conceitos básicos - Faculdade Atlântico
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RELAÇÕES ENTRE MEIO AMBIENTE E SAÚDE: conceitos básicos Saúde - a evolução do conceito “Saúde é a ausência de doença” "Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de afecção ou doença". (OMS), em sua Carta Magna de 7 de abril de 1948. "Saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação; educação, renda, meio ambiente, trabalho, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acessos aos serviços de saúde, é assim antes de tudo, o resultado das formas de organização social” (VIII Conferência Nacional de Saúde, 1986). “Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (Constituição Brasileira, 1988). Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. ( Lei nº. 8.080, de 19 de setembro de 1990). “Saúde Pública é a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde por meio de medidas de alcance coletivo e de motivação da população” (OMS-1997) Determinantes de saúde • Estão incluídos entre os determinantes da saúde aqueles que estão sob maior controle do indivíduo (como certas condutas individuais) e outros, de abrangência coletiva, que são dependentes das condições políticas, econômicas, sociais, culturais, ambientais e biológicas Determinantes da Saúde = Condições e Estilo de Vida • Condições de Vida = possibilidade de levar uma vida economicamente produtiva: • ambiente em suas múltiplas dimensões acesso a bens e serviços • • • Estilo de Vida - cultura, valores, prioridades: experiência pessoal Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde • Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias 2 possibilidades de escolhas Meio Ambiente A Lei Federal 6.938/81 que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, o define como: “Meio Ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. A mesma lei define: Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características do meio ambiente; Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indireta: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. Poluidor: a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental; Recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera. 1.3 Condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana. 1. Em escala global: Efeito Estufa – mudanças no clima da terra e as relações de causa-efeito que essas mudanças podem provocar; Depleção do Ozônio na estratosfera _ pode aumentar as taxas de câncer de pele, modificações no sistema imunológico e incidência de catarata; Perda de biodiversidade – desaparecimento de espécies úteis à ciência e o enfraquecimento de vários ecossistemas; Desertificação, depleção de solo fértil, aqüíferos, estoques pesqueiros; Poluentes químicos – agrotóxicos, efluentes industriais e resíduos urbanos – afetam os sistemas neurológicos, imunológicos e reprodutivos dos seres vivos. 2. Em escala regional: a- Associados ao subdesenvolvimento: falta de acesso à água tratada, saneamento inadequado, contaminação dos alimentos por microorganismos patogênicos, destino inadequado do lixo, etc. b- Associados ao desenvolvimento não sustentável – poluição das águas em áreas populosas, industriais e de agricultura intensiva; poluição do ar em ares urbanas por automóveis, termoelétricas e indústrias; desflorestamento, degradação do solo, contaminação química e radioativa, etc. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias 3 1. Poluições ambientais e Saúde Pública – Problemas causados à saúde: Pela poluição do Ar Doenças dermatológicas, gastrintestinais, Infecções respiratórias, doenças respiratórias crônicas, câncer do aparelho respiratório e problemas oftálmicos. Pela poluição das Águas Ancilostomíase, Ascaridíase, Conjuntivite bacteriana aguda, Enterobiose, Escabiose, Pediculose, Salmonelose, Tracoma e Tricuríase (pela falta de limpeza e higienização). Amebíase, Cólera, Diarréia aguda, Febre Tifóide, Giardíase (pela água). Dengue, Febre Amarela, Filariose, Malária (por vetores que se relacionam com a água) e Esquistossomose e Leptospirose (doenças associadas à água). Pela poluição do solo Ancilostomíase, Ascaridíase, Tricuríase. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias 4 CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS INFECÇÕES RELACIONADAS COM OS EXCRETOS CATEGORIA CARACTERÍSTICA INFECÇÃO EPIDEMIOLÓGICA VIA DOMINANTE PRINCIPAIS MEDIDAS DE DE CONTROLE TRANSMISSÃO Doenças feco-orais não Não latentes Enterobiose, bacterianas Baixa dose infecciosa enteroviróticas, infecções Pessoal Abastecimento doméstico de Doméstica Água, Educação sanitária, Hymenolepíase Melhorias habitacionais e Amebíase, Giardíase Instalação de fossas Balantidíase Doenças feco-orais Não latentes Febre tifóide e para tifóide, Pessoal Abastecimento doméstico de água, bacterianas Média ou alta dose Salmonelose, Doméstica educação sanitária, infecciosa Disenteria bacilar, Cólera Água Melhorias habitacionais, Moderadamente persistentes Diarréia por E.coli Alimentos Instalação de fossas, Capazes de se multiplicarem Enterite campylobacteriana Tratamento dos excretas antes do lançamento Helmintos do solo Latentes Ascaridíase Jardim, campos Instalação de fossas, Tricuríase Culturas agrícolas Tratamento dos excretas antes da Ancilostomíase Teníases Latentes Teníases aplicação no solo. Jardim Instalação de fossas, Persistentes Campos Tratamento dos excretas antes da C/ hospedeiro intermediário Pastagem aplicação no solo Cozimento, inspeção de carne Helmintos hídricos Latentes Esquistossomose e outras Água Instalação de fossas Persistentes doenças provocadas por Tratamento dos excretas antes do C/ hospedeiro intermediário helmintos lançamento na água Controle do reservatório animal Doenças transmitidas Insetos vetores relacionados Filariose e todas as Vários locais Identificação e eliminação dos locais por insetos Aos excretas infecções das quais contaminados por adequados para procriação Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 5 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias moscas e baratas podem ser fezes, nos quais vetores insetos procriam FONTE: FEACHEM et al. (1983a) INDICADORES DE SAÚDE, BIOSSEGURANÇA E AMBIENTE PARA INSTITUIÇÕES DE SAÚDE. TEMA - AR Força Motriz Pressão Estado Exposição Efeito Ação Força de trabalho Fontes móveis x vias Qualidade do ar por agentes N. de trabalhadores que Taxa de absenteísmo Monitoramento de de tráfego poluidores: manuseiam: relacionado à: emissões de fontes fixas veículos transitam químicos agentes de risco químico poluição do ar Programa de por dia/mês/ano biológicos agentes de risco biológico poluição sonora manutenção predial e físico radioisótopos por stress de equipamentos radioativo Ambiente Emissão poluentes construído: por setor de geração (fontes fixas) - unidades produtivas - unidades Violação dos padrões de expostos a: doenças: monitoramento da doenças respiratórias qualidade do ar Emissão de poluentes gasosos pelos elemento poluidor (S/ níveis de ruído acima do doenças infecciosas Investimentos no equipamentos geradores (fontes fixas) N) distúrbios auditivos controle da qualidade do ar distúrbios visuais Investimentos em distúrbios neurológicos monitoramento de distúrbios psicológicos ruído nas áreas geradoras (visitantes, alunos, etc) incidência de tumores Investimentos no expostos a: distúrbios dermatológicos controle dos níveis de permitido Nível de: - n. processos/dia/ mês/ano ruído quantidade material processado radiação nas - Investimento em temperatura anormais capacidade equipamentos assistenciais Taxa de incidência de qualidade do ar por n. de fontes administrativas unidades N. trabalhadores unidades Unidades geradoras de poluentes taxas inadequadas de umidade radiação N. de pessoas laboratoriais Emissão gasosos umidade relativa do ar de pesquisas aerolizados ou particulados por setor temperatura ambiente agentes de risco químico queimaduras; ruídos nas áreas geradoras - outras unidades gerador e/ou equipamento de controle de diferencial de pressão agentes de risco biológico outras doenças ou Investimentos no controle dos poluição, incluindo a ETE: iluminação natural e radiação distúrbios níveis de radiação nas áreas temperaturas anormais N. de licenças médicas por doenças geradoras ocupacionais Investimentos em relacionadas programas de prevenção de tipo de material particulado (MP) artificial tipo de poluente Taxa de renovação do ar químico Manutenção do sistema de: níveis inadequados de ruído Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde biológico (periodicidade/ radioativo ano) 6 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias taxas inadequadas de umidade Despesas com a saúde acidentes devido às doenças ocupacionais Programas de sonoro climatização relacionadas Educação Ambiental outros luminação N. de acidentes com relacionados a ruídos ar exposição a aerossóis e à qualidade do ar Teor de umidade Emissão de calor pelos equipamentos Manutenção dos N. de acidentes com exposição a (indoor e outdoor) geradores (fontes fixas) Equipamentos de proteção vapores químicos Programa de (periodicidade/ ano N. de reclamações sobre poluição do Educação continuada n. processos/dia/ mês/ano ar em Biossegurança quantidade material processado N. reclamações ruído Constituição de Comissões Internas em função: de Biossegurança e de Gestão capacidade equipamentos área de produção Ambiental obras Investimentos em outras atividades Campanhas informacionais de conscientização TEMA - ÁGUA Força Motriz Pressão Estado Exposição Efeito Ação Força de Volume de água consumida: Qualidade da água N. de trabalhadores Taxa de incidência de N. unidades com licenciamento dos reservatórios: expostos doenças de ambiental contaminação da veiculação hídrica Programa de manutenção predial trabalho n. de reservatórios; Ambiente volume dos reservatórios construído: consumo de água por prédio cor, turbidez, água (hepatite, cólera, (infra-estrutura sanitária - água, esgoto e - unidades consumo de água por unidade nitrogênio N. trabalhadores leptospirose diarréia reservatórios) e de produtivas consumo faturado por setor/ amoniacal, nitrito, que trabalham na etc) equipamentos nitrato e fosfato, ETE Taxa de absenteísmo Reuso e combate desperdícios e perdas/ relacionado a consumo faturado (m3/ doenças de dia) - unidades prédio DBO, OD, pH, administrativas consumo total faturado coliformes fecais, N. de pessoas - unidades % perda física e/ou outros expostas à a Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 7 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias assistenciais Volume e freqüência de poluentes contaminação veiculação hídrica Investimento no monitoramento de - unidades abastecimento de água biológicos e DA ÁGUA. N. de licenças qualidade da água distribuída e do esgoto laboratoriais coleta esgoto/ efluentes: químicos médicas por doenças lançado - outras n. prédios sem conexão à rede Qualidade dos de veiculação hídrica Programa de combate a perdas físicas e unidades n. prédios sem ligação a ETE materiais dos N. de acidentes e/ou desperdício de água volume total de esgoto (m3/ano) reservatórios incidentes com Constituição de Comissões Internas de Manutenção derramamento de Gestão Ambiental e ano) (periodicidade/ substâncias químicas, Biossegurança Investimentos em Manutenção da rede de esgoto ano): biológicas ou Campanhas informacionais de volume de esgoto não tratado (m3/ (S/N) reservatórios radioisótopos no conscientização Existência de tratamento de ETEs/ETDIs esgotamento Programa de Educação Efluentes domésticos e sistema de sanitário. Ambiental em relação à água e esgoto industriais (S/N) abastecimento de Despesas com saúde Tipo de tratamento Disposição final de efluente (rio/rede) água devido a doenças de pré-tratamento veiculação hídrica. primário secundário Descarga acidental/ ilegal de efluentes sistema de nos recursos esgotamento N. reclamações por hídricos sanitário contaminação da Estações de Tratamento de Esgoto n. de descargas ilegais água (ETE) e Estações de Tratamento de n. descargas acidentais N. de galões de água Despejos Industriais adquiridos/ mês/ (ETDIs): unidade N. de ETEs/ETDIs % de prédios ligados à ETE % de unidades produtivas ligadas à ETDIs Capacidade da ETE/ ETDI (m3/dia) Volume tratado (m3/dia) Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 8 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias TEMA - SOLO Força Motriz Pressão Estado Exposição Efeito Ação Força de Ocupação Contaminação N. de trabalhadores Existência ou proliferação de insetos Revisão e atualização trabalho área ocupada do solo por que manuseiam roedores do Plano Diretor Ambiente % de ocupação agentes resíduos: N. áreas contaminados Investimento na químicos, por armazenamento conservação das áreas verdes Programa de manutenção predial e construído: Quantidade de - unidades resíduos gerados químicos biológicos, irregular de resíduos produtivas (ton, kg, litros, ou biológicos e perfurocortantes e Alteração - unidades m3/dia/semana/ radioativos radioativos estabelecido no Plano de Gerenciamento de administrativas mês/ ano/prédio/ % área verde/ N. de pessoas Plano Diretor do Campus (S/N) Resíduos - unidades unidade ambiente expostas a resíduos N. reclamações devido a: assistenciais geradora): construído poluidores: - unidades químico, Estado laboratoriais radioativo, (condições) do - outras biológico, ambiente unidades perfurocortante e construído comum do uso do solo armazenamento temporário de resíduos proliferação de vetores (insetos e roedores) descarte inadequado de resíduos Existência de Taxa de incidência de tratamento doenças devido à interno e externo manipulação de resíduos: de equipamentos sistema de tratamento de resíduos monitoramento do descarte de resíduos monitoramento do tratamento interno dos resíduos coleta seletiva e na reciclagem dos resíduos construção de um centro de compostagem de resíduos comuns tipo de tratamento interno e externo de resíduos? doenças infecciosas dado aos resíduos gerados (S/N) doenças respiratórias (por tipo de resíduo) Percentual de distúrbios dermatológicos N. áreas destinadas ao resíduos não distúrbios neurológicos Armazenamento temporário de resíduos tratados (por tipo distúrbios psicológicos Investimentos em programas de Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias de resíduo) incidência de tumores prevenção de acidentes % de resíduos outras doenças ou Programas de incinerados (por distúrbios Educação Ambiental e tipo de resíduo) Taxa de absenteísmo de Biossegurança Nível de relacionado às doenças Constituição de Comissões Internas de adensamento relacionadas Biossegurança e de (proximidades de N. de licenças médicas Gestão Ambiental unidades não por doenças ocupacionais Investimentos em campanhas respeitando a relacionadas informacionais de conscientização estrutura Despesas com saúde devido a hidrogeológica do doenças ocupacionais relacionadas solo) N. de acidentes e de incidentes devido à manipulação de resíduos 9 Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 10 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias 2. As Doenças e o meio ambiente Transmissíveis por vetores Não Transmissíveis DOENÇAS TRANSMITIDAS AO HOMEM POR VETORES Malária É uma doença transmitida pela picada da fêmea do mosquito anofelino (Anopheles darling) contaminada pelo parasita da malária (Plasmodium sp), também conhecida como paludismo ou impaludismo, maleita, e outros nomes populares. Pode, também, ser adquirida pelo homem por transfusão de sangue contaminado ou uso de seringas contaminadas. Principais Sintomas: • Febre, calafrios, suores, delírios, tremores e ranger de dentes devido à repentina elevação da temperatura corporal são sintomas comuns. • Com o agravamento da doença surgem dores de cabeça, náuseas e vômitos. Os lábios ficam arroxeados, podendo ocorrer convulsões e anemia. • Caso não haja tratamento adequado e rápido podem surgir problemas mais graves em outros órgãos como rins, pulmões e fígado, podendo levar a morte. Como Prevenir? • através de medidas de saneamento como aterro e drenagem de água represada, visando a redução e a eliminação de criadouros do mosquito, bem como o uso de telas nas janelas e mosquiteiros. • As pessoas que forem visitar as regiões onde ocorre a doença devem, antes de viajar, procurar se informar sobre as medidas preventivas individuais. Esquistossomose Esquistossomose mansônica é uma doença grave, de evolução lenta, causada por um parasito, o Schistossoma mansoni, que habita uma espécie de caramujo de água doce. Os ovos do Schistossoma mansoni são eliminados através das fezes de pessoas portadoras da doença, lançadas em rios, lagos e remansos onde exista a espécie de caramujo que serve como seu hospedeiro. A transmissão se dá através da penetração do verme na pele e nas mucosas ou pelo consumo de água contaminada. Após atingir a corrente sanguínea, o verme se aloja no fígado e finalmente no intestino, passando a liberar seus ovos através das fezes. Sintomas: • Os primeiros sintomas são: febre, tosse, falta de apetite, moleza no corpo e às vezes, diarréia. • Com o agravamento, surgem sangue nas fezes, prisão de ventre, dores na barriga e tonturas. • O fígado e o baço aumentam causando vômito com sangue. O agravamento da doença pode levar à morte. Prevenção: • Destinação adequada das fezes através de medidas de saneamento básico: fossas sépticas e rede de esgoto. Os dejetos humanos não devem ser lançados diretamente em rios, lagos e lagoas. • As pessoas que trabalham dentro de água suspeita de contaminação devem fazer uso de botas e luvas impermeáveis, reduzindo, assim, o risco de pegar a doença. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 11 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias • Antes de realizar atividades de lazer, tais como, banhos em rios, cachoeiras e lagoas, procurar informação sobre sua possível contaminação. • Evitar beber água de fontes naturais cuja origem seja desconhecida. • Febre Amarela É uma doença grave provocada por vírus e transmitida pela picada de mosquitos. Nas regiões de florestas o mosquito responsável pela transmissão é o Haemagogus e, nas cidades, o Aedes aegypti, o mesmo mosquito transmissor do Dengue. Nas áreas urbanas não tem ocorrido a transmissão da doença. No entanto, esta pode ser trazida para as cidades através de pessoas que se contaminam nas áreas de risco. Com o surgimento do Aedes aegypti nas cidades, a Febre Amarela pode ressurgir no meio urbano. Sintomas: • A Febre Amarela apresenta sintomas que são observados de três a seis dias após a contaminação, e podem ser confundidos com outras doenças tais como Dengue e Leptospirose. • Os sintomas iniciais são: febre, calafrios, dores de cabeça, nas costas, nos músculos, cansaço, enjôo e vômitos. • Em seguida, pode haver uma aparente melhora com a diminuição da febre. Porém, no máximo em dois dias, ocorre o agravamento da doença com sangramentos (nos ouvidos, narinas e gengivas), pele amarela, retenção de urina, extremo cansaço e aumento da febre podendo levar à morte. Portanto, as pessoas que estiveram em regiões com transmissão da doença e que sentirem os primeiros sintomas, devem procurar atendimento médico para notificação às autoridades sanitárias e confirmar o diagnóstico, evitando o agravamento da doença. Prevenção: Tomar a vacina contra a Febre Amarela, preferencialmente 30 dias antes de viajar para as regiões onde ocorre a doença. Como não há ocorrência desta doença nas áreas urbanas, a vacinação é indicada apenas para pessoas que vão se deslocar para áreas de mata, tais como caminhoneiros, lavradores, caçadores, pescadores, praticantes de turismo ecológico e de outras atividades onde seja necessária a penetração em ambientes silvestres. Leishmanioses a) Leishmaniose Tegumentar ou Cutânea ( ferida brava ou de Bauru ) Doença da pele e das mucosas provocada pelo parasito Leishmania brasiliensis e transmitida de animais a seres humanos e outros animais sadios pela picada do mosquito palha (flebótomo) contaminado. Esta doença pode causar deformações principalmente no nariz e na boca, e feridas na pele que dificilmente cicatrizam. As pessoas que estão mais sujeitas a contrair a doença são aquelas que vivem ou trabalham nas proximidades de matas onde existe o mosquito transmissor. Sintomas: • Inicialmente podem aparecer “ínguas” e ferida no local da picada do inseto. Podem surgir feridas em outras partes do corpo, inclusive nas mucosas. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 12 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias • Caso surjam estes sintomas, é necessário o atendimento médico para diagnóstico e tratamento adequado, evitando o avanço da doença b) Leishmaniose Visceral (calazar) É uma doença que afeta todo o organismo caracterizada por febre de longa duração, aumento do baço, emagrecimento, anemia e fraqueza progressivas. Pode levar à morte se não houver tratamento adequado. Em muitos casos, as pessoas contaminadas não apresentam sintomas, podendo, no entanto, desenvolver a doença ao longo da vida. Prevenção: • Uso de mosquiteiros, telas finas em portas e janelas. • Uso de repelentes e de calças e camisas de mangas compridas. • Construção de casas a uma distância mínima de 200 metros de matas e florestas, e também afastados de currais, galinheiros e plantações de banana. • As pessoas que praticam turismo em áreas de matas e florestas devem buscar informações sobre as localidades onde há transmissão da doença. • Leptospirose A Leptospirose é uma doença causada por uma bactéria chamada leptospira. Esta bactéria é eliminada pela urina de alguns animais, sendo o rato o principal responsável pela transmissão nas áreas urbanas. A urina deste animal contamina a água, os alimentos, o solo, os esgotos e os locais onde vive. A doença, que pode ser grave, é transmitida aos seres humanos através da penetração da bactéria através da pele e das mucosas (boca, narinas, olhos, etc.) em contato com águas ou lama contaminadas, em ocasião de enchentes. Casos de Leptospirose podem ocorrer em qualquer época do ano, de maneira pouco freqüente, mesmo na ausência de chuvas e enchentes. As pessoas que correm mais perigo são aquelas que vivem à beira de córregos e em locais onde haja ratos contaminados, lixo e também, aquelas que trabalham na coleta de lixo, em esgotos, plantações de cana-deaçúcar, de arroz, etc. Sintomas: • Os primeiros sintomas são: fraqueza, dor no corpo, dor de cabeça e febre, sendo que, às vezes, a doença é confundida com uma gripe ou outras viroses. Com o aumento da febre podem ocorrer calafrios, vômitos, mal-estar, dor na batata das pernas (panturrilhas), fortes dores na barriga e também o aparecimento de cor amarelada na pele (icterícia). • O agravamento da doença pode provocar diminuição ou ausência da produção da urina (insuficiência renal), problemas respiratórios, hemorragias e confusão mental, podendo levar à morte. Prevenção: • Colocar o lixo doméstico em sacos plásticos, mantendo-o distante de casa e do chão, até seu recolhimento pelo lixeiro ou outra destinação adequada. • Não acumular entulhos nos quintais, pois os ratos se escondem nestes locais. • Manter terrenos baldios e margens de córregos limpos e desmatados. • Manter as caixas d’água, ralos, fossas, caixas de esgoto, etc, sempre bem tampadas e vedadas, impedindo a entrada de ratos. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 13 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias • Eliminar o máximo possível as chances dos ratos se alojarem em buracos de paredes, rodapés, vãos de telhados, etc. • Sempre que possível, evitar o contato direto com água ou lama de enchentes, esgotos ou outros locais de risco. Nessas situações, usar luvas, botas ou outros tipos de proteção, como sacos plásticos amarrados nos pés e nas mãos. • Usar água sanitária ou cloro misturado em água para limpeza geral, principalmente nos locais que sofrem inundações. • Toxoplasmose A Toxoplasmose é uma doença que afeta os mamíferos (inclusive seres humanos) e aves; é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. O ser humano adquire a doença comendo carnes ou vísceras mal cozidas contendo o parasita, verduras mal lavadas e contaminadas pelo parasita eliminado pelas fezes de gatos. O gato contrai a infecção comendo carnes cruas, ratos ou pássaros contaminados. A toxoplasmose, em mulheres grávidas, representa um grande perigo, pois a doença pode ser transmitida ao feto através da placenta. Neste caso, é de fundamental importância que procurem um médico para detectar a doença e fazer o tratamento adequado. Sintomas: • No início da doença os sintomas não são percebidos facilmente, podendo, entretanto, ocorrer febre e o aparecimento de ínguas. • Em um segundo estágio da doença, o parasita se aloja nos músculos e em órgãos tais como: pulmão, coração, fígado e cérebro, causando, neste momento, os primeiros danos à saúde. Esta doença é um problema de Saúde Pública. Para a saúde humana, pode ter como conseqüência lesões oculares, neurológicas e sistêmicas que resultam em perda de visão, retardo mental, má formação congênita (crianças nascidas com deformações) e abortos. Para pessoas com defesa imunológica diminuída, como transplantados e doentes com Aids, por exemplo, a Toxoplasmose pode ser fatal. Prevenção: • Comprar alimentos crus (carnes e verduras) em estabelecimentos com boas condições de higiene e limpeza. • Lavar as mãos antes das refeições e de preparar os alimentos. • Comer carnes sempre bem cozidas. • Evitar que os gatos tenham acesso a áreas de recreação infantil onde haja terra ou areia. • As gestantes devem se submeter, durante o pré-natal, ao exame para detecção da Toxoplasmose Raiva (Hidrofobia) É uma doença causada por um vírus (Lyssavírus) e transmitida entre os mamíferos pela saliva de animais doentes. Ocorre através da mordida ou arranhadura e lambedura de mucosas (boca, por exemplo) e pele com ferimento. Os seres humanos são geralmente contaminados através da mordida de cães e gatos doentes. Os morcegos são importantes transmissores pela sua capacidade de locomoção e acesso a diferentes lugares, tais como casas muradas, andares altos, etc. No meio rural é freqüente a transmissão da raiva a bois e cavalos pelos morcegos. Os animais silvestres (raposa, gato do mato, etc.) doentes podem transmitir a doença a cães. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 14 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Sintomas: • Existem duas formas de manifestação da doença em animais. Os bovinos apresentam como sintomas principais, paralisia das patas traseiras e da cauda, e problemas no sistema nervoso causando o bamboleio e o andar em círculo, morrendo em seguida. • Nos cães e gatos observa-se inicialmente uma mudança de comportamento, quando podem tornar-se inquietos e agressivos atacando objetos reais ou imaginários, não reconhecendo o dono. Também podem se tornar apáticos, apresentando dificuldade de comer e beber, latido diferente e saliva abundante. Em seguida, sofrem paralisias que os impedem de andar (patas traseiras, principalmente) podendo levá-los à morte. Prevenção: • Cães e gatos devem ser vacinados anualmente, a partir de dois meses de idade e mantidos longe das ruas. • Ao sair com cães de estimação, leve-os presos a coleiras. • Tomar cuidado ao se aproximar de cães e gatos desconhecidos, evitando alimentar e tocar em animais de rua. • Em caso de sofrer agressão (mordida, arranhão, etc.) ou ter contato com animal suspeito, deve-se lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico para orientação e tratamento, se necessário. • O animal agressor deve ser mantido vivo, preso, no domicílio ou canil durante dez dias. Após este período, caso o animal não apresente os sintomas de raiva, poderá ser liberado. DOENÇAS NÃO TRANSMITIDAS POR VETORES Enfermidades Não-Transmissíveis (ENT) Existe um consenso geral sobro o fato de que as ENT são a causa principal de mortalidade e incapacidade prematura na maioria dos países de nosso continente, incluindo o Brasil. Nesse sentido, considera-se que as principais ENT de importância em saúde pública são: 1º) as doenças cardiovasculares, 2º) o câncer, particularmente o cérvico-uterino e o de mama em mulheres e de estômago e pulmão nos homens, e em 3º) o Diabetes Mellitus. São também doenças não transmissíveis: Doenças endócrinas e metabólicas; doenças neuropsiquiátricas; desordens de órgãos dos sentidos; doenças respiratórias crônicas; doenças do aparelho digestivo; doenças genito-urinárias; doenças da pele; doenças músculo-esqueléticas; anomalias congênitas; doenças ocupacionais; etc. 3. Saneamento, Vigilância Sanitária e Epidemiologia Saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-estar físico, mental e social. (conceito da OMS) Até o final da década de 70, Saneamento era entendido como as atividades de água e esgotos. Com isso, era denominado de Saneamento Básico. Hoje, Saneamento é entendido de uma forma mais abrangente e não somente levando em consideração às ações de água e esgotos, surgindo assim, o que se chama de Saneamento Ambiental e que explicita melhor a definição da OMS. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 15 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Saneamento Ambiental: é o conjunto de ações e/ou atividades sócio-econômicas com o fim maior de propiciar às populações salubridade ambiental, fazendo-se uso de sistemas de abastecimento de água, de sistemas de esgotos, de coleta e disposição final do lixo, de drenagem das águas pluviais, do controle de vetores, do controle de poluição dos cursos de água e do ar e do controle da produção de ruídos. A importância do Saneamento para a saúde: A maioria dos problemas sanitários que afetam a população mundial está intrinsicamente relacionadas com as condições inadequadas de saneamento. Mais de 1 bilhão dos habitantes da Terra não têm acesso a habitação segura e os serviços básicos de saneamento, como: água potável, esgotamento sanitário , coleta de lixo e drenagem urbana. A falta dessa infra-estrutura além dos riscos para a saúde , são fatores que contribuem para a degradação do meio ambiente. No Brasil as doenças resultantes da inadequação de saneamento, particularmente nas áreas mais pobres, têm agravado o quadro epidemiológico, com males como cólera, dengue, esquistossomose e leptospirose. Principais doenças causadas por deficiência de saneamento Feco-orais não bacterianas – Poliomielite, Hepatite tipo A, Disenteria amebiana, Diarréia por virus; Feco-orais bacterianas - Febre tifóide e paratifoide, Diarréia e disenteria bacterianas (cólera); Higiene pessoal e falta de água – Infecção na pele e nos olhos (tracoma piolhos e escabiose); Insetos e vetores - Filariose, Leptospirose, Amebíase, Hepatite, Esquistossomose, Malária, Febre amarela, Dengue, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica, Vigilância Ambiental e Vigilância à Saúde Conceito – vigiar é ficar atento, precavido, diligente. A vigilância em saúde é uma árdua tarefa atribuída a vários setores, principalmente os ligados aos problemas sanitários, controle de agravos ou doenças e aos fatores ambientais. Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo: o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde. Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 16 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Entende-se por Vigilância ambiental um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos e das doenças ou agravos relacionados à variável ambiental. A Vigilância à Saúde reúne toda a estrutura disponível de conhecimento, equipamentos, tecnologia e rede de informações no sentido de prevenir os riscos à saúde, controlar as doenças e tomar todas as medidas necessárias para resolver os problemas que venham causar danos à saúde da população. Noções Básicas sobre: Prevenção dos fatores de riscos e agravos ao ambiente Controle dos fatores de riscos e agravos ao ambiente Fatores de Risco – Apresentação da FUNASA Sistemas de Vigilância e informação em Saúde ambiental: Vigiar Vigiágua 4.3.2.1 Sisagua Vigisolo Outros Sistemas SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE VIGIAR - Vigilância em Saúde de Populações Expostas à Poluição do Ar. O VIGIAR tem como objetivo a promoção da saúde da população exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmosféricos. Seu campo de atuação prioriza as regiões onde existam diferentes atividades de natureza econômica ou social que gerem poluição atmosférica de modo a caracterizar um fator de risco para as populações expostas, denominadas Áreas de Atenção Ambiental Atmosférica de interesse para a Saúde. Os objetivos específicos de sua atuação são: 1. Prevenir e reduzir os agravos à saúde da população exposta aos fatores ambientais relacionados aos poluentes atmosféricos; 2. Avaliar os riscos à saúde decorrente da exposição aos poluentes atmosféricos; 3. Identificar e avaliar os efeitos agudos e crônicos decorrentes da exposição aos poluentes atmosféricos; 4. Estimular a intersetorialidade e interdisciplinaridade entre os órgãos que possuam interface com a saúde no que diz respeito às questões de qualidade do ar; 5. Subsidiar o setor Ambiental na formulação e execução de estratégias de controle da poluição do ar, tendo em vista a proteção da saúde da população; 6. Fornecer elementos para orientar as políticas nacionais e locais de proteção à saúde da população frente aos riscos decorrentes da exposição aos poluentes atmosféricos. Obs.: implantado no Município de Aracaju VIGIÁGUA - Vigilância Ambiental em Saúde relacionada à Qualidade da Água para Consumo Humano Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 17 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias VIGIAGUA - consiste em desenvolver ações contínuas para garantir à população o acesso à água de qualidade compatível com o padrão de potabilidade estabelecido na legislação vigente, para a promoção da saúde. Os objetivos específicos de sua atuação são: 1. Reduzir a morbimortalidade por doenças e agravos de transmissão hídrica, por meio de ações de vigilância sistemática da qualidade da água consumida pela população; 2. Buscar a melhoria das condições sanitárias das diversas formas de abastecimento de água para consumo humano; 3. Avaliar e gerenciar o risco à saúde das condições sanitárias das diversas formas de abastecimento de água; 4. Monitorar sistematicamente a qualidade da água consumida pela população, nos termos da legislação vigente; 5. Informar a população sobre a qualidade da água e riscos à saúde; 6. Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e mobilização social; e 7. Coordenar o Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água (Sisagua). Obs.: implantado na Secretaria de Estado da Saúde e no Município de Aracaju SISAGUA - Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano - tem o objetivo de coletar registrar, transmitir e disseminar os dados gerados rotineiramente, provenientes das ações de vigilância e controle da qualidade da água para consumo humano. A produção dessas informações é fundamental para nortear as decisões e o direcionamento das práticas da vigilância em todos os níveis do SUS (Portaria MS nº. 1.469/2000). O SISAGUA está dividido em três módulos: 1. Cadastro: formação do banco de dados de todos os sistemas de abastecimento de água e das soluções alternativas coletivas e individuais; 2. Controle: alimenta o sistema com informações do monitoramento da qualidade da água realizado nos sistemas e soluções alternativas coletivas de abastecimento. Essas informações deverão ser fornecidas e encaminhadas mensalmente, trimestralmente e semestralmente às Secretarias Municipais de Saúde, para propiciar a prática da vigilância; 3. Vigilância: o resultado das análises de vigilância da qualidade da água para consumo humano realizadas pelo setor saúde é notificado pelo sistema. VIGISOLO - Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado VIGISOLO consiste em desenvolver ações de promoção da saúde ambiental, e de prevenção e controle dos fatores de risco relacionados às doenças e outros agravos à saúde decorrentes da contaminação no solo por substâncias químicas. Os objetivos específicos de sua atuação são: 1. Identificar e priorizar áreas com populações expostas a solo contaminado; 2. Coordenar e estimular ações intra-setoriais entre as áreas de vigilância em saúde ambiental, epidemiológica, sanitária, saúde do trabalhador, atenção básica e laboratórios públicos, entre outras; 3. Realizar articulação com os órgãos ambientais, entre outros, no controle e fiscalização de atividades ou empreendimentos causadores ou potencialmente causadores de degradação ambiental, com vistas à prevenção e controle da contaminação de solos; 4. Desenvolver e implementar metodologia de avaliação de risco a saúde humana; 5. Desenvolver sistema de informação de vigilância em saúde em áreas com populações expostas a solo contaminado; Capacitar profissionais para atuação na área de vigilância em saúde relacionada a populações 6. expostas a solo contaminado; Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 18 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias 7. Informar a sociedade sobre os riscos decorrentes da exposição humana a solo contaminado; 8. Apoiar o desenvolvimento de ações de educação em saúde e mobilização social; Apoiar o desenvolvimento de pesquisas. 9. Obs.: implantado no Município de Aracaju O VIGIDESASTRES integra a Comissão de Desastres do Ministério da Saúde, regulamentada pela Portaria Interministerial Nº. 372 de 10 de março de 2005, e tem o objetivo de desenvolver ações de vigilância ambiental em saúde relacionadas a enchentes, secas, deslizamentos e incêndios florestais. A prevenção visa a minimizar os danos à saúde das populações atingidas e alertar as unidades locais de atendimento. VIGIQUIM - Programa Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental relacionado às Substâncias Químicas, em fase de implantação pelo Ministério da Saúde, com a coordenação da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), por intermédio do Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (SINVSA), tem o objetivo central de identificar, caracterizar e monitorar as populações expostas às substâncias químicas. Dentro do programa foram selecionadas cinco substâncias, classificadas como prioritárias, devido aos riscos à população: asbesto/amianto, benzeno, agrotóxicos, mercúrio e chumbo. Dentre os grupos de risco prioritários, expostos a esses contaminantes, destacam-se os trabalhadores e as comunidades que residem no entorno de áreas industriais. VIGIAPP - Subsistema Nacional de Vigilância Ambiental em Saúde relacionada aos acidentes envolvendo Produtos Perigosos – Caracterização das ameaças, vulnerabilidades e recursos; vigilância da exposição por meio da classificação e priorização das ameaças ou fatores de risco sob o ponto de vista da exposição humana; vigilância dos efeitos: investigação da ocorrência de agravos à saúde humana desde a notificação dos acidentes/emergências/desastres e o acompanhamento, em curto e longo prazo, das populações expostas ou sob risco de exposição nas atividades de extração, transporte, produção, armazenamento, uso e destinação final dos produtos perigosos, e envolve a utilização de indicadores de exposição e de efeitos e a aplicação de inquéritos. VIGIFIS - Sistema de Vigilância em Saúde Ambiental relacionado a Fatores Físicos (emissões de campos eletromagnéticos) que atuaria sob o Princípio da Precaução - o que garante ao subsistema uma postura preventiva aos riscos à saúde humana frente à continuidade do abastecimento dos serviços necessários à sociedade. A sociedade moderna está cada vez mais dependente da utilização da energia elétrica e de meios de telecomunicações - duas fontes emissoras de radiações eletromagnéticas. A evolução tecnológica tem disponibilizado à população e às atividades produtivas e de serviços equipamentos que atendem às mais diversas necessidades. Diagnóstico e terapia medicinais, controle e monitoramento de processos industriais são alguns exemplos de atividades que utilizam equipamentos emissores de radiação. 4. Condições Ambientais e Qualidade de Vida Conceito de qualidade de vida em saúde Condicionantes e determinantes da qualidade de vida Instrumentos de medida da qualidade de vida em saúde. Textos: Saúde e Qualidade de Vida – Sílvio Fernandes Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 19 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Qualidade de Vida e Saúde – Maria Cecília Minayo 6. Diagnóstico da situação da saúde em sua interface com o ambiente 6.1No Brasil 6.2Em Sergipe SITUAÇÃO DA SAÚDE EM SERGIPE Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Tuberculose (Infecção contagiosa causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), que ataca o homem e os animais em várias partes do organismo, especialmente os pulmões. Sergipe possui três municípios prioritários, que têm cobertura de 95,2% do Programa de Controle da Tuberculose (PCT) implantado e 100% de implantação da estratégia de tratamento supervisionado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, em 2005 698 casos novos de tuberculose foram registrados no Sinan. As incidências foram de 35,5/100 mil hab. Para tuberculose em todas as formas e de 23,0/100 mil hab. para casos bacilíferos. A coorte de tratamento, considerando os casos diagnosticados em 2005 nos municípios prioritários, mostrou uma cura de 73,5%. O abandono foi de 8,2%; óbitos de pacientes, 7,2%. Hanseníase (Doença contagiosa, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae), que provoca diversas feridas na pele e lesões em nervos periféricos ; LEPRA No período de um ano houve incremento de 16,28% de unidades (200 unidades) que fazem diagnóstico e tratamento de hanseníase. Foram diagnosticados 471 casos novos em 2006. Desse total, 301 estão em curso de tratamento. Dos casos novos diagnosticados: ■ 58 (8,06%) acometiam menores de 15 anos; ■ 13 (3,40%) apresentavam, no momento do diagnóstico, incapacidade física severa; ■ 192 (40,76%) eram formas avançadas da doença. O percentual de cura no estado foi de 80,05% em 2006. Sergipe possui um município prioritário para a hanseníase: Aracaju. 66,69% da população do estado residem em municípios com mais de cinco casos de hanseníase. Dengue (Doença infecciosa transmitida por vírus, contraída pelo homem por picada de mosquito, esp. o Aedes aegypti, e caracterizada por febre alta, dores, fadiga etc. Dos 75 municípios de Sergipe, 12 (16,0%) são prioritários para o Programa Nacional de Controle da Dengue: Aquidabã, Aracaju, Barra dos Coqueiros, Estância, Itabaiana, Itaporanga d’Ajuda, Lagarto, Laranjeiras, Maruim, Nossa Senhora do Socorro, Propriá e São Cristóvão. Esses municípios concentram 57,20% da população do estado. De acordo com os dados do Boletim da Dengue (SE nº 52), no ano de 2006 foram registrados 2.309 casos, o que representou aumento de 38,60% quando comparados com o mesmo período de 2005 (1.666 casos). Nesse mesmo período, não foi registrado caso de febre hemorrágica da dengue (FHD). Na região Nordeste, Sergipe foi o estado com menor número de casos. Doenças sexualmente transmissíveis / Aids Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 20 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Até dezembro de 2005, foram notificados 1.578 casos de aids (1.100 homens e 478 mulheres). Os municípios do estado que apresentaram os maiores números de casos de aids acumulados até 2005 foram (casos acumulados/taxa média de incidência de 2000 a 2005 por 100 mil hab.): ■ Aracaju (764/13,5); ■ Nossa Senhora do Socorro (143/10,6); ■ Itabaiana (91/9,2); ■ Lagarto (56/4,4); ■ Estância (54/6,9). A taxa de mortalidade (por 100 mil hab.) por aids no ano de 2005 foi de 2,7 óbitos. Foram notificados 49 casos de transmissão vertical do HIV até 2005. Em relação à sífilis congênita, o estado notificou entre os anos de 1998 e 2005 um total de 353 casos em menores de um ano de idade. A taxa de incidência (por mil nascidos vivos) de sífilis congênita no ano de 2005 é de 2,0 casos. Até 2005 foram registrados três óbitos por sífilis congênita no estado. Doenças transmitidas por vetores e antropozoonoses. Esquistossomose - A transmissão é endêmica em 51 dos 75 municípios. A prevalência do estado em 2005 foi de 13,0% em 2.367 pessoas examinadas. A doença está estabelecida nos municípios das Zonas da Mata e do Litoral. A média anual de internação, no período de 2001–2005 foi de 31, com redução da taxa de internação por 100 mil hab., de 2,09 em 2001 para 1,58 em 2005. O número médio de óbitos no período de 2000–2004 foi de nove, com aumento na taxa de mortalidade por 100 mil hab. de 0,44 em 2000 para 0,68 em 2004. Raiva - No período de 2002 a 2006, foram notificados 24 casos de raiva canina e felina, quatro em raposas e um de raiva humana transmitida por cão, em 2005. Sem casos de raiva humana em 2006. Tracoma (Infecção contagiosa nos olhos, caracterizada por fotofobia, lacrimejo, secreção purulenta etc.) No estado de Sergipe, dados do inquérito epidemiológico realizado em 2004 revelam taxas de prevalência média de tracoma de 5,84%. Foram examinados escolares de 53 municípios, com taxas de detecção variando de zero caso a 28,21%. Municípios com taxa de detecção maior que 10% de tracoma: Arauá, Areia Branca, Boquim, Itabaiana, Lagarto, Maruim, Ribeirópolis e Riachão dos Dantas. Leishmanioses No ano de 2005, Sergipe registrou 10 casos de leishmaniose tegumentar americana, com coeficiente de incidência de 0,5 caso por 100 mil habitantes e percentual de cura clínica de 70%. Com relação à leishmaniose visceral, foram registrados 43 casos, com coeficiente de incidência de 2,2 casos por 100 mil habitantes, representando um aumento de, aproximadamente, 39% no número de casos confirmados quando comparado com o ano anterior. A letalidade foi de 11,6% e o percentual de cura clínica, 74,4%. O município de Aracaju correspondeu a 32,6% do total de casos do estado. Leptospirose No período de 2001 a 2006 foram confirmados 181 casos, com 34 óbitos (letalidade de 18,8%. Faz-se importante incentivar os serviços para a suspeita e tratamento precoces, bem como a notificação de todos os casos suspeitos. Outras doenças transmissíveis Doenças transmitidas por alimentos – DTA Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 21 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias No período de 1999 a 2006, o estado de Sergipe notificou 20 surtos de DTA. Desses, 35% ocorreram em residências. Febre tifóide (Nome de várias doenças infecto contagiosas causadas por microrganismos do gênero Rickettsia e que leva à prostração, febre alta e manifestações cutâneas; RIQUETSIOSE. O estado apresentou baixa produção de casos no período de 2002 a 2006. Rubéola (Doença infecciosa e contagiosa, causada por vírus, que provoca febre, faringite, artralgia, etc., e erupções na pele, deixando-a avermelhada; SARAMPO ALEMÃO Em Sergipe, o percentual de municípios com cobertura vacinal adequada em 2006 foi de 82,67%. Houve redução na transmissão da rubéola e dois casos foram confirmados. Em relação à síndrome da rubéola congênita (SRC), nenhum caso foi confirmado em 2006. Sarampo (Infecção contagiosa causada por vírus, que provoca erupção cutânea Em Sergipe, a meta estabelecida, durante o período, para os indicadores epidemiológicos do sarampo foi atingida. De 2000 a 2005 foram notificados 224 casos suspeitos de sarampo, sem nenhuma confirmação Tétano - Moléstia infecciosa grave causada pelo bacilo Clostridium tetani, que invade o organismo através de ferimentos na pele e atinge o sistema nervoso central, ocasionando contraturas musculares Tétano neonatal – TNN (Tétano causado por infecção da ferida após o corte do cordão umbilical. De 2000 a 2006 Sergipe notificou um caso com desfecho de cura, a mãe apresentou esquema vacinal incompleto. Nos últimos seis anos não há notificação de casos. Vigilância em saúde ambiental Solo No estado de Sergipe foi identificada e categorizada uma área no município de Aracaju com população exposta a solo contaminado. Água No estado do Sergipe, 69 municípios (92%) alimentaram dados no Sisagua em 2006. Em relação à qualidade da água analisada nos sistemas de abastecimento de água, foram registrados no Sisagua os seguintes percentuais de conformidade com o padrão de potabilidade: cloro residual livre, 55%; turbidez, 96%; e coliformes totais, 36%. Emergências epidemiológicas Núcleos hospitalares de epidemiologia – NHE O Ministério da Saúde institui em 2004 o Subsistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em âmbito hospitalar, com o objetivo de ampliar a detecção, notificação e investigação de doenças de notificação compulsória e outros agravos emergentes. Em Sergipe, um hospital aderiu ao subsistema. O núcleo hospitalar de epidemiologia foi implantado no Hospital da Universidade Federal de Sergipe. Monitoramento e investigação de surtos Em 2006 foram monitorados 191 surtos ou emergências em saúde pública no Brasil. Não correram surtos no estado. Agravos e doenças não transmissíveis Evolução da mortalidade por doenças não transmissíveis, 1996 a 2005 Em 2005, as doenças do aparelho circulatório, as neoplasias, as doenças endócrinas e as causas externas representaram 66,2% do total de óbitos por causas conhecidas em Aracaju, 66,6% em Sergipe. Faculdade Atlântico - Pós-Graduação em Educação Ambiental Disciplina : Meio Ambioente e Saúde 22 Profa. Msc. Marta Cristina Vieira Farias Deve-se considerar o alto percentual de óbitos por causas mal definidas no estado 9,5%. Aracaju teve 4,7% de óbitos por causas mal definidas em 2005. Doenças do aparelho circulatório – DAC Em 1996, as taxas foram, para o estado e capital respectivamente, 202,7/100 mil e 382,2/100 mil; e em 2005, de 347,4/100 mil e 397,3/100 mil. Diabetes (doença caracterizada por excessiva secreção de urina, distúrbio do metabolismo dos açúcares, hiperglicemia, com ou sem glicosúria). Aracaju apresenta oscilação da curva da doença entre 1996 (112,0/100 mil) e 2005 (148,7/100 mil). O estado tem aumento da taxa de mortalidade por diabetes, que em 1996 foi de 49,3/100 mil e em 2005, de 128,0/100 mil. Neoplasias (Processo patológico de proliferação celular, que resulta em tumor benigno ou maligno; câncer.) O estado e a capital apresentam grande oscilação na curva de mortalidade por câncer de colo uterino. Em 2005, a taxa é de 14,0/100 mil para Sergipe e 13,3/100 mil para Aracaju O percentual de óbitos classificados como porção não especificada do útero no estado de Sergipe, em 2005, é de 27,6%. Evolução da mortalidade por acidentes de transporte e violência, 1996 a 2005 Dos óbitos por causas conhecidas, as causas externas foram a terceira causa de morte em Aracaju (14,0%), Sergipe (14,7%) e no Brasil (14,2%); e segunda causa no Nordeste (15,5%), em 2005. Acidentes de trânsito Tanto a capital quanto o estado mostram oscilação de suas taxas entre 1996 (capital – 22,2/100 mil e estado – 20,8/100 mil) e 2005 (capital – 19,3/100 mil e estado – 20,6/100 mil). Agressões (homicídios) As tendências das curvas são de aumento para a capital (1996 – 20,7/100 mil e 2005 – 31,6/100 mil), o estado (1998 – 11,0/100 mil e 2002 – 31,1/100 mil).