agriculturasc

Transcrição

agriculturasc
PLANTANDO SAÚDE
Incentivo às mudanças
de atitudes para prevenir
doenças crônicas
saúde, tema de grande importância,
por interferir diretamente na qualidade de vida, nas relações sociais e
nos fatores econômicos no âmbito
familiar e na sociedade.
A implantação do projeto teve o
acompanhamento da prestadora de
serviços em instrutoria e
Administradora Rural Ivânia
Begnini Zingler, que auxiliou no processo de elaboração do programa.
PROGRAMA
Participantes da turma-piloto do programa
P
ara incentivar nas mulheres
o reconhecimento da importância do autocuidado, valorizando a identidade e a responsabilidade pessoal com a saúde, o
Senar/SC lançou no mês de outubro
o programa “Plantando Saúde”, de
prevenção às doenças crônicas. A
turma-piloto ocorreu no munícipio
de Seara, com a participação de 20
mulheres dos municípios de
Arabutã, Arvoredo, Seara e
Xavantina.
O programa enfatiza a importância do autocuidado, a identificação
de comportamentos que promovam
e que previnam doenças, as principais enfermidades crônicas (doenças cardiovasculares, câncer, respiratórias e diabetes), as causas, consequências e planejamento de ações
pessoais de autocuidado.
As participantes separaram figuras distinguindo
atitudes promotoras da saúde e de doença
De acordo com o presidente do
Sindicato Rural de Seara, Valdermar
Zanluchi, a implantação do programa
que ocorreu no município será multiplicado em todo o Estado. “Foram
transmitidas informações importantes
que as participantes poderão multiplicar aos familiares, amigos e nas comunidades das quais participam”.
Para o supervisor regional oeste
do Senar/SC, Helder Jorge Barbosa, o
programa é mais uma ação voltada à
A prestadora de serviço em instrutoria e farmacêutica Daniela
Einsfeld Lermen explicou os comportamentos que promovem a
saúde e a doença, comparando os
aspectos que fortalecem e enfraquecem as defesas naturais. “As temáticas foram abordadas com dinâmicas que levam a reflexão de atitudes
e ao autoconhecimento, para posteriormente sensibilizá-las sobre a
necessidade do autocuidado, do
amor próprio, autoestima e compromisso com a saúde pessoal, para
depois viver plenamente todos os
papeis de mãe, esposa e profissional”, observou.
Alimentação saudável, atividades físicas, pensamentos positivos e
saúde emocional são atitudes que
contribuem para previr doenças.
Segundo Daniela, o mesmo tempo
utilizado para adoecer pode ser
gasto na prevenção, por isso é uma
questão de escolha individual e de
responsabilidade. A base para uma
alimentação saudável tem três princípios: variedade; equilíbrio/moderação e fracionamento.
AGRICULTURA SC
FEDERAÇÃO DA
AGRICULTURA E
PECUÁRIA DO ESTADO
DE SANTA CATARINA
EDIÇÃO Nº 30
NOVEMBRO DE 2015
SERVIÇO
NACIONAL DE
APRENDIZAGEM
RURAL/SC
9912331217/2013 -DR/SC
SENAR AR / SC
Mercado e
inovações
“Fechamento autorizado,
pode ser aberto pela ECT”
para a agricultura
de SC são debatidos no
Seminário de Líderes Rurais
Página 04 e 05
Funai e Incra serão investigadas em CPI
A Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) para investigar as fraudes na Funai e no Incra foi oficializada,
no dia 29 de outubro, pela presidência
da Câmara Federal. Subscrita pelo
deputado Valdir Colatto, coordenador
da Comissão de Direito de
Propriedade da Frente Parlamentar da
Agropecuária (FPA) – a comissão deve
investigar as fraudes em demarcações
20 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
de áreas indígenas e quilombolas em
todo o País.
A CPI iniciará os trabalhados investigando a fundo os critérios utilizados
pelos dois órgãos a uma série de casos
de fraudes em processos demarcatórios de áreas indígenas e quilombolas.
Para Colatto, a CPI tratará dos
recursos públicos e possíveis desmandos das entidades. “Investigaremos os
atos, as aplicações do dinheiro público,
como é feita a atenção à saúde e à educação dos indígenas, quilombolas e
assentados, que estão na miséria, buscando auxílio para sobreviver”, destacou.
A CPI integra 34 membros e terá
prazo de duração de 120 dias, prorrogável pela metade, a contar da data de
instalação.
SINDICATO EM DESTAQUE:
Em Itaiópolis, a família rural
é valorizada
Página 17
PLANTANDO SAÚDE:
Incentivo às mudanças de atitudes
para prevenir doenças crônicas
Página 20
CADERNO ESPECIAL:
Chapecó sediou Seminário
Sulbrasileiro do Leite
Páginas 09 a 16
ARTIGO
AUMENTO DA
PRODUTIVIDADE
Por José Luiz Tejon Megido
Revolução
do agronegócio
A
s novas máquinas agrícolas são cada vez mais
inteligentes. Os pulverizadores, plantadeiras,
colheitadeiras e tratores vêm com
sensores, georeferenciamento, e
isso permite ajustes imediatos com
respostas em até três segundos.
Essas novas máquinas inteligentes serão as responsáveis por
aumentar a produção de alimentos
com diminuição de custos. Foram
analisadas 100 dessas máquinas
com inteligência artificial, no
campo brasileiro, e o que se
observa é que não sabemos extrair
desses equipamentos metade do
que eles podem oferecer.
Ou seja, a nova revolução que
iremos viver no agronegócio dos
próximos 10 anos não será mais
uma geração de equipamentos
com inteligência artificial, o que
permite a um intervalo veloz
de até três segundos, mudança de
aplicação de defensivos, adubo, ou
sementes, conforme as variações de solo ou demais
fatores. A grande revolução
estará na formação de pessoas
preparadas para essa gestão de
dados.
Não mais a força dos músculos, agora será cada vez mais a
força dos neurônios, novos operadores e profissionais na agropecuária. Isso quer dizer educação, a
inteligência humana precisará
dominar a inteligência artificial
das novas máquinas agrícolas.
Projeto de lei quer “azedar”
o mel de abelha brasileiro
Hoje, existem no Brasil mais
de 300 mil apicultores e uma centena de unidades de processamento de mel, que juntos empregam, temporária ou permanentemente, quase 500 mil pessoas em 2
milhões de colmeias, segundo estimativas da Confederação
Brasileira de Apicultura (CBA).
Trata-se de produtores que sempre
exerceram a atividade milenar de
forma artesanal, tecnificada ou
arcaica, sem necessidade de diploma. No entanto, o Projeto de Lei
7948/2014, de autoria do deputado federal Danrlei de Deus
Hinterholz, que dispõe sobre o
exercício profissional de apicultor
e meliponicultor, pretende cobrar
dos produtores a certificação e
curso de formação específica.
O presidente da Comissão
Nacional dos Empreendedores
Familiares Rurais da CNA, Júlio da
Silva Rocha Júnior, ressalta que o
parecer técnico da entidade é contra ao PL, uma vez que está clara a
intenção de criar barreiras ao exercício da atividade, exigindo requisitos ao exercício. “A atividade é
exercida em todo planeta, há
milhares de anos, desde os primórdios, tanto de forma artesanal, tecnificada, como arcaica”, comenta.
AgriculturaSC é um informativo da Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina
e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural
Administração Regional de Santa Catarina
DIRETORIA DA FAESC 2015/2019
Presidente: José Zeferino Pedrozo
1º Vice-Presidente: Enori Barbieri
2º Vice-Presidente: Milton Graciano Peron
1º Vice-Presidente de Secretaria:
João Francisco de Mattos
2º Vice-Presidente de Secretaria:
João Romário Carvalho
1º Vice-Presidente de Finanças:
Antônio Marcos Pagani de Souza
2º Vice-presidente de Finanças:
José Antônio de Pieri
VICE-PRESIDENTES REGIONAIS
Adelar Maximiliano Zimmer (Extremo-Oeste), Américo do
Nascimento (Oeste), Vilson Antônio Verona (Meio Oeste),
Mauro Kazmierczak (Planalto Norte), Lindolfo Hoepers (Vale
do Itajaí), Márcio Cícero Neves Pamplona (Planalto Serrano)
e Vilibaldo Michels (Sul).
CONSELHO FISCAL EFETIVO
Fernando Sérgio Rosar, Gilmar Antônio Zanluchi e
Donato Favarin
CONSELHO FISCAL SUPLENTES
Nilton Goedert, Fabrício Luiz Stefani e Dionício Scharf
CONSELHO ADMINISTRATIVO DO SENAR/SC
Presidente do Conselho Administrativo - Gestão
2015/2018 - José Zeferino Pedrozo
CONSELHEIROS:
Walter Dresch (Titular)
Luis Sartor (Suplente)
Representantes: Federação dos Trabalhadores na
Agricultura do Estado de Santa Catarina (FETAESC)
Marcos Antônio Zordan (Titular)
Neivo Luiz Panho (Suplente)
Representantes: Organização das Cooperativas do
Estado de Santa Catarina (OCESC)
Ricardo de Gouvêia (Titular)
Cinthya Monica da Silva Zanuzzi (Suplente)
Representantes: Agroindústria
Daniel Klüppel Carrara (Titular)
Adilcio Pedro Pazetto (Suplente)
Representantes: Senar Administração Central
CONSELHO FISCAL
Rita Marisa Alves (Titular)
Pedro Cavalheiro de Almeida (Suplente)
Representantes: Senar Administração Central
Reduzir déficit de milho
deve ser prioridade de SC
O
aumento da produção de milho em Santa Catarina deve ser prioridade absoluta dos produtores, das agroindústrias e do Governo,
na avaliação do presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo.
O dirigente observa que a insuficiência de milho é uma das razões da
perda de competitividade das indústrias de processamento de carnes e, em
especial, da avicultura industrial catarinense.
De maior produtor e exportador brasileiro de carne de aves, o Estado
ocupa, atualmente, a segunda posição em termos de comércio exterior, com
33,6% dos volumes e 37,5% das receitas advindas das vendas externas. A
liderança pertence, agora, ao Paraná.
O Estado é o oitavo produtor de milho no Brasil e a área plantada se
reduz gradativamente há oito anos: em 2008 foram cultivados 649 mil hectares e, em 2014, pouco mais de 400 mil hectares. Desses, 100 mil destinam-se à silagem, portanto, não saem da propriedade e são utilizados na
nutrição animal. Os produtores rurais estão migrando do milho para a soja
porque, além de ter custo de produção menor, a soja rende mais. Hoje, uma
saca de soja vale R$ 73 e, uma saca de milho, R$ 29.
As agroindústrias catarinenses consomem em média 2,5 milhões toneladas/ano de milho, desse total mais de 50% resultam da importação do
Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraguai. A escassez agravouse neste ano e Santa Catarina deve importar entre 2,5 milhões e 3 milhões
de toneladas de milho do Brasil central, sujeitando-se a elevados custos de
transporte.
Outra iniciativa para a eliminação do déficit de milho via aumento da
produtividade é a utilização de sementes de alta tecnologia. Metade das
220.000 sacas de sementes que a Secretaria da Agricultura disponibilizou
pelo programa “Troca-troca” é de alta produtividade. Para o cultivo dessa
semente foi distribuído calcário calcítico.
Outros fatores que afetam a competitividade das cadeias produtivas de
grãos, lácteos e carnes são as condições do sistema rodoviário de Santa
Catarina, alerta Pedrozo. A pesquisa da Confederação Nacional dos
Transportes (CNT, 2012), menciona que 31,7% da malha viária barrigaverde encontra-se em situação ruim ou péssima e 28,1% em situação regular – ou seja, 60% da malha rodoviária não estão em condições ideais.
Tatiane Mecabô Cupello (Titular)
Gilberto Modesto da Silva (Suplente)
Representantes: Federação da Agricultura e Pecuária do
Estado de Santa Catarina (Faesc)
Joãozinho Althoff (Titular)
Acir Veiga (Suplente)
Representantes: Federação dos Trabalhadores na Agricultura
do Estado de Santa Catarina (Fetaesc)
DIRETORIA:
Superintendente: Gilmar Antônio Zanluchi
Edição: Marciane Páz Mendes
Redação: Marcos A. Bedin, Aline Thais Gunsett, Gabriela
Volkweis Stocco, Kaehryan Fauth, Silvania Cuochinski e
Marciane Páz Mendes
Diagramação: Multi Design
Tiragem: 4.300 exemplares
Impressão: Grá ca Arcus
O Estado é o oitavo produtor de milho no Brasil
02 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
Fortalecimento
da produção
integrada de
aves e suínos
A Comissão Nacional de Aves e Suínos
da CNA apresentou, no dia 22 de outubro,
às Federações da Agricultura e Pecuária
dos Estados e associações nacionais de
produtores, a proposta de fortalecimento
do produtor integrado na avicultura e suinocultura. A reunião, realizada via videoconferência e presencial, teve por objetivo
discutir novos atributos para equilibrar a
relação contratual entre produtores e agroindústria integrada.
A proposta é composta por quatro pilares fundamentais: circuito de palestras nas
unidades de integração, curso de negociação contratual, criação de núcleo jurídico e
levantamento de dados com o monitoramento contínuo dos sistemas. “Com isso,
esperamos reduzir a assimetria de informação entre o produtor e a integradora,
aumentar a atuação coletiva dos produtores, equilibrar o poder decisório nas unidades e, consequentemente, aumentar a distribuição igualitária na repartição dos
resultados”, afirmou o assessor técnico da
Comissão, Victor Ayres.
Arrendamento
dos terminais
portuários
Infraestrutura logística adequada é
imprescindível para o crescimento dos
negócios internacionais e para que um país
consiga realizar com eficiência as operações de importação e exportação. Hoje, o
Brasil conta com 37 portos públicos, de
acordo com dados da Secretaria de Portos,
com disponibilidades aquém do necessário; planejamento baseado em demandas;
sérias deficiências de acessibilidades;
baixa reestruturação/investimentos, e falta
de mão de obra qualificada nas operações
portuárias.
Para melhorar essa atividade no Brasil, o
Governo Federal lançou, no dia 26 de outubro, os primeiros editais de licitação referentes aos arrendamentos de terminais portuários da segunda etapa do Programa de
Investimento em Logística (PIL). Esse
grupo inicial de licitações é composto por
quatro terminais portuários com investimento total estimado de R$ 1,15 bilhão. Ao
todo, o PIL prevê R$ 198,4 bilhões em
investimentos na infraestrutura de transportes do País.
REVISTA AGRICULTURASC | NOVEMBRO DE 2015
03
PERSPECTIVAS
Seminário de líderes rurais discute mercado e inovações para a agricultura catarinense
Pedrozo fez um balanço das ações de defesa técnica e política
do produtor rural pela FAESC, de um lado e de qualificação e
requalificação profissional pelo SENAR, de outro
O governador manifestou preocupação com
a necessidade de reformar o Estado brasileiro
04 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
Perspectivas de mercado futuro foi o tema da
palestra ministrada por Alcides de Moura Torres
Zé Rabelo
A
s dificuldades que marcam o quadro macroeconômico começam, lentamente, a atingir o agronegócio, um dos setores mais dinâmicos
da economia brasileira, cujos superávits na balança comercial dão, há mais
de 20 anos, estabilidade ao País. Nesse
momento, o mercado para o leite está
em baixa e, o de carne, em alta. Isso é o
que ficou demonstrado no Seminário
Estadual de Líderes Rurais que Faesc
e o Senar/SC promoveram em Lages,
no mês de outubro, durante a
Expolages 2015, no parque de exposições Conta Dinheiro.
O Seminário reuniu mais de uma
centena de presidentes de Sindicatos
Rurais, foi coordenado pelo presidente da Faesc/Senar, José Zeferino
Pedrozo, e teve a presença do governador João Raimundo Colombo e do
secretário da Agricultura, Moacir
Sopelsa, além dos presidentes das
empresas estatais Cidasc e Epagri. O
anfitrião do evento foi o presidente do
Sindicato Rural de Lages e coordenador geral da Expolages, Márcio Cícero
Neves Pamplona.
Pedrozo fez um balanço das ações
de defesa técnica e política do produtor rural pela Federação, de um lado e
de qualificação e requalificação profissional pelo Senar, de outro. Destacou o
papel da Expolages no fomento à
pecuária de corte e de leite, na difusão
tecnológica, no aprimoramento genético e no estímulo aos negócios.
Destacou o apoio do Governo do
Estado ao agronegócio barriga-verde
e citou, como exemplo, o subsídio aos
juros para produtores rurais que
tomam financiamentos do Programa
O secretário da Agricultura Moacir Sopelsa enfatizou
que o maior patrimônio da agropecuária catarinense
é o seu status sanitário
O Seminário reuniu mais de uma
centena de presidentes de Sindicatos Rurais
Roberto Amaral (CIASC), Luiz Hessmann (Epagri), João Raimundo Colombo,
José Zeferino Pedrozo (Faesc), Moacir Sopelsa e Enori Barbieri (Cidasc)
ABC (agricultura de baixo carbono).
Lembrou que, na década de 1990, ele e o
governador Colombo defendiam o setor
primário na condição de deputados com
assento na Assembleia Legislativa de
Santa Catarina.
O presidente da Faesc explicitou
que o dólar elevado implica em aumento
dos custos de produção no campo e na
indústria porque grande parte dos insumos – especialmente milho e farelo de
soja para nutrição animal, equipamentos, embalagens, aminoácidos etc – são
cotados em dólar. “É errôneo afirmar
que a agricultura exportacionista e a
agroindústria têm lucros automáticos
com o aumento do dólar”, esclareceu.
O governador João Raimundo
Colombo disse que o agronegócio é o
“maior orgulho de Santa Catarina”.
Ensinou que “se alguém quer ir rápido, deve ir só, mas, se quer ir longe
deve ir em grupo”, referindo-se a
importância da organização sindical e
cooperativista para proteger e promover o produtor rural. Mencionou que o
mercado mundial está dominado por
gigantescos grupos econômicos do
agronegócio e essa concentração gera
um dilema – como manter competitivos os pequenos e médios produtores
rurais nesse mercado competitivo e
hostil.
O governador manifestou preocupação com a necessidade de reformar
o Estado brasileiro em razão dos insuportáveis encargos decorrentes da
Previdência Social (milhões de apo-
sentados e pensionistas), folha de
salários e recursos para investimentos em obras e serviços públicos.
Assinalou que Santa Catarina é uma
das poucas unidades da Federação
com as finanças em ordem e que
acaba de pactuar uma reforma na
Previdência dos servidores públicos.
Colombo considerou “um erro e
um cochilo da diplomacia brasileira”
não ter acompanhado, negociado ou
participado das tratativas que resultaram na aprovação do acordo que
criou o mercado comum do Pacífico.
Teme, agora, que o Brasil perca mercado para suas carnes. Observou que
90% da carne de frango importada
pelos japoneses é brasileira, mas,
esse mercado pode ser abastecido
pelo frango norteamericano, pois,
Japão e Estados Unidos são, agora,
parceiros do Acordo Transpacífico.
DOMÍNIO
O vice-presidente da Faesc e presidente da Cidasc, Enori Barbieri, apresentou o programa de emissão da
Guia de Trânsito Animal (GTA) com
Reserva de Domínio. Esse sistema foi
desenvolvido pelo serviço de tecnologia da informação da Cidasc para proteger os criadores que expõem e
comercializam animas nas feiras catarinenses. Ele evita prejuízos ao criador e
assegura a transferência da propriedade
dos animais vendidos em feiras somente
após o integral pagamento pelo comprador.
Barbieri observou que existem mais
de 1.700 pequenas, médias e grandes
feiras de animais em território catarinense, mas, apenas 700 estão cadastradas na Secretaria da Agricultura. Os promotores de feiras pecuárias devem
urgentemente cadastrá-las para receberem os benefícios da nova GTA eletrônica.
O secretário da Agricultura Moacir
Sopelsa enfatizou que o maior patrimônio da agropecuária catarinense é o seu
status sanitário como área livre de febre
aftosa e peste suína clássica sem vacinação. Essa é uma condição única no Brasil
e vem assegurando a conquista de mercados internacionais. Advertiu, contudo,
que a manutenção desse status depende
da ação conjunta dos criadores, das agroindústrias e do serviço de inspeção sanitária do Governo Estadual.
Lamentou que alguns criadores
irresponsáveis já foram apanhados tentando introduzir carga viva, o que constitui delito grave em termos sanitários e,
por isso, foram severamente reprimidos.
“A ocorrência de uma doença em território catarinense arrasaria a economia do
Estado”, alertou o secretário.
MERCADOS
Uma completa avaliação da situação
comercial do leite e da carne bovina e
perspectivas de mercado futuro foi o
tema da palestra ministrada por Alcides
de Moura Torres, engenheiro agrônomo
formado pela Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (USP), dire-
tor-fundador da Scot Consultoria, analista e consultor de mercado, com atuação nas áreas de cadeia de pecuária de
corte, leite, ovinos, grãos e insumos
agropecuários.
“Precisamos ser realistas” disse,
ao discutir a situação do leite: o mercado está baixista, com oferta elevada
e demanda fraca. Demonstrou que a
oferta está aumentando e “a demanda
patinando”. O resultado é a queda na
remuneração do produtor. No plano
nacional, o produtor está recebendo
9,4% menos neste ano, em relação ao
mesmo período do ano passado e, no
plano estadual, 6,5% menos, em valores reais. Os produtos lácteos com
maior valor agregado foram os mais
afetados pelo quadro econômico,
razão pela qual caiu o consumo de
iogurtes, queijos e leite condensado,
entre outros.
A expectativa é a queda de preços
ao produtor, situação que se agrava
pelo aumento dos custos de produção
– energia elétrica, combustíveis, mão
de obra, suplementos minerais e fertilizantes.
De outro lado, a situação da
pecuária de corte é bem diferente. “A
carne bovina remunera como nunca”,
frisou Alcides Torres, porque, nos patamares de preços atuais, a arroba remunera muito bem a atividade pecuária e
permite investimentos. De janeiro até
a primeira quinzena de outubro, a variação de preços no varejo em São Paulo
(maior mercado interno) aumentou
19,44% nos cortes de dianteiro e 9,1%
nos cortes de traseiro bovino.
O mercado continuará bom para
os produtores e empresários rurais
em 2016, mas começará a mudar em
2017. O PIB terá retração de -3% em
2015 e de -1% em 2016. Em consequência disso, a economia brasileira
iniciará o ano de 2017 reduzida em 4%
com o rebanho bovino maior que o
atual.
ASSEMBLEIA
A última etapa das atividades consistiu na assembleia geral da Faesc
para aprovação da previsão orçamentária para 2016 que prevê as receitas e
estabelece as despesas em 2 milhões e
704 mil reais. A maior parcela das receitas (2 milhões e 74 mil reais) será originária da contribuição sindical do
próximo ano.
REVISTA AGRICULTURASC | NOVEMBRO DE 2015 05
Zé Rabelo
Passado e presente
celebram o crescimento
do agronegócio serrano
O agronegócio mais uma vez foi realçado
A
o falar da Expolges, talvez
seja importante lembrar o
histórico começo. Tratase do evento agropecuário mais antigo de Santa Catarina. A
primeira exposição foi realizada em
1920, organizada por um grupo de
pecuaristas visionários liderados
pelo belga Charles Vincent. Somente
a partir de 1939, as exposições passaram a ser organizadas pela
Associação Rural de Lages. E desde
1949, no Parque de Exposições do
Parque Conta Dinheiro. A cada ano,
com a presença da pecuária, da indústria e do comércio, fica a demonstração da força e a pujança da economia
da serra catarinense. O evento contou
com apoio da Faesc e do Senar/SC.
A edição da Expolages deste ano,
realizada entre os dias 13 e 18 de
outubro, mais uma vez, esteve realçado o agronegócio, o que garantiu o
sucesso do evento. Nem mesmo a
chuva prejudicou o andamento de
seis leilões de animais, e nem mesmo
a consolidação de bons negócios na
feira multissetorial, abrangendo a
indústria e o comércio.
“Os problemas climáticos têm se
repetido a cada edição da Expolages,
e, neste ano não foi diferente. No
entanto, não comprometeu o exce-
06 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
Expolagens conta com a presença
da pecuária, da indústria e do comércio
Márcio Pamplona ressaltou que o evento foi
positivo e gerou mais de R$ 10 milhões em negócios
lente volume de negócios, especialmente relacionados ao setor animal”,
afirmou o presidente da Associação
Rural de Lages, Márcio Pamplona.
Segundo ele, o evento foi positivo em
relação ao que se propôs, ou seja, focar
no negócio e outros relacionamentos
futuros que gerarão uma movimentação econômica pelo resto do ano. “O
grande número de animais comercializados; de maquinários; automóveis,
entre outros, suplantam valores acima
de R$ 10 milhões, resultantes de acordos e contatos”, salientou.
Além disso, por se tratar de uma
feira fomentadora de negócios e não
festiva, o resultado foi até além do
esperado. Somente no campo do agronegócio, o qual tem a contabilidade
instantânea a partir do encerramento
de cada leilão, o faturamento oficial
em seis grandes arremates atingiu a
valor exato de R$ 2 milhões e 125 mil.
O resultado teve um incremento de
mais de 30% em relação a 2014. “Vale
lembrar que o mau tempo impediu a
vinda de um número expressivo de
animais”, ressaltou o dirigente rural.
Por outro lado, ainda segundo a
visão dos organizadores da feira, o
foco de fomentar os negócios do
comércio e da pecuária foi mantido. O
número de visitantes e expositores,
embora minimizado exatamente por
causa dos problemas climáticos foi
muito bom. Isso tudo demonstra que
os serranos e demais catarinenses
seguem apostando na Expolages,
que, a cada ano, tem conseguido dar
mostras de superação, especialmente
no que tange à estrutura, organização
e recepção, tanto a visitantes, como a
expositores.
O responsável comercial da
Associação Empresarial (ACIL),
Johnny Silva, também confirma a
satisfação dos expositores do setor
multissetorial, a avaliação dele foi
também positiva. “Mesmo quem não
vendeu bem valorizou a oportunidade de expor e divulgar os produtos” - salientou. Por outro lado, quem
esteve no parque em busca de oportunidade de negociar não se importou
com as chuvas. Muitos expositores
estiveram na Expolages pela primeira vez, e muitos disseram que, apesar
da situação de crise nacional, tiveram
algum retorno, a partir de muitas ofertas, inclusive, fomentadas pelas
linhas de créditos bancários disponibilizadas no Parque.
EVENTOS PARALELOS
Além da oportunidade de grandes
negócios no setor agropecuário e multissetorial, o julgamento de raças,
paralelamente à Expolges ainda aconteceram eventos paralelos, como a
Expolíder, com a realização do Fórum
Santa Catarina – SBT/SC; a Semana
Nacional de Ciência e Tecnologia –
Sebrae, e o Seminário Estadual de
Líderes Rurais, promovido pela
Faesc.
Texto: Paulo Chagas – Associação Rural de Lages
PREOCUPAÇÃO
EXPOLAGES 2015
Os javalis que
aterrorizam a serra
e o meio oeste são
da espécie exótica
invasora sus scrofa
Javalis aterrorizam serra
e oeste de Santa Catarina
Os animais selvagens atacam todas as lavouras
U
ma população estimada
entre 2.000 e 3.000 javalis
está atacando propriedades rurais e destruindo
plantações nas regiões da serra e do
meio oeste de Santa Catarina, causando pesadas perdas aos produtores e criadores. A população está
preocupada, pois, além de danificar
plantações, os javalis são animais
agressivos e significam um risco às
pessoas. O problema foi levantado no Seminário Estadual
de Líderes Rurais que a Faesc
promoveu, no mês de outubro, em
Lages.
A maior parte dos javalis habita
o entorno do município de Lages, na
serra catarinense, e o Parque
Nacional das Araucárias formado
por 12.841 hectares que ocupa parte
do território dos municípios de
Ponte Serrada e Passos Maia, no
meio oeste. Quando o alimento
escasseia nesse habitat, esses animais migram para as propriedades
rurais dos municípios de Ponte
Serrada, Passos Maia, Água Doce,
Vargeão, Faxinal dos Guedes, Irani
e Vargem Bonita, onde atacam as
lavouras de milho, hortas e até criatórios de aves e suínos.
O presidente da Faesc José
Zeferino Pedrozo disse que a Polícia
Militar Ambiental vem sendo chamada para conter a invasão. A maioria
dos produtores não está abatendo os
animais e prefere chamar a Polícia
Militar Ambiental porque, além de
uma série de requisitos e procedimentos para o abate, a tarefa é perigosa.
Com frequência os javalis matam os
cães de caça e investem com ferocidade contra os caçadores, relata o presidente.
A Faesc teme que a situação fuja
do controle. Esse problema surgiu em
2010 na região do planalto catarinense, quando, atendendo apelo da
Federação da Agricultura, a
Secretaria da Agricultura declarou o
javali sus scrofa nocivo à agricultura
catarinense e autorizou seu abate
por tempo indeterminado,
objetivando o controle populacional.
A decisão está de acordo com a instrução normativa 141/2006 do Ibama
que regulamenta o controle e o
manejo ambiental da fauna
sinantrópica nociva.
Os javalis que aterrorizam a
serra e o meio oeste são da espécie
exótica invasora sus scrofa, que provoca elevados prejuízos às lavouras,
especialmente de cereais. Vivem em
varas (bandos) de até 50 indivíduos.
Esses animais selvagens atacam
todas as lavouras, principalmente
milho, feijão, soja, trigo, pastagens,
etc. e, numa noite, destroem completamente vários hectares de área.
Os órgãos ambientais e a
Polícia Militar Ambiental orientam
que apenas profissionais caçadores
registrados e licenciados façam o
abate dos animais. “O agricultor
terá que procurar um desses profissionais para fazer o abate na sua
lavoura e isso implica em burocracia
e em custos adicionais”, reclama o
presidente da Faesc. O problema é
que existem poucas equipes para o
abate de muitos animais.
Por outro lado, enquanto a portaria autoriza o uso de armas de
fogo dentro das propriedades invadidas, a Polícia Ambiental só permite o uso de tranquilizantes ou
armadilhas.
PERDAS
Nos últimos cinco anos os produtores catarinenses sofrem de forma
mais intensa com a ação dos javalis.
Os animais atacam as lavouras já a
partir do plantio. Além de pisotear a
plantação, permanecem no local se
alimentando até a maturação do
milho.
Os javalis podem transmitir doenças economicamente graves como a
peste suína africana, peste suína clássica e febre aftosa. Por isso, é proibido
o consumo da carne dos javalis abatidos.
São considerados espécies “exóticas” (portanto, não protegidas por
leis ambientais), porque cruzam com
porcos domésticos e até outros animais selvagens, como porco de mato,
o que gera filhos conhecidos com “javaporcos”. As fêmeas produzem em
média duas ninhadas por ano e uma
média de oito filhotes em cada uma.
Por isso, o controle se torna difícil. O
macho adulto pesa entre 150 e 200
quilos e a fêmea entre 50 e 100 quilos.
Os javalis que aterrorizam Santa
Catarina vieram do Rio Grande do
Sul.
REVISTA AGRICULTURASC | NOVEMBRO DE 2015
07
EMPREENDEDORISMO
RURAL
CADERNOESPECIAL
“Com Licença Vou à Luta”
oportuniza qualificação e
incremento de renda
T
ransformar a participação
feminina em um fator
importante para o sucesso
da empresa rural é um dos objetivos
do programa “Com Licença Vou à
Luta”, desenvolvido pelo Senar/SC.
No mês de outubro iniciaram duas
novas turmas nos municípios de
Balneário Arroio do Silva e Santo
Amaro da Imperatriz, na região sul
do Estado.
Participam 15 mulheres em
Balneário Arroio do Silva com a prestadora de serviço em instrutoria
Bernadete Luiza Bortolotto. “O curso
proporciona novas oportunidades e
qualifica mulheres da área pesqueira
na geração de renda, especificamente
no período de defeso e turismo da
região. Algumas já são empreendedoras, mas não possuíam qualificação e estão satisfeitas como o curso
oferecido”, observa a supervisora do
Senar na região sul Sueli
Silveira Rosa.
No município de Santo
Participam 15 mulheres em Balneário Arroio do Silva
Amaro da Imperatriz, o programa é realizado no CAPS, a prestafoi criada especialmente para as
dora de serviço em instrutoria é
mulheres do campo, pois com noções
Marinei Sabadin e as 15 participantes
de gestão, elas ajudam a melhorar a
buscam qualificação profissional e
administração da propriedade, seja
melhoria de renda. “Cada vez mais as
como chefe de família ou auxiliadora
mulheres estão despertando para a
do
marido.
importância da qualificação profissi“A intenção é elevar a autoestima
onal na busca pelo empreendedodas mulheres para despertar o potenrismo diante da crise”, complementa.
cial pessoal e profissional, além de
PROGRAMA
proporcionar atividades que possibiO programa “Com Licença Vou à
litem a independência financeira,
Luta” desenvolve competências por
construindo a autoconfiança com
meio de atividades na área de emprereflexos na qualidade de vida. Tudo
endedorismo, direito trabalhista, lideisso contribui para o aumento da
rança e planejamento. Desta maneira,
renda familiar com melhorias na efitransforma a participação feminina
ciência da gestão”, enfatiza o superinem um fator importante para o
tendente do Senar/SC, Gilmar
sucesso da empresa rural. A iniciativa
Antônio Zanluchi.
Estudantes de Monte Castelo recebem “Sorrindo no Campo”
Carla aconselha as crianças sobre a importância da escovação
Prevenção e promoção de saúde
bucal são objetivos do Programa
Sorrindo no Campo, realizado em
Monte Castelo, no mês de outubro,
pelo Senar/SC. As atividades ocorreram no Centro de Educação Infantil
Proinfância, onde foram atendidas
mais de 150 crianças, entre dois e cinco
anos e na Escola Estadual Manoel
Ribeiro com as turmas do 1º e 5º ano,
entre os estudantes de seis e dez anos.
As crianças foram orientadas
pela dentista, Carla Einsfeld, que
08 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
desde outubro de 2014 vem, por meio
de uma parceria entre Senar/Faesc e
Sindicatos Rurais, realizando um trabalho de saúde bucal que já beneficiou
centenas de crianças em Santa
Catarina. Apenas em Monte Castelo é a
terceira vez que o programa visita o
município; as outras edições foram
realizadas nas Escolas Estaduais
Francisco Nicolau Fuck e Pedro
Gonçalves Ribeiro.
Durante as atividades, a prestadora de serviço em instrutoria
demonstra minuciosamente os procedimentos da escovação bucal, assim
como aconselha as crianças sobre a
importância da escovação e dos fatores que envolvem a saúde bucal, como
uma alimentação saudável e adequada. Além disso, Carla acompanha individualmente a escovação de cada criança. “Trabalhar com prevenção e promoção de saúde bucal é muito gratificante, pois temos a oportunidade de
levar informações para as nossas crianças para que elas sejam adultos mais
saudáveis”, destacou.
Segundo a supervisora do
Senar/SC na região norte, Carine
Weiss Carneiro, o programa de saúde
bucal é uma oportunidade de incentivar desde muito cedo nas crianças hábitos saudáveis que garantam a qualidade bucal. Para o presidente do
Sindicato dos Produtores Rurais de
Monte Castelo, Gilvani Carneiro Weiss,
tudo isso é possível graças às parcerias
que acreditam no poder social desse
tipo de ação que tem como intuito
promover uma saúde coletiva de
qualidade.
Seminário Sulbrasileiro do Leite
discute panorama do mercado
São quase 8 milhões de reais que saem
dos tetos das vacas todos os dias para
alimentar a economia barriga-verde
O Seminário Sulbrasileiro de
Leite explorou, através de palestras e painéis, um panorama
regional do mercado lácteo. O
evento ocorreu nos dias 8 e 9 de
outubro, no Pavilhão III do Parque
de Exposições Tancredo Neves,
em paralelo a EXPOESTE 2015.
Santa Catarina é o quinto
produtor nacional com 2,8 bilhões
de litros/ano. Praticamente, todos
os estabelecimentos agropecuári-
Pro ssionais e lideranças
do setor lácteo acompanharam o evento
os produzem leite, o que oportuniza renda mensal às famílias rurais
e contribui para o controle do
êxodo rural. O oeste catarinense
responde por 73,8% da produção.
Os 80.000 produtores de leite (dos
quais, 60.000 são produtores
comerciais) geram 7,4 milhões de
litros/dia. São quase 8 milhões de
reais que saem dos tetos das vacas
todos os dias para alimentar a
economia barriga-verde , mostra
o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado
(FAESC) José Zeferino Pedrozo ao
exempli car a importância da
cadeia produtiva do leite.
O superintendente do
Ministério da Agricultura em
S a n ta C a ta r i n a J a c i r M a ss i
destaca a importância de maior
investimento por parte do setor
lácteo e do Governo, para que o
segmento se torne competitivo ao
mercado internacional. Segundo
Massi, a média de produção da
Jacir Massi,
superintendente do MAPA em SC
cadeia nacional é de 4 litros de
leite por vaca ao dia, o que é
considerado baixo. Em SC a média
é de 7 litros, mas ainda esta abaixo
do ideal que seria 14.
PROMOÇÃO
O Seminário Sulbrasileiro do
Leite é uma promoção do
Núcleo de Criadores de Bovinos
de Chapecó, Associação
Catarinense de Criadores de
Bovinos (ACCB), Sindicato Rural
de Chapecó e Federação da
Agricultura e Pecuária do
E sta d o d e S a n ta C a ta r i n a
(Faesc) com apoio da UFFS,
Ministério da Agricultura,
Sebrae, Epagri, Cidasc e
Prefeitura de Chapecó.
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
9
CADERNOESPECIAL
ALIANÇA LÁCTEA: O SUL
QUER QUALIDADE NO LEITE
A propriedade familiar vai ter condições
de permanecer se tiver qualidade de vida e
reconhecimento por aquilo que está fazendo .
Melhorar a
competitividade, tornarse líder da produção
leiteira no Brasil e
preparar-se para a
exportação estão entre
os objetivos da Aliança
Láctea Sulbrasileira,
formada pelos Estados
do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e
Paraná, apresentados
durante o Seminário Sul
Brasileiro do Leite que
ocorreu em Chapecó,
em paralelo à Expoeste,
no mês de outubro.
O painel foi conduzido pelo
coordenador da Aliança Láctea,
Airton Spies e contou com a
participação do Secretário de
Estado da Agricultura de SC,
Moacir Sopelsa, do representante
da secretaria de agricultura do Rio
Grande do Sul, Fernando Grossi,
do vice-presidente da Faesc e
presidente da Cidasc, Enori
Barbieri, e do chefe da divisão de
10
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
defesa agropecuária da superintendência federal de SC, Fernando
Luiz Freiberger.
Spies destacou que diversas
ações vem sendo realizadas pelos
três Estados para chegar ao
objetivo da Aliança. Em Santa
Catarina, por exemplo, ele observou que a cadeia do leite foi
priorizada nas ações de pesquisa
agropecuária e defesa sanitária
(Cidasc), foram distribuídos kits
forrageiras (Epagri), e disponibilizado apoio técnico para que sejam
trabalhadas as áreas de pastagens das propriedades. Além
disso, entre Epagri e Cidasc, são
cerca de 3.500 servidores a serviço
da cadeia leiteira.
Para o coordenador, o Estado
apresenta indicadores que o
colocam em posição de vantagem,
inclusive, em relação a países
europeus. Temos excelência
sanitária, social e ambiental,
temos certi cação pela OIE,
somos área livre de febre aftosa
sem vacinação, temos mais água,
mais luz solar, terra boa e mão de
obra experiente , apontou. Disse
que os desa os estão em fazer
das pequenas propriedades,
grandes negócios e transformar
vantagens comparativas em
vantagens competitivas. O leite
pode se tornar mais uma estrela
do agronegócio catarinense. Para
isso, precisamos produzir com
alta qualidade e baixo custo ,
a rmou.
Freiberger chamou a atenção
para o compromisso com a
qualidade do produto, que deve
ser levada a sério pelo produtor,
pelo transportador e pela indústria. Segundo ele, atualmente,
50% do produto que passa pela
inspeção federal não atende os
padrões da Instrução Normativa
62. Ele defendeu, que a inspeção
sanitária seja feita de forma
equivalente por todos os órgãos
scalizadores. Sugeriu que a
indústria deve pagar pela qualidade da matéria-prima e o produtor
exigir assistência técnica, reprimir a fraude e implantar boas
práticas na produção. Na opinião
de Freiberger, o principal investimento a ser avaliado pelo produtor é em sistema de resfriamento
do leite. Isso permite avançar em
qualidade e diminuir os riscos de
contaminação , ponderou.
No Rio Grande do Sul, segundo
Grossi, o desa o está em desmisti car a questão das fraudes no
setor. Ressaltou que os problemas
relacionados às fraudes só tem
vindo à tona porque a scalização
tem sido rigorosa, efetiva e
atuante, conferindo credibilidade
à toda a cadeia produtiva do sul do
Brasil. Grossi disse que o maior
problema no RS estava no transporte e a atuação do Estado é para
Airton Spies,
coordenador da
Aliança Lactea
regrar a partir de mudanças na legislação.
Sob um aspecto de política sindical, o vicepresidente da Faesc, Enori Barbieri falou sobre a
cadeia produtiva do leite a partir da comparação
com a cadeia de suínos e aves de Santa Catarina,
Enori Barbieiri,
que são as melhores do Brasil. Segundo Barbieri,
vice-presidente da
enquanto estas duas se consolidam a partir de
Faesc e presidente
investimentos em alta tecnologia e da percepção
da Cidasc
da necessidade de inovação e modernização da
indústria, a do leite nasce com base em um
problema social: a permanência do homem no
campo.
Ele ponderou que o leite teve um crescimento
muito rápido, sem eliminar produtores, pelo
contrário, acabou atraindo outros que não tinham
nem conhecimento. Diante disso, o desa o que
está posto, segundo Barbieri, é garantir a qualidaMoacir Sopelsa,
de do que está sendo produzido. Ainda hoje, se
secretário de
estimula às pessoas a entrar na cadeia do leite
estado da
como forma de aumentar a renda da pequena
agricultura
propriedade, porém, a falta de preparo pode
colocar em risco toda a produção daqueles que
levam o negócio a sério , comentou.
Barbieiri informou que o Estado investe cerca
de 200 milhões de reais por ano em vigilância
sanitária e que o produtor precisa ser dedo duro ,
denunciando aqueles que fazem procedimentos
errados. Estamos vivendo a oportunidade para a
sociedade reagir e exigir leite de qualidade. É hora
Fernando Grossi,
representante
de repensar normas, leis e modelos. É hora de
da secretaria
rmar compromisso com quem tem compromisso
de
agricultura
do
e acabar com a história de que o leite é o cheque de
Rio Grande do Sul
todo mês ,
Sopelsa reforçou que entre os desa os da cadeia produtiva do leite, está a necessidade de investimento em infraestrutura, especialmente em
rodovias e energia elétrica. De acordo com o secretário, para melhorar a competitividade tanto no
Brasil quanto no exterior, é fundamental focar na
qualidade e na logística, fatores importantes para
atender as demandas dos mercados mais exigen- Fernando Freiberger,
tes. Retomou a importância do pagamento pela
chefe da divisão de
qualidade. A propriedade familiar vai ter condi- defesa agropecuária
ções de permanecer se tiver qualidade de vida e da superintendência
federal de SC
reconhecimento por aquilo que está fazendo .
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
11
CADERNOESPECIAL
CADERNOESPECIAL
COMPETITIVIDADE E MERCADO
Promotor discute fraudes no leite durante Seminário
Não basta manter o pequeno
no campo, é preciso dar
condições para crescer
Principais direcionadores,
tendências, ameaças e oportunidades do mercado de lácteos no
Brasil e no Mundo foi o tema da
palestra ministrada pelo engen h e i ro a g rô n o m o , d i re t o r
executivo da Agripoint e coordenador do MilkPoint, Marcelo
Pereira de Carvalho, durante o
Seminário Sul Brasileiro do Leite
que ocorreu em Chapecó, no
mês de outubro, paralelo à
Expoeste.
O principal apontamento
feito por Carvalho foi em relação
ao expressivo crescimento do
mercado lácteo brasileiro. Em 14
anos, o consumo per capita do
produto passou de 122 litros/ano
para 176 no passado. Como
potencialidade a ser explorada,
citou a produção de queijo que
embora tenha crescido 6,7%
entre 2000 e 2015, conta com
uma projeção de mais 3,2% ao
ano até 2018. Atualmente, o
consumo per capita de queijo do
brasileiro é de 2,5 Kg, enquanto
na Argentina esse número chega
a 11,5 Kg e na França 26,3 Kg. Da
mesma forma, o consumo per
capita de iogurte cresceu 60%,
em 10 anos, marcando 7,5 litros,
em 2014. Apesar da crise, o
produto que agrega valor é o que
tem crescido no mercado. Além
disso, ainda tem a febre do
iogurte Grego e o produto sem
lactose que tem conquistado o
gosto do consumidor , comentou.
Embora não seja um
n ú m e ro p re c i s o , C a r v a l h o
considera um avanço, a redução
da informalidade no setor lácteo
que caiu de 42% para 30%. No
12
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
entanto, apontou que o mercado
continua fragmentado, sendo
que 37% do leite inspecionado é
processado apenas pelas 13
maiores indústrias do setor.
Sobre a composição do
preço do leite, destacou que o
varejo vem ganhando participação, enquanto a margem do
produtor e da indústria tem
diminuído. Em 2008, 40% do
valor do litro era destinado ao
produtor, 34,4% para a indústria
e 25,5% para o varejo. Agora, o
são 37,6%, para o produtor,
33,9% para a indústria e 28,5%
para o varejo.
Carvalho observou que o
preço pago ao produtor pelo litro
de leite não tem acompanhado o
crescimento do salário mínimo,
encarecendo a mão de obra e
gerando problemas de sucessão
É necessário investir
em inovação, com foco
na qualidade do leite,
melhorar a e ciência,
aumentar a produção e
reduzir custos, diante
do atual cenário
econômico, além de
atender as novas
demandas do mercado
como bem-estar
animal,
sustentabilidade, entre
outros .
LEITE ADULTERADO
Marcelo Pereira de Carvalho,
diretor executivo da Agripoint
e coordenador do MilkPoint
nas propriedades produtoras.
Ao ver que o salário mínimo
aumenta mais que o preço do
leite, o produtor acredita que
existam outras oportunidades e
atrativos que podem ser explorados fora das propriedades. Por
isso, para manter o pequeno
produtor no campo, é fundamental que se dê condições para que
ele produza mais e também
cresça no campo , a rmou.
Para se manter competitivo
no mercado, o especialista
ponderou que é necessário
investir em inovação, com foco
na qualidade do leite, melhorar a
e ciência, aumentar a produção
e reduzir custos, diante do atual
cenário econômico, além de
atender as novas demandas do
m e rc a d o c o m o b e m - e s t a r
animal, sustentabilidade, entre
outros. Além disso, Carvalho
destacou a necessidade de
atenção para o mercado internacional.
Por m, Carvalho reforçou
que o Brasil é um mercado
dinâmico para os lácteos, porém,
não é fácil. A produção crescerá
Considerando a importância e a
grandiosidade do setor lácteo, o
promotor de justiça Fabiano
Baldissarelli acredita que os casos
de fraude são exceção e não regra.
Durante o Seminário Sulbrasileiro
do Leite, ele falou sobre as três
operações de leite adulterado
de agradas recentemente na
região sul do Brasil.
B a l d i ss a re l l i d e m o n st ro u
preocupação com a repercussão
midiática das operações, pois
apesar de serem isoladas, elas
a c a b a r a m p ro v o c a n d o u m a
mancha no setor. Entendemos
que é necessário corrigir essa
impressão que cou, pois toda a
cadeia produtiva de leite tem o seu
valor e importância. No entanto,
quando divulgávamos os resultados das operações, sempre foi
dado muito mais destaque para o
negativo do que para as potencialidades do setor. A intenção era
incentivar as boas práticas,
estimular a qualidade, mas isso se
perdeu no caminho. Não se
pretendia causar danos, mas
prevenir os problemas e responsabilizar os culpados , comentou.
O promotor de justiça valorizou
o trabalho de investigações do
Gaeco, destacando a independência dos servidores que o compõe.
Esses pro ssionais dão expediente exclusivo ao órgão, sem precisar
se reportar aos chefes imediatos
de cada repartição pública, o que
garante a isenção da atuação.
Durante a palestra,
Baldissarelli citou os crimes que
foram investigados e suas penalidades. As três operações resultaram em 69 pessoas denunciadas e
40 prisões. Entre as práticas
ilegais identi cadas estiveram a
adição de água ou soro de queijo
(para aumentar o volume e reduzir
Fabiano Baldissarelli,
promotor de justiça
custos), soda cáustica (para
mascarar a acidez e a contagem
de bactérias), álcool etílico, sal ou
açúcar.
Além disso, o promotor enfatizou que a preocupação com a
qualidade do leite e a divulgação
das irregularidades não podem se
restringir ao sul do país. Ele
defende a criação de uma força
nacional para fazer a scalização,
elevando o status da qualidade dos
produtos lácteos e minimizando os
problemas gerados em função das
fraudes. Somado a isso, a qualidade do leite do sul do Brasil
também precisa ser destacada ,
comentou.
Para combater as fraudes,
Baldissarelli acredita que seja
necessário aperfeiçoar as metodologias laboratoriais, pro ssionalizar o setor, exigir boas práticas
e maior controle sanitário, rastrear o produto, coibir a comercialização de leite e derivados fora dos
padrões e intensi car a scalização. Com ênfase, apontou a
necessidade de aproximação da
indústria com os produtores.
Mesmo que não haja a intenção
de fraudar, a empresa não pode
ser omissa no acompanhamento
de todo o processo. Deve investir
em treinamento, informação e
qualidade do produto desde a
origem , recomenda.
Mesmo que não haja a
intenção de fraudar, a
empresa não pode ser
omissa no
acompanhamento de
todo o processo. Deve
investir em treinamento,
informação e qualidade
do produto desde a
origem .
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
13
CADERNOESPECIAL
CADERNOESPECIAL
PROGRAMA LEITE SAUDÁVEL
Investimentos serão em
torno de R$ 387 milhões
O Brasil é atualmente o 4º
maior produtor de leite no
mundo, no entanto a média de
produtividade é considerada
baixa levando em conta o potencial de produção do país. O setor
m a n t é m u m c re s c i m e n to
contínuo de 4,1% ao ano, mas
não chega alcançar 1% de
participação no mercado mundial. Visando a mudança deste
cenário foi lançado o Programa
Leite Saudável pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
Com o objetivo de melhorar a
competitividade do setor lácteo
brasileiro, o MAPA e o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae)
investirão no projeto R$ 387
milhões, até 2019. O Programa
foi apresentado pelo chefe da
Divisão de Defesa Agropecuária
do Ministério da Agricultura em
Santa Catarina, Fernando Luiz
Freiberger, durante o Seminário
Sulbrasileiro do Leite, que
ocorreu em Chapecó.
O Programa bene ciará 80 mil
produtores de cinco Estados
brasileiros: Goiás, Minas Gerais,
Paraná, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina. Juntos, eles
representam 72,6% da produção
leiteira nacional. Os critérios
para fazer parte do programa é
produzir de 50 a 200 litros por
dia, encaixar-se nas classes C, D
e E, e não atender às especi cações da IN 62, o que signi ca que
ainda não alcançou o nível de
qualidade esperada.
De acordo com Freiberger, a
iniciativa vem sendo planejada
desde 2014 a partir da necessidade de garantir a qualidade da
14
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
matéria prima do setor lácteo
diminuindo os custos para o
produtor. Conseguiremos uma
melhor remuneração e atingir o
mercado externo se o leite tiver
qualidade. A intenção é investir
no aumento da produtividade por
vaca/ano, isso agrega valor ao
produto e consequentemente
eleva a renda do produtor.
Queremos fazer mais e melhor ,
declara.
A primeira etapa do
projeto já está em andamento e
disponibilizará R$ 26 milhões
para o estado de Santa Catarina
para bene ciar 840 propriedades. No total, o Estado deve
receber R$ 66 milhões em
quatro anos de projeto. Dos
municípios atendidos, 70 são do
oeste catarinense, incluindo
Chapecó. Desde o dia 15 de
outubro, os produtores já estão
sendo selecionados.
EIXOS
Os sete grandes eixos de
a t u a ç ã o d o p ro g r a m a s ã o
assistência técnica gerencial,
melhoramento genético, política
agrícola, sanidade animal,
A intenção é investir
no aumento da
produtividade por
vaca/ano, isso agrega
valor ao produto e
consequentemente
eleva a renda do
produtor. Queremos
fazer mais e melhor .
Fernando Luiz Freiberger,
chefe da Divisão de Defesa
Agropecuária do Ministério da
Agricultura em Santa Catarina
maiores potenciais da região,
através do projeto o MAPA devese investir ainda mais no
Programa Nacional de Controle e
Erradicação da Brucelose e da
Tuberculose Animal. Com a
erradicação de doenças a
entrada no mercado internacional será facilitada.
Para atingir o padrão ideal na
qualidade do leite produzido no
Brasil o programa prevê a
criação, em parceria com a
Embrapa, de um sistema de
inteligência para gerenciamento
de dados da qualidade do leite e a
ampliação da unidade do
Laboratório Nacional
Agropecuário (Lanagro) de Pedro
Leopoldo (MG). Além disso, o
M A PA t r a b a h a r á r m e n a
implementação do Plano
Nacional de Qualidade do
Leite.
Sobre o marco regulatório, o
Ministério da Agricultura promete atualizar e adequar às legislações do setor lácteo. Uma das
propostas é a realização de
alterações no Regulamento da
Inspeção Industrial e Sanitária de
Produtos de Origem Anima l
(Riispoa), que tornará a produção
de derivados legal e mais segura
para o consumo.
A expectativa para ampliação
d e m e rc a d o é , a t r a v é s d o
P ro g r a m a L e i t e S a u d á v e l ,
triplicar as exportações de leite
com foco nos mercados da China
e Rússia, os maiores compradores de toda a produção mundial
atualmente.
APOIADORES
De acordo com informações do
site o cial do Ministério da
Agricultura Pecuária e
Abastecimento, além do Sebrae,
apoiam o projeto a Embrapa, a
Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), a Confederação
da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar), a
Viva Lácteos
Associação
Brasileira de Laticínios, a G100
Associação Brasileira das
Pequenas e Médias Cooperativas e
Empresas de Laticínios, a
Associação Brasileira de
Inseminação Arti cial (Asbia) e
associações de raças leiteiras.
q u a l i d a d e d o le i te , m a rco
regulatório e ampliação de
mercado.
O primeiro eixo, assistência
técnica gerencial, garante que o
p ro d u t o r re c e b e r á c u r s o s
técnicos e de gestão no período
de dois anos. Além disso, as
propriedades receberão visitas
m e n s a i s d e t é c n i co s p a ra
supervisionar a produção e
estabelecer um cronograma de
a c o rd o c o m a s d e m a n d a s
identi cadas voltado principalmente ao trabalhador da cadeia
leiteira.
Para potencializar o segundo
eixo serão selecionados, pelo
MAPA e pelo SEBRAE, produtores com potencial de adotar
medidas de melhoramento
genético, ampliando em 30% a
40% o uso de inseminação
arti cial.
No quesito política agrícola, o
Plano Agrícola e Pecuário
2015/16 tem uma linha de crédito
facilitado e recursos garantidos
para o subsídio de programas
que incentivam a produção
agrícola.
Em sanidade animal, um dos
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
15
SINDICATO EM DESTAQUE
BRUCELOSE BOVINA
Doença está erradicada em Santa Catarina
O gerente de defesa sanitária
da Cidasc Marcos Vinícius de
Oliveira Neves expôs, durante o
Seminário Sulbrasileiro do Leite,
a situação epidemiológica da
Brucelose Bovina em Santa
Catarina. No Brasil, a doença está
em fase de controle, e no Estado, o
status é de erradicação, pois a
prevalência é muito baixa e não há
necessidade de aplicação da
vacina B19 no rebanho.
Neves observou que a contaminação do homem acontece por
No Estado, o status é
de erradicação, pois a
prevalência é muito
baixa e não há
necessidade de
aplicação da vacina B19
no rebanho.
meio do manuseio de restos de
aborto ou da placenta ou ainda
pela ingestão de leite e derivados
crus. Segundo o gerente da
Cidasc, desde o início do projeto
de vigilância, em 2012, foram
diagnosticados 18 casos em
humanos. Por isso, ele considera
fundamental a troca de informações entre os órgãos de saúde
animal, Sistema Único de Saúde
(SUS), Secretarias de Saúde e de
Agricultura para identi car onde
estão os focos.
Para monitorar da doença, o
gerente da Cidasc explicou que
Santa Catarina desenvolve um
Programa Sanitário dividido em
três fases: de controle, quando há
o problema estabelecido e precisa
controlar para baixar a prevalência; de erradição, com prevalência
inferior a 2% e sem vacinação; e
zona livre, onde não há registro da
doença.
Em Itaiópolis, a família
rural é valorizada
O
Marcos Vinícius de Oliveira Neves,
gerente de defesa sanitaria da Cidasc
Sindicato dos Produtores Rurais de Itaiópolis,
no Planalto Norte
Catarinense, foi fundado em 1977. Desde o início, promove diversos programas e ações
em parceria com a Faesc, o
Senar/SC e outras entidades, secretarias, empresas e organizações voltadas à promoção das atividades
realizadas no meio rural, contribuindo para o desenvolvimento do
setor, a profissionalização do produtor e do jovem rural, com o objetivo
de viabilizar melhorias na qualidade
de vida de toda a família.
A FORÇA DA UNIÃO
“Podemos dizer que, nos dias de
hoje, nosso produtor tem empreendido mais, depois de ver ampliadas as
oportunidades de acesso à informação, de participar de cursos e treinamentos voltados à capacitação da gestão da propriedade e dos negócios
agropecuários”, enfatiza o presidente
do Sindicato dos Produtores Rurais
de Itaiópolis e vice-presidente
re-gional da Faesc para o Planalto
Norte, Mauro Kazmierczak.
A diretoria do Sindicato busca
trazer para o município programas
que visam colaborar para a melhoria
da produtividade, da renda, da educa-
Além disso, Neves destacou a
parceria das empresas e laticínios
pela agilidade na coleta e entrega
das amostras de leite no laboratório da Cidasc, durante a realização
dos projetos pilotos de vigilância
desenvolvidos nas regiões de
Chapecó e Tubarão.
ção e da saúde da classe produtora
rural. Dirigentes sindicais e funcionários procuram manter-se atualizados e
preparados para prestar assessoria,
informações e oferecer aos associados subsídios nas áreas econômica,
política, sociocultural e institucional,
com a finalidade de aperfeiçoar os
serviços oferecidos.
“Nossos planos incluem a construção de uma nova sede e a criação
de um centro de inseminação artificial
de bovinos. Aguardamos a participação de mais produtores: acreditem na
nossa organização e unam-se aos nossos objetivos. Novos associados
representam mais força” argumenta
Kazmierczak.
SAÚDE E BEM-ESTAR
Além de disponibilizar eventos
voltados à formação e atualização profissional, promoção social e saúde dos
associados e suas famílias, o
Sindicato oferece uma série de benefícios como orientação, representação,
consultoria e assessoria, documentação, elaboração de contratos, declarações, emissão de certidões e guias,
fotocópias e descontos na aquisição
de produtos agropecuários.
O Plano de Saúde Familiar mantido pela entidade contempla convênios com centros médicos, laboratórios de análises clínicas, farmácias,
clínicas de odontologia e optometria e
grupos de terceira idade, produtos e
serviços que objetivam proporcionar
capacitação, tranquilidade e bemestar, valorizando a família rural.
DIRETORIA
Em suas reuniões, a diretoria trata sempre de assuntos importantes para toda a classe
16
Sede do Sindicato dos Produtores Rurais de Itaiópolis fica na Avenida Getúlio Vargas
EDIÇÃO ESPECIAL | SEMINÁRIO DO LEITE
Presidente: Mauro Kazmierczak
Vice-presidente: Marcos Zeczkowski
Secretário: Carlos Wagner
Tesoureiro: Luiz Hirth Sobrinho
Suplentes: Irineu Penkal,
Gilberto Luiz Bauer,
Waldemar Zeczkowski,
João Edmundo Hack
CONSELHO FISCAL
Waldir Linzmeyer
Vicente Celço Oribka
Leopoldo Marciniak
Suplentes: Helio Plautz,
Wilson Linzmeyer,
Osmar Taucher,
DELEGADOS NA FAESC
Mauro Kazmierczak
Luiz Hirth Sobrinho
Suplentes: Marcos Zeczkowski,
Osmar Taucher
REVISTA AGRICULTURASC | NOVEMBRO DE 2015 17
ECONOMICAMENTE
SUSTENTÁVEL
FOMENTO
AO SEGMENTO
Programa de
capacitação ambiental
para produtor de leite
Os resultados obtidos são essencialmente de natureza ambiental,
preparando os produtores para tomar a decisão adequada na propriedade rural
T
ornar as propriedades rurais
economicamente sustentáveis é o objetivo do “Programa gestão ambiental na produção de leite” que o Senar/SC e a
Cooperativa Central Aurora Alimentos desenvolvem desde o ano passado no grande oeste catarinense.
O programa iniciou em 2014
com o treinamento de 101 profissionais que formam as equipes
técnicas que trabalham com leite
sobre as questões ambientais relacionadas à atividade de proteção
ambiental. Somente depois disso que
começou o treinamento dos produtores rurais associados das cooperativas
agropecuárias.
O programa prevê capacitar os
8.200 produtores associados das cooperativas filiadas que trabalham com
leite. “O objetivo é termos produtores
capacitados para práticas ambientais
adequadas na produção de leite e o
rigoroso cumprimento da legislação”,
observa o assessor técnico da Aurora
Alimentos, Sandro Luiz Tremeá.
A Aurora desenvolveu o programa
de capacitação ambiental e juntamente com a equipe das filiadas e
com os instrutores Eneo Webber e
Patrícia Mellin criou o manual de
capacitação ambiental. Por outro
lado, as cooperativas filiadas à
Coopercentral Aurora mobilizam e
organizam os treinamentos em grupos de produtores.
A participação do Senar/SC consiste em cobrir os custos com instrutores e alimentação. De acordo com
o superintendente do Senar/SC,
Gilmar Antônio Zanluchi, as atividades estão bem encaminhadas, pois
em 2014 foram realizados 13 treinamentos com 313 produtores participantes e, em 2015, mais 20 treinamentos com 406 participantes.
A área geográfica atingida
envolve o oeste catarinense onde
atuam as cooperativas filiadas à
Aurora Alimentos: Cooperalfa,
Auriverde, Copérdia, Itaipu, Caslo,
Coolacer, Camisc, Coopervil e
Cooper A1.
“Os resultados obtidos são
essencialmente de natureza ambiental, preparando os produtores para
tomar a decisão adequada na propriedade rural, investindo nos locais
certos e com práticas ambientais adequadas de forma que possam crescer, desenvolver sem causar danos
ao meio ambiente”, complementa
Zanluchi.
O planejamento para 2016 estabelece 26 treinamentos com a média
de 20 produtores por turma, assim
distribuídos: Alfa três treinamentos,
Auriverde três treinamentos, Copérdia oito treinamentos, Itaipu seis treinamentos, Coolacer dois treinamentos, Caslo um treinamento, Coopervil um treinamento e CooperA1 dois
treinamentos.
Leite em SC: preços estáveis com viés de baixa
O mercado está baixista, com
oferta elevada e demanda fraca. O
resultado é a queda na remuneração do
produtor. Essa situação não é privilégio
catarinense. No plano nacional, o produtor está recebendo 9,4% menos neste
ano, em relação ao mesmo período do
ano passado e, no plano estadual, 6,5%
menos, em valores reais. Os produtos
lácteos com maior valor agregado
foram os mais afetados pelo quadro
econômico, razão pela qual caiu o consumo de iogurtes, queijos e leite con-
18 REVISTA AGRICULTURASC
| NOVEMBRO DE 2015
densado, entre outros.
Refletindo essa situação, o
Conselho Paritário Produtor/Indústria
de Leite do Estado (Conseleite) anunciou os valores projetados para o leite
padrão em outubro, registrando leve
queda de -0,5%, ou seja, R$ 0,8935. O
leite acima do padrão ficou em R$
1,0275 e, abaixo do padrão, R$ 0,8123.
Entretanto, no território catarinense os
laticínios pagam acima do valor de referência. A maior indústria láctea da
região oeste, por exemplo, pratica R$
1,05 por litro do leite entregue na plataforma, incluso o frete e o Funrural.
O vice-presidente do Conseleite e
vice-presidente regional da Faesc
Adelar Maximiliano Zimmer observa
que os preços não apresentam variações significativas desde junho no mercado primário de produção de leite. A
expectativa é a queda de preços ao produtor, situação que se agrava pelo
aumento dos custos de produção – energia elétrica, combustíveis, mão de obra,
suplementos minerais e fertilizantes.
I Encontro Brasileiro de
Ovinocultura Carne e Leite
debate fortalecimento do setor
O
s desafios, as inovações e
as potencialidades do
setor de ovinocultura
foram alguns dos destaques do I Encontro Brasileiro de
Ovinocultura Carne e Leite, no mês
de outubro, em Chapecó. O evento,
que integrou as atividades da
Semana Nacional da Ciência e
Tecnologia, reuniu autoridades, produtores, lideranças do segmento e
estudantes de todo o País.
A iniciativa foi das associações
brasileiras que representam a classe
– a Associação Brasileira de
Criadores de Ovinos (Arco) e a
Associação Brasileira de Criadores
de Ovinos de Leite (Abcol), em parceria com o Sebrae, a Frente
Parlamentar Ovino e Faesc.
Na abertura, o coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio
Albérto Parmeggiani, ressaltou a
importância dos parceiros para a concretização do evento e mencionou
que existem muitos desafios, mas a
experiência dos outros setores
demonstram que existe espaço.
“Para competir no mercado, precisamos de genética, tecnologia, assistência técnica e gerencial, estudos de
mercados, capacitação dos produtores, entre outras ações. Precisamos
revisar o modelo de negócios e
implementá-lo, visando a geração de
renda e a competitividade do setor”.
O vice-presidente da Frente
Parlamentar Mista de Apoio à
Ovinocaprinocultura – (Frente
Ovino), deputado federal catarinense
Valdir Colatto, destacou que a
Frente, composta por 228 parlamentares, representa aproximadamente
650 mil produtores brasileiros. “Este
evento representa uma maneira de
fomentar, incentivar e organizar o
setor de carne e leite no Brasil. A
Frente Parlamentar quer ser o braço
político para obter recursos que
visem o desenvolvimento de programas e projetos para beneficiar o
setor”.
O presidente da Arco, Paulo
Afonso Schwab, ressaltou que em
1970 o rebanho nacional de ovinos e
caprinos era de 16 milhões e 400 mil.
Hoje, o número é de 16 milhões e
800 mil. “Nosso desafio é organizar
as cadeias produtivas do segmento,
aumentar o rebanho e fazer um trabalho de incentivo ao consumo de
produtos da cadeia produtiva da ovinocultura”.
O presidente da Abcol,
Anderson Elias Bianchi, assinalou
que existem apenas 25 fazendas com
rebanhos de ovinos de raças leiteiras
no Brasil. O rebanho total é de 9 mil
matrizes e a produção anual é de
aproximadamente 816 mil litros de
leite. “A atividade é nova e tem muito
potencial de crescimento. Eventos
como este engrandecem o setor e
representam um passo importante
para o desenvolvimento de ações
que oportunizem o crescimento”.
O superintendente do Senar/SC,
Gilmar Antônio Zanluchi, colocou a
entidade à disposição para a organização de capacitações de manejo,
tosquia, entre outros. Além disso,
Superintendente do Senar/SC,
Gilmar Antônio Zanluchi
comentou que a parceria para a
implementação de ações inovadoras
na cadeia produtiva da ovinocultura
fará a diferença para a organização e
consolidação do setor.
Em Santa Catarina, o plantel de
ovelhas, de aproximadamente 350
mil cabeças, envolve cerca de 70 mil
criadores que abastecem o mercado
com carne e lã e seus derivados - linguiça, salame, queijo, iogurte e sorvete de leite de ovelha. Segundo
Colatto, atualmente, o Brasil tem
uma grande demanda reprimida.
“Importamos a carne do Uruguai
para suprir nosso consumo”.
Também estiveram presentes e
se manifestaram sobre a importância
de criar alternativas para o crescimento do setor, o secretário de agricultura de Santa Catarina, Moacir
Sopelsa, o secretário de agricultura
do município de Chapecó Valdir
Crestani, os deputados estaduais
Mauro De Nadal e César Valduga, o
fiscal agropecuário do MAPA,
Ricardo José Buosi, o produtor Paulo
Gregiani, da Fazenda Pinheiro Seco,
de Bom Retiro, entre outras autoridades e representantes de entidades do
setor.
SEMANA DA CIÊNCIA E
TECNOLOGIA
A Semana Nacional de Ciência e
Tecnologia ocorreu em todo o território nacional de 19 a 25 de outubro.
Neste ano, o evento trouxe como
tema "Luz, ciência e vida". Em
Chapecó e região, a iniciativa foi do
SEBRAE/SC com a parceria do
Poder Público Municipal, ABCOL,
ACACITRUS, DEATEC, UNOESC,
UDESC, UFFS, UNOCHAPECÓ.
O evento reuniu autoridades, produtores, lideranças do segmento e estudantes de todo o País
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