o real papel da indústria - The Consumer Goods Forum

Transcrição

o real papel da indústria - The Consumer Goods Forum
FOOD
O REAL PAPEL
DA INDÚSTRIA
MELHORES VIDAS POR MEIO DE MELHORES NEGÓCIOS.
THE CONSUMER GOODS FORUM E O FOMENTO DE UMA
ALIMENTAÇÃO E HÁBITOS SAUDÁVEIS
JOÃO PAULO MONTEIRO, DA REDAÇÃO
[email protected]
C
om um dos mais belos conjuntos
arquitetônico do planeta, contando com o Museu do Louvre,
Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a
Champs Elysées, Paris, a capital
da França, é uma cidade charmosa, atraindo
milhares de turistas todos os anos. No último mês de junho, porém, estiveram por lá
líderes de destacadas empresas de varejo e
bens de consumo. CEOs, diretores e gerentes,
membros do board do The Consumer Goods
Forum, se reuniram por três dias durante o
Global Summit, evento exclusivo e reservado
aos membros da rede paritária.
“O Fórum”, como é conhecido o grupo,
é formado por cerca de 400 varejistas, fabricantes, prestadores de serviços e demais
agentes da cadeia de alimentação de 70
diferentes países, como Nestlé, Unilever e
Carrefour, entre outras. Combinadas, estas
empresas representam em vendas ¤ 2,5 trilhões e empregam diretamente 10 milhões
de pessoas e 90 milhões indiretamente. Plataforma única de troca de conhecimentos
e experiências, a organização se baseia em
quatro pilares estratégicos: sustentabilidade,
segurança dos produtos, saúde e bem-estar e
valorização de toda a cadeia produtiva.
O encontro em Paris contou com os 50
membros do board e reforçou o papel desempenhado pela indústria e pelos varejistas
para com a melhoria da saúde e bem-estar
das pessoas e das comunidades que servem.
“Tirei duas conclusões deste evento”, inicia
a vice-presidente de Inteligência e Melhores
Práticas de Sharing, Rhoda Lane O’Kelly.
“Em primeiro lugar, o futuro do varejo será
caracterizado pela inovação e rompimento.
Em segundo lugar, estratégias de varejo
para o crescimento variam em todo o mundo, porém, a criação de valor ao se conectar
com os consumidores no ambiente de hoje
é relevante em todos os lugares”, analisa e
exalta: “O encontro mostra que a nossa indústria está disposta a trabalhar em conjunto para abordar questões da atualidade do
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FEEDFOOD.COM.BR
nosso tempo e para impulsionar a mudança
positiva no mundo”.
A líder de Saúde e Bem-Estar do Fórum,
Sharon Bligh, corrobora este pensamento:
“Acreditamos que a indústria pode desempenhar um papel na agenda global da saúde”.
Assim, a executiva aponta a utilização dos
meios de comunicação e de programas educacionais como ferramentas fundamentais
na promoção de uma alfabetização da saúde
e geração de consciência quanto a hábitos e
estilos de vida saudáveis. “Nossos membros
estão formando parcerias com profissionais
de saúde e comunidades visando oferecer
oportunidades para os consumidores e funcionários levarem uma vida mais saudável,
oferecendo ambientes livres de fumo, apoiando os consumidores a se tornarem mais ativos fisicamente, promovendo a saúde física e
EM NOVEMBRO, SÃO PAULO RECEBE A
MESA REDONDA GLOBAL SOBRE CARNE
SUSTENTÁVEL, EVENTO APOIADO PELO
FÓRUM, INFORMA SABINE RITTER
mental, incentivando a autoconfiança quanto
à imagem corporal, ou seja, avançamos nestas questões de bem-estar na comunidade por
meio de uma catequese acerca da saúde”, explana e apresenta dados: “Dos membros do
board, 84% estão comprometidos atualmente
com políticas de apoio aos consumidores por
meio da comunicação e educação”.
Mesmo com a sustentabilidade e o bemestar como focos principais da discussão,
outros temas também foram abordados:
“Temos um grande número de projetos que
estão sendo trabalhados por nossos membros como a rastreabilidade, a confiança do
consumidor e identificação da próxima geração de produtos. Há também a nossa Iniciativa de Segurança da Alimentação Global,
que lançou recentemente um documento de
posicionamento sobre a fraude de alimentos,
enquanto o nosso Programa de Conformidade Social Mundial tem como meta a melhoria contínua tanto das condições de trabalho
como as ambientais”.
Esta preocupação com o meio ambiente é explicada pela vice-presidente executiva
de Sustentabilidade e Valorização da Cadeia
Produtiva, Sabine Ritter: “Nossos membros
reconhecem suas responsabilidades para assegurar que o impacto de suas cadeias de
suprimentos sobre a mudança climática seja
mínima”. A executiva exemplifica com duas
resoluções firmadas durante o encontro: “A
primeira, ajudar a alcançar desmatamento
zero até 2020, por meio da obtenção sustentável de produtos básicos e, a segunda, iniciar
a retirada dos hidrofluorcarbonos (HFCs)
RHODA O’KELLY SE MOSTRA ANSIOSA
COM O FUTURE LEADERS PROGRAMME,
PROGRAMADO PARA OUTUBRO DE 2015,
NO RIO DE JANEIRO
Fotos: divulgação
FOOD
em novas instalações de refrigeração até 2015
e substituí-los com refrigeradores não HFC”.
Em resumo, o Fórum trabalha com o
simples e único objetivo de contribuir para
uma vida melhor para todos. Para isto, os
esforços são voltados a incentivar uma cultura de vida e de consumo mais saudáveis, e
isto só pode ser alcançado em um ambiente multi-stakeholder, desenha Sharon Bligh:
“Estamos em tempos de mudanças sem precedentes e sabemos que é hora de acelerar
as nossas ações. Por meio do nosso trabalho
colaborativo, de forma proativa e voluntária, apoiamos e contribuímos com esforços
governamentais e da sociedade civil na área
da saúde e bem-estar”. E, ainda segundo a
executiva, estes projetos são realizados por
meio de alianças estratégicas. Ela explica:
“Trabalhamos em estreita cooperação com
as plataformas colaborativas regionais e dos
parceiros e alianças estratégicas que nossa
organização identifica como fundamentais
para nos ajudar a impulsionar estas mudanças que almejamos no mundo. Vamos continuar construindo uma organização enxuta
e eficiente, minimizando a duplicação em
organismos regionais”.
Apesar das várias conquistas relacionadas
à saúde na última década, como uma maior
expectativa de vida, melhoria da nutrição,
higiene pessoal e a crescente classe média,
novos desafios surgiram, como a obesidade,
presente em 30% da população mundial,
informa Bligh. Desta forma, buscar constantemente agregar valor à cadeia deve ser um
dos pontos principais da indústria, acredita
a executiva e exemplifica como isto vem ao
encontro das propostas do Fórum, utilizando
como exemplo a reformulação de um produto para atender às necessidades nutricionais
de um público alvo: “Em uma região com
casos de anemia no México, foi adicionado
ferro aos biscoitos comumente consumidos
por aquelas pessoas”, conta.
E O BRASIL? Durante esta edição do Global Summit, o mercado brasileiro foi abordado dentro das economias emergentes,
porém sem muito aprofundamento. Mas, o
Fórum está atento ao País. No mês de outubro de 2015, o Rio de Janeiro (RJ) sediará o
Future Leaders Programme, o encontro dos
futuros líderes desta indústria. “Estamos
muito ansiosos por este evento”, revela Rhoda O’Kelly.
Países líderes mundiais, como o Brasil,
precisam chamar para si e assumir a responsabilidade pelo futuro do planeta, acredita a
líder da Iniciativa de Segurança da Alimentação Global, Jessica Wigram. Neste cenário, o
Brasil tem um importante papel a desempenhar: “É um líder dinâmico e razoavelmente
novo no cenário agroalimentar. Um grande
produtor agrícola que vem realizando im-
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FEEDFOOD.COM.BR
DURANTE
O GLOBAL
SUMMIT
O FÓRUM reforçou seu plano de
cinco anos, visando maior alinhamento e engajamento dos membros. “A nossa estratégia visa orientar a população a optar por um estilo
de vida mais saudável, pois, nenhuma outra indústria atinge tantas pessoas diariamente e pode contribuir
com uma nutrição mais saudável
para sete bilhões de indivíduos. Os
consumidores e os compradores querem a nossa indústria para ajudá-los a
fazer a escolha saudável uma opção
mais fácil”, explica a líder de Saúde e
Bem-Estar do Fórum, Sharon Bligh.
Deste modo, o board definiu as seguintes resoluções:
■ EM 2016: tornar pública as
políticas da companhia em nutrição
e formulação de produtos;
■ EM 2016: implementar
programas de saúde e bem-estar
dos funcionários;
■ EM 2018: implementar
amplamente rotulagens
consistentes dos produtos e
informações aos consumidores,
para ajudá-los a tomar decisões;
■ EM 2018: parar a publicidade
direcionada a crianças menores
de 12 anos dos produtos que
não cumpram os critérios
nutricionais específicos com base
em evidências científicas e/ou
diretrizes alimentares nacionais e
internacionais aplicáveis.
Fonte: The Consumer Goods Forum
portantes investimentos em infraestrutura,
tornando-se um líder global, que continuará
a desempenhar papel de liderança no futuro.
Isso significa que o País está bem posicionado para desempenhar um papel fundamental na definição das principais questões relacionadas à segurança alimentar, chamando à
ação os colegas da indústria”.
Assim, o Fórum “aplaude” as iniciativas de
sustentabilidade da indústria brasileira, afirma Sabine Ritter, como o estabelecimento e
renovações da Moratória da Soja. Este acordo
entre entidades representativas dos produtores
O BRASIL ESTÁ
BEM POSICIONADO
PARA DESEMPENHAR
UM PAPEL
FUNDAMENTAL NA
DEFINIÇÃO DAS
PRINCIPAIS QUESTÕES
RELACIONADAS
À SEGURANÇA
ALIMENTAR
JESSICA WIGRAM,
LÍDER DA INICIATIVA DE SEGURANÇA
DA ALIMENTAÇÃO GLOBAL
brasileiros, ONGs e governo se constitui em
uma ferramenta essencial na redução do desmatamento na Amazônia, pontua Ritter. Com
o anúncio de que este será o último ano de vigência do acordo, a vice-presidente executiva
de Sustentabilidade e Valorização da Cadeia
Produtiva acredita na implantação de um novo
mecanismo de controle da produção eficiente
para 2015.
O Fórum reconhece também os esforços
do País para tornar a indústria de proteína
animal mais sustentável. O Grupo de Trabalho
Carnes criado pelo Fórum, por exemplo, apoia
as atividades da Mesa Redonda Global sobre
Carne Sustentável, uma coalizão composta
por produtores, indústrias, fornecedores, varejistas, ONGs, associações e organizações governamentais, comprometida com uma cadeia
de carne bovina sustentável. No próximo mês
de novembro, em São Paulo (SP) recebe, entre
os dias 2 e 5, a próxima conferência do grupo, que trará como tema: “Carne Sustentável:
Construindo a Visão para o nosso Futuro”. ■
Foto: divulgação