mmtd - EXPO Unimed Curitiba
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CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – MMTD - TIPO PÓRTICO CURITIBA 2007 EDUARDO MARCELO BEREZA FRANKLIN MANEIRA TIAGO SOTTI PIOVESANA MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – MMTD - TIPO PÓRTICO Trabalho apresentado como trabalho de conclusão de curso, em nível de Graduação em Engenharia Mecânica do Centro Universitário Positivo. Orientador: Wilson Radi El Maftoum CURITIBA 2007 AGRADECIMENTOS Agradecemos primeiramente ao Senhor nosso Deus que nos ajudou em todos os momentos com proteção, paz e segurança e nos deu força para alcançar nossos objetivos. Agradecemos também: À coordenação de engenharia mecânica pelo apoio institucional do Unicenp; Aos técnicos: Alexandre, Bereta e Luiz pela colaboração na construção da MMTD; Ao estudante Robert Klimer, pela colaboração na elaboração da fonte de alimentação e do programa em LabView; Ao prof. Artigas pelo projeto da fonte de alimentação e pelas contribuições no desenvolvimento deste projeto; Ao prof. Schneider pela contribuição no desenvolvimento do programa em LabView; Ao técnico e representante da ITG Romer, Marcio Graboski, pela disponibilização de material didático, assim como a doação de uma ponteira para o sistema apalpador de nossa máquina de medição didática. Ao prof. Maftoum pelo apoio dado, por ajudar a manter a equipe focada no trabalho, pelas valiosas dicas em diversos aspectos, pela boa vontade e principalmente por acreditar no potencial da equipe; E agradecemos também a todos que contribuíram direta e indiretamente no sucesso deste projeto. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ................................................................................................. iv LISTA DE TABELAS ................................................................................................ vi RESUMO.................................................................................................................. vii 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 1.1 OBJETIVO............................................................................................................ 2 1.2 ESCOPO DO TRABALHO.................................................................................... 2 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................. 3 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 4 2.1 CONCEITO DE MEDIÇÃO POR COORDENADAS ............................................. 4 2.2 CONCEITOS GERAIS DAS MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS ..... 6 2.3 ESTRUTURA DAS MMCS ................................................................................... 7 2.4 APLICAÇÕES DAS MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS .................. 8 2.5 TIPOS DAS MMCS............................................................................................... 9 2.5.1 TIPO PÓRTICO ............................................................................................... 10 2.5.2 TIPO BRAÇO................................................................................................... 11 2.5.3 TIPO HASTE OU COLUNA ............................................................................. 12 2.5.4 COMPARAÇÃO ENTRE OS TIPOS DE MMCS .............................................. 13 2.6 MESA DE DESEMPENO.................................................................................... 14 2.7 TRANSDUTORES .............................................................................................. 15 2.7.1 CARACTERÍSTICAS ....................................................................................... 16 2.7.2 TRANSDUTOR DE DESLOCAMENTO ........................................................... 16 2.8 APALPADORES ................................................................................................. 18 2.9 INCERTEZAS DE MEDIÇÃO ............................................................................. 20 2.9.1 A RIGIDEZ MECÂNICA DE UMA MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS COMO FONTE DE INCERTEZA ........................................ 21 2.9.2 CONSIDERAÇÃO FINAL SOBRE INCERTEZA.............................................. 22 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 25 3.1 ESTRUTURA DA MMC ...................................................................................... 25 3.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO DO DESLOCAMENTO ............................................... 27 3.3 SENSOR / APALPADOR DE MEDIÇÃO ............................................................ 27 3.4 AQUISIÇÃO DE DADOS .................................................................................... 28 3.5 CONDIÇÕES AMBIENTAIS ............................................................................... 29 3.6 PEÇA.................................................................................................................. 30 3.7 AVALIAÇÃO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO .................................................... 30 4 PROJETO E DESENVOLVIMENTO ..................................................................... 35 4.1 ESTRUTURA DA MMTD .................................................................................... 36 4.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO DA MMTD................................................................... 39 4.2.1 TRANSDUTOR DE DESLOCAMENTO ........................................................... 39 4.2.2 SISTEMA DE APALPAÇÃO ............................................................................ 42 4.2.3 ENGRENAGEM/CREMALHEIRA .................................................................... 44 4.3 AQUISIÇÃO DE DADOS .................................................................................... 47 4.3.1 ALGORITMO ................................................................................................... 47 4.3.2 INTERFACE HOMEM MÁQUINA – IHM ......................................................... 48 4.4 CONDIÇÕES AMBIENTAIS ............................................................................... 50 4.5 PEÇA.................................................................................................................. 51 4.6 LISTA DE COMPONENTES............................................................................... 51 5 CARACTERÍSTICAS DA MMTD........................................................................... 53 5.1 VALIDAÇÃO DOS COMPONENTES ................................................................. 54 5.1.1 POTENCIÔMETROS....................................................................................... 54 5.1.2 MESA DE MEDIÇÃO....................................................................................... 58 5.2 COMPONENTES MANUFATURADOS DA MMTD ............................................ 62 6 VALIDAÇÃO DA MMTD ....................................................................................... 63 6.1 AJUSTES DE MONTAGEM DA MMTD.............................................................. 63 6.1.1 AJUSTE DO EIXO X........................................................................................ 63 6.1.2 AJUSTE DO EIXO Y........................................................................................ 65 6.1.3 AJUSTE DO EIXO Z........................................................................................ 66 6.2 CALIBRAÇÃO DA MMTD................................................................................... 67 6.2.1 CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DA MMTD ............................................. 67 6.2.2 AVALIAÇÃO DA RESOLUÇÃO DE MEDIÇÃO DA MMTD.............................. 69 6.2.3 AVALIAÇÃO DO RAIO DO APALPADOR ....................................................... 70 6.2.4 TESTE DO EFEITO MOLA DO APALPADOR................................................. 71 6.3 EQUAÇÕES GERAIS DO SISTEMA DE MEDIÇÃO .......................................... 73 7 MEDIÇÃO COM A MMTD ..................................................................................... 74 7.1 RESULTADOS ................................................................................................... 75 ii 8 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 77 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 80 APENDICE I - VALIDAÇÃO DOS POTENCIÔMETROS ......................................... 82 APENDICE II - DESENHOS TÉCNICOS DE MONTAGEM DA MMTD ................... 88 APENDICE III - CARACTERISTICA DE RESPOSTA DA MMTD.......................... 111 APENDICE IV – RESOLUÇÃO DE MEDIÇÃO DOS EIXOS ................................. 121 APENDICE V – MEDIÇÃO DO RAIO DO APALPADOR....................................... 122 APENDICE VI – MEDIÇÃO COM A MMTD ........................................................... 123 ANEXO I – TERMINOLOGIA NA METROLOGIA.................................................. 131 ANEXO II – CARACTERÍSTICAS DA GUIA LINEAR MSA 15 S .......................... 140 ANEXO III - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DAS MMCs COMERCIAIS......................................................................................................... 141 ANEXO IV - REGRESSÃO LINEAR (AJUSTE DE RETAS).................................. 145 ANEXO V – TESTE “t” PARA MÉDIAS ................................................................ 149 iii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – EXEMPLO DE MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS – TIPO PÓRTICO ...........................................................................................................................6 FIGURA 2 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO COM MMC ..........................................................9 FIGURA 3 - MÁQUINAS TIPO PÓRTICO ............................................................................10 FIGURA 4 - MÁQUINAS TIPO BRAÇO 3D ..........................................................................11 FIGURA 5 - OUTRAS FUNÇÕES DE UM BRAÇO 3D .........................................................12 FIGURA 6 - MÁQUINAS TIPO HASTE OU COLUNA ..........................................................13 FIGURA 7 - ESQUEMA DE SENSORES .............................................................................15 FIGURA 8 - POTENCIÔMETRO LINEAR E ANGULAR .......................................................17 FIGURA 9 - PARTES DO APALPADOR ..............................................................................18 FIGURA 10 - CONFIGURAÇÕES ........................................................................................19 FIGURA 11 - CONCEITO DE UM APALPADOR..................................................................20 FIGURA 12 - FONTES DE ERROS DIRETOS.....................................................................21 FIGURA 13 – CARACTERIZAÇÃO DA INCERTEZA E ERROS DE MEDIÇÃO. ..................23 FIGURA 14 – ERROS GEOMÉTRICOS DE UMA MÁQUINA DE MEDIR A TRÊS COORDENADAS. .............................................................................................26 FIGURA 15 – MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – TIPO PÓRTICO (MMTD).............................................................................................................35 FIGURA 16 – ANÁLISE DE ESFORÇOS NO PÓRTICO......................................................36 FIGURA 17 – BASE DA MMTD............................................................................................37 FIGURA 18 – SISTEMA BASE-MESA - MMTD....................................................................38 FIGURA 19 - MONTAGEM DAS GUIAS LINEARES / MESA...............................................39 FIGURA 20 - POTENCIÔMETROS......................................................................................41 FIGURA 21 - HASTE DE MEDIÇÃO ....................................................................................43 FIGURA 22 - PONTEIRA .....................................................................................................44 FIGURA 23 - FOTO ILUSTRATIVA DA ENGRENAGEM .....................................................46 FIGURA 24 - FOTO ILUSTRATIVA DA CREMALHEIRA .....................................................46 FIGURA 25 - LEIAUTE DA PÁGINA INICIAL DO PROGRAMA ...........................................48 FIGURA 26 – PLACA DE AQUISIÇÃO DE DADOS .............................................................49 FIGURA 27 – TUBO DE AÇO ..............................................................................................53 FIGURA 28 – BASE DA MMTD............................................................................................54 FIGURA 29 – POTENCIÔMETROS DA MMTD ...................................................................55 FIGURA 30 – GRÁFICO DE INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA.....................................56 FIGURA 31 – GRÁFICO DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO DA POSIÇÃO DO EIXO..............57 iv FIGURA 32 – GRÁFICO DA CURVA DE RESPOSTA .........................................................57 FIGURA 33 – MEDIÇÃO DA PLANICIDADE DO VIDRO .....................................................58 FIGURA 34 – DIVISÃO DO VIDRO EM QUADRANTES ......................................................59 FIGURA 35 – MESA DE APOIO DO VIDRO ........................................................................60 FIGURA 36 – FOTO DA BASE COM OS CARROS E A MESA ...........................................60 FIGURA 37 – ESQUEMA DA VALIDAÇÃO DA MESA DE MEDIÇÃO..................................61 FIGURA 38 – UTILIZAÇÃO DO NÍVEL DE PRECISÃO – EIXO X .......................................63 FIGURA 39 – PARAFUSOS DE AJUSTE DE ALTURA .......................................................64 FIGURA 40 – ESQUEMA DA VALIDAÇÃO DA MESA DE MEDIÇÃO COM O VIDRO ........65 FIGURA 41 – AJUSTE DO EIXO Y......................................................................................66 FIGURA 42 – AJUSTE DE PARALELISMO DO PÓRTICO..................................................66 FIGURA 43 – OBLONGO PARA AJUSTE DO PÓRTICO ....................................................67 FIGURA 44 – AVALIAÇÃO DA CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DA MMTD .................69 FIGURA 45 – AVALIAÇÃO DA CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA – ÂNGULO DO APALPADOR. ...................................................................................................69 FIGURA 46 – RAIO DO APALPADOR. ................................................................................71 FIGURA 47 – SISTEMA APALPADOR COM MOLA ............................................................72 FIGURA 48 – MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – MMTD................74 v LISTA DE TABELAS TABELA 1 - METROLOGIA CONVENCIONAL X COORDENADAS ......................................5 TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS COMPONENTES DAS MMCS .........7 TABELA 3 - COMPARAÇÃO DE APLICAÇÃO DOS TIPOS DE MMCS...............................14 TABELA 4 – COMPARAÇÃO DAS MMCS...........................................................................14 TABELA 5 - FONTES DE INCERTEZAS .............................................................................22 TABELA 6 - FATOR DE ABRANGÊNCIA K PARA PROBABILIDADE DE 95,45%. .............33 TABELA 7 - LISTA DE MATERIAIS .....................................................................................52 TABELA 8 – CARACTERÍSTICAS DOS POTENCIÔMETROS ............................................55 TABELA 9 – DESVIO MÁXIMO DE PLANICIDADE NO VIDRO...........................................59 TABELA 10 – RESULTADOS DA PLANICIDADE DA MESA (SEM O VIDRO) ....................61 TABELA 11 - LISTA DOS COMPONTENTES MANUFATURADOS DA MMTD ...................62 TABELA 12 – DADOS COMPILADOS – CARACTERÍSTICAS DE RESPOSTA DA MMTD.68 TABELA 13 – INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DA MOLA DO APALPADOR............................72 TABELA 14 – INCERTEZAS DE MEDIÇÃO DA MMTD .......................................................75 vi RESUMO Este trabalho mostra o projeto e desenvolvimento de uma máquina de medição tridimensional tipo pórtico, para utilização em laboratório didático de metrologia, com características especiais para facilitar o ensino-aprendizagem de metrologia dimensional no curso de engenharia mecânica. Utilizando uma interface desenvolvida em LabView®, é possível realizar medições em objetos retangulares de até 200mm (faixa de medição do equipamento) com incerteza de ±0,3 mm para posição, e ±0,4 mm para distância entre dois pontos, levando-se em consideração as principais fontes de incerteza: transdutor, apalpador, e aquisição do sinal. O equipamento desenvolvido apresenta desempenho e funcionalidade adequados para o uso pretendido, atendendo as expectativas e necessidades de um equipamento didático. vii 1 INTRODUÇÃO O mercado exige, com o passar do tempo, cada vez mais dos produtos, sejam eles quais forem com melhor acabamento, mais qualidade, uma estética mais arrojada e, principalmente no mercado industrial, um controle dimensional mais preciso o que é uma evolução natural, e essa precisão vem aumentando ao longo dos tempos. Para tanto é necessário equipamentos adequados para se fazer tais medições. Na indústria metal-mecânica existem inúmeras geometrias de peças, algumas fáceis de serem medidas e outras nem tanto, e para solucionar isso as máquinas de medição tridimensionais são muito utilizadas, principalmente para geometrias complexas, ou seja, formatos que não se consegue medir utilizando um equipamento convencional como, por exemplo, um micrômetro ou um projetor de perfil. O teto de um automóvel representa um caso prático de medição de uma geometria complexa. Esta parte do veículo não tem uma geometria plana, tão pouco uma forma geométrica facilmente mensurável, entretanto as máquinas de medição realizam bem esta tarefa. Neste contexto, as universidades têm um papel estratégico no desenvolvimento de tecnologias em parceria com as empresas, como é o caso do Unicenp. Como suporte a essa demanda, o Centro Universitário Positivo disponibiliza, aos seus cursos, laboratórios didáticos que são utilizados por alunos de graduação, pós-graduação e outros interessados. Um dos laboratórios do curso de Engenharia Mecânica, do Unicenp, é o de Metrologia que possui equipamentos para as aulas expositivas, tais como micrômetros, microscópios de medição, sensores de temperatura, pressão entre outros. No decorrer da vida acadêmica do aluno, as aulas práticas, nos laboratórios fazem muita diferença, pois são nesses ambientes que o aluno tem a possibilidade de conhecer os aparelhos utilizados em engenharia, operar os equipamentos, ver os seus princípios de funcionamento e obter assim uma experiência que será útil na sua vida profissional. Este laboratório, no entanto, não possui uma máquina de medir tridimensional devido principalmente ao seu alto custo (aproximadamente sessenta 2 mil reais o modelo mais simples), o que inviabiliza a aquisição deste equipamento para o laboratório. Outro motivo é que estes equipamentos comerciais não foram projetados de forma a permitir que o aluno entenda com facilidade o princípio de medição associado com o seu funcionamento. 1.1 OBJETIVO O objetivo deste trabalho é projetar e construir uma máquina de medição tridimensional didática - MMTD ou Máquina de Medir por Coordenadas – MMC, tipo pórtico fixo e mesa deslizante, com um intervalo de medição de 200 mm em cada eixo e com uma incerteza alvo de ±0,1mm, para uso nas aulas práticas de Metrologia. O equipamento será composto por uma mesa plana, carro e pórtico que serão projetados e construídos. A máquina terá interface com um software desenvolvido em LabView®, através de uma placa de aquisição de dados multifunção, existente no Laboratório de Metrologia, para visualização dos dados obtidos nas medições. Uma característica importante desta máquina é a possibilidade de visualização dos seus componentes e do princípio de funcionamento. Este é o grande diferencial em relação aos modelos comercializados, os quais não possibilitam a visualização de seus componentes internos. 1.2 ESCOPO DO TRABALHO Primeiramente é apresentada uma revisão bibliográfica que permite conhecer o estado da arte das máquinas tridimensionais, sua importância no cenário industrial, as partes principais que a compõe, tipos existentes e comercializados, as características técnicas, incertezas associadas, vantagens e desvantagens, seu princípio de funcionamento e outros elementos associados. A MMTD utiliza sensores de deslocamento do tipo resistivo ou potenciométrico alimentado eletricamente, um apalpador rígido, do tipo passivo, o qual obterá as coordenadas do ponto a ser medido. Estes dados (leitura dos 3 potenciômetros) são tratados por uma placa de aquisição de dados da National Instruments a qual já está disponível no Unicenp. Este trabalho engloba o projeto em CAD e simulação CAE do pórtico da MMTD, estudo de esforços e análise estrutural incluindo estudo dos materiais a serem utilizados. É utilizado um software, desenvolvido em LabView®, para fazer a interface da MMTD com o usuário, mostrando os valores das medições, cabendo aos autores a realização dos testes de validação do programa e dos equipamentos utilizados no condicionamento do sinal. O projeto contempla também um estudo sobre as incertezas de medição e das técnicas utilizadas para minimizar as fontes de erros e incertezas na máquina MMTD. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO Este trabalho é dividido em oito capítulos, sendo o segundo capítulo a revisão bibliográfica onde está detalhado o problema. É neste capítulo também que se encontra o estado da arte e a aplicação destes equipamentos na indústria e por fim as vantagens e desvantagens destes equipamentos. O capítulo terceiro apresenta a fundamentação teórica onde o estudo fica mais focado nas fontes de incertezas que um sistema de medição tridimensional do tipo pórtico pode apresentar. No capítulo quarto tem-se o desenvolvimento do projeto propriamente dito, com as definições das geometrias, leiaute da máquina, materiais, e soluções adotadas para minimizar as fontes de erros e incertezas do sistema. O capítulo quinto compreende os testes com os componentes em separado, como por exemplo, os potenciômetros. O sexto capítulo compreende os ensaios de validação da MMTD, como a curva de resposta da máquina como um todo. No capítulo sete, são analisados os resultados da MMTD e a conclusão do trabalho embasado nos resultados obtidos é mostrada no oitavo capítulo. 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA As primeiras máquinas de medir por coordenadas surgiram no início dos anos 60. Estas eram aparelhos que mostravam a posição nos eixos coordenados das medidas X, Y, Z da máquina. Ainda hoje há muita discussão sobre quem foi o criador da MMC. As primeiras MMCs, provavelmente, foram introduzidas pela indústria italiana DEA (Digital Electronic Automation). A DEA introduziu uma máquina tipo pórtico com apalpador rígido. Pouco depois a indústria Ferranti Metrology (hoje, International Metrology Systems ou IMS) introduziu uma MMC tipo haste ou coluna com apalpadores fixos. A Ferranti, provavelmente produziu a primeira MMC DCC (Diretamente Controlada por Computador), enquanto a DEA clama ter produzido a primeira MMC por comando numérico (CNC). A evolução destas máquinas e da tecnologia de medição tridimensional, está interligada ao desenvolvimento das tecnologias dos demais produtos. Com o mercado lançando produtos mais sofisticados, com tolerâncias geométricas e dimensionais cada vez mais estreitas é demandado o desenvolvimento das MMCs num mesmo ritmo. Estes desenvolvimentos ocorreram à medida que os sistemas de medição de deslocamento eletrônicos foram sendo aperfeiçoados, permitindo elevar a qualidade e viabilizando a integração com sistemas automatizados de fabricação uma vez que entre eles há uma grande flexibilidade. 2.1 CONCEITO DE MEDIÇÃO POR COORDENADAS No processo de medição por coordenadas alguns conceitos devem ser expostos para um melhor entendimento da lógica de funcionamento e estrutura das máquinas de medir por coordenadas. A metrologia por coordenadas pode ser entendida como o conjunto de técnicas que têm por objetivo determinar atributos dimensionais de elementos geométricos, através da medição das coordenadas de pontos que compõem esses elementos. Um sistema de medição por coordenadas é diferente dos sistemas convencionais de medição (medição por paquímetros, trenas, micrômetros, entre outros) uma vez que as medidas da peça não saem diretamente da medição, e sim 5 antes devem passar por um tratamento, ou seja, a partir da posição dos pontos são calculados círculos, retas, planos, etc. e a partir destes as medidas de interesse são obtidas, como cita Artur Soares Alves em seu livro Metrologia Geométrica (Alves, 1996). Uma citação que é possível utilizar deste mesmo autor é: “um ponto só se torna relevante quando pode ser identificado, isto é, quando podemos distingui-lo de outros pontos do espaço, sejam geométricos ou materiais”. Esta frase mostra o princípio de funcionamento de uma MMC. Outro trecho que complementa o conceito de referencial e coordenada de um ponto é: “Para localizar pontos num espaço através das suas coordenadas (x, y, z) é necessária a fixação de um referencial”, sendo que este trecho determina que uma MMC apresenta um referencial próprio, um máquina, e um objeto, que se traduz como o referencial da peça a ser medida. Finalizando pode-se complementar que "um referencial no espaço é formado por um ponto fixo”. A Tabela 1 apresenta uma comparação entre método convencional e o por coordenadas. TABELA 1 - METROLOGIA CONVENCIONAL X COORDENADAS Metrologia Convencional * Alinhamento manual e demorado da peça. Metrologia por Coordenadas * Não é necessário alinhamento manual da peça. * Instrumentos dedicados e pouco flexíveis. * Determinação separada das dimensões, erros de forma e posição, com diferentes instrumentos de medição. * Dificuldade de integração em ambientes automatizados. * Restrição na capacidade de inspeção. * Flexibilidade e adaptação simples às tarefas de medição. * Comparação dos resultados com modelos matemáticos. * Determinação conjunta de dimensão, forma e posição, na maior parte das vezes, numa única montagem. * Possibilidade de integração em ambientes com automação flexível. * Melhoria na capacidade de inspeção. * Menor confiabilidade em tarefas complexas. * Maior confiabilidade em tarefas complexas. * Comparação dos resultados com padrões. * Maior tempo de inspeção em grande quantidade * Menor tempo de inspeção em grande quantidade de peças complexas (possibilidade de de peças complexas. programação CNC). * Maior custo de inspeção. * Menor custo de inspeção. FONTE: A.S. ALVES, 1996; PROF. MARCO A. M. CAVACO, 2002. 6 Na metrologia podem-se dividir, de um modo genérico e para uma melhor compreensão, as máquinas de medir ou equipamentos/ferramentas de medição em três categorias: em máquinas de medições unidimensional, bidimensionais e as tridimensionais. Nas máquinas unidimensionais incluem-se os paquímetros, micrômetros, trenas, relógios comparadores, traçadores de altura entre outros; nas máquinas bidimensionais entram os projetores de perfis e, nas máquinas tridimensionais incluem-se as do tipo Pórtico, Braços Tridimensionais e Haste ou Coluna. 2.2 CONCEITOS GERAIS DAS MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS As máquinas de medir por coordenadas ou máquinas de medição tridimensional, ou ainda CMMs (coordinate measuring machines), são sistemas eletromecânicos que adquirem coordenadas cartesianas de pontos sobre a superfície de uma peça rígida que se deseja controlar. Estas máquinas têm como objetivo medir, ou seja, comparar algo (neste caso a coordenada de um ponto no espaço) quantificando em relação a uma referência. A Figura 1 mostra um exemplo de MMC tipo pórtico com seus respectivos componentes e a indicação dos eixos de coordenadas. FIGURA 1 – EXEMPLO DE MÁQUINA DE MEDIR POR COORDENADAS – TIPO PÓRTICO FONTE: A.S. ALVES, 1996. 7 As MMCs são máquinas que apresentam uma estrutura de eixos guia os quais direcionam os deslocamentos, os sensores que medem estes deslocamentos e o apalpador que capta o sinal do ponto e envia esta informação para um computador e/ou uma placa de aquisição ou de processamento. Atualmente, segundo A.S. Alves em seu livro Metrologia Geométrica, é somente considerada uma máquina de medir por coordenadas as máquinas que apresentam, via computador, os resultados ao usuário e que efetuam correções dos erros e incertezas gerados durante a medição. 2.3 ESTRUTURA DAS MMCS As MMCs se diferem umas das outras pelos níveis de exatidão de medidas desejados, pela aplicação e incertezas, porque geralmente elas apresentam características fundamentais comuns. Uma vez que o conceito principal das máquinas de medir por coordenadas é relacionar as coordenadas do sensor com a peça a um referencial conhecido do sistema, surgem as opções de escolha e dos tipos disponíveis de máquinas para efetuar a atividade. Estas máquinas, de um modo geral, apresentam vários componentes comuns, conforme mostra a Tabela 2. TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS COMPONENTES DAS MMCS Mesa de desempeno Sistema Apalpador Sistema Sensores Sistema Eixos Guia Computador Tipo Pórtico Tipo Braço Tipo haste x x x x x x x x x x x x x FONTE: OS AUTORES, 2007. A mesa de desempeno nas MMCs é a base onde fica apoiada a peça a ser dimensionada. Esta estrutura deve apresentar planicidade (conforme necessidade operacional) e em relação ao sistema de eixos guias, deve haver perpendicularismo. A estabilidade estrutural/molecular contra agentes externos (temperatura, umidade, choques entre outros) é um fator de grande importância, portanto, a matéria-prima desta base tem um grande impacto no sistema de medição e deve ser considerada no estudo de implantação do melhor tipo de MMC. Esta base é utilizada no mercado 8 nos três principais materiais, ferro fundido, aço e granito, cada qual com suas características e singularidades. O sistema apalpador é o item que está em contato direto com a peça a ser medida, é este sistema que capta o sinal da coordenada quando toca a peça e o transmite ao processador para filtragem do sinal. Em uma máquina tipo pórtico, este sistema apalpador trabalha diretamente com o eixo z, como mostrado na Figura 1. O sistema de sensores é o responsável por identificar qual a localização do sistema apalpador quando aquele toca a peça. O sistema de eixos guia é o componente ou estrutura que dá característica a máquina, é onde o sistema apalpador está fixo e onde o deslocamento da máquina durante a medição nos três eixos ocorre. O processador (computador) é o mecanismo de filtragem, tratamento de dados e interface com o usuário. São nestes mecanismos que ocorrem as correções das medições, recebem do apalpador e dos sensores as coordenadas dos pontos e realizam os cálculos e informam os resultados ao usuário. 2.4 APLICAÇÕES DAS MÁQUINAS DE MEDIR POR COORDENADAS As aplicações destas máquinas no mercado são de vasta gama de produtos, estendendo desde componentes aeronáuticos e aeroespaciais, componentes automotivos aos componentes ópticos (lentes) até aos produtos mais conhecidos como ferramentas e dispositivos em geral. Um dos exemplos de aplicações é mostrado na Figura 2, onde a Figura 2(a) detalha a lateral de um veículo e indica os pontos obtidos na medição, a Figura 2(b) mostra a máquina de medir por coordenadas tipo Haste ou Coluna em plena aplicação e a Figura 2(c) detalha a máquina e a peça a ser medida. A aceitação no mercado produtivo desta ferramenta é devido à grande flexibilidade e facilidade de integração ao controle da qualidade e à manufatura automatizada melhorando conseqüentemente a tarefa de inspeção destes produtos. 9 FIGURA 2 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO COM MMC (a) (b) (c) FONTE: OS AUTORES, 2007. Segundo, Orrego, R.M. et al. (2000), pode-se concluir que houve uma integração entre os vários processos na indústria, principalmente na indústria automobilística. Ocorreu uma integração do controle de qualidade à produção automatizada, uma vez que as MMCs fazem uso de ferramentas como CAD/CAM/CAE levando a redução de desperdício (tempo e recursos) e alterando substancialmente o desenvolvimento, o projeto, a fabricação e o controle de qualidade dos produtos manufaturado. 2.5 TIPOS DAS MMCS As máquinas de medir por coordenadas podem ser divididas genericamente em três tipos: MMC tipo pórtico, MMC tipo Braço e MMC tipo Haste ou Coluna. Cada qual com sua característica, melhor aplicabilidade, custo/beneficio, incertezas, entre outros fatores. 10 2.5.1 Tipo Pórtico Este tipo de máquina apresenta uma melhor resposta contra agentes externos que prejudicam e elevam os erros e incertezas de medição. Isto se dá devido sua estrutura tipo pórtico apresentar maior estabilidade mecânica. Estas máquinas apresentam a estrutura mais comum e também podem ser chamadas de tipo "ponte móvel", "ponte fixa", "cantilever", "braço horizontal" e "pórtico". Este tipo é o mais utilizado no mercado automotivo devido sua resposta, resultados, simplicidade de uso e custo-benefício. Este tipo de máquina, conforme sua aplicação e necessidade, o projeto e conceito podem variar e os exemplos podem ser visualizados na Figura 3. FIGURA 3 - MÁQUINAS TIPO PÓRTICO FONTE: PROF. MARCO A. M. CAVACO, 2002. Uma MMC tipo pórtico possui três partes móveis, conforme descrito abaixo: • Pórtico ou ponte: onde ocorre o movimento de translação (eixo x), pelo movimento do pórtico ou pelo movimento da mesa de medição. Parte de maior tamanho é o ponto mais crítico de uma MMC tipo pórtico, uma vez que toda a estrutura é grande e pesada comparada com sua base. Desta forma, todo e qualquer atrito é prejudicial ocasionando desvios significativos os quais podem ser minimizados fazendo-se uso de um colchão de ar sob os trilhos, ou fazendo-se o uso de guias de esferas lineares na base do pórtico. É nesta parte móvel que fica localizado o carro e o braço, conforme mostrado nas Figura 1 e Figura 3. • Carro: onde ocorre o movimento transversal (eixo y) e onde fica localizado o braço da máquina. 11 • Braço: onde ocorre o movimento vertical (eixo z). No braço é onde se situa o sistema apalpador o qual é composto por cabeça, haste e esfera de apalpação (apalpador). Este tipo de máquina é a mais usual na indústria automotiva, uma vez que atende o requisito custo – beneficio, sendo adequada para medir a grande maioria de peças, com grande velocidade, precisão (repetitividade) e exatidão. Pode-se citar como exemplo a máquina modelo STRATO 776 da Mitutoyo a qual apresenta uma incerteza de medição na faixa entre 3,5 e 3,2 µm. Outro fator também positivo é a possibilidade de se automatizar esta máquina junto à linha de produção o que torna um produto com maior qualidade para seus clientes (internos e externos). Neste tipo de máquina, como nos demais, seu desempenho metrológico depende de seus erros de medição. 2.5.2 Tipo Braço A Figura 4 apresenta dois exemplos de uma máquina tipo braço 3D: FIGURA 4 - MÁQUINAS TIPO BRAÇO 3D (a) (b) FONTE: WWW.ITGROMER.COM.BR, 2007. Este tipo de máquina de medir por coordenadas é chamado de braço de medição 3D portátil que são braços articulados que possuem até oito eixos de medição, permitindo realizar trabalhos com grande liberdade de movimentos e acessibilidade, com grande aplicabilidade em medições diretamente no chão de fábrica e medições em peças de grandes dimensões e com uma incerteza de 12 medição na faixa, como por exemplo, o modelo Sigma 2018 da ITG ROMER, entre 0,010 e 0,018 mm. Este tipo de máquina, no mercado pode ser disponibilizado com outras ferramentas/funções anexadas, ferramentas estas direcionadas ao campo da Engenharia Reversa. As funções anexadas a estes braços são scanners1 que a partir de objetos físicos, são medidos e transformados em um sólido computacional, podendo então analisar a situação da peça através de um computador. Outra função que também é aplicada à Engenharia Reversa é na construção de protótipos usinados em material como acrílico, ou seja, através de um sólido computacional o braço 3D, com uma ferramenta de corte, usina a peça conforme projetado. A Figura 5(a) mostra a utilização de um scanner adquirindo dados de um objeto existente e a Figura 5(b) detalha um processo de usinagem a partir de um modelo computacional. FIGURA 5 - OUTRAS FUNÇÕES DE UM BRAÇO 3D (a) (b) FONTE: WWW.ITGROMER.COM.BR, 2007. 2.5.3 Tipo Haste ou Coluna A aplicação desta máquina é ligada quase que diretamente a produtividade esperada num determinado processo, uma vez que este tipo de MMC apresenta elevadas velocidades de medição e uma incerteza de medição na faixa de 80 µm como por exemplo, as máquinas de modelo PRO Compact da Carl Zeiss. Para exemplificar uma máquina tipo haste ou coluna, veja Figura 6. 1 Scanners - ou digitalizador: este equipamento faz uma varredura na superfície de um dado objeto e transfere as informações para um computador, neste caso, são as dimensões da peça. 13 FIGURA 6 - MÁQUINAS TIPO HASTE OU COLUNA FONTE: PROF. MARCO A. M. CAVACO, 2002. 2.5.4 Comparação entre os Tipos de MMCs Entre os tipos de MMCs cabe uma comparação para um maior e melhor entendimento. Cada tipo traz seus pontos positivos e seus pontos negativos. No mercado, entre fabricantes, a variação e atributos das MMCs disponíveis são vastos. Para a seleção de um melhor tipo de máquina, dois passos básicos são necessários: a determinação da faixa de medição da MMC e o erro máximo admissível ou incerteza de medição do instrumento de medição. Mas, em uma indústria, a determinação do melhor tipo também está ligada ao tipo de produto a ser medido, à produtividade, à eficiência e ao custo desejado pela organização. A Tabela 3, detalha exemplificando alguns fatores e aplicações singulares destes tipos de MMCs e a Tabela 4 compara os tipos de MMCs conforme suas características técnicas, operacionais e estruturais – dados e informações compilados pelos autores mas, baseados nos trabalhos e informativos de empresas, catálogos trabalhos/artigos de profissionais conceituados na área. e 14 TABELA 3 - COMPARAÇÃO DE APLICAÇÃO DOS TIPOS DE MMCS Necessidade Restrição ou dificuldades de medição Deseja-se medir um tolerâncias pequenas, elevadas bloco usinado de precisões. motor veicular. Deseja-se medir com grande produtividade a porta de um veículo. necessita de flexibilidade no processo, de grande produtividade, rapidez de medição. deseja-se medir devido ao porte da peça fica inviável seu deslocamento até uma pá de uma turbina hidrelétrica. uma estaçao de MMC. Tipo MMC Vantagens Comparação de custo Pórtico estabilidade dimensional, estrutura de portal, reduz erros. Variam de acordo com as faixas de medição e erros permissíveis. Haste ou Coluna elevada produtividade e velocidade de medição. Tendem a ter elevados preços. Braço 3D excelente para medições no chão de fábrica e Podem variar seus preços de apresenta elevada acordo com os opcionais. flexibilidade. FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA 4 – COMPARAÇÃO DAS MMCS Características Técnicas Operacionais Estrutural Pórtico Haste ou Coluna - restrito a ambientes controlados; - restrito a ambientes - maiores incertezas de controlados; medições comparadas a tipo - menores incertezas de medição pórtico mas inferiores ao tipo braço 3D; - grande facilidade operacional; - grande facilidade operacional; - não requer operador com alta - não requer operador com alta especialização para utilização; especialização para utilização; - pouca influência do operador na - pouca influência do operador na aquisição das coordenadas; aquisição das coordenadas; - Menos estável comparado ao - mais estável, devido estrutura pórtico, apoio se dá em uma tipo portal; única coluna. Braço 3D Portátil - não requer ambiente controlados, aplicação direta no chão de fábrica; - maiores incertezas de medição; - requer operador treinado e capacitado; - grande influência do operador na aquisição das coordenadas; - estabilidade intermediária, uma vez que depende do operador; FONTE: OS AUTORES, 2007. Uma análise das informações apresentadas nas tabelas Tabela 3 e Tabela 4 permitem concluir que a MMC tipo pórtico apresenta as melhores características técnicas, operacionais e estruturais entre os três tipos de máquinas. 2.6 MESA DE DESEMPENO As mesas de medição, superfícies onde ficam presas as peças a serem medidas, também podem ser chamadas de desempeno. Estas mesas são superfícies horizontais e planas utilizadas para medições de precisão. As máquinas comerciais geralmente utilizam mesas de aço, ferro fundido e principalmente granito. 15 As mesas de granito possuem uma homogeneidade na sua microestrutura, que possibilita criar uma superfície plana com um desvio de forma muito pequeno. Sua dureza faz com que esta superfície resista aos choques das peças. 2.7 TRANSDUTORES Transdutores podem ser considerados elementos que mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza física, associada com efeitos físicos ou mecânicos, podendo fornecer direta ou indiretamente um sinal de saída que indica esta grandeza, como mostra a Figura 7. Quando operam diretamente, convertendo uma forma de energia em uma variação de uma outra grandeza (por exemplo tensão ou corrente elétrica), são chamados transdutores. FIGURA 7 - ESQUEMA DE SENSORES FONTE: OS AUTORES, 2007. Os de operação indireta alteram suas propriedades, como a resistência, a capacitância ou a indutância, sob ação de outra grandeza, de forma mais ou menos proporcional. 16 2.7.1 Características Na indústria é necessário medir várias grandezas físicas e/ou mecânicas e para isso, usam-se sensores de diversos tipos. Os principais encontrados na indústria são sensores para medir temperatura, velocidade, vazão, pressão, deslocamento entre diversos outros. Para escolher um sensor corretamente é necessário verificar algumas características como, por exemplo: a linearidade, que é o grau de proporcionalidade entre o sinal gerado e a grandeza física e quanto maior, mais fiel é a resposta do sensor ao estímulo. Os sensores não lineares são usados em faixas limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores especiais, que corrigem o sinal. A faixa de atuação é o intervalo de valores da grandeza em que pode ser usado o sensor, sem destruição e com uma incerteza dentro da tolerância. 2.7.2 Transdutor de Deslocamento A produção em grande escala e com alta qualidade na indústria mecânica exige medição rápida e confiável, sendo de fundamental importância no campo da engenharia moderna. Os medidores de aplicação mais comum na indústria, e que operam segundo o princípio de transdução, são do tipo: • Mecânico; • Pneumático; • Elétrico analógico; • Elétrico digital. 2.7.2.1 Medidores Elétricos Analógico Os medidores de deslocamento elétricos analógicos possuem duas características que os fazem conquistarem cada vez mais o mercado, que são a sua simplicidade de construção e a facilidade de automatização. Estes transdutores se dividem em: 17 • Resistivos ou potenciométricos; • Indutivos • Capacitivos • Fotoelétricos Como citado no escopo do trabalho, a MMTD utiliza um transdutor potenciométrico, desta forma a revisão está direcionada para este tipo de sensor. 2.7.2.1.1 Resistivos ou Potenciométricos Os sensores resistivos, também conhecidos como potenciômetros, medem deslocamentos com base na resistência de um condutor que se altera com o comprimento. A sua resolução está limitada ao número de espiras que constituem a resistência (a Figura 8, mostra potenciômetros com apenas uma volta, para efeito didático). Eles fornecem uma tensão de saída proporcional a um deslocamento linear ou angular. FIGURA 8 - POTENCIÔMETRO LINEAR E ANGULAR FONTE: PROF. MARCO A. M. CAVACO, 2002. Eles são muito difundidos na indústria devido ao seu baixo custo, porém há uma desvantagem que precisa ser levada em consideração que é a freqüência de uso. Em aplicações extremas, eles apresentam desgaste aumentando as incertezas nas medições. 18 2.8 APALPADORES Apalpadores são dispositivos pelos quais as MMCs coletam dados dimensionais do ambiente. Os apalpadores podem ser usados para detectar erros de posicionamento da peça, erros nas dimensões da peça, uso impróprio da ferramenta, desgaste da ferramenta, e assim por diante. As características do apalpador utilizado estão significantemente relacionadas com o resultado da medição. Um apalpador é composto de três principais partes: • Corpo: é onde estão localizados as partes móveis e sensores; • Haste: pequeno eixo rígido e leve produzido em aço, fibra de carbono ou cerâmica; • Ponta: geralmente na forma de uma esfera sendo a parte que faz contado com a peça a ser medida. Pode ser encontrada em diferentes materiais como rubi sintético, nitrato de silício ou zircônio sintético. Essas partes podem ser visualizadas na Figura 9. FIGURA 9 - PARTES DO APALPADOR FONTE: PROF. MARCO A. M. CAVACO, 2002. Os apalpadores podem apresentar diferentes configurações como sistema Articulado e Múltiplas hastes, visualizadas na Figura 10, ou pode permitir um sistema automático de troca de hastes. 19 FIGURA 10 - CONFIGURAÇÕES FONTE: WWW.MITUTOYO.COM, 2007. Além de configurações variadas, os apalpadores possuem também diferentes modos de operação, que estão relacionados com os sensores presentes em seu corpo. Podem-se classificar os apalpadores segundo seu modo de operação: • Tipo Passivo: rígido, sem partes móveis. É necessário um operador para dar um comando ao sistema para que o ponto seja medido. • Tipo Trigger: possui um sensor que envia um sinal ao sistema quando a ponta do apalpador entra em contato com a peça permitindo aquisição de dados automática e com mais precisão. • Tipo Analógico: possui funcionamento similar ao tipo trigger, mas além do sensor de toque, possui um sensor para medir a deflexão da haste. • Tipo Sem Contato: com sensores ópticos, capacitivos ou outros sensores elétricos. Alguns desses apalpadores podem medir vários pontos ao mesmo tempo oferecendo velocidades de medição mais elevadas, mas com precisão menor do que os apalpadores por contato. Além disso esses sistemas sofrem maior interferência do ambiente. A maioria dos apalpadores do tipo trigger utiliza um suporte com um circuito cinemático para a haste. O suporte consiste em um centro móvel ao qual é fixa a haste do apalpador, esse centro possui um trio de hastes ao qual se da o nome de Tripé; esse tripé está assentado em esferas metálicas como mostra a Figura 11. 20 FIGURA 11 - CONCEITO DE UM APALPADOR FONTE: WWW.INDOOR.FLYER.CO.UK, 2007. As esferas e as três “pernas” do tripé estão ligadas em um circuito em série, e cada “perna” assentada em um par de esferas, sendo que as esferas estão separadas uma das outras. Assim para que o circuito fique fechado as “pernas” devem permanecer em contato com seu par de esferas. Quando a ponta do apalpador entra em contato com a peça, a haste sofre um deslocamento que move o centro do suporte fazendo com que o circuito seja cortado, e assim o sistema reconhece que o apalpador tocou a peça. Uma mola pré-carregada faz com que o sistema volte ao estado inicial antes e depois do toque. 2.9 INCERTEZAS DE MEDIÇÃO As máquinas de medir por coordenadas passaram por uma grande evolução tecnológica nos últimos 20 anos no sentido de se tornarem mais rápidas, confiáveis operacionalmente e com incerteza de medição cada vez menor. Avanços significativos em todos os seus componentes têm permitido medições cada vez mais exatas, o que tem ampliado o uso da tecnologia para aplicações antes exclusivas de sistemas de medição dedicados. Segundo André R. Sousa, do CEFET/SC2 um desses avanços ocorreu na parte de correção de erros por software, no que se convencionou chamar de “Computer Aided Accuracy (CAA)”. Com o avanço da microinformática, a estratégia de corrigir erros geométricos dos componentes e da montagem facilitou e reduziu os custos de produção das máquinas de medir, além de proporcionar níveis de exatidão bem superiores às máquinas sem o CAA. 2 CEFET/SC - Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina. 21 A qualidade dos resultados de uma MMC é função, primeiramente, dos erros de medição das coordenadas. Portanto para alcançar bons resultados deve-se garantir que a máquina tenha movimentos relativos geometricamente bem definidos, com o mínimo de erros de retilineidade, ortogonalidade, planicidade, etc. Isto implica em uma estrutura bastante rígida, de precisão e estável. A Figura 12 mostra os erros associados diretamente à máquina. FIGURA 12 - FONTES DE ERROS DIRETOS FONTE: OS AUTORES, 2007. 2.9.1 A Rigidez Mecânica de uma Máquina de Medir por Coordenadas como Fonte de Incerteza A rigidez da máquina é uma fonte de incerteza, na medida em que o peso próprio da máquina e o peso da peça colocada sobre a sua mesa provocam deformações na sua estrutura e causam alterações na trajetória dos eixos da máquina, levando a erros de medição. Em uma máquina do tipo pórtico, a sua rigidez mecânica é bastante favorecida pela mesa de granito, pelas colunas, e pela guia transversal com grande momento de inércia. Quando se detalham as fontes de incerteza que atuam sobre uma máquina de medir por coordenadas, a influência da sua rigidez estática normalmente aparece em plano secundário, pois a sua influência sobre os resultados é normalmente menor que outras fontes de incerteza, como a temperatura, por exemplo. Isso, de fato, é verdade, principalmente em máquinas do tipo pórtico. O peso próprio da máquina é uma fonte de incerteza de característica 22 predominantemente sistemática. Os erros provocados pelo peso próprio da máquina são bastante repetitivos em condições normais de operação. A Tabela 5 mostra as principais fontes de erros que incidem direta e indiretamente nos resultados das medições: TABELA 5 - FONTES DE INCERTEZAS Sistema de Coordenadas: - Retilineidade das guias; - Rigidez estática e dinâmica; - Folgas e Desgastes; Condições Ambientais: - Variações de temperatura; - Umidade relativa; - Vibrações; - Condições de Instalação; - Contaminação; - Aquecimento local; Sistema de Medição de Deslocamento: - Escalas; - Montagem e ajustes; Peça: - Peso; - Dureza; - Limpeza; - Rugosidade; - Módulo de elasticidade ; Software: - Algoritmos; - Número de casas decimais; - Interpolação; - Digitalização; - Aquisição e Processamento; Sensor de medição: - Histerese; - Flexão da haste; - Repetitividade; - Ponto zero; FONTE: ANDRÉ R. SOUSA, 2003. A flexão provocada pelo peso do carro sobre o portal, por exemplo, causa um erro de retilineidade e um erro de rolamento (pitch) no carro. Levando em consideração que a massa do carro é constante como as propriedades mecânicas do portal, esse erro pode ser determinado por uma calibração e corrigido por software. 2.9.2 Consideração Final sobre Incerteza Máquinas mais modernas, onde a estrutura mecânica privilegia a velocidade de medição, possuem estruturas mais leves e potencialmente mais rígidas. A medição de peças de grande massa em uma máquina menos rígida merece maiores 23 cuidados e análises, bem como a medição de peças com tolerâncias muito apertadas ou com padrões metrológicos específicos. A utilização de ferramentas computacionais para análises de deformações (sistemas CAE - computer aided engineering) para a avaliação metrológica de máquinas de medir por coordenadas e outros sistemas de medição, são opções eficientes e confiáveis para analisar o comportamento desses sistemas sob condições de difícil realização prática, ainda que os valores de erro encontrados nas análises não possam ser usados para a correção de resultados de medição. A informação qualitativa obtida é bastante importante para definir estratégias e orientar procedimentos de medição. A doutora Rosana Camargo (2004) em seu artigo intitulado "Expressão do Resultado de medição”, cita que a incerteza da medição é, geralmente, expressa como uma faixa de valores em torno do valor medido, e centrada simetricamente. Na medição de um bloco padrão ou do diâmetro de um círculo a incerteza é unidimensional, conforme mostrado na Figura 13 (a), mas, no caso da localização ou região de um ponto no espaço, cuja localização é especificada pelas coordenadas (x, y, z), a incerteza é tridimensional, conforme mostrado na Figura 13 (b). O tamanho e a forma desta região ou nuvem são definidos pelas fontes de incertezas, as quais são detalhadas abaixo. FIGURA 13 – CARACTERIZAÇÃO DA INCERTEZA E ERROS DE MEDIÇÃO. (a) Caracterização da Incerteza Unidimensional (b) Caracterização da Incerteza Tridimensional FONTE: ROSANA CAMARDO, EXPRESSÃO DO RESULTADO DE MEDIÇÃO, 2004. 24 As incertezas de uma máquina de medir por coordenada convencional, segundo Orrego, R.M. et al. (2000) podem ser agrupadas segundo suas fontes em sete categorias: I. Imperfeições da geometria da máquina resultantes da manufatura, desgastes dos componentes e o próprio peso dos componentes móveis da máquina; II. Incertezas e erros do sistema de medição; III. Incertezas e erros relacionados aos algoritmos matemáticos; IV. Incertezas e erros relacionados com a estratégia de medição (fator humano – incerteza relacionada ao operador da máquina); V. Incertezas e erros derivados da influência das propriedades da peça a ser medida; VI. Incertezas e erros devidos às variações e os gradientes de temperatura; VII. Incertezas e erros dinâmicos devido a vibrações. Destas incertezas / erros citados acima, os dos grupos 1, 2 e 6 são os que mais influenciam na exatidão das máquinas de medir. 25 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As características solicitadas para o projeto partiram da necessidade inicial de uma máquina de medir por coordenada didática para utilização nas aulas práticas de metrologia. Esta principal necessidade está ligada à função didática (interação teoria – máquina – aluno) e, consequentemente, ao baixo custo para aquisição e/ou confecção deste equipamento. Entre os três tipos de MMCs citadas no capítulo anterior, a máquina tipo pórtico é a que mais se adeqüa aos materiais, recursos e ferramentas disponíveis no Unicenp, às exigências de projeto, bem como às principais especificações solicitadas para o laboratório didático. Além disso, está a necessidade de se obter o melhor resultado na medição, com os recursos disponíveis (materiais e mão-deobra), reduzindo ao máximo os impactos causados pelos erros e incertezas de medição. Baseado nas fontes de incertezas associadas com a construção e operação de uma máquina de medir por coordenadas, estabelecidas na seção 2.9 deste trabalho, é possível apresentar a fundamentação teórica relacionada com a construção da máquina tridimensional didática, tipo pórtico. 3.1 ESTRUTURA DA MMC O sistema de deslizamento ou de movimentação apresenta a necessidade de ter retilineidade, ortogonalidade e planicidade das guias de deslizamento, rigidez estática e dinâmica e minimização das folgas e desgastes. Para atender às necessidades acima, várias soluções são possíveis, como, movimentação por guias lineares, movimentação por colchão de ar, usinagem de alta precisão, entre outras. Todas estas soluções devem primeiramente apresentar um projeto satisfatório e eficaz e ser acompanhadas de um rigoroso procedimento de montagem. Além do sistema de movimentação, a estrutura é outro fator que deve ser levado em consideração, devido a sua deflexão ou deformação em função da própria massa do sistema e, no caso da barra superior (MMC tipo pórtico) acrescida da massa do carro (estrutura que se movimenta sobre o eixo Y), que causa tensões, momentos e reações. Para analisar o efeito destas incertezas na estrutura, são 26 utilizados softwares que através de métodos de elementos finitos (CAE) realizam simulações dos impactos dos esforços no conjunto. Em uma MMC, os erros geométricos (ou paramétricos) – pertencentes ou que causam influência na estrutura, são os que mais impactam na exatidão das máquinas, conforme citado por Orrego, R.M. et al. (2000) estes erros estão relacionados ou têm dependência com a posição, conforme mostra a Figura 14. FIGURA 14 – ERROS GEOMÉTRICOS DE UMA MÁQUINA DE MEDIR A TRÊS COORDENADAS. FONTE: ORREGO R.M., 2000. Quando combinados, os três eixos de uma máquina de medir, geram dezoito erros paramétricos que somados com os outros três não-paramétricos (erros de ortogonalidade entre os eixos da máquina) totalizam 21 (vinte e um) erros geométricos. Estes 21 erros geram o que se convencionou chamar, de erro volumétrico e é definido pela Equação (1) (Di Giacomo, 1986), onde Exi , Ey i e Ez i representam a combinação dos erros geométricos que influenciam em cada uma das três direções dos eixos. Ev i = Exi + Ey i + Ezi (1) O movimento contínuo dos elementos móveis da máquina desloca o centro de gravidade de sua estrutura, provocando variações dos estados de deformação dela. Estes erros e incertezas gerados por esses movimentos podem ser eliminados 27 ou minimizados através de desenhos e materiais capazes de fornecer maior rigidez à estrutura das máquinas. A natureza sistemática dos erros geométricos permite sua correção ou compensação através de programas computacionais, o que melhora a exatidão das máquinas, segundo Orrego, R.M. et al. (2000). Nestas máquinas de medir os efeitos dinâmicos são menores porque as forças envolvidas na medição são muito pequenas e geralmente os movimentos são lentos, salienta Hocken (1980). A exatidão das MMCs é extramente sensível a vibrações internas ou externas. Fora do ambiente onde se localiza a máquina, várias são as fontes de vibrações: compressores de ar, equipamentos de ventilação, rodovias, ferrovias. A forma mais eficaz de se controlar estas fontes é utilizar mecanismos que permitam isolar estes efeitos. 3.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO DO DESLOCAMENTO Formado por três transdutores de deslocamento potenciométricos (x, y, z), apresenta as seguintes fontes de incerteza: a) Linearidade do sinal de saída (tensão DC); b) Sensibilidade (V/mm); c) Resolução; d) Histerese; e) Erros de medição (sistemáticos e aleatóricos); f) Repetitividade (precisão); g) Mobilidade; h) Temperaturas (ambiente e auto-aquecimento); i) Ponto Zero; 3.3 SENSOR / APALPADOR DE MEDIÇÃO Nas máquinas convencionais é utilizado um sistema (apalpador) encarregado de tomar os pontos coordenados sobre a superfície da peça que está sendo medida. Este é o componente mais crítico do sistema de medição e envolve um elevado custo, a partir de doze mil reais. Inicialmente, dispunha-se somente de 28 apalpadores rígidos, mas, com o passar do tempo desenvolveu-se sistemas eletromecânicos, touch-trigger, e atualmente, sistemas mais modernos que têm princípios de funcionamento baseados em cristais piezelétricos, que agilizaram e ampliaram o uso das máquinas reduzindo as incertezas a níveis imperceptíveis das MMCs. Os exemplos citados acima dizem respeito a apalpadores por contato, mas outro tipo de apalpador é aquele que utiliza princípios ópticos ou optoeletrônicos (triangulação, reflexão, processamento de imagens etc.) para determinar os pontos coordenados. Estes sistemas ópticos por não fazerem contato com a peça a ser medida, facilitam a medição de peças sensíveis ao contato ou de peças especialmente finas. Nestes sistemas de medições deve ser analisada a flexão da haste, posição da haste, dimensão da esfera, força de contato, entre outros que influenciam gerando as incertezas. As incertezas devido ao sistema de apalpação, por contato ou óptico, podem ser compensados e corrigidos através de programas computacionais. 3.4 AQUISIÇÃO DE DADOS O software é outro gerador de incertezas, pois existem incertezas nos cálculos do algoritmo. No caso das máquinas convencionais, o problema principal reside na interpretação geométrica das superfícies. A maioria das MMCs define as geometrias utilizando o ajuste por mínimos quadrados, sendo um método muito apurado para tal necessidade. Sendo assim, é no algoritmo que podem estar muitas fontes de erros. Então é no software também que deve ocorrer a minimização dos erros gerados pela máquina e pelos próprios cálculos, através de coeficientes que consideram os diversos tipos de incertezas, reduzindo ao máximo as incertezas de medição, cita Orrego, R.M. et al. (2000).. O software, como já salientado, é um causador de incertezas de medições, além deste, a estratégia para medir uma peça é outra fonte de incerteza e está diretamente ligada à experiência do operador em planejar os melhores pontos a serem medidos e garantir a veracidade dos resultados. 29 Entre todas as escolhas feitas pelo operador e que afetam o resultado da medição, o número de pontos e a localização destes sobre a superfície da peças são os mais importantes. As incertezas geradas pelo número inadequado de pontos são muito menores se forem utilizados 50 ou mais pontos para definir a geometria, segundo Orrego, R.M. et al. (2000). Contudo, no processo de inspeção, deseja-se medir as peças o mais rápido possível e isto implica na medição do menor número de pontos possíveis. Esta dificuldade está levando os fabricantes de MMCs a buscar soluções para aumentar a velocidade de medição de suas máquinas. Em paralelo, estão sendo desenvolvidos e melhorados sistemas inteligentes, capazes de definir a quantidade suficiente de pontos e a melhor distribuição destes pontos sobre as superfícies a serem medidas. 3.5 CONDIÇÕES AMBIENTAIS Para um sistema de medição tridimensional que requer uma elevada precisão da máquina, as condições ambientais são de fundamental importância. As variações de temperatura, a umidade relativa, vibrações, condições de instalação e a contaminação do ambiente devem ser controladas. Para tal problema, as empresas ou processos que fazem uso destes equipamentos os isolam em uma área específica, evitando estas vibrações, ruídos e as salas são controladas termicamente. Para a confecção, desta estrutura deve ser considerada a dilatação térmica dos materiais escolhendo a melhor matéria-prima. Por exemplo, se uma barra de um metro feita em aço inoxidável sofre uma variação de temperatura de 1 ºC dilatar-se-á num comprimento de 11 µm, ficando evidente a importância das variações de temperatura na estrutura de uma máquina (UFSC on line, 2007). Uma análise entre os materiais mais usuais, aço e alumínio, pode-se comparar o coeficiente de dilatação térmica de ambos. O aço apresenta um coeficiente de dilatação linear (α) de 11x10-6 ºC-1, enquanto que do alumínio é de α = 23x10-6 ºC-1. Quanto maior for este coeficiente do material, maior é sua tendência em variar as dimensões em função da variação de temperatura. Analisando somente esta variável, rapidamente pode-se concluir que o aço é a melhor opção, mas deve- 30 se analisar que a massa do sistema ou do equipamento, aumentará significativamente, uma vez que a densidade (ρ) do aço é quase 3 vezes maior que a do alumínio (ρaço = 7,9x10-6 g/m3 e ρalumínio = 2,71x10-6 g/m3). Para este “problema” outras soluções podem ser consideradas: a escolha ou dimensionamento da melhor estrutura, o melhor perfil ou seção transversal, seção maciça ou oca (tubular), entre outras opções. Para reduzir ou minimizar as incertezas geradas devido às condições ambientais, é preciso gerenciar as fontes de calor, eliminando estas fontes desnecessárias ou utilizar componentes que dissipam menos calor. 3.6 PEÇA A peça a ser medida também é uma causadora de incertezas devido ao seu peso, dureza, a limpeza, a rugosidade entre outros fatores e esta, deve ser tratada com atenção ou levada em consideração para um melhor desempenho durante o processo de medição. Toda peça manufaturada é geometricamente imperfeita e quando utilizadas nas medições, pode gerar uma interpretação incorreta dos resultados obtidos. As incertezas geradas por estas imperfeições estão diretamente relacionadas à estratégia de medição e principalmente com o número de pontos e distribuição destes sobre a superfície da peça. O peso das peças, outro fator que gera incerteza, causa deformações na estrutura da máquina e em conjunto com o próprio peso dos componentes móveis da MMC, transformam em modificações os pontos coordenados (Cardoza, 1995). Para eliminar a influência do peso da peça nos resultados da medição, segundo Ester (1985) e Evans et al. (1996), podem ser usadas diferentes técnicas/procedimentos de medição ("técnicas de reversão"). 3.7 AVALIAÇÃO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO Em 1977, pela falta de consenso internacional sobre a expressão da incerteza em medição, a maior autoridade mundial em metrologia, o Comitê Internacional dês Poids et Mesures (CIPM) começou uma estruturação para a 31 resolução do problema. Como resultado deste trabalho, em 1993 foi publicado pela ISO um documento-guia intitulado “Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement” ou ISO-GUM. Este guia estabelece as regras gerais, e aplicáveis, para a avaliação e expressão da incerteza de medição. Este procedimento estabelece que o resultado de uma medição só é completo se apresentar o valor estimado para o mensurando (resultado base) e a incerteza de medição associada. A incerteza de medição é o parâmetro que caracteriza a dispersão dos valores de uma grandeza que podem ser atribuídos a um mensurando, baseado na informação usada. A incerteza de medição caracteriza quantitativamente o conhecimento sobre o mensurando, baseado na informação usada. Ela caracteriza a dispersão de um conjunto ou distribuição de valores de uma grandeza para o mensurando, obtida de informação disponível. Esta dispersão é função da incerteza definicional do mensurando, e efeitos aleatórios e sistemáticos ocorridos na medição. Se houver mudança no valor único de uma grandeza, usado como estimativa do mensurando, então, a incerteza de medição associada pode também mudar. O parâmetro pode ser, por exemplo, um desvio padrão chamado de incerteza padrão de medição (ou um dado múltiplo dele), ou a metade de um intervalo de valores de uma grandeza, construído para uma probabilidade de abrangência estabelecida. A incerteza de medição envolve, em geral, muitas componentes. Alguns destes componentes podem ser avaliados pelo método da Avaliação Tipo A da incerteza de medição, com base na distribuição estatística dos valores de uma grandeza obtidos de uma série de medições, que podem ser caracterizados por desvios padrão experimentais. Os outros componentes, que podem ser avaliadas pelo método da Avaliação Tipo B da incerteza de medição, também podem ser caracterizados por desvios padrão, avaliados por meio de distribuições de probabilidades assumidas, baseadas na experiência ou em outras informações. Entende-se que o valor da grandeza de um resultado de uma medição é a melhor estimativa do valor do mensurando, e que todos os componentes da incerteza de medição contribuem para a dispersão, incluindo aqueles componentes resultantes dos efeitos sistemáticos, como os associados com correções e valores estabelecidos para padrões de medição. 32 Dependendo da aplicação, pode ser dada uma incerteza de medição expandida de um resultado de uma medição para um fator de abrangência declarado, a qual corresponde a um intervalo de abrangência que, com alta probabilidade, pode conter o valor do mensurando, ou compreende uma grande parcela declarada dos valores dispersos de uma grandeza que foram atribuídos ao mensurando. A qualidade e a utilidade da incerteza determinada para o resultado de uma medição dependem, em ultima instância, do entendimento, da análise crítica e da integridade das pessoas que contribuem para a sua determinação. De um modo geral, o resultado de uma medição pode ser expresso conforme a Equação (2), sendo “ Y ” o resultado da medição representado por um intervalo de valores prováveis (incerteza de medição “ ± U ”) em torno do valor estimado do mensurando “ y ” posicionado no centro deste intervalo, e a unidade [un] de medida. Y = y ± U [un ] (2) Quando se relata o resultado de medição de uma grandeza física, é obrigatório que seja dada alguma indicação quantitativa da qualidade do resultado, de forma tal que aqueles que o utilizam possam avaliar sua confiabilidade. Sem essa indicação, resultados de medição não podem ser comparados, seja entre eles mesmos, com valores de referência fornecidos numa especificação ou numa norma. A incerteza de medição pode ser calculada pela incerteza expandida de medição, através da Equação (3), onde k é o fator de abrangência e u ( y ) é a incerteza padrão de medição. O fator abrangência k depende do número de graus de liberdade associados com a incerteza padrão e da probabilidade do intervalo y ± U representar os valores da grandeza sob medição. U y = k ∗ u (y ) . (3) Em aplicações científicas e industriais recomenda-se avaliar a incerteza de medição para uma probabilidade de abrangência de aproximadamente 95% (ou 95,45%). Por simplicidade, assumir-se-á k = 2 , valor que corresponde aos graus de 33 liberdade infinitos para uma probabilidade de abrangência de 95,45% na distribuição t Student. A Tabela 6 apresenta os valores do fator k para uma probabilidade de 95,45%, e para alguns graus de liberdade “٧”. TABELA 6 - FATOR DE ABRANGÊNCIA K PARA PROBABILIDADE DE 95,45%. ν k ν k 1 13,97 18 2,15 2 3 4,53 3,31 20 25 2,13 2,11 4 5 2,87 2,65 30 35 2,09 2,07 6 2,52 40 2,06 7 2,43 45 2,06 8 10 2,37 2,28 50 60 2,05 2,04 12 2,23 80 2,03 14 2,20 100 2,02 16 2,17 ∞ 2,00 FONTE: ISO GUM, 1998. A determinação do resultado de uma medição depende do conhecimento profundo do fenômeno físico que define o mensurando (equação do mensurando), do sistema de medição usado e das grandezas de influência (temperatura ambiente, umidade relativa, interferência eletromagnética, etc.). A equação geral do mensurando é representada pela equação (4), onde Y é o valor do mensurando ou variável de saída, X 1 ; X 2 ;...; X n são as variáveis de entrada que contribuem para a determinação do mensurando, e [un] a unidade de medida. Y = f ( X 1; X 2 ;...; X n ) [un ] . (4) Na prática só é possível obter uma estimativa do mensurando ( y ) e estimativas das variáveis de entrada ( x1 ; x2 ;...; xn ), resultando na equação geral para estimativa do mensurando dada pela equação (5). y = f (x1; x2;...; xn ) [un] . (5) 34 A incerteza padrão do mensurando u(y) pode ser avaliada pela equação (6) quando as variáveis de entrada são consideradas independentes entre si (não há correlação): u( y ) = N ∑c u 2 i 2 ( xi ) = c12u 2 ( x1 ) + c22u 2 ( x2 ) + ... + cN2 u 2 ( xN ) (6) i =1 O coeficiente de sensibilidade ci pode ser avaliado pela equação (7): ci = ∂y ∂ xi , para i = 1,2,..., n . (8) A relação entre a variável de saída " y " (estimativa do mensurando) e as n variáveis de entrada x i está geralmente definida na equação geral do mensurando. 35 4 PROJETO E DESENVOLVIMENTO Nesta etapa são apresentadas as soluções encontradas para atender as necessidades e especificações impostas para este projeto. São descritos em detalhes, os componentes que constituem a máquina de medição tridimensional didática (MMTD) tipo pórtico, visualizada na Figura 15, projetada para realizar medições dimensionais em laboratório didático. FIGURA 15 – MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – TIPO PÓRTICO (MMTD) FONTE: OS AUTORES, 2007. As especificações principais para o projeto foram baseadas no desenvolvimento de uma MMTD de baixo custo, com máximo aproveitamento de material existente, e utilização de componentes de qualidade visando minimizar a contribuição das incertezas de medição. Como o objetivo inicial foi estabelecido que a incerteza de medição total da MMTD deveria ficar menor ou igual a ± 0,1mm do valor medido. A seguir são detalhadas as soluções encontradas para atender aos requisitos do projeto. 36 4.1 ESTRUTURA DA MMTD A estrutura da MMTD é um componente que requer grande estabilidade dinâmica e estática, rigidez e robustez. Inicialmente, pensou-se na solução da fabricação do pórtico em barra de alumínio com seção circular maciça com diâmetro de 76,2mm (3 in). Como o excesso de massa (peso) do conjunto e "excesso de robustez" do sistema, não causaria melhoria significativa no sistema como um todo, pelo contrário – devido à máquina ser de pequeno porte, geraria um excedente no custo, foi reavaliado o projeto e a concepção final do produto com a utilização de tubos de aço, seção quadrada 40 mm x 40 mm com parede de 3 mm. Neste projeto, busca-se uma máquina de incerteza na ordem de 0,1 mm (100 µm) e comparada às máquinas disponíveis no mercado (incerteza na ordem de 1 a 6 µm) e de pequeno porte (faixa de medição – cubo de 200 mm de aresta), a estrutura, precisamente o pórtico, causará erros ou incertezas desprezíveis para o sistema, como é mostrado na Figura 16. FIGURA 16 – ANÁLISE DE ESFORÇOS NO PÓRTICO. FONTE: OS AUTORES, 2007. 37 Para a validação da estrutura escolhida, através de uma análise estrutural via software3, são analisadas duas diferentes situações. Na primeira situação aplicase uma carga de 1 kg na parte central da barra superior, resultando numa deformação ou deflexão crítica de 4,9x10-4 mm. Este valor, considerando a incerteza esperada para o sistema, é desprezível. Na segunda situação aplica-se uma massa de 10kg (esta massa é maior que a massa do próprio carro – item responsável pelo movimento na direção "Y") resultando numa deformação na estrutura de 5,0x10-3 mm, valor ainda desprezível para o sistema máquina. O apoio deste pórtico ocorre sobre a base que por sua vez, é o apoio para todo o restante da máquina. A incerteza gerada por este item tem grande impacto, principalmente, na montagem da mesa de medição. A base é formada por uma estrutura quadrada de 50x50 cm de lado, utilizando tubos de aço de seção quadrada (40x40mm) com reforço central conforme a Figura 17. Uma chapa de alumínio naval com 4 mm de espessura é fixada com parafusos sobre a base. As guias lineares são fixadas sobre a chapa de alumínio na direção dos dois reforços centrais. FIGURA 17 – BASE DA MMTD. FONTE: OS AUTORES. A montagem deste conjunto, armação e chapa devem ter uma planicidade que satisfaça a montagem das guias lineares da mesa, sem deixar folga alguma. A Figura 18 apresenta um detalhamento do sistema base e mesa. 3 Software – Unigraphics NX 17.0. 38 FIGURA 18 – SISTEMA BASE-MESA - MMTD. FONTE: OS AUTORES. Nas MMCs convencionais, o pórtico tem a função de realizar o deslocamento no eixo X. No projeto da MMTD, o movimento no eixo "X" é realizado através de uma mesa móvel deslizando sobre as guias lineares, com o pórtico fixo, para reduzir as incertezas e erros de medições destes deslocamentos. As variáveis que impactam no aumento das incertezas e que devem ser levadas em consideração no projeto e na montagem, são: o paralelismo desta com a viga superior (onde se encontra o carro que se movimentará em “Y”) e, quando em movimento, esta mesa deve apresentar perpendicularidade com esta mesma viga. Como já citado nos capítulos anteriores, o deslocamento para este projeto se torna crítico e para resolver tal problema são usadas guias lineares (trilho+patim), conforme Figura 18. Estas guias são utilizadas nas aplicações em máquinasferramentas quando se requer um movimento linear preciso de uma elevada carga. Neste projeto a funcionalidade destas guias restringir-se-á apenas na garantia de um movimento preciso, sem oscilações laterais, uma vez que não haverá cargas excessivas. Utilizando-se quatro patins sobre dois trilhos, a mesa é parafusada sobre este conjunto fazendo a ligação entre os trilhos–patins. Um exemplo desta montagem está indicado na Figura 19. 39 FIGURA 19 - MONTAGEM DAS GUIAS LINEARES / MESA FONTE: NSK, 2000. A guia linear é utilizada para realizar o movimento na direção “X” (mesa), na direção “Y” (carro) e na direção "Z" (braço). A montagem destas guias lineares no processo de fechamento da máquina é controlada, para garantir que, os componentes fixados sobre elas estão dentro das tolerâncias necessárias. A guia especificada para o projeto (MSA 15S) foi escolhida com base nas menores dimensões possíveis, uma vez que, como já citado, a única restrição é a precisão no deslocamento ao transportar elevadas cargas. As características e dimensões da guia escolhida podem ser visualizadas no ANEXO II. A capacidade de carga dinâmica é de 9,4 kN e estática de 15,3 kN. 4.2 SISTEMA DE MEDIÇÃO DA MMTD O sistema de medição da MMTD engloba os transdutores e os sistemas de movimentação e apalpação, detalhados a seguir. 4.2.1 Transdutor de deslocamento Optou-se pela utilização de potenciômetros rotativos de precisão multivoltas como transdutores de posição, por causa do seu preço ser bem inferior ao de um transdutor linear comercial (vinte vezes menor). Estes potenciômetros rotativos tem precisão 0,25% declarada pelo fabricante, a qual atende às expectativas de precisão e a faixa de medição. 40 A utilização de potenciômetro rotativo angular para atuar como transdutor de deslocamento linear, apresenta algumas dificuldades de montagem, sendo que três soluções são possíveis de serem implementadas: 1. Usinagem de uma roda, adequada ao eixo do potenciômetro (que está fixo ao corpo da MMTD) de modo que esta role suavemente sobre as partes móveis da máquina, mensurando os deslocamentos; 2. Revestimento do eixo do potenciômetro com um anel de borracha e com o mesmo princípio da solução anterior, o eixo, revestido com o anel de borracha, rodando diretamente sobre as partes móveis; 3. Utilização de um sistema de engrenagem e cremalheira. Durante a análise da solução de número um, foi constatado que o atrito seria um fator complicador, pois uma roda de metal, rodando sobre uma superfície de alumínio (mesa do eixo X, por exemplo) teria um atrito pequeno, podendo causar erros de leitura no potenciômetro. Além destes erros inseridos durante a usinagem, o acoplamento desta roda no eixo do potenciômetro também é crítico, pelo fato das dimensões reduzidas do eixo do potenciômetro. A uniformidade do movimento também foi um dos fatores decisivos. O objetivo da solução número dois é o de aumentar o atrito entre as partes móveis da máquina e o eixo do potenciômetro, mas ela foi descartada pela dificuldade de confecção do anel para revestir o eixo em questão. A última solução foi a mais adequada, pois com o sistema de engrenagem e cremalheira, as folgas no movimento dos eixos da máquina ficam reduzidas podendo ser descartadas quando comparadas às tolerâncias de projeto aqui especificadas. Este sistema é detalhado mais adiante. A MMTD utiliza quatro potenciômetros sendo, três (marca SPECTROL, modelo 534) com uma liberdade de rotação de 3600º, resistência de 1 kΩ, tensão nominal de 45 V, corrente elétrica máxima de 45 mA, potência nominal de 2W e coeficiente de temperatura de 20 ppm/ºC, conforme Figura 20 - (a) e (b), e um potenciômetro (marca SPECTROL, modelo 357) com as mesmas características elétricas, porém, com rotação mecânica de 360o, conforme Figura 20 potenciômetros (c) e (d). 41 A escolha deste potenciômetro específico foi resultado de uma análise, em primeiro lugar, do custo/benefício, já que os transdutores lineares, que seriam a melhor escolha em termos de precisão e qualidade de sinal foram deixados de lado pelos altos custos. As características elétricas dos potenciômetros foram definidas em função das características de entrada da placa de aquisição de dados, da National Instruments, utilizada na conversão do sinal analógico para digital. A placa trabalha com corrente contínua e suporta uma tensão máxima de ±10 volts, e uma corrente elétrica máxima de 50 mA. FIGURA 20 - POTENCIÔMETROS (a) (b) (c) (d) FONTE: WWW.DIGITSPECTROL.COM.BR/FRM_SPECTROL.HTM, 2007 Na metrologia, procura-se trabalhar com correntes elétricas baixas, visando minimizar o efeito do aquecimento pela passagem da corrente elétrica (potência dissipada da ordem de 10% da potência nominal do componente). Nestas condições, cada potenciômetro de 1 kΩ estará dissipando uma potência equivalente a 0,1 W no máximo, quando considerado a tensão máxima de 10V. Esta potência representa 5% da potência nominal do componente, e 42 correspondente a uma corrente de 10mA, equivalente a 20% da corrente nominal da placa de aquisição de dados. Outro aspecto interessante é a influência da temperatura ambiente na resistência elétrica do potenciômetro, que pode ser avaliada pela equação (9), onde R0 é a resistência elétrica nominal a 20o C, α é o coeficiente linear de temperatura da liga resistiva, e ∆t=t-20 é a variação de temperatura. R (t ) = R0 (1 + α .∆t ) . (10) Considerando-se uma diferença de 10°C na temperatura ambiente do laboratório em relação à temperatura de referência (20 ºC), a resistência elétrica do potenciômetro pode variar 0,2 Ω (0,02% de 1 kΩ) e a potência em 0,06%, sendo que estas variações são desprezíveis para o nível de exatidão desejado. O cálculo acima foi realizado pela Equação (10), para um coeficiente de temperatura α=20 ppm/ºC (Potenciômetro Spectrol 534). 4.2.2 Sistema de apalpação O sistema de apalpação é o elemento que insere as maiores incertezas nos resultados, por ser uma parte sensível que entra em contato com a peça. Como um sistema de apalpador comercial possui um preço elevado, a solução encontrada para atender os requisitos de medições e minimizar as incertezas, foi a utilização de um sistema de medição rígido-rotativo, através de um potenciômetro. Cada eixo coordenado possui um potenciômetro para registrar a posição, com exceção do eixo Z, que utiliza dois potenciômetros. Um destes é para medir a posição propriamente dita, na direção Z, ou seja, posição vertical, e o outro é para medir a rotação da haste de medição, (Figura 20 (c) e (d)). A inclusão do potenciômetro para medir o ângulo de rotação da haste de medição tem o objetivo de determinar o ângulo entre os dois pontos de contato da peça, minimizando os erros de posicionamento do apalpador. 43 FIGURA 21 - HASTE DE MEDIÇÃO FONTE: OS AUTORES, 2007 Se a haste da ponteira fosse rígida no sentido vertical, considerando o fato do corpo do eixo Z ter uma largura considerável, 56,4 mm, não seria possível medir a face lateral de peças com altura maior que a altura da haste, pelo simples fato de que o corpo do eixo Z iria tocar na peça, impedindo o toque da ponteira. Para resolver este impasse, foi desenvolvida uma haste em ângulo de 45°, como pode ser observado na Figura 21. A haste de medição está acoplada a um potenciômetro, sendo possível, desta forma, desenvolver um giro de 360°, eliminando a interferência do corpo do eixo Z. A ponteira utilizada é similar ao modelo A-5555-0312 da Renishaw, Figura 22. A haste da ponta é confeccionada com liga de Tungstênio e a esfera da ponta é Rubi. A ponteira está acoplada à haste do sistema de apalpação4, que por sua vez está acoplada diretamente ao potenciômetro. A haste e o braço do sistema de apalpação são usinados em aço SAE 1020. 4 Entende-se Sistema de Apalpação como sendo o conjunto da haste, braço e da ponteira, que estão indicados nas Figura 21 e Figura 22. 44 A rotação da haste é considerada e calculada pelo software5, e o operador pode visualizar este ângulo de giro para efeito didático, como por exemplo, de conferência, via cálculos manuais, das medidas indicadas pela MMTD. FIGURA 22 - PONTEIRA FONTE: WWW.RENISHAW.COM.BR., 2007 No momento da medição, a ponteira exerce sobre a peça uma força de contato localizada no ponto da esfera que toca a peça. A peça exerce uma força de reação sobre a ponteira. Esta reação resulta em uma deflexão na haste de medição, bem como da haste do potenciômetro, que estarão inserindo incertezas às medições. 4.2.3 Engrenagem/Cremalheira As engrenagens e cremalheiras foram adquiridas no mercado e ambas as partes necessitam de ajustes para serem fixadas à MMTD. A cremalheira precisa estar fixa à máquina e para isso ela é presa à MMTD utilizando parafusos, de modo que a linearidade entre o curso de deslocamento da engrenagem e a cremalheira seja mantida. Um dos cuidados que devem ser tomados, em relação à utilização deste sistema, é a lubrificação, uma vez que elas (as engrenagens e as cremalheiras) são 5 Software – Labview 8.0. 45 fabricadas em aço SAE 1045, portanto com uma porcentagem de carbono próxima de 0,45%, que traduz uma grande dureza e resistência mecânica. Estes materiais são popularmente chamados de aço meio duro ou com alto teor de carbono, e possuem um desgaste natural quando submetidos a esforços de trabalho. Pode-se considerar que os componentes trabalham em um regime sem carga, pois as cargas aplicadas são manuais. A Associação Brasileira de Normas Técnicas não especifica propriedades mecânicas para o aço 1045, mas a ASTM A36, de 2000, que trata de aços com grau A36, que são menos nobres que o 1045, cita a tensão de ruptura do aço A36 dentro da faixa de 400 a 550 MPa. Sendo assim, as forças aplicadas, que são manuais, sobre o sistema podem ser consideradas desprezíveis. A função do sistema acaba sendo apenas de transmissão de movimento, podendo assim ser desconsiderado os fatores de desgaste. Mas, mesmo trabalhando sem cargas elas deverão estar lubrificadas para melhorar o deslize e o engranzamento6 das engrenagens. As engrenagens utilizadas são de módulo7 I e possuem 16 dentes. Este módulo é o índice de tamanho de dente no SI (Sistema Internacional de Unidades). Segundo Shigley, 2005 para se estudar engrenagens engranzadas com cremalheiras deve-se imaginar uma cremalheira como uma engrenagem cilíndrica de dentes retos, com um diâmetro primitivo infinito. Logo a cremalheira tem um número infinito de dentes. As peças foram fabricadas através de um processo de usinagem com um ângulo de pressão8 de 20°. As engrenagens são maciças e os furos centrais são apenas indicados, sendo necessário à furação. É indispensável garantir a perpendicularidade do furo da engrenagem com a face da mesma para obter uma união adequada da engrenagem com a cremalheira. Isto é realizado no momento da montagem da MMTD utilizando ferramentas específicas como esquadrias, e utilizando técnicas adequadas de usinagem ou como neste caso, furação. 6 Movimento de engranzamento é o termo técnico para o movimento de encaixe de duas engrenagens. 7 8 Módulo é a razão entre o diâmetro primitivo da engrenagem e o número de dentes. O ângulo de pressão representa a direção na qual a força resultante atua entre as engrenagens. 46 Este sistema em questão foi adotado pela segurança, em relação às outras opções, de que não haverá folgas no sistema tão pouco possibilidade de movimentos involuntários de deslizamento, no momento da transmissão do movimento, entre as partes móveis da máquina com o potenciômetro. Segundo Shigley, 2005 não há folgas no movimento de engranzamento, pois o contato dos dentes se dá no ponto do diâmetro primitivo das engrenagens e durante a ação de rotação, existem exatamente 2 dentes da engrenagem em contato com a cremalheira. No instante em que um dente está entrando em contato com o respectivo dente da cremalheira, o dente subjacente da engrenagem está na iminência de cessar o contato com o seu respectivo dente da cremalheira. A MMTD utiliza três engrenagens de dentes retos, módulo 1, e três cremalheiras, uma delas com um comprimento de 220mm e as outras com 280mm de comprimento. A engrenagem e a cremalheira são apresentadas na Figura 23 e Figura 24. A dimensão D1 é compatível com o eixo do potenciômetro (6,3mm) para ser acoplado sob pressão e o diâmetro primitivo da engrenagem é equivalente a 16 mm. FIGURA 23 - FOTO ILUSTRATIVA DA ENGRENAGEM FONTE: WWW.MERCADOBR.COM.BR/TEKKNO, 2007 FIGURA 24 - FOTO ILUSTRATIVA DA CREMALHEIRA FONTE: WWW.MERCADOBR.COM.BR/TEKKNO, 2007 47 Para a relação de transmissão é considerada a engrenagem como sendo uma roda lisa uniforme de diâmetro igual a D=16mm. Então cada volta completa da engrenagem equivale a: L = π ⋅ D = 50,26mm . (11) Portanto, o deslocamento real do eixo da MMTD é de aproximadamente 50,26mm para cada volta completa da engrenagem, que alcançará o final de curso da faixa de medição (200mm) com aproximadamente 4 voltas da engrenagem (3,98 voltas). 4.3 AQUISIÇÃO DE DADOS A MMTD é capaz de identificar as coordenadas de um ponto no espaço, bem como a distância entre dois pontos distintos no espaço. Ela não utiliza nenhuma das ferramentas matemáticas complexas que as máquinas convencionais utilizam, como, mínimo círculo circunscrito, máximo círculo inscrito, dentre outras, uma vez que as MMCs comerciais, em geral, definem as geometrias espaciais das peças. 4.3.1 Algoritmo Para localizar pontos no espaço através das suas coordenadas é necessária a fixação de um referencial que pode ser da máquina ou um ponto sobre a superfície da peça (o operador que decide qual referencial é mais conveniente). Dado um ponto P, dentro do campo de medição da MMTD; as suas coordenadas são três números reais (x, y, z) e estes números são obtidos da seguinte forma: • Considerando-se três planos que contenham esse ponto e que sejam paralelos aos planos coordenados principais, ou seja, os três planos coordenados que contêm o ponto P. Estes três planos vão, por sua vez, intersectar-se com os eixos principais, formando assim um ponto em cada um deles, que são as projeções Px, Py e Pz. 48 • Mede-se a distância de cada projeção à origem, e assim têm-se as coordenadas X, Y e Z no ponto no espaço. Para a medição da distância entre dois pontos P1=(X1, Y1, Z1) e P2=(X2, Y2, Z2), a MMTD utiliza a Equação (12) mostrada abaixo: D = ( x2 − x1)2 + ( y 2 − y1)2 + ( z2 − z1 )2 . (12) 4.3.2 Interface Homem Máquina – IHM A interface homem-máquina é o que o operador da MMTD visualiza na tela do computador, ou seja, o leiaute do programa desenvolvido em Labview® com os campos para as informações necessárias de entrada e as informações de saída. As informações de entrada são os pontos que o operador deseja medir, incluindo o ponto zero, que é o referencial do sistema de coordenadas. Na Figura 25 é possível visualizar o leiaute do software. FIGURA 25 - LEIAUTE DA PÁGINA INICIAL DO PROGRAMA FONTE: OS AUTORES, 2007. 49 A operação do software é muito simples. Basta medir (tocar na peça a ser medida no local desejado) fazendo quantas medições forem necessário (aconselhase fazer no mínimo três medições) que o programa calcula as médias automaticamente. Terminadas as medições do primeiro ponto, utiliza-se o botão de troca de ponto (ponto A, ponto B) para indicar para o sistema que o próximo ponto a ser medido é diferente. O software calcula automaticamente a distância entre os dois pontos medidos nas respectivas direções (X, Y ou Z). O software também tem à disposição um gráfico de forma de onda (amplitude x tempo) dos potenciômetros e mais um espaço para configurações da placa de aquisição de dados. A MMTD apenas registra pontos no espaço e envia as informações para o programa que executa o restante do trabalho, que no caso da opção (2) é calcular a distância entre os dois pontos. Mas o programa poderia realizar inúmeras operações, como mostrar a equação de um plano no espaço, calcular a distância entre dois planos paralelos, o ângulo entre dois planos, e assim por diante. Estas outras funções podem servir como sugestões para implementação em futuros trabalhos acadêmicos ou fazer parte de futuros trabalhos de conclusão de curso. Para o programa funcionar adequadamente, ele precisa receber o sinal dos potenciômetros, porém este sinal é analógico, e o computador trabalha com sinais digitais, sendo necessária uma placa de conversão de sinais. A MMTD utiliza uma placa portátil da National Instruments, modelo USB-6008, com oito canais analógicos de entrada de dados e com sistema de saída do tipo porta USB, mostrada na Figura 26. A placa trabalha com corrente contínua e é compatível com o software LabView®. FIGURA 26 – PLACA DE AQUISIÇÃO DE DADOS FONTE: OS AUTORES, 2007. 50 4.4 CONDIÇÕES AMBIENTAIS A temperatura, com certeza, é uma fonte importante de incertezas, e para reduzir os impactos da temperatura que foram citados nos capítulos anteriores, a MMTD deve ser utilizada dentro de ambientes com temperatura controlada, sem fontes de calor próximas à máquina, como motores elétricos e outros. De preferência não variar a iluminação do ambiente, pois o número de lâmpadas acesas influencia a dissipação de calor sobre a máquina. O excesso de pessoas na sala, ou em volta da MMTD também influencia a temperatura local e da máquina, contribuindo com o aumento das variações térmicas e consequentemente dos erros inseridos. A MMTD, ao contrário das máquinas comerciais, não gera calor próprio, uma vez que os componentes elétricos e eletrônicos (fonte de alimentação, placa de aquisição de dados e o próprio computador) ficam externos à máquina, com exceção dos potenciômetros. Devido á baixa taxa de utilização da máquina e à margem de segurança que foi adotada de 10% da capacidade dos potenciômetros que visa à redução do aquecimento dos componentes, os potenciômetros não apresentam um aquecimento significativo a ponto de influenciar nos resultados da medição. Quando se fala que a máquina deve operar em temperatura controlada, entende-se que as peças a serem medidas estão inseridas nesse ambiente a um tempo suficiente para que as temperaturas se tornem constantes, evitando, desta maneira, o efeito de “memória térmica” dos materiais, que nada mais é do que o tempo que a peça necessita para chegar à temperatura de equilíbrio do sistema. Segundo Orrego, R.M. et al. (2000) as condições ambientais “razoáveis”, que minimizam os efeitos térmicos em medição com uma MMC, podem ser divididas em quatro tópicos principais: 1. Temperatura média de 20°C; 2. Variação de temperatura menor que ± 2°; 3. Gradiente de temperatura em qualquer direção menor que 2°C/m; 4. Variações de temperaturas no tempo que proporcionem condições quase estacionárias. Estes pontos são relevantes desde que considerados e tratados com grande precisão. 51 Os erros provenientes de fontes dinâmicas, como vibrações, são minimizados na MMTD, pois as forças envolvidas nas medições são baixas. As soluções para a redução desses erros são acondicionar a máquina em local isolado, sem fontes de vibração em volta e cuidados com o manuseio do equipamento. No momento da escolha dos materiais e da forma como eles estariam dispostos (geometria da máquina e fixação do pórtico à base) para a confecção da estrutura, foi levado em consideração o efeito de vibração. Em suma, a forma de fixação das partes na MMTD, no momento da montagem, foi decidida em função da redução da vibração (aumento da rigidez e robustez) da máquina. Mas, mesmo tendo uma estrutura robusta, ainda assim há oscilações imperceptíveis a olho nu, que são contabilizadas na etapa de testes e validação da MMTD. 4.5 PEÇA Os testes de validação da MMTD são realizados com blocos padrão, sendo assim, as características da peça como rugosidade, dilatação térmica e erros geométricos podem ser desconsiderados, uma vez que a resolução da máquina não é capaz de registrar tais grandezas. A rugosidade dos blocos padrão fica na faixa de 0,1 a 0,6 µm. Como a resolução esperada para a MMTD é 0,1mm, estas características da peça não causarão diferenças relevantes nos resultados finais. 4.6 LISTA DE COMPONENTES A MMTD é composta por uma série de peças e componentes individuais. Na Tabela 7 estão indicados os materiais utilizados e os outros recursos relacionados, para que seja possível estimar o custo final da MMTD. 52 TABELA 7 - LISTA DE MATERIAIS Item Descrição do Produto Qtde 1 2 Potenciômetro multivoltas Spectrol, modelo 534 Potenciômetro Spectrol, modelo 357 Engrenagem de dentes retos, modulo 1, 16 dentes, aço 1045. Cremalheira em aço 1045, modulo 1 Guia linear MSA 15R, comprimento: 500 mm. Guia linear MSA 15R, comprimento: 400 mm. Guia linear MSA 15R, comprimento: 300 mm. Carro para guia linear MSA 15S K2. Ponta de medição Vidro 200 x 200 mm Tubos Aço 1010 SQ40 Parafusos M4 Fenda Cabeça Cônica 40 mm Parafusos M4 Allen 50 mm Parafusos M6 Allen Chapa de Alumínio Naval 5051 Espessura 4 mm Fonte de Alimentação Placa de aquisição de dados Mão de obra (usinagem e montagem, em horas) Barra Alumínio Naval 5051 Tubos Aço 1010 SQ30 Fuso M16 Passo 2 mm Perfil Retangular 50 X 100 TOTAL 3 pçs 1 pç Preço total (R$) 90,00 80,00 3 pçs 66,00 1m 2 pçs 1 pç 1 pç 7 pçs 1 pç 1 pç 1,58 m 40 pçs 27 pçs 6 pçs 0,3 m2 1 pç 1 pç 3 0,5 m 3m 1,09 m 0,4 m 200,00 220,00 90,00 80,00 595,00 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Origem Doação Doação Unicenp 20,00 12,00 5,00 Unicenp Unicenp Unicenp Autores Unicenp Unicenp Unicenp Unicenp 1458,00 FONTE:.OS AUTORES, 2007. Estes dados são importantes para futuros estudos e melhorias que venham a ser feitos na máquina. 53 5 CARACTERÍSTICAS DA MMTD Dentre todas as partes que compõem a MMTD, algumas peças são adquiridas e outras confeccionadas em aço, alumínio e outros materiais. A base da MMTD é montada com tubos de aço com sessão quadrada, conforme Figura 27, através do processo de soldagem Mag9, tomando os cuidados necessários para manter o perpendicularismo dos tubos (esquadria), a uniformidade na soldagem, e a precisão nas furações. FIGURA 27 – TUBO DE AÇO FONTE: OS AUTORES, 2007 Uma chapa quadrada de alumínio naval com aresta de 500 mm está fixada à base através de parafusos M4 (4 mm de diâmetro). Esta chapa foi cortada e usinada a partir de uma chapa pré-fabricada, utilizando-se guilhotina para os cortes, fresadora para furação e lixadeira orbital para acabamento. As guias lineares estão fixadas na parte superior da base de alumínio, como pode ser observado na Figura 28(a). É possível notar na Figura 28(b), que o diâmetro do furo inferior da base é estrategicamente maior do que o diâmetro do parafuso, disposto na mesma linha axial do parafuso, para facilitar o manuseio de ferramentas utilizadas na montagem. A base é tratada por um processo de acabamento, que consiste na preparação das superfícies, lixamento, aplicação de fundo protetor, e por fim a pintura. A chapa de alumínio da base possui apenas acabamento fosco. 9 Processo de soldagem MAG, quando a proteção gasosa é feita com um gás dito ativo (MAG), ou seja, um gás que interage com a poça de fusão, normalmente CO2 - dióxido de Carbono. 54 FIGURA 28 – BASE DA MMTD (a) (b) FONTE: OS AUTORES, 2007. Os mancais do fuso principal são confeccionados em alumínio através do processo de fresamento, e as buchas de latão, que têm a função de evitar o desgaste dos mancais pelo atrito com o fuso, são usinadas através de processo de torneamento. 5.1 VALIDAÇÃO DOS COMPONENTES Os principais componentes da MMTD foram validados separadamente, de acordo com um método aplicável, para quantificar o quanto cada parte influência no resultado final das medições. 5.1.1 Potenciômetros A partir dos ensaios de validação dos potenciômetros, que podem ser vistos na íntegra no APENDICE I, é possível analisar as características de cada um dos equipamentos. Segundo o capítulo 4.2.1, a MMTD utiliza quatro potenciômetros, de valor nominal 1 kΩ, para registrar a coordenada espacial de um ponto a ser medido, sendo o primeiro deles com rotação mecânica ilimitada, que é utilizado na ponteira do eixo “Z” e os outros três com liberdade de rotação de 3600°, utilizados nos eixo “X”, “Y” e “Z”. 55 A Figura 29 (a), (b), (c) e (d) mostra os potenciômetros da MMTD nos eixo X, eixo Y, eixo Z e ângulo θ, respectivamente. FIGURA 29 – POTENCIÔMETROS DA MMTD (a) (b) (c) (d) FONTE: OS AUTORES, 2007. A Tabela 8 mostra a equação da reta de resposta, o desvio padrão, a correlação, e as incertezas envolvidas no processo de medição com cada potenciômetro, identificados como Pot 1, Pot 2, Pot 3 e Pot 4, para uma tensão de alimentação de 12 V DC (corrente contínua). TABELA 8 – CARACTERÍSTICAS DOS POTENCIÔMETROS Parâmetro Interseção da reta Inclinação da reta Desvio padrão da reta Correlação Incerteza (tensão saída) Incerteza (posição eixo) Pot 1 0,1092 V 0,0167 V/º 0,030 V 99,986% ± 0,02 V ± 2,5 ° (±0,03 mm) FONTE: OS AUTORES, 2007. Pot 2 1,204 V 0,02379 V/mm 0,0040 V 99,9997% ± 0,0037 V Pot 3 1,203 V 0,02397 V/mm 0,0025 V 99,9999% ± 0,0023 V Pot 4 1,201 V 0,02371 V/mm 0,0040 V 99,9997% ± 0,0038 V ± 0,25 mm ± 0,16 mm ± 0,26 mm 56 Para a posição do eixo do potenciômetro Pot 1, uma incerteza de ±2,5° no ângulo de rotação equivale à uma incerteza de ±0,03mm na medição da posição no plano XY. Os parâmetros da reta são determinados para uma tensão de alimentação 12V (corrente contínua) aplicada em cada potenciômetro, e um diâmetro de 16 mm relativo à engrenagem com 16 dentes acoplada ao eixo de cada potenciômetro. Desta forma, o faixa de 200 mm de variação em cada eixo da MMTD corresponde a aproximadamente quatro voltas completas da engrenagem. A posição inicial (zero milímetro) é considerada como sendo a posição após uma volta completa do eixo do potenciômetro, ou seja, quando o apalpador estiver na posição inicial da mesa de medição. Desta forma, reduz-se a incerteza de medição ao estabelecer uma tensão inicial igual a aproximadamente 1,2 volts, resultando numa faixa de resposta da tensão de saída do potenciômetro entre 1,2 V e 6 V, valores apropriados para a placa de aquisição de dados, cuja faixa de utilização é de -10 V a +10 V. Além disso, evita-se qualquer possível não-linearidade existente no início e no final de cada potenciômetro. O gráfico da Figura 30 apresenta os limites inferior e superior da incerteza associada com a reta ajustada pelo método dos mínimos quadrados, onde a variação pode chegar a até 4,6 mV nos extremos da faixa (relativo ao potenciômetro 3). FIGURA 30 – GRÁFICO DE INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA FONTE: OS AUTORES, 2007 57 O efeito da incerteza da tensão de saída na determinação da posição pode ser observado na Figura 31, que exemplifica o comportamento dos potenciômetros ao longo da faixa de medição para a posição do eixo (0 a 200 mm). A incerteza na tensão de saída resulta numa incerteza máxima de ±0,16 mm no cálculo da posição do eixo quando a medição é realizada neste potenciômetro. Incerteza (mm) FIGURA 31 – GRÁFICO DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO DA POSIÇÃO DO EIXO 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,05 -0,10 -0,15 -0,20 Limite Superior máximo: 0,16 mm Limite Inferior 1 2 3 4 5 6 Tensão no Potenciômetro (V) FONTE: OS AUTORES, 2007 A Figura 32 representa uma curva de resposta de um dos potenciômetros (Pot 3), onde é possível analisar, segundo a Tabela 8, a correlação de mais de 99% em todos os quatro transdutores. Tanto as equações que geram esta curva, quanto suas particularidades podem ser observadas no ANEXO IV, e o método de ensaio e todos os resultados, no APENDICE I. FIGURA 32 – GRÁFICO DA CURVA DE RESPOSTA FONTE: OS AUTORES, 2007 58 5.1.2 Mesa de Medição A mesa de medição, como já citado, é o componente que realizará o deslocamento da peça na direção do eixo “X”, conforme Figura 1. Esta parte da MMTD é composta pelas seguintes partes: vidro e mesa. O vidro é do tipo Flot Diamond Guard (cristal resistente a riscos). Ele é um dos componentes que deve ser analisado criteriosamente, pois está diretamente em contato com a peça a ser medida, neste projeto, um bloco padrão. A planicidade é um aspecto fundamental e, sendo assim, é necessário medir sua máxima magnitude para, considerar esta incerteza junto com as outras fontes de incertezas que a MMTD apresenta. A “precisão” da MMTD é função destes resultados e dos resultados dos demais componentes. Este vidro tem as dimensões de 202,1 mm x 200,9 mm x 15 mm, medidas com paquímetro com resolução de 0,02 mm, e no seu processo de fabricação, é tratado superficialmente para aumentar a resistência a riscos devido ao manuseio das peças sobre ele. A verificação ou validação deste componente é feita utilizando um relógio comparador de graduação micrométrica (1 µm) sobre uma mesa de medição de um Projetor de Perfil, como mostra a Figura 33. Ambos os instrumentos (relógio comparador e mesa) foram escolhidos de tal forma a serem capazes de garantir um resultado visível e consistente na medição da planicidade. FIGURA 33 – MEDIÇÃO DA PLANICIDADE DO VIDRO FONTE: OS AUTORES, 2007 59 Nesta validação, o vidro foi separado em quatro quadrantes, devido à limitação da faixa de deslizamento do Projetor de Perfil, conforme ilustrado na Figura 34, para obter uma avaliação detalhada de toda a superfície do componente. Fixando o relógio no primeiro quadrante, desliza-se a mesa em uma direção e anotase o maior desvio em toda sua extensão, conforme mostrado na Tabela 9. Os desvios de planicidade máximos observados neste vidro são insignificantes comparados com a incerteza alvo do conjunto (máquina) de ±0,1mm. TABELA 9 – DESVIO MÁXIMO DE PLANICIDADE NO VIDRO Desvio de Planicidade Q1 (quadrante 1) Q2 (quadrante 2) Q3 (quadrante 3) Q4 (quadrante 4) Percorrido Resultado Percorrido Resultado Percorrido Resultado Percorrido Resultado 51 mm 45 µm 53 mm 16 µm 60 mm 57 µm 50 mm 13 µm FONTE: OS AUTORES, 2007. FIGURA 34 – DIVISÃO DO VIDRO EM QUADRANTES FONTE: OS AUTORES, 2007 A mesa, Figura 35, é a base onde é apoiado o vidro. Este componente é confeccionado em chapa de alumínio naval pelo processo de corte (guilhotina) e furação em máquina fresadora, com vista a garantir a posição dos furos (total de 24). Assim como os demais componentes da máquina, neste há também certa incerteza de medição envolvida e, é preciso levantar o impacto desta incerteza no resultado 60 final. A incerteza total da máquina (MMTD) é equivalente à raiz quadrada da soma quadrática das incertezas, como mostrado na equação (6) do capítulo 3.7. FIGURA 35 – MESA DE APOIO DO VIDRO FONTE: OS AUTORES, 2007. Para validação do sistema de deslocamento no eixo “X”, realiza-se o teste de planicidade, com o objetivo de levantar mais uma das variáveis de entrada da equação de incerteza. Com um relógio comparador de escala micrométrica (1 µm), Figura 36, são realizadas medições, na direção das guias, nas posições 1 e 2, conforme indicado na Figura 37, e se obtém valores conforme Tabela 10. FIGURA 36 – FOTO DA BASE COM OS CARROS E A MESA FONTE: OS AUTORES, 2007 61 O resultado obtido na validação da mesa (sem o vidro) apresentou uma variação significativa para todo o sistema, uma vez que quando posicionado o vidro sobre a mesa, este "desnível" de um lado para outro permanece. Sendo assim, para reduzir este impacto, é necessário que na montagem da mesa com o vidro, seja feito uma correção através do alinhamento do vidro neste sistema base-mesa. TABELA 10 – RESULTADOS DA PLANICIDADE DA MESA (SEM O VIDRO) Desvio de Planicidade Sentido Medição – (1) Sentido Medição – (2) 86 µm 27 µm 62 µm 18 µm 70 µm 23 µm Média = 73 µm Média = 23 µm FONTE: OS AUTORES, 2007. FIGURA 37 – ESQUEMA DA VALIDAÇÃO DA MESA DE MEDIÇÃO Base 239 mm Mesa de Medição Sentido das Medições Guias Lineares 2 224 mm 1 Patim (Carro) + FONTE: OS AUTORES, 2007. 62 5.2 COMPONENTES MANUFATURADOS DA MMTD A MMTD é composta por diversas partes, algumas manufaturadas e outras adquiridas. Na Tabela 11, é possível ver todas as matérias-prima confeccionadas para a máquina. TABELA 11 - LISTA DOS COMPONTENTES MANUFATURADOS DA MMTD Item Descrição do Produto 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Anteparos do Vidro da Mesa Bucha (Mancais X e Y) Bucha (Mancal Z) Carro Y Peça 1 Carro Y Peça 2 Carro Y Peça 3 Carro Z Chapa da Base Chapa da Mesa de Medição (224x239) Coluna Horizontal Coluna Vertical Eixo Chave Apalpador Eixo Engrenagem Z Estrutura Base Fuso X Fuso Y Haste Apalpador Mancal Eixo X Mancal Eixo Y Mancal Z Manopla dos Fusos Rosca Mov. Mesa Suporte Apalpador Suporte Potenciômetro X Suporte Potenciômetro Y Suporte Potenciômetro Z FONTE: OS AUTORES, 2007. Qtde Material 4 pçs Alumínio Naval 5051 4 pçs Latão 1 pç Latão 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Perfil Retangular 1 pç Chapa de Alumínio 1 pç Chapa de Alumínio 1 pç Tubos Aço 1010 SQ40 2 pç Tubos Aço 1010 SQ40 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Aço 1045 1 pç Tubos Aço 1010 SQ30 1 pç Fuso M16 1 pç Fuso M16 1 pç Alumínio Naval 5051 2 pçs Alumínio Naval 5051 2 pçs Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 3 pçs Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 1 pç Alumínio Naval 5051 Grupo Máquina Mesa Eixo X e Y Eixo Z Eixo Y Eixo Y Eixo Y Eixo Y Base Mesa Pórtico Pórtico Apalpador Eixo Z Base Eixo X Eixo Y Apalpador Eixo X Eixo Y Eixo Z Eixo X, Y e Z Eixo X Apalpador Eixo X Eixo Y Eixo Z 63 6 VALIDAÇÃO DA MMTD Este capítulo apresenta os ensaios e resultados obtidos na determinação da equação de resposta para os eixos x, y e z, e para o ângulo θ, a avaliação da sensibilidade (resolução) do sistema de medição, do valor do raio da ponteira do apalpador do, e do efeito da pressão da mola do dispositivo de indicação de contato do apalpador. Este procedimento é realizado medindo a tensão de saída em pontos definidos em cada um dos eixos de medição bem como no próprio apalpador. 6.1 AJUSTES DE MONTAGEM DA MMTD A MMTD é projetada com uma série detalhes de projeto que permitem aos operadores realizarem ajustes nas partes “fixas” da máquina, como por exemplo, o pórtico, os pés, a mesa de medição e assim por diante. 6.1.1 Ajuste do Eixo X A garantia do movimento do eixo X é dada pelas guias lineares e pelos patins, que trabalham sobre a base da máquina. Esta base é montada sobre quatro pés reguláveis, para possibilitar o ajuste do plano da base. Para fazer o ajuste da base, é utilizado um nível de precisão STARRET, graduado da série 98, e uma mesa de desempeno de granito Mitutoyo previamente nivelada, conforme mostra a Figura 38. FIGURA 38 – UTILIZAÇÃO DO NÍVEL DE PRECISÃO – EIXO X FONTE: OS AUTORES, 2007. 64 O vidro possui ajuste de plano através de três parafusos M4 localizados abaixo do mesmo que possibilita a movimentação. Após este ajuste, o vidro é travado à mesa através das barras de fixação do vidro, como pode ser observado na Figura 39. FIGURA 39 – PARAFUSOS DE AJUSTE DE ALTURA FONTE: OS AUTORES, 2007. Além do alinhamento com o do nível de precisão, o vidro é conferido com o auxílio de um relógio comparador de resolução de micrometro. O relógio é posicionado sobre a mesa de desempeno (Figura 40 (a)) e então a mesa de medição é deslizada, com o cuidado de tomar diferentes caminhos com a ponteira do relógio para mapear a maior parte da superfície do vidro. A Figura 40 (b) demonstra o esquema de medição do plano do eixo X, onde as setas 1,2 e 3 representam os caminhos percorridos pelo relógio. Nas setas 1, 2 e 3, são verificados respectivamente, desvios de 30, 80 e 50 µm para baixo na porção central da faixa de medição, o que indica uma ondulação no conjunto base-chapa de Alumínio; pois as guias lineares tendem a ter uma linearidade adequada, mas estão presas à base através de parafusos. Provavelmente essa deformação foi causada no processo de manufatura da base, e representa até 8 µm por milímetro, podendo ser significativa na medição de peças com grande dimensão. 65 FIGURA 40 – ESQUEMA DA VALIDAÇÃO DA MESA DE MEDIÇÃO COM O VIDRO (a) (b) FONTE: OS AUTORES, 2007. 6.1.2 Ajuste do Eixo Y O pórtico é composto por duas torres e uma barra superior, onde estão acoplados as guias lineares e o carro do eixo Z. O ajuste do eixo Y é feito através da 66 torre direita do pórtico, através de um oblongo10 localizado na base na MMTD, como pode ser observado na Figura 41. FIGURA 41 – AJUSTE DO EIXO Y FONTE: OS AUTORES, 2007. 6.1.3 Ajuste do Eixo Z O aspecto fundamental para o alinhamento do eixo Z é o paralelismo entre a barra superior e a base de medição. A barra superior do pórtico deve ser teoricamente, paralela com a base, mas com o auxílio de equipamentos, (escala graduada, paquímetro e transferidor de precisão.) constata-se que a torre direita, do pórtico, está 0,3 mm mais alta em relação ao outro lado da máquina e com um ângulo de 89,96°, conforme é mostrado nos teste da Figura 42. FIGURA 42 – AJUSTE DE PARALELISMO DO PÓRTICO (a) (b) FONTE: OS AUTORES, 2007. 10 Oblongos são furos alongados que permitem o ajuste em uma direção. 67 Como a barra superior do pórtico possui um comprimento de 500 mm, a diferença de 0,3 mm representa um desvio de no máximo 0,12 mm em 200 mm na medição da posição no eixo Z. O desvio na posição do eixo Y é insignificante (inferior a 0,1 µm). A Figura 43 mostra as regulagens que o pórtico proporciona através de oblongos no tubo, permitindo o ajuste do paralelismo e ortogonalidade entre as partes da máquina. FIGURA 43 – OBLONGO PARA AJUSTE DO PÓRTICO FONTE: OS AUTORES, 2007. 6.2 CALIBRAÇÃO DA MMTD Para validação da MMTD são realizadas várias medições utilizando equipamentos capazes de levantarem valores (tensão – Volts) que são bases para o estudo da incerteza final, da resolução, restrições e capacidades gerais do equipamento. 6.2.1 Característica de resposta da MMTD A equação de resposta para cada eixo do sistema de medição é determinada com base em valores experimentais obtidos a partir de valores de entrada conhecidos. Desta forma, é possível relacionar a posição do eixo (sinal de entrada) com a tensão de saída DC fornecida pelo potenciômetro (sinal de saída), ou 68 seja, avaliar a característica de resposta para cada um dos três eixos, e também para o ângulo do apalpador da MMTD. Utilizando o método dos mínimos quadrados (regressão linear), ANEXO IV – equação (1), é possível avaliar através dos pontos medidos, os coeficientes "a" e "b" da reta, para cada posição (X, Y, Z e θ). Para os quatro componentes que caracterizam a curva de resposta – eixo X, eixo Y, eixo Z e Ângulo θ - foram utilizados como equipamentos de validação três multímetros de bancada (modelo MDM-8156), um paquímetro digital, blocos-padrão, um transferidor de ângulo e a fonte DC de 12 V que alimenta os potenciômetros. Para cada posição selecionada para o eixo foram realizadas três medições sucessivas do sinal de saída (tensão DC) para avaliar a repetitividade. Detalhes de cada método de medição, dos dados e resultados obtidos podem ser verificados no APENDICE III. As posições selecionadas para os eixos X e Y foram estabelecidas com um paquímetro digital e blocos padrões (Figura 44). A posição do eixo Z foi estabelecida somente com blocos padrões. E a posição do ângulo do apalpador foi estabelecida por um transferidor fixado na mesa de medição (Figura 45). Os parâmetros das retas ajustadas pelo método dos mínimos quadrados (ANEXO IV) são apresentados na Tabela 12, onde “a” representa o coeficiente de interceptação da reta, “b” o coeficiente de inclinação da reta, e “s” o desvio padrão da reta. São apresentadas, também, as incertezas máximas observadas para a tensão de saída (Equação (6) - ANEXO IV), e para a determinação da posição do eixo pela equação inversa da reta (Equação (8) - ANEXO IV). TABELA 12 – DADOS COMPILADOS – CARACTERÍSTICAS DE RESPOSTA DA MMTD f(x) = a+b.X Ângulo θ Eixo X Eixo Y Eixo Z a [V] b s [V] 0,224 0,4021 0,6743 1,2797 0,01662 V/º 0,02333 V/mm 0,02359 V/mm 0,02337 V/mm 0,044 0,0029 0,0034 0,0037 FONTE: OS AUTORES, 2007. Incerteza máx. para Tensão de Saída [V] ± 0,037 ± 0,0021 ± 0,0028 ± 0,0028 Incerteza máx. para Posição do Eixo 3,8º 0,17 mm 0,20 mm 0,22 mm 69 FIGURA 44 – AVALIAÇÃO DA CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DA MMTD Apalpador Mesa de Medição Bloco Padrão Paquímetro FONTE: OS AUTORES, 2007. FIGURA 45 – AVALIAÇÃO DA CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA – ÂNGULO DO APALPADOR. Transferidor FONTE: OS AUTORES, 2007. 6.2.2 Avaliação da Resolução de Medição da MMTD A resolução de um sistema de medição é definida como a menor variação, no valor de uma grandeza sob medição, que pode provocar uma variação perceptível na indicação do sistema de medição usado (ver Anexo I). Para a determinação da resolução da MMTD, é utilizado o método de comparação de entre dois valores de posição próximos entre si, resultando num 70 pequeno deslocamento (variação no sinal de entrada), até que o sinal de saída (tensão DC) apresente uma variação perceptível estatisticamente válida (utilização do teste “t” para médias). É possível visualizar a planilha de cálculo na íntegra no APENDICE IV. O teste foi realizado com dois blocos padrões de dimensão nominal diferente, posicionados lado a lado sobre a mesa de medição. Media-se a posição de cada bloco individualmente, utilizando-se o sensor do eixo Z, realizando-se cinco medições sucessivas para cada posição. A média e o desvio-padrão resultante das cinco medições repetitivas de cada posição são comparadas através do teste “t” para médias, para determinar se os dois conjuntos de dados diferem entre si, para um nível de confiança de 95%. Em outras palavras, se os dois conjuntos de dados, resultantes da medição da posição dos dois blocos padrões colocados lado a lado, apresentarem médias estatisticamente diferentes entre si, pode-se concluir que a MMTD é capaz de perceber a diferença entre as duas posições. Por outro lado, se as médias são consideradas estatisticamente iguais, então pode-se concluir que a MMTD não é capaz de “sentir” esta diferença, mesmo que aparentemente as médias calculadas sejam diferentes. A menor diferença entre dimensões avaliadas que provoca uma variação estatisticamente perceptível na saída é definida como a resolução de medição da MMTD. Ao final dos testes, a MMTD apresentou uma resolução de medição de 0,19mm, ou seja, ela é capaz de registrar medidas na ordem 0,19mm. 6.2.3 Avaliação do Raio do Apalpador As dimensões do apalpador já são previstas em projeto, porém como se trata de peças usinadas de dimensões relativamente pequenas e que necessitam de vários ajustes manuais no momento da montagem, é fundamental realizar testes para verificar as dimensões do apalpador, mais especificamente, o raio de giro, já que este raio impacta diretamente nos resultados das medições. O método utilizado se resume a uma medição de um bloco padrão (de qualquer dimensão, desde que conhecido), na direção de X ou de Y. É medida uma 71 face do bloco, com o apalpador, e rotacionando 180° o apalpador, mede-se a outra face. Como a dimensão do bloco-padrão é conhecida bem como equação de reposta da MMTD, basta subtrair a dimensão do bloco padrão do resultado obtido para obter o raio do apalpador, conforme Equação (13). Na Figura 46 pode ser visualizado a maneira pela qual foi obtido o raio do apalpador. R= (Y2 − Y1 ) − LP (13) 2 Y1 = Medição da posição 1 pela equação da reta Y com θ = 30o Y2 = Medição da posição 2 pela equação da reta Y com θ = 210o Lp = Dimensão nominal do bloco padrão FIGURA 46 – RAIO DO APALPADOR. FONTE: OS AUTORES, 2007. Conforme a Figura 21, o raio do apalpador seria de 35mm, mas na prática ele possui 45,8mm, com uma incerteza padrão de 0,04 mm. A planilha de cálculo do raio também está disponível no APENDICE V. 6.2.4 Teste do Efeito Mola do Apalpador A mola que compõem o apalpador é a responsável por realizar o contato elétrico, pela intensidade da força da ponteira aplicada sobre a peça durante a 72 medição. Com o objetivo de avaliar o quanto esta pressão na mola influencia o resultado ou incerteza final, é realizado um teste simulando duas pressões de mola: a primeira é a pressão utilizada em todos os testes (levantamento da curva de resposta), e a segunda utilizando uma pressão mínima, ou seja, uma pressão inferior àquela utilizada nos testes. Esta pressão é modificada através dos dois parafusos superiores que em conjunto com esta mola realizam o contato elétrico e que proporciona o acionamento automático quando a ponteira toca a peça a ser medida. Este sistema pode ser visualizado na Figura 47. FIGURA 47 – SISTEMA APALPADOR COM MOLA Parafusos de contato (a) Sistema Apalpador (b) Esquema Elétrico FONTE: OS AUTORES, 2007. A validação deste experimento é realizada utilizando um bloco-padrão de 30 mm. Similarmente ao realizado para o levantamento da curva de resposta, são obtidos valores de tensão correspondente a um lado do bloco (posição 1) quanto ao outro lado (posição 2). Foram realizadas três medições para cada posição e os valores médios calculados para avaliação da influência da pressão da mola. O resultado mostra que estas pressões não são significativos para o resultado final, ou seja, para ambas pressões obteve-se o mesmo valor de 30,4 mm, conforme Tabela 13. TABELA 13 – INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DA MOLA DO APALPADOR Umédio (pos.1) Umédio (pos.2) Distância (mm) Pressão Normal 2,8056 V 4,5836 V 30,40 Pressão Mínima 2,8053 V 4,5850 V 30,40 FONTE: OS AUTORES, 2007. 73 6.3 EQUAÇÕES GERAIS DO SISTEMA DE MEDIÇÃO As equações gerais para a determinação da posição dos eixos X, Y, Z e θ são apresentadas abaixo pelas equações (14), (15), (16) e (17), respectivamente: U xi − a x X i = bx e + R ⋅ cos θ − 5π + U + e R 3 bx [mm] , (14) onde: U xi é a média da “n” medidas repetitivas da tensão de saída para a posição “i” do eixo X (V); a x é o coeficiente de intercepção da reta ajustada para o eixo X, em [V]; b x é o coeficiente de inclinação da reta ajustada para o eixo Y, em [V/mm]; R é o valor experimental do raio do apalpador [mm]; θ é o ângulo da ponteira do apalpador [mm]; eU é o erro de medição do multímetro digital usado; e R é o erro devido à resolução da MMTD. U yi − a y Yi = by + R ⋅ cosθ − 5π + eU + e [mm] , R 3 by (15) onde as variáveis de entrada do eixo Y têm o mesmo significado acima. U zi − a z Z i = bz eU + b + e R [mm] , z (16) onde as variáveis de entrada do eixo Z têm o mesmo significado acima. U zθ − aθ bθ θ = π eU ⋅ 180 + b + e R [rad ] , θ (17) onde: bθ é o coeficiente de inclinação da reta ajustada para o eixo Z, em [V/º] e demais variáveis são iguais às definições acima. 74 7 MEDIÇÃO COM A MMTD Neste capitulo são apresentados alguns resultados de medição, realizadas com blocos padrões com dimensões nominais conhecidas. Estas medições tem o objetivo de avaliar o desempenho da MMTD em condições normais de operação, determinando-se o valor da dimensão e da incerteza de medição associada avaliada pelas equações do APENDICE VI. Todos estes estudos e aquisição de dados foram realizados dentro do laboratório de Metrologia da Engenharia Mecânica do Unicenp. Este equipamento, Figura 48, foi posicionado sobre uma mesa de desempeno granito, e as medições realizadas para uma temperatura ambiente controlada em aproximadamente 22,6°C, com a finalidade de reduzir o impacto destes fatores de influência (temperatura e vibração), aos resultados finais. FIGURA 48 – MÁQUINA DE MEDIÇÃO TRIDIMENSIONAL DIDÁTICA – MMTD FONTE: OS AUTORES, 2007. Na avaliação da MMTD foram realizadas três medições de cada posição em quatro blocos-padrão de diferentes dimensões (10 mm, 20 mm, 50 mm e100 mm) com a finalidade de verificar a resposta da máquina, pela utilização das equações gerais do sistema de medição. 75 7.1 RESULTADOS Similarmente aos testes anteriores, foram levantadas as tensões geradas quando a ponteira (apalpador) toca a peça. Com estes resultados é possível calcular as incertezas do equipamento como um todo. O detalhamento destes resultados e valores pode ser visualizado no APENDICE VI. As fontes de incertezas consideradas são dividas em cinco categorias: I) ajuste da reta (calibração), II) incerteza do instrumento na medição da tensão, III) avaliação do raio do apalpador, IV) influência do ângulo do apalpador - cos(θ) e V) resolução da MMTD, onde cada qual contribui para a incerteza final. A Tabela 14 mostra um resumo dos valores obtidos para as incertezas, tanto incerteza padrão como a expandida. Pode-se verificar que para a determinação dimensional da localização de um ponto a incerteza alocada – U(X1,2), U(Y1,2) e U(Z1,2) – é da ordem de ±0,32 mm e na determinação da distância entre dois pontos a incerteza inserida – U(DX), U(DY) e U(DZ) - é na ordem de ±0,45 mm. TABELA 14 – INCERTEZAS DE MEDIÇÃO DA MMTD Incertezas U(X1) Medição 1 Bloco 10mm 0,28 Medição 2 Bloco 50mm 0,28 Medição 3 Bloco 100mm 0,29 Eixo X U(X2) U(DX) 0,29 0,30 0,30 0,40 0,41 0,42 U(Y1) 0,30* 0,30 0,31 Eixo Y U(Y2) U(DY) 0,31* 0,31 0,32 0,42* 0,43 0,44 U(Z1) 0,32 0,32 0,32 ) U(Z Eixo Z 0,31 0,30 0,30 2 U(DZ) 0,45 0,44 0,44 * Para o Eixo Y, foi utilizado o bloco de 20mm e não o de 10mm - Medição 1. Legenda (válido para eixo X, Y e Z): U(X1) = Incerteza expandida de medição ou Incerteza de Medição na posição X1. U(X2) = Incerteza expandida de medição na posição X2. U(DX) = Incerteza de medição da distância entre dois pontos. FONTE: OS AUTORES, 2007. Para a medição destes blocos-padrão não foi considerado a incerteza gerada pela placa de aquisição de dados, incerteza esta também inserida no resultado final, quando utilizado o software em LabView® para medição de peças. 76 Esta incerteza ocorre devido à resolução da placa de aquisição de dados (12 bits), que equivale a 4,9 mV/count11, Desta forma, a incerteza de posição adicional de ±0,21 mm. Desta forma, a incerteza de medição para uma posição resulta em ±0,40 mm quando a placa de aquisição de dados é utilizada. Conseqüentemente, a incerteza de medição para a distância entre dois pontos resulta em ±0,57 mm quando a placa é usada. 11 Count = dígito menos significativo, resolução de leitura. 77 8 CONCLUSÃO Quando se fala em máquina de medição ou qualquer equipamento para medição de grandezas físicas logo se pensa na incerteza associada e na resolução do aparelho, que impactam diretamente nos resultados obtidos. O projeto da MMTD foi desenvolvido visando uma incerteza de medição alvo de ±0,1mm, porém após os testes finais foi verificada uma incerteza de medição de ±0,4mm entre dois pontos no espaço. Esta diferença está associada às incertezas provenientes do ajuste da reta dos potenciômetros, incerteza do instrumento de medição de tensão, incerteza da posição do apalpador (ângulo), do raio do apalpador, e da própria resolução da MMTD. As maiores contribuições vêm do ajuste da reta e da resolução de medição da MMTD. Estas incertezas são provenientes quase que exclusivamente do desempenho dos potenciômetros utilizados como transdutores de posição, conforme pode ser observados em detalhes no capítulo 6.3 e nos Apêndices III, IV e VI. O potenciômetro do apalpador, apesar de apresentar uma incerteza da tensão de saída dezessete vezes maior que a dos potenciômetros utilizados nos eixos, contribui com uma incerteza menor na avaliação final. Ele tem uma incerteza de 3,8º de posicionamento, mas como na medição é utilizado o valor de cosseno12 desse ângulo, que é 0,9977, (aproximadamente 1) isso insere uma incerteza muito pequena em relação às outras fontes de incerteza, como por exemplo, os potenciômetros dos eixos X, Y e Z. A maioria das peças da MMTD foram usinadas com muito cuidado visando pequenas tolerâncias dimensionais, o que resultou numa contribuição muito pequena para a incerteza de medição final. Isto pode ser observado na medição de um bloco padrão de 50 mm, realizada com a MMTD, onde a incerteza de medição é da ordem de ±0,30 mm na posição Y (106,4mm), enquanto que a incerteza do potenciômetro usado no eixo Y (posição 113,1mm) é da ordem de ±0,22mm. A diferença de ±0,08 mm (±80 µm) entre as duas incertezas pode ser considerada como uma contribuição da estrutura da MMTD. 12 Relação trigonométrica. 78 Durante a montagem da MMTD, foram realizados testes para verificação de aspectos construtivos, tais como planicidade da base, deslizamento do eixo X, planicidade do vidro e assim por diante. O vidro e a base inserem erros máximos na ordem de 32µm e 47µm, respectivamente. Porém, após os procedimentos de ajustes finais da MMTD, (ajustes dos pés, regulagem de planicidade do vidro e travamento) observou-se diferenças de até 53µm durante o movimento ao longo da faixa de medição do eixo X, localizado na porção central da base. Essas imperfeições são mais graves na base, entretanto as guias lineares minimizam essas distorções. No eixo Y, a torre do lado direito da máquina está 0,3mm mais alta em relação ao lado esquerdo, o que acaba levando este desvio até o eixo Z e consequentemente inserindo uma parcela de erro no resultado de medição (máximo de 120 µm para 200 mm). Todas as imperfeições geométricas geradas durante a usinagem das peças são minimizadas pelas guias lineares, que possuem ajustes de posição na fixação das mesmas tanto no pórtico como na base. A MMTD é utilizada dentro de um ambiente com temperatura controlada e as peças medidas têm o tratamento adequado de limpeza e manuseio para evitar possíveis danos e/ou inserção de erros desnecessários à medição. A máquina está localizada sobre uma mesa de desempeno (exclusiva para a MMTD) para reduzir o impacto das fontes externas geradoras de, por exemplo, vibrações e desníveis. As incertezas geradas a partir do fator humano - o operador – não são significativas para a MMTD, pois com o auxílio do software, a captura do sinal de saída do potenciômetro é dada no instante em que o contato (gatilho) é aberto, ou seja, mesmo que o operador continue avançando o fuso (movimentando o eixo), o sinal já foi registrado pelo programa. Após analisar esses aspectos globais, é possível reduzir a incerteza da MMTD trabalhando em alguns pontos chaves como, por exemplo, aumentando a tensão aplicada nos potenciômetros que resulta numa resolução menor ou com o aumento do número de voltas que o eixo do potenciômetro realiza também se consegue reduzir a resolução e reduzir a incerteza final. Pode-se também trocar os transdutores rotativos por transdutores lineares, que apresentam uma resposta com melhor linearidade e mais precisão nos resultados. É possível incrementar a máquina adicionando motores para a movimentação dos eixos coordenados, o que contribuiria com maior velocidade nas 79 medições. Um aumento na faixa de medição é um ponto interessante a ser estudado, pois quanto maior a capacidade volumétrica de medição da máquina, mais versátil ela se torna. Outra melhoria considerável diz respeito a um sistema de fixação da peça a ser medida sobre a mesa de medição, para evitar oscilações que somariam erros à medição. É recomendável a instalação de medidores de temperatura nas principais partes da MMTD, e de extensômetros no pórtico, para corrigir o efeito de deformação devido à posição do carro do eixo Y, e da variação de temperatura para medições com maior precisão (da ordem de micrometros). Recomenda-se, também, utilizar uma placa de aquisição de dados mais precisa que a atual para reduzir a incerteza devido à resolução da placa, e por fim, reformular a chave de contato (gatilho) associada com o apalpador, a fim de que este possa tocar a peça em todas as direções sem necessidade de ser girado. A MMTD atende aos requisitos de projeto, no que diz respeito à simplicidade de manuseio, funcionalidade e características de respostas, possuindo as características adequadas de um equipamento para uso didático. Apresenta também resolução e incerteza adequadas para o ensino, uma vez que a MMTD não é utilizada para fins industriais, mas para suprir a falta de uma máquina de medição tridimensional no UnicenP, facilitando o aprendizado dos futuros engenheiros. 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A. S. Metrologia Geométrica. Lisboa – Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. CAMARGO, R. Expressão do resultado de medição. Revista Sinergia, V.5, 2004. CARDOZA, J. A. S. Máquinas Virtuais de Medir a Três Coordenadas. São Carlos, 1995. [Tese de doutorado, EESC/USP]. CAMPION, P.J.; BURNS, J.E. & WILLIAMS, A.G. A Code of Practice for the Detailed Statemente of Accuracy, 1980, National Physical Laboratory. CAVACO, M. A. M. Apostila Metrologia Parte II. Santa Catarina: UFSC, 2002. COSTA NETO, P.L.O. Estatística, 1977, Ed. Edgard Blücher Ltda. Di GIACOMO, B. Computer aided calibration and hybrid compensation of geometric errors in coordinate measuring machines. Manchester, 1986. [Ph.D. Thesis, Institute of Science and Technology/University of Manchester]. DIGIT. Home. [on line] http://www.digitspectrol.com.br/frm_Spectrol.htm [capturado em 25 de março de 2007]. DRAPER, N. R. & SMITH, H. Applied Regression Analysis. 2.ed., New York: John Wiley & Sons, 1981 EVANS, C.; HOCKEN, R. & ESTLER, W.T. Self-Calibration: Reversal, Redundancy, Error Separation and “Absolute Testing”. Annals of the CIRP, 45 (2), 1996. FLUKE. Calibration: Philosophy in Practice. 2.ed., Everett, Fluke, 1994. GRAHAM Touch Probe. [on line], GBR. Disponível: http://www.indoor.flyer.co.uk [capturado em 22 de março 2007]. HEXAGON METROLOGY. Revista Measuring Point nº 3. Abril 2005. Produtos. [on line], BRA. Disponível: HEXAGON METROLOGY. http://www.hexagonmetrology.com.br [capturado em 25 de Março 2007]. HOCKEN, R. Technology of Machine Tool, v. 5: Machine Tool Accuracy. Lawrence Livermore Laboratory, Univ. of California, 1980. ITG ROMER. Produtos. [on line], BRA. Disponível: http://www.itgromer.com.br [capturado em 25 de março 2007]. MAFTOUM, W.R.E. Apostila 3 – Confiabilidade Metrológica. Curitiba: Unicenp 2007. 81 MARTINEZ ORREGO, R.M. Um método de calibração direta para máquinas de medir a três coordenadas. São Carlos, 1999. [Tese de doutorado, EESC/USP]. Artigos. [on-line], BRA. Disponível em: MECÂNICA ATUAL. http://www.mecatronicaatual.com.br/artigos/cnc/index.htm [capturado em 20 de junho 2007]. MINI LATHE. 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O experimento tem início alinhando-se a linha de zero grau do disco sobre a linha de zero grau da base e o potenciômetro deve estar no início da primeira volta (início de curso). No experimento foram analisados apenas rotações com variações de noventa graus. Alguns detalhes durante a execução das medições como o “zeramento” da resistência do fio, conexão adequada dos potenciômetros, alinhamento do disco com as respectivas graduações da base dentre outras, influenciam a precisão dos resultados. ENSAIO DE VALIDAÇÃO DOS POTENCIÔMETROS – EQUIPAMENTO COM DISCO ROTATIVO (a) FONTE: OS AUTORES, 2007. (b) 83 LEITURAS DO POTENCIÔMETRO 1, EM [Ω] LEITURAS DO POTENCIÔMETRO 2, EM [Ω] 84 LEITURAS DO POTENCIÔMETRO 3, [Ω] LEITURAS DO POTENCIÔMETRO 4, [Ω] 85 CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA POT 1 CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA POT 2 CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA POT 3 CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA POT 4 86 INCERTEZA DA POSIÇÃO DO EIXO POT 1 INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA POT 1 INCERTEZA NA POSIÇÃO DO EIXO POT2 INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA POT 2 INCERTEZA NA MEDIÇÃO DA POSIÇÃO DO EIXO POT 3 INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA POT 3 87 INCERTEZA NA MEDIÇÃO DA POSIÇÃO DO EIXO POT 4 INCERTEZA NA TENSÃO DE SAÍDA POT 4 88 APENDICE II - DESENHOS TÉCNICOS DE MONTAGEM DA MMTD 1. Base 2. Mesa 3. Mancal X parte Inferior 4. Mancal X parte Superior 5. Bucha Mancais X, Y 6. Rosca Movimentação X 7. Fuso X 8. Viga Vertical 1 9. Viga Vertical 2 10. Viga Superior 11. Carro Y Parte 1 12. Carro Y Parte 2 13. Carro Y Parte 3 14. Mancal Y 15. Fuso Y 16. Suporte Potenciômetro Y 17. Carro Z 18. Mancal Z 19. Bucha Mancais Z 20. Suporte Apalpador 21. Eixo Apalpador 22. Extensor Apalpador 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 105 106 107 108 109 110 111 APENDICE III - CARACTERISTICA DE RESPOSTA DA MMTD AVALIAÇÃO DA CURVA DE RESPOSTA DO ÂNGULO θ - ÂNGULO DO APALPADOR A figura abaixo ilustra o esquema de montagem e validação da curva de resposta do ângulo do apalpado. Com um transferidor são realizadas as medições de tensões de 30º em 30º. ESQUEMA DETALHE DA POSIÇÃO DOS ÂNGULOS – TRANSFERIDOR E APALPADOR FONTE: OS AUTORES, 2007. A tabela abaixo ilustra todos os resultados obtidos na avaliação da curva de resposta do ângulo do apalpador. 112 TABELA DE VALORES – CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO ÂNGULO DO APALPADOR Apalpador 0,0 º 30,0 º 60,0 º 90,0 º 120,0 º 150,0 º 180,0 º 210,0 º 240,0 º 270,0 º 300,0 º 330,0 º 0,27205 0,71724 1,18850 1,71476 2,1943 2,68510 3,21550 3,70910 4,22060 4,75670 5,29010 5,62390 Tensão 0,28125 0,28481 0,70990 0,71945 1,19078 1,18311 1,70395 1,71058 2,1941 2,1933 2,68500 2,67790 3,21100 3,21860 3,72700 3,73430 4,23300 4,23420 4,76130 4,75110 5,28570 5,28530 5,62390 5,62390 Transferidor V 120,0 V Y< 90,0 V 60,0 V 30,0 V X^ 0,0 V 330,0 V 300,0 V Y> 270,0 V 240,0 V 210,0 V X 180,0 V 150,0 FONTE: OS AUTORES, 2007. A tabela e gráfico abaixo detalha o comportamento dos pontos medidos para o ângulo do apalpador. Em conjunto com os valores medidos, tabela acima, pode-se calcular os coeficientes, a, b, desvio padrão, entre outros e gerar a curva abaixo. TABELA / GRÁFICO – CURVA DE CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO ÂNGULO DO APALPADOR RETA AJUSTADA U = a + b.θ θ (V) θ médio 2 Σ(θ−θι) = 165,0 128700 g = 2,24E-04 Nº de medidas futuras m= 3 6 Tensão de saída (V) Parâmetros da reta ajustada V a= 0,22401 b= 0,01662404 V/º mV/º 16,6 V sθ θ = 0,043941 R= 99,9693% n= 36 t= 2,03 (95%) U = 0,224 + 0,0166240.θ θ (V) 5 4 3 2 1 0 0 45 90 135 180 225 270 315 360 Posição do Ângulo (º) FONTE: OS AUTORES, 2007. Ao levantar a curva de resposta no determinado eixo (X, Y ou Z) ou componente, neste caso o ângulo do apalpador, são gerados os limites de incerteza 113 para a tensão de saída, uma vez que é esta grandeza a leitura final da medição indicada pelos multímetros. TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZAS PARA TENSÃO DE SAÍDA (V) – ÂNGULO APALPADOR 0,040 Incerteza da reta (V) Limites de Incerteza para Tensão de Saída (V) Limite Limite Reta Superior Inferior Tensão 0,0437 -0,0437 0,0000 0,0368 -0,0368 0,0000 0,0301 -0,0301 0,0000 0,0239 -0,0239 0,0000 0,0186 -0,0186 0,0000 0,0153 -0,0153 0,0000 0,0153 -0,0153 0,0000 0,0186 -0,0186 0,0000 0,0239 -0,0239 0,0000 0,0301 -0,0301 0,0000 0,0368 -0,0368 0,0000 0,0437 -0,0437 0,0000 0,030 Limite Superior 0,020 máximo: +36,8 mV 0,010 0,000 -0,010 mínimo: -36,8 mV -0,020 Limite inferior -0,030 -0,040 0 45 90 135 180 225 270 315 360 Posição do Eixo (º) FONTE: OS AUTORES, 2007. O último ponto a ser analisado são os limites de incerteza para a posição do eixo, neste caso o ângulo do apalpador. A tabela e o gráfico abaixo mostram estes valores. Limite Limite Reta Superior Inferior Posição 4,1 -4,1 0,0 3,8 -3,8 0,0 3,6 -3,6 0,0 3,4 -3,4 0,0 3,3 -3,3 0,0 3,2 -3,2 0,0 3,2 -3,2 0,0 3,3 -3,3 0,0 3,4 -3,4 0,0 3,6 -3,6 0,0 3,8 -3,8 0,0 4,1 -4,1 0,0 FONTE: OS AUTORES, 2007. Incerteza da reta (º) TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZA PARA POSIÇÃO DO EIXO TETA (º) – ÂNGULO APALPADOR 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 -1,00 -2,00 -3,00 -4,00 -5,00 Limite Superior máximo: + 3,8º mínimo: - 3,8º Limite Inferior 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Tensão no Potenciômetro (V) 4,5 5,0 5,5 114 AVALIAÇÃO DA CURVA DE RESPOSTA DO EIXO X A análise da curva de resposta do eixo X é realizada similarmente ao realizado no ângulo do apalpador. Esta análise e conceito também se estendem para os eixos Y e Z. Primeiramente medem-se as tensões de saída em dimensões pré-determinadas, calculando-se a curva de resposta, conforme ANEXO IVREGRESSÃO LINEAR (AJUSTE DE RETAS), é possível gerar o gráfico da curva característica de resposta do eixo e posteriormente levantar os limites de incertezas tanto da tensão de saída quanto da posição do eixo. TABELA DE VALORES – CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO X Posição X 15,0 mm 25,0 mm 35,0 mm 45,0 mm 55,0 mm 65,0 mm 75,0 mm 85,0 mm 95,0 mm 105,0 mm 115,0 mm 125,0 mm 135,0 mm 145,0 mm 155,0 mm 165,0 mm 175,0 mm 185,0 mm 195,0 mm 0,75474 0,98606 1,21749 1,44892 1,67999 1,91744 2,1522 2,3844 2,6167 2,8551 3,0909 3,3201 3,5493 3,7798 4,0173 4,2545 4,4863 4,7133 4,9491 FONTE: OS AUTORES, 2007. Tensão 0,75521 0,75474 0,98617 0,98606 1,21749 1,21749 1,44892 1,44892 1,68266 1,67997 1,91796 1,91744 2,1522 2,1553 2,3844 2,3844 2,6166 2,6175 2,8553 2,8522 3,0909 3,0909 3,3232 3,3201 3,5493 3,5493 3,7820 3,7820 4,0173 4,0173 4,2562 4,2562 4,4863 4,4863 4,7162 4,7162 4,9491 4,9491 V V V V V V V V V V V V V V V V V V V 115 TABELA / GRÁFICO – CURVA DE CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO X RETA AJUSTADA U = a + b.X (V) X médio= 2 S(Xo-Xméd) = 105,0 57000,0 Tensão de saída (V) Parâmetros da reta ajustada V a= 0,40208 b= 0,02332899 V/mm mV/mm 23,3 sU = 0,002918 V R= 99,9997% n= 57 t= 2,00 (95%) mm mm2 5 5 4 4 3 3 2 2 1 1 0 U = 0,4021 + 0,0233290.X (V) 0 50 100 150 200 Posição do Eixo (mm) g = 1,10E-06 Nº de medidas futuras m= 3 FONTE: OS AUTORES, 2007. Limites de Incerteza para Tensão de Saída (V) Limite Limite Reta Superior Inferior Tensão 0,0023 -0,0023 0,0000 0,0021 -0,0021 0,0000 0,0019 -0,0019 0,0000 0,0017 -0,0017 0,0000 0,0014 -0,0014 0,0000 0,0012 -0,0012 0,0000 0,0011 -0,0011 0,0000 0,0009 -0,0009 0,0000 0,0008 -0,0008 0,0000 0,0008 -0,0008 0,0000 0,0008 -0,0008 0,0000 0,0009 -0,0009 0,0000 0,0011 -0,0011 0,0000 0,0012 -0,0012 0,0000 0,0014 -0,0014 0,0000 0,0017 -0,0017 0,0000 0,0019 -0,0019 0,0000 0,0021 -0,0021 0,0000 -0,0023 0,0000 0,0023 FONTE: OS AUTORES, 2007. Incerteza da reta(V) TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZAS PARA TENSÃO DE SAÍDA (V) – EIXO X 0,003 0,002 0,002 0,001 0,001 0,000 -0,001 -0,001 -0,002 -0,002 -0,003 Limite Superior máximo: +2,1 mV mínimo: -2,1 mV Limite inferior 0 50 100 Posição do Eixo (mm) 150 200 116 TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZA PARA POSIÇÃO DO EIXO X (mm) 0,20 Incerteza da reta (mm) Limite Limite Reta Superior Inferior Posição 0,18 -0,18 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,16 -0,16 0,00 0,16 -0,16 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,15 -0,15 0,00 0,16 -0,16 0,00 0,16 -0,16 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 -0,18 0,00 0,18 Limite Superior 0,15 0,10 0,05 máximo: + 0,17 mm 0,00 -0,05 mínimo: - 0,17 mm -0,10 -0,15 Limite Inferior -0,20 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Tensão no Potenciômetro (V) FONTE: OS AUTORES, 2007. AVALIAÇÃO DA CURVA DE RESPOSTA DO EIXO Y TABELA DE VALORES – CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO Y Posição Y 25,0 mm 35,0 mm 45,0 mm 55,0 mm 65,0 mm 75,0 mm 85,0 mm 95,0 mm 105,0 mm 115,0 mm 125,0 mm 135,0 mm 145,0 mm 155,0 mm 165,0 mm 175,0 mm 185,0 mm 195,0 mm 1,25907 1,49689 1,73554 1,97371 2,20540 2,44370 2,6821 2,9205 3,1524 3,3871 3,6249 3,8616 4,0978 4,3340 4,5705 4,7971 5,0343 5,2716 FONTE: OS AUTORES, 2007. Tensão 1,26167 1,49687 1,73337 1,97371 2,20540 2,44390 2,6853 2,9204 3,1556 3,3871 3,6249 3,8615 4,0978 4,3340 4,5705 4,7971 5,0344 5,2716 1,25932 1,49687 1,73232 1,97373 2,20530 2,44360 2,6853 2,9205 3,1541 3,3871 3,6248 3,8616 4,0977 4,3341 4,5706 4,7970 5,0344 5,2716 V V V V V V V V V V V V V V V V V V 4,5 5,0 117 TABELA / GRÁFICO – CURVA DE CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO Y RETA AJUSTADA U = a + b.Y (V) Y médio= 2 S(Yo-Yméd) = 110,0 48450,0 6 Tensão de saída (V) Parâmetros da reta ajustada V a= 0,67427 b= 0,02359304 V/mm mV/mm 23,6 sU = 0,003396 V R= 99,9996% n= 54 t= 2,01 (95%) mm 2 mm U = + 0,6743 + 0,0235930.Y (V) 5 4 3 2 1 0 0 50 100 150 200 Posição do Eixo (mm) g = 1,72E-06 Nº de medidas futuras m= 3 FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZAS PARA TENSÃO DE SAÍDA (V) – EIXO Y FONTE: OS AUTORES, 2007. 0,003 Incerteza da reta (V) Limites de Incerteza para Tensão de Saída (V) Limite Limite Reta Superior Inferior Tensão 0,0028 -0,0028 0,0000 0,0025 -0,0025 0,0000 0,0022 -0,0022 0,0000 0,0019 -0,0019 0,0000 0,0017 -0,0017 0,0000 0,0014 -0,0014 0,0000 0,0012 -0,0012 0,0000 0,0010 -0,0010 0,0000 0,0009 -0,0009 0,0000 0,0009 -0,0009 0,0000 0,0010 -0,0010 0,0000 0,0012 -0,0012 0,0000 0,0014 -0,0014 0,0000 0,0017 -0,0017 0,0000 0,0019 -0,0019 0,0000 0,0022 -0,0022 0,0000 0,0025 -0,0025 0,0000 0,0028 -0,0028 0,0000 Limite Superior 0,002 0,001 máximo: +2,8 mV 0,000 mínimo: -2,8 mV -0,001 -0,002 Limite inferior -0,003 0 50 100 150 Posição do Eixo (mm) 200 250 118 Limite Limite Reta Superior Inferior Posição 0,20 -0,20 0,00 0,20 -0,20 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,18 -0,18 0,00 0,18 -0,18 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,17 -0,17 0,00 0,18 -0,18 0,00 0,18 -0,18 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,20 -0,20 0,00 -0,20 0,00 0,20 Incerteza da reta (mm) TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZA PARA POSIÇÃO DO EIXO Y (mm) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,05 -0,10 -0,15 -0,20 -0,25 Limite Superior máximo: + 0,20 mm mínimo: - 0,20 mm Limite Inferior 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 Tensão no Potenciômetro (V) FONTE: OS AUTORES, 2007. AVALIAÇÃO DA CURVA DE RESPOSTA DO EIXO Z TABELA DE VALORES – CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO Z Posição Z 0,0 mm 10,0 mm 20,0 mm 30,0 mm 40,0 mm 50,0 mm 75,0 mm 85,0 mm 95,0 mm 100,0 mm 110,0 mm 125,0 mm 140,0 mm 150,0 mm 170,0 mm 1,27577 1,51872 1,74986 1,98160 2,21120 2,44920 3,0378 3,2668 3,4955 3,6115 3,8486 4,2003 4,5460 4,7846 5,2595 FONTE: OS AUTORES, 2007. Tensão 1,27558 1,51569 1,74986 1,98470 2,21120 2,44610 3,0377 3,2698 3,4985 3,6125 3,8485 4,2033 4,5490 4,7847 5,2596 1,27558 1,51569 1,74987 1,98467 2,21120 2,44920 3,0407 3,2668 3,4986 3,6145 3,8486 4,2003 4,5490 4,7878 5,2595 V V V V V V V V V V V V V V V 5,0 5,5 119 TABELA / GRÁFICO – CURVA DE CARACTERÍSTICA DE RESPOSTA DO EIXO Z RETA AJUSTADA U = a + b.Z (V) Parâmetros da reta ajustada V a= 1,2797 b= 0,02337480 V/mm mV/mm 23,4 sU = 0,003713 V R= 99,9995% n= 45 t= 2,02 (95%) Z médio= 2 S(Zo-Zméd) = 80,0 40100,0 6 Tensão de saída (V) U = 1,2797 + 0,0233748.Z (V) mm 2 mm 5 4 3 2 1 0 0 25 50 75 100 125 150 Posição do Eixo (mm) g = 2,56E-06 Nº de medidas futuras m= 3 FONTE: OS AUTORES, 2007. TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZAS PARA TENSÃO DE SAÍDA (V) – EIXO Z FONTE: OS AUTORES, 2007. 0,003 Incerteza da reta (V) Limites de Incerteza para Tensão de Saída (V) Limite Limite Reta Superior Inferior Tensão 0,0032 -0,0032 0,0000 0,0028 -0,0028 0,0000 0,0025 -0,0025 0,0000 0,0022 -0,0022 0,0000 0,0019 -0,0019 0,0000 0,0016 -0,0016 0,0000 0,0011 -0,0011 0,0000 0,0011 -0,0011 0,0000 0,0012 -0,0012 0,0000 0,0013 -0,0013 0,0000 0,0016 -0,0016 0,0000 0,0020 -0,0020 0,0000 0,0025 -0,0025 0,0000 0,0028 -0,0028 0,0000 0,0035 -0,0035 0,0000 0,002 Limite Superior 0,001 máximo: +2,8 mV 0,000 mínimo: -2,8 mV -0,001 -0,002 Limite inferior -0,003 0 50 100 Posição do Eixo (mm) 150 175 120 Limite Limite Reta Superior Inferior Posição 0,23 -0,23 0,00 0,22 -0,22 0,00 0,21 -0,21 0,00 0,21 -0,21 0,00 0,20 -0,20 0,00 0,20 -0,20 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,19 -0,19 0,00 0,20 -0,20 0,00 0,20 -0,20 0,00 0,21 -0,21 0,00 0,22 -0,22 0,00 -0,24 0,00 0,24 FONTE: OS AUTORES, 2007. Incerteza da reta (mm) TABELA / GRÁFICO – LIMITES DE INCERTEZA PARA POSIÇÃO DO EIXO Z (mm) 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,05 -0,10 -0,15 -0,20 -0,25 Limite Superior máximo: + 0,22 mm mínimo: - 0,22 mm Limite Inferior 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 Tensão no Potenciômetro (V) 4,5 5,0 5,5 121 APENDICE IV – RESOLUÇÃO DE MEDIÇÃO DOS EIXOS Para a determinação da resolução da MMTD, é utilizada a planilha mostrada abaixo, partindo do princípio da comparação de valores que o potenciômetro é capaz de registrar. FIGURA – RESULTADOS MEDIDOS PARA RESOLUÇÃO DA MMTD (a) (b) (c) FONTE: OS AUTORES, 2007. Na coluna (a) foram comparados 1,01mm com 1,20mm, neste caso os resultados foram diferentes, ou seja, agora o potenciômetro já reconhece a diferença entre os valores. Este ensaio é feito por tentativas e ajustes, mas ao final de algumas tentativas, o valor mínimo que os potenciômetros são capazes de registrar é 0,19mm, como pode ser visto na coluna (c) da figura. A mesma lógica foi utilizada na verificação dos eixos Y e Z, que também apresentaram 0,19mm de resolução, pois os potenciômetros utilizados nos três eixos têm as mesmas características. 122 APENDICE V – MEDIÇÃO DO RAIO DO APALPADOR Para a determinação do raio do apalpador, foi realizada uma medição comum de distância entre dois pontos com um bloco padrão. Como a dimensão do bloco é conhecida, é necessário apenas subtrair a dimensão do bloco da medição e dividir o restante por dois, para obter o raio. FIGURA – RESULTADOS DA MEDIÇÃO DO RAIO DO APALPADOR Posição 1 Posição 2 30º 210º 3,0185 4,5716 3,0185 4,5716 3,0185 4,5715 3,0185 4,5716 3,0185 4,5715 Média : 3,01850 4,57156 Desvio padrão: 0,00000 0,00005 Incerteza padrão da reta no eixo y: Y2-Y1: Valor Nominal do Bloco Padrão: Raio do Apalpador: Incerteza padrão do raio: Tamanho da amostra: Direção do eixo Y => Eixo Y ay = 0,674271 by= Posição em mm 30º 210º 99,36 165,19 99,36 165,19 99,36 165,19 99,36 165,19 99,36 165,19 99,36 165,19 0,00 0,002 0,0857 0,0927 65,8 20,0 22,9 0,0399 10 mm mm mm mm mm 0,0235930 FONTE: OS AUTORES, 2007. A figura acima mostra a planilha utilizada na medição, utilizando um bloco padrão de 20mm. Na planilha é possível visualizar também a incerteza padrão e os pontos de referência no espaço. A medição da posição 1 e 2 foi realizada no eixo Y, resultando em: R= (Y2 − Y1 ) − LP 2 = (165,19 − 99,36) − 20 = 22,9 2 mm . (18) 123 APENDICE VI – MEDIÇÃO COM A MMTD No processo de medição e levantamento das incertezas (padrão e expandida) da MMTD é necessária a utilização de metodologias e conceitos teóricos já descritos em capítulos anteriores, ver 3.7, e também no ANEXO IV. Abaixo seguem detalhes das verificações realizadas. POSIÇÃO NO EIXO X A posição no eixo X é avaliada pela equação abaixo: Xi = X i + onde: Xi = eU 5π + R ⋅ cosθ − + eR , 3 bx U i − ax bx Equação do transdutor para avaliação da posição i do eixo X, em [mm]; Ui Média das “n” leituras repetitivas realizadas para a posição “i” do eixo; ax Coeficiente de intercepção da reta ajustada para o eixo, em [V]; bx Coeficiente de inclinação da reta ajustada para o eixo, em [V/mm]; eU R θ eR (1) Erro de medição introduzido pelo multímetro digital na medição da tensão DC na saída do transdutor em [V]; Raio da ponteira do apalpador. Distância entre a ponta do apalpador e o centro do eixo Z, em [mm]; Ângulo da haste da ponteira do apalpador, medida por um potenciômetro, em [rad]; Erro devido a resolução da medição da posição no eixo, em [mm]. POSIÇÃO NO EIXO Y A posição no eixo Y é avaliada pela equação abaixo: Yi = Y i + eU π + R ⋅ cos θ − + e R , 6 bY (2) 124 onde: Yi = U i − ay by Equação do transdutor para avaliação da posição i do eixo Y, em [mm]; Ui ay Média das “n” leituras repetitivas realizadas para a posição “i” do eixo; by Coeficiente de inclinação da reta ajustada para o eixo, em [V/mm]; eU Erro de medição introduzido pelo multímetro digital na medição da tensão DC na saída do transdutor em [V]; Raio da ponteira do apalpador. Distância entre a ponta do apalpador e o centro do eixo Z, em [mm]; Ângulo da haste da ponteira do apalpador, medida por um potenciômetro, em [rad]; Coeficiente de intercepção da reta ajustada para o eixo, em [V]; R θ eR Erro devido a resolução da medição da posição no eixo, em [mm]. A incerteza padrão de medição da posição “i” no eixo X ou Y é deduzida a partir da equação (6) – capítulo 3.7, resultando na equação: u(X i ) = [c ⋅ u(X )] + [c2 ⋅ u (eU )] + [c3 ⋅ u (R )] + [c 4 ⋅ u (cos(θ ))] + [c5 ⋅ u (eR )] , 2 1 2 i 2 2 2 (3) com os seguintes coeficientes de sensibilidade: c1 = 1 , c 2 = 3 ⋅π 1 , c3 = cosθ − , c 4 = R e c5 = 1 . bx 2 As incertezas padrão de cada variável de entrada: ( ) u Xi u (eU ) Incerteza padrão da reta ajustada pela calibração do eixo X, avaliada pelas equações 8 e 9 do ANEXO IV, onde Xi é a média das “n” medições repetitidas realizadas para a posição “i” do eixo. Incerteza padrão na medição da tensão de saída pelo multímetro digital, Minipa MDM-8055, calculada a partir da exatidão declarada pelo fabricante. EXATIDÃO DO MULTÍMETRO Exatidão (eU Faixa ) 1,2 V ±(0,012% da leitura + 5 dígitos) 12 V Resolução 10 µV 100 µV FONTE: MINIPA, 2007. portanto: u (eU ) = u (R ) eU 3 considerando que a distribuição é retangular. Incerteza padrão associada com a avaliação do Raio do Apalpador, APENDICE V. 125 u (R ) = s R21 + s R2 2 = ±0,0399mm n onde, s1 s2 n Desvio padrão na posição 1, em [mm]; Desvio padrão na posição 2, em [mm]; Número de medições realizadas (n=10); u (cos θ ) Incerteza padrão associada com o desvio no ângulo da haste do apalpador, calculada pela equação 8 do ANEXO IV, para o potenciômetro do ângulo; u (e R ) Incerteza padrão devida à resolução de medição da MMTD nos três eixos. (e R = 0,19mm ) , u (e R ) = eR para uma distribuição retangular. 3 EIXO Z A equação usada na avaliação da posição no eixo Z é apresentada abaixo: Zi = Zi + onde: Zi = eU + e RZ , bZ U i − aZ bZ (4) Equação da reta usada para avaliar a posição média no eixo Z; Ui É a média das “n” leituras repetidas de tensão correspondentes à posição “i”; eU Erro do multímetro na medição da posição no eixo Z; e RZ Resolução da medição da posição no eixo Z. INCERTEZA DE MEDIÇÃO EXPANDIDA (P/ 95,45% DE PROBALIDADE) O conceito para a incerteza expandida mostrada abaixo também é válido para os eixos Y e Z, dedução conforme equação (3), capítulo 3.7. U (X i ) = K ⋅ u(X i ) , (5) 126 onde: K u( X i ) Fator de abrangência. Número calculado pela distribuição "t Student", para 95,45 % de probabilidade e "ν" graus de liberdade; Incerteza padrão para a posição “i” no eixo X. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS A equação (12) apresentada no capítulo 4.3.1, é usada para avaliar a distância entre dois pontos, ou seja: D = ( x2 − x1)2 + ( y 2 − y1)2 + ( z2 − z1 )2 . (6) Na determinação da distância entre dois pontos no eixo X ( X 1 e X 2 ), separados por um ângulo de 180º (para a ponteira), as posições Y1 e Y2 não são alteradas para o eixo Y, o mesmo ocorrendo com as posições Z 1 e Z 2 . Portanto Y1 = Y2 e Z 1 = Z 2 na medição da distância, resultando: Eixo X: D X = ( X 2 − X 1 ) mm . Analogamente, conclui-se que para o: Eixo Y: DY = (Y2 − Y1 ) mm , e para o Eixo Z: DZ = (Z 2 − Z 1 ) mm . A incerteza padrão da distância entre dois pontos posicionados no mesmo eixo, deduzida a partir da equação (6) do capítulo 3.7, é avaliada pelas equações abaixo: u (D X ) = u 2 ( X 2 ) + u 2 ( X 1 ) , (7) u (DY ) = u 2 (Y2 ) + u 2 (Y1 ) , (8) u ( D Z ) = u 2 (Z 2 ) + u 2 (Z 1 ) . (9) DETALHAMENTO DOS VALORES OBTIDOS NA MEDIÇÃO COM A MMTD A medição consiste em levantar ou conferir os valores do bloco-padrão em questão. É realizado a medição em blocos-padrão de 10mm, 20mm, 50mm e 100mm e nestes, além da verificação de suas dimensões, são analisadas incertezas 127 envolvidas nestes resultados. Abaixo estão mostrados detalhadamente, somente, os valores para o bloco de 10mm nos três eixos, X, Y e Z. Para os demais blocos, é seguida a mesma metodologia e os valores são computados e um resumo pode ser verificado no capítulo 7.1 na Tabela 14. Dos valores obtidos do bloco-padrão de 10mm, pode-se verificar que a máquina registrou um Dx=9,8mm e a incerteza alcançada de U(Dx)=0,4mm, validando então o equipamento. Da mesma maneira que o bloco-padrão de 10mm e 20mm os demais também alcançaram o mesmo sucesso, resultando as incertezas totais, de posição na ordem – U(x,y,z)=±0,3mm – e da distância entre dois pontos na ordem de U(Dx,y,z)=±0,4mm. 128 TABELA – VALORES MEDIDOS E INCERTEZAS – BLOCO DE 10mm - EIXO X FONTE: OS AUTORES, 2007. 129 TABELAS – VALORES MEDIDOS E INCERTEZAS – BLOCO DE 20mm - EIXO Y FONTE: OS AUTORES, 2007. 130 TABELAS – VALORES MEDIDOS E INCERTEZAS – BLOCO DE 10mm - EIXO Z FONTE: OS AUTORES, 2007. 131 ANEXO I – TERMINOLOGIA NA METROLOGIA Terminologia ou nomenclatura é um conjunto de termos que estabelecem, de forma inequívoca, uma definição única e apropriada para termos utilizados em determinada área do conhecimento, com o objetivo de evitar confusões que podem ocorrer devido a interpretações errôneas nas comunicações escritas e faladas entre pessoas e especialistas. Em uma área de atuação restrita, como a metrologia, com pequeno número de pessoas, é razoavelmente fácil de uniformizar a terminologia. No entanto, medições são praticadas em todos os ramos da ciência e tecnologia e pouca coordenação existia a nível mundial para sua uniformização. O problema é complicado pela universalidade de uso de conceitos básicos em tantas áreas diferentes, em muitos idiomas e pela grande quantidade de termos envolvidos. Há algumas décadas, reconheceu-se a situação emergencial de definir um conjunto de nomenclaturas dominantes para cobrir termos gerais e definições envolvidas nas medições. Pela falta de concordância quanto à terminologia, originaram-se muitas discussões sobre este assunto, e até os dias de hoje, existem discordâncias muito importantes. Qualquer terminologia aceita atualmente, pode vir a ser modificada em futuro muito próximo, devido a características extremamente dinâmicas. Entretanto, graças a um esforço conjunto das principais organizações internacionais relacionadas com metrologia foi possível elaborar o Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia, conhecido como VIM. A segunda edição do VIM foi publicada pela ISO, em 1993, nos idiomas francês e inglês, preparado por especialistas indicados pelas seguintes instituições: BIPM - International Bureau of Weights and Measures IEC - International Electrotechnical Commission ISO - International Organization for Standardization OIML - International Organization of Legal Metrology A versão em português (Brasil) da segunda edição do VIM publicada pelo Inmetro em 1995, passou a ser adotada oficialmente no Brasil. 132 A segunda edição do VIM apresenta termos e definições baseados na Aproximação Clássica para tratamento das incertezas metrológicas, onde um mensurando pode somente ser descrito por um único valor verdadeiro, e seu valor não pode ser obtido por medições experimentais devido aos erros sistemáticos e aleatórios resultantes dos instrumentos e métodos utilizados. A noção de “incerteza aleatória” e “incerteza sistemática” foi introduzida sem o uso de métodos de combinação e interpretação bem fundamentados. Então, ao invés de incertezas aleatórias e sistemáticas, foi introduzido em 1993, um conceito unificado de incerteza nas medições, definido como Aproximação de Incertezas (AI), publicado no Guia para Expressão da Incerteza de Medição (ISO GUM). Na Aproximação de Incertezas existe uma mudança de percepção de que a noção de erro não se aplica mais. Como conseqüência, existe finalmente somente uma incerteza de medição, resultante de vários componentes. Ela caracteriza a extensão para a qual o valor desconhecido do mensurando é conhecido após medições, levando-se em consideração as informações obtidas da medição. A evolução do tratamento das incertezas metrológicas a partir do modelo baseado na Aproximação Clássica (AC) para o modelo baseado na Aproximação de Incertezas (AI), obrigou a uma reconsideração das definições descritas na segunda edição (1993) do VIM. Portanto, em 2004, foi publicado o guia ISO/IEC Guide:2004, que fornece termos e definições gerais para aplicação em atividades de normalização e, também, serve como uma fonte valiosa para referência e para o ensino, contendo princípios básicos teóricos e práticos para a normalização, certificação e acreditação de laboratórios. Esta norma guia pode ser classificada como a terceira edição do VIM. Os termos e definições, apresentados a seguir, foram extraídos dos dois documentos citados acima: VIM (edição 1995, em português) e ISO/IEC Guide:2004. Uma medição é um processo experimental para obtenção de informações sobre a magnitude de uma grandeza. A medição implica na utilização de um procedimento de medição baseado num modelo teórico. Na prática, medição pressupõe a utilização de um sistema de medição calibrado, possivelmente com a realização de verificações subseqüentes. 133 I.1.1 Grandeza Atributo de um fenômeno, corpo ou substância, para o qual se pode atribuir uma magnitude. I.1.2 Valor de uma grandeza A Magnitude de uma grandeza é representada por um número e uma referência e ele pode ser expresso como segue: • um produto de um número e uma unidade, ou • um número para uma grandeza de dimensão um (a unidade um geralmente não é escrita), ou • uma referência a um procedimento de medição e um número ordinal. I.1.3 Mensurando É a grandeza que se deseja medir. A medição pode modificar o fenômeno, corpo, ou substância em estudo de tal forma que a grandeza que foi medida difere do mensurando, por exemplo: A diferença de potencial entre os terminais de uma bateria pode diminuir se a medição for realizada com um voltímetro que possui uma condutância interna significativa (baixa impedância de entrada). A diferença de potencial do circuito aberto (mensurando) pode ser calculada a partir das resistências internas da bateria e do voltímetro. I.1.4 Princípio de medição Fenômeno que serve de base para uma medição. O princípio de medição pode ser um fenômeno físico, químico, ou biológico, por exemplo: efeito termoelétrico aplicado na medição de temperatura. 134 I.1.5 Método de medição Seqüência lógica de operações descritas genericamente, usadas na execução das medições. Os métodos de medição podem ser qualificados de várias maneiras, tais como: • Método de medição da substituição; • Método de medição diferencial; • Método de medição “de zero”; • Método de medição direto; • Método de medição indireto. Uma medição requer, freqüentemente, o uso seqüencial ou paralelo de várias peças de equipamentos ou reagentes, ou ambos. Conseqüentemente, o método de medição consiste de uma curta apresentação da estrutura do procedimento. I.1.6 Procedimento de medição Descrição detalhada de uma medição de acordo com um ou mais princípios de medição e um dado método de medição. Um procedimento de medição é usualmente registrado em um documento, com detalhes suficientes para permitir que um operador execute a medição sem informações adicionais. I.1.7 Resultado de uma medição É a informação sobre a magnitude de uma grandeza, obtida experimentalmente. A informação consiste de um conjunto de valores da grandeza atribuídos ao mensurando, geralmente representados por um valor único da grandeza e uma incerteza de medição. O valor único da grandeza é um valor estimado, freqüentemente obtido pela média ou mediana de um conjunto de valores. 135 I.1.8 Calibração de um sistema de medição Conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre os valores de uma grandeza fornecidos por padrões de medição e as indicações correspondentes de um sistema de medição, incluindo a avaliação da incerteza de medição. Pode-se definir também como o conjunto de operações que estabelece a relação, obtida por referência a um ou mais padrões de medição, que existe sob condições especificadas, entre a indicação de um sistema de medição e o resultado de uma medição que poderia ser obtido com o uso do sistema de medição. As relações citadas nas duas definições anteriores podem ser expressas por diagramas de calibração, funções de calibração, ou tabelas de calibração. O resultado de uma calibração permite tanto o estabelecimento dos valores do mensurando para as indicações como a determinação das correções a serem aplicadas (ou dos erros do instrumento). Uma calibração pode, também, determinar outras propriedades metrológicas como o efeito das grandezas de influência. O termo calibração substitui o termo aferição, utilizado por muito tempo e cujo conceito acha-se arraigado na comunidade. O conceito antigo de calibração foi substituído por ajuste. I.1.9 Validação Comprovação, por inspeção, de um dado item e fornecimento de evidência objetiva que o item preenche os requisitos para um uso pretendido estabelecido. Por exemplo um procedimento de medição, comumente usado para a medição da concentração de nitrogênio em água, pode também ser validado para a medição da concentração de nitrogênio em soro humano. 136 I.1.10 Grandeza de influência Grandeza que, numa medição direta, não é nem o mensurando nem a grandeza sob medição, mas cujos efeitos afetam a relação entre a indicação do sistema de medição e o resultado da medição. EXEMPLOS: a) Freqüência na medição da amplitude de uma corrente alternada. b) Temperatura de um micrômetro usado para a medição do comprimento de uma barra, não considerando a temperatura da própria barra. I.1.11 Correção Modificação aplicada a um valor de uma grandeza obtido de uma medição, para compensar um efeito sistemático. A correção pode ser realizada de diferentes formas, tais como um valor adicionado ou um fator de multiplicação. I.1.12 Precisão de uma medição Grau de concordância entre valores de uma grandeza obtidos por medições repetidas de uma grandeza, efetuadas sob condições específicas. A precisão de uma medição é normalmente expressa por valores numéricos pela medição da imprecisão, tais como o desvio padrão, a variância, ou o coeficiente de variação, efetuada sob condições de medições específicas. I.1.13 Condição de repetitividade de uma medição Condição de medição, de um conjunto de condições, que inclui o mesmo procedimento de medição, mesmo operador, mesmo sistema de medição, mesmas condições operacionais, mesmo local, e medições repetidas num curto período de tempo. 137 I.1.14 Repetitividade de uma medição Precisão de uma medição realizada sob condições de repetitividade de uma medição. I.1.15 Condição de reprodutibilidade de uma medição Condição de medição, de um conjunto de condições, que inclui diferentes locais, operadores, e sistemas de medição. Os diferentes sistemas de medição podem utilizar diferentes procedimentos de medição. Uma especificação deve conter as condições variadas ou não variadas, em relação ao nível prático estabelecido. I.1.16 Reprodutibilidade de uma medição Precisão de uma medição realizada sob condições de reprodutibilidade de uma medição. I.1.17 Instrumentos de medição São dispositivos ou combinação de dispositivos projetados para a medição de grandezas. I.1.18 Sistema de medição Conjunto completo de instrumentos de medição e outros equipamentos ou substâncias, acoplados e adaptados para a medição de certos tipos de grandezas dentro de intervalos de valores especificados. I.1.19 Sensor Elemento de um sistema de medição que é diretamente afetado pelo fenômeno, corpo, ou substância que contém a grandeza a ser medida. Em alguns 138 campos de aplicação o termo “detector” é utilizado para expressar este conceito. Exemplos: a) Junta de medição de um termômetro termoelétrico (termopar). b) Rotor de uma turbina para medir vazão. c) Tubo de Bourdon de um medidor de pressão (manômetro). d) Bóia de um instrumento de medição de nível. e) Fotocélula de um espectrofotômetro. f) Cristal líquido termotrópico que muda a cor em função da temperatura. I.1.20 Ajuste de um sistema de medição Conjunto de operações destinadas a fazer com que um sistema de medição forneça indicações compatíveis com o desempenho especificado para a grandeza a ser medida. Ajuste não deve ser confundido com calibração de um sistema de medição. O ajuste pode ser automático, semi-automático ou manual. O ajuste pode ser feito através da variação de um trimpot, trimmer ou até pela substituição de partes de um instrumento de medição. I.1.21 Indicação de um sistema de medição Valor de uma grandeza fornecido como uma saída de um sistema de medição. A indicação é dada pela posição em um mostrador para saídas analógicas, ou um número mostrado para saídas digitais, ou um código padronizado em saídas codificadas, ou um valor nominal ou especificado para medidas materializadas. I.1.22 Intervalo de medição Conjunto de valores das grandezas de mesma natureza que podem ser medidas por um dado sistema de medição com uma incerteza de medição especificada sob condições estabelecidas. O termo usado em algumas áreas é “faixa de medição”. A incerteza de medição de sistemas de medição é normalmente 139 declarada pelo fabricante com valores especificados para cada intervalo de medição (faixa de medição). I.1.23 Condição de regime permanente para um sistema de medição Condição de operação de um sistema de medição na qual as possíveis variações com o tempo da grandeza sob medição permanecem válidas quando comparadas com um mensurando constante com o tempo durante a calibração do sistema de medição. I.1.24 Sensibilidade de um sistema de medição Variação da indicação de um sistema de medição dividida pela correspondente variação no valor da grandeza sob medição. A sensibilidade pode depender do valor da grandeza sob medição. A variação considerada para o valor da grandeza sob medição deve ser grande quando comparada com a resolução do sistema de medição. I.1.25 Resolução de um sistema de medição Menor variação, no valor de uma grandeza sob medição, que pode provocar uma variação perceptível na indicação do sistema de medição usado. A resolução de um sistema de medição pode depender, por exemplo, do ruído (interno ou externo) ou do atrito. Pode depender, também, do valor da grandeza sob medição (estímulo). 140 ANEXO II – CARACTERÍSTICAS DA GUIA LINEAR MSA 15 S 141 ANEXO III - PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DAS MMCS COMERCIAIS MÁQUINA TIPO PÓRTICO – FORNECEDOR MITUTOYO 142 MÁQUINA TIPO BRAÇO OU COLUNA – FORNECEDOR, ZEISS 143 144 MÁQUINA TIPO BRAÇO – FORNECEDOR ITG ROMER 145 ANEXO IV - REGRESSÃO LINEAR (AJUSTE DE RETAS) A Regressão Linear é um dos procedimentos estatísticos mais úteis e lucrativos disponíveis para metrologistas. A Regressão Linear estabelece uma relação entre dois parâmetros, um considerado independente e o outro dependente. A partir desta curva, pode-se calcular o valor do parâmetro em qualquer tempo no passado ou até predizer seu valor no futuro (variação da deriva anual). Uma incerteza pode ser atribuída a todos os pontos, considerando que estes são distribuídos normalmente em torno da reta de regressão. Uma reta de regressão que descreve o comportamento de um sistema de medição ao longo do tempo fornece uma informação mais valiosa sobre seu comportamento do que qualquer uma das medições ou calibrações individualmente. 1. EQUAÇÕES DA REGRESSÃO LINEAR (AJUSTE DE RETAS) A reta de regressão é estimada pela relação: Y' = a+b⋅ X (1) onde, a e b são os coeficientes estimados para a reta de regressão, dados por: INCLINAÇÃO: b= n∑ X i ⋅ Yi − ∑ X i ⋅∑ Yi n∑ X i2 − (∑ X i ) 2 (2) INTERCEPÇÃO: a= ∑Y i − b ⋅ ∑ Xi n (3) 146 Sejam sy e sx os desvios-padrão dos valores Y e X. A variância da regressão ou dispersão dos pontos ao redor da reta é dada por: n 2 s yx = ∑ (Y i − Yi ' ) 2 (4) i =1 n−2 ' onde, Yi é o valor experimental e Yi é o valor estimado pela reta de regressão, ambos obtidos para uma variável de entrada Xi. Seja o fator “t Student” para um nível de confiança “1-α” e “ν= n - 2” t α (ν) graus de liberdade. Um intervalo de confiança para a reta de regressão Y’, em qualquer ponto X0 , é dado por Y’ ± e0(Y), onde: e 0 (Y ) = ±t α (ν ) ⋅ s yx 1 ⋅ + n ( ) 1 2 X0 − X 2 ∑ X i − X , 2 ( (5) ) e X é a média dos valores da variável X, tα (ν ) é o fator “t” Student para ν graus de liberdade com nível de confiança (1-α), X0 é um valor da grandeza X para o qual deseja-se determinar o intervalo de confiança da variável de saída Y0, conforme demonstrado no exemplo abaixo. 2,0 limite superior do IC Intervalo de Confiança para Y0 variação anual 1,5 1,0 Y0 Re ta ajust a da 0,5 limite inferior do IC 0,0 0,0 2,0 X0 4,0 anos 6,0 8,0 10,0 147 Da equação (5) podemos concluir que a incerteza padrão Tipo A para os valores de Y, em qualquer ponto X0, é dada por: u (Y0 ) = ± sYX 1 1 ⋅ + + m n ( ) 1 2 X0 − X 2 ∑ X i − X 2 ( ) (6) Nesta equação, m é o número de futuras observações. O gráfico acima representa o exemplo de uma reta ajustada, com os limites do Intervalo de Confiança (IC) indicados, e demonstra o intervalo de confiança para Y0 avaliado para uma variável de entrada X0. 2. REGRESSÃO INVERSA PARA RETAS Suponha que uma reta Y’ = a + b.X foi ajustada a um conjunto de dados experimentais (Xi,Yi), i = 1, 2, …, n, como por exemplo, a “curva de calibração” ajustada nos dados experimentais, mostrada na figura abaixo, obtida na calibração de um transdutor de força tipo célula de carga. O eixo X indica o valor da massa (em gramas) e o eixo Y indica a tensão de saída (em volts). O intervalo de confiança para os valores verdadeiros de Y, para toda a faixa de valores de X, é representado por duas curvas hiperbólicas: Limite superior do 148 Intervalo de Confiança, e o Limite inferior do Intervalo de confiança, calculados pela equação (5). Suponha que desejamos obter o valor X0 a partir de um valor conhecido de Y0, percorrendo um caminho inverso daquele usado na determinação da reta ajustada (ver figura acima), avaliado pela equação (7) abaixo: X0 = Y0 − a b . (7) Considere, também, que foram realizadas “m” medidas da tensão de saída do transdutor, e que Y0 é a média destas medidas, a qual será utilizada para determinar o valor correspondente da variável X0 pela equação (7). A incerteza padrão associada com a estimativa da variável X0, para um nível de confiança (1-α), conforme representação mostrada na figura acima, pode ser avaliada por: 1 1 u( X 0 ) = ⋅ (1 − g ) ⋅ + + b ⋅ (1 − g ) m n s yx (X − X ) ∑ (X − X ) 2 0 i 1 2 , 2 (8) onde: g= 2 s yx ( b2 ⋅ ∑ X i − X ) (9) 2 . O limite inferior (LIX) e o limite superior (LSX) do intervalo de confiança associado com a estimativa da variável X0, são avaliados pelas seguintes equações: LIX = X 0 + ( X 0 − X ) ⋅ t α (ν ) ⋅ g − e0 ( X 0 ) 1 − t α (ν ) ⋅ g , (10) LSX = X 0 + ( X 0 − X ) ⋅ t α (ν ) ⋅ g + e0 ( X 0 ) 1 − t α (ν ) ⋅ g (11) onde: e 0 ( X 0 ) = t α (ν ) ⋅ u( X 0 ) . (12) 149 ANEXO V – TESTE “T” PARA MÉDIAS A comparação entre duas médias obtidas de amostras retiradas de populações consideradas13 distintas, pode ser realizada com base na teoria dos testes de hipóteses (Costa Neto, 1977). De modo geral, são testadas hipóteses referentes ao valor real da diferença entre duas médias populacionais, ou seja, H 0 , y1 − y 2 = ∆ , (13) tendo, em geral, especial interesse o caso ∆ = 0 , em que se testa a hipótese da igualdade das duas médias, ou seja, y 1 = y 2 . Neste anexo são analisados dois casos possíveis de ocorrer ao se compararem as médias de duas populações: dados emparelhados (ou populações correlacionadas) e dados não-emparelhados (ou populações não-correlacionadas). Além disso, caso de dados não emparelhados são subdivididos em três subcasos: a) quando os desvios-padrão das populações são conhecidos; b) quando os desvios-padrão das populações são desconhecidos mas podem ser supostos iguais; c) quando os desvios-padrão das populações são desconhecidos e não podem ser supostos iguais; Para os dados obtidos no processo de validação da MMTD, o teste t para médias é aplicado no caso de dados não-emparelhados, para o subgrupo “b”, onde os desvios-padrão das populações são considerados desconhecidos, mas, podem ser supostos iguais, ou seja, σ 1 = σ 2 = σ . Supondo que y1 é o valor médio de um conjunto de n1 observações, com desvio-padrão da média s1, e que y2 é o valor médio de outro conjunto de n2 observações, com desvio-padrão da média s2, o teste “t” para médias pode ser utilizado para verificar a hipótese de que os dois conjuntos de observações vêm da 13 Eventualmente, tais testes podem ser usados para verificar se as amostras podem ser consideradas como provenientes de uma mesma população. 150 mesma população, isto é, que os valores médios e as variâncias observadas são estimativas da mesma média da população e da sua variância, respectivamente. Aplicando as equações e conceitos de comparação de médias, nos dados obtidos na validação tem-se, conforme tabela abaixo: FIGURA – EXEMPLOS DE COMPARAÇÃO DE MÉDIAS média 1: desvio padrão 1: nº medições 1: y1= 4,14568 s1= 0,00078 n1= 5 média 1: desvio padrão 1: nº medições 1: y1= 4,14568 s1= 0,00078 n1= 5 média 2: desvio padrão 2: nº medições 2: y2= 4,14980 s2= 0,00065 n2= 5 média 2: desvio padrão 2: nº medições 2: y2= 4,14602 s2= 0,00004 n2= 5 Graus de Liberdade: v= Nível de confiança: 1 - α = 2 S= Variância combinada: 2 t = t Calculado: tcal = 8 95% 2,58E-06 16,45 4,06 Graus de Liberdade: v= Nível de confiança: 1 - α = 2 S= Variância combinada: 2 t = t Calculado: tcal = ttab = 2,31 t Tabelado: Conclusão: Médias são diferentes (a) t Tabelado: 8 95% 1,53E-06 0,19 0,43 ttab = 2,31 Conclusão: Médias são iguais (b) FONTE: OS AUTORES, 2007. onde, a Figura acima (a), corresponde ao teste entre os blocos-padrão de 1,01 mm e 1,20 mm na validação da resolução de leitura do sistema apalpador da MMTD, sendo possível verificar que “t” calculado (tcal) é maior que “t” tabelado (ttab), ou seja, é provável que exista alguma diferença significativa entre os resultados obtidos das duas observações, ao nível de confiança de 95%. O valor de “t” Calculado é obtido através da equação: t CAL = ( n1 ⋅ n 2 y 1 + y 2 ⋅ n1 + n 2 S2 ) 2 (14) e, “t” Tabelado, pode ser obtido de tabelas da distribuição “t Student” para o nível de confiança (1-α) desejado, ou diretamente através da função “INVT(α;ν)” existente no software Microsoft Excel®, onde α é o nível de significância, e ν os graus de liberdade que pode ser avaliado pela expressão: 151 [S (y ) + S (y )] ν= S (y ) S (y ) + 2 2 2 1 4 2 υ1 (15) 4 1 2 υ2 A variância combinada S 2 é avaliada pela equação: S2 = { ( ) ( )} 1 ⋅ n1 (n1 − 1) ⋅ S 2 y 1 + n 2 (n 2 − 1) ⋅ S 2 y 2 n1 + n 2 − 2 (16) O exemplo (b) da Figura apresenta os cálculos correspondentes à comparação dos valores médios obtidos para os blocos-padrão de 1,01 mm e 1,10 mm, sendo possível verificar que tcal < ttab, ou seja, é improvável que exista alguma diferença significativa entre os resultados obtidos das duas observações, ao nível de confiança de 95%, portanto, as médias são iguais.