te quero ver - Revista Edificar
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te quero ver - Revista Edificar
Miguel Aloysio Sattler diz que é preciso utilizar materiais saudáveis nas construções VERDE QUE TE QUERO VER JARDINS E ÁREAS ARBORIZADAS SE DESTACAM NAS EDIFICAÇÕES, QUE RESERVAM ESPAÇO ATÉ PRA A PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS INVESTIMENTO CONSTRUIR SEM DESPERDIÇAR MINIMIZAR OS RESÍDUOS NAS OBRAS É O DESAFIO ATUAL DO SETOR A chegada de investidores estrangeiros movimenta o mercado imobiliário local MEMÓRIA VIVA Luiz Guimarães, fundador do Secovi-PB, fala sobre o jeito de morar do pessoensse REVISTA | revistaedificar.com.br 1 2 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 3 4 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 5 6 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 7 8 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Divulgação Índice 11 . ENTREVISTA Nonononononon O professor Miguel Aloysio Sattler defende que além da sustentabilidade da construção é importante pensar em dois outros conceitos: durabilidade e saudabilidade. 20 . INOVAÇÃO 54 CAPA VERDE NOS PROJETOS O paisagismo ganha espaço nos projetos arquitetônicos dando mais espaço para o verde, as flores em áreas comuns, acessos e jardins, que valorizam os empreendimentos e embelezam os ambientes construídos. Artigos Irenaldo Quintans............................18 Mônica Cristina Lucena..................32 J. Carvalho Neto..............................48 Ricardo Castro..................................52 Fábio Henriques............................. 62 Mário Camacho............................... 78 Seções Sustentabilidade............................. 34 Meu projeto.....................................66 Ambiente especializado................68 Minha Obra ..................................... 70 Na Prateleira .................................. 74 Parque Solon de Lucena, 530 Sala 402 - Centro - João Pessoa-PB CEP 58013-130 www.revistaedificar.com.br [email protected] O(xx83) 3512.5111/8773.1002 36 Concreto estrutura Pesquisa no Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas explora o potencial de aplicação de resíduos da construção civil em concreto estrutural. Laje alveolar: Empresa paraibana já produz, com tecnologia de concreto protendido, lajes pré-moldadas mais leves e esbeltas usadas em grandes obras no Estado . ÔNUS DO DESPERDÍCIO Lei ambiental mais rígida O grande desafio é racionalizar o uso de materiais da construção é modernizar o processo, controlando custos, sem perder a qualidade da obra 54 . MAIS NATUREZA 72 Contemplação e lazer Cada vez mais, arquitetos e paisagistas procuram oferecer qualidade de vida às pessoas nos ambientes construídos, adornando os espaços comuns com jardins . MEMÓRIA VIVA O fundador do SECOVI-PB O corretor imobiliário, Luiz Guimarães está há 37 anos na atividade e conta como mudou o jeito de morar do pessoense 76 . HISTÓRIA DA EMPRESA Nonononno Os irmãos Geraldo e Germano Guedes Pereira fundaram a SOENCO – Sociedade em Engenharia há 27 anos e a parceria se repete no mercado de revenda de carros. ERRAMOS NA EDIÇÃO 17 A grafia do nome do ministro das Cidades é Aguinaldo Ribeiro. Na pag. 42, o correto é Mexer em apartamento exige cuidado redobrado. Na pag. 71, Rossano Lyra Lucena é empresário. Diretor: VICTOR CASTRO DÓRIA DE ALMEIDA Coordenação editorial: NANÁ GARCEZ DE CASTRO DÓRIA Editor executivo: CARLOS CÉSAR F. MUNIZ Supervisão editorial: AGNALDO ALMEIDA Projeto gráfico: CÍCERO FÉLIX Direção de arte, diagramação e tratamento de imagens: MÁRIO MIRANDA Repórteres: ALINNE SIMÕES, ELIANE CRISTINA, MABEL DIAS E THAMARA DUARTE Repórteres fotográficos: OLENILDO NASCIMENTO E SÔNIA BELIZÁRIO Conselho consultivo: DANIEL MUNIZ V. DE SOUZA, EXPEDITO DE ARRUDA, IRENALDO QUINTANS, RÔMULO SOARES DE LIMA E ELAN MIRANDA Colaboradores desta edição: MÔNICA CRISTINA MARINHO ROCHA LUCENA E MÁRIO CAMACHO Gerente Comercial : THIAGO XAVIER Revisão: LUIZA FRANCO Publicidade: [email protected] Impressão: Gráfica JB Tiragem: 5.000 (Distribuição dirigida e venda em bancas) A opinião dos articulistas não reproduz, necessariamente, a posição da revista. Esta revista segue as normas do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa em vigor desde janeiro de 2009. REVISTA | revistaedificar.com.br 9 10 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Carta ao leitor Muito se tem falado em construção sustentável. Assim, a Revista EDIFICAR foi buscar junto um especialista nesta área o conceito preciso desta expressão e como outra igualmente em voga, que é habitabilidade, com o intuito de trazer uma informação de qualidade para os que atuam no mercado construtivo paraibano. Ainda na linha da economia sustentável e da preservação do meio ambiente, trazemos ampla reportagem sobre como evitar desperdícios na construção, pois, a partir deste mês de agosto, os órgãos fiscalizadores estarão mais rígidos no que diz respeito ao destino adequado do resíduo sólido. E, também, considerando o princípio da economicidade, com a redução de perdas de material, profissionais dizem como a tecnologia contribui para tornar mais precisa a execução do projeto. No campo acadêmico, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal da Paraíba, sobre o reaproveitamento do resíduo de obra pode gerar novo produto para uso na construção civil. E, nessa linha de inovação tecnológica, uma empresa local já produz laje alveolar de concreto protendido, possibilitando a execução de projetos mais arrojados. De outro lado, a competição no mercado local cresce na medida em que mais empresas chegam ao Estado não apenas voltadas para o mercado de alta renda, como igualmente de olho no segmento da casa popular, inclusive com empreendimentos que terão grande número de unidades. Na Paraíba existem 1.600 firmas que realizam serviços de engenharia e construção. Somente em 2011 subiu em 23% o número de registros de empresas concedidos pelo CREA-PB. Se a preservação do meio ambiente é uma preocupação mais constante entre os que planejam e constroem, observa-se que a aumenta a presença de espaços verdes e jardins nos condomínios. O paisagismo adorna e integra áreas tanto em residências como em unidades multifamiliares. Além de flores e plantas ornamentais, as hortaliças são cultivadas em áreas comuns, o que transforma as áreas de lazer em lugares contemplativos, de relax e de convivência harmônica. Constata-se, da mesma forma, que o ambiente mais bonito agrega valor ao imóvel. Artigos opinativos, textos técnicos, curiosidades, eventos sociais, registros da história do mercado imobiliário são conteúdos que compõem esta edição que chega às suas mãos no neste mês de agosto, quando os corretores comemoram 50 anos de regulamentação da profissão, em encontro nacional, em Brasília. Tenha uma boa leitura! Victor Castro Dória de Almeida REVISTA | revistaedificar.com.br 11 12 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Arquivo Pessoal ENTREVISTA Miguel Aloysio Sattler Dentro de uma lógica de sustentabilidade, deve-se, sempre, procurar utilizar materiais locais” Evolução tecnológica é essencial à sustentabilidade PESQUISADOR GAÚCHO, NO ENTANTO, SE PREOCUPA COM LANÇAMENTOS SEM AVALIAÇÃO ADEQUADA DO CICLO DE VIDA DE MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS Miguel Aloysio Sattler é formado em Engenharia Civil e em Agronomia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Fez o doutorado pela University of Sheffield (1987) e pós-doutorado pela University of Liverpool, ambos em Ciências Ambientais Ligadas à Edificação. Trabalhou na Fundação de Ciência e Tecnologia CIENTEC e há mais de 20 anos atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, da UFRGS, onde é professor associado. [ POR NANÁ GARCEZ] A expansão da indústria da construção civil trouxe aspectos positivos para a economia mas, motiva questionamentos em relação ao meio ambiente. Gradualmente, o setor busca soluções que sejam ecologicamente corretas. A Revista EDIFICAR fez uma entrevista exclusiva com o Phd Miguel Aloysio Sattler, que esteve em junho passado, em João Pessoa (PB) para participar da banca de mestrado da professora Claudiana Maria da Silva Leal, do Instituto Federal de Educação. O objetivo é trazer a visão do especialista que possui experiência na área de Engenharia Civil, com ênfase em edificações e comunidades custentáveis, engenharia urbana sustentável, conforto ambiental e habitação popular. Ele atua em pesquisa, ensino e extensão e possui 10 livros publicados. O que compõe o conceito de construção sustentável? O conceito de sustentabilidade tem que ser entendido em suas diferentes dimensões, que envolvem não só questões ambientais, mas também sociais, econômicas, culturais,... Eu adicionaria mais algumas preocupações, como a durabilidade e a saudabilidade. Assim as construções deverão ter uma vida útil longa, pois de outro modo estaremos acentuando ainda mais os impactos de demolição da construção existente, extração de novos materiais da natureza, transporte, manufatura, ... que estarão associados a cada vez que uma edificação, por uma razão ou outra necessitar reposição. Por outro lado temos que buscar utilizar materiais saudáveis para a produção de construções saudáveis. Ou seja, materiais que ao longo de seu processo de produção e uso não impactem sobre o meio ambiente ou sobre o ser humano. E preocupa o fato de a cada ano serem lançados novos produtos no mercado, muitos dos quais não foram devidamente avaliados neste sentido. REVISTA | revistaedificar.com.br 13 Não podemos esquecer as tecnologias sociais, que contribuem para a sustentabilidade ampla dos empreendimentos e estão diretamente ligadas ao usuário final” Quais são as tecnologias habitacionais sustentáveis? Essas tecnologias envolvem a construção, os sistemas construtivos, e incluem a toda a infraestrutura e ciclo de produção associada à produção das construções, bem como à fase de uso das habitações: sistemas de gestão de resíduos (tanto durante a construção como durante a fase de uso); suprimento de energia (buscando fontes energéticas sustentáveis, sempre que possível); preservação da qualidade da água que supre a população (o que está diretamente associado à gestão de resíduos). Mas, também, não podemos esquecer as tecnologias sociais, que contribuem para a sustentabilidade ampla dos empreendimentos e estão diretamente ligadas ao usuário final e a todos aqueles que participam em seu processo de produção. Não poderemos esquecer as demais dimensões, como a econômica, buscando otimizar recursos financeiros de modo a alcançar os melhores resultados possíveis, para o patamar de renda daqueles a quem as habitações são destinadas. Até que ponto a evolução tecnológica pode contribuir para a sustentabilidade ambiental? A evolução tecnológica é essencial na busca da sustentabilidade. O Brasil possui o privilégio de abrigar populações nativas, algumas das quais ainda sem o contato, ou com pouco contato, com as populações que colonizaram o país. Praticamente todas as habitações de nativos evoluíram de modo a responder às condições climáticas das regiões ocupadas e fazendo uso de materiais naturais, suprindo suas necessidades em termos de proteção e conforto. O desenvolvimento tecnológico tem ocorrido de forma muitíssimo mais rápida e isto não nos tem permitido avaliar adequadamente as soluções adotadas. E eu 14 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 estou me referindo a avaliar o ciclo de vida de materiais e sistemas construtivos, quantificando tanto a energia incorporada como os impactos ambientais de diferentes naturezas associados a tais soluções. Esta minha avaliação é amparada em uma experiência de mais de 40 anos em contato com atividades diversas na área de engenharia civil. Eu iniciei muito cedo na área, com menos de 20 anos, quando de 1977 a 1981, fui trabalhar na construção de estradas, realizando estágio de serviço no Exército, após curso no CPOR, em Porto Alegre. Isto me permitiu acompanhar a implantação de infraestrutura de estradas, incluindo-se aí os diversos tipos de “obras de arte”. Em meu retorno fui trabalhar como estagiário no Setor de Estruturas, no Instituto de Pesquisas Tecnológica do Rio Grande do Sul, até o final do curso de Engenharia Civil, acompanhando também aí pesquisas e obras. Logo a seguir, e antes de me vincular ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, trabalhei por mais de 15 em um instituto de pesquisas tecnológicas industriais, a Fundação de Ciência e Tecnologia, com atuação na área de materiais e depois estruturas e, ao final, atuando como Diretor de Pesquisas da Instituição, logo depois de retornar de meu pós-doutoramento na Inglaterra (onde também realizei o meu doutoramento), na área de Tecnologia da Arquitetura. Alguns dizem que a concentração urbana, com edificações verticais elevadas permitem melhor aproveitamento do solo nas cidades, como o sr vê essa colocação? Eu entendo que este tema requer uma avaliação mais completa, com enfoque sistêmico, que inclua todos os aspectos envolvidos. E aí temos que procurar harmonizar a morfologia urbana (e as soluções de verticalização) frente a outros aspectos, como o sistema de transportes (dentro de um sistema amplo de mobilidade urbana); a gestão das águas (de modo a preservar a qualidade da água que abastece às populações, quanto o impedir ou minimizar a sua poluição); a gestão energética; a distribuição de áreas verdes (harmonizando das áreas construídas com aquelas necessárias para o bem estar da população, para a manutenção de corredores de biodiversidade, como aquelas necessárias à produção de alimentos).Tudo isso tem que ser planejado para funcionar o mais eficientemente possível hoje, mas também para fazer frente aos desafios, principalmente energéticos, que iremos enfrentar com o gradual esgotamento de recursos fósseis, e que ficará crítica em menos de 40 anos. E, 40 anos passam muito rápido (é o mesmo tempo que já dediquei a trabalhos na área de engenharia)! Na Paraíba, cresce o número de empreendimentos com torres elevadas e itens de lazer como sauna, piscina, quadras, salão de festa, lanhouse, churrasqueira, play-ground, oferecendo lazer e moradia. Há quem diga que isso encarece a obra e dificulta a manutenção? Dentro da linha de raciocínio anterior, eu pergunto: Por quanto tempo essas torres permanecerão funcionais? Os edifícios são projetados dentro de uma perspectiva de vida útil que raramente ultrapassa os 60 anos. Como será efetuada a mobilidade vertical nessas torres à medida que os recursos energéticos forem se tornando mais e mais escassos? Edificações altas modificam o clima no seu entorno; entre outros impactos causam sombras, bloqueando o acesso à energia do sol. Quando se pensa em termos de cenários futuros, de recursos energéticos escassos, a grande fonte de energia se deslocará na direção de utilização da energia solar, onde a tecnologia cada vez mais avançará em direção ao seu uso como geradora de energia elétrica, através de sistemas fotovoltaicos. Quem se responsabilizará pelas perdas decorrentes da obstrução do acesso solar por parte das edificações à sombra das edificações altas e pela privação à autossuficiência energética que lhes será imposta? Por outro lado toda a infraestrutura de lazer mencionada tem um custo inicial e um custo de manutenção. E, este custo de manutenção cresce com o envelhecimento da edificação. Por outro lado, o perfil dos usuários destas edificações pode ser associado com o de uma renda decrescente ao longo do tempo. Isto quer dizer, uma situação de custos crescentes e disponibilidade de recursos decrescentes dos usuários. A partir do momento em que estas duas curvas se cruzarem teremos sérios problemas, que conduzirão a obsolescência acelerada de tais torres. O uso da energia solar é comum para o aquecimento da água, mas, é viável para a iluminação de ambientes? Certamente. É justamente isto que se busca através da aplicação dos princípios da arquitetura bioclimática. Há que se somar, ainda, o potencial de climatização de edificações localizadas em latitudes ou altitudes elevadas, que não preocupa João Pessoa, mas nos preocupa já no RS, onde a energia solar, bem empregada substitui, com vantagens a climatização artificial. Nesta direção cito o sistema OM Solar, que ainda em 1997 vi aplicado em edificações no norte do Japão, onde a energia solar, captada por um sistema solar, mantinha o interior da edificação em condição de conforto térmico, mesmo quando a temperatura externa era inferior a 10° negativos no exterior e onde sistemas fotovoltaicos geravam a energia suficiente para, através de um sistema de ventilação, direcionar o ar aquecido no telhado para os diversos ambientes da edificação. A energia eólica depende dos ventos que são intermitentes. Como considerar que possa ser uma alternativa efetiva à energia hidrelétrica? O ideal é que energia eólica, quando intermitente, seja combinada a outras fontes energéticas sustentáveis (incluindo-se aí, a energia das marés, das ondas, da energia acumulada pela biomassa), de modo a não haver interrupção de suprimento. Mas. temos que estar atentos ao fato de que todas as fontes não renováveis (como as citadas), serão esgotadas totalmente em alguns séculos, sendo otimistas. Richard Heinberg, um dos maiores especialistas na área, menciona que menos de 1% de toda a energia gerada hoje provém de fontes renováveis. Certamente teremos que rever a forma como vivemos hoje, para enfrentar os desafios que se avizinham. Deveremos, sempre, evitar o uso de materiais que em sua produção ou extração requeiram o consumo de grande quantidade de energia” Que itens em relação à construção devem ser incluídos nos conjuntos residenciais para população de baixa renda? Eu indicaria a adoção de alguns dos itens incluídos em projeto de pesquisa que realizamos nesta área, há mais de dez anos (cuja consulta e download pode ser feita a partir do site http://www.habitare. org.br/publicacao_colecao9.aspx), onde propúnhamos, além de construções mais confortáveis, de baixo impacto ambiental e com um mínimo de dignidade, em termos de espaço; a adoção de sistemas locais de tratamentos de resíduos líquidos, incluindo a sua biodigestão; o paisagismo produtivo; sistemas viários menos agressivos e que incluíam espaços para ciclovias; estratégias para segurança alimentar, com produção local de alimentos; a produção local de biomassa, para uso em fornos/fogões, no inverno e assim suprir, também, melhores condições de conforto. Habitabilidade é um conceito amplo que envolve a qualidade da moradia e as condições do entorno. O que é habitação de qualidade com conforto térmico e acústico? Na disciplina de Habitabilidade, ministrada a alunos do curso de engenharia civil, na UFRGS, nós recomendamos que nos projetos seja adotado um enfoque amplo de conforto, e que além do conforto térmico e acústico, incluam o conforto visual e lumínico, o tátil e o olfativo. Minimamente, quando estipulados requisitos de conforto térmico e acústico, deverão ser contemplados os critérios definidos nas Normas Brasileiras específicas, que definem o envelope da edificação como um “filtro” das condições ocorrentes no exterior e que as partições internas também controlem a propagação do som, mantendo os níveis sonoros internos dentro de limites adequados. A poluição provocada pelo descarte inadequado de embalagens plásticas, latas, papel não é mais grave que os impactos provados pela construção civil? O espectro de impactos produzidos pela construção civil é muito amplo: mais de 50% dos recursos utilizados pela humanidade são direcionados à construção; também mais de 50% de todos os resíduos sólidos urbanos, em média, são resíduos de construção e demolição; a extração, produção e transporte de materiais são atividades demandantes de quantidades significativas de energia, além de vários outros impactos. Dentre os outros 50% de resíduos sólidos urbanos, que não os resíduos de construção, em torno de 60% são resíduos recicláveis, como os citados acima. E estes, uma vez adequadamente direcionados, podem substituir parte dos recursos necessários à humanidade. Mais graves são aqueles que não podem ser reusados, reciclados ou compostados, como o são os resíduos tóxicos. Que materiais são inadequados para a construção no Brasil e que, no entanto, são aplicados nos imóveis por imitação do que existe na Europa ou nos Estados Unidos? É claro que o simples transporte de materiais fabricados em locais distantes, como Europa e Estados Unidos, ou China, além de não promoverem a economia local, adicionam energia ao ciclo de vida dos produtos. Dentro de uma lógica de sustentabilidade, deve-se, sempre, procurar utilizar materiais locais, que além de não adicionarem à energia total, aquela decorrente de seu transporte, são geradores de emprego e renda, além de se integrarem a cultura do local. Além disso, deveremos, sempre, evitar o uso de materiais que em sua produção ou extração requeiram o consumo de grande quantidade de energia, ou que sejam tóxicos ao ser humano ou nocivos ao meio ambiente. A logística na movimentação de material pode interferir no rendimento e na perda de produtividade de uma construção? É claro que materiais locais, que além os benefícios acima indicados, permitam avaliar sua disponibilidade, acesso a peças de reposição e onde os prazos de suprimento possam ser mais facilmente cumpridos interferem positivamente na produtividade e custo de uma construção. Que medidas governamentais podem mudar as práticas construtivas e uma preocupação com a sustentabilidade das edificações? Acredito que uma das formas seria a de, por um lado, incorporar, em todas as licitações para a execução de projetos e obras contratadas pelos órgãos públicos, nas diferentes instâncias, itens ligados a sustentabilidade, a serem atendidos obrigatoriamente. Por outro lado, a intensificação da fiscalização em obras, verificando o cumprimento das exigências, e uma maior responsabilização das empresas executoras de obras pelos danos causados ao meio ambiente. REVISTA | revistaedificar.com.br 15 Sônia Belizário mais www.revistaedificar.com.br PERTO DO MAR Entrega de prédio da Fibra Carlos Aguiar, Diogo Leandro, Ricardo Castro e Filipe Leandro Em julho passado, a Fibra Construtora entregou o Oásis Plaza, a cerca de 300 m da praia do Bessa, em João Pessoa. Os diretores Filipe Leandro e Diogo Leandro destacaram os itens de lazer e a qualidade do acabamento do imóvel, com projeto do arquiteto Alexandre Lessa. O evento festivo marcou mais uma etapa vencida pela empresa que está construindo, também, no Bairro dos Estados, no Cabo Branco, no Alto do Mateus e fará lançamento no Altiplano do Cabo Branco. Em breve, na mesma quadra, a construtora fará novo edifício. RADIAL EMPREENDIMENTOS Construtora faz lamçamento no Jardim Luna Com a presença de corretores, arquitetos e clientes, a Radial Empreendimentos inaugurou sua sede no Bairro dos Estados no dia 10 de agosto. Na ocasião foi realizado o lançamento do Edifício Jáder Franca, no Jardim Luna. Os sócios Eduardo Camacho, Raimundo Souza Moura, Clara Barreiro Hofmann destacaram que estão satisfeitos com a evolução das vendas dos demais empreendimentos da construtora e têm uma perspectiva bastante positiva quanto ao novo empreendimento. R$ 40 MILHÕES Caixa financia a construção Em julho último, no auditório do Sinduscon-JP, a Caixa Econômica Federal, através da Gerência de Clientes e Negócios da Construção Civil para o Nordeste apresentou aos construtores oito modalidades de crédito que dispõe, para todas as fases do negócio e para empresas de todos os portes, inclusive recursos para capital de giro. E, assinou contratos que somam a mais de R$ 40 milhões, para financiar a construção de residenciais da Conger Construção e Incorporações (Rio Jaú), da Equilíbrio Construtora (Palácio Real Tambaú), da Massai Construções (Spazio di Piemonte) e Construtora Everest (Vista Dourada). Divulgação A obra de arte instalada à frente do prédio é de Clóvis Júnior PREVENÇÃO DE ACIDENTES TST e SESI têm programas Foram lançados, em João Pessoa, o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho do Tribunal Superior do Trabalho e o Programa Nacional em Segurança e Saúde no Trabalho na Indústria da Construção, do SESI, em seminário promovido pelo Comitê Permanente Regional sobre Condições e Meio Ambiente do Trabalho da Paraíba. Segundo o empresário Ósaes Mangueira Filho, na Paraíba, independente do número de trabalhadores, é exigido o Projeto de Controle no Meio Ambiente do Trabalho. “O empresário entende que o trabalhador é seu principal parceiro, o acidente traz uma visão negativa para o setor e para a empresa e é algo que nenhum empresário deseja”. Nononononon SELO AQUA TWS conquista certificação 16 O Complexo Tour Geneve recebeu a certificação AQUA (Alta Qualidade Ambiental) concedida pela Fundação Vanzolini, organização sem fins lucrativos ligada à Universidade de São Paulo (USP). O selo assegura que a edificação da TWS Empreendimentos é comprovadamente sustentável. Segundo a assessoria de imprensa o selo é o referencial técnico sobre construções sustentáveis no Brasil e é baseado na certificação francesa Démarche HQE. A certificação é feita por meio de auditorias e são avaliadas 14 categorias que dizem respeito à qualidade de vida do usuário, economia de recursos como água e energia, disposição de resíduos e manutenção e contribuição para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região. REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Um imóvel sustentável tem menor custo de manutenção e maior valor agregado REVISTA | revistaedificar.com.br 17 Visão Empresarial [email protected] Qual a função de um prefeito? Irenaldo Quintans é presidente do Sinduscon-JP em segundo mandato, formado em Economia, pós-graduado em Finanças Empresariais e integra a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil. João Pessoa necessita de um gestor preparado, focado, sem outra ambição que não seja a minoração dos inúmeros gargalos que afligem nossa linda capital” 18 REVISTA Sempre que é tempo de eleições municipais, lembro-me dos bons imperadores romanos, a exemplo do competente César Augusto, do “optimus princeps” Trajano, do erudito Adriano e do ponderado Marco Aurélio. Estou seguro de que o leitor mais afeito às coisas antigas há de perdoar minha fascinação por essa civilização, pois seus acertos e equívocos serviram de embasamento para tudo o que se produziu “a posteriori”. Penso, portanto, que revisitar esse passado glorioso e entender como funcionavam as cidades inspiradas na gestão recomendada pelos césares pode nos auxiliar no resgate de regras operacionais de extrema simplicidade, facílima aplicação, cuja funcionalidade parece ter sido soterrada pelas areias do tempo. Oxalá se consiga enxergar n’alguma plataforma de candidato ora apresentada esse modelo de eficácia desconcertante. Ensina-nos o velho Plutarco, na sua vasta obra, que esses próceres recomendavam aos municípios sob seu domínio a adoção de uma forma de administração única, pueril, até, porém com resultados altamente satisfatórios no atendimento às necessidades da população. As políticas públicas de maior alcance, as macro-diretrizes do Estado, eram definidas pelos senadores. Aos administradores cabia planejar os meios e prover uma existência digna para os habitantes. Nada mais era deles exigido. Por meio do voto aberto de um conselho de cidadãos, eram eleitos dois edis, que correspondiam ao que hoje se convencionou chamar de prefeito e vice-prefeito. Os encargos eram divididos: o mais importante, talvez o prefeito, cuidava das questões vitais relacionadas com o abastecimento, aí incluídos gêneros alimentícios e água potável, e a segurança da cidade. O outro, o lugar-tenente, preocupava-se com tudo o que dissesse respeito ao adequado funcionamento da urbe: a conservação das ruas, avenidas e praças; a higiene das feiras, dos banhos públicos, restaurantes e casas noturnas; a oferta de transportes; o trânsito de pedestres e carroças; e as escolas. Cada qual dispunha, à guisa de | AGOSTO/SETEMBRO 2012 “staff”, de um contingente de voluntários não remunerados, os quais, além de colaborar em tudo, elaboravam minucioso planejamento sobre obras, investimentos e prioridades. Algo aproximado a uma câmara de vereadores, sendo que não só votavam as matérias como, ao aprová-las, realizavamnas. Um grupo ficava impedido de participar disso: os aparentados em até terceiro grau dos edis. Antes da análise crítica, permita-me o leitor grifar alguns aspectos desse modelo. O primeiro é a ausência total de remuneração pecuniária para o exercício dos cargos públicos, quaisquer que fossem. O segundo é a operacionalidade do vice, que, com efeito, compunha ativamente a administração. O terceiro é a existência de um grupo de cidadãos que não somente reunia-se, discutia e polemizava. Fazia até tudo isso, como atestam os registros históricos, mas, na medida em que trabalhava, ficava, portanto, co-responsável, junto com os gestores principais, pela efetividade dos projetos que aprovava. Por último, mas não de menor relevo, está o combate à chaga do nepotismo, já ali evitada com uma regra cartesiana: é parente? Não pode. Há que se mencionar, também, uma prática das mais interessantes. Para os recalcitrantes na virtude, havia uma moção de censura, o ostracismo – do grego “ostrakon”, a pedrinha na qual se escrevia o nome do indigitado. Se sobre o administrador pairasse a mínima sombra de desconfiança da coletividade, este não somente era demitido sumariamente, como lhe era reservado o desterro, por uma década e a expropriação dos bens. Isto posto, convido o estimado leitor para, “mutatis mutandis”, trazendo o homem à época e as circunstâncias atuais, refletir sobre o que espera de um prefeito e seu vice. E, adianto a minha conclusão: João Pessoa necessita de um gestor preparado, focado, sem outra ambição que não seja a minoração dos inúmeros gargalos que afligem nossa linda capital, apoiado de perto por seu segundo, que, em vez de fazer mera figuração, deverá por a mão na massa. Há tal chapa? REVISTA | revistaedificar.com.br 19 20 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 21 inovações tecnológicas Reciclagem de resíduos da construção Pesquisa explora o potencial de aplicação de resíduos da construção civil em concreto estrutural [ POR ALINNE SIMÕES ] Toda obra de construção gera resíduo e, desse material, a maior parte tem possibilidade de ser reciclado. O engenheiro civil, Enildo Tales, Professor MSc. da Universidade Federal da Paraíba, na tese de doutorado tem procurado comprovar e explorar os potenciais de aplicação desse material para que ele possa ser usado em concretos aplicados em elementos estruturais. A expectativa é ampliar os usos desses resíduos, já que a Lei Municipal nº 11.176, de 10/10/2007, da Prefeitura de João Pessoa, restringe o uso, apenas, em obras de pavimentação. O pesquisador conta que, nos estudos iniciais, em visita a Usina de Beneficiamento de João Pessoa (USIBENJP), obteve dados sobre o fluxo de material que entrava (resíduo) e do que saía (agregado reciclado). Ele percebeu um gargalo, pois a entrada do resíduo era grande e a saída era pequena. “Então, havia necessidade de estudar esse material, para no futuro tentar mudar essa Lei, no sentido de poder viabilizar o próprio funcionamento da Usina, liberando esse material produzido para outras aplicações de forma segura. Isto porque, depois do estudo espera-se poder garantir que o material tem potencial para fabricação de concreto aplicáveis em elementos estruturais”. Na pesquisa em andamento no LABEME-CT-UFPB, houve três etapas. A 22 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Ampliar a aplicação do agregado reciclado dos resíduos da construção contribuirá para reduzir custos de uma obra O doutorado de Enildo Tales é vinculado ao Programa interinstitucional DINTER (UFBA/UFPB). A orientadora é a engenheira Viviana Zanta, Professora Dra. da Universidade Federal da Bahia e co-orientador, o arquiteto Aluísio Braz de Melo, Professor Dr. da UFPB. primeira foi a coleta, em datas diferentes, de três lotes do agregado reciclado da USIBEN. Com esse material, o professor fez vários ensaios para avaliar as características, comprovando que, para as amostras coletadas, foram atendidos os parâmetros de contaminação e resistência tolerados nas normas da ABNT. Os resultados permitiram passar à segunda fase, um rigoroso estudo de dosagem, para determinar a proporção ideal entre os materiais para produzir concretos estruturais. Na terceira etapa, foram produzidas três lajes pré-moldadas, para testar o desempenho do agregado reciclado aplicado no elemento estrutural - a laje. “Analisamos o agregado com segurança, verificando inicialmente se tinha alguma contaminação para poder depois afirmar que ele tem condições de uso e quem sabe, dependendo dos resultados, dizer que esse agregado serve para uso e fabricação de elementos estruturais, como as lajes prémoldadas que estamos fazendo”. O co-orientador, Professor Dr.Aluísio Braz, lembra que o estudo tem grande apelo ambiental, já que muitas vezes esse material é jogado em locais de deposição Resolver esse fluxo de material dentro da USIBEN é muito importante porque vai contribuir também com o saneamento da cidade”. ENILDO TALES Professor Doutor clandestinos ou na margem de córregos, provocando problemas para a cidade. “Contribuir com a destinação adequada, ampliando a aplicação do agregado reciclado dos resíduos da construção civil certamente estará contribuindo também com a limpeza urbana. Além disso, é importante destacar que dar uma destinação para o resíduo, como se propõe no presente estudo através da reciclagem, evita-se que se explorem mais recursos naturais para fazer as obras nas cidades”, afirma. Para eles é fundamental se consolidar um mercado de agregados reciclados dos resíduos da construção civil e, neste sentido, a pesquisa de Enildo Tales pode trazer muita contribuição. “Resolver esse fluxo de material dentro da USIBEN é importante porque vai contribuir também com o saneamento da cidade. Quando o resíduo da construção civil é enviado para a usina onde é feito o beneficiamento (reciclagem) e depois volta a ser usado nas obras da cidade, esse ciclo acaba reduzindo as deposições clandestinas, que normalmente se tornam vetores de doenças, por atraírem outros tipos de resíduos sólidos”, complementa. Laje alveolar protendida É uma laje que atende as expectativas do construtor: redução da mão de obra, velocidade na montagem e excelente relação custo x benefício”. Na Paraíba, empresa já produz, com tecnologia de concreto protendido, lajes pré-moldadas mais leves e esbeltas Empresário construção civil tem sido a produção de lajes pré-moldadas alveolares protendidas. De acordo com Francisco Peixoto, engenheiro e diretor técnico da Central Premoldados, empresa pioneira, na Paraíba, e segunda, no Nordeste, a utilizar esta tecnologia, há um ano tem produzido e comercializado esse tipo de laje, fornecendo para obras na Paraíba e Pernambuco. É possível enumerar muitas vantagens, entre as quais: peças mais esbeltas, redução do peso próprio e cargas na fundação, maior durabilidade e maiores vãos. A laje protendida é executada em pistas de protensão, onde são distribuídos aços especiais chamados de cordoalhas, Sônia Belizário Numa estrutura de concreto convencional quando o calculista a dimensiona, ele leva em conta a aplicação de dois importantes esforços na peça: a compressão e a tração. O concreto resiste muito bem à compressão, porém tem pouca resistência à tração, o que tende a provocar fissuras. A protensão induz tensões de compressão nas zonas de tração, eliminando-as e proporcionando estruturas mais duráveis, esbeltas e resistentes, pois, toda peça passa a trabalhar a compressão. Essa tecnologia tem ganhado cada vez mais espaço na construção sendo aplicado, principalmente, em vigas e lajes. A grande novidade no mercado da FRANCISCO PEIXOTO A secagem ao ar livre é ambientalmente positiva para a produção da laje alveolar que é mais resistente do que aquele utilizado em concreto convencional. O aço sofre uma protensão, ou seja, ele é esticado. Após ser protendido é lançado o concreto e, quando ele atinge as resistências necessárias para que se possa desprotender, corta-se o aço que tende a voltar para a posição inicial, mas o concreto não permite criando, portanto, as zonas de compressão. O engenheiro explica que a laje é composta de alvéolos, diminuindo o peso da peça e aumentando a capacidade térmica e acústica. ”A laje dispensa o uso de escoramentos, proporciona encaixe perfeito pela exatidão das medidas e, quando necessário, chega à obra com os recortes estabelecidos no projeto, elevando em muito a produtividade. É uma laje que atende as expectativas do construtor: redução da mão de obra, velocidade na montagem e excelente relação custo x benefício”. As lajes produzidas na empresa paraibana variam entre 12 e 16 cm de altura, com largura de 1,25m e atingem até 12 metros de vão livre. A capacidade produtiva atual é de 100 m² por dia, requer controles tecnológico, pois é utilizado concreto de alta resistência (mínimo de 35 Mpa) e cálculos específicos. Dentre as obras que já estão utilizando as lajes alveolares protendidas, fornecidas pela Central Premoldados, estão a refinaria Abreu e Lima da Petrobrás, em Pernambuco (8.000m²), o Centro de Cultura e Artes da UFPB (11.000m²) e a ampliação do Manaíra Shopping, além de obras menores. REVISTA | revistaedificar.com.br 23 planol egal mais www.revistaedificar.com.br por Mabel Dias [email protected] Período de administração Condomínio em imóvel novo Quando o empreendimento vai ser entregue, os futuros moradores são chamados para decidir como será a gestão do condomínio, eleger o síndico que cuidará da manutenção do imóvel e fará respeitar as regras definidas na convenção interna. Documentação necessária Para se constituir o condomínio, é sufiente a ata que elegeu o síndico, registrada em um cartório de títulos e documentos, além das cópias de RG e do CPF do eleito. “Com tais documentos, ele tem representatividade em qualquer local, como o síndico de um determinado edifício”, informa Abrahão Stropp Caminha, da Controle – Administração de Condomínios. Quem pode ser Qualquer pessoa pode ser síndico, desde que não tenha pendências junto aos órgãos federais. Cada convenção condominial dirá quais pessoas podem ser síndicos ou não. “Há convenções que permitem que sejam síndicos os moradores do condomínio, algumas estabelecem que para ser síndico é preciso ser o proprietário do imóvel, outras, ainda, exigem que proprietário do imóvel seja síndico, e que more no próprio condomínio para poder dirigi-lo”, informa o advogado. As convenções mais modernas admitem que qualquer pessoa possa ser síndico, inclusive um terceiro estranho ao convívio condominial, em geral, o síndico profissional. 24 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Participação dos moradores São nas assembleias que os moradores participam da vida do condomínio, podem expor as opiniões sobre a organização do condomínio e votar nos assuntos discutidos durante a reunião. Se desejarem, os eles podem fazer a ata da reunião e registrá-la em cartório. Mas, isto não é obrigatório. Caso os condôminos queiram se resguardar de problemas futuros e, para que tenha validade contra terceiros, bem como para dar publicidade ao conteúdo, faz-se o registro. É recomendável o registro apenas daquelas atas que tragam decisões relevantes ou que sejam utilizadas para tratar com terceiros. Os objetivos O condomínio depois de constituído passa a ser ente jurídico, com CNPJ próprio. O objetivo é zelar pelo patrimônio da coletividade de proprietários e pelo bem comum do condomínio. O processo de entrega da obra é feito pela construtora e condôminos. Segundo Abrahão Stropp “via de regra, na reunião de entrega do prédio aos moradores, é eleita uma comissão de condôminos, que terão poderes, para junto com a construtora, fazer a inspeção das áreas comuns de acordo com o prometido.”, afirma o advogado. O artigo 1.347, do Código Civil Brasileiro estabelece o prazo máximo de até dois anos para o mandato do grupo eleito para administrar do condomínio, porém, permite que este mesmo grupo possa ser reeleito diversas vezes. Mas, a convenção do condomínio pode definir prazo menor para o mandato. Para se formar a administração, o advogado informa que o tempo é o da convocação de assembleia que tenha na pauta a eleição desses membros, que são: síndico, subsíndico e conselho fiscal. Os cargos são ocupados através de eleições em assembleias condominiais. Diferenças na administração Não há diferenças se o condomínio for administrado por um síndico ou por uma empresa. “Na realidade, eles se complementam. A obediência às exigências legais e a complexidade em administrar um condomínio requerem conhecimentos especializados e, assim, surge para o síndico, como responsável legal, quase que a obrigatoriedade de contratar uma empresa que o auxilie a administrar o condomínio e cumprir com as exigências legais, em todos os níveis.”, explica Abrahão Stropp. Obrigações dos condôminos As obrigações dos condôminos estão descritas no Código Civil, no Art. 1.336, ao longo da Lei 4.591 de 1964, bem como na convenção e regimento interno. Algumas delas são: contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção; não realizar obras que comprometam a segurança da edificação; não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas; dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes. REVISTA | revistaedificar.com.br 25 mercado A empresa espanhola está fazendo o segundo empreendimento no município de Santa Rita, na grande João Pessoa Mais competição A CHEGADA DE NOVAS EMPRESAS PARA ATUAR NO SEGMENTO RESIDENCIAL ACIRRA A DISPUTA NO MERCADO DA CONSTRUÇÃO CIVIL E IMOBILIÁRIO PARAIBANOS [ POR NANÁ GARCEZ ] Dados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba (CREA-PB) revelam que, atualmente, existem, em atividade, na Paraíba, 1.607 empresas de construção e serviços de engenharia. O conselho concede visto às firmas que vêm de outros estados para realizar atividades num prazo de 180 dias. Quando elas têm obras acima deste prazo, o órgão faz o registro da empresa. As estatísticas mostram que foram feitos 401 registros, em 2009; e 516 registros, em 2011, havendo aumento de 23%. É um indicativo de migração de mais empresas de engenharia para a Paraíba. A espanhola Sogeinverca, 26 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 originária de La Coruña, na Espanha, é uma das empresas internacionais que vieram para a Paraíba, voltandose, tanto para imóveis de alto padrão, como para a casa popular. Na verdade, também incorporadoras nacionais estão se estabelecendo na capital paraibana, de olho nos negócios com imóveis que se enquadrem no Programa Minha Casa, Minha Vida. Há, ainda, construtoras Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte, que, igualmente, iniciam operações na região metropolitana de João Pessoa. Com isso, o segmento no qual predominam empresas locais, vem sendo ampliado com a presença de incorporadoras nacionais e internacionais. GIULIANA MARTINS Empresária A empresária Giuliana Martins, da Paraíba Property Shop tem sido procurada por grupos em busca de áreas para a construção de empreendimentos residenciais e empresariais. Na capital, a demanda se concentra em bairros como Altiplano, Cabo Branco, Manaíra e Bessa. No entanto, neste ano de 2012, tem sido equivalente o interesse de empresas nacionais e internacionais, diferente do que aconteceu em anos anteriores. Na entrada de João Pessoa, está o Parque Jacumã, da MRV Engenharia e Participações, que se instalou na Paraíba, em 2011. É um condomínio fechado com 232 apartamentos de dois quartos, no bairro de Cruz das Armas, a poucos minutos do centro da cidade e fácil acesso pelas BRs 101 e 230. É o primeiro dos empreendimentos da empresa mineira que, antes de se estabelecer em qualquer mercado realiza amplo estudo socioeconômico, considerando critérios como o PIB, a renda per capita, a população e o déficit habitacional existentes. Depois desta análise do mercado se verificou que há, na capital, enorme mercado potencial para o tipo de imóvel construído pela companhia. O segundo investimento é o Parque Jardim Bougainville, no bairro do Geisel, próximo do Centro Administrativo Municipal. Serão 304 apartamentos de dois quartos com uma vaga de garagem, cada. No bairro Ernani Sátiro, será lançado o Condomínio Jardim América, com 2.000 unidades, de um e dois quartos. De acordo com o setor de comunicação, a MRV Engenharia tem como um de seus diferenciais os 32 anos dedicados exclusivamente à construção e à incorporação de unidades populares numa consolidada malha de negócios, tendo profissionais, tecnologia e experiência de sucesso em imóveis com elevado custo benefício. É uma empresa focada 100% na construção de residenciais populares e mais de 75% dos imóveis lançados pela construtora em 2012 estão enquadrados ao programa “Minha Casa, Minha Vida”. A clientela, em sua maioria, está adquirindo o primeiro imóvel. Entre as capitais do Nordeste, para a empresa, o mercado imobiliário em João Pessoa está ávido por opções destinadas às famílias com renda entre três e dez salários mínimos, principal público de atuação da construtora o que a torna a maior e mais experiente empresa brasileira neste ramo. Ainda segundo o setor de comunicação, “os dois primeiros lançamentos foram grandes sucessos de vendas. Por isso, estamos adiantando o lançamento do terceiro empreendimento na cidade que deve ser lançado muito em breve. Uma sinalização da grande aceitação dos produtos da MRV pelo público de João Pessoa”. Olenildo Nascimento O mercado de João Pessoa está ávido por opções para as famílias com renda entre três e cinco salários mínimos. Em 2011, o IBGE divulgou que a capital da Paraíba tem 25.524 habitações subnormais, ou seja, moradias em favelas. A empresa mineira MRV, já atua em vários estados do Nordeste e em 2011 se estabeleceu em João Pessoa Sônia Belizário Empreendimentos vão somar mais de 2.500 unidades A inadimplência, nos projetos de moradia popular, é quase inexistente. Às vezes, ocorre atraso no pagamento da parcela, mas o comprador procura atualizar logo. VALBERTO NEVES Gerente Retração na Europa e qualidade de vida na Paraíba Em 2003, o paraibano Valberto Henrique de Lima Neves foi para a região da Galícia, na Espanha, para estudar idiomas. A ideia inicial era ficar um ano, mas, ficou seis anos. E, ao sair da situação de estudante para residente teve que trabalhar, atuando numa empresa que prestava serviços para a construção civil, em tudo que se relacionasse à mão de obra. Nesta atividade conheceu Pedro Caridad, diretor geral da Sogeinverca, empresa que construía residenciais. Quando a crise começou a se delinear, ele atendeu ao pedido do empresário para vir ao Brasil analisar o mercado. Em abril de 2009, passou dez dias na Paraíba identificando as possibilidades de negócios. Quatro meses depois, voltava com a decisão da empresa de se expandir para o Brasil, na primeira operação internacional. Em setembro daquele ano, começou a funcionar. A qualidade de vida, as condições climáticas agradáveis e o mercado atrativo motivaram a instalação em João Pessoa. REVISTA | revistaedificar.com.br 27 Divulgação mercado Empregando 50 pessoas, a Sogeinverca já está no segundo empreendimento em Santa Rita (PB), cidade da região metropolitana. O Residencial Tibiri tem 192 unidades, ao custo de R$ 95 mil, cada uma. O arquiteto espanhol Antônio Gonzalez responde pelos projetos. “É uma arquitetura diferente e audaciosa. Aqui eles são reformados conforme as exigências locais de legislação”, explica Valberto Neves, gerente regional. Ele anuncia mais dois empreendimentos: o Residencial Verdes, no Valentina de Figueiredo (próximo à Vila Olímpica que está sendo construída), com 45 unidades de dois e três quartos, num prédio com pilotis mais quatro pavimentos e a cobertura. E, o Emporium Cabo Branco, a ser edificado no bairro do mesmo nome. O home service de 12 andares terá 108 unidades de dois quartos. “Ele terá energia solar e duas fachadas para aproveitar a ventilação e a luz”. O projeto que está em fase de aprovação. O outro será em Tabatinga, no litoral do Conde (PB). O grupo está de olho nas pessoas que vêm trabalhar no polo farmacoquímico, em Goiana (PE) e na fábrica da Fiat, também. “Jacumã fica a 19 km de Goiana. As pessoas vão passar todo o dia no trabalho e vão precisar de um lugar tranquilo para dormir e descansar”, fala Valberto Neves, identificando o potencial de crescimento no litoral sul da Paraíba, onde será o Residencial Los Mirantes. Agora, o cenário é outro porque está mais difícil encontrar um terreno no perfil que se procura; o mercado ficou exigente e tende a selecionar mais, além disso, o imóvel se valorizou acima do salário. Para o gerente regional da Sogeinverca, há uma acomodação do mercado e os projetos devem ser diferenciados e com qualidade. O paraibano Valberto Neves não se arrepende de ter retornado para a terra natal, pois entende que o mercado brasileiro, nos vários segmentos, ainda tem espaço para novos empreendimentos, porque o crédito para financiamento viabiliza a comercialização das novas unidades. 28 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 O prédio em construção na avenida principal do Tibirí é voltado para famílias com renda de até R$ 2.000,000 Novas áreas em João Pessoa, Santa Rita e Campina Grande A corretora Maria Auxiliadora Santana Pessoa, da JPM Imóveis recebeu dois grupos interessados (um de São Paulo, tradicionalmente voltado para condomínios urbanos para a classe A e outro italiano) também, em construir casas populares e prédios empresariais. Sem revelar os nomes, ela conta que foram ofertadas áreas em bairros como Mandacaru (na região norte de João Pessoa) e Cristo Redentor. Há também interesse no município vizinho de Santa Rita. Em alguns locais, não há terreno livre, então, o que está ocorrendo é a compra de casas que vão ceder espaço para edifícios residenciais. “Eles evitam aparecer para não provocar uma alta no preço do terreno. No caso dos italianos, eles dizem que lá não há movimento e precisam investir em outro lugar”. O arquiteto Fábio Galisa tem recebido empresários de Maceió (AL) e de Natal (RN) interessados em fazer projetos para empreendimentos voltados ao público de Minha Casa, Minha Vida em João Pessoa, Santa Rita e Campina Grande. “O crescente interesse neste segmento é que se ganha pouco em uma unidade, mas que termina sendo muito por serem várias unidades”. Ele observa que a disponibilidade de crédito por parte do Governo Federal dá ao empresário a certeza do crédito para o financiamento imobiliário, assim como o subsídio para o comprador. “O subsídio garante que não vai ter problema para o investidor”. Outro ponto que o arquiteto salienta é que os projetos começam a ser diferenciados, incluindo área de lazer. Um pedaço de Portugal no Valentina A CSN é uma construtora formada em outubro de 2009 e que começou a operar em janeiro de 2010. Neste período, construiu nove prédios com 176 unidades, concentrando-se no segmento popular com imóveis, com apartamentos que custam entre R$ 86 mil e R$ 100 mil, no Valentina Figueiredo. Ela é uma sociedade entre o médico paraibano Marcelo Sarmento e o português Patrick Nogueira. Com isso, no bairro do Vale do Cuiá, os residenciais são denominados Aveiros, Coimbra, Barcelos, etc, reportando-se às cidades de Portugal. Agora, CSN tem 246 apartamentos em obras, incluindo o Cidade do Porto, condomínio com unidades com áreas entre 54 m² e 55 m², que serão entregues com as bancadas de cozinha e banheiros com móveis projetados. Este ano, foi iniciado um empreendimento, em Natal (RN) e outro será feito em Vitória de Santo Antão (PE). Os dois sócios explicam que o segmento da moradia popular, que se encaixa no Programa Minha Casa, Minha Vida é a principal opção por causa do incentivo dado pelo Governo Federal, que subsidia o imóvel e, em especial, porque a demanda é grande e está longe de se esgotar. Porém, com a concorrência, a empresa passou a oferecer diferenciais como os móveis projetados e o próximo terá área de lazer com piscina. “Não é fácil. É preciso trabalhar muito, ter dedicação”, afirma Patrick Nogueira, na sala que funciona como escritório no canteiro de obras do Cidade do Porto, na qual além da mesa de reunião e de um birô estão também materiais. Ele explica no bairro, a empresa já é reconhecida pela qualidade do acabamento dos imóveis e pela forma de negociar. A CSN trabalha com permuta de terreno em área construída admitindo um percentual de 12% do número de unidades possíveis. Por outro lado, o construtor reclama do aumento do preço das áreas e do custo da mão de obra. “Antes, o metro quadro no Valentina custava R$ 80,00 e agora está entre R$ 200,00 a R$ 250,00”. O médico Marcelo Sarmento, que antes fazia casas avulsas observa que, nos últimos dois anos mudou a forma de construir, elevando a qualidade e a mecanização, para atender às exigências da Caixa Econômica Federal e para se enquadrar no Programa Brasileiro de Qualidade da Habitação. Para 2013, o plano é construir 76 apartamentos com áreas de 90m² e 110 m², na praia de Intermares, em Cabedelo (PB), ampliando o universo de clientes e passando a atender à classe média. Também, será constituída uma imobiliária, que comercializará imóveis da CSN e de outras construtoras. O condomínio Cidade do Porto tem cinco blocos e 76 apartamentos REVISTA | revistaedificar.com.br 29 Sônia Belizário mercado Olenildo Nascimento DIFICULDADES MANOEL TEREN QUESTÕES QUE DIFICULTAM A VIDA DO INVESTIDOR Em 2009, o espanhol Manoel Teren (Manolo), em sociedade com o italiano Fernando Chiappe, iniciou a construção do Costa Brava, um resortt à beira do mar de Lucena (PB) e que entrou em funcionamento no verão deste ano. Neste período, ele viu disparar os custos de construção: terrenos mais caros, mão de obra idem. “Os preços dispararam e foi muito rápido, estão subindo muito e os valores não são mais para casa popular, é para ricos, porque os preços subiram bem mais que os salários”, crítica. Recentemente, ele foi à Santa Rita e a Bayeux e ficou espantado com a valorização que ocorreu. “Estão pedindo muito. Terreno que se comprava por R$ 10 mil, 15 mil, agora querem R$ 40 mil. É demasiado”, exclama. Profissionalmente sempre voltado para o setor turístico, Manolo identifica um grande potencial a ser explorado no Brasil, no entanto, considera que os tributos são elevados no País, existem problemas burocráticos que dificultam a tramitação dos projetos e as leis trabalhistas são difíceis. “As dificuldades são de destruir qualquer alegria do investidor”, lamenta o empresário, dizendo os preços dos imóveis da praia do Cabo Branco, em João Pessoa estão mais caros que os de Miami, nos Estados Unidos. 30 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 O projeto arquitetônico é de Venâncio Toscano e o imóvel ficará pronto em 2014 Após dois anos, veio a decisão de construir Em 2006, quando veio passear na Paraíba, para descansar depois de tocar duas obras simultâneas na Espanha, o arquiteto José Maria Gabilondo Aristondo nem pensava que aqui ia se fixar. Natural de Vitória, cidade do País Basco, no norte da Espanha, ele tinha concluído duas obras bem trabalhosas, por isso, decidiu viajar. Tempos depois, ele voltou, comprou um terreno a beira mar do Cabo Branco e passou dois anos observando o mercado local. Somente em 2010 foi que efetivamente começou a investir, ao construir um pequeno edifício no loteamento Portal do Sol. As mudanças econômicas tanto na Espanha como no Brasil o fizeram voltar a construir. “ E, o imóvel também ficou muito valorizado. Agora, o espanhol está construindo no terreno que havia adquirido anos antes. O Oteiza Villa Residencial, voltado para classe A, é um edifício que terá três andares, dois blocos integrados e 18 unidades com áreas de 127 m² a 170 m². As unidades custam entre R$ 620 mil a R$ 1,2 milhão. Todos terão duas vagas de garagem. Já casado com uma brasileira, o arquiteto espanhol conta que quando os bancos começaram a se retrair, na Espanha, a crise se delineava. E, foi se agravando. Ele tem bens em Vitória, mas, os negócios estão em João Pessoa. Se, de um lado, os terrenos estão escassos, a burocracia dificulta o investimento, a mão de obra é menos preparada e os impostos são numerosos, o que obriga o empresário a ficar mais atento à burocracia, de outro, as instituições financeiras ajudam bastante às empresas com capacidade de investimento, os bancos têm linha de crédito. O Brasil ficou mais caro, não foi apenas a questão da moeda, mas os alimentos, os serviços...” JOSÉ MARIA GABILONGO Arquiteto e construtor Encarecimento das áreas é uma consequência A minha opção é por manter as parcerias locais LEONARDO FORTE Corretor As empresas de maior porte que chegam a uma cidade normalmente provocam o encarecimento dos terrenos, porque ofertam mais ao proprietário para garantir a área. Este é um dos comentários se ouve quando se conversa com alguns construtores e corretores imobiliários. Outro ponto é que, inicialmente, para atrair a clientes apresentam imóveis com preço levemente mais baixo que o praticado no mercado local, acrescentando alguns diferenciais e acirra a competição na disputa pelo comprador. Nem todos são entusiasmados com a vinda de incorporadoras outras regiões ou estados para João Pessoa. É o caso do empresário Leonardo Forte, da Terranova Empreendimentos, que opta por manter a parceria com as empresas locais. Ele considera que o mercado imobiliário passa por um “momento delicado”, com redução da velocidade de vendas dos imóveis e, portanto, a ampliação da oferta vai criar mais dificuldades para as pequenas empresas. Além disso, constata que, para se instalar, as incorporadoras fazem parcerias com as imobiliárias da cidade e depois, constituem equipes próprias de vendas. Outro ponto que o dirigente da Terranova Imobilária ressalta é que, neste ano, ocorreram muitos lançamentos de empreendimento de alto padrão, nos mesmos bairros, com estruturas semelhantes nas áreas de lazer, o que aumenta a competitividade no mercado local. REVISTA | revistaedificar.com.br 31 32 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 33 engenharia de fachada Cobertura de vidro FAZER O ESTUDO DE FACHADA OU A EXECUÇÃO DE PROJETO SEGUINDO A PROPOSTA DO ARQUITETO EXIGE NOVO SERVIÇO ESPECIALIZADO [ POR NANÁ GARCEZ ] O mercado paraibano da construção civil está gerando mais especializações em serviços complementares e de acabamento das obras. Com isso, na área de cobertura de vidro ou pele de vidro, um envoltório que destaca as fachadas do ponto de vista estético com influência no conforto térmico e no consumo de energia. Para usar esse recurso, a aplicação deve ser feita por empresa especializada, que dê garantia dos serviços, realize a manutenção e use a tecnologia apropriada, como o processo unitizado, que é industrializado, porque tem planejamento detalhado, 34 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 produção das esquadrias na fábrica e a implantação do sistema de ancoragem para instalação da peça inteira, andar do andar, podendo ocorrer antes mesmo da conclusão total do empreendimento. Na Paraíba, a empresa Métrica, de Fábio Barbosa de Moura e William Silva, passaram a integrar à AFEAL – Associação de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio e a buscar o reconhecimento técnico de qualidade, para inserir o produto que fazem no Programa Setorial de Qualidade, do Programa Brasileiro de Qualidade na Habitação, do Ministério das Cidades. “Somos uma empresa que trabalha com o conceito de engenharia em fachada, treinamos a nossa mão de obra dentro da empresa, fizemos um trabalho de integração da equipe e temos um engenheiro de produção que é o William Silva, que faz o estudo de medição, determinando a colocação das ancoragens, pois tudo tem que ser muito preciso para instalação dos quadros fabricados na empresa ”, explica o diretor comercial Fábio Barbosa. Ele acrescenta que o engenheiro acompanha e controla todos os processos, tanto na indústria como no momento da instalação da pele de vidro na obra, para minimizar perdas através da quebra de vidros ou de danos aos perfis. Este cuidado garante a estanqueidade da fachada, ou seja, garante o fechamento, evita vazamentos, pois as fachadas são áreas expostas às intempéries naturais, como sol e chova. Atualmente, a empresa tem participado de obras em Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia Rio Grande do Norte e Ceará. REVISTA | revistaedificar.com.br 35 Opinião jurídica [email protected] Comunidade planejada Mônica Cristina Marinho Rocha Lucena é professora titular do Instituto Federal de Educação da Paraíba (IFPB) dos cursos de Negócios Imobiliários e Tecnólogo em Construção de Edifício. Advogada integrante do Escritório JLucena Advogados Associados. É consultora e assessora jurídica de investidores, construtores e corretores imobiliários. Especialista em Direito Imobiliário, Notarial e Registral. Os bairros planejados são oriundos de um movimento norteamericano denominado Novo Urbanismo, que busca banir a dependência aos carros, assim como os centros comerciais segregados” 36 REVISTA Ante o desenfreado crescimento urbano, surge a necessidade de um planejamento, onde se almeje a qualidade de vida dos cidadãos. Daí, o surgimento de comunidades planejadas, como, por exemplo, bairros, nos quais, além da residência, proporcionam ao morador o comércio, os serviços e o lazer. Estes empreendimentos buscam ofertar a comodidade de existir, em um só espaço, tudo o que se necessita e, principalmente, o espírito de uma pequena cidade: todos se conhecem, o trajeto de casa ao trabalho e/ou comércio dispensa o veículo automotor, além de uma área verde. Destaque-se a possibilidade de uma autogestão, proporcionando à comunidade a prática de algumas atividades que, em regra, caberiam ao poder público, dentre elas, o planejamento urbanístico. É preciso um regramento bem estabelecido, para que se alcance o sucesso neste tipo de empreendimento, uma vez que ele determinará a organização da comunidade. Foi pioneiro o Estado de São Paulo, e, posteriormente, a idéia se difundiu aos demais Estados. Atualmente, estão sendo lançados em Pernambuco, nos municípios de Recife e Goiânia; no Rio de Janeiro, nos municípios de São Gonçalo e Rio das Ostras; na Bahia, na região da Costa do Coqueiro; em Minas Gerais, no município de Nova Lima, entre outros. Os bairros planejados são oriundos de um movimento norteamericano denominado Novo Urbanismo, que busca banir a dependência aos carros, assim como os centros comerciais segregados, propiciando a diminuição do congestionamento no tráfego e permitindo um relacionamento harmônico entre trabalho e moradia. Frise-se que os modelos | AGOSTO/SETEMBRO 2012 presentes, hoje, não se confundem com o condomínio, pois este é regido pela Lei 4.591/64, cujas ruas são área comum, consequentemente, de propriedade privada, o que possibilita restringir o acesso, cingindo-o aos moradores e convidados. No bairro planejado, cuja norma aplicada é a Lei 6.766/79, as ruas são públicas, permitindo o livre acesso das pessoas. Trata-se, portanto, de loteamento, que consiste na subdivisão da terra em lotes, para fins de edificação, com abertura de logradouros públicos. Distintamente dos Estados Unidos, no Brasil, caberá ao empreendedor, para a realização do projeto, executar a infraestrutura básica: vias de circulação, abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, escoamento de águas pluviais, energia pública e domiciliar, o que posterga a conclusão do empreendimento. Só após o término desta infraestrutura é que se obterá o Termo de Vistoria das Obras (TVO), necessário à realização do registro, que é condição sine quo non para as construções individuais. Há uma tendência crescente do desenvolvimento desses projetos imobiliários de grande porte, principalmente em áreas onde a expansão econômica tem sido evidente, para atender à demanda por residências provocadas por grandes investimentos, que atraem elevado número de pessoas em função das oportunidades de trabalho surgidas. O empresariado paraibano deve estar atento a esse segmento e suas possibilidades. Por outro lado, como são investimentos de grande porte, em geral, são executados através de sólidas parcerias empresariais, regidas por contratos que deixam evidentes as participações de cada um dos investidores. REVISTA | revistaedificar.com.br 37 Sônia Belizário Sustentabilidade Cerâmica vermelha mais limpa [ POR NANÁ GARCEZ] Telêmaco de Assunção Santiago é diretor técnico da Cerâmica Cincera e primeiro secretário do Sindicato da Indústria da Cerâmica Vermelha da Paraíba (Sindicer-PB) A indústria de cerâmica vermelha é uma das mais criticadas, porque boa parte dos fornos funciona à base de lenha e já foi apontada como uma das responsáveis pelo desmatamento. Porém, de modo gradual, o setor foi adotando medidas compensatórias, como a manutenção de áreas de reflorestamento. Aqui na Paraíba, há cerca de seis meses, o projeto piloto de utilização do pó de serra em substituição da madeira, foi implantado na unidade produtiva da Cerâmica Cincera, em Santa Rita. Para isso, a empresa adquiriu equipamentos, treinou pessoas e buscou formar uma rede de fornecedores, a partir das serrarias e fabricantes de móveis. Além de reduzir a compra de lenha, o processo permite o reaproveitamento do resíduo sólido, que é a serragem. Uma das dificuldades é manter a constância do fornecimento do produto, pois, o processo deve ser contínuo, uma vez que a cerâmica opera 24h por dia, todos os dias da semana. Em fase experimental, a quantidade de pó de serra obtida equivale a 10% da de lenha utilizada. O importante é que estamos reduzindo a compra de lenha” A cerâmica possui certificado PSC -Programa Setorial de Qualidade dos Blocos Cerâmicos, gerenciado pela ANICER 38 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 A alimentação dos fornos foi automatizada Segundo o diretor técnico Telêmaco de Assunção Santiago Neto, o poder calorífico da lenha e da serragem são similares, mas a queima do pó de serra é mais eficiente porque a alimentação é automatizada e elimina a variação de temperatura, mantendo-a constante, em torno de 900°C, sem depender do “queimador”, ou seja, de uma pessoa que esteja controlando a quantidade de lenha. “O importante é que estamos reduzindo a compra da lenha, embora a que usamos seja algaroba, oriunda de áreas reflorestadas. Em São Paulo, a indústria de cerâmica vermelha já usa o pó de serra ou a lenha picada”, explica o empresário que fez visitas a outras empresas que já usam este processo. Há ainda possibilidade de comprar madeira de demolição de obra, para ser picada e colocada no forno. A ideia principal é adotar o resíduo sólido como fonte energética. Em maio deste ano, foi assinado contrato com o Senai-PB para, a partir de agosto, com estudo em todas as áreas da empresa, implantar o projeto Produção Mais Limpa, com soluções técnicas econômicas e ambientais, de modo amplo e não mais ações pontuais, como a manutenção da área de reflorestamento, em Mamanguape ou o uso da serragem e da madeira de demolição picada, em lugar da lenha. Com isso, é possível obter certificação e negociar créditos de carbono. REVISTA | revistaedificar.com.br 39 40 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 41 construção Ônus do desperdício EVITAR AS PERDAS NA CONSTRUÇÃO É O GRANDE DESAFIO DESSA INDÚSTRIA QUE PRECISA RACIONALIZAR O USO DE MATERIAIS CONTROLANDO OS CUSTOS E SEM PERDER A QUALIDADE. LEIS AMBIENTAIS MAIS RÍGIDAS OBRIGAM OS CONSTRUTORES A CONTROLAR OS RESÍDUOS QUE PRODUZEM 42 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 [ POR NANÁ GARCEZ, ELIANE CRISTINA E MABEL DIAS ] A questão do desperdício na construção civil, no Brasil, começa desde a cadeia produtiva, onde o índice de não conformidade dos produtos básicos é elevado em relação a outros setores produtivos e contribui para nível de perda alto na construção. É o que pensa o professor doutor Sérgio Botassi dos Santos, da Escola de Engenharia do Rio Grande do Sul e coordenador do Instituto de PósGraduação (IPOG), que veio a João Pessoa abrir o MBA Gerenciamento de obras, Tecnologia e Qualidade da Construção para uma turma de 63 engenheiros e arquitetos paraibanos. Para exemplificar, ele cita que um bloco de vedação com dimensões fora do padrão, aumenta o uso de argamassa de assentamento, na execução da obra, tentando respeitar um nível de qualidade. Por isso, o pesquisador observa que embora custo inicial de aquisição de produtos certificados seja mais alto, o índice de perda é menor. “O empreendedor, para se precaver, deve fazer análise de mercado, verificar se existe algum tipo de especificação que possa atestar um nível de qualidade, e mesmo que o custo seja um pouco maior, ele vai ser diluído em função de menor perda futura. Isso já é comprovado”, afirma. O segundo fator que Sérgio Botassi aponta como prejudicial é a mão de obra pouco qualificada que leva ao desperdício e retrabalho. Ele aconselha tentar, dentro do possível, industrializar o maior número de processos, como usar blocos em palets, que já vem com a quantidade dimensionada para os panos de alvenaria. Neste ponto, ele é favorável ao incentivo fiscal para criar mercado mais sustentável, entendendo que as perdas podem ser minimizadas, em benefício da própria sociedade. “É a matriz cultural que tem que combater e o Estado está obviamente, nesta função, de tentar conscientizar toda a cadeia produtiva, inclusive dando incentivo fiscal, dentro do possível. A medida punitiva ajuda, mas não é eficiente na plenitude. Tem que criar um mercado mais sustentável”. Em sala de aula, ao falar sobre gerenciamento de obras, tecnologia e qualidade na construção, o professor enfatiza que o profissional deve entender tecnologicamente o que está fazendo, tendo o critério da qualidade para gerenciar a obra, reduzir o recurso disponível de uma forma racionalizada. “Produzir bem com qualidade, de maneira otimizada, que possa ser, de fato, economicamente viável para o empreendedor, fazer evoluir a construção civil, que está passando por uma industrialização, uma evolução de melhoria dos processos e agregar valor a isso”, explica. Olenildo Nascimento Vanina Castro “Primeiro, não perde o controle sobre o produto usado e, ao padronizar a forma de execução, mesmo a mão de obra não muito qualificada, ela é forçada a seguir determinados padrões da empresa”, explica o professor acrescentando que industrialização não quer dizer equipamentos modernos, mas, formas de gerenciamento mais racionalizadas, com melhor controle de material, bem como ter equipamentos organizados e ajustados, para obter um mínimo de qualidade. Na outra ponta, está o consumidor, que é o grande fiscal da obra e pode ter papel importante neste processo. “Se se tem um empreendimento com desperdício, mas está vendendo bem, qual o interesse do empreendedor em reduzir o desperdício?”, questiona o professor, observando que o governo facilita o crédito para o comprador, que, com o projeto ainda em execução já começa a fazer alterações. Botassi defende que o setor público vincule a linha de crédito à qualidade e, com ela, à redução de desperdício e do impacto ambiental para criar o círculo virtuoso, desde consumidor ao fornecedor de insumos básicos, com ciclo de produção menos impactante. Desperdício pode ser observado em várias etapas da obra, como no caso do excesso de argamassa para compensar desníveis dos blocos de tijolos REVISTA | revistaedificar.com.br 43 construção Pesquisas mais perto da prática 44 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Resíduos não podem ficar expostos, o lixo produzido nas obras devem ter destinação certa: beneficeiamento ou aterro sanitário Divulgação Ao admitir que a formação do profissional novo deixa a desejar, ele disse que o viés positivo da universidade é o incentivo à pesquisa, porém, observa que a pesquisa em desenvolvimento ainda é muito penalizada por ser pouco embasada, porque se desenvolve o estudo de uma nova técnica executiva, sem verificar se, na prática, vai ser implementada. “Nas instituições de ensino, principalmente nas federais, falta tentar vincular a pesquisa ao setor produtivo. A minha tese de doutorado foi vinculada à necessidade de algumas empresas, especificamente de Furnas Centrais Elétricas, para otimizar o processo de controle de qualidade de obras de infraestrutura, ou seja, ter um caráter de melhoria, ser vinculada à aplicação, ser pragmática e não ficar, simplesmente, no campo teórico”. Ele defende que o papel das universidades precisa ser dignificado neste aspecto, criar esse vínculo entre as instituições e os órgãos executores. Um exemplo também é a questão dos laboratórios subutilizados enquanto poderiam estar fazendo controle de qualidade para o setor produtivo. “O laboratório que está sucateado por falta de incentivo poderia fazer uma parceria com a iniciativa privada para ser mantido o equipamento fazer o controle de qualidade do setor produtivo. Esse vínculo poderia ser melhor vislumbrado mas ainda deixa a desejar”, conclui o pesquisador. PESQUISA RECONHECIDA É a matriz cultural que tem que combater e o Estado está obviamente, nesta função, de tentar conscientizar toda a cadeia produtiva, inclusive dando incentivo fiscal, dentro do possível” SÉRGIO BOTASSI Pesquisador Em 2011, o professor Sérgio Botassi dos Santos recebeu o Prêmio de Melhor Tese em Engenharia, com a tese de doutorado sobre Análise da Fluência do Concreto Massa nas Primeiras Idades de Carregamento: Influência de Aditivos Plastificantes e Adições Minerais, concedido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Olenildo Nascimento JOÁCIO MORAIS Secretário Municipal de Meio Ambiente Novas regras para licenciamento de obras inclui plano de gerenciamento de resíduos Desde o dia 1º de agosto, a Prefeitura Municipal de João Pessoa intensificou a cobrança do plano de resíduos sólidos das construtoras. As novas regras modificam as licenças que são concedidas para execução de obras, além dos prazos. Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Joácio Morais, os procedimentos relativos à coleta, transporte e destino final dos resíduos já estavam determinados pela Lei 11.176/2007 e o que está acontecendo agora “é maior cobrança dos órgãos públicos no que diz respeito ao cumprimento da lei”, revela. Com as novas regras, a concessão das licenças para construção parte da apresentação do plano de gerenciamento de resíduos. O documento deve ter um responsável técnico, especificação de cada obra em questão, estimativa de geração de resíduos (através de cálculos a partir do metro quadrado do empreendimento será erguido é possível estimar tecnicamente a quantidade de entulho a ser gerado). De acordo com Joácio Morais, “o plano não é um documento a mais que está sendo exigido, mas é um plano que vai dar condições do construtor saber onde economizar e como reaproveitar os resíduos, por isso a importância do responsável técnico para elaboração e implantação na obra. Os cálculos devem estar corretos, porque a estimativa do resíduo e a geração final serão comparadas por nossos técnicos”, esclarece. Então, a partir de 1º de agosto, os construtores devem seguir as etapas de licenciamento para construções. A primeira é a licença prévia, nesse momento é exigida a apresentação do plano de gerenciamento de resíduos. Concluída esta fase, a obra recebe o alvará de construção e só depois a licença de instalação. Uma quarta etapa é a licença de operação, quando técnicos do município vão analisar se o que estava contido no plano de gerenciamento de resíduo foi executado. Só depois de concluídas estas etapas, o imóvel recebe o Habite-se. Segundo o secretário, todo o licenciamento de construções em João Pessoa ficará a cargo da prefeitura municipal, não sendo mais necessário solicitar autorizações na Sudema, órgão estadual. “Foi firmado um acordo com a Sudema para que o licenciamento das construções seja feito exclusivamente pela Semam. Houve um acerto na comissão tripartite e entre os órgãos municipais”, explicou. Uma reclamação recorrente dos construtores é sobre os prazos para a concessão das licenças. Sobre isso, ele diz que a demora se dá pela falta de documentos no momento que as empresas dão entrada no processo para obter as licenças. “Essa é mais uma exigência que estamos cumprindo, ou seja, nenhum processo será aberto sem a apresentação de toda documentação necessária. Apresentando todos os documentos aí sim começa a contar o prazo que deve ser no máximo de 90 dias”, diz o secretário. Além das licenças, outro documento essencial para os construtores é o Controle de Transporte de Resíduos (CTR), que comprova a destinação dos resíduos gerados na obra. As guias serão de responsabilidade das empresas transportadoras de resíduos e, ao final da obra, serão checadas pela Semam e Emlur. REVISTA | revistaedificar.com.br 45 construção Destino dos resíduos produzidos nas obras BUROCRACIA Olenildo Nascimento CONSTRUTORES ESPERAM AGILIDADE DA SEMAM OVÍDIO CATÃO Vice-presidente de Obras Públicas do Sinduscon-JP De acordo com o vicepresidente de obras públicas do Sinduscon-PB, Ovídio Catão, para os construtores cumprirem a determinação da prefeitura municipal não será problema, “pois já cumprimos os normativos legais que envolvem as construções”, diz. O que preocupa o empresariado é rito burocrático que uma nova licença impõe ao processo de licenciamento. “O alvará de construção está condicionado a licença prévia, que, por sua vez, depende do plano de gerenciamento de resíduos. Nossa preocupação é com os ritos burocráticos, já que isso pode aumentar o tempo de espera para concessões das licenças. Mas, vamos cumprir com todas as exigências, como já fazemos normalmente, ou seja, o setor da construção civil sempre cumpriu com os normativos legais e este é mais um deles”, explica Ovídio Catão. 46 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Além de aumentar a fiscalização e exigências, o governo municipal também está de olho nos transportadores e beneficiadores deste resíduos. As empresas responsáveis pelo transporte do material devem ser cadastrada na Emlur e possuir licença para operar. O mesmo vale para as usinas de beneficiamento. De acordo com Kellyane Farias, diretora administrativa da Atrevida Locações, a empresa está preparada para o aumento da demanda pelo recolhimento e transporte do material. Atualmente, ela recolhe 30 caçambas, diariamente, com uma média de 3,5 toneladas de resíduos. Os itens recolhidos são os mais diversos, desde restos de brita, cerâmica, tijolos, passando por ferros, madeira e até fiação. “Antes recolhíamos só ‘metralha’, mas, agora, o pessoal da obra coloca todo tipo de resíduo nas caçambas, sem fazer separação. Atrapalha um pouco, mas não impede o serviço”, explica. A empresa possui 200 caçambas espalhadas em várias obras em construção na Capital, os coletores são monitorados e trocados quando estão cheios. “Após o recolhimento, nós enviamos para a usina de reciclagem, lá o material é separado e processado”, informa. Um dos destinos dos resíduos coletados é a Usiben, vinculada a Emlur e instalada em Mangabeira. Segundo informações da assessoria de imprensa da Emlur, nos seis primeiros meses de 2012, foram entregues 18.178m³ de material reaproveitado. Mais de 95% deste material foi utilizado pela Seinfra em obras da PMJP. A Usiben foi construída com capacidade de processamento de cerca de 20 toneladas por hora. O resultado deste Empresa Atrevida coleta uma média de 3,5 toneladas de resíduos diariamente em obras na capital Usina de Beneficiamento de Resíduos da Emlur tem capacidade de processar 20 toneladas de material por hora Oportunidade de negócio com os resíduos De olho no mercado em expansão, o advogado Tibúrcio Neto instalou a Rebrite – Reciclagem de Materiais de Construção. A empresa começou a operar em maio deste ano e tem capacidade de processar 200 toneladas de resíduos. Atualmente recicla 20 toneladas por dia. Tudo que é recebido é processado. Uma parte é estocada e outra parte vendida para o mercado local. Com as novas regras de concessão de licença, o empresário espera aumento no material que será processado, mas já aponta um problema que atrapalha o processamento: a mistura de resíduos. “O grande problema é a mistura de resíduos, todos inorgânicos, mas ainda misturado plástico, madeira, ferro, cimento, e isso dá muito trabalho na separação, porque hoje não há nenhuma máquina que faça separação. Isso é feito manualmente e, depois de separado, cada resíduo segue para o processamento específico”, afirma Tibúrcio Neto. Olenildo Nascimento Olenildo Nascimento Augusto Pessoa beneficiamento são os seguintes produtos: pó de brita, cascalhinho, brita 19, brita 25, rachão e bica corrida. Eventualmente, no reaproveitamento deste material, são obtidos ferro, madeira, embalagem de construção e vidro, destinados conforme legislação. Segundo o superintendente da Emlur, Lucius Fabiani, a quantidade de material que chega a usina ainda é considerada pouca. Segundo ele, o que é levado hoje só representa 5% do que é gerado na cidade. “Estamos buscando parcerias com a iniciativa privada para que se possa potencializar a utilização da Usiben, mas sabemos que, para a cidade de João Pessoa, a usina é pequena, precisamos de uma área maior que nos dê condições de receber o resíduo, fazer a separação, a classificação e o processamento. Estamos avançando nas discussões com o setor privado para que se possa, através de uma parceria, resolver essa questão”, afirma. TIBÚRCIO NETO Empresário Ainda assim, ele diz que a empresa está preparada para receber o maior volume de resíduo. “Hoje opero com 10% da capacidade, mas estamos aptos a receber todos que vão depositar na nossa usina”, finaliza. REVISTA | revistaedificar.com.br 47 Plano de gerenciamento é obrigatório para obra As construtoras precisam elaborar o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos exigido para obtenção da Licença de Instalação (LI). Trata-se de um mecanismo que objetiva promover a sustentabilidade das operações de gestão de resíduos sólidos, preservar o meio ambiente e a qualidade de vida da população, contribuindo com soluções para os aspectos sociais, econômicos e ambientais envolvidos na questão. Segundo a engenheira ambiental, Gabriela Pecorelli, da empresa Geoped – Consultoria Ambiental, para se fazer um bom plano é necessário seguir as diretrizes da Resolução Conama 307/2002. “No plano devem constar a caracterização do resíduo, onde ele será acondicionado, como deve ser separado e qual o destino final a ser dado”. Os entulhos são separados de acordo com a tipologia. A classificação consta na resolução, em classes A, B, C e D. Na classe A, estão os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem, entre outros; na classe B, estão os recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; na classe C, são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a recuperação, como os produtos oriundos do gesso e na classe D são os perigosos oriundos do processo de construção, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Após esta separação, os resíduos devem ser acondicionados em locais próprios, como baias e caçambas e depois levados para os caminhões, que devem ter uma proteção para que os resíduos não caiam no chão, poluindo as ruas. “O trabalho deve contar com a participação efetiva de toda a equipe, desde o pedreiro, mestre de obras até o engenheiro, evitando assim o desperdício de material”, afirma a engenheira. Sônia Belizário construção No plano devem constar a caracterização do resíduo, onde ele será acondicionado, como deve ser separado e qual o destino final a ser dado”. GABRIELA PECORELLI Pesquisador CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS A Reutilizável ou reciclável como agregados Entulhos de construção, de demolição, de reformas, de reparos de pavimentação e de obras de infraestrutura inclusive solos provenientes de terraplanagem; Reparos de edificações como tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento, argamassa e concreto; Restos de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto como blocos, tubos, meio fios, produzidas nos canteiros de obras; 48 B Reciclável para outra destinação Plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros; c Sem tecnologias ou aplicações economicamente viáveis Produtos oriundos do gesso; D Perigosos oriundos de construção Tintas, solventes, óleos; E Produtos contaminados ou prejudiciais à saúde Oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais, bem como telhas e objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 O que é? Gerenciamento de resíduos: é o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos. Para evitar o desperdício Não gere entulhos, reduza a quantidade, reutilize e recicle Empresas investem em inovações As empresas começam a se conscientizar dos prejuízos que o desperdício de material traz. Muitas desenvolvem técnicas e usam equipamentos que minimizam as perdas na obra. Umas das empresas que têm investido em inovações para minimizar o problema é a Cerâmica Cincera que, há dois anos, lançou o sistema racionalizado de alvenaria estrutural em blocos cerâmicos. Esse sistema de vedação dispensa o uso de tijolos convencionais e é uma solução para reduzir o impacto ambiental causado pelos entulhos da construção civil. Reduz o desperdício de recursos como: material e mão de obra; facilita e instalação elétrica e hidráulica durante a execução da alvenaria. O sistema racionalizado é obtido com total precisão dimensional, onde os submódulos são fornecidos com dimensões acabadas, dispensando o uso de qualquer instrumento de corte. As instalações elétricas e hidráulicas sobem com a alvenaria, evitando o trabalho de embutir conduítes e tubulações com a parede já pronta. Apesar de fornecer tijolos com dimensões variadas para evitar a quebra do material, a empresa enfrentou resistência no início, para aceitação nas obras, mas, segundo explica a diretora comercial da Cincera, Ivana Santiago Mota, com a migração da alvenaria tradicional (com tijolos de oito furos) para utilização a racionalizada e estrutural (em blocos e canaletas estruturais) é que o produto foi aceito no mercado. Mesmo sendo bem aceito nas obras, a indústria identificou que o sistema racionalizado de alvenaria estrutural em blocos cerâmicos não estava sendo usado da maneira correta. Para contornar o problema, está sendo ministrado curso para engenheiros, arquitetos e pedreiros, que lidam diretamente com o material. “Precisamos de uma mudança organizacional. E falta muita capacitação na execução, por isso criamos o curso”, explica a diretora, explicando que o conteúdo abrange do projeto a aquisição do material; equipamentos necessários a utilização e execução na obra.” É prático. Capacitamos o estudante, profissionais já formados, construtores e diretores de empresas já consolidadas no mercado”, afirma Três turmas já fizeram o curso com certificado (em media 60 alunos/ cada) e mais uma acontece neste mês de agosto. Segundo ela, o uso do sistema racionalizado de alvenaria tende a crescer no mercado paraibano. “É um processo sem volta, a economia e praticidade se vê na execução e se sente no bolso”, finaliza. REVISTA | revistaedificar.com.br 49 Como reduzir perda nos canteiros de obra? Confira as soluções apresentadas nas opiniões a seguir: O projeto é ponto de partida Um dos grandes desafios da atualidade é o compromisso por uma construção mais sustentável haja vista que a indústria da Construção Civil é uma das que mais consomem recursos naturais, bem como polui e promove impactos ambientais. Logo, o arquiteto deve pensar na elaboração do seu projeto com responsabilidade e compromisso com as gerações futuras e o meio ambiente; Utilizar os pilares da sustentabilidade reduzindo o desperdício, reutilizando e reciclando componentes e produtos; Racionalizar e compatibilizar processos construtivos e sistemas de instalações prediais desde a estrutura passando pelas vedações e os matérias adotados no edifício projetado. Uma medida seria compatibilizar a modulação da estrutura com a vedação adotada e o revestimento evitando cortes, perdas, tempo de execução. Promover através do gerenciamento de RCD no canteiro o reaproveitamento de resíduos gerado do gesso, madeira, revestimento e outros quando possível no próprio empreendimento. Neste contexto, cresce a responsabilidade do arquiteto enquanto agente que, com o seu projeto, interferirá no meio ambiente. São inúmeras as contribuições e benefícios que o enfoque na sustentabilidade traz ao meio ambiente, a partir da postura preventiva durante as decisões de projetos, desde a especificação de materiais, reciclagem, procedimentos e manejos mais sustentáveis e menos poluentes, até a qualidade do ar interno na fase de utilização do empreendimento e a saúde dos ocupantes deste espaço passando pela influência da localização do empreendimento, a caracterização dos sistemas de iluminação, condicionamento de ar e aquecimento de água. Como o projeto é ponto de partida para a produção do produto edifício e de seu ciclo de vida, o arquiteto deve analisar e avaliar preventivamente todas as etapas do projeto desde a fase de planejamento, implantação, uso, manutenção e demolição, do canteiro de obra até a pós-ocupação, pois as soluções adotadas poderão minimizar os impactos ambientais associados. As visitas periódicas auxiliam o monitoramento e minimizam desperdícios principalmente em obras executadas por pessoas descomprometidas e despreparadas com gestão de processos durante a execução da obra. SUELY BRASILEIRO, ARQUITETA FORMADA PELA UFPE E MESTRANDA EM ENGENHARIA URBANA E AMBIENTAL – UFPB FÁBIO SINVAL JOSÉ GUILHERME SUELY BRASILEIRO fórum Secretaria exige plano de gestão de resíduo Melhoria da produtividade e dos processos As empresas que constroem casas populares para Secretaria Municipal de Habitação Social (SEMHAB) têm que apresentar o Plano de Gestão de Resíduo Sólidos para obtenção do alvará de construção. Essa norma está em vigor desde que o órgão foi criado em 2006. Vejo com preocupação as exigências que, a partir de agosto, passam a ser implementadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em conjunto com a área de planejamento da Prefeitura de João Pessoa, por entender que a exigência do plano para empreendimentos a partir de 150 m² vai travar mais o processo construtivo, atingindo fortemente as pequenas construtoras. Não vai ter quem prepare esses planos. Há carência de pessoal nesta área. Em Curitiba (PR), que possui uma legislação semelhante, a obrigação é válida para projetos a partir de 300m². Outro aspecto que alerto à Secretaria de Meio Ambiente é o fato de que o Documento de Origem Florestal (DORF) constar na relação de documentos para obtenção da Licença de Instalação (LI), mas, a madeira é adquirida quando a obra está em andamento, portanto, a apresentação do DORF deveria ocorrer no momento da Licença de Operação (LO). Antes, isso vai travar o processo de instalação do canteiro de obra. Por outro lado, as empresas vão procurar minimizar a geração de resíduos para diminuir, inclusive, os seus gastos operacionais. No ano passado, o aluguel da caçamba de entulho custava R$ 60,00 e, agora, está por R$ 150,00, então, o empresário vai aprimorar o processo construtivo. A redução das perdas na construção é uma das metas importantes adotadas pelas empresas, na busca da qualidade e sustentabilidade das obras e a introdução de novos equipamentos e tecnologias têm contribuído sistematicamente para a melhoria dos processos e da produtividade dos profissionais envolvidos, reduzindo os desperdícios e melhorando a qualidade. Na Paraíba e, especificamente na grande João Pessoa, estão sendo utilizadas centrais de produção e bombeamento de argamassas, máquinas de projeção de chapisco e reboco, utilização de manipuladores para transporte, descarga e distribuição de materiais paletizados, dumpers, gruas, elevadores cremalheiras, caminhões equipados com guindastes para distribuição e montagens de estruturas prémoldadas e etc. Esses novos equipamentos não substituem a mão de obra, porém, há uma redução da mesma com melhor qualificação profissional e melhoria da produtividade. Os trabalhos que antes eram feito de forma artesanal, com a mecanização, se tornaram menos penosos e difíceis para os trabalhadores, gerando menor desgaste e melhor qualidade de vida. Quando usamos materiais certificados, que passam por controle de qualidade, temos queda significativa das perdas, também minimizadas pela melhoria de qualidade dos projetos, pela utilização de plataforma BIM, que faz a modelagens dos projetos e verifica antecipadamente todas as interferências, evitando desperdícios e aumento de custos. Outra ação é um planejamento adequado e a melhor escolha dos materiais a serem utilizados. Não somos conservadores, pois estamos aplicando os processos e práticas que existem em centros como São Paulo e outras grandes cidades mundo a fora. O que acontece é que a construção civil ficou estagnada por muito tempo. Tínhamos mão de obra abundante e preços de vendas muito baixos, o que gerou baixo investimento em novas tecnologias. Hoje, a situação é totalmente diferente, com a globalização e o acirramento da concorrência, falta pessoal com maior qualificação com consequente aumento dos custos, preocupação com a sustentabilidade dos empreendimentos, se faz necessário investimento em novas tecnologias e equipamentos, o que já estamos praticando. JOSÉ GUILHERME DE ALMEIDA BARBOSA, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E ENGENHEIRO CIVIL FÁBIO SINVAL, CONSTRUTOR E ENGENHEIRO CIVIL 50 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 RICELLY LACERDA Harmonizar projetos, planejamento e controle As perdas na construção civil são qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores às necessárias à produção da edificação. No setor, não existe a cultura de execução de projetos detalhados e compatibilizados, bem como de planejamentos e controles, diferente da indústria de transformação que realiza, inclusive, protótipos dos produtos antes de iniciar a produção em série. Aspectos peculiares da construção como caráter nômade, produtos únicos, mão de obra com baixa escolaridade torna inviável a prototipação convencional como em outros ramos industriais. Para elevar o nível de planejamento e controle das obras se recorre as novas metodologias com apoio de tecnologias e processos. Uma solução é o uso de forma integrada da metodologia de projetos em BIM (Building Information Modeling), ou seja, construção virtual, associada a planejamentos eficientes com uso das filosofias da lean construction (construção enxuta), as ferramentas de linha de balanço e last Planer. No fim do processo encontra-se o controle, a partir da apuração de dados na obra, a alimentação do planejamento e controles por meio de programas de gestão integrada (ERP), permitindo medidas corretivas e realimentar o ciclo PDCA (planejar, executar, controlar e agir). O fluxo do processo de projeto em BIM nasce com a realização de modelos em 3D integrando todas as disciplinas. Ele terá todos os stakeholders (arquitetura, estrutura, instalações, planejamento, execução) nas várias etapas (estudo preliminar, projeto legal, projeto executivo) de projeto. Integrado ao modelo 3D pode existir o banco de dados de composições vinculadas aos elementos modelados, dos quais são extraídas as quantidades de serviços por localização (torres, pavimentos, apartamentos). A união do modelo 3D e o orçamento gera o BIM 5D. O planejamento ocorre através de rede PERT/CPM representada por gráfico de Gantt, ou através de linhas de balanço (flowline), técnica viável para serviços repetitivos, pois torna a melhor visualização do fluxo de trabalho das equipes. Já a união do modelo em BIM 3D ao planejamento gera a sequência virtual de execução da obra, podendo-se antever as deficiências no plano de ataque da obra. Esse protótipo virtual em 3D + Planejamento chama-se BIM 4D. O controle do planejamento com a metodologia do Last Planer, traz os planejamentos de curto (PPC – percentual do planejado concluído), médio (Look ahead) e longo prazo (Master Plan). Para auxiliar no controle da gestão integrada se recomenda o uso de programas tipo ERP, que congregam engenharia, suprimentos, financeiro, comercial, qualidade, gestão de pessoas (RH). O maior de detalhamento dos projetos, planejamento e controle mitigam os riscos de tarefas desnecessárias. RICELLY LACERDA, ENGENHEIRO CIVIL REVISTA | revistaedificar.com.br 51 52 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 REVISTA | revistaedificar.com.br 53 salão imobiliário Salão Imobiliário será em novembro [ POR ALINNE SIMÕES ] O V SIM – Salão Imobiliário da Paraíba - já está sendo organizado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), em parceria com a Oficina de Propaganda. A comercialização dos 78 estandes começou em julho último e cerca de 50% foram vendidos. O evento será no período de 22 a 25 de novembro deste ano, na Praça do Povo do Espaço Cultural. Sônia Belizário A FEIRA DE IMÓVEIS ORGANIZADA PELOS CONSTRUTORES TRARÁ IMÓVEIS COM PREÇOS DIFERENCIADOS PARA ATRAIR COMPRADORES Nononononon 54 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Nononononon Segundo o vice-presidente de Materiais e Tecnologia, Fábio Sinval, trata-se da grande feira do setor, que mostra toda a produção de imóveis, tanto as ofertas para o segmento popular como as unidades de alto padrão. “Teremos apartamentos de R$ 90 mil a R$ 2 milhões”, explica o empresário que estima em 5.000 unidades o volume de imóveis que estarão à venda, pois muitas empresas vão levar lançamentos além dos empreendimentos que estão em construção. Em termos de negócios, o V SIM movimentará aproximadamente R$ 20 milhões. “Normalmente, nos lançamentos, os preços são menores”, informa o construtor observando que o paraibano está habituado a frequentar os feirões da habitação, pois é possível encontrar muita opção num lugar só, comparando e escolhendo o imóvel que melhor lhe convém. O publicitário Alberto Arcela afirma que o preço diferenciado no evento, sem dúvida, é um grande atrativo e estimula a concretização das vendas. Por sua vez, Fábio Sinval explica que o mês de novembro tradicionalmente é um período bom de vendas, além disso, a economia estará mais aquecida, pois inclusive a primeira parcela do 13º salário já terá sido paga. A expectativa de público no evento é em torno de 10 mil visitantes. A feira gera, diretamente, 200 empregos e de modo indireto um número bem maior porque as construtoras contratam pessoas para ambientação dos estantes e mantém parceria com as imobiliárias para que os corretores estejam disponíveis nos estandes. A Cobrás, Vertical Engenharia, Massai Construtora, Planc Construções e Unidade Engenharia são algumas das construtoras que estarão presentes. Haverá, ainda, empresas que fornecem material de construção e prestam serviços nas obras. REVISTA | revistaedificar.com.br 55 Visão empresarial [email protected] Já não somos mais os mesmos. É uma pena! J. Carvalho Neto é concessionário RENAULT (J.Carneiro), NISSAN (Carneiro Automotores) e SSAGYONG (CAR Prime), sendo o presidente da FENABRE, na Paraíba. Cursou Engenharia Civil e Administração de Empresas (na UFPB) e fez Processamento de Dados (ASPER) e Publicidade e Propaganda (IESP). Não se ouviu; se viu ou se leu uma única palavra de repúdio a tal manipulação, nem um educado e envergonhado pedido de desculpas” 56 REVISTA Atordoado. É como me vejo nos dias de hoje, quando analiso alguns comportamentos empresariais pelo Brasil. Envergonhado, é como me sinto pela falta de ação e reação das pessoas, dos governantes e políticos, e porque não dizer da imprensa. Acho que deve ser o cansaço, a turma anda perdendo a esperança em transformar nosso belo Brasil em um lugar melhor de se viver e fazer negócios. Desde já deixo registrado, eu não vou me dobrar à falta de esperança. Outro dia, recebi o telefonema de uma jornalista de um dos grandes jornais da Paraíba, perguntando se, na posição de presidente do SINCODIV (Sindicato dos Distribuidores de Veículos Automotores no Estado da Paraíba), poderia responder algumas perguntas acerca do anúncio da chegada de uma montadora para se instalar em nosso estado. Com uma mistura entre assustado e perplexo, questionei-a se o fato já havia sido oficializado, pois eu não havia tido a oportunidade de ler, nem ver, tão pouco ouvir sobre a cerimônia; sim, cerimônia, pois fatos desta envergadura são dignos de pompa e cerimônia; entre os nossos governantes e a empresa pretendente à montadora na Paraíba. De pronto, ela me respondeu que não havia tal cerimônia, o que existia era um comercial televisivo veiculado por pouquíssimos dias nas televisões locais, e uma publicação no aplicativo de notícias curtas Twitter de um experiente e renomado senador por nosso estado. Expliquei que não poderia comentar, pois esperaria por uma confirmação oficial, um protocolo de intenções, etc. Afinal, ela havia me pedido uma opinião enquanto dirigente de uma categoria. Ela insistiu e me perguntou se como paraibano não gostaria da vinda de uma montadora? De pronto respondi que seria a realização de um sonho, afinal iríamos ver o nosso estado seguir os exemplos de desenvolvimento do vizinho Pernambuco (conforme escrevi em outra edição da EDIFICAR, esta coluna sob o título; Eu Quero a Minha Montadora), e o gigante Bahia. Mas, ponderei de que não era disso que se tratava e, sim, de um anúncio de televisão. Então, a jornalista agradeceu e desligou, | AGOSTO/SETEMBRO 2012 imagino eu que ela não havia captado, na plenitude, o meu ponto de vista. Sem dúvidas, eu havia deixado a moça frustrada. Frustrados ficamos nós; paraibanos ingênuos, que nos vimos no meio de uma manobra inqualificável de manipulação da de boa fé da nossa gente, onde a nossa esperança foi tratada com desdém, desvalorizada ao máximo, qual veículo usado cujo modelo não é mais produzido. Apesar do desmentido publicado em sítios especializados no setor automotivo, onde o pretenso pretendente à montadora simplesmente respondeu com o seguinte disparate “... houve um engano no texto do filme publicitário...”. Como diria a juventude, me poupe. A notícia está, como disse, nos sítios especializados, mas foi esquecida por aqui. Virou mico na página do respeitado senador e, quem sabe, ele não consegue reverter à situação, para a nossa redenção e, em um futuro qualquer, realmente trazer uma montadora para a Paraíba. O grupo empresarial que veiculou o anúncio é forte e poderoso, e efetivamente poderia fazê-lo, o que somente aumenta a nossa ânsia por uma boa resposta, decente e inteligente, que venha justificar tal atitude. O que me envergonha é a covardia, o silêncio, o abandono. Como cidadão e como paraibano, me senti aviltado do meu orgulho de ser um cidadão das terras de Augusto dos Anjos e José Lins do Rego. Não se ouviu; se viu ou se leu uma única palavra de repúdio a tal manipulação, nem um educado e envergonhado pedido de desculpas ou, na pior das hipóteses, melhores e maiores esclarecimentos sobre tamanho mal entendido. Onde se encontravam nossos destemidos e valorosos líderes políticos e empresariais, que em nada se pronunciaram? Outrora terra de homens conhecidos pela coragem e arrojo, destemidos paraibanos que nos orgulharam, a esta hora, podem estar assim como eu envergonhados, por ter o nosso estado sido utilizado como balão de ensaio noticioso e não como um pujante e vigoroso embrião de progresso e desenvolvimento. Que venha a nossa montadora. Até a próxima. REVISTA | revistaedificar.com.br 57 Bruno Caçador, Marcos Bruno e Rafaela Mangueira S.C.A Super prestigiado o coquetel de apresentação dos novos padrões de cores da grife de móveis planejados S.C.A, que tem à frente no comando da franquia pessoense o empresário Bruno Caçador. O evento contou com a presença de Marcos Bruno, representante da própria S.C.A e que veio de São Paulo apresentar para os convidados vips as novidades em texturas e cores lançadas pela marca. Com buffet de Carmelita Chang e espumantes Ponto Neto, da Casa Valduga, o encontro foi chique e super agradável, principalmente pela beleza da loja, que proporciona esse clima de elegância e bem estar em todos os seus ambientes. Muitos arquitetos, decoradores e designers de interiores marcaram presença e todos adoraram as novidades apresentadas na noite. Um dos ambientes do showroom da S.C.A 58 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 José William Montenegro com a mãe e irmãs Giovana e Rosa Rio Mamoré Alto e esbelto. Assim é conhecido o famoso edifício Rio Mamoré, da Conserpa e entregue na noite de terça-feira (17/07) com coquetel super prestigiado. Os novos moradores do mais alto empreendimento da Paraíba, marcaram presença no evento e brindaram a conclusão desse imponente residencial. O Rio Mamoré se destaca na paisagem de João Pessoa: ao todo são 42 pavimentos que alcançam 132 m de altura, com apartamento de 212 m² por andar, além de um super duplex. O empresário José William Montenegro, que comanda a Conserpa, recebeu convidados especiais como: Buega Gadelha (Presidente da FIEP), Tercio Barros (Solida Imóveis), Emânuel Guerra (Guerral), Augusto Correia Lima (Sistema Correio), Gilson Frade (Vice-Presidente do Siduscon/JP) e muito outros nomes importantes. A área da arquitetura paraibana, que sempre nos presenteou com excelentes nomes, se rende também agora para mais um profissional de destaque. Tratase de Jonas Bezerra, arquiteto que sempre atuou de forma reservada, mas que possui uma produção arquitetônica de causar inveja, com muitas obras na cidade que são verdadeiros marcos, a exemplo do Tribunal de Contas do Estado, a reforma do Estádio da Graça, o Shopping Sebrae (em parceria com o arquiteto Amaro Muniz) e a Vila Olímpica. Com 20 anos de atuação, Jonas coordenou a execução do projeto da Estação Ciência, Cultura e Artes de João Pessoa, assinado pelo mago Oscar Niemayer e, ao lado dos arquitetos Amaro Muniz e Angela Nunes, projetou recentemente o anexo Estação das Artes. Além da criação de projetos arquitetônicos em diversas áreas, Jonas tem o prazer de trabalhar em parceria com construtoras de renome, a exemplo da S.Vieira, M.Dias, Ecom, Conol e Frappe. Com certeza, ele merece todas as homenagens! Trianon A loja Trianon Iluminação esteve movimentada na noite de terça-feira (10/07). É que a empresária Luciana Rocha promoveu uma palestra seguida de coquetel para arquitetos e designers de interiores. O tema da palestra foi a evolução das lâmpadas e fitas de LED com visão sustentável, ministrada por Germana Gonçalves, Gutemberg Oliveira e Houston Pina. No encontro foram apresentados os últimos lançamentos em LED expostos na EXPOLUX 2012, a maior feira de iluminação da América Latina e que aconteceu recentemente em São Paulo. Este editor com as arquitetas Alda Fran Camboim e Rosanie Garcia D&A#10 no Verdegreen Carmem Mello, Zorilda Roque, Luciana Rocha, Bethânia Tejo, Lana Débora e Íria Tavares Arquitetos, decoradores, empresários, colunistas e seletos nomes da sociedade marcaram presença no lançamento da décima edição da revista digital D&A, ocorrida no dia 12 de julho, no restaurante Citron do Verdegreen Hotel. As arquitetas Rosanie Garcia e Alda Fran Camboim apresentam, na capa e recheio da D&A#10, seu mais novo projeto: um requintado apartamento de um jovem casal de noivos. Diversificada, a edição número 10 traz elementos e conteúdos mais variados para manter o leitor sempre atento ao que acontece no mundo da arquitetura e decoração. Edição 34 Já em circulação a edição 34 da revista Florense. Na capa, ela traz o aclamado cineasta brasileiro Walter Salles, atualmente na cena do cinema mundial por conta do seu mais recente filme “Na Estrada”. Em João Pessoa, a Florense é comandada pelos empresários Raul e Ioneide Gomes, referência no mercado de móveis de alto padrão. REVISTA | revistaedificar.com.br 59 impressões da arquitetura As trilhas projetadas com árvores em volta possibilitam caminhadas agradáveis e os vários tons de verde tornam o cenário bonito Mais natureza nas edificações OFERECER QUALIDADE DE VIDA É O GRANDE OBJETIVO DE ARQUITETOS E PAISAGISTAS 60 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 [ POR ALINNE SIMÕES ] O paisagismo se tornou, nos últimos anos, elemento fundamental na valorização dos imóveis, pela beleza que oferece, por proporcionar conforto, paz e, principalmente, qualidade de vida a quem compra um imóvel com esse item. Paredes verdes, tetos vivos, grandes jardins, pequenas hortas são itens cada vez mais comuns nos novos projetos de edificação. Entretanto, são necessários alguns cuidados básicos para implantação e manutenção deles. Divulgação Acervo Pessoal “É um resgate. Estamos voltando às origens valorizando aquilo que durante algum tempo as pessoas esqueceram: a natureza e os benefícios que ela trás”, afirma a decoradora e paisagista Alice Cavalcante Fernandes que também é produtora de flores tropicais, que têm sido muito utilizadas nos projetos paisagísticos, pela beleza e por ser da flora regional. Inclusive, essa manutenção das espécies regionais e das plantas de grande porte tem sido uma grande preocupação dos profissionais e construtores mais sensíveis à ecologia. “A relevância das áreas externas reflete a questão ambiental, uma vez que se deve procurar preservar as espécies vegetais de porte mais significativo existentes, aproveitando-as na medida do possível, na futura composição paisagística”, comenta o arquiteto Germano Romero. Para o diretor de gestão da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Sérgio Chaves, esses detalhes fazem com que os empreendimentos tragam a questão da sustentabilidade com conforto ambiental, de modo que as pessoas possam contemplar o verde. “Antes, as construtoras ofereciam muito concreto, hoje, estão oferecendo qualidade de vida”, argumenta. Não parto da planta, mas do que ela pode me proporcionar. O que preciso é usar a planta ideal para o que estou precisando” BENEDITO ABUDD Arquiteto e paisagista REVISTA | revistaedificar.com.br 61 impressões da arquitetura O bem estar tem sido realmente uma das razões mais evidentes dessa ascensão do verde nos novos projetos, é claro que não podemos deixar a estética de lado. Questões climáticas e de segurança também são apontadas pelos especialistas como motivadores na inserção desses itens nos seus traços. “Pensamos que as pessoas compram um imóvel não só para morar, mas para viver. É muito importante que as áreas de lazer, ofereçam qualidade de vida e contemple a todas as faixas etárias. Por isso, trabalhamos desde o cachorro, o vovô e a vovó. É importante que as crianças se relacionem, andem ao ar livre”, revela o arquiteto e paisagista paulista, Benedito Abudd, responsável pela maioria dos projetos paisagísticos da Construtora Alliance em João Pessoa. Ele pensa esses locais como ponto de encontro da família e consigo próprio, já que hoje as pessoas estão sempre muito ocupadas. “Um lugar introspectivo, onde as pessoas possam pensar”. Com a ajuda do paisagista Sérgio Chaves, listamos alguns tipos de plantas mais utilizadas em projetos paisagísticos e onde são usadas. Plantas arbóreas ipês, sibipirunas são vegetações nativas de cores chamativas que se adaptam muito bem a nossa região. Plantas frutíferas – as mais frequentes são as jabuticabeiras, pitangueiras, coqueiros e os cítricos enxertados: limão thaiti, laranja cravo, laranja bahia. Prioriza sempre quando tem grandes espaços. Plantas herbáceas – moreia branca, icsória, jasmim laranja. Palmácias – palmeira imperial: em um paisagismo residencial tem que ter muito cuidado porque ela é um vegetal de grande porte e pode trazer grandes transtornos. É melhor trabalhar as de pequeno e médio porte como a Palmeira Veitchia, cópia fiel da imperial, mas cresce bem menos. A Palmeira Gerivá, Palmeira Azul, Palmeira Laca, Palmeira rabo de raposa e a Carpentária. As sombras amenizam o calor 62 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Vegetações para ambiente interno – Palmeira Rafia, Lírio da Paz, Antúrio, Zamioculcas (vegetações que suporta bem ambientes internos). Antes as construtoras ofereciam muito concreto, hoje estão oferecendo qualidade de vida”. SÉRGIO CHAVES Diretor de Gestão da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana Valorização dos espaços e ambientes O processo de escolha das espécies que devem compor um projeto paisagístico é umas das fases mais importantes, afinal existem vários fatores que devem ser levados em consideração, como: o clima, as características do solo e os objetivos que desejam ser alcançados pelo arquiteto e o cliente. A paisagista Alice Cavalcante revela que quando faz um projeto de paisagismo, ela se preocupa, primeiramente, em analisar o solo, ver a influência solar, incidência do vento naquela região e, junto com isso, saber qual é o anseio da pessoa que está trabalhando o projeto. “O que ela espera? Quais as Alice Fernandes cultiva plantas tropicais em Alhandra (PB) preferências? Procuro saber até mesmo as datas de aniversário da família, porque de repente se pode associar uma florada a um dos aniversários ou se a pessoa gosta de ter uma horta em casa”. Já o A área do Fit Jardim Botânico foi projetada por Juliana Yoshida, do Ateliê da Paisagem arquiteto Benedito Abudd diz que em seus projetos a plantas são escolhidas em função de critérios maiores, como dar ênfase a certos ambientes e espaços, ou até mesmo esconder paisagens que não são muito bonitas. “Não parto da planta, mas do que ela pode me proporcionar, o que preciso e procuro usar a planta ideal para o que estou precisando”. Em ambientes externos há uma maior variedade de espécies que podem ser utilizados, sempre tomando os cuidados necessários para que as plantas não venham a causar danos para as pessoas que usufruem daquele espaço. Podem ser plantadas desde vegetações nativas, incluindo as arbóreas, frutíferas, herbáceas e as palmáceas, estas são muito usadas em João Pessoa. Contudo, quem desejar cultivar plantas em ambientes internos devem ter cuidados especiais, pois, não é toda espécie que se adapta. Para quem vai cultivar plantas junto a varandas ou janelas, Benedito Abudd lembra que a atenção deve ser redobrada com o vento e a incidência de luz solar. A vegetação tropical tem sido uma boa alternativa para quem gosta de cultivar plantas em ambientes internos, e é uma tendência. “A tropical é muito forte e pode ser aplicada em qualquer ambiente. A questão é saber usar. Tem que saber observar também. Ela não precisa de quantidade, porque uma delas já é um arranjo inteiro. Tem que saber valorizar, dosar, harmonizar para não ficar uma coisa brega”, afirma Alice Cavalcante. REVISTA | revistaedificar.com.br 63 impressões da arquitetura Jardins humanizam a arquitetura Para o arquiteto Germano Romero, o projeto de arquitetura paisagística compõe uma das especialidades exercidas por arquitetos e valoriza o empreendimento, pois, o contato com a natureza, progressivamente mais difícil pela própria escassez do verde, que cede espaço ao desenvolvimento urbano, vem se tornando cada vez mais valorizado nos modernos projetos de Arquitetura. Além disso, o quesito “insegurança” reforça a necessidade de se dispor de áreas de lazer, esportivo ou contemplativo, dentro do próprio condomínio, tornando menor a necessidade de sair de casa em busca desses espaços ou atividades. “Essa reaproximação se concretiza nas áreas ajardinadas, desenhadas conforme planejamento paisagístico específico, que estão sendo bastante consideradas nas atuais edificações residenciais multifamiliares, assim como, nas residências isoladas”. Atualmente, tem se tornado comum no planejamento de empreendimento de Nonononononon bom padrão a contratação de profissionais especializados nos diversos aspectos que envolvem o projeto: a arquitetura da edificação, o designer de interiores e o paisagismo. Germano explica que na medida em que se consegue integrar o paisagismo, visual e funcionalmente, aos demais espaços descobertos e ambientes internos, o ganho de conforto, beleza e intimidade com a natureza é extremamente gratificante. O jardim serviu para integrar o novo ambiente construído com a casa já existente 64 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 O verde deu mais charme à loja O tratamento paisagístico é parte dos projetos de arquitetura, que eu chego a dizer que é essencial” ANA SYBELLE BELTRÃO Arquiteta e paisagista “O tratamento paisagístico é parte dos projetos de arquitetura, que eu chego a dizer que é essencial”, defende a arquiteta e paisagista Ana Sybelle Beltrão umas das responsáveis pelo projeto de uma boutique, localizada no bairro do Cabo Branco, onde foi feita uma parede verde e usado cubogramas - blocos de concreto intertravado com espaço para grama - no estacionamento. “Esteticamente, a loja teve um ganho considerável, tirou a aridez das caixas de concreto. Humanizou, porque quando a pessoa vai subir a rampa, se depara inicialmente com aquela parede e já tranquiliza. O conforto que proporciona tem um papel preponderante”, comenta Ana Sybelle. “Lembrando que os jardins são terapêuticos. Por exemplo, para as crianças eles são sensoriais, no idoso tem caráter contemplativo, ou seja, mex com todos os sentidos”, complementa Saulo Melo, arquiteto e paisagista também responsável pela obra. Nonon Assim, alguns exemplos desse resultado, na busca pelo verde, já podem ser observados, tanto nas edificações residenciais, como nas comerciais, cujos projetos estão sendo contemplados com belos jardins que emolduram e humanizam a arquitetura. REVISTA | revistaedificar.com.br 65 impressões da arquitetura Os jardins são terapêuticos. Por exemplo, para as crianças eles são sensoriais, no idoso tem caráter contemplativo”. SAULO MELO Arquiteto e Paisagista A parede viva, colorida, encanta os olhos e refresca o ambiente Jardins verticais, tetos vivos e horta caseira A hortelã miúda é cultivada em canteiros 66 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Os jardins verticais, os tetos vivos e as hortas caseiras têm se tornado uma grande tendência dos projetos paisagísticos por serem de fácil instalação e manutenção, bem como, pelo conforto e beleza que proporcionam ao ambiente. Ocupam pouco espaço, e, além disso, é provado cientificamente que aonde tem uma área com um jardim desses, a temperatura chega a diminuir em até três graus. As paredes vivas ou jardins verticais são uma ótima alternativa para quem tem poucos espaços em casa, trazem leveza e frescor aos ambientes. Permitem uso de vários equipamentos e tecnologias na sua composição, como por exemplo: jarros de cimento, cerâmica e garrafas pets que está em alta e dão um caráter ainda mais sustentável. Em relação ao aguamento existem sistemas que vão do simples aos mais sofisticados. “Na parede verde, que projetamos para loja, o sistema que sugerimos foi o de gotejamento que irriga a planta de forma contínua e controlada”, revela Saulo Melo. Outra opção é contratar empresas especializadas para fazer a manutenção. Algumas oferecem serviço completo desde a poda, adubações a tratamento fitossanitário. Com os tetos vivos é necessário ter um pouco mais de cuidado, principalmente com a encanação, para que a água escorra sem provocar infiltrações, com a estética e manutenção. As hortas caseiras, assim, como os jardins verticais, são muito práticos. Proporcionam o prazer de cultivar as hortaliças, temperos e chás e tê-los sempre ao alcance da mão. Ocupa pequenos espaços, podendo ser cultivadas em quintais ou varandas. decoração Capital ganha loja de móveis asiáticos ALMOFADAS, PUFES, BANCOS, CADEIRAS E NAMORADEIRAS, PEÇAS DE DECORAÇÃO COMO JARROS, ESTÁTUAS E QUADROS SÃO ALGUNS ITENS VINDOS DA TAILÂNDIA, DA ÍNDIA E DA CHINA No bairro de Manaíra, em João Pessoa, foi inaugurada no mês de julho último a Casa Furtacor, com vários ambientes decorados com produtos trazidos de países asiáticos. É um showroom que contém muitos móveis de madeira, alguns esculpidos em formato de bicho, outros mantém a forma rústica de tronco de árvore. Existem peças delicadas para cantos de sala, para estantes e centros de mesa. Um passeio nos vários cômodos da casa, que têm as peças expostas a partir das varandas, revela uma enorme diversidade de peças utilitárias e decorativas como luminárias, quadros, arranjos, sofás, namoradeiras, conjunto de mesa e cadeiras, que, certamente, darão charme à residência de quem as adquirir. Chama a atenção o colorido das peças. Há, inclusive, produtos para quarto de criança. E, a fonte no jardim da entrada é um item cativante. As visitas devem ser agendadas. REVISTA | revistaedificar.com.br 67 indicadores e vendas [email protected] Fábio Henriques Tecnólogo em negócios imobiliários e corretor desde 1991. Imóveis, sempre um bom investimento Apesar de uma grande maioria falar em bolha imobiliária e desaceleração, nossa cidade continua crescendo, constantemente. Isto é o que demonstra os números dos primeiros seis meses deste ano, quando comparados ao mesmo período do ano anterior. Tivemos um acréscimo de 8,21% no valor do metro quadrado médio da nossa cidade e um aumento de 14,37% no valor do metro quadrado médio da nossa orla marítima. Apesar disto, tivemos um aumento de 3,7% no faturamento. ANO 2011 2012 VTV R$ 805.900.326,10 R$ 835.792.459,16 Se compararmos os números do nosso mercado imobiliário com os números divulgados pelo governo para o PIB e o crescimento da indústria nacional, que sinalizam um crescimento de apenas 2,5% para todo o ano. Significa que, mais uma vez, os investimentos no nosso mercado imobiliário são sempre de excelentes resultados, pois além de serem mais rentáveis do que as aplicações mais tradicionais como poupança, CDB´s, entre outros e os mais arriscados como a bolsa de valores, temos a tranquilidade de baixo risco e lucro certo. UNID. VENDIDAS 2.955 3.049 M² CIDADE R$ 2.861,39 R$ 3.096,49 M² ORLA R$ 3.894,85 R$ 4.454,64 Fonte: Pesquisa de Mercado - Junho-2012 – Fábio Henriques Em Campina Grande, dois bairros se destacam A nossa pesquisa em Campina Grande, apesar de recente, está tendo uma evolução satisfatória, pois apresenta um crescimento constante em nossos números. Ao iniciar as atividades, dos mais de 100 prédios em construção, tínhamos acesso a apenas 58 desses empreendimentos. Na nossa terceira edição, na qual alguns empreendimentos já saíram da pesquisa por encerrar as suas vendas, mesmo assim conseguimos ampliar para 68 prédios. Estes empreendimentos, em suas unidades JAN/2012 FEV/2012 MAR/2012 ABR/2012 MAI/2012 JUN/2012 R$ 772,47 R$ 792,04 R$ 788,77 R$791,88 R$793,00 R$ 825,13 Fonte: Sinduscon-JP 68 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 2012 JAN FEV MAR ABR MAI JUN INCC 0,89% 0,30% 0,51% 0,75% 1,88% 0,67 % IGPM 0,25% -0,06% 0,43% 0,85% 1,02% 1,34% Fontes: IBGE/FGV disponíveis somam um VGV de mais de R$ 480 milhões, distribuídos em 19 bairros. O bairro do Catolé apresenta o maior adensamento de obras de Campina Grande em seus 21 empreendimentos, seguido pelo bairro da Prata com suas oito obras e o Centro com sete obras. Nossa análise tem identificado uma grande qualidade na execução das obras e um mercado em ascensão, demonstrando uma boa oportunidade de investimento imobiliário. IPCA 0,56% 0,45% 0,21% 0,64% 0,36% - INPC 0,51% 0,39% 0,18% 0,64% 0,55% - IGP-DI 0,30% 0,07% 0,56% 1,02% 0,91% 1,52% REVISTA | revistaedificar.com.br 69 Sônia Belizário história da empresa Soenco, GERALDO FILHO sociedade entre irmãos GERALDO GUEDES PEREIRA FILHO E GERMANO GUEDES PEREIRA SÃO ENGENHEIROS HABITUADOS AOS CANTEIROS DE OBRA E AOS NEGÓCIOS DO SETOR AUTOMOTIVO [ POR NANÁ GARCEZ ] A diferença de idade entre os dois irmãos é de apenas 11 meses. Um é mais formal, o outro mais falante. Geraldo Guedes Pereira Filho, o mais velho, formou-se em 1983, em Engenharia Civil, na Universidade Federal da Bahia, embora tenha iniciado o curso na Universidade Federal da Paraíba enquanto que Germano Guedes Pereira fez o processo inverso, começou o curso em Salvador e terminou em João Pessoa. Em 1985, Geraldo Filho fundou a Sociedade de Engenharia e Construções Ltda. e, um ano depois, Germano se tornou sócio da empresa. Nos primeiros dez anos, a construtora trabalhou 70 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 GERMANO GUEDES PEREIRA com obras públicas, desde colégios, creches, unidades de saúde, entre outras construções. Com isso, eles sempre viajavam pelos interiores da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No entanto, neste segmento, havia incertezas pela demora e dificuldades de alguns governos em realizar o pagamento. Já em 1991, os dois engenheiros decidiram construir imóveis residenciais, fazendo a incorporação de prédios de três pavimentos sobre pilotis, no bairro de Intermares, em Cabedelo (PB), aproveitando a onda de investimentos que migrou para aquela área da grande João Pessoa. Durante três anos, as atividades se concentraram na região praiana, aumentando o tamanho das edificações, que passou para seis, sete e até dez pavimentos. “Há 20 anos, Intermares não tinha água encanada! Somente a iniciativa privada investia e duplicava o IPTU do terreno, mas o poder público não investia”, se queixa Germano, Ele e irmão, Geraldo Filho, residiram naquele bairro, que, apesar da beleza, não tinha infraestrutura nem serviços, para os moradores que compravam tudo em João Pessoa. Naquela época, não houve a valorização esperada dos imóveis. Então, algum tempo depois, eles passaram não só a morar como a construir em João Pessoa. “Em 1997, o metro quadrado vendia melhor em João Pessoa. Era, pelo menos, 30% acima”, explica Geraldo Filho. Até hoje, o financiamento é direto com a construtora A Soenco mantém ainda o financiamento do imóvel direto com a construtora. Geraldo Filho admite esta não é a prática mais moderna, reconhecendo ser preciso o braço financeiro com o crédito habitacional dos bancos, como no setor de automóveis. Por outro lado, nos últimos três anos, construindo em Tambaú, Cabo Branco e Miramar, a empresa mantém em média, duas obras em andamento, e, se especializou em imóveis de tamanho entre 80m² até 120 m². “As características dos nossos imóveis são salas amplas, ambientes com grandes aberturas, que permitem ventilação e iluminação melhores e, até esteticamente, fica melhor, pois janela pequena dá a sensação de fechamento”, explica Geraldo Filho. Para ele, acima e abaixo dessas dimensões, os mercados estão muito concorridos. Boa parte dos projetos arquitetônicos como Cancun (em Intermares), Piazza Navona, Piazza D Spagna e Mirante de Miramar, entre outros, foram elaborados por Rita de Cássia Loureiro, arquiteta que é casada com Geraldo Filho, mas, nos últimos cinco anos, outros profissionais também têm feito projetos para a Soenco. Na empresa, os engenheiros vêm procurando acompanhar a evolução tecnológica da construção civil, para um ganho de produtividade, pois, a mão de obra encareceu e essa é uma forma de ter preços competitivos no mercado imobiliário local.“A gente procura sempre agregar à nossa construção equipamentos e metodologias atuais”, informa Germano Guedes. E, complementa: “às vezes, quando compramos um equipamento, eu me pergunto, puxa vida, porque eu não comprei isso antes?”, revelando facilidade para aderir às inovações. Os empreendimentos contam com energia solar, elevadores de última geração, ponto de ar condicionado split e todos os sistemas individualização do consumo. Segundo Geraldo Filho, o mercado também vai exigindo a introdução de novas práticas e se a construtora não fizer com isso já fica excluída. “O que passamos para o mercado é que esta é uma empresa sólida, que o cliente vai receber o imóvel e quanto ele recebe, sente que está recebendo algo melhor do que o esperado”, afirma o empresário. A primeira sede da construtora foi na rua Quintino Bocaíuva, na Torre em João Pessoa e há 14 anos funciona em Tambaú, bairro onde tem um prédio sendo finalizado em Tambaú. Também possui outro em construção no Cabo Branco, além disso, está em negociando uma área para novo empreendimento. A empresa emprega 120 pessoas. Germano Guedes, Nilton Machado da Silva, chefe do escritório há 14 anos, Manuel Guerra Borba, responsável pelas compras há 25 anos, e Geraldo Filho Germano Guedes é o que mais frequenta as obras No setor automotivo, os sócios, têm nova marca Embora Geraldo Filho afirme que “o cimento está na nossa veia”, o fato é que, em 2002, juntos com o irmão mais novo, o advogado Paulo Guedes, eles entraram no ramo de revenda de automóvel, que hoje toma mais da metade do tempo deles. “Vamos representar a sueca Volvo e a loja, na Av. Epitácio Pessoa, estará pronta até o primeiro trimestre de 2013”, informa Germano Guedes, acrescentando que, pelo contrato, eles também terão uma unidade Goiana (PE). Eles já representam duas marcas e possuem quatro lojas (três Orly Citröens – duas em João Pessoa e uma em Campina Grande mais uma da Kia Motors). Aliás, há três anos, a Soenco também explora um nicho do mercado construtivo que são as instalações industriais, tendo clientes da Norfil Têxtil, a Gráfica Santa Marta e o Centro de Distribuição da Johnson & Johnson na Paraíba. Outra frente é a execução de projetos, dos quais a empresa não é responsável pela incorporação. A construtora fará um edifício em Juazeiro do Norte (CE), cidade interiorana com cerca de 100 mil habitantes, mas com grande fluxo turístico e de negócios, tanto que recebe nove voos diários procedentes Brasília, São Paulo e Recife, operados pela Avianca, Passaredo e Gol. Entre 2009 e 2011, experiência semelhante ocorreu em Sousa (PB), com construção de um residencial de 16 pavimentos. REVISTA | revistaedificar.com.br 71 Sônia Belizário meu projeto Por Alexandre Lessa e Alexandra Brunet Lessa Alexandre Lessa Alessandra Brunet Lessa é arquiteto formado pela UFPB e construtor com 25 anos de experiência no mercado paraibano é arquiteta formada pela UFPB A arquitetura será moderna pelo seu formato e utilizando elementos contemporâneos como chapas em alumínio para detalhes na fachada” A solução projetual facilita o acesso às lojas, no térreo Apesar do formato em U, as piscinas integradas não ficam sombreadas Littoral Flat O bairro do Cabo Branco, cenário de uma das mais belas praias urbanas da Paraíba, vai abrigar um novo empreendimento que se diferencia por unir um ambiente já construído, com uma nova edificação com função diferente da primeira. O Littoral Flat será o primeiro flat integrado com um hotel, na Paraíba e, talvez no Nordeste. 72 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Os projetos são diferentes. O hotel possui quatro pavimentos com 110 apartamentos com vista para o mar, área de lazer com piscina e academia de ginástica, além de salões para eventos e terraço panorâmico. Já flat terá cinco pavimentos com 128 apartamentos e dez lojas. Na nova edificação, os apartamentos residenciais terão tipologias diferentes, sendo de 50m², com sala e dois quartos; de 45m² a 35m² com quarto e sala. Metade as unidades serão do tipo estúdio, com área de 28m² a 30m². Independente do tamanho, todos os apartamentos terão varanda e a funcionalidade da cozinha americana. Com o novo bloco em forma de U, com piscinas no meio da área interna, os moradores vão ter privacidade e conforto. Pela localização – no litoral do Nordeste – um recurso natural vai ser aproveitado, pois placas solares vão permitir que todos os apartamentos disponham de água quente. Na área total de construção de cerca de 8.000 m², a arquitetura será moderna pelo seu formato e utilizando elementos contemporâneos como chapas em alumínio para detalhes na fachada. O hotel, que tem mais de uma década de funcionamento, também será reformado e terá uma leitura similar ao flat, o que possibilitará um efeito visual de uma única unidade hoteleira. No flat haverá uma estrutura de apoio que garantirá aos futuros moradores e hóspedes muita comodidade, com serviços de recepção, restaurante, academia, sala de jogos, piscina adulto e infantil com hidromassagem, lavanderia e as lojas comerciais, além de usufruir da brisa marinha. REVISTA | revistaedificar.com.br 73 ambiente especializado Acervo Pessoal Por Ana Cecília Schuller A entrada da clínica se harmoniza com o entorno, através do paisagismo e da integração com a calçada Arquivo Pessoal Clínica oftmalmológica Ana Cecília Schuller é arquiteta e urbanista formada pela UFPB. Com cursos de Planejamento e projeto de Hotéis e Restaurantes e fastfood pela FAU-USP. Apresentação de projeto publicado em ANAIS sobre Conforto Ambiental e Ergonomia. Tem escritório em João Pessoa desde 2000, com projetos residenciais, comerciais, clínicas e interiores na Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte. 74 REVISTA Tivemos o desafio de transformar o edifício que antes possuía dois consultórios, sala de exames, recepção, banheiro e copa no pavimento térreo e, no superior, com escada de acesso externo para duas quitinetes, em uma clínica oftalmológica bem estruturada, com área de 325 m² em dois pavimentos. No térreo, encontra-se a recepção, três salas de exames, elevador, uma pequena sala de espera para representantes, quatro consultórios, banheiros masculino e feminino e uma copa. Na recepção, conforto para clientes em espera | AGOSTO/SETEMBRO 2012 A escada, agora interna, leva ao pavimento superior, onde encontram-se salas de exames, banheiro para PNE, sala de espera, apartamento pós-operatório e bloco cirúrgico, contemplando cabina para pacientes, vestiário médico, sala préoperatório, expurgo, esterilização e a sala de cirurgia em si. Ao elaborar o projeto, procuramos nos colocar como paciente, observando o funcionamento do espaço, assim como diálogos com o cliente para atender às necessidades de uma clínica oftalmológica, desde o estilo arquitetônico escolhido, a tipologia, a funcionalidade, o projeto iluminotécnico e ambientação. A partir das observações, as ideias propostas foram aceitas de imediato, como a implantação de música ambiente no bloco cirúrgico e na sala de espera do pré-operatório, além da mudança no layout convencional das salas de espera (térreo e primeiro pavimento), deixando os pacientes mais confortáveis, dando a sensação de uma sala de estar e não de uma recepção. Foi usada uma iluminação para destacar a fachada principal. Internamente, como se trata de ambiente especializado, os espaços foram trabalhados de maneira diferenciada. Nas salas de espera e nas circulações foram empregadas luminárias com lâmpadas T5 com temperatura de cor neutra. Nas escadas foram colocadas arandelas e nos consultórios houve atenção diante das necessidades dos exames a serem feitos. Foram aplicados três tipos de iluminação: a geral para entrada dos pacientes com lâmpadas dicroicas; lâmpadas tipo leed com o sistema de dimerizador para realização dos exames e dicróicas com potências diferentes na mesa onde o médico os conclui. Nas salas de exames específicos, como campimetria e retinografia, sendo a primeira realizada totalmente no escuro, foi colocada iluminação pontual com lâmpada T5 neutra, e na segunda, na penumbra, usamos iluminação com leed de menor intensidade. A clinica apresenta linhas contemporâneas e a utilização de elementos diferenciados, como vidros na cor bronze e a pintura da fachada em tons pastéis, divergindo do convencional. Na ambientação, optamos por tonalidades mais abertas, tornando os espaços aconchegantes. No mobiliário adotamos linhas retas e materiais em tons claros, trazendo harmonia em todo o contexto arquitetônico. REVISTA | revistaedificar.com.br 75 minha obra Por George Costa Braga e Francisco Sávio Costa O projeto arquitetônico é de Claudino Lins e o cálculo estrutural de Argemiro Franca Sônia Belizário Centro de Arte e Cultura da UFPB George Costa Braga é engenheiro civil formado pela UFPB, especialista em segurança do trabalho e diretor da SG Incorporação, Construção e Planejamento Ltda Francisco Sávio Costa Braga é engenheiro civil formado pela UFPB e diretor da SG Incorporação, Construção e Planejamento Ltda O Centro de Arte e Cultura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) é uma edificação arrojada e que vai, não só proporcionar a valorização das artes, como também, absorver a produção cultural e artística, sendo um grande equipamento tanto para a Universidade Federal da Paraíba, como para a Paraíba e está sendo construído no Campus I, em João Pessoa. O projeto arquitetônico tem características diferenciadas e sua execução está empregando as mais novas técnicas que se tem no mercado atual. Uma edificação contemporânea dotada de tecnologia moderna que abrigará museus da história e de ciências naturais, auditórios, pinacoteca, salas de convenções com divisórias removíveis, etc, equipados com tecnologia de tradução simultânea, dimerização, iluminação e mecânica cênicas, automação, tratamento e isolamento acústico, circuito fechado de TV e climatização. Sua estrutura está sendo confeccionada toda em concreto armado, formando arcos que se interligam através de lajes alveolares protendidas, compondo uma casca em concreto aparente, a qual servirá, também, de coberta. A concepção de tais arcos provocaram esforços verticais e horizontais na fundação de tal forma que, somente nas fundações, foram utilizados 658,00m³ de concreto para blocos de coroamento e 837,00m³ para estacas, proporcionando a perfeita estabilidade da edificação. o anseio de edificar obras desafiadoras é o que nos motiva para crescer ainda mais neste mercado” 76 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 A obra custará pouco mais de R$ 10 milhões O Centro de Arte e Cultura ainda contempla um teatro com capacidade para 1200 lugares, com um pé direito de cerca de 24m de altura e um vão livre de 39m. A necessidade de construir a obra com tais características, fez com que desenvolvêssemos técnicas de execução próprias, que se adaptassem às demandas atuais do projeto, as quais, somadas às novas tecnologias disponíveis no mercado como projetos especiais de escoramentos em arcos, formas prontas para os arcos e concreto alveolar protendido, permitem a perfeita execução dos mesmos, com os raios e arcos determinados no projeto. Assim, adotamos uma política que permite gerenciar os diversos níveis dos processos que envolvem a implementação de nossos serviços, buscando atender as expectativas dos clientes e a sua melhoria contínua. O anseio de edificar obras desafiadoras é o que nos motiva para crescer ainda mais neste mercado. A competência e o compromisso das equipes envolvidas na obra, assim como, a qualidade e a segurança dos sistemas ali implantados, nos garantem a consistência dos processos e produtos desenvolvidos pela empresa. REVISTA | revistaedificar.com.br 77 Sônia Belizário memóriaviva O corretor recorda que foi no início da década de 1990 que a capital passa a conviver com a verticalização Luiz Guimarães, fundador do SECOVI-PB NO RAMO IMOBILIÁRIO HÁ 37 ANOS, ELE CONTA QUE VIU A CIDADE MUDAR E O SURGIMENTO DE UM NOVO JEITO DE MORAR [ POR ELIANE CRISTINA ] Quando fundou o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis da Paraíba (Secovi-PB) no final da década de 1980, Luiz de Gonzaga Guimarães já atuava no ramo imobiliário desde 1975. Na época, o mercado de João Pessoa estava sendo redesenhado e o corretor acompanhava de perto essas mudanças. “Eu vi a cidade crescer. Poucos eram os prédios, na orla se podia contar nos dedos os edifícios à beira mar e ainda predominavam as residências. O bairro de Manaíra estava em formação e a cidade tinha pouco mais de 300 mil habitantes. Hoje, João Pessoa, tem mais de 700 mil habitantes. Em breve, seremos um milhão, estamos caminhando para ser metrópole”, ressalta. A primeira imobiliária criada por Luiz 78 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 Guimarães, em sociedade com Geraldo Macedo, foi a Imobiliária Confidência, que funcionava na Rua Duque de Caxias. O endereço era o centro financeiro e de comércio da cidade. “Na minha época, eram poucas as imobiliárias e poucos corretores. Apesar dos negócios serem menores em volume, havia menos concorrência e, por isso, mais rentabilidade. Foi nesse período que o Governo Federal começou a abrir o Sistema de Financeiro de Habitação, via Caixa Econômica e BNH. A cidade começava a dar seus primeiros passos na direção do desenvolvimento imobiliário”, conta. Dez anos depois Luiz Guimarães e Geraldo Macedo (Gema) desfizeram a sociedade e em 1985, ele abre a Habitacional Administradora e Corretora de Imóveis. Os hábitos da população mudavam e crescia a demanda por novas residências. Os bairros mais afastados do Centro ganhavam corpo e a orla ia sendo ocupada. “A migração dos bairros, como Torre, Jaguaribe, Bairros dos Estados, Expedicionários para orla refletiu no costume das pessoas. Antes era comum ir para casa almoçar, hoje isso é mais raro. Há 30 anos, a população era menor e se concentrava em bairros mais próximos do centro da cidade. Muita gente tinha casa na praia, apenas para veraneio, principalmente na orla de Tambaú e Cabo Branco. Com o crescimento populacional e a demanda por novas residências, a cidade teve que ampliar seu mapa e surgindo os bairros mais distantes, como Bancários, Mangabeira, Geisel, Cristo”, lembra. Nesse período o bairro de Manaíra foi se solidificando e assim como Tambaú, Cabo Branco e o Altiplano, mas, “naquela época ninguém cogitava morar no Altiplano”, conta Luiz Guimarães. A expansão de serviços públicos como transporte, telefonia, saneamento permitiam o crescimento da cidade. Esse era o campo de atuação das imobiliárias, que trabalhavam na captação de terrenos e na venda de casas e apartamentos que começam a surgir. Os prédios não eram muito altos. “Antes havia resistência em construir na orla devido às restrições por parte do governo municipal. Com o tempo, os construtores foram se adequando as normas e, hoje, os bairros da orla têm o metro quadrado mais caro da cidade”, afirma o corretor. Profissionalização do mercado Para ele, a organização do setor, através do Secovi-PB e a ação do Creci-PB, deu segurança aos negócios imobiliários feitos na cidade. “Hoje há até um curso de nível superior na área de transação imobiliária, mas antes os cursos eram oferecidos pelo Estado, através da Secretaria de Educação. Hoje os cursos são oferecidos pelo Governo Federal, via Instituto Federal de Tecnologia e instituições particulares, de modo que há muita chance de aperfeiçoamento. Isso faz com que o mercado paraibano tenha profissionais competentes na área”, afirma. Segundo ele, os cursos e a exigência pela formação profissional do corretor separou o joio do trigo. “A primeira legislação sobre a atividade é de 1961, a partir dali quem não era registrado no Creci eram clandestinos, e os clandestinos são infratores, que podem ser punidos por estarem exercendo de forma ilegal uma profissão. O Creci-PB tem muito cuidado de fiscalizar essas pessoas, porque não é justo fazer um curso, abrir escritório, pagar os impostos e vem outro, que não tem habilitação, fechar negócio. Antes havia muito isso, mas, hoje, há pouco, felizmente”, afirma Guimarães. Ele também é advogado e agregou os conhecimentos da advocacia aos negócios imobiliários. “Eu sou advogado e corretor de imóveis, às vezes, as pessoas Atualmente, Luís Guimarães também é vice-presidente do Secovi-PB me perguntam como consigo. Eu digo que não há problema nenhum, porque a administração imobiliária é uma atividade jurídica, pois envolve contratos e ações judiciais. Eu não vou a um cartório fazer contrato ou chamar alguém para redigir o documento. Todos os contratos são feitos por mim e as pessoas que procuram a Habitacional sabem que vão sair daqui com um contrato bem feito, dentro da legislação, de forma que a profissão e a advocacia são plenamente compatíveis uma com a outra”, diz. Para Luiz Guimarães o maior desafio dos corretores é trabalhar com ética, em função da concorrência. “A ética na prática dos negócios hoje é um grande desafio, pois há muitos corretores que procuram se infiltrar no negócio dos outros. Outro desafio nosso é a luta pela comissão justa. Pela legislação essa comissão devia ser 6%, mas a prática hoje é 5% e muitos construtores remuneram de 3% a 2,5% e isso contribui para o mercado ficar sem a necessária movimentação normal, nessa parte de pagamento da comissão”, adverte. Ele defende a exclusividade dos negócios.“Antes, quando uma determinada imobiliária vendia um empreendimento só ela respondia pelo imóvel. Hoje isso não existe. Há uma imobiliária mãe, que faz a publicidade, mas nunca o construtor está satisfeito em trabalhar com uma só imobiliária, ele quer vender, e distribui o empreendimento com várias corretoras”. Mas, para ele, o mercado não está tão comprador como antes.“Hoje está saturado, porque a cidade está muito verticalizada, há muitos lançamentos, muitas pessoas migraram para o mercado da construção civil sem experiência. Hoje, quem tem um recurso financeiro entra para construir pelo Minha Casa, Minha Vida, e isso saturou o mercado. Há um número grande de corretores, mas não há um grande volume de negócios. Os financiamentos existem, mas muitos não podem financiar, há obstáculos”, argumenta. Luiz Guimarães continua na atividade, tanto na imobiliária, a Habitacional, quanto no Secovi-PB, onde ocupa a vice-presidência. Aos 68 anos, casado, pais de três filhos e com dois netos. Além de manter em paralelo a advocacia, na sede da Habitacional, em Tambaú. REVISTA | revistaedificar.com.br 79 Na prateleira De Filipéia à Paraíba Um longo percurso que começa no século XVI, quando a urbe foi ocupada pelos portugueses, que aqui chegaram, em 1585, após navegarem o rio Sanhauá. Um tempo inicial da história, em que os lusos e os povos indígenas (tabajaras e, posteriormente, potiguaras) edificaram os elementos sociais, econômicos, políticos e arquitetônicos da cidade colonial. Batizada de Nossa Senhora das Neves, logo depois, rebatizada de Filipéia de Nossa Senhora das Neves. Ela percorreu os dois séculos seguintes, até os anos finais de 1700, para trazer à tona documentos e revelações que comprovam: a Capitania da Parahyba foi uma cidade importante na estratégia de colonização do Brasil. Assim é o trabalho de Maria Berthilde Moura Filha, arquiteta, professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, que acaba de lançar “De Filipéia à Paraíba – uma cidade por Thamara Duarte [email protected] na estratégia de colonização do Brasil Séculos XVI- XVIII”. O livro é resultado da tese de doutorado, aprovada na Universidade do Porto, em Portugal, e publicado pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ao pesquisar em bibliotecas, daqui e de além-mar, a autora muniu-se de farta documentação escrita, iconográfica e cartográfica (mapas e fotografias), para traçar o prospecto da formação da cidade e do modo de viver de seus primeiros habitantes. Ela parte do ano de 1500, traçando os caminhos que, por três séculos, uniram a Colônia brasileira à Coroa portuguesa. Mesmo seguindo o rigor acadêmico, o texto foi escrito em linguagem de fácil entendimento. Os capítulos revelam fatos da História que são poucos conhecidos ou até mesmo desconhecidos dos pesquisadores e da população. A partir do livro de Berthilde Moura, os episódios do passado tornam-se parte do legado da cidade quatrocentenária. Um documento que será desfrutado pelas atuais gerações e pelas que virão no futuro. O legado de Berthilde Moura 1 “A cidade será analisada, enquanto “centro de poder” da capitania, fundada por iniciativa régia, segundo um “modo de fazer cidade” próprio do universo português.” (Página 40) 2 “Houve uma intencional busca de racionalidade e regularidade de traçado urbano, tanto em Salvador como em Filipéia.” (Página 224) 3 “Incertezas, ambiguidades, clivagens foram palavras chave do contexto vivido por esta cidade que ficara à margem da pujança econômica portuguesa da primeira metade do século XVIII.” (Página 398) As fascinantes descobertas Carlos Alberto Azevedo. Pesquisando nos arquivos do Vale dos Dinossauros Era o ano de 1976 e eles não se conheciam pessoalmente, muito embora partilhassem do mesmo desejo: mapear a bacia do Rio do Peixe, uma área de 130 milhões de anos, do período Cretáceo, e extremamente rica em jazidos paleontológicos que evidenciavam a presença de dinossauros na região do alto sertão paraibano. Linduarte Noronha era o então presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba; o italiano Guiseppe Leonardi era padre, geólogo, paleontólogo e atuava como pesquisador na área de Sousa. Apesar do desejo que os movia, o tombamento do Vale dos Dinossauros somente aconteceu quase duas décadas depois, através do Decreto nº 25.148, de 30/06/ 2004. A revelação, esquecida pela passagem do tempo, forma o âmago de “O Vale dos Dinossauros”, livro lançado, este mês, pelo professor e arqueólogo 80 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 das atas do Conpec (órgão deliberativo do Iphaep), revendo velhas páginas de jornal e antigos documentos, o paraibano forma um painel histórico ímpar de um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo. Usando como fonte os pesquisadores que já haviam estudado a bacia do Rio do Peixe, Azevedo revela outra preciosidade. Segundo Leon Francisco Clerot, a primeira prospecção arqueológica aconteceu em 1925, no extremo oeste da Paraíba, no município de Sousa, quando o geólogo da antiga Inspetoria de Obras Contra as Secas, Luciano Jacques de Moraes, estudou a bacia cretácea do Rio do Peixe e descobriu, na Passagem das Pedras, as pegadas de dois dinossauros - um plantígrado e o outro digitígrado. Guiado pelo arqueólogo Carlos Azevedo, “O Vale dos Dinossauros” é uma dessas leituras obrigatórias. Uma viagem, fascinante, à época em que somente os dinossauros habitavam a Terra! AGAÉ REVISTA | revistaedificar.com.br 81 Sônia Belizário nooutroandar Lauriston Pinheiro Da alta tensão para o marketing CAMPINENSE, ELE FORMOU-SE EM ENGENHARIA ELÉTRICA, NA UFPB, MAS, MIGROU PARA A COMUNICAÇÃO E, AGORA, É UM PREMIADO PROFISSIONAL DO MARKETING [ POR NANÁ GARCEZ ] Um engenheiro que cuidava de alta tensão se transformou em premiado profissional de marketing. Neste mês de agosto, por dez dias, o gerente de marketing da Rede Paraíba, Láuriston Pinheiro visita Nova Iorque, pela primeira vez. O passeio decorre da conquista do primeiro lugar na categoria Marketing, na edição 2011/2012, do Troféu Profissionais do Ano, promovido pela Rede Globo, entre as emissoras afiliadas. Foram duas ações: Banho de Audiência, na qual levou um casal de modelos enrolado em toalhas, com kits de banho e dados mostrando aos publicitários de João Pessoa e Campina Grande, o desempenho da rede junto ao público, colocando os veículos como excelentes canais de divulgação para os 82 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012 clientes das agências. A segunda, que teve nota máxima do júri, correspondeu ao concurso interno de incentivo à equipe de vendas. “Você pode mais” surgiu a partir do conhecimento de que os veículos não contariam com cerca de R$ 3 milhões de verbas publicitárias advindas do setor público. Então, o objetivo foi estimular a equipe interna a não apenas cobrir a diferença do faturamento do ano anterior, como superá-la. Esse projeto foi submetido à Globo e teve a pontuação máxima pelo resultado que alcançou, comprovando a eficácia da ação com premiação mensal, trimestral e anual à equipe. No dia a dia, ao cuidar do marketing da Rede Paraíba (composta de duas emissoras de televisão, um jornal, três emissoras de rádio e três portais), cabe a Lauriston Pinheiro gerir a comunicação e a interação com o mercado, com os publicitários, com aqueles que assistem e com público interno. Pelo setor passam também os trabalhos de responsabilidade social, promoções como Paraíba dos seus olhos e Forrofest. O trabalho visa atender às demandas de todos os veículos. Envolvido com anúncios publicitários, eventos, shows, promoções, o engenheiro elétrico está distante das atividades que desenvolveu, durante três anos, na Internacional Engenharia S.A (IESA), empresa fiscalizava e fazia testes elétricos das redes de telefonia executadas por outras empresas para a Telpa S.A. (Telecomunicações da Paraíba) com instalação de postes e cabos, no processo de manutenção e expansão do serviço telefônico. A área de atuação abrangia João Pessoa, Campina Grande, Mamanguape e Rio Tinto. Quando acabou o contrato, a empresa quis levá-lo em Campos (RJ), mas, na época, estava se preparando para casar, a noiva tinha passado em concurso da Saelpa (hoje Energisa) para trabalhar em Guarabira. “Decidi, além ficar, montar o próprio negócio, em engenharia”, relata Lauriston Pinheiro, revelando que esperava ter o suporte da Telpa para os primeiros contratos, mas as pessoas com as quais contava, uma foi transferida para Natal e a outra saiu do cargo. Foi aconselhado, então, a desistir da empresa de engenharia, porque não tinha padrinhos políticos nem conhecimento que desse lastro para disputar as licitações, foi desestimulado. “Mas, mais forte que montar o negócio na engenharia, foi a vontade de montar o próprio negócio, sonho que nove entre dez engenheiros acalentavam naquela época” recorda, dizendo que passou a avaliar outras atividades , desde videolocadoras, então um mercado emergente, até na área de confecções. No entanto, o caminho foi outro: a comunicação e depois, a publicidade, com a Eureka Publicidade e Propaganda. Cursos na ESPM e campanha política Em 1985, em Campina Grande, o jornalista Rômulo Azevedo, chamou Lauriston Pinheiro para participar da campanha do deputado federal Aluísio Campos. E, como se explica um engenheiro elétrico trabalhando numa campanha política? Ele foi aluno de Rômulo Azevedo, e também, durante o período que cursou Engenharia Elétrica, na UFPB (hoje UFCG), se manteve próximo dos movimentos de arte e cultura, participou da fundação do Cineclube Humberto Mauro, do atelier livre no Museu de Arte de Campina Grande, com Alberto Lacet, Antônio de Pádua e Antônio Rocha. Mais forte que montar o negócio na Engenharia, foi a vontade de montar o próprio negócio, sonho que nove entre dez engenheiros acalentavam naquela época” LAURISTON PINHEIRO Publicitário “Nunca fui artista, cineasta, era interessado, curioso”. Nessa trilha, passou a fazer com Toninho Lima, o programa Alto Astral, na Campina FM – de Nagib e Habdala Rached. Para arranjar patrocínio para o programa, começou a criar campanhas, redigir textos para facilitar a comercialização, assim, botou o pé na comunicação e na publicidade. No entanto, ao ser chamado para a campanha, não se sentiu seguro para entrar, sem ter um lastro com conhecimentos mais específicos. Decidiu usar parte das economias e fazer, no Rio de Janeiro e em São Paulo, cursos na ESPM sobre gestão de agência publicitária, administração de merchandising em ponto de venda, redação publicitária, marketing político. “Precisava de um nivelamento, uma base conceitual para fazer a profissão com segurança, coisa de engenheiro que, depois de pagar dez matemáticas, cinco físicas, quer ter domínio racional sobre qualquer coisa”, comenta. Em 1986, abriu com Rômulo Azevedo, a Eureka Publicidade e Propaganda e já era publicitário, quando se casou em 1987. O sócio, convidado para coordenar o jornalismo da TV Paraíba, se afastou para seguir a carreira de jornalista e professor universitário. Ele permaneceu com a agência até 1995, tendo conquistado contas como a da prefeitura de Campina Grande, na gestão de Cássio Cunha Lima, Casa do Colegial, Pneusuper, Beto da Dipel Móveis, Hospital João 23, academia Corpo Livre, a loja de móveis Toutte Belle, entre outros clientes. Convite para a Rede Paraíba “Quando terminei a graduação fiz a dois anos de pós-graduação e não conclui a dissertação, porque comecei a trabalhar na engenharia. O título era “Estudo sobre descargas parciais em misturas de exafloreto de enxofre e hidrogênio, isolamento elétrico gasoso de subestação blindada”. A pesquisa avaliava o comportamento desse isolamento, em função de um arranjo decorrente da irregularidade na superfície, que era para ser perfeitamente lisa”, relembra Lauriston Pinheiro que, até 1990, ainda recebia convite para voltar ao campo da engenharia elétrica. Nascido em Campina Grande, onde morou até os 27 anos, o engenheiro veio para João Pessoa depois que casou, mas voltou à cidade natal e ficou até 1995, quando ao ser convidado por Waldemir Melo para trabalhar no marketing da TV Cabo, se fixou na capital. Ele veio com a missão de tratar a comunicação de forma mais profissional, com a contribuição de Luciano Barros, de William Medeiros e de Helena Furtado. “Embora várias pessoas com bons currículos tivessem se apresentado, o que contou para a minha escolha foi a forte relação com o mercado publicitário que eu tinha” explica Láuriston, garantindo que abraçou a publicidade, mas, não renega a engenharia. REVISTA | revistaedificar.com.br 83 Atitude Um excelente negócio Mário Camacho é professor do IFPB, consultor em gestão de energia, graduado em Engenharia Elétrica com mestrado em gestão de energia pela UFCG e MBA em gestão empresarial, pela FGV/RJ. Empresas bem preparadas para as mudanças passaram a oferecer construções sustentáveis, aos clientes e à sociedade” 84 REVISTA A decisão de compra do consumidor contemporâneo não se dá apenas pelo designer, benefícios funcionais ou pelo preço dos produtos e serviços, mas, também por ganhos emocionais e valores agregados. O relatório “O Estado do Mundo” do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2010), alerta que o atual modelo de produção e consumo retira da Terra 35% a mais de insumos do que a natureza tem condição de repor para compensar esta perda. As empresas de destaque mundial, com visão estratégica de mercado e maior eficiência adotam a sustentabilidade e o marketing verde como diferenciais, conquistando a preferência do consumidor. A gestão ecoeficiente oferece melhores resultados nos campos econômicos, sociais e ambientais, com facilidade de acesso ao crédito para empresas e aos consumidores finais, agregando valor à marca, por demonstrar ética e transparência a partir da postura, produtos/ serviços e redução do desperdício. Não é diferente no segmento da construção! Empresas bem preparadas para as mudanças passaram a oferecer construções sustentáveis, aos clientes e à sociedade. O uso de recursos disponíveis no presente sem esgotá-los, nem comprometer o meio ambiente das gerações futuras é o principal conceito das construções sustentáveis, que surgiu na Europa e nos Estados Unidos, na década de 1970, com a crise energética decorrente dos altos preços do petróleo no mercado internacional, dando origem à green building – construção verde. Muitos passaram a construir de forma mais amigável ao ambiente, tendo fontes alternativas de energia, como a solar e eólica. Nos anos 1980, houve o “boom” dos sistemas de avaliação da performance ambiental dos edifícios, o que fortaleceu o movimento. A construção sustentável exige experiência e alta qualificação das equipes de projetistas e consultores, formadas por arquitetos bioclimáticos, engenheiros (eletricista, ambiental, civil, de tráfego), geólogo e profissionais de marketing. São dez itens principais para uma construção verde: planejamento sustentável da obra, com visão de longo prazo; aproveitamento passivo dos recursos naturais; gestão de energia e eficiência energética; gestão, economia da água e reaproveitamento; gestão dos resíduos na edificação (reutilizar, reciclar e reduzir); qualidade do ar, do ambiente interior e conforto | AGOSTO/SETEMBRO 2012 termoacústico; uso racional de materiais; uso de produtos e tecnologias ambientalmente corretas e amigáveis; permeabilidade do solo; e, integrar transporte de massa e/ou alternativos ao contexto do projeto. A edificação que cumprir os pré-requisitos técnicos, respeitar as normas éticas ambientais, usar materiais adequados, mas, não se relacionar com o entorno e pessoas que convivem próximas, não estará sendo sustentável. Não existe obrigatoriedade de se cumprir todos os requisitos para o imóvel ser sustentável. As diretrizes orientam àqueles que pretendem construir de forma ambientalmente responsável. Na obra sustentável, o projeto concebido considera quem usará os ambientes, quanto tempo terá de vida útil e se depois poderá servir para outros propósitos ou não. Os materiais empregados observam a necessidade, o desperdício, a energia gasta no processo até ser implantado na construção e se esses itens serão reaproveitados. Na arquitetura sustentável, os aspectos naturais são de extrema importância e respeitadas as condições geográficas, meteorológicas, topográficas, aliadas às questões sociais, econômicas e culturais do lugar, elas definirão o quão sustentável a construção será. A autossuficiência do imóvel é possível, com parcela da energia gerada no próprio lugar e, a água, reaproveitada, com economia acentuada nas contas de luz e água. A Resolução Normativa nº 482 de 17/04/2012, da ANEEL, permite e estimula a microgeração de energia em edificações que poderão injetar o excedente na rede convencional e se creditar no sistema. Isso valerá a partir de janeiro/2013. As certificações servem como uma “chancela” do empreendimento para comprovar sua sustentabilidade. No Brasil, as mais procuradas são a LEED, PROCEL e AQUA. Do ponto de vista do ecomarketing, segundo Philip Kotler - maior influência mundial no marketing atual - “a missão do Marketing 3.0 nas empresas consiste em estabelecer um elo com o cliente, promover a sustentabilidade no planeta e melhorar a vida dos pobres. Se você cria um caso de amor com os seus clientes, eles próprios farão a sua publicidade”. Kotler mostra que há, nos consumidores da sociedade moderna, o anseio de um mundo melhor, o que torna a sustentabilidade um ótimo negócio no mercado da construção civil, bastando às empresas acrescentarem ao seu marketing, o quinto P, de um Planeta mais saudável. REVISTA | revistaedificar.com.br 85 86 REVISTA | AGOSTO/SETEMBRO 2012