breves referências aos aspectos toxicológicos do

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breves referências aos aspectos toxicológicos do
AZEVEDO, F.A. Breves Referências aos Aspectos Toxicológicos do Endossulfan.
TECBAHIA R. Baiana Tecnol., v. 13, n. 1, p. 142 a 164, 1998.
BREVES REFERÊNCIAS AOS
ASPECTOS TOXICOLÓGICOS
DO ENDOSSULFAN
FAUSTO ANTONIO DE AZEVEDO
Farmacêutico-Bioquímico (USP). Especialista em
Saúde Pública (USP). Mestre em Toxicologia
(USP). Atual Subsecretário do Planejamento,
Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia.
RESUMO
É revista a toxicologia do praguicida endossulfan, que encontra largas aplicações
agrícolas, sob o ponto de vista de seus riscos tóxicos para o ambiente e o ser humano
e as margens de segurança do seu uso adequado.
PALAVRAS-CHAVE
Toxicologia; Toxicidade; Endossulfan.
SUMÁRIO
1 Introdução
2 Fontes de exposição e de contaminação
3 Toxicidade
4 Toxicocinética
5 Toxicodinâmica
6 Efeitos especiais
7 Sinais e sintomas da intoxicação
8 Tratamento
9 Prevenção da exposição humana e da contaminação ambiental
10 Conclusões e recomendações
Referências bibliográficas
1 INTRODUÇÃO
Um praguicida pode ser definido como qualquer substância química, ou mistura de
substâncias químicas, intencionalmente preparada ou desenvolvida para prevenir,
destruir, mitigar ou repelir uma praga. Pode-se, também, enquadrar como praguicida um
agente físico ou biológico empregado para matar pragas que atacam plantas ou
pestes/doenças que afligem animais. As pragas e as pestes são representadas por plantas,
animais e microrganismos. A palavra praguicida é um nome genérico para várias
categorias de agentes que podem ser classificados pelo uso (repelentes, reguladores do
crescimento, desfolhantes, feromônios), ou pelo organismo combatido (inseticidas,
fungicidas, herbicidas). No Brasil, este mesmo grande grupo de substâncias é ainda
referido por outros designativos, conforme a origem acadêmica ou ideologia dos
profissionais que atuam no setor, por exemplo: praguicidas (comumente usado por
farmacêuticos-bioquímicos com formação em Toxicologia); pesticidas (muito referido
por químicos); defensivos agrícolas (usualmente citado por engenheiros agrônomos e
outros técnicos ligados à indústria produtora); agrotóxicos (largamente insistido por
membros ou afeiçoados aos movimentos ambientalistas). Registram-se, também, termos
menos freqüentes como biocidas, agrocidas...
Dentre os praguicidas, uma das classes de maior importância, seja por seu largo uso em
todo o mundo, seja pela importância econômica decorrente, seja pela sua toxicologia, é
a dos inseticidas. Destes, por uma série de razões, destacam-se mais ainda os
denominados inseticidas organoclorados, que podem, consoante sua estrutura química,
ser agrupados na família dos diclorodifeniletanos (DDT, DDD, dicofol, metoxicloro,
etc.), na dos "benzenos" clorados (HCB, HCH, lindano) e na dos ciclodienos, conjunto
no qual, pelo ponto de vista químico, ao lado do aldrin, dieldrin, heptacloro, etc., o
endossulfan (a correta grafia em português é endossulfã, porém, por generalização de
uso entre nós, adotaremos a forma endossulfan) tem sido incluído, embora alguns
autores (GOEBEL et al., 1982) prefiram classificá-lo como um éster cíclico do sulfito.
Em nosso país, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde
registra o endossulfan em sua monografia técnica, para fins de classificação
toxicológica, como um "inseticida fitossanitário do grupo éster do ácido sulfuroso de
um diol cíclico" (MINISTÉRIO DA SAÚDE, s.d.).
O endossulfan (no inglês "endosulfan") é uma substância química da categoria dos
policlorociclodienos e apresenta propriedade inseticida que vem sendo aproveitada na
agricultura. Sua molécula tem estrutura heterocíclica e exibe como característica uma
ponte endo-metilênica. O processo químico corrente de sua obtenção é a partir de uma
reação de condensação, a reação de Diels-Alder, entre o hexaclorociclopentadieno e o
cis-buteno-1,4-diol, com formação do endossulfan diol, o qual é então submetido a uma
reação com o cloreto de tionila. Uma outra via é a reação do hexaclorociclopentadieno
com o cis-1,4-diacetoxibuteno e posterior hidrólise do produto gerado (CANADA
RESEARCH COUNCIL, 1975, GOEBEL, 1982). Atualmente o produto é sntetizado
em vários países (inclusive o Brasil) e por diferentes processos.
O informe da descoberta do endossulfan foi dado na Alemanha, em 1956, pela
Farbwerke Hoechst Aktiengesellschaft, onde foi feita sua síntese por H. Frensch e H.
Goebel (GOEBEL et al., 1982). Nesse mesmo ano o agente foi introduzido como
inseticida experimental (MAIER-BODE, 1968). Boas e extensas revisões a respeito do
produto, seus aspectos químicos, agronômicos ou toxicológicos, foram apresentadas por
MAIER-BODE (1968), GOEBEL et al. (1982), WORLD HEALTH ORGANIZATION
(1984) e EBERT et al. (1990).
Os compostos policlorociclodienos podem apresentar dois tipos de isomeria: a "cistrans" (relativa à posição dos átomos de cloro), e a do anel, a qual suscita duas
conformações possíveis quanto à ponte endometilência: endo e exo. A evidência sugere
que para o endossulfan a conformação preferencial é a endo.
O endossulfan é um produto que age por contato e por ingestão (sendo o contato o tipo
mais importante de ação) e revela propriedade inseticida e acaricida. Ele é compatível
com outras substâncias como: piretro, nicotina, inseticidas fosforados, lindano, DDT. A
influência demorada de substâncias alcalinas pode diminuir a eficácia do endossulfan.
O uso deste inseticida se faz em polvilhamento e pulverização, podendo também ser
aplicado no tratamento do solo. No comércio é encontrado como pós (com 3 a 4% de
endossulfan), pós molháveis e concentrados emulsionáveis (com 35% de endossulfan),
misturas (por exemplo, 3% endossulfan mais 1% parathion etílico), e também para
aplicação como ultra-baixo-volume. O endossulfan combate pulgões, percevejos,
lagartas, tripes, formigas e alguns ácaros. Tem pronunciada ação como aficida. Mostra
atuação fraca contra cochinilhas, besouros e várias espécies de ácaros (MARICONI,
1977). O produto, a depender de sua formulação e de seu registro no país, encontra
indicação para combate às pragas que atacam as culturas de: algodão, amendoim, arroz,
batata, café, cana-de-açúcar, cebola, feijão e ervilha, fumo, milho, soja, tomate, trigo,
alface, melão, melancia, abóbora, pepino, abobrinha, maçã, pêra, pêssego, marmelo,
citros (COMPÊNDIO DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS, 1987). Ele é empregado em
vários países do mundo para controlar as pragas que afetam as frutas, vegetais, chá e
culturas não-comestíveis como algodão e fumo (FOOD AND AGRICULTURAL
ORGANIZATION, 1968). Sua taxa de aplicação comum varia de 0,45 a 1,4kg/ha,
podendo, contudo, ser maior ou menor.
O intervalo de tempo mínimo entre a última aplicação e a colheita oscila de 0 a 42 dias e
é especificado na maioria dos países, sendo determinado por fatores como: necessidades
agronômicas, forma de aplicação, tipo de formulação empregada, cultura e tolerância
(HOECHST, 1977).
Complementarmente ao seu emprego agrícola, o endossulfan é ainda usado: no combate
aos vetores de certas doenças, como a mosca do tsé-tsé; no tratamento de madeiras,
como preservativo; e para combate a males que atacam plantas em jardins domésticos.
No início dos anos 80, a produção mundial de endossulfan era estimada em 10.000
toneladas por ano e em muitos países, após a proibição do DDT, o uso do endossulfan
cresceu bastante rapidamente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). O Banco
Mundial, por meio de seu Escritório de Assuntos Ambientais, recomendava em
documento de 1983 o endossulfan como substituto dos organoclorados típicos: DDT,
Aldrin, Dieldrin, Clordano, Heptacloro (THE WORLD BANK, 1983).
As principais propriedades físico-químicas do endossulfan são apresentadas na
TABELA 1.
2 FONTES DE EXPOSIÇÃO E DE CONTAMINAÇÃO
A exposição humana ao endossulfan pode acontecer ocupacionalmente, ou por
conseqüência da contaminação ambiental (águas, solos, ar), ou dos alimentos, devido
aos usos do produto.
A exposição ocupacional é possível de ocorrer durante a produção química do
endossulfan, nas indústrias de síntese; após isso, na formulação dos derivados
comerciais e, finalmente, no seu emprego na agricultura, na saúde pública e outros.
A contaminação do ambiente geral e dos alimentos por endossulfan pode se dar a partir
das indústrias de síntese e/ou formulação, o que é mais remoto tendo em vista as
possibilidade técnicas de controle dos efluentes, ou, com mais probabilidades, a partir
do seu uso em campo, quer no manejo das culturas, quer em certas aplicações de saúde
pública.
TABELA 1 - Propriedades físico-químicas do endossulfan
Nome técnico
endossulfan (ANSI, ISO)
Nome químico
1,2,3,4,7,7-hexacloro-biciclo [(2,2,1)
hepteno, 2,5,6, bis (metileno) sulfito]
ou 6,7,8,9,10,10-hexacloro1,5,5a,6,9,9a-hexa-hidro-6,9-metano2,4,3-benzo-dioxa-tiepina-3-óxido
(IUPAC) ou 5-norborneno-2,3dimetanol-1,4,5,6,7,7-hexacloro-ciclo
sulfeto (Chemical Abstracts)
Nomes
Comerciais
Benzoepin, Beosit, Chlortiepin,
Cyclodan, FMC 5462, Insectophene,
Kop-thiodan, HOE 3671, Malix, NCI-
C00566, NIA 5462, Thifor, Thimul,
Thiodan, Thiofor, Thiomul, Thiomex,
Thiosulfan, Tionel, Tiovel...
Fórmula
química
C9H6Cl6O3S
Massa
molecular
relativa
406,9
Estado físico
o produto técnico é um sólido em
forma de escamas, cristalino marrom,
com odor de dióxido de enxofre,
constituído por mistura de dois
isômeros (alfa e beta) na proporção
70%:30%
Ponto de
fusão
isômero alfa = 109oC; isômero beta =
213oC; alfa + beta = 356-368oK
Pressão de
vapor
1 X 10-5mmHg a 25oC
Solubilidade
moderada em solventes orgânicos
(variável de 5 a 65%); baixa em água
(60-150ug/L), mas aumenta com o
decrescimento do pH
Estabilidade
estável à luz do sol e ao calor; estável
na estocagem; instável em soluções
alcalinas, sujeito à hidrólise
Número de
registro CAS
115-29-7
FONTES - GOEBEL et al., 1982; MAIER-BODE,
1968; NATIONAL RESEARCH COUNCIL, 1975; WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1984
Exposição Ocupacional
São poucas as informações disponíveis a respeito da exposição de trabalhadores na
produção e aplicação do endossulfan. Em dois episódios registrados, trabalhadores que
enchiam sacos com endossulfan em pó, e sem uso de EPIs, se super-expuseram, sendo
verificadas 11 ocorrências de intoxicação, com quadro de vertigens, convulsões
epileptiformes e estupor (FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1975b,
TIBERIN et al., 1970). Para fins de proteção da saúde do trabalhador virtualmente
exposto e prevenção da intoxicação, as autoridades de Higiene Industrial dos E.U.A.
estabeleceram o limite "Threshold Limit Value" - TLV de 0,1mg/m3 nos ambientes de
trabalho (AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNMENTAL INDUSTRIAL
HYGIENISTS, 1982).
Contaminação das Águas e dos Solos e do Ar
A Contaminação do meio aquático por endossulfan parece não ser muito extensa
(GUMMER, 1980, WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Contudo, o produto
pode ser detectado em águas escorridas da superfície de áreas agrícolas onde se deu sua
aplicação e nas águas de rios de áreas industrializadas onde ele é fabricado ou
formulado. Num estudo no Canadá, 15% das amostras de água do Lago Erie, Ontário, e
do Rio St. Lawrence, apresentaram concentrações de endossulfan variando de 0,005 a
0,060ug/L (CANADA RESEARCH COUNCIL, 1975). Outro estudo mostrou que, em
áreas agrícolas, se a chuva ocorre em até 4 dias após aplicação à taxa de 0,35kg/ha, os
resíduos na água escorrida são, em média, de 16ug/L (EPSTEIN, GRANT, 1968). Na
Holanda, o monitoramento anual das águas (potável, subterrânea, de chuva, de
superfície), feito desde 1969, mostrou, até 1980, uma concentração máxima para
endossulfan de 0,03ug/L em 1977 (WEGMAN, GREVE, 1980).
A meia-vida aquática dos dois isômeros do endossulfan varia de 4 dias nas águas de rios
que recebem a contribuição de águas de superfície de zonas municipais e industriais
(EICHELBERGER, LICHTENBERG, 1971) até 7 dias em águas com saturação normal
de oxigênio e pH de 7 (GREVE, 1971, referido em WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1984). A meia-vida aquática do endossulfan é bastante influenciada
por estes dois parâmetros. Por exemplo, em condições anaeróbicas e pH 7, ela se eleva
até cerca de 5 semanas e, com pH 5,5 a meia-vida se estende para perto de 5 meses
(GREVE, 1971, referido em WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984).
Na República Federal da Alemanha, em 1969, uma quantidade estimada de 30kg de
endossulfan foi lançada acidentalmente no Rio Reno e provocou uma larga mortandade
de peixes (SIEVERS et al., 1972).
No solo, os dois diferentes isômeros do endossulfan - alfa e beta - têm comportamentos
distintos, com o isômero alfa se dissipando mais rapidamente (BYERS et al., 1965). Em
estudo feito com endossulfan técnico incorporado ao solo na taxa de 6,7 kg/ha, o alfaendossulfan se decompôs rapidamente, com meia-vida em torno de 60 dias, enquanto o
beta foi mais firmemente adsorvido pelas partículas do solo e dissipou-se lentamente,
com meia-vida de 800 dias (STEWART, CAIRNS, 1974). RAO, MURTY (1980)
pesquisaram a persistência de endossulfan total em condições naturais de culturas (secas
e molhadas) e encontraram como máximo o valor de 160 dias para o solo seco que
recebeu uma alta dose inicial do produto. MONTEIRO et al. (1989) estudaram a
degradação do endossulfan em três tipos de solos do Estado de São Paulo e concluíram
que a meia-vida para os resíduos relevantes do produto, isto é, isômeros alfa e beta e
endossulfan sulfato, ficou entre 70 a 90 dias. Em solos agrícolas, a concentração de
resíduos de endossulfan é com freqüência menor do que 1mg/kg (1ppm), conforme
estudos feitos nos E.U.A. (FRANK et al., 1976, HARRIS et al., 1977, SEAL et al.,
1967). Uma pesquisa na Itália registrou resíduos de endossulfan no solo variando de
0,23 a 3,88 mg/kg(ppm) (SANNA et al., 1979).
Com relação a sedimentos, o endossulfan já foi apontado no de rios e lagos (CANADA
RESEARCH COUNCIL, 1975; MILES, 1976), com teores flutuando de traços até
0,64mg/kg (ppm) em base seca (MILES, HARRIS, 1971).
O endossulfan sofre degradação nos solos, gerando como principal produto o sulfato
derivado, o qual aparece a uma taxa comparável àquela de perda dos inômeros alfa e
beta e é mais estável do que ambos, enquanto nenhum dos três sofre boa lixiviação
(STEWART, CAIRNS, 1974). A degradação do endossulfan no solo é muito reduzida
quando o produto é incorporado ao mesmo, é praticamente interrompida durante o
inverno (no caso dos países de clima frio) (STEWART, CAIRNS, 1974), e é diferente
da que ocorre nos sedimentos. Em amostras de solo encharcadas, por exemplo, a
porcentagem de endossulfan diol tende a aumentar enquanto a do sulfato diminui
(MARTENS, 1977).
Algumas formas de aplicação do endossulfan no campo podem implicar em
contaminação do ar por mecanismo de deriva (KEIL et al., 1972). Em levantamento
conduzido entre 1970 e 1972, amostras de ar tomadas nos E.U.A. foram analisadas para
o endossulfan. O isômero alfa foi detectado em 2% das amostras e em concentração
média de 111,9ng/m3, com um máximo de 2 256ng/m3. O isômero beta compareceu em
0,3% das amostras, com média de 22,0ng/m3 e máximo de 54,5ng/m3. Os dados
parecem indicar que o isômero alfa é mais persistente no ar (KUTZ et al., 1976). Em
águas de chuva o endossulfan já foi encontrado em concentrações de até 12ng/L na
região dos Grandes Lagos do Canadá e E.U.A. (STRACHAN et al., 1980). Foi
mostrado que o endossulfan pode se liberar para a atmosfera a partir de preservativos de
madeira por longos períodos (ZIMMERLI et al., 1979).
Contaminação dos Alimentos
O alimento representa a principal fonte de exposição da população geral ao endossulfan.
Normalmente os resíduos de endossulfan em alimentos, quando pesquisados, têm dado
abaixo dos níveis de tolerância fixados pela FAO (Food and Agricultural Organization)
e pela WHO (World Health Organization), e que são relativos à soma dos resíduos dos
isômeros alfa e beta do endossulfan e do endossulfan sulfato (TABELA 2).
TABELA 2 - Tolerância para resíduos de endossulfan em alimentos
ALIMENTO
LIMITE (Tolerância) (mg/kg)
(alfa+beta+endossulfan sulfato)
Chá (seco, manufaturado)
30
Frutas e vegetais
2
Cenoura, batata, batata
doce, cebola
0,2
Semente de algodão
1,0
óleo de semente de
algodão (cru)
0,4
Arroz (na casca)
0,1
Leite e derivados (base
gordurosa)
0,5
Carne e gordura
0,2
FONTE - Food and Agricultural Organization, 1975a.
O endossulfan foi avaliado pelo Comitê da FAO/WHO, JMPR (Joint Meeting on
Pesticide Residues), para determinação da IDA (Ingestão Diária Aceitável), em 1963,
1965, 1967 e 1968, e revisões foram feitas em 1971, 1974, 1975, 1982 e 1985, com
monografias toxicológicas sendo preparadas em 1964, 1965, 1967 e 1968 (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990). A Ingestão Diária Aceitável (IDA)
estimada pela FAO/WHO é de 0,006mg/kg de peso corporal por dia (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990) e parece não haver relatos de ingestão
humana de endossulfan excedente a tal valor.
Nos E.U.A., a ingestão diária de endossulfan pelo ser humano foi calculada como de
menos do que 0,001mg/pessoa/dia nos anos de 1966 a 1968 e como de
0,001mg/pessoa/dia nos anos de 1969 e 1970 (DUGGAN, 1968, DUGGAN,
CORNELIUSSEN,
1972,
DUGGAN,
LIPSCOMB,
1969,
DUGGAN,
WEATHERWAX, 1967). Pesquisas de endossulfan em alimentos da cesta básica do
mesmo país indicaram a presença do agente nas seguintes proporções: 1966, 1,6%;
1967, 0,3%; 1968, 0,8%; 1969, 4,2%; 1970, 5,3% (DUGGAN, CORNELIUSSEN,
1972, CORNELIUSSEN, 1969).
Estudos desenvolvidos nos E.U.A. e no Canadá reportaram valores elevados de resíduos
de endossulfan em folhas de fumo (CHENG, BRAUN, 1977) e que podem também
ocorrer na fumaça contaminada do fumo queimado (CHOPRA et al., 1978). A aplicação
de endossulfan na cultura do fumo pode resultar, ainda, na presença de resíduos no leite
de vacas da mesma área, em níveis de até 0,01mg/L, como encontraram FRANK et al.
(1979).
Comportamento Ambiental
No ambiente o endossulfan (ambos os isômeros) é razoavelmente resistente à
fotodegradação, enquanto os dois principais produtos resultantes de sua transformação endossulfan sulfato e endossulfan diol - podem se alterar por fotólise (SCHUMACHER
et al., 1973). O endossulfan técnico sofre a ação da umidade, de álcalis e ácidos e
poderá se hidrolisar lentamente gerando endossulfan sulfato e depois endossulfan diol e
dióxido de enxofre (SO2). A termólise, mais do que a luz do sol, é o principal
mecanismo formador do endossulfan sulfato (ARCHER et al., 1972), e este é o mais
importante produto de degradação do endossulfan que comparece nos solos e na
superfície das plantas (CASSIL, DRUMMOND, 1966, MARTENS, 1977). O
endossulfan pode também ser degradado pela ação de certos fungos (MARTENS,
1977).
Portanto, a degradação do endossulfan nas águas e no solo, por fotólise, reações
químicas e ação de microrganismos, é determinada por uma grande variedade de fatores
climáticos e tipo dos microorganismos presentes. Com relação à persistência,
contrariamente aos típicos inseticidas organoclorados, o endossulfan parece não
representar um problema (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Em
laboratório, empregando-se sistema água/sedimento, obteve-se uma meia vida de 14
horas para o endossulfan na fase aquosa e de 4 dias para o sistema, valores confirmados
por testes em campo (FISCHER, 1987).
Resíduos em Animais e Plantas
Quando comparada à dos inseticidas organoclorados característicos (os quais exibem
lipossolubilidade, baixa volatilidade, estabilidade química, lenta taxa de
biotransfromação e degradação), a solubilidade em água do endossulfan mostra-se bem
maior, o que implica em que este inseticida não revela a afinidade por lipídios que a
maioria dos organoclorados possui e, por isso, a acumulação e a biomagnificação do
endossulfan em cadeias alimentares é menos provável de ocorrer (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1984). Para a maior parte das espécies expostas a concentrações não
letais do endossulfan, a cinética típica é a acumulação do produto num dado patamar,
mas os resíduos acumulados desaparecem razoavelmente depressa quando cessada a
exposição, e quanto maior o nível desta mais demorado é o atingimento do patamar e
mais elevado ele é, conforme se constatou com algas, mexilhões e peixes (ROBERTS,
1972). A meia-vida biológica do endossulfan em organismos de mamíferos e peixes é
da ordem de 3 dias (GOEBEL et al., 1982, MAIER-BODE, 1968). Comumente, o único
produto encontrado em tecidos de animais expostos ao endossulfan é o endossulfan
sulfato. Em estudo feito com gado, os fatores de concentração achados foram pequenos:
0,5 no leite, 0,15 na gordura e 0,05 no músculo, sendo que os resíduos desapareceram
muito rapidamente quando o endossulfan foi tirado da dieta (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1983). Os resíduos de endossulfan em plantas
tratadas com o produto variam de 1 - 100mg/kg(ppm) inicialmente, até 20% ou menos
disto uma semana após o tratamento (CANADA RESEARCH COUNCIL, 1975).
3 TOXICIDADE
Toxicidade Aguda, Exposição Única
Para o ser humano, a menor dose letal registrada foi de 35mg/kg de peso corporal
(GEISSBUEHLER et al., 1989, referidos por ERBERT et al., 1990).
A dose letal para 50% dos animais de experiência (DL50) do endossulfan é muito
variável e depende da espécie e do sexo do animal, da via de administração e do veículo
em que o produto é preparado. Em trabalhos com ratos que receberam endossulfan via
oral em diferentes veículos (óleo de amendoim, óleo de oliva, óleo de semente de
algodão, álcool), a DL 50, em mg/kg, variou de 18 a 355 (BOYD, DOBOS, 1969,
FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1968, GAINES, 1969,
TRUHAUT et al., 1974).
A toxicidade aguda por via dérmica, para ratos, variou de 74mg/kg (fêmeas, veículo:
xileno) (GAINES, 1969) a 681mg/kg (veículo: óleo de semente de algodão) (GUPTA,
GUPTA, 1979).
A exposição de ratos por via respiratória resultou numa concentração letal (CL50), para
período de 4 horas de exposição, de 350mg/m3 (GUPTA, GUPTA, 1979).
Em coelhos, de acordo com o veículo, a toxicidade dérmica aguda variou de 187 a
360mg/kg (GUPTA, CHANDRA, 1975, GUPTA, GUPTA, 1979).
Em cães, 30mg/kg podem ser uma dose fatal (CANADA RESEARCH COUNCIL,
1975), enquanto a administração de 2,5mg/kg de peso corporal, por dia, durante três
dias, produziu o aparecimento de sinais tóxicos (FOOD AND AGRICULTURAL
ORGANIZATION, 1968).
Ratos machos que receberam dose oral única de 40mg/kg exibiram neurotoxicidade
aguda e alteração de parâmetros bioquímicos sanguíneos (GARG et al., 1980).
Com relação aos dois estéreo-isômeros do endossulfan, o alfa e o beta, parece que
ambos, pelo menos no rato, têm valores de DL 50 equiparáveis (LINDQUIST, DAHN,
1957).
A deficiência de proteínas na dieta fez aumentar consideravelmente a toxicidade aguda
do endossulfan em ratos (BOYD et al., 1970). De acordo com a clássica escala de
Hodge e Sterner, o endossulfan se enquadra como moderadamente a altamente tóxico.
Com base em sua toxicidade aguda, a Organização Mundial da Saúde colocou o
endossulfan na Classe II, isto é, de produto técnico moderadamente perigoso (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1984). No Brasil, os produtos comerciais à base de
endossulfan são divididos, conforme o tipo de formulação, nas seguintes classes
toxicológicas: I ou altamente tóxica (T, UBV até 250g/L); II ou muito tóxica (PM até
350g/kg, CE até 360g/L); III ou moderadamente tóxica (Gr até 30g/kg, P até 30g/kg)
(BRASIL, s.d., BRASIL, 1992a, BRASIL, 1992b).
Estudos de Exposição Sub-Crônica
Alguns estudos bem desenhados para avaliação dos efeitos nocivos decorrentes da
exposição sub-crônica (por curtos períodos) de animais de laboratório ao endossulfan
foram desenvolvidos.
Em ratos (machos e/ou fêmeas), nas doses ensaiadas por via oral (0 a 67,8mg/kg
peso/dia, algumas semanas), via dérmica (0 a 192mg/kg peso, 21 aplicações em 30 dias)
e respiratória (0 a 0,002mg/L ar, 6 horas/dia, 21 exposições em 29 dias), no geral, as
manifestações tóxicas restringiram-se a diminuição no ganho de peso corporal; aumento
do peso relativo do fígado; às vezes, nas doses mais elevadas, aumento do peso relativo
dos rins e cérebro; alterações histopatológicas das células dos túbulos contornados
proximais, nos rins (proliferação e aumento dos lisossomas, o que parece relacionar-se
ao armazenamento e biotransformação do endossulfan anteriores à eliminação);
modificações hematológicas (diminuição do número de eritrócitos) e bioquímicas;
alterações hormonais relacionadas aos danos sobre os testículos; alopécia nas fêmeas; e
observou-se, também, alguma deposição de ambos os isômeros do endossulfan em
órgãos e tecidos dos animais, contudo reversível após a suspensão da exposição
(EBERT et al., 1985a, EBERT et al., 1985b, FOOD AND AGRICULTURAL
ORGANIZATION, 1968, HOLLANDER et al., 1984, LEIST, KRAMER, 1985, LEIST,
MAYER, 1987, SINGH, PANDEY, 1989a, SINGH, PANDEY, 1989b, SINGH,
PANDEY 1990). Um efeito nocivo particular observado na exposição sub-crônica de
ratos albinos ao endossulfan, e que merece consideração especial, é a marcada supressão
das respostas imunes celular e humoral num padrão dose-tempo dependente
(BANERJEE, HUSSAIN, 1986).
Estudos com camundongos (BARNARD et al., 1984, DONAUBAUER et al., 1985)
revelaram que, em dosagens mais altas (como 54 ppm na dieta, isto é, 7,3 - 7,5 mg/kg
peso/dia, 13 semanas), ocorrem as seguintes alterações: convulsões, salivação,
diminuição do número de neutrófilos, aumento da taxa sérica de lipídios totais, redução
do peso do baço e leve congestão vascular dos pulmões.
Cães ("beagle"), 6 de cada sexo por grupo, foram tratados com endossulfan grau técnico
na dieta, durante um ano, com doses diárias de 0, 3, 10 e 30 - 60 ppm (produto no
alimento). Durante o experimento não houve morte expontânea dos animais tratados.
Após 4 a 5 meses, os animais tratados com as doses mais altas exibiram quadro
marcado e progressivo de alterações nervosas (com sensibilidade pronunciada ao ruído
e ao estímulo óptico; contrações dos músculos das extremidades; movimentos
convulsivos das bochechas; contrações fortes dos músculos abdominais), diminuição no
consumo de alimentos e no ganho de peso. A avaliação das condições auditiva,
oftalmológica e dentária rendeu resultados normais, o mesmo se verificando com os
exames hematológicos, bioquímicos e de urina. Determinações da atividade
colinesterásica eritrocitária, plasmática e do cérebro deram normais. As funções renal e
heptática não mostraram perturbações. Não ocorreram alterações dose-relacionadas nos
pesos dos órgãos. Alterações histopatológicas dignas de nota nos machos do grupo de
dose mais elevada foram a coloração marrom no epitélio renal de um dentre os 6 e a
congestão hepática aguda na metade deles (BRUNK, 1989).
Cães que receberam teores de endossulfan sulfato de 0,75 a 2,5 mg/kg por dia, durante 3
meses, não mostraram qualquer efeito na dose menor, enquanto a maior não foi
tolerada, e a níveis de 1,5 mg/kg alguns sinais de toxicidade surgiram. Já ratos que
foram tratados com o mesmo endossulfan sulfato na dieta, a taxas de até 50 mg/kg
também por 3 meses, não mostraram alterações a não ser ganho de peso do fígado e dos
rins. Concluiu-se que o endossulfan sulfato tem a mesma ordem de toxicidade do
endossulfan (CANADA RESEARCH COUNCIL, 1975).
Toxicidade Crônica
Num estudo com ratos (FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1968), os
animais foram divididos em grupos (25 espécimes cada) de machos e fêmeas e tratados
na dieta com endossulfan grau técnico nas concentrações de 10, 30 e 100 mg/kg e por
104 semanas. Nos grupos de 10 e 30 mg/kg a sobrevivência dos ratos, durante o
segundo ano de exposição, foi menor do que a do grupo controle. No grupo de 100
mg/kg a sobrevivência das fêmeas foi significantemente menor após 26 semanas e
ocorreram anormalidades hematológicas e no ganho de peso. Para os machos, o peso
relativo, na autópsia do grupo de 10 mg/kg, era significantemente menor em relação ao
controle. No grupo de 100 mg/kg, os machos tinham rins aumentados e havia sinais de
dano tubular com nefrite intersticial. A incidência de tumores em todos os grupos foi a
mesma dos controles.
Pesquisas de toxicidade a longo prazo com ratos mostraram, dentre outras
manifestações, perda de peso corporal (não acentuada nas fêmeas), olhos avermelhados
e meio fechados, pele áspera (NCI, 1978), e aumento de plaquetas, diminuição dos
níveis séricos de TGP e de albumina (na dose de 75 ppm na dieta, 104 semanas, isto é
2,9 mg/kg peso/dia nos machos e 3,8, nas fêmeas) (RUCKMAN et al., 1988). Nos ratos,
o órgão alvo primário para a toxicidade crônica é o rim, com ocorrência elevada de
glomerulonefrite progressiva (RUCKMAN et al., 1988).
Cães e cadelas que receberam endossulfan por cápsula durante 10 meses, 6 dias por
semana, com as doses variando de 0,075 a 0,75 mg/kg de peso corporal, não exibiram
manifestações aparentes ou microscópicas de toxicidade (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1968).
Pelos dados disponíveis até 1982 e analisados criticamente, o JMPR (Joint Meeting on
Pesticides Residues) concluiu que os níveis de endossulfan que não causam efeitos
tóxicos são de 30 mg/kg de dieta, para o rato (equivalente a 1,5 mg/kg de peso
corporal), e de 0,75 mg/kg de peso corporal, por dia, para o cão (administração por
cápsulas) (FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1983). Já no encontro
de 1989, o mesmo Comitê entendeu que os níveis de endossulfan que não produzem
efeitos tóxicos são (FOOD AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990):
camundongo = 6 ppm na dieta, igual a 0,84 mg/kg peso/dia; rato = 15 ppm na dieta,
igual a 0,6 mg/kg peso/dia; cão = 10 ppm na dieta, igual a 0,57 mg/kg peso/dia.
Ecotoxicidade
O endossulfan não é prontamente ou largamente bioacumulado e não é persistente nos
tecidos biológicos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Na dinâmica da
exposição, as perdas tendem a equilibrar o ingresso e um nível patamar de resíduos
normalmente baixo é estabelecido. Após o atingimento do estado de equilíbrio segue-se
um gradual decréscimo do produto no organismo (FERNANDEZ-CASALDERREY et
al., 1991). Contudo, o endossulfan é perigoso pelo risco tóxico agudo que apresenta
para algumas espécies aquáticas, em particular peixes, mesmo nas taxas de aplicação
recomendadas para seu uso nas culturas. O produto é moderadamente tóxico para
abelhas melíferas e de moderadamente a altamente tóxico para pássaros.
O endossulfan é bastante conhecido por ser extremamente tóxico para peixes, com a
CL50 do ingrediente ativo variando de 0,2 a 7ug/L para distintas espécies e sob
condições laboratoriais (FISCHER, 1987). Espécies de peixes e crustáceos nativos de
ambientes brasileiros evidenciam idêntico grau de sensibilidade (BERBERT et al.,
1989, TOLEDO et al., 1989). A toxicidade aguda das diferentes formulações é da
mesma ordem de grandeza.
A exposição prolongada de peixes também produz efeitos nocivos, como sobre a
fisiologia da tireóide (SINHA et al., 1991) e a bioquímica sangüínea e de vários órgãos
(GILL et al., 1991a). Os invertebrados de água doce apresentam sensibilidade de uma a
três ordens de grandeza menor do que os peixes. Por exemplo, enquanto para Daphnia
magna um valor reportado de CL50 é 75 ug/L (teste de 48 horas), para a truta arco-íris
(Salmo gairdneri) um valor de CL50 relatado é de 0,93 ug/L (teste de 96 horas)
(FISCHER, 1987). Quanto à toxicidade crônica para Daphnia magna, concentrações
variando de 4 a 108 ug/L não causaram efeitos crônicos em muitos testes (FISCHER,
1987).
É interessante notar o fato de que quando presente simultaneamente com outros
inseticidas (fosfamidon e aldicarb) o impacto tóxico do conjunto (cotoxicidade) foi
maior que o dos agentes individualmente (GILL et al., 1991b).
4 TOXICOCINÉTICA
O endossulfan pode ser absorvido em seguida à inalação, ingestão e ao contato com a
pele. Depois de absorvido ele é rapidamente biotransformado e eliminado e não se
acumula no oragnismo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984).
O trato respiratório representa uma via potencial para a exposição humana ao
endossulfan (OUDBIER et al., 1974). A absorção do endossulfan pela via gastrintestinal
também se dá de forma muito eficiente, conforme documentam os casos de suicídio
(DEMETER et al., 1978, TERZIEV et al., 1974). Num deles, uma quantidade
desconhecida do endossulfan foi ingerida em mistura com o álcool e não foi possível
concluir se a morte foi devida às ações do endossulfan apenas (DEMETER et al., 1977).
Nas situações de exposição ocupacional, a pele pode ser, também, uma importante rota
de absorção.
Depois de absorvido o endossulfan se distribui pelo organismo, atingindo uma
concentração maior no fígado e rins (TABELA 3).
TABELA 3 - Distribuição do endossulfan no organismo humano
ÓRGÃO/TECIDO
ENDOSSULFAN
(mg/kg)
Isômero alfa
Isômero beta
Fígado
12,4
5,2
Rins
2,48
1,8
Sangue
0,06
0,015
Urina
1,78
0,87
Conteúdo
estomacal
2610
1900
Conteúdo do
intestino delgado
190
99
FONTE - DEMETER et al., 1977.
Pesquisas com animais demonstram não só facilidade da absorção gastrintestinal do
produto, como no caso de ratos e carneiros (STUMPF, ABHAUER, 1986), mas também
a real possibilidade de absorção cutânea: ratos (CRAINE, 1986), macacos
(LACHMANN, 1987).
Após a administração a ratos (machos) de dose oral única de endossulfan radiomarcado
(1,2 mg/kg), de 40 a 60% da substância foram eliminados (15 a 22% nas fezes; 29 a
47% na bile; 10 a 13% na urina). Em fêmeas foram obtidos resultados semelhantes após
administração de dose oral única de 2 mg/kg, com 90% de eliminação de produtos
radiomarcados em 120 horas, e uma meia-vida de eliminação de 30 a 40 horas
(STUMPF, ABHAUER, 1986).
Estudos com ratos (GUPTA, 1978) e gatos (KHANNA et al., 1979) mostraram que após
administração oral e intravenosa, respectivamente, do endossulfan, o mesmo atravessa a
barreira homatoencefálica e consegue atingir boa distribuição no SNC, com
concentrações pela ordem decrescentes no cérebro, cerebelo e demais partes. Na sua
distribuição pelo organismo dos mamíferos o endossulfan encontra algum grau de
fixação, dependente da dose, nos rins, fígado, gordura, cérebro e músculos. Em
experiências feitas com macacos Rhesus submetidos a exposição cutânea, os níveis de
endossulfan encontrados no fígado, gordura e rins foram 19, 9 e 3 vezes maiores,
respectivamente, do que aqueles achados no sangue (LACHMANN, 1987).
A biotransformação do endossulfan no organismo guarda alguma semelhança com
aquela que acontece no ambiente. Em mamíferos, duas rotas bioquímicas de
transformação do endossulfan têm sido descritas. A primeira implica em sua hidrólise e
oxidação a vários derivados dessulfurados como: endossulfan diol, endossulfan éter,
hidroxi-endossulfan éter, endossulfan lactona (que em insetos é também convertida em
endossulfan hidroxilactona) e conjugados polares; a segunda via produz a formação de
vários derivados que contêm o enxofre, como: endossulfan sulfato, endossulfan éster
sulfúrico, etc. (DEEMA et al., 1966, DOROUGH et al., 1978, STUMPF, ABHAUER,
1987).
O endossulfan administrado oralmente a animais de laboratório encontra eliminação
fecal como a via principal e, secundariamente, eliminação urinária (DOROUGH et al.,
1978, STUMPF, ABHAUER, 1986). Coelhos que receberam endossulfan via
intravenosa na dose de 2,0 mg/kg mostraram rápido declínio nas concentrações
plasmáticas do agente, e nos cinco primeiros dias seguintes ao tratamento 37% da dose
foram eliminados na urina como alfa-endossulfan e 11% como beta-endossulfan
(GUPTA, EHRNEBO, 1979). Pesquisas com macacos expostos dermicamente
revelaram que o endossulfan diol foi o produto de biotransformação mais encontrado na
urina, com cerca de 1,5% da dose aplicada (LACHMANN, 1987). A eliminação do
endossulfan também pode se dar por via do leite, conforme encontrado em ovelhas, que
após receberem dose oral única de 0,3 mg/kg excretaram 1% da dose no leite em um
período de 22 dias (STUMPF, ABHAUER, 1986).
5 TOXICODINÂMICA
Os inseticidas ciclodienos diferem do tradicional grupo do DDT em vários aspectos,
entre eles o quadro típico da intoxicação e, possivelmente, também no mecanismo da
ação tóxica (ECOBICHON, 1991). A atividade dos ciclodienos parece se verificar mais
no SNC (Sistema Nervoso Central) do que na área sensória do SNP (Sistema Nervoso
Periférico). O quadro geral do indíviduo intoxicado é o da estimulação do SNC. Os
ciclodienos mimetizam a ação da picrotoxina, que é um conhecido excitante dos nervos
e antagonista do ácido gama-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor presente no
SNC (ELDEFRAWI et al., 1985). O GABA induz à captura dos íons cloreto (Cl-) pelo
neurônio, e a inibição de seu papel por agentes como a picrotoxina, picrotoxinina,
inseticidas ciclodienos, ocasiona uma repolarização do neurônio apenas parcial, com um
estado associado de excitação descontrolada (Fig. 4). Outra importante ação molecular
dos ciclodienos é a potente inibição da enzima Ca2+, Mg2+ ATPase (KIRAN,
VARMA, 1990, WAFFORD et al., 1989) a qual é essencial no transporte do cálcio
através das membranas celulares. Como consequência, sobrevém um acúmulo de cálcio
livre intracelular (com a promoção associada da liberação, induzida por cálcio, de
neurotransmissores a partir das vesículas de estocagem), despolarização dos neurônios
adjacentes e propagação dos estímulos nervosos pelo SNC. O endossulfan, como os
outros ciclodienos, inibe também a ação da enzima Na+, K+ ATPase (DAVIS,
WADEMEYER, 1971, KIRAN, VARMA, 1990).
Doses elevadas de endossulfan (200 mg/kg alimento, cerca de 10 mg/kg, por dia)
adicionadas na dieta de ratos (machos), por 2 semanas, induziram a atividade da função
mista oxidase - anilina hidroxilase e aminopirina desmetilase (DEN TONKELAAR et
al., 1974). Outro estudo feito com ratas confirmou tais achados e informou também um
aumento dose-dependente da ativade da amino-transferase e da peroxidação lipídica
espontânea (AGARWAL et al., 1978). GARG et al., (1980), expondo ratos oralmente a
20 mg/kg, 6 dias/semana/7 semanas, constataram um ligeiro aumento na glicemia e
decréscimo nos níveis de cálcio plasmático, o que parece concordante com o
mecanismo de bloqueio sobre a Ca2+, Mg2+ ATPase.
6 EFEITOS ESPECIAIS
Efeitos sobre a reprodução
A exposição de ratos (Charles River SD-CD), machos e fêmeas, por duas gerações, ao
endossulfan técnico (97% de pureza), em concentrações de 0, 3, 15 e 75 ppm da dieta,
aproximadamente iguais a 0,2 ; 1,0 e 6,0 mg/kg peso/dia, não causou efeitos nocivos
sobre a reprodução, não havendo efeitos sobre a performance reprodutiva ou sobre as
descendências que fossem relacionados ao composto ou às doses (EDWARDS et al.,
1984).
Teratogenicidade, Mutagenicidade e Carcinogenicidade
Estudos para avaliação do potencial teratogênico do endossulfan foram realizados com
ratos (MACKENZIE et al., 1980a, MACKENZIE et al., 1980b) e com coelhos
(MACKENZIE et al., 1981a, MACKENZIE et al., 1981b). O produto não demonstrou
ser teratogênico (a despeito da toxicidade das doses mais elevadas manifestadas nas
fêmeas prenhes) em ratos na dose de até 2 mg/kg peso/dia, e em coelhos na dose de até
1,8 mg/kg peso/dia.
A maioria dos estudos (testes de curta duração) para avaliação da genotoxicidade do
endossulfan têm sido negativos; contudo alguns forneceram resultados conflitantes
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Assim, em ensaios realizados com E.
coli e S. typhimurium o endossulfan não se revelou mutagênico e também não induziu
conversão mitótica em Saccharomyces cerevisiae (FAHRIG, 1974, MORIYA et al.,
1982). Por outro lado, num trabalho feito com endossulfan grau técnico, YADAV et al.,
(1982) encontraram, em Saccharomyces cerevisae, mutações reversas, conversões
mitóticas, etc., denunciando atividade genotóxica. Em avaliação realizada no Brasil, o
produto não demonstrou genotoxicidade, pois os testes conduzidos com S. cerevisiae,
nas fases estacionária e exponencial das culturas e na presença e ausência de fração
microssomal hepática de ratos, deram negativos (HENRIQUES, J.A.P., FONSECA,
M.B., LAUER, C.P., CARVALHO, A.T. Genotoxicity studies with Thiodan CE; The
induction of gene mutations in the Yeast Saccharomyces cerevisiae XV 185-14c.
Informação Pessoal). Ratos (machos) que receberam 5 doses orais diárias de 11 - 55 mg
endossulfan/kg peso não mostraram aberrações cromossômicas em células da medula
óssea ou espermatogônias (DIKSHITH, DATTA, 1978). Camundongos tratados com
água de beber adicionada de endossulfan na concentração de 43,3 mg/L, por dois dias
consecutivos, mostraram um aumento não estatisticamente significante na taxa de
micro-núcleos induzidos nos eritrócitos da medula óssea (USHA RANI et al., 1980).
Noutra pesquisa desenvolvida com camundongos (CANADA RESEARCH COUNCIL,
1975), o teste do dominante letal deu resultado negativo. EBERT et al. (1990), em sua
revisão crítica dos dados sobre a toxicidade do endossulfan, chamam a atenção para o
fato de que estudos com resultados positivos para mutagenicidade podem ter sido feitos
com endossulfan grau técnico contaminado por epicloridrina, um estabilizante usado no
produto técnico e que poderia provocar a positividade do teste. De fato, a epicloridrina,
um líquido incolor altamente reativo e inflamável, que encontra inúmeras aplicações
industriais (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984, WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1987), é um agente alquilante direto (HEMMINKI et al., 1980) e
induz mutações gênicas em todos os sistemas celulares testados e também alterações
cromossônicas (ROSENKRANZ, 1981, SHRAM et al., 1981, VASHIHAT et al., 1980).
No documento "Pesticides residues in food - 1989" (FOOD AND AGRICULTURAL
ORGANIZATION, 1990) são listados onze diferentes estudos para avaliação da
mutagenicidade do endossulfan, feitos por vários autores, no período de 1978 a 1988,
incluindo: teste de Ames, mutação e conversão gênica com leveduras, ensaio em
linfoma em camundongos, ensaios de reparo e síntese de DNA, testes de micronúcleo
(entre eles o antes referido de USHA RANI et. al., 1980), teste de aberração
cromossômica e teste de citogenicidade "in vivo" (o já citado trabalho de DIKSHITH,
DATTA, 1978). Todos eles forneceram resultados negativos.
A carcinogenicidade do endossulfan foi avaliada num estudo em que ratos OsborneMendel e camundongos B6C3F1 foram expostos ao produto, grau técnico, através da
dieta. Os resultados mostraram que a substância não foi cancerígena para os animais
fêmeas, enquanto que para os machos, devido a uma alta mortalidade inicial, não foram
possíveis conclusões (NCI, 1978). Em trabalho mais recente, RUCKMAN et al. (1988)
desenvolveram uma pesquisa para avaliação da toxicidade crônica e da
carcinogenicidade do endossulfan. Ratos Sprague-Dawley, em grupos de 50 machos e
50 fêmeas, receberam o agente na dieta, por 104 semanas, em concentrações de 0; 3;
7,5; 15 e 75 ppm (este último valor funcionando como referência de Dose Máxima
Tolerada), equivalendo a taxas de 0,1; 0,3; 0,6 e 2,9 mg/kg peso/dia nos machos e 0,1;
0,4; 0,7 e 3,8 mg/kg peso/dia nas fêmeas. Os autores constataram que o número e o tipo
de neoplasias ficaram na faixa normal para ratos daquela idade e características. Numa
pesquisa feita com camundongos, machos e fêmeas, também não se evidenciou um
potencial oncogênico do endossulfan técnico para tal tipo de animal (DONAUBAUER,
1988). A administração do produto foi em concentrações de 0, 2, 6 e 18 ppm na dieta,
por 24 meses, equivalendo a 0; 0,28; 0,84 e 2,51 mg/kg peso/dia nos machos e 0; 0,32;
0,97 e 2,86 mg/kg peso/dia nas fêmeas.
7 SINAIS E SINTOMAS DA INTOXICAÇÃO
O quadro geral de sinais e sintomas da intoxicação pelos inseticidas ciclodienos é
(ECOBICHON, 1991):


forma aguda: vertigens, dor de cabeça, náusea, vômito, hiperexcitabilidade
motora, hiperreflexia, espasmos mioclônicos, mal-estar geral, contrações
convulsivas, convulsões generalizadas;
forma crônica: vertigens, dor de cabeça, hiperexcitabilidade, contorsões
musculares intermitentes, espasmos mioclônicos, desordens psicológicas
(incluindo insônia, ansiedade, irritabilidade), alterações no EEG, perda da
consciência, convulsões epileptiformes.
Em casos reais de intoxicação aguda por endossulfan (suicídios e intoxicações
acidentais), as manifestações clínicas foram vômito, agitação, convulsões, cianose,
dispnéia, babugem, respiração ruidosa, com a morte acontecendo poucas horas após a
ingestão (TERZIEV et al., 1974) e com ocorrência de pulmões edematosos e cianose
(DETEMER, HEYNDRICKX, 1978).
Em três trabalhadores de uma indústria química houve desenvolvimento de sintomas
depois de três semanas, um e dezoito meses de exposição diária, respectivamente, que
incluiram dor de cabeça, inquietação, irritabilidade, vertigens, estupor, desorientação e
contrações convulsivas epileptiformes (TIBERIN et al., 1970).
O endossulfan não é um irritante nem para a pele nem para os olhos e não possui
capacidade sensibilizante.
8 TRATAMENTO
No caso de ingestão do endossulfan, deve-se realizar lavagem gástrica com 2 a 4 litros
de água seguida de purgativos salinos (30g Na2SO4/250 ml água). Para controlar a
inquietação e as convulsões podem ser dados barbituratos intravenosamente. Os
benzodiazepínicos não são efetivos no controle dos ataques (EBERT et al., 1990). Pode
ser necessária assistência respiratória mecânica com oxigênio. Deve-se fazer injeção de
gliconato de cálcio (10% em 10ml) a cada 4 horas (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1984). Não se indicam purgativos oleosos, epinefrina e outros
adrenérgicos, e todos os tipos de estimulantes centrais.
9 PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL E DA EXPOSIÇÃO
HUMANA
A contaminação do ambiente por endossulfan a partir de suas unidades de síntese e
formulação pode ser totalmente evitada. Existem soluções técnicas para
tratamento/gerenciamento dos sistemas de efluentes líquidos e sólidos das plantas
produtoras que podem assegurar uma não poluição ambiental. A contaminação do meio
decorrente do próprio uso agrícola pode ser minimizada e colocada dentro dos limites
da aceitabilidade da equação risco-benefício, desde que, verdadeiramente, os preceitos
das Boas Práticas Agrícolas sejam conhecidos, dominados, difundidos e efetivados.
Entretanto, alguma morte de peixes poderá sobrevir do uso incorreto do produto.
O endossulfan presente nas águas pode ser delas removido numa taxa de 80% ou mais
por processo de filtração, e quase todo ele por tratamento com carvão ativado (GREVE,
1971, referido em WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984).
A exposição humana ao endossulfan por meio dos alimentos não é preocupante se
ocorrer na faixa de 0 a 0,006 mg/kg peso, que é a IDA estimada para o produto (FOOD
AND AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990), de acordo com os conhecimentos
atuais.
A exposição ocupacional ao endossulfan, seja na fase de sua preparação, seja durante
sua aplicação, pode ser previnida desde que as Boas Práticas de Higiene Ocupacional
sejam adequadamente informadas e praticadas. Assim, por exemplo, o trabalhador deve,
no desenvolver de suas tarefas, estar usando roupas apropriadas para a função, como
calças e camisas de mangas compridas, macacão ou avental de PVC, botas e luvas de
borracha, EPIs (máscaras, óculos) etc. Deve-se também procurar respeitar o valor limite
para exposição ocupacional: TLV = 0,1 mg/m3.
10 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Se aplicados os preceitos da Boa Prática Agrícola, os resíduos de endossulfan nos
alimentos não serão significantes (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Com
relação às normas de Boa Prática Agrícola , há que se considerar, contudo, e em
especial, a situação dos países de baixo nível socioeconômico-cultural, onde tanto a
fiscalização e a orientação técnica são falhas ou inexistentes, quanto o grau de
conscientização e profissionalização do agricultor é bastante fraco.
As concentrações de endossulfan nas águas e no ar são normalmente muito baixas e
localizadas, e não têm significado um risco para as populações. O mesmo pode ser dito
para resíduos de endossulfan nos alimentos (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
1984).
A contaminação do leite humano por endossulfan não tem sido apontada (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 1984).
Como em alguns países o endossulfan é empregado na preservação de madeiras e
tratamento de jardins, a exposição direta de crianças pode ser possível e precisa ser
evitada.
O uso do endossulfan na cultura do fumo, se não devidamente controlado, pode
representar uma importante fonte de exposição do ser humano.
As poucas situações ocupacionais que já implicaram em incidentes de intoxicação
parece que só ocorreram quando as precauções de segurança recomendadas não foram
adotadas.
Em relação à avaliação do risco inerente à exposição da população geral ao endossulfan,
o perfil de toxicidade do agente e o padrão atual da exposição não apontam qualquer
perigo apreciável (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984).
O endossulfan é altamente tóxico para algumas espécies de organismos aquáticos,
especialmente peixes, e é moderadamente tóxico para abelhas melíferas. O produto não
tem potencial de biomagnificação nas cadeias alimentares e é rapidamente eliminado do
organismo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984). Após revisão de toda a
literatura disponível quanto aos testes de curta duração "in vivo" e "in vitro", o JMPR1989 concluiu que não há evidência de genotoxicidade do produto (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990).
Com base nos dados e nos estudos toxicológicos para o endossulfan até aqui
disponíveis, as seguintes recomendações quanto ao produto e seu uso podem ser
destacadas: nos países onde o endossulfan é aplicado para controle da mosca do tsé-tsé,
deve ser realizada a toxico-vigilância da exposição das populações a fim de se
avaliar/evitar efeitos potenciais adversos para a saúde (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 1984); são necessárias pesquisas para estabelecer se a vigilância
biológica pode ser usada como sinalizador precoce da exposição ao endossulfan
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984); a contaminação das águas de superfície
e de abastecimento público durante a aplicação do produto deve ser evitada e, se
preciso, os níveis residuais de endossulfan na água a ser bebida devem ser reduzidos por
intermédio de tratamento adequado, de modo a não se ultrapassar o limite para a água
ambiente de 74 ug/L para proteção da saúde humana no caso de ingestão de água e
organismos aquáticos contaminados, e de 159ug/L para água ambiente no caso de
proteção da saúde humana com relação à ingestão de organismos aquáticos
contaminados, enquanto o critério para proteção da vida aquática em água doce é a
concentração média máxima de 24 horas de 0,056ug/L, não devendo nunca exceder a
0,22ug/L (USA, 1980); para prosseguimento da avaliação toxicológica do endossulfan,
devem ser obtidas mais informações referentes à exposição humana (FOOD AND
AGRICULTURAL ORGANIZATION, 1990). Em 1984, a Organização Mundial da
Saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1984), recomendava que novos estudos
para esclarecimento do potencial embriotóxico, teratológico e de danos sobre a
reprodução precisavam ser desenvolvidos. Nos anos seguintes pesquisas cobrindo essas
áreas foram realizadas e, em publicação de 1990, a Organização para Agricultura e
Alimento e a Organização Mundial da Saúde (FOOD AND AGRICULTURAL
ORGANIZATION, 1990) as consideraram e concluiram que o produto, de acordo com
os ensaios, não se mostrou crítico naqueles aspectos.
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Ecotoxicity of Endosulfan
Abstract
Endosulfan is a pesticide which finds many
applicattions in agriculture. Its toxicology is
reviewed considering the many risks it presents for
the environment and the human being, showing the
need to adapt an adequate safety margin for its use.
Key Words
Toxicology; Toxicity; Endosulfan.

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