Estudo de Casos - Confederação do Comércio e Serviços de Portugal
Transcrição
Estudo de Casos - Confederação do Comércio e Serviços de Portugal
ESTUDO DE CASOS No Comércio e Serviços UNIÃO EUROPEIA Fundo Social Europeu Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social Confederação do Comércio e Serviços de Portugal FICHA TÉCNICA Autor Confederação do Comércio e Serviços de Portugal- CCP Título Estudo de Casos no Comércio e Serviços Coordenação José António Cortez (CCP) Equipa Técnica Rita Siborro (CCP) Ana Luísa Pinho (formadora contratada) Fotografia Ana Luísa Pinho Nos casos “Quente e Bom”, “Flor” e “City Spa” as fotografias foram disponibilizadas pela própria empresa. Local e data da produção Lisboa, Julho de 2007 Estudo de Casos Pág. 2 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal ÍNDICE 04 Introdução 06 CASO 1- Garfos e Letras 14 CASO 2- A Vida Portuguesa 22 CASO 3- Ó Chá 30 CASO 4- Art Clinic 37 CASO 5- Bead Club 44 CASO 6- City Spa 53 CASO 7- Quente e Bom 59 CASO 8- Ericeira Surf Shop 66 CASO 9- Loja do velho 72 CASO 10- Santos da Casa 79 CASO 11- Flor 86 CASO 12- D.O.P Delícias de Origem Portuguesa 93 Guia de Exploração Estudo de Casos Pág. 3 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal INTRODUÇÃO A elaboração do presente recurso didáctico cumpre um duplo propósito. Por um lado pretende ser uma ferramenta formativa inovadora e adaptada a um sector onde impera a escassez de materiais didácticos adequados. Por outro lado, procura dar a conhecer empresas portuguesas do sector, divulgando práticas nacionais com uma filosofia de empreendedorismo e inovação e demonstrar o “pequeno negócio” não é sinónimo de conformismo ou de ausência de dimensão competitiva. Pelo contrário, é neste segmento que emergem os casos de maior conteúdo criativo e que procuram antecipar as tendências de futuro e projectar metas de valor acrescentado a ser percepcionado pelo consumidor. Desta forma, disponibiliza-se a quem necessita de ensinamentos as palavras e os exemplos de quem já viveu a experiência da criação e consolidação de um negócio num mercado cada vez mais exigente e competitivo. A nível pedagógico também se procura que este recurso seja facilitador de aprendizagens promovendo a reflexão e análise de casos concretos sobre o ponto de vista de conceitos teóricos. Objectivos O presente recurso didáctico tem como principais objectivos: • Conceber e desenvolver uma ferramenta de formação facilitadora da aprendizagem e adaptada ao sector do comércio; • Dotar os formandos de conhecimentos acerca de casos empresariais no sector do comércio facilitando a consolidação das competências a serem transmitidas recorrendo a experiências concretas do sector exemplificativas de conceitos teóricos. • Dotar os formandos de conhecimentos acerca dos factores diferenciadores dos negócios: imagem, conceito, marca; • Dotar os formandos de conhecimentos que permitam a inovação no seu negócio sensibilizando-os para a importância da definição de conceitos inovadores que permitam uma diferenciação competitiva do negócio face ao mercado; • Demonstrar aos formandos que existe dinamismo e empreededorismo no sector do comércio, e projectar essa imagem de dinamismo na acção dos novos empresários. Estudo de Casos Pág. 4 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Público-Alvo Este recurso didáctico tem como destinatários finais empresários e todos aqueles que pretendam criar um novo negócio no sector do comércio ou dos serviços. Dirige-se em particular a todos os formandos das acções de formação promovidas pela CCP na área do empreendedorismo e na “Formação para novos empresários do Comércio”. Opções metodológicas 1- O critério de selecção não assentou no sucesso comprovado ou numa história já consolidada, mas esteve, acima de tudo, centrado no factor inovação diferenciadora. O que unifica os casos que fazem parte desta publicação é serem projectos de empreendedores portadores de novos conceitos comerciais e que fazem destes o seu principal elemento competitivo. Daí que o perfil das 12 empresas tenham como pontos comuns: • Serem empresas relativamente recentes no mercado, embora algumas delas possam já ter entrado numa fase de crescimento e de comprovada sustentabilidade do negócio (com várias lojas próprias ou franchisadas); • Serem empresas criadas de raiz por indivíduos com um espírito e uma cultura de empreendedorismo, explorando novos conceitos e produtos inovadores; • Serem empresas nacionais do comércio ou de serviços ao consumidor final e não estarem integradas em grupos ou redes pré-existentes. 2- Os textos apresentados foram elaborados com base em visitas às empresas e em entrevistas aos seus responsáveis realizadas de forma a que fossem abordados temas de relevância empresarial, e úteis para quem pretende dar início a um negócio, tais como: • Estratégia empresarial; • Conceito; • Marketing e Comunicação, • Formas de Gestão; 3- Pretende-se que este recurso seja uma ferramenta que auxilie preferencialmente a componente prática da formação sob a forma de análise de estudos de casos. Prevê-se que após a transmissão dos conteúdos programáticos a nível teórico se proceda à exploração deste recurso mediante o estudo e análise dos diferentes casos Estudo de Casos Pág. 5 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 1 Identificação da Empresa Nome: Garfos e Letras Sector de Actividade: Livraria temática de gastronomia Morada: Rua Cândido dos Reis, 18, 4050-151 Porto Tel: 222 037 571/2 Site: www.garfoseletras.com e www.marinadas.net E-mail: [email protected] Factores Diferenciadores • Localização no centro histórico • Cursos de cozinha muito abrangentes e exclusivos • Exclusividade e qualidade dos produtos • Parceria com o site www.marinadas.net A Empresa Em plena época de Natal, corria o ano de 2002, Mário Rodrigues, lisboeta de gema, lançase na abertura da Garfos & Letras, um espaço amplo no centro da Cidade Invicta, onde as paredes de pedra contrastam com a mezzanine metálica instalada por cima de um espaço de gastronomia e degustação. Em baixo, livros, produtos gourmet, vinhos, acessórios e louças; em cima, arte e exposições. A localização não podia ser melhor: na zona do Porto que mais monumentos tem por metro quadrado, a Garfos & Letras é vizinha da Torre dos Clérigos. Juridicamente, a empresa assumiu a forma de uma sociedade por quotas. Nas palavras do proprietário, a Garfos & Letras “não é só uma loja de produtos “gourmet”, não é só uma livraria (…), mas isto é aquilo que se pode denominar como um espaço cultural e gastronómico”. Loja única, conta com dois funcionários efectivos, os sócios Mário Rodrigues e Albertina Valente mas, a lista de colaboradores na área da formação é extensa e variável. Estudo de Casos Pág. 6 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Entre Porto e Lisboa, pois na capital mantêm uma parceria com a Fundação Casa de Macau, contam-se cerca de quinze pessoas fixas que abordam desde a cozinha do Irão à da América Latina, numa vertente muito prática de utilização do espaço apenas se houver público suficiente, equilibrando a relação custo/benefício para a empresa. A História A ideia de associar a gastronomia aos livros nasceu no canal de Gastronomia do Portal Sapo na Internet, por si desenvolvido. Mário Rodrigues, impulsionador do espaço, pretendia algo mais palpável, fora do mundo virtual dos cibernautas. Da sociedade inicial com mais elementos, surgiram algumas divergências quanto ao conceito e Mário acabou por ficar com a loja. “Nós através da mesa ou através da cozinha, conseguimos percorrer uma série de países, porque esta associação entre a gastronomia e a cultura, é uma associação inevitável, não é? Há uma frase que diz Diz-me o que comes e dir-te-ei quem Estudo de Casos és. Mas, indiscutivelmente, é uma Pág. 7 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal associação real que existe, porque a cozinha de cada país tem a ver com a cultura que existe nesse país e, portanto, nós conseguimos através da mesa, viajar pelo mundo fora, associando as duas coisas”. Diz-me o que comes e dir-te-ei por onde andaste... É o lema dos cursos promovidos pela Garfos & Letras. Aqui não há lugar para “chefs”, são pessoas que têm desenvolvido um trabalho cultural e gastronómico e cozinham optimamente. O círculo tem desenvolvido um trabalho cultural e gastronómico que se reflecte nas acções de formação, o que explica o grande sucesso dos cursos de cozinha. Já Albertina Valente trazia na bagagem uma experiência forte em termos editoriais. Da cozinha francesa às ervas aromáticas, Albertina selecciona os livros de gastronomia e outros que estabeleçam um paralelo com o conceito da loja. Daí até o cliente adquirir a literatura e os produtos, é um passo. Conceito e clientes-alvo Livros, objectos como as loiças da Costa Nova que não entram nos grandes circuitos de distribuição nacional, produtos gourmet, vinoteca, chocolates, receitas, é um conjunto coeso das características que unem o conceito da Garfos & Letras. A política dos nichos de mercado está patente na escolha dos produtos e no serviço personalizado das vendas. “Temos imensa gente por exemplo que vem aqui e diz assim: “Olhe, eu hoje, ou amanhã, tenho um jantar de cabrito (ou de outra coisa qualquer) que vinho é que vocês me aconselham?” E nós aí não associamos só ao prato, mas também às características das pessoas que vão estar presentes. Saber que tipo de jantar é que é, se informal ou formal, que tipo de pessoas, se gostam mais dos vinhos de uma determinada região, etc.” Em termos de serviço “é um serviço em que a pessoa se habitua aos produtos que aqui compra, não vem ao supermercado às compras, e este tipo de situação que existe nos vinhos também muitas vezes existe nos produtos “gourmet”. Resultado: o cliente regressa invariavelmente. Estudo de Casos Pág. 8 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal O cheiro a canela, baunilha, cacau e coco lá ao fundo no fogão transmite um sentimento acolhedor e chamativo. Porque a imagem da loja passa por os clientes se sentirem em casa e vaguearem pelas ilhas de produtos até chegarem à cozinha. Os expositores complementam-se e movimentam-se ao longo do ano numa dinâmica que estuda o comportamento dos clientes. A observação atenta do cliente, dos seus gostos, das suas necessidades fazem circular os acessórios e os produtos no local onde um dia existiu a primeira loja da Vista Alegre. “Em termos gerais, o grosso dos clientes que aqui temos são clientes portugueses e que se habituaram a vir aqui à loja. Há clientes que são ‘habitueés’ e que nós conhecemos, mas também há clientes que não conheciam a casa e que vêm cá. Temos esta característica que é, praticamente a Garfos & Letras sai em qualquer jornal ou revista todas as semanas, o que tem sido interessante e revela a curiosidade que tem despertado este projecto a nível nacional que, apesar de tudo é relativamente recente, fez quatro anos e meio.” Sem um único cêntimo gasto em publicidade, a empresa lucra com o boca-a-boca, a presença nos media e, ultimamente, com a realização de programas de televisão e rádio na loja, despertando o interesse da vizinha Galiza. Ao todo, a lista de contactos soma mais de 3500 nomes. A comunicação com o cliente é estabelecida via e-mail, após o preenchimento dos dados ao balcão. No entanto, há muitos pedidos por correio electrónico e, em casos pontuais, são direccionados de uma forma personalizada. O livro de visitas está quase completo e o de reclamações vazio. E isso explica-se: “Uma coisa importante é fazermos uma gestão de stocks regrada, não compramos quantidades industriais de nada, portanto, temos as coisas por curtos períodos de tempo”, revela Mário Rodrigues. Relação com outras Empresas Esta é uma área onde o pronto pagamento se reflecte nos preços e nos descontos. Um esquema de funcionamento oposto ao das grandes superfícies onde a quantidade determina o custo final. Aqui privilegia-se a qualidade e isso implica, muitas vezes, a importação após pesquisas de mercado minuciosas. Estudo de Casos Pág. 9 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal “Nós vamos trabalhando os produtos de forma a sabermos que tipo de produtos é que vamos ter aqui na loja, portanto, nunca adquirimos nada sem primeiro fazermos uma experiência em termos de mercado. Esse é um trabalho base que fazemos em termos de mercado, que é sabermos como é que as pessoas reagem, como é que o mercado reage a determinado tipo de produto no sentido de sabermos se os vamos ter aqui.” A informação é partilhada com os fornecedores mas, sobretudo, é aprofundada por quem está na frente de loja: Mário, Albertina e os clientes. A percepção é a de que quanto melhor se conhecem os produtos, melhor eles saem. Noutras ocasiões, e não são poucas, os produtores vêm apresentar as suas iguarias. Trata-se, de fornecedores que produzem e distribuem no país assim como fornecedores de diversos países do mundo, fazendo questão de estar na Garfos & Letras. Albertina Valente refere ainda os produtos internacionais que os clientes reconhecem: o tomate seco, a massa preta, a mostarda, o queijo… Mas também o embrulho sóbrio e a diferença de oferecer um presente gastronómico marcam o regresso constante destes clientes. A concorrência sente-se pouco, dado o carácter abrangente da Garfos & Letras: livraria temática, produtos alimentares, acessórios e loiças, cursos e exposições. Factores Estratégicos de Sucesso A conjuntura económica nacional e internacional de crise económica associada à problemática das obras na Baixa portuense afastou alguns clientes. Os impostos sobre os produtos alimentares que não sejam considerados de primeira necessidade, aumentam a carga fiscal da empresa, assim como o IVA sobre os livros. O preço da cultura dilui-se, no entanto, com a diversificação da oferta em momentos de depressão económica. As épocas sazonais influenciam determinantemente o sortido de produtos. Natais, Páscoa, estações do ano são momentos de cabazes, de mais calor ou mais frescura, de maior ou menor afluência. No ano seguinte revê-se a matéria dada e os produtos e a sua apresentação sofrem uma metamorfose. “No caso das bebidas, por exemplo, há bebidas Estudo de Casos Pág. 10 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal que têm um maior impacto nas épocas frias, como os vinhos secos. Os vinhos brancos e verdes, mais nas épocas quentes. O caso dos chocolates mais em períodos mais frios, neste caso, no Outono e Inverno, até por questões do próprio acondicionamento dos produtos. O caso de ‘patês’ e de produtos, digamos mais leves, há maior apetência a serem consumidos nas épocas quentes. O caso de produtos mais pesados: mostardas, picantes, etc., saem tanto nos períodos quentes como frios.” A Garfos & Letras tenta compensar com uma nova área de actividade: a distribuição. Não estar dependente de uma única actividade é uma estratégia que permite equilibrar os vários segmentos de mercado em que a empresa se desenvolve e lhe permite evoluir para novas apostas nesses mesmos segmentos. A área da distribuição é um factor catalisador das outras actividades já implantadas. Perspectivas de Evolução A necessidade de trabalhar fora das quatro paredes da loja significa a procura de novos caminhos. Lisboa é a próxima paragem, a internacionalização é outro projecto, em estudo com uma empresa espanhola de “franchising”. Abrir lojas nos centros históricos de cidades como Barcelona, Madrid, Londres ou Atenas é um horizonte definido. Outras se seguirão se cumprirem dimensão os requisitos: populacional e cidade histórica, manutenção do conceito Garfos & Letras. Mantém-se o logótipo, traduz-se o nome, destacam-se produtos do país em foco e, naturalmente, de Portugal. O interesse em trabalhar com a marca tem vindo a crescer e a Garfos & Letras é comentada até no Japão. A tradução dos termos garfos e letras em cerca de vinte e cinco idiomas está presente neste percurso. Nas parcerias, destacam-se investimentos com a FNAC nos cursos de cozinha; com a Europcar, a mais antiga e com maior desenvolvimento na internacionalização da marca e o “site” Marinadas. Este último, um projecto inédito criado pela jornalista Maria João Almeida, Estudo de Casos Pág. 11 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal que junta jornalistas, como o especialista em enologia João Paulo Martins, ou pessoas como Maria de Lourdes Modesto. Da página da Garfos & Letras há ligação ao Marinadas, cujos conteúdos são da responsabilidade da Garfos e Letras, mas é possível aceder directamente em www.marinadas.net e navegar pela escrita gastronómica numa viagem na companhia de “experts” ou meros curiosos que contribuem para manter viva a culinária tradicional e adicionar-lhe ingredientes dos quatro cantos do mundo. De regresso à loja, pudemos degustar doces amendoados do Irão e com pistachio da Grécia, na companhia de uma carne de porco com amêijoas, regada a vinho nacional. Digeridos num licoroso italiano, polvilhada a conversa com a linguagem internacional da boa mesa/boa companhia, percebemos que este é um conceito de estilo de vida em evolução, muito mais do que a mera comercialização de produtos “gourmet”. Estudo de Casos Pág. 12 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Associar a gastronomia aos livros tornando a loja um espaço cultural e gastronómico “porque a cozinha de cada país tem a ver com a cultura que existe nesse país e, portanto, nós conseguimos através da mesa, viajar pelo mundo fora, associando as duas coisas”. O conceito Vender livros, objectos que não entram nos grandes circuitos de distribuição nacional, produtos gourmet, vinoteca, chocolates, receitas e cursos de gastronomia. Estudo de Casos Pág. 13 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 2 Identificação da Empresa Nome: A VidaPortuguesa – Desde Sempre Sector de Actividade: Produtos da antiga fabricação e produção nacional Morada: Rua Anchieta, 1, 11200-023 Lisboa Tel: 213 465 073 Site: www.avidaportuguesa.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores • Inventariar marcas sobreviventes ao tempo • Clara identidade nacional • Edição e reedição de produtos e objectos • Cabazes personalizados e temáticos A Empresa A Vida Portuguesa nasceu com o nome Uma Casa Portuguesa na Primavera de 2005 e foi criada com o projecto “Empresa na Hora”, que permite o registo simultâneo de todas as licenças e processos administrativos e fiscais necessários, num único local, por sinal na Moita, pois em Lisboa ainda não existia esta possibilidade. A sociedade começou como 50/50 e começou pelo sector de revenda para lojas. No início, o escritório era na Lapa e o“showroom” em Algés, agora tudo está concentrado no Chiado, juntamente com a loja A Vida Portuguesa. Desde Maio de 2007, a sociedade tornou-se unipessoal e a marca mudou o nome. Aqui trabalham duas pessoas a tempo inteiro e outra a tempo parcial, no atendimento ao público. Na retaguarda, uma secretária e um elemento de produção. Sazonalmente, como é o caso do Natal, o número de funcionários na loja aumenta. Com cerca de quarenta fornecedores, entre regulares e não-regulares, o cenário pode mudar em breve mas ainda não chegou o momento de o revelar. Estudo de Casos Pág. 14 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A História Tudo começou com um trabalho de pesquisa. Ao longo de dois anos, Catarina Portas, jornalista, apresentadora de programas de televisão e de rádio, percorreu o país em busca dos produtos que ainda sobreviviam ao passar do tempo. O que existia podia vir a ser comercializado de uma outra maneira, Tratou pensou de os Catarina. organizar por temas que aludissem à alma portuguesa. Uma amiga achou graça à ideia e em Novembro de 2004 fizeram um teste numa loja de design. Apresentaram os produtos em caixas de fruta e, dez dias antes do Natal, venderam mais de setenta. “Os portugueses precisavam disso, precisavam de auto-estima, de gostar das suas próprias coisas”, explica Catarina. Esta reconciliação com o passado foi o primeiro passo para matar saudades da vida doméstica que integra a história do país. “A forma de contar a história de um povo passa pelos objectos que usa”, declara. A parceria com a Fábrica de Sabonetes Confiança é o marco decisivo na projecção da marca. As sócias sabiam que a Confiança possuía rótulos genuínos e nunca utilizados em quase cem anos de existência. Assim, a primeira encomenda de sabonetes de alfazema embrulhados nos invólucros antigos teve como destino a “Maison et Objet”, uma prestigiada feira do sector em Paris. Surpreendidas pelo sucesso das caixas com sabonetes “Confiança”, e munidas do catálogo das outras caixas, encontram a primeira cliente, de Banguecoque. A segunda foi a “Conran Shop”, uma conceituada loja britânica e, em terceiro, surge a “Designers Guild”. Estudo de Casos Pág. 15 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Londres, Bruxelas, Paris e outros tantos países compraram as caixas, numa internacionalização quase imediata da Casa Portuguesa. Guardaram o manual do fornecedor da “Conran Shop” que explicava detalhadamente como deveria, por exemplo, ser produzida a etiqueta exterior do caixote. Regras claras mas rígidas em relação ao controlo de qualidade. Um mercado de design e objectos com hipóteses infinitas mas, também museus, livrarias e lojas como “A Loja do Banho” começaram a vender estes cabazes que variam na sua composição. Serralves e o Palácio da Bolsa, no Porto, foram mais exemplos da colocação dos produtos ao nível nacional. Desde muito cedo escolheram empresas que oferecessem as caixas como presentes de Natal, outra mais-valia. A Portugal Telecom, entre outras, aceitou o desafio e “choveram” encomendas. Começaram com mil euros cada sócia e investiam tudo o que iam ganhando na empresa. Conceito e clientes-alvo Essencial era encontrar uma montra para os produtos. Na Loja da Atalaia, no Bairro Alto, Manuel Reis tinha as portas fechadas e emprestou o espaço para a realização de um “Bazar Português de Natal”. Do meio-dia à meia-noite, a loja vendeu extraordinariamente bem. Para isso, as sócias levaram a cabo uma campanha junto da imprensa e as estações de televisão compareceram, divulgando junto do grande público a ideia original de vender o que já não se encontrava praticamente em lado nenhum. A relação com a imprensa é constantemente estimulada e chama agora a atenção da imprensa económica. Uma marca portuguesa é critério de notícia e de “case study” para os títulos económicos. Estudo de Casos Pág. 16 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A reacção emocional de nacionais e turistas perante as latas, os pacotes, as marcas e todo o conjunto de produtos “antigos, genuínos e deliciosos” revelou-se decisiva no arranque. As pessoas permaneciam no interior do espaço a contar histórias sobre a utilização dos objectos e produtos com que cresceram. Se somarmos ao conceito o facto de existirem marcas desenhadas para parecerem antigas e prestigiadas, enquanto o mercado nacional esteve fechado ao exterior durante décadas e, portanto, sem concorrência, estas marcas portuguesas sobreviveram e não sentiram necessidade de mudar. As Farinhas da Favorita do Bolhão têm a mesma embalagem dos anos trinta, a Pasta Medicinal Couto também manteve a bisnaga amarela e preta desde que foi lançada em Junho de 1932. Agora vendem-se em Nova Iorque. Em A Vida Portuguesa, privilegia-se o design e o carácter vintage do que se vende. Agora na Rua Anchieta, em pleno Chiado, a pesquisa de Catarina Portas tem por objectivo que estes produtos não desapareçam. “Estou a fazer isto por razões de egoísmo pessoal”, ironiza. Quanto aos produtos, as Andorinhas de Bordalo Pinheiro ganham destaque. A interrogação da razão de existir destes pássaros na entrada das casas sempre pairou no pensamento da jornalista. Segundo o “leaflet” editado: “Em 1891, Rafael Bordalo moldou em cerâmica Pinheiro alguns exemplares de andorinhas, ainda hoje suspensas no tecto da Tabacaria Mónaco, no Rossio, em Lisboa”. Este ícone português espalha-se pelo país e simboliza, tal como o Zé Povinho, “a procura de um certo espírito de ser português”. Mas, lá diz o ditado que “uma andorinha não faz a Primavera”e a loja vende desde formas para bolos ao Chá Gorreana, há cinco gerações na mesma Estudo de Casos Pág. 17 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal família de S. Miguel, nos Açores; ao Café A Brasileira, vizinho e imortalizado na estátua do poeta Fernando Pessoa; às conservas Tricana, com sede na Rua dos Bacalhoeiros, 34, em Lisboa; e a tantos outros produtos e objectos recuperados do baú das memórias. Realça-se os Sabonetes Ach Brito/Claus, os Azulejos Viúva Lamego e o “Salazar”, o utensílio de cozinha para rapar tachos e panelas associado ao ditador. O design gráfico de Ricardo Mealha e o design de produto de Miguel Vieira Baptista, ou até o empenho do mestre de obras Sr. Ventura, mais a experiência de Catarina Portas na comunicação escrita, constituem um conjunto apreciável de gerações num projecto comum, assente no espaço, na decoração e na comunicação. A construção do site foi determinante e está agora em curso a versão inglesa, adoptada obrigatoriamente nos suportes informativos, anunciando-se para breve a venda on-line. Relação com outras Empresas Desde o latoeiro à Sonae, a empresa estabelece parcerias que visam impulsionar também o marketing de algumas fábricas que Catarina classifica como “cansadas”, sem grande prática da comunicação actual. O objectivo é, novamente, editar ou reeditar produtos e objectos de empresas tradicionais que perderam a dinâmica para se aventurarem nos novos tempos. Por um lado, vende os produtos de uns a outros, por outro lado, a pesquisa continua e vai dar origem a mais produtos, incluindo um livro onde será compilada uma lista de rótulos nacionais com a respectiva história. O mercado internacional está em suspenso, neste momento, pois só quando a empresa tiver um leque de produtos exclusivos para oferecer é que se justifica levantar asas para o estrangeiro. Aliás, o custo das caixas ainda é alto para estes voos. A ideia mantém-se: estabelecer uma série de parcerias com fábricas para editar ou reeditar marcas, muito apetecíveis fora de portas. A Viarco é uma delas e reeditou agora oito produtos históricos, em destaque na loja. Uma instalação de arte traça o risco do lápis no papel junto aos produtos Viarco, um negócio “a Estudo de Casos Pág. 18 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal meias”, como diz a proprietária, para celebrar os 70 anos da marca. O exclusivo da comercialização, tanto no país como no mercado externo, está garantido. “Ajudamos na pesquisa, ajudamos na concretização e são objectos exclusivos com que ficamos”, remata Catarina. Factores Estratégicos de Sucesso Sectores muito ancorados em marcas estrangeiras são factores de risco para a venda de produtos nacionais mas, marcas como a Viarco podem distanciar-se da produção para hipermercados e investir nesta exclusividade. É uma questão de prestígio, “do seu saber, do seu saber fazer”. Um regresso às origens históricas da manufactura que, no caso português, se prolongou até muito tarde. Mão-de-obra barata mas com formação que o que fazia, fazia bem. “O nosso atraso pode ser o nosso futuro”, avança a jornalista. Estar na cauda da Europa, ou seja, ter ainda uma indústria com forte manufactura, é uma arma poderosa neste nicho de mercado. Exemplos: a arte da pintura da cerâmica, as pequenas séries como as da Viarco para o mercado da hotelaria e empresarial por exemplo, tornam-se raros e daí sobrevém o seu valor. Estudo de Casos Pág. 19 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Perspectivas de Evolução A parte de revenda vai ser alargada e A Vida Portuguesa pode vir a ser exportada. O conceito da loja é um ponto de partida para a sua reprodução, primeiro em território nacional, mais tarde lá fora. Em termos de publicidade, a primeira aposta será nos Guias Convida, roteiros organizados por bairros. Os mapas para turistas serão outra possibilidade. No fundo, as lojas de artesanato não estão a cumprir a função de transmitir a cultura portuguesa da melhor maneira, considera Catarina. E essa é a razão para que “um turista culto” procure estes produtos e a sua história e não apenas o “souvenir” habitual. Estudo de Casos Pág. 20 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia “O nosso atraso pode ser o nosso futuro”, ou seja, uma produção manufacturada tradicional genuinamente portuguesa pode representar exclusividade e originalidade para um nicho de mercado sofisticado e curioso. O conceito Editar ou reeditar produtos e objectos manufacturados, com uma forte componente de marketing com enfoque no design vintage, estabelecendo parcerias com fornecedores nacionais. Estudo de Casos Pág. 21 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 3 Identificação da Empresa Nome: Ó-Chá – Chá e Decoração, Lda. Sector de Actividade: Salão de Chá e Loja de Decoração Oriental Morada: R. Luís Augusto Palmeirim, 18 - Lisboa Tel: 916 745 863 Site: www.ochatearoom.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • A união, num só espaço, de salão de chá e loja de decoração • Criação de uma marca de chá com misturas próprias da casa • Decoração do espaço marcadamente oriental • Venda de chá a peso e acessórios para o chá: bules, taças, latas… • Oferta de mobiliário oriental e pequenos objectos decorativos provenientes da China, Mongólia, Tibete, Vietname, Tailândia A Empresa A palavra chá vem de “txá”, termo original chinês. Vinte anos depois de ir viver para Macau, as duas sócias ainda num “cá e lá”, iniciam-se por conta própria numa sociedade com início de actividade a 21 de Novembro de 2005. Manuela Paiva e Mónica Costa abrem a “Ó Chá”, em Alvalade. A palavra chá era obrigatória mas, nada de “Chá das Cinco” ou “Casa de Chá” servia para o nome. Depois de várias tentativas, já em jeito de brincadeira nasce o nome definitivo: “Ó Chá”, associando o produto a uma sonoridade oriental. “Nós, portugueses, fazíamos comércio com a zona Sul da China, onde se fala o dialecto cantonense” e de onde chega a palavra “txá”, ao contrário dos ingleses e franceses que, nas suas incursões orientais contactaram com o mandarim e chamaram às folhas “tea” e “tée”. Estudo de Casos Pág. 22 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Com quatro pessoas envolvidas no espaço, o conhecimento do produto é um factor essencial e perceptível no atendimento. A preparação é realizada à vista do cliente, os utensílios e as chávenas remetem para o cerimonial do chá. A História “O que é que se pretendia que fosse a Ó Chá?”, pergunta-se Mónica Costa. Um espaço, duas lojas. Resultado: dois logotipos, uma imagem abrangente com motivos orientais facilmente reconhecíveis. A Fénix, as cores, as estatuetas de Buda, as flores orientais, o traço da tinta-da-china, o círculo incompleto e a caligrafia chinesa num retrato oriental mas sem o rigor que confundiria o cliente. Devido à vivência das proprietárias no Oriente, surgiu a ideia de abrir um espaço que não só recriasse essa experiência, mas que também trouxesse à memória a origem do chá. A ideia surge também pela comprovação da inexistência de um espaço semelhante em Lisboa. Num primeiro passo, as proprietárias são as protagonistas. De seguida, as mesmas e a equipa de trabalho entretanto formada fazem evoluir a “Ó Chá”. Estudo de Casos Pág. 23 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Conceito e clientes-alvo “Sem ir buscar nenhuma referência em particular, porque é óbvio que se chega à China não encontra uma casa de chá destas, é uma reinterpretação do Oriente feita por duas ocidentais”, explica Mónica Costa. O apelo à origem do chá no Oriente sente-se mal se entra. A decoração do salão de chá é, ao mesmo tempo, mostruário da loja no piso inferior. “Porque não prolongar esse conceito para a venda dos mesmos?”, foi a questão colocada no mobiliário e nos objectos decorativos como as peças de artesanato, escolhidas nos locais de origem. A selecção pessoal é realizada, sobretudo, na China, país onde o Tibete e a Mongólia posicionam produtos. “Neste momento, estamos a trabalhar também com algumas marcas de design europeu que recriam as peças orientais, digamos que numa aproximação mais moderna”, acrescenta Mónica. Exemplos: a “Chinart”, de Paris; a “Nuscha”, de acessórios japoneses em melamina; algumas peças de Alan Chan, um designer de Hong Kong; produtos de papelaria com motivos orientais; a “Encens du Monde”, incenso japonês fabricado em França; a “Shanghai Trio”, nas sedas e algodões; e outras com quem vão trabalhando pontualmente, num regime de experiências efectuado junto do público. A preocupação com a imagem assenta na estética. Um local aprazível, preenchido visualmente para que o olhar tenha sempre com que se entreter, a forma como o chá é servido, a diversidade de loiça e utensílios que vão à mesa, conferem uma mistura destinada à apreciação do cliente. A cerimónia do chá, com todos os gestos, peças e tacinhas não é solução para o serviço que se quer rápido e prático. “As pessoas acham curiosas as ampulhetas para medir o tempo de preparação do chá e a forma como dispomos os objectos na mesa”, uma forma de serviço que acaba por fazer a diferença e poupa tempo ao europeu ansioso. Estudo de Casos Pág. 24 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A presença na comunicação social começou por dois ou três contactos no início, sem grande esforço no efeito de imitação por parte dos outros media. Depois, confessa Mónica, “o chá voltou a ser moda”. Gourmet ou medicinal, o chá faz bem e é uma tradição. O investimento publicitário resume-se ao guia local. O receio de um cliente-tipo num bairro residencial desvaneceu-se rapidamente. Há todo o tipo de gente: jovens, menos jovens, famílias, pessoas de idade, apreciadores de chá. Regra geral: quem veio, voltou sempre. Em pouco mais de ano e meio de casa, mantêm-se os clientes da primeira hora. Ao nível do salão de chá é prestada informação, já que o cliente perante setenta variedades diferentes em categorias, interroga-se na escolha. Quando a sugestão é da casa e não agrada, propõe-se outra escolha e a primeira é oferta. Cheirar o chá e provar antes de comprar são normas aplicáveis e habituais. Fidelizam-se clientes que regressam para se abastecer do mesmo produto que levaram para casa. Na loja de decoração, a ficha de cliente inclui a questão do transporte oferecido na área da Grande Lisboa. Os dados pessoais e o tipo de peça adquirida remetem para contactos posteriores, assim como nas épocas de promoções. Quanto aos materiais, esporadicamente surgem reclamações relacionadas com o facto de se estar a lidar com madeiras exóticas e maciças que podem sofrer alterações com a temperatura. O cliente é avisado e se algo acontecer, um restaurador vai a casa do cliente. Os contactos são realizados telefonicamente ou por e-mail, no caso de haver esse registo. Quando há uma actividade em curso, a página web abre com esse tema. Aliás, os motores de busca referem a “Ó Chá” nas pesquisas, o que torna a Internet num veículo publicitário por excelência. A página é da autoria da “Ossos do Ofício”, uma agência de publicidade. Estudo de Casos Pág. 25 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Relação com outras Empresas A empresa começa, mais recentemente, a fornecer amostras de chá num congresso farmacêutico. A tisana, mais exactamente, é indicada no tratamento da circulação sanguínea e da gordura. Os interessados acabam por escolher aquela variedade para o seu “pack-oferta”: dois mil saquinhos de 25 gramas cada um. Os casamentos, os “tea breaks” para algumas conferências ao invés do café, e outras solicitações são motivo para pensar na forma de embalar, uma embalagem especial apropriada ao evento. A proposta é estudada de acordo com as solicitações e não destoa da imagem da casa, para não desvirtuar a marca. “O Clube dos Entas” será a primeira parceria. Promove eventos para pessoas com mais de quarenta anos, por décadas. São “after-work parties”, neste caso, “tea-parties” à porta fechada. A sala recebe eventos pontuais como a apresentação de livros, marcas de jóias e outras parcerias destas são decisivas para o conhecimento do espaço. Factores Estratégicos de Sucesso Um salão de chá, no sentido tradicional do termo, mas não como outros espaços que têm vindo a abrir em Lisboa. Isto é, aqui encontram-se misturas tradicionais de chá e outras misturas mais “ousadas”. O chá “Mistério” envolve-nos nas bagas de frutos e nas essências de algo tropical, impossível de definir sem provar o que se solta das folhas, numa fervura a 75 graus. São sabores novos e sempre em evolução. O chá vende-se ao peso. Pesa o facto de todos os chás vendidos no salão para consumo serem igualmente comercializados. A quantidade mínima é cem gramas, à excepção de quatro variedades que, por serem raras e muito dispendiosas, são vendidas em embalagens de 50 gramas. Estudo de Casos Pág. 26 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal As embalagens possuem uma lâmina de metal que preserva o produto do calor e da humidade. Cada pacote está identificado, não só com o nome do chá, mas também com o tempo de infusão e a temperatura ideal da água para a preparação daquele chá em exclusivo. Chás brancos, pretos, verdes, “Chás oolong” (semi-fermentado, entre o verde e o preto com folha enrolada), de frutos ou ervas distinguem-se pela etiqueta com a cor. Possuem um único fornecedor que intermedeia algumas grandes casas europeias. As próprias donas, nas suas viagens vão encontrando plantações sejam nos Açores ou noutro ponto do globo. Trazem os produtos para experimentar e integrar na sua própria marca, na sua etiqueta. Não representam nenhuma marca de chá presente no mercado, ao contrário de outras lojas. Na doçaria, chegam os scones obrigatórios, o bolo de chocolate e os queques. Saem da normalidade os bolos de gengibre, os que levam chá verde e especiarias, conferem muitas que o toque oriental da casa. Pela negativa, surge a questão da época do chá, ou seja, bebe-se mais no Outono e Inverno e, embora não haja uma quebra total, a diminuição da procura é acentuada no Verão. A oferta adequa-se em chás gelados e gelados propriamente ditos. O almoço tem muita procura e, por vezes, a refeição é acompanhada por chá. Mas, nesses meses, os batidos e os sumos imperam. Ainda no que toca a refeições, há uma comida de fusão muito orientada para pratos vegetarianos e massas. Camarão tailandês feito á base de erva-limão num tagliatelle ou mistura de vegetais com molho agridoce sem repetir pratos de mês a mês, são factores de diferenciação, sortido e sucesso num negócio especializado como o do chá. Em Agosto, encerram para férias. Estudo de Casos Pág. 27 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Perspectivas de Evolução Um novo local, com mais lugares sentados é o objectivo prioritário. No Inverno e, principalmente ao Sábado, os clientes ficam à espera de mesa. Um segundo salão de chá na cidade de Lisboa, para já. Numa zona mais central e onde se sinta menos o efeito sazonal deste negócio. A médio prazo, contam ver-se com a manutenção da “casa cheia” e do nível de qualidade atingido. Ao ganhar esta estrutura e consolidado o espaço, há que avançar para um maior. Estudo de Casos Pág. 28 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Devido à vivência das proprietárias no Oriente, surgiu a ideia de abrir um espaço que não só recriasse essa experiência, mas que também trouxesse à memória a origem do chá. A ideia surge também pela comprovação da inexistência de um espaço semelhante em Lisboa. O conceito Um local aprazível, preenchido visualmente para que o olhar tenha sempre com que se entreter, a forma como o chá é servido, a diversidade de loiça e utensílios que vão à mesa, conferem uma mistura destinada à apreciação do cliente. Estudo de Casos Pág. 29 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 4 Identificação da Empresa Nome: Art Clinic Nome Comercial: Traço Imaginário, Lda Sector de Actividade: Ensino artístico Morada: Av. 24 de Julho, nº52 – 3ºDto, 1200-868 Lisboa Tel: 213 976 246 Site: www.artclinic.pt Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Desenvolvimento humano, através da arte • Elevada personalização com grupos reduzidos • Programas específicos para targets diferentes • Trabalho contínuo e personalizado A Empresa Com início de actividade em Dezembro de 2006, a Art Clinic é uma sociedade por quotas, com duas sócias. Tendo por missão estimular a criatividade através da arte, a equipa de orientadores é constituída por onze pessoas, na sua maioria formadas pela Faculdade de Belas Artes. Para além dos conhecimentos técnicos, as orientadoras têm fortes capacidades humanas e experiência pedagógica necessárias ao estímulo da linguagem das artes plásticas. O espaço da Avenida 24 de Julho, em Lisboa, reflecte a exigência, por um lado, e o despojamento, por outro, da utilização da arte como potenciadora do desenvolvimento humano. Estudo de Casos Pág. 30 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A História Através da experiência própria, Filipa Rebelo Pinto (formada em Gestão de Empresas) e Ana Duarte Ferreira (formada em Psicologia e pós- graduada em Desenvolvimento Humano), abriram a Art Clinic em Dezembro de 2006. A primeira, Filipa, depois de dez anos de trabalho em multinacionais de produtos de grande consumo, decidiu dar um novo rumo à sua vida profissional. Um divórcio com uma filha de quatro anos coincide com o recurso à arte como forma de expressão e ao objectivo de abrir uma brecha num mercado inexplorado em Portugal. A segunda, Ana, exerceu psicologia clínica no serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. A intervenção na área da prevenção e situações de crise com adolescentes em escolas, deu-lhe uma bagagem pedagógica fundamentada sobre as problemáticas da adolescência e as oportunidades de ultrapassar os momentos difíceis através da criação artística. Como refere no site: “O meu sonho sempre foi frequentar uma escola, onde as artes teriam igual peso às matérias mais formais, onde podia passar o tempo a dançar e a pintar”. Passada a desilusão da escolaridade, perdeu o gosto pelo desenho e só voltou a ganhá-lo no estrangeiro, num curso de curta duração de pastel” com uma forte componente experimental. Ao mesmo tempo, recupera o traço com exercícios do livro “Drawing with Estudo de Casos Pág. 31 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal the right side of the brain” (literalmente, desenhar com o lado certo do cérebro). A ArtClinic surge como uma forma de aliar a psicologia à arte, uma “clínica de arte”, um local onde cada um desenvolve o seu “EU” de uma forma viva, criativa através de um processo de descoberta. Numa fase de lançamento do conceito e do espaço, partilham experiências internacionais com o Insea – International Society For Education through Art de forma a garantir um alto nível de qualidade numa actividade recente no nosso país. Apesar de existirem um pouco por todo o lado, inúmeras actividades no campo das artes plásticas, nenhuma combinava esta “nova filosofia de viver”, combinando o bem-estar com a criação artística, falando “dos afectos através de cores, formas e traços”. Conceito e clientes-alvo “Todas as actividades que temos baseiam-se no desenvolvimento humano, através da arte, desde bebés até adultos, passando por grávida criativa e família criativa. Temos desde o Baby ART (1-3 anos), Sabor a Arte (4-5 anos), Brincar a ser Diferente (5-10 anos), Cinema Estudo de Casos Pág. 32 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal de Animação (adolescentes), Leonardo da Vinci (adultos), entre muitos outros, com grande flexibilidade em termos de horários e preços”, explica Filipa Rebelo Pinto. A marca Art Clinic assenta num “não conceito sou contrário capaz”, ao muito presente na cultura portuguesa, afastada da prática e mais dedicada à reflexão própria da filosofia europeia. Aqui, num espaço amplo mas ao mesmo tempo acolhedor, todos mexem nas tintas e sujam as mãos, exploram os materiais, treinam o olhar e a destreza manual, sentem a vibração das cores, aprendem os truques dos mestres como Leonardo da Vinci ou Dorian Gray, numa selecção do potencial de cada aluno. Os produtos são os programas pensados para clientes-alvo diferenciados por idades: bebés, crianças, adolescentes e adultos. Outros targets são as famílias, desde os avós aos filhos e netos, todos “desenvolvem uma ponte criativa entre gerações”. O conceito de estimular o desenvolvimento humano através da arte, subdivide-se em quatro pontos principais: fomentar o desenvolvimento completo, ao nível intelectual, psicológico, físico e sensorial; explorar uma nova linguagem, sem barreiras nem fronteiras; promover a liberdade criativa, ultrapassando possíveis medos ou bloqueios; e partilhar experiências e conhecimentos globais. Cada programa é vendido directamente no local, com horários adaptados à disponibilidade de cada público. Por exemplo, os bebés dispõem das manhãs de Sábado, aos adolescentes destinam-se as tardes de sexta-feira, as grávidas têm opções de três a seis meses e existe ainda um livre-trânsito para os adultos poderem frequentar o espaço de uma forma livre e flexível sem orientador. A preocupação com a imagem é considerada fundamental para um serviço inovador e credível. Funciona com o boca-a-boca mas, também com o recurso a uma agência de comunicação. “Para obter notoriedade, trabalhamos a área das Relações Públicas através de publicação de entrevistas e artigos em revistas e jornais”, revela Filipa. Quanto ao Estudo de Casos Pág. 33 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal atendimento: “À medida que vamos recebendo os clientes, mantemos uma relação personalizada e contínua de forma a corresponder às suas necessidades.” A equipa reúne semanalmente para definir actividades, ponderar experiências e, sobretudo, partilhar objectivos. Na sala de reuniões, sob a máxima “A criatividade é contagiosa. Espalhem-na.”, de Albert Einstein, as orientadoras vindas das artes da pintura, da escultura, do teatro, vivenciam as experiências dos alunos como o resultado da sua acção pautada pelos princípios de investigar, explorar e manipular, estimular o pensamento divergente e, por último, criar. Relação com outras Empresas “Penso que é importante nesta fase de divulgação e de associação com parceiros que actuam com as mesmas competências centrais”, aponta a empresa, embora sem indicar os parceiros. Em termos de troca de informação sobre clientes, esta é efectuada apenas internamente para uma melhoria contínua do serviço. Com este conceito e forma de actuação, a Art Clinic assume-se como entidade única num mercado onde proliferam, sobretudo, locais de artes com workshops, um segmento não concorrencial. Estudo de Casos Pág. 34 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Factores Estratégicos de Sucesso O posicionamento único, ao nível do conceito como na elevada personalização e continuidade que praticam. Perspectivas de Evolução Ao nível do produto/serviços, após uma boa divulgação deste conceito inovador e respectivos programas, a prioridade é evoluir em termos de novas ofertas de programas. Ao nível da organização, há que consolidar este primeiro espaço e depois expandi-lo para outras localizações. Estudo de Casos Pág. 35 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Apesar de existirem um pouco por todo o lado, inúmeras actividades no campo das artes plásticas, nenhuma combinava esta “nova filosofia de viver”, combinando o bem-estar com a criação artística, falando “dos afectos através de cores, formas e traços”. O conceito A ArtClinic surge como uma forma de aliar a psicologia à arte, uma “clínica de arte”, um local de desenvolvimento humano através da arte assente na estimulação das capacidades das crianças. Estudo de Casos Pág. 36 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 5 Identificação da Empresa Nome: Bead Club Sector de Actividade: Comércio de Bijuteria Morada: Rua do Alecrim, 49, 1200-014 Lisboa Tel: 213 467 097 Site: http://beadclub.blog.com Factores Diferenciadores • Empresa criada através do Ganec • Espaço Oficina • Clube de criadores de bijutaria artesanal A Empresa A loja Bead Club dedica-se ao comércio de contas e missangas num sistema de self-service em que o cliente é levado a seleccionar os produtos que depois são contabilizados ao balcão. Fundada há pouco mais de um ano, trata-se uma sociedade unipessoal, forma jurídica recente que tem feito acelerado o nascimento deste tipo de empresas. O primeiro espaço comercial conta com três pessoas a colaborarem: a proprietária, uma empregada de balcão e uma designer que produziu a imagem e logótipo da loja. Estudo de Casos Pág. 37 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A História “Estava desempregada na altura e comecei a ver que o mundo da bijutaria tinha algumas oportunidades de negócio”, explica Inês Peres. A proprietária da Bead Club confeccionava colares e outros objectos para amigas e sentia alguma dificuldade em adquirir as peças necessárias à sua execução, em Lisboa existia apenas uma loja do género. Nasce a ideia de abrir uma loja “não de peças já feitas mas de peças para as pessoas fazerem”. De delegada de informação médica, Inês passa a um projecto totalmente novo. Durante meses dedica-se a analisar o mercado e a desenhar o que viria a ser a loja. “Há mais de quinze anos que via noutros países este género de lojas e por cá não havia nada”. Nessa altura, abre outro espaço na capital e Inês julga ser o momento certo para avançar. Dois factores pesam na decisão: preços mais acessíveis e bastante qualidade. Para isso, a aquisição das matériasprimas não admite intermediários. A Bead Club produtores vai para directamente conseguir aos preços competitivos à partida. Pintadas as paredes de laranja, instalados os expositores, definida a iluminação, a Bead Club abriu ao público, não sem primeiro receber formação no sistema informático de facturação da loja. Presente ainda na Internet, espaço propício ao novo artesanato doméstico, desde os têxteis à bijutaria, a empresa rapidamente ganhou clientes. Estudo de Casos Pág. 38 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Conceito e clientes-alvo As contas, os fios, os fechos e todos os acessórios essenciais a colares, brincos ou pulseiras são a grande aposta da loja. No entanto, os produtos mais exclusivos são as correntes de argolas em bruto. Ou seja, a partir deste elemento juntam-se as mais variadas coisas como flores, missangas, penas ou o que a cliente (porque são as mulheres quem procura mais estes artigos) desejar para a sua criação. Do vidro ao acrílico, a profusão de feitios e cores avoluma-se nos receptáculos de cada expositor. reflectem o Os que espelhos o olhar laterais vê e redimensionam o espaço em si reduzido. As pessoas recolhem os materiais numa caixa de madeira onde um bloco e um lápis ajudam a decidir e a apontar referências e quantidades. A escolha do local, o Chiado, deve-se à presença histórica das Belas Artes, uma zona propícia a quem procura objectos de bijutaria. Acrescente-se a Rua do Alecrim, mais precisamente, onde a loja convive com outros espaços e não está isolada. Quanto à decoração, o laranja das paredes remete para “o bom-humor”, segundo a proprietária. A preocupação com a imagem passa também por um logótipo forte, estudado e refeito várias vezes. O nome reflecte uma preocupação com a internacionalização, termos fáceis de fixar e reconhecidos fora do país. “Bead Club” (“bead” de conta, “club” de clube, em inglês) porque se trata de um clube de bijutaria que junta as peças soltas a quem Estudo de Casos Pág. 39 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal as faz. São estas pessoas que também vendem no espaço as suas criações, “porque não há nada em lojas, só em blogues” e é também uma forma de trocar ideias presencialmente. Em termos de vendas, possuem a venda na loja, a venda a outras lojas de bijutaria já feita a preços acessíveis e a comercialização através da Internet. “Não se pode abrir uma loja e ficar por aqui, tem que se dinamizar por algum lado, senão também não se torna conhecida”, justifica Inês Peres. “Se as pessoas começarem a ver ‘Bead Club’ em vários sítios começam a associar a uma marca de bijutaria ou a uma marca de venda de peças de bijutaria”. Seguindo a velha máxima de o cliente tem sempre razão, e sendo raras as reclamações, as peças são imediatamente substituídas. “Sempre que embalamos as peças temos muita atenção ao ver o estado das peças e avisamos o cliente para ir buscar outra para substituir, porque isso é fundamental. Dá uma imagem muito má da loja estar a vender coisas que não estão em condições”, insiste. Acontece alguém deixar cair uma conta e a loja não cobra o estrago, pois não é essa a política assumida, a própria selecção das missangas contém esse risco. Muitos clientes procuram a loja para trocar ideias, como já foi referido. São os clientes habituais que marcam lugar nos encontros promovidos pelo clube. Outro meio de conhecimento e registo do cliente é o cartão de fidelidade com direito a desconto de 10%, no momento em que o cartão estiver preenchido com as compras necessárias. Aliás, no primeiro cartão é imediatamente atribuído um desconto de 10%, os dados integram a base da empresa e sempre que chegam peças novas a informação é enviada por e-mail. O mesmo se passa no aniversário da loja com promoções destinadas em especial aos clientes da mailing list, mais de duzentos contactos permanentes. Como características das mulheres que procuram mais a loja, Inês destaca as clientes que se dedicam cada vez mais a esta actividade como um passatempo e outras mulheres mais velhas, que vivem sozinhas, e ultrapassam a solidão vindo ao “Bead Club” e vendendo os seus produtos para lojas. Em particular, as manhãs são preenchidas com estas clientes que, sentadas na mesa de trabalho das traseiras, executam as suas peças e convivem numa Estudo de Casos Pág. 40 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal espécie de terapia contemporânea. Outras vezes, comparecem nos workshops de técnicas específicas, sessões pagas para quem quer aprender. Dos 7 aos 70 anos, contando com crianças interessadas na matéria e alunas da universidade sénior da área onde existe a disciplina de bijutaria, o “Bead Club” comercializa os fios, os instrumentos como os alicates e todos os elementos necessários. A divulgação da marca passa pela presença nos media, especialmente as revistas de moda feminina, com publicidade. Uma opção considerada cara mas, certamente, um canal de comunicação que a empresa retomará em breve, atingido o equilíbrio financeiro e de esforço de trabalho que Inês explica. Relação com outras Empresas Sendo vizinha da concorrência, o mercado de potenciais clientes é repartido entre as duas lojas, circunstâncias normais num sector que cresce a olhos vistos. Apesar disso, os preços do “Bead Club” são mais baixos e os próprios produtos diferem. As correntes características da loja seguem o desenho que é transmitido ao fornecedor e, assim, “as pessoas que procuram bijuteria recorrem sempre a esta loja porque sabem que não há destas correntes no mercado”. A informalidade da comunicação boca-a-boca surge nestes segmentos onde o artesanato urbano ganha terreno em relação aos joalheiros tradicionais. A bijutaria exige estudos de mercado como a visita de Inês à Marinha Grande, na tradição do vidro indispensável aos cristais incrustados nos anéis. Conhecendo a indústria na República Checa, a proprietária estranha a fraca implementação dos cristais na cadeia produtiva nacional neste sector. No que respeita aos principais concorrentes estão na Milefiore, no quarteirão acima. Estudo de Casos Pág. 41 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Factores Estratégicos de Sucesso Mas, o que assusta a proprietária são os orientais que se estabelecem com regalias consideradas excessivas e desleais. Para além das condições privilegiadas, oferecem todo o tipo de produtos monopolizando o mercado com preços que mais ninguém pode praticar, de acordo com o testemunho da nossa interlocutora. A orientação para o sucesso passa pela manutenção dos preços baixos e o conceito de oficina onde o cliente é acompanhado por um profissional. Acrescente-se a variedade do stock em permanente renovação e os arranjos e transformação de bijutaria. Num mercado presente sobretudo na Internet, as referências ao “Bead Club” surgem já nos sites de duas clientes como uma “agradável surpresa”. Tudo leva a crer que a mistura de artesanato, contacto social e qualidade quase exclusiva do que chegava do estrangeiro vai fixar-se num movimento que já é mais do que uma simples moda. Festivais como o “Mundo Mix” e feiras da especialidade impulsionam o sector para uma selecção natural dos que vingam neste campo. Assim o assegura quem conhece. Perspectivas de Evolução Até agora, o crescimento é positivo e vai ditar a abertura de uma segunda loja, também em Lisboa. Somente depois da expansão local, o “Bead Club” fará as “contas” para mais missangas e produtos relacionados noutros pontos do país. Estudo de Casos Pág. 42 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Dada a dificuldade em adquirir peças necessárias à execução de colares e outros objectos, surge a ideia de abrir uma loja “não de peças feitas mas de peças para as pessoas fazerem”. O conceito As contas, os fios, os fechos e todos os acessórios essenciais a colares, brincos ou pulseiras são a grande aposta da loja que se apresenta como um clube de bijutaria que junta as peças soltas a quem as faz. Estudo de Casos Pág. 43 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 6 Identificação da Empresa Nome: TopSpas, Lda Sector de Actividade: Consultadoria, Design e Exploração de Spas (Turismo De Saúde) Morada: Estoril Tel: 214 583 357 Site: www.topspas.pt Email: [email protected] Identificação do SPA Nome: CITYSPA Sector de Actividade: SPA Morada: Rua Gonçalves Zarco, nº 19-A Restelo, 1400-191 Lisboa Telefone: 213 632 492/3 Site: www.cityspa.com.pt Email: [email protected] Factores Diferenciadores do SPA: • Spa Design – Atmosfera original e intimista • TLC (Tender, Love & Care) – Intimista, Emocional e Afectuoso • Spa Concierge- Atendimento e aconselhamento personalizado ao cliente • High Touch, Low Tech A Empresa No ano de 2005, Pedro Amaro criou a TopSpas conjuntamente com Paula Guedes. Ambos os partners formaram uma sociedade por quotas, com a ambição de poder contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Na empresa mãe trabalham seis consultores. Localizado no Restelo, zona nobre da cidade de Lisboa, o City Spa funciona com dez elementos: Spa Manager e terapeutas, num ambiente luxuosamente confortável e silencioso, onde a doçura das pessoas que nos recebem, o seu tom de voz sereno e suave, transmite uma aura de bem-estar a quem passa a porta vindo da rua, do barulho, do asfalto e da temperatura exterior. Estudo de Casos Pág. 44 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A história A TopSpas nasceu da paixão do seu fundador pela hotelaria em geral e pela indústria SPA em particular, mas também pela convicção, de que nos dias de hoje a sociedade procura cada vez mais o bem-estar não só físico, mas também emocional e espiritual. Em princípios de 2006, abre portas o primeiro projecto SPA da empresa - o CitySpa em Lisboa. O fundador, Pedro Amaro – responsável pelo Bussiness Development - e Guedes – da Paula área dos Recursos Humanos abrem a primeira unidade Show-room, com como vários projectos em carteira para futuras aberturas em Portugal de diversos tipos de spas: Hotel, Resort, Club, Termas ou outros locais. Por curiosidade, realçamos o pedido de um cliente particular que pretende ter agora o seu próprio spa em casa. Apesar disso, a consultoria, design e exploração de Spas impõe-se como actividade exclusiva da TopSpas. A necessidade de criar um Show-room para potenciais clientes e a necessidade de testar diversas soluções SPA (ao nível de produtos, equipamentos, formação e novos tratamentos) está na origem deste primeiro espaço, já que a gestão de uma operação SPA também permite perceber os diversos desafios e problemas com que se deparam os clientes institucionais (hoteliers, etc.) da TopSpas. Estudo de Casos Pág. 45 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal No decorrer das operações SPA, Pedro Amaro distingue o papel de Paula Guedes, que se junta ao projecto pela importância do recrutamento e formação neste sector. Factores como a disciplina, o rigor, a qualidade de serviço, a motivação são cruciais, visto que não existem escolas de formação específica SPA pelo que a gestão de recursos humanos é critica nesta indústria, e em particular para quem se dedique à consultoria, onde os maiores problemas de operações em roll-out são de qualidade de serviço e recursos humanos. Conceito e Clientes-Alvo Dirigido a um segmento alto (classe alta e média-alta), o CitySpa apresenta-se como um SPA para ambos os sexos, sendo que 27% dos clientes são homens. O público são pessoas activas, dinâmicas, cosmopolitas, com pouco tempo para si. O cliente CitySpa gosta de estar bem consigo e com os outros e não prescinde de ter o lado equilibrado e sensorial da vida. A questão das energias milenares, o Feng-shui (arte oriental de equilibrar a decoração dos espaços), enfim, a combinação de princípios orientais e técnicas ocidentais transporta este spa para uma utilização diária. É um Day Spa com preocupações ambientais (Eco Spa): os produtos seleccionados são biológicos e não testados em animais, apoiam a reciclagem e a racionalização de recursos. Estudo de Casos Pág. 46 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal O design, fundamental para criar uma atmosfera intimista, tem a assinatura do atelier de Cristina Jorge de Carvalho, eleita para criar o ambiente de acordo com o conceito definido para o SPA - um espaço que se quer clean e trendy e que apesar de minimalista não é simplista. As escolhas dos materiais (madeira exótica e o revestimento de paredes) ajudaram na criação de uma atmosfera luxuosa, sem ser ostensiva e que resulta num ambiente quente e muito confortável. Da madeira de Zebrano, o CitySpa destina-se a quem trabalha ou mora na “selva de pedra”, essencialmente. No entanto, dias e datas especiais convidam a frequentar o espaço e os presentes de anos são um exemplo do que o spa pode oferecer. Segundo o nosso entrevistado: “Vendemos experiências únicas de bem-estar, transformadas em rituais SPA. Actualmente possuímos marcas SPA que desenvolvem terapias com filosofias holísticas (ao contrário das marcas de cosmética) e que foram seleccionadas entre outras coisas, pela eficácia de resultados através de ingredientes naturais”. O óleo de Frangipani, a laranja, a manjerona, as manteigas e especiarias, a lima e o gengibre, o coco, fazem parte de uma extensa lista de tratamentos e rituais pensados e geridos para o cliente. A diferenciação também passa por apresentar uma oferta de rituais Spa genuínos e originais, que habitualmente só se encontram nos melhores Spa Resorts espalhados pelo mundo fora. Como refere Pedro Amaro, “Não vamos em ‘Modas’, nem pretendemos oferecer todos os serviços SPA possíveis. Uma experiência no CitySpa é algo que dificilmente encontra noutro lado, é exclusiva”. Os sistemas de venda passam pelo “soft sell”, isto é, a venda ocorre naturalmente pela preocupação genuína pelo bem-estar do lado do cliente e pelo reconhecimento por parte deste da eficácia dos produtos utilizados nos rituais. Vender bem-estar é, sobretudo, Estudo de Casos Pág. 47 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal complementar o atendimento com aconselhamento. Passa muitas vezes por dar indicações muito simples: beber mais água, colocar óleo essencial de lavanda para dormir melhor, ou simplesmente sugerir a zona de descanso que pode ser usufruída durante o tempo que se quiser, sem restrições, na companhia da luz calmante, de revistas, de um chá ayurvédico do dia e de maçãs verdes. Toda a imagem foi criada pela BrandiaCentral de Comunicação, segundo os princípios do Feng-Shui e de acordo com o conceito SPA definido pela TopSpas. O logótipo reflecte três símbolos: Símbolo A (ramos): Direcção; Mapa; Localização; Urbano; Cidade Símbolo B (flores): Natureza; Natural; Puro; Tradição Símbolo C (coração): Saúde; Bemestar; Equilíbrio; Fonte de vida. A imagem e o logo tinham de ser originais e a escolha da cor é disso exemplo, “vermelho não é propriamente a primeira cor que as pessoas se lembrariam para um SPA!”, exclama Pedro Amaro. No entanto, resulta na perfeição, sobretudo junto do público masculino. È frequente os clientes perguntarem o seu significado, é com orgulho que as terapeutas o explicam. Em termos de publicidade e marketing, os meios utilizados são (bellow the line) as revistas premium: Moods e Lifestyle, femininas e masculinas e os lançamentos com tasters para jornalistas e clientes especiais. O CitySpa não se revela sem que primeiro quem pediu para conhecer, experiencie um ritual, pelo menos. Novos rituais são lançados várias vezes por ano neste sistema e incluem clientes especiais. Na televisão, participaram já em diversos programas e rubricas de bem-estar e estão sempre disponíveis para produções, spots publicitários e outras solicitações do espaço. Estudo de Casos Pág. 48 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Distribuem Flyers regularmente na zona envolvente mas quanto a publicidade directa, apostam no Outdoor. O marketing directo da empresa dirige-se a clientes protocolados e ao segmento Corporate. Toda a estrutura de merchandising: blocos, capas, roupões, toalhas, ostentam de uma forma sóbria a imagem do CitySpa. Os elementos descartáveis, a água com sabor a lima ou os produtos de banho observam regras de um conceito unificado e não-invasivo. A ficha de cliente permite apurar doenças anteriores, profissão e perceber o seu modo de vida. As grávidas e as mães a amamentar recebem tratamento especial. “Através do sistema informático (CRM) conseguimos adaptar a nossa oferta às exigências e necessidades dos nossos clientes. Os inputs são dados pelo questionário que cada cliente preenche no check-in (permite perceber o lifestyle, cuidados com saúde, questões ligadas com as preferências,). Tudo é costumizado em função das características do cliente. O feedback final da terapeuta e do cliente também são carregados no sistema informático”, pormenoriza Pedro Amaro. Questões como análises trimestrais do perfil do cliente, análise de campanhas (internas e externas), penetração no target, compra repetida, fidelização, receita média estão presentes a todo o momento. Relação com outras Empresas A importância que atribuem ao estabelecimento de parcerias é considerada “muito relevante, a vários níveis: marcas Spa, portais de revenda, imprensa e protocolos corporate. As marcas vendidas no CitySpa resultam de uma aprofundada pesquisa da TopSpas na busca de soluções que se enquadrem no conceito e posicionamento deste SPA (marcas Premium Internacionais). “A selecção das marcas tem sempre por base alguns princípios: procuramos marcas que não usem toxinas, que utilizam produtos naturais, não testados em animais e com uma filosofia verdadeiramente direccionada para o conceito SPA (aromaterapia, fitoterapia, aquaterapia, etc.). As marcas são nossos parceiros, trabalham connosco de uma forma muito estreita no desenho de soluções para novas terapias e têm de ser sensíveis às necessidades que detectamos nos nossos clientes.” Estudo de Casos Pág. 49 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal À pergunta se trocam informação sobre clientes, a resposta é um rotundo não. Afinal de contas, o que se pretende exclusivo, deve ser mantido dentro da empresa que conta como principais concorrentes os SPA’s em Hotéis de Luxo e 4*Plus. Factores Estratégicos de Sucesso A originalidade do conceito - desde a lista de rituais, design, aroma, texturas, à excelência no serviço – combinada com o “Know-how” da empresa (TopSpas), a qualidade dos recursos humanos e a localização formam os factores de sucesso. O futuro é risonho para quem aposta na qualidade: “Os portugueses estão a despertar para experiências Spa, são ainda na sua maioria periféricos (pouco envolvidos com o conceito spa), mas a curto prazo o número de spagoers portugueses vai crescer enormemente e o seu SPA-IQ vai disparar, tornando-os mais exigentes. Isto implica que no futuro, vão rejeitar pseudo-spas, seleccionando apenas aqueles cujo verdadeiramente conceito seja diferenciador e genuíno, quer pela oferta ou pela atmosfera”. Concluindo, “por isso um SPA com a nossa assinatura, deverá causar um impacto directo na vida dos seus frequentadores, seja através da forma como irão gerir a sua saúde, aparência, stress, mas também como trabalham, compram e decoram os mais variados espaços em que vivem”. Pedro é de opinião que tal como noutros países o fenómeno Spa vai torna-se cultural a vários níveis e, em Portugal, os complexos termais e os Spas vão ser decisivos para recuperar a nossa tradição da cura termal alargada à oferta na prevenção de stress e Estudo de Casos Pág. 50 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal doenças. Neste momento, o CitySpa contabiliza uma média de 170 novos clientes/mês e uma base de dados com 3200 nomes, dos quais mais de metade já voltaram. Perspectivas de Evolução Embora não esteja fora dos planos da empresa a internacionalização, o mercado nacional será a grande aposta na estratégia dos próximos cinco anos. “Pretendemos estar presentes nos vários segmentos de SPA e estamos a caminho de ter até 2008 um projecto em cada um dos segmentos: healthclub; resort; hotel, day-spa.” “A médio prazo consideramos a hipótese de internacionalizar a consultoria em Spas. Ao nível da exploração de outras unidades SPA (nomeadamente em parceria com hotéis) a nossa estratégia é muito mais selectiva. Não depende só da localização ou do cliente (Cadeia Hoteleira, Termas), mas da qualidade do projecto. Apesar de já termos um Sistema de Qualidade vigente desenvolvido pela empresa, pretendemos avançar com a Certificação. Estudo de Casos Pág. 51 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia “Encontre a harmonia no meio da cidade” – abrir um Day Spa com características Premium e sensoriais para um público citadino. O conceito Os sistemas de venda passam pelo “soft sell”, isto é, a venda ocorre naturalmente pela preocupação genuína pelo bem-estar do cliente e pelo reconhecimento por parte deste da eficácia dos produtos utilizados nos rituais. Vender bem-estar é, sobretudo, complementar o atendimento com aconselhamento. Estudo de Casos Pág. 52 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 7 Identificação da Empresa Nome: Quente e Bom Sector de Actividade: Pastelaria Morada: Linda-a-Velha (2), Miraflores Site: www.quenteebom.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores • Decoração e ambiente • Apresentação dos produtos • Pastelaria especializada na decoração e sabores dos produtos • Canal interno de comunicação em écrans de plasma A Empresa No dia 26 de Novembro de 1999 abre a primeira pastelaria “Quente e Bom”. Sete anos depois, o conceito está implantado e segue a via do franchising. Uma sociedade por quotas, duas lojas próprias, um “master franchising”, uma franchisada com vista para o Rio Tejo na urbanização do alto de Algés, arredores de Lisboa, e projectos para mais franchising são os ingredientes da receita “Quente e Bom”. Em termos organizacionais destacam-se as áreas financeira, “food&beverage” em paralelo com responsável de compras, produção de padaria e pastelaria a cargo de António Baía, serviço de cozinhas com uma média mensal de seis a sete mil refeições e supervisão e expansão a cargo do proprietário Sandro Caetano. A estrutura conta com 42 pessoas e cada franchisado tem nove funcionários, respectivamente. Estudo de Casos Pág. 53 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A História “Começámos um bocadinho à deriva”, introduz Sandro Caetano. Conhecer o mercado e montar o negócio numa área desconhecida dos proprietários constituía um desafio pessoal. Sandro estagiou seis meses numa pastelaria da capital e resolve abrir a sua própria pastelaria. Ao fim de dois anos, surgiu a perspectiva de desenvolver um novo conceito de negócio. O conceito de franchising de pastelaria com fabrico próprio era uma ideia inovadora e exclusiva no mercado. Existia apenas a pastelaria congelada em sistema de revenda e não de fabrico próprio. A partir de uma central de fabrico efectua-se a produção e a distribuição, sem margem para diferenças ao nível do produto. Com apenas 19 anos, Sandro e a mãe, sua sócia, lançam-se no negócio a que agora se junta António Baía, o responsável de padaria e pastelaria. Estudo de Casos Pág. 54 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Conceito e clientes-alvo O conceito não se foca somente na pastelaria. Refeições ligeiras, padaria, pastelaria, cafetaria e, mais recentemente, a bombonaria perfazem a marca. A diferença de estar numa loja “Quente e Bom” sente-se no mobiliário, no conforto, na apresentação dos produtos, no atendimento e na presença constante de um conceito implantado, seja na comunicação, seja na logística. A preocupação com a imagem é um factor decisivo na abertura da primeira loja, tanto que as pessoas tendiam a pensar que se tratava de um franchising. A loiça personalizada, a apresentação das caixas dos bolos, a profissionalização e distinção do serviço seriam os objectivos para que a pastelaria “Quente e Bom” se demarcasse de um mercado onde a uniformização da imagem praticamente tinha desaparecido, com honrosas excepções. Sem comunicação publicitária para o exterior, a pastelaria foi-se tornando conhecida. O cliente-tipo procura qualidade e aprecia novos sabores e distinção. A zona de Linda-a-Velha possui cerca de quarenta cafés e/ou pastelarias, concorrência que o “Quente e Bom” ultrapassou facilmente. A faixa dos 25 aos 40 anos é um público-alvo reconhecido, pois são os que mais procuram o espaço. O atendimento diferencia-se conforme o movimento da loja em questão. O cliente recebe um cartão de consumo na loja e paga no final e é sempre atendido à mesa ou ao balcão. No caso da loja de passagem, o sistema é de pré-pagamento e o serviço de mesas pautase por necessidades imperiosas de hora de almoço ou de produtos que requerem mais tempo de preparação. Na loja das Galerias Central Parque, a que nos referimos, o sistema de self-service garante refeições quentes e frias em menus de almoço e de jantar, na loja ou em “take-away”. O sistema de “catering” assegura a distribuição a partir de uma central de cozinha chefiada por profissionais, a maneira de garantir que em todas as lojas se come com a mesma qualidade. Estudo de Casos Pág. 55 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Cerca de duas mil pessoas são atendidas diariamente nas pastelarias. Os funcionários recebem formação especializada, os clientes recebem um cartão de fidelidade e está em curso o lançamento de um cartão de pontos aplicável a toda a rede. A reestruturação é ponto assente à data da entrevista: imagem das lojas e comunicação, número verde para encomendas, remodelação do site e expansão estão programadas para um arranque em simultâneo. Relação com outras Empresas Os franchisados recebem o “know-how” e o conceito e investem nas suas próprias lojas. O conceito de franchising surgiu em parceria com a empresa “Barbadilhos e associados” que ajudou no desenvolvimento do conceito. Foram dois anos de estudo do negócio para delinear e aplicar a ideia do franchising. A formação inicial dá lugar a um acompanhamento diário do franchisado através do fornecimento dos produtos. O “master” fica a conhecer os pontos fortes e fracos da loja e, assim, procura melhorar e adaptar o conceito franchisado. A troca de informação sobre clientes e processos é uma constante. Trabalham com uma carteira de fornecedores diária, semanal e mensalmente nas matériasprimas. Em termos de parcerias, a “Delta” é o grande parceiro estratégico nos cafés. Nas farinhas, a “Nacional” tem primazia. Factores Estratégicos de Sucesso A mudança de imagem de loja é uma aposta faseada no da sucesso. imagem A está reestruturação patente no primeiro franchisado e na última abertura, em Miraflores. “Não fazia sentido mudar tudo ao mesmo tempo, por isso, primeiro mudámos a apresentação das lojas: o layout, as mesas, as cadeiras, as fardas”, explica Sandro. Segue-se a loiça, o logotipo e tudo o que vai uniformizar ainda mais o conceito inicial. Estudo de Casos Pág. 56 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A busca constante da qualidade é um factor de sucesso que depende da contratação de profissionais, uma estratégia assumida. “Bons profissionais, pessoas com formação em hotelaria” é um requisito indispensável. Factores críticos passam pela localização, por vezes, pouco acessível, no entanto, geradora da diferença que se pretende. Locais que se adaptem e onde as pessoas sejam potenciais clientes. Em Miraflores, por exemplo, o “Quente e Bom” aproveitou uma oportunidade de negócio única: o espaço de um franchising da “Cup&Cino”. Perspectivas de Evolução Neste momento, impõe-se o lançamento do canal interno de comunicação. Por aqui passam os menus e as notícias da actualidade, mas também o lançamento e promoção dos produtos e serviços das lojas. De uma pequena empresa, o “Quente e Bom” encontra-se num ponto de viragem para uma estrutura empresarial de média dimensão. Todos os anos há uma orientação para a evolução, seja na formação dos funcionários, de novos produtos, novos sabores, nova apresentação. Quanto à expansão, “o nosso grande objectivo é ir para o centro de Lisboa, para as grandes avenidas de Lisboa”, adianta o proprietário. Mais perto, Oeiras está em perspectiva a curto prazo, por questões logísticas. A fábrica está sedeada na primeira loja e justifica-se o projecto de uma nova unidade com 1200 metros quadrados no Concelho de Oeiras, que permita abranger, para além do que já foi referido, toda a região da Grande Lisboa: Cascais, Sintra e Amadora. Estudo de Casos Pág. 57 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A Ideia O conceito de franchising de pastelaria com fabrico próprio era uma ideia inovadora e exclusiva no mercado. O conceito A preocupação com a imagem é um factor decisivo na abertura da primeira loja, tanto que as pessoas tendiam a pensar que se tratava de um franchising. A loiça personalizada, a apresentação das caixas dos bolos, a profissionalização e distinção do serviço seriam os objectivos para que a pastelaria “Quente e Bom” se demarcasse de um mercado onde a uniformização da imagem praticamente tinha desaparecido, com honrosas excepções. Estudo de Casos Pág. 58 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 8 Identificação da Empresa Nome: Durval e Martins, Lda - Ericeira Surf Shop Sector de Actividade: Artigos desportivos e vestuário Morada: Rua Mira Parque N1, 2655-213 Ericeira Centros Comerciais: - Atrium Saldanha, Centro Comercial Colombo e Vasco da Gama (Lisboa) - Cascais Villa Shoping Center (Cascais) - Centro Comercial Oeiras Parque (Oeiras) - Almada Fórum (Almada) - RioSul Shopping (Seixal) - Forum Algarve (Faro) - AlgarveShopping (Guia - Albufeira) - Forum Aveiro (Aveiro) - Forum Coimbra (Coimbra) Telefone: 261 869 475 (Ericeira) Site: www.ericeirasurfshop.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Marca própria • Multimarcas • Conceito de desporto associado a estilos de vida A Empresa Rodrigo Pimentão, responsável pelo marketing da Ericeira Surfshop, sugere a loja do Centro Comercial Vasco da Gama para o nosso encontro. É a loja mais recente de um conjunto de doze. De uma maneira muito informal, Rodrigo apresenta esta unidade que nasceu de uma loja de rua na Vila da Ericeira, em 1996. Estudo de Casos Pág. 59 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Trata-se de uma sociedade por quotas com uma cadeia de lojas que se estende de Aveiro ao Algarve, assente em grandes espaços comerciais. Dez anos depois, a Ericeira Surf Shop chega ao Centro Comercial Vasco da Gama, símbolo da expansão alcançada. A logística, o marketing, a contabilidade, o design e a produção, os gerentes de loja e os balconistas são elementos essenciais numa empresa que continua em crescimento (ver organigrama). Mais de uma centena de pessoas trabalham entre os sectores de “backoffice” e armazém, produção e frente de loja. Ao todo, são cerca de 115 homens e mulheres, na maioria jovens e que reflectem na sua imagem pessoal o gosto pelos desportos náuticos, especialmente o surf. Destaca-se a marca própria com o nome da loja, criada por um designer, e que distingue a Ericeira Surf Shop de outras lojas nos mesmos mercados. A História Sendo a Ericeira um ponto mundial da prática do surf, na altura não existia na vila uma loja que desse resposta aos inúmeros adeptos da modalidade. A Ericeira Surf Shop surge a partir da Despomar, uma empresa que distribui várias marcas internacionais, como a Billabong. Estudo de Casos Pág. 60 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Reunidas as condições de fornecedores e espaço, a loja adopta o nome da vila combinando-o com o surf: Ericeira Surf Shop. Dois anos depois, segunda abre a unidade no Saldanha, em Lisboa. Este lado citadino leva mais dois anos até chegar ao Centro Comercial Colombo e, a partir daí, a aposta nas grandes superfícies vai de Cascais, a Oeiras e Almada. Aveiro, Coimbra, Guia, Faro, Seixal seguem-se nesta estratégia assumida para futuras unidades. “A da Ericeira é a única loja de rua que temos”, indica o responsável. Sedeada na mesma região está também a Despomar, empresa que representa as grandes marcas internacionais. Protagonista das duas empresas, Paulo Martins foi o grande mentor da abertura de uma loja especializada. Associa-se a Artur Durval Fernandes, com uma grande experiência em centros comerciais, adquirida nas lojas Windsurf Guincho. Com três lojas no ano 2000, a Ericeira Surf Shop inaugura mais nove em sete anos, uma dinâmica indesmentível. “Atrás disso estiveram pessoas como o Paulo Martins, o Artur Durval Fernandes e outros sócios que foram aparecendo pelo caminho, também porque houve a preocupação de se associar aos locais na exploração e supervisionamento do mercado local”, justifica o nosso interlocutor. Conceito e clientes-alvo O surf rapidamente se associou ao skate e ao snowboard, transportando para a loja o conceito multimarcas de produtos das três modalidades, representando três mercados.”Nós temos os melhores materiais de surf, ao nível de vestuário, de pranchas, de material técnico; temos as melhores marcas de skate, de materiais técnicos, de roupas mais urbanas como é o caso da Element; e temos as melhores marcas de snowboard”. No mesmo espaço vendem-se todos os artigos destinados aos três desportos. Estudo de Casos Pág. 61 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal O sistema de venda directa ao público assenta num “target” jovem e a empresa considerase muito bem posicionada dada a expansão do mercado. A imagem das lojas, a abertura de novas unidades e a mudança constante são factores que concorrem para uma dinâmica de sucesso que agrada ao cliente. As marcas internacionais vendidas de são renome marcas e, nesse sentido, a criação de uma marca própria teria que igualar os padrões de qualidade das etiquetas vendidas. Por esse motivo desenham internamente os produtos da marca mas recorrem frequentemente a fornecedores estrangeiros para a sua produção. A linha Ericeira Surf Shop consegue diferenciar-se por preços mais baixos, resultantes da produção nacional que exclui todo o processo de importação. Baseia-se no vestuário, acessórios e nas pranchas de surf. Há um grande investimento na imagem das lojas: imagens de patrocinados, écrans de plasma integrados nos espelhos das cabines de prova com filmes de surf ou outras imagens em reprodução contínua, écrans na loja, caixas de luz e motivos decorativos acolhem os jovens que procuram a Ericeira Surf Shop em busca de inspiração. Na publicidade, focam-se nas revistas especializadas, promovem aberturas de lojas em rádios locais fora da Grande Lisboa e, acima de tudo, patrocinam escolas de surf e eventos de surf. Tornam-se agora os patrocinadores principais de um circuito de juniores ao nível nacional, o “Ericeira Surf Shop B! Pro”. A assessoria de imprensa e todo o contacto com os media parte do departamento de marketing, ajudando a posicionar a marca e os produtos nos meios jornalísticos. Todo este trabalho é muito recente pois, o departamento de marketing é ele próprio recente. O lançamento do site está para breve, o cartão de cliente actual que oferece descontos num Estudo de Casos Pág. 62 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal determinado número de contas vai ser objecto de uma base de dados de comunicação directa com o cliente. O conhecimento que têm do cliente é sólido: 12 aos 25 anos. Uma excepção que pode vir a tornar-se regra é alcançar os pais dos adolescentes e uma faixa acima dos 30 anos que, pontualmente, são clientes. Relação com outras Empresas Estão a ser pensadas parcerias ao nível da comunicação com outras empresas e outras marcas. O objectivo é associarem-se a empresas noutras áreas de negócio e criarem mais valias para os dois lados, partilhando o mesmo “target”. Com isto, pretendem criar sinergias em projectos onde se reconheçam. A Billabong, a Quiksilver, a O’Neill, a Riderstore, a Sport Zone são concorrentes nacionais. Depois, localmente, as lojas de rua concorrem nos seus territórios. Acrescente-se ainda que o facto de a Ericeira Surf Shop optar pela implementação em centros comerciais acaba por lhe trazer outro tipo de concorrentes: as lojas do mesmo espaço de outros sectores, principalmente no Natal. “Há espaço para todos”, revela Rodrigo Pimentão. Aliás, a Ericeira Surf Shop comercializa produtos de duas das marcas enunciadas. São concorrentes mas também fornecedores. Estudo de Casos Pág. 63 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Factores Estratégicos de Sucesso Neste tipo de desportos, o vestuário pode ser usado para além da modalidade, torna-se confortável e entra na moda jovem como item quase obrigatório, pelo que a linha de fabrico próprio vai dedicar cada vez mais atenção à roupa. É importante frisar que as marcas de vestuário destes desportos investem parte dos seus lucros em patrocínios de atletas, competições e organização de provas ou outros eventos, numa perspectiva solidária com o que as fez nascer e consolidando a imagem adquirida. “No nosso trabalho somos capazes de ir com uma prancha de surf dentro do carro”, o que reflecte a associação entre um estilo de vida e o mercado de que também fazem parte e a empresa onde desenvolvem a sua actividade. Conhecem o mercado e fazem parte dele, um factor de sucesso. Como factores críticos, a abertura de mais espaços de marcas de surf não é considerada, tal como a presença exclusiva em centros comerciais. No caso do Centro Comercial Colombo, existe um espaço que integra estas lojas mas, a Ericeira Surf Shop está no lado oposto. A formação dos balconistas é fundamental e é dada pelos gerentes de loja, visto que aqui é necessário conhecer os produtos e o funcionamento dos materiais técnicos. Perspectivas de Evolução Ao nível dos produtos, a evolução está consolidada e mantêm a estratégia de aproveitar oportunidades de posicionamento em grandes superfícies comerciais. Não se revêem no franchising, mas sim no redimensionamento da empresa em termos departamentais, respondendo agora a um crescimento que ultrapassa a estrutura inicial e surpreende pela atitude descontraída de quem trabalha no que gosta. Estudo de Casos Pág. 64 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Sendo a Ericeira um ponto mundial da prática do surf, na altura não existia na vila uma loja que desse resposta aos inúmeros adeptos da modalidade. A Ericeira Surf Shop surge a partir da Despomar, uma empresa que distribui várias marcas internacionais, como a Billabong. Reunidas as condições de fornecedores e espaço, a loja adopta o nome da vila combinando-o com o surf: Ericeira Surf Shop. O conceito Conceito multimarcas de produtos destinados aos 3 desportos que representam: surf, skate e snowboard. As marcas são internacionais e nacionais com elevados padrões de qualidade e são aliadas a uma imagem dinâmica e jovem das lojas. Estudo de Casos Pág. 65 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 9 Identificação da Empresa: Nome: Loja do Velho Jeans Sector de Actividade: Vestuário e Confecção Morada: Rua Carlos Ribeiro, 50, Ed. Visconde da Luz – Piso 0 –Loja 5, 2750-311 Cascais Tel: 968 288 106 Site: www.lojadovelhojeans.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Imagem de marca • Target: raparigas adolescentes • Relação cliente/loja define o produto A Empresa Clarisse Rocha recebe-nos na Loja do Velho de Cascais, a nova sede de uma cadeia que começou numa pequeno estabelecimento da Baixa de Lisboa, há trinta anos. Uma antiga camisaria possuía a etiqueta “USA”, patrão e empregados conheciam bem o sector e juntaram a prática ao know-how, numa altura em que o comércio tradicional no sector do vestuário começa a enfrentar uma crise sem precedentes, que coincide com o incêndio do Chiado e a entrada em massa de marcas internacionais no mercado português. No final dos anos noventa, a loja vira-se para as gangas com três pessoas ao serviço. Sem uma montra digna desse nome, “a Loja do Velho” é um verdadeiro “case study” de sucesso. Estudo de Casos Pág. 66 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A história Clarisse e Juvenal Rocha associaram-se nesta aventura de fornecer calças de ganga populares entre as adolescentes. As calças à boca-de-sino, cintura descaída e várias lavagens e tecidos atraíam multidões à Rua Augusta, em filas que se estendiam quarteirão fora, à espera de comprar “umas calças do Velho”. As raparigas chamavam-lhe ora “a loja das calças, a loja das gangas, até que começaram a chamar A Loja do Velho”. O Sr. Manuel Tenreiro, proprietário do estabelecimento achou graça e assim ficou. Mais tarde, os sócios começam a confeccionar as próprias calças, numa fábrica em Aveiro, com designers e modelos novos. “Especializámonos em calças largas e jardineiras. Relançámos a moda das jardineiras e, a partir daí, fizemos uma parceria com a Loja do Velho de Lisboa e com outras fora do distrito”, explica Clarisse. Especialmente ao Sábado vinha gente de todo o país em busca das calças da moda. A loja é pequena e só comporta três a quatro clientes no interior. Até a compra estar completa, as outras adolescentes esperavam na rua, à chuva ou ao sol, tanto lhes fazia desde que levassem consigo o símbolo da distinção “USA” que faria furor na escola e entre as amigas. Conceito e clientes-alvo O produto é nacional, a marca “Loja do Velho” e a etiqueta “USA” estão registadas. O tamanho mais pequeno é o 8, correspondente a oito anos, embora seja muito relativo porque há meninas mais velhas que vestem para oito anos e o contrário. O tamanho maior é o 48. Sem excepção, as calças são todas muito compridas de perna, já que a altura é quase impossível de prever nestas faixas etárias. Paga-se em dinheiro ou em cheque e os preços são os mesmos de há mais de oito anos a esta parte. As bainhas estão incluídas. Estudo de Casos Pág. 67 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Quem está na loja, possui a experiência e domina os circuitos de informação destas faixas etárias que vão dos oito aos dezasseis anos ou mais. As mães também compram e todas dão opinião. Do que gostam, do que precisam, o que acham que a loja devia vender também, são perguntas que os lojistas colocam, criando toda uma rede de comunicação interna e externa que resulta num aperfeiçoamento constante dos modelos e tecidos. A preocupação com a imagem está mais do lado da cliente do que do lado expor da loja. os Importa modelos e dividi-los por números em prateleiras. O mostruário contém todos os “jeans” da loja, é só provar e marcar as bainhas. Três dias depois, a cliente está apta a vestir as suas “Calças do Velho”. O boca-a-boca das camadas juvenis difere substancialmente das tendências da moda. Trata-se de um público jovem, irreverente e muito criativo que define o que quer usar, como e quando. Na Loja do Velho nasceu um conceito de calças que tem tudo a ver com as adolescentes, uma espécie de relação revivalista do que as mães usaram com um código definido no seio do grupo das adolescentes. A publicidade justificou-se apenas quando a loja ficou isolada num pequeno centro comercial de Cascais e a mudança era inevitável. Não pela falta de procura, em dez meses o sucesso era garantido, mas pela simples razão de que uma loja apenas não mantém um espaço multi-lojas. Mupis e flyers foram os suportes escolhidos para divulgar a nova localização. Estudo de Casos Pág. 68 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Relação com outras Empresas A matéria-prima é estrangeira e as compras aos fabricantes e fornecedores seguem os padrões e texturas definidos pelos designers, de acordo com a informação proveniente das lojas. Evidentemente que a concorrência grassa mas, aqui o valor da marca faz sombra a produtos semelhantes vendidos noutras lojas. Factores Estratégicos de Sucesso A resposta à procura é o modelo de negócio da Loja do Velho. Este ano, lançaram as calças estreitas. É o resultado de uma atenção meticulosa e perspicaz às preferências das clientes, em consonância com as tendências da moda. As jardineiras são o modelo topo de gama, se assim se pode classificar. Seguem-se as saias- jardineira, as saias-calção, as saias, os calções, as jardineiras-calção e toda uma combinação de modelos onde a sarja e as gangas imperam. Não apenas as gangas, que as há de todos os padrões, também os lavagens tecidos e texturas, mas coloridos, os pormenores de um cinto incorporado, umas alças sem peitilho (ou um peitilho sem alças, também existe), os botões de mola ou de casas, os fechos de correr, enfim, um mundo de elementos diferenciadores num universo de modelos que vai nascendo ao longo do ano, ignorando as estações. Quando surge uma ideia para um modelo, é testado e se veste bem, fabrica-se e vende-se em qualquer altura. A reposição é permanente e o contacto entre lojas e entre lojas e armazém não permite faltas nas prateleiras. Estudo de Casos Pág. 69 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Perspectivas de Evolução A centralização de toda a actividade da empresa em Cascais é o objectivo prioritário. Ao nível do produto, as calças para rapazes estão numa fase experimental, já que são produzidas por outros fabricantes e o custo final é elevado. Os acessórios e outras peças de vestuário vão entrando lentamente na cadeia de valor, embora não sejam de fabrico próprio. Os cintos, os tops, as camisolas são exemplos. Lisboa, Cascais, Santarém, Évora (suspensa por doença da proprietária), Almeirim e Odivelas, estas duas últimas já em regime de franchising, fazem evoluir uma cadeia de cariz nacional. O ficheiro de clientes está a ser criado, o site está na Internet, os preços aumentaram apenas nas calças. Ainda é cedo para se saber onde vai abrir a nova Loja do Velho. Estudo de Casos Pág. 70 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Aproveitar a existência de uma marca já antiga e aliá-la ao conhecimento e prática de trabalho no sector do vestuário. O conceito Na Loja do Velho nasceu um conceito de calças que tem tudo a ver com as adolescentes, uma espécie de relação revivalista do que as mães usaram com um código definido no seio do grupo das adolescentes. “Especializámo-nos em calças largas e jardineiras. Relançámos a moda das jardineiras e, a partir daí, fizemos uma parceria com a Loja do Velho de Lisboa e com outras fora do distrito” Estudo de Casos Pág. 71 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 10 Identificação da Empresa: Nome: Em Casa Com - Santos da Casa Sector de Actividade: Interiores, Design e Equipamento Morada: Avenida D. Carlos I, 49-A, 1200-646 Lisboa Telefone: 213 952 536 Site: www.emcasacom.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Localização no Santos Design District, em Santos, Lisboa • Aposta na iluminação • Design de interiores • Pioneiros no mercado A Empresa “Em Casa Com” são três lojas: a “Santos da Casa”, a mais visível e mais antiga, a “Boffi”, especializada em cozinhas, e uma terceira dirigida a profissionais com visitas sob marcação, a “Watt”. Com dez anos celebrados em Outubro de 2006, é uma limitada que se dedica ao comércio, importação e exportação. Oito pessoas em permanência, outros tantos colaboradores externos contribuem para o desenvolvimento dos projectos. Falamos com Carlos Branco, parte da equipa que pretende relançar a marca e o conceito de negócio. Estudo de Casos Pág. 72 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A história Três sócios: Ana Paula Várzea, João Barata e João Guimarães, em que cada um trazia a sua valência para o negócio. Gestão, engenharia e arquitectura. Ana Paula Várzea oferecia ainda a mais-valia dos objectos em cerâmica, porcelana, vidros e talheres, entre outros, obtida numa loja anterior. A certa altura surgiu a oportunidade de o negócio crescer e associou-se a João Barata e João Guimarães. Ela entrava com o conceito de negócio e a experiência, os outros dois com os meios para que este pudesse crescer, a gestão financeira e administrativa e as componentes de arquitectura e “contract”, isto é, o fornecimento de grandes quantidades. De uma loja em Santos, a empresa expande-se para os mercados da cozinha e banho, objectos e mobiliário e, finalmente, a iluminação. Abre mais duas unidades e muda a casamãe para o quarteirão em frente, em diagonal com a “Armani”, situada na esquina oposta. A “Boffi” comercializa cozinha e banho, a “Watt” é uma “filha” da “Santos da Casa”, resultado da necessidade patente nos projectos quanto à iluminação. Em virtude dos projectos, a iluminação tomou a dianteira e a casa especializa-se agora nesta área. Durante Estudo de Casos Pág. 73 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal um ano ainda funcionou como loja aberta ao público mas, a escassez de visitas não justificava um funcionamento em permanência. Além disso, o público era na sua maioria composto por profissionais que marcavam a visita. A empresa representa, em Portugal, as marcas “StenLight”, “Davide Groppi”, “Montis”, “Johansen Design” e “Orsenigo”. Conceito e clientes-alvo Projectos, objectos e soluções de interiores constituem os produtos e serviços vendidos e prestados. Particulares e clientes “corporate” solicitam desde o projecto completo a um pedido em especial. Evitando sempre a palavra decoração, Carlos Branco explica que “decorar pode ser embelezar ou ornamentar algo” e o âmbito da casa transcende actividade. em largamente O conceito ”arranjar essa baseia-se soluções para problemas”: uma casa de campo, um estúdio, espaços modestos ou faustosos, tanto faz, tem a ver com o espaço e o cliente. Já lá vai o tempo do decorador ao estilo dos anos oitenta, a pessoa que entrava em casa e deitava fora o que não se coadunava com a moda do momento. No Gabinete de Projecto define-se o objectivo de acordo com o que o cliente possui, pois no final há que cumprir uma função, os objectos são funcionais e não meramente decorativos. O design enquanto actividade tem como primeira característica a resposta funcional, depois o ser aprazível. Estudo de Casos Pág. 74 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Ana Paula Várzea é a responsável pela selecção de objectos e marcas que ainda hoje tornam esta loja impossível de franchisar, dada a variedade e a originalidade que se pretendem. A marca ”Santos da Casa” está associada a uma filosofia de espaço. A fidelização de clientes remete para clientes históricos que ciclicamente visitam a loja. Sempre muito personalizada, a comunicação com o cliente é fundamental e ultrapassa a questão funcional. O Carlos, a Rita, o Rafael e não o director comercial, de marketing, etc, implicam esta aproximação. Os clientes variam: ou vão comprar casa, ou mudar de casa, ou tiveram um bebé e essa energia renovadora é comum a quem entra. O estado de espírito ganha força na aquisição de um objecto que já se desejava, para comprar ou oferecer. Relação com outras Empresas A “Santos da Casa” é uma promotora da iniciativa “Santos Design District”, uma entidade que reúne lojas, bares, restaurantes, museus e outros parceiros da zona. O “Design à 5ª” é a proposta inicial, todas as empresas alargam o horário de funcionamento na última quintafeira do mês, até ás dez da noite e promovem as suas próprias iniciativas. Eventos, exposições, menu especial são propostas da dezena de associados presentes. No âmbito do “Santos Design District” será criado o “Smile Card”, um cartão de fidelização partilhado pelos estabelecimentos associados e traduzido em pontos creditados na aquisição de bens. A ideia base é de que o Bairro de Santos é o bairro do design. Sem outro tipo de parcerias, a partilha de informação atravessa a informalidade de uma ou outra peça que se sabe existir noutra loja. Estudo de Casos Pág. 75 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Factores Estratégicos de Sucesso “Uma revolução silenciosa”, como lhe chama Carlos Branco, toma agora a dianteira na reestruturação da empresa. Sem renunciar às origens, há que modernizar a matriz do negócio, enquanto referência no mercado e local de desfrute das peças expostas. Ao nível da equipa, só existe lugar para os apaixonados pelo “métier”, motivados, conhecedores dos objectos e da sua história. Ao nível do local, há que recuperar a noção de galeria, onde o cliente não tem que comprar, pode entrar para conhecer o objecto e apenas. A confusão visual que se sente agora é intencional e provocada para sobressair a ideia de um “bazar chique” onde a pessoa percorre um lugar confuso e ruidoso, à descoberta da peça. Um factor de sucesso relativo deu lugar a uma perspectiva de factor crítico, a resolver. A concorrência multimarcas é grande. No entanto, os próprios agentes representantes das marcas têm o cuidado de as distribuir assente numa gestão geográfica, pelo que as coincidências são praticamente inexistentes e as empresas locais apoiam-se mutuamente na falta de um produto. Em termos nacionais, as grandes cadeias como a IKEA, são consideradas bem-vindas pela primeira aproximação a objectos de design. Um trabalho de educação que beneficia os de menor dimensão, estas marcas com preços muito acessíveis desperta o público para o mercado do design e eleva a exigência do gosto. A distinção entre clássico e design atenua-se. Há toda uma geração que conhece “o espremedor do Starck” e são esses os clientes-alvo do sector. Estudo de Casos Pág. 76 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Perspectivas de Evolução A mudança de que se fala, passa pelo “showroom”, pela imagem e comunicação da empresa, incluindo a imagem gráfica. Contudo, o abrandamento do mercado reflecte a conjuntura de pós-consumismo dos anos noventa em que se saltou do “não havia nada, marcas dinamarquesas, italianas” para as compras desenfreadas. A euforia foi uma excepção, considera Carlos Branco, “isto é a normalidade” e há que encará-la com novas estratégias. A “Santos da Casa” não vai mudar de sítio mas, um dia destes, a loja tapa as montras e quando as destapar, promete Carlos Branco, será um momento de grande impacto no Bairro do Design. Estudo de Casos Pág. 77 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Ana Paula Várzea é a responsável pela selecção de objectos e marcas que ainda hoje tornam esta loja impossível de franchisar, dada a variedade e a originalidade que se pretendem. O conceito De uma loja em Santos, a empresa expande-se para os mercados da cozinha e banho, objectos e mobiliário e, finalmente, a iluminação. Estudo de Casos Pág. 78 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 11 Identificação da Empresa Nome: Flor e Pólen (nome comercial)- Flor Sector de Actividade: Retalho de flores e decoração Moradas: Lisboa Largo Vitorino Damásio, nº3C, Pav. 3 – Santos Tel: 21 395 10 19 Fax: 21 397 17 18 Avenida da República, nº37 A Tel: 21 793 09 39 Fax: 21 793 09 30 Porto Aviz - Rua José Gomes Ferreira, nº253, loja 219 Tel/Fax: 22 616 39 05 Site: www.florflor.com Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Conceito e imagem único de fusão entre o produto e o design • Contraste absoluto com a florista no sentido tradicional • Imagem de marca estabelecida • Expansão controlada de lojas e serviços A Empresa O negócio começa no dia 27 de Março de 2001. Um ano antes, José Carlos e João Piano começam a desenvolver o conceito. Em seis anos abrem três unidades desta sociedade por quotas. Na Flor existe o que se poderia chamar “uma direcção artística e uma direcção de gestão”, a que se juntam floristas, motoristas e jardineiros num total de doze elementos. Totalmente criado pelos dois irmãos, o conceito da Flor assentou na primeira loja, combinado o produto e a arquitectura do espaço. A abertura de mais duas lojas com áreas e disposições diferentes permitiu acolher o mesmo conceito, definido pelo produto. “Com Estudo de Casos Pág. 79 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal quatro paredes brancas, nós podemos abrir uma loja de flores”, diz José Carlos, simplesmente adaptando o espaço. Na loja de Santos, a intervenção de restauro numa oficina de escultor transformou o “barracão” na primeira loja. Na Avenida da República, predominam os elementos Art Noveaux, praticamente sem fazer obras. Na loja do Porto, o projecto de Siza Vieira, mais rectilíneo, acolhe a terceira unidade. AH ISTÓRIA Sem condições físicas, o conceito foi montado com toda abrangência, a “porque nós não sabíamos onde é que íamos aplicar o conceito. Sabíamos o que queríamos da loja de flores”, recorda o proprietário. O molde iria encaixar em qualquer espaço. Uma ideia que surgiu da falta no mercado nacional de “flores com conceito” e não dos baldes com flores tradicionais. Apesar de se trabalhar muito com flores em Portugal, os sócios sentiam que o mercado sofria de uma grande lacuna ao nível da exploração deste tipo de negócio. João Piano, com formação em Vitrinismo, e José Carlos Piano em Arquitectura de Interiores viam no estrangeiro as potencialidades deste sector. Variedade, originalidade, estética e horários alargados contrastavam com o mercado português. A apetência por trabalhar com flores é o critério de recrutamento do pessoal. Não existem pré-requisitos de florista pois, a empresa dá a formação necessária à função a desempenhar. Estudo de Casos Pág. 80 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Conceito e clientes-alvo A aceitação que teve, apesar de se encontrar “escondida” num pátio de Santos, resultou em cheio do conceito de diferença. A revista internacional “Wallpaper” destacou a Flor como única ao nível mundial. Numa palavra, o conceito parte da “transparência”. Aplica-se a uma loja limpa e transparente com um aspecto clínico, higiénico e asséptico. Muito longe do “cheiro a mortos”, característico do sector floral. Aqui cheira a verde. As caixas de acrílico permitem ver a flor do caule à campânula, sem pés danificados e amarelos, tudo está á mostra. Esta transparência aplica-se igualmente nos orçamentos. “Nós vendemos flores de todo o mundo e não precisamos de cobrar uma fortuna por exótica”, uma explica flor José Carlos. Todos os dias, a loja deita fora dezenas de flores para manter a frescura dos produtos. Não optam por variedades mais baratas para cobrir todas estas despesas, escolhem antes a qualidade acima de tudo e isso paga-se distribuindo as perdas sem que elas se reflictam nos orçamentos. A venda directa ao público, os arranjos de flores também em sistema de venda directa, trabalhos funerários, festas, baptizados, casamentos, eventos, lançamento de produtos, entre muitos outros, encaminham a empresa para fora do seu sector inicial. A promoção de eventos pede outros produtos na área da decoração, dos acessórios e artigos para jardim, dependendo dos pedidos dos clientes. Formam as suas próprias colecções e pesquisam produtos pelo mundo inteiro que contribuem para a colecção da marca Flor. Das flores frescas Estudo de Casos Pág. 81 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal às artificiais e exóticas, os produtos são tratados de acordo com o que o cliente idealizou e o que a imaginação da Flor é capaz. Internamente, a preocupação com a imagem é constante e, por essa mesma razão, merecem destaque nos meios de comunicação social. O factor inovação é o critério. Nunca fizeram anúncios, pelo contrário, são outras marcas que procuram o espaço Flor para filmar os seus “spots” publicitários, como aconteceu com a operadora de telecomunicações móveis Optimus. São convidados a estar presentes nos guias da cidade e investem apenas na divulgação local: estão no mapa da Junta de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, pela localização na Avenida da República, dando a conhecer o espaço à população da freguesia. Relação com outras Empresas As parcerias surgem ao fornecer flores para eventos que referenciam a marca. São negócios em que a Flor não pretende ter um papel secundário, já que como afirma o sócio: “as pessoas gostam muito de andar à boleia umas das outras”. Com menções honrosas e referências ao nível internacional, dedicação e muito trabalho a Flor torna-se apetecível para parcerias que não a beneficiam pois, a empresa tem notoriedade, e sem lucro a parceria não se justifica. Estudo de Casos Pág. 82 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal É nas avenças e prestações de serviços regulares que a marca encontra o seu espaço de relacionamento com outras empresas, um factor de sucesso. Factores Estratégicos de Sucesso A fidelização de clientes é o maior factor estratégico da empresa. “Quem compra na Flor, dificilmente vai comprar a outro lado”, é o argumento. Isto consegue-se aliando o conceito a uma sensibilidade da marca destinada a tornar a Flor acessível a todos os consumidores. Estabelecida a identificação com o produto e a exposição do mesmo, a variedade de clientes converge para a Flor. Para além disso, as avenças com empresas, e também clientes particulares, asseguram a venda e reposição de arranjos semanais em espaços que já não prescindem das flores frescas. É um serviço contratado que permite o conhecimento do cliente e a adaptação ao seu desejo. “99% dos nossos clientes entram num sítio onde estão flores e dizem ‘aquelas flores são feitas na Flor’”, orgulha-se José Carlos Piano. Os sítios podem ser desde um consultório a um restaurante. As flores são feitas (e o termo aplica-se à produção), de acordo com regras de tratamento da espécie e uma orientação artística de João Piano. A ideia é pensada, o conceito é aplicado e, na maior parte das vezes, o cliente é surpreendido pois, quem encomenda está a colar-se a alguma coisa que Estudo de Casos Pág. 83 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal já viu. Nesta altura, a Flor desmonta a primeira ideia e apresenta propostas alternativas. Festas de Natal, jantares, eventos e acontecimentos pressupõem um briefing e a Flor mostra-se à altura, fornecendo os orçamentos à medida do cliente. O primeiro casamento que realizaram foi o de um colaborador das obras da loja que gastou menos de 10% do que dispunha para a cerimónia inteira, ou seja, muito pouco. José Carlos considera que não existe concorrência à altura, admite apenas a FlowerPower e a Loja das Rosas como bons exemplos no sector. Sendo assim, a parte crítica da concorrência não se justifica. Tal como outros casos aqui analisados, a crise económica é sempre o grande fantasma que se deve temer. O risco de expandir a Flor sem consolidar as três unidades actuais está em cima da mesa. Agora, considera José Carlos, a atitude minimalista de diminuir o tendências consumo do design aliado está às a diminuir. A falta de mão-de-obra e de profissionalismo são os grandes obstáculos neste sector. Falta mão-de-obra especializada e os portugueses não querem trabalhar em floristas, mesmo quando receberam formação na área. A Flor admitiu recentemente estagiários dos cursos de formação dos Centros de Emprego e nenhum ficou na empresa, uns por opção própria e outros por falta de capacidade de trabalho. Aqui o Estado tem a sua fatia de culpa pelas oportunidades sucessivas de formação e protecção social a pessoas que obviamente não pretendem trabalhar, aponta José Carlos Piano. Perspectivas de Evolução O Continente, sobretudo Lisboa e Porto, as ilhas e Espanha requisitam os serviços da empresa que aposta agora no mercado angolano. Só este ano, os dois sócios já se deslocaram seis vezes a Luanda. O futuro é auspicioso, o negócio corre bem. Estudo de Casos Pág. 84 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Sem condições físicas, o conceito foi montado com toda a abrangência, “porque nós não sabíamos onde é que íamos aplicar o conceito. Sabíamos o que queríamos da loja de flores”, recorda o proprietário. O molde iria encaixar em qualquer espaço. Uma ideia que surgiu da falta no mercado nacional de “flores com conceito” e não dos baldes com flores tradicionais. O projecto Numa palavra, o conceito parte da “transparência”. Aplica-se a uma loja limpa e transparente com um aspecto clínico, higiénico e asséptico. Muito longe do “cheiro a mortos”, característico do sector floral. Aqui cheira a verde. As caixas de acrílico permitem ver a flor do caule à campânula, sem pés danificados e amarelos, tudo está á mostra. Esta transparência aplica-se igualmente nos orçamentos. “Nós vendemos flores de todo o mundo e não precisamos de cobrar uma fortuna por uma flor exótica”. Estudo de Casos Pág. 85 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal CASO 12 Identificação da Empresa Nome: Ritualmesa Unipessoal, Lda (nome comercial) D.O.P. – Delícias de Origem Portuguesa Sector de Actividade: Alimentar – Especialidades Alimentares Morada: Centro Comercial Acqua Roma, Loja 21, 1º piso Avenida de Roma, 15B, Lisboa Tel: 21 795 83 68 Email: [email protected] Factores Diferenciadores: • Primazia a produtos nacionais • Autenticidade (genuidade/qualidade) dos produtos • Exclusividade de alguns produtos • Serviço de refeições por encomenda • Atendimento • Loja situada em centro comercial aberta todos os dias das 10h ás 22h A Empresa A D.O.P. – Delícias de Origem Portuguesa é uma loja de especialidades alimentares localizada num centro comercial. Margarida Correia e uma empregada constituem a dupla que acumula desde o sector comercial, financeiro, marketing a reposição de stocks e atendimento. Em termos contabilísticos e fiscais há um terceiro elemento, externo, o contabilista. Vinda do mass market, Margarida traz consigo uma carreira nos produtos alimentares. Alimentava o sonho de ser ela própria uma empreendedora e com essa ideia em mente, achou que só havia uma possibilidade: montar um negócio alimentar. Nasce a D.O.P. – Delícias de Origem Portuguesa designação que remete para especialidade “de origem protegida”, de acordo com os critérios dos produtos regionais. De frente para quem entra no Centro Comercial Acqua Roma, a localização é privilegiada. O tráfego pedonal e o prestígio das Avenidas Novas foram factores definidos à partida. Paralelamente, impôs-se a explicação do que consta do produto, de que se trata e as suas Estudo de Casos Pág. 86 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal utilizações possíveis, já que o cliente deve familiarizar-se com o que manuseia traduzida a informação em francês, inglês, espanhol e italiano. A História Em Janeiro de 2006 abre a empresa Ritualmesa Unipessoal, Lda, dedicada ao retalho de produtos alimentares, vinhos e acessórios. A questão que se colocava produtos era tipo de comercializar? A resposta que recaiu especialidades sobre alimentares de origem nacional. O know-how da distribuição no sector é uma mais-valia que aproveita para trabalhar o conceito da loja. O desenho do modelo de negócio a implantar partiu do estudo do comportamento do consumidor, chegando à conclusão: “alimentação refinada com mais sabor”. Seguiu a tendência global de “dar valor ao que é tradicional, genuíno e nosso” e aponta o orgulho nos últimos feitos desportivos (como as Selecções Nacional de Rugby e Futebol), o renascer do Hino Nacional entre a população, o voltar a gostar do Fado e de música genuinamente portuguesa como exemplos concretos deste movimento social que traz de volta as raízes portuguesas. A selecção passou por viagens em território nacional, o passa-palavra de fornecedores, feiras da especialidade como a “Alimentaria”, e muitas pesquisas na internet. O serviço obrigava à excelência, razão de ser do conceito. Estudo de Casos Pág. 87 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Conceito e clientes-alvo A primazia aos produtos portugueses é condição para o conceito da D.O.P. Aos clientes agradava a ideia dos produtos portugueses, elogiados constantemente, confirmando a aposta inicial. O conceito baseia-se em três grandes valores: autenticidade, inovação e qualidade. Marcas tradicionais, produtos DOP (Denominação de Origem Protegida) e DOC (Denominação de Origem Controlada) e IGP’s (Produtos de Indicação Geográfica) encontram-se nas prateleiras, pondo de parte o conceito da imagem de marca. “A marca aqui não tem tanta importância”, explica Margarida Correia, “aqui tem muito mais a ver com o produto em si do que propriamente com a marca, porque as marcas são pequenas, são marcas familiares, são marcas artesanais”. A relevância assenta, então, nas categorias dos produtos comercializados: os biscoitos da Casa Gama, na Ericeira, e os gelados do Santini, em Cascais, exclusivos para a D.O.P. durante todo o ano. De volta ao conceito, o histórico do consumidor revê-se nestas categorias de produtos, fora dos seus locais habituais e disponíveis em plena cidade de Lisboa. Em relação a outras “delícias”, o azeite, o vinagre, os molhos, as compotas, os chás, os vinhos, os enchidos, os queijos, o pão e os aperitivos completam o espaço. Estudo de Casos Pág. 88 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Acrescente-se ainda mais um ingrediente: o serviço de refeições por encomenda (disponível na loja e também enviado por email). Não se trata de catering mas de encomendas que podem ir desde um jantar completo até aos meros petiscos. Da sopa de coentros à empada de caça e ao “cheesecake”, a D.O.P.- Delícias de Origem Portuguesa, encarrega-se de tudo. Inicialmente, vendia artigos. oferta a loja novecentos Duplicada para mil a e oitocentos em sessenta metros quadrados, as referências não estão todas presentes. Isso reduziria a visibilidade e disposição da loja. Todos os artigos estão activos, a variedade é sazonal como acontece nos chocolates ou nos biscoitos. O Natal obriga ao aumento da oferta. As novidades são uma constante e aqui há que apostar na inovação, no que é nacional e na substituição de alguns produtos por outros. Os padrões de adequação: qualidade, inovação e autenticidade são os critérios. Do outro lado, os clientes definem o sucesso do que se vende, nem sempre coincidente com a selecção inicial e determinante para a sua exclusão. A disponibilidade para parcerias é ponto assente no relacionamento com outras empresas, incluindo as questões publicitárias. Presente no guia “Convida” da Avenida de Roma, a D.O.P. Delícias de Origem Portuguesa guarda-se para mais tarde. “Se tenho um conceito redondo, tenho que ter uma imagem redonda”, justifica a proprietária, onde caiba o classicismo e a modernidade. A loja reflecte obviamente as duas facetas, os materiais como as etiquetas também. O cliente “é quem gosta de viver a vida com prazer” e sabe do que vem à procura para si ou para oferecer. Relação com outras Empresas Neste momento, os parceiros são, entre outros: a Cozinhomania, conhecida pela marca “Melhor Bolo de Chocolate do Mundo”; os gelados Santini, disponíveis em todas as estações do ano; os biscoitos da Casa Gama da Ericeira e os serviços de um Chef, que Estudo de Casos Pág. 89 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal incluem uma vertente em que o Chef vai cozinhar a casa e leva empregado de mesa. No serviço de encomendas, através de um catálogo de A a Z, o cliente pode optar por uma série de produtos e serviços. Factores Estratégicos de Sucesso O sortido, o ambiente de loja, as relações públicas (designadamente o atendimento) a publicidade e passam pelo que Margarida chama de “o conforto compra”, o espaço de loja tem que permitir cliente vontade ao sentir-se à e os produtos devem “respirar”. A elegância aliada à cor permitem destacar, por exemplo, as mercearias garridas num suporte escuro e, em oposição, os vinhos sobre prateleiras amarelas. Bordeaux, amarelo, preto e branco formam a paleta com o objectivo comum de destacar, minimizar e fluir. O contraste com peças de mobiliário clássico dá um toque cenográfico ao ambiente. Em termos de concorrência, a sazonalidade é um factor que conduz os clientes a outras empresas, as lojas de produtos alimentares em geral e a sua área de influência, os supermercados e hiper também são considerados. A D.O.P. Delícias de Origem Portuguesa diferencia-se em primeiro lugar pelo atendimento: uma relação de confiança e de fidelidade é essencial. No entanto, este também pode ser um factor crítico se não corresponder às expectativas do cliente. Ainda numa fase de atracção e fidelização, a pedagogia é importante neste tipo de produto distinguindo a qualidade. Estudo de Casos Pág. 90 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal Perspectivas de Evolução A expansão da D.O.P. está prevista para a Grande Lisboa em lojas próprias porque o franchising não permite, segundo a proprietária, o controle que se pretende. Numa fase de posicionamento no mercado, este não é ainda o momento de arranque para projectos mais ambiciosos. Contudo, a internacionalização é uma possibilidade futura, Margarida Correia conhece, por exemplo, o mercado espanhol e a sua formação em Economia favorece a análise objectiva das perspectivas de evolução. Estudo de Casos Pág. 91 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal A Reter A ideia Marcas tradicionais, produtos DOP (Denominação de Origem Protegida) e DOC (Denominação de Origem Controlada) e IGP’s (Produtos de Indicação Geográfica), privilegiando o que é português. O conceito O desenho do modelo de negócio a implantar partiu do estudo do comportamento do consumidor, chegando à conclusão: “alimentação refinada com mais sabor”. O histórico do consumidor revê-se nestas categorias de produtos, fora dos seus locais habituais e disponíveis em plena cidade de Lisboa. Estudo de Casos Pág. 92 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal GUIA DE EXPLORAÇÃO Orientações Metodológicas A exploração dos 12 casos apresentados deverá ser realizada com base na análise e pesquisa dos aspectos diferenciadoras de cada negócio, identificando o percurso efectuado desde a sua ideia inicial até à sua consolidação e abordando conceitos-chave da área da gestão. Em todos os 12 casos apresentados deverá ser seguida uma linha condutora de exploração de conteúdos tal como seguidamente se apresenta: • 1º grupo de conteúdos- Da ideia inicial à definição do conceito Como surgiu a ideia- o processo criativo O desenvolvimento do conceito Os Factores diferenciadores do negócio • 2º grupo de conteúdos- Da definição do conceito à implementação do negócio A estratégia O tipo de empresa O posicionamento O público-alvo O espaço físico • 3º grupo de conteúdos- Da implementação do negócio à sua consolidação; O merchandising A comunicação com os clientes A relação com a concorrência A evolução do negócio Estudo de Casos Pág. 93