Edição 08 Revista Mundo Tecnológico Janeiro a Junho de 2015
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Edição 08 Revista Mundo Tecnológico Janeiro a Junho de 2015
ISSN 2238-2011 2 MUNDO TECNOLÓGICO Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – MULTIVIX v.7 n.8 janeiro/junho – 2015 - Semestral Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Diretor Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Luciano Delabela Coordenadora Financeiro Célia Maria Pertel Coordenadora Acadêmica Elen Karla Trés Coordenadora de Graduação Krisley Ferrareze Conceição Coordenadores de Curso: Administração Análise Desenvolvimento de Sistemas Arquitetura Engenharia de Produção Mecânica Engenharia Civil Engenharia Química Pedagogia Letras Serviço Social Presidente da Comissão Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Comissão Editorial Elen Karla Trés Eliene Maria Gava Ferrão Fernanda Ribeiro Souza Iosana Aparecida Recla de Jesus Josete Pertel Krisley Ferrareze Conceição Tereza Barbosa Rocha Revisão do Abstracts Kelly Cristina Gross Rios Tercetti Endereço para correspondência Rod. Othovarino Duarte, s/nº, Bairro Park Washington, São Mateus-ES, CEP.: 29930-000 e-mail: [email protected] Capa Ary José Fernandes Junior 3 M965 Mundo Tecnológico/ Faculdade Norte Capixaba de São 2015 – São Mateus: MULTIVIX, 2015. Mateus – v.7, n.8, Semestral ISSN 2238-2011 1. Pesquisa acadêmica – periódicos. 2. Gestão. 3. Exatas. I. Faculdade Norte Capixaba de São Mateus CDD 001.891 CDU: 001.891(05) 4 EDITORIAL A revista científica Mundo Tecnológico é uma iniciativa da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus que possibilita a divulgação de artigos e resumos de contribuições relevantes para a comunidade científica das diversas áreas de estudo que abrange a Instituição. Portanto, tratase de um veículo de publicação acadêmica semestral, cujo público-alvo são professores e alunos de graduação e pós-graduação. Diante disso, a Instituição almeja que a revista científica Mundo Tecnológico contribua para o fomento contínuo da prática da investigação, e promova o crescimento educacional. 5 MUNDO TECNOLÓGICO SUMÁRIO ARTIGOS A política nacional de resíduos sólidos....................................................................................6 Maria Rosa Selvati Martins Unidade de bombeio de contra peso dinâmico.....................................................................13 Bruno Matos Fonseca Eduarda Alves Montardi Fellipe Alves Zordan A necessidade da introdução do cálculo diferencial e integral no ensino médio...............28 Thiago Boldrini Análise de viabilidade para implantação de escritório para consultoria e projetos nas áreas de conhecimento civil, elétrica, ambiental, tecnologia da informação, administração de empresas e projetos para crédito financeiro em São Mateus/ES.........35 Júlio César Costa Franco Marcilene Anízio de Lima Liderança e sua influência no meio organizacional: um estudo de caso na empresa Suzano Papel e Celulose S/A..................................................................................................43 Fillipe Oliveira Chácara Sabrina Barbosa ISSN 2238-2 6 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Maria Rosa Selvati Martins1 RESUMO Este trabalho tem como objetivo relatar os aspectos políticos e legais para a formação e utilização da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Trata-se de um assunto de grande relevância, dada a importância do tratamento e destinação final correta dos resíduos sólidos urbanos e rurais no Brasil. Para tanto, primou-se pela pesquisa bibliográfica, por meio de obras e artigos de vários segmentos científicos, de maneira a possibilitar sustentação à temática ora apresentada. Sendo assim, conclui-se que o lineamento através da legislação específica orienta as ações governamentais, empresariais e sociais no intuido de se mitigar os possíveis impactos ambientais negativos decorrentes dessas atividades, caso a destinação de tais não seja efetuada de maneira correta. Palavras-chaves: Resíduos sólidos. Meio ambiente. Política Nacional. ABSTRACT This study aims to report the political and legal aspects of the development and use of the National Solid Waste Policy. This is a very relevant issue, given the importance of proper treatment and disposal of urban and rural solid waste in Brazil. In order to support the presented issue, this study excels on its bibliographical research through books and articles from various scientific sectors. This study leads to the conclusion that specific legislation guides government, business and social activities with the purpose of mitigating the possible negative environmental impacts of waste disposal, in case it is not made correctly. Keywords: Solid waste. Environment. National Policy. 1 INTRODUÇÃO Segundo Silva (2006), a acelerada urbanização e crescimento das cidades promoveram mudanças fisionômicas no planeta, mais do que qualquer outra atividade humana. No mote, a geração e destinação final dos resíduos sólidos, bem como os impactos ambientais por eles gerados, tornamse problemáticas contemporâneas a serem consideradas. Na esfera federal, dentre inúmeras iniciativas para a organização de procedimentos visando à proteção ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável2, há uma relação direta com a adequada gestão de resíduos sólidos, destacando-se: a instituição da Política Nacional de 1 Engenheira Ambiental, mestre em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Regional. Professora do Departamento de Administração da Faculdade Norte Capixaba de São Mateus - Multivix 2 Tem-se como desenvolvimento sustentável, no presente estudo, o conceito proposto pela Comissão Mundial sobre o Desenvolvimento, em seu relatório “Nosso futuro Comum”, no ano de 1987: “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades”. (JARDIM, YOSHIDA, MACHADO FILHO, 2012) 7 Saneamento, em 1967 (Lei Federal nº 5318), a Política Nacional do Meio Ambiente, em 1981 (Lei Federal nº 6938), a Política Nacional de Recursos Hídricos em 1997 (Lei Federal n° 9.433); a Lei de Crimes Ambientais, em 1998 (Lei Federal nº 9.605); O Novo Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012,oriunda do Projeto de Lei nº 1.876/99) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (Lei n º 12.305 de 05 de agosto de 2012). Em linhas gerais, de acordo com a PNRS, o gerenciamento dos resíduos sólidos, constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados a adequada coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado, visando à preservação da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Jardim, Yoshida e Machado Filho (2012) entendem que nessa configuração a PNRS, institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos: dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos e embalagens pós-consumo e cria metas importantes que irão contribuir para a eliminação dos lixões, instituindo instrumentos de planejamento nos níveis nacional, estadual, microregional, intermunicipal e municipal. A revisão bibliográfica foi empregada neste estudo, com a finalidade de apresentar a importância e os principais aspectos normativos, relacionados à PNRS, assim como as implicações da mesma para os governos, empresas e sociedade brasileira. Não há de negar a existência e importância de inúmeros estudos importantes e pontuais sobre a PNRS. No entanto, buscou-se relatar os principais aspectos políticos e legais para a formação e utilização da Política Nacional de Resíduos Sólidos, obviamente não a ponto de se esgotar tal ação. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA Silva (2006) ressalta que a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, Lei n°6.938 de 1981, em seu artigo 2°, determina que o seu objetivo seja o de preservar, melhorar e recuperar o meio ambiente frente aos impactos negativos, bem como a proteção da dignidade da vida humana, o desenvolvimento socioeconômico, assim como os interesses da segurança nacional. A materialização dessa política fundamenta-se na utilização de vários instrumentos de políticas públicas, como por exemplo, o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, a avaliação de impactos ambientais e as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias a preservar ou mitigar a degradação no meio ambiente. Nas últimas décadas tem ocorrido uma mudança muito grande no ambiente em que a as empresas operam: as empresas que eram vistas apenas como instituições econômicas com responsabilidades referentes a resolver problemas econômicos fundamentais (o que produzir, como produzir e para quem produzir) têm presenciado o surgimento de novos papéis que devem ser desempenhados, como resultado das alterações do ambiente em que operam (DONAIRE, 2009, p. 13) 8 As empresas privadas ou públicas que decidem realizar suas atividades de maneira ambientalmente sustentável, ou legalmente correta, possuem na legislação ambiental o arcabouço necessário para a instalação, operação e finalização de tais. O licenciamento ambiental é um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente que tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Conforme Jardim, Yoshida, Machado Filho (2012), conceitualmente o licenciamento ambiental é o procedimento administrativo realizado pelo órgão ambiental competente, que pode ser federal, estadual ou municipal, para licenciar a instalação, ampliação, modificação e operação de atividades e empreendimentos que utilizam recursos naturais, ou que sejam potencialmente poluidores ou que possam causar degradação ambiental. No licenciamento ambiental são avaliados impactos causados pelo empreendimento, tais como: seu potencial ou sua capacidade de gerar líquidos poluentes (despejos e efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial de risco, como por exemplo, explosões e incêndios. Para tal, o licenciamento ambiental é dividido por etapas: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação e Licença de Operação (LO). A LP deve ser solicitada na fase de planejamento da implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Essa licença aprova a viabilidade ambiental do empreendimento, não autorizando o início das obras. Já a LI aprova os projetos. É a licença que autoriza o início da obra/empreendimento. É concedida depois de atendidas as condições da Licença Prévia. A etapa final do licenciamento ambiental é compreendida pela LO, que autoriza o início do funcionamento do empreendimento/obra. Esta última licença é concedida depois de atendidas as condições da Licença de Instalação. (JARDIM, YOSHIDA, MACHADO FILHO, 2012). A resolução 001/86 do CONAMA institui a obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental (EIA) e relatório de impacto ambiental (RIMA) para o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente (listadas na lei), em sua área de influência, ou área onde ocorrerão os impactos positivos e negativos dos empreendimentos. Silva (2006) refere-se ao EIA/RIMA como importante meio de aplicação de uma política preventiva, sendo, portanto, um documento de subsídio ao processo de licenciamento ambiental. O EIA em síntese representa um conjunto de estudos realizados por especialistas de diversas áreas, com dados técnicos detalhados. O acesso a ele é restrito, em respeito ao sigilo industrial. E o RIMA representa a síntese dos estudos em formato menos técnico, mais simples, compreensível e de acesso público. O mesmo autor recomenda ainda que o RIMA deva conter no mínimo os objetivos, descrição e justificativas do projeto, resultado dos estudos de diagnóstico ambiental, qualidade ambiental futura, efeito das medidas mitigadoras, o programa de acompanhamento. Quando a abrangência dos impactos é de um ou mais estados, o órgão responsável pelo licenciamento é o IBAMA; dois ou mais municípios o, órgão estadual de meio ambiente e quando é local é o órgão municipal de meio ambiente (caso o município tenha a competência), 9 2.2 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS Em dois de agosto do ano de 2010, foi sancionada a PNRS após duas décadas de debate no Congresso Brasileiro. A Lei 12.305 fornece os princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão de resíduos sólidos integrada no Brasil, compreendendo os resíduos perigosos, as responsabilidades dos geradores e do poder público e os instrumentos econômicos aplicáveis. Nos anos 70 as políticas de controle de resíduos sólidos buscavam estabelecer normas referentes à forma mais adequada de coleta e, principalmente, de disposição do material descartado. Nos anos 80 enfatizaram-se as formas de pré-tratamento e a destruição desse material. Atualmente a tendência nos países industrializados é o estabelecimento de critérios e incentivos que permitam a implantação de programas de prevenção e redução de resíduos na fonte geradora, assim como programas de recuperação dos recursos dos resíduos (BROLLO; SILVA, 2001. p.2). A PNRS caracteriza os resíduos sólidos pelos estados sólido e semissólido de sua composição física, resultantes de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição (JARDIM, YOSHIDA, MACHADO FILHO, 2012). Estes resíduos são classificados de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da Norma Brasileira (NBR) 10004:2004, em: resíduos classe I - Perigosos; resíduos classe II – Não perigosos; resíduos classe II A – Não inertes; resíduos classe II B – Inertes. Os resíduos classe I são aqueles que apresentam periculosidade, em função de suas propriedades químicas ou infectocontagiosas. Os resíduos classe II B (inertes) são quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor. Já os resíduos classe II A (não inertes) são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I - Perigosos ou de resíduos classe II B - Inertes. Podem ter propriedades, tais como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água. (ABNT, 2004) A nova estrutura legal brasileira está em alinhamento com as práticas globais no estado da arte da gestão de resíduos sólidos, com objetivo, entre outros, de: proteção da saúde pública, busca de uma gestão integrada e ambientalmente eficiente dos resíduos, a manutenção da qualidade ambiental, a adoção, desenvolvimento e melhoria das tecnologias limpas, no intuito da minimização dos impactos ambientais e redução do volume de resíduos perigosos. A não geração e a minimização de resíduos são identificadas como prioridades por este arcabouço legal, ao mesmo tempo em que se desestimula a disposição de resíduos, a menos que as alternativas de não disposição tenham sido esgotadas. (ISWA; ABRELPE, 2013). O princípio de responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos está relacionado com as empresas através da logística reversa. Iswa; Abrelpe (2013) reforçam ainda, tratando a logística reversa como um balizador da política de resíduos sólidos brasileira; De acordo com a qual quando um produto chega ao final de sua vida útil, ele é retornado ao fabricante ou ao importador para reciclagem ou para outro tratamento adequado. Uma ferramenta pública para se firmar esta meta é a obrigação pelas autoridades da exigência de que os produtos sejam fabricados com materiais que possam ser reutilizados ou reciclados, e que sejam usadas e fabricadas para reduzir ao máximo a quantia possível de resíduos sólidos. Entre os instrumentos criados pela PNRS, destacam-se os planos de resíduos sólidos, a coleta seletiva, os sistemas de logística reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da 10 responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação de catadores de materiais recicláveis, o monitoramento e a fiscalização ambiental, a educação ambiental e os incentivos fiscais, financeiros e creditícios. (BRASIL 2010, art. 6º) O gerenciamento de resíduos sólidos, sob a ótica de Jardim, Yoshida, Machado Filho (2012). constitui um conjunto de procedimentos de gestão, planejados e implementados com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos gerados, a adequada coleta, armazenamento, tratamento, transporte e destino final adequado, visando à preservação da saúde pública e a qualidade do meio ambiente. 2.3 MUDANÇAS E INOVAÇÕES TRAZIDAS PELA PNRS A PNRS proibiu expressamente os lixões a céu aberto, ainda que controlados. É de responsabilidade da administração pública municipal a construção dos aterros sanitários; No entanto, o prazo descrito Lei 12.305 (prazo máximo de quatro anos) se encerrou no ano de 2014 e foi estendido para 2018 pela Câmara dos Deputados, através de Medida Provisória. De acordo a PNRS as multas previstas para os gestores que não desativarem os lixões variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões, dependendo da gravidade da falta, além de um a quatro anos de prisão para os administradores municipais. Nestes novos aterros sanitários ou industriais, apenas poderão ser depositados resíduos que não demonstrem nenhuma possibilidade de ser reciclados ou reaproveitados. Em trabalho produzido pela Associação Goiana dos Produtores de Algodão (AGOPA), acerca da PNRS, aponta-se outra inovação trazida pela lei: Fabricantes, distribuidores e comerciantes, organizados em acordos setoriais, ficam obrigados a recolher e destinar para a reciclagem as embalagens de plástico, papel, papelão, de vidro e as metálicas usadas. As embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes e suas embalagens, todos os tipos de lâmpadas e de equipamentos eletroeletrônicos descartados pelos consumidores, fazem parte da "logística reversa", que deverá também retornar estes resíduos à sua cadeia de origem para reciclagem (AGOPA, 2011, p. 01). As cooperativas de catadores também foram recomendadas pela PNRS, pois, estas terão prioridade em relação à coleta seletiva, nesses casos, sendo dispensada a abertura para licitação. Quanto à aplicabilidade desta lei, segundo o Art. 1°, § 1° da PNRS, tanto as empresas, as administrações públicas sejam elas federais, estaduais ou municipais, e ainda os cidadãos são vinculados a cumpri-la. O Art. 23 da PNRS juntamente com seus incisos I ao IV traz a logística reversa, apontando os resíduos as quais recaem. A responsabilidade sobre os serviços de coleta dos resíduos sólidos domiciliares e originários da limpeza urbana é da administração municipal. Os resíduos gerados pelas atividades industriais, comerciais e de serviços privados, são de responsabilidade do próprio gerador. Caso os resíduos não estejam sendo acondicionados, depositados ou armazenados de maneira correta, seguindo como parâmetro a lei, a prefeitura deve fazê-lo, tendo o direito de cobrar de quem deveria ter feito corretamente esta coleta, sendo ressarcida por todos os custos que tiver sofrido. Dessa forma, caso for constatado uma total omissão das pessoas físicas ou jurídicas relacionada ao descumprimento da PNRS, os responsáveis pela omissão podem incorrer nas sanções previstas 11 na Lei n° 9.505/1998, podendo sofrer sanções penais e administrativas. O estudo feito pela AGOPA aponta os benefícios ao longo prazo trazido por esta lei: A readequação das atividades industriais de destinação final de resíduos sólidos; o crescimento das atividades industriais de reciclagem; e a inclusão socioeconômica dos catadores de resíduos, organizados em cooperativas; capacidade de articulação entre indústrias, distribuidores, comércio operadores logísticos, associação de catadores e prefeituras; existência de indústrias de reciclagem, a jusante da cadeia, com capacidade instalada para absorver o grande volume de entrada de matéria-prima, proveniente dos fluxos reversos estabelecidos; disponibilidade de tecnologias nacionais, adequadas para processamento de recicláveis, principalmente os constantes da obrigatoriedade de logística reversa; viabilidade dos mercados demandantes de itens recicláveis (AGOPA, 2011, p. 05). Portanto, por conta dessa divisão de responsabilidades, e de todas essas medidas instituídas pela PNRS, pode-se dizer que esta lei trouxe uma inovação no que concerne a esse tema, e que em longo prazo, se realmente for cumprida, trará benefícios não só ecológicos, mas também econômicos. 2.4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Através da pesquisa bibliográfica e dos dados coletados por meio de livros, normas e publicações observou-se que o lineamento através da legislação específica orienta as ações empresariais no intuito da direção de novos instrumentos financeiros para a reciclagem, incentiva o aumento da reciclagem de produtos pós-consumo, uma vez que a reciclagem impulsionará alguns negócios e gerará outros novos, impactando diretamente a geração de renda. A nova estrutura legal brasileira está em alinhamento com as práticas globais no estado da arte da gestão de resíduos sólidos, com objetivo, entre outros, de: proteção da saúde pública, busca de uma gestão integrada e ambientalmente eficiente dos resíduos, a manutenção da qualidade ambiental, a adoção, desenvolvimento e melhoria das tecnologias limpas, no intuito da minimização dos impactos ambientais e redução do volume de resíduos perigosos. A não geração e a minimização de resíduos são identificadas como prioridades por este arcabouço legal, ao mesmo tempo em que se desestimula a disposição de resíduos, a menos que as alternativas de não disposição tenham sido esgotadas. (ISWA; ABRELPE, 2013). Participar do cumprimento das diretrizes da lei nº 12.305/10 além de impedir o pagamento de multas e sansões, possibilita o aumento da eficácia do gerenciamento dos resíduos, implicando em ganhos na própria gestão, no marketing, na proteção ambiental, além da sociedade e dos clientes das empresas. 3 CONCLUSÃO A PNRS, embasada na responsabilidade compartilhada, acordos setoriais e logística reversa, é uma oportunidade de que os três pilares do desenvolvimento sustentável sejam congregados: o econômico, através da geração de renda; o ambiental, no que se diz respeito aos aterros; e o social, através da inclusão dos catadores. Nesse sentido, cumprir os objetivos PNRS poderá, por sua vez, estabelecer novos rumos para a gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos nos estados e no país como um todo, visto como a 12 nova lei congregou ferramentas de mitigação da geração de resíduos, tais como a produção mais limpa, a definição de responsabilidades e a reversão de categorias de resíduos. A Lei n º 12.305 de 05 de agosto de 2012 coloca o Brasil em patamar de igualdade aos principais países desenvolvidos no que diz respeito ao marco legal e inova com a inclusão de catadores de materiais recicláveis e reutilizáveis, tanto na logística reversa quando na coleta seletiva. Sendo assim, a principal inovação desta Lei, sob o ponto de vista do presente trabalho, dá-se pela proibição dos lixões a céu aberto, que serão substituídos por aterros sanitários devidamente controlados, a fim de evitar danos ao meio ambiente e à sociedade, além da transferência de responsabilidade para a administração pública municipal no tocante a criação do “Plano de Gestão Integrada de Resíduos”. Outro ponto não menos importante da PNRS é a ampliação do mercado, através do surgimento de fornecedores de resíduos sólidos e potenciais compradores dos mesmos. 4 REFERÊNCIAS 1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Classificação de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 2004. 2.AGOPA. Política Nacional de Resíduos - Lei 12.305/2010. Disponível em <http://www.agopa.com.br/NetManager/documentos/politica_nacional_de_residuos.pdf>. Acesso em: 29/08/2014. 3. BRASIL. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20072010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 15/03/2015. 4. BROLLO, M. J.; SILVA, M. M. Política e gestão ambiental em resíduos sólidos. Revisão e análise sobre a atual situação do Brasil. In: Anais do 21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. ABES, 2001. 27 p. CD ROM. 5. DONAIRE, D. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2009. 110 p. 6. ISWA, (International Solid Waste Association - Associação Internacional de Resíduos Sólidos); ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais); Governo do Estado de São Paulo. Resíduos Sólidos: Manual de Boas Práticas no Planejamento. 2013. Disponível em: www.ambiente.sp.gov.br/cpla/files/2013/03/ManualBoas-Praticas.pdf. Acesso em: 15/08/2013. 7. JARDIM, A. YOSHIDA, C. MACHADO FILHO, J. V. Política nacional, gestão e gerenciamento de resíduos sólidos. Barueri: Editora Manole Ltda., 2012. p. 3 a 78. 8. SILVA, V. G. Legislação Ambiental Comentada. 3ª ed., Belo Horizonte: Editora Fórum Ltda., 2006. 560p. 13 UNIDADE DE BOMBEIO DE CONTRA PESO DINÂMICO Bruno Matos Fonseca3 Eduarda Alves Montardi4 Fellipe Alves Zordan5 RESUMO O desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo analisar a Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, identificar a viabilidade de implantação e comparar com a Unidade de Bombeio Convencional. Apresentou-se o método de elevação artificial através do Bombeio Mecânico e mensurou-se a viabilidade e vantagem entre as Unidades de Bombeio. Utilizou-se para tanto, o emprego de uma pesquisa exploratória, descritiva, bibliográfica e documental de modo a facilitar o entendimento da inovação. Na obtenção dos dados sobre Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, utilizaram-se fontes primárias devido ser uma inovação no mercado e, utilizaram-se fontes secundárias de pesquisa para realização de análise e comparação dos resultados obtidos. Por meio da interpretação dos dados alcançados, pode-se concluir as vantagens na utilização da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Palavras-chaves: Extração. Elevação. Produção. Petróleo. ABSTRACT The goal of this study is to analyze the Dynamic Counterweight Pumping Unit, identify the viability of its implementation and compare it to a Conventional Pumping Unit. The study presents the method of artificial elevation through mechanical pumping, as well as a study of the viability and advantages of both pumping units. For that, it utilizes exploratory, descriptive, bibliographic and documentary research to facilitate the understanding of the innovation. In order to obtain data on the Dynamic Counterweight Pumping Unit, primary sources were used, due to fact that it is an innovation in the market, along with secondary sources to perform analysis and result comparison. Through the interpretation of the data obtained, advantages to using the Dynamic Counterweight Pumping Unit, as compared to a Conventional Pumping Unit, can be identified. Keywords: Extraction. Elevation. Production. Oil. 3 Graduado em Engenharia Mecânica pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – MULTIVIX. Graduado em Engenharia Mecânica pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – MULTIVIX. 5 Graduado em Engenharia Mecânica pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus – MULTIVIX. 4 14 1 INTRODUÇÃO O início da era do petróleo no mundo ocorreu em 1859, nos Estados Unidos, com a descoberta de um poço com 21 metros de profundidade e perfurado com sistema de percussão movido a vapor. No decorrer do tempo, os poços se multiplicaram e houve rápido progresso e aprimoramento na produção, adicionando lucros significativos à atividade. A exploração do petróleo no Brasil começou pela perfuração de um poço com profundidade de 500 metros, no ano de 1897 no município de Bofete – São Paulo. A partir desta data, poços foram perfurados em diversas regiões do país até que no ano de 1953 foi instituído o monopólio estatal do petróleo com a criação da Petrobras, sendo o marco para o desenvolvimento de pesquisas do petróleo brasileiro. A primeira etapa da exploração é a prospecção, que consiste no estudo sobre o solo e subsolo para possível descoberta de existência do petróleo. Após descoberta, é feita a perfuração através de uma sonda e, se for confirmada a viabilidade de produção do poço, dá início à extração. Para isso, são utilizados métodos de elevação para que o fluido chegue até a superfície. Desta forma, este artigo tem como propósito principal a realização de uma pesquisa descritiva e exploratória sobre método de elevação através do Bombeamento Mecânico, bem como a inovação tecnológica da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. O intuito do desenvolvimento da unidade da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico é a necessidade de reduzir os custos da fabricação de uma Unidade de Bombeio, a facilidade de operação e manutenção da mesma. A indústria petrolífera está em constante descoberta de jazidas de petróleo no Brasil e no mundo. É necessária a elevação do fluido para que ocorra a comercialização. O método de elevação está diretamente relacionado com a pressão existente no reservatório. O primeiro método de elevação artificial desenvolvido foi o Bombeio Mecânico, sendo atualmente o mais conhecido e utilizado em todo o mundo. Os principais componentes do bombeio mecânico são: bomba de subsuperfície, coluna de hastes, unidade de bombeio e motor. A Unidade de Bombeio é o equipamento que converte o movimento de rotação do motor em movimento alternativo das hastes. Este equipamento foi inventado em 1925, em Lufkin – Texas, e desde então passa por aprimoramentos. Em agosto de 2013, surgiu no mercado uma nova concepção em Unidade de bombeio: Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Este artigo proporcionará maior entendimento sobre a inovação da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, bem como suas vantagens em relação à Unidade de Bombeio Convencional. Os métodos de elevação artificiais mais comuns no ramo do petróleo, na exploração Onshore são: Gás Lift, Bombeio Centrifugo Submerso (BCS), Bombeio Mecânico (BM) e Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP). 15 Devido à sucedida ideia da AID-SMS Óleo e Gás do Brasil, através da adaptação da Unidade de Bombeio Convencional, será ressaltado o entendimento sobre o funcionamento da mesma e da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico através de conceitos teóricos que servirão como base para possível comparação e viabilidade de ambas. Este estudo delimitou-se à análise da Unidade de Bombeio Contrapeso Dinâmico, com foco no estudo dos principais componentes, funcionamento e vantagens relação à Unidade de Bombeio Convencional. Teve-se por objetivo geral analisar a Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, identificar a viabilidade de implantação e comparar com a Unidade de Bombeio Convencional, de modo a facilitar o entendimento da inovação. Dentre os objetivos específicos priorizou-se: Apresentar o método de elevação artificial através de bombeio mecânico, analisar a Unidade de Bombeio Convencional. Apresentar a concepção única da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Mensurar a viabilidade, vantagens e comparações em relação à Unidade de Bombeio Convencional. 2 METODOLOGIA Este artigo utilizou a pesquisa exploratória e descritiva, de modo a proporcionar maior exploração e embasamento de pesquisa da Unidade de Bombeio Convencional e de Contrapeso Dinâmico. Segundo Selltiz et al., (apud GIL, 2002, p. 42) “As pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. É utilizada a pesquisa exploratória neste artigo, devido a necessidade de entender o que é uma unidade de bombeio e sua devida importância para a exploração de petróleo onshore, ocasionando mais facilidade de absorção do conteúdo. Conforme Gil (2002, p. 42) “as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. Por meio da pesquisa descritiva, as principais características de uma unidade de bombeio serão explicadas, especificamente seus componentes, funcionamento da mesma e vantagens da utilização da invenção UBCD. As técnicas de pesquisa para a descrição deste artigo consistem na pesquisa bibliográfica e documental. Sendo assim, por meio da pesquisa bibliográfica é possível analisar e recolher principais ideias sobre a Unidade de Bombeio Convencional através de livros e materiais disponibilizados em artigos, livros e web. Segundo Gil (2002, p.41): 16 A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora quase em todos os estudos seja exigido um tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Os dados sobre a Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico são obtidos através de materiais que não receberam tratamento analítico e por meio da empresa,AID-SMS Óleo e Gás do Brasil, tendo em vista nenhuma publicação no meio acadêmico como fonte de pesquisa. De acordo com Gil (2002, p. 45) a pesquisa documental “vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”. Os dados sobre a Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico serão fornecidos por meio de fontes primárias que, segundo Andrade (2001, p. 43) fontes primárias são constituídas por obras ou textos originais, materiais ainda não trabalhados, sobre determinado assunto. A patente da UBCD está registrada sob o número BR10 2013 014012 0. Serão utilizadas fontes secundárias de pesquisa, através do uso de livros e artigos. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 MÉTODOS DE ELEVAÇÃO ARTIFICIAIS A capacidade para que o petróleo alcance a superfície está associada à pressão existente no reservatório. Se a pressão do reservatório for suficientemente elevada, os fluidos existentes chegam livremente à superfície, classificados como poços surgentes ou de elevação natural. Quando a pressão no reservatório não for suficiente, ou seja, relativamente baixa, os fluidos não alcançam a superfície, sendo necessário o uso de métodos de elevação artificial para que haja produção. Sendo assim, são utilizados equipamentos para aumentar o diferencial de pressão no reservatório, com consequente aumento de vazão. Segundo Thomas (2001, p. 209): Os métodos de elevação artificial mais comuns na indústria do petróleo são: GásLift Contínuo ou Intermitente (GLC e GLI); Bombeio Centrífugo Submerso (BCS); Bombeio Mecânico com Hastes (BM); Bombeio por Cavidades Progressivas (BCP). 3.2 BOMBEIO MECÂNICO O primeiro método de elevação artificial desenvolvido na indústria petrolífera foi o Bombeio Mecânico, sendo atualmente o mais conhecido e utilizado em todo o mundo. É um método de elevação artificial instalado na superfície do poço. De acordo com Thomas (2001, p.241): Neste método de elevação artificial o movimento rotativo de um motor elétrico ou de combustão interna é transformado em movimento alternativo por uma unidade de 17 bombeio localizada próxima a cabeça do poço. Uma coluna de hastes transmite o movimento alternativo para o fundo do poço, acionando uma bomba que eleva os fluidos produzidos pelo reservatório para a superfície. A Figura 01 representa o esquema do sistema de bombeio mecânico e a estrutura do poço de petróleo. O bombeio mecânico é composto principalmente por: bomba de subsuperfície, coluna de hastes, unidade de bombeio e motor. Figura 01: Esquema de bombeio mecânico de percussão, tipo “cavalo de pau”. Fonte: CARDOSO. 2006, p. 54. 3.2.1 UNIDADE DE BOMBEIO CONVENCIONAL A Unidade de Bombeio converte o movimento de rotação do motor em movimento alternativo das hastes. Para escolher qual tipo de unidade de bombeio que será utilizado, deve ser levadas em consideração três principais solicitações, são elas: o máximo torque, a máxima carga e o máximo curso de haste polida. Na Figura 02 esta representada a Unidade de Bombeio Convencional com seus respectivos componentes. 18 Figura 02: Unidade de Bombeio Convencional. Fonte: Desenho do AutoCad, Autor: Eduarda A. Montardi. 3.2.1.1 PRINCIPAIS COMPONENTES DA UNIDADE DE BOMBEIO Conforme representado na figura 6, a unidade de bombeio é composta por: 1. Base: permite o alinhamento dos componentes da unidade (tripé, caixa de redução e motor), formada por perfis de aço ou moldadas por concreto; 2. Tripé: deve suportar grandes cargas na haste polida, formado por três ou quatro perfis de aço; 3. Viga transversal ou balacinho: viga de aço apoiada por um mancal, suporta carga da haste polida e força transmitida pela biela; 4. Cabeça da UB (horsehead): localizada em uma das extremidades da viga principal. Sua geometria permite curvatura para que a haste polida se mova verticalmente no poço; 5. Biela e manivela: responsáveis por transmitir o movimento à viga transversal. O curso da haste polida é definido pela distancia do eixo da manivela ao mancal da biela. 6. Contrapesos: Os contrapesos são colocados na manivela ou na viga transversal. Sua principal função é diminuir os esforços do motor no curso ascendente, causando melhor distribuição das cargas e maior tempo de utilização do motor. Segundo Thomas (2001, p.247): Para elevar os fluidos, o motor somente é solicitado a fornecer energia no curso ascendente. No curso descendente a força da gravidade é o responsável pelo movimento das hastes. Ou seja, para elevar os fluidos o motor é exigido de forma cíclica, provocando uma redução de sua vida útil. Para minimizar o problema utilizam-se contrapesos colocados na manivela ou na viga da unidade. No curso ascendente os contrapesos estão descendo, diminuindo a potência requerida do motor. No curso descendente o motor deve fornecer energia para elevar os contrapesos. Desta forma, haverá uma distribuição mais uniforme das 19 cargas durante o ciclo de bombeio, e o motor será exigido de forma mais contínua, prolongando sua vida útil. 7. Caixa de Redução: Tem por finalidade transformar a energia de alta velocidade e baixo torque do motor em energia de alto torque e baixa velocidade. A relação entre a redução de velocidade entre o motor e a coluna de hastes é de aproximadamente 600 rpm (rotações por minuto) do motor para 20 cpm (Ciclos por minuto) da coluna de hastes. 3.3 UNIDADE DE BOMBEIO DE CONTRAPESO DINÂMICO 3.3.1 HISTÓRICO A Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico (UBCD) foi patenteada em agosto de 2013. O inventor, Omar Gurgel e a AID-SMS Óleo e Gás do Brasil, relatam que a ideia surgiu no momento em que estava balançando na rede de descanso e, ao dar impulso para movimentarse, observou que poderia usar a gravidade em balanço, tornando-se possível a utilização na Unidade de Bombeio. O intuito para tal utilização é de minimizar o consumo de energia na unidade, possibilitando o uso de energia elétrica ou energia de fontes renováveis (por meio de painel solar e energia eólica). 3.3.2 EQUIPAMENTO 3.3.2.1 Descrição do Equipamento A Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico (UBCD) desempenha movimento através da conservação da força por meio de um pêndulo, suspenso por um cilindro hidráulico e auxiliado pela força da gravidade. O movimento da UBCD é devido a interação das forças de empuxo do poço pela forma gravitacional. A figura 03 representa um desenho esquemático da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, em sua posição inicial na realização do movimento. 20 Figura 03: Representação da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Fonte: Acervo Empresa AID-SMS Óleo e Gás do Brasil. A UBCD é composta principalmente por: tripé, viga principal, viga secundária, cabeça da unidade, contrapeso e cilindro. Abaixo, na Figura 04 é possível identificar todos os componentes de uma Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Figura 04: Componentes da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Fonte: Desenho do Solid Works, Autor: Eduarda A. Montardi. 21 3.3.2.2 ESTUDO DO MOVIMENTO A UBCD utiliza um contrapeso dinâmico cujo deslocamento/angulação obriga a movimentação síncrona com a cabeça da unidade de bombeio, tendo como elemento associado à força da gravidade e uma bomba hidráulica rotativa. O contrapeso dinâmico possui um mancal e é interligado à viga principal por um cilindro superior, viga esta conectada a um cilindro hidráulico de duplo efeito e mancalizado no tripé; auxiliado por uma bomba hidráulica e um motor elétrico de baixa potência. O módulo de comando hidráulico em conjunto com sensores de presença localizados na coluna, no contrapeso e uma célula de carga posicionada na mesa do cabresto, direciona o fluxo de óleo para as câmaras do pistão e do cilindro hidráulico, obedecendo à ordenação necessária ao perfeito sincronismo e ação positiva do contrapeso em relação à cabeça da UBCD com o uso da força da gravidade. A Figura 5 mostra a descrição detalhada da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico (1). A unidade possui um contrapeso dinâmico (2) posicionado em um braço oscilante (3) ligado à viga principal (4) por meio de um pistão superior (5), que graças a um comando hidráulico (6), comunicante com sensores de presença (7) e válvula de carga, permite atuação conjunta com um dispositivo hidráulico alternativo (8) mancalizado (9) à coluna e à viga principal (4), de forma que o deslocamento do contrapeso dinâmico (2) faz o uso da força da gravidade e de um sistema hidráulico auxiliar, ou outro qualquer, para movimentar a cabeça (10) da unidade de bombeio (1) para cima e para baixo. 22 Figura 05: Descrição da UBCD. Fonte: Acervo empresa AID-SMS Óleo e Gás do Brasil. De forma ilustrativa, a Figura 06 define as principais posições do movimento da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Na Figura 06-a, é vista a lateral esquemática da unidade, com a cabeça na cota mais elevada do seu posicionamento. Na Figura 06-b, está a vista lateral esquemática com a cabeça numa posição intermediária descendente na qual o contrapeso passa a atuar com a força da gravidade favorável ao abaixamento. Na Figura 06-c, mostra a vista lateral com a cabeça na cota mínima do seu posicionamento. 23 Figura 06: Posicionamentos da UBCD. Fonte: Acervo empresa AID-SMS Óleo e Gás do Brasil. 3.3.3 PRINCIPAIS COMPONENTES Os principais componentes que diferem a Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico da Unidade de Bombeio Convencional é a utilização de cilindros hidráulicos, bomba hidráulica e CLP e, a não utilização de caixa de redutor, biela e manivela. 3.3.3.1 CILINDRO HIDRÁULICO O cilindro é um componente do sistema hidráulico que recebe o fluido de uma linha de alimentação. O fluido atua sobre um pistão para realizar trabalho numa direção retilínea. O produto da pressão do fluido pela área do furo do cilindro é a força realizada. Dado pela fórmula: Onde: P é a pressão em N/cm²; A é a área em cm² F é o trabalho realizado em N. Figura 07: Diagrama esquemático de um cilindro de potência. Fonte: Stewart, Harry L. 2013, p. 289. De acordo com Tecnologia Hidráulica Industrial apud Klug (2005, p. 47), cilindros hidráulicos são atuadores lineares, pois convertem energia hidráulica em energia mecânica de forma linear. 24 Os cilindros podem ser classificados em: Cilindros de simples ação; Cilindros de dupla ação. Na Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico é utilizado cilindro de dupla ação. Este tipo de cilindro é acionado tanto para avanço quanto para recuo pelo fornecimento de fluido da bomba, para um lado apropriado do cilindro. O cilindro consiste em um tubo com tampas nas extremidades, as quais podem ser soldadas, roscadas ou presas por tirantes com roscas nas pontas. 3.3.3.2 BOMBA HIDRÁULICA O elemento de conversão da energia mecânica em energia hidráulica é a bomba hidráulica. É responsável em criar um fluxo de fluido para o sistema. Segundo Stewart (2013, p. 113): A bomba cria um vácuo parcial (pressão abaixo da atmosférica) na parte de sucção, quando o mecanismo interno inicia seu ciclo; então, a pressão atmosférica que atua no óleo do reservatório força o óleo para dentro da bomba. A bomba, conforme o ciclo progride, prende esse óleo, e força-o para a saída sob pressão. As bombas utilizadas nos sistemas hidráulicos são as bombas de deslocamento positivo. Os tipos mais comuns empregados são as bombas de engrenagens (engrenamento externo), de palhetas e de pistões axiais. A bomba utilizada na Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico é do tipo Bomba de Palhetas. É uma bomba rotativa ou centrífuga, é constituída por um rotor que gira ao redor de uma carcaça internamente cilíndrica. O rotor tem determinado número de ranhuras dentro das quais são colocadas, com um leve ajuste, as palhetas. De acordo com Stewart (2013, p. 118): A bomba de palheta [...] funciona dentro do princípio de aumentar o tamanho da cavidade para formar vácuo, o que permite que o fluido preencha tal espaço; a diminuição do volume faz o fluido ser forçado para fora da bomba sob pressão. As bombas de palheta são do tipo de distribuição constante ou distribuição variável. 25 Figura 08: Bomba de palhetas – Palhetas deslizantes no rotor. Fonte: MACINTYRE. 2011, p. 354. 3.3.3.3 CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL (CLP) Os Controladores Lógicos Programáveis (CLPs) são equipamentos eletrônicos utilizados em sistemas de automação flexível. A utilização do CLP permite maior confiabilidade, flexibilidade e rapidez na elaboração e interpretação de dados e projetos, possuindo interface de comunicação homem-máquina. Segundo Capelli, (2012, p.23): O controlador lógico programável é um dispositivo microprocessador concebido para o ambiente industrial, sendo altamente versátil no modo de programação. Entre suas principais funções temos relações lógicas, matemáticas, números inteiros e binários, ponto flutuante (reais), operações trigonométricas, aritméticas, transporte, armazenamento de dados, comparação, temporização, contagem e seqüenciamento. A estrutura de um CLP pode ser dividida em três partes: entrada, processamento e saída. Na Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, são utilizados sensores em lugares estrategicamente determinados, a fim de emitir sinais que possibilitam a obter dados específicos e em tempo real para os clientes. De acordo com Capelli, (2012, p.18): Essa evolução traz inúmeros benefícios para o processo produtivo direta e indiretamente. Entre os dez mais significativos podemos citar: maior produtividade; otimização de espaço nas fábricas; melhora da qualidade do produto final; alto MTBF (tempo médio entre falhas); baixo MTTR (temp de máquina parada); maior segurança para os operadores; menor consumo de energia elétrica; menor consumo de insumos; redução de refugos. É utilizado a IHM – Interface Homem-Máquina, que é um painel de controle programável, que apresenta para o usuário mensagens de acordo com as condições dos sinais de entrada e 26 saída, sendo possível que um operador normal tome ciência da condição do equipamento que está sendo controlado. 4 CONCLUSÃO Após estudos e discussões, traçaram-se as principais vantagens de utilização e respectiva viabilidade da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico. Todos os dados foram obtidos através de cálculos e simulações fornecidas pela empresa AID SMS Óleo e Gás do Brasil. Nota-se que a UBCD disponibiliza controle de velocidade de 0,5 a 18 CPM, sendo vantagem por conseguir reduzir a porcentagem de BSW (Basic SedimentsandWater) que é a fração de água produzida, comparada com a produção total e, controla o tempo de permanência no fundo do poço. O controle do tempo de permanência possibilita a recuperação da produção no reservatório de poços com baixa produção ou fechados. A UBCD possui alta eficiência energética, menor tempo de manutenção, baixo custo de manutenção da unidade e linha de transmissão, ocasionando-se redução de gastos com energia; e, comparando-se com uma Unidade de Bombeio Convencional, possui economia de até 98%. Na figura abaixo, mostra a representação da Unidade de Bombeio de Contrapeso Dinâmico, com a utilização de um painel solar como fonte de energia para seu funcionamento. Figura 09– Representação da UBCD utilizando Painel Solar. Fonte: Acervo empresa AID-SMS Óleo e Gás do Brasil. 5 REFERÊNCIAS 1. BEER, F. P.; Johston E. R. Resistência dos Materiais. 2. Ed. São Paulo: McGraw Hill,1982. 27 2. CALLISTER, William D. Jr. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução. 5ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 3. CAPELLI, Alexandre. Automação Industrial: controle do movimento e processos contínuos. 2 ed. São Paulo: Érica, 2008. 4. CARDOSO, Luiz Cláudio. Petróleo do poço ao posto. Rio de Janeiro:Qualitymark, 2006. 5. CORRÊA, Oton Luiz Silva. Petróleo: Noções sobre exploração, produção e microbiologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2003. 6. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002. 7. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física: Mecânica. 8ª Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008. 8. HALLIDAY, David, ; RESNICK, Robert, ; KRANE, Kenneth S. . Física movimento ondulatório e gravitação.4º Ed. Rio de Janeiro: LTC, 1996. 2: 9. HIBBELER, R. C. Resistência dos Materiais. 7. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. 10. KLUG, J. L. Implantação de um Laboratório de Controle de Contaminação na Empresa Soprano – Unidade Equipamentos Hidráulicos. Trabalho de Diplomação – Departamento de Metalurgia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2005. 11. MACINTYRE, Archibald Joseph. Bombas e instalações de bombeamento. 2 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 12. PARKER. Cilindros Hidráulicos. 2008. Disponível em:< http://www.extranetparker.com.br/download/hydraulics/pdf/HY_2017_BR.pdf>. Acesso em: 25 Junho 2014. 13. STEWART, Harry L. Pneumática e Hidráulica. 3. ed. São Paulo: Hemus, 2013. 14. THOMAS, José Eduardo. Fundamentos de engenharia de petróleo. 2 ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2001. 28 A NECESSIDADE DA INTRODUÇÃO DO CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NO ENSINO MÉDIO Thiago Boldrini6 RESUMO O presente artigo traz uma reflexão sobre a importância da introdução de conceitos de Cálculo Diferencial e Integral no ensino médio e as possíveis melhorias que podem ser geradas a longo prazo, principalmente na relação que pode ser estabelecida com o grande número de reprovações e evasões em cursos superiores, especialmente na área de exatas. Com base em pensamentos desenvolvidos nas últimas décadas, apresenta sobretudo a visão de um professor de Cálculo Diferencial e Integral em alguns cursos que se faz presente. Palavras-chaves: Cálculo Diferencial e Integral. Evasão Escolar no Ensino Superior. Matemática no Ensino Médio. ABSTRACT This article reflects on the importance of the introduction of concepts of Differential and Integral Calculus into the high school curriculum. It aims to demonstrate possible improvements that the introduction of these concepts can bring for the long term, especially in relation to the enormous number of student fail and evasion in higher learning institutions, particularly in fields of exact science. Based on ideas developed throughout the last decades, the study presents, above all, the view of a Differential and Integral Calculus professor who teaches it in college courses in which the subject is taught. Keywords: Differential and Integral Calculus, Higher Learning evasion, Mathematics in High School 1. INTRODUÇÃO O Brasil vem enfrentando um período de baixa procura por cursos na área de exatas, especialmente por cursos como Estatística, Física e Matemática. Mesmo mais procurados, os cursos de engenharia têm vivenciado situações também alarmantes, como o grande número de evasões nos primeiros períodos. Segundo dados do censo de 2008 e 2009, houve uma evasão de 20,9% de alunos no ensino superior, mais especificamente, 896 455 estudantes abandonaram sua graduação. O mais alarmante é saber que o maior percentual se concentrou nas instituições privadas, em um total de 24,5% de evasão. E ainda, segundo Oscar Hipólito, pesquisador do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, Ciência e Tecnologia, a evasão no ano de 2009 gerou perdas de aproximadamente 9 bilhões. 6 Graduado em Matemática pela UFES, Especialista, professor do Instituto Federal do Espírito Santo – IFES. 29 No Espírito Santo, 15 655 abandonaram o curso de graduação entre 2008 e 2009, sendo que dos alunos que conseguiram se formar, apenas 48% da rede pública e 43,6% da particular conseguiram concluir no tempo previsto. As desistências estão associadas, em um primeiro momento, aos cursos de menor procura. Na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), a evasão concentra-se nos cursos de Física, Engenharia de Computação, Filosofia, História e Geografia. O recorde de desistências foi no curso de Física, com 33 alunos de uma mesma turma. Na instituição, as causas são o desligamento (quando comunica-se a instituição da desistência), desistência e reprovação em três disciplinas. Em contrapartida, o curso de medicina é o que apresenta o menor número de reprovações no período considerado, na UFES. Porém, entre os cursos de maior procura, os de engenharia ganham destaque nas reprovações, tanto nas instituições particulares, quanto nas públicas. Os alunos simplesmente não conseguem avançar no curso, ficando presos no ciclo básico. Nesse contexto, surge o papel da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, que é pré-requisito de diversas outras. Na maioria dos casos, o aluno acaba sendo desligado do curso (devido ao número de reprovações sucessivas) ou simplesmente o abandona. Propõe-se, no decorrer deste trabalho, a discussão sobre as dificuldades enfrentadas pelos alunos de Cálculo Diferencial e Integral nas graduações em engenharia e possíveis soluções para evitar a evasão no ciclo básico dos cursos em questão. 2 O ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA 2.1 O ENSINO DE MATEMÁTICA NO BRASIL No Brasil, desde o momento em que a criança começa a frequentar a escola há o contato com a Matemática. Professores da educação infantil iniciam um processo de associação entre formas matemáticas e o universo da criança, passando por um longo caminho de significados, relacionando quantidades e numerais. Quando passa para o primeiro ciclo do ensino fundamental (1° ao 5° ano), a criança começa a desenvolver formalmente conceitos que serão utilizados por toda sua vida. Ela precisa adquirir conhecimentos teóricos da disciplina e contextualizar nas mais diversas situações, para ser capaz de realmente se desenvolver e tomar decisões nas mais diferentes circunstâncias do cotidiano. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) preveem-se isso em: Esse processo de transformação do saber científico em saber escolar não passa apenas por mudanças de natureza epistemológica, mas é influenciado por condições de ordem social e cultural que resultam na elaboração de saberes intermediários, como aproximações provisórias, necessárias e intelectualmente formadoras. É o que se pode chamar de contextualização do saber (BRASIL, 1997, p.30). Nessa fase, o estudante precisa se aproximar da Matemática, ter gosto pelo aprendizado. O que se estuda deve ter significado, precisa estar associado, de alguma forma, à sua realidade. 30 Porém, muitas vezes, o professor não está preparado para trabalhar a matemática de forma contextualizada. Para que o que o processo de aprendizagem ocorra de forma satisfatória, é imprescindível que se conheça a fundo o que é pretendido ensinar, pois somente assim será possível decidir o melhor método ou o melhor caminho para desenvolver determinado conteúdo. O problema é que, no Brasil, a formação dos professores de séries iniciais ainda é carente de conteúdo matemático. A maioria dos cursos enfatizam bastante a metodologia para trabalhar a Matemática, ignorando o fato de os alunos de Pedagogia nem sempre dominarem o conteúdo. Os próprios graduandos trazem deficiências em conceitos elementares da disciplina. É muito comum encontrar estudantes e até graduados em Pedagogia que afirmam escolher o curso por não gostar de Matemática. Para que um aluno aprenda com facilidade, é fundamental que o professor tenha prazer naquilo que ensina. Quando o estudante chega ao segundo ciclo do ensino fundamental (6° ao 9° ano), muitas vezes já carrega dificuldades ou aversão à Matemática. A parir de agora, passa a vivenciar um mundo novo, com diversas disciplinas e professores diferentes. Os conceitos matemáticos passam a ser trabalhados especificamente por determinado profissional em aulas, muitas vezes, isoladas de outras disciplinas. Cria-se uma falsa contextualização. A Matemática é estudada com aplicações razoáveis em outras áreas, pois na maioria das escolas não há unidade no que o aluno desenvolve. Cada disciplina se preocupa com o que é cobrado em seu currículo. E assim procede-se até o final do ensino médio. Atualmente, é crescente a preocupação no significado que o estudo da Matemática tem na vida escolar, no que o aluno consegue efetivamente absorver. Porém, ainda estamos longe do que se espera alcançar. Devido a isso, os estudantes da educação básica chegam limitados ao ensino superior em relação à contextualização e resolução de problemas práticos, acarretando em dificuldades na continuidade de seus estudos. 2.2 O ENSINO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NA EDUCAÇÃO BÁSICA Atualmente, no Brasil, não se ensina Cálculo Diferencial e Integral no ensino básico. No passado, já fez parte das escolas de 2° grau em dois momentos, segundo Carvalho (1996): em 1891, pela primeira vez, com as propostas de Benjamim Constant nos primórdios da República e, novamente, em 1942 na Reforma Capanema, de Getúlio Vargas, até 1961. Com o avanço dos ideais da Matemática Moderna no Brasil na década de 60, muitos conteúdos foram excluídos do currículo das escolas secundárias, como o Cálculo. Ainda constam em muitos livros didáticos, porém são deixados para o ensino superior. Muitos matemáticos continuam a defender a importância da introdução de tópicos de diferenciabilidade e integração antes de ingressar em um curso de graduação, auxiliando na assimilação de vários outros conceitos. Segundo Ávila (1996), "o conceito de derivada pode ser ensinado, com grande vantagem, logo na primeira série do segundo grau, ao lado de funções". 31 A possibilidade de apresentar conceitos de Cálculo facilitariam o estudo de muitos outros assuntos, principalmente de Física, além das inúmeras aplicações que poderiam ser apresentadas. Engana-se quem pensa que isso tornaria o programa da disciplina mais extenso, pois pode-se incluir naturalmente ao estudar funções, por exemplo. Para Ávila (1991), "a idéia de que os programas de matemática são extensos e não comportariam a inclusão do cálculo é um equívoco. Os atuais programas estão, isto sim, mal estruturados". Ampliando a proposta de Ávila, Duclos (1992) afirma que quando se apresenta o Cálculo de forma conveniente, ao contrário de ser difícil, passa-se a ser muito gratificante pelas ideias novas que traz e pelo poder de alcance de seus métodos. Percebe-se que a exclusão do estudo de Cálculo Diferencial e Integral do ensino básico se dá mais por falta de organização e clareza de objetivos, do que por complexidade. A partir do momento que o currículo for revisto e os conteúdos mais conectados e contextualizados, conceitos como derivadas e integrais passarão a ser estudados com maior naturalidade. 3 O ESTUDO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NO ENSINO SUPERIOR 3.1 ESTRUTURA Assim que conclui o ensino médio, espera-se que o estudante tenha alcançado um grau considerável de conhecimento em Matemática para desenvolver atividades inerentes à área de ciências exatas, quando esta for a opção. Mas, infelizmente, isso não é a realidade. A forma como o estão organizados os currículos das disciplinas e a forma como são trabalhadas tem sido insuficientes para a construção de uma base sólida matemática. Para solucionar esse problema, virou tendência, em muitas faculdades do Brasil, a introdução de uma disciplina de nivelamento de Matemática, uma espécie de preparação para o estudo de Cálculo. Busca-se sanar deficiências básicas para melhor desenvolvimento do graduando no decorrer de seus estudos. O problema é o tempo disponível para a proposta. Mesmo buscando fazer uma revisão de tudo o que é base para o Cálculo, o professor consegue desenvolver apenas de forma superficial. Não há tempo suficiente para que o aluno tenha contato com toda a base que já deveria ser adquirida, podendo prejudicar ainda mais o processo, devido a aversões e medos que podem surgir. Após esse nivelamento, o estudante entra em contato com o Cálculo Diferencial e Integral. Normalmente, na engenharia, o curso dura quatro semestres, sendo concluído após o estudo de equações diferenciais ordinais. É interessante ressaltar que durante esse percurso, o estudante desenvolve paralelamente outras disciplinas que são ligadas ao curso de Cálculo, nem sempre no momento adequado, visto que este curso é longo e construído aula a aula, sem a possibilidade de "saltos" ou "atalhos". 3.2 DIFICULDADES ENVOLVIDAS Comumente é possível ouvir alunos reclamando por não saberem o motivo de estudar Cálculo para sua atuação profissional, acreditando que é apenas um empecilho. É uma situação 32 preocupante, visto que estamos lidando com a disciplina base para inúmeras aplicações na engenharia. Por que isso acontece? Geralmente, no Brasil, o curso de Cálculo é dado de forma genérica, com poucas variações entre instituições ou cursos. O aluno de Farmácia faz a disciplina de maneira semelhante a que faz o aluno de Engenharia Química ou o estudante de Licenciatura em Matemática. Mudam algumas aplicações, mas o foco é o mesmo. O professor de Cálculo tem como pré-requisito graduação em Matemática e enxerga a disciplina como única, com aplicações básicas globais. Isso faz parte de sua formação. Quando o aluno chega na parte específica de seu curso, nem sempre o professor valoriza a base de Cálculo como deveria, muitas vezes por não ter domínio completo. Surge uma lacuna entre as partes básica e específica na graduação, que é a queixa de muitos alunos, que passam a não entender a função daquela base aprendida. Consequentemente, o processo de aprendizagem fica prejudicado: associa-se uma base deficiente de Matemática a uma revisão insuficiente e a um curso generalista de Cálculo. A grande evasão faz sentido, nesse ponto. 4 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL NO ENSINO MÉDIO Ao introduzir tópicos de Cálculo no ensino médio, o aluno passa a ter a possibilidade de assimilar mais naturalmente conceitos que seriam vistos tardiamente. O estudo de funções passa a ter associação direta com a diferenciabilidade, por exemplo. Pode-se trabalhar áreas sob gráficos e induzir ao estudo de integrais. Abordagens como essa, além de melhorar a apropriação do conhecimento sobre áreas, trazendo associações com regiões de gráficos sob curvas, possibilita uma identificação inicial de integrais, na sua forma mais primitiva. Mais tarde, quando alguns alunos estiverem cursando a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral no ensino superior, eles estarão familiarizados, o que tornará o processo de aprendizado mais simples e proveitoso. Deve-se ainda considerar que muitas aplicações de outras áreas, como na Física, poderão ser entendidas com mais primor, uma vez que certas demonstrações só podem ser entendidas com conceitos básicos de derivadas e integrais. 5 CONCLUSÃO Vivemos um momento de reflexão sobre o que ensinar e como ensinar, um processo de intensas mudanças no currículo de diversas disciplinas. Hoje, há uma reflexão muito maior sobre práticas do que vivenciamos há décadas. Estamos muito mais a frente, de certa forma, mais evoluídos. Torna-se perceptível a necessidade de alterações no currículo de matemática no ensino médio. Existem falhas facilmente apontadas e que podem ser corrigidas com relativa facilidade. O 33 tempo passou, o mundo evoluiu e o saber matemático também. Precisamos modernizar o que é ensinado para nossos alunos. O momento agora é outro e precisamos avançar. A matemática torna-se muito mais interessante, do ponto de vista profissional, quando envolve conteúdos até então trabalhados apenas em cursos superiores, mas que podem ser adaptados ao segmento anterior. Não formaremos apenas matemáticos ou engenheiros, porém todas as áreas precisam das valiosas aplicações do Cálculo Diferencial e Integral, mesmo que de forma mais superficial, como uma simples introdução. Nossos alunos precisam de conhecimentos mais sólidos no campo matemático. Com esse avanço, estaremos democratizando ainda mais o conhecimento e abrindo novos horizontes, levando a uma relativa melhora na associação de conceitos no ensino superior e, consequentemente, uma possível redução de reprovações em disciplinas iniciais nos cursos de graduação. Possibilitaremos uma vivência justa na sequência acadêmica de nossos alunos, pois estes estarão com horizontes mais amplos no conhecimento que foi adquirido ao longo de sua vida escolar. Portanto, é necessário que repensemos sobre o que é ensinado em matemática no ensino médio e no que podemos evoluir, para que assim possamos evitar a evasão no ensino superior e incentivar carreiras nas ciências exatas. 6 REFERÊNCIAS 1. ÁVILA, G. O Ensino do Cálculo no Segundo Grau. In: Revista do Professor de Matemática, n.18, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), 1991, p.1-9. 2. ÁVILA, G. Limtes e Derivadas no Ensino Médio? In: Revista do Professor de Matemática, n.60, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), 2006, p.3038. 3. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997. 4. CARVALHO, J. B. P. de. O cálculo na escola secundária – algumas considerações históricas. Caderno CEDES. Campinas: Papirus, n. 40, p. 68-81, 1996. 5. DUCLOS, R.C. Cálculo no Segundo Grau. In: Revista do Professor de Matemática, n.20, Rio de Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), 1992, p.26-30. 6. JORNAL O GLOBO. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2011/02/paisperde-r-9-bilhoes-com-evasao-no-ensino-superior-diz-pesquisador.html. Acesso em: 20/03/2015. 7. JORNAL A GAZETA. Disponível http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/03/793469ufes+um+em+cada+seis+alunos+abandonaram+o+curso.html. Acesso em: 10/03/2015. em: 34 8. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCN-EM). Brasil. MEC/SEMTEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Brasília, 2002. 9. SANTOS, D.A.T. A Inclusão do Cálculo Diferencial e Integral no Currículo do Ensino Médio. Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Matemática – Universidade Severino Sombra, Vassouras, 2006. 35 ANÁLISE DE VIABILIDADE PARA IMPLANTAÇÃO DE ESCRITÓRIO PARA CONSULTORIA E PROJETOS NAS ÁREAS DE CONHECIMENTO CIVIL, ELÉTRICA, AMBIENTAL, TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO, ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS E PROJETOS PARA CRÉDITO FINANCEIRO EM SÃO MATEUS (ES) Júlio César Costa Franco7 Marcilene Anízio de Lima8 RESUMO O presente estudo apresenta análise comparativa da viabilidade de criação de uma empresa de prestação de serviços no município de São Mateus, ES, que tenha em sua estrutura profissionais devidamente capacitados e qualificados para consultoria, análise e elaboração de projetos das áreas de conhecimento Civil, Elétrica, Ambiental, Tecnologia da Informação, Administração de Empresas e Projetos para Crédito Financeiro, em comparação com a atuação de cada um destes profissionais em escritório independente. Para elaboração do mesmo, foi realizada coleta de dados dos valores praticados no mercado local para itens considerados custo fixo do escritório e também analisada as vantagens obtidas com a sinergia existente entre as áreas. A análise dos dados sugere grande viabilidade na implantação de um Escritório de Projetos em um ambiente compartilhado por profissionais de diversas especialidades, estando alinhada com a busca pela excelência na elaboração e/ou gerenciamento de projetos, com conseqüente reflexo na qualidade de prestação de serviços, tornando-se um diferencial para aproximação do cliente. Palavras-chaves: Empresa. Consultoria. Projetos. ABSTRACT A service company in São Mateus, ES. This company offers trained and qualified professionals specialized in consulting, analyzing and developing projects in the areas of Building, Electrical, Environmental, Information Technology, Business Administration and Financial Credit, all located in the same facility. The study was prepared using data collected on fixed costs of keeping offices and analyzing the advantages obtained with the synergy between areas. The analysis of the data suggests great benefits in the implementation of a Project Office, located in a single facility shared by various professionals from various areas of expertise. It aligns with the pursuit of excellence in development and/or management of projects, focusing on the quality of the service offered as way of attracting clients. Keywords: Businesses. Business Consulting. Projects 7 Engenheiro Agrônomo formado pela UFLA, MBA em Gestão de Projetos pela UNISAM, Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UNISAM, especialização em Georreferenciamento de Imóveis Rurais pelo IFES. 8 Engenheira Eletricista pela UNILESTEMG, MBA em Gestão de Projetos pela UNISAM, Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UNISAM, atua como Engenheira Eletricista e Coordenadora Técnica prestando serviço em diversas empresas no norte do estado do ES desde o ano de 2002, atuou como inspetora chefe da inspetoria do CREA-ES do município de São Mateus, gestão 2012/2015. 36 1 INTRODUÇÃO O presente projeto busca analisar a viabilidade de criação de uma empresa de prestação de serviços no município de São Mateus, ES, que tenha em sua estrutura profissionais devidamente capacitados e qualificados para consultoria, análise e elaboração de projetos das áreas de conhecimento Civil, Elétrica, Ambiental, Tecnologia da Informação, Administração de Empresas e Projetos para Crédito Financeiro. A escolha por uma empresa com profissionais diversificados surgiu pela necessidade local, uma vez que, não existe na região uma empresa que atenda toda a necessidade para análise de viabilidade, elaboração de projetos e execução de obras em um único ambiente, de forma que atenda todas as necessidades do cliente sem que o mesmo tenha que se deslocar. Além de poder proporcionar um atendimento diversificado aos clientes, por se tratar de uma única estrutura para atendimento a vários profissionais autônomos, o projeto visa minimizar custos considerados “fixos” na manutenção das empresas e proporcionar uma interação entre profissionais de diferentes ramos de conhecimento. A pesquisa tem como objetivo geral analisar a viabilidade da implantação de uma empresa única que contenha em sua estrutura profissionais nas áreas de Engenharias Civil, Elétrica e Ambiental, Tecnologia da Informação, Administração de Empresas e Projetos para crédito financeiro, no município de São Mateus, ES. Os principais aspectos a serem analisados serão custos/benefícios com a implantação de um escritório amplo subdivido em várias áreas e viabilidade para fornecimento de serviços de diferentes áreas em um mesmo ambiente (escritório) para proporcionar maior facilidade de acesso aos profissionais pelos clientes. Acredita-se que a diversificação de informações em um único ambiente, por tratar-se de profissionais que trabalhem em tempo integral num ambiente de interação promova o interesse dos clientes pela disponibilidade de alternativas e soluções para projetos diversificados em curto prazo ao mesmo tempo em que viabiliza a redução de custos, tornando-se um empreendimento financeiramente viável. 2 METODOLOGIA Com o surgimento de novas exigências no mercado, surgem novas e inovadoras metodologias para prestação de serviços. Com o objetivo principal de minimizar custos, profissionais autônomos se unem em busca de parcerias para dividir “espaços”, estruturas físicas e tornarem “coletivos” os ambientes de trabalho. A ideia inicial do projeto advém do conhecimento destes espaços que estão sendo planejados para atender profissionais autônomos que não possuem um local estruturado para execução dos seus trabalhos. Fato tal evidenciado através de reportagens realizadas por revistas de grande circulação, jornais regionais e artigos publicados na internet. Para realização do projeto, foi feito levantamento de custo real, no mercado do município de São Mateus/ES, para manutenção de escritórios individualizados em sala comercial com 15m2 37 de área, sendo estes escritórios para execução de projetos de áreas específicas, sendo elas, engenharia Civil, Elétrica, Ambiental, Tecnologia da Informação, Administração de Empresas e Projetos para Crédito Financeiro. Após o levantamento dos referidos custos, foi levantado custo para criação de um ambiente único, considerando uma área com 200m2 com estrutura devidamente adaptada com divisórias para isolação das 05 salas de 20m2 destinadas a escritórios, 01 recepção com 50m2, cozinha com 12m2, corredor com 30m2 para acesso às salas e banheiro com 8m2 para atendimento às referidas áreas. Foram realizados levantamento de custos referentes às despesas para manutenção mensal, tais como, aluguel, água, fornecimento de energia, internet, telefone fixo, secretária e diarista para serviços gerais para um escritório individual e para os 05 escritórios associados e implantados em um único ambiente. Após coleta de dados, os custos foram comparados para análise de viabilidade financeira da implantação do projeto. 3 DESENVOLVIMENTO Devido à grande capacidade de criação, inovar tornou-se uma necessidade para diferenciar e manter-se em meio ao mercado competitivo. Embora a cada instante produtos novos sejam lançados ao mercado, naturalmente nem todos terão sucesso, porém, se identificados em meio aos cenários adversos, muitos se tornarão uma oportunidade de negócio. (SALIM et al.; 2005) Nos últimos anos é crescente o número de jovens entrando no mercado de trabalho, e sem condições de serem absorvidos pelas grandes empresas, estes jovens são compelidos a empreenderem, criando novos negócios. Essa tendência, segundo projeções, continuará crescente no decorrer do primeiro terço deste século. (ZOUAIN, et at.; 2007). Para sobreviver em meio a este mercado competidor, a habilidade de transformar uma oportunidade em negócio, seja criando novos produtos/serviços, ou novas formas de apresentação utilizando um produto ou serviço já existente, torna-se um desafio para sobrevivência dos empreendedores. (SALIM et al., 2005). Schumpeter já mencionava que a tarefa do empreendedor é a destruição criativa e que a norma para uma economia sadia e realidade para teoria e prática econômica era o desequilíbrio dinâmico provocado pelo empreendedor inovador. ... o empreendedor sempre está buscando a mudança, reage a ela e a explora como sendo uma oportunidade. Ele cria algo novo, algo diferente, ele muda ou transforma valores, não restringindo o seu empreendimento a instituições exclusivamente econômicas. Ele é capaz de conviver com os riscos e incertezas envolvidos nas decisões. Ele inova. Contudo, seu espírito empreendedor não é uma característica de personalidade. Qualquer indivíduo que tenha à frente uma decisão a tomar pode aprender e se comportar de forma empreendedora (FERREIRA et al., 1998, p. 181). Cada vez mais, deixa-se de existir a estabilidade de posição no mercado para as empresas, isto porque a cada momento existe a probabilidade de surgimento de produtos com melhor qualidade e menor custo. Deste modo, as empresas são impelidas a desenvolverem continuamente novos projetos e a tomarem decisões sobre a sua implantação. Normalmente isto significa a necessidade de 38 vultosas somas adicionais de recursos e uma elevação no risco do empreendimento (BRAGA, 1998, p. 34). Com a crescente necessidade das companhias obterem vantagens sobre suas concorrentes, o tempo tornou-se um dos fatores de maior importância no jogo estratégico. Para o alcance dessa vantagem, as organizações se voltaram para a busca da excelência em seus projetos, ganhando cada vez mais importância no cenário corporativo mundial. Para tentar minimizar os problemas com metodologias e de conhecimentos na disciplina de Gerenciamento de Projetos, surge o Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP). Esta ferramenta é parte de uma rede complexa de relacionamentos que liga estratégia, projetos e estruturas. Inclui a divulgação das melhores práticas de gerenciamento de projetos para toda a organização e desenvolvimento de ferramentas para gerenciamento corporativo de projetos, possibilitando a diminuição dos índices de falhas e atrasos, garantindo que os projetos mais importantes para a organização sejam os mais prioritários. Segundo Prado (2000), de forma sucinta, "o Escritório de Projetos é um pequeno grupo de pessoas que tem relacionamento direto com todos os projetos da empresa, seja prestando consultoria e treinamento, seja efetuando auditoria e acompanhamento de desempenho dos projetos”. Este escritório tem a função de centralizar as melhores práticas de Gestão de Projetos nas empresas em que são implantados, assim como funcionar como uma fonte de consulta e esclarecimento de dúvidas e problemas para os gestores de projetos. Conforme Hobbs e Aubry (2007), os cinco principais grupos de funções de um EP são os seguintes: a) monitoramento e controle do desempenho dos projetos; b) desenvolvimento de competências e metodologias de gerenciamento de projetos; c) gerenciamento de múltiplos projetos; d) gerenciamento estratégico; e) aprendizado organizacional. Ochi et. al.(2009, p. 60) dividi os benefícios do escritório de gerenciamento de projetos (EGP) em duas fases, curto e longo prazo, como transcrito a seguir: A curto prazo, benefícios como a padronização de operações, melhor planejamento dos recursos disponíveis, acesso à informação mais rápido e de maior qualidade, incluindo as lições aprendidas em projetos anteriores, diminuição dos custos e a realização de operações mais eficientes e eficazes, ou seja, mais produtivas contribuindo para resultados financeiros são os reflexos sentidos. Em longo prazo, o EGP ainda traz mais benefícios, como maior rapidez na entrega decorrente de controles mais rígidos, melhor gerenciamento do risco que gera uma tomada de decisão mais qualificada, aumento da confiança e satisfação do cliente, auxílio nas decisões estratégicas e maior facilidade de comparações de desempenho (benchmarking). Com as exigências do mercado são necessárias as criações de metodologias inovadoras para as empresas prestadoras de serviços. Embora alguns profissionais tendem a buscar a maximização do lucro, outros estão preocupados em minimizar custos através da busca de parcerias para dividir “espaços”, estruturas físicas e tornarem “coletivos” os ambientes de trabalho. Esta preocupação em reduzir os denominados BURNING-RATE denominados como “dispêndios de uma empresa com custos fixos que independem do volume de vendas” (SALIM et al., 2005, p. 47) e a necessidade de um ambiente de trabalho de interação tem levado os profissionais autônomos a se “agruparem” cada vez mais. Apesar da utilização do termo custos “fixos”, é evidente que os mesmos não possuem o mesmo valor no decorrer de determinado período, tendo em vista que estes estão diretamente 39 relacionados a algumas variáveis, tais como alteração nos preços, expansão do empreendimento ou mudanças nas tecnologias (MARTINS, 2010, p. 50). Pode-se então afirmar que os mesmos são fixos “dentro de certos limites de oscilação da atividade a que se referem” ou seja, sempre existirá pequenas alterações porém não serão em forma de funções matemáticas e gráficos de de proporcionalidade. (MARTINS, 2010, p. 224) É com esta visão que cada vez mais surge a necessidade de criação de empresas compostas por profissionais, atuando de forma independente, porém em um mesmo espaço de forma a ampliar a rede relacionamentos e baixar os custos para manutenção de uma empresa. Como exemplo desta nova tendência mercadológica, ou seja, a criação de empresas com diversos profissionais, podemos citar o coworking, padrão de trabalho em expansão em mais de 12 países do mundo, incluindo o Brasil, facilitando a interação entre os profissionais e a captação de novos trabalhos por estarem sempre próximos atendendo as deficiências uns dos outros. Apesar de o principal atrativo ser o baixo custo, principalmente quando se refere ao aluguel, uma vantagem é o contato que existe entre eventuais fornecedores, clientes e parceiros comerciais. Por outro lado, existe a desvantagem do acesso ao ambiente por diferentes pessoas que podem nem sempre inspirar confiança, o que exige cuidado com informações dos clientes. Outro modelo de “escritório coletivo” é o “The Hub”, um ambiente completamente estruturado com internet, cozinha, biblioteca onde se encontram microempreendedores de diversas áreas, no qual se alugam uma mesa para dar seguimento ao seu trabalho. Ao final da análise para criação da empresa, existem possibilidades distintas para o projeto, sendo: expansão, abandono, situação viável nos casos, por exemplo, em que o projeto não seja capaz de cobrir suas próprias despesas e adiamento em condições de possível obtenção de condições mais favoráveis para propostas de investimentos. (ROSS et al., 2003, p. 251). Vários trabalhos, dentre os quais MELHADO (1994), têm demonstrado as repercussões do projeto nas deficiências do processo de produção, e nos custos dos empreendimentos, e têm ressaltado a necessidade de se buscar processos de projeto mais robustos que considerem precocemente as suas implicações nas várias fases de um empreendimento de forma a alavancar a qualidade de todo o ciclo de produção. (FABRÍCIO et al.; 1998). Desta forma, o projeto deve ser visto como um processo colaborativo não somente entre as várias especialidades, mas também com a participação dos demais envolvidos, direta ou indiretamente no projeto. (FABRÍCIO et al., 1998). Os estudos de Barros (1996) citado por FABRICIO et al. (1998) vêm confirmar que a melhoria da qualidade dos projetos deve necessariamente passar pela formação de equipes de projeto mais integradas e interativas. Não é exagero dizer que o gerenciamento de projetos e serviços são uma das áreas mais negligenciadas nos empreendimentos, verificações de pesquisas indicam unanimemente que o planejamento e controle são substituídos pelo caos e improvisação no projeto, KOSKELA et al. (1997) apud FABRÍCIO et al. (1998). 40 Conforme enfatiza Kalay et al. (1998) apud FABRÍCIO et al. (1998), existem vários caminhos para colaboração no processo de projeto. O mais simples e tradicional deles é a articulação seqüencial na qual cada participante, segundo certa ordem de precedência, dá a sua contribuição desenvolvendo uma dada parte ou especialidade do projeto que será utilizada como insumo pelo projetista seguinte. O que para nós não é a melhor forma de interação uma vez que cada projetista se preocupa basicamente com a sua parte do projeto, não havendo realmente uma interação entre as partes, na busca das melhores soluções para o projeto. Em seu trabalho Marques (1979) Fabrício et al. (1998) propõem, para garantir essa colaboração interativa entre os projetistas, um modelo de desenvolvimento de projetos segundo uma seqüência em espiral na qual o projeto vai se alternando entre os vários projetistas ao mesmo tempo em que vai amadurecendo. O modelo defendido por Marques da uma pista valiosa sobre a necessidade de considerar o projeto como resultado dos esforços coletivo de um grupo de projetistas e não como a soma de colaborações parciais. (FABRICIO et al., 1998). 4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS DADOS Analisando os valores para manutenção de um escritório individual e o custo para manutenção dos escritórios em um único ambiente, é clara a minimização dos custos mensais quando se rateiam os valores, principalmente devido o alto custo para manter uma secretária. Outra análise pode ser feita com relação ao custo para implementação do ambiente no qual comporte os 05 escritórios, o qual, com a redução dos custos de manutenção com escritórios individuais ter-se-ia o retorno de todo o investimento em 12 meses. Analisando a localização dos pontos comerciais onde foram realizados os levantamentos de valores de aluguel, observamos que o escritório individual apresentou desvantagem em relação ao estabelecimento onde seriam implantados os 05 escritórios, haja vista que a sala se encontra no 1º andar onde dificulta a visibilidade para divulgação do escritório, assim como, a acessibilidade para os escritórios que serão implementados em um único ambiente torna-se favorável por se tratar de ambiente no andar térreo, em uma avenida de grande fluxo de pessoas e veículos. Podemos fazer uma abordagem comparativa levando-se em consideração o item privacidade a ser questionado nos ambientes. Uma vez trabalhando em uma pequena sala, onde deve ser mantida uma secretária no horário integral, deve-se limitar os assuntos a serem tratados dentro do ambiente para evitar expor o cliente. Nos escritórios conjuntos não se teria este tipo de problema uma vez que a secretária ficaria na recepção, podendo se atender o cliente de porta fechada, aumentando a privacidade e mantendo-se a confidencialidade dos dados deste, evitando assim também algum constrangimento que este possa vir a ter por estar em um ambiente com pessoas que não estão ligadas diretamente ao projeto. Devemos também levar em consideração que com a criação da recepção podemos oferecer mais conforto aos clientes que aguardam por atendimento em um ambiente agradável, além de divulgar o trabalho dos demais profissionais que compõem o ambiente por estarem em um ambiente interativo facilitando a captação de novos clientes. 41 Não se pode deixar de enfatizar um diferencial no ambiente quando se cria um espaço para cozinha, espaço este que não existia nos escritórios individuais, o qual facilita no atendimento e atenção ao cliente, proporcionando também uma melhor alimentação para todos os profissionais envolvidos, tendo em vista que elimina-se a necessidade de sair do ambiente de trabalho para refeições rápidas. 5 CONCLUSÃO A opção da escolha pela implantação de um Escritório de Projetos em um ambiente compartilhado por profissionais de diversas especialidades está alinhada com a busca pela excelência na elaboração e/ou gerenciamento de projetos, com consequente reflexo na qualidade de prestação de serviços, tornando-se um diferencial para aproximação do cliente. Esta busca pela excelência permitirá criação de culturas onde se busca através da integralização do conhecimento, parcerias onde clientes e fornecedores possam criar e ampliar suas redes de relacionamento realizando a elaboração e/ou gerenciamento estruturado de todos os projetos. Mais do que isso, fornecerá subsídios para que, num futuro próximo, o escritório e seus profissionais estejam aptos a gerenciar qualquer tipo de projeto independente de natureza ou porte. Portanto, criar um espaço interativo onde se possa não só diversificar a prestação de serviço mas, também minimizar custos em curto prazo, torna-se um projeto completamente viável, seja do ponto de vista social, comercial e principalmente financeiro. 6 REFERÊNCIA 1. BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo: Atlas, 1995. 2. CORREIO BRAZILIENSE. Profissionais autônomos dividem escritório para reduzir custos e facilitar parcerias. CORREIO BRAZILIENSE, Brasília, 16 mai 2010. Disponível em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/05/16/economia,i=192616/VIZIN HANCA+QUE+DA+LUCRO.shtml>. Acesso em: 23 ago 2010 3. COWORKING é opção de espaço de trabalho para autônomos. IG, São Paulo, 16 jun 2010. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/carreiras/coworking+e+opcao+de+espaco+de+trabalho+para+aut onomos/n1237729644529.html>. Acesso em 22 mar 2015. 4. FABRICIO, M.M.; BAÍA, J.L.; MELHADO, S.B. Estudo da seqüência de etapas do projeto na construção de edifícios: cenário e perspectivas. Encontro Nacional de Engenharia de Produção - ENEGEP, 18: anais (CD-ROM). Niterói, UFF/ABEPRO, 21-24 setembro/1998. Disponível em: <http://www.pcc.usp.br/silviobm/Publica%C3%A7%C3%B5es%20PDF/SIBRAGEQ99ES.pdf> Acesso em: 10 jan. 2011. 42 5. FERREIRA, Ademir Antônio; REIS, Ana Carla Fonseca; PEREIRA, Maria Isabel. Gestão Empresarial: de Taylor aos nossos dias. São Paulo: Pioneira, 1998. 6. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 7. OCHI, T. R. H. ; ROCHA, H. M. ; DELAMARO, M.C. . Implantação de um Escritório de Gerenciamento de Projetos numa Emissora de Televisão. Rio’s International. Disponível em: <http://www.rij.eng.uerj.br/professional/2009/pe093-01.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2011; 8.ROSS, Stephen A.; WESTERFIEL, Randolph W.; JORDAN, Bradford D. Princípios de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2003. 9. SALIM, Cesar Simões et al.. Construindo Planos de Negócios. 3. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2005. 10. TOZZI, Elisa. The Hub: o escritório que é o novo lugar de trabalho. VOCÊ S/A, São Paulo, ed 0136, outubro de 2009. 43 LIDERANÇA E SUA INFLUÊNCIA NO MEIO ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA SUZANO PAPEL E CELULOSE S/A Fillipe Oliveira Chácara9 Sabrina Barbosa10 RESUMO A liderança tem se tornado cada vez mais importante dentro das empresas, vindo a ser uma grande ferramenta de diferenciação na busca por menores custos e melhores resultados. Este estudo busca identificar como a liderança pode influenciar os indivíduos integrantes das organizações. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória e descritiva com o intuito de levantar informações acerca do tema proposto. As técnicas para coleta de dados foram a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, que possibilitaram o confronto entre a teoria e a prática. Para coletar as informações, foi realizada uma entrevista junto a um gestor da empresa Suzano Papel e Celulose S.A., permitindo conhecer a visão do mesmo sobre o tema, bem como a sua aplicabilidade. Tornando-se possível constatar que a liderança realmente exerce influência sobre os colaboradores da empresa, considerando que em todo o seu processo produtivo existem líderes capacitados e preparados para orientar, conduzir e influenciar os comportamentos e as atividades desenvolvidas dentro da organização na busca dos objetivos e metas traçadas. Palavras-chaves: Líder. Liderados. Organização. Colaboradores. ABSTRACT Leadership has become increasingly important in companies, becoming an important tool in the search for lower costs and better results. This study aims to identify how leadership can to influence the individual members of organizations. The methodology used was exploratory and descriptive research in order to gather information about the theme. The techniques used for data collection were bibliographical research and case study, which enabled a comparision between theory and practice. A manager of the company Suzano Papel e Celulose SA was interviewed, exposing his vision on this issue, as well as its applicability. This study indicates that leadership does in fact influence employees of companies, as all throughout the company´s production process, there are leaders that are trained and prepared to guide, lead and influence the behavior and activities developed within the organization that aim to accomplish goals and achieve targets. Keywords: Leader. Led people. Organization. Collaborators. 9 Graduando em Administração pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus Graduanda em Administração pela Faculdade Norte Capixaba de São Mateus 10 44 1 INTRODUÇÃO Considerando o avultado número de empresas que surgem nas mais variadas atividades fornecendo produtos e serviços, estudos afirmam que a grande maioria delas vêm a decretar falência em seus primeiros dois anos de exercício, devido à falta de habilidade dos seus líderes em conduzirem a empresa (FERREIRA, 2012). A boa formação de uma liderança eficiente e eficaz é um fator marcante para evitar a evolução desse problema assolador nas organizações, pois é ela que favorece a condução das atividades empresariais em uma busca perpétua pela excelência. Para tanto, o artigo que se segue tem o intuito de apresentar as influências da liderança no contexto organizacional. Na atualidade, o mercado tem se tornado cada vez mais dinâmico e competitivo, sendo assim as empresas são compelidas a um processo que pode ser comparado a “seleção natural”, onde há tendência pela sobrevivência daquelas mais fortes e melhor adaptadas às situações mutáveis do meio organizacional. Tais situações geram a necessidade de construção de líderes que sejam capazes de promover o desenvolvimento da organização, tanto se voltando para a atividade, quanto para a agregação do capital humano existente na empresa, que é a força motriz das engrenagens organizacionais (CAVALCANTE, 2010). A liderança se concentra na gestão e organização dos liderados, que são as pessoas que realizam as atividades nos setores das empresas. A boa harmonia entre essas duas classes (líderes e liderados) é imprescindível para a existência de motivação, que propicia o comprometimento nas buscas por resultados e melhorias comportamentais para cumprimento de procedimentos e metas preestabelecidas. A motivação é parte intrínseca no bom relacionamento e desempenho dos colaboradores, os quais possuem necessidades que precisam ser sanadas. Apesar de nascer do interior do individuo, a motivação pode ser estimulada a partir de recompensas e da delegação de responsabilidades (ELÓI, 2012). A liderança ligada à motivação intui sobre a participação ativa do líder enquanto peça fundamental para constituição do ambiente organizacional. Ele deve ser capaz de conduzir seus colaboradores, sem que eles tenham suas necessidades lesadas, sendo capaz de transmitir mensagens que não sejam divergentes com interesses e características do grupo comandado. Liderar consiste em conduzir estratégias envolvendo indivíduos no cumprimento de metas, no desenvolvimento de tarefas a serem realizadas para o crescimento da instituição e na assunção de responsabilidades para junto à organizacional, tornando-a diferenciada em aspectos mercadológicos e operacionais. Otimizando, assim, a presença da empresa perante o mercado de alta competitividade (MONTEIRO, 2011). Assim, o líder pode ser entendido como peça fundamental para o funcionamento das engrenagens organizacionais e transformação junto à equipe, guiando à excelência operacional. Utilizando, da melhor forma, os potenciais produtivos dos processos e das pessoas. 2 METODOLOGIA DA PESQUISA 45 Esta pesquisa se classifica como exploratória e descritiva. Exploratória por tornar o problema mais objetivo e claro, de forma a possibilitar a criação de ideias e novas descobertas, familiarizando o problema proposto. E descritiva por diagnosticar possíveis relações entre as variáveis apresentadas através dos estudos que proporcionarão uma nova visão para o problema (GIL, 2007). Buscando obter mais informações sobre o problema apresentado, este estudo utiliza como técnica para a coleta de dados a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso. Bibliográfica por utilizar materiais uma vez publicados, podendo ser eles livros, revistas, artigos e outros, que proporciona toda a parte conceitual do trabalho (MARCONI; LAKATOS, 2006) e o estudo de caso que possibilita um estudo mais aprofundado e amplo da pesquisa em questão, proporcionando, assim, o confronto entre a prática e a teoria (GIL, 2007). Neste trabalho, o instrumento utilizado foi a entrevista, que segundo Barros e Lehfeld (2000) é uma técnica em que há a aproximação do pesquisador e do entrevistado a partir de uma conversa para colher informações. Esta pode ser classificada em estruturada e não estruturada. A entrevista estruturada é aquela em que o entrevistador elabora um roteiro previamente definido, sem incluir novas situações ou perguntas durante a conversa, já entrevista não estruturada refere-se à inclusão de pontos importantíssimos durante o decorrer do encontro (BARROS; LEHFELD, 2000). Este estudo utiliza não só a entrevista estruturada como também a não estruturada, visando obter dados a partir de uma estrutura prévia como também de fatos importantes e relevantes para a pesquisa acrescentados durante a conversa. Após coleta dos dados, estes serão separados e analisados. Segundo Ferrão (2012, p.111) “os dados devem ser submetidos aos seguintes trabalhos: seleção, codificação e tabulação”. Assim, as informações obtidas servirão para confrontar a teoria junto à análise dos dados colhidos, buscando responder o problema apresentado. 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 LIDERANÇA: DEFINIÇÃO Com o intuito de conhecer melhor sobre o assunto e compreender sua aplicabilidade na organização é necessário a apresentação de alguns conceitos. Segundo Maximiano (2006, p.277) liderança é: Processo de conduzir as ações ou influenciar o comportamento e a mentalidade de outras pessoas […]. É a realização de metas por meio da direção de colaboradores. A pessoa que comanda seus colaboradores para alcançar finalidades específicas é líder. De acordo com o Dicionário Informal (2011, s.p.) liderança significa “a habilidade de mobilizar outras pessoas e fazer com que essas caminhem ao encontro de determinado objetivo”. Para Chiavenato (2003, p.366) liderança pode ser conceituada como “o processo de influenciar e dirigir o comportamento das pessoas em direção ao alcance de objetivos”. Em 46 outras palavras, liderança refere-se à capacidade que um indivíduo possui de influenciar pessoas. Para muitos a palavra liderança remete ao poder e ao status e tem se tornado um diferencial nas organizações, considerando receber esse título aqueles que possuem cargos elevados na cadeia hierárquica. Aquele que é capaz de lidar e influenciar os mais diversos comportamentos humanos pode ser considerado um líder. Essa não é uma tarefa fácil, mas árdua e que exige muita percepção e compreensão por parte do líder em relação aos seus liderados. A definição de liderança implica em três aspectos. De acordo com Stoner e Freeman (s.d., p.344) são eles: Processo de dirigir e influenciar as atividades relacionadas às tarefas dos membros de um grupo […], a capacidade de exercer influência – isto é, de mudar as atitudes ou comportamentos de indivíduos ou grupos […], quaisquer ações ou exemplos de comportamento que causem uma mudança de atitude ou de comportamento em outra pessoa ou grupo. O primeiro trata sobre o envolvimento entre líder e liderados; o segundo envolve a desigualdade de poder entre os líderes e seus subordinados, podendo ser esse moldado a partir das atividades do grupo; o terceiro discorre sobre a capacidade da liderança em influenciar a conduta dos seguidores. Com o crescimento do conhecimento a partir da era tecnológica, a diversificação crescente dos meios de comunicação e as exigências do mercado, o capital humano é cada vez mais valorizado dentro das empresas e a busca por um líder tem se tornado um desafio, tendo em vista que ele é quem influencia os sentimentos e as atitudes dos colaboradores para com a organização (CORREIA, 2014). Dito isso, as práticas de um bom líder ascendem às do gestor propriamente dito, no sentido de ele ser compreendido pelos liderados, conforme cita Couto (2014, s.p.): Um bom líder é capaz de alcançar resultados expressivos e extrair das pessoas um desenvolvimento jamais obtido com os gerentes, pois ao contrário destes, os colaboradores acreditam e fomentam as ideias do líder, entendendo que o alcance daquele objetivo é importante para todos e não somente para a empresa. Portanto, a liderança não se encontra no cargo ocupado, mas, sim, na postura assumida por cada colaborador na organização. Sendo assim, um líder deve ser detentor de poder e influência suficientes para exercer seu papel diante da equipe, com intuito de que esses caminhem em direção aos objetivos em comum, tanto da empresa quanto pessoais. 3.1.1 HABILIDADES DE UM LÍDER Buscando ser exemplo dentro da organização, o líder deve possuir algumas habilidades que o diferencie dos demais. Segundo Correia (2014, s.p.) o líder: Deve cada vez mais estar atualizado, ter capacitação técnica, habilidades de fazer associações com os conhecimentos adquiridos com as suas atividades diárias, 47 desvendar a sua organização na sua totalidade e criar todas as interfaces possíveis entre as diferentes áreas, e, sobretudo, esse mesmo gestor precisa ter a grande e mais ardorosa de todas as habilidades, a capacidade de se inter-relacionar bem com as pessoas. O líder possui responsabilidades que são intrínsecas da sua função, os conhecimentos tanto técnicos quanto empíricos, necessários para tais, podem levá-lo a alcançar sucesso nas suas atividades, para tanto é necessária uma gama de habilidades que podem ser inatas ou adquiridas das quais as principais serão descritas a seguir. 3.1.1.1 HABILIDADE DE COMUNICAÇÃO Em busca de uma melhor compreensão, faz-se necessário delimitar o conceito de comunicação para estendê-la para o ambiente organizacional. Segundo Ferreira (2008, p. 251) comunicação pode ser delimitada como: […] processo de emissão, transmissão e recepção de mensagens por meio de métodos e/ou sistemas convencionais. […] A capacidade de trocar ou discutir ideias, de dialogar, com vista ao bom entendimento entre pessoas. O poder da oratória que determinados indivíduos possuíram veio a ser decisivo na doutrinação de massas ao longo da historia, considerando ser essa uma das ferramentas primordiais para o líder dentro da organização. Segundo Lopes (2012), as origens da comunicação no ser humano primitivo se deram no Período Paleolítico – pedra lascada – onde se utilizavam de sinais e gritos para satisfazer uma forma de interação e transmissão de informações entre o grupo. Posteriormente, o uso das pinturas em cavernas foi significativo para que se realizassem os primeiros registros do homem pré-histórico. A comunicação é constituída e estabelecida pela linguagem que, de acordo com Ferreira (2008, p. 518), é “o uso da voz e outros sons que se articulam formando palavras […], para expressão e comunicação entre pessoas”. Ela pode ser considerada o alicerce do relacionamento entre líder e subordinados, tendo em vista que a distribuição das informações no meio organizacional é feita a partir da comunicação. No direcionamento dos indivíduos no processo administrativo, o líder deve utilizar-se da comunicação clara e objetiva, de forma que os receptores da informação compreendam e interpretem a mensagem. Outra forma de condução é a persuasão, o líder deve ser capaz de introduzir uma ideia, por meio de comunicação, que seja transmitida de um meio externo ao emissor, de forma a convencer o ouvinte para que essa ideia se faça aceita ou uma ação se faça realizada (CHIAVENATO, 2003). A comunicação guia as pessoas aos objetivos predeterminados pela organização, é imprescindível para o líder ser convincente através da dialética para que as atitudes necessárias sejam tomadas, gerando satisfação aos funcionários e à empresa, que são interligados por meio da linguagem clara e objetiva. 3.1.1.2 HABILIDADE DE CRIATIVIDADE 48 Segundo Alencar (apud MOZZER; BORGES, 2008, s.p.) “criatividade implica a emergência de um produto novo, seja uma ideia, ou invenção original, seja a reelaboração e aperfeiçoamento de produtos ou ideias já existentes”. A criatividade acompanha o homem desde os primórdios, quando esse aprendeu a utilizar, nas suas atividades, os meios disponíveis no ambiente em que vivia. Segundo Pinto (s.d.), houve dois períodos iniciais nesse processo criativo: Paleolítico e Neolítico. No Paleolítico, mais conhecido como período da pedra lascada, no qual fragmentos de pedras eram utilizados para caça ou como instrumentos de corte. No Neolítico, período da pedra polida, iniciou-se a confecção de ferramentas mais adaptadas às novas necessidades, como por exemplo, a agricultura. Com o passar do tempo, as ferramentas de tornaram cada vez mais complexas até o advento de técnicas de produção bem definidas. Em tese, ser criativo é essencial para o líder, pois a partir da definição de metas e objetivos, ele é capaz de vislumbrar oportunidades, às vezes onde menos parece provável. A criatividade nem sempre está relacionada à criação de algo necessariamente novo, mas, também, à transformação de algo preexistente em uma coisa inteiramente diferente. Ou seja, “nada mais é do que fazer algo de um jeito diferente igualmente ou até mais eficiente do que o jeito anterior” (RAMOS, 2011, s.p.). Em suma, a criatividade caracteriza-se como sendo “a fuga da maneira habitual e rotineira de fazer as coisas, hoje em um cenário em que tudo é muito igual e que realmente o grande diferencial dos profissionais de sucesso é o poder criativo de atuar nas organizações” (MARTINS, 2011, s.p.). A criatividade pode ser aplicada de diversas formas, para tanto é imperativo o abandono das sistematizações, o que levará a percepção de oportunidades latentes no processo, que eram ocultadas pela padronização. De acordo com Giordani (2009, s.p.): A criatividade consiste num processo que se dá a partir da identificação de necessidades e/ou oportunidades, levando a uma busca contínua de alternativas e soluções que levem a resultados positivos. Nesse sentido, este seria o ponto de partida do processo criativo, podendo o processo concluir-se ou não a partir da capacidade inovadora, ou seja, a transformação dessas ideias em algo tangível. O líder criativo usa de suas “habilidades para criar ferramentas ou adaptar as situações […] quando nos falta um recurso” (RAMOS, 2011, s.p.). Improvisos e decisões rápidas são imprescindíveis para o líder. Na atualidade, contudo, a criatividade aparece como um desafio em potencial para as organizações, devido à necessidade das empresas se mostrarem diferentes num mercado onde produtos e serviços assumem uma qualidade aproximada, com a crescente tecnologia e capacitação profissional. O que determina, cada vez mais, sua complexidade e importância no que diz respeito à intrincada dinâmica do mundo dos negócios. 3.1.1.3 HABILIDADE DE PROATIVIDADE Proatividade é definida por Rocha (2013, s.p.) como sendo “uma ação antecipada que se refere à tomada de decisões com agilidade e inteligência. Na prática, o profissional proativo enquadra-se no perfil dos que tomam a iniciativa”. 49 A empresa beneficiada com líderes proativos se situa numa posição privilegiada em relação àquelas que possuem apenas os que não enxergam a dinâmica do mercado, ou seja, meramente reativos, sendo somente capazes de se adequar às mudanças ocorridas. O líder para ser proativo deve desenvolver a capacidade de absorver informações do meio e, a partir disso, perceber novas oportunidades. Os lideres proativos: Sempre buscam maneiras de fazer melhor, mais rápido ou com menos custo aquilo que já se faz, possuindo uma capacidade de converter problemas em belas oportunidades. […] Não se acomodam, têm iniciativa, fazem sempre além do esperado, são capazes de se antecipar a problemas, estando sempre antenados, motivados, determinados e focados para sempre superar expectativas, possuindo desejo ardente para melhorar as coisas (ROCHA, 2013, s.p.). São muitos os obstáculos para se chegar à proatividade, assim sendo o líder deve possuir segurança e conhecimento. Decisões que influenciam no processo produtivo e que envolvem equipes de pessoas são de grande importância. Saber se antecipar e utilizar da melhor forma os dados e ferramentas que possui, pode trazer sucesso ao profissional e à instituição. 3.1.1.4 HABILIDADE DE GESTÃO A gestão, no ponto de vista do líder, pode ser analisada sob dois enfoques: gestão de pessoas e gestão de processos. A gestão de pessoas, facilmente confundida com as atividades desenvolvidas pelo setor de Recursos Humanos, consiste na coordenação de pessoas, de forma que o líder identifique em seus liderados os seus talentos, pontos fortes e suas necessidades de aperfeiçoamento bem como direcionamento dos funcionários de acordo com suas habilidades profissionais. Enquanto o setor de recursos humanos trata de dar apoio e assistência à gestão assim como recrutar, selecionar e treinar os colaboradores tanto novos quanto já existentes em seu quadro funcional (DEUTSCH, 2014, s.p.). Considerando o conceito de gestão de pessoas, “o gerente, como alguém que dá ordens, está sendo substituído pelo líder professor, facilitador e mentor” (MENDES, 2002a, p.34). O líder déspota diz às pessoas o que elas deveriam saber, o que deveriam fazer e como fazer, sem acompanhar o desempenho da equipe liderada. Já o líder facilitador direciona as pessoas na obtenção de respostas a partir daqueles que vivenciam o desenvolvimento da atividade e participa ativamente do desempenho da equipe. Além de saber gerir as pessoas envolvidas no processo, é competência, também, do líder, saber gerir o processo em si. Gestão de processos consiste na administração da produção, que visa a otimização dos resultados bem como a eficiência, redução dos custos e qualidade nos produtos e serviços, utilizando, da melhor maneira, os recursos disponíveis. O líder deve manter-se constantemente aperfeiçoado e, acrescendo a inovação no processo produtivo, consequentemente será caracterizada a diferença entre o fracasso e o verdadeiro sucesso (MENDES, 2002b). 50 Essa abordagem visa direcionamento de estratégias para que todos os setores trabalhem em conjunto, de forma que os colaboradores de cada um desses percebam, a partir do seu desempenho, a importância dos impactos causados nos produtos e, consequentemente, clientes e fornecedores. Segundo Monteiro (2011), através de um enforque sistêmico é possível transpor obstáculos e vislumbrar os efeitos das tomadas de decisão sobre a organização, não apenas voltadas para o ambiente interno, mas, também para o ambiente externo. Sabe-se então, que o líder “precisa estar apto a perceber, refletir, decidir e agir em condições totalmente diferentes” (MENDES, 2002b, p.2), sendo elas tanto no tocante da gestão de pessoas quanto na gestão de processos. Considerando as mais diversas situações, o líder deve ser justo e possuir sensibilidade e flexibilidade para tomar as decisões mais acertadas para o bem da organização. 3.1.1.5 HABILIDADE DE ESTRATÉGIA Ferreira (2008, p.380) define estratégia como sendo a: Arte militar de planejar e executar movimento e operações de tropas, navios e/ou aviões para alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas. Arte de aplicar os meios disponíveis ou explorar condições favoráveis com vista a objetivos específicos. A estratégia, mais observada anteriormente no âmbito da administração bélica, foi introduzida no meio organizacional como tática de posicionamento e aquisição de vantagem. Chiavenato (2003, p.251) afirma que a estratégia no contexto da Administração de Empresas “significa a mobilização de todos os recursos da organização em âmbito global, visando atingir os objetivos globais a longo prazo. Uma estratégia define um conjunto de táticas”. Segundo Sun Tzu (apud MENDES, 2002b, p.16), general da antiguidade chinesa, que escreveu um manual chamado A arte da Guerra, cita que: Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas. O líder deve possuir visão holística e ser capaz de prever situações baseadas em fatos não confirmados ou incertos, com determinado teor de complexidade e inconstância. Mediante isso, deve ser capaz de assumir riscos e tomar decisões que atendam às necessidades da empresa e as partes envolvidas no processo. O papel do líder reside na busca por anteceder suas decisões às do mercado competitivo. E “o papel da estratégia, nessa busca, é primeiro o de focalizar a atenção em áreas definidas pela estratégia e, em segundo lugar, o de excluir as possibilidades não identificadas que sejam incompatíveis com a estratégia” (MENDES, 2002b, p.17). Diante disso, o líder estrategista deve identificar antecipadamente as oportunidades e ameaças presentes no mercado, elaborar decisões e planos estratégicos que deixem a organização em vantagem competitiva em relação às concorrentes. Sendo assim, o líder deve ser um agregador de valores aos moldes dos propósitos da empresa. 51 3.1.2 LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO Segundo o Ferreira (2008, p.566), a motivação é “ato ou efeito de motivar. Palavra popularmente usada para explicar por que as pessoas agem de uma determinada maneira […]”. Para Chiavenato (2009, p.50), em outros termos, a motivação “é tudo aquilo que impulsiona a pessoa agir de determinada forma ou, pelo menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento específico”. Em outras palavras, a motivação é uma força que nos impulsiona em busca de algo. A motivação está diretamente ligada à liderança, pois os liderados seguem o líder como exemplo e em contra partida o líder direciona cada liderado na busca de um objetivo comum, pois a realização deste é de seu interesse (MAXIMIANO, 2006). No processo de interação existente entre líder e os demais colaboradores de uma equipe é consistente afirmar que existe uma transação bilateral, na qual ambos os lados trocam conteúdos diferentemente dispostos dependendo da tarefa a ser realizada. Maximiano (2006, p.281) afirma que: Distinguem-se pelo menos dois tipos de liderados, o que equivale a dizer que há dois tipos de motivações (ou de trocas): Seguidores ou liderados fiéis, que se deixam seduzir pela mensagem intrínseca que o líder transmite, pela missão que propõe, por sua imagem, pela instituição que representa ou por outros fatores de natureza simbólica, emocional ou moral. Carismática é o adjetivo que caracteriza a liderança associada ao tipo fiel. Seguidores ou liderados mercenários, para os quais o líder representa o mecanismo para obtenção de recompensas psicológicas ou materiais (ou ambas). Líder e liderado obedecem a um contrato psicológico do tipo calculista. Transacional é o adjetivo que define a liderança associada ao liderado do tipo mercenário. Os dois tipos de liderados dizem respeito a dois tipos de motivação que podem ser designados como extrínseca e intrínseca. A primeira diz respeito à motivação causada por fatores oriundos do ambiente externo ao individuo, como por exemplo, o salário ou quaisquer outras recompensas que caracterizem uma situação de reforço positivo ou também na tentativa de evitar uma punição ou reforço negativo. Já na intrínseca, não se faz necessária a recompensa ou punições externas, está intimamente ligada à forma de ser do sujeito, suas idiossincrasias e, sobretudo, suas necessidades (ELÓI, 2012). O comportamento dos indivíduos é intimamente ligado à interpretação que os mesmos têm em relação ao meio, a satisfação, ou não, das suas peculiaridades determinam seu modo de agir, pensar e, até mesmo, de influenciar outros. Reiterando a ideia das necessidades motivacionais, pode-se citar a teoria de Abraham H. Maslow, conhecido até hoje como uma das maiores autoridades no quesito motivação. Em sua teoria, Maslow descrevia a existência de cinco tópicos hierárquicos de necessidades humanas (Figura 1), desde as mais fundamentais até as mais complexas (CHIAVENATO, 2003). 52 Figura 1: Pirâmide de Maslow Fonte: CHIAVENATO, 2003, p.331 A pirâmide ilustrada acima concisa que: Os indivíduos serão motivados a satisfazer a necessidade que para eles estiver preponderante, ou mais forte, num determinado momento. A preponderância de uma necessidade depende da situação do indivíduo no momento e de suas experiências recentes. Partindo das necessidades físicas, que são as mais básicas, cada necessidade deve ser ao menos parcialmente satisfeita antes do individuo desejar satisfazer uma necessidade no próximo nível acima (STONER; FREEMAN, s.d., p.324). Diante do exposto, há que se observar que a satisfação de uma necessidade gera outra imediatamente nova e mais complexa a se realizar. Dito isso, é papel do líder percebê-las e permitir que sejam satisfeitas, sob intuito de manter ou mesmo motivar o individuo no contexto organizacional. Outra teoria substancial desenvolvia partindo dos estudos de Maslow foi a elaboração do conceito do homo complexus, que seria “um indivíduo que tem necessidades ligadas ao seu ego, ao seu desenvolvimento pessoal, à sua aprendizagem e à sua realização” (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p.64). A complexidade inerente ao ser humano tem aumentado a partir dos conhecimentos adquiridos por ele e, proporcionadas pela globalização, as interações desse com o meio através dos sistemas de informação e telecomunicação, o tornam gradativamente mais consciente e interativo com o mundo. Sendo assim, o homem atual desenvolve, cada vez mais, necessidades mais complexas referentes ao seu desenvolvimento pessoal e à sua autorrealização. Sob esse enfoque, “ao buscar ativamente sua autorrealização no trabalho, os indivíduos se envolvem mais com a organização e canalizam sua energia vital produtiva para a consecução dos objetos organizacionais” (MOTTA; VASCONCELOS, 2006, p.64). Assim sendo, instituise como essência do homo complexus a autorrealização a partir da sua atuação no meio organizacional, onde o trabalho torna-se, então, a principal atividade de inclusão social. No ambiente de trabalho o sujeito não possui objetivos e interesses constantes, o que indica a possibilidade de modificações ao longo do tempo, ou seja, a construção da identidade é contínua e, dependendo dos valores dos indivíduos, seus objetivos e interesses poderão se divergir uns dos outros. 53 Diante do exposto, é perceptível a importância e os impactos da motivação sobre o ambiente organizacional, tendo em vista que o crescimento da organização se dá pela união de seus colaboradores, uma vez motivados por seu líder. Esses, por sua vez, precisam estar satisfeitos em seu ambiente de trabalho para que suas atividades sejam desenvolvidas com excelência, eficiência e eficácia. Essa satisfação deve ser percebida pelo líder, que tem o papel de conhecer e identificar a sua equipe e harmonizar suas necessidades e às da empresa na busca por resultados. 3.1.3 LIDERANÇA E CLIMA ORGANIZACIONAL Na obra de Chiavenato (2009, p.60) tem-se que “o conceito de motivação – no nível individual – conduz ao de clima organizacional – no nível da organização […], quando há elevada motivação entre os membros, o clima motivacional se eleva e se traduz em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração etc.”. Em tese, manter o clima organizacional em harmonia é fundamental para a empresa, considerando que o colaborador satisfeito e motivado realizará suas atividades com prazer e qualidade, visando à redução dos custos e do tempo no processo bem como crescimento de sua produtividade. De acordo com Andreazza (2008, s.p.), “o Clima Organizacional representa o complexo de valores, atitudes e comportamentos, sejam formais ou informais, existentes dentro de uma organização e que afetam à forma como as pessoas se relacionam umas com as outras”. Para tanto, o clima organizacional é considerado a percepção dos grupos de colaboradores sobre cultura organizacional e a participação dessa cultura em seus comportamentos. Dessa forma, o papel do líder é manter as relações sociais entre colaboradores e entre gestores e colaboradores de maneira harmoniosa e cooperativa entre membros a partir da comunicação clara e objetiva, da motivação entre os grupos e visando à redução dos conflitos existentes. 3.1.4 ESTILOS DE LIDERANÇA Os estilos de liderança são teorias que estudam os vários comportamentos dos líderes junto aos seus subordinados, ou seja, a maneira como o líder conduz os seus liderados. Sendo assim, “os vários padrões de comportamento preferidos pelos líderes durante o processo de dirigir e influenciar os trabalhadores” (STONER; FREEMAN. s.d., p.346) Chiavenato (2003) cita que são três os estilos de liderança: autocrático, democrático e liberal. No estilo autocrático de liderança as decisões são centralizadas no líder e o mesmo impõe seus comandos sobre os seus liderados. Esse estilo influencia a equipe de forma a estimular comportamentos sem qualquer iniciativa ou espontaneidade, chegando a gerar comportamentos tipicamente agressivos (METIDIERI, 2011). Nesse aspecto, o líder se torna responsável por toda atitude tomada pelos liderados, no momento em que estabelece quais atitudes devem ou não ser adotadas. No estilo democrático a figura do líder incentiva democraticamente a participação dos indivíduos constituintes do grupo, além de orientá-los em suas tarefas. Esse estilo, em particular, desenvolve a responsabilidade e o comprometimento por parte dos colaboradores dentro da instituição, considerando que os mesmos se satisfazem por atuarem de forma 54 participativa nas decisões tomadas (CHIAVENATO, 2003). Em outras palavras o líder atua de forma paternalista, guiando e não determinando os comportamentos dos colaboradores. Por fim, no estilo liberal as decisões do líder são integralmente delegadas de forma deliberada ao grupo, sendo que o mesmo não exerce qualquer controle sobre as ações do grupo. Sob esse contexto a figura do líder não impõe respeito aos colaboradores e, com isso, eles agem individualmente e sem se comprometerem com os objetivos e metas estipuladas (METIDIERI, 2011). O líder assume uma postura não participativa, atuando apenas quando solicitado, onde a figura do líder deixa de ser imposta. Seguem, abaixo, as principais características dos estilos de liderança (Quadro 1): QUADRO 1 – PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS ESTILOS DE LIDERANÇA AUTOCRÁTICA O líder fixa as diretrizes sem qualquer participação do grupo. DEMOCRÁTICA As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder. LIBERAL Há liberdade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima participação do líder. O líder determina as providências para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo. O grupo esboça as providências para atingir o alvo e pede aconselhamento ao líder, que sugere alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates. A participação do líder é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornece informações desde que as pedissem. O líder determina a tarefa que cada um deve executar e o seu companheiro de trabalho. A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho. A divisão das tarefas e escolha dos colegas fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder. O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro. O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito. O líder é “objetivo” e limita-se aos “fatos” nas críticas e nos elogios. O líder não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. Apenas comenta as atividades quando perguntado. Fonte: CHIAVENATO 2003, p.125 A partir dos conceitos apresentados, o líder deve ser capaz de identificar e utilizar o estilo de liderança correto para as diversas e prováveis situações diárias. “O líder tanto manda cumprir ordens, como consulta os subordinados antes de tomar uma decisão, como sugere a maneira de realizar certas tarefas” (CHIAVENATO 2003, p.125). O verdadeiro desafio para o líder reside na influência exercida sobre os liderados, de forma que os seus comportamentos sejam conduzidos e modificados interpessoalmente de acordo com a necessidade e a situação. 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 BREVE HISTÓRICO DA EMPRESA PESQUISADA 55 A empresa Suzano Papel e Celulose, umas das líderes no segmento de papel e celulose do país, teve sua origem com o ucraniano Leon Feffer. Ao vir para o Brasil adquiriu larga experiência com venda de papel e, sendo assim, foi capaz de estabelecer a sua própria fábrica, constituindo a primeira unidade de um grupo inteiro. Entretanto, por escassez de pinus (matéria prima utilizada em princípio) e a necessidade e importação desse produto, decide por pesquisar alternativas sendo pioneiro na utilização de eucalipto para toda a produção da celulose. A Suzano, atualmente, é reconhecida como um dos maiores grupos empresariais do Brasil. Desde a década de 60 vem expandindo tanto a sua importância no mercado interno quanto no externo. Consagrada desde os primeiros anos do século XXI como uma empresa padrão global pela criação de um Modelo de Gestão Corporativa da Sustentabilidade e uma das suas maiores conquistas com a incorporação completa da unidade Mucuri e sua ampliação. Possui valores bem definidos que servem de alicerce e estímulo para os comportamentos desejáveis em todos os níveis hierárquicos da empresa. Dentre eles destaca-se liderança que, sob a perspectiva da empresa, traduz-se em inspirar e direcionar pessoas e equipes para a sustentação das estratégias da empresa. 4.2 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Para obter mais informações sobre a importância e influência do líder sobre o contexto organizacional, foi elaborada uma entrevista e aplicada a um dos gestores da empresa, o senhor Rodrigo Cezar de Bulhões, gerente do Pátio de Madeiras. Através da entrevista, foi possível observar que a empresa trabalha com a ideia de liderança e reconhece que, na busca pelos resultados, os colaboradores são imprescindíveis e, para tal, faz-se necessária a aplicabilidade da liderança. Na visão do gestor, as condutas e atitudes dos líderes junto aos liderados dependem do quanto o mesmo os conhece individualmente e também em meio ao grupo. Cabe a ele identificar em cada colaborador o perfil ao qual se enquadra para que possa trabalhar a sua liderança de forma diferenciada. Todos precisam evoluir para um perfil onde o gestor trabalhe com ele de forma delegada, instituindo o melhor cenário no alcance dos resultados propostos. Para o gestor, o líder pode influenciar o comportamento dos colaboradores e o cumprimento das suas atividades sendo exemplo dentro do ambiente de trabalho, justo nas tomadas de decisões analisando com sensatez e imparcialidade as deliberações e orientando através de “feedbacks” as condutas dos indivíduos. Certo de que o cumprimento das atividades torna-se o reflexo direto na busca por resultados. Ao se tratar de motivação de grupo, o gestor relatou que cada colaborador possui grau próprio de maturidade e este é formado a partir da soma do comprometimento e competência. À medida que uma determinada tarefa se torna muito rotineira pelo crescimento da competência, a tendência é a perda de interesse e, consequentemente, de motivação. Sendo assim, uma forma de motivação é fazer com que o colaborador enxergue as oportunidades existentes na empresa, orientando o caminho a se seguir e estimulando o desenvolvimento através de treinamentos, cursos, níveis superiores de ensino, etc.. Após o desenvolvimento pessoal, em consequência, novas atribuições mais complexas são, também, fatores motivacionais. Se, 56 mesmo com as medidas adotadas, prevalecer a desmotivação, para evitar a influência negativa sobre o resto da equipe outras práticas de gestão deverão ser utilizadas. Em relação à importância da comunicação na liderança e no relacionamento com os colaboradores, os gestores são constantemente rodeados de informações sobre tudo que se relaciona ao ambiente organizacional, devendo esses filtrar aquelas que mais interessam aos processos de gestão, levando em conta que, às vezes, muitas dessas informações apresentam informações subliminares. Neste momento “é imprescindível o relacionamento através de reuniões individuais ou coletivas que ajudem a mensurar e ajustar o que acontece no meio de trabalho.” Diante disso, é perceptível a ligação existente entre o líder e seus liderados, a importância do exercício da liderança e a sua influência na gestão de pessoas e processos no contexto organizacional, considerando a liderança enquanto norteadora do comportamento humano da organização. 5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES 5.1 CONCLUSÃO A partir da entrevista aplicada ao gestor da empresa Suzano Papel e Celulose S.A., foi possível coletar, organizar e analisar todas as informações necessárias que ajudaram a responder ao objetivo proposto: Identificar como a liderança pode influenciar os indivíduos integrantes das organizações. Buscando detectar como a liderança pode influenciar os indivíduos de uma organização, foi necessário a divisão do objetivo geral em objetivos específicos. Um objetivo específico procurou conceituar a liderança a partir de autores, o que foi demonstrado no referencial teórico, onde se definiu como sendo a ação de influenciar o comportamento das pessoas em busca de algum objetivo comum a todos. Outro objetivo específico buscou analisar a visão que o gestor tem sobre liderança, o que foi apresentado através da entrevista, quando o mesmo relatou que na busca pelos resultados as pessoas são de fundamental importância e para que todos juntos caminhem rumo às metas propostas é necessário a atuação de um líder capacitado, que consiga interpretar, analisar e influenciar o comportamento e as atitudes do grupo. Ao se verificar junto ao gestor a influência do líder sobre os colaboradores, que é o terceiro e último objetivo específico, pôde-se, por meio da análise dos dados, demonstrar que o gestor torna-se exemplo para os seus seguidores a partir do seu comportamento e atitudes. O mesmo deve conhecer a fundo o perfil de cada liderado para saber direcionar a cada um de forma diferenciada. A comunicação e a transmissão das informações, bem como os feedbacks, são os canais pelos quais o gestor trabalha de maneira individual as atuações e as ações dos colaboradores. Sem esquecer que o líder deve manter toda a sua equipe motivada e comprometida com os objetivos organizacionais, de maneira a fazer com que o desempenho dos mesmos melhore em suas tarefas. 57 Conclui-se que o líder tem um papel primordial e essencial dentro da organização, tendo em vista que ele é quem irá influenciar todo um grupo na busca de um bem comum. É ele quem delegará as atividades e tarefas aos colaboradores de maneira a alcançar os objetivos e metas propostos. O líder será o canal de ligação entre os gestores e a produção. 5.2 RECOMENDAÇÕES Considerando a importância e a influência que um líder exerce sobre os colaboradores de uma organização, recomenda-se à empresa que desenvolva junto aos seus colaboradores um trabalho de capacitação e treinamento em liderança, com o intuito de habilitar e instruí-los, tornando-os mais aptos à melhor atuação em conjunto, seguindo as orientações dos gestores e demonstrando a possibilidade de todos serem líderes capazes de autogestão, auxiliando horizontalmente os colegas de equipe na assunção de metas. Recomenda-se ainda que os futuros estudos a serem desenvolvidos na empresa busquem investigar a influência da liderança nas equipes de trabalho na visão dos colaboradores, objetivando identificar os possíveis pontos de mudança e melhoria na atuação dos seus líderes e gestores. 6 REFERÊNCIAS 1. ANDREAZZA, Orivaldo. Pesquisando o clima organizacional. [S.l.]. 21 ago 2008. 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