Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento

Transcrição

Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento
Crescimento profissional com a Ortodontia
EDIÇÃO ESPECIAL
Retrospectiva Orto 2012-SPO
• Atualização
científica
• Aplicabilidade
• Crescimento
profissional
• Satisfação
• Qualidade de vida
Volume 45 • N0 6
Novembro | Dezembro 2012
Qualificação:
Qualis Nacional B3 – Educação Física
Qualis Nacional B4 – Odontologia
Qualis Nacional B4 – Engenharia II
Indexação:
BBO – Bibliografia Brasileira de Odontologia
LILACS – Literatura Latino-Americana e
do Caribe em Ciências da Saúde
OrtodontiaSPO - Vol. 45, n.6 (novembro/dezembro/2012) - São Paulo: VM Cultural Editora Ltda., 2005
Periodicidade Bimestral
ISSN 0030-5944
1. Ortodontia. 2. Ortopedia Funcional dos Maxilares.
I. VM Cultural Editora Ltda. II. Título
CDD 617.64
Black D4
Sociedade Paulista de Ortodontia
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Prof. Dr. Lourenço Correr Sobrinho (Unicamp/SP - Materiais Dentários)
Prof. Dr. Luiz Renato Paranhos (Umesp/SP)
Prof. Dr. Paulo Francisco Cesar (Fousp/SP - Materiais Dentários)
Prof. Dr. Sidney Kina
(Universidade Estadual de Maringá/PR - Dentística/Prótese)
Profa. Dra. Yara Pierangeli Fonseca
(EAP-APCD Central/SP - Odontopediatria/Ortodontia)
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615
Editorial
Quero ser como você ................................................................................................ 620
A busca pela relevância científica ............................................................................... 621
Especial Orto 2012-SPO
Capa:
Edição especial do evento Orto 2012-SPO
Cada vez maior, cada vez melhor ............................................................................... 622
ARTIGOS ORIGINAIS / ORIGINAL ARTICLES
Ortopesquisa
Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II, divisão 1
Effects of the Klammt's elastic open activator in the Class II division 1 malocclusion treatment (Aristeu Correa
Bittencourt Neto, Marisana Piano Seben, Karina Maria Salvatore de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado, Fabrício Pinelli
Valarelli) ......................................................................................................................................................648
Estudo cefalométrico das características dentoesqueléticas de pacientes com má-oclusão de Classe III
A cephalometric study of dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion (Lorena
Marques Ferreira, Juliana Godoy-Bezerra, Ednara Mércia Fernandes de Andrade, Pedro Paulo Maia de Sena, Eudes
Euler de Souza Lucena) ................................................................................................................................659
Avaliação da influência da realização da expansão rápida da maxila sobre a recidiva do apinhamento
anterossuperior, em casos tratados ortodonticamente sem extrações.
Influence of rapid maxillary expansion on incisors alignment stability (Luiz Filiphe Gonçalves Canuto, Marcos
Roberto de Freitas, Karina Maria Salvatore de Freitas, Guilherme Janson, Rodrigo Hermont Cançado) ................669
Estudo cefalométrico comparativo dos traçados preditivos e resultados ortodôntico-cirúrgicos em pacientes
com face longa
Cephalometric comparative evaluation of predictibility for surgical orthodonthic treatment in long face
patients (Carla Maria Melleiro Gimenez, André Pinheiro de Magalhães Bertoz, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, Valfrido
Antonio Pereira Filho, Francisco Antônio Bertoz) .............................................................................................681
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SUMÁRIO
Distalização de molar controlada: busca de soluções para os efeitos indesejáveis que ocorrem com
aparelhos distalizadores convencionais
Controlled molar distalization: search for solutions of the undesirable effects which happen with conventional
distalizers (Sandra Tiberio, André Marçal Guerreiro, Semyra Giovannini Maccheronio, Maxwell Lopes de Carvalho,
Thiago Souza Cruz) ......................................................................................................................................693
Ortoclínica
Meaw modificado: apresentação da técnica para a correção das mordidas abertas e na finalização dos
tratamentos ortodônticos
Modified Meaw: a technique presentation for correction of open bites and in the finalization of orthodontic
treatment (Maurício Tatsuei Sakima, Aline Cristina Davóglio, Caio Sérgio Botta Martins de Oliveira, Alexandre Tatsuke
Sakima, Paulo Roberto Tatsuo Sakima, Tatsuko Sakima) .................................................................................703
Ortodivulgação
Tabela de Moyers em brasileiros leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros
Moyers’s table for Brasilians caucasians, melanodermics, afrocaucasians, xanthoderms, japaneses-brazilians
descendents (Arnaldo Pinzan, Célia Regina Maio Pinzan Vercelino) .................................................................716
Ortodontia & Estética
Lesões de mancha branca no esmalte dental durante o tratamento ortodôntico.................................................... 725
Ortoinformação
Ciência Brasil ........................................................................................................................................... 731
Mercado .................................................................................................................................................. 735
BioClip: primeiro autoligável interativo com clipe de força gradual
Autoligados da Forestadent: novo conceito de estética
Normas de Publicação ............................................................................................................................ 739
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Quero ser
como você
E
ste editorial expressa profunda gratidão a todos que contribuíram para a
eficiência científica, social e associativa do Orto 2012-SPO.
Tudo, na verdade, foi excelência porque no fundo do que foi realizado se en-
contravam reflexos luzentes de personalidades e autoridades que, orgulhosamente,
honraram com respeito e reconhecimento o segundo maior evento do mundo sobre
Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares.
Ficou confirmado, sem contestação, o slogan “universo ao seu alcance”.
Deixo aqui os versos da poetisa Nelly Corrêa Dionigi, que homenageou o presidente
do evento, dando início às atividades para os especialistas das áreas respectivas.
São pronunciamentos versáteis que devem constar com sublimidade no acervo da
existência de cada um.
Ei-los:
“Quero ser como você,
Jairo Corrêa
Presidente da SPO
e não transformar minha velhice
num depósito de lembranças.
Quero, como você, expandir,
criar rumos, para tantos
que de mim precisarem.
Ofertar até parte do coração,
para então poder dizer:
amo com fé o que faço.
Alçar voos ininterruptos,
não como fez Ícaro,
mas com asas para voar.
Pois são belos os voos
de sua vida.”
A história sempre contará as preciosidades e assertivas de todos que trabalharam
com altivez e dedicação, visando unicamente a grandiosa SPO e as especialidades
embutidas.
Vamos continuar sendo “guerreiros sem medo” e “cavalos de raça”.
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Editorial
O
sucesso de um produto é geralmente medido pelo número de unidades
vendidas em um determinado período. Assim, seja ele um aparelho eletrônico, um automóvel ou um livro, a quantidade adquirida pelo mercado indica
fielmente sua aceitação pelo público.
E a relevância de um artigo científico, como pode ser aferida? Como verificar se um
texto impactou positivamente os profissionais da área?
A busca pela
relevância
científica
Apesar de não ser uma medida de qualidade ou de importância, o método mais seguro
para determinar este "fator de impacto" é o número de vezes que um determinado
artigo é citado na literatura especializada.
Empregando modernos métodos de bibliometria, que permitem aferir os dados
estatísticos das citações, um artigo publicado on-line em outubro de 2012, na
revista Angle Orthodontist (http://www.angle.org/doi/pdf/10.2319/040512-284.1)
enumera os 100 artigos mais citados em Ortodontia desde 1975 até 2011.
Flavio CotrimFerreira
Editor Científico
Além dos títulos e referências destes 100 artigos de alta relevância, é curioso
observar alguns dados comparativos, tais como o desenho da pesquisa, o assunto
abordado no texto ou os autores líderes de citações.
Creio que a leitura deste artigo pode ser um bom início para aqueles que pretendem,
dentro de alguns anos, figurar entre os mais conhecidos pesquisadores de nossa
especialidade.
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ORTO 2012-SPO
Cada vez maior, cada vez melhor
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ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Fotos: Jaime Oide
Cláudio Roberto
João Durazzo
Orto 2012-SPO fica ainda
mais surpreendente em
sua estreia no Expo Center
Norte, reunindo mais de
seis mil pessoas.
PROMESSA CUMPRIDA. A 18a EDIÇÃO DO CONGRESSO
BRASILEIRO DE ORTODONTIA MOSTROU MAIS UMA VEZ A
FORÇA DA ESPECIALIDADE, GARANTINDO QUALIDADE, CONSISTÊNCIA, TRADIÇÃO E, ACIMA DE TUDO, GRANDIOSIDADE.
ENTRE OS DIAS 27 E 29 DE SETEMBRO, TODOS OS OLHOS
DA ORTODONTIA BRASILEIRA E LATINO-AMERICANA ESTAVAM
VOLTADOS PARA A CIDADE DE SÃO PAULO.
Mais de seis mil pessoas, entre congressistas, ministradores, expositores, visitantes e organizadores, participaram
do Orto 2012-SPO no Expo Center Norte. O novo espaço
também não decepcionou, oferecendo mais comodidade e
conforto para os participantes, tanto durante as atividades
científicas como na realização da ExpOrto 2012-SPO.
Os números do evento falam por si: foram 6.556 participantes, sendo 4.081 congressistas; 512 cirurgiões-dentistas
visitantes; 202 ministradores; 89 ortodontistas coordenadores de conferências e cursos; 230 visitantes comerciais;
1.322 membros do staff de expositores; e 120 membros
do staff operacional.
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Ponto alto
O tema do evento foi “Crescimento profissional em Ortodontia”.
O ponto alto do Orto 2012-SPO, mais uma vez, foi sua robusta
programação científica, com cerca de 400 horas de atividades,
divididas em 26 cursos de imersão, sendo 11 cursos internacionais e 15 nacionais de quatro horas; 150 conferências especiais;
mais de 100 atividades corporativas; e exposição de 425 painéis
científicos.
A presença de grandes nomes da Ortodontia mundial deu
ainda mais distinção ao evento, como o celebrado pesquisador
norte-americano Lawrence Andrews, que propôs uma nova metodologia de avaliação facial. Também esteve presente Birte Melsen, da
Dinamarca, que é considerada a maior autoridade no tratamento
ortodôntico de casos complicados em pacientes adultos. Outras
participações internacionais de destaque foram: Martin Epstein
(EUA), Lars Christensen (Inglaterra), Young Chel Park (Coreia do
Sul), Luis Carriere (Espanha) e Antonino Secchi (EUA).
A Ortodontia nacional também foi brilhantemente representada com a apresentação do time brasileiro de ministradores
convidados. Entre eles, estavam Leopoldino Capelozza Filho,
Hugo Trevisi, Celestino Nóbrega, Flávio Vellini-Ferreira, Weber
Ursi, José Fernando C. Henriques, Francisco José M. Macedo,
Guilherme Janson, Marcos Gribel, Jorge Faber, Carlos Alberto G.
Cabrera, Marcos Janson, Maurício Sakima, José Augusto Miguel,
entre outros.
Lançamentos literários
Alguns autores aproveitaram o Orto 2012-SPO
para apresentar suas obras no mercado editorial.
Entre os destaques estão Liliana Maltagliati, com
"Sistema autoligado – teoria e prática", e Flávio
Vellini-Ferreira (foto), com "Ortodontia clínica –
tratamento com aparelhos fixos".
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ESPECIAL ORTO 2012-SPO
ExpOrto 2012-SPO
Outro destaque do evento foi a ExpOrto 2012-SPO, que se mostrou
mais atraente no novo espaço oferecido pelo Expo Center Norte. Quase
100 empresas estiveram presentes nesta edição do evento. Disposta
em um espaço de 14.000 m2 do Pavilhão Azul, a exposição promocional
pôde ser visitada confortavelmente nos três dias do evento. Além dos
lançamentos mais recentes, os expositores também aproveitaram o espaço
para oferecer palestras sobre seus produtos. Os visitantes puderam se
manter mais informados, fazer contatos preciosos e fechar bons negócios.
“Um evento como o Orto 2012-SPO é essencial para a atualização
profissional do ortodontista, além de promover a integração com os
colegas”, disse João Grimberg, patrono do evento. “Pioneirismo, tradição e
história foram sempre o horizonte maior que a SPO desenvolveu no tempo
e no espaço. Por isso, o Orto 2012-SPO alcançou o sucesso esperado”,
afirmou Jairo Corrêa, presidente do evento.
O presidente de honra, Leopoldino Capelozza Filho, falou aos
congressistas durante sua apresentação: “Estou muito feliz porque tive o
privilégio de ser o presidente de honra do melhor congresso de Ortodontia
já realizado no Brasil. Porém, acho que esse meu privilégio vai durar pouco,
porque o Orto 2014-SPO promete ser ainda melhor”.
Alguém duvida disso?
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Noite de reconhecimento
A emoção e a alegria deram o tom da Solenidade de Abertura Oficial do Congresso Brasileiro de
Ortodontia. A presença marcante de autoridades e a homenagem prestada às personalidades mais
atuantes da Odontologia brasileira fizeram da noite de 27 de setembro uma data inesquecível.
Cada edição do Congresso Brasileiro de Ortodontia reserva
sagens, Baracchini foi presidente da entidade na década de
uma história diferente. Muitas dessas histórias são contadas na
1970, membro da diretoria por diversos mandatos, e atuou
Solenidade de Abertura Oficial, quando ocorre um emocionante
com destaque na campanha pela aquisição da sede da SPO.
encontro entre todos os participantes do evento: congressistas,
A cerimônia também reservou espaço para os discursos
ministradores, dirigentes da SPO, autoridades, personalidades da
de Jairo Corrêa, João Grimberg e Leopoldino Capelozza Filho,
especialidade e organizadores do evento. No Orto 2012-SPO, esta
respectivamente, presidente, patrono e presidente de honra
grande reunião das mentes e corações que fazem a Ortodontia
do Orto 2012-SPO.
brasileira mostrou-se ainda mais marcante.
A noite ficou ainda mais especial com a entrega do Prêmio
O ponto alto da noite foi a homenagem prestada a
de Honra ao Mérito “Dr. Reynaldo Baracchini” aos homenagea-
Reynaldo Baracchini pela sua contribuição no desenvolvimento
dos da noite, que foram agraciados em reconhecimento pela
da Ortodontia no País, como um dos fundadores e membros
sua contribuição, em suas respectivas áreas de atuação, no
mais ativos da SPO, além da sua atuação no Serviço Dentário
crescimento da Odontologia. A celebração foi encerrada com
Escolar e na Universidade de São Paulo. Entre outras pas-
um animado coquetel.
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ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Confira o depoimento de algumas personalidades e autoridades que
estiveram presentes na Solenidade de Abertura Oficial do Orto 2012-SPO.
A Soc
Sociedade
edade P
Paulista de Ortodontia vem realizando
Este evento
vento é d
de grande importância
event
eventoss de gran
grande sucesso nos últimos anos e atua com
para ttodo
do o País
País. A Sociedade Paulista
desta
ue na orga
destaque
organização de atividades técnico-científicas
de Or
odontia é muito tradicional e,
Ortodontia
voltadass a profissionais da pós-graduação. É fundamental
apesar de ser paulista, sempre digni-
hoje, na evidência da Odontologia e na qualidade dos
O
ficou a Odontologia
brasileira como
serviços prestados, a valorização do ensino continuado para que as
um todo, por meio de seu trabalho na Ortodontia. Na
novas descobertas científicas possam ser compartilhadas com todos. A
organização do evento, a direção da entidade sempre
qualidade do serviço oferecido na nossa Ortodontia é de primeiro mundo.
primou por uma grade científica de grande valor, com
Não estamos devendo nada a país algum. Pelo contrário, os profissionais
ministradores da mais alta qualidade. Hoje, este evento
brasileiros estão servindo como modelo para os profissionais de outros
é um sucesso, com mais de quatro mil congressistas,
países. E a SPO, ao realizar o Congresso Brasileiro de Ortodontia, é
um número bastante expressivo para um congresso de
uma das grandes responsáveis por essa evolução.
especialidade. Isso significa que a qualidade do evento
Adriano Albano Forghieri
é atestada pelos próprios participantes que aqui estão.
Presidente da APCD – Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas
É a comprovação de que a SPO põe sua chancela de
alta qualidade em tudo que faz.
Maria Lúcia Zarvos Varelli
Diretora do Crosp – Conselho Regional de Odontologia
Eu tenho
te ho acompanhado
acom
a
de São Paulo
trajet
ria da O
trajetória
Odontologia
no Br
sil através
atravé das entiBrasil
c
dades de classe
e, no caso
específifico da Ortodontia,
pela atuação da Sociedade Paulista de
Esta é uma noite
noi memorável! A história e a
Ortodontia. Trata-se de um trabalho extre-
tradiç
o da SPO
SP mostram que se trata de
tradição
mamente profícuo, dedicado e respeitado.
uma e
tidade ex
entidade
extremamente séria, que realiza
Um evento como este tem uma impor-
balh digno e competente. Como prova
um trabalho
tância enorme na saúde pública brasileira
dessa afifirmação, temos a concretização de
porque hoje a Ortodontia ocupa um espaço
um evento como esse, que reúne as maiores expressões da
grande na vida das pessoas. A especialida-
Ortodontia do Brasil, da América Latina e do mundo todo. Nós,
de cresceu muito, se popularizou e evoluiu
da ABCD, estamos honrados em poder compartilhar deste
tecnicamente, levando tecnologia de ponta
evento de altíssimo nível. O trabalho da comissão organiza-
ao alcance de todos. Eu, como médico e
dora merece também menção especial pela feliz homenagem
militante da saúde pública no Brasil, vejo
prestada a Reynaldo Baracchini, que neste ano dá o nome ao
com muita simpatia e alegria que a Orto-
Prêmio de Honra ao Mérito.
dontia esteja realizando um evento desta
Silvio Cecchetto
envergadura.
Presidente da ABCD – Associação Brasileira de
Gilberto Natalini
Cirurgiões-Dentistas
Vereador representante da Câmara
Municipal de São Paulo
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627
Eu pa
participo
ticipo de congressos há muito
tempo e sei qu
que um evento como o
temp
Orto 2012-SPO é essencial para a
atualização
açã profissional do ortodontista. Aq
Aquele que fica de fora desse
processo de reciclagem constante dos conhecimentos acaba defasado e excluído dos benefícios
conquistados a partir da evolução da Ortodontia.
Além disso, o contato com os colegas é muito importante. Muitas vezes, nos fechamos nos consultórios,
entre quatro paredes, e ficamos muito limitados na
nossa vida. Desta forma, ao permitir a atualização
científica e o reencontro dos colegas, o congresso
é uma oportunidade de se abrir para novas ideias.
João Grimberg
Patrono
O congresso superou as expectativas. Estou muito feliz porque tive o privilégio
de ser o presidente de honra do melhor congresso de Ortodontia já realizado
no Brasil. Porém, acho que esse meu privilégio vai durar pouco porque o Orto
2014-SPO promete ser ainda melhor. Com a experiência da SPO, o suporte da VM
Comunicação e a estrutura física do Expo Center Norte, acho que foi um trabalho
quase perfeito. O Orto 2012-SPO mostra o tamanho da nossa Ortodontia. A participação cada vez mais numerosa de profissionais de toda América Latina mostra
que o Brasil assumiu seu papel central na região. As pessoas perceberam que
podem vir até o nosso país para se atualizarem, comprar materiais e ter acesso
às novas tecnologias que chegam ao Brasil por meio da presença maciça das
empresas, que estão oferecendo produtos de qualidade. Como somos um povo
receptivo, acredito que o destino dos latino-americanos, cada vez mais, será
buscar atualização em Ortodontia aqui no Brasil.
Leopoldino Capelozza Filho
Presidente de Honra
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OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Este e
evento
vento tem uma grande importância,
tanto para
ara a Orto
Ortodontia nacional, como também p
ara a inter
para
internacional. Ele é uma vitrine
ostr o adiantamento extraordinário
que mostra
d
da Ortodontia
brasileira diante do mundo,
com seu crescimento na área clínica e também científica.
Não há nada igual ao Orto 2012-SPO, e devo dizer que o
Brasil deve ter orgulho disso. Isso mostra, mais uma vez,
o trabalho realizado pela Sociedade Paulista de Ortodontia,
que continua prestando uma notável contribuição para o
crescimento da Ortodontia nacional.
Placidino Guerrieri Brigagão
Presidente da Academia Brasileira de Ortodontia
Jairo Corrêa,
presidente do
evento, destaca
a atuação da
SPO em seu
discurso.
Um ev
evento
ento com
como este é de fundamenta
importân
mental importância,
pois mostra
a evo
ução da especialidade ao
evolução
longo do
dos anos. Também vale
O Orto
Ort 2012-SPO
2012-SP é um evento de
destacar o papel fundamental da
grand
grande importân
importância científica. Temos
Sociedade Paulista de Ortodontia na formação
pales
antes de alto nível discutindo
palestrantes
dos ótimos ortodontistas que nós temos no
temas qu
que devem contribuir muito
Brasil. Devemos reconhecer o grande serviço
para a evolução no tratamento dis-
prestado por esta entidade ao País, ao realizar
pensado aos pacientes. Além disso, devo ressaltar
um congresso como este. Hoje, todo ortodontista
que a cerimônia desta noite foi realmente fantástica.
tem consciência de que precisa, a cada dia, se
A homenagem ao doutor Reynaldo Baracchini foi uma
aprimorar profissionalmente para oferecer um tra-
escolha muito boa, porque é o reconhecimento pelo
tamento melhor ao seu paciente. Então, devemos
trabalho de uma vida dedicada à Odontologia. Pre-
parabenizar a SPO não apenas pelo trabalho de
cisamos aprender a respeitar estes seres humanos
hoje, mas por toda sua trajetória. Eu, que tenho
no Brasil, pois, se não existissem gigantes como
frequentado este congresso desde 1970, posso
eles, nós não teríamos ombros para subir e chegar
testemunhar que ele só tem trazido benefícios a
aonde chegamos.
toda classe odontológica.
Orlando Santiago Júnior
Mário Vedovello Filho
Presidente do CBOFM – Confederação Brasileira de
Integrante do CEE – Conselho Estadual de
Ortopedia Funcional dos Maxilares
Educação do Estado de São Paulo
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
629
Uma vida de dedicação
O Prêmio de Honra ao Mérito foi criado em
2004 para destacar e reconhecer a contribuição de pesquisadores e autoridades
nacionais e internacionais em seus campos
de atuação. Desde então, o prêmio vem
recebendo o nome de grandes personalidades que abraçaram causas, colaborando
para o crescimento da Odontologia no
Brasil, como Miguel Santiago Nobre, Emil
Razuk, Placidino Guerrieri Brigagão e Paulo
Affonso de Freitas.
Em 2012, o Comitê Organizador do
Congresso fez uma justa homenagem a
Reynaldo Baracchini, pela sua relevante
contribuição para o desenvolvimento da
Ortodontia no Brasil e seu memorável
trabalho à frente da Sociedade Paulista de
Ortodontia (SPO).
Eu me senti muito feliz ao saber que receberia
esta homenagem. Afinal, eu tenho orgulho em
dizer que sou um dos fundadores da SPO. Nós
criamos esta sociedade quando ninguém mais
pensava nisso. Sabíamos que era importante.
Por isso, me dediquei muito, nunca coloquei as
Receberam, ainda,
homenagens especiais:
necessidades da SPO em segundo lugar. Sabe
Ager de Lorenzo, Ailton Diogo Morilhas
como é, a gente tem amor à causa e acaba
Rodrigues, Alfredo Manuel dos Santos, Carlos
se dedicando mais do que o planejado. Eu não
Chaparro Bohórquez, Cleber Bidegain Pereira,
posso negar que a minha vida pessoal acabou
Dóris Camargo Martins de Andrade, Duílio
sofrendo com tudo isso. Mas, é preciso entender
Mandetta, Eduardo Sakai, Emil Adib Razuk,
que tínhamos um projeto, um ideal, e deu certo! Deu certo! O nosso
Fernando Gueiros, Flavio Cotrim-Ferreira,
grupo foi crescendo, crescendo e hoje estamos aqui. A Ortodontia
Gilberto Natalini, Haroldo Vieira, Jairo Corrêa,
evoluiu extraordinariamente e a SPO é como uma filha para mim. Assim
João Grimberg, Júlio Wilson Vigorito, Leopoldi-
é a minha vida com a SPO, assim é a minha vida com a Ortodontia.
no Capelozza Filho, Lucy Dalva Lopes Mauro,
Luiz Sérgio Alves Machado, Nivan Marton,
Reynaldo Baracchini
Norberto dos Santos Martins, Osny Corrêa,
Homenageado que deu nome ao Prêmio de Honra ao Mérito em 2012
Paulo Affonso de Freitas, Placidino Guerrieri
Brigagão e Seiti Ishi.
630
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Agraciados com o Prêmio de Honra ao Mérito "Reynaldo Baracchini":
Adalsa Hernandez
Adriano Albano Forghieri
Ager de Lorenzo
Ailton Diogo Morilhas Rodrigues
Alael Barreiro Fernandes de Paiva Lino
Alan Rodrigues
Alcyr D'Alcântara Barbosa
Alexander Macedo
Alfredo Manuel dos Santos
Aline Nascimento de Lima
Ana Lucia Nogueira Baracchini
Ana Luisa Silva Ojeda
Ana María Ramón de Blanco
Anajara Barreto dos Santos
Andréia Cotrim Ferreira
Angela Maria Macedo
Antenor Araujo
Antonio Bedoya
Antônio Inácio Ribeiro
Aparecida Izildinha P. Mazzo Garcia
Aparecido Ferezin
Argeu de Lorenzo
Arlindo Marques
Arnaldo Olivato Palhano
Arnaldo Pinzan
Arno Locks
Artur Biagi
Arvido Grimberg
Ary dos Santos Pinto
Braz Antunes Mattos Neto
Camillo Morea
Carlos Alberto Cabrera
Carlos Chaparro Bohórquez
Cecilia Felippe Nery
Celestino José Prudente Nobrega
Celso Camargo Barros
César Roberto Schmidt
Christiane Andrea Corrêa
Cláudia Verônica Teizen
Cláudio Roberto Biamino
Cleber Bidegain Pereira
Cleiry Ap. Marques Rodrigues Alves
Dahul Tavares Pelizaro
Dalton Humberto de Almeida Cardoso
Danilo Bresser Bezzan
Danilo Furquim Siqueira
Danilo Marega Borges
Dario Julio Meza Sevillano
Décio Rodrigues Martins
Dóris Camargo Martins de Andrade
Duilio Mandetta
Edimilson Ramos
Editora Napoleão
Edmilson Ramos
Edmundo Rodrigues da Cunha Filho
Eduardo Cesar Werneck
Eduardo Sakai
Eduardo Takashi Kinoshita Mochizuki
Elvira Gomes Camardella
Emil Adib Razuk
Emne Hammoud Gumieiro
Ernani Bezerra da Silva
Eunice Dalva Cursinho Corrêa
Eurica Yanagimori
Fabio Yukio Matsubara
Fausto Silva Bramante
Fernanda de Azevedo Corrêa
Flavio Augusto Cotrim-Ferreira
Flávio Vellini-Ferreira
Gastão Moura Neto
Gennaro Napolitano Neto
Geraldo Marques de Sousa
Gilberto Alfredo Pucca Júnior
Gilberto Cortese
Gilberto Natalini
Gladys Cristina Dominguez Morea
Grazielle da Silva Cordeiro
Grupo Gen - Santos Editora
Guilherme Janson
Gustavo Ariano Moura
Gustavo Henrique Mota
Haroldo Joaquim Vieira
Harvey de Lorenzo Mayrink
Helena Regina Tornelli
Hélio Tsukamoto
Hernán Palomino M.
Hideo Suzuki
Hugo Trevisi
Jacintho Teixeira do Nascimento
Jaime Koifman
Jairo Corrêa
Jairo Corrêa Junior
Jerônimo Colferai Neto
Joacir Ferreira Rodrigues
João Grimberg
João Maria Baptista
Jorge Corrêa Assumpção
Jorge Faber
Jose Carlos Elgoyhen
Jose Carlos Faria Lago
Jose Eduardo Pires Mendes
Jose Fernando Castanhas Henriques
Jose Flavio Ribeiro Toresan
José Henrique França Sartori
José Luiz Negrinho
José Mario Anselmo
José Silvestre
Júlio Wilson Vigorito
Jurandir Antonio Barbosa
Juscelino Kojima
Karla de Lorenzo Sayd
Kleber Eduardo Fioretto
Laerte Goffi Macedo Filho
Larissa Reale Knoll
Laura Santa Pereira
Laurindo Furquim
Leopoldino Capelozza Filho
Livraria e Editora Tota
Luciana Flaquer Martins da Silva
Luciana Piccioli Neves Mazzili
Luciano Soldevilla Galarza
Lucila Massu Yoshizaki Akinaga Moreira
Lucio Antonio Pereira
Lucy Dalva Lopes Mauro
Luis Nelson Nuñez
Luiz Antonio Catay
Luiz Fernando Nogueira de Brito
Luiz Garcia da Silva
Luiz Sergio Alves Machado
Marcelo Merino Nunes
Marcia Maciel
Marcio Rodrigues de Almeida
Marco Antonio Lopes Feres
Marco Antônio Scanavini
Marco Aurelio Gouvea Bomfim
Marcos Gribel
Marcos Grivicic Pohl
Marcos Janson
Margareth Teixeira Peterkin
Maria Cristina Cunha Alves
Maria Lucia Alves dos Santos
Maria Lúcia Zarvos Varelli
Maria Regina de Campos Brandão
Marilene Fortunato Marton
Mario Cappellette
Mario Cappellette Junior
Mario Oscar Pistoni
Mario Vedovello Filho
Mario Wilson Corrêa
Marisela Margarita Gonzalez de Bello
Maristela Pereira
Mauricio Tatsuei Sakima
Morelli Ortodontia
Neide Pena Coto
Nelson Eduardo Paris Colombini
Nelson Sabino de Freitas
Nivan Marton
Norberto dos Santos Martins
Octavio Del Real Squella
Odette Mutto
Orlando Santiago Junior
Osny Corrêa
Oswaldo de Castro
Paulo Affonso de Freitas
Paulo de Oliveira Bueno
Pedro José Bistane
Pedro Petrere
Placidino Guerrieri Brigagão
Regina Ascenção Pequeneza
Reginaldo Zanelato
Reinaldo Brito e Dias
Renata Fronzaglia Lollato
Renata Furquim Moura
Renato Castro de Almeida
Renato José Berro
Reynaldo Baracchini
Ricardo Antonio Waltenberg Pinho
Ricardo Fidos Horliana
Ricardo Hideo Tsukamoto
Ricardo Luiz de Lima Barbosa
Roberta Mitsue Tsukamoto
Rodney Garcia Rocha
Rodrigo Mota de Oliveira
Rosane Ogata Martins
Rubens Corte Real de Carvalho
Rubens Simões de Lima
Rui Ari Beck
Sandro Cordeiro Mascarenhas
Sebastião Interlandi
Seiti Ishi
Selma Regina Vieira
Silvio Jorge Cecchetto
Sonia Flaquer Martins
Sueli Camilo Diogo de Oliveira
Suzete Mitsue Kina
Sylvia Renata Tiossi
Tatiane Oliveira dos Santos Rosa
Tereza Cristina Rodrigues da Cunha
Thor Arnesen
Toshio Uehara
Toshio Uetanabaro
Ueide Fernando Fontana
Valéria Maria Pessoa Grimberg
Vanda Beatriz Teixeira Coelho Domingos
Vera Claudia Romain
Vera Helena Teixeira Coelho Terra
Vitoria Eugênia Bismarck Carillo
Viviane Patricia Senger Costa
Waldir Langone
Weber José da Silva Ursi
Yumi Ovawa Sakai
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
631
Show de conhecimento na programação científica
Um dos papéis mais importantes do Congresso Brasileiro de Ortodontia é o de trazer o que existe de mais atual nos inúmeros
campos de conhecimento que integram o universo da especialidade. Confira um pouco de tudo que foi mostrado no evento.
Acácio Fuziy
Alexandre Ponce
632
Antonino Secchi
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
Carlo Marassi
Carlos Alberto G.
Cabrera
Celestino Nóbrega
Eduardo Sant´Ana
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Em três dias intensos de cursos de imersão, conferências
especiais e atividades científicas, 202 ministradores passaram
pelo Expo Center Norte para provar, mais uma vez, a qualidade
e a consistência da programação científica do Orto 2012-SPO.
O congressista teve a oportunidade de encontrar o que existe de
mais atual em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares,
com apresentações de pesquisadores e professores (nacionais
e internacionais) de altíssimo nível.
Diante de uma programação tão extensa e rica, os cursos
de imersão foram os mais disputados pelos congressistas. Lá
estavam concentrados alguns dos ministradores estrangeiros e brasileiros mais renomados, que se apresentaram em
módulos temáticos com quatro horas de duração.
Como a prática da Ortodontia e da OFM exige uma formação abrangente, a equipe organizadora do Orto 2012-SPO
incluiu na programação as Conferências Especiais, cujo objetivo
foi concentrar o máximo de informação sobre cada tema em
apresentações de 30 e 50 minutos. Esta atividade contou com
a participação de consagrados professores e pesquisadores de
importantes instituições de ensino.
O evento contou ainda com diversas atividades paralelas,
como um curso integrado sobre apneia obstrutiva do sono, um
simpósio sobre Radiologia e outro sobre produtos de higiene
bucal, cursos de credenciamento para os sistemas Clear-Aligner
e Invisalign, além de diversos ciclos de palestras promovidos
pelas empresas expositoras na ExpOrto 2012-SPO.
Birte Melsen, referência histórica na Ortodontia mundial.
Fernanda Angelieri
Flavio Cotrim-Ferreira
Flávio Vellini-Ferreira
Francisco José M.
Macedo
Gabriel Matos
Gabriella Rosenbach
Guilherme de Araújo
Almeida
Guilherme Janson
Hugo Trevisi
João Milki Neto
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
633
Presenças de peso
O extenso time de ministradores do Orto 2012-SPO
contou com diversos nomes de grande prestígio. Dentre
eles, alguns se destacam pela sua histórica contribuição
para a evolução da especialidade. Indiscutivelmente, o
norte-americano Lawrence Andrews é um deles.
Andrews, o pai do Straight Wire, revolucionou a
prática da Ortodontia com a introdução dos aparelhos
pré-ajustados nos anos 1970. Durante sua passagem
pelo Congresso Brasileiro de Ortodontia, ele falou sobre
seu mais recente estudo: “Os seis elementos da harmonia orofacial”. O que ele propõe é um novo sistema
de diagnóstico, que se baseia em pontos anatômicos
da face para definir o posicionamento dos dentes e
das arcadas. Por serem pontos estáveis, podem servir
de referência do início ao fim do tratamento. Andrews
está finalizando seu livro sobre o tema e deve voltar ao
Brasil para divulgá-lo em breve, uma vez que, agora, o
País é o segundo do mundo com mais ortodontistas.
Lawrence Andrews, o pai dos pré-ajustados.
Temas e tendências do Orto 2012-SPO
Aparelhos autoligados
1
Assim como aconteceu em 2010, os autoligados
dominaram as discussões em diversas atividades do
evento. Os lançamentos das indústrias também refletiram esta
3
Ancoragem esquelética
4
Mecânica ortodôntica
As mecânicas radicais realizadas com mini-implantes e
miniplacas têm nos levado a resultados impensáveis. Os
limites nesta área ainda estão por serem definidos.
tendência.
Ainda que seja quase unanimidade por diminuir o tempo de
cadeira no atendimento aos pacientes, ainda não existe consenso de que a utilização de mecânicas radicais para acelerar
o tratamento seja totalmente segura. Provavelmente, isso só
será comprovado com o tempo.
Ortodontia estética
2
Assim como acontece em diversas áreas da saúde,
a busca de soluções estéticas está em alta. Diversas
apresentações foram permeadas pelo tema.
Tradicionalmente, um dos temas mais procurados do
evento. As apresentações buscaram mostrar detalha-
mentos das mecânicas Classe II e Classe III, técnicas para o fechamento de espaços, abertura ou fechamento de mordida etc.
5
Pacientes adultos
Confirmando as previsões que se desenharam no
passado, o tratamento de pacientes adultos tornou-se
um importante segmento de mercado dentro da Ortodontia.
Destaque também para a evolução dos aparelhos linguais, que
No Orto 2012-SPO, as apresentações se concentraram na
continuam ganhando espaço no mercado. O evento também
demonstração de protocolos mais ajustados e no tratamento
contou com algumas apresentações sobre alinhadores, além
de pacientes com suporte periodontal comprometido.
de dois cursos oficiais de credenciamento paralelos.
634
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Jorge Faber
José Antonio
Capellozza
Leopoldino Capelozza
Filho
6
José Augusto M.
Miguel
Luciano Resende
da Cunha
José Eduardo Prado
de Souza
Luis Carriere
OFM – Ortopedia Funcional dos Maxilares
A Ortopedia Funcional dos Maxilares conta com um fiel
e competente grupo de praticantes no Brasil. Nesta
edição do congresso, diversos ministradores dedicaram-se a
falar sobre o assunto, concentrando-se no tratamento de casos
José Fernando C.
Henriques
Marco Antonio
Almeida
8
Lars Christensen
Marcos Gribel
Distúrbios do sono
O tratamento da apneia obstrutiva e de outros distúrbios
do sono está em ascensão. O tema esteve presente
em diversas conferências do Orto 2012-SPO e também em um
curso integrado de acesso livre.
complexos e situações diversas.
7
Tecnologia 3D
O suporte dos recursos de imagem tridimensionais no
diagnóstico da Ortodontia está se tornando cada vez
mais importante. Adicionalmente, o uso da tecnologia 3D no
9
DTM – Disfunções Temporomandibulares
Outra área em expansão na Odontologia, que tradicionalmente tem seu espaço reservado no congresso
garantindo ao ortodontista conhecer mais profundamente a
especialidade.
planejamento dos tratamentos e na customização de aparelhos
já é uma realidade. Além das diversas conferências sobre o
assunto, o evento contou também com um simpósio dirigido
à Imaginologia.
Cirurgia ortognática
10
A novidade é a utilização de biomateriais nas
reconstruções de tecidos, que abriu novas
possibilidades na área.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
635
Marcos Janson
Marise de Castro
Cabrera
Maurício de Almeida
Cardoso
Maurício T. Sakima
Nise Alonso Manicardi
Patrícia Valério
Rafael Bicalho
Pacientes adultos no centro
A dinamarquesa Birte Melsen também fez parte
do rol de ministradores de longa trajetória na Ortodontia que figurou no Orto 2012-SPO. Ela falou sobre
possibilidades e limitações na gestão ortodôntica de
adultos. Ao destacar casos difíceis, de pacientes
mais velhos e com comprometimento periodontal,
ela propôs soluções clínicas com a utilização de
mecânicas que empregam forças mais suaves e com
maior controle biomecânico.
O tratamento ortodôntico de adultos também
foi o tema trazido por Lars Christensen. No entanto,
diferentemente de Melsen, que se concentrou em
casos mais complexos, o inglês preferiu mostrar
soluções para pacientes com comprometimento e
complexidade menores. Desta forma, Christensen
falou de casos que se assemelhavam mais à realidade
da clínica brasileira, mostrando uma mecânica mais
simplificada, de aparelhos pré-ajustados, com menor
manipulação de fio. O inglês também mostrou sua metodologia de trabalho, passando pela maneira como
faz a entrevista com o adulto e por outras situações
Martin Epstein: protocolos bem ajustados
para tratamentos de grandes grupos.
que enfrenta no dia a dia clínico.
Reginaldo Zanelato
636
Roberto Henrique
Grec
Rogério Margonar
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
Sérgio Jakob
Sergio Polízio
Terçarolli
Waldemar D. Polido
Weber
W
b U
Ursii
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Individualização ou
coletivização?
Uma das tendências ganha força na Ortodontia, a da individualização de tratamentos
fica mais evidente diante de profissionais de
grande habilidade que se dedicam a oferecer
um atendimento de excelência para seus
pacientes. O trabalho apresentado no congresso pelo chileno radicado nos EUA, Antonino
Secchi, reflete transformação.
Secchi falou sobre aparelhos autoligados,
enfatizando o bom posicionamento dos braquetes para obter um bom ajuste na finalização do tratamento. Em seus casos, mostrou
grande habilidade clínica e um protocolo
próprio bem detalhado. Atualmente, o chileno
trabalha no desenvolvimento de um braquete
que se adapta melhor à sua técnica.
O espanhol Luis Carriere também tem
foco no atendimento de alto padrão, e apresentou no Orto 2012-SPO o dispositivo que
desenvolveu para auxiliar na distalização dos
molares superiores. Ele mostrou uma série de
casos clínicos com o tratamento de pacientes
Classe II.
Na mão oposta à tendência de individualização, Martin Epstein veio ao congresso
para mostrar que atendimento coletivo em
Ortodontia não precisa ser, necessariamente,
sinônimo de trabalho mal feito. Ele possui três
Young Chel Park: ancoragem esquelética
apresenta resultados surpreendentes.
consultórios em Nova York e, com o apoio de
sua equipe, atende cerca de 150 pacientes
por dia.
A partir de um protocolo de atendimento
especialidade. Como se trata de uma aplicação relativamente
bem ajustado, Epstein procurou provar que é
nova, os estudos nesta área ainda têm muito espaço para
possível oferecer atendimento de qualidade
avançar.
a grupos numerosos de pacientes. Em sua
Neste contexto, a Coreia do Sul se destaca como um dos
apresentação, mostrou um grande volume de
polos mais avançados de pesquisa na área de ancoragem
casos de tratamentos de pacientes Classe II
esquelética, conseguindo soluções incríveis do ponto de vista
e Classe III.
da Ortodontia tradicional, até mesmo para casos que anteriormente só poderiam ser tratados cirurgicamente. Um dos
Ancoragem esquelética
representantes mais legítimos deste núcleo de estudos, Young
A ancoragem esquelética revolucionou a
Chel Park, apresentou aos congressistas do Orto 2012-SPO
Ortodontia nos últimos anos e já se consolidou
alguns desses avanços com a utilização de técnicas avançadas
como uma das práticas mais eficientes da
com mini-implantes.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
637
A palavra dos organizadores
Jairo Corrêa
Osny Corrêa
Presidente Orto 2012-SPO
Coordenador Geral
“Sucesso pleno e absoluto. Mostramos, de
“A Sociedade Paulista de
maneira firme e profunda, que a Sociedade
Ortodontia, tradicional,
Paulista de Ortodontia representa muito em
experiente e sempre reno-
termos latino-americanos, eu poderia até
vada, através do grandioso
dizer mundiais porque recebemos aqui uma
18o Congresso Brasileiro
série de professores que vieram de diversos
de Ortodontia, demons-
países, que vieram colaborar cientificamen-
trou novamente aos or-
te com o acontecimento. A história do ‘Uni-
todontistas brasileiros e
verso ao seu alcance’ realmente aconteceu
sul-americanos sua cres-
nos três dias do evento. Conseguimos levar
cente jornada de vitórias
isso para o cirurgião-dentista, para o especialista. O colega
sentiu que tem o poder e a condição de realmente levar para
o seu consultório, para a sua vida de clínico, o que de melhor
existe na nossa ciência e arte”.
638
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
e realizações”.
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Flavio Cotrim-
Eduardo Sakai
Ferreira
Comissão Científica
Comissão Científica
“Trazer o evento para uma
“Creio que neste ano,
casa nova foi superpo-
em que completou sua
sitivo, todos os colegas
18a edição, o Congresso
puderam assistir conforta-
Brasileiro de Ortodontia
velmente a todas as apre-
atingiu a sua tão almejada
sentações que planejaram.
maturidade. A maturidade
Na exposição comercial,
física, representada pelas
os colegas tiveram espaço
fantásticas instalações
para circular e puderam
do Expo Center Norte,
ver o que estava sendo
proporcionaram conforto a todos os participantes e con-
oferecido, além de escolher o que comprar. A programação
ferencistas. Nosso evento também provou ser maduro
científica trouxe informações de grande interesse, como o curso
em sua integração social, uma vez que mais de seis mil
do Dr. Andrews, o primeiro a lotar. Outro ponto extremamente
pessoas estiveram conosco nestes três dias de reencon-
positivo foi a realização de atividades em horários alternativos,
tros e de trocas de experiências. Mas, acima de tudo, o
permitindo ao congressista transitar com maior facilidade e
Orto 2012-SPO mostrou a maturidade dos jovens adultos
comodidade”.
o
que, a partir do 18 aniversário, passam a interagir de
forma mais responsável e efetiva com a comunidade que
o acolhe, trazendo cada vez menos preocupações e mais
alegrias aos seus responsáveis”.
Norberto
Haroldo Vieira
dos Santos
Coordenador Executivo
Martins
“Não se organiza um even-
Comissão Científica
to como esse em um fim
“Como diretor cien-
de semana. Foram dois
tífico da SPO, tive a
anos de árdua dedicação,
grata oportunidade de
com a mobilização de cen-
participar, com esfor-
tenas de pessoas em tor-
ço e dedicação, da
no de um único objetivo:
comissão organizado-
promover um congresso
ra da 18 a edição do
inesquecível. Agora que
Congresso Brasileiro
chegamos ao final de mais
de Ortodontia. Os objetivos alcançados superaram as
uma jornada, podemos afirmar com satisfação que cumprimos
expectativas dos organizadores e congressistas, que não
plenamente a nossa missão. O Orto 2012-SPO foi um sucesso
economizaram elogios à alta qualidade científica, organi-
e quem ganha com isso é a Ortodontia brasileira. Nos próximos
zação e acomodação física, além das comerciais, do Orto
meses, os congressistas poderão aplicar tudo que aprenderam
2012-SPO. Isso prova que os caminhos percorridos pela
durante esta maratona de conhecimento. Enquanto isso, uma
Sociedade Paulista de Ortodontia continuarão a levar, cada
nova equipe de trabalho da SPO e da VM Comunicação já está
vez mais, ao desenvolvimento técnico, científico e social
se articulando para superar tudo o que já foi feito e chegar
da Ortodontia”.
ainda mais longe: vem aí o Orto 2014-SPO!”
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
639
ExpOrto 2012 – Bons negócios para todos
C o m á re a t o t a l d e
14.000 m2 e cerca de 100
empresas expositoras, representadas pelas maiores
marcas nacionais e internacionais, a ExpOrto 2012
– Exposição Internacional
de Produtos e Serviços para
Ortodontia e Afins, proporcionou ao congressista o
contato direto com novos
produtos, tendências, ciclo
de palestras e promoções
exclusivas. Veja como foi
a participação de alguns
expositores.
640
OrtodontiaSPO | 2012;45(5):470-1
2012;45(6):622-46
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
Cristian Corrêa, do GPCO – Grupo Paulista
José Damian Alix
de Cirurgia Ortognática
Fernandez, da
“O Grupo Paulista de Cirurgia Ortognática foi criado, dentro do mestrado
Morelli Ortodontia
de Ortodontia da Uniararas, com o intuito de trabalhar com ensino e pesquisa
“O evento e a exposição comercial
em cirurgia ortognática nos cursos de mestrado, doutorado e especialização,
se superaram nesta edição do Orto. Em
e para dar acesso à cirurgia ortognática a uma classe da população que
termos de estande, foi a primeira vez que
não tem condições. Assim, no evento, realizamos palestras sobre cirurgia
fizemos um investimento relativamente
ortognática e tratamento ortodôntico das deformidades dentofaciais, para
alto e o resultado foi extremamente po-
que os profissionais conheçam a interação entre ortodontista e cirurgião na
sitivo. A tática, que adotamos há algum
condução e no tratamento das deformidades. A nossa participação foi muito
tempo, de promover palestras dentro
positiva, tivemos boa aceitação do público e dos ortodontistas.”
do estande para passar informações
mais rápidas e objetivas, tem dado
muito certo. Muitas pessoas passaram
pelas palestras promovidas pela Morelli,
Leonardo Napoleão, da Editora Napoleão
sem falar no próprio estande. Dentre
“O Orto é um congresso de muita expressão no segmento. Na Orto-
as novidades apresentadas, o braquete
dontia, é o maior do Brasil, acredito que seja um dos maiores do mundo em
autoligável, resultado de mais de seis
nosso segmento de livros. Porém, não temos um resultado financeiro que
anos de trabalho, tem uma concepção
cubra os custos do investimento, mas como editora é muito importante. É
bem mais moderna, e com um preço
uma feira que não podemos deixar de participar porque é onde encontra-
mais acessível, o que é bom para todos.
mos os maiores expoentes da Ortodontia, e nesse sentido é excelente para
Chegamos aonde estamos ouvindo as
mostrarmos as obras e os lançamentos, conversar e captar novos autores.”
sugestões do ortodontista.”
Norberto Prestes, da Aditek
“O Orto-SPO é um dos eventos onde mais vale a pena participar, e esta
edição surpreendeu bastante pela quantidade de palestras e novidades
apresentadas. A participação da Aditek teve por objetivo apresentar um
novo posicionamento da empresa e mostrar toda a nossa tecnologia e inovação, por isso investimos muito na organização do estande. Além disso,
trouxemos dois lançamentos: o EasyClip Lock, um novo membro da família
EasyClip – sistema autoligável que existe desde 2007 – e o BioClip, o autoligável interativo, desenvolvido pelo Dr. John Voudouris, uma das maiores
autoridades nesses braquetes. A Aditek, mais uma vez, está ampliando seu
portfólio para atender todos os nossos clientes.”
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
641
Reinaldo T. Portellinha,
da Orthometric
“Queremos agradecer a todos
os visitantes do Orto 2012-SPO e
a organização do evento por mais
essa oportunidade de estar próximo
a milhares de profissionais da Ortodontia. Além do grande interesse
pelos cursos ministrados no estande,
muitos tiveram a chance de conhecer
de perto os lançamentos, em especial o braquete autoligado, que foi
um dos produtos de maior destaque
no evento, o Orthoclip SLB. Fica um
convite especial para que conheçam
cada vez mais a nossa linha de produtos, pois queremos sempre estar
presentes no dia a dia, oferecendo
produtos de alta qualidade para uma
perfeita solução em Ortodontia.”
Taíse Fagnani,
Marco Cadioli,
da 3M Unitek/Abzil
da Dentsply
“Para esta edição do Orto
GAC Orthomax
2012-SPO, trouxemos dois lan-
“O congresso foi
çamentos: o Claryt Advanced,
muito bonito e bem orga-
um braquete estético superior,
nizado, com um espaço
de cerâmica diferenciada, mi-
melhor, um local mais
croparticulada, que proporciona
moderno e adaptado.
inúmeros benefícios aos orto-
Um evento que está pro-
dontistas e seus pacientes; e o
porcionando uma nova
Incognito, um braquete lingual,
imagem da Ortodontia,
100% customizado, com ligas
como algo de ponta na
de ouro, que hoje é a melhor
Odontologia. Esse even-
opção de tratamento, e dife-
to é referência mundial,
renciado para cada paciente.
com absoluta certeza,
Além disso, tivemos uma área
com muitas palestras e
educacional, com palestras
novidades para o pro-
principalmente de autoligados.
fissional, achei tudo a
Um sucesso absoluto.”
contento.”
Flávio Lopes, da Orthosourse/OrthoMundi
“Desde 1998 participamos da feira e consideramos boa a mudança para o Expo Center Norte, que veio solucionar
uma série de problemas que tínhamos no Pavilhão do Anhembi, com relação a espaços e ambientes. Comercialmente,
também está sendo muito positivo, sobretudo para a nossa empresa, pois estamos fazendo uma transição de marca,
mudando de “Orthosourse do Brasil” para “OrthoMundi”. Sendo assim, o Orto 2012-SPO foi a oportunidade perfeita para
este lançamento.”
642
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
ESPECIAL ORTO 2012-SPO
A opinião de quem participou
O Orto 2012-SPO reuniu mais de quatro mil congressistas, que tiveram a
oportunidade de atualizar e aperfeiçoar os conhecimentos em Ortodontia e Ortopedia
Funcional dos Maxilares. Confira o que os congressistas acharam do evento:
Eduardo Pereira (Bahia) – Adorei o curso
Tailise Andrade de Salvador (Bahia)
do professor Carlos Alberto Cabrera. É a primeira
Achei bastante interessante, o evento foi muito bem
vez que participo desse congresso, era um desejo
organizado com boas palestras e bons profissionais.
antigo meu, e considero minhas expectativas aten-
Assisti o curso sobre Classe II com o Martin Epstein,
didas. A feira foi ótima, e vi palestras paralelas que,
e foi muito interessante.
com certeza, enriqueceram meus conhecimentos.
Luís Gustavo Ribeiro Gomes (São
Marsha Ventura (São Paulo) – A con-
Paulo) – Os cursos trouxeram muitas novidades
ferência que mais gostei foi a do professor Alberto
e ajudaram a reciclar nosso conhecimento.
Consolaro. A feira está bem organizada e sem fila!
Vanessa Dias (Bahia) – Adorei o congresso,
Taisa Moraes (Bahia) – Gostei muito do
muito bem organizado, a estrutura está muito boa.
curso do Marcos Janson, com uma aula muito inte-
O curso que mais gostei foi o do Marcos Janson, ele
ressante e conteúdo muito bom. A feira está ótima.
é excelente, sabe prender a atenção da plateia, e o
Os painéis estão bem interessantes. Gostei bastante.
conteúdo foi ótimo.
Valeu a pena.
Márcio Lupe (São Paulo) – Todas as paJosivaldo (Bolívia) – Eu adorei a feira, achei
lestras foram de alto nível, com uma programação
muito organizada. Sempre venho a esse evento.
científica muito completa. O bom das palestras é que
Gosto de ver os painéis científicos e a programação
sempre aprendemos alguma coisa. A feira estava
científica. Fiquei muito satisfeito.
excelente para fazer compras.
Olga Nagano (Minas Gerais) – O nível
Ângela Macedo (São Paulo) – A estrutura
das palestras foi de uma magnitude muito boa e
do congresso ficou muito melhor, comparada aos
gostei bastante das novidades sobre os autoligáveis.
anos anteriores. Os cursos estavam ótimos e foram
feitas boas escolhas dos professores convidados.
Andreia Oliveira (Rio de Janeiro) –
Gostei bastante do evento, foi bem organizado, gos-
Elza Maria dos Santos (São Paulo) – O
tei das palestras dos autoligáveis e vi apresentações
evento foi muito bem organizado, com palestras ex-
que mostraram grande praticidade para o dia a dia.
celentes e com novidades. Adorei as apresentações
dos professores Hideo Suzuki e também o curso do
Celso Garcia Rodrigues (São Paulo)
Young Park. Os preços oferecidos na feiras estão
Os cursos tiveram uma qualidade muito boa e com
melhorando, creio que a produção nacional torne o
local bem acessível. Em relação às palestras, gostei
mercado mais competitivo.
muito das apresentadas por Young Park, Jurandir
Barbosa, Hideo Suzuki e Lars Christensen. Deu-se
muito foco nos autoligados, poderiam ser mais
abrangentes, porém, foram ótimas.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
643
Premiação à produção científica
Para incentivar a produção científica na área da Ortodontia e Ortopedia Funcional
dos Maxilares, o Orto 2012-SPO montou um espaço para expor os trabalhos
científicos. Os melhores trabalhos premiados encontram-se a seguir:
Prêmio Jovem Pesquisador SPO
1o lugar
Alterações dentárias sagitais, transversais e rotacionais, decorrentes da distalização de molares
superiores com o aparelho pêndulo modificado associado à ancoragem esquelética
Autores: Acácio Fuziy, Fabrício Monteiro de Castro Machado, Aldo Otazu Cambiano
Prêmio Jovem
Pesquisador SPO
Integração de aspectos clínicos e científicos em
Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares.
2o lugar
4o lugar
Uso seletivo dos músculos da mão e antebraço durante a
Estudo prospectivo dos efeitos dentoesqueléticos e tegumen-
inserção de mini-implantes: um torquímetro natural
tares do aparelho Twin-block comparado aos do Bionator no
Autores: Sérgio Estelita, Guilherme Janson, Kelly Chiqueto,
tratamento da má-oclusão de Classe II com retrognatismo
Eduardo Silveira Ferreira
mandibular
Autores: Lucelma Vilela Pieri, José Fernando Castanha
3o lugar
Henriques, Guilherme Janson, Arnaldo Pinzan
Avaliação da inclinação vestibulolingual dos tubos de segundos molares inferiores na prescrição MBT
Autores: Alessandro Veraldo Silva, Acácio Fuziy, Flavio Augusto Cotrim-Ferreira, Fernando César Torres, Wendel Minoro
Muniz Shibasaki
5o lugar
Estudo prospectivo de movimentação dentária como recurso
alternativo para aumento do rebordo alveolar
Autor: João Marcos Pedro Rosa Junior
Orientador: Adilson Luiz Ramos
Coautores: Mariela Francisco Machado, Edna Maria Daibert
de Araujo Khoury
644
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ESPECIAL ORTO 2012-SPO
6o lugar
Avaliação do intervalo de transição térmica das ligas de
níquel-titânio termoativadas
Autores: Tatiana Sobottka Spini, Rodrigo Hermont Cançado,
Karina Maria Salvatore de Freitas, Fabrício Pinelli Valarelli
7o lugar
Avaliação cefalométrica dos efeitos esqueléticos e dentoalveolares do Pendulum em pacientes jovens
Autores: Fernanda Silva Mattos, Eduardo César Werneck,
Márcio Garcia da Silva, Adriano Marotta Araújo
8o lugar
Influência da perda de ancoragem sobre o posicionamento final
dos incisivos superiores e ANL
Autores: Eduardo César Werneck, Fernanda Silva Mattos,
Márcio Garcia da Silva, Adriano Marotta Araújo
9o lugar
Variações anatômicas e posicionais da ATM por tipo facial
vertical na tomografia computadorizada cone-beam
Autores: Ney Alberto Paredes Sampen, Manuel Silva-Valencia,
Jessica Margoth Arieta-Miranda, Luis Ernesto Arriola-Guillén
10o lugar
Padrões de movimentos mastigatórios na respiração oral e nasal
Autores: Márcia Maciel, Cássio M. Lemos, Jorge L. Zeredo
Painel – Ortopedia Funcional dos Maxilares
1o lugar
Caso clínico de disfunção de ATM (DTM)/dor orofacial
(DOF) em tratamento com Ortopedia Funcional
dos Maxilares (OFM), acompanhado por fotografias intra
e extrabucais, e radiografias frontal e C7
Apresentadora/Autora: Rossana Bernardes
Instituição: Sobracom – Sociedade Brasileira de
Correções Odonto-Maxilares
2o lugar
Avaliação tomográfica tridimensional das alterações
esqueléticas e dentoalveolares de pacientes tratados
com o Aparelho de Herbst
Apresentadora/Autora: Suelen Wacheski Borges
Coautores: Paula Porto Spada, Lucia Cevidanes,
Gisele Correr, Aguinaldo Farias
3o lugar
Tratamento da Classe II esquelética com o aparelho SN1 –
Relato de caso clínico
Apresentadora/Autora: Káren Güenter
Coautoras: Tatiana Duarte Selliach, Cristina Saft Matos Vieira
Orientador: Christian Zamberlan Angheben
Instituição: Instituto da Face
Orientador: Alexandre Moro
Instituição: Universidade Positivo/University of Michigan
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
645
Painel – Ortodontia – Pesquisa
1o lugar
Braquetes autoligados versus aparelho
convencional pré-ajustado Edgewise: um estudo
CBCT no arco inferior
Apresentadora/Autora: Lais Giacomini Galli
Coautores: Cristina Futagami, Renato Rodrigues
de Almeida, Ana Cláudia de Castro Ferreira Conti,
Paula Vanessa Oltramari-Navarro
Orientador: Márcio Rodrigues de Almeida
Instituição: Universidade Norte do Paraná
2o lugar
Efeitos do Sistema Damon no osso alveolar, avaliados
através da tomografia computadorizada do feixe cônico
3o lugar
Influência da morfologia facial no volume das vias aéreas
superiores
Apresentadora/Autora: Juliana Fernandes de Morais
Apresentador/Autor: Diemis Ricardo Masson
Coautores: Nuria Cabral Castello Branco, Karina Maria
Coautores: Milena Lenza, Eduardo Beaton Lenza,
Salvatore de Freitas, Paolo Maria Cattaneo, Birte Melsen
Orientador: Marcos Roberto de Freitas
Instituição: Faculdade de Odontologia de Bauru - USP /
Marcos Augusto Lenza, Flávio Henrique Cognetti
Orientador: Maurício Guilherme Lenza
Instituição: Instituto Lenza de Pós-Graduação
Universidade de Aarhus - Dinamarca
Painel – Ortodontia – Caso Clínico
1o lugar
Comparação dos resultados oclusais obtidos com Invisalign
e com braquetes estéticos em um mesmo paciente
Apresentadora/Autora: Vitória de Oliveira Chami
Coautores: Guilherme Janson, Kelly Chiquetto, Denise Ficht
Orientador: Sérgio Estelita
Instituição: Universidade Federal do Rio Grande do
Sul – UFRGS
2o lugar
Tratamento não cirúrgico da mordida aberta esquelética
com a técnica do Arco Multiloop de Edwise (Meaw):
relato de caso
Apresentador/Autor: Walter Edward Rospigliosi Sáenz
Coautores: Ricardo Voss Zuazola, Cristian Basili Escobar
Orientador: Jonas Capelli Junior
Instituição: Universidade do Estado do Rio de Janeiro
646
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):622-46
3o lugar
Tratamento ortodôntico compensatório das más-oclusões do
Padrão II, deficiência mandibular: relato de caso
Apresentadora/Autora: Isabella Simões Holz
Coautores: Gizelle Monteiro Vallinoto, Leticia Moraes de Aguiar,
Fabio Pinto Guedes, Maurício de Almeida Cardoso
Orientador: Leopoldino Capelozza Filho
Instituição: USC – Universidade Sagrado Coração, Bauru/SP
Trabalho original
Efeitos do ativador aberto elástico de Klammt no
tratamento da má-oclusão de Classe II, divisão 1
Effects of the Klammt's elastic open activator in the Class II division 1 malocclusion treatment
Aristeu Correa Bittencourt Neto*, Marisana Piano Seben*, Karina Maria Salvatore de Freitas**,
Rodrigo Hermont Cançado***, Fabrício Pinelli Valarelli***
RESUMO – Objetivo: o objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações
cefalométricas dentárias e esqueléticas provenientes da utilização do
ativador aberto elástico de Klammt no tratamento da má-oclusão de
Classe II, divisão 1. Material e métodos: a amostra foi constituída de 22
pacientes que apresentavam má-oclusão de Classe II, divisão 1, com
idade média inicial de 9,71 anos (D.p. = 1,39), os quais foram tratados
com ativador aberto elástico de Klammt por um período médio de 1,58
anos (D.p. = 0,74). As telerradiografias em norma lateral foram realizadas para cada paciente no início e no final do tratamento. As variáveis
cefalométricas foram avaliadas pelo teste t dependente nos estágios
inicial e final do tratamento com significância estatística de p < 0,05.
Resultados: houve aumento no comprimento da mandíbula durante a
fase de tratamento. Os incisivos superiores sofreram uma inclinação
para lingual e retrusão em relação à sua base óssea, enquanto que os
incisivos inferiores apresentaram inclinação para vestibular e protrusão.
Conclusão: houve uma melhora significante da relação maxilomandibular
proveniente das alterações esqueléticas e dentárias, consequentes do
tratamento com o aparelho aberto elástico de Klammt, somadas ao
crescimento normal dos indivíduos.
Unitermos – Má-oclusão de Classe II; Aparelhos ativadores; Circunferência craniana.
ABSTRACT – Objective: the aim of this study was to evaluate the
dental and skeletal cephalometric changes produced by the use of
Klammt’s elastic open activator in the treatment of Class II, division 1
malocclusion. Methods: the sample consisted of 22 Class II division 1
malocclusion patients, at a mean initial age of 9.71 years (s.d.=1,39),
which were treated with Klammt’s elastic open activator for a mean
period of 1,58 years (s.d.=0,74). The lateral cephalograms were
taken of each patient at the beginning and at the end of treatment.
The cephalometric variables were analized by dependent “t” tests with
p < 0,05 to compare measures at initial and final stages of treatment.
Results: there was increase in effective mandibular length during treatment. The maxillary incisors presented a palatal inclination and retrusion,
while the mandibular incisors had a buccal inclination and protrusion.
Conclusion: there was a significant improvement in maxillomandibular
relationship derived from the skeletal and dental changes resulting from
treatment with the Klammt’s open elastic activator and from normal
growth of individuals.
Key Words – Class II malocclusion; Activator appliances; Cephalometrics.
*Mestres em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR.
**Coordenadora do Mestrado Profissionalizante em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR.
***Professores do Mestrado Profissionalizante em Odontologia, área de concentração em Ortodontia – Faculdade Ingá, Maringá/PR.
Recebido em jun/2012 – Aprovado em jul/2012
648
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
Ortopesquisa
| Introdução
máxima de 11,41) e idade média final de 11,30 anos (D.P. de
1,40 com mínima de 9,33 e máxima de 14,66), os quais foram
O tratamento ortopédico com aparelhos funcionais removíveis de propulsão mandibular para a correção da Classe II esquelética apresenta boa efetividade quando o paciente se encontra
tratados com ativador aberto elástico de Klammt.
Os critérios de inclusão dos pacientes no presente trabalho
foram:
com potencial de crescimento remanescente1. Alguns desses
aparelhos são bem difundidos e rotineiramente utilizados para
• Má-oclusão de Classe II, divisão 1, definida pela presença da
o tratamento das más-oclusões que apresentam desarmonias
relação de degrau distal entre os segundos molares decíduos
esqueléticas. Embora apresentem variações em sua forma,
bilateralmente;
basicamente esses aparelhos empregam o mesmo princípio de
ação, ou seja, a propulsão mandibular. Por esse motivo, salvo
• Presença de todos os dentes permanentes nos arcos dentários até os primeiros molares;
pequenas diferenças, os efeitos esqueléticos e dentoalveolares
• Não ter realizado tratamento ortodôntico prévio;
que proporcionam também se assemelham2-4.
• Apresentarem telerradiografia no início e imediatamente ao
Investigações científicas têm sido realizadas a respeito
dos efeitos do tratamento com aparelhos ortopédicos em pacientes com má-oclusão de Classe II. Diversos resultados estão
final do tratamento;
• Apresentarem-se anteriormente ou na fase de surto de
crescimento.
relatados na literatura, onde se destaca que a maior parte das
alterações é basicamente dentoalveolar5-7.
Métodos
O ativador aberto elástico de Klammt é um aparelho
ortopédico funcional removível que, segundo o seu idealizador, apresenta vantagens sobre os outros aparelhos que
8
Confecção do aparelho
A confecção do aparelho foi realizada da seguinte forma: os
desempenham a mesma função . Dentre estas vantagens, são
modelos de gesso de cada paciente são montados na relação
citados: o menor volume do aparelho, a maior elasticidade, as
da mordida construtiva e fixados no articulador. A quantidade do
menores interferências na fonação e o maior espaço disponível
avanço estabelecido na mordida construtiva foi o recomendado
para o posicionamento da língua8. Entretanto, poucos estudos
pelo idealizador do aparelho, em 198415, de no máximo 10 mm
têm sido realizados acerca dos efeitos proporcionados pelo
em uma etapa. Nesse trabalho, o avanço mínimo foi de 7 mm
ativador aberto elástico de Klammt no tratamento ortodôntico
e o máximo foi de 10 mm.
9-10
da má-oclusão de Classe II, divisão 1
. Os artigos existentes
O aparelho consiste em combinação de acrílico e fios de
consistem em relatos de casos clínicos, ou mesmo em descri-
aço, dividido em duas partes: uma superior e outra inferior, com
ções de confecção do aparelho11-14.
superfícies guias entre as duas partes. A confecção laboratorial
do aparelho foi executada pelo mesmo técnico para todos os
| Proposição
pacientes, como preconizado pelas normas de confecção do
aparelho em 198415 (Figura 1).
O objetivo desta investigação é avaliar, por meio de telerradiografias e variáveis cefalométricas, as alterações dentárias
e esqueléticas produzidas pelo ativador aberto elástico de
Klammt no tratamento da má-oclusão de Classe II.
| Material e Métodos
Material
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em PesFigura 1
Vistas frontal,
lateral, superior
e inferior do
aparelho de
Klammt.
quisa, da Faculdade Ingá, e foi constituído de 22 pacientes
que apresentavam má-oclusão de Classe II, divisão 1, sendo
13 do gênero masculino e nove do gênero feminino, com idade
média inicial de 9,71 anos (D.P. de 1,39 com mínima de 7,74 e
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
649
Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP
Após o período de adaptação, os pacientes receberam
orientações especiais quanto ao tempo de uso do aparelho
(dia e noite), removendo-o apenas nas principais refeições. A
ativação do aparelho era realizada mensalmente, ajustando o
arco vestibular do aparelho e realizando os desgastes na face
inferior do acrílico interoclusal na região posterior. Todos os
pacientes do grupo experimental foram instruídos a utilizar o
mesmo aparelho como contenção por um período médio de
nove meses. O tempo de tratamento dos pacientes foi em
média de 1,58 anos (D.P. de 0,74 com mínimo de 1,00 ano e
máximo de 2,67 anos). Ao final do tratamento, os pacientes
apresentavam relação molar de Classe I sobrecorrigida em
oclusão de relação cêntrica.
Figura 2
Grandezas
cefalométricas
esqueléticas:
componente maxilar
1 – SNA; 2 – A-Nperp;
3 – Co-A, componente
mandibular; 4 –
SNB; 5 – P-Nperp;
6 – Co-Gn, relação
maxilomandibular;
7 – ANB; 8 – Afai;
9 – Co-Gn/Co-A,
componente vertical;
10 – SN.Go-Gn;
11 – SN.Ocl; 12 – FMA.
Os pacientes desse trabalho foram tratados por um único
ortodontista.
Medição das telerradiografias
Foram obtidas duas telerradiografias em norma lateral de
cada indivíduo, totalizando 44 radiografias. Estas foram realizadas em dois tempos, início do tratamento (T1) e imediatamente
após o final do tratamento ortopédico (T2). As radiografias da
amostra foram realizadas em três diferentes aparelhos e, como
esses aparelhos eram de marcas diferentes, foi realizada a
determinação da magnificação de cada aparelho de raio X e
informado ao programa cefalométrico para que procedesse a
correção da mesma (6%, 7,9% e 9,8%).
As telerradiografias foram escaneadas com escâner de
mesa Microtek ScanMaker i800 (9600 x 4800 dpi, da Microtek International Inc., Carson, CA, USA) e acopladas a um
microcomputador Pentium III. As imagens foram transferidas
ao programa Dolphin Imaging Premium 10.5 (Dolphin Imaging
Figura 3
Grandezas
cefalométricas
dentárias:
componente
dentoalveolar
superior
13 – 1-NA;
14 – 1.NA;
15 – 1-APerp,
componente
dentoalveolar
inferior; 16 – 1-NB;
17 – 1.NB;
18 – 1-AP;
19 – Impa, relações
dentárias;
20 – Tresp. horiz.;
21 – Tresp. vert.;
22 – Rel. molar.
& Management Solutions, Chatsworth, CA, USA), por meio do
qual foram digitalizados os pontos por um único examinador
(A.C.B.N.) e processadas as mensurações pelo programa.
As medições foram realizadas mediante as grandezas cefalométricas esqueléticas, dentárias e tegumentares (Figuras 2 a 4).
Erro do método
Para avaliar a confiabilidade do pesquisador na demarcação dos pontos cefalométricos, 20 telerradiografias foram
selecionadas ao acaso, redigitalizadas e os pontos novamente
demarcados no computador pelo mesmo examinador após
um intervalo de 30 dias. A aplicação da fórmula (Se² = somatória d²/2n) permitiu estimar a ordem de grandeza dos erros
650
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
Figura 4
Perfil tegumentar:
23 – Ls-Linha E;
24 – Li-Linha E;
25 – Convexidade.
Ortopesquisa
casuais16. A obtenção dos erros sistemáticos
TABELA 1 – RESULTADOS DO ERRO INTRAEXAMINADOR CASUAL E SISTEMÁTICO (N = 20)
procedeu-se pela aplicação do teste t depen17-18
dente
(Tabela 1).
1a medição
Variáveis
Média
D.P.
2a medição
Média
D.P.
Dahlberg
P
Componente maxilar
Análise estatística
SNA (º)
80,09
4,90
80,00
4,96
0,82
0,739
comparação das medidas das fases inicial e
A-Nperp (mm)
0,00
3,33
0,34
3,72
0,87
0,230
final dos pacientes. Os testes estatísticos foram
Co-A (mm)
81,25
5,10
80,38
4,78
1,39
0,043*
O teste t dependente foi utilizado para
realizados com o programa Statistica 7.0. Os
Componente mandibular
resultados foram considerados estatisticamente
significantes para p < 0,05.
| Resultados
SNB (º)
74,55
3,77
74,65
3,79
0,68
0,640
P-Nperp (mm)
-7,59
4,48
-6,70
4,41
1,56
0,069
Co-Gn (mm)
100,79
5,47
100,49
5,65
1,13
0,416
Relação maxilomandibular
Na Tabela 1 estão dispostos os resultados
do erro intraexaminador (sistemático e casual).
As fases inicial (T1) e final (T2) do tratamento dos pacientes foram comparadas na
ANB (º)
5,54
2,78
5,36
2,78
0,51
0,281
Afai (mm)
59,53
4,02
59,56
3,83
0,55
0,891
Co-Gn/Co-A (mm)
19,54
3,93
20,09
3,85
1,17
0,145
Tabela 2. Todos os componentes estudados
apresentaram alterações significantes durante
Componente vertical
Sn.Go-Gn (º)
35,92
5,59
35,33
5,33
1,02
0,070
Sn.Ocl (º)
20,24
4,42
19,61
4,42
0,92
0,025*
FMA (º)
25,90
3,98
24,85
3,88
1,00
0,000*
o período estudado. O componente maxilar
apresentou uma restrição de crescimento
anteroposterior. No componente mandibular, a
variável Co-Gn apresentou alteração durante o
período estudado. A relação maxilomandibular
apresentou diferença significante em todas as
variáveis que a caracterizava. O componente
vertical, de acordo com as variáveis Sn.Go-Gn e
Componente dentoalveolar superior
1-NA (mm)
2,46
2,11
2,83
1,91
0,69
0,094
1.NA (º)
21,09
7,71
21,26
7,50
1,01
0,608
1-Aperp (mm)
4,16
1,78
4,42
1,26
0,66
0,217
Componente dentoalveolar inferior
Sn.Ocl, apresentou alterações estatisticamente
significantes. No componente dentoalveolar, os
1-NB (mm)
4,05
1,73
4,05
1,74
0,27
1,000
incisivos superiores apresentaram verticalização
1.NB (º)
27,16
4,46
27,02
4,42
1,26
0,735
1-AP (mm)
0,19
1,81
0,36
1,80
0,44
0,233
Impa (º)
96,68
4,91
97,03
5,13
1,81
0,556
e retrusão, enquanto os incisivos inferiores
apresentaram vestibularização e protrusão. O
trespasse horizontal teve diminuição significan-
Relações dentárias
te, assim como a relação molar. Em relação ao
perfil tegumentar, o lábio superior apresentou
retração significante.
| Discussão
Tresp. horiz. (mm)
5,83
2,43
5,92
2,48
0,25
0,253
Tresp. vert. (mm)
3,41
1,68
3,33
1,80
0,32
0,452
Rel. molar (mm)
0,15
1,64
0,00
1,71
0,33
0,135
Perfil tegumentar
O erro casual indica a dificuldade encontra-
Ls-Linha E (mm)
0,01
1,50
0,08
1,75
0,52
0,683
da pelo examinador em identificar e definir certos
Li-Linha E (mm)
0,37
2,15
0,32
2,36
0,54
0,781
127,23
3,90
126,84
4,50
0,99
0,229
pontos radiográficos utilizados nas medições
cefalométricas18. Os erros casuais encontrados nas medidas verificadas neste estudo se
N’.Pr.P’ (º)
*estatisticamente significante para p < 0,05.
assemelham com resultados encontrados na
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
651
Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP
literatura19. Assim, para grandezas lineares, esse
erro variou de 0,25 mm (Tresp. Horiz.) a 1,56 mm
TABELA 2 – COMPARAÇÃO DAS VARIÁVEIS ESTUDADAS NA FASE INICIAL (T1) E
FINAL (T2) – TESTE T DEPENDENTE (N = 22)
Fase inicial (T1)
(P-Nperp), e para medidas angulares, esse erro
variou de 0,51º (ANB) a 1,81º (Impa), sendo que
P
Média
somente duas variáveis apresentaram valor acima
de 1,5 mm ou 1,5º (P-Nperp e Impa). O erro siste-
Fase final (T2)
Variáveis
D.P.
Média
D.P.
Componente maxilar
SNA (º)
80,86
3,87
79,70
3,79
0,001
uma vez que o examinador tende a sub ou supe-
A-Nperp (mm)
0,92
3,01
-0,45
2,79
0,004
restimar os valores de suas medições de maneira
Co-A (mm)
79,78
4,26
81,50
4,56
0,000
mático reflete a falta de padronização do método,
inconsciente, de forma a direcionar os resultados18.
Dentre as 25 variáveis deste trabalho, somente três
(Co-A, Sn.Ocl e FMA) apresentaram erros sistemáticos
(Tabela 1), evidenciado pelo resultado significante do
teste t (p < 0,05). Este resultado pode ser comparado
Componente mandibular
SNB (º)
74,13
3,24
74,70
3,40
0,065
P-Nperp (mm)
-8,26
4,93
-8,49
5,32
0,723
Co-Gn (mm)
97,58
4,45
102,41
4,47
0,000
àqueles reportados por outros autores em pesquisas
semelhantes5,20, como também a pesquisa realizada
por outro autor4, em 2003, que avaliou os efeitos
de uma amostra tratada com o regulador de função de Fränkel na má-oclusão de Classe II com
Relação maxilomandibular
ANB (º)
6,73
2,26
4,99
2,08
0,000
Afai (mm)
59,51
4,11
61,00
4,64
0,000
Go-Gn/Co-A (mm)
17,77
2,82
20,90
3,14
0,000
Componente vertical
um grupo controle sem tratamento, e encontrou
quatro variáveis das 41 utilizadas na pesquisa que
Sn.Go-Gn (º)
37,06
4,76
36,42
5,03
0,027
apresentaram erro sistemático, evidenciando que é
Sn.Ocl (º)
19,15
3,44
20,77
4,33
0,000
FMA (º)
26,82
4,64
26,62
4,60
0,467
comum encontrar erros pela dificuldade de definir
determinadas estruturas nas telerradiografias, seja
Componente dentoalveolar superior
pela complexidade anatômica ou pela sobreposição
das estruturas21. Contudo, a média das variáveis
1-NA (mm)
2,97
1,83
1,92
1,77
0,000
desse trabalho que apresentaram erro sistemático
1.NA (º)
23.60
6,77
18,21
5,79
0,000
1-Aperp (mm)
4,45
1,10
3,56
1,49
0,001
ou erro casual indica um valor considerado clinicamente de pouca importância. Assim, os resultados
Componente dentoalveolar inferior
do erro intraexaminador demonstraram que houve
reprodutibilidade adequada na demarcação dos
1-NB (mm)
3,93
2,21
4,87
2,06
0,001
pontos cefalométricos, permitindo a confiabilidade
1.NB (º)
25,83
6,56
28,48
5,47
0,010
dos dados obtidos.
1-AP (mm)
-0,32
2,08
1,54
1,73
0,000
Impa (º)
94,61
5,96
97,36
5,93
0,007
Em relação a comparação realizada entre as
fases inicial (T1) e final (T2) do tratamento dos pa-
Relações dentárias
cientes, todos os componentes estudados sofreram
alterações (Tabela 2). Esses resultados já eram
Tresp. horiz. (mm)
7,73
1,84
4,08
0,71
0,000
esperados, pois além dos pacientes se apresenta-
Tresp. vert. (mm)
2,62
2,69
2,83
1,39
0,673
rem em fase de crescimento, ainda houve a ação
Rel. molar (mm)
1,10
1,37
-0,99
1,19
0,000
do ativador aberto elástico de Klammt durante o
Perfil tegumentar
tratamento da Classe II.
A utilização de um grupo controle seria de
Ls-E (mm)
1,26
1,93
-0,41
1,96
0,000
grande valia para o entendimento e separação dos
Li-E (mm)
1,30
2,43
0,99
2,93
0,332
resultados advindos do crescimento dos pacientes,
Convexidade (º)
126,50
4,73
126,92
5,05
0,428
separadamente das alterações promovidas pelo
aparelho utilizado nesse estudo. Contudo, a inclusão
652
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
*estatisticamente significante para p < 0,05.
Ortopesquisa
de um grupo controle de pacientes Classe II não tratados se
torna muito difícil, ao passo que o acompanhamento de pacientes com essa característica, atualmente, não é permitido sem
um tratamento adequado da má-oclusão.
Nesse estudo, o componente maxilar apresentou um redirecionamento do crescimento maxilar, com restrição do vetor de
Figura 5
Sobreposição em base do
crânio (S-N) dos traçados
inicial (T1) – preto – e final
(T2) – verde – ilustrando
as alterações ocorridas
pelo grupo experimental
durante o tratamento.
crescimento anterior, evidenciado pela diminuição das variáveis
SNA e A-NPerp. Esses efeitos estão de acordo com autores
que realizaram trabalhos semelhantes utilizando aparelhos
funcionais propulsores de mandíbula10,19-20,22. Esses autores
mostram que os aparelhos funcionais atuam na maxila e na
mandíbula, simultaneamente, e são confeccionados em oclusão
modificada, obrigando os músculos mastigatórios a exercerem
uma ação em direção posterior, redirecionando assim o crescimento maxilar com restrição do vetor de crescimento para
alterações ocorridas no componente mandibular favorecem
a anterior. A variável Co-A apresentou um aumento estatistica-
o crescimento mandibular com aparelhos funcionais1-3,9. No
mente significante, o que é perfeitamente compreensível, pois
entanto, outros estudos clínicos não chegaram às mesmas
os pacientes do grupo experimental apresentavam-se em fase
conclusões5,22,24-25.
de crescimento e, por ser uma variável que expressa o tamanho
A relação maxilomandibular apresentou diferença signifi-
efetivo da maxila medida em milímetros, o seu aumento já era
cante em todas as variáveis que a caracterizavam. Especula-se
esperado mediante o tempo de observação (Figura 5). Sabe-se
que a variável ANB sofreu diminuição por causa de dois fatores
que o comprimento maxilar aumenta gradativamente com a
principais: a restrição do crescimento da maxila observada no
23
idade, em ambos os gêneros . Como nesse trabalho o tempo
componente maxilar (SNA e A-Nperp), associado ao crescimento
de tratamento para o grupo experimental foi de 1,6 anos, já
da mandíbula nesses pacientes, representado pela variável
era esperado o aumento para essa variável como encontrado
Co-Gn1,3 (Tabela 2).
por outros autores2-3,10.
O aumento estatisticamente significante nos valores da
O componente mandibular não apresentou diferença
Afai está de acordo com a grande maioria dos trabalhos na
estatisticamente significante (SNB e P-NPerp), a não ser pela
literatura2,5,20,22. Nos pacientes deste trabalho, o aumento da
variável Co-Gn, que segue o mesmo padrão da variável Co-A.
Afai deveu-se ao crescimento e ao desenvolvimento normal
Ou seja, faz parte do crescimento e desenvolvimento normal,
associado ao fato de que o aparelho utilizado foi construído
e por isso era esperado que o valor numérico desta variável
em oclusão modificada, com aumento do espaço interoclusal
aumentasse. Somando-se ao crescimento e ao desenvolvimento
entre os dentes, comum na confecção desse tipo de aparelho
normal, especula-se que a utilização do ativador elástico de
para a correção da Classe II, permitindo uma extrusão dos
Klammt durante o período de crescimento do paciente possa
dentes posteroinferiores.
ter influenciado o aumento do tamanho da mandíbula ao final
O componente vertical, de acordo com as variáveis Sn.Go-Gn
do tratamento ortopédico (T2), expressado pela variável Co-Gn
e Sn.Ocl, apresentou alterações estatisticamente significantes,
(Figura 5). Os efeitos clínicos da influência dos aparelhos funcio-
sendo que Sn.Go-Gn diminuiu significantemente, indicando que
nais sobre o crescimento mandibular é bastante controverso. A
o ativador elástico de Klammt produz certa influência no padrão
principal questão é se o tratamento com aparelhos funcionais
de crescimento craniofacial e demonstrando uma rotação anti-
induz a um aumento de crescimento mandibular clinicamente
horário da mandíbula, com uma tendência ao fechamento do
significante, que possa contribuir para a correção dos proble-
ângulo do plano mandibular9,19,26, contrariamente ao relatado
mas no sentido anteroposterior, justificando a sua utilização.
por diversos autores5, que os aparelhos funcionais promovem
Muitas investigações clínicas e em animais existem a
um aumento da Afai, e outros pesquisadores, que acreditam
respeito das alterações ocorridas no componente mandibular,
não ter influência sobre o componente vertical10,27 (Figura 5).
advindas de aparelhos propulsores de mandíbula. A litera-
Autores4, avaliando os efeitos produzidos pelo aparelho de
tura apresenta vários estudos clínicos que mostram que as
Fränkel, não encontraram diferença estatisticamente diferente
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
653
Bittencourt Neto AC | Seben MP | de Freitas KMS | Cançado RH | Valarelli FP
Os aparelhos funcionais tendem a provocar uma inclinação vestibular e protrusão em
grau variável dos incisivos inferiores, como evidenciado em algumas pesquisas5,14,27,29.
Esse efeito é resultado da protrusão mandibular produzida pela mordida construtiva
dos aparelhos funcionais, onde o contato dos dentes anteroinferiores com o
acrílico do aparelho proporcionará essa inclinação dentária para vestibular.
nestas variáveis, entretanto, houve uma ligeira tendência de
como evidenciado em algumas pesquisas5,14,27,29. Esse efeito
redução das mesmas. Supõe-se que o aparelho de Klammt
é resultado da protrusão mandibular produzida pela mordida
permita o maior desenvolvimento vertical na região posterior,
construtiva dos aparelhos funcionais, onde o contato dos dentes
propiciando uma leve rotação no sentido anti-horário da mandí-
anteroinferiores com o acrílico do aparelho proporcionará essa
bula por causa do acrílico na região posterior, combinado com
inclinação dentária para vestibular.
a mínima abertura vertical da mordida construtiva utilizada para
Nas relações dentárias, houve uma correção estatistica-
confecção do aparelho. Entretanto, a variável Sn.Ocl aumentou,
mente significante do trespasse horizontal (Tresp.Horiz), onde
evidenciando uma alteração do plano oclusal no sentido horário
ocorreu uma combinação de alterações dentárias provenientes
devido principalmente ao desenvolvimento alveolar mais vertical
da retrusão e da inclinação para palatino dos incisivos superiores
dos dentes na região posterior, propiciado pelo aumento da
com a inclinação dos incisivos inferiores2,22,24,27, além das altera-
distância interoclusal quando o aparelho é utilizado.
ções esqueléticas referentes a restrição do crescimento maxilar
No componente dentoalveolar superior, todas as variáveis
associado ao maior desenvolvimento mandibular anterior3,10,28
estudadas demonstraram diferença estatisticamente significan-
(Figura 5). No trespasse vertical indicado pela variável Tresp.Vert.
te. Isso indica que os incisivos superiores do grupo experimental
ocorreram alterações, porém, não estatisticamente significantes,
apresentaram uma lingualização ao longo do tratamento, veri-
provavelmente porque os arcos palatinos e linguais do aparelho
ficada pela variável 1.NA, e também retrusão, verificada pelas
são adaptados contiguamente às superfícies internas desses
variáveis 1-NA e 1-NPerp (Figura 5). Essas alterações estão de
dentes, minimizando a extrusão dos mesmos. Com relação à
acordo com grande parte dos autores3,9-10,14,24,27-28. Esse efeito
extrusão dos molares, principalmente os inferiores, que pode ser
ocorreu pelo fato de que os aparelhos ortopédicos funcionais
considerada uma característica comum dos aparelhos funcionais
propulsores de mandíbula transmitem uma resultante de força
em virtude da necessidade de correção da curva de Spee, e
para posterior no arco superior, produzida pelo estiramento
que é decorrente dos desgastes do acrílico realizados na região
dos músculos mastigadores quando a mandíbula é levada
posteroinferior do aparelho, enquanto os molares superiores são
para anterior pelo aparelho bimaxilar, e o arco vestibular do
limitados pelo acrílico minimizando o efeito vertical dos molares.
ativador de Klammt toca a superfície vestibular dos dentes
Em relação ao perfil tegumentar, o lábio superior apresen-
24,29
anterossuperiores
.
tou uma retração estatisticamente significante em relação à
Houve alterações estatisticamente significantes nos
Linha E (Ls-Linha E) (Figura 5). Isso ocorreu pela restrição do
componentes dentoalveolares inferiores com a vestibulariza-
crescimento para a anterior da maxila, associado ao movimento
ção dos incisivos inferiores, como mostra as varáveis 1.NB
para a lingual dos incisivos superiores e o avanço e crescimen-
e Impa, e também protrusão dos incisivos inferiores para
to da mandíbula no sentido anterior, o que confere ao ponto
anterior reproduzidas pelas variáveis 1-NB e 1-AP (Figura 5).
Pog’ uma posição mais anterior. Outros autores corroboram
Os aparelhos funcionais tendem a provocar uma inclinação
os achados deste trabalho em relação às alterações sofridas
vestibular e protrusão em grau variável dos incisivos inferiores,
pelo perfil tegumentar4,30.
654
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
Ortopesquisa
| Conclusão
• Houve uma melhora significante da relação maxilomandibular
proveniente das alterações esqueléticas e dentárias, conse-
Baseando-se nos resultados obtidos, e de acordo com a
metodologia empregada, pôde-se observar que:
• Houve alteração das variáveis cefalométricas durante a fase
de tratamento em todos os componentes estudados;
• O comprimento da mandíbula, representado pela variável
Co-Gn, sofreu alteração tanto por influência do seu crescimento e desenvolvimento normal quanto por ação do
ativador aberto elástico de Klammt;
• Os incisivos superiores sofreram uma inclinação para lingual, e retrusão estatisticamente significante, em relação
a sua base óssea, enquanto que os incisivos inferiores
apresentaram uma inclinação para vestibular e protrusão,
estatisticamente significante;
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Klammt e somadas ao crescimento normal dos indivíduos.
Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter
ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade
comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem
trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade
com interesse financeiro nesta área.
Endereço para correspondência:
Fabrício Pinelli Valarelli
Rua Manoel Pereira Rolla, 12-75 – Apto. 503
17012-190 – Bauru – SP
Tel.: (14) 9111-0001
[email protected]
10. Gonçalves RC. Ativador Elástico Aberto de Klammt
no tratamento da má-oclusão de Classe II divisão 1
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OrtodontiaSPO | 2012;45(6):648-55
655
Trabalho original
Ortopesquisa
Estudo cefalométrico das características dentoesqueléticas
de pacientes com má-oclusão de Classe III
A cephalometric study of dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion
Lorena Marques Ferreira*, Juliana Godoy-Bezerra**, Ednara Mércia Fernandes de Andrade***,
Pedro Paulo Maia de Sena****, Eudes Euler de Souza Lucena*****
RESUMO – A má-oclusão de Classe III é definida como uma discrepância anteroposterior com envolvimento esquelético, dentário ou
funcional, que pode ocorrer em virtude de deficiência de crescimento
maxilar, excesso de crescimento mandibular ou ambos. Este trabalho
teve como objetivo avaliar, por meio de um estudo cefalométrico, as
características dentoesqueléticas de pacientes com má-oclusão de
Classe III no estado do Rio Grande do Norte, e apontar se há alguma
associação entre estas características cefalométricas e a variável
gênero. Para isto, foi selecionada uma amostra de 48 telerradiografias
cefalométricas em norma lateral de indivíduos na faixa etária entre
dez anos e um mês, e 47 anos e cinco meses, brasileiros, norte-riograndenses, ambos os gêneros, sendo 23 do gênero feminino e 25
do gênero masculino, com perfil facial côncavo e ANB negativo. As
telerradiografias selecionadas foram submetidas à análise no programa
Radiocef Studio 2 e, para a obtenção das medidas lineares, angulares
e proporcionais, os pontos cefalométricos, linhas e planos foram
demarcados por um único operador nas imagens. As principais características cefalométricas encontradas foram: maxila bem posicionada,
comprimento maxilar diminuído, mandíbula protruída, comprimento
mandibular aumentado, padrão de crescimento equilibrado a horizontal,
trespasse normal, incisivos superiores protruídos e vestibularizados,
e incisivos inferiores lingualizados. Dentre as 22 grandezas avaliadas,
somente o comprimento efetivo mandibular apresentou diferença
significativa entre os gêneros.
Unitermos – Cefalometria; Má-oclusão; Classe III.
ABSTRACT – Class III malocclusion is defined as a skeletal, dental or
functional anteroposterior discrepancy, which may occur as a result
of the deficiency of maxillary growth, excessive mandibular growth or
both. The main goals of this work are to assess the dentoskeletal characteristics of individuals with Class III malocclusion in the state of Rio
Grande do Norte using a cephalometric study and to observe if there
is an association between these characteristics with male and female
genders. For this, it was selected a sample of 48 lateral cephalometric
x ray of individuals with ages varying between ten years and on month
and 47 years and five months, Brazilians, citizens of Rio Grande do
Norte state, 25 males and 23 females, with concave facial profile and
negative ANB. Lateral cephalograms were analyzed in the program
Radiocef Studio 2 and to obtain the linear, angular and proportional
measures, the cephalometric points, lines and planes were marked by
a single operator in the images. The main cephalometric features found
were: maxilla in normal position, small maxillary length, mandibular prognathism, increased mandibular length, balanced or horizontal growth
pattern, normal overjet, protruded and proclined upper incisors, and
retroclined lower incisors, however it is in their normal position in the
bone bases. Among the 22 measured evaluated, only CoGn showed
significant difference between gender.
Key Words – Cephalometry; Class III; Malocclusion.
*Especialista em Ortodontia – Coesp/PB.
**Mestre em Ortodontia – PUC/PR; Doutora em Odontopediatria – FOP/UPE.
***Mestre em Ortodontia – Unicid; Doutora em Odontopediatria – FOP/UPE.
****Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia – São Leopoldo Mandic/CE.
*****Mestre em Odontologia, doutorando em Psicobiologia – UFRN/RN.
Recebido em jun/2012 – Aprovado em set/2012
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
659
Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES
| Introdução
Com o surgimento do cefalostato, a
A má-oclusão de Classe III é definida como uma discrepância anteroposterior com envolvimento esquelético, dentário ou
radiografia cefalométrica torna-se requisito
funcional. A Classe III esquelética pode ocorrer em virtude de
fundamental para a avaliação do crescimento
deficiência de crescimento maxilar, excesso de crescimento
mandibular ou ambos1. Já a Classe III dentária é caracterizada
por protrusão dos incisivos inferiores e retrusão dos incisivos
e o desenvolvimento craniofacial, por meio
da análise de grandezas cefalométricas.
superiores, ou seja, o arco dentário inferior oclui mesialmente
ao superior2. Em ambos, os pacientes apresentam perfil facial
côncavo, área nasomaxilar retruída e o terço inferior da face
relativas da base do crânio, da maxila e da mandíbula, a posição
proeminente. O lábio inferior, frequentemente, é protruso em
da articulação temporomandibular ou qualquer deslocamento
relação ao superior. O arco superior é usualmente mais estrei-
da mandíbula, que afetam o relacionamento vertical e sagital
to que o inferior, o que leva à perda da simetria funcional e à
da mandíbula e dos dentes. A posição do forame magno, co-
indicação preliminar de expansão palatina3-4.
luna vertebral e posição da cabeça habitual também podem
A Classe III funcional diferencia-se das duas primeiras por
proporcionar um perfil facial reto e boa relação esquelética
influenciar o padrão facial. Percebe-se, pois, que a etiologia
da má-oclusão de Classe III é bastante ampla e complexa11.
maxilomandibular na posição de relação cêntrica, estando os
Com o surgimento do cefalostato, a radiografia cefalomé-
incisivos em uma posição de topo a topo. Da posição de relação
trica torna-se requisito fundamental para a avaliação do cres-
cêntrica para a de máxima intercuspidação habitual, existe um
cimento e o desenvolvimento craniofacial, por meio da análise
deslocamento funcional anterior da mandíbula que determina
de grandezas cefalométricas. Estas são de suma importância
para se chegar a um diagnóstico preciso da má-oclusão de
5
um perfil facial côncavo .
Esta má-oclusão apresenta, de maneira geral, baixa
Classe III, já que há uma infinidade de combinações entre os
prevalência na população, variando de acordo com a região
componentes esqueléticos e dentários para sua ocorrência12-13.
geográfica, podendo ser observada com maior frequência em
Tendo em vista a relevância de se estabelecer um diag-
países asiáticos. A frequência da má-oclusão de Classe III em
nóstico preciso desta má-oclusão para o direcionamento
mulheres japonesas, entre três e 19 anos de idade, é de 4,24%6.
adequado do plano de tratamento, associada à escassez de
Em indivíduos chineses e coreanos, este percentual varia entre
material científico devido à sua baixa prevalência, a presente
9,4 e 19%7. No Brasil, estima-se uma prevalência de 2,93%8.
pesquisa teve o objetivo de investigar e analisar algumas
Apesar da prevalência relativamente baixa, essa
medidas cefalométricas de tecido duro, visando traçar um
má-oclusão gera amplo interesse nos profissionais, devido à
panorama criterioso das características dentoesqueléticas de
probabilidade relativamente grande de requerer uma abordagem
pacientes com Classe III, no estado do Rio Grande do Norte,
ortodôntica em associação com uma intervenção cirúrgica9. No
bem como averiguar se há alguma associação entre estas
entanto, o tratamento precoce não cirúrgico dessa má-oclusão é
características e a variável gênero. Além disso, é importante
possível, dependendo principalmente do diagnóstico estrutural
enfatizar que a literatura disponível sobre a Classe III mostra um
que determine os componentes craniofaciais envolvidos, da gra-
elevado número de estudos sobre seu manejo clínico e resulta-
vidade da discrepância, do comprometimento vertical da face
dos terapêuticos. No entanto, poucos são os que abordam os
10
e da presença e severidade das compensações dentárias .
aspectos morfológicos e de desenvolvimento desta má-oclusão.
Sua etiologia é geralmente considerada como sendo genética, e a hereditariedade tem sido demonstrada em diversos
| Proposição
estudos. Porém, uma ampla gama de fatores ambientais
também tem sido sugerida como contribuintes para o desen-
O presente trabalho teve por objetivo analisar as carac-
volvimento da má-oclusão de Classe III. Entre eles, citam-se:
terísticas cefalométricas dentoesqueléticas de pacientes com
tonsilas ou amígdalas hipertrofiadas, erupção irregular dos
má-oclusão de Classe III no estado do Rio Grande do Norte,
incisivos permanentes ou perda precoce dos incisivos decíduos.
bem como avaliar se há associação entre estas características
Outros fatores colaboradores são: o tamanho e as posições
e a variável gênero.
660
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
Ortopesquisa
| Material e Métodos
Para a realização da presente pesquisa, foi utilizada uma
• N-Perp-A: distância entre a linha násio-perpendicular e o ponto A.
Mandibulares
amostra documental de 48 telerradiografias cefalométricas em
• SNB: ângulo formado pelas linhas SN e NB;
norma lateral de pacientes norte-rio-grandenses, com idade
• CoGn: distância entre os pontos condílio e gnátio.
entre dez anos e um mês, e 47 anos e 5 meses, de ambos
os gêneros. As telerradiografias foram selecionadas de forma
aleatória, desde que preenchessem os seguintes critérios de
inclusão: perfil facial côncavo e ANB com valor negativo, sendo
excluídos os que apresentavam tratamento ortodôntico prévio,
síndromes ou assimetrias.
Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em
Pesquisa – CEP, as telerradiografias cefalométricas laterais
Figura 1
Grandezas cefalométricas
maxilares e mandibulares.
Fonte: arquivo pessoal.
SNA
CoA
N-Perp-A
SNB
CoGn
digitais foram coletadas e, a partir daí, submetidas à análise
no programa Radiocef Studio 2 (Radiomemory, Belo Horizonte,
Brasil), seguindo as normas especificadas pelo fabricante. Para
a obtenção das medidas lineares, angulares e proporcionais, os
pontos cefalométricos, as linhas e os planos foram demarcados
por um único operador.
O banco de dados da pesquisa foi construído na plataforma
do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences),
Maxilomandibulares
versão 17.0, com posterior verificação de consistência da
• ANB: ângulo entre as linhas NA e NB;
digitação. Após a estruturação final do banco de dados, foi
• Wits: distância entre as projeções perpendiculares dos
realizada uma análise descritiva de todos os dados relativos
pontos A e B sobre o plano oclusal funcional.
às grandezas cefalométricas estudadas, bem como o gênero.
A associação entre as grandezas cefalométricas e o gênero
foi verificada pelo teste estatístico qui-quadrado. Para verificar
a magnitude dessas associações, utilizaram-se razões de
prevalência e seus respectivos intervalos de confiança (95%).
Para todos os testes, o nível de significância de 5% foi adotado.
Para a execução do estudo proposto foram obedecidos
todos os critérios prescritos pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), a qual versa sobre a ética em
pesquisa com seres humanos.
Figura 2
Grandezas cefalométricas
maxilomandibulares.
Fonte: arquivo pessoal.
Wits
ANB
A fim de se avaliar o erro do método, oito telerradiografias
foram aleatoriamente escolhidas e medidas por um único avaliador. Foram realizadas medições lineares e angulares computadorizadas através do Radiocef Studio 2, utilizando a análise
USP. As medições das oito telerradiografias foram repetidas
após dez e 20 dias, realizando-se assim o erro intraexaminador.
Horizontais/verticais
• Afai (ENA-Me): distância entre os pontos espinha nasal
Grandezas cefalométricas esqueléticas utilizadas
anterior e mentoniano;
• FMA: intersecção do plano horizontal de Frankfurt com o
Maxilares
plano mandibular (Go-Me);
• SNA: ângulo formado pelas linhas SN e NA;
• SN.PP: ângulo formado pela linha SN e o plano palatino;
• CoA: distância entre os pontos condílio e A;
• SN.PLO: ângulo formado pela linha SN e o plano oclusal;
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
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Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES
• PLO.FH: ângulo formado entre o plano oclusal e o plano
horizontal de Frankfurt;
• Impa: ângulo formado entre o longo eixo do incisivo inferior
e o plano mandibular (GoMe);
• SN.GoGn: ângulo formado pela linha SN e o plano mandibular
GoGn;
• FMIA: intersecção do plano horizontal de Frankfurt com o
longo eixo do incisivo central inferior;
• Trespasse horizontal (T_HOR): distância entre as bordas
incisais dos incisivos centrais superior e inferior, através
do plano oclusal funcional.
Figura 3
Grandezas
cefalométricas
horizontais/verticais.
Fonte: arquivo pessoal.
Afai
SN.GOGN
FMA
SN.PP
SN.PLO
PLO.FH
Figura 5
Grandezas
cefalométricas
dentárias: 1.NA,
1.NB, 1.PP, IMPA
e FMIA.
Fonte: arquivo
pessoal.
1.NA
1.NB
1.PP
Impa
FMIA
Grandezas cefalométricas dentárias utilizadas
• 1.SN: ângulo entre o longo eixo do incisivo central superior
| Resultados
e a linha SN;
• 1-NA: distância entre o ponto mais anterior da coroa do
incisivo central superior e a linha NA;
• 1.NA: ângulo entre o longo eixo do incisivo superior e a
A tabela a seguir descreve o resultado da análise univariada da amostra, para as variáveis maxilares, mandibulares,
maxilomandibulares, horizontais/verticais e dentárias (Tabela 1).
linha NA;
• 1.NB: ângulo entre o longo eixo do incisivo inferior e a
Dentre as 22 grandezas cefalométricas analisadas e discutidas neste trabalho, somente CoGn apresentou diferença
linha NB;
• 1-NB: distância entre o ponto mais anterior da coroa do
estatisticamente significante entre os gêneros masculino e
feminino (p = 0,04).
incisivo inferior e a linha NB;
• 1.PP: ângulo formado entre o longo eixo do incisivo superior
| Discussão
e o plano palatino;
Grandezas maxilares
Para análise do complexo maxilar, foram empregadas as
grandezas SNA, N-Perp-A e CoA. A medida SNA indica se a
maxila está protruída, retruída ou bem posicionada em relação à
base do crânio14. A norma considerada como padrão é 82º e o
valor médio encontrado neste estudo foi de 81,88°, o que caracFigura 4
Grandezas cefalométricas
dentárias: 1. SN, 1-NA, 1-NB
e trespasse horizontal.
Fonte: arquivo pessoal.
1.SN
1-NA
1-NB, trespasse horizontal
662
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
teriza a maxila como bem posicionada. Outro autor15 encontrou
resultados semelhantes. No entanto, a maioria deles relatou
ter observado a maxila retruída em relação à base do crânio
nos casos de Classe III9,14,16-19. Quanto aos gêneros masculino
e feminino, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas (p > 0,05). Porém, um autor15 encontrou valores
Ortopesquisa
TABELA 1 – N (QUANTIDADE DA AMOSTRA), MÉDIA ± DP (VALOR MÉDIO ± DESVIO
PADRÃO), MEDIANA, MÍN. (VALOR MÍNIMO OBTIDO) E MÁX. (VALOR MÁXIMO OBTIDO)
DAS VARIÁVEIS CEFALOMÉTRICAS. FONTE: ARQUIVO PESSOAL.
da linha Nperp, o sinal é positivo, indicando protrusão
maxilar14. A norma para Nperp, na dentadura mista,
varia entre -6 e -8 mm; nas mulheres, -4 mm e 0 mm;
Variável
e nos homens, -2 mm e 2 mm. O grupo Classe III
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
estudado obteve o valor médio de -0,93 mm, con-
SNA
48
81,88 +- 3,57
82,29
73,82
88,90
firmando o bom posicionamento maxilar de SNA, se
CoA
48
81,54 +- 8,08
81,49
37,61
94,33
for considerada a amostra de adultos, homens ou
N-Perp-A
48
-0,93 +- 3,91
-0,70
-11,66
5,33
Mandibulares
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
SNB
48
84,53 +- 3,68
85,31
77,64
92,74
N-Perp-A consideram como referência a base do
CoGn
48
114,41 +- 11,84
115,88
58,81
92,74
crânio. Portanto, em casos de base do crânio aumen-
Maxilomandibulares
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
tada ou diminuída, os resultados do posicionamento
ANB
48
-2,66 +- 1,73
-2,21
-8,79
-0,25
Wits
48
-4,30 +- 3,58
-4,1
-15,50
4,01
por exemplo, pode ocorrer uma retrusão do ponto
Horizontais/verticais
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
N e a construção da linha NPerp ser incorreta – o
Afai
48
61,50 +- 10,61
62,16
13,74
83,58
que incide no posicionamento também incorreto de
FMA
48
24,46 +- 5,03
24,24
21,04
28,27
maxila e mandíbula15.
SN.PP
48
7,42 +- 7,34
6,42
0,21
50,09
SN.PLO
48
8,73 +- 6,27
6,96
0,10
4,68
encontrado foi de 81,54 mm, evidenciando um
PLO.FH
48
1,17 +- 6,81
-0,28
-22,05
19,77
comprimento maxilar diminuído, em todos os gru-
SN.GoGn
48
29,30 +- 5,63
29,18
19,31
40,51
pos etários e gêneros. Para a dentadura mista, a
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
1.SN
48
113,99 +- 6,85
114,49
100,88
130,06
1-NA
48
7,45 +- 1,97
7,61
3,32
11,89
Outros15,19, no entanto, elucidaram nos resultados
1.NA
48
31,94 +- 5,70
32,99
18,61
41,08
de seus estudos que a maxila apresentava tamanho
1.NB
48
21,54 +- 7,28
22,29
2,16
35,84
normal. Não se observou diferença significativa
1-NB
48
4,57 +- 3,85
3,93
-1,60
21,38
1.PP
48
120,23 +- 5,70
119,77
109,85
132,91
gênero masculino foi significativamente maior que a
Impa
48
86,16 +- 6,72
86,67
70,96
101,57
do gênero feminino.
FMIA
48
68,08 +- 11,16
69,30
7,66
87,93
Deve-se considerar que a análise cefalométrica20, da qual é proveniente a grandeza CoA, consi-
Maxilares
mulheres, o que discorda dos estudos de diversos
autores9,14,16,18-19.
Dentoesqueléticas
É importante ressaltar que as medidas SNA e
maxilar podem aparecer alterados. Nos casos de
Classe III com base anterior do crânio diminuída,
Para a grandeza cefalométrica CoA ou comprimento efetivo da maxila, a média do resultado
norma padrão é 85 mm; para as mulheres, 94 mm;
para os homens, 100 mm. Resultados diminuídos
Dentoalveolares
T_HOR
N
Média ± dp
Mediana
Mín.
Máx.
48
0,72 +- 2,36
1,43
-6,72
-0,42
também foram encontrados por alguns autores14,16.
para os gêneros masculino e feminino (p > 0,05).
Contudo, outro estudo15 observou que a maxila do
dera o gênero e a idade do paciente para a correta
interpretação clínica dos valores obtidos. Nesse
caso, como se trata de um estudo sem a utilização
de grupo controle, com uma amostra de ambos os
superiores de SNA para as médias masculinas em relação às
gêneros e diversas faixas etárias, houve certa dificuldade para
femininas.
a normatização do valor considerado como padrão. Além disso,
A variável N-Perp-A também relaciona maxila e base do
o valor de CoA isoladamente não é capaz de fornecer dados a
crânio, só que quando o ponto A estiver atrás da linha N-Perp20,
respeito do posicionamento maxilar retruído, protruído ou bem
a medição linear leva sinal negativo e a maxila estará retruída
posicionado. Desta forma, precisa ser avaliado em conjunto
em relação à base do crânio. Mas, se o ponto A estiver à frente
com o valor do comprimento efetivo da mandíbula.
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Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES
Grandezas mandibulares
A e B perpendicularmente ao plano oclusal funcional e medir
As medidas SNB e CoGn foram empregadas para análise
a distância entre eles, chamadas AO e BO, respectivamente.
do complexo mandibular. SNB indica se a mandíbula está
Quando AO encontra-se à frente de BO, a medida é positiva;
protruída, retruída ou bem posicionada em relação à base do
quando BO está à frente, a medida é negativa. Os valores con-
crânio. Seu valor médio foi de 84,53º, portanto, a mandíbula
siderados médios para a análise de Wits ou AOBO são -1 mm,
apresentou-se protruída em relação à base do crânio (valor
para o gênero masculino, e 0 mm, para o gênero feminino. Na
médio para SNB = 80º), em concordância com os resultados
Classe III esquelética, BO localiza-se à frente de AO, e a medida
. Deve-se lembrar de
é negativa22. Neste estudo, foi obtido o valor médio de -4,3 mm,
que SNB tem como referência a base do crânio, então, nos
confirmando a classificação esquelética de Classe III9,15,18-19,23.
casos em que ela for aumentada ou diminuída, os resultados
Segundo a literatura22, o ângulo ANB pode oferecer leituras
dos estudos de diversos autores
9,14-17
14
do posicionamento mandibular podem aparecer alterados .
errôneas quando a base do crânio for curta ou alongada, pois
pela
a porção anterior das bases ósseas (maxila e mandíbula) pode
grandeza CoGn, que obteve o valor médio de 114,41 mm. É
estar posicionada anterior ou posteriormente ao násio, afetando
interessante destacar que existe uma proporcionalidade entre
a medida ANB, mesmo que os arcos dentários estejam bem
o comprimento efetivo da maxila e da mandíbula, independente
relacionados entre si. Outro fator sugerido pelos autores é a
da idade e do gênero. Para um determinado tamanho de maxila
rotação dos ossos maxilares em relação à base do crânio. Uma
existe um tamanho de mandíbula diretamente proporcional21.
rotação anti-horária do complexo maxilomandibular produz um
Como neste estudo foi obtido um valor médio de CoA em
ANB de Classe III; e uma rotação horária produz um ANB de Clas-
81,54 mm, considera-se a norma do comprimento mandi-
se II. Já a medida Wits pode ser afetada pela escala do plano
O comprimento efetivo da mandíbula é definido
20
bular entre 99 e 102 mm , o que aponta para aumento do
oclusal. De acordo com o mesmo autor22, a correta localização
comprimento mandibular, conforme é confirmado por muitos
do plano oclusal funcional é de fundamental importância para o
20
. Quanto ao fator gênero, 72% da amostra mas-
adequado uso da medida Wits. Mas, algumas vezes, o problema
culina apresentou valor de CoGn acima de 115,88 mm, contra
está na presença de uma assimetria, na qual os lados esquerdo
somente 26,1% da amostra feminina (p = 0,004). Outro estu-
e direito não coincidem ou não é possível uma superposição
do15 também observou maior comprimento mandibular para os
correta, resultando em uma leitura errada da medida. Nestes
indivíduos do gênero masculino.
casos, deve-se utilizar um plano oclusal que fique no meio das
9,14-16
autores
duas imagens. Outro aspecto considerado são os indivíduos
Grandezas maxilomandibulares
em fase de dentição mista, nos quais o plano oclusal deve ser
Para avaliação das grandezas maxilomandibulares, foram
desenhado passando pelas cúspides dos molares decíduos e
selecionadas as seguintes medidas: ANB e Wits ou AOBO. O
do primeiro molar permanente. Por causa desses efeitos geo-
ângulo ANB, diferença entre os ângulos SNA e SNB, consiste
métricos, o uso conjunto do ângulo ANB e da medida Wits tem
na medida cefalométrica mais usada para determinar a rela-
sido recomendado24. Todavia, outro estudo23 concluiu que em
ção anteroposterior da maxila e da mandíbula com a base do
sujeitos Classe III de Angle com rotação mandibular no sentido
crânio, e normalmente mede 2º. Os ângulos maiores indicam
anti-horário e plano oclusal reto, o ângulo ANB é um parâmetro
uma tendência à Classe II, já medidas menores ou negativas
cefalométrico mais válido do que a medida Wits para avaliar a
22
refletem uma Classe III . O valor médio obtido para este estu-
discrepância esquelética anteroposterior.
do foi de -2,66º, evidenciando uma discrepância esquelética
anteroposterior de Classe III. Os valores negativos para a
caracterização da Classe III foram amplamente encontrados
9,15,17,19,22
na literatura
.
Grandezas horizontais/verticais
Foram analisadas as seguintes grandezas horizontais e
verticais: Afai, FMA, SN.PP, SN.PLO, PLO.FH e SN.GoGn. A
Para determinar o quanto existe de desarmonia entre a
altura facial anteroinferior, ou Afai, que determina a dimensão
maxila e a mandíbula, também é possível utilizar a análise de
vertical, obteve média de 61,5 mm para esse estudo. Esta
Wits, que emprega os pontos cefalométricos A, na maxila, e B,
medida linear está correlacionada com a maxila, e com o
na mandíbula, e o plano oclusal funcional, que é obtido por meio
avanço da idade ela aumenta. A correlação entre maxila e
da intercuspidação dos pré-molares e molares, não utilizando
mandíbula corresponde ao aumento ou diminuição da altura
o entrecruzamento dos incisivos. Devem-se projetar os pontos
facial anterior21. Considerando o comprimento maxilar obtido
664
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
Ortopesquisa
de 81,54 mm, o valor médio para a Afai deveria estar entre 57
ocorrência de inclinação vestibular e concorda com diferentes
e 58 mm20. Portanto, destaca-se uma Afai aumentada para os
trabalhos14,17, evidenciando uma possível característica de
pacientes com má-oclusão de Classe III, como já constatado por
compensação dentária da Classe III. Não foram sugeridas
diversos estudos9,14,17. Nestes casos, a mandíbula, geralmente,
diferenças significativas entre os gêneros (p > 0,05). Já outro
sofre um giro no sentido horário, para baixo e para trás, e o
estudo23 encontrou incisivos superiores bem posicionados em
ponto P fica distante de NPerp. Devido a essa inclinação para
relação à base do crânio.
baixo e para trás, a mandíbula parece menor do que realmente
Os incisivos foram relacionados com suas bases apicais
é21. Um estudo relatado na literatura25 concluiu que a altura do
por meio das linhas NA e NB. A grandeza linear 1-NA diagnos-
terço inferior da face apresentou-se maior em pacientes Classe
tica a posição anteroposterior do incisivo superior em relação
III por retrognatismo maxilar do que naqueles por prognatismo
a sua base apical, podendo estar bem posicionado, protruído
mandibular.
ou retruído. Sua norma é de 4 mm e o valor médio obtido foi
A variável FMA, que avalia a relação do plano de Frankfurt
com o plano mandibular e estabelece o padrão de crescimento
de 7,45 mm, indicando protrusão, resultado confirmado na
literatura por alguns trabalhos9,14-15.
esquelético, obteve valor médio de 24,46º, tendendo, portanto,
Já a grandeza linear 1-NB diagnostica a posição antero-
a um padrão de crescimento harmônico (norma clínica = 25º). A
posterior do incisivo inferior em relação a sua base apical e,
literatura14-15,18, contudo, mostra uma predominância na tendência
neste estudo, apresentou valor médio de 4,57 mm, indicando
ao crescimento no sentido horário ou vertical.
que o incisivo inferior está bem posicionado em relação a sua
O valor angular médio obtido entre a base do crânio e
base apical (norma clínica = 4 mm), assim como relatou um
o plano palatino (SN.PP) foi de 7,42º, obedecendo ao valor
estudo semelhante9. Porém, outros estudos encontraram o
normativo para a medida (7º ± 2) e, portanto, não demonstra
incisivo inferior retruído em relação a sua base apical14,16 ou o
17,23
a presença de rotação maxilar. Alguns autores
encontraram
valores acima da norma.
incisivo inferior protruído15. O presente estudo não destaca a
presença do dimorfismo sexual significativo para esta grandeza
O ângulo SN.PLO indica a inclinação do plano oclusal em
relação à base do crânio e o seu valor médio encontrado foi de
23
8,73º, que é inferior à média normal (14º). Um outro estudo
obteve o resultado inverso.
(p > 0,05). Entretanto, outro trabalho15 encontrou valores médios maiores para os indivíduos do gênero masculino.
A grandeza angular 1.NA identifica a inclinação axial do
incisivo superior dentro do osso alveolar, levando a uma incli-
A grandeza PLO.FH, que relaciona o plano de Frankfurt e
nação vestibular ou lingual14. Seu valor médio encontrado foi
o plano oclusal, e também determina o grau de inclinação do
31,94º, enquanto sua norma é 28º, mostrando vestibularização
plano oclusal, obteve valor médio de 1,17º, bem abaixo do
do incisivo superior9,14-15,19.
padrão considerado normal (9,3º), confirmando os resultados
15
Cabe à grandeza angular 1.NB identificar a inclinação
de SN.PLO neste estudo. Já outro autor encontrou um valor
axial do incisivo inferior dentro do osso alveolar14. O valor
acima da média normal.
médio obtido neste estudo foi 21,54º e sua norma clínica é
O ângulo SN.GoGn avalia a relação da base do crânio com
25º, apontando para uma inclinação lingual do incisivo infe-
o plano mandibular GoGn e o valor médio encontrado, neste
rior, evidenciando mais uma vez uma possível característica
estudo, foi de 29,3º, valor abaixo da norma padrão (35º ± 4,7),
de compensação dentária da Classe III. Outros estudos9,14,19
representando, portanto, um padrão braquifacial, com tendência
alcançaram resultados similares. O p valor maior que 0,05
ao crescimento horizontal. A literatura, porém, exibe predomi-
não indica dimorfismo sexual significativo. Um trabalho15, no
nância na tendência ao crescimento vertical9,14.
entanto, encontrou maior inclinação lingual do incisivo inferior
no gênero feminino.
Grandezas dentárias
A grandeza angular 1.PP relaciona a inclinação axial do
As seguintes grandezas dentárias foram avaliadas neste
incisivo superior ao plano palatino, e o valor médio observado
estudo: 1.SN, 1-NA, 1.NA, 1.NB, 1-NB, 1.PP, Impa, FMIA
neste estudo foi 120,23º (norma clínica = 110º +- 5,8), confir-
e trespasse horizontal. O ângulo 1.SN indica se o incisivo
mando a inclinação vestibular do incisivo superior9.
superior está vestibularizado, bem posicionado ou lingualizado
O ângulo Impa, determinado pela intersecção do plano
em relação à base do crânio, e sua norma é 103º. No grupo
mandibular GoGn com o longo eixo do incisivo central inferior,
avaliado, foi obtido o valor médio de 113,99º, o que indica a
sugere a inclinação axial do incisivo inferior em sua base
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Ferreira LM | Godoy-Bezerra J | de Andrade EMF | de Sena PPM | Lucena EES
óssea26. Neste estudo, foi observado o valor médio de 86,16º,
É interessante notar ainda que os resultados da pesquisa
indicando que o mesmo está bem posicionado em sua base
caracterizam uma amostra com padrão de crescimento predomi-
óssea (norma clínica = 87º)9. Já outro estudo15 apontou para
nantemente equilibrado ou horizontal. O que, apesar de ir contra
a compensação dentária da Classe III, com inclinação lingual
a maioria dos resultados averiguados na literatura, em outras
do incisivo inferior. A estética e o equilíbrio facial definitivos
regiões, consiste em uma grande vantagem para a realização do
são obtidos somente quando os incisivos mandibulares estão
tratamento. Já que se torna possível, por meio da extrusão dos
posicionados verticalmente no osso basal15.
elementos posteriores, fazer com que o ponto B se desloque
A grandeza angular FMIA relaciona o plano horizontal de
para trás e a mandíbula gire no sentido horário.
Frankfurt com o longo eixo do incisivo central inferior. O FMIA é
significativo para se obter o equilíbrio e a harmonia da face15. O
| Conclusão
valor médio obtido foi 68,08º e destaca que o incisivo inferior
está novamente bem posicionado (norma clínica = 68º)15. Não
• As características esqueléticas dos pacientes com má-oclusão
foram encontradas diferenças significativas entre os gêneros
de Classe III observadas no estado do Rio Grande do Norte
15
(p > 0,05). Já outro estudo semelhante observou resultados
foram: maxila bem posicionada, comprimento maxilar diminuí-
maiores de FMIA para o gênero masculino.
do, mandíbula protruída, comprimento mandibular aumentado,
O trespasse horizontal ou sobressaliência mede a distância
mau posicionamento maxilomandibular sugestivo de Classe
entre as bordas dos incisivos, superior e inferior, perpendicu-
III esquelética, terço inferior da face aumentado, ausência de
larmente ao plano oclusal. Valores negativos indicam que o
rotação maxilar, grau de inclinação do plano oclusal abaixo
incisivo inferior está à frente do superior, o que caracteriza a
do normal e padrão de crescimento equilibrado à horizontal.
presença de mordida cruzada anterior. Este estudo apresentou
• As características dentárias observadas foram: incisivos
valor médio de 0,72 mm, valor este que se enquadra no desvio
superiores protruídos e vestibularizados; incisivos inferiores,
da norma clínica (2,5 mm ± 2), refletindo mais uma vez uma
lingualizados em suas bases apicais e bem posicionados em
possível compensação dentária da Classe III, sem a presença
suas bases ósseas e sobressalência normal, ou seja, sem
23
de mordida cruzada anterior. Um trabalho semelhante , porém,
obteve valor negativo para esta medida.
Finalmente, serão destacados alguns pontos importantes
observados no decorrer da pesquisa. Primeiramente, quanto
a presença de mordida cruzada anterior.
• Dentre as 22 grandezas cefalométricas analisadas, somente
CoGn apresentou diferença estatisticamente significante
entre os gêneros.
à coleta da amostra, deve-se lembrar de que a prevalência
da Classe III, não sendo tão elevada no Brasil, gerou certo
grau de dificuldade para que fossem obtidas telerradiografias
enquadradas nos critérios de inclusão da pesquisa, o que torna
o número da amostra reduzido, se comparado a outros estudos
brasileiros semelhantes, porém para pacientes Classe I ou II.
O erro intraexaminador foi calculado com base nas medições lineares e angulares, através do programa Radiocef Studio
Notas de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter
ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade
comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem
trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade
com interesse financeiro nesta área.
2, de oito telerradiografias utilizando a análise USP, repetidas
após dez e 20 dias. Os resultados obtidos foram submetidos
ao teste Kappa, que tinha como limite para calibração um
valor maior que 0,7. O examinador obteve como resultado o
valor 0,76.
O presente trabalho buscou expor seus resultados de tal
forma a ampliar o conhecimento acerca das características
da má-oclusão de Classe III, a fim de identificá-las, facilitando
o diagnóstico e o plano de tratamento, seja para manter compensações dentárias ou descompensá-la em casos que serão
corrigidos por cirurgia.
666
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):659-67
Endereço para correspondência:
Lorena Marques Ferreira
Av. Miguel Castro, 1.491 – Apto. 303 B – Ed. Dom Luiz – Lagoa Nova
59075-740 – Natal – RN
[email protected]
Ortopesquisa
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667
Trabalho original
Ortopesquisa
Avaliação da influência da realização da expansão rápida
da maxila sobre a recidiva do apinhamento anterossuperior,
em casos tratados ortodonticamente sem extrações.
Influence of rapid maxillary expansion on incisors alignment stability
Luiz Filiphe Gonçalves Canuto*, Marcos Roberto de Freitas**, Karina Maria Salvatore de Freitas***,
Guilherme Janson****, Rodrigo Hermont Cançado*****
RESUMO – O presente estudo objetivou comparar, por meio de uma
análise retrospectiva, a estabilidade pós-contenção do alinhamento
dos incisivos anterossuperiores de pacientes submetidos ou não ao
procedimento de expansão rápida da maxila durante o tratamento
ortodôntico. A amostra consistiu-se de 48 pacientes, de ambos os
gêneros, apresentando más-oclusões de Classe I e II, tratados sem
extrações e mecânica Edgewise. A amostra total foi dividida em dois
grupos: Grupo 1 (com ERM), constituído de 25 pacientes com idade
inicial média de 13,53 anos (d.p. = ±1,63) e submetidos à expansão
rápida da maxila durante o tratamento ortodôntico; Grupo 2 (sem ERM),
apresentando 23 pacientes com idade inicial média de 13,36 anos
(d.p. = ±1,81), cujo tratamento ortodôntico não priorizou a expansão
transversal maxilar. Foram medidos nos modelos de estudo das
fases pré (T1), pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3), o índice de
irregularidade de Little, as distâncias intercaninos e, entre os primeiros
e segundos premolares, a distância intermolares, o comprimento e o
perímetro do arco superior. A comparação intergrupos foi realizada
por meio de testes t independentes. Os resultados evidenciaram
incrementos transversais significantemente maiores no grupo tratado
com ERM, entretanto, durante o período pós-contenção, não foram
observadas diferenças significantes entre os grupos em relação à
quantidade de aumento na irregularidade dos incisivos (+1,52 mm
em ambos os grupos), bem como em relação à maioria das variáveis
estudadas. Concluiu-se que a realização do procedimento de expansão
rápida da maxila não apresentou influência na recidiva do apinhamento
anterossuperior em longo prazo.
Unitermos – Técnica de expansão palatina; Ortodontia corretiva;
Recidiva.
ABSTRACT – The purpose of this retrospective study was to compare
the long-term stability of maxillary incisors alignment in cases treated
with or without rapid maxillary expansion (RME) during orthodontic
treatment. The sample comprised 48 subjects presenting Class I
and Class II malocclusions, treated nonextraction and Edgewise fixed
appliances. The sample was divided into two groups according to the
treatment protocol: Group 1 (with RME) comprised 25 patients at a
mean initial age of 13.53 years (s.d.=±1.63), who underwent rapid
maxillary expansion during orthodontic treatment. Group 2 (without
RME) comprised 23 patients at a mean initial age of 13.36 years
(s.d.=±1.81), treated with fixed appliances and no rapid maxillary
expansion. Dental casts measurements were obtained at three times
of evaluation (pretreatment, posttreatment and postretention) and
the variables assessed were Little Irregularity Index, intercanine,
interpremolar and intermolar widths, and maxillary arch length and
perimeter. The statistical analysis was performed by independent t-tests
(Intergroup comparison). The results evidenced significant transversal
increases in group treated with RME (Group 1), however, during the
postretention period, no significant differences were observed between
the groups in the amount of maxillary incisors alignment relapse
(+1,52 mm in both groups), as well as in most of the variables evaluated.
Therefore, it was concluded that the RME procedure did not influence
the long-term maxillary anterior crowding relapse.
Key Words – Palatal expansion technique; Corrective orthodontics;
Crowding.
*Doutor em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP; Professor do Curso de Especialização em Ortodontia – ABO/Pernambuco.
**Professor titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP.
***Doutora em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP. Coordenadora e professora do curso de Mestrado em Ortodontia – Faculdade
Ingá/Uningá.
****Professor titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP.
*****Doutor em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Bauru – FOB/USP; Professor adjunto do curso de Mestrado em Ortodontia – Faculdade Ingá/Uningá.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
669
Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH
| Introdução
foram, em sua maioria, mantidos no período pós-contenção.
Em longo prazo, a irregularidade dos incisivos superiores
Em relação à abordagem científica, apesar de numero-
e inferiores aumentaram 0,5 mm (d.p. = 1,2) e 1,1 mm
sas pesquisas sobre a etiologia da recidiva ortodôntica do
(d.p. = 1,5), respectivamente. Concluíu-se15 que o emprego
apinhamento anteroinferior, uma quantidade significantemente
deste protocolo de tratamento consiste em uma forma efetiva
menor de estudos foi conduzida com enfoque às alterações
de correção da discrepância entre o tamanho dos dentes e o
pós-tratamento na região anterossuperior e nos possíveis
comprimento do arco.
A influência da realização de extrações dentárias sobre
1
fatores associados à magnitude desta recidiva .
A recidiva do apinhamento anterossuperior apresenta
a recidiva anterossuperior também foi investigada 16. Os
menor prevalência quando comparada à recidiva na região
resultados demonstraram que a recidiva da irregularidade dos
dos incisivos inferiores2-6. Fatores como a severidade inicial
incisivos superiores foi mínima (0,19 mm e 0,12 mm, para
são
os grupos com e sem extrações, respectivamente) e sem
considerados, por alguns autores, fatores de risco para a
diferença estatística. A largura intercaninos expandiu durante
recidiva do apinhamento dentário anterossuperior. Entretanto,
o tratamento. As posições dos incisivos em ambos os grupos
verificou-se uma associação entre um período de contenção
tenderam a retornar aos valores pré-tratamento. Porém, foi
prolongado e maior estabilidade no alinhamento dos dentes
obtida uma estabilidade clinicamente aceitável.
do apinhamento
7-8
e a tração das fibras periodontais
9-11
anterossuperiores12. Os incisivos superiores tendem a ro-
A expansão rápida da maxila tem sido sugerida por al-
tacionar no sentido de suas posições iniciais , apesar da
guns autores como um procedimento auxiliar na estabilidade
recidiva no sentido vestibulolingual apresentar-se imprevisível8.
pós-contenção do alinhamento dos incisivos superiores e
Os contatos palatinos existentes com os incisivos inferiores
inferiores15,17-19. Desta forma, o presente trabalho teve como
representam limites ao deslocamento no sentido lingual dos
objetivo analisar retrospectivamente, por meio do índice de
incisivos superiores, e qualquer movimento no sentido ves-
irregularidade de Little, a estabilidade do alinhamento dentário
tibular é provavelmente determinado pela posição e função
do segmento anterossuperior, em casos tratados ortodontica-
4,8
13
dos lábios .
mente com ou sem a realização do procedimento de expansão
No ano 2000, um estudo14 se propôs a avaliar os efeitos
rápida da maxila, visando estabelecer se este procedimento
da fibrotomia supracristal na estabilidade do alinhamento de
ortopédico teria influência ou não na estabilidade pós-tratamen-
incisivos superiores e inferiores. Observou-se um aumento
to do alinhamento dos incisivos superiores.
significante da irregularidade dentária do grupo controle,
em ambos os segmentos anteriores. O grupo em que foi
| Material e Métodos
realizada a fibrotomia não apresentou aumento significante
do apinhamento. No ano seguinte, verificou-se que alterações
Material
no posicionamento dos dentes superiores são, geralmente,
A amostra constitui-se de 48 documentações ortodônti-
resultantes de forças exercidas pelos lábios13, sugerindo13
cas de pacientes tratados nos cursos de Pós-graduação em
que o posicionamento dos dentes anteroinferiores influencia
Ortodontia da Universidade de São Paulo – Faculdade de Odon-
o posicionamento dos dentes superiores, e vice-versa. Desta
tologia de Bauru, selecionadas após a aprovação do projeto
maneira, a recidiva na região anterior em um dos arcos po-
da presente pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
deria estar associada à recidiva do apinhamento dos dentes
mesma Instituição. Os pacientes apresentavam inicialmente
do arco oposto.
más-oclusões de Classe I ou Classe II, tratados ortodontica-
Em 2005, avaliou-se15 a estabilidade de um protocolo de
mente sem extrações. Os critérios para a seleção da amostra
tratamento que envolvia a expansão rápida da maxila, o uso
também incluíram a presença de todos os dentes permanentes
de placa lábio-ativa e, posteriormente, correções ortodônticas
irrompidos ao início do tratamento ortodôntico (até os primeiros
com aparelhos fixos. A amostra apresentava 20 pacientes
molares) e a ausência de anomalias dentárias de forma e/ou
submetidos ao tratamento ortodôntico ao final da dentadura
número. Todos os pacientes foram tratados com aparelhos
mista, e que foram reavaliados após um período pós-contenção
fixos e mecânica Edgewise, e apresentavam documentação
médio de 7,9 anos. Os resultados demonstraram que os incre-
ortodôntica completa.
mentos nas dimensões dos arcos dentários superior e inferior
670
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
A amostra foi dividida em dois grupos, conforme a
Ortopesquisa
realização ou não do procedimento de expansão rápida da
maxila (ERM) durante o tratamento ortodôntico. Desta forma,
Métodos
Os pacientes incluídos no grupo com ERM (Grupo 1)
os grupos foram assim distribuídos:
submeteram-se a um tratamento que incluiu uma fase ortopé-
a) Grupo 1 – Com ERM – apresentou 25 pacientes leucodermas
dica mecânica, que priorizou a expansão transversal do arco
(15 do gênero feminino e dez do gênero masculino), com
superior por meio da abertura da sutura palatina mediana,
idade inicial média de 13,53 anos (d.p. = ±1,63). O tempo
visando à correção da deficiência transversal maxilar inicial.
médio de tratamento ortodôntico, incluindo-se tanto a fase
Desta maneira, as fichas de procedimentos terapêuticos
ortopédica mecânica quanto a fase de Ortodontia corretiva,
foram examinadas para a obtenção de informações sobre o
foi de 2,07 anos (d.p. = ± 0,55). Ao término do tratamento,
protocolo de ativação, tempo de ativação e tempo de conten-
todos os pacientes apresentavam uma finalização satisfa-
ção do procedimento de expansão rápida destes pacientes.
tória. Nesta fase, os pacientes apresentavam uma média
Durante essa fase do tratamento, os pacientes do Grupo 1
de idade de 15,51 anos (d.p. = ±1,74). Os pacientes per-
utilizaram um aparelho dentomucossuportado (expansor fixo
tencentes ao Grupo 1 foram reavaliados após um período
do tipo Haas modificado), ou um expansor do tipo Hyrax, ou o
pós-contenção médio de 5,60 anos (d.p. = ±1,41 anos).
expansor colado. A velocidade de expansão foi maior ou igual
Em relação à má-oclusão inicial, apresentou 16 pacientes com
a ½ volta/dia. Geralmente, os pacientes que constituíram o
má-oclusão de Classe I, e nove pacientes com má-oclusão de
Grupo 1 foram instruídos a girar ¼ do parafuso pela manhã,
Classe II (sete pacientes apresentando ¼ de Classe II, e dois
repetindo-se o mesmo procedimento à noite. A ativação do
pacientes apresentando ½ Classe II). Dos 25 pacientes que
parafuso foi realizada até que se obtivesse uma sobrecor-
constituíram este grupo, 16 apresentavam mordida cruzada
reção da discrepância transversal entre os arcos dentários.
posterior, uni ou bilateral, ao início do tratamento.
Geralmente, esta sobrecorreção corresponde clinicamente
b) Grupo 2 – Sem ERM – constituído por pacientes que não
ao estabelecimento de contato das cúspides palatinas dos
foram submetidos à ERM durante a terapia ortodôntica, apre-
dentes posterossuperiores com as cúspides vestibulares
sentou 23 pacientes leucodermas (13 do gênero feminino e
dos dentes posteroinferiores. O período de contenção com
dez do gênero masculino), com idade média de 13,36 anos
o próprio expansor variou de dois a seis meses.
(d.p. = ±1,81) ao início do tratamento ortodôntico. O tempo
Com o objetivo de compor o Grupo 2, foram selecionados
médio de tratamento foi de 2,18 anos (d.p. = ±0,93). Ao
23 pacientes, de ambos os gêneros, que haviam sido exclusi-
término do tratamento, todos os pacientes, assim como os
vamente submetidos, há pelo menos cinco anos, ao tratamento
pacientes pertencentes ao Grupo 1, apresentavam uma fina-
ortodôntico corretivo por meio do aparelho Edgewise.
lização satisfatória. Nesta fase, os pacientes apresentavam
As variáveis estudadas nos modelos de estudo superiores
uma média de idade de 15,54 anos (d.p. = ±1,86) e foram
foram:
reavaliados após um período pós-contenção médio de 4,92
a) Índice de irregularidade de Little (modificado) 1:
anos (d.p. = ±1,11).
O índice de Little foi calculado nos modelos de gesso
Em relação à má-oclusão inicial, apresentou dez pacientes
superiores nas três fases estudadas (Little 1, Little 2 e
com má-oclusão de Classe I, e 13 pacientes com má-oclusão
Little 3). Para esta medição, utilizou-se um paquímetro digi-
de Classe II (oito pacientes apresentando ¼ de Classe II, e
tal, posicionado paralelamente ao plano oclusal. Aferiu-se,
cinco pacientes com ½ Classe II). Nenhum dos pacientes per-
deste modo, o índice de irregularidade, que se caracterizou
tencentes ao Grupo 2 apresentava mordida cruzada posterior
pelo somatório das distâncias lineares entre os pontos de
ao início do tratamento.
contato anatômicos dos dentes anterossuperiores – caninos
Todos os pacientes utilizaram como contenção, ao final do
e incisivos (Figura 1).
tratamento ortodôntico ativo, uma placa de Hawley removível
b) Distância intercaninos (Interc): distância, medida em milíme-
no arco superior e um 3 x 3 colado de canino a canino no
tros, de ponta a ponta das cúspides dos caninos superiores
arco inferior. A placa de contenção superior foi utilizada, em
direito e esquerdo. Nos casos em que os caninos apresenta-
média, por um ano, enquanto que o 3 x 3 permaneceu por
vam facetas de desgastes, a ponta da cúspide era estimada
um período médio de três anos. O tempo médio de avaliação
pós-tratamento foi de 5,60 anos (d.p. = 1,41) para o Grupo 1,
e 4,92 anos (d.p. = 1,11) para o Grupo 2.
(Figura 2).
c) Distância interpremolares (Interpb e B’): distância, medida
em milímetros, entre as fossas mesiais dos primeiros préOrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
671
Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH
Figura 1
Índice de irregularidade de Little
(modificado) = A+B+C+D+E.
Figura 2
Variáveis estudadas na análise de modelos:
A = distância intercaninos (Interc),
B e B’ = distâncias interpremolares (Interpb E B’),
C = distâncias intermolares (Intermol),
D e E = comprimento do arco (Compr) e
F = perímetro do arco (Perim).
molares superiores, direito e esquerdo, e dos segundos
pré-molares superiores, direito e esquerdo, respectivamente
(Figura 2).
Análise estatística
O erro intraexaminador foi avaliado realizando-se novas
medidas das variáveis estudadas nos modelos iniciais, finais
d) Distância intermolares (Intermol): distância, medida em milí-
e pós-contenção de 15 pacientes pertencentes a ambos os
metros, de ponta a ponta das cúspides mesiovestibulares dos
grupos e selecionados aleatoriamente. As duas primeiras me-
primeiros molares superiores, direito e esquerdo. Nos casos
dições foram realizadas com intervalo de tempo de um mês.
em que os molares apresentavam facetas de desgastes, a
Uma fórmula20 foi aplicada para estimar a ordem de grandeza
ponta da cúspide era estimada (Figura 2).
dos erros casuais. Os erros sistemáticos foram analisados pela
e) Comprimento do arco superior (Compr): correspondeu ao
aplicação de testes t pareados21.
somatório das distâncias medidas entre o ponto de contato
Foi realizada a estatística descritiva (média, desvio-padrão
dos incisivos centrais superiores e a face mesial dos primei-
e número) para os Grupos 1 (com realização de expansão
ros molares dos lados direito e esquerdo (Figura 2).
rápida) e 2 (sem expansão) das medidas obtidas para as
f) Perímetro do arco superior (Perim): distância, medida em
variáveis: índice de irregularidade de Little, distância interca-
milímetros, que se estende da face mesial do primeiro molar
ninos, distância entre os primeiros e segundos pré-molares,
superior direito à fase mesial do primeiro molar superior
distância intermolares, comprimento e perímetro do arco, nas
esquerdo (Figura 2).
fases inicial (T1), final (T2) e pós-contenção (T3). A estatística
672
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
Ortopesquisa
descritiva também foi realizada para a diferença das medidas
Todos os testes foram realizados com o programa Statisti-
obtidas a partir dos modelos entre as fases final e inicial (T2-1),
ca for Windows – Release 6.0 – Copyright StatSoft, Inc. 2001,
caracterizando a correção do tratamento, para a diferença
adotando-se um nível de significância de 5%.
entre as fases pós-contenção e final (T3-2), caracterizando a
alteração durante o período pós-contenção, e para a diferença
| Resultados
entre as fases pós-contenção e inicial (T3-T1), caracterizando
as alterações ocorridas durante o período total de observação.
Os resultados da avaliação dos erros casuais e sistemá-
Para avaliação da compatibilidade entre os Grupos 1 e 2
ticos não evidenciaram diferenças significantes entre as duas
quanto à distribuição dos gêneros e em relação à severidade
medições.
inicial da má-oclusão, utilizou-se o teste qui-quadrado (Tabelas 1
A compatibilidade dos grupos quanto à proporção dos
e 2). Com o intuito de verificar a compatibilidade dos grupos
gêneros e quanto à severidade inicial das más-oclusões foi
quanto à quantidade de apinhamento inicial (Little 1), idades
avaliada pelo teste qui-quadrado (Tabelas 1 e 2). Não houve
inicial (Id T1) e final (Id T2), tempo de tratamento (TTRAT) e de
diferenças estatisticamente significantes entre os grupos em
avaliação pós-contenção (TPOS), utilizou-se o teste t indepen-
relação à distribuição dos gêneros e da severidade inicial das
dente (Tabela 3).
más-oclusões.
Para a comparação intergrupos quanto aos valores obtidos
O teste t independente foi utilizado para avaliação da com-
para as alterações das variáveis durante o tratamento (T2-1),
patibilidade dos grupos quanto à quantidade de apinhamento
durante o período pós-contenção (T3-2) e totais (T3-1), utilizou-se
inicial (Little 1), quanto à idade inicial (Id T1) e quanto aos tempos
o teste t independente (Tabelas 4 a 6).
de tratamento (TTRAT) e de avaliação pós-contenção (TPOS) –
Tabela 3. Não foram observadas diferenças significantes entre
os grupos em relação a estas variáveis.
TABELA 1 – RESULTADOS DO TESTE QUI-QUADRADO PARA AVALIAÇÃO
DA COMPATIBILIDADE DOS GRUPOS 1 E 2, QUANTO A PROPORÇÃO DOS
GÊNEROS
Gênero
Feminino
Masculino
Total
15
10
25
Grupo 2
sem ERM
13
10
23
Total
28
20
48
Grupo
Grupo 1
com ERM
x2 = 0,06
df = 2
p = 0,2647
TABELA 3 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO ÀS
VARIÁVEIS ÍNDICE DE LITTLE INICIAL, IDADES INICIAL E FINAL, TEMPO DE
TRATAMENTO E TEMPO DE AVALIAÇÃO PÓS-CONTENÇÃO DOS GRUPOS
1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE, PARA
AVALIAÇÃO DA COMPATIBILIDADE INTERGRUPOS
TABELA 2 – RESULTADOS DO TESTE QUI-QUADRADO PARA AVALIAÇÃO
DA COMPATIBILIDADE DOS GRUPOS 1 E 2, QUANTO A SEVERIDADE
INICIAL DAS MÁS-OCLUSÕES
Grupo 1
com ERM
Grupo 2
sem ERM
Total
Classe I
16
10
26
¼ Classe II
7
8
½ Classe II
2
Total
25
Grupo
Severidade
x2 = 2,658
df = 2
Variáveis
Grupo 1
com expansão rápida
(N = 25)
Grupo 2
sem expansão rápida
(N = 23)
p
Média
d.p.
Média
d.p.
Little 1
7,65
2,96
6,56
2,84
0,201
15
Id T1
13,53
1,63
13,36
1,81
0,729
5
7
Id T2
15,51
1,74
15,54
1,86
0,956
23
48
TTRAT
2,07
0,55
2,18
0,93
0,625
TPOS
5,60
1,41
4,92
1,11
0,072
p = 0,2647
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
673
Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH
Em relação às alterações ocorridas durante o tratamento
observadas diferenças estatisticamente significantes entre os
(T2-1), foram observadas diferenças significantes entre os grupos
Grupos 1 e 2 para as variáveis Interpb, Interpb’ e Intermol, ou
paras as variáveis Interb, Interb’ e Intermol. O Grupo 1 apresentou
seja, em relação às alterações dimensionais totais, o Grupo 1
incrementos dimensionais transversais maiores que o Grupo 2
apresentou incrementos transversais significantemente maiores
(Tabela 4). Durante o período pós-contenção (T3-2), somente a
que o Grupo 2 (Tabela 6).
alteração da distância entre os primeiros prá-molares (Interpb)
apresentou diferença estatisticamente significante entre os
| Discussão
grupos (Tabela 5). Em relação às alterações totais (T3-1), foram
Apesar de a recidiva anterossuperior apresentar-se menos
prevalente que a anteroinferior, a sua avaliação e a busca por
TABELA 4 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO
ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS
ALTERAÇÕES DO TRATAMENTO (T2-T1), ENTRE OS GRUPOS 1 E 2, COM
E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE
Variáveis
Grupo 1
com expansão rápida
(N = 25)
Grupo 2
sem expansão rápida
(N = 23)
fatores que possam auxiliar na estabilidade no segmento anterossuperior apresentam validade, já que um deterioramento
do tratamento neste segmento do arco também pode resultar
em um comprometimento estético e funcional. Devido à sua
localização no arco, o apinhamento na região anterossuperior
p
tende a apresentar-se mais visível e, consequentemente promover maiores prejuízos estéticos que a irregularidade dentária
Média
d.p.
Média
d.p.
Little 2-1
-6,23
2,90
-4,97
3,11
0,151
Interc 2-1
0,88
1,89
0,58
2,52
0,639
Interpb 2-1
3,65
1,84
1,62
1,70
0,000*
auxiliar na estabilidade pós-contenção do alinhamento dos
Interpb ’2-1
3,82
2,12
1,15
2,15
0,000*
incisivos superiores e inferiores15,17-19. Especula-se que esta
Intermol 2-1
2,97
3,56
0,39
2,57
0,006*
maior estabilidade se deve aos componentes esqueléticos
Compr 2-1
2,50
2,85
1,67
3,73
0,390
relacionados ao incremento transversal maxilar promovido pelo
Perim 2-1
2,69
2,48
1,34
3,20
0,107
*estatisticamente significante para p < 0,05.
TABELA 5 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO
ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS
ALTERAÇÕES NO PERÍODO PÓS-TRATAMENTO (T3-T2), ENTRE OS
GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE
Variáveis
Grupo 1
com expansão rápida
(N = 25)
Grupo 2
sem expansão rápida
(N = 23)
p
A expansão maxilar por meio da abertura da sutura
palatina mediana tem sido considerada um procedimento
aparelho expansor, situação contrária à expansão dos arcos,
promovida exclusivamente durante a mecânica ortodôntica
TABELA 6 – RESULTADOS DO TESTE T INDEPENDENTE, APLICADO
ÀS VARIÁVEIS ESTUDADAS, PARA VERIFICAR AS DIFERENÇAS DAS
ALTERAÇÕES NO PERÍODO TOTAL DE OBSERVAÇÃO (T3-T1), ENTRE OS
GRUPOS 1 E 2, COM E SEM EXPANSÃO RÁPIDA, RESPECTIVAMENTE
Variáveis
Grupo 1
com expansão rápida
(N = 25)
Grupo 2
sem expansão rápida
(N = 23)
p
Média
d.p.
Média
d.p.
Little 3-1
-4,72
3,27
-3,44
2,73
0,152
0,066
Interc 3-1
0,30
1,53
0,47
2,47
0,778
0,98
0,045*
Interpb 3-1
2,51
1,67
1,04
1,52
0,003*
-0,27
0,99
0,095
Interpb ’3-1
3,05
1,82
0,89
1,95
0,000*
1,64
0,42
1,16
0,146
Intermol 3-1
2,78
3,19
0,81
1,87
0,013*
-1,57
1,24
-1,69
1,26
0,732
Compr 3-1
0,93
2,41
-0,02
3,25
0,252
-1,65
1,29
-1,20
1,09
0,194
Perim 3-1
1,04
2,57
0,14
3,29
0,296
Média
d.p.
Média
d.p.
Little 3-2
1,52
1,60
1,52
1,38
0,992
Interc 3-2
-0,58
0,72
-0,11
1,00
Interpb 3-2
-1,14
0,90
-0,58
Interpb ’3-2
-0,77
1,05
Intermol 3-2
-0,20
Compr 3-2
Perim 3-2
*estatisticamente significante para p < 0,05.
674
anteroinferior1.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
*estatisticamente significante para p < 0,05.
Ortopesquisa
de nivelamento e alinhamento dos dentes. Baseado nestes
mecânica ortodôntica fixa utilizando, para tanto, grupos contro-
relatos, investigou-se a influência da realização do procedi-
les sem tratamento22-23 ou compararam seus resultados com
mento de ERM sobre a estabilidade do alinhamento dentário
os obtidos em outros trabalhos15,17-18.
anterossuperior.
Não houve diferença significante entre os dois grupos em
A seleção da amostra foi realizada de forma a eliminar
relação à quantidade de correção de apinhamento anterossu-
o maior número possível de fatores que poderiam influenciar
perior (Tabela 4). A redução da irregularidade dos incisivos
os resultados. Desta forma, uma das maiores preocupações
superiores do Grupo 1 (com ERM) durante o tratamento foi
na condução deste trabalho consistiu na obtenção de grupos
similar à de estudos anteriores que utilizaram o procedimento
compatíveis, o que viabilizaria uma correta comparação e, con-
de ERM associado à terapia ortodôntica fixa como mecanismo
sequentemente, favoreceria a interpretação e a confiabilidade
para a correção do apinhamento, em casos tratados sem
dos resultados. Para tanto, realizou-se uma homogeneização
extrações dentárias15,18.
das características ao início e ao término do tratamento orto-
Em relação às dimensões transversais do arco superior,
dôntico. Os grupos foram compatibilizados quanto ao protocolo
observou-se maior incremento no grupo submetido à expansão
de tratamento, o tipo de acessório ortodôntico utilizado e em
rápida da maxila (Tabela 4). A expansão maxilar no Grupo 1 ocor-
relação às distribuições dos gêneros e da má-oclusão inicial.
reu de forma mais efetiva na região posterior do arco, como
Além disso, foram compatibilizadas características como: as
já relatada na literatura24. Não foi observada diferença entre
idades inicial e final, o tempo de tratamento e o tempo de
os grupos na alteração da distância intercaninos superiores,
avaliação pós-contenção. Desta maneira, as alterações que
diferentemente de estudos prévios realizados25-26.
ocorreram no período pós-contenção puderam ser analisadas
No que diz respeito às alterações no comprimento e pe-
com maior segurança. Uma pesquisa7, concluída em 2011,
rímetro do arco superior durante o tratamento (Tabela 4), os
comparou a recidiva do apinhamento anterossuperior em
resultados deste trabalho não indicaram diferenças significantes
pacientes com má-oclusão de Classe I e Classe II, divisões 1
entre as alterações do grupo tratado com ERM (Grupo 1) àque-
e 2 de Angle. A amostra consistiu em 70 pacientes divididos
las ocorridas no grupo tratado sem a realização deste mesmo
em três grupos de acordo com o tipo de má-oclusão. Os resul-
procedimento (Grupo 2). Entretanto, uma revisão da literatura
tados da comparação intergrupos não mostraram diferenças
pertinente suportaria a afirmação de que o procedimento de
estatisticamente significantes nas fases avaliadas. A recidiva do
expansão rápida da maxila pode promover espaço adicional
apinhamento superior foi influenciada pelo apinhamento inicial
nos arcos para corrigir problemas relacionados à falta de espa-
e os dentes tenderam a voltar à posição original. Pacientes do
ço22-23. Por exemplo, um estudo27 realizado em 1990 demons-
gênero feminino apresentaram mais recidiva do apinhamento
trou que cada milímetro de aumento transversal na região de
anterossuperior que os do gênero masculino.
pré-molares produz um ganho no perímetro do arco superior de
Os resultados favoráveis obtidos em relação à avaliação
0,7 mm (70%). No presente trabalho observou-se um aumento de
dos erros casual e sistemático são reflexos da padronização
3,65 mm (d.p. = 1,84) na distância entre os primeiros pré-mo-
e da precisão na execução das aferições, e resultado também
lares. Esta expansão correspondeu a um aumento no perímetro
da simplicidade e objetividade da mensuração do índice de
do arco superior durante o tratamento equivalente a 2,69 mm
irregularidade de Little e das demais variáveis estudadas aos
(d.p. = 2,48), que representa 73% da expansão obtida na região
modelos de estudo.
de pré-molares (Tabela 4).
A divisão da amostra total (48 pacientes) em dois grupos foi
Nota-se, na Tabela 4, que ambos os grupos apresenta-
realizada de acordo com a realização ou não do procedimento
ram algum aumento no perímetro e no comprimento do arco.
de expansão rápida da maxila durante o tratamento ortodôntico
Entretanto, apesar de ocorrerem aumentos no comprimento
sem extrações. A comparação entre os dois grupos, ambos
e perímetro do arco superior do Grupo 1 (2,50 e 2,69 mm,
tratados sem extrações e mecânica Edgewise, permitiu efeti-
respectivamente), estes não foram significantemente maiores
vamente verificar a influência da realização do procedimento
que aqueles observados no grupo tratado sem a realização da
de ERM (somente realizado no Grupo 1) sobre a estabilidade
ERM (1,67 e 1,34 mm, respectivamente). O Grupo 2, apesar
longitudinal do alinhamento dos incisivos superiores. Estudos
de constituir-se de pacientes que não foram submetidos à
prévios relacionados ao assunto, basicamente, avaliaram a
procedimentos que teriam por finalidade a expansão maxilar,
estabilidade do tratamento de casos tratados com ERM e
apresentou alguma expansão do arco superior consequente ao
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
675
Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH
tratamento com mecânica Edgewise, já observada em estudos
varam aumento na irregularidade dos incisivos superiores de
prévios de casos tratados sem extrações12,28. Especula-se que,
0,19 mm e 0,12 mm nos casos tratados com e sem extrações,
provavelmente, se o Grupo 1 fosse comparado a um grupo
respectivamente, quatro anos e 11 meses pós-contenção. O
controle compatível, sem tratamento, os ganhos no perímetro
grupo tratado com extração apresentava um apinhamento ini-
do arco como resultado do procedimento de ERM poderiam
cial de 4,4 mm, enquanto que o grupo tratado sem extrações
se apresentar significantes estatisticamente. Deve-se ressaltar
apresentava uma apinhamento inicial de apenas 1,94 mm. As
que o uso da ERM como recurso para obtenção de espaço em
contenções superior e inferior (Placas de Hawley) foram removi-
tratamentos sem extrações deve ser realizado de forma mais
das pelo menos dois anos antes da avaliação pós-contenção. A
racional e, principalmente, que o planejamento dos tratamentos
excepcional estabilidade deste trabalho pode estar relacionada
deve ser baseado nos problemas presentes no arco inferior29.
à pequena quantidade de apinhamento inicial e a um curto
Os resultados demonstraram que a quantidade média de
intervalo entre a remoção das contenções e a avaliação pós-
recidiva do apinhamento anterossuperior durante o período pós-
contenção.
contenção foi a mesma nos dois grupos (1,52 mm). Ocorreu
Ainda que o procedimento de ERM não tenha exercido
recidiva do apinhamento anterossuperior na grande maioria
qualquer influência sobre a estabilidade anterossuperior e os re-
dos pacientes avaliados, com uma porcentagem média de
sultados demonstrem uma recidiva anterossuperior pós-contenção
24,39% e 30,64% para os grupos com e sem expansão rápida
maior que a relatada em estudos prévios, os índices de irregu-
da maxila, respectivamente.
laridade ao final do período pós-contenção para os Grupos 1 e
Diferentemente de especulações prévias18, neste estudo,
verificou-se que a expansão ortopédica do arco superior não
2 (2,93 e 3,12 mm, respectivamente) podem ser considerados
clinicamente aceitáveis.
influenciou na estabilidade pós-contenção do alinhamento dos
Os pacientes submetidos à expansão (Grupo 1) apresen-
incisivos superiores. Os resultados confirmam a imprevisibilida-
taram redução em todas as variáveis que representam as
de e grande variabilidade em relação à recidiva do apinhamento
dimensões do arco superior durante o período de pós-conten-
e, desta forma, demonstra-se novamente que a habilidade para
ção (Tabela 5). O grupo tratado sem ERM (Grupo 2) apresentou
identificar os pacientes de maior risco apresenta-se limitada.
comportamento similar, exceto para a distância intermolares,
Os resultados do presente estudo foram similares a um trabalho
que aumentou 0,42 mm. Estes resultados confirmam trabalhos
anterior12, em que observaram uma recidiva após cinco anos de
prévios15,18, que também observaram alguma redução nas
remoção das contenções de 1,10 mm. Entretanto, observa-se na
dimensões do arco superior após a remoção da contenção.
literatura18 resultados mais favoráveis em relação a esta recidiva,
No presente trabalho, não foram observadas diferenças signi-
mesmo 8-10 anos após a remoção das contenções. Avaliando
ficantes entre os grupos na quantidade média de redução das
137 casos tratados com expansão rápida e aparelhos fixos,
variáveis que avaliaram as dimensões do arco superior, exceto
18
observaram uma recidiva anterossuperior média de 0,6 mm
para a variável Interpb (distância entre os primeiros pré-mola-
(d.p. = 1,30). Em 1997, uma pesquisa6 evidenciou que 96%
res). Uma maior redução desta distância no Grupo 1 pode ser
da correção do apinhamento anterossuperior durante o trata-
explicada pela aplicação de forças intensas sobre estes dentes
mento era mantida após 15 anos do término do tratamento.
durante o procedimento de expansão rápida da maxila. Por ser
A quantidade de apinhamento aumentou de 1,5 mm ao final
um dente utilizado como ancoragem pelo aparelho expansor, a
do tratamento para 1,8 mm na avaliação pós-contenção. Em
aplicação de forças de grande magnitude sobre estes dentes
15
estudo mais recente , que também avaliou a recidiva deste seg-
pode ter resultado em uma maior inclinação vestibular que,
mento do arco em casos tratados sem extrações, observou-se
durante o período pós-contenção, resultou em maior quantidade
que durante o período pós-contenção (7,9 anos) houve aumento
de recidiva (movimentação no sentido palatino) que os demais
da irregularidade dos incisivos superiores de apenas 0,47 mm
dentes posteriores. Especula-se que esta maior movimentação
(d.p. = 1,19). A maior estabilidade do alinhamento dos dentes
no sentido palatino possa ter resultado em uma maior redução
anterossuperiores destes trabalhos6,15,18, muito provavelmente,
na distância entre os primeiros pré-molares (variável Interpb).
pode ser explicada pelo maior tempo de uso das contenções
Os resultados apresentados na Tabela 6 (alterações to-
após o tratamento ortodôntico fixo, ressaltando a importância
tais) demonstram que as maiores diferenças entre os grupos
de protocolos mais rígidos de contenção para o arco superior.
ocorreram nas variáveis que representam as dimensões do
Em um estudo16 conduzido em 2006, os autores obser-
arco superior na região posterior. O Grupo 1, submetido à
676
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
Ortopesquisa
ERM durante o tratamento ortodôntico, apresentou ao final
durante o tratamento quanto durante o período pós-contenção.
do período pós-contenção maiores incrementos na dimensão
Desta forma, a despeito da efetividade da ERM na correção
transversal quando comparado ao Grupo 2. Estes resultados
de deficiências transversais na região posterior, amplamente
demonstram que o procedimento de ERM foi capaz de promo-
relatada na literatura, a estabilidade do alinhamento dentário
ver efetivas alterações transversais no arco superior, e que
anterossuperior em casos onde este recurso foi utilizado para
estes incrementos transversais apresentaram estabilidade em
a obtenção de espaço adicional no arco apresentou-se similar a
longo prazo. O aumento na distância intermolares superiores
de casos ortodônticos em que o apinhamento anterossuperior
(+2,78 mm) no Grupo 1, com ERM, foi significantemente maior
foi corrigido simplesmente com mecânica ortodôntica fixa.
que no Grupo 2, sem ERM (+0,81 mm).
O emprego dos diversos procedimentos terapêuticos em
Em relação às alterações totais no comprimento e
Ortodontia e na Ortopedia facial deve ser realizado sobre as
no perímetro do arco dos Grupos 1 e 2, os resultados de-
bases sólidas do conhecimento, refletindo primordialmente as
monstraram incrementos residuais de 0,93 mm e 1,04 mm,
informações adquiridas a partir de evidências científicas. Desta
respectivamente, não havendo diferença significante entre os
forma, pode-se afirmar que a realização da ERM com o objetivo
grupos. Um estudo similar18 não observou qualquer alteração
exclusivo de corrigir o apinhamento dentário do arco superior,
no comprimento do arco durante o tratamento com ERM e apa-
seja suave ou moderado, mostra-se injustificável, já que o
relhos fixos. Entretanto, relataram18 um aumento no perímetro
espaço ganho com a expansão, utilizado para o alinhamento
do arco superior de 1,6 mm, após 8-10 anos de remoção das
e o nivelamento dos incisivos, não permanece estável na fase
contenções.
pós-contenção. Possivelmente, o emprego deste procedimento
23
avaliaram as alterações
nesta situação poderá resultar em um aumento no grau de
dimensionais dos arcos de casos tratados com ERM e mecânica
reabsorções radiculares e risco de deiscências vestibulares30,
23
Previamente, alguns autores
que, em relação a um grupo
aumento dos gastos despendidos, prolongamento do tempo
controle sem tratamento, houve um ganho ao final do período
do tratamento e, em síntese, uma redução da eficiência do
pós-contenção de 6,0 mm no perímetro do arco superior.
tratamento.
ortodôntica fixa. Observaram
Relataram23 que, em longo prazo, o protocolo de tratamento
utilizado foi capaz de se opor à tendência fisiológica de redução
| Conclusão
do perímetro do arco (-3,0 mm) e produzir um ganho de espaço
de 3,0 mm no arco superior.
Não houve influência da realização do procedimento de
expansão rápida da maxila durante o tratamento sobre a reci-
Implicações clínicas
diva do apinhamento anterossuperior, uma vez que pacientes
Os resultados apresentados neste trabalho indicam que a
submetidos ou não a disjunção maxilar apresentaram, em
realização do procedimento de ERM não apresenta influência
média, a mesma quantidade de recidiva (1,52 mm), cinco anos
sobre a recidiva do apinhamento anterossuperior. Além disso,
após o término do tratamento.
pode-se afirmar que a obtenção de espaço por meio da ERM
para a correção do apinhamento deve ser uma opção de tratamento a ser analisada com ressalvas, pois, apesar de algum
ganho no arco superior em relação ao perímetro do arco, a
literatura demonstra que as alterações dimensionais no arco
inferior não apresentam significância clínica. Deve-se ressaltar
que o planejamento ortodôntico deve se basear primordialmente nas deficiências presentes no arco inferior. Sendo assim,
o emprego da ERM como forma de obter espaço adicional
Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter
ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade
comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem
trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade
com interesse financeiro nesta área.
para a correção do apinhamento anteroinferior apresenta-se
pouco plausível.
Os resultados demonstraram que os grupos tratados com
ou sem a realização da ERM apresentaram alterações semelhantes nas dimensões transversais do arco na região anterior, tanto
Endereço para correspondência:
Luiz Filiphe Gonçalves Canuto
Rua José Bonifácio, 205 – Sala 109 – Madalena
50710-000 – Recife – PE
Tel.: (81) 3083-5663
[email protected]
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):669-78
677
Canuto LFG | de Freitas MR | de Freitas KMS | Janson G | Cançado RH
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expansion with tooth-tissue-borne and tooth-borne
expanders: a computed tomography evaluation. Am
J Orthod Dentofacial Orthop 2006;129(6):749-58.
Trabalho original
Ortopesquisa
Estudo cefalométrico comparativo dos traçados preditivos e
resultados ortodôntico-cirúrgicos em pacientes com face longa
Cephalometric comparative evaluation of predictibility for
surgical orthodonthic treatment in long face patients
Carla Maria Melleiro Gimenez*, André Pinheiro de Magalhães Bertoz*, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli**,
Valfrido Antonio Pereira Filho**, Francisco Antônio Bertoz***
RESUMO – O objetivo desta pesquisa foi comparar, por meio de
análises cefalométricas, os traçados preditivos (pelo método manual
e pelos programas Dentofacial Planner Plus e Dolphin Image) com
os resultados pós-cirúrgicos, avaliando assim a previsibilidade dos
traçados preditivos. Foram selecionadas as telerradiografias pré e
pós-cirúrgicas (seis meses após a cirurgia ortognática) de 25 pacientes
tratados com cirurgia ortognática combinada. Foram realizados os traçados preditivos para cada método e estes foram comparados com os
resultados pós-cirúrgicos. Este protocolo foi repetido para a avaliação
do erro do método, e a estatística instituída utilizou-se da análise de
variância. Os resultados mostraram maior frequência de aproximações
para os valores cefalométricos dos resultados pós-cirúrgicos quando
o método manual foi empregado (50% de similaridade), seguido dos
programas DFPlus (31,2%) e Dolphin (18,8%). A condição experimental permitiu concluir que o método de previsão manual teve maior
precisão, embora a previsibilidade dos métodos digitais tenha sido
razoavelmente satisfatória.
Unitermos – Ortodontia; Previsibilidade; Cefalometria; Cirurgia
ortognática; Face.
ABSTRACT – The purpose of this research was to compare, by cephalometric analysis (McNamara and Legan & Burstone) the predictive
tracings (by methods manual, and by softwares Dentofacial Planner Plus
and Dolphin Image) with the post surgical results. Were selected the pre
and post surgical lateral telerradiograph (six months after orthognatic
surgery) of the 25 long face patients treated with combined orthognatic
surgery. Were made the prediction tracings for each method and comparing cephalometrically with the post surgical results. This protocol was
repeated once more for the error method evaluation, and the statistical
was made by variance analysis and Tuckey overtest. The results show
more frequency of the cephalometric values’ aproximation of the post
surgical results when the manual method (50% of the similarity with
the post surgical result), followed of the DFPlus (31,2%) and Dolphin
(18,8%) softwares. The experimental condition permits to conclude
that the manual method had more precision, although the previsibility
of the digital methods was reasonable satisfactory.
Key Words – Orthodontics; Previsibility; Cephalometry; Orthognatic
Surgery; Face.
*Especialistas, mestres e doutores em Ortodontia – Faculdade de Odontologia Araçatuba, Unesp.
**Professores da disciplina de Diagnóstico e Cirurgia – Faculdade de Odontologia de Araraquara, Unesp.
***Professor titular da disciplina de Ortodontia – Faculdade de Odontologia Araçatuba, Unesp.
Recebido em mai/2012 – Aprovado em set/2012
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
681
Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA
| Introdução
pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas (seis meses) de uma amostra de
25 pacientes adultos face longa, Classe II de Angle, submetidos
Pesquisas epidemiológicas demonstram que uma grande
à cirurgia ortognática bimaxilar. Essas telerradiografias foram
porcentagem da população apresenta algum tipo de má-oclusão.
provenientes do Cedeface (Centro de Pesquisa e Tratamento
Muitos desses casos são severos, afetando as proporções faciais
das Deformidades Bucofaciais – Araraquara/SP) e da Disciplina
e a qualidade de vida, os quais requerem correção ortodôntico-
de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da Faculdade
1-2
cirúrgica para a obtenção de resultados satisfatórios .
de Odontologia de Araçatuba – Unesp (FOA n0 2006-00847).
Os procedimentos ortodônticos preparatórios para a
A inclusão na amostra baseou-se nos seguintes critérios:
cirurgia ortognática têm como principal meta posicionar os
1. Pacientes de ambos os gêneros, leucodermas, brasileiros,
elementos dentários nas suas respectivas bases ósseas, de
dentados, que não se encontravam em fase de crescimento
forma a eliminar as inclinações inadequadas que ocorrem como
resposta compensatória no processo de desenvolvimento da
má-oclusão. Nessa fase, um dos passos mais importantes é
a realização dos traçados de previsão, baseados na avaliação
clínica do paciente, os quais evidenciam a inclinação dos
ativo;
2. Portadores do padrão de crescimento tipo vertical com
características de face longa;
3. Relação dentária de Classe II, não apresentando mordida
aberta anterior;
incisivos e sugerem os movimentos cirúrgicos necessários,
4. Tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar realizado em um
proporcionando a visualização do resultado a ser alcançado
período mínimo de seis meses para suficiente regressão do
tanto no tangente ao tecido mole quanto ao esquelético.
edema ocasionado pelo ato cirúrgico;
Esses traçados criam uma situação na qual é possível
descrever detalhadamente as alterações cirúrgicas, o que leva
3
5. Documentação radiográfica dos períodos inicial, pré-operatório imediato e pós-operatório de boa qualidade;
a uma otimização na condução do caso . Convencionalmente
6. Ausência de patologias, fissuras e assimetrias faciais;
são realizados de forma manual, no entanto, existem programas
7. Técnica ortodôntica de Edgewise convencional para o
digitais que realizam a previsão de resultados com base na
digitalização de pontos cefalométricos das telerradiografias.
Esses programas são capazes de simular o efeito da descom-
preparo ortodôntico;
8. Ausência de outro tipo de cirurgia reparadora estética facial
durante ou após o tratamento ortodôntico-cirúrgico;
pensação dos incisivos e os consequentes movimentos das
Dos 25 pacientes da amostra, 22 (88%) pertenciam ao
bases ósseas, traduzindo-os de modo ilustrado e fornecendo
gênero feminino e três (12%) pertenciam ao gênero masculino,
uma silhueta do perfil mole e esquelético pós-cirúrgico.
sendo a média etária de 32,24 anos (17 a 45 anos).
Assim, é possível avaliar e comparar a precisão dessas
duas opções: manual e digital, de maneira a verificar qual delas
Avaliação cefalométrica
trará maior confiabilidade tanto para o cirurgião bucomaxilofacial
Utilizando-se papel transparente de acetato e lapiseira,
como para o ortodontista que prepara o paciente para a cirurgia.
cada telerradiografia foi traçada sobre o negatoscópio três
vezes (de forma alternada e com intervalos semanais, a fim
| Proposição
de evitar a memorização de cada traçado), em ambiente com
luminosidade controlada, marcando-se 71 pontos necessários
O objetivo deste trabalho retrospectivo foi verificar a pre-
para a digitalização no programa Dentofacial Planner Plus. O
cisão da previsibilidade dos traçados de previsão manuais e
último traçado de cada paciente, referente às telerradiografias
dos digitalizados (programas Dentofacial Planner Plus e Dolphin
pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas (seis meses), foi utilizado como
Image), comparando-os por meio de análises cefalométricas
guia para a digitalização ordenada e sequencial dos pontos
com os resultados pós-cirúrgicos obtidos de pacientes face
cefalométricos (matrizes). A digitalização de cada traçado foi
longa, submetidos à cirurgia ortognática bimaxilar.
repetida duas vezes para a avaliação da reprodutibilidade do
método.
| Material e Métodos
Utilizou-se o programa Dentofacial ShowCase-DFPlus e o
programa Dolphin Imaging 10.5 para a avaliação cefalométri-
Amostra
ca, sendo um único examinador calibrado para o traçado e a
Analisaram-se as telerradiografias em norma lateral
682
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
digitalização das telerradiografias.
Ortopesquisa
A partir dos traçados pré-cirúrgicos (matrizes), foram
Os resultados (medidas lineares e angulares das análises
construídos os traçados de previsão manuais e os traçados
cefalométricas adotadas) foram tabulados no programa Excel
de previsão nos programas Dentofacial Planner Plus (DFPlus) e
para o Windows, para organização das informações e aplicação
Dolphin Imaging 10.5 (Dolphin), com base nos dados da cirurgia
de testes estatísticos.
que foi realizada (registros nas pastas clínicas de arquivo dos
Do ponto de vista cefalométrico, avaliou-se sistematica-
pacientes). Para cada paciente, obteve-se a seguinte sequên-
mente cada mensuração referente às análises selecionadas4-7
cia de traçados: de previsão manual, de previsão do DFPlus,
de forma a relacionar o erro de previsibilidade: diferença entre
de previsão do Dolphin e traçado pós-cirúrgico (resultado
a medida pós-cirúrgica real e a medida de previsão de cada
real). Essa sequência de traçados foi submetida às análises
método estudado (Dentofacial Planner Plus, Dolphin Imaging,
cefalométricas.
traçados preditivos manuais). Se a diferença fosse nula,
A sequência para digitalização no DFPlus foi a seguinte:
1. Colocação da matriz (traçado pré-cirúrgico) sobre a mesa
digitalizadora;
2. Marcação sequencial dos 71 pontos, clicando sobre os
mesmos na sequência correta;
significaria que a previsão teria sido idêntica ao resultado
pós-cirúrgico real, o que evidenciaria excelente grau de precisão quanto à previsibilidade. Portanto, quanto mais próximas
as medidas cefalométricas se posicionassem em relação ao
valor numérico zero, mais acurado o método de previsibilidade.
3. O programa constrói a imagem do traçado;
Ademais, o erro de previsão negativo ou positivo indica que
4. Nos casos do traçado pós-cirúrgico e do traçado de previsão
o valor previsto é, respectivamente, menor ou maior do que
manual, aplicou-se as análises cefalométricas e a impressão
das mesmas;
o valor real.
Essa comparação foi desenvolvida em três etapas:
5. A partir da digitalização da matriz do traçado pré-cirúrgico,
1. Avaliação com o teste t de Student (pareado), verificando-
efetuou-se o traçado de previsão no programa, simulando-se
se se houve erro de previsão estatisticamente diferente de
a cirurgia de maxila e posteriormente a de mandíbula;
zero (de cada medida das análises cefalométricas citadas
6. A partir do traçado de previsão do programa DFPlus, da
para todos os métodos de previsão). O erro de previsão foi
aplicação das análises cefalométricas, faz-se a impressão
dado pelo resultado real pós-cirúrgico subtraído do valor
das mesmas;
7. Digitalização e tabulação dos dados cefalométricos no
programa Excel for Windows;
cefalométrico de previsão.
2. Análise de variância para comparação entre o traçado
pós-cirúrgico e os traçados de previsão manual e computadorizado.
A sequência para digitalização no Dolphin Imaging 10.5
3. Sobreteste de Tukey.
foi a seguinte:
1. As matrizes pré-cirúrgicas foram fotografadas;
2. Realizou-se a captura da imagem pelo programa;
Planejamento bioestatístico
Inicialmente, foi realizado o cálculo de amostra para avaliar
3. Trabalhou-se a imagem em relação à cor e ao contraste;
se o tamanho da amostra havia sido suficiente para garantir a
4. Selecionaram-se as análises cefalométricas a serem utiliza-
significância dos resultados esperados dentro da metodologia
das e seus respectivos pontos cefalométricos;
indicada.
5. Instituiu-se a calibragem quanto ao tamanho e às proporções
Após a coleta de dados, estes foram submetidos ao teste
da imagem (régua do programa e traçado de 1 cm ao lado
de aderência de Lilliefors e Levene para verificação da distri-
da imagem: conversão de possíveis distorções e despro-
buição da normalidade dos mesmos. Sendo a distribuição dos
porções);
dados normal, foi indicado um teste estatístico paramétrico.
6. Ajuste da imagem;
O teste t de Student foi empregado para avaliar se a mé-
7. Marcação sequencial de pontos cefalométricos;
dia dos erros de previsão, de cada medida cefalométrica, era
8. Simulação do tratamento com cirurgia ortognática, inician-
significativamente diferente de zero ao nível de 5%. Significa
do sempre pela maxila e posteriormente reposicionando a
testar se, em média, a medida cefalométrica prevista difere
mandíbula (de acordo com os dados da cirurgia real);
significativamente da medida obtida após a cirurgia ortognática.
9. Aplicação das análises cefalométricas e impressão dos
valores cefalométricos obtidos.
Por outro lado, a análise de variância de dois fatores (método
e paciente) foi empregada para avaliar se, em média, havia
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
683
Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA
evidência de diferença significativa entre os métodos quanto aos
Na Tabela 1, são mostradas as médias e os desvios-padrão
erros de previsão do valor pós-operatório de cada medida cefa-
dos erros de previsão das medidas cefalométricas angulares e
lométrica. Essa análise foi complementada pelo teste de Tukey,
lineares estabelecidas por McNamara Jr. Os testes estatísticos
de comparações múltiplas de médias. Adotou-se novamente o
de Levene e Shapiro-Wilk comprovaram, respectivamente,
nível de significância de 5% para a tomada de decisão. Foram
homogeneidade de variâncias entre os três métodos quanto
construídos, também, intervalos de confiança de 95% para as
ao erro de previsão e normalidade desses erros. Então, os
médias populacionais de erros de previsão.
desvios-padrão permitiram estimar a precisão dos métodos de
Ressalte-se que a leitura dos dados pelos programas
previsão, podendo-se estabelecer aproximadamente 95% dos
utilizados foi realizada duas vezes, ocorrendo concordância
erros no intervalo de dois desvios-padrão em torno da média.
excelente entre os resultados das duas análises cefalométricas
Foram colocadas na tabela as médias e os desvios-padrão
8-11
aplicadas
, trazendo maior confiabilidade aos procedimentos
das medidas cefalométricas pós-operatórias, o que permite a
(análise de erro do método).
visualização do erro de previsão relativo, dado pela divisão do
erro de previsão pela média real. Desse modo, fica facilitada a
| Resultados
interpretação da relevância clínica do erro de previsão.
O teste t de Student foi aplicado para comparar cada média
Para o propósito deste trabalho, analisaram-se medidas
de erro de previsão com o zero individualmente, ao nível de
cefalométricas de 25 pacientes quanto ao erro de previsão,
significância de 5%. Na Tabela 1, as médias significativamente
definido pela diferença entre a medida cefalométrica prevista
diferentes de zero estão assinaladas com um asterisco. Isso
pelo método manual ou pelos métodos computadorizados
expressa que o método utilizado prevê média da medida
(DFPlus e Dolphin) e a medida real, constituída após a cirurgia
cefalométrica significativamente diferente da real: maior ou
ortognática (traçado pós-cirúrgico). Portanto, erro de previsão
menor conforme a média de erro, seja positiva ou negativa.
negativo ou positivo indica que o valor previsto é, respectiva-
Das 33 médias avaliadas pelo teste estatístico, somente oito
mente, menor ou maior do que o valor real.
não se mostraram significativamente diferentes de zero. Ou
TABELA 1 – MÉDIAS (M) E DESVIOS-PADRÃO (DP) DAS MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS DE MCNAMARA JR. PÓS-CIRÚRGICAS E AS
MÉDIAS DOS ERROS DE PREVISÃO (ME) COM SEUS RESPECTIVOS DESVIOS-PADRÃO (DP), DE ACORDO COM O MÉTODO DE
PREVISÃO UTILIZADO
Medida
cefalométrica
Pós
Dolphin
DFPlus
Me
DP
Me
DP
*
-4,7
2,9
a
*
-6,7
3,9
b
*
a
*
-3,4
7,0
a
*
-8,3
6,5
b
*
4,5
a
*
-7,3
5,7
a
*
-7,3
5,9
a
*
5,2
5,1
b
*
3,8
5,2
b
*
-0,9
5,4
a
5,5
2,1
3,9
a
*
2,4
5,4
a
*
1,6
4,3
a
0,1
6,3
-4,0
4,8
a
*
-5,3
5,8
a
*
-7,8
6,0
b
1-Aperp
2,5
3,3
2,8
3,4
b
*
2,5
3,1
b
*
0,9
3,4
a
1-A-Pg
1,8
3,1
3,5
2,0
b
*
4,0
2,6
b
*
2,5
2,5
a
FMA
30,6
5,0
-1,8
3,6
a
*
-0,7
3,8
a
0,0
4,4
a
Eixo facial
87,3
4,1
-1,1
3,6
a
7,6
3,0
c
*
-3,9
4,1
b
Ang. nasolabial
100,7
12,2
0,7
13,3
a
11,0
10,4
b
*
2,3
13,9
a
M
DP
Me
DP
6,5
4,8
-6,6
3,9
b
Co-Gn
124,3
6,5
-2,3
4,4
CO-A
96,1
6,7
-7,4
Dif. Mx-Md
28,3
4,2
Afai
77,7
Pg-Nperp
A-Nperp
Médias com letras iguais em uma linha não são significativamente diferentes pelo teste de Tukey ao nível de 5%.
*médias significativamente diferentes de zero pelo teste t de Student ao nível de 5%.
Amarelo: medidas cujo erro de previsão foi estatisticamente igual a zero (resultado real similar à previsão).
Verde: medidas com menor erro de previsão entre os três métodos avaliados.
684
Manual
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
*
*
*
Ortopesquisa
seja, apenas oito apresentaram uma previsão que não diferiu
O resultado está indicado na Tabela 1, em que médias com
estatisticamente do resultado final real. Essas medidas foram:
letras iguais em uma medida cefalométrica não são significa-
diferença maxilo-mandibular (método manual), Afai (método ma-
tivamente diferentes ao nível de 5%. Portanto, linhas com as
nual), 1-Aperp (método manual), FMA (método manual e Dolphin),
três letras iguais refletem a não significância já apontada pela
eixo facial (DFPlus), ângulo nasolabial (método manual e DFPlus).
análise de variância.
Portanto, as previsões que não diferiram estatisticamente do
As médias de erro de previsão estão representadas nos
resultado real pós-cirúrgico apresentaram-se mais frequentes
Gráficos 1 e 2, respectivamente, para as medidas cefalométricas
quando da utilização do método manual (cinco variáveis cefalo-
angulares e lineares. Nessas figuras, a barra vertical representa
métricas), seguido do método computadorizado DFPlus (duas
um intervalo de confiança de 95% para a média populacional,
variáveis cefalométricas) e do Dolphin (apenas uma variável
indicando a precisão sobre a média do erro de previsão.
cefalométrica). As médias significativamente diferentes de zero
As medidas que mais se aproximaram do resultado real,
em uma mesma medida cefalométrica têm sempre o mesmo
mesmo apresentando diferença estatisticamente significante,
sinal, positivo ou negativo.
foram: 1-APg (método manual), Pg-Nperp (DFPlus), CO-A (mé-
Análises de variância foram empregadas para a compara-
todo manual e Dolphin), CO-Gn (DFPlus), A-Nperp (Dolphin).
ção entre os três métodos quanto ao erro de previsão. Quando
Neste caso, três métodos avaliados (método manual, DFPlus
elas acusaram diferença significativa entre os métodos, o teste
e Dolphin) apresentaram a mesma frequência (duas variáveis
de Tukey foi empregado para comparações múltiplas de média.
cefalométricas para cada método).
TABELA 2 – MÉDIAS (M) E DESVIOS-PADRÃO (DP) DAS MEDIDAS CEFALOMÉTRICAS DE LEGAN-BURSTONE LINEARES (MM) E
ANGULARES (GRAUS) PÓS-CIRÚRGICAS, E AS MÉDIAS DOS ERROS DE PREVISÃO (ME) COM SEUS RESPECTIVOS DESVIOSPADRÃO, DE ACORDO COM O MÉTODO DE PREVISÃO UTILIZADO
Medida
cefalométrica
Pós
DFPlus
Dolphin
M
DP
Me
DP
Sn-G Vert
10,7
4,9
-4,0
2,6
a
Pg-G Vert
4,0
7,1
-4,7
5,4
a
Terço médio
67,7
5,6
0,9
3,8
a
Terço inferior
74,4
6,0
-1,1
2,9
b
*
Prot. lab. sup.
5,2
2,3
-1,1
1,8
b
*
Prot. lab. Inf.
3,2
3,4
-0,3
3,5
Exp. sup.
3,5
2,4
-0,6
Esp. interlab.
3,6
3,7
Conv. facial
15,4
Ang. queixo-pescoço
Ang. nasolabial
Manual
Me
DP
*
-5,3
4,4
a
*
-8,7
7,8
b
Me
DP
*
-4,9
4,5
a
*
*
-5,9
7,1
ab
*
-1,2
5,7
b
0,9
5,1
a
-1,1
1,6
b
*
0,5
1,9
a
a
2,9
3,4
c
*
0,9
2,8
b
2,2
a
-0,9
2,2
a
2,2
2,4
b
*
-2,7
2,7
b
*
1,0
3,1
a
3,7
3,1
c
*
5,3
-2,7
4,5
ab *
-1,1
4,9
a
-3,2
5,5
b
*
75,4
9,6
-2,0
10,2
a
-10,1
11,5
b
*
-13,8
13,8
b
*
100,7
12,2
0,7
13,3
a
11,0
10,4
b
*
2,3
13,9
a
Sulco mentolabial
5,4
1,4
-1,6
1,9
b
*
-12,2
2,0
c
*
1,1
2,1
a
Médio/inf.%
91,5
9,4
2,8
6,7
a
*
7,7
9,2
c
*
-2,4
8,5
b
*
Médias com letras iguais em uma linha não são significativamente diferentes pelo teste de Tukey ao nível de 5%.
Médias significativamente diferentes de zero pelo teste t de Student ao nível de 5%.
Amarelo: medidas cujo erro de previsão foi estatisticamente igual a zero (resultado real similar à previsão).
Verde: medidas com menor erro de previsão entre os três métodos avaliados.
Obs.: as médias dos terços faciais médio e inferior não foram fornecidas pelo Programa Dolphin Imaging 10.5.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
685
Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA
Gráfico 1
Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as
médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão de acordo com o método
de previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas lineares de McNamara Jr.
Gráfico 2
Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança de 95% para as
médias populacionais (barras verticais) dos erros de previsão, de acordo com o método de
previsão utilizado relativos às medidas cefalométricas angulares de McNamara Jr.
686
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
Ortopesquisa
Observou-se também que algumas medidas cefalométricas
lábio superior (método manual), protrusão do lábio inferior
apresentaram valores muito próximos entre dois métodos:
(DFPlus e método manual), exposição do incisivo superior (Dol-
A-Nperp (método manual e DFPlus), CO-A (método manual,
phin e DFPlus), espaço interlabial (Dolphin), convexidade facial
DFPlus, Dolphin), Afai (DFPlus e Dolphin), 1-Aperp (DFPlus e
(Dolphin), ângulo queixo-pescoço (DFPlus), ângulo nasolabial
Dolphin), FMA (Dolphin, DFPlus). Para esta situação, a maior
(DFPlus e método manual), proporção entre terços faciais –
frequência de concordância foi entre os métodos computado-
médio/inf.% (método manual). O método manual apresentou o
rizados Dolphin Imaging e DFPlus.
maior número de variáveis cefalométricas (seis) sem diferença
Na Tabela 2, encontram-se as médias e os desvios-padrão
estatisticamente significante do resultado real pós-cirúrgico;
dos erros de previsão das medidas cefalométricas angulares
seguido do DFPlus (cinco) e do Dolphin (três). Exceto pelas duas
e lineares estabelecidas por Legan e Burstone. Os testes
últimas medidas cefalométricas, as médias significativamente
estatísticos de Levene e Shapiro-Wilk comprovaram tanto a
diferentes de zero em uma mesma medida têm os sinais iguais:
homogeneidade de variâncias entre os três métodos como a
positivo ou negativo.
normalidade dos erros de previsão.
Análises de variância foram empregadas para a com-
Ainda na Tabela 2, as médias identificadas pelo teste t
paração entre os três métodos quanto ao erro de previsão,
de Student como significativamente diferentes de zero, ao
complementadas pelo teste de Tukey. Assim, médias com
nível de 5%, estão assinaladas com um asterisco. Das 37
letras iguais em uma medida cefalométrica na Tabela 2 não
médias avaliadas pelo teste estatístico, 14 não se mostraram
são significativamente diferentes ao nível de 5%.
significativamente diferentes de zero; ou seja, não diferiram
As médias de erro de previsão são mostradas nos Gráfi-
estatisticamente do resultado real pós-cirúrgico. Essas referên-
cos 3 e 4, respectivamente, para as medidas cefalométricas
cias cefalométricas são: terço médio facial (DFPlus e método
angulares e lineares. Em cada média, a barra vertical representa
manual), terço inferior facial (método manual), protrusão do
um intervalo de confiança de 95% para a média populacional.
Gráfico 3
Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança
de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros
de previsão, de acordo com o método de previsão utilizado relativos
às medidas cefalométricas lineares de Legan-Burstone.
Gráfico 4
Representação gráfica de médias amostrais e intervalos de confiança
de 95% para as médias populacionais (barras verticais) dos erros
de previsão, de acordo com o método de previsão utilizado relativos
às medidas cefalométricas angulares de Legan-Burstone.
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Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA
As medidas que mais se aproximaram do resultado real,
do nosso estudo confirmam esses achados, já que o único
mesmo apresentando diferenças estatisticamente significantes
ponto satisfatório para a avaliação labial foi a protrusão do lábio
foram: Sn-G Vert (DFPlus), Pg-G Vert (DFPlus), sulco mentolabial
inferior, demonstrando limitação na previsibilidade da posição
(método manual). Neste aspecto, a previsibilidade do programa
labial. A protrusão do lábio superior permaneceu próxima do
DFPlus (duas variáveis cefalométricas) aproximou-se do resul-
resultado, embora com diferença significante14.
tado real com maior frequência.
Os traçados de previsão convencionais se aproximaram
Observou-se também que algumas medidas cefalométricas
mais dos resultados pós-cirúrgicos do que as proporções
apresentaram valores próximos entre dois métodos. Entre os
pré-programadas (p < 0,05). Os autores ressaltaram a maior
métodos Sn-G Vert (método manual e DFPlus), exposição do
previsibilidade da técnica manual em relação aos métodos
incisivo superior (DFPlus e Dolphin), convexidade facial (DFPlus
computadorizados, confirmando nossos resultados15.
e Dolphin), ângulo queixo-pescoço (Dolphin e método manual),
Avaliando a adequação de previsibilidade do DFPlus,
ângulo nasolabial (DFPlus e método manual), médio/inf.%
verificou-se que esteve mais de acordo para as áreas nasal
(DFPlus e método manual), identificou-se maior frequência de
e labial, enquanto os maiores graus de erro foram vistos na
concordância entre os métodos manual e DFPlus, seguido do
região submental. De modo geral, a previsibilidade foi maior
DFPlus e do Dolphin.
que 80%, o que assegura precisão. Em nosso trabalho, também foi observada previsão satisfatória para a região nasal
| Discussão
(angulo nasolabial) e para a labial (protrusão do lábio inferior).
Contudo, de modo geral, o nível de acurácia foi inferior a 80%,
Pacientes com face longa podem apresentar alteração den-
ou seja, 31,2%16.
tofacial que necessita de correção cirúrgica, tanto no sentido
Alguns autores sugeriram que fatores de variabilidade relati-
vertical como no anteroposterior8-9. Devido à necessidade de
vos ao tecido mole, como espessura, tonicidade, forma, solicita-
se avaliar cefalometricamente os métodos de previsão manual
ção funcional e espaço funcional livre, devem ser considerados
e computadorizados (Dolphin Imaging e DFPlus), abrangendo
na interpretação da previsibilidade16-17. Portanto, concordamos
as dimensões acima citadas quanto à confiabilidade dos tra-
que, embora os sistemas de imagem computadorizados sejam
çados de previsão, foram escolhidos 25 pacientes com essa
de grande valia para a comunicação e o esclarecimento, ainda
característica para a amostra deste trabalho.
são necessários esforços para melhorar sua precisão18.
O gênero feminino foi mais numeroso (22 pacientes, 88%)
Em particular, nota-se uma tendência de “sobreprevisão”
do que o masculino (três pacientes, 12%), o que demonstra
da cirurgia ortognática, induzindo rotação mandibular para trás.
percepção mais crítica da autoimagem, assim como maior grau
Neste trabalho, também foi possível observar que os erros
de adesão. Esse fato está de acordo com a maioria dos rela-
individuais, na maioria das vezes, foram de “sobreprevisão”.
tos da literatura. A média de idade encontrada foi 32,24 anos
Contudo, com relação à rotação mandibular, as medidas FMA
11-12
(17-45)
, pela fase de procura e aceitação do tratamento e
também quanto à época de indicação mais frequente.
e eixo facial variaram para menos19.
A existência de várias técnicas, com o objetivo de melhorar
A seleção das análises cefalométricas justifica-se por serem
a acurácia do planejamento ortodôntico-cirúrgico, encontra
conhecidas e consagradas10,13, e os respectivos resultados
dificuldade em relação à previsibilidade do perfil tegumentar. A
evidenciaram que, das 70 medidas cefalométricas avalia-
utilidade da previsão computadorizada é reconhecida, porém,
das – 33 referentes à análise cefalométrica de McNamara Jr.
deve ser utilizada com cautela, o que é válido, também, afirmar
(Tabela 1) e 37 referentes à análise de Legan-Burstone (Tabela 2)
em relação aos programas estudados em nossa pesquisa:
–, apenas 22, o que representa 31,8% das medidas avaliadas,
DFPlus e Dolphin20.
não apresentaram erro de previsibilidade. Desta porcentagem,
Comparando as diferenças na habilidade de cinco pro-
50% dos acertos (11 medidas) foram relacionados ao método
gramas (Dentofacial Planner Plus, Dolphin Imaging, Orthoplan,
manual, 31,2% (sete medidas) ao método computadorizado DFPlus
Quick Ceph Image e Vistadent), em relação à simulação dos
e 18,8% (quatro medidas) ao método computadorizado Dolphin.
resultados em cirurgia ortognática, o Dentofacial Planner
A acurácia da previsibilidade do DFPlus foi satisfatória,
Plus foi julgado como melhor simulador. Em nosso trabalho,
embora o perfil da região labial apresentasse dificuldades, o
observou-se maior frequência de variáveis cefalométricas que
que denota a necessidade de maior desenvolvimento. Os dados
se aproximaram do resultado pós-cirúrgico quando da utiliza-
688
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):681-90
Ortopesquisa
ção do programa DFPlus (n = 11) em relação ao programa
equivalentes. Vale notar que o parâmetro de análise foi distinto,
Dolphing Imaging (n = 6), em concordância com os autores
sendo que Magro-Érnica avaliou imagens e o presente trabalho
21
supracitados .
avaliou medidas cefalométricas. Portanto, parece que o DFPlus
Na acurácia de previsão utilizando o Dolphin Imaging
Software (Versão 8.0) e a técnica manual, notou-se que os tra-
mostra-se mais adequado para a comparação cefalométrica e
o Dolphin para a comparação de imagens24.
çados manuais mostraram-se mais previsíveis. A comparação
Novamente, confirmando a possibilidade de variações
dos resultados reais com as previsões demonstrou diferenças
individuais, a acurácia de previsibilidade de um sistema de si-
clinicamente significantes para todas as medidas. Os dados
mulação para cirurgia ortognática (Cassos – computer-assisted
22
simulation system for orthognathic surgery) mostrou-se útil e as
desse trabalho corroboram nossos achados .
Comparados os traçados de previsão manual e os do
áreas de maior imprecisão foram as labiais. Em nosso trabalho,
Dolphin Imaging com os resultados pós-cirúrgicos, os autores
as áreas de menor precisão foram: ângulo queixo-pescoço,
observaram que sete das 16 medidas apresentaram diferenças
ângulo nasolabial e sulco mento-labial25.
estatisticamente significantes para o método convencional, en-
Avaliando a acurácia de previsibilidade da resposta
quanto nove medidas apresentaram diferenças estatisticamente
tegumentar decorrente do tratamento ortodôntico-cirúrgico,
significantes para Dolphin Imaging.
observou-se que, no plano sagital, a ponta do nariz mostrou-se
Com base nesses dados, concluíram que ambos os
como a área de maior acurácia, sendo a área de maior dife-
métodos parecem demonstrar previsibilidade razoável, sendo
rença a de lábio superior. No plano vertical, a área de maior
similares. Já no trabalho por nós realizado, todos os métodos de
acurácia foi a subnasal e a menos precisa foi a de lábio inferior.
previsão avaliados apresentaram baixa previsibilidade, variando
Sugeriram que as previsões no sentido sagital foram superiores
de 50% (método manual) a 18,8% (método computadorizado
às do sentido vertical. Na nossa avaliação, as medidas tanto
Dolphin). Estes dados corroboram com a avaliação realizada
sagitais quanto verticais se comportaram de forma similar,
em um estudo, baseada na analise da precisão da digitalização
sendo as áreas de maior acurácia as do sentido vertical, como
23
cefalométrica e previsibilidade da cirurgia ortognática .
exposição do incisivo superior e FMA26.
A avaliação da imagem preditiva computadorizada do perfil
tegumentar em pacientes submetidos ao avanço cirúrgico da
| Conclusão
mandíbula – comparando os programas Dolphin Imaging e
As condições experimentais deste estudo permitiram
DFPlus – mostrou que o programa Dolphin foi citado na maioria das vezes nos scores excelente e muito bom para todos
concluir que:
os pontos de análise (ponta do nariz, ângulo nasolabial, lábio
superior, lábio inferior, sulco mentolabial, região mentoniana,
-
O método manual mostrou maior frequência de aproximação
base mandibular e geral). Já o DFPlus teve mais scores regular
das variáveis cefalométricas avaliadas em relação aos re-
e ruim, sendo preferido apenas para a previsão da base man-
sultados pós-cirúrgicos reais, seguido dos métodos DFPlus
dibular. Concluiu-se que ambos os programas avaliados foram
bem aceitos quanto à previsibilidade do perfil mole, no entanto,
o programa Dolphin apresentou resultados superiores quando
e Dolphin, respectivamente.
-
Nenhum dos métodos foi totalmente preciso em relação à
previsibilidade dos resultados pós-cirúrgicos.
da avaliação das imagens.
Este dado contrapõe-se aos achados de nosso estudo,
visto que, em relação à previsibilidade, o programa DFPlus
registrou 31,2% dos acertos contra 18,8% do Dolphin. Nossos
achados favorecem o programa Dolphin para as seguintes
medidas: A-Nperp, Co-A, FMA, espaço interlabial e convexidade facial. Já o DFPlus apresentou melhores resultados para
as medidas: ângulo nasolabial, sulco mentolabial, protrusão
do lábio inferior, ângulo queixo-pescoço, eixo facial, CoGn e
Pg-Nperp. Para as medidas da exposição de incisivo superior
e protrusão do lábio superior, ambos os programas foram
Nota de esclarecimento
Declaramos que não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado por organizações
que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Nós, ou os membros
de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou fomos pagos como
avaliadores por organizações. Não recebemos honorários de apresentações vindos de
organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não
houve patrocínio de entidades comerciais. Não possuímos ações ou investimentos em
organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não
possuímos patentes ou royalties, trabalho como testemunha especializada ou realizamos
atividades para uma entidade com interesse financeiro nesta área.
Endereço para correspondência
Carla Maria Melleiro Gimenez
Rua Padre Duarte, 989 – Apto. 24 – Centro
14801-310 – Araraquara – SP
Tel.: (16) 3397-1401
[email protected]
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Gimenez CMM | Bertoz APM | Gabrielli MAC | Pereira Filho VA | Bertoz FA
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Trabalho original
Ortopesquisa
Distalização de molar controlada: busca de soluções para os efeitos
indesejáveis que ocorrem com aparelhos distalizadores convencionais
Controlled molar distalization: search for solutions of the undesirable
effects which happen with conventional distalizers
Sandra Tiberio*, André Marçal Guerreiro**, Semyra Giovannini Maccheronio**,
Maxwell Lopes de Carvalho***, Thiago Souza Cruz****
RESUMO – A distalização de molares é um dos meios de se corrigir
a má-oclusão de Classe II. Existem vários tipos de dispositivos intrabucais que independem da colaboração do paciente. O propósito deste
estudo foi abordar os efeitos colaterais que os aparelhos distalizadores
em geral promovem, como hiperemia da mucosa do palato, perda
de ancoragem dos dentes suporte, protrusão e vestibularização do
segmento anterior e rotação do molar distalizado. Assim, com apoio
nessas evidências, foi elaborado um distalizador (DMC de Guerreiro)
que se mostrou eficiente na movimentação de corpo do molar, pequenas alterações do longo eixo e clinicamente um ganho de espaço
anteroposterior sem perda de ancoragem. Detalhes da confecção deste
aparelho serão evidenciados, bem como as comprovações clínicas e
radiográficas da distalização de molar controlada (DMC).
Unitermos – Ortodontia corretiva; Aparelhos ortodônticos; Má-oclusão
de Angle Classe II.
ABSTRACT – The molar distalization is one of the means to correct
the malocclusion of class II. There are a lot of kinds of intra-oral devices
which do not depend on the patient cooperation. The purpose of this
study is to deal with the collateral effects that the distalizers in general
promote like hyperemia of the mucosa of the palate, loss of anchorage
teeth support, protrusion and buccal tipping of the anterior segment and
rotation of the molar distalized. So, based on the evidence, a distalizer
(DMC de Guerreiro) was prepared that showed to be efficient on the
molar drive, small changes on the long axis and clinically a gain of space
anteroposterior without loss of anchorage. Details of the construction
of this apparatus will be shown as well as the clinical and radiographic
evidence of the controlled molar distalization (DMC).
Key Words – Orthodontic corrective; Orthodontic appliances; Maloclusion Angle Class II.
*Especialista e Mestre em Ortodontia – Umesp; Coordenadora do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes.
**Especialistas em Ortodontia – APCD Regional São Caetano do Sul; Professores assistentes do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes.
***Especialista e Mestre em Ortodontia, Especialista em Dentística – Umesp; Professor assistente do curso de Especialização em Ortodontia – Fapes.
****Especialista em Ortodontia – APCD Regional São Caetano do Sul.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700
693
Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS
| Introdução
durante a mecânica de distalização dos molares e inclinação de
coroa para distal, ocorrendo a não movimentação de corpo do
Edward H. Angle definiu a má-oclusão de Classe II como
molar superior. Esses efeitos indesejáveis estão diretamente
uma displasia anteroposterior causada por um subdesenvolvi-
relacionados ao tipo facial do paciente (pacientes verticais
mento da mandíbula em relação à maxila no sentido sagital.
perdem ancoragem mais facilmente quando comparados aos
Atualmente, sabe-se que esta má-oclusão apresenta vários
pacientes horizontais), tipo de ancoragem utilizada, quantidade
fatores etiológicos, podendo ser esquelética e/ou dentária.
de força empregada e a falta de procedimentos ortodônticos
utilizados para atenuar tais efeitos3,5.
a. Classe II esquelética – protrusão maxilar e/ou retrusão
mandibular.
Tipos de aparelhos distalizadores
b. Classe II dentária – migração dos segmentos posterossuperiores (perda precoce de dentes decíduos), rotação dos
primeiros molares superiores, entre outros.
Magneto
São dispositivos formados por ligas metálicas que podem
ser constituídas por diversos metais comumente usados para
Por apresentar essa característica multifatorial, seu trata-
movimentações dentárias. Seu primeiro uso em Ortodontia foi
mento depende de um diagnóstico correto, elaborado através
em 1953, na Holanda6. Os mais utilizados são os magnetos de
das análises cefalométrica, de modelos, facial e também de
samário-cobalto, por possuir maior resistência à desmagnetiza-
um apurado exame clínico.
ção, ser menos susceptível a corrosão e também menos friável.
A má-oclusão de Classe II de Angle é a patologia encontrada
Os magnetos apresentam como vantagem a outros méto-
mais frequentemente nos consultórios de Ortodontia, presente
dos a ausência de fadiga do material, como pode ocorrer nos
em cerca de 42% dos jovens na faixa etária entre sete e 11
distalizadores com metais e elásticos, maior controle de força
anos, e na maioria das vezes o fator etiológico é a retrusão
e, de forma geral, os magnetos aceleram a movimentação
mandibular1-2. Porém, quando o paciente procura o tratamento
ortodôntica, pois ocorre ausência de atrito entre os compo-
após o surto de crescimento puberal, a solução normalmente
nentes do aparelho.
vem através de tratamento compensatório dentoalveolar,
Como desvantagens, podemos citar o custo elevado, o
com o movimento distal dos dentes da maxila, com exceção
fato de não ser totalmente inócuo devido à liberação de pro-
feita aos casos de displasias esqueléticas mais severas, onde
dutos de oxidação citotóxicos e dificuldade de aquisição3,7. As
o tratamento envolve a Ortodontia e a cirurgia ortognática.
ativações devem ser semanais para que os magnetos estejam
Quando essa compensação dentária não envolve exodontia
sempre em contato.
de pré-molares superiores, opta-se então pela distalização
dos molares3.
Efeitos indesejáveis, como inclinação para distal e rotação
dos molares superiores (Figura 1), foram encontrados em
Por muitas décadas, a distalização efetiva dos molares
pacientes que fizeram uso deste dispositivo de distalização.
superiores permanentes foi praticada quase que exclusiva-
O controle de ancoragem se faz necessário através de um
mente por meio da utilização de força extrabucal. Hoje em dia,
botão de Nance6.
inúmeros dispositivos que colocam em cena a possibilidade
de distalizar os molares com ancoragem intrabucal ganham
relevância por driblar a falta de cooperação do paciente4.
Aparelhos distalizadores
Independentemente do tipo de aparelho distalizador escolhido pelo ortodontista, todos apresentam um
problema em comum: a ancoragem a ser utilizada. Na
maioria dos casos tratados com distalizadores, o que
pode ser observado é a perda de ancoragem anterior,
com vestibularização e protrusão dos incisivos superiores
694
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700
Figura 1
Esquema de instalação do aparelho Magneto. Em A: minimagnetos;
em B: amarrilho metálico; em C: arco seccional; em D: tubo molar.
Ortopesquisa
Pendulum e suas variações
• Se houver a necessidade de expansão do arco superior
Introduzido por Hilgers em 1992, o pendulum é um apare-
previamente à distalização, poderá ser incorporado no
lho híbrido constituído de um largo botão de acrílico no palato,
centro do botão de Nance um parafuso expansor, o qual
utilizado como ancoragem, e molas com fio de 0,032” de TMA
receberá ¼ de volta a cada três dias, conforme preconizado
(titânio e molibdênio), as quais se encaixam nos tubos linguais
por Hilgers (Pendex). Nesse caso, há uma modificação na
dos molares superiores exercendo forças leves e contínuas8.
configuração do aparelho, pois mais um braço é incorporado
A perda de ancoragem e a estabilização dos molares
ao acrílico e soldado à banda do primeiro molar11-12, que
após a distalização deverão ser cuidadosamente monitora-
após a expansão deve ser separado do acrílico para início
das, evitando insucessos no processo de distalização. Além
da distalização (Figura 3).
da vestibularização dos incisivos superiores, a rotação molar
(onde ocorre a mesialização de raízes e distalização de coroa)
e a dificuldade de higienização são desvantagens a serem
consideradas9-10.
O aparelho pendulum pode apresentar algumas variações
conforme a necessidade do caso:
• Presença de apoio oclusal para colagem com resina fotopolimerizável nos segundos pré-molares, visando o aumento
da ancoragem (Figura 2).
• Na impossibilidade de bandar os primeiros pré-molares,
acrescentam-se apoios oclusais nesses dentes, bem como
nos segundos pré-molares.
• No caso de distalização unilateral, é dispensada a presença
da mola de TMA no lado que não será distalizado, que servirá
como reforço de ancoragem, conforme sugere um trabalho
publicado11.
• Os segundos molares também poderão receber molas de
Figura 3
Aparelho Pendex.
TMA, a fim de facilitar a distalização.
Jones Jig
Desenvolveu-se13 o distalizador “Jones Jig” para a rápida
distalização de molares superiores com ancoragem intrabucal
dentomucossuportada, apoiada nos segundos pré-molares, e
em uma unidade ativa, contendo uma mola espiral aberta de
B
níquel-titânio de secção aberta.
A unidade de ancoragem, com o propósito de minimizar
a reação da força de distalização, é constituída por um botão
de Nance unido aos segundos pré-molares (Figura 4). Um fio
de aço .036” é soldado às bandas e inserido no acrílico13-14.
Essa peculiaridade tem o intuito de orientar o movimento, em
uma tentativa de controlar o centro de rotação dos molares
durante a sua distalização3.
Este aparelho também não depende da colaboração
Figura 2
Pendulum – pré-molares ancorados com bandas e apoios oclusais.
do paciente e exerce forças suaves durante o processo de
distalização.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700
695
Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS
A movimentação do molar através de distalização de corpo
foi questionada, existindo também vestibularização e protrusão
dos incisivos superiores, bem como aumento da altura facial
anterior inferior18.
Figura 4
Esquema de instalação do aparelho Jones Jig.
Distalização de molar controlada (DMC) de Guerreiro
Com base na literatura pertinente, que acusa como principal
desvantagem da distalização do molar superior a sua inclinação
e/ou rotação, e como reação a essa distalização a vestibulariza-
Como desvantagem, podemos citar o grande número de
ção dos dentes anteriores9,18-19, associado às dificuldades encon-
procedimentos clínicos para sua instalação, a higienização
tradas em confecção e ativação, foi desenvolvido um aparelho
dificultosa e a rotação do molar durante a mecânica. Pode
distalizador pelo Prof. Dr. André Marçal Guerreiro, integrante da
ocorrer a vestibularização dos incisivos superiores e não está
equipe de autores deste estudo, com o objetivo de diminuir ao
indicado nos casos de crescimento vertical devido a possível
máximo as intercorrências evidenciadas até então.
4,14-16
extrusão molar
.
Uma pequena amostra clínica compôs o grupo inicial de
observação deste procedimento ortodôntico, que possuía má-
Distal Jet
oclusão de Classe II de Angle. Foi constatado clinicamente que
Aparelho distalizador intrabucal fixo, desenvolvido por
houve distalização dos molares e o movimento de corpo foi
Carano e Testa em 1996, que utiliza ancoragem dentomucos-
avaliado através de radiografias panorâmicas, antes e após a
suportada caracterizada por um botão de Nance modificado
distalização, baseadas em estudos11.
e que pode estar unido aos primeiros ou aos segundos prémolares superiores. O seu componente ativo, localizado por
Características do DMC de Guerreiro
lingual (Figura 5), é composto por um mecanismo de tubo
Um fio .036” é soldado à banda do primeiro pré-molar,
telescópico associado a uma mola de níquel-titânio e um pa-
passando próximo à face palatina do segundo pré-molar.
rafuso especial5,17.
Seguindo em direção distal, passa por um tubo redondo de
Segundo os autores, este aparelho promove distalização
diâmetro .051” soldado no primeiro molar através de solda a
através de movimento de corpo do molar, com ausência de
ponto. Estende-se até a distal do segundo molar, onde sofre
inclinação e rotação. Inclui também conforto, facilidade de
uma curvatura sentido mesial. Antes de ser inserido no acrílico,
instalação e ativação, e fácil conversão em botão de Nance a
sofre mais uma curvatura no sentido distal e depois outra no
fim de manter a distalização5,17.
sentido mesial, formando assim uma alça que servirá de apoio
para a colocação de um fio de amarrilho, que será utilizado para
as reativações do aparelho. Este fio, denominado de fio-guia,
servirá para que o molar “caminhe” por ele, impedindo assim
as indesejáveis rotações e inclinações normalmente presentes
em outros tipos de aparelhos. Neste fio, são inseridos um
cursor, confeccionado em fio .024”, um segmento de tubo
telescópico, uma mola de níquel-titânio e mais um segmento
de tubo telescópico, nesta ordem (Figura 6).
Este conjunto é ativado através de um fio de amarrilho que
vai do gancho do cursor até a alça confeccionada no fio .036”,
descrita acima, fazendo a compressão da mola e liberando uma
força inicial de 300 g (Figuras 6 e 7).
As reativações são mensais e consegue-se, em média, a
distalização do molar de 1 mm ao mês, mesmo com o segundo
Figura 5
Aparelho Distal Jet, vista oclusal.
696
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700
molar erupcionado, com pouca ou nenhuma vestibularização
do segmento anterior (Figuras 8 e 9). Verificou-se que, no caso
Ortopesquisa
de distalizações unilaterais, esse efeito não se manifestou
Comprovações clinicas e radiográficas
(Figuras 10 e 11). O segundo pré-molar sofre uma distalização
espontânea devido à ação das fibras transeptais19-20.
Realizou-se um estudo com um grupo de seis pacientes
Outra peculiaridade deste aparelho é a espessura do
que apresentavam má-oclusão de Classe II de Angle, bilateral.
botão de acrílico, que é reduzida em comparação à maioria
Destes, apenas um não possuía o segundo molar erupcionado.
dos outros distalizadores (Figura 12), proporcionando assim
A avaliação radiográfica foi efetuada com aquisição de radio-
menor desconforto ao paciente. O acrílico é estendido desde
grafias panorâmicas21.
as rugosidades palatinas até a região distal do segundo molar,
proporcionando assim maior ancoragem.
Dois momentos foram registrados: radiografia panorâmica inicial e imediatamente após a última ativação, ainda
Estudos ainda estão sendo feitos para que o fio-guia seja
com o aparelho distalizador instalado, objetivando observar o
confeccionado previamente em um modelo no qual tenha sido
comportamento do primeiro molar frente à mecânica utilizada.
feito um set-up da correção da Classe II, para que ao final da
Para poder visualizar o movimento do primeiro molar
distalização já se tenha uma previsão da posição final do molar.
foi elaborada uma técnica de sobreposição de traçado da
Figura 6
Detalhe da parte ativa do Distalizador DMC de Guerreiro.
Figura 7
Distalizador DMC de Guerreiro, vista oclusal.
Figura 8
Distalizador DMC de Guerreiro instalado e ativado.
Figura 9
Ação do aparelho DMC de Guerreiro após 90 dias de sua instalação.
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697
Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS
Figura 10
Distalizador DMC de Guerreiro unilateral, instalado e ativado.
Figura 11
Distalizador DMC de Guerreiro unilateral após 35 dias de instalação.
Figura 12
Detalhe do botão de Nance modificado, maior e mais delgado.
primeira e segunda radiografia panorâmica, levando-se em
consideração o septo nasal e a espinha nasal anterior como
pontos de referência.
res, traçado até encontrar com a linha perpendicular ao septo.
A sobreposição realizou-se com este traçado da primeira
radiografia sobre a segunda, centralizando a linha “s-ENA” sobre
Foi determinado o ponto médio da porção mais larga do
a linha “s-ENA” da segunda imagem, e novamente traçado o
septo nasal, denominado ponto “s”, e a ponta da espinha nasal
longo eixo dos molares distalizados até a linha perpendicular
anterior, unindo estes pontos obtivemos a linha “s-ENA”. Uma
ao septo, determinada na primeira panorâmica.
perpendicular a esta linha foi traçada acima dos ápices dentais
Foi possível observar que a distalização ocorreu nos seis
até a região dos terceiros molares (ainda em formação), do
casos acompanhados, independente da presença ou não dos
lado direito e esquerdo. O longo eixo dos primeiros molares foi
segundos molares, sendo que a movimentação de corpo
descrito tendo como referência o ponto médio da maior distância
ocorreu em maioria, além de terem sido percebidas pequenas
mesiodistal da coroa e o ponto médio entre os ápices radicula-
alterações do longo eixo (Figuras 13 a 16)21.
698
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):693-700
Ortopesquisa
Figura 13
Radiografia panorâmica inicial, onde se pode
observar segundo molar não irrompido.
Figura 15
Radiografia panorâmica inicial, onde se pode
observar o segundo molar irrompido.
| Conclusão
Figura 14
Detalhe do traçado de sobreposição, evidenciando a fase de distalização
efetuada e o paralelismo deste movimento. Preto: inicial; vermelho: final,
indicando longo eixo do primeiro molar.
Figura 16
Detalhe de traçado de sobreposição evidenciando distalização de corpo
dos primeiros e segundos molares, indicados por seus longos eixos
iniciais (preto) e finais (vermelho).
retração anterior. Isso leva à necessidade de sobrecorrigir
a relação molar, prevendo que sua mesialização nessa fase
Ficou claro que o DMC de Guerreiro obedece às necessida-
seria inevitável.
des do movimento de distalização de molares superiores com
É recomendada, sempre que possível, a utilização dos
o mínimo de intercorrências, observadas em outros aparelhos
mini-implantes ortodônticos para a distalização dos demais
distalizadores convencionais. Porém, é necessária continuação
dentes e posterior retração anterior, uma vez que este tipo de
da pesquisa sobre esta proposta para a comprovação exata
dispositivo apresenta baixo custo e facilidade de instalação,
do movimento de corpo do molar, quantificação linear de
reduzindo o tempo total do tratamento, sem apoio nos molares
distalização e a não vestibularização dos incisivos, embasada
recém distalizados.
na particularidade da construção adequada dos componentes
deste aparelho.
Um momento a se considerar ao término da distalização e
manutenção dos molares corrigidos é a distalização espontânea
dos pré-molares, devido às fibras transeptais com posterior
Endereço para correspondência:
Sandra Tiberio
Rua Sabaúna, 143 – Água Branca
05041-010 – São Paulo – SP
Tel./Fax (11) 3865-0892
[email protected]
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Tiberio S | Guerreiro AM | Maccheronio SG | de Carvalho ML | Cruz TS
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Ortoclínica
Trabalho original
Meaw modificado: apresentação da técnica para a correção das
mordidas abertas e na finalização dos tratamentos ortodônticos
Modified Meaw: a technique presentation for correction of open
bites and in the finalization of orthodontic treatment
Maurício Tatsuei Sakima*, Aline Cristina Davóglio**, Caio Sérgio Botta Martins de Oliveira**,
Alexandre Tatsuke Sakima***, Paulo Roberto Tatsuo Sakima****, Tatsuko Sakima*****
RESUMO – Este artigo apresenta uma nova técnica de tratamento, que
utiliza arcos de TMA com curvas padronizadas, associados a elásticos
intermaxilares que, ao mesmo tempo, oferece resultados satisfatórios
em um período de tratamento relativamente curto no tratamento das
mordidas abertas e na finalização do tratamento ortodôntico.
Unitermos – Mordida aberta; TMA.
ABSTRACT – This study presents a new treatment technique, that
uses TMA archwires with standardized curvatures, associated to intermaxillary elastics, that can do both offer satisfactory results in short
period of the treatment time in the open bites cases and in the finishing
procedures of the orthodontic treatment.
Key Words – Open bite; TMA.
*Professor assistente, doutor da Disciplina de Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Pós-doutorado – Universidade de Aarhus/Dinamarca.
**Especialistas em Ortodontia – Escola de Aperfeiçoamento Profissional da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas/Regional de Araraquara.
***Especialista em Ortodontia – EAP-APCD/Regional de Araraquara; Professor assistente – Faculdade de Odontologia da Unime - Lauro de Freitas/Bahia.
****Mestre em Ortodontia – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Coordenador do curso de Especialização em Ortodontia – São Leopoldo Mandic/Campinas.
*****Professor titular aposentado – Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp; Professor visitante (1985 a 1987) – Universidade de Connecticut Health Center; Coordenador do
curso de Especialização em Ortodontia – EAP-APCD/Regional de Araraquara.
Recebido em jun/2012 – Aprovado em ago/2012
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
703
Sakima MT | Davóglio AC | de Oliveira CSBM | Sakima AT | Sakima PRT | Sakima T
| Introdução
xe .018 para obter um controle mais preciso do torque durante
o movimento dentário e fio de aço inoxidável .016” x .022”,
As propostas para o tratamento das mordidas abertas
com alças para não gerar força excessiva. Ao todo, são dez
são várias, incluindo a orientação aos pais e aos pacientes
alças em forma de L, cinco de cada lado em fio não tratado
com relação aos hábitos deletérios, ainda na primeira infância,
termicamente (Figura 1). Antes de iniciar o uso do Meaw, os
e também o uso de alguns tipos de aparelhos removíveis ou
dentes necessitam estar alinhados e nivelados. Dobras tip-back
fixos, com ou sem grade, com a intenção de remover o fator
são incorporadas ao fio, de acordo com o grau requerido de
etiológico dessa má-oclusão. Quando há envolvimento esque-
correção de inclinação axial. Quanto maior a inclinação mesial
lético, principalmente em paciente com padrão vertical de
do molar, maior será o ângulo necessário para essas dobras. A
crescimento e ainda na fase de dentadura mista, a indicação
série de dobras é iniciada na mesial dos caninos, progredindo
de aparelhos extrabucais com tração alta, como o aparelho de
até os últimos molares. O arco maxilar com as alças deve apre-
Thurow, ou o aparelho extrabucal removível, com ou sem grade,
sentar uma acentuada curva de “Spee”, e a mandibular, uma
pode minimizar ou até mesmo corrigir o problema1-3. Na fase
acentuada curva reversa. Os arcos induzem forças intrusivas
ortodôntica, ou seja, de dez a 14 anos, quando os pacientes
sobre os incisivos, dando a impressão de piorar a má-oclusão,
apresentam todos os dentes permanentes, grande parte dos
entretanto, o efeito é contrabalanceado pela força dos elásticos
profissionais usam elásticos verticais na região anterior com
verticais anteriores. O autor recomenda elásticos 3/16” pesados,
a finalidade de extruir dentes anteriores, que pode ser uma
com força de, aproximadamente, 50 g, medida com os dentes
terapia de sucesso, dependo do fator etiológico e do padrão
ocluídos. A força deve ser de 150 g em abertura moderada.
esquelético do paciente4. Na fase adulta, a presença da mordida
Esses elásticos devem ser usados em tempo integral2.
aberta é ainda um grande desafio para os ortodontistas, onde
O uso desta terapia foi muito divulgada e pesquisada pelos
em alguns casos somente a cirurgia ortognática é a solução.
asiáticos, principalmente coreanos e japoneses, que apresenta-
Com a introdução das ancoragens esqueléticas através dos
ram ao mundo científico o resultado de suas pesquisas. Deste
miniparafusos5-6 e das miniplacas3,7-12, muitos desses casos
modo, o mesmo autor10, juntamente com colabores publicou um
são resolvidos sem cirurgia.
artigo mostrando casos clínicos que foram acompanhados por
O objetivo deste trabalho é apresentar uma nova técnica
dois anos, concluindo que os casos permaneceram estáveis10.
para o tratamento das mordidas abertas anteriores, associadas
Em 2001, em outro artigo9, mostraram a versatilidade desse
ou não a má-oclusões de Classe II ou III, onde a camuflagem
sistema de tratamento não só para mordidas abertas, mas
seja possível e viável.
também para má-oclusões de Classe II e Classe III.
Um estudo13 apresentou uma modificação da técnica do
| Revisão da Literatura
Meaw, utilizando fios de níquel-titânio .016” x .022” com curva
acentuada superior e curva reversa inferior, substituindo as
O autor da técnica Meaw, fez uma revisão crítica do
dobras multiloop em fios de aço, e elásticos intermaxilares pe-
tratamento das mordidas abertas, relacionando os fatores
sados aplicados na região de caninos, tornando a sua execução
etiológicos e as diversas terapias de acordo com os fatores
mais simples e higiênica. O estudo relatou que os resultados
causadores, sejam ambientais ou esqueléticas, desde a pri-
obtidos são idênticos aos da técnica original, extrusão anterior
meira infância até a idade adulta, enfatizando a necessidade
e intrusão dos dentes posteriores, mas não mostrou casos
de cirurgia ortognática em alguns casos, mencionando todas
clínicos supervisionados a longo prazo.
2
as possibilidades de tratamento usadas até aquela época,
chamando atenção de que
grande parte desses tratamentos recidivavam em
algum grau. Propôs-se a
técnica “Multiloop Edgewise
Archwire” (Meaw), onde se
preconiza uso de braquetes
duplos Edgewise com encai704
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
Figura 1
Planejamento do formato do arco com alças em forma de “L”.
Ortoclínica
Meaw modificado
Técnica e material
O termo Meaw modificado não é totalmente apropriado,
O material utilizado é o fio de TMA (titânio e molibdênio)
pois não são usadas alças, e também se aplica em todos os
com o calibre de 0.017" X 0.025". Após o nivelamento e o
sistemas de braquetes e tubos pré-ajustados. No entanto, os
alinhamento da arcada superior e inferior, com aparelhos pré-
princípios mecânicos da técnica citada2 são utilizados com fios
ajustados straight-wire, dois arcos passivos e coordenados são
de TMA, que apresentam a propriedade de formabilidade, com
preparados. Com o alicate Hollow Shop, faz-se as curvaturas
baixa proporção carga/deflexão, que possibilitam a medição
nos arcos, acentuando a curva de “Spee” no arco superior e
da quantidade de força aplicada e favorecem a simplificação
invertendo no arco inferior (Figuras 2 e 3).
da técnica por meio da remoção das alças.
Sistema mecânico
Indicação
Com curvas de “Spee” reversas na arcada inferior, e
A indicação deste sistema é para casos de mordidas aber-
acentuada na superior, os arcos geram forças intrusivas na
tas anteriores, dentoalveolares, nos casos de finalização onde a
região de incisivos e molares. Elásticos verticais 1/8 médio,
interferência dos dentes posteriores dificulta a intercuspidação
com força vertical aproximada de 50 g cada, com os dentes
e nos casos de má-oclusões de Classe II e III, em que a camu-
em oclusão, são utilizados para contrapor as forças intrusivas
flagem é viável, indicadas pelas análises facial e cefalométrica.
dos arcos na região anterior e ao mesmo tempo potencializam
as forças intrusivas dos arcos na região posterior.
Esses elásticos são colocados nos ganchos dos caninos e também nos ganchos Kobayashi, colocados
na mesial dos incisivos centrais superior e inferior.
Com um dinamômetro do tipo “Correx”, podemos
medir a intensidade da força liberada pelas curvas
reversas e acentuadas dos arcos. Os elásticos, além
de contrapor a força dos fios de TMA, potencializam as
forças de intrusão nos dentes posteriores e auxiliam no
fechamento da mordida na região anterior, com uma
força compatível com a um estudo14 preconiza para a
extrusão desses dentes anteriores. As Figuras 4 e 5
ilustram o sistema de força liberado pelo sistema e a
forma de medir a força liberada pelas curvas de “Spee”
Figura 2
A. Mordida aberta inicial; B. Instalação de aparelho fixo em ambas as
arcadas até os segundos molares; C. Pré-alinhamento até fio .017" X
.025"; D. Curvas reversa e acentuada com fio .017" X .025" TMA.
(50 a 75 g).
Nos casos de má-oclusão Classe II, são utilizados elásticos 1/4 médio,
de primeiros molares inferiores até os ganchos
dos caninos. Nos casos de
Classe III, os elástico são
colocados dos primeiros
molares superiores até os
caninos inferiores, com
aproximadamente 150 g de
cada lado. Os elásticos de
Classe II e III não devem ser
encaixados nos segundos
Figuras 3
A. Arco de TMA .017 X .025 passivo; B. Curvas reversa e acentuada confeccionadas.
molares.
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705
| Davóglio
| de Almeida
| Conti ACFC
| Sakima
| Navarro
MarquesMT
Sakima
HVA
AC | MR
de Oliveira
CSBM| |de
Sakima
Almeida
AT RR
PRTR| |Sakima
NavarroT PO
Figura 4
A. Sistema de forças liberado pela
incorporação de curva acentuada
e reversa; B. Sistema de forças
liberado pela utilização de elásticos
intermaxilares verticais anteriores
1/8 médio; C. Resultado final
esperado pelo sistema Meaw
modificado, através de rotação
mandibular e inclinação distal dos
dentes posteriores.
Figuras 5
Utilização do
dinamômetro para
medir a intensidade de
força liberada pelas
curvas reversas e
acentuadas dos arcos.
Tempo de tratamento
O tempo de tratamento depende da gravidade da
e Classe III. No entanto, demanda um pouco mais de tempo
para um bom relacionamento.
má-oclusão e também do paciente usar corretamente os elásticos. Normalmente, em pacientes colaboradores, conseguese resultados expressivos dentro de dois meses. Procura-se
Recomendações
Algumas recomendações são importantes para o êxito
marcar o paciente uma vez por semana, para verificar o uso
do tratamento:
dos elásticos, no primeiro mês, e não é rara a correção dentro
1. Nivelar e alinhar os arcos até os segundos molares;
desse período. Uma vez conseguido o resultado esperado,
2. Extrair os terceiros molares, principalmente quando ectó-
planifica-se a curva, e mantém-se o uso dos elásticos por mais
picos;
um mês. Na próxima consulta, remove-se os arcos e verifica
3. Convencer o paciente a usar os elásticos em tempo inte-
se as condições de planificação permaneceram, coordena-se
gral, removendo somente durante as refeições e para a
os arcos voltando-os novamente, passando a noturno o uso
higienização dos dentes. Se o paciente não puder cumprir
dos elásticos. A remoção dos aparelhos só é indicada quando
com o combinado, não coloque as curvas e espere uma
a oclusão estiver estável, pelos menos por dois meses sem o
oportunidade em que possa colaborar efetivamente.
uso dos elásticos. A remoção é realizada de modo convencio-
4. Uma vez planificados os arcos, manter os elásticos por
nal, e sugere-se que o aparelho de contenção superior deva
mais um mês, no segundo mês usar 18 horas por dia, no
possuir uma grade lingual, para evitar a introdução da língua
terceiro mês usar somente para dormir, deixar de usar os
entre as arcadas. Nos problemas sagitais a desoclusão dos
elásticos pelo menos por dois meses antes da decisão da
dentes posteriores auxilia no efeito dos elásticos de Classe II
remoção dos aparelhos.
706
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
Ortoclínica
5. Não se esquecer de colocar a grade no aparelho de contenção.
6. Indicar para Fonoaudiologia, se necessário.
terísticas mecânicas necessárias para a movimentação.
4. É previsível, pode-se medir as forças das curvas de “Spee”,
aumentando ou diminuindo a sua intensidade, conforme o
indicado.
Vantagens
Pode-se enumerar algumas vantagens desta modificação
| Discussão e Relato de Caso Clínico
em relação ao Meaw:
1. Eliminação das alças, que são difíceis de serem executadas,
demandam mais tempo e incomodam mais o paciente.
Caso clínico 1
O primeiro caso clínico apresentado é de uma paciente
2. Usando-se o fio de TMA, temos características semelhantes
jovem, com dificuldade de selamento labial, padrão vertical
de liberação de forças, ou seja, com baixa proporção carga/
(dolicofacial), oclusão Classe II de Angle, com mordida aberta
deflexão.
anterior, overbite negativo de 4 mm, overjet acentuado de 3 mm e
3. O fio de TMA permite a formabilidade, sem perder as carac-
com os terceiros molares em fase de formação (Figuras 6 a 11).
Figura 7
Panorâmica inicial. Observa-se a presença de terceiros molares.
Figura 6
Foto frontal
sorrindo.
Figura 9
Foto intrabucal frontal.
Figura 8
Telerradiografia inicial. Nota-se overjet acentuado.
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707
| Davóglio
| de Almeida
| Conti ACFC
| Sakima
| Navarro
MarquesMT
Sakima
HVA
AC | MR
de Oliveira
CSBM| |de
Sakima
Almeida
AT RR
PRTR| |Sakima
NavarroT PO
Figura 10
Foto intrabucal lateral direita.
Figura 11
Foto intrabucal lateral esquerda.
Foi instalado um aparelho fixo metálico com prescrição
em fios de TMA .017" X .025". A paciente foi orientada a utilizar
Roth slot .022" x .025", em ambas as arcadas, até os segundos
dois elásticos intermaxilares anteriores 5/16 médio em forma
molares, e realizado o alinhamento inicial até o fio retangular
quadrangular. Para auxiliar a correção da Classe II foi proposto,
.017" X .025". Durante o alinhamento foi solicitada a exodontia
concomitantemente ao uso dos elásticos anteriores, o uso de
dos quatro terceiros molares.
elásticos intermaxilares bilaterais 5/16 médios em formato de
Após o alinhamento inicial foi instalado o Meaw modificado
através de curva acentuada superior e curva reversa inferior
Classe II vertical (Figuras 12 a 15).
Após a correção da sobremordia e do overjet, os arcos
Figura 12
Panorâmica intermediária. Observa-se a extração dos terceiros molares
para auxiliar na rotação dos dentes posteriores.
Figura 13
Foto frontal utilizando elásticos anteriores em forma
triangular e elásticos anteroposteriores de Classe II
durante a mecânica com Meaw modificado.
Figura 14
Foto lateral direita.
Figura 15
Foto lateral esquerda.
708
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
Ortoclínica
de TMA .017" X .025" foram planificados e os elásticos foram
são. Ao final do tratamento, observa-se que a paciente obtém
gradualmente removidos para manter a oclusão estável. O
um selamento labial mais natural e adequado, mantendo uma
aparelho fixo foi removido após a estabilização vertical da oclu-
boa relação dentária em Classe I de Angle (Figuras 16 a 20).
Figura 16
Foto frontal final.
Figura 17
Foto lateral final.
Figura 18
Foto intrabucal frontal final.
Figura 19
Foto intrabucal lateral direita.
Figura 20
Foto intrabucal lateral esquerda.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
709
| Davóglio
| de Almeida
| Conti ACFC
| Sakima
| Navarro
MarquesMT
Sakima
HVA
AC | MR
de Oliveira
CSBM| |de
Sakima
Almeida
AT RR
PRTR| |Sakima
NavarroT PO
Caso clínico 2
Neste caso, não foram utilizados elásticos com forças
O segundo caso clínico é de um paciente com ligeiro
anteroposteriores devido ao bom encaixe dos dentes posterio-
retrognatismo mandibular, Classe I dentária de Angle, overjet
res. Após a correção da mordida aberta, foi mantido o uso de
acentuado de 4 mm, mordida aberta anterior de 3 mm, padrão
elástico intermaxilar por dez horas diárias até a estabilização da
dolicofacial, com terceiros molares irrompidos e com selamento
mordida, e os fios de TMA foram planificados. Após remoção do
labial moderado (Figuras 21 a 27).
sistema, o paciente foi submetido à finalização do tratamento
Foi instalado aparelho fixo metálico (Sistema Damon –
ortodôntico com elásticos em corrente e dobras de finalização.
ORMCO) em ambas as arcadas, e realizado o alinhamento
É interessante nesses casos de mordida aberta anterior
preliminar dos dentes até o fio retangular .017”X.025” de aço.
utilizar dispositivos que evitem a recidiva, como uso de grade
Após o alinhamento inicial, foi instalada a mecânica de Meaw
removível associada ao aparelho de contenção.
modificado por Sakima e colaboradores, através das curvas
Ao final do tratamento, observa-se que há bom selamento
acentuada e reversa em fios de TMA .017" X .025". Neste
labial e bom relacionamento posterior. Para evitar movimenta-
caso, foi utilizado elástico intermaxilar do tipo 1/8 médio nos
ções indesejadas após o tratamento, é importante que haja
caninos e na região de incisivos. As extrações dos terceiros
contato leve entre os dentes anteriores, mantendo um overbite
molares foram necessárias para auxiliar na inclinação posterior
de 1 a 2 mm e overjet de 0 a 0,5 mm, como podemos observar
dos molares nesta fase de tratamento (Figura 28).
neste caso (Figuras 29 a 32).
Figura 21
Foto frontal inicial.
Figura 23
Foto lateral intrabucal direita.
710
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
Figura 22
Foto frontal intrabucal inicial demonstrando mordida aberta de 3 mm.
Figura 24
Foto lateral intrabucal esquerda.
Ortoclínica
Figura 25
Foto intrabucal mostrando overjet acentuado de 4 mm.
Figura 27
Telerradiografia inicial.
Figura 26
Panorâmica inicial. Nota-se presença
dos terceiros molares já irrompidos.
Figura 28
Foto intrabucal frontal com o uso de elásticos anteriores
durante a mecânica do Meaw modificado.
Figura 29
Foto frontal intrabucal final.
Figura 30
Foto lateral intrabucal direita final.
Figura 31
Foto lateral intrabucal esquerda final.
Figura 32
Foto intrabucal mostrando overjet corrigido
e leve toque dos incisivos anteriores.
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711
| Davóglio
| de Almeida
| Conti ACFC
| Sakima
| Navarro
MarquesMT
Sakima
HVA
AC | MR
de Oliveira
CSBM| |de
Sakima
Almeida
AT RR
PRTR| |Sakima
NavarroT PO
| Discussão
arco inferior são impressas, causa à primeira vista um choque,
pois se os elásticos verticais não forem utilizados, a tendência
Através dos casos clínicos apresentados, pôde ser obser-
é de abrir e não de fechar a mordida. Portanto, o cálculo das
vada a melhora da mordida aberta e da Classe II com a utilização
forças dos elásticos verticais é importante para neutralizar
da técnica do Meaw modificado, por Sakima e colaboradores. A
este efeito e ao mesmo tempo potencializar a força de intrusão
facilidade de emprego da técnica, vinculada ao baixo número de
dos dentes posteriores, fechando a mordida aberta anterior.
dispositivos necessários para empregá-la, a torna interessante
diante de casos com mordidas abertas alvéolo-dentárias. O uso
| Conclusão
de elásticos intermaxilares com forças anteroposteriores, juntamente com elásticos verticais, acelera a correção da Classe II.
Pela avaliação das diversas formas conhecidas para o
Isso ocorre devido à diminuição da intercuspidação posterior,
tratamento da mordida aberta, podemos concluir que a técnica
facilitando a movimentação ortodôntica. As observações das
proposta, quando corretamente indicada e bem empregada, é
recomendações aos pacientes e aos profissionais são de suma
capaz de solucionar o problema de forma eficaz, devolvendo
importância para o êxito do tratamento.
ao paciente a função e uma oclusão esteticamente satisfató-
Esta técnica modificada2 está baseada na filosofia de
ria, sem que este seja submetido a tratamentos invasivos e
Tweed, onde são colocadas dobras nos arcos com a finalida-
onerosos. Possibilita, ainda, que o ortodontista ganhe mais
de de inclinar as coroas dos dentes posteriores para distal,
uma ferramenta na finalização dos seus casos, especialmente
com o auxílio de elásticos e curvas de “Spee” reversa inferior
onde os dentes posteriores interferem na oclusão dificultando
e acentuada superior, para facilitar o relacionamento antero-
a intercuspidação, e tenha em seu arsenal uma opção de trata-
2
posterior e vertical dos dentes. O autor , observando que as
coroas dos dentes posteriores apresentavam uma inclinação
mesial nos casos de mordidas abertas, introduziram as alças
horizontais com a finalidade de diminuir a proporção carga/
deflexão, imprimindo curvas e individualizando os segmentos,
usando elásticos verticais, obtendo boa resposta ao tratamento
pela intrusão dos dentes posteriores e extrusão dos dentes
anteriores, corrigindo as mordidas abertas. Com o surgimento
de fios como o TMA, que apresentam boa formabilidade com
baixa proporção carga/deflexão, retiramos as alças horizontais
tornando a técnica mais fácil de ser executada.
Pela descrição da mecânica do sistema de forças, onde
curvas de “Spee” acentuadas no arco superior e reversas no
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morphological and functional improvement. Amer. J of
712
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):703-12
mento de fácil execução e com boa aceitação pelos pacientes.
Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter
ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade
comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem
trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade
com interesse financeiro nesta área.
Endereço para correspondência:
Maurício Tatsuei Sakima
Rua Gonçalves Dias, 1.767 – Centro
14801-290 – Araraquara – SP
[email protected]
Orthod. And Dentof. Orthoped 2007;131(4):550-60.
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Trabalho original
Tabela de Moyers em brasileiros leucodermas, melanodermas,
feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros
Moyers’s table for Brasilians caucasians, melanodermics,
afrocaucasians, xanthoderms, japaneses-brazilians descendents
Arnaldo Pinzan*, Célia Regina Maio Pinzan Vercelino**
RESUMO – Estudou-se, a partir dos modelos de gesso de jovens
portadores de oclusão normal, representantes de leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e nipo-brasileiros, a aplicabilidade
dos valores propostos por Moyers, em suas tabelas para a previsão
do tamanho dentário na dentadura permanente. Comparou-se a frequência entre os valores apresentados nas tabelas de Moyers e os
obtidos para os diferentes grupos acima expostos. Observou-se que
os valores propostos por Moyers foram maiores em relação aos reais
obtidos para o grupo de feodermas de ambos os gêneros e arcos, e
subestimados para os nipo-brasileiros (mestiços) de ambos os gêneros
e arcos estudados, podendo interferir nas expectativas do tamanho
disponível dos dentes permanentes ainda não irrompidos.
Unitermos – Estudo comparativo; Modelos dentários; Ortodontia
interceptora.
ABSTRACT – The presente study compared the values proposed by
Moyers, in his tables for the prediction of tooth size in the permanent
dentition, with those obtained from young Brazilian individuals with
normal occlusion, representatives of caucasian, melanodermic, afrocaucasian, xanthoderm and nipo-Brazilians. The frequency between
the values proposed by Moyers and those obtained for the different
groups were compared. The results showed that the predicted values
were higher than the obtained from afrocaucasian descents for male
and female and in both archs. Also, the predicted values were smaller
than the real from nipo-Brazilians of both genders and archs studied.
The results suggested that the applicability of the Moyers proposed
values can interfere with the expectations of the available space for
the permanent teeth.
Key Words – Comparative studies; Dental models; Orthodontics;
Interceptive.
*Professor associado do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva – FOB/USP.
**Doutora em Ortodontia – FOB/USP; Professora – Universidade Ceuma.
716
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
Ortodivulgação
| Introdução e Revisão da Literatura
características raciais3-9. Trabalhos realizados na disciplina de
Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru – USP10-24,
A fase de dentadura mista, normalmente, gera insegurança
em modelos de gesso e em telerradiografias, nas mesmas
e insatisfação para profissionais, pais e pacientes, por tratar-se
amostras empregadas neste estudo, revelaram diferenças em
de um período longo (dos seis aos 13 anos aproximadamente)1,
vários aspectos, que merecem destaques especiais durante o
onde a busca pela beleza passa, necessariamente, por grandes
planejamento ortodôntico, respeitando-se as individualidades.
transformações durante a fase de crescimento e desenvolvi-
Portanto, surgiu o interesse de testar, nos diferentes grupos
mento craniofacial e dos arcos dentários.
constituintes de brasileiros residentes na região de Bauru (SP),
Diferentes más-oclusões podem ser interceptadas nesta
fase do desenvolvimento da oclusão e, para isto, diversos exa-
portadores de oclusão dentária “normal”, os valores apresentados na tabela da análise de Moyers2.
mes podem ser realizados com a finalidade de se estabelecer
um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adequado.
| Proposição
Uma das preocupações mais frequentes dos pais, neste
período, encontra-se relacionada ao apinhamento dentário.
Hipótese nula: não há diferença entre os valores previs-
Entre as ferramentas disponíveis para predizer o diâmetro
tos na tabela de Moyers e os valores reais obtidos para o
mesiodistal dos caninos e pré-molares permanentes antes do
somatório dos caninos e pré-molares nos grupos brasileiros
seu irrompimento, e avaliar a existência ou não de espaço no
de leucodermas, melanodermas, feodermas, xantodermas e
arco, encontram-se as análises da dentadura mista. Diferentes
nipo-brasileiros, portadores de oclusão normal.
análises foram propostas na literatura e são utilizadas como
auxiliares na planificação dos tratamentos ortodônticos preven-
| Material e Métodos
tivos e interceptores.
Entre as análises da dentadura mista, encontra-se uma2,
Amostra
com a finalidade de “prever” se o paciente terá ou não um
A Disciplina de Ortodontia da FOB/USP possui documenta-
alinhamento adequado dos dentes permanentes. Para o cálcu-
ções ortodônticas em seus arquivos, que já embasaram outras
lo estimativo, o autor recomenda o somatório dos diâmetros
pesquisas10-24 com esses grupos populacionais. Esta pesquisa
mesiodistais dos quatro incisivos inferiores permanentes, que
foi cadastrada e recebeu parecer favorável do CEP Bauru da
irrompem no primeiro período transitório de Van Der Linden1.
FOB/USP, sob número 097/2010.
2
Moyers desenvolveu tabelas para os dentes inferiores e superiores, e para ambos os gêneros com índices porcentuais
Do arquivo de oclusões normais da disciplina, selecionou-se a
seguinte amostra, dividida de acordo com o grupo racial:
de probabilidades entre 5% e 95%, de predizer a soma dos
dentes caninos e pré-molares para auxiliar no cálculo que
A. Leucodermas – filhos e netos de brasileiros leucodermas,
confronta o espaço presente e o espaço requerido, e assim
descendentes de mediterrâneos (espanhóis, italianos ou
avaliar a ocorrência ou não de discrepâncias de modelos
portugueses):
inferior e superior.
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
A fim de facilitar o diagnóstico, vários programas compu-
gênero masculino.
tadorizados contemplam metodologias de cálculos e oferecem
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
resultados construídos a partir de valores obtidos em pesquisas
gênero feminino.
com características raciais diferentes das do paciente examinado. Isto ocorre, inclusive, com a análise2, na qual os valores
B. Melanodermas – filhos de brasileiros melanodermas, com
definidos nas tabelas basearam-se em amostra americana e,
descendentes de procedência geográfica e racial dos re-
mesmo assim, são utilizados guiando as condutas de proce-
presentantes do grupo negroide, das regiões da costa da
dimentos clínicos preventivos e interceptores nos diferentes
África, onde predominam os povos bantos:
grupos raciais.
- 20 pares de modelos de gesso de representantes do
Entretanto, ressalta-se que diversos trabalhos demonstra-
gênero masculino.
ram diferenças entre os valores previstos nas tabelas propostas
- 20 pares de modelos de gesso de representantes do
por Moyers e os valores obtidos em populações com diferentes
gênero feminino.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
717
Pinzan A | Vercelino CRMP
C. Xantodermas – descendentes de pais e/ou avós do Japão,
As pontas ativas foram modificadas, implantando-se duas
com exceção daqueles da ilha de Okinawa, não sendo
placas de aço de 3 mm de largura e 2 mm de espessura, com
incluídos os mestiços de japoneses:
as extremidades biseladas e rebaixadas na face de medição,
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
possibilitando obter valores com precisão de até 0,01 mm.
gênero masculino.
O paquímetro foi posicionado na face vestibular, paralela-
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
mente à superfície oclusal e perpendicularmente à superfície
gênero feminino.
vestibular de cada dente (Figura 1).
As medições foram realizadas diretamente nos modelos,
D. Feodermas (Mulatos) – somente jovens afrodescendentes
medindo-se a maior distância mesiodistal dos quatro incisivos,
(união entre leucodermas e melanodermas brasileiros):
caninos, primeiros e segundos pré-molares inferiores e supe-
- 20 pares de modelos de gesso de representantes do
riores completamente irrompidos, de ambos os arcos e lados.
gênero masculino.
Inicialmente, realizou-se o somatório dos diâmetros
- 20 pares de modelos de gesso de representantes do
mesiodistais dos quatro incisivos inferiores, obtendo-se o
gênero feminino.
valor previsto para a consulta na Tabela de Moyers (Figura
2) dos diâmetros mesiodistais dos caninos e pré-molares,
E. Nipo-brasileiros – mestiços, filhos ou netos, frutos da união
considerando-se o arco e o gênero. Utilizaram-se os valores
de brasileiros leucodermas e japoneses, com exceção
propostos para o índice de confiabilidade de 75%. Em seguida,
daqueles provenientes da ilha de Okinawa:
os diâmetros previstos foram, individualmente, comparados
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
com os valores reais obtidos para o somatório dos diâmetros
gênero masculino.
mesiodistais dos caninos e pré-molares. Calculou-se, para
- 15 pares de modelos de gesso de representantes do
cada grupo racial e gênero, a ocorrência e o respectivo
gênero feminino.
porcentual de valores de Moyers maiores, iguais e menores
daqueles encontrados nas amostras. O limite tolerado de varia-
Metodologia
ção foi de 0,6 mm (para ser considerado igual). Destacou-se o
Para a realização das medidas dentárias, utilizou-se um
paquímetro digital (Mitutoyo, Suzano, São Paulo/Brasil), com
capacidade de aferição de 150 mm, com as pontas ativas modificadas para permitir um melhor ajuste a esse tipo de medição.
maior porcentual encontrado em cada um dos grupos, utilizando
o sinal de asterisco (*).
Entendeu-se que expressar os resultados em porcentuais
de ocorrência facilitaria o entendimento do estudo.
Figura 1
Posicionamento e medição com o paquímetro.
718
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
Ortodivulgação
TABELA DE PROBABILIDADE PARA PREDIÇÃO DO TAMANHO DOS CANINOS E PRÉ-MOLARES NÃO ERUPCIONADOS* (VALORES PROPOSTOS POR MOYERS2)
*Meça e obtenha os diâmetros mesiodistais dos quatro incisivos inferiores permanentes e ache este valor na coluna horizontal da tabela apropriada, homens/mulheres. Lendo abaixo na
coluna vertical apropriada, obtenha os valores para o diâmetro esperado dos caninos e pré-molares correspondentes ao nível de probabilidade que deseja escolher. Geralmente, usa-se o de
75% de probabilidade mais que o de 50%, pois, embora os valores sejam distribuídos normalmente entre a apinhamentos e diastemas, o apinhamento é um problema clínico muito mais
sério e os valores previstos para 75% protegem o clínico no lado segurança. Observe que os incisivos inferioes são usados para a predição dos diâmetros, tanto dos canicos e pré-molares
superiores quanto inferiores.
| Resultados
as tendências de comportamento para os grupos estudados.
No Quadro 1, referente ao arco superior do gênero
Nos Quadros 1 a 4 encontram-se, em valores absolutos e
masculino, observou-se que os valores previstos na tabela
porcentagens, as ocorrências para cada gênero, arco dentário
de Moyers2 apresentaram-se maiores do que os obtidos na
e grupo racial avaliados no presente estudo.
maioria dos indivíduos dos grupos melanodermas e feodermas
Ressalta-se que não foram encontrados valores na tabela
(55,5 e 42,6%, respectivamente). Apresentaram concordância,
de Moyers quanto ao somatório dos quatro incisivos inferiores,
com os propostos por Moyers2, os leucodermas (53,3%) e os
para o cálculo da previsão dos diâmetros para dois melanoder-
xantodermas (66,6%). Apenas no grupo nipo-brasileiro (66,6%)
mas masculinos; um feloderma masculino; uma melanoderma e
observou-se que, para a maioria dos representantes, os valores
duas nipo-brasileiras, razão pela qual o número de participantes
propostos por Moyers2 ficaram aquém dos reais obtidos.
dessas amostras sofreu baixas, após suas medições iniciais.
No gênero masculino, o arco superior, para o grupo de
Valores porcentuais das ocorrências, por si só, revelaram
melanodermas, apresentou o maior valor de discrepância
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
719
Pinzan A | Vercelino CRMP
(2,38 mm com média de 1,4 mm para os feodermas). A maior
(a maior discrepância foi de 1,47 mm com média de 1,3 mm).
discrepância foi de 1,30 mm e média de 0,6 mm. O grupo
Os melanodermas analisados revelaram predominância (55,5%)
nipo-brasileiro mostrou um valor máximo de discrepância de
de valores iguais aos da tabela. Por fim, os xantodermas apre-
1,71 mm e uma média de 1,4 mm.
sentaram, de forma equivalente, valores propostos por Moyers2
Para o arco dentário inferior do gênero masculino, verificou-se
maiores (40%) ou iguais (46,6%) aos obtidos.
que os valores sugeridos por Moyers2 para os feodermas (52,6%)
No Quadro 3, representando o grupo feminino quanto ao
e leucodermas (53,3%) foram, predominantemente, maiores
arco superior, encontraram-se valores maiores previstos por
que os reais obtidos (Quadro 2). Os feodermas apresentaram
Moyers2 apenas para as feodermas (55%, sendo o maior valor
a maior discrepância (1,15 mm com média de 0,6 mm) e os
de discrepância de 2,01 mm e média de 1,5 mm). Os valores
leucodermas mostraram a maior discrepância (2,09 mm com
das amostras foram predominantemente superiores em relação
média de 1,3 mm). Para a maioria dos nipo-brasileiros (60%), os
aos previstos nos grupos de melanodermas (52,6%, sendo o
valores previstos encontraram-se menores que os reais obtidos
maior valor de diferença de 2,29 mm com média de 1,6 mm),
nas nipo-brasileiras (92,3%, sendo a maior diferença de 2,54
mm com média de 1,8 mm), e nas xantodermas (60%, sendo
a maior diferença de 2,20 mm com média de 1,0 mm). As
leucodermas variaram entre valores maiores (33,3%) e iguais
QUADRO 1 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS
E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS
ESTUDADOS PARA O ARCO SUPERIOR, NO GÊNERO MASCULINO
(46,7%).
A mesma tendência do arco superior foi observada entre
Maiores do
que os obtidos
Iguais aos
obtidos
Menores do
que os obtidos
os valores para o arco inferior no gênero feminino (Quadro 4),
Melanodermas
(n = 18)
10 (55,5%)*
3 (16,8%)
5 (27,7%)
em relação aos reais nas feodermas (75% com o maior valor
Feodermas
(n = 19)
8 (42,1%)*
Leucodermas
(n = 15)
5 (33,3%)
8 (53,3)*
2 (13,4%)
Nipo-brasileiros
(n = 15)
1 (6,8%)
4 (26,6%)
10 (66,6)*
0
10 (66,6)*
5 (33,4%)
Arco superior
Gênero masculino
Xantodermas
(n = 15)
onde os valores propostos por Moyers2 apresentaram-se maiores
de diferença de 2,0 mm e média de 1,5 mm). Valores maiores
5 (26,3%)
6 (31,6%)
que os preconizados por Moyers2 foram encontrados para as
melanodermas (42,1%, maior discrepância de 2,19 mm e média
de 1,3 mm) e para as nipo-brasileiras (61,5% com discrepância
maior de 1,44 mm e média de 1,0 mm). A igualdade foi observada nas xantodermas (60%) e uma variação para valores
maiores propostos por Moyers2 nas leucodermas, de 46,73%
e iguais em 33,3%.
*representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos.
QUADRO 2 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS
E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS
ESTUDADOS PARA O ARCO INFERIOR, NO GÊNERO MASCULINO
Arco inferior
Gênero masculino
Maiores do
que os obtidos
Iguais aos
obtidos
Menores do
que os obtidos
6 (33,3%)
10 (55,5)*
2 (11,2)
Feodermas
(n = 19)
10 (52,6%)*
6 (31,6)
Leucodermas
(n = 15)
8 (53,3%)*
0
Melanodermas
(n = 18)
Nipo-brasileiros
(n = 15)
Maiores do
que os obtidos
Iguais aos
obtidos
Menores do
que os obtidos
Melanodermas
(n = 19)
6 (31,6%)
3 (15,8%)
10 (52,6)*
3 (15,8)
Feodermas
(n = 20)
11 (55 %)*
6 (30%)
3 (15%)
6 (40 %)
1 (6,7%)
Leucodermas
(n = 15)
5 (33,3%)
7 (46,7)*
3 (20%)
6 (40%)
9 (60%)*
Nipo-brasileiras
(n = 13)
0
1 (7,7%)
12 (92,3)*
2 (13,4%)
Xantodermas
(n = 15)
1 (6,7%)
5 (33,3%)
9 (60%)*
Xantodermas
*representa
o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos.
(n = 15)
6 (40%)
7 (46,6)*
*representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos.
720
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
QUADRO 3 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS
E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS
ESTUDADOS PARA O ARCO SUPERIOR, NO GÊNERO FEMININO
Arco superior
Gênero feminino
*representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos.
Ortodivulgação
QUADRO 4 – VALORES (PROPOSTOS POR MOYERS) MAIORES, IGUAIS
E MENORES EM RELAÇÃO AOS REAIS, OBTIDOS NOS GRUPOS
ESTUDADOS PARA O ARCO INFERIOR, NO GÊNERO FEMININO
Arco inferior
Gênero feminino
Maiores do
que os obtidos
Iguais aos
obtidos
Menores do
que os obtidos
Melanodermas
(n = 19)
6 (31,6%)
5 (26,3%)
8 (42,1)*
Feodermas
(n = 20)
15 (75%)*
3 (15%)
2 (10%)
Leucodermas
(n = 15)
7 (46,7%)*
As melanodermas apresentaram comportamento semelhante ao dos nipo-brasileiros, com valores reais obtidos
maiores do que os previstos na tabela de Moyers2, além de
associarem-se a valores maiores de inclinação (1.NB 35,99º)
e protrusão (1-NB 8,14 mm)19.
Nos feodermas, prevaleceram valores maiores previstos
por Moyers2. Entretanto, ressalta-se que apresentam um perímetro de arco suavemente maior que os leucodermas e menor
5 (33,3)
3 (20%)
que os melanodermas, com incisivos inferiores inclinados (1.NB
28,18º) e protraídos suavemente (1-NB 5,21 mm)19.
Nipo-brasileiras
(n = 13)
0
5 (38,5%)
8 (61,5)*
No grupo dos leucodermas, os valores sugeridos pela
análise de modelos2 foram coincidentes ou com discreto valor
Xantodermas
(n = 15)
2 (13,3%)
9 (60%)*
4 (26,7%)
*representa o maior porcentual encontrado em cada um dos grupos.
aumentado em ambos os gêneros e arcos em relação aos
obtidos.
Os jovens nipo-brasileiros, de ambos os gêneros, demonstraram valores superiores para o somatório dos diâmetros
| Discussão
mesiodistais dos caninos e pré-molares daqueles preconizados
pela tabela2. Em um estudo prévio19, realizado na mesma amos-
Em um trabalho epidemiológico recentemente publicado,
tra, verificou-se um maior perímetro do arco dentário inferior
os pesquisadores observaram que, em cidades paulistas, os
e também maior inclinação dos dentes inferiores (1.NB 27,7º
índices porcentuais de más-oclusões em crianças de sete a
e IMPA 93,4º) para este grupo.
25
12 anos de idade apresentaram-se altíssimos, principalmente
No grupo xantoderma, os valores reais obtidos, em sua
para a Classe I de Angle (55,25% do total da amostra), onde
maioria, foram maiores ou iguais aos sugeridos por Moyers2,
o apinhamento dentário se faz mais presente.
exceto para o arco inferior masculino, explicando um perímetro
Um dos grandes desafios na prática da Ortodontia preven-
de arco inferior aumentado em relação aos leucodermas19.
tiva e interceptora consiste na avaliação do espaço presente,
Deve-se ponderar que, durante a análise proposta por
confrontando-o com o espaço a ser requerido para propiciar
Moyers2, trabalhou-se na probabilidade de 75% de ocorrência
o correto posicionamento dos dentes nos arcos. Atualmente,
do valor sugerido, e que este valor é multiplicado por dois,
a análise de Moyers ainda encontra-se presente no ensino e
considerando-se os lados direito e esquerdo. As diferenças aqui
no consultório, auxiliando o profissional a prever qual a quan-
encontradas, teoricamente, podem fazer a diferença entre tra-
tidade “provável” de espaço necessário para a acomodação
tamentos mais simples ou aqueles que requerem mais cautela.
dos dentes permanentes em pacientes na fase de dentadura
A supervisão permanente deve ser exercida, principalmen-
mista. Entretanto, a maioria dos ortodontistas aplica os valores
te monitorando para que problemas de dentes anteriores e
2
originais do trabalho do autor para o cálculo desta análise, inde-
posteriores com tamanhos aumentados ou diminuídos na sua
pendentemente das variações relacionadas aos grupos raciais.
morfologia não interfiram na boa oclusão, como apresentado
Com a ênfase na planificação dos tratamentos ortodônticos
nas diversas modalidades de discrepância de tamanho dentário
2
baseada nas características individuais de cada paciente, vários
encontradas na análise de Bolton25-27.
estudos5-24 foram conduzidos na literatura, demonstrando que
Sabendo da possibilidade dessas variações entre os dife-
diversas medidas cefalométricas e dentárias variam entre os
rentes grupos avaliados, torna-se interessante ater-se dessas
distintos grupos raciais. Surgiu assim, o interesse em realizar
ocorrências, que podem resultar em frustrações posteriores.
o presente estudo.
Do ponto de vista clínico, as médias encontradas das diferen-
Os resultados obtidos demonstraram que os grupos
ças observadas não invalidam completamente essa análise.
avaliados diferiram em relação ao gênero, aos grupos raciais
Os valores menores daqueles previstos por Moyers2 até seria
e aos arcos estudados, evidenciando-se a necessidade de
uma condição favorável, contrariamente àqueles de maiores
individualizações a serem dispensadas pelo profissional em
valores encontrados que podem levar a valores críticos em
seus planejamentos.
termos de previsibilidade.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):716-22
721
Pinzan A | Vercelino CRMP
| Conclusão
A hipótese nula de que não ocorre diferença entre os valores propostos na tabela de Moyers, para caninos e primeiro
e segundo pré-molar não se mostrou verdadeira quando se
consideraram diferentes grupos raciais e gêneros.
Os valores apresentados na tabela de Moyers, confron-
Nota de esclarecimento
Nós, os autores deste trabalho, não recebemos apoio financeiro para pesquisa dado
por organizações que possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho.
Nós, ou os membros de nossas famílias, não recebemos honorários de consultoria ou
fomos pagos como avaliadores por organizações que possam ter ganho ou perda com a
publicação deste trabalho, não possuímos ações ou investimentos em organizações que
também possam ter ganho ou perda com a publicação deste trabalho. Não recebemos
honorários de apresentações vindos de organizações que com fins lucrativos possam ter
ganho ou perda com a publicação deste trabalho, não estamos empregados pela entidade
comercial que patrocinou o estudo e também não possuímos patentes ou royalties, nem
trabalhamos como testemunha especializada, ou realizamos atividades para uma entidade
com interesse financeiro nesta área.
tados com os obtidos nesta pesquisa, evidenciaram que os
valores propostos por Moyers foram maiores para o grupo
de feodermas de ambos os gêneros e arcos, e subestimados
nos nipo-brasileiros (mestiços) de ambos os gêneros e arcos
estudados, podendo interferir nas expectativas do tamanho
Endereço para correspondência
Arnaldo Pinzan
Al. Dr. Octávio Pinheiro Brisolla, 9-75
Caixa Postal 73
17012-901 – Bauru – SP
Tel.: (14) 3235-8335
[email protected]
disponível dos dentes permanentes ainda não irrompidos.
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Ortodontia & Estética
Coordenação
de conteúdo:
Alexander Macedo
Colaboração
na matéria:
Luciana Flaquer Martins
Marcelo Reis Fraga
Lesões de mancha branca no esmalte
dental durante o tratamento ortodôntico
Manchas brancas no esmalte dental podem ocorrer por inúmeros fatores. Para eliminar
o problema, alguns procedimentos ajudam na remoção dessas alterações.
Lesões com manchas brancas afe-
lização do esmalte e desencadeando as
aparecimento de manchas brancas. “A
tam um grande número de pacientes com
denominadas lesões de mancha branca.
alimentação e os tipos de materiais ade-
aparelho ortodôntico que não conseguem
Mas, não só a higiene desfavorável
sivos utilizados para a fixação dos aces-
manter uma boa higiene oral, sobretudo
tem influência nesse processo. Segundo
sórios tendem a aumentar a formação do
aqueles que utilizam o aparelho fixo. A
Luciana Flaquer Martins, coordenadora
biofilme, favorecendo a proliferação de
dificuldade na limpeza dos dentes facilita
da Especialização em Ortodontia – Cio-
bactérias cariogênicas”, informa.
o acúmulo de placa em volta das bandas
donto/SPO-ABC e doutora em Ortodontia/
Completando, Marcelo Reis Fraga,
e dos braquetes, causando a desminera-
Fousp, outros fatores podem ocasionar o
especialista, mestre em Ortodontia e
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8
725
Ortodontia & Estética
professor do curso de Pós-graduação
ortodôntico, para que seja possível
o desenvolvimento de cárie. Além de uma
em Ortodontia da Universidade Federal
realizar a intervenção adequada no local
correta orientação de higiene e indicação
de Juiz de Fora/Minas Gerais, explica
da mancha. “Se for por cárie incipiente,
de escovas específicas para cada caso,
que as manchas brancas podem surgir
podemos diferenciá-las pelo local de apa-
há condutas que podem ser realizadas
em função de uma formação incompleta
recimento, que normalmente é onde há
para evitar tais problemas.
ou defeituosa do esmalte durante a
acúmulo de biofilme – junto ao colo den-
Conforme Luciana, a orientação
formação do germe dentário, condição
tário e espaço interproximal. O paciente
nutricional deve ser feita para conscien-
esta conhecida como hipoplasia do es-
e os responsáveis devem ser alertados
tizar o paciente e seus responsáveis, na
malte. “Pode também estar associada a
sobre esta condição e conscientizados
dieta com menor consumo de açúcar e
fatores nutricionais, consumo excessivo
sobre a extrema importância do controle
alimentos “pegajosos”, que favorecem
de bebidas ácidas que podem provocar
de higienização durante o tratamento or-
a formação do biofilme e a proliferação
erosão no esmalte dentário ou a uma alta
todôntico. No mais, antes da montagem
bacteriana. “Além disso, é essencial
ingestão de flúor (fluorose)”, destaca.
do aparelho fixo, efetuar procedimentos
evitar o excesso de alimentos/bebidas
de remineralização, e no ato da colagem
ácidas, como refrigerantes, leite e su-
Diagnóstico diferencial
dos acessórios utilizar substâncias selan-
cos com soja em sua composição, que
As manchas brancas no esmalte po-
tes ao redor do braquete, o que diminui
podem aumentar a desmineralização do
dem representar cárie incipiente, opacida-
o risco de uma nova desmineralização”,
esmalte, principalmente se o paciente
des e hipoplasia do esmalte. O diagnóstico
declara.
fizer sua higiene oral logo após ingerir
diferencial destas possibilidades no trata-
Com relação às manchas por hipo-
estas bebidas, o que aumenta o potencial
mento ortodôntico é de suma importância,
plasia de esmalte, Luciana lembra que
desmineralizador pela atrição das cerdas
uma vez que nas três situações o conteú-
estas não seguem o padrão de apareci-
da escova dental sobre o esmalte sob
do mineral está diminuído e a organização
mento em área de acúmulo de biofilme,
efeito de um agente ácido”, explica.
estrutural modificada.
e não respondem bem aos métodos de
Para a especialista, ao abordar o
Fraga explica que a obtenção de um
remineralização do esmalte. “Nestes ca-
aspecto da higiene oral com o paciente
correto diagnóstico para os diferentes
sos, na medida do possível, devemos evi-
e seus responsáveis, deve-se levar em
tipos de manchas brancas que acometem
tar que os acessórios ortodônticos sejam
consideração que a técnica de higieni-
o esmalte dentário é fundamental para
colocados nas áreas das manchas. Mas,
zação deve se adaptar às necessidades
um bom prognóstico dessas "lesões".
se isso for imprescindível, usar forças
físicas, motoras e anatômicas de cada
“A mancha branca por desmineralização
controladas durante todo o tratamento
paciente. E enfatizar a importância da
pode apresentar-se ativa ou inativa,
ortodôntico, e na hora da remoção dos
utilização de fios/fitas dentais universais
necessitando, portanto, de atuações clí-
acessórios fazê-lo com muito cuidado a
(com o auxílio de passa fios, confeccio-
nicas diferenciadas. Quando ativa, pode
fim de não fraturar o esmalte. Desde an-
nados no consultório pelo ortodontista ou
requerer remineralização por intermédio
tes do início do tratamento ortodôntico,
pré-fabricados), ou modificados, sendo
de aplicações sistemáticas de flúor, e
todos os envolvidos devem estar cientes
que alguns apresentam uma extremidade
quando inativa, como nos casos de hipo-
dos riscos de fratura desta superfície
mais rígida, facilitando a passagem do
plasia e fluorose, a atenção deverá estar
manchada e da necessidade de controle
fio por entre os braquetes, e outros vêm
focada antes e durante o tratamento
rigoroso da higiene oral”, esclarece.
acoplados em um suporte que mantém
ortodôntico para evitar sua progressão
em função de uma possibilidade maior de
acúmulo de placa nestes casos”.
o fio estirado, favorecendo o uso princi-
Avaliação do risco
A desmineralização do esmalte den-
palmente em pacientes com problemas
motores.
Já Luciana aponta que nos três
tário e as inflamações gengivais durante
“Além disso, é importante deter-
casos, com o conteúdo mineral mo-
o tratamento ortodôntico são preocupa-
minar o melhor fio dental, bem como a
dificado, a colagem dos acessórios
ções constantes dos ortodontistas, por
técnica de escovação e a escolha da es-
ortodônticos fica comprometida, sendo
este motivo é importante, antes mesmo
cova, levando-se em conta a quantidade
muito importante o diagnóstico do tipo
da instalação do aparelho ortodôntico,
de abertura bucal, tamanho dos dentes
de lesão branca antes do planejamento
avaliar se o paciente é de alto risco para
e idade do paciente. Mas, sempre lem-
726
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8
Ortodontia & Estética
brando que, além de englobar todas
A mancha branca está relacionada
na remineralização da cárie incipiente.
as faces dos dentes, as bochechas e
com a perda de mineral pelo esmalte que,
Também, enfatizar ao paciente e aos seus
língua também devem ser higienizadas.
quando diagnosticada em sua fase inicial,
responsáveis a necessidade de dar maior
Não podemos esquecer que o dentifrí-
apresenta-se parcialmente desmineraliza-
atenção à higiene oral, indicando os locais
cio de eleição deve conter flúor, já que
da, sendo passível de remineralização.
onde a escovação não está adequada e o
este princípio auxilia na prevenção da
Portanto, logo que as manchas brancas
que esta falta de cuidado está causando.
desmineralização do esmalte dentário
são detectadas, há procedimentos que
A utilização de bochechos com fluoreto
e atua como coadjuvante no processo
podem ser realizados para obter a remi-
de sódio a 0,05% associados à aplicação
de remineralização. A utilização de en-
neralização do esmalte dental.
tópica de flúor e a utilização de dentifrícios
xaguatórios bucais deve ser orientada,
De acordo com Fraga, a partir do
fluoretados também é citada na literatura
principalmente os que contenham tri-
diagnóstico de uma mancha branca, o
como um método aparentemente eficaz
closan, cloreto de cetilpiridínio e outras
ortodontista deverá orientar o paciente
de recuperação do esmalte dentário.
associações. A higienização deve ser
sobre o problema e a necessidade em se
Após a remoção dos braquetes, quando
feita após as principais refeições e a utili-
iniciar um tratamento para remineralizar
detectadas manchas brancas, aplicações
zação do enxaguatório apenas de uma a
a área descalcificada do dente. “Nor-
mensais de verniz fluoretado, aliadas à
duas vezes ao dia, dando prioridade aos
malmente, manter a superfície do dente
utilização de dentifrícios fluoretados e
que contenham os menores teores de
livre do acúmulo de placa bacteriana e
bochechos com fluoreto de sódio, apre-
álcool em sua fórmula”, orienta Luciana.
a promoção de microabrasão, por meio
sentam um bom nível de recuperação do
Por fim, quanto ao uso da clorexidi-
de pedra pomes e ácido fosfórico, jun-
esmalte”, complementa.
na, Luciana explica que a solução deve
tamente com aplicações de
ser restrita aos pacientes que apresen-
flúor na área da lesão, ajudam
tam gengivite, mesmo que em fases ini-
de maneira considerável o
ciais, para que a doença periodontal não
processo de remineraliza-
se estabeleça. O uso deve ser controlado
ção, que já conta com uma
e limitado apenas no período de controle
proteção natural importante
da inflamação gengival, e não ao longo
que é a presença da saliva,
de todo tratamento ortodôntico.
rica em íons cálcio e fosfato”,
Fraga considera ser importante o
assinala.
profissional fazer uma boa e cuidadosa
Segundo Luciana, a pri-
avaliação clínica do paciente antes de
meira atitude ao se detectar
iniciar o tratamento ortodôntico. “Pacien-
visualmente uma mancha
tes com muitas restaurações dentárias
branca é evitar fazer a ins-
devem ter um acompanhamento mais
peção dela com a sonda
rigoroso para evitar o desenvolvimento
exploradora, uma vez que os
de cáries e inflamações gengivais. O
cristais de esmalte já fragili-
ortodontista deve orientar o paciente
zados podem ser fraturados
sobre uma dieta mais saudável e ter a
neste procedimento, e o que
preocupação de usar, sempre que possí-
era apenas uma mancha
vel, acessórios ortodônticos que facilitem
torna-se cavitação.
uma boa higienização e mantenham o
“A aplicação tópica de
tecido gengival livre de agressões me-
gel de flúor-fosfato acidula-
cânicas provocadas pelo aparelho. Estas
do, em ácido ortofosfórico,
medidas, juntamente com uma boa higie-
em consultório, aliada à es-
ne oral, garantem um adequado controle
covação com dentifrícios
da cárie e da doença periodontal”, afirma.
fluoretados, é um método
simples e bastante eficaz
A
B
C
Manchas brancas
visualizadas após a
remoção dos braquetes
de um paciente não
colaborador.
Estas manchas são
observadas nas regiões
onde ocorre maior
acúmulo de placa
bacteriana, como na
região cervical, nas faces
proximais logo abaixo
dos pontos de contato e
ao redor dos braquetes
ortodônticos. Todos os
pacientes com aparelho
fixo devem ser orientados
e conscientizados sobre
a importância de uma
higiene cuidadosa,
evitando inconvenientes
estéticos e funcionais
como verificado nestas
imagens.
Imagens cedidas por Alexander Macedo.
Remineralização do esmalte
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8
727
Ortodontia & Estética
as manchas brancas aparentes após o
tratamento dentário.
“É de extrema importância, nesta
técnica com resina infiltrante, obedecer
as orientações do fabricante e fazer
um isolamento adequado dos dentes a
serem tratados, utilizar o ataque ácido
A
no tempo adequado e do secante; se
não houver alteração da cor do dente,
repetir o procedimento mais uma vez.
Apenas depois de completadas adequadamente estas etapas é possível a
aplicação da resina infiltrante à base de
metacrilato. A utilização de infiltrantes
para o tratamento de lesões brancas
B
após o tratamento ortodôntico parece
ter uma eficácia maior que o tratamento
C
Fotos intrabucais evidenciando a
presença de manchas brancas na
região cervical de alguns dentes.
Deve-se tomar cuidado especial
no diagnóstico da mancha branca,
evitando a sondagem da superfície
do esmalte que pode quebrar a
camada superficial preservada
e impossibilitar um processo
posterior de remineralização.
tradicional de microabrasão, apresentando resultados estéticos mais aceitáveis na camuflagem de tais manchas”,
assinala Luciana, salientando ainda que,
além dos avanços técnicos nos materiais dentários, a técnica de colagem
deve ser rigorosa na conservação da
superfície do esmalte dentário para li-
Imagens cedidas por Alexander Macedo.
mitar a desmineralização apenas à área
correspondente a base dos acessórios
Para Luciana, ainda, a utilização de
de bandas e braquetes ortodônticos.
colados. “Em seguida, pressionar bem
selantes na superfície dos dentes subme-
Portanto, principalmente para pacientes
o acessório contra a superfície dentária
tidos à ação de substâncias desminerali-
de alto risco, o uso de selantes é uma
para que o material adesivo escoe e
zadoras no ato da colagem de acessórios
ótima medida preventiva”, sugere.
os excessos de adesivo possam ser
ortodônticos tem se mostrado de grande
valia como coadjuvante na prevenção da
cuidadosamente limpos e removidos
Infiltrantes de cáries
da periferia do acessório”.
mancha branca e de cáries relacionadas
No tratamento de lesões de man-
Fraga ressalta que o produto infiltran-
ao tratamento ortodôntico. “Parece até
chas brancas, após a remoção do apa-
te de cárie, hoje disponível no mercado,
ter resultados superiores a utilização de
relho ortodôntico, existem recentemente
tem como principal objetivo impedir a
verniz fluoretado na periferia dos braque-
disponível no mercado os infiltrantes
progressão de uma lesão cariosa inicial
tes, para evitar o aparecimento dessas
de cáries que, de acordo com Luciana,
sem a necessidade de remoção de tecido
lesões”, informa.
trata-se de um conjunto de substâncias
duro ou anestesia. “O procedimento é
Segundo Fraga, atualmente há uma
contendo um ataque ácido que combina
realizado através da aplicação de uma
grande variedade de selantes no merca-
ácido hidroclorídrico e ácido pirogênico
resina altamente fluida que interrompe a
do para pacientes que usam aparelho
silício, uma substância secante à base
difusão de ácido cariogênico, promoven-
ortodôntico. “Existe um grande número
de etanol a 99% e uma resina com sua
do controle da cárie. A grande vantagem
de trabalhos científicos demonstrando
matriz à base de metacrilato. Aplicados
desse procedimento é a preservação da
a real eficácia de selantes em reduzir a
em uma sequência padronizada, o
estrutura dental, por ser uma técnica
desmineralização do esmalte ao redor
método suaviza e, por vezes, elimina
pouco invasiva”, finaliza.
728
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):725-8
Ciência Brasil
Ortoinformação
Publicação de pesquisadores
brasileiros na mídia internacional
O espaço Ciência Brasil é reservado para a
divulgação das pesquisas recentemente publicadas por
ortodontistas brasileiros em periódicos internacionais.
Confira a seguir duas dessas pesquisas.
Santos RL, Pithon MM, Romanos
MTV. The influence of pH levels
on mechanical and biological
properties of nonlatex and
latex elastics Angle Orthod
2012;82:709-14.
Coordenação de conteúdo:
Danilo Furquim Siqueira
RESUMO
Objetivo: avaliar a influência dos níveis de pH sobre elásticos interarcos em relação
a decadência de força e citotoxicidade. Material e Métodos: um grupo não látex e
um grupo látex foram testados (n = 10). Elásticos foram esticados em 25 mm e
mantidos por uma, seis, 12 e 24 horas em solução de saliva artificial com níveis de
pH de 5.0, 6.0 e 7.5. Magnitudes de força foram medidas com 25 mm de ativação.
O ensaio de citotoxicidade foi realizado utilizando culturas de células (linhagem
celular L929, fibroblasto de rato), que foram submetidas ao teste de viabilidade
celular com vermelho neutro – dye-uptake. A degradação da força e citotoxicidade
foram avaliadas através de análise de variância (Anova), método Sidak e teste de
Tukey. Resultados: as interações entre grupo, pH e tempo não demonstraram diferenças estatisticamente significantes (p = .29). Quando pH por tempo (p = .032) e
grupo por tempo (p = .0009) foram considerados, essas interações apresentaram
diferenças significativas (p < .05). O pH não interferiu diretamente nos resultados
de degradação dos elásticos testados. O teste de citotoxicidade demonstrou que
o grupo LAO apresentou viabilidade celular inferior quando comparado ao grupo
NLAO durante todo o experimento. Houve redução gradual da viabilidade celular,
de uma hora a 24h. Diferença significativa (p < .05) foi encontrada entre as interações grupo pH e grupo controle de células, exceto entre o grupo NLAO no tempo
de uma hora para os diferentes níveis de pH e no tempo de seis e 12h com pH 5.0
(p > .05). Conclusão: nenhuma correlação significativa entre pH, degradação da
força e citotoxicidade foi observada.
Elásticos
avaliados.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):731-2
731
Ciência Brasil
Pithon MM, Santos AM, Couto
FS, Coqueiro RS, de Freitas LMA,
de Souza RA et al. Perception of
the esthetic impact of mandibular
incisor extraction treatment on
laypersons, dental professionals,
and dental students. The Angle
Orthodontist 2012;82(4):732-8.
RESUMO
Objetivo: avaliar o grau de percepção de leigos, profissionais e estudantes de Odontologia quanto à estética dentária, em casos com extração de incisivo central inferior.
Material e Métodos: de posse de uma fotografia intrabucal frontal de uma oclusão
normal com todos os dentes presentes, realizou-se modificações com a extração de
um incisivo inferior com várias composições de tamanhos. Para tal, utilizou-se um
programa específico para manipulação de imagens (Adobe Photoshop CS3, Adobe
Systems Incorporated, EUA). Após manipulação, as imagens foram impressas em
papel fotográfico, anexas a um questionário e distribuídas para leigos, profissionais
e estudantes de Odontologia (n = 90) para avaliar o grau de percepção e estética
utilizando uma escala de atratividade, onde: 0 =
pouco atrativo; 5 = atrativo; 10 = muito atrativo.
As diferenças entre os examinadores foram examinadas através do teste Mann-Whitney. Todas
as estatísticas foram executadas com nível de
confiabilidade de 95%. Resultados: demonstraram
habilidade por parte dos profissionais e estudantes de Odontologia em perceber a diferença
entre oclusão normal e os casos com falta de um
incisivo (p < 0.05). A fotografia onde os incisivos
laterais apresentaram-se maiores que o central
foi a que obteve maior valor dentre os casos de
extração em todos os grupos de avaliadores.
Conclusão: profissionais e estudantes de Odontologia são mais hábeis em identificar desvio da
normalidade. Além disso, a extração de incisivos
inferiores deve ser sempre descartada quando
outras opções de tratamento estão disponíveis.
Imagens
avaliadas.
732
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):731-2
Mercado
Ortoinformação
BioClip: primeiro autoligável interativo
com clipe de força gradual
O braquete interativo BioClip da Aditek, uma das principais fabricantess de
d
produtos ortodônticos do Brasil, transforma em realidade um sonho que
parecia distante no que diz respeito ao manejo das forças e controle
da interatividade na interface braquete/arco.
A experiência de mais de dez anos na engenharia de ponta para
braquetes autoligáveis, aliada à mais alta tecnologia, possibilitou o
desenvolvimento de um sistema inédito de grande eficiência. Da união
de duas patentes (braquete interativo, do doutor John Voudouris, e do
sistema de clipes de Nitinol de força gradual, do doutor Alexandre Gallo
Lopes), surgiu a parceria que levou à criação do BioClip.
m
O braquete autoligável BioClip possui características inovadoras em
plica
sistemas interativos. Pela primeira vez, é possível o gerenciamento da aplicação de forças ao longo do mesmo arco, em razão dos clipes de Nitinol de forças
graduadas, de acordo com a área radicular dos dentes. Desta forma, cada dente recebe
somente a força necessária para um movimento biocompatível, proporcionando um
tratamento ortodôntico mais seguro.
Mais informações no site www.aditek.com.br ou pelo telefone 0800-0159520.
Autoligados da Forestadent:
novo conceito de estética
A linha de braquetes autoligados Forestadent – BioQuick
(metálico e interativo) e QuicKlear (cerâmico e interativo),
além de proporcionar fácil manuseio, traz um novo conceito
em estética.
arredondas oferecem maior conforto
e comodidade no uso.
Já o braquete autoligável QuicKlear comple-
A terceira geração de braquete
menta o sistema BioQuick
autoligável BioQuick – livre de níquel
como alternativa estética.
– destaca-se pela simplicidade no
Feito em cerâmica translú-
manuseio porque possui um sistema
cida e praticamente invisível,
de abertura e fechamento por meio
que o diferencia do BioQuick, suas
de clipe, que possibilita limpeza mais
aparência, sua discrição e seu design sofisticado garantem
profunda, reduzindo, desse modo, o
ao paciente um sorriso suave e natural.
acúmulo de placas bacterianas.
Os braquetes da empresa alemã Forestadent são os
Por ser o menor braquete autoligável do mercado,
únicos autoligados de molar a molar existentes no mercado.
sua adesão e/ou remoção são mais efetivas, facilitando o
Os resultados são: otimização do tempo de tratamento e
trabalho do ortodontista. Ao paciente, suas bordas lisas e
perfeição dos resultados alcançados.
Para mais informações, acesse www.gm-orthodontics.com.br.
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):735
735
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Periodicidade: mensal com módulos de dois dias (quinta e sexta).
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Coordenadora: Profa. Dra. Laura Santa Pereira
Duração: 10 meses
Horário: 8h30 às 17h
Periodicidade: mensal com módulos de dois dias (quinta e sexta).
Normas de Publicação
Como enviar seus trabalhos
Os trabalhos enviados que não seguirem rigorosamente as Normas de Publicação serão devolvidos automaticamente. A revista
OrtodontiaSPO adota em suas normas de publicação o estilo de Vancouver (Sistema Numérico de Citação), visando à padronização
universal de expressões científicas nos trabalhos publicados. Desde janeiro de 2011, todos os trabalhos deverão ser enviados
com o formulário de Conflito de Interesse preenchido, material que passa a fazer parte do Termo de Cessão de Direitos Autorais.
Importante:
Envie seu trabalho apenas pelo correio, para:
OrtodontiaSPO
Att. Cecilia Felippe Nery (Editora)
Rua Gandavo, 70 – Vila Clementino
04023-000 – São Paulo – SP
1. OBJETIVO
A revista OrtodontiaSPO, de periodicidade bimestral,
destina-se à publicação de trabalhos inéditos de pesquisa
aplicada, bem como artigos de atualização, relatos de casos
clínicos e revisão da literatura na área de Ortodontia e de
especialidades multidisciplinares que a envolvam.
2. NORMAS
2.1. Os trabalhos enviados para publicação devem
ser inéditos, não sendo permitida a sua apresentação
simultânea em outro periódico.
2.2. Os trabalhos deverão ser enviados exclusivamente via
correio, gravados em CD, em formato DOC ou RTF (Word
for Windows), acompanhados de uma cópia em papel,
com informações para contato (endereço, telefone e
e-mail do autor responsável).
2.2.1. O CD deve estar com a identificação do autor
responsável, em sua face não gravável, com etiqueta ou
caneta retroprojetor (própria para escrever na superfície
do CD).
2.3. O material enviado, uma vez publicado o trabalho, não
será devolvido.
2.4. A revista OrtodontiaSPO reserva todos os direitos
autorais do trabalho publicado.
2.5. A revista OrtodontiaSPO receberá para publicação
trabalhos redigidos em português.
2.6. A revista OrtodontiaSPO submeterá os originais
à apreciação do Conselho Científico, que decidirá sobre
a sua aceitação. Os nomes dos relatores/avaliadores
permanecerão em sigilo e estes não terão ciência dos
autores do trabalho analisado.
2.7. O trabalho deverá ser entregue juntamente com o
Termo de Cessão de Direitos Autorais, assinado pelo(s)
autor(es) ou pelo autor responsável.
2.7.1. Modelo de Termo de Cessão de Direitos Autorais:
[Local e data]
Eu (nós), [nome(s) do(s) autor(es)], autor(es) do trabalho
intitulado [título do trabalho], o qual submeto(emos)
à apreciação da revista OrtodontiaSPO para nela ser
publicado, declaro(amos) concordar, por meio deste
suficiente instrumento, que os direitos autorais referentes
ao citado trabalho tornem-se propriedade exclusiva da
Contendo CD identificado (com todo o material
do artigo), impresso completo do trabalho a ser
submetido, Termo de Cessão de Direitos Autorais/
Formulário de Conflito de Interesse devidamente
preenchidos e Termo de Consentimento do Paciente,
quando necessário.
Em caso de dúvida, entre em contato com a redação:
(11) 2168-3400 – <[email protected]>.
revista OrtodontiaSPO a partir da data de sua submissão,
sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em
qualquer outra parte ou meio de divulgação de qualquer
natureza, sem que a prévia e necessária autorização
seja solicitada e obtida junto à revista OrtodontiaSPO.
Declaro(amos) serem verdadeiras as informações do
formulário de Conflito de Interesse. No caso de não
aceitação para publicação, essa cessão de direitos autorais
será automaticamente revogada após a devolução definitiva
do citado trabalho, mediante o recebimento, por parte do
autor, de ofício específico para esse fim.
[Assinatura(s)]
à aprovação pelo Comitê de Ética. A experimentação
envolvendo pesquisa com humanos deve ser conduzida de
acordo com princípios éticos (Declaração de Helsinki, versão
2008 – http://www.wma.net/en/20activities/10ethics/10hels
inki/index.html).
2.10. Todos os trabalhos com imagens de pacientes, lábios,
dentes, faces etc., com identificação ou não, deverão
conter cópia do Formulário de Consentimento do Paciente,
assinado por este.
Conflito de Interesse
Sim
Eu recebi apoio financeiro para pesquisa dado por
organizações que possam ter ganho ou perda com
a publicação deste trabalho
Eu, ou os membros da minha família, recebemos
honorários de consultoria ou fomos pagos como
avaliadores por organizações que possam ter ganho
ou perda com a publicação deste trabalho
Eu, ou os membros da minha família, possuímos
ações ou investimentos em organizações que
possam ter ganho ou perda com a publicação
deste trabalho
Eu recebi honorários de apresentações vindos de
organizações que possam ter ganho ou perda com
a publicação deste trabalho
Você está empregado pela entidade comercial que
patrocinou o estudo?
Você possui patentes ou royalties, trabalhou como
testemunha especializada, ou realizou atividades
para uma entidade com interesse financeiro nesta
área? (forneça uma descrição resumida)
Não
[Assinatura]
Importante: autores e coautores deverão preencher
individualmente o formulário com informações próprias. Estas
deverão ser acrescentadas ao final do artigo, em forma de
texto, como Nota de Esclarecimento.
2.8. As informações contidas nos trabalhos enviados são de
responsabilidade única e exclusiva de seus autores.
2.9. Os trabalhos desenvolvidos em instituições oficiais de
ensino e/ou pesquisa deverão conter no texto referências
3. APRESENTAÇÃO
3.1. Estrutura
3.1.1. Trabalhos científicos (pesquisas, artigos e teses)
– Deverão conter título em português, nome(s) do(s)
autor(es), titulação do(s) autor(es), resumo, unitermos,
introdução e/ou revisão da literatura, proposição,
material(ais) e método(s), resultados, discussão, conclusão,
nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês
(abstract), unitermos em inglês (key words) e referências
bibliográficas.
Limites: texto com, no máximo, 35.000 caracteres (com
espaços), 4 tabelas ou quadros e 20 imagens (sendo, no
máximo, 4 gráficos e 16 figuras).
3.1.2. Revisão da literatura – Deverão conter título
em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação
do(s) autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou
proposição, revisão da literatura, discussão, conclusão,
nota de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês
(abstract), unitermos em inglês (key words) e referências
bibliográficas.
Limites: texto com, no máximo, 25.000 caracteres (com
espaços), 10 páginas de texto, 4 tabelas ou quadros e 20
imagens (sendo, no máximo, 4 gráficos e 16 figuras).
3.1.3. Relato de caso(s) clínico(s) – Deverão conter título
em português, nome(s) do(s) autor(es), titulação do(s)
autor(es), resumo, unitermos, introdução e/ou proposição,
relato do(s) caso(s) clínico(s), discussão, conclusão, nota
de esclarecimento, título em inglês, resumo em inglês
(abstract), unitermos em inglês (key words) e referências
bibliográficas.
Limites: texto com, no máximo, 18.000 caracteres (com
espaços), 2 tabelas ou quadros e 34 imagens (sendo, no
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):739-40
739
Normas de Publicação
máximo, 2 gráficos e 32 figuras).
3.2. Formatação de página:
a. Margens superior e inferior: 2,5 cm
b. Margens esquerda e direita: 3 cm
c. Tamanho do papel: carta
d. Alinhamento do texto: justificado
e. Recuo especial da primeira linha dos parágrafos: 1,25 cm
f. Espaçamento entre linhas: 1,5 linhas
g. Controle de linhas órfãs/viúvas: desabilitado
h. As páginas devem ser numeradas
3.3. Formatação de texto:
a. Tipo de fonte: times new roman
b. Tamanho da fonte: 12
c. Título em português: máximo de 90 caracteres
d. Titulação do(s) autor(es): citar até 2 títulos principais
e. Resumos em português e inglês: máximo de 250
palavras cada
f. Unitermos e key words: máximo de cinco. Consultar
Descritores em Ciências da Saúde – Bireme (www.bireme.
br/decs/)
3.4 Citações de referências bibliográficas
a. No texto, seguir o Sistema Numérico de Citação, no qual
somente os números índices das referências, na forma
sobrescrita, são indicados no texto.
b. Números sequenciais devem ser separados por hífen (ex.:
4-5); números aleatórios devem ser separados por vírgula
(ex.: 7, 12, 21).
c. Não citar os nomes dos autores e o ano de publicação.
Exemplos:
Errado: “Bergstrom J, Preber H2 (1994)...”
Correto: “Vários autores1,5,8 avaliaram que a saúde geral
e local do paciente é necessária para o sucesso do
tratamento”; “Outros autores1-3 concordam...”
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4.1. Quantidade máxima de 30 referências bibliográficas
por trabalho.
4.2. A exatidão das referências bibliográficas é de
responsabilidade única e exclusiva dos autores.
4.3. A apresentação das referências bibliográficas deve
seguir a normatização do estilo Vancouver, conforme
orientações fornecidas pelo International Committee of
Medical Journal Editors (www.icmje.org) no “Uniform
Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical
Journals”.
4.4. Os títulos de periódicos devem ser abreviados de
acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus”
(www.nlm.nih.gov/tsd/serials/lji.html) e impressos sem
negrito, itálico ou grifo/sublinhado.
4.5. As referências devem ser numeradas em ordem de
entrada no texto pelos sobrenomes dos autores, que devem
ser seguidos pelos seus prenomes abreviados, sem ponto
ou vírgula. A vírgula só deve ser usada entre os nomes dos
diferentes autores. Incluir ano, volume, número (fascículo) e
páginas do artigo logo após o título do periódico.
Exemplo:
“1. Lorato DC. Influence of a composite resin restoration on
740
OrtodontiaSPO | 2012;45(6):739-40
the gengival. Prosthet Dent 1992;28:402-4.
2. Bergstrom J, Preber H. Tobaco use as a risk factor. J
Periodontal 1994;65:545-50.
3. Meyer DH, Fives-Taylor PM. Oral pathogens: from dental
plaque to cardiace disease. Cure opin microbial; 1998:8895.”
4.5.1. Nas publicações com até seis autores, citam-se todos.
4.5.2. Nas publicações com sete ou mais autores, citam-se
os seis primeiros e, em seguida, a expressão latina et al.
4.6. Deve-se evitar a citação de comunicações pessoais,
trabalhos em andamento e os não publicados; caso seja
estritamente necessária sua citação, as informações não
devem ser incluídas na lista de referências, mas citadas em
notas de rodapé.
4.7. Exemplos
4.7.1. Livro:
Brånemark P-I, Hansson BO, Adell R, Breine U, Lindstrom J,
Hallen O, et al. Osseointegrated implants in the treatment of
the edentulous jaw. Experience form a 10-year period. Scan
J Plastic Rec Surg 1977;16:1-13.
4.7.2. Capítulo de livro:
Baron, R. Mechanics and regulation on ostoclastic boné
resorption. In: Norton, LA, Burstone CJ. The biology of tooth
movement. Florida: CRC, 1989. p. 269-73.
4.7.3. Editor(es) ou compilador(es) como autor(es):
Brånemark P-I, Oliveira MF, editors. Craniofacial
prostheses: anaplastology and osseointegration. Illinois:
Quintessence;1997.
4.7.4. Organização ou sociedade como autor:
Clinical Research Associates. Glass ionomer-resin: state of
art. Clin Res Assoc Newsletter 1993;17:1-2.
4.7.5. Artigo de periódico:
Diacov NL, Sá JR. Absenteísmo odontológico. Rev Odont
Unesp 1988;17(1/2):183-9.
4.7.6. Artigo sem indicação de autor:
Fracture strenght of human teeth with cavity preparations.
J Prosth Dent 1980;43(4):419-22.
4.7.7. Resumo:
Steet TC. Marginal adaptation of composite restoration
with and without flowable liner [resumo]. J Dent Res
2000;79:1002.
4.7.8. Artigo citado por outros autores apud:
Sognnaes RF. A behavioral courses in dental school. J Dent
Educ 1977;41:735-37 apud Dent Abstr 1978;23(8):408-9.
4.7.9. Dissertação e tese:
Molina SMG. Avaliação do desenvolvimento físico de préescolares de Piracicaba, SP [tese]. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas;1997.
4.7.10. Trabalho apresentado em evento:
Buser D. Estética em implantes de um ponto de
vista cirúrgico. In: 3º Congresso Internacional de
Osseointegração: 2002; APCD - São Paulo. Anais. São Paulo:
EVM; 2002. p. 18.
4.7.11. Artigo em periódico on-line/internet:
Tanriverdi et al. Na in vitro test model for investigation of
desinfection of dentinal tubules infected whith enterococcus
faecalis. Braz Dent J 1997,8(2):67- 72. [Online] Available from
Internet <http://www.forp.usp.br/bdj/t0182.html>. [cited
30-6-1998]. ISSN 0103-6440.
5. TABELAS OU QUADROS
5.1. Devem constar sob as denominações “Tabela” ou
“Quadro” no arquivo eletrônico e ser numerados em
algarismos arábicos.
5.2. A legenda deve acompanhar a tabela ou o quadro e
ser posicionada abaixo destes ou indicada de forma clara e
objetiva no texto ou em documento anexo.
5.3. Devem ser autoexplicativos e, obrigatoriamente, citados
no corpo do texto na ordem de sua numeração.
5.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos
em nota colocada abaixo do corpo da tabela/quadro ou em
sua legenda.
6. IMAGENS (Figuras e Gráficos)
6.1. Figuras
6.1.1. Devem constar sob a denominação “Figura” e ser
numeradas com algarismos arábicos.
6.1.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo
ou folha impressa à parte.
6.1.3. Devem, obrigatoriamente, ser citadas no corpo do
texto na ordem de sua numeração.
6.1.4. Sinais ou siglas devem estar traduzidos em sua
legenda.
6.1.5. Na apresentação de imagens e texto, deve-se evitar o
uso de iniciais, nome e número de registro de pacientes. O
paciente não poderá ser identificado ou estar reconhecível
em fotografias, a menos que expresse por escrito o seu
consentimento, o qual deve acompanhar o trabalho enviado.
6.1.6. Devem possuir boa qualidade técnica e artística,
utilizando o recurso de resolução máxima do equipamento/
câmera fotográfica.
6.1.7. Devem ser enviadas gravadas em CD, com resolução
mínima de 300dpi, nos formatos TIF ou JPG e largura
mínima de 10 cm.
6.1.8. Não devem, em hipótese alguma, ser enviadas incorporadas a arquivos de programas de apresentação (PowerPoint), editores de texto (Word for Windows) ou planilhas
eletrônicas (Excel).
6.2. Gráficos
6.2.1. Devem constar sob a denominação “Figura”, numerados com algarismos arábicos e fornecidos, preferencialmente, em arquivo à parte, com largura mínima de 10 cm.
6.2.2. A(s) legenda(s) deve(m) ser fornecida(s) em arquivo
ou folha impressa à parte, ordenadas sequencialmente com
as figuras.
6.2.3. Devem ser, obrigatoriamente, citados no corpo do
texto, na ordem de sua numeração.
6.2.4. Sinais ou siglas apresentados devem estar traduzidos
em sua legenda.
6.2.5. As grandezas demonstradas na forma de barra, setor,
curva ou outra forma gráfica devem vir acompanhadas dos
respectivos valores numéricos para permitir sua reprodução
com precisão.
Morelli
4ªCapa

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