BAR DO BRAGA - Rock Amazonense
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BAR DO BRAGA - Rock Amazonense
NÚMERO 001|2016 COLABORE SEU TEXTO SOBRE O ROCK NO AMAZONAS: [email protected] ROCKABILLY | METAL | PUNK | HARDCORE | SKA | REGGAE | INDIE BLUES | JAZZ | HARD ROCK | SURF MUSIC | POP | CLASSIC ROCK COLABORADORES DESTA EDIÇÃO: EHUD ABENSUR | RAMON OLIVEIRA | ALBENIZIO JÚNIOR | KARIDY ABREU | RENATA PAULA | ELIOMÁRIO SARAIVA TADEU RUBIM | FABIANO SALAZAR | GENECY SOUZA | JOSÉ AMARILDO MELO | RODNEY SILVA | DANIEL FREDSON | FRANK ROOSEVELT | MARCELO ARAÚJO | ROGÉRIO VILAÇA | HENRIQUE PENA | MARCOS EFRAIM | EBER PIRANGY | RAFAEL VIEIRA | REINALDO SOUZA | CLEYTON INFECTION | MARCELO TANANTA | MÁRIO SÉRGIO OLIVEIRA | ALEX COSTA NOVO | LINCOLN MONES | LINCOLN MOREIRA | FABIAN COSTA | RODRIGO MORGADO SOBRE AS LETRAS DA BOOMERANG BLUES POR RAMON OLIVEIRA | Vocalista e guitarrista da Boomerang Blues. O TOCA MÍDIA DO MEU CARRO POR ELIOMÁRIO SARAIVA | Vocalista e guitarrista da Nematóides “Quero Ver Até Onde Vocês Vão” [2013] “Depois daquela nossa última apresentação ‘nematóidica’, no último Arte Rock & Putaria - da Na Tora Produções – a garganta deu uma sede daquelas nordestinas dos idos de 1970 e o nariz coçou bastante. Daquele jeito: só no ‘guti-guti’ e ‘sniff-sniff’ – a brincadeira tava boa mesmo. Uma hora o ‘combustível de maluco’ (o do bolso) tava acabando e eu saí do local do evento e me dirigi ao meu carro, o celta vermelho. Sabe como é bêbado, né? Sem eu perceber, o negócio tava tão tenso que quando eu dei por mim, eu já estava pra lá de Nárnia, chamando os gatinhos que andavam pelas sarjetas da Av. Epaminondas, de Aslam (vai dizer que nunca assistiu? Sai do armário!) – em frente ao Rio Negro Clube, era lá que o carro estava estacionado. Pô, mas até aí tava massa! - ‘Como vai? Tudo bom? Tudo bem ou só às vezes?’ - até o momento que desliguei o alarme e entrei no carro. Mano, fizeram uma devassa no meu carro - ele tava revirado, mexeram em tudo, vasculharam tudo, ainda deixaram as ferramentas que usaram para, supostamente, arrombar a porta e uns DVDs piratas. ‘Cadê a grana? Cadê os bagúio?’, eu pensei e continuei, desesperadamente esperançado, mexendo em tudo, o tempo que dá pra você parar e refletir: ‘E agora, José?’ Uma hora, já cansado, eu olhei pro toca mídia do carro e paquerei ele por alguns instantes, ele estava lá... Mas, porém, caralho, todavia, o meu toca mídia era azul e não vermelho, não era daquele jeito. Eu quase choro na hora. N-ão e-r-a o m-e-u c-a-r-r-o!! – a primeira coisa que pensei quando, depois de perceber o que estava acontecendo de verdade, (sem exagero) quase ter um infarto, foi: “caaaaaaara, tem uma galera aí fora só esperando eu sair pra me guisar” – agora eu era um ladrão de carro! Pense no medo, mas não tinha ninguém. Saí do carro procurando o dono, e constatei que o meu carro era o segundo de cá, por isso o barulho perto do alarme. Enquanto ninguém vinha me bater, eu saí andando pra dentro do evento pensando saltitante: ‘Cara, ninguém vai acreditar nisso.’” | “O Rock’N’Roll Sempre Viverá Para Mim” [2016] INFECTION NO PRÉ–SHOW DO SINISTER BAR DO BRAGA Rua Belo Horizonte ADRIANÓPOLIS TER a SÁB | 18h “As composições sempre partiram de um pressuposto irônico-cético. A intenção é a reflexão de certo ponto de vista sobre realidade, relacionamento, política, existência... É uma espécie de filosofia da negação. Eu iniciei essas coisas quando vi um evento onde haveria uma discussão sobre o rock e suas filosofias, falavam de Rolling Stones e de filosofia negativista, comparavam com Nietzsche. Daí, eu comecei a construir pensando mais nesse pressuposto. Todas as letras da banda tendem a isso.” | FOI ASSIM NO METAL EM 1987 POR EHUD ABENSUR | Vocalista da Blackcaps | “Década de 1980 foi a época em que o metal amazonense começou a surgir, mais precisamente a partir de 1987. Alguns pontos de reunião do movimento, como: Punk Rock – localizada na Rua Dr. Moreira –, a Praça do Congresso, Rock Store, Cecomiz; e nos bares: Espaço Aberto, Noturno, e as casas Moranguinho, Ideal Clube e Bosque Clube. Bandas de rock e metal da época: Flash, Enigma, Artania, Libra, Torre Astral, Sanatorium, Anestesia, Insanus, Cadáver, Anesy, Mistycal Vision, Numbness, Lixo Urbano, Pústula Cerebral, Sankinis, Cronos, Dick Vigarista, Êxtase, 5ª Projeção, Banda Dix, Césio e outras. Shows importantes da época: Robertinho do Recife na Casa Brilho – hoje Amazonas shopping – Rock in Acapulco, Metal Up Your Ass, Projeto Astral, Rock Alternativo, Sepultura (1988 Olímpico), Dorsal Atlântica (1989 Olímpico), MX (1989 Olímpico), Sepultura (1989 Rio Negro), Viper (1990 Quadra Coberta do Olímpico), Rock no Pedra no Sapato, Rock 90 (Itacoatiara). Fato interessante é que não havia redes sociais e espaço escassos na rádio e TV de shows. Lembro que existia uma rádio que tocava de meia-noite até 1h onde rolava muito rock’n’roll, tipo: Slade, Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Scorpions, Iron Maiden, Whitesnake, AC/DC, Judas Priest etc. O nome do programa era Sessão Maldita, depois acho que foi dada como nome imprópria para a época, mudando para Rock Circus.” | Discografia: “Os Playmobils”[2006] “3x4” [2011] OS 15 ANOS DO PUNK ROCK BUBBLEGUM D’OS PLAYMOBILS POR ALBENIZIO JÚNIOR | Vocalista e baixista dOs Playmobils. “Nosso objetivo este ano é lançar o 3º disco e fazer um evento bem rock’n’roll pra comemorar esses anos de muitos amigos, cervejas e festas de quintais aos grandes festivais. Somos felizes pelo o que fizemos e onde estamos, além de incansáveis! Temos muito ainda! Amamos o rock e nossa cidade e mais do que se divertir queremos contribuir sempre!” | POR CLEYTON INFECTION | Baterista da Infection. “Ficamos muito honrados em ter tamanho privilégio. Em poder tocar no mesmo palco que uma das lendas do metal da morte. Foram dois meses de ensaios nos preparando para esse desafio, que em minha opinião, foi um dos nossos melhores shows executados ao longo dos dez anos de banda. Só temos a agradecer a todos os envolvidos no evento. Mais uma vez, muito obrigado!” | CARTA ABERTA AOS MÚSICOS INDEPENDENTES! POR RENATA PAULA | “Primeiramente agradeço o convite do meu amigo Albenizio Júnior para fazer parte da estreia do ENZINADO. Em segundo lugar, eu convido os músicos independentes para que sejam artistas! Eleger a carreira certa é uma boa proposta. A música é um elemento que impulsiona pra frente, faz refletir, estimula a identificação e na maioria das vezes não é o único caminho para o reconhecimento. Isso não quer dizer ‘um contrato’ com uma gravadora ou acordo com o governo. Este texto é uma posição otimista visualiza o melhor para esses diamantes. Abro mão de minhas resenhas, recomendações ou ‘mimimi’s para incentivar a importância das ações múltiplas entre os produtores de arte. Adoro ler poesias de um bom compositor ou conhecer os desenhos de um baixista tímido. Não aguento ouvir as lamurias de um hit maker sobre o ócio criativo e impotência musical. Impossível não achar bizarro músico que não consegue ir ao lançamento do disco da própria banda. Coletivos, panelinhas, ‘movimentos’, todos podem funcionar se adotar uma plataforma de ocupação, envolvimento, questionamentos, participação considerável sem vislumbre eleitoreiro. Esteja em todas as redes socais, delegue funções aos integrantes ociosos, busque patrocinadores/apoiadores, como preferir chamar: salão de beleza, gráficas, costureiras e pequenos empresários podem compreender e financiar parte desse sucesso. Atitude e rock n’roll my friend!” | VIDA LONGA AO ROCK’N’ROLL POR FABIAN COSTA | “Que o rock’n’roll seja o elo entre as pessoas livres de vaidades e egos inflados, do modo que seus precursores o idealizaram. Não tinha cor, nem nacionalidade. Mesmo sendo criado em um período tão conturbado. O que importava era a essência, o sentimento de alegria e liberdade contra os tabus hipócritas estabelecidos ao seu redor. Que assim seja sempre! Vida longa ao rock’n’roll!” | “EU QUERO É COMER A MULHER DE VOCÊS” POR RODRIGO MORGADO | Vocalista da Morgados Numa dessas bebedeiras pós-evento que não me lembro qual, fomos pra um bar continuar a noite: Eu, Pato, Nick, Bruno Mendigo e o Luck como sempre a galera não sabe a hora de parar e o Ceará já foi falando que iria fechar o bar. Numa lombra qualquer alguém disse: "Vamos pra Ponta Negra então!" Isso era por volta de 5:30 da manhã, então fomos. Chegando lá ao nascer do sol, entre um gole de cerveja e uma música no violão, o sol aparece e esquenta o lombo, então pra água fomos, menos o Bruninho que resolveu caminhar na praia tipo filme de romance mesmo... Um pouco depois chegou dois bombados com duas minas que provavelmente tinham arrastado de um Kabana’s da vida hehehe... Mas eles ficaram na deles e a gente na nossa e entre uma discussão sobre a cena/política/religião, o Bruninho volta da sua caminhada matinal pela praia e os bombados resolvem zoar o Bruno quando passou por eles, achando que ele estivesse só, talvez, e disseram: "Esse aí, tá emacunhado!” O Bruno olhou puto e disse: "É, tô mesmo noiadão!" Aí, ele olhou para as meninas e soltou a célebre pérola: "Eu quero é comer a mulher de vocês!" Nessa hora já começamos a nos aproximar porque o Bruno já tinha entrado na água com os bombados e eles querendo aparecer pras meninas queriam afogar o Bruninho. Foi quando chegamos e começou uma breve discussão e quando eu já achava que estava tudo resolvido, o Pato chega perto de um deles e puxa um gogó feito com uma latinha que ele estava tomando e disse: "Tá vendo isso aqui na minha mão? É uma arma!” – mostrando o gogó – nessa hora só fiz virar de costas porque toda a credibilidade de macho que a gente tinha construído se perdeu numa risada hehehe... Mas foi bom o Pato ter aparecido porque os bombados foram embora com medo desse galeroso hahaha... | RÁPIDAS! “Estamos em fase final de algumas composições. Acho que final de Abril já devemos estar de volta a estrada e com pelo menos 4 músicas prontas.” MARCELO TANANTA | Vocalista da Boca De Velha “Pra esse ano temos em vista o Numbness Fest III e um EP com 3 músicas novas.” ALEX COSTA NOVO | Baixista da Numbness “Depois de 2 longos anos o disco Ato II vai sair. Já terminamos de gravar, falta agora mixagem e masterização, e como o nome já sugere, Ato II vai vir com uma pegada diferente tanto nas letras como no som e esperamos que todos curtam.” MÁRIO SÉRGIO OLIVEIRA | Baixista da Escândalo Fônico “Somos desvinculados da violência do autoritarismo e das relações humanas pautadas por uma hierarquia que classifica as pessoas e impõe a elas um determinado papel social.” RODNEY SILVA | Vocalista da Renegados Pelo Sistema BARELÔMETRO POR DANIEL FREDSON | Produtor Cultural. “Atravessamos a Fronteira Norte e do Cauxi nos erguemos de Xibé em Xibé de Pirão a Pirão a alta fidelidade se faz com jovens De Jaqueta no Inferno totalmente em estado de Platinados. Alienígenas invadem a Base Espacial 981 com Patchuli e Erva do Prazer. Playmobils entram em extinção no mercado de brinquedos e numa Vitrola tocam-se músicas não da nova, mas da Antiga Roll e com uma Luneta Mágica se a vista, Dpeids nos céus coloridos. Caboclos e Crioulos mexem numa Casa de Caba à procura do que Johnny e Jack esconderam, a saber: Mesclado. E tão grande foi à noite de Mama Rock que a Revirada Estomacal no dia seguinte só passou ao se beber Chá de Flores. The Mones habitam a Caverna planejando fazer uma Difusão edêmica do Vírus TPA, enquanto cabeludos ouvem Vinil de uma Bella Èpoque que já não existe mais.” | ALMA NÔMADE E O SHOW CONCEITUAL JOGOS DE SOMBRAS POR GENECY SOUZA | “Se JUNK CRUDE, EAGLES ROCK E RUSTY ANGEL POR KARIDY ABREU | Vocalista da Eagles Rock e Rusty Angel. “No ano de 1989 entrei numa banda de death metal, era a primeira banda power-trio death metal de mulher em Manaus, a Junk Crude. Entrei como baixista, pois, a baixista anterior havia saído por motivos que não sei até hoje, então, em 1990 saímos na Rock Brigade (não lembro a edição da revista) sendo comparadas a grande banda Kreator. Gravamos uma demo tape com músicas autorais na época com um gravadorzinho mesmo no estúdio que ensaiávamos – em casa mesmo (rsrsrs) como muita banda underground fazia antigamente. Fizemos vários shows na época e ainda com a baixista anterior abriram para a grande banda Dorsal Atlântica na quadra do Olímpico Clube (também não lembro o ano). Após um longo tempo que demos, nos encontramos e decidimos formar uma banda de rock’n’roll a qual tínhamos como referencia grandes bandas, como: Grand Funk, Led Zeppelin, Deep Purple etc, então, foi formada a Eagles Rock com músicas autorais e covers. Tocamos no Além da Fronteira Festival no Porcão Country. Fizemos vários shows no Vírus Bar, no Bar da Sally, no Aeroclube em vários lugares, até que demos outro tempo. Atualmente, estou retornando aos palcos com a Rusty Angel, mesmas referências de rock’n’roll sendo que, com influências de hard rock, blues e heavy metal tradicional. Também com repertório composto por músicas autorais e covers. Estamos com projetos para um single e em breve, shows e acústicos rolando pelos bares de rock e motoclubes da cidade. Então, é isso! I’m here love me , hate me or fuck you!” | Imagem a direita de Karidy na Junk Crude. minha memória não estiver me pregando uma peça, já se passaram quase 10 anos desde Jogos de Sombras, o show absolutamente conceitual que a Alma Nômade concedeu ao público, que acorreu ao pequeno auditório do Centro de Artes Hahnemann Bacelar, em busca não apenas de música, mas de algo mais. E esse algo mais veio fácil naquela noite de junho. A sala imersa na penumbra permitia o livre fluxo de sons e formas imateriais, saídos da idealista cabeça teatral de Jorge Bandeira, finamente executadas pela banda. Se fantasmas existem, o de Ian Curtis talvez estivesse ali. O resto fica por conta da sua imaginação.” | PARA 2016 POR FRANK ROOSEVELT | Produtor e músico. “Neste ano estou apenas projetando criar espaço pra lançar bandas ainda não tão conhecidas, ou desconhecidas mesmo. Vou tentar construir um projeto paralelo também (banda). Atualmente tenho dois destaques provindos das últimas edições do Rock Series, por exemplo, a banda Franco que tem um som muito interessante. Os músicos são muito seguros, maduros musicalmente e coincidentemente são os mesmos da banda Cerumano, mudando apenas o vocalista. E a segunda, é a volta de integrantes da banda Além da Sociedade, que está se tornando agora a banda Nítidos, a qual, recebeu elogios do público na ultima edição. É isso. A gente tenta lançar, abrir um espaço pra bandas novas, em meio as já conhecidas da cidade.” | MARKY RAMONE E MICHALE GRAVES EM MANAUS POR TADEU RUBIM | Vocalista da Kaos Horror e Laminer Face. “Era um sábado de muito sol, típico da cidade, mas, tínhamos uma missão: conhecer a lenda do punk rock Marky Ramone e a voz dos Misfits, Michale Graves no aeroporto. Chegando lá nos deparamos com uma galera ensandecida a espera de Alexandre Pires, Valesca Popozuda, Mr. Catra e outras fuleragens como o cara do rebolation. Esperamos na nossa, pois, sabíamos a hora que os caras chegariam e deixamos a galera curtir os astros deles. Até que chegou a hora e ficamos na grade esperando o grande momento, então aparece o Marky e começamos a cantar o famoso coro ‘Hey Ho Let’s go!’ em alto e bom som para que todos ouvissem. Em seguida, vem o cara em que mais me inspirei a cantar e montar a Kaos Horror, Michale Graves. Aí, cantamos o refrão de ‘Dig Up Her Bones’ e ele chegou e chamou todo mundo pra parede e tirou fotos com todos. Ele autografou meus CDs assim como o Marky também, assinou e tirou fotos com todos, foi muito legal a atitude deles para com os fãs que estavam lá. O mais engraçado foi que como estamos tão emocionados cantando as músicas, o povo que estava lá esperando os pagodeiros foram lá como curiosos tirar fotos também sem nem mesmo saber de quem se tratava. Eu logo sacaneei e mandei cair fora: ‘Vaza pagodeiro! Sabe nem quem são os caras, porra!’ Só porque são famosos kkkkkkk... Depois daí, os caras foram pro carro e a gente ficou lá falando de como eles foram do caralho com a gente. Foi um dia muito marcante na minha vida de rock’n’roll, puta que pariu! Depois veio o show, aí nem preciso comentar mais nada. Valeu!” | SOBRE ROCK’N’ROLL I SOBRE ROCK’N’ROLL II "O Rock Amazonense é um corpo que nocauteado se mantém em pé, tocando canções de amor e fúria, e principalmente cantando a cidade que ninguém ousou cantar. E como não poderia ser diferente, tudo isso bem ao seu estilo: com a boca cheia de sangue, muita atitude, e um histórico recente de lutas que não lhe permite beijar a lona, nunca." “Durante anos vivenciando algo que parecia apenas uma vida comum, me deparei com algo surpreendente, que às vezes, me parecia apenas um estilo musical, mas, como dizem – e é verdade – o rock não é apenas música, é estilo de vida! Algo tão grande que dificilmente alguém poderia descrevê-lo ao pé da letra. Tantos festivais, dezenas ou até centenas de bandas independentes, que me deparei durante esses anos. Algumas que conseguiram sobreviver ao tempo, outras não, mas, que ainda vive em nossas memórias. O que quero dizer é que são tantas lembranças de coisas maravilhosas que vivi, amizades que fizemos, umas que permanecem, outras que se vão, amigos que já não estão entre nós, saudade que permanece viva em nossa vida. Momentos que não podemos nos esquecer dos grandes festivais como Fronteira Norte, F.U.M, acampamentos com os amigos, enfim, que esses momentos permaneçam em nossas mentes porque assim como o rock’n’roll essas lembranças serão eternas.” POR MARCELO ARAÚJO | Produtor cultural. APENAS UMA CRIATURA DA NOITE POR JOSÉ AMARILDO MELO | “Aqui vai um relato de um roqueiro que vai a um bar para escutar música, trocar ideias e conhecer pessoas, ao som de bandas tipo Pink Floyd, Led Zeppelin, black Sabbath, Rush, Yes, Accept, Iron Maiden, Judas Priest, Metallica, Nazareth, Marillion, AC/DC, Gênesis, entre inúmeras bandas do universo do rock’n’roll. Assim aprendi a conhecer várias cabeças e ao sabor de cervejas geladas, aflorei minha mente além de desabafar toda as minhas mágoas e alegrias proporcionadas nas madrugadas da vida .” | POR REINALDO SOUZA | O BAR UNDERGROUND DO JAPIIM POR FABIANO SALAZAR | Músico, Aspirante a Jornalista e Boêmio. “Logo no começo dos anos 2000, descobrimos um bar perto de casa, na zona sul da cidade. Tínhamos uma banda chamada Supernova que posteriormente seria a Casablanca. Começamos a gravar o nosso som autoral, uma espécie de alternativo melancólico que deixava as garotas apaixonadas pela nossa música. E para nossa surpresa, os caras também estavam gostando do nosso estilo. Foi nessa época que uma figura antológica (e por vezes cômica) da nossa cidade, o Walmar, ganhou uma demo nossa e falou: “Caras, vocês tem que tocar no N’Vezes!”. Que raios era N’Vezes? Fomos descobrir depois que era um reduto pouco conhecido de todos. Um bar com uma estrutura pouco convencional. Logo de cara, na entrada, podíamos ver tapumes cobrindo a parte interna. O som ecoava de dentro. Pessoas que estavam indo pela primeira vez sentiam um pouco de repulsa ao local. Mas depois descobriam amigos em comum pela frente e acabavam entrando para conhecer. A decoração do bar era um show à parte. Materiais antigos como máquinas de datilografar quase sucateadas ficavam próximos aos sofás sujos, porém aconchegantes e barris velhos de chope davam o tom de uma sala de estar que todo roqueiro gostaria de ter um dia. A entrada dos banheiros tinham caminhos de seixo colorido pela (pouca) luz do ambiente e vasos de plantas separavam homens das mulheres. O banheiro masculino tinha uma mangueira de água para lavar as mãos e um mictório caindo aos pedaços. O atendimento sempre era feito pelo Marivon e quase sempre a cerveja acabava no meio de um show. Marcamos a apresentação. O palco era de madeira porém bem firme. Tinha CDs espalhados por cima de nós. Sinos. Colunas de ferro. Quadros antigos. O ambiente exalava rock’n’roll. Geralmente levávamos nosso material. Foram os melhores shows de nossas vidas. Na época nós distribuíamos nossa demo nos shows (era o nosso marketing e deu certo). O saudosismo tomava conta do lugar e muita paixão se desenrolou naquele bar.” | TRAJETÓRIA DE UM DESGRAÇADO BOOMERANG POR LINCOLN MOREIRA | “Os dias são esses. E as intrínsecas notas do meu peito eram cheios de goles de vodka. Alma ébria, os olhos e ouvidos afinados, essa guitarra, essa voz... Tomei-me de uma sensação de redemoinhos. Estava bêbado? Não, ainda não. ‘Sob a terra jaz o nome que revela a decisão de seguir sem mais fronteiras aceitar a contramão’. Questionandome, instigando-me... Os dias são esses. Mas meu transe é atemporal. A cidade ferve. Os tragos, as bebidas, conversas e achismos. Braga, Safari, Rock House, uns surgem, outros ressurgem, outros são memórias. Sempre há a dose. Dose de tudo. E nada. Tem os eventos, a cidade tem um monte deles. Eu estava num show, essas bandas são realmente boas, pensava eu no meio das doses. ‘Pela estrada destruída, pela noite mais veloz aceitou sua certeza, foi buscar o seu final...’ Essa guitarra me afunda num lugar na mente em que não ouso ir normalmente. Um blues? Blues rock? Um psicodelial blues rock? Grateful Dead em Manaus? O que era aquilo? Essas letras como uma passagem do existencialismo sartreano, pr’um feroz existencialismo manauara. Essa bateria me bate a consciência. ‘Não sei se ele compreende a dúvida que sente, do que se tornou. Sentiu sua natureza, pagou com a coragem de matar seu amor!’ Eu já estava em êxtase, as doses me iam suaves e em xeque estava meu pensamento. Umas músicas te atordoam a mente, uma banda – Infâmia – sempre me dopava a mente, outra banda – Brutal exuberância – me triturava a alma. Manaus bem servida de música. E esses dois caras... ‘Mas não voltou pra ver o que restou, sentiu a dor e com ela se abraçou ouviu o sinal! Resultado do seu mal, fugiu pra si, para morte lhe trair’, já não estava ali, onde tava? Mama? Mandrake? Nativos? Caverna? Tava longe de tudo. Eu e essa música do inferno. Inferno sim, lento e forte, rápido e suave. Improvisações precisas ‘o seu crime mais proibido foi ele ter vivido um inferno astral, ver abismos não ter caído fez dele um iludido sobre a sombra do mal’. Dessa vez eu acabo com a bebida na próxima estrofe, pensava enquanto não piscava os olhos fitando aquele palco, que conhecidos suaram pra conseguir. Quase tudo em Manaus é niilista. Uma parte das pessoas caminha na direção contraria, tem gente que trabalha por aqui, faz musica boa. Nesse ponto, fico feliz. ‘Mas vai pagar a culpa sofrer a maldição, buscar eternamente a rota do perdão...’ Esse solo de bateria é terrivelmente bom e a guitarra o acompanha muito bem. Uma banda. Duas pessoas. ‘Que não vai achar! Perdeu seu lugar. Só vai lhe restar pra sempre andar’. Aí descubro o nome da musica: Desgraçado. Quando acabar o show aqui vamos pro Braga, passaram falando pra mim. Eu já tinha garantido minha noite. Boomerang blues.” | FESTIVAL HEY YOU NÃO FOI TÃO MAU POR ROGÉRIO VILAÇA | O Festival Hey You foi quase um fiasco. Prometeram pistas de skate e não teve. Algumas bandas foram canceladas, por exemplo, a banda Velhas Virgens. Manaus estava vivendo um momento onde o rock autoral da cidade teve um boom, digo as bandas novas, não desmerecendo as antigas da cidade que por sinal, fizeram ótimas apresentações. Lembro de ter visto Os Playmobils tocando no palco principal com um som porrada! E uma coisa que não sai da minha cabeça até hoje foi à oportunidade de ter assisto um show da Blind Pigs sem ter saído de Manaus. Aquilo foi muito foda pra mim! Fora as outras preciosidades de ver no mesmo dia, como: Mukeka di Rato, Os Pedrero, Matanza, Rock Rocket. Na minha opinião foram dois dias de muito rock e que movimentou bastante esse meio em Manaus. | INFLUÊNCIAS DO BLOG ROCK AMAZONENESE POR RAFAEL VIEIRA | “Eu não tenho muito conhecimento tanto quanto esse cara que elaborou este fanzine, mas, com o Blog Rock Amazonense pude abrir muito mais meus horizontes sobre essa cena roqueira de Manaus. Antes mesmo de ter o Blog já tive a oportunidade de conhecer shows em vários lugares de Manaus, onde há gente produzindo rock de qualidade. E não é pouca gente, não. Guardadas as devidas proporções, os shows que vi de Infâmia, Os Playmobils, Os Acossados, The Mones, Antiga Roll, Boomerang Blues, Dpeids, entre outros que não presenciei, mas li a respeito e ouvi CDs, apresentaram um sem número de novas opções, gêneros e estilos de nosso rock.” | FRANCO EM 2016 POR EBER PIRANGY | Vocalista da Franco “A banda Franco fez sua primeira apresentação em agosto de 2014, mas a formação atual passou a atuar a partir de dezembro de 2015. Em fevereiro desse ano lançamos o single '’Melhor Que Eu’. https://soundcloud.com/setupmusic/m elhor-que-eu-franco Os planos para o resto do ano incluem: concluir o primeiro disco da banda, sem previsão de data pra lançar; pretendemos rodar o clipe do single 'Fatal', que será lançado antes do disco; para o mês de abril estamos preparando um tributo ao Cazuza que vai funcionar como uma pequena turnê urbana, onde transitaremos tanto por ambientes mais frequentados pelo grande público, quanto, pelos mais undergrounds da cidade, no entanto, nosso foco é difundir o trabalho da banda, que, fora esse período excepcional de abril, tem o repertório 100% dedicado as nossas próprias composições.” | RELEASE THE MONES POR LINCOLN MONES | Vocalista da The Mones “Primeiramente, queremos agradecer fortemente HARDCORE EM MANAUS VIVE! POR MARCOS EFRAIM | Vocalista da Superbad. “Sou suspeito para comentar algo com o qual me identifiquei dentro do rock, mas, nesse caso, faz-se necessário algumas palavrinhas. O cenário hardcoreano em Manaus tem se tornado cada vez maior, especialmente nos últimos dois anos, agregando inúmeros novos admiradores, assim como chamando a atenção da velha escola do estilo. Pessoas que há tempos tiveram banda ou que frequentavam os shows estão voltando e agregando valores junto à molecada da nova safra. Isso tem sido muito bom, pois o hardcore baré finalmente voltou a respirar, voltou a viver. Não sei se com a mesma intensidade ou com o mesmo amor da galera que iniciou o movimento lá atrás, no final dos anos 90, com a No Choice e outras. Ou no período de 2001 a 2006, considerado por Thiago, da banda Silent, o “boom” da cena. Eu não posso dizer nada dessa época porque eu não a vivenciei. Apenas ouço histórias daquele tempo. O importante é que as coisas estão voltando a acontecer e estamos mais ativos do que nunca. Podemos notar que desde o ano passado as bandas de HC da cidade estão presentes em boa parte dos eventos. É difícil ver algum show de rock que não tenha alguma banda de hardcore no line-up, sem contar que hoje existem os próprios rolês voltados para o público do estilo, como a “Confraria HC”, do Mandrake, e o “Hardcore no Quintal”, organizado pela Crew Hardcore Manauara, que já chegou à sua quarta edição. Em uma delas, chamada de edição deluxe, contou com a presença da banda Surra (Santos-SP), que arrastou muita gente para o Sítio Vovó Maroca em pleno domingo chuvoso. E ainda vem aí um novo tipo de festival organizado pela Crew, que será um rolê de conscientização, onde haverá palestras sobre straight edge e veganismo, somados a arrecadação de alimentos que serão doados a uma instituição filantrópica. É claro que ainda temos muito a aprender e evoluir, porém, o mais importante é que as bandas atuais estão produzindo cada vez mais. Hoje temos trampos da Requesth, About Trust, Repetentes, Superbad, Gonorréia Nuclear, Come To Mosh, Royal 70, Silent e muitas outras ainda produzindo, caso da Base9 HC, que é uma das grandes revelações do hardcore melódico manauara. Outro destaque é a Truck Sujo, que anunciou que em breve gravará seu álbum de estréia. Vale ressaltar que além das gravações as bandas locais têm feito bastante merch, para que o público possa consumir e ajudar as bandas, o que é muito bom para todos que fazem parte da cena. Desse jeito, com muito trabalho e união, que o HC em Manaus vem se fortalecendo, como um soco na cara daqueles que desacreditavam no estilo.” | a galera que vem adquirindo nosso material, camisetas, bonés, os CDs e também compartilham essa ideia pelas redes sociais. Segundo lugar, para não ficar ninguém de fora, não iremos citar nomes, mas intensificar nossa imensa gratidão, a moçada que está empenhada em não deixar o rock’n´roll jamais morrer, sem deixar de citar é claro, a nova sensação do momento, que tá dando o que falar de norte a sul do país que é a musica autoral amazonense, que graças aos fãs, amigos, familiares, bares, zines festivais, músicos, escritores, fotógrafos, produtores, organizadores e as bandas independentes que estão, enfim, entendendo que é preciso juntar forças pra que isso ocorra sem preconceito de estilos dentro do próprio rock’n´roll. A todos, nossa sincera admiração e respeito sempre. Bom, desde a formação da banda em março de 1999 sempre gravávamos nosso ensaios em fitas K7 e saíamos distribuindo entre amigos naquela época. Sempre sem recurso, chegamos a gravar de lá pra cá, 4 CDs – Tudo Pode Mudar 2001/ Já Estou Cansado 2003/Cerveja & Rock’N’Roll 2012/ Garota Rock’N’Roll 2015 – de forma independente. Porém este último, lançado em outubro de 2015, tem um gostinho especial pra gente, pois registra não só o momento mais maduro da banda, mas a qualidade sonora, pois tivemos algumas parcerias de peso como o produtor e músico Beto Montrezol, o ex-guitarrista John Mones, o tecladista Guedryan Rezende, da banda Escândalo Fônico e um cara que a banda inteira sempre foi fã, desde a época de Rotentix, Tequila Baby, entre outras, Davi Pacote, que deu um brilho especial a este projeto. Foi um disco feito com calma. No início a ideia seria fazer tudo ao vivo como nos anteriores, tudo sem frescura, porém, percebemos que precisávamos melhorar algo aqui e ali, gravar a bateria separada dos outros instrumentos, depois guitarra, baixo, vocais, backings e a coisa foi ganhando forma, tudo isso sob a supervisão do produtor. Nosso melhor show desse ano até então, foi o do Bloco do Mandrake. Lançamos o novo site. Em andamento, temos um novo clip da banda e já estamos com músicas novas para o próximo disco.” | CERUMANO EVOLUINDO POR HENRIQUE PENA | Baixista das bandas Franco e Cerumano “Cerumano é uma banda de rock alternativo que nasceu em meados de 2012. No começo era um power trio com Henrique Pena (baixo e vocal), Alessandro Pena (Guitarra e vocal) e Matheus Simões (Bateria). Sua primeira apresentação foi na 8ª edição do Rock do Centrão (2014), organizado por Frank Roosevelt e, com o intuito de fortalecer a cena local, não pararam de tocar. A primeira apresentação pra um público grande foi na 9ª edição do Festival Pirão – AM, um grande movimento cultural, onde se encontram até hoje. A proposta da banda é de levar mensagens esotéricas, ou seja, de tudo o que abrange a nomenclatura ‘Cerumano’. O som é diversificado e pesado, podendo variar de hardcore ao metal, com pegadas experimentais de psicodelia e groove. Um dos momentos mais excitantes e importantes da estrada da banda foi quando promoveram um evento junto com as bandas Franco, Pacato Plutão e Dpeids, onde ocorreram várias situações adversas ao acontecimento do evento. No entanto, em um momento de pura sinergia entre as bandas e amigos o evento saiu e foi um sucesso. Pessoas como Filipe Corrêa (Nattus Triballia), Albenizio Junior (Os Playmobils), Thomaz Campos (Infâmia), Ednara Simões e Israel Victor Sicsu, não podem deixar de serem citadas, pois junto com as outras bandas foram de suma importância. ‘‘A perspectiva após o evento foi outra. Percebemos uma energia fora do comum, e concluímos que sem união e vontade de fazer música de verdade, não é possível levar a cena autoral a outros patamares de reconhecimento.’ Henrique Pena.” |