Silva et al 2012 XV Congresso Ibérico de Entomologia

Transcrição

Silva et al 2012 XV Congresso Ibérico de Entomologia
Diversidade de famílias de Araneae na copa dos olivais do baixo Alentejo:
estudo comparativo em três sistemas de condução do olival.
Silva, A.1, Benhadi-Marín, J.2 , Santos, S.A.P.3, Pereira, J.,A.3, Bento, A.3, Gonçalves, C.1 e Patanita, M.I.1
1Instituto
Politécnico de Beja, Escola Superior Agrária – Departamento de Biociências, Rua Pedro Soares, 7800-295 Beja, Portugal.
2Departamento de Biodiversidad y Gestion Ambiental. Area de Zoologia, Universidad de León, Campus de Vegazana, 24071 León, España
3Centro de Investigação de Montanha, Instituto Politécnico de Bragança, Escola Superior Agrária, Campus Sta Apolónia, Apt. 1172, 5301-855 Bragança, Portugal.
INTRODUÇÃO
O olival é uma cultura com grandes tradições e importância determinante em vastas áreas do Continente. Tem associada à sua presença múltiplas funções e valias, que podem
contribuir de forma importante para as regiões e populações onde se encontra, como é o caso do Alentejo (GPP, 2007).
A ocorrência da ordem Araneae nos olivais poderá ser um contributo importante para a limitação natural das populações de artrópodes fitófagos, reflectindo o seu regime alimentar
exclusivamente predador. A sua identificação em olivais foi registada tanto na copa como no solo em vários estudos (Heim, 1985, Castro et al., 1996, Morris, 1997, Civantos, 1998,
Martínez & Ruíz, 1999, Santos et al., 2002, Rei, 2006) sendo que a biodiversidade das aranhas é muitas vezes influenciada pelo tipo de condução da cultura.
O presente estudo foi realizado em três diferentes sistemas de condução do olival (biológico, intensivo e sebe, nos concelhos de Beja, Moura e Serpa) e teve como objetivo estudar
a diversidade da ordem Araneae na copa da oliveira ao longo deste gradiente de intensidade de práticas agrícolas.
MATERIAL E MÉTODOS
Tabela 1 – Descrição dos oito olivais em estudo no ano 2011.
Os ensaios foram conduzidos em oito olivais do Alentejo, com a seguinte localização e caracterização
Rega
Práticas culturais
Densidade
(árvores/há)
Sim
Mobilização na linha
Corte das infestantes na entrelinha.
Fertilização em Fevereiro
238
Biológico Póvoa
Sim
Corte das infestantes na linha e na entrelinha
Fertilização em Fevereiro
278
Biológico Moura 1
Não
Mobilização na linha e na entrelinha
100
Biológico Moura 2
Não
Pastoreio
70
Intensivo Neves
Sim
Herbicida na linha
Corte das infestantes na entre linha e fertirrega
240
Intensivo Serpa
Sim
Herbicida na linha
Corte das infestantes na entrelinha e fertirrega
285
Sebe Serpa
Sim
Fertirrega a partir de Março com fertilizante
binário ou ternário.
1976
Sim
Herbicida na linha e corte das infestantes na
entrelinha. Fertirrega com um fertilizante binário
ou ternário
1786
Olival
presente na Tabela 1: Biológico Serpa (37°53’59.1’’N 7°32’24.3’’W), Biológico Póvoa (38°12’56.9’’N
7°18’53.8’’W), Biológico Moura1 (38°8’59.3’’N 7°25’58.4’’W), Biológico Moura 2 (38°8’11.0’’N
Biológico Serpa
7°29’7.1’’W), Intensivo Neves (38°0’28.1’’N 7°47’24.3’W), Intensivo Serpa (37°57’26.1’’N 7°31’2.5’’W),
Sebe Serpa (37°56’29.9’’N 7°31’21.4’’W) e Sebe Moura (38°8’25.1’’N 7°30’44.7’’W).
Estas amostragens foram realizadas nos meses de Abril e Maio de 2011. Para capturar os artrópodes
da copa recorreu-se à técnica das pancadas. Esta técnica de amostragem consistiu na selecção de 2
ramos de lados opostos da árvore (um na direcção Norte e outro na direcção Sul), a uma altura
aproximada de 1,5 – 1,75 m sobre o solo, os quais foram agitados 2 vezes para o interior de uma
manga entomológica. Este processo repetiu-se em 20 árvores em cada olival.
Os espécimes colhidos foram levados para o laboratório, colocados no congelador, procedendo-se
seguidamente à sua triagem. Foram conservados em etanol a 70% em tubos de eppendorf
devidamente etiquetados. A identificação dos espécimes foi efectuada com recurso a lupa binocular,
chave de identificação de Nentwing et al. (2012) e catálogo on-line de Morano & Cardoso (2011) .
RESULTADOS
Sebe Moura
30
30
1
Tabela 2 – Tabela de abundância de aranhas na
copa.
Biológico
regado
Famílias
N
f
Biológico
Intensivo
não regado
%
%O N f %O N f
O
Araneidae
1
1
2,5
Clubionidae
1
1
2,5
Dictynidae
2
2
5
Gnaphosidae
1
1
2,5
Linyphiidae
4
4
10
1
1
2,5 1
13
1
2
30
3
4
1
3
4
1
Tetragnetidae
Theridiidae
3
3
Thomisidae
7
7 17,5 5
N. identificados
Total
7,5
1
3
32
f
20
0.6
%
O
1 2,5
0.4
10
0
Pisauridae
Salticidae
N
Maio
0.8
0.2
10
0
7,5 2
Oxyopidae
Philodromidae
20
Sebe
Abril
18
1
2
5
1
1 2,5
2
2
1
1 2,5
2,5 1
1 2,5
1
1 2,5
10
5
3
Biológico Biológico Intensivo
regado
não
regado
Sebe
3 7,5
Figura 2- Índice de diversidade de Simpson.
4
4
10
2,5 2
2
5
3
3 7,5
5 12,5 4
4
10
3
3 7,5
3
7,5 1
1 2,5 1
1 2,5
16
14
N – Valor absoluto. f – frequência relativa. %O – percentagem de ocorrência
0
Adultos
Juvenis
Figura 3- Proporção entre juvenis e adultos
nos meses de abril e maio de 2011.
Figura 1- Abundância de famílias da copa, nos oito olivais estudados nos
meses de abril e maio de 2011.
Pode-se verificar através da Figura 1 e Tabela 2 que as famílias mais abundantes nos olivais são a Philodromidae e
Thomisidae. Nos olivais biológicos regados e em sebe a família predominante é a Philodromidae e nos olivais não regados e
intensivos a família principal é a Thomisidae.
O Índice de Simpson (D) é um índice de dominância e reflecte a probabilidade de dois indivíduos escolhidos ao acaso na
comunidade pertencerem à mesma espécie. Varia de 0 a 1 e quanto mais alto for, maior a probabilidade de os indivíduos
serem da mesma espécie, ou seja, maior a dominância e menor a diversidade, pelo que os olivais biológicos regados são
aqueles onde se verifica maior dominância, seguidos dos biológicos não regados, dos intensivos e finalmente dos olivais em
sebe (Figura 2).
O número de indivíduos juvenis é maior que o número de adultos durante os dois meses de estudo, como se pode averiguar
na Figura 3.
Figura 4- Exemplares de Philodromus
praedatus e Diplocephalus sp.
Os exemplares adultos presentes na Figura 4 são dos mais comuns na copa dos olivais.
CONCLUSÕES
Foram identificadas 12 famílias na copa dos oito olivais, sendo as quatro famílias mais abundantes, Philodromidae, Thomisidae, Linyphiidae eTheridiidae;
As famílias Clubionidae, Dictynidae, Gnaphosidae apareceram unicamente nos olivais biológicos regados e a família Oxyopidae apareceu só no olival intensivo;
Os espécimes adultos mais abundantes foram Philodromus praedatus e Diplocephalus sp.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Castro, C., Campos, P. & Pastor, M. 1996. Influencia de los sistemas de cultivo empleados en olivar y girassol sobre la composición de la fauna de artrópodos en el suelo. Bol. San. Veg., Plagas 22:557-570.
Civantos, M. 1998. El prays el barrenillo del olivo. Phytoma (España) (102): 124-129.
GPP - Gabinete de Planeamento e Politicas. 2007. Olivicultura. Diagnóstico sectorial. Portugal.
Heim, G. 1985. Effect of insecticidal sprays on predators and indiferente arthropods faund on olive trees in the north of Lebanon. In: Cavalloro, R & Crovetti, R. (Eds.). Integrated pest control in olive-groves Proc. CEC/FAO/IOBC Int. Join Meeting. Pisa/3-6 April, 1984: 456-465.
Martínez, J. L. V. & Ruíz, R. G. 1999. Bases metodológicas para la evaluación del impacto ocasionado por las aplicaciones insecticidas sobre los enemigos naturales de las plagas del olivo (II). Phytoma (España) 112: 32-42.
Morano, E. & Cardoso, P. 2011. Iberian spider catalogue (v2.0). Acedido em http://www.ennor.org/iberia a 7/02/2012.
Morris, T. I. 1997. Interrelaciones entre olivas, plagas y depredadores. Granada, Universidad de Granada. PhD: 260.
Nentwing, W., Blick, T., Gloor, D., Hänggi, A. & Kropt, C. 2012. Araneae. Version 6.2011. Acedido em http://www.araneae.unibe.ch/index.php a 4/02/2012.
Rei, F. 2006. A artropodofauna associada ao olival no âmbito da protecção da cultura contra pragas. Tese de Doutoramento. Évora.
Santos, S., Pereira, J. A. & Torres, L. 2002. Estudo preliminar da biodiversidade de artrópodes na copa da oliveira (Olea europea L.) na região de Trás-os-Montes. X Congresso Ibérico de Entomologia, 16 a 20 de Setembro, Zamora, Spain:108.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através do projeto PTDC/AGR - PRO/ 111123 /2009: A utilização de indicadores biológicos como ferramentas para avaliar o
impacto de práticas agrícolas na sustentabilidade do olival.

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