VALOR NUTRITIVO DAS SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE COM
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VALOR NUTRITIVO DAS SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE COM
VALOR NUTRITIVO DAS SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUBPRODUTOS DA INDÚSTRIA DO SUCO DE CAJU Ana Cristina Holanda Ferreira FORTALEZA, CEARÁ 2002 VALOR NUTRITIVO DAS SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE COM DIFERENTES NÍVEIS DE SUBPRODUTOS DA INDÚSTRIA DO SUCO DE CAJU Ana Cristina Holanda Ferreira ______________________________________ DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À COORDENAÇÃO DO CURSO DE PÓSGRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA, COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FORTALEZA, CEARÁ 2002 2 Esta dissertação foi submetida como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Zootecnia, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se a disposição dos interessados na Biblioteca de Ciências e Tecnologia da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta dissertação é permitida, desde que seja feita da conformidade com as normas da ética cientifica. ________________________ Ana Cristina Holanda Ferreira Dissertação aprovada em: _____/_____/_______ ________________________________ Prof. José Neuman Miranda Neiva – Dr. Orientador __________________________________ Prof. Norberto Mário Rodrigues, D.Sc. Conselheiro _______________________________ José Carlos Machado Pimentel, D.Sc. Conselheiro 3 Aos meus pais Evaldo Ferreira Acioli e Maria Luiza Holanda Ferreira, por todo carinho, apoio, incentivo e exemplo de vida. Aos meus irmãos Ana luiza, Walter, Vinícius e Evaldo Filho pela amizade e companheirismo À meu namorado Hugo, pela compreensão e incentivo à conclusão deste trabalho. DEDICO 4 AGRADECIMENTOS A realização do presente trabalho não seria possível sem a participação de várias pessoas e instituições, às quais agradeço: À Universidade Federal do Ceará, através do Curso de Pós - Graduação em Zootecnia, pela possibilidade da realização da presente dissertação. À CAPES, em especial ao programa PROCAD, pela bolsa de estudos que me possibilitou realizar o presente curso e apoio para intercâmbio com a UFMG. Ao banco do Nordeste e FUNCAP pelo auxílio financeiro para condução dos experimentos. Ao Prof. Dr. José Neuman Miranda Neiva, pela orientação e dedicação às quais possibilitaram a conclusão deste trabalho. Ao Prof. Dr. Norberto Mário Rodriguez, professor da UFMG pelas informações e criticas, e ao Dr, José Carlos Machado Pimentel pesquisador da Embrapa – Agroindústria Tropical, pelas oportunas sugestões e críticas. Ao Dr. Raimundo Nonato Braga Lobo, pelo apoio e prontidão durante as análises estatísticas. 5 Á Empresa MAISA pela fornecimentos dos subprodutos do processamento pedúnculo do caju. Ao Senhor Álvaro Carneiro Júnior pelo empréstimo dos animais utiizados no ensaio de digestibilidade. Aos professores do curso de Agronomia e do programa de Pós Graduação em Zootecnia da UFC, pelos ensinamentos que foram tão válidos. Aos amigos de curso, Felipe, Patrícia Pimentel, Patrícia Lima, Geraldo, Roberto, Edilton, Aletheia, Eduardo, Jurandi, Karla, Alipio, Kleber e Deis. Á EMBRAPA – Caprinos, UFC e UFMG, pelo apoio nas análise químicas. A todos aqueles que contribuíram para o bom andamento deste trabalho e que, por falha nossa, não foram mencionados A Deus, pelas constantes respostas positivas, quando a força parecia pequena para transpor os desafios encontrados. 6 ÍNDICE DEDICATÓRIA 4 AGRADECIMENTOS 7 LISTA DE TABELAS 10 LISTA DE FIGURAS 12 RESUMO 13 ABSTRACT 16 1. INTRODUÇÃO 18 2. REVISÃO DE LITERATURA 21 2.1. Características do Capim Elefante (P. purpureum, Schum). 2.1.1. Limites para Utilização do Capim Elefante para Ensilagem 21 23 2.1.2. Consumo Voluntário e Digestibilidade das Silagens de Capim elefante 2.2. Características do Caju ( Anacardium occidentale L.) 26 29 2.2 1. Considerações Gerais 29 2.2.1. Bagaço do Pseudofruto do Caju 33 3. MATERIAL E MÉTODO 36 3.1. Experimento 1. Características Químicas e Fermentativas das Silagens 36 3.1.1. Localização 36 3.1.2. Tratamentos e Delineamento Experimental 37 3.1.3. Tratos Culturais e Ensilagem 37 3.1.4. Coleta e Processamento das Amostras 38 3.1.5. Análises Laboratoriais 39 3.1.6. Análises Estatísticas 40 7 3.2. Experimento 2. Consumo, Digestibilidade Aparente dos Nutrientes e Balanço de Nitrogênio 41 3.2.1. Tratamentos 41 3.2.2. Animais e Delineamento Experimental 41 3.2.3. Procedimento Experimental 41 3.2.4. Análises Laboratoriais 44 3.2.5. Parâmetros Avaliados 44 3.2.6. Análises Estatísticas 44 4.- RESULTADOS E DISCUSSÃO 46 4.1. Experimento 1. Características Químicas e Fermentativas das Silagens 46 4.1.1. Teor de Matéria Seca 46 4.1.2. Teor de Proteína Bruta 50 4.1.3. Teores de Fibra em Detergente Neutro, Fibra em Detergente Ácido e Hemicelulose 4.1.4. pH e Nitrogênio Amoniacal 52 54 4.2. Experimento 2. Consumo e Digestibilidade Aparente dos Nutrientes 58 4.2.1. Consumo de Matéria Seca 59 4.2.2. Consumo de Proteína Bruta 64 4.2.3. Consumo de Fibra em Detergente Neutro 68 4.2.4. Digestibilidade da Matéria Seca 71 4.2.5. Digestibilidade da Proteína Bruta 73 4.2.6. Digestibilidade dos Componentes da Fração Fibrosa 75 4.2.7. Nutrientes Digestíveis Totais 76 8 4.2.8. Balanço de Nitrogênio 78 5. CONCLUSÕES 80 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 81 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Composição químico – bromatológica do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) e do bagaço de caju (Anacardium occidentale L.) antes da ensilagem. Tabela 2. Composição da mistura mineral (Purinafós 65 ovinos Plus) utilizada no ensaio de digestibilidade. Tabela 3. 39 42 Valores médios dos teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM), extrato etéreo(EE), nitrogênio amoniacal (NNH3) e valores de pH das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Tabela 4. 47 Consumo de matéria seca (CMS), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Tabela 5. 58 Consumo de proteína bruta (CPB), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. 63 10 Tabela 6. Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Tabela 7. 69 Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHEM) e Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) das silagens fornecidas 71 aos animais no experimento 2. Tabela 8. Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes, nitrogênio excretado na urina e balanço de nitrogênio (BN) das silagens em g/dia e % do N ingerido. 78 11 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Teor de proteína bruta em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante . Figura 2. Valor do pH em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Figura 3. 56 Teor de nitrogênio amoniacal em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Figura 4. 51 56 Consumo de proteína bruta (g/animal/dia) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Figura 5. Consumo de proteína bruta ( % PV ) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Figura 6. Figura 7. 65 67 Consumo de proteína bruta (g/UTM) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante . 68 Fluxograma básico do pedúnculo do caju. 86 12 RESUMO O presente trabalho foi desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (UFC), no período de janeiro a junho de 2001, com o objetivo de avaliar o valor nutritivo de silagens de capim elefante ( Pennisetum purpureum Schum) com diferentes níveis de adição de bagaço de caju (BC). Foram confeccionadas cinco tipos de silagem, constituindo, os seguintes tratamentos: T1 - Capim elefante com 0% bagaço de caju (BC); T2 Capim elefante com adição de 12% BC; T3 - Capim elefante com adição de 24% BC; T4 - Capim elefante com adição de 36% BC; T5 - Capim elefante com adição de 48% BC, na base da matéria natural. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. O trabalho consistiu de dois experimentos. No primeiro experimento, avaliaram-se as características químicas e fermentativas das silagens. Para os teores de matéria seca (MS), observou-se diferença (p<0,01) apenas entre as silagens 13 com 24 e 48% de BC, a média registrada para as silagens foram de 23% MS. Para os teores de proteína bruta (PB), não foram observadas diferenças entre as silagens com 36 e 48% de BC (9,57 e 9,50% de PB, respectivamente), que se mostraram superiores (P<0,01) aos teores das demais silagens. Com relação aos teores de FDN, observou-se que as silagens com adição 36% de BC, apresentaram os menores teores de FDN (73,42%) diferindo das demais. Para os teores de fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HEM) não foram observadas alterações (P>0,05) com adição de BC, onde registrou-se teores médios 46,55% e 29,02%, respectivamente. Para os valores de pH e teores de N-NH3 , observou-se redução, com adição de BC. No experimento 2, foram avaliados o consumo (g/animal/dia, %PV e g/UTM), digestibilidade aparente dos nutrientes e balanço de nitrogênio. Para o consumo de matéria seca (CMS) e consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), não foram observadas diferenças (P>0,05) com adição de BC para o CMS e CFDN expressos em g/animal/dia. Entretanto, foi verificado efeito (P<0,01) da adição BC no CMS e CFDN expressos em %PV e g/UTM, os consumos médios registrados foram de 338,15 g/animal/dia, 1,32%PV, 29,65 g/UTM e 250,35 g/animal/dia, 0,97%PV, 22,05 g/UTM, respectivamente. Para o consumo de proteína bruta (CPB), expressos em g/animal/dia, %PV e g/UTM, notou-se que as silagens com 36 e 48% de BC, apresentaram o maior consumo (P<0,01), diferindo das demais silagens. As médias observadas foram de 27,65 g/animal/dia, 0,12%PV e 2,45g/UTM. Com relação aos coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), não foram observadas diferenças na digestibilidade (P>0,05) entre as silagens com 14 adição de BC. Já para a digestibilidade da hemicelulose (DHEM), registrou-se efeito da adição de BC. Os teores médios de digestibilidade da MS, PB, FDN, FDA e HEM foram de 43,04, 21,94, 40,93, 29,74 e 57,23%, respectivamente. Para os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) também não observou-se diferença (P>0,05) entre os teores de NDT nas silagens, com adição de BC. Quanto ao balanço de nitrogênio foram observados índices positivos para ingestão de N. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir, que a adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante, melhora suas características fermentativas, bem como, o valor nutricional e consumo das silagens, podendo então, ser utilizado na alimentação de ruminantes, porém, deve-se fornecer um suplemento energético, para permitir melhores desempenhos. 15 ABSTRACT This research was conducted in the Forage Resource Center of the Animal Science Department in the Federal University of Ceará (UFC), from January until July/2001. It aimed the evaluation of the nutritive value of Elephant grass (Pennisetum purpureum Schum) silages with different levels of cashew bagasse (CB). Five different silages were manufactured and included in the following groups: T1 – Elephant grass with 0% of CB; T2 – Elephant grass with 12% CB; T3 – Elephant grass with 24% CB; T4 – Elephant grass with 36% CB; T5 – Elephant grass with 48% CB, based on natural matter. A completely randomized block design with four replicates. Two experiments were performed. In the first one, we evaluated the chemical and fermentative characteristics of the silages. The silages showed 23% of dry matter (DM) on average. Only T3 and T5 were significantly different (P<0.01) for this parameter. For crude protein (CP), there were no differences between T4 and T5 (9.57% and 9.50% CP, 16 respectively), but their CP levels were significantly higher (P<0,01) than the other silages. Regarding the neutral detergent fiber (NDF), T4 silages showed the lowest levels (73,42%), compared to the other silages. There was no effect (P>0,05) of CB addition over acid detergent fiber (ADF) and hemicellulose (HEM) in the silages, with average values of 46,55% and 29,02%, respectively. Silages with CB addition showed lower pH values and levels of N-NH3. In the second experiment, silage intake (g/animal/day, %BW and g/UTM), apparent digestibility of the nutrients and nitrogen balance were evaluated. When expressing dry matter intake (DMI) and neutral detergent fiber intake (NDFI) as g/animal/day, there was no effect of CB added to the silages (P>0,05). However, CB addition influenced (P<0.01) DMI and NDFI, when expressed as %BW and g/UTM, with average values registered of 338,15 g/animal/day, 1,32% BW, 29,65 g/UTM and 250,35 g/animal/day, 0,97% BW, 22,05 g/UTM, respectively. T4 and T5 silages allowed a higher (P<0,01) crude protein intake (CPI) compared to the other groups, with average values of 27,65 g/animal/day, 0,12% BW and 2,45 g/UTM. There were no differences (P>0,05) in the coefficients of digestibility for dry matter (DMD), crude protein (CPD), neutral detergent fiber (NDFD) and acid detergent fiber (ADFD) in the silages containing CB. However, the hemicellulose digestibility (HEMD) was influenced by CB contents. The average digestibility coefficients were 43,04, 21,94, 40,93, 29,74 and 57,23%, respectively for DM, CP, NDF, ADF and HEM. There were no differences (P>0,05) for total digestible nutrients (TDN) values in silages containing CB. Positive indexes were observed for nitrogen intake. Based on our results, we can affirm that cashew bagasse added to the elephant grass silage improves its fermentative characteristics as well as the nutritive value and 17 silage intake, with beneficial effects to ruminants. However, an energy supplement must be offered, to allow better performance. 18 1. INTRODUÇÃO Na região Nordeste do Brasil a produção de forragem apresenta forte estacionalidade devido principalmente a má distribuição das chuvas. Este fato leva ao fornecimento de forragens de baixa qualidade aos animais, determinando um inadequado consumo de nutrientes, comprometendo assim, a produção animal. A pecuária no Estado do Ceará, se insere dentro deste contexto e, embora apresente potencialidades elevadas, não tem apresentado avanços significativos, pois ainda predomina a exploração extrativista, ligada à agricultura de subsistência. Uma das maneiras de se alterar o quadro vigente é desenvolver alternativas para o aproveitamento de subprodutos da agroindústria disponíveis no período crítico do ano. Haja visto, que o ruminante apresenta um sistema 19 digestivo peculiar, capaz de converter, em alimentos de alta qualidade, materiais grosseiros, produtos fibrosos das plantas e subprodutos diversos. Nas últimas décadas tem havido crescimento acentuado da fruticultura irrigada na região e em conseqüência, expansão da agroindústria para o processamento de frutos, desta maneira, produzindo substanciais quantidades de subprodutos resultantes do processamento destes frutos. No Ceará pode-se destacar o caju (Anacardium occidentale L.), como uma das principais fruteiras cultivadas, o qual, garante ao estado o destaque de principal produtor no Brasil. Vale ressaltar, que na industrialização do pseudofruto do caju para produção de sucos são gerados em torno de 40% de subproduto (bagaço do pseudofruto do caju). Desta forma a busca pela utilização mais adequada desse subproduto, é de extrema importância, não só na formulação de rações para ruminantes, mas como forma de evitar a poluição do meio ambiente. A safra de caju, concentra-se na época seca, período que se caracteriza pela baixa produção e disponibilidade de volumosos e preços de concentrados elevados. A utilização do subproduto do processamento do caju na alimentação animal, pode funcionar como uma alternativa alimentar, capaz de contribuir de forma efetiva, para elevar a competitividade do agronegocio com ruminantes na região Nordeste. Esse estudo foi desenvolvido objetivando avaliar o valor nutritivo de silagens de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum) com diferentes níveis de adição de subprodutos da indústria de suco de caju. 20 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. CARACTERÍSTICAS DO CAPIM ELEFANTE ( Pennisetum purpureum, Schum) De origem africana o capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum), foi introduzido no Brasil no início da década de 20 (FARIA et al. 1998 ), e por apresentar várias características que se adequam às necessidades da pecuária brasileira, como; rusticidade, alta produção, facilidade de multiplicação, diversas variedades e cultivares, adaptado a vários tipos de solo, certa resistência à seca, resistência a pragas e doenças, e apresentar bom valor nutritivo quando novo, esta gramínea pôde distribuir-se no país, o qual vem sendo utilizada sob diversas formas ( LAVEZZO, 1994). Segundo TOSI et al. (1995), o capim elefante pode ser utilizado em pastejo direto e como capineiras, para produção de silagem e fenos. 21 Dentre essas formas, o aproveitamento do capim elefante para a ensilagem, é estratégico, devido à produção sazonal de forragem nas regiões tropicais. FARIA et al. (1995/96) relata que cerca de 80% do total de forragem produzida ocorre no período chuvoso, ficando os rebanhos sujeitos à escassez de alimentos no período seco. LAVEZZO et al. (1983) obteve produções de 70,3 e 83,2 ton. de matéria verde/ha para as cultivares Mineiro e Vruckwona cortada aos 60 dias de desenvolvimento. Para as mesmas cultivares cortadas aos 75 dias de desenvolvimento, foram observadas produções de 77,2 e 97,2 ton/ha, respectivamente (LAVEZZO et al.1990). Com as cultivares Mercker, Napier, Porto Rico 534 e Mineiro foram encontradas produções de 260,9; 260,0; 220,6 e 214,6 ton de matéria verde/ha/ano, respectivamente (PEREIRA et al. 1966). MOZZER et al. (1993), trabalhando com as variedades Taiwan A-146, Taiwan A-148, Cana africana e Cameroon-CNPGL obtiveram produções de 158,3; 136,7; 187,7 e 129,8 t/ha/ano, respectivamente. Contudo, é importante adequar a produção de matéria seca com o valor nutritivo em gramíneas forrageiras tropicais. Em função, da diminuição de forma acentuada do valor nutritivo com o aumento da produção durante o ciclo das gramíneas tropicais. No caso, do valor para silagens, isto produzirá um alimento nutricionalmente inadequado. SILVEIRA et al. (1973) estudando a influência do melaço, da cana de açúcar e do emurchecimento prévio, sobre a digestibilidade “in vitro” da matéria seca de silagens de capim Napier, cortado em diferentes idades de crescimento, observaram que com o avanço no estádio de maturação, ocorreu um decréscimo significativo nos coeficientes de 22 digestibilidade “in vitro “, que passaram de 59,8% aos 51 dias, para 45,4% aos 121 dias. Segundo os autores, este fato era esperado, pois com a maturidade da forragem, ocorre aumento do conteúdo de parede celular e como conseqüência haverá diminuição nos coeficientes de digestibilidade dos princípios nutritivos. O mesmo fato foi observado por ANDRADE e GOMIDE (1971), que avaliando o efeito da maturidade da variedade Taiwan A-146, sobre seu valor nutritivo, constataram aumentos na produção de matéria verde ( 9 para 41 t/ha) com o avançar dos intervalos de corte, porém os teores de proteína bruta passaram de 15,3% aos 28 dias para 2,3% aos 196 dias de crescimento e os valores de digestibilidade “in vitro” da matéria seca passaram de 50,3% para 22,1 % nas respectivas idades. 2.1.1. LIMITES PARA UTILIZAÇÃO DO CAPIM ELEFANTE PARA ENSILAGEM “Qualidade da silagem”, corresponde a uma expressão ( SILVEIRA et al. 1979a), que não traduz o valor nutritivo do material, mais sim, um termo utilizado para descrever até que ponto o processo fermentativo ocorreu de maneira desejável. Os parâmetros mais utilizados para classificar qualitativamente a silagem são: os teores de ácido orgânicos, pH e o nitrogênio amoniacal, pois indicam as transformações relacionadas com as perdas nos elementos nutritivos no interior do silos Na utilização de capim elefante para silagens é possível estabelecer uma relação entre a produção e valor nutritivo. LAVEZZO (1985), encontrou 23 que o ponto ideal de produção por área e valor nutritivo, foi alcançado quando o corte para ensilagem ocorreu com 50-60 dias de crescimento. Entretanto, neste estádio de desenvolvimento três fatores limitam a obtenção de silagem de boa qualidade, que são: alto teor de umidade, baixo teor de carboidratos solúveis e o alto poder tampão. Estes itens segundo McDONALD et al. (1981), influenciam negativamente no processo fermentativo impedindo que haja um rápido decréscimo do pH a níveis adequados ( 3,8 a 4,2 ), fazendo com que fermentações secundárias e indesejáveis ocorram devido a ação de bactérias produtoras de ácido butírico, que passarão a se desenvolver, utilizando o lactato produzido e açucares residuais. Como esse processo envolve a descarboxilação do ácido láctico, a concentração hidrogeniônica é diminuída, criando condições mais favoráveis às bactérias butíricas (gênero Clostridium), que desdobram aminoácidos a ácido butírico, ácidos voláteis, aminas, amônia e gases, prejudicando assim, a qualidade do produto preservado (LAVEZZO, 1985). No processo fermentativo da ensilagem é fundamental a presença de carboidratos solúveis (CHOs) para promover bom padrão de fermentação. Pois os mesmos, se constituem na fonte mais comum de energia para as bactérias produtoras de ácido láctico. Portanto, a quantidade e a rapidez na formação deste ácido depende da maior disponibilidade de açúcares nas forragens (SILVEIRA, 1975). Segundo KEARNEY & KENNEDY (1962), a porcentagem de carboidratos solúveis deve ser em média 15% na matéria seca do material ensilado. Porém McCULLOUGH (1977) afirmou que para se produzir silagens lácticas, as forrageiras devem apresentar um conteúdo de CHOs solúveis 24 superior a 8,5%, e CATCHPOOLE & HENZEL (1971), concluíram que são necessários de 13 a 16%. McDONALD (1981) afirma que a silagem pode ser considerada de boa qualidade quando o material apresenta pH igual ou inferior a 4,2; ácido butírico igual ou inferior a 0,2%, e N amoniacal como porcentagem do N total, igual ou inferior a 12,0%. McCULLOUGH (1977), salienta a necessidade do conteúdo de matéria seca entre 28 a 34%, para que ocorra boa fermentação no silo. SILVEIRA et al. (1979a) trabalhando com ensilagem de capim elefante (var. Napier, Taiwan A- 144, Mineiro e Vruckwona) cortadas com 60 dias de crescimento e com teores médios de carboidratos solúveis de 11,78% antes da ensilagem, obtiveram valores médios para pH de 4,17; teores de N amoniacal de 15,30% do N total; ácido lático 6,80%; e ácido butírico 0,021%. Demonstraram então, que, apesar dos níveis de carboidratos solúveis estarem abaixo dos níveis recomendados por KEARNEY & KENNEDY (1962), obtiveram silagens razoáveis. TOSI et al. (1983) trabalhando com a cultivar Taiwan A – 148, com 55 dias de crescimento, obtiveram teores de carboidratos solúveis de 16,95%, nível bem acima dos encontrados em gramíneas tropicais. ARCHIBALD et al. (1952) considera como um dos principais fatores limitante na conservação da silagem de capim elefante o teor excessivo de umidade. Em geral, isto ocorre quando o capim é cortado novo. Nesse estádio o capim se encontra com altos conteúdos de água (75 a 80%, ou mais), o que irá contribuir para o aumento dos níveis de ácido butírico, bases voláteis e amônia diminuindo o consumo voluntário da silagem (SILVEIRA et al. 1980). Por isto, é sempre recomendável a redução do teor de umidade, que induz uma queda no pH, nos teores de ácido acético e butírico, favorecendo de forma 25 significativa as fermentações mais adequadas na silagem. O aumento nos teores de matéria seca pode ser feito pela a adição de material seco no momento da ensilagem ou pelo emurchecimento por exposição ao sol (LAVEZZO, 1985). 2.1.2. CONSUMO VOLUNTÁRIO E DIGESTIBILIDADE DAS SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE O valor nutritivo de um alimento está ligado ao consumo voluntário, digestibilidade e à eficiência pela qual os nutrientes são utilizados (LAVEZZO et al. 1994). Porém o principal fator limitante para a produção de animais alimentados com silagens seria o nível de consumo voluntário. O decréscimo no consumo de silagem é resultante de mudanças químicas, que ocorrem durante a fermentação no silo e os fatores mais importantes, a serem considerados na avaliação das silagens são; a porcentagem de matéria seca, o teor de ácido acético, butírico e o de nitrogênio amoniacal (SILVEIRA et al. 1980; LAVEZZO et al. 1984). CATCHAPOOLE & HENZEL (1971), afirmam que algumas forragens tropicais são de difícil ensilagem, o que pode proporcionar baixo coeficiente de digestibilidade do material ensilado. Porém os autores ressaltam, que a utilização de aditivos ou técnicas que visem melhorar a preservação da forragem antes da ensilagem pode melhorar a fermentação e reduzir a diminuição da digestibilidade. 26 HENRIQUE & BOSE (1992), analisando o efeito de dois aditivos enzimobacterianos sobre a ensilagem do capim elefante cv. Guaçu, com 50 dias de desenvolvimento, apesar de não ter encontrado efeito dos aditivos sobre a qualidade da silagem, obtiveram ingestão de matéria seca para ovinos variando de 41,96 a 50,09 g/UTM (Unidade de Tamanho Metabólico = PV0,75 ) e coeficientes de digestibilidade da matéria seca e matéria orgânica do capim elefante de 63,78 a 65,39%. Esses valores estão de acordo com os encontrados por TOSI (1977), citado por HENRIQUE & BOSE (1992). Em trabalhos com as cultivares Napier, Taiwan A-144, Mineiro e Vrukwona, ensilados com 60 dias de desenvolvimento e submetidos a diferentes tratamentos (testemunha, emurchecimento e ácido fórmico), SILVEIRA et al. (1980) encontraram um consumo médio de 37,6 g/UTM para silagem de capim elefante e esta baixa ingestão segundo os autores está associada ao excesso de umidade das silagens. Para os valores de digestibilidade aparente da matéria seca e matéria orgânica foram registrados médias de 54,44% e 58,62%, respectivamente. Sendo que as maiores médias de consumo e digestibilidade foram encontradas para o tratamento com emurchecimento por 6 horas. Esse mesmo resultado foi observado por LAVEZZO et al. (1984) que não observaram diferença (P>0,5) nos níveis de consumo de matéria seca, para as cultivares Mineiro e Vruckwona, submetidas aos tratamentos com emurchecimento por 8 hora, formol, ácido fórmico e mistura de “Viher”. Entretanto, os consumos de matéria seca das silagens emurchecidas (42,44 g/UTM ), tenderam a serem maiores que aquelas tratadas com formol (38,12 g/UTM) e com ácido fórmico (35,84 g/UTM ). Em relação aos coeficientes de 27 digestibilidade de matéria seca, verificaram diferença (P<0,05) apenas entre as silagens com emurchecimento (63,81%) e as tratadas pelo formol ( 55,67%) e formol + ácido fórmico (57,29%). SOBRINHO et al. (1998b) utilizaram a cultivar Guaçu, para determinação do valor nutritivo das silagens confeccionadas com a forragem fresca e emurchecida (planta inteira e triturada), cortada nas idades de 50, 70 e 84 dias. Verificaram que as silagens confeccionadas com as forragens emurchecidas apresentaram maior consumo de matéria seca, não havendo, porém, alterações na porcentagem e no consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT) e nos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta, fibra bruta e extrativos não nitrogenados. LAVEZZO et al. (1977) estudando o efeito da adição de cama de galinheiro sobre o valor nutritivo da silagem de capim elefante cv. Napier na alimentação de bovinos, observaram consumo de MS de 62 g/UTM para silagem de capim elefante e de 88,2 g/UTM para silagem capim elefante + 10% de cama de galinheiro, obtendo para este tratamento, ganho de 20kg em 6 semanas. ANDRADE & LAVEZZO (1998c), avaliando o consumo e a digestibilidade aparente da silagem de capim elefante, confeccionadas com adição de 0, 8, 16 e 24 % de matéria seca de rolão de milho, farelo de trigo e sacharina na forragem verde do capim, observaram que a ingestão de matéria seca se eleva com o aumento dos níveis de aplicação dos aditivos na ensilagem. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca não revelaram diferença entre aditivos e níveis de adição de matéria seca. 28 LIMA et al. (1972) apresentaram dados comparativos entre silagens de sorgo, capim elefante, capim colonião, capim pangola e capim guatemala, obteve ganhos de peso somente com silagem de sorgo (1,3 kg) e com silagem do capim guatemala (1,8 kg) para carneiros, ao final de 17 dias. 2.2. CARACTERISTICAS DO CAJU ( Anacardium occidentale L.) 2.2.1. CONSIDERAÇÃOES GERAIS O cajueiro (Anacardium occidentale Linnaeus), é uma planta de origem brasileira, distribuída em vários Estados do Brasil, principalmente na região do litoral nordestino, onde é considerado, o centro de origem da cultura. Conforme muitos autores, foram os portugueses que levaram o cajueiro para suas colônias na África e Ásia, dispersando assim a cultura pelo mundo. O cajueiro pertence a família das Anarcardiaceae, de árvores ou arbustos tropicais e subtropicais, tendo casca resinosa e folhas alternadas. A castanha ( fruto verdadeiro) é constituída de três partes, a casca, película e a amêndoa. A parte comestível de forma “in natura” é um pseudofruto que apresenta-se como um pedúnculo hipertrofiado, composto por uma estrutura carnosa e suculenta, rico em vitamina C. Inicialmente, o caju era considerado como componente da cultura e dos hábitos alimentares dos índios. Contudo, durante a Segunda Guerra Mundial surgiu uma alta demanda do LCC (líquido da casca da castanha de caju), marco inicial da industrialização efetiva do caju (FRANÇA, 1988), logo a 29 amêndoa da castanha de caju tornou-se um produto nobre (BNB, 1973), passando a ser o principal produto da indústria. Enquanto o pedúnculo começou a ser utilizado em pequena escala, para fabricação de doces e sucos. A área mundial ocupada com cajueiro esta estimada em 1,5 milhão de hectares, é cultivado entre latitudes 30°N e 31°S, de modo que o cajueiro se encontra vegetando em grande números de países. Entretanto, apenas á Índia, Brasil, Monçambique, Tanzânia e Quênia, o caju apresenta importância econômica, nos quais, são responsáveis por 98% da produção mundial. O Brasil, Índia e Momçambique produzem 80% da produção de castanha de caju, sendo o Brasil responsável por 35% desse total (PIMENTEL, 1992). Segundo ARAÚJO & SILVA (1995) o Brasil apresenta 630 mil ha de área plantada com cajueiro, com uma produção estimada de 168 mil t de castanha por ano, enquanto, a produção de pedúnculos chega a mais de 1 milhão de toneladas/ano (HOLANDA et al. 1996a), ressaltando que, esta produção concentra-se na estação seca do ano ( julho a janeiro), período este, que se caracteriza pela menor disponibilidade de forragem na região tanto quantitativamente como qualitativamente. A agroindústria do caju ocupa lugar de destaque no contexto econômico e social do Brasil. O Nordeste brasileiro detém 99% da produção nacional da castanha de caju. O cajueiro é cultivado em vários Estados, destacando-se o Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, que, são responsáveis por 88% da produção da castanha de caju (PIMENTEL, 1992). O Ceará é o principal produtor, sendo responsável por 57% da produção nacional (EMBRAPA, 1993). 30 O pedúnculo representa 90% do peso total do caju, podendo variar de 15 a 200g com variações de tamanho formato e cor (LEITE, 1994 e PAIVA et al.1996). Do processamento do pedúnculo são obtidos vários produtos conforme demonstrado na Figura 07. Suco Colheita ↓ Descastanhamento ↓ Transporte ↓ Recepção ↓ Pesagem ↓ Lavagem ↓ Seleção ↓ Lavagem ↓ Produtos ↓ Geléia Cajuína Mel Passa Néctar Doce Rapadura Vinho Polpa CajuAmeixa Pré tratamento Cristalizado Figura 7. Fluxograma básico do pedúnculo do caju. (adaptado de PAIVA et al. 2000). A presença de vitaminas, sais minerais carboidratos e ácidos orgânicos fazem do pedúnculo um reconstituinte geral e um tônico de primeira ordem 31 (BRAGA, 1976). PAIVA et al. (1996) relata que essa composição química varia de acordo com o tipo, o clone e a região produtora. O pseudofruto apresenta a seguinte composição química e energética: 92,3% de matéria seca; 11,6% de proteína bruta; 1,8% de matéria mineral; 0,17% de cálcio; 0,16% de fósforo e 90,4 % de nutrientes digestíveis totais (Araújo, 1988). De acordo com, MENEZES (1994), os principais açúcares encontrados no pedúnculo do caju são, maltose, sacarose, glicose, celobiose e rafinose, sendo que a glicose é o principal açúcar presente, seguido pela frutose, com percentagem muito baixa de açúcares redutores. Dentre os ácidos, o ácido málico é encontrado em maior proporção. Entretanto, o pedúnculo apresenta a menor percentagem de industrialização com um percentual de aproveitamento de apenas 12%. Este desperdício do pedúnculo, está associado ao reduzido período de pós colheita, à pequena capacidade de absorção da industria, curto período de safra e inexistência de métodos econômicos de preservação da matéria prima. LIMA (1988) afirma, que mais de 90% da produção do pedúnculo é deixada no campo após a retirada da castanha, apresentando, assim, um grande potencial para utilização em rações. Trabalhando com pseudofruto do caju em dietas de coelhos, GERREIRO et al. (1983), não observaram diferenças significativas no desempenho dos .animais, sugerindo então a substituição pelo milho na ração, desde que sue preço por kg não ultrapasse a 73% o preço do milho. 32 FURUSHO et al. (1998) utilizando o pedúnculo do caju seco em dietas de cordeiros Santa Inês, demonstraram ser um ingrediente alternativo para dieta destes animais. 2.2.1. SUBPRODUTOS DA INDÚSTRIALIZAÇÃO DO PSEUDOFRUTO DO CAJU O subproduto, resultante da extração do suco do pedúnculo do caju, e dos pedúnculos imprestáveis para o consumo humano, contem de 30 a 35% de umidade, e podem ser utilizados na alimentação animal ao natural ou na forma de farelo de polpa de caju, (LAVEZZO, s/data), enriquecidos por leveduras (HOLANDA et al. 1996b). E na forma de silagem, que representa uma maneira de melhorar o valor nutritivo da polpa de caju, já que o produto apresenta altos teores de umidade e fibra, que podem limitar a utilização direta na alimentação animal (AWOLUMATE, 1983). HOLANDA et al. (1996a), avaliando os componentes químicos bromatológicos digestíveis do farelo de resíduo industrial do pseudofruto do cajueiro, encontraram a seguinte composição (base seca): MSD 69,49%; DPB 8,61%; FD 9,78%;NDT 75,26%. O autor ressalta ainda que o caju é um alimento que não deve ser consumido puro, embora com baixo teor de tanino (0,43%) é deficiente em cálcio, fósforo, cobre e cobalto, apresentando ainda aminoácido essenciais como: metionina, isoleucina e fenilalamina. 33 A utilização dos resíduos do pseudofruto do cajueiro em níveis superiores a 50% dos concentrados, na alimentação de bovinos leiteiros, diminui o custo do kg destes concentrados para R$ 0,20 (Lima 1998). FONSECA & LEITÃO (1996a), analisando o consumo voluntário e balanço de nitrogênio do farelo do resíduo industrial do pseudofruto do caju, obteve um consumo médio de matéria seca, proteína bruta, proteína digestível e nutrientes digestíveis totais em g/UTM de 101,13; 15,28; 8,87; e 77,64 respectivamente. E, encontraram coeficientes de digestibilidade da matéria seca de 69,49%; proteína bruta de 58,15%; fibra bruta de 71,71%; de extrato etéreo 88,96%; e de extrato não nitrogenado 72,38%. Para energia digestível e metabolizável os resultados foram 2964 kcal/kg e 2430 kcal/kg, respectivamente. CATUNDA & MENEZES (1989) estudando o desempenho de ovinos consumindo alimentos produzidos no litoral cearense, distribuídos nos seguintes tratamentos; só pasto (capim gengibre); pasto + 1 kg/dia de farinha de polpa de caju (11% PB); pasto + 0,5 kg/dia de feno de rama de mandioca (22% PB); pasto + 3,5 kg/dia da mistura caju-feno, observaram que não houve diferença entre os tratamentos só pasto ou pasto + farinha de polpa de caju para ganhos de peso ( média = 40,7 g/dia), no entanto, foram inferiores aos ovinos alimentados, com pasto + feno (70,7 g/dia) ou com pasto + mistura cajufeno (60,1 g/dia) que diferiram entre si. Os autores observaram ainda que os animais que receberam os dois últimos tratamentos chegaram ao peso de abate ( 25 kg ) por volta de nove a dez meses de idade, e que nos outros tratamentos esse peso só foi atingido com 12 meses. 34 NEIVA et al. (2001) avaliando de adição de bagaço de caju na ensilagem de capim elefante, observaram aumento nos teores de proteína bruta, à medida que se adicionou o subproduto do caju, e decréscimo nos teores de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido. Esses autores concluíram que a adição de subproduto do caju proporcionou uma melhora no valor nutritivo da silagem do capim elefante, pois observaram elevação nos teores de proteína bruta e diminuição nos teores de fibra em detergente neutro e em fibra em detergente ácido. 35 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. EXPERIMENTO 1 - CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FERMENTATIVAS DAS SILAGENS. 3.1.1. LOCALIZAÇÃO O experimento foi desenvolvido no Núcleo de Pesquisas em Forragicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza - CE, no período de janeiro a junho de 2001. O município de Fortaleza situa-se na Zona Litorânea, a 15,49m de altitude, 3°43’02” de Latitude Sul, e 38°32’35” de Longitude Oeste. 36 3.1.2. TRATAMENTOS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL Foram estudados 5 tipos de silagens em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. São estas: Tratamento 1 – Silagem de Capim Elefante Tratamento 2 – Silagem de Capim Elefante com 12% de bagaço de caju Tratamento 3 – Silagem de Capim Elefante com 24% de bagaço de caju Tratamento 4 – Silagem de Capim Elefante com 36% de bagaço de caju Tratamento 5 – Silagem de Capim Elefante com 48% de bagaço de caju A percentagem de bagaço de caju foi calculada em relação à matéria natural do capim elefante. 3.1.3. TRATOS CULTURAIS E ENSILAGEM Na confecção das silagens experimentais foram utilizados, capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum), proveniente de uma capineira já estabelecida, na fazenda experimental do Vale do Curú, Pentecoste(CE), pertencente a UFC. Após o corte de uniformização, a área recebeu uma adubação em cobertura 50kg/ha de N e 40kg/ha de K2O na forma de uréia e cloreto de potássio, respectivamente. A gramínea foi cortada manualmente quando apresentava de 70 a 80 dias de idade, e emurchecida por aproximadamente 12 horas, quando em seguida, foi processada através de picadeira de forragem. 37 O bagaço de caju utilizado no experimento foi originado do processamento dos pedúnculos de caju utilizados na fabricação de sucos, da empresa MAISA em Mossoró – RN. Como silos experimentais, foram utilizados tambores plásticos com capacidade para 210 l. Após a pesagem e homogeneização, a forragem foi compactada no interior do silo, através de pisoteamento por homens. Completado o enchimento, os silos foram fechado com lonas plásticas presas, com ligas de borracha. Em cada silo foram colocados 126 kg de forragem, de forma que se atingisse uma densidade de 600 kg/m3 de silagem. 3.1.4. COLETA E PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS Antes da ensilagem foram retiradas amostras do capim elefante e do subproduto de caju, que foram armazenadas a –10°C, para posteriores análises. Após 83 dias os silos foram abertos, e coletou-se amostras das silagens, que permaneceram armazenadas em congelador a - 10°C até a época das análises químico - bromatológicas. Depois de feita a coleta das amostras o restante da silagem presente nos silos experimentais foram utilizadas no ensaio de digestibilidade aparente (item 3-2). 38 3.1.5 – ANÁLISES LABORATORIAIS Para as amostras do material anterior a ensilagem foram determinados os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM), celulose (CEL), lignina (LIG) e extrato etéreo (EE), enquanto, para as amostras de silagem, foram determinados os teores de MS, PB, FDN, FDA e HEM, realizados no Laboratório de Nutrição Animal EMBRAPA - Caprinos, no município de Sobral CE, seguindo a metodologia descrita por SILVA (1990). A Tabela 1 apresenta a composição química média do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) e do subproduto de caju (Anacardium occidentale) na matéria seca, antes da ensilagem. Tabela 1. Composição químico - bromatológica do capim elefante (Pennisetum purpureum, Schum) e do subproduto de caju (Anacardium occidentale) antes da ensilagem. CAPIM ELEFANTE (%) 25,56 BAGAÇO DE CAJU (%) 25,41 83,23 91,61 Proteína Bruta 3,3 14,19 Extrato Etéreo 2,14 4,09 Fibra Detergente Neutro 76,73 65,47 Fibra Detergente Ácido 46,58 46,98 Hemicelulose 29,35 18,48 Celulose 38,41 24,31 Lignina 7,07 22,51 Parâmetros Matéria Seca Matéria Orgânica 39 Para as amostras de silagens foram analisados ainda; pH, nitrogênio amoniacal no Laboratório de Nutrição Animal do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Minas Gerais, seguindo a metodologia descrita por Silva (1990). 3.1.6. ANÁLISES ESTATÍSTICAS As características estudadas foram avaliadas por meio de análise de variância para realização da comparação das médias, utilizando o teste de Duncan, e por meio da análise de regressão para verificar o comportamento em função dos níveis crescentes de bagaço de caju, utilizando um modelo com os efeitos linear e quadrático. Antes de realização estas análises, foi feito um estudo para verificar suas pressuposições (distribuição normal e homocedasticidade). As características que não atenderam estas pressuposições foram transformadas para permitir a análise. A transformação utilizada foi a logarítmica e as características transformadas foram, teor de proteína bruta e nitrogênio amoniacal. Nas análises de variância e regressão foi utilizado o programa SAS ( Statistical Analyses System). 40 3.2. EXPERIMENTO 2 – CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES E BALANÇO DE NITROGÊNIO 3.2.1. TRATAMENTOS Foram avaliados as mesmas silagens do Experimento 1, e portanto os tratamentos foram idênticos. 3.2.2. ANIMAIS E DELINEAMENTO EXPERIMENTAL: Para avaliação do valor nutritivo das silagens foi conduzido ensaio de digestibilidade aparente, utilizando dez carneiros, machos, sem raça definida. Antes de iniciar o experimento, os animais foram identificados, pesados (início e no final do ensaio), vermifugados, e distribuídos por sorteio nos tratamentos. Esses foram mantidos em gaiolas de metabolismo individuais, com cochos, para fornecimento de água, de mistura mineral e do alimento a ser estudado. Na parte inferior das gaiolas, foram colocados separadores de fezes e urinas. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualisado, com quatro repetições. 41 3.2.3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL O experimento constitui-se de duas fases, a primeira composta pelas repetições 1 e 2, e a segunda fase pelas repetições 3 e 4 de cada tratamento. Cada fase teve a duração de 21 dias, sendo, 14 dias para adaptação dos animais às dietas e ao ambiente experimental e 7 dias para determinação do consumo voluntário, digestibilidade aparente dos nutrientes e balanço de nitrogênio. As silagens foram fornecidas diariamente em dois períodos, manhã (7 às 8 horas) e pela tarde (15 às 16 horas ), sendo a quantidade oferecida calculada diariamente, a partir do consumo do dia anterior de modo que permitisse sobra de aproximadamente 15%. Durante toda a fase experimental, os animais tiveram livre acesso a água e a mistura mineral (Tabela 2). Amostragens diárias da silagem (100g), foram realizadas no momento da pesagem do alimento que cada animal recebeu, durante o período de coleta de dados. As amostras foram acondicionadas em sacos plásticos, identificados e armazenados em congelador a - 10°C. Ao final do ensaio as amostras, referentes para cada animal, foram descongeladas e homogeneizadas, sendo retirada uma amostra de aproximadamente 300g, que foi processada (pré secagem) para posterior análises. Os alimentos não consumido foram pesados antes do fornecimento da nova alimentação. Após esta pesagem, uma alíquota de mais ou menos 100g foi retirada, seguindo a mesma metodologia descrito para amostragem utilizada para os alimentos oferecidos. 42 As fezes foram coletadas e pesadas duas vezes ao dia, e após a homogeneização do material, foram retiradas amostras de aproximadamente 20% do total de cada coleta, que foram acondicionadas em sacos plásticos, identificados e mantidos em congelador a - 10°C. Ao final do ensaio as amostras referentes a cada animal, foram homogenizadas, tendo sido retirada, uma amostra de 300g que foi mantida no congelador a –10° C. Tabela 2. Composição da mistura mineral1 utilizada no ensaio de digestibilidade. Ingredientes 1000g Cálcio 140g Fósforo 65g Enxofre 15g Magnésio 15g Sódio 153g Zinco 3500mg Manganês 3000mg Iodo 60mg Se 10mg Cobre 100mg Cobalto 100mg Ferro 650mg Vitamina A 50000 UI 1.Purinafós 65 ovinos Plus 43 3.2.4 – ANÁLISES LABORATORIAIS Nas amostras colhidas foram determinados os seguintes componentes: matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido, Hemicelulose, extrato etéreo e matéria mineral. As análises foram efetuadas no Laboratório de Nutrição Animal da EMBRAPA - Caprinos, em Sobral - CE, seguindo a metodologia descrita por Silva (1990). 3.2.5 - PARÂMETROS AVALIADOS Foram determinados os consumos de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, em g/animal/dia, %PV e g/UTM ( Unidade de Tamanho Metabólico = PV0,75 ). Determinaram-se ainda, os consumo e coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e hemicelulose, bem como o balanço de nitrogênio, determinados de acordo com metodologia descrita por Silva e Leão (1979). Já os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram determinados de acordo com metodologia adotada pela Universidade de Cornell (Sniffen et al. 1992) onde o NDT (kg) = (PB ing – PB fecal) + 2,25 (EE ing – EE fecal) + (CT ing – CT fecal). 44 3.2.6 - ANÁLISES ESTATÍSTICAS As características estudadas foram avaliadas por meio de análise de variância para realização da comparação das médias, utilizando o teste de Duncan, e por meio da análise de regressão para verificar o comportamento em função dos níveis crescentes de subproduto de caju, utilizando um modelo com os efeitos linear e quadrático. Antes de realização estas análises, foi feito um estudo para verificar suas pressuposições. pressuposições As características (distribuição normal e que não atenderam homocedasticidade) estas foram transformadas para permitir a análise. A transformação utilizada foi a logarítmica e característica transformada foi consumo de proteína bruta (%PV e g/UTM). Para os dados de balanço de nitrogênio foi utilizado teste para dados não paramétricos Kruskal – Wallis. As análises de variância e regressão realizadas, foram feitas empregando o programa SAS ( Statistical Analyses System). 45 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. EXPERIMENTO 1. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FERMENTATIVAS DAS SILAGENS 4.1.1. TEOR DE MATÉRIA SECA (MS). Para os teores de MS, foi observado diferença (P<0,01), apenas entre as silagens com adição de 24% de bagaço de caju (BC)(24,64%), que se mostrou superior a silagem com 48% de BC (21,78%). A superioridade, da silagem com 24% de BC, deve-se provavelmente, ao maior tempo de exposição do capim elefante, ao sol, no momento da 46 ensilagem, promovendo maior desidratação, com isto, elevação no teor de MS da silagem. Os dados referentes à composição químico - bromatológica das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju, estão apresentados na Tabela 3. Tabela 3. Teores médios de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose(HEM), extrato etéreo (EE), nitrogênio amoniacal (NNH3) e valores de pH das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. 0% 12% 24% 36% 48% CV MS 23,05ab 23,15ab 24,64a 22,96ab 21,78b 5,24 PB 3,58d 5,28c 7,52b 9,57a 9,50a 4,50 FDN 77,2a 75,19a 76,64ab 73,42c 75,19b 1,44 FDA 47,96a 44,03a 47,38a 43,23a 50,15a 14,30 HEM 29,24a 31,15a 29,26a 30,18a 25,28a 9,12 EE 1,86c 1,89c 2,84b 3,52a 3,42a 4,34 PH 4,65a 4,34b 4,23bc 4,20c 4,19c 1,74 N-NH3 13,16a 6,15b 3,99c 3,48c 3,08c 10,44 Médias seguidas de letras diferentes na mesma linha, diferem entre se (P<0,01), pelo teste de Duncan. Vale ressaltar, que a diferença observada, foi de apenas 2,86 pontos percentuais, sendo uma variação possível de ocorrer, também, em função de pequenas variações na área da capineira, como por exemplo, textura do solo. 47 O teor médio de MS, ficou na faixa dos 23%, ver tabela 3, portanto abaixo dos 28–34% de MS, tido como ideal por McCULLOIGH (1977), para que haja uma boa fermentação da silagem. KINH et al. (1996) encontraram teores de 22% de MS para silagens com 100% de BC. NEIVA et al. (2001), observaram teores médios de MS superiores aos registrados neste trabalho (27,2%), para silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de BC. Este fato pode ser explicado pelo maior teor de MS do capim elefante utilizado, o qual, foi ensilado com 100 dias de desenvolvimento. Entretanto, os baixos teores de MS registrados neste trabalho, já eram esperados, tendo em visto que, o teor de MS do capim elefante (25,56%), Tabela 1, foi semelhante ao teor de MS do BC(25,41%), e por isso mesmo, não se esperava que a mistura dos dois, produzisse alterações no teor do MS. Resultados semelhantes aos apresentados neste trabalho, foram observados por FARIA et al. (1972), que adicionando polpa de laranja fresca ao capim elefante, não observaram alterações nos teores de MS da silagem, no qual registraram uma média de 20% de MS. AGUILERA et al. (1997), também não observaram mudanças no teor de MS, em silagens contendo diferentes níveis de milho triturado e frutas de manga e limão. Segundo alguns autores, as silagens de capim elefante, confeccionadas entre 60 e 90 dias de desenvolvimento, apresentam baixo teores de MS, podendo o teor de MS variar de 12 a 23% (ALMEIDA et al. 1986; VILELA et al. 1987; ALBERTO et al. 1993; FANTINI et al. 1995; ANDRADE et al. 1998a e 48 SOBRINHO et al. 1998a) o que vem a confirmar, os resultados obtidos neste trabalho. Embora o teor médio de umidade tenha ficado acima dos 75%, não se observaram perdas por fermentação ou por apodrecimento, comum em silagens úmidas. As silagens apresentaram cheiro agradável e nas silagens com adição de BC foi observado o cheiro característico do fruto. O BC funcionou, então, como um eficiente conservante de silagens úmidas, evitando a perda de matéria seca, e possivelmente, a ação de bactérias indesejáveis (Clostridium), produtoras de ácido butírico e de outros produtos, que diminuem os aspectos qualitativos das silagens. REIS (1994), trabalhando com silagens de capim elefante com adição de 25, 50, 75 e 100% de resíduo do fruto de maracujá, observaram características físicas semelhantes aos encontrados neste trabalho, como; aroma característico do fruto, e coloração amarelada. Entretanto, verificou-se decréscimo nos teores de MS, á medida que substituía o capim elefante pelo resíduo de maracujá, que passaram de 25,11% no tratamento controle para 18,54% de MS no tratamento com 75% do resíduo do fruto maracujá. Teores de MS superiores aos do presente trabalho, foram observado somente em silagens, com capim em avançado estádio de crescimento, ou que foram submetidas, a alguma prática de redução de umidade como emurchecimento ou adição de materiais com elevado teor de MS (VILELA et al. 1990a; ALBERTO et al. 1993; FANTINI et al. 1995; ANDRADE & LAVEZZO et al. 1998a; SOBRINHO et al. 1998a e TOSI et al. 1999) . 49 FARIA et al. (1972), observaram elevação de 41% no teor de MS, em comparação silagem exclusiva de capim elefante, quando adicionou 20% de polpa seca de laranja. 4.1.2. TEORES DE PROTEÍNA BRUTA (PB) Os dados relativos aos teores de PB, podem ser vistos na Tabela 3. Para os teores de PB (Tabela 3) observou-se que as silagens com adição de 36% e 48% de BC, foram semelhantes (P>0,05), e apresentaram teores de PB superior (P<0,01) aos teores das demais silagens. As silagens com 0% de BC e aquelas com adição de 12% de BC, apresentaram níveis de PB inferiores aos 7% considerados como mínimo para que haja um bom funcionamento ruminal (VAN SOEST, 1994). A adição de 36% de bagaço de caju (BC) ao capim elefante, possibilitou o incremento de 6,0 unidades percentuais de PB, ou seja, um aumento de 63% no teor de PB, em comparação com a silagem de 0% BC. Pode-se observar então, que adição de BC na ensilagem do capim elefante, pode funcionar como uma eficiente fonte de nitrogênio, melhorando as características nutricionais da silagem. Na Figura 1, pode-se verificar comportamento quadrático para os teores de PB, em que inicialmente os teores de PB elevaram-se até o nível de 9,57% devido a adição de BC e reduzem na silagem com 48% de BC. 50 LogPB (% MS) 12 10 8 6 4 Log PB = 0,54 + 0,02X - 0,0002X² R² = 95,19 2 0 0% 12% 24% 36% 48% Níveis de Adição de BC Figura 01. Teor de proteína bruta das silagens em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Uma explicação para redução dos teores de PB na silagem com 48% de BC, deve-se possivelmente a erros de amostragem, ocasionado pela má distribuição do pseudofruto do caju ao capim elefante na ensilagem, que por efeito da prensagem na processamento industrial da pseudofruto de caju, apresentava-se compactado, dificultando a distribuição homogênea no silo. Resultado semelhante ao deste trabalho foi constatado por CORSI et al. (1971), com a adição de fubá e feno de soja perene ao capim elefante, elevaram o teor protéico das silagens de 3,5% para 7,3% e 8,1%, respectivamente. Igualmente, VEIGA & CAMPOS (1975) registraram que adição de uréia e cama de frango, ambas com melaço, ao capim elefante, resultou em silagens com teores protéicos duas a três vezes mais elevado que as da silagem testemunha. Teores de PB inferiores ao registrado no presente trabalho, foram observados por ÍTAVO et al. (2000), com 8,30% PB, para silagens puras de bagaço de laranja, e AGUILERA et al. (1997), que encontraram teores médios de 6,3 e 6,2% PB, para silagens contendo 80% de manga + 20% de milho 51 triturado e silagens com 60% de manga + 20% de limão + 20% de milho triturado, respectivamente. Essa inferioridade no teor de PB, observados por ÍTAVO et al. (2000) e AGUILERA et al. (1997), quando comparados ao trabalho atual, pode ser explicado pelo baixo teor de proteína desses alimentos. Em comparação com silagens de outras espécies, o teor protéico das silagens com 36% de BC(9,57%), foi 3,90 unidades percentuais superior a média de 5,67% PB obtidos por MOREIRA et al. (2001), para silagens de milho, e 5,17 a 5,87 unidades percentuais superior aos obtidos por DIAS et al. (2001) em silagens de sorgo. É interessante ressaltar, que o milho e o sorgo são umas das espécies forrageiras mais utilizadas para produção de silagem, em todo mundo, em decorrência do seu alto conteúdo de energia, facilidade de mecanização no processo de ensilagem e alta produção de matéria seca por unidade de área. Contudo a silagem dessas espécies possui teores relativamente baixos de proteína bruta, o que se constitui, em fator limitante ao consumo e digestibilidade das mesmas. A adição de BC pode ser uma alternativa à minimizar, o fator limitante das espécies forrageiras citadas, pois sua adição à silagens proporciona aumentos nos teores de PB. 52 4.1.3. TEORES DE FIBRA EM DETERGENTE NEUTRO (FDN), FIBRA EM DETERGENTE ÁCIDO (FDA) E HEMICELULOSE (HEM). Os teores de FDN, FDA e HEM, das silagens são apresentadas na Tabela 3. Para os teores de FDN, não foram verificadas diferenças (P>0,05), entre as silagens com 0%, 12% e 24% de BC, bem como não foram verificadas diferenças (P>0,05) entre as silagens com adição de 24 e 48% de BC. No entanto, as silagens com adição de 36% de BC, apresentaram o menor teor de FDN (73,42%), diferindo das demais(P<0,01). Com relação aos teores de HEM e FDA, não foram observados diferenças (P>0,05) entre as silagens estudadas. O avanço da maturidade das gramíneas proporcionam o aumento nos teores dos constituintes fibrosos da parede celular (hemicelulose, celulose e lignina). Com isto, os elevados teores dos componentes fibrosos encontrados, já eram esperados, em função da idade de corte (70 a 80 dias), e do bagaço de caju, que apresentaram teores elevados de fibra, uma característica deste subproduto. VILELA et al. (1990a), avaliando silagens de capim elefante, confeccionados com 77 dias de crescimento, encontraram teores de 75,96%FDN e 46,55% FDA. Entretanto, como o BC na pré ensilagem, apresentou teores de FDN (65,47%) e HEM (18,48%) inferiores ao registrado para o capim elefante pré ensilado, FDN (76,73) e HEM (29,35), observados na Tabela 1, esperava-se 53 que houvesse redução progressiva nos níveis de FDN e HEM, por efeito da substituição do capim elefante pelo BC. Estes resultados obtidos para teores de FDN e HEM, podem estar relacionados, a possíveis erros de amostragem, já comentados no item anterior. Com relação aos teores de FDA, já esperava-se que não houvesse efeito da adição do BC. Visto que, os teores de FDA dos materiais pré ensilados foram semelhantes. Os resultados encontrados no presente trabalho, contrariam os resultados obtidos por NEIVA et al. (2001), que observaram diminuição linear nos níveis de FDN e FDA com adição de BC na ensilagem do capim elefante. Da mesma forma, RODRIGUES NETO et al. (2001), avaliando silagens do subproduto da pupunha, com 75,2% de FDN e 61,0% de FDA, observaram reduções de 25% no teor de FDN e reduções de 19% no teor de FDA, ao adicionarem 10% de polpa cítrica na ensilagem do subproduto da pupunha. Estes resultados são conseqüência do menor teor dos compostos estruturais na polpa cítrica, havendo um efeito de diluição. ÌTAVO et al. (2000), encontraram valores de FDN e FDA em silagens de bagaço de laranja (24,58% e 23,97%, respectivamente), inferiores aos observados na Tabela 3. Tal fato, pode ser atribuído ao alto teor de carboidratos solúveis presente no bagaço de laranja, em detrimento dos teores de carboidratos estruturais. 54 4.1.4. VALORES DE pH E TEORES DE NITROGÊNIO AMONIACAL (N-NH3) Os dados relativos aos valores de pH e teores de nitrogênio amoniacal, podem ser vistos na tabela 3. As silagens com 24, 36 e 48% de BC, mostraram pH equivalentes (P>0,05) e estiveram dentro da faixa de 3,8 a 4,2 , tida como indicadora de silagens bem preservadas (McDONALD, 1981). A silagem com 0% de BC apresentou valor de pH(4,65) superior (P<0,01) ás demais. Os menores valores de pH nas silagens contendo BC, pode ser explicada pela maior disponibilidade de carboidratos solúveis no BC, conduzindo possivelmente a produção de ácido láctico, e assim, uma queda mais rápida do pH. Outra explicação, seria a presença de ácido málico no pseudofruto, contribuindo na redução mais rápida do pH. Para os valores de pH, apresentados na Tabela 3, constatou-se tendência de diminuição à medida que o BC foi incluído na silagem. No tocante ao nitrogênio amoniacal, como porcentagem do nitrogênio total (Tabela 3), verificou-se que o tratamento com 0% de BC, foi superior (13,16) diferindo (P<0,01) das silagens com 12, 24, 36 e 48% de BC. A adição de BC, proporcionou reduções (P<0,01) nos teores de N-NH3 das silagens, ver Tabela 3, para níveis inferiores a 12%, classificando-as como silagens de boa qualidade (McDONALD, 1981 e SILVEIRA, 1975). A partir dos resultados observados, pode-se admitir ausência de fermentações secundárias e da ação dos Clostrideos na silagem, ocasionado, possivelmente, por uma queda rápida do pH. Segundo LAVEZZO (1985), as bactérias do gênero Clostridium, em pH favorável, conduzem ao 55 desdobramento de aminoácidos com produção de ácido butírico, ácidos voláteis, aminas, amônia e gases, prejudicando assim a qualidade do produto preservado. O comportamento dos parâmetros pH e N-NH3 ocorreram de forma quadrática, em função do níveis de adição de BC. A curva demonstra que os menores valores de pH acompanharam os menores teores de N-NH3 que ocorreram nas silagens com 24, 36 e 48% de BC, observados na Figura 2 e 3. 4,9 pH = 4,63 - 0,025X + 0,00034X² R² = 83,68 pH 4,7 4,5 4,3 4,1 3,9 0% 12% 24% 36% 48% Niveis de Adição de BC LogN-NH3(%MS) Figura 02. Valor de pH em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. 14 12 10 8 6 4 2 0 Log N-NH3 = 1,1 - 0,03X + 0,00035X² R² = 91,56 0% 12% 24% 36% 48% Níveis de Adição de BC Figura 03. Teor de nitrogênio amoniacal em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. 56 Utilizando também resíduos de agroindústria, REIS (1994), encontrou valores de pH e N-NH3 , dentro do nível considerado ideal para uma silagem bem conservada. Os resultados de pH das silagens analisadas neste trabalho, foram semelhantes aos observados por FARIA et al. (1972), ao incluírem polpa seca de laranja ao capim elefante (4,07 a 4,46). Trabalhando com silagens de resíduos de abacaxi, juntamente com esterco de frango, MULLER (1978) obteve pH de 4,6 nível semelhante ao observado na silagem com 0% BC. NEIVA et al. (2001), constataram valor médio de pH de 3,9 para silagens de capim elefante com adição de níveis crescentes de BC, sendo inferior aos valores encontrados no presente trabalho. Como a percentagem de BC adicionado a silagem por NEIVA et al. (2001) foi superior, aos registrados neste trabalho, é provável que tenha se formado maiores quantidades de ácidos orgânicos (ácido láctico), promovendo então, quedas mais acentuadas do pH. Valores também inferiores aos apresentados neste trabalho, foi observado por AGUILERA et al. (1997), obteve pH de 3,9 para silagens com 60% da fruta da manga + 20% da fruta do limão + 20% de milho triturado. Segundo AGUILERA (1997), o valor do pH encontrado na silagem, devese a presença do ácido cítrico e outros ácidos orgânicos presentes no limão. Apesar de ter-se encontrado valores mais elevados de pH e N-NH3 para a silagem com 0% de BC, pode ser afirmado que a silagem apresentou características fermentativas satisfatórias, em comparação aos níveis obtidos 57 por Silveira et al. (1980), trabalhando com quatro cultivares de capim elefante, FARIA et al.(1995/96), TOSI et al. (1995) e TOSI et al. (1999), para silagens de capim elefante. Resultados semelhantes aos obtidos neste trabalho para teores de NNH3, foram observados por NEIVA et al. (1999) avaliando o uso de cana de açúcar desidratada como aditivo na ensilagem de capim elefante, que encontraram teores de 4,5 de N-NH3 e SILVA et al. (1999) que observou teores de 3,17, 2,99 e 3,28% de N-NH3 , em silagens de sorgo. Os resultados confirmam, a importância do BC como importante fonte de carboidratos, contribuindo, para obtenção de silagens de gramíneas tropicais com melhores características fermentativas. 58 4.2. EXPERIMENTO 2. CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES E BALANÇO DE NITROGÊNIO 4.2.1. CONSUMO DE MATÉRIA SECA O consumo de matéria seca, dos animais alimentados com as silagens de capim elefante diferentes níveis de adição de bagaço de caju, estão apresentados na Tabela 4. Tabela 4. Consumo de matéria seca (CMS), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Silagens g/animal/dia %PV g/UTM CE + 0% BC 284,40a 1,14b 25,44b CE + 12% BC 309,63a 1,23b 27,54b CE + 24% BC 299,54a 1,13b 25,58b CE + 36% BC 384,28a 1,46ab 33,08ab CE + 48% BC 412,90a 1,64a 36,60a Média 338,15 1,32 29,65 CV 24,49 18,71 18,88 Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre se (P<0,05), pelo teste de Duncan. Para o consumo de matéria seca (CMS) expresso em %PV e g/UTM, foi verificado diferença (P<0,05) entre as silagens com adição de BC, contudo, não 59 foi observado diferença (P>0,05) para o consumo de MS expresso em g/animal/dia. Os baixos consumos de MS (g/animal/dia, %PV, g/UTM), observados nas silagens, podem estar associados aos baixos teores de MS (Tabela 3) registrados nas silagens. Segundo PIZARRO (1978) e McDONALD et al. (1994), o consumo de matéria seca da silagem, esta diretamente relacionado ao seu teor na silagem. JACKSON & FORBES (1970), trabalhando com silagens de diferentes porcentagens de MS, verificaram que o consumo máximo ocorreu nas silagens com cerca de 35% de MS. Outro fato, que pode ter contribuído, para obtenção destes baixos níveis consumos, esta relacionado aos elevados teores de FDN observados nas silagens (Tabela 3). Segundo THIAGO & GILL (1990), o consumo voluntário de volumosos está diretamente relacionado com a taxa de digestão e de passagem no trato gastrointestinal, e elas estão mais bem relacionadas com o percentual de constituintes da parede celular das forrageiras (FDN), haja visto, que o conteúdo celular é rapidamente fermentado no rúmen e assim, não ocupa espaço por muito tempo. Portanto, a ingestão diminui quando certo volume de enchimento do rúmen é atingido, e somente reinicia, quando o enchimento é reduzido, seja pela fermentação ou pela passagem das frações indigestíveis (RAYMOND, 1969). O consumo de MS expresso em g/animal/dia, observados neste trabalho, variou de 284,40 a 412,90 g/animal/dia, com consumo médio de 338,15 g/animal/dia. 60 Embora não tenha ocorrido efeito significativo para o consumo de MS em g/animal/dia, os animais tenderam a ingerir maior quantidade de MS, quando alimentados com as silagens com adição de 36% e 48% de BC, o aumento observado foi de 26% e 31%, respectivamente, em relação a silagem com 0% de BC. Resultados inferiores às médias obtidas neste trabalho, para consumo de MS em g/animal/dia, foram registrados por LIU et al. (2001), ao estudarem silagem de broto de bambu, na alimentação de ovinos (308 g/animal/dia). O baixo consumo observados pelos autores, deve estar relacionado, ao elevado teor de umidade registrados, na respectiva silagem. FREITAS et al. (2000), avaliando a relação entre o consumo por ovinos de gramíneas e leguminosas com conteúdo de FDN, registrou para silagens consumos médios de MS de 546,28 g/animal/dia, no entanto, o teor médio de FDN observado nas silagens, foi de 63,18%, teor este, 16% inferior a média obtida neste experimento (75,53% FDN). Com relação ao consumo de MS expressos em %PV e g/UTM/dia, não foram observadas diferenças (P>0,05) entre as silagens com 0%, 12%, 24% e 36% de BC, bem como não foram verificadas diferenças entre as silagens com 36% e 48% de BC. No entanto, a silagem com 48% de BC, apresentou consumos de MS superior (P<0,05)as silagens com 0%, 12%, 24% de BC. Os consumos de MS em %PV, observados neste trabalho, variaram de 1,13 a 1,64%PV com consumos médios de 1,32%PV. Resultados semelhantes aos observados na silagem com 0% de BC, para consumo de MS em %PV, foram obtidos por SOBRINHO et al. (1998b), 61 que registraram consumos de 1,15%PV, para ovinos alimentados com silagens de capim elefante. ANDRADE & LAVEZZO (1998c), trabalhando com silagens de capim elefante com adição de 16% de sacharina, obtiveram consumos de 1,65%PV, em ovinos, resultados estes, semelhantes aos obtidos na silagem com 48% de BC (1,64%). Da mesma forma, MOREIRA et al. (2001), alimentando ovinos, com silagens de milho, observaram consumos de MS de 1,68%PV, resultados ligeiramente superior, aos registrados na silagem com 48% de BC. Foi observado, que com adição de 48% de BC, houve aumento de 30% no consumo de MS, em relação a silagem com 0% de BC. O maior consumo das silagens preparadas com 48% de BC deve estar associado ao maior teor de PB, presente nessas silagens. Segundo CHURCH (1988) e VAN SOEST (1994), o consumo de nitrogênio da dieta pode ser visto como um dos principais fatores influenciadores da fermentação do conteúdo ruminal, e da velocidade de passagem de forrageiras de baixa qualidade, nesse sentido, aumentando o consumo de MS. Resultados semelhantes aos observados neste experimento, foram obtidos por BOIN et al. (1968) e MELOTI (1969) trabalhando com ovinos alimentados com silagens de milho, sorgo e capim elefante. No nosso trabalho os consumos situaram-se entre 25,44 e 36,60 g/UTM/dia, comparáveis aos valores de 34,68, 24,98 e 33,35 g/UTM/dia, para silagens de milho, sorgo e capim elefante, respectivamente. Da mesma forma, TOSI et al. (1973), trabalhando com ovinos, alimentados com silagens de capim elefante com adição de 0; 1,5; 3,0; 4,5; 6,0 62 e 7,5 de melaço, obteve consumo de 27,11 a 35,22 g/UTM/dia, resultados também semelhantes aos observados no presente trabalho. OKAMOTO et al. (1988), trabalhando com silagens feitas com resíduo industrial do milho verde e abacaxi, para ovinos, também registraram baixos consumos de MS (22,01 a 33,80 g/UTM/dia). ÍTAVO et al. (2000) e LIMA et al. (1986a), avaliando silagens de bagaço de laranja com ou sem aditivos e bagaço desidratado da industrialização da uva, respectivamente, para ovinos, observaram consumos médios de MS de 30 g/UTM/dia e 32,13 g/UTM/dia, resultados estes, inferiores aos observados nas silagens com 36% e 48% de BC. Os baixos consumos registrados OKAMOTO et al. (1988) e ÍTAVO et al. (2000), podem estar relacionados, aos baixos teores de MS observados, que foram de 20,41% e 13,97% de MS, respectivamente. Valores inferiores aos obtidos no presente trabalho, também foram observados por SILVEIRA et al. (1981), que encontrou em ovinos, consumos médios de 29 g/UTM/dia, para silagens de milheto puro ou com adição de feijão miúdo. SOBRINHO et al. (1998b), avaliando silagens de capim elefante, confeccionadas com a forragem fresca, aos 84 dias de desenvolvimento, registraram valores de 24 g/UTM/dia. Resultados semelhantes aos observados na silagem com 0% de BC (25,44 g/UTM/dia). Segundo o autor, o baixo consumo pode estar associado aos altos teores de ácido acético comuns em silagens de capim elefante. Valores superiores aos encontrados no presente trabalho, foram observados por REIS (1994) avaliando silagens de capim elefante com resíduo 63 do fruto de maracujá, na alimentação de ovinos, encontraram consumos de 52,72, 60,46 e 58,85 g/UTM/dia para silagens com adição de 25, 50 e 75 % de resíduo. A adição de bagaço de caju, funcionou como um importante aditivo, aumentando o CMS das silagens, podendo então, ser utilizado na ensilagem de gramíneas de baixo valor nutricional. 4.2.2. CONSUMO DE PROTEINA BRUTA O consumo de proteína bruta, doa animais alimentados com as silagens de capim elefante com diferentes níveis de adição de bagaço de caju, estão apresentados na Tabela 5. Tabela 5. Consumo de proteína bruta (CPB), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Silagens G/animal/dia %PV g/UTM CE + 0% BC 11,00c 0,044c 0,98c CE + 12% BC 18,60bc 0,074b 1,65b CE + 24% BC 24,80b 0,094b 2,13b CE + 36% BC 41,81a 0,16 a 3,62a CE + 48% BC 42,06a 0,17 a 3,87a Média 27,65 0,12 2,45 CV 22,70 9,77 29,80 Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre se (P<0,01), pelo teste de Duncan. 64 Analisando os dados, de consumo de PB expressos em g/animal/dia, %PV e g/UTM, nota-se que os houve efeito (P<0,01) no consumo de PB, com adição de BC nas silagens. As silagens com adição de 36 e 48% de BC, apresentaram o maior consumo (P<0,01) diferindo das demais silagens. Os consumos de PB mais elevados, registrados nas silagens com 36 e 48% de BC, ocorreram provavelmente, devido aos consumos mais acentuados de matéria seca, observados nestas silagens. Para as silagens estudadas no presente trabalho, foram observados consumos de PB, variando de 11,00 à 42,06 g/animal/dia, com consumos médios de 27,65 g/animal/dia. Pelo estudo de regressão, foi possível observar que a inclusão de BC, proporcionou aumento linear no consumo de PB em g/animal/dia. Para cada 1% de adição de BC, houve elevação no consumo de PB de 0,77 g/animal/dia, observados na Figura 4. CPB (g/animal/dia) 50 40 30 CPB = 10,12 + 0,77X R² = 77,51 20 10 0 0% 12% 24% 36% 48% Niveis de Adição de BC Figura 4. Consumo de proteína bruta (g/animal/dia) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. 65 A inclusão de 48% de BC proporcionou um aumento de 74% no consumo de PB em relação a silagem com 0% de BC, concordando com CUNHA & SILVA (1977), que ressaltam que o fornecimento da silagem de capim elefante como único alimento aos animais limita o desempenho destes, indicando a necessidade de suplementos com proteína e/ou energia, com o intuito de ser eficientemente utilizada na alimentação animal (CRUZ & VILELA, 1986). Valores semelhante aos citados nas silagens com 48% de BC (42,06 g/animal/dia), foram encontrados por MOREIRA et al. (1999) que, trabalhando com ovinos alimentados com silagem de milho, encontrou consumos de 44,49 g/animal/dia. Semelhantes também, foram os consumos de PB em g/animal/dia, verificados por MOREIRA et al. (2001), no qual encontraram consumos de 43,12 g/animal/dia em ovinos, alimentados com silagens de milho. O baixos consumos de PB em g/animal/dia, encontrados nestas silagens, podem ser conseqüência dos baixos teores de PB encontrados nas respectivas silagens. Quanto ao consumo de PB expressos em %PV, os valores encontrados variaram de 0,044 a 0,17 %PV, com consumos médios de PB de 0,12%PV. Utilizando a análise de regressão, foi possível observar efeito linear (Figura 5), no consumo de PB em %PV, ao adicionar o BC. O aumento no consumo é de 0,019 %PV, para cada 1% de BC adicionado. 66 LogCPB (% PV) 1 o% 12% 24% 36% 48% 0,1 Log CPB = - 1,36 + 0,019X R² = 82,88 0,01 0% 12% 24% 36% 48% Níveis de Adição de BC Figura 5. Consumo de proteína bruta ( % PV ) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Em relação ao consumo de PB em g/UTM, foi possível observar que, a silagem com 0% de BC, apresentou o menor consumo (0,98g/UTM) diferindo (P<0.01) das demais silagens. Os valores encontrados, para consumo de PB em g/UTM neste trabalho variaram de 0,98 a 3,87 g/UTM, com consumo médio de 2,45 g/UTM. O estudo de regressão mostrou que a inclusão de BC aumentou linearmente o consumo de PB (Figura 6). Para cada 1% de adição de BC, observou-se elevação no consumo de PB de 0,019 g/UTM. Estes elevados consumos de PB em g/UTM, registrados nas silagens com 36 e 48% de BC, ocorreram provavelmente, por causa dos consumos mais acentuados de matéria seca, observados nestas silagens. A adição de 36 e 48% de BC na silagem de capim elefante, possibilitou o incremento de 73 e 75% no consumo de PB das silagens, respectivamente, em relação a silagem com 0% de BC. 67 LogCPB (g/UTM) 10 Log CPB = - 0,014 + 0,019X R 2 = 83,56 1 0% 12% 24% 36% 48% Níveis de Adição de BC Figura 6. Consumo de proteína bruta (g/UTM) em função do nível de adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante. Os resultados encontrados neste trabalho, estão em conformidade com os valores obtidos por VEIGA & CAMPOS (1975) que registraram incrementos de 65% em relação a silagem padrão, ao adicionarem 18,5% de cama de frango e 3% de melaço na ensilagem do capim elefante. BEZERRA et al. (1993), trabalhando com silagens de milho na alimentação de ovinos, encontraram resultados equivalentes (3,4g/UTM) aos obtidos neste trabalho REIS (1994) observou consumos PB de 3,12 g/UTM em ovinos, alimentados com silagens de capim elefante preparadas com 25% de resíduos do fruto de maracujá, resultados estes, semelhantes aos observados nas silagens com 36 e 48% de BC. Do mesmo modo, ALMEIDA et al. (1990) avaliando silagens de capim elefante preparadas com adição de 7,5% de rolão de girassol, encontraram resultados semelhantes as silagens com 36 e 48% de BC. 68 Resultados inferiores aos citados nas silagens com 36 e 48% de BC para consumos de PB, foram encontrados por GONÇALVES et al. (1998), ao alimentarem ovinos com silagem de milho e rolão de milho ( 2,24 e 2,02 g/UTM). 4.2.3. CONSUMO DE FIBRA EM DETERGENTE NEUTRO Os valores referentes ao consumo de fibra em detergente neutro expressos em g/animal/dia, % PV e g/UTM estão apresentados na Tabela 6. Com relação aos consumos de FDN expresso em g/animal/dia, não foram observados diferenças (P>0,05). Entretanto, foi verificado efeito (P<0,01) da adição de BC nas silagens, para consumo de FDN em % PV e g/UTM. Tabela 6. Consumo de fibra em detergente neutro(FDN), das silagens de capim elefante com níveis crescentes de adição de bagaço de caju. Silagens g/animal/dia %PV g/UTM CE + 0% BC 215,62a 0,86b 19,78b CE + 12% BC 227,81a 0,90b 20,30b CE + 24% BC 226,56a 0,85b 19,35b CE + 36% BC 275,58a 1,04ab 23,72ab CE + 48% BC 306,11a 1,21a 27,11a Média 250,35 0,97 22,05 CV 24,44 18,71 18,98 Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre se (P<0,01), pelo teste de Duncan. 69 Foi observado uma variação no consumo de FDN em g/animal/dia de 215,62 a 306,11 g/animal/dia com consumo médio de 250,35 g/animal/dia. Valores inferiores aos reportados no presente trabalho para consumo de FDN em g/animal/dia foram observados por LIU et al. (2001), alimentando ovinos com silagens de brotos de bambu, no qual, observaram consumo de 184 g/animal/dia. MOREIRA et al. (2001) trabalhando com silagem de milho, observaram consumo de FDN de 447,88 g/animal/dia em ovinos, dados superiores aos encontrados no presente trabalho. Para consumo de FDN em % de PV, foi observado superioridade da silagem em 48% sobre as silagens com 0%, 12% e 24%, a variação observada foi de 0,85 a 1,21%PV com consumo médio de 0,97%PV. Resultados inferiores aos deste trabalho, para consumo de FDN, % PV, foram obtidos para caprinos (1,02%PV) alimentados com palha de soja, no entanto a mesma dieta fornecida a ovinos proporcionou consumos mais elevados 1,50 g/animal/dia. Em relação ao consumo de FDN em g/UTM, os valores encontrados no presente trabalho variaram de 19,78 a 27,11 g/UTM, com consumo médio de FDN de 22,05g/UTM. Resultados inferiores aos observados nas silagens com 48% de BC(27,11UTM) foram obtidos por ANDRADE et al. (2001a), que encontraram consumos de 24,83g/UTM, para ovinos alimentados com cana + uréia +80Kg rolão de milho. Enquanto ANDRADE et al. (2001b) trabalhando com cana + soda + 120Kg de rolão, registraram consumos de 21,72 em g/UTM, valores semelhantes ao consumo médio observado neste trabalho ( 22,05 g/UTM). 70 Embora o consumo de FDN, tenha permanecido baixo, observou-se superioridade (P<0,01) da silagem com 48% de BC, sobre as silagens com 0, 12 e 24% de BC. 4.2.4. DIGESTIBIDADE DA MATÉRIA SECA Na Tabela 7, são apresentados os coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS) das silagens de capim elefante com diferentes níveis de adição de bagaço de caju. Tabela 7. Coeficientes de digestibilidade da matéria seca (DMS), proteína bruta (DPB), fibra em detergente neutro (DFDN), fibra em detergente ácido (DFDA), hemicelulose (DHEM) e nutrientes digestíveis totais (NDT) das silagens fornecidas aos animais. 0% 12% 24% 36% 48% Média CV DMS 39,90a 47,71 a 41,87a 44,60 a 41,11 a 43,04 15,15 DPB 15,45a 25,80 a 25,37a 29,70 a 13,37 a 21,94 49,68 DFDN 42,73a 46,33 a 38,82a 39,68 a 37,07 a 40,93 16,53 DFDA 39,56a 37,50 a 26,73a 21,31 a 23,58 a 29,74 36,04 DHEM 47,17b 56,66ab 55,47ab 64,67 a 62,20 a 57,23 14,35 NDT 38,37a 44,41 a 41,69 a 42,21 11,66 40,67a 45,92 a Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre se (P<0,01), pelo teste de Duncan. 71 Tal aspecto pode estar relacionado aos elevados teores de FDA, registrados nas silagens (Tabela 3), deve-se acrescentar que, também nessa situação não foram observados diferenças (P>0,05) estatística nos teores de FDA, como foi discutido anteriormente. Segundo VAN SOEST (1994), teores elevados de FDA das forrageiras estão associados a menor digestibilidade do alimento. VEIGA & CAMPOS (1975), avaliando o emprego de melaço, pirossulfito de sódio, uréia e cama de frango no preparo de silagens de capim elefante, também não observaram diferença estatística entre os tratamentos para digestibilidade da MS, no qual registraram valores médios de 38,5%. Valores semelhantes aos observados na silagem com 12% de BC, (47,71%), foram registrados por ZEOULA et al. (1985) e MOREIRA et al. (2001) e que encontraram digestibilidade da MS de 46,59% e 47,7% em silagens de milho e feno de braquiária, respectivamente. O baixo nível de proteína nesse alimentos, pode ser a causa dessa baixa digestibilidade, registrada pelos autores. Valores equivalentes aos registrados neste trabalho, foram observados por ALMEIDA et al. (1990), trabalhando com silagens de milho, girassol e capim elefante, preparadas com diferentes resíduos de culturas, encontraram digestibilidade média de 43,9%. O baixo consumo observado pelos autores, pode estar relacionado ao elevado teor de fibra registrado. OKAMOTO et al. (1988), estudando a digestibilidade de silagens feitas com 80% de resíduo de abacaxi + 20% de farelo de soja, em ovinos, observaram digestibilidade da MS de 45,05%, teores também equivalente aos 44,60%, observados na silagem com 36% de BC. 72 LIMA & LEBOUTO (1986a) utilizando o bagaço desidratado da industrialização da uva, encontrou digestibilidade da MS, para ovinos de 32,81%, abaixo dos valores obtidos neste trabalho. Avaliando silagens de capim elefante com resíduo industrial do bagaço do maracujá, REIS (1994), encontraram digestibilidade da MS de 69,51%, resultados superiores aos observados neste trabalho. Também ÍTAVO et al. (2000), registrou valores de digestibilidade da MS, com de média de 86,7%, em silagens de bagaço de laranja. Essa alta digestibilidade pode ser atribuída a seu alto teor de carboidratos solúveis e pectina, que são compostos facilmente digeridos pelo animal. Do mesmo modo, VILELA et al. (1990b), trabalhando com silagens de capim elefante com uréia e raspa de mandioca, observaram coeficientes de digestibilidade da MS (61,49%) superiores aos encontrados neste trabalho. 4.2.5. DIGESTIBILIDADE APARENTE DA PROTEÍNA BRUTA Como visto na Tabela 7, não foram observadas diferenças (P>0,05), entre a digestibilidade da proteína bruta (DPB) nas silagens, com a adição de BC. Os baixos índices de digestibilidade da PB observada nas silagens, pode estar associada, aos elevados teores de fibra registrados nas silagens, nesse sentido, inviabilizando a ação dos microorganismos ruminais sobre o conteúdo celular, o que implicaria na redução da digestibilidade dos compostos. Um outro fato, que pode ter contribuído para obtenção destes baixos teores de digestibilidade da PB, pode estar relacionado a presença de tanino 73 no BC. CATUNDA & MENEZES (1989) relatam que o tanino e a proteína podem se ligar, através da formação pontes de hidrogênio, formadas entre os agrupamentos hidroxifenol do tanino e as carboxilas das ligações peptídicas. O complexo tanino - proteína então formado, poderá resistir à degradação bacteriana no rúmen dos animais. FONSECA FILHO & LEITÃO (1996c) avaliando os componentes químicos bromatológicos, minerais e teores de tanino e aminoácidos do farelo de resíduo industrial do pseudofruto do cajueiro registraram teores de ácido tânino na matéria natural de 0,39% e de 0,43% na matéria seca. VILELA et al. (1990b) trabalhando com silagens de capim elefante confeccionadas com 77 dias, obtiveram digestibilidade da PB de 19,51, próximos aos observados na silagem com 0% de BC (15,45%). Deve-se acrescentar que, o teor de FDN e FDA obtidos por VILELA et al. (1990b), também foram semelhantes aos apresentados neste trabalho. Entretanto, os autores observaram ainda, aumentos na digestibilidade da PB, com adição de uréia e raspa de mandioca, para 28,40%, teores estes, que encontram se abaixo dos registrados na silagem com 36% de BC (29,70%). Da mesma forma, VEIGA & CAMPOS (1975), avaliando o emprego de diferentes aditivos na silagem de capim elefante, encontraram digestibilidade da PB de 19,6%, para silagem testemunha, e incremento na digestibilidade da PB com a inclusão de aditivos nitrogenados. Baixa digestibilidade da PB, também, foram registrados por FERREIRA et al. (1974), trabalhando com silagens de capim elefante, em estádio avançado de crescimento com adição de raspa de mandioca, obtiveram digestibilidade da PB de 1,8%. 74 GONÇALVES et al. (1998), encontraram digestibilidade da PB negativos, em silagens de milho. Neste caso a baixa digestibilidade esta associada aos baixos conteúdos de proteína da silagem. Segundo BUTTERWORTH (1965) o nível de proteína bruta da forragem pode afetar a sua própria digestibilidade aparente. Segundo FICK et al. (1973), o baixo conteúdo de proteína bruta no alimento, pode ser limitante, tanto para o consumo, quanto para a digestibilidade, devido à falta de substrato nitrogenados adequado para os microorganismos do rúmen. 4.2.6. DIGESTIBILIDADE DOS COMPONENTES DA FRAÇÃO FIBROSA A Tabela 7, mostra os resultados da digestibilidade dos componentes da fração fibrosa das silagens estudadas. Para digestibilidade da fibra em detergente neutro e da fibra em detergente ácido, não foram observadas diferenças (P>0,05) entre as silagens. Com relação a digestibilidade da hemicelulose, não foram observados diferenças (P>0,05) entre as silagens com adição de BC, no entanto, as silagens com adição de 36% e 48% de BC, mostraram-se superiores (P<0,01) a silagem com 0% de BC. As médias encontradas para digestibilidade do FDN, FDA e HEM foram, 40,93%, 29,74% e 57,23%, respectivamente. Resultados inferiores aos observados neste trabalho, foram registrados por Vilela et al. (1990b), 18,14%, 22,79% e 28,95%, para digestibilidade do 75 FDN, FDA e HEM respectivamente, em silagens de capim elefante com adição de raspa de mandioca. A baixa digestibilidade encontrada pelo autor pode estar relacionado a adição de amido. Segundo THOSEM (1980) citado por VILELA et al. (1990b), a suplementação de forragens com alimentos a base de amido, reduz a digestibilidade da fração fibrosa da forragem. ZEOULA et al. (1995) trabalhando com subproduto da agroindústria (bagaço hidrolisado da cana-de-açúcar e caroço de algodão), também registraram baixas digestibilidade da FDN. ANDRADE & LAVEZZO (1998c), que encontraram digestibilidade do FDN de 38,16%, em silagem de capim elefante com adição de 24% de sacharina, farelo de trigo e rolão de milho. Resultados semelhantes aos encontrados na silagem com 48% de BC (62,20%) para DHEM, foram encontrados por HENRIQUE & BOSE (1990), 62,68%, em silagens de capim elefante tratadas com aditivos enzimobacteriano e/ou fubá de milho. 4.2.7. NUTRIENTES DIGESTÍVEIS TOTAIS (NDT) Os dados relativos aos valores de NDT, podem ser vistos na Tabela 7. Não foram observados diferença (P>0,05) nos valores NDT das silagens, sendo o valor médio de 42,21% NDT. Frente aos resultados obtidos neste trabalho, para coeficientes de digestibilidade, já esperava-se, esses baixos teores de NDT. 76 FERRARI JR. et al. (1987) avaliando a digestibilidade aparente do resíduo da industrialização do junco (Cyperus sp) com ovinos, registraram valores de 43,69% NDT, resultados semelhantes aos encontrados neste trabalho. Vale ressaltar, que a DMS e DFDN observados pelos autores, também foram próximos ( 44,16 e 44,03%, respectivamente) aos obtidos neste trabalho. Os resultados obtidos por FERRARI JR et al. (1987), concordam com resultados encontrados neste estudo, onde, baixa digestibilidade dos componentes da fração fibrosa, limitam a utilização de nutrientes, pelos animais. ANDRADE & LAVEZZO (1998c) estudando o valor nutritivo de silagens de capim elefante com 0, 8, 16 e 24% de MS, de sacharina, farelo de trigo e rolão de milho, encontraram valor médio de NDT de 62,7%. Resultado este, superior a média registrada no presente trabalho (42,21% NDT). Entretanto, ressalta-se que a DMS e DFDN foi superior aos teores encontrados neste estudo, o que justificaria, os valores mais elevados de NDT, registrados por ANDRADE & LAVEZZO (1998c). O mesmo resultado foi encontrado por HENRIQUE & BOSE (1992) e SOBRINHO et al. (1998b), que observaram valores de NDT superiores aos encontrados no presente trabalho, avaliando o valor nutritivo de silagens de capim elefante, contudo com coeficientes de digestibilidade dos componentes da fração fibrosa superiores aos registrados neste trabalho. Os baixos valores de NDT observados neste trabalho, demonstram que o fornecimento das silagens de capim elefante com adição de BC, como 77 alimentos exclusivo, pode limitar o desempenho dos animais, necessitando então, de uma suplementação principalmente energética. 4.2.8. BALANÇO DE NITROGÊNIO Para o BN em g/dia foi possível observar diferença (P<0,01), nas silagens com adição de BC. Com relação a % BN sobre o N ingerido, não foi observada diferença (P>0,05), porem observou-se tendência de aumento na ingestão, com adição de BC. Os valores referentes ao balanço de nitrogênio dos animais, expresso em g/dia e % do Nitrogênio ingerido estão expresso na Tabela 8 Tabela 8. Nitrogênio ingerido, nitrogênio excretado nas fezes, nitrogênio excretado na urina e balanço de nitrogênio (BN) das silagens em g/dia e % do N ingerido. Tratamento N ingerido N excretado N excretado fezes urina CE + 0% BC 1,76 1,45 0,19 BN (g / dia) 0,12 c BN (%N ingerido) 3,60 a CE + 12% BC 3,00 2,20 0,17 0,60 bc 19,7 a CE + 24% BC 3,97 2,93 0,18 0,84 abc 20,59 a CE + 36% BC 6,7 4,71 0,13 1,83 a 27,53 a CE + 48% BC 6,9 5,97 0,13 0,79 ab 11,42 a CV 30,27 32,31 Médias 0,84 16,57 Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre se (P<0,01), pelo teste de Duncan. 78 Os índices positivos de BN, determinados neste experimento, são indicativos de que as silagens contendo BC, pode suprir as necessidades protéicas de ovinos a nível de mantença, já que os animais mantiveram o peso ao longo do período experimental. FONSÊCA FILHO & LEITÃO (1996a), também observaram BN positivos, alimentando ovinos, com farelo do pseudofruto do cajueiro, porém, com valores de BN mais elevados (14,83 g/dia) que os observados neste trabalho. Resultados semelhantes aos registrados na silagem com 36% de BC, foram citados por ZEOULA et al. (1985), em dietas com 20% de resíduos de cervejaria seco + 80% de feno de braquiária, que obtiveram retenção de 1,86 g/dia, porém, com relação a BN sobre a %N ingerido foi inferior (14,54), ao registrado na silagem com 36% de BC(27,53). Tal fato, também foi observado em silagens de milho com 0,5% de uréia, onde GONÇALVES et. al. (1998) encontraram absorção de N superiores (2,07 g/dia) aos registrados neste experimento, no entanto, a % sobre o N ingerido foi inferior (12,07%) aos encontrados nas silagens com 36% de BC. SILVEIRA et. al. (1981), avaliando silagem de milheto puro consorciado com feijão miúdo, observaram retenção média de 0,59 g/dia, valores estes, inferiores a média obtida neste trabalho (0,84 g/dia). 79 5. CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir, que a adição de bagaço de caju na ensilagem do capim elefante, melhora suas características fermentativas, bem como, o valor nutricional e consumo das silagens, podendo então, ser utilizado na alimentação de ruminantes, porém, deve-se fornecer um suplemento energético, para permitir melhores desempenhos. 80 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUILERA, A.; GIL, F.P.; GRANDE, D. et al. Digestibility and fermentative characteristics of mango, lemon and stover silages with or without addition of molasses and urea. Small Ruminant Research, v.26, p. 87-91, 1997. ALBERTO, A.; PORTELLA, J.S.; OLIVEIRA, O.L.P. Efeito da adição de grão de sorgo moído e do emurchecimento sobre a qualidade da silagem de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.). R. Bras. Zootec.,v.22, n.1, p.01-11, 1993. ALMEIDA, M.F.; TIESENHAUSEN, I.M.E.V.; MUNIZ, J.A. et al. Consumo voluntário, balanço de nitrogênio e parâmetros ruminais de diferentes 81 silagens. 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