O penis bifurcado 23 mar.o 2004.p65
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O penis bifurcado 23 mar.o 2004.p65
e V o c êe s t ár e c e b e n d ou mao b r a e mv e r s ã od i g i t a l d aB O O K L I N K s o me n t ep a r al e i t u r ae / o uc o n s u l t a . N e n h u map a r t ep o d e s e r u t i l i z a d ao ur e p r o d u z i d a , e mq u a l q u e r me i oo uf o r ma , s e j ad i g i t a l , f o t o c ó p i a , g r a v a ç ã oe t c . , n e ma p r o p r i a d ao ue s t o c a d a e mb a n c od ed a d o s , s e maa u t o r i z a ç ã od o ( s ) a u t o r ( e s ) . V e j ao u t r o st í t u l o sd i s p o n í v e i sd oa u t o r , d eo u t r o sa u t o r e s , e d i t o r e sei n s t i t u i ç õ e s q u ei n t e g r a mon o s s os i t e . C o l a b o r eep a r t i c i p e d aR E D ED EI NF O R MA Ç Õ E SB O O K L I NK( B O O K NE WS ) ed en o s s aR E D ED ER E V E ND AB O O K L I NK . C a d a s t r e s en os i t e . 9 788588 319608 I SBN 858831960 - 8 O PÊNIS BIFURCADO DE SATÃ Título do autor disponível em nosso catálogo: O pênis bifurcado de Satã homepage / e-mail do autor: www.booklink.com.br/saldanhaalvarez [email protected] MAURÍCIO ÁLVAREZ O PÊNIS BIFURCADO DE SATÃ ARTE, IMAGEM E CINEMA Ensaio sobre o 11 de Setembro Copyright © 2004 José Maurício Saldanha Álvarez Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida, por qualquer meio ou forma, seja digital, fotocópia, gravação, etc., nem apropriada ou estocada em banco de dados, sem autorização dos autores. Capa Maurício Álvarez ISBN 85-88319-60-8 Direitos exclusivos desta edição. Booklink Publicações Ltda. Caixa postal 33014 22440 970 Rio RJ Fone 21 2265 0748 www.booklink.com.br [email protected] Presentation L’histoire est une science des actions et des représentations de l’humanité, qui doit se pratiquer à partir de traces et d’archives de qui est arrivé. Elle est de nos jours exposée à un double défi, d’une part approcher de plus en plus du présent, pour aider à la compréhension de l’actualité, ce qui l’oblige à élargir ses méthodologies, d’autre part, dans le sillage de l’épistémologie herméneutique, incorporer l’acte même du discours et le contenu du récit dans la connaissance de l’événement. Relever ces deux défis peut certes fragiliser la discipline mais aussi l’inciter à une connaissance plus complète et plus riche (comprendre et non seulement expliquer) des faits. Les travaux de José Maurício Saldanha Álvarez illustrent bien cette dernière option. En s’attachant à comprendre l’attentat du 11 septembre 2001 à New York, ils se donnent comme objectif de saisir comment un événement exceptionnel peut aussi devenir paradigmatique, en nous obligeant à une pratique herméneutique de l’histoire la plus immédiate. L’attentat new yorkais constitue en effet une sorte d’événement prototypique de la nouvelle ère de la communication planétaire. Concentré d’une violence inouïe, la destruction par voie aérienne des deux tours est aussi un prodigieux événement médiatique puisqu’il a été filmé et vu en instantané dans le monde entier. Pour la première fois à cette échelle, l’histoire produit son propre document, répondant ainsi d’ailleurs à la finalité même des terroristes qui était d’obtenir un effet médiatique de sidération des esprits autant que de destruction de bâtiments symboliques et de leurs populations. L’historien se trouve donc devant un événement communicationnel, non plus seulement par accident, mais par essence. Cette consistance symbolique de l’attentat, visionné en boucle sur les chaînes de télévision, produit de surplus une réponse politique elle-même hautement structurée par le mythe. La violence ainsi médiatisée nourrit en retour une stratégie de contre-attaque où le langage mythique (affrontement manichéen des forces du mal contre les forces du bien) devient, au même plan que la réponse judiciaire ou géopolitique, l’événement majeur. Ainsi le terrorisme du 11 septembre vient valider, par sa nature même, la nouvelle démarche épistémo-logique qui place les structures mythiques au coeur de l’intelligence de l’histoire, au même titre que les structures matérielles ou institutionnelles. Les travaux de José Maurício Saldanha Álvarez, qui prennent en compte ce couplage du médiatique et du mythique, sont non seulement éclairants sur l’événement bouleversant lui-même, qui inaugure sans doute une ère nouvelle de l’histoire mondiale, mais permettent d’expérimenter une pratique épistémologique novatrice de l’histoire qui va devoir de plus en plus intégrer l’image et le texte (la télévision et le mythe) qui accompagnent ou motivent les événements, dans l’intelligence même de ces événements. Parions sur les promesses à venir d’un tel enrichissement du travail de l’historien de demain. Jean-Jacques Wunenburger Apresentação A história é uma ciência das ações e das representações da humanidade, que se deve praticar a partir de traços e de arquivos do que aconteceu. Em nossos dias, essa ciência está exposta a um duplo desafio: de um lado, aproximar-se, mais e mais, do presente para ajudar à compreensão da atualidade, o que obriga a ampliar suas metodologias; de outro lado, na esteira da epistemologia heurística, incorporar, no conhecimento do fato, o ato mesmo do discurso e o conteúdo da narrativa. Relevar esses dois desafios pode, com certeza, tornar frágil a disciplina, mas, também, incitá-la a um conhecimento mais completo e mais rico (compreender e não apenas explicar) dos acontecimentos. Os trabalhos de José Maurício Saldanha Álvarez ilustram bem a última opção. Esforçando-se por compreender o atentado de 11 de setembro de 2001, em Nova York, dão-se como objetivo apreender como um acontecimento excepcional pode também tornarse paradigmático, obrigando-nos a uma prática mais imediata da hermenêutica da história. Com efeito, o atentado novaiorquino constitui uma espécie de fato prototípico da nova era da comunicação planetária. Concentrando uma inaudita violência, a destruição por via aérea das duas torres é, ainda, um prodigioso evento mediático, pois que foi filmado e visto instantaneamente no mundo inteiro. Pela primeira vez, nessa escala, a história produz seu próprio documento, aliás, correspondendo assim à própria finalidade dos terroristas, que era a de obter um efeito mediático de sideração dos espíritos tanto quanto de destruição de prédios simbólicos e de suas populações. Portanto, o historiador encontra-se diante de um evento comunicacional, não mais apenas por acidente, mas por essência. Essa consistência simbólica do atentado, assistida em cadeia pelos vários canais de televisão, produz, além do mais, uma resposta política, em si mesma altamente estruturada pelo mito. Em retorno, a violência, assim meaditizada, alimenta uma estratégia de contra-ataque, em que a linguagem mítica (afrontamento maniqueísta das forças do mal contra as forças do bem) se torna, no mesmo plano que a resposta judiciária ou geopolítica, o acontecimento maior. Dessa forma, o terrorismo de 11 de setembro vem validar, por sua própria natureza, a nova diligência epistemológica, que coloca as estruturas míticas no coração da inteligência da história, no mesmo nível que as estruturas materiais ou institucionais. Os trabalhos de José Maurício Saldanha Álvarez, que levam em conta esse recorte do mediático e do mítico, são, não somente esclarecedores a respeito do evento, em si mesmo estarrecedor, na medida em que inaugura, sem dúvida, uma nova era da história moderna, como também permitem experimentar uma prática epistemológica inovadora da história, que vai, cada vez mais, ter que integrar a imagem e o texto (a televisão e o mito), que acompanham ou motivam os acontecimentos, na inteligência mesma desses acontecimentos. Apostemos nas promessas vindouras de um tal enriquecimento do trabalho do historiador de amanhã. *Tradução de Latuf Isaias Mucci Prof. Dr. Latuf Isaias Mucci www.booklink.com.br/latufmucci [email protected] [email protected] J’ai conçu por mon crime une juste terreur; J’ai pris la vie en haine, et ma flamme en horreur; Je voulais en mourant prender soin de ma gloire.” “Eu concebi para meu crime um justo terror Eu levei a vida em cólera e minha chama em horror Eu desejava ao morrer cuidar de minha glória.” (tradução livre) Phèdre, Racine Sumário Prólogo ................................................................. 13 Capítulo 1 - A morte dos mitos ............................... 24 Capítulo 2 - O lugar da História ............................. 39 Capítulo 3 - Reconstruir e representar ................... 54 Capítulo 4 - Estética das imagens do Cinema e o ataque ....................................................... 69 Capitulo 5 - A cartografia mental: imago mundi ... 83 Referências .......................................................... 93 12 Prólogo Era uma vez a manhã do dia 11 de setembro de 2001. Eu terminara de ler um livro que me causou um forte impacto. Ele relatava a destruição provocada por um inesperado ataque holandês à cidade de Antuérpia no dia 5 de abril de 1585. A tática empregada pelos insurgentes batavos para golpear os ocupantes espanhóis foi simples e efetiva: abarrotaram de pólvora e fragmentos de ferro uma inocente nave mercantil que não despertaria suspeitas da vigilância. Acenderam mechas de fogo na carga mortífera e deixaram a embarcação vogar em chamas até o cais da cidade, onde tropas espanholas embarcavam para frente de batalha. Ao explodir, a nau mercante, transformada em artefato mortal, causou o maior número de vítimas então conhecido e resultante de uma única ação humana. O público daquele tempo, informado do ocorrido, ficou chocado com a amplitude da destruição e da mortandade produzidas. Após este episódio, conhecido como o “inferno ardente de Antuérpia”, os ocupantes espanhóis se deram conta de que teriam que enfrentar um corajoso antagonista, dotado de têmpera empedernida. Ao cair daquela noite de setembro, eu releria este trágico capítulo. Recordei-me de Guy Debord, que afirmou que somente a História poderia desmistificar a fraude do espetáculo. A tragédia remota ocorrida no século XVI, durante a cruenta guerra de inde13