Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento
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Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento
Crescimento profissional com a Ortodontia EDIÇÃO ESPECIAL Retrospectiva Orto 2012-SPO • Atualização científica • Aplicabilidade • Crescimento profissional • Satisfação • Qualidade de vida Volume 45 • N0 6 Novembro | Dezembro 2012 Qualificação: Qualis Nacional B3 – Educação Física Qualis Nacional B4 – Odontologia Qualis Nacional B4 – Engenharia II Indexação: BBO – Bibliografia Brasileira de Odontologia LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OrtodontiaSPO - Vol. 45, n.6 (novembro/dezembro/2012) - São Paulo: VM Cultural Editora Ltda., 2005 Periodicidade Bimestral ISSN 0030-5944 1. Ortodontia. 2. Ortopedia Funcional dos Maxilares. I. VM Cultural Editora Ltda. II. Título CDD 617.64 Black D4 Sociedade Paulista de Ortodontia Presidente: Dr. Jairo Corrêa 1o Vice-presidente: Dr. Osny Corrêa 2o Vice-presidente: Dr. Reynaldo Baracchini Secretário Geral: Dr. João Grimberg 1o Secretário: Dr. Alfredo Manuel dos Santos Tesoureiro Geral: Dr. Nivan Marton 1o Tesoureiro: Dr. Luiz Sérgio Alves Machado Diretor Social: Dr. Duílio Mandetta Comissão Científica da SPO: Profs. Drs. Eduardo Sakai, Norberto dos Santos Martins Comissão Fiscal da SPO: Drs. Ager de Lorenzo, Seiti Ishi, Profa. Dra. Lucy Dalva Lopes Mauro Fundador do Boletim da Sociedade Paulista de Ortodontia: Prof. Manoel C. Müller de Araújo Fundador da Revista Ortodontia: Dr. Paulo Affonso de Freitas (gestão Dr. Jairo Corrêa) SPO Central: Rua Tumiaru, 227 • Ibirapuera São Paulo • SP • 04008-050 • Tels.: (11) 3884-3113/9393 • Fax: (11) 3884-7575 [email protected] • www.spo.org.br A revista OrtodontiaSPO é editada e produzida pela VM Comunicação • Editor Executivo: Haroldo J. Vieira ([email protected]) • Editor-Chefe: Adilson Fuzo ([email protected]) • Editora e Jornalista Responsável: Cecilia Felippe Nery - MTb 15.685 ([email protected]) • Revisora: Aline Souza ([email protected]) • Diretora de Arte: Miriam Ribalta ([email protected]) • Assistentes de Arte: Cristina Sigaud ([email protected]), Eduardo Kabello ([email protected]) • Supervisora de Conteúdo On-line: Tharcyla Marreiro Garcia Pimentel ([email protected]) • Jornalismo On-line: Larissa Ambraska Depoli ([email protected]) • Gerente de T.I.: Ricardo Tanasovici ([email protected]) • Webdesigners: Rodolfo Mustafé ([email protected]), Rogério Moreno Ferro ([email protected]) • Webmasters: Allex Rocha ([email protected]), Marcos Valesk de Oliveira Belice ([email protected]) • Publicidade: Executivo de Contas: Jonas Ribeiro Borges ([email protected]) • Gerente Operacional: José dos Reis Fernandes ([email protected]) • Supervisora Comercial: Silvia Bruna ([email protected]) • Administração: José Fernando Marino ([email protected]) • Redação, Marketing e Publicidade: VM Comunicação – Rua Gandavo, 70 04023-000 – São Paulo – SP – Tel.: (11) 2168-3400 – Fax: (11) 2168-3422 www.vmcom.com.br • Impressão e Acabamento: Ipsis Gráfica e Editora Responsabilidade Editorial – Todos os artigos assinados, bem como conteúdos publicitários inseridos na revista OrtodontiaSPO e edições especiais, são de inteira responsabilidade dos respectivos autores, empresas e instituições. 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Conceição Eunice Canuto (UFVJM/MG) Prof. Dr. Danilo Furquim Siqueira (USC/SP) Prof. Dr. Dirceu Raveli (Unesp-Araraquara/SP) Profa. Dra. Ednara Mércia Fernandes de Andrade (UFPB/PB) Prof. Dr. Eduardo Sakai (Uniararas/SP) Prof. Dr. Fausto Bérzin (FOP-Unicamp/SP) Prof. Dr. Fernando César Torres (Unicid/SP) Profa. Dra. Fernanda Angelieri (Universidade Metodista/SP) Profa. Dra. Fernanda de Azevedo Corrêa (SPO/SP) Prof. Dr. Hugo José Trevisi (APCD - Presidente Prudente/SP) Prof. Dr. José Fernando Castanha Henriques (FOB-USP-Bauru/SP) Prof. Dr. José Hermenergildo dos Santos Júnior (USP/SP) Prof. Dr. José Renato Prietsch (UFRGS/RS) Prof. Dr. Julio de Araújo Gurgel (Uniceuma/MA) Prof. Dr. Jurandir Antonio Barbosa (SLMandic-Campinas/SP) Profa. Dra. Karina Cruz (UFS/SE) Prof. Dr. Leopoldino Capelozza Filho (HRAC/USP-Bauru/SP) Profa. Dra. Liliana Ávila Maltagliati (Universidade Metodista/SP) Prof. Dr. Luis Antônio de Arruda Aidar (Unisanta-Santos/SP) Prof. Dr. Luiz Garcia da Silva (ABO/PE) Prof. Dr. Marcos Nadler Gribel (SPO/SP) Prof. Dr. Omar Gabriel da Silva Filho (HRAC/USP-Bauru/SP) Profa. Dra. Patrícia de Medeiros Loureiro Lopes (Unipê/PB) Profa. Dra. Renata Cristina Faria Ribeiro de Castro (Umesp/SP) Profa. Dra. Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin (Fousp/SP) Prof. Dr. Ricardo Horliana (Unisanta/SP) Prof. Dr. Richard P. McLaughin (Univ. do Sul da Califórnia/EUA) Prof. Dr. Roberto Alves Torres (SLMandic/SP) Prof. Dr. Roberto Bombonatti (Unioeste/PR) Profa. Dra. Tereza Cristina Rodrigues da Cunha (Inapós/MG) Profa. Dra. Vanda Beatriz T. C. Domingos (SLMandic/SP) Profa. Dra. Vânia Célia Vieira de Siqueira (FOP-Unicamp/SP) Cirurgia Bucomaxilofacial: Prof. Dr. Márcio de Moraes (FOP-Unicamp/SP) Prof. Dr. Renato Vita (SLMandic/SP) Diagnóstico Bucal: Prof. Dr. Claudio Fróes de Freitas (Fousp/SP) Prof. Dr. Israel Chilvarquer (Fousp/SP) Profa. Dra. Viviane Sarmento (UFBA/BA) Clínica Odontológica: Profa. Dra. Andréa Trajano de Melo Ferreira (EAP-APCD Central/SP - Dentística) Prof. Dr. Antonio Wilson Sallum (FOP-Unicamp/SP - Periodontia) Prof. Dr. Cláudio Luiz Sendyk (USP/SP - Prótese) Profa. Dra. Gisela Estela Rapp (UFBA/BA - Perio/Implante) Prof. Dr. Giulio Gavini (USP/SP - Endodontia) Prof. Dr. Ivo Contin (Fousp/SP - ATM) Prof. Dr. João Gualberto C. Luz (Fousp/SP - ATM) Prof. Dr. Lourenço Correr Sobrinho (Unicamp/SP - Materiais Dentários) Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos (Umesp/SP) Prof. Dr. Paulo Francisco Cesar (Fousp/SP - Materiais Dentários) Prof. Dr. Sidney Kina (Universidade Estadual de Maringá/PR - Dentística/Prótese) Profa. Dra. Yara Pierangeli Fonseca (EAP-APCD Central/SP - Odontopediatria/Ortodontia) OrtodontiaSPO | 2012;45(6):614-5 615 Editorial Quero ser como você ................................................................................................ 620 A busca pela relevância científica ............................................................................... 621 Especial Orto 2012-SPO Capa: Edição especial do evento Orto 2012-SPO Cada vez maior, cada vez melhor ............................................................................... 622 ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES Ortopesquisa Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II, divisão 1 Effects of the Klammt's elastic open activator in the Class II division 1 malocclusion treatment (Aristeu Correa Bittencourt Neto, Marisana Piano Seben, Karina Maria Salvatore de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado, Fabrício Pinelli Valarelli) ......................................................................................................................................................648 Estudo cefalométrico das características dentoesqueléticas de pacientes com má-oclusão de Classe III A cephalometric study of dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion (Lorena Marques Ferreira, Juliana Godoy-Bezerra, Ednara Mércia Fernandes de Andrade, Pedro Paulo Maia de Sena, Eudes Euler de Souza Lucena) ................................................................................................................................659 Avaliação da influência da realização da expansão rápida da maxila sobre a recidiva do apinhamento anterossuperior, em casos tratados ortodonticamente sem extrações. Influence of rapid maxillary expansion on incisors alignment stability (Luiz Filiphe Gonçalves Canuto, Marcos Roberto de Freitas, Karina Maria Salvatore de Freitas, Guilherme Janson, Rodrigo Hermont Cançado) ................669 Estudo cefalométrico comparativo dos traçados preditivos e resultados ortodôntico-cirúrgicos em pacientes com face longa Cephalometric comparative evaluation of predictibility for surgical orthodonthic treatment in long face patients (Carla Maria Melleiro Gimenez, André Pinheiro de Magalhães Bertoz, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, Valfrido Antonio Pereira Filho, Francisco Antônio Bertoz) .............................................................................................681 616 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):616-7 SUMÁRIO Distalização de molar controlada: busca de soluções para os efeitos indesejáveis que ocorrem com aparelhos distalizadores convencionais Controlled molar distalization: search for solutions of the undesirable effects which happen with conventional distalizers (Sandra Tiberio, André Marçal Guerreiro, Semyra Giovannini Maccheronio, Maxwell Lopes de Carvalho, Thiago Souza Cruz) ......................................................................................................................................693 Ortoclínica Meaw modificado: apresentação da técnica para a correção das mordidas abertas e na finalização dos tratamentos ortodônticos Modified Meaw: a technique presentation for correction of open bites and in the finalization of orthodontic treatment (Maurício Tatsuei Sakima, Aline Cristina Davóglio, Caio Sérgio Botta Martins de Oliveira, Alexandre Tatsuke Sakima, Paulo Roberto Tatsuo Sakima, Tatsuko Sakima) .................................................................................703 Ortodivulgação Tabela de Moyers em brasileiros leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros Moyers’s table for Brasilians caucasians, melanodermics, afrocaucasians, xanthoderms, japaneses-brazilians descendents (Arnaldo Pinzan, Célia Regina Maio Pinzan Vercelino) .................................................................716 Ortodontia & Estética Lesões de mancha branca no esmalte dental durante o tratamento ortodôntico.................................................... 725 Ortoinformação Ciência Brasil ........................................................................................................................................... 731 Mercado .................................................................................................................................................. 735 BioClip: primeiro autoligável interativo com clipe de força gradual Autoligados da Forestadent: novo conceito de estética Normas de Publicação ............................................................................................................................ 739 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):616-7 617 Quero ser como você E ste editorial expressa profunda gratidão a todos que contribuíram para a eficiência científica, social e associativa do Orto 2012-SPO. Tudo, na verdade, foi excelência porque no fundo do que foi realizado se en- contravam reflexos luzentes de personalidades e autoridades que, orgulhosamente, honraram com respeito e reconhecimento o segundo maior evento do mundo sobre Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares. Ficou confirmado, sem contestação, o slogan “universo ao seu alcance”. Deixo aqui os versos da poetisa Nelly Corrêa Dionigi, que homenageou o presidente do evento, dando início às atividades para os especialistas das áreas respectivas. São pronunciamentos versáteis que devem constar com sublimidade no acervo da existência de cada um. Ei-los: “Quero ser como você, Jairo Corrêa Presidente da SPO e não transformar minha velhice num depósito de lembranças. Quero, como você, expandir, criar rumos, para tantos que de mim precisarem. Ofertar até parte do coração, para então poder dizer: amo com fé o que faço. Alçar voos ininterruptos, não como fez Ícaro, mas com asas para voar. Pois são belos os voos de sua vida.” A história sempre contará as preciosidades e assertivas de todos que trabalharam com altivez e dedicação, visando unicamente a grandiosa SPO e as especialidades embutidas. Vamos continuar sendo “guerreiros sem medo” e “cavalos de raça”. 620 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):620-1 Editorial O sucesso de um produto é geralmente medido pelo número de unidades vendidas em um determinado período. Assim, seja ele um aparelho eletrônico, um automóvel ou um livro, a quantidade adquirida pelo mercado indica fielmente sua aceitação pelo público. E a relevância de um artigo científico, como pode ser aferida? Como verificar se um texto impactou positivamente os profissionais da área? A busca pela relevância científica Apesar de não ser uma medida de qualidade ou de importância, o método mais seguro para determinar este "fator de impacto" é o número de vezes que um determinado artigo é citado na literatura especializada. Empregando modernos métodos de bibliometria, que permitem aferir os dados estatísticos das citações, um artigo publicado on-line em outubro de 2012, na revista Angle Orthodontist (http://www.angle.org/doi/pdf/10.2319/040512-284.1) enumera os 100 artigos mais citados em Ortodontia desde 1975 até 2011. Flavio CotrimFerreira Editor Científico Além dos títulos e referências destes 100 artigos de alta relevância, é curioso observar alguns dados comparativos, tais como o desenho da pesquisa, o assunto abordado no texto ou os autores líderes de citações. Creio que a leitura deste artigo pode ser um bom início para aqueles que pretendem, dentro de alguns anos, figurar entre os mais conhecidos pesquisadores de nossa especialidade. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):620-1 621 ORTO 2012-SPO Cada vez maior, cada vez melhor 622 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Fotos: Jaime Oide Cláudio Roberto João Durazzo Orto 2012-SPO fica ainda mais surpreendente em sua estreia no Expo Center Norte, reunindo mais de seis mil pessoas. PROMESSA CUMPRIDA. A 18a EDIÇÃO DO CONGRESSO BRASILEIRO DE ORTODONTIA MOSTROU MAIS UMA VEZ A FORÇA DA ESPECIALIDADE, GARANTINDO QUALIDADE, CONSISTÊNCIA, TRADIÇÃO E, ACIMA DE TUDO, GRANDIOSIDADE. ENTRE OS DIAS 27 E 29 DE SETEMBRO, TODOS OS OLHOS DA ORTODONTIA BRASILEIRA E LATINO-AMERICANA ESTAVAM VOLTADOS PARA A CIDADE DE SÃO PAULO. Mais de seis mil pessoas, entre congressistas, ministradores, expositores, visitantes e organizadores, participaram do Orto 2012-SPO no Expo Center Norte. O novo espaço também não decepcionou, oferecendo mais comodidade e conforto para os participantes, tanto durante as atividades científicas como na realização da ExpOrto 2012-SPO. Os números do evento falam por si: foram 6.556 participantes, sendo 4.081 congressistas; 512 cirurgiões-dentistas visitantes; 202 ministradores; 89 ortodontistas coordenadores de conferências e cursos; 230 visitantes comerciais; 1.322 membros do staff de expositores; e 120 membros do staff operacional. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 623 Ponto alto O tema do evento foi “Crescimento profissional em Ortodontia”. O ponto alto do Orto 2012-SPO, mais uma vez, foi sua robusta programação científica, com cerca de 400 horas de atividades, divididas em 26 cursos de imersão, sendo 11 cursos internacionais e 15 nacionais de quatro horas; 150 conferências especiais; mais de 100 atividades corporativas; e exposição de 425 painéis científicos. A presença de grandes nomes da Ortodontia mundial deu ainda mais distinção ao evento, como o celebrado pesquisador norte-americano Lawrence Andrews, que propôs uma nova metodologia de avaliação facial. Também esteve presente Birte Melsen, da Dinamarca, que é considerada a maior autoridade no tratamento ortodôntico de casos complicados em pacientes adultos. Outras participações internacionais de destaque foram: Martin Epstein (EUA), Lars Christensen (Inglaterra), Young Chel Park (Coreia do Sul), Luis Carriere (Espanha) e Antonino Secchi (EUA). A Ortodontia nacional também foi brilhantemente representada com a apresentação do time brasileiro de ministradores convidados. Entre eles, estavam Leopoldino Capelozza Filho, Hugo Trevisi, Celestino Nóbrega, Flávio Vellini-Ferreira, Weber Ursi, José Fernando C. Henriques, Francisco José M. Macedo, Guilherme Janson, Marcos Gribel, Jorge Faber, Carlos Alberto G. Cabrera, Marcos Janson, Maurício Sakima, José Augusto Miguel, entre outros. Lançamentos literários Alguns autores aproveitaram o Orto 2012-SPO para apresentar suas obras no mercado editorial. Entre os destaques estão Liliana Maltagliati, com "Sistema autoligado – teoria e prática", e Flávio Vellini-Ferreira (foto), com "Ortodontia clínica – tratamento com aparelhos fixos". 624 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO ExpOrto 2012-SPO Outro destaque do evento foi a ExpOrto 2012-SPO, que se mostrou mais atraente no novo espaço oferecido pelo Expo Center Norte. Quase 100 empresas estiveram presentes nesta edição do evento. Disposta em um espaço de 14.000 m2 do Pavilhão Azul, a exposição promocional pôde ser visitada confortavelmente nos três dias do evento. Além dos lançamentos mais recentes, os expositores também aproveitaram o espaço para oferecer palestras sobre seus produtos. Os visitantes puderam se manter mais informados, fazer contatos preciosos e fechar bons negócios. “Um evento como o Orto 2012-SPO é essencial para a atualização profissional do ortodontista, além de promover a integração com os colegas”, disse João Grimberg, patrono do evento. “Pioneirismo, tradição e história foram sempre o horizonte maior que a SPO desenvolveu no tempo e no espaço. Por isso, o Orto 2012-SPO alcançou o sucesso esperado”, afirmou Jairo Corrêa, presidente do evento. O presidente de honra, Leopoldino Capelozza Filho, falou aos congressistas durante sua apresentação: “Estou muito feliz porque tive o privilégio de ser o presidente de honra do melhor congresso de Ortodontia já realizado no Brasil. Porém, acho que esse meu privilégio vai durar pouco, porque o Orto 2014-SPO promete ser ainda melhor”. Alguém duvida disso? OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 625 Noite de reconhecimento A emoção e a alegria deram o tom da Solenidade de Abertura Oficial do Congresso Brasileiro de Ortodontia. A presença marcante de autoridades e a homenagem prestada às personalidades mais atuantes da Odontologia brasileira fizeram da noite de 27 de setembro uma data inesquecível. Cada edição do Congresso Brasileiro de Ortodontia reserva sagens, Baracchini foi presidente da entidade na década de uma história diferente. Muitas dessas histórias são contadas na 1970, membro da diretoria por diversos mandatos, e atuou Solenidade de Abertura Oficial, quando ocorre um emocionante com destaque na campanha pela aquisição da sede da SPO. encontro entre todos os participantes do evento: congressistas, A cerimônia também reservou espaço para os discursos ministradores, dirigentes da SPO, autoridades, personalidades da de Jairo Corrêa, João Grimberg e Leopoldino Capelozza Filho, especialidade e organizadores do evento. No Orto 2012-SPO, esta respectivamente, presidente, patrono e presidente de honra grande reunião das mentes e corações que fazem a Ortodontia do Orto 2012-SPO. brasileira mostrou-se ainda mais marcante. A noite ficou ainda mais especial com a entrega do Prêmio O ponto alto da noite foi a homenagem prestada a de Honra ao Mérito “Dr. Reynaldo Baracchini” aos homenagea- Reynaldo Baracchini pela sua contribuição no desenvolvimento dos da noite, que foram agraciados em reconhecimento pela da Ortodontia no País, como um dos fundadores e membros sua contribuição, em suas respectivas áreas de atuação, no mais ativos da SPO, além da sua atuação no Serviço Dentário crescimento da Odontologia. A celebração foi encerrada com Escolar e na Universidade de São Paulo. Entre outras pas- um animado coquetel. 626 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Confira o depoimento de algumas personalidades e autoridades que estiveram presentes na Solenidade de Abertura Oficial do Orto 2012-SPO. A Soc Sociedade edade P Paulista de Ortodontia vem realizando Este evento vento é d de grande importância event eventoss de gran grande sucesso nos últimos anos e atua com para ttodo do o País País. A Sociedade Paulista desta ue na orga destaque organização de atividades técnico-científicas de Or odontia é muito tradicional e, Ortodontia voltadass a profissionais da pós-graduação. É fundamental apesar de ser paulista, sempre digni- hoje, na evidência da Odontologia e na qualidade dos O ficou a Odontologia brasileira como serviços prestados, a valorização do ensino continuado para que as um todo, por meio de seu trabalho na Ortodontia. Na novas descobertas científicas possam ser compartilhadas com todos. A organização do evento, a direção da entidade sempre qualidade do serviço oferecido na nossa Ortodontia é de primeiro mundo. primou por uma grade científica de grande valor, com Não estamos devendo nada a país algum. Pelo contrário, os profissionais ministradores da mais alta qualidade. Hoje, este evento brasileiros estão servindo como modelo para os profissionais de outros é um sucesso, com mais de quatro mil congressistas, países. E a SPO, ao realizar o Congresso Brasileiro de Ortodontia, é um número bastante expressivo para um congresso de uma das grandes responsáveis por essa evolução. especialidade. Isso significa que a qualidade do evento Adriano Albano Forghieri é atestada pelos próprios participantes que aqui estão. Presidente da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas É a comprovação de que a SPO põe sua chancela de alta qualidade em tudo que faz. Maria Lúcia Zarvos Varelli Diretora do Crosp – Conselho Regional de Odontologia Eu tenho te ho acompanhado acom a de São Paulo trajet ria da O trajetória Odontologia no Br sil através atravé das entiBrasil c dades de classe e, no caso específifico da Ortodontia, pela atuação da Sociedade Paulista de Esta é uma noite noi memorável! A história e a Ortodontia. Trata-se de um trabalho extre- tradiç o da SPO SP mostram que se trata de tradição mamente profícuo, dedicado e respeitado. uma e tidade ex entidade extremamente séria, que realiza Um evento como este tem uma impor- balh digno e competente. Como prova um trabalho tância enorme na saúde pública brasileira dessa afifirmação, temos a concretização de porque hoje a Ortodontia ocupa um espaço um evento como esse, que reúne as maiores expressões da grande na vida das pessoas. A especialida- Ortodontia do Brasil, da América Latina e do mundo todo. Nós, de cresceu muito, se popularizou e evoluiu da ABCD, estamos honrados em poder compartilhar deste tecnicamente, levando tecnologia de ponta evento de altíssimo nível. O trabalho da comissão organiza- ao alcance de todos. Eu, como médico e dora merece também menção especial pela feliz homenagem militante da saúde pública no Brasil, vejo prestada a Reynaldo Baracchini, que neste ano dá o nome ao com muita simpatia e alegria que a Orto- Prêmio de Honra ao Mérito. dontia esteja realizando um evento desta Silvio Cecchetto envergadura. Presidente da ABCD – Associação Brasileira de Gilberto Natalini Cirurgiões-Dentistas Vereador representante da Câmara Municipal de São Paulo OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 627 Eu pa participo ticipo de congressos há muito tempo e sei qu que um evento como o temp Orto 2012-SPO é essencial para a atualização açã profissional do ortodontista. Aq Aquele que fica de fora desse processo de reciclagem constante dos conhecimentos acaba defasado e excluído dos benefícios conquistados a partir da evolução da Ortodontia. Além disso, o contato com os colegas é muito importante. Muitas vezes, nos fechamos nos consultórios, entre quatro paredes, e ficamos muito limitados na nossa vida. Desta forma, ao permitir a atualização científica e o reencontro dos colegas, o congresso é uma oportunidade de se abrir para novas ideias. João Grimberg Patrono O congresso superou as expectativas. Estou muito feliz porque tive o privilégio de ser o presidente de honra do melhor congresso de Ortodontia já realizado no Brasil. Porém, acho que esse meu privilégio vai durar pouco porque o Orto 2014-SPO promete ser ainda melhor. Com a experiência da SPO, o suporte da VM Comunicação e a estrutura física do Expo Center Norte, acho que foi um trabalho quase perfeito. O Orto 2012-SPO mostra o tamanho da nossa Ortodontia. A participação cada vez mais numerosa de profissionais de toda América Latina mostra que o Brasil assumiu seu papel central na região. As pessoas perceberam que podem vir até o nosso país para se atualizarem, comprar materiais e ter acesso às novas tecnologias que chegam ao Brasil por meio da presença maciça das empresas, que estão oferecendo produtos de qualidade. Como somos um povo receptivo, acredito que o destino dos latino-americanos, cada vez mais, será buscar atualização em Ortodontia aqui no Brasil. Leopoldino Capelozza Filho Presidente de Honra 628 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Este e evento vento tem uma grande importância, tanto para ara a Orto Ortodontia nacional, como também p ara a inter para internacional. Ele é uma vitrine ostr o adiantamento extraordinário que mostra d da Ortodontia brasileira diante do mundo, com seu crescimento na área clínica e também científica. Não há nada igual ao Orto 2012-SPO, e devo dizer que o Brasil deve ter orgulho disso. Isso mostra, mais uma vez, o trabalho realizado pela Sociedade Paulista de Ortodontia, que continua prestando uma notável contribuição para o crescimento da Ortodontia nacional. Placidino Guerrieri Brigagão Presidente da Academia Brasileira de Ortodontia Jairo Corrêa, presidente do evento, destaca a atuação da SPO em seu discurso. Um ev evento ento com como este é de fundamenta importân mental importância, pois mostra a evo ução da especialidade ao evolução longo do dos anos. Também vale O Orto Ort 2012-SPO 2012-SP é um evento de destacar o papel fundamental da grand grande importân importância científica. Temos Sociedade Paulista de Ortodontia na formação pales antes de alto nível discutindo palestrantes dos ótimos ortodontistas que nós temos no temas qu que devem contribuir muito Brasil. Devemos reconhecer o grande serviço para a evolução no tratamento dis- prestado por esta entidade ao País, ao realizar pensado aos pacientes. Além disso, devo ressaltar um congresso como este. Hoje, todo ortodontista que a cerimônia desta noite foi realmente fantástica. tem consciência de que precisa, a cada dia, se A homenagem ao doutor Reynaldo Baracchini foi uma aprimorar profissionalmente para oferecer um tra- escolha muito boa, porque é o reconhecimento pelo tamento melhor ao seu paciente. Então, devemos trabalho de uma vida dedicada à Odontologia. Pre- parabenizar a SPO não apenas pelo trabalho de cisamos aprender a respeitar estes seres humanos hoje, mas por toda sua trajetória. Eu, que tenho no Brasil, pois, se não existissem gigantes como frequentado este congresso desde 1970, posso eles, nós não teríamos ombros para subir e chegar testemunhar que ele só tem trazido benefícios a aonde chegamos. toda classe odontológica. Orlando Santiago Júnior Mário Vedovello Filho Presidente do CBOFM – Confederação Brasileira de Integrante do CEE – Conselho Estadual de Ortopedia Funcional dos Maxilares Educação do Estado de São Paulo OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 629 Uma vida de dedicação O Prêmio de Honra ao Mérito foi criado em 2004 para destacar e reconhecer a contribuição de pesquisadores e autoridades nacionais e internacionais em seus campos de atuação. Desde então, o prêmio vem recebendo o nome de grandes personalidades que abraçaram causas, colaborando para o crescimento da Odontologia no Brasil, como Miguel Santiago Nobre, Emil Razuk, Placidino Guerrieri Brigagão e Paulo Affonso de Freitas. Em 2012, o Comitê Organizador do Congresso fez uma justa homenagem a Reynaldo Baracchini, pela sua relevante contribuição para o desenvolvimento da Ortodontia no Brasil e seu memorável trabalho à frente da Sociedade Paulista de Ortodontia (SPO). Eu me senti muito feliz ao saber que receberia esta homenagem. Afinal, eu tenho orgulho em dizer que sou um dos fundadores da SPO. Nós criamos esta sociedade quando ninguém mais pensava nisso. Sabíamos que era importante. Por isso, me dediquei muito, nunca coloquei as Receberam, ainda, homenagens especiais: necessidades da SPO em segundo lugar. Sabe Ager de Lorenzo, Ailton Diogo Morilhas como é, a gente tem amor à causa e acaba Rodrigues, Alfredo Manuel dos Santos, Carlos se dedicando mais do que o planejado. Eu não Chaparro Bohórquez, Cleber Bidegain Pereira, posso negar que a minha vida pessoal acabou Dóris Camargo Martins de Andrade, Duílio sofrendo com tudo isso. Mas, é preciso entender Mandetta, Eduardo Sakai, Emil Adib Razuk, que tínhamos um projeto, um ideal, e deu certo! Deu certo! O nosso Fernando Gueiros, Flavio Cotrim-Ferreira, grupo foi crescendo, crescendo e hoje estamos aqui. A Ortodontia Gilberto Natalini, Haroldo Vieira, Jairo Corrêa, evoluiu extraordinariamente e a SPO é como uma filha para mim. Assim João Grimberg, Júlio Wilson Vigorito, Leopoldi- é a minha vida com a SPO, assim é a minha vida com a Ortodontia. no Capelozza Filho, Lucy Dalva Lopes Mauro, Luiz Sérgio Alves Machado, Nivan Marton, Reynaldo Baracchini Norberto dos Santos Martins, Osny Corrêa, Homenageado que deu nome ao Prêmio de Honra ao Mérito em 2012 Paulo Affonso de Freitas, Placidino Guerrieri Brigagão e Seiti Ishi. 630 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Agraciados com o Prêmio de Honra ao Mérito "Reynaldo Baracchini": Adalsa Hernandez Adriano Albano Forghieri Ager de Lorenzo Ailton Diogo Morilhas Rodrigues Alael Barreiro Fernandes de Paiva Lino Alan Rodrigues Alcyr D'Alcântara Barbosa Alexander Macedo Alfredo Manuel dos Santos Aline Nascimento de Lima Ana Lucia Nogueira Baracchini Ana Luisa Silva Ojeda Ana María Ramón de Blanco Anajara Barreto dos Santos Andréia Cotrim Ferreira Angela Maria Macedo Antenor Araujo Antonio Bedoya Antônio Inácio Ribeiro Aparecida Izildinha P. Mazzo Garcia Aparecido Ferezin Argeu de Lorenzo Arlindo Marques Arnaldo Olivato Palhano Arnaldo Pinzan Arno Locks Artur Biagi Arvido Grimberg Ary dos Santos Pinto Braz Antunes Mattos Neto Camillo Morea Carlos Alberto Cabrera Carlos Chaparro Bohórquez Cecilia Felippe Nery Celestino José Prudente Nobrega Celso Camargo Barros César Roberto Schmidt Christiane Andrea Corrêa Cláudia Verônica Teizen Cláudio Roberto Biamino Cleber Bidegain Pereira Cleiry Ap. Marques Rodrigues Alves Dahul Tavares Pelizaro Dalton Humberto de Almeida Cardoso Danilo Bresser Bezzan Danilo Furquim Siqueira Danilo Marega Borges Dario Julio Meza Sevillano Décio Rodrigues Martins Dóris Camargo Martins de Andrade Duilio Mandetta Edimilson Ramos Editora Napoleão Edmilson Ramos Edmundo Rodrigues da Cunha Filho Eduardo Cesar Werneck Eduardo Sakai Eduardo Takashi Kinoshita Mochizuki Elvira Gomes Camardella Emil Adib Razuk Emne Hammoud Gumieiro Ernani Bezerra da Silva Eunice Dalva Cursinho Corrêa Eurica Yanagimori Fabio Yukio Matsubara Fausto Silva Bramante Fernanda de Azevedo Corrêa Flavio Augusto Cotrim-Ferreira Flávio Vellini-Ferreira Gastão Moura Neto Gennaro Napolitano Neto Geraldo Marques de Sousa Gilberto Alfredo Pucca Júnior Gilberto Cortese Gilberto Natalini Gladys Cristina Dominguez Morea Grazielle da Silva Cordeiro Grupo Gen - Santos Editora Guilherme Janson Gustavo Ariano Moura Gustavo Henrique Mota Haroldo Joaquim Vieira Harvey de Lorenzo Mayrink Helena Regina Tornelli Hélio Tsukamoto Hernán Palomino M. Hideo Suzuki Hugo Trevisi Jacintho Teixeira do Nascimento Jaime Koifman Jairo Corrêa Jairo Corrêa Junior Jerônimo Colferai Neto Joacir Ferreira Rodrigues João Grimberg João Maria Baptista Jorge Corrêa Assumpção Jorge Faber Jose Carlos Elgoyhen Jose Carlos Faria Lago Jose Eduardo Pires Mendes Jose Fernando Castanhas Henriques Jose Flavio Ribeiro Toresan José Henrique França Sartori José Luiz Negrinho José Mario Anselmo José Silvestre Júlio Wilson Vigorito Jurandir Antonio Barbosa Juscelino Kojima Karla de Lorenzo Sayd Kleber Eduardo Fioretto Laerte Goffi Macedo Filho Larissa Reale Knoll Laura Santa Pereira Laurindo Furquim Leopoldino Capelozza Filho Livraria e Editora Tota Luciana Flaquer Martins da Silva Luciana Piccioli Neves Mazzili Luciano Soldevilla Galarza Lucila Massu Yoshizaki Akinaga Moreira Lucio Antonio Pereira Lucy Dalva Lopes Mauro Luis Nelson Nuñez Luiz Antonio Catay Luiz Fernando Nogueira de Brito Luiz Garcia da Silva Luiz Sergio Alves Machado Marcelo Merino Nunes Marcia Maciel Marcio Rodrigues de Almeida Marco Antonio Lopes Feres Marco Antônio Scanavini Marco Aurelio Gouvea Bomfim Marcos Gribel Marcos Grivicic Pohl Marcos Janson Margareth Teixeira Peterkin Maria Cristina Cunha Alves Maria Lucia Alves dos Santos Maria Lúcia Zarvos Varelli Maria Regina de Campos Brandão Marilene Fortunato Marton Mario Cappellette Mario Cappellette Junior Mario Oscar Pistoni Mario Vedovello Filho Mario Wilson Corrêa Marisela Margarita Gonzalez de Bello Maristela Pereira Mauricio Tatsuei Sakima Morelli Ortodontia Neide Pena Coto Nelson Eduardo Paris Colombini Nelson Sabino de Freitas Nivan Marton Norberto dos Santos Martins Octavio Del Real Squella Odette Mutto Orlando Santiago Junior Osny Corrêa Oswaldo de Castro Paulo Affonso de Freitas Paulo de Oliveira Bueno Pedro José Bistane Pedro Petrere Placidino Guerrieri Brigagão Regina Ascenção Pequeneza Reginaldo Zanelato Reinaldo Brito e Dias Renata Fronzaglia Lollato Renata Furquim Moura Renato Castro de Almeida Renato José Berro Reynaldo Baracchini Ricardo Antonio Waltenberg Pinho Ricardo Fidos Horliana Ricardo Hideo Tsukamoto Ricardo Luiz de Lima Barbosa Roberta Mitsue Tsukamoto Rodney Garcia Rocha Rodrigo Mota de Oliveira Rosane Ogata Martins Rubens Corte Real de Carvalho Rubens Simões de Lima Rui Ari Beck Sandro Cordeiro Mascarenhas Sebastião Interlandi Seiti Ishi Selma Regina Vieira Silvio Jorge Cecchetto Sonia Flaquer Martins Sueli Camilo Diogo de Oliveira Suzete Mitsue Kina Sylvia Renata Tiossi Tatiane Oliveira dos Santos Rosa Tereza Cristina Rodrigues da Cunha Thor Arnesen Toshio Uehara Toshio Uetanabaro Ueide Fernando Fontana Valéria Maria Pessoa Grimberg Vanda Beatriz Teixeira Coelho Domingos Vera Claudia Romain Vera Helena Teixeira Coelho Terra Vitoria Eugênia Bismarck Carillo Viviane Patricia Senger Costa Waldir Langone Weber José da Silva Ursi Yumi Ovawa Sakai OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 631 Show de conhecimento na programação científica Um dos papéis mais importantes do Congresso Brasileiro de Ortodontia é o de trazer o que existe de mais atual nos inúmeros campos de conhecimento que integram o universo da especialidade. Confira um pouco de tudo que foi mostrado no evento. Acácio Fuziy Alexandre Ponce 632 Antonino Secchi OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 Carlo Marassi Carlos Alberto G. Cabrera Celestino Nóbrega Eduardo Sant´Ana ESPECIAL ORTO 2012-SPO Em três dias intensos de cursos de imersão, conferências especiais e atividades científicas, 202 ministradores passaram pelo Expo Center Norte para provar, mais uma vez, a qualidade e a consistência da programação científica do Orto 2012-SPO. O congressista teve a oportunidade de encontrar o que existe de mais atual em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares, com apresentações de pesquisadores e professores (nacionais e internacionais) de altíssimo nível. Diante de uma programação tão extensa e rica, os cursos de imersão foram os mais disputados pelos congressistas. Lá estavam concentrados alguns dos ministradores estrangeiros e brasileiros mais renomados, que se apresentaram em módulos temáticos com quatro horas de duração. Como a prática da Ortodontia e da OFM exige uma formação abrangente, a equipe organizadora do Orto 2012-SPO incluiu na programação as Conferências Especiais, cujo objetivo foi concentrar o máximo de informação sobre cada tema em apresentações de 30 e 50 minutos. Esta atividade contou com a participação de consagrados professores e pesquisadores de importantes instituições de ensino. O evento contou ainda com diversas atividades paralelas, como um curso integrado sobre apneia obstrutiva do sono, um simpósio sobre Radiologia e outro sobre produtos de higiene bucal, cursos de credenciamento para os sistemas Clear-Aligner e Invisalign, além de diversos ciclos de palestras promovidos pelas empresas expositoras na ExpOrto 2012-SPO. Birte Melsen, referência histórica na Ortodontia mundial. Fernanda Angelieri Flavio Cotrim-Ferreira Flávio Vellini-Ferreira Francisco José M. Macedo Gabriel Matos Gabriella Rosenbach Guilherme de Araújo Almeida Guilherme Janson Hugo Trevisi João Milki Neto OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 633 Presenças de peso O extenso time de ministradores do Orto 2012-SPO contou com diversos nomes de grande prestígio. Dentre eles, alguns se destacam pela sua histórica contribuição para a evolução da especialidade. Indiscutivelmente, o norte-americano Lawrence Andrews é um deles. Andrews, o pai do Straight Wire, revolucionou a prática da Ortodontia com a introdução dos aparelhos pré-ajustados nos anos 1970. Durante sua passagem pelo Congresso Brasileiro de Ortodontia, ele falou sobre seu mais recente estudo: “Os seis elementos da harmonia orofacial”. O que ele propõe é um novo sistema de diagnóstico, que se baseia em pontos anatômicos da face para definir o posicionamento dos dentes e das arcadas. Por serem pontos estáveis, podem servir de referência do início ao fim do tratamento. Andrews está finalizando seu livro sobre o tema e deve voltar ao Brasil para divulgá-lo em breve, uma vez que, agora, o País é o segundo do mundo com mais ortodontistas. Lawrence Andrews, o pai dos pré-ajustados. Temas e tendências do Orto 2012-SPO Aparelhos autoligados 1 Assim como aconteceu em 2010, os autoligados dominaram as discussões em diversas atividades do evento. Os lançamentos das indústrias também refletiram esta 3 Ancoragem esquelética 4 Mecânica ortodôntica As mecânicas radicais realizadas com mini-implantes e miniplacas têm nos levado a resultados impensáveis. Os limites nesta área ainda estão por serem definidos. tendência. Ainda que seja quase unanimidade por diminuir o tempo de cadeira no atendimento aos pacientes, ainda não existe consenso de que a utilização de mecânicas radicais para acelerar o tratamento seja totalmente segura. Provavelmente, isso só será comprovado com o tempo. Ortodontia estética 2 Assim como acontece em diversas áreas da saúde, a busca de soluções estéticas está em alta. Diversas apresentações foram permeadas pelo tema. Tradicionalmente, um dos temas mais procurados do evento. As apresentações buscaram mostrar detalha- mentos das mecânicas Classe II e Classe III, técnicas para o fechamento de espaços, abertura ou fechamento de mordida etc. 5 Pacientes adultos Confirmando as previsões que se desenharam no passado, o tratamento de pacientes adultos tornou-se um importante segmento de mercado dentro da Ortodontia. Destaque também para a evolução dos aparelhos linguais, que No Orto 2012-SPO, as apresentações se concentraram na continuam ganhando espaço no mercado. O evento também demonstração de protocolos mais ajustados e no tratamento contou com algumas apresentações sobre alinhadores, além de pacientes com suporte periodontal comprometido. de dois cursos oficiais de credenciamento paralelos. 634 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Jorge Faber José Antonio Capellozza Leopoldino Capelozza Filho 6 José Augusto M. Miguel Luciano Resende da Cunha José Eduardo Prado de Souza Luis Carriere OFM – Ortopedia Funcional dos Maxilares A Ortopedia Funcional dos Maxilares conta com um fiel e competente grupo de praticantes no Brasil. Nesta edição do congresso, diversos ministradores dedicaram-se a falar sobre o assunto, concentrando-se no tratamento de casos José Fernando C. Henriques Marco Antonio Almeida 8 Lars Christensen Marcos Gribel Distúrbios do sono O tratamento da apneia obstrutiva e de outros distúrbios do sono está em ascensão. O tema esteve presente em diversas conferências do Orto 2012-SPO e também em um curso integrado de acesso livre. complexos e situações diversas. 7 Tecnologia 3D O suporte dos recursos de imagem tridimensionais no diagnóstico da Ortodontia está se tornando cada vez mais importante. Adicionalmente, o uso da tecnologia 3D no 9 DTM – Disfunções Temporomandibulares Outra área em expansão na Odontologia, que tradicionalmente tem seu espaço reservado no congresso garantindo ao ortodontista conhecer mais profundamente a especialidade. planejamento dos tratamentos e na customização de aparelhos já é uma realidade. Além das diversas conferências sobre o assunto, o evento contou também com um simpósio dirigido à Imaginologia. Cirurgia ortognática 10 A novidade é a utilização de biomateriais nas reconstruções de tecidos, que abriu novas possibilidades na área. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 635 Marcos Janson Marise de Castro Cabrera Maurício de Almeida Cardoso Maurício T. Sakima Nise Alonso Manicardi Patrícia Valério Rafael Bicalho Pacientes adultos no centro A dinamarquesa Birte Melsen também fez parte do rol de ministradores de longa trajetória na Ortodontia que figurou no Orto 2012-SPO. Ela falou sobre possibilidades e limitações na gestão ortodôntica de adultos. Ao destacar casos difíceis, de pacientes mais velhos e com comprometimento periodontal, ela propôs soluções clínicas com a utilização de mecânicas que empregam forças mais suaves e com maior controle biomecânico. O tratamento ortodôntico de adultos também foi o tema trazido por Lars Christensen. No entanto, diferentemente de Melsen, que se concentrou em casos mais complexos, o inglês preferiu mostrar soluções para pacientes com comprometimento e complexidade menores. Desta forma, Christensen falou de casos que se assemelhavam mais à realidade da clínica brasileira, mostrando uma mecânica mais simplificada, de aparelhos pré-ajustados, com menor manipulação de fio. O inglês também mostrou sua metodologia de trabalho, passando pela maneira como faz a entrevista com o adulto e por outras situações Martin Epstein: protocolos bem ajustados para tratamentos de grandes grupos. que enfrenta no dia a dia clínico. Reginaldo Zanelato 636 Roberto Henrique Grec Rogério Margonar OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 Sérgio Jakob Sergio Polízio Terçarolli Waldemar D. Polido Weber W b U Ursii ESPECIAL ORTO 2012-SPO Individualização ou coletivização? Uma das tendências ganha força na Ortodontia, a da individualização de tratamentos fica mais evidente diante de profissionais de grande habilidade que se dedicam a oferecer um atendimento de excelência para seus pacientes. O trabalho apresentado no congresso pelo chileno radicado nos EUA, Antonino Secchi, reflete transformação. Secchi falou sobre aparelhos autoligados, enfatizando o bom posicionamento dos braquetes para obter um bom ajuste na finalização do tratamento. Em seus casos, mostrou grande habilidade clínica e um protocolo próprio bem detalhado. Atualmente, o chileno trabalha no desenvolvimento de um braquete que se adapta melhor à sua técnica. O espanhol Luis Carriere também tem foco no atendimento de alto padrão, e apresentou no Orto 2012-SPO o dispositivo que desenvolveu para auxiliar na distalização dos molares superiores. Ele mostrou uma série de casos clínicos com o tratamento de pacientes Classe II. Na mão oposta à tendência de individualização, Martin Epstein veio ao congresso para mostrar que atendimento coletivo em Ortodontia não precisa ser, necessariamente, sinônimo de trabalho mal feito. Ele possui três Young Chel Park: ancoragem esquelética apresenta resultados surpreendentes. consultórios em Nova York e, com o apoio de sua equipe, atende cerca de 150 pacientes por dia. A partir de um protocolo de atendimento especialidade. Como se trata de uma aplicação relativamente bem ajustado, Epstein procurou provar que é nova, os estudos nesta área ainda têm muito espaço para possível oferecer atendimento de qualidade avançar. a grupos numerosos de pacientes. Em sua Neste contexto, a Coreia do Sul se destaca como um dos apresentação, mostrou um grande volume de polos mais avançados de pesquisa na área de ancoragem casos de tratamentos de pacientes Classe II esquelética, conseguindo soluções incríveis do ponto de vista e Classe III. da Ortodontia tradicional, até mesmo para casos que anteriormente só poderiam ser tratados cirurgicamente. Um dos Ancoragem esquelética representantes mais legítimos deste núcleo de estudos, Young A ancoragem esquelética revolucionou a Chel Park, apresentou aos congressistas do Orto 2012-SPO Ortodontia nos últimos anos e já se consolidou alguns desses avanços com a utilização de técnicas avançadas como uma das práticas mais eficientes da com mini-implantes. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 637 A palavra dos organizadores Jairo Corrêa Osny Corrêa Presidente Orto 2012-SPO Coordenador Geral “Sucesso pleno e absoluto. Mostramos, de “A Sociedade Paulista de maneira firme e profunda, que a Sociedade Ortodontia, tradicional, Paulista de Ortodontia representa muito em experiente e sempre reno- termos latino-americanos, eu poderia até vada, através do grandioso dizer mundiais porque recebemos aqui uma 18o Congresso Brasileiro série de professores que vieram de diversos de Ortodontia, demons- países, que vieram colaborar cientificamen- trou novamente aos or- te com o acontecimento. A história do ‘Uni- todontistas brasileiros e verso ao seu alcance’ realmente aconteceu sul-americanos sua cres- nos três dias do evento. Conseguimos levar cente jornada de vitórias isso para o cirurgião-dentista, para o especialista. O colega sentiu que tem o poder e a condição de realmente levar para o seu consultório, para a sua vida de clínico, o que de melhor existe na nossa ciência e arte”. 638 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 e realizações”. ESPECIAL ORTO 2012-SPO Flavio Cotrim- Eduardo Sakai Ferreira Comissão Científica Comissão Científica “Trazer o evento para uma “Creio que neste ano, casa nova foi superpo- em que completou sua sitivo, todos os colegas 18a edição, o Congresso puderam assistir conforta- Brasileiro de Ortodontia velmente a todas as apre- atingiu a sua tão almejada sentações que planejaram. maturidade. A maturidade Na exposição comercial, física, representada pelas os colegas tiveram espaço fantásticas instalações para circular e puderam do Expo Center Norte, ver o que estava sendo proporcionaram conforto a todos os participantes e con- oferecido, além de escolher o que comprar. A programação ferencistas. Nosso evento também provou ser maduro científica trouxe informações de grande interesse, como o curso em sua integração social, uma vez que mais de seis mil do Dr. Andrews, o primeiro a lotar. Outro ponto extremamente pessoas estiveram conosco nestes três dias de reencon- positivo foi a realização de atividades em horários alternativos, tros e de trocas de experiências. Mas, acima de tudo, o permitindo ao congressista transitar com maior facilidade e Orto 2012-SPO mostrou a maturidade dos jovens adultos comodidade”. o que, a partir do 18 aniversário, passam a interagir de forma mais responsável e efetiva com a comunidade que o acolhe, trazendo cada vez menos preocupações e mais alegrias aos seus responsáveis”. Norberto Haroldo Vieira dos Santos Coordenador Executivo Martins “Não se organiza um even- Comissão Científica to como esse em um fim “Como diretor cien- de semana. Foram dois tífico da SPO, tive a anos de árdua dedicação, grata oportunidade de com a mobilização de cen- participar, com esfor- tenas de pessoas em tor- ço e dedicação, da no de um único objetivo: comissão organizado- promover um congresso ra da 18 a edição do inesquecível. Agora que Congresso Brasileiro chegamos ao final de mais de Ortodontia. Os objetivos alcançados superaram as uma jornada, podemos afirmar com satisfação que cumprimos expectativas dos organizadores e congressistas, que não plenamente a nossa missão. O Orto 2012-SPO foi um sucesso economizaram elogios à alta qualidade científica, organi- e quem ganha com isso é a Ortodontia brasileira. Nos próximos zação e acomodação física, além das comerciais, do Orto meses, os congressistas poderão aplicar tudo que aprenderam 2012-SPO. Isso prova que os caminhos percorridos pela durante esta maratona de conhecimento. Enquanto isso, uma Sociedade Paulista de Ortodontia continuarão a levar, cada nova equipe de trabalho da SPO e da VM Comunicação já está vez mais, ao desenvolvimento técnico, científico e social se articulando para superar tudo o que já foi feito e chegar da Ortodontia”. ainda mais longe: vem aí o Orto 2014-SPO!” OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 639 ExpOrto 2012 – Bons negócios para todos C o m á re a t o t a l d e 14.000 m2 e cerca de 100 empresas expositoras, representadas pelas maiores marcas nacionais e internacionais, a ExpOrto 2012 – Exposição Internacional de Produtos e Serviços para Ortodontia e Afins, proporcionou ao congressista o contato direto com novos produtos, tendências, ciclo de palestras e promoções exclusivas. Veja como foi a participação de alguns expositores. 640 OrtodontiaSPO | 2012;45(5):470-1 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO Cristian Corrêa, do GPCO – Grupo Paulista José Damian Alix de Cirurgia Ortognática Fernandez, da “O Grupo Paulista de Cirurgia Ortognática foi criado, dentro do mestrado Morelli Ortodontia de Ortodontia da Uniararas, com o intuito de trabalhar com ensino e pesquisa “O evento e a exposição comercial em cirurgia ortognática nos cursos de mestrado, doutorado e especialização, se superaram nesta edição do Orto. Em e para dar acesso à cirurgia ortognática a uma classe da população que termos de estande, foi a primeira vez que não tem condições. Assim, no evento, realizamos palestras sobre cirurgia fizemos um investimento relativamente ortognática e tratamento ortodôntico das deformidades dentofaciais, para alto e o resultado foi extremamente po- que os profissionais conheçam a interação entre ortodontista e cirurgião na sitivo. A tática, que adotamos há algum condução e no tratamento das deformidades. A nossa participação foi muito tempo, de promover palestras dentro positiva, tivemos boa aceitação do público e dos ortodontistas.” do estande para passar informações mais rápidas e objetivas, tem dado muito certo. Muitas pessoas passaram pelas palestras promovidas pela Morelli, Leonardo Napoleão, da Editora Napoleão sem falar no próprio estande. Dentre “O Orto é um congresso de muita expressão no segmento. Na Orto- as novidades apresentadas, o braquete dontia, é o maior do Brasil, acredito que seja um dos maiores do mundo em autoligável, resultado de mais de seis nosso segmento de livros. Porém, não temos um resultado financeiro que anos de trabalho, tem uma concepção cubra os custos do investimento, mas como editora é muito importante. É bem mais moderna, e com um preço uma feira que não podemos deixar de participar porque é onde encontra- mais acessível, o que é bom para todos. mos os maiores expoentes da Ortodontia, e nesse sentido é excelente para Chegamos aonde estamos ouvindo as mostrarmos as obras e os lançamentos, conversar e captar novos autores.” sugestões do ortodontista.” Norberto Prestes, da Aditek “O Orto-SPO é um dos eventos onde mais vale a pena participar, e esta edição surpreendeu bastante pela quantidade de palestras e novidades apresentadas. A participação da Aditek teve por objetivo apresentar um novo posicionamento da empresa e mostrar toda a nossa tecnologia e inovação, por isso investimos muito na organização do estande. Além disso, trouxemos dois lançamentos: o EasyClip Lock, um novo membro da família EasyClip – sistema autoligável que existe desde 2007 – e o BioClip, o autoligável interativo, desenvolvido pelo Dr. John Voudouris, uma das maiores autoridades nesses braquetes. A Aditek, mais uma vez, está ampliando seu portfólio para atender todos os nossos clientes.” OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 641 Reinaldo T. Portellinha, da Orthometric “Queremos agradecer a todos os visitantes do Orto 2012-SPO e a organização do evento por mais essa oportunidade de estar próximo a milhares de profissionais da Ortodontia. Além do grande interesse pelos cursos ministrados no estande, muitos tiveram a chance de conhecer de perto os lançamentos, em especial o braquete autoligado, que foi um dos produtos de maior destaque no evento, o Orthoclip SLB. Fica um convite especial para que conheçam cada vez mais a nossa linha de produtos, pois queremos sempre estar presentes no dia a dia, oferecendo produtos de alta qualidade para uma perfeita solução em Ortodontia.” Taíse Fagnani, Marco Cadioli, da 3M Unitek/Abzil da Dentsply “Para esta edição do Orto GAC Orthomax 2012-SPO, trouxemos dois lan- “O congresso foi çamentos: o Claryt Advanced, muito bonito e bem orga- um braquete estético superior, nizado, com um espaço de cerâmica diferenciada, mi- melhor, um local mais croparticulada, que proporciona moderno e adaptado. inúmeros benefícios aos orto- Um evento que está pro- dontistas e seus pacientes; e o porcionando uma nova Incognito, um braquete lingual, imagem da Ortodontia, 100% customizado, com ligas como algo de ponta na de ouro, que hoje é a melhor Odontologia. Esse even- opção de tratamento, e dife- to é referência mundial, renciado para cada paciente. com absoluta certeza, Além disso, tivemos uma área com muitas palestras e educacional, com palestras novidades para o pro- principalmente de autoligados. fissional, achei tudo a Um sucesso absoluto.” contento.” Flávio Lopes, da Orthosourse/OrthoMundi “Desde 1998 participamos da feira e consideramos boa a mudança para o Expo Center Norte, que veio solucionar uma série de problemas que tínhamos no Pavilhão do Anhembi, com relação a espaços e ambientes. Comercialmente, também está sendo muito positivo, sobretudo para a nossa empresa, pois estamos fazendo uma transição de marca, mudando de “Orthosourse do Brasil” para “OrthoMundi”. Sendo assim, o Orto 2012-SPO foi a oportunidade perfeita para este lançamento.” 642 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO A opinião de quem participou O Orto 2012-SPO reuniu mais de quatro mil congressistas, que tiveram a oportunidade de atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares. Confira o que os congressistas acharam do evento: Eduardo Pereira (Bahia) – Adorei o curso Tailise Andrade de Salvador (Bahia) do professor Carlos Alberto Cabrera. É a primeira Achei bastante interessante, o evento foi muito bem vez que participo desse congresso, era um desejo organizado com boas palestras e bons profissionais. antigo meu, e considero minhas expectativas aten- Assisti o curso sobre Classe II com o Martin Epstein, didas. A feira foi ótima, e vi palestras paralelas que, e foi muito interessante. com certeza, enriqueceram meus conhecimentos. Luís Gustavo Ribeiro Gomes (São Marsha Ventura (São Paulo) – A con- Paulo) – Os cursos trouxeram muitas novidades ferência que mais gostei foi a do professor Alberto e ajudaram a reciclar nosso conhecimento. Consolaro. A feira está bem organizada e sem fila! Vanessa Dias (Bahia) – Adorei o congresso, Taisa Moraes (Bahia) – Gostei muito do muito bem organizado, a estrutura está muito boa. curso do Marcos Janson, com uma aula muito inte- O curso que mais gostei foi o do Marcos Janson, ele ressante e conteúdo muito bom. A feira está ótima. é excelente, sabe prender a atenção da plateia, e o Os painéis estão bem interessantes. Gostei bastante. conteúdo foi ótimo. Valeu a pena. Márcio Lupe (São Paulo) – Todas as paJosivaldo (Bolívia) – Eu adorei a feira, achei lestras foram de alto nível, com uma programação muito organizada. Sempre venho a esse evento. científica muito completa. O bom das palestras é que Gosto de ver os painéis científicos e a programação sempre aprendemos alguma coisa. A feira estava científica. Fiquei muito satisfeito. excelente para fazer compras. Olga Nagano (Minas Gerais) – O nível Ângela Macedo (São Paulo) – A estrutura das palestras foi de uma magnitude muito boa e do congresso ficou muito melhor, comparada aos gostei bastante das novidades sobre os autoligáveis. anos anteriores. Os cursos estavam ótimos e foram feitas boas escolhas dos professores convidados. Andreia Oliveira (Rio de Janeiro) – Gostei bastante do evento, foi bem organizado, gos- Elza Maria dos Santos (São Paulo) – O tei das palestras dos autoligáveis e vi apresentações evento foi muito bem organizado, com palestras ex- que mostraram grande praticidade para o dia a dia. celentes e com novidades. Adorei as apresentações dos professores Hideo Suzuki e também o curso do Celso Garcia Rodrigues (São Paulo) Young Park. Os preços oferecidos na feiras estão Os cursos tiveram uma qualidade muito boa e com melhorando, creio que a produção nacional torne o local bem acessível. Em relação às palestras, gostei mercado mais competitivo. muito das apresentadas por Young Park, Jurandir Barbosa, Hideo Suzuki e Lars Christensen. Deu-se muito foco nos autoligados, poderiam ser mais abrangentes, porém, foram ótimas. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 643 Premiação à produção científica Para incentivar a produção científica na área da Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares, o Orto 2012-SPO montou um espaço para expor os trabalhos científicos. Os melhores trabalhos premiados encontram-se a seguir: Prêmio Jovem Pesquisador SPO 1o lugar Alterações dentárias sagitais, transversais e rotacionais, decorrentes da distalização de molares superiores com o aparelho pêndulo modificado associado à ancoragem esquelética Autores: Acácio Fuziy, Fabrício Monteiro de Castro Machado, Aldo Otazu Cambiano Prêmio Jovem Pesquisador SPO Integração de aspectos clínicos e científicos em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares. 2o lugar 4o lugar Uso seletivo dos músculos da mão e antebraço durante a Estudo prospectivo dos efeitos dentoesqueléticos e tegumen- inserção de mini-implantes: um torquímetro natural tares do aparelho Twin-block comparado aos do Bionator no Autores: Sérgio Estelita, Guilherme Janson, Kelly Chiqueto, tratamento da má-oclusão de Classe II com retrognatismo Eduardo Silveira Ferreira mandibular Autores: Lucelma Vilela Pieri, José Fernando Castanha 3o lugar Henriques, Guilherme Janson, Arnaldo Pinzan Avaliação da inclinação vestibulolingual dos tubos de segundos molares inferiores na prescrição MBT Autores: Alessandro Veraldo Silva, Acácio Fuziy, Flavio Augusto Cotrim-Ferreira, Fernando César Torres, Wendel Minoro Muniz Shibasaki 5o lugar Estudo prospectivo de movimentação dentária como recurso alternativo para aumento do rebordo alveolar Autor: João Marcos Pedro Rosa Junior Orientador: Adilson Luiz Ramos Coautores: Mariela Francisco Machado, Edna Maria Daibert de Araujo Khoury 644 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 ESPECIAL ORTO 2012-SPO 6o lugar Avaliação do intervalo de transição térmica das ligas de níquel-titânio termoativadas Autores: Tatiana Sobottka Spini, Rodrigo Hermont Cançado, Karina Maria Salvatore de Freitas, Fabrício Pinelli Valarelli 7o lugar Avaliação cefalométrica dos efeitos esqueléticos e dentoalveolares do Pendulum em pacientes jovens Autores: Fernanda Silva Mattos, Eduardo César Werneck, Márcio Garcia da Silva, Adriano Marotta Araújo 8o lugar Influência da perda de ancoragem sobre o posicionamento final dos incisivos superiores e ANL Autores: Eduardo César Werneck, Fernanda Silva Mattos, Márcio Garcia da Silva, Adriano Marotta Araújo 9o lugar Variações anatômicas e posicionais da ATM por tipo facial vertical na tomografia computadorizada cone-beam Autores: Ney Alberto Paredes Sampen, Manuel Silva-Valencia, Jessica Margoth Arieta-Miranda, Luis Ernesto Arriola-Guillén 10o lugar Padrões de movimentos mastigatórios na respiração oral e nasal Autores: Márcia Maciel, Cássio M. Lemos, Jorge L. Zeredo Painel – Ortopedia Funcional dos Maxilares 1o lugar Caso clínico de disfunção de ATM (DTM)/dor orofacial (DOF) em tratamento com Ortopedia Funcional dos Maxilares (OFM), acompanhado por fotografias intra e extrabucais, e radiografias frontal e C7 Apresentadora/Autora: Rossana Bernardes Instituição: Sobracom – Sociedade Brasileira de Correções Odonto-Maxilares 2o lugar Avaliação tomográfica tridimensional das alterações esqueléticas e dentoalveolares de pacientes tratados com o Aparelho de Herbst Apresentadora/Autora: Suelen Wacheski Borges Coautores: Paula Porto Spada, Lucia Cevidanes, Gisele Correr, Aguinaldo Farias 3o lugar Tratamento da Classe II esquelética com o aparelho SN1 – Relato de caso clínico Apresentadora/Autora: Káren Güenter Coautoras: Tatiana Duarte Selliach, Cristina Saft Matos Vieira Orientador: Christian Zamberlan Angheben Instituição: Instituto da Face Orientador: Alexandre Moro Instituição: Universidade Positivo/University of Michigan OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 645 Painel – Ortodontia – Pesquisa 1o lugar Braquetes autoligados versus aparelho convencional pré-ajustado Edgewise: um estudo CBCT no arco inferior Apresentadora/Autora: Lais Giacomini Galli Coautores: Cristina Futagami, Renato Rodrigues de Almeida, Ana Cláudia de Castro Ferreira Conti, Paula Vanessa Oltramari-Navarro Orientador: Márcio Rodrigues de Almeida Instituição: Universidade Norte do Paraná 2o lugar Efeitos do Sistema Damon no osso alveolar, avaliados através da tomografia computadorizada do feixe cônico 3o lugar Influência da morfologia facial no volume das vias aéreas superiores Apresentadora/Autora: Juliana Fernandes de Morais Apresentador/Autor: Diemis Ricardo Masson Coautores: Nuria Cabral Castello Branco, Karina Maria Coautores: Milena Lenza, Eduardo Beaton Lenza, Salvatore de Freitas, Paolo Maria Cattaneo, Birte Melsen Orientador: Marcos Roberto de Freitas Instituição: Faculdade de Odontologia de Bauru - USP / Marcos Augusto Lenza, Flávio Henrique Cognetti Orientador: Maurício Guilherme Lenza Instituição: Instituto Lenza de Pós-Graduação Universidade de Aarhus - Dinamarca Painel – Ortodontia – Caso Clínico 1o lugar Comparação dos resultados oclusais obtidos com Invisalign e com braquetes estéticos em um mesmo paciente Apresentadora/Autora: Vitória de Oliveira Chami Coautores: Guilherme Janson, Kelly Chiquetto, Denise Ficht Orientador: Sérgio Estelita Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 2o lugar Tratamento não cirúrgico da mordida aberta esquelética com a técnica do Arco Multiloop de Edwise (Meaw): relato de caso Apresentador/Autor: Walter Edward Rospigliosi Sáenz Coautores: Ricardo Voss Zuazola, Cristian Basili Escobar Orientador: Jonas Capelli Junior Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 646 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46 3o lugar Tratamento ortodôntico compensatório das más-oclusões do Padrão II, deficiência mandibular: relato de caso Apresentadora/Autora: Isabella Simões Holz Coautores: Gizelle Monteiro Vallinoto, Leticia Moraes de Aguiar, Fabio Pinto Guedes, Maurício de Almeida Cardoso Orientador: Leopoldino Capelozza Filho Instituição: USC – Universidade Sagrado Coração, Bauru/SP Trabalho original Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II, divisão 1 Effects of the Klammt's elastic open activator in the Class II division 1 malocclusion treatment Aristeu Correa Bittencourt Neto*, Marisana Piano Seben*, Karina Maria Salvatore de Freitas**, Rodrigo Hermont Cançado***, Fabrício Pinelli Valarelli*** RESUMO – Objetivo: o objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações cefalométricas dentárias e esqueléticas provenientes da utilização do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II, divisão 1. Material e métodos: a amostra foi constituída de 22 pacientes que apresentavam má-oclusão de Classe II, divisão 1, com idade média inicial de 9,71 anos (D.p. = 1,39), os quais foram tratados com ativador aberto elástico de Klammt por um período médio de 1,58 anos (D.p. = 0,74). As telerradiografias em norma lateral foram realizadas para cada paciente no início e no final do tratamento. As variáveis cefalométricas foram avaliadas pelo teste t dependente nos estágios inicial e final do tratamento com significância estatística de p < 0,05. Resultados: houve aumento no comprimento da mandíbula durante a fase de tratamento. Os incisivos superiores sofreram uma inclinação para lingual e retrusão em relação à sua base óssea, enquanto que os incisivos inferiores apresentaram inclinação para vestibular e protrusão. Conclusão: houve uma melhora significante da relação maxilomandibular proveniente das alterações esqueléticas e dentárias, consequentes do tratamento com o aparelho aberto elástico de Klammt, somadas ao crescimento normal dos indivíduos. Unitermos – Má-oclusão de Classe II; Aparelhos ativadores; Circunferência craniana. ABSTRACT – Objective: the aim of this study was to evaluate the dental and skeletal cephalometric changes produced by the use of Klammt’s elastic open activator in the treatment of Class II, division 1 malocclusion. Methods: the sample consisted of 22 Class II division 1 malocclusion patients, at a mean initial age of 9.71 years (s.d.=1,39), which were treated with Klammt’s elastic open activator for a mean period of 1,58 years (s.d.=0,74). The lateral cephalograms were taken of each patient at the beginning and at the end of treatment. The cephalometric variables were analized by dependent “t” tests with p < 0,05 to compare measures at initial and final stages of treatment. Results: there was increase in effective mandibular length during treatment. The maxillary incisors presented a palatal inclination and retrusion, while the mandibular incisors had a buccal inclination and protrusion. Conclusion: there was a significant improvement in maxillomandibular relationship derived from the skeletal and dental changes resulting from treatment with the Klammt’s open elastic activator and from normal growth of individuals. Key Words – Class II malocclusion; Activator appliances; Cephalometrics. *Mestres em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR. **Coordenadora do Mestrado Profissionalizante em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR. ***Professores do Mestrado Profissionalizante em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR. Recebido em jun/2012 – Aprovado em jul/2012 648 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 Ortopesquisa | Introdução máxima de 11,41) e idade média final de 11,30 anos (D.P. de 1,40 com mínima de 9,33 e máxima de 14,66), os quais foram O tratamento ortopédico com aparelhos funcionais removíveis de propulsão mandibular para a correção da Classe II esquelética apresenta boa efetividade quando o paciente se encontra tratados com ativador aberto elástico de Klammt. Os critérios de inclusão dos pacientes no presente trabalho foram: com potencial de crescimento remanescente1. Alguns desses aparelhos são bem difundidos e rotineiramente utilizados para • Má-oclusão de Classe II, divisão 1, definida pela presença da o tratamento das más-oclusões que apresentam desarmonias relação de degrau distal entre os segundos molares decíduos esqueléticas. Embora apresentem variações em sua forma, bilateralmente; basicamente esses aparelhos empregam o mesmo princípio de ação, ou seja, a propulsão mandibular. Por esse motivo, salvo • Presença de todos os dentes permanentes nos arcos dentários até os primeiros molares; pequenas diferenças, os efeitos esqueléticos e dentoalveolares • Não ter realizado tratamento ortodôntico prévio; que proporcionam também se assemelham2-4. • Apresentarem telerradiografia no início e imediatamente ao Investigações científicas têm sido realizadas a respeito dos efeitos do tratamento com aparelhos ortopédicos em pacientes com má-oclusão de Classe II. Diversos resultados estão final do tratamento; • Apresentarem-se anteriormente ou na fase de surto de crescimento. relatados na literatura, onde se destaca que a maior parte das alterações é basicamente dentoalveolar5-7. Métodos O ativador aberto elástico de Klammt é um aparelho ortopédico funcional removível que, segundo o seu idealizador, apresenta vantagens sobre os outros aparelhos que 8 Confecção do aparelho A confecção do aparelho foi realizada da seguinte forma: os desempenham a mesma função . Dentre estas vantagens, são modelos de gesso de cada paciente são montados na relação citados: o menor volume do aparelho, a maior elasticidade, as da mordida construtiva e fixados no articulador. A quantidade do menores interferências na fonação e o maior espaço disponível avanço estabelecido na mordida construtiva foi o recomendado para o posicionamento da língua8. Entretanto, poucos estudos pelo idealizador do aparelho, em 198415, de no máximo 10 mm têm sido realizados acerca dos efeitos proporcionados pelo em uma etapa. Nesse trabalho, o avanço mínimo foi de 7 mm ativador aberto elástico de Klammt no tratamento ortodôntico e o máximo foi de 10 mm. 9-10 da má-oclusão de Classe II, divisão 1 . Os artigos existentes O aparelho consiste em combinação de acrílico e fios de consistem em relatos de casos clínicos, ou mesmo em descri- aço, dividido em duas partes: uma superior e outra inferior, com ções de confecção do aparelho11-14. superfícies guias entre as duas partes. A confecção laboratorial do aparelho foi executada pelo mesmo técnico para todos os | Proposição pacientes, como preconizado pelas normas de confecção do aparelho em 198415 (Figura 1). O objetivo desta investigação é avaliar, por meio de telerradiografias e variáveis cefalométricas, as alterações dentárias e esqueléticas produzidas pelo ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II. | Material e Métodos Material Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em PesFigura 1 Vistas frontal, lateral, superior e inferior do aparelho de Klammt. quisa, da Faculdade Ingá, e foi constituído de 22 pacientes que apresentavam má-oclusão de Classe II, divisão 1, sendo 13 do gênero masculino e nove do gênero feminino, com idade média inicial de 9,71 anos (D.P. de 1,39 com mínima de 7,74 e OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 649 Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP Após o período de adaptação, os pacientes receberam orientações especiais quanto ao tempo de uso do aparelho (dia e noite), removendo-o apenas nas principais refeições. A ativação do aparelho era realizada mensalmente, ajustando o arco vestibular do aparelho e realizando os desgastes na face inferior do acrílico interoclusal na região posterior. Todos os pacientes do grupo experimental foram instruídos a utilizar o mesmo aparelho como contenção por um período médio de nove meses. O tempo de tratamento dos pacientes foi em média de 1,58 anos (D.P. de 0,74 com mínimo de 1,00 ano e máximo de 2,67 anos). Ao final do tratamento, os pacientes apresentavam relação molar de Classe I sobrecorrigida em oclusão de relação cêntrica. Figura 2 Grandezas cefalométricas esqueléticas: componente maxilar 1 – SNA; 2 – A-Nperp; 3 – Co-A, componente mandibular; 4 – SNB; 5 – P-Nperp; 6 – Co-Gn, relação maxilomandibular; 7 – ANB; 8 – Afai; 9 – Co-Gn/Co-A, componente vertical; 10 – SN.Go-Gn; 11 – SN.Ocl; 12 – FMA. Os pacientes desse trabalho foram tratados por um único ortodontista. Medição das telerradiografias Foram obtidas duas telerradiografias em norma lateral de cada indivíduo, totalizando 44 radiografias. Estas foram realizadas em dois tempos, início do tratamento (T1) e imediatamente após o final do tratamento ortopédico (T2). As radiografias da amostra foram realizadas em três diferentes aparelhos e, como esses aparelhos eram de marcas diferentes, foi realizada a determinação da magnificação de cada aparelho de raio X e informado ao programa cefalométrico para que procedesse a correção da mesma (6%, 7,9% e 9,8%). As telerradiografias foram escaneadas com escâner de mesa Microtek ScanMaker i800 (9600 x 4800 dpi, da Microtek International Inc., Carson, CA, USA) e acopladas a um microcomputador Pentium III. As imagens foram transferidas ao programa Dolphin Imaging Premium 10.5 (Dolphin Imaging Figura 3 Grandezas cefalométricas dentárias: componente dentoalveolar superior 13 – 1-NA; 14 – 1.NA; 15 – 1-APerp, componente dentoalveolar inferior; 16 – 1-NB; 17 – 1.NB; 18 – 1-AP; 19 – Impa, relações dentárias; 20 – Tresp. horiz.; 21 – Tresp. vert.; 22 – Rel. molar. & Management Solutions, Chatsworth, CA, USA), por meio do qual foram digitalizados os pontos por um único examinador (A.C.B.N.) e processadas as mensurações pelo programa. As medições foram realizadas mediante as grandezas cefalométricas esqueléticas, dentárias e tegumentares (Figuras 2 a 4). Erro do método Para avaliar a confiabilidade do pesquisador na demarcação dos pontos cefalométricos, 20 telerradiografias foram selecionadas ao acaso, redigitalizadas e os pontos novamente demarcados no computador pelo mesmo examinador após um intervalo de 30 dias. A aplicação da fórmula (Se² = somatória d²/2n) permitiu estimar a ordem de grandeza dos erros 650 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 Figura 4 Perfil tegumentar: 23 – Ls-Linha E; 24 – Li-Linha E; 25 – Convexidade. Ortopesquisa casuais16. A obtenção dos erros sistemáticos TABELA 1 – RESULTADOS DO ERRO INTRAEXAMINADOR CASUAL E SISTEMÁTICO (N = 20) procedeu-se pela aplicação do teste t depen17-18 dente (Tabela 1). 1a medição Variáveis Média D.P. 2a medição Média D.P. Dahlberg P Componente maxilar Análise estatística SNA (º) 80,09 4,90 80,00 4,96 0,82 0,739 comparação das medidas das fases inicial e A-Nperp (mm) 0,00 3,33 0,34 3,72 0,87 0,230 final dos pacientes. Os testes estatísticos foram Co-A (mm) 81,25 5,10 80,38 4,78 1,39 0,043* O teste t dependente foi utilizado para realizados com o programa Statistica 7.0. Os Componente mandibular resultados foram considerados estatisticamente significantes para p < 0,05. | Resultados SNB (º) 74,55 3,77 74,65 3,79 0,68 0,640 P-Nperp (mm) -7,59 4,48 -6,70 4,41 1,56 0,069 Co-Gn (mm) 100,79 5,47 100,49 5,65 1,13 0,416 Relação maxilomandibular Na Tabela 1 estão dispostos os resultados do erro intraexaminador (sistemático e casual). As fases inicial (T1) e final (T2) do tratamento dos pacientes foram comparadas na ANB (º) 5,54 2,78 5,36 2,78 0,51 0,281 Afai (mm) 59,53 4,02 59,56 3,83 0,55 0,891 Co-Gn/Co-A (mm) 19,54 3,93 20,09 3,85 1,17 0,145 Tabela 2. Todos os componentes estudados apresentaram alterações significantes durante Componente vertical Sn.Go-Gn (º) 35,92 5,59 35,33 5,33 1,02 0,070 Sn.Ocl (º) 20,24 4,42 19,61 4,42 0,92 0,025* FMA (º) 25,90 3,98 24,85 3,88 1,00 0,000* o período estudado. O componente maxilar apresentou uma restrição de crescimento anteroposterior. No componente mandibular, a variável Co-Gn apresentou alteração durante o período estudado. A relação maxilomandibular apresentou diferença significante em todas as variáveis que a caracterizava. O componente vertical, de acordo com as variáveis Sn.Go-Gn e Componente dentoalveolar superior 1-NA (mm) 2,46 2,11 2,83 1,91 0,69 0,094 1.NA (º) 21,09 7,71 21,26 7,50 1,01 0,608 1-Aperp (mm) 4,16 1,78 4,42 1,26 0,66 0,217 Componente dentoalveolar inferior Sn.Ocl, apresentou alterações estatisticamente significantes. No componente dentoalveolar, os 1-NB (mm) 4,05 1,73 4,05 1,74 0,27 1,000 incisivos superiores apresentaram verticalização 1.NB (º) 27,16 4,46 27,02 4,42 1,26 0,735 1-AP (mm) 0,19 1,81 0,36 1,80 0,44 0,233 Impa (º) 96,68 4,91 97,03 5,13 1,81 0,556 e retrusão, enquanto os incisivos inferiores apresentaram vestibularização e protrusão. O trespasse horizontal teve diminuição significan- Relações dentárias te, assim como a relação molar. Em relação ao perfil tegumentar, o lábio superior apresentou retração significante. | Discussão Tresp. horiz. (mm) 5,83 2,43 5,92 2,48 0,25 0,253 Tresp. vert. (mm) 3,41 1,68 3,33 1,80 0,32 0,452 Rel. molar (mm) 0,15 1,64 0,00 1,71 0,33 0,135 Perfil tegumentar O erro casual indica a dificuldade encontra- Ls-Linha E (mm) 0,01 1,50 0,08 1,75 0,52 0,683 da pelo examinador em identificar e definir certos Li-Linha E (mm) 0,37 2,15 0,32 2,36 0,54 0,781 127,23 3,90 126,84 4,50 0,99 0,229 pontos radiográficos utilizados nas medições cefalométricas18. Os erros casuais encontrados nas medidas verificadas neste estudo se N’.Pr.P’ (º) *estatisticamente significante para p < 0,05. assemelham com resultados encontrados na OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 651 Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP literatura19. Assim, para grandezas lineares, esse erro variou de 0,25 mm (Tresp. Horiz.) a 1,56 mm TABELA 2 – COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ESTUDADAS NA FASE INICIAL (T1) E FINAL (T2) – TESTE T DEPENDENTE (N = 22) Fase inicial (T1) (P-Nperp), e para medidas angulares, esse erro variou de 0,51º (ANB) a 1,81º (Impa), sendo que P Média somente duas variáveis apresentaram valor acima de 1,5 mm ou 1,5º (P-Nperp e Impa). O erro siste- Fase final (T2) Variáveis D.P. Média D.P. Componente maxilar SNA (º) 80,86 3,87 79,70 3,79 0,001 uma vez que o examinador tende a sub ou supe- A-Nperp (mm) 0,92 3,01 -0,45 2,79 0,004 restimar os valores de suas medições de maneira Co-A (mm) 79,78 4,26 81,50 4,56 0,000 mático reflete a falta de padronização do método, inconsciente, de forma a direcionar os resultados18. Dentre as 25 variáveis deste trabalho, somente três (Co-A, Sn.Ocl e FMA) apresentaram erros sistemáticos (Tabela 1), evidenciado pelo resultado significante do teste t (p < 0,05). Este resultado pode ser comparado Componente mandibular SNB (º) 74,13 3,24 74,70 3,40 0,065 P-Nperp (mm) -8,26 4,93 -8,49 5,32 0,723 Co-Gn (mm) 97,58 4,45 102,41 4,47 0,000 àqueles reportados por outros autores em pesquisas semelhantes5,20, como também a pesquisa realizada por outro autor4, em 2003, que avaliou os efeitos de uma amostra tratada com o regulador de função de Fränkel na má-oclusão de Classe II com Relação maxilomandibular ANB (º) 6,73 2,26 4,99 2,08 0,000 Afai (mm) 59,51 4,11 61,00 4,64 0,000 Go-Gn/Co-A (mm) 17,77 2,82 20,90 3,14 0,000 Componente vertical um grupo controle sem tratamento, e encontrou quatro variáveis das 41 utilizadas na pesquisa que Sn.Go-Gn (º) 37,06 4,76 36,42 5,03 0,027 apresentaram erro sistemático, evidenciando que é Sn.Ocl (º) 19,15 3,44 20,77 4,33 0,000 FMA (º) 26,82 4,64 26,62 4,60 0,467 comum encontrar erros pela dificuldade de definir determinadas estruturas nas telerradiografias, seja Componente dentoalveolar superior pela complexidade anatômica ou pela sobreposição das estruturas21. Contudo, a média das variáveis 1-NA (mm) 2,97 1,83 1,92 1,77 0,000 desse trabalho que apresentaram erro sistemático 1.NA (º) 23.60 6,77 18,21 5,79 0,000 1-Aperp (mm) 4,45 1,10 3,56 1,49 0,001 ou erro casual indica um valor considerado clinicamente de pouca importância. Assim, os resultados Componente dentoalveolar inferior do erro intraexaminador demonstraram que houve reprodutibilidade adequada na demarcação dos 1-NB (mm) 3,93 2,21 4,87 2,06 0,001 pontos cefalométricos, permitindo a confiabilidade 1.NB (º) 25,83 6,56 28,48 5,47 0,010 dos dados obtidos. 1-AP (mm) -0,32 2,08 1,54 1,73 0,000 Impa (º) 94,61 5,96 97,36 5,93 0,007 Em relação a comparação realizada entre as fases inicial (T1) e final (T2) do tratamento dos pa- Relações dentárias cientes, todos os componentes estudados sofreram alterações (Tabela 2). Esses resultados já eram Tresp. horiz. (mm) 7,73 1,84 4,08 0,71 0,000 esperados, pois além dos pacientes se apresenta- Tresp. vert. (mm) 2,62 2,69 2,83 1,39 0,673 rem em fase de crescimento, ainda houve a ação Rel. molar (mm) 1,10 1,37 -0,99 1,19 0,000 do ativador aberto elástico de Klammt durante o Perfil tegumentar tratamento da Classe II. A utilização de um grupo controle seria de Ls-E (mm) 1,26 1,93 -0,41 1,96 0,000 grande valia para o entendimento e separação dos Li-E (mm) 1,30 2,43 0,99 2,93 0,332 resultados advindos do crescimento dos pacientes, Convexidade (º) 126,50 4,73 126,92 5,05 0,428 separadamente das alterações promovidas pelo aparelho utilizado nesse estudo. Contudo, a inclusão 652 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 *estatisticamente significante para p < 0,05. Ortopesquisa de um grupo controle de pacientes Classe II não tratados se torna muito difícil, ao passo que o acompanhamento de pacientes com essa característica, atualmente, não é permitido sem um tratamento adequado da má-oclusão. Nesse estudo, o componente maxilar apresentou um redirecionamento do crescimento maxilar, com restrição do vetor de Figura 5 Sobreposição em base do crânio (S-N) dos traçados inicial (T1) – preto – e final (T2) – verde – ilustrando as alterações ocorridas pelo grupo experimental durante o tratamento. crescimento anterior, evidenciado pela diminuição das variáveis SNA e A-NPerp. Esses efeitos estão de acordo com autores que realizaram trabalhos semelhantes utilizando aparelhos funcionais propulsores de mandíbula10,19-20,22. Esses autores mostram que os aparelhos funcionais atuam na maxila e na mandíbula, simultaneamente, e são confeccionados em oclusão modificada, obrigando os músculos mastigatórios a exercerem uma ação em direção posterior, redirecionando assim o crescimento maxilar com restrição do vetor de crescimento para alterações ocorridas no componente mandibular favorecem a anterior. A variável Co-A apresentou um aumento estatistica- o crescimento mandibular com aparelhos funcionais1-3,9. No mente significante, o que é perfeitamente compreensível, pois entanto, outros estudos clínicos não chegaram às mesmas os pacientes do grupo experimental apresentavam-se em fase conclusões5,22,24-25. de crescimento e, por ser uma variável que expressa o tamanho A relação maxilomandibular apresentou diferença signifi- efetivo da maxila medida em milímetros, o seu aumento já era cante em todas as variáveis que a caracterizavam. Especula-se esperado mediante o tempo de observação (Figura 5). Sabe-se que a variável ANB sofreu diminuição por causa de dois fatores que o comprimento maxilar aumenta gradativamente com a principais: a restrição do crescimento da maxila observada no 23 idade, em ambos os gêneros . Como nesse trabalho o tempo componente maxilar (SNA e A-Nperp), associado ao crescimento de tratamento para o grupo experimental foi de 1,6 anos, já da mandíbula nesses pacientes, representado pela variável era esperado o aumento para essa variável como encontrado Co-Gn1,3 (Tabela 2). por outros autores2-3,10. O aumento estatisticamente significante nos valores da O componente mandibular não apresentou diferença Afai está de acordo com a grande maioria dos trabalhos na estatisticamente significante (SNB e P-NPerp), a não ser pela literatura2,5,20,22. Nos pacientes deste trabalho, o aumento da variável Co-Gn, que segue o mesmo padrão da variável Co-A. Afai deveu-se ao crescimento e ao desenvolvimento normal Ou seja, faz parte do crescimento e desenvolvimento normal, associado ao fato de que o aparelho utilizado foi construído e por isso era esperado que o valor numérico desta variável em oclusão modificada, com aumento do espaço interoclusal aumentasse. Somando-se ao crescimento e ao desenvolvimento entre os dentes, comum na confecção desse tipo de aparelho normal, especula-se que a utilização do ativador elástico de para a correção da Classe II, permitindo uma extrusão dos Klammt durante o período de crescimento do paciente possa dentes posteroinferiores. ter influenciado o aumento do tamanho da mandíbula ao final O componente vertical, de acordo com as variáveis Sn.Go-Gn do tratamento ortopédico (T2), expressado pela variável Co-Gn e Sn.Ocl, apresentou alterações estatisticamente significantes, (Figura 5). Os efeitos clínicos da influência dos aparelhos funcio- sendo que Sn.Go-Gn diminuiu significantemente, indicando que nais sobre o crescimento mandibular é bastante controverso. A o ativador elástico de Klammt produz certa influência no padrão principal questão é se o tratamento com aparelhos funcionais de crescimento craniofacial e demonstrando uma rotação anti- induz a um aumento de crescimento mandibular clinicamente horário da mandíbula, com uma tendência ao fechamento do significante, que possa contribuir para a correção dos proble- ângulo do plano mandibular9,19,26, contrariamente ao relatado mas no sentido anteroposterior, justificando a sua utilização. por diversos autores5, que os aparelhos funcionais promovem Muitas investigações clínicas e em animais existem a um aumento da Afai, e outros pesquisadores, que acreditam respeito das alterações ocorridas no componente mandibular, não ter influência sobre o componente vertical10,27 (Figura 5). advindas de aparelhos propulsores de mandíbula. A litera- Autores4, avaliando os efeitos produzidos pelo aparelho de tura apresenta vários estudos clínicos que mostram que as Fränkel, não encontraram diferença estatisticamente diferente OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 653 Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP Os aparelhos funcionais tendem a provocar uma inclinação vestibular e protrusão em grau variável dos incisivos inferiores, como evidenciado em algumas pesquisas5,14,27,29. Esse efeito é resultado da protrusão mandibular produzida pela mordida construtiva dos aparelhos funcionais, onde o contato dos dentes anteroinferiores com o acrílico do aparelho proporcionará essa inclinação dentária para vestibular. nestas variáveis, entretanto, houve uma ligeira tendência de como evidenciado em algumas pesquisas5,14,27,29. Esse efeito redução das mesmas. Supõe-se que o aparelho de Klammt é resultado da protrusão mandibular produzida pela mordida permita o maior desenvolvimento vertical na região posterior, construtiva dos aparelhos funcionais, onde o contato dos dentes propiciando uma leve rotação no sentido anti-horário da mandí- anteroinferiores com o acrílico do aparelho proporcionará essa bula por causa do acrílico na região posterior, combinado com inclinação dentária para vestibular. a mínima abertura vertical da mordida construtiva utilizada para Nas relações dentárias, houve uma correção estatistica- confecção do aparelho. Entretanto, a variável Sn.Ocl aumentou, mente significante do trespasse horizontal (Tresp.Horiz), onde evidenciando uma alteração do plano oclusal no sentido horário ocorreu uma combinação de alterações dentárias provenientes devido principalmente ao desenvolvimento alveolar mais vertical da retrusão e da inclinação para palatino dos incisivos superiores dos dentes na região posterior, propiciado pelo aumento da com a inclinação dos incisivos inferiores2,22,24,27, além das altera- distância interoclusal quando o aparelho é utilizado. ções esqueléticas referentes a restrição do crescimento maxilar No componente dentoalveolar superior, todas as variáveis associado ao maior desenvolvimento mandibular anterior3,10,28 estudadas demonstraram diferença estatisticamente significan- (Figura 5). No trespasse vertical indicado pela variável Tresp.Vert. te. Isso indica que os incisivos superiores do grupo experimental ocorreram alterações, porém, não estatisticamente significantes, apresentaram uma lingualização ao longo do tratamento, veri- provavelmente porque os arcos palatinos e linguais do aparelho ficada pela variável 1.NA, e também retrusão, verificada pelas são adaptados contiguamente às superfícies internas desses variáveis 1-NA e 1-NPerp (Figura 5). Essas alterações estão de dentes, minimizando a extrusão dos mesmos. Com relação à acordo com grande parte dos autores3,9-10,14,24,27-28. Esse efeito extrusão dos molares, principalmente os inferiores, que pode ser ocorreu pelo fato de que os aparelhos ortopédicos funcionais considerada uma característica comum dos aparelhos funcionais propulsores de mandíbula transmitem uma resultante de força em virtude da necessidade de correção da curva de Spee, e para posterior no arco superior, produzida pelo estiramento que é decorrente dos desgastes do acrílico realizados na região dos músculos mastigadores quando a mandíbula é levada posteroinferior do aparelho, enquanto os molares superiores são para anterior pelo aparelho bimaxilar, e o arco vestibular do limitados pelo acrílico minimizando o efeito vertical dos molares. ativador de Klammt toca a superfície vestibular dos dentes Em relação ao perfil tegumentar, o lábio superior apresen- 24,29 anterossuperiores . tou uma retração estatisticamente significante em relação à Houve alterações estatisticamente significantes nos Linha E (Ls-Linha E) (Figura 5). Isso ocorreu pela restrição do componentes dentoalveolares inferiores com a vestibulariza- crescimento para a anterior da maxila, associado ao movimento ção dos incisivos inferiores, como mostra as varáveis 1.NB para a lingual dos incisivos superiores e o avanço e crescimen- e Impa, e também protrusão dos incisivos inferiores para to da mandíbula no sentido anterior, o que confere ao ponto anterior reproduzidas pelas variáveis 1-NB e 1-AP (Figura 5). Pog’ uma posição mais anterior. Outros autores corroboram Os aparelhos funcionais tendem a provocar uma inclinação os achados deste trabalho em relação às alterações sofridas vestibular e protrusão em grau variável dos incisivos inferiores, pelo perfil tegumentar4,30. 654 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 Ortopesquisa | Conclusão • Houve uma melhora significante da relação maxilomandibular proveniente das alterações esqueléticas e dentárias, conse- Baseando-se nos resultados obtidos, e de acordo com a metodologia empregada, pôde-se observar que: • Houve alteração das variáveis cefalométricas durante a fase de tratamento em todos os componentes estudados; • O comprimento da mandíbula, representado pela variável Co-Gn, sofreu alteração tanto por influência do seu crescimento e desenvolvimento normal quanto por ação do ativador aberto elástico de Klammt; • Os incisivos superiores sofreram uma inclinação para lingual, e retrusão estatisticamente significante, em relação a sua base óssea, enquanto que os incisivos inferiores apresentaram uma inclinação para vestibular e protrusão, estatisticamente significante; Referências 1. Mcnamara Jr. JA, Hinton RJ, Hoffman DL. Histologic analysis of temporomandibular joint adaptation to protrusive function in young adult rhesus monkeys (Macaca mulatta). Am J Orthod 1982;82(4):288-98. 2. Basciftci FA, Uysal T, Buyukerkmen A, Sari Z. The effects of activator treatment on the craniofacial structures of Class II division 1 patients. Eur J Orthod 2003;25(1):87-93. 3. Cozza P, de Toffol L, Colagrossi S. Dentoskeletal effects and facial profile changes during activator therapy. Eur J Orthod 2004;26(3):293-302. 4. Janson, GR, Toruno JL, Martins DR, Henriques JF, de Freitas MR. Class II treatment effects of the Frankel appliance. Eur J Orthod 2003;25(3):301-9. 5. Nelson C, Harkness M, Herbison P. Mandibular changes during functional appliance treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1993;104(2):153-61. 6. Ruf S, Baltromejus S, Pancherz H. Effective condylar growth and chin position changes in activator treatment: a cephalometric roentgenographic study. 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Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. Endereço para correspondência: Fabrício Pinelli Valarelli Rua Manoel Pereira Rolla, 12-75 – Apto. 503 17012-190 – Bauru – SP Tel.: (14) 9111-0001 [email protected] 10. Gonçalves RC. Ativador Elástico Aberto de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II divisão 1 [Dissertação]. Araraquara: Faculdade de Odontologia da Unesp; 2007. 11. Amaral RA. Aparelho de Klammt para correção da má-oclusão de Classe II divisão 1, na dentadura mista. Ortodontia 2009;42(5):395-404. 12. Simplicio H, Sakima PRT, Santos-Pinto AD, Ravelli DB, Sakima T. O uso do aparelho de Klammt como coadjuvante no tratamento da classe II. J Bras Ortodon Ortop Facial 2003;8(45):225-31. 13. Ravelli DB. O aparelho de Klammt. J Bras Ortod Ortop Facial 2000;4(25):7-20. 14. Ustrel JM, Hereu T, Duran J. Klammt’s Elastic Open Activator: Ricketts’ cephalometric results. Bull G Int Res Sci Stomatol Odontol 2001;34:78-86. 15. Klammt G. Der Elastisch-Offene Aktivator. München: Hanser 1984. 16. Dahlberg, G. Statistical methods for medical and biological students. New York: Interscience, 1940. 17. Baumrind S, Frantz RC. The reliability of head film measurements. 1. Landmark identification. Am J Orthod 1971;60(2):111-27. 18. Houston WJ. The analysis of errors in orthodontic measurements. 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OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55 655 Trabalho original Ortopesquisa Estudo cefalométrico das características dentoesqueléticas de pacientes com má-oclusão de Classe III A cephalometric study of dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion Lorena Marques Ferreira*, Juliana Godoy-Bezerra**, Ednara Mércia Fernandes de Andrade***, Pedro Paulo Maia de Sena****, Eudes Euler de Souza Lucena***** RESUMO – A má-oclusão de Classe III é definida como uma discrepância anteroposterior com envolvimento esquelético, dentário ou funcional, que pode ocorrer em virtude de deficiência de crescimento maxilar, excesso de crescimento mandibular ou ambos. Este trabalho teve como objetivo avaliar, por meio de um estudo cefalométrico, as características dentoesqueléticas de pacientes com má-oclusão de Classe III no estado do Rio Grande do Norte, e apontar se há alguma associação entre estas características cefalométricas e a variável gênero. Para isto, foi selecionada uma amostra de 48 telerradiografias cefalométricas em norma lateral de indivíduos na faixa etária entre dez anos e um mês, e 47 anos e cinco meses, brasileiros, norte-riograndenses, ambos os gêneros, sendo 23 do gênero feminino e 25 do gênero masculino, com perfil facial côncavo e ANB negativo. As telerradiografias selecionadas foram submetidas à análise no programa Radiocef Studio 2 e, para a obtenção das medidas lineares, angulares e proporcionais, os pontos cefalométricos, linhas e planos foram demarcados por um único operador nas imagens. As principais características cefalométricas encontradas foram: maxila bem posicionada, comprimento maxilar diminuído, mandíbula protruída, comprimento mandibular aumentado, padrão de crescimento equilibrado a horizontal, trespasse normal, incisivos superiores protruídos e vestibularizados, e incisivos inferiores lingualizados. Dentre as 22 grandezas avaliadas, somente o comprimento efetivo mandibular apresentou diferença significativa entre os gêneros. Unitermos – Cefalometria; Má-oclusão; Classe III. ABSTRACT – Class III malocclusion is defined as a skeletal, dental or functional anteroposterior discrepancy, which may occur as a result of the deficiency of maxillary growth, excessive mandibular growth or both. The main goals of this work are to assess the dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion in the state of Rio Grande do Norte using a cephalometric study and to observe if there is an association between these characteristics with male and female genders. For this, it was selected a sample of 48 lateral cephalometric x ray of individuals with ages varying between ten years and on month and 47 years and five months, Brazilians, citizens of Rio Grande do Norte state, 25 males and 23 females, with concave facial profile and negative ANB. Lateral cephalograms were analyzed in the program Radiocef Studio 2 and to obtain the linear, angular and proportional measures, the cephalometric points, lines and planes were marked by a single operator in the images. The main cephalometric features found were: maxilla in normal position, small maxillary length, mandibular prognathism, increased mandibular length, balanced or horizontal growth pattern, normal overjet, protruded and proclined upper incisors, and retroclined lower incisors, however it is in their normal position in the bone bases. Among the 22 measured evaluated, only CoGn showed significant difference between gender. Key Words – Cephalometry; Class III; Malocclusion. *Especialista em Ortodontia – Coesp/PB. **Mestre em Ortodontia – PUC/PR; Doutora em Odontopediatria – FOP/UPE. ***Mestre em Ortodontia – Unicid; Doutora em Odontopediatria – FOP/UPE. ****Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia – São Leopoldo Mandic/CE. *****Mestre em Odontologia, doutorando em Psicobiologia – UFRN/RN. Recebido em jun/2012 – Aprovado em set/2012 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 659 Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES | Introdução Com o surgimento do cefalostato, a A má-oclusão de Classe III é definida como uma discrepância anteroposterior com envolvimento esquelético, dentário ou radiografia cefalométrica torna-se requisito funcional. A Classe III esquelética pode ocorrer em virtude de fundamental para a avaliação do crescimento deficiência de crescimento maxilar, excesso de crescimento mandibular ou ambos1. Já a Classe III dentária é caracterizada por protrusão dos incisivos inferiores e retrusão dos incisivos e o desenvolvimento craniofacial, por meio da análise de grandezas cefalométricas. superiores, ou seja, o arco dentário inferior oclui mesialmente ao superior2. Em ambos, os pacientes apresentam perfil facial côncavo, área nasomaxilar retruída e o terço inferior da face relativas da base do crânio, da maxila e da mandíbula, a posição proeminente. O lábio inferior, frequentemente, é protruso em da articulação temporomandibular ou qualquer deslocamento relação ao superior. O arco superior é usualmente mais estrei- da mandíbula, que afetam o relacionamento vertical e sagital to que o inferior, o que leva à perda da simetria funcional e à da mandíbula e dos dentes. A posição do forame magno, co- indicação preliminar de expansão palatina3-4. luna vertebral e posição da cabeça habitual também podem A Classe III funcional diferencia-se das duas primeiras por proporcionar um perfil facial reto e boa relação esquelética influenciar o padrão facial. Percebe-se, pois, que a etiologia da má-oclusão de Classe III é bastante ampla e complexa11. maxilomandibular na posição de relação cêntrica, estando os Com o surgimento do cefalostato, a radiografia cefalomé- incisivos em uma posição de topo a topo. Da posição de relação trica torna-se requisito fundamental para a avaliação do cres- cêntrica para a de máxima intercuspidação habitual, existe um cimento e o desenvolvimento craniofacial, por meio da análise deslocamento funcional anterior da mandíbula que determina de grandezas cefalométricas. Estas são de suma importância para se chegar a um diagnóstico preciso da má-oclusão de 5 um perfil facial côncavo . Esta má-oclusão apresenta, de maneira geral, baixa Classe III, já que há uma infinidade de combinações entre os prevalência na população, variando de acordo com a região componentes esqueléticos e dentários para sua ocorrência12-13. geográfica, podendo ser observada com maior frequência em Tendo em vista a relevância de se estabelecer um diag- países asiáticos. A frequência da má-oclusão de Classe III em nóstico preciso desta má-oclusão para o direcionamento mulheres japonesas, entre três e 19 anos de idade, é de 4,24%6. adequado do plano de tratamento, associada à escassez de Em indivíduos chineses e coreanos, este percentual varia entre material científico devido à sua baixa prevalência, a presente 9,4 e 19%7. No Brasil, estima-se uma prevalência de 2,93%8. pesquisa teve o objetivo de investigar e analisar algumas Apesar da prevalência relativamente baixa, essa medidas cefalométricas de tecido duro, visando traçar um má-oclusão gera amplo interesse nos profissionais, devido à panorama criterioso das características dentoesqueléticas de probabilidade relativamente grande de requerer uma abordagem pacientes com Classe III, no estado do Rio Grande do Norte, ortodôntica em associação com uma intervenção cirúrgica9. No bem como averiguar se há alguma associação entre estas entanto, o tratamento precoce não cirúrgico dessa má-oclusão é características e a variável gênero. Além disso, é importante possível, dependendo principalmente do diagnóstico estrutural enfatizar que a literatura disponível sobre a Classe III mostra um que determine os componentes craniofaciais envolvidos, da gra- elevado número de estudos sobre seu manejo clínico e resulta- vidade da discrepância, do comprometimento vertical da face dos terapêuticos. No entanto, poucos são os que abordam os 10 e da presença e severidade das compensações dentárias . aspectos morfológicos e de desenvolvimento desta má-oclusão. Sua etiologia é geralmente considerada como sendo genética, e a hereditariedade tem sido demonstrada em diversos | Proposição estudos. Porém, uma ampla gama de fatores ambientais também tem sido sugerida como contribuintes para o desen- O presente trabalho teve por objetivo analisar as carac- volvimento da má-oclusão de Classe III. Entre eles, citam-se: terísticas cefalométricas dentoesqueléticas de pacientes com tonsilas ou amígdalas hipertrofiadas, erupção irregular dos má-oclusão de Classe III no estado do Rio Grande do Norte, incisivos permanentes ou perda precoce dos incisivos decíduos. bem como avaliar se há associação entre estas características Outros fatores colaboradores são: o tamanho e as posições e a variável gênero. 660 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 Ortopesquisa | Material e Métodos Para a realização da presente pesquisa, foi utilizada uma • N-Perp-A: distância entre a linha násio-perpendicular e o ponto A. Mandibulares amostra documental de 48 telerradiografias cefalométricas em • SNB: ângulo formado pelas linhas SN e NB; norma lateral de pacientes norte-rio-grandenses, com idade • CoGn: distância entre os pontos condílio e gnátio. entre dez anos e um mês, e 47 anos e 5 meses, de ambos os gêneros. As telerradiografias foram selecionadas de forma aleatória, desde que preenchessem os seguintes critérios de inclusão: perfil facial côncavo e ANB com valor negativo, sendo excluídos os que apresentavam tratamento ortodôntico prévio, síndromes ou assimetrias. Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP, as telerradiografias cefalométricas laterais Figura 1 Grandezas cefalométricas maxilares e mandibulares. Fonte: arquivo pessoal. SNA CoA N-Perp-A SNB CoGn digitais foram coletadas e, a partir daí, submetidas à análise no programa Radiocef Studio 2 (Radiomemory, Belo Horizonte, Brasil), seguindo as normas especificadas pelo fabricante. Para a obtenção das medidas lineares, angulares e proporcionais, os pontos cefalométricos, as linhas e os planos foram demarcados por um único operador. O banco de dados da pesquisa foi construído na plataforma do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), Maxilomandibulares versão 17.0, com posterior verificação de consistência da • ANB: ângulo entre as linhas NA e NB; digitação. Após a estruturação final do banco de dados, foi • Wits: distância entre as projeções perpendiculares dos realizada uma análise descritiva de todos os dados relativos pontos A e B sobre o plano oclusal funcional. às grandezas cefalométricas estudadas, bem como o gênero. A associação entre as grandezas cefalométricas e o gênero foi verificada pelo teste estatístico qui-quadrado. Para verificar a magnitude dessas associações, utilizaram-se razões de prevalência e seus respectivos intervalos de confiança (95%). Para todos os testes, o nível de significância de 5% foi adotado. Para a execução do estudo proposto foram obedecidos todos os critérios prescritos pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual versa sobre a ética em pesquisa com seres humanos. Figura 2 Grandezas cefalométricas maxilomandibulares. Fonte: arquivo pessoal. Wits ANB A fim de se avaliar o erro do método, oito telerradiografias foram aleatoriamente escolhidas e medidas por um único avaliador. Foram realizadas medições lineares e angulares computadorizadas através do Radiocef Studio 2, utilizando a análise USP. As medições das oito telerradiografias foram repetidas após dez e 20 dias, realizando-se assim o erro intraexaminador. Horizontais/verticais • Afai (ENA-Me): distância entre os pontos espinha nasal Grandezas cefalométricas esqueléticas utilizadas anterior e mentoniano; • FMA: intersecção do plano horizontal de Frankfurt com o Maxilares plano mandibular (Go-Me); • SNA: ângulo formado pelas linhas SN e NA; • SN.PP: ângulo formado pela linha SN e o plano palatino; • CoA: distância entre os pontos condílio e A; • SN.PLO: ângulo formado pela linha SN e o plano oclusal; OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 661 Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES • PLO.FH: ângulo formado entre o plano oclusal e o plano horizontal de Frankfurt; • Impa: ângulo formado entre o longo eixo do incisivo inferior e o plano mandibular (GoMe); • SN.GoGn: ângulo formado pela linha SN e o plano mandibular GoGn; • FMIA: intersecção do plano horizontal de Frankfurt com o longo eixo do incisivo central inferior; • Trespasse horizontal (T_HOR): distância entre as bordas incisais dos incisivos centrais superior e inferior, através do plano oclusal funcional. Figura 3 Grandezas cefalométricas horizontais/verticais. Fonte: arquivo pessoal. Afai SN.GOGN FMA SN.PP SN.PLO PLO.FH Figura 5 Grandezas cefalométricas dentárias: 1.NA, 1.NB, 1.PP, IMPA e FMIA. Fonte: arquivo pessoal. 1.NA 1.NB 1.PP Impa FMIA Grandezas cefalométricas dentárias utilizadas • 1.SN: ângulo entre o longo eixo do incisivo central superior | Resultados e a linha SN; • 1-NA: distância entre o ponto mais anterior da coroa do incisivo central superior e a linha NA; • 1.NA: ângulo entre o longo eixo do incisivo superior e a A tabela a seguir descreve o resultado da análise univariada da amostra, para as variáveis maxilares, mandibulares, maxilomandibulares, horizontais/verticais e dentárias (Tabela 1). linha NA; • 1.NB: ângulo entre o longo eixo do incisivo inferior e a Dentre as 22 grandezas cefalométricas analisadas e discutidas neste trabalho, somente CoGn apresentou diferença linha NB; • 1-NB: distância entre o ponto mais anterior da coroa do estatisticamente significante entre os gêneros masculino e feminino (p = 0,04). incisivo inferior e a linha NB; • 1.PP: ângulo formado entre o longo eixo do incisivo superior | Discussão e o plano palatino; Grandezas maxilares Para análise do complexo maxilar, foram empregadas as grandezas SNA, N-Perp-A e CoA. A medida SNA indica se a maxila está protruída, retruída ou bem posicionada em relação à base do crânio14. A norma considerada como padrão é 82º e o valor médio encontrado neste estudo foi de 81,88°, o que caracFigura 4 Grandezas cefalométricas dentárias: 1. SN, 1-NA, 1-NB e trespasse horizontal. Fonte: arquivo pessoal. 1.SN 1-NA 1-NB, trespasse horizontal 662 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 teriza a maxila como bem posicionada. Outro autor15 encontrou resultados semelhantes. No entanto, a maioria deles relatou ter observado a maxila retruída em relação à base do crânio nos casos de Classe III9,14,16-19. Quanto aos gêneros masculino e feminino, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas (p > 0,05). Porém, um autor15 encontrou valores Ortopesquisa TABELA 1 – N (QUANTIDADE DA AMOSTRA), MÉDIA ± DP (VALOR MÉDIO ± DESVIO PADRÃO), MEDIANA, MÍN. (VALOR MÍNIMO OBTIDO) E MÁX. (VALOR MÁXIMO OBTIDO) DAS VARIÁVEIS CEFALOMÉTRICAS. FONTE: ARQUIVO PESSOAL. da linha Nperp, o sinal é positivo, indicando protrusão maxilar14. A norma para Nperp, na dentadura mista, varia entre -6 e -8 mm; nas mulheres, -4 mm e 0 mm; Variável e nos homens, -2 mm e 2 mm. O grupo Classe III N Média ± dp Mediana Mín. Máx. estudado obteve o valor médio de -0,93 mm, con- SNA 48 81,88 +- 3,57 82,29 73,82 88,90 firmando o bom posicionamento maxilar de SNA, se CoA 48 81,54 +- 8,08 81,49 37,61 94,33 for considerada a amostra de adultos, homens ou N-Perp-A 48 -0,93 +- 3,91 -0,70 -11,66 5,33 Mandibulares N Média ± dp Mediana Mín. Máx. SNB 48 84,53 +- 3,68 85,31 77,64 92,74 N-Perp-A consideram como referência a base do CoGn 48 114,41 +- 11,84 115,88 58,81 92,74 crânio. Portanto, em casos de base do crânio aumen- Maxilomandibulares N Média ± dp Mediana Mín. Máx. tada ou diminuída, os resultados do posicionamento ANB 48 -2,66 +- 1,73 -2,21 -8,79 -0,25 Wits 48 -4,30 +- 3,58 -4,1 -15,50 4,01 por exemplo, pode ocorrer uma retrusão do ponto Horizontais/verticais N Média ± dp Mediana Mín. Máx. N e a construção da linha NPerp ser incorreta – o Afai 48 61,50 +- 10,61 62,16 13,74 83,58 que incide no posicionamento também incorreto de FMA 48 24,46 +- 5,03 24,24 21,04 28,27 maxila e mandíbula15. SN.PP 48 7,42 +- 7,34 6,42 0,21 50,09 SN.PLO 48 8,73 +- 6,27 6,96 0,10 4,68 encontrado foi de 81,54 mm, evidenciando um PLO.FH 48 1,17 +- 6,81 -0,28 -22,05 19,77 comprimento maxilar diminuído, em todos os gru- SN.GoGn 48 29,30 +- 5,63 29,18 19,31 40,51 pos etários e gêneros. Para a dentadura mista, a N Média ± dp Mediana Mín. Máx. 1.SN 48 113,99 +- 6,85 114,49 100,88 130,06 1-NA 48 7,45 +- 1,97 7,61 3,32 11,89 Outros15,19, no entanto, elucidaram nos resultados 1.NA 48 31,94 +- 5,70 32,99 18,61 41,08 de seus estudos que a maxila apresentava tamanho 1.NB 48 21,54 +- 7,28 22,29 2,16 35,84 normal. Não se observou diferença significativa 1-NB 48 4,57 +- 3,85 3,93 -1,60 21,38 1.PP 48 120,23 +- 5,70 119,77 109,85 132,91 gênero masculino foi significativamente maior que a Impa 48 86,16 +- 6,72 86,67 70,96 101,57 do gênero feminino. FMIA 48 68,08 +- 11,16 69,30 7,66 87,93 Deve-se considerar que a análise cefalométrica20, da qual é proveniente a grandeza CoA, consi- Maxilares mulheres, o que discorda dos estudos de diversos autores9,14,16,18-19. Dentoesqueléticas É importante ressaltar que as medidas SNA e maxilar podem aparecer alterados. Nos casos de Classe III com base anterior do crânio diminuída, Para a grandeza cefalométrica CoA ou comprimento efetivo da maxila, a média do resultado norma padrão é 85 mm; para as mulheres, 94 mm; para os homens, 100 mm. Resultados diminuídos Dentoalveolares T_HOR N Média ± dp Mediana Mín. Máx. 48 0,72 +- 2,36 1,43 -6,72 -0,42 também foram encontrados por alguns autores14,16. para os gêneros masculino e feminino (p > 0,05). Contudo, outro estudo15 observou que a maxila do dera o gênero e a idade do paciente para a correta interpretação clínica dos valores obtidos. Nesse caso, como se trata de um estudo sem a utilização de grupo controle, com uma amostra de ambos os superiores de SNA para as médias masculinas em relação às gêneros e diversas faixas etárias, houve certa dificuldade para femininas. a normatização do valor considerado como padrão. Além disso, A variável N-Perp-A também relaciona maxila e base do o valor de CoA isoladamente não é capaz de fornecer dados a crânio, só que quando o ponto A estiver atrás da linha N-Perp20, respeito do posicionamento maxilar retruído, protruído ou bem a medição linear leva sinal negativo e a maxila estará retruída posicionado. Desta forma, precisa ser avaliado em conjunto em relação à base do crânio. Mas, se o ponto A estiver à frente com o valor do comprimento efetivo da mandíbula. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 663 Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES Grandezas mandibulares A e B perpendicularmente ao plano oclusal funcional e medir As medidas SNB e CoGn foram empregadas para análise a distância entre eles, chamadas AO e BO, respectivamente. do complexo mandibular. SNB indica se a mandíbula está Quando AO encontra-se à frente de BO, a medida é positiva; protruída, retruída ou bem posicionada em relação à base do quando BO está à frente, a medida é negativa. Os valores con- crânio. Seu valor médio foi de 84,53º, portanto, a mandíbula siderados médios para a análise de Wits ou AOBO são -1 mm, apresentou-se protruída em relação à base do crânio (valor para o gênero masculino, e 0 mm, para o gênero feminino. Na médio para SNB = 80º), em concordância com os resultados Classe III esquelética, BO localiza-se à frente de AO, e a medida . Deve-se lembrar de é negativa22. Neste estudo, foi obtido o valor médio de -4,3 mm, que SNB tem como referência a base do crânio, então, nos confirmando a classificação esquelética de Classe III9,15,18-19,23. casos em que ela for aumentada ou diminuída, os resultados Segundo a literatura22, o ângulo ANB pode oferecer leituras dos estudos de diversos autores 9,14-17 14 do posicionamento mandibular podem aparecer alterados . errôneas quando a base do crânio for curta ou alongada, pois pela a porção anterior das bases ósseas (maxila e mandíbula) pode grandeza CoGn, que obteve o valor médio de 114,41 mm. É estar posicionada anterior ou posteriormente ao násio, afetando interessante destacar que existe uma proporcionalidade entre a medida ANB, mesmo que os arcos dentários estejam bem o comprimento efetivo da maxila e da mandíbula, independente relacionados entre si. Outro fator sugerido pelos autores é a da idade e do gênero. Para um determinado tamanho de maxila rotação dos ossos maxilares em relação à base do crânio. Uma existe um tamanho de mandíbula diretamente proporcional21. rotação anti-horária do complexo maxilomandibular produz um Como neste estudo foi obtido um valor médio de CoA em ANB de Classe III; e uma rotação horária produz um ANB de Clas- 81,54 mm, considera-se a norma do comprimento mandi- se II. Já a medida Wits pode ser afetada pela escala do plano O comprimento efetivo da mandíbula é definido 20 bular entre 99 e 102 mm , o que aponta para aumento do oclusal. De acordo com o mesmo autor22, a correta localização comprimento mandibular, conforme é confirmado por muitos do plano oclusal funcional é de fundamental importância para o 20 . Quanto ao fator gênero, 72% da amostra mas- adequado uso da medida Wits. Mas, algumas vezes, o problema culina apresentou valor de CoGn acima de 115,88 mm, contra está na presença de uma assimetria, na qual os lados esquerdo somente 26,1% da amostra feminina (p = 0,004). Outro estu- e direito não coincidem ou não é possível uma superposição do15 também observou maior comprimento mandibular para os correta, resultando em uma leitura errada da medida. Nestes indivíduos do gênero masculino. casos, deve-se utilizar um plano oclusal que fique no meio das 9,14-16 autores duas imagens. Outro aspecto considerado são os indivíduos Grandezas maxilomandibulares em fase de dentição mista, nos quais o plano oclusal deve ser Para avaliação das grandezas maxilomandibulares, foram desenhado passando pelas cúspides dos molares decíduos e selecionadas as seguintes medidas: ANB e Wits ou AOBO. O do primeiro molar permanente. Por causa desses efeitos geo- ângulo ANB, diferença entre os ângulos SNA e SNB, consiste métricos, o uso conjunto do ângulo ANB e da medida Wits tem na medida cefalométrica mais usada para determinar a rela- sido recomendado24. Todavia, outro estudo23 concluiu que em ção anteroposterior da maxila e da mandíbula com a base do sujeitos Classe III de Angle com rotação mandibular no sentido crânio, e normalmente mede 2º. Os ângulos maiores indicam anti-horário e plano oclusal reto, o ângulo ANB é um parâmetro uma tendência à Classe II, já medidas menores ou negativas cefalométrico mais válido do que a medida Wits para avaliar a 22 refletem uma Classe III . O valor médio obtido para este estu- discrepância esquelética anteroposterior. do foi de -2,66º, evidenciando uma discrepância esquelética anteroposterior de Classe III. Os valores negativos para a caracterização da Classe III foram amplamente encontrados 9,15,17,19,22 na literatura . Grandezas horizontais/verticais Foram analisadas as seguintes grandezas horizontais e verticais: Afai, FMA, SN.PP, SN.PLO, PLO.FH e SN.GoGn. A Para determinar o quanto existe de desarmonia entre a altura facial anteroinferior, ou Afai, que determina a dimensão maxila e a mandíbula, também é possível utilizar a análise de vertical, obteve média de 61,5 mm para esse estudo. Esta Wits, que emprega os pontos cefalométricos A, na maxila, e B, medida linear está correlacionada com a maxila, e com o na mandíbula, e o plano oclusal funcional, que é obtido por meio avanço da idade ela aumenta. A correlação entre maxila e da intercuspidação dos pré-molares e molares, não utilizando mandíbula corresponde ao aumento ou diminuição da altura o entrecruzamento dos incisivos. Devem-se projetar os pontos facial anterior21. Considerando o comprimento maxilar obtido 664 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 Ortopesquisa de 81,54 mm, o valor médio para a Afai deveria estar entre 57 ocorrência de inclinação vestibular e concorda com diferentes e 58 mm20. Portanto, destaca-se uma Afai aumentada para os trabalhos14,17, evidenciando uma possível característica de pacientes com má-oclusão de Classe III, como já constatado por compensação dentária da Classe III. Não foram sugeridas diversos estudos9,14,17. Nestes casos, a mandíbula, geralmente, diferenças significativas entre os gêneros (p > 0,05). Já outro sofre um giro no sentido horário, para baixo e para trás, e o estudo23 encontrou incisivos superiores bem posicionados em ponto P fica distante de NPerp. Devido a essa inclinação para relação à base do crânio. baixo e para trás, a mandíbula parece menor do que realmente Os incisivos foram relacionados com suas bases apicais é21. Um estudo relatado na literatura25 concluiu que a altura do por meio das linhas NA e NB. A grandeza linear 1-NA diagnos- terço inferior da face apresentou-se maior em pacientes Classe tica a posição anteroposterior do incisivo superior em relação III por retrognatismo maxilar do que naqueles por prognatismo a sua base apical, podendo estar bem posicionado, protruído mandibular. ou retruído. Sua norma é de 4 mm e o valor médio obtido foi A variável FMA, que avalia a relação do plano de Frankfurt com o plano mandibular e estabelece o padrão de crescimento de 7,45 mm, indicando protrusão, resultado confirmado na literatura por alguns trabalhos9,14-15. esquelético, obteve valor médio de 24,46º, tendendo, portanto, Já a grandeza linear 1-NB diagnostica a posição antero- a um padrão de crescimento harmônico (norma clínica = 25º). A posterior do incisivo inferior em relação a sua base apical e, literatura14-15,18, contudo, mostra uma predominância na tendência neste estudo, apresentou valor médio de 4,57 mm, indicando ao crescimento no sentido horário ou vertical. que o incisivo inferior está bem posicionado em relação a sua O valor angular médio obtido entre a base do crânio e base apical (norma clínica = 4 mm), assim como relatou um o plano palatino (SN.PP) foi de 7,42º, obedecendo ao valor estudo semelhante9. Porém, outros estudos encontraram o normativo para a medida (7º ± 2) e, portanto, não demonstra incisivo inferior retruído em relação a sua base apical14,16 ou o 17,23 a presença de rotação maxilar. Alguns autores encontraram valores acima da norma. incisivo inferior protruído15. O presente estudo não destaca a presença do dimorfismo sexual significativo para esta grandeza O ângulo SN.PLO indica a inclinação do plano oclusal em relação à base do crânio e o seu valor médio encontrado foi de 23 8,73º, que é inferior à média normal (14º). Um outro estudo obteve o resultado inverso. (p > 0,05). Entretanto, outro trabalho15 encontrou valores médios maiores para os indivíduos do gênero masculino. A grandeza angular 1.NA identifica a inclinação axial do incisivo superior dentro do osso alveolar, levando a uma incli- A grandeza PLO.FH, que relaciona o plano de Frankfurt e nação vestibular ou lingual14. Seu valor médio encontrado foi o plano oclusal, e também determina o grau de inclinação do 31,94º, enquanto sua norma é 28º, mostrando vestibularização plano oclusal, obteve valor médio de 1,17º, bem abaixo do do incisivo superior9,14-15,19. padrão considerado normal (9,3º), confirmando os resultados 15 Cabe à grandeza angular 1.NB identificar a inclinação de SN.PLO neste estudo. Já outro autor encontrou um valor axial do incisivo inferior dentro do osso alveolar14. O valor acima da média normal. médio obtido neste estudo foi 21,54º e sua norma clínica é O ângulo SN.GoGn avalia a relação da base do crânio com 25º, apontando para uma inclinação lingual do incisivo infe- o plano mandibular GoGn e o valor médio encontrado, neste rior, evidenciando mais uma vez uma possível característica estudo, foi de 29,3º, valor abaixo da norma padrão (35º ± 4,7), de compensação dentária da Classe III. Outros estudos9,14,19 representando, portanto, um padrão braquifacial, com tendência alcançaram resultados similares. O p valor maior que 0,05 ao crescimento horizontal. A literatura, porém, exibe predomi- não indica dimorfismo sexual significativo. Um trabalho15, no nância na tendência ao crescimento vertical9,14. entanto, encontrou maior inclinação lingual do incisivo inferior no gênero feminino. Grandezas dentárias A grandeza angular 1.PP relaciona a inclinação axial do As seguintes grandezas dentárias foram avaliadas neste incisivo superior ao plano palatino, e o valor médio observado estudo: 1.SN, 1-NA, 1.NA, 1.NB, 1-NB, 1.PP, Impa, FMIA neste estudo foi 120,23º (norma clínica = 110º +- 5,8), confir- e trespasse horizontal. O ângulo 1.SN indica se o incisivo mando a inclinação vestibular do incisivo superior9. superior está vestibularizado, bem posicionado ou lingualizado O ângulo Impa, determinado pela intersecção do plano em relação à base do crânio, e sua norma é 103º. No grupo mandibular GoGn com o longo eixo do incisivo central inferior, avaliado, foi obtido o valor médio de 113,99º, o que indica a sugere a inclinação axial do incisivo inferior em sua base OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 665 Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES óssea26. Neste estudo, foi observado o valor médio de 86,16º, É interessante notar ainda que os resultados da pesquisa indicando que o mesmo está bem posicionado em sua base caracterizam uma amostra com padrão de crescimento predomi- óssea (norma clínica = 87º)9. Já outro estudo15 apontou para nantemente equilibrado ou horizontal. O que, apesar de ir contra a compensação dentária da Classe III, com inclinação lingual a maioria dos resultados averiguados na literatura, em outras do incisivo inferior. A estética e o equilíbrio facial definitivos regiões, consiste em uma grande vantagem para a realização do são obtidos somente quando os incisivos mandibulares estão tratamento. Já que se torna possível, por meio da extrusão dos posicionados verticalmente no osso basal15. elementos posteriores, fazer com que o ponto B se desloque A grandeza angular FMIA relaciona o plano horizontal de para trás e a mandíbula gire no sentido horário. Frankfurt com o longo eixo do incisivo central inferior. O FMIA é significativo para se obter o equilíbrio e a harmonia da face15. O | Conclusão valor médio obtido foi 68,08º e destaca que o incisivo inferior está novamente bem posicionado (norma clínica = 68º)15. Não • As características esqueléticas dos pacientes com má-oclusão foram encontradas diferenças significativas entre os gêneros de Classe III observadas no estado do Rio Grande do Norte 15 (p > 0,05). Já outro estudo semelhante observou resultados foram: maxila bem posicionada, comprimento maxilar diminuí- maiores de FMIA para o gênero masculino. do, mandíbula protruída, comprimento mandibular aumentado, O trespasse horizontal ou sobressaliência mede a distância mau posicionamento maxilomandibular sugestivo de Classe entre as bordas dos incisivos, superior e inferior, perpendicu- III esquelética, terço inferior da face aumentado, ausência de larmente ao plano oclusal. Valores negativos indicam que o rotação maxilar, grau de inclinação do plano oclusal abaixo incisivo inferior está à frente do superior, o que caracteriza a do normal e padrão de crescimento equilibrado à horizontal. presença de mordida cruzada anterior. Este estudo apresentou • As características dentárias observadas foram: incisivos valor médio de 0,72 mm, valor este que se enquadra no desvio superiores protruídos e vestibularizados; incisivos inferiores, da norma clínica (2,5 mm ± 2), refletindo mais uma vez uma lingualizados em suas bases apicais e bem posicionados em possível compensação dentária da Classe III, sem a presença suas bases ósseas e sobressalência normal, ou seja, sem 23 de mordida cruzada anterior. Um trabalho semelhante , porém, obteve valor negativo para esta medida. Finalmente, serão destacados alguns pontos importantes observados no decorrer da pesquisa. Primeiramente, quanto a presença de mordida cruzada anterior. • Dentre as 22 grandezas cefalométricas analisadas, somente CoGn apresentou diferença estatisticamente significante entre os gêneros. à coleta da amostra, deve-se lembrar de que a prevalência da Classe III, não sendo tão elevada no Brasil, gerou certo grau de dificuldade para que fossem obtidas telerradiografias enquadradas nos critérios de inclusão da pesquisa, o que torna o número da amostra reduzido, se comparado a outros estudos brasileiros semelhantes, porém para pacientes Classe I ou II. O erro intraexaminador foi calculado com base nas medições lineares e angulares, através do programa Radiocef Studio Notas de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. 2, de oito telerradiografias utilizando a análise USP, repetidas após dez e 20 dias. Os resultados obtidos foram submetidos ao teste Kappa, que tinha como limite para calibração um valor maior que 0,7. O examinador obteve como resultado o valor 0,76. O presente trabalho buscou expor seus resultados de tal forma a ampliar o conhecimento acerca das características da má-oclusão de Classe III, a fim de identificá-las, facilitando o diagnóstico e o plano de tratamento, seja para manter compensações dentárias ou descompensá-la em casos que serão corrigidos por cirurgia. 666 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 Endereço para correspondência: Lorena Marques Ferreira Av. Miguel Castro, 1.491 – Apto. 303 B – Ed. Dom Luiz – Lagoa Nova 59075-740 – Natal – RN [email protected] Ortopesquisa Referências 1. Ngan P. Early timely treatment of Class III malocclusion. Semin Orthod 2005;11(3):140-5. 2. Filho SG, Chaves A, Benvenga MN. Apresentação de um caso clínico de Classe III de Angle, tratado com aparelho extrabucal basculante inferior de ação reversa, proposto por Baptista. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2005;10(1):46-58. 3. Bertolozo MA, Tomé MC, Krüger AR. 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Estudo cefalométrico radiográfico das alterações faciais das maloclusões de Classe II e Classe III, empregando a análise de Epker & Fish [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas;2001. 26. Gandini Jr. LG, Santos-Pinto A, Raveli DB, Sakima MT, Martins LP, Sakima T et al. Análise Cefalométrica Padrão Unesp Araraquara. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2005;10(1):139-57. 24. Ishikawa H, Nakamura S, Hiroshi I, Kitazawa S. Seven parameters describing anteroposterior jaw relationships: postpubertal predictions accurace and interchangeability. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2000;117(6):714-20. 25. Rodrigues RD. Estudo cefalométrico radiográfico das alterações faciais das maloclusões de Classe II e Classe III, empregando a análise de Epker & Fish [tese]. Piracicaba: Universidade Estadual de Campinas;2001. 26. Gandini Jr. LG, Santos-Pinto A, Raveli DB, Sakima MT, Martins LP, Sakima T et al. Análise Cefalométrica Padrão Unesp Araraquara. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2005;10(1):139-57. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67 667 Trabalho original Ortopesquisa Avaliação da influência da realização da expansão rápida da maxila sobre a recidiva do apinhamento anterossuperior, em casos tratados ortodonticamente sem extrações. Influence of rapid maxillary expansion on incisors alignment stability Luiz Filiphe Gonçalves Canuto*, Marcos Roberto de Freitas**, Karina Maria Salvatore de Freitas***, Guilherme Janson****, Rodrigo Hermont Cançado***** RESUMO – O presente estudo objetivou comparar, por meio de uma análise retrospectiva, a estabilidade pós-contenção do alinhamento dos incisivos anterossuperiores de pacientes submetidos ou não ao procedimento de expansão rápida da maxila durante o tratamento ortodôntico. A amostra consistiu-se de 48 pacientes, de ambos os gêneros, apresentando más-oclusões de Classe I e II, tratados sem extrações e mecânica Edgewise. A amostra total foi dividida em dois grupos: Grupo 1 (com ERM), constituído de 25 pacientes com idade inicial média de 13,53 anos (d.p. = ±1,63) e submetidos à expansão rápida da maxila durante o tratamento ortodôntico; Grupo 2 (sem ERM), apresentando 23 pacientes com idade inicial média de 13,36 anos (d.p. = ±1,81), cujo tratamento ortodôntico não priorizou a expansão transversal maxilar. Foram medidos nos modelos de estudo das fases pré (T1), pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3), o índice de irregularidade de Little, as distâncias intercaninos e, entre os primeiros e segundos premolares, a distância intermolares, o comprimento e o perímetro do arco superior. A comparação intergrupos foi realizada por meio de testes t independentes. Os resultados evidenciaram incrementos transversais significantemente maiores no grupo tratado com ERM, entretanto, durante o período pós-contenção, não foram observadas diferenças significantes entre os grupos em relação à quantidade de aumento na irregularidade dos incisivos (+1,52 mm em ambos os grupos), bem como em relação à maioria das variáveis estudadas. Concluiu-se que a realização do procedimento de expansão rápida da maxila não apresentou influência na recidiva do apinhamento anterossuperior em longo prazo. Unitermos – Técnica de expansão palatina; Ortodontia corretiva; Recidiva. ABSTRACT – The purpose of this retrospective study was to compare the long-term stability of maxillary incisors alignment in cases treated with or without rapid maxillary expansion (RME) during orthodontic treatment. The sample comprised 48 subjects presenting Class I and Class II malocclusions, treated nonextraction and Edgewise fixed appliances. The sample was divided into two groups according to the treatment protocol: Group 1 (with RME) comprised 25 patients at a mean initial age of 13.53 years (s.d.=±1.63), who underwent rapid maxillary expansion during orthodontic treatment. Group 2 (without RME) comprised 23 patients at a mean initial age of 13.36 years (s.d.=±1.81), treated with fixed appliances and no rapid maxillary expansion. Dental casts measurements were obtained at three times of evaluation (pretreatment, posttreatment and postretention) and the variables assessed were Little Irregularity Index, intercanine, interpremolar and intermolar widths, and maxillary arch length and perimeter. The statistical analysis was performed by independent t-tests (Intergroup comparison). The results evidenced significant transversal increases in group treated with RME (Group 1), however, during the postretention period, no significant differences were observed between the groups in the amount of maxillary incisors alignment relapse (+1,52 mm in both groups), as well as in most of the variables evaluated. Therefore, it was concluded that the RME procedure did not influence the long-term maxillary anterior crowding relapse. Key Words – Palatal expansion technique; Corrective orthodontics; Crowding. *Doutor em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP; Professor do Curso de Especialização em Ortodontia – ABO/Pernambuco. **Professor titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP. ***Doutora em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP. Coordenadora e professora do curso de Mestrado em Ortodontia – Faculdade Ingá/Uningá. ****Professor titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP. *****Doutor em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP; Professor adjunto do curso de Mestrado em Ortodontia – Faculdade Ingá/Uningá. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 669 Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH | Introdução foram, em sua maioria, mantidos no período pós-contenção. Em longo prazo, a irregularidade dos incisivos superiores Em relação à abordagem científica, apesar de numero- e inferiores aumentaram 0,5 mm (d.p. = 1,2) e 1,1 mm sas pesquisas sobre a etiologia da recidiva ortodôntica do (d.p. = 1,5), respectivamente. Concluíu-se15 que o emprego apinhamento anteroinferior, uma quantidade significantemente deste protocolo de tratamento consiste em uma forma efetiva menor de estudos foi conduzida com enfoque às alterações de correção da discrepância entre o tamanho dos dentes e o pós-tratamento na região anterossuperior e nos possíveis comprimento do arco. A influência da realização de extrações dentárias sobre 1 fatores associados à magnitude desta recidiva . A recidiva do apinhamento anterossuperior apresenta a recidiva anterossuperior também foi investigada 16. Os menor prevalência quando comparada à recidiva na região resultados demonstraram que a recidiva da irregularidade dos dos incisivos inferiores2-6. Fatores como a severidade inicial incisivos superiores foi mínima (0,19 mm e 0,12 mm, para são os grupos com e sem extrações, respectivamente) e sem considerados, por alguns autores, fatores de risco para a diferença estatística. A largura intercaninos expandiu durante recidiva do apinhamento dentário anterossuperior. Entretanto, o tratamento. As posições dos incisivos em ambos os grupos verificou-se uma associação entre um período de contenção tenderam a retornar aos valores pré-tratamento. Porém, foi prolongado e maior estabilidade no alinhamento dos dentes obtida uma estabilidade clinicamente aceitável. do apinhamento 7-8 e a tração das fibras periodontais 9-11 anterossuperiores12. Os incisivos superiores tendem a ro- A expansão rápida da maxila tem sido sugerida por al- tacionar no sentido de suas posições iniciais , apesar da guns autores como um procedimento auxiliar na estabilidade recidiva no sentido vestibulolingual apresentar-se imprevisível8. pós-contenção do alinhamento dos incisivos superiores e Os contatos palatinos existentes com os incisivos inferiores inferiores15,17-19. Desta forma, o presente trabalho teve como representam limites ao deslocamento no sentido lingual dos objetivo analisar retrospectivamente, por meio do índice de incisivos superiores, e qualquer movimento no sentido ves- irregularidade de Little, a estabilidade do alinhamento dentário tibular é provavelmente determinado pela posição e função do segmento anterossuperior, em casos tratados ortodontica- 4,8 13 dos lábios . mente com ou sem a realização do procedimento de expansão No ano 2000, um estudo14 se propôs a avaliar os efeitos rápida da maxila, visando estabelecer se este procedimento da fibrotomia supracristal na estabilidade do alinhamento de ortopédico teria influência ou não na estabilidade pós-tratamen- incisivos superiores e inferiores. Observou-se um aumento to do alinhamento dos incisivos superiores. significante da irregularidade dentária do grupo controle, em ambos os segmentos anteriores. O grupo em que foi | Material e Métodos realizada a fibrotomia não apresentou aumento significante do apinhamento. No ano seguinte, verificou-se que alterações Material no posicionamento dos dentes superiores são, geralmente, A amostra constitui-se de 48 documentações ortodônti- resultantes de forças exercidas pelos lábios13, sugerindo13 cas de pacientes tratados nos cursos de Pós-graduação em que o posicionamento dos dentes anteroinferiores influencia Ortodontia da Universidade de São Paulo – Faculdade de Odon- o posicionamento dos dentes superiores, e vice-versa. Desta tologia de Bauru, selecionadas após a aprovação do projeto maneira, a recidiva na região anterior em um dos arcos po- da presente pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da deria estar associada à recidiva do apinhamento dos dentes mesma Instituição. Os pacientes apresentavam inicialmente do arco oposto. más-oclusões de Classe I ou Classe II, tratados ortodontica- Em 2005, avaliou-se15 a estabilidade de um protocolo de mente sem extrações. Os critérios para a seleção da amostra tratamento que envolvia a expansão rápida da maxila, o uso também incluíram a presença de todos os dentes permanentes de placa lábio-ativa e, posteriormente, correções ortodônticas irrompidos ao início do tratamento ortodôntico (até os primeiros com aparelhos fixos. A amostra apresentava 20 pacientes molares) e a ausência de anomalias dentárias de forma e/ou submetidos ao tratamento ortodôntico ao final da dentadura número. Todos os pacientes foram tratados com aparelhos mista, e que foram reavaliados após um período pós-contenção fixos e mecânica Edgewise, e apresentavam documentação médio de 7,9 anos. Os resultados demonstraram que os incre- ortodôntica completa. mentos nas dimensões dos arcos dentários superior e inferior 670 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 A amostra foi dividida em dois grupos, conforme a Ortopesquisa realização ou não do procedimento de expansão rápida da maxila (ERM) durante o tratamento ortodôntico. Desta forma, Métodos Os pacientes incluídos no grupo com ERM (Grupo 1) os grupos foram assim distribuídos: submeteram-se a um tratamento que incluiu uma fase ortopé- a) Grupo 1 – Com ERM – apresentou 25 pacientes leucodermas dica mecânica, que priorizou a expansão transversal do arco (15 do gênero feminino e dez do gênero masculino), com superior por meio da abertura da sutura palatina mediana, idade inicial média de 13,53 anos (d.p. = ±1,63). O tempo visando à correção da deficiência transversal maxilar inicial. médio de tratamento ortodôntico, incluindo-se tanto a fase Desta maneira, as fichas de procedimentos terapêuticos ortopédica mecânica quanto a fase de Ortodontia corretiva, foram examinadas para a obtenção de informações sobre o foi de 2,07 anos (d.p. = ± 0,55). Ao término do tratamento, protocolo de ativação, tempo de ativação e tempo de conten- todos os pacientes apresentavam uma finalização satisfa- ção do procedimento de expansão rápida destes pacientes. tória. Nesta fase, os pacientes apresentavam uma média Durante essa fase do tratamento, os pacientes do Grupo 1 de idade de 15,51 anos (d.p. = ±1,74). Os pacientes per- utilizaram um aparelho dentomucossuportado (expansor fixo tencentes ao Grupo 1 foram reavaliados após um período do tipo Haas modificado), ou um expansor do tipo Hyrax, ou o pós-contenção médio de 5,60 anos (d.p. = ±1,41 anos). expansor colado. A velocidade de expansão foi maior ou igual Em relação à má-oclusão inicial, apresentou 16 pacientes com a ½ volta/dia. Geralmente, os pacientes que constituíram o má-oclusão de Classe I, e nove pacientes com má-oclusão de Grupo 1 foram instruídos a girar ¼ do parafuso pela manhã, Classe II (sete pacientes apresentando ¼ de Classe II, e dois repetindo-se o mesmo procedimento à noite. A ativação do pacientes apresentando ½ Classe II). Dos 25 pacientes que parafuso foi realizada até que se obtivesse uma sobrecor- constituíram este grupo, 16 apresentavam mordida cruzada reção da discrepância transversal entre os arcos dentários. posterior, uni ou bilateral, ao início do tratamento. Geralmente, esta sobrecorreção corresponde clinicamente b) Grupo 2 – Sem ERM – constituído por pacientes que não ao estabelecimento de contato das cúspides palatinas dos foram submetidos à ERM durante a terapia ortodôntica, apre- dentes posterossuperiores com as cúspides vestibulares sentou 23 pacientes leucodermas (13 do gênero feminino e dos dentes posteroinferiores. O período de contenção com dez do gênero masculino), com idade média de 13,36 anos o próprio expansor variou de dois a seis meses. (d.p. = ±1,81) ao início do tratamento ortodôntico. O tempo Com o objetivo de compor o Grupo 2, foram selecionados médio de tratamento foi de 2,18 anos (d.p. = ±0,93). Ao 23 pacientes, de ambos os gêneros, que haviam sido exclusi- término do tratamento, todos os pacientes, assim como os vamente submetidos, há pelo menos cinco anos, ao tratamento pacientes pertencentes ao Grupo 1, apresentavam uma fina- ortodôntico corretivo por meio do aparelho Edgewise. lização satisfatória. Nesta fase, os pacientes apresentavam As variáveis estudadas nos modelos de estudo superiores uma média de idade de 15,54 anos (d.p. = ±1,86) e foram foram: reavaliados após um período pós-contenção médio de 4,92 a) Índice de irregularidade de Little (modificado) 1: anos (d.p. = ±1,11). O índice de Little foi calculado nos modelos de gesso Em relação à má-oclusão inicial, apresentou dez pacientes superiores nas três fases estudadas (Little 1, Little 2 e com má-oclusão de Classe I, e 13 pacientes com má-oclusão Little 3). Para esta medição, utilizou-se um paquímetro digi- de Classe II (oito pacientes apresentando ¼ de Classe II, e tal, posicionado paralelamente ao plano oclusal. Aferiu-se, cinco pacientes com ½ Classe II). Nenhum dos pacientes per- deste modo, o índice de irregularidade, que se caracterizou tencentes ao Grupo 2 apresentava mordida cruzada posterior pelo somatório das distâncias lineares entre os pontos de ao início do tratamento. contato anatômicos dos dentes anterossuperiores – caninos Todos os pacientes utilizaram como contenção, ao final do e incisivos (Figura 1). tratamento ortodôntico ativo, uma placa de Hawley removível b) Distância intercaninos (Interc): distância, medida em milíme- no arco superior e um 3 x 3 colado de canino a canino no tros, de ponta a ponta das cúspides dos caninos superiores arco inferior. A placa de contenção superior foi utilizada, em direito e esquerdo. Nos casos em que os caninos apresenta- média, por um ano, enquanto que o 3 x 3 permaneceu por vam facetas de desgastes, a ponta da cúspide era estimada um período médio de três anos. O tempo médio de avaliação pós-tratamento foi de 5,60 anos (d.p. = 1,41) para o Grupo 1, e 4,92 anos (d.p. = 1,11) para o Grupo 2. (Figura 2). c) Distância interpremolares (Interpb e B’): distância, medida em milímetros, entre as fossas mesiais dos primeiros préOrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 671 Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH Figura 1 Índice de irregularidade de Little (modificado) = A+B+C+D+E. Figura 2 Variáveis estudadas na análise de modelos: A = distância intercaninos (Interc), B e B’ = distâncias interpremolares (Interpb E B’), C = distâncias intermolares (Intermol), D e E = comprimento do arco (Compr) e F = perímetro do arco (Perim). molares superiores, direito e esquerdo, e dos segundos pré-molares superiores, direito e esquerdo, respectivamente (Figura 2). Análise estatística O erro intraexaminador foi avaliado realizando-se novas medidas das variáveis estudadas nos modelos iniciais, finais d) Distância intermolares (Intermol): distância, medida em milí- e pós-contenção de 15 pacientes pertencentes a ambos os metros, de ponta a ponta das cúspides mesiovestibulares dos grupos e selecionados aleatoriamente. As duas primeiras me- primeiros molares superiores, direito e esquerdo. Nos casos dições foram realizadas com intervalo de tempo de um mês. em que os molares apresentavam facetas de desgastes, a Uma fórmula20 foi aplicada para estimar a ordem de grandeza ponta da cúspide era estimada (Figura 2). dos erros casuais. Os erros sistemáticos foram analisados pela e) Comprimento do arco superior (Compr): correspondeu ao aplicação de testes t pareados21. somatório das distâncias medidas entre o ponto de contato Foi realizada a estatística descritiva (média, desvio-padrão dos incisivos centrais superiores e a face mesial dos primei- e número) para os Grupos 1 (com realização de expansão ros molares dos lados direito e esquerdo (Figura 2). rápida) e 2 (sem expansão) das medidas obtidas para as f) Perímetro do arco superior (Perim): distância, medida em variáveis: índice de irregularidade de Little, distância interca- milímetros, que se estende da face mesial do primeiro molar ninos, distância entre os primeiros e segundos pré-molares, superior direito à fase mesial do primeiro molar superior distância intermolares, comprimento e perímetro do arco, nas esquerdo (Figura 2). fases inicial (T1), final (T2) e pós-contenção (T3). A estatística 672 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 Ortopesquisa descritiva também foi realizada para a diferença das medidas Todos os testes foram realizados com o programa Statisti- obtidas a partir dos modelos entre as fases final e inicial (T2-1), ca for Windows – Release 6.0 – Copyright StatSoft, Inc. 2001, caracterizando a correção do tratamento, para a diferença adotando-se um nível de significância de 5%. entre as fases pós-contenção e final (T3-2), caracterizando a alteração durante o período pós-contenção, e para a diferença | Resultados entre as fases pós-contenção e inicial (T3-T1), caracterizando as alterações ocorridas durante o período total de observação. Os resultados da avaliação dos erros casuais e sistemá- Para avaliação da compatibilidade entre os Grupos 1 e 2 ticos não evidenciaram diferenças significantes entre as duas quanto à distribuição dos gêneros e em relação à severidade medições. inicial da má-oclusão, utilizou-se o teste qui-quadrado (Tabelas 1 A compatibilidade dos grupos quanto à proporção dos e 2). Com o intuito de verificar a compatibilidade dos grupos gêneros e quanto à severidade inicial das más-oclusões foi quanto à quantidade de apinhamento inicial (Little 1), idades avaliada pelo teste qui-quadrado (Tabelas 1 e 2). Não houve inicial (Id T1) e final (Id T2), tempo de tratamento (TTRAT) e de diferenças estatisticamente significantes entre os grupos em avaliação pós-contenção (TPOS), utilizou-se o teste t indepen- relação à distribuição dos gêneros e da severidade inicial das dente (Tabela 3). más-oclusões. Para a comparação intergrupos quanto aos valores obtidos O teste t independente foi utilizado para avaliação da com- para as alterações das variáveis durante o tratamento (T2-1), patibilidade dos grupos quanto à quantidade de apinhamento durante o período pós-contenção (T3-2) e totais (T3-1), utilizou-se inicial (Little 1), quanto à idade inicial (Id T1) e quanto aos tempos o teste t independente (Tabelas 4 a 6). de tratamento (TTRAT) e de avaliação pós-contenção (TPOS) – Tabela 3. Não foram observadas diferenças significantes entre os grupos em relação a estas variáveis. TABELA 1 – RESULTADOS DO TESTE QUI-QUADRADO PARA AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE DOS GRUPOS 1 E 2, QUANTO A PROPORÇÃO DOS GÊNEROS Gênero Feminino Masculino Total 15 10 25 Grupo 2 sem ERM 13 10 23 Total 28 20 48 Grupo Grupo 1 com ERM x2 = 0,06 df = 2 p = 0,2647 TABELA 3 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO ÀS VARIÁVEIS ÍNDICE DE LITTLE INICIAL, IDADES INICIAL E FINAL, TEMPO DE TRATAMENTO E TEMPO DE AVALIAÇÃO PÓS-CONTENÇÃO DOS GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE, PARA AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE INTERGRUPOS TABELA 2 – RESULTADOS DO TESTE QUI-QUADRADO PARA AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE DOS GRUPOS 1 E 2, QUANTO A SEVERIDADE INICIAL DAS MÁS-OCLUSÕES Grupo 1 com ERM Grupo 2 sem ERM Total Classe I 16 10 26 ¼ Classe II 7 8 ½ Classe II 2 Total 25 Grupo Severidade x2 = 2,658 df = 2 Variáveis Grupo 1 com expansão rápida (N = 25) Grupo 2 sem expansão rápida (N = 23) p Média d.p. Média d.p. Little 1 7,65 2,96 6,56 2,84 0,201 15 Id T1 13,53 1,63 13,36 1,81 0,729 5 7 Id T2 15,51 1,74 15,54 1,86 0,956 23 48 TTRAT 2,07 0,55 2,18 0,93 0,625 TPOS 5,60 1,41 4,92 1,11 0,072 p = 0,2647 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 673 Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH Em relação às alterações ocorridas durante o tratamento observadas diferenças estatisticamente significantes entre os (T2-1), foram observadas diferenças significantes entre os grupos Grupos 1 e 2 para as variáveis Interpb, Interpb’ e Intermol, ou paras as variáveis Interb, Interb’ e Intermol. O Grupo 1 apresentou seja, em relação às alterações dimensionais totais, o Grupo 1 incrementos dimensionais transversais maiores que o Grupo 2 apresentou incrementos transversais significantemente maiores (Tabela 4). Durante o período pós-contenção (T3-2), somente a que o Grupo 2 (Tabela 6). alteração da distância entre os primeiros prá-molares (Interpb) apresentou diferença estatisticamente significante entre os | Discussão grupos (Tabela 5). Em relação às alterações totais (T3-1), foram Apesar de a recidiva anterossuperior apresentar-se menos prevalente que a anteroinferior, a sua avaliação e a busca por TABELA 4 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS ALTERAÇÕES DO TRATAMENTO (T2-T1), ENTRE OS GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE Variáveis Grupo 1 com expansão rápida (N = 25) Grupo 2 sem expansão rápida (N = 23) fatores que possam auxiliar na estabilidade no segmento anterossuperior apresentam validade, já que um deterioramento do tratamento neste segmento do arco também pode resultar em um comprometimento estético e funcional. Devido à sua localização no arco, o apinhamento na região anterossuperior p tende a apresentar-se mais visível e, consequentemente promover maiores prejuízos estéticos que a irregularidade dentária Média d.p. Média d.p. Little 2-1 -6,23 2,90 -4,97 3,11 0,151 Interc 2-1 0,88 1,89 0,58 2,52 0,639 Interpb 2-1 3,65 1,84 1,62 1,70 0,000* auxiliar na estabilidade pós-contenção do alinhamento dos Interpb ’2-1 3,82 2,12 1,15 2,15 0,000* incisivos superiores e inferiores15,17-19. Especula-se que esta Intermol 2-1 2,97 3,56 0,39 2,57 0,006* maior estabilidade se deve aos componentes esqueléticos Compr 2-1 2,50 2,85 1,67 3,73 0,390 relacionados ao incremento transversal maxilar promovido pelo Perim 2-1 2,69 2,48 1,34 3,20 0,107 *estatisticamente significante para p < 0,05. TABELA 5 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS ALTERAÇÕES NO PERÍODO PÓS-TRATAMENTO (T3-T2), ENTRE OS GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE Variáveis Grupo 1 com expansão rápida (N = 25) Grupo 2 sem expansão rápida (N = 23) p A expansão maxilar por meio da abertura da sutura palatina mediana tem sido considerada um procedimento aparelho expansor, situação contrária à expansão dos arcos, promovida exclusivamente durante a mecânica ortodôntica TABELA 6 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS ALTERAÇÕES NO PERÍODO TOTAL DE OBSERVAÇÃO (T3-T1), ENTRE OS GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE Variáveis Grupo 1 com expansão rápida (N = 25) Grupo 2 sem expansão rápida (N = 23) p Média d.p. Média d.p. Little 3-1 -4,72 3,27 -3,44 2,73 0,152 0,066 Interc 3-1 0,30 1,53 0,47 2,47 0,778 0,98 0,045* Interpb 3-1 2,51 1,67 1,04 1,52 0,003* -0,27 0,99 0,095 Interpb ’3-1 3,05 1,82 0,89 1,95 0,000* 1,64 0,42 1,16 0,146 Intermol 3-1 2,78 3,19 0,81 1,87 0,013* -1,57 1,24 -1,69 1,26 0,732 Compr 3-1 0,93 2,41 -0,02 3,25 0,252 -1,65 1,29 -1,20 1,09 0,194 Perim 3-1 1,04 2,57 0,14 3,29 0,296 Média d.p. Média d.p. Little 3-2 1,52 1,60 1,52 1,38 0,992 Interc 3-2 -0,58 0,72 -0,11 1,00 Interpb 3-2 -1,14 0,90 -0,58 Interpb ’3-2 -0,77 1,05 Intermol 3-2 -0,20 Compr 3-2 Perim 3-2 *estatisticamente significante para p < 0,05. 674 anteroinferior1. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 *estatisticamente significante para p < 0,05. Ortopesquisa de nivelamento e alinhamento dos dentes. Baseado nestes mecânica ortodôntica fixa utilizando, para tanto, grupos contro- relatos, investigou-se a influência da realização do procedi- les sem tratamento22-23 ou compararam seus resultados com mento de ERM sobre a estabilidade do alinhamento dentário os obtidos em outros trabalhos15,17-18. anterossuperior. Não houve diferença significante entre os dois grupos em A seleção da amostra foi realizada de forma a eliminar relação à quantidade de correção de apinhamento anterossu- o maior número possível de fatores que poderiam influenciar perior (Tabela 4). A redução da irregularidade dos incisivos os resultados. Desta forma, uma das maiores preocupações superiores do Grupo 1 (com ERM) durante o tratamento foi na condução deste trabalho consistiu na obtenção de grupos similar à de estudos anteriores que utilizaram o procedimento compatíveis, o que viabilizaria uma correta comparação e, con- de ERM associado à terapia ortodôntica fixa como mecanismo sequentemente, favoreceria a interpretação e a confiabilidade para a correção do apinhamento, em casos tratados sem dos resultados. Para tanto, realizou-se uma homogeneização extrações dentárias15,18. das características ao início e ao término do tratamento orto- Em relação às dimensões transversais do arco superior, dôntico. Os grupos foram compatibilizados quanto ao protocolo observou-se maior incremento no grupo submetido à expansão de tratamento, o tipo de acessório ortodôntico utilizado e em rápida da maxila (Tabela 4). A expansão maxilar no Grupo 1 ocor- relação às distribuições dos gêneros e da má-oclusão inicial. reu de forma mais efetiva na região posterior do arco, como Além disso, foram compatibilizadas características como: as já relatada na literatura24. Não foi observada diferença entre idades inicial e final, o tempo de tratamento e o tempo de os grupos na alteração da distância intercaninos superiores, avaliação pós-contenção. Desta maneira, as alterações que diferentemente de estudos prévios realizados25-26. ocorreram no período pós-contenção puderam ser analisadas No que diz respeito às alterações no comprimento e pe- com maior segurança. Uma pesquisa7, concluída em 2011, rímetro do arco superior durante o tratamento (Tabela 4), os comparou a recidiva do apinhamento anterossuperior em resultados deste trabalho não indicaram diferenças significantes pacientes com má-oclusão de Classe I e Classe II, divisões 1 entre as alterações do grupo tratado com ERM (Grupo 1) àque- e 2 de Angle. A amostra consistiu em 70 pacientes divididos las ocorridas no grupo tratado sem a realização deste mesmo em três grupos de acordo com o tipo de má-oclusão. Os resul- procedimento (Grupo 2). Entretanto, uma revisão da literatura tados da comparação intergrupos não mostraram diferenças pertinente suportaria a afirmação de que o procedimento de estatisticamente significantes nas fases avaliadas. A recidiva do expansão rápida da maxila pode promover espaço adicional apinhamento superior foi influenciada pelo apinhamento inicial nos arcos para corrigir problemas relacionados à falta de espa- e os dentes tenderam a voltar à posição original. Pacientes do ço22-23. Por exemplo, um estudo27 realizado em 1990 demons- gênero feminino apresentaram mais recidiva do apinhamento trou que cada milímetro de aumento transversal na região de anterossuperior que os do gênero masculino. pré-molares produz um ganho no perímetro do arco superior de Os resultados favoráveis obtidos em relação à avaliação 0,7 mm (70%). No presente trabalho observou-se um aumento de dos erros casual e sistemático são reflexos da padronização 3,65 mm (d.p. = 1,84) na distância entre os primeiros pré-mo- e da precisão na execução das aferições, e resultado também lares. Esta expansão correspondeu a um aumento no perímetro da simplicidade e objetividade da mensuração do índice de do arco superior durante o tratamento equivalente a 2,69 mm irregularidade de Little e das demais variáveis estudadas aos (d.p. = 2,48), que representa 73% da expansão obtida na região modelos de estudo. de pré-molares (Tabela 4). A divisão da amostra total (48 pacientes) em dois grupos foi Nota-se, na Tabela 4, que ambos os grupos apresenta- realizada de acordo com a realização ou não do procedimento ram algum aumento no perímetro e no comprimento do arco. de expansão rápida da maxila durante o tratamento ortodôntico Entretanto, apesar de ocorrerem aumentos no comprimento sem extrações. A comparação entre os dois grupos, ambos e perímetro do arco superior do Grupo 1 (2,50 e 2,69 mm, tratados sem extrações e mecânica Edgewise, permitiu efeti- respectivamente), estes não foram significantemente maiores vamente verificar a influência da realização do procedimento que aqueles observados no grupo tratado sem a realização da de ERM (somente realizado no Grupo 1) sobre a estabilidade ERM (1,67 e 1,34 mm, respectivamente). O Grupo 2, apesar longitudinal do alinhamento dos incisivos superiores. Estudos de constituir-se de pacientes que não foram submetidos à prévios relacionados ao assunto, basicamente, avaliaram a procedimentos que teriam por finalidade a expansão maxilar, estabilidade do tratamento de casos tratados com ERM e apresentou alguma expansão do arco superior consequente ao OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 675 Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH tratamento com mecânica Edgewise, já observada em estudos varam aumento na irregularidade dos incisivos superiores de prévios de casos tratados sem extrações12,28. Especula-se que, 0,19 mm e 0,12 mm nos casos tratados com e sem extrações, provavelmente, se o Grupo 1 fosse comparado a um grupo respectivamente, quatro anos e 11 meses pós-contenção. O controle compatível, sem tratamento, os ganhos no perímetro grupo tratado com extração apresentava um apinhamento ini- do arco como resultado do procedimento de ERM poderiam cial de 4,4 mm, enquanto que o grupo tratado sem extrações se apresentar significantes estatisticamente. Deve-se ressaltar apresentava uma apinhamento inicial de apenas 1,94 mm. As que o uso da ERM como recurso para obtenção de espaço em contenções superior e inferior (Placas de Hawley) foram removi- tratamentos sem extrações deve ser realizado de forma mais das pelo menos dois anos antes da avaliação pós-contenção. A racional e, principalmente, que o planejamento dos tratamentos excepcional estabilidade deste trabalho pode estar relacionada deve ser baseado nos problemas presentes no arco inferior29. à pequena quantidade de apinhamento inicial e a um curto Os resultados demonstraram que a quantidade média de intervalo entre a remoção das contenções e a avaliação pós- recidiva do apinhamento anterossuperior durante o período pós- contenção. contenção foi a mesma nos dois grupos (1,52 mm). Ocorreu Ainda que o procedimento de ERM não tenha exercido recidiva do apinhamento anterossuperior na grande maioria qualquer influência sobre a estabilidade anterossuperior e os re- dos pacientes avaliados, com uma porcentagem média de sultados demonstrem uma recidiva anterossuperior pós-contenção 24,39% e 30,64% para os grupos com e sem expansão rápida maior que a relatada em estudos prévios, os índices de irregu- da maxila, respectivamente. laridade ao final do período pós-contenção para os Grupos 1 e Diferentemente de especulações prévias18, neste estudo, verificou-se que a expansão ortopédica do arco superior não 2 (2,93 e 3,12 mm, respectivamente) podem ser considerados clinicamente aceitáveis. influenciou na estabilidade pós-contenção do alinhamento dos Os pacientes submetidos à expansão (Grupo 1) apresen- incisivos superiores. Os resultados confirmam a imprevisibilida- taram redução em todas as variáveis que representam as de e grande variabilidade em relação à recidiva do apinhamento dimensões do arco superior durante o período de pós-conten- e, desta forma, demonstra-se novamente que a habilidade para ção (Tabela 5). O grupo tratado sem ERM (Grupo 2) apresentou identificar os pacientes de maior risco apresenta-se limitada. comportamento similar, exceto para a distância intermolares, Os resultados do presente estudo foram similares a um trabalho que aumentou 0,42 mm. Estes resultados confirmam trabalhos anterior12, em que observaram uma recidiva após cinco anos de prévios15,18, que também observaram alguma redução nas remoção das contenções de 1,10 mm. Entretanto, observa-se na dimensões do arco superior após a remoção da contenção. literatura18 resultados mais favoráveis em relação a esta recidiva, No presente trabalho, não foram observadas diferenças signi- mesmo 8-10 anos após a remoção das contenções. Avaliando ficantes entre os grupos na quantidade média de redução das 137 casos tratados com expansão rápida e aparelhos fixos, variáveis que avaliaram as dimensões do arco superior, exceto 18 observaram uma recidiva anterossuperior média de 0,6 mm para a variável Interpb (distância entre os primeiros pré-mola- (d.p. = 1,30). Em 1997, uma pesquisa6 evidenciou que 96% res). Uma maior redução desta distância no Grupo 1 pode ser da correção do apinhamento anterossuperior durante o trata- explicada pela aplicação de forças intensas sobre estes dentes mento era mantida após 15 anos do término do tratamento. durante o procedimento de expansão rápida da maxila. Por ser A quantidade de apinhamento aumentou de 1,5 mm ao final um dente utilizado como ancoragem pelo aparelho expansor, a do tratamento para 1,8 mm na avaliação pós-contenção. Em aplicação de forças de grande magnitude sobre estes dentes 15 estudo mais recente , que também avaliou a recidiva deste seg- pode ter resultado em uma maior inclinação vestibular que, mento do arco em casos tratados sem extrações, observou-se durante o período pós-contenção, resultou em maior quantidade que durante o período pós-contenção (7,9 anos) houve aumento de recidiva (movimentação no sentido palatino) que os demais da irregularidade dos incisivos superiores de apenas 0,47 mm dentes posteriores. Especula-se que esta maior movimentação (d.p. = 1,19). A maior estabilidade do alinhamento dos dentes no sentido palatino possa ter resultado em uma maior redução anterossuperiores destes trabalhos6,15,18, muito provavelmente, na distância entre os primeiros pré-molares (variável Interpb). pode ser explicada pelo maior tempo de uso das contenções Os resultados apresentados na Tabela 6 (alterações to- após o tratamento ortodôntico fixo, ressaltando a importância tais) demonstram que as maiores diferenças entre os grupos de protocolos mais rígidos de contenção para o arco superior. ocorreram nas variáveis que representam as dimensões do Em um estudo16 conduzido em 2006, os autores obser- arco superior na região posterior. O Grupo 1, submetido à 676 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 Ortopesquisa ERM durante o tratamento ortodôntico, apresentou ao final durante o tratamento quanto durante o período pós-contenção. do período pós-contenção maiores incrementos na dimensão Desta forma, a despeito da efetividade da ERM na correção transversal quando comparado ao Grupo 2. Estes resultados de deficiências transversais na região posterior, amplamente demonstram que o procedimento de ERM foi capaz de promo- relatada na literatura, a estabilidade do alinhamento dentário ver efetivas alterações transversais no arco superior, e que anterossuperior em casos onde este recurso foi utilizado para estes incrementos transversais apresentaram estabilidade em a obtenção de espaço adicional no arco apresentou-se similar a longo prazo. O aumento na distância intermolares superiores de casos ortodônticos em que o apinhamento anterossuperior (+2,78 mm) no Grupo 1, com ERM, foi significantemente maior foi corrigido simplesmente com mecânica ortodôntica fixa. que no Grupo 2, sem ERM (+0,81 mm). O emprego dos diversos procedimentos terapêuticos em Em relação às alterações totais no comprimento e Ortodontia e na Ortopedia facial deve ser realizado sobre as no perímetro do arco dos Grupos 1 e 2, os resultados de- bases sólidas do conhecimento, refletindo primordialmente as monstraram incrementos residuais de 0,93 mm e 1,04 mm, informações adquiridas a partir de evidências científicas. Desta respectivamente, não havendo diferença significante entre os forma, pode-se afirmar que a realização da ERM com o objetivo grupos. Um estudo similar18 não observou qualquer alteração exclusivo de corrigir o apinhamento dentário do arco superior, no comprimento do arco durante o tratamento com ERM e apa- seja suave ou moderado, mostra-se injustificável, já que o relhos fixos. Entretanto, relataram18 um aumento no perímetro espaço ganho com a expansão, utilizado para o alinhamento do arco superior de 1,6 mm, após 8-10 anos de remoção das e o nivelamento dos incisivos, não permanece estável na fase contenções. pós-contenção. Possivelmente, o emprego deste procedimento 23 avaliaram as alterações nesta situação poderá resultar em um aumento no grau de dimensionais dos arcos de casos tratados com ERM e mecânica reabsorções radiculares e risco de deiscências vestibulares30, 23 Previamente, alguns autores que, em relação a um grupo aumento dos gastos despendidos, prolongamento do tempo controle sem tratamento, houve um ganho ao final do período do tratamento e, em síntese, uma redução da eficiência do pós-contenção de 6,0 mm no perímetro do arco superior. tratamento. ortodôntica fixa. Observaram Relataram23 que, em longo prazo, o protocolo de tratamento utilizado foi capaz de se opor à tendência fisiológica de redução | Conclusão do perímetro do arco (-3,0 mm) e produzir um ganho de espaço de 3,0 mm no arco superior. Não houve influência da realização do procedimento de expansão rápida da maxila durante o tratamento sobre a reci- Implicações clínicas diva do apinhamento anterossuperior, uma vez que pacientes Os resultados apresentados neste trabalho indicam que a submetidos ou não a disjunção maxilar apresentaram, em realização do procedimento de ERM não apresenta influência média, a mesma quantidade de recidiva (1,52 mm), cinco anos sobre a recidiva do apinhamento anterossuperior. Além disso, após o término do tratamento. pode-se afirmar que a obtenção de espaço por meio da ERM para a correção do apinhamento deve ser uma opção de tratamento a ser analisada com ressalvas, pois, apesar de algum ganho no arco superior em relação ao perímetro do arco, a literatura demonstra que as alterações dimensionais no arco inferior não apresentam significância clínica. Deve-se ressaltar que o planejamento ortodôntico deve se basear primordialmente nas deficiências presentes no arco inferior. Sendo assim, o emprego da ERM como forma de obter espaço adicional Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. para a correção do apinhamento anteroinferior apresenta-se pouco plausível. Os resultados demonstraram que os grupos tratados com ou sem a realização da ERM apresentaram alterações semelhantes nas dimensões transversais do arco na região anterior, tanto Endereço para correspondência: Luiz Filiphe Gonçalves Canuto Rua José Bonifácio, 205 – Sala 109 – Madalena 50710-000 – Recife – PE Tel.: (81) 3083-5663 [email protected] OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78 677 Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH Referências 1. Canuto LF, de Freitas MR, Janson G, de Freitas KM, Martins PP. 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Foram realizados os traçados preditivos para cada método e estes foram comparados com os resultados pós-cirúrgicos. Este protocolo foi repetido para a avaliação do erro do método, e a estatística instituída utilizou-se da análise de variância. Os resultados mostraram maior frequência de aproximações para os valores cefalométricos dos resultados pós-cirúrgicos quando o método manual foi empregado (50% de similaridade), seguido dos programas DFPlus (31,2%) e Dolphin (18,8%). A condição experimental permitiu concluir que o método de previsão manual teve maior precisão, embora a previsibilidade dos métodos digitais tenha sido razoavelmente satisfatória. Unitermos – Ortodontia; Previsibilidade; Cefalometria; Cirurgia ortognática; Face. ABSTRACT – The purpose of this research was to compare, by cephalometric analysis (McNamara and Legan & Burstone) the predictive tracings (by methods manual, and by softwares Dentofacial Planner Plus and Dolphin Image) with the post surgical results. Were selected the pre and post surgical lateral telerradiograph (six months after orthognatic surgery) of the 25 long face patients treated with combined orthognatic surgery. Were made the prediction tracings for each method and comparing cephalometrically with the post surgical results. This protocol was repeated once more for the error method evaluation, and the statistical was made by variance analysis and Tuckey overtest. The results show more frequency of the cephalometric values’ aproximation of the post surgical results when the manual method (50% of the similarity with the post surgical result), followed of the DFPlus (31,2%) and Dolphin (18,8%) softwares. The experimental condition permits to conclude that the manual method had more precision, although the previsibility of the digital methods was reasonable satisfactory. Key Words – Orthodontics; Previsibility; Cephalometry; Orthognatic Surgery; Face. *Especialistas, mestres e doutores em Ortodontia – Faculdade de Odontologia Araçatuba, Unesp. **Professores da disciplina de Diagnóstico e Cirurgia – Faculdade de Odontologia de Araraquara, Unesp. ***Professor titular da disciplina de Ortodontia – Faculdade de Odontologia Araçatuba, Unesp. Recebido em mai/2012 – Aprovado em set/2012 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 681 Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA | Introdução pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas (seis meses) de uma amostra de 25 pacientes adultos face longa, Classe II de Angle, submetidos Pesquisas epidemiológicas demonstram que uma grande à cirurgia ortognática bimaxilar. Essas telerradiografias foram porcentagem da população apresenta algum tipo de má-oclusão. provenientes do Cedeface (Centro de Pesquisa e Tratamento Muitos desses casos são severos, afetando as proporções faciais das Deformidades Bucofaciais – Araraquara/SP) e da Disciplina e a qualidade de vida, os quais requerem correção ortodôntico- de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade 1-2 cirúrgica para a obtenção de resultados satisfatórios . de Odontologia de Araçatuba – Unesp (FOA n0 2006-00847). Os procedimentos ortodônticos preparatórios para a A inclusão na amostra baseou-se nos seguintes critérios: cirurgia ortognática têm como principal meta posicionar os 1. Pacientes de ambos os gêneros, leucodermas, brasileiros, elementos dentários nas suas respectivas bases ósseas, de dentados, que não se encontravam em fase de crescimento forma a eliminar as inclinações inadequadas que ocorrem como resposta compensatória no processo de desenvolvimento da má-oclusão. Nessa fase, um dos passos mais importantes é a realização dos traçados de previsão, baseados na avaliação clínica do paciente, os quais evidenciam a inclinação dos ativo; 2. Portadores do padrão de crescimento tipo vertical com características de face longa; 3. Relação dentária de Classe II, não apresentando mordida aberta anterior; incisivos e sugerem os movimentos cirúrgicos necessários, 4. Tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar realizado em um proporcionando a visualização do resultado a ser alcançado período mínimo de seis meses para suficiente regressão do tanto no tangente ao tecido mole quanto ao esquelético. edema ocasionado pelo ato cirúrgico; Esses traçados criam uma situação na qual é possível descrever detalhadamente as alterações cirúrgicas, o que leva 3 5. Documentação radiográfica dos períodos inicial, pré-operatório imediato e pós-operatório de boa qualidade; a uma otimização na condução do caso . Convencionalmente 6. Ausência de patologias, fissuras e assimetrias faciais; são realizados de forma manual, no entanto, existem programas 7. Técnica ortodôntica de Edgewise convencional para o digitais que realizam a previsão de resultados com base na digitalização de pontos cefalométricos das telerradiografias. Esses programas são capazes de simular o efeito da descom- preparo ortodôntico; 8. Ausência de outro tipo de cirurgia reparadora estética facial durante ou após o tratamento ortodôntico-cirúrgico; pensação dos incisivos e os consequentes movimentos das Dos 25 pacientes da amostra, 22 (88%) pertenciam ao bases ósseas, traduzindo-os de modo ilustrado e fornecendo gênero feminino e três (12%) pertenciam ao gênero masculino, uma silhueta do perfil mole e esquelético pós-cirúrgico. sendo a média etária de 32,24 anos (17 a 45 anos). Assim, é possível avaliar e comparar a precisão dessas duas opções: manual e digital, de maneira a verificar qual delas Avaliação cefalométrica trará maior confiabilidade tanto para o cirurgião bucomaxilofacial Utilizando-se papel transparente de acetato e lapiseira, como para o ortodontista que prepara o paciente para a cirurgia. cada telerradiografia foi traçada sobre o negatoscópio três vezes (de forma alternada e com intervalos semanais, a fim | Proposição de evitar a memorização de cada traçado), em ambiente com luminosidade controlada, marcando-se 71 pontos necessários O objetivo deste trabalho retrospectivo foi verificar a pre- para a digitalização no programa Dentofacial Planner Plus. O cisão da previsibilidade dos traçados de previsão manuais e último traçado de cada paciente, referente às telerradiografias dos digitalizados (programas Dentofacial Planner Plus e Dolphin pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas (seis meses), foi utilizado como Image), comparando-os por meio de análises cefalométricas guia para a digitalização ordenada e sequencial dos pontos com os resultados pós-cirúrgicos obtidos de pacientes face cefalométricos (matrizes). A digitalização de cada traçado foi longa, submetidos à cirurgia ortognática bimaxilar. repetida duas vezes para a avaliação da reprodutibilidade do método. | Material e Métodos Utilizou-se o programa Dentofacial ShowCase-DFPlus e o programa Dolphin Imaging 10.5 para a avaliação cefalométri- Amostra ca, sendo um único examinador calibrado para o traçado e a Analisaram-se as telerradiografias em norma lateral 682 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 digitalização das telerradiografias. Ortopesquisa A partir dos traçados pré-cirúrgicos (matrizes), foram Os resultados (medidas lineares e angulares das análises construídos os traçados de previsão manuais e os traçados cefalométricas adotadas) foram tabulados no programa Excel de previsão nos programas Dentofacial Planner Plus (DFPlus) e para o Windows, para organização das informações e aplicação Dolphin Imaging 10.5 (Dolphin), com base nos dados da cirurgia de testes estatísticos. que foi realizada (registros nas pastas clínicas de arquivo dos Do ponto de vista cefalométrico, avaliou-se sistematica- pacientes). Para cada paciente, obteve-se a seguinte sequên- mente cada mensuração referente às análises selecionadas4-7 cia de traçados: de previsão manual, de previsão do DFPlus, de forma a relacionar o erro de previsibilidade: diferença entre de previsão do Dolphin e traçado pós-cirúrgico (resultado a medida pós-cirúrgica real e a medida de previsão de cada real). Essa sequência de traçados foi submetida às análises método estudado (Dentofacial Planner Plus, Dolphin Imaging, cefalométricas. traçados preditivos manuais). Se a diferença fosse nula, A sequência para digitalização no DFPlus foi a seguinte: 1. Colocação da matriz (traçado pré-cirúrgico) sobre a mesa digitalizadora; 2. Marcação sequencial dos 71 pontos, clicando sobre os mesmos na sequência correta; significaria que a previsão teria sido idêntica ao resultado pós-cirúrgico real, o que evidenciaria excelente grau de precisão quanto à previsibilidade. Portanto, quanto mais próximas as medidas cefalométricas se posicionassem em relação ao valor numérico zero, mais acurado o método de previsibilidade. 3. O programa constrói a imagem do traçado; Ademais, o erro de previsão negativo ou positivo indica que 4. Nos casos do traçado pós-cirúrgico e do traçado de previsão o valor previsto é, respectivamente, menor ou maior do que manual, aplicou-se as análises cefalométricas e a impressão das mesmas; o valor real. Essa comparação foi desenvolvida em três etapas: 5. A partir da digitalização da matriz do traçado pré-cirúrgico, 1. Avaliação com o teste t de Student (pareado), verificando- efetuou-se o traçado de previsão no programa, simulando-se se se houve erro de previsão estatisticamente diferente de a cirurgia de maxila e posteriormente a de mandíbula; zero (de cada medida das análises cefalométricas citadas 6. A partir do traçado de previsão do programa DFPlus, da para todos os métodos de previsão). O erro de previsão foi aplicação das análises cefalométricas, faz-se a impressão dado pelo resultado real pós-cirúrgico subtraído do valor das mesmas; 7. Digitalização e tabulação dos dados cefalométricos no programa Excel for Windows; cefalométrico de previsão. 2. Análise de variância para comparação entre o traçado pós-cirúrgico e os traçados de previsão manual e computadorizado. A sequência para digitalização no Dolphin Imaging 10.5 3. Sobreteste de Tukey. foi a seguinte: 1. As matrizes pré-cirúrgicas foram fotografadas; 2. Realizou-se a captura da imagem pelo programa; Planejamento bioestatístico Inicialmente, foi realizado o cálculo de amostra para avaliar 3. Trabalhou-se a imagem em relação à cor e ao contraste; se o tamanho da amostra havia sido suficiente para garantir a 4. Selecionaram-se as análises cefalométricas a serem utiliza- significância dos resultados esperados dentro da metodologia das e seus respectivos pontos cefalométricos; indicada. 5. Instituiu-se a calibragem quanto ao tamanho e às proporções Após a coleta de dados, estes foram submetidos ao teste da imagem (régua do programa e traçado de 1 cm ao lado de aderência de Lilliefors e Levene para verificação da distri- da imagem: conversão de possíveis distorções e despro- buição da normalidade dos mesmos. Sendo a distribuição dos porções); dados normal, foi indicado um teste estatístico paramétrico. 6. Ajuste da imagem; O teste t de Student foi empregado para avaliar se a mé- 7. Marcação sequencial de pontos cefalométricos; dia dos erros de previsão, de cada medida cefalométrica, era 8. Simulação do tratamento com cirurgia ortognática, inician- significativamente diferente de zero ao nível de 5%. Significa do sempre pela maxila e posteriormente reposicionando a testar se, em média, a medida cefalométrica prevista difere mandíbula (de acordo com os dados da cirurgia real); significativamente da medida obtida após a cirurgia ortognática. 9. Aplicação das análises cefalométricas e impressão dos valores cefalométricos obtidos. Por outro lado, a análise de variância de dois fatores (método e paciente) foi empregada para avaliar se, em média, havia OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 683 Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA evidência de diferença significativa entre os métodos quanto aos Na Tabela 1, são mostradas as médias e os desvios-padrão erros de previsão do valor pós-operatório de cada medida cefa- dos erros de previsão das medidas cefalométricas angulares e lométrica. Essa análise foi complementada pelo teste de Tukey, lineares estabelecidas por McNamara Jr. Os testes estatísticos de comparações múltiplas de médias. Adotou-se novamente o de Levene e Shapiro-Wilk comprovaram, respectivamente, nível de significância de 5% para a tomada de decisão. Foram homogeneidade de variâncias entre os três métodos quanto construídos, também, intervalos de confiança de 95% para as ao erro de previsão e normalidade desses erros. Então, os médias populacionais de erros de previsão. desvios-padrão permitiram estimar a precisão dos métodos de Ressalte-se que a leitura dos dados pelos programas previsão, podendo-se estabelecer aproximadamente 95% dos utilizados foi realizada duas vezes, ocorrendo concordância erros no intervalo de dois desvios-padrão em torno da média. excelente entre os resultados das duas análises cefalométricas Foram colocadas na tabela as médias e os desvios-padrão 8-11 aplicadas , trazendo maior confiabilidade aos procedimentos das medidas cefalométricas pós-operatórias, o que permite a (análise de erro do método). visualização do erro de previsão relativo, dado pela divisão do erro de previsão pela média real. Desse modo, fica facilitada a | Resultados interpretação da relevância clínica do erro de previsão. O teste t de Student foi aplicado para comparar cada média Para o propósito deste trabalho, analisaram-se medidas de erro de previsão com o zero individualmente, ao nível de cefalométricas de 25 pacientes quanto ao erro de previsão, significância de 5%. Na Tabela 1, as médias significativamente definido pela diferença entre a medida cefalométrica prevista diferentes de zero estão assinaladas com um asterisco. Isso pelo método manual ou pelos métodos computadorizados expressa que o método utilizado prevê média da medida (DFPlus e Dolphin) e a medida real, constituída após a cirurgia cefalométrica significativamente diferente da real: maior ou ortognática (traçado pós-cirúrgico). Portanto, erro de previsão menor conforme a média de erro, seja positiva ou negativa. negativo ou positivo indica que o valor previsto é, respectiva- Das 33 médias avaliadas pelo teste estatístico, somente oito mente, menor ou maior do que o valor real. não se mostraram significativamente diferentes de zero. Ou TABELA 1 – MÉDIAS (M) E DESVIOS-PADRÃO (DP) DAS MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS DE MCNAMARA JR. PÓS-CIRÚRGICAS E AS MÉDIAS DOS ERROS DE PREVISÃO (ME) COM SEUS RESPECTIVOS DESVIOS-PADRÃO (DP), DE ACORDO COM O MÉTODO DE PREVISÃO UTILIZADO Medida cefalométrica Pós Dolphin DFPlus Me DP Me DP * -4,7 2,9 a * -6,7 3,9 b * a * -3,4 7,0 a * -8,3 6,5 b * 4,5 a * -7,3 5,7 a * -7,3 5,9 a * 5,2 5,1 b * 3,8 5,2 b * -0,9 5,4 a 5,5 2,1 3,9 a * 2,4 5,4 a * 1,6 4,3 a 0,1 6,3 -4,0 4,8 a * -5,3 5,8 a * -7,8 6,0 b 1-Aperp 2,5 3,3 2,8 3,4 b * 2,5 3,1 b * 0,9 3,4 a 1-A-Pg 1,8 3,1 3,5 2,0 b * 4,0 2,6 b * 2,5 2,5 a FMA 30,6 5,0 -1,8 3,6 a * -0,7 3,8 a 0,0 4,4 a Eixo facial 87,3 4,1 -1,1 3,6 a 7,6 3,0 c * -3,9 4,1 b Ang. nasolabial 100,7 12,2 0,7 13,3 a 11,0 10,4 b * 2,3 13,9 a M DP Me DP 6,5 4,8 -6,6 3,9 b Co-Gn 124,3 6,5 -2,3 4,4 CO-A 96,1 6,7 -7,4 Dif. Mx-Md 28,3 4,2 Afai 77,7 Pg-Nperp A-Nperp Médias com letras iguais em uma linha não são significativamente diferentes pelo teste de Tukey ao nível de 5%. *médias significativamente diferentes de zero pelo teste t de Student ao nível de 5%. Amarelo: medidas cujo erro de previsão foi estatisticamente igual a zero (resultado real similar à previsão). Verde: medidas com menor erro de previsão entre os três métodos avaliados. 684 Manual OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 * * * Ortopesquisa seja, apenas oito apresentaram uma previsão que não diferiu O resultado está indicado na Tabela 1, em que médias com estatisticamente do resultado final real. Essas medidas foram: letras iguais em uma medida cefalométrica não são significa- diferença maxilo-mandibular (método manual), Afai (método ma- tivamente diferentes ao nível de 5%. Portanto, linhas com as nual), 1-Aperp (método manual), FMA (método manual e Dolphin), três letras iguais refletem a não significância já apontada pela eixo facial (DFPlus), ângulo nasolabial (método manual e DFPlus). análise de variância. Portanto, as previsões que não diferiram estatisticamente do As médias de erro de previsão estão representadas nos resultado real pós-cirúrgico apresentaram-se mais frequentes Gráficos 1 e 2, respectivamente, para as medidas cefalométricas quando da utilização do método manual (cinco variáveis cefalo- angulares e lineares. Nessas figuras, a barra vertical representa métricas), seguido do método computadorizado DFPlus (duas um intervalo de confiança de 95% para a média populacional, variáveis cefalométricas) e do Dolphin (apenas uma variável indicando a precisão sobre a média do erro de previsão. cefalométrica). As médias significativamente diferentes de zero As medidas que mais se aproximaram do resultado real, em uma mesma medida cefalométrica têm sempre o mesmo mesmo apresentando diferença estatisticamente significante, sinal, positivo ou negativo. foram: 1-APg (método manual), Pg-Nperp (DFPlus), CO-A (mé- Análises de variância foram empregadas para a compara- todo manual e Dolphin), CO-Gn (DFPlus), A-Nperp (Dolphin). ção entre os três métodos quanto ao erro de previsão. Quando Neste caso, três métodos avaliados (método manual, DFPlus elas acusaram diferença significativa entre os métodos, o teste e Dolphin) apresentaram a mesma frequência (duas variáveis de Tukey foi empregado para comparações múltiplas de média. cefalométricas para cada método). TABELA 2 – MÉDIAS (M) E DESVIOS-PADRÃO (DP) DAS MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS DE LEGAN-BURSTONE LINEARES (MM) E ANGULARES (GRAUS) PÓS-CIRÚRGICAS, E AS MÉDIAS DOS ERROS DE PREVISÃO (ME) COM SEUS RESPECTIVOS DESVIOSPADRÃO, DE ACORDO COM O MÉTODO DE PREVISÃO UTILIZADO Medida cefalométrica Pós DFPlus Dolphin M DP Me DP Sn-G Vert 10,7 4,9 -4,0 2,6 a Pg-G Vert 4,0 7,1 -4,7 5,4 a Terço médio 67,7 5,6 0,9 3,8 a Terço inferior 74,4 6,0 -1,1 2,9 b * Prot. lab. sup. 5,2 2,3 -1,1 1,8 b * Prot. lab. Inf. 3,2 3,4 -0,3 3,5 Exp. sup. 3,5 2,4 -0,6 Esp. interlab. 3,6 3,7 Conv. facial 15,4 Ang. queixo-pescoço Ang. nasolabial Manual Me DP * -5,3 4,4 a * -8,7 7,8 b Me DP * -4,9 4,5 a * * -5,9 7,1 ab * -1,2 5,7 b 0,9 5,1 a -1,1 1,6 b * 0,5 1,9 a a 2,9 3,4 c * 0,9 2,8 b 2,2 a -0,9 2,2 a 2,2 2,4 b * -2,7 2,7 b * 1,0 3,1 a 3,7 3,1 c * 5,3 -2,7 4,5 ab * -1,1 4,9 a -3,2 5,5 b * 75,4 9,6 -2,0 10,2 a -10,1 11,5 b * -13,8 13,8 b * 100,7 12,2 0,7 13,3 a 11,0 10,4 b * 2,3 13,9 a Sulco mentolabial 5,4 1,4 -1,6 1,9 b * -12,2 2,0 c * 1,1 2,1 a Médio/inf.% 91,5 9,4 2,8 6,7 a * 7,7 9,2 c * -2,4 8,5 b * Médias com letras iguais em uma linha não são significativamente diferentes pelo teste de Tukey ao nível de 5%. Médias significativamente diferentes de zero pelo teste t de Student ao nível de 5%. Amarelo: medidas cujo erro de previsão foi estatisticamente igual a zero (resultado real similar à previsão). Verde: medidas com menor erro de previsão entre os três métodos avaliados. Obs.: as médias dos terços faciais médio e inferior não foram fornecidas pelo Programa Dolphin Imaging 10.5. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 685 Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA Gráfico 1 Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão de acordo com o método de previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas lineares de McNamara Jr. Gráfico 2 Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão, de acordo com o método de previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas angulares de McNamara Jr. 686 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 Ortopesquisa Observou-se também que algumas medidas cefalométricas lábio superior (método manual), protrusão do lábio inferior apresentaram valores muito próximos entre dois métodos: (DFPlus e método manual), exposição do incisivo superior (Dol- A-Nperp (método manual e DFPlus), CO-A (método manual, phin e DFPlus), espaço interlabial (Dolphin), convexidade facial DFPlus, Dolphin), Afai (DFPlus e Dolphin), 1-Aperp (DFPlus e (Dolphin), ângulo queixo-pescoço (DFPlus), ângulo nasolabial Dolphin), FMA (Dolphin, DFPlus). Para esta situação, a maior (DFPlus e método manual), proporção entre terços faciais – frequência de concordância foi entre os métodos computado- médio/inf.% (método manual). O método manual apresentou o rizados Dolphin Imaging e DFPlus. maior número de variáveis cefalométricas (seis) sem diferença Na Tabela 2, encontram-se as médias e os desvios-padrão estatisticamente significante do resultado real pós-cirúrgico; dos erros de previsão das medidas cefalométricas angulares seguido do DFPlus (cinco) e do Dolphin (três). Exceto pelas duas e lineares estabelecidas por Legan e Burstone. Os testes últimas medidas cefalométricas, as médias significativamente estatísticos de Levene e Shapiro-Wilk comprovaram tanto a diferentes de zero em uma mesma medida têm os sinais iguais: homogeneidade de variâncias entre os três métodos como a positivo ou negativo. normalidade dos erros de previsão. Análises de variância foram empregadas para a com- Ainda na Tabela 2, as médias identificadas pelo teste t paração entre os três métodos quanto ao erro de previsão, de Student como significativamente diferentes de zero, ao complementadas pelo teste de Tukey. Assim, médias com nível de 5%, estão assinaladas com um asterisco. Das 37 letras iguais em uma medida cefalométrica na Tabela 2 não médias avaliadas pelo teste estatístico, 14 não se mostraram são significativamente diferentes ao nível de 5%. significativamente diferentes de zero; ou seja, não diferiram As médias de erro de previsão são mostradas nos Gráfi- estatisticamente do resultado real pós-cirúrgico. Essas referên- cos 3 e 4, respectivamente, para as medidas cefalométricas cias cefalométricas são: terço médio facial (DFPlus e método angulares e lineares. Em cada média, a barra vertical representa manual), terço inferior facial (método manual), protrusão do um intervalo de confiança de 95% para a média populacional. Gráfico 3 Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão, de acordo com o método de previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas lineares de Legan-Burstone. Gráfico 4 Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão, de acordo com o método de previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas angulares de Legan-Burstone. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 687 Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA As medidas que mais se aproximaram do resultado real, do nosso estudo confirmam esses achados, já que o único mesmo apresentando diferenças estatisticamente significantes ponto satisfatório para a avaliação labial foi a protrusão do lábio foram: Sn-G Vert (DFPlus), Pg-G Vert (DFPlus), sulco mentolabial inferior, demonstrando limitação na previsibilidade da posição (método manual). Neste aspecto, a previsibilidade do programa labial. A protrusão do lábio superior permaneceu próxima do DFPlus (duas variáveis cefalométricas) aproximou-se do resul- resultado, embora com diferença significante14. tado real com maior frequência. Os traçados de previsão convencionais se aproximaram Observou-se também que algumas medidas cefalométricas mais dos resultados pós-cirúrgicos do que as proporções apresentaram valores próximos entre dois métodos. Entre os pré-programadas (p < 0,05). Os autores ressaltaram a maior métodos Sn-G Vert (método manual e DFPlus), exposição do previsibilidade da técnica manual em relação aos métodos incisivo superior (DFPlus e Dolphin), convexidade facial (DFPlus computadorizados, confirmando nossos resultados15. e Dolphin), ângulo queixo-pescoço (Dolphin e método manual), Avaliando a adequação de previsibilidade do DFPlus, ângulo nasolabial (DFPlus e método manual), médio/inf.% verificou-se que esteve mais de acordo para as áreas nasal (DFPlus e método manual), identificou-se maior frequência de e labial, enquanto os maiores graus de erro foram vistos na concordância entre os métodos manual e DFPlus, seguido do região submental. De modo geral, a previsibilidade foi maior DFPlus e do Dolphin. que 80%, o que assegura precisão. Em nosso trabalho, também foi observada previsão satisfatória para a região nasal | Discussão (angulo nasolabial) e para a labial (protrusão do lábio inferior). Contudo, de modo geral, o nível de acurácia foi inferior a 80%, Pacientes com face longa podem apresentar alteração den- ou seja, 31,2%16. tofacial que necessita de correção cirúrgica, tanto no sentido Alguns autores sugeriram que fatores de variabilidade relati- vertical como no anteroposterior8-9. Devido à necessidade de vos ao tecido mole, como espessura, tonicidade, forma, solicita- se avaliar cefalometricamente os métodos de previsão manual ção funcional e espaço funcional livre, devem ser considerados e computadorizados (Dolphin Imaging e DFPlus), abrangendo na interpretação da previsibilidade16-17. Portanto, concordamos as dimensões acima citadas quanto à confiabilidade dos tra- que, embora os sistemas de imagem computadorizados sejam çados de previsão, foram escolhidos 25 pacientes com essa de grande valia para a comunicação e o esclarecimento, ainda característica para a amostra deste trabalho. são necessários esforços para melhorar sua precisão18. O gênero feminino foi mais numeroso (22 pacientes, 88%) Em particular, nota-se uma tendência de “sobreprevisão” do que o masculino (três pacientes, 12%), o que demonstra da cirurgia ortognática, induzindo rotação mandibular para trás. percepção mais crítica da autoimagem, assim como maior grau Neste trabalho, também foi possível observar que os erros de adesão. Esse fato está de acordo com a maioria dos rela- individuais, na maioria das vezes, foram de “sobreprevisão”. tos da literatura. A média de idade encontrada foi 32,24 anos Contudo, com relação à rotação mandibular, as medidas FMA 11-12 (17-45) , pela fase de procura e aceitação do tratamento e também quanto à época de indicação mais frequente. e eixo facial variaram para menos19. A existência de várias técnicas, com o objetivo de melhorar A seleção das análises cefalométricas justifica-se por serem a acurácia do planejamento ortodôntico-cirúrgico, encontra conhecidas e consagradas10,13, e os respectivos resultados dificuldade em relação à previsibilidade do perfil tegumentar. A evidenciaram que, das 70 medidas cefalométricas avalia- utilidade da previsão computadorizada é reconhecida, porém, das – 33 referentes à análise cefalométrica de McNamara Jr. deve ser utilizada com cautela, o que é válido, também, afirmar (Tabela 1) e 37 referentes à análise de Legan-Burstone (Tabela 2) em relação aos programas estudados em nossa pesquisa: –, apenas 22, o que representa 31,8% das medidas avaliadas, DFPlus e Dolphin20. não apresentaram erro de previsibilidade. Desta porcentagem, Comparando as diferenças na habilidade de cinco pro- 50% dos acertos (11 medidas) foram relacionados ao método gramas (Dentofacial Planner Plus, Dolphin Imaging, Orthoplan, manual, 31,2% (sete medidas) ao método computadorizado DFPlus Quick Ceph Image e Vistadent), em relação à simulação dos e 18,8% (quatro medidas) ao método computadorizado Dolphin. resultados em cirurgia ortognática, o Dentofacial Planner A acurácia da previsibilidade do DFPlus foi satisfatória, Plus foi julgado como melhor simulador. Em nosso trabalho, embora o perfil da região labial apresentasse dificuldades, o observou-se maior frequência de variáveis cefalométricas que que denota a necessidade de maior desenvolvimento. Os dados se aproximaram do resultado pós-cirúrgico quando da utiliza- 688 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 Ortopesquisa ção do programa DFPlus (n = 11) em relação ao programa equivalentes. Vale notar que o parâmetro de análise foi distinto, Dolphing Imaging (n = 6), em concordância com os autores sendo que Magro-Érnica avaliou imagens e o presente trabalho 21 supracitados . avaliou medidas cefalométricas. Portanto, parece que o DFPlus Na acurácia de previsão utilizando o Dolphin Imaging Software (Versão 8.0) e a técnica manual, notou-se que os tra- mostra-se mais adequado para a comparação cefalométrica e o Dolphin para a comparação de imagens24. çados manuais mostraram-se mais previsíveis. A comparação Novamente, confirmando a possibilidade de variações dos resultados reais com as previsões demonstrou diferenças individuais, a acurácia de previsibilidade de um sistema de si- clinicamente significantes para todas as medidas. Os dados mulação para cirurgia ortognática (Cassos – computer-assisted 22 simulation system for orthognathic surgery) mostrou-se útil e as desse trabalho corroboram nossos achados . Comparados os traçados de previsão manual e os do áreas de maior imprecisão foram as labiais. Em nosso trabalho, Dolphin Imaging com os resultados pós-cirúrgicos, os autores as áreas de menor precisão foram: ângulo queixo-pescoço, observaram que sete das 16 medidas apresentaram diferenças ângulo nasolabial e sulco mento-labial25. estatisticamente significantes para o método convencional, en- Avaliando a acurácia de previsibilidade da resposta quanto nove medidas apresentaram diferenças estatisticamente tegumentar decorrente do tratamento ortodôntico-cirúrgico, significantes para Dolphin Imaging. observou-se que, no plano sagital, a ponta do nariz mostrou-se Com base nesses dados, concluíram que ambos os como a área de maior acurácia, sendo a área de maior dife- métodos parecem demonstrar previsibilidade razoável, sendo rença a de lábio superior. No plano vertical, a área de maior similares. Já no trabalho por nós realizado, todos os métodos de acurácia foi a subnasal e a menos precisa foi a de lábio inferior. previsão avaliados apresentaram baixa previsibilidade, variando Sugeriram que as previsões no sentido sagital foram superiores de 50% (método manual) a 18,8% (método computadorizado às do sentido vertical. Na nossa avaliação, as medidas tanto Dolphin). Estes dados corroboram com a avaliação realizada sagitais quanto verticais se comportaram de forma similar, em um estudo, baseada na analise da precisão da digitalização sendo as áreas de maior acurácia as do sentido vertical, como 23 cefalométrica e previsibilidade da cirurgia ortognática . exposição do incisivo superior e FMA26. A avaliação da imagem preditiva computadorizada do perfil tegumentar em pacientes submetidos ao avanço cirúrgico da | Conclusão mandíbula – comparando os programas Dolphin Imaging e As condições experimentais deste estudo permitiram DFPlus – mostrou que o programa Dolphin foi citado na maioria das vezes nos scores excelente e muito bom para todos concluir que: os pontos de análise (ponta do nariz, ângulo nasolabial, lábio superior, lábio inferior, sulco mentolabial, região mentoniana, - O método manual mostrou maior frequência de aproximação base mandibular e geral). Já o DFPlus teve mais scores regular das variáveis cefalométricas avaliadas em relação aos re- e ruim, sendo preferido apenas para a previsão da base man- sultados pós-cirúrgicos reais, seguido dos métodos DFPlus dibular. Concluiu-se que ambos os programas avaliados foram bem aceitos quanto à previsibilidade do perfil mole, no entanto, o programa Dolphin apresentou resultados superiores quando e Dolphin, respectivamente. - Nenhum dos métodos foi totalmente preciso em relação à previsibilidade dos resultados pós-cirúrgicos. da avaliação das imagens. Este dado contrapõe-se aos achados de nosso estudo, visto que, em relação à previsibilidade, o programa DFPlus registrou 31,2% dos acertos contra 18,8% do Dolphin. Nossos achados favorecem o programa Dolphin para as seguintes medidas: A-Nperp, Co-A, FMA, espaço interlabial e convexidade facial. Já o DFPlus apresentou melhores resultados para as medidas: ângulo nasolabial, sulco mentolabial, protrusão do lábio inferior, ângulo queixo-pescoço, eixo facial, CoGn e Pg-Nperp. Para as medidas da exposição de incisivo superior e protrusão do lábio superior, ambos os programas foram Nota de esclarecimento Declaramos que não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não houve patrocínio de entidades comerciais. Não possuímos ações ou investimentos em organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não possuímos patentes ou royalties, trabalho como testemunha especializada ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. Endereço para correspondência Carla Maria Melleiro Gimenez Rua Padre Duarte, 989 – Apto. 24 – Centro 14801-310 – Araraquara – SP Tel.: (16) 3397-1401 [email protected] OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90 689 Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA Referências 1. Tucker MR. Orthognatic surgery versus orthodontic camouflage in the treatment of mandibular deficiency. J. Oral Maxillofac Surg 1995;53(5):572-8. 2. Pektas ZO, Kircelli BH, Cilasun U, Uckan S. The accuracy of computer-assisted surgical planning in soft tissue prediction following orthognathic surgery. Int. J. Med. Robot 2007;3:64-71. 3. Omura T, Glickman RS, Super S. Method to verify the accurancy of model surgery and prediction tracing. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. Surg 1996;11(3):265-70. 4. Legan HL, Burstone CJ. Soft tissue cephalometric analysis for orthognatic surgery. J. Oral Surg 1980;38(10):744-51. 5. Mcnamara Junior JA. A method of cephalometric evaluation. Am. J. 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Trabalho original Ortopesquisa Distalização de molar controlada: busca de soluções para os efeitos indesejáveis que ocorrem com aparelhos distalizadores convencionais Controlled molar distalization: search for solutions of the undesirable effects which happen with conventional distalizers Sandra Tiberio*, André Marçal Guerreiro**, Semyra Giovannini Maccheronio**, Maxwell Lopes de Carvalho***, Thiago Souza Cruz**** RESUMO – A distalização de molares é um dos meios de se corrigir a má-oclusão de Classe II. Existem vários tipos de dispositivos intrabucais que independem da colaboração do paciente. O propósito deste estudo foi abordar os efeitos colaterais que os aparelhos distalizadores em geral promovem, como hiperemia da mucosa do palato, perda de ancoragem dos dentes suporte, protrusão e vestibularização do segmento anterior e rotação do molar distalizado. Assim, com apoio nessas evidências, foi elaborado um distalizador (DMC de Guerreiro) que se mostrou eficiente na movimentação de corpo do molar, pequenas alterações do longo eixo e clinicamente um ganho de espaço anteroposterior sem perda de ancoragem. Detalhes da confecção deste aparelho serão evidenciados, bem como as comprovações clínicas e radiográficas da distalização de molar controlada (DMC). Unitermos – Ortodontia corretiva; Aparelhos ortodônticos; Má-oclusão de Angle Classe II. ABSTRACT – The molar distalization is one of the means to correct the malocclusion of class II. There are a lot of kinds of intra-oral devices which do not depend on the patient cooperation. The purpose of this study is to deal with the collateral effects that the distalizers in general promote like hyperemia of the mucosa of the palate, loss of anchorage teeth support, protrusion and buccal tipping of the anterior segment and rotation of the molar distalized. So, based on the evidence, a distalizer (DMC de Guerreiro) was prepared that showed to be efficient on the molar drive, small changes on the long axis and clinically a gain of space anteroposterior without loss of anchorage. Details of the construction of this apparatus will be shown as well as the clinical and radiographic evidence of the controlled molar distalization (DMC). Key Words – Orthodontic corrective; Orthodontic appliances; Maloclusion Angle Class II. *Especialista e Mestre em Ortodontia – Umesp; Coordenadora do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes. **Especialistas em Ortodontia – APCD Regional São Caetano do Sul; Professores assistentes do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes. ***Especialista e Mestre em Ortodontia, Especialista em Dentística – Umesp; Professor assistente do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes. ****Especialista em Ortodontia – APCD Regional São Caetano do Sul. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 693 Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS | Introdução durante a mecânica de distalização dos molares e inclinação de coroa para distal, ocorrendo a não movimentação de corpo do Edward H. Angle definiu a má-oclusão de Classe II como molar superior. Esses efeitos indesejáveis estão diretamente uma displasia anteroposterior causada por um subdesenvolvi- relacionados ao tipo facial do paciente (pacientes verticais mento da mandíbula em relação à maxila no sentido sagital. perdem ancoragem mais facilmente quando comparados aos Atualmente, sabe-se que esta má-oclusão apresenta vários pacientes horizontais), tipo de ancoragem utilizada, quantidade fatores etiológicos, podendo ser esquelética e/ou dentária. de força empregada e a falta de procedimentos ortodônticos utilizados para atenuar tais efeitos3,5. a. Classe II esquelética – protrusão maxilar e/ou retrusão mandibular. Tipos de aparelhos distalizadores b. Classe II dentária – migração dos segmentos posterossuperiores (perda precoce de dentes decíduos), rotação dos primeiros molares superiores, entre outros. Magneto São dispositivos formados por ligas metálicas que podem ser constituídas por diversos metais comumente usados para Por apresentar essa característica multifatorial, seu trata- movimentações dentárias. Seu primeiro uso em Ortodontia foi mento depende de um diagnóstico correto, elaborado através em 1953, na Holanda6. Os mais utilizados são os magnetos de das análises cefalométrica, de modelos, facial e também de samário-cobalto, por possuir maior resistência à desmagnetiza- um apurado exame clínico. ção, ser menos susceptível a corrosão e também menos friável. A má-oclusão de Classe II de Angle é a patologia encontrada Os magnetos apresentam como vantagem a outros méto- mais frequentemente nos consultórios de Ortodontia, presente dos a ausência de fadiga do material, como pode ocorrer nos em cerca de 42% dos jovens na faixa etária entre sete e 11 distalizadores com metais e elásticos, maior controle de força anos, e na maioria das vezes o fator etiológico é a retrusão e, de forma geral, os magnetos aceleram a movimentação mandibular1-2. Porém, quando o paciente procura o tratamento ortodôntica, pois ocorre ausência de atrito entre os compo- após o surto de crescimento puberal, a solução normalmente nentes do aparelho. vem através de tratamento compensatório dentoalveolar, Como desvantagens, podemos citar o custo elevado, o com o movimento distal dos dentes da maxila, com exceção fato de não ser totalmente inócuo devido à liberação de pro- feita aos casos de displasias esqueléticas mais severas, onde dutos de oxidação citotóxicos e dificuldade de aquisição3,7. As o tratamento envolve a Ortodontia e a cirurgia ortognática. ativações devem ser semanais para que os magnetos estejam Quando essa compensação dentária não envolve exodontia sempre em contato. de pré-molares superiores, opta-se então pela distalização dos molares3. Efeitos indesejáveis, como inclinação para distal e rotação dos molares superiores (Figura 1), foram encontrados em Por muitas décadas, a distalização efetiva dos molares pacientes que fizeram uso deste dispositivo de distalização. superiores permanentes foi praticada quase que exclusiva- O controle de ancoragem se faz necessário através de um mente por meio da utilização de força extrabucal. Hoje em dia, botão de Nance6. inúmeros dispositivos que colocam em cena a possibilidade de distalizar os molares com ancoragem intrabucal ganham relevância por driblar a falta de cooperação do paciente4. Aparelhos distalizadores Independentemente do tipo de aparelho distalizador escolhido pelo ortodontista, todos apresentam um problema em comum: a ancoragem a ser utilizada. Na maioria dos casos tratados com distalizadores, o que pode ser observado é a perda de ancoragem anterior, com vestibularização e protrusão dos incisivos superiores 694 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 Figura 1 Esquema de instalação do aparelho Magneto. Em A: minimagnetos; em B: amarrilho metálico; em C: arco seccional; em D: tubo molar. Ortopesquisa Pendulum e suas variações • Se houver a necessidade de expansão do arco superior Introduzido por Hilgers em 1992, o pendulum é um apare- previamente à distalização, poderá ser incorporado no lho híbrido constituído de um largo botão de acrílico no palato, centro do botão de Nance um parafuso expansor, o qual utilizado como ancoragem, e molas com fio de 0,032” de TMA receberá ¼ de volta a cada três dias, conforme preconizado (titânio e molibdênio), as quais se encaixam nos tubos linguais por Hilgers (Pendex). Nesse caso, há uma modificação na dos molares superiores exercendo forças leves e contínuas8. configuração do aparelho, pois mais um braço é incorporado A perda de ancoragem e a estabilização dos molares ao acrílico e soldado à banda do primeiro molar11-12, que após a distalização deverão ser cuidadosamente monitora- após a expansão deve ser separado do acrílico para início das, evitando insucessos no processo de distalização. Além da distalização (Figura 3). da vestibularização dos incisivos superiores, a rotação molar (onde ocorre a mesialização de raízes e distalização de coroa) e a dificuldade de higienização são desvantagens a serem consideradas9-10. O aparelho pendulum pode apresentar algumas variações conforme a necessidade do caso: • Presença de apoio oclusal para colagem com resina fotopolimerizável nos segundos pré-molares, visando o aumento da ancoragem (Figura 2). • Na impossibilidade de bandar os primeiros pré-molares, acrescentam-se apoios oclusais nesses dentes, bem como nos segundos pré-molares. • No caso de distalização unilateral, é dispensada a presença da mola de TMA no lado que não será distalizado, que servirá como reforço de ancoragem, conforme sugere um trabalho publicado11. • Os segundos molares também poderão receber molas de Figura 3 Aparelho Pendex. TMA, a fim de facilitar a distalização. Jones Jig Desenvolveu-se13 o distalizador “Jones Jig” para a rápida distalização de molares superiores com ancoragem intrabucal dentomucossuportada, apoiada nos segundos pré-molares, e em uma unidade ativa, contendo uma mola espiral aberta de B níquel-titânio de secção aberta. A unidade de ancoragem, com o propósito de minimizar a reação da força de distalização, é constituída por um botão de Nance unido aos segundos pré-molares (Figura 4). Um fio de aço .036” é soldado às bandas e inserido no acrílico13-14. Essa peculiaridade tem o intuito de orientar o movimento, em uma tentativa de controlar o centro de rotação dos molares durante a sua distalização3. Este aparelho também não depende da colaboração Figura 2 Pendulum – pré-molares ancorados com bandas e apoios oclusais. do paciente e exerce forças suaves durante o processo de distalização. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 695 Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS A movimentação do molar através de distalização de corpo foi questionada, existindo também vestibularização e protrusão dos incisivos superiores, bem como aumento da altura facial anterior inferior18. Figura 4 Esquema de instalação do aparelho Jones Jig. Distalização de molar controlada (DMC) de Guerreiro Com base na literatura pertinente, que acusa como principal desvantagem da distalização do molar superior a sua inclinação e/ou rotação, e como reação a essa distalização a vestibulariza- Como desvantagem, podemos citar o grande número de ção dos dentes anteriores9,18-19, associado às dificuldades encon- procedimentos clínicos para sua instalação, a higienização tradas em confecção e ativação, foi desenvolvido um aparelho dificultosa e a rotação do molar durante a mecânica. Pode distalizador pelo Prof. Dr. André Marçal Guerreiro, integrante da ocorrer a vestibularização dos incisivos superiores e não está equipe de autores deste estudo, com o objetivo de diminuir ao indicado nos casos de crescimento vertical devido a possível máximo as intercorrências evidenciadas até então. 4,14-16 extrusão molar . Uma pequena amostra clínica compôs o grupo inicial de observação deste procedimento ortodôntico, que possuía má- Distal Jet oclusão de Classe II de Angle. Foi constatado clinicamente que Aparelho distalizador intrabucal fixo, desenvolvido por houve distalização dos molares e o movimento de corpo foi Carano e Testa em 1996, que utiliza ancoragem dentomucos- avaliado através de radiografias panorâmicas, antes e após a suportada caracterizada por um botão de Nance modificado distalização, baseadas em estudos11. e que pode estar unido aos primeiros ou aos segundos prémolares superiores. O seu componente ativo, localizado por Características do DMC de Guerreiro lingual (Figura 5), é composto por um mecanismo de tubo Um fio .036” é soldado à banda do primeiro pré-molar, telescópico associado a uma mola de níquel-titânio e um pa- passando próximo à face palatina do segundo pré-molar. rafuso especial5,17. Seguindo em direção distal, passa por um tubo redondo de Segundo os autores, este aparelho promove distalização diâmetro .051” soldado no primeiro molar através de solda a através de movimento de corpo do molar, com ausência de ponto. Estende-se até a distal do segundo molar, onde sofre inclinação e rotação. Inclui também conforto, facilidade de uma curvatura sentido mesial. Antes de ser inserido no acrílico, instalação e ativação, e fácil conversão em botão de Nance a sofre mais uma curvatura no sentido distal e depois outra no fim de manter a distalização5,17. sentido mesial, formando assim uma alça que servirá de apoio para a colocação de um fio de amarrilho, que será utilizado para as reativações do aparelho. Este fio, denominado de fio-guia, servirá para que o molar “caminhe” por ele, impedindo assim as indesejáveis rotações e inclinações normalmente presentes em outros tipos de aparelhos. Neste fio, são inseridos um cursor, confeccionado em fio .024”, um segmento de tubo telescópico, uma mola de níquel-titânio e mais um segmento de tubo telescópico, nesta ordem (Figura 6). Este conjunto é ativado através de um fio de amarrilho que vai do gancho do cursor até a alça confeccionada no fio .036”, descrita acima, fazendo a compressão da mola e liberando uma força inicial de 300 g (Figuras 6 e 7). As reativações são mensais e consegue-se, em média, a distalização do molar de 1 mm ao mês, mesmo com o segundo Figura 5 Aparelho Distal Jet, vista oclusal. 696 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 molar erupcionado, com pouca ou nenhuma vestibularização do segmento anterior (Figuras 8 e 9). Verificou-se que, no caso Ortopesquisa de distalizações unilaterais, esse efeito não se manifestou Comprovações clinicas e radiográficas (Figuras 10 e 11). O segundo pré-molar sofre uma distalização espontânea devido à ação das fibras transeptais19-20. Realizou-se um estudo com um grupo de seis pacientes Outra peculiaridade deste aparelho é a espessura do que apresentavam má-oclusão de Classe II de Angle, bilateral. botão de acrílico, que é reduzida em comparação à maioria Destes, apenas um não possuía o segundo molar erupcionado. dos outros distalizadores (Figura 12), proporcionando assim A avaliação radiográfica foi efetuada com aquisição de radio- menor desconforto ao paciente. O acrílico é estendido desde grafias panorâmicas21. as rugosidades palatinas até a região distal do segundo molar, proporcionando assim maior ancoragem. Dois momentos foram registrados: radiografia panorâmica inicial e imediatamente após a última ativação, ainda Estudos ainda estão sendo feitos para que o fio-guia seja com o aparelho distalizador instalado, objetivando observar o confeccionado previamente em um modelo no qual tenha sido comportamento do primeiro molar frente à mecânica utilizada. feito um set-up da correção da Classe II, para que ao final da Para poder visualizar o movimento do primeiro molar distalização já se tenha uma previsão da posição final do molar. foi elaborada uma técnica de sobreposição de traçado da Figura 6 Detalhe da parte ativa do Distalizador DMC de Guerreiro. Figura 7 Distalizador DMC de Guerreiro, vista oclusal. Figura 8 Distalizador DMC de Guerreiro instalado e ativado. Figura 9 Ação do aparelho DMC de Guerreiro após 90 dias de sua instalação. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 697 Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS Figura 10 Distalizador DMC de Guerreiro unilateral, instalado e ativado. Figura 11 Distalizador DMC de Guerreiro unilateral após 35 dias de instalação. Figura 12 Detalhe do botão de Nance modificado, maior e mais delgado. primeira e segunda radiografia panorâmica, levando-se em consideração o septo nasal e a espinha nasal anterior como pontos de referência. res, traçado até encontrar com a linha perpendicular ao septo. A sobreposição realizou-se com este traçado da primeira radiografia sobre a segunda, centralizando a linha “s-ENA” sobre Foi determinado o ponto médio da porção mais larga do a linha “s-ENA” da segunda imagem, e novamente traçado o septo nasal, denominado ponto “s”, e a ponta da espinha nasal longo eixo dos molares distalizados até a linha perpendicular anterior, unindo estes pontos obtivemos a linha “s-ENA”. Uma ao septo, determinada na primeira panorâmica. perpendicular a esta linha foi traçada acima dos ápices dentais Foi possível observar que a distalização ocorreu nos seis até a região dos terceiros molares (ainda em formação), do casos acompanhados, independente da presença ou não dos lado direito e esquerdo. O longo eixo dos primeiros molares foi segundos molares, sendo que a movimentação de corpo descrito tendo como referência o ponto médio da maior distância ocorreu em maioria, além de terem sido percebidas pequenas mesiodistal da coroa e o ponto médio entre os ápices radicula- alterações do longo eixo (Figuras 13 a 16)21. 698 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 Ortopesquisa Figura 13 Radiografia panorâmica inicial, onde se pode observar segundo molar não irrompido. Figura 15 Radiografia panorâmica inicial, onde se pode observar o segundo molar irrompido. | Conclusão Figura 14 Detalhe do traçado de sobreposição, evidenciando a fase de distalização efetuada e o paralelismo deste movimento. Preto: inicial; vermelho: final, indicando longo eixo do primeiro molar. Figura 16 Detalhe de traçado de sobreposição evidenciando distalização de corpo dos primeiros e segundos molares, indicados por seus longos eixos iniciais (preto) e finais (vermelho). retração anterior. Isso leva à necessidade de sobrecorrigir a relação molar, prevendo que sua mesialização nessa fase Ficou claro que o DMC de Guerreiro obedece às necessida- seria inevitável. des do movimento de distalização de molares superiores com É recomendada, sempre que possível, a utilização dos o mínimo de intercorrências, observadas em outros aparelhos mini-implantes ortodônticos para a distalização dos demais distalizadores convencionais. Porém, é necessária continuação dentes e posterior retração anterior, uma vez que este tipo de da pesquisa sobre esta proposta para a comprovação exata dispositivo apresenta baixo custo e facilidade de instalação, do movimento de corpo do molar, quantificação linear de reduzindo o tempo total do tratamento, sem apoio nos molares distalização e a não vestibularização dos incisivos, embasada recém distalizados. na particularidade da construção adequada dos componentes deste aparelho. Um momento a se considerar ao término da distalização e manutenção dos molares corrigidos é a distalização espontânea dos pré-molares, devido às fibras transeptais com posterior Endereço para correspondência: Sandra Tiberio Rua Sabaúna, 143 – Água Branca 05041-010 – São Paulo – SP Tel./Fax (11) 3865-0892 [email protected] OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700 699 Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS Referências 1. McNamara JA. 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Ortoclínica Trabalho original Meaw modificado: apresentação da técnica para a correção das mordidas abertas e na finalização dos tratamentos ortodônticos Modified Meaw: a technique presentation for correction of open bites and in the finalization of orthodontic treatment Maurício Tatsuei Sakima*, Aline Cristina Davóglio**, Caio Sérgio Botta Martins de Oliveira**, Alexandre Tatsuke Sakima***, Paulo Roberto Tatsuo Sakima****, Tatsuko Sakima***** RESUMO – Este artigo apresenta uma nova técnica de tratamento, que utiliza arcos de TMA com curvas padronizadas, associados a elásticos intermaxilares que, ao mesmo tempo, oferece resultados satisfatórios em um período de tratamento relativamente curto no tratamento das mordidas abertas e na finalização do tratamento ortodôntico. Unitermos – Mordida aberta; TMA. ABSTRACT – This study presents a new treatment technique, that uses TMA archwires with standardized curvatures, associated to intermaxillary elastics, that can do both offer satisfactory results in short period of the treatment time in the open bites cases and in the finishing procedures of the orthodontic treatment. Key Words – Open bite; TMA. *Professor assistente, doutor da Disciplina de Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Pós-doutorado – Universidade de Aarhus/Dinamarca. **Especialistas em Ortodontia – Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas/Regional de Araraquara. ***Especialista em Ortodontia – EAP-APCD/Regional de Araraquara; Professor assistente – Faculdade de Odontologia da Unime - Lauro de Freitas/Bahia. ****Mestre em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Coordenador do curso de Especialização em Ortodontia – São Leopoldo Mandic/Campinas. *****Professor titular aposentado – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Professor visitante (1985 a 1987) – Universidade de Connecticut Health Center; Coordenador do curso de Especialização em Ortodontia – EAP-APCD/Regional de Araraquara. Recebido em jun/2012 – Aprovado em ago/2012 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 703 Sakima MT | Davóglio AC | de Oliveira CSBM | Sakima AT | Sakima PRT | Sakima T | Introdução xe .018 para obter um controle mais preciso do torque durante o movimento dentário e fio de aço inoxidável .016” x .022”, As propostas para o tratamento das mordidas abertas com alças para não gerar força excessiva. Ao todo, são dez são várias, incluindo a orientação aos pais e aos pacientes alças em forma de L, cinco de cada lado em fio não tratado com relação aos hábitos deletérios, ainda na primeira infância, termicamente (Figura 1). Antes de iniciar o uso do Meaw, os e também o uso de alguns tipos de aparelhos removíveis ou dentes necessitam estar alinhados e nivelados. Dobras tip-back fixos, com ou sem grade, com a intenção de remover o fator são incorporadas ao fio, de acordo com o grau requerido de etiológico dessa má-oclusão. Quando há envolvimento esque- correção de inclinação axial. Quanto maior a inclinação mesial lético, principalmente em paciente com padrão vertical de do molar, maior será o ângulo necessário para essas dobras. A crescimento e ainda na fase de dentadura mista, a indicação série de dobras é iniciada na mesial dos caninos, progredindo de aparelhos extrabucais com tração alta, como o aparelho de até os últimos molares. O arco maxilar com as alças deve apre- Thurow, ou o aparelho extrabucal removível, com ou sem grade, sentar uma acentuada curva de “Spee”, e a mandibular, uma pode minimizar ou até mesmo corrigir o problema1-3. Na fase acentuada curva reversa. Os arcos induzem forças intrusivas ortodôntica, ou seja, de dez a 14 anos, quando os pacientes sobre os incisivos, dando a impressão de piorar a má-oclusão, apresentam todos os dentes permanentes, grande parte dos entretanto, o efeito é contrabalanceado pela força dos elásticos profissionais usam elásticos verticais na região anterior com verticais anteriores. O autor recomenda elásticos 3/16” pesados, a finalidade de extruir dentes anteriores, que pode ser uma com força de, aproximadamente, 50 g, medida com os dentes terapia de sucesso, dependo do fator etiológico e do padrão ocluídos. A força deve ser de 150 g em abertura moderada. esquelético do paciente4. Na fase adulta, a presença da mordida Esses elásticos devem ser usados em tempo integral2. aberta é ainda um grande desafio para os ortodontistas, onde O uso desta terapia foi muito divulgada e pesquisada pelos em alguns casos somente a cirurgia ortognática é a solução. asiáticos, principalmente coreanos e japoneses, que apresenta- Com a introdução das ancoragens esqueléticas através dos ram ao mundo científico o resultado de suas pesquisas. Deste miniparafusos5-6 e das miniplacas3,7-12, muitos desses casos modo, o mesmo autor10, juntamente com colabores publicou um são resolvidos sem cirurgia. artigo mostrando casos clínicos que foram acompanhados por O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova técnica dois anos, concluindo que os casos permaneceram estáveis10. para o tratamento das mordidas abertas anteriores, associadas Em 2001, em outro artigo9, mostraram a versatilidade desse ou não a má-oclusões de Classe II ou III, onde a camuflagem sistema de tratamento não só para mordidas abertas, mas seja possível e viável. também para má-oclusões de Classe II e Classe III. Um estudo13 apresentou uma modificação da técnica do | Revisão da Literatura Meaw, utilizando fios de níquel-titânio .016” x .022” com curva acentuada superior e curva reversa inferior, substituindo as O autor da técnica Meaw, fez uma revisão crítica do dobras multiloop em fios de aço, e elásticos intermaxilares pe- tratamento das mordidas abertas, relacionando os fatores sados aplicados na região de caninos, tornando a sua execução etiológicos e as diversas terapias de acordo com os fatores mais simples e higiênica. O estudo relatou que os resultados causadores, sejam ambientais ou esqueléticas, desde a pri- obtidos são idênticos aos da técnica original, extrusão anterior meira infância até a idade adulta, enfatizando a necessidade e intrusão dos dentes posteriores, mas não mostrou casos de cirurgia ortognática em alguns casos, mencionando todas clínicos supervisionados a longo prazo. 2 as possibilidades de tratamento usadas até aquela época, chamando atenção de que grande parte desses tratamentos recidivavam em algum grau. Propôs-se a técnica “Multiloop Edgewise Archwire” (Meaw), onde se preconiza uso de braquetes duplos Edgewise com encai704 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 Figura 1 Planejamento do formato do arco com alças em forma de “L”. Ortoclínica Meaw modificado Técnica e material O termo Meaw modificado não é totalmente apropriado, O material utilizado é o fio de TMA (titânio e molibdênio) pois não são usadas alças, e também se aplica em todos os com o calibre de 0.017" X 0.025". Após o nivelamento e o sistemas de braquetes e tubos pré-ajustados. No entanto, os alinhamento da arcada superior e inferior, com aparelhos pré- princípios mecânicos da técnica citada2 são utilizados com fios ajustados straight-wire, dois arcos passivos e coordenados são de TMA, que apresentam a propriedade de formabilidade, com preparados. Com o alicate Hollow Shop, faz-se as curvaturas baixa proporção carga/deflexão, que possibilitam a medição nos arcos, acentuando a curva de “Spee” no arco superior e da quantidade de força aplicada e favorecem a simplificação invertendo no arco inferior (Figuras 2 e 3). da técnica por meio da remoção das alças. Sistema mecânico Indicação Com curvas de “Spee” reversas na arcada inferior, e A indicação deste sistema é para casos de mordidas aber- acentuada na superior, os arcos geram forças intrusivas na tas anteriores, dentoalveolares, nos casos de finalização onde a região de incisivos e molares. Elásticos verticais 1/8 médio, interferência dos dentes posteriores dificulta a intercuspidação com força vertical aproximada de 50 g cada, com os dentes e nos casos de má-oclusões de Classe II e III, em que a camu- em oclusão, são utilizados para contrapor as forças intrusivas flagem é viável, indicadas pelas análises facial e cefalométrica. dos arcos na região anterior e ao mesmo tempo potencializam as forças intrusivas dos arcos na região posterior. Esses elásticos são colocados nos ganchos dos caninos e também nos ganchos Kobayashi, colocados na mesial dos incisivos centrais superior e inferior. Com um dinamômetro do tipo “Correx”, podemos medir a intensidade da força liberada pelas curvas reversas e acentuadas dos arcos. Os elásticos, além de contrapor a força dos fios de TMA, potencializam as forças de intrusão nos dentes posteriores e auxiliam no fechamento da mordida na região anterior, com uma força compatível com a um estudo14 preconiza para a extrusão desses dentes anteriores. As Figuras 4 e 5 ilustram o sistema de força liberado pelo sistema e a forma de medir a força liberada pelas curvas de “Spee” Figura 2 A. Mordida aberta inicial; B. Instalação de aparelho fixo em ambas as arcadas até os segundos molares; C. Pré-alinhamento até fio .017" X .025"; D. Curvas reversa e acentuada com fio .017" X .025" TMA. (50 a 75 g). Nos casos de má-oclusão Classe II, são utilizados elásticos 1/4 médio, de primeiros molares inferiores até os ganchos dos caninos. Nos casos de Classe III, os elástico são colocados dos primeiros molares superiores até os caninos inferiores, com aproximadamente 150 g de cada lado. Os elásticos de Classe II e III não devem ser encaixados nos segundos Figuras 3 A. Arco de TMA .017 X .025 passivo; B. Curvas reversa e acentuada confeccionadas. molares. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 705 | Davóglio | de Almeida | Conti ACFC | Sakima | Navarro MarquesMT Sakima HVA AC | MR de Oliveira CSBM| |de Sakima Almeida AT RR PRTR| |Sakima NavarroT PO Figura 4 A. Sistema de forças liberado pela incorporação de curva acentuada e reversa; B. Sistema de forças liberado pela utilização de elásticos intermaxilares verticais anteriores 1/8 médio; C. Resultado final esperado pelo sistema Meaw modificado, através de rotação mandibular e inclinação distal dos dentes posteriores. Figuras 5 Utilização do dinamômetro para medir a intensidade de força liberada pelas curvas reversas e acentuadas dos arcos. Tempo de tratamento O tempo de tratamento depende da gravidade da e Classe III. No entanto, demanda um pouco mais de tempo para um bom relacionamento. má-oclusão e também do paciente usar corretamente os elásticos. Normalmente, em pacientes colaboradores, conseguese resultados expressivos dentro de dois meses. Procura-se Recomendações Algumas recomendações são importantes para o êxito marcar o paciente uma vez por semana, para verificar o uso do tratamento: dos elásticos, no primeiro mês, e não é rara a correção dentro 1. Nivelar e alinhar os arcos até os segundos molares; desse período. Uma vez conseguido o resultado esperado, 2. Extrair os terceiros molares, principalmente quando ectó- planifica-se a curva, e mantém-se o uso dos elásticos por mais picos; um mês. Na próxima consulta, remove-se os arcos e verifica 3. Convencer o paciente a usar os elásticos em tempo inte- se as condições de planificação permaneceram, coordena-se gral, removendo somente durante as refeições e para a os arcos voltando-os novamente, passando a noturno o uso higienização dos dentes. Se o paciente não puder cumprir dos elásticos. A remoção dos aparelhos só é indicada quando com o combinado, não coloque as curvas e espere uma a oclusão estiver estável, pelos menos por dois meses sem o oportunidade em que possa colaborar efetivamente. uso dos elásticos. A remoção é realizada de modo convencio- 4. Uma vez planificados os arcos, manter os elásticos por nal, e sugere-se que o aparelho de contenção superior deva mais um mês, no segundo mês usar 18 horas por dia, no possuir uma grade lingual, para evitar a introdução da língua terceiro mês usar somente para dormir, deixar de usar os entre as arcadas. Nos problemas sagitais a desoclusão dos elásticos pelo menos por dois meses antes da decisão da dentes posteriores auxilia no efeito dos elásticos de Classe II remoção dos aparelhos. 706 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 Ortoclínica 5. Não se esquecer de colocar a grade no aparelho de contenção. 6. Indicar para Fonoaudiologia, se necessário. terísticas mecânicas necessárias para a movimentação. 4. É previsível, pode-se medir as forças das curvas de “Spee”, aumentando ou diminuindo a sua intensidade, conforme o indicado. Vantagens Pode-se enumerar algumas vantagens desta modificação | Discussão e Relato de Caso Clínico em relação ao Meaw: 1. Eliminação das alças, que são difíceis de serem executadas, demandam mais tempo e incomodam mais o paciente. Caso clínico 1 O primeiro caso clínico apresentado é de uma paciente 2. Usando-se o fio de TMA, temos características semelhantes jovem, com dificuldade de selamento labial, padrão vertical de liberação de forças, ou seja, com baixa proporção carga/ (dolicofacial), oclusão Classe II de Angle, com mordida aberta deflexão. anterior, overbite negativo de 4 mm, overjet acentuado de 3 mm e 3. O fio de TMA permite a formabilidade, sem perder as carac- com os terceiros molares em fase de formação (Figuras 6 a 11). Figura 7 Panorâmica inicial. Observa-se a presença de terceiros molares. Figura 6 Foto frontal sorrindo. Figura 9 Foto intrabucal frontal. Figura 8 Telerradiografia inicial. Nota-se overjet acentuado. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 707 | Davóglio | de Almeida | Conti ACFC | Sakima | Navarro MarquesMT Sakima HVA AC | MR de Oliveira CSBM| |de Sakima Almeida AT RR PRTR| |Sakima NavarroT PO Figura 10 Foto intrabucal lateral direita. Figura 11 Foto intrabucal lateral esquerda. Foi instalado um aparelho fixo metálico com prescrição em fios de TMA .017" X .025". A paciente foi orientada a utilizar Roth slot .022" x .025", em ambas as arcadas, até os segundos dois elásticos intermaxilares anteriores 5/16 médio em forma molares, e realizado o alinhamento inicial até o fio retangular quadrangular. Para auxiliar a correção da Classe II foi proposto, .017" X .025". Durante o alinhamento foi solicitada a exodontia concomitantemente ao uso dos elásticos anteriores, o uso de dos quatro terceiros molares. elásticos intermaxilares bilaterais 5/16 médios em formato de Após o alinhamento inicial foi instalado o Meaw modificado através de curva acentuada superior e curva reversa inferior Classe II vertical (Figuras 12 a 15). Após a correção da sobremordia e do overjet, os arcos Figura 12 Panorâmica intermediária. Observa-se a extração dos terceiros molares para auxiliar na rotação dos dentes posteriores. Figura 13 Foto frontal utilizando elásticos anteriores em forma triangular e elásticos anteroposteriores de Classe II durante a mecânica com Meaw modificado. Figura 14 Foto lateral direita. Figura 15 Foto lateral esquerda. 708 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 Ortoclínica de TMA .017" X .025" foram planificados e os elásticos foram são. Ao final do tratamento, observa-se que a paciente obtém gradualmente removidos para manter a oclusão estável. O um selamento labial mais natural e adequado, mantendo uma aparelho fixo foi removido após a estabilização vertical da oclu- boa relação dentária em Classe I de Angle (Figuras 16 a 20). Figura 16 Foto frontal final. Figura 17 Foto lateral final. Figura 18 Foto intrabucal frontal final. Figura 19 Foto intrabucal lateral direita. Figura 20 Foto intrabucal lateral esquerda. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 709 | Davóglio | de Almeida | Conti ACFC | Sakima | Navarro MarquesMT Sakima HVA AC | MR de Oliveira CSBM| |de Sakima Almeida AT RR PRTR| |Sakima NavarroT PO Caso clínico 2 Neste caso, não foram utilizados elásticos com forças O segundo caso clínico é de um paciente com ligeiro anteroposteriores devido ao bom encaixe dos dentes posterio- retrognatismo mandibular, Classe I dentária de Angle, overjet res. Após a correção da mordida aberta, foi mantido o uso de acentuado de 4 mm, mordida aberta anterior de 3 mm, padrão elástico intermaxilar por dez horas diárias até a estabilização da dolicofacial, com terceiros molares irrompidos e com selamento mordida, e os fios de TMA foram planificados. Após remoção do labial moderado (Figuras 21 a 27). sistema, o paciente foi submetido à finalização do tratamento Foi instalado aparelho fixo metálico (Sistema Damon – ortodôntico com elásticos em corrente e dobras de finalização. ORMCO) em ambas as arcadas, e realizado o alinhamento É interessante nesses casos de mordida aberta anterior preliminar dos dentes até o fio retangular .017”X.025” de aço. utilizar dispositivos que evitem a recidiva, como uso de grade Após o alinhamento inicial, foi instalada a mecânica de Meaw removível associada ao aparelho de contenção. modificado por Sakima e colaboradores, através das curvas Ao final do tratamento, observa-se que há bom selamento acentuada e reversa em fios de TMA .017" X .025". Neste labial e bom relacionamento posterior. Para evitar movimenta- caso, foi utilizado elástico intermaxilar do tipo 1/8 médio nos ções indesejadas após o tratamento, é importante que haja caninos e na região de incisivos. As extrações dos terceiros contato leve entre os dentes anteriores, mantendo um overbite molares foram necessárias para auxiliar na inclinação posterior de 1 a 2 mm e overjet de 0 a 0,5 mm, como podemos observar dos molares nesta fase de tratamento (Figura 28). neste caso (Figuras 29 a 32). Figura 21 Foto frontal inicial. Figura 23 Foto lateral intrabucal direita. 710 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 Figura 22 Foto frontal intrabucal inicial demonstrando mordida aberta de 3 mm. Figura 24 Foto lateral intrabucal esquerda. Ortoclínica Figura 25 Foto intrabucal mostrando overjet acentuado de 4 mm. Figura 27 Telerradiografia inicial. Figura 26 Panorâmica inicial. Nota-se presença dos terceiros molares já irrompidos. Figura 28 Foto intrabucal frontal com o uso de elásticos anteriores durante a mecânica do Meaw modificado. Figura 29 Foto frontal intrabucal final. Figura 30 Foto lateral intrabucal direita final. Figura 31 Foto lateral intrabucal esquerda final. Figura 32 Foto intrabucal mostrando overjet corrigido e leve toque dos incisivos anteriores. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 711 | Davóglio | de Almeida | Conti ACFC | Sakima | Navarro MarquesMT Sakima HVA AC | MR de Oliveira CSBM| |de Sakima Almeida AT RR PRTR| |Sakima NavarroT PO | Discussão arco inferior são impressas, causa à primeira vista um choque, pois se os elásticos verticais não forem utilizados, a tendência Através dos casos clínicos apresentados, pôde ser obser- é de abrir e não de fechar a mordida. Portanto, o cálculo das vada a melhora da mordida aberta e da Classe II com a utilização forças dos elásticos verticais é importante para neutralizar da técnica do Meaw modificado, por Sakima e colaboradores. A este efeito e ao mesmo tempo potencializar a força de intrusão facilidade de emprego da técnica, vinculada ao baixo número de dos dentes posteriores, fechando a mordida aberta anterior. dispositivos necessários para empregá-la, a torna interessante diante de casos com mordidas abertas alvéolo-dentárias. O uso | Conclusão de elásticos intermaxilares com forças anteroposteriores, juntamente com elásticos verticais, acelera a correção da Classe II. Pela avaliação das diversas formas conhecidas para o Isso ocorre devido à diminuição da intercuspidação posterior, tratamento da mordida aberta, podemos concluir que a técnica facilitando a movimentação ortodôntica. As observações das proposta, quando corretamente indicada e bem empregada, é recomendações aos pacientes e aos profissionais são de suma capaz de solucionar o problema de forma eficaz, devolvendo importância para o êxito do tratamento. ao paciente a função e uma oclusão esteticamente satisfató- Esta técnica modificada2 está baseada na filosofia de ria, sem que este seja submetido a tratamentos invasivos e Tweed, onde são colocadas dobras nos arcos com a finalida- onerosos. Possibilita, ainda, que o ortodontista ganhe mais de de inclinar as coroas dos dentes posteriores para distal, uma ferramenta na finalização dos seus casos, especialmente com o auxílio de elásticos e curvas de “Spee” reversa inferior onde os dentes posteriores interferem na oclusão dificultando e acentuada superior, para facilitar o relacionamento antero- a intercuspidação, e tenha em seu arsenal uma opção de trata- 2 posterior e vertical dos dentes. O autor , observando que as coroas dos dentes posteriores apresentavam uma inclinação mesial nos casos de mordidas abertas, introduziram as alças horizontais com a finalidade de diminuir a proporção carga/ deflexão, imprimindo curvas e individualizando os segmentos, usando elásticos verticais, obtendo boa resposta ao tratamento pela intrusão dos dentes posteriores e extrusão dos dentes anteriores, corrigindo as mordidas abertas. Com o surgimento de fios como o TMA, que apresentam boa formabilidade com baixa proporção carga/deflexão, retiramos as alças horizontais tornando a técnica mais fácil de ser executada. Pela descrição da mecânica do sistema de forças, onde curvas de “Spee” acentuadas no arco superior e reversas no Referências 1. Arvystas MG. Treatment of Skeletal Anterior Open bite deformity. Am J. Orthod 1977;72:147-64. 2. Kim YH. Anterior open bite and its treatment with multiloop edgewise archwire. Angle Orthod 1987;57:171-8. 3. Almeida RR, Santos SCBN, Santos ECA, Insabralde CMB, Almeida MR. Mordida aberta anterior - considerações e apresentação de um caso clínico. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial 1998;3(2):17-29. 4. Burford D, Noar JH. The causes, diagnosis and treatment of anterior open bite. Dental Update 2003;30(5):235-41. 5. Kuroda S, Yasuyo S, Nagato T, Takano-Yamamoto T. Anterior open bite with temporomandibular disorder treated with titanium screw anchorage: Evaluation of morphological and functional improvement. Amer. J of 712 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12 mento de fácil execução e com boa aceitação pelos pacientes. Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. Endereço para correspondência: Maurício Tatsuei Sakima Rua Gonçalves Dias, 1.767 – Centro 14801-290 – Araraquara – SP [email protected] Orthod. And Dentof. Orthoped 2007;131(4):550-60. Melsen B, Verna C. Miniscrew Implants: the Aarhus anchorage System. Semin Orthod 2005;11:24-31. 7. Sugawara J, Baik UB, Umemori M, Takahashi I, Nagasaka H, Kawamura H et al. Treatment and postreatment dentoalveolar changes following intrusion of mandibular molars with application of a skeletal anchorage system (SAS) for open bite correction. Int. J. Adult Orthod Orthognath Surg 2002;17(4):243-53. 8. Yang WS, Kim BH, Kim YH A study of the regional load deflection rate of multiloop edgewise arch wire. Angle Orthod 2001;71(2):103-9. 9. Kim HY, Han UK. The versatility and effectiveness of the multiloop edgewise archwire (Meaw) in treatment of various malocclusions. World J Orthod 2001;2:208-18. 10. Kim YH, Han UK, Lim DD, Serraon ML. Stability of anterior openbite correction with multiloop edgewise 6. 11. 12. 13. 14. archwire therapy: A cephalometric follow-up study. Am J Orthod dentofacial Orthop 2000;118(1):43-54. Kim S, Herring S, Wang IC, Alcalde R, Mak V, Fu I et al. A comparison of miniplates and teeth for orthodontic anchorage. Am J Orthod Dentofaicla Orthop 2008;133(2):189 e 1-9. Sakima MT, Mendonça AA, Ocanha JMJ, Sakima T. Sistema de apoio ósseo (SAO) para mecânica ortodôntica - miniplacas para ancoragem ortodôntica. Parte I: tratamento da mordida aberta. R. Dental Press Ortodon Ortop Facial 2009;14(1):103-16. Enacar A, Ugur T, Toroglu S. A method for correction of open bite. J Clin Orthod 1996;30(1):43-8. Burstone CJ. Rationale of the segmented arch. Am J Orthod 1962;48:805-22. Trabalho original Tabela de Moyers em brasileiros leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros Moyers’s table for Brasilians caucasians, melanodermics, afrocaucasians, xanthoderms, japaneses-brazilians descendents Arnaldo Pinzan*, Célia Regina Maio Pinzan Vercelino** RESUMO – Estudou-se, a partir dos modelos de gesso de jovens portadores de oclusão normal, representantes de leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros, a aplicabilidade dos valores propostos por Moyers, em suas tabelas para a previsão do tamanho dentário na dentadura permanente. Comparou-se a frequência entre os valores apresentados nas tabelas de Moyers e os obtidos para os diferentes grupos acima expostos. Observou-se que os valores propostos por Moyers foram maiores em relação aos reais obtidos para o grupo de feodermas de ambos os gêneros e arcos, e subestimados para os nipo-brasileiros (mestiços) de ambos os gêneros e arcos estudados, podendo interferir nas expectativas do tamanho disponível dos dentes permanentes ainda não irrompidos. Unitermos – Estudo comparativo; Modelos dentários; Ortodontia interceptora. ABSTRACT – The presente study compared the values proposed by Moyers, in his tables for the prediction of tooth size in the permanent dentition, with those obtained from young Brazilian individuals with normal occlusion, representatives of caucasian, melanodermic, afrocaucasian, xanthoderm and nipo-Brazilians. The frequency between the values proposed by Moyers and those obtained for the different groups were compared. The results showed that the predicted values were higher than the obtained from afrocaucasian descents for male and female and in both archs. Also, the predicted values were smaller than the real from nipo-Brazilians of both genders and archs studied. The results suggested that the applicability of the Moyers proposed values can interfere with the expectations of the available space for the permanent teeth. Key Words – Comparative studies; Dental models; Orthodontics; Interceptive. *Professor associado do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – FOB/USP. **Doutora em Ortodontia – FOB/USP; Professora – Universidade Ceuma. 716 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 Ortodivulgação | Introdução e Revisão da Literatura características raciais3-9. Trabalhos realizados na disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP10-24, A fase de dentadura mista, normalmente, gera insegurança em modelos de gesso e em telerradiografias, nas mesmas e insatisfação para profissionais, pais e pacientes, por tratar-se amostras empregadas neste estudo, revelaram diferenças em de um período longo (dos seis aos 13 anos aproximadamente)1, vários aspectos, que merecem destaques especiais durante o onde a busca pela beleza passa, necessariamente, por grandes planejamento ortodôntico, respeitando-se as individualidades. transformações durante a fase de crescimento e desenvolvi- Portanto, surgiu o interesse de testar, nos diferentes grupos mento craniofacial e dos arcos dentários. constituintes de brasileiros residentes na região de Bauru (SP), Diferentes más-oclusões podem ser interceptadas nesta fase do desenvolvimento da oclusão e, para isto, diversos exa- portadores de oclusão dentária “normal”, os valores apresentados na tabela da análise de Moyers2. mes podem ser realizados com a finalidade de se estabelecer um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado. | Proposição Uma das preocupações mais frequentes dos pais, neste período, encontra-se relacionada ao apinhamento dentário. Hipótese nula: não há diferença entre os valores previs- Entre as ferramentas disponíveis para predizer o diâmetro tos na tabela de Moyers e os valores reais obtidos para o mesiodistal dos caninos e pré-molares permanentes antes do somatório dos caninos e pré-molares nos grupos brasileiros seu irrompimento, e avaliar a existência ou não de espaço no de leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e arco, encontram-se as análises da dentadura mista. Diferentes nipo-brasileiros, portadores de oclusão normal. análises foram propostas na literatura e são utilizadas como auxiliares na planificação dos tratamentos ortodônticos preven- | Material e Métodos tivos e interceptores. Entre as análises da dentadura mista, encontra-se uma2, Amostra com a finalidade de “prever” se o paciente terá ou não um A Disciplina de Ortodontia da FOB/USP possui documenta- alinhamento adequado dos dentes permanentes. Para o cálcu- ções ortodônticas em seus arquivos, que já embasaram outras lo estimativo, o autor recomenda o somatório dos diâmetros pesquisas10-24 com esses grupos populacionais. Esta pesquisa mesiodistais dos quatro incisivos inferiores permanentes, que foi cadastrada e recebeu parecer favorável do CEP Bauru da irrompem no primeiro período transitório de Van Der Linden1. FOB/USP, sob número 097/2010. 2 Moyers desenvolveu tabelas para os dentes inferiores e superiores, e para ambos os gêneros com índices porcentuais Do arquivo de oclusões normais da disciplina, selecionou-se a seguinte amostra, dividida de acordo com o grupo racial: de probabilidades entre 5% e 95%, de predizer a soma dos dentes caninos e pré-molares para auxiliar no cálculo que A. Leucodermas – filhos e netos de brasileiros leucodermas, confronta o espaço presente e o espaço requerido, e assim descendentes de mediterrâneos (espanhóis, italianos ou avaliar a ocorrência ou não de discrepâncias de modelos portugueses): inferior e superior. - 15 pares de modelos de gesso de representantes do A fim de facilitar o diagnóstico, vários programas compu- gênero masculino. tadorizados contemplam metodologias de cálculos e oferecem - 15 pares de modelos de gesso de representantes do resultados construídos a partir de valores obtidos em pesquisas gênero feminino. com características raciais diferentes das do paciente examinado. Isto ocorre, inclusive, com a análise2, na qual os valores B. Melanodermas – filhos de brasileiros melanodermas, com definidos nas tabelas basearam-se em amostra americana e, descendentes de procedência geográfica e racial dos re- mesmo assim, são utilizados guiando as condutas de proce- presentantes do grupo negroide, das regiões da costa da dimentos clínicos preventivos e interceptores nos diferentes África, onde predominam os povos bantos: grupos raciais. - 20 pares de modelos de gesso de representantes do Entretanto, ressalta-se que diversos trabalhos demonstra- gênero masculino. ram diferenças entre os valores previstos nas tabelas propostas - 20 pares de modelos de gesso de representantes do por Moyers e os valores obtidos em populações com diferentes gênero feminino. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 717 Pinzan A | Vercelino CRMP C. Xantodermas – descendentes de pais e/ou avós do Japão, As pontas ativas foram modificadas, implantando-se duas com exceção daqueles da ilha de Okinawa, não sendo placas de aço de 3 mm de largura e 2 mm de espessura, com incluídos os mestiços de japoneses: as extremidades biseladas e rebaixadas na face de medição, - 15 pares de modelos de gesso de representantes do possibilitando obter valores com precisão de até 0,01 mm. gênero masculino. O paquímetro foi posicionado na face vestibular, paralela- - 15 pares de modelos de gesso de representantes do mente à superfície oclusal e perpendicularmente à superfície gênero feminino. vestibular de cada dente (Figura 1). As medições foram realizadas diretamente nos modelos, D. Feodermas (Mulatos) – somente jovens afrodescendentes medindo-se a maior distância mesiodistal dos quatro incisivos, (união entre leucodermas e melanodermas brasileiros): caninos, primeiros e segundos pré-molares inferiores e supe- - 20 pares de modelos de gesso de representantes do riores completamente irrompidos, de ambos os arcos e lados. gênero masculino. Inicialmente, realizou-se o somatório dos diâmetros - 20 pares de modelos de gesso de representantes do mesiodistais dos quatro incisivos inferiores, obtendo-se o gênero feminino. valor previsto para a consulta na Tabela de Moyers (Figura 2) dos diâmetros mesiodistais dos caninos e pré-molares, E. Nipo-brasileiros – mestiços, filhos ou netos, frutos da união considerando-se o arco e o gênero. Utilizaram-se os valores de brasileiros leucodermas e japoneses, com exceção propostos para o índice de confiabilidade de 75%. Em seguida, daqueles provenientes da ilha de Okinawa: os diâmetros previstos foram, individualmente, comparados - 15 pares de modelos de gesso de representantes do com os valores reais obtidos para o somatório dos diâmetros gênero masculino. mesiodistais dos caninos e pré-molares. Calculou-se, para - 15 pares de modelos de gesso de representantes do cada grupo racial e gênero, a ocorrência e o respectivo gênero feminino. porcentual de valores de Moyers maiores, iguais e menores daqueles encontrados nas amostras. O limite tolerado de varia- Metodologia ção foi de 0,6 mm (para ser considerado igual). Destacou-se o Para a realização das medidas dentárias, utilizou-se um paquímetro digital (Mitutoyo, Suzano, São Paulo/Brasil), com capacidade de aferição de 150 mm, com as pontas ativas modificadas para permitir um melhor ajuste a esse tipo de medição. maior porcentual encontrado em cada um dos grupos, utilizando o sinal de asterisco (*). Entendeu-se que expressar os resultados em porcentuais de ocorrência facilitaria o entendimento do estudo. Figura 1 Posicionamento e medição com o paquímetro. 718 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 Ortodivulgação TABELA DE PROBABILIDADE PARA PREDIÇÃO DO TAMANHO DOS CANINOS E PRÉ-MOLARES NÃO ERUPCIONADOS* (VALORES PROPOSTOS POR MOYERS2) *Meça e obtenha os diâmetros mesiodistais dos quatro incisivos inferiores permanentes e ache este valor na coluna horizontal da tabela apropriada, homens/mulheres. Lendo abaixo na coluna vertical apropriada, obtenha os valores para o diâmetro esperado dos caninos e pré-molares correspondentes ao nível de probabilidade que deseja escolher. Geralmente, usa-se o de 75% de probabilidade mais que o de 50%, pois, embora os valores sejam distribuídos normalmente entre a apinhamentos e diastemas, o apinhamento é um problema clínico muito mais sério e os valores previstos para 75% protegem o clínico no lado segurança. Observe que os incisivos inferioes são usados para a predição dos diâmetros, tanto dos canicos e pré-molares superiores quanto inferiores. | Resultados as tendências de comportamento para os grupos estudados. No Quadro 1, referente ao arco superior do gênero Nos Quadros 1 a 4 encontram-se, em valores absolutos e masculino, observou-se que os valores previstos na tabela porcentagens, as ocorrências para cada gênero, arco dentário de Moyers2 apresentaram-se maiores do que os obtidos na e grupo racial avaliados no presente estudo. maioria dos indivíduos dos grupos melanodermas e feodermas Ressalta-se que não foram encontrados valores na tabela (55,5 e 42,6%, respectivamente). Apresentaram concordância, de Moyers quanto ao somatório dos quatro incisivos inferiores, com os propostos por Moyers2, os leucodermas (53,3%) e os para o cálculo da previsão dos diâmetros para dois melanoder- xantodermas (66,6%). Apenas no grupo nipo-brasileiro (66,6%) mas masculinos; um feloderma masculino; uma melanoderma e observou-se que, para a maioria dos representantes, os valores duas nipo-brasileiras, razão pela qual o número de participantes propostos por Moyers2 ficaram aquém dos reais obtidos. dessas amostras sofreu baixas, após suas medições iniciais. No gênero masculino, o arco superior, para o grupo de Valores porcentuais das ocorrências, por si só, revelaram melanodermas, apresentou o maior valor de discrepância OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 719 Pinzan A | Vercelino CRMP (2,38 mm com média de 1,4 mm para os feodermas). A maior (a maior discrepância foi de 1,47 mm com média de 1,3 mm). discrepância foi de 1,30 mm e média de 0,6 mm. O grupo Os melanodermas analisados revelaram predominância (55,5%) nipo-brasileiro mostrou um valor máximo de discrepância de de valores iguais aos da tabela. Por fim, os xantodermas apre- 1,71 mm e uma média de 1,4 mm. sentaram, de forma equivalente, valores propostos por Moyers2 Para o arco dentário inferior do gênero masculino, verificou-se maiores (40%) ou iguais (46,6%) aos obtidos. que os valores sugeridos por Moyers2 para os feodermas (52,6%) No Quadro 3, representando o grupo feminino quanto ao e leucodermas (53,3%) foram, predominantemente, maiores arco superior, encontraram-se valores maiores previstos por que os reais obtidos (Quadro 2). Os feodermas apresentaram Moyers2 apenas para as feodermas (55%, sendo o maior valor a maior discrepância (1,15 mm com média de 0,6 mm) e os de discrepância de 2,01 mm e média de 1,5 mm). Os valores leucodermas mostraram a maior discrepância (2,09 mm com das amostras foram predominantemente superiores em relação média de 1,3 mm). Para a maioria dos nipo-brasileiros (60%), os aos previstos nos grupos de melanodermas (52,6%, sendo o valores previstos encontraram-se menores que os reais obtidos maior valor de diferença de 2,29 mm com média de 1,6 mm), nas nipo-brasileiras (92,3%, sendo a maior diferença de 2,54 mm com média de 1,8 mm), e nas xantodermas (60%, sendo a maior diferença de 2,20 mm com média de 1,0 mm). As leucodermas variaram entre valores maiores (33,3%) e iguais QUADRO 1 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS ESTUDADOS PARA O ARCO SUPERIOR, NO GÊNERO MASCULINO (46,7%). A mesma tendência do arco superior foi observada entre Maiores do que os obtidos Iguais aos obtidos Menores do que os obtidos os valores para o arco inferior no gênero feminino (Quadro 4), Melanodermas (n = 18) 10 (55,5%)* 3 (16,8%) 5 (27,7%) em relação aos reais nas feodermas (75% com o maior valor Feodermas (n = 19) 8 (42,1%)* Leucodermas (n = 15) 5 (33,3%) 8 (53,3)* 2 (13,4%) Nipo-brasileiros (n = 15) 1 (6,8%) 4 (26,6%) 10 (66,6)* 0 10 (66,6)* 5 (33,4%) Arco superior Gênero masculino Xantodermas (n = 15) onde os valores propostos por Moyers2 apresentaram-se maiores de diferença de 2,0 mm e média de 1,5 mm). Valores maiores 5 (26,3%) 6 (31,6%) que os preconizados por Moyers2 foram encontrados para as melanodermas (42,1%, maior discrepância de 2,19 mm e média de 1,3 mm) e para as nipo-brasileiras (61,5% com discrepância maior de 1,44 mm e média de 1,0 mm). A igualdade foi observada nas xantodermas (60%) e uma variação para valores maiores propostos por Moyers2 nas leucodermas, de 46,73% e iguais em 33,3%. *representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos. QUADRO 2 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS ESTUDADOS PARA O ARCO INFERIOR, NO GÊNERO MASCULINO Arco inferior Gênero masculino Maiores do que os obtidos Iguais aos obtidos Menores do que os obtidos 6 (33,3%) 10 (55,5)* 2 (11,2) Feodermas (n = 19) 10 (52,6%)* 6 (31,6) Leucodermas (n = 15) 8 (53,3%)* 0 Melanodermas (n = 18) Nipo-brasileiros (n = 15) Maiores do que os obtidos Iguais aos obtidos Menores do que os obtidos Melanodermas (n = 19) 6 (31,6%) 3 (15,8%) 10 (52,6)* 3 (15,8) Feodermas (n = 20) 11 (55 %)* 6 (30%) 3 (15%) 6 (40 %) 1 (6,7%) Leucodermas (n = 15) 5 (33,3%) 7 (46,7)* 3 (20%) 6 (40%) 9 (60%)* Nipo-brasileiras (n = 13) 0 1 (7,7%) 12 (92,3)* 2 (13,4%) Xantodermas (n = 15) 1 (6,7%) 5 (33,3%) 9 (60%)* Xantodermas *representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos. (n = 15) 6 (40%) 7 (46,6)* *representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos. 720 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 QUADRO 3 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS ESTUDADOS PARA O ARCO SUPERIOR, NO GÊNERO FEMININO Arco superior Gênero feminino *representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos. Ortodivulgação QUADRO 4 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS ESTUDADOS PARA O ARCO INFERIOR, NO GÊNERO FEMININO Arco inferior Gênero feminino Maiores do que os obtidos Iguais aos obtidos Menores do que os obtidos Melanodermas (n = 19) 6 (31,6%) 5 (26,3%) 8 (42,1)* Feodermas (n = 20) 15 (75%)* 3 (15%) 2 (10%) Leucodermas (n = 15) 7 (46,7%)* As melanodermas apresentaram comportamento semelhante ao dos nipo-brasileiros, com valores reais obtidos maiores do que os previstos na tabela de Moyers2, além de associarem-se a valores maiores de inclinação (1.NB 35,99º) e protrusão (1-NB 8,14 mm)19. Nos feodermas, prevaleceram valores maiores previstos por Moyers2. Entretanto, ressalta-se que apresentam um perímetro de arco suavemente maior que os leucodermas e menor 5 (33,3) 3 (20%) que os melanodermas, com incisivos inferiores inclinados (1.NB 28,18º) e protraídos suavemente (1-NB 5,21 mm)19. Nipo-brasileiras (n = 13) 0 5 (38,5%) 8 (61,5)* No grupo dos leucodermas, os valores sugeridos pela análise de modelos2 foram coincidentes ou com discreto valor Xantodermas (n = 15) 2 (13,3%) 9 (60%)* 4 (26,7%) *representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos. aumentado em ambos os gêneros e arcos em relação aos obtidos. Os jovens nipo-brasileiros, de ambos os gêneros, demonstraram valores superiores para o somatório dos diâmetros | Discussão mesiodistais dos caninos e pré-molares daqueles preconizados pela tabela2. Em um estudo prévio19, realizado na mesma amos- Em um trabalho epidemiológico recentemente publicado, tra, verificou-se um maior perímetro do arco dentário inferior os pesquisadores observaram que, em cidades paulistas, os e também maior inclinação dos dentes inferiores (1.NB 27,7º índices porcentuais de más-oclusões em crianças de sete a e IMPA 93,4º) para este grupo. 25 12 anos de idade apresentaram-se altíssimos, principalmente No grupo xantoderma, os valores reais obtidos, em sua para a Classe I de Angle (55,25% do total da amostra), onde maioria, foram maiores ou iguais aos sugeridos por Moyers2, o apinhamento dentário se faz mais presente. exceto para o arco inferior masculino, explicando um perímetro Um dos grandes desafios na prática da Ortodontia preven- de arco inferior aumentado em relação aos leucodermas19. tiva e interceptora consiste na avaliação do espaço presente, Deve-se ponderar que, durante a análise proposta por confrontando-o com o espaço a ser requerido para propiciar Moyers2, trabalhou-se na probabilidade de 75% de ocorrência o correto posicionamento dos dentes nos arcos. Atualmente, do valor sugerido, e que este valor é multiplicado por dois, a análise de Moyers ainda encontra-se presente no ensino e considerando-se os lados direito e esquerdo. As diferenças aqui no consultório, auxiliando o profissional a prever qual a quan- encontradas, teoricamente, podem fazer a diferença entre tra- tidade “provável” de espaço necessário para a acomodação tamentos mais simples ou aqueles que requerem mais cautela. dos dentes permanentes em pacientes na fase de dentadura A supervisão permanente deve ser exercida, principalmen- mista. Entretanto, a maioria dos ortodontistas aplica os valores te monitorando para que problemas de dentes anteriores e 2 originais do trabalho do autor para o cálculo desta análise, inde- posteriores com tamanhos aumentados ou diminuídos na sua pendentemente das variações relacionadas aos grupos raciais. morfologia não interfiram na boa oclusão, como apresentado Com a ênfase na planificação dos tratamentos ortodônticos nas diversas modalidades de discrepância de tamanho dentário 2 baseada nas características individuais de cada paciente, vários encontradas na análise de Bolton25-27. estudos5-24 foram conduzidos na literatura, demonstrando que Sabendo da possibilidade dessas variações entre os dife- diversas medidas cefalométricas e dentárias variam entre os rentes grupos avaliados, torna-se interessante ater-se dessas distintos grupos raciais. Surgiu assim, o interesse em realizar ocorrências, que podem resultar em frustrações posteriores. o presente estudo. Do ponto de vista clínico, as médias encontradas das diferen- Os resultados obtidos demonstraram que os grupos ças observadas não invalidam completamente essa análise. avaliados diferiram em relação ao gênero, aos grupos raciais Os valores menores daqueles previstos por Moyers2 até seria e aos arcos estudados, evidenciando-se a necessidade de uma condição favorável, contrariamente àqueles de maiores individualizações a serem dispensadas pelo profissional em valores encontrados que podem levar a valores críticos em seus planejamentos. termos de previsibilidade. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22 721 Pinzan A | Vercelino CRMP | Conclusão A hipótese nula de que não ocorre diferença entre os valores propostos na tabela de Moyers, para caninos e primeiro e segundo pré-molar não se mostrou verdadeira quando se consideraram diferentes grupos raciais e gêneros. Os valores apresentados na tabela de Moyers, confron- Nota de esclarecimento Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área. tados com os obtidos nesta pesquisa, evidenciaram que os valores propostos por Moyers foram maiores para o grupo de feodermas de ambos os gêneros e arcos, e subestimados nos nipo-brasileiros (mestiços) de ambos os gêneros e arcos estudados, podendo interferir nas expectativas do tamanho Endereço para correspondência Arnaldo Pinzan Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75 Caixa Postal 73 17012-901 – Bauru – SP Tel.: (14) 3235-8335 [email protected] disponível dos dentes permanentes ainda não irrompidos. Referências 1. Van Der Linden FPGM. Desenvolvimento da Dentição. In: Van Der Linden FPGM. Ortodontia. Illinois: Quintessence 1986. p.33-58. 2. Moyers RE. Análise da Dentição e Oclusão. In: Moyers RE. Rev. Ortodontia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan 1991. p.187-207. 3. Lavelle CLB. Maxilary and mandibular tooth size in different racial groups and in diferent occlusal categories. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1972;69:29-37. 4. Oliveira AC, Pinzan A, Henriques JFC. Avaliação da análise de Moyers para predição do tamanho mesiodistal dos caninos e pré-molares, não irrompidos, na dentadura mista, em pacientes da região de Bauru. Rev. Ortodontia 1991;24:18-23. 5. Cabral ED, Moraes SRA. Avaliação do emprego das tabelas de Moyers para análise de dentição mista, em pacientes da cidade de Recife. Rev Cons Reg Odontol Pernambuco 2000;3:33-8. 6. Cabral ED, Pessoa AG. Análise de dentição mista: avaliação das tabelas de Moyers em Campina Grande, Paraíba. J Bras Ortodon Ortop Facial 2002;7:235-7. 7. Cabral ED, Barbosa JN, Oliveira F. 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Lesões com manchas brancas afe- lização do esmalte e desencadeando as aparecimento de manchas brancas. “A tam um grande número de pacientes com denominadas lesões de mancha branca. alimentação e os tipos de materiais ade- aparelho ortodôntico que não conseguem Mas, não só a higiene desfavorável sivos utilizados para a fixação dos aces- manter uma boa higiene oral, sobretudo tem influência nesse processo. Segundo sórios tendem a aumentar a formação do aqueles que utilizam o aparelho fixo. A Luciana Flaquer Martins, coordenadora biofilme, favorecendo a proliferação de dificuldade na limpeza dos dentes facilita da Especialização em Ortodontia – Cio- bactérias cariogênicas”, informa. o acúmulo de placa em volta das bandas donto/SPO-ABC e doutora em Ortodontia/ Completando, Marcelo Reis Fraga, e dos braquetes, causando a desminera- Fousp, outros fatores podem ocasionar o especialista, mestre em Ortodontia e OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8 725 Ortodontia & Estética professor do curso de Pós-graduação ortodôntico, para que seja possível o desenvolvimento de cárie. Além de uma em Ortodontia da Universidade Federal realizar a intervenção adequada no local correta orientação de higiene e indicação de Juiz de Fora/Minas Gerais, explica da mancha. “Se for por cárie incipiente, de escovas específicas para cada caso, que as manchas brancas podem surgir podemos diferenciá-las pelo local de apa- há condutas que podem ser realizadas em função de uma formação incompleta recimento, que normalmente é onde há para evitar tais problemas. ou defeituosa do esmalte durante a acúmulo de biofilme – junto ao colo den- Conforme Luciana, a orientação formação do germe dentário, condição tário e espaço interproximal. O paciente nutricional deve ser feita para conscien- esta conhecida como hipoplasia do es- e os responsáveis devem ser alertados tizar o paciente e seus responsáveis, na malte. “Pode também estar associada a sobre esta condição e conscientizados dieta com menor consumo de açúcar e fatores nutricionais, consumo excessivo sobre a extrema importância do controle alimentos “pegajosos”, que favorecem de bebidas ácidas que podem provocar de higienização durante o tratamento or- a formação do biofilme e a proliferação erosão no esmalte dentário ou a uma alta todôntico. No mais, antes da montagem bacteriana. “Além disso, é essencial ingestão de flúor (fluorose)”, destaca. do aparelho fixo, efetuar procedimentos evitar o excesso de alimentos/bebidas de remineralização, e no ato da colagem ácidas, como refrigerantes, leite e su- Diagnóstico diferencial dos acessórios utilizar substâncias selan- cos com soja em sua composição, que As manchas brancas no esmalte po- tes ao redor do braquete, o que diminui podem aumentar a desmineralização do dem representar cárie incipiente, opacida- o risco de uma nova desmineralização”, esmalte, principalmente se o paciente des e hipoplasia do esmalte. O diagnóstico declara. fizer sua higiene oral logo após ingerir diferencial destas possibilidades no trata- Com relação às manchas por hipo- estas bebidas, o que aumenta o potencial mento ortodôntico é de suma importância, plasia de esmalte, Luciana lembra que desmineralizador pela atrição das cerdas uma vez que nas três situações o conteú- estas não seguem o padrão de apareci- da escova dental sobre o esmalte sob do mineral está diminuído e a organização mento em área de acúmulo de biofilme, efeito de um agente ácido”, explica. estrutural modificada. e não respondem bem aos métodos de Para a especialista, ao abordar o Fraga explica que a obtenção de um remineralização do esmalte. “Nestes ca- aspecto da higiene oral com o paciente correto diagnóstico para os diferentes sos, na medida do possível, devemos evi- e seus responsáveis, deve-se levar em tipos de manchas brancas que acometem tar que os acessórios ortodônticos sejam consideração que a técnica de higieni- o esmalte dentário é fundamental para colocados nas áreas das manchas. Mas, zação deve se adaptar às necessidades um bom prognóstico dessas "lesões". se isso for imprescindível, usar forças físicas, motoras e anatômicas de cada “A mancha branca por desmineralização controladas durante todo o tratamento paciente. E enfatizar a importância da pode apresentar-se ativa ou inativa, ortodôntico, e na hora da remoção dos utilização de fios/fitas dentais universais necessitando, portanto, de atuações clí- acessórios fazê-lo com muito cuidado a (com o auxílio de passa fios, confeccio- nicas diferenciadas. Quando ativa, pode fim de não fraturar o esmalte. Desde an- nados no consultório pelo ortodontista ou requerer remineralização por intermédio tes do início do tratamento ortodôntico, pré-fabricados), ou modificados, sendo de aplicações sistemáticas de flúor, e todos os envolvidos devem estar cientes que alguns apresentam uma extremidade quando inativa, como nos casos de hipo- dos riscos de fratura desta superfície mais rígida, facilitando a passagem do plasia e fluorose, a atenção deverá estar manchada e da necessidade de controle fio por entre os braquetes, e outros vêm focada antes e durante o tratamento rigoroso da higiene oral”, esclarece. acoplados em um suporte que mantém ortodôntico para evitar sua progressão em função de uma possibilidade maior de acúmulo de placa nestes casos”. o fio estirado, favorecendo o uso princi- Avaliação do risco A desmineralização do esmalte den- palmente em pacientes com problemas motores. Já Luciana aponta que nos três tário e as inflamações gengivais durante “Além disso, é importante deter- casos, com o conteúdo mineral mo- o tratamento ortodôntico são preocupa- minar o melhor fio dental, bem como a dificado, a colagem dos acessórios ções constantes dos ortodontistas, por técnica de escovação e a escolha da es- ortodônticos fica comprometida, sendo este motivo é importante, antes mesmo cova, levando-se em conta a quantidade muito importante o diagnóstico do tipo da instalação do aparelho ortodôntico, de abertura bucal, tamanho dos dentes de lesão branca antes do planejamento avaliar se o paciente é de alto risco para e idade do paciente. Mas, sempre lem- 726 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8 Ortodontia & Estética brando que, além de englobar todas A mancha branca está relacionada na remineralização da cárie incipiente. as faces dos dentes, as bochechas e com a perda de mineral pelo esmalte que, Também, enfatizar ao paciente e aos seus língua também devem ser higienizadas. quando diagnosticada em sua fase inicial, responsáveis a necessidade de dar maior Não podemos esquecer que o dentifrí- apresenta-se parcialmente desmineraliza- atenção à higiene oral, indicando os locais cio de eleição deve conter flúor, já que da, sendo passível de remineralização. onde a escovação não está adequada e o este princípio auxilia na prevenção da Portanto, logo que as manchas brancas que esta falta de cuidado está causando. desmineralização do esmalte dentário são detectadas, há procedimentos que A utilização de bochechos com fluoreto e atua como coadjuvante no processo podem ser realizados para obter a remi- de sódio a 0,05% associados à aplicação de remineralização. A utilização de en- neralização do esmalte dental. tópica de flúor e a utilização de dentifrícios xaguatórios bucais deve ser orientada, De acordo com Fraga, a partir do fluoretados também é citada na literatura principalmente os que contenham tri- diagnóstico de uma mancha branca, o como um método aparentemente eficaz closan, cloreto de cetilpiridínio e outras ortodontista deverá orientar o paciente de recuperação do esmalte dentário. associações. A higienização deve ser sobre o problema e a necessidade em se Após a remoção dos braquetes, quando feita após as principais refeições e a utili- iniciar um tratamento para remineralizar detectadas manchas brancas, aplicações zação do enxaguatório apenas de uma a a área descalcificada do dente. “Nor- mensais de verniz fluoretado, aliadas à duas vezes ao dia, dando prioridade aos malmente, manter a superfície do dente utilização de dentifrícios fluoretados e que contenham os menores teores de livre do acúmulo de placa bacteriana e bochechos com fluoreto de sódio, apre- álcool em sua fórmula”, orienta Luciana. a promoção de microabrasão, por meio sentam um bom nível de recuperação do Por fim, quanto ao uso da clorexidi- de pedra pomes e ácido fosfórico, jun- esmalte”, complementa. na, Luciana explica que a solução deve tamente com aplicações de ser restrita aos pacientes que apresen- flúor na área da lesão, ajudam tam gengivite, mesmo que em fases ini- de maneira considerável o ciais, para que a doença periodontal não processo de remineraliza- se estabeleça. O uso deve ser controlado ção, que já conta com uma e limitado apenas no período de controle proteção natural importante da inflamação gengival, e não ao longo que é a presença da saliva, de todo tratamento ortodôntico. rica em íons cálcio e fosfato”, Fraga considera ser importante o assinala. profissional fazer uma boa e cuidadosa Segundo Luciana, a pri- avaliação clínica do paciente antes de meira atitude ao se detectar iniciar o tratamento ortodôntico. “Pacien- visualmente uma mancha tes com muitas restaurações dentárias branca é evitar fazer a ins- devem ter um acompanhamento mais peção dela com a sonda rigoroso para evitar o desenvolvimento exploradora, uma vez que os de cáries e inflamações gengivais. O cristais de esmalte já fragili- ortodontista deve orientar o paciente zados podem ser fraturados sobre uma dieta mais saudável e ter a neste procedimento, e o que preocupação de usar, sempre que possí- era apenas uma mancha vel, acessórios ortodônticos que facilitem torna-se cavitação. uma boa higienização e mantenham o “A aplicação tópica de tecido gengival livre de agressões me- gel de flúor-fosfato acidula- cânicas provocadas pelo aparelho. Estas do, em ácido ortofosfórico, medidas, juntamente com uma boa higie- em consultório, aliada à es- ne oral, garantem um adequado controle covação com dentifrícios da cárie e da doença periodontal”, afirma. fluoretados, é um método simples e bastante eficaz A B C Manchas brancas visualizadas após a remoção dos braquetes de um paciente não colaborador. Estas manchas são observadas nas regiões onde ocorre maior acúmulo de placa bacteriana, como na região cervical, nas faces proximais logo abaixo dos pontos de contato e ao redor dos braquetes ortodônticos. Todos os pacientes com aparelho fixo devem ser orientados e conscientizados sobre a importância de uma higiene cuidadosa, evitando inconvenientes estéticos e funcionais como verificado nestas imagens. Imagens cedidas por Alexander Macedo. Remineralização do esmalte OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8 727 Ortodontia & Estética as manchas brancas aparentes após o tratamento dentário. “É de extrema importância, nesta técnica com resina infiltrante, obedecer as orientações do fabricante e fazer um isolamento adequado dos dentes a serem tratados, utilizar o ataque ácido A no tempo adequado e do secante; se não houver alteração da cor do dente, repetir o procedimento mais uma vez. Apenas depois de completadas adequadamente estas etapas é possível a aplicação da resina infiltrante à base de metacrilato. A utilização de infiltrantes para o tratamento de lesões brancas B após o tratamento ortodôntico parece ter uma eficácia maior que o tratamento C Fotos intrabucais evidenciando a presença de manchas brancas na região cervical de alguns dentes. Deve-se tomar cuidado especial no diagnóstico da mancha branca, evitando a sondagem da superfície do esmalte que pode quebrar a camada superficial preservada e impossibilitar um processo posterior de remineralização. tradicional de microabrasão, apresentando resultados estéticos mais aceitáveis na camuflagem de tais manchas”, assinala Luciana, salientando ainda que, além dos avanços técnicos nos materiais dentários, a técnica de colagem deve ser rigorosa na conservação da superfície do esmalte dentário para li- Imagens cedidas por Alexander Macedo. mitar a desmineralização apenas à área correspondente a base dos acessórios Para Luciana, ainda, a utilização de de bandas e braquetes ortodônticos. colados. “Em seguida, pressionar bem selantes na superfície dos dentes subme- Portanto, principalmente para pacientes o acessório contra a superfície dentária tidos à ação de substâncias desminerali- de alto risco, o uso de selantes é uma para que o material adesivo escoe e zadoras no ato da colagem de acessórios ótima medida preventiva”, sugere. os excessos de adesivo possam ser ortodônticos tem se mostrado de grande valia como coadjuvante na prevenção da cuidadosamente limpos e removidos Infiltrantes de cáries da periferia do acessório”. mancha branca e de cáries relacionadas No tratamento de lesões de man- Fraga ressalta que o produto infiltran- ao tratamento ortodôntico. “Parece até chas brancas, após a remoção do apa- te de cárie, hoje disponível no mercado, ter resultados superiores a utilização de relho ortodôntico, existem recentemente tem como principal objetivo impedir a verniz fluoretado na periferia dos braque- disponível no mercado os infiltrantes progressão de uma lesão cariosa inicial tes, para evitar o aparecimento dessas de cáries que, de acordo com Luciana, sem a necessidade de remoção de tecido lesões”, informa. trata-se de um conjunto de substâncias duro ou anestesia. “O procedimento é Segundo Fraga, atualmente há uma contendo um ataque ácido que combina realizado através da aplicação de uma grande variedade de selantes no merca- ácido hidroclorídrico e ácido pirogênico resina altamente fluida que interrompe a do para pacientes que usam aparelho silício, uma substância secante à base difusão de ácido cariogênico, promoven- ortodôntico. “Existe um grande número de etanol a 99% e uma resina com sua do controle da cárie. A grande vantagem de trabalhos científicos demonstrando matriz à base de metacrilato. Aplicados desse procedimento é a preservação da a real eficácia de selantes em reduzir a em uma sequência padronizada, o estrutura dental, por ser uma técnica desmineralização do esmalte ao redor método suaviza e, por vezes, elimina pouco invasiva”, finaliza. 728 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8 Ciência Brasil Ortoinformação Publicação de pesquisadores brasileiros na mídia internacional O espaço Ciência Brasil é reservado para a divulgação das pesquisas recentemente publicadas por ortodontistas brasileiros em periódicos internacionais. Confira a seguir duas dessas pesquisas. Santos RL, Pithon MM, Romanos MTV. The influence of pH levels on mechanical and biological properties of nonlatex and latex elastics Angle Orthod 2012;82:709-14. Coordenação de conteúdo: Danilo Furquim Siqueira RESUMO Objetivo: avaliar a influência dos níveis de pH sobre elásticos interarcos em relação a decadência de força e citotoxicidade. Material e Métodos: um grupo não látex e um grupo látex foram testados (n = 10). Elásticos foram esticados em 25 mm e mantidos por uma, seis, 12 e 24 horas em solução de saliva artificial com níveis de pH de 5.0, 6.0 e 7.5. Magnitudes de força foram medidas com 25 mm de ativação. O ensaio de citotoxicidade foi realizado utilizando culturas de células (linhagem celular L929, fibroblasto de rato), que foram submetidas ao teste de viabilidade celular com vermelho neutro – dye-uptake. A degradação da força e citotoxicidade foram avaliadas através de análise de variância (Anova), método Sidak e teste de Tukey. Resultados: as interações entre grupo, pH e tempo não demonstraram diferenças estatisticamente significantes (p = .29). Quando pH por tempo (p = .032) e grupo por tempo (p = .0009) foram considerados, essas interações apresentaram diferenças significativas (p < .05). O pH não interferiu diretamente nos resultados de degradação dos elásticos testados. O teste de citotoxicidade demonstrou que o grupo LAO apresentou viabilidade celular inferior quando comparado ao grupo NLAO durante todo o experimento. Houve redução gradual da viabilidade celular, de uma hora a 24h. Diferença significativa (p < .05) foi encontrada entre as interações grupo pH e grupo controle de células, exceto entre o grupo NLAO no tempo de uma hora para os diferentes níveis de pH e no tempo de seis e 12h com pH 5.0 (p > .05). Conclusão: nenhuma correlação significativa entre pH, degradação da força e citotoxicidade foi observada. Elásticos avaliados. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):731-2 731 Ciência Brasil Pithon MM, Santos AM, Couto FS, Coqueiro RS, de Freitas LMA, de Souza RA et al. Perception of the esthetic impact of mandibular incisor extraction treatment on laypersons, dental professionals, and dental students. The Angle Orthodontist 2012;82(4):732-8. RESUMO Objetivo: avaliar o grau de percepção de leigos, profissionais e estudantes de Odontologia quanto à estética dentária, em casos com extração de incisivo central inferior. Material e Métodos: de posse de uma fotografia intrabucal frontal de uma oclusão normal com todos os dentes presentes, realizou-se modificações com a extração de um incisivo inferior com várias composições de tamanhos. Para tal, utilizou-se um programa específico para manipulação de imagens (Adobe Photoshop CS3, Adobe Systems Incorporated, EUA). Após manipulação, as imagens foram impressas em papel fotográfico, anexas a um questionário e distribuídas para leigos, profissionais e estudantes de Odontologia (n = 90) para avaliar o grau de percepção e estética utilizando uma escala de atratividade, onde: 0 = pouco atrativo; 5 = atrativo; 10 = muito atrativo. As diferenças entre os examinadores foram examinadas através do teste Mann-Whitney. Todas as estatísticas foram executadas com nível de confiabilidade de 95%. Resultados: demonstraram habilidade por parte dos profissionais e estudantes de Odontologia em perceber a diferença entre oclusão normal e os casos com falta de um incisivo (p < 0.05). A fotografia onde os incisivos laterais apresentaram-se maiores que o central foi a que obteve maior valor dentre os casos de extração em todos os grupos de avaliadores. Conclusão: profissionais e estudantes de Odontologia são mais hábeis em identificar desvio da normalidade. Além disso, a extração de incisivos inferiores deve ser sempre descartada quando outras opções de tratamento estão disponíveis. Imagens avaliadas. 732 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):731-2 Mercado Ortoinformação BioClip: primeiro autoligável interativo com clipe de força gradual O braquete interativo BioClip da Aditek, uma das principais fabricantess de d produtos ortodônticos do Brasil, transforma em realidade um sonho que parecia distante no que diz respeito ao manejo das forças e controle da interatividade na interface braquete/arco. A experiência de mais de dez anos na engenharia de ponta para braquetes autoligáveis, aliada à mais alta tecnologia, possibilitou o desenvolvimento de um sistema inédito de grande eficiência. Da união de duas patentes (braquete interativo, do doutor John Voudouris, e do sistema de clipes de Nitinol de força gradual, do doutor Alexandre Gallo Lopes), surgiu a parceria que levou à criação do BioClip. m O braquete autoligável BioClip possui características inovadoras em plica sistemas interativos. Pela primeira vez, é possível o gerenciamento da aplicação de forças ao longo do mesmo arco, em razão dos clipes de Nitinol de forças graduadas, de acordo com a área radicular dos dentes. Desta forma, cada dente recebe somente a força necessária para um movimento biocompatível, proporcionando um tratamento ortodôntico mais seguro. Mais informações no site www.aditek.com.br ou pelo telefone 0800-0159520. Autoligados da Forestadent: novo conceito de estética A linha de braquetes autoligados Forestadent – BioQuick (metálico e interativo) e QuicKlear (cerâmico e interativo), além de proporcionar fácil manuseio, traz um novo conceito em estética. arredondas oferecem maior conforto e comodidade no uso. Já o braquete autoligável QuicKlear comple- A terceira geração de braquete menta o sistema BioQuick autoligável BioQuick – livre de níquel como alternativa estética. – destaca-se pela simplicidade no Feito em cerâmica translú- manuseio porque possui um sistema cida e praticamente invisível, de abertura e fechamento por meio que o diferencia do BioQuick, suas de clipe, que possibilita limpeza mais aparência, sua discrição e seu design sofisticado garantem profunda, reduzindo, desse modo, o ao paciente um sorriso suave e natural. acúmulo de placas bacterianas. Os braquetes da empresa alemã Forestadent são os Por ser o menor braquete autoligável do mercado, únicos autoligados de molar a molar existentes no mercado. sua adesão e/ou remoção são mais efetivas, facilitando o Os resultados são: otimização do tempo de tratamento e trabalho do ortodontista. Ao paciente, suas bordas lisas e perfeição dos resultados alcançados. Para mais informações, acesse www.gm-orthodontics.com.br. OrtodontiaSPO | 2012;45(6):735 735 EAP-SPO Escola de Aperfeiçoamento Profissional CURSOS EAP-SPO 2012 – FACSETE – CIODONTO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA Coordenador: Prof. Dr. Renato Castro de Almeida Professores assistentes: Dra. Emne Hammoud Gumieiro e Dra. Regina Ascenção Pequeneza. Periodicidade: mensal com módulos de quatro dias (quinta, sexta, sábado e domingo). CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA Coordenadora: Profa. Dra. Vanda B. T. Domingos Professores assistentes: Dr. Alael B. F. de Paiva Lino, Dr. Gennaro Napolitano Neto, Dra. Vera T. C. Terra, Dra. Lucila Akinaga, Dra. Sylvia Tiossi Periodicidade: mensal com módulos de quatro dias (segunda, terça, quarta e sábado). Venha fazer Especialização na SPO, em São Paulo. Além da tradição de 50 anos contribuindo com a melhor formação profissional, a certeza de estudar com os melhores mestres. Sociedade Paulista de Ortodontia Rua Tumiaru, 227 – Ibirapuera 04008-050 – São Paulo/SP Telefones: (11) 3884-3113 3884-9393 Fax: (11) 3884-7575 [email protected] www.spo.org.br CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM ORTODONTIA – Técnica Straight Wire (autoligáveis) e mini-implantes Prof. Dr. Hélio Tsukamoto Professora assistente: Dra. Carola Gomez Ágreda Duração: 8 meses Horário: 8h às 17h Periodicidade: mensal com módulos de dois dias (sábado e domingo). CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM ORTODONTIA Coordenadora: Profa. Dra. Helena Tornelli Professores assistentes: Dra. Luciana Mazzili, Dra. Maristela Pereira, Dra. Rosane Ogata e Dr. Cláudio Katayama. Duração: 20 meses Horário: 8h30 às 17h Periodicidade: mensal com módulos de dois dias (quinta e sexta). CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM ORTODONTIA Coordenadora: Profa. Dra. Laura Santa Pereira Duração: 10 meses Horário: 8h30 às 17h Periodicidade: mensal com módulos de dois dias (quinta e sexta). Normas de Publicação Como enviar seus trabalhos Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista OrtodontiaSPO adota em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. Desde janeiro de 2011, todos os trabalhos deverão ser enviados com o formulário de Conflito de Interesse preenchido, material que passa a fazer parte do Termo de Cessão de Direitos Autorais. Importante: Envie seu trabalho apenas pelo correio, para: OrtodontiaSPO Att. Cecilia Felippe Nery (Editora) Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino 04023-000 – São Paulo – SP 1. OBJETIVO A revista OrtodontiaSPO, de periodicidade bimestral, destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos clínicos e revisão da literatura na área de Ortodontia e de especialidades multidisciplinares que a envolvam. 2. NORMAS 2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação simultânea em outro periódico. 2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word for Windows), acompanhados de uma cópia em papel, com informações para contato (endereço, telefone e e-mail do autor responsável). 2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície do CD). 2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não será devolvido. 2.4. A revista OrtodontiaSPO reserva todos os direitos autorais do trabalho publicado. 2.5. A revista OrtodontiaSPO receberá para publicação trabalhos redigidos em português. 2.6. A revista OrtodontiaSPO submeterá os originais à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos autores do trabalho analisado. 2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s) autor(es) ou pelo autor responsável. 2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais: [Local e data] Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos) à apreciação da revista OrtodontiaSPO para nela ser publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da Contendo CD identificado (com todo o material do artigo), impresso completo do trabalho a ser submetido, Termo de Cessão de Direitos Autorais/ Formulário de Conflito de Interesse devidamente preenchidos e Termo de Consentimento do Paciente, quando necessário. Em caso de dúvida, entre em contato com a redação: (11) 2168-3400 – <[email protected]>. revista OrtodontiaSPO a partir da data de sua submissão, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer natureza, sem que a prévia e necessária autorização seja solicitada e obtida junto à revista OrtodontiaSPO. Declaro(amos) serem verdadeiras as informações do formulário de Conflito de Interesse. No caso de não aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais será automaticamente revogada após a devolução definitiva do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do autor, de ofício específico para esse fim. [Assinatura(s)] à aprovação pelo Comitê de Ética. A experimentação envolvendo pesquisa com humanos deve ser conduzida de acordo com princípios éticos (Declaração de Helsinki, versão 2008 – http://www.wma.net/en/20activities/10ethics/10hels inki/index.html). 2.10. Todos os trabalhos com imagens de pacientes, lábios, dentes, faces etc., com identificação ou não, deverão conter cópia do Formulário de Consentimento do Paciente, assinado por este. Conflito de Interesse Sim Eu recebi apoio financeiro para pesquisa dado por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu, ou os membros da minha família, recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu, ou os membros da minha família, possuímos ações ou investimentos em organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Eu recebi honorários de apresentações vindos de organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho Você está empregado pela entidade comercial que patrocinou o estudo? Você possui patentes ou royalties, trabalhou como testemunha especializada, ou realizou atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área? (forneça uma descrição resumida) Não [Assinatura] Importante: autores e coautores deverão preencher individualmente o formulário com informações próprias. Estas deverão ser acrescentadas ao final do artigo, em forma de texto, como Nota de Esclarecimento. 2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de responsabilidade única e exclusiva de seus autores. 2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências 3. APRESENTAÇÃO 3.1. Estrutura 3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou revisão da literatura, proposição, material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com espaços), 4 tabelas ou quadros e 20 imagens (sendo, no máximo, 4 gráficos e 16 figuras). 3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros e 20 imagens (sendo, no máximo, 4 gráficos e 16 figuras). 3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição, relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês (abstract), unitermos em inglês (key words) e referências bibliográficas. Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com espaços), 2 tabelas ou quadros e 34 imagens (sendo, no OrtodontiaSPO | 2012;45(6):739-40 739 Normas de Publicação máximo, 2 gráficos e 32 figuras). 3.2. Formatação de página: a. Margens superior e inferior: 2,5 cm b. Margens esquerda e direita: 3 cm c. Tamanho do papel: carta d. Alinhamento do texto: justificado e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado h. As páginas devem ser numeradas 3.3. Formatação de texto: a. Tipo de fonte: times new roman b. Tamanho da fonte: 12 c. Título em português: máximo de 90 caracteres d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais e. Resumos em português e inglês: máximo de 250 palavras cada f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme. br/decs/) 3.4 Citações de referências bibliográficas a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual somente os números índices das referências, na forma sobrescrita, são indicados no texto. b. Números sequenciais devem ser separados por hífen (ex.: 4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula (ex.: 7, 12, 21). c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação. Exemplos: Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...” Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral e local do paciente é necessária para o sucesso do tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...” 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas por trabalho. 4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade única e exclusiva dos autores. 4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme orientações fornecidas pelo International Committee of Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals”. 4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem negrito, itálico ou grifo/sublinhado. 4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e páginas do artigo logo após o título do periódico. Exemplo: “1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on 740 OrtodontiaSPO | 2012;45(6):739-40 the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4. 2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J Periodontal 1994;65:545-50. 3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:8895.” 4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos. 4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al. 4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais, trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja estritamente necessária sua citação, as informações não devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em notas de rodapé. 4.7. Exemplos 4.7.1. Livro: Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J, Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13. 4.7.2. Capítulo de livro: Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth movement. Florida: CRC, 1989. p. 269-73. 4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es): Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois: Quintessence;1997. 4.7.4. Organização ou sociedade como autor: Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2. 4.7.5. Artigo de periódico: Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont Unesp 1988;17(1/2):183-9. 4.7.6. Artigo sem indicação de autor: Fracture strenght of human teeth with cavity preparations. J Prosth Dent 1980;43(4):419-22. 4.7.7. Resumo: Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration with and without flowable liner [resumo]. J Dent Res 2000;79:1002. 4.7.8. Artigo citado por outros autores apud: Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9. 4.7.9. Dissertação e tese: Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP [tese]. Campinas: Universidade Estadual de Campinas;1997. 4.7.10. Trabalho apresentado em evento: Buser D. Estética em implantes de um ponto de vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo: EVM; 2002. p. 18. 4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet: Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited 30-6-1998]. ISSN 0103-6440. 5. TABELAS OU QUADROS 5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou “Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em algarismos arábicos. 5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e objetiva no texto ou em documento anexo. 5.3. Devem ser autoexplicativos e, obrigatoriamente, citados no corpo do texto na ordem de sua numeração. 5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em sua legenda. 6. IMAGENS (Figuras e Gráficos) 6.1. Figuras 6.1.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser numeradas com algarismos arábicos. 6.1.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte. 6.1.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do texto na ordem de sua numeração. 6.1.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua legenda. 6.1.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado. 6.1.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística, utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/ câmera fotográfica. 6.1.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura mínima de 10 cm. 6.1.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas eletrônicas (Excel). 6.2. Gráficos 6.2.1. Devem constar sob a denominação “Figura”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm. 6.2.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo ou folha impressa à parte, ordenadas sequencialmente com as figuras. 6.2.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do texto, na ordem de sua numeração. 6.2.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos em sua legenda. 6.2.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor, curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução com precisão. Morelli 4ªCapa
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