ILÍADA

Transcrição

ILÍADA
ILÍADA
Introdução ao tema
A contribuição de Homero à civilização foi tão importante que sua poesia épica se
tornou um marco para a Antiguidade clássica, e, por isso, o período que vai do
século XII a.C. ao VIII a.C. é chamado de homérico. As obras atribuídas ao poeta
são as mais antigas de que se tem notícia e tiveram um papel fundamental na
construção do mundo ocidental.
O adaptador
Leonardo Chianca é paulistano e escreve textos de ficção para crianças, jovens e
adultos. Desde a infância, sempre gostou de histórias de aventura e, assim que
conheceu os heróis gregos da Ilíada e da Odisséia, se encantou com as aventuras
narradas por Homero e com a mitologia grega. Dessa admiração surgiu o desejo
de recontar, para jovens leitores, as aventuras vividas pelos heróis da Antiguidade
clássica.
Leonardo tem vários outros títulos publicados. Além de escritor, trabalha como
editor de livros.
O autor
Homero foi um poeta grego que viveu cerca de 25 séculos atrás. Já chegaram a
afirmar que ele nem teria existido, pois não há documentos que o comprovem.
Naquele tempo era difícil registrar um texto, e as histórias costumavam ser
transmitidas oralmente, por contadores populares que viajavam de uma cidade
para a outra. Na Grécia Antiga, essas pessoas eram chamadas de aedos. É
possível que o poeta tenha sido um deles.
Homero é o provável autor da Ilíada, poema sobre a longa guerra entre gregos e
troianos, no século XII a.C., e da Odisséia, que conta o retorno do guerreiro
Ulisses à sua pátria, a ilha de Ítaca, depois de participar da Guerra de Tróia.
Conta a tradição que o poeta era cego e mendicante. Entre tantas dúvidas, o certo
é que Ilíada e Odisséia são consideradas as obras mais antigas da literatura
ocidental.
O contexto
Como não é possível determinar com precisão a época em que viveu Homero, o
período histórico que ganhou seu nome se estende do século XII a.C. até o VIII
a.C., intervalo de tempo em que, possivelmente, teria ocorrido a Guerra de Tróia.
Foi nessa época que aconteceram as invasões dos dóricos, povo que ocupou toda
a região do Peloponeso. A chegada desse grupo provocou um retrocesso nas
relações comerciais da Grécia, dividindo a sociedade em núcleos familiares e
auto-suficientes, chamados genos. Mas, pouco a pouco, a falta de solos férteis e o
aumento da população ocasionaram a desintegração desses núcleos e dividiram a
sociedade em classes baseadas na propriedade privada. A nova organização
política propiciou o início de um processo de colonização e a formação das
primeiras cidades-estado, entre as quais estão Atenas e Esparta.
A obra
Após favorecer Afrodite numa disputa com Hera e Palas Atena, o príncipe Páris,
de Tróia, recebeu da deusa do amor a garantia de que ele teria a mulher mais
linda do mundo. Essa mulher se chamava Helena, e era casada com Menelau, o
rei de Esparta. Protegido por Afrodite, Páris raptou a bela jovem, dando início à
Guerra de Tróia, um dos combates mais sangrentos da história. As batalhas se
estenderam por cerca de dez anos e só acabaram quando os gregos conseguiram
enganar seus inimigos, deixando diante dos portões da cidade um enorme cavalo
de madeira, onde estavam escondidos os guerreiros espartanos. Os habitantes de
Tróia, pensando que era um presente e acreditando na desistência de seus
oponentes, levaram o cavalo para dentro de seus portões e precipitaram sua
própria ruína.
A Ilíada é uma das histórias mais conhecidas em todo o mundo. Foi a partir dela
que passamos a utilizar expressões como presente de grego e calcanhar-deaquiles, muito comuns no nosso dia-a-dia.
Sugestões de atividades
As seqüências didáticas sugeridas podem ser reformuladas de acordo com os
objetivos pedagógicos visados e as competências que serão desenvolvidas pelos
alunos. É fundamental que as atividades realizadas estejam vinculadas às metas
do currículo escolar organizado pela instituição de ensino. Cada uma das
propostas de trabalho apresentadas possui objetivos didáticos específicos, mas
todas pretendem envolver os jovens leitores em novas relações com o universo da
literatura.
1. A mitologia grega
A mitologia grega explora a experiência humana, com suas tramas complexas e
ricas em significados. A partir de mitos em que deuses e mortais traçam seus
rumos, é possível descobrir um outro olhar sobre a origem e a organização do
mundo. Mergulhar na mitologia grega é uma forma de conhecer aspectos
importantes da civilização ocidental e atribuir-lhes significados.
Conhecendo deuses e mortais
Objetivos didáticos: Descobrir as principais características da mitologia grega,
conhecendo seus mitos e desvendando suas tramas e personagens. Organizar a
divulgação dos conhecimentos levantados pelo grupo.
1ª Etapa: Investigar o que os alunos já sabem sobre mitologia grega. O que é
mitologia? O que podemos dizer sobre a mitologia grega? Os alunos conhecem
outros mitos? Que tipos de personagens existem nessa mitologia? O que
sabemos sobre os heróis gregos? Formular perguntas ao grupo relacionadas ao
livro. O que desencadeou a guerra entre gregos e troianos? Por que podemos
dizer que os deuses do Olimpo estiveram envolvidos na origem dessa guerra? Os
deuses e deusas intercederam na guerra? De que forma?
2ª Etapa: Propor aos alunos uma pesquisa sobre a mitologia grega. Qual é a
origem da palavra mitologia? Em que período surgiu a mitologia grega? Qual era a
finalidade dessas histórias? Como eram transmitidas? Quais são suas principais
características? E seus principais personagens? Como se comportam os deuses
nessas histórias? O que aprendemos com elas? A proposta é levantar com o
grupo uma série de questões que possam ser investigadas em livros,
enciclopédias,
dicionários,
Internet
etc.
Seria
interessante
aproveitar
a
oportunidade para fazer um estudo sobre a Grécia Antiga, isto é, investigar a
organização econômica, política e social dessa sociedade e integrar esses
aspectos à sua vida religiosa e cultural.
3ª Etapa: Organizar com a classe a forma como será conduzida a pesquisa.
Paralelamente, promover em sala de aula a leitura de outros mitos gregos,
identificando semelhanças entre eles.
4ª Etapa: Sintetizar e articular com o grupo as informações encontradas nas
leituras realizadas em sala e do material coletado em suas pesquisas. Decidir
coletivamente como transmitir essas descobertas. É possível, por exemplo,
realizar um encontro com os familiares, no qual os alunos possam compartilhar
com eles suas descobertas. Nesse caso, seria importante prever um tempo
significativo para estruturar a apresentação com o grupo. Quais assuntos serão
apresentados? Quem vai falar sobre o quê? De que forma será organizada a
apresentação? Quais serão os recursos visuais utilizados?
2. As imagens da história
As ilustrações presentes nas histórias são muito importantes. Criadas a partir do
texto, elas comunicam idéias e trazem elementos novos para aguçar a
imaginação. A observação das articulações entre texto e imagem torna a obra
ainda mais interessante. Além disso, uma maior intimidade com o texto pode
surgir quando os próprios alunos registram suas impressões da história.
As imagens da Ilíada
Objetivos didáticos: Observar as ilustrações do livro analisando as relações entre
texto e imagem. Conhecer características da estética grega. Registrar impressões
da história por meio de desenhos ou pinturas.
1ª Etapa: Oferecer um momento para os alunos observarem com atenção as
ilustrações do livro. Como os personagens estão representados? As ilustrações
são expressivas? Quais informações as imagens transmitem sobre o modo de
vida na Grécia antiga (meios de transporte, vestimenta, armas utilizadas etc.)?
Como são retratados os ambientes onde se passa a história? Quais as relações
entre o texto e as imagens? As imagens completam o texto? Elas trazem
elementos novos para a história? Quais?
2ª Etapa: Apresentar ao grupo imagens de esculturas e pinturas que representem
personagens da mitologia grega. As imagens são facilmente encontradas em
enciclopédias, livros de arte e Internet.
3ª Etapa: Cada aluno, após escolher o personagem ou a cena que mais lhe
marcou na Ilíada, realizará uma série de desenhos ou pinturas. Seria interessante
conferir um título a cada trabalho.
4ª Etapa: Expor os trabalhos dos alunos, observando e analisando coletivamente
as diferentes expressões e impressões que surgiram com a leitura da obra.
3. Guerra e paz
A Ilíada narra a história do conflito entre gregos e troianos, responsável por uma
guerra com perdas trágicas para ambos os lados. Conflitos entre grupos rivais
continuam existindo, disseminando sofrimento e ódio. Qual a origem dessas
rivalidades? O que está envolvido nos conflitos? Por que parece tão difícil manter
a paz?
Desvendando conflitos
Objetivos didáticos: Investigar um conflito social, político e/ou religioso da
atualidade, analisando os fatores vinculados a sua existência. Divulgar o trabalho
de pesquisa para a comunidade escolar.
1ª Etapa: Retomar com o grupo o conflito entre gregos e troianos. Qual evento deu
origem ao conflito entre gregos e troianos? Houve alguma tentativa para se pôr fim
à guerra? Quem sugeriu? Qual era a proposta? Por que não deu certo? Quem
tomava as decisões em relação às estratégias e ao rumo da guerra?
2ª Etapa: Investigar o conhecimento que os alunos têm da existência de outros
conflitos entre grupos rivais (na escola, no bairro, na cidade, no país, no mundo).
A leitura de textos de jornais e revistas enriquecerá a atividade. Os alunos
escolherão o conflito que julgarem interessante para ser pesquisado.
3ª Etapa: Para a realização da pesquisa de um determinado conflito regional ou
internacional, será imprescindível:
- identificar os grupos envolvidos e suas razões;
- situar o lugar onde se passa o conflito;
- compreender sua origem e seu desenvolvimento;
- investigar as conseqüências diretas do conflito na vida das pessoas que
convivem com ele;
- analisar as iniciativas propostas para dar fim ao conflito.
4ª Etapa: A pesquisa pode dar origem à produção de um texto coletivo ou de uma
revista temática. Por que não organizar uma exposição para a comunidade escolar
ou criar uma outra maneira de compartilhar o conhecimento produzido?
4. Comunicação e registro da informação
Na Grécia Antiga os mitos eram transmitidos oralmente de geração em geração.
Os aedos (do grego aoidós, cantor) eram poetas que percorriam cidades narrando
e assegurando as dimensões lírica e sentimental dos mitos. A autoria da Ilíada,
originalmente concebida em forma de poema, é atribuída a Homero, um aedo que
supostamente viveu numa colônia grega no século VIII a.C. Embora existam
questionamentos em relação à autoria da Ilíada, sabemos que ela foi preservada
graças à tradição oral. Discutir com os alunos esse tipo de registro e compará-lo
com os registros atuais é uma forma de analisar o desenvolvimento da
comunicação e da preservação da informação.
Tradições orais, escritas e virtuais
Objetivos didáticos: Analisar os principais aspectos da tradição oral e sua
importância histórica. Analisar os instrumentos de registro e transmissão da
informação nos dias de hoje.
1ª Etapa: Realizar a leitura da biografia de Homero, no final do livro. Identificar
com os alunos os aspectos positivos e negativos da tradição oral. Se julgar
conveniente, propor uma atividade como “telefone sem fio” e, a partir dela, analisar
com o grupo aspectos da transmissão oral.
2ª Etapa: Organizar uma atividade de pesquisa em que os alunos investiguem a
importância histórica da tradição oral para a humanidade. Um recorte possível é
estudar a importância histórica das obras de Homero, pois através de poemas
como Ilíada e Odisséia foi possível inferir como se organizava a sociedade grega
no período em questão.
3ª Etapa: Propor uma discussão sobre a forma como os eventos são registrados
nos dias de hoje. É importante que os alunos registrem a discussão para a
realização da próxima atividade. Quais são as formas de registrar e transmitir as
informações nos dias de hoje? Quais as vantagens e desvantagens de cada um
desses tipos de registro? Por que é importante registrar e transmitir informações?
4ª Etapa: Fazer uma síntese com os alunos das descobertas e das análises feitas
por eles durante as atividades anteriores. Propor que escrevam, individualmente
ou em duplas, um texto sobre tradição oral, tradição escrita e tradição virtual.