Marx é um humanista?

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Marx é um humanista?
Disciplina - Filosofia -
Marx é um humanista?
Filosofia & Ciências
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Postado em:14/04/2009
Marx quer tornar os trabalhadores conscientes da sua condição de educarem-se para a sociedade
que sucederá a burguesa. Só aí se realizará o sonho humanista de desenvolvimento democrático
pleno.Saiba mais...
Marx é um humanista? Marx quer tornar os trabalhadores conscientes da sua condição de
educarem-se para a sociedade que sucederá a burguesa. Só aí se realizará o sonho humanista de
desenvolvimento democrático pleno. www.kaosenlared.net/noticia/marx-e-um-humanista [Aumentar
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[Noticia anterior] [Noticia siguiente] Depende do que se atribua a esse multivalente vocábulo. Se por
humanismo se entender visão de mundo que nega pontos de vista naturais, soberania de vida
espiritual sobre a matéria, Marx é opositor ferrenho. Interpreta que os mais elevados anseios
ligam-se à base natural e à terrena infra-estrutura social. Ao se entender humanismo como
pensamento que cria o homem-objeto-gladiador oposto às tentativas de degradá-lo por outros
obje-tivos, é Marx um genuíno humanista. Avalia in O Capital o que é humano: ...forma social
superior, tendo por princípio fundamental o desenvolvimento livre e integral de cada indivíduo...
(Marx, Karl: O Capital . Civilização Brasileira, Rio livro I p. 688)). Pode-se encontrar expressões
semelhantes de avaliações suas, mas esta se basta. Valor positivo é pleno desenvolvimento de
riquezas humanas. Negativo é o que limita e compartimenta o livre crescimento das aptidões. Marx
parte do ideal humanitário. Um ou outro quiçá se surpreenda num empedernido materialismo que
suponha o interesse aferido na questão do estômago. Em realidade, há o raciocínio clássico calcado
no idealismo alemão, oriundo da ética aristotélica. Aristóteles objetivou melhor desenvolver aptidões
da natureza humana. Nessa plenitude residia a verdadeira felicidade. Seu tipo ético ideal é o senhor
amplamente culto, afeito a encargos práticos, receptivo a valores estéticos e familiarizado com o
mundo do pensamento teórico. Para o neo-humanismo e o romantismo alemão o ideal ganha forma:
não era implantar novo modelo genérico. Era maximizar a individualidade singular. Sua concepção
de vida, no entanto, era aristocrata, ligava-se a uma perspectiva de classe historicamente dada.
Aristóteles voltava-se a atenienses bem situados, não dedicando seu pensamento a escravos ou
massa de marinheiros, camponeses, artesãos. Nos tempos modernos os pregadores do livre
humanismo focam grupos detentores de privilégios de boa formação e bom nível de vida. O
humanismo de Marx é radicalmente democrático. Se argumenta em favor de pleno e livre
desenvolvimento individual pensa no segmento social econômico de modo espiritual despojado.
Descreve as condições reinantes e denuncia as forças que decepam e deturpam a individualidade
do trabalhador. Indigna-se violentamente à luz da formação humanista. Pode-se desperceber seu
motivo, porque Marx (por princípio) recusa revestir seus pensamentos com a retórica professoral
idealista. Segue Hegel: a filosofia deve evitar parecer edificante. Se parecer um cínico realista assim tem sido apresentado por escritores queixosos de sua falta de sentimentos favoráveis a
valores éticos - é porque a não-atenção deles ao ofendido idealismo baseia os irados e obstinados
ataques. O novo homem O proletário, o destituído trabalhador assalariado, traz curiosa dubiedade à
historia da filosofia de Marx. É indefesa vítima da desumana ordem social que lhe explora a força de
trabalho, a fim de criar contínuo acréscimo de lucros. Sua posição é anômala para quem esposa a
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idéia do livre desenvolvimento humano. Justamente por indigência e alienação predispõe
favoravelmente o novo e desenvolto tipo humano. Melhor se entenda com Marx e Engels, n' O
manifesto comunista de 1848, que Marx reconhece expressão de suas intenções. Descrevem o
proletário como um apartado da sociedade burguesa, destituído dos privilégios que são o conteúdo
da vida desta, que tem ação social, enquanto o proletário fica de fora; nada mais é que um
elementar humano. Não respeita os valores oficiais da burguesia, seus conceitos de religião, moral e
patriotismo. Para o proletário são somente preconceitos burgueses, por traz dos quais ocultam seus
interesses. A classe dominante o excluiu de participar dos recursos materiais e das tradições
espirituais com a sensatez de analisar as coisas com clareza. Liberto de herdada bagagem
conceitual, o proletário detém a capacidade de edificar nova cultura em nova ordem social. Marx
praticamente não encontrou o trabalhador destituído de tradição e ilusões nos crescentes distritos
industriais da Europa. Esta é uma construção literária que não tem origem em Manchester ou Lyon,
mas em radicais filósofos culturais. Quando no Manifesto se permite ao proletário sem tradições ver
sob o olhar do estranho a civilização burguesa, torna-se-o representante do homem natural, sem
mensagem no mundo sobrecarregado de tradições. Nele Marx deposita esperanças de futuro, ao
desmoronar a última forma de domínio classista. Não foi o único a acreditar na evolução dos
trabalhadores. A filosofia social de Comte propõe que se construa uma sociedade cientifica-mente
organizada. Os sonhos da época das revoluções pertenciam (Comte) a uma metafísica
pré-científica, assim como fantasias de reacionários à restauração do antigo regime e a abstratos
ideais de liberdade dos liberais. Era questão candente da época: Como o crescente operariado
poderia melhor ser inserido na sociedade industrial que se configurava? A resposta rezava:
Tornando-o participante nos resultados da moderna ciência e na forma de pensar que fundamenta
suas grandes conquistas. Assim se faz contraponto à tendência de românticas aventuras que
resultariam em negativas surpresas. Quando as abstrações da filosofia iluminista atingiram os
moradores dos subúrbios, alastraram-se incêndios revolucionários. Quando os sóbrios métodos de
laboratórios e oficinas influíram sobre o pensamento das massas, elas aprenderam a distinguir entre
bem intencionadas reformas e projetos futuristas vagos. A crise social passa a poder ser resolvida,
em época de maior organicidade social. Comte e Marx partem da alienação dos trabalhadores na
sociedade estabelecida. O que os diferencia é: a) Comte quer superar o antagonismo de classes
apoiado na científica engenharia social e na planejada formação popular de princípios positivistas; b)
Marx quer tornar os trabalhadores conscientes da sua condição de educarem-se para a sociedade
que sucederá a burguesa. Só aí se realizará o sonho humanista de desenvolvimento democrático
pleno. Fonte: http://www.kaosenlared.net/noticia/89478/marx-e-um-humanista
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