9. História do vidro - Curso de Arquitetura e Urbanismo
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9. História do vidro - Curso de Arquitetura e Urbanismo
UFPR – CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO – DISCIPLINA DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO – 2013 LETÍCIA ALVES E GUSTAVO ZORZE email: [email protected] A HISTÓRIA DO VIDRO Composto por basicamente areia, cal e uma substância alcalina, a origem do vidro, para os historiadores, ainda nos é desconhecida. Uma lenda diz que os antigos fenícios descobriram algo brilhante entre as brasas de uma fogueira na praia (apud MARIACHER, 1970) – o que seria uma espécie de vidro bem rústico. Primeiramente só eram feitos objetos através da técnica de GLAZING (mistura dos ingredientes , depois postos numa forma). Por causa disso, o desenvolvimento dessa arte foi retardado, apenas sendo melhor difundido e desenvolvido com a técnica de “sopra-vidro”, permitindo fabricar peças muito maiores e melhores. Sendo navegadores, os fenícios distribuíram esse conhecimento pelo Mediterrâneo. EGITO Embora o Egito tivesse uma cultura de amplo uso do vidro, acredita-se que o desenvolvimento dessa arte começou mesmo por volta de 2345-2181 a.C (MARIACHER, 1970). Antes disso, os egípcios exportavam as contas coloridas, cobertas com turquesa verde. No período citado, já eram feitos pequenos potes e talismãs, além de roupas com aplique. A popularidade de usar-se o vidro só aumentou com as trocas comerciais com a então Fenícia. Conquistados, mais tarde, pelos persas, o vidro egípcio chega à Babilônia e Etruria. Depois, chega à grande Roma. Fig. 1: Colar feito com contas coloridas de vidro, datado do século I d.C. (MARICHER, 1970. pp. 13) SÍRIA Segundo Mariacher (1970), “o evento decisivo na história do vidro foi o desenvolvimento do ‘sopra-vidro’ no primeiro século depois de Cristo”*. Com isso, o material se tornou mais límpido e refinado. O vidro era soprado em moldes de terracota, com os detalhes feitos mais tarde. Os sírios foram os primeiros a produzir vasos de base quadrada que se estreitavam na boca. O design desses potes ou vasos evocavam frutas, seres mitológicos, rostos, etc. Figs. 2 e 3: A esquerda vemos um vaso proveniente provavelmente da Síria, século I d.C. A direita podemos ver um copo romano em forma de chifre, uma inovação para a época, também do século I d.C. (MARIACHER, 1970, pp. 19 e 45. PRIMEIROS USOS 1. 2. 3. 4. 5. 6. Ornamento (como jóias) Vasos Potes Ânforas Vasilhas Pratos ROMA A produção do vidro aumenta. Nos séculos III e IV d.C., Roma era a maior indústria, principalmente em cidades como Roma, Pompéia e muito bem feito em Alexandria. Os povos conquistados foram obrigados a assimilar a técnica do vidro, fazendo com que seu artesanato em muito se parecesse com o romano. Também, outra novidade na história, foi o uso do vidro para a fabricação de louças, devido ao costume romano. Ele substituiu o metal e o barro. No entanto, a partir desse mesmo período, os custos se tornam mais altos, devido a escassez do produto. Após a queda do Império, vários estilos na produção de vidro começam a nascer na Europa. CRISTÃO E BIZANTINO Para o primeiro, a tradição romana se une com o estilo medievo, apenas com a diferença de que os detalhes decorativos são moldados separadamente, depois fixados na peça final. A técnica de graffito (esculpir em relevo) se tornou muito popular. Para o segundo, a técnica se mantém firmemente atada na tradição helênica e de Alexandria. Finos e bem detalhados, restaram muito poucos objetos bizantinos. Fig. 4: Podemos ver nessa peça a técnica do graffito, datada do século 3 ou 4 d.C. (MARIACHER, 1970, pp. 22). CHINA Durante a Dinastia Han (206 a.C. a 220 a.D.), os chineses usaram o vidro em substituição da pedra de jade, por ser um material mais barato (MARIACHER, 1970). Apesar disso, o povo chinês não o apreciava muito, embora tenha copiado o design de peças da região européia. ISLÃ Entre 750 a 1258 d.C., adquiriu grande importância: chegava a ser tão suntuoso quanto o cristal e pedras preciosas. No século IX, o vidro era decorado com essas pedras, gravadas, e também pintados – copiando a maneira de pintar em cerâmicas dos egípcios e persas. Na região de Bagdá, surge o vidro Aleppo: violeta ou azul, com desenhos geométricos e/ou florais. Os islâmicos sempre usavam muitas cores. Pelo século XV, as formas lembravam bulbos, com o fundo transparente. No final desse período, sua influência decaiu, juntamente com a ascensão Venesiana. Fig. 7: Peça também de Murano, porém decorado com a técnica do “chiaroescuro”, final do século XVI. (MARIACHER, 1970, pp. 139). Figs. 5 e 6: A esquerda, um vaso sírio conhecido como “aleppo”, do século XIII. Acima, a direita, o famoso vidro azulado de Murano, do século XV. (MARIACHER, 1970, pp. 86 e 98). IDADE MÉDIA E RENASCENÇA O vidro passou a ser usado em peças de uso diário – já que em regiões como o Seno começaram a ser fabricados copos e garrafas (MARIACHER, 1970). Tinha pouca qualidade artística, assim como a qualidade do vidro em si. A partir do século IX até a Renascença é que se deu inovações, principalmente na França e Alemanha – o estilo teutônico. O vidro continha potássio obtido na queima de plantas, também chamado de “Verre de fougère (vidro de samambaia)” ou “Waldglas (vidro da floresta)”. No Mediterrâneo, usavam carbonato de sódio, obtido das algas marinhas. A característica desse estilo era “um longo e cônico vidro com uma base pequena e com uma estranha ornamentação que parece uma tromba de elefante”**. Entre os séculos XIII e XIV, a Itália toma importância, trazendo o vidro vitral, ou com pequenas pinturas, de formato alongado e bulboso. VENEZA Houve, aqui, mais um avanço, segundo MARIACHER (1970): o desenvolvimento de lentes através da técnica de gravura dos cristais. Isso superou a técnica do “sopra-vidro”. A partir daí, o vidro passou a ser visto como algo para ser preservado, e não quebrado quando se perdia a utilidade, como a cerâmica. A ilha de Murano também inovou com o uso especial de cores. Notas *No original: “The decisive event in the history of glass was the development of glass-blowing in about the 1st century AD”. (MARIACHER, 1970. pp. 24) **No original: ...“a long conical glass with a small base and such a strange ornamentation that is looks like na elephant’s trunk...” (MARIACHER, 1970. pp. 76) REFERÊNCIAS MARIACHER, Giovanni. Glass – from Antiquity to the Renaissance. 2nd Edition. Hamlyn: Feltham, 1970. WIGGINTON, Michael. Glass in architecture. 1st Edition. Phaidon Press: London, 1996. FAÇON DE VENISE – BARROCO E GÓTICO Estilo veneziano de trabalho em vidro, durante o período Barroco. O vidro se tornou peça de arte, usando técnicas como a escultura e o chiaroscuro (efeito de sombra e luz). Surgem cálices refinados, assim como detalhes em diamante. Durante o período gótico, o vidro foi amplamente utilizado para fazer os vitrais das catedrais. PHILLIPS, C. J. El vidrio – artíficie de milagros. 3ª Edición. Editorial Reverté: Barcelona, 1947. MARTÍNEZ, Feliz Alvarez. El vidrio em la construccion. 1ª Edición. Ediciones CEAC: Barcelona, 1970. SEGUNDO PERÍODO DO VIDRO Sua produção já não está mais apenas no “Velho Mundo”, mas também atinge a América (em torno de 1609). A partir daqui se dão as mais diversas inovações. O mundo moderno descobre, em 1790, um método para produzir o vidro óptico, para lentes de microscópios e telescópios. Em 1827, por exemplo, a máquina entra para produzir o vidro, em série de peças em moldes prensados. As peças, antes finas obras de obra, se tornam mais simples devido a produção em massa. No entanto, o design delas continua surpreendendo até hoje. Desde 1900 os segredos para a produção do vidro estão espalhados pelas mais diversas fábricas em várias partes do mundo. As inovações feitas podem ser enumeradas em 9 feitos, segundo PHILLIPS (1947): 1- lâmpadas para luz elétrica; 2- máquina automática para fazer garrafas; 3- lâminas de vidro; 4mecanismo para alimentação de fornos; 5- máquina que podia produzir 500 lâmpadas por minuto; 6- produção em grande quantidade de vidros resistentes ao calor; 7- vidro resistente a estilhaçamento; 8- blocos de vidro para construção e fibras de vidro; 9- vidro de silício de 96%.