us$ 236,5 Bilhões

Transcrição

us$ 236,5 Bilhões
opinião
Quinze anos da lei do Petróleo: avanços e perspectivas,
Petróleo I Gás I BiocomBustíveis
de Maria D’Assunção Costa, advogada, doutora em Energia pelo IEE/USP
Noruega: uma travessia tecnológica
rio, capital da energia
Firjan: lançamento do estudo Decisão rio
Ano XIV • jul/ago 2012 • Nº 84 • www.tnpetroleo.com.br
esPeciAl: PN 2012-2016
Petrobras investirá
us$ 236,5 Bilhões
até 2016
A importância de se comprometer com a sustentabilidade,
por Claudia Martins
o “pacote ambiental”, a rio+20 e o desenvolvimento sustentável,
por Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno
sustentabilidade sem fronteiras, por Regina Pimentel
A nova lei Antitruste e as operações no setor de petróleo e gás,
por Gustavo Flausino Coelho e Ricardo Mafra
A Deepwater horizon e o mercado brasileiro,
por Alex Sanson
cobertura especial rio+20
em busca do diálogo para o desenvolvimento sustentável
Entrevista exclusiva
Guillermo Quintero, presidente da BP Brasil
o DNA falou mais alto
sumário
entrevista exclusiva
Entrevista exclusiva
Guillermo Quintero, presidente da BP Brasil
Fotos: Ricardo Almeida
16
edição nº 84 jul/ago 2012
O DNA fAlOu MAis AlTO
com Guillermo Quintero, presidente
da BP Brasil
por Beatriz Cardoso e Rodrigo Miguez
Uma das primeiras
companhias
internacionais a atuar
no Brasil na prospecção
de petróleo – nas bacias
de Santos, Paraná e
Amazonas, na época
dos contratos de riscos,
nas décadas de 1970/80
– o grupo BP, antes
conhecido como British
Petroleum, volta a apostar
firme na exploração e
produção de petróleo
no país, onde investiu,
somente no ano passado,
cerca de US$ 5 bilhões.
16
A eSTrATéGiA GLoBAL
A mAior PArTe nas atividades que estão no DNA da companhia britânica,
e&P – e US$ 1,6 bilhão, no segmento de biocombustíveis –, principalmente
na aquisição de ativos da Devon, por meio de farm in, para recompor uma
carteira própria, que já soma 14 ativos, nove dos quais em parceria com a
Petrobras. Uma verdadeira guinada para retomar as atividades exploratórias no país, depois de ter devolvido, em 2005, os dois blocos exploratórios
na bacia da Foz do Amazonas, adquiridos após a quebra do monopólio no
Brasil, com a Lei do Petróleo, de 1997. A BP chegou a perfurar três poços na
Amazônia sem obter os resultados esperados.
“Nunca paramos completamente nossas atividades nesse segmento no
país. mesmo sem ativos continuamos a prospectar informações para avaliar
novas oportunidades e potenciais ativos”, afirma o engenheiro químico
venezuelano Guillermo Quintero, presidente da BP energy do Brasil. “maior
prova disso é que agimos rapidamente quando surgiu a oportunidade”,
complementa o executivo, que durante a entrevista à TN Petróleo manteve a
discrição em relação às perspectivas da empresa em relação aos diversos
ativos – inclusive ao potencial do pré-sal em alguns deles. Com 32 anos no
setor de petróleo e gás natural, tendo trabalhado antes na venezuelana
PDVSA e na norte-americana Arco oil & Gas, Quintero frisa que a BP atua
no mundo inteiro do poço ao posto, sendo e&P uma vocação da companhia.
“está no nosso DNA”.
DA BP é A exPLorAção,
o CASo Do irAQUe), reFiNo e
ComerCiALizAção, e A CADeiA
De GáS NATUrAL.
Dos 14 ativos que a BP tem hoje
no país, nove são em associação
com a Petrobras. Em março desse
ano, vocês adquiriram participação
de 40% em quatro blocos operados
pela Petrobras (dois na bacia do Ceará e outros dois na de Barreirinhas,
na margem equatorial brasileira).
Vocês consideram essa parceria
com a Petrobras estratégica para a
companhia atuar no país?
A Petrobras é uma empresa
sólida, reconhecida no mercado
internacional por sua expertise. e
estamos orgulhosos dessa parceria com uma companhia forte, que
tem muitas sinergias com a BP: as
TN Petróleo − Em menos de um ano a BP saiu do zero em ativos no Brasil
para um portfólio de porte, com produção, depois de seis anos sem fazer
qualquer movimento nessa área. Por que essa guinada?
Guillermo Quintero – A estratégia global da BP, na área de petróleo e gás natural,
aponta cinco cenários prioritários para os próximos anos: exploração, águas
profundas, desenvolvimento de campos gigantes (como é o caso do iraque),
refino e comercialização, e a cadeia de gás natural. ou seja, praticamente do
poço ao posto, como dizem. ora, temos dois destes cenários muito fortes no
Brasil: o de exploração, pelo grande potencial das bacias brasileiras, e o de águas
profundas. o fato é que a BP gosta de explorar, prospectar novas fronteiras:
foi assim que ela começou, há mais de cem anos, prospectando petróleo na
antiga Pérsia. Temos também uma sólida expertise em águas profundas, com
operações em diversas regiões. ora, o Brasil é o lugar certo para se realizar
essas duas atividades que fazem parte da vocação da companhia. A exploração
está no nosso DNA.
duas empresas gostam de águas
profundas, de prospectar novas
fronteiras exploratórias. São áreas
de forte expertise para ambas.
Portanto, é natural essa associação, que não se restringe somente
ao Brasil.
Por que essa aposta na margem
equatorial brasileira? O que atraiu a
BP para esses ativos, enquanto todo
mundo foca o pré-sal?
A exploração é a nossa vocação
natural. Portanto é importante
olhar para todas as oportunidades, inclusive em novas fronteiras
exploratórias.
Vocês estão avaliando parcerias
com outras empresas?
Demos a partida no ano passado em
uma estratégia de expansão, que
começou pela aquisição de ativos da
Devon e, depois, de parcerias com a
Petrobras. isso não quer dizer que
não estejamos atentos a todas as
oportunidades que surgirem e que
podem implicar em estabelecer novas parcerias, como as que já temos
no Brasil (veja quadro de ativos da
BP). e é claro que, como qualquer
companhia de petróleo, vai prospectar e avaliar todas as possibilidades
de participar no desenvolvimento
do pré-sal.
TN Petróleo 84
TN Petróleo 84
22
O DNA
falou mais alto
áGUAS ProFUNDAS,
DeSeNVoLVimeNTo De
CAmPoS GiGANTeS (Como é
especial:
especial:
PN sísmica
2012-2016
17
Foto: Banco de imagens stock.xcng / TN Petróleo
sísmica: no rastro do petróleo
PETROBRAs iNVEsTiRá
us$ 236,5 BilhõEs
ATé 2016
por Maria fernanda Romero
N
Aprovado no final de junho, o Plano de Negócios da estatal para o período
o Plano de Negócios 2012-2016,
que prevê investimentos de US$
236,5 bilhões, a
Petrobras decidiu
reduzir a meta de crescimento
da produção de petróleo em
relação ao plano do ano passado. E anunciou uma redução
de suas projeções de produção
para 2020 de 4,91 milhões de
barris de petróleo diários para
4,2 milhões. Para a presidente
da estatal, Graça Foster, a meta
de produção da empresa não era
realista e os números estavam
ousados demais.
“Verificamos exatamente
que nesses oito planos de negó-
2012-2016 prevê 5,25% a mais que o anterior (o de 2011-2015 era de US$
224,7 bilhões). os investimentos aumentaram, mas a Petrobras decidiu rever
suas metas de produção, agora reduzidas. “São metas historicamente não
cumpridas”, pontuou Graça Foster, presidente da Petrobras, observando
que isso se deve ao fato de não serem realistas. Segundo a estatal, o
plano enfatiza a recuperação da curva de produção de óleo e gás natural;
a exploração e produção de óleo e gás no Brasil; o alinhamento de metas
físicas e financeiras de cada projeto; e o desenvolvimento dos negócios da
empresa com indicadores financeiros sólidos.
22
42
cios não temos cumprido nossa
meta de produção. Temos, como
uma das conclusões, que nosso
plano esteja sendo trabalhado sobre metas ousadas, que
se mostraram ano a ano não
realistas”, disse a executiva na
apresentação do plano a analistas, investidores e imprensa.
A nova projeção aponta uma
produção de 2,5 milhões de
barris diários para 2016, enquanto o plano anterior previa
que a Petrobras alcançaria 3,07
milhões de barris de petróleo
em 2015. Somando óleo, LGN
(líquido de gás natural) e gás
natural, no Brasil e no exterior,
a meta de 2016 é de 3,3 milhões
boe/dia, sendo 3,0 milhões boe/
dia no país. O maior crescimento da produção (5% a 6%) é esperado ocorrer a partir de 2014,
enquanto que a expectativa é
de manutenção da produção
em linha com o nível de 2011
(cerca de 2%).
“Foi preciso rever a curva de
produção de óleo, com orientação para metas absolutamente
realistas, e visão pragmática em
projetos reais. Não é possível
considerar milagres quanto se
tem demanda forte mundial e no
Brasil”, ressaltou Graça Foster.
A nova curva de produção tem
como base a revisão da eficiência operacional dos sistemas em
operação na Bacia de Campos e
no cronograma de entrada de no-
TN Petróleo 84
TN Petróleo 84
Foto: Divulgação
NORuEGA:
uma travessia tecnológica
Capital: oslo
área: 385 155 km²
População: 5 milhões
Densidade: 12 hab./km²
PiB: US$ 280 bilhões
Renda Per capita: US$ 59,3 mil
iDh (2011): 0,943
Alfabetização: 99,0%
Moeda: Coroa norueguesa
site oficial: www.regjeringen.no
Principais indústrias: petróleo e gás natural, processamento de
alimentos, construção naval, produtos de madeira e polpa, metais,
produtos químicos, madeira, mineração, têxteis, pesca.
Do pescado ao petróleo, a Noruega tem aumentado de forma
incisiva sua presença no mercado brasileiro, sempre com os
olhos voltados para o mar. No mais autêntico estilo viking, a
indústria norueguesa iniciou uma travessia sem precedentes
na sua história, das águas geladas do Mar da Noruega até a costa tropical do
Brasil, trazendo a bordo investimentos e soluções tecnológicas para superar
um novo desafio: a conquista do offshore brasileiro.
por Beatriz Cardoso
anúncio feito pela
Aker Solutions,
no final de junho,
de investir US$
100 milhões em
uma nova unidade
brasileira de serviços, voltada
exclusivamente para o negócio
de equipamentos de perfuração,
não é uma ação isolada da indústria norueguesa no território
38
Petrobras investirá
US$ 236,5 bilhões
até 2016
33 Ações desvalorizadas e reajuste
de gasolina
36 Sondas contratadas no exterior
para LDA acima de 2.000 m
Especial: noruega
especial: noruega
O
23
Especial: pn 2012-2016
brasileiro – hoje, em torno de 150
empresas originárias daquele
país têm plantas fabris ou escritórios aqui, e outras 50 atuam
através de agentes ou parceiros.
Dentre elas estão companhias
do porte da petroleira Statoil e
da classificadora mundial DNV
(Det Norske Veritas), assim como
empresas globais como Aker,
Acergy, Deep Ocean, BW Offsho-
Europa, que se estende acima do círculo polar ártico, e
o Brasil. Uma rota movida a
muita energia – fóssil (petróleo
e gás) e renovável. E que não
se restringe apenas aos negócios – que vão de investimentos
em aquisições e instalação ou
expansão de fábricas à comercialização de bens e serviços.
Passa também pela formação de
re, NorSkan/DOF, SeaBrokers, e
estaleiros e empresas de design
naval, como Havila, Havyard,
Ulstein, entre outras, que são
players reconhecidos no mercado
naval e offshore internacional.
O fato é que, nos últimos
cinco anos, uma verdadeira rota
aérea e marítima vem sendo
consolidada entre o longínquo país do extremo norte da
recursos humanos, parcerias na
área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e geração e
transferência tecnológica para
o Brasil.
Estima-se que em torno de
US$ 30 bilhões foram investidos no Brasil por empresas
norueguesas, sendo a maior
parte desse volume efetivada nessa última década, em
setores-chaves como petróleo e
gás, indústria naval, mineração,
entre outros. Os investimentos
e interesses vão mais além,
principalmente para segmentos que demandam tecnologia
de ponta, como o de energias
renováveis, monitoramento
ambiental, tecnologia de informação, entre outros – e, é claro,
o de alimentos, com o saboroso
bacalhau da Noruega chegando cada vez mais rápido e em
maior quantidade às mesas do
brasileiro.
No caso do pescado de águas
frias, o acesso se dá tanto em
função do crescente comércio entre os dois países como também
do crescimento econômico vivido
pelo Brasil nessa última década,
crescimento esse que possibilitou
ao brasileiro desfrutar de bens
e serviços antes restritos a uma
elite (enquanto que na Noruega,
o bacalhau atende a todos os
gostos e classes sociais).
Mas é a forte expansão da
indústria de petróleo e gás, por
conta sobretudo das descobertas
gigantes realizadas no pré-sal
(e também no pós-sal) offshore
brasileiro, que impulsionou essa
‘indústria viking petroleira’,
acostumada a enfrentar desafios
em regiões inóspitas como a do
Mar da Noruega, a singrar os
mares em busca de ‘portos’ hospitaleiros na costa do Brasil.
Apoio estratégico
Capitaneando a ‘esquadra’
norueguesa está o governo
federal, que por meio de seus
braços institucionais abre caminhos para as empresas daquele
país. Um desses braços é justamente o Innovation Norway
(IN), agência de promoção do
governo da Noruega, criada em
2003 com o objetivo de divulgar
TN Petróleo 84
TN Petróleo 84
Noruega:
uma travessia
tecnológica
44 Tecnologia de ponta
39
48 De ‘capital do petróleo’ à referência mundial em energia verde
de R$ 211,5 bi até 2014
50
TN Petróleo 84
que para os investimentos na
indústria de transformação e em
infraestrutura, além do interesse
cada vez maior das empresas
estrangeiras em investir no Rio”,
disse o presidente da Federação
das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro (Firjan), Eduardo
Eugenio Gouvêa Vieira.
Para o secretário estadual de
Desenvolvimento Econômico
do Rio, Julio Bueno, os dados
mostram que “tem um círculo
virtuoso acontecendo no Rio
de Janeiro. O petróleo atrai a
indústria naval, que atrai a navipeças, que atrai a área metal
mecânica, que aumenta a renda,
que faz com que as pessoas consumam mais”.
Do valor total previsto para
a construção naval (R$ 15,4 bilhões), R$ 6 bilhões irão para os
novos estaleiros e construção de
embarcações, e R$ 10,1 bilhões
na siderurgia, com a implantação de siderúrgicas como a
Ternium, em São João da Barra.
“O estado terá, até 2014, o
maior número de instalações
portuárias do Brasil. Esse será
Museu do Amanhã na
região do Porto Maravilha
Complexo do Açu
Foto: Divulgação GE
luciana de sá, diretora de Desenvolvimento econômico do Sistema Firjan; Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan; e Cristiano Prado, gerente de Competitividade industrial e investimentos da Firjan
Foto: Divulgação OGX
Rio de Janeiro terá investimentos públicos e
privados recordes para o
triênio 2012-2014, com destaque para os setores de logística
e transporte. A nova edição
do estudo Decisão Rio, que é
realizado ano a ano, mostra
que o estado receberá R$ 211,5
bilhões no período, valor 67,5%
maior do que o previsto para
2010-2012. A Petrobras lidera os
investimentos por setor, com R$
107,7 bilhões (50,9%).
Do valor total, R$ 40,5 bilhões
irão para o setor industrial,
sendo que R$ 6,1 bilhões (15,1%)
irão para o setor petroquímico,
R$ 10,1 bilhões (24,8%) para siderurgia e R$ 15,4 bilhões (38%)
para construção naval.
No setor petroquímico, serão
investidos R$ 6,1 bilhões, com
destaque para o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro), em Itaboraí. A chegada de fábricas de automóveis,
entre elas a Renault-Nissan, em
Resende, e a ampliação da PSA
Peugeot Citroen, em Porto Real,
movimentará R$ 6,1 bilhões da
área automotiva.
“Nosso estudo apresenta um
volume recorde de investimentos que vão muito além do setor
de petróleo e gás, com desta-
um grande e importante diferencial do Rio de Janeiro”, comentou Cristiano Prado, gerente de
Competitividade Industrial e
investimentos da Firjan.
O setor de infraestrutura terá
investimentos de R$ 51 bilhões, sendo R$ 14,8 bilhões em
energia (28,9%). No documento
constam 234 empreendimentos
previstos para o período 20122014, sendo 61,5% deles já em
andamento, ou seja, com obras
Foto: Agência Petrobras
O
Foto: Divulgação Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
O valor é 67,5% maior do que o previsto para 2010-2012. Do total, R$ 40,5
bilhões irão para o setor industrial, sendo que R$ 6,1 bilhões (15,1%) irão
para o setor petroquímico, R$ 10,1 bilhões (24,8%) para siderurgia e R$ 15,4
por Maria fernanda Romero
bilhões (38%) para construção naval.
Foto: Antônio Batalha, fiRJAN
50
Firjan: Decisão Rio
decisão rio
Rio de Janeiro terá investimentos
lançamento no
Estaleiro Mauá
já iniciadas e licenças ambientais adquiridas.
Ainda segundo o documento,
o volume dos investimentos estrangeiros na indústria de transformação mais do que triplicou:
de R$ 5,8 bilhões para R$ 17,8
bilhões. Além disso, o número
de empreendimentos dobrou de
14 para 28.
O Decisão Rio é um estudo,
realizado desde 1995, sobre as
intenções de investimentos no
Centro de Pesquisa da GE no Parque
Tecnológico na ilha do fundão
estado do Rio de Janeiro, junto
aos investidores, para um período prospectivo de três anos.
O seu objetivo é mostrar as
tendências de investimentos e
apresentar oportunidades de negócios aos tomadores de decisão
do setor público e da iniciativa privada, além de divulgar
nacional e internacionalmente
as oportunidades existentes no
Rio de Janeiro, atuando como
instrumento de atração de novos
investidores para o estado.
TN Petróleo 84
51
Rio de Janeiro terá
investimentos de
R$ 211,5 bi até 2014
AVANçOs E DEsAfiOs
do mercado
A 9ª edição do Gas Summit Latin America, promovido pela IBC nos dias
14 a 16 de maio, discutiu as estratégias que os países da América Latina
estão adotando para otimizar a exploração e produção de gás natural,
obter um fornecimento constante e de longo prazo e potencializar as
oportunidades da chamada era de ouro do gás natural na América Latina.
por Maria fernanda Romero e Rodrigo Miguez
Desafios da América latina e
Caribe
A inserção do GNL na América
Latina e Caribe foi o primeiro tema,
apresentado por Luis J. Bertenasco,
líder de Projeto da Regaseificadora
Punta Alta, Enarsa PDV; Marcelo
Colomer Ferraro, professor de economia da UFF (Universidade Federal
52
Fotos: Divulgação iBC
O
tradicional congresso contou
com o patrocínio da CEG-Rio,
GE, Compagás, Linde, Gasmig, Testo, Cogeração Energia e o
apoio da TN Petróleo.
O crescimento da participação
dos hidrocarbonetos não convencionais e a consolidação do GNL (Gás
Natural Liquefeito) como alternativa ao abastecimento energético da
América Latina são dois temas que
vêm ganhando relevância no setor.
Perante os impactos que ambos os
fenômenos estão causando na indústria galífera, seu estudo e acompanhamento se tornam indispensáveis
no momento de avaliar a viabilidade
e desempenho de qualquer projeto
relacionado com a indústria do gás
na região.
Assim, foram incluídos dois seminários especiais na programação
desta edição do Gas Summit Latin
America, para aprofundar e atualizar
os conhecimentos dos participantes
nestas áreas-chave. Eles foram realizados no primeiro dia do evento.
Eventos
Gas summit 2012
eventos
um ponto de conexão e distribuição de energia muito importante
na região, tendo cerca de 50% de
seu território (549,290 km²) com
grande potencial de hidrocarbonetos também.
Ortiz informou que em 2011 os
investimentos de empresas estrangeiras no país no setor de upstream
responderam por 40% do total de
investimentos (US$ 514 milhões), e
a YPFB e suas subsidiárias investiram US$ 766 milhões (60% do total).
“Além disso, em 2011 alcançamos o
pico de produção de gás natural e
hidrocarbonetos líquidos de 48 milhões de m³/dia”, acrescentou.
Segundo o executivo, a Bolívia
possui grande potencial em hidrocarbonetos, ainda pouco explorado;
preços excelentes no mercado de
exportação com contratos de longo prazo com o Brasil e Argentina;
e possui poucas empresas de E&P
para realizar atividades de exploração no país.
tes Fernando Meiter, diretor da TNS
Latam; e Renato M. Darros de Matos,
diretor de E&P da Imetame Energia.
Iniciando os debates da conferência do Gas Summit 2012, Jorge
Ortiz, presidente executivo da YPFB
Andina, subsidiária de E&P da YPFB
da Bolívia, falou sobre as oportunidades de exploração de gás na Bolívia,
país com a terceira maior reserva de
gás na América do Sul.
Mais de 20 anos como fornecedora de gás natural do Brasil e
da Argentina, a Bolívia tornou-se
Consumidores: 2 milhões
Crescimento: 15,17% (1Tri 2010/1Tri 2011)
investimento: r$ 6 bilhões (2007-2010)
Rede de distribuição: 20,9 mil km
Consumidores: 3,2 milhões (aumento de 67%)
Rede de distribuição: 37,4 mil km (crescimento de 84,1%)
investimento: r$ 18 bilhões (média de
r$ 2 bilhões/ano)
Antonio Eduardo Monteiro de
Castro, gerente executivo de marketing e comercialização de gás e
energia da Petrobras, fez um panorama geral do suprimento de gás e
do plano de investimento da estatal
para alavancar a indústria brasileira
de gás natural.
Castro apresentou a operação do
Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) que
foi iniciada em 1999. Ele lembrou
que foi concluído em 2011 o ciclo
de investimentos de US$ 15 bilhões
(2007-2011) da estatal para a integração das malhas de gás.
O executivo citou os terminais
de regaseificação da companhia
em operação, em Pecém e na Baía
de Guanabara, com capacidade de
regaseificação de 21 MM m³/dia.
“Em 2014, aumentaremos essa capacidade para 41 MM m³/dia, com
a ampliação da Baía de Guanabara
(mais 6 MM m³/dia) que já estará
operacional em janeiro de 2013; e
com o terceiro terminal de regaseificação de GNL na Bahia, que estará operacional em janeiro de 2014,
zação dos atributos da geração termelétrica a GN como, por exemplo,
‘despachabilidade’, proximidade dos
centros de carga e atendimento da
demanda de ponta”, finaliza Castro
Competitividade
Previsão para 2020
fonte: Abegás
Clientes de gás por segmento*
industrial ................................................ 2.773
Automolivo (Postos) ............................. 1.696
Residencial ......................................... 2.061.659
Comercial .............................................. 25.252
Geração elétrica .......................................... 24
Cogeração ................................................... 50
Matéria Prima ............................................... 2
Outros (inclui GNC) ...................................... 21
COMPANhiAs - TOTAl .................. 2.091.477
fonte: Abegás
logística e comercialização
Fluminense) e pesquisador associado
do GEE/IE-UFRJ (Instituto de Economia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro); e Jordi Solé Gomà,
gerente chileno da ROS Roca Indox
Cryo Energy.
Os impactos
do gás não convencional nos
países produtores
e grandes consumidores de gás foi
o segundo tema,
com os palestran-
O gás natural no Brasil
*Brasil, março 2012
adicionando mais 14 MM m³/dia”,
afirmou Castro.
Para 2013, o gerente da Petrobras
informou que haverá mudanças na
logística do gás natural devido ao aumento da produção nacional, a malha
integrada de gasodutos, as referências
internacionais de preços, a necessidade de flexibilidade, assim como a
demanda por contratos de longo prazo, leilões eletrônicos de curto prazo e
o aumento do mercado termelétrico.
Segundo ele, até 2020 o Brasil
aumentará sua participação na produção de gás natural, consequentemente reduzindo sua importação
de 48% para 41%. Isso acontecerá
devido a outros agentes que atuam
em E&P no Brasil aumentando a participação na produção de gás natural,
a maior segurança no suprimento de
gás natural com a consolidação da
malha nacional integrada de gasodutos, a expansão da capacidade de
oferta e a ampliação do suprimento
de gás ao mercado.
“Em relação à contratação de
energia nova, é necessária a valori-
Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) comentou sobre o Plano
Decenal de Expansão de Energia
(PDE 2020), que prevê uma forte
ampliação da oferta nacional de gás
natural, saindo de
um patamar de 50
milhões de m³/dia
em 2011 para 142
milhões de m³/dia
em 2020.
“Essa oferta
interna, acrescida
das importações
− 30 milhões de m³/ dia de gás boliviano e 21 milhões de m³/dia de
GNL − irá ampliar a oferta total de
cerca de 109 milhões de m³/dia em
2011 para 193 milhões de m³/dia em
2020”, afirmou Tolmasquim.
O executivo disse que a EPE defende a comercialização do gás natural nos próximos leilões. Segundo
ele, não há empecilho contra a fonte,
que continua tendo projetos inscritos.
Tolmasquim informou que a
instituição precisa ainda aprofundar a análise de competitividade
de gás para submeter à apreciação
do Ministério de Minas de Energia
(MME). Assim, o MME selecionará
as oportunidades e opções que serão objeto de estudo mais detalhado,
por parte da EPE, de modo a definir
o gasoduto de referência para fins
de promoção de chamada pública e
posterior licitação das concessões.
De acordo com ele, assim como
o PDE 2012-2022, a definição das
informações básicas para o gasoduto
de referência e o banco de dados de
custos em infraestrutura de gasodutos ainda estão em elaboração.
Mercado gigante
Ubirajara S. de Campos, assistente executivo da subsecretaria de
petróleo e gás de São Paulo, tratou
TN Petróleo 84
TN Petróleo 84
CONSELHO EDITORIAL
Gas Summit 2012 –
Avanços e desafios
do mercado
58
HUG Americas 2012 –
Foco em inovação
60
Accelerate Oil & Gas –
Pé no acelerador
53
Affonso Vianna Junior
Alexandre Castanhola Gurgel
André Gustavo Garcia Goulart
Antonio Ricardo Pimentel de Oliveira
Bruno Musso
Colin Foster
David Zylbersztajn
Eduardo Mezzalira
Eraldo Montenegro
Flávio Franceschetti
Francisco Sedeño
70Gary A. Logsdon
Geor Thomas Erhart
Gilberto Israel
Ivan Leão
Jean-Paul Terra Prates
João Carlos S. Pacheco
João Luiz de Deus Fernandes
José Fantine
Josué Rocha
Especial Rio+20
cobertura especial rio+20
Rio+20 em números
COMPROMissOs: mais de 513 bilhões de dólares mobilizados em compromissos para
o desenvolvimento sustentável, inclusive nas áreas de energia, transportes, economia
verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura. os 692 acordos
voluntários para o desenvolvimento sustentável registrados por governos, empresas,
grupos da sociedade civil, universidades, e outros.
RiOCENTRO: público de 45.381 pessoas; delegações de 188 países e três observadores;
mais de 100 chefes de estado e de Governo; delegados: aproximadamente 12.000; oNGs
e grupos principais: 9.856; mídia: 4.075; Diálogo passa para a sociedade civil: 1.781
participantes; pessoal da segurança: 4.363; cerca de 5.000 pessoas trabalharam no
riocentro diariamente.
VOluNTáRiOs: 1.500 pessoas se ofereceram, incluindo jovens, selecionados a partir
de escolas técnicas, estudantes de escolas públicas do rio de Janeiro, estudantes
universitários e profissionais de todo o Brasil; cerca de 700 jovens de comunidades
vulneráveis foram selecionados; 5% dos voluntários eram pessoas com deficiência.
EsPAçO PARA EVENTOs RiOCENTRO: área ocupada 571.000 m², dos quais 100.000
Em busca do
DiálOGO
para o desenvolvimento sustentável
por Karolyna Gomes, Maria fernanda Romero, Mehane Albuquerque e Rodrigo Miguez
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável confirmou, em seu
documento final, o que se especulava há meses: ainda não seria agora que haveria consenso em
torno de metas concretas a serem perseguidas pelos países de todo o mundo – ou, pelo menos,
pelos que ali estavam representados. O texto apenas define que as metas devem ser criadas até
2015, mas estabelece alguns compromissos, entre os quais o fortalecimento do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a criação de um Fórum Político de Alto Nível
Internacional. A crise econômica foi um dos entraves das negociações durante o encontro, que
se destacou pela grande mobilização e participação da população e propôs o desenvolvimento
sustentável com erradicação da pobreza.
C
Foto: Agência Brasil
m² foram construídos para a rio+20; 205 km em cabos de rede de fibra óptica; acesso à
68
52
om a Europa e os
Estados Unidos ainda
sob os efeitos da
turbulência gerada
pela crise econômica
(de origem financeira)
que eclodiu em 2008, e os países
do Bric (Brasil, Rússia, Índia e
China) ocupando um espaço cada
vez maior no cenário mundial, a
Rio+20 sinalizou uma mudança de
comportamento.
Vinte anos depois da ECO 92,
a primeira iniciativa que colocou a
sustentabilidade na pauta do Dia
das Nações, a Rio+20 sagrou-se
como a maior conferência da ONU
já realizada, com ampla participação de líderes de empresas, governos e sociedade civil, assim como
oficiais da ONU, acadêmicos,
jornalistas e o público em geral.
Mais ainda: mostrou que, a
despeito de impasses em torno de
metas concretas para assegurar o
desenvolvimento sustentável com
a erradicação da pobreza, e da
internet sem fio para até 32.000 usuários simultâneos; 8 km de cabos telefônicos; mais de
5.000 bens de TiC (computadores, equipamentos de rede); capacidade de rede equivalente
a uma cidade com 120.000 habitantes; infraestrutura compartilhada de 600 estações de
trabalho; 17 restaurantes na praça de alimentação; 36 portais de raios-x.
resistência de países em desenvolvimento que são responsáveis
por grande parte dos impactos
ambientais, há uma mobilização
maior em torno do desenvolvimento sustentável.
Durante nove dias (13 a 22 de
junho), antes e durante o período
da Rio+20, milhares de atividades
foram realizados em todo a cidade
do Rio de Janeiro, entre as quais
mais de 500 eventos oficiais e
paralelos no Riocentro/Centro de
Convenções Rio. Ainda que sem
resultar em metas definidas, o
evento centralizou as discussões
em torno de ações concretas de
desenvolvimento sustentável e
serviu para mostrar o que vem
sendo feito de efetivo para minimizar questões como o aquecimento global e o uso indiscriminado dos recursos naturais.
Dois dos países mais importantes no cenário global,
Estados Unidos e Alemanha,
tiveram participação tímida na
TN Petróleo 84
conferência, devido à ausência
do presidente norte-americano,
Barack Obama, representado
pela secretária de Estado, Hilary Clinton, e da primeira-ministra alemã, Angela Merkel.
O que, sobretudo no caso
dos Estados Unidos, já era de se
esperar, uma vez que na Rio+10,
ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (em inglês,
Earth Summit 2002), realizada em
2002, na África do Sul, o governo
norte-americano se posicionou
firmemente contra o acordo que
previa o estabelecimento de 10%
de energias renováveis na matriz
energética dos países signatários,
entre outros compromissos.
Durante a Rio+20, os líderes
mundiais presentes pouco apresentaram de efetivo em termos de
soluções para um desenvolvimento mais sustentável e a consolidação de uma economia mais verde.
A grande protagonista do evento
das Nações Unidas foi a socieTN Petróleo 84
69
68
Em busca do diálogo
para o desenvolvimento
sustentável
Marco Aurélio Latgé
Maria das Graças Silva
Mário Jorge C. dos Santos
Maurício B. Figueiredo
Nathan Medeiros
Paulo Buarque Guimarães
Roberto Alfradique V. de Macedo
Roberto Fainstein
Ronaldo J. Alves
Ronaldo Schubert Sampaio
Rubens Langer
Samuel Barbosa
artigos
100 A importância de se comprometer
com a Sustentabilidade, por Claudia Martins
102 O “pacote ambiental”, a Rio+20 e o desenvolvimento
sustentável, por Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno
105 Sustentabilidade sem fronteiras, por Regina Pimentel
132 A Deepwater Horizon e o mercado
brasileiro, por Alex Sanson
Ano XIII • Número 84 • jul/ago 2012
Fotos: TN Petróleo e Ricardo Almeida
tN Petróleo
129 A nova Lei Antitruste e as operações no setor de
petróleo e gás, por Gustavo Flausino Coelho e Ricardo Mafra
opinião
Quinze anos da lei do Petróleo: avanços e perspectivas,
Petróleo I Gás I BiocomBustíveis
de Maria D’Assunção Costa, advogada, doutora em Energia pelo IEE/USP
Noruega: uma travessia tecnológica
rio, capital da energia
Firjan: lançamento do estudo Decisão rio
Ano XIV • jul/ago 2012 • Nº 84 • www.tnpetroleo.com.br
esPeciAl: PN 2012-2016
Petrobras investirá
us$ 236,5 Bilhões
até 2016
A importância de se comprometer com a sustentabilidade,
por Claudia Martins
o “pacote ambiental”, a rio+20 e o desenvolvimento sustentável,
por Renata Franco de Paula Gonçalves Moreno
sustentabilidade sem fronteiras, por Regina Pimentel
A nova lei Antitruste e as operações no setor de petróleo e gás,
por Gustavo Flausino Coelho e Ricardo Mafra
A Deepwater horizon e o mercado brasileiro,
por Alex Sanson
cobertura especial rio+20
em busca do diálogo para o desenvolvimento sustentável
Entrevista exclusiva
Guillermo Quintero, presidente da BP Brasil
nº 84
111 perfil empresa
113 produtos e serviços
134 fino gosto
136 coffee break
138 feiras e congressos
139 opinião
esPeciAl: PN 2012-2016 – PetroBrAs iNvestirá us$ 236,5 Bi Até 2016
seções
5editorial
6hot news
10indicadores tn
62 perfil profissional
65 caderno de sustentabilidade
107 pessoas
Luiz B. Rêgo
Luiz Eduardo Braga Xavier
76 Rio+20 e Você
Marcelo Costa
78 Projeto Humanidade
Márcio Giannini
Márcio Rocha Melo
82 Futuro eficiente em novos
Marcius Ferrari
modelos de negócios
o DNA falou mais alto
TN Petróleo 84
3
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não representando, necessariamente,
a opinião dos editores.
TN Petróleo é dirigida a empresários,
executivos, engenheiros, geólogos,
técnicos, pesquisadores, fornecedores
e compradores do setor de petróleo.
O
segundo semestre começou, deixando-nos conscientes de que lá
se foi metade de 2012 e ainda não
temos algumas definições importantes
para a indústria brasileira de óleo e gás.
Entre elas a já tão desgastada discussão
em torno da distribuição dos royalties do
petróleo e das licitações de blocos exploratórios pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)
– tanto no que diz respeito às áreas consideradas estratégicas, por causa do
potencial de reservas no pré-sal, como
também para as demais bacias.
É bem verdade que algumas ações
foram antecipadas,
como a revisão do
Plano de Negócios
da Petrobras para
o quadriênio 20122016, com um aumento de 5% em
relação ao anterior:
a estatal pretende
investir US$ 236,5 bilhões (R$ 416,5 bilhões), uma média de US$ 47,3 bilhões
por ano. O foco principal e a maior parte
dos recursos continuam sendo direcionados para a exploração e produção,
como o leitor poderá aferir em matéria
dessa edição.
Não somente a antecipação pegou a todos de surpresa (era esperada apenas para agosto ou setembro,
como em outros anos), como a revisão
de metas da produção até 2020 – com
um decréscimo de 700 mil barris em
relação ao volume previsto antes até o
final desta década.
A alegação de que as metas anteriores não eram realistas produziu forte impacto nas bolsas e no valor de mercado
da companhia. E já começou a agitação
em torno das refinarias Premium, adiadas para data indefinida, assim como do
segundo trem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), apontado como o maior empreendimento da
história da Petrobras.
O anúncio da aprovação do Plano
de Negócios foi feito uma semana antes
da abertura oficial da Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável, a Rio+20, mas já sob o clima desse evento, antecedido, por sua
vez, por centenas de outras atividades
e manifestações realizadas em diferentes pontos da cidade do Rio de Janeiro.
Mas apenas após o término desse megaevento – também coberto pela equipe
de reportagem da TN Petróleo –, é que
a diretoria da Petrobras decidiu detalhar, ainda que com muitas lacunas, o
PN 2012-2016.
Depois do anúncio Plano, já tivemos aumento de combustíveis, novas
descobertas de petróleo, conclusão de
algumas etapas de grandes empreendimentos da indústria offshore – como
a operação inédita de deck mating da
P-55, a primeira desse porte realizada
no país (ainda que com meses de atraso) –, a entrada em atividade do navio
Sérgio Buarque de Holanda, o terceiro
do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) e a assinatura de
contrato de novas sondas que serão aqui
construídas.
Ainda assim, iniciamos o segundo
semestre com a sensação de que o ano
começou lento demais e ainda ‘não pegou’. É como se o motor dessa indústria,
que hoje alavanca nossa economia e
atrai os interesses de petrolíferas e investidores do mundo inteiro, estivesse
com ‘problemas de combustível’ ou ‘sujeira no carburador’.
O que nos leva a refletir se não teria
chegado o tempo de revisarmos também
o real comprometimento de todos – governo, cadeia produtiva, sociedade e também a imprensa (da qual fazemos parte)
–, em torno da concretização de uma
meta maior, que é o crescimento no longo
prazo, com desenvolvimento sustentável
e erradicação da pobreza que ainda impacta boa parte da população brasileira!
Ou vamos ficar apenas na intenção,
pensando no Brasil+10. Ou pior: +20?
Benício Biz
Diretor executivo da TN Petróleo
TN Petróleo 84
5
hot news
Deck mating da P-55 concluído
6
TN Petróleo 84
Graça também destacou
o ineditismo da operação e
o potencial do polo naval.
“É a primeira vez que um
deck mating – integração
de módulos e casco – é feito
desta maneira. O deckbox,
que pesa 17 mil toneladas,
foi elevado a mais de 40 m
e colocado sobre o casco.
Usualmente, o que se faz é
abaixar o casco. A P-55 e os
oito FPSOs replicantes, a serem construídos aqui, serão
obras de referência nacional
e internacional.”
Os FPSOs replicantes são uma
nova geração de plataformas,
concebidas segundo parâmetros
de simplificação de projetos e
padronização de equipamentos.
A produção, em série, de cascos
idênticos permitirá maior rapidez
no processo de construção, ganho
de escala e a consequente otimização de custos.
O projeto do casco da P-55
foi desenvolvido pelo Centro de
Pesquisas da Petrobras (Cenpes),
fruto de vários anos de pesquisa e
de desenvolvimentos de engenharia em parceria com universidades
brasileiras, com tecnologia 100%
nacional. É mais um marco para a
indústria do petróleo no Brasil.
Foto: Agência Petrobras
Foi concluído no dia 7 de
julho, o deck mating da plataforma
semissubmersível P-55, no Polo
Naval do Rio Grande (RS).
A operação consistiu no acoplamento entre o deckbox da plataforma, parte superior, com o casco,
parte inferior, também chamada de
lower hull. O deck mating foi realizado por meio do içamento do deckbox, técnica inédita no Brasil, e
que pode ser considerado o maior
realizado em todo o mundo até
hoje, devido ao peso da estrutura e
a altura a que foi erguida.
Para o içamento do deckbox,
que pesa cerca de 17 mil toneladas, foi montado um sistema com
12 torres, ligadas a 24 macacos
hidráulicos, cada um com capacidade de erguer até 900 toneladas,
para elevar o equipamento até a
altura de 47,2 m em relação ao
fundo do dique seco do estaleiro.
Para erguer a estrutura foram utilizados 24 conjuntos de 54 cabos de
aço cada. Cada cabo possui 18 mm
de diâmetro e 60 m de comprimento, totalizando cerca de 77 km.
Nos próximos meses serão
realizadas a instalação dos módulos
e a integração dos sistemas. Com a
conclusão desta etapa, a P-55 será
transportada para o campo de Roncador, na Bacia de Campos, litoral
do Rio de Janeiro, para início de
operação em setembro de 2013. Em
pleno funcionamento, a P-55 terá
capacidade de produzir até 180 mil
barris de petróleo e seis milhões de
m3 de gás natural por dia.
A presidente da empresa, Graça Foster, esteve no Polo Naval do
Rio Grande durante o deck mating,
acompanhada dos diretores da
companhia. “Essa operação é motivo de orgulho para o povo gaúcho
e para todos os brasileiros. Qualquer um ficaria encantado com a
magnitude dessa obra, a primeira
plataforma do Polo Naval do Rio
Grande e a maior semissubmersível construída no país”, afirmou.
A operação – O deck mating teve
início no dia 25 de junho, quando
o deckbox foi elevado pela primeira vez até a altura de 20 cm para
realização de testes e pesagem final. Em 27 de junho, o processo de
içamento do deckbox prosseguiu
e, no dia seguinte, atingiu o nível
de 15,4 m de altura em relação ao
fundo do dique. Em paralelo, foi
realizado o rearranjo dos apoios do
casco (picadeiros) e montagem das
defensas dentro do dique, trabalho
concluído em 30 de junho.
No mesmo dia foi iniciado o
processo de alagamento do dique,
com a abertura das válvulas dos
dutos de captação. Cerca de 642
milhões de litros de água foram
necessários para encher o dique
até uma profundidade de 13,8 m.
Concluído o alagamento, a porta
batel foi retirada (em 2 de julho)
para a manobra de entrada do casco da P-55 no dique, e em seguida
reinstalada para vedação do dique.
O esvaziamento do dique, ao nível
7,2 m, aconteceu no dia seguinte.
Nos dias 5 e 6 de julho, o
deckbox foi erguido até a altura
máxima, de 47,2 m, e o casco
foi alinhado. Em 7 de junho, o
casco assumiu sua posição final,
embaixo do deckbox, e a estrutura
suspensa foi assentada sobre ele,
concluindo assim a operação de
deck mating da P-55.
A próxima etapa será o esvaziamento do dique até que o casco,
já acoplado ao deckbox, fique
totalmente apoiado nos picadeiros
(grandes blocos de concreto) no
fundo da estrutura.
Erramos:
Na matéria “Especial: Sísmica – No
Rastro do Petróleo”, edição 83, nas
páginas 36 e 39, erramos ao citar a
presidente da Sociedade Brasileira
de Geofísica (SBGf), Ana Cristina
Chaves, como autora das respostas,
que devem ser atribuídas à entidade
e não à sua dirigente.
Foto: Agência Petrobras
Navio Sérgio Buarque de Holanda
inicia operações Sérgio Buarque
O navio de produtos Sérgio Buarque de Holanda foi entregue à
Transpetro no dia 9 de julho. Terceira embarcação do Programa de
Modernização e Expansão da Frota
(Promef) a iniciar as operações, a
embarcação tem 183 m de comprimento e capacidade para transportar
56 milhões de litros de combustíveis.
“Depois de 14 anos sem construir
petroleiro algum, a indústria naval
brasileira começa a atingir um novo
ritmo. No prazo de um ano, teremos
quatro navios entregues. Vamos agora
focar na busca de maior produtividade,
para que o setor alcance competitividade internacional”, diz o presidente
da Transpetro, Sergio Machado.
Com investimento de R$ 10,8 bilhões na encomenda de 49 embarcações, o Promef garantiu as bases para
de Holanda
Tipo: transporte de produtos claros
derivados de petróleo
Comprimento: 182,88 m
Boca moldada: 32,20 m
Pontal: 18,5 m
Calado: 12,8 m
Altura: 43,8 m
TPB: 47.901 ton
Velocidade: 14,6 nós
Autonomia: 12.000 milhas náuticas
o ressurgimento da indústria naval
brasileira, permitindo a abertura de
novos estaleiros e a modernização dos
existentes. O Brasil já tem a quarta
maior carteira de encomendas de navios do mundo. O setor, que chegou a
ter menos de dois mil trabalhadores
na virada do século, emprega hoje
mais de 60 mil pessoas.
Seis sondas para o Brasfels
A Petrobras aprovou a assinatura
dos contratos para a construção de seis
plataformas flutuantes de perfuração a
serem construídas no Estaleiro Brasfels,
em Angra dos Reis (RJ) com percentuais
de conteúdo local entre 55 e 65%.
As sondas, do tipo semissubmersível, fazem parte do pacote de 21 equipamentos negociados com a Sete Brasil,
conforme divulgado em 9 de fevereiro
de 2012, e serão entregues a partir de
2016. Os equipamentos se destinam
à perfuração de poços no pré-sal da
Bacia de Santos e poderão operar em
profundidade d’água de 3 mil m, com
capacidade de perfurar poços de até
10 mil metros.
Após a construção, elas serão afretadas à Petrobras por um período de
15 anos. Três sondas serão operadas
pela empresa Petroserv S.A., duas pela
empresa Queiroz Galvão Óleo e Gás S.A.
e a outra pela empresa Odebrecht Óleo
e Gás S.A.
Xerelete
Bacia de Campos
Total assume operação
do campo de Xerelete
A Petrobras transferiu a
operação do bloco de Xerelete, na
Bacia de Campos, para a petroleira
Total. O objetivo, segundo a companhia francesa, é aumentar atividades de exploração e produção na
região: “A transferência da operação
da Petrobras para a Total segue uma
decisão unânime entre os sócios no
Xerelete e a aprovação das autoridades brasileiras.”
Total e Petrobras têm, cada uma,
41,2% na concessão, enquanto a BP
tem os 17,6% restantes.
“Nossa decisão de assumir a
operadora de Xerelete é parte da
estratégia do grupo de reforçar sua
exploração e produção no Brasil. Isso demonstra a vontade de
expandir nossa presença no país”,
disse Ladislau Paszkiewicz, vice-presidente sênior para Exploração
e Produção Américas.
O campo de Xerelete está
localizado entre os blocos BM-C35 e BM-C-14, a cerca de 250 km
da costa do Rio de Janeiro. Ele foi
descoberto em 2001 a 2,4 mil m de
profundidade e contém petróleo relativamente pesado. A Total planeja
fazer perfurações em 2013.
TN Petróleo 84
7
hot news
Nova descoberta no pós-sal do Espírito Santo
Espírito Santo
661
BM-ES-24
Oceano Atlântico
Petrobras 70%
IBV Brasil 30%
Bacia do
Espírito Santo
Argentina – No final de junho, a
estatal anunciou a descoberta de
indícios de petróleo e gás natural
na área de concessão de exploração conhecida como Estancia Agua
Fresca, localizada na província de
Santa Cruz, na região da Patagônia.
A descoberta ocorreu durante a
perfuração do poço exploratório La
Cancha Austral, localizado a cerca
de 230 km a noroeste da capital
da província Río Gallegos, a uma
Ilustração: Agência Petrobras
A Petrobras comunicou em
julho a descoberta de uma nova
acumulação de petróleo pesado
(15°API) no pós-sal da Bacia do
Espírito Santo, na concessão BM-ES-24 (Bloco ES-M-661), localizada a 58 km da cidade de Vitória.
A descoberta ocorreu durante
perfuração do poço informalmente denominado Grana Padano,
a 64 km do campo de Golfinho,
em profundidade de 1.208 m. As
confirmações se deram a partir
da resposta do detector de gás e
da perfilagem realizada em reservatórios localizados em profundidade de 2.008 m. A estatal
é a operadora do consórcio para
a exploração da concessão (70%)
em parceria com a empresa IBV
Brasil (30%).
Segundo o comunicado, o
consórcio pretende submeter à
Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP) uma proposta de Plano de
Avaliação com a finalidade de delimitar a acumulação descoberta,
bem como estimar volumes e produtividade.
profundidade de 3.020 m. O poço
é a segunda descoberta da concessão, que tem uma jazida com
produção de cerca de 3 mil barris
de petróleo por dia e de 90 mil m3
de gás natural.
A Petrobras Argentina é a operadora do consórcio exploratório e
tem como parceira no empreendimento a General de Combustibles,
ambas com 50% de participação
no bloco.
A GE Energy amplia sua presença no país com
a inauguração da usina eólica Alto Sertão I, localizada em Caetité (BA). De propriedade da Renova
Energia, o maior complexo eólico da América Latina conta com 184 aerogeradores modelo GE Wind
1.6-82.5 MW.
São 294 megawatts de potência instalada, equivalente à geração de energia necessária para abastecer uma cidade de três milhões de habitantes.
Durante o período de construção, a GE Energy foi
responsável pela geração de 400 empregos diretos
e indiretos. “Essa inauguração comprova o comprometimento da GE com o desenvolvimento da
indústria eólica no Brasil, bem como com o desenvolvimento de uma matriz energética cada vez mais
limpa”, afirma Marcelo Soares, presidente e CEO
da GE Energy para a América Latina.
8
TN Petróleo 84
Foto: Divulgação
GE Energy instala o maior complexo eólico da América Latina
A partir do início de 2012 e até junho deste ano,
293 turbinas eólicas da GE Energy iniciaram geração no Brasil, mais especificamente no Nordeste do
país. Nos próximos dois anos, a empresa terá mais
767 equipamentos instalados em solo brasileiro,
totalizando 1.7 gigawatts de potência instalada.
Ainda este ano, a GE deverá atingir a marca de 20
mil turbinas eólicas instaladas no mundo.
Novo estaleiro na Bahia
Pedra fundamental do Estaleiro Enseada do Paraguaçu é
lançada na Bahia
Criado para construção e integração de unidades
offshore, como plataformas, navios especializados e unidades
de perfuração, o EEP representa o maior investimento privado
– cerca de R$ 2 bilhões – feito
A cerimônia de lançamento
contou com a participação de
várias autoridades, entre eles a
Divulgação
nos últimos dez anos na Bahia.
presidente Dilma Roussef;
o vice-presidente da Kawasaki
Heavy Industries, Nobumitsu
Kambayashi; o presidente do
EEP, Fernando Barbosa;
o presidente da Sete Brasil,
Foto: Almir Bindilatti
João Carlos Ferraz; o presidente da OAS, Leo Pinheiro;
o ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão; e a presidente
da Petrobras, Graça Foster.
Na ocasião, as autoridades
também participaram do ritual
japonês da boa sorte, o Kagami
biraki, que consiste no ato de
quebrar a tampa de um barril
de saquê e brindar com a bebida para trazer bons resultados
ao novo empreendimento.
Da esquerda para a direita, Dilma
Rousseff, presidente da República;
Jaques Wagner, governador da
Bahia; Maria das Graças Foster,
presidente da Petrobras; Nobumitsu
Kambayashi, vice-presidente
da Kawasaki Heavy Industries;
Marcelo Odebrecht, presidente da
Odebrecht; Léo Pinheiro, presidente
da OAS; Ricardo Pessôa, presidente
da UTC Engenharia, e Fernando
Barbosa, presidente do EEP.
Área total do terreno: 1.000.000 m² sendo 750.000 m² área Industrial e 250.000 m²
área verde (preservação ambiental da mata ciliar).
Área total edificada: 90.000 m² (Coberta).
Área de estocagem matérias primas: 120.000 m².
Cais de acabamento: 750 m (calado de 12 metros).
Vias internas, estacionamento e circulação: 120.000 m².
Dique seco: 360 x 130 x 12 metros, com duas portas batel.
Pórticos: 2 x 850 ton de capacidade.
Diversos guindastes portuários de capacidade Variável (75 a 150 ton)
Keppel Fels Brasil construirá os módulos do FPSO Cidade de Mangaratiba
A KeppelFels Brasil assinou contrato no valor de R$ 200 milhões com
a joint venture Modec-Toyo Offshore Production Systems (MTOPS)
para a construção e integração dos
módulos produtores do FPSO Cidade de Mangaratiba MV24. Os módulos serão construídos no estaleiro
BrasFels em Angra dos Reis (RJ).
O projeto deve começar a ser realizado no último trimestre de 2012,
com previsão de entrega para o final de
2014. Além dos módulos, o contrato inclui a fabricação de heliporto, torres de
flare, risers, manifolds, unidades de remoção de sulfato e de injeção de água.
O FPSO será aportado por 20
anos para a Tupi, empresa holande-
sa na qual a Petrobras é sócia majoritária, com 65% de participação.
O Cidade de Mangaratiba MV24 irá
operar no campo de Lula-Iracema,
que faz parte do pré-sal da Bacia
de Campos. A embarcação possui
capacidade de produzir 150.000
barris de óleo por dia e pode armazenar até 1,6 milhão de barris.
TN Petróleo 84
9
indicadores tn
Segundo relatório divulgado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção do Pré-sal
teve crescimento de 4,8% em
relação ao mês passado, chegando
a 171,3 mil barris por dia de óleo
equivalente (boe/d). A produção foi
oriunda de dez poços nos campos
de Jubarte (um), Lula (cinco), Caratinga e Barracuda (um) e Marlim
Leste (um), Marlim Voador (um) e
Barracuda (um).
A produção total de petróleo
no Brasil em maio foi de 2,048
milhões de barris/dia (bbl/d),
apresentando redução de 1,2% em
relação ao mesmo mês de 2011.
Na comparação com abril de 2012,
houve aumento de 1,3%. Já a produção de gás natural foi de cerca
de 68 milhões de m3/dia, um aumento de 2,6% na comparação com
o mesmo mês do ano passado e de
4,7% em relação ao mês anterior.
Os campos marítimos foram
responsáveis por 91,1% da produção de petróleo e 75,4% da
produção de gás natural. O campo
de Marlim Sul foi o maior produ-
Foto P-56: Agência Petrobras
Produção no Pré-sal cresce
4,8% em relação a abril
tor de petróleo e gás natural, com
vazão média de 341,1 mil barris de
óleo equivalente por dia (boe/d).
Três campos terrestres integram
a lista de maiores produtores de
petróleo: Carmópolis (15º), Canto
do Santo Amaro (17º) e Leste do
Urucu (20º), com vazão média de
21,7 Mbbl/d, 20,5 Mbbl/d e 16,9
Mbbl/d, respectivamente.
A queima de gás natural no
Brasil continua em queda, segundo os dados obtidos pela ANP. Com
queima de quase 3,6 milhões de
m3/dia, houve redução de 9,7% em
relação ao mesmo mês em 2011 e
de 0,6% na comparação com abril
de 2012. Considerando apenas as
Concessões na fase de produção, o
aproveitamento de gás natural foi
de 95,1% em maio.
A produção oriunda das bacias
maduras terrestres (campos/TLDs
das bacias do Espírito Santo,
Potiguar, Recôncavo, Sergipe e
Alagoas) foi de 181,1 mil barris
de óleo equivalente/dia (181,1
Mboe/d), sendo 149,1 mil barris
de petróleo/dia (149,1 Mbbl/d) de
petróleo e 5,1 milhões de m3/dia
(5,1 MMm³/d) de gás natural.
A plataforma P-56, localizada
no campo de Marlim Sul, produziu, através de sete poços a ela interligados, cerca de 136,3 Mboe/d
e foi a plataforma com maior produção. Dos 20 campos com maior
produção de petróleo, os cinco que
mais produziram foram Marlim
Sul, Roncador, Marlim, Jubarte
e Barracuda. Já os cinco maiores
campos de produção de gás natural foram Manati, Marlim Sul, Rio
Urucu, Leste Urucu e Roncador.
Governo gaúcho muda ICMS de bens para
setor de óleo e gás
O Rio Grande do Sul altera
regra sobre isenção de Imposto
sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) para
bens e mercadorias utilizadas na
exploração e produção de petróleo
e gás sob amparo do regime de
admissão. Por meio do Decreto n.
49.294, de 26/06/2012, o governo
gaúcho alterou o inciso CLXXII, do
10
TN Petróleo 84
art. 9º, do Regulamento do ICMS
(RICMS), Decreto n. 37.699, de
26/08/1997.
Dessa forma, a isenção do
ICMS se aplica nas saídas destinadas a pessoa sediada no exterior,
dos bens e mercadorias fabricados
no país que venham a ser subsequentemente importados nos termos das cláusulas primeira e segunda do Convênio ICMS Confaz
n. 130, de 27/11/2007, sob o amparo
do Regime Aduaneiro de Admissão
Temporária, para utilização nas
atividades de exploração e produção de petróleo e de gás natural,
dentro ou fora do estado em que se
localiza o fabricante, e a operação
antecedente a essas saídas.
Foi acrescentada ainda uma
Nota de n. 6 ao inciso CLXXII, prevendo que esta isenção também se
aplica na hipótese de a operação
antecedente à saída destinada a
pessoa sediada no exterior tratar-se de operação interestadual.
Opep: aumento da demanda de petróleo em 2013
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) anunciou no seu relatório de junho
que a demanda global por petróleo no próximo ano será de 800 mil barris diários, apenas 0,92%
a mais do que o atual consumo, atingindo a marca de 89,500 milhões de barris diários.
A demanda pelo petróleo da Opep
deve ficar na média de 29,6 milhões de
bpd em 2013, quase dois milhões abaixo
dos níveis de produção de junho, de 31,36
milhões. De acordo com o documento,
a organização mantém a preocupação
com a dívida europeia, com a recuperação abaixo do esperado da economia
norte-americana, e a desaceleração do
crescimento em economias emergentes.
A Opep, que produz um terço do
petróleo global, disse que os saudáveis
níveis de produção dos países de fora da
organização para o próximo ano serão
suficientes para cobrir o modesto crescimento da demanda, sem a necessidade
de aumento da produção dentro do órgão.
A instituição manteve sua previsão
para o crescimento da demanda global
em 2012 em 900 mil barris por dia (bpd)
com um total de 88,69 milhões de barris
diários. O preço de referência do barril de petróleo em junho manteve seu
declínio pelo terceiro mês consecutivo, chegando a 93 dólares por barril. A
redução de 13% foi a maior queda mês
a mês desde os péssimos resultados
registrados em dezembro de 2008.
Os Estados Unidos, Canadá, Brasil, Cazaquistão e Colômbia deverão
Produção de países-membros da Opep e não membros – julho/10 a junho/12
ser os principais contribuintes para o
crescimento da demanda de petróleo
no mundo, enquanto Noruega, México e
Reino Unido são vistos como os países
que enfrentarão os maiores declínios.
A entidade também citou fontes
secundárias dizendo que a produção
iraniana estava em queda, para 2,963
milhões de bpd em junho, menor volume em mais de 20 décadas, enquanto a
Arábia Saudita elevou a produção para
mais de 10,1 milhões de bpd.
Segundo o relatório, a produção
de petróleo do Brasil deve ficar em
Consumo de eletricidade aumentou 3,8% em maio
O consumo de energia elétrica
na rede aumentou 3,8% em maio, alcançando 36.912 gigawatts-hora (GWh) e
acumulando crescimento de 4,2% no
ano. A apuração, compilada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE),
revela que se mantém o panorama dos
primeiros meses do ano de expansão do
Tel.: 4004 2503
consumo de energia apoiada na dinâmica das famílias e do setor de comércio
e serviços.
Embora esses segmentos representem,
em seu conjunto, 42% da demanda final,
respondem por mais de 60% do aumento
absoluto do consumo total no mês. Já a
indústria, que concentra mais de 40% da
uma média de 2,88 milhões de barris por dia (mb/d) em 2013, indicando
crescimento de 0,14 mb/d em relação
ao ano anterior. A hipótese de um retorno da produção do campo de Frade
dá suporte a estas perspectivas, que
também são apoiadas por uma longa
lista de projetos start-ups e ramp-ups,
como Aruana, Baleia Azul, Cachalote,
Jubarte P-57, Peregrino, Roncador
P-55, Tiro, Sídon, Waimea e Lula. A
Opep também prevê aumento de oferta e demanda de biocombustíveis no
Brasil em 2013.
demanda, participou em maio em menos
de 20% do aumento do consumo.
Nas classes residencial e comercial,
a expansão da demanda segue impulsionada pelo elevado nível de emprego e
pelo aumento da renda. O segmento de
comércio e serviços registrou aumento de
7,1% no consumo de energia em maio,
taxa muito próxima à acumulada no ano
(+7,0%) e em 12 meses (+6,8%).
TN Petróleo 84
11
indicadores tn
Petrobras aumenta preço do diesel em 6%
A Petrobras aumentou em
6% o preço do óleo diesel comercializado em suas refinarias em todo o
país. A estatal estima que o reajuste
represente um aumento aproximado
de 4% sobre o preço final do combustível vendido nas bombas, que inclui
ainda o custo do biodiesel e margens
de distribuição e revenda.
“Esse reajuste foi definido levando em conta a política de preços da
companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em
uma perspectiva de médio e longo
prazo”, divulgou a companhia.
Este é o segundo aumento anunciado pela Petrobras para o óleo die-
sel em menos de um mês. No último
dia 25 de junho, o preço do produto
já havia subido nas refinarias 3,9%,
enquanto o valor da gasolina sofreu
aumento de 7,8%.
A autorização do reajuste foi
dado pela presidente Dilma Rousseff,
aproveitando o momento de menor
pressão inflacionária. Esta é a primeira vez desde maio de 2008 que
o aumento de preços do diesel nas
refinarias será repassado para o consumidor final. Em junho de 2009, os
preços da gasolina e do diesel foram
reduzidos em 4,5% nas refinarias. No
dia 1º de novembro do ano passado,
a gasolina foi reajustada em 10% e
o diesel em 2% nas refinarias, mas
Produção da Petrobras de óleo, lgn e gás natural
Período de 11/2011 a 04/2012
dow jones (%)
18/maio
Produção de óleo e LGN (em mbpd) - Brasil
Nov
Dez
Jan
Fev
Mar
Abril
Bacia de Campos
1.698,6
1.713,6
1.753,1
1.758,7
1.641,2
1.612,1
Outras (offshore)
150,2
158,8
149,8
130,0
142,6
142,8
Total offshore
1.848,8
1.872,5
1.902,9
1.888,8
Total onshore
211,9
211,8
207,2
209,3
2.060,7 2.084,3
2.110,1
Total Brasil
1.783,8 1.754,9
209,4
206,2
2.098,1 1.993,2 1.961,0
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d)* - Brasil
Nov
Dez
Jan
Bacia de Campos
22.779,0
23.275,7
24.553,8
23.946,8 22,784,8 22,753,8
Outras (offshore)
19.456,7
21.327,1
20.386,3
17.782,3
Total offshore
42.235,7 44.602,8
44.940,1
41.729,2 40.497,7 39.880,9
Total onshore
15.385,2
15.542,0
15.120,3 15.665,6 14.867,1
Total Brasil
57.620,9 60.863,8
Nov
16.060,8
Dez
Fev
Mar
Abril
17.712,9 17.127,2
60.482,1 56.849,5 56.163,3 54.748,1
Jan
Fev
Mar
Abril
145,2
151,1
149,9
Produção de óleo e LGN (em mbpd)** - Internacional
Exterior
152,7
152,8
148,0
Produção de GN sem liquefeito (em mm³/d) - Internacional
Exterior
17.188,7
16.502,7
15.735,3
16.983,1 17.400,3 16.430,8
Produção total de óleo, LGN e de gás natural (em mboe/d)
Brasil+Exterior
2.684,2
2.715,8
2.731,1
2.700,8
2.599,9
(*) Inclui gás injetado.
(**) Em 2003 inclui os dados da Petrobras Energia (ex-Pecom).
12
TN Petróleo 84
também naquele momento o governo
usou a Cide para segurar o repasse.
O aumento nos preços do diesel
terá forte impacto nos custos dos
transportes rodoviários, como em
ônibus e em veículos de carga. Em
12 meses, o combustível acumula inflação de 1,48%, sendo que somente
neste ano já está em 1,25%. A variação está abaixo dos 4,92% do IPCA do
IBGE. Em junho, os preços recuaram
0,04%, após alta de 0,5% em maio.
De acordo com cálculos do Centro
Brasileiro de Infraestrutura (CBIE),
a gasolina brasileira está com 14%
de defasagem em relação aos preços
cobrados no mercado internacional.
No diesel, a diferença é de 23%.
Fonte: Petrobras
2.551,9
17/julho
0,59 0,62
bovespa (%)
18/maio
17/julho
0,88 0,95
dólar comercial*
18/maio
17/julho
2,018 2,022
euro comercial *
18/maio
17/julho
2,588 2,484
*Valor de venda, em R$
Projeção de expansão do PIB em 2012 é de 1,9%
A expectativa de analistas do
mercado financeiro para o crescimento da economia este ano caiu
pela décima semana seguida. A projeção para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB), desta vez, passou
de 2,01% para 1,9%. Há quatro semanas, a estimativa estava em 2,3%.
Para 2013, houve redução de 4,2%
para 4,1%. As informações constam
do boletim Focus, pesquisa semanal
do Banco Central (BC), divulgada
toda segunda-feira.
A redução na estimativa de crescimento econômico ocorre em momento em que o país enfrenta efeitos da
crise econômica externa. Na última
quinta-feira (12), o Índice de Atividade
Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou que a economia ficou
estagnada em maio (retração de 0,02%,
na comparação com o mês anterior).
Nos cinco meses do ano, ante igual
período de 2011, houve expansão de
apenas 0,85%. Neste ano, o BC espera
que a economia cresça 2,5%, ante a
estimativa anterior de 3,5%. Em 2011,
a expansão do PIB foi de 2,7%.
A expectativa dos analistas para
o crescimento da produção industrial
também caiu, pela sétima semana seguida, ao passar de 0,1% para 0,09%,
em 2012. Para 2013, a expectativa é
de recuperação, com crescimento
de 4,3%, ante 4,25% previstos anteriormente.
ações ações ações ações ações ações ações ações ações
petrobras
ON
18/maio
17/julho
3,02
-0,30
R$ 19,78
PN
R$ 19,89
18/maio
17/julho
3,47
-0,52
18/maio
17/julho
2,65
-0,10
R$ 19,07
R$ 19,25
VALE
ON
18/maio
17/julho
2,37
-0,38 PNA
R$ 36,68
R$ 39,45
OGX
ON
R$ 35,70
R$ 38,74
BRASKEM
18/maio
17/julho
18/maio
5,10
2,38
PNA -0,37
R$ 11,53
R$ 5,59
R$ 10,91
17/julho
4,46
R$ 12,17
petróleo brent (US$)
18/maio
107.14
17/julho
103.58
petróleo WTI (US$)
18/maio
91.32
17/julho
89.34
FRASES
“Buscamos o equilíbrio no
balanço entre oferta e demanda de derivados, e para isso é
fundamental a construção da
refinaria do Maranhão”.
Graça Foster, presidente da Petrobras, durante
reunião com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, em São Luís, 10/07/2012.
“A demanda mundial se
retrai. A reação à política
econômica adotada em 2008
e 2009, com a reativação do
consumo, está agora com resposta limitada. Vamos crescer,
mas a um ritmo mais moderado. A saída é aumentar a
competitividade por meio dos
investimentos”.
Flávio Castelo Branco, gerente executivo da
CNI, sobre a redução da projeção de crescimento do PIB. 11/07/2012 - Agência Brasil
“Mas nós teimamos, primeiro
porque somos capazes sim de
construir plataformas, de ter
achado o pré-sal e depois de 20
anos estar construindo a primeira sonda no país. Por que não
seríamos capazes de construir
uma plataforma?”
Dilma Rousseff, presidente do Brasil, no dia 13 de
julho durante o lançamento da plataforma P-59.
“Nós podemos, creio eu,
imaginar que ainda este ano
possa haver uma revisão
desses preços de combustíveis
já na bomba”.
Edison Lobão, ministro de Minas e Energia.
14/07/2012 - O Estado de São Paulo
“A atividade econômica perdeu força em várias economias
emergentes, notadamente
Brasil, China e Índia. Em partes, isso reflete um ambiente
externo mais fraco, mas a
demanda doméstica também
teve forte desaceleração”.
Relatório do Fundo Monetário Internacional
(FMI), que reduziu previsão de crescimento
para o Brasil, para 2,5%, este ano, mas prevê
expansão de 4,6% na economia brasileira em
2013, divulgado em 16/7/2012.
TN Petróleo 84
13
indicadores tn
FMM: novos financiamentos
O Conselho Diretor do Fundo
da Marinha Mercante (CDFMM)
concedeu prioridade de recursos a
embarcações e estaleiros em sua 20ª
Reunião Ordinária, realizada no dia 6
de julho em Brasília. O investimento
confirmado é de R$ 1,4 bilhão, com
medida publicada no Diário Oficial
da União no dia 11 de julho, por meio
da Resolução n. 117.
A aprovação é referente a 28 projetos de 17 empresas. Eles abrangem
104 embarcações e cinco estaleiros.
Até 90% do valor investido é passível de financiamento com recursos
do Fundo da Marinha Mercante
(FMM). A definição do percentual de
financiamento depende do conteúdo
nacional de cada projeto e do tipo da
embarcação, nos termos das regras
previstas na Resolução n. 3.828/2009
do Conselho Monetário Nacional.
O conselho deu destaque a 19
novas embarcações, sendo 18 para
Navegação de Apoio Marítimo,
US$ 397.511.223,57, e uma para
Navegação de Apoio Portuário,
US$ 3.009.453,83. Esses investimentos
permitirão o atendimento do programa
de exploração e abastecimento de petróleo no Brasil e o apoio ao transporte de
mercadorias no interior e na costa do país.
Quatro estaleiros também encabeçam a lista do conselho, sendo
três localizados no Rio de Janeiro e
um em São Paulo, totalizando US$
50.926.980,08. Os empreendimentos do Rio têm foco na reparação e
construção naval. Já os localizado
no estado de São Paulo são para
Energia do contrato spot cai mais de
34% em junho
O preço de energia elétrica de fonte convencional do contrato spot para
entrega no mês de junho, variou de
R$ 128,65 MWh a R$ 126,04 MWh
na plataforma da Brix. Esses valores
correspondem às negociações realizadas entre agentes do Ambiente de
Contratação Livre (ACL), Participantes
da Brix, no período de 14 de junho
de 2012 a 11 de julho de 2012 – mês
base da Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE). A baixa
registrada no período foi de pouco
mais de 2%, porém, se comparado ao
valor de fechamento do mês anterior,
a queda foi mais expressiva: 34%.
“Os valores verificados nesse
período reforçam a tendência de
queda no preço da energia no mercado spot que prevaleceu até o início deste mês”, comenta Marcelo
Mello, CEO da Brix. “A partir do
início de julho, com um volume de
chuvas no Sudeste/Centro Oeste e
Sul significativamente menor que o
verificado em junho, o PLD voltou
a subir, mas ainda está em patamar
inferior à média do mês de junho.”,
destaca o executivo.
14
TN Petróleo 84
O PLD médio mensal publicado pela Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica (CCEE) para o
submercado Sudeste/Centro-Oeste,
que em maio foi de R$ 180,94 MWh,
recuou para R$ 118,49 MWh em junho, uma desvalorização de 34,51%.
O índice Brix Convencional, que
evidencia o prêmio sobre o PLD negociado na plataforma para energia
de fonte convencional, encerrou o
mesmo período a R$ 7,55 MWh, com
desvalorização de 41,47% em relação
ao verificado no mês anterior. O patamar máximo alcançado no período
foi de R$ 10,16 MWh, no dia 14 de
junho, e o mínimo de R$ 7,05 MWh,
no dia 5 de julho.
O índice Brix Incentivada 50%,
que representa o preço de energia
negociado na plataforma para contratos de fonte incentivada com 50%
de desconto na Tarifa de Uso dos
Sistemas Elétricos de Distribuição
(TUSD), fechou o período (14 de junho de 2012 a 11 de julho de 2012) a
R$ 193,38 MWh, redução de 7,91%
ante o valor de fechamento do mês
anterior. O preço mais alto negociado
construção de comboios fluviais e
iniciarão suas atividades construindo
os 20 comboios fluviais do Promef
Hidrovias da Transpetro.
Os maiores recursos serão aplicados nos segmentos de apoio marítimo e cabotagem, respectivamente
R$ 716,462 milhões e R$ 161,099 milhões. Para estaleiros - ETP Engenharia, Estaleiro Rio Tietê, Dockshore
Navegação e Serviços Ltda., e DSN
Equipemar Engenharia e Construção Naval – o montante chega a R$
93,565 milhões. Projetos de apoio
portuário e navegação interior totalizam investimentos de R$ 46,911
milhões e R$ 4,700 milhões.
As reuniões ordinárias do Conselho Diretor são trimestrais. A próxima
será realizada no dia 5 de outubro.
no mês foi R$ 193,38 MWh, no dia
11 de julho, e o mínimo de R$ 150,00
MWh, no dia 3 de julho.
Índices Brix – A metodologia de
cálculo dos Índices Brix consiste
em uma média ponderada das operações negociadas na plataforma
diariamente com vencimento no
mês corrente, para o submercado
Sudeste/Centro-Oeste, o qual apresenta maior liquidez entre as negociações efetuadas. Os índices Brix
são divulgados diariamente em R$
por MWh (megawatts-hora) no site
www.brix.com.br.
O preço da energia elétrica convencional de curto prazo é determinado pela somatória dos valores
do prêmio praticado no mercado,
evidenciado pelo índice Brix Convencional, e do PLD (Preço de Liquidação das Diferenças), divulgado
semanalmente pela CCEE.
O índice Brix Incentivada 50%
refere-se aos contratos de energia elétrica de fonte incentivada
com 50% de desconto na Tarifa
de Uso dos Sistemas Elétricos de
Distribuição (TUSD), negociados
a preço fixo para entrega no mês
corrente no submercado Sudeste/
Centro-Oeste.
TN Petróleo 84
15
entrevista exclusiva
O DNA falou mais alto
por Beatriz Cardoso
Uma das primeiras
companhias
internacionais a atuar
no Brasil na prospecção
de petróleo – nas bacias
de Santos, Paraná e
Amazonas, na época
dos contratos de riscos,
nas décadas de 1970/80
– o grupo BP, antes
conhecido como British
Petroleum, volta a apostar
firme na exploração e
produção de petróleo
no país, onde investiu,
somente no ano passado,
cerca de US$ 5 bilhões.
16
TN Petróleo 84
A maior parte nas atividades que estão no DNA da companhia britânica,
E&P – e US$ 1,6 bilhão, no segmento de biocombustíveis –, principalmente
na aquisição de ativos da Devon, por meio de farm in, para recompor uma
carteira própria, que já soma 14 ativos, nove dos quais em parceria com a
Petrobras. Uma verdadeira guinada para retomar as atividades exploratórias no país, depois de ter devolvido, em 2005, os dois blocos exploratórios
na bacia da Foz do Amazonas, adquiridos após a quebra do monopólio no
Brasil, com a Lei do Petróleo, de 1997. A BP chegou a perfurar três poços na
Amazônia sem obter os resultados esperados.
“Nunca paramos completamente nossas atividades nesse segmento no
país. Mesmo sem ativos continuamos a prospectar informações para avaliar
novas oportunidades e potenciais ativos”, afirma o engenheiro químico
venezuelano Guillermo Quintero, presidente da BP Energy do Brasil. “Maior
prova disso é que agimos rapidamente quando surgiu a oportunidade”,
complementa o executivo, que durante a entrevista à TN Petróleo manteve a
discrição em relação às perspectivas da empresa em relação aos diversos
ativos – inclusive ao potencial do pré-sal em alguns deles. Com 32 anos no
setor de petróleo e gás natural, tendo trabalhado antes na venezuelana
PDVSA e na norte-americana Arco Oil & Gas, Quintero frisa que a BP atua
no mundo inteiro do poço ao posto, sendo E&P uma vocação da companhia.
“Está no nosso DNA”.
TN Petróleo − Em menos de um ano a BP saiu do zero em ativos no Brasil
para um portfólio de porte, com produção, depois de seis anos sem fazer
qualquer movimento nessa área. Por que essa guinada?
Guillermo Quintero – A estratégia global da BP, na área de petróleo e gás natural,
aponta cinco cenários prioritários para os próximos anos: exploração, águas
profundas, desenvolvimento de campos gigantes (como é o caso do Iraque),
refino e comercialização, e a cadeia de gás natural. Ou seja, praticamente do
poço ao posto, como dizem. Ora, temos dois destes cenários muito fortes no
Brasil: o de exploração, pelo grande potencial das bacias brasileiras, e o de águas
profundas. O fato é que a BP gosta de explorar, prospectar novas fronteiras:
foi assim que ela começou, há mais de cem anos, prospectando petróleo na
antiga Pérsia. Temos também uma sólida expertise em águas profundas, com
operações em diversas regiões. Ora, o Brasil é o lugar certo para se realizar
essas duas atividades que fazem parte da vocação da companhia. A exploração
está no nosso DNA.
Fotos: Ricardo Almeida
Guillermo Quintero, presidente da BP Brasil
A estratégia global
da BP é a exploração,
águas profundas,
desenvolvimento de
campos gigantes (como é
o caso do Iraque), refino e
comercialização, e a cadeia
de gás natural.
Dos 14 ativos que a BP tem hoje
no país, nove são em associação
com a Petrobras. Em março desse
ano, vocês adquiriram participação
de 40% em quatro blocos operados
pela Petrobras (dois na bacia do Ceará e outros dois na de Barreirinhas,
na margem equatorial brasileira).
Vocês consideram essa parceria
com a Petrobras estratégica para a
companhia atuar no país?
A Petrobras é uma empresa
sólida, reconhecida no mercado
internacional por sua expertise. E
estamos orgulhosos dessa parceria com uma companhia forte, que
tem muitas sinergias com a BP: as
duas empresas gostam de águas
profundas, de prospectar novas
fronteiras exploratórias. São áreas
de forte expertise para ambas.
Portanto, é natural essa associação, que não se restringe somente
ao Brasil.
Por que essa aposta na margem
equatorial brasileira? O que atraiu a
BP para esses ativos, enquanto todo
mundo foca o pré-sal?
A exploração é a nossa vocação
natural. Portanto é importante
olhar para todas as oportunidades, inclusive em novas fronteiras
exploratórias.
Vocês estão avaliando parcerias
com outras empresas?
Demos a partida no ano passado
em uma estratégia de expansão,
que começou pela aquisição de
ativos da Devon e, depois, de
parcerias com a Petrobras. Isso
não quer dizer que não estejamos
atentos a todas as oportunidades que surgirem e que podem
implicar em estabelecer novas
parcerias, como as que já temos
no Brasil . E é claro que, como
qualquer companhia de petróleo,
vai prospectar e avaliar todas as
possibilidades de participar no
desenvolvimento do pré-sal.
TN Petróleo 84
17
entrevista exclusiva
A equipe de
exploração
sempre está vendo
as oportunidades
de aprofundar
e buscar o présal. Ir mais
Vocês pretendem incorporar novos ativos por meio de farm in ou
também vão aos leilões da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP)?
Estamos atentos a todas as
oportunidades. Temos grande
interesse nas próximas rodadas
de licitações da ANP, tanto em
novas fronteiras como no pré-sal,
assim como em áreas tradicionais
de produção. Mas também vamos
avaliar outras oportunidades que
surjam, inclusive de farm in de ati-
fundo em Polvo
vai depender da
reinterpretação
dos dados sísmicos
existentes.
vos. Tudo vai depender do potencial dessas oportunidades e dos
parceiros que estiverem propondo
a cessão de parte de seus ativos.
Vamos falar do que já está em
produção. De acordo com o boletim
mensal da ANP, publicado em 10 de
junho, referente a abril de 2012, a BP
Energy é a quarta maior produtora de
óleo e gás (barril equivalente), com
23,7 mil boe/dia. Em maio de 2011,
esse volume era de 7,7 mil boe e a
Devon, que detinha essa concessão,
ocupava a sétima posição no ranking.
Em um ano vocês avançaram posições e aumentaram a produção no
Brasil, a partir do campo de Polvo.
Quais as perspectivas em relação
a esse ativo? É possível aumentar
a produção? Qual o tempo de vida
útil dele?
Temos hoje uma produção em torno
de 20 mil barris/dia em Polvo, na
Bacia de Campos. Nos últimos meses tivemos alguns problemas que
afetaram essa produção, mas ela já
está normalizada. Estamos iniciando uma reinterpretação de dados
sísmicos dessa área, para reavaliar-
Mais de meio século de Brasil
Foi com a marca Castrol, de
lubrificantes, que a BP se instalou
no Brasil em 1957, no Rio de Janeiro.
A companhia energética britânica iniciou aqui as atividades exploratórias
nas décadas de 1970-80, quando o
governo brasileiro abriu espaço para
a entrada de oil companies estrangeiras. Por meio dos chamados ‘contratos de risco’ a BP realizou campanhas sísmicas nas bacias do Paraná,
Amazonas e Santos, tendo perfurado
quatro poços nessa última.
O retorno ao E&P ocorreu com
a abertura do mercado, quando se
tornou operadora de dois blocos de
águas profundas na foz do Amazonas,
devolvidos em 2005. Com a aquisição
de ativos da Devon Energy do Brasil,
a empresa, sob o nome BP Energy,
18
TN Petróleo 84
passou a ser um importante player,
somando hoje 14 ativos.
Presente também na área de
energias renováveis, a BP instalou
1.852 painéis solares em 11 estados
brasileiros, entre 2000 e 2003, e tem
hoje um portfólio de peso na área
de biocombustíveis. Foi a primeira
companhia petrolífera estrangeira
a investir em projetos de etanol no
Brasil, tendo investido, no ano passado, mais de U$ 1,6 bilhão em biocombustíveis no país, para comprar
a Companhia Nacional de Açúcar e
Álcool (CNAA) e os 50% restantes da
Tropical Bioenergia (2011), da qual
tinha 50% desde 2008.
Na área de combustíveis de
aviação, a Air BP hoje está presente em 18 aeroportos do país, tendo
participado, em 2010, do primeiro voo
da América Latina abastecido com
biocombustível (bioQAV) produzido a
partir de pinhão-manso (bioQAV), em
uma iniciativa pioneira com a TAM e
Airbus. A empresa também participa
com parceiros, de diversos estudos
sobre biocombustíveis.
o dna falou mais alto
mos esse campo e as oportunidades
que ele oferece. Mas é muito cedo
ainda para falar no assunto.
Qual a vida útil que a BP avalia
para o campo de Polvo, descoberto
em 2004 no antigo bloco BM-C8, obtido na Segunda Rodada dos
leilões da ANP, em parceria com
a Maersk (que detém 40%), com
óleo pesado (19 graus API) e que
está em produção há poucos anos
(desde 2007)? Há planos de se aprofundar as operações até a camada
do pré-sal, devido às expectativas
em torno de reservas em potencial
nesse cenário, como a operadora
anterior havia sinalizado?
Não podemos dizer qual a expectativa de vida útil de Polvo, pois
essas informações são estratégicas para qualquer companhia.
E até mesmo isso pode ser muda-
do, devido a novas reinterpretações
e até descobertas em outras camadas. Mas quero lembrar que retomamos nossas atividades justamente comprando esses ativos da
Devon. O que indica que as nossas
expectativas não são pequenas.
A equipe de exploração sempre
está vendo as oportunidades de
aprofundar e buscar o pré-sal.
Ir mais fundo em Polvo vai depender da reinterpretação dos dados
sísmicos existentes, sendo que não
há planos de fazer novas aquisições nessa área, por enquanto.
Qual a previsão de início da produção do campo de Xerelete, descoberto
em 2007 em lâmina d’água de quase
2.500 m, no qual vocês têm pouco
mais de 17%, sendo operados pela
Petrobras (que divide com a francesa
Total os mais de 82% restantes)?
Prefiro deixar que o operador se
manifeste sobre isso. Mas o projeto
continua em andamento.
A BP tem, além de Polvo, quatro descobertas offshore na Bacia de Campos:
duas em blocos operados pela companhia − Itaipu, no BM-C-32, e Fragata, no
BMC-34, e duas descobertas em blocos
operados por parceiros, Xerelete (Petrobras), no bloco BC-2, e Wahoo, no
BM-C-30, operado pela Anadarko. Qual
a expectativa de início de produção para
cada um desses blocos? Em que etapa
está cada um deles junto à ANP?
Você conhece como funciona a
E&P: temos que fazer avaliações,
entender melhor o reservatório,
seu potencial, para determinar
qual o projeto de desenvolvimento
de cada campo e do sistema que
deverá ser implantado lá. É isso
que estamos fazendo. Ainda é cedo
Nesta
edição.
TN Petróleo 84
19
entrevista exclusiva
para falar em produção em qualquer um deles. Estamos avaliando
os planos de sísmica nos campos
operados pela BP, assim como
analisando com os nossos parceiros os próximos passos nessas
áreas. O que eu posso adiantar é
que temos atividades programadas
para atender a todos os requisitos
da ANP em relação a cada um de
nossos ativos, antes de expirar os
prazos da concessão.
Como está o projeto de Camamu
Almada, único em que vocês estão
sozinhos, com 100%? As perspectivas
são boas?
Esperamos que Camamu tenha um
bom potencial. Estamos nos preparando para fazer aquisição sísmica
2D, conforme compromisso estabelecido com a ANP. Vamos buscar
cumprir todos os compromissos
exploratórios nessa área.
Onde vocês pretendem realizar
aquisição sísmica esse ano?
Nas bacias de Campos, no Rio de Janeiro, e de Parnaíba, no Maranhão.
Outras campanhas devem ser iniciadas
apenas no próximo ano.
Por que Parnaíba? O que levou a
BP a apostar também nessa bacia:
a descoberta da OGX pesou nessa decisão ou foi mais o reforço da
parceria com a Petrobras, à qual
vocês estão associados nos blocos
BT-PN-2 e BT-N-3, sendo operador
do primeiro?
Parnaíba veio no ‘pacote’ da Devon. Por que já estamos começando a campanha nessa bacia? É um
conjunto de fatores, que somam
desde as descobertas ocorridas lá
como também o espírito explorador, a parceria com a Petrobras,
entre outros.
Qual o programa da campanha
exploratória da BP para os próximos anos? Quanto de sísmica (2D
20
TN Petróleo 84
e 3D), no total, a empresa pretende
adquirir em terra firme e no offshore? E poços a perfurar?
Todas as informações públicas
referentes às nossas atividades podem ser acompanhadas
por meio da ANP, inclusive as
campanhas sísmicas acordadas
com a ANP, dentro dos contratos
de concessão. Reservamo-nos
o direito de manter a discrição quanto à nossa estratégia,
inclusive no que diz respeito à
campanha exploratória que vamos
implementar nos próximos anos.
Quanto à sísmica, posso adiantar
que a aquisição mais importante desse ano será, sem dúvida,
na Bacia de Paranaíba. Como já
disse, vamos reinterpretar dados
sísmicos de nossas áreas na Bacia de Campos.
É lá que está o navio-sonda Ensco-DS4?
Sim. Ele chegou em meados do
ano passado e está trabalhando na
costa brasileira há quase um ano.
É uma sonda nova, top de linha,
de sexta geração, possui os mais
modernos equipamentos, atendendo aos mais altos requisitos de
segurança exigidos pelo mercado; essa sonda opera em lâminas
d’água de 3.048 m, tendo perfurado
até 12.192 m. Com um comprimento
total de 228,6 m e capacidade para
200 pessoas, é uma sonda moderníssima, com três sistemas de
posicionamento dinâmico, equipado
para dual activity drilling (possui
dois sistemas de perfuração, que
permite que o processo de drilling
seja conduzido simultaneamente,
garantindo uma operação mais
eficiente), dois sistemas de draw
works (guinchos), duas mesas
rotativas e dois top drives. Tem um
BOP (blow out preventer) com seis
gavetas e dois anulares e dispõe
ainda de dois sistemas completos de ROV (veículo submersível
operado remotamente). Essa
sonda permanecerá no Brasil pelo
menos até 2015, com um plano de
atividade que inclui exploração e
avaliação de poços. Vamos focar na
sísmica na Bacia de Campos nesse
ano, para planejar perfurações no
próximo. Temos ainda uma sonda
fixa em Polvo.
Vocês já foram duas vezes para
a Amazônia sem grandes resultados.
Essa bacia não está mais nos planos
da BP?
A Amazônia faz parte da história
da BP. Tudo depende da abertura
de oportunidades em outras áreas
e do que for mais interessante
para a companhia. Teremos que
analisar a experiência passada na
Amazônia e as novas informações
sobre essa região antes de pensar
em voltar para lá. O nosso principal foco está em águas profundas
e novas fronteiras offshore. Mas
nunca dizemos... pois aqui no
Brasil há muitas áreas de bacias
terrestres pouco exploradas −
tirando aquelas em que já há uma
atividade madura, como na Bahia,
Espírito Santo, Sergipe, Alagoas,
Potiguar. Se não acreditássemos
no potencial terrestre, não estaríamos na Parnaíba. Esperamos que
este casamento, com a Petrobras
em terra, seja bem-sucedido. Tudo
vai depender dos resultados das
atividades exploratórias.
Vocês continuam apostando em
alcançar os 100 mil barris no Brasil
até o final dessa década?
Tudo depende do programa de
avaliação para saber se chegaremos
ou não a 100 mil barris até 2020.
Temos um bom portfólio, assim
como muito otimismo em relação ao
Brasil. Como traduzir esse otimismo
em números é outra coisa. É mais
difícil. Depende dos resultados que
obtivermos em nossas atividades
nos próximos anos.
TN Petróleo 84
21
especial:
especial:
pn sísmica
2012-2016
Petrobras investirá
Aprovado no final de junho, o Plano de Negócios da estatal para o período
2012-2016 prevê 5,25% a mais que o anterior (o de 2011-2015 era de US$
224,7 bilhões). Os investimentos aumentaram, mas a Petrobras decidiu rever
suas metas de produção, agora reduzidas. “São metas historicamente não
cumpridas”, pontuou Graça Foster, presidente da Petrobras, observando
que isso se deve ao fato de não serem realistas. Segundo a estatal, o
plano enfatiza a recuperação da curva de produção de óleo e gás natural;
a exploração e produção de óleo e gás no Brasil; o alinhamento de metas
físicas e financeiras de cada projeto; e o desenvolvimento dos negócios da
empresa com indicadores financeiros sólidos.
22
TN Petróleo 84
Foto: Banco de Imagens Stock.xcng / TN Petróleo
sísmica: no rastro do petróleo
US$ 236,5 bilhões
até 2016
por Maria Fernanda Romero
N
o Plano de Negócios 2012-2016,
que prevê investimentos de US$
236,5 bilhões, a
Petrobras decidiu
reduzir a meta de crescimento
da produção de petróleo em
relação ao plano do ano passado. E anunciou uma redução
de suas projeções de produção
para 2020 de 4,91 milhões de
barris de petróleo diários para
4,2 milhões. Para a presidente
da estatal, Graça Foster, a meta
de produção da empresa não era
realista e os números estavam
ousados demais.
“Verificamos exatamente
que nesses oito planos de negó-
cios não temos cumprido nossa
meta de produção. Temos, como
uma das conclusões, que nosso
plano esteja sendo trabalhado sobre metas ousadas, que
se mostraram ano a ano não
realistas”, disse a executiva na
apresentação do plano a analistas, investidores e imprensa.
A nova projeção aponta uma
produção de 2,5 milhões de
barris diários para 2016, enquanto o plano anterior previa
que a Petrobras alcançaria 3,07
milhões de barris de petróleo
em 2015. Somando óleo, LGN
(líquido de gás natural) e gás
natural, no Brasil e no exterior,
a meta de 2016 é de 3,3 milhões
boe/dia, sendo 3,0 milhões boe/
dia no país. O maior crescimento da produção (5% a 6%) é esperado ocorrer a partir de 2014,
enquanto que a expectativa é
de manutenção da produção
em linha com o nível de 2011
(cerca de 2%).
“Foi preciso rever a curva de
produção de óleo, com orientação para metas absolutamente
realistas, e visão pragmática em
projetos reais. Não é possível
considerar milagres quanto se
tem demanda forte mundial e no
Brasil”, ressaltou Graça Foster.
A nova curva de produção tem
como base a revisão da eficiência operacional dos sistemas em
operação na Bacia de Campos e
no cronograma de entrada de noTN Petróleo 84
23
especial: pn 2012-2016
vas unidades ao longo do período
contemplado pelo Plano.
Graça Foster ressaltou que
dez sondas entregues em 2011,
com conteúdo local zero, tiveram
um somatório de atraso de 542
dias, comprometendo a produção. Este ano, das 12 sondas
previstas, ainda faltam chegar
três, todas com atraso.
Preço do combustível
O diretor Financeiro e de
Relações com Investidores da
Petrobras, Almir
Barbassa, disse
ainda que manter
a paridade do
preço do combustível é um ponto
fundamental no
plano de negócios da estatal para o período de
2012 a 2015.
“É preciso seguir o preço
internacional fazendo ajustes
a médio e longo prazo, como
temos feito”, disse, referindo-se
também ao recente aumento de
combustíveis. “Nosso pressuposto é a paridade de preços internacionais. Se não foi atingida,
continua sendo meta. O reajuste
nos coloca no alvo”, observou
Barbassa, sugerindo que novos
reajustes podem ocorrer.
De acordo com ele, o preço do
petróleo do tipo Brent deve ficar
em US$ 110,8 (bbl) diminuindo
para US$ 90 ao longo do período.
Barbassa explicou que o planejamento financeiro do Plano de
Negócios 2012-2016 não prevê
a emissão de novas ações e ressalta a necessidade de manter o
grau de classificação de investimento robusto.
Para alcançar os novos
objetivos, a Petrobras tem três
programas que considera estruturantes para a sustentabilidade do plano: um programa de
24
TN Petróleo 84
Foi preciso
rever a curva
de produção
de óleo, com
orientação para
metas absolutamente realistas,
e visão pragmática em projetos reais. Não é
possível considerar milagres
quanto se tem
demanda forte
mundial e no
Brasil”
Graça Foster,
presidente da Petrobras
aumento de eficiência operacional da Bacia de Campos;
um programa de otimização de
custos operacionais para identificar oportunidades de redução
de custos; e um programa de
gestão de conteúdo local, para
aproveitar ao máximo a capacidade competitiva da indústria
nacional de bens e serviços.
E&P é prioridade
Do total de volume de investimentos previsto pelo plano,
US$ 141,8 bilhões (60%) serão
destinados ao segmento de
exploração e produção (no Brasil
e no exterior). No Brasil, a área
de E&P receberá um total de
US$ 131,6 bilhões, que representa quase 95% do volume total,
ficando cerca de 4,5% (US$ 10,7
bilhões) para projetos no exterior.
Dos US$ 141,8 bilhões, 68%
(US$ 89,9 bilhões) serão alocados no desenvolvimento da produção, 19% (US$ 25,4 bilhões)
para exploração e 12% (US$ 16,3
bi) em infraestrutura e suporte.
Os investimentos no pré-sal correspondem a 51% do valor total
do E&P. A média de investimento
anual será de US$ 47,3 bilhões.
Os investimentos em exploração totalizam US$ 25,4 bilhões e
têm ênfase em novas fronteiras,
nas margens leste e equatorial
do país. “Nossa relação reserva/
produção precisa se manter em
nível seguro, acima de 15 anos.
Isso nos obriga a investir muito
em exploração
e em agregação
de reservas provadas que suportem o crescimento futuro
de produção”,
disse o diretor
de Exploração e Produção, José
Miranda Formigli, segundo o
qual a relação reserva/produção
da Petrobras hoje se mantém em
19 anos.
Graça Foster esclarece que a
Petrobras revisitou o cronograma
dos seus projetos na área durante
três meses. Além da contribuição
dos novos sistemas, o incremento
na produção de petróleo e gás no
país virá, em parte, dos resultados a serem alcançados pelo Programa de Aumento de Eficiência
Operacional da Bacia de Campos
(Proef). “Esta unidade representa 25% do nosso potencial de
TN Petróleo 84
25
Foto: Agência Petrobras
especial: pn 2012-2016
produção. Portanto, temos que
trabalhar para que ela recupere
sua produção, dentro de metas
que possam ser atingidas, com
todo o suporte da organização
da Petrobras ao time da Bacia de
Campos”, comentou Formigli.
Na apresentação do PN, foi
destacado que a eficiência operacional da companhia decaiu
nos últimos anos, por conta da
Unidade de Operação Bacia
de Campos (UO-BC): o índice
de eficiência operacional dessa bacia, no primeiro trimestre
desse ano, foi de 72% (71% na
média de 2011), enquanto que o
da Petrobras, não computando os
resultados da UO-BC, estaria em
93%. Nas média global, o índice
final ficou em 86%.
Internacional segue a matriz
Com recursos de US$ 6
bilhões para projetos em implantação, de um total de US$
10,7 bilhões, a área Internacional da Petrobras manterá o
foco em E&P, para o qual serão
destinados 85% dos recursos. De
acordo com a Petrobras, a área
irá buscar projetos autofinanciáveis, que não onerem o caixa da
companhia e que complementem os negócios no Brasil. US$
4,7 bilhões serão destinados aos
projetos em avaliação.
26
TN Petróleo 84
“Estamos buscando parceiros
e sócios que vislumbrem o valor
de nossos ativos no exterior e
estejam dispostos a aportar
os recursos necessários para
o pleno desenvolvimento dos
nossos projetos”, explicou o
diretor interino da área Internacional, José Carlos Vilar Amigo.
Refino: revisão do cronograma
Na área de abastecimento,
45% dos US$ 55,8 bilhões destinados aos projetos em implantação serão investidos no aumento
da capacidade de refino nacional
e correspondem às obras da
Refinaria Abreu e Lima (RNEST)
e do primeiro trem do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj). Juntas, as duas unidades aumentarão a capacidade
de refino da Petrobras em 400
mil barris por
dia, chegando a
2,4 milhões de
barris por dia.
Segundo o
diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza,
a RNEST será a unidade operacional da Petrobras com a maior
taxa de conversão de petróleo
cru em diesel, de 70%. Com três
anos de atraso e oito vezes mais
cara, a refinaria pernambucana
deverá dar a partida na primeira
fase apenas no final de 2014, e,
com um custo total final de
US$ 20,1 bilhões (era de US$
2,3 bilhões).
Estão em fase de avaliação
as refinarias Premium I e II e
o segundo trem do Comperj. A
estatal confirmou que estes projetos estão mantidos no plano,
mas não serão concluídos antes
de 2017. “Não houve corte nos
investimentos nas novas refinarias. Estamos colocando recursos
compatíveis com as fases em que
os projetos se encontram, dentro
de uma realidade de métricas
internacionais, custos adequados
e rentabilidade crescente”, afiançou o diretor.
Para Graça Foster, as quatro
refinarias em construção pela
estatal atualmente são importantes para atender ao crescimento da demanda por derivados.
“Nenhum projeto foi retirado.
Quando falamos que estamos
reavaliando, podemos dizer que
estamos fazendo um trabalho
para determinar objetivamente o
cronograma e quanto será preciso para o projeto”, destacou.
Gás e energia: fertilizantes e
geração termelétrica
Na área de Gás e Energia
foram priorizados os projetos
de transformação química do
gás natural para produção de
fertilizantes. No total, a estatal
investirá US$ 13,5 bilhões nesse
segmento, sendo US$ 5,7 bilhões
para projetos já em implantação,
como a Unidade de Fertilizantes
Nitrogenados III (UFN III), em
Três Lagoas, no Mato Grosso do
Sul. “Com esta unidade, a expectativa é dobrar a produção de
TN Petróleo 84
27
especial: pn 2012-2016
Evolução dos planos de negócio da Petrobras (em US$ bi)
240
224,0
224,7
236,5
220
200
174,4
180
160
140
120
112,4
100
80
60
Ilustração: TN Petróleo
40
20
0
PN
PN
PN
PN
2008-2012 2009-2013 2010-2014 2011-2015
TOTAL
E&P
RTC
G&E
ureia no país”, ressaltou o diretor
da área, Alcides Santoro. Com
conclusão prevista para setembro
de 2014, a UFN III irá produzir
1,2 milhão de tonelada de ureia
por ano, além de
70 mil toneladas
de amônia.
O restante
dos investimentos da área de
gás e energia
será usado em
movimentação do gás produzido (US$ 2,3 bilhões), em projetos de regaseificação (US$ 1,9
28
TN Petróleo 84
Petroquímica
Distribuição
PN
2012-2016
Biocombustíveis
bilhão) e na geração de energia
elétrica (US$ 1,6 bilhão), entre
outros. Na expansão do parque
de geração de energia termelétrica à base de gás, estão
projetos como a Usina Baixada Fluminense, que entrará
em operação em novembro de
2014, com uma capacidade instalada de 530 MW.
Biocombustíveis: mais de
US$ 1 bi para o etanol
O investimento total da Petrobras no segmento de biocombustível é da ordem de US$ 3,8
bilhões. Incluem além dos US$
2,5 bilhões para a Petrobras Biocombustível, mais US$ 1 bilhão
em aportes na área de logística
(etanolduto e terminais) e
US$ 300 milhões para pesquisa e
desenvolvimento.
No segmento de biocombustíveis, 72% do aporte de US$ 1,8
bilhão previsto para projetos em
implantação irão para investimentos na expansão da produção
de etanol. “Isso reflete a prioridade absoluta na ampliação
da produção de etanol no país”,
pontuou o diretor da área de gás
e energia, Alcides Santoro.
Desse total, um volume de
US$ 1,05 bilhão será investido em projetos que já estão
em andamento, ou seja, as
expansões das plantas Nova
Fronteira/Boa Vista, Guarani e
Total. De acordo com a estatal,
a expectativa é aumentar em
700 mil m³ por ano a produção
atual de etanol, que é de um
milhão de m³ por ano, considerando a capacidade instalada
de usinas nas quais a Petrobras
tem participação.
Constam ainda do plano a
implantação de usina de biodiesel no Pará, a operação de planta
de etanol de segunda geração e
outra de bioQAV (biocombustível
de aviação).
Cadeia produtiva em expectativa
O secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, Julio
Bueno, acredita que o caminho
para o sucesso da Petrobras é o
da racionalização econômica.
“Se os ajustes apresentados no
Plano de Negócios estão sendo
feitos em prol dessa racionalização, então, o plano tem nosso
total apoio”, pontuou ele, que é
oriundo da estatal e já presidiu a
BR Distribuidora.
TN Petróleo 84
29
especial: pn 2012-2016
Plano de Negócios da Petrobras 2012-2016
1,4% (US$ 3,0 bi)
1,7% (US$ 3,5 bi)
0,9% (US$ 1,9 bi)
1,3% (US$ 3,0 bi)
1,5% (US$ 3,6 bi)
1,6% (US$ 3,8 bi)
2,1% (US$ 5,0 bi)
5,8% (US$ 5,0 bi)
1,8% (US$ 3,7 bi)
3,7% (US$ 7,8 bi)
65,8%
US$ 137,2 bi
Em implantação
24,8%
US$ 51,7 bi
Todos os projetos de
E&P no Brasil e os
projetos dos demais
segmentos que se
encontram em Fase IV*
US$ 208,7 bi
833 projetos
0% (US$ 0,1 bi)
7% (US$ 1,9 bi)
5% (US$ 1,3 bi)
50%
17%**
US$ 4,6 bi
US$ 13,9 bi
21%
+
Em avaliação
RTC
G&E
27,7%
US$ 141,8 bi
US$ 65,5 bi
Projetos dos demais
segmentos atualmente
em Fase I, II e III
US$ 27,8 bi
147 projetos
**E&P no exterior
US$ 6 bi
E&P
60%
Petroquímica
Biocombustíveis
= US$ 236,5 bi
Distribuição
980 projetos
Corporativo
*Inclui as verbas já comprometidas dos projetos em avaliação de RTC, G&E, Petroquímica, Distribuição, Biocombustíveis e Corporativo
Para Adriano Pires, diretor
do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o
principal ponto
positivo do plano
da Petrobras para
o período 20122016 é o fato de
estar ancorado
em metodologias
de investimento,
na busca de aumento de eficiência operacional e em metas de
produção mais realistas.
“Por outro lado, a frustração
com a falta de ações de curto
prazo, tais como o alinhamento
dos preços de combustíveis domésticos aos preços internacionais e flexibilização da política
de conteúdo, fez com que o
plano tenha sido mal recebido
pelo mercado”, reforça.
Segundo Pires, o novo plano
apresenta metas para 2016 mais
30
TN Petróleo 84
realistas do que o anterior e tudo
indica que o andamento dos projetos terá maior acompanhamento, mas nada garante que desta
vez as metas serão cumpridas.
Ainda assim, de acordo com ele,
a priorização dos investimentos
em E&P e o adiamento dos de
refino demonstram que prevaleceu a racionalidade econômica
e os interesses dos acionistas em
detrimento dos políticos.
“Será preciso superar uma
série de obstáculos para que a
gestão da Petrobras volte a ser
mais empresarial, com menor interferência política. Os dois principais desafios seriam a empresa
ter autonomia para propor e
executar a sua política de preços
de combustíveis e deixar de ser
utilizada como instrumento de
política industrial, no que se refere ao conteúdo local”, pontua.
O diretor acredita que a nova
gestão tem condições de superar
estes desafios, o que iniciaria um
novo ciclo virtuoso, tanto para
a estatal quanto para o setor de
petróleo no Brasil.
Convergência de interesses
Adriano Pires observou que o
fato de o plano ter sido aprovado
na primeira reunião do Conselho
de Administração (ao contrário
do anterior em que a estatal precisou de três reuniões para defini-lo), indica maior convergência
de interesses entre a nova diretoria e o governo, diferenciando-se
da administração anterior, cuja
sequência de metas não alcançadas afetou a credibilidade da
empresa.
Em relação às perdas no segmento de Abastecimento devido
aos preços atuais do combustível,
Pires avaliou que a situação não
vai melhorar antes do final de
THE 4 TH SAUDI ARABIA
INTERNATIONAL
OIL & GAS EXHIBITION
24-26 SEPTEMBER 2012
DAMMAM, KINGDOM OF SAUDI ARABIA
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TN Petróleo 84
31
especial: pn 2012-2016
Investimentos no E&P - Período 2012/2016
US$ 131,6 bilhões*
8%
12%
US$ 16,3 bi
US$ 16,3 bi
Exploração
24%
69%
US$ 25,4 bi
US$ 89,9 bi
US$ 25,4 bi
19%
Pré-sal
US$ 25,4 bi
Pós-sal
68%
18%
US$ 16 bi
US$ 89,9 bi
49%
US$ 43,7 bi
Desenvolvimento da Produção
Desenvolvimento
da Produção
34%
*Não inclui investimentos em E&P
da Área Internacional
Infraestrutura e suporte
32
TN Petróleo 84
US$ 89,9 bi
US$ 30,2 bi
Exploração
2014, pois as próximas duas refinarias, primeiro trem do Comperj
e Abreu e Lima (RNEST), serão
focadas na produção de diesel.
Ele opina que sem a introdução
de refinarias de gasolina no curto
prazo, a nova diretoria da Petrobras pretende resolver as perdas
na importação com a paridade
internacional de preços ou uma
maior participação do etanol.
O diretor do CBIE apontou
ainda que mesmo com a possibilidade de redução de investimentos da Petrobras, permanecem
dúvidas quanto à capacidade
da estatal em se financiar sem
ultrapassar seu limite de alavancagem, uma vez que há questões importantes prejudicando a
capacidade de geração de caixa
da empresa que não estão sendo
resolvidas.
Para o executivo, a principal
é a política de preços de combus-
Cessão Onerosa
tíveis, que tem afetado negativamente os resultados da empresa
há mais de um ano, ao manter
uma grande defasagem do preço
de gasolina e diesel em relação
aos preços internacionais. Pires
indicou que a queda do preço do
petróleo desde abril foi compensada pela influência da desvalorização do real frente ao dólar, indicando que a Petrobras continuará
a importar combustíveis com
prejuízo e a perder receita com a
venda dos derivados.
“O reajuste de 7,8% na gasolina e de 3,9% no óleo diesel foi
considerado frustrante, pois a Petrobras baseia o plano na paridade internacional de preços, o que
implicaria um reajuste de pelo
menos 15% nos preços dos dois
combustíveis. Ademais, o reajuste foi totalmente compensado
pela redução da Cide (Contribuições de Intervenção no Domínio
Econômico) para zero, o que
significa que reajustes futuros
afetarão o preço ao consumidor e
terão custos políticos em termos
de inflação”, disse.
Paulo Valois, sócio fundador do escritório de advocacia
Schmit, Valois, Miranda,
Ferreira & Agel
Laws, diz que,
em essência,
o novo plano
estratégico da
Petrobras reduz
as contribuições de recursos
da empresa no setor de refino,
concentrando-os no setor de
E&P, mais especificamente no
pré-sal, apesar das incertezas do
novo marco regulatório aprovado
pelo Congresso.
“O plano tem o mérito de
rever alguns dos parâmetros
econômicos de outros planeja-
Petrobras investirá US$ 236,5 bilhões até 2016
mentos estratégicos da estatal,
mas, ainda assim, convive com
incertezas em virtude da condução da política de preços dos
derivados pelo governo federal”, argumenta.
Para Valois, no primeiro momento, o novo plano estratégico
não pareceu ser bem recebido
por alguns setores do mercado
financeiro e acionário, talvez
em virtude da desconfiança
em relação ao alcance de suas
metas, tendo em vista planejamentos passados.
Indústria naval otimista
O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da
Construção,
Reparação Naval e Offshore
(Sinaval), Ariovaldo Rocha,
comentou que
a indústria
brasileira de
construção e reparação naval
e offshore mantém sua expansão e que o anúncio do PN da
Petrobras aumento em mais de
11% os investimentos em E&P
que passaram de US$ 127,5
bilhões, para US$ 141,8 bilhões
para o período 2012-2016.
De acordo com Rocha, o
aumento dos investimentos
previstos em E&P sinaliza que
as encomendas para a construção naval brasileira serão
mantidas. “O segmento offshore,
plataformas e sondas de perfuração representa cerca de 60%
da carteira de encomendas dos
estaleiros e com os contratos
para a construção de 35 sondas
de perfuração esta participação
irá aumentar ”, disse.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas de
Construção Naval e Offshore
(Abenav), Augusto Mendonça,
comentou que o novo plano
implantado pela Petrobras é mais
realista e tangível, corrigindo
algumas considerações otimistas
do passado e objetivando o cumprimento de metas.
Mendonça salientou que o
PN também faz uma clara defesa
da política de conteúdo local ao
reafirmar o fato de que é possível
produzir com altos índices de conteúdo nacional, e mesmo havendo
uma redução na produção, não
impactou no quadro de encomendas do setor naval e offshore, que
não se alterou. “O maior destaque
nesse plano é a forma realista e
objetiva com que a Petrobras o
apresentou, juntamente à garantia
de que ela vai continuar focando
no conteúdo local e dando continuidade aos altos investimentos do setor”,
afirmou.
Quanto ao
item ‘conteúdo local’ para
a indústria se
Ações desvalorizadas e reajuste de gasolina
Logo após o anúncio do Plano de
Negócios para o período 2012-2016, a
Petrobras tornou-se a petroleira mais
desvalorizada do mundo na Bolsa, sendo
a quarta empresa mais “descontada” entre as cem maiores do mundo, segundo
a Bloomberg. Ficou atrás das japonesas
NTT e Japan Tobacco e da russa Gazprom, companhias com sérias dificuldades em seus negócios.
Por ‘desvalorizada’ entenda-se o
‘desconto’ que o investidor pede no preço
das ações em relação àquilo que a companhia declara valer pelo seu conjunto
de ativos-caixa, prédios, plataformas,
reserva de petróleo, contratos, contas
a receber, etc. No caso da Petrobras,
esse ‘desconto’ é de 30% – é negociada
na Bolsa a 70% do seu valor patrimonial.
A presidente da Petrobras, Maria das
Graças Foster, disse que não há otimismo
exagerado em relação ao pré-sal. “Não
há excesso de otimismo em relação ao
pré-sal. As ações da Petrobras estão
muito desvalorizadas por uma série de
razões, você faz muito bem em comprar
(ações). A produção desse petróleo é
uma questão de tempo. O pré-sal é uma
realidade”, frisou.
De acordo com a executiva, os
preços dos combustíveis precisam de
novos reajustes ao longo dos próximos
anos para que a Petrobras consiga
realizar os investimentos previstos no
plano. “O reajuste dos combustíveis
que entrou em vigor nas refinarias em
junho – a gasolina foi reajustada em
7,83% e o óleo diesel aumentou em
3,94%, sem efeito nos postos – não
elimina de todo a defasagem dos preços praticados no Brasil em relação ao
mercado internacional, mas ajudará a
companhia a seguir com seu programa
de investimentos.
Graça Foster pontua que os investimentos do PN 2012-2016 serão
realizados contando com a redução de
custos em sua realização, o preço do
petróleo, os atrasos nas obras, além dos
preços dos combustíveis. Ela comentou
ainda que o reajuste seria importante
para corrigir a defasagem do preço dos
combustíveis em relação ao mercado
internacional. Embora seja necessário
o reajuste, não há ainda a definição de
uma data para que isso aconteça, nem
sobre o percentual do aumento.
TN Petróleo 84
33
especial: pn 2012-2016
Curva de produção no Pós-Sal, Pré-Sal e Cessão Onerosa
Produção de óleo e LGN
Pós-Sal
Piloto
Sapinhoá
Cidade de São
Paulo
Piloto Lula
NORDESTE
Cidade de Paraty
Papa-Terra
Cidade de
Anchieta
Cidade de Itajaí
Norte Parque
Baleias
Franco 4
Lula
ExtERNO Sul
P-58
Roncador IV
Lula Alto
Lula Central
Lula Sul
Sapinhoá
Norte
P-61 (TLWP)
Baúna
e Piracaba
Total de 19 plataformas instaladas
até 2016 e mais 38 até 2020
P-62
P-63
Roncador III
Franco 1
Carioca 1
Cidade de Ilhabela
IracemA SUL
IracemA
Norte
Lula Norte
Sul de Guará
Júpiter
Maromba
Iara Horst
Carcará
Bonito
NE Tupi
Sul Parque Entorno
das Baleias de Iara
Carimbé
Aruanã
Iara NW
Espadarte III
Florim
4.200 mbpd
Franco 5
Espadarte I
Franco 3
Franco 2
Cidade de
Mangaratiba
P-55
2.022 mbpd
2011
Cessão Onerosa
Ilustração: TN Petróleo
Baleia Azul
Pré-Sal
2.500 mbpd
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
Pós-sal, Pré-sal, Cessão Onerosa e novas descobertas
Participação na curva de produção
5%
1%
Pré-sal (concessão)
30%
Pré-sal
(concessão)
95%
69%
2011
2016
Pós-sal
2.022 mbpd
12%
Cessão Onerosa
Pós-sal
2.500 mbpd
Novas
descobertas*
42%
Pós-sal
19%
Cessão
Onerosa
28%
Pré-sal
(concessão)
2020
4.200 mbpd
*Inclui novas oportunidades em blocos onde já existem descobertas
34
TN Petróleo 84
Petrobras investirá US$ 236,5 bilhões até 2016
Foto P-55: Agência Petrobras / João Paulo Ceglinski
para a criação de uma indústria
competitiva, como são os casos
da Coreia e Cingapura”, frisou.
Para ele, o maior entrave para
o melhor desenvolvimento dos negócios/ projetos da Petrobras ainda
é a formação de mão de obra
especializada, sobretudo do nível
técnico. “A curva de aprendizado
para formar o necessário conteúdo
local com competitividade internacional, deve ser um desafio a ser
perseguido permanentemente por
toda a cadeia produtiva do nosso
setor”, finaliza.
tornar competitiva, Mendonça
considera que essa política de
governo deve vir acompanhada
de uma série de ações, devido
à magnitude dos investimentos
previstos. “Devemos conside-
rar casos de sucesso de países
que aproveitaram suas reservas
para desenvolver uma indústria
própria, como Reino Unido e
Noruega, e exemplos nos quais
o apoio do governo foi decisivo
Setor de
máquinas e
equipamentos
mais confiante
Segundo
Alberto Machado Neto, diretor
executivo de petróleo e gás da
Novas Tecnologias de Informação
e Comunicação para Petróleo e Gás
CFTV
Detecção de intrusão
PAGA
Sistema de
entretenimento
“Triple Play”
Controle de acesso
POB
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soluções globais de engenharia
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e Gás.
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meteorológicos
WLAN
Sistema
de telefonia
VSAT
TN Petróleo 84
35
especial: pn 2012-2016
Pacific Mistral – Coreia do Sul;
Schain Amazônia – China; Ocean Rig
Mykonos – Coreia do Sul; Schahin
Cerrado – China; Etesco Takatsugu
J – Coreia do Sul; Deepsea Metro II –
Coreia do Sul; Ocean Rig Corcovado
– Coreia do Sul; ODN Delba III –
Emirados Árabes; Schahin Sertão
– Coreia do Sul; ODN Tay IV - Coreia
do Sul; Sevan Brasil – China; ODN I –
Coreia do Sul; ODN II – Coreia do Sul;
Amaralina Star – Coreia do Sul
Etesco Takatsugu
Fotos: Divulgação
Sondas contratadas no exterior para LDA
acima de 2.000 m
Sevan Brasil
Pacific Mistral
Deepsea Metro
Sondas contratadas no Brasil*
Sete Brasil (Estaleiro EAS): 7
Status: contratos assinados; em negociação com o parceiro
tecnológico IHI Marine United Inc.(IHIMU) da IshikawajimaHarima Heavy Industries
Sete Brasil: 21
Status: licitação concluída; realizando auditoria nos estaleiros
para assinatura dos contratos; previsão de aprovação dos
contratos: julho/12, agosto/12 e setembro/12
Ocean Rig: 5
*Serão 33 novas sondas entregues a partir de 2016 com conteúdo local entre 55% e 65%
Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o plano atual da
Petrobras transmite mais segurança quanto à sua aplicação,
principalmente quando prevê o
acompanhamento rigoroso e contínuo das curvas de execução dos
empreendimentos, as chamadas
curvas “s” físicas e financeiras.
“O plano contém alguns
avanços importantes, como, por
36
TN Petróleo 84
exemplo, o fato, já demonstrado
para alguns empreendimentos, de o acompanhamento do
conteúdo local separar bens de
serviços, reduzindo boa parte das
distorções verificadas antes. Vale
destacar também a preocupação
com as operações, as quais, por
decisão do Conselho de Administração, passaram a ser incluídas
nos requisitos de conteúdo local,
antes só aplicadas aos investi-
mentos em novos empreendimentos”, salienta.
Para Machado, o maior destaque deste plano é o modo como
está sendo conduzido e o comprometimento de toda a Diretoria
Executiva, pela primeira vez
presente em sua totalidade no
lançamento. “Isso preconiza uma
gestão integrada do portfólio da
companhia, seguindo rígidos
critérios de desempenho e de
disciplina de capital, com prazos
mais realistas, com prioridades
bem estabelecidas e que tem
como um dos pilares principais
o Programa de Conteúdo Local,
fundamental para que os benefícios da indústria do petróleo
possam de fato reverter em prol
da sociedade brasileira no que se
refere a geração de empregos e
renda locais”, complementa.
Na opinião do executivo,
a atual gestão da estatal está
adotando algumas diretrizes que
tendem a melhorar a viabilidade
de execução dos projetos da companhia. “Os planos anteriores
continham uma visão muito mais
financeira do que técnica. Certa
vez, o então presidente Lula
falou que o desenvolvimento do
pré-sal seria feito na velocidade
que a indústria pudesse acompanhar. Alguns pontos do plano
atual vêm ao encontro desse
objetivo e devemos apostar nessa
possibilidade”, disse.
De acordo com ele, para que a
indústria de bens de capital possa
melhorar suas condições de competitividade, além dos fatores sistêmicos (juros, impostos, câmbio,
etc.), a informação da demanda
futura, com um nível de detalhe
que possa dar maior visibilidade
das oportunidades para a indústria, é um fator da maior importância para que os benefícios dos
investimentos e operações do setor
retornem para a sociedade.
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© 2012 Exxon Mobil Corporation.
TN Petróleo 84
37
especial: noruega
noruega:
uma travessia tecnológica
Do pescado ao petróleo, a Noruega tem aumentado de forma
incisiva sua presença no mercado brasileiro, sempre com os
olhos voltados para o mar. No mais autêntico estilo viking, a
indústria norueguesa iniciou uma travessia sem precedentes
na sua história, das águas geladas do Mar da Noruega até a costa tropical do
Brasil, trazendo a bordo investimentos e soluções tecnológicas para superar
um novo desafio: a conquista do offshore brasileiro.
por Beatriz Cardoso
O
anúncio feito pela
Aker Solutions,
no final de junho,
de investir US$
100 milhões em
uma nova unidade
brasileira de serviços, voltada
exclusivamente para o negócio
de equipamentos de perfuração,
não é uma ação isolada da indústria norueguesa no território
38
TN Petróleo 84
brasileiro – hoje, em torno de 150
empresas originárias daquele
país têm plantas fabris ou escritórios aqui, e outras 50 atuam
através de agentes ou parceiros.
Dentre elas estão companhias
do porte da petroleira Statoil e
da classificadora mundial DNV
(Det Norske Veritas), assim como
empresas globais como Aker,
Acergy, Deep Ocean, BW Offsho-
re, NorSkan/DOF, SeaBrokers, e
estaleiros e empresas de design
naval, como Havila, Havyard,
Ulstein, entre outras, que são
players reconhecidos no mercado
naval e offshore internacional.
O fato é que, nos últimos
cinco anos, uma verdadeira rota
aérea e marítima vem sendo
consolidada entre o longínquo país do extremo norte da
Foto: Divulgação
Capital: Oslo
Área: 385 155 km²
População: 5 milhões
Densidade: 12 hab./km²
PIB: US$ 280 bilhões
Renda Per capita: US$ 59,3 mil
IDH (2011): 0,943
Alfabetização: 99,0%
Moeda: Coroa norueguesa
Site oficial: www.regjeringen.no
Principais indústrias: petróleo e gás natural, processamento de
alimentos, construção naval, produtos de madeira e polpa, metais,
produtos químicos, madeira, mineração, têxteis, pesca.
Europa, que se estende acima do círculo polar ártico, e
o Brasil. Uma rota movida a
muita energia – fóssil (petróleo
e gás) e renovável. E que não
se restringe apenas aos negócios – que vão de investimentos
em aquisições e instalação ou
expansão de fábricas à comercialização de bens e serviços.
Passa também pela formação de
recursos humanos, parcerias na
área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, e geração e
transferência tecnológica para
o Brasil.
Estima-se que em torno de
US$ 30 bilhões foram investidos no Brasil por empresas
norueguesas, sendo a maior
parte desse volume efetivada nessa última década, em
setores-chaves como petróleo e
gás, indústria naval, mineração,
entre outros. Os investimentos
e interesses vão mais além,
principalmente para segmentos que demandam tecnologia
de ponta, como o de energias
renováveis, monitoramento
ambiental, tecnologia de informação, entre outros – e, é claro,
o de alimentos, com o saboroso
bacalhau da Noruega chegando cada vez mais rápido e em
maior quantidade às mesas do
brasileiro.
No caso do pescado de águas
frias, o acesso se dá tanto em
função do crescente comércio entre os dois países como também
do crescimento econômico vivido
pelo Brasil nessa última década,
crescimento esse que possibilitou
ao brasileiro desfrutar de bens
e serviços antes restritos a uma
elite (enquanto que na Noruega,
o bacalhau atende a todos os
gostos e classes sociais).
Mas é a forte expansão da
indústria de petróleo e gás, por
conta sobretudo das descobertas
gigantes realizadas no pré-sal
(e também no pós-sal) offshore
brasileiro, que impulsionou essa
‘indústria viking petroleira’,
acostumada a enfrentar desafios
em regiões inóspitas como a do
Mar da Noruega, a singrar os
mares em busca de ‘portos’ hospitaleiros na costa do Brasil.
Apoio estratégico
Capitaneando a ‘esquadra’
norueguesa está o governo
federal, que por meio de seus
braços institucionais abre caminhos para as empresas daquele
país. Um desses braços é justamente o Innovation Norway
(IN), agência de promoção do
governo da Noruega, criada em
2003 com o objetivo de divulgar
TN Petróleo 84
39
especial: noruega
40
TN Petróleo 84
Instalações da Aker Solutions em Rio das Ostras,
norte fluminense
Foto: Divulgação
a expertise de sua indústria em
diversos segmentos, mais ainda
no naval e no offshore, nos
quais são reconhecidos internacionalmente.
Em quase uma década, a
agência implementou uma ousada estratégia de internacionalização que vai desde a promoção de missões econômicas
e comerciais a países-chaves
para a indústria norueguesa,
até a articulação de convênios e
acordos de cooperação técnica,
pesquisa e desenvolvimento.
Essas missões incluem visitas
anuais de jornalistas a empresas da Noruega, que querem
mostrar as soluções que têm a
oferecer ao mercado brasileiro
e das quais a TN Petróleo tem
participado desde 2010.
Esse conjunto de ações vem
sendo continuamente reforçado
no Brasil, considerado estratégico para o governo daquele
país. O escritório brasileiro
(que responde pela América
Latina) tem sido um dos mais
ativos do mundo nos últimos
anos, por conta do interesse
crescente nas atividades de exploração e produção de petróleo
e na indústria naval como um
todo. Maior prova disso é o
crescente número de empresas
que começaram a desenvolver
atividades locais desde a criação do Innovation Norway.
Manter essa via de mão
dupla – uma vez que, além de
jornalistas, cresce a procura de
jovens profissionais por estágios em empresas na Noruega – e estreitar os laços entre
os dois mercados, de forma a
estabelecer uma rota segura
para as empresas norueguesas
se aventurarem no hemisfério
Sul, é um dos desafios da nova
diretora da Innovation Norway
Brasil, Helle Moen.
Desafio que ela vê de forma
prazerosa. “Estou encantada e
honrada em assumir esse cargo.
Encantada pelo fato de o Brasil
ter se tornado um dos mercados
mais interessantes no mundo,
devido ao forte crescimento que
vem apresentando. E honrada,
tanto pela experiência e competência que vejo no segmento de
petróleo e gás em geral, como
pela excelente equipe com a
qual vou trabalhar nos próximos anos”, explica a dirigente.
Moen se respalda na experiência adquirida no mercado
brasileiro: em 2007, ela fez parte
do grupo que instalou no Brasil
(e depois foi chairman) do braço
local da Marintek, empresa
norueguesa especializada em
pesquisa, desenvolvimento e
consultoria técnica avançada
em engenharia
naval, oceânica
e de materiais,
que integra o
poderoso Sintef,
um dos maiores grupos de
pesquisa dos
países nórdicos, com atuação em
diversos segmentos.
A nova diretora da agência
está convicta de que a coopera-
ção entre Brasil e Noruega vai
prosseguir de forma positiva,
tanto nos negócios como no
desenvolvimento de tecnologias.
“Desde que essa cooperação
venha a beneficiar as empresas de ambos os países”, frisa
Helle. “Espero que a parceria
tecnológica (Memorando de
Entendimento) com a Petrobras
produza resultados interessantes. Mas gostaria de ver mais
empresas norueguesas participando de iniciativas locais de
P&D, em cooperação tanto com
universidades como com instituições de pesquisas brasileiras
e internacionais. Há múltiplas
oportunidades de aprendizagem
no Brasil, assim como financiamento disponível”, pontua.
Quanto à instalação de novas
unidades fabris no país, em função das exigências de conteúdo
nacional, Helle Moen lembra
que a maioria das grandes companhias norueguesas do setor
de óleo e gás já está instalada no
Brasil, gerando um volume substancial de negócios. É o caso da
Aker e inúmeras outras, inclusive
de grupos internacionais com
unidades de negócios sediadas
na Noruega, como é o caso da
britânica Rolls-Royce, e da norte-
Noruega: uma travessia tecnológica
Expansão ultramarina
Presente no Brasil há mais de
quatro décadas, a Aker Solutions é um exemplo de como as
empresas norueguesas sabem
aproveitar as oportunidades
para, respaldadas na expertise
consolidada no país de origem,
ganhar uma posição de destaque
no cenário petrolífero brasileiro. Foi há apenas 17 anos (em
1995) que a Aker começou a
produzir, no parque fabril de
Curitiba (PR), equipamentos
submarinos para a indústria
de óleo e gás, tendo entregue
a primeira árvore de natal molhada (ANM) em 1997.
Desde então não parou mais
de crescer, tendo dobrado seu
volume de negócios em 2008. De
lá para cá, aumentou a capacidade produtiva local, criou uma
unidade no Rio de Janeiro e
outra em Rio das Ostras (Norte
Fluminense), onde funcionam
dois simuladores de perfuração,
que vêm propiciando treinamento especializado para as tripulações das sondas, de forma a
reforçar a segurança e eficiência
das operações offshore.
Agora, a empresa anuncia a
instalação de nova unidade, na
cidade vizinha de Macaé: com
335.000 m² é quase oito vezes
maior que a de Rio das Ostras e
terá uma área coberta de 20.000
m², que vai facilitar tanto a fabricação e montagem de equipamentos como o armazenamento,
movimentação de cargas pesadas
e testes e pré-comissionamento.
Além de produção, montagem e testes de equipamentos
de perfuração, também serão fabricados risers de perfuração na
nova instalação, que disponibili-
Bombas subsea
da Frank Mohn
Foto: Divulgação
-americana FMC, e outras, que
atuam em fina sintonia com as
subsidiárias brasileiras.
zará ainda os serviços de inspeção e manutenção dos mesmos.
Quando a nova unidade estiver
pronta, a de Rio das Ostras passará a ser integralmente dedicada à divisão Subsea.
Com isso, a Aker dá um passo
decisivo para não apenas atender aos requisitos de conteúdo
local do programa de construção de sondas de perfuração no
país, como também se antecipa
à concorrência, para fazer frente
à demanda por serviços especializados que esses equipamentos
irão suscitar quando estiverem
em operação.
“Os investimentos no Brasil
demonstram nossas ambições de
crescimento em um dos mercados
offshore mais
estimulantes do
mundo e nosso
compromisso
de contribuir e
desenvolver a
indústria de óleo
e gás. O comprometimento da Aker Solutions
com o conteúdo local do Brasil
é total”, afiança Luis Araujo,
presidente da Aker Solutions no
Brasil. A nova unidade vai abrigar
ainda um centro de treinamento
avançado, com capacidade para
até quatro simuladores de perfuração de última geração da Aker
Solutions.
Alinhada com a expectativa
da Innovation Norway, a Aker
Solutions também reforça suas
atividades na área de pesquisa e
desenvolvimento no setor de óleo
e gás, ao firmar uma parceria
com a Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR). Essa
colaboração entre a iniciativa
privada e a universidade pública está focada em três frentes:
desenvolvimento tecnológico,
treinamentos específicos para a
trilha de carreira técnica da Aker
Solutions e a parceria nos programas de iniciação científica,
mestrado e doutorado.
“A interação entre a empresa
e o setor acadêmico promove
um ambiente de produção de
conhecimento e desenvolvimento
tanto para a região quanto para
o país, gera empregos e renda e
qualifica a mão de obra local”,
observa Luis Araujo. “Além disso,
somos uma empresa inovadora
e desejamos nos antecipar às
necessidades dos clientes.” A
UTFPR é a primeira universidade do Paraná a fazer parceria
com uma empresa do mercado
de óleo e gás, tendo certificação
da Agência Nacional do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis.
Equipamentos submarinos
É no segmento de equipamentos e serviços submarinos
que diversas empresas norueguesas vêm incrementando seus
negócios no Brasil, como é o caso
do grupo Framo (Frank Mohn).
No leito da costa brasileira há
inúmeros equipamentos submarinos dessa empresa norueguesa, fabricante de sistemas
de bombas subsea, que no final
do ano passado foi reconhecida
pelo Petrobras como uma das
melhores fornecedoras de bens e
serviços da companhia.
A Frank Mohn do Brasil, subsidiária local, tem sob sua carteira de serviço cerca de 700 bombas na área marítima e offshore,
TN Petróleo 84
41
especial: noruega
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Skandi Iguaçu, construído no
STX OSV em Niterói para a DOF
CBO Pacífico, construído no
Estaleiro Aliança em Niterói
além de cerca 34 equipamentos de
recuperação de óleo do mar “Framo TransRec System”. Também é
responsável pelo atendimento dos
equipamentos de bombeamento
(utilizadas em injeção de água,
separação de óleo e água e outras
atividades) da Framo no Brasil e
na América do Sul.
Em fevereiro desse ano, a
empresa anunciou ter a escritura definitiva de uma área de
21,7 mil m² situada em Guaxindiba, São Gonçalo, junto
à estrada que ligará o futuro
porto da cidade às instalações
do Complexo Petroquímico do
Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.
42
TN Petróleo 84
O local abrigará uma moderna
unidade de serviço, com oficinas
para manutenção e assistência técnica de equipamentos, e um centro
de treinamento operacional, além
de almoxarifado de peças sobressalentes, para assegurar a manutenção dos equipamentos da Framo
em operação na região latina.
Submersas na Bacia de
Campos, há numerosos sistemas de bombas da Framo, em
ativos gigantes, como Barracuda e Marlim, entre outros.
É da Framo o sistema de bombeio multifásico do SSAO, um
equipamento submarino de
separação de petróleo, água e
gás desenvolvido pela FMC e a
Petrobras, que vai aumentar a
produtividade de Marlim. “Isso
marca uma nova era. Estamos
confiantes no
sucesso dessa
nova tecnologia”, afirma
Jon Arve Svaeren, diretor
comercial da
Framo.
Outra que busca maior inserção no mercado brasileiro é a
Argus Remote System, que quer
trazer para as águas brasileiras
seus Remotely Operated Vehicles (ROV / veículos operados
remotamente), que terão papel
crucial tanto no controle como
na manutenção de equipamentos
subsea em águas profundas, nos
projetos de desenvolvimento do
pré e do pós-sal brasileiro.
“Acreditamos que nossas
máquinas, que vêm sendo aprimoradas em parcerias até com
instituições de
pesquisa na
Noruega, têm
muitas oportunidades de
aplicações no
offshore brasileiro”, afirma o
entusiasmado Jan Bryn, gerente
de projetos da Argus.
Águas promissoras
Dona da quinta maior frota de
navegação marítima do mundo e com forte atuação no setor
de apoio marítimo, a Noruega
também vem avançando em
águas brasileiras, onde empresas
norueguesas detêm 25% das embarcações que fornecem serviço
às plataformas de petróleo e gás,
tendo como principal cliente a
Petrobras. As companhias norueguesas atuam desde o design e
projeto de embarcações à operação de uma frota.
Noruega: uma travessia tecnológica
É o caso da norueguesa
Ulstein, que tem ampliado
suas ações no Brasil, através da
Ulstein Marine Services (UMS),
que oferece a armadores brasileiros softwares de gestão de
frotas e controla o gerenciamento
de energia, segurança e risco,
reduzindo gasto de combustível,
melhorando o controle de custos
e a redução do tempo em que a
embarcação fica fora de operação.
Mas é na área de projetos
para a indústria naval que ela
vem obtendo maior visibilidade
por ser reconhecida internacionalmente por suas inovações
em design, principalmente no
desenvolvimento de um novo
tipo de proa. Denominado X-BOW, este projeto tem uma proa
em formado invertido, capaz de
fazer o navio ter mais estabilidade em mar pesado, cortando melhor as ondas e perdendo menos
velocidade. O casco estende-se
até o passadiço, formando um
gigantesco castelo de proa: com
a melhor hidrodinâmica proporcionada pelo casco, o consumo
de energia é bem menor.
O design norueguês foi escolhido pela Companhia Brasileira
de Offshore (CBO) – e aprovadíssimo pela Petrobras – para nada
menos que seis navios de apoio
marítimo do tipo PSV (Platform
Supply Vessel), para suprimento
a plataformas de produção de petróleo em alto-mar. Os contratos
com a Ulstein incluem as entregas do projeto, engenharia de
equipamento e comissionamento.
Até agora, já foram entregues
pelo Estaleiro Aliança à CBO dois
dos seis navios encomendados: o
CBO Atlântico e o CBO Pacífico,
que têm contrato de oito anos com
a petroleira brasileira. Os outros
quatro, com o mesmo período contratado, são embarcações X-Bow
um pouco maiores. “O acabamento e a qualidade destes navios são
impecáveis. E a cooperação que
temos tido ao longo destes projetos
com o CBO armador e o Estaleiro Aliança tem sido excelente”,
afirmou Ingar Kaldhol, da Ulstein
Design & Solutions.
Essas embarcações estão
saindo da ‘linha de produção’
a toque de caixa: o primeiro, o
CBO Atlântico, foi entregue no final de novembro do ano passado.
O segundo o será em maio desse
ano. Encomendados entre 2010
e 2011, as seis embarcações, previstas para entrega até o final de
2013, atendem às demandas da
CBO, para atuar nas mais severas condições offshore: os navios
adaptam-se à operações cada vez
mais complexas e trazem novas
tecnologias que possibilitam
maior qualidade, eficiência e
segurança operacionais, auxiliando também na preservação
dos ambientes marinhos.
Projetados para o transporte
eficiente e flexível de carga a
granel e em geral para instalações offshore, essa frota de design
norueguês tem um sistema híbrido, que permite o escoamento
de drill cuttings, material retirado
durante operações de perfuração
no solo submarino. Os navios
também serão dotados de sistema
de propulsão diesel-elétrico, proporcionando maior flexibilidade
no uso do conjunto de motores,
sobretudo nas aplicações que
exigem muitas manobras.
Também é nas águas promissoras da indústria de óleo e
gás que ‘navegam’ os planos do
grupo DOF ASA, controlador
da Norskan Offshore e da DOF
Subsea, que vem reforçando sua
posição no mercado brasileiro.
Em abril, ela batizou o maior rebocador já construído no Brasil,
o Skandi Iguaçu, com mais de
32.000 BHP instalados e bollard
pull de mais de 300 toneladas.
Construído no estaleiro
STX OSV, em Niterói (RJ), com
financiamento do Fundo da
Marinha Mercante (FMM) por
meio do BNDES, a embarcação
foi entregue à Petrobras cinco
meses antes do prazo contratual – uma situação bem diferente
de outros empreendimentos da
estatal brasileira, que teve suas
operações e metas impactadas
por atrasos tanto de fornecedores internos como externos
(como é o caso das sondas).
“Dos 64 navios da companhia
em operação no mundo inteiro,
24 estão na costa do Brasil e mais
da metade da frota carrega a bandeira deste país”, declarou Eirik
Torressen, country manager local
do Grupo DOF, que está no Brasil
desde 2001 e tem entre seus principais clientes Petrobras, Statoil,
Shell, Chevron e OGX.
TN Petróleo 84
43
Foto: Divulgação
especial: noruega
Tecnologia de ponta
A indústria offshore é o foco não somente de empresas do setor naval norueguês
como também empresas de tecnologia e de serviços, que vão desde monitoramento
ambiental a treinamento e qualificação profissional para atividades offshore.
N
a área de tecnologia, a
Marine Cybernetics, empresa
criada em 2002 e que nasceu
como incubada da Norwegian University of Science and Technology
(NTNU/Universidade de Ciência
e Tecnologia da Noruega), está
disponibilizando para o mercado
brasileiro o teste HIL (Hardware-In-the-Loop) de sistemas de controle por empresa independente.
A solução desenvolvida pela
Marine Cybernetics, possibilita
a realização do teste a partir da
conexão do sistema de controle
a um simulador HIL.
“O objetivo do teste HIL é
verificar o sistema de controle
com foco nas funcionalidades
do software e na capacidade de
tratamento de falhas. Os critérios
44
TN Petróleo 84
de aceitação são definidos pelas
normas e regras governamentais
e das classes reguladoras, especificações do cliente e do fornecedor, assim como pelos objetivos
de uso da embarcação”, explica
Stein Eggan, CEO da Marine
Cybernetics. Ou seja: testa o
funcionamento dos softwares integrados do sistema de automação e controle de embarcações
que hoje desenvolvem operações
cada vez mais complexas. Afinal,
o software é um elemento fundamental de sistemas automatizados que controlam funções
críticas e de segurança em uma
embarcação. Ocorre que, muitas
vezes, tais sistemas combinam
hardware e software de diferentes fornecedores, os quais devem
funcionar como um sistema integrado para garantir excelência
em segurança, confiabilidade e
desempenho.
Para se ter uma ideia dessa
complexidade, basta lembrar
que um sistema DP de última geração inclui sensores e
sistemas de referência de posicionamento, sistema computacional DP, sistema de gerenciamento de energia (SGE),
sistemas de propulsão por
controle remoto e manual, bem
como todos os sistemas auxiliares necessários à energia
elétrica, mecânica e hidráulica – lubrificação, refrigeração,
ventilação e combustível.
“Daí a importância de que
o teste de HIL seja realizado
Noruega: uma travessia tecnológica
por empresa independente em
termos de tecnologia, organização, gerenciamento e posse
com respeito ao estaleiro, dono
da embarcação e fornecedor do
sistema de controle. Cabe a ela
desenvolver e preparar o simulador HIL, escrever o programa de
teste, realizar o
teste e documentar os resultados”, pontua
Jan Lomholdt,
gerente geral
da Marine
Cybernetics no
Brasil. “Embora a realização de
testes, verificação e classificação
de estruturas e sistemas mecânicos por empresas terceirizadas
seja uma prática consagrada na
indústria naval e offshore, isto
não ocorre em mesma escala
para sistemas de controle computadorizados”, destaca.
“É um paradoxo que sistemas de embarcações sejam
colocados em funcionamento
sem testes independentes, ainda
que tenham funcionalidades relacionadas à detecção de falhas
críticas de segurança – e que
podem ser difíceis ou perigosas
de se testar a bordo da embarcação e, portanto, não são adequadamente testadas até que sejam
acionadas em uma situação de
emergência”, conclui Lomholdt.
Treinamento contínuo
Com a meta de acidentes
zero, maior eficiência operacional e menor impacto ambiental,
a indústria naval e offshore tem
de investir pesado em qualificação e treinamento contínuo de
recursos humanos que estão se
tornando cada vez mais raros –
em função da demanda maior
que a oferta de profissionais
em diversos segmentos. E isso
se aplica a qualquer mercado
offshore do mundo: do Mar
do Norte à costa brasileira, do
Golfo do México à costa oeste
africana... e por aí vai.
A consolidação de uma indústria forte como a de petróleo na
Noruega está respaldada também em altos investimentos em
qualificação profissional, com uso
intensivo de tecnologias de informação. Foi assim que um pool
de empresas – entre as quais Det
Norske Veritas (DNV), Teekay
Norway, Statoil e Kongsberg Maritime –, associadas a entidades
profissionais das áreas marítima
e naval e órgãos do governo
estruturaram o Ship Modelling &
Simulation Centre (SMSC), um
mega Centro de Modelagem Naval e Simulação, apto a desenvolver as mais modernas ferramentas de treinamento offshore.
Criado em 1980, em mais de
três décadas o SMSC desenvolveu expertise na geração de modelos matemáticos realistas que
possibilitam a simulação detalhada de operações marítimas
do mais alto risco: operações de
navios de apoio a plataformas
de petróleo, navios aliviadores
de posicionamento dinâmico,
manobras de guindastes em
unidades offshore, tanto para
movimentação de carga como
de transporte de passageiros nos
mais severos cenários, incluindo
ambientes árticos com águas
recobertas por gelo.
“Temos uma equipe permanente de engenheiros, oficiais
de Marinha, operadores de DP
(Dynamic Position) e de guindastes, que proporcionam uma experiência única por reunir teoria
e prática em ambiente virtual”,
destaca Stig-Einar Wiggen,
diretor do SMSC. Segundo ele,
o sucesso do modelo do SMSC
é comprovado pelos incontáveis
centros de treinamento que vêm
TN Petróleo 84
45
Foto: Divulgação
especial: noruega
Simulador Offshore
da Aker Solutions
sendo criados na Noruega e
em outros países (inclusive por
empresas norueguesas no Brasil,
como é o caso da Aker), que
seguem o mesmo conceito.
Uma das ferramentas de
maior impacto desenvolvida pelo
SMSC é o Dynamic Positioning
Competence Assurance and
Practice (DP CAP™), um programa que possibilita a operadores
de sistemas de posicionamen-
to dinâmicos de embarcações
(navios e plataformas flutuantes)
treinar em condições reais no
próprio local de trabalho – ou
seja, onde estiverem. Essa solução está instalada em diversas
embarcações do setor de óleo e
gás, inclusive na costa brasileira.
Com foco em segurança,
em outubro do ano passado a
Southern Marine inaugurou um
escritório no Brasil, país em que
já atua há pelo menos dez anos.
A empresa criada em 1979,
agora tem uma base brasileira
para disponibilizar sua expertise
onshore e marítima, que inclui,
dentre outros produtos e serviços, o fornecimento de sistemas
de ancoragem, inspeção de
navios e plataformas e o planejamento de operações heavy-lift.
“O foco principal da Southern
Marine é a segurança em
alto-mar. Há mais de dez anos
apoiamos os armadores brasileiros com nossa experiência”,
observa Kjetil Hansen, diretor-geral da Southern Marine.
“Temos todo interesse em
expandir ainda mais nossos
negócios no Brasil. Estamos finalizando as negociações com importantes players internacionais
para sermos seus representantes
no país. A abertura do escritório
nos deixa mais próximos de nossos clientes”, conclui.
Não é só na área de petróleo
que a indústria norueguesa busca
firmar posição no Brasil. No primeiro
trimestre desse ano, a SN Power
adquiriu 40,65% das ações da
Desenvix Renováveis S/A, empresa
do Grupo Engevix com foco na
geração de energia por fontes
renováveis. Joint venture entre
Statkraft (maior geradora de energia
elétrica da Noruega e a maior da
Europa em fontes renováveis), e o
Norfund (fundo de capital controlado
pelo governo norueguês), a nova
sócia aportou R$ 725,1 milhões na
brasileira, que continua sob controle
da Jackson Empreendimentos Ltda,
empresa holding do Grupo Engevix,
com 40,65% do capital, e tem ainda
a participação da Fundação dos
Economiários Federais (Funcef),
com 18,70%.
46
TN Petróleo 84
“Com a participação da SN
Power, a Desenvix pretende
atingir, até 2018, cerca de
1.000 MW de capacidade instalada
em fontes renováveis no Brasil”,
diz José Antunes Sobrinho, CEO da
Desenvix, que possui em operação
e construção 342 MW de geração
de energia elétrica por meio de
fontes renováveis, como eólica,
biomassa, PCHs e hidrelétricas.
Já a sócia norueguesa tem nada
menos que 15.478 MW de capacidade
instalada, com usinas na Suécia,
Inglaterra, Alemanha e na própria
Noruega, e está presente em países
da América do Sul e Ásia.
A diretora da Innovation
Norway Brasil, Helle Moen, vê
com naturalidade esse ingresso de
empresas em outros segmentos do
setor de energia. “Naturalmente,
Foto: Divulgação
Energia renovável
o foco principal de cooperação
tem sido na indústria de petróleo
e gás e naval. No entanto, o setor
de energia renovável e tecnologia
limpa vem se desenvolvendo e
tomando um rumo interessante,
criando oportunidades que
devem ser exploradas com mais
profundidade”, destacou. “Nos
últimos anos, trabalhei com
empresas de tecnologia limpa e
energia renovável e espero poder
contribuir para reforçar os laços
nestes setores também”,
concluiu a dirigente.
B O O S T Y O U R B U S I N E S S AT O F F S H O R E E N E R G Y 2 0 1 2
400 EXHIBITORS, 6,500 VISITORS &
600 DELEGATES FROM OVER 30 NATIONALITIES
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TN Petróleo 84
47
Foto: Banco de Imagens TN Petróleo
rio capital da energia
De ‘capital do petróleo’
à referência mundial
em energia verde
Responsável por 80% da produção nacional de petróleo, 42% de gás
natural, detentor das usinas nucleares do país, da maior concentração
das térmicas a gás, e com investimentos recordes para o triênio 20122014 (R$ 15,4 bilhões), o Rio de Janeiro dá o primeiro passo para se
tornar centro de referência mundial em energia sustentável ao lançar o
programa Rio Capital da Energia.
por Karolyna Gomes
N
o dia 11 de junho, os
35 primeiros projetos
que serão desenvolvidos para promover
eficiência energética,
inovação tecnológica e energia
verde no estado foram apresentados pelo comitê estratégico do
programa”Rio Capital da Energia”
– formado por empresas e instituições – durante o lançamento dessa
iniciativa pioneira.
O detalhamento e cronograma
foram apresentados pelo secretário de Desenvolvimento
Econômico do
Rio de Janeiro,
Júlio Bueno, em
evento que reuniu o ministro de Minas e Energia,
Edison Lobão; o empresário Eike
48
TN Petróleo 84
Batista; a diretora-geral da Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), Magda
Chambriard; o governador Sergio
Cabral; o presidente da Empresa
de Pesquisa Energética, Maurício
Tolmasquim, entre outros empresários, no Palácio Guanabara.
Os projetos, com investimentos
assegurados em cerca de R$ 500
milhões, foram escolhidos entre uma
lista de propostas apresentadas ao
longo dos últimos nove meses pelas
empresas, universidades, associações e entidades de classe ligadas
ao setor de energia, com sede no estado e que são parceiras do governo
no programa. Um comitê executivo
ficou responsável por elaborar propostas que viabilizassem recursos.
“Queremos usar a energia do
século XX para alavancar a energia do século XXI”, afirmou Júlio
Bueno. Segundo ele, a carteira de
projetos aumentará nos próximos
meses, e o programa agregará investidores internacionais.
As empresas alemãs MAN e
Bosch, por exemplo, viabilizaram
a tecnologia para o ônibus que
usa como combustível o diesel-GNV, desenvolvido pela Petrobras, CEG e três secretarias de
estado (Desenvolvimento, Transporte e Ambiente). A utilização
do gás natural veicular permite
reduzir em 20% as emissões de
gás carbônico e em 80% a emissão
de material particulado.
Parcerias com a China estão incluídas no programa. Será criado
o Centro Coppe-Guodian de Tecnologia em Energia Eólica, conjuntamente com a universidade
chinesa, e que terá sede própria
no campus da Universidade Fe-
Foto: Governo do Estado do Rio de Janeiro
deral do Rio de Janeiro (UFRJ).
A Universidade de Tsinghua atuará na obtenção de biodiesel a
partir da tecnologia enzimática.
O Maracanã não poderia ficar
de fora. Palco da final da Copa do
Mundo de 2014, no estádio serão
instalados painéis fotovoltaicos.
A energia solar também irá iluminar o Centro de Tecnologia
da UFRJ, que será contemplado
com essa tecnologia.
O Grupo Canabrava, atuante em Campos dos Goytacazes,
será responsável por um sistema ecoeficiente de saneamento ambiental e bioenergização,
que consiste no tratamento da
vinhaça, efluente do processo de
produção de etanol, para recuperação energética, produção de
biogás para geração de energia
elétrica e crédito de carbono.
Em novembro, o gover no
pretende realizar uma feira de
tecnologia na área de energia.
Previsto para acontecer no Píer
Mauá, o evento visa divulgar os
atuais e novos projetos do programa anunciado.
As iniciativas podem ser acompanhadas pela sociedade no portal
de notícias: www.riocapitaldaenergia.rj.gov.br.
Empresas
parceiras:
Associação Comercial do Rio de Janeiro
(ACRJ); Ampla; Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP);
CEG; EDF-UTE Norte Fluminense; Eletrobrás
Eletronuclear; Empresa de Pesquisa Energética (EPE); Federação do Comércio do
Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ);
Federação das Indústrias do Rio de Janeiro
(Firjan); Furnas; Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP); Light; MPX; Neoenergia; OGX;
Organização Nacional da Indústria do Petróleo
(Onip); ONS; Petrobras; Petrobras Distribuidora; Pontifícia Universidade Católica do Rio
(PUC-Rio); Rio Negócios; Secretaria Estadual
de Ambiente; Secretaria Estadual de Ciência
e Tecnologia; Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e
Serviços; Universidade Estadual do Rio de
Janeiro (Uerj); Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ)/Coppe
TN Petróleo 84
49
decisão rio
Rio de Janeiro terá investimentos
de R$ 211,5 bi até 2014
O valor é 67,5% maior do que o previsto para 2010-2012. Do total, R$ 40,5
bilhões irão para o setor industrial, sendo que R$ 6,1 bilhões (15,1%) irão
para o setor petroquímico, R$ 10,1 bilhões (24,8%) para siderurgia e R$ 15,4
por Maria Fernanda Romero
bilhões (38%) para construção naval.
50
TN Petróleo 84
Foto: Antônio Batalha, FIRJAN
O
Rio de Janeiro terá investimentos públicos e
privados recordes para o
triênio 2012-2014, com destaque para os setores de logística
e transporte. A nova edição
do estudo Decisão Rio, que é
realizado ano a ano, mostra
que o estado receberá R$ 211,5
bilhões no período, valor 67,5%
maior do que o previsto para
2010-2012. A Petrobras lidera os
investimentos por setor, com R$
107,7 bilhões (50,9%).
Do valor total, R$ 40,5 bilhões
irão para o setor industrial,
sendo que R$ 6,1 bilhões (15,1%)
irão para o setor petroquímico,
R$ 10,1 bilhões (24,8%) para siderurgia e R$ 15,4 bilhões (38%)
para construção naval.
No setor petroquímico, serão
investidos R$ 6,1 bilhões, com
destaque para o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro), em Itaboraí. A chegada de fábricas de automóveis,
entre elas a Renault-Nissan, em
Resende, e a ampliação da PSA
Peugeot Citroen, em Porto Real,
movimentará R$ 6,1 bilhões da
área automotiva.
“Nosso estudo apresenta um
volume recorde de investimentos que vão muito além do setor
de petróleo e gás, com desta-
Luciana de Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico do Sistema Firjan; Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan; e Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e investimentos da Firjan
que para os investimentos na
indústria de transformação e em
infraestrutura, além do interesse
cada vez maior das empresas
estrangeiras em investir no Rio”,
disse o presidente da Federação
das Indústrias do Estado do Rio
de Janeiro (Firjan), Eduardo
Eugenio Gouvêa Vieira.
Para o secretário estadual de
Desenvolvimento Econômico
do Rio, Julio Bueno, os dados
mostram que “tem um círculo
virtuoso acontecendo no Rio
de Janeiro. O petróleo atrai a
indústria naval, que atrai a navipeças, que atrai a área metal
mecânica, que aumenta a renda,
que faz com que as pessoas consumam mais”.
Do valor total previsto para
a construção naval (R$ 15,4 bilhões), R$ 6 bilhões irão para os
novos estaleiros e construção de
embarcações, e R$ 10,1 bilhões
na siderurgia, com a implantação de siderúrgicas como a
Ternium, em São João da Barra.
“O estado terá, até 2014, o
maior número de instalações
portuárias do Brasil. Esse será
um grande e importante diferencial do Rio de Janeiro”, comentou Cristiano Prado, gerente de
Competitividade Industrial e
investimentos da Firjan.
O setor de infraestrutura terá
investimentos de R$ 51 bilhões, sendo R$ 14,8 bilhões em
energia (28,9%). No documento
constam 234 empreendimentos
previstos para o período 20122014, sendo 61,5% deles já em
andamento, ou seja, com obras
Foto: Agência Petrobras
Foto: Divulgação GE
Complexo do Açu,
em São João da Barra
Foto: Divulgação OGX
Foto: Divulgação Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
Museu do Amanhã na
região do Porto Maravilha
Lançamento no
Estaleiro Mauá,
em Niterói
já iniciadas e licenças ambientais adquiridas.
Ainda segundo o documento,
o volume dos investimentos estrangeiros na indústria de transformação mais do que triplicou:
de R$ 5,8 bilhões para R$ 17,8
bilhões. Além disso, o número
de empreendimentos dobrou de
14 para 28.
O Decisão Rio é um estudo,
realizado desde 1995, sobre as
intenções de investimentos no
Centro de Pesquisa da GE no Parque
Tecnológico na Ilha do Fundão
estado do Rio de Janeiro, junto
aos investidores, para um período prospectivo de três anos.
O seu objetivo é mostrar as
tendências de investimentos e
apresentar oportunidades de negócios aos tomadores de decisão
do setor público e da iniciativa privada, além de divulgar
nacional e internacionalmente
as oportunidades existentes no
Rio de Janeiro, atuando como
instrumento de atração de novos
investidores para o estado.
TN Petróleo 84
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Gas Summit 2012
eventos
Avanços e desafios
do mercado
A 9ª edição do Gas Summit Latin America, promovido pela IBC nos dias
14 a 16 de maio, discutiu as estratégias que os países da América Latina
estão adotando para otimizar a exploração e produção de gás natural,
obter um fornecimento constante e de longo prazo e potencializar as
oportunidades da chamada era de ouro do gás natural na América Latina.
por Maria Fernanda Romero e Rodrigo Miguez
Desafios da América Latina e
Caribe
A inserção do GNL na América
Latina e Caribe foi o primeiro tema,
apresentado por Luis J. Bertenasco,
líder de Projeto da Regaseificadora
Punta Alta, Enarsa PDV; Marcelo
Colomer Ferraro, professor de economia da UFF (Universidade Federal
52
TN Petróleo 84
Fotos: Divulgação IBC
O
tradicional congresso contou
com o patrocínio da CEG-Rio,
GE, Compagás, Linde, Gasmig, Testo, Cogeração Energia e o
apoio da TN Petróleo.
O crescimento da participação
dos hidrocarbonetos não convencionais e a consolidação do GNL (Gás
Natural Liquefeito) como alternativa ao abastecimento energético da
América Latina são dois temas que
vêm ganhando relevância no setor.
Perante os impactos que ambos os
fenômenos estão causando na indústria galífera, seu estudo e acompanhamento se tornam indispensáveis
no momento de avaliar a viabilidade
e desempenho de qualquer projeto
relacionado com a indústria do gás
na região.
Assim, foram incluídos dois seminários especiais na programação
desta edição do Gas Summit Latin
America, para aprofundar e atualizar
os conhecimentos dos participantes
nestas áreas-chave. Eles foram realizados no primeiro dia do evento.
Fluminense) e pesquisador associado
do GEE/IE-UFRJ (Instituto de Economia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro); e Jordi Solé Gomà,
gerente chileno da ROS Roca Indox
Cryo Energy.
Os impactos
do gás não convencional nos
países produtores
e grandes consumidores de gás foi
o segundo tema,
com os palestran-
tes Fernando Meiter, diretor da TNS
Latam; e Renato M. Darros de Matos,
diretor de E&P da Imetame Energia.
Iniciando os debates da conferência do Gas Summit 2012, Jorge
Ortiz, presidente executivo da YPFB
Andina, subsidiária de E&P da YPFB
da Bolívia, falou sobre as oportunidades de exploração de gás na Bolívia,
país com a terceira maior reserva de
gás na América do Sul.
Mais de 20 anos como fornecedora de gás natural do Brasil e
da Argentina, a Bolívia tornou-se
um ponto de conexão e distribuição de energia muito importante
na região, tendo cerca de 50% de
seu território (549,290 km²) com
grande potencial de hidrocarbonetos também.
Ortiz informou que em 2011 os
investimentos de empresas estrangeiras no país no setor de upstream
responderam por 40% do total de
investimentos (US$ 514 milhões), e
a YPFB e suas subsidiárias investiram US$ 766 milhões (60% do total).
“Além disso, em 2011 alcançamos o
pico de produção de gás natural e
hidrocarbonetos líquidos de 48 milhões de m³/dia”, acrescentou.
Segundo o executivo, a Bolívia
possui grande potencial em hidrocarbonetos, ainda pouco explorado;
preços excelentes no mercado de
exportação com contratos de longo prazo com o Brasil e Argentina;
e possui poucas empresas de E&P
para realizar atividades de exploração no país.
Logística e comercialização
Antonio Eduardo Monteiro de
Castro, gerente executivo de marketing e comercialização de gás e
energia da Petrobras, fez um panorama geral do suprimento de gás e
do plano de investimento da estatal
para alavancar a indústria brasileira
de gás natural.
Castro apresentou a operação do
Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) que
foi iniciada em 1999. Ele lembrou
que foi concluído em 2011 o ciclo
de investimentos de US$ 15 bilhões
(2007-2011) da estatal para a integração das malhas de gás.
O executivo citou os terminais
de regaseificação da companhia
em operação, em Pecém e na Baía
de Guanabara, com capacidade de
regaseificação de 21 MM m³/dia.
“Em 2014, aumentaremos essa capacidade para 41 MM m³/dia, com
a ampliação da Baía de Guanabara
(mais 6 MM m³/dia) que já estará
operacional em janeiro de 2013; e
com o terceiro terminal de regaseificação de GNL na Bahia, que estará operacional em janeiro de 2014,
O gás natural no Brasil
Consumidores: 2 milhões
Crescimento: 15,17% (1TRI 2010/1TRI 2011)
Investimento: R$ 6 bilhões (2007-2010)
Rede de distribuição: 20,9 mil km
Competitividade
Previsão para 2020
Consumidores: 3,2 milhões (aumento de 67%)
Rede de distribuição: 37,4 mil km (crescimento de 84,1%)
Investimento: R$ 18 bilhões (média de
R$ 2 bilhões/ano)
Fonte: Abegás
Clientes de gás por segmento*
Industrial ................................................ 2.773
Automolivo (Postos) ............................. 1.696
Residencial ......................................... 2.061.659
Comercial .............................................. 25.252
Geração elétrica .......................................... 24
Cogeração ................................................... 50
Matéria Prima ............................................... 2
Outros (inclui GNC) ...................................... 21
COMPANHIAS - TOTAL .................. 2.091.477
Fonte: Abegás
zação dos atributos da geração termelétrica a GN como, por exemplo,
‘despachabilidade’, proximidade dos
centros de carga e atendimento da
demanda de ponta”, finaliza Castro
*Brasil, março 2012
adicionando mais 14 MM m³/dia”,
afirmou Castro.
Para 2013, o gerente da Petrobras
informou que haverá mudanças na
logística do gás natural devido ao aumento da produção nacional, a malha
integrada de gasodutos, as referências
internacionais de preços, a necessidade de flexibilidade, assim como a
demanda por contratos de longo prazo, leilões eletrônicos de curto prazo e
o aumento do mercado termelétrico.
Segundo ele, até 2020 o Brasil
aumentará sua participação na produção de gás natural, consequentemente reduzindo sua importação
de 48% para 41%. Isso acontecerá
devido a outros agentes que atuam
em E&P no Brasil aumentando a participação na produção de gás natural,
a maior segurança no suprimento de
gás natural com a consolidação da
malha nacional integrada de gasodutos, a expansão da capacidade de
oferta e a ampliação do suprimento
de gás ao mercado.
“Em relação à contratação de
energia nova, é necessária a valori-
Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) comentou sobre o Plano
Decenal de Expansão de Energia
(PDE 2020), que prevê uma forte
ampliação da oferta nacional de gás
natural, saindo de
um patamar de 50
milhões de m³/dia
em 2011 para 142
milhões de m³/dia
em 2020.
“Essa oferta
interna, acrescida
das importações
− 30 milhões de m³/ dia de gás boliviano e 21 milhões de m³/dia de
GNL − irá ampliar a oferta total de
cerca de 109 milhões de m³/dia em
2011 para 193 milhões de m³/dia em
2020”, afirmou Tolmasquim.
O executivo disse que a EPE defende a comercialização do gás natural nos próximos leilões. Segundo
ele, não há empecilho contra a fonte,
que continua tendo projetos inscritos.
Tolmasquim informou que a
instituição precisa ainda aprofundar a análise de competitividade
de gás para submeter à apreciação
do Ministério de Minas de Energia
(MME). Assim, o MME selecionará
as oportunidades e opções que serão objeto de estudo mais detalhado,
por parte da EPE, de modo a definir
o gasoduto de referência para fins
de promoção de chamada pública e
posterior licitação das concessões.
De acordo com ele, assim como
o PDE 2012-2022, a definição das
informações básicas para o gasoduto
de referência e o banco de dados de
custos em infraestrutura de gasodutos ainda estão em elaboração.
Mercado gigante
Ubirajara S. de Campos, assistente executivo da subsecretaria de
petróleo e gás de São Paulo, tratou
TN Petróleo 84
53
eventos
Gás onshore
Já Kjetil Solbraekke, CEO da
Panoro Energy, comentou sobre a
produção onshore no Brasil e o papel
dos produtores independentes de gás
que, segundo ele, encontram grandes
54
TN Petróleo 84
da Norton Rose, fez um levantamento
sobre o ambiente de investimentos
na região, no qual destacou que Colômbia e Brasil são os países com
menos obstáculos para se investir no
setor de gás natural; quatro das cinco
regiões com potencial para gás natural na Argentina têm uma atmosfera
semelhante às do Brasil e Peru, sendo
Neuquén a região menos atraente
para investimentos; e Venezuela, Bolívia e Equador são os países menos
atraentes para investimentos, tanto
na América Latina quanto no mundo.
Foto: Agência Perobras
do mercado paulista de gás natural,
que reúne 41% dos consumidores
do Brasil. São Paulo é o centro da
malha de transporte de gás natural da região Sudeste, interligada à
malha nacional, através da qual é
transportado todo o gás produzido
e importado pelo Brasil.
De acordo com Ubirajara, os atuais desafios dessa área são expandir
a oferta doméstica, otimizar o atendimento das usinas térmicas, dar
mais eficiência à política de preços e
aperfeiçoar o ambiente institucional.
Na indústria paulista, a participação do gás natural é superior à dos
derivados de petróleo e a estimativa
é que até 2020 aumente ainda mais
com a expansão da oferta de gás na
Bacia de Santos com a produção do
pré-sal.
“Com a Unidade de Tratamento
de Gás Monteiro Lobato (UTGCA)
e a Refinaria Presidente Bernardes
/ Cubatão (RPBC) teremos capacidade de processamento de 22,5MM
m³/dia de gás natural em 2020, dos
quais 20 MM m³/dia internalizados
no próprio estado.
Ubirajara disse que atualmente
a secretaria de energia de São Paulo
quer aumentar a participação do gás
natural na matriz energética paulista
de 7% para 10,5% até 2020, por meio
da utilização de tecnologias mais
eficientes e de maior agregação de
valor no consumo de gás natural.
“Queremos induzir o desenvolvimento da cadeia, atraindo empresas,
fornecedores, tecnologia, pesquisa e
inovação e consequentemente criarmos mais empregos e renda. Além
disso, buscamos a competitividade
das cadeias produtivas, a expansão
das redes de distribuição de gás e
queremos adicionar 1.000 MW de
capacidade instalada de cogeração
a gás natural no estado de São Paulo
até 2020”, ressaltou.
Integração energética
Plano Decenal de
Expansão de Energia
(PDE 2020)
Oferta nacional de gás natural: 50 milhões
de m³/dia em 2011 atingindo 142 milhões de
m³/dia em 2020.
Importações: 30 milhões de m³/ dia de gás
boliviano e 21 milhões de m³/dia de GNL
Oferta total: 109 milhões de m³/dia em 2011
para 193 milhões de m³/dia em 2020
Fonte: EPE (Empresa de Pesquisa Energética)
dificuldades no sistema de compras
de gás com a Petrobras. Para ele, falta
cogeração no setor e equipamento
para a produção independente. O
executivo sugeriu que os governos
estaduais estimulem a compra do
gás nos países para que haja maior
flexibilização do mercado.
Luciano Gremone, diretor da
Standard & Poor ’s Ratings Services, analisou o ambiente de financiamento dos projetos de E&P na
América Latina, onde destacou que
os principais desafios da área são o
aumento da complexidade tecnológica, os requisitos ambientais, a
volatilidade dos
preços das commodities e ainda
o vencimento dos
mercados de capitais domésticos.
No mesmo
painel, Leopoldo
Olavarria, sócio
Finalizando o primeiro dia do
evento, Carlos Bellomo, gerente
geral da Petrobras Uruguai fez uma
breve análise do papel da integração
energética no desenvolvimento do
Uruguai. Lembrou que a energia hidrelétrica é a maior fonte de energia
do país; que o gás natural, em sua
maioria, é importado da Argentina
por dois gasodutos e as energias renováveis estão sendo estimuladas
pelo governo uruguaio.
O executivo disse que o Uruguai
tem um grande desafio pela frente
no campo da energia e que a integração dos sistemas é extremamente
importante para o país.
Bellomo propôs um terminal
de regaseificação de GNL no país.
“O GNL é uma alternativa viável
a outros projetos no Uruguai como
gasodutos de grande porte para suprir parte da demanda reprimida;
e a exportação é essencial para a
viabilidade do projeto”, afirmou.
No segundo dia do Gas Summit
2012, os desafios do setor de gás natural no continente latino-americano foram alvo de debate entre os membros
das principais empresas da região.
Hoje, o gás natural corresponde a
21% da matriz energética mundial, já
na América Latina esse número sobe
para 28%. Os países com maiores
reservas provadas de gás na região
são Venezuela, Brasil e Peru, que
tiveram aumento nos últimos anos. Já
os maiores produtores de gás natural
são Venezuela, México, Argentina,
Trinidad e Tobago e Brasil.
Fonte: Abegás
Lennys Rivera, coordenadora de
Hidrocarbonetos da Organização
Latinoamericana de Energia (Olade),
destacou que 62% das exportações
da Bolívia são via gasoduto, já Trinidad e Tobago tem como foco o GNL.
Segundo ela, o mercado de gás do
Peru está em pleno desenvolvimento
e deve ser visto com atenção.
Para 2032, a perspectiva de demanda é de crescimento de 2% ao
ano na Argentina, México e Colômbia. No Brasil, Peru e Venezuela há
uma significativa produção doméstica com relação ao consumo, por isso,
as estimativas são de que a demanda
deve crescer cerca de 5% ao ano.
Na opinião de Lennys Rivera, os
principais desafios para consolidação
do GNL estão nos altos custos do
transporte do combustível, além da
necessidade de investimentos em
desenvolvimento tecnológico voltado
para este tipo de produto.
Estratégia de expansão
A expansão das concessionárias
brasileiras de gás
natural foi outro
tema de debate
durante o Gas
Summit 2012.
Luciano Pizzatto, presidente da
Companhia Paranaense de Gás
(Compagas) afirmou que nos próximos cinco anos serão investidos R$
800 milhões em dutos de distribuição.
Apesar dos esforços das empresas
distribuidoras de gás natural, o executivo alertou para a necessidade de
vencer os gargalos existentes no setor, principalmente na região Sul do
país. “O Paraná é uma região deserta
de gasodutos, por isso, há um gargalo
importante para ser suprido ainda”,
afirmou o presidente da Compagas.
Ele opina que a projeção de demanda nos próximos três anos é de
6,6 milhões de m3/dia para atender
ao mercado somente da região metropolitana de Curitiba, que compreende 13 municípios, e a partir
de 2019 essa demanda chegará a 11
milhões de metros cúbicos.
Consumo Industrial por Energético
Energético
(unidade: 10³ toe) - 2010
São Paulo
Brasil
SP/BR (%)
Derivados de Petróleo (*)
3.215
12.840
25,0%
Gás Natural
3.619
9.239
39,2%
7
3.634
0,2%
681
11.209
6,1%
Eletricidade
5.706
17.307
33,0%
Bagaço de Cana de Açúcar
13.199
17.821
74,1%
Outros
2.415
13.628
17,7%
Total
28.842
85.678
33,7%
Carvão Mineral
Lenha e Carvão Vegetal
Para suprir essa demanda, há
propostas como um gasoduto de
Curitiba a Foz do Iguaçu, que ajudaria na integração da região, já
que estaria próximo ao Paraguai e
à Argentina, um terminal de regaseificação de GNL em Paranaguá,
com capacidade de sete milhões de
m3 de gás/dia, e também um gasoduto para atender a indústria de
papel e celulose que vai se instalar
na região em janeiro de 2015, e que
levaria pelo menos dois anos e meio
para ser construído.
Já a paulista Comgás (Companhia de Gás de São Paulo) afirmou
que o investimento previsto para este
ano é de R$ 600 milhões e que desde
1999 mais de R$ 4 bilhões foram investidos no país pelos controladores,
BG e Shell. Com distribuição de 13
milhões de m3/dia em uma rede de
8.000 km, atendendo a 70 cidades,
a indústria corresponde a 75% do
mercado da empresa, que atende a
duas termelétricas.
Conforme dados da Companhia
de Gás de Santa Catarina (SC Gás),
o mercado de GNV da empresa deve
saltar dos atuais 390 para 550.000
m3 por dia até 2030. Com relação
à demanda de gás no estado para
os próximos anos, a projeção é de
50% de aumento em 2020, para três
milhões de m³ de gás.
Biogás
O uso do biogás foi apresentado pelo
presidente da SC Gás, Cosme Polese,
como uma das soluções para a crescente
necessidade de gás no país. De acordo
com o executivo, o biogás em Santa Ca-
tarina tem potencial de um milhão de
m³/dia. Já estão em estudo várias alternativas, entre elas a construção da Usina
de Biogás São Maurício e uma usina de
biogás em Faxinal dos Guedes e Concórdia, da empresa BRF. “Os três estados
da região Sul têm
que se unir para resolver os problemas
de abastecimento
de gás”, afirmou
Polese.
Na Bahia e
no Rio de Janeiro, as concessionárias têm planos de altos
investimentos na expansão da sua
malha. A Bahia Gás está focando
na interiorização do seu portfólio,
aproveitando as cadeias produtivas da Bahia, além dos eixos do
Gasene e da Ferrovia Oeste-Leste.
Esse trabalho faz parte do plano
de investimento 2012-2015 da companhia, que este ano tem previsão de
investimento de R$52 milhões. Já a
Gas Natural Fenosa (CEG), que tem
a concessão da distribuição de gás
no Rio de Janeiro, vai investir este
ano na renovação de redes antigas
e na ampliação do atendimento, em
especial o residencial e comercial na
cidade de Teresópolis. A empresa
vai investir mais de R$1 bilhão até
2014 em diversas iniciativas, que
abrangem a construção de 900 km
de novas redes, com o objetivo de
chegar a 7,2 mil km.
Também com projetos de expansão para o interior do estado, a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) tem a meta de levar gás natural
TN Petróleo 84
55
eventos
Concessionárias de
gás natural por região
a todas as indústrias do estado que
usem óleo ou GLP. A empresa está
com projetos pilotos em Governador
Valadares e Itabira e Pouso Alegre.
Com início do fornecimento previsto para iniciar em janeiro do ano
que vem, o projeto de Governador
Valadares / Itabira terá vazão inicial
de 216 mil m³/mês com intenção de
chegar a 933 mil em 2015.
Política setorial
Norte
Cigás – Companhia de Gás do Amazonas
Gás do Pará – Companhia de Gás do Pará
GASAP – Companhia de Gás do Amapá
Rongás – Companhia Rondoniense de Gás
Centro-Oeste
CEBGAS – Companhia Brasiliense de Gás
Goiasgás – Agência Goiana de Gás
Canalizado S/A
MSGÁS – Companhia de Gás do Estado de
Mato Grosso do Sul
MTGÁS – Companhia Mato-grossense de Gás
Nordeste
ALGÁS – Gás de Alagoas S/A
BAHIAGÁS – Companhia de Gás da Bahia
CEGÁS – Companhia de Gás do Ceará
COPERGÁS – Companhia Pernambucana de Gás
GASMAR – Companhia Maranhense do Gás
GASPISA – Companhia de Gás do Piauí
PBGÁS – Companhia Paraibana de Gás
POTIGÁS – Companhia Potiguar de Gás
SERGÁS – Sergipe Gás S/A
Sudeste
BR-ES – Petrobras Distribuidora
CEG e CEG RIO
Comgás – Companhia de Gás de São Paulo
Gás Natural São Paulo Sul S.A.
Gás Brasiliano Ltda.
Sul
Compagas – Companhia Paranaense de Gás
SCGÁS – Companhia de Gás de Santa
Catarina
Sulgás – Companhia de Gás do Estado do
Rio Grande do Sul
56
TN Petróleo 84
Fonte: Abegás
Para Roberto Garcia, diretor comercial da Gasmig, a equiparação
de preços do óleo combustível com
o gás natural é um dos empecilhos
aos projetos de expansão da rede da
companhia, assim como a constante
alta do preço do gás natural.
Para Edmilson Moutinho, professor do Instituto de Eletrotécnica e
Energia da Universidade de São Paulo (IEE/USP), o problema do gás do
Brasil está no mercado interno e não
com a Bolívia ou a Argentina. “Falta
uma política interna para o setor de
gás natural, que
está esquecido”,
afirmou.
Moutinho
acredita que o
investimento em
P&D é uma das
chaves para a civilização do gás, que
é o uso do combustível para benefício
da população. Jorge Loureiro, superintendente de Gás da Secretaria de
Estado, Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do
Rio de Janeiro (Sedeis) afirmou que
uma das maiores políticas voltadas
para o setor de gás está perdendo
importância ano após ano.
O incentivo ao GNV em veículos
leves no início dos anos 2000 levou
muitos motoristas a colocar o kit gás
nos automóveis, em especial os taxistas.
Desde 2003, mais de 800 mil veículos já
foram convertidos para GNV, porém, a
partir de 2008, devido ao estímulo aos
veículos flex, esse número vem caindo. Hoje, há 1,736 milhão de veículos
convertidos para GNV no país.
No Rio de Janeiro, há projeto em
fase de testes do ônibus flex diesel-
-GNV, utilizando tecnologia Bosch,
que tem previsão de substituição de
diesel por GNV de 75%. O veículo
pode rodar com 100% diesel ou com
diesel junto com gás. De acordo com
Jorge, a implantação de ônibus com
essa tecnologia acarretaria uma redução de 25 toneladas de CO2 por
veículo por ano, o que significa que
uma frota de 10 mil ônibus reduziria em 250 mil toneladas por ano as
emissões de gases do efeito estufa.
Incentivos são necessários
Na visão de Marcelo Prado, diretor de Marketing da GE Energy,
o governo tem que voltar os olhos
novamente para o gás natural e realizar políticas de incentivo ao setor.
Para ele, o gás vai ter um papel extremamente importante na geração
de energia nos próximos dez anos
para a América Latina. No Brasil,
o setor químico é o que tem maior
potencial de utilização de energia
através de cogeração a gás natural.
Para os especialistas do setor, os
principais entraves para a ampliação
da malha de transporte de gás são uma
demanda baixa e pulverizada, um regime de concessões incompatível com
o mercado, além de concessões de
transporte complexas e burocráticas.
Os especialistas disseram ainda
que é preciso haver uma harmonização de competências nos governos
estaduais, com a criação de um conselho nacional de distribuidores de
gás natural para que haja critérios
mais transparentes na regulação do
setor, como por exemplo, com relação aos preços do gás natural. Uma
das críticas dos executivos é que o
ambiente atual não é propício para a
competitividade do mercado.
Durante o encerramento do Gas
Summit 2012, quando foi feito um
balanço do setor, o diretor da empresa PSR afirmou que as perspectivas para o futuro do mercado
de gás natural no país é altamente positivo, apesar dos gargalos a
serem combatidos. Segundo ele,
as projeções são de que o Brasil
passará de importador a produtor
de alta capacidade.
TN Petróleo 84
57
HUG Americas 2012
Fotos: Divulgação Honeywell
eventos
Foco em inovação
Com a presença em mais de cem países, a Honeywell apresentou no evento
HUG Americas 2012 diversas novidades do seu portfólio de produtos para
por Rodrigo Miguez, enviado especial
indústrias como a petroquímica e de óleo e gás.
N
a abertura de mais uma
edição do Honeywell
Users Group Americas
(HUG), o presidente da Honeywell Process Solutions (HPS),
Darius Adamczyk, afirmou que
o principal foco da empresa está
na inovação e no desenvolvimento de produtos que gerem soluções para os clientes da empresa.
“O investimento em pesquisa e
desenvolvimento (P&D) é a única
maneira de uma companhia se
manter de forma sustentável em
um mercado competitivo como
o que temos hoje no mundo”,
afirmou Darius.
Realizado em três continentes todos os anos, o HUG trouxe
para a cidade de Phoenix, no estado norte-americano do Arizona,
perto de 1.100 participantes, de
280 empresas de mais de 15 países do mundo. Durante o evento,
a empresa apresentou algumas
58
TN Petróleo 84
novidades que
entraram no
seu portfólio
este ano, como
a Experion PKS
Orion, nova
tecnologia da
HPS para o
monitoramento e controle de
sistemas de todos os tipos de
indústria, inclusive de petróleo e
gás natural. Também nessa área,
a HPS exibiu o Experion Mobile
Solutions, que permite que os
operadores saibam exatamente
como está o funcionamento do
sistema e possam consertar algum erro, usando um aplicativo
no iPhone e no iPad.
Tecnologias para óleo e gás
Especificamente falando do
setor de petróleo e gás natural, a Honeywell apresentou o
RMG530, usado para regular a
pressão de um duto de gás. A
empresa desenvolveu em parceria com a FMC, o FMC Subsea
Controller Integration, voltado
para garantir a integridade dos
dutos. Outra tecnologia para o
setor de petróleo mostrado pela
empresa foi o Field Operator
Training, uma sala de treinamento virtual, todo em 3D, para dar
uma maior realidade na especialização da equipe.
Um dos destaques do HUG
2012 também foi o Universal I/O,
que permite a integração de dispositivos com mais segurança, de
forma mais simplificada na instalação e facilita a manutenção.
O produto da Honeywell
Process Solutions é ideal para
instalações localizadas a grandes
distâncias geográficas, como as
plataformas de petróleo atuantes
na área do pré-sal, que ficam
baseadas a 300 km da costa.
Ademais, o equipamento tem o
objetivo de reduzir custos e de
ter a mesma eficiência na operação, mas com menos pessoas
trabalhando nas plataformas.
“Durante anos, o foco da
Honeywell foi desenvolver
produtos eficientes e que gerem
menos custos
para os nossos
clientes e essa
ainda é a nossa
visão”, afirmou
Tracy Haslam,
vice-presidente
para as Américas da Honeywell.
No segundo dia de evento foi
apresentado o Remote Operations
and Collaboration (ROC), uma
central de controle destinada aos
mercados de óleo e gás, e mineração. A tecnologia tem o objetivo
de garantir segurança ao sistema,
melhorar a produção e a produtividade e servir de suporte no
gerenciamento da planta. O equipamento já está sendo utilizado
inclusive pela Shell, que monitora
de Louisiana, nos Estados Unidos,
duas plataformas do campo de
Perdido, no Golfo do México.
Segundo Christophe Romatier, gerente de Marketing
Estratégico da
Honeywell Process Solutions,
os produtos
desenvolvidos
pela empresa
devem servir
para integrar
e melhorar a performance da
companhia. “O nosso sistema
tem que ser agregador e trabalhar com as outras tecnologias já
existentes nas plantas dos nossos
clientes”, afirmou.
Automação
Principal fonte de receita da
Honeywell e de foco da compa-
nhia no desenvolvimento de produtos e tecnologias, a automação
foi tema da palestra ‘Key Role of
Automation in Offshore Projects’,
do brasileiro Carlos Henrique
Moura, consultor da área de exploração e produção (E&P)
da Petrobras.
Com as recentes descobertas de petróleo no país e uma
expectativa de produção da Petrobras em 2020 de 5,4 milhões
de barris por dia, o avanço da
tecnologia da área de automação é fundamental para garantir
uma produção sem problemas e
com máxima segurança. Porém,
o executivo da estatal criticou a
política de conteúdo local de 60%
vigente no país, o que tem criado
dificuldades para a empresa, que
tem as suas opções reduzidas, já
que muitas empresas do segmento não têm fábricas no Brasil.
“A Petrobras precisa aumentar
o número de fornecedores de
sistemas de automação e controle”, afirmou Carlos. A Petrobras
tem resolvido as dificuldades nos
projetos topsides com a modularização e o Contrato Global de
Automação (CGA), que envolve
por exemplo controle de corrosão
e detectores de flame e gás.
Brasil em pauta
O Brasil está nos planos da
Honeywell para os próximos
anos, segundo informou o presidente da HPS, Darius Adamcyzk. De acordo com o executivo, o país está no top 3 de uma
lista para receber investimentos.
“Temos o desejo de aumentar
nossa participação no mercado
brasileiro, e isso está em nossos
planos”, afirmou.
Em 2011, a companhia teve
faturamento de 1 bilhão de
dólares no Brasil, somando os
ganhos de todas as empresas do
grupo atuantes no país, no qual
o seu principal negócio está na
área de automação, controle e
sistemas (ACS).
Além do setor de óleo e gás,
a HPS está presente também nas
áreas de energia e etanol. No
Brasil, a Honeywell tem escritórios em Salvador, Curitiba,
Belo Horizonte, Vitória e mais
recentemente no Rio de Janeiro
– aberto para atender exclusivamente às questões ligadas à
Petrobras. No segundo semestre,
a Honeywell irá inaugurar uma
fábrica em Barueri, na Grande
São Paulo.
Com clientes como Petrobras, Braskem, Ipiranga e
Cosan, o Brasil é visto como
prioridade pela companhia.
“Queremos que a atuação da
Honeywell
no Brasil seja
igual ou maior
do que em países como Índia
e China”, disse
Jodir Marprates, gerente geral da Honeywell do Brasil. Ele
lembrou ainda que a empresa,
por meio da Honeywell UOP,
está implementando o Separex
(voltado para o processamento
de gás offshore) para os oito
novos FPSO da Petrobras, além
da instalação de equipamentos
na segunda fase do Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj).
No encerramento do evento, um painel formado por
engenheiros e professores da
área de engenharia discutiram
formas de estimular os jovens
a ingressar na carreira nos Estados Unidos, que, assim como
no Brasil, sofre com a falta de
novos profissionais no setor. O
próximo HUG Americas será
realizado em 2013, de novo na
cidade de Phoenix.
TN Petróleo 84
59
Accelerate Oil & Gas
eventos
Pé no acelerador
Com a necessidade de avançar em diversos setores para acompanhar o forte
crescimento do mercado de óleo e gás, executivos reuniram-se no Accelerate Oil
& Gas para discutir soluções adequadas aos desafios que se apresentam para um
por Karolyna Gomes e Rodrigo Miguez
mercado que exige agilidade e segurança.
60
TN Petróleo 84
Fotos: Divulgação
N
a abertura do evento, o presidente da HRT, Márcio Mello,
afirmou que há necessidade
de aumentar o número de empresas
do setor de petróleo no país, para
reforçar a cadeia produtiva de óleo
e gás. Ele ressaltou ainda a urgência
de novas rodadas de licitação pela
Agência Nacional de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em sua apresentação, o executivo adiantou que a HRT vai furar
no final desse ano quatro poços
em águas profundas na Namíbia,
onde a empresa atua nas bacias do
Orange e Walvis. Além disso, três
poços estão sendo perfurados na
Bacia do Solimões.
Para o chairman da área de energia da Federação das Indústrias do
Estado do Rio de Janeiro (Firjan),
Armando Guedes, a busca pela automação deve ser cada vez maior em
uma indústria como a do petróleo,
que precisa também de mais investimentos em logística e tecnologia
para o desenvolvimento do setor,
principalmente na área de exploração do pré-sal.
Segundo Sérgio Henrique Almeida, representante da ANP, um
dos entraves para a não realização
das rodadas de licitação da ANP é
a discussão sobre a distribuição dos
royalties do petróleo no Congresso
Nacional. Mesmo assim, ele se mostra otimista com relação ao futuro da
indústria brasileira de óleo e gás, que
pode chegar em 2020 como um dos
grandes exportadores de petróleo
do mundo.
“Existem oportunidades além do
pré-sal. O país é uma das fronteiras
petrolíferas do mundo”, afirmou. Prazo, preço e qualidade foram tidos
como itens essenciais para qualquer
empresa que queira ser competitiva
no mercado de óleo e gás. Segundo
ele, a demanda por bens e serviços
no setor até 2020 é da ordem de US$
400 bilhões, por isso, destacar-se,
para as principais empresas como
Petrobras e Shell, é fundamental.
Incentivo à cadeia produtiva
Com orçamento de R$ 4 bilhões
e vigência até 31 de dezembro de
2015, o programa BNDES P&G tem
como objetivo buscar soluções para
alguns dos entraves à competitividade e ao desenvolvimento do setor,
entre eles a dificuldade de acesso ao
crédito, o elevado custo de capital
e o acesso à tecnologia de ponta.
Criado há menos de um ano, o programa já reúne uma carteira com
19 operações, no valor de R$ 1,48
bilhão em financiamento.
Outro programa importante criado para o incentivo de pequenas e
médias empresas é o Progredir, lançado em junho pela Petrobras, em
uma parceria com os seis maiores
bancos do país. Até agora 459 empresas foram beneficiadas com uma
concessão de R$ 2,1 bilhões.
A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) também dá suporte de
financiamento, voltado para o setor
de inovação tecnológica, fator importante para aumentar a velocidade da
indústria que precisa fazer frente aos
concorrentes no exterior.
Durante o painel ’Financiamentos e investimentos em óleo e
gás’, Maurício Alves Syrio, chefe
do departamento de Petróleo, Gás e
Indústria Naval da Finep, ressaltou
que, este ano, estarão disponíveis
R$ 6 bilhões para crédito (financiamentos reembolsáveis), o maior
volume da história da instituição
para esta modalidade.
Pré-sal: um desafio ambiental
O segundo dia de evento teve
entre seus principais temas a questão
ambiental offshore brasileira, que foi
apresentada pelo diretor-geral do
Centro de Estratégias em Recursos
Naturais e Energia (Cerne), Jean-Paul Prates. O executivo mediou o
debate ‘Meeting the Environmental
Challenge’, e expôs três impasses
atuais: o risco operacional e técnico
do pré-sal, as possibilidades dessa
descoberta ameaçar o desenvolvimento de matrizes energéticas que
não utilizam fontes fósseis e o risco
do capital gerado e distribuído com a
regulamentação do pré-sal gerar tolerância na utilização de tecnologias
que podem não ser de fato eficientes.
“Para expor os riscos e fragilidades atuais da exploração, podemos
lembrar o recente caso Chevron, que
acabou virando um acidente regulatório institucional, e não um incidente técnico e operacional. Como
mitigar, prevenir, remediar e indenizar? As respostas a essas quatro
perguntas em relação ao ambiente
offshore brasileiro não estão de todo
claras e muito menos ao alcance dos
manuais de empresas”, afirmou Prates, lembrando que mesmo assim
houve evolução tanto por parte da
ANP e do Ibama, que elevaram seus
aprendizados sobre o universo do
petróleo e atuam hoje com maior
competência do que há dez anos.
Alimentando o debate com a
experiência internacional, Tommy
Bjornsen, da Statoil, apresentou o
nível de eficiência alcançado na Noruega. O executivo abordou o Centro
de Resposta a Emergências da companhia, que dá treinamento e apoio
às unidades offshore, monitorando
a prontidão de plataformas, helicópteros e embarcações, conjuntamente
que entender que o ciclo de vida concreto do produto, desde sua extração,
transporte, refino e destinação para
diferentes atividades devem ser considerados no modelo sustentável de
desenvolvimento.”
Badra chamou a atenção para os
resíduos gerados em todo o ciclo do
petróleo, que devem não somente
ter destinação correta, mas agregar
alternativas tecnológicas para que
sejam reaproveitados e transformados em insumo, dando novo valor
para o material.
com o Centro de Coordenação da
Marinha.
Bjornsen chamou a atenção para
a relação de cooperação entre as empresas petrolíferas que atuam com um
processo padronizado nas respostas
emergenciais de vazamentos. “Temos
um processo padronizado simples e
eficaz para todo o país. A Statoil, como
as outras 40 empresas, é membro da
Northon, uma sociedade sem fins
lucrativos que opera todas as instalações offshore e desenvolve tecnologias de recuperação pós-vazamento e
dispersão de óleo, além de organizar
respostas onshore.”
Para Marcos Alejandro Badra, do
Grupo Ambipar, o desafio no Brasil
será vincular sustentabilidade com
crescimento, já que a exploração dos
recursos é algo inevitável e faz parte
do planejamento futuro e estratégico
do país. “Não se pode considerar
somente a exploração de petróleo e
gás como o foco do processo. Temos
Infraestrutura para a distribuição interna
No painel ‘Supporting Infrastructure’, o diretor de óleo e gás da
Abimaq, Alberto Machado, abordou o
desafio logístico da produção, já que o
pré-sal irá incrementar expressivamente a quantidade de barris diários que
serão produzidos nos próximos anos.
Segundo informações da ANP,
hoje o Brasil tem, além da Petrobras, 77 outras empresas atuando
em petróleo e gás no Brasil. Machado
chamou a atenção para a logística
dessa produção. “Como você vai
transitar com todo esse material no
país? Como está nossa malha de gasodutos? Nosso país ainda é muito
focado na malha rodoviária, o que
pode ser considerado ineficiente se
trabalharmos com longas distâncias
e alto volume”, disse.
O executivo lembrou também das
bases de apoio marítimas, que ainda
hoje são adaptadas – com exceção da
base de Imbetiba, da Petrobras. “Tirando Imbetiba, todas as outras bases que
operam são adaptadas de outras instalações. Existem algumas em projeto,
como é o caso do Porto de Açu, entre
outras, mas o assunto requer cuidado
especial, já que o continente agrega
grandes distâncias.”
Cursos de solda e de petróleo e gás
Treinamento na área de
tecnologia e petróleo
Taquara/RJ Tel.:(21) 3414 7029
Campos/RJ Tel. (22) 2724-0742
Santos/SP Tel. (13) 3223-3031
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TN Petróleo 84
61
perfil profissional
Realização é
satisfação pessoal
Influenciado pelo pai ao optar pela engenharia como profissão, o paulistano
Paulo Balochini, gerente geral da UTC Engineering Services, baseada em
Houston, Texas, cresceu alimentando sua paixão por navios e sonhando em
um dia seguir carreira na Marinha brasileira – muito valorizada pela sociedade
da época. Com a experiência de ter atuado em projetos de plataformas de petróleo no Brasil, África e Golfo do México, e trabalhando fora do Brasil há mais
de 15 anos, ele destaca em seu percurso o aprendizado com novos desafios,
compromisso e a busca por resultados.
por Karolyna Gomes
Fotos: Divulgação
“O
62
TN Petróleo 84
fato de meu pai ser engenheiro e eu conviver em seu escritório
e nas obras me deu a determinação de que era essa a profissão que eu queria seguir”, afirma Balochini, de 52 anos, 30
de carreira. “Creio que a realização profissional não está diretamente
relacionada à questão do sucesso, mas também ao desempenhar certo
trabalho ou atividade com motivação e tentando superar-se em cada
oportunidade possível.”
Um rico currículo mostra que seu primeiro emprego foi na Setal Instalações Industriais, em 1982. “Na época eu estava de férias da Faculdade
de Engenharia de Araraquara (Feca), onde me formei engenheiro civil. A
empresa tinha um canteiro de fabricação de módulos em Ponta D’Areia,
em Niterói”, lembra. Lá, Balochini começou sua experiência no mercado, preparando shop drawings (desenho de estruturas) dos módulos na
Oficina de Estruturas. “A Setal tinha um contrato para fabricação de 14
módulos das plataformas de Cherne 1 e 2 da Petrobras.”
A companhia lhe possibilitaria muito mais do que experiências
profissionais. Balochini teve a oportunidade de trabalhar com aquela
que viria a ser o grande o amor de sua vida. “Sou casado com Debora,
também engenheira. Trabalhamos juntos em alguns projetos pela Setal.” O casal tem dois filhos, Gianluca e Gabriel, hoje com 21 e 19 anos,
respectivamente.
O engenheiro reconhece que o final dos anos 1970 e os anos 80 foram
muito importantes para o desenvolvimento e capacitação da indústria e
serviços do segmento. “Considero que o programa que a Petrobras implementou junto a empresas brasileiras e estrangeiras foi uma escola de
formação de profissionais para o setor de petróleo no Brasil”, diz. “Quase
todos os profissionais que começaram a atuar na época, e conseguiram
dar continuidade às atividades nos períodos de baixo investimento da
estatal, puderam adquirir e expandir a experiência, e hoje quase todos
são os líderes de várias empresas
que se destacam no setor.”
Paulo reconhece a mudança na
indústria quando da transição da
exploração de águas rasas para
profundas e, segundo ele, este foi
um dos fatores da entrada de projetos de petróleo e gás nos estaleiros,
na sua total capacitação. “Seja uma
FPSO, TLP, semissubmersível ou
SPAR, o casco exige capacitações,
instalações e experiência compatíveis com a indústria naval. Considero muito relevante a experiência
adquirida desde quando a Bacia de
Campos estava em pleno desenvolvimento, nas plataformas-satélites
do Nordeste, além de participar da
concorrência e alguns projetos das
primeiras FPSOs operando para a
Petrobras no Brasil, no início dos
anos 90”, conta.
Ao falar sobre os cargos já ocupados, Balochini destaca as diversas fases de sua carreira, como superintendente de Construção da
Setal, aos 24 anos de idade, como
diretor de Construção da ABB Lummus Upstream, gerente Construção
da Rio Polímeros, até a posição atual na UTC. “Na verdade considero
que os projetos às vezes são mais
relevantes que os cargos. Além
dos projetos da Petrobras, destaco
as plataformas da Elf Aquitaine/
Sonagol, para Angola, executada
em tempo recorde, e da Chevron-Sonangol, em Cabinda, também
naquele país; a TLP da BP para o
prospecto de Marlim e TLP da ConocoPhillips, para o de Magnólia,
ambas no Golfo do México; e, sem
dúvida, a Rio Polímeros.”
Desde janeiro de 2007, atua
como gerente geral da UTC Engineering Services, em Houston
(EUA), organizando a empresa
para projetos locais e estrangeiros,
desenvolvendo novos negócios,
além de dar suporte aos projetos
no Brasil, com estratégias e tecnologias para dowstream e upstream.
Idade: 52 anos
Principal cargo: diretor geral da UTC
Engenharia em Houston, Texas
Hobby: Velejar, jogar tênis, andar de
motocicleta e ouvir música
Um bom lugar para descansar: No
Brasil, Búzios. Na América, tive uma
boa experiência na Costa Esmeralda,
na Flórida
Livro: Atualmente estou lendo Boca do
Inferno, de Ana Miranda
Música preferida: Gosto de música
clássica, jazz, samba, bossa nova e
rock and roll
Filme: Gosto dos filmes do Clint
Eastwood, Scorcese, Spilberg,
Ridley Scott e do Kubrick. Dos
brasileiros, Tropa de elite 1 e 2,
e Bye bye, Brasil
“Sem dúvida, nosso grande desafio em Houston é estabelecer
operações nos moldes das que
temos no Brasil, em um mercado
totalmente diferente.”
Mas nem só de trabalho vive o
homem. Balochini reserva o tempo
livre para as atividades que ama.
“Tenho vários hobbies: velejar,
jogar tênis, ouvir música e andar
de motocicleta são alguns”, conta
ele, dizendo que após um tombo
– nada muito sério – diminuiu a
frequência das saídas de moto. “Já
minha preferência musical muda
com o dia e a hora. Gosto de música clássica, jazz, samba, bossa
nova e rock and roll. No meu carro
só escuto notícias e música clássica.” Balochini diz não ter um livro
preferido. “Atualmente, tenho lido
publicações de história do Brasil,
universal, etc... Agora estou lendo
Boca do Inferno, de Ana Miranda,
sobre a Bahia no século XVII.”
Ao analisar o mercado brasileiro,
Paulo Balochini diz se preocupar
com a crescente falta de profissionais qualificados, e aponta a vinda
de estrangeiros como uma solução
para atender a demanda do mercado e reduzir a vulnerabilidade dos
projetos. “Acredito que há carência
de profissionais qualificados e com
experiência na indústria do petróleo, e a situação crítica tende a aumentar com a implementação dos
projetos do programa da Petrobras
e outros das demais operadoras.”
Ele destaca a carência de pessoal para gestão de projetos, engenheiros, projetistas, pessoal de
suprimento, e para gerenciamento
de construção, além da carência
de mão de obra qualificada: soldadores, encanadores, montadores,
eletricistas, etc. “Não vejo outra
alternativa senão a implantação
de uma política nacional para
permitir a vinda de profissionais
estrangeiros com qualificação e experiência requeridas pelo mercado
para atendimento da demanda dos
próximos cinco anos. O alto nível
de desemprego na Europa poderá
ser um fator facilitador.”
Já sobre a qualificação de mão
de obra direta, Paulo Balochini entende que o Prominp (Programa de
Mobilização da Indústria Nacional
de Petróleo e Gás Natural) está no
caminho certo, mas os desequilíbrios das demandas regionais
devem ser mais bem analisados
e considerados.
TN Petróleo 84
63
64
TN Petróleo 84
Ano 3 • nº 22 • julho de 2012 • www.tnsustentavel.com.br
Eficiência Energética • Comercialização de Energia • Legislação Ambiental • Reciclagem
Editorial
Precisamos ser mais com menos
Nesta edição em que trazemos a cobertura da
Rio+20, um dado chama a atenção: os números!
A começar pelos mais de 513 bilhões de dólares
mobilizados em compromissos para o desenvolvimento sustentável, em distintas áreas, como
energia, transportes, economia verde, redução
de desastres, desertificação, água, florestas e
agricultura – como consta do documento oficial
da Conferência; um público de 45.381 pessoas;
mais de cem chefes de Estado e de governo;
9.856 ONGs e grupos principais; 4.075 mídias e
1.500 pessoas que se ofereceram como voluntários!
A despeito desses montantes, o que se espera mesmo são resultados. Então, como avaliar?
Quais parâmetros considerar para saber se
avançamos ou não quanto à agenda da Rio 92?
Os numéricos? Ou valores de compromissos selados? Difícil dizer. E por que será tão complexo
encontrar estas respostas? Mais do que isso:
soluções práticas para os diversos dilemas que
“afligem hoje a humanidade”?
No que concerne às empresas, repito aqui
e convido o leitor a refletir sobre o que disse nosso entrevistado, Ken O’Donnell, diretor
para a América do Sul da Organização Brahma
Kumaris e presidente da ONG Instituto Vivendo
Valores (IVV):
“Temos muito mais boas intenções que ações.
Vejo que há um grande contingente de pessoas que
falam e dão ideias, outro contingente menor que se
junta para fazer os planos, e um contingente bem
menor que coloca efetivamente na prática. Acredito que falta propósito por parte das empresas para
realizar de fato as mudanças e transformações.”
Boa leitura!
Lia Medeiros
Diretora do Núcleo de Sustentabilidade da TN Petróleo
Sumário
68
Cobertura especial Rio+20
88
Cobertura especial Rio+20
96
Em busca do diálogo
para o desenvolvimento
sustentável
Movidos
a bioenergia
Conservação da
biodiversidade
Grupo EBX
TN Petróleo 84
65
suplemento especial
Entrevista especial com Ken O’Donnell
Lideranças
O executivo, que trabalha na área
de desenvolvimento do ser humano
e difusão de valores, conversa com a
TN Petróleo sobre como o desenvolvimento pessoal e de organizações pode
reforçar liderança, construir força e
produtividade nos negócios e gerar
qualidade de vida para toda a sociedade.
TN Petróleo – Assim como em outros
campos industriais, o setor de petróleo,
gás e biocombustíveis está precisando
criar novos paradigmas no que se refere
a lideranças. Como o senhor acredita
que isso poderia ser implementado?
Ken O’Donnell – Primeiramente, temos
que entender que a natureza interna e
a natureza externa do ser humano são
espelhos uma da outra. O novo paradigma de liderança estaria baseado na
capacidade de entender isso e aprendermos mais sobre a cooperação e a
relação de causa e efeito entre as duas.
Precisamos entender que a natureza não
66
TN Petróleo 84
é um paciente em uma mesa de operação
necessitando ser consertado. Parecem
dois mundos diferentes, mas não são.
Somos parte de uma coisa só. Precisamos sair dessa forma linear de pensar
que de um lado temos uma montanha
de recursos naturais de onde extraímos,
fabricamos e consumimos. No final do
processo, criamos uma montanha de
lixo! Vejo que a indústria petrolífera já
está contribuindo para a mudança desta
mentalidade ao criar lideranças mais
colaborativas que cuidam do sistema
da organização e desperdiçam menos
talentos e energia.
Com a crise financeira mundial, vemos os antigos padrões de remuneração
serem questionados. O senhor acha que
isso pode ser o começo da proposta de
novos padrões de motivação, para além
das recompensas financeiras, abrindo
espaço para um novo tipo de relacionamento entre colaboradores e empresas?
Foto: Divulgação
Desenvolver bem as relações interpessoais
em nível global em prol de uma perspectiva
mais humana na sociedade para conseguir
reter uma sensação de tranquilidade e
sensitividade em relação aos assuntos que o
desenvolvimento sustentável traz para todos, é
uma das metas de Ken O’Donnell, diretor para
a América do Sul da Organização Brahma
Kumaris e presidente da ONG Instituto Vivendo
por Maria Fernanda Romero
Valores (IVV).
Foto: divulgação
com perspectivas mais humanas
Sim, as recompensas não são apenas
financeiras. Pesquisas mostram que os
incentivos monetários são suficientes
para as pessoas que fazem trabalhos
manuais, mas para as que fazem trabalho
mais intelectual, a recompensa tem que
ir além do salário, como, por exemplo,
ter melhor ambiente de trabalho. Estas
pessoas se sentem úteis e motivadas
de dentro para fora e não somente de
fora para dentro.
Além disso, a credibilidade dos
chefes – ou seja, ver que eles fazem
o que falam, sua imparcialidade –,
o anticorporativismo, o respeito, o
orgulho – ter orgulho do que faz –
e o fato de os funcionários serem
reconhecidos pelo mérito, não pelo
relacionamento com seus colegas de
trabalho e superiores, são outros fatores que compõem esse novo padrão
de motivação. Tudo isso transforma o
ambiente organizacional em um lugar
muito bom para trabalhar e traz be-
nefícios para as empresas, refletindo
no resultado dos negócios.
buscando soluções e não só discutir
os problemas específicos de cada um.
Todos os momentos de crise geram
grandes oportunidades. Para o senhor,
de que forma a atual crise mundial pode
contribuir para novas percepções de
valores e crenças da sociedade?
A crise está estimulando arranjos de
produções locais, mais cooperativismo
e colaboração. É uma boa oportunidade de revermos como funcionamos em
comunidades e não mais com um megassistema.
Até que ponto o senhor acha importante a criação de ‘missão’, ‘visão’
e ‘valores’ pelas empresas, visto que
hoje, em sua maioria, estes são usados
como estratégias de marketing?
Acredito que mais importante que levantar a visão, missão e valores, as
empresas devem ter uma visão macro
e questionar para que estão fazendo o
que fazem. Assim, devem identificar o
propósito do seu negócio. Se a ‘missão’ se tornar o grande ‘para que’ ou
propósito da empresa, aí sim a ‘visão’ e
os ‘valores’ teriam mais sentido... seria
mais interessante. Para tornar isso mais
real, a ‘visão’ tem que estar ligada ao
propósito, validado pelo cliente e/ou
consumidor, e por fim os ‘valores’ devem
existir para viver o propósito.
Em sua opinião, qual a postura ideal
de um líder empresarial em um cenário tão competitivo e um mundo com
padrões de consumo insustentáveis?
Hoje em dia, o líder tem que saber lidar
com o caos e a complexidade. Ele deve
ir além de uma postura de resolução dos
problemas; deve saber extrair sentido
de uma série de fatores acontecendo ao
mesmo tempo. O líder deve ter capacidade de observação, ser mais centrado e
possuir um senso próprio de identidade,
propósito e direção. Deve também saber comunicar sentido a seus liderados.
Para mim, a principal característica de
um líder é a capacidade de entender e
compartilhar sentidos aos seus colaboradores. E mais: o líder deve ter a capacidade de inspirar as pessoas a fazerem
mais do que elas imaginam ser capazes
de fazer e entenderem mais do que elas
imaginam ser capazes de entender. Um
líder deve ser um leitor de complexidades
e transmissor de sentidos.
Quais são as principais falhas dos
modelos vigentes de organização da
sociedade?
A principal falha é a falta de diálogo
entre academia, sociedade civil, governo,
ONGs e as empresas. Eles não conversam com facilidade entre si. Muitos são
vistos como inimigos uns dos outros,
mas não existe um diálogo fluido sobre
os fatores que afligem a humanidade.
Seria do interesse de todos. Temos de
dialogar de uma forma muito aberta,
Que trabalhos o senhor desenvolve
no Instituto Vivendo Valores e quais
seus objetivos?
O Vivendo Valores é um braço social da
ONG Brahma Kumaris. Nosso objetivo
é resgatar os valores humanos através
de uma série de programas e projetos,
por meio de parcerias com organizações
nacionais e internacionais. Buscamos
contribuir para o desenvolvimento de
relacionamentos éticos, baseados em
valores, e para ambientes mais harmoniosos em várias áreas de atividades. Um
dos projetos que temos é o Vive (Vivendo
Valores na Escola), em parceria com a
Unicef, que é trabalhado mundialmente. No Brasil já preparamos mais de 35
mil professores e isso tem impactado
1 milhão e 500 mil pessoas. Trabalhar
com valores em dias turbulentos como
são os atuais nos faz refletir sobre o
compromisso com a nossa vida e a do
outro e o que estamos fazendo dela.
O instituto está desde 2005 no Brasil.
A comunicação vem assumindo
cada dia mais importância no mundo
organizacional. O senhor acha que é
um primeiro passo para chegarmos à
aplicação da comunicação pacífica pelas
empresas?
Certamente, a comunicação não significa reuniões intermináveis. Tem a
ver com comunicar aquilo que precisa
ser comunicado e assegurar a efetividade da transmissão. Mesmo assim,
não podemos esquecer que temos que
aprimorar a comunicação formal das
empresas e eliminar as anomalias da
comunicação digital. Precisamos ter uma
comunicação com qualidade, conteúdo,
mais verdadeira e menos especulativa.
A inovação tecnológica é uma constante em nossos setores de atuação.
Como o senhor acha que ela pode ajudar
no crescimento da responsabilidade
social corporativa e da sustentabilidade
nas empresas de petróleo?
Inovar significa fazer funcionar uma coisa que não existia antes, logo, a sustentabilidade é impossível sem a inovação.
Entretanto, inserir tal princípio numa
organização requer um solo adequado
para que ele cresça. É necessário ter
mais liberdade de expressão na organização, na qual os colaboradores não
tenham medo de opinar. A companhia
deve ter um espírito e uma estrutura
abertos, um ambiente de confiança, um
local onde as pessoas possam criar e
trazer novas ideias. Senão, a inovação e,
consequentemente, a responsabilidade
sustentável, não nascem.
Como o senhor avalia o Brasil
nesta direção? Como as empresas
que estão no país estão lidando com
a inovação em seus negócios? Quais
os principais desafios encontrados
pelas empresas?
Temos muito mais boas intenções que
ações. Vejo que há um grande contingente de pessoas que falam e dão ideias,
outro contingente menor que se junta
para fazer os planos e um contingente
bem menor que coloca efetivamente
na prática. Acredito que falta propósito por parte das empresas daqui para
realizar de fato as mudanças e transformações.
TN Petróleo 84
67
cobertura especial rio+20
Em busca do
diálogo
para o desenvolvimento sustentável
por Karolyna Gomes, Maria Fernanda Romero, Mehane Albuquerque e Rodrigo Miguez
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável confirmou, em seu
documento final, o que se especulava há meses: ainda não seria agora que haveria consenso em
torno de metas concretas a serem perseguidas pelos países de todo o mundo – ou, pelo menos,
pelos que ali estavam representados. O texto apenas define que as metas devem ser criadas até
2015, mas estabelece alguns compromissos, entre os quais o fortalecimento do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a criação de um Fórum Político de Alto Nível
Internacional. A crise econômica foi um dos entraves das negociações durante o encontro, que
se destacou pela grande mobilização e participação da população e propôs o desenvolvimento
sustentável com erradicação da pobreza.
68
TN Petróleo 84
Rio+20 em números
Compromissos: mais de 513 bilhões de dólares mobilizados em compromissos para
o desenvolvimento sustentável, inclusive nas áreas de energia, transportes, economia
verde, redução de desastres, desertificação, água, florestas e agricultura. Os 692 acordos
voluntários para o desenvolvimento sustentável registrados por governos, empresas,
grupos da sociedade civil, universidades, e outros.
Riocentro: público de 45.381 pessoas; delegações de 188 países e três observadores;
mais de 100 chefes de Estado e de Governo; delegados: aproximadamente 12.000; ONGs
e grupos principais: 9.856; mídia: 4.075; Diálogo passa para a sociedade civil: 1.781
participantes; pessoal da segurança: 4.363; cerca de 5.000 pessoas trabalharam no
Riocentro diariamente.
Voluntários: 1.500 pessoas se ofereceram, incluindo jovens, selecionados a partir
de escolas técnicas, estudantes de escolas públicas do Rio de Janeiro, estudantes
universitários e profissionais de todo o Brasil; cerca de 700 jovens de comunidades
vulneráveis foram selecionados; 5% dos voluntários eram pessoas com deficiência.
Espaço para eventos Riocentro: área ocupada 571.000 m², dos quais 100.000
C
Foto: Agência Brasil
m² foram construídos para a Rio+20; 205 km em cabos de rede de fibra óptica; acesso à
om a Europa e os
Estados Unidos ainda
sob os efeitos da
turbulência gerada
pela crise econômica
(de origem financeira)
que eclodiu em 2008, e os países
do Bric (Brasil, Rússia, Índia e
China) ocupando um espaço cada
vez maior no cenário mundial, a
Rio+20 sinalizou uma mudança de
comportamento.
Vinte anos depois da ECO 92,
a primeira iniciativa que colocou a
sustentabilidade na pauta do Dia
das Nações, a Rio+20 sagrou-se
como a maior conferência da ONU
já realizada, com ampla participação de líderes de empresas, governos e sociedade civil, assim como
oficiais da ONU, acadêmicos,
jornalistas e o público em geral.
Mais ainda: mostrou que, a
despeito de impasses em torno de
metas concretas para assegurar o
desenvolvimento sustentável com
a erradicação da pobreza, e da
internet sem fio para até 32.000 usuários simultâneos; 8 km de cabos telefônicos; mais de
5.000 bens de TIC (computadores, equipamentos de rede); capacidade de rede equivalente
a uma cidade com 120.000 habitantes; infraestrutura compartilhada de 600 estações de
trabalho; 17 restaurantes na praça de alimentação; 36 portais de raios-X.
resistência de países em desenvolvimento que são responsáveis
por grande parte dos impactos
ambientais, há uma mobilização
maior em torno do desenvolvimento sustentável.
Durante nove dias (13 a 22 de
junho), antes e durante o período
da Rio+20, milhares de atividades
foram realizados em todo a cidade
do Rio de Janeiro, entre as quais
mais de 500 eventos oficiais e
paralelos no Riocentro/Centro de
Convenções Rio. Ainda que sem
resultar em metas definidas, o
evento centralizou as discussões
em torno de ações concretas de
desenvolvimento sustentável e
serviu para mostrar o que vem
sendo feito de efetivo para minimizar questões como o aquecimento global e o uso indiscriminado dos recursos naturais.
Dois dos países mais importantes no cenário global,
Estados Unidos e Alemanha,
tiveram participação tímida na
conferência, devido à ausência
do presidente norte-americano,
Barack Obama, representado
pela secretária de Estado, Hilary Clinton, e da primeira-ministra alemã, Angela Merkel.
O que, sobretudo no caso
dos Estados Unidos, já era de se
esperar, uma vez que na Rio+10,
ou Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (em inglês,
Earth Summit 2002), realizada em
2002, na África do Sul, o governo
norte-americano se posicionou
firmemente contra o acordo que
previa o estabelecimento de 10%
de energias renováveis na matriz
energética dos países signatários,
entre outros compromissos.
Durante a Rio+20, os líderes
mundiais presentes pouco apresentaram de efetivo em termos de
soluções para um desenvolvimento mais sustentável e a consolidação de uma economia mais verde.
A grande protagonista do evento
das Nações Unidas foi a socieTN Petróleo 84
69
cobertura especial rio+20
dade civil – ela tomou para si a
função de participar, discutindo e
reivindicando ações mais efetivas.
Ou seja, durante todos os dias do
evento da ONU, diversas manifestações foram realizadas nas ruas
do Rio de Janeiro com o intuito de
pressionar governantes a assumirem compromissos de adotar
medidas mais contundentes para
evitar o colapso do planeta.
“O futuro que queremos”,
documento final da Rio+20, decepcionou. Havia a expectativa de
definições de metas importantes
para os próximos anos em temas
fundamentais para o futuro do
planeta, como a preservação dos
oceanos, e que foram deixados
de lado, ainda mais pelos países
mais desenvolvidos. O resultado
foi um texto amplo e generalista que, apesar das críticas, tem
aspectos positivos, como parcerias
para a erradicação da pobreza,
a melhoria na qualidade de vida
nos assentamentos, transportes
e educação, além do combate à
discriminação de gênero.
Uma das questões rejeitadas no
documento foi a criação, a partir
de 2013, de um fundo anual de
US$ 30 bilhões, que alcançaria
US$ 100 bilhões em 2018. Apesar
disso, países de economias em
desenvolvimento, como o Brasil,
defenderam a proposta e assumiram compromisso de criar um
fórum para tratar do assunto.
Em suma, o documento final
foi considerado fraco, genérico e
pouco ousado pela maioria e até
o secretário geral da ONU, Ban
Ki-Moon, que declarou esperar
um conteúdo mais ambicioso, mas
admitiu que as negociações foram
difíceis e lentas devido às ideias
conflitantes, anseios e interesses
de cada país.
Apesar disso, a visão de Ban
Ki-Moon foi de que a Rio+20 foi
um sucesso, com a evolução de um
movimento global inegável para a
mudança. Segundo ele, a participação de mais de cem chefes
de Estado e o envolvimento da
70
TN Petróleo 84
A Rio+20 renovou e reforçou
o compromisso
político para o
desenvolvimento sustentável,
equilibrou as
visões de 193
Estados-Membros das Nações
Unidas e reconheceu a pobreza como o maior
desafio para o
bem-estar econômico, social
e ambiental”
Ban Ki-Moon,
secretário geral da ONU
sociedade civil e do setor privado
tiveram um papel sem precedentes
para a realização do evento. “A
Rio+20 renovou e reforçou o compromisso político para o desenvolvimento sustentável, equilibrou as
visões de 193 Estados-membros
das Nações Unidas e reconheceu a
pobreza como o maior desafio para
o bem-estar econômico, social e
ambiental”, afirmou.
Para o governo brasileiro, que
esteve à frente das negociações e
assumiu a tarefa de ‘costurar’ em
tempo mínimo um acordo entre
países que não chegavam a um
consenso, o saldo foi positivo.
O chefe da delegação do Brasil,
embaixador
André Corrêa
do Lago, saiu
satisfeito das
negociações.
“A principal
conquista foi
transformar o
desenvolvimento sustentável em paradigma, em
todos os seus aspectos – social,
ambiental e econômico”, garantiu.
A presidente Dilma Rousseff
afirmou em seu discurso de encerramento da Conferência que
o documento final é um “ponto
de partida”, para que cada país
avance no sentido de alcançar
o desenvolvimento sustentável.
“O Brasil ficou responsável por
construir um consenso possível.
Isso não significa que a partir daí
os países não possam ter suas
próprias políticas”, afirmou.
A presidente destacou que é preciso agora exigir que a partir desse
documento, as nações avancem.
“O que não podemos conceber é
que alguém fique aquém dessa
posição”, declarou.
Dilma ressaltou também que
a Rio+20 é uma conferência
‘multilateral’ e que, portanto,
precisa considerar as posições e
o nível de comprometimento de
todas as nações participantes.
“O documento que aprovamos
hoje não retrocede em relação às
conquistas de 92. Não retrocede
em relação à Cúpula de Johanesburgo, ao contrário, o documento
avança e muito,” disse. “Trouxemos a erradicação da pobreza
para o centro do debate do futuro
que queremos”, completou.
A presidente lamentou ainda
o fato de não haver compromissos
concretos de financiamento das
ações voltadas para o desenvolvimento sustentável. Ela explicou
que os países desenvolvidos não
Energia renovável
quiseram incluir a questão no texto
final da conferência.
Conquistas
Apesar de tudo, a Rio+20 teve
diversos pontos positivos, como o
fortalecimento do Pnuma (Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente) e a criação dos
Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS) – a exemplo dos
Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio (ODM).
Para a cidade anfitriã, a conferência deixou um legado: o Centro
Rio+, organismo mundial para o
desenvolvimento sustentável, que
dará continuidade às discussões
iniciadas pelos Diálogos para o
Desenvolvimento Sustentável.
O Centro Rio+ é uma parceria
entre o governo brasileiro, o governo do estado do Rio, o município
do Rio, o Pnud e outras agências
da ONU. A instituição reúne
ainda representantes nacionais e
internacionais de universidades,
empresas e sociedade civil. A sede
será na área do Instituto Alberto
Luiz Coimbra de Pós-Graduação
e Pesquisa em Engenharia da
Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Coppe/UFRJ), na Ilha do
Fundão, e tem previsão de começar suas atividades em outubro. “Para nós, é muito importante
ter um legado na cidade do Rio de
Janeiro depois da Rio+20. Nossas
universidades, diversos setores da
sociedade, a comunidade empresarial e todos aqui querem trabalhar
duro para este
legado”, afirmou
a ministra do
Meio Ambiente,
Izabella Teixeira. O Centro
Rio+ vai facilitar
a pesquisa e o
intercâmbio de
conhecimentos, além de promover o debate internacional sobre
desenvolvimento sustentável.
“Queremos que ele seja uma referência”, afirmou. De acordo com
Izabella Teixeira, o Centro Rio+
O documento
que aprovamos
não retrocede
em relação às
conquistas de
92. Não retrocede em relação à
Cúpula de Johanesburgo, ao
contrário, o documento avança
e muito.”
Dilma Rousseff,
presidente do Brasil
terá um fundo de doações entre
US$ 3 milhões e US$ 5 milhões.
“Espero que o governo brasileiro
faça o primeiro depósito e consiga
contribuir com pelo menos 10%
desse valor”, informou.
Dentre as principais conquistas
da Rio+20, podemos citar a ampla
disseminação de conceitos ligados
às questões do desenvolvimento
sustentável, o anúncio de centenas
de novos projetos e pesquisas na
área, o engajamento de empresas,
governos e diferentes setores da
sociedade, as propostas de fortalecimento de iniciativas locais e,
sobretudo, a participação popular.
Na apresentação do documento Energia Sustentável para
Todos, do secretário geral Ban
Ki-moon, lançado em setembro
de 2011, foi reforçada a necessidade da união de governantes, de
empresários e da sociedade civil
em um esforço para transformar
os sistemas de geração de energia
do mundo até 2030.
Para Ban Ki-moon, os três
objetivos complementares para a
iniciativa, todos a serem alcançados até 2030, são: garantir o acesso universal a serviços modernos
de energia, dobrar a taxa global
de melhoria da eficiência energética e duplicar a participação
das energias renováveis na matriz
energética global.
O acesso universal à energia
foi considerado o maior desafio no
mundo de hoje. Além da acessibilidade, os participantes destacaram
a importância de investimentos em
eficiência energética, assim como
em energia renovável. “A indústria
da energia renovável movimenta
por ano US$ 257
bilhões e gera
cinco milhões de
empregos. Hoje,
17% da energia
consumida no
mundo é renovável”, destacou a secretária-executiva da empresa austríaca REN21,
Christine Lins.
Defensor da energia eficiente, o fundador do Ecofys Group,
Kornelis Blok, disse que o mundo
pode depender apenas de energia
sustentável até 2050. “Há uma
lacuna no futuro, quando irá faltar
óleo fácil e barato.” O presidente
da Raízen, Vasco Dias, concorda.
“Hoje são consumidos 80 milhões
de barris de petróleo/dia. Até 2050,
seremos nove bilhões de pessoas no planeta, consumindo 180
milhões barris/dia. Combustíveis
fósseis não darão conta, o CO2
não seria absorvido e o custo seria
inviável”, previu.
TN Petróleo 84
71
cobertura especial rio+20
A representante do Comitê-Diretor da Plataforma Europeia
de Tecnologias da Biocombustíveis, Sandrine
Dixson-Declève,
lembrou que já
existe tecnologia
para a eficiência energética
e que o Brasil,
por exemplo, já
avançou muito
nesta área. “O que precisamos
agora é de longevidade das políti-
cas, mapas e diretrizes sobre como
vamos nos afastar dos combustíveis fósseis. Precisamos de mecanismos claros
para o mercado
e metas para os
investimentos”,
pontuou.
A secretária de Estado
norte-americana,
Hillary Clinton,
participou do último dia da conferência, quando mostrou que os
Estados Unidos estão dispostos a
investir nos instrumentos que viabilizam o desenvolvimento sustentável. Mas as iniciativas ainda são
tímidas se comparadas com o que
o mundo espera dos americanos.
Hillary anunciou a criação de
um fundo de US$ 20 milhões para
projetos de energia limpa na África
e este ficará aberto à contribuição
de empresas privadas. O fundo,
proposto para beneficiar, sobretudo, pequenas e médias empresas,
é um mecanismo financeiro no
Monitoramento oceânico da Bacia de Santos
Durante a Rio+20, a petroleira BG
Brasil anunciou no Parque dos Atletas, com a Coppe/UFRJ, o projeto
Azul, um sistema inédito de monitoramento oceânico da Bacia de Santos.
As informações obtidas contribuirão
para a segurança e eficiência de operação da empresa e para o melhor
conhecimento e preservação do meio
ambiente pelo país.
O programa, com duração de três
anos, prevê investimento de R$ 20 milhões da BG Brasil. O projeto Azul vai
coletar informações sobre a dinâmica
das correntes oceânicas, temperatura,
salinidade, PH, oxigênio dissolvido,
clorofila, cor e matéria orgânica, entre
outros parâmetros, posteriormente
reunidos e analisados pelo Laboratório de Métodos Computacionais em
Engenharia (Lamce/Coppe).
Segundo o diretor de Tecnologia e
Inovação da Coppe, Segen Estefen, o
monitoramento será feito com ajuda
de robôs mergulhadores (seaglider),
derivadores (boias acopladas com
medidores), perfiladores (capazes
de obter, dentre outros parâmetros,
o perfil das correntes principalmente
em águas profundas) e imagens de
satélite. “Esta é a primeira vez que as
correntes oceânicas e os parâmetros
da oceanografia química da região
serão estudados até a profundidade
de dois mil metros”, afirmou. A iniciativa poderá ser integrada a outros
72
TN Petróleo 84
sistemas já existentes na Europa e
nos Estados Unidos.
Estefen destacou ainda a importância do projeto em relação à proteção
dos oceanos. “Apesar das dificuldades
de se chegar a um acordo sobre o tema
no documento desta conferência, os
oceanos necessitam de todo o suporte, especialmente dos cientistas, das
empresas e dos governos. A saúde
dos oceanos vai refletir na saúde do
planeta”, enfatizou.
Na opinião do presidente da BG
Brasil, Nelson Silva, o projeto Azul é
o maior investimento em pesquisa da
companhia no país, que pretende aplicar cada vez mais nos próximos anos
na área de petróleo e gás, tornando-se
a segunda maior operadora de petróleo
do país até 2020. “O conhecimento das
características marítimas da Bacia de
Santos é de extrema importância para
as atividades do setor de óleo e gás.
O projeto Azul também irá contribuir
para a capacitação de profissionais de
Oceanografia Operacional, colaborando
para o desenvolvimento da ciência e da
inovação no Brasil”, destacou.
Segundo o professor e coordenador do projeto, Luiz Landau, do
Lamce/Coppe, a proposta é montar
um grande organizador de informações, utilizando o supercomputador
da universidade, cujos dados serão
enviados para o Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe). “Teremos,
no final, um modelo vivo da região.
Com todas as informações, vamos
conhecer melhor o oceano, podendo
estar na água sem se molhar”, comentou Landau. A iniciativa também
inova ao disponibilizar as informações
em tempo real para universidades e
centros de pesquisa.
O Projeto Azul será útil no gerenciamento de vazamentos de óleo, pois
ao se conhecer previamente o padrão
das correntes é possível rastrear manchas de óleo no mar, apontando a direção do deslocamento, para que se
atue de forma rápida e eficaz na sua
contenção e dispersão.
Por meio do Centro Global de
Tecnologia do BG Group, a BG Brasil irá monitorar o desenvolvimento
do sistema junto à Coppe. Os robôs
mergulhadores e demais equipamentos
estão sendo importados dos Estados
Unidos e serão lançados ao mar no
segundo semestre pela empresa de
oceanografia Prooceano – ela atuará no manejo dos equipamentos e na
coleta de dados.
Também presente no evento, o secretário de Políticas e Programas de
Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação,
Carlos Nobre, anunciou que em breve
será criado o Instituto Nacional de
Oceanografia e Ciências do Mar, apto
a trabalhar em conjunto com iniciativas
como a do Projeto Azul.
A força das ações paralelas
Além das palestras dos chefes
de Estado nos pavilhões do Riocentro, diversos eventos paralelos
aconteceram pela cidade, atraindo milhares de pessoas. Um dos
principais locais de concentração
de participantes foi o Aterro do
Flamengo, ocupado por movimen-
Foto: Agência Brasil
qual participam o Departamento
de Estado, a Agência de Comércio
e Desenvolvimento (Ustda) e a
companhia de investimento privado no estrangeiro (Opic). “Todos
dizem que são a favor da energia
limpa, mas chegou a hora de agir.
A África é abençoada com recursos
naturais abundantes, no entanto,
apenas um em cada quatro domicílios africanos tem energia”, disse
Clinton. “A energia limpa gera
novos trabalhos e apoia a educação. Muitas pessoas de diversos
lugares da África não têm acesso à
eletricidade tradicional”, lembrou
ela, convidando o setor privado
a contribuir para este fundo, que
pretende fornecer segurança energética às famílias e negócios em
todo o continente africano.
Como exemplo de uso sustentável de combustíveis no Brasil,
os assessores norte-americanos
mencionaram o Programa Nacional do Álcool (Pro-Álcool),
criado em 1975, que substituiu os
combustíveis fósseis. Eles também
acompanharam nossas pesquisas e
os avanços da introdução do etanol
obtido da cana-de-açúcar para
mover automóveis.
Nos Estados Unidos, a produção
de etanol foi incrementada e hoje
há pesquisas com a utilização de
resíduos de cultivos agrícolas. Nos
últimos meses, foram intensificadas
as negociações para uma parceria
entre os dois países. Os pesquisadores brasileiros testam a produção
de etanol a partir de resíduos na
planta norte-americana. As pesquisas são conduzidas, no Brasil, pela
Petrobras, que lançou recentemente
esse produto denominado ‘etanol
de segunda geração’.
tos sociais, ONGs e a sociedade
civil durante a Cúpula dos Povos,
evento destinado à diversidade
cultural e de ideias, com debates,
shows e manifestações para as
mais diferentes causas.
Os povos indígenas tiveram
participação marcante, não apenas
nos movimentos contra a usina
de Belo Monte, mas também em
encontros, nos quais mostraram
a precaríssima situação em que
vivem hoje.
Um dos encontros mais
aguardados na Cúpula dos Povos
foi com o diretor-executivo do
Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma),
Achim Steiner. Ele travou um
áspero debate
sobre economia
verde com os
participantes –
em sua maioria
ativistas sociais
e ecologistas. A
economia verde
é proposta como
uma grande transformação dos
modelos de produção e consumo
para deter a contaminação e o esgotamento dos recursos naturais.
Especialista em políticas ambientais, Steiner citou as energias
limpas e renováveis, que além
de beneficiar o meio ambiente,
geram empregos e mão de obra
qualificada.
Também integrando a programação paralela da Rio+20, o Píer
Mauá abrigou palestras, estandes,
exposições interativas e jogos com
temas da conferência. Um dos
destaques foi o Armazém 4, que
ficou conhecido como o Armazém
da Popularidade. O local abriu um
novo mundo de ciência e sustentabilidade ao grande público,
abordando itens como a produção
de energia limpa, meio ambiente,
a diminuição da pobreza e direitos
civis, tudo isso visto em jogos e
exposições interativas.
Parque dos Atletas
O Parque dos Atletas foi o
espaço destinado aos países
e empresas que quisessem
mostrar seus trabalhos e novas
tecnologias voltadas para a
sustentabilidade e a melhoria na
qualidade de vida nas cidades.
A Braskem trouxe uma usina de
reciclagem e nela transformou
resíduos plásticos em peças de
mobília de madeira plástica,
como bancos, floreiras e lixeiras. O público conheceu todo o
processo de confecção dos móveis que têm o mesmo aspecto
de madeira rústica.
O projeto foi uma parceria da
Braskem e da empresa de engenharia ambiental Cetrel, com o
objetivo de mostrar novas possibilidades de aproveitamento do
plástico, criando um novo ciclo
após o seu consumo. A empresa foi
a fornecedora oficial de produtos
feitos com plástico verde (50 mil
TN Petróleo 84
73
Foto: Agência Brasil
cobertura especial rio+20
squeezes, 50 mil sacolas, além de
centenas de contêineres).
Já a Coppe/UFRJ chamou a
atenção dos visitantes que chegavam ao Parque dos Atletas. Moderno e cheio de curvas, o estande da
instituição foi um dos destaques
da Rio+20, onde foram realizados
mais de 22 painéis com os temas
como Clima, Energia, Oceanos e
Cidades Sustentáveis.
O grande destaque do espaço
foi a exposição multimídia de 14
projetos voltados para tecnologias
sustentáveis, como a usina de ondas
do mar para a produção de energia
elétrica, pioneira na América Latina,
já instalada no Porto do Pecém,
no Ceará. Sem falar no Maglev, o
primeiro trem de levitação magnética desenvolvido no Brasil e que terá
uma linha regular de 200 m, entre
os prédios do Centro de Tecnologia
da Coppe/UFRJ. A construção da linha foi anunciada durante a Rio+20
na assinatura de um convênio entre
a universidade e o Banco Nacional
do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
No seu estande no Parque dos
Atletas, a Petrobras apresentou o
etanol produzido com bagaço de
cana. O biocombustível abasteceu
40 minivans para o transporte de
participantes da conferência.
A tecnologia aproveita o bagaço
de cana como matéria-prima e
permite ampliar a produção de etanol em 40%, sem utilizar recursos
adicionais da natureza.
O projeto com microalgas para
produção de óleo para biodiesel
e o bioquerosene de aviação são
algumas das rotas em desenvolvi-
Pnuma lança Iniciativa Global para
Cidades Eficientes no Uso de Recursos
O Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma) lançou a iniciativa global para cidades
eficientes no uso de recursos, que
tem o objetivo de reduzir os níveis
de poluição, melhorar a eficiência
de recursos e reduzir os custos
de infraestrutura em cidades do
mundo todo.
A iniciativa destina-se para cidades com mais de 500 mil habitantes
e segundo os membros do Pnuma, a
expectativa é atrair 200 membros até
2015. Dentre os focos do projeto estão a construção de prédios eficientes
no uso da energia, da água e a gestão
sustentável de resíduos.
74
TN Petróleo 84
Hoje, as áreas urbanas respondem
por 50% de todo o lixo gerado no mundo,
além de emitirem de 60% a 80% dos
gases de efeito estufa e consumirem
75% dos recursos naturais disponíveis.
A iniciativa global para cidades eficientes no uso de recursos apoiará esforços
de sustentabilidade em cidades que
realizarem a promoção de pesquisa
sobre eficiência de recursos, consumo e
promoção sustentáveis, criação de uma
rede para cidades e organizações para a
troca de experiências.
Cidades como São Paulo, Copenhague, Malmo e Gwangju já aderiram
ao projeto, que também teve interesse
dos Estados Unidos e do Japão
mento pela companhia, por meio
do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo
Miguez de Mello (Cenpes) e redes
de pesquisas nesta direção.
O diretor de Suprimento Agrícola da Petrobras Biocombustível,
João Augusto Araújo Paiva, afirmou que um mercado importante
de biodiesel vem se desenvolvendo
desde 2004, com o programa criado
pelo governo federal. Acrescentou,
ainda, que as usinas de biodiesel instaladas no país atendem a
demanda atual que é da ordem de
2,6 bilhões de litros.
Segundo o diretor, por meio
da legislação do Selo Combustível
Social, o programa brasileiro de
biodiesel incluiu milhares de agricultores familiares. “Atuamos em
linha com as diretrizes do programa nacional, que tem como foco
a produção de energia renovável
com inclusão social”, comentou.
E informou ainda que a empresa
tem contribuído com o desenvolvimento dessas regiões que possuem
baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Entretanto,
enfrentamos a necessidade de
organização da produção e o baixo
nível tecnológico desta atividade
agrícola”, ressaltou Paiva.
Paralelamente à Rio+20, a
Petrobras também participou do
painel The Oil and Gas Industry
and Sustainable Development, no
seminário ‘Business Day Rio+20’.
Na ocasião, a estatal comentou
que tem apostado na tecnologia de
etanol de segunda geração desde
2004 e tem como meta o início da
produção comercial em 2015.
“Avançamos muito nesse desenvolvimento e os resultados apontam
para o aumento
da produção de
etanol em 40% a
partir do aproveitamento do bagaço”, informou o
diretor de Etanol
da Petrobras
Biocombustível,
Ricardo Castello Branco. Parte dos
80 mil litros já produzidos com a
tecnologia em planta de demonstração abasteceu uma frota de veículos
durante a Rio+20.
O diretor destacou ainda o
potencial do país para avançar na
primeira geração. “São diversos os
fatores favoráveis: expertise, tecnologia e clima, que tornam o Brasil
capaz de atender à demanda por
biocombustíveis sem comprometer
a conservação dos ecossistemas e a
produção de alimentos”, afirmou.
Castello Branco abordou ainda a implementação dos projetos
de biodiesel, a partir de palma
(dendê), no Pará, que prevê o
plantio apenas em áreas degradadas, e a inclusão da agricultura
familiar na cadeia produtiva. “Os
nossos projetos no Pará serão
referência mundial em termos de
produção sustentável de palma”,
garantiu.
Para o executivo, o biocombustível produzido de forma sustentável
veio para ficar. “Temos metas de
crescimento da produção e trabalhamos para que seja feita de forma
sustentável: com governança, gestão e de forma transparente com as
partes interessadas”, ressaltou.
Transporte sustentável
Outro projeto apresentado no
Parque dos Atletas foi o ônibus
híbrido a hidrogênio, com tração
elétrica e tecnologia brasileira
desenvolvida no Laboratório de
Hidrogênio da Coppe/UFRJ.
Além de utilizar fontes renováveis de energia, o veículo foi pensado para garantir o máximo de
eficiência e o mínimo, ou nada,
de poluição.
Essa é a segunda geração do
ônibus: uma versão, lançada em
2010, demonstrou ser mais eficientes que os veículos a diesel. Uma
das novidades é que o veículo
aproveita a energia cinética (ela
vai para uma bateria) gerada nas
desacelerações e frenagens.
A Prefeitura de Curitiba lançou
durante o evento o Hibribus, ônibus com motores elétrico e a biodiesel (soja) que fará parte da frota do transporte coletivo da cidade
de Curitiba. Assim como o veículo
da Coppe, ele usa a energia gerada nas frenagens para carregar
as baterias. “O Hibribus é mais
um avanço no sistema curitibano,
que busca sempre estimular o uso
do transporte coletivo aliado à
sustentabilidade. Desenvolvemos
um sistema de ônibus que é referência mundial, investimos agora
no biocombustível e nos motores
menos poluentes
e estamos iniciando a implantação do metrô”,
disse Luciano
Ducci, prefeito
de Curitiba.
O Hibribus
começou a ser
produzido pela Volvo neste ano,
com investimento de US$ 20
milhões. Até então, era produzido
apenas na Suécia. O sistema de
transporte da capital paranaense
vai investir R$ 26 milhões para
adquirir os primeiros 60 veículos
híbridos para a frota. E mais: o
novo ônibus é o mais silencioso
e o que oferece o maior ganho
ambiental do mercado. A nova
tecnologia permite economia de
combustível de até 35% e reduz
em 90% as emissões de gases
poluentes, em relação aos que utilizam tecnologia Euro 3, além de
não emitir ruído em cerca de 30%
a 40% do tempo de operação.
Programa de gestão de resíduos portuários
Criado pela Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República, o Programa de Conformidade
Gerencial de Resíduos Sólidos e
Efluentes dos Portos, está identificando resíduos, efluentes e fauna
sinantrópica nociva em 22 portos
brasileiros. Durante a Rio+20, o
ministro dos Portos, Leônidas Cristino, participou de reunião no estande da Coppe/ UFRJ com o reitor
Carlos Antônio Levi, e o diretor do
instituto, Luiz Pinguelli, para fazer
um balanço do programa.
Contemplado nas ações do PAC 2, com
recursos de R$16 milhões, o programa
tem como objetivo dar condições aos
portos brasileiros de se adequarem
às exigências ambientais relacionadas
ao gerenciamento de resíduos sólidos
e efluentes.
Segundo Marcos Aurélio Freitas,
coordenador do Programa de Planejamento Energético (PPE) e professor
adjunto da Coppe/UFRJ, 21 portos já
estão sendo monitorados e em processo de quantificação. Essa primeira
fase de diagnóstico foi iniciada no
final de 2011. Para isso, os pesquisadores contam com a parceria de
uma rede formada por universidades
federais e estaduais, institutos de
pesquisa, perfazendo 18 instituições.
De acordo com Freitas, quatro contratos já foram assinados e as propostas já enviadas. “Depois da Lei de
Resíduos Sólidos de 2010, os portos
brasileiros precisam se enquadrar na
lei e melhorar sua relação com o meio
ambiente”, explica Freitas.
Inicialmente, o projeto visa fazer o
aproveitamento dos resíduos (das embarcações, contêineres, mercadorias e
das partes administrativas dos portos)
para geração de energia e reciclagem,
mas futuramente esse aproveitamento
poderá ser feito também para a produção de biodiesel e com a coleta de água
das chuvas dos telhados dos portos.
Para o ministro dos Portos, o
trabalho traz ganhos diversos para o
país, que passa a tratar seus resíduos
adequadamente e oferece às universidades e centros de pesquisa a possibilidade de aplicar e desenvolver novos
conhecimentos, com desdobramentos
científicos relevantes.
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cobertura especial rio+20
Rio+20 e Você
Com o tema ‘O Futuro que Queremos no Universo do Desenvolvimento Sustentável’, a Rio+20 e
Você, realizada no Planetário da Gávea, marcou uma série de atividades em torno dos temas da
conferência. Ao todo, foram 58 atividades envolvendo diferentes públicos, participação de mais
de cem especialistas mundiais em oficinas interativas e educativas e eventos socioculturais. Os
assuntos abordados foram os eixos temáticos da Rio+20, como economia verde, desenvolvimento
sustentável e a erradicação da pobreza.
76
TN Petróleo 84
Foto: Ricardo Almeida
C
om o objetivo de discutir a
diversificação da matriz energética nacional, apresentar as
ações da atual política voltada para
o setor no Brasil, e lançar publicação homônima, o simpósio ‘Setor
elétrico brasileiro e sustentabilidade no século 21: Oportunidades
e desafios’, reuniu representantes
da sociedade civil, especialistas e
governo em um debate acalorado.
Na pauta, questionamentos sobre
a viabilidade social, econômica e
ambiental de barragens que geram
controvérsias, como o Complexo
Hidrelétrico Belo Monte.
O primeiro painel, ‘Planejamento de demanda e eficiência energética’, mediado pela
secretária executiva adjunta do
Instituto Socioambiental (ISA),
Adriana Ramos, reuniu o secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Ministério de Minas
e Energia (MME), Altino Ventura
Filho; o professor da Universidade de São
Paulo (USP),
Célio Berman;
o procurador
federal do Pará,
Felício Pontes; e o diretor
executivo do Greenpeace Brasil,
Marcelo Furtado.
Sozinho, Ventura Filho teve
que enfrentar críticas aos posicionamentos e ações do governo,
tendo que defender e explicar os
grandes projetos hidrelétricos da
Amazônia. Como argumento, o
secretário insistiu na afirmação
de que investimentos em energias alternativas e na eficiência
energética não serão suficientes
para atender toda a demanda do
Brasil. Segundo ele, a economia
brasileira precisaria de mais 70 mil
megawatts nos próximos dez anos
para continuar crescendo a uma
taxa média em torno de 4,5% ao
ano. Nos cálculos do governo, as
hidrelétricas responderão por 50%
desse total. Hoje, o Brasil tem 120
mil MW instalados.
Para o acadêmico Berman, a
avaliação é precipitada, e em sua
opinião, não há planejamento
energético. “O que há é um balcão
de negócios... Estamos vivendo
uma ditadura e uma autocracia do
setor elétrico”, apontou. Para ele,
a atual demanda de energia pode
ser resolvida de várias maneiras,
como, por exemplo, com fontes
descentralizadas, mas o governo privilegia o atendimento de
empresas eletrointensivas voltadas
para a exportação. “As obras das
hidrelétricas atendem a essa demanda e não à sociedade brasileira. As usinas de Belo Monte, Jirau
e Santo Antônio (RO) representam
a irresponsabilidade desse governo
de resolver as necessidades energéticas dos setores de alumínios,
siderurgias, ferro ligas e papel e
celulose”, protestou.
Para o procurador federal,
Felício Pontes, a hidreletricidade é
hoje uma fonte “suja e cara”, por
não incorporar os custos socioambientais dos empreendimentos.
“Temos de parar de trabalhar como
se esses custos não fossem nada”,
defendeu. “O setor de energia é
a caixa-preta do governo federal.
Soluções propostas
O segundo painel do dia, ‘Alternativas para a geração de ener-
gia elétrica no Brasil: políticas
públicas, investimentos e estudos
de caso internacionais’, contou
com a participação de representantes de empresas ligadas à
produção de
energias renováveis, entre eles
a presidente da
Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeolica), Elbia Melo.
A executiva criticou os valores
cobrados pela energia. “O Brasil tem a energia mais barata do
mundo e paga pela mais cara”,
criticou. E lembrou que cerca de
50% da taxa de energia no Brasil
é composta de impostos e encargos e criticou os subsídios às
energias convencionais. Ela disse
ainda que a diversificação da
matriz energética poderia baratear
ainda mais a conta de luz, e que a
questão do acesso a energia não é
problema no Brasil.
A energia solar também foi
tema de debates no evento. Dany
Kennedy, fundador e presidente
da empresa Sungevity, dos EUA,
Visão Brasil 2050
O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) lançou, durante a
Rio+20, a publicação Visão Brasil 2050.
O documento é uma adaptação para a
realidade brasileira do relatório Vision
2050, produzido pelo World Business
Council for Sustainable Development
(WBCSD). O objetivo é apoiar as empresas e o país rumo ao desenvolvimento sustentável.
Para o CEBDS, o grande trunfo do
documento é nortear a discussão de uma
agenda comum que congregue desenvolvimento e sustentabilidade no Brasil,
tornando possível o diálogo entre esses
segmentos e evitando que as decisões
sejam tomadas de forma unilateral e
com visão de curto prazo.
“O Visão Brasil 2050 é a nova agenda
para os negócios e se baseia na realidade nacional a
fim de apontar as
metas necessárias
para que o Brasil
seja líder na economia verde e no
desenvolvimento
sustentável”, explicou Marina Grossi, presidente do CEBDS.
De acordo com a executiva, o relatório foi
montado a partir de nove pilares fundamentais: Valores das pessoas; Desenvolvimento humano; Economia; Agricultura;
Florestas; Energia; Edifícios; Recursos &
Insumos e Mobilidade.
O documento aponta a necessidade de incentivar atividades de baixo
Foto: Ricardo Almeida
Abram a caixa-preta do setor elétrico e dividam a responsabilidade
conosco para que possamos saber
para onde e para quem vai a energia”, pediu, lembrando que o Conselho Nacional de Política Energética tem duas vagas destinadas à
sociedade civil e à academia ainda
não ocupadas.
O diretor executivo do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado, defendeu maiores investimentos no
desenvolvimento de tecnologias renováveis
e insistiu na
necessidade
de se investir
em eficiência
energética para
atender à demanda de energia
nacional. Ele apontou que o
crescimento econômico não significa necessariamente o crescimento da demanda energética, e
pediu para que o governo amplie
o debate sobre energia
afirmou que há muitas concepções equivocadas sobre o preço
da energia solar. Ele falou sobre a
ampliação crescente do mercado de
energia solar norte-americano, que
teve no acesso
a financiamento
o fator fundamental para esse
crescimento, e
sugeriu que um
processo semelhante seria possível no Brasil.
carbono, instituir o pagamento por
serviços ambientais e estimular iniciativas sustentáveis para as áreas de
habitação, saneamento, mobilidade, resíduos sólidos e formação profissional.
A presidente do CEBDS assegura que a
intenção do relatório é contribuir para
que empresas, governos e sociedade
possam estar juntos no planejamento
do futuro do Brasil.
Marina Grossi comenta ainda que
o lançamento deste documento na
Rio+20 é emblemático e representa a
importância deste momento, em que
precisamos decidir se queremos viver
em um país melhor ou se preferimos
seguir rumo ao cenário de mudanças
climáticas graves, crises financeiras
profundas, crescimento desordenado
nas cidades e perdas irrecuperáveis em
todos os biomas.
TN Petróleo 84
77
Realizado no Forte de Copacabana, o espaço ofereceu encontros,
seminários e oficinas sobre o desenvolvimento sustentável,
paralelamente à Rio+20. Com um público de mais de 200 mil pessoas
nos nove dias de duração, a iniciativa foi da Fundação Roberto Marinho,
das Federações das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e de São Paulo
(Fiesp) e da Prefeitura do Rio.
Projeto Humanidade
A
pesar do foco na indústria, o
Humanidade 2012 foi aberto a
toda a sociedade, e se propôs a promover reflexão, além de
aprofundar a compreensão acerca de
um modelo possível de progresso –
considerando os impactos passados,
presentes e futuros – para garantir
melhores condições de vida, com
crescimento econômico, inclusão
social e respeito ao meio ambiente.
Com uma exposição rica e
cheia de detalhes tecnológicos, o
projeto foi uma grande exposição
aberta ao público para mostrar, de
maneira lúdica, interativa e participativa, como esses conceitos têm
se traduzido em iniciativas e ações
importantes no país.
De acordo com o vice-presidente da República, Michel Temer,
o Humanidade 2012 pretendeu
78
TN Petróleo 84
recolocar o homem no centro do
universo. Para isso, sublinhou a
necessidade de que sejam feitas
ações em conjunto, como a que
abriu o evento, “reunindo todas
as nacionalidades, tendências,
concepções filosóficas, políticas,
religiosas em um único centro”.
Temer ressaltou que isso ocorreu na Rio+20, onde há a preocupação em dar ao homem o melhor
das condições
materiais, ou
seja, o desenvolvimento. E
deixou claro,
entretanto, que
essa preocupação se refere
à preservação
do homem para o futuro, e isso
pressupõe a manutenção do meio
ambiente. “É preciso preservar
o meio ambiente. Mais uma vez,
o homem está no centro dessas
preocupações”, disse.
A Firjan e a Fiesp encaminharam ao governo federal, antes do
começo da Rio+20, um documento
defendendo ações contra a desigualdade de direitos e a favor de
oportunidades para todos, para chegar ao desenvolvimento sustentável.
Firmado no espaço Humanidade
2012, o texto serviu de subsídio
às negociações
para elaboração
do documento
apresentado no
evento.
Segundo o presidente da Fiesp,
Paulo Skaff, o objetivo é mostrar
Foto: Ascom Riotur
cobertura especial rio+20
Foto: Ascom Riotur/Michel Avelar
que “a sustentabilidade verdadeira
é baseada no tripé econômico-social-ambiental”. De acordo com
o diretor de Infraestrutura da Fiesp,
Carlos Cavalcanti, o desenvolvimento sustentável precisa de instrumentos de mensuração e monitoramento, além das
ações que já vêm
sendo tomadas
pelos países,
principalmente
nas áreas social e
ambiental.
O setor
industrial
ratificou o princípio de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, definido na Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima, mas destacou que todos os países têm de
estabelecer metas. Para o setor,
os países desenvolvidos, principais responsáveis pelos danos
ambientais causados ao planeta,
devem rever padrões de produção e de consumo e assumir seus
custos e responsabilidades em
relação ao futuro da Terra.
Na área da energia, responsáveis por 66% das emissões de
gases causadores de efeito estufa
no mundo, as entidades representativas da indústria consideram
necessário aumentar o uso de
fontes de baixa emissão, como as
usinas hidrelétricas. Para as duas
federações, os grandes potenciais
hídricos existentes na América
do Sul, África e Ásia devem ser
aproveitados, priorizando a fonte
de menor emissão.
O documento dos industriais
destaca ainda a necessidade
de aprofundamento da questão
tecnológica, com a substituição
de combustíveis com base no
petróleo por biocombustíveis,
setor em que “o Brasil é exemplo
para o mundo”. Para Cavalcanti, é preciso dar preferência aos
modais de transporte com alta
quantidade de carga e menor
emissão de gás carbônico (CO 2).
No transporte de passageiros,
a prioridade tem de ser para o
transporte coletivo.
A Fiesp e a Firjan abordaram
também as questões da segurança alimentar e a necessidade
de preservação das florestas e
da biodiversidade. Neste último
item, o principal vulnerabilidade do Brasil, as entidades destacam que o país já teve sucesso,
ao reduzir em mais de 75% o
desmatamento, no período 2004
a 2010. Quanto à meta estabelecida pela ONU de 75% de cobertura de esgotamento sanitário
em 2015, o documento estima
que não seja alcançada.
As duas entidades manifestaram-se contra a adoção de
barreiras comerciais, diante de
questões ambientais, salvo nas
exceções permitidas pelos acordos da Organização Mundial do
Comércio, “para não agravar as
desigualdades socioeconômicas
entre os países desenvolvidos e
em desenvolvimento”. Informam
ainda que o conteúdo do desenvolvimento sustentável será introduzido nos currículos do Serviço
Social da Indústria (Sesi) e do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Durante o evento, prefeitos
das 59 cidades integrantes do C40
firmaram o compromisso de redu-
zir mais de uma gigatonelada de
GEEs até 2030. O C40 é um grupo
que reúne as maiores cidades do
mundo na busca por soluções urbanas sustentáveis. Os prefeitos se
comprometeram a diminuir cerca
de 250 megatoneladas de gases
do efeito estufa (GEEs) de suas
cidades até 2020, e 1,3 gigatonelada até 2030.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, declarou que
as lideranças
municipais não
devem esperar
pelas ações
dos governos
centrais para
resolverem questões de ordem
prática nas cidades. Já Michael
Bloomberg,
prefeito de Nova
York, ressaltou a
importância dos
prefeitos de agirem no combate
às mudanças climáticas, principalmente porque as
cidades que pertencem ao C40 são
responsáveis por 14% da emissão
global de carbono.
O seminário ‘Lideranças
empresariais’ também fez parte
da agenda do Humanidade 2012.
TN Petróleo 84
79
Foto: Ascom Riotur
cobertura especial rio+20
Seis painéis integraram o evento
que discutiu os caminhos da nova
economia, energias para um novo
mundo, tecnologias para a sustentabilidade, entre outros temas.
A falta de política pública para
incentivar o aumento da oferta de
energia e ampliar o uso de fontes
renováveis no Brasil foi uma das
bandeiras levantadas por Adriano
Pires, diretor do Centro Brasileiro
de Infraestrutura (CBIE) no debate
de energia.
Segundo Adriano Pires, o Brasil
não aproveita sua regionalidade
e sua vantagem comparativa aos
demais países emergentes, ainda
mais no que se refere a energia
elétrica. Pires salientou que nesse
item o país resolveu atender às
pressões ambientalistas, em particular, as ONGs estrangeiras, abrir
mão do nosso potencial hídrico e
passar a construir somente usinas
a fio d’água.
O executivo criticou a controvérsia nacional quanto a
possuir uma das energias mais
caras do mundo. “É curioso
que um país como o nosso, rico
em fontes de energia primária,
tenha uma das energias mais
caras do mundo. A razão principal para isso é que o governo
não acredita na famosa lei da
oferta e da demanda e na concorrência. As políticas públicas
para o setor de energia têm se
caracterizado por não incentivar
o aumento da oferta, incentivar
práticas monopolistas e encarar
80
TN Petróleo 84
o setor como um grande coletor
de impostos”, explicou.
De acordo
com ele, além da
falta de políticas
públicas comprometer as gerações
futuras, cria-se
uma metodologia de leilões de
energia elétrica
que não levam em conta as características de cada fonte, nem sua
localização. “Temos que estimular a
diversidade de fontes, porque quanto
mais diversidade tivermos, menos
estaremos sujeitos a crises de oferta”,
complementa o diretor do CBIE.
Pires pontuou, ainda, que a
nossa matriz elétrica é 90% limpa,
entretanto, nossa matriz de combustíveis é 80% fóssil. “Nos últimos
anos, o governo tem estimulado
muito isso, ele não parece nada verde quando se trata de combustíveis;
não demonstra a menor preocupação com o meio ambiente”, finaliza.
Ainda no mesmo debate, o diretor de Relações Governamentais da
GE Energy para a América Latina,
Fabio Rua, informou que o governo
federal está acenando a possibilidade de fazer um leilão específico
por fonte para incentivar o desenvolvimento da indústria de energia
solar no Brasil, e reduzir o custo do
megawatt-hora dessa fonte.
Também presente no evento, o
presidente da GE Energy para a
América Latina, Marcelo Soares, disse que ainda vai levar um
tempo para que a fonte solar seja
economicamente viável.
EBX apresenta ações
socioambientais
No encerramento do seminário ‘Sustentabilidade empresarial e
governança’, realizado no dia 21 de
junho, Eike Batista, presidente do
Grupo EBX, falou de algumas das
170 iniciativas que suas companhias
desenvolvem para o desenvolvimento
socioambiental.
Entre elas está o programa Gestão
Integrada de Território, que tem o
compromisso de
colaborar com o
entorno de suas
unidades em
operação. Eike
detalhou ainda
os resultados da
limpeza, realizada pelo grupo, da Lagoa Rodrigo de
Freitas no Rio de Janeiro – o nível
de coliformes fecais de suas águas
apresentou queda de 90%.
Apesar do resultado positivo,
o empresário lamentou os 500 quilos
de lixo retirados por dia da lagoa –
metade orgânico, metade descartado
pela comunidade. “As pessoas têm
que entender que a Lagoa Rodrigo de
Freitas não é minha, é de todos.
É preciso uma contrapartida, uma
conscientização das pessoas do entorno e de localidades mais distantes.”
Ao falar sobre emissões, Eike
foi ousado ao afirmar que novas
tecnologias reduzirão as emissões
de CO2. “Acredito que em cinco anos
as usinas movidas a carvão não poluirão mais porque teremos captura
de CO2 para fazer biocombustíveis”,
comentou.
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: mais de 350 empresas expositoras nacionais e
internacionais, vindas de mais de 17 países.
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� um espaço que
servirá como ponto de encontro para todos os
proossionais dos estaleiros do país inteiro
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Argentina e Holanda.
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experts do setor abordarão temas essenciais para as empresas
de navegação, estaleiros e fornecedores marítimos.
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TN Petróleo 84
Realização
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cobertura especial rio+20
Futuro eficiente em novos
modelos de negócios
Com uma participação ativa no evento, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae) mostrou que 20 anos depois da II Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (a Rio 92) o conceito de sustentabilidade incorporou
os aspectos econômicos. Com o slogan Um planeta de oportunidades, a instituição de fomento
ao empreendedorismo levou para a Rio+20 exemplos práticos que elevam a competitividade de
micro e pequenas empresas ao agregar práticas sustentáveis.
N
o Aterro do Flamengo, local
onde foi realizada a Cúpula
dos Povos, o Sebrae montou
três espaços complementares:
a Mostra Sebraetech, reunindo
grandes consultorias de tecnologia
limpa; o Espaço Sebrae de Educação, no qual foram realizados
cursos, workshops e palestras para
capacitação e adoção de técnicas
sustentáveis; e a Feira do Empre-
endedor, que deu oportunidade
para empresários apresentarem
negócios sustentáveis, além de
promover rodadas de negócios.
Com base em um levantamento no qual se aponta que o
segmento de pequenos negócios
no Brasil reúne 99% dos CNPJs,
sendo assim o maior gerador de
empregos (53%), mas que 81%
dos empreendedores desconhe-
cem os objetivos da Rio+20, a
instituição assumiu o compromisso de esclarecer e sensibilizar o
público sobre as oportunidades
dos chamados ‘negócios verdes’.
“Está muito claro para o Sebrae
que estimular a pequena empresa
a ter práticas sustentáveis repercute em todo o mercado. Se um
empreendedor adota essas práticas, o resultado, a princípio, pode
Norma de gestão ambiental para MPE
Para facilitar a certificação dos
Sistemas de Gestão Ambiental (SGA)
das micro e pequenas empresas (MPE),
o Sebrae e a Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) lançaram no
Espaço Sebrae de Educação, no Aterro
do Flamengo, a ABNT NBR ISO 14005.
“Não se trata de uma norma certificável, mas um guia para as empresas
de como implementar um sistema de
gestão ambiental
para obter a certificação 14001 pela
A B N T ” , ex p l i c a
Luiz Barretto, presidente do Sebrae.
Segundo o executivo, a meta do Sebrae é introduzir no dia a dia das MPE
uma agenda conectada com as atuais
exigências do mercado, principalmente no que diz respeito à certificação
e mudanças tecnológicas. “Quem é
sustentável se destaca nos negócios.
82
TN Petróleo 84
Essa norma é um atalho necessário
para que as MPEs não fiquem de fora
da agenda da sustentabilidade”, complementa Barreto.
Apesar de não ser obrigatória, a
adesão às normas técnicas traz para
as empresas vantagens competitivas
no mercado, em função da preferência
dos compradores por fornecedores
que adotam práticas de gestão ambiental. “Assim como muitas grandes empresas e governos já exigem
dos fornecedores a certificação dos
sistemas de gestão da qualidade,
com base na ABNT NBR ISO 9001,
prevê-se que também será exigida a
certificação de sistemas de gestão
ambiental com base na ABNT NBR
ISO 14001”, ressalta Carlos Santos
Amorim Júnior, diretor de Relações
Externas da ABNT.
Na ocasião, Haroldo Mattos de Lemos, presidente do Conselho Técnico
da ABNT, vice-presidente do Comitê
Técnico de Gestão Ambiental da ISO e
presidente do Instituto Brasil Pnuma,
palestrou sobre a Certificação ambiental e sustentabilidade nas MPEs, e
indicou os três grandes desafios para o
desenvolvimento sustentável: garantir
a disponibilidade de recursos naturais
para produzir bens e serviços que a
humanidade necessita, não ultrapassar
os limites da biosfera para assimilar
resíduos e poluição, e reduzir a pobreza no mundo. “Estamos vivendo a
Era da escassez e não mais a Era da
abundância!”, advertiu.
Haroldo Lemos lembrou, ainda,
que em função do comércio internacional e da responsabilidade pela
cadeia produtiva, as normas da ISO
estão se tornando cada vez mais
exigidas no mercado competitivo.
“Normas como a ISO 14005 estimulam as empresas a estarem sempre
melhorando seu desempenho ambiental”, pontuou.
parecer pequeno. Mas se pensarmos que existem seis milhões de
empreendedores no país, e que
podemos multiplicar modelos, a
pequena empresa se transforma
no player decisivo para que
essa proposta
de desenvolvimento aconteça”, afirma Ênio
Pinto, gerente
nacional de Inovação e Tecnologia do Sebrae.
Com atividades que incluíram palestras
de nomes como
o jornalista Ricardo Voltolini
e o economista Sérgio Besserman,
a instituição deixou claro que preservação ambiental não é o único
propósito dos empresários que
agregam a chamada economia verde em seus negócios. Desempenho
econômico e financeiro ainda são
os objetivos. E se é para possibilitar desenvolvimento, a sustentabi-
lidade será capaz de fazer toda a
diferença.
Ao ministrar a palestra ’Liderança para a sustentabilidade’,
que apresentou a experiência de
líderes de grandes empresas, como
Fábio Barbosa (Grupo Abril e ex-Santander), Guilherme Leal (Natura), Franklin Feder (Alcoa) e José
Luciano Penido (Fibria), Voltolini
chamou a atenção para a importância de se disseminar a sustentabilidade na gestão de negócios.
“O desafio é coletivo. Mas se a
necessidade é produzir e consumir de forma mais sustentável, as
empresas têm grande parte dessa
responsabilidade. É fundamental a mudança de parâmetros de
produção com a adoção de energia
mais limpa, processos mais limpos,
materiais mais sustentáveis. Esse
será, com certeza, um grande
diferencial para o mercado, que
atualmente ainda vive na velha
economia”, afirma o diretor da
consultoria Ideia Sustentável.
Os números são claros. As
grandes empresas correspondem
a 0,9% dos empreendimentos do
país. Então, ou a pequena empresa
se encaixa na sustentabilidade, ou
não teremos, pelo menos no Brasil,
a eficiência desse novo modelo.
“No momento em que o empreendedor adota práticas sustentáveis, ele passa a atender públicos
diferenciados, que, por exemplo,
praticam consumo consciente. Ele
também tem condições de entrar
em uma cadeia produtiva e ser
fornecedor de grandes empresas
que exigem certificação verde...
As possibilidades crescem e são
concretas para ampliar o volume
de vendas”, diz o gerente do Sebrae. “Por outro lado, ele consegue
reduzir custos e desperdícios em
função dessas práticas. Então,
além de preservar o meio ambiente
ele dá sustentabilidade econômica
e financeira para o empreendimento. Esse êxito financeiro se
desdobra em aspectos sociais, já
que a possibilidade de geração de
emprego é concreta”, conclui.
No site do Sebrae, encontra-se
disponível o documento ‘Termo de
Referência em Sustentabilidade’,
que orienta a atuação da instituição no desenvolvimento sustentável das empresas.
Movimento União Global pela Sustentabilidade
Para mostrar que a responsabilidade de mudar o modelo econômico não é tarefa exclusiva dos chefes
de Estado, o Instituto Ethos lançou,
no último dia de agenda do Riocentro, o movimento União Global pela
Sustentabilidade (UGS). Segundo
o presidente da instituição, Jorge
Abrahão, a intenção é colocar na
prática o que foi discutido durante
a Rio+20, antes mesmo dos compromissos firmados na conferência
começarem a ser viabilizados.
“Queremos dar escala aos compromissos assumidos por organizações e pessoas, buscando a convergência a partir do que fazemos.
Esse movimento é ao mesmo tempo
um complemento ao que está sendo
discutido no evento e um contrapon-
to ao que sabemos que acontecerá
a partir da conferência. Queremos
colocar em prática as discussões.
Nossa proposta é agir agora e não
esperar pelos resultados deste processo”, afirmou. Segundo ele, cerca
de 300 organizações de diversos
países se engajaram na realização
do documento final, chamado de
‘carta de ações’.
Aron Belinky, do Instituto Vitae
Civilis, ressaltou que o foco da
União Global é evitar o voluntarismo
superficial. “Queremos garantir o
comprometimento de cada ator com
a capacidade transformadora que
temos em nossas mãos.”
“Estamos vivendo um momento especial no que diz respeito ao
futuro do planeta. Iniciativas como
essa fazem com que tenhamos esperança num mundo melhor e mais
limpo”, disse a
ex-ministra do
Meio Ambiente,
Marina Silva.
Durante o
debate, diversas empresas
e organizações
assumiram
compromissos com metas claras,
dentre elas o Instituto Ethos, Alcoa
do Brasil, Grupo Libra, Greenpeace,
Rede Nossa São Paulo, Instituto
Democracia e Sustentabilidade,
World Forum (Lille, França), Terre
Policy Centre (Índia), Fundación Conama (Espanha) e Ecodes/Ecología
y Desarollo (Espanha).
TN Petróleo 84
83
suplemento especial
Conferência Ethos:
uma contribuição
para a Rio+20
por Maria Fernanda Romero
O
evento apresentou
uma lista de nove
ações que as empresas signatárias
se comprometeram
a tomar para ajudar
na transição da economia brasileira para o que o instituto chama
de economia verde, inclusiva e
responsável (que não envolva
corrupção).
Entre os compromissos, o primeiro foi “operar dentro dos limites
dos sistemas naturais, aumentar
a ecoeficiência e buscar a ecoefetividade, por meio da redução do
consumo total e da intensidade de
insumos (como água e energia) e
materiais.”
Em seguida, os empresários se
propuseram a ir além da inovação
incremental – que apenas aperfeiçoa um produto, serviço ou
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TN Petróleo 84
processo – para fazer a chamada
inovação disruptiva (que quebra
de paradigmas). Uma das críticas comuns que especialistas em
economia verde, como o indiano
Pavan Sukhdev e o brasileiro
Ricardo Abramovay, vêm fazendo
ao processo de negociação da economia verde é que muitos países
estão tratando o tema como uma
mera questão de ter tecnologias
verdes. E grupos da sociedade civil
que participaram da Cúpula dos
Povos alegaram que a economia
verde é mais uma tentativa dos
países ricos se imporem às nações
em desenvolvimento.
Para cada tema discutido
durante a conferência, foram
elaboradas três propostas visando
a construção de um novo modelo econômico sustentável. Tais
propostas foram encaminhadas
ao governo brasileiro e levadas à
Rio+20 e à ONU (Organização
das Nações Unidas) pelo Instituto
Ethos e entidades parceiras. Destacaram-se os seguintes temas: segurança alimentar, água, energia,
inclusão social, desastres naturais
e mudança climática.
De acordo com Jorge Abrahão,
presidente do Instituto Ethos, a
realização da
conferência foi
importante para
tornar tangíveis
os esforços coletivos em favor do
meio ambiente.
O presidente
reforçou ainda
que o debate gerado pela conferência pode mostrar ao governo,
sociedade civil e chefes de Estado,
de forma positiva e sintética, que
Fotos: Divulgação Ethos
Em junho, São Paulo sediou por mais um ano
a Conferência Ethos Internacional. Com o tema
‘A Empresa e a Nova Economia - o que muda
com a Rio+20?’, o evento abrigou discussões
mediadas por especialistas do setor e contou
com oficinas sobre os principais assuntos
e decisões que iriam ser tomadas durante a
realização da Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
o desenvolvimento sustentável é a
melhor saída para melhorar a economia mundial. “A aproximação
da Rio+20 favoreceu as discussões
sobre este tema tão importante
para a comunidade mundial e a
realização da nossa Conferência
neste período foi estratégica. Levaremos nossas propostas e ficaremos na torcida para conseguirmos
influenciar positivamente a elaboração final dos ODSs (Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável)”,
afirmou.
Segundo ele, os governos têm
um grande papel no que se refere
ao debate da sustentabilidade, mas
as empresas também devem liderar os processos, pois é preciso ter
condições de criar lideranças.
Durante o evento foram realizadas duas plenárias, um seminário,
cinco mesas-redondas, 14 painéis
e cinco oficinas de gestão com as
presenças de convidados nacionais
e internacionais, e cerca de 1.100
pessoas participaram da programação durante os três dias de evento.
Entre os participantes estavam
representantes de ONGs, palestrantes e moderadores de debates,
além de empresários de diversos
setores.
Paulo Itacarambi, vice-presidente do Instituto Ethos e coordenador-geral do evento, valorizou a
forte presença de
empresas. “Este
ano tivemos forte
presença de
companhias do
Sudeste. Cerca
de 66% dos que
passaram pela
Conferência
eram da região. O fato nos alegra e reforça a ideia de que cada
vez mais a iniciativa privada está
procurando se comprometer com o
tema do desenvolvimento sustentável”, reforçou.
Liderança brasileira
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Luciano
Coutinho, abriu os trabalhos da
conferência com uma advertência:
o eixo dos debates em torno de
uma sociedade
sustentável foi
deslocado, nos
últimos anos,
dos países
desenvolvidos
para os países
emergentes, por causa da crise
financeira internacional. Com isso,
o Brasil pode assumir um papel de
destaque nas discussões.
“Temos um momento muito
difícil pela frente, num contexto
não muito favorável da conjuntura
global. Estamos num período delicado de crise financeira internacional, em que as economias dos
países desenvolvidos estão em um
processo de agravamento, o que
reduz as ações no campo fiscal
por parte dos países, que acabam
restringindo as possibilidades de
contribuição para superar os desafios da sustentabilidade global”,
afirmou Coutinho.
Por conta da crise financeira, o
papel de destaque em ações sustentáveis tem sido assumido, nos últimos seis ou sete anos, por economias em desenvolvimento, que têm
conquistado taxas muito superiores
às dos países desenvolvidos. “A
África, por exemplo, alcançou crescimento médio anual de 5% ao ano,
com uma população de 1 bilhão
de pessoas. Isso ocorre também
com a Ásia. A China, por exemplo,
mudou o eixo da preocupação com
a sustentabilidade em relação à
Eco 92. Hoje temos uma perspectiva diferente”, afirmou Coutinho.
Diante desses dois fatos, o desafio
dos emergentes, incluindo o Brasil,
é assumir um papel de liderança
TN Petróleo 84
85
suplemento especial
na agenda de debates em torno de
uma sociedade sustentável.
O presidente do BNDES elegeu o
tema energia como um dos principais
vetores de discussão quando se fala
em gases de efeito estufa e emissão
de carbono. “Devemos pensar em
metas de uso, nos processos industriais, nas residências, nos sistemas
públicos de iluminação e no transporte de pessoas”, disse Coutinho.
“Essa é uma agenda complexa, que
requer o desenvolvimento de padrões
tecnológicos ambiciosos para reduzir
os usos futuros e elevar a eficiência.”
Outra iniciativa, para Coutinho, deve ser a promoção e o
barateamento de energias renováveis. “Creio que houve um avanço
recente no mundo, e no Brasil em
particular, em parques de energia
eólica. Mas uma vez mais é preciso
intensificar esforços. Estamos longe de viabilizar a opção competitiva pela energia solar. Quando ela
for viável, se tornará um caminho
para estabelecermos premissas
para a sustentabilidade”, disse.
Além disso, é preciso também
investir na universalização das
fontes renováveis de energia. O
Brasil tem o programa federal Luz
para Todos. Segundo o presidente
do BNDES, programas como esse
devem ser implantados pelas eco-
nomias “muito pobres”, que hoje
ainda usam o carvão vegetal como
alternativa de geração de energia.
Geração de valor
Mark Kramer, diretor-executivo da consultoria FSG e coautor
do conceito de criação de valor
compartilhado, participou do
evento e indicou que as empresas
e a sociedade não são opostas, mas
entremeadas.
“As empresas têm um papel
na resolução
dos problemas
sociais, o que
representa uma
oportunidade
para elas. É só
por meio das
empresas que
se cria riqueza.
Elas dão suporte às ONGs e às
ações sociais governamentais. As
empresas trazem recursos para a
mesa de negociação, que muitas
ONGs não têm”, disse.
Criar valor compartilhado, de
acordo com o coautor do conceito,
consiste num conjunto de políticas
e práticas que elevam a competitividade das empresas, enquanto
elas avançam simultaneamente em
questões econômicas e sociais nas
comunidades em que operam.
“Durante os últimos anos nós
criamos a conscientização sobre
o conceito de sustentabilidade,
estabelecemos metas, conversamos com governos, mas ainda não
fizemos o suficiente. Temos de
adicionar uma nova dimensão à
nossa agenda. A competitividade
das empresas tem de fazer parte
dessa plataforma”, afirmou.
Para Kramer, as empresas não
são obrigadas a ter soluções para
todos os problemas sociais. “Há
problemas que não podem ser
resolvidos pela atividade lucrativa,
mas, quanto mais pudermos resolver, melhor. Não quero dizer que as
empresas não cometem erros. Para
ter valor compartilhado, é preciso
que elas atuem de forma diferente.
É uma oportunidade para crescer
no futuro, a que tem maior potencial
nas próximas décadas”, indicou.
Indicadores
Os indicadores empresariais
usados para aprimorar o processo
de gestão, levando em conta questões financeiras e sustentáveis, ganharam destaque no último dia da
conferência, durante o debate “Novas Gerações das Ferramentas de
Gestão para a Sustentabilidade”.
Essas ferramentas são baseadas
nos Indicadores Ethos e nas dire-
Estado do Mundo 2012
Durante a Conferência Ethos
Internacional 2012, foi lançada a versão
brasileira da publicação O Estado do
Mundo 2012 - Rumo à Prosperidade
Sustentável: Rio+20 que faz o balanço
anual da sustentabilidade no planeta, de
acordo com pesquisas e levantamentos
feitos pelo Worldwatch Institute (WWI),
publicado pela UMA Editora no Brasil,
com o apoio do Instituto Ethos.
Este ano, a publicação trata da
prosperidade sustentável. Logo no
primeiro capítulo, alerta para o fato
de que hoje no mundo um terço da
humanidade vive em situação de
pobreza e dois bilhões de novos
86
TN Petróleo 84
seres humanos se juntarão a nós,
sete bilhões, nos próximos 40 anos.
Pobreza e aumento da população colocam sobre a geração atual o desafio
de proporcionar melhores condições
de vida aos desprovidos de hoje bem
como às gerações que virão, num
planeta cujos recursos naturais são
finitos e à beira do esgotamento.
Com artigos assinados por especialistas mundiais, destacando projetos inovadores e políticas criativas,
o material traz ainda novos enfoques
sobre o desenvolvimento sustentável
no século XXI. A publicação é tida
como a fonte de maior reconheci-
mento e autoridade no que se refere
a soluções para questões globais de
sustentabilidade.
trizes da Global Reporting Initiative (GRI). Participaram do debate
Solange Rubio, gerente-executiva
de Gestão de Sustentabilidade
do Instituto Ethos, Maria Helena
Meinert, sócia da BSD Consultoria, Leny Iara Vasem Medeiros,
consultora da Abradee, e Gláucia
Térreo, gerente das atividades da
GRI no Brasil. A mediação foi feita
pela jornalista Célia Rosemblum,
do jornal Valor Econômico.
Solange expôs o conceito dos
Indicadores Ethos que, segundo ela, permitem um sistema de
diagnóstico para incrementar o
programa de gestão sustentável
das empresas. “Queremos que os
indicadores sirvam para a gestão
e o negócio da empresa e que elas
usem a ferramenta na sua cadeia
de valor, no planejamento e gestão
de metas e resultados.”
A terceira geração dos indicadores está sendo elaborada,
com uma revisão do questionário,
atualizando a ferramenta de forma
participativa e que gere impactos positivos. O objetivo da nova
edição é incorporar as práticas da
ISO 26000, uma norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), e integrar os indicadores
com o GRI. Segundo Solange, o
questionário tende a ser curto, fácil
e simples de forma a) garantir que
as empresas olhem para a gestão
de forma efetiva.
“Empresas relatam para mostrar como estão atuando, porque
podem servir de exemplo. É importante medir para poder avançar.”
Gláucia Térreo falou sobre os
conceitos da Global Reporting Initiative, que estipula normas para
um relatório de sustentabilidade
de qualidade para as corporações
num âmbito multistakeholder, ou
seja, nenhuma mudança é feita
sozinha, mas após um consenso
de todos os atores envolvidos em
escala global. “Para fazer o relatório, é preciso criar um processo de
conhecimento dentro da empresa.”
“Para fazer o relatório, é preciso
criar um processo de conhecimento dentro da empresa.” Segundo
ela, está sendo criada a nova geração dos relatórios de sustentabilidade, o GRI G4, com o intuito de
se tornar mais fácil, com informações mais precisas, que alinhe as
diretrizes de sustentabilidade com
outros relatórios. A expectativa é
de que o modelo seja liberado no
final deste ano e que seu uso se
torne uma prática comum nos negócios até 2020. Para ela, os vários
formatos existentes de relatórios
acabam dificultando a comparação
entre as empresas. “O ideal seria
termos relatórios integrados, que
aliam o setor financeiro à susten-
tabilidade, mas os dados precisam
estar diluídos, ou seja, não há
como apresentar os dados separadamente”, explicou.
Elisabeth Laville, fundadora da organização francesa
Utopies, apresentou um estudo
sobre comunicação, o Sustainability Reporting
at Crossroads,
produzido por
sua organização
e lançado no
Brasil com apoio
do Uniethos e da
Rever. O trabalho
traz um panorama de como devem ser elaborados os relatórios de empresas e
entidades nos próximos anos e
mostra que os objetivos iniciais
dos relatórios de sustentabilidade geralmente são a mensuração
de dados e a transparência, para
mudar práticas e influenciar nas
decisões futuras.
Segundo Laville, “os relatórios existem, mas não são realmente lidos. Eles precisam ser
reinventados e a pesquisa visa
captar quais as tendências para
tornar isso possível nos próximos anos”. A adoção de modelos
integrados de diferentes setores
favorece o cruzamento de dados
que podem complementar as informações. A fusão de relatórios
financeiros e de sustentabilidade está na agenda das empresas há anos, mas de maneira
pouco abrangente. Essa união
não precisa originar apenas um
relatório, mas vários, para diferentes leitores. É preciso usar
as ferramentas da tecnologia da
informação para disseminar os
relatórios.
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TN Petróleo 84
87
Movidos a
bioenergia
Foto: Divulgação
suplemento especial
Em terra ou nos céus, o Brasil mostrou na Rio+20 um portfólio de
alternativas energéticas a partir de fontes renováveis, que movem
desde veículos em terra firme a aviões de passageiros. por Rodrigo Miguez
A
Rio+20/Conferência das
Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
foi o sinal verde para a União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) lançar a Plataforma
Brasileira do Bioquerosene, com o
objetivo de estimular a discussão
e a definição de políticas públicas
para a disseminação do uso desse
biocombustível pelas empresas de
aviação brasileiras.
A campanha sugere que o Brasil dê um exemplo de sustentabilidade nos céus do país em grandes
eventos internacionais, como a
Copa de 2014 e as Olimpíadas de
2016. Estudos feitos com base nos
eventos realizados anteriormente
indicam que as emissões das aeronaves podem chegar a 3,5 milhões
de toneladas de CO 2 nas duas
competições internacionais que
vão acontecer no Brasil. Segundo
Juan Diego Ferrés, presidente da
Ubrabio, o uso do bioquerosene no
transporte aéreo poderia reduzir
as emissões em até 80%.
88
TN Petróleo 84
Para ele, em cinco anos o mercado de aviação já poderá ter voos
comerciais regulares usando biocombustíveis. “O Brasil tem um
grande mercado em potencial para
o bioquerosene: o consumo de
QAV em 2011 foi de 7 bilhões de
litros. A meta da entidade é que,
nos próximos 20 anos, a utilização
do bioquerosene alcance 25% do
total de combustível usado nos
voos nacionais”, afirmou.
O dirigente acredita que, no
futuro, o bioquerosene terá uma
produção tão expressiva como o
bioetanol, que representa 30 bilhões de litros por ano, e o biodiesel, com 3 bilhões de litros
produzidos por ano.
O lançamento do projeto finalizou um tour
denominado
Ro t a p a r a u m
Futuro Sustentável, que começou no Canadá e
terminou no Rio
de Janeiro, na qual as aeronaves
das companhias Porter, Air Canada, AeroMéxico e Gol utilizaram
combustíveis alternativos como
óleo de cozinha reciclado e bioquerosene, entre outros.
“O b i o q u e rosene será um
divisor de águas
no setor aéreo”,
a f i r m o u Ad a l berto Bogsan,
vice-presidente
técnico da Gol,
que fez o seu
primeiro voo, na etapa final da
rota sustentável (São Paulo-Rio de
Janeiro) utilizando um biocombustível chamado Hefa SPK, produzido a partir da mistura de óleo de
milho não comestível proveniente
da produção de etanol de milho e
de óleo e gorduras residuais.
Pa r a o s e c r e t á r i o g e r a l d a
Organização Inter nacional de
Aviação Civil (Icao, em inglês),
Raymond Benjamin, que fez a
rota completa, ações como essa
mostram que o
setor de aviação
está trabalhando junto para
avançar no uso
de biocombustíveis. “Os combustíveis sustentáveis no nosso
mercado já são uma realidade”,
afirmou.
“O lançamento desta platafor ma mostrou que é possível
usar combustíveis renováveis
nos aviões de
modo seguro,
confiável e com
boa performance”, afir mou o
ministro -chefe
da Secretaria
de Aviação Civil, Wagner Bittencourt, depois de fazer um voo nas
referidas condições.
Aviação sustentável
A in dú s t r i a a e r o n áu t i c a j á
está buscando formas de reforçar essa alternativa. De acordo
com Al Bryant, vice-presidente do
Centro de Pesquisa e Tecnologia
da Boeing no Brasil, o setor de
aviação é responsável por 3% das
emissões de CO2 no mundo. Daí a
iniciativa da Boing de criar o centro brasileiro em abril desse ano,
para alavancar parcerias nesse
sentido, como a que foi fechada
recentemente com a Embraer, para
o desenvolvimento de biocombustíveis de aviação, a partir de jatrofa e pinhão-manso.
A Boing também está promovendo pesquisas sobre as preferência e perspectivas do mercado
brasileiro e latino-americano. Com
esses projetos, a companhia e seus
parceiros estão identificando as
barreiras e oportunidades para a
produção de biocombustíveis de
aviação em grande escala.
A Airbus e a Air Canada também integraram a Rota; realizaram
o segundo de uma série de quatro
voos utilizando uma mistura de
biocombustível sustentável (mistura de 50%) feita a partir de óleo
de cozinha fornecido pela empresa
SkyNRG. “O voo de hoje com a Air
Canada prova que a indústria da
aviação está em uma forte posição para reduzir as emissões de
gases do efeito estufa e voar com
combustíveis menos agressivos
ao meio ambiente”, disse Fabrice Brégier, presidente e CEO da
Airbus.
Porém, Brégier afirmou que
para tornar este voo uma realidade
comercial diária é preciso vontade
política dos governos e de todas
as partes interessadas na aviação
para promover incentivos para que
o uso desses biocombustíveis seja
feito em larga escala. Segundo
a companhia, mais de 90% dos
seus investimentos em Pesquisa
e Tecnologia são para setores em
benefício do meio ambiente.
No mesmo dia, a Azul Linhas
Aéreas Brasileiras, em parceria
com a Amyris, Embraer e GE, também realizou um voo experimental
usando uma mistura equivalente
de querosene de aviação comum
com querosene renovável obtido
a partir da fermentação da cana-de-açúcar (4,5 mil litros).
Batizado de Azul+Verde, o projeto teve início em novembro de
2009, com o objetivo de testar um
novo conceito de desenvolvimento de combustível renovável para
jatos potencialmente capazes de
reduzir as emissões de gases. “O
Biodiesel está em rota ascendente
Quem aposta nessa ascendência
é a Life Technologies, empresa global
de soluções para biotecnologia, que
prevê forte crescimento do mercado
de biodiesel no Brasil nos próximos
anos. Segundo seu diretor de
Desenvolvimento de Negócios, Marcelo
Bravo, as pesquisas
realizadas hoje
em laboratórios
brasileiros pela
Life, em especial
no sequenciamento
genético de última
geração e biologia
sintética, têm
potencial para
criar um novo mercado de biodiesel nos
próximos cinco anos.
“O principal desafio da ciência hoje
é acelerar a identificação de genes
responsáveis por características-chave
como produção de frutos, resistência a
pragas e ao estresse hídrico e adaptação
ao solo; tudo isso em plantas com
potencial para produzir biocombustíveis,
aprimorando essas espécies com a
utilização de métodos inovadores da
biologia molecular”, afirma Bravo.
Além do mapeamento genético,
a empresa possui uma plataforma de
ferramentas de biologia sintética, que
inclui síntese de genes, softwares, novos
métodos de clonagem desenhados para
aplicações em engenharia metabólica,
gerando maior eficácia na otimização de
organismos e métodos de bioprodução.
“Sintetizar um gene junto com o vetor
de expressão, após uma simulação
computacional, evita perdas no
processo científico e amplia em 50%
a eficiência, com menor consumo de
recursos financeiros e de tempo, se
comparado com métodos de clonagem
convencionais”, diz o executivo.
Um dos desafios na produção de
biocombustíveis é utilizar produtos
que não irão competir com a produção
de alimentos. No Brasil, o cultivo do
pinhão-manso, por exemplo, além das
mesmas vantagens de ter sua produção
otimizada com melhoramento genético,
também oferece alto potencial de
desenvolvimento social e econômico.
O vegetal também já foi usado como
combustível para voos ‘sustentáveis’
de companhias áreas, tornando-se um
dos principais candidatos a insumo
alternativo para combustíveis na aviação.
Outra vantagem do pinhão-manso
para a cadeia produtiva é que ele não
é comestível e, diferentemente do
milho, muito usado nos EUA como
biocombustível, não sofreria efeitos
sazonais de aumento no consumo, o
que poderia afetar sua produtividade
para fins energéticos. Não apenas o
pinhão-manso, mas também a soja e
outros vegetais oleaginosos, assim
como a palmeira da qual o azeite de
dendê é extraído, possuem potencial
de produção.
TN Petróleo 84
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Foto: Divulgação
suplemento especial
compromisso da Azul em reduzir
a utilização de produtos petrolíferos voláteis vai além de diminuir
nossos custos. O principal objetivo
é inovar na prestação de serviços,
empregando as melhores tecnologias para evitar a emissão excessiva de carbono e conscientizar
nossos clientes de que eles estão
optando por uma companhia aérea
que está agindo para preservar
o meio ambiente”, disse Flávio
Costa, vice-presidente técnico -operacional da Azul.
Segundo estudo realizado pelo
Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais
(Icone), o bioquerosene da Amyris
pode reduzir em até 82% a emissão
de dióxido de carbono, em comparação ao querosene de origem
fóssil. “Nosso biocombustível foi
desenvolvido para ser compatível
com o querosene de aviação (A/A1) para jatos”, disse John Melo,
presidente & CEO da Amyrs.
Chamado de AMJ 700, a
produção do biocombustível da
Amyris é feita com o uso de microrganismos modificados que
trabalham como fábricas vivas,
convertendo o açúcar em puro hidrocarboneto. Tal método resulta
em um querosene renovável que,
após certificado, atenderá aos padrões mais rigorosos da aviação e
da ASTM (American Society for
Testing and Materials). “O voo
de demonstração é um marco
importante no nosso programa
de combustíveis para jatos e nos
permitirá prosseguir nos objetivos
de aprovação internacional e de
comercialização”, conclui Melo.
B20 Metropolitano
A Mercedes-Benz do Brasil
anunciou na Rio+20 que seus
caminhões e ônibus, independentemente do ano de fabricação, já
estão aptos para o uso do biodiesel
B20 (mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel). A iniciativa
mostra a viabilidade da mudança
do uso de combustíveis altamente
poluentes, como o diesel comum,
Petrobras reforça biocombustíveis
A maior companhia do país, que consolidou uma trajetória bem-sucedida
respaldada na exploração e produção
de energia fóssil – a dos hidrocarbonetos – também faz uma aposta firme
na bioenergia. A Petrobras,
que juntamente com a subsidiária
BR Distribuidora participou dessa
rota sustentável, destinou ao segmento de biocombustíveis 1,6% dos
investimentos previstos em seu Plano
de Negócios 2012-2016, anunciado
logo depois da Rio+20.
Esse percentual representa um
desembolso de US$ 3,8 bilhões nos
90
TN Petróleo 84
próximos quatro anos. Metade desses
recursos já tem destino certo, pois
são empreendimentos em implantação. Dentre as ações planejadas pela
estatal nesse segmento, está a expansão da infraestrutura para aumentar
a produção de etanol, a implantação
de uma usina de biodiesel no Pará, a
operação de planta de etanol 2G e de
uma usina de BioQAV em 2015, além
da construção de uma planta de greendiesel em Portugal. Os outros
US$ 1,9 bilhão serão destinados a
projetos ainda em avaliação, sendo a
maior parte com foco no etanol.
por alternativos, sem a necessidade de fazer modificações no motor
para receber o novo combustível.
“Isso reforça a confiança da
Mercedes-Benz no uso de combustíveis alternativos, que se mostram como opções interessantes,
pois não requerem alteração na
estrutura da frota atual”, afirmou Gilberto Leal, gerente de
Desenvolvimento de Motores da
Mercedes-Benz do Brasil. “Além
disso, a eficiência e o excelente
desempenho são mantidos, com
menores emissões e reduzido consumo”, completou.
De acordo com o executivo, outra grande vantagem dos veículos
da marca é que eles podem ser
abastecidos com biodiesel, diesel de cana (um desenvolvimento pioneiro da marca) e o diesel
comercial. A empresa é pioneira
na utilização de biodiesel para
caminhões e ônibus no país, já
tendo realizado mais de dois milhões de quilômetros de testes de
operação com biodiesel B20 em
ônibus urbanos. “Estamos mostrando ao mercado que o biodiesel
e também o diesel de cana são
as mais viáveis alternativas de
combustível ‘limpo’ para o nosso
país”, diz Gilberto Leal.
Os prefeitos participantes do
C-40 (Climate Leadership Group),
que conta com o apoio de 58 metrópoles do mundo, assinaram um
documento que pretende colocar o
biodiesel como principal combustível dos sistemas de transportes
coletivos das capitais brasileiras.
A primeira experiência com
o novo combustível em grandes
metrópoles está sendo realizada
pela empresa Viação Itaim Paulista (VIP). Ela colocou 1.900 ônibus
nas ruas de São Paulo circulando
com o B20, produzido e fornecido
desde fevereiro de 2011 pela Camera Agroalimentos, através da
marca Camera Q+, e distribuído
pela BR Distribuidora.
De acordo com a Associação
Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), a frota bra-
Etanol
Pioneira na tecnologia de motores a etanol, a Scania disponibilizou seis ônibus movidos pelo
biocombustível para o transporte
dos participantes da Rio+20.
Entre os ônibus estão dois
modelos K 270 6x2 de 15 m com
piso baixo, disponibilizados pela
Viação Tupi Transportes, e dois K
270 4x2, cedidos pela Viação Metropolitana, todos com motores de
9 litros e 270 cavalos de potência.
Foto: Agência Petrobras
sileira de ônibus urbanos gira em
torno de 105 mil veículos, e, se
aplicado o mesmo consumo da
EcoFrota de São Paulo, chega-se a uma estimativa de consumo
nacional de mais de 1,35 bilhão
de litros anuais, caso estes utilizarem B20.
Exemplo de sustentabilidade
e com um sistema de transporte
eficiente, Curitiba é a única cidade da América Latina a ter uma
frota em operação regular com
ônibus movidos exclusivamente
a biodiesel, sem mistura de óleo
mineral. São 32 ônibus utilizando
o B 100 (100% biodiesel), entre
eles 26 ônibus do sistema Expresso Ligeirão (biarticulados com 28
m de comprimento e capacidade
para 250 passageiros). Até metade
do ano que vem, mais 20 veículos
como esse vão começar a circular,
no Eixo Norte.
Essas companhias operam os 60
ônibus movidos a etanol que já
circulam em São Paulo no Projeto
Ecofrota. Os outros dois veículos
foram disponibilizados pela própria Scania.
Equipados com motores que
atendem às nor mas europeias
de emissão de gases poluentes
Euro 5 e à ainda mais rigorosa
EEV (Enhanced Environmentally
Friendly Vehicles), os veículos
movidos a etanol são capazes
de reduzir em até 90% a emissão
de CO 2 na atmosfera, além de
reduzir o material particulado,
NOx (óxidos de nitrogênio) e
hidrocarbonetos.
Para Wilson Pereira, gerente
executivo de Vendas de Ônibus
da Scania Brasil, o etanol é um
dos combustíveis renováveis mais
econômicos disponíveis no momento para aplicação urbana. “O
etanol oferece a melhor relação
custo-eficiência, além de apresentar alta disponibilidade e reduzir
significativamente as emissões
de gases poluentes”, afir ma o
executivo.
Além da Viação Metropolitana
e da Viação Tupi Transportes, a
Clariant – empresa de especialidades químicas com atividade
internacional – forneceu o aditivo
Master Batch ED 95, produzido
localmente e necessário para o
funcionamento dos veículos que
utilizam etanol. “Para a Clariant,
a participação nesse projeto de
transporte ecológico está totalmente alinhada à sua política de
sustentabilidade”, explica Marcia
Regina Rios, gerente da Clariant
BU ICS/Industrial Application
para América Latina.
CISER
TN Petróleo 84
91
suplemento especial
Brasil vai produzir biocombustível
a partir de algas
A See Algae Technology (SAT), especializada no fornecimento de infraestrutura para produção
industrial de algas, anunciou no início de julho a assinatura de um acordo para fornecer e instalar
a sua primeira planta comercial para produção de biodiesel e bioetanol de algas no Recife para o
grupo brasileiro JB, um dos líderes na produção de etanol de cana no Nordeste do Brasil.
92
TN Petróleo 84
Fotos: Divulgação
Esse é o primeiro projeto
comercial de produção de biocombustível a partir de algas
no Brasil e no mundo.
A tecnologia possui impacto ambiental menor do que
outras fontes tradicionais de
biocombustíveis, por alcançar
grandes volumes de produção
em uma área menor, sem ocupar terras férteis necessárias
para o plantio da agricultura.
Quando instalada, a
fazenda será utilizada para
produzir bioetanol a partir de
algas geneticamente modificadas e biodiesel, bioquímicos e ração animal por meio
de algas naturais. A unidade
terá capacidade de produção
de até 1,2 milhão de litros de
biodiesel, ou até 2,2 milhões
de litros de etanol por ano.
A proteína das algas naturais
será utilizada como substituição da soja na alimentação
de rebanhos na pecuária e na
criação de peixes.
Para tanto, o projeto consumirá 5.000 toneladas de dióxido de carbono (CO 2) separadas da caldeira que queima
bagaço de cana do Grupo
JB, evitando que estas sejam
lançadas na atmosfera. Este
processo é conhecido como
‘captura e utilização de carbono’, uma das mais importantes
Karl Stagl, CTO (Chief Technology Officer)
da See Algae Technology e Joachim Grill,
CEO da empresa
estratégias para mitigação das
mudanças climáticas atuais.
Sob um contrato de 8
milhões de euros, a SAT vai
projetar uma fazenda de
algas e fornecer a tecnologia
de produção ao Grupo JB,
além de supervisionar a instalação e garantir sua produtividade inicial.
Separadamente, a SAT também fechou joint venture com
o Grupo JB para, em conjunto,
comercializar a tecnologia de
produção de alga da companhia no Brasil. A joint venture
terá total acesso à extensa
rede de contatos comerciais
do Grupo JB para fortalecer os
esforços de marketing da SAT.
“Estamos muito orgulhosos
de ter o Grupo JB não apenas
como nosso primeiro cliente
de tecnologia de produção
de algas, mas também como
nosso parceiro estratégico de
marketing”, afirmou o CEO da
See Algae Technology, Joachim Grill. “Acreditamos que
nossa parceria marca um significante passo na evolução de
nossa companhia e valida tanto a nossa tecnologia exclusiva
quanto a viabilidade comercial
das algas, especialmente para
uso como ração e biocombustível”, acrescentou.
Enzimas para biocombustíveis avançados
Novozymes fornecerá tecnologia enzimática para primeira planta brasileira de
etanol celulósico a partir do bagaço e da palha de cana-de-açúcar.
A empresa GraalBio anunciou,
no final de maio, seus planos para
iniciar a produção em dezembro de
2013 de 82 milhões de litros de biocombustíveis avançados por ano em
uma nova fábrica a ser construída no
estado de Alagoas.
A planta produzirá etanol celulósico a partir do bagaço e da palha
de cana-de-açúcar e a Novozymes
fornecerá a tecnologia enzimática
necessária, enquanto a Beta Renewables e a Chemtex, ambas parte do
grupo químico italiano Mossi & Ghisolfi (M&G), fornecerão outros processos tecnológicos e de engenharia.
“Esta planta será um marco para
o Brasil e a América Latina”, diz Bernardo Gradin, presidente da GraalBio. “Estamos
falando de um
projeto de classe mundial com
soluções tecnológicas inovadoras que ajudem
a construir um
planeta melhor e
mais seguro.”
“O anúncio de hoje do GraalBio
é uma notícia fantástica para a indústria de etanol e para o Brasil, que
sinaliza claramente a continuidade
do caminho verde que o país tomou
em relação aos biocombustíveis”, diz
Peder Holk Nielsen, vice-presidente
executivo da Novozymes. “Estamos
entusiasmados em fornecer as enzimas para a primeira fábrica de bio-
combustíveis avançados no Brasil e
orgulhosos por ajudar a GraalBio a
prosperar.”
Nova produção de enzimas
Os biocombustíveis avançados na
forma de etanol celulósico são produzidos a partir da biomassa, resíduos
agrícolas, industriais e domésticos.
As enzimas são um componente essencial do processo de produção,
convertendo a biomassa em açúcar,
que pode ser fermentado em etanol.
À medida que a indústria de biocombustíveis avançados no Brasil
progrida ao longo dos próximos
anos, a demanda por enzimas também deve aumentar e a Novozymes,
portanto, decidiu acompanhar esse
processo e já começou a procura
por locais para implantar novas
unidades produtoras de enzimas
industriais.
“A indústria de biocombustíveis
avançados está decolando no Brasil e estamos confiantes de que o
etanol celulósico vai desempenhar
papel significativo na futura matriz
energética brasileira”, diz Nielsen.
“Para apoiar tal projeto, procuramos estabelecer
novas unidades
de produção de
enzimas no Brasil, dedicadas a
fazê-las para a
indústria de biocombustíveis. A
localização das
Em seus maiores desafios, use a comprovada qualidade
de nossos produtos e serviços.
Use também nossa tradição.
Afinal de contas, não se escreve uma história de 150
anos sem compartilhar cada dia com nossos maiores
incentivadores.
Visite-nos na NAVALSHORE 2012
novas plantas, entre outras coisas,
depende de onde a indústria deverá
se intensificar, onde os parceiros da
Novozymes estão situados, e onde
existem as melhores condições estruturais”, acrescenta ele.
Preparando o caminho
A demanda por etanol está crescendo no Brasil e no mundo. O Brasil
espera dobrar sua produção de etanol
até 2020 para atender à crescente
demanda do mercado doméstico e
externo.
A produção mundial de biocombustíveis avançados deve chegar a
57 milhões de litros em 2012 e a 945
milhões de litros em 2014, segundo
planos de construção. Um estudo
recente da Bloomberg New Energy Finance estima que a indústria
de biocombustíveis avançados tenha o potencial de criar empregos,
crescimento econômico e segurança
energética.
Olhando apenas para o Brasil, o
estudo mostra que mesmo utilizando
menos de 20% dos resíduos agrícolas
disponíveis (excluindo-se as culturas
energéticas), o país poderia produzir
170 bilhões de litros de etanol por
ano até 2030, substituindo 83% de
seu consumo anual de gasolina. As
empresas brasileiras seriam as principais beneficiárias de um mercado
de US$ 94 bilhões em engenharia,
construção e matéria-prima, além de
fomentar a criação de 1,25 milhão de
empregos.
Produtos químicos marítimos das linhas UNITOR e Nalfleet, gases
industriais e refrigerantes, equipamentos e consumíveis para processos
de soldagem, material e serviços em sistemas e equipamentos de
segurança, agenciamento marítimo e soluções logísticas.
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Primeira planta de produção
de dendê no Pará
A Biopalma da Amazônia S/A, empresa da Vale em sociedade com o Grupo
MSP, inaugurou no final de junho sua primeira usina extratora de palma
(dendê), localizada no município de Moju, a 150 km de Belém.
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TN Petróleo 84
Foto: Divulgação
A
usina é a primeira de
duas unidades que
serão construídas para
extrair o óleo do fruto.
Além disso, será construída uma
planta industrial para transformar o óleo em biodiesel a partir
de 2015. O investimento total é
de US$ 500 milhões.
O projeto tem como objetivo
suprir a demanda de biodiesel
para a utilização de B20 (20%
de biodiesel e 80% de diesel
comum) na frota de locomotivas,
máquinas e equipamentos da
Vale no Brasil. Hoje, a legislação brasileira estabelece o uso
da mistura de, no mínimo, 5%
de biodiesel (B5). Estima-se
que a utilização do B20 reduzirá a emissão de gases do efeito
estufa da empresa em cerca de
20 milhões de toneladas de CO2
em 25 anos. E mais: 2 milhões de
CO2 poderão ser ‘sequestrados’
com a plantação da palma.
A usina tem capacidade de
extração de 120 toneladas/hora
de cachos de fruto fresco (CFF),
o que representa cerca de 25
toneladas/hora de óleo. A unidade já nasce com dois grandes
diferenciais: é a primeira planta
de extração de óleo concebida
com nível inédito de automação
em seus processos, e o maior
complexo de geração de energia
limpa já instalado em uma usina
deste tipo no Brasil. Além disso,
quase todos os resíduos formados
O vice-governador do Pará, Helenilson Pontes, e o diretor-presidente da
Vale, Murilo Ferreira, durante o evento em Moju, Pará.
ao longo da cadeira produtiva
serão reaproveitados pela própria
indústria na geração de energia
renovável e no processo de adubação do plantio da palma.
A capacidade de geração de
energia limpa é de 11 MW, dos
quais 3,5 MW serão utilizados na
usina e o excedente poderá ser
disponibilizado à concessionária de energia do estado. Outro
ganho ambiental gerado pela
indústria é o reaproveitamento
dos cachos vazios e das cinzas
da caldeira, que retornarão à
área agrícola para serem usados
na adubação orgânica.
Já o alto nível de automação da usina da Biopalma
permitirá um grau elevado de
segurança aos profissionais
da indústria, além de ganhos
com otimização de processos
industriais. Um exemplo dessa
automação poderá ser visto
no processo de esterilização
e cozimento dos frutos. Nas
usinas convencionais, esta
etapa é feita por profissionais
que precisam acompanhar
todo o andamento do processo,
submetidos a ambientes com
temperaturas elevadas. Com
a automação, os empregados
acompanharão o processo a
distância, de dentro da sala de
controle, medindo a qualidade
do produto final.
O uso da tecnologia estimulou a formação de profissionais
especializados para atuarem
nas funções novas. A Biopalma
investiu na implantação de um
centro de formação profissional
em Moju, e já qualificou e treinou seus novos empregados que
vão atuar na usina extratora. Os
operadores treinados, oriundos
da própria região, foram capacitados nos cursos de elétrica e
mecânica, focados na manutenção industrial.
Recuperação ambiental
A Biopalma já possui cerca de
50 mil hectares plantados com
palma. Até 2013, serão 80 mil ha
plantados e outros 90 mil ha destinados à reserva legal e à área de
preservação permanente. Vale ressaltar que a implantação das áreas
de cultivo foi realizada em locais
antes cultivados por pastagem e
áreas abandonadas. Portanto, é um
projeto com 100% de recuperação
de áreas degradadas.
A Biopalma possui cinco polos agrícolas na região do Vale
do Acará e Baixo Tocantins, no
nordeste do Pará, e será responsável pela produção de 600
mil toneladas de biodiesel em
2019, quando a lavoura atingir
sua maturidade.
Desenvolvimento socioeconômico
Além do foco na recuperação e preservação ambiental, o
projeto do biodiesel irá promover
desenvolvimento na região, por
meio da geração de emprego e
renda. Em fevereiro de 2010, a
empresa lançou o Programa de
Agricultura Familiar, que tem
como meta envolver duas mil
famílias com o plantio de dendê
até 2013.
Atualmente, este programa
já beneficia 124 famílias de
agricultores e mais 500 estão
em fase de cadastramento. Os
agricultores são financiados
com linhas de crédito do Pronaf-Eco Dendê – um programa
do governo federal, por meio
do Banco da Amazônia, para
a aquisição de mudas, manutenção da plantação e necessidades de subsistência nos três
primeiros anos do plantio até o
início da colheita.
Os agricultores interessados
disponibilizam 10 hectares em
sua propriedade familiar para
o plantio de dendê e recebem
da Biopalma assistência técnica
gratuita e garantia de compra
da matéria-prima durante os
próximos 30 anos de produção.
Paralelamente, para fortalecer
a agricultura familiar junto aos
produtores atendidos pelo programa, a Biopalma faz o acompanhamento e fornece o suporte
técnico necessário para o desenvolvimento da produção agrícola
pelas famílias, uma vez que elas
também cultivam outras culturas
na mesma propriedade, como
frutas, criam aves, etc.
Pará, o maior produtor
O Pará é o maior produtor
de óleo de palma do Brasil, com
atividades que correspondem
a 95% da produção nacional.
Este óleo pode ser utilizado em
diversos setores, como cosméticos, produtos farmacêuticos,
lubrificantes e alimentos, sendo
que, para o uso de biocombustível, está comprovado que a
palma possui a melhor produtividade (tonelada por hectare)
entre as oleaginosas. A soja,
principal matéria-prima do
biodiesel brasileiro, possui uma
produtividade dez vezes menor
que a palma e é mais intensiva
no uso da terra.
TN Petróleo 84
95
Conservação
da biodiversidade
A LLX, empresa de logística do Grupo EBX, de Eike Batista, lançou o Programa de Conservação
da Biodiversidade, que tem como iniciativa central a criação da maior RPPN (Reserva Particular
de Patrimônio Natural) de restinga do Brasil, a RPPN Caruara. Com cerca de quatro mil hectares,
a RPPN fica em São João da Barra (RJ), onde a LLX está construindo o Superporto do Açu.
Com o objetivo de transformar o local em um centro de conhecimento e pesquisa sobre espécies
vegetais de restinga, na solenidade foram assinadas parcerias com o Instituto Jardim Botânico do
Rio de Janeiro e com a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
O
Programa de Conservação da Biodiversidade
inclui ainda um viveiro
de mudas nativas, com
capacidade para produzir 500
mil unidades por ano, e um Estudo de Ecologia da Paisagem, cujo
objetivo é identificar características e histórico da região, e contribuir tanto para o planejamento
territorial dos empreendimentos
do Açu, quanto para a gestão
pública na região. Com isso, o
projeto, que faz parte da política
da LLX e de todo o Grupo EBX
de extrapolar obrigações legais
associadas aos licenciamentos
ambientais do Superporto, vai
promover ações de preservação
da biodiversidade da região e o
desenvolvimento de pesquisas
fundamentais aplicadas à utilização e à proteção da restinga.
96
TN Petróleo 84
O evento contou com a participação do diretor de biodiversidade e áreas protegidas do
Instituto Nacional do Ambiente
(Inea), André Ilha, que afirma
que a criação da maior RPPN de
restinga do Brasil em solo fluminense é motivo de orgulho para
o estado. Ele também destacou a
importância da iniciativa privada
em programas de conservação
ambiental e pesquisa científica.
“A RPPN Caruara será um
grande laboratório a céu aberto
e proporcionará conhecimento
científico para todo o país. Ao
firmar parceria com centros de
pesquisas criteriosos como Instituto Jardim Botânico e Uenf, o
Grupo EBX mostra transparência
e compromisso ambiental com a
região”, elogiou.
Após a assinatura do convênio com a LLX, Rogério Gribel,
diretor do Instituto de Pesquisas
do Jardim Botânico, explicou que
a restinga é um bioma importante da Mata Atlântica, com
peculiaridades interessantes do
Fotos: Divulgação LLX
suplemento especial
ponto de vista ecológico e evolutivo, mas relativamente pouco
estudado em relação aos demais
ecossistemas brasileiros.
“O programa tem grandes
perspectivas de sucesso. A
parceria com a LLX está sendo
muito significativa para nós, pois
ainda não é comum no país o investimento privado em pesquisas
científicas.”, declarou.
O diretor de Sustentabilidade
do Grupo EBX, Paulo Monteiro
(foto), afirmou que o Programa
de Conservação de Biodiversidade tem o mesmo objetivo de
alcançar o estado da arte que
move o grupo empresarial de
Eike Batista.
“Trabalhamos para ser
referência em todos os nossos
empreendimentos e fazemos o
mesmo em relação aos nossos
programas ambientais.”, afirmou Monteiro, acrescentando
que a sustentabilidade é mais
que uma meta, está no plano de
negócios do Grupo EBX. “Trabalhamos com a Gestão Integrada
do Território, que considera os
pilares econômicos, ambientais e
sociais, irradiados pelos aspectos
culturais da localidade.”
A prefeita de São João da
Barra, Carla Machado, reafirmou
a importância do investimento
voluntário da LLX para a criação
da RPPN Caruara: “Se a empresa não tivesse criado a reserva,
certamente aquela área seria
degradada, como já estava sendo, com a formação de pastos”,
disse. Otávio Lazcano, presidente da LLX, completou: “O investimento na RPPN Caruara prova
que os interesses econômicos
podem estar 110% alinhados com
as questões ambientais.”
Preservação da restinga
A RPPN Caruara, a maior
área de restinga em todo o país,
tem perto de 4 mil hectares,
o que corresponde a cerca de
quatro mil ‘maracanãs’. Este, no
entanto, será o seu tamanho no
papel, já que a sua área protegida ultrapassa 4 mil hectares,
quando somada à faixa de praia.
A extensão do terreno da Caruara é maior do que duas vezes
a soma de todas as 47 RPPNs
registradas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e sua
criação garante a proteção de
todas as formações naturais da
região, como lagoas, remanescentes de restinga em ótimo
estado de conservação e o trecho
mais preservado da praia.
A área protegida engloba,
portanto, um dos principais fragmentos de restinga preservados
do norte do estado, além das Lagoas de Grussaí e Iquipari, esta
última extremamente preservada, desde suas nascentes até sua
foz, na Praia do Açu. Por lá, os
trabalhos de recomposição vegetal e enriquecimento de espécies
serão desenvolvidos dentro da
RPPN, favorecendo, desta forma,
a ligação da área reflorestada
com a flora já existente. Até o
momento, já foram plantadas
cerca de 100 mil espécies.
Após a assinatura da portaria
do Inea que cria oficialmente a
RPPN Caruara, a LLX se empenhará na elaboração do Plano
de Manejo da unidade, fazendo
com que se torne a maior referência para a conservação dos
ambientes de restinga do país e
um ambiente de uso sustentável
para todos os trabalhadores e
moradores da região.
Parceria com o Jardim
Botânico
Assim, as parcerias com universidades e instituições de pesquisa, como o Instituto Jardim
Botânico e a Uenf (Universidade
Estadual do Norte Fluminense)
são uma grande oportunidade
para o estudo científico da restinga e para o desenvolvimento
de pesquisas relacionadas aos
ecossistemas costeiros.
É por isso que, paralelamente à oficialização da reserva, a
LLX lança o Programa de Manejo e Conservação da Biodiversidade Vegetal do Açu, dividido
em duas frentes: o centro de
estudos e pesquisas para a conservação da biodiversidade, em
parceria com o Jardim Botânico
do Rio de Janeiro e com a Uenf;
e o núcleo de reprodução e
manejo de 60 espécies em uma
área de 2.000 m2, com capacidade de produção anual de meio
milhão de mudas nativas para
reflorestamento local.
É por tudo isso que a unidade será um polo gerador de
conhecimento e uma referência
para produção científica sobre a
restinga.
A unidade vai proteger, em
caráter perpétuo, esse ecossistema, o mais ameaçado do Brasil.
Além da preservação, um viveiro
instalado em São João da Barra
produzirá 500 mil mudas por ano
de espécies nativas para reflorestamento da restinga.
Viveiro
Atualmente, o Grupo EBX
está produzindo todas as mudas
das espécies nativas que serão
usadas para recompor as restingas da região que abrange o
Complexo do Açu, no viveiro institucional. Hoje, o viveiro produz
e maneja mais de 53 espécies
de restingas. Entre elas estão
quatro ameaçadas de extinção:
a pimenta-da-praia (Jacquinia
brasiliensis), almescla (Protium
heptaphyllum), pau-ferro (Melanopsidium nigrum) e quixaba
(Sideroxylon obtusifolium) – de
acordo com lista oficial do Ibama, Instrução Normativa MMA
n. 6, de 23 de setembro de 2008.
TN Petróleo 84
97
suplemento especial
Outras importantes espécies
também reproduzidas no viveiro
são: a pitanga (Eugenia uniflora),
aroeira (Schinus terebinthifolia), abaneiro (Clusia hilariana),
bacupari (Garcinia brasiliensis),
camboinha (Myrciaria tenella),
calombo (Pera glabrata), fruto
de guaxo (Cupania emarginata),
murici (Byrsonima sericea) e
guanandi (Calophyllum brasiliensis), entre outras.
O Viveiro Institucional, que
ocupa uma área de 8.000 m2, é
composto pela Casa de Germinação (onde as sementes coletadas são semeadas); a Casa de
Sombra (onde as mudas recebem
um tratamento especial, com
apenas 20% de luminosidade
e fertirrigação para otimização
do crescimento vegetal); a Casa
de Crescimento (onde as mudas
recebem 50% de luminosidade
e são selecionadas as de melhor
fitossanidade e mais desenvolvidas); e a Área de Pleno Sol (etapa final de produção das mudas,
onde são expostas diretamente
ao sol e ao vento, simulando o
real cenário de campo).
Outro importante produto
que está sendo desenvolvido
por lá é o Guia de Reprodução
de Espécies de Restinga, que
fornecerá os dados do manejo em
viveiro das espécies produzidas,
como época e modo de coleta
dos frutos e sementes, beneficiamento, secagem, germinação,
repicagem, características de
crescimento, principais doenças
e o modo de combate e rustificação da muda.
Com 209 do total de 554 no
país, São Paulo lidera o ranking,
seguido por Goiás e Minas Gerais, segundo e terceiro colocados, respectivamente.
O Brasil ocupa um lugar privilegiado na busca por soluções
para a crise ambiental do planeta. Pioneiro na substituição do
combustível fóssil com a criação
do Proálcool, na década de 1970,
o país tem investido na instalação de novas usinas para atender
a produção de etanol e açúcar
dos mercados interno e externo.
Apenas o estado de São Paulo
concentra 209 das 554 usinas
brasileiras, seguido por Goiás
(73) e Minas Gerais (67).
98
TN Petróleo 84
Fotos: Divulgação Unica
São Paulo é o estado brasileiro
com o maior número de usinas
Para garantir a oferta de
etanol até 2020, o Brasil precisa
construir mais 120 usinas, com
investimentos de R$ 156 bilhões,
sendo R$ 110 bilhões de aportes
na área industrial e R$ 46 bilhões na área agrícola. Com isso,
aumentaria a moagem de 555
milhões de toneladas de cana
na safra atual (2011/12) para 1,2
bilhão de toneladas da matéria-prima em 2020. Os dados são da
União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica).
O Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai)
contará com o conhecimento e a
experiência do Massachusetts Institute of Technology (MIT) na operação dos 23 Institutos de Inovação
que instalará até 2014. A instituição norte-americana, considerada
uma das melhores do mundo em
tecnologia, dará apoio ao Senai
com intercâmbio, seminários e pesquisas conjuntas na elaboração dos
projetos de implantação das unidades. As duas entidades assinaram
acordo de cooperação industrial
no final de junho na Confederação
Nacional da Indústria (CNI).
Com este acordo, firmado pelo
presidente da CNI, Robson Braga
de Andrade (à direita), e pelo representante do MIT para o Brasil,
Anthony Knopp. O Senai atuará
como ponte na colaboração do MIT
com a indústria brasileira. A instituição dos Estados Unidos dará
suporte tanto na capacitação de
professores e técnicos quanto no
desenvolvimento de soluções para
o setor produtivo nacional. “Esta
é uma parceria muito importante,
porque o MIT tem atuação muito
forte no desenvolvimento de tecnologias para empresas. Contaremos
com sua experiência para montar
e qualificar os nossos projetos”,
ressaltou o diretor de Tecnologia
e Educação da CNI e diretor-geral
do Senai, Rafael Lucchesi.
O investimento na parceria será
de US$ 180 mil anuais, recursos
Foto: Divulgação CNI
Inovação: MIT firma acordo com Senai
que serão utilizados, inclusive,
no intercâmbio de profissionais.
“Com essa aproximação, no futuro
teremos um ambiente favorável
para trabalhos conjuntos entre a
nossa equipe e o MIT”, destacou
Lucchesi.
Pesquisa aplicada – Os 23 Institutos Senai de Inovação atuarão
em pesquisas aplicadas com base
nas necessidades da indústria em
oito áreas estratégicas – produção,
materiais e componentes, engenharia de superfícies, microeletrônica,
tecnologia da comunicação e da
informação, tecnologia da construção, energia e defesa. Com a
criação dos institutos, o Senai atende à necessidade da indústria de
ampliar a prática da inovação.
A implantação dos Institutos
de Inovação integra o Programa Senai de Apoio à Competitividade da Indústria Brasileira,
que ampliará a Rede Senai. O
objetivo é aumentar a oferta de
formação profissional, de serviços técnicos e tecnológicos e
de pesquisas em inovação para
a indústria. O programa tem financiamento de R$ 1,5 bilhão do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), ao qual se somarão R$ 400
milhões de recursos próprios na
criação, também, de 38 Institutos
Senai de Tecnologia, 53 Centros
de Formação Profissional, e aquisição de 81 unidades móveis para
atender à qualificação profissional nos locais em que ainda não
há escolas do Senai.
Além do apoio do MIT, o Senai fechou parceria, no dia 21
de junho passado, com objetivo semelhante, com a Sociedade Fraunhofer, da Alemanha.
O Senai, maior rede privada de
educação profissional e serviços
tecnológicos da América Latina,
opera 809 unidades em todo o
país, tendo recebido, em 2011,
2,58 milhões de matrículas. Com
a expansão da sua rede, pretende
atingir 4 milhões de matrículas
em 2014.
TN Petróleo 84
99
suplemento especial
A importância de se comprometer com a
Sustentabilidade
Em 1994, o fundador da Interface, Ray Anderson, definiu metas audaciosas
para sua empresa, hoje uma das maiores fabricantes de carpetes modulares do
mundo. O objetivo era, e continua sendo, não utilizar nenhum recurso natural
que não possa ser reposto. Após 15 anos, a Interface diminuiu as emissões de
gases em 82%, o consumo de combustível fóssil em 60%, o desperdício em 66%,
o consumo de água em 90%, inventando e patenteando máquinas, materiais e
processos de manufatura sustentáveis. Com isso, as vendas cresceram em 66%,
dobrando os rendimentos e aumentando as margens de lucros.
E
Claudia Martins é diretora da Interface, empresa
líder no desenho, na
produção e venda de
carpetes modulares ambientalmente responsáveis, e uma das primeiras
a se comprometer publicamente com a
sustentabilidade, em 1990.
100
TN Petróleo 84
a meta global continua ousada. Neste ano, por exemplo, a
empresa pretende obter a certificação Declarações de Produtos Ambientais (EPD) para todos os seus produtos. A ideia é
oferecer ao mercado somente produtos certificados com EPD,
ou seja, que permitam uma avaliação real e transparente sobre sua
composição, com base na análise feita por organismos independentes.
E a nossa esperança é que estas informações comprovadas e garantidas pela certificação, sejam efetivamente utilizadas para auxiliar os
consumidores a tomar decisões assertivas, comparando os produtos e
escolhendo opções mais sustentáveis para os seus projetos.
Com base em uma avaliação abrangente do ciclo de vida (LCA)
do produto, apresentando sua composição e especificando a procedência de cada material, assim como seu impacto durante sua vida
útil, será possível comparar seu impacto ambiental a partir da energia e da matéria-prima utilizadas. E mais: a geração de resíduos e
emissões, entre outros pontos, que são mensurados durante toda a
vida do produto. Ao adotar esta postura, nós da Interface estamos
legitimando nosso compromisso com o mundo e criando novos padrões de responsabilidade.
Ou seja, a escolha precisa refletir o modo como a empresa pensa
e age. Mas não só isso, precisa ir além. É necessário conscientizar
e engajar os funcionários a apoiarem projetos sustentáveis. O comprometimento verdadeiro entre a empresa e os seus colaboradores é
fundamental para qualquer projeto dar certo. As pessoas precisam
acreditar, entender e – de fato – apoiar as ações, levando a sustentabilidade para a sua vida, para o seu cotidiano.
E como engajar também a equipe de vendas, o administrativo,
a secretária do escritório? Sair da produção e se inserir no dia a
dia de todos os que vestem a camisa da companhia? Aqui no Brasil, não temos fábricas da
Interface, mas usamos o nosso showroom como
exemplo da importância do comprometimento
equipe-empresa.
É em nosso espaço de vendas que recebemos
os clientes, para que possam conhecer e, claro,
comprar nossos produtos. Como já disse, eles são
sustentáveis, mas nosso espaço também precisava ser. E esse foi o nosso desafio aqui no Brasil:
adequá-lo para que pudéssemos obter outra certificação, agora a Leed/Leadership in Energy and
Environmental Design.
Criado em 2000, pelo USGBC/Conselho de
Construção Sustentável dos EUA, o Leed orienta
e atesta o comprometimento de uma edificação
com os princípios da sustentabilidade para a
construção civil – antes, durante e depois das
obras. Emitido em mais de 130 países de todo o
mundo, o selo é considerado, hoje, a principal
certificação de construção sustentável para os
empreendimentos do Brasil. Sem dúvidas, conquistar a certificação Leed foi um grande reconhecimento do nosso esforço.
As etapas do processo para a obtenção do selo
são: planejamento, projeto, simulação, construção,
comissionamento e documentação; e para que
isso acontecesse, tínhamos dois grandes desafios:
uma verba reduzida e a adequação das exigências
aos produtos e processos disponíveis no mercado.
Ou seja, sabíamos que não seria fácil. O prédio
no qual temos o nosso showroom é novo, mas não
possui a certificação. Algumas adequações em
qualidade interna do ar, considerando o ar-condicionado existente, foram feitas com adaptações e
contribuição de empresas parceiras.
Outro grande desafio era a iluminação – afinal, tínhamos que atender ao consumo máximo
no espaço de showroom, com lâmpadas de maior
eficiência energética. Para isso, precisávamos
de lâmpadas de LED com melhor resultado para
nossa operação diária de apresentação de nossos carpetes, com cores e texturas, para uma boa
avaliação e definição do cliente. E mais, o projeto precisava conciliar sustentabilidade com um
local atrativo para as vendas, onde fosse possível
destacar todas as características e qualidades
dos nossos produtos. Buscamos as lâmpadas e
luminárias que atendessem à nossa necessidade,
mas precisamos gastar mais na implantação; no
entanto, o consumo de energia é muito menor do
que das lâmpadas normais.
Se utilizarmos materiais mais econômicos, sem
a preocupação de durabilidade e eficiência, em
pouco tempo gastaremos o dobro para substituir
materiais que tenham sido comprados de forma
equivocada com o foco em custo. Resumindo: a
economia imediata não é garantia de bom negócio.
A verdade é que o mercado ainda tem dificuldade
de enxergar a sustentabilidade como um investimento que traz resultados no médio e longo prazo.
Se a sua dúvida ainda está em o que muda
para o negócio, digo que a consciência e a visão
se transformam. Mesmo com uma imagem de
comprometimento com a sustentabilidade, a
visão da Interface e dos próprios associados e
parceiros mudou, pois o comprometimento para
que este espaço fosse feito de forma sustentável,
fez com que todos andassem na mesma direção,
aumentando a conscientização. Com a participação no processo, agora todos se sentem responsáveis pelas ações, compartilhando as práticas com
clientes e também utilizando as mesmas práticas
básicas em suas casas, como reciclagem, reduzir
consumo de água e energia, etc.
E a responsabilidade também se difundiu em
outras empresas parceiras, como naquela que
implementou o nosso projeto. Eles nunca haviam
participado de um projeto Leed, e efetivamente foi
interessante perceber a mudança cultural deles
durante a obra. Segundo relato do engenheiro responsável, na obra seguinte, a primeira iniciativa do
pessoal deles foi de organizar a separação do lixo,
como haviam feito aqui com instrução de acordo
com o Leed. Foi uma prática que, segundo eles,
ajudou bastante na organização do espaço, descarte de material, e ter uma ‘obra limpa’, mesmo que o
cliente não busque a certificação.
Ou seja, bons exemplos são seguidos e difundidos. Por isso, nós da Interface acreditamos veementemente que a empresa como um todo precisa
estar engajada e comprometida com a sustentabilidade, e que as empresas não devem buscar somente um selo para as suas fábricas, escritórios ou
produtos, mas sim ter uma mudança de postura.
Nestes anos todos, a Interface conseguiu provar e mostrar que sim, é possível obter lucro e ser
sustentável. Ou seja, os negócios podem aplicar
o Triple Bottom Line (a tríade: Social, Econômico
e Ambiental) sem perder lucratividade. Por isso,
invistam no agora olhando o futuro do nosso
mundo: comprometam-se com a sustentabilidade
e levem esta lição a parceiros, clientes e amigos.
Vale a pena!
TN Petróleo 84
101
suplemento especial
O “pacote ambiental”,
a Rio+20 e o desenvolvimento sustentável
Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente e
objetivando ser indutora das ações da Conferência das
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – a
Rio+20 –, a presidente Dilma Rousseff lançou, no início do
mês de junho, um pacote de medidas de cunho ambiental.
D
Renata Franco de Paula
Gonçalves Moreno é
sócia do escritório
Emerenciano, Baggio e
Associados. Graduada
em Direito pela Universidade São Francisco,
foi por dois anos
consecutivos escolhida
pelo Prêmio Análise Advocacia como uma
das advogadas mais admiradas na área de
meio ambiente no Brasil.
102
TN Petróleo 84
entre as medidas anunciadas, foram indicadas a criação e
ampliação de espaços territoriais protegidos, de acordo com
o previsto na Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n.
6.938/81) e no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza (Lei n. 9.985/2000). Na sequência, foi criada a Reserva
Biológica Bom Jesus, no Paraná e o Parque Nacional Furna Feia, no
Rio Grande do Norte. Outras três áreas protegidas foram ampliadas,
dentre elas: o Parque Nacional Descobrimento, na Bahia; a Floresta
Nacional Goytacazes, no Espírito Santo; e a Floresta Nacional de
Araripe-Apodi, no Ceará.
Além dessas áreas, também foi assinado o decreto de homologação
de áreas indígenas, cinco delas situadas no estado do Amazonas, uma
no Pará e uma no Acre, totalizando 948 mil hectares. Tal assinatura
era bastante aguardada, tendo em vista tratar-se da primeira homologação realizada pela presidente Dilma desde que assumiu o governo,
enquanto que os presidentes anteriores haviam tomado tal medida no
primeiro ano de seus respectivos mandatos.
E mais: foi instituída a Política Nacional de Gestão Ambiental em
Terras Indígenas (PNGati), por meio do Decreto n. 7.747 de 05 de junho de 2012. A ideia é que a PNGati atue no fortalecimento das ações
dos povos indígenas e na conservação da biodiversidade, por meio do
manejo tradicional e comunitário dos recursos naturais, e que também promova o trabalho integrado das instituições governamentais e
da sociedade civil na promoção da gestão ambiental e territorial nas
terras indígenas.
Neste mesmo diapasão, a presidente Dilma enviou mensagem
ao Congresso para ratificação pelo Brasil do Protocolo de Nagoya,
firmado na COP-10, em 2010 no Japão, que trata de acesso a recursos
genéticos e repartição justa de benefícios derivados de sua utilização,
estabelecendo o combate à biopirataria. Tais ações estavam sendo
aguardadas desde o final de 2010, quando o acordo foi assinado durante a Conferência das Nações Unidas.
Outra medida bastante aguardada eram ações para que o Brasil
acabe com os lixões até 2014. Esta meta está prevista na Política Na-
Foto: Banco de Imagens Stock.xcng
cional de Resíduos Sólidos (Lei n. 12.305) aprovada
em 2010. No entanto, tivemos muito pouca ação
objetivando o cumprimento desse prazo. Decerto,
acabar com todos os lixões do país até 2014 é uma
meta complexa, porém factível e urgente.
Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil gera 180 mil toneladas de
resíduos sólidos por dia, provenientes de residências, indústrias, atividade agrícola, construção civil,
dentre outros. Apenas 24% dos municípios brasileiros possuem aterro sanitário para disposição ambientalmente adequada destes resíduos. Na região
Nordeste a situação é mais grave: 87% dos municípios não contam com aterros. Ou seja, o Brasil tem
2.906 lixões distribuídos por 2.810 municípios que
precisam ser erradicados até 2014!
Uma possibilidade seria criar consórcios intermunicipais para a instalação de aterros regionais
visando atender um grupo de municípios, ao invés
de se construir inúmeros aterros municipais. A criação desses consórcios favoreceria também o apoio
do Governo para captação de recursos, mas seria
necessário deixar as diferenças políticas de lado e
trabalhar no objetivo maior que é a erradicação dos
lixões. Mesmo tratando-se de um tema tão urgente
e importante – e que envolve não apenas o meio
ambiente, como também saúde pública e qualidade
de vida –, o governo optou por aguardar, ao invés
de combater o problema.
Na mesma direção, o anúncio da liberação de
recursos para as obras do Anel Rodoviário de Belo
Horizonte também foi adiado.
De forma positiva, o governo assinou o Decreto
n. 7.746 de 05 de junho de 2012, que modifica a
Lei de Licitações para incluir critérios de sustentabilidade nas compras públicas. Desse modo, a
administração pública federal direta, autárquica e
fundacional, e as empresas estatais dependentes,
poderão adquirir bens e contratar serviços e obras
considerando critérios e práticas de sustentabilidade objetivamente definidos no instrumento convocatório. Para tanto, entende-se como diretrizes de
sustentabilidade: 1) menor impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; 2)
preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local; 3) maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia;
4) maior geração de empregos, preferencialmente
com mão de obra local; 5) maior vida útil e menor
custo de manutenção do bem e da obra; 6) uso de
TN Petróleo 84
103
suplemento especial
inovações que reduzam a pressão sobre recursos
naturais; e 7) origem ambientalmente regular dos
recursos naturais utilizados nos bens, serviços e
obras, dentre outras práticas. O impacto das compras do Estado equivale a
16% do PIB, e com essas novas diretrizes espera-se que o Estado seja um indutor/fomentador de
novas práticas em relação aos bens e serviços
sustentáveis.
Junto ao anúncio dessas medidas, a ministra do
Meio Ambiente, Izabella Teixeira, também registrou que o Brasil alcançou uma redução de 8% em
2011, em relação ao período anterior, a menor taxa
de desmatamento da Amazônia Legal desde 1988.
Tais medidas tinham a intenção de ser um
“pacote do bem”, antecipando o clima da Rio+20.
Entretanto, foram entendidas por alguns como a
junção de ações já existentes e esparsas, uma vez
que nada foi de fato construído neste governo.
Além disso, as ações protecionistas em relação aos
povos indígenas objetivam, por um lado, sinalizar o
compromisso prioritário do governo, que dá o tom
da posição brasileira na Rio+20 de inclusão social
e, por outro, suaviza a resistência dos índios ao
PAC, que tem avançado e avançará cada vez mais
sobre terras indígenas.
No final de abril, algumas organizações ambientalistas brasileiras divulgaram um documento
crítico sobre as políticas socioambientais do atual
governo, apontando retrocessos e poucos avanços
e realizações em comparação aos governos anteriores. Desse modo, as medidas anunciadas buscam
responder de forma positiva às críticas.
A questão central, no entanto, é a adoção de
um modelo de desenvolvimento capaz de suprir
as necessidades ambientais de forma economicamente sustentável.
De fato, sempre houve uma contradição entre desenvolvimento e meio ambiente, pois como
crescer economicamente sem afetar o estoque de
riquezas naturais existentes no planeta e entendidos como mercadorias para os meios de produção? Como satisfazer as necessidades básicas dos
homens nas sociedades contemporâneas? O que
seriam essas necessidades básicas?
Tais questões põem em xeque conceitos consolidados na sociedade capitalista. Desse modo,
instaura-se a seguinte problemática: como impor
restrições à utilização de recursos naturais sem
colocar em risco o modelo econômico do capital?
Sob essa perspectiva, a questão ambiental e sua
preservação se colocam como insolúveis dentro
104
TN Petróleo 84
do modo de produção capitalista, tanto que há um
deslocamento do discurso para o consumo sustentável e para o consumidor responsável.
No entanto, desde o surgimento do conceito
de desenvolvimento sustentável, ficaram claras as cisões entre as abordagens “técnicas” e
“normativas”, quando prevaleceram conceitos
técnicos, enquanto que os pontos de vistas minoritários tiveram que avançar em uma mudança
de consciência, de modo a modificar as regras do
jogo já estabelecidas.
O termo ‘sustentabilidade’ foi utilizado como
mediador para se alcançar um equilíbrio entre desenvolvimentistas e ambientalistas. Isto porque se
considera sua premissa extremamente vaga e inerentemente contraditória, no entanto, politicamente
confortável a todas as correntes, sem que as causas
reais sejam debatidas, permitindo que sobre este
termo várias ações, propostas de leis sejam anunciadas, sem uma consciência mais aprofundada.
Tanto que as ações para compatibilização da
questão ambiental com o pensamento desenvolvimentista ocorreu no período de consolidação do
pensamento neoliberal em escala global, propondo
conciliar o crescimento econômico com a resolução
dos problemas ambientais, dando ênfase na adaptação tecnológica e na confiança de uma economia
de mercado. No entanto, para alguns autores, a
modernização ecológica nada mais é do que estratégias neoliberais visando combater o “impasse”
ecológico, sem, contudo, considerar sua articulação
com as desigualdades sociais.
Assim, a noção de justiça ambiental implica o
direito a um meio ambiente seguro, sadio e produtivo para todos, incluindo nesta concepção suas
dimensões ecológicas, físicas, sociais, políticas, estéticas e econômicas. Trata-se de pensar este direito
como um direito coletivo, assim como o direito à
cidade, à saúde, ao lazer e à comunicação.
Decerto, uma das discussões recentes na área
do Direito é exatamente esta: até onde vai o direito
do indivíduo (ou da sociedade) em detrimento do
interesse coletivo? Muito embora vários encontros
e debates aconteçam na esfera mundial, com a
propositura de agendas de discussões e originando
tratados internacionais, como a Rio+20, como fazer
para que essas orientações reflitam as necessidades
humanas, bem como suas ações e aspirações?
Mais que um desafio, é uma necessidade da sociedade complexa em que vivemos, pois o risco é a
própria lógica deste modelo de sociedade, centrado
no capitalismo pleno e no neoliberalismo.
Sustentabilidade sem fronteiras
A reflexão sobre o impacto das corporações na sociedade não é um assunto novo e
vem sendo conduzida há várias décadas por pesquisadores e lideranças sociais.
Suplemento especial • Ano 3 • nº 22 • julho de 2012 • www.tnsustentavel.com.br
Fotos: Divulgação
A
s discussões sobre o tema motivaram alguns líderes empresariais a buscarem abordagens mais sustentáveis para seus negócios nos diversos
segmentos, como indústria, tecnologia e serviços. Hoje, podemos considerar que a relevância de uma empresa está cada vez mais representada pelo
seu papel de agente de transformação social. Para isso, ela precisa oferecer o
seu melhor, o conhecimento de sua força de trabalho que a cada dia é mais
global e sem fronteiras.
O maior avanço conquistado nas últimas décadas foi a inclusão da discussão sobre sustentabilidade em níveis estratégicos das empresas, garantindo a
inserção do tema na cultura corporativa. Se o princípio do processo é a decisão
estratégica, o impacto é proveniente de iniciativas que reúnem diferentes públicos, seja governo, sociedade civil organizada ou clientes. Quanto mais desafiadora é a demanda, mais necessária é a habilidade de atuar coletivamente e
estabelecer diálogos. Um exemplo é a crise econômica vivida por vários países,
a qual provoca uma constante pressão de governos e do mercado para gerar
crescimento econômico. Assim, as empresas precisam tomar decisões com base
em cenários globais, ser assertivas de modo a diminuir seus riscos e conquistar
um impacto social positivo.
Por isso, a sustentabilidade deixou de ser entendida apenas sob o ponto de
vista da conservação ambiental, mas sim dentro de um contexto mais amplo. É
preciso deixar de olhar a questão do meio ambiente como fator isolado, e sim
enxergá-la como uma consequência do novo cenário mundial – um mundo menor,
mais plano e mais instrumentado.
Quando a empresa tem atuação global, esses desafios são ainda maiores.
Sabendo que as lideranças empresariais têm papel fundamental nesse processo
e que os jovens precisam estar preparados para novos desafios, a IBM criou
programas de voluntariado internacional, como o Corporate Services Corps.
O programa foi idealizado em 2007, como parte do projeto mundial chamado
de IBM Global Citizen’s Portfolio, um conjunto de investimentos e programas
desenvolvidos para aperfeiçoar conhecimentos e expertise dos funcionários
da empresa para que se tornem líderes globais, cidadãos ativos e profissionais
integrados em um mundo de economia global.
No Corporate Services Corps, a empresa escolhe jovens talentos, entre os
funcionários de alto desempenho, para atuarem durante quatro semanas como
voluntários em diferentes partes do mundo, com equipes multiculturais, junto
a organizações da sociedade civil em países em desenvolvimento. O objetivo
é melhorar seus processos para que acelerem seu desenvolvimento em gestão.
Os voluntários contribuem com suas competências e habilidades para fornecer
serviços em áreas como marketing, finanças, TI, gerência de projetos e planejamento estratégico, entre outros. O CSC fortalece a formação de cidadãos
globais capazes de entender as diferenças culturais, em novos contextos organizacionais e mercados, gerando valor para a empresa, para os participantes e
para as comunidades.
Os objetivos da IBM em contribuir, por meio da experiência de voluntariado,
para a formação de líderes globais estão sendo alcançados. Só no Brasil, o projeto
já contou com a participação de mais 160 funcionários estrangeiros, de 30 diferentes países. Em dois anos, mais de 50 Organizações Não Governamentais de
diversas capitais foram beneficiadas. No mês de junho, foi concluída mais uma
etapa em Recife, com a capacitação e implementação de melhorias para cinco
instituições da região. A formação de líderes com visão global contribui para
gestões mais eficientes e transparentes. Ao final do processo, a sustentabilidade
das instituições, sejam elas privadas, públicas ou não governamentais, é fator
determinante para a sustentabilidade do planeta.
Regina Pimentel é
diretora executiva de
cidadania da IBM Brasil,
responsável pelo relacionamento com instituições
do terceiro setor, com
departamentos de sustentabilidade nos clientes da
IBM e pela gerência dos programas sociais
da empresa no Brasil. Tem MBA em Empreendedorismo Social pela FIA (Fundação
Instituto de Administração). Alcely é PhD
e é mestre em Ciências Bioquimicas pela
Universidade de São Paulo (USP).
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105
pessoas
OGX anuncia novo presidente
Um dia após forte desvalorização das ações da OGX, a empresa
anunciou em comunicado ao mercado que o executivo Paulo Manuel
Mendes de Mendonça apresentou
sua renúncia ao cargo de diretor
presidente. A companhia de Eike
Batista anunciou também que foi nomeado para o comando da OGX Luiz
Eduardo Guimarães Carneiro, atual
diretor presidente da OSX. O novo
presidente da OGX tem experiência
de mais de 30 anos na indústria de
petróleo, tendo ocupado diversas posições na Petrobras. Carneiro estava
no comando da OSX desde 2009. O
executivo é formado em Engenharia
Mecânica pela Universidade Federal
Fluminense e Engenharia de Petróleo
pela Petrobras, e possui MBA pela
Columbia University em Nova York.
A OSX também anunciou seu
novo presidente, Carlos Eduardo
Sardenberg Bellot, atual diretor
de Operações, Engenharia, Afretamento e Desenvolvimento. Segundo o comunicado, até posterior
deliberação, ele acumulará os dois
cargos na OSX.
Bellot trabalhou por mais de
30 anos na Petrobras, onde ocupou diversas posições gerenciais,
como a gerência geral da Unidade
de Negócios da Bacia de Campos.
Engenheiro químico, trabalhou
também em subsidiárias internacionais da Petrobras e foi membro
do Conselho de Administração de
companhias do Sistema Petrobras
e de companhias privadas.
Mudanças na Basf
Marcos Allemann foi nomeado para
a vice-presidência de Dispersões e
Pigmentos para a América do Sul. Ele era
o diretor de Químicos para Papel para a
América do Sul. Formado em engenharia
Agronômica pela Universidade de São
Paulo (USP), e com especialização em
Operações Industriais pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV).
106
TN Petróleo 84
No dia 27 de junho, os papéis da
OGX caíram mais de 25%. A queda da petroleira foi de 25,33%, a R$
6,25, movimentando R$ 1,16 bilhão,
quase 20% de todo o giro financeiro
do pregão na Bovespa, que foi de R$
6,08 bilhões.
Na noite da véspera, a OGX divulgou que a vazão de óleo nos primeiros poços perfurados pela empresa em um campo na Bacia de Campos
é de 5 mil barris de óleo equivalente
(boe) por dia, apenas um terço do que
o mercado esperava.
A notícia também arrastou outros papéis do grupo de Eike Batista: a OSX recuou 12,5%, a LLX caiu
7,47%, a MMX registrou queda de
6,94%, a MPX perdeu 7,69% e a PortX caiu 6,77%. O levantamento da
consultoria Economatica mostra que
a companhia perdeu R$ 10,74 bilhões
em valor de mercado em dois dias!
Já Fernando França Correia
Barbosa, atual responsável pelo
departamento de Marketing, Vendas e
Desenvolvimento de Calçados, TPU e
Cellasto, assumirá a partir de agosto o
lugar de Marcos Allemann. Graduado
em Engenharia Química pela Escola
Politécnica da Universidade de São
Paulo (USP) e pós-graduado em Gestão Empresarial com especialização
em Finanças pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV).
Brasil recebe
visita do
novo CEO da
AkzoNobel
Empossado no dia 23 de abril de
2012, o holandês Ton Büchner assumiu
o comando da AkzoNobel, líder global
no mercado de tintas e revestimentos e
uma das principais
fabricantes de especialidades químicas no mundo, e
escolheu o Brasil
para sua primeira
visita oficial, de 1º
a 4 de maio.
O executivo visitou alguns dos
endereços da companhia no Brasil,
localizados em São Paulo, nas cidades
de São Bernardo (repintura automotiva
e revestimentos aeroespaciais), Jundiaí (papel e celulose), Mauá (tintas
decorativas), Itupeva (especialidades
químicas para indústrias de higiene,
limpeza, cosméticos, agricultura, mineração e asfalto), e Rio de Janeiro, na
cidade de São Gonçalo (revestimentos
para os segmentos marítimo, de óleo
& gás e de proteção industrial).
O objetivo de sua viagem foi conhecer de perto como funcionam os
negócios da subsidiária brasileira,
quarto maior mercado para a multinacional.
Ton Büchner assume o lugar de
Hans Wijers, cuja aposentadoria foi
anunciada ainda no ano passado.
Ele é engenheiro de formação, com
mestrado em Engenharia Civil na
Universidade Tecnológica de Delft,
na Holanda. Também possui mestrado em Administração de Empresas
pela IMD de Lausanne e participou do
Stanford Executive Program, em Palo
Alto, Califórnia (EUA).
Sua carreira começou em corporações do setor de petróleo e gás. O
executivo viveu e trabalhou na Holanda, Cingapura, Malásia, China, Suíça e
Estados Unidos.
Carlos Tadeu Fraga recebe prêmio pela Itron tem novo
liderança na indústria de petróleo
gerente geral
O gerente executivo do pré-sal, Carlos Tadeu Fraga, recebeu o
prêmio Omae Conference Industry
Achievement Award pelo trabalho
de liderança no período em que
foi gerente executivo do Centro de
Pesquisas da Petrobras (Cenpes). A
homenagem foi concedida durante
a Conferência Internacional ‘Ocean, Offshore and Arctic Engeneering’, realizada no Rio de Janeiro,
com presença de mais de 900
participantes de 41 países.
“Esse prêmio é um reconhecimento à Petrobras, em especial ao
Carlos Tadeu Fraga, pela articu-
lação fantástica
entre a estatal e
as universidades”, afirmou o
diretor de tecnologia e inovação
da Coppe-UFRJ,
Segen Farid
Estefen.
O evento é organizado pela
Coppe em parceria com a American Society of Mechanical
Engeneers (Omae). A Conferência aconteceu de 1º a 6 de julho
no Windsor Barra, na Barra da
Tijuca.
para a América
Latina
Jamil Abid assume diretoria de
Operações da Bioenergy
A Bioenergy, uma das empresas pioneiras em energia eólica
no Brasil, anunciou em junho que
Jamil Abid, ex-superintendente
da Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel), é o novo diretor
de Operações da companhia. O
executivo chega com a responsabilidade de supervisionar os parques
em funcionamento da empresa no
Rio Grande do Norte – Miassaba 2 e
Aratuá 1 –, bem como os projetos a
serem desenvolvidos no Maranhão.
Embora a denominação do
cargo possa sinalizar uma atribuição
restrita à operação dos dois parques
eólicos já implantados, o grande desafio a ser enfrentado será bem mais
abrangente. “Vou atuar em diversos
outros processos que foram mapeados e que compõem a cadeia de
viabilização de um projeto”, explica
Abid. “São atividades fundamentais
para possibilitar a maturação de
projetos que hoje já representam um
portfólio de mais de mil megawatts
a serem implantados em um curto
espaço de tempo”, completa.
Abid é engenheiro eletricista
formado pela Universidade de
Brasília, com pós-graduação em
Sistemas Elétricos de Potência,
pela Universidade Federal de
Itajubá. Possui MBA em Avaliação
das Oportunidades de Negócios
de Geração Hidrelétrica: Desafios
para Otimização dos Potenciais
Hídricos, ministrado pela Fipe e
mestrado em Direito Regulatório
em Energia Elétrica pela Universidade de Brasília.
Trabalhou nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil (Eletronorte) na área de Planejamento da
Expansão de Sistemas Elétricos
e na diretoria de Suprimentos,
de 1977 a 1983. Posteriormente,
trabalhou na Aneel, de 1998 a
2010 – começou como técnico na
superintendência de Potenciais
Hidrelétricos e depois como responsável pela superintendência
de Fiscalização dos Serviços de
Geração e, também, na superintendência de Gestão e Estudos
Hidroenergéticos.
A Itron, fornecedora de soluções para energia e água, anunciou que Gadner Vieira ingressou
na empresa como gerente geral
para a América Latina/Energia.
Com sede no município de Sumaré
(SP), Vieira assumirá a responsabilidade de todos os aspetos de vendas, marketing e soluções da Itron,
com um forte foco em smart grid.
O executivo possui mais de 20
anos de experiência em indústrias
de TI, Telecomunicações e Serviços Públicos. Antes de ingressar na
Itron, ocupou posições executivas
em empresas, como IBM, Embratel
(Grupo Telmex) e Oi; em fornecedores de tecnologia de redes
como a SR Telecom e Silver Spring
Networks. Recentemente, foi o
gerente geral e vice-presidente
de vendas para a Silver Spring
Networks no Brasil.
Gadner Vieira é graduado
em Ciência da Computação pela
PUC-PR, possui MBA Executivo
Internacional pela USP e é mestre
em Administração de Empresas
pela FGV-SP.
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107
pessoas
KSB Válvulas tem novo diretor executivo
Com a missão de diversificar
as áreas de atuação e de gerenciar
a fase de transição da unidade fabril de Barueri para a nova planta
em Jundiaí, o engenheiro metalurgista Igor Norris Nelsen assume
a diretoria executiva da KSB Válvulas, empresa coligada, no Brasil,
à KSB Bombas Hidráulicas.
Nelsen, 49 anos, já trabalhou na área comercial da KSB
Bombas Hidráulicas, em Várzea Paulista, entre 2004 e 2009,
atendendo ao setor de óleo e gás.
Depois assumiu a gerência geral
da Tigre-ADS Brasil, onde ficou
por três anos.
“Hoje, 80% de nossas vendas
são representadas por válvulas
engenheiradas, para o setor de
óleo e gás. Outros 20% são válvulas industriais, standard e ser-
viços. Pretendemos estabelecer
maior equilíbrio de fornecimento. Vamos diversificar e revigorar
nosso atendimentos aos setores
de açúcar e álcool, papel e celulose, mineração e indústria em
geral”, afirma Nelsen. “A partir
de setembro, quando já estare-
mos na nova fábrica de Jundiaí,
com processos produtivos mais
automatizados e conceitos mais
modernos de produção, certamente conseguiremos ampliar
nossas áreas de atuação”, avalia
o novo diretor executivo.
A nova fábrica da KSB Válvulas terá 11.250 m2 de área construída, em um terreno de 103
mil m2, que, futuramente, poderá
abrigar outra unidade de negócio
da KSB Bombas Hidráulicas.
A KSB Válvulas faturou no
ano passado cerca de R$ 40
milhões. A previsão para este
ano é superar os R$ 50 milhões.
De acordo com o planejamento
estratégico do Grupo KSB, o negócio de válvulas terá um crescimento significativo nos próximos
cinco anos.
Executivo da Chemtech no Conselho
Diretor do Parque Tecnológico do Fundão
O diretor de P&D da Chemtech, Roberto Leite, foi eleito o
novo representante das empresas que compõem o Conselho
Diretor do Parque Tecnológico,
na Ilha do Fundão, na Cidade
Universitária, no Rio de Janeiro.
O conselho foi criado para ser o
porta-voz das empresas instaladas no Parque Tecnológico junto
à Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ).
Segundo Roberto Leite, os
representantes de cada companhia ou entidades instaladas no
local se reunirão periodicamente
para tratar de temas relativos à
governança das relações com
a universidade. Na pauta estão
assuntos como segurança, incentivos fiscais e infraestrutura.
Para fortalecer a capacidade
de inovação, criação de riqueza
e bem-estar da sociedade a partir
de uma cooperação mais estreita
com a comunidade acadêmica,
o grupo pretende incentivar a
criação de novas empresas de
base tecnológica, pedir a instalação de laboratórios especiais da
UFRJ e fomentar oportunidades
para projetos de pesquisa.
@tnpetroleo
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TN Petróleo 84
TN Petróleo 84
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perfil empresa – victoria
Confiança se conquista
com o tempo
A experiência de 15 anos de mercado aliada a constantes investimentos destacaram
a Victoria Qualidade como um parceiro de altíssima confiabilidade para as grandes
empresas do setor industrial e petrolífero brasileiro.
E
Rua Carlos Alberto Santos 227, Portão
CEP 42700-000
Lauro de Freitas-BA
+55 (71) 3287.0024
www.victoriaqualidade.com.br
110
TN Petróleo 84
m uma trajetória que começou em 1995, quando ainda se chamava
Tecem, a Victoria Qualidade, rebatizada assim em 1997, vem atuando
no setor de engenharia, inspeção e manutenção industrial, prestando
suporte a grandes obras e paradas de manutenção junto a empresas como
a Petrobras, Transpetro, Samarco Mineração, Andrade Gutierrez, Queiroz
Galvão, GDK e Techint Engenharia. Presente nos principais empreendimentos
do setor petrolífero nacional, a Victoria, ano a ano, obra a obra, conseguiu a
confiança e o reconhecimento de um mercado exigente por natureza, que
não admite erros pelos altos valores demandados.
Segundo José Alves Ribeiro Neto (à esquerda na foto), Diretor
administrativo financeiro da Victoria Qualidade, a empresa ganha
competitividade através de investimentos em tecnologia, capacitação de recursos humanos
e desenvolvimento de técnicas
e formas de trabalho que geram
economia e agilidade para seus
clientes. “O negócio exige uma
constante busca pela qualidade, e o dinamismo com que as
tecnologias são aprimoradas
requer investimentos frequentes”, ressalta Ribeiro. Ele ainda destaca o sólido aporte financeiro como
mais um diferencial a favor da Victoria na participação em obras de
grande porte e complexidade.
Nas palavras do Diretor Executivo Alberto Souza Castro (à direita na
foto), “o alto nível de confiabilidade atribuído ao nosso trabalho deve-se
muito à larga experiência do corpo operacional, que sabe o que faz e faz
bem feito”. Outro fator que o diretor reconhece como preponderante para
a boa imagem aos olhos do mercado é a presença em empreendimentos
de ampla relevância comercial e até histórica para a economia brasileira,
como foi a obra do Gasoduto Bolívia/Brasil, na qual a Victoria garantiu a
integridade estrutural e de procedimentos através de técnicas de ensaios
não destrutivos (ENDs), como ultrassons em soldas e testes hidrostáticos.
Confirmando uma gestão da qualidade eficiente, a Victoria conquistou a
certificação NBR ISO 9001:2008, como frisou Alberto Castro.
“A empresa tem uma variada cartela de serviços, o que facilita o atendimento das diferentes necessidades de seus clientes, seja ele uma refinaria,
uma construtora ou um edifício residencial”, observou Leonardo Ribeiro
Castro, Engenheiro de Operações da Victoria. Um dos serviços que Leonardo cita é o alpinismo industrial e predial. A técnica dispensa o uso de
andaimes e grandes estruturas, simplificando o acesso a localidades de
Foto: Agência Petrobras
Foto: Divulgação
Refinaria RPBC
Alpinismo industrial
Foto: Divulgação
difícil alcance. “Nossos profissionais de alpinismo são
qualificados pelo Irata e Abendi, especializando-se
em grandes alturas e espaços confinados”, lembrou
Leonardo. Outro serviço é a identificação positiva de
materiais (PMI), usada para confirmar a composição
química de elementos utilizados em obras, maquinário industrial, tubulações e estruturas diversas. Os
equipamentos usados aliam portabilidade e precisão
laboratorial, o que rende alta produtividade e resultados
extremamente confiáveis, segundo Leonardo Castro. As
atividades em PMI são autorizadas pela CNEN.
Sobre a atuação da Victoria em grandes empreendimentos, esta iniciou-se já em 1997, quando foi
contratada pela Techint como fornecedora dos serviços
de US das soldas e ENDs para o Gasoduto Bolívia/
Brasil, quando também foi a responsável pelos testes
hidrostáticos. Ainda em 1998, ampliou suas atividades, realizando as inspeções de ENDs nas unidades
32 e 9 da Petrobras, na RLAM, Bahia. Iniciava-se aí
uma parceria que se estende até hoje. Ainda nos anos
1990, operou com o Consórcio ICA-CPC-ETESCO no
Gasbol, agora no trecho X.
Com pouco mais de três anos de mercado, a Victoria
ganhava destaque trabalhando para a Conduto Bolívia
SRL e atuando para a Petrobras, em adequações à NR-13
e na garantia à integridade de tubovias, linhas e dutos
da estatal. Em 2001, na Base de Urucu/AM, a empresa
executou US para monitoramento de erosão nas válvulas
Choke e realizou importantes trabalhos de inspeção e
controle da qualidade.
Na última década, a Victoria Qualidade tem sido
uma constante colaboradora nas principais obras de infraestrutura do país. Há pouco finalizou, com a Techint,
o grande projeto que envolveu a PRA-1. Na RPBC, em
Cubatão, realizou os ENDs na ampliação da planta de
gasolina, concluindo também o Mineroduto II para a
Samarco. Participou ainda da grande obra do Gasoduto
Urucu/Manaus com o CONSAG, formado pelas Construtoras Andrade Gutierrez S/A e Carioca Engenharia,
vencendo enormes desafios construtivos pela complexidade ambiental e logística.
Em 2012, a empresa iniciou um projeto que engloba
três refinarias – a RPBC, a Recap e a Reman. Também
estão em andamento os trabalhos no Mineroduto III, em
parceria com o consórcio GDK-Sinopec. Em julho deste
ano, a construção de duas plataformas fixas (WHPs) pela
Techint para a OSX também terão suporte da Victoria,
atuando como fornecedora de mão de obra especializada
para o controle de qualidade de materiais.
Valendo-se de uma gestão diretiva que pensa à frente,
de um respeitável portfólio de trabalhos, e sem economizar em investimentos, a Victoria Qualidade vem ganhando força no mercado e hoje é vista como referência
nacional no nicho em que atua; uma confiança que, além
de muito esforço e seriedade, exigiu 15 anos de bons
serviços prestados.
Jaqueta para a PRA-1 - Petrobras
TN Petróleo 84
111
produtos e serviços
Combustol
O Grupo Combustol & Metalpó, um dos principais grupos
industriais do país nos segmentos
de fornos industriais, refratários,
tratamento térmico e metalurgia do
pó, concluiu projeto de migração
de matriz energética de fornos da
Aperam South America. Além do
projeto de migração, o Grupo implantou uma linha piloto de fornos
de recozimento, descarbonetação e
nitretação no Centro de Pesquisas da
empresa para o desenvolvimento de
novos processos de produção de aço
elétrico de grão orientado – material
que possui excelentes propriedades magnéticas, capazes de garantir
maior eficiência dos equipamentos
elétricos e economia de energia.
A linha piloto, que já está em
funcionamento, tem como principal objetivo eliminar algumas etapas existentes no modelo atual de
produção, tornando o processo mais
simples e competitivo e gerar uma
grande economia nos custos da em-
Foto: Divulgação
Combustol e Aperam realizam conversão de
fornos para gás natural
presa. Além disso, o equipamento
deve impulsionar a pesquisa e os
testes com aço elétrico.
No projeto de migração energética, a empresa readequou 12
fornos para operar com gás natural
(GN) como combustível, mas sem
deixar de lado a capacidade de
operar, também, com gás liquefeito de petróleo (GLP). O processo
de produção das peças e readaptação destes equipamentos durou
mais de 11 meses.
Dentre os equipamentos estão
os fornos Walking Beam, Steckel,
Pusher, Werner, RB2, RB1, RC3,
RB3, RB4, Aciaria, FTT e Cowper.
Com capacidade para operar com
temperaturas de 1.000ºC-75kW,
os fornos são utilizados para tratamento térmico de tiras de aço
silício. Com a conversão da matriz
energética, a produção torna-se
mais simples e mais competitiva.
“O gás natural é 34% mais barato
que o GLP, o que proporciona uma
economia anual de cerca de US$
20 milhões. Os ganhos ambientais
também são grandes, pois há uma
diminuição da emissão de CO2 em
37 mil toneladas por ano”, comenta o diretor da Aperam, Marcos
Antonio Araújo.
Outro ponto positivo é a maior
segurança dos funcionários que
operam os equipamentos, segundo
o gestor. “Em caso de vazamentos,
como o gás natural é menos denso
que o ar, sua tendência é subir e
se dispersar rapidamente, enquanto o GLP se mantém próximo ao
chão, aumentando as chances de
incêndio”, conclui.
KTY
KTY Engenharia inaugura escritório no Rio
A KTY Engenharia, especializada no gerenciamento de projetos
e engenharia multidisciplinares,
inaugurou em maio um escritório
no Rio de Janeiro. Com 26 anos no
mercado, a empresa que atua na
área de petróleo e gás, petroquímica, química, siderurgia, termelétrica,
papel e celulose, meio ambiente,
agroindústria, mineração e fertilizantes só tinha escritório em São
Paulo. O principal objetivo da filial
é atender as demandas da área de
óleo e gás, bem como concentrar
os projetos offshore da companhia.
“O Rio de Janeiro é um polo
importante na área de óleo e gás
e existem certos projetos em que
estar junto ao cliente torna as co112
TN Petróleo 84
municações mais
ágeis. O escritório
foi inaugurado,
mas já estávamos trabalhando
em um escritório
do cliente executando o projeto da
unidade de hidrocraqueamento (HCC) do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(Comperj) para a Alusa”, comentou
Antonio Carlos Viotti, diretor comercial da KTY Engenharia.
De acordo com Viotti, o escritório
da empresa no Rio possui dois andares, cerca de 200 funcionários e no
momento está executando o projeto
das interligações do Comperj com o
cliente Jaraguá. Segundo ele, a empresa estuda ainda a possibilidade
de instalar um escritório em Macaé,
mas a médio prazo.
O mercado de óleo e gás é importantíssimo para a KTY Engenharia. O
setor é o atual foco do negócio da companhia, ele corresponde a cerca de 90%
do faturamento da empresa, que hoje se
concentra em química e petroquímica.
Atualmente, a empresa tem em
carteira o projeto da unidade de recuperação de enxofre (URE) e off-site
da Refinaria de Paulínia (Replan), a
carteira de enxofre da Refinaria Abreu
e Lima (RNEST), que estão em fase de
término, e a Unidade de Fertilizantes
Nitrogenados III (UFN-3) e interligação do Comperj, da Petrobras.
CTDUT
O Centro de Tecnologia em
Dutos (CTDUT) inaugurou, no
fim de maio, sua Unidade Piloto
de Proteção Catódica e Revestimentos, que vai se juntar aos seus
demais laboratórios em escala real.
O novo laboratório foi concebido
pela Petrobras, dentro do Programa
Tecnológico de Transporte (Protran)
e da porcentagem obrigatória de
investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) das empresas
exploradoras de petróleo no Brasil.
Com o objetivo de atender às
necessidades de testes e pesquisas da Transpetro e do Centro de
Pesquisas da estatal (Cenpes), o
local poderá realizar simulações
de situações de campo, permitindo
o desenvolvimento de novas práticas e tecnologias
para o setor. “O
principal objetivo
do laboratório é
apoiar os projetos
de P&D de empresas, universidades e centros
de tecnologia de todo o país”, afirmou Raimar van der Bylaardt, presidente do Conselho Executivo do
CTDUT. Ele afirmou que o centro
de tecnologia firmou parceria com
a Associação Brasileira de Corrosão
(Abraco) na parte de treinamento e
certificação de profissionais.
O laboratório de proteção catódica do CTDUT estará disponível
não apenas para a Petrobras, mas
Ilustração: Divulgação
CTDUT inaugura laboratório de proteção catódica
também para todas as empresas
transportadoras, distribuidoras,
fornecedoras de serviços e equipamentos na área de proteção catódica, além de companhias que
possuam dutos enterrados e no
mar, e também
universidades.
“A integridade
dos dutos é nossa prioridade, e
a proteção catódica é o que nos
faz operar com a
máxima segurança”, afirmou Marcelo Rennó, diretor de Gás Natural
da Transpetro.
Construído e instalado em
uma área de cerca de 1.400 m2, a
unidade conta com um tanque de
testes com 2 m de diâmetro, dois
conjuntos de isolamento elétrico de
tubulações dos tipos convencional
e monobloco, 24 caixas para avaliação do efeito de proteção catódica
sobre revestimentos anticorrosivos, um trilho de trem para simular
interferência de ferrovias, entre
outros equipamentos.
“A inauguração desse laboratório é muito importante para o setor
de engenharia da Petrobras, pois
vai permitir uma qualificação e
aprimoramento cada vez melhor na
construção e montagem de equipamentos”, afirmou Paulo Montes,
da Petrobras.
De acordo com Raimar, o Centro de Tecnologia em Dutos tem
projetos de construção de um laboratório de metrologia de líquidos e um laboratório de testes de
válvulas. Há também a intenção
de instalar um parque de testes
para dutos offshore, com foco em
pigs multisize. Atualmente está
em construção no CTDUT, o oleoduto de testes de 12 polegadas,
que deve entrar em operação no
início de 2013.
TN Petróleo 84
113
produtos e serviços
Siemens
A Siemens anunciou a alteração do seu plano de investimentos para o Brasil até 2017
de US$ 600 milhões para US$ 1
bilhão. O objetivo é fortalecer e
expandir seus negócios no país nos
próximos cinco anos, com foco no
fornecimento local de produtos e
serviços, e também em pesquisa e
desenvolvimento.
Segundo o CEO e presidente
da Siemens no Brasil, Paulo Stark,
a mudança na
política de juros
no país foi o que
possibilitou que
a empresa ampliasse o valor
de seus investimentos, que irão
abranger os setores de energia, indústria, infraestrutura e saúde. De
acordo com Peter Solmssen, membro do Conselho Administrativo da
Siemens AG, a empresa está confiante com os rumos da economia
brasileira e o futuro do país, por
isso o alto volume de investimento.
Grande parte desse investimento está voltado para o mercado de
Ilustraçã0o: Divulgação
Siemens amplia investimentos para US$1 bilhão no Brasil
energia e petróleo e gás. No final
deste ano, a empresa vai inaugurar o seu centro de pesquisa e desenvolvimento, localizado na Ilha
do Fundão, dentro do campus da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Para esta nova planta, a Siemens pretende contratar
pelo menos 200 pesquisadores e
engenheiros para trabalhar em soluções que aumentem a eficiência e
a confiabilidade da cadeia de óleo
e gás no Brasil.
Dentro do plano de US$ 1 bilhão, a companhia vai investir US$
60 milhões na construção de uma
nova fábrica, sem local definido,
para a produção de motores e geradores de alta e baixa tensão para
o mercado interno e também para
exportação. E mais: a empresa
anunciou que está negociando a
compra de uma empresa brasileira de redes elétricas inteligentes
(smart grid), e tem como objetivo
melhorar a oferta no país de softwares e serviços destinados a evitar
perdas não técnicas de energia na
distribuição.
Nos últimos dez anos, a Siemens investiu cerca de US$ 700
milhões no Brasil, em despesas de
capital, P&D, e com a abertura de
oito novas fábricas.
Abinee
Primeiro Laboratório de Segurança Funcional
Foi inaugurado no dia 4 de julho
o primeiro laboratório de Ensaios e
Segurança Funcional do Brasil, localizado na Unisinos, em São Leopoldo,
RS. O ITT Fuse/Instituto Tecnológico
em Ensaios e Segurança Funcional é
uma iniciativa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
(Abinee), e foi constituído com investimento de mais de R$ 4 milhões do
Fundo CT-Petro, via edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
De acordo com o diretor regional
da Abinee no Rio Grande do Sul,
Luiz Francisco Gerbase, a necessi114
TN Petróleo 84
dade desse instituto surgiu a partir
da demanda da Petrobras para aumentar a competitividade e adensar
a cadeia de fornecedores do segmento de P&G, e outros, através da
qualificação dessas empresas para
obtenção de certificação SIS-SIL. O
laboratório irá atender às demandas
de ensaios, análises e suporte técnico
das empresas que necessitam obter
classificação de segurança SIL para
seus produtos. Seu objetivo é compor o Sibratec (Sistema Brasileiro
de Tecnologia) nos componentes de
Rede de Serviços Tecnológicos e Ex-
tensão Tecnológica. O projeto conta
com assessoria da certificadora TUV,
que estará treinando profissionais
para a certificação tanto de produtos
quanto de sistemas.
Segundo Paulo Sérgio Galvão,
gerente regional da Abinee no RJ/
ES, coordenador das indústrias de
P&G e Naval na entidade e seu representante no Conselho Executivo
do Prominp, com o apoio deste, participou diretamente das negociações
com a Finep que permitiram a extensão da Rede Temática de Automação
a todos o país.
Techint
No dia 22 de junho, a Techint
Engenharia e Construção inaugura
unidade offshore em Pontal do Paraná (PR), em área que recebeu R$
300 milhões de investimentos na
adequação para projetos de grande
porte. Na ocasião, realizou-se a primeira solda, para simbolizar o início
da construção de duas plataformas
do tipo Wellhead Plataform – a WHP1 e a WHP-2 –, para a empresa OSX,
pertencente ao grupo EBX.
O evento contou a presença do
governador do Paraná, Beto Richa,
do ministro das Comunicações,
Paulo Bernardo, de vários prefeitos da região e representantes de
empresas e órgãos públicos.
O presidente da Techint no
Brasil, Roberto Caiuby Vidigal,
ressaltou o potencial de crescimento da região. “O litoral paranaense é muito promissor, pois
está crescendo e gerando muitas
oportunidades para a população.
Em nosso projeto, teremos um
número estimado de 2.500 empregos diretos e 7.500 indiretos,
provendo assim o crescimento
sustentável da população local”,
ressaltou.
Já o ministro Paulo Bernardo
parabenizou o incentivo à região
e lembrou o investimento gerado
pela construção das plataformas.
“Esses empreendimentos vão
,
Foto: Divulgação
Techint inicia construção de plataformas da OSX
Da esquerda para a direita: o governador do Estado do Paraná, Beto Richa; o diretor-geral da Techint
Engenharia e Construção no Brasil, Ricardo Ourique; o secretário de Estado de Indústria Comércio e
Assuntos do Mercosul, Ricardo Barros; e o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.
levantar centenas de bilhões de
dólares. A descoberta do pré-sal traz um potencial imenso
de desenvolvimento.”
Beto Richa parabenizou a Techint e ressaltou a satisfação com
o momento vivido pelo estado.
“O Grupo Techint é tradicional
e conceituado e tem participado
de milhares de projetos em todo
o mundo. Parabenizo a empresa
por mais este empreendimento e
agradeço a confiança depositada
no estado do Paraná e no Brasil.”
Projetos – As plataformas WHP-1
e WHP-2, que entrarão em operação na Bacia de Campos (RJ),
pesam quase 23 mil toneladas cada
e têm capacidade para 30 poços. A
WHP-1 será acoplada a um FPSO
(floating production, storage and
offloading) no campo de Waimea,
em lâmina d’água de 130 m, e a
WHP-2 será acoplada a um FPSO
no campo de Waikiki, em lâmina
d’água de 105 m.
O trabalho da Techint Engenharia e Construção consiste na
elaboração da engenharia básica
e de detalhamento; suprimentos
de materiais e equipamentos; fabricação, construção e montagem;
embarques das jaquetas; estacas e
topsides; “seafastening” (amarração das estruturas às balsas); assistência à instalação das jaquetas
e topsides; comissionamento e
operação assistida.
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115
produtos e serviços
Renner Protective Coatings
A Renner Protective Coatings,
uma as principais indústrias de tintas
da América Latina e líder em diversos
segmentos, ampliou sua área de atuação com a divisão Performance Coatings. A partir de uma linha de produtos
desenvolvidos com tecnologias inovadoras, tem como preceitos a busca por
agilidade e antecipação de soluções.
Alta retenção de cor e brilho,
proteção anticorrosiva e cores feitas
sob medida são algumas características de suas linhas de produtos,
destinadas aos mais variados segmentos, como aviação, motos, frotas
de ônibus e carrocerias, máquinas
de construção, máquinas agrícolas,
caminhões, implementos rodoviários e indústria em geral.
A divisão Protective Coatings
mantém sua atuação pioneira, com
seu vasto portfólio de produtos acrílicos, alquídicos, epoxídicos, vinílicos, poliuretanos alilfáticos, para
demarcações viárias, anti-incrustantes, tintas para pisos, ricos em zinco,
silicone e ecologicamente corretos.
Desenvolve e produz revestimentos anticorrosivos de alto desempe-
Foto: Divulgação
Alta tecnologia em tintas industriais
nho, adequados
às necessidades
de seus clientes.
Atua em conformidade com os
mais respeitados
órgãos certificados de qualidade.
A unidade
possui certificações ISO 9001 e ISO
14.001, assim como está de acordo
com a legislação ambiental mundial, possuindo a homologação IMO/
PSPC (International Maritime Organization/ Performance Standard for
Protective Coatings), norma exigida
para o fornecimento de tintas para
construção de navios com peso bruto
acima de 500 toneladas e regulamentadora da proteção anticorrosiva de
tanques de lastro.
“Consolidada há mais de 85 anos
no mercado, o objetivo da Renner é
oferecer as melhores soluções em
proteção anticorrosiva. A nova divisão pretende tornar mais abrangente
esta atuação, mantendo o comprometimento com a qualidade e compromisso com seus clientes”, afirma
Luiz André Ortiz, diretor-geral da
Renner Protective Coatings & Renner Perfomance Coatings.
Carboflex
Carboflex inaugura CPA em Macaé
O novo Centro de Pesquisa e
Aplicação para óleo e gás é dedicado
a fluidos de perfuração.
A Carboflex começou a operar em
junho seu novo Centro de Pesquisa
e Aplicação (CPA) que vai funcionar
em Macaé (RJ). No empreendimento serão desenvolvidos sistemas de
fluidos de perfuração de alta performance, fluidos de completação e
aditivos para produção.
O centro de pesquisa reunirá
mão de obra altamente especializada, formada por doutores, mestres,
engenheiros, químicos e técnicos,
que terão como principal objetivo
desenvolver produtos e soluções inte116
TN Petróleo 84
ligentes para o competitivo mercado
de petróleo e gás.
“O mundo inteiro está pensando
e desenvolvendo novas tecnologias
para o segmento de petróleo e gás.
Com a inauguração do CPA, estamos
dando a nossa contribuição para fortalecer a presença brasileira nesse
movimento, já que somos uma empresa com capital 100% nacional”,
afirma Sérgio Moreira, diretor da
Carboflex.
Destacam-se entre as pesquisas
realizadas aquelas voltadas para
fluidos HPHT (alta pressão e alta
temperatura) e produtos multifuncionais focados no pré-sal. O CPA
vai desenvolver soluções para todas
as unidades industriais da Carboflex
no país, localizadas nos estados do
Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia,
Sergipe e Rio Grande do Norte, além
da unidade operacional em atividade no Amazonas, possibilitando a
logística eficiente.
“Este CPA representa um grande passo para a empresa, pois é
o único de uma companhia brasileira destinado à pesquisa e aplicação na área de fluido de perfuração e produção, sendo dotado
de equipamentos que somente a
Carboflex possui no Brasil”, finaliza Moreira.
Clariant
A suíça Clariant Oil Services, multinacional de especialidades químicas e serviços customizados para a indústria mundial
de petróleo e gás, anunciou no
final de maio que vai inaugurar
o primeiro centro tecnológico da
empresa na América Latina para
atender o setor. O centro será instalado na Barra da Tijuca, Zona
Oeste do Rio de Janeiro, nas próximas semanas.
“ To d o s o s
equipamentos
já estão lá, estamos nos ajustes
finais, na fase
de testes – principalmente no
que se refere à
sustentabilidade e segurança, mas
em algumas semanas, no máximo
daqui a um mês, estará operando”,
afirma Carlos Tooge, vice-presidente da Clariant Oil & Mining
Services para a América Latina.
A unidade brasileira, que terá
cerca de 600 m², estará interligada aos quatro Centros Globais de
Tecnologia da Clariant Oil Services, instalados nos Estados Unidos (Houston, Texas), Reino Unido
(Aberdeen, Escócia), Alemanha
(Frankfurt) e Malásia, além do laboratório de testes da empresa na
Noruega. Também dará suporte
aos TECs (Technical Excellence
Centers) da Clariant Oil Services
Fotos: Divulgação Clariant
Brasil recebe primeiro centro tecnológico de óleo
e gás da Clariant na América Latina
na Argentina, Colômbia e Venezuela, assim como aos laboratórios
de aplicação instalados em vários
países da América Latina.
Segundo o executivo, o centro
tecnológico da Clariant servirá a todas as atividades do setor de óleo e
gás, principalmente nas operações
em águas profundas e no pré-sal,
desde a etapa exploratória (perfuração e completação de poços) até
a produção, inclusive na recuperação avançada de óleo (enhanced/
improved oil recovery).
O centro terá como foco principal o desenvolvimento de produtos multifuncionais, de forma a
otimizar a logística de suprimento
às áreas mais distantes de exploração e produção. Além de abrigar
laboratórios de P&D, o empreendimento contará com um centro
de treinamento para todos os colaboradores latino-americanos,
incrementando e fomentando o
crescimento sustentável através
do desenvolvimento humano e
tecnológico.
“Os dois grandes desafios deste
centro são o pré-sal e a recuperação de campos maduros”, indica
Tooge. De acordo com ele, as obras
foram iniciadas em julho do ano
passado.
TN Petróleo 84
117
produtos e serviços
GE
A General Eletric (GE) anunciou no final de maio investimento
de R$ 500 milhões em um centro
de pesquisa global que será construído na Ilha do Fundão, Zona
Norte do Rio de Janeiro.
O empreendimento, que terá
24.000 m² de área, é o quinto
centro global da GE e o primeiro
da empresa na América Latina,
e terá foco em biocombustíveis,
sistemas inteligentes e integração
de sistemas.
O investimento em pesquisa
e desenvolvimento inclui os US$
100 milhões para a construção do
empreendimento, anunciado em
2010 e previsto para ficar pronto
no segundo semestre de 2013.
“O centro de pesquisa irá gerar
200 empregos iniciais e terá capacidade total para 400 pesquisadores. Até o espaço ficar pronto, a
GE continuará atuando no Parque
Tecnológico da UFRJ, onde está
desde o primeiro
semestre de 2011
e já conta com
mais de 50 profissionais”, afirma
Ken Herd, líder
global de centros
de pesquisas da
GE. Segundo o
executivo, o centro terá clientes
como Petrobras, Vale, Embraer e
o grupo EBX, a partir do ano que
vem.
De acordo com ele, o modelo
de funcionamento do Centro de
Pesquisas Global da GE no Brasil
diferencia-se de todos os outros por
contar com uma particularidade.
No país, a equipe possui profissionais dedicados a atuar próximo dos
clientes para descobrir quais são as
necessidades locais, transformando
as demandas em pesquisas e, futuramente, em soluções.
118
TN Petróleo 84
Foto: Divulgação
Investimento de R$ 500 milhões em centro
de pesquisa global em Macaé, no Rio
“Graças a este modelo pioneiro para o Brasil, nosso Centro de
Pesquisas Global já terá mais um
Centro de Excelência, focado no
desenvolvimento de inovações para
subsea, que atenderá às particularidades relacionadas ao pré-sal e
outras oportunidades”, revela Herd.
“Nosso centro
de pesquisas
trabalhará para
ajudar o Brasil
a acabar com
esses gargalos,
pois oferecerá
soluções customizadas e feitas
especialmente para a demanda
brasileira”, disse ainda o presidente e CEO da GE para América
Latina, Reinaldo Garcia.
Investimento de US$ 32 milhões
– E no início de junho, a empresa
informou a conclusão das obras de
ampliação de sua unidade em Macaé (RJ). No total, foram investidos
US$ 32 milhões, triplicando o tamanho das instalações. A unidade
será a mais moderna da companhia
destinada à produção submarina
(subsea) em todo o mundo. Com a
expansão, o quadro de funcionários aumentou em 150%.
Segundo João Geraldo Ferreira, presidente da GE Oil & Gas
para a América, a unidade de Macaé, que atenderá a América Latina, será dedicada aos mercados de
perfuração e subsea e vai oferecer
serviços de instalação, inspeção,
manutenção
e operação de
equipamentos no
campo.
Ferreira afirmou que apesar
da crise financeira
mundial estar atingindo a dinâmica
do mercado global, a GE não modificará seus planos de investimentos
para regiões com potencial, como a
América Latina e a Austrália. No Brasil, a companhia mantém a estratégia
de crescimento.
“O investimento em Macaé faz
parte dessa estratégia. O pré-sal
trouxe para o Brasil um potencial
expressivo de negócios na cadeia
produtiva de petróleo e gás. A
GE, em resposta às demandas do
mercado, amplia sua atuação para
atender à clientela de forma ainda
mais ágil e completa”, disse o presidente da GE.
GE em Macaé – A unidade foi
fundada em julho de 2001 e possui
tecnologia para inspeção, conserto,
manutenção, peças sobressalentes,
ferramentas para aluguel, serviços
de campo e fabricação de tubulares
para revestimentos de poços. Também é responsável pelo reparo geral
de bens de equipamento de perfuração, sistemas de produção submarina e de cabeça de poço submarino,
aluguel de ferramentas para sistemas de cabeça de poço, módulo de
controle submarino e BOP (Blowout
Preventer), equipamento utilizado
para vedar, controlar e monitorar os
poços de petróleo e gás.
Com a expansão, novos equipamentos e tecnologias foram trazidos
para a unidade, que tem área total
de 91.000 m². Em Macaé, a GE Oil
& Gas construiu quatro bunkers
para testes em alta pressão. Nesse
local são executados testes em
equipamentos utilizando pressão
de até 5.000 Psi. Além disso, foi
construído um poço de medição
a gás para a realização de testes
hidrostáticos para garantir que o
equipamento não possui nenhum
vazamento. Essas avaliações são
realizadas com gás nitrogênio em
pressões de até 22.000 Psi, aplicando os mais rigorosos padrões de
segurança durante os testes. Todo
o monitoramento é feito utilizando
um Veículo de Operação Remota
(ROV, Remotely Operated Vehicle),
um veículo subaquático, controlado
remotamente, que permite a observação e a execução de tarefas sem
a presença do operador no poço,
fazendo com precisão a inspeção
de equipamentos submarinos (subsea), como as árvores de natal.
Outras soluções também estão presentes, como máquinas de
comando numérico, com capaci-
dade de usinar de modo automático peças que pesam até seis
toneladas, proporcionando ainda
mais exatidão na execução dos
serviços, e a Sala Limpa, estrutura que permitirá fazer montagens de alta precisão em Macaé,
evitando assim o deslocamento
para outros estados.
“Com todos esses recursos,
nossa unidade está preparada
para atender a todos os tipos de
serviços para sistemas de perfuração e produção submarina”,
comenta Newton Greco, líder regional de serviços para subsea da
GE Oil & Gas e responsável pelo
projeto de expansão da unidade
de Macaé – agora com capacidade
anual para realizar mais de cem
mil horas de trabalho e reparar
cerca de mil ferramentas de árvores de natal e cabeças de poço,
reduzindo o tempo empregado no
ciclo de reparo.
WEG
Foto: Divulgação
A WEG forneceu motores para a
Refinaria Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), da Petrobras. A venda
foi realizada por intermédio da
KSB Bombas Hidráulicas, que irá
fornecer 11 bombas centrífugas
de grande porte com acionamento
elétrico e turbina a vapor da refinaria. As bombas destinam-se ao
segmento de refino e serão utilizadas para alimentação das torres de
resfriamento por meio de motores
elétricos WEG e turbinas a vapor
com potências que variam entre
1.530 cv a 2.550 cv. As bombas têm
a função de fornecer água para
circulação e refrigeração de equipamentos de extrema importância
dentro do processo da refinaria, de
acordo com Edison Borges, gerente setorial de Vendas da Divisão de
Óleo e Gás da KSB.
O fornecimento representa
o fortalecimento da marca junto à KSB e à Petrobras, dois dos
maiores clientes da WEG. “Estes
equipamentos da KSB necessitam
Foto: Divulgação
Motores WEG acionarão bombas centrífugas na RNEST
de motores especiais, com alto
grau de confiabilidade”, explica
o engenheiro da WEG, Marcelo
Vedana.
Especificações do fornecimento: Motores de indução trifásicos,
aptos para operação em atmosfera
explosiva 3 x MGF630 – 1530 cv
– 4000V – 12 polos (595 rpm); 4 x
MGF710 – 2550 cv – 13200V – 10
polos (711 rpm)
A Rnest será a primeira refinaria de petróleo inteiramente
construída com tecnologia nacional. A Petrobras considera que
essa unidade será a mais moderna já construída aqui, pois será
a primeira adaptada a processar
100% de petróleo pesado com o
mínimo de impactos ambientais
e produzir combustíveis com
teor de enxofre menor do que o
exigido pelos padrões internacionais mais rígidos, de 10 ppm
de enxofre.
TN Petróleo 84
119
produtos e serviços
DuPont
Empresa cria tecnologia
inédita para testar resistência de
EPIs ao fogo e mostra que fibra de
alta desenvolvida há meio século é
a solução de ponta para a indústria
de óleo e gás.
Basta apenas um segundo a
mais do que o que é exigido pelas
normas internacionais em testes de
resistência ao fogo para que a roupa
tratada quimicamente se converta
quase em cinzas quando exposta
a chamas e altas temperaturas. O
que significa morte quase certa de
quem está no combate ao fogo, em
decorrência de queimaduras generalizadas pelo corpo (de primeiro,
segundo e terceiro graus).
Essa é a cena vista, no telão,
pela pequena plateia reunida na
sala central do Centro de Inovação
Brasil, espaço interativo de pesquisa
e desenvolvimento da empresa norte-americana no Brasil, instalado no
parque produtivo de Paulínia (SP).
Logo em seguida, o mesmo teste é
realizado com macacões feitos de
fibras aramidas Nomex® e Kevlar®,
da DuPont. O resultado é visível: não
somente o macacão continua inteiro,
como foi reduzida drasticamente o
índice de queimaduras a que sofreria
uma pessoa utilizando esse EPI.
O teste mostrado em tempo real,
online, é realizado no laboratório
da fábrica da empresa, em Richmond, estado da Virginia, Estados
Unidos, onde está o ThermoMan,
marca registrada de equipamento
(manequim) que testa roupas e adereços (luvas) de segurança para usos
diferenciados, resistente a fogo, hoje
ainda não disponível no Brasil.
Desenvolvido pela DuPont em
parceria com o exército norte-americano na década de 1970, este equipamento possibilita testes de exposição
de EPIs a jatos de fogo em condições
controladas (intensidade e duração).
Por meio de um software próprio,
os pesquisadores da DuPont fazem
120
TN Petróleo 84
a leitura de 120 sensores que estão
instalados no corpo do manequim,
para indicar o índice e graus de queimadura que o corpo humano sofreria
utilizando aquele EPI.
As duas fibras também não são
novidades, pois foram desenvolvidas
na década de 1960 pela DuPont. No
entanto, as três tecnologias (ThermoMan, Nomex e Kevlar), criadas no
século passado, vêm sendo aprimoradas continuamente para as mais
diversas aplicações. Principalmente
em indústrias como a de petróleo e
gás, nas quais as metas de segurança
são cada vez mais rígidas.
“A meta de acidentes zero está
no DNA da empresa, que iniciou
suas atividades com a produção de
pólvora negra, em 1802, nos Estados Unidos”, destaca Guadalupe
Franzosi, gerente de negócios da
DuPont Protection Tecnologies –
Industrial Personal Protection (DPT-IPP), que acompanha a apresentação exclusiva à TN Petróleo e
clientes da empresa.
Além das instalações na sede, há
mais três equipamentos completos
(um deles móvel, para instalação em
feiras e eventos. Na Suíça, os testes
são realizados em um contêiner preparado especialmente para esse fim,
uma vez que não basta ter apenas o
manequim: é necessário um ambiente seguro, uma vez que são utilizados
nada menos que 12 lança-chamas,
com jatos de fogo com queimação
total. Ou seja: são 12 queimadores
com gás propano, fluxo de aquecimento de 2 calorias por centímetro
quadrado por segundo (transferência
de calor) 84kW/m2).
“Já testamos mais de dez mil
amostras, mais de dez mil testes,
adequando e melhorando o equipamento de acordo com as normas que
vêm sendo implementadas”, destaca
Rita de Cássia Siloto, coordenadora
técnica da DPT-IPP. “A diferença das
nossas soluções em relação a roupas
Foto: Divulgação
Segurança é o nome do jogo
quimicamente tratadas é que essas
fibras já nascem com esse atributo
(resistência a chamas e perfuração,
como é o caso do Kevlar). São fibras
desenvolvidas pela DuPont, as quais
têm uma estrutura molecular que não
promove a combustão e não requer
tratamentos químicos.”
Ele explica que os testes são realizados por 4 segundos, de acordo
com as normas europeias, para mostrar a resistência maior das fibras
DuPont, lembrando que nos Estados
Unidos, onde a exigência é de 3 segundos, essa regra foi estabelecida
pensando nos pilotos de avião que
tinham até 3 segundos antes de serem ejetados de um avião de combate
em chamas. “Ou seja, se aplicariam
no caso de uma roupa para tempo de
fuga rápido e não para proteção efetiva em caso de exposição prolongada, como em plataformas, refinarias,
sites industriais etc.”
A roupa de algodão tratado foi
totalmente destruída, com índice de
76% de queimadura total. Já a de
Nomex, que tem até 5% de Kevlar
(para manter a estrutura da mesma),
a queima do corpo foi 49%. O mais
importante é a diferença da queima de segundo e terceiro graus: a
pessoa vestida com EPI de algodão
tratado teria 61% do corpo atingido
enquanto que com o macacão de
Nomex + Kevlar, esse índice seria
de 16%. Ou seja: a diferença entre
a vida e a morte.
RuhrPumpen
A multinacional alemã RuhrPumpen, fabricante de bombas
centrífugas para os mercados de
petróleo e gás, anunciou a construção de sua nova fábrica, que ficará
em Duque de Caxias (RJ). Dentro
de quatro meses a empresa estará
fabricando bombas hidráulicas de
alta tecnologia em sua nova unidade industrial no estado.
Carlos Alberto Falconiery,
diretor-geral da RuhrPumpen no
Brasil, explica que de início a construção da nova
fábrica seria no
interior do estado de São Paulo,
entretanto, depois de consultas
com a Petrobras,
maior cliente potencial da empresa, sinalizou-se
a carência de fábricas de bombas
hidráulicas e serviços de reparo
de alta tecnologia de engenharia
hidráulica, junto a Refinaria de
Duque de Caxias (Reduc), futuro
Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro (Comperj), e o complexo
de Macaé; assim, foi escolhido o
bairro de Duque de Caxias, no Rio
de Janeiro.
“Meticulosamente, escolhemos
a Rodovia Washington Luís como
alvo, e conseguimos adquirir um
terreno de 16.000 m² de frente para
a rodovia, distante apenas 2 km da
Reduc e no acesso ao anel rodovi-
Modelo 1
Modelo 2
Foto: Divulgação
RuhrPumpen: presença em Duque de Caxias
ário que unirá a refinaria, o Comperj e o Porto de Sepetiba, além do
acesso rápido a Macaé através do
novo anel rodoviário em construção
no local”, conta Falconiery.
Segundo o diretor, a Petrobras
considerou o projeto da nova fábrica como de grande interesse para
o desenvolvimento, crescimento
e suporte de suas operações em
refinarias e o pré-sal.
“A fábrica brasileira da RuhrPumpen será equipada com máquinas operatrizes de comando
numérico computadorizado (CNC)
e laboratório de testes de última
geração, além de funcionários altamente treinados, que em conjunto possibilitarão a fabricação e
suprimento de bombas hidráulicas
de alta tecnologia para o mercado brasileiro e de exportação em
uma segunda fase”, diz o diretor
da companhia.
Fa l c o n i e r y ex p l i c a q u e a
RuhrPumpen é o único fabricante
etal
ênix
mundial com tecnologia para fornecer o importante e fundamental sistema de decoqueamento
usado em refinarias, com troca
automática de ferramentas o que
possibilita um funcionamento
altamente seguro para os operadores.
No mercado de petróleo e
gás, a companhia tem experiência tanto em aplicações marítimas
offshore como onshore, fornecendo soluções de engenharia de
bombas centrífugas que atendem
a demanda mesmo de ambientes
com condições extremas de aplicação. Quanto ao setor de energia,
a RuhrPumpen oferece bombas
hidráulicas verticais e horizontais de condensado, circulação de
água, alimentação da caldeira,
entre outras.
A empresa possui fábricas na
Alemanha, Estados Unidos, México, Índia, Egito, Argentina e
Colômbia.
Metal Fênix
TN Petróleo 84
121
produtos e serviços
Wärtsilä
A Wärtsilä, líder global no
fornecimento de motores e prestação
de serviços para navios e termelétricas, fornecerá soluções integradas de
energia para seis navios lançadores
de linha (PLV/Pipe Laying Vessel)
que estão sendo construídos para
operação em águas brasileiras. Os
PLVs irão operar para a Petrobras,
construindo oleodutos submarinos
entre as unidades de produção e
o litoral brasileiro, e deverão estar
prontos até 2015.
As embarcações serão construídas por três armadores diferentes,
em estaleiros na Holanda, Coreia do
Sul e no Brasil. “Fomos selecionados para fornecer para todos os seis
navios do edital, para os quais os
armadores, estaleiros e até o projeto
naval serão diferentes”, diz Magnus
Miemois, vice-presidente offshore
de Ship Power.
“Esta é uma realização notável
por diversas razões. Em primeiro
lugar, é o reconhecimento da expe-
riência da Wärtsilä no fornecimento
de soluções integradas confiáveis,
eficientes e de alta qualidade. Esses
contratos também fortalecem a base
instalada da Wärtsilä no Brasil, que é
totalmente apoiada pela nossa área
de serviços local.”
Escopo de fornecimento – Para a
joint-venture formada pela Technip e
a Odebrecth Oil & Gas, serão construídos dois PLVs de 550 toneladas
de tração, no estaleiro sul-coreano
Daewoo. O projeto é da Wärtsilä
Ship Design e, para cada uma das
embarcações a empresa fornecerá
três thrusters modulares (LMT),
dois thrusters retráteis e dois tunnel
thrusters (TT).
Já para o PLV de 550 toneladas
de tração encomendado pela Subsea
7 ao estaleiro holandês IHC Merwede, a Wärtsilä irá fornecer seis grupos geradores W32, três thrusters
modulares, dois thrusters retráteis
e dois tunnel thrusters.
Foto: Divulgação
Garantia de energia em seis PLVs da Petrobras
Outros dois PLVs de 550 toneladas de tração, encomendados pela
Sapura Crest Petroleum da Malásia, também serão construídos pelo
IHC Merwede. Para este projeto,
a Wärtsilä irá fornecer seis grupos
geradores W32, três thrusters modulares, dois thrusters retráteis e
dois tunnel thrusters.
Por fim, para o PLV de 300 toneladas de tração que a Sapura Crest
encomendou ao estaleiro brasileiro
OSX Construção Naval, a Wärtsilä
irá fornecer quatro grupos geradores W32, três thrusters compactos
(LCT), um thruster retrátil, e dois
tunnel thrusters.
Aspen Technology
Novo aplicativo de gestão de ensaio de petróleo bruto
A Aspen Technology, Inc., fornecedora de software e serviços para
as indústrias de processos contínuos,
colocou no mercado a nova versão do
software aspenONE® Petroleum Supply Chain, que introduz a gestão de
ensaio de petróleo bruto para o Aspen
PIMS, solução de planejamento de
refinaria. A nova funcionalidade no
Aspen PIMS possibilita que os planejadores de refinaria apresentem planos mais precisos e tomem melhores
decisões de compra de petróleo bruto.
O software ajuda as empresas petrolíferas e petroquímicas a otimizar
a escolha da matéria-prima, a execução operacional e a configuração do
produto. O produto também promove
inovação na gestão de ensaios, tornando mais fácil para os planejadores
adicionar, modificar e refazê-los. O
122
TN Petróleo 84
resultado é a capacidade de dinamizar o fluxo de trabalho, agilizar
a atualização de ensaios e reduzir
erros manuais.
Entre as funcionalidades adicionais da nova versão do Aspen
PIMS está a análise paramétrica avançada. Ela permite que os
planejadores executem mais casos
para analisar de forma mais rápida os cenários de petróleo bruto,
aprimorando a tomada de decisões
e desempenhos.
“Três quartos
da matéria-prima
de refinarias de
todo o mundo são
planejados com
o Aspen PIMS.
Durante anos
os clientes confiaram no PIMS
para obter altos níveis de valor por
meio da otimização da cadeia de fornecimento integrada. O lançamento
eleva o PIMS a um novo patamar,
com gestão de ensaios e funcionalidade de análise paramétrica que
irão habilitar os clientes a oferecer
planos capazes de gerar níveis de
lucratividade ainda mais altos”,
disse Manolis Kotzabasakis, vice-presidente executivo de Produtos
da AspenTech.
V&M
Com investimentos de R$ 22
milhões, a V&M do Brasil (VMB)
inaugurou no início de julho a sua
nova fábrica de acessórios, instalada na base de serviços em Rio
das Ostras (RJ), em uma área de
2000 m2. O objetivo da empresa é
aumentar a gama de produtos e
alcançar a excelência no atendimento aos clientes.
Com a inauguração, a Base de
Rio das Ostras passará a produzir
acessórios Premium para completação de poços petrolíferos utilizando a tecnologia V&M Tube Alloy.
A experiência de mercado aliada à
tecnologia dos acessórios do grupo
Vallourec aumenta a competitividade da VMB, que irá fornecer um
pacote completo de soluções para a
indústria de óleo e gás, como tubos
de aço sem costura, acessórios e
gerenciamento de poços.
“No setor de óleo e gás, boa
parte dos acessórios são importados e feitos a partir de tubos de aço.
Como este é o negócio da V&M do
Brasil, vamos agora agregar valor
e ampliar a gama dos produtos
locais, por meio da tecnologia da
Tube Alloy, uma das subsidiárias
do Grupo Vallourec. Os acessórios permitem, por exemplo, fazer
a ligação entre tubos de 10 e 8 polegadas”, explica Alexandre Lyra,
diretor-geral da V&M do Brasil.
A escolha da planta de Rio
das Ostras para a construção da
nova fábrica deve-se à sua loca-
Foto: Divulgação
Nova fábrica em Rio das Ostras
Da esquerda para direita: Carlos Afonso Fernandes, presidente da Zona Especial de Negócios (ZEN) e
presidente da Câmara de Vereadores de Rio das Ostras; Carlos Augusto Carvalho Balthazar, prefeito de
Rio das Ostras; Alexandre de Campos Lyra, diretor Geral da V&M do Brasil; Philippe Crouzet, presidente
Mundial do Grupo Vallourec; Gredy Harrison, presidente da V&M Tube Alloy; João Perez Junior, superintendente de Tubos Petrolíferos da V&M do Brasil; Luiz Fernando Neves Manhães, gerente de Serviços de
Completação e Avaliação de Poços da Petrobras
lização estratégica, já que está a
30 km de Macaé, cidade que tem
a maior produção de petróleo do
país. Dentre os clientes que irão
se beneficiar da nova unidade da
companhia estão a Petrobras, Shell,
BP, OGX, Repsol, e outros.
Na unidade fluminense, serão
executadas atividades de inspeção, fabricação e reparo de tubos
e acessórios para a exploração de
petróleo. Lá, serão fabricados e reparados os diversos tipos de produtos da linha Premium VAM. Estas
conexões especiais permitem que
tubos e acessórios sejam acoplados
uns aos outros por um sistema integrado de roscas, selos e ombros
de torque, que garantem melhor
desempenho durante a aplicação.
Os equipamentos instalados em
Rio das Ostras têm a capacidade
de executar a usinagem externa
e interna nos tubos e acessórios,
permitindo mais flexibilidade para
o atendimento às mais complexas
necessidades dos clientes. Outros
equipamentos, como o teste hidrostático, a serra para corte de
segmentos de tubos, a calibradora
de pontas e a máquina de aperto computadorizada, integram o
conjunto de produtos da planta.
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TN Petróleo 84 123
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produtos e serviços
Baritech
Baritech aumenta operações no Brasil
Graças à grande demanda de
negócios e acompanhando os novos
investimentos em tecnologia, a Baritech, especializada em montagem,
gerenciamento e controle da qualidade para aplicação de revestimentos refratários e isolamentos térmicos, está expandindo suas operações
com a implementação de filiais em
Ipojuca (PE), Rio de Janeiro (RJ) e
Porto Alegre (RS).
Para o setor de petróleo e gás, a
Baritech fornece serviços de montagem de revestimentos refratários,
isolamentos térmicos, fire-proofing e
solda de ancoragem por stud Weld,
adotando novas tecnologias em materiais e aplicações. De acordo com
Devanir Barioni, diretor presidente
da Baritech Brasil, o setor de óleo
e gás é primordial para a empresa,
correspondendo a 70% de seu faturamento.
Com a modernização do parque
de refino brasileiro, no qual a Petrobras está implementando obras
de expansão e construindo novas
refinarias, aumentando de modo
substancial a demanda de serviços,
a Baritech Brasil, ciente dessa necessidade, investe ostensivamente
em novos equipamentos, modernização dos métodos de aplicação,
formação e qualificação de mão de
obra especializada (refrataristas,
isoladores e funileiros industriais). E
destina parte das horas trabalhadas
em treinamento e conscientização
ambiental, contratando profissionais
especializados, garantindo desta forma o crescimento
da empresa para
2012 e anos seguintes.
Segundo
Barioni, com a
aquisição de dois
novos laboratórios móveis para
testes de materiais e a importação
de novas máquinas para aplicação
de concreto refratário por projeção
pneumática (Allentown Pneumatic
Gun), a empresa viabiliza a realização de diversos projetos ao mesmo
tempo. “Planejamos também a compra de máquinas de bombeamento e
shot crete (Allentownn Powercreter®
10 Pump), que além dos materiais
convencionais, têm capacidade de
aplicar concreto refratário de alta
tecnologia, como concreto baixo
cimento, que utiliza sílica coloidal
para sua fluidez”, complementa.
O maquinário possibilitará dinamização da capacidade operacional,
atualmente estimada em 20.000
toneladas ano.
O executivo comenta que a nova
tecnologia para aplicação de concreto refratário trará mais versatilidade
para os setores de óleo e gás, vidro,
cimento e siderurgia, com equipamentos capazes de bombear até dez
toneladas de material/hora.
Atualmente, a empresa está
envolvida no desenvolvimento de
novas tecnologias em refratários.
Oceaneering
Oceaneering expande fábrica em Niterói
A empresa norte-americana
Oceaneering, maior prestadora
mundial de operações de ROVs
(Remote Operated Vehicles), que
recentemente ganhou dois contratos com a Petrobras para fornecimento de umbilicais, informou que
está investindo fortemente na expansão de sua fábrica em Niterói,
no Rio de Janeiro.
De acordo com Nuno Sousa,
gerente geral de soluções em
umbilicais da Oceaneering, o
objetivo da expansão é duplicar
a atual capacidade fabril, assim
como tornar a empresa totalmente
autônoma em termos de qualificação de umbilicais.
Sousa explica que o mercado
brasileiro tem suma importância
124
TN Petróleo 84
para a Oceaneering, dado que representa uma significativa parcela
do faturamento mundial da companhia; e as perspectivas de crescimento são bastante animadoras.
No momento, a empresa trabalha fortemente no contrato com
a Petrobras em
Lula & Sapinhoá
e na P-58, para o
fornecimento de
umbilicais, com
entregas prevista para até 2015.
Os projetos
estão em fase de
qualificação – programados para
o início da produção em setembro
deste ano. “Estes projetos somam
mais de 350 km de umbilicais
que serão instalados em lâminas
d’água de até 2.500 m, sendo as
primeiras entregas para ambos
os projetos efetuadas ainda em
2012”, conta.
Além destes projetos, informa
o executivo, a companhia está trabalhando ainda em outros projetos
menores para a Petrobras e em
contratos para fornecimento de
umbilicais para a OGX com entregas programadas até 2013.
A Oceaneering irá entregar
este ano 170 km de umbilicais,
sendo o plano para 2013 de 300
km. Este aumento de produção
será possível em função dos investimentos deste ano na fábrica de
Niterói, assim como dos contratos
recentemente ganhos.
Sotreq
Nova unidade em Macaé
A Sotreq, maior revendedora
brasileira de máquinas, motores e
equipamentos Caterpillar, abrirá
nova filial em Macaé, no litoral do
Rio de Janeiro. Programada para
operar a partir de junho de 2013,
a unidade será instalada em um
terreno de 25 mil m² localizado
nas proximidades do Terminal de
Cabiúnas da Petrobras (Tecab), e
terá como foco principal o suporte
às operações offshore de petróleo
e marítimo na região. A iniciativa
exigirá investimentos da ordem de
R$ 20 milhões.
Para o setor, a empresa oferece
soluções de geração de energia e
acionamento mecânico para plataformas de produção, sondas de
perfuração, refinarias e estações
de compressão, além de barcos de
apoio offshore e diversas outras aplicações marítimas.
Presente no município de Macaé (RJ) desde 2002, a Sotreq atualmente opera uma filial com cerca de
cem profissionais, dedicados principalmente ao suporte ao produto
dos motores e grupos geradores
Caterpillar.
Como diferenciais da nova filial, destacam-se: um centro de
treinamento especializado, de padrão mundial, para o segmento
offshore, para formação de mão de
obra especializada na operação e
manutenção de motores e grupos
geradores; oficina para reparo de
componentes e um almoxarifado de
peças de reposição com capacidade
triplicada. O novo empreendimento
pretende aumentar em 50% o número de profissionais após o início
de suas operações, e já contemplou
no seu planejamento espaço para
futuras expansões.
“O segmento offshore de petróleo
e marítimo na Sotreq tem crescido
na ordem de 40% ao ano. Nosso objetivo é investir antecipadamente a
fim de estarmos sempre capacitados
para atender à demanda crescente
desses mercados”, afirma Gustavo
Sepúlveda, diretor da unidade de
petróleo e marítimo.
Sepúlveda destaca ainda que
a perspectiva também é de grande
crescimento para os próximos anos.
Além das embarcações e plataformas construídas no exterior e que
chegam ao Brasil equipadas com
produtos Caterpillar, a Sotreq espera um incremento significativo
de suas vendas, alavancado pela
revitalização da indústria naval e
offshore do Brasil. “Com a revitalização da nossa indústria, orientada por política governamental com
exigência de índices crescentes de
conteúdo local, a tendência é de
que as novas construções ocorram
no Brasil, trazendo benefícios e
desenvolvimento a toda cadeia de
fornecimento local.”
Com relação ao tema, segundo
George Beckwith, COO da empresa, a Sotreq
e a Caterpillar
estão totalmente
comprometidas
com a ampliação do conteúdo nacional em
seu escopo de
fornecimento.
A Caterpillar, por exemplo, investiu
na linha de montagem de grupos
geradores da família 3500, em Piracicaba (SP), para equipar sistemas de propulsão diesel-elétrico em
embarcações e geração principal e
de emergência para plataformas de
petróleo. Desde o primeiro trimestre
deste ano produz estes equipamentos no Brasil com índices de nacionalização de até 65%.
TN Petróleo 84
125
produtos e serviços
Marko
Se de um lado especialistas
apontam para a estagnação da indústria nacional, por outro o que se
constata é que certos setores estão
crescendo a passos largos no Brasil.
Este é o caso das indústrias de óleo e
gás, automobilísticas, de mineração,
entre outras. Com isso, o surgimento
de novas unidades fabris fomenta a
área da construção civil, e produtos
diferenciados que agregam tecnologia acabam sendo determinantes na
otimização de obras.
A empresa Marko Sistemas
Metálicos forneceu, no último ano,
mais de 150.000 m² do seu exclusivo Sistema Integrado de Cobertura
Metálica Roll-on,
para obras em indústrias dos mais
variados setores,
em todo o país.
Segundo a gerente de marketing
da companhia,
Fer nanda Borges, esses empreendimentos têm
em comum a busca da excelência e
a velocidade na execução da obra.
“A necessidade de agilizar a
inauguração e o retorno de capital
investido em geral faz com que os
empreendimentos industriais busquem no mercado produtos e serviços que garantam eficiência”, diz a
executiva, acrescentando que nesse
caso o Roll-on se torna uma opção
muito atraente, pois possui estoque
para pronta-entrega, garantindo o
atendimento dos cronogramas mais
apertados. De acordo com ela, trata-se de um produto industrial totalmente aparafusado e montado em
linha de produção de forma simples
e rápida, conferindo agilidade ao
canteiro de obras, comprovada na
execução de até 3.000 m² de área
coberta por dia.
A indústria de óleo e gás é uma
das que mais movimenta a produção
de estruturas e coberturas metálicas,
126
TN Petróleo 84
Fotos: Divulgação
Indústria de óleo e gás movimenta setor de construção civil
já que necessita de segurança e proteção contra as intempéries. A construção da fábrica da Wellstream, no
Rio de Janeiro, por exemplo, contou
com mais de 12.000 m² da cobertura. Fernanda explica que as indústrias necessitam de estanqueidade
absoluta, garantindo a fluência de
suas atividades, mesmo com intensa
chuva e vento forte. “Além disso, é
preciso uma estrutura que possibilite
a introdução de sobrecargas maiores
no futuro, de modo a permitir pendurar equipamentos ou Pie Rack sem
a necessidade de reforço em toda a
cobertura. No caso do Roll-on, podemos dar um reforço pontual através
da utilização eventual do modelo
heavy duth”, completa.
A inauguração rápida, com breve
início das atividades fins, é primordial para os empreendimentos e tem
como objetivo a saúde financeira da
empresa. Outra vantagem do sistema
é garantir o funcionamento pleno da
indústria, pois permite expansões com
facilidade sem prejudicar as operações. “O sistema flexibiliza diferen-
tes leiautes, com a possibilidade de
introduzir fechamentos internos ou
paredes corta fogo, além da facilidade na fixação de rede de sprinkles e
ancorar utilidades em geral.”
De acordo com a gerente, outra
preocupação atual na construção
de unidades fabris é a economia
de energia e sustentabilidade. “O
Roll-on é um sistema integrado que
facilita a captação de águas pluviais
para reuso, eliminando toda a rede
de drenagem interna e otimizando
projetos com previsão de armazenagem de água. E possibilita a economia de energia através do isolamento
termoacústico, o uso de iluminação e
ventilação naturais”, explica.
Como exemplo, Fernanda Borges
cita a ampliação da indústria Oilequip, localizada no Rio de Janeiro,
que atua no mercado há 23 anos,
fabricando, recuperando e adaptando
equipamentos para cabeça de poço
de petróleo. A área total construída
foi de mais de 8.000 m², e prezou pela
alta durabilidade, devido ao tipo de
galvanização do aço, matéria-prima
100% reciclável, e acabamento mais
resistente a ambientes agressivos.
Ela explica que, por ter a versatilidade como característica, o Roll-on
pode ser aplicado nos mais variados
empreendimentos e nas mais variadas exigências de vão e carga.
“Esse foi um dos diferenciais em
várias obras, como a das indústrias
da Hyndai, em Piracicaba (SP), da
Liebherr, em Guaratinguetá (SP), da
Goodyear, em São Paulo (SP), dentre
outras.” Borges destaca que o produto é adequado para galpões e centros
de distribuição, que podem utilizar a
telha autoportante para fechamento.
“A telha MK120 é uma opção para
fechamentos laterais internos, por
exemplo, em galpões modulares. Sua
característica autoportante permite
reduzir a necessidade de estruturação, resultando em visual interno
mais limpo e agradável.”
TN Petróleo 84
127
legislação
A nova
Lei Antitruste
e as operações no setor
de petróleo e gás
A Lei n. 12.529/2011 (Nova Lei Antitruste) entrou em vigor em
29 de maio de 2012, promovendo profundas mudanças no direito
concorrencial brasileiro. Dentre as alterações mais relevantes,
destaca-se a análise prévia de operações societárias.
D
e acordo com a Nova Lei Antitruste, as operações que se enquadrarem nos critérios de notificação obrigatória não podem
ser implementadas até a decisão final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Assim, a aprovação do Cade
será condição precedente para a realização (closing) das operações
sujeitas à notificação.
Além dos critérios definidos pela Nova Lei Antitruste e regulamentações infralegais para obrigatoriedade de notificação, há isenção
para determinados casos, nos quais a notificação não será necessária,
ainda que os critérios legais sejam atendidos. Tais isenções são aplicáveis para algumas das operações comumente realizadas por sociedades da indústria do petróleo e gás, principalmente no setor upstream. Logo, cabe analisar brevemente as regras estabelecidas pela nova
legislação, a fim de verificar quais operações devem ser notificadas e
quais estão isentas dessa obrigação.
Análise de operações
Gustavo Flausino Coelho
é associado das práticas
de Antitruste, Societário
e Fusões e Aquisições
do Tauil & Chequer
Advogados no escritório
do Rio de Janeiro.
Ricardo Mafra é associado das práticas de
Antitruste, Societário e
Fusões e Aquisições do
Tauil & Chequer Advogados, no escritório do Rio
de Janeiro.
128
TN Petróleo 84
A defesa da concorrência no Brasil é tutelada pelo Cade, autarquia
vinculada ao Ministério da Justiça, por meio da atuação preventiva
– referente à análise de operações que podem afetar mercados – e
repressiva – relativa ao combate a práticas anticompetitivas.
A Nova Lei Antitruste determina que devem ser notificados ao
Cade todos os atos de concentração nos quais pelo menos um dos
grupos econômicos envolvidos tenha registrado, no ano anterior à
operação, faturamento bruto equivalente ou superior a R$ 750 milhões, e outro grupo econômico tenha registrado, no ano anterior à
operação, faturamento bruto equivalente ou superior a R$ 75 milhões.
São considerados atos de concentração, por sua vez, operações
nas quais: 1) duas ou mais empresas anteriormente independentes
se fundem; 2) uma ou mais empresas adquirem, direta ou indiretamente, por compra ou permuta de ações, quotas, títulos ou valores
mobiliários conversíveis em ações, ou ativos, tangíveis ou intangíveis,
por via contratual ou por qualquer outro meio ou forma, o controle ou
partes de uma ou outras empresas; 3) uma ou mais
empresas incorporam outra ou outras empresas; ou
4) duas ou mais empresas celebram contrato associativo, consórcio ou joint venture.
Portanto, caso uma operação atenda aos critérios acima definidos, as partes devem notificá-la
ao Cade e aguardar a sua decisão final para que
possam implementá-la. A implementação precoce
da operação (gun jumping), i.e., anterior à decisão
final do Cade, está sujeita a multas que variam
entre R$ 60 mil e R$ 60 milhões.
Isenção para contratos de licitações públicas
Segundo preceitua a Nova Lei Antitruste, os
contratos associativos, consórcios e joint ventures
destinados às licitações promovidas pela administração pública direta e indireta e os contratos
delas decorrentes não precisam ser notificados ao
Cade. Desse modo, agentes do mercado upstream da indústria de petróleo e gás não precisarão
notificar seus contratos firmados com o intuito de
participar em licitação pública para a concessão
de blocos de petróleo e gás. Ademais, considerando que a Nova Lei Antitruste também isenta de
notificação os contratos decorrentes das licitações
públicas, contratos de farm-in e farm-out também
estão isentos de notificação.
Essa isenção desonera os agentes atuantes no
setor de exploração e produção de petróleo e gás
relevante, já que a notificação prévia implica custos
substanciais para as partes decorrentes da standstill
obligation. Ao isentar expressamente as partes dessa
obrigação, a Nova Lei Antitruste encerra qualquer
controvérsia sobre a necessidade de notificação de
contratos decorrentes de licitação pública.
Operações de aquisição: quando notificar?
Os atos de concentração não relacionados com
licitações públicas continuam sendo de notificação obrigatória. Assim, operações relacionadas a
fusões, aquisições, incorporações ou celebração de
contratos associativos, consórcios ou joint ventures,
devem ser notificadas quando atendidos os critérios
de faturamento.
Entretanto, a Nova Lei Antitruste, ao mencionar a aquisição do “controle ou partes de uma ou
outras empresas”, criou insegurança quanto ao
significado do termo “partes de empresas”. Buscando clarificar a questão, o Cade emitiu a Resolução
n. 2/2012, que delimitou a obrigação de notificação
nos casos de operações de aquisição de participação societária.
Quando a operação desse tipo envolver uma
empresa investida que não seja concorrente do
grupo econômico investidor, nem atue em mercado verticalmente relacionado, tal ato deverá ser
notificado ao Cade caso: 1) confira ao adquirente
titularidade direta ou indireta de 20% ou mais do
capital social ou votante da empresa investida; e
2) realizado por titular de 20% ou mais do capital
social ou votante da sociedade investida, quando
a participação direta ou indiretamente adquirida,
de pelo menos um vendedor considerado individualmente, chegue a ser igual ou superior a 20% do
capital social ou votante da empresa investida.
Quando a operação de aquisição de participação societária envolver uma empresa investida que
seja concorrente do grupo econômico investidor
ou atue em mercado verticalmente relacionado, tal
ato deverá ser notificado ao Cade caso: 1) confira
ao adquirente titularidade direta ou indireta de 5%
ou mais do capital social ou votante da empresa
investida; e 2) realizado por titular de 5% ou mais
do capital social ou votante da sociedade investida, resulte na aquisição, direta ou indiretamente,
de pelo menos 5% do capital social ou votante da
empresa investida.
Também serão de notificação obrigatória as
operações que 1) resultem em controle; 2) tornem
o adquirente o maior acionista/sócio individual
da sociedade investida; e 3) sejam realizadas pelo
controlador quando a participação direta ou indiretamente adquirida, de pelo menos um vendedor
TN Petróleo 84
129
legislação
considerado individualmente, chegue a ser igual
ou superior a 20% do capital social ou votante da
empresa investida.
Pode-se observar, portanto, que o Cade preocupou-se em estabelecer critérios claros para a
aferição da obrigatoriedade de notificar, de modo a
eliminar a incerteza jurídica criada pela redação da
Nova Lei Antitruste.
Desse modo, as operações envolvendo as hipóteses acima mencionadas, realizadas por agentes
dos mercados upstream, midstream e downstream
da indústria de petróleo e gás, deverão ser notificadas ao Cade, estando as partes obrigadas a aguardar a decisão do referido órgão para implementação da operação.
Regras mais ágeis
A Nova Lei Antitruste estabeleceu a notificação
prévia de atos de concentração, sujeitando a implementação de operações com potenciais efeitos
adversos à concorrência à autorização do Cade.
Não obstante a notificação prévia represente um
relevante ônus aos agentes econômicos, tanto a
Nova Lei Antitruste, quanto o Cade – por meio de
regulamentação infralegal – procuraram reduzir ao
máximo o número de hipóteses nas quais a notificação é obrigatória.
Desse modo, o Cade analisará somente casos
mais relevantes, que envolvam agentes de maior
porte econômico. Buscou-se, também, definir com a
maior precisão possível os casos nos quais a notificação é exigida, de modo a evitar qualquer situação de incerteza jurídica que motive notificações
de operações ad cautelam.
Adicionalmente, a Nova Lei Antitruste isentou de notificação os contratos associativos, consórcios e joint ventures celebrados com o intuito
de participar em licitações públicas, assim como
todos os contratos decorrentes. Tal isenção será de
grande valia, por exemplo, para os players do setor
upstream da indústria de petróleo e gás, que não
precisarão notificar os contratos relacionados com
licitações para concessão de blocos.
Nas demais operações, entretanto – i.e., aquelas
não relacionadas a licitações públicas – deve-se
atentar para os critérios de notificação obrigatória,
estabelecidos pela Nova Lei Antitruste e pelas regulamentações infralegais emitidas pelo Cade.
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TN Petróleo 84
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macondo
A Deepwater Horizon
e o mercado brasileiro
Em 2010, acompanhamos aquele que foi considerado o maior acidente em
prospecção de petróleo offshore até então registrado no mundo. O blowout
no Campo de Macondo, no Golfo do México, trágico, tanto no aspecto
humano e ambiental quanto no financeiro, provocou além de mortos e
feridos, um fenomenal vazamento de óleo ao mar.
D
Alex Sanson é
consultor da Swett
& Crawford Consultoria em Seguros,
responsável pela
sucursal da empresa em Macaé (RJ), e
vem acompanhando o mercado de O&G
há 25 anos.
132
TN Petróleo 84
e acordo com levantamento de peritos e reguladores, o
acidente ocorreu por uma série de falhas humanas e de
material, num conjunto de decisões mal formuladas entre os
três responsáveis pela operação no poço. Foram 89 dias para
estancar o vazamento.
A semissubmersível Deepwater Horizon envolta em chamas teve
perda total, e o poço, mal cimentado, a princípio, evoluiu para uma
explosão e vazou cerca de 200 milhões de galões de óleo, poluindo
as praias da costa americana próximas a Louisiana, prejudicando comunidades de pescadores, sujando corais de áreas protegidas, enfim,
atingindo a fauna marinha num raio ainda não totalmente mapeado.
De acordo com os últimos informes recebidos pela imprensa
especializada, já foram pagos mais de US$ 22 bilhões em indenizações a cidadãos e entidades governamentais americanas prejudicadas pelo acidente. A operadora do Campo, BP Slc provisionou em
seu balanço financeiro cerca de US$ 37 bilhões para reclamações
presentes e futuras.
Por outro lado, as consequências do grave acidente atingiram
duramente a indústria americana de petróleo. Além da moratória que
se seguiu, o governo ianque anunciou a imposição de novos regulamentos (SEMS-2), mais restritivos, e o endurecimento nas políticas
de perfuração e de serviços de campo offshore. Boa parte das empresas envolvidas no Golfo do México – operadoras multinacionais como
se sabe – aditarão seus contratos de modo a atender às novas imposições, redefinindo responsabilidades aos contratados e, principalmente, reforçando o gerenciamento de riscos como adotado recentemente
pela BP Slc naquela área. Vai se tornar uma tendência mundial.
E, como isso nos afeta?
Sobremaneira, pois as mudanças no setor chegarão... mais cedo
ou mais tarde. Vejamos bem: estamos às vésperas do desenvolvimento
de importantes áreas offshore como o pré-sal, no Brasil, a milhas e
milhas da costa, onde o nível de gerenciamento de riscos deverá ser
mais rigoroso do que na área do Golfo.
Diante deste cenário, os corretores do ramo terão seu lugar de
destaque. A venda de seguros tornar-se-á extremamente especializada e será acompanhada por uma prévia e ampla pesquisa de
Fotos: Divulgação BP
avaliação de necessidades que poderão desembocar numa transferência de riscos pertinente ou,
apenas, num aconselhamento para incremento de
uma área de gerenciamento de riscos mais efetiva
na empresa, de acordo com seu porte e sua operação, como o recentemente adotado pela BP Slc
para conquistar a confiança dos reguladores e do
mercado de seguros nos EUA.
Tradicionalmente, os operadores (consórcios,
quase sempre) acatam as responsabilidades sobre acidentes e riscos financeiros pelos danos e
prejuízos ao campo – exceto quando em casos de
negligência – porque são os maiores beneficiários desta operação. Esse modelo mudou desde o
incidente de Macondo com alguns operadores passando a responsabilidade por riscos catastróficos
aos contratados (mais informações no site www.
gl-nobledenton.com).
O que for que nos aconteça por influência externa, o mercado brasileiro de seguros de petróleo
e gás está maduro e tem desenvolvido coberturas
afins tentando cobrir as principais áreas de operações onshore e offshore.
Nos últimos 40 anos foram indenizados perto
de US$ 1,4 bilhão em sinistros no Brasil. Afora as
coberturas para grandes riscos internacionais, as
perdas e danos a equipamentos embarcados e a
responsabilidade civil de operações e obras civis
offshore com clausulado desenvolvido por técnicos
brasileiros em parceria com Seguradora de primeira linha, oferecem o que há de mais exclusivo
em termos, condições e prêmios, bem como na
abrangência de riscos e limites e sub-limites para
valores segurados.
E&O (Riscos profissionais), D&O (Riscos de Diretores e representantes) e RC poluição (súbita) são
coberturas disponíveis para este mercado. Estamos
devidamente prontos em termos de cobertura de
seguros em E&P para todos os segmentos da cadeia
de prestadores. As empresas brasileiras do ramo já
contam com clausulado específico, inspirado nos
internacionais e homologados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A ver!
TN Petróleo 84
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fino gosto
Sabor
Centenário
C o n f e i ta r i a C o lo m b o
Um dos mais tradicionais ambientes em estilo art noveau do Rio de Janeiro, a Confeitaria
Colombo, no coração do Centro da cidade, prepara-se para comemorar, agora em setembro,
118 anos, mantendo-se fiel à filosofia de aliar o melhor serviço às mais saborosas guloseimas.
a
por Orlando Santos
Fotos: Divulgação Colombo
A Colombo continua apostando na gestão empresarial ágil e na tradição
da Casa para manter uma clientela fiel, que, em muitos casos, já está na
quinta ou sexta geração. Sem se deixar seduzir pela modernidade, a mais
famosa confeitaria do país, que já foi citada em prosa e verso, preserva sua
primorosa decoração art noveau – espelhos de cristal belga, vitrais franceses,
móveis de jacarandá e bancadas de mármore italiano.
Some-se a tudo isso um exército de mais de 70 pessoas, criando e produzindo os mais diversos salgados e doces que ajudaram a consolidar esse
sucesso centenário. À frente desse time está o mineiro Renato Freire, engenheiro químico que há 12 anos é diretor executivo da Colombo, mostrando
que até na gastronomia é necessário ter a química certa.
Uma saborosa aula de História – A Colombo, símbolo máximo da belle époque
da cidade, faz parte do Patrimônio Histórico e Artístico do Rio de Janeiro. E
faz jus ao título: tem um acervo que vai mais além dos grandes salões, com
seus espelhos de cristal e vitrais, e que foram palco de recepções a visitantes
134
TN Petróleo 84
ilustres como o Rei Alberto da Bélgica, em 1920, a rainha
Elizabeth da Inglaterra, em 1968, ou mesmo políticos,
escritores e artistas.
Baixelas de prata portuguesa, louças da Cia. Vista
Alegre, mais de 500 cardápios antigos, fotos e embalagens de produtos comercializados pela Confeitaria no
século passado fazem parte do belíssimo acervo, exposto
no Espaço Memória. Criado em 2002, o Espaço pode ser
reservado para eventos com até 30 pessoas.
60 anos de serviços – A fidelidade não se restringe ao cliente:
em julho, o garçom Orlando Almeida Duque (o último à direita
na foto) completou 60 anos de dedicação exclusiva à Confeitaria Colombo, sempre na Rua Gonçalves Dias, no Centro.
Aos 74 anos, Duque é o mais antigo funcionário da Colombo. Ali, ele serviu à nata política e intelectual da época
em que o Rio era a capital federal, como Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek e até a rainha da Inglaterra.
Vascaíno doente, Duque não se incomoda nem um
pouco em arrumar o espaço para que os flamenguistas
ilustres se reúnam na Colombo: toda terça-feira, por
volta do meio-dia, ele faz um ritual de trabalho: retira
do armário uma flâmula do Flamengo e a coloca sobre a
mesa próxima ao elevador no 2° andar, onde se reúnem,
há pelo menos 70 anos, membros da mais alta cúpula
do time rubro-negro.
Um pesquisador de sabores – Renato Freire poderia ter
seguido outros caminhos, respaldado na formação em
engenharia química e em economia. Poderia ser até um
maestro, uma vez que rege, como a uma orquestra, uma
equipe impecável, que nunca erra a nota. Ou ainda um
escritor, uma vez que tem dois livros publicados.
Mas foi na cozinha, misturando um pouco de todos
esses ingredientes, que ele encontrou a verdadeira vocação. Mineiro de Boa Esperança, filho de uma família
de longa tradição culinária, criado em uma fazenda
quase autossuficiente em produtos
básicos, Renato Freire passou por
Belo Horizonte, São Paulo e Holanda
até chegar à centenária Confeitaria
Colombo, há 12 anos.
Com faro de pesquisador, o chef
percorreu antigos arquivos da Confeitaria e com a ajuda de antigos funcionários e confeiteiros, trouxe de volta ao
cardápio verdadeiras delícias dos áureos tempos: o petit
four à base de castanha de caju (que não leva farinha de
trigo), os sanduichinhos de pão de miga servidos para
a Rainha Elizabeth em sua visita ao Brasil, o ice cream
soda, o Rivadávia (discos de pão de ló recheados com
doce de leite, cobertura de fondant) e ainda os famosos
biscoitos Leque, os gaufrettes (biscoito artesanal fabricado desde 1920 pela Colombo, com receita própria).
Renato também imprimiu sua marca, criando saborosas novidades para tornar ainda mais variado o cardápio
da Colombo. Do forno do chef saíram o quindim de
camisola, pastel de avelã com feijão branco, pastel de
chocolate com pimenta, entre outras delícias. Sua mais
recente criação para a Colombo é o pastel de caipirinha.
Tudo isso tendo três cozinhas para comandar e assegurar
uma produção diária, totalmente artesanal, de mais de mil
doces e igual número de salgados. Faz isso sem susto, com
o apoio de um time de 72 pessoas, responsável por manter
viva a história centenária de um dos endereços mais tradicionais da gastronomia da cidade.
Em 1988, o chef publicou seu primeiro livro, A mágica
da cozinha, que teve nada menos que cinco edições. Em
2008, juntamente com a sommelière Deise Novakoski,
lançou Enogastronomia, sobre a arte de combinar cardápios e vinhos.
No comando da Colombo ainda encontrou tempo
para revisar os livros: Técnicas de confeitaria profissional
e Técnicas de cozinha profissional. Em 2010, traduziu
Técnicas de padaria profissional. E tem prontinho, para
sair do forno (ou melhor, da gráfica) uma verdadeira
enciclopédia da gastronomia do faz de conta. Mas o
grande sonho deste químico chef e escritor é um livro
de histórias e receitas da Colombo... mas isso é apenas
uma questão de tempo.
Confeitaria Colombo
Rua Gonçalves Dias, 32 – Centro/RJ; Tel.: (21) 2505 1500
Capacidade: 350 lugares; de segunda a sábado (fecha aos domingos)
Café do Forte (a Colombo em Copa)
Praça Coronel Eugênio Franco, 1 – Posto 6 – Copacabana/RJ
Tel.: (21) 3201-4049 / 2247-6168
Serviço disponível para até 50 convidados, de terça à sexta.
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coffee break
Art noveau
e art déco
joias raras de dois tempos
Diante da belíssima exposição da joias e objetos da colecionadora Bertha
Broche
art nouveau
Krasilchik, montada no 4° andar do Centro Cultural do Banco do Brasil
(CCBB), no Centro do Rio de Janeiro, a visitante, entusiasmada e um pouco
perplexa, arrisca um pergunta, no mínimo inusitada, à funcionária: “As joias
são verdadeiras?” Ante a resposta afirmativa, a moça foca novamente as
peças em exposição, com o olhar maravilhado.
Fotos: Divulgação CCBB
P
Do Art-Noveau ao Art-Déco
Joias da coleção Bertha Krasilchik
Curadoria: Denise Mattar
Exposição: 17 de abril a 30 de setembro
de 2012
Terça a domingo: 9h às 21h
Entrada franca, livre para todos os públicos.
Centro Cultural Banco do Brasil-RJ
Galeria de Valores / 4° andar
Rua Primeiro de Março, 66
Centro - Rio de Janeiro
136
TN Petróleo 84
por Orlando Santos
ara o crítico de arte Waldemar Padovani, o brilho das 250 peças
da exposição Do Art-Nouveau ao Art-Déco reflete os olhos da colecionadora, a marchand Bertha Krasilchik, que foi adquirindo cada
item nas incontáveis viagens pelo Brasil e pelo mundo. Ela lançou o seu
olhar mais apurado para cada peça que escolheu para montar o admirável acervo dessa exposição, que deixa os visitantes extasiados diante de
verdadeiras obras de arte.
Com a curadoria de Denise Mattar, a mostra divide-se em 150 peças de
joalheria e cem objetos, como cigarreiras e estojos de maquiagem, feitas
de materiais que vão desde esmalte e prata a brilhantes e platina. Todas as
peças refletem, em suas linhas, o charme de cada movimento artístico: a art
noveau, que surgiu na última década do século XIX, tendo como cenário a
Belle Époque, a chamada Era do Ouro das artes na Europa, e da art déco, que
despontou no final da década de 1920.
A colecionadora iniciou sua coleção com aquisições em leilões,
feiras especializadas e joalherias de Buenos Aires, notadamente em San
Telmo, bairro famoso pelos antiquários, eventos artísticos e restaurantes
argentinos. Depois, rodou o mundo em busca de joias e objetos de relevância que se enquadrassem naqueles estilos, participando de eventos
em Londres e Nova York. Algumas de suas peças foram arrematadas
ao bater do martelo dos clássicos leilões da Christie’s e da Sotheby’s;
outras foram garimpadas em suas viagens pelo Brasil, quando entrou
em contato com famílias que guardavam em redomas peças que agora,
graças a Bertha, se revelam para o público.
Broche Art-Déco
A exposição apresenta brincos, broches, pulseiras,
relógios e colares em ouro e platina com brilhantes,
safiras, rubis, pérolas e ônix, pedras bem ao gosto dos
seguidores da art déco. Os motivos são geométricos:
círculos, arcos, quadrados, retângulos e triângulos.
São formas elegantes, aerodinâmicas e sofisticadas.
Era a época das melindrosas, do jazz e da velocidade,
quando Coco Chanel e Elsa Schiaparelli desenhavam
roupas fluidas, acetinadas, adornadas com muitos
broches e colares.
O conjunto dos objetos reúne cigarreiras, pequenas
bolsas e caixas de várias utilidades feitos em tartaruga, baquelita, prata e metal, quase sempre esmaltados.
Há também caixas para pó de arroz, rouge e batom,
finamente trabalhados, criados na esteira do apogeu do
cinema: influenciadas por Hollywood e suas atrizes, as
mulheres queriam, mais além da beleza física, ostentar
objetos exclusivos que atendessem sua vaidade. Essa
época em que a indústria dos cosméticos desenvolveu-se enormemente está refletida nos estojos dos mais famosos fabricantes: Richard Hudnut, Volupté, Houbigant,
Lenthéric, Silvaray, Elgin e Milrone.
Em paralelo, a exposição traça um panorama dos
movimentos da art nouveau e art déco no Brasil, com
destaque especial para os prédios desse estilo existentes na cidade do Rio de Janeiro (Confeitaria Colombo,
Confeitaria Cavé, Cristo Redentor, Prédio da Central do
Broche Art Nouveau
Pulseira Art-Déco
Brasil, Edifício Itahy, Cine Roxy, Edifício Itaoca,
entre outros).
Uma exposição que faz o visitante viajar no tempo,
encantado e deslumbrado com as belíssimas criações
desses dois períodos tão fecundos para as artes.
TN Petróleo 84
137
indicadores
tn
feiras
e congressos
Agosto
1 a 3 - Brasil
Navalshore
Local: Rio de Janeiro
Tel.: +55 11 4689-1935
[email protected]
www.navalshore.com.br
29 a 31 - Brasil
RH: gestão transformadora
Local: São Paulo
Tel: +55 11 3132-7250
[email protected]
www.infinityce.com.br
Novembro
24 a 28 - Canadá
IPC 2012 - International Pipeline
Conference
Local: Calgary, Alberta
Tel.: 403 228-6374
[email protected]
www.shaw.ca
Outubro
08 a 11 - Inglaterra
Gastech Conference & Exhibition
Local: Londres
Tel: +44 0 203 180 6550
[email protected]
www.gastech.co.uk
Setembro
17 e 18 - Brasil
Desenvolvimento Humano Rio
Local: Rio de Janeiro
Tel: +55 11 3132-7250
[email protected]
www.infinityce.com.br/rhrio
17 a 20 - Brasil
Rio Oil & Gas 2012
Local: Rio de Janeiro
Tel.: +55 21 2112-9000
[email protected]
www.ibp.com.br
24 a 26 - Arábia Saudita
The 4th Saudi Arabia
International Oil & Gas Exhibition
Local: Dammam
[email protected]
www.saoge.org
16 a 19 - Brasil
Santos Offshore
Local: Santos, SP
Tel.: +55 11 3060-5000
[email protected]
www.santosoffshore.com.br
15 a 19 - Brasil
ExpoNaval 2012
Local: Rio de janeiro
Tel.: +55 21 2283-2482
[email protected]
www.sobena2012.org.br
23 a 24 - Holanda
Offshore Energy 2012
Local: Amsterdan
Tel.: +31 0 10 2092606
[email protected]
www.offshore-energy.biz
06 a 08 - EUA
Deepwater Operations
Local: Galveston, TX
Tel.: +1 713 963 6256
[email protected]
www.pennwell.com
07 a 09 - México
NGV Global 2012
Local: Cidade do México
Tel.: +39 335 1893249
[email protected]
www.ngv2012.com
14 a 16 - China
CIPTC 2012
Local: Pequim
[email protected]
www.ciotc-top.com
28 a 30 - Argentina
World Shale Series - Latin
America Summit
Local: Buenos Aires
+44 20 79780752
[email protected]
www.latam.world-shale.com
27 a 29 - Austrália
Deep Offshore Technology
Local: Perth, Austrália
Nicole Faeth
Tel.: +1 918 832 9347
[email protected]
Para divulgação de cursos e/ou eventos, entre em contato com a redação. Tel.: 21 3221-7500 ou [email protected]
138
TN Petróleo 84
de Maria D’Assunção Costa, advogada, doutora em Energia pelo IEE/USP; autora
de Comentários à Lei do Petróleo (Atlas); sócia da Assunção Consultoria.
opinião
Quinze anos da Lei do Petróleo:
avanços
e perspectivas
Marco regulatório que marcou o fim do monopólio na
indústria de óleo e gás completa 15 anos de publicação com
importantes conquistas e inúmeras expectativas quanto aos
próximos leilões de blocos exploratórios.
C
elebram-se os 15 anos da Lei do Petróleo,
Lei Federal n. 9.478, publicada no dia 7 de
agosto de 1997, com um cenário que evidencia acertos e desacertos em sua implementação. Ao
longo desses anos presenciou-se uma mudança significativa na indústria, na regulação, nos contratos
e no comportamento dos agentes econômicos.
A Exposição de Motivos dessa lei, traduzida no
Projeto de Lei n. 2.142/1996, justificou essa proposta legislativa como “um importante marco: demonstra que, no Brasil, a indústria do petróleo atingiu
a maturidade e está sendo aberta para possibilitar
novos investimentos e permitir uma interação
equilibrada entre o Estado e a iniciativa privada”.
Com isso se preservou o monopólio da União, já
assegurado pela promulgação da Emenda Constitucional n. 9/1995, para as atividades de exploração,
produção, refino, transporte marítimo, importação e
exportação, além de manter o controle federal sobre
a Petrobras, mas permitindo a entrada de empresas
da iniciativa privada de modo a criar competitividade em todas as etapas da indústria do petróleo e do
gás natural.
A Lei do Petróleo também institui o Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE), que fixou os princípios e os objetivos da política energética. Embora esse conselho ainda não tenha
desempenhado, adequadamente, as atribuições
que lhe foram outorgadas pela Lei é um marco
importante sob a ótica institucional. E, mais, se
o CNPE cumprir as suas competências em conformidade com a Lei, poderá contribuir muito
mais para o atendimento do mercado brasileiro
no que se refere à segurança energética (combustíveis e energia elétrica).
Outro marco relevante e inovador dessa Lei foi
a criação da Agência Nacional do Petróleo (ANP)
como órgão regulador e fiscalizador da indústria.
A instituição dessa agência e a realização por ela
das rodadas de licitações para a outorga dos contratos de concessões, para a exploração e produção de
petróleo e gás natural mudaram completamente o
cenário brasileiro desse setor da economia brasileira. Há que registrar também a asfixia que as agências reguladoras, e, especialmente a ANP, sofreram
ao longo desses anos, seja pelo contingenciamento
ilegal das suas receitas ou pela ausência de concursos públicos e de indicação de técnicos renomados
para a sua diretoria. Mas, ao final, o saldo é positivo para o Brasil, para os brasileiros
e para a indústria.
Neste período de 15 anos, a Lei do Petróleo foi
alterada 12 vezes, como segue: a primeira, pela Lei
n. 9.986/2000 sobre a gestão de recursos humanos; a segunda, Lei n. 9.990/2000 para prorrogar
o período de liberação dos preços dos derivados
básicos de petróleo; a terceira, Lei n. 10.202/2001
para indicar a necessidade de a ANP comunicar ao
dar Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) as infrações à ordem econômica; a quarta,
Lei n. 10.848/2004, para alterar as atribuições do
CNPE; a quinta, Lei n. 10.871/2004, que dispôs sobre as carreiras e a organização de cargos; a sexta,
Lei n. 11.907/2005 que introduziu o biodiesel na
matriz energética; a sétima, Lei n. 11.540/2007 que
dispôs sobre o Fundo Nacional de DesenvolvimenTN Petróleo 84
139
opinião
to Científico e Tecnológico (FNDCT); a oitava, Lei
n. 11.909/2009, que regulamentou a indústria do
gás natural; a nona, Lei n. 11.921/2009 que incluiu
novas definições; a décima, Lei n. 12.114/2009 que
criou o Fundo Nacional sobre Mudanças do Clima;
a décima primeira, Lei n. 12.351/2010, que criou o
regime de partilha de produção na indústria do petróleo; e a décima segunda, Lei n. 12.490/2011 que
incluiu o Capítulo IX-A que disciplinou a indústria
dos biocombustíveis (etanol e biodiesel).
Com esse quadro legislativo se constata o
enorme desafio com que se defronta a ANP para o
cumprimento de suas competências. Adite-se a isso
a ausência imotivada da parte do poder concedente
de aprovar novas rodadas de licitação para admitir novos agentes na produção de petróleo e gás
natural, embora o CNPE já tenha se manifestado
favoravelmente. A justificativa da aprovação da
nova legislação dos royalties pelo Poder Legislativo
para a realização das novas rodadas não encontra
guarida no marco legal em vigor, uma vez que as
áreas propostas para a 11ª rodada pelo CNPE não
se localizam nas áreas do pré-sal.
A realização dessa rodada permitiria a entrada
de numerosos novos agentes. Com isso a indústria
nacional se reforçaria uma vez que as demandas
já estão se esgotando (como tem sido amplamente divulgado) devido ao lapso de tempo ocorrido
desde a última rodada em 2008. Consequentemente, adiar sine die a 11ª rodada de forma imotivada
em nada contribui para a expansão da produção e,
consequentemente, da maior oferta de petróleo e
gás natural.
Em resumo, a celebração dos 15 anos da Lei
do Petróleo é necessária porque silenciosamente
a aplicação dessa Lei com a realização das dez
rodadas de licitação promoveu uma revolução
e uma evolução singular na indústria nacional
do petróleo e do gás natural e permitiu atingir a
autossuficiência e o descobrimento da camada
pré-sal, fatos estes que mudaram para sempre o
cenário nacional.
Por isso, parabéns e a essa jovem de 15 anos,
mas com maturidade de adulta, e a todos os brasileiros que contribuíram com o seu êxito, apesar de
todos os tsunamis que teve de suportar.
Indústria naval brasileira.
Um setor em expansão.
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para cá, com os programas de Renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam) e o de Modernização e Expansão da Frota (Promef) da
Transpetro, a indústria da construção naval brasileira saltou de dois mil para 80 mil empregos diretos e indiretos, serão 146 embarcações
de apoio marítimo e 49 navios, com um índice de 65% de conteúdo nacional no setor de navipeças. Participe!
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140
TN Petróleo 84

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