Mosaicos Sandro Fernandes

Transcrição

Mosaicos Sandro Fernandes
ENQUANTO A
BANDA PASSAR
Sandra Castro
Mosaicos
Carolina Bastos
Battle Rio
BETTINA
DALCANALE
Sandro Fernandes
Nara Figueiredo
TEHÁTOR
SHOW
Juliana Raddar
Allan Zobar
e
02 AllDance Infok
AllDance Infok 03
Cia Dançar a Vida
ENQUANTO A BANDA PASSAR
com sucessos de
Chico Buarque de Hollanda
A estréia da temporada foi em março último no Metrô, Estação Estácio. E com o sucesso do primoroso trabalho, a Banda já passou
por muitos palcos. A AllDance Infok assistiu quando a Banda passou pelo Centro Coreográfico da cidade do Rio de Janeiro, nos dias
12, 13 e 14 de julho.
ENQUANTO A BANDA PASSAR traz no seu elenco 15 bailarinos
que mandam ver em cena enquanto representam coreograficamente a obra musical do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda. Essa galera faz a banda passar com muito primor!
Acreditando que a cultura pode transformar uma sociedade, investir
na preservação, memória e difusão das artes é uma atitude da Cia
Dançar a Vida, que nasceu com o projeto social de mesmo nome
criado em 1999 por Nelma Darzi, professora e diretora artística da
Escola de Dança Petite Danse, que oferece qualificação profissional em dança para crianças e adolescentes de comunidades carentes.
Inspirado na canção “A Banda”, e trazendo tantas outras do artista,
o espetáculo emocionou e tocou os corações, tanto dos mais velhos quanto dos jovens que o assistiram – acreditamos que tenha
sido assim também durante as demais exibições da temporada,
cujas apresentações gratuitas aconteceram em teatros, praças, lonas, escolas públicas e centros culturais.
“O espetáculo pretende conduzir para uma reflexão a respeito
das coisas simples da vida, inspirado principalmente na música ‘A
Banda’ que por sua simplicidade conseguiu conquistar pessoas de
todas as gerações”, orienta Nelma Darzi, que divide a direção artística do espetáculo com Rodrigo Cabral.
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Ao final de cada apresentação, o elenco promoveu um bate-papo
com a platéia que interagiu e trocou idéias com os bailarinos.
“Mas para meu desencanto o que era doce acabou / Tudo tomou
seu lugar depois que a banda passou...”
Pois bem, quem viu, viu. Quem não viu, estava à toa na vida.
O espetáculo encerrou temporada no dia 14 de julho no teatro do
Centro Coreográfico do Rio de Janeiro.
O repertório do espetáculo com as músicas que marcaram a história da música popular brasileira na ordem de apresentação: A
Banda, orquestrada (abertura) / A Banda, instrumental / Mambembe, instrumental / Terezinha, voz / Quem te viu, quem te vê, instrumental / A Banda, violão solo / Tanto Amar, voz / Valsinha, voz
/ O que será, instrumental / Noite dos Mascarados, instrumental /
Mambembe, voz / Vida, voz / Mar e Lua, voz / Olê, olá, instrumental / João e Maria, instrumental / Tanto Mar, instrumental / Flor da
idade, voz / A Banda, voz.
BAILARINOS: Daniel Lack, Diego Lima, Gabriela Sisto,
Gabriela Mattos, Ivan Duarte, Juliana Paiva, Karina Rodrigues,
Letícia Dias, Matheus Souza, Sandro Fernandes, Wesley Rocha
e Yitzhack Davi
ESTAGIÁRIOS: Alyson Gomes, Mariah Loureiro e Diogo Souza
Idealização, Roteiro e Direção Geral: Nelma Darzi e Rodrigo Cabral / Assistência de Direção: Guilherme Darzi /
Coreografia: Edney D’Conti, Luna Ornelas e Sérgio Lobato /
Cenografia: Juliana Werneck e Michel Souza / Bonecos: Michel Souza / Figurinos: Márcia Helena da Cruz e Marilda Fontes / Iluminação: Gil Santos / Operador de Luz: Cristiano
Teodoro / Operador de Som: Felipe Natal / Contra-regra:
Emerson Edis / Pesquisa Musical: Rodrigo Cabral / Direção de Produção: Rodrigo Buas / Coordenação
de Produção: Rubens Kurin / Produção Executiva: João da Hora / Programação Visual: Rodrigo
Cabral e Bruno Singulani / Trilha Sonora: Chico Buarque de Hollanda.
Veja: www.alldanceinfok.com
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EDITORIAL
Primavera se aproximando e a AllDance Infok se colorindo
cada vez mais! Com as cores e luzes dos palcos, salões e
pistas de dança porque, afinal, a celebração maior é sempre
à dança, ao seu mundo e a você, caro leitor. Por isso, preparamos mais esta edição para você curtir e guardar com
muito carinho todos os belos momentos que registramos
nas próximas páginas.
Nesses tempos conturbados de protestos em que estamos
vivendo no Rio e no Brasil, sempre atentos e solidários às
reivindicações pelas igualdades sociais, nós também buscamos a beleza em meio ao caos. E sempre a encontramos,
linda, faceira, inabalável: a dança nossa de todos os dias!
Por que dessa busca? Porque, além de ser nosso ofício,
é também uma paixão. Paixão de ver, comentar, registrar,
publicar.
Continuamos firmes, há nove anos, construindo um nome,
uma reputação, uma marca. Reconhecida aqui no Rio e no
Brasil, modéstia à parte, a AllDance Infok tem seu lugar já
garantido. Para tanto, o nosso compromisso com as danças
e todo o seu entorno é confirmado a cada edição e você
também, prezado leitor, faz parte desse “acordo” – é parte
integrante do compromisso.
Os protestos pacíficos e as lutas para as conquistas do bem
devem continuar! Incluímos aí a nossa luta diária em defesa
da dança no Brasil e das artes todas.
Sumário
AllDance Infok
04-Enquanto a Banda Passar
08-Sandra Castro
11-Battle Rio
12-Mosaico
14-Carolina Bastos
16-Ballet Carmina Burana
18-Sandro Fernandes
22-Bettina Dalcanale
24-Nara Figueiredo
26-Tehátor show
30-Juliana Raddar e Allan Zobar
Encarte Só Salão
02-Eventos e Bailes
04-Cristina Ramos e Valdeci de Souza
06-Alice Mayrink
08-Cleber Guimarães (W.M.P.B)
10-35ª Edição Toféu “Casal 20”
12-Mostras Casal 20
14-Incrível Zouk
16-Alice Paixão
Foto: Troféu Casal 20
AllDance Infok
Foto: Enquanto a Banda Passar
AllDance Infok
Boa leitura e até a próxima edição!
Editor / Jornalista Responsável:
Eli Peixoto - nº 29.339
Equipe:
Textos, Fotos e diagramação: Eli Peixoto
Comercial e fotos: Lucia Louzada
Revisão de Textos e textos: Claudia Leone
Tratamento das Fotos:
Eli Peixoto e Claudio Lozinsky
Colaboradores: Lecy Ferreira e Lucilene Borges
(As informações enviadas pelos colaboradores são de
responsabilidade dos mesmos)
F: 21 3281-0002 / 8827-0832 / 9604-1887
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Tiragem: 5.000
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Aos oito anos de idade, Sandra ingressou no Conservatório de Música
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t Villa Lobos para iniciar seus estudos de piano já que desde pequena a
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música clássica fazia parte do seu cotidiano familiar – um padre amigo
da família sempre presenteava seus pais com discos, LPs à época, de
Strauss, Chopin, Beethoven e outros. E veio daí a sua grande curiosidade
em estudar a música clássica e quando Sandra escutava os clássicos,
saía dançando pela casa. Bailados que chamaram a atenção dos seus
pais, que passaram a convidar amigos e parentes para assistirem a filha
caçula dançar e encantar a todos até que foram orientados pela professora de artes da Escola dos Ingleses a procurar uma escola de ballet para
a filha.
“Foi quando me deparei com uma sala entreaberta e lá estavam meninas
e meninos aprendendo o que eu achava que já sabia por natureza, aulas
de ballet”, recorda Sandra. “As aulas de piano não ficaram para trás, mas
aquela sala de aula com música clássica e dança clássica conjugadas me
fascinava”, acrescenta.
Encantada, ainda com pouca idade, sem saber o que seria melhor para
a sua vida, Sandra não pestanejou: “perguntei aos meus pais se poderia
fazer parte também daquele grupo seleto e magnífico que me fazia sonhar”, diz.
Inscrita nas aulas, já se destacando como boa aluna, a jovem foi indicada
a fazer a prova para a Escola de Formação Clássica do Theatro Municipal
do Rio de Janeiro – Sandra disputou com cerca de 300 candidatos por
vaga. Passou e ingressou na Escola de formação de bailarinos profissionais em 1975, tendo sido classificada como a terceira colocada no geral,
“para minha felicidade e correria dos meus pais, já que eu estudava na
Escola de Ingleses, fazia parte do Conservatório de Música Villa Lobos e
curso de inglês no CCAA”, conta Sandra.
Com apenas 10 anos de idade, a menina tinha uma carga horária de estudos de 12 horas ao dia, tudo para conseguir conciliar a sua já vontade
de ser uma artista-bailarina. Cursou, então, os nove anos do curso profissionalizante de danças, se formando em bailarina profissional em 1984.
Muitas estórias, boas e ruins, passou a jovem nesses nove anos, “mas o
saldo foi positivo”, como costuma afirmar.
Sandra e seus pais
Sandra e Ana Botafogo
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Dando continuidade à carreira escolhida, Sandra foi estagiária no Corpo
de Baile do Theatro Municipal: “ali dividi o palco com a minha maior diva, a
Ana Botafogo”, exalta. Dançou grandes ballets, como ‘O Lago dos Cisnes’,
‘O Quebra Nozes’, ‘A Bela Adormecida’, dentre outros. Em 1992, a bailarina resolveu passar seus conhecimentos e experiência a outras crianças
que desejassem seguir os mesmos passos. Inaugurou o seu próprio Studio para ministrar aulas de ballet para iniciantes. “Dentre esses vinte dois
anos dedicados a minha escola, fui descobrindo talentos e preparando-as
para ingressarem na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa e já foram
dez alunos aprovados até a data presente, para o meu orgulho, duas já
estão formadas e sete em atividade”, conta orgulhosa de seu trabalho.
Esses foram os dez aprovados: Thatiana Maia (1997), Marcio Perez
(1999), Fernanda Castro e Juliana Lourenço (2001), Crystal Nakarara (2008), Julia França (2010), Gabriela Moraes (2011), 2012 Gabriela
Athayde e Mariana Oliveira (2012) e Giuliana Bugeia (2013).
“Um total de 750 alunos passaram pela minha escola e todos puderam
levar um pouco de aprendizado para suas carreiras escolhidas, como a
disciplina, equilíbrio emocional, senso de coletividade, postura e muito
mais; ensinamentos dados através da dança clássica”, declara Sandra.
Durante os 22 anos de carreira como bailarina, diretora, coreógrafa e professora, Sandra sempre teve ao seu lado, a apoiando, o seu pai, Alberto
de Castro, que administrou o Ballet Sandra Castro até 2012: “sem dúvida,
meu pai foi o meu maior incentivador e acredito que ter o incentivo dos
pais é de suma importância para prosseguirmos nesta carreira árdua e
que nos requisita tanta dedicação”, reconhece.
Sandra ainda recebeu em sua escola crianças portadoras de Síndrome
de Down e deficientes visuais: “todas eram integradas ao meio e faziam
parte das nossas apresentações anuais, que foram muitas, já que todos
os anos fazemos uma apresentação em dezembro com temas variados e
consagrados”, acrescenta.
Atualmente, ela continua trabalhando na formação de alunas para o ballet
e é também colunista do blog da Loja Ana Botafogo: “sou muito feliz com
a carreira escolhida, pois a cada aluna que chega a minha escola é uma
sementinha do bem que crescerá com as informações básicas de que a
Arte é fundamental para crescermos como ser humano e em espírito”.
Sandra Castro fez cursos de especialização no Metropolitan Ballet de
Dallas, no Texas, EUA e, ao longo da sua trajetória, aprimorou suas técnicas com grandes mestres da escola Vaganova, como Eugênia Feodorova,
Rosalia Verlangiere, Isolina Rabello e Richard Cragun.
Reconhecedora dos apoios recebidos, Sandra faz questão dos agradecimentos em público: “aos meus pais que sempre acreditaram e investiram
na minha carreira, ao meu irmão Paulinho que me ajudou a tornar o sonho
de ter meu próprio studio de ballet realizado, a Escola Estadual de Dança
Maria Olenewa e todo seu corpo docente, a academia de Eugênia Feodorova, a primeira Bailarina do Theatro Municipal, Ana Botafogo, por ser minha musa e
inspiração, bem como a todos que reconhecem uma vida dedicada à arte e à dança”,
agradece e arremata: “continuarei a minha
missão até quando Deus quiser”.
Fotos: arquivo pessoal
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Battle Rio Compasso 2013
Em Julho de 2013 aconteceu a 3ª edição da Battle
Rio Compasso, evento que traz a cultura Hip-Hop em
sua totalidade, enfatizando o conhecimento e a dança
break, com palestras, batalhas e cyphers – rodas de
dança onde bboy e bgirls fazem suas entradas. Desta
vez tornou-se um movimento beneficente, por conta
de um assalto ocorrido na própria Escola de Dança
Compasso. O fatídico acontecimento desestabilizou a
instituição, que ponderou fechar as portas; com isso
o evento teve o intuito de arrecadar fundos e auxiliar
a firmar as estruturas físicas e emocionais da escola
que tanto se empenha a favor dos jovens da região.
O evento contou com cerca de 200 bboys, bgirls e
amantes da cultura que se reuniram para prestigiar
e assistir as palestras e batalhas. A dedicada equipe
de produção, regida pelo produtor geral bboy Max,
se preocupou em convidar renomados nomes, como
mestre Zulu Ninja (Zulu Nation), Stal (Ubs) e Alex Pitt
(Cia Kafig), para compor o corpo de jurados e bgirl
Amanda Baroni e bboy Doug da GBCR como palestrantes. Durante todo o evento podíamos ver representantes dos quatro cantos do Rio de Janeiro, de
Belém do Para, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília
e outras localidades, o que explica o alto nível das
crews - equipes de bboys e bbgirls – e conseqüentemente o nível das batalhas.
Fotos: Rodolfo Lo Bianco
DJ Xocolaty nas pick ups (toca discos) e Zulu Roc
como MC (mestre de cerimônia) comandaram a festa,
que foi eletrizante até o fim! A crew campeã foi a BR
Crew (bboy Kapu, bboy Klei e bboy Chairspin), conquistando o 1º lugar em cima da African Style (bgirl
Amanda, bboy Doug e bboy João), que ficou em segundo. A outra batalha, Seven To Smoke – batalha de
ordem específica com 7 competidores –, teve como
campeã a bgirl Chocolate e em 2º lugar, a bgirl Sabrina Vaz. Os jurados nunca sofreram tanto para decidir
pelos campeões; isso só significa que os difusores do
break estão cada vez mais empenhados em levar a
arte das ruas a um nível mais excelente.
Com isso a Battle Rio Compasso 2013 repercutiu de
forma positiva e grandiosa na cena break do Rio de
Janeiro, pois o priorizado pelos idealizadores foi a
real cultura do hip-hop, a união. Ajudar o próximo e
caminhar junto nos tornam mais fortes e preparados
para os trágicos incidentes da vida. Parabéns a toda
talentosa equipe da Compasso, Rosângela Tavares,
Fabio Max, Samir Silva, Sabrina Vaz, Daniel Oliveira, Vinícius Gomes, Cesar Augusto, Dean Moraes e
o vereador Edson Zanata que tanto lutam pela arte
e pelo genuíno ideal da cultura, Paz, Amor, União e
Diversão.
Por Sabrina Vaz
AllDance Infok 11
A cada novo salto, a Companhia de Ballet do Rio de
Janeiro conquista mais espaço ao lado das melhores
companhias de dança do país. Criada em 1989, pela
bailarina Alice Arja, a Companhia vem crescendo e
se organizando, passo a passo, ao seu estilo e a sua
técnica.
Sua contínua renovação faz parte de um processo
que tem bases fundamentadas no balé clássico, passando por diversas etapas evolutivas que a levaram
do estilo neoclássico ao domínio de um fazer contemporâneo original, de criação livre e forte inspiração
humanista.
Seus temas nos transportam ao futuro do homem.
Não mais aquele que é convertido em máquina ou
dominado por ela, e sim o ser humano na sua essência, consciente da finitude de seu planeta e de sua
transcendente energia geradora de mudanças. A partir daí, tudo o que gira em torno dele é matéria prima
para a dança; tanto as experiências dos modernos
criadores alemães e americanos, quanto as particulares leituras da gestualidade e a forma brasileira de
movimentar o corpo.
Dirigida com a sensibilidade crítica e o acurado senso
profissional de Alice Arja, a Companhia transforma as
muitas horas diárias de exaustivos ensaios, reuniões
e pesquisas em fonte de constante aprendizado de
vida e busca por novas formas e conteúdos para a
dança.
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uma viagem do corpo através do movimento
Cia de Ballet
do
Rio Janeiro
Neste mesmo conceito, inclui-se a maneira de como
Alice ensaia seus exercícios coreográficos, trabalhando separadamente a potencialidade e os limites
de cada parte do corpo do bailarino, tendo em vista
um efeito de conjunto de extrema precisão.
É dessa perfeita sintonia criativa com o seu tempo,
aliada à performance técnica de seu corpo de baile,
que a Companhia de Ballet do Rio de Janeiro prepara
seus vôos de especial beleza cênica, onde a dança se
reafirma como verdadeira apoteose do ato de viver.
MOSAICOS
No Teatro Sesi Jacarepaguá, em agosto passado,
o espetáculo foi encenado ao som de “Quatro Estações”, de Antonio Vivaldi. Com a coreografia de Alice
Arja, a obra contemporânea retrata a alegria e o colorido dos divertidos e sinuosos desenhos de vitrais.
Concepção da obra por Alice Arja:
Ao criar MOSAICOS, por suas características, cria-se um vínculo emocional com o público, pois grande
parte dos adolescentes e jovens desta geração desconhece o que é um mosaico; talvez nem mesmo tenha a idéia do visual de vitrais em igrejas bizantinas.
Criando o vínculo emocional, não fica difícil atingir
o objetivo de, através deste espetáculo, despertar
a apreciação estética da dança. MOSAICOS, certamente, enriquece socioculturalmente toda a platéia,
assim como transporta a todos a uma viagem como
se cada mosaico tomasse vida a um universo de movimentos.
Os trabalhos ganhadores da “Promoção Mosaicos”
ficaram expostos no foyer do teatro. O concurso, que
teve a participação dos alunos, foi realizado na Escola de Dança Alice Arja e no Centro de Arte e Dança de
Campo Grande. Os vencedores, além de terem tido
suas obras expostas ao público, ganharam um par de
convites para assistir MOSAICOS.
“Coreografar Mosaicos foi um sonho antigo realizado, tive uma nova oportunidade agora com um novo
elenco na CBRJ; o que foi extremamente gratificante,
pois Mosaicos é uma obra abstrata, com a ideia de
expressar através da pesquisa e da atenção como
uma peça de um vitral pode movimentar-se e ao mesmo tempo demonstrar que possui vida; e para minha
surpresa, com um elenco tão jovem, fui bastante retribuída principalmente pelo talento deles e a sutileza
como trataram da ligação entre seus corpos e o significado da obra”, declara a diretora Alice Arja.
AllDance Infok
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Carol é a típica jovem da geração atual, é organizada, disciplinada, responsável, altamente competitiva e uma apaixonada
pelo balé clássico. Foi descoberta muito novinha, por sua professora na época, Ofélia Cordello, de Cabo Frio, que a classificou como “um diamante a ser lapidado”. Então sua mãe, Dª
Célia, não poupou mais esforços, apesar de todas as dificuldades financeiras, para dar à filha o mínimo necessário para
que ela pudesse partir em busca se seus objetivos e sonhos
– já que o dom divino havia feito sua parte, caberia a ela dar o
suporte básico que Carollina iria precisar. “Nem sei como seria
minha vida se minha mãe não fosse minha amiga e parceira,
pois passo o tempo todo precisando dela. Vejo a luta de minha
mãe para me manter em meu sonho, o que muito me emociona e impulsiona; ela está sempre no seu limite, passando rifa,
organizando noite de caldos, barracas de pescaria entre outras
coisas, tudo para me ajudar”, diz Carol com respeito e carinho
por Dª Célia, reconhecendo também a vibração do seu pai e
a força dos amigos: “meu pai que está sempre na torcida e as
minhas viagens só se tornaram possíveis com ajuda e apoio
de amigos”.
Carol, que já teve a oportunidade de conhecer outros costumes e outras culturas, fala sobre os festivais de dança: “gosto
muito de participar de festivais, o resultado é consequência
natural, fiquei muito feliz de já ter participado de concursos internacionais; os teatros são maravilhosos, o tratamento com
os bailarinos, o respeito pelo nosso trabalho, nossa, tudo muito
bom. Fico imaginando se nosso país valorizasse a dança como
poderia ser bem diferente. Lá fora eles têm outro conceito com
os bailarinos. Espero que o um dia nosso país possa acordar,
reconhecer e valorizar os seus bailarinos. Sou muito grata a
Deus pelo dom que me deu”.
É muito difícil ainda hoje no Brasil a formação e o aprimoramento de jovens que adentram o mundo da dança, especialmente
dos oriundos de famílias simples, com baixo poder aquisitivo,
como é o caso da menina Carol, que é de cidade pequena
e proveniente de uma família bastante simples. Mas Carollina
não se deixa abater e, guerreira, corre atrás do sonho, sempre
buscando meios para enfrentar as durezas e fazer o que mais
gosta nos palcos da vida. Ela é integrante de um projeto social do Lions Clube, onde, aos 9 anos de idade, conheceu sua
grande mestra Ofélia Curvelo que logo a incentivou a participar
de concursos no Brasil e exterior e a quem Carol é eternamente grata: “agradeço demais a minha primeira maitre Ofélia
Curvello, por ter me ensinado os primeiros passos no ballet e
por tudo o que fez para que eu acreditasse que seria possível”.
Em julho passado, Carolina Bastos participou do concurso internacional Valentina Koslova Ballet Competition, realizado no
Teatro Lincon Center, Nova York, e obteve medalha de ouro (1º
lugar). Apresentou-se com quatro variações de repertorio clássico e duas coreografias de solo contemporâneo (coreografias
de Diana Tomasetig e outra enviada pelo concurso de confronto). Foi convidada para a gala com grandes estrelas do ballet
mundial. Durante o concurso foram oferecidas à bailarina bolsas de estudo de grandes escolas do mundo, como Sturtgard,
Canada Ballet School, Houston, Texas, Boston, Miami Ballet.
Na ocasião, também foi convidada por uma jurada coreana a
participar do concurso SEOUL International Ballet Competition.
Arol já recebeu várias premiações no Brasil e já está convidada
a participar de concursos em Lausane, Berlin e Turquia
Após muitas viagens e conquistas, mudou para Santa Cruz
da Serra e ingressou no Centro de Dança Rio (onde se forma
este ano, diplomada pela Secretaria de Educação e Cultura do
Estado do Rio de Janeiro) e Mariza Estrella abriu as portas
do Centro para um trabalho de formação completa para Carol. “É a ‘estrella’ que me conduz, iluminando o meu caminhar”,
diz Carol e prossegue com seus agradecimentos: “obrigada,
Dalal Achcar, que sempre está presente, me apoiando e incentivando; as minhas professoras, Angélica Fiorani e Diana
Tomasetig por estarem me lapidando e cuidando com carinho
nos mínimos detalhes para que eu possa melhorar a cada dia;
a Marilda Fontes pelo apoio; ao prefeito de Duque de Caxias
Alexandre Cardoso, à primeira dama Tatyane Lima e ao secretário de cultura Jesus Chediak, por terem tornado possível a
minha viagem a Coreia do Sul; aos familiares e amigos que me
sempre apóiam; às diretoras, professores e alunos do Colégio
Estadual Minervina Barbosa de Castro por estarem sempre ao
meu lado, me apoiando e incentivando; às amigas da turma
1001 do CDR e a todos os alunos e amigos pelo incentivo e
coleguismo; e a Deus por tudo. E a vocês e todos que estão
sempre apoiando e incentivando a dança, dando oportunidade
aos bailarinos de mostrarem um pouco de seus trabalhos”.
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Pela primeira vez no Brasil e apresentado pelo Ballet,
Coro e Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio
de Janeiro, Carmina Burana, criado pelo coreógrafo argentino Mauricio Wainrot, atraiu grande público durante
as sete apresentações da temporada.
Ballet CARM
foi apresentado pelos três Corpos Artístico
Cantada em francês antigo, alemão medieval e latim,
Carmina Burana é baseada em textos poéticos do século XIII, pertencentes ao manuscrito conhecido como
Codex Latinus Monacensis, encontrado em 1803 no
convento de Benediktbeuern, na Baviera. O codex é
composto por 315 composições poéticas de monges errantes. Extraindo algumas dessas composições, o alemão Carl Orff, em 1937, compôs a grande obra sinfônica
com coral do século XX – a cantata Carmina Burana –,
estruturando-a em prólogo e três partes: no prólogo a
deusa Fortuna é invocada; na primeira parte é celebrado o encontro do Homem com a Natureza (o despertar e
a alegria da primavera – “Primo Vere”); na segunda, “In
Taberna”, acontecem os cantos que celebram as maravilhas do vinho e na terceira, exaltando o amor, vem a
Corte de Amores (“Cour D’Amours”). No final, repete-se
o coro de invocação a Fortuna (“O Fortuna, velut luna”).
Mauricio Wainfort, um dos maiores nomes da dança argentina, criou a coreografia contemporânea para Carmina Burana e é também o autor dos pás-de-deux Chopin
Nº 1 e Ecos, que abriram o programa. Reunidas – abertura e coreografia – proporcionaram ao público um belo
espetáculo lírico e cênico.
Diretor do Grupo de Danza Contemporánea do Teatro
San Martín, de Buenos Aires, Wainfort deixou a Argentina em 1986, tendo, em seguida, trabalhado em diversas
companhias de dança em muitos países ao longo dos
últimos 20 anos. Dirigiu o Ballet Jazz de Montréal (Canadá), entre 1987 e 1990, e foi coreógrafo convidado
permanente do Ballet Royal de Flandre (Bélgica) e do
Hildesheim Stadttheater (Alemanha).
16 AllDance Infok
MINA BURANA
os do Theatro Municipal do Rio de Janeiro
O espetáculo, fazendo parte da programação artística
elaborada pelo Maestro Isaac Karabtchevsky, foi acompanhado pela orquestra e pelo coro da Casa, regidos
pelo maestro convidado Abel Rocha, e apresentado pelo
do corpo de baile. Entre os solistas do ballet, estiveram
os primeiros bailarinos do BTM, Cecília Kerche, Cláudia
Mota, Márcia Jaqueline e Francisco Timbó, revezando-se com os primeiros solistas Deborah Ribeiro, Karen
Mesquita, Priscila Albuquerque, Priscila Mota, Cícero
Gomes, Edifranc Alves, Filipe Moreira, Joseny Coutinho,
Moacir Emanoel e Rodrigo Negri.
Um belo trabalho que proporcionou ao público uma
grande diversidade de movimentos e sentimentos – já
que foi concebido para ser dançado por numeroso elenco – e uma agradável harmonia entre a música de Carl
Orff e a majestosa interpretação dos bailarinos do TM,
que ora dançavam trechos dramáticos, ora outros bastante sensuais. Todos – corpo de baile e solistas – tiveram papel relevante na beleza do espetáculo.
Veja: www.alldanceinfok.com
PROGRAMA
Chopin – Concerto para piano Nº 1 | 2º Movimento
Barber – Adagio para Cordas
Carl Off – Carmina Burana
COREOGRAFIA: Mauricio Wainrot // REGÊNCIA: Abel
Rocha // PRIMEIROS BAILARINOS: Cecília Kerche, Claudia Mota, Márcia Jaqueline e Francisco Timbó // PRIMEIROS SOLISTAS: Deborah Ribeiro, Karen Mesquita, Priscila
Albuquerque, Priscila Mota, Cícero Gomes, Edifranc Alves,
Filipe Moreira, Joseny Coutinho, Moacir Emanoel e Rodrigo
Negri // CANTORES SOLISTAS: Lina Mendes, Sebastião
Câmara e Homero Velho // PIANISTA SOLISTA: Priscila
Bomfim // DESENHO DE LUZ: Eli Sirlin // CENÓGRAFO:
Carlos Gallardo // FIGURINISTAS: Mini Zucheri (Chopin
Nº1) e Carlos Gallardo (Carmina Burana e Ecos) // REMONTAGEM: Miguel Angel Elias e Eric Frederic
AllDance Infok
AllDance Infok 17
1º lugar no ‘Dance in Rio’
Sandro Fernandes e Juliana Paiva, ambos da Escola Petite Danse, dançaram um Grand Pas de Deux
de categoria adulto, careografia Esmeralda, no Festival Dance in Rio, conquistando o primeiro lugar na
categoria avançado.
Sandro começou na dança aos 8 anos de idade
com a turma do Street Dance e da Lambaróbica. Foi
convidado para estudar ballet, passando pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, e em 2011
ganhou uma bolsa de estudos para o Projeto Social
Dançar a Vida, da Escola Petite Danse. Em 2012,
fez a audição para o espetáculo “De tudo se faz canção” para a Cia Jovem Dançar a Vida, onde esta até
hoje. Este ano participou do espetáculo “Enquanto
a Banda Passar”.
“Em 2012 participei da seletiva do Youth America
Grand Prix (YAGP), onde fui selecionado e agraciado com uma vaga pra estudar ballet em Nova York
no ano de 2013. Ainda em 2012 fiz parte do grupo
que ganhou o primeiro lugar no Festival de Dança
de Joinville com o ballet o Lago dos Cisnes”, conta
Sandro.
Feliz com suas conquistas como bailarino, Sandro
continua superando obstáculos e conquistando vitórias: “este ano fui a Nova Iorque participar do YAGP,
onde ganhei uma bolsa de estudos para o American
Ballet Theatre, também em Nova Iorque. Fui para
Joinville competir com grand pas de deux, uma experiência incrível, que só veio a ajudar na minha
formação de bailarino, pois nos dois anos anteriores
participei com grupo”.
Um rapaz humilde, atencioso e muito dedicado
à dança, Sandro Fernandes corre atrás do sonho
acreditando que com muito trabalho e amor se chega lá.
Veja: www.alldanceinfok.com
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Bailarina formada pela Escola de Danças do Teatro Guaíra, em Curitiba,
completou sua formação em Cannes, França, recebendo menções e elogios
da escola Rosella Hightower. Foi ainda primeira bailarina do Teatro, sob
direção de Carlos Trincheira, até o ano de 1982, quando ingressou por concurso no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob direção de Dalal Achcar.
Promovida logo a primeira solista, dançou primeiros papéis com grandes
nomes da dança, como Julio Bocca e Jean Yves Lormeau.
Bettina Dalcanale representou o Brasil nas prestigiadas competições de
Jackson (Mississippi) e de Masako Ohia (Japão), chegando à finalista em
ambas e recebendo elogios da critica especializada. Teve como professores nomes importantes durante sua formação como: Hugo Delavalle, Jorge
Oubier, Desmond Doyle, Jose Ferran, Yvonnne Meyer, Svetlana Beriosova,
Tatiana Leskova, Victor Ulati, Aldo Lotufo, Eugenia Feodorova, Eric Waldo,
Rosália Verlangieri, Miriam Guimarães, Jorge Siqueira, RosellaHightower,
Eric Frederic entre outros.
Bailarina convidada de várias companhias na América do Sul, Bettina Dalcanale é uma referência no ballet brasileiro. Suas linhas privilegiadas e lirismo
fazem com que suas interpretações do repertório romântico sejam particularmente belas. Atualmente está formada em Licenciatura em Dança pela
UniverCidade, Rio de Janeiro.
BETTINA
Ballet Eugene Onegin
TRABALHOS FEITOS COMO PRIMEIRA BAILARINA NO BALÉ GUAÍRA
EM CURITIBA: “Dimitriana”, “Ao Crepúsculo”, “Inter- Rupto”, “Lamentos”
(criações de Carlos Trincheiras) e os ballets do repertório clássico “Raymonda”, “Grand Pás de Quatre” e “O Quebra Nozes”, neste tendo como partner
Vladimir Vasiliev. Ainda com o Balé Guaíra, participou no papel principal na
montagem de “Catulli Carmina” (coreografado por John Butler) e “Opus V”,
de Maurice Bejart, tendo sido ensaiada pelo próprio coreógrafo na Bélgica.
ALGUNS DE SEUS TRABALHOS COM O THEATRO MUNICIPAL DO RIO
DE JANEIRO: “Giselle” (Pas des Six e Myrtha rainha das Willis) de Peter
Wright, “Copelia” (Prece e Aurora) de Henrique Martinez, “Don Quixote”
(Flower Girl, Rainha das Dríades e Mercedes), “Floresta Amazônica” (Deusa), coreografia de Dalal Achcar, “O Quebra Nozes” (Fada Açucarada, rainha das Neves, Mirlitons, Valsa das Flores), “La Italiana”, remontagens de
Dala Achcar, “La Fille Mal Gardée”(Lise) de Sir Frederic Ashton, “Paquita”
na remontagem de Natalia Makarova, “Concerto” de Rodrigo Pederneiras,
“Suíte en Blanc” (solo Cigarrete), “O Lago dos Cisnes” na remontagem de
Jean Yves Lormeau e Eugênia Feodorova, “Divertimento” (papel principal)
de George Ballanchine, “O Circo dos Animais” de Carlos Trusky, “Cantábile”
de Oscar Araiz, “Sétima Sinfonia” e a “Criação” de Uwe Scholz, “Eugene
Oneguin” (Tatiana), “Megera Domada” (Bianca) e “Romeu e Julieta”, de
Jhon Cranko, “Swing Shift” de David Parson.
PARTNERS: Francisco Timbó, Marcello Misailidis, MedhiBahile, Jean Yves
Lormeau, JulioBocca, Vladimir Vasiliev, Paulo Rodriguez, Victor Luiz, Lienz
Chang, Luis Aguillar, Lazaro Careño Vladimir Karakulev, Jair Moraes, Rene
Salazar, Andre Valadão, Felipe Moreira, Fausi Nelson, Sacha Radetsky, Denis Vieira, Thiago Soares, Lucio Kalbusch, entre outros.
Onegin com Denis Vieira
Eugene Onegin com Denis Vieira
DEPOIMENTO
Pertenço a uma família apaixonada por hipismo, meu pai cria cavalos de salto, meus irmãos foram grandes cavaleiros e até hoje juntamente com meus
sobrinhos praticam este esporte com grande devoção e paixão. Eu, como
membro de uma família tão apaixonada pelo hipismo, segui a mesma linha e
cheguei a dar uns bons saltos, mas por pouco tempo. Aos 13 anos de idade,
decidi que deixaria o hipismo para fazer balé. E foi amor a primeira vista.
Agradecimento à vida artística
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DALCANALE
Por Lecy Ferreira
Ballet Eugene Onegin
Ballet Eugene Onegin com Denis Vieira
Ballet Eugene Onegin com Denis Vieira
Eduardo (marido), Lucca, Vittoria, Eduarda e
Alexia (filhos) e Bettina
Comecei a fazer aulas no clube Concórdia, num chão de tatame, pois a
sala era utilizada alternadamente em aulas de judô e de balé. Durante
um ano, duas vezes por semana, fiz ali minhas aulas até ingressar na
escola do Teatro Guaíra. Cursei a escola por dois anos e logo após tive o
privilégio de fazer um curso na França, na escola Rosella HIghtower. Foi
um momento decisivo na minha vida quando resolvi seguir a carreira de
bailarina. Percebi que não seria uma vida fácil, mas com certeza plena de
grandes emoções.
E aqui cheguei. Uma vida, posso afirmar, fascinante, com risos, lágrimas,
dores, frustrações, conquistas, muita superação, operações, aprendizado, humildade, perseverança, mas sobretudo muita realização. Uma vida
singular, única e maravilhosa. A minha vida de bailarina foi complementada com uma vida familiar, uma entrelaçada a outra. Posso me referir
como puro privilégio Divino. Dancei profissionalmente por trinta e cinco
anos, construí uma carreira sólida e uma família linda: meu marido, meu
companheiro de muitas jornadas, meus quatro filhos e minha profissão.
Amo a vida e tudo o que construí até agora e pretendo seguir trilhando um
caminho neste meu novo ciclo cheio de surpresas, sabedoria e doação.
Nos meus últimos dois anos de vida profissional ativa, digo de palco, tive
a honra de dançar dois balés de John Cranko, de ser ensaiada por duas
pessoas únicas, Márcia Haidée e Richard Craigun, e dançar com dois
jovens bailarinos que poderiam ser meus filhos.
Em “Romeu e Julieta” conheci minha cara metade, Lucio Kalbusch, um
companheiro com “c” maiúsculo. Um menino de espírito bom, talento ímpar e que ama o que faz. Entramos em cena para perpetuar em nossas
vidas um momento inesquecível. Lucio foi o maior presente de minha
carreira.
Encerrei minha carreira com cinqüenta anos de idade, dançando um balé
magnífico “Eugene Onegin”, interpretando Tatiana e dividindo a cena com
outro bailarino lindíssimo de vinte anos de idade, Denis Vieira. Outro menino de ouro, mais um parceiro e mais um amigo que veio para marcar e
pontuar minha história.
Em agosto do ano passado, quando a cortina se fechou, ao contrário
do que todos pensariam – pois deixar a cena é um momento de grande
decisão – senti PLENITUDE. Muitas lágrimas de agradecimento a Deus
por ter me proporcionado uma carreira plena e cheia de muitas histórias.
Pude perceber um amor incondicional de todos que estiveram do meu
lado. Com certeza, sem eles, jamais estaria aqui escrevendo estas palavras.
Fui homenageada de uma maneira impar: o Theatro Municipal do Rio de
Janeiro, com seus corpos artísticos, com todas as pessoas que fazem o
espetáculo acontecer, da faxina à presidência, estavam com seu amor
presenciando e fortalecendo um lindo “The End”. O encerramento de um
ciclo que se concluiu esta semana quando requisitei minha aposentadoria, não por idade, mas por tempo de serviço, permitindo assim a um
jovem bailarino entrar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro para criar
uma nova história. Foi a decisão mais importante de toda esta trajetória.
Abrir mão para dar vazão ao novo; uma nova etapa através de um diferente olhar. Doação e aprendizado.
Hoje moro em Londres, vivendo um projeto familiar maravilhoso ao lado
das pessoas que mais amo neste mundo. E aproveito para aprender a
cada instante, absorvendo tudo o que esta maravilhosa cultura oferece,
pretendendo um dia voltar a minha casa Theatro Municipal do Rio de
Janeiro podendo continuar esta história escrevendo um novo livro.
Obrigada a todos que estão ao meu lado, dentro e fora do palco. Agradeço a meus pais que me deram amor incondicional e caráter e agradeço
ao Eduardo, meu marido, por trilhar um caminho de muitas curvas, mas
estando sempre ao meu lado e me dando meu maior tesouro: nossos
quatro filhos. (Bettina Dalcanale)
AllDance Infok 23
Nara
Encontro de Culturas
Em clima de descontração e alegria, o evento de Nara Figueiredo realizou uma mostra de danças étnicas e folclóricas, compondo um grande baile cigano, com Cristian Kalon,
quando mostrou trabalhos de várias escolas e academias de
dança. Realizado em agosto, no G.R.E.S. Império Serrano,
em Madureira/RJ, o Encontro de Culturas Oriental e Ocidental desfilou várias modalidades e estilos de danças, proporcionando ao público momentos de muita emoção.
Nara, uma excelente anfitriã, recebeu seus convidados com
atenção e carinho especial, transmitindo-lhes energia e alto
astral. Tanto que a alegria tomou conta do ambiente e de todos: público, escolas, academias e profissionais. Há 41 anos
trabalhando em prol da dança, mais uma vez, Nara mostrou
que é apaixonada pelo que faz: cantou, dançou, representou,
apresentou – solidificando o espírito de confraternização que
sempre rola em seus eventos.
Teve ainda uma grande homenagem – uma procissão – a
Sara Kali, santa padroeira do povo cigano, cuja origem é
permeada por várias lendas. Uma delas é de que Sara seria
uma escrava egípcia de origem cigana; outra de que ela seria
serva de Maria Madalena – e que apesar de ser considerada
uma santa católica, não passou pelos processos de canonização desta igreja. E, ainda, ligada a uma forte tradição européia medieval (o culto às virgens negras), de que muitas
santidades femininas, representadas por estátuas negras,
foram adoradas durante toda a Idade Média. Há uma forte
lenda também sobre uma embarcação com personagens bíblicos a bordo, como Maria Madalena, Maria Jacobina (irmã
de Maria, mãe de Jesus), Maria Salomé, entre outros, que
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Figueiredo
Ocidental e Oriental
teria conseguido cruzar o oceano, sem provisões e a mercê
das intempéries, e aportar, milagrosamente com todos salvos em Saintes-Maries de la Mer (região de Provence no sul
da França), graças a Sara que, tirando o “diklô” (lenço) da
cabeça, clamou pela proteção de Jesus Cristo, prometendo-lhe ser sua escrava e sempre andar com a cabeça coberta,
em sinal de respeito, caso todos se salvassem. E, assim,
Sara teria cumprido a promessa até o final de seus dias,
tendo sua história milagrosa a transformado na padroeira
universal do povo cigano. Sua imagem é coberta por centenas de lenços, pois os seus fiéis, até hoje, ao terem os seus
pedidos atendidos, depositam um lenço (diklô) aos seus pés.
Sua festa é celebrada nos dias 24 e 25 de maio, reunindo
ciganos de todo o mundo.
Com acumulada experiência e um trabalho de extremo dinamismo, Nara Figueiredo começou ainda menina no balé
clássico. Hoje, após passar por vários segmentos da dança,
Nara está focada na dança cigana sem, no entanto, deixar
de reunir outros segmentos de dança em seus eventos.
Compor esta união em uma mostra de dança é muito positivo e consolida a ocasião de união entre os diversos seguimentos da dança.
Ao final do evento, Nara agradeceu o carinho do público e
desejou saúde e luz a todos.
Participantes: Grupo Encanto do Oriente, Amir Ferreira,
Anianaj Nyla, Thalia Nahid, Samyr Hazid, Grupo da Região
dos Lagos, Veronica Hfsa, Tete Wachulek, Grupo Debby
Maia, Marcinha Nut, Babi Oliveira, Maíra Brum, Raddar e
Zobbar.
Veja: www.alldanceinfok.com
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Errata: Texto correto
Uma trajetória de sucesso!
ESPAÇO HÁTOR - UMA TRAJETÓRIA DE SUCESSO
Em seu quarto ano de funcionamento, o Espaço Hátor está
dedicando a orientação dos alunos em uma formação para
musicais. Com aulas de danças, canto e teatro, o seu terceiro
musical anual mostra em cena o trabalho desenvolvido por
alunos e professores sob a direção de Elaine Rollemberg.
“Começamos nossos trabalhos na escola com um intuito de
levar arte e cultura aos nossos alunos. Fazê-los vivenciar
isso. A escola está crescendo e não deixamos isso de lado,
mas queremos algo mais. Queremos preparar profissionais
para atuarem no mercado e poderem continuar a levar arte e
cultura por aí! “, diz Elaine.
O MUSICAL
O musical do Espaço Hátor deste ano – Tehátor Show –
é um mix com alusões e fragmentos de grandes peças
musicais, óperas e balés. Tudo dentro de uma narrativa
com roteiro inédito e conta a história de um antigo teatro
abandonado que é encontrado por um grupo de amigos
que está à procura de um espaço para comprar e ativar
com grandes produções artísticas. Esses quatro amigos
se encantam com as histórias que são narradas por um
diário encontrado e um antigo funcionário muito sinistro.
“Nosso agradecimento muito especial aos nossos colaboradores: José Dias (JDIAS vídeos),
Leonardo Martins (LEO Fotografia), Raffael Quintanilha (QUINTART Produções Audio Visuais),
Deise Monteiro (MAISON MONTEIRO figurinos), Daney Bentin (DANEY BENTIN BALLET CUSTUMES), Gilda Marques (ATELIER SAMARA NYLA GIL MODAS), Kátia Gonçalves (Véus de
seda). E o meu agradecimento a minha família em primeiro lugar, pois a cara da Hátor é o seu
reflexo; aos meus professores, que são parceiros da Escola e são o mais dedicados e competentes dentro de suas áreas e defendendo nossos projetos sempre com muito amor; aos alunos
e seus familiares que confiam em nós e se entregam de cabeça ao nosso trabalho! Sem todos
vocês não seria possível o nosso crescimento”, reconhece e agradece Elaine Rollemberg.
Fotos:
01 - Atores: Ney Ferrari, Élissa Rollemberg, Rubens Nascimento, Clara Ferreira e Mariana Uchôa.
02 - Teatro de Revista: Elda Erhardt (cantora aluna) turma de Dança do ventre (coristas)
03 - Musical Chicago: Turma de Jazz avançado
04 - Reforma do teatro: Turma de sapateado
05 e 6 - Musical Chicago. Turma de Jazz intermediário
07 - Musical Chicago: Professora Adrielli Brites
08 - Carmen: Bailarina Daney Bentin e a turma de Ballet Clássico intermediário
10 - Cinderela: ballet clássico adulto iniciante.
11 - Fantasmas: Thayssa Feitosa, Madelon Ribeiro, Jacline Ribeiro e Felipe Amorim
12 - Os contos de fada: turmas de ballet
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Errata: Texto correto
TEHÁTOR SHOW
PROGRAMA
Fantasmas, Coreógrafa: Adrielli Brites // Fantasma da Ópera, Coreógrafa: Elaine Rollemberg // Carmem, Coreógrafos: Diego Cruz
(Ballet Clássico) e Carlos Máximo (Dança Cigana) // Bonecas Fantoches, Coreógrafo: Diego Cruz // Contos de Fadas, Coreógrafo:
Diego Cruz // Teatro de Revista, Coreógrafas: Elaine Rollemberg e
Adrielli Brites // Ditadura, Coreógrafo: Diego Cruz // Reforma, Coreógrafas: Jacline Ribeiro e Madelon Ribeiro // Chicago, Coreógrafa:
Adrielli Brites
Atores: Clara Ferreira, Élissa Rollemberg, Mariana Uchôa, Ney Ferrari e
Rubens Nascimento
Cantores: Carine Dias, Elda Erhardt e Raffa Quintanilha
Participação cênica especial: Adrielli Brites, Carlos Máximo, Daney
Bentin, Jacline Ribeiro e Madelon Ribeiro
Direção Geral e Produção Artística: Elaine Rollemberg
Assistentes de Direção: Adrielli Brites e Diego Cruz
Produção Audio Visual: QUINTART Produções
Figurinos: Maison Monteiro / Daney Bentin Ballet Custumes / Atelier
Samara Nyla Gil Modas / Kátia Gonçalves Véus de Seda
Fotos:
01 - Teatro de revista: Coristas (turma de ventre intermediário)
02 - Teatro de revista: Cenário de Copacabana (todas as turmas de ventre)
03 - Teatro de revista : Sol de Copacabana (turma de ventre avançado )
04 - Carmen: Turma de Dança Cigana
05 - Fantasma da ópera: Cantores (Carine Dias e Rafael Quintanilha)
06 - Carmen: Daney Bentin e Carlos Máximo.
07 - Teatro de revista : Sol de Copacabana (turma de ventre avançado )
08 - Teatro de revista : Mar de Copacabana (turma de ventre iniciante)
09 - Agradecimento
10- Teatro de revista: Cenário de Copacabana (turmas de ventre)
11 - Agradecimento
Bailarinos: Alessandra de Melo, Amanda
Sanches, Ana Carolina Sanches, Ana Clara Galante, Ana Cristina Andrade, Ana Paula Vasques,
Beatriz Azevedo, Carine Dias, Carla Xavier, Clara Ferreira, Caroline Gasse, Daniel Pierre, Daniele Saturnino, Deborah Azevedo, Duane Souza, Eluise de Fátima, Felipe Amorim, Fernanda
Barata, Fernanda Mota, Fernanda Prado, Gabriela Faim, Gabriela Lopes, Geovana Soares,
Giovanna Neri, Helen Gomes, Isabella Braga,
Janice Nascimento, Jéssica Francisco, Joyce
Correto, Juliana Geremias, Karen Patrícia, Karolina Ramos, Lara Silman, Laura de Azevedo,
Letícia Seixas, Luciele Lamoglia, Lucas Miranda,
Luísa Rodrigues, Marcela Brito, Marcia Braga,
Marcia Helena, Mª de Betânia Malcher, Mª Eduarda Nascimento, Mª Evani Ferreira, Mª Fernanda Soares, Mariana Lopes, Mariana Uchôa, Nathália Botelho, Nathalia Veras, Nathaly Campos,
Paola Loise, Priscila Costa, Priscilla Romana,
Raiane Santos, Raíssa Vitória, Rayane Layane, Rosiane Piquet, Sâmia Ramos, Selma de
Aquino, Tamires Barros, Tatiana Sodero, Thaíze
Araújo, Thayssa Feitosa e Valéria Frazão
Veja: www.alldanceinfok.com
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Raddar e Zobar, sobrenomes que “vieram através de
sonhos”, como diz Allan, estão juntos há três anos, na
vida e na dança. Coincidentemente, ambos iniciaram
na dança aos 13 anos de idade. Raddar começou dançando a Dança do Ventre aqui no Rio de Janeiro, na
Baixada Fluminense, com a professora Carla e Zobar,
no Cine Cube Leila Diniz, em Vila Kennedy, com o professor Eraldo Santos Delle. Zobar também vivenciou
a cultura cigana em clãs, indo a festas e celebrações,
como as “pachangas”. Atualmente ele dá aulas no Studio de Dança Rosa de Fogo, em Sulacap, Zona Oeste
do Rio, e Juliana dá aulas particulares.
“Há três anos nos conhecemos e eu comecei a me
interessar pela dança cigana, então, ao invés de namorar, nós dançávamos”, conta Juliana, que se apaixonou pelo mundo cigano. “Depois passei um tempo me
aperfeiçoando com a nossa madrinha Nara Figueiredo
e cheguei a uma conclusão de que a dança cigana é
uma cultura encantadora e foi a dança do ventre que
me levou até ela; foi simplesmente o destino”, declara.
Para os ciganos a dança é mais que uma expressão
e vai muito além da alegria e da sensualidade: busca
integrar a mente ao corpo para que este se torne mais
harmonioso. E as misturas de culturas são percebidas
não só no ritmo, mas nos objetos usados pelos dançarinos, como lenços, echarpes, xales, leques, pandeiros, fitas, flores, punhal e outros. Esses elementos costumam ter forte simbolismo e geralmente representam
energias da natureza e traduzem mensagens.
Ao longo dos últimos três anos, Juliana e Allan já participaram de vários eventos ciganos, como festivais,
mostras de dança, além de realizarem shows e festas
particulares. Os ciganos estão sempre em movimento,
à procura de novos horizontes e conhecimentos e o casal segue o mesmo ritmo: “o importante é sempre estamos em busca de conhecimento para cada vez mais
melhorar nosso desempenho e poder representar essa
linda cultura através da dança”, diz Allan.
Dessa união, embalada pelo mistério que envolve a
arte, a cultura e a trajetória do povo cigano, nasceu um
bebê: “nosso maior tesouro, Iolanda Christine, que hoje
está com 9 meses de vida e trouxe mais paixão e essência em nossa dança”, declara, babando, a mamãe
Juliana.
O grande objetivo do casal é fundar o próprio espaço
de dança e passar adiante seu conhecimento: “tudo
que aprendemos sobre as raízes ciganas”, declara Juliana Raddar e agradece, em nome do casal, a todos os
seus queridos: “primeiramente a Deus, a nossa família
e amada filha e aos nossos padrinhos de dança, Carlos
Dário e Nara Figueiredo, por nos abrir as portas e fazer
de nós o que somos hoje”.
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