A Força do Horto Florestal de Sumaré

Transcrição

A Força do Horto Florestal de Sumaré
José Antonio Bacchim
Prefeito
Vilson Oshin Alves
Vice-prefeito
Valdemir Aparecido Ravagnani
Secretário
Secretaria Municipal de Defesa, Proteção e Preservação do Meio Ambiente
SECRETARIA MUNICIPAL DE DEFESA, PROTEÇÃO E
PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE DE SUMARÉ
O Horto Florestal de Sumaré é uma das maiores áreas verdes ainda de pé em nossa
região, apresenta um histórico de várias tentativas diferenciadas de uso de seus recursos
naturais; algumas em prol da sua conservação e preservação, outras em caminhos opostos à
questão ambiental. Contudo, a natureza sempre nos ensina grandes lições: o Horto ainda
resiste!
Hoje contando com a administração municipal da Secretaria de Defesa, Proteção e
Preservação do Meio Ambiente de Sumaré (SMDPPMAS), a qual mantém lá dentro um
Centro de Educação Ambiental (CEA), que busca direcionar e coordenar as atividades de
Educação Ambiental na reserva; o Horto apresenta então um outro “olhar”, uma visão mais
racional e conservacionista que busca preservar a grande riqueza biológica que ainda resiste
bravamente naquelas matas, represas, brejos e campos.
As espécies vegetais e os animais que vivem no Horto sempre nos reforçam a esperança
de um dia ainda termos um grande parque preservado, cheio de vida e em equilíbrio.
Conforme dados de levantamento do CEA, toda semana é possível visualizar grandes
momentos de recuperação e resistência da natureza, com a aparição não rara de grandes
répteis como algumas cobras constritoras (jibóias e sucuris), de tartarugas e lagartos; de
mamíferos como famílias de capivaras, exemplares de raposas, cachorros-do-mato, tatus,
ratão-do-banhado, lontras, ouriços; anfíbios como sapos, rãs e pererecas; uma grande
diversidade de aves, algumas raras na região, como os colhereiros e os jaburus; muitos peixes
em suas represas e córregos e sobretudo um grupo que chama muito a atenção dos visitantes –
os insetos – os quais são muitos no Horto, com espécies bem interessantes, apresentando
adaptações às perturbações da área, como uma maneira que a natureza encontrou de preservar
a vida no local, mantendo assim a reprodução e todo o ciclo de vida que possibilite a tais seres
vivos resistir e tentar manter um equilíbrio diferenciado na área, não perdendo assim seus
nichos e seus habitats.
As espécies vegetais do Horto merecem uma especial valorização, pois à revelia total do
histórico da área; apresentam um número interessante de exemplares de ervas, arbustos,
árvores e trepadeiras, que possibilitam ao visitante uma boa noção dos ecossistemas locais
que em outrora ocupavam toda a região. São exemplares botânicos que resgatam
características dos ecossistemas de Mata Atlântica e de Cerrado, já que estamos localizados
geograficamente numa área do país que chamamos de região ecotonal – uma área de transição
entre estes dois ecossistemas.
Para citar alguns destes exemplares botânicos, podemos enumerar a “Quaresmeira” e o
“Manacá-da-Serra”, a “Embaúba”, o “Pau-Jacaré”, o “Jequitibá”, o “Cedro”, o “Alecrim-deCampinas”, a “Figueira-Mata-Pau”, o “Guaritá”, a “Mamica-de-Porca”, a “Paineira”,
o
“Jatobá” entre outras, na área de matas e campos. Na área de Cerrado, encontramos
exemplares importantes que representam a flora brasileira deste ecossistema, como o “Pequi”,
a “Candeia”, a “Pimenta-de-Macaco”, o “Açoitá-cavalo”, o “Angico-Preto”, o “Capitão”, o
“Marolo”, o “Faveiro” e o “Barbatimão”. Ainda podemos encontrar por toda área do Horto,
bromélias diversas, orquídeas, pteridófitas, plantas aquáticas variadas e espécies vegetais de
áreas brejosas, como a “Tabôa”, “Capim-Navalha” etc.
A seguir, mostraremos algumas imagens desta rica e resistente natureza do Horto
Florestal de Sumaré.
Imagem 01: Pôr-do-sol na represa nova do Horto, em dias quentes de verão. Esta é uma
represa que abastece a região central da cidade de Sumaré.
Imagem 02: Bromélias nativas – Nos bosques de Eucaliptos. As bromélias são plantas
epífitas; estabelecem uma relação ecológica positiva com sua árvore hospedeira.
Imagem 03: Vista da área de campo, estradas rurais e matas.
Imagem 04: Bromélia nativa com suas exuberantes flores. Muitas abelhas e outros insetos são
atraídos pelas cores fortes e pelo doce do néctar.
Imagem 05: Panorama da área brejosa, com matas nas bordas. Área de habitat de grandes
répteis como as Sucuris, e mamíferos de grande porte como as Capivaras.
Imagem 06: Colméia de Abelhas na mata. Os insetos são responsáveis por uma grande parte
da polinização das flores.
Imagem 07: Fungos em solo úmido. Os fungos são seres vivos saprófitos, se alimentam de
matéria orgânica morta.
Imagem 08: Bosque de Eucaliptos, em final de tarde. Os bosques de Eucaliptos são
remanescentes do período histórico do desenvolvimento das ferrovias nacionais, cuja
produção de madeira era usada para o abastecimento dos dormentes das nossas estradas de
ferro.
Imagem 09: Lagarta. A fase larval das Borboletas. O colorido do corpo é uma maneira de
afugentar o predador.
Imagem 10: Lagarta. Neste estágio as larvas se alimentam de folhas. Também são presas de
muitas aves e anfíbios.
Imagem 11: Mariposa. Apresenta olhos falsos nas asas internas, como estratégia de fuga de
predadores.
Imagem 12: Borboleta “Capitão-do-campo”.
Muitos olhos falsos e uma coloração
extravagante, o que também é usada para confundir o predador.
Imagem 13: “Pau-jacaré”. Uma árvore típica das matas do Horto. Ganhou este nome popular
devido as grandes saliências nas cascas de seu caule, o que nos remete ao desenho da pele
destes répteis.
Imagem 14: Insetos. São seres vivos fundamentais ao equilíbrio de todo o ecossistema,
auxiliam na polinização, na ciclagem de nutrientes no solo, no controle de pragas, etc...
Imagem 15: Borboleta. Esta espécie é abundante em toda área do Horto, nas matas, próximas
às nascentes.
Imagem 16: Anfíbio anuro. O popular “Sapo-cururu” – Bufus sp. Animais que vivem no solo
da mata, camuflados embaixo das folhas secas, em ambientes úmidos. Alimentam-se
sobretudo de insetos.
Imagem 17: Anfíbio anuro – Perereca. Um animal arborícola, com ventosas nas pontas de
seus dedos e membranas interdigitais. Tornando-se um excelente saltador e ao mesmo tempo
um bom nadador.
Imagem 18: Lagarta. Cores fortes para “impor respeito”. Este ser vivo busca sempre um local
seguro para a edificação de seu casulo.
Imagem 19: Aranha – Nefila sp. Um aracnídeo bastante adaptado às matas próximas de áreas
urbanas. Apesar do grande tamanho de suas oito patas, não chega a ser um animal agressivo.
Suas teias são resistentes e ocupam grandes espaços abertos entre os ramos das árvores no
interior das matas do Horto.
Imagem 20: Este aracnídeo apresenta pêlos urticantes, que são liberados por todo seu corpo ao
se sentir ameaçado. Em contato com o tecido da pele humana, causa grande irritação,
vermelhidão e inchaço. São animais predadores que vivem na parte baixa das matas, com suas
tocas em troncos, cascas de árvores, etc...
Imagem 21: Inseto popularmente conhecido como “Louva-a-deus”, devido a sua posição de
luta, levantando suas patas dianteiras em sinal de força e agressividade. Sua coloração em
tonas de verde é uma excelente camuflagem.
Imagem 22: Gafanhoto. Um inseto herbívoro e um excelente saltador.
Imagem 23: Tartaruga. Réptil que habita as áreas alagadas do Horto. Possui sangue frio, logo
utiliza o calor do sol para se aquecer todas as manhãs.
Imagem 24: Jibóia- Boa constrictor amaralis. Uma cobra constritora, excelente predador
dotado de muitos músculos ao longo de seu corpo comprido. Alimenta-se de suas presas
matando-as por um processo de constrição; enrolando-as e apertando-as com seus fortes
músculos, até o momento da morte por sufocamento, em seguida engole o animal por inteiro,
e seu fantástico sistema digestivo, seleciona e digere o que necessita, regurgitando os restos
em um bolo alimentar de pêlos, penas, etc...
Imagem 25: Trilha ecológica nas matas do Horto.
Imagem 26: Flor de “Açoitá-cavalo” – Luehea sp. Uma espécie vegetal arbórea de médio
porte, encontrada nas bordas das matas e também nas áreas abertas de campo de todo o Horto.
É uma planta rústica, resistente, adaptada às investidas predatórias das ações humanas. Sua
floração atrai grande quantidade de insetos, sobretudo as Abelhas do gênero Apis.
Imagem 27: Flor de Aguapé – Eichhornia crassipes. Uma planta aquática encontrada nas
áreas de brejo do Horto. Sua floração é muito exuberante e suas flores apresentam um
agradável perfume, que atrai os polinizadores e também alguns animais que delas se
alimentam, como as tartarugas.
Imagem 28: Área de brejo do Horto. Um ecossistema semi-aquático que apresenta flora
adaptada às condições de enxarcamento do solo, como a “Tabôa”, o “Capim-navalha”, o
“Capim-gordura”, os “Aguapés”, o “Chapéu-de-couro”, entre outras. Sua fauna é rica em aves
paludicas, como a “Jaçanã”, a “Marreca-cabloca”, os “Paturis”, as “Garças-brancas”, os
“Jaburus” e demais...
Imagem 29: Mata remanescente da antiga floresta semi-decidual da região, numa área de
pequena elevação do relevo. É habitat para muitas espécies animais, como o Tucano
(Ramphastos toco); uma ave que vive em pequenos bandos sobrevoando toda área do Horto
em busca de alimentos como frutos e sementes.
Imagem 30: Interior das matas do Horto, nos primeiros momentos do dia. A luz do sol entra
com intensidade, aquecendo o local e acelerando o processo de evaporação da água
acumulada durante o período noturno.
Imagem 31: Imagem das estradas rurais do Horto, cercadas por bosques de Eucaliptos, com os
primeiros raios de sol em dias frios.
Imagem 32: Imagem de uma teia de aranha, no início do dia, molhada pela alta umidade do
ar.
Imagem 33: Flor de Bromélia, no momento da polonização pela Borboleta Mechanitis
polymnia. Esta espécie de Bromélia é muito encontrada no interior das matas do Horto.
Imagem 34: Fungo “Orelha-de-pau”, com sua coloração forte alaranjada. Os fungos são
fundamentais no processo de ciclagem dos nutrientes das matas.
Imagem 35: Fungos “Cogumelos”. No interior úmido das matas, auxiliam na decomposição
da matéria orgânica morta, mantendo o equilíbrio de toda a cadeia alimentar.
Imagem 36: Imagem da represa nova do Horto. Esta água é usada no abastecimento da cidade
de Sumaré.
Imagem 37: Vista aérea do Horto, visualizando os bosques de Eucaliptos e áreas abertas de
campo.
Imagem 38: Vista da área de cerrado do Horto, com suas árvores de caules retorcidos, cascas
grossas, folhas coriáceas, baixo porte e esparsas entre si. Características típicas da antiga
vegetação original que cobria boa parte das terras locais.
Imagem 39: Vegetação de cerrado. Ainda é possível se encontrar na área do Horto, espécies
importantes da nossa flora, como o “Pequi”, o “Marolo” e a “Copaíba”.
O Horto Florestal de Sumaré ainda apresenta uma biodiversidade que merece nosso
respeito e necessita de nossa proteção. Por meio deste pequeno relatório, ficou claro a
importância desta área verde para toda nossa região. A população precisa agir, precisa
conhecer melhor o Horto e participar mais efetivamente, buscando junto aos órgãos
competentes; parcerias que vislumbrem a recuperação, preservação e a conservação deste
“pedaço de terra” sumareense que nos pode trazer grandes benefícios.
Textos e Imagens: Biólogo Valteir J.Silva – CEA /SMDPPMAS.
Horto Florestal de Sumaré, estrada Municipal Teodor Condiev, km 2,5
Abril/2010