinho, Ideal Clube e Bosque Clube. Bandas de rock e
metal da época: Flash, Enigma, Artania, Libra, Torre Astral, Sanatorium,
Anestesia, Insanus, Cadáver, Anesy, Mistycal Vision, Numbness, Lixo Urbano,
Pústula Cerebral, Sankinis, Cronos, Dick Vigarista, Êxtase, 5ª Projeção, Banda
Dix, Césio e outras. Shows importantes da época: Robertinho do Recife na Casa
Brilho – hoje Amazonas shopping – Rock in Acapulco, Metal Up Your Ass, Projeto
Astral, Rock Alternativo, Sepultura (1988 Olímpico), Dorsal Atlântica (1989
Olímpico), MX (1989 Olímpico), Sepultura (1989 Rio Negro), Viper (1990 Quadra
Coberta do Olímpico), Rock no Pedra no Sapato, Rock 90 (Itacoatiara). Fato
interessante é que não havia redes sociais e espaço escassos na rádio e TV de shows.
Lembro que existia uma rádio que tocava de meia-noite até 1h onde rolava muito
rock’n’roll, tipo: Slade, Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Scorpions, Iron
Maiden, Whitesnake, AC/DC, Judas Priest etc. O nome do programa era Sessão
Maldita, depois acho que foi dada como nome imprópria para a época, mudando
para Rock Circus.” |
Discografia:
“Os Playmobils”[2006]
“3x4” [2011]
OS 15 ANOS DO PUNK ROCK BUBBLEGUM D’OS PLAYMOBILS
POR ALBENIZIO JÚNIOR | Vocalista e baixista dOs Playmobils.
“Nosso
objetivo este ano é lançar o 3º disco e fazer um evento bem rock’n’roll pra
comemorar esses anos de muitos amigos, cervejas e festas de quintais aos grandes
festivais. Somos felizes pelo o que fizemos e onde estamos, além de incansáveis!
Temos muito ainda! Amamos o rock e nossa cidade e mais do que se divertir
queremos contribuir sempre!” |
POR CLEYTON INFECTION | Baterista da Infection.
“Ficamos muito honrados em ter tamanho
privilégio. Em poder tocar no mesmo palco que
uma das lendas do metal da morte. Foram dois
meses de ensaios nos preparando para esse
desafio, que em minha opinião, foi um dos
nossos melhores shows executados ao longo
dos dez anos de banda. Só temos a agradecer a
todos os envolvidos no evento. Mais uma vez,
muito obrigado!” |
CARTA ABERTA AOS MÚSICOS
INDEPENDENTES!
POR RENATA PAULA |
“Primeiramente agradeço o convite do meu
amigo Albenizio Júnior para fazer parte da
estreia do ENZINADO. Em segundo lugar, eu
convido os músicos independentes para que
sejam artistas! Eleger a carreira certa é uma
boa proposta. A música é um elemento que
impulsiona pra frente, faz refletir, estimula a
identificação e na maioria das vezes não é o
único caminho para o reconhecimento. Isso não
quer dizer ‘um contrato’ com uma gravadora ou
acordo com o governo. Este texto é uma posição
otimista visualiza o melhor para esses
diamantes. Abro mão de minhas resenhas,
recomendações ou ‘mimimi’s para incentivar a
importância das ações múltiplas entre os
produtores de arte. Adoro ler poesias de um bom
compositor ou conhecer os desenhos de um
baixista tímido. Não aguento ouvir as lamurias
de um hit maker sobre o ócio criativo e
impotência musical. Impossível não achar
bizarro músico que não consegue ir ao
lançamento do disco da própria banda.
Coletivos, panelinhas, ‘movimentos’, todos
podem funcionar se adotar uma plataforma de
ocupação, envolvimento, questionamentos,
participação considerável sem vislumbre
eleitoreiro. Esteja em todas as redes socais,
delegue funções aos integrantes ociosos, busque
patrocinadores/apoiadores,
como
preferir
chamar: salão de beleza, gráficas, costureiras e
pequenos empresários podem compreender e
financiar parte desse sucesso. Atitude e rock
n’roll my friend!” |
VIDA LONGA AO
ROCK’N’ROLL
POR FABIAN COSTA |
“Que o rock’n’roll seja
o elo entre as pessoas
livres de vaidades e
egos inflados, do
modo que seus
precursores o
idealizaram. Não
tinha cor, nem
nacionalidade.
Mesmo sendo criado
em um período tão
conturbado. O que
importava era a
essência, o
sentimento de alegria
e liberdade contra os
tabus hipócritas
estabelecidos ao seu
redor. Que assim seja
sempre! Vida longa
ao rock’n’roll!” |
“EU QUERO É COMER A MULHER DE VOCÊS”
POR RODRIGO MORGADO | Vocalista da Morgados
Numa dessas bebedeiras pós-evento que não me lembro
qual, fomos pra um bar continuar a noite: Eu, Pato, Nick,
Bruno Mendigo e o Luck como sempre a galera não sabe
a hora de parar e o Ceará já foi falando que iria fechar o
bar. Numa lombra qualquer alguém disse: "Vamos pra
Ponta Negra então!" Isso era por volta de 5:30 da
manhã, então fomos. Chegando lá ao nascer do sol, entre
um gole de cerveja e uma música no violão, o sol aparece
e esquenta o lombo, então pra água fomos, menos o
Bruninho que resolveu caminhar na praia tipo filme de
romance mesmo... Um pouco depois chegou dois
bombados com duas minas que provavelmente tinham
arrastado de um Kabana’s da vida hehehe... Mas eles
ficaram na deles e a gente na nossa e entre uma
discussão sobre a cena/política/religião, o Bruninho
volta da sua caminhada matinal pela praia e os
bombados resolvem zoar o Bruno quando passou por
eles, achando que ele estivesse só, talvez, e disseram:
"Esse aí, tá emacunhado!” O Bruno olhou puto e disse: "É,
tô mesmo noiadão!" Aí, ele olhou para as meninas e
soltou a célebre pérola: "Eu quero é comer a mulher de
vocês!" Nessa hora já começamos a nos aproximar
porque o Bruno já tinha entrado na água com os
bombados e eles querendo aparecer pras meninas
queriam afogar o Bruninho. Foi quando chegamos e
começou uma breve discussão e quando eu já achava que
estava tudo resolvido, o Pato chega perto de um deles e
puxa um gogó feito com uma latinha que ele estava
tomando e disse: "Tá vendo isso aqui na minha mão? É
uma arma!” – mostrando o gogó – nessa hora só fiz virar
de costas porque toda a credibilidade de macho que a
gente tinha construído se perdeu numa risada hehehe...
Mas foi bom o Pato ter aparecido porque os bombados
foram embora com medo desse galeroso hahaha... |
RÁPIDAS!
“Estamos em fase final de algumas composições. Acho que final de Abril já
devemos estar de volta a estrada e com pelo menos 4 músicas prontas.”
MARCELO TANANTA | Vocalista da Boca De Velha
“Pra esse ano temos em vista o Numbness Fest III e um EP com 3 músicas
novas.”
ALEX COSTA NOVO | Baixista da Numbness
“Depois de 2 longos anos o disco Ato II vai sair. Já terminamos de gravar,
falta agora mixagem e masterização, e como o nome já sugere, Ato II vai vir
com uma pegada diferente tanto nas letras como no som e esperamos que
todos curtam.”
MÁRIO SÉRGIO OLIVEIRA | Baixista da Escândalo Fônico
“Somos desvinculados da violência do autoritarismo e das relações humanas
pautadas por uma hierarquia que classifica as pessoas e impõe a elas um
determinado papel social.”
RODNEY SILVA | Vocalista da Renegados Pelo Sistema
BARELÔMETRO
POR DANIEL FREDSON | Produtor Cultural.
“Atravessamos a Fronteira Norte e do Cauxi nos
erguemos de Xibé em Xibé de Pirão a Pirão a alta
fidelidade se faz com jovens De Jaqueta no Inferno
totalmente em estado de Platinados. Alienígenas
invadem a Base Espacial 981 com Patchuli e Erva
do Prazer. Playmobils entram em extinção no
mercado de brinquedos e numa Vitrola tocam-se
músicas não da nova, mas da Antiga Roll e com uma
Luneta Mágica se a vista, Dpeids nos céus coloridos.
Caboclos e Crioulos mexem numa Casa de Caba à
procura do que Johnny e Jack esconderam, a saber:
Mesclado. E tão grande foi à noite de Mama Rock
que a Revirada Estomacal no dia seguinte só passou
ao se beber Chá de Flores. The Mones habitam a
Caverna planejando fazer uma Difusão edêmica do
Vírus TPA, enquanto cabeludos ouvem Vinil de uma
Bella Èpoque que já não existe mais.” |
ALMA NÔMADE E O SHOW CONCEITUAL
JOGOS DE SOMBRAS
POR GENECY SOUZA |
“Se
JUNK CRUDE, EAGLES ROCK E RUSTY ANGEL
POR KARIDY ABREU | Vocalista da Eagles Rock e Rusty Angel.
“No ano de 1989 entrei numa banda de death metal, era a
primeira banda power-trio death metal de mulher em Manaus, a
Junk Crude. Entrei como baixista, pois, a baixista anterior havia
saído por motivos que não sei até hoje, então, em 1990 saímos na
Rock Brigade (não lembro a edição da revista) sendo
comparadas a grande banda Kreator. Gravamos uma demo tape
com músicas autorais na época com um gravadorzinho mesmo
no estúdio que ensaiávamos – em casa mesmo (rsrsrs) como
muita banda underground fazia antigamente. Fizemos vários
shows na época e ainda com a baixista anterior abriram para a
grande banda Dorsal Atlântica na quadra do Olímpico Clube
(também não lembro o ano). Após um longo tempo que demos,
nos encontramos e decidimos formar uma banda de rock’n’roll a
qual tínhamos como referencia grandes bandas, como: Grand
Funk, Led Zeppelin, Deep Purple etc, então, foi formada a Eagles
Rock com músicas autorais e covers. Tocamos no Além da
Fronteira Festival no Porcão Country. Fizemos vários shows no
Vírus Bar, no Bar da Sally, no Aeroclube em vários lugares, até
que demos outro tempo. Atualmente, estou retornando aos
palcos com a Rusty Angel, mesmas referências de rock’n’roll
sendo que, com influências de hard rock, blues e heavy metal
tradicional. Também com repertório composto por músicas
autorais e covers. Estamos com projetos para um single e em
breve, shows e acústicos rolando pelos bares de rock e
motoclubes da cidade. Então, é isso! I’m here love me , hate me or
fuck you!” | Imagem a direita de Karidy na Junk Crude.
minha memória não estiver me pregando uma peça, já se
passaram quase 10 anos desde Jogos de Sombras, o show
absolutamente conceitual que a Alma Nômade concedeu ao
público, que acorreu ao pequeno auditório do Centro de Artes
Hahnemann Bacelar, em busca não apenas de música, mas de
algo mais. E esse algo mais veio fácil naquela noite de junho. A
sala imersa na penumbra permitia o livre fluxo de sons e formas
imateriais, saídos da idealista cabeça teatral de Jorge Bandeira,
finamente executadas pela banda. Se fantasmas existem, o de Ian
Curtis talvez estivesse ali. O resto fica por conta da sua
imaginação.” |
PARA 2016
POR FRANK ROOSEVELT |
Produtor e músico.
“Neste ano estou apenas projetando criar
espaço pra lançar bandas ainda não tão
conhecidas, ou desconhecidas mesmo.
Vou tentar construir um projeto paralelo
também (banda). Atualmente tenho dois
destaques provindos das últimas edições
do Rock Series, por exemplo, a banda
Franco que tem um som muito
interessante. Os músicos são muito
seguros, maduros musicalmente e
coincidentemente são os mesmos da
banda Cerumano, mudando apenas o
vocalista. E a segunda, é a volta de
integrantes da banda Além da
Sociedade, que está se tornando agora a
banda Nítidos, a qual, recebeu elogios do
público na ultima edição. É isso. A gente
tenta lançar, abrir um espaço pra bandas
novas, em meio as já conhecidas da
cidade.” |
MARKY RAMONE E MICHALE GRAVES EM MANAUS
POR TADEU RUBIM | Vocalista da Kaos Horror e Laminer Face.
“Era um sábado de muito sol, típico da cidade, mas, tínhamos uma missão: conhecer a
lenda do punk rock Marky Ramone e a voz dos Misfits, Michale Graves no aeroporto.
Chegando lá nos deparamos com uma galera ensandecida a espera de Alexandre Pires,
Valesca Popozuda, Mr. Catra e outras fuleragens como o cara do rebolation. Esperamos
na nossa, pois, sabíamos a hora que os caras chegariam e deixamos a galera curtir os
astros deles. Até que chegou a hora e ficamos na grade esperando o grande momento,
então aparece o Marky e começamos a cantar o famoso coro ‘Hey Ho Let’s go!’ em alto e
bom som para que todos ouvissem. Em seguida, vem o cara em que mais me inspirei a
cantar e montar a Kaos Horror, Michale Graves. Aí, cantamos o refrão de ‘Dig Up Her
Bones’ e ele chegou e chamou todo mundo pra parede e tirou fotos com todos. Ele
autografou meus CDs assim como o Marky também, assinou e tirou fotos com todos, foi
muito legal a atitude deles para com os fãs que estavam lá. O mais engraçado foi que
como estamos tão emocionados cantando as músicas, o povo que estava lá esperando os
pagodeiros foram lá como curiosos tirar fotos também sem nem mesmo saber de quem se
tratava. Eu logo sacaneei e mandei cair fora: ‘Vaza pagodeiro! Sabe nem quem são os
caras, porra!’ Só porque são famosos kkkkkkk... Depois daí, os caras foram pro carro e a
gente ficou lá falando de como eles foram do caralho com a gente. Foi um dia muito
marcante na minha vida de rock’n’roll, puta que pariu! Depois veio o show, aí nem preciso
comentar mais nada. Valeu!” |
SOBRE ROCK’N’ROLL I
SOBRE ROCK’N’ROLL II
"O Rock Amazonense é um corpo que
nocauteado se mantém em pé, tocando
canções de amor e fúria, e principalmente
cantando a cidade que ninguém ousou
cantar. E como não poderia ser diferente,
tudo isso bem ao seu estilo: com a boca
cheia de sangue, muita atitude, e um
histórico recente de lutas que não lhe
permite beijar a lona, nunca."
“Durante anos vivenciando algo que
parecia apenas uma vida comum, me
deparei com algo surpreendente, que às
vezes, me parecia apenas um estilo
musical, mas, como dizem – e é verdade –
o rock não é apenas música, é estilo de
vida! Algo tão grande que dificilmente
alguém poderia descrevê-lo ao pé da
letra. Tantos festivais, dezenas ou até
centenas de bandas independentes, que
me deparei durante esses anos. Algumas
que conseguiram sobreviver ao tempo,
outras não, mas, que ainda vive em nossas
memórias. O que quero dizer é que são
tantas lembranças de coisas maravilhosas
que vivi, amizades que fizemos, umas que
permanecem, outras que se vão, amigos
que já não estão entre nós, saudade que
permanece viva em nossa vida. Momentos
que não podemos nos esquecer dos
grandes festivais como Fronteira Norte,
F.U.M, acampamentos com os amigos,
enfim, que esses momentos permaneçam
em nossas mentes porque assim como o
rock’n’roll essas lembranças serão
eternas.”
POR MARCELO ARAÚJO | Produtor cultural.
APENAS UMA CRIATURA DA NOITE
POR JOSÉ AMARILDO MELO |
“Aqui vai um relato de um roqueiro que
vai a um bar para escutar música, trocar
ideias e conhecer pessoas, ao som de
bandas tipo Pink Floyd, Led Zeppelin,
black Sabbath, Rush, Yes, Accept, Iron
Maiden, Judas Priest, Metallica, Nazareth,
Marillion, AC/DC, Gênesis, entre inúmeras
bandas do universo do rock’n’roll. Assim
aprendi a conhecer várias cabeças e ao
sabor de cervejas geladas, aflorei minha
mente além de desabafar toda as minhas
mágoas e alegrias proporcionadas nas
madrugadas da vida .” |
POR REINALDO SOUZA |
O BAR UNDERGROUND DO JAPIIM
POR FABIANO SALAZAR |
Músico, Aspirante a Jornalista e Boêmio.
“Logo no começo dos anos 2000,
descobrimos um bar perto de casa, na
zona sul da cidade. Tínhamos uma
banda chamada Supernova que
posteriormente seria a Casablanca.
Começamos a gravar o nosso som
autoral, uma espécie de alternativo
melancólico que deixava as garotas
apaixonadas pela nossa música. E para
nossa surpresa, os caras também
estavam gostando do nosso estilo. Foi
nessa época que uma figura antológica
(e por vezes cômica) da nossa cidade, o
Walmar, ganhou uma demo nossa e
falou: “Caras, vocês tem que tocar no
N’Vezes!”. Que raios era N’Vezes? Fomos
descobrir depois que era um reduto
pouco conhecido de todos. Um bar com
uma estrutura pouco convencional. Logo
de cara, na entrada, podíamos ver
tapumes cobrindo a parte interna. O som
ecoava de dentro. Pessoas que estavam
indo pela primeira vez sentiam um
pouco de repulsa ao local. Mas depois
descobriam amigos em comum pela
frente e acabavam entrando para
conhecer. A decoração do bar era um
show à parte. Materiais antigos como
máquinas de datilografar quase
sucateadas ficavam próximos aos sofás
sujos, porém aconchegantes e barris
velhos de chope davam o tom de uma
sala de estar que todo roqueiro gostaria
de ter um dia. A entrada dos banheiros
tinham caminhos de seixo colorido pela
(pouca) luz do ambiente e vasos de
plantas
separavam
homens
das
mulheres. O banheiro masculino tinha
uma mangueira de água para lavar as
mãos e um mictório caindo aos pedaços.
O atendimento sempre era feito pelo
Marivon e quase sempre a cerveja
acabava no meio de um show. Marcamos
a apresentação. O palco era de madeira
porém bem firme. Tinha CDs espalhados
por cima de nós. Sinos. Colunas de
ferro. Quadros antigos. O ambiente
exalava
rock’n’roll.
Geralmente
levávamos nosso material. Foram os
melhores shows de nossas vidas. Na
época nós distribuíamos nossa demo nos
shows (era o nosso marketing e deu
certo). O saudosismo tomava conta do
lugar e muita paixão se desenrolou
naquele bar.” |
TRAJETÓRIA DE UM DESGRAÇADO BOOMERANG
POR LINCOLN MOREIRA |
“Os dias são esses. E as intrínsecas notas do meu peito eram cheios de goles de vodka.
Alma ébria, os olhos e ouvidos afinados, essa guitarra, essa voz... Tomei-me de uma
sensação de redemoinhos. Estava bêbado? Não, ainda não. ‘Sob a terra jaz o nome que
revela a decisão de seguir sem mais fronteiras aceitar a contramão’. Questionandome, instigando-me... Os dias são esses. Mas meu transe é atemporal. A cidade ferve. Os
tragos, as bebidas, conversas e achismos. Braga, Safari, Rock House, uns surgem, outros
ressurgem, outros são memórias. Sempre há a dose. Dose de tudo. E nada. Tem os eventos,
a cidade tem um monte deles. Eu estava num show, essas bandas são realmente boas,
pensava eu no meio das doses. ‘Pela estrada destruída, pela noite mais veloz aceitou
sua certeza, foi buscar o seu final...’ Essa guitarra me afunda num lugar na mente em
que não ouso ir normalmente. Um blues? Blues rock? Um psicodelial blues rock? Grateful
Dead em Manaus? O que era aquilo? Essas letras como uma passagem do existencialismo
sartreano, pr’um feroz existencialismo manauara. Essa bateria me bate a consciência.
‘Não sei se ele compreende a dúvida que sente, do que se tornou. Sentiu sua
natureza, pagou com a coragem de matar seu amor!’ Eu já estava em êxtase, as doses
me iam suaves e em xeque estava meu pensamento. Umas músicas te atordoam a mente,
uma banda – Infâmia – sempre me dopava a mente, outra banda – Brutal exuberância
– me triturava a alma. Manaus bem servida de música. E esses dois caras... ‘Mas não
voltou pra ver o que restou, sentiu a dor e com ela se abraçou ouviu o sinal!
Resultado do seu mal, fugiu pra si, para morte lhe trair’, já não estava ali, onde tava?
Mama? Mandrake? Nativos? Caverna? Tava longe de tudo. Eu e essa música do inferno.
Inferno sim, lento e forte, rápido e suave. Improvisações precisas ‘o seu crime mais
proibido foi ele ter vivido um inferno astral, ver abismos não ter caído fez dele um
iludido sobre a sombra do mal’. Dessa vez eu acabo com a bebida na próxima estrofe,
pensava enquanto não piscava os olhos fitando aquele palco, que conhecidos suaram pra
conseguir. Quase tudo em Manaus é niilista. Uma parte das pessoas caminha na direção
contraria, tem gente que trabalha por aqui, faz musica boa. Nesse ponto, fico feliz. ‘Mas
vai pagar a culpa sofrer a maldição, buscar eternamente a rota do perdão...’
Esse solo de bateria é terrivelmente bom e a guitarra o acompanha muito bem. Uma
banda. Duas pessoas. ‘Que não vai achar! Perdeu seu lugar. Só vai lhe restar pra
sempre andar’. Aí descubro o nome da musica: Desgraçado. Quando acabar o show aqui
vamos pro Braga, passaram falando pra mim. Eu já tinha garantido minha noite.
Boomerang blues.” |
FESTIVAL HEY YOU NÃO FOI TÃO MAU
POR ROGÉRIO VILAÇA |
O Festival Hey You foi quase um fiasco. Prometeram pistas de skate e
não teve. Algumas bandas foram canceladas, por exemplo, a banda
Velhas Virgens. Manaus estava vivendo um momento onde o rock
autoral da cidade teve um boom, digo as bandas novas, não
desmerecendo as antigas da cidade que por sinal, fizeram ótimas
apresentações. Lembro de ter visto Os Playmobils tocando no palco
principal com um som porrada! E uma coisa que não sai da minha
cabeça até hoje foi à oportunidade de ter assisto um show da Blind
Pigs sem ter saído de Manaus. Aquilo foi muito foda pra mim! Fora as
outras preciosidades de ver no mesmo dia, como: Mukeka di Rato, Os
Pedrero, Matanza, Rock Rocket. Na minha opinião foram dois dias de
muito rock e que movimentou bastante esse meio em Manaus. |
INFLUÊNCIAS DO BLOG
ROCK AMAZONENESE
POR RAFAEL VIEIRA |
“Eu não tenho muito conhecimento
tanto quanto esse cara que elaborou
este fanzine, mas, com o Blog Rock
Amazonense pude abrir muito mais
meus horizontes sobre essa cena
roqueira de Manaus. Antes mesmo de
ter o Blog já tive a oportunidade de
conhecer shows em vários lugares de
Manaus, onde há gente produzindo
rock de qualidade. E não é pouca gente,
não. Guardadas as devidas proporções,
os shows que vi de Infâmia, Os
Playmobils, Os Acossados, The Mones,
Antiga Roll, Boomerang Blues, Dpeids,
entre outros que não presenciei, mas li
a respeito e ouvi CDs, apresentaram um
sem número de novas opções, gêneros e
estilos de nosso rock.” |
FRANCO EM 2016
POR EBER PIRANGY | Vocalista da Franco
“A banda Franco fez sua primeira
apresentação em agosto de 2014, mas
a formação atual passou a atuar a
partir de dezembro de 2015. Em
fevereiro desse ano lançamos o single
'’Melhor Que Eu’.
https://soundcloud.com/setupmusic/m
elhor-que-eu-franco
Os planos para o resto do ano incluem:
concluir o primeiro disco da banda, sem
previsão de data pra lançar;
pretendemos rodar o clipe do single
'Fatal', que será lançado antes do disco;
para o mês de abril estamos
preparando um tributo ao Cazuza que
vai funcionar como uma pequena turnê
urbana, onde transitaremos tanto por
ambientes mais frequentados pelo
grande público, quanto, pelos mais
undergrounds da cidade, no entanto,
nosso foco é difundir o trabalho da
banda, que, fora esse período
excepcional de abril, tem o repertório
100% dedicado as nossas próprias
composições.” |
RELEASE THE MONES
POR LINCOLN MONES | Vocalista da The Mones
“Primeiramente, queremos agradecer fortemente
HARDCORE EM MANAUS VIVE!
POR MARCOS EFRAIM | Vocalista da Superbad.
“Sou suspeito para comentar algo com o qual me identifiquei
dentro do rock, mas, nesse caso, faz-se necessário algumas
palavrinhas. O cenário hardcoreano em Manaus tem se tornado
cada vez maior, especialmente nos últimos dois anos, agregando
inúmeros novos admiradores, assim como chamando a atenção
da velha escola do estilo. Pessoas que há tempos tiveram banda
ou que frequentavam os shows estão voltando e agregando
valores junto à molecada da nova safra. Isso tem sido muito
bom, pois o hardcore baré finalmente voltou a respirar, voltou
a viver. Não sei se com a mesma intensidade ou com o mesmo
amor da galera que iniciou o movimento lá atrás, no final dos
anos 90, com a No Choice e outras. Ou no período de 2001 a
2006, considerado por Thiago, da banda Silent, o “boom” da
cena. Eu não posso dizer nada dessa época porque eu não a
vivenciei. Apenas ouço histórias daquele tempo. O importante é
que as coisas estão voltando a acontecer e estamos mais ativos
do que nunca. Podemos notar que desde o ano passado as
bandas de HC da cidade estão presentes em boa parte dos
eventos. É difícil ver algum show de rock que não tenha alguma
banda de hardcore no line-up, sem contar que hoje existem os
próprios rolês voltados para o público do estilo, como a
“Confraria HC”, do Mandrake, e o “Hardcore no Quintal”,
organizado pela Crew Hardcore Manauara, que já chegou à
sua quarta edição. Em uma delas, chamada de edição deluxe,
contou com a presença da banda Surra (Santos-SP), que
arrastou muita gente para o Sítio Vovó Maroca em pleno
domingo chuvoso. E ainda vem aí um novo tipo de festival
organizado pela Crew, que será um rolê de conscientização,
onde haverá palestras sobre straight edge e veganismo,
somados a arrecadação de alimentos que serão doados a uma
instituição filantrópica. É claro que ainda temos muito a
aprender e evoluir, porém, o mais importante é que as bandas
atuais estão produzindo cada vez mais. Hoje temos trampos da
Requesth, About Trust, Repetentes, Superbad, Gonorréia
Nuclear, Come To Mosh, Royal 70, Silent e muitas outras
ainda produzindo, caso da Base9 HC, que é uma das grandes
revelações do hardcore melódico manauara. Outro destaque é a
Truck Sujo, que anunciou que em breve gravará seu álbum de
estréia. Vale ressaltar que além das gravações as bandas locais
têm feito bastante merch, para que o público possa consumir e
ajudar as bandas, o que é muito bom para todos que fazem
parte da cena. Desse jeito, com muito trabalho e união, que o
HC em Manaus vem se fortalecendo, como um soco na cara
daqueles que desacreditavam no estilo.” |
a galera que
vem adquirindo nosso material, camisetas, bonés, os CDs e
também compartilham essa ideia pelas redes sociais. Segundo
lugar, para não ficar ninguém de fora, não iremos citar nomes,
mas intensificar nossa imensa gratidão, a moçada que está
empenhada em não deixar o rock’n´roll jamais morrer, sem
deixar de citar é claro, a nova sensação do momento, que tá
dando o que falar de norte a sul do país que é a musica autoral
amazonense, que graças aos fãs, amigos, familiares, bares, zines
festivais,
músicos,
escritores,
fotógrafos,
produtores,
organizadores e as bandas independentes que estão, enfim,
entendendo que é preciso juntar forças pra que isso ocorra sem
preconceito de estilos dentro do próprio rock’n´roll. A todos,
nossa sincera admiração e respeito sempre. Bom, desde a
formação da banda em março de 1999 sempre gravávamos nosso
ensaios em fitas K7 e saíamos distribuindo entre amigos naquela
época. Sempre sem recurso, chegamos a gravar de lá pra cá, 4
CDs – Tudo Pode Mudar 2001/ Já Estou Cansado
2003/Cerveja & Rock’N’Roll 2012/ Garota Rock’N’Roll 2015
– de forma independente. Porém este último, lançado em outubro
de 2015, tem um gostinho especial pra gente, pois registra não só
o momento mais maduro da banda, mas a qualidade sonora, pois
tivemos algumas parcerias de peso como o produtor e músico
Beto Montrezol, o ex-guitarrista John Mones, o tecladista
Guedryan Rezende, da banda Escândalo Fônico e um cara que a
banda inteira sempre foi fã, desde a época de Rotentix, Tequila
Baby, entre outras, Davi Pacote, que deu um brilho especial a
este projeto. Foi um disco feito com calma. No início a ideia seria
fazer tudo ao vivo como nos anteriores, tudo sem frescura,
porém, percebemos que precisávamos melhorar algo aqui e ali,
gravar a bateria separada dos outros instrumentos, depois
guitarra, baixo, vocais, backings e a coisa foi ganhando forma,
tudo isso sob a supervisão do produtor. Nosso melhor show
desse ano até então, foi o do Bloco do Mandrake. Lançamos o
novo site. Em andamento, temos um novo clip da banda e já
estamos com músicas novas para o próximo disco.” |
CERUMANO EVOLUINDO
POR HENRIQUE PENA | Baixista das bandas Franco e Cerumano
“Cerumano é uma banda de rock alternativo que nasceu em
meados de 2012. No começo era um power trio com Henrique
Pena (baixo e vocal), Alessandro Pena (Guitarra e vocal) e
Matheus Simões (Bateria). Sua primeira apresentação foi na 8ª
edição do Rock do Centrão (2014), organizado por Frank
Roosevelt e, com o intuito de fortalecer a cena local, não
pararam de tocar. A primeira apresentação pra um público
grande foi na 9ª edição do Festival Pirão – AM, um grande
movimento cultural, onde se encontram até hoje. A proposta da
banda é de levar mensagens esotéricas, ou seja, de tudo o que
abrange a nomenclatura ‘Cerumano’. O som é diversificado e
pesado, podendo variar de hardcore ao metal, com pegadas
experimentais de psicodelia e groove. Um dos momentos mais
excitantes e importantes da estrada da banda foi quando
promoveram um evento junto com as bandas Franco, Pacato
Plutão e Dpeids, onde ocorreram várias situações adversas ao
acontecimento do evento. No entanto, em um momento de pura
sinergia entre as bandas e amigos o evento saiu e foi um sucesso.
Pessoas como Filipe Corrêa (Nattus Triballia), Albenizio
Junior (Os Playmobils), Thomaz Campos (Infâmia), Ednara
Simões e Israel Victor Sicsu, não podem deixar de serem
citadas, pois junto com as outras bandas foram de suma
importância. ‘‘A perspectiva após o evento foi outra. Percebemos
uma energia fora do comum, e concluímos que sem união e
vontade de fazer música de verdade, não é possível levar a cena
autoral a outros patamares de reconhecimento.’ Henrique Pena.”
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