VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) COM NÍVEIS CRESCENTES DE ADIÇÃO DO SUBPRODUTO DA GRAVIOLA (Anona muricata L.) JÚNIOR RÉGIS BATISTA CYSNE Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências da Disciplina Atividade Supervisionada (Estágio Curricular Obrigatório). Orientador Prof. Dr. Jose Neuman Miranda Neiva FORTALEZA CEARÁ - BRASIL 2004 JÚNIOR RÉGIS BATISTA CYSNE VALOR NUTRITIVO DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum SCHUM.) COM NÍVEIS CRESCENTES DE ADIÇÃO DO SUBPRODUTO DA GRAVIOLA (Anona muricata L.) Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências da Disciplina Atividade Supervisionada (Estágio Curricular Obrigatório). APROVADA em 21 de Junho de 2004 _____________________________ Maria Andréa Borges Cavalcante __________________________ Magno José Duarte Cândido ________________________________ José Neuman Miranda Neiva ii Dedico: A Deus, por ter me ajudado em todos os momentos da minha vida; A meus pais Francisco Guilardo Ramos Nogueira e Maria Luzineti Batista Nogueira, por todo carinho e incentivo para comigo; A minha mulher Valdilene Rufino do Nascimento por todo amor e carinho; A meus avos, Luiz Batista Filho e Rita Batista Costa, dos quais nunca me faltou apoio; Aos meus amigos sempre presentes: Ciro, Josemir, Michael, Guthemberg, João Paulo, Aney Kelber (in memorian), Jonas, Olienaide, Cynthia e Ana Luiza. iii AGRADECIMENTOS A Deus, por me ajudar muito nos momentos difíceis e me dando força para superar as dificuldades do curso, e por iluminar meus caminhos; A Universidade Federal do Ceará, pela oportunidade de formação no curso de Engenharia Agronômica, e pela concessão da bolsa de monitoria no período de março de 2004 até o momento; Ao CNPq pela concessão da bolsa de iniciação científica no período de julho de 2001 a agosto de 2003; A Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de estudos no Programa Especial de Treinamento (PET – Agronomia) no período de julho de 2000 a julho de 2001; Aos professores Arlindo de Alencar Araripe Moura, João Licínio Nunes Pinho, José Neuman Miranda Neiva, Ervino Bleicher e Sebastião Medeiros; Aos meus amigos do curso de Agronomia, Ciro de Miranda Pinto e Josemir de Souza Gonçalves, pela amizade e companheirismo; Aos meus familiares que contribuíram para o meu sucesso no curso de Agronomia; A todos que contribuíram para realização deste trabalho e que por desatenção me foram esquecidos. iv ÍNDICE Páginas RESUMO...........................................................................................................................V SUMMARY......................................................................................................................VII 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................01 2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................04 2.1 O capim elefante............................................................................................04 2.2 Características da silagem de capim elefante.................................................06 2.3 Adição de subprodutos na ensilagem do capim elefante................................08 2.4 A cultura da graviola.......................................................................................09 3. MATERIAL E METODOS............................................................................................12 3.1 Local...............................................................................................................12 3.2 Tratamentos e Delineamento Experimental....................................................13 3.3 Processo de Ensilagem....................................................................................13 3.4 Análises Laboratoriais.....................................................................................14 3.5 Análise estatística............................................................................................15 4. RESULTADOS E DISCURSSÕES................................................................................16 4.1 Teores de Matéria Seca...................................................................................17 4.2 Teores de Proteína Bruta.................................................................................18 4.3 Teores de Fibra em Detergente Neutro............................................................19 4.4 Teores de Fibra em Detergente Ácido.............................................................20 4.5 Teores de Hemicelulose...................................................................................20 4.6 Teores de Extrato Etéreo..................................................................................21 4.7 Teores de Nitrogênio Amoniacal.....................................................................22 4.8 Valores de pH...................................................................................................22 5. CONCLUSÕES................................................................................................................24 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................25 v RESUMO CYSNE, Júnior Régis Batista. Valor nutritivo de silagens de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com níveis crescentes de adição do subproduto da graviola (Anona muricataL.). Fortaleza: UFC, 2004, 25p. (Monografia).Graduação em Agronomia – Universidade Federal do Ceará, 2004. O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura objetivando avaliar o valor nutritivo e as características fermentativas de silagens de capim Elefante com adição do subproduto da Graviola (SG). Foram utilizados 20 silos experimentais de cano PVC com 100 x 340 mm em delineamento inteiramente casualizado com cinco níveis de adição (0; 5; 10; 15 e 20%) do SG e quatro repetições. Após 32 dias da ensilagem, amostras foram colhidas para a determinação dos teores de Matéria seca (MS), Proteína bruta (PB), Fibra em detergente neutro (FDN), Fibra em detergente ácido (FDA), Hemicelulose, Extrato etéreo (EE), Nitrogênio amoniacal (N-NH3) e valores de pH. Os teores de MS e PB foram elevados em 0,80 e 0,14 pontos percentuais a cada 1% de adição do SG. Os teores de FDN apresentaram o valor médio de 68,13% (P>0,05) enquanto que elevações de 0,18 pontos percentuais nos teores de FDA foram observadas para cada 1% de adição do SG. O teor de EE variou de 4,46 a 16,60% entre as silagens com 0 e 20%, respectivamente (P<0,05). Os teores de N-NH3 das silagens ficaram abaixo dos 12%, apresentando valor médio de 9,50% (P>0,05), e os valores de pH ficaram dentro da faixa considerada para silagens bem fermentadas. A adição de SG melhorou o valor nutritivo das silagens mantendo suas características fermentativas. Contudo os elevados teores de EE vi observados nas silagens produzidas indicam que a inclusão do SG na ensilagem do capim Elefante deve ser de, no máximo, 2,63 %. _________________________________ *Orientador: Prof. Dr. Jose Neuman Miranda Neiva. Membros da banca: Dr. Magno José Duarte Cândido e Dra. Maria Andréa Borges Cavalcante vii SUMMARY CYSNE, Júnior Régis Batista. Nutritive value of elepahnt grass (Pennisetum purpureum Schum.) silages with increasing levels of Anatto (Anona muricata L.) by-product addition. Fortaleza: UFC, 2004. 30p. (Monography).* To evaluate the nutritive value and the fermentative characteristics of elephant grass silages with increasing soursop by-product addition levels (0; 5; 10; 15 and 20%), this work was carried out. A completely ramdomized design with four replicates was adopted. In the silages elaboration, 20 silos of PVC with 100 mm of diameter and 340 mm of length were used, reaching a density of 600 kg/m3. After 32 days from ensiling, samples were collected to determine the levels of dry matter (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF), acid detergent fiber (ADF), hemicellulose, ammonia (N-NH3) and pH values. The DM level raised 0.80 to each 1% of soursop by-product addition. The CP level was elevated by 0.14 percent unit to each 1% of soursop by-product addition. The NDF level was not affected by the soursop by-product addition levels, obtaining mean values of 68.13%. On the other hand, reductions of 0.22 percent unit at the hemicellulose and elevation of the 0.18 percent unit in the ADF level of the silages, respectively, to each 1% of soursop by-product addition. The EE level was affected by addition levels, obtaining mean values of 4.17 and 16.60% in the silages with addition of 0 of 20% from soursop byproduct, respectively. All silages showed N-NH3 levels below the limit of 12%, whereas the pH values raised 0.01 percent unit to each 1% of soursop by-product addition. The soursop by-product addition improved the silages nutritive value, without, but, to alter their viii fermentative patterns. As soon, about to obtain silages with until 5% of EE, must add in the maximum 2.63% of soursop by-product to Elephant grass for occasion of your ensilage. 1 1. INTRODUÇÃO A má distribuição das chuvas na região Nordeste faz com que muitos produtores rurais adotem práticas de conservação de alimentos, para que assim possam manter seus rebanhos durante o período seco do ano. Nos últimos anos, tem havido crescente interesse na utilização de gramíneas forrageiras para a produção de silagens. A ensilagem do excedente de produção das capineiras que se concentra na época das chuvas quando bem utilizada, se torna uma opção viável aos criadores, minimizando assim os custos com a manutenção dos rebanhos e um aproveitamento mais eficiente da produção da área cultivada. O valor nutritivo da silagem de capim Elefante, quanto aos aspectos quantitativos e qualitativos é inferior ao das silagens de milho ou sorgo. Porém, é a gramínea mais 2 utilizada para formação de capineiras no Brasil e por isso tem sido bastante utilizada para ensilagem. Os fatores que mais afetam a qualidade das silagens consideram-se são a idade em que a planta é ensilada, propriedades inerente à própria planta e as condições de acondicionamento (Silveira, 1988). Segundo Van Soest (1987), tanto a composição químico bromatológica quanto o valor nutritivo das silagens podem ser alterados através da adição de vários produtos no momento da ensilagem, influenciando o curso da fermentação e favorecendo a conservação das silagens. Das gramíneas utilizadas para a produção de silagens na região Nordeste, o capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) destaca-se por sua alta produção de matéria seca e bom valor nutritivo. É fato bem conhecido que, com a maturação, as plantas, ainda que aumentem a produção de matéria seca, têm o seu valor nutritivo reduzido (Vilela, 1994). Entretanto, a elevada umidade na idade com o valor nutritivo ideal para o corte, os baixos teores de carboidratos solúveis e ainda o alto poder tampão, são fatores que inibem um adequado processo fermentativo, dificultando a obtenção de silagens de boa qualidade (McDonald, 1981). Na tentativa de minimizar estes problemas, a utilização de subprodutos oriundos do processamento de frutas seria uma alternativa, já que devido ao crescimento vertiginoso da fruticultura irrigada ocorrido na região Nordeste, há disponibilidade de grandes quantidades de resíduos, dentre esses os da graviola (Anona muricata L.), que muitas vezes são deixados nos pátios das agroindústrias, podendo provocar sérios problemas ambientais. Este trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos da adição de níveis crescentes do subproduto da graviola (Anona muricata L.) sobre a composição químico- 3 bromatológica e características fermentativas de silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.). 4 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O capim Elefante O Capim Elefante (Pennisetum purpureum, Schum) é um planta de origem africana muito utilizada no Brasil, tanto para pastejo direto como para consumo no cocho nas formas verde picado, silagem e feno. Apesar de ser relativamente fácil obter silagens de milho ou sorgo de alta qualidade, é também possível conseguir silagens de capim, principalmente de Elefante, de qualidade razoável. Esta gramínea vem se destacando para ensilagem em face de sua alta produtividade, elevado número de variedades, grande adaptabilidade, facilidade de cultivo, boa aceitabilidade pelos animais e bom valor nutritivo, quando no estádio inicial de 5 desenvolvimento. Deve-se enfatizar o seu alto rendimento por área, tendo sido registradas produções em solos de Cerrados de 260,9; 260,0; 220,6 e 214,6 ton de matéria verde/ha ano, respectivamente para as variedades Mercker, Napier, Porto Rico 534 e Mineiro (Pereira et al.,1976), bem como produções que variam de 30,3 a 200,4 ton de matéria verde/ha ano, respectivamente para os cultivadores Porto Rico e Mineiro (Carvalho et al., 1972). Considerando que à medida que avança o estádio de desenvolvimento das gramíneas, há aumento da produção de matéria seca e, em contrapartida, ocorre redução no valor nutritivo, ao se realizar a ensilagem de capim Elefante deve-se aliar alta produção por área e elevado valor nutritivo. Estas duas características, que alguns denominam equilíbrio nutritivo, são observadas no capim Elefante quando cortado aos 50-60 dias de desenvolvimento (Lavezzo, 1985). Embora o equilíbrio nutritivo do capim Elefante seja alcançado aos 50-60 dias de desenvolvimento, deve-se ressaltar que nestas condições, alguns fatores poderiam ser considerados como limitantes para obtenção de silagens de boa qualidade. Diversos trabalhos realizados com capins do grupo Elefante têm mostrado teores de matéria seca, na idade do equilíbrio nutritivo, muito aquém do mínimo estabelecido para obtenção de uma boa silagem. Desta forma, Faria et al., (1970), em observações preliminares sobre os capins Cameron, Vruckwona e Taiwan A-241, cortados aos 79 e 139 dias de crescimento, encontraram teores de matéria seca entre 9 e 22%. Já Condé (1970) e Faria (1971), trabalhando com o capim Elefante Napier aos 84 e 86 dias de crescimento, registraram teores de matéria seca de 20,05 e 18,95%, respectivamente. O último autor concluiu que o capim Elefante Napier, mesmo após cerca de 120 dias de crescimento, ainda apresenta teor de umidade inadequado ao processo de ensilagem. O teor de matéria seca do 6 capim Cameron, aos 97 dias de idade, segundo Gutierrez (1975), foi cerca de 19,99%. No entanto, Rosa (1983), obteve teor de matéria seca inferior (16,72%) para esta forrageira, com o mesmo período de crescimento. Assim, para ensilar os capins do grupo Elefante, cortados aos 50-60 dias de desenvolvimento, o fator básico e limitante na conservação do material é o excesso de umidade, uma vez que altos teores de água (≥75%) foram significativamente correlacionados com os constituintes indicadores de baixa qualidade, ou seja, ácido butírico, bases voláteis e amônia (Archibald, 1953). Outro fator que deve ser levado em conta na ensilagem de capins do grupo Elefante é o seu teor de proteína bruta. Para capim Elefante Napier cortado aos 84 dias de crescimento, Pedreira & Boin (1969) encontraram 6,7% de proteína bruta na matéria seca. Resultados muito inferiores foram encontrados por Faria (1971), aos 86 dias (3,87%) e por Tosi (1973), aos 97 dias de crescimento (4,25%). 2.2 Características da silagem de capim Elefante O capim Elefante colhido no estádio inicial de desenvolvimento tem um razoável valor nutritivo, mas tem inconvenientes para ensilagem: alto teor de umidade e baixos teores de carboidratos solúveis. Esses fatores interferem negativamente no processo fermentativo e, conseqüentemente, na qualidade da silagem. Para se produzir silagem de boa qualidade as forragens devem possuir alto teor de carboidratos solúveis, facilitando assim, a ação das bactérias produtoras de ácido lático, promovendo uma conseqüente queda no pH para níveis entre 3,8 e 4,2 e uma melhor conservação da silagem. 7 A acidez é considerada um fator importante na conservação da silagem. Ela atua inibindo ou controlando o desenvolvimento de microorganismos prejudiciais, como as bactérias do gênero Clostridium, sensíveis à pH abaixo de 4 (Whittenbury, et al., 1967). Um pH elevado indica perda de nutrientes, principalmente, proteínas resultando em material menos palatável e de odor desagradável (Faria, 1971). A presença de ácido butírico na massa ensilada é sempre acompanhada de mudanças na qualidade do produto. Estas alterações são devidas ao odor desagradável e penetrante, às vezes de material em putrefação. Em realidade, o efeito mais prejudicial das bactérias produtoras de ácido butírico é o desdobramento de proteínas (Faria, 1971). Altos níveis de amônia têm sido associados a um forte desdobramento de aminoácidos e, de acordo com a maioria dos pesquisadores, é uma indicação de silagens de baixa qualidade. Nilson et al., (1959) citados por Lopes (1975), apontam valores de nitrogênio amoniacal acima de 15% de nitrogênio total, como indicadores de silagens de baixa qualidade. Lavezzo (1994) ressalta a importância de se adequar o valor nutritivo das gramíneas forrageiras tropicais com seu estádio de desenvolvimento, pois apesar de com o tempo essas gramíneas aumentarem a produção de matéria seca, ocorre diminuição do valor nutritivo, o que produzirá uma silagem de baixa qualidade nutricional. 2.3 Adição de subprodutos na ensilagem do capim Elefante Segundo Pizarro (1978), aditivos são substâncias, misturas ou combinações destas que quando adicionadas às forragens no momento da ensilagem podem promover melhorias na sua fermentação, aceitabilidade e valor nutritivo. 8 Entretanto, é fundamental lembrar que a utilização de aditivos não elimina os cuidados normais para obtenção de boas silagens (época de corte, compactação da forragem, vedação do silo etc.). Deve-se, também, considerar alguns fatores em relação aos aditivos: custo e facilidade de aplicação, eficiência na fermentação e melhoria do valor nutritivo. Assim, o sucesso na utilização de aditivo na silagem de capim Elefante depende da escolha de um material que atenda o grande porte dessas condições. Diversos subprodutos da agroindústria do processamento de sucos vêm sendo utilizados e estudados como aditivos na silagem do capim Elefante. Uma das variáveis a ser melhorada é o teor de matéria seca do capim Elefante que invariavelmente, é muito baixo na época ideal de corte. Diversos trabalhos com subprodutos da agroindústria têm apresentado resultados interessantes. Gonçalves et al. (2002) observaram que para cada 1% de adição do subproduto da acerola até o nível de 20% os teores de matéria seca das silagens sofreram elevações de 0,55 ponto percentual e com o 15% de adição, o teor mínimo de 30% citado como ideal foi atingido. Em relação à proteína bruta os autores observaram um crescimento linear com a adição do subproduto da acerola, atingindo o nível máximo de 7,52% ligeiramente apenas superior ao mínimo de 7% necessário para a mantença dos ruminantes. (Silva & Leão, 1979). Neiva et al.,(2002), trabalhando com o subproduto da goiaba, observaram que para cada 1% de sua adição na ensilagem do capim Elefante, observou-se um acréscimo de 0,5 ponto percentual nos teores de matéria seca. Com a adição de 15%, os teores de matéria seca já alcançavam 30,3% estando dentro da faixa ideal para a adequada fermentação lática. Oliveira Filho et al., (2002), trabalhando com o subproduto da casca de abacaxi, verificaram elevações nos teores de matéria seca na silagem de capim Elefante. O valor 9 máximo atingido com adição de 20% do subproduto foi de 28,89%, chegando próximo ao nível ideal de 30% de matéria seca. Já para os teores de proteína bruta, observou-se que a variação entre os níveis de adição de subproduto foi pequena (8,39% a 9,54%), o que foi atribuído à proximidade dos teores de proteína bruta do capim Elefante e do subproduto do abacaxi. 2.4 A cultura da graviola Pinto (1994), afirmou que a gravioleira (Anona muricata L.) é originária das terras baixas da América Tropical, mais precisamente da América Central e dos vales peruanos. É encontrada tanto na forma silvestre como na forma cultivada, em altitudes que variam do nível do mar a 1.120 m, distribuídos do Caribe ao Sudeste do México e Brasil. Com grande destaque nos mercados frutícolas, a graviola é uma fruta tropical importante nos mercados da América Tropical sendo a Venezuela o maior produtor sulamericano com uma área plantada superior a mil hectares. A sua importância comercial no Brasil é pequena apesar da demanda crescente pela polpa do fruto no país, no Oriente Médio e na Europa (Alemanha e Espanha). Entre os anos de 1980 e 1985, a produção de graviola no estado do Ceará concentrava-se nas regiões compreendidas entre Pacajus, Trairi e Redenção. Atualmente a região de Trairi apresenta uma área de 140 ha plantada com graviola irrigada por microaspersão e fertirrigação, cujas perspectivas é a obtenção de elevadas produções nos próximos anos. A polpa da graviola é de difícil digestão pelo organismo humano, em virtude do alto teor de celulose (1,8%) que contém. Seu aproveitamento no preparo de sucos, sorvetes e 10 xaropes anti-escorbúticos e diuréticos é, entretanto, excelente. Além do aproveitamento da polpa, as folhas, a casca do tronco e as sementes podem ser esmagadas e sendo utilizadas como vermífugo e antihelmíntico contra vermes, parasitas e piolho. Outra importância presente nas sementes é o fato de possuírem certos alcalóides (Rocha et al., 1981), como a “anonina” e a “muricina”, que podem ser utilizados na produção de inseticidas. Vale ressaltar que a presença destes alcalóides e de outros que estão presentes nas sementes de graviola, poderão vir a causar alguns distúrbios intestinais em ruminantes de acordo com as quantidades dos mesmos presentes nas sementes quando usadas na alimentação destes animais. A crescente demanda e interesse, do consumidor e da indústria de suco de graviola, justifica a implantação do cultivo sistemático da espécie. Indústrias de suco e sorvetes como a Maguari, Gelar, Jandaia e Maísa, no Nordeste, produzem e processam a polpa da fruta para ser comercializada nos mercados interno e externo, gerando resíduos capazes de serem aproveitados na alimentação animal. Em toda literatura consultada não foram encontrados trabalhos sobre o emprego da graviola, na forma de subproduto ou ensilada, na alimentação de ruminantes, o que torna relevante a realização deste trabalho. 11 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Local O presente trabalho foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura (NPF) do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, na cidade de Fortaleza-CE. O município de Fortaleza situa-se na Zona Litorânea, a 15,49m de altitude, 3°43'02'' de Latitude Sul e 38°32'35'' de Longitude Oeste. 12 3.2 Tratamentos e delineamento experimental Os tratamentos experimentais consistiram em cinco níveis de adição (0, 5, 10, 15 e 20% na matéria natural) de resíduos do processamento da graviola ao capim Elefante, quando da sua ensilagem. Foram utilizados 20 silos experimentais de cano PVC, de 100 mm de diâmetro e 340 mm de comprimento, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado. Em cada silo foi colocada uma quantidade correspondente à densidade de 600 kg/m3, de modo a se conseguir uma boa compactação da massa ensilada. 3.3 O Processo de ensilagem Foi utilizado o capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) proveniente de capineira previamente já estabelecida em áreas da Fazenda Experimental Vale do Curu, situada no município de Pentecoste-CE distante de 120 Km de Fortaleza, cortado manualmente com aproximadamente 50 dias de idade. Posteriormente, o capim Elefante foi triturado em picadeira de forragem convencional em partículas de 2 a 3 cm. O subproduto desidratado da graviola foi adquirido na agroindústria MAISA, localizada no município de Mossoró-RN, sendo desidratado ao sol. Levado ao NPF, o subproduto da graviola foi triturado em moinho tipo martelo com peneira de 5 mm e ensilado juntamente com o capim Elefante. Após as devidas pesagens, o material a ser ensilado, composto do capim Elefante e das proporções do subproduto conforme o tratamento foi misturado manualmente de forma 13 homogênea, e colocado dentro dos silos experimentais, de modo a se conseguir a compactação ideal e boa vedação dos mesmos. Os silos experimentais foram acondicionados em pé e à sombra no NPF. Uma amostra do material original do capim Elefante e outra do subproduto da graviola foi separada para determinações químicobromatológicas. Após 32 dias da ensilagem, os silos foram abertos, sendo colhidas amostras de, aproximadamente, 300 g de cada unidade experimental, após a homogeneização das mesmas. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos etiquetados e armazenadas em congelador para posteriores análises. 3.4 Análises laboratoriais No Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará foram determinados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e os teores de (N-NH3) e os valores de pH das silagens, do material original e das silagens, segundo metodologias descritas em Silva & Queiroz (2002), com modificações. Os teores de HC foram obtidos por diferença entre a FDN e a FDA. A composição químico-bromatológica do capim Elefante e do subproduto do processamento da graviola utilizados para produção das silagens são mostrados na (Tabela 1). 14 Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e de hemicelulose (HC) do capim Elefante e do subproduto do processamento da graviola utilizado para produção de silagens. Alimento MS PB EE FDN FDA HC % C. Elefante 13,19 7,61 1,88 76,58 41,39 35,19 Subproduto da Graviola 91,75 13,75 24,46 56,76 27,23 29,53 3.5 Análise estatística Os dados foram inicialmente analisados quanto às pressuposições de normalidade, aditividade e homocedasticidade. Apenas os dados relativos ao teor de EE sofreram a transformação logarítmica, para atender tais pressuposições. Em seguida, os dados foram analisados por meio de análise de variância e de regressão. Quando significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste “F”, o modelo escolhido foi o linear. Como ferramenta de auxílio à análise estatística, foi adotado o procedimento GLM, do pacote estatístico SAS (SAS INSTITUTE, 1991). 15 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados referentes aos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HC), nitrogênio amoniacal (N-NH3) e valores de pH das silagens, bem como as análises de regressão estão apresentados na Tabela 2. 16 Tabela 2 – Teores de Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB), Extrato Etéreo (EE), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), Hemicelulose (HC), Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e valores de pH de silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com diferentes níveis crescentes de adição do subproduto da graviola (Annona muricata L.) Níveis de adição do subproduto da graviola(%) Variável 0 5 10 15 20 Regressão R2 MS 11,87 25,51 19,05 23,64 27,84 Ŷ=11,57 + 0,80x 0,99 PB 7,66 9,08 9,62 10,18 10,60 Ŷ =8,04 + 0,14x 0,90 EE 3,08 7,66 10,41 12,52 14,25 LOG10(Ŷ) = 0,62 + 0,03x 0,83 FDN 69,72 68,03 65,89 70,32 67,67 Ŷ =68.33% NS FDA 45,23 47,09 46,61 47,88 49,40 Ŷ =45,42 + 0,18x 0,65 Hemicelulose 24,49 20,94 19,28 22,44 18,26 Ŷ =23,27 - 0,22x 0,33 N-NH3 10,85 9,63 8,43 9,56 9,01 Ŷ =9,50% NS pH 4,07 4,11 4,11 4,42 4,27 Ŷ =4,06 + 0,01x 0,45 NS = (P>0,05) 4.1 Teores de matéria seca (MS) Os teores de MS das silagens sofreram elevações (P<0,01) na medida em que se adicionou o subproduto da graviola, observando-se que a cada 1% de adição de subproduto da graviola, os teores de MS foram elevados 0,80 ponto percentual (Tabela 2). Estes aumentos foram superiores aos obtidos por Neiva et al., (2002), que verificaram incrementos de 0,50 ponto percentual no teor da MS do capim Elefante para cada 1% de adição de subproduto da goiaba adicionado à forrageira, que apresentava 23,2% de MS, no 17 momento da ensilagem. Destaca-se que, apesar das elevações evidenciadas o nível mínimo de 30% de MS, citado por McDonald (1981) como necessário para a predominância da fermentação lática e inibição da fermentação butírica, não foi alcançado. Mesmo não se atingindo este teor mínimo, vale ressaltar que o percentual de MS encontrado no maior nível de adição sofreu elevação de 15,97 pontos percentuais nos teores de MS quando comparado às silagens testemunhas (0% de subproduto da graviola). Ressalta-se que as silagens com 20% de adição de subproduto da graviola apresentaram teores de MS (27,84%) próximo do nível ideal (30% MS). Apesar do subproduto da graviola apresentar alto teor de MS (91,75%), o seu uso como aditivo no presente trabalho não conseguiu atingir o nível ideal de MS, possivelmente porque o capim Elefante usado na silagem foi cortado aos 50 dias de idade e apresentava elevado teor de umidade. Este teor de umidade ficou bem evidenciado na abertura dos silos pela elevada quantidade de efluentes presentes nas silagens. Segundo McDonald (1981), em silagens com 85% de umidade, a perda de MS na foram de efluente pode exceder 9%. Diante de tais resultados, inferiu-se que a de adição de 20% de subproduto da graviola a um capim Elefante um pouco mais velho poderia permitir o alcance do teor de matéria seca ideal na massa ensilada. 4.2 Teores de proteína bruta (PB) Para os teores de PB, observou-se um aumento linear nos níveis obtidos nas silagens, à medida que se adicionou o subproduto da graviola (Tabela 2.). Foram verificadas elevações de 0,14 ponto percentual para cada 1% de adição do subproduto da graviola adicionado às silagens (P<0,01). Ressalta-se que o capim Elefante, antes da ensilagem, já apresentava um percentual de PB (7,61%) superior ao mínimo (7%) indicado por Silva & Leão (1979) para ocorrência de um bom funcionamento ruminal. Os teores de 18 PB variaram 2,94 pontos percentuais entre as silagens do tratamento testemunha e do maior nível de adição de subproduto da graviola. 4.3 Teores de fibra em detergente neutro (FDN) Mesmo que a graviola tenha apresentado um menor teor de FDN, quando comparada ao capim Elefante, pois apresentaram 56,76 e 76,58% respectivamente, na ocasião de ensilar (Tabela 1). A adição de níveis crescentes de subproduto da graviola não acarretou variações (P>0,05) nos teores de FDN das silagens. Para esta variável, o valor médio foi de 68,32% (Tabela 2.). Essa ligeira redução nos teores de FDN das silagens de capim Elefante pode estar relacionada com a utilização de parte da hemicelulose como substrato para a fermentação. Os resultados encontrados concordam com os obtidos por Gonçalves et al., (2002) que, trabalhando com a adição do subproduto da acerola em silagens de capim Elefante, não observaram alterações nos teores de FDN do material original para as silagens de capim Elefante com subproduto da acerola, que foi atribuído à proximidade dos teores de FDN do capim Elefante puro e do subproduto da acerola adicionado às silagens. Entretanto, Gonçalves et al., (2004) ao avaliarem silagem do subproduto do urucum e capim Elefante, observaram reduções de 0,64 ponto percentual nos teores de FDN. 19 4.4 Teores de fibra em detergente ácido (FDA) Os teores de FDA apresentaram elevações ao se adicionar o subproduto da graviola (P<0,01) sendo que para cada 1% de adição de subproduto da graviola foram obtidas elevações de 0,18 ponto percentual nos teores de FDA. Isto indica que a graviola apresentou um menor teor de FDA, quando comparada ao capim Elefante, pois apresentaram 27,23 e 41,39% respectivamente, na ocasião da ensilagem (Tabela 1). Estas elevações foram divergentes dos resultados de Oliveira Filho et al. (2002), que verificaram reduções de 0,66 ponto percentual no teor de FDA do capim Elefante por unidade do subproduto do abacaxi; contudo próximas dos resultados encontrados por Pompeu et al. (2002), que observaram efeito linear positivo quando trabalharam com a adição do subproduto do melão em silagens de capim Elefante. Segundo Van Soest (1994), existe uma correlação negativa entre os teores de FDA e a digestibilidade do alimento, ou seja, com a redução dos teores de FDA ocorre aumento da digestibilidade MS. Dessa forma, pode-se inferir que a adição de subproduto da graviola diminua o aproveitamento pelo ruminante de alguns constituintes da parede celular das silagens produzidas. 4.5 Teores de hemicelulose Para os teores de hemicelulose das silagens foi observada uma redução linear à medida que se adicionou o subproduto da graviola (Tabela 2.). Foram verificadas reduções de 0,22 ponto percentual a cada 1% de subproduto da graviola adicionado às silagens (P<0,01). Os teores de hemicelulose variaram de 23,27 a 18,87%, respectivamente para as 20 silagens com 0 e 20% de subproduto da graviola, correspondendo ao decréscimo de 4,4 pontos percentuais nos teores de hemicelulose. Este resultado pode estar relacionado com o menor teor de hemicelulose do subproduto da graviola (29,53%), quando comparado com o do capim Elefante (35,19%), como também, com a utilização de parte da hemicelulose pelas bactérias láticas. 4.6 Teores de extrato etéreo Os resultados dos teores de EE das silagens podem ser observados na Tabela 2. O aumento do subproduto da graviola provocou aumento linear no teor de EE (P<0,01), ajustando-se a equação: LOG10(Ŷ) = 0,62 + 0,03x e R2 = 83%. Isto é decorrente do subproduto da graviola ter apresentado um maior teor de EE, quando comparado ao capim Elefante, 24,46 e 1,88% respectivamente, na ocasião da ensilagem (Tabela 1). Este teor variou de 4,17 a 16,60%, respectivamente nas silagens com 0 e 20% de subproduto da graviola, o que correspondeu a um acréscimo de 12,43 pontos percentuais nos teores de EE. Ressalta-se que as silagens com 5% de adição de subproduto da graviola apresentaram teores de EE (7,66%) que ultrapassou o nível máximo admitido (5% EE) para alimentação de ruminantes (Palmquist, 1994). Utilizando-se a equação obtida a partir dos dados gerados no experimento, foi calculado que para se obter o nível máximo admitido de 5% de EE nas silagens de capim Elefante, deve-se adicionar 2,63% do subproduto da graviola na massa ensilada. 21 4.7 Teores de nitrogênio amoniacal (N-NH3) Os teores de N-NH3 das silagens não sofreram variações significativas (P>0,05) com a adição do subproduto da graviola (Tabela 2.). Destaca-se que em todos os níveis de adição as silagens apresentaram teores de N-NH3 satisfatórios ou seja, ficaram abaixo de 12%, valor este que segundo McDonald (1981) é o limite superior para se classificar as silagens como de boa qualidade. Os resultados encontrados estão de acordo com os obtidos por Gonçalves et al. (2004) que trabalhando com a adição do subproduto do urucum em silagens de capim Elefante, também não observaram alterações significativas nos teores de N-NH3 das silagens. A ausência de tal efeito decorre do teor de PB da graviola ser de apenas 13,75% o que, associado aos níveis de adição estudados, de até 20%, representaram acréscimo desprezível no teor de PB das silagens, entidade da qual fazem parte os substratos (peptídeos, aminoácidos, aminas, amidas e proteína verdadeira) que podem ser desdobrados a amônia (McDonald, 1981). 4.7 Valores de pH Foram observados efeitos da adição do subproduto da graviola sobre os valores de pH das silagens (P<0,01). As elevações de 0,01 ponto percentual nos valores de pH fizeram com que as silagens com 15 e 20% de adição do subproduto da graviola ficassem um pouco acima do limite superior da faixa de pH ideal (3,8 a 4,2) citado por McDonald (1981) para caracterizar uma silagem como de boa qualidade. Estas elevações de pH foram menores do 22 que as encontradas por Pompeu et al., (2002), que verificaram um valor médio de 5,4 no pH das silagens do capim Elefante com adição do subproduto do melão. Possivelmente, o teor elevado de PB do subproduto da graviola provocou o tamponamento do meio e com isto o pH não atingiu valores ideais. 23 5. CONCLUSÕES A adição do subproduto da graviola nas silagens de capim elefante promoveu incrementos nos teores de MS e PB não havendo alterações significativas no padrão fermentativo das silagens, porém causou ligeira elevação nos teores de FDA o que pode diminuir o valor nutritivo das mesmas. O subproduto da graviola elevou os níveis de EE acima dos níveis desejados para alimentação de ruminantes. Assim, para se obter silagens com até 5% de EE, deve-se adicionar no máximo 2,63 % de subproduto da graviola ao capim Elefante por ocasião da sua ensilagem. 24 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARCCHIBALD, J. G. Sugar and acids in grass silage. J. 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