universidade federal do paraná setor de ciências agrárias

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universidade federal do paraná setor de ciências agrárias
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE SOLOS E ENGENHARIA AGRÍCOLA
PRECIPITAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADAS
COM METODOLOGIA ALTERNATIVA, VOLTADAS À REALIZAÇÃO DO
BALANÇO HÍDRICO DIÁRIO
CURITIBA
2009
ROSSANA FERRARI SCHÄFER
PRECIPITAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADAS
COM METODOLOGIA ALTERNATIVA, VOLTADAS À REALIZAÇÃO DO
BALANÇO HÍDRICO DIÁRIO
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre. Curso de PósGraduação
em
Ciências
do
Solo
/DSEA/SCA/UFPR, Área de concentração:
Qualidade e Sustentabilidade Ambiental, na linha
de pesquisa: Desenvolvimento de tecnologias para
sustentabilidade agrícola e urbana.
Orientador: Prof. Dr. Jorge Luiz Moretti de Souza
CURITIBA
2009
ii
Dedico este trabalho ao meu esposo, à minha filha e ao meu
orientador por terem me ensinado primeiro a sonhar, e depois a lutar
pelos meus sonhos. A estes toda a minha gratidão pelo amor, carinho,
atenção, apoio e confiança que nunca me negaram.
iii
AGRADECIMENTOS
– Primeiramente a Deus, que nos momentos certos, interveio poderosamente na minha vida,
possibilitando que este dia finalmente chegasse;
– À Coordenação de Pós-Graduação em Ciência do Solo por ter me aceito no seu quadro de
alunos e possibilitado, sempre de maneira excepcional, que eu realizasse este trabalho;
– Ao meu orientador Jorge Luiz Moretti de Souza, que mais do que orientador, foi um
verdadeiro amigo;
– Ao meu esposo Herbert, por ter acreditado e investido em mim, ao me persuadir a
candidatar-me para o mestrado;
– À diretora Andrea Rissato, do Colégio Estadual Amâncio Moro, e ao diretor Marcos Pereira
do Colégio Estadual Alfredo Parodi, ambos em Curitiba-PR, pelo apoio e incentivo;
– Ao Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR como um todo e
individualmente a cada um dos professores e funcionários deste departamento pelo apoio e
pelas condições de trabalho, sempre muito boas;
– À minha amiga Margareth Schaffer por me fazer acreditar que o mestrado era um sonho
possível.
– Aos meus demais amigos (parentes ou não).
SUMÁRIO
RESUMO ....................................................................................................................................... ix
ABSTRACT .................................................................................................................................. xi
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
2 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 2
2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 2
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 2
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................ 3
3.1 BALANÇO HÍDRICO ............................................................................................................ 3
3.1.1 Balanço hídrico quanto à escala temporal e procedimentos para sua realização ................. 4
3.2 BALANÇO HÍDRICO DE THORNTHWAITE E MATHER (1955) .................................... 6
3.2.1 Precipitação .......................................................................................................................... 7
3.2.2 Evapotranspiração ................................................................................................................ 11
4 MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................................... 15
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 15
4.2 PRINCIPAIS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO ............................... 15
4.3 MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVOS UTILIZADOS PARA MEDIR OU ESTIMAR
A PRECIPITAÇÃO ........................................................................................................................ 16
4.3.1 Análises comparativas entre o pluviômetro padrão (Ville de Paris) e alternativos ............. 20
4.3.2 Coleta e avaliação da precipitação pluviométrica ................................................................ 24
4.4 MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVOS UTILIZADOS PARA ESTIMAR A
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo) .................................................................. 25
4.4.1 Método padrão para estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) ......................... 25
4.4.2 Métodos alternativos para estimativa da evapotranspiração de referência (ETo) ...............
26
4.4.3 Coleta dos dados climáticos e avaliação da evapotranspiração de referência (ETo) ........... 29
4.5 CENÁRIO PARA VERIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DO BALANÇO HÍDRICO
UTILIZANDO OS MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVO ................................................... 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 34
5.1 RELAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO MEDIDA COM O PLUVIÔMETRO PADRÃO
E ESTIMADA COM OS PLUVIÔMETROS ALTERNATIVOS ................................................ 34
5.2 EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo) ........................................................... 39
5.2.1 Variação de alguns elementos climáticos no período de 1998 a 2007 ................................. 39
5.2.2 Comparação dos valores de ETo estimados com os métodos alternativos e padrão ............ 41
5.3 BALANÇOS HÍDRICOS CALCULADOS COM AS METODOLOGIAS PADRÃO E
ALTERNATIVA ............................................................................................................................ 52
6 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 61
7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 62
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 4.1 – Pluviômetro tipo Ville de Paris, utilizado para medir a precipitação da
área experimental (leitura padrão)................................................................ 16
FIGURA 4.2 – Estrutura de sustentação dos pluviômetros, fixados em uma barra de
ferro, a 1,5 m de altura da superfície do solo, contendo encaixes
construídos de latão rebitado ...................................................................... 18
FIGURA 4.3 – Distribuição dos pluviômetros na área experimental, sendo: Ville de
Paris; Alternativo 1 a 8; conforme especificações dispostas na Tabela
4.1 ............................................................................................................... 19
FIGURA 4.4 – Vista da área experimental onde foram instalados os pluviômetros ..........
19
FIGURA 4.5 – Representação gráfica da área de captação da precipitação (seção
transversal) dos pluviômetros alternativos, sendo: (a) Alternativo 2; (b)
Alternativo 3; e, (c) Alternativo 4 .............................................................. 20
FIGURA 4.6 – Pluviômetro Alternativo 1, construído a partir de uma garrafa PET e de
um funil plástico de 283,50 cm2 de área de captação ................................. 21
FIGURA 4.7 – Pluviômetros Alternativos 2, 3 e 4, construídos a partir de garrafas PET
de mesma marca comercial e material, possuindo diferentes áreas de
captação ...................................................................................................... 21
FIGURA 4.8 – Pluviômetro Alternativo 5, construído a partir de uma garrafas PET e
contendo uma mangueira com torneira ..................................................... 22
FIGURA 4.9 – Pluviômetro alternativo 6, construído a partir de uma garrafa PET e
contendo um funil interno .......................................................................... 23
FIGURA 4.10 – Pluviômetro alternativo 7, construído a partir de uma garrafa PET e
contendo pintura interna e externa com tinta acrílica ................................. 23
FIGURA 4.11 – Pluviômetro Alternativo 8, comercial, construído de material plástico
cristal e PS, possuindo área de captação de 5,72 cm2, com escala
variando de 5 mm a 150 mm, e obtendo precisão de 2 mm ....................... 24
FIGURA 5.1 – Regressão linear e seu respectivo coeficiente de correlação (R), índices
“d” de WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS
(1997), resultante das análises entre os valores de precipitação medidos
com o pluviômetro padrão (Ville de Paris) e Alternativos, sendo: (a)
Alternativo 1; (b) Alternativo 2; (c) Alternativo 3; (d) Alternativo 4; (e)
Alternativo 5; (f) Alternativo 6; (g) Alternativo 7; e, (h) Alternativo 8 ..... 35
FIGURA 5.2 – Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia–1), obtida
no período de dez anos (série de 1998 a 2007) para os meses do ano,
com os métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW),
Camargo (EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e
Linacre (EToLC) .......................................................................................... 42
vi
FIGURA 5.3 – Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia–1), obtida
no período de dez anos (série de 1998 a 2007) para as estações do ano,
com os métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW),
Camargo (EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e
Linacre (EToLC) .......................................................................................... 43
FIGURA 5.4 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R) e índices “d”
de WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS
(1997), obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToTW,
considerando os anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b)
Outono; (c) Inverno; (d) Primavera; e, (e) Anual ....................................... 46
FIGURA 5.5 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToCM, considerando
os anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c)
Inverno; (d) Primavera; e, (e) Anual .......................................................... 47
FIGURA 5.6 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToHS, considerando
os anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c)
Inverno; (d) Primavera; e, (e) Anual .......................................................... 48
FIGURA 5.7 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToBK, considerando
os anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c)
Inverno; (d) Primavera; e, (e) Anual .......................................................... 49
FIGURA 5.8 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToLC, considerando
os anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c)
Inverno; (d) Primavera; e, (e) Anual .......................................................... 50
FIGURA 5.9 – Componentes do balanço hídrico diário (ARM, ER e DEF), calculados de
julho de 2008 a janeiro de 2009 (fechamento em quinzenas), utilizando
dados de P e ETo obtidos com metodologia padrão (Ville de Paris e
EToPM) e alternativa (Alternativo 4 e EToCM), para solos possuindo CAD
igual 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (kc = 1,0 e p = 0,5), sendo: (a)
armazenamento (ARM); (b) evapotranspiração real (ER); (c) deficiência
hídrica (DEF) ............................................................................................. 57
FIGURA 5.10 – Erro absoluto (em módulo) no valor da deficiência hídrica (DEF),
verificada entre os balanços hídricos realizados com metodologia padrão
e alternativa para as CAD’s de 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (com
fechamento quinzenal), contraposto ao total de precipitação
pluviométrica (PVille de Paris) ocorrida no período considerado .................... 58
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 – Área de captação, altura de instalação, características construtivas e
capacidade de registro dos pluviômetros utilizados (padrão e alternativos) 18
Tabela 4.2 – Critério de interpretação do desempenho dos métodos de estimativa da
ETo, pelo índice “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997) ................... 30
Tabela 5.1 – Coeficiente de correlação (R), índices “d” de WILLMOTT et al. (1985)
e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997), determinados nas análises,
contrastando os valores de precipitação medida com o pluviômetro
padrão (Ville de Paris) e estimada com os pluviômetros alternativos 1 a
8 .................................................................................................................. 34
Tabela 5.2 – Médias mensais, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da
temperatura média do ar (TMED), umidade relativa do ar (UR) e
velocidade do vento (VV), a dez metros de altura, para um período de dez
anos (série de 1998 a 2007) ........................................................................ 40
Tabela 5.3 – Médias, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da temperatura
média do ar (TMED), umidade relativa do ar (UR) e velocidade do vento
(VV), a dez metros de altura, para o período de dez anos (série de 1998 a
2007), nas estações do ano ......................................................................... 40
Tabela 5.4 – Médias mensais, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da
radiação solar no topo da atmosfera (Qo) e temperatura de ponto de
orvalho (Td), para o período de dez anos (série de 1998 a 2007) ............... 41
Tabela 5.5 – Médias, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da radiação solar
no topo da atmosfera (Qo) e temperatura de ponto de orvalho (Td), para o
período de dez anos (série de 1998 a 2007), nas estações do ano .............. 41
Tabela 5.6 – Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia−1), obtida
no período de dez anos (série de 1998 a 2007) para os meses do ano,
com os métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW),
Camargo (EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e
Linacre (EToLC) .......................................................................................... 42
Tabela 5.7 – Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia-1), obtida
no período de dez anos (série de 1998 a 2007) para as estações do ano,
com os métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW),
Camargo (EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e
Linacre (EToLC) .......................................................................................... 43
Tabela 5.8 – Coeficiente de correlação (R) e índices “d” de WILLMOTT et al. (1985)
e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997), obtidos para os métodos
alternativos de Thornthwaite (EToTW), Camargo (EToCM), Hargreaves e
Samani (EToHS), Budyko (EToHS) e Linacre (EToHS), tendo o método de
Penman-Monteith (EToPM) como padrão ................................................... 45
viii
Tabela 5.9 – Valores diários de ETo e precipitação, apresentados em agrupamentos
quinzenais, utilizados nos balanços hídricos diários, empregando
metodologias padrão (EToPM e PVille de Paris) e alternativa (EToCM e
PAlternativo4), incluindo desvios, verificados no período entre julho de 2008
e janeiro de 2009 ........................................................................................ 53
Tabela 5.10 – Componentes do balanço hídrico diário (ARM, ER e DEF), calculados de
julho de 2008 a janeiro de 2009 (fechamento em quinzenas), utilizando
dados de P e ETo obtidos com metodologia padrão (Ville de Paris e
EToPM) e alternativa (Alternativo 4 e EToCM), para solos possuindo CAD
igual 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (kc = 1,0 e p = 0,5) ..................... 56
Tabela 5.11 – Erro no valor da deficiência hídrica (DEF), verificada entre os balanços
hídricos realizados com metodologia padrão e alternativa para CAD’s de
30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (com fechamento quinzenal),
contraposto ao total de precipitação pluviométrica (PVille de Paris) e
evapotranspiração de referência (EToPM) ocorrida no período
considerado ................................................................................................. 58
PRECIPITAÇÃO E EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA ESTIMADAS
COM METODOLOGIA ALTERNATIVA, VOLTADAS À REALIZAÇÃO DO
BALANÇO HÍDRICO DIÁRIO
AUTORA: ROSSANA FERRARI SCHÄFER
ORIENTADOR: Prof. Dr. JORGE LUIZ MORETTI DE SOUZA
RESUMO
O balanço hídrico constitui-se em uma ferramenta fundamental para a agricultura e mesmo os
métodos mais simplificados necessitam da entrada de algumas variáveis climáticas que
requerem cálculos complexos ou equipamentos de alto custo. O objetivo deste trabalho foi
identificar e analisar métodos alternativos para estimativa de duas variáveis de entrada
(precipitação e evapotranspiração) em um balanço hídrico diário, em comparação com a
metodologia padrão, visando disponibilizar aos profissionais da área ferramentas
metodológicas e instrumentais de baixo custo, fácil aquisição ou construção, uso e cálculo,
que apresentem precisão aceitável quando comparados aos métodos e instrumentos
considerados padrão pela comunidade científica. O trabalho foi realizado no Setor de Ciências
Agrárias da UFPR, em Curitiba/PR, entre julho de 2008 e janeiro de 2009. Para medição da
precipitação utilizou-se oito modelos de pluviômetros alternativos, nos quais os valores de
precipitação foram comparados aos medidos em um pluviômetro tipo Ville de Paris,
considerado como padrão. Para comparação dos resultados analisou-se os seguintes
parâmetros: altura, área de captação, processo de leitura e proteção contra evaporação. A
evapotranspiração de referência diária (ETo) padrão foi estimada com o método de PenmanMonteith (FAO) e cinco modelos alternativos, propostos por: Thornthwaite, Camargo,
Hargreaves e Samani, Budyko e Linacre, a partir dos dados climáticos fornecidos pelo
SIMEPAR, para Curitiba-PR, no período de 1997 a 2007. Os valores de precipitação e
evapotranspiração foram analisados estatisticamente por meio de análises de regressão linear
e seu respectivo coeficiente de correlação (R), índices “d” de concordância de Willmott e
índices “c” de confiança propostos por Camargo e Sentelhas. Cenários para verificar o
desempenho dos balanços hídricos calculados com os métodos alternativos que apresentaram
melhor resultado, em relação aos calculados com a metodologia padronizada, foram
realizados considerando capacidades de água disponível (CAD) de 30 mm, 60 mm, 90 mm e
x
120 mm, kc = 1,0 e p = 0,5. Nas análises realizadas verificou-se que: (a) As estimativas
diárias de precipitação realizadas com os pluviômetros Alternativos 1 a 8 apresentaram
“ótimo” desempenho com as medidas diárias de precipitação realizadas no pluviômetro Ville
de Paris. Com base nos índices de desempenho obtidos e nas características funcionais, os
pluviômetros Alternativos 2 e 4 a 7, são os mais recomendados por apresentarem facilidades
construtivas e operacionais (manuseio); (b) As estimativas diárias da evapotranspiração de
referência (ETo) realizadas com os métodos de Thornthwaite e Camargo mostraram
desempenho (índice “c”) “muito bom” e “ótimo”, respectivamente, para as análises anuais,
quando comparados com o método de Penman-Monteith (Padrão FAO). Considerando as
estações do ano, as estimativas diárias mostraram desempenho predominantemente
“mediano”, tendo maior exatidão (0,78 ≤ índice “d” ≤ 0,88) do que associação (0,71 ≤ R ≤
0,80). Os métodos de Hargreaves e Samani, Budyko e Linacre são inadequados para estimar a
ETo na região analisada; (c) O desempenho do balanço hídrico realizado com a metodologia
alternativa, em comparação com a metodologia padrão, depende da água disponível no solo
(AD) e da combinação do grau de acerto (associação e exatidão) com que os métodos
alternativos estimam a ETo e a precipitação dentro do período analisado; (d) Para um
desempenho “ótimo” na estimativa da precipitação (pluviômetro Alternativo 4) e “mediano”
na estimativa da ETo (método de Camargo), as componentes do balanço hídrico alternativo
em relação ao padrão (ER, ARM, DEF) têm maiores desvios para períodos quentes e
ocorrência de precipitação pluviométrica insuficiente para manter o armazenamento da água
no solo próximo de sua zona úmida (CAD ·(1– p) < ARM ≤ CAD).
Palavras-chave: Medida e estimativa; precipitação; evapotranspiração
PRECIPITATION AND REFERENCE EVAPOTRANSPIRATION ESTIMATED
WITH ALTERNATIVE METHODOLOGIES, FOR ATTAINMENT OF A DAILY
WATER BALANCE
AUTHOR: ROSSANA FERRARI SCHÄFER
SUPERVISER: Prof. Dr. JORGE LUIZ MORETTI DE SOUZA
ABSTRACT
Water balance represents an essential tool for agriculture and even the most simplified
methods need some climatic variables input that require complex calculations or expensive
equipment. The objective of this research was to identify and analyze alternative methods for
estimating two input variables (precipitation and evapotranspiration) in a daily water balance,
compared with the standard methodology, to provide professionals of the field with tools and
instruments at low cost, of easy acquisition or construction, use and calculation, which have
acceptable accuracy when compared to standard methods and instruments considered by the
scientific community. For the measurement of precipitation, eight alternative raingauge
models were used, in which the values of precipitation were compared to those measured in a
Ville de Paris raingauge, regarded as standard. To compare results the following parameters
were analyzed: height, area of the collector orifice, process of reading and protection against
evaporation. The daily reference evapotranspiration (ETo) was estimated with the FAO
Penman-Monteith method (standard) and five alternative models, proposed by: Thornthwaite,
Camargo, Hargreaves and Samani, Budyko and Linacre. The daily climatic data of Curitiba,
in 1997 to 2007 period, were provided by SIMEPAR. The values of precipitation and
evapotranspiration were statistically analyzed using linear regression analysis and their
correlation coefficient (R), index "d" of agreement of Willmott and index "c" of confidence
proposed by Camargo and Sentelhas. Scenarios were carried out to verify the performance of
the water balances calculated with the alternative methods that showed better results
compared with the standard methods, considering the available water capacity (AWC) of 30
mm, 60 mm, 90 mm and 120 mm, kc = 1.0 and p = 0.5. The results showed that: (a) The daily
estimates of precipitation with the Alternative 1-8 raingauges showed "excellent"
performance with measures of daily precipitation carried out with Ville de Paris raingauge.
Based on the indices of performance (index "c") achieved and functional characteristics, the
Alternative 2, 4 and 6 raingauges are the most recommended for their construction simplicity
xii
and operational agility (management); (b) Estimates of daily reference of evapotranspiration
(ETo) made with the Thornthwaite and Camargo methods showed performance (index "c")
"very good" and "excellent", respectively, at the annual reviews, when compared with the
FAO Penman-Monteith method. Considering the seasons, the daily estimates showed
predominantly "medium" performance, with greater accuracy (0.78 ≤ index "d" ≤ 0.88) and
association (0.71 ≤ R ≤ 0.80). The methods of Hargreaves and Samani, Budyko and Linacre
were inadequate to estimate ETo in the region analyzed; (c) The performance of water balance
achieved with the alternative methodology, compared with the standard methodology,
depends on the available water (AW) in soil and the combination of the degree of accuracy
and association with the alternative methods to estimate ETo and precipitation within the
study period; (d) For a
"great"
performance
in
the
estimation
of
precipitation
(Alternative 4 gauge) and "medium" in the estimation of ETo (Camargo method), the
components of alternative and standard water balance have larger deviations for warm
periods and insufficient rainfall levels to maintain the soil water storage around wet zone
(AWC · (1 – p) < STORAGE ≤ AWC).
Keywords: Measurement and estimation, precipitation, evapotranspiration
1 INTRODUÇÃO
A compreensão do balanço hídrico, mesmo que de forma simplificada, é importante
para o entendimento dos processos de degradação e conservação dos recursos naturais
relacionados ao uso do solo e da água.
A estimativa e medida dos principais processos que constituem o balanço hídrico
muitas vezes envolvem a realização de cálculos complexos, ou necessitam da aquisição de
equipamentos de alto custo que em raríssimas exceções encontram-se disponíveis aos
pequenos produtores rurais, técnicos agrícolas, professores e alunos de escolas públicas. Esta
dificuldade é ainda maior quando se analisa os processos da agricultura irrigada aplicada à
pequena propriedade rural.
No manejo da irrigação é necessário certo conhecimento da relação planta-solo-clima,
além da tecnologia da aplicação da água. Enquanto os componentes planta e solo têm sido
alvo de muitos estudos científicos que estão, em maior ou menor grau, acessíveis ao
agricultor, o componente clima depende da localização física da propriedade rural e das
condições ambientais da região. Por serem específicos do local, os dados climáticos muitas
vezes não estão disponíveis ou apresentam pouca precisão, por desconhecimento ou pela falta
de acesso do agricultor a instrumentos e métodos práticos capazes de municiá-lo destes dados.
A utilização de instrumentos e métodos alternativos de baixo custo para medir ou
estimar parâmetros climáticos, que utilizem materiais acessíveis e que sejam fáceis de
empregar e calcular, mesmo por pessoas de baixa especialização, caracteriza-se como uma
possibilidade de superação da falta ou imprecisão dos dados. Quer seja para utilização na
agricultura ou para a prática do ensino, o uso de materiais e métodos de cálculo alternativos
pode tornar viável a observação das principais variáveis envolvidas em um balanço hídrico,
sem comprometer a necessária precisão das medidas efetuadas dos fenômenos observados,
desde que se conheça e respeite as limitações de cada um destes métodos e instrumentos.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O presente trabalho teve como objetivo geral identificar e analisar métodos
alternativos para estimativa de duas variáveis de entrada (precipitação e evapotranspiração)
em um balanço hídrico diário, em comparação com a metodologia padrão, visando
disponibilizar aos profissionais da área ferramentas metodológicas e instrumentais de baixo
custo, fácil aquisição ou construção, uso e cálculo, que apresentem precisão aceitável quando
comparados aos métodos e instrumentos considerados padrão pela comunidade científica.
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
– Avaliar as características funcionais e práticas dos métodos alternativos desenvolvidos ou
utilizados para estimar a precipitação e evapotranspiração de referência (ETo), com a
finalidade de realizar um balanço hídrico diário;
– Comparar os valores de precipitação e evapotranspiração de referência (ETo) estimados
com metodologia alternativa com relação aos valores obtidos com a metodologia padrão; e,
– Avaliar estatisticamente os desvios obtidos entre as componentes do balanço hídrico diário
realizado com dados de precipitação e ETo obtidos com metodologia padrão e alternativa.
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Para fins agrícolas, informações quantitativas da precipitação e da evapotranspiração,
contabilizadas através do balanço hídrico, são de grande importância na avaliação da
severidade, distribuição e freqüência dos déficits hídricos, elaboração de projetos e manejo de
sistemas de irrigação e drenagem. O balanço hídrico também pode ser utilizado no
planejamento agropecuário, auxiliando nas tomadas de decisões quanto às técnicas culturais
para conservação da umidade, caracterizações agroclimáticas de uma região, previsões de
safras, sendo todos estes fatores dependentes da água.
3.1 BALANÇO HÍDRICO
O balanço hídrico é um sistema contábil de monitoramento da água do solo (TUCCI,
1997) e resulta da aplicação do princípio da conservação de massa para a água em um volume
de solo vegetado (PEREIRA et al., 1997), permitindo observar a dinâmica de água no solo a
partir do armazenamento, deficiência e excedentes hídricos (THORNTHWAITE e MATHER,
1955). É o método mais eficiente para quantificar o potencial hídrico de uma região, pois
considera a interação entre os fatores edáfico e climático. O fator edáfico interfere no
armazenamento de água do solo e o climático, por sua vez, é representado pela precipitação
pluvial e evapotranspiração (MOSTER et al., 2003).
O balanço hídrico é uma ferramenta utilizada em diversas áreas do conhecimento tais
como a agrícola (PEREIRA et al., 1997), florestal e hidrológica (TUCCI, 1997). Na atividade
agrícola, algumas práticas estão diretamente relacionadas à sua realização. Entre elas pode-se
mencionar o manejo e mobilização do solo, irrigação, práticas fitossanitárias e colheita
(OMETTO, 1981; PEREIRA et al., 1997; TUCCI, 1997; SOUZA, 2001).
O desenvolvimento e a utilização de modelos para a determinação do balanço hídrico
voltados às atividades agrícolas têm se intensificado nos últimos anos. A literatura tem
mostrado que o desenvolvimento e aprimoramento de modelos de simulação de balanço
hídrico têm resultado em interessantes ferramentas para estimar alternativas de planejamento,
dimensionamento e manejo da irrigação (SOUZA e GOMES, 2008). GOMES (2005), por
4
exemplo, cita e descreve uma relação de pelo menos 24 trabalhos que envolveram direta ou
indiretamente a realização de balanços hídricos para auxiliar na composição de modelos
computacionais, voltados à agricultura irrigada.
Além da atividade agrícola, a exploração florestal também utiliza a contabilidade
hídrica, especialmente nas práticas de manejo do solo e para zoneamento de espécies. Em
estudos de hidrologia, o balanço hídrico é um indicador da influencia do uso do solo sobre a
tendência hidrológica de uma bacia hidrográfica. De acordo com TUCCI (1997), o balanço
hídrico em bacias hidrográficas geralmente visa estimar a evapotranspiração baseando-se em
dados de precipitação, evaporação e escoamento superficial e subterrâneo. É considerado
teoricamente preciso para estimativa da evapotranspiração de lagos ou represas, relacionando
as dimensões do reservatório, vazão e precipitação pluvial em uma equação de continuidade.
Na área geográfica, o balanço hídrico foi utilizado por WILLMOTT et al. (1985)
como ferramenta para fundamentar seus trabalhos. Produziram-se cartas de armazenamento
de água no solo, cobertura de neve e evapotranspiração real.
3.1.1 Balanço hídrico quanto à escala temporal e procedimentos para sua realização
A contabilização do balanço hídrico pode ser efetuada dentro de qualquer unidade de
intervalo de tempo, sendo determinada na sua grande maioria, em função da unidade de
tempo adotada para a tomada de decisão. As escalas temporais normalmente utilizadas para a
realização do balanço hídrico são em intervalos anuais, mensais, decendiais, semanais ou
mesmo diários, conforme a sua aplicação, sendo subdivididas em cíclicos e seqüenciais
(contínuos) (PEREIRA et al., 1997). Deve-se ressaltar que, apesar das semelhanças, os
balanços hídricos cíclicos e seqüenciais apresentam particularidades matemáticas distintas
para a sua determinação.
O balanço hídrico cíclico utiliza normalmente dados médios da região, ou seja, dados
climatológicos normais (OMETTO, 1981). Ele reflete a condição normal do local e despreza
as eventualidades do tempo atmosférico. Sua utilização é mais intensa em estudos
climatológicos onde, evidentemente, a finalidade é a descrição do clima e não do tempo
meteorológico. Por sua vez, o balanço hídrico seqüencial ou contínuo normalmente é
realizado em pequenos intervalos de tempo e demonstra a variação da condição hídrica do
local. Quanto menor for o período de estudo, maior será a interferência das variações do
5
tempo meteorológico. Esta contabilidade permite verificar a flutuação hídrica em solo
agrícola e, conseqüentemente, possibilita o manejo da irrigação.
Baseando-se nos componentes do balanço hídrico, diferentes procedimentos podem
ser realizados para determiná-lo, classificando-o como: superficial, aerológico, isotópico,
balanços energéticos, balanços hídricos de superfícies líquidas, modelos matemáticos,
balanços hídricos agrícolas e climatológicos. As principais características envolvidas nos
diferentes procedimentos de cálculo do balanço hídrico podem ser verificadas em OMETTO
(1981), PEREIRA et al. (1997), TUCCI (1997), SOUZA (2001).
O balanço hídrico agrícola é direcionado à determinação da necessidade ou
disponibilidade hídrica real aos cultivos agrícolas, com o objetivo mais comum de quantificar
o volume de água a ser reposta ao solo por intermédio de irrigação, para manutenção da
umidade do solo cultivado próximo da capacidade de campo. Já o balanço hídrico
climatológico, consiste na contabilidade hídrica no solo para fins climatológicos, ou seja, para
classificação climática (THORNTHWAITE e MATHER, 1955; OMETTO, 1981; PEREIRA
et al., 1997). Com ele delimitam-se intervalos de deficiências e excedentes hídricos para a
região em estudo.
Outra classificação de modelos de balanços hídricos pode ser obtida quando o objetivo
do monitoramento for quantificar as necessidades de água das culturas nos seus estádios de
desenvolvimento. Assim, os modelos podem ser classificados em pedológicos, físicos,
fisiológicos, irrigacionistas e climatológicos (CAMARGO e PEREIRA, 1990; SOUZA,
2001).
A escolha do modelo de balanço hídrico mais adequado é determinada principalmente
pelo grau de conhecimento do sistema solo-planta-atmosfera (SOUZA, 2001). Modelos mais
complexos são mais exigentes em dados do solo, cultura e atmosfera, o que pode inviabilizar
a sua utilização. É importante observar que os modelos climatológicos, fundamentados na
realização do balanço hídrico consideram apenas a precipitação e a evapotranspiração de
referência (ETo) ou da cultura (ETc), para determinar deficiências hídricas e realizar a
suplementação de forma racional.
O balanço hídrico climatológico tem sido utilizado em inúmeros trabalhos científicos,
sendo adaptado às necessidades de cada área do conhecimento, constituindo-se em ferramenta
indispensável à obtenção de dados nos trabalhos de pesquisas agrometeorológicas. Em geral,
o balanço hídrico climatológico é realizado com os dados climáticos normais da região, as
6
normais climatológicas, que estabelecem a condição do clima local. No entanto, nada impede
que o mesmo seja determinado a partir de dados instantâneos. A metodologia mais utilizada
para a realização do balanço hídrico é a de THORNTHWAITE e MATHER (1955). Autores
como FRANKE e SAIBRO (1997), MARIN et al. (2000) e SOUZA (2001) adotaram essa
metodologia de balanço hídrico climatológico em diversas modalidades de monitoramento.
3.2 BALANÇO HÍDRICO DE THORNTHWAITE E MATHER (1955)
O processo mais utilizado de contabilidade hídrica no solo para fins agrícolas é o de
THORNTHWAITE e MATHER (1955) (SOUZA, 2001). O método tem se mostrado eficiente
para programar e definir diversas atividades agrícolas.
O balanço hídrico proposto por THORNTHWAITE e MATHER (1955) é um método
que permite a estimativa da evapotranspiração, sendo que o volume de água armazenada no
solo determina a taxa de evapotranspiração real (ER). Quanto mais seco estiver o solo, menor
será a evapotranspiração. Este balanço hídrico foi desenvolvido para determinar o regime
hídrico de um local, sem a necessidade de medidas diretas das condições do solo. Para sua
elaboração, há necessidade de se definir, para uma determinada região ou local, a capacidade
de água disponível (CAD) no solo, os valores de precipitação (P) e evapotranspiração de
referência (ETo), para um período considerado. Com essas informações básicas, a
metodologia permite estimar, para o mesmo período, o armazenamento da água no solo
(ARM), a evapotranspiração real (ER), deficiência (DEF) e excedente hídrico (EXC) em uma
determinada região (OMETTO, 1981; PEREIRA et al., 1997).
O balanço hídrico contabiliza as entradas e saídas de água em um dado volume de solo
vegetado. A entrada da água no sistema pode ser subdividida em: precipitação (P); orvalho
(O); escoamento superficial (ESE); drenagem lateral (DLE); ascensão capilar (AC); e, irrigação
(I). A saída da água, por sua vez, pode ser subdividida em: evapotranspiração (ET);
escoamento superficial (ESS); drenagem lateral (DLS); e, drenagem profunda (DP)
(OMETTO, 1981; PEREIRA et al., 1997). O balanço hídrico segue o princípio de
conservação de massa, assim, o somatório de todas as suas componentes deverá ser nulo.
P + O + ES E + DLE + AC + I − ET − ES S − DLS − DP ± ARM = 0
(01)
Em sistemas agrícolas, uma componente do balanço hídrico deve ser contabilizada
quando interferir no armazenamento (ARM) da água no solo, ou ainda, quando puder ser
7
aproveitada pelas plantas (OMETTO, 1981). Conforme SOUZA (2001) pode-se encontrar na
literatura a relação das seguintes afirmações a respeito de algumas componentes do balanço
hídrico:
– O orvalho, por exemplo, representa uma contribuição pequena, com um máximo de 0,5
mm.dia–1 em locais úmidos;
– O escoamento superficial de entrada (ESE) e de saída (ESS), bem como a drenagem lateral
de entrada (DLE) e de saída (DLS), geralmente tendem a se anular (PEREIRA et al., 1997);
– Como a variação de armazenamento de água ocorre na camada onde se encontra
aproximadamente 80% do sistema radicular da planta (profundidade efetiva) em questão, a
drenagem profunda é contabilizada como excesso (OMETTO, 1981);
– A ascensão capilar pode ser desprezível em solos profundos (PEREIRA et al., 1997);
– A chuva e a evapotranspiração são as componentes de entrada e saída mais importantes de
água do solo (OMETTO, 1981). A irrigação representa uma prática de manejo que pode ser
adotada ou suprimida do sistema conforme a necessidade e não é considerada uma
componente de natureza climática.
Desta forma, o balanço hídrico de THORNTHWAITE e MATHER (1955) considera
em sua contabilização uma série de simplificações para o sistema agrícola, ficando reduzido
aos seguintes componentes,
P − ET ± ARM = 0
(02)
Os subitens dispostos a seguir apresentam aspectos importantes sobre as formas de
entrada e saída de água mais representativas da dinâmica da água do solo agrícola, ou seja,
precipitação, especialmente na forma de chuva ou precipitação pluvial, e a evapotranspiração.
3.2.1 Precipitação
A precipitação pluvial representa o retorno da água na forma líquida da atmosfera para
o solo. A condensação do vapor de água, evaporado e transpirado para a atmosfera, inicia-se
na presença de núcleos de condensação devido à saturação do ar por resfriamento ou
descompressão adiabática (OMETTO, 1981; TUBELIS e NASCIMENTO, 1986).
O volume total precipitado em uma determinada região é o fator predominante para
quantificar, por exemplo, a necessidade de irrigação. A precipitação pode ocorrer na forma de
8
chuva, granizo e neve, sendo que no Brasil a maioria absoluta da precipitação ocorre na forma
de chuva (OMETTO, 1981; TUBELIS e NASCIMENTO, 1986).
(a) Instrumentos e aparelhos de medida da precipitação
Respectivamente, o pluviômetro e pluviógrafo são os instrumentos e aparelhos
utilizados para determinar a quantidade e intensidade de precipitação de água em uma região,
em um determinado período de tempo. A unidade generalizadamente adotada para a medida
da precipitação é o milímetro (OMETTO, 1981).
O pluviômetro é um aparelho contendo uma superfície de captação horizontal e um
reservatório para acumular a água recolhida ligado à esta área de captação. Os pluviógrafos
são aparelhos que registram o volume de água precipitada por unidade de tempo (LIMA e
FREIRE, 1976). A Organização Metereológica Mundial - WMO (2008) sugere que a área de
captação dos pluviômetros situe-se entre 200 cm2 e 500 cm2, principalmente se formas sólidas
de precipitação forem esperadas em quantidade significativa.
Existem diversos modelos de pluviômetros, sendo os mais comuns: o pluviômetro do
United States Weather Bureau (muito utilizado nos Estados Unidos), Ville de Paris (muito
utilizado no Brasil), e o pluviômetro de báscula, utilizado preferencialmente em estações
metereológicas automáticas (OMETTO, 1981; TUBELIS e NASCIMENTO, 1986;
SENTELHAS e CARAMORI, 2002).
O pluviômetro do tipo Ville de Paris é usado na rede nacional de postos
climatológicos do Instituo Nacional de Metereologia (INMET). Neste tipo de pluviômetro, a
superfície de captação da chuva e o recipiente coletor de água formam um único corpo. O
aparelho deve ser instalado em um suporte de forma a facilitar seu manuseio, sendo que a
superfície de captação deverá permanecer perfeitamente nivelada. A superfície coletora é
circular, com 400 cm2 de superfície e 22,57 cm de diâmetro. O pluviômetro consiste em duas
peças cilíndricas que se encaixam. A peça superior define a área de captação na parte superior
e possui um funil na parte inferior. A peça inferior contém uma proveta graduada para receber
e medir o volume de água coletada. A Organização Metereológica Mundial recomenda sua
instalação a uma altura de 1,5 m do solo. No momento da leitura, o observador abre a torneira
do receptor e mede o volume de água coletada com uma proveta graduada diretamente em
milímetros de precipitação (CEZÁRIO, 2005).
9
O pluviômetro de báscula é próprio para utilização em estações metereológicas
automáticas, por não necessitar da intervenção humana para a sua leitura e esvaziamento.
Dotado de um sistema de armazenamento móvel, ele é capaz de gerar automaticamente um
pulso elétrico a cada unidade de medida preenchida, findo o qual o mesmo se encontra
novamente capaz de efetuar nova coleta e medição. Este pulso elétrico pode ser enviado para
um aparelho denominado data logger, que o registra e acumula (CEZÁRIO, 2005).
(b) Cuidados necessários para a medida da precipitação
Segundo WMO (2008), a medida da precipitação, quer através de pluviômetros ou de
pluviógrafos, está sujeita a erros, os quais podem ser reduzidos caso sejam tomados cuidados
na sua construção e na sua instalação e manejo. Os principais erros podem ocorrer devido à
evaporação, respingo para fora, acúmulo de orvalho, localização e ação do vento.
– Evaporação: Quando uma leve chuva começa a cair em um pluviômetro seco, parte da água
ficará retida nas paredes do aparelho, levando ao atraso no início do registro da
precipitação. Se o pluviômetro encontra-se quente, parte da água será perdida por
evaporação. O erro por evaporação geralmente é pequeno, mas o atraso no registro do
início da chuva pode ser significativo em estimativas de eventos curtos e pequena
intensidade. A perda por evaporação pode ser reduzida se o tubo abaixo do funil for de
pequena seção transversal, reduzindo assim a área de evaporação para a água já coletada;
– Respingo para fora: Gotas grandes quando atingem o topo do funil podem respingar para
fora do pluviômetro. Desse modo, apenas uma parte da gota é coletada. Para reduzir o erro
é necessário que o pluviômetro seja construído de material não higroscópico e que possua
bordas finas e altas, perfeitamente lisas e limpas;
– Acumulação de orvalho: A formação de orvalho pode ser acumulada e provocar um
acréscimo no valor da medida. Neste caso, há uma superestimativa da precipitação. Se o
orvalho não for suficiente para ser registrado ele normalmente é evaporado durante o dia;
– Localização e ocorrência de ventos: Objetos e construções próximas ao pluviômetro podem
interferir na precisão da medida. Os obstáculos podem subestimar até 20% das chuvas de
baixa intensidade, com ventos entre 5 m s–1 e 10 m s–1, e até 80% das chuvas com ventos de
velocidade superior a 10 m s–1. Em chuvas de média intensidade, o surgimento de respingos
devido à presença dos obstáculos pode superestimar ou subestimar as medidas. A ação do
vento junto a um obstáculo próximo ao pluviômetro pode criar vórtices e redemoinhos que
10
afetarão a distribuição da água precipitada na área ao redor do pluviômetro, que deixando
de ser homogênea, acaba por afetar a medida da precipitação. Para contornar este problema,
o pluviômetro deve ser instalado a uma altura de 1,5 m da superfície do solo, totalmente
nivelado e a uma distancia de pelo menos duas vezes a altura do elemento mais alto
(obstáculo ou pluviômetro). Em caso de localizações desfavoráveis, com ocorrência
freqüente de vento, pode-se ainda utilizar elementos específicos, denominados “quebraventos”, para reduzir a influência do vento no processo de medição.
(c) Considerações sobre processos experimentais para medir ou estimar a precipitação
O uso de pluviômetros “alternativos”, notadamente os construídos a partir de garrafas
PET (politereftalato de etila), possuindo diferentes dimensões, têm-se tornado usual em
diferentes situações (MENDES, 2006; MEIRA, 2007), sendo as leituras normalmente
realizadas com o auxílio de provetas graduadas (COELHO NETTO, 2003) ou adesivos
(MEIRA, 2007; ARBOLEYA e MELLO, 2008). LAREDO e COSTA (2009) apresentaram os
procedimentos a serem seguidos para a construção de um pluviômetro utilizando garrafa PET,
dotado de um funil interno, torneira, pintado interna e externamente.
A UFRPE (2008) salienta a utilidade do convênio firmado entre a Universidade
Federal de Pernambuco e a rede pública escolar de Camaragibe-PE, através do qual alunos da
rede escolar construíram e instalaram cinqüenta pluviômetros de garrafas PET, para fins de
monitoramento do risco de desabamentos em morros situados em bairros da cidade. Solução
semelhante foi adotada pela Prefeitura Municipal de São Paulo-SP. Segundo ARBOLEYA e
MELLO (2008), a prefeitura instituiu um plano denominado “Operação Chuvas de Verão”,
para ser utilizado pela Defesa Civil da Cidade de São Paulo no período compreendido entre o
dia primeiro de novembro de 2008 e 15 de abril de 2009, período crítico de chuvas, ou quando
houver necessidade. Geralmente, o monitoramento participativo é feito por meio de
pluviômetros construídos com garrafas PET e as leituras são realizadas por uma pessoa da
própria comunidade três vezes ao dia.
No entanto, os “modelos alternativos” de pluviômetros, descritos em seus aspectos
construtivos em alguns projetos de extensão e reportagens, necessitam de comprovação
científica que, efetivamente, validem seu procedimento de construção, instalação, precisão e
capacidade de medição, bem como identifique suas limitações e erros de mensuração.
11
Comparações entre o pluviômetro Ville de Paris e outros instrumentos definidos pela
comunidade científica como “padrões” também são freqüentemente realizadas. SENTELHAS
e CARAMORI (2002) observaram, ao comparar o pluviômetro Ville de Paris com
pluviômetros de báscula (rain tipping bucket gauges), diferenças nos valores medidos as quais
foram diretamente relacionadas à intensidade da precipitação, à resolução da báscula e à área
de captação, assim como à ação de ventos intensos. Para SEIBERT e MORÉN (1999) os erros
decorrentes da resolução da báscula são os mais comuns e sua origem reside na incapacidade
do sistema em computar a chuva na mesma intensidade com que ela ocorre, o que irá
depender também da área de captação do pluviômetro. TANNER (1990)1, citado por
SENTELHAS e CARAMORI (2002), comenta que pluviômetros com diâmetro de 30,5 cm e
resolução de 0,2 mm são os que oferecem medidas com melhor precisão e exatidão.
Uma análise comparativa entre os totais mensais de precipitação registrados nos
pluviômetros Ville de Paris e o modelo DNAEE foi apresentada por CASTILHO (2005), com
o objetivo de verificar a existência de perda por evaporação no pluviômetro Ville de Paris. Os
aparelhos funcionaram simultaneamente ao longo de dez anos em uma mesma estação,
localizada na região central do estado de Minas Gerais. O autor não verificou diferenças
significativas entre os valores de precipitação coletados pelos dois aparelhos.
3.2.2 Evapotranspiração
A evapotranspiração é o processo simultâneo da transpiração vegetal e da evaporação
da água da superfície do solo e nas folhas das plantas. A transpiração vegetal ocorre através
dos estômatos e da cutícula das plantas, utilizando a água absorvida pelo sistema radicular ao
longo do perfil de solo. A evaporação corresponde à perda da água depositada na superfície
vegetal e a contida no solo (TUBELIS e NASCIMENTO, 1986). A evapotranspiração pode
ser expressa em valores totais, médios ou diários, em volume por unidade de área ou em
lâmina de água (mm), no período considerado, e é importante para que se possa realizar o
balanço hídrico de uma região (PEREIRA et al., 1997).
Devido às condições de umidade do solo e da cobertura vegetal do mesmo, a
evapotranspiração é denominada ou definida na literatura de diferentes maneiras:
– PEREIRA et al. (1997) descrevem que a evapotranspiração potencial (ETp) é a perda de
água para a atmosfera, de uma superfície natural, sem restrição hídrica para transpiração e
1
TANNER, B.D. Automated weather stations. Remote Sensing Reviews, v. 5, n. 1, p. 73-98. 1990.
12
evaporação no solo. A evapotranspiração real (ER) é a perda de água de uma superfície
natural, em qualquer condição de umidade e cobertura vegetal, sendo a que normalmente
ocorre em sistemas agrícolas, devido a variações de umidade e cobertura do solo, sendo um
caso especial da ETp.
– DOORENBOS e PRUITT (1975) estabeleceram a grama batatais (Paspalum notatum
Flugge) como cobertura vegetal padronizada para o solo, e denominaram a evapotranspiração
potencial (ETp) sob esta condição de evapotranspiração de referência (ETo). A literatura
apresenta uma série de metodologias para medir ou estimar a ETo.
A estimativa da evapotranspiração em uma determinada propriedade é importante para
a agricultura irrigada, pois auxilia o agricultor a controlar tanto a quantidade e o momento em
que devem fornecer água às culturas agrícolas, uma vez que, conhecendo a evapotranspiração
da cultura (ETc) e a capacidade do sistema de irrigação, pode-se com muita facilidade calcular
o tempo de irrigação (Ti) necessário para que a cultura produza o máximo e sem desperdício
de água (SOUZA, 2001).
(a) Medida da evapotranspiração
A evapotranspiração de referência (ETo) pode ser medida com lisímetros ou
evapotranspirômetros, ou ainda estimada, por modelos teóricos embasados no clima, solo e
planta. A medida diária da evapotranspiração, apesar de onerosa e trabalhosa, é, no entanto,
essencial para suprir as necessidades de dados para aferição dos modelos de estimativa. A
coleta destes dados normalmente é feita em estações meteorológicas de institutos de pesquisa
(OMETTO, 1981; SOUZA, 2001).
(b) Estimativa da evapotranspiração
Conforme relata SOUZA (2001), diversos métodos de estimativa da evapotranspiração
de referência para fins climatológicos são citados na literatura. SEDIYAMA (1987) comenta a
existência de mais de 50 métodos de cálculo, descrevendo os 10 mais utilizados na época.
PEREIRA et al. (1997) detalharam 17 métodos de estimativa da evapotranspiração e os
distribuiu nas categorias: empírico, aerodinâmico, balanço de energia, combinado e correlação
dos turbilhões.
Dentre os métodos de estimativa, a equação de Penman-Monteith, parametrizada por
pesquisadores da FAO (ALLEN et al., 1998), é um dos modelos mais utilizados e
13
recomendados. O método assume uma superfície cultivada com grama hipotética com altura
de 0,12 m, resistência aerodinâmica (rs) de 70 s⋅m–1 e albedo de 0,23, e requer medidas de
temperatura do ar (máxima e mínima), umidade relativa do ar, radiação solar medida ou
estimada a partir da medida de horas de insolação e velocidade do vento, tomadas a 2 m de
altura ou corrigidas para esse patamar. Entretanto, estes dados são de difícil obtenção, devido
à diversidade de regiões, locais e a inexistência de séries históricas de dados e, ou, de
equipamentos para a medição.
Diante das observações feitas no parágrafo anterior, a literatura apresenta uma série de
modelos simplificados, empíricos, com a finalidade de estimar a evapotranspiração de
referência (ETo).
PEREIRA et al. (1997) apresenta os seguintes métodos empíricos que se baseiam
basicamente na temperatura do ar:
– O método de Thornthwaite baseia-se apenas na temperatura média do ar, sendo esta sua
principal vantagem. Foi desenvolvido para condições de clima úmido e, por isso,
normalmente apresenta subestimativa da evapotranspiração de referência em condições de
clima seco. Apesar dessa limitação, é um método bastante empregado para fins
climatológicos, na escala mensal;
– O método proposto por Camargo também se baseia na metodologia de Thornthwaite e
apresenta as mesmas vantagens e restrições descritas anteriormente. No entanto, possui a
vantagem de não necessitar da temperatura média mensal normal. Contudo, necessita da
radiação solar extraterrestre (Qo), a qual pode ser obtida em tabelas ou estimada com
equações empíricas;
– Hargreaves e Samani desenvolveram um método próprio para regiões de clima seco. O
método baseia-se na temperatura média do ar e na amplitude térmica. Tem como vantagem a
sua aplicabilidade em climas áridos e semi-áridos, como no nordeste do Brasil. A
desvantagem é sua limitação em condições de clima úmido, apresentando valores
superestimados;
– O método de Linacre é uma simplificação do método de Penman e, para a estimativa da
evapotranspiração de referência mensal média de uma área bem suprida de umidade,
considera algumas aproximações. A partir de alterações na estimativa da temperatura de ponto
14
de orvalho, o método tem sido usado também para estimar a ETo em períodos menores que
um mês.
O método de BUDYKO é muito simplificado, sendo aconselhado a sua utilização
apenas em caso de não existência de dados meteorológicos ou condições em que não se possa
estimar a ETo por outro método mais preciso. O método considera que a ETo média diária
equivale a 1/5 da temperatura média do ar (CASTRO NETO e SOARES, 1989).
HENRIQUE (2006), por sua vez, considerando o conhecimento adquirido através da
literatura, constatou a existência de uma relação entre a evapotranspiração de referência (ETo)
e a amplitude térmica diária e, neste sentido, procurou identificar esta relação. Em uma série
de análises com modelos simplificados de estimativa de evapotranspiração de referência que
propôs, o autor obteve correlações estreitas com o método de Penman-Monteith.
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho foi conduzido no Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do
Paraná (UFPR), em Curitiba, Paraná. A análise dos dados foi realizada no Laboratório de
Modelagem de Sistemas Agrícolas (LAMOSA) DSEA/SCA/UFPR.
Curitiba possui uma área de aproximadamente 430,9 km2, sendo de clima temperado,
relevo levemente ondulado e altitude média de 934,6 m, localizada nas coordenadas 25º25'48''
de latitude Sul e 49º16'15'' de longitude Oeste. A pluviosidade é de aproximadamente 1500
mm ano–1. De forma geral, segundo a classificação de Wladimir Köeppen, o clima do
município de Curitiba classifica-se como Cfb – Clima subtropical úmido mesotérmico, de
verões frescos e com ocorrência de geadas severas e freqüentes, não apresentando estação
seca. A média das temperaturas dos meses mais quentes é inferior a 22 oC e a dos meses mais
frios é inferior a 18 oC (AGM, 2001; MAACK, 2002).
4.2 PRINCIPAIS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
O presente trabalho foi desenvolvido em quatro etapas:
Primeira etapa: Levantamento dos dados climáticos necessários para estimar os valores de
evapotranspiração de referência (ETo), a partir das metodologias padrão e alternativa para
uma longa série de anos.
Segunda etapa: Construção dos pluviômetros alternativos e instalação dos mesmos junto ao
pluviômetro considerado padrão (Ville de Paris), para as respectivas coletas de dados
pluviométricos;
Terceira etapa: Análise de regressão linear e correlação entre os valores de precipitação e
evapotranspiração de referência (ETo), medidos ou estimados, com as metodologias padrão e
alternativa, respectivamente; e,
Quarta etapa: Realização de cenários visando verificar estatisticamente os desvios obtidos
entre as componentes do balanço hídrico diário realizado com dados de precipitação e ETo,
obtidos com metodologia padrão e alternativa, para a região de Curitiba, PR.
16
4.3
MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVOS UTILIZADOS PARA MEDIR OU
ESTIMAR A PRECIPITAÇÃO
Uma vez que o pluviômetro tipo Ville de Paris (Figura 4.1), normalmente é
estabelecido na bibliografia como padrão para realizar a medição pluviométrica de um
determinado local, optou-se por analisar suas características construtivas, tais como:
– A área de captação da precipitação (embocadura);
– O material do qual é constituído;
– O método utilizado para drenar o volume de água nele retido; e,
– A existência de um anteparo interno de proteção contra a queda de material estranho e, ou,
para a redução da evaporação do líquido armazenado.
As características do pluviômetro Ville de Paris são bem determinadas, sendo
construído de aço inox, possuindo área de captação de 400 cm2 e contendo um protetor
interno na forma de tronco de cone com uma torneira em sua extremidade inferior, para a
drenagem do líquido acumulado.
(a)
(b)
FIGURA 4.1 – Pluviômetro tipo Ville de Paris, utilizado para medir a precipitação da área
experimental (leitura padrão)
17
Desta forma, determinou-se também, com igual precisão, os mesmos parâmetros nos
pluviômetros apresentados como alternativos. Optou-se por construir sete tipos distintos de
pluviômetros para comparar as características de cada um, com aquelas presentes no
pluviômetro Ville de Paris, de modo a assegurar maior precisão no registro da precipitação.
Os parâmetros analisados foram:
– Altura do pluviômetro em relação ao solo;
– Área de captação da precipitação pluviométrica;
– Método de retirada do líquido acumulado; e,
– Proteção contra evaporação e entrada de material estranho.
O pluviômetro do tipo Ville de Paris foi utilizado como instrumento padrão para
medida da precipitação. Para análise dos resultados, as leituras obtidas com este instrumento
foram comparadas com as estimativas das precipitações pluviométricas realizadas com os sete
pluviômetros propostos, denominado alternativos, construídos a partir da reciclagem de
garrafas PET (politereftalato de etila), mais um pluviômetro comercial confeccionado em
corpo único de plástico cristal e OS. As principais características construtivas dos
pluviômetros utilizados (padrão e alternativo) podem ser visualizadas na Tabela 4.1.
Todos os pluviômetros utilizados, com exceção do instalado rente ao solo, foram
dispostos na altura de 1,5 m a partir da superfície do solo, fixados em uma barra de ferro,
contendo encaixes construídos de latão rebitado (Figura 4.2), no tamanho e formato exato de
cada aparelho, para assegurar que intempéries e quaisquer oscilações provocadas pela ação do
vento não prejudicasse as medidas de precipitação. Cada pluviômetro encontrava-se afastado
a 2 m de distância do pluviômetro vizinho, para evitar possíveis interferências.
Os pluviômetros (padrão e alternativos) foram dispostos em uma área experimental do
Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, conforme está apresentado nas Figuras 4.3 e
4.4, nas coordenadas 25o 24´ 47” latitude Sul e 49o 14´ 59” longitude Oeste.
18
TABELA 4.1. Área de captação, altura de instalação, características construtivas e capacidade
de registro dos pluviômetros utilizados (padrão e alternativos)
Área de
captação
(cm2)
Altura em
relação ao solo
Ville de Paris
400,0
1,5
Alternativo 1
283,5
Superfície
Alternativo 2
63,9
1,5
Alternativo 3
231,5
1,5
Alternativo 4
34,6
1,5
Modelo
Características construtivas
(m)
Alternativo 5
61,1
1,5
Alternativo 6
62,1
1,5
Alternativo 7
64,1
1,5
Alternativo 8*
5,7
1,5
Pluviômetro comercial padrão, com capacidade de
7,0 L (útil: 5,25 L; medido com o nível da água no
início do bico do funil)
Capacidade de 2,0 L. Garrafa PET disposto rente à
superfície do solo, contendo um funil plástico
circular logo acima
Capacidade de 1,5 L (útil: 0,7 L; 18,0 cm de altura
da tampa do recipiente até o nível da água)
Capacidade de 5,0 L (útil: 3,5 L; 21 cm de altura da
tampa do recipiente até o nível da água)
Capacidade de 0,5 L (útil: 0,3 L; 14 cm de altura da
tampa do recipiente até o nível da água)
Capacidade de 1,5 L, contendo uma mangueira tipo
utilizado em aquários para fazer o processo de
drenagem do volume de água coletado (útil: 0,7 L;
18,0 cm de altura da tampa do recipiente até o nível
da água)
Capacidade de 1,5 L, contendo um funil interno
feito a partir de outra garrafa PET de mesma marca
e volume, inserida uma dentro da outra (útil: 0,7 L;
18,5 cm de altura da tampa do recipiente até o nível
da água)
Capacidade de 1,5 L, contendo pintura interna e
externa com tinta acrílica própria para uso em
plásticos (útil: 0,7 L, 18,0 cm de altura da tampa do
recipiente até o nível da água)
Pluviômetro comercial, capacidade de 0,25 L,
confeccionado em corpo único de plástico cristal e
OS
Capacidade de
registro (lâmina)
(mm)
131,3
70,5
109,6
151,2
86,7
114,6
112,7
109,2
150,0
FIGURA 4.2 – Estrutura de sustentação dos pluviômetros, fixados em uma barra de ferro, a
1,5 m de altura da superfície do solo, contendo encaixes construídos de latão
rebitado
19
FIGURA 4.3 – Distribuição dos pluviômetros na área experimental, sendo: Ville de Paris;
Alternativo 1 a 8; conforme especificações dispostas na Tabela 4.1
FIGURA 4.4 – Vista da área experimental onde foram instalados os pluviômetros
20
Para a determinação da área de captação da precipitação, após o corte transversal, cada
garrafa utilizada na confecção dos pluviômetros alternativos foi “scanneada” ao lado de uma
folha de papel milimetrado (Figura 4.5). Utilizando-se um software gráfico, as imagens das
áreas transversais tiveram suas bordas destacadas e o seu interior preenchido com a mesma
estampa milimetrada da página scanneada (para evitar quaisquer distorções nas proporções),
após o que foi realizada a contagem manual das quadrículas.
(a)
(b)
(c)
FIGURA 4.5 – Representação gráfica da área de captação da precipitação (seção transversal)
dos pluviômetros alternativos, sendo: (a) Alternativo 2; (b) Alternativo 3; e,
(c) Alternativo 4
4.3.1 Análises comparativas entre o pluviômetro padrão (Ville de Paris) e alternativos
(a) Altura de instalação e área de captação
Para verificar a influência da área de captação e da altura do pluviômetro em relação
ao solo foi instalado um pluviômetro a 10 cm da superfície do solo, construído a partir de uma
garrafa PET de volume 2,0 L (pluviômetro Alternativo 1). Acima do corte feito na garrafa
PET, um funil circular de 283,5 cm2, disposto rente à superfície do solo, teve a finalidade de
servir como área de captação da precipitação e prevenir a entrada de impurezas (Figura 4.6).
21
FIGURA 4.6 – Pluviômetro Alternativo 1, construído a partir de uma garrafa PET e de um
funil plástico de 283,5 cm2 de área de captação
(b) Área de captação
Para verificar a influência da área de captação da precipitação, foram confeccionados
três diferentes pluviômetros a partir de garrafas PET, sendo construídos de garrafa de água
mineral de 1,5 L (Alternativo 2), 5,0 L (Alternativo 3) e 0,5 L (Alternativo 4). Todos sendo da
mesma marca comercial e material (Figura 4.7).
FIGURA 4.7 – Pluviômetros Alternativos 2, 3 e 4, construídos a partir de garrafas PET de
mesma marca comercial e material, possuindo diferentes áreas de captação
22
(c) Processo de drenagem da água precipitada e armazenada no interior do pluviômetro
Para verificar a influência do processo de drenagem do volume de água coletado no
pluviômetro, foi construído um pluviômetro a partir de uma garrafa PET de água de 1,5 L, da
mesma marca que as demais, porém dotada de mangueira com torneira, do tipo utilizado em
aquários, com processo construtivo similar à utilizada no pluviômetro Ville de Paris (Figura
4.8). A área de captação foi medida obtendo-se o valor de 61,1 cm2 (pluviômetro Alternativo
5). É importante observar que as medidas do volume de água precipitado nos pluviômetros
Alternativos 1 a 4 e 6 a 8, foram realizada manualmente, removendo o pluviômetro do seu
respectivo suporte e dispondo o volume precipitado em uma proveta.
FIGURA 4.8 – Pluviômetro Alternativo 5, construído a partir de uma garrafas PET e
contendo uma mangueira com torneira
(d) Utilização de um funil interno para proteção contra entrada de folhas, insetos, entre
outros, no interior do pluviômetro
Para verificar a influência do tronco de cone interno existente no pluviômetro Ville de
Paris, quanto à precisão da medida, foi construído um pluviômetro a partir de duas garrafas
PET de água, ambas de 1,5 L, da mesma marca que as demais, inseridas uma dentro da outra
(pluviômetro Alternativo 6). A área de captação da precipitação pluviométrica do pluviômetro
foi de 62,1 cm2 (Figura 4.9).
23
FIGURA 4.9 – Pluviômetro alternativo 6, construído a partir de uma garrafa PET e contendo
um funil interno
(e) Material construtivo
Para verificar a influência da transparência dos pluviômetros alternativos ou a
capacidade de escorrimento do material alternativo em relação ao aço inox do pluviômetro
Ville de Paris, foi construído um pluviômetro a partir de uma garrafa PET de água, de 1,5 L,
da mesma marca que as demais, porém pintada interna e externamente com tinta acrílica
própria para uso em plásticos (pluviômetro Alternativo 7). A área de captação da precipitação
pluviométrica foi medida, obtendo-se o valor de 64,1 cm2 (Figura 4.10).
FIGURA 4.10 – Pluviômetro alternativo 7, construído a partir de uma garrafa PET e contendo
pintura interna e externa com tinta acrílica
24
(f) Análises considerando um pluviômetro comercial, constituído de material plástico
Foi verificada também a influência do material e características construtivas de um
pluviômetro comercial disponível no mercado. Este pluviômetro é confeccionado em corpo
único de plástico cristal e OS, sendo a medição realizada no próprio corpo do instrumento
(Figura 4.11). A área de captação do pluviômetro é de 5,7 cm2 e sua escala varia de 5 mm a
150 mm, com precisão de 2 mm (pluviômetro Alternativo 8).
FIGURA 4.11 – Pluviômetro Alternativo 8, comercial, construído de material plástico cristal
e OS, possuindo área de captação de 5,7 cm2, com escala variando de 5 mm
a 150 mm, e obtendo precisão de 2 mm
4.3.2 Coleta e avaliação da precipitação pluviométrica
A coleta dos dados de precipitação pluviométrica foi realizada nos dias com
pluviometria, às 9:00 h da manhã, no período compreendido entre 16 de julho de 2008 e 15 de
janeiro de 2009. Para reduzir a possibilidade de erros nas leituras, com exceção do
pluviômetro Alternativo 8 (comercial), as medições foram realizadas utilizando a mesma
proveta graduada de 250 ml, para todos os pluviômetros utilizados no experimento.
A determinação da altura precipitada foi calculada com expressão,
Pi = 10 ⋅
Vi
A
(03)
Sendo, Pi – altura de precipitação pluviômetro no i-ésimo dia (mm dia–1); Vi – volume de água
captada no pluviômetro considerado, no i-ésimo dia (ml dia–1); A – área de captação do
pluviômetro considerado (cm2).
25
A análise dos resultados foi realizada por meio de ajuste de equações de regressão
linear aos dados observados e seu respectivo coeficiente de correlação (R). Assim, foram
realizadas análises contrastando precipitação medida (Pluviômetro Ville de Paris) vs estimada
com os pluviômetros alternativos, confrontado as características: (a) área de captação e altura
do pluviômetro em relação o solo; (b) tamanho da área de captação da precipitação
pluviométrica; (c) método de retirada do líquido armazenado do pluviômetro; (d) influência
do funil quanto às perdas por evaporação devido ao material construtivo e a existência ou não
de funil interno; e, (e) relação aos produtos comerciais existentes.
Para avaliar a exatidão entre os valores de precipitação pluviométrica medida com o
pluviômetro tipo Ville de Paris e os pluviômetros alternativos, foi utilizado o índice “d” de
concordância de WILLMOTT et al. (1985), cuja equação é apresentada abaixo. Os valores
deste índice podem variar de zero a 1 (um), sendo que quanto mais próximo da unidade,
melhor será a exatidão das estimativas do modelo.
n
2

Pˆi − Pi
∑

d = 1 −  n i =1

Pˆi − P + Pi − P
 ∑
i =1
(
(
)



2


)
(04)
Sendo: d – índice de concordância de WILLMOTT et al. (1985); P̂i – precipitação
pluviométrica estimada no i-ésimo dia (mm dia–1); Pi – precipitação medida no pluviômetro
tipo Ville de Paris no i-ésimo dia (mm dia–1); P – média das precipitações pluviométricas
medidas no pluviômetro Ville de Paris, no período considerado (mm dia–1); n – número de
dias.
4.4 MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVOS UTILIZADOS PARA ESTIMAR A
EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo)
4.4.1 Método padrão para estimativa da evapotranspiração de referência (ETo)
A evapotranspiração de referência padrão (ETo), diária, foi estimada para a região de
Curitiba-PR com o método de Penman-Monteith, utilizando uma planilha desenvolvida por
ARAUJO e SOUZA (2008). Esta planilha emprega a parametrização recomendada pela FAO
– Food and Agriculture Organization of the United Nations (ALLEN et al., 1998), cuja
equação geral é dada por:
26
900
⋅ U 2 ⋅ (es − ea)
(TMED + 273)
∆ + γ ⋅ (1 + 0,34 ⋅ U 2 )
0,408 ⋅ ∆ ⋅ ( Rn − G ) + γ ⋅
ETo PM i =
sendo: EToPM
i
(05)
– evapotranspiração de referência estimada com o método de Penman-
Monteith para um i-ésimo dia (mm⋅dia–1); ∆ – declividade da curva de pressão de vapor da
água à temperatura do ar (kPa⋅oC–1); Rn – radiação líquida na superfície (MJm–2 d–1); G –
balanço do fluxo de calor no solo (MJ m–2 d–1); γ – constante psicrométrica (kPa⋅oC–1); TMED –
temperatura média do ar (oC); U2 – velocidade do vento a dois metros de altura (m⋅s–1); es –
tensão de saturação de vapor (kPa); ea – tensão parcial de vapor (kPa).
O trabalho de ARAUJO (2008) traz todos os detalhes sobre a equação de PenmanMonteith parametrizada pela FAO (ALLEN et al., 1998) e os passos seguidos para constituir
a planilha eletrônica desenvolvida por ARAUJO e SOUZA (2008), para se chegar ao cálculo
da ETo com o referido método.
4.4.2 Métodos alternativos para estimativa da evapotranspiração de referência (ETo)
Para a estimativa da evapotranspiração da referência (ETo) foram utilizados modelos
alternativos, empíricos e simplificados, que consideram basicamente a temperatura do ar e a
radiação solar extraterrestre do local. Desta forma, foram utilizados os métodos propostos por
THORNTHWAITE (1948), CAMARGO (1971), HARGREAVES e SAMANI (1985),
LINACRE (1977), BUDYKO (CASTRO NETO e SOARES, 1989) e modelos ajustados a
partir de correlações entre EToPM (Penman-Monteith) diária vs temperatura máxima (TMax) e
mínima (TMin) diária, com as equações linear, exponencial, logarítmica e potencial.
(a) Método de THORNTHWAITE (1948)
O método de THORNTHWAITE (1948) estima a ETo para um mês de 30 dias e 12
horas de fotoperíodo. No presente estudo o cálculo foi realizado utilizando-se uma planilha
denominada “MORETTI – Módulo: Estimativa da evapotranspiração de referência com o
método de THORNTHWAITE (1948)”, desenvolvida por SOUZA (2007). Basicamente o
módulo estima a ETo conforme a metodologia de THORNTHWAITE (1948) descrita por
PEREIRA et al. (1997). No entanto, seguindo o procedimento adotado por SOUZA et al.
(1994), a estimativa da ETo diária foi realizada considerando a temperatura média diária do ar
( TMED i ), conforme descrito a seguir:
27
a
EToTW i
N 1
 10 ⋅ TMED i 
= i ⋅ ⋅ 16 ⋅ 
 ,
I
12 30


o
sendo: TMED i > 0 C
a = 6,75 ⋅ 10 −7 ⋅ I 3 − 7,71 ⋅ 10−5 ⋅ I 2 + 1,7912 ⋅10 −2 ⋅ I + 0,49239
12
(06)
(07)
1, 514
I = ∑ (0,2 ⋅ Tm )
,
i =1
sendo: Tm > 0 o C
(08)
Sendo: EToTWi – evapotranspiração de referência estimada com o método de
THORNTHWAITE (1948) para o i-ésimo dia (mm dia–1); Ni – fotoperíodo do i-ésimo dia (h);
TMED i – temperatura média do ar no i-ésimo dia (oC); a – função cúbica do índice de calor ( I )
da região (adimensional); I – índice de calor da região (adimensional); Tm – temperatura
média normal do m-ésimo mês do ano (oC).
(b) Método de CAMARGO (1971)
A estimativa da ETo foi realizada conforme a metodologia de CAMARGO (1971)
descrita por PEREIRA et al. (1997). No entanto, os cálculos da ETo não foram realizados
para um período de 10 a 30 dias conforme sugerido, mas sim para um período diário,
conforme está apresentado abaixo:
EToCM i = Qoi . F . TMED i
(09)
Sendo: EToCM i – evapotranspiração de referência estimada com o método de CAMARGO
(1971) para o i-ésimo dia (mm dia–1); Qoi – radiação solar extraterrestre do i-ésimo dia,
expressa em equivalente de evaporação (mm dia–1); F – fator de ajuste que varia com a
temperatura média anual do local (como a região de Curitiba possui temperatura média anual
inferior a 23 oC, o valor de F utilizado foi igual a 0,01); TMED i – temperatura média do ar no iésimo dia (oC).
Os valores de radiação solar extraterrestre do i-ésimo dia, expressa em MJ m–2 dia–1,
foram calculados utilizando a planilha eletrônica desenvolvida por ARAUJO e SOUZA
(2008). A transformação dos valores de radiação solar extraterrestre do i-ésimo dia em
equivalente de evaporação (Qoi – mm dia–1) foi realizada a partir da relação:
Qoi ( mm.dia −1 ) =
Qoi ( MJ .m −2 .dia −1 )
2,45
(10)
28
Sendo: Qoi ( mm.dia −1 ) – radiação solar extraterrestre do i-ésimo dia em equivalente de
evaporação, contendo a unidade mm dia–1; Qoi ( MJ .m−2 .dia −1 ) – radiação solar extraterrestre do iésimo dia contendo a unidade MJ m–1 dia–1.
(c) Método de HARGREAVES e SAMANI (1985)
A estimativa da ETo com o método de HARGREAVES e SAMANI (1985) foi
realizada conforme a metodologia descrita por PEREIRA et al. (1997):
EToHS i = 0,0023 . Qoi . (TMED i + 17,8) . (TMAX i – TMIN i)0,5
(11)
Sendo: EToHS i – evapotranspiração de referência estimada com o método de HARGREAVES
e SAMANI (1985) para o i-ésimo dia (mm dia–1); Qoi – radiação solar extraterrestre do iésimo dia expressa em equivalente de evaporação (mm dia–1); TMED i – temperatura média do
ar no i-ésimo dia (oC); TMAX i – temperatura máxima do ar no i-ésimo dia (oC); TMIN i –
temperatura mínima do ar no i-ésimo dia (oC).
Os valores de Qoi, na unidade mm dia–1, foram calculados conforme descrito no
subitem anterior, para o método de CAMARGO (1971).
(d) Método de BUDYKO
Segundo CASTRO NETO e SOARES (1989), a equação simplificada e empírica de
BUDYKO estima o valor da ETo diária a partir da expressão:
EToBK i = 0,20 ⋅ TMED i
(12)
Sendo: EToBK i – evapotranspiração de referência estimada com o método de Budyko para o iésimo dia (mm⋅dia–1); TMED i – temperatura média do ar no i-ésimo dia (oC).
(e) Método de LINACRE (1977)
A estimativa da ETo foi realizada conforme a metodologia de Linacre descrita por
PEREIRA et al. (1997):
700
ETo LC i =
TMED i + 0,006 z
+ 15(TMED i − Td i )
100 − ϕ
80 − TMED i
(13)
Sendo: EToCL i – evapotranspiração de referência estimada com o método de Linacre para o iésimo dia (mm⋅dia–1); TMED i – temperatura média do ar no i-ésimo dia (oC); z – altitude do
29
local (m); ϕ – latitude do local (Graus); Td i – temperatura de ponto de orvalho no i-ésimo dia
(oC).
(f) Método ajustado a partir dos dados de temperatura máxima e mínima com a ETo
estimada pelo método de Penman-Monteith
Baseando-se nas considerações de HENRIQUE (2006), a partir de correlações entre os
valores de EToPM (Penman-Monteith) diária vs temperatura máxima (TMAX) e mínima (TMIN)
diária, buscou-se também ajustes com as equações do tipo linear, exponencial, logarítmica e
potencial. Relações que permitissem a estimativa da ETo.
4.4.3 Coleta dos dados climáticos e avaliação da evapotranspiração de referência (ETo)
Os dados climáticos necessários para as estimativa da ETo com os métodos descritos
anteriormente foram obtidos na estação climatológica de Curitiba, localizada nas coordenadas
25o26´03” latitude Sul, 49o13´49” longitude Oeste e 935 m de altitude. Os dados foram
fornecidos pelo Instituto Meteorológico do Paraná (SIMEPAR) e compreenderam o período
entre 21 de dezembro de 1997 a 31 de dezembro de 2007. Foram necessários dados diários
como: temperaturas máxima (Tmax), média (Tmed) e mínima (Tmin) diárias do ar; velocidade
(Uz) e altura (z) da medida do vento. O número médio de horas de insolação (n) foi retirado de
BRASIL (1992).
A comparação dos valores de ETo estimados com os métodos alternativos estudados e
obtidos com o método de Penman-Monteith, foram realizadas empregando análises de
regressão linear e seu respectivo coeficiente de correlação (R). Assim, foram realizadas
análises contrastando as estimativas diárias de evapotranspiração de referência (ETo) entre o
método de Penman-Monteith (FAO – ALLEN et al., 1998) e os demais métodos apresentados
anteriormente (THORNTHWAITE,1948, CAMARGO,1971; HARGREAVES e SAMANI,
1985; BUDYKO; LINACRE,1977; e, Modelos ajustados no presente trabalho com as
equações linear, exponencial, logarítmica, potencial).
Para avaliar o grau de exatidão entre valores de ETo estimada com o método de
Penman-Monteith e os demais métodos estudados, foi utilizado o índice “d” de concordância
de WILLMOTT et al. (1985), cuja equação é apresentada abaixo.
30
n

(EToAlternativo i − EToPM i )2
∑

i =1
d = 1−  n

ETo Alternativo i − ET oPM + EToPM i − ET oPM
 ∑
i =1
(



2


(14)
)
Sendo: d – índice de concordância de WILLMOTT et al. (1985); ETo Alternativo i –
evapotranspiração de referência estimada no i-ésimo dia com o método alternativo
(mm dia–1); EToPM i – evapotranspiração de referência estimada com o método de PenmanMonteith no i-ésimo dia (mm dia–1); ET oPM – média das evapotranspirações de referência
estimada com o método de Penman-Monteith no período considerado (mm dia–1) ; n – número
de dias.
Como parâmetro estatístico de comparação, utilizou-se o índice “c” adotado por
CAMARGO e SENTELHAS (1997), que serve como indicador de desempenho dos métodos
alternativos, sendo expresso da seguinte forma:
“c” = “R” ⋅ “d”
(15)
Sendo: “c” – índice “c” proposto por CAMARGO e SENTELHAS (1997) (adimencional);
“R” – coeficiente de correlação (R) calculado para a regressão linear (adimencional); “d” –
índice “d” de exatidão proposto por WILLMOTT et al. (1985) (adimencional).
O critério adotado para interpretar o desempenho dos métodos estudados, usando o
índice “c” para os valores médios diários de evapotranspiração conforme apresentado por
CAMARGO e SENTELHAS (1997), encontra-se disposto na Tabela 4.2.
TABELA 4.2. Critério de interpretação do desempenho dos métodos de estimativa da ETo,
pelo índice “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997)
Valor de índice “c”
> 0,85
Desempenho
Ótimo
0,76 a 0,85
Muito Bom
0,66 a 0,75
Bom
0,61 a 0,65
Mediano
0,51 a 0,60
Sofrível
0,41 a 0,50
Mau
≤ 0,40
Péssimo
31
4.5 CENÁRIO PARA VERIFICAÇÃO DOS COMPONENTES DO BALANÇO
HÍDRICO UTILIZANDO OS MÉTODOS PADRÃO E ALTERNATIVO
As análises e estimativas dos componentes do balanço hídrico seqüencial para
periodicidade diária, tais como armazenamento (ARM) evapotranspiração real (ER),
deficiência hídrica (DEF) e excedente hídrico (EXC), foram realizadas com auxílio do
programa computacional denominado “MORETTI – Módulo: Balanço hídrico seqüencial
(Periodicidade: 1, 5, 7, 10 15 e 30 dias), Versão 1.0” (SOUZA, 2008), extraído e melhorado a
partir dos modelos realizados por SOUZA (2001) – Modelo para a análise de risco econômico
aplicado ao planejamento de projetos de irrigação para a cultura do cafeeiro – e SOUZA
(2005) – MORETTI - Módulo: Balanço hídrico climatológico decendial irrigacionista, Versão
2.0.
As simulações com o modelo de balanço hídrico seqüencial (SOUZA, 2008) foram
realizadas no Laboratório de Modelagem de Sistemas Agrícolas (LAMOSA), Departamento
de Solos e Engenharia Agrícola (DSEA), Setor de Ciências Agrárias (SCA) da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Como qualquer programa destinado à realização de um balanço
hídrico seqüencial, o modelo desenvolvido por SOUZA (2008) também necessita de uma
série de dados climáticos, atributos físico-hídricos do solo e coeficientes da cultura em estudo.
No presente trabalho, os principais dados foram: precipitação pluviométrica (P),
evapotranspiração de referência (ETo), coeficiente de cultivo (kc), fração água disponível (p)
e capacidade de água disponível no solo (CAD).
Foram realizados balanços hídricos utilizando valores diários de P e ETo, medidos e,
ou, estimados com os métodos padrão e alternativo (o que apresentou o melhor desempenho
nas análises realizadas) entre o período de 15 de julho de 2008 a 15 de janeiro de 2009. Os
dados de precipitação pluviométrica foram coletados na área experimental do Departamento
de Solos e Engenharia Agrícola (DSEA) / SCA / UFPR. Os dados climáticos para proceder as
estimativa da ETo, são da estação climatológica de Curitiba, localizada a 25o26´03” latitude
Sul, 49o13´49” longitude Oeste 935 m de altitude. Os dados foram fornecidos pelo Instituto
Meteorológico do Paraná (SIMEPAR)
Os valores de evapotranspiração da cultura (ETc) foram calculados no programa
balanço hídrico com a equação:
ETc = ETo ⋅ kc
(16)
32
Sendo: ETc – a evapotranspiração da cultura (mm dia–1); ETo – evapotranspiração de
referência (mm dia–1); kc – coeficiente de cultivo (adimensional) – Foi considerado no
presente trabalho um valor único de kc, sendo igual a um ao longo de todo o período
analisado, pois a cultura de referência é a grama.
Nas análises, foi considerada a realização do balanço hídrico diário para quatro
capacidades de água disponível (CAD) do solo: 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm. Os valores
de água disponível (AD) foram obtidos no programa de balanço hídrico (SOUZA, 2008) com
a equação,
AD = CAD ⋅ p
(17)
Sendo: AD – água disponível no solo (mm); CAD – capacidade de água disponível do solo
(mm); p – fração de água disponível no solo para um determinado tipo de cultura
(adimensional) – Foi considerado no presente trabalho um valor de p = 0,5 ao longo de todo o
período analisado.
Conforme recomendação de SOUZA e GOMES (2007), a estimativa do
armazenamento de água no solo e, ou, “negativo acumulado”, para o cálculo do balanço
hídrico diário, foi realizado utilizando a opção “Equação Co-senoidal”, apresentada no
programa desenvolvido por SOUZA (2008), que realiza os cálculos a partir das seguintes
condições,
– Quando CAD ⋅ (1 – p) < ARM ≤ CAD, ou seja, na zona úmida,
ARM = CAD − L
(18)
– Quando 0 < ARM ≤ CAD ⋅ (1 – p), ou seja, na zona seca,
 2
 π  L − CAD ⋅ p  
 
ARM = ( 1 − p ) ⋅ CAD ⋅ 1 − ⋅ arctg  

 π
 2  ( 1 − p ) ⋅ CAD  
(19)
Sendo: CAD – a capacidade de água disponível (mm); ARM – o armazenamento de água do
solo (mm); L – o valor do negativo acumulado no decêndio (mm); p – a fração água
disponível no solo para uma determinada cultura (adimensional).
Para o início do cálculo dos balanços hídricos a partir de 15 de Julho de 2008, o
armazenamento de água no solo foi determinado a partir de um balanço hídrico diário
preliminar, tendo como entrada valores de P e ETo obtidos com metodologia padrão, entre o
dia primeiro de janeiro de 2008 e 14 de julho de 2008. Nestas análises, foram considerados os
33
valores de P (Ville de Paris) e ETo (Penman-Monteith) obtidos com dados do SIMEPAR, kc
= 1,0, p = 0,5 e CAD’s de 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm.
As análises para verificar os componentes do balanço hídrico (ARM, ER, DEF e EXC)
calculados com os métodos alternativo de melhor desempenho (Palternativo e EToalternativo) em
relação as componentes do balanço hídrico (ARM, ER, DEF e EXC) calculadas com os
métodos padrão (PVille de Paris e EToPM), foram realizadas da seguinte forma:
– Realização dos balanços hídricos diários considerando os dados de PVille de Paris e EToPM do
SIMEPAR, kc = 1,0 e p = 0,5, entre os dias 01/01/2008 a 14/07/2008 para estimativa dos
valores de ARM inicial, considerando CAD’s de 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm;
– Realização dos balanços hídricos diários considerando os dados de PVille
de Paris
(área
experimental) e EToPM, kc = 1,0 e p = 0,5, entre os dias 15/07/2008 a 15/01/2009 para
estimativa dos valores de ARM, ER, DEF e EXC, considerando CAD’s de 30 mm, 60 mm, 90
mm e 120 mm;
– Realização dos balanços hídricos diários considerando os dados de PAlternativo e EToalternativo
(ambos de melhor desempenho), kc = 1,0 e p = 0,5, entre os dias 15/07/2008 a 15/01/2009
para estimativa dos valores de ARM, ER, DEF e EXC, considerando CAD’s de 30 mm, 60
mm, 90 mm e 120 mm;
– Contabilização e fechamento quinzenal dos valores de ARM, ER e DEF, realizado para os
oito balanços hídricos realizados entre 15/07/2008 a 15/01/2009 com metodologia padrão ou
alternativa;
– Apresentação dos resultados de ARM, ER e DEF obtidos quinzenalmente em tabelas e
gráficos para fins de comparação;
– Obtenção do erro absoluto no valor da deficiência hídrica (DEF) a partir dos valores
quinzenais originados dos balanços hídricos diários realizados com metodologia padrão e
alternativa.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1
RELAÇÃO ENTRE A PRECIPITAÇÃO MEDIDA COM O PLUVIÔMETRO
PADRÃO E ESTIMADA COM OS PLUVIÔMETROS ALTERNATIVOS
Na Tabela 5.1 encontram-se apresentados os respectivos valores de coeficiente de
correlação (R), índices “d” de WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e
SENTELHAS (1997), obtidos por meio de ajuste das retas de regressão linear, contrastando
os valores de precipitação medida com o pluviômetro padrão (Ville de Paris) e estimada com
os pluviômetros Alternativos 1 a 8. Além dos indicadores mencionados, na Figura 5.1
encontram-se apresentadas as equações e diagramas de dispersão das análises de regressão
linear realizadas.
TABELA 5.1 Coeficiente de correlação (R), índices “d” de WILLMOTT et al. (1985) e “c”
de CAMARGO e SENTELHAS (1997), determinados nas análises,
contrastando os valores de precipitação medida com o pluviômetro padrão
(Ville de Paris) e estimada com os pluviômetros alternativos 1 a 8
Pluviômetro
R
Índice “d”
Alternativo 1
0,9690
Alternativo 2
--------- Índice “c” --------Valor
Desempenho
0,9833
0,9528
Ótimo
0,9955
0,9970
0,9925
Ótimo
Alternativo 3
0,9965
0,9981
0,9946
Ótimo
Alternativo 4
0,9950
0,9975
0,9925
Ótimo
Alternativo 5
0,9950
0,9971
0,9921
Ótimo
Alternativo 6
0,9985
0,9993
0,9978
Ótimo
Alternativo 7
0,9955
0,9969
0,9924
Ótimo
Alternativo 8
0,9960
0,9917
0,9877
Ótimo
35
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
(g)
(h)
FIGURA 5.1 – Regressão linear e seu respectivo coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
resultante das análises entre os valores de precipitação diária medidos com o
pluviômetro padrão (Ville de Paris) e Alternativos, sendo: (a) Alternativo 1;
(b) Alternativo 2; (c) Alternativo 3; (d) Alternativo 4; (e) Alternativo 5; (f)
Alternativo 6; (g) Alternativo 7; e, (h) Alternativo 8
36
As estimativas realizadas com os pluviômetros Alternativos 1 a 8 mostraram ter boa
associação com as medidas realizadas no Ville de Paris. Na Tabela 5.1 e Figura 5.1 é possível
verificar que o melhor valor de coeficiente de correlação ocorreu para o pluviômetro
Alternativo 6 (R = 0,9985) e o pior para o Alternativo 1 (R = 0,9690), evidenciando que os
pontos estão muito próximos da reta de regressão linear em todas as análises realizadas.
As retas de regressão linear ajustadas aos dados de precipitação estimados pelos
pluviômetros Alternativos de 2 a 7 também aproximaram-se consideravelmente da linha de
45º, evidenciando, em média, que registraram valores exatos em relação ao pluviômetro
padrão (Tabela 5.1 e Figura 5.1). O maior índice “d” encontrado foi para o pluviômetro
Alternativo 6 (“d” = 0,9993) e o menor ocorreu para o Alternativo 1 (“d” = 0,9833).
Considerando o índice “c” de desempenho (Tabela 5.1) e seguindo a escala de
CAMARGO E SENTELHAS (1997), verificou-se que os pluviômetros Alternativos 1 a 8
apresentaram desempenho “ótimo”, variando entre 0,9528 (Alternativo 1) a 0,9978
(Alternativo 6). Os pluviômetros Alternativos 1 e 8 obtiveram valores de desempenho (índice
“c”) menor que os demais pluviômetros alternativos testados. O resultado obtido pelo
pluviômetro Alternativo 1 deveu-se a associação (R = 0,9690) e exatidão (“d” = 0,9833),
enquanto o pluviômetro 8 deveu-se a exatidão (“d” = 0,9917).
À parte dos resultados obtidos, principalmente para o índice de desempenho “c” de
CAMARGO e SENTELHAS (1997), obtido para os pluviômetros Alternativos 1 a 8 (Tabela
5.1), cabe ressaltar algumas questões referentes aos aspectos construtivos dos mesmos, que
também influenciam na operacionalização das medições:
(a) Com relação à altura de instalação dos pluviômetros, pode-se observar que o pluviômetro
Alternativo 1 (R = 0,9690), por ter sido instalado próximo a superfície do solo, acabou por
sofrer maior influência da ação do vento e do escoamento horizontal das águas precipitadas
também proporcionou maior esforço mecânico sobre o pluviômetro, bem como o acúmulo de
detritos dentro do recipiente. Apesar de ser um fator presente em todos os pluviômetros
testados, a presença de insetos no pluviômetro Alternativo 1 foi maior do que nos demais,
principalmente nas estações da primavera e do verão. Em períodos de chuva diária com alta
intensidade e duração, verificou-se por oito vezes perda da leitura, tendo como motivo:
volumes de água superiores a 1500 ml, com o nível da água atingindo a área do funil; água
entrando na cavidade onde o pluviômetro se encontra instalado, virando o recipiente de
coleta;
37
(b) Quanto ao tamanho da área de captação do pluviômetro, observou-se que a sua variação
não afetou de modo significativo a sua precisão. Porém, o manuseio do pluviômetro
Alternativo 3, cuja área é de 231,5 cm2, foi mais difícil devido ao seu tamanho e ao material
plástico, muito flexível. Observou-se que ao longo do tempo o mesmo sofreu deformações,
mas que não afetaram a sua área total;
(c) Em relação ao processo de coleta do volume de água dentro do pluviômetro, verificou-se
que a utilização de uma mangueira contendo torneira aumentou o tempo necessário para se
realizar a leitura do pluviômetro Alternativo 5 e não introduziu melhora significativa na
precisão. Em diversas ocasiões ocorreram acúmulos de sujeira no interior da mangueira e
entupimentos. Sempre que o volume de água coletada foi maior que o volume da proveta
utilizada (250 ml) para a coleta, foi necessário fechar a torneira da mangueira com uma das
mãos e segurar a proveta com a outra, dificultando o seu manuseio;
(d) Quanto à existência do funil interno (Alternativo 6) ou de pintura interna e externa
(Alternativo 7) no pluviômetro para fins de redução da evaporação, também não se verificou
diferenças significativas. No entanto, é interessante observar que no pluviômetro Alternativo
6 observou-se o processo de condensação de água na parte interna do funil interior. Como o
pluviômetro Ville de Paris também apresenta um funil interno, este fato talvez tenha
determinado a pequena superioridade do pluviômetro Alternativo 6 em relação aos demais;
(e) Nas medições com o pluviômetro Alternativo 8 (comercial), utilizou-se a escala impressa
no próprio corpo do instrumento. No entanto, observou-se após as análises dos dados
experimentais, que o seu corpo não possui as paredes paralelas. Assim, o mesmo não
apresentava forma cilíndrica, mas sim, em forma de tronco de cone, com a área da base menor
que a área de captação. Aparentemente, a escala impressa na parede do pluviômetro não levou
em consideração o seu aspecto geométrico, o que explica o resultado obtido na análise de
índice “d” (“d” = 0,9917), que da uma idéia da exatidão das leituras, ser inferior ao resultado
alcançado na análise de regressão (R = 0,9960), que mede apenas o grau de associação entre
as leituras (Figura 5.1h). Este tipo de pluviômetro apresentou também as bordas mais grossas
dentre todos os pluviômetros testados (≅ 3,3 mm), possibilitando o pouso de pássaros, os
quais acabaram por promover a perda de seis medições devido ao acúmulo de excrementos
em seu interior. Os pluviômetros Alternativos 2 a 7 tiveram espessura das bordas com
aproximadamente 0,4 mm e não apresentaram este tipo de problema.
38
Entre todos os pluviômetros testados, o Alternativo 4 foi o que apresentou maiores
facilidades operacionais, devido ao seu pequeno tamanho (0,5 L) e área de captação (34,6
cm2), menor custo e facilidade de construção. Desta forma, como os coeficientes e índices
obtidos pelo pluviômetro Alternativo 4 (R = 0,9950; “d” = 0,9975; “c” = 0,9925) estão muito
próximos dos obtidos pelo Alternativo 6 (R = 0,9985; “d” = 0,9993; “c” = 0,9978), optou-se
por selecionar o pluviômetro Alternativo 4 para ser utilizado nos cenários para verificação dos
componentes do balanço hídrico utilizando os métodos padrão e alternativo. No entanto, é
oportuno e importante considerar que o pluviômetro Alternativo 4 tem limitação quanto a sua
capacidade, conseguindo armazenar uma altura de precipitação inferior a 86,7 mm dia–1, 34%
inferior a capacidade do pluviômetro Ville de Paris (131,3 mm dia–1 - Tabela 4.1).
Assim, em locais ou situações em que a perda de leituras possam proporcionar
problemas, o uso dos pluviômetros constituídos de garrafas PET de água mineral de 1,5 L é
mais interessante, pois as características de facilidade operacional, construtiva e menor custo
ainda permaneceriam, e os pluviômetros não estariam propensos as perdas de leitura devido a
precipitações diárias mais intensas, de longo período de retorno, superior a 110 mm dia–1
(capacidade aproximada do pluviômetro alternativo de 1,5 L).
FARIA et al. (2005), também testaram um modelo de pluviômetro alternativo de
“baixo custo” (R$ 60, 00), construído com tubo de PVC (50 cm de altura, 100 mm de
diâmetro, 165 cm2 de área de captação, mais conexões e registros para a retirada da água) no
Campus Universitário de Jataí-GO (UFG). Nas análises de regressão realizadas, os autores
obtiveram bons resultados entre as leituras do pluviômetro padrão (Estação Meteorológica
principal pertencente ao 10o DISME/INME) e o pluviômetro de PVC (R = 0,9949),
proporcionando margem de erro de apenas 0,2%. Baseando-se nos resultados obtidos, os
autores concluíram que um pluviômetro de PVC teve excelente desempenho na obtenção de
dados pluviométricos.
Contudo, é interessante observar que alguns modelos de pluviômetro alternativo,
construídos e testados no presente estudo, possuem vantagens em relação ao estudado por
FARIA et al. (2005). Os pluviômetros Alternativos 2 e 4 a 7, por exemplo, além de
apresentarem bons resultados estatisticamente e serem mais simples (instalação, leitura,
manutenção), possuem custo praticamente simbólico, limitando-se a haste para sua fixação e
proveta, não sendo necessária a compra de materiais como tubo de PVC, conexões, registros,
entre outros.
39
5.2 EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA (ETo)
5.2.1 Variação de alguns elementos climáticos no período de 1998 a 2007
Os métodos padrão e alternativos de estimativa de evapotranspiração de referência
(ETo) foram aplicados na região de Curitiba-PR para um período de 10 anos (1998 – 2007).
Observa-se nas Tabelas 5.2 e 5.3 que a temperatura média dos meses mais quentes (verão) foi
inferior a 21,3 oC, e a dos meses mais frios (inverno), foi inferior a 14,9 oC. A distribuição da
umidade relativa média foi uniforme durante todo o ano (UR entre 78,1% e 80,7%), com
exceção do mês de agosto (UR = 74,5%). A velocidade média do vento é maior na primavera
(VV = 2,4 m s–1) e menor no outono (VV = 1,9 m s–1).
Baseando-se na média, desvio padrão (Tabelas 5.2 e 5.3) e coeficiente de variação
(CV), verificou-se para a temperatura, umidade relativa e velocidade do vento, que:
(a) as menores variações da temperatura ocorreram nos meses do verão (CV entre 9,3% e
11,0%) e as maiores variações ocorreram nos meses de maio a setembro (CV entre 19,7% e
25,2%). O mês de julho apresentou as maiores variações (CV = 25,2%) nos valores de
temperatura, e o mês de fevereiro, a menor variação (CV = 9,3%);
(b) Como a umidade relativa e a velocidade do vento estão relacionadas à temperatura, os
resultados obtidos para estas variáveis ao longo dos meses do ano (maiores e menores
variações do CV), seguem a mesma tendência estacional verificada para a temperatura;
(c) A menor variação da umidade relativa ocorreu no mês de março (CV = 8,1%) e a maior
variação no mês de agosto (CV = 15,4%). O período de verão apresentou CV = 8,6%, contra
CV = 14,5% no período do inverno, que apresenta maior variabilidade devido à entrada de
maior número de frentes frias;
(d) Dentre as três variáveis analisadas, a velocidade do vento apresentou as maiores variações
(CV entre 22,7% e 42,1%). A menor variação ocorreu no mês de janeiro (CV = 22,7%) e a
maior variação no mês de maio (CV = 42,1%).
40
TABELA 5.2. Médias mensais, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da temperatura
média do ar (TMED), umidade relativa do ar (UR) e velocidade do vento (VV), a
dez metros de altura, para um período de dez anos (série de 1998 a 2007)
Mês
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
TMED
(ºC)
21,3
21,4
21,0
19,1
15,2
15,1
13,9
15,4
15,9
17,7
18,7
20,4
sTMED
(ºC)
2,2
2,0
2,3
2,5
3,0
3,0
3,5
3,5
3,6
2,8
2,8
2,6
CVT
(%)
10,3
9,3
11,0
13,1
19,7
19,9
25,2
22,7
22,6
15,8
15,0
12,7
UR
(%)
79,8
79,0
79,2
79,8
79,7
79,3
78,4
74,5
79,1
80,7
78,1
78,6
sUR
(%)
7,2
6,6
6,4
7,5
8,8
8,4
10,5
11,5
11,5
8,6
8,3
8,4
CVUR
(%)
9,0
8,4
8,1
9,4
11,0
10,6
13,4
15,4
14,5
10,7
10,6
10,7
VV
(m s–1)
2,2
2,1
1,9
2,0
1,9
1,9
2,0
2,0
2,3
2,3
2,4
2,3*
sVV
CVVV
(m s–1)
0,5
0,6
0,5
0,6
0,8
0,7
0,7
0,7
0,7
0,6
0,7
0,7*
22,7
28,6
26,3
30,0
42,1
36,8
35,0
35,0
30,4
26,1
29,2
30,4
(%)
* Para efeitos de cálculo da média e desvio padrão da velocidade do vento, nos meses de dezembro, foram
desconsiderados os valores observados no período de 10/12/2007 a 16/12/2007.
TABELA 5.3. Médias, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da temperatura média
do ar (TMED), umidade relativa do ar (UR) e velocidade do vento (VV), a dez
metros de altura, para o período de dez anos (série de 1998 a 2007), nas
estações do ano
Mês
Verão
Outono
Inverno
Primavera
TMED
(ºC)
21,3
17,1
14,9
18,3
sTMED
(ºC)
2,2
3,5
3,6
3,1
CVT
(%)
10,3
20,5
24,2
16,9
UR
(%)
79,2
79,7
77,0
79,4
sUR
(%)
6,8
8,1
11,2
8,8
CVUR
(%)
8,6
10,2
14,5
11,1
VV
(m s–1)
2,1
1,9
2,1
2,4*
sVV
–1
(m s )
0,6
0,7
0,7
0,6*
CVVV
(%)
28,6
36,8
33,3
25,0
* Para efeitos de cálculo da média e desvio padrão da velocidade do vento, nos meses de dezembro, foram
desconsiderados os valores observados no período de 10/12/2007 a 16/12/2007.
Os valores médios da radiação solar no topo da atmosfera e a temperatura de ponto
de orvalho podem ser visualizados nas Tabelas 5.4 e 5.5. Como esperado, o maior valor de
radiação solar média ocorreu no mês de dezembro (Qo = 43,1 MJ m–2 dia–1, início do verão) e
a menor média ocorreu no mês de junho (Qo = 21,2 MJ m–2 dia–1, início do inverno). No
entanto, a maior variabilidade ocorreu no mês de agosto (CV = 6%), seguida do mês de abril
(CV = 5,8%), e a menor variação ocorreu no mês de dezembro (CV = 0,2%), seguida do mês
de junho (CV = 0,9). As temperaturas médias de ponto de orvalho (Td) ficaram em 19,1 oC,
14,8 oC, 12,3 oC e 16,1 oC para o verão, outono, inverno e primavera, respectivamente. A
41
magnitude e período em que ocorreram os maiores e menores valores de CV da Td e muito
semelhante aos obtidos para a temperatura média (TMED). As menores variações da Td
ocorreram nos mês de janeiro e fevereiro (CV = 10,5%), e a maior variação, ocorreu no mês
de julho (CV = 29,8%).
TABELA 5.4 Médias mensais, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da radiação
solar no topo da atmosfera (Qo) e temperatura de ponto de orvalho (Td), para o
período de dez anos (série de 1998 a 2007)
Mês
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Qo (MJ m–2 dia–1)
sQo (MJ m–2 dia–1)
42,5
39,9
35,2
29,1
23,8
21,2
22,4
26,8
32,8
38,2
41,7
43,1
0,5
1,0
1,7
1,7
1,2
0,2
0,9
1,6
1,7
1,4
0,7
0,1
CVQo (%) Td (ºC)
1,2
2,5
4,8
5,8
5,0
0,9
4,0
6,0
5,2
3,7
1,7
0,2
19,1
19,1
18,8
16,8
12,8
12,9
11,4
12,3
13,6
15,8
16,2
17,9
sTd (ºC) CVTd (%)
2,0
2,0
2,2
2,8
3,3
2,9
3,4
3,1
3,6
2,7
2,8
2,5
10,5
10,5
11,7
16,7
25,8
22,5
29,8
25,2
26,5
17,1
17,3
14,0
TABELA 5.5 Médias, desvios padrão e coeficientes de variação (CV) da radiação solar no
topo da atmosfera (Qo) e temperatura de ponto de orvalho (Td), para o período
de dez anos (série de 1998 a 2007), nas estações do ano
Mês
Qo (MJ m–2 dia–1)
sQo (MJ m–2 dia–1)
Verão
Outono
Inverno
Primavera
40,4
26,1
25,8
40,1
2,7
4,2
4,0
2,8
CVQo (%) Td (ºC)
6,7
16,1
15,5
7,0
19,1
14,8
12,3
16,1
sTd (ºC) CVTd (%)
2,1
3,6
3,4
2,9
11,0
24,3
27,6
18,0
5.2.2 Comparação dos valores de ETo estimados com os métodos alternativos e padrão
Na Tabela 5.6 e Figura 5.2 encontram-se apresentadas as estimativas dos valores
médios de evapotranspiração de referência (mm dia–1) para a região de Curitiba-PR, obtida no
período de 10 anos (série de 1998 a 2007), para as análises considerando os meses do ano. Na
Tabela 5.7 e Figura 5.3 podem ser visualizadas as análises para a mesma região e período
considerando as estações do ano.
42
TABELA 5.6 Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia−1), obtida no
período de dez anos (série de 1998 a 2007) para os meses do ano, com os
métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW), Camargo
(EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e Linacre (EToLC)
Métodos de estimativa da ETo
EToPM
EToTW
EToCM
EToHS
EToBK
EToLC
–1
----------------------------------------------- (mm dia ) ----------------------------------------------Janeiro
3,4
3,4
3,7
7,7
4,3
3,1
Fevereiro
3,2
3,2
3,5
7,3
4,3
3,2
Março
2,8
3,0
3,0
6,4
4,2
3,1
Abril
2,3
2,4
2,3
4,8
3,8
2,8
Maio
1,7
1,5
1,5
3,2
3,0
2,4
Junho
1,5
1,4
1,3
2,9
3,0
2,3
Julho
1,6
1,3
1,3
2,9
2,8
2,2
Agosto
2,1
1,6
1,7
3,8
3,1
2,6
Setembro
2,2
1,8
2,1
4,6
3,2
2,4
Outubro
2,6
2,3
2,8
5,9
3,5
2,6
3,1
2,7
3,2
6,8
3,7
2,8
Novembro
Dezembro
3,3
3,2
3,6
7,4
4,1
3,1
Média
2,5
2,3
2,5
5,3
3,6
2,7
Mês
8,0
ETo (mm dia -1)
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
Janeiro
Fevereiro
Março
EToPM
Abril
Maio
EToTW
Junho
Julho
Agosto
meses do ano
EToCM
EToHS
Setembro
EToBK
Outubro
Novembro
Dezembro
EToLC
FIGURA 5.2 Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia–1), obtida no
período de dez anos (série de 1998 a 2007) para os meses do ano, com os
métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW), Camargo
(EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e Linacre (EToLC)
43
TABELA 5.7 Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia-1), obtida no
período de dez anos (série de 1998 a 2007) para as estações do ano, com os
métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW), Camargo
(EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e Linacre (EToLC)
Estação
do ano
Métodos de estimativa da ETo
EToPM
EToTW
EToCM
EToHS
EToBK
EToLC
----------------------------------------------- (mm dia–1) -----------------------------------------------
Verão
Outono
3,2
1,9
3,3
1,9
3,5
1,9
7,3
4,0
4,3
3,4
3,1
2,6
Inverno
1,9
1,5
1,6
3,5
3,0
2,4
Primavera
2,9
2,5
3,0
6,4
3,7
2,7
Média
2,5
2,3
2,5
5,3
3,6
2,7
8,0
ETo (mm dia-1)
7,0
6,0
5,0
4,0
3,0
2,0
1,0
Verão
Outono
Inverno
Primavera
Estações do ano
EToPM
EToTW
EToCM
EToHS
EToBK
EToLC
FIGURA 5.3 Estimativa da evapotranspiração de referência média (mm dia–1), obtida no
período de dez anos (série de 1998 a 2007) para as estações do ano, com os
métodos de Penman-Monteith (EToPM), Thornthwaite (EToTW), Camargo
(EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS), Budyko (EToBK) e Linacre (EToLC)
Os métodos baseados na temperatura do ar, como os testados no presente trabalho
geralmente limitam a representatividade das condições climáticas para efeito de estimativa da
evapotranspiração de referência (ETo). Conforme as condições de umidade e ventos, a
demanda hídrica da atmosfera será diferente para os mesmos valores da temperatura do ar.
Ainda assim, pode-se observar nas Tabelas 5.6 e 5.7 que os métodos de Thornthwaite e
44
Camargo apresentaram valores médios de ETo (mm dia–1) próximos daqueles estimados com
a metodologia padrão (EToPM).
Assim como foi verificado nas análises do presente trabalho, o método de
Thornthwaite também apresentou bom desempenho para as condições subtropicais úmidas do
interior paulista, quando comparado a dados obtidos em evapotranspirômetros (CAMARGO e
SENTELHAS, 1997).
Nas análises realizadas, o método de Camargo apresentou seus melhores resultados
nas estações de verão e outono e seus piores resultados nas estações do inverno e primavera.
Para o período analisado, os resultados indicaram que o método de Camargo apresentou os
melhores resultados quando foram examinados os períodos anuais. CAMARGO e
SENTELHAS (1997) também obtiveram resultados satisfatórios pra o método de Camargo
quando compararam os valores estimados pelo modelo com os valores medidos em
evapotranspirômetros no interior de São Paulo.
Nas condições climáticas da região de Curitiba, as estimativas da ETo com o método
Hargreaves e Samani superestimaram as estimativas realizadas com o método padrão
(EToPM). Acredita-se que o método de Hargreaves e Samani superestimou os valores médios
diários devido ao clima úmido da região, comprovando as observações de REIS et al. (2007)
nas regiões norte, sul e serrana do Espírito Santo, e OLIVEIRA (2001), que verificou
superestimativas especialmente nas estações chuvosas. O método de Hargreaves e Samani foi
desenvolvido na Califórnia, em condições semi-áridas, a partir de dados obtidos em lisímetros
com superfície gramada (PEREIRA et al., 1997). A equação empregada utiliza um coeficiente
empírico fixo para regiões costeiras e outro para regiões continentais.
Os valores de EToBK obtidos pelo método de Budyko também superestimaram, em
média, os valores de EToPM estimados com o método de Penman-Monteith, comprovando as
observações de MAGALHÃES (2008), quando estudou o método para a região de LavrasMG. O método de Budyko relaciona a ETo somente com a temperatura média do ar, sendo
indicado apenas em caso de inexistência de dados meteorológicos mais completos ou
condições para que se possa estimar a ETo por outro método possuindo melhor embasamento
teórico. No presente trabalho, o método de Budyko apresentou resultados mais precisos que o
método de Hargreaves e Samani devido ao fato do clima da região ser úmido e, assim,
apresentar menor amplitude térmica.
45
O método de Linacre é uma simplificação do método de Penman, onde variáveis como
radiação líquida e déficit de saturação, foram substituídas por funções da temperatura do ar.
Além das simplificações adotadas há, também, uma expressão empírica usada para calcular a
diferença entre a temperatura média e a temperatura de ponto de orvalho, que foi
desenvolvida a partir de dados obtidos em diferentes localidades da África e América do Sul
(PEREIRA et al., 1997). Para a região de Curitiba, observou-se melhores resultado para as
estações mais quentes (verão e primavera), com tendência a superestimar os valores,
principalmente nas estações mais frias (outono e inverno).
Na Tabela 5.8 e Figuras 5.4 a 5.8, encontram-se apresentados para o período anual e
estações do ano, os valores dos coeficientes de correlação (R) e os índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e desempenho “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997), para
cada um dos métodos alternativos de estimativa da ETo, obtidos a partir da comparação com o
método padrão (EToPM).
TABELA 5.8 Coeficiente de correlação (R) e índices “d” de WILLMOTT et al. (1985) e “c”
de CAMARGO e SENTELHAS (1997), obtidos para os métodos alternativos
de Thornthwaite (EToTW), Camargo (EToCM), Hargreaves e Samani (EToHS),
Budyko (EToHS) e Linacre (EToHS), tendo o método de Penman-Monteith
(EToPM) como padrão
Período
Método de estimativa da evapotranspiração de referência (ETo)
Thornthwaite
Camargo
Hargreaves e
Samani
Budyko
Linacre
0,86
0,52
0,76
0,73
0,71
0,77
0,65
0,70
0,62
0,48
0,62
0,66
0,53
0,75
0,75
0,41
0,16
0,38
0,46
0,26
0,63
0,45
0,44
0,54
0,64
0,84
0,86
0,69
0,76
0,90
0,49 (mau)
0,30 (péssimo)
0,31 (péssimo)
0,33 (péssimo)
0,48 (mau)
0,62 (mediano)
0,66 (bom)
0,53 (sofrível)
0,60 (sofrível)
0,75 (bom)
Coeficiente de correlação (R) (adimensional)
Anual
Verão
Outono
Inverno
Primavera
0,85
0,74
0,76
0,71
0,78
0,89
0,79
0,79
0,72
0,80
Índices “d” de WILLMOTT et al. (1985) (adimensional)
Anual
Verão
Outono
Inverno
Primavera
0,90
0,83
0,85
0,78
0,81
0,94
0,80
0,88
0,79
0,88
Índices de desempenho “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997) (adimensional)
Anual
Verão
Outono
Inverno
Primavera
0,77 (muito bom)
0,62 (mediano)
0,65 (mediano
0,55 (sofrível)
0,63 (mediano)
0,83 (ótimo)
0,63 (mediano)
0,70 (bom)
0,57 (sofrível)
0,70 (mediano)
0,35 (péssimo)
0,08 (péssimo)
0,29 (péssimo)
0,34 (péssimo)
0,18 (péssimo)
6,0
5,0
5,0
-1
EToPM (mm dia )
6,0
4,0
3,0
2,0
y = 0,9879x + 0,0818
R = 0,7386
d = 0,8343
c = 0,6162
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
y = 1,0062x - 0,0343
R = 0,7585
d = 0,8511
c = 0,6456
2,0
1,0
0,0
0,0
6,0
5,0
-1
4,0
y = 0,7421x + 0,1164
R = 0,7084
d = 0,7754
c = 0,5493
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
4,0
5,0
6,0
4,0
3,0
y = 0,9987x - 0,3628
R = 0,7765
d = 0,8086
c = 0,6279
2,0
1,0
0,0
0,0
6,0
ETo TW (mm dia -1 )
(c)
3,0
-1
5,0
2,0
2,0
ETo TW (mm dia )
6,0
3,0
1,0
(b)
ETo TW (mm dia )
EToPM (mm dia-1)
3,0
6,0
-1
(a)
4,0
EToPM (mm dia )
-1
EToPM (mm dia )
46
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-1
(d)
ETo TW (mm dia )
5,0
-1
EToPM (mm dia )
6,0
4,0
3,0
y = 1,005x - 0,19
R = 0,8498
d = 0,9044
c = 0,7685
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
(e)
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-1
ETo TW (mm dia )
FIGURA 5.4 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R) e índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToTW, considerando os
anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c) Inverno; (d)
Primavera; e, (e) Anual
6,0
5,0
5,0
4,0
3,0
y = 0,8476x + 0,2489
R = 0,7907
d = 0,8027
c = 0,6347
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
(a)
4,0
3,0
1,0
0,0
0,0
(b)
6,0
5,0
5,0
4,0
y = 0,8989x + 0,439
R = 0,7196
d = 0,7863
c = 0,5658
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
4,0
3,0
y = 0,7985x + 0,4854
R = 0,7950
d = 0,8792
c = 0,6989
2,0
1,0
0,0
6,0
ETo CM (mm dia -1 )
(c)
1,0
ETo CM (mm dia -1 )
6,0
3,0
y = 0,7335x + 0,5783
R = 0,7945
d = 0,8847
c = 0,7028
2,0
6,0
ETo CM (mm dia -1 )
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
6,0
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
47
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
ETo CM (mm dia -1 )
(d)
EToPM (mm dia-1)
6,0
5,0
4,0
3,0
y = 0,7591x + 0,5878
R = 0,8934
d = 0,9378
c = 0,8378
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-1
(e)
ETo CM (mm dia )
FIGURA 5.5 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToCM, considerando os
anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c) Inverno; (d)
Primavera; e, (e) Anual
6,0
5,0
5,0
4,0
3,0
y = 0,1672x + 1,9974
R = 0,5216
d = 0,1612
c = 0,0841
2,0
1,0
0,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
(a)
4,0
3,0
1,0
0,0
0,0
(b)
6,0
5,0
5,0
4,0
y = 0,3937x + 0,4705
R = 0,7281
d = 0,4612
c = 0,3358
2,0
1,0
0,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
4,0
3,0
y = 0,2658x + 1,179
R = 0,7091
d = 0,2575
c = 0,1826
2,0
1,0
0,0
0,0
12,0
ETo HS (mm dia -1 )
(c)
2,0
ETo HS (mm dia -1 )
6,0
3,0
y = 0,3176x + 0,6717
R = 0,7619
d = 0,3777
c = 0,2878
2,0
12,0
ETo HS (mm dia -1 )
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
6,0
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
48
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
ETo HS (mm dia -1 )
(d)
EToPM (mm dia-1)
6,0
5,0
4,0
3,0
y = 0,3275x + 0,7298
R = 0,8553
d = 0,4052
c = 0,3466
2,0
1,0
0,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
-1
ETo HS (mm dia )
(e)
FIGURA 5.6 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToHS, considerando os
anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c) Inverno; (d)
Primavera; e, (e) Anual
49
5,0
4,0
3,0
6,0
y = 0,6835x + 0,3136
R = 0,6542
d = 0,4546
c = 0,2974
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
6,0
2,0
1,0
0,0
4,0
3,0
y = 0,5591x + 0,0269
R = 0,7006
d = 0,4425
c = 0,3100
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
(a)
0,0
6,0
ETo BK (mm dia -1 )
1,0
2,0
(b)
y = 0,5426x + 0,2429
R = 0,6234
d = 0,5369
4,0
c = 0,3347
3,0
EToPM (mm dia-1)
5,0
2,0
1,0
3,0
4,0
5,0
6,0
5,0
6,0
ETo BK (mm dia -1 )
6,0
EToPM (mm dia-1)
5,0
0,0
6,0 y = 0,7477x + 0,1504
R = 0,7455
5,0
d = 0,6446
4,0
c = 0,4805
3,0
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
ETo BK (mm dia -1 )
(c)
EToPM (mm dia-1)
6,0
5,0
4,0
3,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
ETo BK (mm dia -1 )
(d)
y = 0,8049x - 0,4075
R = 0,7662
d = 0,6334
c = 0,4853
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-1
ETo BK (mm dia )
(e)
FIGURA 5.7 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToBK, considerando os
anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c) Inverno; (d)
Primavera; e, (e) Anual
50
5,0
4,0
3,0
6,0
y = 0,592x + 1,3619
R = 0,7749
d = 0,8556
c = 0,6630
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
6,0
2,0
1,0
0,0
4,0
3,0
y = 0,6153x + 0,3417
R = 0,7671
d = 0,6891
c = 0,5286
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
(a)
0,0
6,0
ETo LC (mm dia -1 )
1,0
2,0
(b)
6,0
6,0
5,0
5,0
y = 0,5577x + 0,5158
R = 0,7876
d = 0,7612
4,0
c = 0,5995
3,0
2,0
1,0
3,0
4,0
5,0
6,0
5,0
6,0
ETo LC (mm dia -1 )
EToPM (mm dia-1)
EToPM (mm dia-1)
5,0
4,0
3,0
y = 0,7404x + 0,8673
R = 0,8393
d = 0,8975
c = 0,7532
2,0
1,0
0,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
ETo LC (mm dia -1 )
(c)
EToPM (mm dia-1)
6,0
5,0
4,0
3,0
0,0
6,0
1,0
2,0
3,0
4,0
ETo LC (mm dia -1 )
(d)
y = 0,7802x + 0,3506
R = 0,7398
d = 0,8362
c = 0,6187
2,0
1,0
0,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
-1
(e)
ETo LC (mm dia )
FIGURA 5.8 – Análise de regressão linear, coeficiente de correlação (R), índices “d” de
WILLMOTT et al. (1985) e “c” de CAMARGO e SENTELHAS (1997),
obtidos da relação entre valores diários de EToPM e EToLC, considerando os
anos de 1998 a 2007, para o período: (a) Verão; (b) Outono; (c) Inverno; (d)
Primavera; e, (e) Anual
51
Quando analisados os coeficientes de correlação (R) dos diferentes métodos, para o
período anual, pode-se perceber que os métodos de Thornthwaite (EToTW), Camargo (EToCM)
e Hargreaves e Samani (EToHS) se destacaram pelos altos valores obtidos. Porém, quando os
métodos foram analisados em função do respectivo índice de determinação “d”, percebe-se
que apenas os métodos de Thornthwaite e Camargo apresentaram comportamento similar,
tendo inclusive o método de Hargreaves e Samani apresentado o pior resultado dentre todos
analisados. Os índices de desempenho “c” também mostraram grande similaridade entre os
resultados obtidos pelos métodos de Thornthwaite e Camargo.
O método de Thornthwaite é, sem dúvida, em comparação com o método de Camargo,
muito mais conhecido pela comunidade científica. Porém, acredita-se no presente trabalho
que o método de Camargo provavelmente é mais adequado para realizar as estimativas da
evapotranspiração de referência (ETo) na região de Curitiba. O método de Thornthwaite,
apensar de simples, ainda apresenta para usuários não especializados certa complexidade no
cálculo e ainda necessita previamente da temperatura média mensal normal dos meses do ano,
que é uma informação de difícil acesso.
Resultados similares também foram obtidos em outros trabalhos. CAMARGO e
SENTELHAS (1997) avaliaram o desempenho de vinte métodos de estimativas da ETo,
usando como comparação as medições lisimétricas realizadas no período de 1954 a 1960, em
três localidades do Estado de São Paulo. Baseando-se no coeficiente de correlação, índices
“d” de WILLMOTT et al. (1985) e na proposição de um índice de confiança “c”, os autores
obtiveram desempenho muito bom (0,78 a 0,91) para os métodos de Thornthwaite e Camargo.
SYPERRECK (2006), comparando estimativas da ETo realizadas com métodos
alternativos e padrão (Penman-Monteith) na região de Palotina-PR, verificou também que o
método de Camargo apresentou os melhores índices “c” de desempenho proposto por
CAMARGO e SENTELHAS (1997). Porém, resultados distintos foram obtidos por:
CONCEIÇÃO (2003), para a Região do Baixo Rio Grande-SP, no qual o método de
Hargreaves e Samani foi o que apresentou o melhor resultado.
As considerações dispostas nos parágrafos anteriores confirmam as considerações de
PEREIRA et al. (1997), de que os métodos de estimativa da evapotranspiração são
desenvolvidos em condições climáticas específicas, segundo a disponibilidade de dados e a
realidade física do local, o que torna necessária a verificação da tendência de cada método na
região para a qual venha a ser aplicado.
52
A obtenção de modelos comumente utilizados a partir de análises de regressão simples
e correlação, quando possível, é uma excelente forma de realizar estimativas sobre um
determinado fenômeno, baseando-se no conhecimento de apenas uma variável descritora. No
entanto, a tentativa de ajustar os dados de evapotranspiração de referência estimada com o
método de Penman-Monteith (EToPM) vs temperatura máxima (TMAX) e mínima (TMIN) diária, a
partir das considerações de HENRIQUE (2006), apresentaram baixíssimos coeficientes de
determinação e índices “d” e “c” para as equações do tipo linear, exponencial, logarítmica e
potencial. Assim, dada à simplicidade das equações mencionadas, a existência de um provável
ajustamento entre os dados de EToPM vs TMAX, TMIN ou (TMAX – TMIN), seria interessante, mas
não foi possível.
5.3 BALANÇOS HÍDRICOS CALCULADOS COM AS METODOLOGIAS PADRÃO
E ALTERNATIVA
Para fins de comparação entre as metodologias padrão (pluviômetro Ville de Paris e
EToPM) e alternativa (pluviômetro Alternativo 4 e EToCM) foram calculados oito balanços
hídricos diários, considerando solos possuindo CAD’s igual a 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120
mm (kc = 1,0 e p = 0,5), realizados da segunda quinzena de julho de 2008 até a primeira
quinzena de janeiro de 2009. Para comparação dos resultados alcançados ao longo do tempo,
os balanços hídricos diários tiveram fechamento de seus componentes em períodos
quinzenais. Os dados de ETo e precipitação utilizados como entrada no balanço hídrico
(apresentado em quinzenas), incluindo parâmetros estatísticos, podem ser visualizados na
Tabela 5.9. Os resultados dos componentes do balanço hídrico diário (ARM, ER e DEF) e o
erro absoluto no valor da deficiência hídrica (DEF) encontram-se na Tabela 5.10 e Figura 5.9.
53
Tabela 5.9 Valores diários de ETo e precipitação, apresentados em agrupamentos quinzenais,
utilizados nos balanços hídricos diários, empregando metodologias padrão (EToPM
e PVille de Paris) e alternativa (EToCM e PAlternativo4), incluindo desvios, verificados no
período entre julho de 2008 e janeiro de 2009
-------------------- Desvios -------------------Mês
Quinzena
PVille de Paris
PAlternativo 4
EToPM
EToCM
Quinzena
–1
Jul.
2a
Ago.
1a
Ago.
2a
Set.
1a
Set.
2a
Out.
1a
Out.
2a
Nov.
1a
Nov.
2a
Dez.
1a
Dez.
2a
Jan.
1a
Total
“PVille de Paris – PAlternativo 4”
----------------- (mm quinzena ) -----------------
32,7
147,2
0,1
15,9
22,5
114,6
138,2
34,6
13,3
33,2
24,7
92,5
669,5
32,8
141,2
0,1
16,6
20,7
107,9
136,0
30,7
14,0
34,2
21,3
85,4
640,9
27,1
21,8
36,2
30,6
28,0
34,7
41,7
41,4
41,6
46,2
50,0
47,2
446,5
25,2
23,5
32,5
31,9
29,0
39,7
48,7
48,3
46,4
51,3
57,9
53,6
448,0
Diário
“EToPM –EToCM”
Quinzena
Diário
–1
----------------- (mm período ) -----------------
–0,10
6,00
0,00
–0,70
1,80
6,70
2,20
3,90
–0,70
–1,00
3,40
7,10
28,6
–0,01
0,40
0,00
–0,05
0,12
0,45
0,14
0,26
–0,05
–0,07
0,21
0,47
1,90
–1,70
3,70
–1,30
–1,00
–5,00
–7,00
–6,90
–4,80
–5,10
–7,90
–6,40
–41,5
0,12
–0,11
0,23
–0,09
–0,07
–0,33
–0,44
–0,46
–0,32
–0,34
–0,49
–0,43
Considerações sobre os valores da precipitação e desvios verificados entre o
pluviômetro padrão (Ville de Paris) e alternativo (Alternativo 4), no período entre julho de
2008 e janeiro de 2009 (Tabela 5.9):
(a) De forma geral, no período analisado, o pluviômetro Alternativo 4 subestimou a
precipitação pluviométrica em 28,6 mm no período de 6 meses, em relação ao pluviômetro
Ville de Paris. As subestimativas foram maiores na primeira quinzena dos meses de
agosto/2008 (6 mm quinzena –1), outubro/2008 (6,7 mm quinzena –1) e janeiro/2009 (7,1mm
quinzena –1). Nestas quinzenas verificou-se que as precipitações ocorridas foram superiores a
92,5 mm quinzena–1 no pluviômetro Ville de Paris, o que pode ter prejudicado a estimativa
realizada com o pluviômetro Alternativo 4. Este pluviômetro possui pequena área de
capitação (34,6 cm2) e menor volume de reservatório (aproximadamente 0,3 L), o que pode
ocasionar maiores perdas quando as precipitações diárias são maiores (respingos) e, ou,
acompanhadas de ventos;
(b) Com exceção das três quinzenas comentadas anteriormente, em que os desvios diários
entre o pluviômetro padrão e alternativo foram de 0,40 mm dia–1; 0,45 mm dia–1 e 0,47 mm
54
dia–1 para a primeira quinzena de agosto/2008, outubro/2008 e janeiro/2009, respectivamente,
as demais quinzenas apresentaram desvios inferires a 0,27 mm dia–1.
Considerações sobre os valores de ETo e desvios verificados entre o método de
Penman-Monteith (padrão) e o método de Camargo (Alternativo), no período entre julho de
2008 e janeiro de 2009 (Tabela 5.9):
(a) De forma geral, o método de Camargo superestimou em 41,5 mm período–1 a ETo
estimada em relação ao método de Penman-Monteith (padrão) no período analisado. Os
valores de ETo estimados pelo método de Penman-Monteith foram maiores que os estimados
pelo método de Camargo apenas na primeira quinzena de julho/2008 e segunda quinzena de
agosto/2008;
(b) Os maiores desvios diários (ETo em mm dia–1) entre os valores de ETo estimada com o
método padrão (Penman-Monteith) e alternativo (Camargo) foram observados a partir da
primeira quinzena de outubro/2008. Neste período, merecem destaque a primeira quinzena de
novembro/2008 e janeiro/2009 e a segunda quinzena de outubro/2008 e dezembro/2008, em
que os desvios do método de Camargo superestimam a EToPM em 0,46 mm dia–1, 0,43 mm
dia–1, 0,44 mm dia–1 e 0,49 mm dia–1, respectivamente. Os desvios verificados no período
entre julho/2008 e janeiro/2009 ocorreram dentro do que era esperado, visto que os resultados
apresentados na Tabela 5.6 e Figura 5.2, evidenciaram, em média (anos 1998 a 2007), que o
método de Camargo, superestima os valores de ETo em relação ao método de PenmanMonteith nos meses de janeiro, fevereiro, março, outubro e dezembro, e subestima nos meses
de maio, junho, julho, agosto e setembro.
Considerações sobre os valores de evapotranspiração de referência (ER) e desvios
verificados nos balanços hídricos utilizando metodologia padrão e alternativa como entrada,
no período de julho de 2008 e janeiro de 2009, para água disponível (AD) no solo igual a 15
mm, 30 mm, 45 mm ou 60 mm (Tabela 5.10 e Figura 5.9):
(a) Considerando a metodologia padrão, os valores de ER obtidos no período analisado, com
os balanços hídricos possuindo água disponível de 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm, foram de
329,9 mm, 388,0 mm, 425,6 mm e 440,3 mm, respectivamente. Como se trata do balanço
hídrico padrão, a diferença observada nos valores de ER provavelmente ocorreu em razão da
capacidade de água disponível no solo (CAD) e da água disponível para a cultura (AD).
Abaixo do armazenamento “CAD (1 – p)” o solo passa a limitar exponencialmente a liberação
da água para a cultura, aumentando a diferença entre a ETo e ER no período e promovendo
55
maior deficiência (DEF = ETo – ER). É importante observar que nas análises o valor de kc
considerado foi igual a 1,0, logo ETo = ETc;
(b) Considerando a metodologia alternativa, os valores de ER obtidos no período analisado,
com os balanços hídricos tendo capacidade de água disponível no solo de 15 mm, 30 mm, 45
mm e 60 mm, foram de 342,9 mm, 394,5 mm, 434,0 mm e 455,8 mm, respectivamente;
(c) Como o método de Camargo superestimou os valores de ETo, principalmente no período
entre a primeira quinzena de setembro/2008 a primeira quinzena de dezembro/2009, verificase na Figura 5.9 que independente do valor de AD do solo (15 mm, 30 mm, 45 mm ou 60
mm), as curvas da ER obtidas com o balanço hídrico utilizando o método alternativo na maior
parte do período estiveram acima das curvas da ER obtidas com a metodologia padrão (Figura
5.9b). Este fato provavelmente contribuiu para que as curvas de armazenamento da água no
solo (Figura 5.9a) apresentasse tendência inversa, ou seja, o armazenamento nos balanços
hídricos utilizando metodologia padrão foram, de forma geral, maiores do que os valores de
armazenamento dos balanços hídricos utilizando metodologia alternativa. Além desse fato,
cabe ressaltar que o pluviômetro Alternativo 4 apresentou precipitação pluviométrica 28,6
mm período–1 menor, no período analisado, o que também contribuiu para a redução do
armazenamento de água no solo, pois a entrada de água no sistema foi menor, principalmente
nas três quinzenas já discutidas para a precipitação (primeira quinzena de agosto/2008,
outubro/2008 e janeiro/2009);
(d) O regime pluviométrico da região no período analisado e a limitação imposta pelo solo
com AD igual a 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm contribuíram para que os valores de ER
determinados com base no balanço hídrico padrão (EToPM e PVile
de Paris)
apresentassem
valores 26,1%, 13,1%, 4,7% e 1,4% menores que os valores da EToPM , respectivamente;
(e) Da mesma forma, a utilização dos métodos alternativos para estimar a evapotranspiração e
precipitação (EToCM e PAlternativo 4), bem como o regime pluviométrica da região no período
analisado e a limitação imposta pelo solo com AD igual a 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm,
contribuíram para que os valores de ER proveniente do balanço hídrico alternativo (EToCM e
PAlternativo 4) ficassem 23,2%, 11,6%, 2,8% menores e 2,1% maior que o valor da EToPM ;
(f) Os desvios entre os valores de ER estimados a partir dos balanços hídricos utilizando
metodologia padrão e alternativa (ERpadrão – ERAlternativa) ficaram em: –13,0 mm, –6,5 mm,
–8,4 mm e –15,5 mm, para valores de AD igual a 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm,
respectivamente.
56
TABELA 5.10 Componentes do balanço hídrico diário (ARM, ER e DEF), calculados de julho
de 2008 a janeiro de 2009 (fechamento em quinzenas), utilizando dados de P
e ETo obtidos com metodologia padrão (Ville de Paris e EToPM) e alternativa
(Alternativo 4 e EToCM), para solos possuindo CAD igual 30 mm, 60 mm, 90
mm e 120 mm (kc = 1,0 e p = 0,5)
CAD AD
(mm) (mm)
Anos
----------------------------------- 2008 ----------------------------------2009
Total
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Dez.
Jan.
------------------------------------ quinzenas -----------------------------------
Componentes
2a
1a
2a
1a
2a
1a
2a
1a
2a
1a
2a
1a
Metodologia padrão
—
30
—
15
PVille de Paris (mm quinzena–1) 32,7 147,2
–1
30
45
36,2 30.6 28,0
34,7
41,7
41,4
41,6 46,2 50,0
47,2
415,9
ARM (mm)
18,6
30,0
4,1
9,7
24,0
27,6
22,5
7,1
2,9
30,0
—
15,9
21,8
26,0 11,5 21,3
34,1
41,7
39,7
28,7 31,7 30,4
27,1
329,9
DEF (mm quinzena )
11,2
0,0
10,2 19,1
6,7
0,6
0,0
1,7
12,9 14,5 19,6
12,1
108,6
ARM (mm)
33,8
60,0
24,1 18,4 19,0
54,0
57,6
50,8
23,4 18,5
9,4
60,0
—
23,6
21,8
36,0 21,6 21,9
34,1
41,7
41,4
40,7 38,1 33,8
33,3
388,0
DEF (mm quinzena )
3,5
0,0
0,2
6,1
0,6
0,0
0,0
0,9
16,2
13,9
58,5
ARM (mm)
60,2
90,0
53,9 39,6 35,6
84,0
87,6
80,8
52,5 39,8 21,7
78,3
—
27,1
21,8
36,2 30,2 26,5
34,5
41,7
41,4
41,6 45,9 42,8
35,9
425,6
DEF (mm quinzena )
0,0
0,0
0,0
0,2
0,0
0,0
0,0
7,2
11,3
20,9
ARM (mm)
61,4 120,0 83,9 69,2 63,7 114,0 117,6 110,8 82,5 69,5 45,0
94,5
—
ER (mm quinzena )
25,9
21,8
36,2 30,6 28,0
34,7
41,7
41,4
41,6 46,2 49,2
43,0
440,3
DEF (mm quinzena–1)
1,2
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
4,2
6,2
–1
ER (mm quinzena )
–1
ER (mm quinzena )
–1
ER (mm quinzena )
–1
120
60
92,5 669,5
21,8
–1
90
34,6 13,3 33,2 24,7
EToPM (mm quinzena ) 27,1
–1
60
0,1 15,9 22,5 114,6 138,2
–1
8,5
9,0
0,4
0,0
1,5
0,0
8,6
8,1
0,3
0,0
0,8
Metodologia Alternativa
—
30
—
15
PAlternativo 4 (mm quinzena–1) 32,8 141,2
–1
30
45
32,5 31,9 29,0
39,7
48,7
48,3
46,4 51,3 57,9
53,6
488,0
ARM (mm)
18,8
30,0
4,8
8,3
18,4
27,3
15,3
5,9
2,1
30,0
—
15,6
23,5
25,3 12,2 21,6
38,5
48,7
42,7
23,4 33,2 26,1
32,1
342,9
DEF (mm quinzena )
9,6
0,0
7,2
7,4
1,2
0,0
5,6
23,0 18,1 31,8
21,4
144,9
ARM (mm)
35,0
60,0
27,6 19,6 17,7
48,3
57,3
39,7
15,5 15,1
7,0
60,0
—
22,5
23,5
32,5 24,6 22,6
38,7
48,7
48,3
38,2 34,6 29,4
30,9
394,5
DEF (mm quinzena )
2,7
0,0
0,0
6,4
1,0
0,0
0,0
8,2
16,7 28,5
22,6
93,3
ARM (mm)
62,2
90,0
57,6 42,4 35,2
78,3
87,3
69,7
37,7 27,6 14,2
67,9
—
25,2
23,5
32,5 31,8 27,9
39,4
48,7
48,3
46,0 44,3 34,7
31,7
434,0
DEF (mm quinzena )
0,0
0,0
0,0
0,3
0,0
0,0
0,4
23,2
21,9
54,0
ARM (mm)
63,1 120,0 87,6 72,3 64,0 108,3 117,3
99,7
67,3 50,6 26,6
76,7
—
24,3
23,5
32,5 31,9 29,0
39,7
48,7
48,3
46,4 50,9 45,3
35,3
455,8
0,9
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
18,2
32,1
–1
ER (mm quinzena )
–1
ER (mm quinzena )
–1
ER (mm quinzena )
–1
120
60
85,4 640,9
23,5
–1
90
30,7 14,0 34,2 21,3
EToCM (mm quinzena ) 25,2
–1
60
0,1 16,6 20,7 107,9 136,0
ER (mm quinzena–1)
–1
DEF (mm quinzena )
9,2
19,6
7,2
0,1
0,0
1,1
0,0
6,9
7,0
0,4
12,6
57
40
Padrão
CAD: 30 mm
80
Alternativo
Padrão
CAD: 60 mm
Alternativo
ARM (mm)
ARM (mm)
60
20
40
20
0
0
2
1
2
Julho
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
2
Novembro
1
2
Dezembro
Janeiro
Julho
Padrão
Alternativo
1
2
1
2
1
Agosto
2
1
Setembro
1
2
1
Novembro
2
1
Dezembro
Janeiro
Padrão
Alternativo
Período (quinzena)
Período (quinzena)
100
120
100
ARM (mm)
80
ARM (mm)
2
Outubro
60
40
80
60
40
20
20
CAD: 90 mm
CAD: 120 mm
0
0
2
1
2
Julho
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
2
1
Novembro
2
Dezembro
1
2
Janeiro
Julho
1
2
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
2
1
Novembro
2
Dezembro
1
Janeiro
Período (quinzena)
Período (quinzena)
(a) Armazenamento de água no solo (ARM)
60
60
ER (mm período )
CAD: 60 mm
-1
-1
ER (mm período )
CAD: 30 mm
40
20
Padrão
40
20
Alternativo
Padrão
0
1
2
Julho
1
Agosto
2
1
2
Setembro
1
Outubro
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
2
Janeiro
Julho
1
2
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
Período (quinzena)
2
1
Novembro
2
1
Dezembro
Janeiro
Período (quinzena)
60
60
CAD: 90 mm
-1
ER (mm período )
CAD: 120 mm
-1
ER (mm período )
Alternativo
0
2
40
20
Padrão
Alternativo
40
20
Padrão
Alternativo
0
0
2
1
2
Julho
1
Agosto
2
Setembro
1
2
1
Outubro
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
2
1
Janeiro
Julho
2
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
Período (quinzena)
2
1
2
Novembro
Dezembro
1
1
1
Janeiro
Período (quinzena)
(b) Evapotranspiração Real (ER)
35
-1
Def (mm período )
30
CAD: 30 mm
-1
Def (mm período )
35
25
20
15
10
5
Padrão
30
CAD: 60 mm
25
Padrão
Alternativo
20
15
10
Alternativo
5
0
0
2
1
Julho
2
1
Agosto
2
1
Setembro
2
1
Outubro
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
2
Janeiro
Julho
1
2
Agosto
1
2
Setembro
2
Novembro
2
Dezembro
1
Janeiro
Período (quinzena)
35
CAD: 90 mm
-1
Def (mm período )
-1
Def (mm período )
2
Outubro
Período (quinzena)
35
30
1
25
Padrão
Alternativo
20
15
10
5
30
CAD: 120 mm
25
Padrão
Alternativo
20
15
10
5
0
0
2
Julho
1
2
Agosto
1
2
Setembro
1
2
1
Outubro
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
2
Janeiro
Julho
1
2
Agosto
1
2
Setembro
Período (quinzena)
1
2
Outubro
1
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
Janeiro
Período (quinzena)
(c) Deficiência de água no solo (DEF)
FIGURA 5.9 – Componentes do balanço hídrico diário (ARM, ER e DEF), calculados de julho de 2008 a
janeiro de 2009 (fechamento em quinzenas), utilizando dados de P e ETo obtidos com
metodologia padrão (Ville de Paris e EToPM) e alternativa (Alternativo 4 e EToCM), para
solos possuindo CAD igual 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (kc = 1,0 e p = 0,5), sendo:
(a) armazenamento (ARM); (b) evapotranspiração real (ER); (c) deficiência hídrica (DEF)
58
TABELA 5.11 Erro no valor da deficiência hídrica (DEF), verificada entre os balanços
hídricos realizados com metodologia padrão e alternativa para CAD’s de 30
mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (com fechamento quinzenal), contraposto ao
total de precipitação pluviométrica (PVille
de Paris)
e evapotranspiração de
referência (EToPM) ocorrida no período considerado
CAD AD
(mm) (mm)
Componentes
Anos
---------------------------------- 2008 ---------------------------------- 2009
Total
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Dez.
Jan.
------------------------------------ quinzenas ------------------------------------2a
1a
2a 1a 2a
1a
2a
1a
2a
1a
2a
1a
Precipitação (mm quinzena–1)
P Ville de Paris
32,7 147,2 0,1
—
—
P Alternativo 4
32,8 141,2 0,1
—
—
Evapotranspiração de referência (mm quinzena–1)
EToPM
27,1 21,8 36,2
—
—
EToCM
25,2 23,5 32,5
—
—
15,9 22,5 114,6 138,2 34,6
16,6 20,7 107,9 136,0 30,7
13,3
14,0
33,2
34,2
24,7
21,3
92,5
85,4
669,5
640,9
30,6 28,0
31,9 29,0
34,7
39,7
41,7
48,7
41,4
48,3
41,6
46,4
46,2
51,3
50,0
57,9
47,2
53,6
446,5
488,0
Erro nos valores de DEF (mm quinzena–1)
DEFPadrão – DEFAlternativa 1,6
30
15
0,0
DEFPadrão – DEFAlternativa 0,8
60
30
0,0
3,0
0,2
–0,5 –0,7
1,8 –0,3
–0,6
–0,4
0,0
0,0
–3,9 –10,1 –3,6 –12,2
0,0 –7,3 –8,6 –12,3
–9,3
–8,7
–36,3
–34,8
0,0
0,0
0,3
0,0
–0,1
0,0
0,0
0,0
0,0
0,0
90
120
45
60
DEFPadrão – DEFAlternativa
DEFPadrão – DEFAlternativa
0,0
0,3
0,0
0,0
0,4
0,0
–0,4
0,0
–6,7 –16,0 –10,6 –33,1
–0,4 –11,8 –14,0 –25,9
16,0
160
CAD: 30 mm
CAD: 60 mm
14,0
140
CAD: 90 mm
CAD: 120 mm
120
10,0
100
8,0
80
6,0
60
4,0
40
2,0
20
0,0
Volume Precipitado (mm)
Erro Absoluto (mm)
Precipitação
12,0
0
2
Julho
1
2
Agosto
1
2
Setembro
1
2
Outubro
1
2
Novembro
1
2
Dezembro
1
Janeiro
Período
FIGURA 5.10 – Erro absoluto (em módulo) no valor da deficiência hídrica (DEF), verificada
entre os balanços hídricos realizados com metodologia padrão e alternativa
para as CAD’s de 30 mm, 60 mm, 90 mm e 120 mm (com fechamento
quinzenal), contraposto ao total de precipitação pluviométrica (PVille de Paris)
ocorrida no período considerado
59
Considerações sobre os valores de DEF e desvios verificados nos balanços hídricos
utilizando metodologia padrão e alternativa como entrada, no período de julho de 2008 a
janeiro de 2009, para água disponível (AD) no solo igual a 15 mm, 30 mm, 45 mm ou 60 mm
(Tabelas 5.10 e 5.11 e Figuras 5.9 e 5.10):
(a) Para a metodologia padrão, os valores de DEF obtidos no período analisado, com os
balanços hídricos considerando água disponível no solo de 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm,
foram de 108,6 mm, 58,5 mm, 20,9 mm e 6,2 mm, respectivamente. Considerando a
metodologia alternativa, os valores de DEF obtidos no período analisado com água
disponível de 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm, foram de 144,9 mm, 93,3 mm, 54,0 mm e
32,1 mm, respectivamente. Os valores de deficiência reduziram com o aumento da CAD e
AD, visto que maiores quantidades de água provenientes das precipitações pluviométricas
ficaram armazenadas no perfil do solo;
(b) O desvio total entre os valores de DEF estimados a partir de balanços hídricos utilizando
metodologias padrão e alternativa (DEFpadrão – DEFAlternativa), no período analisado, foram de:
–36,3 mm período–1, –34,8 mm período–1, –33,1 mm período–1 e –25,9 mm período–1, para
valores de AD igual a 15 mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm, respectivamente. Como o somatório
da EToCM no período analisado foi 41,5 mm período–1 maior do que o somatório da EToPM, e
a precipitação pluviométrica total medida com o pluviômetro Ville de Paris foi 28,6 mm
período–1 maior que a precipitação estimada como o pluviômetro Alternativo 4, verificou-se
que o balanço hídrico realizado com a metodologia alternativa teve um saldo de –70,1 mm
período–1 (41,5 mm período–1 + 28,6 mm período–1) menor na contabilização da água no perfil
do solo, em relação ao balanço hídrico padrão. Os resultados obtidos com os desvios da
deficiência (DEFpadrão – DEFAlternativa), evidenciaram que a CAD e AD do solo foram
importantíssimos na atenuação do valor de –70,1 mm período–1 para o balanço hídrico
alternativo. Este fato pode ser observado nas Figuras 5.9 e 5.10, em que a superestimativa da
ETo e subestimativa da precipitação influenciaram negativamente a contabilidade do balanço
hídrico alternativo a partir da 2a quinzena de outubro/2008, 1a quinzena de novembro/2008, 2a
quinzena de novembro/2008 e 1a quinzena de dezembro/2008, para valores de AD iguais a 15
mm, 30 mm, 45 mm e 60 mm, respectivamente. Enquanto os valores de precipitação
pluviométrica foram suficientes para manter o armazenamento da água no solo próximo da
zona úmida (CAD ·(1– p) < ARM ≤ CAD), as superestimativas da EToCM e subestimativas da
precipitação com o pluviômetro Alternativo 4 não foram suficientes para prejudicar a
60
contabilidade do balanço hídrico alternativo (2a quinzena de julho/2008 a 2a quinzena de
outubro/2008). No entanto, a partir deste ponto, quando houve um período com menor
pluviometria (1a quinzena de novembro/2008 a 2a quinzena de dezembro/2008), os desvios
entre os valores de alguns componentes (ER, ARM e DEF) dos balanços hídricos padrão e
alternativo aumentaram, e o valor de sua amplitude dependeu bastante da CAD e AD do solo.
Os pontos discutidos para as componentes do balanço hídrico (ER, ARM e DEF)
mostram que cuidados devem ser tomados com a utilização de métodos alternativos, como foi
realizado no presente trabalho. Mesmo havendo desempenho (índice “c”) “ótimo” para as
estimativas da precipitação e “mediano” para a estimativa da ETo, verificou-se que os desvios
entre os valores das componentes de um balanço hídrico padrão e alternativo podem ser
expressivos, principalmente nos períodos quentes, combinados com valores de precipitação
pluviométrica decrescente. O resultado do balanço hídrico alternativo piora bastante quando a
superestimativa dos valores da ETo se somam a subestimativa da precipitação do pluviômetro.
Desta forma, os resultados obtidos no presente trabalho indicam, para diferentes regiões, que
métodos alternativos devem ser testados individualmente, e quando bem avaliados, deve-se
ter o cuidado de também avaliá-los quando forem utilizados em conjunto em algum tipo de
metodologia, como foi o caso do presente trabalho com a utilização do balanço hídrico.
6 CONCLUSÕES
As estimativas diárias de precipitação realizadas com os pluviômetros Alternativos 1 a
8 apresentaram “ótimo” desempenho com as medidas diárias de precipitação realizadas no
pluviômetro Ville de Paris. Com base nos índices de desempenho obtidos e nas características
funcionais, os pluviômetros Alternativos 2 e 4 a 7, são os mais recomendados por
apresentarem facilidades construtivas e operacionais (manuseio)
Os métodos de Thornthwaite e Camargo mostraram desempenho (índice “c”) “muito
bom” e “ótimo”, respectivamente, para as análises anuais, considerando estimativas diárias da
evapotranspiração de referência (ETo) na região de Curitiba. Os métodos de Hargreaves e
Samani, Budyko e Linacre são inadequados para estimar a ETo na região analisada.
O desempenho do balanço hídrico realizado com a metodologia alternativa, em
comparação com a metodologia padrão, depende da água disponível no solo (AD) e da
combinação do grau de acerto (associação e exatidão) com que os métodos alternativos
estimam ETo e precipitação dentro do período analisado.
Para um desempenho “ótimo” na estimativa da precipitação (pluviômetro Alternativo
4) e “mediano” na estimativa da ETo (método de Camargo), às componentes do balanço
hídrico alternativo em relação ao padrão (ER, ARM, DEF) têm maiores desvios para períodos
quentes e ocorrência de precipitação pluviométrica insuficiente para manter o armazenamento
da água no solo próximo de sua zona úmida.
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