O envelhecimento do precipitado

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O envelhecimento do precipitado
Aula: 08
Temática: O envelhecimento do precipitado
Ao final desta aula você deve estar ciente de toda a importância do processo de envelhecimento de um precipitado
para a qualidade de uma análise gravimétrica.
Representação gráfica de um precipitado, demonstrando o núcleo,
as camadas de crescimento e as arestas (ligações entre as fases de crescimento)
Todo precipitado pode ser formado pelos processos que já foram descritos
na aula passada, porém um aspecto deve ser obedecido rigorosamente
para o sucesso de um experimento desta natureza: a insolubilidade do
precipitado.
Imagine a seguinte situação: você faz uma reação de precipitação, num
processo gravimétrico; esta reação consome um tempo na sua vida profissional; no momento da filtração, para extração e incineração do material,
um leve agito do frasco recipiente faz com que o material decantado se
disperse, dissolvendo-se novamente no meio reacional.
Como você se sentiria? O que você faria? Começaria tudo novamente ou
num momento de fúria quebraria todo o laboratório?
Calma!!! Você só precisa aprender a fazer o processo de envelhecimento
do precipitado e, entender para que ele será importante.
O envelhecimento do precipitado, também conhecido como processo de
digestão, tem o intuito de evitar a peptização (fenômeno conhecido vulgarmente como redispersão ou ressolubilização), ou seja, através de fenômenos internos, ocorrerão a maturação ou amadurecimento do precipitado,
fazendo com que ele se torne cada vez mais estável e insolúvel.
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A digestão ocorre por simplesmente deixar este material em repouso, para
que os íons presentes na solução sejam aproveitados ao máximo nas fases de crescimento de formação do precipitado. Isto fará com que ele
aumente de tamanho e se torne mais denso.
A digestão tem dois mecanismos distintos, mas que acontecem no mesmo instante, um conhecido por dissolução de precipitados menores e outro conhecido por dissolução de arestas.
No primeiro caso, com a dissolução de precipitados menores, naturalmente, quando em repouso, as camadas de crescimento dos precipitados tem
uma tendência a se desfazerem, liberando mais íons para o meio reacional.
Com a presença destes íons, não serão formados mais núcleos, pois como
já terão alguns formados estes íons se ligarão aos precipitados que já
possuíam mais camadas de crescimento e não se solubilizaram completamente, isto faz com que ao se formarem novamente, terão tamanho maior
que o inicial, pois existirão mais íons para que isso ocorra. Um precipitado
de tamanho maior é mais facilmente filtrado.
A outra forma disto acontecer é pela dissolução das arestas. Estas arestas
são grupamentos de íons que fazem a ligação entre as fases de crescimento, e ao se dissolverem terão duas importâncias: a primeira de retroalimentar o meio com mais íons, e a segunda, porque possibilita a compactação
do precipitado, dificultando a passagem de solvente por entre as camadas
de crescimento, fazendo com que elas não se solubilizem.
Com o acontecimento destes dois fenômenos, teremos ao fim um precipitado grande e compacto, capaz de não se solubilizar novamente nem por
agitação da solução.
Todos estes fatos que impossibilitam a peptização, promovendo a maturação do precipitado, são bem-vindos na prática.
Porém, nossa preocupação não pára por aqui. Outro fator muito preocupante é a questão de contaminação de um precipitado, que também atrapalha a sua estabilidade, mas isso nós veremos na próxima aula.
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