aqui - São Luiz Teatro Municipal

Transcrição

aqui - São Luiz Teatro Municipal
SÃO
LUIZ
Director Artístico:
JORGE SALAVISA
Temporada 2009~2010
© José Frade
OS MORTOS
VIAJAM
DE METRO
SÃO
LUIZ
Director Artístico:
JORGE SALAVISA
Temporada 2009~2010
OS MORTOS
VIAJAM
DE METRO
Estreia da ópera resultante
da 2ª. edição do concurso
Ópera em Criação.
9 A 11 ABR 2010
SEXTA E SÁBADO
ÀS 21H00
DOMINGO ÀS 17H30
SALA PRINCIPAL
M/16
CO-PRODUÇÃO
SLTM ~ TNSC
AGRADECIMENTOS
CENTRO CULTURAL DE BELÉM
TEATRO NACIONAL D. MARIA II
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Ficha Técnica
MÚSICA
HUGO RIBEIRO
LIBRETO
ARMANDO NASCIMENTO ROSA
CONCEPÇÃO GERAL
E ENCENAÇÃO
PAULO MATOS
DIRECÇÃO MUSICAL
JOÃO PAULO SANTOS
CENOGRAFIA E FIGURINOS
BRUNO GUERRA
DESENHO DE LUZ
PAULO GRAÇA
VÍDEO, PROJECÇÕES
E LEGENDAGEM
NUNO NEVES
EXECUÇÃO DE FIGURINOS
MARIA GONZAGA
PERUCAS
FÁTIMA SOUSA
EXECUÇÃO DE CENOGRAFIA
LEONEL E BICHO, LDA
EXECUÇÃO DE PINTURA
CENOGRÁFICA
BRUNO GUERRA
SABRINA MARTINHO
OPERAÇÃO DE LEGENDAGEM
JOANA GALEANO
INTERPRETAÇÃO
MADALENA BOLÉO Florbela Espanca
MARGARIDA MARECOS Virginia Woolf
RAQUEL ALÃO Jovem suicida
SANDRA MEDEIROS Sylvia Plath
SÓNIA ALCOBAÇA Sarah Kane
SUSANA TEIXEIRA Agatha Christie
ORQUESTRA
SINFÓNICA PORTUGUESA
DIRIGIDA PELO
MAESTRO JOÃO PAULO SANTOS
© José Frade
© José Frade
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
É com prazer renovado que chegamos à quinta
produção do São Luiz na temporada 2009~2010.
Este momento congrega em si duas características
que este Teatro se tem esforçado por desenvolver: por
um lado, a aposta na criação, o desafio a criativos,
encenadores, dramaturgos e, como neste caso
particular, a compositores. E, por outro lado, o esforço
constante de conquistar espaço para a revelação de
novos talentos.
Neste trabalho cruzam-se a espontaneidade de Hugo
Ribeiro (na sua primeira composição de grande
fôlego), a maturidade de Armando Nascimento Rosa
e de Paulo Matos, e a interpretação da Orquestra
Sinfónica Portuguesa pela exímia mão de João Paulo
Santos.
Os Mortos viajam de metro é ainda fruto de uma feliz
parceria com o Teatro Nacional de São Carlos, com
o qual a proximidade física e programática tem
permitido criar algumas sinergias nas últimas
temporadas.
Sejam bem-vindos a este espectáculo.
Jorge Salavisa
Director Artístico
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© José Frade
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
SOBRE A MÚSICA
(OU A CRIAÇÃO MUSICAL)
Hugo Ribeiro
Antes de começar a escrever a música para esta ópera recebi conselhos que me
alertavam para o facto de, pouco a pouco, as personagens começarem a tomar posse
de mim. Assim também foi o processo composicional destas páginas de música: uma
macro-forma que se foi desenvolvendo dentro do meu espírito como uma bola de
neve. É-me quase impossível descrever todas as sensações provocadas pela escrita desta
ópera. O choro e o desespero, a alegria e o entusiasmo, fazem todos parte do meu
dia-a-dia desde que me foi dada a tarefa de compor a minha primeira ópera de
grande fôlego. Tratou-se de um trabalho extenso, exaustivo e evocador de vários
fantasmas que me levaram a escrever um número interminável de esboços até chegar
ao resultado musical que aqui se apresenta.
Perante um libreto inspirador, cuja narrativa esteve, desde sempre, de acordo com
os meus desejos criativos; trabalhar sobre estes versos foi das experiências mais
satisfatórias, porém assustadora, que já passou pelas minhas diversas mesas de trabalho.
Conhecer a obra de todas estas personagens escritoras, encontrando um paralelo entre
a sua criatividade e os seus impulsos de autodestruição, foi a principal matéria de
estudo durante os quase dois anos em que me dediquei à reflexão deste universo.
Vale a pena… mesmo co-habitando permanentemente com os espíritos destas seis
mulheres que, ainda hoje e talvez para sempre, teimam em não sair da minha
consciência.
A música, essa, e usando um cliché de retórica, falará por si própria. É inútil perder
tempo com explicações técnicas que interessam a um número muito reduzido de
curiosos. A música tem essa força: a de comunicar sensações várias, por vezes, através
de gestos muito pequeninos; a de manipular a percepção do público através daquilo
que ela própria quer dizer. Nestas páginas de música está tudo o que poderia estar,
todos estes princípios musicais que têm sido recorrentes no meu trabalho. E que,
seguramente, também me acompanharão no futuro.
Os mortos viajam de metro é dedicada aos meus pais, Alda e Carlos, e à minha irmã,
Inês que, com sabedoria, equilibraram as horas dos meus dias, fossem elas de chuva
ou de sol.
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© José Frade
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
UMA ÓPERA
DE ESCRITORAS SUICIDAS
Armando Nascimento Rosa
Integrando a parceria autoral, como libretista, da ópera curta As duas mulheres de
Sigmund Freud, vencedora em 2008 da 2ª edição do concurso Ópera em Criação,
era chegado o momento de experimentar a aventura de compor um libreto para
uma ópera com outro fôlego. O Hugo Ribeiro manifestou-me então dois desejos
determinantes: ele queria muito trabalhar apenas com vozes femininas e imaginava
principiar a sua ópera com uma personagem que se suicida em cena com um
revólver. Como iria eu corresponder eficazmente a estas solicitações, de modo
a construir um imaginário dramatúrgico no qual sentisse não estar apenas a atender
a uma simples encomenda do compositor, que me era externa? Foi essa a primeira
questão que se me colocou. Por outro lado, eu estava consciente de que a escrita de
um libreto é substancialmente diferente daquela que ocorre na criação de uma peça
de teatro, que é o domínio em que me movo há mais de vinte anos. Ao contrário
da relativa soberania autoral do dramaturgo, que destina directamente os estímulos
teatrais do seu verbo cénico para actores, encenador e demais criativos, o papel
do libretista é bastante mais o de um medianeiro inventivo que deverá produzir a
matéria verbal capaz de magnetizar o labor musical do compositor. Adoptando uma
imagem de contraste mitocrítico para estas duas funções: se o dramaturgo pode ser
tutelado pelo rebelde e imprevisível Dioniso, o libretista tem por patrono um Hermes
mensageiro, que negoceia e comunica os seus propósitos entre uma língua falada e
uma língua musical a acontecer na partitura que irá emergir das mãos do compositor.
Perseguir a melodia do verbo e as aventuras do sentido, numa língua que se escreve
destinada para o canto, era algo já familiar para mim, em formato breve, dado o meu
gosto pela escrita de canções, que não raro povoam várias peças minhas. Mas aqui
a situação é outra; existe uma espécie de escrita virtual a quatro mãos, que busca a
interacção de duas psiques criativas em duas modalidades de expressão diferenciadas.
Nesta interacção reside, a meu ver, um dos desafios fascinantes da criação operática
e também da prova a que ela submete os que a realizam. Poderá ser mais óbvio dizer
que a partitura do Hugo Ribeiro não existiria do modo como está se não tivesse
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OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
laborado sobre este libreto em particular, que a precedeu; mas o mesmo é válido
no sentido inverso: este libreto nunca me teria surgido se não houvesse antes o
confronto produtivo em que ambos aceitámos intercambiar imaginários para uma
obra que transporta a mescla das nossas assinaturas, mesmo se nela possamos
identificar com inteira nitidez quem foi que conjurou as palavras e quem foi que
idealizou a música.
A minha resposta ao desejo inicial do Hugo Ribeiro foi simples e directa. Ele queria
suicídios de mulheres na cena. Pois bem, eu iria recorrer a personagens com esse
perfil que já habitam no nosso consciente colectivo. Em vez de inventar mulheres
suicidas, preferi invocar aquelas que pertencem a uma memória histórica e literária
comum. A fixação do número de seis intérpretes conduziu a escolha destas figuras
icónicas, seguindo o espectro de influência que cada uma delas irradia, bem como
a desejável diversidade geracional entre elas; desde a primeira de todas a ter nascido,
Virginia Woolf (1882-1941), até à mais jovem Sarah Kane (1971-1999), que viveu
menos tempo que qualquer uma das restantes. No intervalo temporal destas duas
britânicas, está a portuguesa Florbela Espanca (1894-1930), não obstante ser a
primeira delas a ter morrido, e a norte-americana Sylvia Plath (1932-1963).
A longeva Agatha Christie (1890-1976) escapa do lote de suicidas (embora o tenha
tentado em vida, quando o seu primeiro casamento se desfez) e aparece na ópera
graças ao seu carácter detectivesco, convocada onde haja morte no horizonte. E neste
caso, parece estarmos, de início, num misto de conto gótico e policial fantasmático,
passado entre mortas numa existência póstuma. A estação de metro abandonada onde
a acção decorre é uma possível metáfora subterrânea para um Hades do inconsciente
onde elas se reúnem, aleatoriamente, interrogando a identidade da jovem que
assombra aquele lugar, ao tentar o suicídio repetidas vezes; jovem esta que todas elas
emularam, à excepção de Agatha, e não só pelo gesto suicida de uma pulsão de morte
consumada. A escrita é o elo que as une e que individualmente as distingue: duas
poetisas com obras em prosa; uma romancista de fôlego poético; uma dramaturga;
uma autora de policiais; e a desconhecida amnésica, personagem nascida do teatro,
que o nome da estação de metro revelará. Há uma língua partilhada com que todas
elas comunicam, não obstante termos cinco anglófonas e uma lusófona; “essa língua
dos poetas mortos/das aves cantoras”, que Virginia enuncia no seu primeiro diálogo
com Florbela. Uma língua cantada que se manifesta nas diversas expressividades que
as individualizam, graças ao carácter musical que Hugo Ribeiro concebeu para cada
uma delas, com a argúcia de quem andou a ler atentamente obras de todas, antes de
(as) compor.
Estas mulheres continuam presentes entre nós através da imaginação literária,
dramática, poética e política das obras que as suas vidas (ou a sua ficção, no caso da
jovem suicida) nos legaram; por isso uma atmosfera simbólica e surreal, como esta,
que as faz interagir numa fábula lírica e paródica, será motivo para múltiplas leituras
que não pretendo escrutinar aqui. Neste momento, é aos espectadores desta estreia
absoluta que caberá empreendê-lo se a obra os tocar, como esperam todos os
fazedores do espectáculo.
Uma palavra por isso de regozijo pela equipa cúmplice que tornou possível o
fenómeno raro de poder contribuir, com o compositor Hugo Ribeiro, aqui e agora
(numa parceria que ambos desejaríamos retomar), para a pesquisa de caminhos na
criação de ópera em português: o encenador Paulo Matos, interlocutor entusiasta
desde a anterior etapa de apresentação das óperas curtas; o profissionalismo artístico
e a generosidade do nosso sexteto de cantoras, viajantes deste metro com orquestra
no lugar dos carris; o maestro João Paulo Santos, cuja sageza operática proporciona
uma constante e descontraída lição de hermenêutica musical; o cenógrafo e
figurinista Bruno Guerra, meu ex-aluno da ESTC com quem não me cruzava na
cena desde que há sete anos estreámos a primeiríssima produção de Audição – Com
Daisy ao vivo no Odre Marítimo (no Teatro Maria Matos, com a Cassefaz); o reencontro
feliz com o luminoplasta Paulo Graça; bem como a belíssima equipa de produção do
São Luiz Teatro Municipal, que possibilitou o dia–a-dia de construção deste projecto,
no qual a pessoa do seu director artístico, Jorge Salavisa, apostou vivamente desde
a primeira hora.
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© José Frade
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
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MORTOS… MAS VIVOS!
Paulo Matos
Estes Mortos… traduziram e concluíram uma aventura bem mais longa, variada
e intensa do que a maioria pelas quais tenho passado na criação de projectos
e encenações.
Este espectáculo, que agora levamos a cena, começou, realmente, há quase seis anos
quando me sentei com o Christopher Bochmann em sua casa, lhe disse “tenho uma
ideia para um concurso de ópera e preciso muito da tua ajuda” e ele me respondeu,
com uma imensa generosidade de que lhe estou e estarei sempre grato, “claro, vamos
a isso”. Logo depois o Jorge Salavisa, de forma corajosa e visionária, soube arriscar
e apostar na ideia e dar-lhe assim viabilidade. Por isso, este projecto não surgiu agora
quando começámos os ensaios ou quando o Hugo me começou a mostrar a
partitura, este projecto foi construído desde lá atrás, desde o sonho e da persistência,
com vagares e esperas que souberam vencer os dissabores e os reveses.
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
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Tem por isso um gosto tão especial, como o vinho, amadurecido em cascos de
paciência e com condimentos de saborosa e laboriosa conquista.
Começou na longa reflexão que fomos fazendo na Comissão Responsável do Ópera
em Criação, com o Bochmann, o Carlos Marecos, o Chagas-Rosa, a Helena Barbas
e o João Madureira. Que reuniões e debates saborosos que fomos tendo e de que
agora tenho cada vez mais saudades. Continuou com o contacto que tive com os
olhares e as concepções tão diversas para a ópera e para os seus caminhos como
aqueles de todos os concorrentes nas duas edições – a eles o meu reconhecimento
pela aposta e pela coragem, na certeza de que, não termos escolhidos vários deles,
foi termos passado ao lado de apostas e criações com maravilhosas possibilidades.
Assim possa também o concurso ter novas edições para outras descobertas.
Mas continuou também dentro de mim com a maturação de um percurso que me
leva por caminhos que não previa e que tocam em íntimas certezas e subtis desejos.
Numa idade maior.
Projecto ‘contemporâneo’, porque todo pensado e criado neste nosso tempo, mas
também no universo, na temática, na criação musical, nos objectivos, nos caminhos
dramatúrgicos. ‘Contemporâneo’ com toda a coragem de se assumir belo, intenso
e novo. Mas quererá isso dizer belo e intenso também para o espectador e para a sua
fruição? Que poderá essa vontade e essa classificação (natural ou imposta?) produzir
para a renovação ou a para continuidade da arte enquanto lugar de encontro
e mistério do nosso ser social?
Com frequência classificamos como ‘contemporâneo’ o absolutamente experimental
e original ao ponto de produzir criações inacessíveis ou de fruição limitada a
iniciados. Pensamos a ‘arte contemporânea’ como produtora de significados que
contêm em si mesmos, ao mesmo tempo, os seus próprios códigos e as chaves para
a sua descodificação, e que produzem um ou vários significados mas também
a inteligência implícita de uma crítica ou de uma ironia. Criando uma leitura e uma
fruição que exigem do espectador uma iniciação aos conceitos e à linguagem.
Mas, como dizia Peter Brook numa das suas conferências, “o diabo é o
aborrecimento” e é nesse “aborrecimento” que se estabelece, em última análise,
a medida da validade de uma nova criação contemporânea. Estará a criação de ópera,
desde a segunda metade do séc. XX definitivamente afastada daquilo que a
transformava numa arte de massas? Conseguirá a ópera contemporânea encontrar
caminhos de renovação que não recusem teimosamente a sua capacidade imensa
de empatia e emoção – por tradição espectável – desta grande arte? Serão os
compositores causadores conscientes deste afastamento?
Foram estas algumas das questões de fundo que estiveram na base e motivaram a
natureza do concurso que lançámos. Era preciso perceber se a ópera contemporânea
(e cantada em português) era capaz de trazer aos espectadores uma outra forma de
fruição (na sua plena diversidade) capaz de afastar esse aborrecimento de que fala
Brook. Contribuindo para que ela saiba encontrar caminhos que voltem a recolocá-la
face à sua imensa capacidade de emocionar e comunicar. A ópera como arte total,
onde o público é participante do grande pathos.
Na trama que seguimos em Os Mortos Viajam de Metro, a estação de metro abandonada
transformou-se num espaço vasto, simbólico e místico onde as escritoras suicidas estão
aprisionadas num ‘limbo’ de culpas não resolvidas. Num palco de um teatro, num lugar
que não lhes pertence como seres que viveram e que falam das suas vidas reais.
Percebemos aos poucos que aquela Jovem Suicida é, afinal, quem impede a
descodificação, e portanto a libertação, porque não pertence ao mesmo universo.
Transporta outro código e outra raiz: o do próprio teatro e da ficção. Esta ópera e
este espectáculo assumem e integram assim a própria natureza da contemporaneidade
criando a trama e o simbólico, o código e a sua leitura. Como se de uma novela
criminal de tratasse.
A equipa foi inexcedível. Desde o Hugo e o Armando que apostaram neste trabalho
de forma quase vital, ao João Paulo Santos que nos trouxe a sua acutilância e a sua
experiência, até aos criativos que convidei para a minha equipa e que responderam de
forma entusiasta, cúmplice e imensamente criativa aos desafios que lhes lancei: o Bruno
Guerra, o Paulo Graça, o Nuno Neves. E que dizer das seis maravilhosas rainhas que
iluminam o palco com os seus cantos de sereias? Direi que elas são o fim e o princípio
de tudo o que criámos em cena e que me transformei em seu eterno admirador.
A toda a equipa do São Luiz Teatro Municipal o meu mais sincero reconhecimento.
Que todo o visitante deste espectáculo frua do mesmo deleite 'visionário'
que todos sentimos ao criá-lo.
SOBRE O ESPECTÁCULO
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
Numa estação de metro abandonada pelos vivos, uma jovem
suicida quer pôr termo à vida com um revólver. Ela perdeu
a memória de quem é ou de quem foi e apenas é movida
pela ideia insistente do seu próprio suicídio. Neste cais
subterrâneo onde os comboios já não passam, encontram-se
também outras personagens, mas nenhuma sabe o que as
atrai ali, naquele espaço inóspito. São fantasmas de mulheres
escritoras que experimentaram o suicídio: Florbela Espanca,
Virginia Woolf, Sylvia Plath, e Sarah Kane. Também Agatha
Christie está entre elas, procurando desvendar o enigma. Mas
todas desconhecem a identidade misteriosa da jovem suicida
e talvez nela esteja a chave que as liberte deste estranho
limbo, onde o canto é a linguagem que as revela entre si.
Será necessário decifrar o nome da estação de metro
desactivada, para perceber quem é afinal a jovem solitária
que a todos assombra…
Nesta ópera (com prelúdio e um acto) para seis cantoras,
efabula-se sobre as ligações entre criação poética e pulsão
de morte, numa séria e lírica paródia que dá voz a ícones
femininos, habitantes do nosso consciente colectivo.
SOBRE AS PERSONAGENS
FLORBELA ESPANCA Madalena Boléo
(Vila Viçosa, 1894 - Matosinhos, 1930) Um dos poetas portugueses mais lidos
de sempre, Florbela é uma das maiores cultoras da arte do soneto na literatura
portuguesa, com Camões e Bocage, Antero e Natália. Os seus versos reunem-se nos
volumes Livre das Mágoas, Livro de Soror Saudade e Charneca em Flor, e, na forma do
conto, nos livros Dominó Preto e As Máscaras do Destino, para além de prosa epistolar
e diarística. Colaborou em jornais e frequentou o curso de Direito em Lisboa (numa
época em que esta Universidade era um território marcadamente masculino).
A procura por uma erótica enunciada no feminino é elemento expressivo central na
sua obra poética, plena de tumulto interior, paixão e angústia insanáveis, como a sua
própria biografia, pontuada por três casamentos infelizes. Florbela Espanca morreu
em 1930 por ingestão excessiva de barbitúricos.
VIRGINIA WOOLF Margarida Marecos
(Londres, 1882 - Lewes, 1941 ) Um dos mais importantes ícones da literatura
anglo-saxónica, bem como do pensamento em torno da condição da mulher numa
sociedade androcrática,Virginia Woolf fez parte do grupo de escritores de Bloomsbury
em que se incluiam, entre outros E.M. Forster, Molly MacCarthy, John Maynard
Keynes, Duncan Grant e Roger Fry. Woolf revolucionou o romance novecentista e da
sua obras destacam-se, entre vários outros títulos, Mrs Dalloway, Orlando, Rumo ao farol
e As Ondas. Estreou-se com a obra A Viagem e desenvolveu actividade intensa, não só
como ficcionista e ensaísta, mas também como responsável editorial, juntamente com
o marido Leonard Woolf. Filha de um pai editor e de uma mãe cuja beleza a fizera
modelo de pintores pré-rafelitas,Virginia ficou orfã deles muito jovem, manifestando
desde então períodos de grande instabilidade psicológica,
o último dos quais, numa idade sénior, a conduziria ao suícidio em 1941 – deixando
cartas tocantes de despedida a sua irmã Vanessa e ao marido.Virginia afogou-se com
os bolsos do casaco cheios de pedras, num rio perto de casa.
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OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
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SYLVIA PLATH Sandra Medeiros
(Jamaica Plain, Massachussets, 1932 - Londres, 1963) Norte-americana de dupla
ascendência germânica, Sylvia Plath é uma referência poderosa e magnética na poesia
de língua inglesa do séc XX. Ainda aluna universitária no Smith College, Sylvia Plath
faz a sua primeira tentativa de suicídio, sendo internada e tratada com electrochoques;
tempo da sua vida que lhe inspiraria o seu único romance, A campânula de vidro. Em
1955, tendo vindo prosseguir estudos académicos, como bolseira em Cambridge,,
Sylvia casa-se com o poeta britânico Ted Hughes, fixando-se em Inglaterra onde
publica os seus primeiros poemas. Um aborto sofrido em 1961 será tema recorrente
no imaginário de Plath nos anos seguintes. A obra de Sylvia inclui também os seus
diários que escreve desde os 11 anos. No Inverno de 1963, durante uma profunda
crise depressiva, já separada de Hughes, após vedar com minúcia o quarto dos dois
filhos de ambos, ainda crianças, suicida-se abrindo o gás do fogão da cozinha.
SARAH KANE Sónia Alcobaça
(Essex, 1971 - Londres, 1999) Dramaturga inglesa do último quartel do séc. XX,
Sarah Kane marcou violentamente o teatro europeu da sua geração, tornando-se
rapidamente figura de culto. A breve obra de Sarah Kane (cinco peças de teatro, uma
curta-metragem e artigos para o jornal The Guardian) ostenta como traços fulcrais
a tortuosa psicologia das suas personagens, o choque e a agressividade, a tortura
e o desejo sexual tratados com ferocidade imagética. Depois da sua formação
universitária, chegou a trabalhar como encenadora. Os períodos de oscilação psicótica
que experiencia levam-na ao internamento e no último desses periodos, Kane escreve
Psicose 4.48, a sua peça formalmente mais radical e de terrível autognose. Usando os
atacadores dos sapatos humedecidos com urina, Sarah Kane enforca-se na casa-debanho do London’s King’s College Hospital em 1999, com 28 anos.
AGATHA CHRISTIE Susana Teixeira
(Torquay, 1890 - Wallingford, 1976)
A britânica Agatha Christie é internacionalmente reconhecida como a grande mestre
clássica do romance policial. As duas personagens de detectives emblemáticos que
criou, Hercule Poirot e Miss Marple, sobreviveram-lhe como alter egos ficcionais,
que o cinema também já recriou, e que continuam a seduzir sucessivas gerações de
leitores/espectadores. A obra prolífica de Christie inclui ainda a muitas vezes
encenada peça teatral A ratoeira, entre numerosos contos. Em 1930, Christie casa-se
pela segunda vez com o arqueólogo Sir Max, 14 anos mais jovem do que ela, com
quem viajará intensamente, e descobrirá os vestígios do passado em locais exóticos
que irão aparecer nas aventuras de Poirot e de Marple. Agatha Christie morreu de
causas naturais aos 85 anos de idade. No entanto, a sua vida fica também assinalada
pelos misteriosos 12 dias, no final dos anos 20, em que esteve desaparecida, após a
ruptura do primeiro casamento, período em que terá sofrido um colapso nervoso e
feito uma tentativa de suicídio, da qual sobreviveu apresentando amnésia temporária.
JOVEM SUICIDA Raquel Alão
A jovem suicida, esquecida de quem foi, é uma personagem que não morre porque
nunca viveu, já que é proveniente da literatura dramática, criada pela imaginação
do mais célebre dos dramaturgos: Shakespeare. Ofélia é uma personagem arquetípica
do suicídio feminino; a jovem que na falência dos afectos mergulha na desrazão
e acaba por afogar-se literalmente nas águas. A morte de Ofélia é uma presença
recorrente no imaginário das artes, sendo que a memória visual nos evoca
invariavelmente a representação pictórica pelo pré-rafaelita John Everett Millais,
a partir da modelo Elizabeth Siddall. Entre 1898 e 1903, O São Luiz (a esse tempo
designado Teatro D. Amélia) foi o palco que apresentou a maior parte da longa
e viajada carreira cénica da estreia nacional de Hamlet (pela companhia residente
Rosas & Brazão), sendo a primeira Ofélia portuguesa interpretada pela actriz Rosa
Damasceno.
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OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
That there are no people in what I’ve written.
Only ghosts.
Susan Sontag, Reborn – Early diaries (1947-1964)
OS MORTOS
VIAJAM
DE METRO
ÓPERA COM
PRELÚDIO
E UM ACTO
Libreto de Armando
Nascimento Rosa
Música de Hugo Ribeiro
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Personagens
JOVEM SUICIDA
AGATHA CHRISTIE
FLORBELA ESPANCA
SYLVIA PLATH
SARAH KANE
VIRGINIA WOOLF
A acção da ópera decorre numa estação de metro abandonada pelos vivos.
PRELÚDIO
[cena 1]
(Entra em cena uma Jovem com um revólver nas mãos. Traz no rosto a obstinação desesperada
de quem procura a morte.)
JOVEM SUICIDA:
Que posso eu esperar ainda desta vida?
Nada vezes nada vezes nada
Viver é uma doença má
Quero curar-me dela
e não há melhor remédio
que o espasmo da pistola
Como é doce e frio o aço desta arma
Basta apenas uma bala
Amiga vem jogar às escondidas
até que a morte saia do teu cano disparada
e me atravesse o crânio
Joguemos nós as duas
ao jogo mais perigoso
da apanhada
Não precisas correr atrás de mim
vou fingir que escapo mas não saio daqui
Quero ser agarrada a este toque
tão suave, tão macio
Morder o teu isco de fogo
Sou um peixe cansado
de albergar no sangue
o veneno que mata
pouco a pouco
os oceanos
Vou regressar ao nada
donde vim, donde viemos todos
Mergulhar na escuridão
onde já não há noite nem dia
nem choro nem dor
Só alegria crua
de abandonar de vez esta comédia
(Prime o gatilho, mas não há disparo de bala.)
Gatilho mentiroso
pareces ter forma de gente
Enganaste-me mas não enganas sempre
Prepara-te cabeça para o estrondo
e o embate
A morte é um soco dos valentes
A explosão de mim virá de ti
Matar o meu desejo
de silêncio e abandono
E não serei jamais
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
este eu que me assustou
desde que pus o meu olhar
no espelho ao acordar
E não reconheci aquela que me olhava
Na minha face o pavor de um só abismo
é infinito
O que julgo ser tem de acabar agora
para que eu me possa ver
à luz do nada
(Prime o gatilho uma segunda vez, de novo sem efeito.)
Estás a gozar comigo, morte caprichosa
Hás-de sair daí para me apagares a mente
Debaixo do chão onde não passam comboios
Este é o melhor lugar para morrer
para desfazer a falsa vida
o meu fantasma
Uma estação já morta
quero ser como ela
Pasto para os vermes
nosso destino é acabar na tripa deles
E eu não desisto nunca de morrer
Dizem que as mulheres não se matam com tiros
(Prime o gatilho uma terceira vez, uma vez mais sem efeito.)
Bala bela estás uma envergonhada
Não queres sair de casa para me dar sossego
Drageia fatal
Dás sono eterno, o sono que eu desejo
Quero deixar de ouvir o som do mundo
Vais livrar-me da insónia de estar viva
Vá, não te contenhas como amante macho
a adiar o esplendor do gozo
Deita fora a semente da morte
que sempre incendiou a raça humana
Faz da matéria cerebral e do meu sangue
o teu buraco de prazer
Buraco que rasgas e estilhaças
na duração do tiro
Bala que és fria
em lume irás ficar
Abres em mim a ferida maternal
por onde irei nascer
parida para a morte
Não te vens agora para mim?
(Prime o gatilho e desta vez o tiro acontece. Cai no chão inanimada. Silêncio
absoluto.)
ACTO ÚNICO
[cena 2]
(Entra em cena Florbela Espanca.)
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FLORBELA:
Ó cais tu és magnético
Um passo em falso
e morro eu à primeira
como gato inerte
Entregue à força com que a terra
atrai os corpos
Eu adorava a morte
quando estava viva
sonhava com ela
a envolver-me os braços
e a dizer baixinho
- Vem, entrega-me este corpo
prometido à morte
Mas a morte não traz a paz
só um silêncio maior
Não oiço já a voz dos vivos
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
e os versos que invento canto
mas não escrevo
perdem-se no ar
Morte, ó irmã Morte
Estou na tua casa há tantos anos
e ainda não vi o meu irmão
Ele está contigo
Apeles é o seu nome
Era aviador aventureiro
Onde o guardas tu, ó Morte
no teu império de sombras?
Será nesta estação abandonada
onde não passam comboios?
Encontrá-lo é tudo o que eu quero
Apeles…
O teu nome soa como Apolo
o deus do sol
(Entra em cena Virginia Woolf.)
Vejo alguém que chega
Serás tu, aviador perdido?
[cena 3]
VIRGINIA:
Venho sozinha
Não sei o que me traz a este lugar
Algo me atrai na solidão das profundezas
Um farol do cais
sem oceano
(Para Florbela.)
Quem és tu?
Eu sou Virginia
nasci na Inglaterra
FLORBELA:
Meu nome é Florbela
Fui lusitana em vida
mas agora percebo tudo o que falas
VIRGINIA:
(Por vezes, lança ao chão pedras que tira dos bolsos.)
Esta língua que falamos
é dos poetas mortos
das aves cantoras
Os golfinhos falam como nós
através dos mares
Eu fui escritora outrora
inventora de almas
com histórias lá dentro
FLORBELA:
Eu fazia versos
amava os sonetos e matei-me cedo
(Engole comprimidos.)
Não me livrei ainda deste vício
Tento adoçar com ele
a alma inquieta
VIRGINIA:
Também eu acabei por me matar
mas já não era jovem
Tive medo de ficar louca e velha
como o mundo
Afoguei-me no rio perto de casa
com os bolsos cheios de pedras
14
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
[cena 4]
(Entra em cena Agatha Christie.)
AGATHA:
Preciso juntar todas as pistas
Os vivos encerraram a estação
Ganharam terror a este lugar
por causa de uma mulher
desconhecida
Ela aparece e mata-se
de mil maneiras
a todas as horas
É um fantasma perdido
entre fantasmas
Quero saber quem ela é
Se é a fraude encenada
de uma morta
Ou se é uma infeliz
esquecida
de quem foi outrora
Preciso investigar
[cena 5]
(Entra em cena Sylvia Plath.)
SYLVIA:
Investigar o quê?
Não há crimes para desvendar
aqui onde chegámos
Queres enredo para mais um romance?
Matamos e morremos a fingir
Não há leitores para ti
Agatha Christie
nem estúdios de cinema
na caverna dos mortos
(Começa a calafetar as ranhuras que encontra no cenário.)
AGATHA:
Já vi que não és minha fã
Não se pode agradar a toda a gente
É o preço a pagar
por ser tão popular
Tu sabes quem eu sou
mas eu não sei quem és
Ó mulher loura!
Que fita lanças tu ao ar
em negro Carnaval?
SYLVIA:
Mania das perguntas
No meu caso não tens de procurar
O homicida está a descoberto
Fui eu a assassina de mim própria
Não resisti à depressão
no mais frio dos Invernos
Nem os meus filhos me agarraram à vida
Mas eu quis protegê-los
por isso não paro
de calafetar
tudo o que vejo
Não vá o gás do fogão estrangular
o sono deles
AGATHA:
Sylvia Plath
Lembro-me bem
Eu estava em Londres
15
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
quando se deu
a tragédia
A poesia é o tesouro
do teu naufrágio
Não precisas isolar estas paredes
este chão
Não há nada a respirar
para os mortos
O nosso gás está nas palavras
que trocamos
(Sylvia não cessa de calafetar.)
Sylvia, pára com isso!
O gás não entrou no quarto das crianças
Elas cresceram sem ti
no mundo dos vivos
SYLVIA:
Eu sei tudo isso
mas não posso evitar
o gesto compulsivo
É um castigo
que trago comigo
Tu morreste idosa
em global celebridade
Não percebes o nó do meu sofrer
AGATHA:
Não sabes
Também eu tentei matar-me um dia
nova ainda tal como tu eras
Senti-me só, desesperada
traída por um homem que amava
[cena 6]
(A Jovem suicida surge de novo, desta vez munida de um estojo para injectar-se.
Pretende agora matar-se de overdose.)
JOVEM SUICIDA:
Pensar eu que morrer seria fácil
Ah! Matar-me de todas as maneiras
em todos os lados deste cais
E volto sempre a acordar
na matéria do sonho
A morte é feita
e é tão parecida com a vida
Oh! Já não serve atirar-me
nos carris da linha
Ah!… Era a minha morte favorita
mas o metro não passa mais aqui
Hoje vou escolher outra morte
Oh! Esta seringa vai trazer-me
a paz que anseio
o eterno esquecimento
Preciso acreditar
para que a morte me abrace
para sempre
Ah! Não aprendi a injectar-me
mas eu sei que hei-de acertar
nalgum destes canais
onde o corpo mata a sede
Ah! És um vampiro sedento, corpo meu
Bebe isto agora e cai paralisado!
[cena 7]
(Entra em cena Sarah Kane.)
SARAH:
Gente a chutar na veia
16
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
na estação dos mortos
É a vida a imitar a morte
ou é a morte a copiar a vida...
Este teatro eu já conheço
(Para a Jovem suicida.)
Para que te queres matar
se já estás morta?...
(Verificando o produto que ela vai administrar em si mesma.)
Que droga é esta que vais injectar?
Queres ajuda na tarefa de acabar?
JOVEM SUICIDA:
Não fales para mim
Não vou escutar
Eu sou sozinha
Nada nem ninguém fará
mudar o meu querer
Eu sou capaz de fazer isto!
SARAH:
Tu não sabes usar a seringa
Não tens experiência
Nunca viste no cinema…
Tens de apertar o braço assim
É só encontrar
o sítio certo
Força mulher!
É um orgasmo de veneno
A morte invade agora
o teu fantasma
(A Jovem suicida cai inanimada momentos depois de injectar-se.)
SARAH:
Não sou eu a cruel
A crueldade está gravada
Na carne do mundo
É tatuagem cuja ferida nunca sara
É o vírus da gangrena que viaja
no sangue dos humanos
Ao menos tu tomaste a droga certa
Que mata a doença
e acaba de vez com o doente
[cena 8]
VIRGINIA:
Que estranha amiga és tu
Ajudaste esta infeliz a matar-se
uma vez mais
Não é assim que lhe vais curar
a alma
empurrando-a para o nada
SARAH:
Médica não sou
nem sequer amiga dela
Não sei de quem se trata
Dei-lhe uma mão para acalmá-la
Mas a ti eu já conheço
das fotos
Estás tal e qual na mesma
Os anos da morte não passam sobre ti
Virginia Woolf…
FLORBELA:
Esta morta é tão trocista
Viveu depois de nós
Morreu bastante jovem
17
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
O seu fantasma está
bem conservado
E se fala a língua dos poetas
também era escritora
SARAH:
Esta femme fatale não sei quem é
Não me parece que fosses amante
da Virginia
És mais pálida e mais nova
Mascarada à dama antiga
És talvez figurante em filme de época
FLORBELA:
Amei o cinema
mas ele não me quis
Fui poeta mas tu nunca me leste
SARAH:
Eu lia tudo o que apanhava
Não me diminuas
por ser já da geração online
VIRGINIA:
Sabes quem foi Florbela Espanca?
SARAH:
Nem tu sabias
até chegares à cave dos mortos
E vocês sabem quem foi Sarah Kane?,
em carne viva
Fiz peças sobre o lixo e o terror
desesperados
Sinais de sangue
no desejo no dejecto
de existir
VIRGINIA:
Sarah Kane
É esse o teu nome
Não chegam até nós
notícias do teatro
FLORBELA:
Trazes fios de trapo
enrolados ao pescoço
(Observa-os melhor.)
São cordões de sapato
Não queres tirá-los?
SARAH:
Eles foram a minha forca
Não tinha nada mais à mão
no hospital
Quero guardá-los
para jamais esquecer
a dor sem nome
de estar viva
[cena 9]
(Entra em cena Sylvia Plath, como que a sentir-se perseguida.)
SYLVIA:
Está alguém a perseguir-me
Ajudem-me por favor!
FLORBELA:
Não vejo ninguém nesta estação
além de nós
18
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
SYLVIA:
Não consegui ver quem era
Só sei que há um fantasma atrás de mim
SARAH:
Fantasmas somos todas
de escritoras suicidas
E tu, Sylvia
bela americana
não podias cá faltar
SYLVIA:
(Para Sarah.)
Conheceste-me logo
É bom sabê-lo
Até me esqueço do medo
que trazia
SARAH:
(Rodeia Sylvia num gesto de sedução.)
Sempre adorei
o lume negro
dos teus versos
Sylvia,
musa das trevas
És capaz de incendiar
a minha psicose
SYLVIA:
Adoras os versos
que escrevi
Isso faz-me alegre
Posso chamar-te de Ted?
SARAH:
Chama-me o que te der prazer
(Dançam ambas.)
[cena 10]
(Entra em cena Agatha Christie.)
AGATHA:
Mas que é isto?
FLORBELA:
Agatha Christie!
Afinal eras tu atrás da Sylvia
Mas porquê?
AGATHA:
Uma jovem suicida
atacou neste cais
Matou-se uma vez mais
SYLVIA:
E julgas agora que sou eu
Eu já morri
já me matei
Não sou fantasma sem memória
antes o fosse
SARAH:
Isto não é novela criminal
Eu vi a mulher que se matou
Não era a Sylvia
não era uma de nós
19
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
VIRGINIA:
(Para Agatha.)
Agatha, estás enganada
Eu e a Florbela vimos tudo
A Sarah ajudou a moça a injectar-se
tirou prazer da sua morte
Tem vocação de encenadora
É uma mulher do palco
que adora chocar as plateias
AGATHA:
Onde está então
o corpo dessa morta
Saiu daqui tão de repente
sem ninguém ver
SARAH:
Os fantasmas não deixam cadáver
Só dos vivos é que fica a carne podre
a infestar as gerações vindouras
VIRGINIA:
Mas ela estava aqui
desfalecida
Não vi para onde foi
o fantasma dessa mulher
dilacerada
FLORBELA:
A morta evaporou-se como água
no calor do Verão da minha terra
SYLVIA:
Não quero estar sozinha
O perigo não vem só dos vivos
[cena 11]
AGATHA:
Eu acho que a solução estará
neste lugar
Escondida nas paredes
do cais arruinado
VIRGINIA:
Não sabemos onde estamos
Como se chamaria a paragem deste metro
Tudo tem um nome
para ser conhecido
AGATHA:
É preciso sondar os recantos
Os pedaços de palavras
apagados pelo tempo
pela morte
(Investiga as paredes com uma lupa.)
[cena 12]
(Entra em cena a Jovem suicida, munida de uma faca. As outras personagens não dão pela sua
presença, absortas na pesquisa.)
JOVEM SUICIDA:
Não sei já chamar a morte
Ela não vem
Talvez a morte não exista
para mim
Estou condenada a morrer
20
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
e a continuar viva
A morte não se dá comigo
Nem as facas entram nesta pele de ferro
(Tenta cortar os pulsos, mas a pele não cede.)
Quem és tu que estás na minha voz
e não deixas calar-me?
Que mão está a mover
a marioneta?
Que lápis vem ditar a fala
com que canto?
(Suspende o canto e o gesto, prestando atenção ao diálogo entre Virgínia e Agatha.)
VIRGINIA:
(Observando um troço de parede.)
Houve algo aqui escrito
no passado
em letras grandes
Mas faltam peças na placa
Já não se percebe
o seu sentido
AGATHA:
Parece um nome
Talvez seja aquilo que ambas
procuramos
Mas os meus olhos de fantasma
não conseguem ler
VIRGINIA:
Estou a chegar a algum sítio
Um lugar sombrio assim
Só pode ter um nome
Já sei o que está escrito!
[cena 13]
VIRGINIA:
Elsinore
É o nome da estação
Elsinore
O metro abandonado
O cais dos mortos
Elsinore
É a palavra ocultada
AGATHA:
Elsinore
Já sabemos então quem é a pobre suicida
de Elsinore
JOVEM SUICIDA:
Quem sois vós, mulheres?
fascinadas pela minha sorte
Que prisão é esta onde estamos?!
VIRGINIA:
Elsinore
És tu Ofélia
O fantasma de Elsinore
OFÉLIA/JOVEM SUICIDA:
O que há no nome Ofélia
para que chamem por mim
Eu não tenho nome
A morte é o fracasso
21
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
de aqui estar
Quero morrer
E a morte foge
É amante infiel
VIRGINIA:
Ofélia é o teu nome e tu não morres
pois nunca viveste
És o fantasma de um fantasma
a jovem suicida
de Elsinore
OFÉLIA:
Eu não me lembro
de onde vim
Não me lembro da morte
que escolhi
Quem sou eu
para me matar
sem ter vivido
VIRGINIA:
Foste gerada
p’la mente de um poeta
Inventei p’ra ele
uma irmã genial
e suicida
Chamava-se Judith
OFÉLIA:
Eu queria ser antes essa irmã
tua filha de alma
E não de um homem
que me pôs no corpo
esta vontade fria
de morrer
VIRGINIA:
Mas tu não és Judith
a que eu criei
A tua vida é o tempo
do teatro
A tua morte Ofélia
foi na água
Eu morri como tu
Somos irmãs
na morte que tivemos
OFÉLIA:
Estou condenada a querer matar-me
louca
sem morrer
no cais das sombras
Para que fui eu criada
pela tinta
de um poeta
deus mortal
e implacável
FLORBELA, SYLVIA, SARAH e AGATHA:
Ofélia
Elsinore
Viemos parar a Elsinore
O sangue já secou
em Elsinore
22
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
Onde a morte se repete
na roleta infernal
A morta de Elsinore
está sem memória
[cena 14]
(Todas as personagens se aproximam de Ofélia e despedem-se dela.)
VIRGINIA:
Regressas à água onde morreste
SYLVIA:
Liberta-nos Ofélia
do desejo de morrer
SARAH:
Vai afogar-te Ofélia
FLORBELA:
Libera-nos Ofélia
AGATHA:
Liberta-te Ofélia
de ti mesma
VIRGINIA:
Irás nascer de novo
SYLVIA:
A água irá lavar o desespero
VIRGINIA:
Os vivos nascem
na água das mulheres
SARAH:
Mergulha lá bem fundo
FLORBELA:
A água que te mata
é a esperança de outra vida
AGATHA:
A água é o começo
depois de haver um fim
SARAH:
Na água hás-de encontrar
a paz desta miséria
AGATHA:
Está nas águas
a memória que perdeste
um dia
Fim
De que não existem pessoas naquilo que escrevi.
Apenas fantasmas.
Susan Sontag, Renascer – Primeiros diários (1947-1964)
23
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
HUGO
RIBEIRO
música
Hugo Ribeiro (Lisboa, 1983)
licenciou-se em Composição em
2005 na Escola Superior de Música
de Lisboa e concluiu o mestrado em
2007 na Royal Academy of Music em
Londres. Participou em masterclasses
de piano com Vladimir Viardo, Helena
Sá e Costa e Vitali Dotesenko, bem
como em cursos de composição com
Emmanuel Nunes, Salvatore Sciarrino,
Philippe Hurel, John Chowning, entre
outros. Em 2004 frequentou os cursos
de verão de Darmstadt onde
contactou com nomes como Bryan
Ferneyhough, Georg Friedrich Haas,
Toshio Hosokawa e Tadeusz Wielecki.
A sua música tem sido tocada em
Portugal, Espanha, Inglaterra e Suécia.
De algumas apresentações públicas da
sua música, destaca-se a estreia da peça
Carta a Kundera no Festival de
Spitalfields (Londres) pelo Manson
Ensemble, sob a direcção do maestro
suíço Baldur Brönnimann e a
execução da mesma peça no Festival
Listen to the World! 2009 (Suécia)
pelo Ensemble Gageego! dirigido
pelo maestro Pierre-André Valade.
Foi distinguido com o 1º Prémio na
Categoria de Música para Orquestra
no 2º Concurso Internacional de
Composição da Póvoa de Varzim
(2007) e foi vencedor do concurso
Ópera em Criação 2008 no Teatro
São Luiz em Lisboa. É bolseiro do
Centro Nacional de Cultura desde
2006 (“Bolsa Jovens Criadores”)
e é actualmente financiado pela
CCCU Studentship. Presentemente
encontra-se a concluir o
doutoramento na Canterbury Christ
Church University em Inglaterra.
Projectos futuros incluem a estreia
portuguesa da peça Mensagens soltas
para flauta, harpa e quarteto de cordas nos
Dias da Música em Belém no dia 25
de Abril; e a participação no Forum
2010 / Music and Video Art em
Montreal (Canada) com o Nouvel
Ensemble Moderne sob a direcção
de Lorraine Vaillancourt.
24
ARMANDO
NASCIMENTO
ROSA
PAULO
MATOS
libreto
Paulo Matos é licenciado em
Formação de Actores/Encenadores
pela Escola Superior de Teatro e
Cinema de Lisboa e pós-graduado
em Gestão das Artes, pelo Instituto
Nacional de Administração.Viveu
vários anos em Paris onde se
diplomou em Estudos Literários
e Teatrais pela Universidade da
Sorbonne, frequentou o Laboratório
de Estudos de Movimento e concluiu
o curso de Teatro da Escola Jacques
Lecoq e pode trabalhar e estagiar
com importantes personalidades
como A. Mnouchkine, L. Pasqual,
G. Strehler ou Peter Brook. Como
actor tem desenvolvido actividade
no teatro, tendo trabalhado com a
maioria das companhias e encenadores
de Lisboa, na televisão onde
participou em inúmeras séries e
novelas e no cinema onde participou
em filmes como Palavra e Utopia,
A Divina Comédia e Non ou a Vã
Glória de Mandar, de Manoel de
Oliveira, No Dia dos Meus Anos, de
João Botelho, A Maldição do Marialva,
de António Macedo. Como
encenador possui já um vasto
curriculum de autores como
A. Musset, Jorge de Sena, Ulrich
Plenzdorf, David Mamet, Teresa Rita
Lopes,Vicente Sanches, Eric Westphal,
Terry Johnson, Tchékhov, Carl
Djerassi. Desde o início dos anos 90
que tem tido oportunidade de
encenar com sucesso óperas dos mais
variados períodos e compositores
como Haendel, Mozart,
Humperdinck, Menotti, Barber,
Marcos Portugal ou António
Teixeira/António José da Silva
(Guerras do Alecrim e Manjerona).
Possui uma vasta experiência como
Gestor e Programador Cultural, tendo
produzido inúmeros espectáculos
e eventos de dinamização pública
e patrimonial. É fundador e director
do Arsenal d’Arte e do Ópera Estúdio
de Lisboa.
Armando Nascimento Rosa (Évora,
1966) é um dos dramaturgos
portugueses vivos mais representados,
desde a sua estreia cénica no Centro
Cultural de Belém, com Lianor no país
sem pilhas, encenada por João Mota,
obra distinguida com o Prémio
Revelação Ribeiro da Fonte, em
2000. Em 2008, recebeu o Prémio
Albufeira de Literatura com Visita
na Prisão ou O último sermão de António
Vieira (2009). De entre outras peças
suas encenadas e/ou publicadas,
contam-se títulos como: Não és
Beckett, não és nada (2009); Antígona
gelada (2008); Cabaré de Ofélia (2007);
O Eunuco de Inês de Castro – Teatro no
país dos mortos (2006); Maria de
Magdala (2005); Nória e Prometeu –
Palavras do fogo (2005); O Túnel dos
ratos (2004); A última lição de Hipátia
(2004); Um Édipo – O drama ocultado
(2003); e Audição – com Daisy ao vivo
no Odre Marítimo (2002). É autor até
esta data de dois volumes de ensaio
e de doze livros com peças originais,
dois dos quais publicados nos EUA,
pela Spring Journal Books, em edições
com aparato crítico de especialistas
anglo-americanos: An Oedipus – The
untold story (2006); e Mary of Magdala
– A Gnostic fable (2010).Várias peças
suas, tanto na versão original como
em tradução inglesa e castelhana,
foram alvo já de encenação e/ou
leitura encenada em Madrid, Londres,
Nova Iorque, Zurique, São Paulo,
Araraquara, e Nova Orleães.
Doutorado em Literatura Portuguesa
Dramática do séc. XX, pela
Universidade Nova de Lisboa,
é professor na Escola Superior de
Teatro e Cinema do Instituto
Politécnico de Lisboa, desde 1998.
encenação
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
JOÃO PAULO
SANTOS
BRUNO
GUERRA
PAULO
GRAÇA
maestro
cenografia e figurinos
desenho de luz
João Paulo Santos nasceu em Lisboa
e concluiu o curso superior de Piano
no Conservatório Nacional desta
cidade na classe de Adriano Jordão.
Trabalhou com Helena Costa, Joana
Silva, Constança Capdeville, Lola
Aragón e Elizabeth Grümmer. Na
qualidade de bolseiro da Fundação
Calouste Gulbenkian aperfeiçoou-se
em Paris (1979/84). Depois de ter
ocupado o cargo de Maestro
Assistente do Coro do Teatro
Nacional de São Carlos (1984)
foi nomeado Maestro Titular
(1990/2004). Actualmente é Director
de Estudos Musicais e Director
Musical de Cena do mesmo Teatro.
Desde 1990 que desenvolve também
uma intensa actividade como chefe
de orquestra, tendo-se estreado com
The Bear (William Walton), encenada
por Luis Miguel Cintra, para a RTP.
Seguiram-se Let’s Make an Opera
(Britten); Help, Help, the Globolinks!
(Menotti), na Culturgest; Sweeney
Todd (Sondheim), no Teatro Nacional
D. Maria II; Albert Herring (Britten),
Neues vom Tage (Hindemith) e Le Vin
herbé (Martin), no Teatro Aberto
(2001). Tem sido convidado a dirigir
estreias absolutas dos compositores
António Chagas Rosa, António Pinho
Vargas e Eurico Carrapatoso. No
São Carlos dirigiu Renard e Les Noces
(Stravinski), The English Cat (Henze),
Orphée aux enfers (Offenbach),
O Nariz (Chostakovitch) e, em
co-produção com a Culturgest, Hanjo
(Hosokawa) e Pollicino (Henze) em
estreia em Portugal. Na qualidade de
pianista apresenta-se a solo, em grupos
de câmara, acompanhando cantores,
e em duo com a violoncelista Irene
Lima desde 1985. Do seu repertório
destaca-se a interpretação da integral
das Sonatas para piano e outros
instrumentos de Hindemith. Gravou
vários discos, um dos quais com obras
de Erik Satie e Luís de Freitas Branco
(EMI Classics). Foi galardoado com
o Prémio Acarte 2000 pela direcção
musical de The English Cat.
Bruno Guerra nasceu em Lisboa a 24
de Dezembro de 1982. Frequentou a
Escola Profissional de Teatro de Cascais
e o curso superior de Design de Cena
da Escola Superior de Teatro e Cinema
da Amadora, como estágio final de
curso trabalhou no teatro Piccolo de
Milão, tendo acompanhado o trabalho
do encenador Luca Ronconi e algumas
das encenações de Giorgio Strehler.
Profissionalmente tem trabalhado em
teatro, televisão e cinema, com os
encenadores; Carlos Avilez, Carlos
Carvalheiro, Filipe La Féria, Henrique
Felix, Marina Mota, Paulo Matos e com
os realizadores; Fernando Ávila, Nuno
Garcia, Paula Gonzalez e Gonçalo Luz.
Dos seus projectos destacam-se as
cenografias de Música no Coração com
produção teatro Politeama, Num País
Chamado Simone – homenagem aos 50
anos de carreira, produção Casa das Artes,
Saia Curta e Consequências, produção
Décima Colina. Em televisão
desenvolveu os décors de Só Visto,
Top Mais, Campeões e Detectives e Hotel
Makamba, tudo produções da Valentim
de Carvalho Televisão; e como
figurinista, os projectos: As criadas de Jean
Genet, produção da ESTC, D. Juan,
produção da Camaleão Teatro, Queres
fazer Amor Comigo, produção Henrique
Felix e figurinos para as marchas
populares do Castelo e da Bica.
Participou em diversos espectáculos da
companhia de teatro Fatias de Cá, em
Tomar e tem trabalhado paralelamente
como assistente dos cenógrafos José
Costa Reis e Helena Reis. Actualmente
é professor de cenografia no Chapitô.
Paulo Graça dedica-se, desde 1977,
à iluminação de diversos tipos de
espectáculos, como ópera, teatro, dança,
moda e performance. Destes trabalhos
destacam-se as suas colaborações
regulares com o Ballet Gulbenkian,
o Teatro Nacional D. Maria II e a
companhia de teatro A Comuna, bem
como com os coreógrafos Olga Roriz,
Benvindo Fonseca, Gagik Ismailyan e
Cláudia Nóvoa, e com os encenadores
Ricardo Pais, João Mota e Nuno
Carinhas. Dedica-se também a projectos
de iluminação de espaços públicos
como bares, lojas e restaurantes. Destes
trabalhos destaca-se o bar LUX, o
restaurante Bica do Sapato e várias lojas
Vista Alegre. Desde 1998 que é Director
Técnico do Centro de Espectáculos
do Centro Cultural de Belém.
25
NUNO
NEVES
vídeo e projecções
Nuno Neves é realizador e artista de
vídeo. Licenciado em Comunicação
Social em 2008 e tendo estudado
Realização e Pós-produção
Cinematográfica, na escola Restart,
o seu filme de estreia, INK (2009)
esteve em competição em mais de
10 festivais europeus. Desde 2008 que
está relacionado com o mundo do
teatro e da ópera, tendo feito a edição
video de vários espectáculos de ópera
e tendo sido responsável pela
cobertura audiovisual de várias
peças de teatro, incluindo os festivais
F.A.T.A.L. 09 e M.I.T.O 09.
É membro-fundador da Associação
Cultural Elemento Indesejado,
vocacionada para a criação e
divulgação de novos artistas nas áreas
do teatro, música, cinema, artes visuais
e interactivas.
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
MARGARIDA
MARECOS
MADALENA
PAIVA BOLÉO
RAQUEL ALÃO
soprano
soprano
Margarida Marecos (soprano) estudou
na Academia de Amadores de Música
e licenciou-se em Canto da Escola
Superior de Música de Lisboa onde
estudou com Joana Silva. Foi solista
em obras do barroco ao
contemporâneo, sob a direcção de,
C. Bochmann, H. Castanheira,
N. Lalov, Cesário Costa, J. S. Béreau
e Vasco Azevedo, entre outros.
Desempenhou diversos papéis em
ópera e teatro musical: Despina,
Così Fan Tutte e Zerlina, D. Giovanni,
Mozart, Serpina e Patroa (versão
moderna Marecos), A Criada,
Pergolesi, Rainha, O Fim, Carlos
Marecos e Paulo Lages, Dr. Fuinha,
Uma Vaca Flatterzunge,Vítor Rua,
Marta-Mileva, Os Sonhos de Einstein,
Josh Rosenblum. Gravou as obras
O Fim – Ópera Íntima de Carlos
Marecos e A. Patrício e Te Deum
de António Victorino d’Almeida.
Lecciona as disciplinas de Canto
e Classe de Ópera na Academia
de Amadores de Música e no
Conservatório de Música D. Dinis.
Madalena Paiva Boléo (soprano) nasceu
em Lisboa em 1974. Fez o Curso de
Canto no Conservatório Nacional
e a Licenciatura em Canto na Escola
Superior de Música de Lisboa.
Interpretou vários papéis de ópera tais
como Cherubino (As Bodas de Fígaro,
Mozart), Anina (La Traviatta,Verdi),
Pagem (Rigolletto,Verdi), Kate Pinkerton
(Madama Butterfly, Puccini), 2ª Dama
(A Flauta Mágica, Mozart), Bastienne
(Bastien e Bastienne, Mozart),Vizinha
(Mavra, Stravinsky), Mother (O Cônsul,
Menotti), Cunhada (Outro Fim, Pinho
Vargas), Aninhas (O Doido e a Morte,
Alexandre Delgado), em vários teatros
do país incluindo o Teatro Nacional
de São Carlos, Culturgest, Teatro da
Trindade, São Luiz ou o Teatro
Municipal de Almada. Foi também
solista em várias obras sacras como
o Stabat Mater de Pergolesi e o Stabat
Mater de Boccherini, entre
outros.Trabalhou ainda nos musicais
Os Grandes Mestres do Musical Americano
apresentado por João Pereira Bastos
e O Último Tango de Fermat no Teatro
da Trindade.
Raquel Alão (soprano) é natural de
Lisboa e concluiu em 2004 o Curso
de Canto da Escola de Música
do Conservatório Nacional, sob a
orientação da professora Filomena
Amaro. Participou no VII Concurso
Nacional de Canto Luísa Todi, onde
foi galardoada com o terceiro prémio
para Voz Feminina. Foi solista nas mais
variadas obras, das quais se destacam
A Sea Symphony de Vaughan Williams,
sob a direcção de Jorge Alves; Carmina
Burana, de Carl Orff, com Günter
Neuhold na direcção, e Gloria de Vivaldi
e Christen, ätzet diesen Tag de Bach, no
Concerto de Natal da Orquestra Divino
Sospiro, no CCB, gravado para o canal
Mezzo e para a RTP2. Na ópera destaca
as prestações como Königin der Nacht
em A Pequena Flauta Mágica, direcção
de Júlia Jones, Berenice em L’Occasione
fa il ladro de Rossini, direcção de Moritz
Gnann e Fada Azul em A Bela
Adormecida (versão infantil) de Respighi,
direcção de João Paulo Santos. Integra
o Programa de Jovens Intérpretes no
TNSC na corrente temporada.
26
soprano
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
SUSANA
TEIXEIRA
SANDRA
MEDEIROS
SÓNIA
ALCOBAÇA
soprano
soprano
soprano
Susana Teixeira (soprano) gravou
Requiem für Mignon de Schumann
e Salmos de Mendelsshon com a
Orquestra Gulbenkian, Obras de
Joaquim Casimiro Jr com os Segréis
de Lisboa, as Vozes Alfonsinas, Música
no Tempo das Descobertas, In Time
of Troubadours e Antologia da Música
Portuguesa até ao Renascimento. Gravou
também As Variedades de Proteu
(Portugalsom) de A. Teixeira e obras
de Jorge Peixinho e de Clotilde Rosa
(La mà de guido) com o GMCLGrupo de Música Contemporânea
de Lisboa. Estreou as óperas Sol de
Invierno de D. del Puerto em Portugal
e em Espanha com os Drumming e
Defunto de Schwetz também com o
GMCL em Almada. É professora de
Canto nos Conservatórios de Leiria
e de Alhandra
Sandra Medeiros (soprano) estudou
no Conservatório Regional de Ponta
Delgada e na Escola Superior de
Música de Lisboa e é pós-graduada em
Canto pela Royal Academy of Music
(Londres), onde também foi premiada
com o Amanda von Lob Memorial
Prize. Foi premiada em concursos
nacionais e internacionais (2º Prémio
no V Concurso Internacional de Canto
Bidu Sayão – Brasil). Frequentou cursos
com Ileana Cotrubas, Teresa Berganza,
Gundula Janowitz, Jill Feldmann, entre
outros. Como solista trabalhou sob
a direcção de Michael Corboz, Charles
Mackerras, Laurence Cummings,
Lawrence Foster, Marc Minkowski
entre outros e com destacadas orquestras
portuguesas e europeias. Foi Barbarina
(Nozze di Fígaro) Princese (L’énfant
et Les Sortiléges), Gémea Siamesa
(Corvo Branco, Philip Glass), Dragonfly
(A raposinha matreira), Frasquita (Carmen),
Serpina (La serva padrona), Carlota
(As Damas Trocadas, Marcos Portugal),
D. Anna (D. Giovanni) entre outros.
Sónia Alcobaça (soprano) é licenciada
em Canto pela ESML e trabalha
actualmente com a professora Elena
Dumitrescu-Nentwig. Na interpretação
destaca os seguintes trabalhos: Elle, La
voix humaine, Poulenc/Cocteau (CAM),
Nedda, I Paglacci, Leoncavallo (CAE
Figueira da Foz), Lucy, The Beggar’s
Opera, Britten (Teatro Aberto), Condessa
d’Almaviva, As Bodas de Figaro, Mozart
(CAE Figueira da Foz), Carmela,
La Vida Breve, Falla (TNSC), Sainte
Marguerite, Jeanne d’Arc au bûcher,
Honegger (TNSC), Femme, Le pauvre
Matelot, D.Milhaud (CAM), Micaela,
Carmen, Bizet (Festival de Óbidos),
Primeira Dama, A Pequena Flauta
Mágica, Mozart (Fundação Calouste
Gulbenkian), Mulher, Outro Fim,
António Pinho Vargas (Culturgest),
Gutrune, Die Götterdämmerung, Wagner,
na mais recente produção de Graham
Vick para o palco do TNSC. Em recital,
apresentou-se no Teatro São Luiz com
o pianista Nuno Vieira de Almeida no
Ciclo Novos Cantores (2007), no
Ciclo Novos Intérpretes da Fundação
Calouste Gulbenkian com o maestro
João Paulo Santos (2009) e nas últimas
edições do Festival de Música da Casa
de Ópera do Cabo Espichel, com
o pianista Nuno Lopes.
27
OS MORTOS
VIAJAM DE METRO
ABR ~ 1O
ORQUESTRA
SINFÓNICA
PORTUGUESA
Orquestra Sinfónica Portuguesa foi
criada em 1993 e é um dos corpos
artísticos do Teatro Nacional de São
Carlos e tendo vindo a desenvolver uma
actividade sinfónica própria, incluindo
programação regular de concertos,
participações em festivais de música
nacionais e internacionais.Tem
colaborado regularmente com a
Radiodifusão Portuguesa através da
transmissão dos seus concertos pela
Antena 2 e da participação em iniciativas
da própria RDP, tais como Prémio Pedro
de Freitas Branco para Jovens Chefes de
Orquestra, Prémio Jovens Músicos-RDP
e Tribuna Internacional de Jovens
Intérpretes. No âmbito de outras
colaborações destaque-se também a sua
presença nos seguintes acontecimentos:
8.º Torneio Eurovisão de Jovens Músicos
transmitido pela Eurovisão para cerca
de quinze países (1996); concerto
de encerramento do 47.º Festival
Internacional de Música y Danza de
Granada (1997); concerto de Gala de
Abertura da Feira do Livro de Frankfurt;
concerto de encerramento da Expo 98;
Festival de Música Contemporânea de
Alicante (2000); e Festival de Teatro
Clássico de Mérida (2003). A Orquestra
tem actuado, no âmbito das temporadas
líricas e sinfónicas, sob a direcção de
notáveis maestros, tais como Rafael
Frühbeck de Burgos, Alain Lombard,
Nello Santi, Alberto Zedda, Harry
Christophers, George Pehlivanian,
Michel Plasson, Krzysztof Penderecki,
Djansug Kakhidze, Milán Horvat, Jeffrey
Tate e Iuri Ahronovitch, entre outros. A
discografia da Orquestra conta com dois
CD's para a etiqueta Marco Polo, com as
Sinfonias n.º 1 e n.º 5, e n.º 3 e n.º 6, de
Joly Braga Santos, as quais gravou sob a
direcção do seu primeiro maestro titular,
Álvaro Cassuto a quem se seguiu José
Ramón Encinar (1999/2001) e Zoltán
Peskó (2001/2004) no mesmo cargo.
Donato Renzetti desempenhou funções
de Primeiro Maestro Convidado até à
Temporada de 2006/07. A partir do
início da Temporada 2008/09 Julia Jones
ocupa o cargo de Maestro Titular.
28
Maestro Titular
Julia Jones
Assistente Musical do Maestro Titular
Moritz Gnann
I Violinos
Evelyne Alliaume (Concertino Principal Convidado)
Alexander Stewart (Concertino Adjunto)
Pavel Arefiev (Concertino Adjunto)
Leonid Bykov (Concertino Assistente)
Veliana Hristova (Concertino Assistente)
Alexander Mladenov
Anabela Guerreiro
António Figueiredo
Asmik Bartikian
Ewa Michalska
Iskrena Yordonova
Jorge Gonçalves
Laurentiu Ivan Coca
Luís Santos
Margareta Sandros
Marjolein de Sterke
Natalia Roubtsova
Nicholas Cooke
Pedro Teixeira da Silva
Regina Stewart
II Violinos
Jan Schabowski (Coordenador de Naipe)
Klara Erdei (Coordenador de Naipe Adjunto)
Rui Guerreiro (Coordenador de Naipe Adjunto)
Mário Anguelov (Coordenador de Naipe Assistente)
Nariné Dellalian (Coordenador de Naipe Assistente)
Aurora Voronova
Carmélia Silva
Inna Rechetnikova
Kamélia Dimitrova
Katarina Majewska
Maria Filomena Sousa
Maria Lurdes Miranda
Slawomir Sadlowski
Sónia Carvalho
Tatiana Gaivoronskaia
Witold Dziuba
Violas
Pedro Saglimbeni Muñoz (Coordenador de Naipe)
Cecilio Isfan (Coordenador de Naipe Adjunto)
Galina Savova (Coordenador de Naipe Assistente)
Cécile Pays (Coordenador de Naipe Assistente)
Etelka Dudas
Isabel Teixeira da Silva
Joaquim Lima
Maria Cecília Neves
Maria Lurdes Gomes
Massimo Mazzeo
Rogério Gomes
Sandra Moura
Ventzislav Grigorov
Vladimir Demirev
Violoncelos
Irene Lima (Coordenador de Naipe)
Hilary Alper (Coordenador de Naipe Adjunto)
Kenneth Frazer (Coordenador de Naipe Adjunto)
Ajda Zupancic (Coordenador de Naipe Assistente)
Alberto Campos (Coordenador de Naipe Assistente)
Diana Savova
Emídio Coutinho
Gueorgui Dimitrov
Luís Clode
Maria Lurdes Santos
Margarida Matias
Contrabaixos
Pedro Wallenstein (Coordenador de Naipe)
Petio Kalomenski (Coordenador de Naipe)
Adriano Aguiar (Coordenador de Naipe Adjunto)
Duncan Fox (Coordenador de Naipe Adjunto)
Anita Hinkova (Coordenador de Naipe Assistente)
João Diogo
José Mira
Manuel Póvoa
Svetlin Chichkov
Flautas
Katharine Rawdon (Coordenador de Naipe)
Nuno Ivo Cruz (Solista A)
Anthony Pringsheim (Solista B)
Anabela Malarranha (Solista B)
Oboés
Hristo Kasmetski (Solista A)
Ricardo Lopes (Solista A)
Elizabeth Kicks (Solista B)
Luís Marques (Solista B)
Luís Alves (Solista A convidado)
Clarinetes
Francisco Ribeiro (Coordenador de Naipe)
Joaquim Ribeiro (Solista A)
Felício Figueiredo (Solista B)
Jorge Trindade (Solista B)
Fagotes
David Harrison (Coordenador de Naipe)
Carolino Carreira (Solista A)
João Rolo Brito (Solista B)
Piotr Pajak (Solista B)
Trompas
António Nogueira (Coordenador de Naipe)
Laurent Rossi (Solista A)
Paulo Guerreiro (Solista A)
António Rodrigues (Solista B)
Carlos Rosado (Solista B)
Tracy Nabais (Solista B)
Trompetes
Jorge Almeida (Coordenador de Naipe)
António Quítalo (Solista A)
Latchezar Goulev (Solista B)
Pedro Monteiro (Solista B)
Trombones
Hugo Assunção (Coordenador de Naipe)
Jarrett Butler (Solista A)
Kevin Hakes (Solista A)
Vítor Faria (Solista B)
Tuba
Ilídio Massacote (Solista A)
Tímpanos e Percussão
Elizabeth Davis (Coordenador de Naipe)
Richard Buckley (Solista A)
Lídio Correia (Solista B)
Pedro Araújo e Silva (Solista B)
Harpa
Carmen Cardeal (Solista A)
Piano
Alexandra Simpson (Solista A convidado)
SÃO
LUIZ
TEATRO MUNICIPAL
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO OPART E.P.E.
director artístico
JORGE SALAVISA
gestor
RUI CATARINO
assistente de direcção artística
AIDA TAVARES
adjunta de gestão
MARGARIDA PACHECO
secretariado de direcção
OLGA SANTOS
direcção de produção
TIZA GONÇALVES (directora)
SUSANA DUARTE (adjunta)
MAFALDA SEBASTIÃO
direcção técnica
HERNÂNI SAÚDE (director)
iluminação
CARLOS TIAGO
RICARDO CAMPOS
RICARDO JOAQUIM
SÉRGIO JOAQUIM
maquinistas
ANTÓNIO PALMA
JOÃO NUNES
PAULO MIRA
VASCO FERREIRA
som
NUNO SAIAS
RICARDO FERNANDES
RUI LOPES
encarregado geral
MANUEL CASTIÇO
secretariado técnico
SÓNIA ROSA
direcção de cena
AIDA TAVARES (coordenadora)
JOSÉ CALIXTO
MARIA TÁVORA
MARTA PEDROSO
ANA CRISTINA LUCAS (assistente)
direcção de comunicação
MARIA VLACHOU (directora)
CECÍLIA FOLGADO (adjunta)
frente de casa
NUNO SANTOS
bilheteira
CIDALINA RAMOS
HUGO HENRIQUES
SORAIA AMARELINHO
assistentes de sala
CARLOS RAMOS
DELFIM PEREIRA
DOMINGOS TEIXEIRA
FERNANDO TEIXEIRA
HERNÂNI BAPTISTA
JOANA BATEL
JOÃO CUNHA
LEONOR MARTINS
MAFALDA TAVARES
PAULO REBELO
SEVERINO SOARES
segurança
SECURITAS
limpeza
VIVALISA
presidente
PEDRO SANTOS MOREIRA
vogais
CARLOS VARGAS
HENRIQUE FERREIRA
---------------
director artístico do tnsc
CHRISTOPH DAMMANN
maestro titular da orquestra sinfónica portuguesa
JULIA JONES
maestro titular do coro do teatro nacional de são carlos
KOSTA POPOVIC
director técnico
FRANCISCO VICENTE
directora de espectáculos adjunta
ALDA GIESTA
director de marketing
MÁRIO GASPAR
directora financeira e administrativa
SÓNIA TEIXEIRA
directora de recursos humanos
SOFIA DIAS
CANTORES EM RESIDÊNCIA - TEMPORADA 2009/2010
ANA FRANCO (programa jovens interpretes)
CHELSEY SCHILL
KRISTINA WAHLIN
LUÍSA FRANCESCONI (programa jovens interpretes)
MARIA LUÍSA DE FREITAS
RAQUEL ALÃO (programa jovens interpretes)
JOÃO MERINO (programa jovens interpretes)
JOÃO OLIVEIRA (programa jovens interpretes)
LEANDRO FISCHETTI
LUÍS RODRIGUES
MARCO ALVES DO SANTOS (programa jovens interpretes)
MÁRIO JOÃO ALVES
MUSA NKUNA
PROGRAMA JOVENS INTÉRPRETES
coordenador
ANDRÉ HELLER-LOPES
cenografia e figurinos
RITA ÁLVARES PEREIRA
GABINETE DE ESTUDOS MUSICAIS E DRAMATURGIA
director de estudos musicais e director musical de cena
JOÃO PAULO SANTOS (coordenador)
maestro correpetidor
NUNO MARGARIDO LOPES
DIRECÇÃO DE ESPECTÁCULOS
ALESSANDRA TOFFOLUTTI (coordenação de programação)
FERNANDO CARVALHO (novos projectos)
TERESA SERRADAS DUARTE (secretária)
gabinete de gestão da produção
ALDA GIESTA (coordenadora do gabinete e directora adjunta)
FÁTIMA MACHADO
FILOMENA BARROS
LUCÍLIA VARELA
gabinete de gestão do coro e orquestra
MARGARIDA CLODE (coordenadora)
CELESTE PATARRA
MARIA BEATRIZ LOUREIRO
JERÓNIMO FONSECA
MARGARIDA CRUZ
NUNO GUIMARÃES
RUI IVO CRUZ
gabinete de pesquisa e documentação musical
PAULA COELHO DA SILVA (coordenadora)
AGOSTINHO SORRILHA
JOSÉ CARLOS COSTA
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
RUA ANTÓNIO MARIA CARDOSO, 38; 1200-027 LISBOA
[email protected]; TEL: 213 257 640
fotos, vídeos e outros recursos de referência em
www.teatrosaoluiz.pt

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