Galiza, com voz no FSM - Fundación Galiza Sempre

Transcrição

Galiza, com voz no FSM - Fundación Galiza Sempre
www.galizasempre.org
Galiza,
Nação sem Estado,
com voz
no FSM
O galego-português era a língua medieval falada no noroeste da
Península Ibérica que deu lugar ao galego e português atuais.
Procedente do latim, teve especial relevância cultural durante
vários séculos. O rei Afonso X o Sábio de Castela coordenou as
Cantigas de Santa Maria em galego-portugués, que então era
a língua por excelência para a lírica nos reinos de Galiza, León e
Castela. Trás a sua independência em 1139, o reino de Portugal
começou a criar uma norma escrita. Na Galiza, pelo contrário, a
subordinação aos reinos castelhanos truncou o desenvolvimento
do galego escrito, sendo assim que até bem entrado o século XX
uma normativa oficial não foi elaborada. Durante os chamados
“séculos obscuros”, nos que o galego só se manteve no uso oral,
O tecido associativo galego é muito variado e dinâmico. As
suas origens remontam-se à oposição anti franquista, nos
anos sessenta, com o surgimento das primeiras organizações
estudantis, culturais, feministas e ecologistas. Hoje o tecido
associativo diversificou-se, mas a sua capacidade mobilizadora
segue a ser muito importante, como ficou patente em 2003,
quando, perante a maré negra provocada pelo afundamento
do Prestige, o movimento cidadão “Nunca Mais” assumiu a
gestão da catástrofe. A necessidade de desenvolver fórmulas de
trabalho e reflexão conjunta entre os distintos colectivos levou
à celebração, no Natal de 2008, do primeiro Foro Social Galego,
com grande sucesso de participação. www.forosocialgalego.org
Uma língua própria
Uma base social activa
OS
(com a definitiva separação do condado de Portugal no
século XII)– e a sua autonomia, submetida ao poder dos
monarcas astur-leoneses. A derrota da revolução Irmandinha
(1465-69), na que camponeses e burgueses lutaram unidos
contra os abusos senhoriais e eclesiásticos, consolidou o
submetimento do povo galego aos desígnios da coroa de
Castela, que empreendia a campanha imperialista
que denominou de “doma e castração” dos
povos. O Reino de Galiza manteve o seu
nome mas perdeu toda capacidade de
acção política e de desenvolvimento
económico, e o uso público da sua
língua foi perseguido. Começam os
“séculos obscuros”.
No século XIX, como medida de
reacção absolutista fronte aos
levantamentos liberais, a regente
espanhola decreta a dissolução do
antigo Reino de Galiza como entidade
administrativa, e a sua divisão nas
atuais quatro províncias que estruturam
o território sob o poder central. Surgem
em consequência as primeiras manifestações
políticas na defesa dos direitos do povo galego.
Com o passo ao s.XX, o movimento nacionalista vai crescendo
e chega a alcançar representação parlamentar nas Cortes da
II República. Boa parte das ideias federalistas, igualitárias e
progressistas que propugnava, foram incluídas no Estatuto
de Autonomia que os galegos e galegas tinham refrendado
massivamente em 1936. Mas o punch de Franco aborta o
processo, e marca o começo de uma etapa de funda repressão.
Na Galiza a sublevação fascista não teve forma de guerra,
mas de represálias, julgamentos sumários ou assassinatos nas
beiras dos caminhos. Os líderes galeguistas e republicanos
que conseguiram fugir refugiaram-se no exílio, acolhidos pelas
comunidades galegas de emigrantes. No entanto, no interior,
ressurgia progressivamente um movimento anti‑franquista e
defensor dos direitos culturais, sociais e políticos dos galegos e
galegas, assentado nos movimentos associativos e de cidadãos
que continuariam ativos depois de morto o Ditador. O processo
de reforma democrática iniciado trás a restauração da Monarquia
deu passo a uma reorganização administrativa que daria lugar a
dezassete comunidades autónomas, entre elas a galega. Assim,
em 1981 foi aprovado o Estatuto de Autonomia da Galiza.
Três décadas depois, a sociedade galega evoluiu
consideravelmente, tanto no económico quanto no político,
e muitos setores consideram necessária a revisão do texto
estatutário, para alcançar um maior auto-governo, e o
reconhescimento da Galiza como nação com voz própria
no mundo.
gregos antigos chamavam de “kallaikoi”
os habitantes do território sito no extremo
noroeste da Península Ibérica. Assentados
em castros, lugares estratégicos sobre outeiros, as tribos que
povoavam a Galiza durante a Idade do Bronze desenvolveram
uma importante atividade de extração de ferro e de
bronze, e iniciaram contactos com outros povos
da faixa atlântica, como os celtas. A riqueza
mineira do território estimulou a invasão
romana, e no século III o território
compreendido ao Norte do rio
Douro passou a integrar o Império
como a província de Gallaecia.
Após a decadência imperial, um
povo centro europeu, os suevos,
constituíram o Reino da Galiza,
que conservava a sua população
assentada em comunidades rurais
dispersas e densamente povoadas.
Esta característica, unida à ameaça
das invasões normandas e muçulmanas,
favoreceu a instalação do feudalismo e
debilitou a unidade política do Reino –que
acabaria vendo reduzido o seu território
fomentou-se uma consideração negativa da língua, associada ás
classes populares, face à língua espanhola, considerada signo de
prestígio por ser empregue pelas classes dominantes de origem
castelhana. Durante a Ditadura de Franco (1939-1975), o galego
voltou a ser objeto de perseguição. Na atualidade, e graças
à difusão do ideário nacionalista, este sentimento de autodesapreço associado à língua é muito menor, e o galego está
a recuperar a sua consideração como língua de prestígio e de
cultura. O galego e o castelhano são atualmente as duas línguas
oficiais da Galiza.
A origem comum do galego e o português aproxima as duas
línguas e os seus falantes, o que supõe uma oportunidade de
contacto entre Galiza e os países da área lusófona.
Língua materna dos galegos (2008, IGE*)
Galego.............................................................................................................. 47,35%
Castelhano. ............................................................................................... 27,09%
Ambas. ............................................................................................................. 23,14%
Outras................................................................................................................... 2,42%
A origem comum do galego
e o português aproxima
as duas línguas e os seus
falantes, o que supõe uma
oportunidade de contacto
entre Galiza e os países
da área lusófona.
LÍNGUA HABITUAL DOS GALEGOS (2008, IGE*)
Apenas galego..................................................................................... 29,96%
Máis galego do que castelhano................................ 26,44%
Apenas castelhano........................................................................ 22,45%
Máis castelhano do que galego................................ 20,05%
Outras................................................................................................................... 1,10%
* Instituto Galego de Estatística
Uma cultura diferenciada
Galiza conta com um rico património cultural, tanto material
(arte rupestre, arquitetura românica e barroca...) como imaterial,
que chegou a nós através da transmissão oral de gerações. No
século XIX os vultos da cultura assumem estas fontes e a língua
do povo como base do seu trabalho criativo, protagonizando o
chamado Ressurgimento da cultura galega. A poetisa Rosalia de
Castro teve um papel fundamental neste processo, ao buscar na
realidade das classes populares a sua fonte de inspiração poética.
Nas décadas sucessivas também a narrativa, o teatro e o ensaio
adotariam a língua galega, trazendo, nos anos das Vanguardas,
altíssimos níveis de modernidade para a nossa cultura.
Na atualidade, o setor é enormemente vital e está em
continua pesquisa e procura de novas linguagens e públicos.
Produção cultural na Galiza
Espectáculos teatrais estreados em 2008.................................................91
Filmes longos produzidos em 2008...................................................................12
Títulos editados na Galiza em 2006.......................................................1.665
www.agadic.info
www.galiciantunes.com
www.culturagalega.org
Um povo espalhado pelo mundo
O Caminho de Santiago
Uma economia em transformação
A ausência de possibilidades de desenvolvimento económico, o
crescimento demográfico ininterrompido desde a Idade Meia e
as sucessivas crises agrárias suscitaram desde o final do século
XVIII um movimento migratório dos galegos e galegas para a
América, que conferiu o seu maior grau entre 1870 e 1930.
As comunidades de emigrantes na Argentina, Uruguai e Cuba
foram as mais numerosas, e fundaram colectivos inicialmente
assistenciais que chegaram a ter um importante peso político e
cultural, quer nos países de acolhimento, quer na própria Galiza.
Depois da Guerra Civil, os colectivos da emigração acolheram
o Conselho de Galiza (o governo galego no exílio) e apoiaram
as lutas anti‑franquistas. A partir de 1960 a emigração galega
dirigiu-se preferentemente a países europeus como a Suiça,
França, Alemanha ou o Reino Unido, onde manteve o seu
associativismo. Hoje, o facto de habitar fora de Galiza mais
pessoas de origem galega do que no interior, constitui uma
oportunidade de diálogo com outros povos do mundo.
O cristianismo chegou à Galiza nos tempos do Império Romano,
mas teve que concorrer com crenças pagãs de tipo animista,
que veneravam determinados lugares da natureza considerados
sacros. Um destes pontos ficava nas proximidades da atual
Compostela (ou campo das estrelas). São Martinho de Dumio,
impulsor da cristianização na Galiza, recomendava absorver
para o cristianismo esses lugares de culto pagão. Além disso,
a invasão muçulmana no sul da Península obrigava a criar um
centro de culto cristão que unificasse a resistência cristã (que
mais tarde seria mistificada com o nome de Reconquista). Estas
circunstâncias rodeiam a aparição do sepulcro do Apóstolo ‘Sant
Iago’ no século IX, o que lhe conferiu à Galiza uma importância
chave dentro do fortalecimento dos reinos cristãos, erigindo-se
Santiago de Compostela como centro religioso e destino de
peregrinos que promoveram as ligações com Europa. O Caminho
de Santiago deveio um eixo cultural pelo que se espalharam
a arte românica ou a lírica dos trovadores. Na atualidade a
peregrinação a Santiago de Compostela, por motivos mais
turisticos ou culturais do que religiosos, mobiliza milhares de
pessoas de todos os paises, contribuindo a conectar Galiza
com o resto do mundo.
A estrutura da economia galega teve sempre uma forte presença
dos setores primarios. Galiza é uma das mais importantes
potências pesqueiras a nível mundial. O setor automobilístico,
a geração de energia e o naval também definiram a estrutura
produtiva galega. Nos últimos anos está-se a produzir uma forte
transformação setorial, destacando o auge do setor têxtil e da
moda galega, uma relevante indústria audiovisual e empresas
vinculadas ás novas tecnologias. Ao tempo, sectores tradicionais,
como o agro ou o naval, estão a se transformar e modernizar.
O forte crescimento da economia galega dos últimos anos
provocou um processo de convergência, pois se no 2001 o PIB
galego representava o 76’5 da meia europeia, no 2005 essa cifra
tinha ascendido ao 84’2.
Emigração galega entre 1900 e 1970
A Ultramar (América)...........................................................1.187.247 pessoas
(o 34% da emigração total do Estado Espanhol)
A Europa (1962-70)....................................................................141.000 pessoas
Galegos residentes no
estrangeiro com direito a voto......................329.237 (2008, cera)
Galiza, dados básicos (fonte: IGE)
Superfície....................................................................................................................29.574 km²
Km de costa...............................................................................................................................1.498
Densidade de povoação.................................................... 93,7 pessoas/km²
Povoação (2010)................................................................... 2.796.811 habitantes
www.xunta.es (Governo galego)
www.crtvg.es (Rádio e televisão galegas)

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