Resenha A História Oficial – A Necessidade de uma Análise Crítica
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Resenha A História Oficial – A Necessidade de uma Análise Crítica
FICHA TÉCNICA Diretor: Luis Puenzo Elenco: Héctor Alterio, Norma Aleandro, Chela Ruíz, Chunchuna Villafañe, Hugo Arana. Roteiro: Aída Bortnik, Luis Puenzo Produção: Marcelo Piñeyro Trilha Sonora: Atilio Stampone Duração: 112 min. Ano: 1985 País: Argentina Gênero: Drama A Necessidade de uma Análise Crítica A História Oficial é um filme Argentino filmado inteiramente em Buenos Aires em 1985 logo após a queda do Regime Militar Argentino. Conta uma história que se passa em 1983 sobre Gaby (Analia Castro), uma menina adotada por Alicia (Norma Aleandro) e seu marido Roberto (Héctor Alterio). Alicia é professora de história e não aceita discutir acontecimentos históricos que não estejam documentalizados (isso é visto na cena quando ela discute com um aluno, pois ele conta sobre um acontecimento que não está documentalizado nos livros e ela não aceita). Esse é um dos motivos do nome, ela ensina aos alunos a história oficial e não se importa o que acontece em torno dela e principalmente como ela se tornou oficial. Roberto é um homem de negócios e amigo dos militares que enriqueceu durante o governo militar argentino. Alicia nunca percebera isso e muito menos o que se passava por trás do governo militar argentino. Gaby, sua filha, foi adota trazida por Roberto durante regime militar e Alicia, no momento de realizar um sonho e no meio de sua fantasia social nem questionou como ele teria adotado Gaby, até porque ambos fizeram um acordo de não discutir esse momento de suas vidas. Ana (Chunchuna Villafañe) é uma amiga de Alicia que retorna do exílio (até então Alicia não sabia do que se passará com Ana e o motivo de sua partida) e conta o motivo de sua partida repentina da Argentina e o que os militares fizeram com seu apartamento e seus momentos de pânico durante as sessões de tortura. Conta que perdera 12 quilos e que passara mais de 32 dias presa. Após contar toda a história sobre o que se passou, Alicia, em choque, questionou o porquê fizeram isso com ela. Ana respondeu que perguntavam sobre um certo “Pedro” conhecido dela, mas ele já estava morto. Alicia totalmente fora do contexto e sem saber o que se passava, perguntou se Ana fizera uma denuncia sobre o que passara, mas Ana questiona algo como “para quem ela faria tal denuncia” e continua a contar o que vira. Ao fim, ela conta sobre as mulheres que tinham seus bebês tirados e levados para famílias que compravam essas crianças. Nesse momento Alicia começa a perceber que a história não se baseia apenas em fatos documentais e que sua filha poderia ser um bebê retirado de mães presas e torturadas durante o regime militar. Em meio à confissão de sua amiga sobre tudo o que aconteceu ela começa a procurar a origem de sua filha, pergunta a seu marido, porém, ele se nega a conversar e manda-a esquecer o que aconteceu e apenas pensar em sua filha e não que ela era adotada. Ela continua sua busca sozinha e se encontrou com um movimento de mães e avós que procuravam seus filhos e netos desaparecidos durante o regime (muitos netos que nasceram durante a prisão dos filhos e sumiam, eram levados pelos militares). Assim, durante sua investigação ela começa a descobrir pessoas envolvidas como o padre da igreja em que ela foi se confessar. Após algumas investigações e com ajuda de pessoas que também procuravam por familiares desaparecidos Alicia encontra a avó biológica de sua filha e ouve a história verdadeira sobre o que se passou com a mãe e o pai de sua filha adotiva. A cena em que a avó biológica conta como os pais de Gaby sumiram é muito forte, pois as expressões da avó biológica com o passar de mãos no rosto transparece a agonia dela não saber o que aconteceu com sua neta e o choque que Alicia tem em saber verdadeiramente o que aconteceu. Alicia, algumas cenas depois de descobrir como Gaby foi adotada se depara com uma manifestação das “Mães da Praça de Maio” atrás de seus filhos e netos que foram tirados. Na cena elas gritavam “Queremos que nossos filhos apareçam com vida e os culpados punidos. Queremos nossos filhos! Com vida nos tiraram. Com vida os queremos.” Mostrando que muitas pessoas desapareceram e muitos não foram encontrados, o número de desaparecidos na Argentina é estupidamente alto, e contabilizando, apenas as denúncias judicializadas chega a 9.000 pessoas (em 2003 a Secretaria de Direitos Humanos contabilizou 13.000 casos), porém existem grupos que defendem os direitos humanos, a punição dos culpados e a explicação sobre os desaparecidos que contabilizam até cerca de 30.000 pessoas. Esse número é muito alto e com o passar dos anos torna-se mais difícil descobrir o que aconteceu com familiares desaparecidos, porém até hoje os movimentos não desistem de descobrir o que se passou. No Brasil a Comissão da Verdade nos traz um momento de repensar e procurar o que aconteceu verdadeiramente durante a ditadura e não apenas o que se passou na “história oficial”. Esses grupos procuram até hoje saber o que se passou (existindo até casos de crianças levadas para fora da Argentina) e, com muita dificuldade, acham seus familiares que foram roubados ainda crianças. Infelizmente, quem normalmente acha é a avó, pois a mãe acabou morrendo durante o governo militar. Existem leis e jurisdições para articular essas procuras e até um banco que eles guardam DNA para facilitar as buscas desses parentes. Devemos lembrar sempre desses momentos negativos que aconteceram durante a história para que não se repitam principalmente ajudar e cobrar medidas para que essas histórias, tanto argentinas como brasileiras tenham um fim justo e que a história não seja apenas mantida oficialmente, que possamos ter uma analise crítica de toda a história.
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