liahona_2006-12 - res.ldschurch.eu

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liahona_2006-12 - res.ldschurch.eu
A Liahona
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • DEZEMBRO DE 2006
MATÉRIA DA CAPA:
Dádivas Preciosas, p. 2
Coisas Que o Profeta
Joseph Deixou para
Nós, pp. 28, 32
Resultados Notáveis do
Desafio de Ler o Livro
de Mórmon, p. 34
A Lição do
Estalajadeiro, p. A10
Dezembro de 2006 Vol. 59 Nº. 12
A LIAHONA 26992 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, James E. Faust
Quórum dos Doze: Boyd K. Packer, L. Tom Perry,
Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard,
Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott, Robert D. Hales,
Jeffrey R. Holland, Henry B. Eyring, Dieter F. Uchtdorf,
David A. Bednar
Editor: Jay E. Jensen
Consultores: Gary J. Coleman, Yoshihiko Kikuchi,
Gerald N. Lund, W. Douglas Shumway
Diretor Gerente: David L. Frischknecht
Diretor Editorial: Victor D. Cave
Editor Sênior: Larry Hiller
Diretor Gráfico: Allan R. Loyborg
Gerente Editorial: R. Val Johnson
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Searle, Janet Thomas, Paul VanDenBerghe, Julie Wardell,
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A Liahona:
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Tradução: Edson Lopes
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“bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês,
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coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol,
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tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de uma língua para outra.)
A LIAHONA, DEZEMBRO DE 2006
P A R A O S A D U LT O S
2
10
14
21
25
34
39
42
44
48
Mensagem da Primeira Presidência: Dádivas Preciosas
Presidente Thomas S. Monson
Música: Este É o Cristo
James E. Faust, Jan Pinborough e Michael Finlinson Moody
Percepção Rápida Élder David A. Bednar
Nosso Primeiro Natal Abraham Menes Sagrero
Mensagem das Professoras Visitantes:
As Bênçãos por Fazer Parte da Sociedade de Socorro
Aceitar o Desafio
Como Foi Construído o Templo de Hong Kong Élder Monte J. Brough e
Élder John K. Carmack
Lições do Velho Testamento:
As Últimas Palavras de Meu Pai
Élder Jorge Luis del Castillo
Vozes da Igreja
Ele Se Desfez do Presente que
Lhe Dei Dellene Grasmick
Tamales de Natal
Hina Burcion
Nosso Vizinho Difícil
Diane Hubbard
Meu Bolso Estava Vazio
Jerry L. Zaugg
Comentários
39 Como Foi Construído
o Templo de
Hong Kong
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
Estas idéias podem ajudá-lo
a usar esta edição d’A
Liahona para reforçar seu
ensino tanto na sala de
aula como em casa.
“Percepção Rápida”,
página 14. Espalhe na
sala vários objetos, onde
todos possam ver. Peça aos membros
da família que fechem os olhos
enquanto você retira um dos objetos.
Quando olharem novamente para
os objetos, veja se eles têm uma “percepção rápida” e conseguem lembrar
qual objeto foi removido. Leia em
voz alta alguns exemplos do artigo
para demonstrar a importância de
termos uma “percepção rápida”.
“Graças à Restauração...”,
página 32. Distribua folhas
de papel, onde tenha
escrito as palavras “Graças à
Restauração...” e deixe espaço
para respostas. Juntos,
leiam atentamente o
artigo, procurando por sentenças
que possam preencher o espaço
em branco. Sugira aos membros da
família que escrevam as bênçãos que
receberem na semana seguinte, graças à Restauração. Na próxima reunião de noite familiar, convide cada
um a compartilhar o que escreveu.
“Lugar para Três”, página A10.
PA R A O S J O V E N S
9
12
22
26
28
32
Pôster: Um Lugar para
o Salvador
Compartilhar a Alegria
Consuelo Conesa Leone
Perguntas e Respostas:
Meus Pais São
Divorciados e às Vezes
Sinto Que Não Somos
uma ‘Verdadeira’ Família
SUD. Como Posso Lidar
com Esses Sentimentos?
“Você Não Ora?”
Élder Lynn A. Mickelsen
Um Relógio, Alguns Botões
e o Manto de Joseph
Sally Odekirk
Graças à Restauração…
Mandi Andre
O A M I G O : PA R A A S C R I A N Ç A S
A2
A4
A6
A8
A10
A12
A14
Mensagem de Natal da Primeira Presidência para
as Crianças do Mundo: Luz de Natal
Tempo de Compartilhar: Ele Enviou Seu Filho
Elizabeth Ricks
Da Vida do Presidente Wilford Woodruff:
Um Trabalhador Incansável
A História do Natal em Uma Semana
Lugar para Três Stacie A. Heaps
Isso Os Deixa Felizes Patricia R. Jones
De um Amigo para Outro:
Lembrar as Promessas
Élder Jay E. Jensen
28 Um Relógio, Alguns
A4 Ele Enviou
Botões e o Manto
de Joseph
Ao procurar o anel do CTR escondido
nesta edição, lembre-se do verdadeiro
significado do Natal.
Seu Filho
NA CAPA
Primeira capa: Eis o Cordeiro de Deus, de Walter Rane, cortesia do Museu de
História e Arte da Igreja. Última capa: Detalhe de Irmão Joseph, de David Lindsley;
fotografia: Welden C. Andersen.
CAPA DE O AMIGO
Fotografia: Christina Smith, com a utilização de modelo.
TÓPICOS DESTA EDIÇÃO
Peça a todos na família que se levantem e formem um círculo bem apertado, o máximo possível. O que foi
necessário que cada um fizesse para
permanecer no círculo? As respostas
podem incluir: uns passando os braços sobre os outros, erguer as criancinhas, etc. Coloque em discussão
maneiras pelas quais podemos dar
espaço uns para os outros e permanecer unidos como família.
“Isso Os Deixa Felizes”, página
A12. Peça aos membros da família
que citem as qualidades de um profeta. Será que algumas dentre essas
qualidades são mais importantes que
outras? Leia e discuta a aptidão que
Joseph Smith tinha de desfrutar a vida
e as pessoas, e o efeito duradouro que
isso provocou nos jovens citados na
história. Convide os membros da família a contar histórias e falar sobre seus
sentimentos a respeito dos profetas
que demonstraram amor e incentivo.
“Lembrar as Promessas”, página
A14. Abra as escrituras em Doutrina e
Convênios, seção 3. Leia a experiência
do Élder Jay E. Jensen e examine os
versículos que ele menciona no artigo.
Discuta as promessas que são feitas
nas escrituras e convide os membros
da família a falar sobre ocasiões nas
quais o fato de lembrar-se das promessas espirituais serviu-lhes de incentivo.
A = O Amigo
Música, 10, 12
Amor, 2, 44, 45, A10
Natal, 2, 9, 12, 21, 44, 45,
Bênçãos patriarcais, A14
Bênçãos, 21, 25, 32,
34, 47
47, A2, A4, A8, A10
Noite familiar, 1
Obra missionária, 12, 45
Caridade, 44, 45 A10
Oração, 26, 47
Dádivas, 2, 44, 45
Pais, 2, 22
Discernimento, 14
Paz, 2
Divórcio, 22
Professoras visitantes, 25
Dízimo, 42
Profetas, 34, 39, A4,
Dons espirituais, 14
A6, A12
Ensino, 1, 8, 25
Promessas, A4, A14
Espírito Santo, 14
Recato, 32
Estudo das
Recreação, A12
escrituras, 14, A14
Restauração, 32
Exemplo, 26
Sociedade de Socorro, 25
Jesus Cristo, 9, 10, A2,
Templos, 39
A4, A8
Testemunho, 26, 34
Joseph Smith, 26, 28, A12
Trabalho, A6
Livro de Mórmon, O, 34
União familiar, 22,
Mestres familiares, 8
A10
BORDA © PHOTOSPIN
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
Dádivas
Preciosas
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
CRISTO E MARIA NO SEPULCRO, DE JOSEPH BRICKEY; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
O
Presidente David O. McKay
(1873–1970) freqüentemente aconselhava que precisávamos deixar um
pouco de lado a nossa atarefada programação
diária de responder às cartas, fazer telefonemas, receber pessoas, participar de reuniões,
e reservar um tempo para meditar, ponderar
e refletir sobre as verdades eternas e as fontes de alegria e felicidade que existem na jornada de cada pessoa.
Quando fazemos isso, os padrões materiais, mecânicos e repetitivos de nossa vida
dão lugar às qualidades espirituais, e adquirimos a tão necessária visão de mundo que
inspira nossa vida diária. Quando sigo esse
conselho, lembro-me da família, de momentos que passei com amigos e de recordações
preciosas de dias especiais e noites serenas,
que proporcionam uma doce paz a meu ser.
A época do Natal, com seu significado
especial, inevitavelmente nos traz lágrimas
aos olhos e nos inspira a uma renovada dedicação a Deus.
Penso nos contrastes do Natal. Os presentes extravagantes, colocados em pacotes caros
e embrulhados profissionalmente, atingem
seu zênite nos famosos catálogos comerciais,
que exibem o anúncio: “Para quem tem tudo”.
Num desses catálogos, encontrei uma casa
de 372 metros quadrados, embrulhada para
presente com uma fita gigantesca, com um
cartão de boas-festas de tamanho comparável, com os dizeres: “Feliz Natal”. Outros artigos incluíam tacos de golfe adornados de
diamantes, um cruzeiro pelo Caribe para os
que gostam de viagens e uma luxuosa viagem aos Alpes suíços para os aventureiros.
Por outro lado, há o conhecido conto de
Natal de O. Henry sobre um jovem casal que
vivia na maior pobreza e, ainda assim, cada
um queria dar um presente especial para o
outro. Porém, não tinham coisa alguma para
dar. Então, o marido teve uma súbita inspiração: daria à sua querida mulher um belo
pente ornamental para enfeitar os magníficos
cabelos longos dela. A mulher também teve
uma idéia: compraria uma linda corrente
para o relógio de bolso do marido, ao qual
ele dava tanto valor.
Quando chegou o dia de Natal, aqueles
presentes especiais foram trocados. Lemos,
então, o final surpreendente, tão típico dos
contos de O. Henry: a mulher tinha cortado
e vendido os cabelos, com o objetivo de
conseguir dinheiro para comprar a corrente
do relógio, e descobre que o marido tinha
vendido o relógio para poder comprar
o pente para adornar os belos cabelos
Ele morreu para
que possamos viver,
sim, para sempre. A
manhã da ressurreição foi precedida de
dor e sofrimento, de
acordo com o plano
divino de Deus.
Antes da Páscoa,
houve a cruz. O
mundo jamais testemunhou maior
dádiva.
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006
3
privilégio de sair de nosso lar celestial e
compridos — que ela não tinha mais.1
vir a este tabernáculo de carne para mosEm minha casa, num cantinho escontrar, por meio de nossa vida, a nossa digdido, guardo uma pequena bengala de
nidade e qualificações para podermos um
cabo prateado, que foi de um parente
dia voltar para junto do Pai Celestial e de
distante. Querem saber por que guardo
preciosos entes queridos, para um reino
essa bengala já há mais de 70 anos? Há um
chamado celestial. Nossa mãe e nosso pai
motivo especial. Quando menino, particiconcederam-nos essa maravilhosa dádiva.
pei de uma peça de Natal em nossa ala.
Temos a responsabilidade de demonstrar
Tive o privilégio de ser um dos três reis
gratidão por meio das ações de nossa vida.
magos. Com um turbante na cabeça, a toaMeu pai, que era gráfico, deu-me um
lha de mesa do piano da minha mãe enroexemplar de uma obra por ele impressa.
lada nos ombros e aquela bengala preta na
Chamava-se “Carta de um Pai” e termimão, recitei as minhas falas: “Onde está
passaporte
nava com este pensamento: “Talvez minha
aquele que é nascido rei dos judeus? porpara a paz
maior esperança, como pai, seja ter com
que vimos a sua estrela no oriente, e vieé a prática
2
você um relacionamento tal que, no dia
mos a adorá-lo.” Lembro-me claramente
da oração. Os sentiem que você olhar para seu primeiro filho,
do que senti no coração quando nós, os
mentos do coração
sinta profundamente dentro de si o desejo
três “reis magos”, olhamos para cima e
expressos com humilde ser para ele o tipo de pai que tentei ser
vimos uma estrela, viajamos até o outro
dade e não com
para você. Que maior elogio um homem
lado do palco, encontramos Maria com
meras palavras recipoderia desejar? Com amor, papai”.
o bebê Jesus, caímos por terra e O adoratadas, proporcionam
A gratidão que devemos à nossa mãe
mos, abrindo nossos tesouros e apresena paz que buscamos.
pela dádiva do nascimento é igual ou maior
tando nossos presentes: ouro, incenso
que a gratidão que devemos a nosso pai. Ela, que olhou
e mirra.
para nós como “um tenro broto de humanidade, recémGostei particularmente do fato de não termos voltado
chegado do próprio lar de Deus, para florescer na Terra”3 e
ao malvado Herodes para trair o bebê Jesus, mas obedecido a Deus e partido por outro caminho.
cuidou de todas as nossas necessidades, que nos consolou
Os anos se passaram, mas a bengala de Natal continua
toda vez que choramos e depois se regozijou com todas as
a ocupar um lugar especial em meu lar. No meu coração
nossas realizações e chorou com todos os nossos fracassos
ela representa um compromisso de dedicação a Cristo.
e decepções, ocupa um lugar especial de honra em nosso
Por alguns momentos, deixemos de lado os catálogos
coração.
de Natal, com seus presentes exóticos. Deixemos de lado
Uma passagem de III João explica o modo ideal de
até as flores para a mamãe, a gravata especial para o papai,
expressarmos a nossos pais a gratidão que temos pela
a linda boneca, o trenzinho que apita, a tão esperada
dádiva do nascimento: “Não tenho maior gozo do que
bicicleta — até mesmo os livros e as fitas de vídeo — e
este, o de ouvir que os meus filhos andam na verdade”.4
voltemos nossos pensamentos às dádivas duradouras que
Portanto, andemos na verdade. Honremos aqueles que
recebemos de Deus. De uma lista muito longa, citarei apenos concederam a inestimável dádiva do nascimento.
nas quatro:
Em segundo lugar, a dádiva da paz. No mundo atribu1. A dádiva do nascimento
lado em que vivemos, a balbúrdia do trânsito, os barulhen2. A dádiva da paz
tos comerciais da mídia e as árduas exigências de nossa
3. A dádiva do amor
agenda, sem mencionar os problemas do mundo, causam
4. A dádiva da vida eterna
dor de cabeça, infligem sofrimento e minam nossas forças
para suportar. A aflição da doença ou a dor da perda de
Em primeiro lugar, a dádiva do nascimento. Essa
um ente querido faz-nos cair de joelhos buscando ajuda
dádiva foi universalmente concedida a todos. Tivemos o
4
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER; À DIREITA: FOTOGRAFIA: DAVID STOKER; FOTOGRAFIAS COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
O
do céu. Tal como os antigos, perguntamos:
“Porventura não há bálsamo em Gileade?”5
Há uma certa tristeza, sim, um desalento,
neste poema:
Não há uma única vida sem tristeza,
Não há um único coração livre da dor;
Se alguém busca verdadeiro consolo
neste mundo,
Procurará para sempre em vão.6
Aquele que tomou sobre Si o fardo de
todo o sofrimento, tendo sido homem de
dores, e experimentado nos trabalhos, compreende cada coração atribulado e concede
a dádiva da paz, dizendo: “Deixo-vos a paz,
a minha paz vos dou; não vo-la dou como o
mundo a dá. Não se turbe o vosso coração,
nem se atemorize”.7
Ele envia Sua palavra por meio de missionários que servem no mundo inteiro proclamando Seu evangelho de boas-novas e Sua
saudação de paz. Perguntas perturbadoras
como “De onde vim?” “Qual é o propósito da
minha existência?” “Para onde irei depois da
morte?” são respondidas por Seus servos especiais. A frustração some, a dúvida se desfaz
e as incertezas se dissipam quando a verdade
é ensinada com destemor, mas com humildade, pelos que foram chamados para servir
ao Príncipe da Paz, sim, o Senhor Jesus Cristo.
Sua dádiva é concedida individualmente: “Eis
que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a
minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua
casa, e com ele cearei, e ele comigo”.8
O passaporte para a paz é a prática da oração. Os sentimentos do coração, expressos
com humildade e não com meras palavras
recitadas, proporcionam a paz que tanto
buscamos.
Na peça Hamlet, de Shakespeare, o iníquo
rei Claudius se ajoelha e tenta orar, mas acaba
se levantando e dizendo: “Minhas palavras se
elevam, mas meus pensamentos continuam
aqui embaixo. Palavras sem pensamentos
jamais alcançam o céu”.9
Uma pessoa que recebeu e abraçou a
dádiva da paz foi Joseph Millett, um dos primeiros missionários a ser enviados às províncias costeiras do Canadá. Aprendeu, enquanto
estava na missão e por experiências que teve
na vida, sobre a necessidade de confiar na
ajuda do céu. Uma experiência que relembrou em seu diário é um belo exemplo de
sua fé simples, mas profunda:
“Um de meus filhos veio dizer-me que a
família do irmão Newton Hall estava sem pão
naquele dia.
Separei metade da nossa farinha num saco, para enviar ao
irmão Hall. Nesse ínterim,
o irmão Hall apareceu.
A
dádiva do
nascimento
foi universalmente concedida a
todos. Tivemos o privilégio de sair de
nosso lar celestial e
vir a este tabernáculo de carne para
mostrar, por meio de
nossa vida, a nossa
dignidade e qualificações para podermos um dia voltar
para junto do Pai
Celestial.
U
m segmento
de nossa
sociedade
que anseia desesperadamente por uma
manifestação de verdadeiro amor são os
idosos, em especial
os que padecem de
solidão.
Eu disse: ‘Irmão Hall, vocês estão sem
farinha?’
‘Estamos, irmão Millett.’
‘Bem, irmão Hall, tenho um pouco aqui
neste saco. Dividi a nossa farinha para mandar
para vocês. Seus filhos disseram aos meus que
vocês estavam sem farinha.’
O irmão Hall começou a chorar. Ele disse
que procurara outras pessoas, mas nada conseguira. Ele tinha ido até o bosque e orado ao
Senhor, que o orientara a ir até Joseph Millett.
‘Bem, irmão Hall, não precisa devolver essa
farinha. Se o Senhor o enviou aqui, então não
me deve nada.’
Nem consigo expressar como
me senti bem ao ver que o
Senhor sabia que havia
uma pessoa chamada
Joseph Millett”.10
A oração proporcionou a dádiva da paz a
Newton Hall e Joseph Millett.
Em terceiro lugar, a dádiva do amor.
“Mestre, qual é o grande mandamento na lei?”
perguntou o doutor da lei que fora falar com
Jesus. Prontamente veio a resposta:
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás
o teu próximo como a ti mesmo.”11
Em outra ocasião, o Senhor ensinou:
“Aquele que tem os meus mandamentos e
os guarda esse é o que me ama”.12 As escrituras estão repletas de passagens sobre a
importância do amor e sua relevância em
nossa vida. O Livro de Mórmon ensina que
a caridade é o puro amor de Cristo.13 O próprio Mestre deu-nos o exemplo a ser
seguido. A respeito Dele foi dito
que “andou fazendo bem, (...)
porque Deus era com ele”.14
Umas poucas linhas de
um musical muito querido,
A Noviça Rebelde, sugere
um curso de ação muito
recomendável:
Um sino não é um sino até que
seja tocado,
Uma canção não é uma
canção até ser cantada,
prato para que haja um para a senhora
usar quando ficar velha.”
Temos geralmente a tendência de esperar a vida inteira para expressar amor e
gratidão a outra pessoa pela bondade
ou ajuda oferecida muitos anos antes.
Um segmento de nossa sociedade que
Talvez uma experiência assim tenha levado
anseia desesperadamente por uma maniGeorge Herbert a dizer: “Você que tantas
festação de verdadeiro amor são os idocoisas [me] deu, conceda-me só mais esta:
sos, em especial os que padecem de
um coração agradecido”.17
solidão. O vento frio das esperanças perdidas e sonhos desfeitos assola os idosos e
Conta-se a história de um grupo de
os que se aproximam do ocaso da vida.
homens que conversava sobre as pessoas
“Na solidão da idade avançada, eles preque lhes influenciaram a vida e por quem
udo que amacisam, ao menos em parte, das mesmas
eram gratos. Um deles lembrou-se de uma
mos, sim, a
coisas de que necessitávamos nos anos
professora do curso médio que o ajudara a
família, os
incertos de nossa juventude: o sentimento
conhecer o poeta Tennyson. Decidiu escreamigos, a alegria, o
de serem aceitos e incluídos, a certeza de
ver para ela em agradecimento.
conhecimento, o tesserem queridos e a bondosa atenção de
Depois de algum tempo, recebeu a
temunho, tudo isso
um coração e mãos amorosos — não o
seguinte carta, escrita numa letra trêmula:
desapareceria se
mero cumprimento formal de um dever,
“Meu querido Willie,
não fosse por nosso
não apenas um espaço para morar, mas
Não sei como expressar o quanto sua
Pai e Seu Filho, o
um lugar no coração e na vida de alguém.
carta significou para mim. Já passei dos
Senhor Jesus Cristo.
Não podemos trazer-lhes de volta as
oitenta anos, estou morando sozinha
manhãs da juventude, mas podemos ajudá-los a tornar o
num pequeno quarto e faço minha própria comida, tão
brilho do poente mais belo com nossa consideração, cuisolitária quanto a última folha restante em uma árvore.
dado e amor ativo e sincero.”16 Assim escreveu o Élder
Talvez lhe interesse saber que fui professora por cinqüenta anos, mas a sua carta de agradecimento foi a priRichard L. Evans (1906–1971), do Quórum dos Doze
meira que recebi. Ela chegou numa manhã clara e fria,
Apóstolos, há alguns anos.
dando-me uma alegria que não sentia há muitos anos.”
Às vezes, a atenção para com os idosos é relembrada
Ao ler esse relato, lembrei-me desta frase tão querida:
por alguém muito jovem. Gostaria de compartilhar com
“O Senhor tem dois lares: o céu e um coração agradecido”.
vocês um conto folclórico paquistanês que ilustra essa
Muito poderia ser dito sobre a dádiva do amor.
verdade:
Contudo, um de meus poemas favoritos resume muito
Uma velha avó vivia com a filha e o neto. À medida que
bem essa dádiva preciosa:
foi ficando mais fraca e débil, em vez de ajudar no trabalho
de casa, tornou-se um estorvo constante. Quebrava pratos e
Já chorei à noite
copos, perdia facas, derramava água. Certo dia, exasperada
Por minha falta de visão
porque a mulher idosa tinha quebrado outro prato valioso,
Por deixar de ver as necessidades de alguém;
a filha mandou o neto comprar um prato de madeira para a
Mas nunca até hoje
avó. O menino hesitou, sabendo que o prato de madeira
Senti o menor remorso
humilharia a avó. Mas a mãe insistiu, então ele foi. Voltou
Por ter sido bondoso demais.18
trazendo não apenas um, mas dois pratos de madeira.
“Pedi-lhe que comprasse um só”, disse a mãe. “Você não
Em quarto lugar, a dádiva da vida, sim, a imortalidade.
me ouviu?”
O plano do Pai Celestial contém a maior expressão do
“Ouvi, sim”, disse o menino. “Mas comprei o segundo
verdadeiro amor. Tudo que amamos, sim, a família, os
E o amor que há em seu coração não
deve ali permanecer—
Amor não é amor se você a ninguém
o oferecer.15
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY; À DIREITA: FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN; FOTOGRAFIAS COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
T
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 7
amigos, a alegria, o conhecimento, o testemunho, tudo
isso desapareceria se não fosse por nosso Pai e Seu
Filho, o Senhor Jesus Cristo. Entre os pensamentos e
escritos mais preciosos deste mundo se encontra esta
divina declaração de verdade: “Porque Deus amou o
mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito,
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna”.19
Esse Filho precioso, nosso Senhor e Salvador, expiou
por nossos pecados e pelos pecados de todas as pessoas.
Naquela noite memorável no Getsêmani, Seu sofrimento
foi tão grande, Sua angústia, tão intensa, que Ele implorou:
“Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia,
não seja como eu quero, mas como tu queres”.20 Mais
tarde, na cruz impiedosa, Ele morreu para que pudéssemos viver, sim, para sempre. A manhã da ressurreição foi
precedida de dor e sofrimento, de acordo com o plano
divino de Deus. Antes da Páscoa, houve a cruz. O mundo
jamais testemunhou maior dádiva nem conheceu amor
mais duradouro.
Néfi explicou o nosso encargo:
“Deveis, pois, prosseguir com firmeza em Cristo,
tendo um perfeito esplendor de esperança e amor
a Deus e a todos os homens. (...) Se assim prosseguirdes, banqueteando-vos com a palavra de Cristo, e perseverardes até o fim, eis que assim diz o Pai: Tereis vida
eterna.
E agora, (...) eis que este é o caminho, e não há qualquer outro caminho ou nome debaixo do céu pelo qual
o homem possa ser salvo no reino de Deus.”21
Encerro com as palavras de um profeta muito reverenciado, o Presidente Harold B. Lee (1899–1973): “A vida é a
dádiva de Deus ao homem. O que fazemos com nossa vida
é nossa dádiva para Deus”.
Que nossa dádiva para Ele seja generosa, tal como a
Dele foi tão abundantemente generosa para nós. Que vivamos e amemos como Ele e Seu Filho tão pacientemente
nos ensinaram. ■
NOTAS
1. Ver “The Gift of the Magi” (A Dádiva dos Reis Magos).
2. Mateus 2:2.
3. Gerald Massey, The New Dictionary of Thoughts, 1959, p. 39.
4. III João 1:4.
5. Jeremias 8:22.
6. Autor desconhecido.
7. João 14:27.
8
8. Apocalipse 3:20.
9. Ato 3, cena 3, linhas 97–98.
10. Joseph B. Wirthlin, “As Lições Aprendidas na Jornada da Vida”,
A Liahona, maio de 2001, p. 41.
11. Mateus 22:36–39.
12. João 14:21.
13. Ver Morôni 7:47.
14. Atos 10:38.
15. Richard Rodgers e Oscar Hammerstein II, “Sixteen Going on
Seventeen”, 1959.
16. Thoughts... for One Hundred Days, 1966, p. 222.
17. Richard L. Evans, Richard Evans’ Quote Book, 1971, p. 238.
18. Richard L. Evans, “The Quality of Kindness”, Improvement Era,
maio de 1960, p. 340.
19. João 3:16.
20. Mateus 26:39.
21. 2 Néfi 31:20–21.
I D É I A S PA R A O S M E S T R E S
FAMILIARES
Depois de se preparar em espírito de oração, compartilhe
esta mensagem, utilizando um método que incentive a participação daqueles a quem você estiver ensinando. Seguem-se
alguns exemplos:
1. Mostre para a família algumas coisas de valor material
(por exemplo: um doce, uma carteira, um brinquedo). Peça
aos membros da família que identifiquem qual delas consideram mais valiosa. Depois, mostre algo de valor sentimental
(uma fotografia da família, um diário, as escrituras, etc.). Leia
os quatro primeiros parágrafos do artigo. Compare as coisas
materiais que damos no Natal com as coisas espirituais.
Desafie a família a valorizar e dar presentes de significado
mais profundo.
2. Prepare com antecedência uma representação das
quatro dádivas citadas pelo Presidente Monson (por exemplo:
embrulhe presentes ou faça desenhos). Uma a uma, mostre
todas as dádivas aos membros da família e discuta cada uma
delas, usando os exemplos e histórias do artigo. Preste testemunho da generosidade de nosso Salvador e discuta maneiras pelas quais nossa vida pode ser uma dádiva para Ele.
3. Peça aos membros da família que pensem em presentes que durarão para sempre. Que qualidades possuem
esses presentes? Cite as quatro dádivas do Presidente
Monson e discuta como esses presentes moldam a eternidade. Incentive os membros da família a darem neste Natal
um presente que tenha repercussões eternas.
NÃO HÁ LUGAR NA ESTALAGEM, DE HARRY ANDERSON. CORTESIA DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA. REPRODUÇÃO PROIBIDA.
UM LUGAR PARA
O SALVADOR
CONVIDE-O A FAZER MORADA EM SUA VIDA
(ver João 14:23).
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 9
Este É o Cristo
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Letra: James E. Faust, n. 1920, e Jan Pinborough, n. 1954
Música: Michael Finlinson Moody, n. 1941
© 1995 de James E. Faust, Jan Pinborough e Michael Finlinson Moody.
Esta música pode ser copiada para uso na Igreja ou no lar, não para fins comerciais.
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A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 11
C O N S U E LO C O N E S A L E O N E
E
m 1963, eu estava servindo como missionária de
tempo integral na Missão Argentina Norte. Dez
élderes, minha companheira e eu servíamos nos
três pequenos ramos de Mendoza.
Dezembro chegou e com ele o Natal! Era meu primeiro
Natal no campo missionário. Tínhamos grandes esperanças
e fizemos nossos planos para a véspera do Natal. Os élderes
contrataram um homem para nos conduzir em sua charrete
de quatro rodas, puxada por dois cavalos. Planejamos parar
nas esquinas onde haveria muitas pessoas correndo para
fazer suas compras de última hora.
Quando chegou a hora, nós doze subimos na charrete
e nos sentamos, com as pernas dependuradas nos lados e
na parte de trás da charrete. O condutor foi dirigindo a
charrete bem devagar. Parávamos a cada
quatro ou cinco quarteirões, nas esquinas
que havíamos escolhido. O grupo então
descia e formava um semicírculo, as sísteres
na frente e os élderes atrás. Abríamos nossos
hinários e fazíamos com que nossas vozes
ecoassem pela noite, cantando hinos de Natal.
“Mundo feliz, nasceu Jesus!” Homens, mulheres, adolescentes e crianças paravam para ouvir, movidos pelo
espírito do Natal. Muitos deles ficavam surpresos, como
se estivessem relembrando o verdadeiro evento que estavam prestes a comemorar.
Quando a charrete partiu em direção à próxima
parada, percebemos que muitos daqueles que nos
ouviam estavam nos seguindo. Cada vez havia mais e
mais pessoas. Em meio às lágrimas, vi seus rostos sorridentes. Que alegria sentimos! Conseguimos muitas referências e contatos, como esperávamos.
A multidão pediu que cantássemos de novo “Mundo
Feliz, Nasceu Jesus” (Hinos, nº 121).
Enquanto cantávamos, as pessoas choraram, tocadas pelo Espírito daquela
ILUSTRAÇÃO: JAY BRYANT WARD
Compartilhar
a Alegria
inesquecível véspera de Natal.
Depois de mais de quarenta
anos, meu coração ainda transborda de alegria ao lembrar
meu primeiro Natal como
missionária. Agradeço a meu Pai
Celestial pela dádiva de Seu Filho. E
agradeço a Ele pelo conhecimento de
que este realmente é um “mundo feliz”,
porque “nasceu Jesus!” ■
SEU MELHOR PRESENTE
Queremos que você nos conte qual foi o melhor
presente de Natal que já deu ou recebeu. Qual foi o
presente, e por que foi tão especial? Escreva para:
Liahona, Best Christmas Gift
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
Ou e-mail: [email protected]
14
PERCEPÇÃO
Rápida
É L D E R DAV I D A . B E D N A R
Do Quórum dos Doze Apóstolos
MÓRMON FAZ UM RESUMO DAS PLACAS, DE TOM LOVELL
E
m outubro de 1987, o Élder Marvin J.
Ashton, membro do Quórum dos
Doze Apóstolos, falou na conferência
geral sobre dons espirituais. Lembro-me
com ternura de como a sua mensagem me
influenciou na época. As coisas que ele ensinou continuam a influenciar-me hoje. Em sua
mensagem, o Élder Ashton descreveu detalhadamente vários dons espirituais menos evidentes — atributos e habilidades que muitos
de nós talvez não considerássemos dons espirituais. O Élder Ashton, por exemplo, destacou o dom de perguntar; de escutar; de ouvir
e seguir a voz mansa e delicada; de ser capaz
de chorar; de evitar contendas; de ser agradável; de evitar vãs repetições; de buscar coisas
justas; de procurar a orientação de Deus; de
ser um discípulo; de preocupar-se com as pessoas; de ser capaz de ponderar; de prestar um
testemunho vigoroso; e de receber o Espírito
Santo (ver “There Are Many Gifts”, Ensign,
novembro de 1987, p. 20; “Pois Há Muitos
Dons”, A Liahona, janeiro de 1988, p. 18).
Outro dom espiritual aparentemente simples e talvez pouco valorizado — a capacidade
de ter “percepção rápida” (Mórmon 1:2) — é
de fundamental importância para todos nós
tanto no mundo atual quanto no futuro.
O Dom Espiritual da Percepção Rápida
Todos aprendemos importantes lições
com os personagens principais do Livro de
Mórmon. Ao lermos e estudarmos a vida de
Néfi, Lamã, Alma, rei Noé, Morôni e muitos
outros, descobrimos o que devemos e o que
não devemos fazer, e compreendemos mais
plenamente o tipo de pessoa que devemos
e que não devemos ser.
Em meu estudo do Livro de Mórmon,
fiquei particularmente impressionado com
certa descrição de Mórmon, o principal
compilador do registro nefita. A descrição
específica daquele nobre profeta que eu
gostaria de destacar encontra-se nos primeiros cinco versículos do primeiro capítulo de
Mórmon:
“E agora eu, Mórmon, faço um registro
das coisas que vi e ouvi e chamo-o Livro de
Mórmon.
E em torno da época em que Amaron ocultou os registros para o Senhor, veio ele até
mim (quando eu tinha uns dez anos de idade)
(...) e disse-me: Vejo que és um menino sério
e de percepção rápida.
Portanto, quando tiveres cerca de vinte e
quatro anos, quero que te lembres das coisas
que houveres observado em relação a este
povo; (...)
E eis que (...) gravarás nas placas de Néfi
Só podemos esperar
obter o sublime dom
do discernimento e
sua luz protetora e
orientadora se tivermos percepção
rápida.
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 15
M
órmon,
que foi descrito como
alguém que tinha
“percepção rápida”,
escreveu: “Eu,
Mórmon, faço um
registro das coisas
que vi e ouvi”. À
medida que vocês
estudarem, aprenderem e crescerem,
espero que também
estejam aprendendo
a ter percepção
rápida.
16
todas as coisas que tiveres observado em
relação a este povo.
E eu, Mórmon (...) lembrei-me das coisas
que Amaron me ordenara” (Mórmon 1:1–5;
grifo do autor).
Mórmon, mesmo sendo muito jovem,
é descrito como tendo “percepção rápida”.
À medida que vocês estudarem, aprenderem e crescerem, espero que também estejam aprendendo a ter percepção rápida.
Seu sucesso e felicidade futuros serão em
grande parte determinados por essa capacidade espiritual.
Ponderem o significado desse importante
dom espiritual. Percepção rápida refere-se
à capacidade de observar, ou seja, de compreender prontamente. Ter uma percepção
rápida pode significar “ver”, “ouvir”, ou “notar”
— como em Isaías 42:20: “Tu vês muitas coisas, mas não as guardas; ainda que tenhas os
ouvidos abertos, nada ouves” (grifo do autor).
Um outro uso da palavra observar sugere
“obedecer”, “guardar”, como vemos em
Doutrina e Convênios: “Mas bem-aventurados
são os que guardaram o convênio e observaram o mandamento, porque obterão
misericórdia” (D&C 54:6; grifo do autor).
Portanto, se tivermos percepção rápida,
prontamente veremos e obedeceremos.
Esses dois elementos fundamentais — ver e
obedecer — são essenciais para que tenhamos percepção rápida. E o profeta Mórmon
é um exemplo impressionante desse dom
em ação.
Gostaria de citar vários exemplos de lições
que podem ser aprendidas quando somos
abençoados com percepção rápida.
Tenho um amigo muito querido que serviu
como presidente de estaca. O patriarca da
estaca que ele presidia teve alguns problemas
de saúde e ficou incapacitado de exercer seu
chamado. O enfraquecido patriarca tinha dificuldade para se mover, para se vestir e para
cuidar de si mesmo, e suas forças eram limitadas. Numa tarde de domingo, aquele bom presidente de estaca foi visitar o patriarca em sua
casa para dar-lhe incentivo e verificar se estava
passando bem. Quando o presidente da
estaca entrou na casa, encontrou o patriarca
de terno, camisa branca e gravata, sentado em
uma poltrona na sala de estar. O presidente
de estaca cumprimentou o querido patriarca
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE; ILUSTRAÇÃO: DEL PARSON. REPRODUÇÃO PROIBIDA
e, sabendo como devia ter sido difícil para ele vestir-se,
sugeriu-lhe bondosamente que não era necessário que ele
se vestisse formalmente no domingo ou para receber visitas.
Numa voz bondosa, porém firme, o patriarca repreendeu o
presidente da estaca, dizendo-lhe: “Não sabe que essa é a
única maneira que me restou para mostrar ao Senhor o
quanto eu O amo?”
O presidente da estaca tinha percepção rápida. Ele
ouviu e sentiu a lição, e colocou-a em prática. A reverência
pelo Dia do Senhor e a importância do
respeito e do comportamento e dos
trajes adequados passaram a ter maior
importância no ministério do presidente da estaca. A capacidade espiritual
de ver, ouvir, lembrar e aplicar aquela
lição foi uma grande bênção em sua
vida, bem como na vida de muitas
outras pessoas.
Antes de assistir à reunião sacramental, minha esposa freqüentemente ora
para ter olhos espirituais para ver os
que estão necessitando de alguma coisa.
Freqüentemente, ao observar os irmãos,
irmãs e crianças na congregação, ela
sente uma inspiração espiritual para
conversar ou telefonar para determinada pessoa. E quando a minha mulher
recebe essa inspiração, ela prontamente
age e obedece. Freqüentemente acontece que assim que é
proferido o “amém” da última oração, ela vai falar com uma
adolescente, abraçar uma irmã ou, ao voltarmos para casa,
imediatamente pega o telefone e faz uma chamada. Desde
que conheço minha mulher, as pessoas se maravilham com
sua capacidade de discernir as necessidades delas e de agir
para ajudá-las. Freqüentemente perguntam para ela: “Como
foi que você soube?” O dom espiritual da percepção rápida
permitiu que ela visse e agisse prontamente, e foi uma
grande bênção espiritual na vida de muitas pessoas.
Minha mulher e eu conhecemos um missionário que
retornou do campo e que tinha namorado uma jovem
muito especial por algum tempo. Ele gostava muito dela
e queria tornar seu relacionamento com ela mais sério.
Estava pensando em noivar e casar-se com ela. Aquele
relacionamento estava acontecendo na época em que o
Presidente Hinckley aconselhou as irmãs da Sociedade de
Socorro e as jovens da Igreja a usarem um único par de
brincos nas orelhas.
O jovem esperou pacientemente que a jovem removesse
os brincos extras, mas ela não o fez. Isso mostrou algo
muito importante para aquele jovem, e ele ficou decepcionado com a recusa da moça em atender ao pedido do
profeta. Por aquele e por outros motivos, acabou terminando o namoro com a jovem, porque
estava procurando uma companheira
eterna que tivesse coragem de pronta e
serenamente obedecer ao conselho do
profeta em todas as coisas e em todos
os momentos. O jovem tinha percepção rápida e observou que a jovem não
tinha essa mesma percepção.
Imagino que alguns de vocês fiquem
incomodados com esse meu último
exemplo. Talvez achem que o rapaz
foi intolerante ou que seria insensatez
ou fanatismo basear uma decisão de
importância eterna em uma questão
aparentemente insignificante. Talvez
estejam incomodados porque o exemplo enfoque uma moça que deixou de
atender ao conselho do profeta, e não
um rapaz. Simplesmente peço que
ponderem o poder da percepção rápida e analisem o que
estava sendo observado no caso que acabei de descrever.
A questão não eram os brincos!
Um último exemplo. Há muito fico fascinado com a
natureza da interação entre o Espírito do Senhor e Néfi,
nos capítulos de 11 a 14 de 1 Néfi. Néfi desejava ver, ouvir
e conhecer as coisas que seu pai, Leí, tinha visto na visão
da árvore da vida (ver 1 Néfi 8). Nos capítulos de 11 a 14, o
Espírito Santo auxiliou Néfi a aprender a respeito da natureza e significado da visão de seu pai. É interessante notar
que várias vezes nesse capítulo o Espírito do Senhor orientou Néfi a “olhar”, como aspecto fundamental do processo
de aprendizado. Repetidas vezes, Néfi foi aconselhado a
olhar e ver e, como tinha percepção rápida, viu a árvore da
vida (ver 1 Néfi 11:8), a mãe do Salvador (ver 1 Néfi 11:20),
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 17
A Importância da Percepção Rápida
Gostaria agora de abordar a razão
pela qual o dom espiritual da percepção rápida é tão essencial para nós no
mundo atual quanto no futuro. Em
termos simples, a percepção rápida
antecede o dom espiritual do discernimento e está vinculada a ele. Para nós, o discernimento é
uma luz protetora e orientadora num mundo que se torna
cada vez mais tenebroso.
Tal como a fé precede o milagre, tal como o batismo
pela água vem antes do batismo pelo fogo, tal como os
fundamentos do evangelho precisam ser compreendidos
antes das doutrinas mais profundas, tal como as mãos
limpas conduzem a um coração puro, e tal como as ordenanças do Sacerdócio Aarônico são necessárias antes que
a pessoa possa receber as ordenanças mais elevadas do
Sacerdócio de Melquisedeque, da mesma forma, a percepção rápida é um pré-requisito e uma preparação para
o dom do discernimento. Só podemos esperar obter o
sublime dom do discernimento e sua luz protetora e
orientadora se tivermos percepção rápida, tanto no sentido de ver, quanto de obedecer.
18
O Presidente George Q. Cannon (1827–1901),
que serviu como conselheiro de quatro Presidentes
da Igreja, ensinou vigorosamente a respeito do dom
do discernimento:
“Um dos dons do evangelho que o Senhor prometeu
aos que fazem convênio com Ele é o dom do discernimento de espíritos — um dom do qual poucos se lembram e pelo qual provavelmente são raros os que oram;
mas é um dom de extrema importância e que deveria ser
desfrutado por todos os santos dos
últimos dias (...).
O dom do discernimento de espírito
não apenas dá aos homens e mulheres
que o possuem o poder de discernir o
espírito que está possuindo ou influenciando as pessoas, mas também lhes dá
o poder de discernir o espírito que está
influenciando sua própria vida. Eles são
capazes de detectar um falso espírito
e também saber quando o Espírito de
Deus reina dentro deles. Na vida particular, esse dom é da maior importância
para os santos dos últimos dias. Se os
santos tiverem e exercerem esse dom,
impedirão não apenas que qualquer
influência maléfica entre em seu coração,
mas também que influencie seus pensamentos, palavras ou ações. Repelirão essa influência. Mas
se, por acaso, esse espírito vier a possuí-los, eles o expelirão assim que testemunharem sua influência, ou, em
outras palavras, recusar-se-ão a ser conduzidos ou liderados por ele”.1
Será que nos damos conta do quão vital é esse
dom espiritual em nossa vida atual e de como a percepção rápida é um convite vigoroso para as bênçãos do
discernimento?
O Presidente Stephen L Richards (1879–1959), que
serviu como conselheiro do Presidente David O. McKay,
deu-nos mais instruções sobre a natureza e bênçãos do
discernimento:
“Em primeiro lugar, menciono o dom do discernimento,
que incorpora o poder de distinguir (...) o certo do errado.
Creio que esse dom, quando altamente desenvolvido,
ESTUDO DAS ESCRITURAS, DEL PARSON, REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: JOHN LUKE
a barra de ferro (ver 1 Néfi 11:25) e o Cordeiro de Deus, o
Filho do Pai Eterno (ver 1 Néfi 11:21).
Descrevi apenas algumas das coisas espiritualmente
significativas que Néfi viu. Vocês podem estudar esses
capítulos mais profundamente e aprender com o que Néfi
aprendeu. Ao estudar e ponderar, lembrem-se de que Néfi
não teria visto o que desejava ver, nem teria conhecido
o que desejava conhecer, nem teria feito o que precisava
fazer, se não tivesse percepção rápida. O mesmo se aplica
a cada um de nós!
Percepção rápida. Observar e obedecer prontamente. Um dom simples
que nos abençoa como pessoas e
como famílias e proporciona bênçãos
a muitas outras pessoas. Todos podemos e devemos esforçar-nos para ser
dignos desse importante dom espiritual: a capacidade de ter percepção
rápida.
O
deriva em grande parte de uma aguçada
sensibilidade à inspiração — inspiração
espiritual — para perceber o que se oculta
sob a superfície, para detectar o mal oculto
e, mais importante, para encontrar o bem
que está escondido. O mais elevado tipo de
discernimento é o que percebe e revela nas
pessoas o melhor de sua natureza, o bem
inerente que existe nelas. (...)
Todo membro da Igreja restaurada de
Cristo pode ter esse dom, se o quiser. Desse
modo não poderá ser enganado pelos sofismas do mundo. Não poderá ser desviado do
caminho por pseudoprofetas e cultos subversivos. Até o inexperiente será capaz de reconhecer ensinamentos falsos, pelo menos em
parte. (...) Devemos ser gratos todos os dias
de nossa vida por essa percepção que mantém viva a consciência, que constantemente
nos alerta a respeito dos perigos inerentes
em malfeitores e no pecado”.2
Ao combinarmos os ensinamentos dos
Presidentes Cannon e Richards, aprendemos
que o dom do discernimento funciona basicamente de quatro maneiras principais.
Em primeiro lugar, ao “percebermos o
que se oculta sob a superfície”, o discernimento nos ajuda a detectar o erro e o mal
ocultos nas pessoas.
Em segundo lugar, e mais importante,
ajuda-nos a detectar erros e males ocultos
em nós mesmos. Assim, o dom espiritual
do discernimento não se refere exclusivamente às outras pessoas e situações, mas,
como o Presidente Cannon ensinou, também se refere ao discernimento de coisas
como elas realmente são dentro de nós
mesmos.
Em terceiro lugar, ele nos ajuda a descobrir e revelar o bem que pode estar oculto
nas pessoas.
Em quarto lugar, ele nos ajuda a descobrir e revelar o bem que pode estar oculto
em nós mesmos. Que grande bênção e fonte
de proteção e orientação é o dom espiritual
do discernimento!
Os ensinamentos dos Presidentes
Cannon e Richards a respeito do poder do
discernimento para detectar o mal oculto e
identificar o bem que pode estar escondido
tornam-se ainda mais importantes para nós,
tendo em vista um elemento específico da
discernimento
como a barra
de ferro, é
uma luz protetora
e orientadora num
mundo que se torna
cada vez mais tenebroso. Com ela,
podemos prosseguir
com segurança em
meio à nevoa de
escuridão.
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 19
20
Extraído de um discurso proferido durante um
devocional na Universidade Brigham Young, em
10 de maio de 2005.
NOTAS
1. Gospel Truth: Discourses and Writings of President
George Q. Cannon, comp. Jerreld L. Newquist, 1987,
pp. 156–157.
2. Conference Report, abril de 1950, pp. 162–163;
grifo do autor.
FOTOGRAFIA: © GETTY IMAGES
O
dom do discernimento
nos revela um
panorama que se
estende para bem
além do que vemos
com nossos olhos
naturais ou ouvimos
com nossos ouvidos
naturais.
visão de Leí. Na visão, vários grupos de pessoas se esforçavam para encontrar o caminho que levava à árvore da vida. O caminho
estreito e apertado seguia ao longo da barra
de ferro até chegar à árvore. A névoa de
escuridão descrita na visão representava as
tentações do diabo que cegam os filhos dos
homens e os conduzem às estradas largas
para que se percam (ver 1 Néfi 12:17).
Prestem muita atenção no versículo 23 de
1 Néfi 8 e apliquemos essa escritura aos nossos dias e aos desafios que enfrentamos num
mundo cada vez mais iníquo:
“E aconteceu que se levantou uma névoa
de escuridão, sim, uma névoa de escuridão
tão densa que os que haviam iniciado o
caminho se extraviaram dele e, sem rumo,
perderam-se”.
Repito, para dar ênfase, que o discernimento é uma luz protetora e orientadora
num mundo que se torna cada vez mais
tenebroso. Todos podemos prosseguir com
segurança e sucesso em meio à névoa de
escuridão, tendo um claro senso de orientação espiritual. O discernimento é muito
mais do que apenas o reconhecimento do
certo e do errado. Ele nos ajuda a distinguir
o relevante do irrelevante, o importante do
supérfluo e o necessário do que é meramente bom.
O dom do discernimento nos revela um
panorama que se estende para bem além do
que vemos com nossos olhos naturais ou ouvimos com nossos ouvidos naturais. O discernimento é ver com os olhos espirituais e sentir
com o coração — ver e sentir a falsidade de
uma idéia ou a bondade em outra pessoa.
O discernimento é ouvir com ouvidos espirituais e sentir com o coração — ouvir e sentir
a preocupação não expressa em uma declaração ou a veracidade de um testemunho ou
doutrina.
Freqüentemente ouvi o Presidente Boyd K.
Packer, Presidente Interino do Quórum dos
Doze Apóstolos, aconselhar os membros
e líderes do sacerdócio, dizendo: “Se tudo
que vocês sabem é o que vêem com seus
olhos naturais e escutam com seus ouvidos
naturais, então vocês não conhecem muitas
coisas”. Sua observação deve ajudar-nos a
desejar avidamente e buscar esses dons
espirituais.
A observação e o discernimento também
permitem que ajudemos outras pessoas que
estão buscando encontrar o caminho e que
desejam prosseguir com firmeza em Cristo.
Se formos abençoados com esses dons espirituais, não nos afastaremos do caminho;
não vagaremos sem rumo; não ficaremos
perdidos. Contudo, só podemos esperar
obter o sublime dom do discernimento e
sua luz protetora e orientadora se tivermos
percepção rápida. Como Alma ensinou a seu
filho Helamã: “Não deixes de cuidar destas
coisas sagradas. Sim, não deixes de confiar
em Deus para que vivas” (Alma 37:47).
Presto meu testemunho especial de que
Jesus é o Cristo, nosso Redentor e nosso
Salvador. Sei que Ele vive. Invoco Sua bênção sobre cada um de vocês — que tenham
o desejo de ter percepção rápida e verdadeiro discernimento. ■
Nosso Primeiro Natal
O
FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH
ABRAHAM MENES SAGRERO
Natal estava chegando, mas era evidente para nós
dois, recém-casados, que não teríamos dinheiro
para comprar uma árvore de Natal, enfeites, decoração ou um bom jantar.
Tínhamos começado sem casa, sem emprego e com
pouquíssimo dinheiro. Mas Deus nos ajudou. Encontramos
um pequeno apartamento, e comecei a procurar emprego.
Como ainda não tinha terminado meus estudos, aceitei
vários empregos como vendedor. Minha renda era pequena,
somente o suficiente para pagar o aluguel e a comida. Saía
bem cedo de casa e às vezes tinha sucesso, às vezes, não.
Quando não conseguia vender, sentia-me derrotado, mas
minha mulher, que estava grávida, sempre me recebia
com um sorriso. Então, as dificuldades pareciam menos
desafiadoras.
No México, a véspera de Natal é até mais comemorada
que o próprio dia de Natal. Quando eu era solteiro, comemorávamos comendo bacalhau e uma salada com rabanetes, laranja e amendoim. Mas naquela véspera de Natal, não
sabíamos o que teríamos para o jantar. Sem recursos, tudo
o que tínhamos era só um pequeno fogão a gás, com
um botijão de gás emprestado. Não tínhamos
geladeira nem móveis na sala de estar ou na
sala de jantar, só uma pequena mesa de
madeira que minha avó me dera e algumas cadeiras que ganháramos de
um amigo.
Quando pensei em nossa
situação, fiquei deprimido.
Mas, lembrando-me de que Deus nunca nos abandona,
humilhei-me como uma criança e busquei-O em oração.
Minha oração foi atendida. Senti paz no coração e
soube que tudo ficaria bem. Abri o porta-malas do meu
carro e encontrei num canto um pedaço de peixe defumado. Lembrei que vários meses antes tinha ajudado meu
pai a transportar alguns peixes, e aquele pedaço devia ter
ficado ali. Graças ao sal, não tinha estragado.
Mostrei-o à minha mulher, e ela disse que o cozinharia.
Fomos comprar tomates e outros ingredientes. Lavamos o
peixe e o deixamos de molho para tirar o sal.
Naquela noite, à luz de uma pequena lâmpada, sentamo-nos em volta de nossa pequena mesa de madeira
e lembramo-nos do nascimento de Cristo e de como Ele
havia nascido com ainda menos do que nós tínhamos.
Desfrutamos o mais delicioso jantar que já havíamos
saboreado e nos deitamos cedo. Na manhã seguinte,
ficamos na cama assistindo a filmes de Natal. Foi um dia
muito feliz. Em nossa pobreza, o espírito do Natal iluminou o nosso pequeno lar e deu-nos esperança e coragem.
Em janeiro, nossa filha nasceu, trazendo ainda mais
alegria para nosso lar.
Muitos Natais se passaram desde aquele período, e já não
nos falta a decoração ou uma árvore de Natal ou o aroma de
pinheiros. Tivemos muitos jantares excelentes com pratos
deliciosos. Mas minha lembrança mais querida é a de nosso
primeiro Natal juntos. Foi o mais pobre, em termos materiais,
mas o mais rico em termos espirituais e eternos: só nós dois,
com nossa filha ainda por nascer e o espírito do Natal. ■
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 21
Perguntas e
Respostas
“Meus pais são divorciados e às vezes sinto que não somos uma ‘verdadeira’
família SUD, porque não podemos selar-nos no templo. Estou começando a me
sentir diferente de todos na Igreja. Como posso lidar com esses sentimentos?”
A LIAHONA
C
ada família SUD é diferente das
outras. Cada família tem seus próprios pontos fortes e fracos. Mas
todas são bem-vindas na Igreja. O evangelho
de Jesus Cristo é para o aperfeiçoamento
dos santos, não para santos perfeitos. Eis
algumas sugestões para ajudá-lo a lidar com
esse desafio:
Aprenda com sua família e prepare-se
para a sua futura família.
Com todas as nossas imperfeições, não podemos ter famílias
perfeitas agora. Mas você pode aprender
com os pontos fracos e fortes de sua família.
Decida hoje que tipo de família deseja ter
quando se casar. Anseie por um casamento
eterno e prepare-se para ele fazendo as
escolhas certas hoje.
Viva o evangelho. Faça tudo o que puder
para fazer de seu lar um lugar em que o
Espírito possa habitar. Uma das maneiras
de fazer isso é honrar seus pais. Mesmo que
eles sejam divorciados, mesmo assim, ainda
são seus pais — foram eles que lhe deram o
dom da vida — e merecem seu amor.
Se procurarmos viver o evangelho, teremos
22
Todas as famílias têm
desafios; todas são
bem-vindas na Igreja.
Estabeleça a meta de
casar-se um dia no
templo.
Viva o evangelho para
que possa ter todas as
suas bênçãos.
Aprenda com sua família
e ame-a.
Tenha esperança e
procure achegar-se ao
Senhor durante essa
provação.
o consolo do Espírito Santo, e a Expiação nos
fortalecerá. O Salvador expiou para que possamos ter todas as bênçãos a nosso alcance,
se formos dignos. Isso inclui as bênçãos de
uma família eterna.
O divórcio de seus pais não determinará
o futuro eterno que você terá. É sua dignidade pessoal que fará isso. O Élder Richard G.
Scott, do Quórum dos Doze Apóstolos,
ensinou: “[O Senhor] tornará possível tudo
o que você for digno de receber. Não desanime. O estabelecimento de um padrão
de vida o mais próximo possível do ideal
trará muita felicidade, grande satisfação e
enorme crescimento aqui na Terra, a despeito de suas atuais circunstâncias na vida”
(“Primeiro o Mais Importante”, A Liahona,
julho de 2001, p. 7).
Tenha esperança. Quando há problemas
na família, é muito fácil nos sentirmos tristes. Lembre, porém, que esse desafio, como
qualquer outra provação, pode ensinarnos algumas lições importantes e ajudarnos a crescer espiritual e emocionalmente.
Você pode sentir esperança ao orar e fazer
FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
LEITORES
planos para o dia em que seus futuros
filhos poderão desfrutar as bênçãos
de uma família eterna.
O Senhor designou a família
para nosso benefício. Nossa família
pode fortalecer-nos e guiar-nos.
Aprenda a amar sua família e a ser
grato por ela. O Senhor ama sua
família, com todos os seus desafios
e dons especiais. As experiências
que tiver com ela lhe ensinarão
muitas coisas que irão beneficiá-lo
não apenas nesta sua vida, mas na
eternidade vindoura.
Meus pais ficaram divorcia-
que eu venha a ler. Quando você tiver
dos por vários anos, mas
esses sentimentos de isolamento, tente ler
felizmente se casaram nova-
as escrituras e orar pedindo orientação.
mente. Durante aquele
Marie P., 13, Arizona, EUA
tempo, porém, senti o
mesmo que você descreveu em sua per-
Também tive esses senti-
gunta. Orei ao Pai Celestial pedindo for-
mentos quando meus pais
ças e consolo. Por meio dessa experiência,
se separaram, mas consegui
aprendi a confiar no Pai Celestial, porque
superá-los. Lembre-se de
Ele sabe o que é melhor. Também aprendi
que não importa o que
a orar com um coração aberto quando
aconteça, Jesus estará com você para
tenho problemas e dúvidas. Ao terminar
consolá-lo. Ele sempre está conosco para
de orar, leio as escrituras, porque a res-
guiar-nos ao caminho certo e fazer-nos
posta que preciso pode estar num capítulo
sentir que somos amados. Quando você
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 23
sentir isso, saberá como é bom ser membro
a Igreja por causa do horário de trabalho dela.
da Igreja. Pense no que o Pai Celestial e Jesus
Minha irmã e eu íamos sozinhos à Igreja. Foi
Cristo querem que você seja, e assim poderá
difícil, era estranho, mas continuamos a ir para
ser forte.
a Igreja. Se você se apegar ao seu testemunho
Robert S., 15, Filipinas
Uma das maneiras de lidar com
esses sentimentos é buscar a ajuda
de líderes e amigos da Igreja. Seus
líderes podem ajudá-lo espiritualmente, e seus amigos podem ajudálo a compreender que isso não é o fim do mundo,
e incentivá-lo a tentar ajudar a sua família a ser
mais unida. É bom saber que nada acontece por
acaso e que tudo tem um propósito na vida, e
que Deus tem um amor eterno por nós.
Juan B., 17, Brasil
Apesar das provações que sua família e seus pais
enfrentaram, lembre-se de que você é responsável por suas próprias ações na vida, e não pelas
de seus pais. Procure consolo em saber que um
dia você poderá casar-se no templo. Não se sinta
rejeitado, mas sim, orgulhoso de ser membro da
Igreja verdadeira. Se não conseguir afastar seu
sentimento de isolamento, leia Doutrina e
Convênios 68:6.
Judith O., 14, Maryland, EUA
Não deixe que o divórcio de seus
pais o desanime ou faça sentir-se
um estranho na Igreja, quer sua
família tenha sido selada no templo ou não. A coisa mais importante que você deve fazer é perseverar na fé e
evitar as coisas que levaram ao divórcio de seus
pais, para que você possa ser selado no templo
sagrado.
Alexander H., 20, Nigéria
Fui criado por pais divorciados. Meu pai estava
em outro ramo, e minha mãe não podia freqüentar
24
P
ara vocês
que se divorciaram: Não
deixem que o desapontamento ou o sentimento de fracasso
distorça sua percepção do casamento ou
da vida. Não percam
a fé no casamento
nem permitam que a
amargura contamine
sua alma e destrua
você ou as pessoas
que você ama ou
amou. (...)
Que Deus nos
abençoe a todos para
que tratemos uns aos
outros da maneira
que convém a alguém
que se considera um
santo dos últimos
dias. Que não haja
entre nós pessoas que
se sintam ‘estrangeiros, nem forasteiros’,
mas que todos sintamos que somos “concidadãos dos santos, e
da família de Deus’
(Efésios 2:19).”
“
Presidente Howard W.
Hunter (1907–1995), “The
Church Is for All People”,
Tambuli, agosto de 1990,
p. 45.
e cumprir os mandamentos, sua vida será abençoada. Se orar e buscar manter o Espírito em
seu coração, você será capaz de superar as
provações de sua vida. No final, você será
recompensado.
Jess D., 18, Nevada, EUA
O sentimento de não fazer parte
da Igreja não vem de Deus, porque a Igreja Dele é para todos os
Seus filhos que acreditam nela,
independentemente da situação
em que se encontram. A exclusão não tem lugar
na Igreja, porque todos são aceitos. Não é fácil
enfrentar uma situação familiar como essa, mas
o evangelho oferece esperança e uma visão
positiva para cada situação que venhamos
a enfrentar. Estabeleça metas dignas agora
e comece a preparar-se para quando for criar
sua própria família e estabelecer um relacionamento eterno.
Ixchel C., 23, México
As respostas são auxílios e pontos de vista, e não
declarações de doutrina da Igreja.
PRÓXIMA PERGUNTA
“Como posso fortalecer meu testemunho para
garantir que permanecerei fiel ao evangelho?”
ENVIE SUA RESPOSTA, com seu nome, idade, ala
e estaca (ou ramo e distrito) e uma fotografia
(com a permissão por escrito de seus pais para
que a foto seja publicada) para:
Questions & Answers 1/07
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
Ou e-mail: [email protected]
Responda até 15 de janeiro de 2007.
■
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
As Bênçãos por Fazer Parte da
Sociedade de Socorro
Selecione em espírito
de oração e leia as
escrituras e ensinamentos desta mensagem que
atendam às necessidades das irmãs
que você for visitar. Compartilhe
suas experiências e seu testemunho.
Convide as irmãs a quem você estiver ensinando a fazer o mesmo.
Como a Sociedade de Socorro Pode
Fortalecer Seu Relacionamento com
Jesus Cristo?
Sarah Cleveland, antiga primeira
conselheira da presidência geral da
Sociedade de Socorro:
“Propomo-nos
a agir em nome do Senhor, atender
às necessidades dos aflitos e fazer
todo o bem que pudermos fazer. (...)
Abraçamos esta obra em nome do
Senhor. Sigamos em frente com destemor” (Atas da Sociedade de Socorro,
Arquivos de A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias, 17 de
março de 1842, p. 12; 30 de março
de 1842, p. 24).
Kathleen H. Hughes, primeira
ILUSTRAÇÃO: SHANNON CHRISTENSEN
conselheira da presidência geral da
Sociedade de Socorro: “Sejam quais
forem as circunstâncias de nossa
vida, somos mulheres tão abençoadas.
Fizemos convênios com o Pai Celestial
para realizar Sua obra — e estamos
fazendo esse trabalho! Assim como
Maria e Marta, colocamo-nos aos pés
do Mestre e escolhemos ‘a boa parte’
[ver Lucas 10:42]. Escolhemos Cristo
e escolhemos a Sociedade de Socorro.
(...) É bom pensar que [Maria e Marta]
e outras mulheres fiéis que eram
discípulas de Cristo devem ter-se reunido para aprender qual era o papel
que desempenhariam na edificação do
reino. Elas eram mulheres do convênio como nós. Elas haviam-se determinado a seguir o Salvador com todo o
coração. Do mesmo modo, também,
quando a Sociedade de Socorro foi
organizada, ela floresceu devido ao
nosso chamado e nosso desejo de
servir e amar uns aos outros e cuidar
uns dos outros” (“Em Convênio com
Ele”, A Liahona, novembro de 2003,
p. 108).
Filipenses 4:13: “Posso todas as
coisas em Cristo que me fortalece.”
Como a Sociedade de Socorro Pode
Abençoar Você e Sua Família?
Presidente Boyd K. Packer,
Presidente Interino do Quórum dos
Doze Apóstolos:
“A Sociedade de
Socorro ajuda as mães a criar as
filhas e a cultivar nos maridos,
filhos e irmãos a cortesia e
a coragem. (...) As defesas do
lar e da família são imensamente reforçadas quando
a esposa, a mãe e as filhas
pertencem à Sociedade de
Socorro. (...) Uma Sociedade
de Socorro forte exerce
grande influência nas irmãs,
protegendo e curando
mães e filhas, irmãs solteiras, mães sozinhas,
irmãs idosas e enfermas. (...) [Tanto a
Sociedade de Socorro quantos os
quóruns do sacerdócio têm] como
propósito definitivo garantir que
a família seja eterna” (“The Relief
Society”, Ensign, maio de 1998,
pp. 72–74).
Presidente Gordon B. Hinckley:
“Deus abençoe a Sociedade de
Socorro da Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias. Que
o amor que motivou seus membros
por mais de um século e meio continue a crescer e a ser sentido no
mundo todo. Que as obras de caridade toquem a vida de inúmeras
pessoas, onde quer que sejam realizadas. E que a luz e a compreensão,
o aprendizado e o conhecimento,
e a verdade eterna abençoem a vida
de gerações futuras de mulheres, em
todas as nações da Terra, graças a
essa instituição especial estabelecida
por Deus. Que elas reconheçam que
sua maior responsabilidade e bênção
é serem ‘instrumentos nas mãos de
Deus para levar a efeito esta grande
obra’ (Alma 26:3)” (“Fita de Vídeo:
Instrumentos nas Mãos de Deus”,
A Liahona, novembro de 2005,
p. 106). ■
Dos Setenta
N
Minha atitude negligente em relação à
oração mudou certa
noite em um acampamento. Quando
entrei no meu saco
de dormir, olhei e vi
meu amigo orando.
Quando ele terminou,
perguntou: “Lynn,
você não ora?”
esta época do ano, meus pensamentos se voltam ao Salvador e Joseph
Smith, e adoro ler a respeito deles
nas escrituras. O presente mais importante
que ganhei de Natal quando era adolescente
foi minha combinação tríplice: O Livro de
Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola
de Grande Valor. Tinha capa de couro e uma
dedicatória de meu pai na contracapa. Todavia,
na ocasião, esse presente não me pareceu
importante. Na verdade, fiquei desapontado.
A partir daí, aquela combinação tríplice se
tornou preciosa para mim, porque me faz
lembrar de coisas que aprendi quando adolescente sobre o Salvador e Sua vida. Aquela
combinação tríplice foi comigo para a missão.
Usei-a enquanto servia como bispo. Tornouse uma coisa preciosa para mim, e ainda é. A
capa original ficou gasta, e mandei encapar o
livro novamente.
Creio que as escrituras mais significativas
são testemunhos pessoais, como o de Joseph
Smith. Desde a primeira vez que li, nunca
duvidei de que Joseph Smith viu o que ele
disse ter visto no Bosque Sagrado.
Sinto-me grato por Joseph ter orado e tido
aquela experiência sagrada, a Primeira
Visão. Nem sempre recebemos
“ Você
visões ou respostas tão vigorosas quanto a
de Joseph, mas nossas respostas podem ser
igualmente claras, sejam elas idéias, respostas
a perguntas ou confirmações de decisões.
Um Exemplo de Oração
Compreendo a necessidade que Joseph
Smith tinha de orar. Sempre orei antes de
me deitar, à noite. Quando me tornei adolescente, não parei de acreditar, mas deixei de
reservar um tempo para orar. Um dia isso
mudou.
Eu tinha ido acampar com alguns rapazes,
e um de meus bons amigos e eu estávamos
juntos na mesma barraca. Pulei para dentro
do meu saco de dormir, então vi meu amigo
ajoelhado em seu saco de dormir, orando.
Quando ele entrou em seu saco de dormir,
perguntou: “Lynn, você não ora?”
Respondi: “Não tanto quanto devia”. Decidi
naquele momento que ninguém teria que perguntar de novo se eu orava.
Também compreendo o desejo que
Joseph Smith teve de ficar sozinho
enquanto orava. Em certa ocasião, poucos
Não
”
Ora?
ILUSTRADO POR ROGER MOTZKUS
É L D E R LY N N A . M I C K E L S E N
anos depois, eu estava em uma situação semelhante,
dessa vez com um rapaz que eu não conhecia. Estava
nervoso em relação a orar na frente dele, por isso esperei até que ele se deitasse para que eu
pudesse ajoelhar-me para orar sem
que ele ficasse me olhando.
Mas ele não se deitou, por isso
finalmente me ajoelhei, orei e entrei
em meu saco de dormir. Quando ele
foi deitar-se, poucos minutos depois,
perguntou: “Lynn, você sempre
ora assim?”
“Sim, procuro fazê-lo.
Quando me apresso em
deitar, esquecendo-me de
orar, levanto, ajoelho-me
e oro.”
Ele disse: “Eu devia
fazer isso”.
Conhecer o Salvador
Sou muito grato ao Profeta Joseph por ele ter tido a
fé e a coragem de perguntar sobre as coisas que veio a
conhecer e por sua preparação para acreditar nelas. Amo
o Profeta Joseph Smith.
Por meio das revelações de Joseph Smith, compreendi
minha carência e necessidade do Salvador. Eu sabia a respeito de Jesus Cristo e sabia que Ele era o Filho de Deus.
Mas quanto mais compreendo como funciona a Expiação,
mais se fortalecem o meu testemunho e o meu amor pelo
Salvador. Somente a Sua Expiação permite que sejamos
perdoados de nossos pecados. Podemos arrepender-nos,
mas isso não nos perdoa; apenas nos qualifica para o Seu
perdão.
Precisamos adquirir um testemunho de quem somos,
saber que somos filhos espirituais de nosso Pai Celestial.
Quando sabemos isso, podemos sentir Seu amor por nós
e Seu grande desejo de que voltemos a viver com Ele.
Quando nos arrependemos sinceramente, Ele nos perdoa, e tornamo-nos limpos. Tornamo-nos uma nova pessoa, como se o pecado nunca tivesse sido cometido.
Quando compreendemos isso, então realmente passamos a conhecê-Lo. ■
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 27
Um Relógio,
Alguns Botões
e o Manto de Joseph
Artigos de uma recente exposição do
Museu de História e Arte da Igreja dãonos um breve vislumbre de como era a
vida diária de Joseph Smith.
S A L LY O D E K I R K
Revistas da Igreja
U
m relógio de ouro, um manto, utensílios de fazenda
enferrujados e alguns lápis de uma época que se foi.
Esses artigos comuns do século XIX são significativos porque eram utilizados na vida diária de Joseph Smith.
Como ele viveu há duzentos anos, esses utensílios da vida
do Profeta ajudam-nos a compreendê-lo melhor. Makenzie
Head, 13, de Cedar Hills, Utah, visitou o Museu de História
e Arte da Igreja para ver esses objetos. Ela escreveu, ao ver
alguns objetos pertencentes ao Profeta Joseph: “Realmente
tive uma compreensão melhor de como ele vivia e das coisas
diferentes que teve durante sua vida, que são tão diferentes
das que temos hoje. Fiquei também admirada de saber que
muitas coisas ali tinham sido realmente usadas pelo Profeta.
Isso sem dúvida fortaleceu meu testemunho dele”.
Seguem-se algumas fotos dos objetos expostos ou guardados no museu da Igreja.
Os dados das legendas foram fornecidos por Mark Staker, curador
do museu.
28
À esquerda: Réplica das placas de ouro em
exposição no museu. Martin Harris, uma das Três
Testemunhas, disse que havia três aros de prata
unindo as placas para que pudessem ser abertas
como um livro. Abaixo: Estes botões e fivelas
foram encontrados em uma investigação arqueológica realizada no local em que ficava a casa de
toras da família Smith, em Palmyra, Nova York.
Acima: Frente falsa de
camisa, confeccionada por
Lucy Mack Smith para seu
filho Joseph em 1841. Este
popular artigo de vestuário masculino,
conhecido como peitilho, era geralmente usado para esconder botões ou
costuras, ou como adorno. À esquerda:
FOTOGRAFIAS: WELDEN C. ANDERSEN, EXCETO QUANDO INDICADO; FOTOGRAFIAS CORTESIA DO MUSEU DE HISTÓRIA E ARTE DA IGREJA; BORDA: JED CLARK
Este relógio de ouro pertencia a
Joseph Smith, mas ele o deu
como pagamento de serviços
legais.
Acima: Este berço foi feito por volta de
1805 e assemelha-se ao que a família
de Joseph Smith deve ter usado.
À direita: Estes cravos e ferraduras
foram encontrados no local em que
ficava a casa de toras de Joseph Smith.
Peça redonda de metal presa ao cabo
de uma foice. Quando menino, Joseph
Smith usava uma foice para ceifar
cereais. Abaixo: Fragmento de pedra
do Templo de Nauvoo.
Abaixo: Ao
recuperar-se de
uma cirurgia na
perna, Joseph usou
uma muleta como
esta.
Extrema esquerda: Estes lápis foram provavelmente
usados pelos pais de Joseph Smith quando o ensinaram a ler, escrever e resolver problemas matemáticos
em casa. Acima: Esta primeira edição do Livro de
Mórmon foi um presente de Joseph Smith para Martin
Harris. O livro está aberto no depoimento das Três
Testemunhas. À direita: O Profeta usou este manto
como comandante-geral da Legião de Nauvoo.
30
Estas conchas de prata pertenciam a Joseph e Emma Smith.
À direita: Brinco que pertencia a uma das mulheres
da família Smith. Extrema
direita: Esta corrente de
FOTOGRAFIA MULETA: CRAIG DIMOND; MANTO: PRESENTE DE VIENNA JACQUES; INSTRUMENTOS CIRÚRGICOS:
PRESENTE DE ROLLA BURNS WILLIAMS; CACHO DE CABELO: PRESENTE DE CLARA W. BEEBE E A. E. HYDE JR.
ouro pertencia a Lucy
Mack Smith.
À esquerda: Estes instrumentos
cirúrgicos assemelham-se aos
utilizados quando Joseph Smith
era jovem. Ele teve uma infecção
que lhe destruiu parte de um osso
da perna. Um médico recomendou a amputação da perna, mas
o jovem Joseph e sua mãe recusaram esse tratamento.
À direita: Este exemplar do jornal Nauvoo Neighbor, publicado depois do martírio de
Joseph e Hyrum Smith, foi impresso para divulgar os detalhes da morte deles ao
público geral. Abaixo: Depois da morte do Profeta, cachos de seus cabelos
foram dados a alguns de seus amigos. Era comum, na metade do
século XIX, guardar cachos de cabelo como recordação de
entes queridos que tinham falecido.
32
RESTAURAÇÃO...
GRAÇAS À
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DO VITRAL DO EDIFÍCIO DA ALA BRIGHAM CITY III: RANDALL J. PIXTON; À DIREITA: FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, MATTHEW REIER E CHRISTINA SMITH, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
MANDI ANDRE
O dicionário diz que a palavra restaurar significa “trazer de volta à existência ou (...)
a um estado anterior ou ao estado original” (Merriam-Webster’s Collegiate Dictionary,
11ª ed., 2003, p. 1063). Muitos profetas da Bíblia prometeram que, nos últimos dias, Deus
restauraria o evangelho pela última vez antes da Segunda Vinda do Salvador. Em 1820,
Deus começou a restaurar o evangelho por intermédio do Profeta Joseph Smith.
Um dia, comecei a pensar em como a Restauração afetava a minha vida diária.
Eis o que a Restauração fez por mim em apenas uma semana comum.
No domingo passado, meu pai me deu uma bênção
do sacerdócio. Graças à Restauração, sei que ele recebeu
autoridade para agir em nome de Jesus Cristo. Meu pai
pode abençoar-me sempre que fico doente ou preciso de
ajuda extra.
Na segunda-feira, acordei para ir à escola e fiz
minhas orações. Graças à Restauração, sei que estava
orando a um Pai Celestial amoroso e que sou filha Dele,
criada à Sua imagem. Também li o Livro de Mórmon.
Graças à Restauração, tenho outra testemunha de que
Jesus Cristo realmente viveu. Naquela noite, realizamos a reunião familiar. Graças à Restauração,
sou abençoada com pais amorosos que me
ensinam a verdade.
Na terça-feira, fui pela primeira vez ao
templo e realizei batismos pelos mortos. Graças
à Restauração, pude ajudar os que morreram
sem conhecer o evangelho a terem as bênçãos
eternas.
Na quarta-feira, abri o guarda-roupa e escolhi algo recatado para vestir. Graças à Restauração, sei que
meu corpo é sagrado e que preciso dar um bom exemplo
para os que me vêem. Também tenho a orientação de
profetas e apóstolos vivos, que me deram o livreto Para o
Vigor da Juventude, que contém diretrizes para ajudar-me
a fazer escolhas corretas.
Na quinta-feira, procurei
fazer o melhor possível para
viver o evangelho. Graças à
Restauração, tenho o dom do
Espírito Santo como meu companheiro para ajudar-me sempre.
Também tenho um bispo e as
líderes das Moças para cuidarem de mim, como consultoras especiais. E graças à
Restauração, tenho conhecimento da Expiação para
que, quando cometer um erro, possa
me arrepender e ser perdoada.
Na sexta-feira, passei momentos agradáveis com
minhas amigas. Graças à Restauração, tenho
amigos que também vivem o evangelho.
Esses bons amigos são uma grande
bênção em minha vida. Também
tenho a oportunidade de compartilhar o evangelho com meus amigos
que não são membros da Igreja.
No sábado, pensei em meu
irmão, Tyler, que está servindo
em uma missão no Brasil. Sinto
muita saudade dele, mas graças à
Restauração, sei que ele está fazendo o
que é certo. Um dia, também quero servir em uma missão.
Hoje é domingo de novo. Graças à Restauração,
tomei o sacramento e renovei minha promessa de seguir
Jesus Cristo. Lembrei que sou uma filha de Deus e que
Seu plano foi restaurado para que eu possa um dia voltar
à presença Dele.
Graças à Restauração, sei que as escrituras são verdadeiras. Sei que esta é a Igreja restaurada de Jesus Cristo. Sei
que temos profetas vivos que nos guiam nos dias de hoje.
Sei que, por meio das ordenanças restauradas do templo,
minha família pode ser eterna.
Graças à Restauração, somos abençoados em todos os
dias da semana — e em todos os dias de nossa vida. ■
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 33
H
á um ano, membros da Igreja do mundo inteiro
terminaram de ler o Livro de Mórmon em resposta ao desafio feito em agosto de 2005 pelo
Presidente Gordon B. Hinckley. As revistas da Igreja
receberam um número extraordinariamente grande de
cartas de testemunhos, experiências e gratidão de pessoas que cumpriram a meta. Seguem-se abaixo algumas
dessas respostas.
Como Fizemos
“Acredito que algo extraordinário deve ter ocorrido
às pessoas desta Igreja. Elas foram vistas lendo o Livro
de Mórmon no ônibus, durante o almoço, na sala de
espera do médico e em dezenas de outras situações.
Creio e espero que tenhamos nos aproximado mais
de Deus devido à leitura desse livro” (Gordon B.
Hinckley, “Buscai o Reino de Deus”, A Liahona,
maio de 2006, p. 83).
Todas as noites às 19h. Minha mulher,
minhas duas filhas e eu líamos juntos, todas as
noites, às 19h. Se alguém viesse nos visitar
nessa hora, pedíamos que lesse conosco.
A leitura por si só foi uma grande bênção.
Mas nossas filhas (12 e 13 anos) também melhoraram sua capacidade de
leitura, e todos aprendemos a estabelecer
prioridades, ter autodisciplina e administrar
nosso tempo. Compreendemos melhor o que significa
ter uma casa de ordem. E como família, sentimos mais
amor e união em nosso lar. B. Akanit Sapprasert, Pakkret,
Tailândia
34
Mais perto do céu. Sou aeromoça, e foi inspirador
caminhar pelos corredores do avião e ver os passageiros
lendo o Livro de Mórmon. Depois de servir todos os passageiros, procurei reservar um tempo para ler um capítulo
ou dois e desafiei-me a escrever pelo menos uma coisa
que tivesse aprendido no dia. Geralmente trabalho nos
vôos matutinos, por isso estava voando e lendo antes do
nascer do sol. Descobri que havia algo especial em ler
sentindo-me bem mais perto do céu. Emily Bryn Arnell,
Farmington, Utah, EUA
Escrituras em áudio. No caminho de ida para o trabalho
e de volta do trabalho, dirigindo meu carro, costumo sintonizar o rádio em noticiários ou comentários. Mas nos
últimos quatro meses de 2005, ouvi o Livro de Mórmon
em CD. Terminei os últimos capítulos de Morôni no escritório de casa, em 29 de dezembro de 2005. Depois
dessa excelente experiência, gosto ainda mais
de ler o Livro de Mórmon. Arturo
Maldonado, Los Angeles, Califórnia, EUA
Latas de tinta e pilhagens. Nossa vida
é atarefada e foi muito difícil ler todos os
dias. Por fim, decidimos que leríamos a qualquer custo, e acabamos lendo em alguns lugares bem incomuns: sentados em latas de tinta
enquanto trabalhávamos em nosso projeto de
reforma da casa, ou em volta de uma fogueira no
quintal. Às vezes tínhamos dúvidas se nosso filho de
quatro anos estava ouvindo, mas um dia, quando perguntamos por que seu quarto estava tão bagunçado, ele
respondeu: “Alguém andou fazendo pilhagens aqui!”
Família Buxton, West Point, Utah, EUA
BORDA: © ARTBEATS; À DIREITA: FOTOGRAFIA: LANA LEISHMAN, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Aceitar o
Desafio
Completar a gravura.
Meu marido, eu e
nossos três filhos decidimos que cada um de
nós leria o Livro de Mórmon individualmente.
Recortamos em cinco peças uma gravura de
um profeta antigo segurando as placas de
ouro. Cada membro da família teria a responsabilidade de completar a gravura terminando sua própria leitura. Nosso filho mais
novo ainda não sabe ler, por isso li um Livro
de Mórmon ilustrado com ele.
Um a um, fomos terminando a leitura e
começamos a orar pelos que ainda estavam se esforçando para cumprir o
desafio. Todos terminamos no fim
do ano e pudemos mostrar que
damos valor às palavras de nossos
antigos profetas, seguindo o profeta vivo. Cinara Lilian Leão
Machado, São Carlos, Brasil
Ler em voz alta. Li em voz alta
para uma querida amiga que
está com 91 anos de idade
e mora na casa ao lado.
Enquanto líamos, parávamos para trocar
idéias sobre como os
ensinamentos se
aplicavam a nossa
vida. Para mim essa sempre será uma das
experiências mais ricas da minha vida. Às
vezes, o Espírito era tão forte que me vinham
lágrimas aos olhos. Sinto-me grata por termos
um profeta tão sábio e inspirado que nos lançou esse desafio. Sylvia Willis, Hampstead,
Carolina do Norte, EUA
Livro de Mórmon no caminho para o
trabalho. Meu noivo e eu estávamos progredindo muito lentamente no estudo do
Livro de Mórmon. Ficamos
então sabendo do desafio
e começamos a esforçarnos sinceramente para
cumpri-lo. Ambos
tomamos o trem para
ir trabalhar e, no caminho, consegui deixar
“Prometo-lhes sem
reservas que, se
seguirem esse programa simples [de
ler ou reler o Livro
de Mórmon até o fim
do ano], não importando quantas vezes
tiverem lido o Livro
de Mórmon antes,
haverá em sua vida
e em sua casa mais
do Espírito do Senhor,
uma determinação
mais firme de obedecer a Seus mandamentos e um
testemunho mais
forte da realidade
viva do Filho de
Deus.”
Presidente Gordon B.
Hinckley, “Um
Testemunho Vibrante e
Verdadeiro”, A Liahona,
agosto de 2005, p. 6.
ram, como disse o Presidente Hinckley, “algo admirável”.
de lado as coisas do mundo. Quando várias pessoas no
trem se mostraram interessadas no que estávamos fazendo,
prestei meu testemunho e entreguei cartões de amizade.
Sei que o Livro de Mórmon pode transformar nossa vida
para melhor. Luciana Martins, São Paulo, Brasil
Torná-lo meu. Como já tinha lido o Livro de Mórmon
muitas vezes, senti que estava na hora de usar uma abordagem diferente. Já tinha feito o download do Livro de
Mórmon em meu computador pessoal e codificado os versículos por cores, assinalando temas recorrentes. Li novamente, destacando em negrito os versículos que explicavam
princípios importantes para mim e em itálico os versículos
que eram interessantes por motivos históricos ou outros
motivos. Também inseri notas e referências úteis.
Ao fazer isso, tive sentimentos e impressões, e os inseri
como notas. À medida que os meses foram passando, as
notas foram aumentando, sendo que muitas delas se aplicavam a situações da vida de meus familiares, da minha
própria vida e dos meus chamados na Igreja. Muitos escritores escreveram a respeito do Livro de Mórmon, mas
aquele conjunto de notas me ajudou a fazer com que o
Livro de Mórmon se tornasse o meu livro. A cópia que
imprimi está personalizada para as minhas necessidades e
as de minha família. Jon M. Taylor, Bountiful, Utah, EUA
O Que Ele Fez por Nós
“No ano passado pedi aos membros da Igreja no
mundo todo que lessem novamente o Livro de Mórmon.
Milhares, centenas de milhares, aceitaram esse desafio.
36
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: CORTESIA DA ALA DIAMOND VALLEY I, ESTACA ST. GEORGE UTAH OESTE; À DIREITA: FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
As moças de St. George, Utah, aceitaram o desafio e senti-
O Profeta Joseph Smith disse em 1841: ‘Eu disse aos
irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto
de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus
do que seguindo os de qualquer outro livro’”
(A Liahona, maio de 2006, p. 83).
A dádiva do tempo. Quando li a respeito
do desafio, imediatamente dei a desculpa de
que estava ocupada demais para sequer tentar
cumpri-lo. Mais tarde, quando comecei a ler, pensava
constantemente que se não conseguisse terminar, sempre
poderia dizer que simplesmente estava atarefada demais.
Mas aconteceu algo admirável. Nos dias em que eu lia, o
tempo parecia parar e permitir que eu conseguisse realizar
todas as coisas. Essa bênção foi a solução para minha vida
corrida. Pude passar mais tempo com a minha família e
nos meus chamados da Igreja, e ainda realizar tudo que
precisava em meu trabalho. Dei-me conta de que o Pai
Celestial provê tudo o que for necessário, se eu O colocar
em primeiro lugar. Julie Major, Nibley, Utah, EUA
Paz e perdão. No início de 2005, meu marido deu
carona a dois homens. Quando voltou para casa, descobriu que sua sapelu (machadinha) tinha sumido. Isso realmente o deixou magoado: tinha realizado uma boa ação, e
aquela fora sua recompensa. O incidente perturbou tanto
meu marido a ponto de fazer com que tivesse dificuldade
para sentir paz.
Vários meses depois, acordamos e descobrimos que
nossa casa tinha sido invadida. Pior ainda, vimos que os
invasores tinham entrado nos quartos em que nós e nossos filhos estávamos dormindo. Fiquei zangada e pensei:
“Se meu marido ficou tão perturbado por causa de uma
faca, agora vai ficar completamente louco!” Mas ele teve
um espírito de paz que envolveu todos nós. Expressou
gratidão por ninguém ter se ferido e esperança de que as
pessoas que tinham levado nossas coisas as usassem para
melhorar a vida delas.
Fiquei sem fala com tal mudança. Por que eu não
tinha sido capaz de sentir aquela mesma paz? Então
compreendi: Enquanto eu estava “ocupada demais” para
começar a ler, meu marido estava firmemente dedicado
em sua leitura do Livro de Mórmon. Kathleen Arp, Pesega,
Samoa
ALGO ADMIRÁVEL:
TESTEMUNHOS DAS BÊNÇÃOS
MAIS DO ESPÍRITO DO SENHOR
Quando tive a necessidade de ser guiada, o
Espírito Santo estava comigo. Fui mais capaz de
buscar o Pai Celestial para obter conselhos. Quando
tive oportunidade, compartilhei o evangelho com
mais confiança. Sarah Berthier, Dijon, França
Todas as manhãs, pedi que o Espírito Santo fosse
meu companheiro para que Ele iluminasse minha
vida. Aconteceu um milagre: O Livro de Mórmon
novamente me revelou verdades do evangelho.
Recebi respostas para dúvidas que tinha havia
vários anos. Tatyana Vyshemirskaya, Krim, Ucrânia
Senti mais do Espírito durante o dia inteiro. Senti
uma paz interior que se refletiu no relacionamento
com meus familiares. Libia Zulema Luna de Rubio,
León, México
UMA DETERMINAÇÃO MAIS FIRME DE
OBEDECER A SEUS MANDAMENTOS
Uma bênção inigualável de força
espiritual me ajudou a progredir imensamente em meu esforço de vencer algumas fraquezas. Tão grandiosa e tocante
foi essa bênção que me fez saber que não
há melhor maneira de começar ou terminar um dia do que lendo as escrituras. Michael B. Clark, Syracuse,
Utah, EUA
Fomos abençoados com o desejo de
realizar sempre a reunião familiar, a oração
familiar pela manhã e à
noite, e é claro, o estudo das
escrituras. O estudo constante
das escrituras faz-me ansiar
pelos frutos do Espírito. Leslie
Quinn, Idaho Falls, Idaho, EUA
Passei do estágio de ler as palavras impressas
nas páginas, para o de ouvir as palavras em minha
mente, de falar as palavras a cada dia, de viver as
palavras, de escrever as palavras no coração e, por
fim, de tornar as palavras uma parte permanente de
minha alma. C. E. Tapie Rohm Jr., San Bernardino,
Califórnia, EUA
UM TESTEMUNHO MAIS FORTE DA REALIDADE
VIVA DO FILHO DE DEUS
Por ter estudado mais tempo a cada dia, compreendi coisas que não tinha compreendido antes.
O Livro de Mórmon está realmente repleto de testemunhos de Jesus Cristo. Graças ao Espírito que senti,
meu próprio testemunho a respeito do Redentor
cresceu. Dagmar Leiß, Hamburgo, Alemanha
Por meio da leitura de O Livro de
Mórmon: Outro Testamento de Jesus
Cristo, adquiri um conhecimento mais
perfeito Dele, que será meu advogado
quando eu estiver diante de Deus.
Sinto-me grato por ter encontrado
Seu evangelho restaurado. Horacio
Chemin, Rawson, Argentina
Quando cheguei a 3 Néfi,
percebi que estava pensando mais freqüentemente em Jesus Cristo.
Passei a perguntar a
mim mesmo o que o
Salvador pensaria
sobre o que eu estava
lendo ou fazendo. A
lembrança Dele veio
como uma dádiva, e
comecei a compreender como eu poderia
“sempre me lembrar
Dele”. Alice M. John,
Ogden, Utah, EUA
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 37
Minha família e eu somos conversos. Meu pai foi batizado em 2000 e assistiu a várias aulas
de preparação, mas estava relutante em entrar no templo. Então, minha família aceitou o desafio do Presidente
Hinckley de ler o Livro de Mórmon, e acredito realmente
que isso nos preparou espiritualmente para que pudéssemos receber as bênçãos do templo. Em outubro, um
sumo conselheiro disse com firmeza, porém com alegria,
que meu pai precisava marcar uma data para ele receber
sua investidura e para sermos selados como família. Meu
pai concordou, e depois disso tudo deu certo. Meu pai
foi ao templo no final de outubro, e fomos selados no
dia 19 de novembro. Tivemos que esperar anos para
entrar no templo, mas quando lemos diligentemente o
Livro de Mórmon, o Senhor preparou um caminho para
que entrássemos em Sua casa e fôssemos selados para a
eternidade. Danielle Crane, Sandy, Utah, EUA
Pequenas e simples. Aceitei o desafio. Sem grandes
milagres, apenas coisas pequenas e simples. Nos momentos difíceis, senti a bondosa orientação do Santo Espírito.
Mark Vader, Riverton, Utah, USA
Realmente para nós? Sinceramente achei que o
Presidente Hinckley estava falando para os que não estavam lendo. Afinal de contas, estudávamos as escrituras
todas as noites, realizávamos a reunião familiar e conselhos de família; orávamos juntos. Achei que simplesmente continuaríamos a ler alguns versículos à noite.
Poucos dias se passaram até que eu me desse conta:
um profeta do Senhor tinha-nos pedido que lêssemos
o Livro de Mórmon até o final do ano, e eu iria ignorar
aquilo? Naquela noite, nós nos reunimos em família, e
fiquei surpreso com o retumbante
“Sim” que ouvi como compromisso de cumprirmos a meta.
Disse a meus filhos que teríamos de ler nas férias, aniversários, nas noites em
que estivéssemos
cansados. “Sem
problemas”,
foi a resposta.
Não se
passou muito
tempo até que
38
o espírito daquele grande livro fosse sentido intensamente. Começamos a compreender princípios do evangelho e a comunicar-nos melhor como família. Minha
mulher e eu sentimos nosso testemunho se fortalecer,
e ouvi nossos filhos explicando histórias das escrituras
como se tivessem servido em uma missão e ensinado o
evangelho por muitos anos! Nossa vida foi mudada para
sempre por termos aceitado aquele desafio. Shawn
O’Leary, Poulsbo, Washington, EUA
Abrir a visão para outras pessoas. Enquanto cumpria
o desafio, li Mosias 18 e não consegui tirá-lo da mente.
Dois dias depois, entrevistei um membro novo (eu
estava servindo como presidente de ramo). Aquele
irmão queria saber por que precisou ser batizado novamente na Igreja, já que tinha sido batizado anteriormente em outra igreja. Sem hesitar, abri em Mosias e lhe
pedi que lesse o capítulo 18. Quando ele terminou, ficamos em silêncio por alguns momentos. Então, aquele
irmão disse que se sentira inspirado a aconselhar-se
comigo. Abaixei a cabeça e agradeci em silêncio ao Pai
Celestial pela dádiva de termos um profeta e por seu
desafio de relermos o Livro de Mórmon. Akingbade A.
Ojo, Ijebu-Ode, Nigéria
Bênçãos a nosso alcance. Quando comecei a ler o
Livro de Mórmon, algumas coisas começaram a mudar
em minha vida. Passei a acordar mais cedo para poder
orar a meu Pai Celestial para dizer-Lhe como me sentia
grata pelas bênçãos de conhecê-Lo e de conhecer o plano
de salvação e o evangelho restaurado. Sei que cheguei
até aqui porque aceitei o desafio de nosso profeta, que
sabia o quanto seríamos abençoados se o cumpríssemos
e obedecêssemos a ele.
Minha experiência deixou-me
algumas dúvidas: Por que tivemos
que ser desafiados? Quanto
tempo levará para aprendermos
que essas bênçãos estarão
constantemente a nosso
alcance se lermos o
Livro de Mórmon diariamente? Angela
Broderick, Merthyr
Tydfil, País de
Gales ■
FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Uma família eterna.
Como Foi
Construído o Templo
de Hong Kong
É L D E R M O N T E J. B R O U G H E
ÉLDER JOHN K. CARMACK
Dos Setenta
FOTOGRAFIA DO TEMPLO DE HONG KONG CHINA: CRAIG DIMOND
N
A escolha que o Presidente
Hinckley fez do local em que
seria construído o Templo
de Hong Kong China ilustra
como a revelação atua para
abençoar os filhos de Deus
na Terra.
a primavera de 1991, a Primeira
Presidência solicitou à Presidência
de Área da Ásia — que era composta
pelos Élderes Merlin R. Lybbert, W. Eugene
Hansen e Monte J. Brough — que começassem discretamente a procurar um local para
a construção de um templo em Hong Kong.
Encontraram vários locais pequenos e, na opinião deles, inadequados, com preços extremamente elevados. O Presidente Gordon B.
Hinckley visitou aqueles locais em abril
daquele ano e incentivou a Presidência
de Área a continuar procurando.
No final de 1991, dois outros locais foram
identificados. Um fazia parte de um projeto de
desenvolvimento do governo, próximo a uma
baía marítima conhecida localmente como
Baía dos Juncos (um “junco” é um barco chinês). Outro local em potencial foi localizado
em Fanling. Tanto Fanling quanto a Baía dos
Juncos eram locais de difícil acesso e pouco
convenientes para as pessoas que usariam o
templo, por isso a procura continuou.
Infelizmente, o tempo estava se acabando.
Se Hong Kong iria ter um templo, seria melhor
construí-lo até 1º de julho de 1997.
Talvez seja importante conhecermos um
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 39
da cerimônia de abertura de terra do templo
de Hong Kong (da
esquerda para a direita)
o Élder e a irmã Kwok
Yuen Tai, o Élder e a
irmã John K. Carmack, e
o Élder e a irmã David E.
Sorensen. Página
oposta: Um desenho
arquitetônico tridimensional, uma concepção
artística do templo terminado, e uma vista de
Hong Kong.
40
cansativo que passaram analisando em espírito
de oração as várias propriedades. O Presidente
Hinckley recolheu-se em seu quarto de hotel e
pediu aos Élderes Brough e Carmack que voltassem na manhã seguinte para continuarem a discutir a questão. Era evidente que a Presidência
de Área ainda teria de encontrar uma solução
que o Presidente Hinckley aceitasse.
Por volta das 6h45 da manhã, o Presidente
Hinckley ligou para o Élder Brough e pediu
que ele e o Élder Carmack fossem ao seu
quarto de hotel às 8h. O irmão Simmons
juntou-se a eles no horário marcado, e o
Presidente Hinckley então mostrou uma folha
de papel com um desenho bem detalhado.
Durante a noite, ele visualizara um edifício de
oito andares, com o templo nos andares superiores e as outras funções localizadas nos andares inferiores. Incluía locais que substituiriam a
capela de Kowloon Tong, o escritório e a casa
da missão Hong Kong, já que o novo edifício
exigiria que aqueles edifícios localizados em
terrenos vizinhos fossem demolidos. Esse conceito de múltiplo uso, explicou o Presidente
Hinckley, quebraria a tradição de todos os
outros templos da Igreja daquela época, que
tinham um edifício próprio.
O Presidente Hinckley pediu aos Élderes
Brough e Carmack que expressassem seus
sentimentos. Os dois responderam que o
conceito de um edifício de vários andares,
utilizado para múltiplas funções, nem sequer
tinha sido levado em consideração anteriormente, mas tiveram a forte convicção de que
o Presidente Hinckley tinha recebido uma inspiração, sim, uma revelação, sobre a vontade
do Senhor.
Depois de analisar brevemente as outras
opções, o Presidente Hinckley pediu aos
irmãos que se unissem a ele em oração.
Perguntou se poderia proferir a oração. Então,
apresentou toda a questão ao Senhor. Falou
sobre a necessidade de um templo na China
para abençoar as pessoas daquela região do
FUNDO: FOTOGRAFIA: WELDEN C. ANDERSEN; À ESQUERDA: FOTOGRAFIA: CORTESIA DO ÉLDER JOHN K. CARMACK; À DIREITA: FOTOGRAFIA: © CORBIS
Acima: Participaram
pouco de história para
compreender a urgência
em relação ao término
da construção do templo de Hong Kong, até
julho de 1997. Em 1898,
Hong Kong tornou-se
colônia britânica, com
a assinatura de um contrato de arrendamento
de 99 anos, que expiraria em 30 de junho de
1997. Em dezembro de 1984, as autoridades
britânicas e chinesas assinaram uma declaração confirmando que o governo britânico
entregaria Hong Kong para a República
Popular da China em 1º de julho de 1997.
Em junho de 1992, a Presidência de Área
foi reorganizada, com os Élderes Monte J.
Brough, John K. Carmack e Kwok Yuen Tai
como membros da presidência.
Em julho, o Presidente Hinckley ligou duas
vezes para a Presidência de Área para falar
dos locais em Fanling e na Baía dos Juncos.
O Presidente Hinckley também disse que ele
e Ted Simmons, gerente administrativo do
Departamento de Propriedades da Igreja,
iriam para Hong Kong em 25 de julho para
escolher o local para a construção do templo.
Quando o Presidente Hinckley e o irmão
Simmons chegaram, os Élderes Brough e
Carmack levaram-nos a meia dúzia de locais
em potencial, começando pelo Kom Tong
Hall, onde se localizava o escritório de área.
(O Élder Tai estava fora de Hong Kong, na ocasião, viajando.) Depois de ver todos os locais,
o Presidente Hinckley, o irmão Simmons e os
Élderes Brough e Carmack reuniram-se com
os quatro presidentes de estaca da região de
Hong Kong. O Presidente Hinckley falou de
seus sentimentos a respeito dos vários locais
e procurou saber quais eram os sentimentos
dos presidentes de estaca. Descobriu que eles
apoiariam qualquer decisão que ele tomasse.
O grupo estava exausto por causa do dia
mundo. A oração foi vigorosa e tocante, demonstrando seu amor por todas
as pessoas da Ásia.
O grupo então voltou para
o local em Kowloon Tong e
inspecionou a área a pé. Cruzaram a rua para estudar as
vizinhanças e analisar o local em todos os aspectos, especialmente na questão do acesso, a partir dos sistemas de
trens subterrâneos. Então, os Élderes Brough e Carmack
levaram o Presidente Hinckley e o irmão Simmons de volta
ao Aeroporto Internacional Kai Tak.
Depois de voltar a Salt Lake City, o Presidente Hinckley
mostrou seu esboço ao Departamento de Templos,
pedindo aos arquitetos que transformassem aquela idéia
em plantas de construção, o mais breve possível. Vendo
uma oportunidade para expandir as funções do edifício,
os arquitetos do departamento desenharam a planta de
um edifício maior, com quase o dobro do tamanho do
conceito inicial do Presidente Hinckley. Para construir
aquele edifício, precisariam obter permissão para exceder
os limites de altura e outras restrições impostas aos edifícios construídos naquela área.
Quando as plantas
ficaram prontas, tentaram
obter permissão para construir aquele prédio expandido,
mas após meses de negociações com
as autoridades de Hong Kong, o edifício
proposto acabou sendo rejeitado.
Na conferência geral de abril de 1993, o
Presidente Hinckley convidou o irmão Simmons e
os Élderes Brough, Carmack e Tai a seu escritório. Ele
perguntou por que razão o processo de aprovação progredia tão lentamente e o que poderia ser feito para se obter
permissão para construção. Depois de lembrarem-se da
experiência que o Presidente Hinckley tivera anteriormente em Hong Kong e testificarem a respeito dos sentimentos
que a Presidência de Área tivera
na ocasião, a Presidência de Área
recomendou unanimemente que
a Igreja voltasse ao conceito original descrito pelo Presidente
Hinckley em Hong Kong.
Depois que as plantas foram
refeitas de acordo com a idéia
original do esboço do Presidente
Hinckley, as aprovações necessárias foram rapidamente obtidas.
Em poucos dias, várias autoridades britânicas, de Hong
Kong e da China emitiram permissão para a construção
do templo.
Em 26 e 27 de maio de 1996, o Presidente Gordon B.
Hinckley dedicou o Templo Hong Kong China. Na oração
dedicatória, ele disse:
“A Tua Igreja nesta região chegou agora à plena maturidade com a dedicação desse templo sagrado. Oramos para
que essa colheita de almas prossiga, e que no futuro tal
como no presente, Teu povo tenha liberdade e segurança
em sua adoração e que ninguém impeça o trabalho dos missionários chamados para esta região. Oramos para que Tua
obra cresça e prospere no grande país da China e que os
governantes sejam sempre receptivos aos que forem chamados e enviados como mensageiros da verdade revelada”. ■
O Élder Monte J. Brough foi apoiado como membro dos Setenta em
1988; o Élder John K. Carmack serviu como membro dos Setenta de
1984 a 2001.
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 41
LIÇÕES DO
VELHO TESTAMENTO
É L D E R J O R G E LU I S D E L C A S T I L LO
Setenta de Área
Área América do Sul Sul
U
O princípio do
dízimo não é primordialmente uma questão de dinheiro, mas
sim de fé.
42
ma das maiores bênçãos da minha
vida foi poder servir em uma missão
de tempo integral. Foi um evento
maravilhoso para toda a minha família, já
que sou o mais velho de três irmãos. Meus
pais foram convertidos à Igreja e batizados
quando eu tinha quatro anos, graças a dois
ótimos missionários que bateram à nossa
porta em Bernal, subúrbio ao sul de Buenos
Aires, Argentina. Como resultado, meus pais
sempre esperaram que seus filhos também
ajudassem as pessoas a encontrarem a religião que os tornara tão felizes.
As coisas estavam indo maravilhosamente
bem no primeiro ano de minha missão.
Então, quando estava servindo em Córdoba,
Argentina, recebi notícias muito tristes de
casa: meu pai estava muito doente. Havia sido
submetido recentemente a uma cirurgia e os
médicos descobriram que sua doença estava
muito avançada, em estágio terminal.
O presidente da missão decidiu que eu
deveria ir para casa, visitar meu pai e voltar
para o campo missionário no dia seguinte.
Portanto, fui para casa e encontrei meu pai
à beira da morte, estando a maior parte do
tempo inconsciente e imóvel. Passei quase
todo o tempo junto a seu leito. Aquelas foram
horas de tristeza, de paz e da abundante
companhia do Espírito. Todos os meus pensamentos se concentravam no Senhor e em Seu
grande plano.
Em dado momento, meu pai recobrou a
consciência. Olhou para mim, porém não me
reconheceu. No entanto, quando comecei a
dizer o quanto eu o amava e quão grato era
por ser seu filho, ele se deu conta de que
estava ouvindo seu filho mais velho, o missionário. Lágrimas rolaram-lhe pelo rosto e,
fazendo um grande esforço para comunicarse, disse: “Sua mãe é uma santa mulher; ela
é nosso exemplo”. Então, ouvi claramente
estas palavras proferidas por seus lábios:
“Mesmo que não tenha nada para comer,
sempre pague seu dízimo”.
Ele não disse muito mais que isso. Anotei
suas palavras em meu diário, saí de casa e voltei para o campo missionário. Poucas horas
depois, meu pai faleceu.
Com o passar do tempo, ao criar minha
própria família e observar meus filhos crescerem, essa experiência com meu pai me veio
à lembrança. Ao ponderar o significado da
vida e da morte, pensei: “Que últimas palavras de conselho eu deixaria para meus
filhos, se soubesse que havia chegado o
momento de partir desta vida?” Não pude
pensar em nada melhor do que o conselho
que tinha ouvido de meu pai. “Mesmo que
não tenha nada para comer, sempre pague
seu dízimo”.
ILUSTRAÇÃO: JEFF WARD
As Últimas Palavras
de Meu Pai
A lei do dízimo é uma grande bênção para nossa família.
Aprendi que o Senhor não precisa do meu dízimo; mas eu é
que preciso das bênçãos resultantes da obediência a essa lei.
Também aprendi que não importa se nosso envelope
de doação está bem cheio ou se contém apenas algumas
moedas. Cumprimos nossa obrigação com o Senhor se
nosso dízimo for dez por cento de nossa renda. Quando
pagamos o dízimo, tornamo-nos sócios do Senhor.
Apoiamos a construção de templos, nos quais todas as
ordenanças do evangelho restaurado de Jesus Cristo são
colocadas ao alcance das famílias. Apoiamos a construção
de capelas, que podemos freqüentar todos os domingos
com a família e onde recebemos o sacramento, se formos
dignos. Apoiamos o trabalho missionário, ajudando para
que chegue aos confins da Terra. E por fim, apoiamos
a Igreja a tornar-se “independente, acima de todas as
outras criaturas abaixo do mundo celestial” (D&C 78:14).
Considero a lei do dízimo uma lei de proteção para o
meu lar e o mais importante princípio da administração
sábia dos recursos financeiros de nossa família.
Os membros da Igreja que compreendem o princípio
do dízimo sabem que não se trata primordialmente de
uma questão de dinheiro, mas sim de fé. Tenhamos fé
nas promessas do Senhor, que declarou: “Trazei todos
os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento
na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do
céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que
não haja lugar suficiente para a recolherdes” (Malaquias
3:10). ■
O Élder Jorge Luis del Castillo serviu como Setenta de
Área de 1997 a 2005.
VOZES DA IGREJA
Dellene Grasmick
D
urante onze anos, cuidei do
“sopão” servido por uma entidade que fornecia comida
para pobres e desabrigados, em
Provo, Utah. Incentivávamos nossos
usuários a ajudar-nos quando pudessem. Um homem, Mike (o nome foi
alterado), morava em seu carro havia
quatro anos. Ele sempre se oferecia
para ajudar, e fiquei muito grata por
tudo que fez por mim.
O Natal estava chegando, e quis
D
ei-lhe uma
das entradas para
que ele pudesse
ficar num lugar
aquecido e assistir
a um filme”, explicou Mike.
“
nunca a tinha visto antes, mas ela
me disse que era o aniversário dela
e que não tinha recebido nenhum
presente. Por isso, dei-lhe uma das
entradas”.
“Depois, havia um homem sentado a meu lado”, prosseguiu Mike.
“Começamos a conversar. Fiquei
sabendo que ele estava partindo da
cidade naquela noite, mas o ônibus só
sairia às onze da noite, e ele não tinha
onde ficar esperando, até aquela hora.
Dei-lhe uma das entradas para que ele
pudesse ficar num lugar aquecido e
assistir a um filme.”
Meus olhos se encheram de
lágrimas e minha voz ficou embargada, mal conseguindo dizer-lhe que
ele tinha feito uma coisa generosa e
semelhante ao que o próprio Cristo
teria feito. ■
ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS; BORDA: © PHOTOSPIN
Ele Se Desfez
do Presente
que Lhe Dei
expressar minha gratidão, por
isso dei-lhe um cartão de Natal com
uma mensagem de agradecimento
e um talão de entradas para um
cinema próximo, que cobrava preços populares. Mike ficou muito
tocado. Agradeceu-me muitas vezes
e disse que não conseguia lembrar
quando havia sido a última vez
que ganhara um presente de
alguém.
Isso aconteceu por volta do
meio-dia da véspera de Natal.
Depois do jantar daquela noite,
Mike procurou-me para desculparse por ter dado duas das entradas
para outras pessoas. Eu disse que
elas lhe pertenciam e que ele poderia fazer o que quisesse com elas.
Ele disse: “Havia uma senhora sentada à minha frente no jantar. Eu
Nosso Vizinho
Difícil
Diane Hubbard
Tamales de Natal
Hina Burcion
F
altavam dois meses para terminar minha missão na Costa
Rica, e eu estava servindo com
uma companheira americana, a Síster
Nguyen. Estávamos muito entusiasmadas com a comemoração do Natal
e preparamos saquinhos com doces e
biscoitos para entregar na véspera de
Natal a amigos e famílias da pequena
cidade onde morávamos.
Passei a maior parte da minha
missão em áreas muito pobres e me
sinto grata por isso. O Senhor me
abençoou permitindo que eu ensinasse pessoas que moravam em
casas humildes, que convivesse com
elas e aprendesse com a bondade,
humildade e o espírito de sacrifício
que elas demonstravam.
A última família que visitamos
para deixar alguns doces foi a família
Carmona, uma família grande que
era a mais pobre da ala. Todos da
família — os pais, os filhos, os genros
e noras e os netos — moravam numa
pequena cabana de madeira com
teto de zinco, sem eletricidade nem
qualquer outro conforto moderno.
Estavam preparando tamales tradicionais que eram servidos nos
dias de festa. Fizemos nossa entrega
e voltamos para nossa casa.
Bem cedo, na manhã de Natal,
ouvimos alguém bater em nossa
porta. Para minha surpresa, vi-me
face a face com Minor, o filho de 13
anos da família Carmona. Ele estava
segurando um pequeno pacote.
“Sísteres”, disse ele, “mamãe mandou entregar estes tamales para
vocês. Tenham um feliz Natal!”
Fiquei extremamente grata por
eles terem pensado em nós — não
tínhamos recebido nada de nossa
própria família e não estávamos esperando nada. E aquela família que provavelmente só tinha o suficiente para
eles mesmos ofereceu parte de seu
“banquete” de Natal para nós.
Mostrei o pacote à minha companheira e vi lágrimas correndo pelo
rosto dela. “Síster, o que houve?”
perguntei.
Ela respondeu com muita simplicidade: “Síster Burcion, é Natal!”
Sim, era Natal, e eles tinham
compartilhado o pouco que tinham
conosco, as missionárias, como teriam
compartilhado com Cristo. Foi o único
presente que recebemos naquele dia
de Natal, um presente que jamais
esquecerei. ■
M
eu marido e eu estávamos
morando num apartamento
do segundo andar com nossos filhos pequenos, um menino e
uma menina. Aguardávamos ansiosamente o Natal daquele ano para
comemorarmos juntos. Nosso
menino estava crescendo muito
depressa e, como toda criancinha
normal, era muito ativo. Costumava
correr pelo apartamento para divertirse. Gostávamos muito de suas travessuras, mas nosso vizinho de baixo
era muito impaciente. Ele costumava
tocar música bem alto para fazer
desaforo e subia até nosso apartamento para reclamar.
Era uma situação muito frustrante.
O que um menininho poderia fazer
o dia inteiro se não pudesse correr
livremente? Partia-me o coração
mantê-lo quieto quando estava tão
cheio de alegria e energia. Reunimonos com o síndico e nosso vizinho
para tentar resolver o conflito. Ao
conversarmos, percebi que nosso
vizinho adotava uma atitude muito
defensiva ao falar. Durante a conversa, as palavras do Salvador que se
encontram em Mateus 5:44 vieramme à mente: “Amai a vossos inimigos,
bendizei os que vos maldizem, fazei
bem aos que vos odeiam, e orai
pelos que vos maltratam e vos perseguem”. Eu não o considerava
necessariamente um inimigo, mas
sem dúvida não nos olhávamos.
A LIAHONA DEZEMBRO DE 2006 45
I
gnoramos a
música barulhenta e lhe
desejamos sinceramente um feliz
Natal.
Ele era militar, e a esposa ainda
não pudera reunir-se a ele, por isso
morava sozinho numa cidade estranha. Quando voltava do serviço para
casa, tinha que lidar com aquele
barulho no apartamento de cima.
Comecei a perceber como aquilo
devia ser difícil para ele, mas não
tinha uma solução justa. Comecei a
orar por ele e meu coração foi tocado
a ser um pouco mais compassivo.
Recebemos a visita dos pais de
meu marido, que passaram as festas
conosco naquele ano. Na véspera
de Natal, estávamos desfrutando a
companhia uns dos outros e o espírito especial daquela ocasião. Pouco
depois, ouvimos e sentimos a vibração de uma música muito alta que
vinha do apartamento de baixo.
Parecia que ele tinha ligado o volume
bem alto naquela ocasião, mas lembro
46
que senti pena dele, em vez de
impaciência. Pensando no versículo
de Mateus 5, fiz um prato de biscoitos caseiros de Natal para o nosso
vizinho.
Meu marido e eu descemos para
entregá-los. Quando o vizinho abriu a
porta, fez-nos uma careta e disse: “O
QUE FOI?” Era óbvio que estava esperando um confronto desagradável.
Em vez disso, ignoramos a música
barulhenta e lhe desejamos sinceramente um feliz Natal. Sorrimos para
ele e vimos que seu rosto ficou mais
calmo quando aceitou os biscoitos.
Sorriu para nós e agradeceu, desejando-nos também um feliz Natal.
Não demorou muito para que abaixasse a música.
Vimos o nosso vizinho fora do
apartamento poucos dias depois, e
ele nos agradeceu de novo pelos
biscoitos. Estava sorrindo para nós
de novo, e foi muito natural sorrirmos para ele também. Perguntamos
se ele tinha uma igreja para freqüentar, já que era novo na cidade. Ele
disse que ainda não tinha encontrado nenhuma, por isso nós o convidamos para ir à Igreja, e ele aceitou o
convite. Começou a receber os missionários e logo quis ser batizado. Ele
e nosso filho tiraram uma fotografia
juntos no dia do batismo dele.
Não me lembro de ter tido mais
problemas com a música barulhenta,
mas lembro-me das bênçãos especiais de seguir as escrituras em nossa
vida. Ainda sinto um calor no coração ao lembrar como um simples
prato de biscoitos de Natal rapidamente transformou um relacionamento desagradável em uma
amizade maravilhosa. ■
Meu Bolso
Estava Vazio
Jerry L. Zaugg
A
situação financeira de nossa
família estava muito difícil em
1979. Eu estava estudando na
Universidade Estadual do Colorado.
O pouco dinheiro que recebíamos da
bolsa de estudos e dos negócios de
minha mulher era depositado diretamente numa conta de poupança.
Depois, retirávamos uma quantia
racionada para as despesas semanais.
Quando se aproximava o Natal, demonos conta de que a festa daquele ano
seria muito frugal.
Numa noite de sexta-feira, decidi
levar nossos dois filhos mais velhos,
dos quatro que temos, para ver a animação do shopping center local. No
caminho, fiz nossa retirada de dinheiro
no banco, decidindo retirar já no início
do mês toda a quantia reservada para
dezembro a fim de cobrir as despesas
extras das festas. Peguei todo o
dinheiro em notas pequenas.
Embora não tivesse nevado, fazia
muito frio e soprava um vento gelado.
Ao chegarmos ao estacionamento
lotado do shopping, tirei rapidamente
os meninos da perua, ansioso para
que entrássemos logo no edifício
bem iluminado e aquecido.
Por bem mais de uma hora, andamos de loja em loja, desfrutando as
coisas bonitas e o aroma agradável.
Por fim, decidimos premiar nosso passeio com um pouco de sorvete. Foi
um choque, porém, quando descobri
que o bolso da minha camisa estava
vazio, sem o dinheiro que eu havia
colocado ali.
Esforcei-me para não entrar em
pânico, enquanto voltávamos rapidamente pelos lugares em que havíamos passado. Mas a cada resposta
negativa que ouvíamos ao perguntar
ansiosamente se alguém havia encontrado algum dinheiro, nosso sentimento de perda ia aumentando.
Depois de uma última parada infrutífera no balcão da segurança, voltamos
tristemente para casa.
Demos as más notícias para minha
esposa, que ficou muito preocupada.
Como iríamos comprar comida, pagar
o aluguel e as contas e cobrir as outras
despesas do mês, sem falar das despesas extras para o Natal? As crianças
começaram a chorar baixinho e a
cochichar entre si. Tristemente reunimos a família em oração para pedir
orientação. Então, enquanto estávamos discutindo todos os meios possíveis, mas improváveis, de compensar
a perda, o telefone tocou.
Era o segurança do shopping.
“Foram vocês que relataram recentemente uma perda de dinheiro?” perguntou ele.
“Sim, fomos nós”,
respondi.
“Quanto foi
que vocês perderam e qual era o
valor das notas?”
Depois de darlhe a informação,
ele perguntou se
poderíamos voltar ao shopping.
Com ansiedade contida,
fizemos o
percurso de volta ao shopping. O
segurança nos disse que várias pessoas
tinham devolvido várias notas pequenas que encontraram espalhadas pelo
vento no estacionamento. A contagem
revelou a quantia exata que tínhamos
perdido. Não havia ninguém para agradecer, porque aquelas pessoas honestas não deixaram o nome. O segurança
sorriu e desejou-nos um feliz Natal,
ao entregar-nos o pequeno maço de
notas. Com grande alívio e profundamente gratos, voltamos para casa.
Ajoelhamo-nos em família e elevamos nossa gratidão pelas bênçãos
recebidas. O Natal tinha sido salvo para
nossa pequena família, e uma lição
eterna foi aprendida. Aquelas pessoas
honestas foram um maravilhoso exemplo para nós. Que melhor maneira de
agradecer a nosso Pai Celestial pelo
nascimento de Seu Filho do
que vivendo o verdadeiro espírito
do Natal? ■
COMENTÁRIOS
Fui batizado com minha mulher e
três filhos no dia 27 de setembro de
1980. Quando nos tornamos parte do
Distrito Paniqui Filipinas, fui chamado
para servir no sumo conselho do distrito. Como parte de meu chamado,
visitava sete ramos. Em cada ramo,
notei que poucos membros tinham
um exemplar das escrituras em tagalo.
Comecei a dar-lhes a Liahona em
tagalo como presente de Natal.
Até hoje, ainda dou exemplares da
Liahona como presente de Natal.
Pablo M. Butolan, Filipinas
O Evangelho em Diferentes Culturas
Todos os meses espero ansiosamente pela chegada da revista
Liahona. Ela é realmente uma luz
em minha vida. Gosto muito quando
vocês publicam artigos sobre como o
evangelho vai para lugares distantes e
muda a vida das pessoas. Mesmo em
culturas diferentes, as pessoas são
capazes de aceitar o evangelho e vivêlo. Para mim essa é uma confirmação
de que este é o evangelho de Jesus
Cristo.
Siria Maria Cordero, República
Dominicana
Fortalece Meu Testemunho
Sinto-me muito grata a meu Pai
Celestial pela grande bênção de ter
a revista Liahona todos os meses.
Gosto imensamente de lê-la. O conselho das Autoridades Gerais e as
experiências de membros do mundo
inteiro são uma grande ajuda para
mim ao tomar decisões em minha
vida diária. Ela também fortalece
meu testemunho de Jesus Cristo.
Adoro a Liahona.
Cinthya Morales Hidalgo, Equador
48
Ela Ama os Cartões dos Templos
Quando fui batizada, há três anos,
aprendi a respeito do templo e passei
a amá-lo. Desde o início, minha filha
Jessica, que tinha apenas quatro anos
na época, adorava viajar para ver o
templo. Jessica adora as histórias
da Liahona e ama os cartões dos
templos, que ela coleciona. Graças
à minha filha, pude fortalecer meu
testemunho da casa do Senhor.
Petra Longerich, Alemanha
Agradecimentos
Agradeço por seu tempo e esforços. Adoro a Liahona. Gosto imensamente de lê-la. As mensagens e
ilustrações são alimento para a alma.
O evangelho é tudo para mim, minha
maior alegria. Amo esta Igreja. Sei
de todo o coração que ela é verdadeira. Oro por todos vocês e
agradeço a todos.
Christian Yosemith Suarez Rodriguez,
México
Como líder da Igreja, você teve uma
boa experiência usando A Liahona para
aconselhar ou ajudar um membro novo
ou menos ativo? Convidamos você a
enviar-nos relatos pessoais de como
você ou outras pessoas usaram
A Liahona para ajudar outros.
Envie seus artigos (com 500 palavras ou menos) até 15 de janeiro de
2007, para [email protected]
ou para:
Liahona, Using the Liahona
50 E. North Temple St., Rm. 2420
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
Escreva seu nome, endereço, telefone, e-mail, ala e estaca (ou ramo e
distrito).
Embora não possamos notificar o
recebimento de respostas individuais,
os autores dos artigos escolhidos para
publicação serão notificados.
FOTOGRAFIA: STEVE BUNDERSON, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
SOLICITAÇÃO
DE ARTIGOS
Presentes de Natal
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S T O D O S S A N T O S D O S Ú LT I M O S D I A S • D E Z E M B R O D E 2 0 0 6
OAmigo
Mensagem de Natal da Primeira Presidência
para as Crianças do Mundo
Luz
de Natal
N
a Terra Santa, uma estrela apareceu no céu
quando o Salvador nasceu. No Novo Mundo,
houve luz por um dia, uma noite e um dia, para
anunciar Sua vinda à Terra como um bebê recém-nascido.
Sua vida continuou em luz, sendo Ele o perfeito exemplo
de obediência, bondade e amor.
Ao estudar a vida e os ensinamentos do Salvador,
cantar hinos de alegria para honrá-Lo, guardar Seus mandamentos, honrar nossos pais e amar e servir uns aos
outros, manteremos essa luz sempre acesa e brilhando,
tanto nesta época de Natal quanto durante todo o ano
que vai chegar. ●
A2
O AMIGO DEZEMBRO DE 2006
A3
ILUSTRAÇÃO DE BELÉM © NOVA DEVELOPMENT; ILUSTRAÇÃO DE PASTORES: ERIC P. JOHNSEN
Lucas 2:7
Nota: Se não quiser remover páginas da
revista, essa atividade pode ser copiada ou
impressa, a partir do site www.lds.org. Para
inglês, clique em “Gospel Library”. Para outras
línguas, clique no mapa-múndi.
1 Néfi 11:13–21
Isaías 7:14
Lucas 1:39–45
Lucas 2:1–6
Lucas 2:8–20
Mateus 2:1–12
Mateus 2:13–15, 19–23
Mateus 24:30, 36
TEMPO DE
COMPARTILHAR
Ele Enviou Seu Filho
“E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui
vos trago novas de grande alegria, que será
para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos
nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o
Senhor” (Lucas 2:10–11).
ELIZABETH RICKS
Neste ano, aprendemos a respeito de
promessas. Uma promessa é o compromisso de que faremos ou de que não
faremos algo.
Ao lermos as escrituras, vemos que o Pai e o Filho
sempre cumprem Suas promessas. Uma das maiores promessas que o Pai Celestial fez foi a de enviar Seu Filho à
Terra. No Grande Conselho do Céu, o Pai Celestial prometeu-nos enviar um Salvador. O Salvador expiaria nossos pecados, para que pudéssemos viver novamente com
o Pai Celestial.
Como o Pai Celestial enviou Seu Filho à Terra? Ele O
enviou como um bebê recém-nascido. Permitiu que
Jesus aprendesse e crescesse, da mesma forma que
aprendemos e crescemos. Por nos amar tanto, o Pai
Celestial permitiu que Seu Filho morresse por nós. Mas,
depois, Jesus ressuscitou, tornando possível a nossa
ressurreição também.
Que promessa maravilhosa para a Terra foi Jesus
Cristo! O Pai Celestial prometeu enviá-Lo. O Pai Celestial
cumpriu Sua promessa.
O que o Pai Celestial espera de nós? O hino da
Primária “Ele Mandou Seu Filho” nos lembra:
ILUSTRAÇÕES: PAUL MANN; O PROFETA ISAÍAS PREDIZ O NASCIMENTO DE CRISTO E A SEGUNDA VINDA, DE HARRY ANDERSON;
O NASCIMENTO DE CRISTO, DE ROBERT T. BARRETT; ANUNCIAÇÃO AOS PASTORES, DE DEL PARSON
§
O que nos pede então o Pai nas santas escrituras?
Viver tal como o Filho Seu com fé e vida pura.
Devemos, pois, seguir Jesus.
(Músicas para Crianças, pp. 20–21)
Se vivermos como Jesus viveu, nós nos qualificaremos
para receber as promessas que o Pai Celestial nos fez.
Jogo do Antes-ou-Depois
Cole a página A4 em cartolina e recorte os cartões.
Coloque o cartão redondo Natividade em uma superfície
plana. Leia as escrituras da lista. Revezem-se
escolhendo cartões e lendo as escrituras. Se a
escritura se referir a um evento que aconteceu
ou a uma profecia que foi dada antes de Jesus
nascer, coloque-a antes da gravura de Maria,
José e Jesus. Se a escritura se referir a um
evento ou profecia que aconteceu depois do
nascimento de Jesus, coloque o cartão depois
da gravura de Maria, José e Jesus.
Idéias para o Tempo de Compartilhar
1. Com uma semana de antecedência, convide um
membro do bispado ou da presidência do ramo a estar na
Primária e diga às crianças que ele irá visitá-las. Quando
as crianças entrarem na sala, lembre-as de que receberão
um convidado. Cante um hino de Natal enquanto esperam.
Olhe para ver se o convidado está chegando. Diga às
crianças que o Pai Celestial prometeu enviar um Salvador
ao mundo. As pessoas esperaram por muito, muito tempo,
pelo Salvador. Não sabiam exatamente quando o Salvador
viria. Continue a cantar até que o convidado chegue.
Peça-lhe que traga um conjunto de escrituras embrulhado
como presente. Convide uma criança a abrir o presente e
ler João 3:16. Peça ao convidado que conte a história de
como o Pai Celestial concedeu a dádiva de Seu Filho ao
mundo. Peça à pianista que toque suavemente enquanto
o convidado lê Lucas 2:1–20. Explique às crianças que o
convidado prometeu visitá-las e cumpriu sua promessa.
O Pai Celestial prometeu enviar Seu Filho; o Pai Celestial
cumpriu Sua promessa.
2. Lembre às crianças que, durante o ano inteiro,
falamos sobre as promessas do Pai Celestial e Jesus Cristo.
Peça às crianças que marquem 2 Néfi 10:17. Explique-lhes
que nós também podemos fazer promessas. Precisamos
prometer que seguiremos Jesus Cristo. Peça às crianças que
se lembrem de algumas coisas que Jesus fez e que elas
também podem fazer. Faça uma lista dessas idéias no
quadro-negro. Separe as crianças em grupos. Dê um
tempo para que os grupos ilustrem uma das idéias do
quadro-negro. ●
O AMIGO DEZEMBRO DE 2006
A5
DA VIDA DO PRESIDENTE WILFORD WOODRUFF
Um Trabalhador Incansável
Wilford Woodruff gostava muito
de trabalhar com as mãos.
Quando era menino, aprendeu
com seu pai e com o avô o valor
do trabalho árduo.
Quando adulto, freqüentemente
era visto arando suas terras.
Em 1855, Wilford possuía uma fazenda no
Vale do Lago Salgado. Depois de colher trigo,
batatas e milho, criou uma organização para
incentivar maior variedade nas plantações
locais.
Solenemente dou início à primeira reunião da Sociedade de
Horticultura, que visa promover a produção de frutas em nosso território.
Ao longo dos anos, ganhou muitos prêmios por seus projetos agrícolas.
— O prêmio para melhor
produção geral vai para
Wilford Woodruff.
— Obrigado! Trabalhei
muito para colher essas verduras
e legumes.
A6
ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI
Alguns de seus prêmios foram
pela fazenda mais bem cercada
e mais bem cultivada, pela
melhor plantação de canade-açúcar, pela melhor abóbora, pelas melhores beterrabas, maçãs e uvas e pelos
melhores feijões e melões.
Wilford não permitiu que a idade
avançada o impedisse de trabalhar.
Uma de suas atividades favoritas
era cuidar da horta com os filhos
e netos.
Certo dia, Wilford ficou incomodado porque um de seus
netos terminou de capinar um canteiro de legumes um
pouco antes dele — embora já estivesse com 90 anos!
— Vovô, terminei
tudo.
— Vovô, posso
ajudar?
— Estou ficando velho. É
a primeira vez na vida que
um de meus netos consegue
me vencer na enxada.
— É claro.
Pegue aquela enxada
ali e me ajude a acabar
com essas ervas
daninhas.
Depois que morreu, muitas pessoas se
lembravam de Wilford Woodruff como um
homem muito trabalhador, tanto na sua
horta quanto para o Senhor.
O Presidente
Woodruff adorava trabalhar arduamente.
Era tão dedicado no uso
da foice quanto no do hinário,
ou no do púlpito.
Todo trabalho honroso
era obra de Deus, fosse
cavando uma vala, pregando
um sermão ou escrevendo
uma história.
Adaptado de Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff, 2004, pp. 225,
227; Susan Arrington Madsen, The Lord Needed a Prophet, 1990, p. 68; Emerson Roy West,
Profiles of the Presidents, 1974, pp. 134–135; e Preston Nibley, The Presidents of the
Church, 1974, p. 123.
O AMIGO DEZEMBRO DE 2006
A7
A História
do Natal
em Uma
Semana
4. Lucas 2:8–12
“The Shepherd’s Carol” [A Canção dos Pastores]
(Children’s Songbook, 40; ou na seção infantil
de dezembro de 1993, p. 8)
Lucas 2:13–14
“Lá Na Judéia, Onde Cristo Nasceu”
(Hinos, n.o 123)
E
m família, use
esta atividade para
relembrar entre
vocês a maravilhosa história
do nascimento do Salvador.
Comece em 18 de dezembro. (1) Procure o número 1
(a estrela) no presépio.
(2) Cante o hino indicado.
(3) Na página A16, procure
o item assinalado com o
número 1, recorte-o e cole
no presépio, no contorno
que tiver o mesmo formato.
Repita nas cinco noites
seguintes. Leia a escritura
indicada, cante o hino e
depois cole o recorte no
presépio.
Na véspera do Natal, leia
as duas escrituras indicadas
no número 7 e depois convide os membros da família
a prestarem testemunho de
Jesus Cristo. Cante o último
hino indicado.
Essa atividade pode
ser toda realizada em uma
única noite, se preferir. Você
também pode cantar seus
hinos de Natal favoritos em
vez dos hinos sugeridos.
ILUSTRAÇÕES: DILLEEN MARSH
A8
3. Lucas 2:6–7
“Jesus num Presépio” (Músicas para
Crianças, pp. 26–27; ou Hinos, nº 127)
1. “Dorme, Menino”
(Músicas para Crianças,
pp. 30–31)
2. Lucas 2:1, 3–5
“Pequena Vila de Belém” (Hinos, nº 129)
6. Mateus 2:1–2, 11
5. Lucas 2:15–16
“No Dia de Natal”
“Noite Feliz” (Hinos, n.o 126)
(Hinos, n.o 131)
Lucas 2:17–19
“Canção de Ninar de Maria”
(Músicas para Crianças,
pp. 28–29; ou A Liahona,
dezembro de 1995, A4–A5)
7. Isaías profetizou, dizendo: “Porque um menino
nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado
está sobre os seus ombros, e se chamará o seu
nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai
da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6).
Séculos depois, o Profeta Joseph Smith e Sidney
Rigdon também prestaram seus testemunhos:
“E agora, depois dos muitos testemunhos que
se prestaram dele, este é o testemunho, último
de todos, que nós damos dele: Que ele vive!
Porque o vimos, sim, à direita de Deus; e ouvimos
a voz testificando que ele é o Unigênito do Pai—
Que por ele e por meio dele e dele os mundos são
e foram criados; e seus habitantes são filhos e filhas
gerados para Deus” (D&C 76:22–24).
“Mundo Feliz, Nasceu Jesus” (Hinos, n.o 121)
O AMIGO DEZEMBRO DE 2006
A9
Lugar PARATrês
“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal” (Romanos 12:10).
S TA C I E A . H E A P S
B
rent correu escada abaixo seguido
de perto da irmãzinha, Lindsey.
“Mãe!” gritou Brent. “Lindsey
não nos deixa em paz!”
Clint, o melhor amigo de
Brent, tinha ido brincar na
casa dele. Os meninos estavam brincando com o caminhão de bombeiro de Brent
e apagando incêndios nos
arranha-céus que tinham
construído com bloquinhos.
“Lindsey sempre quer fazer o
que estamos fazendo”, disse
Brent. “Por que ela não nos
deixa em paz?”
“Brent, por favor, seja bonzinho com sua irmã. Ela só quer passar um tempo com você”, disse a mãe.
“Mas, mãe, ela sempre quer ficar me seguindo. Será
que ela não pode fazer outra coisa, para variar?”
“Que tal se pintássemos juntas, Lindsey?” convidou
a mãe. Lindsey fez que sim com a cabeça.
“Obrigado, mãe”, disse Brent, subindo a escada
correndo.
“Não esqueça, Brent”, chamou a mãe. “Você e Clint
têm ensaio para o programa de Natal em menos de
uma hora.”
“Está bem, mãe”, respondeu Brent.
“Mamãe, por que o Brent não gosta de mim?” perguntou Lindsey, com lágrimas nos olhos.
“Ele gosta de você, sim”, disse a mãe. “Mas às vezes ele
quer ficar só com os amigos dele. Brent ama muito você,
A10
mesmo que nem sempre demonstre isso.”
Pouco depois, a mãe levou Brent
e Clint à Igreja para o ensaio do
programa de Natal. Brent estava
muito entusiasmado. Ele faria
o papel de José naquele ano.
Anteriormente, sempre tinha
sido uma ovelha, ou um pastor, ou um dos magos. Foi
bom, mas aquele ano seria
o melhor de todos.
“Vamos ensaiar a cena das
estalagens”, disse o irmão Mitchell.
“José e Maria, tomem seus lugares.
Estalajadeiros, está na hora.”
As crianças da Primária correram
para seus lugares no palco, enquanto
José e Maria se aproximavam da primeira
estalagem.
“Por favor, você tem um lugar para passarmos a noite?”
perguntou Brent. “Minha mulher vai ter um bebê em
pouco tempo e precisa de um lugar para descansar.”
“Sinto muito. Não há vagas”, disse o estalajadeiro.
“Venha, Maria. Vamos tentar em outro lugar”, disse
Brent. Caminharam até a próxima estalagem. “Olá,
senhor. Viemos de muito longe, e minha mulher vai ter
um bebê em pouco tempo. Você tem um lugar em que
possamos ficar?”
“Não. Estamos lotados. Não há vagas.”
Brent foi até o próximo estalajadeiro e bateu na
porta, depois no seguinte, e no outro... A resposta era
sempre a mesma:
“Não há vagas.”
FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A UTILIZAÇÃO DE MODELOS
Inspirado numa história verídica
“Não temos lugar.”
“Não temos lugar.”
“Sinto muito, Maria”, disse Brent. “Vamos tentar
nesse último lugar.” Virou-se e bateu na porta. “Senhor,
por favor, viemos de muito longe, não temos para
onde ir, e minha mulher vai ter um bebê daqui a pouco
tempo. Fomos a todas as estalagens da cidade. O senhor
não teria um lugar onde pudéssemos ficar?”
“Sinto muito. Estamos lotados.”
José e Maria viraram-se lentamente, com tristeza
no olhar. “Sinto muito, Maria”, começou a dizer Brent.
“Não sei o que—”
“Esperem! Esperem um pouquinho”, chamou o estalajadeiro. “Talvez eu tenha um lugar, afinal de contas.
Venham comigo.” O estalajadeiro levouos até o estábulo onde havia vacas,
ovelhas e outros animais. “Não é
muito, mas vocês podem ficar
aqui, se quiserem.”
“É maravilhoso”, disse
Brent, com gratidão.
“Muitíssimo obrigado.”
****
Poucos dias depois, Clint e Brent estavam brincando
de novo na casa dele. Brincavam com uma grande caixa,
fingindo que era um forte que os protegia de invasores.
Mas Lindsey ficou a importuná-los, perguntando se
podia entrar também.
“Lindsey, por que você não vai fazer outra coisa?
Não vê que não temos lugar para... ” Brent parou no
meio da frase. Pensou nas palavras que tinha ouvido
poucos dias antes: “Não temos
lugar, não temos lugar, não
temos lugar”. Pensou
em José, Maria e no
bebê Jesus, que significava tanto para
todos eles. Depois,
olhou para a irmãzinha.
“Pensando melhor,
Lindsey, é claro que tem
lugar para você. Sempre
há lugar para três.” ●
“Tende bom ânimo, filhinhos” (D&C 61:36).
Isso Os Deixa
Felizes
PAT R I C I A R . J O N E S
O
Profeta Joseph Smith gostava muito de brincar
com as crianças e jovens. Isso não era surpresa
para os que o conheciam; ele sempre demonstrava seu amor pelas crianças. Certa vez, ajudou duas
crianças a saírem de uma poça de lama onde estavam
atoladas. Brincava com bebezinhos e os amava. Quando
o Profeta brincava com as crianças, tornava
os jogos divertidos, tanto para os participantes quanto para os que assistiam.
Certo dia, Joseph jogou bola com
alguns jovens rapazes de Nauvoo.
Hyrum, o irmão mais velho do Profeta o
viu. Hyrum tinha grande amor pelo irmão
e não gostava que as pessoas tivessem
algum motivo para criticá-lo. Hyrum
temia que, se as pessoas vissem
Joseph se divertindo com os
rapazes, talvez achassem que
aquilo não era algo que um profeta devesse fazer.
Depois do jogo de bola, Hyrum foi falar com Joseph
e disse que aquele comportamento era inadequado para
um profeta do Senhor. Falou com amor, querendo orientar o irmão.
O Profeta olhou para Hyrum com amor. Joseph sabia
que Hyrum estava preocupado com ele, e sempre confiava e dava ouvidos aos conselhos de seu irmão mais
velho. Mas daquela vez Joseph simplesmente respondeu, com brandura. “Irmão Hyrum, não sou de forma
alguma prejudicado por juntar-me aos rapazes num
esporte inofensivo como este, isso os deixa felizes e
faz com que se tornem mais achegados a mim; e quem
sabe se entre esses rapazes não estarão alguns que
venham a dar a vida por mim!”1
O Profeta Joseph estava certo. Quando a perseguição
começou novamente, dois jovens de Nauvoo arriscaram a
vida para descobrir quem eram os inimigos do Profeta e o
que estavam tramando contra ele. Os rapazes mostraram
o quanto amavam o Profeta, arriscando sua própria segurança para garantir a dele. Joseph Smith amava profundamente as crianças, e elas também amavam o Profeta. ●
NOTA
“Aqueles que conheciam melhor Joseph
(...) amavam o profeta e o apoiavam
como tal”.
Élder Dallin H. Oaks, do Quórum dos
Doze Apóstolos, “Joseph, the Man and
the Prophet”, Ensign, maio de 1996,
p. 73.
A12
ILUSTRAÇÃO: MICHAEL T. MALM
1. Lorenzo Snow, “Reminiscences of the Prophet Joseph Smith”, Deseret
Semi-Weekly News, 23 de dezembro de 1899, p. 1.
DE UM AMIGO
PARA OUTRO
“Lembra-te também das promessas que te foram feitas” (D&C 3:5).
Lembrar as
Promessas
É L D E R J AY E . J E N S E N
Dos Setenta
Q
As escrituras me
ensinaram a lembrar as grandes
promessas que
me foram feitas.
A14
uando eu servia como presidente
de missão na Colômbia, saí certa
manhã de quinta-feira para ir de
avião para uma cidade de nossa missão.
Passei o dia fazendo entrevistas e, ao falar
com os missionários, comecei a ficar
preocupado.
Depois da conferência de zona com os missionários, dirigi uma
conferência de distrito
com os líderes e membros da Igreja, no
sábado e no domingo.
Havia desafios naquela
área: baixa freqüência
na Igreja, pouca preparação e outras preocupações. As experiências
que tive naqueles quatro dias me deixaram
deprimido.
No vôo de volta, aproveitei o tempo
para ler, ponderar e orar. Peguei as escrituras, folheei as páginas, lendo aqui e ali.
Logo, encontrei alguns versículos da seção
3 de Doutrina e Convênios que nunca
mais seriam os mesmos para mim: “As
obras e os desígnios e os propósitos de
Deus não podem ser frustrados nem
podem se dissipar” (versículo 1).
Pensei nessas palavras. Dei-me conta
de que em minha viagem eu tinha tirado
a conclusão errônea de que os propósitos,
desígnios e obras de Deus estavam sendo
“frustrados” naquela
cidade.
Continuei a ler: “Porque
Deus não anda por veredas tortuosas” (versículo
2). Alguns missionários e
Com 10 anos (à direita),
com seus irmãos Marvin
(à esquerda) e Richard
(ao centro).
Aos 12 anos.
Aos 19.
FOTOGRAFIAS: CORTESIA DA FAMÍLIA JENSEN; ILUSTRAÇÃO: ROBERT A. MCKAY; FUNDO: © PHOTOSPIN
membros pareciam estar andando por veredas tortuosas.
No versículo 5 achei um tesouro — um dos conceitos
mais maravilhosos que já encontrei nas escrituras: “Eis
que essas coisas te foram confiadas”.
Parei para refletir nas coisas que me haviam sido
confiadas: minha mulher e seis filhos, 100 missionários,
6.000 membros, de 13 a 14 milhões de não-membros,
uma missão, distritos, ramos, orçamentos, edifícios, e
assim por diante.
Então, li a frase: “Lembra-te também das promessas”
(versículo 5). Que poder, que visão, que consolo, que
profundidade de sentimento e significado! Nunca uma
frase das escrituras tinha me tocado tanto quanto
aquela, naquele dia.
Dei-me conta de que por quatro dias não tinha
pensado em nada a não ser nos problemas. Nem
sequer uma vez tinha parado para lembrar as grandes
promessas que me foram feitas. Perguntei a mim
mesmo: “Quais promessas?” As primeiras que me vieram à mente foram as que estavam em minha bênção
patriarcal. Tinha ela comigo no avião e a li de novo.
Puxa, que promessas! Então, ponderei as promessas especiais que me foram feitas quando fui
designado para servir como presidente de missão. Pensei nas promessas do templo e nas
promessas das escrituras. Foi como se meu
espírito flutuasse! Senti-me inspirado!
Ao relembrar aquele vôo para casa, deime conta de que tinha sido ensinado
do alto. Desde aquele dia, minha vida
tem sido diferente, tudo por causa
daquela simples frase: “Lembra-te
também das promessas”. ●
O Élder e a Síster Jensen
(ao centro), com seus
filhos e netos.
2.
5.
1.
6.
Para a atividade e instruções,
ver páginas A8 e A9.
4.
ILUSTRAÇÕES: DILLEEN MARSH
3.
A16
REPRODUÇÃO PROIBIDA
Determinação, de Julie Rogers
Em 23 de outubro de 1856, durante uma forte nevasca, James Kirkwood, 11 anos
de idade, carregou o irmão menor, Joseph, de 4 anos, por um aclive de mais de
8 quilômetros, conhecido como Rocky Ridge, no Wyoming. Quinze membros da
companhia Willie de carrinhos de mão morreram naquela noite, inclusive James.
Este quadro figura entre as obras de arte do Seventh International Art Competition
[Sétimo Concurso Internacional de Arte].
D
ezembro de 2006 marca a celebração anual do
nascimento do Salvador, o 201º aniversário do
nascimento do Profeta Joseph Smith, e também
um ano desde que muitos membros da Igreja aceitaram
o desafio do profeta e terminaram de ler ou releram o Livro
de Mórmon. Esses membros testificam que a promessa de
um profeta foi cumprida, e que efetivamente receberam em
sua vida e em sua casa “mais do Espírito do Senhor, uma
determinação mais firme de obedecer a Seus mandamentos
e um testemunho mais forte da realidade viva do Filho de
Deus”. Ver “Aceitar o Desafio”, p. 34.