Publicado - Nuno Gomes Lopes
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Sáb 12 Nov Edição Porto Sábado, 12 de Novembro de 2011, Ano XXII, nº 7889, 1,60€ Directora: Bárbara Reis Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Miguel Gaspar Directora executiva Online: Simone Duarte. Directora de Arte: Sónia Matos www.publico.pt Colecção As Aventuras de Pica-Pau Vol. 10 - O Pica-Pau Galinha Hoje Por apenas + 1,99€ Banco de Portugal quer limitar ingerência do Estado no sector da banca Cavaco alertou BdP para os riscos do plano do Governo. Orçamento para 2012 aprovado na generalidade uma proposta menos intrusiva do Estado, o que contraria o cenário actual, no qual os bancos têm um prazo de três anos para devolverem o montante aplicado na recapitalização, correndo a partir desse prazo o risco de ficarem sob o controlo público. Cavaco Silva alertou ontem Carlos Costa para a necessidade de se aliviarem as exigências aos bancos. c Destaque, 2 a 5 Euro 2012 Portugal terá de concretizar em Lisboa as oportunidades que falhou na Bósnia Págs. 32/33 ELVIS BARUKCIC/AFP Berlusconi de saída, Mário Monti a caminho do poder. Senado aprova austeridade. Juros da dívida em queda a O Banco de Portugal está a estudar um cenário alternativo ao programa de recapitalização do sistema financeiro que foi esta semana apresentado pelo Governo. Em cima da mesa está Págs. 14/15 e P2 Emigrantes criticam Sinopec com 30% Recorde em Outubro Ensino da língua Galp vende parte Inflação sobe no estrangeiro do petróleo no e agrava perda vai sofrer cortes Brasil a chineses de rendimentos a A contenção orçamental vai implicar cortes no ensino da Língua Portuguesa no estrangeiro, que é ministrado a luso-descendentes fora dos horários escolares. Uma medida criticada pelos emigrantes. c Portugal, 11 a A Sinopec vai comprar 30% da Petrogal Brasil através de um aumento de capital de 3,4 mil milhões de euros, um valor abaixo das expectativas do mercado. As acções da Galp caíram 10,2%. c Economia, 20/21 Guatemala O que escondem as margens do lago Atitlán? Fugas Nuno Miranda Ribeiro a Em Outubro, a inflação atingiu os 4,24%, empurrada pela subida do IVA sobre a electricidade e o gás. Os preços vão por isso aumentar, o que será mais uma dor de cabeça para os portugueses. c Economia, 22 2 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Destaque Recapitalização Banqueiros recebem apoio do Presidente da República e de Carlos Costa BdP quer plano que poupe a banca à intrusão do Estado Os banqueiros queixam-se dos perigos do projecto-lei do Governo para a recapitalização da banca. O BdP e Cavaco põem-se ao seu lado Cristina Ferreira a O Banco de Portugal já fez chegar ao Ministério das Finanças a sua perspectiva própria sobre o programa estatal de recapitalização do sistema financeiro, e que é menos intrusiva do que a que foi esta semana apresentada pelo Governo. Numa altura em que se fala de flexibilização da ajuda financeira à banca, Cavaco Silva dirigiu-se directamente ao governador do BdP, Carlos Costa, para o alertar para a necessidade de aliviar as exigências que estão a ser feitas aos bancos nacionais, de modo a não pôr em risco o financiamento à economia. As autoridades financeiras, o Ministério das Finanças e o Banco de Portugal, têm mantido contactos quase diários no sentido de rever alguns pontos do projecto lei que vai regular o acesso da banca portuguesa à linha estatal de 12 mil milhões de euros (prevista no memorando da troika), e que foi esta semana entre- Carlos Costa enviou às Finanças algumas sugestões para alterar projecto-lei do Governo gue aos deputados pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. O diploma, que se destina a fixar os termos da recapitalização, vai permitir aos bancos sem condições para reforçar os capitais por meios privados poderem fazê-lo por via Estado. A Assembleia da República solicitou já ao BdP um parecer sobre o projecto lei do Governo que deverá ser enviado por volta de 22 de Novembro. O Ministério das Finanças já recebeu do BdP um conjunto de sugestões de alteração ao projecto-lei [que não abrange a CGD], nomeadamente, no que respeita aos prazos para que os bancos socorridos reembolsem o Estado. Vítor Gaspar propõe que as instituições saldem os empréstimos em três anos. Este é um ponto particularmente sensível, já que os bancos alegam que não teriam espaço nesse período para gerar rendimentos suficientes para pagar as dívidas. Fontes do PÚBLICO dão como certo que o BdP tenha sugerido às Finanças uma solução mais suave e que estende o prazo até cinco anos, para possibilitar ao sector e aos accionistas acumularem o capital necessário para liquidarem os empréstimos. Em simultâneo, a eventual revisão do articulado poderá incluir cláusulas que garantam aos privados que o Estado não ficará para sempre nas instituições. Com estas soluções pretende-se alcançar um ponto de equilíbrio entre os interesses em jogo, até porque para financiar o sistema financeiro o governo terá de emitir dívida, ou seja, endividar-se a juros altos. Outra questão em cima da mesa, e que será objecto de decreto próprio, é o preço a que se fará a entrada e a saída do Estado das empresas. Uma das vias é definir um preço de entrada que seja a média da cotação de mercado (da acção) dos últimos meses, havendo um desconto de entrada (10%, por exemplo) sobre o valor bolsista (condição exigida pela UE). Já à saída admite-se que o preço de Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 3 subscrição de entrada possa sofrer uma valorização. O Governo procura também “flexibilizar” o mecanismo de ajuda pública ao sector, no âmbito dos reajustamentos ao programa de intervenção externa a Portugal, com o objectivo de facilitar o acesso das empresas, em especial das PME e das exportadoras, a financiamento. António José Seguro veio ontem defender que se deveriam adoptar medidas para melhorar as disponibilidades de liquidez dos bancos, permitindo-lhes libertar, através de regras mais flexíveis, capacidade creditícia, designadamente em matérias de capital e desendividamento. A solução passaria por não obrigar as instituições a reduzir no curto prazo para 120% o rácio de transformação de empréstimos em depósitos, pois UE/BCE e FMI pretendem que Portugal “regresse” progressivamente aos anos 90, quando as poupanças captadas eram superiores aos financiamentos concedidos. Dos EUA, Cavaco Silva, manifestouse em favor destas prioridades: “Os bancos centrais de cada um dos países devem ter cuidado para que não ocorra uma desalavancagem rápida do crédito que prejudique o financiamento da economia”, disse. O alerta foi dirigido directamente ao BdP para que não permita que os bancos portugueses caiam nesta armadilha para não afectar as empresas e os cidadãos. Cavaco revelou ser sensível “à posição” assumida pelos banqueiros portugueses, que têm criticado as exigências da troika em matéria de desendividamento e de capital. É neste quadro que, esta semana, bancos e Governo entraram quase em ruptura, com o sector a enviar uma carta para Bruxelas a acusar Vítor Gaspar de tentar, por via do projectolei da recapitalização, querer proceder a uma nacionalização encapotada. Para o sistema financeiro as exigências de reforço de capital resultam sobretudo de uma necessidade criada por decisões do poder político, como a alteração das regras internacionais de contabilização da dívida pública a nível europeu. Os banqueiros avisam que o projecto-lei do Governo tem um normativo que torna difícil evitar a presença do Estado nas instituições que forem socorridas por um período longo. Isto além de se dar como possível a entrada do Estado no banco a qualquer momento, mesmo antes de o prazo terminar. Os bancos alegam que esta situação não facilita o regresso aos mercados financeiros e consideram que as exigências de reforço dos rácios de capital consomem recursos que podiam ser alocados à economia real. Os fundos usados na recapitalização funcionam como uma “caução” prudencial. As normas em vigor exigem que o capital fique alocado ao cumprimento de determinados rácios para cobrir responsabilidades, não podendo servir para injectar liquidez na economia. RAFAEL MARCHANTE/REUTERS Em entrevista à Bloomberg Cavaco Silva critica dificuldades criadas à banca a O Presidente da República criticou ontem a dificuldade desnecessária que o acordo da ajuda externa cria à economia com as condições impostas à banca e reiterou que só o Banco Central Europeu (BCE) pode travar a especulação dos mercados. Em entrevista à agência de notícias financeira norte-americana Bloomberg, Cavaco Silva defendeu que as exigências de reforço de capital aos bancos portugueses até ao final do ano, feitas pela troika que negociou o plano de ajuda externa, deveriam ser iguais às que existem para outros países europeus onde os bancos têm prazos mais alargados para alcançar os mesmos objectivos. “A ‘desalavancagem’ é muito forte e muito rápida. Seria razoável que fosse mais gradual e esperamos que a troika compreenda isso”, afirmou o Presidente, sublinhando que não se trata de renegociar “de nenhuma forma” o acordo de assistência financeira assinado com o BCE, o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia. “Isso está fora de questão”, acrescentou. Cavaco Silva disse ainda à Bloomberg que “ninguém consegue” prever se Portugal conseguirá voltar aos mercados de títulos de longo prazo, quando terminar o plano de ajuda financeira internacional. Na mesma entrevista, voltou a avançar com a ideia de que o BCE deveria ter um papel mais activo e interventivo para travar a especulação dos mercados em relação à dívida soberana. O chefe de Estado defendeu mais uma vez que o BCE deveria, neste sentido, comprar dívida pública “sem limite” dos países em dificuldades, nomeadamente da Itália, nos mercados secundários. “A verdadeira barreira está no Banco Central Europeu”, afirmou, considerando que o BCE “tem de ir além de uma interpretação estreita da sua missão” e assumir-se, de uma vez por todas, como “um credor de último recurso”. Ontem, à chegada a Washington, Cavaco disse compreender a resistência da Alemanha a uma intervenção ilimitada do BCE, mas voltou a defender a ideia. Considerando que a mensagem que está neste momento a passar é também de interrogação sobre as razões que levam o BCE a não actuar como o Banco Federal norteamericano ou o Banco de Inglaterra, Cavaco confessou que espera que o novo presidente da instituição, Mário Draghi, “não esteja marcado pela sua nacionalidade italiana”. Pois, continuou o Presidente, o problema já não se coloca tanto em relação a Portugal, Grécia ou Irlanda, na medida em que O Presidente da República insistiu, nos EUA, na ideia de que o “cortafogo” à crise da dívida reside apenas no BCE esses países têm financiamento assegurado por algum tempo, mas põe-se em relação à Itália, Espanha, ou outros países europeus que são claramente solventes. Na entrevista, o Presidente disse ainda que o BCE não convencerá os investidores do seu empenho se continuar, “como tem feito até agora, a dizer: ‘Eu não gosto disto, mas sou obrigado a comprar algumas obrigações italianas.’” A compra nos mercados secundários “faria parar a especulação, faria parar as dúvidas sobre o valor futuro das obrigações italianas, espanholas, portuguesas ou irlandesas”. “O corta-fogo está no Banco Central Europeu”, acrescentou. PÚBLICO/Lusa P&R O que é a recapitalização? Para que serve o plano? O plano de recapitalização da banca visa reforçar os capitais próprios das instituições financeiras, de modo a que possam respeitar os valores mínimos fixados para o rácio Core Tier 1 – 9% por cento este ano e 10% no próximo. Este indicador é fundamental, porque mede a solvabilidade das empresas do sector bancário. O reforço dos capitais da banca será suprido através de meios financeiros disponibilizados pelo Estado. Quanto tempo dura o processo de recapitalização? A permanência do Estado nos bancos projecta-se para duas fases. Uma primeira, de três anos, e uma segunda, de cinco, para o caso das instituições financeiras que não consigam devolver os montantes de recapitalização que recebem no prazo de três anos. Qual o envelope financeiro total previsto para esta operação? O acordo com a troika prevê que a linha de recapitalização possa chegar aos 12 mil milhões de euros. Que condições são impostas aos bancos pelo Estado? O projecto de lei em cima da mesa impõe que as instituições intervencionadas aumentem o peso do financiamento às pequenas e médias empresas, preferencialmente às dos sectores de bens transaccionáveis, bem como às famílias e particulares. E recomenda a redução dos custos das estrututuras da banca, ajustamentos no sistema de governo societário e nos mecanismos de controlo de riscos e uma análise de eventuais alterações na organização do grupo e nas participações que gere. Como é que o Estado entra no capital dos bancos? A entrada do Estado no capital dos bancos será feita através da compra de acções especiais, que não têm todos os direitos das acções ordinárias. O Estado só pode, assim, exercer o seu direito de voto em situações extraordinárias, nomeadamente, a alteração do contrato de sociedade, operações de fusão, cisão, transformação ou dissolução e outros assuntos em que os estatutos da instituição exijam maioria qualificada. E tem que ser ouvido relativamente à política de dividendos e de remunerações. O que acontece, se o banco não devolver ajuda ao fim de três? No caso de um banco não conseguir devolver as verbas públicas no prazo de três anos, a intervenção prolonga-se por mais dois, mas aqui as acções do Estado passam a ter todos os direitos conferidos às acções ordinárias. Ou seja, haverá uma nacionalização, de facto, da participação que o Estado detém, à altura, no capital do banco. O Estado nomeia, neste quadro, os administradores? O Estado fica com o poder de nomear um administrador para o banco intervencionado. Este gestor será responsável por verificar se o plano de recapitalização está a ser cumprido de acordo com o que foi contratado e terá a obrigação de elaborar relatórios mensais a enviar ao Banco de Portugal e ao ministro das Finanças. Tem, igualmente, a obrigação de comunicar quaisquer factos relevantes relativos à instituição. A administração de um banco pode ser destituída? É uma possibilidade prevista. Mas só para o caso de uma instituição que não esteja a cumprir os preceitos do plano de recapitalização no que toca ao rácio de solvabilidade e não apresente um plano credível para regularizar a situação. Como se processa a saída do Estado do capital dos bancos? Quando uma instituição intervencionada tenha já condições para assegurar a manutenção de um nível adequado de fundos próprios, o Estado vende a sua participação e, segundo o projecto de lei, de acordo com as condições de mercado, para assegurar a adequada remuneração e garantia dos capitais investidos. O Estado pode vender a quem lhe apetecer? Não. A posição detida pelo Estado tem de ser alienada a accionistas da instituição, à data do desinvestimento, e segundo as regras da preferência. 4 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Destaque Parlamento OE/2012 aprovado na generalidade com os votos da maioria Governo exige que propostas socialistas para o Orçamento sejam “devidamente quantificadas” NUNO FERREIRA SANTOS Maria José Oliveira e Sofia Rodrigues Relvas estabeleceu ontem as balizas sobre alternativas a medidas do OE. PSD Madeira condiciona voto à exigência de mais verbas para a região a Antecipando as regras para as conversações com o PS acerca das propostas inscritas no Orçamento do Estado (OE) para 2012, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, balizou a abertura para a discussão de soluções alternativas. Qualquer proposta apresentada pelos socialistas deverá estar “devidamente quantificada”, de forma a “assegurar a necessária neutralidade orçamental”. Neste âmbito, as bancadas da maioria governamental aguardam agora pelas alternativas do PS, esperando que estas sejam concretas e especifiquem as respectivas compensações, sabe o PÚBLICO. Ontem, na intervenção que encerrou o debate parlamentar sobre o OE, Relvas reiterou a “abertura” do Governo para dialogar com o PS, notando que essa disponibilidade não é “ilimitada” e “incondicional”. E especificou que o executivo recusa liminarmente colocar em causa a meta de 4,5% do défice e a repartição do “esforço de consolidação entre receitas e despesas”. O recado estava dado. Logo depois, o OE foi aprovado na generalidade, com os votos favoráveis da maioria, a abstenção do PS e o chumbo do BE, PCP e Verdes. Os deputados da maioria eleitos pela Madeira (quatro no PSD e um no CDS) apresentaram declarações de voto. Em concreto, o PSD-M reclama uma “correcção” de 7,8 milhões de euros no valor das transferências para a Região, ou “dificilmente poderão manter, na votação final da lei do OE, a Ministro adjunto diz que abertura para conversações tem limites posição de apoio agora adoptada na generalidade”, avisam. Antes da votação, António José Seguro, secretário-geral do PS, subiu à tribuna para justificar a abstenção da sua bancada, mas voltou a garantir que “tudo fará para devolver um sa- lário aos funcionários públicos e uma pensão aos reformados”. Apesar da manifesta irredutibilidade do Governo relativamente à ideia do PS, Seguro acusou o Executivo de ter sido demasiado prudente ao avançar para o corte dos subsídios de Natal e de férias da função pública e pensionistas: “O Governo não conseguiu justificar a necessidade de cortar os dois subsídios”, disse, acrescentando que a “margem exagerada” criada pelo Executivo “prejudica a economia”. “Precaução sim, exagero não”, advertiu. Mais à esquerda, PCP e BE reafirmaram as críticas ao OE. Mas acabaram por personalizar os ataques ao Governo. Apesar de anteontem a bancada bloquista não ter respondido às acusações directas de Vítor Gaspar — o ministro das Finanças responsabilizou o BE, e também o PCP, pelo eventual fracasso do programa de assistência financeira e pela divisão do país —, ontem Luís Fazenda, líder da bancada, apontando que o governante tem uma interpretação “muito peculiar da democracia”, replicou: “O ministro já percebeu o fracasso a que a sua política nos condena e está à procura de um bode expiatório para o seu falhanço e que os portugueses assistam, caladinhos e resignados, à tábua rasa que está a ser feita dos seus direitos e rendimentos.” O PCP, por seu lado, comparou o actual ministro da Economia ao anterior, Manuel Pinho, por prosseguir a “mesma política”. Bernardino Soares, líder parlamentar, acusou Álvaro Santos Pereira de querer apenas a “exploração dos trabalhadores e a destruição de pequenas e médias empresas”, representando a “política dos Chicago Boys”, numa alusão à famosa escola de economia norte-americana. Da bancada do CDS surgiu um inflamado ataque ao PS, pela voz de Telmo Correia. Referindo-se à “abstenção violenta” (expressão usada por Seguro), o centrista considerou tratar-se de uma “boa definição” para a postura do PS: “Uma violenta abstenção de propostas, uma violenta abstenção de soluções, uma violenta abstenção de caminhos alternativos. É por isso que esperávamos mais do PS.” No âmbito do empréstimo da troika Municípios reclamam 2500 milhões para sanear dívidas a As autarquias locais defendem que o empréstimo da troika no valor de 78 mil milhões de euros não sirva apenas para acudir à dívida da administração central, mas que possa também apoiar os municípios a sanear as suas contas. Os autarcas consideram que 2500 milhões de euros seriam suficientes para resolver as contas de tesouraria que têm relativamente a fornecedores e a empreiteiros, um valor que consideram razoável em função da dívida que têm e que ronda os 8 mil milhões, cerca de 4,7% da dívida total da administração central. A questão foi discutida ontem na reunião do conselho directivo da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), durante a qual foi afirmado que existe da parte do Governo alguma abertura para acolher mais esta pretensão dos autarcas. À tarde, o conselho geral, o órgão deliberativo da associação dos municípios, aprovou por unanimidade um documento com todas as reivindicações do poder local, que será agora entregue ao Executivo, No texto é enaltecida “a forma aberta e pragmática como os órgãos de soberania souberam atender as sugestões apresentadas pela ANMP, no sentido da melhoria do conteúdo da proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2012”. Nele referem que a obrigação do Governo ao nível das autarquias “é regular os factores que têm impacto nas contas nacionais e não os que se situam ao nível das opções político-orçamentais de cada município (...)”. Os autarcas querem que o Governo corrija “com urgência” a medida, 8 mil milhões é a estimativa para a dívida global das câmaras, cerca de 4,7% da dívida total do Estado que consideram “injusta”, em que “se constitui o decréscimo de cerca de 120 milhões de euros nas transferências de verbas para os municípios”. Em relação às propostas inscritas em sede do OE que se interliguem ou relacionem com o conteúdo do Documento Verde da Reforma da Administração Local, os autarcas exigem que sejam “suspensas até que haja por parte da Assembleia da República uma decisão sobre a implementação e operacionalização das medidas constantes dessa ‘reforma’, desde logo as matérias referentes aos dirigentes municipais e às finanças locais”. Margarida Gomes O que eles dizem Miguel Relvas Ministro dos Ass. Parlamentares Não há motivos para desesperar. O desespero é o nosso maior inimigo. Em política nem tudo se mede por números, nem tudo se resume aos sucessos. Basílio Horta Deputado independente do PS Fosse outra a conjuntura e a manter-se a actual rigidez do Governo, estou seguro que o PS votaria contra este Orçamento socialmente iníquo e economicamente recessivo. Telmo Correia Deputado do CDS Folga é a ausência de trabalho. Luís Montenegro Líder parlamentar do PSD Aliviar, aparentemente, esse esforço seria não só imprudente como o caminho para termos de agravar o esforço no futuro [...] Como dizia o coro na peça da tragédia grega Antígona, de Sófocles, “a falta de prudência é o princípio de todas as catástrofes”. Luís Fazenda Líder parlamentar do BE O ministro já percebeu o fracasso a que a sua política nos condena e está à procura de um bode expiatório para o seu falhanço e que os portugueses assistam, caladinhos e resignados, à tábua rasa que está a ser feita dos seus direitos e rendimentos. Bernardino Soares Líder parlamentar do PCP O actual ministro da Economia é uma sequela do anterior ministro Manuel Pinho e professa exactamente a mesma política. Tal como Pinho apregoava os baixos salários para cativar investimento estrangeiro, também Santos Pereira tem uma única receita para o país: diminuir direitos e salários, transferir mais riqueza para o capital, despedir, aumentar a precariedade e o desempregos. José Luís Ferreira Deputado dos Verdes Os portugueses estão a perceber agora o verdadeiro alcance das afirmações de quem dizia que não aceitava aumentos de impostos. O que não se aceitava era o aumento de impostos sobre os rendimentos do capital. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 5 Treze deputados socialistas assumiram abstenção por disciplina de voto Declarações de voto no PS podem aumentar na votação final global Nuno Sá Lourenço a Votaram a “contragosto” e por isso apresentaram ontem declarações de voto a conta-gotas. E existe a possibilidade de serem mais os deputados do PS a entregar declarações de voto tanto nesta votação, como na votação final global do Orçamento, agendada para 30 de Novembro. Ontem, foram 13 os socialistas que anunciaram declarações de voto – o que em termos parlamentares se traduz em algo como “votei desta forma, mas porque fui obrigado” – após a abstenção do partido. Isto representa 17% da bancada socialista. Essa percentagem pode mesmo vir a aumentar com a chegada de mais declarações de voto sobre esta votação à mesa da Assembleia da República. Parlamentares contactados pelo PÚBLICO explicaram que resistiram a anunciar ontem a declaração de voto por não quererem que a sua tomada de posição fosse conotada com as pressões de José Sócrates, a favor do voto contra: “Não me apeteceu [que a minha declaração de voto] fosse lida como o Sócrates a comandar isto.” E parece provável que na votação final global venham a ser mais. Ao que tudo indica há deputados “irritados” com a “estratégia e a forma como decorreu o debate”, classificado como “morno”. Mas essa não é a única razão. Há quem esteja à espera para ver como corre o debate na especialidade, nomeadamente, a possibilidade de o Governo vir a acolher ou não algumas das propostas de alteração ao OE feitas pelo PS, para se decidir. José Lello, deputado que enviou a sua declaração de voto por email logo após a votação, confirmou existirem “muitos deputados” que consideraram ser “mais curial” esperar, mantendo-se portanto na “expectativa”. Admitiu mesmo que esse número possa chegar às “duas dezenas”. “Nós não temos essa expectativa [em relação à vontade do Governo em alterar o Orçamento]”, acrescentou este deputado referindo-se aos 13 que reagiram logo ontem no momento da primeira votação. Foram eles Renato José Lello fez declaração de voto Sampaio, Filipe Neto Brandão, André Figueiredo, Isabel Moreira, Glória Araújo, Fernando Serrasqueiro, Isabel Santos, Ana Paula Vitorino, Idália Serrão, Rui Santos e Paulo Campos. Sérgio Sousa Pinto comunicou verbalmente à presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que apenas se abstinha “por disciplina de voto”. O momento teve mais impacto porque estes parlamentares, em vez de apresentarem uma única decla- ração assinada por todos, o fizeram individualmente. O episódio prolongou-se durante alguns minutos, a ponto de a direita vibrar com a aparente divisão na bancada do principal partido da oposição. “Há mais, há mais”, gritaram, quando Assunção Esteves se preparava para terminar a contagem, havendo ainda braços no ar. Na sua declaração de voto, Lello assume que se absteve a “contragos- to” e que, “não fora o compromisso estatutário da disciplina de voto, teria votado contra”. Renato Sampaio explicou ao PÚBLICO que tencionava escrever na sua declaração que o PS devia ter votado contra, porque o Orçamento “não serve o país”. André Figueiredo, por encarar este OE como o “pior a que [assistiu] ser apresentado no nosso país”. Também por estar “fundamentado através de factos falsos que apenas pretendiam acusar, de forma injusta, o Governo do PS” e, finalmente, por “ignorar o PS e o seu secretário-geral”. Perante o episódio, a reacção do secretário-geral do PS deu a entender que o país tinha mais com que se preocupar. “O país vive uma situação tão grave e tão difícil que a minha preocupação é tentar minorar os sacrifícios que são pedidos aos portugueses”, disse António José Seguro à saída do plenário. PUBLICIDADE 6 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Portugal Justiça Dirigentes do organismo informados por email da situação financeira NELSON GARRIDO Apoio a reclusos, toxicodependentes e jovens em risco ameaçado pelos cortes Direcção-Geral de Reinserção Social admite que salários de Novembro estão em risco O aviso partiu da direcção financeira daquele organismo, mas ministério nega, confirmando ordens de contenção. Em Dezembro, os funcionários não poderão recorrer ao fundo de maneio Natália Faria a Os funcionários da Direcção-Geral de Reinserção Social (DGRS) foram avisados de que poderão não receber o salário de Novembro, caso o Ministério da Justiça (MJ) não reforce o orçamento daquele organismo. Ao PÚBLICO o gabinete da ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, confirma que foram dadas ordens de contenção da despesa, mas nega que os salários estejam em risco. Numa mensagem de correio electrónico emitida no dia 8 pela direcção da área financeira da DGRS, os dirigentes da instituição foram informados de que aquele organismo se encontra sem capacidade financeira para cumprir as suas responsabilidades até ao final de 2011, “em virtude do inadequado plafond aprovado pela tutela”. No mesmo email, lê-se que os salários de Novembro não poderão ser pagos, se a tutela e o ministro do Estado e das Finanças não autorizarem o reforço do orçamento. Do mesmo modo, pede-se que as utilizações do fundo de maneio “se quedem pelo mínimo indispensável” durante o mês de Novembro e que em Dezembro aquele “não seja sequer utilizado”. A DGRS é o serviço responsável pela definição e execução das políticas públicas de prevenção criminal e de reinserção de jovens e adultos, designadamente pela execução de medidas tutelares educativas e das medidas alternativas à prisão. É com as verbas do fundo de maneio que os técnicos de reinserção social costumam apoiar os utentes, ajudando, por exemplo, a financiar a alimentação e o alojamento dos reclusos que saem em liberdade condicional sem condições para suportar essas despesas. É com esse dinheiro também que os técnicos costumam comprar senhas de transporte para os utentes. A impossibilidade de recurso a esse fundo ameaça assim ter impacto direc- to no apoio aos utentes. O Ministério da Justiça, porém, garante que tal não acontecerá. “Não irá afectar o serviço prestado, pois a contenção de despesa é elementar numa boa gestão”, respondeu fonte do gabinete da ministra Paula Teixeira da Cruz, desmentindo que os salários estejam em risco. Na mensagem da direcção financeira da DGRS lê-se que a falta de liquidez decorre dos efeitos da dívida transitada de 2010 – 1,05 milhões –, mas também do desvio de 1,44 milhões de euros do orçamento da DGRS para a Direcção-Geral da Administração da Justiça, precisamente para “colmatar insuficiências de salários”. Entre os funcionários da DGRS, a convicção é que esta verba serviu para ajudar a pagar os honorários e as despesas que o ministério devia aos advogados oficiosos. No final de Setembro, Teixeira da Cruz foi ao Parlamento explicar que já tinha conseguido pagar 17,7 milhões de euros àqueles advogados no âmbito de uma dívida de 40 milhões herdada do executivo anterior. O MJ não confirma que tenha sido essa a finalidade das verbas desviadas da DGRS, dizendo apenas que esse desvio foi “um acto de gestão flexível do Instituto de Gestão Financeira, que nunca colocou em risco o pagamento de qualquer salário”. 8 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Portugal A diabetes tem um custo anual para o sistema de saúde superior a 900 milhões de euros, o que corresponde a cerca de 5% das despesas de saúde e a 0,5% do PIB, revela um estudo da Faculdade de Medicina de Lisboa e da Universidade Católica. Caso Freeport julgado no Barreiro e por juízes em full-time José Augusto Moreira Tribunal do Montijo sem espaço e condições de segurança. Primeira audiência deverá ocorrer em final de Fevereiro ou no início de Março a Está decidido. O julgamento do caso Freeport vai decorrer no tribunal do Barreiro e terá um colectivo de juízes a ele dedicado em exclusividade. A escolha do local foi do juiz daquele círculo judicial, que teve em conta a deficientes condições do tribunal do Montijo, a cujo 3.º juízo pertence o processo. Alberto Martins, Ferro e mais 300 evocam hoje extinção do MES a Quase 300 pessoas almoçarão hoje na Costa de Caparica para “celebrar um singular acontecimento”, os 30 anos da extinção do Movimento Esquerda Socialista, nascido do 25 de Abril e por onde passaram nomes como Ferro Rodrigues ou Jorge Sampaio. “No dia 7 de Novembro de 1981, realizou-se um jantar-festa para celebrar o fim de um partido político. O MES (Movimento de Esquerda Socialista) colocava, por iniciativa própria, um ponto final na sua curta existência. Sem heróis nem mártires. Vimos agora convidar-vos para um convívio de celebração do 30.º aniversário desse singular acontecimento”, lê-se no convite endereçado a antigos membros do partido e outros simpatizantes. Entre os que responderam ao conO socialista Jorge Sampaio foi uma das mais destacadas figuras do Movimento da Esquerda Socialista (MES) vite estão nomes como o antigo secretário-geral socialista Eduardo Ferro Rodrigues ou o ex-ministro da Justiça, Alberto Martins. O almoço pretende ser “um reencontro” de pessoas que há 30 anos viveram esta experiência comum de construir e fazer parte do MES, disse à Lusa António Pais, um dos promotores da iniciativa. Mas há outro objectivo, segundo António Pais: reunir o espólio do MES, que continua disperso, para o entregar ao Centro de Documentação 25 de Abril (Coimbra), para assim poder ser “arquivado e tratado historicamente”. O MES nasceu em 1974 e integrou sindicalistas, membros do associativismo académico e diversos intelectuais. “A audiência de julgamento irá decorrer no edifício do Tribunal Judicial da Comarca do Barreiro, cujas salas de audiência reúnem as condições de dignidade, dimensão, tradução simultânea e segurança, que neste momento não existem no Tribunal Judicial da Comarca do Montijo”, assim justifica o magistrado a decisão, aduzindo ainda o facto de neste tribunal estarem a decorrer actualmente obras com a duração prevista de um ano. Embora o processo tenha sido definitivamente atribuído já no início de Maio à comarca do Montijo — que integra o Círculo Judicial do Barreiro —, o juiz optou por não avançar logo para a marcação do julgamento, e, dada a dimensão do processo, solicitado ao Conselho Superior da Ma- Extorsão tentada 23,3 A suposta exigência de 20 milhões de libras (cerca de 23,3 milhões de euros) destinados a pagar alegados subornos está na base da acusação por tentativa de extorsão gistratura a atribuição do regime de exclusividade. O despacho de autorização chegou já no início deste mês, tendo o juiz de círculo decidido convocar o magistrado do Ministério Público e os advogados intervenientes para uma reunião, na qual será decidida a data concreta para o início da audiência de julgamento. Embora o encontro esteja agendado para 12 de Dezembro, o juiz indicou já que a primeira sessão será marcada para final de Fevereiro ou início de Março. Em julgamento estarão dois arguidos, Charles Smith e Manuel Pedro, acusados de um crime de extorsão na forma tentada, por terem, alegadamente, exigido ao grupo inglês Freeport o pagamento de 20 milhões de libras (cerca de 23,3 milhões de euros), destinados a pagar supostos subornos para garantir a aprovação da construção do polémico centro comercial de Alcochete. O projecto acabou por ser viabilizado em final de funções do governo, quando José Sócrates era ministro do Ambiente. Com as tentativas de envolvimento do governante, o caso acabou por envolver-se em polémicas políticas e mediáticas, agravadas com o despacho final dos dois procuradores responsáveis pela investigação. O documento continha um rol de questões que deveriam ter sido colocadas ao então primeiro-ministro, o que não teria sido concretizado por falta de tempo. Depois de fixada a acusação, também o juiz do Montijo entendia que o processo deveria ser julgado em Lisboa, obrigando à intervenção do Supremo Tribunal de Justiça. Ideia de golpe militar foi “apenas liberdade de expressão” José Augusto Moreira a Otelo Saraiva de Carvalho colocou a hipótese de os militares avançarem para um novo golpe militar, mas poucos parecem dar qualquer importância às suas palavras. O capitão de Abril falava a propósito da manifestação de hoje, em Lisboa (às 15h, no Rossio), contra os congelamentos e cortes nas Forças Armadas, tendo deixado a ideia de não ser adepto deste tipo de protestos: “Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo”, disse, notando a possibilidade de os militares tomarem o poder pela força. “Têm sempre essa capacidade, porque têm armas”, explicou. A frase foi dita já na passada quarta-feira, mas a polémica acabou por saltar apenas ontem, depois de na noite anterior Marques Mendes e Pacheco Pereira terem chamado a atenção para a gravidade daquelas afirmações. Para o ex-líder do PSD, que falava no seu habitual comentário na TVI, Otelo tinha ultrapassado os limites, enquanto o ex-deputado do PSD alertava para a componente criminal, entendendo que o capitão de Abril tinha feito um claro apelo ao levantamento militar. Ontem, questionada pela agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República fez saber que não vai abrir qualquer inquérito pelas polémicas declarações, “a não ser que os factos posteriores o justifiquem”. Também o ministro da Defesa en- tendeu ontem desvalorizar as referência as um possível golpe militar. “As Forças Armadas, os seus militares, os nossos soldados, não se confundem com palavras de alguns ou com as intenções de outros tantos”, disse José Pedro Aguiar-Branco. “Os soldados portugueses não são políticos, não são dirigentes sindicais, não são funcionários públicos. Os soldados RUI GAUDÊNCIO Otelo diz que apenas se limitou a usar a liberdade de expressão portugueses são cidadãos”, declarou ainda o governante, acrescentando que a democracia “não tem senhorios ou porta-vozes”. Na resposta, Otelo disse ontem à TSF respeitar a opinião do ministro, frisando que não fez qualquer apelo ou incentivo ao golpe de Estado. “Apenas me limitei a usar a liberdade de expressão”, declarou. Diferente é a opinião o constitucionalista Bacelar Gouveia, entendendo que “as afirmações devem ser repudiadas” e que as hierarquias deveria tomar uma posição sobre o assunto. Quanto a um eventual procedimento criminal, o antigo bastonário dos advogados Rogério Alves é de opinião que as afirmações de Otelo devem ser encaradas como “manifestação exacerbada de descontentamento”, entendimento que foi partilhado pelo actual bastonário. “Acho que não há crime nenhum, é uma opinião de uma pessoa”, disse Marinho e Pinto, verberando a ideia de se abrirem processos-crime com base em opiniões controversas. “É castradora, uma cultura de proibição que não convive bem com a liberdade”, concluiu. António Barreto quer governo de unidade nacional a O sociólogo António Barreto considera que Portugal precisa “de um governo de unidade nacional como de pão para a boca”, considerando que “desde há dois anos que se justifica um governo de maioria de, pelo menos, três partidos”. “Falhámos duas oportunidades de construir um governo de unidade nacional e de ampla aliança. Falhámos a oportunidade de aprovar um orçamento de unidade nacional”, disse anteontem à noite no debate promovido pela Câmara do Porto, que juntou o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, e o conselheiro de Estado Vítor Bento. Na sua intervenção, o sociólogo defendeu que “enfrentar a crise implica capacidade para construir o equilíbrio entre austeridade e Estado social, ponderar a austeridade com as reformas estruturais e sociais, contenção e desenvolvimento”. António Barreto lembrou que a crise é portuguesa e também europeia e internacional, apontando o dedo à União Europeia (UE), que considerou “uma fonte inesgotável de frustração, desapontamento e recriminação”, criticando a falta de solidariedade. “[A UE] resume-se aos interesses da Alemanha e da França”, afirmou, real- çando que os dois países “procuram exercer o seu poder e a sua potência, através da UE”. No debate As Finanças Públicas e o Estado Social num mundo globalizado, no âmbito do ciclo Grandes Debates do Regime da Câmara de Porto, o exministro defendeu que “o Estado social vai ser afectado e não pode ser de outra maneira”, referindo que, “com equidade, com sentido de reforma e de justiça social, é possível emagrecer o Estado social, mantendo algumas características que lhe permitam sobreviver na sua função primordial”. Barreto disse estar convencido de que “não será possível manter a universalidade absoluta nem a gratuidade”, ressalvando que “é possível emagrecer o Estado social mantendo algumas caraterísticas”. “O Estado social será diminuído, pelo menos, durante uns anos. É possível fazer isso com muito cuidado, estudo e informação, a fim de evitar os cortes a eito. É possível, em vez de cortar a eito, procurar fazê-lo de acordo com métodos de avaliação da situação social e económica das pessoas”, declarou o também presidente do conselho de administração da Fundação Manuel dos Santos. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 9 Advogados conheciam escutas cuja audição tentam agora impedir Mariana Oliveira Escutas que interceptaram conversas entre Vara, um administrador da CGD e o presidente da CP e marcam julgamento do Face Oculta a Há advogados de defesa do processo Face Oculta que já conheciam as escutas que ontem foram autorizados a ouvir na sala de audiência do Palácio da Justiça de Aveiro, tendo o colectivo de três juízes feito questão de sair do recinto e de decidir o mesmo para os jornalistas, que foram obrigados a abandonar a sala. Como noticiou já o PÚBLICO, as escutas dizem respeito a conversas entre Armando Vara e o então presidente da CP, Cardoso Reis, e entre o ex-ministro do Governo de António Guterres e Francisco Bandeira, então administrador da Caixa Geral de Depósito, tendo sido entretanto escolhido para administrador do BPN. Isso mesmo admitiram vários defensores ao PÚBLICO, alguns dos quais nem sequer quiseram ficar em Aveiro para ouvir as escutas no sistema áudio da sala de audiências. As duas escutas foram validadas pelo juiz de instrução e inspectores da PJ de Aveiro resumiram-nas num relatório que está junto aos autos. Estas intercepções não chegaram, contudo, a ser transcritas, o que tem levado vários advogados de defesa a acusar de “deslealdade” a acusação, representada pelos procuradores Marques Vidal e Carlos Filipe, que acompanharam o inquérito desde o início. Tal não acontece muitas vezes, com a substituição dos procuradores que dirigiram a investigação na altura do julgamento. Tal tem sido um dos aspectos amplamente criticados na forma como o Ministério Público está organizado, já que muitas vezes não há coordenação entre os magistrados que representam a acusação em fases diferentes do processo, o que faz com que estes resultem em absolvições. Apesar disso, houve um dos advogados de defesa que elogiou no início desta semana na sala de audiências a “honestidade intelectual” dos procuradores, que aceitaram dar a cara por um processo que investigaram desde o início e ao qual dedicaram alguns anos da sua vida. Se a acusação não conseguir condenar ninguém, frisou o mesmo advogado, a responsabilidade só poderá ser imputada aos procuradores que acompanharam desde o início todo o processo. Tal não é totalmente correcto, já que existe a possibilidade de o processo ser anulado porque o arguido Paulo Penedos tem insistido que o facto de as escutas — entre Armando Paulo Penedos insiste no acesso às escutas entre Vara e Sócrates Vara, acusado de três crimes de tráfico de influência, e o então primeiroministro José Sócrates — terem sido destruídas por ordem do presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noronha de Nascimento, sem informar o filho do ex-presidente da REN, deve resultar na nulidade dos despachos do presidente do Supremo. Ricardo Sá Fernandes, o advogado de Paulo Penedos, tem dito reiteradamente (recentemente houve uma decisão do Tribunal Constitucional a seu favor) que pelo menos o presidente do Supremo não se pode arrogar o direito de não ver sindicadas as suas decisões, tomadas enquanto um simples juiz de instrução. Aliás, já um outro magistrado, que analisou este caso também na qualidade de juiz de instrução, Carlos Alexandre, deu razão a Paulo Penedos nesta questão, mandando notificar todos os arguido da existência das escutas entre Vara e Sócrates, o que formalmente nunca tinha acontecido no processo apesar de ter sido amplamente noticiada a existência daquelas intercepções. Neste momento, o TC está a analisar a interpretação das normas constitucionais feitas por Noronha para impedir várias reclamações e recursos de Paulo Penedos a contestar a destruição daquelas escutas. O problema, como admite a defesa de Paulo Penedos, é que apesar de algumas daquelas escutas terem acabado por resistir às ordens de Noronha (que Carlos Alexandre desafiou ao não mandar destruir algumas escutas que sobreviveram graças ao facto de terem sido encontradas cópias no sistema central da PJ que grava as intercepções), algumas já foram definitivamente destruídas, sem hipótese de serem recuperadas. Talvez, por isso, Noronha tenha escrito num despacho que enviou a Carlos Alexandre :”Quando Inês é morta nada a pode ressuscitar.” 1.º Congresso Internacional do OBSERVARE 16, 17 e 18 de Novembro Universidade Autónoma de Lisboa Fundação Calouste Gulbenkian Acto final das comemorações do 25.º aniversário da Universidade Autónoma de Lisboa Inscrições abertas em: http://observare.ual.pt/conference Conferencistas das sessões plenárias Paul Kennedy (Universidade de Yale, EUA) Christoph Scherrer (Universidade de Kassel, Alemanha) Mónica Hirst (Universidade Torcuato di Tella, Buenos Aires, Argentina) Kristian Berg Harpviken (Peace Research Institute, Oslo, Noruega) Luis Tomé (Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal) Miguel Santos Neves (Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal) Giuseppe Ammendola (Universidade de Nova Iorque) Luís Moita (Universidade Autónoma de Lisboa, Portugal) Trabalho em secções especializadas Geopolítica e segurança Economia e ecologia Questões sociais transnacionais 10 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Portugal Björk, Jeff Mangum, Yo La Tengo, Codeine, Neon Indian e Other Lives são os primeiros nomes confirmados para as edições de Barcelona e do Porto do Festival Primavera Sound 2012. A primeira edição do Primavera Sound do Porto está marcada para 7 a 10 de Junho. Estudante negou ter planeado matar a mãe Graça Barbosa Ribeiro Jovem que ontem começou a ser julgado pelo homicídio da mãe confessou ter praticado o crime depois de uma discussão a A acusação do Ministério Público (MP) descreveu um rapaz frio, que “por estar aborrecido com a sua mãe”, que queria que ele “adoptasse uma conduta mais responsável”, decidiu calçar umas luvas de látex, pegar numa faca de cozinha, surpreendê-la quando dormia, na casa de ambos, e matá-la, com vários golpes no pescoço e na cabeça, simulando depois um assalto. Mas o que os elementos do júri viram, ontem, no Tribunal de Coimbra, foi um rapaz de quase 25 anos, curvado, que durante todo o primeiro dia de julgamento se afundou no banco dos réus, chorando convulsivamente, quase a desfalecer, ora com falta de ar ora com náuseas, a ponto de vomitar na sala de audiências. O choro começou enquanto o presidente do colectivo de juízes, Luís Cravo, lia a acusação, em que se sublinha que na madrugada de 7 de Setembro do ano passado, L.F., estudante de Medicina, se deslocou da Figueira da Foz a Coimbra por estradas secundárias, para evitar os registos de portagens, e deixou o telemóvel na casa de praia, para que a sua ida à cidade não pudesse ser, mais tarde, detectada. Diz o MP, mantendo a tese da premeditação, que depois de se descalçar, para não fazer barulho, o rapaz entrou por volta das 4h no quarto da mãe, com a faca, e usou uma almofada para se proteger do sangue, que, como sabia das aulas de Anatomia, havia de “jorrar” da carótida, que atingiu à facada. “Quer prestar declarações?”, perguntou o presidente do colectivo de juízes. Em resposta, soluços. “Tem de estar à altura do momento”, insistiu o juiz. Mais soluços. Por o arguido não estar em condições de falar, o tribunal colectivo e de júri passou à audição das testemunhas, dois inspectores da PJ, que recordaram que foram chamados ao local, um apartamento num bairro do centro de Coimbra, depois de a empregada doméstica ter encontrado o corpo de Eugénia sobre a cama, “numa poça de sangue”, com uma almofada sobre a cabeça e a camisa de dormir arregaçada acima da cintura, deixando à vista o resto do corpo nu. Ambos disseram que detectaram de imediato a simulação de assalto: não havia sinais de arrombamento e a corda pela qual supostamente teriam subido os assaltantes era demasiado curta, estava presa com um nó fraco, junto à varanda, e tinha ainda marcas de dobras que não resistiriam ao peso do corpo de um homem. Para além Emoção no tribunal O pai do arguido e os seus avós maternos foram três das muitas pessoas que ontem se mantiveram à porta da sala de audiências. Sempre que o universitário entrou e saiu, por se sentir indisposto, colegas e amigos sopraramlhe palavras de incentivo, a que ele nunca respondeu. Em resposta a perguntas feitas pelo presidente do colectivo de juízes, o jovem confirmou que sempre foi muito próximo dos avós maternos e que estes o têm visitado na cadeia, onde tem aguardado o julgamento. Durante a sessão, referiu-se à mãe no presente, perguntando-se, repetidamente, como é que ela o poderá perdoar. FOTO CEDIDA POR DIÁRIO DE COIMBRA/CARLOS ARAÚJO Jovem acusado de morte da mãe chorou várias vezes no julgamento disso, só as gavetas de cima de vários móveis estavam abertas, com o conteúdo alinhado, e à vista continuavam objectos de valor. Só depois de várias tentativas, abortadas por choro convulsivo ou sinais de falta de ar, o jovem prestou declarações. Contou que na manhã de dia 7, face às perguntas dos elementos da PJ, admitiu ter esfaqueado a mãe e indicou-lhes onde estava a faca (na casa de praia) e os vários contentores do lixo (nas duas cidades) onde podiam encontrar as suas roupas e os objectos que levara, para simular o assalto. Negou que tivesse planeado o crime. Foi para Coimbra para participar, no dia 7, no aniversário do avô paterno, justificou. E a mãe repreendeu-o por estar a chegar tão tarde: “Discutimos e ela disse aquilo que ouvi tantas vezes na minha vida: que eu era um inútil e que mais valia não me ter ido buscar”, contou, aludindo ao facto de ter sido adoptado, ainda bebé. O crime, que diz ter cometido “fora de si”, terá ocorrido depois de a mãe ter regressado ao quarto, a seguir à discussão, e a simulação do assalto resultou do “desespero”. Descreveu uma relação conturbada com a mãe. Disse que toda a vida tentou ser o que os outros esperavam que ele fosse. Até à entrada na universidade, resumiu, nunca fez “outra coisa que não estudar”. “Fui para Medicina, apesar o meu sonho ser informática, e a minha mãe criticou-me por não ter entrado na Universidade de Lisboa e não na de Coimbra — para ela, nunca fiz nada bem”, disse. A relação ter-se-á degradado, há alguns anos, quando o rapaz descobriu que o pai tinha uma relação com outra mulher e o “obrigou” a contar à mãe. “A minha mãe acreditava que se eu não tivesse interferido o casamento se teria salvado e dizia que eu tinha cuspira no prato em que comia”. Ministra arrasa bastonário no Congresso dos Advogados Paula Torres de Carvalho a A ministra da Justiça acusou ontem o bastonário da Ordem dos Advogados (OA) de ser o único que não coopera com o ministério, de mentir e de ofender o Governo. Marinho e Pinto considerou que foi uma falta de educação de Paula Teixeira da Cruz abandonar o congresso, logo após a sua intervenção e no meio do discurso de um dos organizadores do evento. Em sinal de protesto, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP), João Palma, deixou a sala quando o bastonário iniciou um discurso centrado num cerrado ataque aos magistrados. Assim começou o VII Congresso dos Advogados, ontem na Figueira da Foz. Na presença de centenas de advogados, Paula Teixeira da Cruz — com “total frontalidade” e “olhos nos olhos” — respondeu às críticas de que tem sido alvo por parte do bastonário, particularmente na última assembleia geral da OA, em Setembro. Ataques relacionados sobretudo com os atrasos no pagamento das defesas oficiosas. Notando que o Ministério da Justiça “tem sabido manter e criar mecanismos de diálogo, independentemente da diversidade de opiniões, com todas as instituições”, a ministra disse: “A única excepção é a do bastonário da Ordem dos Advogados que não evitou a introduzir no seu discurso o ataque pessoal como forma de endurecer o ataque ao Ministério da Justiça e, na minha pessoa, a todo o Governo.” Paula Teixeira da Cruz, ministro da Justiça, acusou o bastonário dos advogados “de mentir e de ofender o Governo” Dirigindo-se a Marinho e Pinto, Teixeira da Cruz salientou o seu “direito de discordar” dela e “da política do Governo”. Mas sublinhou a necessidade de lhe dizer “com igual frontalidade, que a mentira e a ofensa não são o caminho para a resolução dos graves problemas que é preciso enfrentar.” Disse ainda que “a desconsideração e o ataque sustentado em factos pessoais, aliás nem sequer verdadeiros, não são toleráveis na luta política e institucional e que essa forma de agir é censurável e ofende os princípios éticos da nossa democracia”. Depois de um discurso muito aplaudido em que apresentou as principais propostas para a reforma da Justiça e anunciou que, em breve, apresentará à OA um novo modelo de pagamento “em dia determinado” aos advogados oficiosos, Teixeira da Cruz abandonou a sala para assistir à votação do Orçamento do Estado no Parlamento. Uma atitude mal vista por Marinho e Pinto, que, antes de iniciar o seu discurso de abertura do encontro que junta advogados de todo o país, disse que, advogado já há mais de 30 anos, aprendeu a não “responder a quente”. No final, em declarações aos jornalistas, frisou que, de acordo com as regras de educação, “quando se é convidado, devemo-nos portar bem na casa que nos convida”. No seu discurso, o bastonário falou na existência de juízes e procuradores que “ganham mais do que um general das Forças Armadas no fim da sua carreira” e do que “um professor catedrático de uma universidade pública em dedicação exclusiva”. Em sinal de protesto, João Palma abandonou a sala. “É uma atitude fascista [a de ser contra os sindicatos]”, considerou, frisando que veio ao congresso dos advogados portugueses e não ao congresso de Marinho e Pinto. Fundação Champalimaud com diagnóstico precoce do cancro a Ontem à tarde, a presidente da Fundação Champalimaud, Leonor Beleza, anunciou que já se encontra aberto, nas instalações do Centro para o Desconhecido, em Lisboa, um centro de prevenção e diagnóstico precoce do cancro. Segundo explicou, poderão ali ser feitas “avaliações [de cancros] tão precoces quanto a ciência permite” e mesmo “avaliações individuais da propensão de cada pessoa para o cancro” (análise dos hábitos de vida, histórias clínica e familiar, exames genéticos, imagiologia e hematologia, etc.). A prestação de cuidados clínicos personalizados na área do cancro — não só na avaliação, mas também no tratamento — é, aliás, um dos grandes objectivos da fundação. “Isso representa uma mudança de paradigma e nós queremos ser uma das instituições envolvidas neste esforço a nível mundial”, disse Leonor Beleza. E o recém-nomeado director do serviço de anatomia patológica do Centro de Investigação do Cancro, cujo nome Leonor Beleza também anunciou ontem, é “uma das pessoas que introduziram na área da patologia esta nova visão da avaliação individualizada”. Trata-se do espanhol Carlos Cordon-Cardo, perito de renome mundial em patologia experimental e oncologia molecular, que vem do Hospital Mount Sinai, em Nova Iorque. Quanto ao director da investigação básica em cancro, que deverá vir juntar-se ao director da investigação clínica (Carlo Greco) e ao director clínico (António Parreira), deverá ser nomeado para o ano. “A opção foi começar por montar os serviços clínicos e de investigação clínica”, disse Leonor Beleza. E só depois, “ligar a investigação básica de uma forma harmoniosa. Não queremos fazer contratações individuais que não tenham uma lógica interna muito grande de compatibilização”. Actualmente, segundo dados da fundação, cerca de 200 doentes já estão a ser acompanhados, mas até aqui, nenhum que tenha sido reencaminhado pelo Serviço Nacional de Saúde. Leonor Beleza revelou porém que “já existem acordos com a ADSE e com os serviços de assistência das Forças Armadas”. Ana Gerschenfeld Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 11 Portugal Educação MNE quer desenvolver parcerias com associações e escolas privadas Governo vai acabar com vários cursos de ensino de Português nas comunidades Há “várias centenas” de alunos luso-descendentes que estão sem aulas de Português, confirmou o porta-voz dos Negócios Estrangeiros: “Estão a ser atingidos por medidas orçamentais” Clara Viana a Reestruturação total. É esse o objectivo do Governo no que respeita à rede de ensino de Português de nível não superior no estrangeiro, segundo confirmou ao PÚBLICO o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Miguel Guedes. O MNE tutela este programa desde 2010. Questionado sobre os cortes previstos para este projecto, no âmbito das medidas de contenção orçamental, Miguel Guedes esclareceu que “a rede de cursos deverá ser completamente reestruturada, passando a apoiar-se de forma mais clara as experiências de ensino integrado e as instituições que estejam a desenvolver projectos pedagógicos inovadores e que sirvam comunidades com dimensão significativa”. Segundo o porta-voz do MNE, no âmbito desta reestruturação “poderão vir a ser, assim, eliminados horários em locais em que se verifique menor envolvimento das comunidades na vida escolar”. O principal visado pelas medidas de contenção orçamental será o chamado “ensino paralelo”, ou seja, aquele que é ministrado a lusodescendentes fora dos horários escolares. “Acabar com estes cursos significará, na prática, a destruição do ensino de Português no estrangeiro”, afirma Carlos Pato, secretário-geral do sindicato de professores que leccionam fora do país. O PÚBLICO não conseguiu dados que permitam quantificar o total de envolvidos. Um artigo disponível no site do Instituto Camões, que gere este programa, dá conta que o ensino paralelo “é o modelo dominante na maior parte dos 12 países integrados na rede oficial”. Chama-se rede oficial aos cursos que são ministrados por docentes contratados e pagos pelo Estado português. É o que acontece na Europa e na África Austral. Divide-se entre o “ensino paralelo” e o “ensino integrado”, assim designado quando as aulas são ministradas nos horários escolares. Nos Estados Unidos e no Canadá as aulas de Português a luso-descendentes estão a cargo de uma rede privada, assegurada maioritariamente por associações locais de imigrantes. A reestruturação que está a ser pensada visa também, segundo o porta-voz do MNE, “a eliminação progressiva da diferença de tratamento entre as comunidades de alguns países da Europa e as de fora da Europa”. Carlos Pereira, director do Luso Jornal, o único semanário franco- A situação do ensino do Português no estrangeiro Europa concentra três quartos dos alunos. Metade dos professores estão na América do Norte Total de docentes 217 1014 Canadá 127 2887 Total de alunos 48 -- EUA (Costa leste) 327 13.305 Reino Unido 36 3237 EUA (Costa Oeste) 38 1288 Namíbia* 5 369 África do Sul* 32 2991 Docentes 77.829 Bélgica 9 870 Alunos França 125 16.724 Suazilândia* 2 172 17 288 726 Alemanha 62 5263 25 59 425 34 796 4296 Holanda 8 379 262 Luxemburgo 45 4305 1084 226 7** Total de cusos Andorra 5 550 Suíça 140 15.434 Espanha 53 10.055 *Números referentes a 2010 **Ano escolar de 2009 Não inclui os centros de língua e os centros culturais do Instituto Camões Cursos 00 FONTE: Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação Comissões de serviço em risco Governo afirma que o actual sistema “não motiva os alunos e os próprios pais” Até ao final de Dezembro, cerca de 50 professores que leccionam Português na Europa poderão ver cessar as suas comissões de serviço, afirma o secretário-geral do Sindicatos dos Professores no Estrangeiro, Carlos Pato. Esta informação foi-lhe transmitida pelo secretário de Estado das Comunidades, José Cesário. Entre aqueles professores há quem pertença aos quadros de escolas portuguesas, embora aí não lhes esteja assegurada componente lectiva para este ano lectivo. Os outros ficarão no desemprego, acusa o sindicalista, que ensina Português a 140 alunos do Luxemburgo. “Estamos muito angustiados com esta situação e ninguém nos diz nada”, desabafa Romi Trindade, que é professora de Português em Hamburgo, Alemanha, há já 30 anos. Actualmente tem 135 alunos. “Não basta colocar professores junto de algumas comunidades na Europa para se poder dizer que há um verdadeiro modelo de ensino da nossa língua”, contrapõe o porta-voz do MNE, Miguel Guedes, frisando que o ensino de Português no estrangeiro foi “foi desde sempre fortemente condicionado por uma gritante falta de visão estratégica”. Agora, e “apesar da falta de meios”, o Governo acredita “que será possível mudar sufocativamente um sistema alvo de imensas críticas, que não motiva os alunos e os próprios pais, que não contribui para a redução do insucesso escolar e que é injusto”, acrescenta o porta-voz do MNE. Para lá do aperto actual, existem assim outras razões na base da anunciada reestruturação – que passará também, entre outras medidas, pela criação “de mecanismos de certificação das aprendizagens obtidas” e de “uma modalidade de ensino b-learning, que possa apoiar a acção dos professores”. C.V. português editado em França, faz a síntese: “Querem entregar o ensino de Português na Europa às associações [de emigrantes] e às escolas privadas.” Segundo Miguel Guedes, pretendese “desenvolver o maior número possível de parcerias com associações e escolas privadas disponíveis para desenvolver experiências educativas com recurso a meios docentes locais”. Escolas destas em França, acrescenta Carlos Pereira, só existem três com o mínimo de qualidade, duas estão na região de Paris, o que significa que muitos alunos ficarão excluídos. Menos alunos Em 2010, o último ano com dados conhecidos, a rede oficial abrangia mais de 50 mil alunos na Europa. Segundo Carlos Pato, por via da eliminação de horários, serão agora muito menos. Afirma que, nos últimos dois anos, já foram eliminados 200 horários. Um horário corresponde a um professor e este tem em média 130 alunos, precisa, ou seja, afirma, foram já afectados cerca de 26 mil alunos. O MNE confirma que, nesta altura, existem “várias centenas” que estão sem aulas de Português. O deputado socialista eleito pelo círculo da Europa Paulo Pisco fala em cerca de dois mil. Em França, segundo Carlos Perei- ra, há 480 alunos que se inscreveram e não têm professor. Esta situação já foi tema de capa do Luso Jornal. Por motivos de aposentação, doença ou outros, os professores que asseguravam estes cursos deixaram de o fazer ainda durante o ano lectivo passado. Em França foram cinco. Em Maio passado, o Instituto Camões abriu um concurso para suprir os lugares em falta ali e noutros países. A 26 de Setembro, já com o ano lectivo em curso, um despacho do ministro Paulo Portas determinou a cessação deste concurso. Os lugares em falta ficaram por preencher. “[Os alunos que ficaram sem aulas] estão a ser atingidos por medidas de natureza orçamental que nos estão a impedir de substituir professores, obrigandonos igualmente a suprimir horários”, precisa o porta-voz do MNE. “Os pais não receberam ainda qualquer informação das autoridades portuguesas e continuam na expectativa de que os professores venham, mas isso não vai acontecer”, afirma Carlos Pereira. Por enquanto, conta, continuarão sem saber como responder à pergunta que, em várias variantes e graus de ironia, lhes começou a ser feita por directores e professores das escolas francesas onde andam os seus filhos: “Então não sabem nada de Portugal?” 12 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Portugal Carlos Torres Figueiredo venceu o Prémio de Poesia Eugénio de Andrade (poeta na foto), iniciativa do editor portuense José da Cruz Santos. A Criança que Ri é o título do volume distinguido pelo júri, que foi presidido por Luís Adriano Carlos. O prémio vale 10 mil euros e a publicação do livro. Fundação de Serralves e Sonae promovem programa de residências artísticas no Porto Luís Miguel Queirós A inglesa Charlotte Moth e a dupla portuguesa Von Calhau! foram os artistas escolhidos para a primeira edição deste projecto a A Sonae e a Fundação de Serralves associaram-se para criar um programa regular de residências artísticas no Porto, que dá a artistas portugueses e estrangeiros a oportunidade de permanecer alguns meses na cidade, criando obras e contactando com agentes culturais e universidades. A primeira residência está já a funcionar desde Agosto, num edifício desocupado que pertence à Santa Casa da Misericórdia: o Instituto Araújo Porto, em Cedofeita, onde funcionou, até 2008, uma escola para crianças surdas-mudas. A inglesa Charlotte Moth e a dupla portuguesa Von Calhau!, constituída por Marta Ângela Baptista e João Alves, foram os artistas escolhidos para o arranque desta experiência. Ricardo Nicolau, director adjunto da Fundação de Serralves e curador do projecto, está particularmente satisfeito com a descoberta deste edifí- Bispo Carlos Azevedo nomeado para o Vaticano a O bispo auxiliar de Lisboa, D. Carlos Azevedo, foi ontem nomeado delegado do Conselho Pontifício para a Cultura, do Vaticano, que tem como missão favorecer “as relações entre a Santa Sé e o mundo da cultura”. “Anima-me a vontade de estar ao serviço da relação entre culturas e nova evangelização, estética e espiritualidade”, disse o bispo à Ecclesia. Carlos Alberto de Pinho Moreira Azevedo nasceu em Santa Maria da Feira, a 4 de Setembro de 1953 e foi ordenado padre em Julho de 1977. Azevedo doutorou-se em 1986, na Universidade Gregoriana, em Roma. Professor na Universidade Católica Portuguesa (UCP), desde 1987, desempenhou o cargo de vice-reitor e presidiu ao Centro de Estudos de História Religiosa da UCP. Historiador, dirigiu a publicação da História Religiosa de Portugal. Autor de vários livros, foi comissário de exposições. Em Fevereiro de 2005 foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa. Entre 2005 e 2008, foi porta-voz do episcopado. Nos últimos três anos, presidiu à Comissão Episcopal de Pastoral Social. cio do início do séc. XX. “Estávamos à procura de um espaço onde os artistas pudessem viver, mas que, ao mesmo tempo, tivesse características que fossem apelativas para o seu trabalho.” O facto de se tratar de uma escola pesou decisivamente na escolha, bem como a circunstância de estar desocupada há pouco tempo e de se manter em boas condições de conservação. “Fizemos uma limpeza, mas não quisemos maquilhar as suas características”, diz o curador, acrescentando que outra mais-valia crucial deste imóvel é a existência, junto ao edifício principal, de um pavilhão de construção posterior. “Tem um pequeno palco, cortinas, sistema de iluminação e de som, e tudo a funcionar”, acrescenta. Dado que tanto Charlotte Moth como os Von Calhau! são artistas que trabalham com som, e cujo trabalho inclui dimensões performativas, este anexo tem potencialidades óbvias. O primeiro momento de divulgação pública do trabalho que os artistas vêm desenvolvendo ocorrerá já no próximo dia 19 de Novembro com a inauguração de uma exposição no Instituto Araújo Porto, que ficará patente até ao final da residência, em meados de Dezembro. E todos os sábados, ao longo de quatro semanas, caberá ainda aos artistas organizar um programa Colecção inovadora A Sonae admite adquirir uma obra de cada um dos artistas que venha a integrar este projecto, dando assim início a uma colecção que ficará depositada no Museu de Serralves. Catarina Fernandes, directora de Comunicação, Marca e Responsabilidade Corporativa da Sonae, diz que “a inovação e a criatividade estão no ADN” da empresa, e que a futura colecção será disso exemplo, já que se pretende que não se resuma apenas à arte contemporânea, mas que venha também a integrar outro tipo de peças, desde que tenham “uma história e um processo de criação inovador e distintivo”. para os visitantes, que incluirá concertos e performances. Todos da mesma geração — Charlotte Moth nasceu em 1978, tal como Marta Ângela Baptista, e João Alves é apenas um ano mais novo —, os artistas escolhidos para inaugurar esta experiência têm ainda outras afinidades, como o comum interesse por tecnologias a que Nicolau chama “semidefuntas”. Moth, cujo trabalho se centra num vasto banco de imagens analógicas que vem constituindo há mais de uma década — o Travelogue —, e que dá especial atenção à arquitectura construída no período entre as duas guerras mundiais, veio encontrar no Porto um rico e inesperado património de edifícios desta época. Os Von Calhau! são um caso singular na arte portuguesa contemporânea, quer por trabalharem em parceria, quer pelo modo como conciliam a sua dupla condição de músicos e artistas plásticos. Uma das componentes do seu trabalho passa pela criação de filmes mudos, rodados em 16mm, para os quais fabricam adereços que depois são também expostos autonomamente. À projecção dos filmes seguem-se concertos que funcionam como uma espécie de banda sonora retrospectiva. Anular agora Guimarães 2012 ficaria mais caro do que levar projecto até ao fim Samuel Silva a Cancelar a realização da Capital Europeia da Cultura (CEC) do próximo ano neste momento sairia mais caro ao país do que levar o projecto até ao fim. A ideia foi defendida ontem pelo presidente da Guimarães 2012, João Serra, respondendo a alguns críticos que têm apontado o evento como um dos projectos a suspender no contexto da crise nacional. “Num momento em que Portugal está sob grande vigilância internacional, pôr de parte um compromisso externo seria internacionalmente desastroso”, considera o responsável máximo da Guimarães 2012. A realização da CEC foi um compromisso estabelecido pelo Governo junto da União Europeia e não o cumprir “atrairia para Portugal uma opinião pública mais negativa”, defende João Serra. O presidente da Fundação Cidade de Guimarães (FCG) — a entidade que prepara o evento cultural que começa em Janeiro — responde assim às críticas feitas por alguns comentadores nas últimas semanas, que têm apontado a Guimarães 2012 como um exemplo de um investimento que podia ser suspenso para responder aos problemas financeiros do país. João Serra dirige Guimarães 2012 João Serra assegura que, feitas as contas entre o dinheiro que já foi investido na preparação do evento e o que ainda falta concretizar, o país teria uma factura superior a pagar caso optasse pela anulação da realização do evento. “Neste momento, interromper ou pôr fim a uma experiência deste tipo sairia mais caro do que continuar”, sublinha o presidente da FCG. Serra salienta ainda que a Cultura “não é a responsável pela crise finan- ceira”, mas pode ser “parte da solução”. “O investimento cultural pode ser uma alavanca importante para a regeneração social, urbana e económica”, sustenta, apontando exemplos internacionais em que a aposta na economia criativa foi eficaz para a alteração do modelo económico de várias regiões. Estas declarações foram feitas à margem da cerimónia de assinatura dos protocolos de financiamento da Guimarães 2012 através de fundos do QREN. O apoio vai ascender a um total de 18 milhões de euros e, apesar de estar acertado há cerca de um ano, sofreu atrasos sucessivos. Este impasse foi mesmo um dos principais motivos de tensão entre a autarquia local e a anterior presidente da FCG, Cristina Azevedo, que culminaram com a saída desta responsável, em Junho. A Fundação e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte assinaram ontem os primeiros três contratos, num valor global de 530 mil euros. As primeiras candidaturas destinam-se a apoiar a criação da plataforma de produção audiovisual, o programa paisagens criativas e o estudo dos impactos sociais e económicos da Guimarães 2012 que está a ser feito pela Universidade do Minho. Ls Quatro Eibangeilhos em mirandês por Amadeu Ferreira António Marujo a “Cun esta traduçon cuido que la lhéngua mirandesa queda mais rica, la bibliografie de la Bíblia ye acrecentada cun mais ua lhéngua i la cultura pertuesa tamien ganha algo na sue riqueza i diversidade.” Escrito assim, pode parecer erro. Mas não é. Traduza-se, então, do mirandês para o português: “Com esta tradução, penso que a língua mirandesa fica mais rica, a bibliografia da Bíblia é acrescentada com mais uma língua e a cultura portuguesa também ganha algo na sua riqueza e diversidade.” A opinião é de Amadeu Ferreira, investigador e escritor da língua mirandesa, que hoje mesmo apresenta em Lisboa a sua tradução, em mirandês, dos quatro evangelhos. Que é como quem diz, Ls Quatro Eibangeilhos, uma edição da Sociedade Bíblica Portuguesa. A sessão decorre na Livraria Ferin (R. Nova do Almada, 70), a partir das 16h30. Já há vários anos que Amadeu Ferreira andava de volta de textos da Bíblia — e quer ver se traduz todo o Novo Testamento e livros como os Salmos ou o Eclesiastes, do Antigo Testamento (o Cântico dos Cânticos “São textos culturalmente relevantes, dos fundamentos da nossa civilização”, diz Amadeu Ferreira sobre esta edição já está). “São textos culturalmente relevantes, dos fundamentos da nossa civilização”, explica ao PÚBLICO. Amadeu Ferreira optou por traduzir a partir da Vulgata latina. “O que devia ser era a partir do grego. Mas a Vulgata tem uma história e um significado cultural grande, foi quase a tradução oficial da Igreja Católica”. Apesar da matriz, a tradução, que começou a ser preparada há 10 anos, foi depois cotejada duas vezes com outras edições —32 incluindo a da Difusora Bíblica, a mais divulgada em Portugal, e a versão de João Ferreira d’Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia integral para português, muito usada pelos protestantes. “O mirandês vem do latim, fazia sentido que fosse a partir do latim”, justifica ainda Amadeu Ferreira, que já traduziu para mirandês obras como Os Lusíadas, a Mensagem e histórias de Astérix. O novo bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, que falou em mirandês logo após a sua posse, na sua primeira visita a Miranda do Douro, diz que o alcance desta edição ultrapassa as terras mirandesas: “É mais uma das línguas em que textos da Bíblia ficam disponíveis e é importante para o país, também porque o mirandês é a segunda língua nacional.” 14 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Mundo Itália Novas medidas de emergência e salvação nacional aprovadas no Senado Monti preparado para receber a coroa amolgada de Berlusconi Mario Monti foi ontem longamente aplaudido no Senado A confirmação da demissão do primeiro-ministro e a dissolução do Governo estão marcadas para hoje. Chegou a hora dos tecnocratas Rita Siza a Sem convicção, e seguramente sem aplausos, o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi abandona hoje o palco político que ocupou durante os últimos 20 anos no seu país. O cair do pano acontecerá logo após o derradeiro voto da Câmara de Deputados para a aprovação de um pacote de austeridade, indispensável para a sobrevivência da Itália (e da zona euro). O Senado italiano aprovou ontem, com 156 votos a favor e 12 contra, as novas medidas de emergência e salvação nacional, que prevêem a mesma receita de cortes e ajustamentos orçamentais adoptados por outros países europeus (incluindo Portugal, Grécia e Irlanda, forçados a recorrer à ajuda internacional) para fazer baixar a dívida pública. Na Itália, esse valor asEleito em 1994 com a promessa de uma “revolução liberal” , Silvio Berlusconi foi derrotado pelos mercados cende já a 1,9 milhões de milhões de euros, o correspondente a 120% do Produto Interno Bruto. A legislação proposta para a estabilidade financeira italiana prevê a subtracção de uma parcela de quase 60 mil milhões de euros ao orçamento até 2014, através do congelamento dos salários da função pública, da venda de património do Estado e privatização de serviços ou do aumento da taxa sobre o consumo dos 20% para os 21% e um novo imposto especial para o sector energético. Outras medidas têm como objectivo promover o emprego e o crescimento: a revisão da legislação laboral, a liberalização do acesso a determinadas classes profissionais e benefícios fiscais para a contratação de jovens profissionais, entre outras. A votação pela câmara baixa do Parlamento italiano foi marcada para o início da tarde. Para as 17h foi agendado um conselho de ministros extraordinário: será a confirmação da demissão do primeiro-ministro e a efectiva dissolução do Governo de Berlusconi, que na terça-feira perdeu a maioria parlamentar que lhe permitia manter-se em funções. O polémico e populista líder do partido Povo da Liberdade, que os italianos conhecem como Il Cavaliere, sai de cena com relutância, sem honra, sem glória – e sem alternativa. O primeiro-ministro que suportou escândalos de corrupção e até de índole sexual revelou-se incapaz de acalmar os mercados financeiros. A factura exigida pelos investidores para a sua manutenção no poder tornou-se insuportável para a economia italiana: com as taxas de juro para os títulos da dívida soberana na casa dos sete por cento, a liderança de Berlusconi poderia custar a bancarrota do país. Chegado ao poder com a promessa de uma “revolução liberal” há 17 anos, Berlusconi foi derrotado pelos mercados. Não foram os “poderosos interesses instalados” a quem jurou dar luta – da Igreja Católica aos juízes, passando pelos sindicatos, associações industriais e empresariais, o mundo da cultura e academia – que lograram afastá-lo; foi o seu programa de combate ao clientelismo e corrupção que veio a revelar-se um fracasso completo. Como confirmou à agência Bloomberg Sylvain Broyer, o economistachefe do banco de investimento francês Natixis, “os mercados queriam a cabeça de Berlusconi”. Aquele especialista considerou a aprovação da legislação de emergência pelo Senado como um desenvolvimento positivo, mas alertou para a actual volatilidade, refreando o optimismo. “Os mercados estão descontrolados, só o Banco Central Europeu pode quebrar o actual ciclo vicioso” que põe em causa toda a zona euro, considerou. As medidas aprovadas Um pacote para reduzir a dívida pública Venda de activos – Libertação de bens imobiliários públicos e terrenos agrícolas. Berlusconi avaliou em 15 milhões de euros o valor destas cedências nos próximos três anos. Simplificação administrativa – Vão ser criadas as “zonas de burocracia zero”, para facilitar a vida às empresas e também vão ser tomadas medidas para simplificar os processos judiciais. Liberalizações – As ordens profissionais serão reformadas e as tarifas mínimas abolidas de forma a insuflar mais concorrência na economia italiana. As administrações locais deverão abrir os serviços públicos locais à concorrência e reduzir a sua participação nas sociedades que gerem os seus serviços (energia, transportes, água e esgotos). Emprego – Medidas, nomeadamente fiscais, para reduzir o desemprego dos jovens e das mulheres favorecendo a formação, trabalho a meio tempo ou com horário reduzido e o teletrabalho. Reformas – A idade da reforma aumentará para os 67 anos em 2026 (contra os 65 anos actuais). Mantém-se a possibilidade de reforma após 40 anos de descontos. Função pública – Passagem ao regime de disponibilidade e com pagamento de 80% do salário de todos os funcionários considerados excedentários, por um período de dois anos. Infra-estruturas – Deduções fiscais para relançar grandes obras estruturais. Depois de assinar a demissão de Berlusconi, o Presidente Giorgio Napolitano, que assumiu um papel preponderante na gestão da crise política, deverá endereçar convite ao reputado economista e professor universitário Mario Monti para liderar um governo de transição que assegure que as reformas necessárias são implementadas. O antigo comissário europeu responsável pela Concorrência, que sempre foi independente de partidos políticos, foi ontem longamente aplaudido ao assumir o lugar vitalício no Senado que lhe fora atribuído na véspera pelo Presidente. Mais tarde, Monti reuniu com o governador do Banco de Itália, Ignazio Visco. Mas apesar da preferência de Napolitano – e já agora, também dos restantes líderes europeus e dos mercados – por um governo de tecnocratas, a manutenção de algumas figuras políticas no executivo deverá ser a única forma de garantir que a Itália não cai numa instabilidade política paralisadora da acção do governo. Apesar das facções mais à direita e mais à esquerda do espectro político preferirem avançar já para eleições Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 15 Extrema-direita holandesa estuda saída do euro O PVV, Partido para a Liberdade, força holandesa de extremadireita, que apoia o Governo, vai encomendar um estudo sobre o abandono do euro e o regresso ao florim, anunciou o líder, Geert Wilders. Se o resultado indicar que é mais vantajoso regressar à antiga moeda nacional, pedirá um referendo sobre a saída do euro. ANDREAS SOLARO/AFP Juros de Itália abaixo de 7% Mercados accionistas em forte alta (que provavelmente não ocorreriam antes de Fevereiro de 2012), os partidos do centro reconhecem que o país não está em condições de se financiar à taxa actual. Ontem, o ministro dos Transportes, Altero Matteoli, disse que o seu partido Povo da Liberdade só vai decidir hoje se aceita a solução de um governo de unidade nacional proposta pelo Presidente Napolitano. Falando aos jornalistas ao princípio da tarde de ontem em Florença, o presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, insistiu nessa tecla. “A Itália precisa de reformas, não de eleições”, declarou, reconhecendo que o tempo urge e um eventual fracasso em proteger a economia italiana constituiria uma “ameaça existencial” para o projecto do euro. Declarações do comissário para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, foram no mesmo sentido. “A prioridade para a Itália é restaurar a estabilidade política e a capacidade de decisão”, sublinhou, elogiando a “acção firme e determinada” do Senado. “É muito claro que só com um pacote de reformas vasto e ambicioso é que a Itália pode regressar ao caminho do crescimento.” Pelo menos por um dia, os investidores deram um voto de confiança à capacidade da Itália e da Grécia darem um passo em frente na resolução da crise da dívida. Depois da notícia de um novo líder à frente do Governo grego e da aprovação do plano de austeridade italiano, as bolsas europeias reforçaram os ganhos e, no mercado da dívida, os juros das obrigações italianas registaram uma forte descida, abaixo da barreira psicológica dos 7%, que determinou os resgates financeiros da Grécia, Irlanda e Portugal. A contribuir para a queda dos juros italianos esteve também o Banco Central Europeu (BCE), que continua a comprar títulos no mercado secundário, de forma a travar a escalada dos juros. Os juros italianos, que ao início da manhã chegaram a superar os 7%, desceram para os 6,462% depois da aprovação das medidas de controlo da despesa. Os juros das obrigações dos países mais afectados pela crise da dívida também estiveram em queda, embora moderada. Na dívida portuguesa, os juros a 10 anos desceram ligeiramente, de 11,864% para 11,601%. Os juros de Espanha, onde também tem sido evidente a acção compradora do BCE, recuaram um pouco, para 5,864%, ainda muito próximos dos 6%, um nível considerado muito elevado. A reacção das bolsas às novidades gregas e italianas – em relação a este último país ainda se aguarda a nomeação de um governo de unidade nacional – foi mais entusiasta, à excepção das praças de Lisboa e de Atenas, que encerraram negativas. As maiores subidas registaram-se nas praças de Milão, a ganhar 3,36%, e de Frankfurt, a subir 3,22%. A bolsa de Madrid subiu 2,95%, a de Paris 2,76% e a de Londres 1,85%. Estas recuperações foram suportadas, em boa parte, pela valorização dos títulos financeiros, os mais desvalorizados nos últimos dias. A ajudar a esta subida esteve a decisão de hoje de Itália e de ontem da França de prolongar as medidas restritivas de vendas a descoberto, designadas de short selling. A bolsa de Lisboa encerrou a perder 1,13%, arrastada pela queda da Galp, e a de Atenas a recuar 0,86%. Rosa Soares Governo francês apresentou queixa à agência europeia de supervisão Gaffe de agência financeira pode ser prelúdio à degradação da nota da dívida francesa a Os receios de que a França possa vir a ser contaminada pela crise do euro saíram reforçados depois de a agência de notação financeira Standard & Poor’s ter retirado por “erro” a dívida nacional do grupo dos investimentos “extremamente seguros”. A agência americana emitiu na quinta-feira um comunicado explicando que, “no seguimento de um erro técnico”, vários clientes receberam durante uma hora e meia uma mensagem automática indicando que a nota de crédito francesa tinha sido degradada do nível máximo AAA para AA. A informação da S&P provocou de imediato uma subida das taxas de juro da dívida francesa para níveis superiores em 1,7 pontos percentuais aos títulos alemães. A queda de um A na notação financeira de uma dívida não faz mais do que degradar a sua classificação de “extremamente boa” para “muito boa”, embora o facto de introduzir um ligeiro elemento de dúvida sobre o seu reembolso traduz-se geralmente num aumento dos prémios de risco exigidos pelos investidores. No actual contexto de extremo nervosismo dos mercados financeiros, uma eventual degradação da nota francesa poderá provocar uma debandada dos investidores, dificultando o financiamento do país. A perca do Triplo A constitui aliás um dos grandes receios do Governo francês, não só pelo aumento dos cus- tos da dívida mas sobretudo porque representa um veredicto negativo dos mercados sobre a gestão das contas públicas. Nicolas Sarkozy, Presidente francês, tem feito da manutenção do Triplo A quase uma causa nacional e uma das suas grandes prioridades na perspectiva das eleições presidenciais de Abril de 2012. Ao nível europeu, esta eventualidade poderá ter repercussões no fundo de socorro do euro (FEEF), que se endivida no mercado mediante garantia dos países do euro para emprestar O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, tem feito da manutenção do Triplo A quase uma causa nacional aos países com problemas de liquidez. Se a nota francesa for degradada, a Alemanha ficará sozinha, entre os grandes países, a garantir o Triplo A atribuído aos empréstimos do FEEF, podendo levar à degradação desta em caso de falta de confiança nos estados que os garantem. O facto de a dívida francesa já ter juros significativamente superiores aos da Alemanha, antes mesmo do “erro” da S&P, significa que os investidores já estão a diferenciar os dois países, preferindo refugiar-se nos títulos alemães. Para muitos analistas, a queda de um A na nota francesa é de todos os modos inevitável, apenas restando saber quando é que será concretizada. Um primeiro abanão já foi dado em Outubro quando a Moddy’s, agência concorrente da S&P, colocou a nota do país sob observação para decidir, num prazo de três meses, se confirma a sua perspectiva estável. Foi por esta razão, aliás, que o “erro” da S&P foi largamente interpretado como a prova de que a agência já está a trabalhar na degradação da nota francesa. Certo é que o Governo francês, quase em estado de choque, pediu a abertura de um inquérito à autoridade dos mercados financeiros e apresentou queixa à agência europeia de supervisão financeira (ESMA), que tem a responsabilidade pelas agências de notação. Por pura coincidência, a Comissão Europeia – que ontem considerou este caso “grave” – vai apresentar na próxima semana novas propostas de enquadramento das agências de notação financeira, acusadas de agravar a crise da dívida com as suas decisões de degradação da nota de vários países depois de já estarem no olho do furacão. Bruxelas, que já criou um conjunto de regras que obrigam as agências a maior transparência e prevêem sanções em caso de violação da legislação europeia, quer ir agora mais longe e criar um quadro europeu de responsabilidade civil. Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas Executivo inclui ministro da extrema-direita Governo de Papademos já está em funções a Encerrando duas semanas de turbilhão político, seguido a par e passo em todo o mundo, foi ontem empossado o novo Governo grego – um executivo de “salvação nacional” nas palavras do Presidente Karolos Papoulias. “Com a união de todo o povo, seremos bem-sucedidos”, prometeu o primeiro-ministro Lucas Papademos, um economista de reputação internacional mas sem currículo político, que tem sobre os ombros a missão de evitar a falência a curto prazo da Grécia. De novo, o Governo de unidade nacional não tem muito – 12 dos 17 ministros mantêm-se nas pastas que ocupavam no executivo liderado por Georgios Papandreou e apenas três deles não pertencem aos socialistas do Pasok, desde 2009 no poder. Entre os que permanecem em funções, está o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, um veterano do Pasok, e os responsáveis por pastas que atravessam reformas profundas, como é o caso da Saúde e Educação. A Nova Democracia nomeou para o Governo dois dos seus vice-presidentes, o ex-comissário europeu Stavros Dimas (Negócios Estrangeiros) e o antigo presidente da Câmara de Atenas Dimitris Avramopoulos (Defesa). Trata-se de um sinal de forte compromisso dos conservadores com a coligação apenas mitigado pela ausência de Antonis Samaras, o líder da formação, que assim mantém a distância necessária para se apresentar como alternativa nas legislativas, que os dois maiores partidos pretendem realizar no início do próximo ano. Outra novidade é a inclusão – pela primeira vez desde o fim da ditadura militar, em 1974 – da extrema-direita no Governo, com a escolha de Makis Voridis, dirigente do LAOS (Alerta Popular Ortodoxa) para a pasta dos Transportes. Mal Papademos tomou posse, a chanceler Angela Merkel enviou um telegrama a Atenas, assegurando que a Alemanha “estará ao lado do povo grego para, nestes tempos difíceis, responder aos desafios comuns”. E de Paris, chegou uma carta do Presidente francês, Nicolas Sarkozy, para saudar “a criação de um amplo Governo, capaz de pôr em prática as reformas” acordadas com a União Europeia. Mas o verdadeiro teste para Papademos começa na próxima semana, com a visita dos inspectores da troika para decidir se será libertada a próxima tranche da ajuda externa – oito mil milhões de euros essenciais para o pagamento dos salários e pensões até ao final do ano. Ana Fonseca Pereira 16 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Mundo Os 20 anos do pseudónimo Esgar Acelerado http://blogs.publico.pt/casadeosso Pedido de adesão da Palestina à ONU chega a beco sem saída no Conselho de Segurança Maria João Guimarães Comité de admissões de novos membros diz que é “incapaz de fazer uma recomendação unânime” a A via da ONU tem sido uma montanha-russa para os palestinianos: grandes ambições, grandes desilusões. À vitória simbólica da adesão como membro de pleno direito à UNESCO seguiu-se a constatação de que a Palestina não teria os votos necessários para forçar um veto americano no Conselho de Segurança – presidido por Portugal durante Novembro. O comité de admissões de novos membros do organismo da ONU debateu ontem a questão, assumindo a divisão dos membros sobre as condições de adesão de um Estado palestiniano às Nações Unidas. O comité sublinhou a sua incapacidade de “fazer uma recomendação unânime”. Nenhum dos membros pediu que a questão fosse votada. Nos últimos dias tornou-se claro que os palestinianos conseguiriam apenas seis votos a favor: Rússia, China, Brasil, Índia, Líbano e África do Sul. Já a Nigéria e Gabão, que apoiariam a Palestina, iriam abster-se ou votar contra, diz a agência Reuters. A Bósnia, contada como indecisa, foi a última a revelar que não votaria a favor. Com menos de oito votos favoráveis no Conselho de Prisão para líder do “esquadrão da morte” a Um tribunal militar norte-americano condenou a prisão perpétua o soldado que liderou um “esquadrão da morte” no Afeganistão, dando-o como culpado em três homicídios enquanto integrava o Exército dos Estados Unidos. A pena, relativa a 15 acusações relacionadas com as três mortes e pronunciada ao fim de sete dias de audiências, permite porém que Calvin Gibbs, de 26 anos e com a patente de sargento, possa pedir a liberdade condicional dentro de nove anos. O réu reconheceu que cortava e guardava os dedos dos cadáveres como “troféus de guerra”, mas negou que tenha cometido assassinatos – disse antes que estava a responder a disparos inimigos em combate. Segundo os procuradores, Gibbs e restantes membros daquele esquadrão renegado colocaram armas junto aos corpos dos afegãos mortos para dar a ideia de que eram rebeldes que os atacaram durante patrulhas na província de Kandahar, em 2010. Segurança, a questão já não levaria os Estados Unidos a usar o seu veto. Esta não é uma derrota na prática (já que o veto americano impediria sempre a adesão) mas uma derrota moral: o argumento de que o mundo está com a Palestina e Washington está isolado desaparece, comentava a jornalista Evelyn Leopold, que escreve sobre as Nações Unidas, no site norte-americano Huffington Post. A hipótese mais óbvia para a Palestina prosseguir a via da ONU seria agora a “opção Vaticano”, em que os palestinianos pediriam para passar de “entidade observadora” para “Estado observador”, como tem a Santa Sé. Este seria um prémio de consolação depois de não ser conseguida a adesão no Conselho de Segurança, e implicaria um reconhecimento implícito do Ainda à espera de um Estado Human Rights Watch pede expulsão da Síria da Liga Árabe Estado e a possibilidade de adesão ao TPI, por exemplo. Esta alteração de estatuto pode ser levada à Assembleia Geral já no dia 29 deste mês, onde necessita apenas de uma maioria simples para ser aprovada. Mas os palestinianos garantem que ainda não desistiram do Conselho de Segurança. Há quem diga que podem até esperar que mudem os membros não-permanentes, em Janeiro. Ou até que os europeus, em especial o Reino Unido e a França, mudem de ideias caso continue a não haver progressos nas negociações de paz. E neste campo a situação permanece inalterada. A demissão, esta semana, de um dos principais conselheiros do Presidente Barack Obama, Dennis Ross, veterano em questões do Médio Oriente, apenas sublinhou o impasse. Retirada do financiamento dos EUA UNESCO corta programas por falta de verbas a A agência das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) anunciou a suspensão de novos programas após a retirada do financiamento dos Estados Unidos, depois da aprovação da Palestina como membro de pleno direito. Segundo uma lei norte-americana aprovada nos anos 1990, Washington não pode financiar agências que re- conheçam um Estado palestiniano antes de este ser declarado por via de negociações de paz e reconhecido internacionalmente. As verbas dos EUA representavam 22% do orçamento da organização (mais de 47 milhões de euros). A directora-geral da agência, Irina Bokova, tinha avisado que a retirada do financiamento iria pôr em causa a capacidade de levar a cabo programas cruciais na área da educação, apoio a democracias emergentes e a luta contra o extremismo religioso. A organização anunciou agora que está a recolher doações on-line e pediu financiamento extra aos estadosmembros. O Gabão foi o primeiro país a prometer verbas adicionais – cerca de 1,4 milhões de euros. EUA querem vender bombas anti-bunker aos Emirados para conter ameaça iraniana a Os Estados Unidos planeiam vender milhares de bombas anti-bunker aos Emirados Árabes Unidos no seu mais recente esforço para desenvolver as capacidades militares dos aliados no Golfo e criar um contrapeso ao crescente poderio do Irão. Segundo o Wall Street Journal, a venda incluirá 4900 bombas de precisão capazes de destruir instalações subterrâneas, como as que Teerão usa para albergar algumas das suas instalações nucleares –, além de mísseis e novos aviões. Recentemente, os EUA aprovaram um negócio idêntico com a Arábia Saudita, país que rivaliza com o Irão pela supremacia na região. A notícia surge dias depois de um relatório Agência Internacional de Energia Atómica ter concluído que existem “informações credíveis” de que o Irão efectuou pesquisas e testes com vista ao fabrico da bomba atómica, admitindo que algumas dessas actividades ainda decorram. Teerão repudiou as conclusões e avisou que não precisa de armas nucleares para se defender. Quinta-feira, o supremo líder, ayatollah Ali Khamenei, avisou que aqueles que ponderam atacar o Irão “devem estar preparados para enfrentar uma forte bofetada e um punho de ferro”. Nem os EUA nem Israel excluem a hipótese de um ataque contra instalações nucleares iranianas, mas o secretário da Defesa norte-americano, Leon Panetta, já veio colocar água na fervura, dizendo que tal acção “pode ter consequências inesperadas”. Teerão ameaça reagir atacando Israel e interesses americanos no Golfo e encerrando o tráfego no estreito de Ormuz, por onde passa 40 por cento do crude mundial. A.F.P. AFP Khamenei avisou nações inimigas Dulce Furtado a A Human Rights Watch insistiu ontem com a Liga Árabe para prontamente suspender a Síria, considerando que a repressão violenta das autoridades de Damasco sobre os protestos pró-democracia, em que morreram já 3500 pessoas, constitui um crime contra a humanidade. A partir de entrevistas feitas com mais de 110 vítimas e testemunhas de abusos cometidos pelas forças de segurança, em particular na cidade de Homs – um dos berços da revolta popular que eclodiu em Março passado –, a Human Rights Watch acusa o regime do Presidente sírio, Bashar al-Assad, de “pura brutalidade”. O relatório descreve casos de tortura de manifestantes, com recurso a espancamentos e às técnicas de water-boarding (afogamento parcial), choques eléctricos e armas atordoantes. “A Liga Árabe tem de dizer ao Presidente Assad que violar o acordo que fizeram [o Plano de Acção Árabe] tem A Human Rights Watch acusa, num relatório, o regime do Presidente sírio, Bashar alAssad, de “pura brutalidade” consequências e que, agora, apoia a ideia de o Conselho de Segurança agir para travar esta carnificina”, sublinhou a directora da HRW para o Médio Oriente, Sarah Whitson. Hoje a Liga Árabe volta a reunir-se para discutir a crise na Síria, depois de se ter constatado no terreno, no início da semana, que Damasco estava longe de dar quaisquer sinais de cumprir o acordo a que deu aval. Activistas e organizações de direitos humanos na Síria denunciaram, de resto, a ocorrência de mais 14 mortes em protestos ontem, depois de outras 40 pessoas terem sido mortas na véspera, a maior parte em Homs, cidade descrita pela HRW como um “microcosmos” da violência das forças de segurança sobre a população civil. Ao abrigo do Plano de Acção Árabe, a Síria aceitou na semana passada retirar prontamente as tropas e tanques das cidades revoltosas, libertar as (estimadas) dezenas de milhares de prisioneiros políticos, iniciar conversações de pacificação, no prazo de duas semanas, e permitir o acesso ao país dos media internacionais. Mas a vaga de violência prossegue e o regime de Assad argumenta estar a enfrentar uma rebelião de “grupos criminosos armados”, em que centenas de soldados e polícias foram mortos ao longo destes oito meses. Cada vez mais soldados desertam do Exército para se juntarem ao movimento de revolta, dando assim azo a combates cada vez mais intensos. L I F E & S T Y L E E ST E SU PL E M E N TO É PA RT E I N T EGR A N T E DA E DIÇÃO DO PÚ BL ICO Nº. 7894 DE 17 DE NOV E M BRO DE 2011 E NÃO PODE SE R V E N DI DO SE PA R A DA M E N T E . Quinta-feira, 17 de Novembro, GRÁTIS com o Público DESCOBRIR O MUNDO DE FANTASIA DO CHAMPANHE TAITTINGER | JOÃO ESTEVES DE OLIVEIRA, O COLECCIONADOR PRODUÇÃO DE MODA DE FILIPE FAÍSCA | VICIADOS EM ANTIGUIDADES O HIPPIE-CHIC DAS AREIRAS DO SEIXO | VAMOS COMER BOLOS FRANCESES | PIAGET FEZ UMA FESTA NO JARDIM UMA REVISTA ÚNICA PARA SABOREAR O LADO BELO, SOFISTICADO E EXTRAVAGANTE DA VIDA. 18 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Mundo O ministro do Interior mexicano, Francisco Blake Mora, e outras sete pessoas morreram quando o helicóptero em que viajavam se despenhou em Cuernavaca, a sul da Cidade do México. Não foi adiantada qualquer causa para a queda do aparelho. ETA garante que não ameaça a paz em Euskadi e lança-se na campanha para as eleições Nuno Ribeiro, Madrid Separatistas defendem “regresso a casa de todos os presos e exilados políticos bascos, inutilização das armas e a desmilitarização de Euskal Herrias” a Dois porta-vozes da ETA encapuzados afirmaram que a organização não vai ameaçar a paz em Euskadi e que apoia o processo político iniciado pela “esquerda aberztale” que lhe é afim. Numa extensa entrevista ontem publicada pelo diário basco Gara, os dois responsáveis adiantam que a ETA está preparada para concorrer às próximas eleições gerais espanholas de 20 de Novembro no seio da coligação “Aiamur”. Na entrevista de 15 páginas, os dois membros da organização terrorista admitem que, nos seus planos futuros, consta “o desarmamento”. “O regresso a casa de todos os presos e exilados políticos bascos, inutilização das armas e a desmilitarização de Euskal Herrias” são, de acordo com os entrevistados, as suas principais aspirações. Como “desmilitarização” do País Basco os etarras referem o abandono daquele território das Forças Armadas e forças de segurança espanholas, polícia e Guardia Civil. No entanto, a organização deixa todo o protagonismo destas reivindicações à esquerda radical, sublinhando que, por isso, “nunca será uma ameaça, como já ficou claro”. Do mesmo modo, é evidente a estreita relação que a ETA agora estabelece entre as suas posições e o decidido na Conferência de Paz de San Sebastián, de 17 de Outubro, que antecedeu o comunicado de “adeus às armas”. Com a entrevista ontem publicada, a primeira desde que os etarras anunciaram, em 20 de Outubro, o fim definitivo do terrorismo, e a manifestação de apoio à acção política da Não houve uma reunião directa com o Governo, mas os etarras admitem que Zapatero estava ao corrente das suas reflexões “esquerda abertzale”, expressa à coligação “Aiamur”, a ETA envolve-se na campanha eleitoral. Não é por acaso que as declarações dos porta-vozes da organização surgem a público a 24 horas da celebração, hoje, no velódremo de Anoeta, em San Sebastián, de um comício de “Aiamur”. Que, no calendário desta coligação e à entra- Espaço aéreo fechado para missão policial na Rocinha da da última semana de campanha, é o acto central da sua propaganda. Os radicais esperam uma grande mobilização e a entrevista insere-se nessa lógica. No entanto, nas declarações ao Gara há dois aspectos particularmente curiosos. “Não ocorreu nenhuma reunião directa com o Governo”, afirmam os etarras, embora admitam que o Executivo espanhol de Rodriguez Zapatero estava ao corrente das suas reflexões. Por outro lado, é sintomática a forma como comentam a reacção ao “adeus às armas” do líder conservador Mariano Rajoy, futuro chefe do Governo de Espanha. “Foi uma reacção diferente do discurso negativo e agressivo de até agora. Neste momento histórico, quem tem muitas possibilidades de ser Presidente de Espanha deve actuar com responsabilidade, é de supor que Rajoy assim o entendeu”, afirmam. REUTERS/OLIVIA HARRIS Dia do Armistício Silêncio de milhares para recordar os mortos da guerra a “À décima-primeira hora do décimo-primeiro dia do décimo-primeiro mês”, milhões de pessoas um pouco por todo o mundo prestam todos os anos homenagem aos militares veteranos e todos aqueles que morreram na guerra. O dia do Armistício que marca o fim da I Guerra Mundial em 1918, conhecido com Remembrance Day para os britânicos, foi ontem preenchido por cerimónias oficiais, mas também por momentos de dor silenciosa de quem perdeu alguém na guerra – seja em França, no Pacífico, Vietname, no Iraque ou Afeganistão. Às 11h, como foi feito em vários pontos do mundo, milhares de funcionários da sede do banco Lloyds em Londres cumpriram o seu minuto de silêncio. Com a papoila vermelha, poderoso símbolo da memória, na lapela, cumpriu-se a homenagem aos mortos em combate. a As autoridades brasileiras decidiram fechar amanhã o espaço aéreo do Rio de Janeiro na zona da Rocinha, quando é instalada na favela, uma das maiores e mais perigosas da cidade, uma equipa da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), depois de ter sido detido o chefe do narcotráfico António Bonfim Lopes, conhecido como “Nem”. Ao contrário do que aconteceu em outras favelas, o anúncio da data de instalação da 19.ª unidade da UPP na Rocinha – integrada na política de segurança do Rio de Janeiro –, feito na quinta-feira pelo governador Sérgio Cabral, foi precedido de um cerco apertado à zona, que permitiu às forças policiais apanhar dezenas de traficantes antes mesmo de estes tentarem pôr-se em fuga com drogas e armas, como aconteceu no Complexo do Alemão e na Mangueira. “Nem”, o chefe da droga da Rocinha, foi apanhado, ainda noite avançada de quarta-feira, quando tentava escapulir-se escondido na bagageira de um carro – mostrando a eficácia desta mudança de estratégia adoptada pelo Gabinete de Segurança do Rio de Janeiro. Oposição aceita trabalhar com Presidente da Libéria a O candidato que boicotou a segunda volta da eleição presidencial na Libéria, Winston Tubman, declarou-se pronto a trabalhar pela reconciliação nacional com a chefe de Estado reeleita, a Prémio Nobel da Paz Ellen Johnson Sirleaf. “Como a senhora Sirleaf agora pretende ser Presidente e é reconhecida pela comunidade internacional, devemos encontrar um modo de trabalhar com ela, e penso que isso não será impossível”, disse à AFP e à Radio France Internationale. A declaração foi uma surpresa porque Tubman, segundo mais votado na primeira volta, afastou-se da corrida alegando que o processo seria fraudulento. O seu partido, o Congresso para a Mudança Democrática (CDC), não reconheceria o Governo saído da segunda volta, realizada a 8 de Novembro, dissera. Quando estavam contados 87% dos votos, Ellen Johnson Sirleaf, do partido da Unidade, tinha 90,8%. Apesar de se ter retirado, Tubman foi escolhido por 9,2%. A taxa de participação era 37,4% contra 71% na primeira volta, quando a Presidente teve 43,9% contra 32,7% de Winston Tubman. 20 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Economia Energia Galp fortemente penalizada em bolsa após anúncio de venda China compra um terço do negócio da Galp no petróleo do Brasil Valores da operação colocaram as acções da Galp ontem em queda Valor oferecido pela Sinopec coloca avaliação da Petrogal Brasil abaixo do que era esperado pelos investidores no mercado Acções da Galp corrigem Em euros (2011) 17 16 15 14 13 13,25 12 01 Abr Mai Jun Jul Ago Set Out 11 Nov Fonte: REUTERS Inês Sequeira a As reuniões dos quadros da Galp no Brasil deverão ganhar novos sons a partir de agora. Ao português de Portugal e do Brasil vai juntar-se o mandarim dos gestores da Sinopec, a maior produtora de produtos petrolíferos e petroquímicos da China. O acordo foi ontem assinado em Hong Kong pelo presidente da Galp, Ferreira de Oliveira, numa data expressamente escolhida por ser auspiciosa para a cultura chinesa. O grupo, que é o quinto maior na lista das 500 maiores empresas mundiais publicada pela revista Fortune, acordou a compra de 30% da congénere portuguesa, através de um aumento de capital. Mas para já, a concretização do negócio depende ainda do sim do Governo chinês. De acordo com a Galp, a Sinopec “irá subscrever um aumento de capital de 4,8 mil milhões de dólares (cerca de 3,6 mil milhões de euros) na Petrogal Brasil, e outras subsidiárias operacionais relacionadas”, avaliando os activos da Galp Energia no país em 12,5 mil milhões de dólares. Confrontados com um valor que fica abaixo das expectativas do mercado, que têm ajudado a valorizar as acções da Galp durante os últimos meses, os investidores castigaram ontem a empresa. O valor dos títulos da petrolífera afundou 10,8% até ao final da sessão, para 13,25 euros, depois de ter chegado a cair 13% ao início da manhã. “Os valores implícitos no negócio são desapontadores porque avaliam em 3,9 dólares por barril o que a Galp tem no Brasil, o que compara desfavoravelmente com os 5,6-5,8 dólares por barril implícitos num negócio semelhante com a Repsol”, sublinhou Pedro Pintassilgo, gestor de fundos da F&C, em declarações à Reuters. O mesmo analista admitiu que o valor poderá voltar a subir nos próximos dias, depois deste “primeiro choque”. O facto é que o grupo chinês adquiriu no ano passado 40% do negócio brasileiro da Repsol, onde passou a partilhar a gestão, por um valor de 7000 milhões de dólares – em termos comparativos, superior ao que está agora a pagar pelos 30% da petrolífera portuguesa no país. Questionado pelo PÚBLICO sobre a reacção negativa dos mercados, o administrador financeiro da Galp, Claudio De Marco, defende que o valor de avaliação do negócio da Petrogal Brasil (12,5 mil milhões de dólares) “confirma a elevada qualidade dos activos da empresa”. Numa resposta escrita enviada a partir de Hong Kong, o administrador realça também que “o papel de accionista maioritário continuará na Galp Energia”, tal como a consolidação da Petrogal Brasil “se mantém na íntegra” na casa-mãe portuguesa. Apoiar investimento No total, a Sinopec irá desembolsar 5,18 mil milhões de dólares, juntando ao aumento de capital um empréstimo accionista e investimentos futuros. De acordo com um comunicado divulgado ontem pela Galp, está em causa “um empréstimo accionista à Petrogal Brasil num montante estimado de 390 milhões de dólares”. Este valor “será utilizado para reembolsar 30% dos empréstimos con- cedidos” pela petrolífera portuguesa à sua subsidiária no Brasil, que totalizam 1,3 mil milhões de dólares. A decisão de procurar novos investidores para o negócio de exploração e produção de petróleo no Brasil, para ajudar a suportar um plano ambicioso de investimentos, tinha sido anunciada em Março. Com efeito, a exploração petrolífera em solo brasiEmpresa presidida por Ferreira de Oliveira ganha fôlego financeiro para a aposta nos campos brasileiros leiro tem um grande peso nos 3500 milhões de dólares de investimento da Galp durante os próximos três anos. Claudio De Marco também sublinha que “em termos financeiros o impacto é muito importante”. Isto porque a estrutura de capital “fica ao nível das mais sólidas do sector de petróleo e gás europeu”, indicou. “Quando a operação estiver concluída, ficamos com um valor de dívida líquida muito inferior aos 50% que estavam nos nossos objectivos.” Contas à parte, em termos estratégicos a petrolífera portuguesa ganha mais fôlego agora nos campos brasileiros, onde começou em 1999 com a criação da subsidiária, ao participar na segunda rodada de licitações de direitos exploratórios. Em parcerias com a empresa estatal Petrobras, quase sempre como accionista minoritário, a Galp participa em 21 projectos, dos quais 16 ao largo da costa (offshore). O pré~sal da bacia marítima de Santos, onde o petróleo é explorado a grandes profundidades, é o projecto mais prometedor: só nos campos de Lula/Cernambi, que fazem parte desta bacia, a empresa espera produzir mais de 100 mil barris de petróleo por dia em 2020 – um terço dos 300 mil diários que espera produzir em todo o mundo nesse ano, cerca de 15 vezes o valor actual. A Galp explora também petróleo e gás natural em Angola (hoje o maior produtor), em Moçambique (onde se fizeram agora grandes descobertas de gás natural) e noutros países. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 21 Concorrentes à EDP têm um mês para entregar propostas A E.ON, a Eletrobras, a Three Gorges e a Cemig têm até dia 9 de Dezembro para avançarem com as propostas definitivas que dizem respeito à compra das acções do Estado na EDP. O prazo foi estabelecido num despacho assinado pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar, publicado ontem em Diário da República. Dicionário dos alimentos: C de castanha http://lifestyle.publico.pt ADRIANO MIRANDA Vodafone, TMN e Optimus estão na corrida à quarta geração móvel Raquel Almeida Correia Os três actuais operadores móveis foram os únicos que confirmaram ter apresentado candidaturas ao leilão agendado para o final de Novembro a No último dia de apresentação de candidaturas ao leilão da quarta geração móvel, cujo prazo terminou ontem à meia-noite, apenas os três actuais operadores deste segmento confirmaram estar na corrida à licitação de frequências. Vodafone, TMN e Optimus afirmaram ao PÚBLICO que são oficialmente candidatas, num processo que poderá render no mínimo 429 milhões de euros aos cofres públicos ainda este ano. Ontem terminou o prazo para apresentação das candidaturas e apenas a Oni e a Zon não quiseram esclarecer se concorreram. “Ainda não estamos a comentar este tema”, referiu fonte oficial da empresa liderada por Rodrigo Costa. Já a Oni respondeu que só poderá comentar o tema “a partir da próxima semana”. Também a Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom), que está a gerir o processo, remeteu mais esclarecimentos para Estado ganha mais de 429 milhões mais tarde, quando terminasse o prazo definido (meia-noite de ontem). Encaixe público em 2011 No leilão vão estar à disposição dos operadores várias frequências de long term evolution (LTE), que permite aceder à banda larga móvel em alta velocidade. Se todos os 33 lotes forem licitados e ganhos por operadores, pelo valor mínimo, as receitas vão atingir 462 milhões de euros. Mas o montante poderá aumentar significativamente, em função do ritmo das licitações, gerando um encaixe directo para os cofres públicos. O processo já tinha estado agendado para Junho deste ano, mas foi sofrendo alterações de calendário. Aliás, depois de um adiamento inicial, passou a estar previsto realizarse até ao final do terceiro trimestre deste ano, no Memorando de Entendimento assinado com a troika. No entanto, também este prazo ficou por cumprir, estando agora planeado que o leilão ocorra no final de Novembro, a tempo de permitir que o encaixe entre nas contas públicas de 2011. O andamento deste processo dependia da publicação de uma portaria por parte do Governo, que avançou esta semana. Nesse documento, o executivo procedeu a uma alteração que beneficia os operadores que utilizam espectro radioeléctrico, ao reduzir em 50% as taxas pagas por estas empresas pelos serviços de comunicações electrónicas terrestres. Este desconto abrangerá também as frequências que vão agora a leilão. Desde o início do ano, o modelo do processo foi sofrendo alterações, depois de uma consulta pública muito participada. O valor dos lotes foi reduzido e a caução a entregar pelos operadores para participar na licitação de todas as faixas foi fixada em 15 milhões de euros. Autoridade da Concorrência averigua possível acordo entre Ar Telecom e Zon 11/11/11 - Gestores da Galp pensam chinês A data de assinatura do acordo para a entrada do grupo Sinopec na Galp Brasil ficou marcada por uma tentativa de aproximação entre duas culturas muito diferentes. A cerimónia foi de propósito realizada ontem em Hong Kong, devido à coincidência de datas: 11/11/11, se abreviarmos o ano. Na China e noutros países do Oriente, ao contrário do que hoje se passa nos países ocidentais, os números continuam a ter uma forte carga simbólica. O número um, já de si auspicioso, ao ser em duplicado reforça ainda mais o optimismo que encerra quanto ao futuro. E mesmo que a Sinopec não partilhe a gestão da Petrogal Brasil, a verdade é que os contactos entre os dois accionistas da empresa irão guiar-se também por estas novas influências culturais. Aliás, a presença dos grupos chineses em países que são grandes produtores de matériasprimas, como é o caso do Brasil, terá tendência para crescer nos próximos anos. Isto porque além de ter capitais disponíveis, ao contrário do que se passa na Europa, o Governo chinês necessita de acesso às matériasprimas para alimentar o crescimento da indústria. A Sinopec, por exemplo, além de ser o segundo maior produtor de petróleo na China – e primeiro de produtos petrolíferos e petroquímicos – tem mais de 42 projectos em 21 países. Nos últimos anos, o grupo fez aquisições para alargar o acesso directo às matérias-primas: comprou a Addax, baseada na África Ocidental, a Oxy Argentina Corporation, uma participação de 9,03% na canadiana Syncrude Company, 40% da Repsol Brasil e uma parte da APLNG. a A Autoridade da Concorrência (AdC) está a averiguar o eventual acordo estabelecido entre a Ar Telecom e a Zon, na sequência da suspensão do serviço residencial da operadora detida por João Pereira Coutinho. Ao PÚBLICO o regulador afirmou que aguarda por “documentos (...) das empresas envolvidas” para definir uma posição final sobre este assunto. Recorde-se que, tal como o PÚBLICO noticiou esta semana, a Ar Telecom começou, no final de Outubro, a enviar avisos aos clientes, alertando para a suspensão da actividade para o segmento residencial, que consistia na venda de serviços de televisão por subscrição paga e de Internet, por exemplo. Em emails a que o PÚBLICO teve acesso e em contactos telefónicos com os clientes, a operadora apresentava como alternativa um operador concorrente: a Zon. A Ar Telecom tem vindo a negar a possibilidade de ter selado qualquer tipo de parceria. Porém, a AdC deci- diu “averiguar se a alegada transferência de bases de dados de clientes (...) poderá consubstanciar uma alienação de activos, enquadrável como operação de concentração”. O regulador acrescentou que “não existe ainda uma posição final sobre este assunto, que está dependente de alguns elementos a enviar pelas empresas envolvidas”. E disse ainda 2% João Pereira Coutinho, dono da Ar Telecom, é accionista de referência da Zon, com uma participação de 2% que, “no caso de se concluir que se está perante uma operação de concentração, deverá ainda averiguar-se se estão cumpridos os critérios de notificabilidade”, já que as operadoras estariam obrigadas a comunicar qualquer tipo de acordo à AdC, se este tivesse ocorrido. O regulador afirmou ainda que, caso se verifique uma operação de concentração, sem notificação prévia, esta não poderá ser executada “até haver uma decisão de não oposição, sob pena de serem aplicadas à empresa as sanções legais previstas na Lei da Concorrência”. A Ar Telecom, fundada em 2005 na sequência da absorção da Jazztel, faz parte do universo do grupo SGC, detido por João Pereira Coutinho. O mesmo grupo é accionista de referência da Zon, detendo 2% do capital da operadora. Em 2009, a Ar Telecom atingiu, pela primeira vez, resultados operacionais positivos de 633 mil euros. Nesse ano, as receitas da empresa ascenderam a 39,2 milhões de euros. Trata-se de um pequeno operador, que, de acordo com dados da Associação Nacional das Comunicações, detinha uma quota de mercado de 0,8% em termos de assinantes de televisão paga, no segundo trimestre de 2011. Na banda larga, a quota de clientes era de 1,1% nesse período. R.A.C. 22 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Economia O livro de Jorge Marmelo que é como as bonecas russas http://p3.publico.pt Portagens devem subir 4% no próximo ano em consequência dos níveis recorde da inflação DANIEL ROCHA Ana Rita Faria Subidas do IVA no gás e na electricidade empurraram inflação homóloga para os 4,24%, um novo máximo desde 2001 a Os portugueses estão a sentir cada vez mais nos bolsos o impacto das medidas de austeridade. Em Outubro, a inflação atingiu os 4,24%, face ao mesmo período do ano passado. A subida do IVA sobre a electricidade e o gás empurrou os preços destas categorias para um recorde histórico e colocou a inflação ao nível mais alto desde Julho de 2001. Um dos reflexos da subida generalizada de preços será o aumento das portagens no próximo ano. Numa altura em que os preços dos combustíveis se mantêm em alta, os portugueses que se desloquem frequentemente de automóvel vão ver os seus encargos aumentar também por via das portagens. Os números mais recentes do índice de preços, ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem antecipar uma subida de 4% dos preços das portagens em Janeiro. A fórmula que estabelece esse aumento anual está prevista no Decreto-Lei n.º 294/97, onde se estabelece que o aumento dos preços das portagens a praticar em cada ano tem como referência a taxa de inflação homóloga no Continente sem a componente habitação, conhecida até 15 de Novembro do ano anterior, data em que as concessionárias devem comunicar ao Governo as suas propostas de actualização de preços. Esse valor é o publicado ontem pelo INE, relativo a Outubro, que coloca a inflação sem habitação nos 4,36%. Aplicando a fórmula prevista na lei, os custos das portagens aumentarão 4% no próximo ano, a menos que o Governo, à semelhança do que fez este ano, crie legislação específica que impeça a aplicação do decreto. Num trajecto como o de LisboaPorto, pela Auto-Estrada do Norte (A1), o preço a pagar passaria de 19,95 euros para 20,74, um aumento de 79 cêntimos. Ao provável aumento dos preços das portagens, junta-se o alargamento do número de vias com custos para o utilizador. A introdução de portagens em quatro SCUT — Algarve (A22), Beira Interior (A23), Interior Norte (A24) e Beira Litoral/Beira Alta (A25) apenas está a aguardar aprovação do Presidente da República. Transportes mantêm subida A subida da inflação pode vir a fazer-se sentir nas portagens Inflação em níveis elevados Taxa de inflação (var. homóloga) Os maiores aumentos de preços (% em Outubro) 5 Habitação, água, 4,24% eletricidade, gás 4 3 2 Out Jan 2010 Out 2011 10,71 e outros combustíveis 9,03 Transportes Bebidas alcoólicas 7,25 e tabaco 5,90 Saúde Produtos alimentares 2,19 e bebidas não alcoólicas Fonte: INE De acordo com os dados do INE, a inflação subiu em Outubro devido, sobretudo, ao aumento dos preços na categoria de habitação, água, electricidade, gás e outros combustíveis (ver gráfico). Em termos homólogos, a subida foi aqui de 10,7%, a maior desde que o INE tem registo dos dados, ou seja, desde 1996. Na origem deste aumento está a subida do IVA sobre a electricidade e o gás, de 6% para 23%, a partir de 1 de Outubro. Esta medida já estava prevista no programa de ajuda externa acordado com a troika, mas só seria tomada em 2012. Contudo, na sequência do desvio detectado nas contas públicas deste ano, o Governo teve de tomar medidas adicionais de austeridade para cumprir com as metas do défice e decidiu, por isso, antecipar estes aumentos do imposto. Reguladores querem formação financeira para PME a O Plano Nacional de Formação Financeira, coordenado pelos reguladores da banca, dos mercados e dos seguros, quer levar a literacia financeira não só a estudantes e famílias mas também a pequenas e médias empresas (PME). “Todos temos interesse nisto. O nosso compromisso com este projecto é total”, disse o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, ontem durante a primeira reunião do Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (BdP, CMVM e Instituto de Seguros) com as comissões de acompanhamento do plano de formação. “Julgo que os representantes da Associação Portuguesa de Bancos [APB] também o dirão. O interesse da indústria [na literacia financeira] é o mesmo. O melhor activo que podemos ter no sistema financeiro é a confiança pública”, afirmou Carlos Costa, citado pela Lusa. Entre as acções previstas do plano de formação financeira está a criação de um portal na Internet (com data provisória de lançamento para Junho do próximo ano) e spots na televisão e na rádio, disse Lúcia Leitão, directora do departamento de supervisão comportamental do Banco de Portugal. “A formação financeira deve dirigir-se não só a particulares, a famílias, deve também dirigir-se às PME, carenciadas de formação”, disse Lúcia Leitão, acrescentando que o plano vai incluir também “acCarlos Costa, governador do banco de Portugal, diz que a confiança no sistema financeiro é essencial ções dirigidas a estudantes universitários, grupos mais vulneráveis e à população em geral”. Parte do plano será coordenado com o sistema educativo, de forma a introduzir “conteúdos de literacia financeira nas escolas adequados aos vários níveis de ensino”, disse esta responsável. O presidente da Comissão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM), Carlos Tavares, destacou a importância da literacia financeira, de forma a que “os clientes conheçam os produtos e os riscos” a eles associados. “É do interesse comum que a venda de produtos financeiros seja feita de forma adequada”, o que implica que os compradores tenham as bases para compreender o que estão a adquirir, disse Carlos Tavares. O governador do BdP anunciou ainda a composição do comité con- sultivo do Plano Nacional de Formação Financeira — um órgão de reflexão sobre as iniciativas a desenvolver no âmbito do plano. Carlos Costa disse que as personalidades que constituem este painel representam “as preocupações de vários segmentos da actividade financeira”: António Barreto, Emílio Rui Vilar, Frederico Redondo Lopes, Isabel Roçada, João Oliveira, José Rebelo, José Silva Lopes, Jacinto Nunes, Amélia Cupertino Miranda, Maria Emília Brederode e Rui de Carvalho. O governador do Banco de Portugal também frisou a importância da “vital cooperação da comunicação social” na divulgação deste plano. No entanto, ontem, nem Carlos Costa, nem Carlos Tavares, nem o presidente da APB, António de Sousa, quiseram prestar declarações aos jornalistas. O segundo maior aumento de preços, em termos homólogos, foi nos transportes, na sequência da subida média de 15% nas tarifas dos transportes públicos. O aumento foi de 9,03%, ainda assim abaixo do mês anterior, quando os preços dispararam 9,23%. As bebidas alcoólicas e o tabaco também viram os preços aumentar, a par da área da saúde, onde a subida nos produtos farmacêuticos e nos aparelhos e equipamentos médicos empurrou a inflação para 5,9%, o valor mais alto desde Outubro de 2007. Excluindo, contudo, a energia e os bens alimentares não transformados (a chamada “inflação de base”), a variação homóloga do índice de preços no consumidor foi de 2,5%, um valor mais próximo do objectivo de 2% que é visto pelo BCE como o garante da estabilidade de preços para a totalidade da zona euro. Face ao mês anterior, a inflação foi de 1,1%, enquanto a inflação média dos últimos 12 meses situa-se em 3,4%. Na primeira semana de Novembro, na habitual reunião do conselho de governadores, a instituição agora liderada pelo italiano Mario Draghi surpreendeu ao anunciar um corte na sua taxa de juro de refinanciamento para 1,25%, em resposta ao risco de nova recessão na economia europeia. O BCE defendeu que esta descida dos juros não irá gerar pressões inflacionistas e que o nível de preços deverá estabilizar-se abaixo dos 2% em 2012. Em termos europeus, Portugal ainda se mantém, contudo, a divergir da zona euro. O índice harmonizado de preços no consumidor (usado nas comparações europeias) mostra que a inflação subiu para 4% em Outubro, enquanto nos 17 Estados da moeda única rondou os 3%. Facturas para deduzir no IRS dispensam NIF a As facturas com despesas de saúde dedutíveis de IRS apenas necessitam do nome do contribuinte e não do número de identificação fiscal (NIF), esclareceu ontem o ministério das Finanças. Em comunicado, as Finanças esclarecem que “caso o adquirente não seja um sujeito passivo de IVA, não será necessário que a factura contenha o NIF do mesmo.” Ou seja, basta colocar na factura o nome do contribuinte, sendo que o NIF pode ser colocado manualmente. Já no caso de facturas emitidas em nome dos pais, relativas a despesas de saúde suportadas com os filhos, “deverão ser aceites como despesa do dependente”, desde seja posteriormente introduzido o nome do dependente. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 23 Economia De quantos empregos precisas para ser feliz? http://p3.publico.pt Desconto de 50% nos passes sociais para estudantes e idosos termina já no final do ano JONATAS LUZIA Maria Lopes Governo justifica decisão com “situação das contas públicas” e com a necessidade de introduzir “maior justiça social na repartição de subsídios” a O desconto de 50% que os idosos, estudantes e crianças têm nos passes sociais vai terminar a 31 de Dezembro. O Governo diz querer exercer uma “maior justiça social na repartição dos subsídios”. O secretário de Estado dos Transportes, que anunciou este corte numa entrevista publicada ontem no Correio da Manhã, afirmou que estão a ser estudados apoios apenas para os utentes de rendimentos mais baixos. O gabinete de Sérgio Monteiro disse, numa nota enviada ao PÚBLICO por email, que será aplicado um novo princípio, sendo o desconto feito em função do rendimento e não da idade, usando também as regras do Passe Social +. Este modelo, que começou a ser aplicado a 1 de Setembro, permite descontos para os utentes cujo rendimento per capita do agregado seja inferior a 545 euros (que corresponde a 1,3 vezes o indexante de apoio social). O gabinete realça que os passes abrangidos pelos actuais descontos de 50% para os estudantes e idosos “não eram passes sociais”, mas antes Transportes públicos vão ficar mais caros para uma parte dos utentes títulos que “garantiam descontos em função da idade”. Por isso, o Governo quer agora “uma maior justiça social na repartição dos subsídios”, mas a decisão prende-se também, admite, com “a situação das contas públicas”. Por isso, fica o aviso: haverá descontos sim, mas os escalões a abranger “dependerão da capacidade orçamental e das poupanças [conseguidas] com a reestruturação” que está a ser feita no sector dos transportes. Daí que se aponte o dedo ao anterior executivo socialista na nota explicativa do gabinete: “O Governo anterior tinha previsto, no Orçamento do Estado para 2011, a redução da subsidiação de 50% para 25%. Não houve espaço orçamental para alterar esta decisão. Porque o Governo, apesar de ter previsto, deixou uma dívida superior a 40 milhões de euros em passes não pagos.” Mais: “A medida do Governo anterior (de subsidiar em função da idade) criava situações de distorção ridículas.” Por exemplo, um trabalhador que ganhe 700 euros por mês não tinha direito ao desconto, enquanto um estudante cujos pais tivessem rendimentos de 10 mil euros mensais já tinha direito. As críticas à medida do Governo, no entanto, não se fizeram esperar. O Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) afirmou, através do seu porta-voz, que se trata de” uma machadada muito forte nestes dois estratos sociais”. “Somos totalmente e liminarmente contra esta medida anunciada pelo Governo, porque não serve os interesses país, nem das pessoas, antes alimenta os grandes interesses económicos, nacionais e internacionais”, referiu Carlos Braga. Entre os partidos políticos, PS, PCP e BE condenaram a decisão do Governo de acabar com os descontos de 50% nos passes sociais, considerando-a “inaceitável” e um ataque aos orçamentos das famílias e à sua mobilidade. com Lusa Greve de maquinistas pára 350 comboios Foram mais os comboios a circular do que as ligações suprimidas nas primeiras horas da greve de ontem de maquinistas da CP. Mas a tarde de sexta-feira foi de grandes perturbações para os passageiros do longo curso, dos regionais e dos urbanos. Em todo o país, só circularam 13 comboios entre as 16h e as 18h. E, desde a madrugada até ao final da tarde, tinham sido suprimidas 354 ligações. Das 00h às 18h de sexta-feira, não saíram das estações da CP 32% dos comboios programados, ou seja, apenas se realizaram 751 das 1105 ligações ferroviárias previstas, contabilizando já aquelas – que a CP não quantificou – que sofreram atrasos ou outras perturbações. Os trabalhadores contestam os cortes salariais na função pública e as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, as mesmas razões que motivaram a greve de trabalhadores de todo o sector dos transportes (comboios, autocarros, metro e barcos) no último dia 8. Durante a manhã de sextafeira, explicou a porta-voz da transportadora, Ana Portela, o impacto da greve a nível nacional foi residual. Não foram realizadas 10% das ligações, mas, durante as 16h e as 18h, 93% dos comboios não circularam e desde aí até cerca das 22h30 nenhum comboio esteve nos carris. Pedro Crisóstomo PUBLICIDADE Proveitos dos hotéis sobem 8,5% graças à procura dos turistas estrangeiros a Os proveitos totais da hotelaria cresceram 8,5% em Setembro face ao período homólogo, para 223,8 milhões de euros, graças ao aumento da procura dos turistas estrangeiros, já que, com a crise, a procura dos portugueses está a diminuir, revelam os dados ontem divulgados pelo INE. Já os proveitos de aposento tiveram uma subida ainda mais significativa de 9,9%, para 156,6 milhões de euros, referiu ainda o Instituto Nacional de Estatística (INE). Os hotéis nacionais registaram 4,5 milhões de dormidas em Setembro, mais 4,6% do que no mês homólogo, um crescimento que se deveu sobretudo aos turistas estrangeiros, visto que as dormidas de portugueses recuaram 3,8%. Os dados agora conhecidos indicam ainda que as dormidas de residentes no estrangeiro aumentaram 8,9% em Setembro, face ao mesmo mês do ano anterior, sendo a maior parte oriundos do Bra- sil (26,2%) e Reino Unido (10,8%). Os residentes em Portugal, por sua vez, originaram apenas 1,4 milhões de dormidas, menos 3,8% do que no período homólogo, contrariando a evolução positiva dos últimos meses que cedeu a uma estabilização em Agosto. No que diz respeito ao tipo de estabelecimento, destaca-se o cresciTuristas estrangeiros contribuíram de forma decisiva para o aumento da procura turística em Portugal mento dos hotéis de cinco estrelas (17,5%) e de quatro estrelas (8,7%), bem como os hotéis-apartamentos de cinco estrelas (39,1%). O Algarve teve um aumento expressivo da procura estrangeira (4,8%), o mesmo acontecendo com a Madeira, que acelerou 14,9%, impulsionada pe- la procura de britânicos e alemães. As dormidas nos Açores caíram 4,3%, após três meses consecutivos de resultados positivos. A nível nacional, a estada média foi de 2,9 noites por quarto, idêntica à de Setembro de 2010. A receita por quarto foi de 40,4 euros, representando uma variação homóloga de 6,6%. O turismo é um dos sectores em que Portugal, na actual conjuntura, pode vir a contar com um contributo positivo para o crescimento económico, nomeadamente no que diz respeito às despesas realizadas por turistas estrangeiros, que são registadas nas contas nacionais como exportações. A recente desvalorização do euro pode ajudar a atrair mais turistas de países fora da zona euro, como os EUA, o Reino Unido ou o Brasil. Contudo, o arrefecimento da economia europeia pode ter impactos negativos noutros mercados, como o alemão ou o francês. Lusa CONVOCATÓRIA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA Nos termos da Lei e do Estatuto, convoco a Assembleia Geral da Ordem dos Arquitectos para reunir, a pedido do Conselho Directivo Nacional, em Assembleia Extraordinária, na Sede Nacional da Ordem dos Arquitectos, Edifício dos Banhos de São Paulo, Travessa do Carvalho, n.º 23, em Lisboa, no dia 16 de Novembro de 2011, pelas 21 horas, com a seguinte Ordem de Trabalhos: Ponto Único: Proposta de adesão da OA como membro fundador da Associação CIALP. Se à hora marcada não estiver presente, pelo menos, metade dos membros efectivos, a reunião terá início uma hora depois, com a presença de qualquer número de membros. Lisboa, 10 de Novembro de 2011 O Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Manuel Correia Fernandes, Arquitecto 24 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Economia Pedro Moura analisa BD de Topedro e Stefana http://blogs.publico.pt/lerbd Vivendi ganha corrida pelo negócio discográfico da EMI Toda a informação em http://economia.publico.pt Euronext Lisboa Última Sessão Acções -1,13% Psi20 Euro Stoxx 50 Dow Jones 3,1% PSI 20 INDEX -1,135582,630246503841 5505,500 5622,480 5467,550 2,19% Altri SGPS SA -1,39 Banco BPI SA 5,06 Variação dos índices face à sessão anterior a A editora Universal Music, que pertence à empresa francesa Vivendi, causou ontem surpresa no mundo financeiro ao anunciar que irá comprar o negócio discográfico da EMI, numa operação cifrada em 1,9 mil milhões de dólares (cerca de 1,4 mil milhões de euros). Ao mesmo tempo, a Reuters avança que a Sony ficará com o negócio de publicações da EMI por 2,2 mil milhões de dólares (cerca de 1,6 mil milhões de euros). Estas duas operações representam uma reviravolta num negócio que se pensava iria ser conseguido pela Warner Music e pela BMG. A Warner Music, detida pelo multimilionário Len Blavatnik, anunciou ontem, também de forma surpreendente, que iria desistir da compra da EMI, abrindo caminho para a Vivendi. Além disso, os valores envolvidos no negócio serão maiores do que aquilo que estava previsto, representando uma receita inesperada de 4,1 mil milhões de dólares (cerca de 3 mil milhões de euros) para os detentores da EMI, o banco norte-americano Citigroup. O Citigroup assumiu controlo da editora no passado mês de Fevereiro, após a Terra Firma não ter conseguido pagar a dívida que contraiu com o banco em 2007 para comprar a EMI. A EMI já levou o banco a registar nas suas contas perdas de 2,5 mil milhões de euros dos 3,5 mil milhões 0,381 -18,05 -67,0 0,109 0,097 -21,26 -80,9 0,415 1513179 0,396 0,103 220193399 0,102 1,285 2796383 Banif-SGPS 4,98 0,274 269555 1,251 1,310 1,222 -11,79 -55,4 0,255 0,289 0,252 -7,77 -68,5 -55,3 Brisa 4,06 2,331 1525113 2,225 2,349 2,211 -7,82 Cimpor SGPS 0,59 5,251 290805 5,208 5,260 5,192 -1,51 3,6 Euro/iene 106,19 EDP 2,17 2,350 4445247 2,299 2,364 2,285 0,13 -5,7 EDP Renováveis Euribor 3 meses 1,462 Euribor 6 meses 1,688 1,36 4,400 273390 4,301 4,400 4,278 -1,21 1,5 Galp Energia -10,77 13,250 9038124 13,700 13,965 12,860 -1,46 -7,6 J Martins SGPS -0,58 12,805 385072 12,825 12,985 12,740 0,78 12,3 0 1,035 246583 1,035 1,039 1,034 0 -40,6 Portugal Telecom 1,63 4,980 2242503 4,886 5,044 4,850 -5,2 -40,6 Portucel 1,27 1,833 284842 1,813 1,839 1,795 0,56 -19,5 0 2,000 202878 2,025 2,025 1,976 -3,61 -22,5 Semapa 1,58 5,592 137417 5,537 5,650 5,483 1,57 -32,5 Sonaecom SGPS 1,83 1,283 264126 1,254 1,313 1,243 -4,4 -5,0 Sonae Indústria -0,17 0,600 206534 0,595 0,601 0,566 -17,1 -68,6 Sonae 1,63 0,499 1890073 0,488 0,500 0,488 -2,19 -36,0 ZON Multimedia 3,24 2,010 225506 1,945 2,020 1,936 -7,9 -40,7 Mota Engil REN 1,80 1,75 1,70 Outros 1,65 Últimos 3 meses relativo. O que importa notar é que vamos sempre ter variações relativas em função das amostras, porque a população de pagamentos varia” disse à margem do encontro o presidente do Tribunal de Contas Europeu, Vítor Caldeira, citado pela Lusa. Esta é a primeira vez que este tribunal faz a divulgação da taxa de erro para o conjunto do orçamento, observando-a por grupos de políticas, tendo concluído neste último relatório que a área dos fundos estruturais voltou a ser a mais afectada por erros, representando 7,7% dos erros encontrados. O relatório não faz referências a Estados-membros, porque pretende uma avaliação da UE no seu conjunto. 0,420 1,220 1,3764 Mercadorias 115,38 Petróleo 1783,39 Ouro Banco Popular 0,67 3,020 1500 3,020 3,020 3,020 -4,15 -22,0 Cofina SGPS -4,76 0,400 10304 0,400 0,400 0,380 -4,55 -42,0 Corticeira Amorim N.D. 0,85 1,190 8890 1,180 1,190 1,170 -0,84 Cipan 0 0,180 200 0,180 0,180 0,180 12,5 N.D. E. Santo Financial 0 7,700 29953 7,700 7,850 7,500 -16,76 -45,0 -40,0 Fut. Clube Porto -1,82 0,540 500 0,550 0,550 0,540 10 Preço do barril de petróleo e da onça de ouro em dólares Fisipe 8,33 0,130 300 0,130 0,130 0,130 0 8,3 Petróleo Ibersol SGPS 1,69 4,800 10400 4,800 4,800 4,800 -4,45 -40,7 Lisgráfica 125 50 0,030 15160 0,030 0,030 0,030 -33,33 -40,0 Impresa SGPS 0 0,420 34379 0,390 0,420 0,390 -4,55 -70,0 Inapa-Inv. P. Gestão 0 0,140 13500 0,140 0,140 0,140 -6,67 -62,7 Martifer -2,78 1,050 10600 1,080 1,100 1,030 -1,82 -29,5 Novabase SGPS -0,51 1,950 4460 1,960 1,960 1,910 -8,41 -32,8 Glintt 9,09 0,120 126144 0,110 0,120 0,110 -15,38 -66,7 Banco Santander 4,29 5,840 59670 5,680 5,850 5,580 -4,6 -26,5 0 0,340 111925 0,340 0,350 0,330 0 -37,0 6,12 0,520 184 0,520 0,520 0,520 -10,91 -24,6 120 115 110 105 100 Últimos 3 meses S. Costa Diário de Bolsa Sporting Benfica-Futebol 0 0,800 390 0,800 0,910 0,800 -2,44 -47,0 Sumol Compal -2,5 1,170 6010 1,140 1,170 1,140 -3,23 -20,9 6500 Sonae CapitAl -4,35 0,220 69877 0,220 0,220 0,210 -4,17 -46,3 6300 SAG Gest 0 0,490 2204 0,460 0,490 0,460 -2 -3,9 Portugal PSI-20 6100 5900 5700 5500 Últimos 3 meses Mais Transaccionadas Volume B. Com. Português a O Tribunal de Contas Europeu deu parecer positivo às contas anuais da União Europeia (UE) de 2010, mas, quanto aos pagamentos, estimou uma taxa de erro de 3,7%, acima dos 3,3% de 2009. A instituição responsável pela execução da auditoria externa das finanças da UE, que apresentou ontem em Lisboa, no Tribunal de Contas português, o seu relatório anual de 2010, congratula-se com a ausência de erros quantificáveis na maioria (mais de 96%) do total de pagamentos e destaca a redução daquela taxa nos últimos cinco anos, já que em 2006 ultrapassava os 7%. “Em relação ao ano passado há, de facto, um aumento da taxa de incidência de erro mas o aumento é -28,8 1,217 0,8567 Euribor 6 meses Contas europeias com aumento da taxa de erro -26,4 6,8 73112 Euro/libra Taxas de Juro que emprestou àquela editora no âmbito do acordo com a Terra Firma. Durante o dia de ontem, o Citigroup não fez quaisquer declarações sobre este assunto. “Planeamos adquirir a divisão discográfica da EMI em termos atractivos, mantendo o nosso princípio de disciplina financeira total”, afirmou ontem, em comunicado, o CEO da Vivendi, Jean-Bernard Levy. A EMI edita bandas como os Coldplay, os Pink Floyd, The Beatles e os Beach Boys. No catálogo EMI Classics reúne intérpretes como os maestros Antonio Pappano e Simon Rattle, director da Filarmónica de Berlim, os pianistas Piotr Anderszevski e Leif Ove Andsnes e os tenores Roberto Alagna, Ian Bostridge, Placido Domingo ou José Carreras. PÚBLICO/Lusa 2,8 -2,76 1,202 1,208 Euro/Dólar Valor do dólar, libra e iene por euro Citigroup vai vender a EMI 3 B. Espírito Santo Divisas 5 dias 2011 PSI 20 B. Com. Português Surpreendendo os favoritos Warner Music, a Vivendi decidiu pagar 1,4 mil milhões de euros pela divisão de música da EMI Performance (%) Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 220193399 Galp Energia 9038124 EDP 4445247 B. Espírito Santo 2796383 Portugal Telecom Melhores 2242503 Variação% Banco BPI SA 5,06 Banif-SGPS 4,98 Brisa 4,06 Zon Multimédia 3,24 B. Com. Portugues Piores Galp Energia Altri SGPS SA J. Martins SGPS Sonae Indústria Mota Engil 3 Variação% -10,77 -1,39 -0,58 -0,17 0 Europa Eurostoxx50 2500 2375 2250 2125 2000 Últimos 3 meses Fonte Reuters. Notas: 1) PSI Geral apenas com os títulos que foram transacionados 2) Informação disponibilizada não dispensa a consulta das fontes oficiais. Mercado Monetário Cambial Euro à Vista Moeda-Sigla Um euro igual a 11.11.11 Var. % Anterior (a)% Dólar dos EUA USD 1,3763 1,3601 1,191 Dólar canadiano CAD 1,3934 1,3832 0,737 Real do Brasil BRL 2,4027 2,3961 0,275 Libra esterlina GBP 0,8569 0,8538 0,363 Franco suíço CHF 1,2394 1,2326 0,552 Coroa dinamarquesa DKK 7,4437 7,442 0,023 Coroa norueguesa NOK 7,7498 7,7495 0,004 Coroa sueca SEK 9,09 9,0954 -0,059 Coroa checa CZK 25,579 25,706 -0,494 Zloty polaco PLN 4,378 4,4187 -0,921 Forint húngaro HUF 310,66 312,55 -0,605 Lev búlgaro BGN 1,9556 1,9556 0,000 Coroa da Estónia EEK 15,6426 15,6426 0,000 Lira turca TRL 2,4389 2,4284 0,432 Iene japonês JPY 106,19 105,62 0,540 Dólar australiano AUD 1,3375 1,3397 -0,164 Dólar de Hong Kong HKD 10,7177 10,5849 1,255 Pataca de Macau MOP 11,0165 10,8883 1,177 Rand da Áf. do Sul ZAR 10,8368 10,8432 -0,059 Esc. de Cabo Verde CVE 106,931 106,937 -0,006 Fonte Cotações indicativas do Sistema Europeu dos Bancos Centrais (SEBC). “(a) + apreciação do euro; - depreciação do euro” Pablo Picasso. Jarro, Taça e Limão, 1907 ©Fondation Beyeler, Riehen, Riehen/Basel Entre na Gulbenkian com o Público e venha à exposição que já conta com mais de 30.000 visitantes. De segunda a quinta o Público vale mais que 1€. 1 jornal = 1 entrada na exposição (valor 5€) “A Perspectiva das Coisas: A Natureza-Morta na Europa”. Entre 21 e 24 de Novembro, destaque do seu jornal Público, o cupão que lhe dará acesso à nova exposição do Museu Calouste Gulbenkian. Uma fantástica apresentação de obras de Picasso, Renoir, Van Gogh, Matisse, Monet, Salvador Dali e dos portugueses Amadeo Souza-Cardozo, Eduardo Viana, Mário Eloy e Vieira da Silva. Imperdível, ainda mais para quem compra o Público. Não se esqueça, corte o cupão, não a cultura. 26 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 LocalPorto Reclamações Restauração e hotelaria querem turistas com táxi à porta no Inverno Câmara do Porto vai avaliar proibição de acesso ao trânsito na Ribeira em Dezembro Comerciantes, taxistas e moradores exigem alterações nas regras aplicadas a 22 de Setembro e prometem acções “duras”, se a autarquia não permitir acesso ao perímetro Patrícia Carvalho a Empresários da Ribeira e representantes dos taxistas do Porto exigiram, ontem, em conferência de imprensa, que a câmara permita o acesso de táxis ao perímetro do centro histórico que está, desde 22 de Setembro, vedado à circulação de trânsito. Sem se entenderem quanto a prazos, prometeram medidas “duras”, caso não obtenham resposta da autarquia. Esta garante que o sistema está em período experimental e que poderá ter “ajustamentos” em Dezembro. A exigência conjunta que saiu da conferência de imprensa que, ontem de manhã, reuniu a Associação de Bares da Zona Histórica do Porto (ABZHP) e várias associações representantes de taxistas, pode ser resumida nas palavras de José Monteiro, vice-presidente da ANTRAL – Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros. “A nossa posição é que possamos tomar e largar passageiros, a pedido destes, dentro do perímetro. Acredito que a porta de diálogo com a câmara não está fechada e que pode vir a mudar a curto prazo esta intransigência de não permitir aceder à zona histórica”, disse. As queixas foram repetidas por empresários da restauração e pelos representantes da Federação Portuguesa de Táxis (FPT), da Associação de Defesa e Segurança de Motoristas de Táxi do Porto (ADSMTP), da RadiTaxi e da Invicta. Com a chegada das chuvas e do Inverno, explicaram, muitos dos clientes que se deslocam à Ribeira para jantar seguem uma indicação recebida nos hotéis onde se alojam. Se os táxis não podem leválos até à porta do restaurante, os recepcionistas direccionam os turistas para outros pontos da cidade. Carlos Magalhães, que tem dois restaurantes na zona afectada pelo condicionamento de trânsito, diz que já há noites em que não serve ninguém e que, pela primeira vez, está a pensar dispensar alguns funcionários. Cristóvão Oliveira e Sousa e Joaquim Granja, que também têm restaurantes na área, falam em quebras de 30%. Pelo lado dos taxistas, ouviram-se também muitas queixas à forma como a autarquia conduziu o processo. José Monteiro diz que, ao longo de meses de negociações, a câmara concordou que os taxistas mantivessem PAULO PIMENTA Limitação à circulação automóvel na zona vigora desde 22 de Setembro Presidente da Junta de S. Nicolau “Já tentei, junto da câmara, que táxis entrassem” A presidente da Junta de Freguesia de S. Nicolau, a socialista Cármen Navarro, diz concordar com a possibilidade de taxistas e moradores poderem aceder, de carro, ao perímetro da Ribeira, desde que não estacionem. “Já tentei junto da câmara que táxis entrassem, mas ainda não foi possível”, diz a autarca. Cármen Navarro garante que as queixas que têm chegado à junta são “pontuais” e que todos os pedidos feitos “têm sido enviados para a câmara e têm sido aceites”. Ainda assim, fazendo um balanço ao condicionamento de trânsito, a autarca defende que “é preciso limar algumas arestas”. E concretiza: “A circulação de táxis e viaturas de moradores, desde que não haja estacionamento no perímetro, devia ser permitida. Os comerciantes dão vida à Ribeira e é importante que clientes possam aceder aos locais onde querem ir. Sou da opinião que este acesso podia ser permitido e estou convencida que a câmara ainda vai aceder a este pedido.” uma postura dentro do perímetro. Um dia antes da entrada em vigor das novas regras – que só permitem o acesso de viaturas, para cargas e descargas, entre as 6h30 e as 11h e das 17h30 às 19h30 – mudou de opinião. “Primeiro disseram-nos que era por questões de segurança que não permitiriam o nosso acesso e, depois, por receio de alteração da ordem pública”, diz o responsável da ANTRAL. Menos comedido, Augusto Santos, da ADSMTP, afirma: “Chegou a altura de dizermos ‘basta’. O que se está a passar na Ribeira é uma vergonha, um escândalo. O que são é medrosos, tiveram foi medo dos moradores da Ribeira que lhes disseram que, se os táxis entrassem, eles também entravam.” Quanto a prazos para uma resposta da autarquia, falou-se na próxima semana, no final do mês e no final do ano. Se ela não chegar, os boicotes no transporte de passageiros até à zona (que já começaram) podem intensificar-se e António Fonseca, da ABZHP, admite mesmo “não deixar subir o meco” que veda o acesso de automóveis (“Já o fizemos no passado, na outra tentativa do doutor Rui Rio de impedir o trânsito ali e funcionou”), ou apoiar o encerramento da Ponte Luís I, defendido num abaixoassinado, em curso, de moradores. Ao PÚBLICO a Câmara do Porto reconhece que a medida “gera dificuldades para diferentes pessoas e para alguns agentes comerciais”, pelo que durante três meses a situação está a ser “monitorizada”. Em resposta escrita, a assessoria de imprensa garante ainda: “Dezembro, será, pois, o mês para avaliar este período experimental e implementar eventuais ajustamentos.” PUBLICIDADE Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 27 Quinze pescadores saem ilesos de naufrágio de traineira A traineira Mar Amigo naufragou ontem, às 12h30, a quatro milhas da costa, em frente aos Bombeiros Voluntários da Aguda. Todos os 15 tripulantes foram resgatados ilesos. Encontravam-se numa balsa quando foram recolhidos por um salva-vidas da Marinha. Foram transportados para Leixões, onde os aguardava uma equipa do INEM. Póvoa: vereador queixa-se à PJ de camaradas do PS Ângelo Teixeira Marques a Renato Matos, vereador eleito pelo PS na Câmara da Póvoa, disse ontem ter apresentado uma queixa na Polícia Judiciária para que “sejam criminalmente responsabilizados” os “dirigentes do PS” local, que acusa de serem “autores de um email” que colocou em causa a sua “dignidade pessoal e profissional”. O vereador não mostrou o texto, onde leu “calúnias e difamações”, mas assegura que o mesmo chegou às caixas de correio electrónico de “vários dirigentes do PSD local e nacional” e de “dirigentes do PS nacional”. “Além disso, vou espoletar o processo de expulsão do partido dos autores do email”, disse Renato Matos, que decidiu “cessar toda a actividade partidária na Póvoa de Varzim” e con- tinuar a exercer o mandato de vereador “a título independente”. Nas últimas autárquicas, Renato Matos obteve o melhor resultado de sempre do PS, mas não chegou para derrotar Macedo Vieira (PSD), que não poderá voltar a concorrer por já estar a cumprir o quinto mandato consecutivo. “Há pessoas que entendem que agora o PS facilmente ganhará a câmara e têm o objectivo de ser candidatos. Não tenho nada contra com as ambições pessoais e políticas de cada um, mas não posso tolerar nem compactuar com comportamentos canalhas, cobardes, que tentaram afectar a minha dignidade pessoal e profissional”, disse Renato Matos, para quem no PS da Póvoa local “reina a intriga e maledicência”. O PÚBLICO tentou ouvir o líder da concelhia, Rui Terroso, sem sucesso. 28 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Local Semana Greves Passageiros ficaram apeados em todo o país RICARDO CASTELO/NFACTOS Sobe e desce António Fonseca Tanto disse, tanto reivindicou, tanto reuniu, tanto ameaçou, tanto “chateou” – é mesmo o termo – governos do PS e do PSD que, por esta altura, deve sentirse recompensado. O presidente da Associação de Bares da Zona Histórica do Porto, promotora da videogilância na Ribeira do Porto, vê satisfeitas na proposta de lei do Governo as condições para manter as câmaras a gravar imagens 24 horas por dia e para as estender a outras zonas da cidade. Luís Filipe Menezes a Pode parecer o frame de um filme independente dedicado à melancolia e ao solipsismo do homem moderno, mas não é. Numa semana marcada por greves em vários sistemas públicos de transportes, um pouco por todo o país, a fotografia que aqui se publica regista apenas o momento em que um cidadão desavisado, ou sem alternativas, chegou ao cais de embarque da estação de Campanhã, no Porto, e deparou com uma paisagem deserta e, porém, habitada por signos e sinais da sociedade contemporânea. Se as gares, os aeroportos e outros locais de passagem são, segundo os teóricos, não-lugares por excelência, uma estação de caminho-de-ferro onde não há passageiros nem comboios constitui um paradoxo, como um não-lugar elevado à hipérbole absoluta. Há ali, todavia, um homem, única presença nessa estação onde não há comboios a caminho de lugar nenhum. Talvez, enquanto perscruta o ponto do horizonte em que a linha férrea desaparece, esse homem se pergunte, afinal, para onde estamos realmente a ir, entre cortes, crises, austeridades, recessões, perdas e outras contrariedades; talvez, enquanto ali está, o homem só tenha a percepção clara de que talvez isto já seja uma espécie de fim da linha. Jorge Marmelo Ruídos Opinião Álvaro Vieira a Não durou muito o silêncio exigido pelo secretário de Estado Sérgio Monteiro que, crispado, pediu esta semana que cessasse o “ruído” sobre as propostas para redução de custos das redes de transportes públicos de Lisboa e Porto. O governante pediu “sentido de responsabilidade” aos membros das comissões de trabalho nomeadas para as redes metropolitanas de Lisboa e Porto, de modo a evitarem o “ruído para fora”, e criticou aqueles que, de fora, andarão a promover ruído malintencionado. E proclamou: não há ainda qualquer proposta para fechar os metros de Lisboa e Porto mais cedo, nem qualquer palavra do Governo para influenciar o trabalho das comissões. O silêncio exigido por Sérgio Monteiro durou pouco mais do que a leitura deste parágrafo. À noite, já tinhamos o próprio ministro Álvaro Santos Pereira a dizer que não seria boa ideia pôr o metro da capital a fechar às 21h30 – um grito que deve ter feito estremecer as torres onde as comissões precisam de se refugiar para não serem perturbadas por autarcas, sindicatos, partidos e utentes. E ontem, já desobrigado pela hierarquia do voto de silêncio, era o próprio secretário de Estado, na comunicação social, a dissertar sobre a política de descontos nos transportes. Pelos vistos, o apelo ao silêncio dirigia-se a todos menos ao Governo. Se o “chiu!” de Sérgio Monteiro tivesse sido levado a sério, não teríamos ouvido o curioso apelo dos quadros da Metro do Porto ao boicote à greve de terça-feira, nem os gritos de indignação que o artigo de opinião que publicaram no PÚBLICO (8/11/2011) suscitou. Que os “quadros” da Metro – como se identificam e bem os signatários – tenham opinado que não se devia aderir àquela greve é um problema deles. Estavam a exercer direitos que merecem respeito e protecção. Que digam que a sua empresa tem “um modelo de gestão idêntico ao do melhor sector privado”, que na Metro nunca houve “acordos de empresa ou contratos colectivos”, horas extraordinárias, “sindicatos ou comissões de trabalhadores”, é um problema nosso, que ainda não conseguimos superar a trágica e proverbial confusão entre profissionalismo e servilismo, entre dedicação e bajulação. Como estes quadros ganham em média 58 mil euros por ano, além de outras regalias (a operação do metro é assegurada por outra empresa), é difícil não pensar que estavam apenas a dizer ao Governo: “Não prescindam de nós, quando fundirem a Metro com a STCP.” Fazendo jus à imagem de voluntarista e regionalista que gosta de cultivar, o presidente da Câmara de Gaia anunciou que vai dar uma ajuda aos “centralistas” que nem conhecem o património que têm espalhado pelo país para gerir. Anunciou que vai fazer o levantamento do património público, e até privado, que está devoluto no seu concelho e procurar interessados em comprá-lo ou arrendá-lo no estrangeiro. A ideia é boa. Rui Rio Independentemente daquilo que se possa pensar da abertura aos privados de serviços como o abastecimento de água, a intenção de Rui Rio de concessionar 45% da Águas do Porto por 30 anos – e de vender o Silo-Auto – é um sinal de que ele está mesmo preocupado com as finanças da autarquia. Rio frisa que a câmara até tem capacidade de endividamento e que a banca é que já não tem para emprestar. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 29 Local A Inculta TV, site de divulgação cultural, celebra o primeiro aniversário às 23h, no salão nobre e na sala de concertos do bar-galeria Maus à Hábitos, no Porto. A festa, de entrada livre, inclui a actuação, entre H outros, dos Fat Freddy, que aproveitam para apresentar o novo álbum. o Acidentes com pesados provocaram duas mortes no Porto e em Santa Maria da Feira NFACTOS/FERNANDO VELUDO Choque frontal de camiões matou motorista e cortou a EN223 durante dez horas. Na VCI morreu uma mulher de 45 anos noutra colisão com pesado a Faltavam 15 minutos para as seis da manhã, quando dois camiões, um carregado de palitos e outro de sumos, chocaram frontalmente na EN223, em Santa Maria da Feira, perto da saída da A1. Um dos condutores, de 46 anos, de Gueifães, Maia, morreu no local. O outro motorista, de 38 anos, residente em Macinhata da Seixa, Oliveira de Azeméis, sofreu ferimentos ligeiros e conseguiu sair pelo próprio pé da viatura, tendo sido assistido no local. As causas do acidente estão ainda por apurar. A EN223 esteve cortada ao trânsito durante dez horas e nas operações de remoção dos veículos e dos sumos, O acidente das 11h na VCI provocou uma morte e envolveu três viaturas espalhados na via, estiveram 15 bombeiros, seis viaturas e duas gruas. No Porto, uma mulher, de 45 anos, morreu quando o ligeiro que conduzia colidiu também de frente com um pe- sado, na zona do Freixo da Via de Cintura Interna (VCI). Do acidente resultaram ainda dois feridos ligeiros, o condutor do pesado e o condutor de outro automóvel também envolvido no aci- dente. O choque aconteceu por volta das 11h, quando o condutor do pesado, que seguia em direcção a Gaia, terá perdido o controlo do veículo e galgou o separador, abalroando duas viaturas que seguiam no sentido contrário. O trânsito esteve cortado nos dois sentidos durante mais de uma hora. Também na VCI, mas às 6h, outro pesado tombou, cortando as três vias de trânsito, depois de embater num ligeiro que se tinha despistado pouco antes. Deste acidente não há feridos a registar, mas os trabalhos de remoção das viaturas cortaram o trânsito, no sentido Freixo-Arrábida, durante quase três horas. Mais a norte, em Viana do Castelo, um camião que transportava oito veículos ligeiros despistou-se e tombou também, pelas 11h30. O condutor saiu ileso. O acidente, de avultados prejuízos materiais, ocorreu quando o pesado, ao desviar-se de um carro parado na berma da A27, bateu no separador central. S.D.O./I.S. Há dois centros de saúde sem telefone em Trás-os-Montes António Gonçalves Rodrigues a Duas unidades de saúde do Nordeste Transmontano estão sem telefone há dois dias por falta de pagamento. Em causa estão o centro de saúde n.º1 de Mirandela e a extensão de saúde de Torre de D. Chama, que ficaram sem comunicações para o exterior a partir de quinta-feira, por as factu- ras não terem sido pagas dentro do prazo. Os serviços daquelas unidades podem apenas receber chamadas do exterior. A situação foi ontem confirmada pelo director do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, Vítor Alves, que explicou não haver aqui qualquer “constrangimento financeiro”, mas sim de casos pontuais que resultam de falhas funcionais imputáveis à operadora prestadora do serviço. Segundo explicou, numa das situações, a empresa não terá enviado o aviso do corte do serviço. A burocracia do Agrupamento de Centros de Saúde do Nordeste, nomeadamente a morosidade no processamento do pagamento de uma factura, será outros dos factores que levaram a Com 86% dos votos, uma vantagem de 150 votos, Pedro Moutinho venceu as eleições para a concelhia do Porto do CDS-PP. A adversária, a advogada Fátima Ferradosa, teve 28 votos (14%). A lista com que Pedro Moutinho, gestor, de 30 anos, se apresentou inO líder reeleito, Pedro Moutinho, ressalva que o CDS continua contente com a coligação autárquica com o PSD no Porto tegra três novos vogais: André Barbosa, assessor do secretário de Estado da Administração Interna, o gestor Pedro Guerreiro e a advogada Helena Tavares. O líder concelhio reeleito declarou que vai empenhar-se para que o seu partido “vença no Porto”, este foi, de resto, o lema da sua candidatura, e afirma, desde já, que o seu partido está disponível para ir a votos sozinho nas eleições autárquicas de 2013. “Estamos satisfeitos com a coligação no Porto e gostávamos que continuasse, em todo o caso, o CDS estará preparado para ir a eleições sozinho.” Determinado a “combater a política centralista do Governo”, Moutinho diz que “a gestão autónoma do Aeroporto Sá Carneiro é algo que tem de ficar garantido”, bem como “a gestão autónoma do porto de Leixões”. Pedro Moutinho quer também que o “Porto vença” no plano académico e científico. “Os centros de investigação têm de permanecer no Porto, como por exemplo a Cotec [Associação Empresarial para a Inovação], onde seja possível vencer no plano profissional, ter emprego com dimensão relevante, mas acima de tudo com qualidade relevante.” a O presidente da Administração Regional Hidrográfica do Norte (ARHN), António Guerreiro de Brito, defendeu ontem uma estratégia de intervenção na costa que passe pela retirada de comunidades afectadas pelo avanço do mar. “Temos que ter noção de que há perigos em localizações junto à costa e temos que planear retiradas, programadas, em algumas zonas”, afirmou. O presidente da ARHN falava aos jornalistas durante a visita a Castelo de Neiva, em Viana do Castelo, onde ontem arrancou uma obra de “colmatação de uma urgência”, para recomposição do cordão dunar destruído nos últimos dias pelo mar, colocando em risco três habitações. Esta intervenção vai custar à ARHN 190 mil euros e prevê a criação de uma protecção frontal com enrocamento de pedra de quatro a seis toneladas, numa extensão de 80 metros. Será igualmente reposta a duna na parte posterior da mesma protecção frontal, sendo que a obra “deverá estar concluída no final do ano”. “O dinheiro é escasso e por ser escasso é que precisamos de ter uma abordagem antecipativa aos problemas, para que haja uma ponderação custo/beneficio”, disse Guerreiro de Brito. O mesmo responsável adiantou ainda que o Governo aprovou uma “candidatura de emergência” aos fundos do Plano Operacional de Valorização do Território para a reposição e reforço do cordão dunar em Moledo, Caminha. Lusa PUBLICIDADE CDS-Porto “preparado” para ir sozinho a votos em 2013 Margarida Gomes a esta situação, segundo o mesmo responsável. Vítor Alves acrescenta que estas situações não estão a afectar o normal funcionamento do centro de saúde e da extensão de saúde envolvidos e adianta que já foram efectuados os pagamentos em falta. No entanto, o serviço telefónico só deverá ser reactivado pela operadora na próxima segunda-feira. ARHN defende retirada a prazo das zonas onde o mar é ameaça a Braga - Bracara - Rui Magalhães, Lda. R. Gen. Humberto Delgado, 47 - Lj. 63 4715-115 Tel. 253 271 789 30 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Classificados VEÍCULOS Vá a www.miau.pt MINI IMA Insp. até 3/12 Revisão completa De garagem ID. 11277276 €33,99 FUJITSU SIEMENS AMILO PRO V2000 ID: 11306443 até 22/11/2011 DIVERSOS Tribunal Judicial de Espinho 2.º Juízo Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia Juízo de Execução Processo: 723/09.9TBESP. PAULA SILVA Execução Comum (Sol. Execução). Agente de Execução Exequente: ARNALDO DA CUNHA FERREIRA. Cédula n.º 3278 Executado: MANUEL ALEXANDRE FERREIRA OLIVEIRA. ANÚNCIO Paula Silva, Agente de Execução, com a cédula n.º 3278, com escritório na Rua Dr. Afonso Quintela, n.º 160, em Lousada, faz saber que: Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Executado MANUEL ALEXANDRE FERREIRA OLIVEIRA, com último domicílio conhecido na Rua Serafim Brízida, n.º 420, em Esmoriz, para no prazo de 20 dias, pagar ou se opor à execução. Caso não se oponha à execução no prazo supra-indicado e não pague ou caucione a quantia exequenda, ou no caso de prestar declaração falsa ou na falta de declaração. A oposição à execução não suspende a execução, salvo se for prestada caução, nos termos do disposto do n.º 1 do art.º 818.º do C.P.Civil. Em substância, o pedido consiste no pagamento da quantia exequenda de 74.115,95 € acrescido de juros e custas processuais, tudo como melhor consta do duplicado do requerimento executivo que se encontra na Secretaria do Tribunal onde corre a execução, à disposição do citando. Fica advertido de que nos termos do art.º 32.º do C.P.Civil é obrigatória a constituição de advogado nas causas de competência de tribunais com alçada, em que seja admissível recurso ordinário; nas causa em que seja admissível recurso, independentemente do valor; nos recursos e nas causas propostas nos tribunais superiores. Nos termos do n.º 1 do art.º 60.º do C.P.Civil as partes têm de fazer-se representar por advogado nas execuções de valor superior à alçada da Relação e nas de valor inferior a esta quantia, mas excedente à alçada dos Tribunais judiciais da 1.ª Instância, quando tenha lugar algum procedimento que siga os termos do processo declarativo. Nos termos do n.º 3 daquele normativo, nas execuções de valor superior à alçada do Tribunal da 1.ª Instância e não abrangidas no n.º anterior, as partes têm de se fazer representar por advogado, advogado-estagiário ou solicitador. ISABEL CARVALHO N.º do Processo: 2922/08.6TBVNG. Agente de Execução Exequentes: LUSIL ALUMÍNIOS E FERRAGENS, LDA. e outros. Cédula n.º 4325 Executada: ADELINA MARIA PINTO DA SILVA. Valor: 10.787,46 €. Referência Interna: PE/50/2008. ANÚNCIO 26.10.2011 Nos termos do disposto no artigo 890.º do Código de Processo Civil (CPC), anuncia-se a venda do direito adiante indicado, pertencente à executada MARIA DE FÁTIMA MOREIRA FONSECA MOURA, mediante propostas em carta fechada, no próximo dia 30.11.2011, pelas 14.00 horas, no Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira, nos autos de Carta Precatória n.º 5337/11.0TBVFR, do 3.º Juízo Cível. Imóvel em venda: Prédio urbano - habitação T2, 3.º andar, recuado, descrito na Conservatória do Registo Predial de Santa Maria da Feira 1.ª sob o n.º 721 - fracção “J” da freguesia de Rio Meão e inscrito na matriz predial com o n.º 2090 J da respectiva matriz, sito na Urb. da Valada, Rua 8, Bl. C, n.º 6, 3.º recuado, Rio Meão, Santa Maria da Feira; Valor-base: 52.890,00 €. Valor da venda: 70% do valor-base. Depositária: A executada Adelina Maria Pinto da Silva, residente na Urb. da Valada, Rua 8, Bl. C, n.º 6, 3.º recuado. Os proponentes devem juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem da Agente de Execução, no montante correspondente a 20% do valor-base ou garantia bancária do mesmo valor (art.º 897.º, n.º1 do CPC - anterior redacção). 08.11.2011 A Agente de Execução, Paula Silva Rua Dr. Afonso Quintela, 160, 4620-655 Lousada Tel.: 255912158, Fax: 255912158, e.mail: [email protected] Horário de atendimento (segundas e quartas das 14.30 às 19.00 horas) A Agente de Execução, Isabel Carvalho Loteamento das Fontainhas, Edifício Torre, 4.º C, 4795-845 Aves Telf.: 252 874 232, Fax: 252 873 601, e-mail: [email protected] Horário de atendimento: Dias úteis, das 14h00 às 16h00 Público, 2011.11.12 Público, 2011.11.12 MANUEL LEITE Agente de Execução Cédula 3475 Juízos de Execução do Porto - 2.º Juízo - 2.ª Secção Processo: 1522/09.3YYPRT ACÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA VALOR: 94.961,14 € Exequente: Banco Comercial Português, S.A. Executados: Jaime Ricardo Madureira Alves de Araújo e outros Referência Interna: PE/204/2009 EDITAL Citação de Ausente em Parte Incerta (Artigo 248.º do Código de Processo Civil) OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO Nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 233.º n.º 6 e 248.º do Código Processo Civil, e por despacho do M.º Dr. Juiz, correm éditos de 30 (trinta dias), contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(s) ausente(s) Jaime Ricardo Madureira Alves de Araúio, com última residência conhecida na Rua Padre José Pacheco Monte, 157, 2.º Dt.º, Porto, para nos termos do processo executivo supra-identificado, que lhe foi movido pelo(s) Exequente(s) acima referenciado(s), com o pedido constante no requerimento executivo, pelo que nos termos do artigo 812.º n.º 6 tem o prazo de 20(*) dias, decorrido que seja o dos éditos, para pagar ou para se opor à execução. Poderá efectuar o pagamento da quantia exequenda (94.961,14 euros), acrescida das despesas previsíveis da execução (n.º 3 do artigo 821.º do CPC) e dos juros. Os honorários e despesas devidos ao Agente de Execução ascendem no momento a 583,47 euros sem prejuízo de posterior revisão. O pagamento poderá ser feito no escritório do Agente de Execução signatário, no horário indicado em rodapé. MEIOS DE OPOSIÇÃO Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. é obrigatória a constituição de Advogado quando o valor da execução seja superior à alçada do tribunal de primeira instância (5.000,00 €). COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA Caso não se oponha à execução consideramse confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Sendo requerido benefício de apoio judiciário na modalidade de nomeação de patrono, deverá o citando juntar aos presentes autos, no prazo da contestação, documento comprovativo da apresentação do referido requerimento, para que o prazo em curso se interrompa até notificação do apoio judiciário. Artigo 143.º do C.P.C. - 1 Sem prejuízo dos actos realizados de forma automática, não se praticam actos processuais nos dias em que os tribunais estiverem encerrados nem durante o período de férias judiciais *Artigo 144.º do C.P.C. - 1 O prazo processual, estabelecido por lei ou fixado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais. 2 Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3 Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for concedida tolerância de ponto. **Artigo 12.º da LOFTJ - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 Julho a 31 de Agosto. Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1. Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 4 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2. Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regiões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou viceversa, a dilação é de 15 dias. 3. Quando o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifique o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias. 4. A dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.ºs 2 e 3. * Tendo a presente nota sido afixada nos termos do n.º 3 do artigo 240.º do CPC, advertese o citando que o duplicado da mesma e os documentos anexos ficam à sua disposição na secretaria judicial. * Este Edital encontra-se afixado na porta do último domicílio conhecido do citando, na Junta de freguesia e no Tribunal Judicial. Agente de Execução Designado ou Indicado Manuel Leite Rua da Igreja, 18 - 1.º esc. 1, 4475-641 Maia Tel.: 229827523 - Fax: 229863261 - [email protected] Público, 12/11/2011 - 2.ª Pub. ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO PÚBLICO E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE A QUALIDADE de quem procura uma massagem agradável e pretende seriedade e sigilo. Telm.914839143 LINDA MASSAGISTA DE COR - Disponho de terapias relaxantes e sensuais. Em minhas mãos encontrará o prazer intenso e único. Gabinete requintado e discreto. 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VICENTE DE PAULO Contribuinte: 500874875 Sede: Rua de Santa Catarina, n.º 769, 4000-454 Porto Tel.: 222000612 - Fax.: 222088071 CONVOCATÓRIA Nos termos dos artigos 12.º e 13.º dos Estatutos, convoco para o dia 28 de Novembro de 2011, pelas 20 horas, na Sede à Rua de Santa Catarina, 769, Porto, a Assembleia Geral Ordinária desta Associação, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. Apreciação e votação da revisão da Conta de Exploração Previsional e Orçamento de Investimentos e Desinvestimentos para 2011. 2. Apreciação e votação da revisão da Conta de Exploração Previsional e Orçamento de Investimentos e Desinvestimentos para 2012. 3. Deliberação para alienação do seguinte imóvel, pelo valor mínimo de dez mil euros: habitação de um piso com a área de sessenta e cinco metros quadrados e logradouro com a área de cento e quarenta e nove metros quadrados, sita no Caminho da Saibreira, número duzentos e sessenta e três, freguesia de Pedroso, concelho de Vila Nova de Gaia, a confrontar de norte com Joaquim Lino dos Santos Sousa, de sul e de nascente com Manuel da Silva Guedes e Maria Helena e de poente com a Rua da Saibreira, descrito na Segunda Conservatória do Registo Predial de Vila Nova de Gaia sob o número 8329/20081127, inscrito na matriz predial urbana número 8892 com o valor patrimonial de vinte e quatro mil e setecentos e vinte euros. 4. Meia hora, se necessário, para outros assuntos do interesse da Associação. Se à hora marcada não estiver presente a maioria absoluta dos sócios efectivos, a Assembleia Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, podendo então funcionar com qualquer número daqueles sócios. Porto, 09 de Novembro de 2011 O Presidente da Assembleia Geral José Dias Martins Tribunal Judicial de Vila do Conde 1.º Juízo Cível Processo: 2965/05.7TBVCD. Paula A. Ferreira Exequente: CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, S.A. Executados: PAULO JORGE MARQUES DE Agente de Execução QUEIRÓS SALCEDAS DA CUNHA, e MARIA DO Cédula n.º 2935 ROSÁRIO MARQUES DE QUEIRÓS DA ROCHA RODRIGUES. ANÚNCIO Nos autos acima identificados foi designado o dia 28 de Novembro de 2011, pelas 9.30 horas, neste Tribunal, para a abertura de propostas, que sejam entregues até esse momento, na Secretaria deste Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem: Tipos de bem: Imóvel. Descrição da C.R. Predial: 20/19850326. Art.º Matricial: 1738, da freguesia de Mindelo, concelho de Vila do Conde. Descrição: Fracção autónoma designada pelas letras “AG”, destinada a habitação, no r/c e 1.º andar, habitação 19, composta por 3 divisões, 2 casas de banho, garagem na cave e logradouro nas traseiras, com entrada pelo n.º 84 da Avenida Vasco da Gama, freguesia de Mindelo e concelho de Vila do Conde, penhorado no dia 02.03.2006 aos Executados: PAULO JORGE MARQUES DE QUEIRÓS SALCEDAS DA CUNHA, NIF: 178599492, e MARIA DO ROSÁRIO MARQUES DE QUEIRÓS DA ROCHA RODRIGUES, NIF: 196024846. Valor-base do bem: 90.100,00 €. Preço a anunciar para a venda correspondente a 70% do valorbase de venda: 63.070,00 € (São aceites propostas com valor igual ou superior a este montante). Devem os proponentes, nos termos do n.º 1 do art.º 897.º do Código Processo Civil, juntar como caução, um cheque visado à ordem da Agente de Execução no montante correspondente a 20% do valor-base dos bens, ou garantia bancária no mesmo valor. Fiel Depositário: Maria do Rosário Marques de Queirós da Rocha Rodrigues. Foram reclamados e graduados créditos. As propostas serão abertas no dia e hora indicados, não sendo obrigatória a presença do(s) proponente(s). A Agente de Execução, Paula A. Ferreira Rua Alfredo Cunha, 378, 1.º, salas 1 e 5, 4450-021 Matosinhos Tel.: 229352387/8 - Fax.: 229352389 - Telemóvel: 960001214, E-mail: [email protected]. Horário de atendimento: Todos os dias úteis, das 15.00 às 17.00 horas Público, 2011.11.12 Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira 4.º Juízo Cível ÉLIO SOUSA Agente de Execução Cédula n.º 4232 Processo: 3487/08.0TBVFR. Valor: 4040,02 €. Execução para pagamento de quantia certa sob a forma comum. Exequente: Banco BPI, SA - Sociedade Aberta. Executado: Augusto Jorge Rodrigues Baptista e MAJ Cortiças - Comércio Artigos Cortiça, Lda. ANÚNCIO CITAÇÃO DE AUSENTE EM PARTE INCERTA (Artigos 244.º e 248.º CPC) A CITAR: Augusto Jorge Rodrigues Baptista, por si e na qualidade de legal representante de MAJ Cortiças - Comércio Artigos Cortiça, Lda. OBJECTO E FUNDAMENTO DA CITAÇÃO: Nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 248.º e ss. do Código de Processo Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta) dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o ausente Augusto Jorge Rodrigues Baptista, por si e na qualidade de legal representante de MAJ Cortiças - Comércio Artigos Cortiça, Lda., com última residência conhecida na Rua 19, n.º 940 B - 2.º direito, cidade de Espinho, para, no prazo de 20 (vinte) dias*, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução supra-referenciada e no mesmo prazo à penhora, nos termos dos artigos 812.º n.º 6 e 813.º n.º 1, ambos do CPC. Nos termos do n.º 6 do artigo 864.º do CPC, no prazo da oposição e sob pena de condenação como litigante de má-fé, nos termos gerais, deve indicar os direitos, ónus e encargos não registáveis que recaiam sobre o(s) bem(s) penhorado(s), bem como os respectivos titulares, podendo requerer a substituição dos bens penhorados ou a substituição da penhora por caução, nas condições e nos termos da alínea a) do n.º 3 e do n.º 5 do artigo 834.º do C.P.C. MEIOS DE OPOSIÇÃO: Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. é obrigatória a constituição de Advogado quando o valor da execução seja superior à alçada do tribunal de primeira instância. COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA: Caso não se oponha à execução e/ou à penhora ou não efectue o pagamento da quantia exequenda, seguem-se os termos do disposto no art. 872.º do CPC, ou seja, os bens penhorados serão utilizados para o pagamento ao exequente e aos demais credores. PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS: Poderá efectuar o pagamento da quantia exequenda mediante o levantamento de guia de depósito junto do escritório do signatário nos dias e horas constantes do rodapé. À quantia exequenda acrescem, além de juros calculados nos termos do pedido, a taxa de justiça e os honorários e despesas do agente de execução. Este edital encontra-se fixado na porta do último domicílio conhecido do citando, na Junta de Freguesia respectiva e no Tribunal Judicial da Comarca da última residência do citando. São também publicados dois anúncios consecutivos no Jornal “Público”. Os prazos começam a contar-se da publicação do último anúncio. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES (*) O prazo processual, estabelecido por lei ou fixado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se tratar de actos a praticar em processos que a lei considere urgentes. Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. Os tribunais consideram-se encerrados quando for concedida tolerância de ponto. Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1. Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 4 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2. Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regiões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dilação é de 15 dias. 3. Quando o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifique o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias. 4. A dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.ºs 2 e 3. O duplicado do requerimento executivo e a cópia dos documentos encontram-se à disposição do citando na Secretaria do Tribunal e no escritório do Agente de Execução. O Agente de Execução, Élio Sousa Rua Entre Avenidas, 60, 1.º esq.º, sala 4, 4535-312 Paços de Brandão Telf.: 220812667, Fax: 227445568, E.mail: [email protected] Horário de atendimento: 2.ª a 6.ª, das 16h00 às 18h30 Público, 2011.11.12 Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira 3.º Juízo Cível Processo: 7554/06.6TBVFR. EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO ZITA PEREIRA DE QUANTIA CERTA SOB A FORMA COMUM. Agente de Execução Exequente: INDAQUA FEIRA IND. ÁGUAS S.M. FEIRA, S.A. Cédula n.º 3585 Executado: CARLOS MANUEL SANTOS DOMINGUES. VALOR: 223.91 Euros. Referência interna: PE 477/2006. ANÚNCIO CITAÇÃO DE AUSENTE EM PARTE INCERTA (artigos 244.º e 248.º do CPC) A CITAR: CARLOS MANUEL SANTOS DOMINGUES OBJECTO E FUNDAMENTAÇÃO DA CITAÇÃO: Nos termos e para os efeitos do disposto no art.º 248.º e ss. do Código Processo Civil (CPC), correm éditos de 30 (trinta)dias, contados da data da segunda e última publicação do edital, citando o ausente CARLOS MANUEL SANTOS DOMINGUES, com última morada conhecida na Travessa Sanatório, n.º 244, freguesia de Valadares, concelho de Vila Nova de Gaia, para no prazo de dez dias, decorrido que seja o dos éditos, pagar ou deduzir oposição à execução ou indicar bens para a penhora, nos termos do art.ºs 833, n.º 5 do CPC. O duplicado do requerimento executivo e a cópia dos documentos encontram-se à disposição do citando na secretaria do Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira. MEIOS DE OPOSIÇÃO: Nos termos do disposto no artigo 60.º do C.P.C. e tendo em consideração o valor do processo, para se opor a execução (que terá de ser apresentada no Tribunal supra-identificado), não é obrigatória a constituição de mandatário judicial. COMINAÇÃO EM CASO DE REVELIA: Fica ainda advertido das consequências de uma declaração falsa ou da falta de declaração, nos termos do n.º 7 do artigo 833.º, ou seja, se não indicar quaisquer bens à penhora e posteriormente se verifique que tinha bens penhoráveis, fica sujeito a sanção pecuniária compulsória, no montante de 1% da dívida ao mês, desde a data da omissão até à descoberta dos bens. Caso não se oponha à execução consideram-se confessados os factos constantes do requerimento executivo, seguindo-se os ulteriores termos do processo. PAGAMENTO, DESPESAS E HONORÁRIOS: Poderá efectuar o pagamento da quantia exequenda mediante o levantamento de guia de depósito junto do escritório do signatário nos dias e horas constantes no rodapé. Pode igualmente solicitar, a qualquer momento, na secretaria do Tribunal, ainda que verbalmente, guias para depósito da parte líquida ou já liquidada do crédito do exequente que não estejam solvidos pelo produto da venda ou adjudicação de bens. À quantia exequenda acrescem, além dos juros calculados nos termos do pedido, a taxa de justiça no montante de 48,00€ e os honorários e despesas do Agente de execução, que nesta data ascendem a 360.00€. Após a realização da penhora o valor dos honorários e despesas sofrerá agravamento, de acordo com a tabela publicada em anexo à Portaria n.º 708/2003, de 04.08. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: Sendo requerido benefício de apoio judiciário na modalidade de nomeação de patrono, deverá o citando juntar aos presentes autos, no prazo da contestação, documento comprovativo da apresentação do referido requerimento, para que o prazo em curso se interrompa até notificação do apoio judiciário. Artigo 144.º do CPC. - O prazo processual, estabelecido por lei ou fixado por despacho do juiz, é contínuo, suspendendo-se, no entanto, durante as férias judiciais, salvo se a sua duração for igual ou superior a seis meses ou se tratar de actos a praticar em processos que a lei considere urgentes. 2. Quando o prazo para a prática do acto processual terminar em dia em que os tribunais estiverem encerrados, transfere-se o seu termo para o primeiro dia útil seguinte. 3. Para efeitos do disposto no número anterior, consideram-se encerrados os tribunais quando for concedida tolerância de ponto. Artigo 12.º da Lei n.º 52/2008 de 28/08 - As férias judiciais decorrem de 22 de Dezembro a 3 de Janeiro, do domingo de Ramos à segunda-feira de Páscoa e de 16 de Julho a 31 de Agosto. Artigo 252.º-A do CPC (Dilação) 1. Ao prazo de defesa do citando acresce uma dilação de cinco dias quando: a) A citação tenha sido realizada em pessoa diversa do réu, nos termos do n.º 2 do artigo 236.º e dos n.ºs 2 e 4 do artigo 240.º; b) O réu tenha sido citado fora da área da comarca sede do tribunal onde pende a acção, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 2. Quando o réu haja sido citado para a causa no território das regiões autónomas, correndo a acção no continente ou em outra ilha, ou vice-versa, a dilação é de 15 dias. 3. Quando o réu haja sido citado para a causa no estrangeiro, a citação haja sido edital ou se verifique o caso do n.º 5 do artigo 237.º-A, a dilação é de 30 dias. 4. A dilação resultante do disposto na alínea a) do n.º 1 acresce à que eventualmente resulte do estabelecido na alínea b) e nos n.ºs 2 e 3. A Agente de Execução, Zita Pereira Rua Vereda do Cedro, 62 - 4535-179 MOZELOS Tel.: 220815226 - Fax.: 220815227 - E-mail: [email protected] Horário de atendimento: Dias úteis, das 17.00 às 19.00 horas Público, 2011.11.12 TRIBUNAL JUDICIAL DO FUNCHAL 3.º Juízo Cível Processo: 37017/09.1YIPRT Acção Esp. Cump. Obrig. DL 269/98 (Limite - Alçada 1.ª Inst.ª) ANÚNCIO Autor: Broglio & Costa SA Ré: Ana Maria dos Santos Catanho Fica Ré: Ana Maria dos Santos Catanho, NIF - 811008916, domicílio: Rua dos Murças, 66 - 2.º, Funchal, 9000-066 Funchal, com última residência conhecida na(s) morada(s) indicada(s), citada(o) para contestar, querendo, no prazo de 15 dias contados da data da afixação do último edital, a acção acima identificada, com a advertência de que na falta de contestação poderá ser conferida força executiva à petição. Fica ainda advertido de que as provas devem ser oferecidas na audiência de julgamento, podendo apresentar até 3 testemunhas. O pedido consiste no pagamento de €: 3.109,55, proveniente de contrato, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando. Passei o presente e mais dois de igual teor para serem afixados. N/Referência: 7170283 Funchal, 29/09/2011 O Juiz de Direito Dr. António Silva Ribeiro O Oficial de Justiça Nelson Jacob Público, 12/11/2011 - 1.ª Pub. CELESTIAL ORDEM TERCEIRA DA SANTÍSSIMA TRINDADE CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA GERAL De harmonia com os Artigos 40.º e 42.º dos Estatutos, convido todos os Irmãos que se encontram nas condições do Artigo 15.º, a reunir em Assembleia Geral Ordinária, na Sede da Ordem, pelas 10 horas, no dia 4 do próximo mês de Dezembro, com a seguinte: ORDEM DO DIA 1. Admissão de Irmãos nos termos do Art.º 57.º dos Estatutos; 2. Eleição dos Corpos Gerentes para o triénio de 2012-2014. Se à hora marcada não comparecer o número legal de Irmãos, a Assembleia funcionará, em segunda convocatória, uma hora depois, no mesmo local, com qualquer número de Irmãos e com a mesma Ordem do Dia. Porto e Secretaria da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade, 10 de Novembro de 2011 O Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral Dr. José Adriano Serôdio de Magalhães Tribunal Judicial de Braga Vara Mista Cristina Amorim N.º DO PROCESSO: 1489/06.0TBBRG. Agente de Execução EXEQUENTE: João Matias Pena. Cédula n.º 1811 EXECUTADO: João Carlos Quedas de Almeida. ANÚNCIO DE VENDA EM PROCESSO EXECUTIVO Cristina Amorim, Solicitadora de Execução, com a cédula 1811 e domicílio profissional na Av. Norton de Matos, n.º 26, 1.º andar, sala 7, da cidade de Braga, agente de execução no âmbito da execução de sentença por quantia certa adiante identificada, informa os eventuais interessados que são aceites propostas de aquisição dos seguintes bens penhorados: LOCAL E DATA-LIMITE PARA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS As propostas são apresentadas em carta fechada até às 14.30 horas do dia 29 de Novembro de 2011, na Secretaria do Tribunal de Braga, sito na Praça da Justiça, devendo os proponentes, nos termos do n.º 1 do artigo 897.º do Código Processo Civil, juntar à sua proposta, como caução, um cheque visado, à ordem do Agente de execução no montante correspondente a 20% do valor-base dos bens, ou garantia bancária no mesmo valor. As propostas serão abertas no dia e hora indicados, não sendo obrigatória a presença do proponentes. BENS A VENDER LOTES UM: Fracção temporal, semana 5, com início no 5.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da Freguesia de Albufeira, Concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A. 336,00 €; DOIS: Fracção temporal, semana 6, com início no 6.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 336,00 €; TRÊS: Fracção temporal, semana 9, com início ao 9.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 336,00 €; QUATRO: Fracção temporal, semana 10, com início ao 10.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 336,00 €; CINCO: Fracção temporal, semana 20, com início ao 20.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 336,00 €; SEIS: Fracção temporal, semana 21, com início ao 21.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 336,00 €; SETE: Fracção temporal, semana 32, com início no 32.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 1.008,00 €; OITO: Fracção temporal, semana 33, com início no 33.º domingo de cada ano (16 horas) e com termo no domingo seguinte (10 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 2875 “A”. 1.008,00 €; NOVE: Fracção temporal, semana 5, com início no 5.º sábado de cada ano (18 horas), e com termo no sábado seguinte (18 horas), da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 00241 “NJ”. 336,00 €; DEZ: Fracção temporal, semana 6, com início ao 6.º sábado de cada ano (18 horas) e com termo no sábado seguinte (18 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 00241 “NJ”. 336,00 €; ONZE: Fracção temporal, semana 7, com início ao 7.º sábado de cada ano (18 horas) e com termo no sábado seguinte (18 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 00241 “NJ”. 336,00 €; DOZE: Fracção temporal, semana 8, com início no 8.º sábado de cada ano (18 horas) e com termo no sábado seguinte(18 horas) da freguesia de Albufeira, concelho de Albufeira, descrita na Conservatória de Registo Predial sob o número 00241 “NJ”. 336,00 €. MODALIDADE DE VENDA: PROPOSTA EM CARTA FECHADA. VALOR DE AVALIAÇÃO VALOR MÍNIMO DAS PROPOSTAS: O apresentado em cada lote. FIEL DEPOSITÁRIO A Agente de Execução, Cristina Amorim Av.ª Norton de Matos, n.º 26, 1.º Andar, Sala 7, 4715-035 Braga Telefones: 253220221/2, Fax: 253220223, e.mail: [email protected] Horário de atendimento: Dias úteis, das 10.00 às 11.00 horas Público, 2011.11.12 ASSOCIAÇÃO DE PROTECÇÃO À INFÂNCIA BISPO D. ANTÓNIO BARROSO CONVOCATÓRIA Nos termos da alínea c) do n.º 2 do art. 29.º dos Estatutos, convocam-se os sócios desta Associação para uma Assembleia Geral Ordinária, a realizar no dia 28.11.2011, às 20 horas e 30 minutos, na Sede, Largo 1.º de Dezembro, s/ n.º, no Porto, com a seguinte ordem de trabalhos: a) Apreciação e votação do Orçamento para o ano de 2012; b) Outros assuntos de interesse para a Associação. Em conformidade com o n.º 1 do art. 31.º dos Estatutos, se o número de sócios presentes ou representados não for superior a metade dos associados com direito de voto, a Assembleia Geral funcionará, como segunda convocação, um hora depois com qualquer número de sócios presentes. Porto, 14 de Novembro de 2011 A Gestora Judicial, Joaquina Palha Tribunal Judicial de Vila Nova de Gaia Família e Menores ANÚNCIO Processo: 7931/11.0TBVNG. Divórcio Sem Consentimento do Outro Cônjuge. Autora: MARIA ALICE SOARES SILVA. Réu: MOHSEN EL SAYED AHMED EL METWALLY SAIF. Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu MOHSEN EL SAYED AHMED EL METWALLY SAIF, com última residência conhecida na Rua de Ferreira Cardoso, n.º 24, Bonfim, 4000 Porto, para, no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando. Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial. EMPREGO Vila Nova de Gaia, 10.10.2011 A Juíza de Direito Dra. Anabela Saraiva A Oficial de Justiça Arminda Medeiros Freguesia da Ribeira Brava Rua Comandante Camacho de Freitas, n.º 9 - 9350-209 Ribeira Brava Contribuinte n.º 511 238 320 Telefone: 291 952 111 - Fax 291 957 040 Site Internet: www.ribeirabrava.org - Email: [email protected] ANÚNCIO A Junta de Freguesia da Ribeira Brava pretende contratar um trabalhador para a carreira e categoria de Assistente Técnico. Formação Académica: 12.º Ano de Escolaridade ou de curso que lhe seja equiparado. O prazo de candidatura termina a 23 de Novembro de 2011. Consultar o DR II Série, n.º 215, de 9 de Novembro. O Presidente da Freguesia José Armindo Pereira Pestana Público, 2011.11.12 3.º Juízo de Família e Menores do Porto 3.º Juízo - 2.ª Secção ANÚNCIO Processo: 49/11.8TMPRT. Divórcio Sem Consentimento do Outro Cônjuge. Autora: MARIA DA CONCEIÇÃO DA SILVA TRIÃES DA SILVA. Réu: JOSÉ MENDES DA SILVA. Nos autos acima identificados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o réu JOSÉ MENDES DA SILVA, com última residência conhecida na Rua de Penouço, n.º 209, Baguim do Monte, 4435-389 Gondomar, para, no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confissão dos factos articulados pela autora e que em substância o pedido consiste no art.º 1672.º do Código Civil, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando. Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial. Porto, 27.10.2011 O Juiz de Direito Dr. Jorge dos Santos A Oficial de Justiça Cláudia Isabel Comercial Mercado Externo (M/F) Procuramos Comercial para o Mercado Externo de empresa têxtil na zona de Guimarães Perfil do candidato/a: Habilitações mínimas ao nível do 12.º ano; Licenciatura poderá ser factor preferencial; Experiência comercial; Experiência têxtil será factor preferencial; Facilidade de comunicação e de relacionamento; Disponibilidade para viajar; Carta de condução; Inglês fluente; Outros idiomas será factor preferencial; Uso de ferramentas informáticas. Função a desempenhar: Pesquisa de mercado e prospecção comercial; Visitas a clientes e venda; Acompanhamento pós-venda. Público, 2011.11.12 Aqui encontra produtos exclusivos Público e Classificados Porto Rua João de Barros n.º 313, Lj. 43 4150-414 Tel. 220 120 100/101 Gaia Infortítulos Unipessoal, Lda. Av. da República / El Corte Inglés 4430-999 Tel. 222 407 833 Senhora da Hora Tabacaria Alvorada Norte Shopping, Lj. 509, R. Sara Afonso 4460-001 Tel. 229 540 996 Guimarães Tabacaria Marinho Largo do Toural, 40 4810-427 Tel. 253 419 905 Agradecemos envio de CV para o e-mail: [email protected] 32 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Desporto Selecção Equipa de Paulo Bento traz para Lisboa a decisão do apuramento Mais de um ano depois, Portugal ficou em branco Ronaldo foi alvo de forte marcação Empate sem golos, na Bósnia, no jogo da primeira mão da eliminatória de acesso ao Europeu 2012 Tiago Pimentel a A selecção nacional empatou sem golos na primeira mão do play-off de acesso à fase final do Euro 2012 de futebol. A equipa de Paulo Bento dominou a partida, mas desperdiçou algumas boas oportunidades e ainda sofreu um par de calafrios na segunda parte. A decisão fica adiada para o encontro da segunda mão, marcado para terça-feira (21h, RTP1), em Lisboa. Foi um jogo físico, de muita luta. O muito falado relvado de Zenica, mal tratado e com areia em abundância, não contribuiu para a qualidade de um jogo disputado mas sem jogadas espectaculares. A boa notícia é que a selecção nacional não sofreu golos. Depois de conceder cinco nos últimos dois jogos (contra Islândia e Dinamarca), Portugal conseguir manter a baliza inviolável. A nota negativa foi o facto de a equipa nacional não ter conseguido marcar golos pela primeira vez em 12 encontros. É necessário recuar mais de um ano até à última ocasião em que a selecção tinha ficado em branco (derrota 0-1 diante da Noruega, a 7 de Setembro de 2010). Paulo Bento promoveu uma novidade no equipa inicial: Miguel Veloso foi titular no meio-campo, ao lado de Raul Meireles e João Moutinho. Para além da saída de Carlos Martins do “onze”, regressaram Pepe e Fábio Coentrão para os lugares que foram ocupados por Rolando e Eliseu na partida anterior, a última da qualificação para o Euro 2012, contra a Bósnia-Herzegovina Portugal 0 0 Jogo no Estádio Bilino Poljez, em Zenica. Assistência Cerca de 15.000 espectadores B. Herzegovina Zahirovic, Jahic, Spahic, Salihovic (Ibisevic, 67’), Rahimic, Medunjanin (Maletic, 67’), Lulic, Pjanic, Misimovic (Ibricic, 86’) e Dzeko. Treinador Safet Susic. Portugal Rui Patrício, João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Raul Meireles (Rúben Micael, 81’), Miguel Veloso, João Moutinho, Nani, Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga (Hugo Almeida, 65’). Treinador Paulo Bento. Árbitro Howard Webb (Inglaterra) Amarelos Salihovic (17’), Postiga (42’) e Jahic (42’). Golos Não houve. Dinamarca (derrota 1-2). A Bósnia entrou em campo empurrada por um ambiente fervoroso. Foram 15 mil os adeptos que lotaram o Estádio Bilino Polje, à espera de verem um desfecho mais favorável do que aquele a que tinham assistido há dois anos. Na altura, estas duas equipas disputavam um lugar no Mundial 2010 e Portugal foi a Zenica ganhar por 1-0 (golo de Raul Meireles), repetindo o resultado que se tinha verificado na primeira mão. Num estado quase febril, de quem luta pela vida e contra o mundo, os anfitriões disputavam cada bola como se fosse a última. Depois, tentavam colocá-la nos pés de Edin Dzeko, o mais virtuoso da equipa de Safet Susic. Porém, esta urgência não deu particulares frutos e Rui Patrício foi um mero espectador durante a primeira parte. Safet Susic teve de gerir a equipa tendo em conta não só as lesões mas também os jogadores em risco de castigo: ao todo eram nove. Com uma defesa improvisada (Spahic foi o único “sobrevivente” da linha normalmente utilizada), os bósnios tiveram de fazer adaptações no centro e nas laterais. Um facto aproveitado pela selecção nacional, que terminou a primeira parte com oito remates — embora apenas dois deles tenham levado a direcção da baliza. Relvado prejudicou A equipa nacional continuou melhor na segunda parte. Logo aos 51’ Cristiano Ronaldo fez um disparo, com a bola a sair mal, ao lado. O internacional português não escondeu a irritação e as imagens da televisão mostraram a causa: a bola sofreu um ressalto mesmo antes de o avançado do Real Madrid rematar. O relvado, principal protagonista mediático na semana que antecedeu a partida, interferiu com a qualidade do jogo. A irregularidade da relva — onde a havia — levou a que se vissem muitas bolas despachadas pelo ar, de qualquer maneira. E foi num lance em que a defesa bósnia não conseguiu despachar rapidamente que Portugal esteve perto de marcar. A bola ficou nos pés de Positivo|Negativo Pepe Foi o elemento em destaque no sector recuado de Portugal. Regressou à equipa após ausência e assinou uma grande exibição. Foi um dos responsáveis por o temível Dzeko ficar em branco. Ibisevic Foi a carta lançada por Safet Susic durante a segunda parte e a aposta quase surtiu efeito. O avançado do Hoffenheim foi jogar ao lado de Dzeko e mexeu com a partida. Trouxe dinâmica ao ataque da Bósnia e teve nos pés as melhores ocasiões da equipa da casa. João Moutinho Na ajuda à defesa como no apoio ao ataque, o médio do FC Porto é um trabalhador incansável. Mesmo num terreno em tão mau estado, destacou-se pela positiva. Hélder Postiga Não teve uma noite inspirada. Desperdiçou várias oportunidades de golo, durante a primeira parte, e no segundo tempo atirou ao lado (58’), quando tinha tudo para inagurar o marcador. Nani O extremo do Manchester United esteve muito apagado e passou ao lado da partida. O relvado não ajudou ao seu estilo de jogo, mas mesmo assim Paulo Bento manteve-o em campo durante os 90’. Com certeza não seria desta forma que Nani queria assinalar a 50.ª internacionalização. Postiga, que confirmou uma exibição pouco inspirada. Em plena área adversária, o avançado do Saragoça atirou mal, para fora. Seria a última intervenção no jogo, porque pouco depois deu o lugar a Hugo Almeida. Contudo, foi Safet Susic quem mexeu melhor na equipa. O técnico bósnio tirou Medunjanin e Salihovic para lançar Maletic e Ibisevic. Este último foi jogar na frente de ataque, com Dzeko, e esteve nos dois momentos de maior perigo dos anfitriões: primeiro (74’) dominou mal a bola, quando tinha tudo para rematar, e depois (81’), quando estava isolado, rematou mal por cima, desperdiçando a melhor oportunidade da Bósnia no encontro. Já sobre o cair do pano, o golo de Portugal esteve à vista. Após um bom passe de Hugo Almeida, Cristiano Ronaldo viu Lulic brilhar ao impedir o remate com um grande corte. No canto que daí resultou, o guarda-redes Begovic segurou um toque defeituoso de Spahic que quase dava autogolo. Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 33 Nani internacional A pela 50.ª vez Nani atingiu ontem a 50.ª internacionalização A pela selecção nacional. O jogador do Manchester United igualou Jorge Costa na 31.ª posição da lista dos mais internacionais de sempre. Já Cristiano Ronaldo isolou-se no 5.º posto, ultrapassando Simão, com 86 jogos. O capitão passa a estar a dois jogos de igualar Pauleta, 4.º na lista. NIKOLA SOLIC/REUTERS SuperPepe contra os fantasmas e medos bósnios À Lupa Bruno Prata a 1 — Uma excelente primeira parte e um segundo tempo apenas razoável renderam a Portugal um resultado que, sem deixar de ser interessante, tem tanto de injusto como de perigoso. João Moutinho esteve soberbo na primeira parte, mas a Bósnia debateu-se sempre com os seus fantasmas e com um SuperPepe. 2 — A obsessão bósnia em tentar desestabilizar Cristiano Ronaldo e em deixar o relvado no pior estado possível já tinha transmitido uma imagem de medo e até de inferioridade. Estado de alma que terá acabado por contagiar as opções tácticas de Safet Susic. O seleccionador acabou por abdicar de um avançado (Ibisevic), para poder jogar com um duplo pivot (Medunjanin recuou para o lado de Rahimic) à frente da defesa. A ideia foi repetir a estratégia e o desenho (4x2x3x1) utilizados na França, que só evitou a derrota a 12 minutos do fim. Com algumas diferenças, até por força da ausência de três titulares na defesa. Assim, quem acabou por jogar a lateral-direito foi o médio Zahirovic, porque Lulic surgiu como médio-esquerdo (a sua verdadeira posição), mas apenas alguns metros à frente de Salihovic (outro médio adaptado à lateral). Com tantas cautelas, Susic conseguiu condicionar quase sempre Nani. Mas só isso. 3 — O temor bósnio conjugado com a forma personalizada e guerreira com que Portugal entrou em jogo fez com que o teatro das operações se instalasse quase em permanência no meiocampo da selecção dos Balcãs. A selecção portuguesa controlava à custa de uma pressão alta (Postiga foi então importante) que não deixava a Bósnia organizar-se. Depois, Paulo Bento foi sagaz quando optou por colocar Miguel Veloso na posição seis. Até porque as condições do relvado impunham mais um jogo feito de transições do que de organizações e, nesse aspecto, é sempre bom poder contar com Meireles como médio interior. Mas quem esteve a um nível que há muito não se via (principalmente no FC Porto...) foi João Moutinho. Sobretudo no primeiro tempo, voltou a ser a formiguinha que está em todo o lado e faz tudo com perícia e eficácia. À sua custa, Portugal fartou-se de ganhar segundas bolas, factor que contribuiu para o controlo do jogo. 4 — Ao intervalo, Portugal ganhava na posse de bola (51%) e nos cantos (3-2), mas a diferença principal surgia principalmente nos remates (seis contra zero) e nas oportunidades de golo. Só faltou então eficácia finalizadora, mas Ronaldo (que ganhou quatro das primeiras sete faltas a favor da selecção) demorou a conseguir ganhar tracção na lama e Postiga já se sabe que trabalha muito mas acerta pouco. As opções atacantes da Bósnia resumiram-se, nesse período, a lançamentos para Dzeko, que batalhou quanto pôde, mas nada pôde fazer contra o jogo soberbo de Pepe, claramente a melhor unidade em campo. Compreensivelmente, Portugal também investiu mais num jogo directo, mas fê-lo com outra intencionalidade e sabedoria. 5 — O jogo virou um pouco de rumo logo no início da segunda parte. Ficou mais repartido, até porque Postiga e o miolo português perderam intensidade e capacidade pressionante. Curiosamente, foi nesse período mais repartido que Portugal construiu e desperdiçou as melhores oportunidades. 6 — A Bósnia só criou as suas três únicas oportunidades depois de Susic ter mandado entrar Ibisevic (que, isolado, desperdiçaria o lance mais perigoso da sua selecção) para o lado de Dzeko. Ficou assim provado que uma estratégia mais afoita e pensamentos menos terroristas por parte dos bósnios até poderiam ter colocado maiores dificuldades a Portugal... 7 — Ao minuto 76, Pepe pareceu agarrar ao de leve Ibisevic. Não ficou claro se foi dentro da área e Howard Webb terá considerado que, independentemente do contacto, não houve intensidade suficiente para existir falta. Mas ficaram dúvidas, muitas dúvidas... República da Irlanda goleou a Estónia Reacções “Foi injusto” Paulo Bento demonstrar dentro de campo o favoritismo.” “Fizemos uma primeira parte brilhante e uma boa segunda parte. Tivemos várias possibilidades para marcar, enquanto a Bósnia teve apenas uma ocasião de golo. É um resultado injusto. O relvado devia ser considerado impróprio para o jogo.” “Estou muito cansado” Pepe “Sabia que eles iam provocar” Cristiano Ronaldo “É um resultado positivo” Rúben Micael “Sabia que eles iam provocar. Tentei ficar calmo porque sabia que, se fizesse alguma coisa, não jogava na Luz. Se queremos estar no Europeu temos que “É um resultado positivo porque não sofremos golos e a eliminatória está em aberto. Esperamos que na Luz o estádio esteja cheio.” “Este estádio, este relvado, nada disso nos ajudou e acho que a UEFA não deveria autorizar nenhum jogo de futebol aqui. A nossa equipa superou as dificuldades esperadas, tendo trabalhado mesmo muito para isso. Estou muito cansado.” Croácia arrasou a Turquia em Istambul a A Croácia colocou praticamente a Turquia fora do Europeu, depois de conseguir uma surpreendente vitória por três golos sem resposta em Istambul. A tarefa de inverter a eliminatória é agora quase impossível para a equipa de Guus Hiddink. Os croatas gelaram por completo a Turk Telekom Arena, em Istambul, aos 32’, com o segundo golo apontado por Mandzukic, um jogador que saltou mais alto que toda a defesa adversária e cabeceou sem hipóteses para Demirel. O avançado do Wolfsburgo colocou ainda em maiores dificuldades uma formação de Guus Hiddink que, mesmo sobre o intervalo, viu Olic perdoar o terceiro. Foi depois de um contra-ataque rápido: a bola foi para os pés do jogador do Bayern Munique, Resultados Primeira mão do play-off Estónia - República de Irlanda República Checa - Montenegro Turquia - Croácia 0-4 2-0 0-3 que a adiantou demasiado e rematou de forma forçada, com Demirel a evitar o avolumar do desastre. Mas foi Olic quem abriu o marcador, aos 2’, depois de uma jogada pelo flanco esquerdo de Corluka, um lateral nascido na Bósnia, cujo cruzamento Demirel despejou de forma fatal para os pés do futebolista do Bayern. A tortura continuou na segunda parte, aos 51’, com o próprio Corluka, do Tottenham, a cabecear sem oposição. Na Estónia, a República da Irlanda, de Giovanni Trapattoni, ganhou vantagem, aos 13’, com um golo de Andrews, depois de um cruzamento de McGeady. O remate do jogador do Ipswich entrou junto à base do poste esquerdo sem hipóteses de defesa para Pareiko. Walters, aos 63’, aumentou a vantagem e Robbie Keane, aos 71’ e 88’, marcou o terceiro e o quarto. O Montenegro quase surpreendia na República Checa, com o ex-jogador do Sporting Vuckcevic, no início da segunda parte, a obrigar Cech a duas boas defesas. Mas, aos 63’, Pilaf, com um remate de fora da área, fez a bola entrar junto ao poste. Um grande golo que abriu caminho para a vitória da equipa da casa, confirmada aos 90’ num cabeceamento de Sivok. M.M. 34 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Desporto Pablo Aimar sofreu um traumatismo no joelho direito e vai falhar o jogo particular do Benfica com o Galatasaray, esta tarde, às 19h30, em Genebra. No treino de ontem, o argentino fez tratamento e treino condicionado, juntando-se no lote de indisponíveis a Matic e Enzo Pérez. Futebol Ralis A Coreia do Norte não vai repetir a presença no Mundial Sébastien Loeb, campeão do mundo desde 2004 MOHAMMED DABBOUS/REUTERS Marco Vaza Norte-coreanos não estarão no Brasil 2014, tal como a China de Camacho. Queiroz empata e Argentina evita males maiores com a Bolívia a Foi a selecção com pior ranking a participar no Mundial 2010 e é a primeira, das que estiveram no torneio da África do Sul, a não viajar para o Brasil em 2014. A Coreia do Norte perdeu ontem quaisquer esperanças de apuramento, ao perder na zona asiática com o Uzbequistão por 1-0, falhando assim uma terceira presença em Mundiais, depois de 1966 e 2010, em ambos defrontando a selecção portuguesa. Os uzbeques seguem em frente neste grupo da qualificação asiática, tal como o Japão, que goleou o Tajiquistão por 4-0. Será para cumprir calendário que a selecção orientada pelo italiano Alberto Zacheroni estará em Pyongyang, para defrontar a selecção de um país com o qual o Japão não tem relações diplomáticas. Os adeptos japoneses que irão acompanhar a equipa já estão avisados: não podem usar tambores nem megafones, e não poderão ostentar bandeiras ou cantar o hino japonês no estádio. De qualquer forma, também não serão muitos. Os responsáveis norte-coreanos reservaram apenas 150 lugares para japoneses, que, como todos os outros turistas estrangeiros, não poderão usar telemóveis e estarão sempre acompanhados por “guias” locais. Quem também já está de fora do Mundial é a China, orientada pelo espanhol José Antonio Camacho, que O Iraque venceu a China e afastou Camacho do Mundial perdeu com o Iraque, de Zico, por 1-0. Younis Mahmoud foi o carrasco das aspirações chinesas, ao marcar o único golo do encontro, aos 85’, numa altura em que os chineses, que tinham o ex-benfiquista Yu Dabao no banco, já jogavam com menos um. A China, que apenas esteve num Mundial (em 2002) soma apenas três pontos ao fim de quatro jogos, menos seis que o Iraque, segundo classificado do Grupo A da zona asiática de qualificação. Queiroz e Messi empatam O ex-seleccionador português Carlos Queiroz, actualmente no comando do Irão, somou um empate no terreno do Bahrein. Mahmood Mirza Al Ajami (46’) apontou o golo da equipa da casa, mas, nos derradeiros instantes do encontro, Mojtaba Jabari fez o empate para a equipa de Teerão. O Irão conta oito pontos e lidera o Grupo E. A selecção de Omã, por seu lado, surpreendeu a Austrália: Amad Ali, logo aos 18’, adiantou a equipa da casa, que soube segurar a vitória. Foi o primeiro golo apontado pela equipa de Paul Le Guen na qualificação para o Mundial e valeu o primeiro triunfo. A Austrália mantém a liderança no Grupo D, com nove pontos, enquanto Omã soma quatro. Na qualificação sul-americana, a Argentina não conseguiu melhor que um empate (1-1) em Buenos Aires, frente à Bolívia. O benfiquista Nicolás Gaitán não saiu do banco num jogo em que os argentinos apresentaram Lionel Messi e Higuaín de início, mas, apesar dos argumentos ofensivos, foi a Bolívia quem inaugurou o marcador, por Martins, aos 56’. Lavezzi empataria quatro minutos depois, evitando males maiores para a equipa da casa. Londres recebe a prova em 2017 Depois dos Jogos, o Mundial de Atletismo a Londres vai albergar pela primeira vez um Campeonato do Mundo de Atletismo. A capital inglesa venceu o duelo com Doha (Qatar) para a organização da edição de 2017 da prova, depois de reunir a preferência de 16 dos 26 membros do Conselho da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). O evento vai realizar-se no Estádio Olímpico, um recinto com capacidade para 80 mil espectadores, o mesmo que no próximo ano será palco das cerimónias de abertura e encerramento e da competição de atletismo dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Depois de várias tentativas, Londres conseguirá finalmente organizar o Mundial. Esta não foi, contudo, a primeira vez que a IAAF escolheu a cidade para acolher o evento. Em 2001, Londres ganhou a corrida para organizar a prova em 2005, mas acabou por ter de desistir (em favor de Helsínquia) quando o estádio projectado foi considerado demasiado caro. Outro contratempo aconteceu quando teve de abandonar a candidatura ao Mundial 2015 por incertezas quanto ao futuro gestor do novo Estádio Olímpico. Há pouco mais de dois meses, Daegu, na Coreia do Sul, organizou o Mundial mais recente. Moscovo vai acolher a competição em 2013 e, dois anos depois, será a vez de Pequim. As únicas candidaturas para a edição de 2017 eram as de Londres e Doha, que sublinharam aspectos opostos para tentar convencer os elementos responsáveis pela votação. Londres evidenciou a tradição e o facto de a modalidade ter muitos adeptos nesta região da Europa. Doha apostou precisamente na tecla da abertura de novos mercados para o atletismo, mas só persuadiu dez dos membros do Conselho. Esta candidatura foi mais um passo no objectivo do Qatar, financiado pelo dinheiro do petróleo, de se tornar uma referência do desporto mundial. Em 2022, o país vai receber o Mundial de Futebol e também deverá candidatar-se à organização dos Jogos Olímpicos de 2020. Entretanto, a IAAF também decidiu que Sopot (Polónia) vai receber o Mundial de Pista Coberta de 2014, enquanto Eugene (EUA) acolherá, no mesmo ano, o Mundial de Juniores. Marco Vaza a Há oito anos que o desfecho é sempre o mesmo e que o último rali da temporada serve para a sua consagração. Desta vez foi um pouco mais apertado, mas Sébastien Loeb (Citroën DS3) é outra vez campeão mundial de ralis, o seu oitavo título consecutivo. O francês até nem precisa de terminar o Rali da Grã-Bretanha, que decorre no País de Gales, já que Mikko Hirvonen (Ford Fiesta RS), o único que ainda podia roubar-lhe o título, desistiu ao segundo dia de corrida. Assim, Loeb cumpre um feito inédito no desporto motorizado: oito títulos seguidos (o primeiro foi em 2004), ultrapassando os sete campeonatos não consecutivos conquistados por Michael Schumacher na Fórmula 1. À entrada para a derradeira prova do Mundial, Loeb tinha oito pontos de vantagem sobre Hirvonen (222/214) e tudo estava em aberto na discussão do título. O finlandês liderava o rali após a sexta prova especial de classificação, mas, durante a sétima, um ramo submerso danificou o radiador do seu Ford. Hirvonen ainda continuou durante mais alguns quilómetros, mas o motor aqueceu demasiado e perdeu mais de quatro minutos para Loeb, confirmando depois o abandono. “É devastador acabar sem que haja uma batalha incrível com Loeb. É uma grande desilusão para toda a equipa voltar à discussão pelo campeonato e perder logo no primeiro dia da corrida”, lamentou Malcolm Wilson, o patrão da equipa de Hirvonen. A consagração em Cardiff, amanhã, será assim para o piloto alsaciano, que, sem Hirvonen na estrada, passou a liderar o rali britânico, com 1,1s de vantagem sobre Jari-Matti Latvala (Ford Fiesta). Numa corrida onde Sébastien Ogier (Citroën) também já abandonou, é o norueguês Mads Ostberg (Ford Fiesta RS) quem está no terceiro lugar, com 1m13,5s de atraso em relação a Loeb. Quanto Loeb nas estradas da Grã-Bretanha Dinastias Alguns dominadores no desporto mundial Aleksandr Karelin (luta grecoromana) — três títulos olímpicos, nove mundiais e 12 europeus entre 1988 e 2000 Michael Schumacher (automobilismo) — sete títulos mundiais de Fórmula 1 entre 1994 e 2004 Valentino Rossi (motociclismo) — nove títulos mundiais entre 1997 e 2009 (um em 125cc e um em 250cc) Steve Redgrave (remo) — cinco títulos olímpicos, nove títulos mundiais entre 1984 e 2000 Lance Armstrong (ciclismo) — sete triunfos na Volta a França entre 1999 e 2005 Bill Russell (basquetebol) — 11 títulos de campeão da NBA entre 1957 e 1969 Kelly Slater (surf) — 11 títulos de campeão mundial de 1992 a 2011 ao português Armindo Araújo (Mini Cooper S2000), está no 14.º lugar, a 7m46,5s do líder. Múltiplo recordista Já não é de agora que Loeb detém praticamente todos os recordes no Mundial de ralis. Tem o dobro dos títulos de que os que vêm atrás de si (os quatro dos finlandeses Juha Kankkunen e Tommi Makinen) e, se vencer em Gales, passará a somar 68 triunfos em ralis, bem distante dos 30 de Marcus Gronholm. Também é o piloto que mais etapas venceu (806 contra 801 de Markku Alén), o que subiu mais vezes ao pódio (103 contra 91 de Carlos Sainz) e o que mais pontos conquistou (1281 contra 1242 de Carlos Sainz). Para alguém que chegou a conquistar um título sem participar nas últimas quatro corridas (foi em 2005, devido a um acidente de bicicleta, e ganhou por um ponto), ser campeão por desistência do adversário é algo de que o próprio Loeb não estava à espera. “Sim, aconteceu um pouco mais cedo do que o previsto, mas foi um alívio, porque, ao ritmo que estávamos a andar, podia haver um KO para um lado ou para o outro. Foi para ele, melhor para mim. Mas também podemos dizer que o título chega mais tarde que o previsto porque no meio da época tínhamos um bom avanço que perdemos em três ralis”, frisou o piloto de 37 anos. Apesar dos percalços da temporada, que incluíram um abandono no Rali da Alsácia, Loeb nunca deixou de acreditar: “Tudo era possível e o meu destino está sempre nas minhas mãos. Tive momentos de dúvida, mesmo de manhã, mas tudo correu bem.” Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 35 Desporto As castanhas de Istambul http://istambul5dias.net Ténis Berdych trava série de 17 vitórias consecutivas de Andy Murray MIGUEL MEDINA/AFP Pedro Keul Roger Federer chega à marca de 800 vitórias no circuito profissional, sendo o sétimo na lista dos mais ganhadores A Motivado pela qualificação para o ATP Tour World Finals, Tomas Berdych qualificou-se para as meias-finais do BNP Paribas Masters, encerrando pelo caminho a série vitoriosa de Andy Murray. O escocês, que ganhou os derradeiros 17 encontros, conquistando os torneios de Banguecoque, Tóquio e Xangai, ficou a dois pontos de vencer o quarto encontro em Paris, quando chegou a 5/5 no tie-break da segunda partida. Mas Berdych não acusou o momento e foi o mais forte no final dos segundo e terceiro sets. “Foi realmente um dos meus melhores encontros a três sets. Todos eles foram muito equilibrados mas, hoje, sou eu o mais feliz. Senti-me muito bem”, admitiu Berdych (7.º ATP), após as três horas e 12 minutos que terminaram com os parciais de 4-6, 7-6 (7/5) e 6-4. No set decisivo não houve breaks até 4-4, momento em que Murray ganhou apenas um ponto no seu serviço e cedeu o break com uma dupla-falta. O escocês tentou redimir-se no jogo seguinte, mas não aproveitou três Berdych esteve quase perfeito frente a Murray break-points e Berdych fechou na segunda oportunidade. “Penso que ele não falhou um primeiro serviço em nenhum dos break-points. É fácil dizer que tive oportunidades, mas se ele joga bem, não podemos fazer nada sobre isso”, lamentou-se Murray. O número três do ranking recebeu uma advertência por abuso de linguagem quando protestou por terem sido dadas três bolas novas a Berdych quando este enfrentava break-points. Na meia-final, o checo vai defrontar Roger Federer, que ontem chegou às 800 vitórias no circuito profissional — que o colocam no sétimo lugar da lista encabeçada por Jimmy Connors com um inalcançável recorde de 1242 encontros ganhos. “Foi só mais uma vitória, mas claro que é especial, porque 800 é um grande número”, reconheceu o suíço, após bater o argentino Juan Monaco (34.º), por 6-3, 7-5, num encontro em que esteve a perder por 1-3 no set inicial. Na outra meia-final, Jo-Wilfried Tsonga — que beneficiou da desistência de Novak Djokovic, lesionado no ombro direito — vai defrontar o norte-americano John Isner (25.º), vencedor do espanhol David Ferrer (5.º), por 6-3, 3-6 e 6-3. Xadrez Golfe Alemanha surpreende na recta final e ganha Europeu Tiger Woods dá sinais de estar de volta Jorge Guimarães a A selecção da Alemanha foi a vencedora da 18.ª edição do campeonato da Europa de xadrez por equipas, realizado na estância balnear grega de Porto Carras. Foi um feito notável dos germânicos, que, no ranking inicial, eram a décima selecção entre os 38 participantes, o que não os impediu de derrotarem nas últimas jornadas o Azerbaijão, detentor do título, e os campeões mundiais da Arménia. Nesta última ronda os alemães foram superiores na estratégia, ao admitirem empates rápidos no primeiro e terceiro tabuleiros, em que conduziam as brancas, para anularem os jogadores em melhor forma dos arménios. Estes aceitaram de bom grado as propostas de empate, contando que no segundo e quarto tabuleiros conseguissem vantagem, pois Sergei Movesian, no duelo com Georg Meyer, e Gabriel Sargissian, no confronto com Jan Gustafsson, eram favoritos. Mas Meyer realizou uma partida perfeita e a boa defesa de Gustafsson nunca permitiu a vitória adversária. A medalha de prata foi alcançada pelo Azerbaijão, que venceu confortavelmente a Roménia por 3-1, somando 14 pontos, menos um que os alemães. Na terceira posição, com 13 pontos, ficou a Hungria que, na despedida, ob- 15 Pontos conquistados pela Alemanha, que deixou o segundo classificado a um ponto de distância teve o resultado mais surpreendente ao levar a zero a poderosa Bulgária, liderada por Veselin Topalov. Os grandes favoritos, os russos, terminaram também com 13 pontos na quinta posição, superiorizando-se à Eslovénia (3-1), mas sem conseguirem fazer esquecer uma prestação muito abaixo do esperado. a Dezoito mil espectadores marcaram ontem presença no The Lakes Golf Club, em Sydney, para a segunda volta do Open da Austrália. A maioria foi atrás de Tiger Woods e, à medida que este se mantinha no topo, ia ficando mais ruidosa, entusiasmada com o aparente regresso do norteamericano ao seu melhor nível. Com resultados de 67 e 66 pancadas, para um total de 135 (9 abaixo do Par 72), Woods assumiu o comando concluída a primeira metade da prova, algo que não conseguia num torneio com um lote completo de participantes desde o Masters da Austrália de 2009. Num distante 58.º lugar no ranking mundial, o norte-americano tem a vantagem mínima sobre o australiano Peter O’Malley, que segue isolado em segundo, com 136 (70-66). “Senti que não falhei realmente nenhum shot. Embora tenha feito cinco abaixo, senti que podiam ter sido oito ou nove abaixo”, disse o líder. R.C. Teatro 18 Nov Nacional 4 Dez São João 2011 – A . VOZ HUMANA , - tradução Alexandra Moreira da Silva figurinos Bernardo Monteiro música original Dead Combo desenho de som Francisco Leal desenho de luz José Álvaro Correia . co-produção Ensemble – Sociedade de Actores, São Luiz Teatro Municipal, Temps d’Images/ DuplaCena, TNSJ qua-sáb 21:30 dom 16:00 M/12 anos bilhetes Fnac, TNSJ, TeCA, www.ticketline.pt www.tnsj.pt LINHA VERDE 800-10-8675 DE - JEAN COCTEAU CONCEPÇÃO E ENCENAÇÃO CARLOS PIMENTA CONCEPÇÃO, SOM E IMAGEM RAQUEL CASTRO INTERPRETAÇÃO EMÍLIA SILVESTRE UMA CRIAÇÃO ENSEMBLE 36 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Espaçopúblico O movimento dos “indignados” é claramente distinto dos protestos que sindicatos e partidos como o PCP têm vindo a promover O que representam os “indignados” A s caixas do correio electrónico estão cheias de centenas de mensagens reproduzindo um texto não assinado, mas de autoria no chamado movimento dos “indignados” que tem organizado manifestações enquadradas num movimento internacional com várias designações, mas nas quais a palavra “ocupação” é central. As mensagens electrónicas circulam com uma série de títulos de que são exemplo: “suspensão do pagamento da dívida já!”, “ocupem as ruas, ocupem o mundo”, “culpados responsabilizados e punidos”, “democracia directa já”. O texto original parece não ter título e passamos a identificá-lo como “a Situação”, da primeira frase: “A situação que Portugal atravessa…” O movimento dos “indignados” é apenas uma parte dos movimentos sociais de protesto que têm vindo a sair à rua nestes tempos de crise, e é claramente distinto dos protestos que sindicatos e partidos como o PCP têm vindo a promover. Embora haja uma franja comum, mais ligada ao Bloco de Esquerda, a unificação dos dois sectores do protesto social ainda não se deu e existem profundas diferenças de origem social, composição etária, escolaridade e “cultura” organizacional e política. O movimento dos “indignados” (uma classificação que merecia mais precisão) resulta de uma amálgama de vários movimentos inorgânicos que têm expressão na Rede e no Facebook, com papel activo de remailers, muitos dos quais radicais de direita, mais o M12M, o Ferve, o Precários Inflexíveis, movimentos da “geração à rasca”, na maioria ligados ao Bloco de Esquerda, e depois grupos politizados mais tradicionais da extrema-esquerda e da direita, incluindo os minoritários trotsquistas do BE, o colectivo da revista Rubra, a Ruptura/FER, o que resta do MRPP e do POUS, alguns grupos anarquistas e monárquicos, movimentos de género, feministas, LGBT, ecologistas, defensores dos direitos dos animais, e new wave. No seu conjunto eles são a mais genuína expressão pública do protesto da classe média “baixa”, no jargão do marketing e das audimetrias, ou seja, aquilo que no jargão marxista é a pequena-burguesia. A origem de classe, a localização urbana e suburbana, a composição etária (mais jovens), a composição em termos de formação (maior escolaridade e educação formal, professores, “activistas” culturais, intelectuais, “artistas”, ou melhor, “intermitentes do espectáculo”), a estética do protesto, tudo gera uma identidade própria, como já referi, muito distinta da que sai à rua nas manifestações da CGTP. O texto que estamos a comentar, a “Situação”, é um típico exemplo de um escrito intelectual para intelectuais, que parte do pressuposto que é para ser lido na Internet, com ligações que funcionam como citações, por exemplo de Paul Krugman, e que implicam um conhecimento, pelo menos mediático e online, de alguns casos como o da Islândia. A referência a Paul Krugman funciona hoje como canónica para a esquerda e mistura-se com uma mescla de ideias muito superficial e de que não é difícil encontrar as fontes. O resultado é um texto muito pobre do ponto de vista analítico e político, mesclando exigências populistas, que têm a sua origem no Correio da Manhã e nos remailers, e um vocabulário esquerdista que em Portugal tem uma genealogia, entre outros, no “pintasilguismo”, vivo no pensamento de Boaventura de Sousa Santos. Comecemos pelo simples diagnóstico do texto: estamos numa crise internacional, cuja responsabilidade “exclusiva” é “da implantação de uma economia neoliberal, dependente exclusivamente da atitude corrupta de banqueiros privados irresponsáveis e de governantes que, consecutivamente, têm alimentado os seus bolsos”. A crise não é, em nenhuma circunstância, responsabilidade do “povo” “porque gastou mais do que devia nos últimos anos “. O novo Orçamento dá continuidade à mesma política, com a agravante de “planear privatizar bens comuns tão necessários como a água”, um dos “claros exemplos da corrupção da máquina política”. Isto nada tem de original, é, em termos muito simplificados, PAULO PIMENTA José Pacheco Pereira o mesmo que o PCP, a ala esquerda do PS e o BE dizem. Que soluções são propostas para esta crise? A “suspensão do pagamento da dívida pública já”, uma auditoria “cidadã” para se “apurar que parte da dívida pública portuguesa é, de facto, da responsabilidade dos cidadãos” (…) e, “responsabilizar os verdadeiros culpados já”. Esta linha da responsabilização (que pelos vistos influenciou a JSD…) exige “uma auditoria ao funcionamento das instituições públicas, com apuramento de ilegalidades e responsabilidades criminais e que conduzirão à suspensão do pagamento de dívida nos casos pertinentes, nomeadamente no caso das parcerias público-privadas e aquisições fraudulentas”. O resultado antecipado é “que muitos dos cidadãos não são responsáveis pelo grosso da dívida e de que a acção irresponsável dos bancos privados teve consequências nefastas para os países”. O vocabulário moralista é o do Bloco de Esquerda, a reivindicação da criminalização da política é do populismo de direita e de esquerda. Para além dos múltiplos advérbios “já”, uma das mais adolescentes das palavras, o modelo de resolução da crise que é apontado é o da Islândia: “Enquanto os demais resgataram os banqueiros e fizeram o povo pagar o preço, a Islândia deixou que os bancos quebrassem e expandiu sua rede de protecção social.” Esta “solução”, que “A Situação” pretende legitimar, é interessante em termos daquilo que os marxistas chamariam “interesses de classe”. Não é a nacionalização da banca que é proposta (a solução do PCP do BE, partidos de tradição marxista e leninista), mas sim a sua falência, na expectativa de que essa falência traria apenas a insolvência dos banqueiros e dos capitais especulativos. Talvez fosse bom que os autores deste texto perguntassem aos seus pais se gostariam de ver desaparecer as suas magras economias e PPR depositados na Caixa Geral de Depósitos, evaporarem-se de um dia para o outro, quando os bancos “quebrassem”. Esta vulgata sobre a crise não se distingue do que para aí circula, populista, demagógico e inconsequente. Porém onde “A Situação” e os “indignados” vão mais longe é na rejeição do “sistema que mina o verdadeiro modelo de democracia”, ou seja, a democracia parlamentar. A defesa da “democracia directa” está no centro das ideias dos “indignados”: “A actual democracia é baseada numa sociedade por acções de responsabilidade muito limitada: os políticos e banqueiros lucram, nós pagamos.” No meio da confusão do texto expõe-se o que se pretende “alterar”: “É preciso que o povo comece a ter mais voz, Na crise que vivemos é uma força com futuro e, quando abandonar o folclore dos “indignados”, e se se juntar nas ruas às filas disciplinadas da CGTP, como fizeram os professores, então a coisa fia mais fino mais participação e mais consciência política – para que não continuemos a depender de um Parlamento que só em parte é eleito por nós e que continua a não defender os interesses comuns.” Os autores de “A Situação” não são revolucionários: não querem derrubar o capitalismo, apenas fazer falir a parte “corrupta” do sistema, e pelo caminho não terem que pagar nada; não querem uma ditadura do proletariado, nem na fórmula edulcorada que hoje o PCP e o Bloco usam, mas um vago governo em “assembleia permanente” em que os “acampados” falam muito a sério e votam ainda mais a sério, olhando para a Assembleia da República onde está “um Parlamento que só em parte é eleito por [eles]”, presumo que o PCP, o Bloco e os Verdes, e outra parte representa a corrupção e o Mal. Eles que estão ali à frente, em muitos casos nem cem pessoas, consideram que a sua “Assembleia Popular” representa a “democracia directa”, onde o povo tem mais voz, mais participação e mais consciência política”. Num certo sentido, eles são os filhos primitivos do Bloco de Esquerda, que tomam à letra as injunções de Louçã contra “economia injusta” e que não percebem que ele só diz isto assim porque não pode enunciar a sua real política no seu vocabulário canónico. Os mentores e dirigentes do Bloco são marxistas que não ousam chamar o nome verdadeiro ao que defendem, embora saibam muito bem qual é esse nome. A paráfrase moralista em que envolveram o seu marxismo comunica bem com o catolicismo esquerdista, com uma new wave vagamente religiosa e cósmica, ecologista e uma muito Zeitgeist recusa da ordem e do Estado. Enquanto os pais do Bloco de Esquerda conhecem muito bem as suas fronteiras com o radicalismo de direita, os seus filhos “indignados” comunicam sem dificuldades com todas as ideias antidemocráticas que para aí circulam: são contra os partidos, contra a “política”, contra os “políticos”, contra o parlamento, como são contra os bancos, os ricos e os polícias. Sem rigor poder-se-ia dizer que são apenas “anarquistas”, mas são outra coisa melhor expressa pela designação subjectivista de “indignados”. Não são enragés, mas “indignados” com uma agenda em que a indignação é muito instrumental, uma agenda confusa, caótica, simplista até dizer chega, mas que representa hoje a verdadeira força da “classe média baixa”: na crise que vivemos é uma força com futuro e, quando abandonar o folclore dos “indignados”, e se juntar nas ruas às filas disciplinadas da CGTP, como fizeram os professores, então a coisa fia mais fino. Historiador Pacheco Pereira escreve quinzenalmente ao sábado Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 37 Bartoon Luís Afonso Valha-nos Habermas Miguel Esteves Cardoso Ainda ontem N o Spectator com data de hoje, o ricaço grego Taki, autor da coluna High Life há 25 anos, conta uma anedota que bem poderia incluir um português: “Um grego, um italiano, um espanhol e um português entram num bar. Quem é que paga a conta? O alemão.” Melhor seria “um alemão” ou “os alemães”. É este o humor e a dignidade dos pobres que dependem dos ricos: fazer pouco dos patrocinadores. Os alemães, trabalhadores, pagam os copos dos sulistas preguiçosos. Nada poderia estar mais longe da verdade. Os sulistas pagam dolorosamente — e pedem emprestado para pagar — o dinheiro que devem, mas não ganham. O Guardian publicou um excerto do próximo livro de Habermas: um filósofo alemão que tende a ser a personificação actual, mais esquerdista e mistificadora, de Kant. Habermas vê o resto da Europa, em relação à Alemanha, como a Alemanha Federal, capitalista, via a República Democrática Alemã, comunista. Deseja, com coerência, uma reunificação europeia. Cita a Constituição da república federal alemã: o que se quer é “a uniformização das qualidades de vida”. Seja: “É preciso uma integração política [dos países da União Europeia], baseada na providência social, para garantir a diversidade nacional e a incomparável riqueza cultural do biótipo ‘Velha Europa’.” Habermas tem razão. Ou sim, ou sopas. A Europa é um biótipo. Mas é preciso reconhecer que é uma cultura pela qual vale a pena lutar — por muito minoritária, dividida e decadente que seja. A instabilidade que se vive na Europa provoca sentimentos antidemocráticos e antieuropeus Just in case... C omeço por fazer a minha declaração de interesses. Não tenho carta de condução, nem carro, nem quem me conduza. Dependo inteiramente de transportes públicos. E moro na periferia de Lisboa. Para chegar à capital e ao meu emprego, bem como a qualquer local onde me desloque nas minhas actividades quotidianas, dependo de transportes São José públicos. Mais concretamente de comboio e de autocarro, Almeida que também me conduzem de volta a casa. Dito isto e numa semana em que fiquei bloqueada em A semana casa pela greve de transportes, venho publicamente dispolítica cordar da grande maioria dos que têm criticado os autores de um estudo, divulgado pela comunicação social, que prevê cortes na oferta de transportes, dizendo que estes autores não percebem nada do que estão a fazer. Percebem, sim, muito. E não só de transportes. Na reestruturação da rede de transportes urbanos, preparada por esta comissão, não está apenas em causa a redução de custos que é usada como argumento justificativo directo. É dos livros que os transportes públicos são serviços estratégicos e que o seu custo moderado e acessível a todos é assegurado pelo Estado, precisamente porque, sem eles, a economia e a sociedade não funcionam. E mesmo a intenção de privatização levaria a um emagrecimento, mas não obrigatoriamente ao tipo de cortes que estão previstos. Quem fez este estudo, insisto, não age apenas por mero espírito contabilístico e é tudo menos ignorante sobre aquilo que tem como objectivos profundos. Há razões estratégicas e ideológicas para o tipo de cortes estudado, numa conjuntura como Uma guerra de novo a que se vive em Portugal e na Europa. Este tipo tipo, uma guerra civil de opções foi tomado em locais onde foi aplicada a chamada “receita de austeridade”, de orienta- larvar que está em ção neoliberal, como aconteceu na Argentina e embrião nas revoltas antes no Chile de Pinochet – a primeira experiência histórica do neoliberalismo em acção para das periferias inverter o funcionamento de uma sociedade democrática. O objectivo de tal estratégia é cristalino e está inscrito de forma transparente no estudo divulgado. É afastar do centro das cidades, do centro do poder de decisão política e económica, a contestação. É retirar do centro das cidades fora do normal horário laboral, em que são necessárias ao funcionamento da economia, as populações que aí podem manifestar-se, amotinar-se, revoltar-se contra esse mesmo poder. Vejamos então, para que não haja dúvidas. É proposto o fecho de 23 carreiras de autocarros em Lisboa, depois da hora laboral, a maioria das quais ligando as periferias. É proposto que outras 24 carreiras sejam encurtadas em percurso ou em período de funcionamento. A proposta prevê ainda a supressão da ligação fluvial de Lisboa à Trafaria/Porto Brandão e ao Montijo fora dos dias úteis e das horas de ponta. E a ligação Lisboa ao Seixal poderá sofrer uma destas duas soluções. Já o metropolitano, se este estudo virasse lei, veria a circulação com a velocidade reduzida de 60 para 45 km/h fora das horas de ponta e a fechar às 23h na Linha Verde e às 21h30 na Linha Azul entre a Pontinha e a Amadora e na Linha Amarela entre o Campo Grande e Odivelas. Quem domina o poder e impõe à Europa as novas regras de empobrecimento forçado das populações e de perda de direitos, em favor do aumento do lucro das grandes empresas financeiras e dos donos do mundo e suas aristocracias reinantes, sabe que está a correr um risco imenso e que está a brincar com o fogo em termos de estabilidade social. Sabe que está a provocar a instabilidade e o fim da paz social conseguida pelo pacto social europeu do pós II Guerra Mundial. Uma instabilidade que provoca sentimentos antidemocráticos e antieuropeus, uma vez que as populações vêem o seu bem-estar roubado precisamente pelas instituições de representação democrática e pela União Europeia. Uma União Europeia que não consegue assegurar a solidariedade entre Estados, que não consegue ser solidária com as populações de países em situação difícil como a Grécia ou Portugal, pelo contrário, que martiriza as populações com mais e mais austeridade, alimenta o regresso dos nacionalismos e da xenofobia. Ainda esta semana foi divulgado um estudo do think-tank britânico Demos que mostra o crescimento da extrema-direita nacionalista, xenófoba, anti-islâmica e anti-imigração na Europa. Quem está a comandar esta revolução que impõe uma regressão histórica à Europa sabe assim bem o tipo de situações explosivas que tem a minarem-lhe o caminho para o sucesso. E sabe que a revolta das populações pode estar no horizonte. Teve até já o exemplo nas revoltas nas periferias de Paris há uma década e este ano já nas periferias de Londres, que se alastraram ao centro. É a este risco de explosão social que Mário Soares se referiu recentemente (Diário de Notícias, 08/11/2011), ao alertar para a iminência de um regresso da guerra à Europa, se a União Europeia e o euro falirem. Não já uma guerra clássica entre blocos político-ideológicos e geoestratégicos, nem sequer de cariz nacionalista entre países, mas uma guerra de novo tipo, uma guerra civil larvar que está em embrião nas revoltas das periferias. Quando os pobres são cada vez mais e cada vez mais pobres, quando as expectativas de carreira, de sucesso, de bem-estar, de felicidade são cada vez menos e a vida se torna cada vez mais periférica e concentracionária, o risco de explosão social descontrolada aumenta. É dos manuais. Tanto que os mesmos manuais ensinam que, associado à receita de austeridade, deve vir sempre o plano de cortes de transportes que ligam as periferias ao centro. Mais vale ir prevenindo... Just in case... Jornalista ([email protected]) São José Almeida escreve neste espaço ao sábado 38 • Público • Sábado 12 Novembro 2011 Editorial O erro táctico do PS no Orçamento Ao mostrar o jogo antes de ele se iniciar, Seguro condenou o PS à irrelevância na discussão do OE O líder do PS colocouse nos últimos dias na estranha posição de dizer o pior sobre a proposta de lei do Orçamento do Estado para 2012 sem se sentir no dever de agir em conformidade levando o seu partido a chumbá-lo. António José Seguro inaugurou uma expressão nova na ciência política para designar o sentido de voto do PS, a “abstenção violenta”, mas a novidade teórica não chega para apagar a evidente atitude de insegurança e incoerência que o PS exibiu em todo este processo. Teria de ser assim? Não, e é aqui que custa a perceber o evidente erro táctico de uma liderança compreensivelmente empenhada em não destruir a imagem de estabilidade que o país tem de projectar para o exterior. Seguro poderia deixar tudo em aberto até ao momento da votação de ontem, obrigando o Governo a tornar-se mais receptivo a algumas das suas mensagens. Muito provavelmente o Governo não cederia, porque apesar das folgas que possa haver (e há) no Orçamento, o clima de incerteza que paira na zona euro é suficientemente tenebroso para que o Governo se prepare para o pior. Mas só depois de ter jogado tudo por tudo e de ter obtido uma qualquer contraproposta é que o PS deveria ter dito que se abstinha por causa do país, apesar de o OE lhe merecer críticas. Depois de anunciar que o partido se iria abster, Seguro perdeu margem negocial e transformou todas as mensagens posteriores sobre os “exageros” ou iniquidades do OE em juízos próprios de alguém que perdeu e que se limita a correr pelos prejuízos. Até a proclamação do interesse nacional que lhe poderia valer respeito e admiração acabaram contaminados por esta ingenuidade táctica de mostrar o jogo antes de ele se ter iniciado. Os erros do rating têm custos elevados N o mesmo dia em que os mercados reagiam com alívio à evolução política em Itália e na Grécia, com as bolsas europeias a reforçar ganhos e os juros das obrigações italianas a descerem abaixo da barreira psicológica dos 7%, uma agência de rating retirou a dívida nacional da França do lote dos investimentos “extremamente seguros”. E o alívio foi ensombrado por um calafrio, com as taxas de juro da dívida francesa a ultrapassarem as dos títulos alemães em 1,7 pontos percentuais. Tratou-se, no entanto, apenas de um “erro”, justificou-se a Standard & Poor’s. Azar da França: a hora e meia em que tal erro vigorou valeu-lhe uma forte chicotada no brio nacional, com o glorioso triplo A reduzido a duas letras e a sua credibilidade afectada. Em termos civis, equivaleu a um teste maciço para resistir a um terramoto, mas sem que os envolvidos fossem avisados de que não era a sério. Em termos económicos, porém, o erro da uma agência que pune sem dó nem piedade o mínimo erro dos outros devia ser pago caro. Não basta dizer “é um erro” e virar as costas como se nada se passasse. A Comissão Europeia vai avançar, e bem, com novas propostas de enquadramento das agências de notação financeira, aplicando-lhes agora medidas de responsabilidade civil. Deixarão enfim de estar, como estão, acima de todos os poderes. Cartas à Directora Da loucura à inimputabilidade As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados, nem se prestará informação postal sobre eles. Email: [email protected] Contactos do Provedor dos Leitores Email: [email protected] Telefone: 210 111 000 Numa pequena vila do Norte de Portugal, durante a ditadura salazarista, havia um homem que costumava ir para a praça central, lançar gritos de vivas à liberdade e à República e de morte à ditadura. Era um pobre louco, bem conhecido das gentes da terra, que riam e até o incitavam. Não fosse ele louco, e logo apareceria a PIDE e o levaria para a prisão de Caxias. Mas não, os praças da GNR não ligavam, e até lhe achavam piada. O senhor Otelo de Carvalho, major, coronel, ou lá o que seja na tropa, anunciou um dia destes que essa mesma tropa poderia um destes dias desencadear um golpe militar. Talvez para depois instalar um regime ditatorial de coronéis. Até disse que bastavam 800 tropas para o fazer. A ameaça e o incitamento bem soam a crime previsto no Código Penal do Estado de direito democrático. Senão, ora leia-se, por exemplo, o que diz o número 1 do seu artigo 325º (Alteração violenta do Estado de direito): “Quem, por meio de violência ou ameaça de violência, tentar destruir, alterar ou subverter o Estado de direito constitucionalmente estabelecido é punido com pena de prisão de três a doze anos.” (...) Dir-se-á que perante a publicidade dada às referidas declarações do conhecido tropa, o Ministério Público tinha obrigação legal de intervir, promovendo o cumprimento daqueles artigos do Código Penal. Mas neste caso, eu até compreendo que não o faça. Ao fim e ao cabo, trata-se do major Otelo, não é? Manuel Saraiva Santos, Figueira da Foz Um conjunto de quadros aflito Um conjunto de “quadros” da Metro do Porto, S.A. resolveu dar à estampa no passado dia 8 de Novembro, dia de greve nos transportes, um “manifesto” antigreve onde não têm pejo nenhum em recorrer a um conjunto de “inverdades”. Ao contrário do que os “quadros” dizem, cerca de 95% dos maquinistas do Metro do Porto são associados do SMAQ - Sindicato dos Maquinistas. Outros operacionais também são sindicalizados. Logo existem centenas de sindicalizados no universo Metro do Porto. Existe também Acordo de Empresa. Foi assinado entre o SMAQ e a Transdev. Agora transitou para o novo “rentista” - a Viaporto pertencente ao grupo Barraqueiro. Também é mentira que nunca tenha havido greves. Já as houve e voltará a haver, como se provará no próximo dia 24. Este conjunto de “quadros” é um grupo de gente empregada politicamente (não esquecer que esta empresa enquanto foi governada pelas autarquias serviu para dar trabalho a muitos afilhados) que neste momento teme pelo seu emprego. Sublinhe-se que estes “quadros” (71 pessoas, dos quais 14 possuem a categoria de director, existindo inclusivamente áreas da empresa onde até existem dois directores por gabinete) vencem salários muito acima da média de qualquer português que em média, por trabalhador/ ano, ultrapassam os 58 mil euros e têm ao seu dispor automóveis topo de gama, com combustíveis e manutenções incluídas, tudo à custa da empresa que, não esqueçamos, é pública. Em 2010 custaram 5,8 milhões de euros aos portugueses. Apesar da operação da Metro do Porto ser efectuada por um concessionário privado, a Viaporto, não fazer manutenção de veículos e praticamente não existir obra neste momento, existem na Metro do Porto, S.A. dois directores de operações e dois directores de infra-estruturas. (...) António Alves, Sacavém O PÚBLICO errou Ao contrário do que é indicado, a fotografia publicada na edição de ontem na página 13 não é a do secretário de Estado da Administração Local, Paulo Júlio. Aos visados e aos leitores as nossas desculpas. Comentários online OE/2012 aprovado na generalidade Assim como o capitalismo na versão ultraliberal e terrorista está a chegar ao fim da sua desfaçatez, taxando miseravelmente os pobres e privilegiando os ricos e os especuladores, os partidos que têm servido esta política (PS, PSD e CDS) não irão muito mais longe nas suas tristes carreiras ao serviço das minorias. A mentira e a farsa ultrapassaram todos os limites com este OE que quer reduzir à miséria 80% dos portugueses. Luís Passes sociais mais caros para idosos e estudantes No interior do país e fora das grandes cidades ninguém subsidia os passes das crianças que vivem em aldeias remotas e fazem dezenas de km/dia. Os impostos do país não podem servir só para Lisboa e Porto! Joana Santiago Há estudantes universitários que vão pagar mais de 100€ de passe por mês, no final do ano é mais que as propinas. Miguel Pinheiro Público • Sábado 12 Novembro 2011 • 39 Contribuinte n.º 502265094 Depósito legal n.º 45458/91 Registo ERC n.º 114410 Conselho de Administração Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares, Luís Filipe Reis, Miguel Almeida, Pedro Nunes Pedro E-mail [email protected] Lisboa Rua de Viriato, 13 – 1069-315 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Agenda 210111007; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de mais de 10% do capital: Sonae Telecom, BV Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Imprejornal - Sociedade de Impressão, SA. Quinta Velha, Santo Antão do Tojal, Estrada Nacional nº 115 ao km 80, 2660-161 Loures. Telef. 210129700 Distribuição Logista Portugal – Distribuição de Publicações, SA; Lisboa: Telef.: 219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123; Algarve: Telef.: 289363380; Fax: 289363388; Coimbra: Telef.: 239980350; Fax: 239983605. Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Outubro 47.306 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem Debate O choque territorial Tribuna A tributação ambiental Lisboa, terceira metrópole europeia. Ou não Do imposto sobre a electricidade ao imposto do carbono que a população possa chegar aos 3 milhões até 2025. Percorrendo o documento percebe-se que esse crescimento, relevante, não aproxima a AML da dimensão de outras aglomerações urbanas europeias que não Paris ou Londres (Madrid, 5,8 milhões em 2009, 6,4 em 2025; Berlim, 3,4 milhões em 2009, 3,5 em 2025). Por outro lado, quando FJQ fala da concentração de 45,3% da população portuguesa, confundiu a população total com a percentagem da população urbana a residir na zona da capital. Esse número, 45,3%, corresponderá já à percentagem da população urbana portuguesa que habita na AML. O que os estudos da ONU nos dizem é que essa percentagem, até 2025, irá descer até 41,6%. Ou seja, apesar do aumento de população estimado para a AML e da diminuição do total da população do país (de 10,6 para 10,1 milhões), o peso da AML no total da população urbana do país irá até diminuir. As conclusões de FJQ, assim sendo, perdem todo o fundamento. O que a ONU nos diz é que a população portuguesa continuará a deixar as zonas rurais, mas cada vez mais para outras concentrações urbanas, também no litoral. P.S.: descobri em http://www.apfn.com.pt/Noticias/ Set2008/110908a.htm outro artigo de FJQ intitulado “Portugal (ainda) não é plano”, que está referenciado como publicado pelo PÚBLICO a 11 de setembro de 2008. Outro artigo? A verdade é que os artigos só não são exatamente iguais porque algumas palavras são diferentes e certas frases não existem em ambos os artigos. A única verdadeira diferença é esta: nesse primeiro artigo os dados da ONU não são relativos a 2025, mas sim a 2015. Este artigo, a pedido do autor, respeita as regras do Acordo Ortográfico. (1) A sua publicação tardia, por razões editoriais, é da exclusiva responsabilidade do PÚBLICO NUNO GOMES LOPES/DR 5.289 .0 hab 2 9 h 15 ab ha b 2.19 8 . 24 6 3.7 71 .3 4 0 80 12 0 KM KM KM 99 ha b ha b 2 . 8 8 3. 0 37 3.4 60 .7 b 42 ha 2 . 9 4.0 7 N o seu artigo “Um choque territorial”, publicado no PÚBLICO a 27 de agosto (1), Francisco Jaime Quesado (FJQ) afirma que Portugal necessita de uma “aposta nas cidades médias” para conseguir um país mais “plano”. Afirma também que, segundo o “novo estudo de projecções da ONU, em 2025 a Região da Grande Lisboa vai comporNuno tar 45,3% do total da população do país”, passando de Gomes uma população “de 3,8 milhões, em 2000, para 4,5, em 2025”. A Área Metropolitana do Porto teria, em 2025, Lopes 23,9% do total da população portuguesa. Arquitecto Não querendo fazer considerações de política territorial às afirmações de FJQ, prefiro concentrar-me na discussão dos números apresentados, e das denominações utilizadas. Começo pela “Grande Lisboa”, que no início do artigo também é referida como “Região da Grande Lisboa”. A “Grande Lisboa” é uma NUTS III (correspondente ao sul do distrito de Lisboa) que comportava em 2009 pouco mais do que 2 milhões de habitantes, enquanto que a “Região de Lisboa” é uma NUTS II (que existe apenas para efeitos estatísticos, e que engloba o sul do distrito de Lisboa e o norte do distrito de Setúbal), com mais de 2,8 milhões de habitantes. É coincidente em termos geográficos com a Área Metropolitana de Lisboa (AML). Conclui-se então que nunca existiu qualquer “(Região da) Grande Lisboa” com 3,8 milhões de habitantes, nem em 2000 nem agora. Por outro lado, FJQ compara essa massa gigantesca (imaginária?) de território e população com a Francisco Jaime Área Metropolitana do Porto, essa sim concreta e facilmente quantificável: quase 1,7 milhões de Quesado trouxe-nos habitantes em 2011, cerca de 16% da população um artigo pejado portuguesa. O que se consegue com este jogo de números, denominações trocadas e confusão de erros e omissões geográfica? Um engano, que procura prolongar o mito de que um terço da população portuguesa habita em Lisboa (e à volta dela). E com isso se eternizam opções de desenvolvimento erradas, com centralismos irremediavelmente desfasados da realidade. A infografia que apresento foi criada expressamente para rebater esse mito. Ou melhor, rebato esse mito confirmando-o: um terço da população portuguesa mora de facto no concelho de Lisboa e à sua volta. Se repetirem o exercício (abstrato) de desenharem uma circunferência com um raio de 80 km centrada em Lisboa, encontram cerca de 3,45 milhões de pessoas, quase um terço da atual população total do país, 10,6 milhões. Mas se desenharem igual círculo à volta do Porto, encontram cerca de 3,77 milhões. Mais de um terço da população. E se o raio aumentar para os 120 km, a diferença é ainda maior: 5,29 milhões à volta do Porto (incluindo Vigo e outros concelhos galegos) e apenas 4,08 milhões à volta de Lisboa. O que se pode concluir disto? Lisboa, enquanto aglomeração urbana (ou enquanto Área Metropolitana), constitui a maior concentração populacional do país. Quanto a isso não restam dúvidas. O Porto, enquanto região metropolitana (ou assumindo os 120 km de raio como “área de influência”), é a maior do país. E é o centro da trigésima-terceira maior megarregião do mundo (que Richard Florida erroneamente apodou de Megarregião de Lisboa). A demografia diz-nos pouco do poder real das regiões, mas é clara neste aspeto: o Porto é o centro populacional do país. Voltando ao artigo de FJQ, o autor refere, com a clareza que só os números podem dar, que essa “Grande Lisboa” concentraria em 2025 “45,3% do total da população do país, tornando-se na terceira maior capital metropolitana da União Europeia, logo a seguir a Londres e a Paris”. Após ler tal projeção, inédita para mim, tratei de procurar na Internet dados que corroborassem as afirmações do autor. Encontrei de facto as World Urbanization Prospects, publicadas pela ONU. A última atualização foi feita em 2009, não se percebendo muito bem o que entende FJQ quando escreve “o novo estudo de projecções da ONU”. Um “novo estudo” com dois anos de idade. Nesse estudo Lisboa é apresentada como tendo em 2009 2,8 milhões de habitantes (a população da AML), prevendo 40 KM 80 KM 12 0 K M ®nunogomeslopes.com Q uem no futuro escrever sobre direito fiscal ou direito do ambiente não deixará de assinalar o Orçamento do Estado para 2012 como um documento importante no processo de Tiago integração da dimensão ambiental Souza na composição das finanças públicas. Por ele se cria o novo imposto d’Alte Environment sobre a electricidade, o tributo de carácter ambiental com o campo de & Energy Law Program aplicação mais vasto a ser concebido até hoje e que emana da Directiva de Manager, Tributação Energética. Vem juntar-se Católica Global School a outros tributos de índole ambiental como o ISP (ao abrigo da mesma of Law directiva), o ISV, o IUC e a taxa de recursos hídricos, que, segundo o relatório da OCDE deste ano sobre o desempenho ambiental português, compõem já mais de 7% do total das receitas arrecadadas pelo sistema fiscal. É estruturalmente simples: é um imposto sobre o consumo, incide sobre a electricidade fornecida ao consumidor final, terá uma taxa variável entre 0 e 1 euro por MWh e será cobrado através das empresas de comercialização. A sua dimensão ambiental advém do critério de fixação da sua taxa, que deve atender ao princípio da liberdade de mercado e ao seu impacto ambiental, nomeadamente em comparação com outros produtos energéticos. Este como todos os instrumentos tributários ambientais seduz o decisor público com o seu famoso duplo dividendo: garante arrecadação de receita e estimula a eficiência energética e a escolha de fontes de energia mais limpas. Neste caso, o valor apesar de tudo baixo da taxa significa que os efeitos fiscais ainda pesaram mais que os efeitos extrafiscais, preferindo não influir muito no consumo, temendo estrangular a actividade económica e a receita fiscal associada. Vejamos pois qual o impacto que produzirá nos rendimentos do consumo doméstico e, sobretudo, nos agentes económicos que utilizam a electricidade como matéria-prima nos processos produtivos. Estes últimos podem contar com uma subida do preço, a qual apesar de moderada seguramente terá alguma repercussão na sua actividade. Essa cautela terá contudo de ser abandonada em breve, porque a Comissão Europeia apresentou já uma proposta de nova directiva para criar o tão aguardado imposto sobre o carbono, a partir de toda esta tributação energética. Trata-se de um imposto mais apurado, que finalmente procede à justa penalização fiscal da produção de energia eléctrica a partir de combustíveis fósseis e promove o recurso a energias renováveis. Introduz uma distinção explícita entre a tributação da energia especificamente relacionada com as emissões de CO2 atribuíveis ao consumo dos produtos em causa e a tributação da energia com base no teor energético dos produtos. E como vem já adaptado ao novo quadro energético e de combate às alterações climáticas, a sua estrutura é complementar ao mercado europeu de licenças de emissão de CO2. Chegará inexoravelmente até nós. Euromilhões Chave sorteada: 1, 4, 18, 23, 30 + 3 e 7 1.º prémio: 66.000.000€ Advogados Ministra da Justiça arrasa bastonário no congresso Pág. 10 Amanhã na Pública Salvar o melhor da Amazónia no Equador Freeport Caso será julgado no Barreiro Pág. 8 Reportagem de Clara Barata e Enric Vives-Rubio Opinião Sobe e desce Militares Pepe porque, apesar de tudo, no meio do seu peculiar nevoeiro, põe um problema real. Já sabemos que os brandos costumes do indígena excluem à partida qualquer espécie de violência. Nós, como por aí se diz com grande orgulho, não somos gregos. Somos filhos daqueles que o dr. Salazar metia na ordem com um “safanão a tempo”. A crise não afectará esta mansidão, mesmo se de quando em quando sair alguma gentinha à rua, muito pacífica, com meia dúzia de cartazes. Vasco Pulido Valente O s militares resolveram fazer hoje uma manifestação no Rossio, à paisana como a lei determina e por simples razões corporativas. É público e notório onde costumam levar as “razões corporativas” dos militares. Talvez para preparar o acontecimento, Otelo Saraiva resolveu iluminar o país com a sua famosa inteligência. Numa entrevista à Lusa, esclareceu que uma “classe” política de “direita” está a retomar “tudo aquilo que eram as suas prerrogativas” durante a Ditadura e a “passar uma certidão de óbito ao 25 de Abril”. Perante este horror, Otelo pensa naturalmente numa nova revolução, que ele não tem dúvida que seria muito mais fácil do que há 37 anos. Calculando por grosso, parece que lhe bastam 800 homens para o exercício e, presumivelmente, para ocupar o Estado e o país. Otelo é Otelo: não está habituado a pensar e não vale a indignação que por aí se gastou com ele. A ideia de liquidar o regime com Rali Loeb campeão do mundo pela 8.ª vez consecutiva Pág. 34 Reinserção social Direcção-geral diz que salários de Novembro estão em risco Pág. 6 O Os militares fazem hoje uma manifestação no Rossio por simples razões corporativas. É público e notório onde costumam levar as razões corporativas dos militares 800 homens, cercados por 10 milhões de portugueses, não cabe em nenhuma cabeça senão na dele. Mas Vasco Lourenço não se pode ignorar com tanta ligeireza, pior é que nada nos garante que o nosso bom povinho de Portugal continue eternamente cabisbaixo e manso ou que, na altura em que perder a paciência (uma hipótese a considerar), as forças de segurança (a PSP e a GNR) cheguem para o devolver à sua habitual mansidão. Ainda por cima porque a PSP e GNR também não andam muito felizes com o Governo e já no passado fizeram greves, que se estenderam a uma boa parte do território. Ora se por acaso um dia destes (em 2012? Em 2013?) os portugueses se irritarem a sério com a polícia ou a Guarda, ou a polícia e a Guarda decidirem que não lhes pagam o suficiente para bater no próximo, resta em princípio um único recurso: o exército. Enquanto Otelo sonha com disparates, Vasco Lourenço pensa obviamente nesse miraculoso momento. Sébastien Loeb Pepe foi um dos que mais se distinguiu ontem frente à Bósnia, num jogo que Portugal dominou e que poderia ter resolvido na primeira parte. Apesar de um ou outro susto após o intervalo, Portugal mantém a sua condição de favorito e tem tudo para resolver em Lisboa o apuramento para o Euro 2012. (Pág. 32) O abandono do finlandês Mikko Hirvonen no rali da Grã-Bretanha, ontem, permite ao piloto francês comemorar por antecipação mais um título de campeão do mundo. Pela 8.ª vez consecutiva, Loeb sagra-se campeão, o que é recorde absoluto no desporto automóvel – só Valentino Rossi fez melhor que ele, mas em duas rodas. (Pág. 34) Marinho e Pinto Tiger Woods Após os escândalos na sua vida privada que afectaram o seu rendimento desportivo, ao ponto de perder o 1.º lugar do ranking que dominava há anos, o golfista americano está a mostrar, no Open da Austrália, um Tiger Woods diferente – lidera uma prova, o que não sucedia desde 2010. (Pág. 35) O bastonário dos advogados tem uma virtude num país deprimido: com ele, é festa todos os dias. Fala de tudo e em todos os palcos. No congresso dos advogados, ouviu críticas da ministra e reagiu. Criticou os magistrados e reagiram estes, abandonando a sala. Uma festa. (Pág. 10) PUBLICIDADE o yacht-master ii