Identificação de parâmetros que influenciam a compatibilidade
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Identificação de parâmetros que influenciam a compatibilidade
3º Congresso Ibéroamericano sobre betão auto-compactável Avanços e oportunidades Madrid, 3 e 4 de Dezembro de 2012 Identificação de parâmetros que influenciam a compatibilidade cimento-adjuvante J. Custódio, S. Coelho, J. Catarino, M. Vieira, A. B. Ribeiro Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Departamento de Materiais, Núcleo de Betões. Lisboa, Portugal. RESUMO Neste estudo foi avaliada a compatibilidade entre três cimentos e cinco adjuvantes, todos produtos comerciais. Os cimentos e os adjuvantes foram selecionados por apresentarem características químicas e físicas distintas para que a avaliação das pastas, com eles produzidas, permitisse determinar quais as propriedades que mais influenciam a compatibilidade entre ambos. Os resultados permitiram identificar alguns parâmetros que influenciam a compatibilidade cimento-adjuvante, nomeadamente o teor de álcalis, de SO3 e de C3A do cimento. As informações obtidas são de grande utilidade ao meio técnico pois permitem responder às solicitações que ocorram durante a produção do betão, no entanto apontam para a necessidade do desenvolvimento de um indicador da compatibilidade cimento-adjuvante que possa ser utilizado na produção e desenvolvimento dos BAC e para a necessidade de aprofundar o estudo do modo de ação dos adjuvantes dado que, neste estudo preliminar, não foi possível estabelecer quais as características do adjuvante que mais influem na compatibilidade cimento-adjuvante. PALAVRAS-CHAVE: cimento, adjuvantes, compatibilidade, fluidez, consistência. 1.- INTRODUÇÃO O desenvolvimento da tecnologia do betão autocompactável (BAC) deve-se, em grande parte, à interação dos adjuvantes, nomeadamente dos superplastificantes, com o cimento, constituinte fundamental do ligante nos betões. Qualquer alteração da composição do cimento ou do adjuvante afetará a interação entre estes materiais, com a consequente variação da consistência dos betões [1-6]. Uma interação, entre cimento e adjuvante, que conduza a um comportamento da mistura cimentícia (pasta, argamassa ou betão) respondendo aos objetivos pretendidos pode ser definida por compatibilidade cimentoadjuvante. Embora seja obrigatória a utilização dos adjuvantes na produção dos BAC, atualmente ainda existe grande falta de conhecimento acerca dos factores que influenciam a compatibilidade cimento-adjuvante [2, 7]. Esta falta resulta em grande parte da dificuldade de não só identificar os parâmetros mais influentes dos materiais mas também em quantificá-los, de um modo fundamental, em particular os dos adjuvantes. Assim, será difícil a avaliação das causas de variações que possam ocorrer na trabalhabilidade devido à falha de compatibilidade cimento-adjuvante. Resulta então que o desenvolvimento de procedimentos de avaliação da compatibilidade cimento- 151 Compatibilidade cimento-adjuvante: fator de homogeneidade dos BAC adjuvante e do conhecimento dos parâmetros que afetam a interação destes materiais é importante para garantir a regularidade na produção dos betões autocompactáveis. Neste sentido, apresentam-se nesta comunicação os resultados preliminares de um estudo, em curso no LNEC, em que se avalia o comportamento de superplastificantes comerciais de diferentes constituições químicas com cimentos Portland comerciais. 2.- MATERIAIS E MÉTODOS 2.1.- Materiais 2.1.1.- Cimentos Neste estudo foram avaliados três cimentos comerciais, dois cimentos CEM I 42,5R de fabricantes diferentes e um cimento CEM I 52,5 R, doravante designados por CEM 1C, CEM 1S e CEM 2C, respetivamente. Nos quadros seguintes apresenta-se a análise química efetuada de acordo com a NP EN 196-2 e a composição potencial Bogue (Quadro 1) e algumas características físicas dos cimentos determinadas de acordo com a NP EN 196-6 (Quadro 2). Quadro 1. Análise química e mineralógica dos cimentos Propriedade CEM 1C [%] CEM 1S [%] CEM 2C [%] Perda ao rubro 1,74 2,91 1,61 Resíduo insolúvel 0,77 0,84 1,04 19,28 19,77 19,19 SiO2 5,69 5,2 5,93 Al2O3 3,53 3,61 3,36 Fe2O3 CaO 63,70 64,32 63,64 MgO 1,77 1,27 1,79 2,51 2,66 3,08 SO3 1,04 0,66 1,04 K2O 0,84 0,22 0,14 Na2O 1,53 0,65 0,82 Na2Oeq 0,05 0,03 0,02 Cl62,36 63,91 59,81 C3S C2S 8,23 8,47 9,90 9,11 7,67 10,03 C3A 10,74 10,99 10,22 C4AF Quadro 2. Propriedades físicas dos cimentos Propriedade CEM 1C CEM 1S CEM 2C Massa volúmica (kg/m3) 3140 3140 3130 Finura (cm2/g) 3290 4020 4430 2.1.2.- Adjuvantes Os adjuvantes utilizados correspondem a cinco superplastificantes comerciais (SP A, SP B, SP C, SP D e SP E) de dois fornecedores diferentes (B e G). Os adjuvantes SP AB, SP CB, SP DG e SP EG são do tipo poli(éter carboxílico), PCE. O adjuvante SP BB é um poli(sulfonato de naftaleno), PNS. As principais características físico-químicas dos 152 J. Custódio, S. Coelho, J. Catarino, M. Vieira e A. B. Ribeiro adjuvantes foram determinadas experimentalmente e são apresentadas no Quadro 3. Quadro 3. Propriedades físico-químicas dos adjuvantes Propriedade SP AB SP BB SP CB SP DG SP EG pH 6,46 6,23 6,28 6,00 5,72 Condutividade (µS/cm) 6100 16430 2500 2800 2600 Teor de resíduo seco (%) 20 36 27 22 22 Teor de cloretos (%) < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 < 0,01 0,712 1,392 0,345 0,470 0,491 Teor de álcalis (Na2Oeq., %) 1,050 1,178 1,068 1,044 1,044 Massa volúmica (g/cm3) Teor de sulfatos (%) 0,16 0,05 0,02 0,05 0,06 2.2.- Métodos A campanha experimental preliminar consistiu em determinar o teor de saturação de cada adjuvante com cada um dos três cimentos e depois realizar ensaios de escoamento, consistência e exsudação a pastas fabricadas com uma razão água/cimento de 0,4 e utilizando o adjuvante respetivo no seu teor de saturação. O teor de saturação de um adjuvante é o teor mínimo a partir do qual se considera não existir ganho significativo de fluidez. No presente estudo, optou-se por avaliar a compatibilidade dos adjuvantes comparando o comportamento de pastas em que os adjuvantes são utilizados no seu teor de saturação ao invés de se utilizarem pastas com iguais dosagens de adjuvante (em termos de teor de resíduo de polímero seco) ou, mesmo, pastas com iguais espalhamentos; porque quando se avalia o comportamento de pastas fluidas que envolvem diferentes adjuvantes e diferentes cimentos é importante que em todas as misturas se assegure, tanto quanto possível, que todas as superfícies disponíveis das partículas da mistura incorporaram ou adsorveram o adjuvante. Isto é particularmente importante quando se pretende perceber e quantificar os efeitos de dispersão de adjuvantes de naturezas químicas diferentes, como é o caso do presente estudo. Se um adjuvante for utilizado numa dosagem inferior à de saturação, então o comportamento da pasta a essa dosagem particular vai estar indubitavelmente ligado à quantidade consumida por interações e reações químicas, o que significa que quanto maior for o seu consumo, menor será a quantidade que permanece disponível para induzir a dispersão através da adsorção nas partículas de cimento. Antes da avaliação do comportamento de pastas contendo adjuvantes, realizaram-se ensaios físicos às pastas cimentícias produzidas com cada um dos três cimentos com o objetivo de determinar a consistência normal, o tempo de presa e a expansibilidade. Estes ensaios foram realizados de acordo com a norma NP EN 196-3. Neste estudo, para avaliar a compatibilidade cimento-superplastificante, foram realizados ensaios de escoamento, espalhamento e exsudação às pastas. O ensaio de escoamento foi realizado para avaliar a capacidade do adjuvante em melhorar a fluidez da pasta cimentícia no estado fresco (i.e., baixar a sua viscosidade). O escoamento da pasta, expresso em segundos, consiste no tempo necessário para que 220 ml de pasta escoem através de um cone. O procedimento utilizado baseou-se na norma NP EN 445, contudo utilizou-se um funil de vidro mais pequeno, nomeadamente com 7 mm de diâmetro interno no tubo de saída e 95 mm de diâmetro no bocal. Este ensaio foi 153 Compatibilidade cimento-adjuvante: fator de homogeneidade dos BAC utilizado também para determinar o teor de saturação do adjuvante. O ensaio de espalhamento, realizado sobre pastas contendo o adjuvante no seu teor de saturação, permitiu avaliar a capacidade do adjuvante em diminuir a tensão de cedência da pasta no estado fresco (i.e., a tensão mínima necessária para que a pasta flua). O resultado deste ensaio, expresso em centímetros quadrados, consiste no valor da área da pasta após ter sido libertada do molde em forma de cone truncado, com 57,0 mm de altura, 38,1 mm de diâmetro interno na zona de saída e 19,0 mm de diâmetro no bocal. O ensaio de exsudação foi realizado para avaliar se as pastas comentícias contendo o adjuvante no seu teor de saturação apresentavam uma exsudação significativa. A exsudação foi determinada através da medição do volume de solução aquosa que emerge da superfície de 100 ml de pasta após esta ter repousado durante 3 horas numa bureta selada cujo diâmetro interno é de 25 mm. Os ensaios foram todos realizados a 20 ºC. 3.- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 3.1.- Propriedades físicas das pastas Os resultados dos ensaios físicos realizados sobre as pastas cimentícias produzidas com cada um dos três cimentos e sem adjuvante são apresentados no Quadro 4. Pode observar-se que, tal como esperado, o cimento CEM 2C, que possui a finura Blaine mais elevada (4430 cm2/g), apresenta o maior consumo de água, i.e. requer uma maior quantidade de água para produzir uma pasta de consistência normal. Entre os dois cimentos CEM I 42.5 R verificou-se que o CEM 1C necessitou de uma maior quantidade de água para produzir uma pasta de consistência normal do que o CEM 1S, apesar de possuir uma finura mais baixa (CEM 1C 3290 cm2/g; CEM 1S 4020 cm2/g), o que significa que, para além da finura, existem outros fatores que afetam a necessidade de água. Normalmente, a necessidade de água de um cimento Portland depende principalmente, para além da característica já referida, das proporções e reatividade dos principais minerais constituintes do clínquer, da distribuição de tamanhos das partículas, do tipo e teor de sulfato presente e do teor de álcalis [8, 9]. Pelo que, no caso presente, o facto de o cimento CEM 1C possuir um maior teor de C3A e um menor teor de SO3 do que o cimento CEM 1S poderá explicar o comportamento observado, porque se a quantidade de sulfatos em solução não satisfizer adequadamente o teor e a reatividade do C3A presente, então, para além de etringite, podem formar-se cristais de hidratos de aluminato de cálcio e monosulfoaluminato de cálcio, que irão provocar uma diminuição de fluidez da pasta de cimento e aumentar a necessidade de água. Quadro 4. Propriedades físicas das pastas cimentícias Propriedade Consistência normal [%] Tempos de presa [min] CEM 1C CEM 1S CEM 2C 28,20 27,80 30,20 Iníci o Fim Expansibilidade [%] 140 140 125 210 n/d 185 1,5 165 1,0 NOTA: n/d – não determinado. 3.2.- Curvas de saturação Para determinar o teor de saturação dos superplastificantes realizou-se uma série de 154 J. Custódio, S. Coelho, J. Catarino, M. Vieira e A. B. Ribeiro ensaios de escoamentos a pastas de cimento em que o teor de adjuvante variou entre 0,2 % e 3,2 % do peso de cimento. Esta gama de dosagens foi escolhida para satisfazer as dosagens recomendadas nas fichas técnicas de produto (Quadro 5). Os resultados obtidos são apresentados nas Figs. 1 a 3. Quadro 5. Dosagem de adjuvante recomendada na ficha técnica de produto Dosagem SP AB SP BB SP CB SP DG SP EG Percentagem mássica de adjuvante em relação ao 1,0–1,6 0,9–1,4 0,8–1,5 0,4–0,8* 0,4–0,8* cimento [%] Escoamento / s NOTA: * 0.2 % – 0.4 % quando utilizado como redutor de água; 0.4 % – 0.8 % quando utilizado como forte redutor de água; 0.9 % – 3.0 % quando utilizado como muito forte redutor de água. 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 CEM 1C - SP AB CEM 1C - SP BB CEM 1C - SP CB CEM 1C - SP DG CEM 1C - SP EG 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 Dosagem de adjuvante / % Escoamento / s Figura 1. Influência da dosagem de adjuvante no escoamento de pastas fabricadas com CEM 1 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 CEM 1S - SP AB CEM 1S - SP BB CEM 1S - SP CB CEM 1S - SP DG CEM 1S - SP EG 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 Dosagem de adjuvante / % Figura 2. Influência da dosagem de adjuvante no escoamento de pastas fabricadas com CEM 1S 155 Escoamento / s Compatibilidade cimento-adjuvante: fator de homogeneidade dos BAC 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 CEM 2C - SP AB CEM 2C - SP BB CEM 2C - SP CB CEM 2C - SP DG CEM 2C - SP EG 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4 1.6 1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 Dosagem de adjuvante / % Figura 3. Influência da dosagem de adjuvante no escoamento de pastas fabricadas com CEM 2C Constata-se que, utilizando a menor dosagem ensaiada de superplastificante (0,2 %), nenhuma pasta fabricada com os cimentos CEM 1C ou CEM 2Cescoou completamente, tendo-se verificado o mesmo com o cimento CEM 1S mas apenas quando se utiliza o adjuvante SP BB. Com o cimento CEM 2C, a pasta com o adjuvante SP AB deixou de escoar completamente para dosagens inferiores a 2,1 %. Observa-se imediatamente que a influência de cada adjuvante, no comportamento da pasta, varia consideravelmente com o tipo de cimento (e.g. adjuvantes SP AB, SP DG e SP EG com os cimentos CEM 1C e CEM 2C) e também com cimentos de proveniências diferentes mas do mesmo tipo (e.g. adjuvantes SP AB, SP DG e SP EG com cimentos CEM 1C e CEM 1S). Se for considerada a gama de dosagens recomendada pelos fabricantes, verifica-se que em alguns casos a fluidez varia consideravelmente entre os limites mínimo e máximo desse intervalo (e.g. cimento CEM 1C com adjuvantes SP AB, SP DG e SP EG); enquanto noutros casos a fluidez permanece praticamente constante ao longo do intervalo de dosagens recomendado (e.g. SP BB com cimentos CEM 1C, CEM 1S e CEM 2C). Por conseguinte, as dosagens recomendadas de adjuvante deverão ser sempre confirmadas antes da sua utilização em obra, mesmo nos casos em que se está a utilizar o mesmo tipo de cimento e apenas um produtor. Verificou-se, também, que os adjuvantes foram mais eficazes com as pastas produzidas com o cimento CEM 1S, o qual possui uma finura Blaine intermédia (4020 cm2/g), o menor teor de C3A e de álcalis e um teor intermédio de SO3. O adjuvante que mostrou ser menos sensível ao cimento foi o adjuvante SP BB (PNS), o qual possui a maior massa volúmica, o maior teor de resíduo seco e de álcalis e a maior condutividade (Quadro 3). A determinação da dosagem de saturação foi efetuada a partir do método proposto por Larrard (1999) [10]. Analisando os resultados obtidos (Quadro 6) verifica-se que, dos três cimentos avaliados, o CEM 1S é aquele que requer a menor quantidade de adjuvante para atingir a dosagem de saturação. Os cimentos CEM 1C e CEM 2C requerem sempre uma quantidade muito maior de adjuvante. Este facto parece indicar que, no caso do cimento CEM 1C, o seu maior teor de C3A se sobrepõe à sua menor finura (3290 cm2/g) relativamente ao CEM 1S (4020 cm2/g). Os cimentos CEM 1C e CEM 2C, apesar de possuírem finuras muito diferentes e o CEM 2C possuir um maior teor de C3A, ambos requerem quantidades semelhantes de adjuvante SP AB SP BB para atingir a proporção de saturação. Contudo, esta situação já não se verifica com os adjuvantes SP CB, SP DG e SP EG. 156 J. Custódio, S. Coelho, J. Catarino, M. Vieira e A. B. Ribeiro Quadro 6. Dosagem de saturação determinada pelo ensaio de escoamento Dosagem de saturação [%] SP AB SP BB SP CB SP DG SP EG CEM 1C 0,65 0,43 0,32 0,63 0,52 CEM 1S 0,24 0,29 0,32 0,15 0,11 0,40 0,56 0,33 0,30 CEM 2C 0,61 NOTA: Os valores apresentados correspondem à dosagem de saturação expressa como a percentagem mássica de resíduo seco de adjuvante em relação à quantidade de cimento da pasta. Os valores sublinhados correspondem aos que estão fora do intervalo de dosagem recomendado na respetiva ficha técnica de produto. Comparando as dosagens de saturação obtidas em termos da quantidade de polímero adicionada à pasta (Quadro 6) com as dosagens recomendadas nas fichas técnicas do produto (Quadro 7) observa-se que das quinze situações avaliadas, a dosagem de saturação se encontra abaixo da dosagem recomendada num caso, acima da dosagem recomendada em oito casos e dentro da dosagem recomendada em apenas seis casos. O único cimento para o qual a dosagem de saturação se encontra sempre dentro da gama de dosagens recomendadas foi o CEM 1S. Quadro 7. Dosagem de adjuvante recomendada na ficha técnica de produto SP BB SP CB SP DG SP EG Dosagem SP AB Percentagem 0,21 – 0,09 – relativa à massa de 0,20 – 0,32 0,32 – 0,50 0,09 – 0,17* 0,40 0,17* ligante [%] NOTA: Os valores apresentados correspondem ao teor de saturação expresso como a percentagem mássica de resíduo seco de adjuvante relativamente ao teor de cimento da pasta. * Intervalo de valores correspondente à utilização do adjuvante como forte redutor de água. 3.3.- Compatibilidade Os resultados dos ensaios realizados para determinar a compatibilidade e robustez das combinações cimento/adjuvante são apresentados nos Quadros 8 e 9. A robustez é aqui considerada como a capacidade de uma pasta com um determinado par cimento/adjuvante preservar uma elevada fluidez ao longo do tempo sem que a pasta apresente exsudação ou segregação significativas. A partir do Quadro 8 é possível constatar que nenhuma das combinações produziu perdas significativas da capacidade de escoamento até aos 60 minutos. Apesar disso, duas das combinações, nomeadamente a CEM 1S – SP AB e CEM 1S – SP BB, evidenciaram uma ligeira perda de fluidez nesse intervalo de tempo. Quatro das combinações, CEM 1C – SP AB, CEM 1C – SP DG, CEM 1C – SP EG e CEM 2C – SP AB, chegaram mesmo a exibir uma ligeira melhoria desta propriedade no período considerado. 157 Compatibilidade cimento-adjuvante: fator de homogeneidade dos BAC Quadro 8. Resultados dos ensaios de escoamento [s] SP DG SP EG Cimento Tempo SP AB SP BB SP CB CEM 1C 5 min 126 24 64 109 53 10 min 125 26 58 102 29 28 61 89 28 30 min 102 29 62 82 28 60 min 90 25 26 24 26 CEM 1S 5 min 31 10 min 35 32 18 22 20 37 23 25 23 30 min 40 41 23 25 23 60 min 46 46 n/d 34 22 CEM 2C 5 min 161 10 min 116 42 n/d 36 21 46 n/d 40 22 30 min 97 51 n/d 42 23 60 min 86 NOTA: n/d – não determinado. Os ensaios foram realizados sobre pastas contendo o adjuvante no seu teor de saturação com a exceção da pasta CEM 1C – SP AB, em que o adjuvante foi utilizado com um teor de 1,8 % ao invés de 3,2 %. Os valores sublinhados com linha simples correspondem a uma melhoria da fluidez com o tempo, enquanto os valores sublinhados com uma linha dupla correspondem a uma perda de fluidez com o tempo. Relativamente ao espalhamento das pastas, apenas uma das combinações avaliadas (CEM 1S – SP BB) exibiu uma diminuição significativa com o tempo, embora aos 60 minutos ainda possua um valor de espalhamento relativamente elevado (Quadro 9). Cinco combinações apresentaram um ligeiro aumento da área de espalhamento durante o período avaliado (CEM 1C – SP AB, CEM 1C – SP DG, CEM 1S – SP AB, CEM 2C – SP AB e CEM 2C – SP EG). As restantes combinações não exibiram variações significativas durante este período. Quadro 9. Resultados dos ensaios de espalhamento [cm2] SP SP Temp SP EG Cimento SP AB SP BB DG CB o CEM 1C 10 min 88 280 151 130 173 30 min 92 300 149 142 174 285 161 162 180 60 min 106 345 398 230 205 CEM 1S 10 min 169 30 min 190 267 392 239 206 221 390 237 217 60 min 192 173 n/d 207 173 CEM 2C 10 min 95 30 min 104 157 n/d 176 196 159 n/d 214 208 60 min 115 NOTA: n/d – não determinado. Os ensaios foram realizados sobre pastas contendo o adjuvante no seu teor de saturação com a exceção da pasta CEM 1C – SP AB, em que o adjuvante foi utilizado com um teor de 1,8 % ao invés de 3,2 %. Os valores sublinhados com linha simples correspondem a um aumento do espalhamento com o tempo, enquanto os valores sublinhados com uma linha dupla correspondem a uma diminuição do espalhamento com o tempo. 158 J. Custódio, S. Coelho, J. Catarino, M. Vieira e A. B. Ribeiro Verificou-se que todas as pastas exibiram alguma exsudação ao fim de três horas (Quadro 10). As combinações cimento-adjuvante que exibiram a maior exsudação foram as que incluíam o cimento CEM 1C e os adjuvantes SP BB, SP CG e SP EG. Os resultados demonstraram que parece não existir relação entre o nível de exsudação e a dosagem de adjuvante ou tipo de adjuvante (PCE ou PNS). Contudo, a maior exsudação verificou-se para o cimento que apresentava o menor teor de SO3, o maior teor de álcalis e um teor elevado de C3A. Quadro 10. Resultados dos ensaios de exsudação [ml] SP Cimento SP SP AB SP BB SP EG DG CB CEM 1C 1,1 3 3 2 3 CEM 1S 1 1 1 2 1 CEM 2C 1,5 1 n/d 1 n/d NOTA: n/d – não determinado. Os ensaios foram realizados sobre pastas contendo o adjuvante no seu teor de saturação com a exceção da pasta CEM 1C – SP AB, em que o adjuvante foi utilizado com um teor de 1,8 % ao invés de 3,2 %. 4.- CONCLUSÕES Os resultados dos ensaios de escoamento realizados para determinar o teor de saturação dos adjuvantes permitiram concluir que a fluidez pode variar consideravelmente entre os limites mínimo e máximo da gama de dosagens recomendada pelos fabricantes, pelo que as dosagens recomendadas de adjuvante deverão ser sempre confirmadas antes da sua utilização, mesmo nos casos em que se está a utilizar o mesmo tipo de cimento e apenas um produtor. Observou-se ainda que os adjuvantes conduzem a pastas mais fluidas quando estas foram produzidas com o cimento que possuía o menor teor de C3A e de álcalis, i.e. o CEM 1S. Este cimento foi aquele requereu a menor quantidade de polímero de adjuvante para atingir a proporção de saturação. O adjuvante que mostrou ser menos sensível à variação do cimento foi o que possuía a maior massa volúmica, o maior teor de resíduo seco e de álcalis e a maior condutividade, i.e. o SP BB. Este adjuvante e o CEM 1S produziram as combinações cimento-adjuvante mais robustas. Os resultados destes ensaios, evidenciaram ainda que para atingir o comportamento reológico indicado nas fichas técnicas por vezes é necessário utilizar o adjuvante em dosagens superiores às recomendadas pelo fornecedor. Os resultados dos ensaios de escoamento, espalhamento e exsudação realizados em pastas preparadas com o adjuvante na sua dosagem de saturação, demonstraram que nenhum adjuvante é igualmente compatível com os três cimentos. O adjuvante PNS demonstrou ser menos sensível a variações na composição da pasta, dado que estas apresentaram valores consistentes de escoamento para várias dosagens e 159 Compatibilidade cimento-adjuvante: fator de homogeneidade dos BAC para diferentes cimentos. Os adjuvantes PCE, por outro lado, apresentaram valores de escoamento muito diferentes consoante o teor de adjuvante e tipo e proveniência do cimento utilizados na pasta. Os resultados obtidos evidenciam que os principais parâmetros dos cimentos que condicionam a compatibilidade entre estes e os adjuvantes do tipo PCE e PNS e a robustez das respectivas misturas são o teor de C3A, o teor de sulfatos e a finura do cimento. Contudo, não foi possível estimar o peso que de cada um dos parâmetros referidos tem na compatibilidade cimento-adjuvante. Face à variabilidade do comportamento das misturas para alterações das características do adjuvante e do ligante, é imprescindível, durante o curso da obra sempre que sejam fornecidas novas remessas, a realização de ensaios para a verificar a manutenção da compatibilidade entre os adjuvantes e os ligantes utilizados no fabrico da mistura cimentícia (calda, argamassa ou betão) a aplicar na obra. REFERÊNCIAS [1] RAMACHANDRAN, R. 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