Livro Estratégia para Crescer - Universidade Corporativa Sebrae

Transcrição

Livro Estratégia para Crescer - Universidade Corporativa Sebrae
CRESCER
ESTRATÉGIA PARA
Lições de países
que incluem o
empreendedorismo
e as micro e
pequenas empresas
na agenda do
desenvolvimento
ESTRATÉGIA PARA
CRESCER
Lições de países
que incluem o
empreendedorismo
e as micro e
pequenas empresas
na agenda do
desenvolvimento
Organizado por Eloi Zanetti
Organizado por Eloi Zanetti
Autores:
Agnaldo Gerson Castanharo
Alba Silva Anastacio Soares
Allan Marcelo de Campos Costa
Claudio Eduardo de Assis
Fabio Hideki Ono
Heverson Feliciano
Joailson Antonio Agostinho
Jose Gava Neto
Jose Ricardo Castelo Campos
Julio Cezar Agostini
Luiz Carlos da Silva
Marcos Aurélio de Lima
Orestes Hotz
Rainer Junges
Renata Borges Todescato
Vitor Roberto Tioqueta
Brasília, DF • 2014
2014. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
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reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n.º 9.610/1998).
SEBRAE NACIONAL
Textos produzidos e organizados por: Eloi Zanetti
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Entrevistas com: Agnaldo Castanharo, Alba Anastácio Soares, Allan Marcelo de Campos
Roberto Simões
Costa, Cláudio Assis, Fabio Hideki Ono, Heverson Feliciano, Joailson Agostinho, José Gava
Diretor Presidente
Neto, José Ricardo Castelo Campos, Julio Cezar Agostini, Luiz Carlos da Silva, Marcos
Aurélio Lima, Orestes Hotz, Rainer Junges, Renata Todescato e Vitor Roberto Tioqueta
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Revisão de conteúdos: Elisa Marília Carneiro, Fabio Hideki Ono, Leandro Donatti
Diretor Técnico
Carlos Alberto dos Santos
Fotos: produzidas pelos integrantes das missões
Diretor de Administração e Finanças
Todos os textos são fruto da percepção e análise colhidas durante três missões
José Claudio dos Santos
internacionais realizadas por diretores e gerentes do Sebrae/PR em 2012, para Coreia
Gerente da Universidade Corporativa Sebrae
do Sul, Tailândia, Malásia e Cingapura; Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia; e
Índia (Mumbai, Bangalore, Nova Deli), Hong Kong, Taiwan e China.
Alzira de Fátima Vieira
Diagramação e editoração: iComunicação
SEBRAE PARANÁ
Presidente do Conselho Deliberativo Estadual
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Sebrae Nacional
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SGAS 605 – Conj. A – Asa Sul – 70200-904 – Brasília/DF
Diretor Superintendente
Telefone: (61) 3348-7100
Vitor Roberto Tioqueta
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www.sebrae.com.br
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Gerente da Unidade de Gestão Estratégica
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Conselho Editorial e Coordenação Técnica
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Leandro Donatti
Fabio Hideki Ono
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecária responsável: Jaciara Coelho P. de Oliveira
E82
Estratégia para crescer : lições de países que incluem o empreendedorismo e as micro e
pequenas empresas na agenda do desenvolvimento. / Eloi Zanetti (org.). –
Brasília : Sebrae, 2014.
164 p.
ISBN (impresso) 978-85-7333-626-9
ISBN (eletrônico) 978-85-7333-625-2
1.Benchmarking internacional 2. Pequenos negócios 3. Ásia I. Zanetti, Eloi
(org.) II. Sebrae
CDU – 005.642.1
“Viajar só tem vantagens: se formos
para países melhores, podemos
aprender a melhorar o nosso.
Se pararmos em países piores,
podemos passar a apreciar o nosso”
Samuel Johnson
Escritor inglês
Experiência global, atuação local
O Sebrae é uma empresa de conhecimento, de saberes e boas práticas.
Aprendemos mais a cada dia e disseminamos as nossas experiências para realizarmos
um atendimento mais qualificado aos nossos clientes, afinal somos especialistas em
pequenos negócios.
Anualmente, preparamos as altas e médias lideranças do Sebrae dentro de parcerias
da Universidade Corporativa com renomadas instituições de ensino nacionais e
internacionais. O objetivo é trazer a experiência global para a atuação local. Com isso,
buscamos atualizar os conhecimentos e construir um modelo de liderança que reflita
os objetivos e as diretrizes estratégicas do Sebrae.
Este livro é fruto da experiência de líderes do Sebrae que participaram de três
missões internacionais – ao Sudeste Asiático, à Rússia e Escandinávia e ao Leste
Asiático. É uma forma de disseminar o conhecimento adquirido.
As escolhas dos países visitados levaram em conta o relatório Doing Business do
Banco Mundial – os melhores lugares do mundo para se fazer negócio. Os grupos
formados pelo Sebrae no Paraná optaram por regiões consideradas competitivas,
modernas e que estão bem inseridas no novo mundo globalizado.
A publicação apresenta o resultado e o aprendizado dos grupos em cada instituição
visitada – universidades, agências de fomento, parques tecnológicos, bancos e
incubadoras – para aplicar localmente essas boas práticas.
Dessa forma, temos na Universidade Corporativa Sebrae uma importante aliada na
gestão do conhecimento de todo o Sistema. Esse tipo de investimento gera uma rica
experiência e eleva o nível de inovação e de atuação do Sebrae, além de aperfeiçoar o
nosso trabalho.
Recomendo que aproveite esta oportunidade de aprendizado.
José Claudio dos Santos
Diretor de Administração e Finanças
Sebrae Nacional
Uma viagem rumo ao desenvolvimento
“A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.”
A frase, eternizada pelo físico e humanista alemão Albert Einstein, revela o poder
do conhecimento e sua capacidade de transformar pessoas e realidades. O
desconhecido, que em via de regra provoca indagações e conduz a reflexões, gera
também aprendizados importantes na esfera dos negócios e nas instituições que o
representam.
Este livro, Estratégia para crescer - Lições de países que incluem o empreendedorismo
e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento, é um exemplo disso.
O Sebrae do Paraná, representado por seus diretores e gerentes, realizou em 2012 três
missões técnicas rumo ao desconhecido, para países que, segundo o Banco Mundial,
tornaram-se os melhores lugares do mundo para se fazer negócios.
Na bagagem dos exploradores, a curiosidade pelo novo e o desejo de uma equipe
jovem em conhecer modelos de desenvolvimento, marcados pela inclusão dos
pequenos negócios, bandeira do Sebrae também no Brasil. Conhecimento que tem
sido aplicado pelo Sebrae no Paraná na sua reinvenção, com foco em 2022, quando
a entidade comemorará 50 anos de existência como serviço de apoio às micro e
pequenas empresas.
Passados dois anos da experiência, e absorvidas as principais lições aprendidas
com gigantes como Cingapura, Coreia do Sul, Dinamarca, Suécia, Noruega, Hong
Kong e China, é hora de compartilhar. Que este livro, uma iniciativa acolhida e
estimulada pelo meu antecessor na Presidência do Conselho Deliberativo, Jefferson
Nogaroli, possa despertar a curiosidade de quem acredita no empreendedorismo,
além de também servir de subsídio para a busca permanente pela melhoria da
gestão, criatividade e superação dos desafios que os micro e pequenos empresários
enfrentam todos os dias.
Curiosidade que leva ao desconhecido, que gera conhecimento, que amplia a
mente e que promove transformações! Compartilhemos o aprendizado do Sebrae no
Paraná revelado nesta obra e planejemos o desenvolvimento do nosso País!
João Paulo Koslovski
Presidente do Conselho Deliberativo
Sebrae no Paraná
Lição que nos faz olhar para o futuro
O Sebrae começou a escrever uma nova página da sua história no Paraná. Em
2011, uma profunda discussão sobre o seu papel, missão e visão em longo prazo, no
apoio ao empreendedorismo e aos pequenos negócios, começou a ser trilhada, com
o olhar voltado para 2022, quando o Sebrae completará 50 anos e precisará dialogar
com novos cenários.
Esse trabalho, iniciado pela Diretoria Executiva do Sebrae no Estado, que tinha
à época Allan Marcelo de Campos Costa, como então diretor-superintendente; Julio
Cezar Agostini, diretor de Operações; e Vitor Roberto Tioqueta, então diretor de
Gestão e Produção, nasceu de uma necessidade da instituição em se consolidar como
serviço de apoio aos pequenos negócios. Com base nos anseios dos empreendedores,
empresários, representantes de entidades empresariais e sociedade paranaense,
e de olho no futuro, a instituição sentiu a necessidade de conhecer experiências
exitosas para melhor atender e enfrentar os desafios permanentes impostos ao
empreendedorismo.
As três missões técnicas aos países considerados os que oferecem melhor
ambiente para se fazer negócios, tema deste livro, foram minuciosamente estudadas
para contribuir na construção dessa nova estratégia, que hoje já é uma realidade.
Aprendizado que incorporamos no planejamento que vai orientar o Sebrae dos
próximos anos e que balizará a sua atuação no Paraná. Uma experiência marcada
pelo conhecimento a partir de boas práticas. Em cada visita, novas descobertas e
também constatações de que o Sebrae, como instituição de apoio e articulação, está
no caminho certo, quando defende a ideia de que as micro e pequenas empresas são
a melhor alternativa para o desenvolvimento do país.
O principal ensinamento, que nos levará mais fortes para 2022, foi perceber que
boa parte dos países que atingiram maturidade no estímulo aos negócios prosperou
graças a uma conjugação de interesses comuns, dos cidadãos às forças políticas,
aliada a planejamento, foco e muito trabalho. Atitude que ajudou na superação de
adversidades e tem servido de amálgama para o desenvolvimento. Exemplos que
inspiraram e ainda vão inspirar muito o Sebrae do Paraná.
Agradecemos ao Sebrae Nacional pela oportunidade de materializar, por meio
deste livro, o conhecimento gerado com as missões, que têm nos ajudado muito
nessa jornada. E assim provocar, e estimular, a discussão sobre a necessidade de uma
estratégia para crescer de fato, que leve em consideração os pequenos negócios,
como propulsores de empregos e renda, e a sua representatividade na economia e
na vida das pessoas.
Vitor Roberto Tioqueta
Diretor Superintendente do Sebrae no Paraná
Julio Cezar Agostini
Diretor de Operações do Sebrae no Paraná
José Gava Neto
Diretor de Administração e Finanças do Sebrae no Paraná
Sumário
15
PREFÁCIO
21
APRESENTAÇÃO
27
Otaviano Canuto
MISSÃO SUDESTE ASIÁTICO
Coreia do Sul, Tailândia, Malásia e Cingapura
51 MISSÃO RÚSSIA-ESCANDINÁVIA
Dinamarca, Suécia, Noruega, Finlândia e Rússia
79
MISSÃO LESTE ASIÁTICO
121
AS LIÇÕES APRENDIDAS
129
135
Índia, Hong Kong, Taiwan e China
As opiniões dos grupos
PALAVRAS FINAIS
ANEXOS
Prefácio
Reflexões para uma agenda de
desenvolvimento
Crescimento e desenvolvimento econômico são temas que há muito tempo
despertam o interesse de economistas. Quais fatores levaram alguns países a
crescer e a se desenvolver mais rapidamente do que outros? Que medidas países e
regiões emergentes poderiam tomar para acelerar o seu desenvolvimento de forma
sustentável? Há uma miríade de teorias e modelos que visam a responder perguntas
como essas.
Inegavelmente, variáveis macroeconômicas, como investimento, taxas de câmbio,
de juros, dentre outras, são determinantes para o crescimento e competitividade dos
países. Contudo, muitos fatores de competitividade são determinados no nível micro,
das pessoas, dos empreendedores e das pequenas empresas, e influenciados pelo
ambiente regulatório para os negócios.
A competição não ocorre somente entre empresas, mas também entre cidades e
nações. O relatório Doing Business, publicado anualmente pelo Banco Mundial, traz
uma base de comparação entre os ambientes de negócios do mundo e visa oferecer
referências objetivas para melhorias. Trata-se, portanto, de um importante referencial
para reformas e para que países em pior classificação possam tomar lições daqueles
melhor qualificados. Conhecer as melhores práticas internacionais e adaptá-las às
realidades locais é uma forma de catalisar o processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, considero louvável a iniciativa do Sebrae, de buscar as boas práticas
internacionais de fomento ao empreendedorismo e ao desenvolvimento dos pequenos
negócios.
Por meio de visitas in loco, a equipe do Sebrae do Paraná conheceu experiências de
pessoas e de instituições presentes em países com níveis distintos de desenvolvimento e
de eficiência de seus ambientes regulatórios. As condições apresentadas em Cingapura,
país em melhor posição no ranking Doing Business, são bastante distintas de outros
países visitados, como Rússia, China e Índia, que, juntos com o Brasil, compõem o BRICS.
Essa diversidade é muito rica em qualquer processo de benchmarking e o livro traz
uma importante consolidação desse conhecimento. Traz ainda um conjunto de lições
aprendidas, muitas das quais o Sebrae já incorporou em seu planejamento estratégico,
conforme apresentado no anexo.
Considerando os desafios atuais da economia brasileira, no que diz respeito ao
aumento da produtividade e das condições de competitividade, é muito salutar que se
compartilhem as boas referências internacionais. As lições apresentadas pela equipe
do Sebrae trazem importantes reflexões para uma agenda de desenvolvimento não
somente do próprio Sebrae, como para outras instituições.
Parabéns ao Sebrae por trazer esse conhecimento a público.
Otaviano Canuto
Conselheiro Sênior do Banco Mundial para Economia BRICS
Apresentação
APRESENTAÇÃO
Quando um grupo de técnicos, gerentes e diretores do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Estado do Paraná (Sebrae PR) começou a pensar, em 2011, na estratégia da instituição,
com vistas a um período de dez anos, esbarrou com os seguintes questionamentos: e o Brasil? E as
nossas empresas? E o nosso povo? E os nossos sistemas de apoio aos novos empreendedores? Será
que conseguiremos em 2022, quando a instituição completar 50 anos de existência, encontrar um
país altamente competitivo no mercado internacional ou ainda estaremos restritos ao fornecimento
de commodities, como sempre fizemos? As primeiras reflexões levaram a outro questionamento:
podemos, sim, pensar em nós mesmos como instituição para dali a dez anos. Mas o que poderíamos
fazer para colaborar também com um futuro melhor para todos aqueles que estão à nossa volta?
Afinal, o primeiro compromisso do Sebrae com a sociedade é deixá-la sempre melhor.
Foi então que surgiu a ideia de procurar, dentre os inúmeros países que estão
fazendo os seus deveres de casa bem, alguns que nos servissem de espelho. Não seriam
apenas estudos baseados em material já publicado em revistas e jornais de negócios
e em informações disponíveis na internet. Todo mundo sabe como a Coreia do Sul, a
China e a Noruega trabalham e disputam mercado. A ideia inicial foi ver in loco, sob
o olhar aguçado do próprio Sebrae PR, por técnicos que conhecem como ninguém
o dia a dia dos empresários de micro e pequenas empresas e os meandros da nossa
legislação comercial. Só assim, poderíamos comparar e tirar a melhor lição de cada país
a ser observado e aplicar esse aprendizado aqui mesmo no Brasil. Por que começar da
estaca zero, se podemos encurtar caminhos e aprender com a experiência de outras
pessoas e instituições? Buscamos assim retirar dessa experiência a essência de cada
instituição visitada: universidades, agências de fomento, parques tecnológicos, bancos
e incubadoras e apresentá-las aos nossos clientes, políticos, autoridades e parceiros
sob as mais diversas formas: publicações, palestras, seminários e um livro – este livro.
Em um mundo dito globalizado, interligado por comunicações instantâneas que
aproximam países e povos antes tão distantes e diferentes, buscar essas informações,
vivenciá-las de perto e reparti-las não seria tarefa fácil. O primeiro objetivo foi definir
o que queríamos saber. Depois, em que lugar realmente encontraríamos essas
informações, uma vez que a mídia corporativa fala delas todos os dias, mas, muitas
23
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
vezes, de forma dispersa, desorganizada e até como lenda urbana. A pergunta lançada
como desafio foi: “Será que o povo, as leis, a competência, a qualidade das indústrias e
a velocidade desses países em fabricar, vender, estruturar e entregar os produtos que
vendem são tão competentes como parecem ser? Na realidade, carecia ver de perto, e
em grupos diferentes, para se ter visões distintas e compreender o que o mundo está
fazendo de inusitado e o que ele pode nos ensinar. A equipe entusiasmou-se com a
ideia de mapear as práticas, conversar com especialistas, buscar e aprender os processos
inovadores que fizeram com que o ambiente de negócios para pequenas empresas se
tornasse mais favorável nesses países. Foi dado um passo à frente com a ideia – surgiu
o Projeto Missões Sebrae PR.
E O PRIMEIRO DESAFIO FOI DESCOBRIR COMO SE FAZ UM BENCHMARKING DE PAÍSES;
E O PRÓPRIO RANKING DO BANCO MUNDIAL DEU AS COORDENADAS – COM UMA
DIVISÃO GEOGRÁFICA QUE FIZESSE SENTIDO.
Aprovada a ideia de buscar informações em países que estavam fazendo a
diferença no mundo, nossos olhos dirigiram-se ao relatório Doing Business do Banco
Mundial – “Os melhores lugares do mundo para se fazer negócios”. Não queríamos
olhar para nações já há muito desenvolvidas e estabilizadas, como Alemanha, França e
Estados Unidos. Nossos espelhos seriam as regiões recém-expostas à mídia mundial
como agressivas, competitivas, modernas e que estão bem-inseridas no novo mundo
globalizado. Por exemplo, sabíamos pouco sobre o Leste Asiático, não conhecíamos
quase nada da sua história, cultura e as trajetórias que o levaram ao topo do ranking
do Banco Mundial. Ver, tocar, conversar, olhar de perto e debater o que poderíamos
observar, de forma organizada e sistemática, em grupo, nos próprios locais de
observação, nos dariam lições valiosas, práticas e rápidas sobre esses países. Assim
seria mais fácil e produtivo a sua disseminação e aplicação aqui no Brasil.
Ajudou-nos na jornada a criação de um manual que contivesse todo o processo
de benchmarking, fornecendo-nos informações sobre roteiros, lugares, instituições,
modo de vida e de se fazer negócios, dados econômicos, culturais e históricos locais.
Ganhamos em economia de tempo e praticidade de viagem. Para alguns de nós,
certos países eram desconhecidos, pois só tínhamos vagas referências. As pesquisas
24
APRESENTAÇÃO
prévias e as informações disponíveis nesse manual nos prepararam para um olhar mais
acurado e nos ajudaram na elaboração de perguntas mais pertinentes a nossa meta de
trabalho. Também ficou acertado que cada um de nós, em cada uma das três missões,
ficasse de estudar a fundo um determinado país. Depois, deveria repartir com o restante
o que aprendera. Assim, partiríamos melhor preparados.
Montar o planejamento da viagem nos ajudou e nos guiou por todo o caminho.
Nosso objetivo era importar os processos e os instrumentos que esses povos usam
para incentivar o progresso dos seus empreendedores. Saber o que fazem para
justificar tanto sucesso comercial. Sabíamos que lidaríamos com culturas diversas de
povos milenares que pensam de forma diferente de nós e, apesar da sua proximidade
geográfica, até entre eles.
DEPOIS DE UM EXTENUANTE DIA DE VISITAS – MAIS REUNIÕES
Ao final de cada dia, nos hotéis, nos reuníamos para trocar impressões e repartir
o que cada um havia visto de interessante, que pudesse ser útil aos empreendedores
do nosso país. A disciplina imposta era férrea. Mesmo cansados, ouvíamos uns aos
outros, falando sobre o que foi percebido. Após as explanações, trocávamos percepções
e anotávamos numa espécie de diário de viagem.
Esses encontros diários nos ajudavam a organizar as informações ainda frescas
sobre o que havíamos visto durante o dia. Em viagens a vários lugares ao mesmo
tempo, o nosso cérebro processa muitos dados, e a tendência final é misturar tudo e
esquecer assuntos importantes.
Além disso, esse sistema nos ajudou a comparar, da melhor forma, tudo o que
cada um havia visto. Ao mesmo tempo, um resumo da conversa ia para um blog que,
alimentado passo a passo, servia de canal de informação para todos aqueles que
quisessem dispor das notícias. Uma curiosidade: o blog1 nasceu no aeroporto de partida,
na espera em Cumbica.
1 http://pelaasia.blogspot.com.br/
http://escandinaviaerussia.blogspot.com.br/
http://missaolesteasiatico.blogspot.in/
25
Missão
Sudeste
Asiático
OPINIÃO DOS
PARTICIPANTES:
Allan Marcelo de Campos Costa,
Fabio Hideki Ono,
Heverson Feliciano,
Rainer Junges e
Renata Borges Todescato
Coreia do Sul,
Tailândia, Malásia
e Cingapura
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Em todos os países que visitamos, encontramos uma dística, um pensamento único, expressado
por todos: políticos, empresários, líderes dos diferentes setores e pelo mais humilde cidadão.
Ouvíamos esse mantra ser repetido por atendentes nos hotéis e pelos taxistas que nos levavam
para alguma reunião ao saberem quais os nossos interesses em seus países. O credo das populações
visitadas reza:
Temos que investir e trabalhar unidos a fim de tornar o nosso país um lugar
super competitivo para se fazer negócios – o adjetivo é necessário, porque é isso
mesmo. Vamos facilitar ao máximo a execução dos trabalhos dos nossos parceiros –
empresários e empreendedores – locais e internacionais. Estamos sempre investindo
em logística, tornando nosso sistema de transporte – estradas, terminais, portos e
aeroportos – mais eficiente e econômico para quem o usa. Lutamos constantemente
contra a burocracia, retirando leis que não servem para nada. Acreditamos que estamos
no caminho certo, pois os resultados estão aparecendo a olhos vistos.
Coreia do Sul
Sonhos compartilhados
“Priorizamos a educação, porque ela nos ajuda a realizar nosso maior objetivo como
nação: ser competitivos.” Depoimento de um taxista.
Há três décadas, o pensamento dos coreanos foi claro: “Para que possamos ser
um país exportador de alta tecnologia agregada em produtos manufaturados de alto
valor, teremos que investir maciçamente em educação.” Portanto, quando se fala que
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MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
a Coreia do Sul investe muito em educação é porque esta é a base dos seus planos de
negócios: a necessidade de preparar, a médio e longo prazos, bons técnicos, cientistas,
pesquisadores, homens de negócio e mão de obra qualificada para as atividades de
produção, comércio e exportação.
A equação coreana é simples – médias empresas, altamente competitivas, atreladas
a grandes conglomerados para lhes dar suporte e torná-los agressivos no mercado
internacional. Essas empresas são hoje as grandes alavancadoras do processo de
inovação da Coreia do Sul. É um pouco diferente do modelo brasileiro, temos bons
sistemas de apoio às nossas micro e pequenas empresas, facilitamos o crédito aos
grandes conglomerados e quase nos esquecemos de apoiar as médias empresas,
justamente as que precisam de atenção nos seus períodos de crescimento. Usando
uma metáfora: somos bons pediatras e sabemos tratar os adultos, mas não exercemos
nada de puericultura. Fica uma reflexão: por que não ampliamos os programas de apoio
às médias empresas brasileiras?
O sistema coreano, de privilegiar médias e grandes empresas, faz com que o
sonho de todo jovem local seja o de se trabalhar nelas. Quase ninguém sonha em ser
empreendedor ou pequeno empresário. Há um respeito muito grande pela hierarquia
no país e uma espécie de resignação sobre o lugar de cada um na cadeia produtiva,
pois o país foi criado para isso.
O papel do governo coreano não é induzir ou ensinar o empreendedorismo
individual, mas sim tirar os obstáculos do caminho para quem queira crescer e tornarse competitivo no mercado mundial.
Em termos de qualidade de vida, os coreanos estão muito bem no sentido
material, com acesso a bens de consumo, estrutura de cidades e apoio à educação e
à saúde. Por outro lado, há um estresse constante, motivado pela ameaça do vizinho
do norte, sempre em posição beligerante. Essa tensão faz parte do cotidiano local
e é comum ver aviões de caça sul-coreanos patrulhando o espaço aéreo do país de
forma permanente – a cada hora poderá cair uma bomba em suas cabeças. Viver sob a
ameaça de uma “espada de Dâmocles” não é nada confortável. Outro fator de estresse
é o medo de perder as condições econômicas conquistadas, uma vez que o coreano
é muito consumista. Somam-se a isso as exigências do trabalho árduo, competitivo,
29
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
a concorrência brutal entre si e o sistema escolar com muitas horas de estudo – oito
horas por dia são obrigatórias – e pouco tempo de lazer para jovens e crianças. É fácil
e difícil viver na Coreia do Sul – nada é perfeito.
Enxergamos a Coreia do Sul como um “sonho de consumo”, um Brasil para daqui
duas décadas. Se o nosso país fizer o que tem de ser feito: facilitar a vida dos seus
empresários, retirar o excesso de leis, promover uma reforma fiscal, simplificar o
recolhimento dos impostos e privilegiar a educação de qualidade, com o potencial que
temos, seremos muito mais do que a Coreia é hoje.
COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL EM SINTONIA COM A POLÍTICA DE ESTADO
O Korea Eximbank é o banco de exportação e importação local. Atualmente,
desenvolve um programa chamado Hidden Champions, que se dedica a fazer com que
em dez anos um grupo de 100 médias empresas cresça e consiga 8,1% de participação
nas exportações do país e, com isso, responder por 80% dos empregos da população
jovem e acrescentar 2 bilhões de dólares ao PIB coreano.
O Eximbank teve um papel fundamental nos planos da Coreia do Sul, pois, durante 11
anos, focou no financiamento para a melhoria da infraestrutura; nos 12 anos seguintes,
no fomento à globalização da economia e das exportações. E atualmente, últimos 12
anos, na busca do desenvolvimento e na sofisticação das soluções financeiras a serem
colocadas à disposição das empresas locais.
A opção pela competitividade empresarial está sempre em sintonia com a política
de Estado. É uma função estratégica, visto que o país é pobre em recursos naturais
e tem de lutar para agregar valor às suas exportações. Qualquer escolha, para apoio
a alguma empresa, deve seguir nessa direção, no desenvolvimento tecnológico e ter
potencial para crescimento agressivo.
Em 2011, a instituição atendeu 26.148 pequenas empresas em processo de expansão
e consolidação, mais 16.944 em projetos de inovação tecnológica. O financiamento para
pequenas e médias empresas na Coreia, em 2011, contou com recursos na ordem de 70
bilhões de dólares, oriundos do governo, e 443 bilhões de dólares, de bancos privados.
30
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
Percebemos que o conceito de pequena empresa para os coreanos é relativo. As
grandes empresas são entendidas como os grandes conglomerados – Samsung ou LG –
abaixo desses estão as empresas que têm potencial de faturamento entre 500 milhões
e 1 bilhão de dólares/ano. Ou seja, bem distantes da realidade das pequenas empresas
brasileiras. Mas ainda assim, alguns aprendizados destacam-se e o mais relevante, a
nosso ver, são as iniciativas com foco claramente definido.
Uma das estratégias mais utilizadas é financiar compradores dos produtos coreanos.
Caso um grande comprador estrangeiro tenha a intenção de adquirir grandes volumes
de uma empresa local, o banco financia a compra e paga à empresa coreana com o
próprio dinheiro coreano. Em resumo, faz com que o recurso retorne ao próprio país.
Esse banco teve papel preponderante durante a crise asiática de 1997 dando
suporte aos bancos privados e às empresas locais, para que pudessem resistir à
instabilidade econômica. O orçamento dessa instituição é de 1,9 bilhão de dólares,
para as atividades operacionais, e de mais 6 bilhões, para fundos de financiamento.
As empresas candidatam-se aos recursos e somente as que têm melhores condições
de prosperar são aceitas. É uma espécie de seleção natural – “Coreia do Sul – onde os
fracos não têm vez”.
Nos últimos anos, o Eximbank tem aumentado seu foco em pequenas empresas,
a fim de reduzir a dependência dos grandes conglomerados coreanos. Tivemos a
oportunidade de assistir a uma conferência promovida pelo SBC – Small Business
Corporation , com a participação dos países da APEC – Asia-Pacific Economic
Cooperation, que tratou de temas relacionados às pequenas empresas e startups.
As instituições que oferecem estrutura de suporte às pequenas e médias empresas
na Coreia têm responsabilidade concreta no cumprimento das metas e estas estão
relacionadas à participação daquelas no PIB do país, nas exportações e na geração de
empregos. Ou seja, os resultados não se medem pelo número de empresas atendidas,
mas sim por aquilo que foi gerado com o trabalho realizado. Se comparados com o
Brasil, os indicadores de resultado são completamente diferentes. A visão é de longo
prazo, nada é imediatista.
Visitamos o SMBA – Small and Business Association, a instituição mais importante
de toda a estrutura de apoio às pequenas empresas. Concentra sete grandes entidades
31
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
sob seu guarda-chuva, tem orçamento de 1,9 bilhão de dólares para operações, mais 6
bilhões de dólares para fundos de financiamento. Cada instituição tem bem-definido
o seu trabalho e não há sobreposição de tarefas, cada uma sabe o que a outra faz e
cuida bem da sua parte.
SBC – Small and Medium Business
Corporation
Treinamento para CEO e gestão dos fundos
para apoio às pequenas empresas.
TIPA – Korean Technology and Information
Promotion Agency for SMEs
Desenvolvimento e informação.
SBDC – Small Business Distribution Center
Distribuição de produtos para pequenas e
médias empresas.
KISED – Korean Institute of Startups and
Entrepreneurship Development
Startups.
KVIC – Korean Venture Investment Corp
Venture Capital.
SEDA – Small Enterprise Development
Agency
Microempresas.
KOSBI – Korean Small Business Institute
Pesquisa e formulação das políticas.
Os critérios para classificar pequenas empresas:
Área industrial
Com menos de 300
empregados
Capital inferior a 6,8 milhões
de dólares
Áreas da mineração,
construção e transporte
Com menos de 300
empregados
Capital inferior a 2,5 milhões
de dólares
Área do varejo
Com menos de 200
empregados
Faturamento inferior a 20
milhões de dólares/ano
Para os coreanos, microempresas possuem menos de dez empregados. Para essas,
existem programas de educação a distância, via e-learning e um canal de tevê voltado
à educação da sua força de trabalho. Também dispõem de programas de reformulação
de lojas, ampliação e melhoria no atendimento. Para suprir a carência de mão de obra
32
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
técnica, as escolas de formação tecnológica tentam atrair os estudantes, tirando-os
das escolas de formação genérica. Existe um desencontro entre as vagas disponíveis
em pequenas empresas e o número de jovens à procura de emprego nos grandes
conglomerados.
Atualmente, a Coreia do Sul interpreta de forma muito clara a percepção de
que é preciso diversificar a economia para reduzir a dependência dos grandes
conglomerados que, por causa da sofisticação dos processos industriais, estão
empregando cada vez menos.
Por isso, buscam apoiar mais os pequenos negócios. Fazem isso da maneira
coreana, nada de ações massificadas com milhares de pequenas ações pontuais
de efetividade questionável. Mas com programas de médio e longo prazos, com
responsabilidade conjunta pelo desenvolvimento das empresas que apoiam e estas,
com muita competitividade, visando sempre ao mercado internacional.
DA POBREZA À RIQUEZA ENTRE AS NAÇÕES EM POUCAS DÉCADAS
Após a Segunda Guerra Mundial e a guerra entre as Coreias, a Coreia do Sul era um
dos países mais pobres da Ásia e do mundo. Seus dirigentes, ao analisar a realidade do
país, concluíram que não tinham muitas alternativas – o país é pequeno e sem recursos
naturais. Portanto, a única saída seria importar insumos, recursos e matéria-prima e
processá-los, agregando valor por meio de alta tecnologia. As expertises deveriam ser
aprendidas em outras nações e incorporadas às suas indústrias.
Em outras palavras, era preciso transformar a Coreia do Sul em um país exportador.
O resultado, todos conhecemos. Vimos uma beira de rio, onde, há 20 anos, não havia
absolutamente nada, ser hoje a região mais próspera de Seul – o seu centro financeiro.
Na Coreia do Sul, tudo se constrói com rapidez, porque não há burocracia nem entraves
legais para atrapalhar a vida de quem quer crescer e desenvolver-se.
33
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
A ACADEMIA SÓ TRABALHA EM FUNÇÃO DAS NECESSIDADES INDUSTRIAIS – TUDO
PARA CUMPRIR AS METAS DO PAÍS
O Center Seoul Technopolis – Seoul Tech faz a integração das necessidades das
indústrias com o meio acadêmico. A universidade existe para servir as necessidades
industriais. Currículos são alterados, para suprir as necessidades das empresas
e prioridades de desenvolvimento do país; laboratórios são usados para ajudar
no desenvolvimento de novos produtos e dar apoio a projetos competitivos. As
incubadoras são voltadas à instalação de empresas com potencial inovador, que
trabalham de braços dados com os pesquisadores. Professores e cientistas trabalham
com entusiasmo, atendendo essas necessidades, pois assim, atendem ao país.
UMA NOVA CIDADE NASCE EM UM ESTUÁRIO
Num braço de mar, que alagava com a maré cheia, os coreanos estão construindo, desde
2003, uma cidade modelo para abrigar 600 mil habitantes – a Incheon Free Economic Zone.
É um projeto de 20 anos, com término previsto para 2023. Como os coreanos impõem
metas concretas para tudo, a Incheon Free Economic Zone, que, atualmente, ocupa a 221ª
posição no ranking do Banco Mundial entre as cidades, quer ser a 10ª colocada em 2023.
A construção dessa cidade está calcada em alguns conceitos-chave:
zz compacta – tudo deve estar à mão, num raio de cinco quilômetros ou a
cinco minutos de carro;
zz autossuficiente – não depender de Seul para nada;
zz inteligente – conceito just plug in;
zz verde – 32% da sua área deve ser ocupada por áreas verdes;
zz limpa – as indústrias deverão ser limpas.
Além de uma fortíssima política de incentivos fiscais e para investimentos diretos,
foi realizado um trabalho de atração de universidades de ponta. A agressividade é
tanta que escolas internacionais de primeiro time podem candidatar-se a receber
incentivos de até 1 milhão de dólares por ano, durante cinco anos.
34
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
Já passados nove anos, a cidade abriga o prédio mais alto da Coreia do Sul e uma ponte
com 21,3 quilômetros, que liga seu aeroporto ao de Seul, considerado um dos aeroportos
mais eficientes do mundo. Além disso, está em construção um porto gigantesco.
A cidade é toda monitorada por câmeras, o que dá segurança quase total aos seus
habitantes. Todos têm acesso à educação de primeira linha, transporte fácil e barato,
atividades culturais e de lazer e, é claro, facilidades para realizar negócios, serviços
financeiros e sistema de saúde.
Como exemplo, podemos citar que o John Hopkins é o candidato a administrar o
hospital local, pelo visto um estado da arte em instalação hospitalar.
Tailândia
E o caminho do meio
Na Tailândia, a impressão é de que se trabalha para a economia da suficiência – não
existe entre seu povo aquilo que chamamos de ganância desmedida. Os tailandeses, por
serem budistas, seguem o princípio de consumir apenas o que é suficiente. Esse modo
de viver é até ensinado em sua escola de negócios, sob o título de Sufficiency Economy
Philosophy. Essa doutrina é propalada pelo rei e usada como base dos outros cursos
lecionados na escola. Ela enfatiza o caminho do meio, como um princípio de conduta
apropriado, que deve ser predominante em todos os níveis da sociedade. Acreditam
que, por seguirem essa diretriz, o país tenha superado bem a crise que abalou a Ásia
em 1997. Porém, quando questionamos sobre detalhes da aplicação dessa norma de
conduta e seus benefícios, algumas pessoas nos deram a entender, nas entrelinhas,
35
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
que já não é bem assim, que o espírito competitivo e os hábitos do consumo ocidentais
estão batendo à porta dos tailandeses.
A indústria mais desenvolvida na Tailândia é a do turismo, seguida de uma forte
agricultura. O país não tem indústrias inovadoras, o que há são empresas estrangeiras
que lá se instalam por causa dos baixos custos de mão de obra. Elas se posicionam,
como eixo central no relacionamento, com os vizinhos – notadamente os mais
pobres – como Myanmar, Filipinas, Laos, Camboja e Vietnã. Por enquanto, a mão de
obra tailandesa é barata e muitos trabalhadores são contratados para montar peças
das indústrias coreana e japonesa. O custo de um operário tailandês é de 10 dólares
ao dia, mas em Myanmar, país vizinho, é de apenas 2,5 dólares, porém a instabilidade
jurídica e a interferência dos militares dificultam a execução de negócios neste país.
Nos últimos tempos, tanto a Tailândia quanto a Malásia não têm mais pessoas para
inserir no mercado de trabalho. Em função disso, está sendo montada a AFTA – Asean
Free Trade Area, que deverá entrar em operação em 2015 e cujo objetivo é zerar as tarifas
e liberar o tráfego de profissionais qualificados entre dez países asiáticos. Essa nova
estrutura promete movimentar o comércio mundial, aumentando a competitividade
e atraindo mais investimentos para os países do bloco.
Vimos que, em termos de infraestrutura, os tailandeses estão bem avançados,
apesar do seu aspecto terceiro mundista, muito semelhante ao Brasil. Há um grande e
novo aeroporto, estradas largas com várias faixas de rolagem e asfalto perfeito – quase
todas cobram pedágio.
Em termos de desenvolvimento econômico, os tailandeses consideram a Coreia
do Sul como um exemplo a ser seguido. Na Tailândia, as políticas públicas de apoio às
pequenas empresas são assistencialistas. Ao comparar os dois países, perguntamos:
devemos nos espelhar na Coreia do Sul ou na Tailândia? Se continuarmos da forma
que atuamos hoje, estaremos muito próximos da Tailândia. Se quisermos mudar
completamente, e nos aproximar de um país competitivo, devemos nos espelhar na
Coreia do Sul.
36
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
Malásia
O país mais próximo da nossa maneira de ser
A grande surpresa nessa viagem foi a Malásia, parecia que estávamos em casa.
O malaio tem um comportamento quase latino, muito parecido com o do brasileiro.
Gosta de bater um bom papo, antes das reuniões, enturma-se com facilidade com
gente desconhecida e fala de amenidades. Em resumo: são extremamente informais
e agradáveis. O curioso é que, mesmo tendo momentos de informalidade antes das
reuniões, quando os trabalhos são abertos tudo fica na mais rígida formalidade e as
apresentações ocorrem como se a gente nunca tivesse se visto ou conversado.
Com respeito ao apoio às empresas, costumam dizer que gostam de apostar em
cavalo que ganha páreo. Na época, estavam apoiando aproximadamente 400 empresas
de tamanho médio para grande – com 100 milhões de dólares de faturamento ano.
Como em outros países visitados, o apoio vai até a abertura de capital na Bolsa de
Valores. É quando dão a missão de apoio como finda. Sabem em quem apostar, porque
o pensamento geral é cumprir a estratégia de ser um país competitivo.
A expressão usada para esse tipo de apoio financeiro e técnico é hand-holding,
literalmente, pegar pela mão uma empresa, ajudá-la em seu processo evolutivo,
caminhando sempre juntos. Em suma, assumir também a responsabilidade pelo seu
sucesso no mercado.
Visitamos o SME Bank, o banco malaio para apoio aos pequenos negócios. Esse
banco começou o seu trabalho em 1974 e, de início, teve forte inclinação assistencialista,
ajudando pequenas empresas independentemente do seu setor de atividade ou
condição de competitividade. Com o tempo, o papel transformou-se e agora está mais
focado em apoiar empresas realmente competitivas com forte potencial exportador.
Também aprenderam que os bancos de desenvolvimento devem ser divididos por
funções: comércio, agricultura e pequenas empresas. Cada um mantém o foco na sua
atividade principal, agem com extrema precisão e evitam a sobreposição de trabalho.
Todos ganham com isso.
37
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Bancos em todo o mundo são criados para oferecer resultados financeiros, isto é,
dar lucro. Na Malásia, essa também é a meta, porém não a sua prioridade. O principal
papel desse tipo de banco é ajudar a desenvolver a economia, apoiando o crescimento
das pequenas empresas. Se uma delas não tem condições de pagar pelo que emprestou,
a primeira preocupação do banco não é recuperar os recursos, mas sim, recuperar a
empresa, dando-lhe todo tipo de apoio. Procuram saber por que o financiamento não
pode ser pago, para, aí sim, pensar na questão financeira.
O crédito fornecido pelo banco está sempre acoplado à consultoria e à capacitação
na aplicação do recurso empregado. Talvez, isso ajude a explicar a baixa taxa de
insucesso das empresas atendidas pelo banco. Embora as estatísticas não sejam
precisas, estima-se que apenas 10% das empresas assistidas acabem morrendo no
médio prazo.
As incubadoras estão ligadas aos grandes bancos que as criaram e oferecem
mecanismos de incentivo, injetando capital nas empresas mais promissoras, além de
acompanhar o seu desenvolvimento. Por serem muçulmanos, não aceitam a usura,
ou seja, não se pode cobrar juros sobre empréstimos, mas os bancos, com certeza,
encontram uma forma de se ressarcir desses investimentos.
O SME Bank mantém uma espécie de incubadora, a Entrepreneur Premise Bank, com
estrutura própria de condomínios, para alojar pequenas empresas que ficam entre cinco
e nove anos pagando aluguel amigável e aplicando o recurso fornecido pelo banco na
forma de empréstimos. As empresas incubadas contam com assessoria permanente do
banco e também da SME Corp. Malaysia, uma agência dedicada à formulação de políticas
e estratégias globais, que concentra, desde outubro de 2009, serviços de informação e
consultorias para o segmento. Algumas incubadoras desse tipo possuem espaço para
abrigar mais de 400 empresas simultaneamente e espalhadas em vários pontos do país.
Na Malásia, a competitividade não se mede pelo nível de inovação decorrente de
automação ou coisa do gênero. Visitamos uma dessas instalações e conversamos com
um empresário que compra kits de aviões de lazer dos Estados Unidos, monta-os e
vende toda sua produção para a Austrália. Outra empresária produz biscoitos e cookies
de forma absolutamente artesanal para os padrões convencionais. Todo o processo de
embalagem é feito de forma manual. Apesar disso, a empresária que possui certificação
38
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
Halal – necessária para vender alimentos para mercados muçulmanos – exporta 70%
da sua produção para a China e já foi vítima de pirataria por uma empresa chinesa.
Visitamos também o MPC – Malaysia Productivity Center, que é similar à nossa
Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), cuja finalidade é impulsionar a competitividade
das empresas malaias por meio da melhoria de processos. O foco dessa instituição
também evoluiu ao longo dos últimos anos.
Anos 1960
Treinamento em gestão e serviços de
aconselhamento
Anos 1990
Pesquisas e desenvolvimento de sistemas
produtivos
1995 – 2000
Produtividade e aumento de eficiência
Início ano 2000
Benchmark e melhores práticas
2005 – 2010
Competitividade e inovação
2010 – 2015
Alto impacto, produtividade e drivers de inovação
A Malásia é formada por várias etnias que, no seu dia a dia, não se misturam, porém,
quando se encontram no ambiente corporativo, convivem de forma harmoniosa. O
que os une é o foco em prol de um objetivo comum – construir um país desenvolvido.
Ouvimos de um malaio:
Temos que ser um país competitivo no mercado internacional e o
esforço de todos é necessário. Trabalhar juntos, não nos importando
se fulano é desta ou daquela etnia, está ajudando a criar uma nova
identidade e um novo país.
Em alguns países, as mulheres ainda são segregadas por motivos religiosos. Na
Malásia, elas têm a maior força. Muitos dos altos cargos nas empresas, inclusive os de
CEO, são de responsabilidade delas.
Ao contrário da Coreia do Sul, onde os jovens são formados para trabalhar em
grandes empresas, a Malásia os prepara para serem empreendedores. É grande o
39
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
número de startups e a concorrência entre eles é violenta. Para ilustrar o quanto gostam
de competições, chegaram a contratar o Japão e a Coreia do Sul para construir duas
torres idênticas – as Petronas – uma ao lado da outra – havia uma premiação para quem
entregasse o trabalho primeiro – a Coreia do Sul foi a vencedora.
Com um orçamento bastante modesto, se comparado ao das instituições brasileiras
similares, a Matrade – Malaysia External Trade Development Corporation executa ações
concretas para ajudar as empresas locais a venderem seus produtos no mercado externo.
Como sempre, destaca-se o foco na atividade principal. Não há desvio de caminho. A
Matrade mantém um showroom permanente com mais de 400 empresas, cada uma
pagando uma taxa de 400 dólares anuais para manter seus produtos em exposição.
Até agora, os países visitados nos mostram que, no Brasil, possuímos uma rede
de suporte aos pequenos negócios de primeira linha. Não vimos nenhuma instituição
com a abrangência e o formato do Sebrae. Observamos também que nossos produtos
não são ruins para disputar o mercado internacional, se comparados aos que eles
produzem, mas temos um sério pecado: o de querer reinventar a roda o tempo inteiro.
Parece que o nosso povo tem uma obsessão por grandes números, pela complexidade
e pela tendência de achar que tudo está obsoleto e que temos que “fazer algo novo”
sempre. Isso nos tira o foco e dispersa os esforços. Essa eterna busca do brasileiro,
por novos produtos e soluções, torna difícil fazer comparativos históricos para poder
investir mais tempo e recursos na evolução das empresas que atendemos. Buscamos
uma sofisticação da qual não precisamos. Está aí um bom assunto para refletir.
40
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
Cingapura
A número 1 no ranking do Banco Mundial
UM PAÍS-EMPRESA – UMA CIDADE-ESTADO
Cingapura leva tão a sério a sua vocação para negócios que seu povo chama o seu
presidente de CEO. E, como todo presidente de “empresa”, tem metas claras a cumprir.
Administram o país, que é um pouco maior do que a cidade de Campinas/SP, como
se fosse uma grande empresa. Seu crescimento geográfico está no limite, só pode
crescer construindo aterros no mar. Nos últimos dez anos, aumentaram de 650 km²
para 710 km².
Focados assim, transformaram o seu porto e aeroporto entre os mais eficientes
do mundo e conseguiram chegar ao topo do ranking Doing Business – publicado
anualmente pelo Banco Mundial como o melhor país do mundo em facilidades para
se fazer negócios. Quando lembramos, à época da missão, que o Brasil estava no 121º
e pulamos para o 128º neste ranking pudemos então perceber o quanto ainda temos
para escalar.
Tamanhos à parte, pois não dá para compará-los com o nosso país, o que temos
de aprender com eles é manter-nos no foco dos negócios estratégicos e não deixar
a política governamental relegar, a segundo plano, ações de melhoria mercantis e
econômicas.
SE NÃO FORMOS RICOS, SUMIREMOS DO MAPA
Cingapura tem uma das cinco maiores rendas per capita do mundo, porém há 40
anos, ao se separar da Malásia, de onde foram praticamente expulsos, era um país
paupérrimo, sem recursos e com o PIB inferior aos países mais miseráveis do planeta.
Contando apenas com uma localização geográfica privilegiada, o desafio, na época,
41
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
era gerar emprego para uma população de miseráveis. O foco então foi transformar
o país em uma economia criativa e inovadora, com altos índices de produtividade e
um polo de atração de talentos e empresas. Deu tão certo que hoje exibe menos de
3% de desemprego.
A Spring Singapore – Standards, Productivity and Innovation for Growth foi criada
para fomentar o desenvolvimento econômico do país e é também responsável pelas
pequenas e médias empresas. Ela diferencia-se do modelo de outras congêneres,
porque, além de ajudar nos programas de gestão e apoio, também estabelece os
padrões e certificações das pequenas empresas, a fim de assegurar que as empresas
tenham níveis de competitividade internacional.
Os cingapurianos ficaram impressionados com o nosso propósito, o do Sebrae
PR, em atender milhares de micro e pequenas empresas. Ao serem informados de
como trabalhamos, disseram que nós fazemos um trabalho social, que, enquanto
eles apoiam o crescimento, parece que apoiamos a subsistência. Para eles,
pequenas empresas são lojinhas e chegaram a nos dizer que “a padaria da esquina
vai sobreviver ou não, independente do apoio de alguém”. Colocam o modelo
empresarial acima da política partidária. O importante é fazer negócios e o que vai
mudar o seu país são as grandes empresas. As pequenas empresas estão sempre
aliadas às estratégias das maiores.
A ASME – Association of Small and Medium Enterprises é uma espécie de braço
da Spring, que financia em grande parte as suas operações, para trabalhar só com
microempresas. Enquanto a Spring concentra-se em empresas competitivas, inovadoras
e de potencial exportador, a ASME cuida dos microempresários.
Em Cingapura, pelas instituições que conhecemos, está presente na cabeça de
todos, e de forma bastante forte, a ideia do “mito fundador”. Todas as instituições
explicaram seus papéis com base na história do desenvolvimento econômico, desde a
sua independência em 1965.
A evolução do país percorreu o seguinte caminho:
42
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
De 1967 a 1978
Foco em exportação.
De 1979 a 1985
Reestruturação da indústria.
De 1986 a 1997
Capacitação das empresas e diversificação econômica.
De 1998 até hoje
Transformação de Cingapura em uma economia do conhecimento.
No caso de outra instituição visitada, a Economic Development Board (EDB), essa
história fica mais ou menos assim:
Anos 1960
Desenvolvimento de economia intensiva em mão de obra.
Anos 1970
Intensiva em habilidades do trabalhador.
Anos 1980
Intensiva em capital.
Anos 1990
Intensiva em tecnologia e serviço.
Anos 2000
Intensiva em inovação e talento.
Essas mudanças de foco, em cada uma das agências, estão sempre conectadas ao
momento econômico e ao plano de desenvolvimento do país.
A National University of Singapore produz pesquisas de altíssimo nível, para dar
total apoio às indústrias. Os pesquisadores têm recursos disponíveis à vontade, desde
que expliquem como pensam que os produtos da sua pesquisa serão comercializados.
Enviam estudantes para programas de intercâmbio, de seis meses a um ano aos
Estados Unidos, principalmente ao Vale do Silício, não só para estudar suas matérias
acadêmicas, mas para ficar imersos em alguma empresa startup, sob a mentoria de
empreendedores experientes. A velha máxima “me ajuda, que eu faço sozinho” vale
perfeitamente aqui.
Visitamos uma empresa tocada por três jovens que produzem software para
interpretação semântica, cujo mercado principal é os Estados Unidos. Dois deles já
haviam participado de estágios no Vale do Silício.
43
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
INFRAESTRUTURA E NOVAS IDEIAS, ALIADAS DO DESENVOLVIMENTO
Ser expulso da Malásia, mas ficar com a melhor localização geográfica que um
porto pode oferecer – a melhor rota de passagem entre o Ocidente e o Extremo
Oriente – ajudou muito o desenvolvimento local. O Porto de Cingapura é o segundo
maior do mundo em movimentação de contêineres e dez vezes maior do que o
nosso Porto de Santos. Não se vê um único estivador, toda a movimentação de
contêineres é feita de forma centralizada e automatizada. Há dez anos, implantou um
conceito, na época inexistente em outros portos, de “single window”, onde qualquer
contêiner é liberado em minutos a partir de um único local. Quando vemos o quanto
se arrastam os nossos pobres portos em greves, ameaças, problemas crônicos de
infraestrutura, leis ambientais e intervenções políticas e sindicais de toda ordem,
vemos o quanto estamos longe da eficiência exigida pela nova ordem global.
Cingapura tem menos de 6 milhões de habitantes e todos falam inglês com fluência,
aprendem na escola como primeira língua, o que facilita, em muito, suas investidas no
mercado internacional. Vimos uma estudante local, em uma incubadora, trabalhando
com outros jovens – uma sueca, um australiano e um finlandês – para desenvolverem,
juntos, uma luva com um dispositivo que permite o touch dos novos aparelhos celulares
e telas de smartphones para uso em lugares de muito frio. O usuário não precisa mais
tirar a luva para acessar seus aparelhos. É um belo exemplo de uma empresa em um
país tropical desenvolvendo um produto para ser usado em regiões geladas. Isso é
globalização, pois a luva jamais será usada em Cingapura.
LEIS, NORMAS E REGULAMENTOS, SE NÃO SERVEM PARA NADA, TIRA-SE DO CAMINHO
Ao se determinar por “ser o melhor lugar do mundo para se fazer negócios”, decidiuse também limpar todos os entraves burocráticos. Foi feita nos últimos cinco anos
uma limpeza geral sob a ordem: “Se não serve para nada, tira-se do caminho.” Mais de
duas mil leis, normas e regulamentos foram extirpados. A busca pela simplicidade nas
relações comerciais é total. Tornar o país competitivo é uma questão de sobrevivência,
ele não tem fontes de energia, nem água potável em quantidade suficiente para
abastecer a população. Uma curiosidade: ter um carro em Cingapura não é fácil, pois
não basta comprá-lo, tem de ir a um leilão de placas que chegam a custar 75 mil dólares.
44
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
O número de veículos é controlado pelo governo e, a cada dez anos, o proprietário tem
de revalidar a placa – no total, o país possui aproximadamente 600 mil veículos. Essa
dificuldade de locomoção fez o transporte público supereficiente, tudo funciona. Por
exemplo, o tempo de uma mala sair de um avião que pousa e ir até a esteira é de no
máximo 12 minutos para a primeira e até 25 para a última.
CORRUPÇÃO QUASE ZERO
Em Cingapura, o combate à corrupção é levado a sério. Existe uma agência anticorrupção
ligada diretamente ao presidente. É, talvez, o país que mais respeita as leis de direitos
autorais e a propriedade intelectual. Andar com mercadoria falsificada ou pirata dá cadeia.
A transparência é total e, ao contrário de muitos países, não se rasgam contratos. Tudo pela
competitividade nos negócios, mas de forma transparente.
AGÊNCIAS DE FOMENTO, BANCOS E INCUBADORAS – CADA UMA FAZ A SUA PARTE
zz A Spring Singapore – Standards, Productivity and Innovation for Growth
concentra-se nas pequenas empresas competitivas, inovadoras e de
potencial exportador.
zz A EDB Singapore – Economic Development Board cuida de levar empresas
para fora de Cingapura.
zz A ASME – Association of Small and Medium Enterprises é um braço da
Spring, que se responsabiliza pelos microempresários, desde a sua formação
técnica até a atração de talentos para essa causa.
zz A IE Singapore tem papel fundamental na economia externa de Cingapura
e promove a exportação de bens e serviços. Também cuida de atrair
comerciantes de commodities globais para estabelecer sua base global,
ou asiática, no país. Para tanto, montou um ecossistema completo para
os setores da energia, agro commodities, metais, minerais e aglomerados
comerciais.
zz A National University of Singapore produz pesquisas de altíssimo nível, para
dar total apoio aos interesses industriais e comerciais do país.
45
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
NINGUÉM FAZ UMA REVOLUÇÃO SOZINHO
Nos países que visitamos, ficou claro que as mudanças não foram realizadas pelo
estímulo de um grande líder ou instituição – o sonho é coletivo. Escutávamos, de todos,
o mesmo discurso. Dividiam o mesmo “mito fundador”. Cada um realizava seu papel
na sociedade.
OFERECER AS FERRAMENTAS E NÃO IMPOR AS SOLUÇÕES
Essa observação nos fez lembrar o livro de James Collins e Jerry Porras, “Feitas
para durar”, no qual discorrem que o crucial para o sucesso de empresas visionárias
está em: “As empresas visionárias tornaram-se líderes de mercado, porque seus líderes
preocupam-se com o futuro das empresas e a visão delas, não com eles mesmos”.
A POBREZA FÍSICA É DECORRENTE DA POBREZA MENTAL
A cultura do empreendedorismo não é privilégio de poucos centros de excelência,
nos países que visitamos. Percebe-se o espírito de grandeza presente em todos os
níveis da sociedade. Em contraponto ao que acontece aqui, criamos também bons
centros de excelência, porém levantamos barreiras e fechamos os olhos para o que
ocorre ao nosso redor. Temos algumas das melhores escolas do mundo, porém a maior
parte do ensino é de país subdesenvolvido. Temos hospitais que são referência mundial,
e a nossa saúde pública padece. Não somos contra centros de excelência, porém o que
percebemos é que só se muda uma realidade quando o acesso a serviços e padrões de
excelência for do alcance de todos.
AH! ESSA TAL DE ZONA DE CONFORTO
Cingapura não tem água e pouquíssimos recursos naturais. A Coreia do Sul,
por não ter também recursos naturais, concluiu que a sua única opção para sair da
pobreza seria importá-los, agregar valor a eles e exportá-los. Em algumas décadas,
saiu da extrema pobreza para ter um PIB superior ao nosso.
46
MISSÃO
SUDESTE
ASIÁTICO
LIBERDADE ECONÔMICA – A CRIAÇÃO DE FACILIDADES PARA SE FAZER NEGÓCIOS
Todos os governos são pró-business e têm seu desempenho medido por indicadores
de facilidade de negócios – doing business. As ações governamentais são guiadas a
remover empecilhos e a facilitar o curso da economia e não interferir no seu processo.
Em Cingapura, a sociedade expõe ao governo as suas dificuldades e esse governo
não pode sustentar a manutenção de uma lei ou regra que atrapalha a realização
de negócios deve retirá-la imediatamente. Quanta diferença com o nosso regime
cartorial, burocrático, fiscalizador e controlador, em que, para se abrir uma empresa
ou movimentar uma carga em um porto, passam-se dias e até meses.
INVESTIMENTOS PESADOS EM INFRAESTRUTURA
“To make money you have to spend money” – em todos os países visitados
predomina essa consciência básica: para se fazer dinheiro, é necessário investir. A nossa
visão de curto prazo acredita que remendar asfalto, tapar buracos, “dar uma maquiada”,
e contar isso na televisão, é investimento em infraestrutura.
COMO LIDAMOS COM A CORRUPÇÃO
A agência anticorrupção de Cingapura tem força total de ação. Um taxista nos
relatou o caso de um político que fora flagrado envolvido em corrupção e este teve
que deixar o país, pois não havia mais possibilidade de convivência. Todas as portas
se fecharam para ele.
A GENTE JÁ FAZ MUITA COISA E, EM CERTOS ASPECTOS, MELHOR QUE ELES
Nossos produtos não são ruins ou desatualizados, se comparados aos que eles
utilizam. Idem sobre os processos que usamos para dar apoio às empresas. Na Malásia,
utiliza-se como ferramenta para medir competitividade das micro e pequenas empresas
uma metodologia muito próxima da que já utilizávamos há muitos anos, que é o
diagnóstico de competitividade – que mais tarde inspirou a criação do sistema de
diagnóstico do Varejo Mais, do Sistema Fecomércio e Sebrae PR.
47
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Os instrumentos de capacitação e consultoria não são muito diferentes dos que
utilizamos aqui, o que muda é a estratégia de aplicação, o foco, comprometimento com
resultado e persistência – constância.
“SE VOCÊ CONSTRUIR, ELES VIRÃO.”
No filme “Campo dos Sonhos”, o personagem, interpretado pelo ator Kevin Costner,
tem uma visão e constrói um campo de beisebol no meio de um milharal e atrai, de
forma “espiritual”, os melhores jogadores de todos os tempos. Nesse filme, uma “voz”
sempre lhe dizia... “if you build it, they will come” – “se você construir, eles virão.” Essa
metáfora aplica-se muito bem ao que descobrimos nessa missão: é preciso, antes de
tudo, ter uma visão, depois acreditar que é possível, planejar e executar. Se criarmos
as oportunidades e as condições para a atração de negócios, eles virão. Não há limites
para o empreendedorismo e para a transformação de uma sociedade e de um país.
A TESE DA MALDIÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
Na década de 1990, desenvolveu-se uma tese nos meios acadêmicos de economia
sobre a “maldição dos recursos naturais”. Essa tese estava amparada em evidências
empíricas de que países com uma abundância em recursos naturais (sobretudo petróleo)
tenderiam a crescer de forma mais lenta que países com recursos mais escassos. Coreia
e Cingapura suportam essa evidência.
O ESTADO PRÓ-BUSINESS
Todos os governos desses países estão voltados à facilitação dos negócios e a não
criar regras, leis e normativas para atrapalhá-los. E não são, necessariamente, liberais.
Chegam a ser fortes e até intervencionistas. Negócios modernos e agressivos fazem
parte da estratégia de desenvolvimento desses países.
Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar
48
Missão
RússiaEscandinávia
OPINIÃO DOS
PARTICIPANTES:
Agnaldo Gerson Castanharo,
José Gava Neto,
José Ricardo Castelo Campos,
Julio Cezar Agostini,
Luiz Carlos da Silva e
Orestes Hotz
.
Dinamarca,
Suécia,
Noruega,
Finlândia e
Rússia
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Trabalhar de forma sistemática, com objetivos de longo prazo, pensando de forma global,
abertos para o mundo, e muito focados nas resoluções dos seus problemas, são alguns dos
aprendizados que o grupo trouxe desse trabalho de observação em terras escandinavas.
“Não existe tempo ruim, existe roupa inadequada.” Essa frase reflete bem o
comportamento e as atitudes do povo escandinavo frente aos problemas que
enfrentam no seu dia a dia. Submetidos à inclemência de um clima na maior parte
do ano gelado, chuvoso e com temperaturas abaixo de zero, eles não se entregam às
lamentações. Nada de dar desculpas para não fazer o que tem que ser feito: “Não fui,
porque estava chovendo”, “Não fiz, porque era feriado”, “Não fui, por causa do trânsito”,
“Não faço o curso, porque estou muito velho, porque sou moço, porque sou mulher,
porque, porque, porque…”. Ao contrário dos nossos compatriotas que dão desculpas
para não fazer o que precisam fazer, os escandinavos focam na solução dos seus
problemas e tentam resolvê-los da melhor forma possível. Choradeiras, lamentações,
ficar esperando por soluções milagrosas, ou por promessas de políticos e governantes,
não fazem parte do seu repertório. Foco na solução dos problemas, sim.
Dinamarca
O melhor país em quase tudo
A Dinamarca possui o mais alto nível de igualdade de riqueza do mundo e o melhor
clima para se fazer negócios, segundo a Revista Forbes. Com base em normas de
saúde, assistência social e educação, foi classificada como “o lugar mais feliz do
planeta”, entre 2006 e 2008. É considerado o segundo país mais pacífico do mundo
52
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
e o menos corrupto de todos. Sua capital, Copenhagen, é altamente especializada
em indústrias criativas e inovadoras.
O país ocupa o primeiro lugar no mundo em tecnologia verde, assunto que
leva muito a sério – na Dinamarca, o discurso ecológico não é só da boca para fora,
pratica-se a sustentabilidade mesmo. Recicla-se 90% do lixo e o que não pode ser
reaproveitado vira aterro. Existe, por toda parte, uma preocupação muito forte
entre a relação sustentabilidade/qualidade de vida. O que fez, ao longo do tempo,
principalmente o setor da construção civil, tomar iniciativas práticas, inovadoras
e eficientes no uso das energias naturais renováveis. Conjuntos de escritórios e
habitacionais são construídos dentro de normas que devam atender aos mínimos
detalhes da sustentabilidade. Uma construção em forma de oito permite que todos
os apartamentos recebam boa claridade, farta exposição ao sol e ampla visibilidade
ao mesmo tempo. É tudo tão bem calculado que até o acesso para os moradores
que usam bicicleta foi facilitado. Os benefícios da “face sul” para eles – “norte” para
nós brasileiros – nesse tipo de arquitetura vêm de todos os lados.
O meio de transporte mais utilizado pelos dinamarqueses é a velha, boa e não
poluente bicicleta, veículo que faz parte do cenário local, ocupando, em alguns
lugares, estacionamentos maiores do que os dedicados aos automóveis. Ela é
usada como meio de transporte por todas as pessoas, de todas as idades e classes
sociais – inclusive pelo alto escalão do governo. O veículo colocado à disposição
das autoridades não é um automóvel de luxo, mas uma “magrela”. Assim, não há
custos com motoristas, licenciamentos, manutenção, seguros, dentre outros. O
bom cuidado com os bens públicos é cultural.
O EMPREENDEDORISMO PRECISA SER ENSINADO DE NOVO
A situação da população dinamarquesa sempre foi tão confortável nas últimas
décadas que ninguém mais se lembrava de como era ser um empreendedor. A
Copenhagen Business School – CBS é uma escola financiada pelo Estado, que
procura criar sinergia entre seus professores – capacitados para o ensino e a
difusão do empreendedorismo – e os jovens. Para cumprir sua meta, usa programas
53
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
específicos, ações de treinamento e a difusão de histórias de sucesso. O foco
principal é atuar com as startups locais, dispondo de uma incubadora. Atualmente,
a CBS abriga uma carteira de 50 novas empresas.
A CLARA DEFINIÇÃO DOS PAPÉIS FACILITA NEGÓCIOS A DISTÂNCIA
Apresentaram-nos uma empresa incubada que atua no mercado brasileiro, a
ChefClub, cujo modelo de negócio é oferecer aos seus associados a possibilidade de
se alimentar em uma rede de restaurantes credenciados. Ela cobra uma taxa anual
de manutenção, disponibiliza ofertas e promoções em compras coletivas e trabalha
duro na fidelização dos seus associados. Os restaurantes, por sua vez, ganham em
volume de clientes que irão também consumir bebidas, as quais não estão na taxa de
desconto oferecida. Os estabelecimentos parceiros podem usar o banco de dados dos
consumidores e os seus perfis detalhados, o que permite a elaboração de campanhas
específicas para público-alvo segmentado. O desafio de gerenciar um negócio de tão
longe, com sócios oriundos de diferentes culturas e experiências, é vencido pela clara
definição dos papeis de cada um.
A Væksthus, cujo significado é “casa de crescimento e casa verde”, é também
financiada pelo governo. Existe há cinco anos e seu foco são as empresas com
grande potencial e ambição para crescimento. Para isso, tem um comportamento
proativo na busca de novos clientes. Uma equipe de consultores experientes dá
apoio aos empreendedores, para o melhor desenvolvimento das suas ideias e
negócios, além de disponibilizar aos boas e modernas ferramentas de gestão. Cada
empresário tem no mínimo 25 e no máximo 100 horas de atendimento e todos os
serviços são gratuitos. Além do diagnóstico inicial, uma eficiente ferramenta de
planejamento permite à empresa incubada ter sua visão e missão desdobradas em
ações ao longo do tempo – curto e longo prazos.
O EMPREENDEDORISMO NA SALA DE AULA
A Foundation for Entrepreneurship and Young Enterprise é uma fundação que
trabalha exclusivamente no desenvolvimento da cultura empreendedora junto ao
54
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
sistema de ensino dinamarquês, do pré-escolar ao superior, uma verdadeira cadeia
de valor do ensino. Os professores da Copenhagen Business School – CBS já haviam
nos relatado as dificuldades de se mudar a mentalidade do jovem dinamarquês
sobre o assunto. Décadas de boas leis sociais, perspectivas de trabalho em grandes
corporações e em estatais embotaram o espírito empreendedor. O que sobra de
gente querendo empreender no Brasil falta na Dinamarca. A carência de espírito
empreendedor entre os jovens dinamarqueses começou a ser percebida com a crise
de 2008. Hoje, são incentivados, por meio de bolsas, a sair da casa dos pais e a
se incorporarem ao mercado de trabalho, tanto como empregados quanto como
empreendedores. Na linha oposta das leis brasileiras, em que o trabalho do menor é
cerceado por normas e regulamentos, os escandinavos incentivam seus adolescentes
a ir cedo para o trabalho, a fim de aprender uma profissão, seus valores e os sentidos
da economia e da poupança.
As expectativas e o trabalho dessa Fundação são convergentes com o que o Sebrae
PR planeja e almeja para 2022.
ESTRATÉGIA FOCADA NA COMPETITIVIDADE
Entidade governamental encarregada de coordenar as ações relacionadas ao
desenvolvimento da inovação, a Dasti – Danish Agency for Science Technology
and Innovation é quem define as linhas de pesquisas e as financia, por meio das
incubadoras, todas de alta base tecnológica e voltadas, atualmente, para os temas
saúde e meio ambiente. Dispõe de 320 milhões de euros/ano equivalentes a 415
milhões de dólares/ano para serem investidos de forma estratégica na elevação
da competitividade das empresas dinamarquesas. É praticamente um misto de
BNDES, CNPq e Finep.
SE A IDEIA É BOA, VAMOS ARRISCAR
A Vækstfonde é uma instituição pública que atua onde e quando o mercado
financeiro tem dúvidas. Investe em fundos de capital de risco por meio da garantia
de crédito e empréstimo. Quando há possibilidade, torna-se parceira da iniciativa
55
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
privada. O público-alvo é segmentado em empresas locais, regionais e internacionais,
sendo que, para cada um desses tomadores de crédito, há produtos bem definidos.
Além de trabalhar com empresas já sedimentadas, apresenta linhas específicas para
as iniciantes.
Em parceria com os bancos locais, empresta até 230 mil dólares, garantindo 75%
do valor. Desde 2005, realizou aproximadamente 1,2 mil operações. Seus dirigentes
dizem que correm o risco mesmo em se tratando de dinheiro público, porque se a ideia
for boa, e o empreendimento der certo, o lucro volta na forma de benefícios para a
sociedade: mais empregos, realização pessoal dos empreendedores, recolhimento de
impostos, dentre outros. Calcula-se que para cada processo de garantia de crédito são
criados cinco novos empregos. O modelo de ação dessa instituição é muito parecido
com o nosso BNDES.
Suécia
A grande lição: desenvolvimento de forma
cooperada e estratégica
Visão compartilhada, políticas e estratégias bem definidas alavancam o
desenvolvimento da Suécia. São claros os papéis de cada um no processo: governo,
instituições, agências regionais de negócios e desenvolvimento, empresários e
universidades. Todos agem de forma integrada e com foco nos objetivos traçados para
o país. Isso facilita o trabalho, não há sobreposição de atividades e cada um sabe o que
tem que fazer e o faz bem.
Pesquisas acadêmicas são focadas na resolução de problemas práticos e
globais, tudo o que incomoda o ser humano interessa a um pesquisador sueco. Nas
56
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
universidades, são raros os trabalhos de interesse individual ou segmentado, a visão
tem que ser global. Por inventar e abrigar a realização do Prêmio Nobel, do qual a Suécia
já foi contemplada com sete distinções, a população respira a atmosfera do Prêmio e
tudo o que o cerca, isto é, o povo sueco está sempre no centro do que se produz de
inovador e de bom no mundo. É uma espécie de DNA da excelência das realizações
humanas. Essa visão globalizada e natural já vem de tempos, pois a Suécia foi um dos
grandes atores do mercantilismo. “A cada Prêmio Nobel, a excelência do que melhor
se está fazendo no mundo vem até nós.” – frase de um taxista sueco.
GOTEMBURGO – A AMEAÇA ASIÁTICA FEZ NASCER UM NOVO POLO INDUSTRIAL
Nos anos 1960 e 1970, a cidade comportava grandes estaleiros, fruto de uma
expertise histórica acumulada por séculos de tradição na arte da construção
naval. A ameaça econômica veio na forma do aumento da competitividade global,
principalmente dos países asiáticos. Com o tempo, a cidade viu suas plataformas
industriais navais sucateadas e a maior parte das indústrias deixar o local. No ano
2000, foi criado o Business Region Gotemburg, com a finalidade de pensar o futuro,
atrair investimentos, criar novas empresas e apoiar as já existentes. Em consequência,
gerar novos empregos. É uma instituição sem fins lucrativos, que segue o modelo da
parceria público-privada. Conta com 80 colaboradores e já, há muito, deixou de atender
somente Gotemburgo, para dar assistência a mais 13 municípios que desenvolvem
clusters com interesses comuns e específicos.
Três parques tecnológicos desenvolvem pesquisa aplicada nas áreas biomédicas,
automotiva, meio ambiente, transporte inteligente e ciências da vida. Isso faz com que
população de Gotemburgo, que é de aproximadamente 500 mil habitantes, movimente
70 mil estudantes/ano.
A entidade atua dentro de três estratégias:
zz apoio aos empreendedores com boas ideias, mas sem condições financeiras
para colocá-las em prática. Nesse caso, entra com assessoria comercial e
financiamento;
57
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
zz faz o mesmo, auxiliando empresas existentes e com potencial de
crescimento;
zz dá apoio às empresas em crise. O índice de efetividade para esse tipo de
ação chega a 67%.
UM EXEMPLO DE COOPERAÇÃO QUE DÁ CERTO
Sahlgrenska Science Park é um complexo e gigantesco parque que cuida da
ciência da vida, concentrando-se nos ramos farmacêutico, alimentos funcionais,
biomedicina, diagnósticos, serviços/logística/comunicação e tecnologia médica.
Recebe apoio técnico, logístico e intelectual de um grande hospital, uma incubadora
e duas universidades, cujo arranjo territorial é realizado de uma forma inteligente e
prática: de um lado o hospital, do outro as universidades e no meio a incubadora. Sua
sustentação provém da cooperação entre a Universidade de Gotemburgo, o Instituto
Superior Tecnológico, o Business Region Gotembourg e a Província – o equivalente ao
nosso conceito de Estado. Atualmente, mantém 50 projetos de startups incubados e
outros 40 em fase de averiguação, isto é, na fila para entrar na incubadora. Entre 2007
e 2008, 26 novas empresas de biomedicina lançaram-se no mercado.
Os aprendizados desta visita são: encontre seu foco e permaneça nele, e é preciso
uma aproximação íntima entre a prática acadêmica e o setor privado. Esse tipo de
associação salutar, entre o mundo acadêmico e o empresarial, é encontrado em quase
todos os países que visitamos.
SUÉCIA, CATALISADORA DE INVESTIMENTOS
A Invest Sweden é uma instituição oficial do governo, que facilita os
investimentos estrangeiros no país. E eles são muito bons nisso, pois 67% das
empresas estrangeiras que investem nos países nórdicos estão na Suécia, o que
demonstra efetivamente a abertura da economia local a investimentos externos.
A estratégia é abrangente, sobretudo em relação às empresas em fase inicial. Além de
receber investimentos, nascem fortalecidas, pensam de forma global e com conhecimento
e network internacional.
58
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
A Suécia procura atrair, desenvolver e reter empresas diversificadas e inovadoras
onde quer que elas estejam. Elas são fortalecidas pelos diversos tipos de apoio e
cooperação e com isso criam um grande diferencial competitivo. Ações que fazem com
que a economia sueca tenha aproximadamente 50% do seu PIB oriundo da exportação
de produtos com alto valor agregado.
Abrir uma empresa na Suécia é fácil. Em uma semana, já está totalmente legalizada,
mesmo que seja de porte internacional, e são necessários 10 mil euros, cerca de 13 mil
dólares de capital inicial.
Atualmente, o governo sueco canaliza esforços para atrair investimentos de
seis países considerados como potenciais, dentre os quais o Brasil, onde mantém
um escritório de negócios em São Paulo, que é a segunda cidade do mundo com o
maior número de trabalhadores em empresas suecas.
ESTÍMULO À INOVAÇÃO
A Vinnova é uma agência de governo fundada em 2000, que conta com 200
colaboradores, na sua maioria PhD, além de um orçamento anual de 200 milhões de
euros ou 260 milhões de dólares. Sua função é investir em pesquisa, desenvolvimento e
inovação nas empresas suecas, principalmente nas áreas da saúde, transporte, serviços
e manufaturados.
APOIO A ÁREAS SELECIONADAS E ESTRATÉGICAS PARA A ECONOMIA SUECA
A Tillvaxt Verket também é uma agência de governo com foco no apoio ao
empreendedorismo e desenvolvimento regional. Procura acelerar o crescimento das
empresas com alto potencial e que atendam as estratégias econômicas do país. A
instituição atua preferencialmente com empresas que tenham capacidade contínua
de inovação e atualização, de acordo com as tendências mundiais e, é claro, que
gerem empregos. A Tillvaxt Verket trabalha com fundos estruturais, que possibilitam
operações subsidiadas e empréstimos financeiros para o desenvolvimento de negócios
e dá apoio de capital. Seu orçamento é de aproximadamente 3,7 bilhões de coroas ou
479 milhões de dólares. Tem um quadro de 350 colaboradores e está presente nas nove
regiões da Suécia. Faz o seu trabalho em completa sinergia com outras instituições.
59
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
NA HORA DO CAFEZINHO, A CRIATIVIDADE APARECE
O povo sueco toma café o tempo inteiro e sempre junto aos amigos, colegas
de trabalho e vizinhos. Esta socialização é proposital e favorece a troca de ideias e
as inovações. Nas empresas, em intervalos definidos, existe o momento do “fico”,
uma parada de cinco minutos, a cada duas horas de trabalho, para tomar um café e
conversar. É uma forma de incentivar o ambiente criativo, pois são nesses momentos
de descontração que as boas ideias florescem. Em todas as instituições visitadas, vimos
ambientes preparados e estruturados como forma de incentivar essa prática. A Suécia
é o segundo maior consumidor de café do mundo e um dos mais criativos e inovadores
também. “É na hora do cafezinho, e na carona para casa, que a verdadeira comunicação
se processa na minha empresa”, nos disse um empresário.
A LICENÇA-MATERNIDADE PODE CHEGAR A 16 MESES
A licença maternidade das mulheres suecas pode ser de até 16 meses, caso os
maridos concedam os meses a que também têm direito às suas esposas.
O salário médio é de 25 mil coroas – equivalentes a 3.500 dólares/mês.
O inverno vai do final de outubro a maio do ano seguinte – nesse período, temse apenas quatro ou cinco horas diárias de claridade e, em certos dias chuvosos, a
escuridão perdura o dia todo. O comércio abre por volta das 10 horas e fecha às 17
horas, com um intervalo para almoço de 30 minutos. São 10 milhões de habitantes,
sendo 2 milhões em Estocolmo, uma cidade formada por 14 ilhas interligadas por
pontes e túneis.
Estocolmo tem dois parlamentos: o primeiro vinculado ao poder local, em que
não existe a figura do prefeito, ficando a administração a cargo de oito vereadores
que cuidam, entre outras atribuições, da saúde, do transporte público e da segurança.
O poder decisório é realizado por 101 vereadores, que definem as políticas que
atenderão às necessidades da sociedade. O segundo parlamento é o federal, que
estabelece leis nacionais.
60
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
Noruega
Mais de 140 empresas norueguesas já se
instalaram no Brasil para aproveitar as
oportunidades do pré-sal
Aqui se vê o modelo social dos países escandinavos aplicado em sua totalidade:
saúde universal, ensino superior subsidiado e abrangência na previdência social.
Os noruegueses vivem no melhor país do mundo em desenvolvimento humano –
classificação em todos os relatórios da Organização das Nações Unidas – ONU, desde
2001. Em 2009, foi considerado o melhor país do mundo para se viver e, em 2007,
como o lugar mais pacífico.
A partir da década de 1970, com a descoberta de grandes jazidas de petróleo
no Mar do Norte e no Mar da Noruega, aconteceu o desenvolvimento natural da
indústria petrolífera, em consequência, a moeda fortaleceu, permitindo pesados
investimentos em políticas de bem-estar social. O país possui recursos naturais
na forma de gás, hidroeletricidade, pesca, serviços florestais e riquezas minerais.
Além de uma atividade marítima mercante bastante robusta – a sexta maior frota
do mundo. Possui indústrias pesadas nas áreas de processamento de alimentos,
metais, produtos químicos, mineração, pesca e produção de papel. A estratégia do
país é bastante definida e intensiva quanto à inovação constante dos seus produtos
e serviços e à busca pela internacionalização das suas empresas.
DO NASCIMENTO DA EMPRESA AO MERCADO
Criada em 2003 para o desenvolvimento e inovação das empresas norueguesas, a
Innovation Norway conta com 700 colaboradores e está presente nas 17 províncias –
estados. Dispõe de representações em 30 países, na maioria das vezes junto às
embaixadas/consulados. No Brasil, mantém um braço no Rio de Janeiro, onde dá apoio
a cerca de 140 empresas norueguesas, principalmente as do setor petrolífero e de gás.
61
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Forma aliança estratégica com a Petrobras, por meio do desenvolvimento conjunto
e fornecimento de tecnologias para a exploração de petróleo em águas profundas.
Prioridades:
zz energia;
zz saúde;
zz agricultura;
zz navegação e atividades marinhas;
zz petróleo;
zz turismo.
Sua atuação vai desde as fases iniciais do empreendimento – classificação das
ideias – ao desenvolvimento e preparação da empresa para o mercado. Oferece,
como apoio, 25 serviços relacionados a negócios internacionais: consultoria,
estudos de mercado, identificação de parcerias estratégicas, ajuda na elaboração de
contratos internacionais e entendimento de regulamentos aduaneiros, mentoring,
posicionamento estratégico, marketing e design, entre outros. Os serviços são
subsidiados e vão de 0 a 50%, dependendo da maturidade do projeto. O objetivo
é muito claro: agregar valor aos produtos e serviços dos seus clientes, tornando-os
competitivos, inovadores e com pensamento globalizado.
A entidade atende em média 10.000 empresas/ano. Dispõe de orçamento anual
de 40 bilhões de coroas ou 7,12 bilhões de dólares, considerando os financiamentos
alavancados pelas empresas e indústrias atendidas. Resumindo, é praticamente uma
empresa privada que presta serviços de consultoria ao governo norueguês para facilitar
a vida das empresas instaladas no Brasil.
A Innovation Norway transformou a Noruega, que por muito tempo era conhecida
apenas como fornecedora de matéria-prima, em um dos países mais inovadores do
mundo, reconhecido por ter um dos melhores ambientes para negócios.
62
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
A BUSCA PELA EXCELÊNCIA – O MODELO VEIO DE FORA
A Universidade de Oslo desenvolveu o seu centro de empreendedorismo baseado
na estada de um dos seus professores – 1997/1998 – na Universidade de Stanford, na
Califórnia. No ano seguinte, lançou um programa para que estudantes noruegueses
passassem a fazer estágios em universidades de excelência em empreendedorismo. Os
exemplos vieram de Berkeley, Boston, Houston e da NUS de Cingapura. A colaboração
de diversas universidades norueguesas proporciona ao país manter em média 140
estudantes por ano, estudando empreendedorismo fora da Noruega. As áreas são
escolhidas, de acordo com os setores prioritários da Innovation.
Os critérios de escolha para estes estágios são: notas, currículo escolar e,
principalmente, a motivação pessoal do candidato. Trezentos e cinquenta estudantes
disputam a cada ano as 140 vagas disponíveis.
O Siva é um organismo de desenvolvimento industrial, criado pelo governo
norueguês em 1968, para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento industrial
em áreas mais distantes da capital. Objetiva promover ambientes inovadores e
sustentáveis.
A história, aqui, também começou quando as plataformas da indústria naval
começaram a ser desativadas, frente à predatória concorrência internacional – eles
de novo, os asiáticos. A economia norueguesa ficou em situação complicada, pois a
indústria naval era um dos setores mais fortes do país. A partir de então, os esforços
foram direcionados para a criação de ambientes inovadores – parques científicos e
desenvolvimento de clusters – 23 unidades atualmente. O Siva participa de forma
direta, contribuindo com até 80% nas propriedades que são os bens imóveis onde
se localizam os parques e com participação direta (entre 22% e 33%) nas empresas
estabelecidas.
O Siva cria e faz a gestão dos chamados Jardins Empresariais, presentes em
55 cidades e desenvolvidos a partir do final da década de 1990. Essa geografia
empresarial é voltada para o apoio às pequenas empresas. Na época, percebeuse que as cidades menores, onde não havia universidades, necessitavam de uma
estrutura que incentivasse, permitisse e proporcionasse o empreendedorismo e o
desenvolvimento dos negócios locais. Essa estrutura física – um mundo geográfico,
63
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
em um espaço único, criado especialmente para atrair e incentivar negócios – criou
parques altamente estruturados, capazes de reunir todos os atores importantes do
empreendedorismo. Esse arranjo proporciona o espírito da cooperação, as ações de
network e de relacionamentos comerciais, motiva e, principalmente, inspira confiança
nos participantes. Após 45 anos da sua fundação, a estatal conta com 45 colaboradores
diretos e tem orçamento anual de três bilhões de coroas – aproximadamente 518
milhões de dólares.
UM CLUSTER DE COMPETÊNCIAS NO SÉCULO DA COMPLEXIDADE
A uma hora de distância de Oslo, está a cidade de Kongsberg e, na região, o
NCE Systems Engineering Kongsberg, um cluster de empresas inovadoras e de alta
tecnologia, com foco em energia e indústria espacial, aeronáutica, automotiva, marítima
e de submarinos.
A história de Kongsberg começou há 400 anos – época em que a Noruega
era dominada pela Dinamarca. Na ocasião, dois garotos descobriram, sem querer,
pepitas de prata no topo de uma montanha. Por ordem real, iniciou-se a exploração
do mineral, que seguiu até os meados de 1840 quando o veio esgotou-se. A nova
circunstância fez com que os moradores buscassem outras atividades e passassem
a produzir armamentos, expertise que durou até o final da Segunda Guerra Mundial.
Na década de 1950, iniciou-se a produção de sistemas computacionais, para o
controle de mísseis e, nos anos 1970, percebeu-se que poderia levar as experiências da
área de defesa para outras atividades econômicas. Foram iniciados, assim, os estudos
para aplicação nas áreas marítima, automotiva e da energia. Hoje, Kongsberg é uma
cidade com pouco mais de 20 mil habitantes, detém o melhor cluster da Noruega e um
dos melhores do mundo em inovação e desenvolvimento para novas tecnologias. O
parque tecnológico e científico NCE reúne 7 mil colaboradores e congrega pessoas de
40 países diferentes. As pessoas que trabalham no local sentem orgulho em afirmar
que fazem parte de um cluster de “inteligência” e não de indústria. Os noruegueses
podem transferir os direitos de produção das suas invenções, porém fazem questão
de administrar bem os seus direitos de propriedade intelectual – suas patentes. Para
64
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
se ter uma ideia da sua importância, esse pessoal desenvolve 70% da automação
das atividades marítimas em todo o mundo e detém 45% do mercado mundial de
submarinos.
Equipamentos para coleta de dados sobre o clima em todo o planeta também são
desenvolvidos por eles. Além disso, o NCE detém vários recordes de atuação em águas
profundas, sobretudo no Brasil, onde mantém parceria com a Petrobras. Também são
grandes fornecedores de armamento de alta tecnologia para os Estados Unidos.
O paradoxo é que, sendo a Noruega um dos maiores produtores mundiais de
armamentos, é lá que se faz a entrega do Prêmio Nobel da Paz.
Finlândia
Aqui nasceram os Angry Birds
Você conhece aquele jogo dos pássaros mal humorados? Pois é, os Angry Birds
nasceram pelas mãos da Rovio, uma empresa finlandesa, conquistaram o mundo e
até incorporaram no elenco alguns pássaros do filme Rio.
NOSSO NEGÓCIO É ESTAR ABERTO PARA O MUNDO
A Finlândia é um país com cinco milhões de habitantes, que mantém 65 escritórios
em 45 países diferentes e conta com colaboradores e com atuação também no exterior.
A maior parte da população finlandesa está concentrada no sul. É o oitavo maior
país da Europa em extensão e o menos povoado. A língua materna é a finlandesa e
65
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
a segunda língua oficial, a sueca – nativa para 5,5% da população. Recente pesquisa,
baseada em indicadores sociais, econômicos, políticos e militares, classificou o país
como o segundo mais estável do mundo.
Depois de uma grave depressão, no início dos anos 1990, os governantes fizeram,
de forma sucessiva, uma completa reforma no sistema econômico: privatizações,
desregulamentação e cortes de impostos.
Para a Finlândia, o processo de industrialização demorou. Ela se manteve até meados
de 1950 como um país essencialmente agrícola. Posteriormente, o desenvolvimento
econômico foi rápido e, já no início da década de 1970, atingiu um dos melhores níveis
de renda do mundo.
Os finlandeses consideram que a reforma educacional foi fundamental para o
aumento do Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH. A reforma foi tão bem
feita, que hoje o país é exemplo do que há de mais moderno e eficiente em termos
de educação no mundo. Dezenas de países e instituições de ensino enviam seus
pedagogos e técnicos em educação para fazer benchmarking na Finlândia.
RADAR DE TENDÊNCIAS
A Finpro é uma instituição público-privada, fundada em 1919, e focada unicamente
na internacionalização das empresas finlandesas. É composta por 550 empresas que
atuam em parceria com os setores públicos. A Finpro não oferece aos associados
soluções para as questões básicas da gestão empresarial, porque considera que, para
isso, já existem outras instituições. Seu foco está nos processos do planejamento
estratégico, de mercado e no monitoramento sistemático de setores estruturais
da economia.
Mantém um serviço de previsão global chamado Foresight, uma espécie de radar
que emite sinais sobre as tendências de mercado em todo o mundo para orientar o
direcionamento das empresas locais. Um grupo de especialistas se reúne, duas vezes
ao ano, para analisar de forma global diferentes setores que possam interessar ao país,
como: ciências da vida, meio ambiente, energia, florestas, media digital, softwares,
logística, máquinas, equipamentos e serviços.
66
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
A Sitra, outra instituição público-privada que vistamos, foi criada em 1967 para
promover o desenvolvimento estável e balanceado, o crescimento econômico e
a competitividade internacional de empresas consideradas de alto risco. Atua
de forma independente na internacionalização das empresas, por meio de
participações societárias que vão de 10% a 40% do capital social.
GUIA DA INOVAÇÃO FINLANDESA
O Ministério da Economia e Emprego do Governo Finlandês possui uma política
de desenvolvimento específica e voltada para a inovação e a internacionalização
das empresas finlandesas. Faz parte da estratégia de desenvolvimento do país e
apoia a criação e crescimento de centros de excelência – clusters nas áreas metal
mecânica, construção de smart/cities e saúde, entre outros interesses. Possui
fundos na ordem de 304 milhões de dólares, para investir no sistema de inovação.
A simplicidade da organização do sistema de inovação, aliada ao volume de
recursos aplicados junto ao número de empresas existentes, mostra o porquê de
a Finlândia ocupar a 4ª posição no Global Innovation Index, divulgado pelo Insead.
O Brasil, de acordo com esse mesmo relatório, recuou dez posições no ranking,
ocupamos o 58º lugar. Entre os BRICS, fomos o país que mais perdeu posições.
OS DEZ PAÍSES TOP, SEGUNDO O GLOBAL INNOVATION ÍNDEX
1.Suíça
2.Suécia
3.Cingapura
4.Finlândia
5. Reino Unido
6.Holanda
7.Dinamarca
8. Hong Kong (China)
9.Irlanda
10. Estados Unidos
67
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Ainda sobre o assunto inovação, conhecemos a agência de financiamentos Tekes,
criada há 25 anos, quando o governo optou por desenvolver produtos de alto valor
agregado como estratégia de desenvolvimento. A opção foi correta e a terra do Mika
Häkkinen – piloto de Fórmula 1 – passou de produtora de matéria-prima para um
dos lugares mais inovadores do mundo em alta tecnologia. Os finlandeses orgulhamse em dizer que foram os únicos que quitaram integralmente a dívida da Segunda
Guerra Mundial com a Rússia.
Em 2012, a Tekes financiou 1.928 projetos, sendo parte deles via cobertura
por subvenção – que vão de 35% a 50% e, no caso de empréstimos, até 70%.
A instituição é uma espécie da nossa Finep, sendo que a diferença de trabalho
entre nós e eles é que lá os recursos não necessitam ser transferidos por meio
de editais. Os critérios de escolha de quem recebe os recursos são muito claros,
ou seja, potencial de mercado, competência, plano de internacionalização,
viabilidade de mercado, network , parceiros, portfólio de produtos e capacidade
para crescer no mercado global.
O orçamento anual da Tekes é de 741 milhões de dólares destinados a financiar
projetos que resultem em produtos comercializáveis, em serviços ou novos conceitos
de negócios. Não há a necessidade de garantias, podendo ser uma combinação de
empréstimo e subvenção.
Uma das instituições pertencentes ao sistema de inovação finlandês é o VTT
(Technical Research Centre of Finland) – o maior centro de pesquisas aplicadas e
serviços tecnológicos do norte da Europa. Esse centro não tem fins lucrativos e é
ligado ao Ministério do Trabalho e da Economia. Por meio de uma rede nacional e
internacional voltada à ciência, o VTT produz informações, atualiza o conhecimento
das novas tecnologias e ajuda na inteligência dos negócios dos seus stakeholders.
Está presente na Coreia, Austrália, Japão, China, Rússia e no Brasil, em São Paulo.
A Federação Finlandesa das Indústrias de Base Tecnológica também tem seu
foco principal em tecnologia e inovação. Fundada em 1903, conta hoje com 125
colaboradores e mantém atuação também fora do país. Compreende cinco setores
estratégicos: eletrônica e eletrotécnica industrial, engenharia mecânica, metais
industriais, informação e tecnologia e consultoria em engenharia. Congrega mais
68
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
de 1,6 mil associados, sendo 92% de pequenas empresas. Considera-se pequena
uma empresa com até 249 colaboradores – acima disso, todas enquadram-se
como grandes, pois não existem as chamadas médias empresas. É a federação mais
representativa e importante do país, pois 60% das exportações são oriundas de
empresas de base tecnológica.
A Culminatum Innovation é uma instituição considerada independente, mesmo
recebendo recursos públicos. Funciona como uma plataforma de pesquisa, serviços
e inovação em prol do desenvolvimento da região metropolitana de Helsinque – três
municípios. Conta com 30 parceiros e 50 PhD trabalhando em 33 projetos diferentes
com foco na identificação “gaps” e no atendimento as necessidades dos clientes.
Localizam os problemas e provisionam as soluções.
A instituição trabalha com muita sinergia com as instituições de ensino e pesquisa,
governo e empresas. Foca na revitalização de espaços e desenvolvimento de territórios
ampliando principalmente as facilidades para logística e infraestrutura.
Nas suas estratégias de atuação, estão a regeneração de negócios e a promoção
da competitividade regional. Orienta a reforma dos serviços e dos processos dos
municípios regionais e busca a promoção do desenvolvimento sustentável.
Trabalha em tempo integral para diminuir a burocratização, considerando que
alvarás, normas e regulamentos governamentais devem ser “amigáveis.”
O PONTO DE VISTA DO CLIENTE E O APROVEITAMENTO DAS COMPETÊNCIAS E
CAPACIDADES DA REGIÃO
Duas linhas de atuação podem ser observadas, a primeira é o desenvolvimento
de projetos sempre com a ênfase na ótica do cliente. Por exemplo, um projeto
relacionado à segurança não pesquisa ações sobre como proteger as pessoas, mas
como elas se sentem estando seguras. A outra linha refere-se ao aproveitamento das
competências e capacidades existentes na região. Para os finlandeses, o investimento
correto em educação é o que proporciona a plataforma intelectual apropriada ao
desenvolvimento das novas tecnologias e da inovação. A intelectualidade local tem
de ser aproveitada ao máximo.
69
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
O QUE PODEMOS APRENDER COM OS ESCANDINAVOS E PONTOS EM COMUM
zz É necessária uma visão de desenvolvimento nacional comum que deve ser
compartilhada com toda a sociedade, assim, cada um sabe da estratégia
maior do seu país e qual o papel que lhe cabe dentro do sistema.
zz Como o mercado interno desses países é restrito, com média entre 5 e
10 milhões de habitantes, o desafio é incentivar empresas competitivas
capazes de disputar o mercado internacional. Todos trabalham em prol
desse objetivo.
zz A pauta principal da estratégia para o desenvolvimento de todos é a
inovação. Para tanto, são essenciais a construção de modernos parques
tecnológicos, que aparecem na forma de clusters, centros de excelência,
e o apoio total às instituições de ensino e pesquisa. Também é necessário
construir a sinergia entre todas as entidades que prestam serviços
especializados que dão apoio ao mundo empresarial.
zz Tem de haver sinergia e aproximação entre universidades, instituições de
apoio à inovação e setor privado, bem como entre os mecanismos práticos
que promovam essa inovação.
zz É elevado o investimento em inovação e tecnologia, em todos os países,
desproporcionalmente superiores aos patamares brasileiros. A Suécia e a
Finlândia foram consideradas pelo Insead, respectivamente, o segundo e o
quarto países mais inovadores do mundo, e a Dinamarca aparece na lista dos
dez países que mais investem em inovação. Um exemplo que materializa
essa desproporcionalidade é o fundo Tekes da Finlândia que, com 5 milhões
de habitantes, investe por ano cerca de 790 milhões de dólares em subsídios
e empréstimos ao sistema de inovação finlandês. O nosso Paraná, por sua
vez, com 10,5 milhões de habitantes investe cerca de 100 milhões de dólares.
zz Há monitoramento constante, em termos mundiais, sobre os setores
definidos como estratégicos. São estudadas as principais tendências
tecnológicas e a evolução dos mercados-chave.
zz Todos promovem de forma agressiva a integração entre os projetos de
desenvolvimento territoriais e o mercado internacional. Possuem escritórios
70
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
de representação e de relacionamento tanto nos seus territórios quanto no
resto do mundo, principalmente nos países considerados como mercadosalvo.
zz Há uma definição bastante clara sobre os papéis desempenhados pelas
diferentes instituições. Existe sinergia e convergência entre elas e não há
sobreposição de trabalho. Cada entidade tem o seu foco bem definido com
uma única proposta de valor.
zz Os modelos organizacionais e o desenho dos sistemas de inovação são de
extrema simplicidade e têm por base a educação gratuita de alto nível do
jardim de infância ao ensino superior. O inglês é a segunda língua falada
por todos e de forma fluente. O alto nível da educação proporciona a
plataforma intelectual indispensável para o desenvolvimento de novas
tecnologias e inovação.
zz A crise do mercado financeiro internacional, eclodida em 2008, impactou
toda a região, que era muito dependente do mercado externo. A inovação,
a internacionalização das empresas e a busca da competitividade foram as
respostas encontradas.
zz O empreendedorismo entrou na pauta governamental e educacional
nos últimos cinco anos – a crise de 2008 foi o estopim. É o novo modelo
escandinavo para a geração de empregos.
zz As instituições de apoio às startups dão mais foco na geração de valor do
que na concepção de planos de negócios.
zz Todos adotam o modelo econômico social democrata que possui uma
das maiores taxações de impostos do planeta. Colocam de um lado a alta
competição de mercado – capitalismo, e do outro o que fornece serviços
sociais do mais alto nível: educação, saúde, transporte, segurança, bem-estar
social e serviços públicos de primeira linha. Todos conseguiram equilibrar
uma base social mais igualitária a um alto padrão de vida.
zz O modelo político parlamentarismo é comum entre esses países.
zz Infraestrutura e logística da mais alta qualidade.
zz Forte sentimento de patriotismo e orgulho nacional.
71
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
zz Transformaram a adversidade climática – inverno quase o ano todo e falta
de claridade – em um diferencial competitivo.
zz A cultura de que o foco sempre deve estar na solução e não nos problemas.
zz As principais instituições de apoio à inovação e tecnologia, que recebem
recursos públicos, têm presença internacional.
zz Não há intervalo para coffee-break durante as reuniões – o café, água, bolo,
frutas e sucos são colocados na sala e oferecidos aos visitantes antes do
início dos trabalhos, para serem consumidos antes e/ou durante a reunião.
zz Pontualidade para início e finalização das reuniões.
Brasil não é um lugar desconhecido para eles, todos possuem presença intensiva
em nosso País e, há muito tempo, algumas empresas aqui já são quase centenárias.
Encontramos pessoas fluentes em nosso idioma em todas as instituições visitadas,
um sinal claro de que o Brasil é atualmente um país de oportunidades. Temos de
olhar em volta e ver o quanto o povo escandinavo já participa das nossas vidas
e trabalha lado a lado com o nosso povo. Mas, apesar desse tempo todo, ainda
não aprendemos a aproveitar a mútua convivência, quer trocando experiências ou
negociando de forma mais intensiva.
Rússia
A busca por uma nova identidade
O país sofreu mudanças significativas desde o desmembramento da União
Soviética, passando de um regime de economia fechada para um mercado aberto
e integrado com o mundo. Seus habitantes viveram um século de transformações
radicais, tanto políticas, quanto econômicas e sociais. Passaram por duas guerras
72
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
mundiais, só na Segunda Guerra mais de 27 milhões de russos foram mortos –
se considerarmos que sua população atual é de 143,5 milhões de habitantes, a
perda foi enorme. A experiência comunista, que durou décadas, deixou profundas
cicatrizes. A nova fase de transição ainda está sendo dolorosa para uma geração
inteira que viveu sob o regime socialista. Muitos têm dificuldades para se adaptar
às novas circunstâncias, pois existe um conflito existencial nessa busca de uma
nova identidade. A grande potência em quase tudo, em passado recente, agora
é chamada de BRICS. A herança de governantes corruptos causa revolta em
idosos e jovens, mas a geração atual já está encontrando uma nova maneira de
“ser russo”.
A Rússia possui 17 milhões de quilômetros quadrados – país com maior área do
planeta – e tem um nono da área terrestre. É também o nono país mais populoso.
Estabeleceu poder e influência desde os tempos do Império Russo (1721-1917) até ser
o maior e principal estado constituinte da União Soviética (1922-1991), desempenhou
papel decisivo na vitória aliada na Segunda Guerra Mundial. A Federação Russa foi
criada na sequência da dissolução da União Soviética em 1991. É um dos cinco estados
reconhecidos com armas nucleares, tendo o maior arsenal de armas de destruição
em massa do planeta. É membro permanente do Conselho de Segurança das Nações
Unidas e destacado membro da Comunidade dos Estados Independentes.
Seu povo orgulha-se das manifestações culturais e artísticas, especialmente na
música e na dança. Tem forte tradição nas ciências e na tecnologia e foi o primeiro
país a realizar um voo espacial humano. É também forte nas artes plásticas e com um
histórico de alta competência na educação.
O potencial do país é enorme, pois possui uma das maiores reservas petrolíferas
do mundo, sendo o segundo maior produtor de petróleo e gás. Por tradição, tem uma
fortíssima indústria aeroespacial e de armamentos.
Ancorado na sua boa história cultural, possui grandes ativos turísticos, mas pouco
preparados para a recepção de turistas internacionais. A Rússia atrai mais de 5 milhões
de visitantes por ano somente na cidade de Moscou e outros 5 milhões na cidade de
São Petersburgo. É notória a deficiência nos serviços aos consumidores. Nos hotéis,
restaurantes e museus quase não se fala o inglês. Os serviços de alimentação são
morosos e, em poucos lugares, se aceita cartões de crédito.
73
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
A infraestrutura aeroportuária está sendo ampliada. Moscou, com 12 milhões de
habitantes, possui cinco aeroportos, sendo três internacionais. No entanto, o de São
Petersburgo, com 5 milhões de habitantes, é ainda bem acanhado, mas passa por
ampliações.
Ambas as cidades possuem linhas expressivas de metrô. Aliás, um orgulho nacional.
Tanto que em Moscou, em cada estação, é desenvolvido um tema de design. Em função
da deficiência energética, foi instalado um sistema de climatização natural que mantém
a temperatura em 18ºC mesmo nas suas imensas profundidades, os trilhos chegam a
se localizar algumas dezenas de metros abaixo do solo.
As iniciativas de inovação e empreendedorismo não parecem ser prioridade
para as políticas públicas. Fala-se em inovação, mas os instrumentos identificados
são basicamente os tradicionais e, às vezes, rudimentares. Na lista dos países mais
inovadores, divulgada pelo Insead, a Rússia encontra-se na 51ª colocação e o Brasil
ocupa a posição 54ª.
PETROGRADO, LENINGRADO E SÃO PETERSBURGO – A MESMA CIDADE
Fundada no início do Século 17, quando o imperador Czar Pedro decidiu construir
uma nova capital mais parecida com os padrões europeus vigentes na época, recebeu
o nome de Petrogrado, cidade de Pedro. A segunda alteração foi no início de 1900,
quando o líder da revolução soviética Lênin dedicou um tempo maior da sua vida ao
local, que passou a se chamar Leningrado. O nome perdurou até 1991 quando, por
meio de um plebiscito, a cidade mudou novamente de nome e, dessa vez, para Saint
Petersburg, ou São Petersburgo, em português.
Foi a cidade que segurou a invasão alemã durante a Segunda Guerra Mundial, ao
custo de aproximadamente dois milhões de vidas, metade soldados, metade civis.
Atualmente, é uma cidade dinâmica, estruturada e conta com aproximadamente cinco
milhões de habitantes. É declarada patrimônio mundial pela Unesco.
A Rússia foi escolhida para sediar a Copa do Mundo em 2018 e, dessa forma, terá a
oportunidade de melhorar os aspectos relacionados ao turismo.
74
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
PROGRAMAS DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
O CEDIPT – Conselho Público de Desenvolvimento Econômico, Política Industrial
e Comércio do Governo de São Petersburgo tem como principais funções aumentar o
nível de emprego e renda da população local, por meio de programas de apoio às micro,
pequenas e médias empresas; aumentar a competitividade e a inovação das empresas;
e melhorar a qualidade de vida da população, por meio da melhoria da qualidade
dos serviços. Dispõe de recursos públicos, na forma de subsídios, financiamentos e
garantias, que são aplicados no apoio ao desenvolvimento de novos negócios.
Conhecemos várias instituições que compõem este Conselho e que atuam de forma
integrada para atender seus macro-objetivos econômicos:
zz geração de emprego e renda – utilização da figura do empreendedor
individual e das incubadoras de base tecnológica como instrumentos;
zz melhorar a qualidade de vida da população, com foco na avaliação dos
processos burocráticos e investimento em infraestrutura;
zz reestruturação setorial, promovendo a inovação e internacionalização das
pequenas empresas e buscando com que se tornem médias.
Também tivemos a oportunidade de conhecer mais de perto o St. Petersburg
Foundation for SME Development, uma organização sem fins lucrativos, fundada
em 1995, que presta serviços sociais, atendendo quase mil empresas individuais/ano
em um universo de 340 mil pequenas e médias. Na Rússia, não existe a categoria
microempresa. A empresa individual pode ter até 15 funcionários e possui impostos
diferenciados. A pequena empresa pode ter até cem funcionários e faturamento anual
de 12 milhões de dólares.
A fundação presta serviços de consultoria em planos de negócios, acompanhamento
gerencial, treinamento e seminários, serviços de informação, gerenciamento
de projetos, pesquisa de mercado, network nacional e internacional. Também
presta serviços a outras instituições em diversos países. O trabalho é realizado por
profissionais especializados da própria entidade e segue a orientação de dois comitês
estratégicos que atuam de forma complementar: o Comitê do Trabalho e Emprego e o
de Desenvolvimento Econômico.
75
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
AGÊNCIA RUSSA DE SUPORTE ÀS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Vinculada ao Ministério de Comércio Exterior, a Russian Agency – for Small and
Medium Business Support foi criada em 1992 com o objetivo de dar assistência às
empresas locais no mercado mundial. Trabalha em parceria com um banco estatal,
que oferece financiamento e garantias às empresas exportadoras. Exerce um
mix de atividades como microcrédito, apoio às startups junto às incubadoras de
negócios, auxílio às exportações, inclusive financiando infraestrutura no exterior e
acompanhamento à inovação nos clusters locais.
Conhecemos ainda uma associação de empreendedores – 1.500 associados e 53
câmaras temáticas. Trabalha para defender o interesse dos associados na condução
dos negócios, preparação e formação de empreendedores, participação em feiras e
exposições, cooperação internacional e assessoria jurídica.
APONTAMENTOS SOBRE A ESTADA NA RÚSSIA
As entidades de representação e de serviços aos pequenos empresários encontramse ainda em estágio organizacional incipiente. Apesar da busca por aprendizados e
know-how, o assunto não é prioridade nacional.
Reconhecem que a burocracia oficial dificulta os negócios internacionais das suas
empresas e muitos dirigentes de entidades demonstraram enorme preocupação com
os elevados níveis de corrupção no país. A redução da corrupção é colocada como
fundamental para a criação de um melhor ambiente de negócios.
O mercado se abre aos especialistas em consultorias corporativas. Com essa
ampliação, intensificam-se as demandas por serviços especializados em gestão de
negócios e mercados internacionais. Os profissionais dessa área estão formando
associações e intensificando a prática de network.
Se os russos descobrissem o modus operandi do Sebrae, com certeza, desejariam
nosso tipo de serviços por lá. No atual estágio de desenvolvimento do país, um
76
MISSÃO
RÚSSIAESCANDINÁVIA
sistema como o Sebrae faria uma grande diferença para o desenvolvimento das micro
e pequenas empresas, para o fomento do empreendedorismo e para a criação de um
ambiente de negócios mais favorável.
Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar
77
Missão
Leste
Asiático
OPINIÃO DOS
PARTICIPANTES:
Alba Silva Anastácio Soares,
Cláudio Eduardo de Assis,
Joailson Antonio Agostinho,
Marcos Aurélio Lima e
Vitor Roberto Tioqueta
Índia, Hong Kong,
Taiwan e China
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
“Um sapo dentro de um poço olha para cima e pensa que o mundo é apenas uma roda de luz,
ao subir para a superfície percebe que o mundo é muito maior do que ele pensava.”
Com esse pensamento do ex-líder chinês, Mao Tsé-Tung, queremos dizer que, por mais que
acreditemos saber muito, sempre há o que aprender. Esta missão do Sebrae PR foi extremamente
rica em informações sobre o que alguns dos países que mais crescem economicamente no mundo
estão fazendo em prol das suas micro, pequenas e médias empresas. Poder observar, conversar
e entender sobre o funcionamento das instituições que apoiam essa causa nos trouxe valiosos
ensinamentos, nos quais estamos repassando aos nossos clientes, instituições e parceiros.
O nosso trabalho de apoio aos empresários será bem mais eficiente com o que
aprendemos na viagem. “Inovar para um futuro melhor.” Ao nos apropriarmos de uma
frase que guia um grande parque tecnológico chinês, podemos dizer que a missão valeu a
pena, já que aprendemos ensinamentos relacionados ao empreendedorismo com o outro
lado do mundo – nos lugares onde o Ocidente encontra o Oriente.
Índia
Amigos, amigos - negócios inclusive
O grande desafio aqui é cumprir horários e agendas – as distâncias são grandes
e os deslocamentos caóticos. A maneira milenar de resolver problemas começa com
muita paciência.
Com um dos maiores mercados internos do mundo (1,2 bilhão de habitantes), a
Índia, nas últimas décadas, está se desenvolvendo de forma rápida e constante. Abrem-
80
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
se oportunidades em quase todos os setores, principalmente na produção de bens e
serviços.
Curiosamente, apesar do imenso mercado, o Brasil tem apenas 12 empresas
na Índia, entre elas Azaléia, WEG e Marcopolo, enquanto os indianos mantêm
32 empresas sediadas no Brasil. O comércio bilateral pode ser considerado
irrisório, cerca de dez bilhões de dólares/ano. Só a Índia movimenta 880 bilhões
de dólares/ano e o nosso país, 550 bilhões de dólares/ano em importações.
OS PROBLEMAS DO GIGANTISMO POPULACIONAL
Os indianos são ávidos em buscar oportunidades para a atração de empresas
estrangeiras para investir em sociedade com seus empresários locais. Procuram
especialmente empresas de base tecnológica.
O salário médio é de dois dólares/dia e não há segurança de trabalho, nem
previdência social. Geralmente, as empresas contratam informalmente muito mais
funcionários do que realmente necessitam porque nunca sabem quando cada um
comparecerá ao trabalho. É comum o funcionário começar, receber o salário e sumir
por vários dias até consumir o que ganhou e depois voltar a trabalhar como se nada
tivesse acontecido.
As ruas estão sempre cheias, não importa o dia da semana ou horário, a impressão é
de que as famílias se revezam para ficar em casa, de tanta gente morando num pequeno
espaço. Chama a atenção que, apesar da grande pobreza do país, a taxa de criminalidade
é baixa.
ENERGIA ELÉTRICA É O GRANDE PROBLEMA DE INFRAESTRUTURA
A base da geração de energia é a queima de óleo ou carvão, o que acarreta altos
custos ambientais. Para esse assunto ser resolvido, seria necessária uma iniciativa
conjunta dos vários países vizinhos, a fim de consorciarem-se para construir
hidrelétricas, o que não é nada fácil, considerando-se as questões geopolíticas regionais.
É comum a instalação de geradores na frente das empresas, bem como o fato de
81
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
algumas quebrarem porque o tempo entre a sua operação e a devida disponibilização
não acompanha o cronograma inicialmente previsto pelo governo.
RAIO-X DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NA ÍNDIA
zz Criam por ano 1,3 milhão de novos postos de trabalho.
zz Estima-se que existam 30 milhões de micro e pequenas empresas em todos
os setores.
zz Cerca de oito mil diferentes produtos de qualidade superior são gerados.
zz São responsáveis por mais de 20% do PIB.
zz Geram 45% da produção, e dessa, 40% tem destino à exportação.
zz Todas têm acesso diferenciado ao crédito. Por determinação governamental,
40% dos financiamentos devem ser destinados às pequenas e médias
empresas e, desse total, no mínimo 18% à agricultura.
CRITÉRIOS PARA SER UMA PEQUENA E MÉDIA EMPRESA
A Índia não adota a classificação por número de empregados, nem valores de
faturamento para enquadrar suas empresas como micro, pequenas e médias empresas,
pois são dados que causam distorções em determinados segmentos, por exemplo, o
da Tecnologia da Informação – TI.
Os critérios seguem as tabelas:
INDÚSTRIAS
Até 62 mil dólares
Micro
De 62 mil a 1,25 milhão de dólares
Pequena
De 1,25 milhão a 2,5 milhões de dólares
Média
82
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Valores referentes a investimento em instalações, máquinas e equipamentos.
Serviços
Até 25 mil dólares
Micro
De 25 mil a 500 mil dólares
Pequena
De 500 mil a 1,5 milhão de dólares
Média
Valores referentes a máquinas e equipamentos.
DIFICULDADES PARA CRIAR UMA EMPRESA NA ÍNDIA
1. Infraestrutura: terrenos valorizados, custo alto de construção, custo
de energia altíssimo e com pouca segurança de fornecimento de forma
constante.
2. Burocracia: são caros os custos de emissão de certificados e dos processos
que têm que ser encaminhados entre as próprias entidades públicas.
3. Crédito: ao contrário do que dizem os bancos, 95% dos empreendedores
dizem não ter acesso fácil ao crédito. Eles preferem buscar recursos
financeiros, primeiro com a família, depois com amigos ou até mesmo
com associados, só depois tentam o sistema bancário formal. Os principais
entraves que as micro e pequenas empresas encontram ao procurar
empréstimos são: o empresário precisa dispor e comprovar pelo menos
25% de capital próprio sobre o projeto a ser financiado, é necessária uma
licença de Small Scale Industry e o fornecimento de energia elétrica para o
futuro investimento deve estar garantido. Devido à saturação do mercado
nos ramos têxtil e de confecções, os bancos são relutantes em realizar
empréstimos para esses segmentos.
4. Falta de mão de obra qualificada no chão de fábrica: é difícil encontrar
funcionários para as atividades mais básicas. A Índia dispõe de mão de
obra bem preparada apenas para os níveis superiores.
83
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
5. Inadimplência: os números são preocupantes, atualmente, existem cerca
de 300 mil empresas em dificuldades financeiras. Isso é péssimo tanto
do ponto de vista econômico quanto social, pois na Índia um empresário
inadimplente fica “congelado”, impedido de negociar seus bens, abrir
uma nova sociedade e até mesmo votar. Por essa razão, empresários
trabalham em conjunto com o governo para elaborar uma lei específica
para tratar as questões de inadimplência e falência. As principais razões
ligadas à insolvência das empresas consistem em mudança de tecnologia,
transição familiar, disputas e concorrência entre empresas e até falta de
energia elétrica para trabalhar.
NOVA DELI, O MAIOR CENTRO COMERCIAL DO PAÍS
A capital da Índia tem uma população estimada em 13 milhões de habitantes – a
oitava do mundo. É o maior centro comercial do país, com o PIB girando em torno
de 24,5 bilhões de dólares. O setor de serviços contribui com 71% do PIB, enquanto
a indústria e a agricultura contribuem com 25% e 4%, respectivamente. Deli possui a
maior atividade varejista da Índia e está em crescente expansão. Em função disso, os
preços dos imóveis crescem assustadoramente. Atualmente, é considerada a sétima
área de escritórios mais cara do mundo.
TRANSPORTE PÚBLICO – O GRANDE ENTRAVE
A densidade demográfica, uma das mais expressivas do mundo, 9.340 habitantes/
quilômetros quadrados, a presença do mais importante entroncamento ferroviário do
país e a falta de planejamento deixam o trânsito caótico, em que cada um cuida de si.
A população se vira em um transporte característico local, o riquixá (rickshaw), uma
espécie de triciclo, a maioria tocada por GLP ou força humana nos pedais, nas versões
coletiva e individual.
O ônibus, por sua vez, é o transporte mais popular, seguido do metrô, que tem
três linhas, 78 estações e 190 quilômetros de extensão nas suas duas primeiras fases.
84
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Várias outras linhas estão em construção. A cidade é o mais importante entroncamento
ferroviário do país, sede da Zona das Ferrovias do Norte, uma das 16 Zonas da Índia
Railways.
O Aeroporto Internacional Indira Gandhi, com tráfego estimado em 25 milhões
de passageiros/ano, foi reconhecido como um dos melhores do mundo em 2011. A
preocupação com a segurança é extrema, só entra no aeroporto quem tem bilhete ou
e-ticket. Da chegada ao aeroporto até a hora do embarque, apresentamos o passaporte
sete vezes. Essa preocupação com a segurança estende-se aos hotéis e aos shoppings,
que possuem detector de metal, aparelhos de raio-X e revista em bolsas e mochilas
de mão.
Como o Brasil, o maior desafio da Índia é diminuir sua desigualdade social. É
grande o número de bilionários, em maior número e mais ricos do que no Brasil. Ao
mesmo tempo a sua população favelada é imensa. No entanto, abriga um mercado
consumidor de 350 milhões de pessoas e esse número está em contínua expansão.
Um grande potencial a ser explorado é o turismo, pois a expectativa é a de que
nos próximos quatro anos 22 milhões de turistas indianos saiam pelo mundo.
UMA CERIMÔNIA DE LUZES PARA O SUCESSO DA NOSSA MISSÃO
Em quase todos os países e entidades fomos recebidos com muita atenção e
cortesia, mas nada superou a surpresa da primeira reunião na Índia – realizar uma
cerimônia de luzes para dar boas-vindas aos visitantes e desejar-lhes uma missão
coroada de sucesso é da tradição hindu. Deu certo, tudo o que vimos e assimilamos nos
países visitados foi de extrema valia para o trabalho no Brasil. Ao comparar nosso país
com os outros, vemos o quanto temos a fazer ainda e o quanto já fizemos, e bem-feito.
Em muitos aspectos estamos adiantados, em outros carecemos de vontade política e
do empenho de governantes e empresários.
Mumbai é a maior cidade da Índia – a região metropolitana comporta 20 milhões de
habitantes. É o principal e mais desenvolvido centro financeiro e comercial, responsável
por 10% da mão de obra industrial, 25% da produção industrial bruta. Arrecada, só de
85
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
impostos, 33% nas atividades financeiras e 20% do setor de serviços do país. A cidade
sofre pelo seu tamanho: a oferta de moradias é insuficiente, o que torna proibitiva a
aquisição e locação de imóveis. Um apartamento de três quartos custa em média 10
mil dólares/mês de aluguel. É grande o número de favelas onde vive 68% da população
de Mumbai. Com exceção da moradia, o custo de vida em geral é relativamente baixo
se comparado com a realidade brasileira.
A cidade divide-se em duas partes: Sul, mais desenvolvido, limpo e organizado,
onde os milhares de riquixás não circulam, e o Norte, onde há a maior favela da Índia
e a segunda maior do mundo, chamada Dharavi. Mumbai, como toda grande cidade
em países emergentes, é cheia de contrastes entre a extrema riqueza e a miséria,
onde coexistem lojas de grife mundialmente famosas ao lado de pequenos negócios
totalmente mal organizados e cuidados. Revendas de automóveis de luxo ao lado de
pessoas em completa situação de abandono.
CONDOMÍNIO EMPRESARIAL – UMA DAS ALTERNATIVAS INDIANAS
Visitamos o IIT - Infotech – International Infotech Park, um condomínio empresarial
que atua nas áreas de TI e Call Center – está instalado em cima de uma estação de trem,
a Vashi Railway Station, e abriga empresas como:
zz Árete Technologies – pequena empresa com visão de grande, muito focada
no que faz e com marca bem-definida.
zz Mystre Enterprises Ltd. – grande empresa que atua nos ramos de
entretenimento, infraestrutura, turismo e produção.
zz Emphasis Landscapes – trabalha com paisagismo de maneira verticalizada,
procurando integrar todas as atividades envolvidas, desde a concepção,
desenvolvimento, implementação e manutenção dos projetos. Com 200
funcionários, aplica design inovador em seus projetos, tendo recebido
inúmeros prêmios. A iniciativa é de grande relevância num país cuja
população ainda carece de consciência sobre as questões ambientais.
86
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
NOVA MUMBAI – UM PROJETO A LONGO PRAZO
Ainda em passagem pela Índia, conferimos o esforço indiano em superar desafios.
Conhecemos e trocamos impressões com representantes da CIDCO – S.S. Chaudhari,
uma empresa governamental que existe há 40 anos para cuidar da construção da Nova
Mumbai. O objetivo, nos relataram, é desafogar a cidade antiga ao criar condições
e infraestrutura por meio do planejamento do território: ruas, escolas, hospitais,
praças, trens, metrô e um novo aeroporto, que será o maior da Índia. O recurso
financeiro provém da venda de terrenos mais aportes do próprio governo. Procura
dar autossuficiência aos bairros que são interconectados por corredores de transporte,
uma proposta para desafogar o trânsito caótico da cidade.
A CENTENÁRIA CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA
Na Câmara de Comércio e Indústria, criada em 1907 e, portanto, uma das mais
antigas entidades empresariais do país, descobrimos que a entidade era formada
inicialmente por comerciantes com forte orientação nacionalista, tendo Mahatma
Gandhi como membro honorário. A Câmara possui 3.200 associados, dos quais 75%
provenientes de pequenas empresas. Além das associadas diretas, mantém 250
associações filiadas, e atua como canal institucional entre o governo e os empresários,
levando suas necessidades e sugestões a fim de obter melhores condições de operação
e desenvolvimento.
As atividades principais da Câmara de Comércio e Indústria são: apoio e soluções
para colocação de novos produtos no mercado e facilidade de acesso ao mesmo,
comitês técnicos especializados, organização de seminários e encontros de negócios
internacionais, treinamento, pesquisas, serviços jurídicos, arbitragem e conciliação,
além de informações de interesse dos associados. Tem autorização do governo para
emitir certificado de origem para determinados produtos. Na área de premiações,
destacam-se as da qualidade, da inovação e do empreendedorismo. O Prêmio Mulher
Empreendedora está na sua 25ª edição.
A entidade produz ainda boletins semanais sobre importação, exportação e diversos
outros assuntos. Alguns incentivos, como a redução de impostos em algumas regiões
87
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
e setores por tempo determinado, são resultado dessa interlocução. A carência de
conhecimento e profissionalismo das empresas, especialmente das familiares, faz com
que a entidade promova regularmente capacitação em gestão.
O VALE DO SILÍCIO DA ÍNDIA
Capital do Estado de Karnataka, Bangalore é a terceira cidade mais populosa da
Índia, com 8,5 milhões de habitantes – 18ª do mundo em população. Foi considerada em
2009 pelo Banco Mundial como um dos melhores locais para investimentos e atividades
empresariais. É conhecida como Vale do Silício da Índia, grande exportadora de TI.
Das 500 mil micro e pequenas empresas em Karnataka, 30% estão em Bangalore
e, das 500 maiores empresas do mundo, 87 estão instaladas lá, segundo eles. Diferente
de Mumbai, onde 68% da população vive em favelas, em Bangalore esse índice é de
apenas 10%.
CENTRAL DE ATENDIMENTO AOS PEQUENOS NEGÓCIOS
A KSITDC – Karnataka Udyog Mitra é uma agência governamental ligada à
Secretaria de Estado da Indústria, especialmente criada para dar apoio às pequenas
empresas. Apuramos, durante a missão, que ela disponibiliza, em um só local, todas as
informações sobre licenças e encaminha pedidos e processos às diversas instituições:
licenças ambientais, tratamento de efluentes e armazenagem de material inflamável.
Usa um sistema de geoprocessamento que mapeia e identifica áreas adequadas à
instalação de novas empresas e fornece a infraestrutura necessária ao terreno.
Com vistas à atração de investimentos para a região, a KSITDC realiza um evento
internacional a cada dois anos – o GIM Global Investors Meet, que até o ano passado
era focado em minério de ferro e na transformação do aço. O estado é o segundo maior
produtor de minérios de ferro e o terceiro maior produtor de aço do país. Atualmente,
sua atenção está voltada para o turismo rural em grande escala e em energias eólica e
solar. Na linha da promoção comercial e na busca de parceiros e investidores externos,
esteve em São Paulo (2010), Buenos Aires e no México (2012).
88
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
POLÍTICA DE INCENTIVOS
A construção de hotéis e resorts que recebem benefícios na forma de isenção
de impostos – uma das prioridades do Karnatataka Tourism Development – é uma
realidade. As demais atividades também recebem incentivos, porém não na mesma
proporção. Para a concessão desses benefícios, os candidatos devem se enquadrar
em uma das cinco categorias, que levam em consideração o volume do investimento
total e a lotação do mesmo – quanto mais distante da capital Bangalore, maior é
o subsídio. Para os investidores de fora, os incentivos são os mesmos que para os
locais. O foco é somente na infraestrutura, o apoio à gestão é competência de outras
entidades.
Exemplos: o Jungle Lodge foi instalado em uma área de floresta onde vivem
tigres, elefantes e outros animais selvagens. A experiência é permitir ao turista
hospedar-se dentro de uma misteriosa selva indiana. Já The Golden Chariot é um
trem de luxo que percorre sete localidades, um verdadeiro “cruzeiro sobre trilhos”.
Os pacotes abrangem de três a nove dias. Nesse trem, há academia de ginástica,
sauna, salões de banho, diversos shows , restaurantes, um deles especializado
em comida étnica indiana, em que são optativos pratos apreciados antigamente
apenas pelos marajás.
AÇÕES DE COOPERAÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
Pudemos perceber o interesse dos empresários indianos no nosso mercado. A
Railways Board é uma empresa estatal com 1,4 milhão de empregados, composta por
70 fábricas espalhadas por todo o país. Produz 10 milhões de dormentes por ano e
desenvolve tecnologia própria para substituir os tradicionais dormentes de madeira
pelos de concreto, por meio de um processo inovador chamado de “clip and forget”,
que é um sistema de encaixe dos trilhos no dormente, reduzindo significativamente
os custos com material/instalação – além de preservar o meio ambiente. Do total
de 100 mil quilômetros de ferrovias, nas últimas três décadas, substituiu 70 mil
quilômetros de trilhos com os novos dormentes.
89
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
A maioria dessas fábricas ligadas à Railways Board é pequena ou média e tem muito
interesse em fornecer serviços, equipamentos e máquinas ao Brasil, por meio de ações
de cooperação e transferência de tecnologia. Produzem vagões e locomotivas a custos
que chegam a um terço dos fornecidos pelas fábricas europeias.
DA INVENÇÃO DO NÚMERO ZERO ÀS EMPRESAS ALTAMENTE ESPECIALIZADAS EM
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO – AS SEZ/ÁREAS
A Índia é considerada o berço da Matemática. De lá a ciência dos números espalhouse pelos países árabes e desses para a Europa. Foi deles, por exemplo, o conceito do
número zero. A cultura matemática está presente em toda a população e isso reflete na
habilidade dos seus profissionais em lidar com os sistemas complexos da tecnologia da
informação. A Índia é um dos melhores lugares do mundo para se instalar uma empresa
de TI, pois a mão de obra é farta e altamente qualificada.
As chamadas SEZ – Special Economic Zones – uma espécie de Zona Franca – estão
localizadas próximas a portos e aeroportos, oferecendo infraestrutura, atuação em
comércio exterior além de incentivos fiscais e acesso ao crédito.
Uma empresa pode instalar-se em uma dessas zonas de duas formas: comprando o
terreno e construindo sua sede/instalações ou alugando imóvel previamente construído
por outros investidores.
O SISTEMA DE FINANCIAMENTO PARA PEQUENAS EMPRESAS
O Future Invest organiza a forma e os sistemas de financiamento para as pequenas
e médias empresas. Até recentemente, a maior parte era para financiamentos de capital
de giro, hoje é para compras de equipamentos. Uma microempresa pode financiar até
62 mil dólares e uma pequena, até 1 milhão de dólares. Para os fornecedores de serviços,
é possível uma microempresa financiar até 25 mil dólares e uma pequena até 50 mil
dólares. Investimentos estrangeiros devem se limitar a 24% do capital.
90
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
O SEBRAE DOS INDIANOS
O NSIC – National Small Industries Corporation Ltd., criado pelo Governo Federal,
está presente em todos os estados do país, atua de forma muito semelhante ao Sebrae,
apoiando o crescimento das micro e pequenas empresas. Existe há 50 anos e opera
por meio de uma rede de escritórios e centros técnicos, não apenas na Índia, mas em
alguns países africanos.
Percebemos que o seu forte é estimular a organização de consórcios de pequenas
empresas para que elas se capacitem e forneçam produtos e serviços ao governo e às
grandes empresas, especialmente às atacadistas. Promove rodadas de negócios com
esses grandes compradores, ajudando os pequenos a familiarizarem-se com as práticas
das negociações por atacado. Ajuda a entender os termos contratuais, as licitações e a
seguir os padrões exigidos pelo mercado.
Opera como ponto único para um registro necessário ao sistema de compras
governamentais, no qual as micro e pequenas empresas recebem preferência no
fornecimento às empresas públicas. Esse registro garante às micro e pequenas
empresas isenção do pagamento de um depósito de caução, que é exigido nos
contratos governamentais para reduzir riscos de problemas com fornecedores.
O NSIC criou um portal para prestar serviços aos importadores, exportadores e
provedores de serviços. E apoia participações em feiras, por meio da concessão de
espaços, ajudando o acesso dessas empresas às práticas internacionais.
Facilita o acesso ao crédito nas seguintes áreas:
1. capital de giro para aquisição de matéria-prima – curto prazo de até 90
dias. Estimula a compra de matéria-prima no atacado para obter melhores
condições de negociação. Facilita a importação de matéria-prima, quando
de difícil aquisição no mercado interno, encarregando-se da documentação,
procedimentos e emissão de carta de crédito;
2. financia atividades relacionadas ao marketing interno e externo;
3. financiamentos por meio de associações com bancos;
91
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
4. está começando a estabelecer alianças estratégicas com bancos comerciais
para financiamento de investimento/capital de giro por todo o país, com
o objetivo de assegurar o fluxo contínuo de disponibilidade de crédito
para micro e pequenas empresas. O acordo prevê o encaminhamento das
solicitações pelo próprio NSIC e o compartilhamento das taxas de serviços;
5. desenvolve um sistema de classificação de crédito e desempenho para as
micro e pequenas empresas em conjunto com diversas agências indianas. O
objetivo deste diagnóstico é ajudar a empresa a melhorar seu ranking. Essa
evolução é levada em consideração pelos bancos, na definição dos limites,
taxas e concessão de recursos.
O NSIC oferece alguns suportes, por meio dos seus centros técnicos de serviço e
de extensão, tais como o aconselhamento na aplicação de novas técnicas; instalações
para teste de materiais por meio de laboratórios reconhecidos; design de produto;
instalações de suporte para usinagem em grupo; serviços sobre as questões de
energia e meio ambiente em centros específicos; e aulas e treinamento prático para
desenvolvimento de habilidades.
As pequenas e médias empresas indianas desejam uma aproximação estreita com
as empresas brasileiras, seja para absorver tecnologia que lhes permita dar um salto de
qualidade, seja para acompanhar e/ou trabalhar com as grandes empresas.
REDE NACIONAL DE APOIO
Estabelecida em 1967, inicialmente como Naye – National Alliance of Young
Entrepreneurs, a Fisme foi reestruturada em 1995, quando passou a ter este nome.
Mudança que acarretou a evolução para o formato federativo, hoje uma grande rede
nacional de micro e pequenas empresas, com um quadro de 730 associações distribuídas
tanto de forma geográfica como setorial. Percebemos na visita que, apesar de contar
com uma rede de parceiros iguais em 22 países, sente falta de não haver uma entidade
forte no Brasil para compor este grupo.
92
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
É uma instituição privada sem fins lucrativos que conta com uma parcela de recursos
do governo e outra de uma taxa mínima cobrada anualmente dos associados. O
restante é obtido por meio de patrocínios, doações e serviços prestados aos associados
e ao governo.
O TEMPLO SAGRADO DA EDUCAÇÃO
O Kusum Group of Companies – próspero grupo empresarial das áreas da
mineração, aço, chumbo e açúcar – decidiu investir com força em educação e criou
duas universidades. O campus da APG – Shimla University, na cidade de mesmo nome,
conhecida pelos indianos como “rainha das montanhas”, oferece educação de classe
mundial, conta com 400 alunos e disponibiliza cursos de maior especialização como
engenharia, moda, artes, ciências e gestão. Todos contam com completa infraestrutura
e gama de serviços para o desenvolvimento integral dos seus alunos, como laboratórios
de ponta, bibliotecas, modernas salas de aula, auditórios, acomodações, cantinas,
restaurante, assistência médica, piscinas, ginásio, equitação, golfe, salas de meditação
e yoga.
O empresário que idealizou essas universidades trata tanto o seu escritório
quanto as suas universidades como verdadeiros templos sagrados. Durante a
nossa visita, nos foi solicitado que tirássemos os sapatos. Ele implantou uma visão
holística do ensino, seguindo a premissa de que “nós não entendemos a mente
como uma entidade independente, mas sim como parte de um todo”.
ASSOCIATIVISMO – UMA LIGA QUE UNE AS EMPRESAS
Fundada em 1978, a Peenya Industries Association é uma das maiores e mais antigas
associações representativas do Distrito Industrial do Sudeste da Ásia. Iniciou suas
atividades numa área de 40 quilômetros quadrados e hoje conta com 5 mil pequenas
indústrias associadas que abrigam 500 mil empregados, dos quais 50% mulheres;
fatura 3 bilhões de dólares anuais e exporta 1,2 bilhão de dólares. O condomínio está
dividido em indústrias de manufaturas, manutenção, serviços, indústria farmacêutica,
automobilística, mecânica, elétrica, eletrônica, civil e ferramental.
93
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Em parceria com o governo (que aporta os recursos), prepara o espaço e
a infraestrutura como o fornecimento de água e energia. Disponibiliza suas
operações de condomínio às empresas interessadas em se estabelecer. As empresas
responsabilizam-se pela edificação, pagam aluguel pelo espaço e uma taxa de
adesão – uma espécie de joia. Não há mensalidades. A associação representa seus
associados em comitês de comércio e indústria junto às autoridades governamentais
e é reconhecida pelos governos central e estadual como principal instituição de
representação da atividade industrial do Estado.
A Peenya Industries Association organiza programas de crescimento,
desenvolvimento de vendas, certificação de ISO, treinamentos, seminários, reuniões
de intercâmbio no aspecto técnico, comercial e de gestão, de acordo com o interesse
dos seus associados. Esse modelo de desenvolvimento existente em vários lugares da
Índia soma diversas iniciativas bastante conhecidas por nós no Brasil, como: condomínio
empresarial, associação empresarial, federação de indústrias e ainda a participação do
Estado com aporte de recursos na aquisição de terrenos e infraestrutura básica, para
atrair e estimular a criação de novos investimentos.
APOIO FINANCEIRO É PULVERIZADO
Na nossa missão de conhecer um pouco mais o modus operandi dos indianos, no
que diz respeito ao apoio financeiro dispensado aos pequenos negócios, confirmamos
que o State Bank of India, é, sem dúvida, o maior e um dos mais antigos bancos da Índia,
quase 200 anos. Conta com 250 mil funcionários e seu capital tem 68% de participação
estatal – uma espécie de Banco do Brasil.
Somente a partir dos anos 1960 é que passou a apoiar as pequenas empresas, que
hoje representam 40% do total dos negócios. O restante está dividido entre 40% para
a agricultura e 20% para grandes corporações. A inadimplência gira em torno de 4%.
Como 60% da população indiana vive na área rural, o banco atua em parceria com
agências governamentais nas pequenas cidades, financiando a agricultura familiar
e informal, além de contribuir para identificar oportunidades e organizar pequenas
propriedades.
94
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Atua também em parceria com associações de indústrias, viabilizando
oportunidades e financiando joint ventures com participação de até 75% do capital,
com taxa de 10% a 15% ao ano. As taxas são iguais para todas as modalidades de
financiamento, tanto para capital de giro quanto para investimento. A diferenciação
nas taxas ocorre de acordo com a característica do setor e a solidez da empresa.
Existe também um grande número de pequenos bancos comerciais privados no
país, além de cooperativas de crédito muito parecidas em atuação com as nossas Sicredi
e Sicoob.
Hong Kong
Uma ilha de vantagens para os grandes
negócios mundiais
Hong Kong é o 2º melhor lugar do mundo para se fazer negócios, segundo o
ranking do Doing Business, do Banco Mundial. É uma das duas Regiões Administrativas
Especiais – RAE, da República Popular da China; a outra é Macau. Com uma área de
1.104 km² e uma população de 7,1 milhões de habitantes, tornou-se uma das áreas mais
densamente povoadas do planeta. Noventa e cinco por cento dos seus habitantes são
da etnia chinesa.
A localização é estratégica – em quatro horas de voo conecta-se com os principais
centros de negócios da Ásia: Pequim, Tóquio, Taipei e Kuala Lumpur e com a região
do Rio Delta na China Continental. Seu sistema tributário é simples e não oneroso,
os impostos são baixos. Pessoa física paga no máximo 15%. Conta com uma extensa
95
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
lista de produtos isentos de impostos e taxas de importação; mais recentemente,
houve a inclusão de vinho e cerveja. A China já é o maior importador de vinhos
brasileiros e a maior parte dos produtos alimentícios brasileiros destinados ao Japão
passa por Hong Kong.
Em 1898, após a Primeira Guerra do Ópio (1839 a 1842), a China entregou o
território por um prazo de 99 anos ao Império Britânico, do qual foi colônia, exceto
entre os anos de 1941 e 1945 quando esteve sob domínio japonês, na Segunda Guerra
Mundial. De acordo com a Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1997, Hong Kong
terá a sua independência em 2047. Hoje, Hong Kong tem autonomia em tudo, exceto
nas áreas da defesa e da política externa. Descrita como o lugar onde “o Oriente
encontra o Ocidente”, Hong Kong é um porto livre e um dos principais centros
financeiros mundiais, sendo que sua moeda, o dólar de Hong Kong, é a oitava mais
negociada no mercado.
Grandes empresas estão realocando suas sedes administrativas para Hong Kong e
buscando investidores na China. Com essa manobra, visam à exportação chinesa. Esses
dois movimentos combinados proporcionam grandes demandas e oportunidades para
prestadores de serviços especializados em mercado internacional.
Os habitantes locais dizem que os seus “recursos naturais” são as pessoas que lá
vivem. Por causa disso, o governo investe pesadamente em educação. Algumas das
principais faculdades da Ásia e do mundo estão ali representadas.
O governo ajuda a subsidiar as atividades de pesquisa, desenvolvimento e design,
na maioria das vezes, na forma de reembolso das despesas – geralmente na base de
50%. A participação em feiras também tem subsídio governamental.
RENDA CONCENTRADA
Há muitos milionários em Hong Kong e na região do River Delta – China Continental.
Essa alta concentração de renda faz com que a população abonada da China vá para lá
em busca de produtos de alto luxo. O custo do metro quadrado no centro é o mais caro
do mundo, porém quando se vai para a periferia o preço cai drasticamente – cerca de
96
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
40% menos. Seu pequeno território, e a consequente falta de espaço, causou uma forte
demanda por construções mais altas, o que a tornou uma das cidades mais verticais
do planeta.
CONEXÃO COM OS MERCADOS
O Hong Kong Trade Development Council – HKTDC, também visitado pelo grupo,
foi criado em 1966 para fazer o marketing internacional de Hong Kong. É um órgão
administrado por um conselho com 19 membros, formado por líderes empresariais e
funcionários do governo local. Planeja e supervisiona as operações globais e os serviços
e atividades promocionais. Supervisiona também o funcionamento do Hong Kong
Centro de Convenções e Exposições. Mantém 40 centros comerciais em todo o mundo.
Na América Latina, tem escritórios em Santiago, São Paulo e Cidade do México. Só em
território chinês possui 11 escritórios. Todos promovendo as vantagens empresariais
da cidade e oferecendo uma ampla gama de serviços para ajudar o comércio local e
promover Hong Kong como uma excelente plataforma para se realizar negócios com a
China e o restante da Ásia. Quando iniciaram suas atividades, tiveram aporte financeiro
do governo, porém, hoje, 85% da sua receita vêm de serviços prestados e somente 15%
vêm de apoio governamental.
A HKTDC edita revistas de produtos específicos em que se encontram os cadastros
dos fornecedores, separados por produtos: é uma espécie da publicação como as
Páginas Amarelas. Só sobre os assuntos de relógios, vinhos e games são mais de 5
milhões de exemplares vendidos anualmente. Existem versões digitais para iPhone e
iPad. A venda dessas informações é uma das formas de receita da entidade, que também
possui um cadastro de importadores.
Seus números são expressivos – um cadastro com mais de 120 mil empresas
fornecedoras, que abrange quase todos os setores da economia. Essas são disponibilizadas
para cerca de 1,2 milhão de compradores. Atende aproximadamente 23 milhões de
consultas por ano e realiza mais de 30 feiras de negócios anualmente, dentre elas, as três
maiores do mundo – eletrônica, pérolas, e joias e relógios.
97
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
AS FEIRAS E OS NEGÓCIOS COM O BRASIL
Todo ano, mais de 4,5 mil empresários brasileiros participam de feiras em Hong
Kong, 2 mil apenas na área dos eletrônicos, a maioria, compradores. Já como expositores,
30 empresas brasileiras costumam participar da feira de joias e pedras, pois as pedras
brasileiras têm um bom mercado na Ásia.
Os asiáticos acreditam que o Brasil tem potencial enorme para a exportação de
produtos alimentícios, como açúcar, frutas, suco de laranja e produtos orgânicos.
Estamos num bom momento para ampliar esse mercado, porque há preconceito
sobre os alimentos produzidos na China; o maior receio é a aplicação de produtos
químicos para melhorar a aparência das frutas e vegetais. Os chineses aplicam corantes
para melhorar a aparência das melancias, por exemplo. Hoje 60% das importações do
Brasil são de alimentos congelados. O Hong Kong Trade Development Council – HKTDC
dispôs a ser o provedor de informações sobre legislação, fornecedores e mercado,
visando ao crescimento da relação comercial entre os dois países, e já possui parcerias
com a Apex e o Ministério da Agricultura no Brasil.
O MARKETING DE HONG KONG
A The Government of the Hong Kong Special Administrative Region – InvestHK foi
fundada em julho de 2000 e tem como objetivo fortalecer o status de Hong Kong como
a localização ideal para negócios das empresas internacionais. Sua missão é atrair e reter
investimentos estrangeiros diretos, de importância estratégica para o desenvolvimento
econômico local. Trabalha com empresários no exterior e no continente com pequenas e
médias empresas e multinacionais que desejam montar escritório ou expandir negócios
já existentes. Oferece consultoria e serviços gratuitos para apoiar empresas desde a
fase de planejamento até o lançamento e expansão dos negócios.
SUPORTE E ORIENTAÇÃO PARA ABERTURA DE NEGÓCIOS
Para apoiar as empresas, soubemos, durante a missão, que Hong Kong criou,
em 2000, a Success – Support and Consultation Centre for SMEs, um centro
de informação e consultoria para pequenas e médias empresas. A Success está
vinculada ao Departamento de Comércio e Indústria do Governo.
98
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
As pequenas e médias empresas representam 95% do total de estabelecimentos
da cidade, que são em torno de 300 mil. A Success possui 38 mil empresas cadastradas
em seu site e todas recebem informações atualizadas, a cada duas ou três semanas,
sobre mudanças na legislação ou oportunidades de negócios.
Colabora com várias organizações industriais e de comércio, associações
profissionais, empresas privadas e departamentos governamentais para dotar as
pequenas e médias empresas de uma vasta gama de informações de negócios,
consultorias e serviços.
Seu enorme banco de dados só pode ser acessado de forma presencial na própria
entidade. Para isso, fornecem equipamentos para pesquisas e uma coleção de material
de referência. Edita uma publicação semestral com assuntos de oportunidades de
negócios – a PME Pulse – cuja tiragem é de 15 mil exemplares. O site da entidade tem
62 mil acessos por mês.
Suas principais atividades são:
zz prestar informações sobre como iniciar um negócio em Hong Kong
e os requisitos exigidos para obtenção de licenças e autorizações
governamentais. Ajuda na elaboração de planos de negócios. Caso
necessário, encaminha o assunto para especialistas e/ou financiamento;
zz serviços de consultoria por meio de um programa chamado Mentoria – uma
espécie de consultoria coletiva com duração de um ano. É prestada por
mentores, em geral profissionais experientes, cedidos por empresas privadas,
que executam o trabalho de forma voluntária. Compreende 25 áreas distintas
e cada consultoria tem duração de 25 minutos, consistindo praticamente de
conselhos. O agendamento com esses mentores pode demorar de 15 dias
a três meses;
zz organização de seminários e workshops , para ajudar a ampliar o
conhecimento das pequenas e médias empresas e aprimorar suas
habilidades empreendedoras. Realiza aproximadamente 100 seminários
por ano, contando com cerca de 100 entidades parceiras para viabilizar
as ações;
99
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
zz todas as informações prestadas e serviços de consultoria são gratuitos.
Os recursos financeiros para manutenção da entidade vêm do governo.
As empresas privadas participam mediante cessão de mentores. A Success
é muito parecida com o Sebrae dos anos 1990, o Balcão Sebrae, que tinha
uma estrutura de biblioteca, área de atendimento e baias de consultoria.
LOBBY PARA AS INDÚSTRIAS
Na missão para o leste asiático, conhecemos a FHKI – Federation of Hong Kong
Industries. Das quatro grandes federações de Hong Kong, a FHKI é a única criada
pelo governo, que a manteve de 1960 até 1980, quando passou a ser mantida pelas
contribuições anuais dos associados, pelas cobranças de certificações de qualidade
e de origem e pelas doações e patrocínios. Atualmente, conta com 3 mil associados,
compreende 25 grupos industriais, dois da área do comércio e serviços – incluindo os
serviços de suporte de trading, consultoria e contabilidade.
A FHKI organiza eventos, visitas e seminários de interesse dos seus associados.
Facilita contato entre entidades oficiais e entidades empresariais, fazendo lobby junto
ao governo para defender os interesses das indústrias. Sinaliza, principalmente na troca
de governo, quais são os interesses do setor industrial. Publica uma revista mensal com
assuntos de interesse do setor industrial e mantém parcerias internacionais para troca
de informações sobre importações e exportações. Realiza treinamentos em diversas
áreas, principalmente nas de RH, logística e produção, preparando empresários que
trabalham na China, pois a maioria das fábricas está no continente, onde o custo de
produção é mais barato. A base administrativa, o desenvolvimento e os serviços de
inteligência ficam em Hong Kong.
ESTÍMULO AO CRESCIMENTO DE EMPRESAS COM BASE TECNOLÓGICA
O Hong Kong Sciencie & Technology Park foi criado por iniciativa governamental
em 1992, com o objetivo de promover o crescimento de novas empresas de base
tecnológica de ponta e design. Faz esse trabalho oferecendo suporte nas áreas de
produtos/serviços, marketing, gestão e também oferece apoio financeiro por tempo
determinado. São três os programas de incubação: a Incu-Tech, Incu-Bio e Incu-App.
100
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
1.A Incu-Tech foi iniciada em 1992 e nela as empresas podem permanecer
por até três anos. Abrange os segmentos: eletrônicos, ITC – Tecnologia da
Informação e Comunicação, Engenharia de Precisão e Tecnologia Ambiental.
Oferece apoio financeiro, a fundo perdido de até HK$ 83 mil, bem como toda
a estrutura administrativa necessária como laboratórios, equipamentos e
maquinário para o desenvolvimento dos produtos/serviços. Uma parte do
valor disponibilizado é utilizada para pagamento da locação do espaço e
das taxas de serviço de suporte administrativo. Trata-se de uma espécie de
aluguel de um condomínio.
2.A Incu-Bio foi lançada em 2009 como parte do programa de aceleração da
ciência da vida, onde as empresas podem ficar incubadas por até quatro
anos. As áreas de atuação são as da biotecnologia, farmacêutica e medicina
chinesa. Recebem apoio financeiro, também a fundo perdido, de ate HK$
110 mil dólares, bem como toda a estrutura administrativa necessária e de
laboratórios que são equipados com o que há de melhor para a realização de
testes e experimentos. Assim como a Incu-Tec, parte desse recurso é utilizada
para custear despesas com a estrutura da incubadora. A diferença é que
nesse caso cada empresa pode pleitear um programa de suporte laboratorial.
As empresas aceitas podem especificar o tipo de equipamento laboratorial
a ser adquirido pelo HKSTPC. O valor máximo por projeto é de HK$ 515 mil.
A ideia é de que os laboratórios sejam modernizados frequentemente e os
equipamentos sejam usados em conjunto por mais de uma empresa.
3.A Incu-App, lançada em 2012, permite às empresas permanecer por até um
ano e meio incubadas. Ela atua nas áreas de desenvolvimento de aplicativos
para Web, Smartphones, Tablets e Games – PC, internet, celulares e consoles,
recebe apoio financeiro a fundo perdido de até HK$ 38 mil, em média,
estrutura administrativa, acesso a treinamentos técnicos e específicos à
plataforma de desenvolvimento e de gestão e apoio na promoção de seus
produtos. Possui áreas de escritórios, salas de reuniões, área de convivência,
dentre outros. O suporte técnico para o desenvolvimento é realizado por
meio de parcerias com os principais fabricantes do mercado, entre eles a
Microsoft, Nokia, Samsung, Citik Telecom e a Wtia.
101
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
A diferença em relação aos outros dois programas é que seus incubados trabalham
em uma área coletiva com até duas estações de trabalho gratuitas. Eles precisam
cumprir um cronograma de trabalho com marcos críticos ao terceiro, sexto, nono
(opcional) e décimo segundo meses, contados a partir do início da incubação. Esses
marcos críticos são negociados na hora da aceitação da empresa na Info-App. Abrange
status de desenvolvimento de produto, utilização dos serviços de suporte e projeção
de vendas e lucros. As empresas que não cumprirem os marcos críticos perdem o apoio
na redução do custo de locação e precisam sair da incubadora.
De 1992 até hoje foram graduadas 300 empresas e atualmente 100 empresas estão
incubadas e 20 em processo de avaliação.
TRADIÇÃO E MODERNIDADE CAMINHAM JUNTAS
A Universidade Chinesa de Hong Kong – CUHK é uma entidade de pesquisa,
fundada em 1963, com visão global e missão de integrar a tradição e a modernidade, a
China e o Ocidente. Com mais de 20 mil alunos entre graduação e pós-graduação, dos
quais 3 mil são oriundos das mais diversas regiões do mundo.
A universidade também disponibiliza cursos abertos com vistas a atender as
empresas de forma prática, por isso não exige diploma formal dos participantes. São
cursos que procuram aliar teoria e prática e trabalham com exemplos reais do mundo
dos negócios.
Seus professores prestam consultoria às empresas incubadas no Parque Tecnológico
de Hong Kong e sempre com o acompanhamento dos alunos. Estes, no período
de férias, fazem estágio nas empresas atendidas. Com isso, têm a oportunidade de
observar como fazer uma empresa crescer ou como solucionar seus problemas do dia
a dia. Esses cursos fazem parte de uma grade curricular optativa. Além dessa parceria,
a CHUK trabalha em conjunto com o HK Design.
UMA ESPÉCIE DE DESAFIO SEBRAE, HOJE DESAFIO UNIVERSITÁRIO EMPREENDEDOR
Compreendemos durante a missão que o objetivo do Hong Kong Social
Enterprise Challenge é estimular, entre os estudantes, uma competição de geração
102
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
de ideias criativas de negócios, a fim de promover o bem-estar social. Por meio de
uma série de seminários, treinamentos, workshops e encontros, os estudantes são
preparados para desenvolver ideias sobre empreendimentos sociais. Isto é, pela
integração de operações comerciais com as necessidades sociais. Eles interagem
com profissionais de negócios durante todo o processo. Desde 2007, mais de 3
mil estudantes de graduação, pós-graduação e recém-formados, oriundos de 22
instituições acadêmicas, têm participado e gerado mais de 500 ideias de negócios
para os empreendimentos sociais; dessas, oito já viraram negócios.
A competição surgiu por iniciativa do governo de Hong Kong, que pediu às
universidades alternativas para resolver os problemas sociais, como a redução do
desemprego, a desinformação sobre gestão ambiental e assim por diante.
A inscrição para a competição é gratuita, cada equipe é composta de dois a cinco
estudantes. Na inscrição é exigida uma resenha da ideia com no máximo cinco páginas.
Aprovada, tem de elaborar um plano de negócio e tem até 15 minutos para apresentá-lo
a uma banca de jurados, externos ao corpo da universidade. Eles têm 20 minutos para
as perguntas que devem ser respondidas na hora pelos participantes.
São escolhidas 24 equipes que vão para uma semifinal. Na ocasião, devem entregar
o plano de negócios mais detalhado – máximo 20 páginas. Saem seis grupos finalistas
e entre eles dois vencedores que terão um mentor para acompanhar a implantação do
negócio sugerido. Os outros quatro também podem ter apoio nas suas implantações.
A equipe campeã, em 2008, apresentou um projeto de reciclagem de lixo orgânico
e a de 2011, um projeto para o aproveitamento do pelo da tosa dos cães para confecção
de roupas. O foco da competição é mudar a mentalidade dos alunos por meio da análise
dos problemas sociais.
103
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Taiwan
E o seu papel-chave na economia global
Um dos quatro tigres asiáticos, Taiwan é a 26ª maior economia do mundo, com
uma população de 23,2 milhões de habitantes. Sua capital Taipei abriga 6,6 milhões
de pessoas. Em pouco tempo tornou-se centro mundial de produção de circuitos
integrados e monitores de tela, bem como um polo de fabricação de produtos
ligados à tecnologia, cuja indústria desempenha papel-chave na economia global.
O forte da produção de Taiwan são os eletrônicos:
zz produz a metade do mercado mundial de displays de tela plana;
zz ocupa o 1º lugar no mundo em fornecimento de circuitos integrados para
notebooks, motherboards e monitores;
zz é a número dois no ranking mundial em design aplicado a circuitos
integrados e a 4ª em produção deste item.
Nos últimos 50 anos, o governo e os setores privados de Taiwan têm trabalhado
juntos para melhorar de forma contínua e estável a sua competitividade industrial.
Os principais marcos dessa escalada são:
zz década de 1950: o governo adota medidas estruturais como a reforma
agrária e o Programa de Desenvolvimento Econômico – foi a época da
mão de obra intensiva buscando substituir as importações;
zz década de 1960: o governo institui o estatuto para incentivo ao investimento
e estabelece as zonas de processamento para exportação, direcionamento
de esforços para investimentos em capital-intensivo, estratégias para
expansão das exportações e maciços investimentos em infraestrutura;
zz década de 1970: o governo investe na criação de programas e institutos
relacionados à P&D, cria parques industriais científicos, desregulamenta e
reduz impostos e foca no aprimoramento da infraestrutura e na liberalização
da economia;
104
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
zz década de 1980: o governo cria o estatuto para incentivo à atualização
industrial, implanta o plano nacional de desenvolvimento hexa-anual
e libera investimentos na China Continental. Consolida a mudança dos
investimentos de capital para o setor tecnológico-intensivo, com ênfase
no aprimoramento tecnológico industrial;
zz anos 2000: a estratégia adotada foi buscar posicionamento mundial
relacionado à cultura da inovação, desenvolvimento da economia baseada
em conhecimento, implementação do plano nacional de desenvolvimento
e promoção das seis indústrias emergentes: turismo, saúde, cultura e
criatividade, biotecnologia, energias renováveis e agricultura;
zz década de 2010: foco na integração econômica regional. Promulgação do
Estatuto para Inovação Industrial e acordo para estruturar as operações de
cooperação econômica.
Como se pode ver, em aproximadamente 50 anos, graças ao planejamento do
governo e da iniciativa privada, a economia do país passou da indústria convencional
à industrialização inovadora. Ações planejadas, com foco no conhecimento,
investimentos governamentais e legislação favorável, ajustada aos diferentes períodos
de desenvolvimento e do planejamento estratégico de longo prazo, proporcionaram
essa virada crucial.
Para sustentar esses resultados, o país adotou um sistema tributário relativamente
simples, que veio sendo revisado e se adequando aos diferentes momentos da sua
economia.
Depois das reformas em 1998 e 2006 pode-se resumir a sua carga de impostos da
seguinte forma:
zz o imposto sobre renda para pessoas jurídicas é de, no máximo, 17%,
compensável pelos recolhimentos individuais dos acionistas. Empresas com
movimento superior a 69 mil dólares recolhem no mínimo 10% de imposto;
zz as tarifas médias de importação são de 6%, sendo que para produtos
industriais 4,23% e para os agrícolas 14,86%;
zz imposto comercial sobre valor adicionado: 5%;
105
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
zz as empresas que trabalham com P&D podem abater até 15% do imposto
sobre renda com base no Estatuto para Inovação Industrial em vigor desde
1º/1/2010.
Além das questões tributárias, alinhadas ao planejamento estratégico para o
desenvolvimento de Taiwan, o incentivo à inovação e produção de conhecimento
desempenha um papel fundamental nesse processo, o que incentivou a criação de
mais de 100 parques industriais no país. Destes, 18 foram desenvolvidos pelo governo
e 93 pela iniciativa privada. Com esse nível de suporte e investimentos, Taiwan ocupa o
6º lugar como “estado para desenvolvimento de clusters” entre 133 economias globais
avaliadas pelo World Economic Forum Global Competitiviness Report – 2009-2010.
Existem três grandes clusters no território, assim distribuídos:
zz na área metropolitana de Taipei, estão os clusters das indústrias baseadas
em conhecimento: software, design de circuitos integrados e biotech;
zz na área metropolitana de Taipei/Hsin-chu, estão os da tecnologia de
informação e comunicação, ótico-eletrônica, biotecnologia e maquinário
de precisão;
zz no centro do país, maquinário de precisão, indústria têxtil e indústria de
bicicletas;
zz no Sul, há os nichos específicos de P&D, sistemas micronano, integração 3C,
softwares de comunicação e internet.
BUREAU DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL
O MOEA – Industrial Development Bureau opera com seis companhias nacionais, 14
agências administrativas (o IDB – Ministry of Economic Affairs é uma delas), 16 unidades
de apoio e 64 escritórios no exterior.
O IDB atua com dois escritórios, um na região central e outro na região sul de Taiwan,
além da coordenação de uma central para promoção de investimentos.
106
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Os escritórios principais (região central e região sul) operam com os seguintes
departamentos:
zz Política industrial;
zz Indústria metal-mecânica;
zz Indústria da tecnologia da informação;
zz Indústria química e de bens de consumo;
zz Serviços do conhecimento;
zz Desenvolvimento sustentável;
zz Parques industriais.
Já o Centro de Assistência à Indústria trabalha por meio de comitês e programas
distribuídos em 11 setores:
1. Programa de cooperação industrial;
2. Desenvolvimento da aviação e indústria espacial;
3. Desenvolvimento da indústria de comunicações;
4. Desenvolvimento da indústria de maquinário de precisão;
5. Desenvolvimento da indústria ferroviária;
6. Programa da indústria de biotecnologia e farmácia;
7. Promoção da indústria de semicondutores;
8. Promoção da indústria de conteúdos digitais;
9. Promoção da indústria de color imaging;
10.Promoção da indústria de veículos elétricos inteligentes;
11.Promoção da indústria de scooters elétricos – motonetas elétricas.
107
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
PRESENÇA MACIÇA DE PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
Atualmente, a economia de Taiwan é baseada em pequenas e médias empresas, as
quais representam mais de 98% do mercado e respondem por aproximadamente 78%
dos empregos gerados. Estima-se existir 1.270.000 pequenas e médias empresas no
país e, por ano, são criadas entre 80 a 100 mil novas empresas.
O Smea – Small & Médium Enterprise Administration é uma organização criada para
promover o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. É mantida, em grande
parte, pelo governo, o que lhes permite subsidiar seus serviços mais especializados,
como os de consultoria e suporte à obtenção de crédito – em média 40%. Para cumprir
seu papel, atua por meio de três abordagens:
zz de 65% a 70% de seus recursos são direcionados para empresas iniciantes;
zz de 27% a 34% são destinados aos serviços de orientação estratégica;
zz de 1% a 3% são aplicados em empresas top.
Para as empresas iniciantes, os serviços concentram-se na cooperação mútua, na
formação de clusters industriais, na indústria baseada na cultura local e em programas
de financiamento.
Para as empresas intermediárias, trabalham oferecendo consultoria especializada –
guidance systems – nas mais diversas áreas: segurança industrial, P&D, prevenção à
poluição, tecnologia de produção e temas de gestão.
Os serviços de consultoria da Smea são realizados por empresas contratadas –
licitadas, por isso ela possui apenas 105 funcionários. Está presente em 21 cidades,
normalmente com um representante local, estrutura que permite atender em média
150 a 160 mil empresas/ano. Nesse cálculo estão incluídos os serviços de treinamento.
108
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Classifica os portes de empresa com base nos seguintes critérios:
SETORES
PEQUENAS E MÉDIAS
MICRO
Indústria, Construção,
Mineração e Pedreiras
Investimento Integralizado < 2,6 milhões
de dólares ou < 200 empregados
< 5 empregados
Comércio e Serviços
Faturamento anual < 3,3 milhões de
dólares ou < 100 empregados
< 5 empregados
Segundo estudos realizados pelo Asean/Suíça, divulgados em seu relatório sobre
Índices de Competitividade Mundial, Taiwan ocupa o 1º lugar no mundo em abertura
eficiente de pequenas e médias empresas e 7º no indicador de competitividade mundial.
Quanto à promoção de acesso ao crédito, possui um tipo de fundo de aval que pode
cobrir até 80% do valor do financiamento, com taxas de juros variando de 0,5 a 1,5%
ao ano. Além disso, dispõe de legislação especial que lhe permite investir em empresas
privadas. Isso é feito após criteriosa análise (terceirizada) do plano de negócios da
empresa, a qual, se favorável, dá a condição ao Smea de tornar-se associado ao negócio.
Outras linhas de ação envolvem aulas em faculdades sobre como criar uma empresa,
facilitação de empréstimos diferenciados a jovens que estiverem abrindo seu 1º negócio.
INOVAR PARA UM FUTURO MELHOR – ESTE É O LEMA
Aqui vemos na prática o quanto uma boa e consistente estrutura de pesquisa e
desenvolvimento, tocada por gente capacitada, pode ajudar um país a crescer, inovar
e se modernizar. O ITRI Industrial Technology Research Institute é uma organização
sem fins lucrativos, que, desde 1973, tem papel vital nas conquistas tecnológicas de
Taiwan. Conta com 5.728 funcionários, destes, 1.163 são doutores e 3.152 possuem
mestrado. Juntos produzem a incrível média de cinco patentes de invenções por dia.
Funciona como um centro de pesquisa multidisciplinar, com seis laboratórios
centrais e sete centros tecnológicos. Atua em diversas áreas, todas ligadas à economia
moderna e de futuro, como a tecnologia da informação/comunicação, eletrônica e
óptico-eletrônica, química, nanotecnologia, dispositivos médicos e tecnologias
biomédicas, mecânica e sistemas de tecnologia de energia verde e meio ambiente.
109
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
DE NOVO, A EDUCAÇÃO COMO VANTAGEM COMPETITIVA
Durante muito tempo Taiwan enviou seus jovens, em regime de bolsas, para
estudar em países tecnologicamente mais adiantados, com o objetivo de observar,
aprender e voltar ao país para aplicar seus conhecimentos em prol do programa de
desenvolvimento e competitividade estabelecido pelo governo. Tudo em longo prazo,
de forma constante e escalonada.
Para não ficar longe das novidades dos grandes centros tecnológicos mundiais e
poder participar do que há de mais novo e avançado nos seus setores estratégicos, o
ITRI mantém filiais no Vale do Silício, Tóquio, Berlim e Moscou, além de um centro de
treinamento e um outro relacionado à criatividade em parceria com IBM e o MIT dentro
do Parque. Tudo visando ao desenvolvimento das suas empresas.
Um bom exemplo da assistência que a entidade presta ao mundo corporativo é o de
uma empresa que produzia bicicletas e solicitou ajuda para melhorias do seu produto.
O ITRI desenvolveu um material em fibra de carbono, a um custo de 1 milhão de dólares
para dominar essa tecnologia. Além dessa ajuda na parte do desenvolvimento do
material, deram apoio na implantação desse novo produto. Resultado: um verdadeiro
sucesso mundial em vendas. A ajuda que o ITRI oferece não se limita às empresas
localizadas nos parques tecnológicos.
ESTÍMULO À P&D E À PRODUÇÃO
O Parque Tecnológico/Científico de Hsinchu o HSP – Hsinchu Science Park – é uma
espécie de zona franca onde as empresas ali instaladas têm isenção de impostos e
contam com subvenções do governo. Essa agência governamental foi criada em 1980
e propicia a infraestrutura necessária para facilitar o desenvolvimento dos trabalhos
das empresas, deixando-as livres para se dedicar exclusivamente à P&D e à produção.
As empresas não têm que se preocupar com assuntos do tipo alimentação,
vestuário, habitação, transporte, educação e recreação e seus funcionários recebem
subsídios para a capacitação profissional. O espaço é ocupado por 150 mil empregados,
dos quais 3 mil vivem nos alojamentos do parque.
110
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
Estão instaladas no parque HSP 481 empresas, das quais 65 estrangeiras – 17 dos
Estados Unidos e 14 do Japão. Sessenta e oito por cento delas produzem semicondutores
e 19%, produtos óptico-eletrônicos. Somadas, respondem por 8% do PIB de Taiwan.
CHINA, ATÉ ENTRE OS GRANDES, A ESCALA É OUTRA
Quando se fala ou se pensa em China, há que se ter presente a diferença substancial
de escalas. A “escala chinesa” é completamente distinta do restante dos países. Afinal,
trata-se de um país-continente com 1,3 bilhão de habitantes, abrigando a cidade mais
populosa do planeta – Chongquing, hoje com 33 milhões de habitantes. Os números
chineses impressionam: eles são primeiro lugar em vários setores e, em muitos, ocupam
o segundo lugar. Por exemplo, eles são o maior produtor de ferro e aço – siderurgia; o
segundo lugar, ocupado pelo Japão, produz seis vezes menos. Possuem a maior frota de
veículos da Terra e se todo chinês fosse proprietário de um carro não haveria petróleo
suficiente para abastecê-los. Tamanha escala de grandeza, aliada a uma base energética
de carvão, faz da sua atmosfera uma das mais poluídas do mundo.
ESCALA QUE TAMBÉM SE APLICA ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Estima-se que existem hoje na China mais de 13 milhões de pequenas empresas e
mais de 37 milhões de micro, num total de 50 milhões de micro e pequenas empresas,
que representam 99% das empresas chinesas. Elas são responsáveis por 59% dos
impostos recolhidos, 58% do PIB, 80% dos empregos e 70% dos assuntos ligados à
inovação, motivos pelos quais o governo chinês inicia um grande programa de apoio
às micro e pequenas empresas, já que até aqui a ênfase havia sido voltada às grandes
empresas.
Entre as principais dificuldades enfrentadas pelas micro e pequenas empresas na
China, destacam-se: a falta de dinheiro/crédito e a falta de mercado devido à crise
econômica de 2008, que afetou as exportações. Em 2003, o governo chinês aprovou
uma lei nacional de apoio e promoção das micro e pequenas empresas, assemelhada
à Lei Geral da Micro e Pequena Empresa do Brasil, compreendendo questões ligadas
111
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
a empreendedorismo, inovação tecnológica, crédito, dentre outros. Tal lei representa,
a rigor, o reconhecimento oficial, por parte do governo chinês, da importância social
e econômica das micro e pequenas empresas. A tendência é investir mais nas micro
e pequenas empresas e também importar mais e exportar menos, principalmente
em tecnologias que não dominam. Por isso, o governo pretende atrair ainda mais
investimentos ao país.
O país vive um momento de transição de governo, o que ocorre a cada dez anos. Essa
é a quinta geração de governantes a assumir o comando e é vista como ponto crucial
para o futuro da China e do mundo. Os novos governantes indicarão o posicionamento
e o direcionamento do país em relação à política econômica, especialmente no que se
refere ao mercado interno e externo e às políticas internas, para a próxima década.
O governo exerce papel forte junto às grandes estatais e às empresas privadas,
principalmente no financiamento subsidiado, e a opinião pública chinesa começa a
ter peso cada vez maior nas decisões do governo.
A educação exerce papel fundamental na China, tendo por base a filosofia de
Confúcio: rigor, disciplina, respeito à hierarquia. O ensino dá ênfase à memorização.
Como a mão de obra especializada começa a ficar “cara”, existe um movimento
de transferência de grandes plantas industriais para outras regiões, como é o caso do
Camboja e da Coreia.
A RELAÇÃO GANHA-GANHA CHINA/BRASIL
As relações comerciais entre os dois países estão bastante aquecidas. Atualmente,
há um grande número de missões técnicas de ambos os países trocando informações e
estabelecendo parcerias técnico-comerciais. Os chineses demonstram grande interesse
em conhecer a nossa realidade e querem fazer alianças com empresários brasileiros. A
China é hoje o principal parceiro comercial do Brasil, porém, ainda estamos exportando
produtos de base, sem valor agregado (milho, soja e minério de ferro) e importando
produtos com alto valor agregado.
112
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
PEQUENAS EMPRESAS SÃO PREPARADAS PARA A EXPORTAÇÃO
Com sede em Pequim e fundada em 1990, a Cicasme – China International
Cooperation Association of Small and Medium Enterprises é a primeira instituição
de caráter não governamental, criada para ajudar as micro e pequenas empresas da
China. É uma espécie de ONG, composta por 2 mil membros/associados e, dentre
outras finalidades, está voltada à preparação das micro e pequenas empresas para a
exportação e à realização de parcerias e alianças internacionais.
Sua receita provém basicamente de três fontes: cobrança de mensalidade dos
associados, doações/patrocínios e prestação de serviços aos associados e ao governo.
Por exemplo, recentemente o governo encomendou uma pesquisa para avaliar, junto
aos empresários, os efeitos e resultados da lei nacional de incentivo às micro e pequenas
empresas, que está em vigor há dez anos.
CADA UM CUIDA DE UM NICHO
Na passagem pela China, conhecemos a Prosme – Promotion of Small and Medium
Development, uma organização governamental vinculada ao Ministério da Indústria
e Comércio e responsável pela Secretaria Geral da Cicasme. Focada na preparação e
organização das micro e pequenas empresas, possui filiais em várias cidades e perto
de mil pontos de atendimento; assemelha-se ao Sebrae.
Apesar da atuação conjunta, cada uma faz o seu trabalho em separado: a Prosme
atua na capacitação, gestão de negócios, tecnologias, busca da melhoria da qualidade
global, levanta as dificuldades para o desenvolvimento dos pequenos negócios e as
encaminha à Cicasme para que faça recomendações/sugestões de políticas junto ao
governo.
Ambas visam a facilitar o desenvolvimento das pequenas e médias empresas
chinesas. Hoje a atuação é conjunta, mas a tendência é que, em pouco tempo, atuem
de maneira independente, dentro do foco de cada uma.
113
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
ZONAS DE COOPERAÇÃO – UMA BOA IDEIA
É grande o interesse em ajudar as empresas brasileiras interessadas em atuar na
China. As chamadas zonas de cooperação, por exemplo, oferecem o apoio necessário.
Já têm convênio de cooperação com a Alemanha, experiência bem-sucedida, da qual
resultou a criação de uma espécie de parque industrial exclusivo para empresas
alemãs, em que se acham instaladas 150 empresas do setor de eletrônicos.
Nas conversas que mantivemos, os chineses manifestaram a intenção de criar
uma zona de cooperação com o Brasil ou com a América Latina, possibilitando ações
concretas e negócios com o nosso continente, assim como fazem com a Alemanha.
Eles mantêm um banco de dados e informações úteis para as micro e pequenas
empresas chinesas que desejam se internacionalizar – informações sobre as diferentes
legislações tributárias, costumes, cultura local, dentre outros. Para as empresas chinesas
que querem atuar no Brasil, fornecem informações gerais sobre o mercado brasileiro.
Quando há necessidade de dados mais específicos, realizam o levantamento de que
as empresas necessitam. Dão apoio inclusive na questão do idioma – serviços de
tradução – e ajudam na participação em feiras, por exemplo.
A classificação de micro e pequena empresa na China é de acordo com o número
de empregados e faturamento anual, com algumas exceções pontuais. Para facilitar
o entendimento dos empresários e o enquadramento da empresa, criaram um livro
“tira-dúvidas”, com perguntas e respostas mais frequentes (infelizmente este material
não está disponível em outras línguas).
A China aproxima-se de um momento decisivo para a definição do próximo ciclo de
desenvolvimento. Será difícil manter o alto nível de investimentos públicos que foi a
base do crescimento de 10% ao ano até 2010. É grande a intervenção e o envolvimento
do Estado nos negócios privados, em alguns setores fica difícil estabelecer uma linha
divisória entre empresa e governo.
114
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
PERCEPÇÕES GERAIS DA PASSAGEM PELO LESTE ASIÁTICO
zz Índia, Hong Kong, Taiwan e China são exemplos de países que apostam em
planejamento de longo prazo, como estratégia para crescer.
zz Taiwan e Hong Kong desenvolveram rapidamente suas economias com
base em investimentos em tecnologia, infraestrutura e educação, incentivos
às exportações, abertura para a entrada de capital estrangeiro, forte
participação na economia de mercado e incentivos tributários. China e Índia
seguem na mesma direção.
zz Os quatro países têm muito a ensinar ao Brasil, seja por seus erros seja pelos
seus acertos com relação ao empreendedorismo.
zz Do ponto de vista do desenvolvimento econômico e social, um ponto que
nos chamou a atenção foi o planejamento estratégico com foco bastante
definido. Mesmo cada país tendo suas peculiaridades, até na Índia, onde
ainda se há muito para crescer e melhorar economicamente, o foco de longo
prazo é bem claro.
zz Nós pudemos perceber que eles têm foco no que querem e sabem bem para
onde vão. O planejamento de longo prazo explica o porquê da maioria dos
países asiáticos desenvolveu-se tanto em tão pouco tempo.
zz Na Índia, há uma enorme desigualdade social do país, que tem praticamente
metade da sua população de 1,2 bilhão de pessoas na pobreza e, por
outro lado, tem o maior número de bilionários do mundo. No entanto, o
planejamento dos governantes do país é sair dessa situação em 20 anos, já
que eles possuem um expressivo mercado consumidor de 350 milhões de
pessoas com poder aquisitivo, em franca e crescente expansão, assim como
uma extraordinária capacidade de produção.
zz É possível ver que a Índia já está fazendo o caminho inverso para o
crescimento. Eles espelharam-se muito no Brasil da década de 1960, que
fez muitos investimentos em infraestrutura. Mas nós paramos e passamos
a crescer sem investimentos. Lá está acontecendo o contrário. Mesmo
115
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
com toda pobreza que o país tem, estão investindo em infraestrutura. Em
função disso, a Índia provavelmente vai ter uma base sólida para acelerar
seu crescimento.
zz Como o crescimento econômico na Índia ainda é incipiente, os empresários
de micro e pequenas empresas ainda não contam com apoio e organização
suficiente. Vimos muitos negócios informais por lá. Muitas portinhas.
Estamos bem à frente. Porém, percebemos grande interesse em fazer
negócios com o Brasil.
zz Apesar de ter uma grande quantidade de micro e pequenas empresas na
Índia e na China, as ações voltadas aos empresários de pequeno porte,
nesses países, estão concentradas em algumas regiões ou em alguns órgãos.
Na há uma instituição que dê amplo apoio. Os governos têm mais interesse
em atrair grandes corporações porque, como a população é muito grande,
há necessidade de geração de emprego. E a microempresa não absorve isso.
zz Assim como a China já faz há um bom tempo, a Índia também tem vontade
de aprender, buscar tecnologias para crescer. Eles querem acesso a novas
tecnologias para aprender e desenvolver por lá. Eles carecem de tudo um
pouco. E isso abre oportunidades para empresários estrangeiros.
zz A China também tem a mesma vontade de aprender. A diferença é que já
está traçando o caminho há mais tempo. Vimos que os chineses investem
muito em educação e em um sentido bastante amplo. Isso está dentro do
planejamento estratégico deles.
zz A indústria chinesa tem qualidade sim. Eles passaram por um processo de
aprendizado copiando. Agora têm a tecnologia. E é preciso acompanhá-los,
pois eles têm qualidade e preço.
zz A palavra de ordem nos dois países gigantes – Índia e China - é inovação e
há muito investimento em pesquisa e desenvolvimento, principalmente na
China. Os indianos nos disserem que têm muito interesse no nosso etanol.
Eles querem vir ao Brasil aprender a tecnologia, pois querem plantar e
produzir por lá.
116
MISSÃO
LESTE
ASIÁTICO
zz Hong Kong e Taiwan, dois dos quatro ‘tigres asiáticos’ (este apelido foi
dado em função do rápido crescimento econômico e social dos países),
sofreram com sérios problemas políticos, hoje se consideram autônomos
e independentes da China, têm territórios pequenos e, no caso de Hong
Kong, com poucos recursos naturais – em especial água potável e energia.
Mas, apesar das condições desfavoráveis, eles estão hoje bem classificados
no ranking Doing Business. E isso graças ao foco na direção correta e ao
planejamento estratégico de longo prazo.
zz Hong Kong nasceu com recursos limitados. Por ser uma ilha, não há recursos
naturais. No entanto, eles definiram o que queriam e traçaram o caminho
sem desvios. O foco dos dois países deve servir de exemplo para o Brasil.
Hong Kong, que é denominada uma Região Administrativa Especial até
2047, posicionou-se como a principal porta de entrada de mercadorias para
China continental. Com investimentos pesados em infraestrutura, o país
trabalha para atrair exportadores e importadores para os seus portos.
zz Um posicionamento estratégico do governo de Hong Kong é procurar
deixar claro ao mundo que sua legislação é diferente e independente da
China e que lá a falsificação de produtos não é tolerada e os contratos são
respeitados. Lá a legislação é clara e oferece segurança para investimentos
e propriedade intelectual.
zz O governo tem o papel de facilitador, apenas. Em Hong Kong não se sente a
interferência do Estado nos negócios, como acontece na China. O governo
só cria condições, arruma a casa sem ser percebido.
zz Ao contrário de muitos países, em que as regras e a legislação mudam a
cada instante, desconcertando e desorientando os agentes econômicos. Nos
países visitados, há segurança jurídica nas relações de negócio e respeito
aos contratos.
zz A tecnologia do futuro está sendo desenvolvida em Taiwan. Essa foi a
primeira impressão que tivemos no país que não se considera território
chinês apesar de ser reclamado pelo governo da China. Apesar de ao
chegarmos a Taipei termos a impressão que estávamos em uma cidade
117
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
bem menos desenvolvida que Hong Kong, nos enganamos. Taiwan é a
26ª maior economia do mundo. A indústria de tecnologia desempenha um
papel-chave na economia global.
zz O setor industrial tem sido a força motriz para o desenvolvimento
econômico de Taiwan. Nos últimos 50 anos, o governo e os setores privados
de Taiwan têm trabalhado em conjunto para melhorar continuamente a
competitividade industrial e para alcançar um crescimento econômico
estável. E o setor de serviços também cresce a passos largos.
zz O crescimento deste país se deu porque desde os anos 1950 foi feito um
planejamento de nação, as escolhas foram acertadas e nunca se saiu do
foco. A cada dez anos eles desenvolvem um planejamento para uma nova
frente. Com isso, foram dando passos de escada e hoje estão na indústria
da inteligência. Isto é, em cerca de 50 anos, a economia de Taiwan passou
da indústria convencional à industrialização inovadora baseada em
conhecimento.
zz Hong Kong e Taiwan devem se preocupar mais com os empresários de
micro e pequenas empresas daqui para frente. E, como são países com
competitividade internacional, devem voltar o foco para outras economias.
zz Eles vão entrar no nosso mercado. Então, nossas micro e pequenas empresas
precisam ser competitivas em nível internacional. Eles têm infraestrutura,
desenvolvimento de pesquisas, dinheiro, entidades de apoio às pequenas
empresas e foco. Além disso, podem não ter visão empreendedora, mas têm
muita visão de negócio.
Câmbio de 2011 – 1 real = 0,51161 dólar
118
As lições
aprendidas
As opiniões dos grupos
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
NENHUM PAÍS PODE SER BOM EM TUDO, POR ISSO A NECESSIDADE DE FOCO
De todos os países visitados, observamos uma característica comum: são muito
focados em suas escolhas estratégicas e não se desviam delas ao sabor de cada
mudança de circunstância, quer política, econômica ou de qualquer outra natureza.
Todos sabem onde desejam e precisam chegar. É questão de sobrevivência, orgulho
de pertencer a uma causa nobre – o destino dos seus países – e disciplina espartana.
Os projetos dessas nações são repartidos com todos os seus habitantes, da alta
hierarquia ao cidadão mais comum. A cada reunião, parecia que escutávamos um
mantra de tão repetitivos eram os ordenamentos das suas missões e objetivos.
Todo cidadão incorpora o dever coletivo e colabora com a sua execução. As metas
estabelecidas, normalmente para 30-50 anos, são baseadas na economia, mercado,
história, necessidade de sobrevivência, recursos naturais e potencial da região. E
sobre essas escolhas são analisadas as necessidades de se preparar a população e a
infraestrutura do país para alcançá-las. Nada é sonhar um sonho impossível, nada
é utópico, o possível é possível com preparo, educação e trabalho árduo e sem desvio
do foco. Por exemplo, a Malásia quer ser o país mais avançado do mundo em 2022 e
todo o caminho político, econômico e social decorre desta decisão com todas as ações
girando em torno deste conceito.
Para ser o que querem ser, precisam de gente altamente qualificada – educação,
boa remuneração para todos, menos impostos e entraves burocráticos, produzir
produtos de classe mundial e extremamente competitivos no mercado internacional.
Cingapura quer ser o melhor país do mundo para se fazer negócios. Há 50 anos, a
Coreia do Sul precisava ser um gigantesco polo exportador porque é carente em
recursos naturais, o que hoje é uma realidade. De um país de extrema pobreza, a
Coreia ostenta hoje uma das maiores rendas per capita do mundo.
APOIO OU ASSISTENCIALISMO
“Não vamos dar apoio para que nossas pequenas e médias empresas sobrevivam ao
longo do tempo, isso vicia, queremos que elas cresçam e se tornem grandes e disputem
122
AS LIÇÕES
APRENDIDAS
com agressividade o mercado mundial.” Ouvíamos essa frase, com frequência, em quase
todos os países.
Nada de assistencialismo, mas sim apoio no preparo da mão de obra qualificada, no
uso da melhor matéria-prima, nas facilidades do crédito e nos desentraves burocráticos.
DEFINIÇÃO CLARA DOS PAPÉIS – CADA ENTIDADE SABE O QUE FAZ E FAZ BEM
Um costume brasileiro é ter várias pessoas ou instituições fazendo a mesma coisa,
ao mesmo tempo, em total sobreposição de papéis. Como as ações se embaralham e a
responsabilidade fica difusa e sem dono, o que tem que ser feito, demora ou não é feito.
Em nosso país é comum se ouvir: “o socorro não veio a tempo, porque esta ação é da
alçada de tal departamento”. E tudo fica parado. Assim acontece com as concessões de
financiamento, com as licenças ambientais, com os impostos e taxas, os quais chegamos
a pagar duas ou três vezes pela mesma coisa.
Este empurra-empurra trava e dificulta nossas ações e perdemos competitividade.
Ninguém faz nada porque todos têm que fazer a mesma coisa. Essa sobreposição de
trabalhos dos organismos governamentais não foi vista nos países que visitamos, cada
instituição sabe do seu papel no contexto geral e até onde pode chegar. Assim o pequeno
e médio empresário sabe em que porta bater para solicitar auxílio de gestão, crédito ou
buscar expertise técnica para ajudá-lo a desenvolver os seus negócios.
O PAPEL E A IMPORTÂNCIA DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
“As grandes empresas vivem e sobrevivem por si só e, normalmente, não necessitam
mais do apoio e de políticas governamentais. Elas têm condições de andar sozinhas.
Quem precisa mesmo de apoio é a média empresa que passa pela crise e pelos perigos
do crescimento”, diziam quando o assunto sobre os tamanhos das empresas era
abordado. Esta, talvez, seja a lição mais importante em todas as viagens.
Nós brasileiros, temos que fazer um mea culpa, somos bons em ser pediatras
de empresas e nada bons em assuntos de puericultura empresarial. Por exemplo,
quando uma empresa passa de pequena para média, sobe rapidamente de 10 para 100
funcionários e de um faturamento de R$3 milhões para R$15 milhões que com certeza
123
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
precisará de mais máquinas e equipamentos, melhorar seus processos internos, de
novas ferramentas de TI, armazenagem maior, dentre outros. Nesse momento, quando
a empresa está se aprumando, as instituições brasileiras viram-lhe as costas.
Nos países visitados isso quase não acontece, os parâmetros para definir se uma
empresa é pequena ou média são outros: eles consideram o número de funcionários,
faturamento e, importante, o setor ao qual a empresa pertence. Empresas industriais com
50 funcionários são diferentes de outras do setor de serviços. Um escritório de software,
por exemplo, com esse número de funcionários já pode ser considerado grande.
Quase todos os países apostam suas fichas, oferecendo total apoio às médias e
querem fazer delas verdadeiros tigres no comércio internacional. Com isso, acontece a
excelência da classe mundial e as expertises da competitividade.
INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO DE ALTO POTENCIAL
Costumamos no Brasil entender a inovação como refinamentos tecnológicos
acessíveis apenas às grandes empresas. Para a maioria dos países visitados, a inovação
abrange tudo – produtos e serviços. Desde uma nova forma de se vender produtos
de um supermercado ao desenvolvimento de uma impressora em 3D ou de uma
plataforma de CRM. A inovação, para eles, não é discurso da boca para fora, é caso
concreto em como tornar formas conhecidas de produtos e serviços em formatos
inusitados e mais eficientes e altamente competitivos no mercado mundial.
Quando percebem empreendedores com ideias de alto potencial inovador, e que
possam conquistar o mercado internacional, investem pesado na ideia e no criador,
dando-lhes apoio de pesquisa científica, da técnica e do financiamento. Alguns países
chegam a arriscar o dinheiro público em alguns projetos dizendo que se um projeto
vingar, isto é, der certo, paga o prejuízo de todos aqueles que não acertaram.
EMPREENDEDORISMO, CRIAÇÃO DE EMPRESAS E GERAÇÃO DE NEGÓCIOS
Quase todos os países visitados são pragmáticos com este assunto: as ideias de
negócios têm de gerar negócios e não aventuras de empreender ou de pesquisar.
Se alguém tem uma ideia para um business qualquer ou quer fazer uma pesquisa
124
AS LIÇÕES
APRENDIDAS
acadêmica a pergunta sempre é: “Qual o potencial da sua ideia em gerar negócios?”. Se
não houver o potencial, nada feito. Nas universidades, não se fazem pesquisas estéreis,
elas sempre têm de estar ligadas a uma atividade empresarial, que, por sua vez, liga-se
ao mercado mundial.
Existem programas como o nosso Empretec, no qual o empreendedor estuda, conhece
melhor suas características empreendedoras e sai com a empresa aberta e operando no
mercado. Diferente da nossa visão do empreendedorismo, voltado para a vida e para a
realização pessoal de alguém, empreendedorismo, para eles, é gerar negócios.
PESQUISAS ACADÊMICAS, SÓ COM APLICAÇÃO PRÁTICA
Há muito dinheiro para os pesquisadores nas universidades, desde que suas
pesquisas tenham aplicação prática e possam gerar negócios. A simbiose empresa
universidade é total – uma apoia a outra e os empresários são sempre bem-vistos
pelos acadêmicos. Praticamente não existem as pesquisas do tipo arte pela arte.
Quem submete uma ideia para um trabalho acadêmico responde, na própria
universidade, perguntas como: “Que aplicação comercial a sua pesquisa vai gerar?”,
“Como o resultado do seu trabalho poderá ser vendido e conquistar o mercado?”,
“Como é que você vai vender isto?”. No Brasil, ainda estamos muito longe desse tipo
de comportamento, por cultura de longa data.
O EMPREENDEDORISMO COMO CARREIRA
Para nós, por muito tempo, o empreendedor era aquela pessoa que perdera
o emprego e não encontrava outro ou tivera acesso a um capital, na maioria das
vezes, fruto de uma demissão voluntária ou negociada. Nos países visitados, o
empreendedorismo está virando curso de formação profissional, no qual as pessoas
estudam para serem empreendedoras.
Em alguns países, principalmente nos escandinavos, onde o espírito empreendedor
declinou ao longo do tempo, por causa da oferta de bons empregos em grandes
empresas ou nas estatais, a necessidade de jovens com espírito empreendedor é
grande. Assim, ensinam o processo de empreender do jardim de infância à faculdade.
125
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Alguns países estão importando jovens empreendedores munidos de boas ideias,
inclusive do Brasil.
O MUNDO COMO CAMPO DE BATALHA – INTELIGÊNCIA DE MERCADO E MONITORAMENTO
DE TENDÊNCIAS
Os países visitados, em sua maioria pequenos em extensão territorial e com
pouca população, exceto Índia, China e Rússia, visam com veemência ao mercado
internacional, até mesmo por questão de sobrevivência. Por causa disso, precisam
melhorar constantemente os seus produtos e preparar sua população para o grande
jogo internacional.
O Brasil, pela dificuldade na fluência da língua inglesa, pela distância aos grandes
centros consumidores internacionais e pela atração do seu amplo mercado interno, é
frágil participante desse jogo comercial, pois é mais cômodo para nossos empresários
vender seus produtos e serviços internamente do que sair disputando essa briga.
ALTA COMPETITIVIDADE ENTRE AS NAÇÕES É O NOME DO JOGO
Nossa cultura comercial como fornecedores de commodities é notória e vem de
longa data. Está no nosso DNA. Começou no período colonial, quando exportávamos
pau-brasil, açúcar e madeira, e cruzou o século passado com os cereais e minerais.
Enviamos matéria-prima e importamos produtos acabados, o que é sempre uma
desvantagem para a nossa balança comercial.
Fomos o maior produtor de café in natura do mundo durante quase 300 anos
e não inventamos o filtro de café, a máquina de café, o descafeinado ou qualquer
outro produto que seja relacionado ao café, que pudesse nos oferecer valor agregado
nas transações comerciais. É uma herança genética difícil de ser expurgada, pois o
comodismo instalou-se de tal forma, que pensar em entrar na competição global
torna-se difícil.
Vimos programas específicos em algumas nações que visavam tão somente à
competição dos seus produtos no mercado mundial. A empresa já nasce pensando no
comércio global e para tal se prepara pensando nas exigências dos seus clientes e de olho
126
AS LIÇÕES
APRENDIDAS
nas aptidões e vantagens competitivas dos seus concorrentes. Ser melhor e mais apto do
que o vizinho é exigência para a sobrevivência. Por isso, monitoram de forma constante
as tendências e fazem ajustes às exigências do mercado internacional. Olhar, monitorar
e fazer estratégias inteligentes e de longo prazo são tarefas de todos, hoje e sempre.
LEIS, REGRAS, REGULAMENTOS E PORTARIAS – SE NÃO SERVEM PARA NADA, TIRASE DO CAMINHO
Muitos dos países perceberam logo que o excesso de leis e regulamentos são travas
para a competição e para o progresso da sociedade. Alguns realizaram verdadeiros
mutirões para limpar o excesso de leis e regulamentos e, com isso, deram passos largos
em direção às facilidades comerciais.
Portos foram destravados, ampliaram-se de forma rápida as condições de
infraestrutura, estradas e aeroportos e as maneiras de se fazer negócios. Com isso, mais
empregos foram gerados e mais impostos arrecadados. E pensar que no Brasil criamse barreiras alfandegárias e complicam-se sistemas tributários de forma kafkaniana
a todo o momento.
Quem quer ‘empresar’ no Brasil, seja um empreendedor de fora ou local esbarrará
num cipoal de regras e incertezas jurídicas. O ambiente regulatório brasileiro –
burocracia – é um dos mais hostis do mundo ao empreendedorismo. Entre as 189
economias analisadas pelo Doing Business, do Banco Mundial, inspiração para nossas
missões, aparecemos na 116ª posição.
127
Palavras
finais
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Sebrae PR 2022
Os horizontes estão abertos
Quando visitávamos as diversas instituições, era inevitável compará-las ao nosso
Sebrae, com atuação no Paraná. Fazíamos reflexões sobre os serviços que prestamos
à sociedade e aproveitávamos para tirar dessas visitas referências para o nosso
planejamento rumo a 2022, quando completaremos 50 anos de existência.
Em que pesem as diferenças culturais, econômicas e históricas entre nossos países,
podemos considerar que o Sebrae é uma das instituições mais efetivas do mundo em
termos de apoio aos pequenos negócios. Vimos in loco que instituições gigantes de
apoio ao empreendedorismo não têm, nem de longe a abrangência e a relevância da
nossa instituição.
Quando falávamos sobre os nossos programas, a maneira de trabalhar e o número
de empresários atendidos, as pessoas espantavam-se e queriam saber mais e mais
sobre a nossa forma de agir. Para alguns países, um sistema como o Sebrae e a
competência dos nossos parceiros de trabalho cairiam como uma luva neste momento.
Sobre o Sebrae PR, podemos dizer que sempre estivemos no caminho certo
sabendo moldar nosso trabalho às circunstâncias e às necessidades dos nossos clientes
nas horas apropriadas. Essas viagens, planejadas em minúcias e em rigoroso trabalho
de benchmarking, vieram em boa hora e estão sendo de extrema valia para nossas
ações presentes e futuras.
Algumas aplicações já estão sendo realizadas, por exemplo:
zz sonhos, metas e visão estratégica devem ser compartilhados com todos;
zz é necessário reforçar as parcerias estratégicas com as demais entidades
que prestam serviços ao mundo empresarial, cuidando para que não haja
sobreposição de serviços;
130
PALAVRAS
FINAIS
zz a inovação deve ser pauta permanente e, como tal, deve ser estimulada
ao máximo, tanto em nível interno quanto como incentivo e apoio aos
nossos clientes;
zz atenção e apoio aos parques tecnológicos, clusters, centros de excelência e
às instituições de ensino e pesquisa;
zz é necessária maior aproximação entre o mundo universitário e o setor
privado. Mecanismos práticos de comunicação e parceria devem promover
essa aproximação;
zz é preciso monitorar de forma constante as principais tendências
tecnológicas e a evolução do mercado mundial. O Sebrae PR e seus
parceiros empreendedores precisam se abrir para o mundo;
zz apoiar, participar e ajudar o estado do Paraná em seus projetos regionais
de governo e de entidades setoriais a alcançarem o mercado internacional;
zz médias empresas brasileiras precisam de mais atenção;
zz convencer nossos políticos e empresários de que todos são responsáveis
pela melhoria do nível educacional do nosso povo. Só com educação de
primeira linha, conseguiremos um novo e desenvolvido país;
zz infraestrutura e logística devem ser da mais alta qualidade e de execução rápida;
zz ajudar a despertar no jovem empreendedor forte sentimento de patriotismo
e orgulho nacional;
zz incentivar sempre a necessidade de foco nas ações estratégicas e não sair
delas até que o trabalho esteja realizado.
zz Provavelmente, os asiáticos devem ter algo similar ao provérbio latino “res,
non verba”, pois levam muito seriamente a execução dos planos e metas,
ou seja, “ação e não palavras”.
O Brasil, por causa do seu enorme mercado doméstico, fica fora do radar da maioria
das micro e pequenas empresas brasileiras. Mas, se almejamos ser um importante
player no mercado mundial, não podemos ignorar o papel que as micro, pequenas e
médias empresas deveriam buscar.
131
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Reflexões Finais
PLANEJAMENTO, FOCO E PERSEVERANÇA – O SEGREDO DO SUCESSO
Após o término dessa viagem, cada um de nós escreveu suas observações e
reflexões sobre o que vimos, não apenas no mundo das instituições congêneres que
dão apoio aos pequenos negócios, mas sobre as diferentes culturas e costumes e suas
diferentes realidades.
É preciso compartilhar sonhos!
132
Anexos
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Anexo 1
O Sebrae no Paraná e o Desdobramento
da Estratégia do Sistema Sebrae – da visão
para a ação
Em 2012, o Sebrae completou 40 anos de uma história marcada pela transformação
da vida de muitos empreendedores e pela promoção do desenvolvimento no Brasil.
Entretanto, bons resultados passados não são a garantia de um sucesso no futuro,
ou seja, o modelo de atuação que nos trouxe até o presente poderia não ser capaz de
responder ao dinamismo da sociedade e aos anseios dos empreendedores do futuro.
Foi pensando no futuro que se iniciou em 2011 uma profunda reflexão sobre a
atuação do Sebrae no Paraná, o Projeto Sebrae PR 2022. Uma data cheia de significados.
2022 marcará os 200 anos da independência do Brasil e os 50 anos do Sebrae.
Como serão o Brasil, as empresas e os empreendedores em 2022? Essa reflexão
iniciou-se com a premissa de debater, de forma ampla e irrestrita, o futuro do Sebrae
com a comunidade empresarial do Paraná. Na crença do Conselho Deliberativo
do Sebrae PR, o futuro da instituição deveria ser construído coletivamente, por
representantes da sociedade paranaense, dentre eles empreendedores, empresários
de micro e pequenas empresas, conselheiros do Sebrae PR, lideranças empresariais,
colaboradores, parceiros, clientes e não clientes.
Foram promovidos 15 encontros em todo o estado nos quais os quase 500
participantes contribuíram com 338 ideias. Essas ideias foram consolidadas e
organizadas em seis linhas estratégicas de atuação.Dessa reflexão sobre o passado e
o futuro do Sebrae PR, resultou uma constatação. De que o papel do Sebrae foi e será
o de promover transformações na sociedade, a partir do empreendedorismo e dos
pequenos negócios. E, se o papel da instituição é promover transformações, decorre
uma questão fundamental: qual é o agente elementar da transformação?
Esse raciocínio conduziu a uma conclusão simples, mas de extrema profundidade. O
agente de transformação da sociedade por meio do empreendedorismo e dos pequenos
negócios não é a pequena empresa, mas sim, o empreendedor.
136
ANEXOS
Atuando nos pequenos negócios, há sempre um ser humano, empresário e
empreendedor. Em outras palavras, o empreendedor ou empreendedora tem na
empresa o seu meio para provocar transformações na economia e sociedade. Todavia,
a amplitude de tais mudanças possui fatores limitantes. O ambiente de negócios
condiciona a capacidade de transformação do empreendedor.
Dessa forma, conforme figura abaixo, foram organizadas propostas de valor para
o Sebrae PR em seis linhas estratégicas e em vertentes relacionadas ao ambiente
negócios e à empresa, mas com ênfase no papel do empreendedor como agente da
transformação.
Com base nessa visão, em certa medida conceitual, utilizamos como ferramenta
o Business Model Canvas – inicialmente proposto por Alexander Osterwalder – para
detalhar o modelo de negócios para cada uma das linhas estratégicas e redefinir a forma
de atuação do Sebrae PR. Mas por que começar da estaca zero, se podemos encurtar
caminhos e aprender com a experiência de outras pessoas e instituições?
137
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Em 2012, para ampliarmos nosso horizonte, buscamos as melhores referências
e melhores práticas no mundo para o fomento ao empreendedorismo e à inovação
e realizamos três diferentes missões internacionais. Foi por meio de experiências in
loco que pudemos comparar e tirar a melhor lição, de cada país, para assim aplicar o
aprendizado aqui mesmo no Brasil.
A primeira dessas lições chama-se foco! As dificuldades enfrentadas pelos pequenos
negócios no Brasil são imensas, bem como as possibilidades para atuação do Sebrae.
Na ausência de foco, as chances de desperdícios de esforços são grandes. Por isso,
antes de tudo, deve haver clareza sobre o papel institucional do Sebrae. Definimos a
nossa proposta de valor para a economia e sociedade, ou seja, a missão institucional
do Sistema Sebrae, que é a de promover a competitividade e o desenvolvimento
sustentável dos pequenos negócios e fomentar o empreendedorismo para
fortalecer a economia nacional.
O foco deve ser, portanto, não no esforço, mas nos resultados, que, por seu turno,
precisam ser medidos de forma sistemática. Isso requer a definição clara de indicadores de
resultados. E assim, uma vez que o objetivo final da jornada tenha sido definido, melhores
são as condições para que se planejem e se aloquem devidamente os recursos visando à
obtenção de resultados. Isso implica num reforço da forma de atuação do Sistema Sebrae,
ou seja, na aplicação de uma Gestão Estratégica Orientada para Resultados (GEOR).
Ainda em 2012, o Sistema Sebrae, capitaneado pelo Sebrae Nacional, conduziu
uma revisão do seu direcionamento estratégico com vistas ao ano de 2022. Esse
direcionamento teve como objetivo rever e reafirmar os conceitos fundamentais da
organização e orientar a atuação das Unidades Estaduais e do Sebrae Nacional, rumo
à excelência no apoio ao desenvolvimento dos pequenos negócios.
Esse exercício de reflexão estratégica teve como ponto de partida a construção
de cenários até o ano de 2022 e, na sequência, contou com a participação de técnicos,
gerentes e dirigentes em oficinas presenciais, e também com a contribuição dos
colaboradores por meio de uma plataforma, onde registraram ideias, comentários e
votações.
138
ANEXOS
Ao final, construiu-se um mapa estratégico para o Sistema Sebrae que sintetiza a
nossa visão para o futuro e reafirma nosso objetivo de ser referência para os pequenos
negócios e contribuir para o desenvolvimento e o fortalecimento da economia nacional.
MAPA ESTRATÉGICO DO SISTEMA SEBRAE
Com base no direcionamento estratégico do Sistema Sebrae, o Sebrae no Paraná
reafirmou a sua missão e visão e desdobrou sua estratégia em seis principais linhas:
Pequenos Negócios de Alto Potencial e Potencialização
Indicadores de resultado:
zz Índice de Evolução da Maturidade de Gestão da Empresa;
zz Índice de Gestão da Inovação da Empresa;
139
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
zz Índice de Crescimento Econômico Sustentável da Empresa.
zz Índice de Obtenção /Evolução em Certificações
zz Índice de Maturidade do Ambiente Setorial
Outra lição aprendida nas missões foi a busca incessante pelo desenvolvimento
de empresas com alto potencial de competitividade. Possivelmente, devido ao amplo
mercado doméstico que temos no Brasil, o mercado externo ainda está fora do
radar da grande maioria dos pequenos negócios no Brasil. Mas se o país almeja ser
um importante player no mercado mundial, não podemos ignorar o papel das micro,
pequenas e médias empresas na competição internacional. As instituições de apoio
que visitamos, de uma forma geral, procuram não “atender” uma pequena empresa,
mas sim “desenvolvê-la” (juntamente com seus CEO, líderes) para que possam crescer,
criar empregos e exportar. Se um pequeno negócio no Brasil tiver condições de alcançar
níveis internacionais de competitividade, certamente prosperará também nos mercados
domésticos.
Com esse pensamento, o Sebrae PR definiu como objetivo estratégico desenvolver
empresas com potencial competitivo, em padrões internacionais. Para isso, as tais
empresas, independentemente do seu setor de atuação, deverão buscar a melhoria da
sua gestão e fortalecer os mecanismos de inovação (tratam-se dos dois indicadores de
resultado almejados). Adicionalmente, uma empresa de alto potencial precisa crescer.
Uma empresa com modelos excelentes de gestão e práticas inovadores, mas que não
cresce em termos de faturamento e lucratividade, seria como Bonsai (árvores frondosas,
mas em miniatura, que não crescem além do tamanho de um vaso). Uma importante
forma para catalisar o desenvolvimento da empresa é favorecendo um processo de
obtenção e evolução em certificações, pois traz consigo a melhoria em diversos fatores
de competitividade.
Sendo assim, o Sebrae PR entende que a busca por inovações deve fazer parte
da rotina de pequenos negócios de alto potencial. Isso requer, conforme lições
internacionais, um relacionamento mais estreito das empresas com centros de
pesquisas, laboratórios e universidades. Inovação é um forte fator de diferenciação,
competitividade e crescimento empresarial.
140
ANEXOS
Fazemos aqui uma observação importante acerca do crescimento empresarial e de
aspectos tributários do ambiente de negócios. A legislação tributária em vigor, relativa
ao Simples Nacional, classifica como pequenos negócios as empresas com receita bruta
anual de até R$3,6 milhões. Acima desse valor de faturamento as empresas já são
classificadas como médias e deixam de auferir os benefícios tributários do Simples. Em
muitos países visitados, há uma atenção especial não só às pequenas, mas às médias
empresas, reconhecendo o seu papel dinamizador da economia.
Startups
Indicadores de resultado:
zz Taxa de Conversão de Startups Formalizadas;
zz Taxa de Evolução da Startup;
zz Índice de Maturidade do Ecossistema.
Há outra modalidade de empresa de alto potencial, mas com necessidades e
particularidades em relação às empresas mais “tradicionais”. As chamadas startups
são negócios recém-criados, com propostas inovadoras, com baixo custo operacional,
modelos repetíveis e escaláveis, atuando num contexto de incerteza e de alto risco.
Em razão de suas características peculiares, o Sebrae PR definiu, como objetivo
estratégico, contribuir para o desenvolvimento das startups e de seus
ecossistemas no estado. Ou seja, a atuação se dará em duas frentes de trabalho.
A primeira, com uma abordagem empresarial, visa a auxiliar os empreendedores a
converter suas ideias inovadoras em um negócio formal. Para isso, ainda que o foco
de atuação do Sebrae se dê nas etapas iniciais de um ciclo de maturidade de uma
startup, será importante monitorá-la nas etapas seguintes desse ciclo e, com isso,
apurar o seu efetivo desenvolvimento. A segunda frente refere-se ao desenvolvimento
de ecossistemas de startups no estado, formados por partes interessadas como:
startups , incubadoras, aceleradoras, espaços de co-working , investidores,
consultorias, prestadores de serviços, eventos, associações, treinamentos, incentivos
governamentais, universidades e entidades de apoio.
141
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Empreendedorismo e Gestão
Indicadores de resultado:
zz Taxa (Market Share) de Empresas Atendidas;
zz Taxa de Empresas Atendidas Presencialmente em ou por Parceiros;
zz Taxa de Sobrevivência de Empresas Atendidas com um Conjunto de
Produtos Específicos;
zz Taxa de Contribuição para Abertura de Pequenos Negócios.
É fundamental reconhecer que o Brasil é um país de contrastes, em que empresas
com efetivo potencial de competitividade em níveis internacionais coexistem com
empresas e empreendedores com necessidades bastante básicas e em nível de quase
subsistência. Apesar dos avanços com a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa2, há
ainda um grande contingente de empreendedores trabalhando na informalidade. Sendo
assim, com uma ênfase em inclusão produtiva, o Sebrae PR objetiva ampliar o número
de empresas atendidas, preparando o indivíduo para empreender e gerenciar
melhor o seu empreendimento.
Tanto aquelas pessoas que empreendem por visualizarem uma oportunidade de
negócio inexplorada quanto aquelas que o fazem por uma necessidade imposta pelas
circunstâncias da vida têm um sonho, um desejo de ver a prosperidade de seu negócio.
Cabe ao Sebrae auxiliar esse empreendedor a ter o sucesso almejado. Isso passa por
dar conhecimento e oferecer condições para gerir a sua empresa, ou ainda, para que
possa avaliar as condições de sucesso do seu plano antes mesmo de abrir a empresa.
Nosso desafio é atuar de forma massificada, por meio da ampliação de canais
de atendimento, e oferecer a um grande número de potenciais empreendedores e
empresários de pequenos negócios uma gama de soluções de grande efetividade e
valia para suas necessidades.
Dessa forma, o Sebrae PR reconhece que empresas e empreendedores com
necessidades diferentes devem ser atendidos de formas distintas, e, assim, desdobrou
o objetivo estratégico do Sistema Sebrae de “ter excelência no atendimento com foco
no resultado para o cliente” em três diferentes linhas de atuação: “empreendedorismo
e gestão”, “startups” e “pequenos negócios de alto potencial e potencialização”.
142
ANEXOS
Educação Empreendedora
Indicador de resultado:
zz Taxa de Alunos Capacitados pelo Programa Educação Empreendedora.
Ter visão de longo prazo implica um olhar sobre as gerações futuras. Se desejamos
um país empreendedor, é necessário formar uma cultura nacional com base no
empreendedorismo, ou seja, significa educar nossos jovens, despertando neles o
espírito empreendedor – desde o ensino fundamental até o ensino superior. Isso
significa despertar o chamado para a ação, ou seja, a visão de que é possível transformar
boas ideias em negócios.
Em quase todos os países visitados, observamos vultosos investimentos em
educação: um tema tratado como prioridade nacional. Nos países nórdicos, há foco ainda
maior na educação empreendedora. O Sebrae PR entende que, para cumprir a missão
de fomentar o empreendedorismo, é necessário um amplo esforço de “semeação”
para inserir empreendedorismo em todos os níveis da educação, contribuindo para o
desenvolvimento da cultura empreendedora. Sendo assim, o resultado a ser mensurado
está relacionado ao conceito de market-share, ou seja, uma relação entre a quantidade
de estudantes capacitados e a quantidade de estudantes do sistema educacional.
Trata-se, portanto, do desdobramento do objetivo estratégico do Sistema Sebrae
de “promover a educação e a cultura empreendedora”.
Lideranças
Indicadores de resultado:
zz Índice de Efetividade do Programa Sebrae de Liderança;
zz Índice Qualitativo de Desempenho do Líder.
No contexto das organizações contemporâneas, a liderança é um foco crescente
de atenção devido à sua abrangência e importância na obtenção de resultados. Não
obstante, em face aos grandes desafios da economia e da sociedade brasileira, é ainda
mais relevante o papel de líderes – não somente designados pelos cargos que ocupam,
mas como pessoas íntegras, autênticas e comprometidas com algo maior que si, ou
seja, com espírito altruísta e preocupados com a coletividade.
143
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Pensando dessa forma, o Sebrae PR tem como objetivo preparar lideranças
com foco em competências duráveis (ser) e competências transitórios (saber)
tornando-os agentes eficazes de transformação. Em muitos países visitados,
percebemos a importância das lideranças na construção de um sonho ou desejo coletivo
em termos da prosperidade da nação.
Aplicando essa experiência ao Brasil, entendemos que diferentes empresários,
trabalhadores, profissionais liberais, ou representantes dos diversos segmentos da
sociedade poderão assumir, através de grupos de trabalho voluntários, a liderança de
diferentes projetos com foco no equacionamento de dificuldades/carências existentes
nas comunidades onde vivem. Em outras palavras, o Sebrae acredita que no futuro
teremos muitos líderes, relacionando-se com outros líderes, visando ao benefício
coletivo, ao desenvolvimento de setores econômicos, territórios e à melhoria do
ambiente de negócios.
Ambiente de Negócios
Indicadores de resultado:
zz Índice Doing Business aplicado ao Estado do Paraná;
zz Índice Radar Municipal de Ambiente de Negócios.
Nas missões internacionais, aprendemos o quão intenso e duro é o jogo
da competitividade das nações. Nos últimos anos, em todas as medições de
competitividade dos países, como o ranking Doing Business, do Banco Mundial, o Brasil
vem perdendo posições. Isso é explicado pelo foco e agilidade de diversos países em
identificar seus entraves e montar estratégias para a melhoria do ambiente de negócios,
atraindo investimentos e favorecendo o florescimento dos negócios nesses países.
Dentre os entraves ao ambiente de negócios no Brasil, destaques para a burocracia
na abertura de novas empresas e para a tributação das empresas. O problema aqui não
é meramente a elevada carga de impostos, mas a complexidade dos regimes tributários.
Nesse sentido, o Sebrae PR tem como objetivo articular e mobilizar os diversos
agentes com propostas de estratégias capazes de melhorar as condições do
ambiente de negócios. Isso significa, por exemplo, ampliar e aprimorar os mecanismos
de acesso ao crédito, favorecer o associativismo empresarial, os mecanismos de acesso à
144
ANEXOS
justiça, simplificar a legislação vigente, reduzir a carga tributária dos pequenos negócios,
ampliar as compras de micro e pequenas empresas pelos governos, dentre outros.
Isso requer uma forte articulação entre os diversos agentes envolvidos e uma
clara definição de papéis e responsabilidades. Uma das lições aprendidas nas missões
foi a importância do arranjo institucional em prol de objetivos comuns, evitando-se
sobreposições e buscando sinergias.
O Paraná já vem dando alguns passos importantes nesse sentido, por meio da
regulamentação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa Estadual e ainda com a
articulação entre as instituições do chamado Sistema S (formado pelo Sesc, Senac,
Sesi, Senai, Sebrae, Sescoop, Senar, Sest e Senat). Em 2013, essas instituições
formaram grupos de trabalho com foco em diferentes temas, como a definição de
setores estratégicos, sinergia de compras, pesquisas conjunturais e estruturas físicas
de atendimento e a definição de uma política de educação comum.
A linha estratégica “ambiente de negócios” é, portanto, um desdobramento
do objetivo do Sistema Sebrae de “potencializar um ambiente favorável para o
desenvolvimento dos pequenos negócios”.
Concluindo, a figura abaixo relaciona as seis linhas estratégicas do Sebrae PR e
também a maturidade e complexidade das necessidades dos pequenos negócios.
145
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Entretanto, um plano estratégico não é algo estático e imutável. É preciso
reconhecer a velocidade dos movimentos e transformações da sociedade, a importância
de tecnologias rompidas e seus impactos para os pequenos negócios no Brasil e para o
próprio modelo de atuação do Sebrae. Reconhecendo o Sebrae como uma instituição
baseada no conhecimento, é fundamental fortalecer processos de inteligência e gestão
do conhecimento. Em outras palavras, que se utilizem dados, fatos e inteligência para a
tomada de decisões, mapeando, protegendo e disseminando de forma mais adequada
o conhecimento gerado.
Em última instância, o Sebrae PR pretende tornar-se uma organização mais
inovadora, flexível, dinâmica e mais atenta a tendências. Uma instituição que agregue
mais valor para empreendedores e pequenos negócios (tanto do presente quanto
do futuro, com necessidades que ainda estão por vir) e que, de forma mais eficiente,
cumpra sua missão e visão.
146
ANEXOS
MODELO DA OPERAÇÃO (FRAMEWORK) DO SEBRAE PARANÁ
A essência do direcionamento é maximizar a entrega de valor do Sebrae Paraná aos
pequenos negócios e à sociedade. Essa proposta de valor é expressa por nossa missão,
que é “promover a competitividade e o desenvolvimento sustentável dos pequenos
negócios e fomentar o empreendedorismo para fortalecer a economia nacional”. O
foco da atuação do Sebrae é, portanto econômico, ou seja, buscamos fortalecer a
economia nacional por meio da maior competitividade dos pequenos negócios. Por
outro lado, não buscamos a promoção do crescimento dos pequenos negócios a
qualquer custo. O desenvolvimento dos mesmos precisa ocorrer de forma sustentável,
não somente em uma perspectiva econômica (visando a sobrevivência das empresas),
mas também preservando o meio ambiente e fortalecendo o capital social. Para isso,
o foco deve ser nas competências e no comportamento empreendedor como o agente
da transformação, promovendo assim o empreendedorismo no Paraná e no Brasil.
Essa transformação observa quatro princípios, que são a territorialidade, a
análise estratégica e sistêmica do mapa de produção de cada território, a inteligência
competitiva descentralizada e em rede, e o uso de padrões de referência internacionais.
Os espaços territoriais são dotados de características particulares, têm uma
identidade específica, reúnem pessoas e entidades que acreditam e apostam no
crescimento, melhoria e desenvolvimento daquele espaço. Territórios distintos
possuem características distintas com relação à infraestrutura, capital social, recursos
naturais, ambiente de negócios, ativos tecnológicos, instituições, aspectos de formação
cultural singulares, dentre outros. Sendo assim, a aplicação das 6 linhas de ação deve
dialogar com as especificidades de cada território, aproveitando as oportunidades,
mitigando as fraquezas e desenvolvendo as fortalezas da região.
147
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
O modelo de operação da atuação estratégica do Sebrae possui assim uma forte
visão territorial. É apropriado inferir que a mesma estratégia será aplicada de forma
distinta em cada um dos 14 territórios presentes nas 6 regionais do Sebrae no Paraná.
Para isso, é fundamental que o Sebrae possua um profundo conhecimento dos
territórios e uma visão estratégica e sistêmica sobre o desenvolvimento dos mesmos.
Em outras palavras, será necessário conhecer em detalhes o mapa da produção dos
territórios, não somente em uma perspectiva presente como também em uma visão
futura. Para o Sebrae Paraná, significa por exemplo observar 100% dos ativos dos
territórios, os ativos econômicos, políticos, sociais e culturais, mas não somente sob
a perspectiva das micro e pequenas empresas, mas também das médias e grandes
empresas, universidades, instituições de pesquisa e tecnologia e demais instituições. É
por meio desta análise estratégica e sistêmica do mapa da produção que será possível
vislumbrar a economia do futuro, identificar os setores emergentes, descobrir o
potencial dos espaços. Este olhar envolve também uma análise das três dimensões da
competitividade territorial (empresarial, estrutural e sistêmica).
148
ANEXOS
Será necessário ainda ter um amplo campo de visão, utilizar uma inteligência
competitiva descentralizada e em rede. O modelo de operação do Sebrae Paraná
prevê isso. A análise da estratégia do Sebrae Paraná também está na base da entidade,
representada pelas unidades estaduais e pelos escritórios regionais, com atuação direta
nos territórios. Com essa análise em rede, as ações ganham dimensão.
A busca de padrões de referência internacionais (não somente nacionais e
estaduais) também é um componente importante da estratégia, para compreender o
posicionamento competitivo dos territórios e dos pequenos negócios neles presentes
e vislumbrar oportunidades. A busca de padrões internacionais ajudará na criação e no
fortalecimento dos empreendimentos e do ambiente de negócios, visando ao aumento
da competitividade empresarial e territorial. Passaremos a ter como referência os
padrões de desempenho e competitividade de empresas e territórios que apresentam
as melhores performances mundiais.
O desafio na execução da estratégia com uma visão territorial, com análise do
mapa da produção, com inteligência competitiva descentralizada e em rede, e usando
como referência padrões internacionais, será criarmos uma verdadeira organização
ambidestra, ou seja, que promova a eficácia e eficiência na operação e ao mesmo
tempo abra espaço para a inovação e o relacionamento estreito com clientes. Em outras
palavras, na aplicação da estratégia em cada uma das 6 linhas de ação, coexistirão
2 modelos de negócios: a) excelência operacional: com foco em desempenho de
processos e programas formatados; e b) hub de soluções: um conjunto de produtos,
técnicas e ferramentas aplicáveis às necessidades específicas de clientes e parceiros,
estabelecendo um atendimento customizado.
Para viabilizar essa visão estratégica, o Sebrae Paraná revisou seu modelo funcional,
estabelecendo gestores responsáveis por cada uma das 6 linhas estratégicas em nível
estadual e replicando esse mesmo modelo em suas regionais, na figura dos gestores
regionais das linhas estratégicas. Tais gestores têm como incumbência a leitura do mapa
da produção do Estado e de seus territórios, por meio de processos de inteligência
executar a estratégia da forma mais apropriada às características dos territórios. Esse
modelo é exemplificado pelo diagrama a seguir:
149
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Com isso, ao mesmo tempo em que deverá haver cada vez mais clareza sobre a
estratégia, haverá condições favoráveis à inovação, à aplicação de conhecimento na
resolução de problemas específicos de cada território. Em outras palavras, haverá maior
clareza sobre a direção a ser tomada e também condições para que os colaboradores
escolham os melhores caminhos rumo ao norte, isto é, à direção desejada pelo Sebrae
no Paraná. Isso vai possibilitar aos colaboradores identificar e aplicar soluções que
maximizem o valor da entrega do Sebrae Paraná para os pequenos negócios e para a
sociedade.
SOBRE O SEBRAE
Criado na década de 1970, o Sebrae PR (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas do Paraná) apoia as decisões dos empresários, dos potenciais empresários
e dos potenciais empreendedores, no campo e na cidade, porque é a instituição que
entende de pequenos negócios e possui a maior rede de atendimento do País. Ao todo,
são 27 unidades e aproximadamente 600 postos de atendimentos espalhados de norte a
sul do Brasil. No Paraná, conta com seis regionais e 11 escritórios. A instituição chega aos
399 municípios do estado por meio de atendimento itinerante, pontos de atendimento
e de parceiros locais, como associações, sindicatos, cooperativas, órgãos públicos
150
ANEXOS
e privados. O Sebrae PR oferece palestras, orientações, capacitações, treinamentos,
projetos, programas e soluções empresariais, com foco em desenvolvimento de
empreendedores; impulso a empresas avançadas; competitividade setorial; promoção
de ambiente favorável para os negócios; tecnologia e inovação; acesso ao crédito; acesso
ao mercado; parcerias internacionais; redes de cooperação; e formação de líderes.
151
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Anexo 2
As instituições visitadas
PAÍS
CIDADE
INSTITUIÇÃO
Coreia do Sul
Seoul
KOSBI – Korea Small Business Institute
Coreia do Sul
Seoul
Korea Eximbank
Coreia do Sul
Seoul
Seoul Tech – Seoul National University
Coreia do Sul
Seoul
SBC – Small & Medium Business Corporation
Coreia do Sul
Seoul
SMBA – Small and Medium Business Administration
Coreia do Sul
Incheon
IFEZ – Incheon Free Economic Zone
Tailândia
Bangkok
SME Bank
Tailândia
Bangkok
SEALAC – Southeast Asia and Latin America Trade
Centre
Tailândia
Bangkok
Thai Chamber of Commerce
Tailândia
Burapha
Burapha University
Malásia
Kuala Lumpur
MPC – Malaysian Productivity Corporation
Malásia
Kuala Lumpur
SME Bank
Malásia
Kuala Lumpur
Matrade
Malásia
Kuala Lumpur
SME Corp
Cingapura
Cingapura
Spring Singapore
Cingapura
Cingapura
ASME – Association of Small and Medium Enterprises
Cingapura
Cingapura
EDB – Singapore Economic Development Board
Cingapura
Cingapura
International Enterprise (IE) Singapore
Dinamarca
Copenhagen
The Danish Foundation for Entrepreneurship – Young
Enterprise
Dinamarca
Copenhagen
Danish Agency for Science, Technology and
Innovation
Dinamarca
Copenhagen
CBS – Copenhagen Business School
152
ANEXOS
PAÍS
CIDADE
INSTITUIÇÃO
Dinamarca
Copenhagen
Væksthuset
Dinamarca
Copenhagen
Vækstfonden
Suécia
Gotemburgo
Business Region Gotembourg
Suécia
Gotemburgo
Sahlgrenska Science Park
Suécia
Estocolmo
Invest Sweden
Suécia
Estocolmo
Vinnova
Suécia
Estocolmo
Till Vaxt Verket
Noruega
Oslo
Innovation Norway
Noruega
Oslo
Oslo University
Noruega
Oslo
Siva
Noruega
Kongsberg
NCE Systems Engineering
Finlândia
Helsinki
Finpro
Finlândia
Helsinki
Ministério da Economia e Emprego do Governo
Finlandês
Finlândia
Helsinki
Tekes
Finlândia
Helsinki
VTT
Finlândia
Helsinki
Federação Finlandesa das Indústrias de Base
Tecnológica
Finlândia
Helsinki
Culminatum Innovation
Rússia
São Petersburgo
Cedipt
Rússia
São Petersburgo
St. Petersbourg Foundation for SME Development
Rússia
Moscou
Russian Agency – for Small and Medium Business
Support
Rússia
Moscou
Moscow Entrepreneurs Association
Rússia
Moscou
B2B Consulting
Índia
Mumbai
IMC Indian Merchant Chamber of Commerce
Índia
Mumbai
CIDCO Ltd.
Índia
Mumbai
Arete Technologies
Índia
Mumbai
Infotech – International Infotech Park
153
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
PAÍS
CIDADE
INSTITUIÇÃO
Índia
Bangalore
BCIC – Bangalore Chamber of Industry and Commerce
Índia
Bangalore
Peenya Industries Association
Índia
Bangalore
Unnathi CNC Technologies Put. Ltd
Índia
Bangalore
SBD – Karnataka Comercial Bank
Índia
Bangalore
State Bank of India
Índia
Bangalore
KSITDC – Karnataka State Industrial Development
Corporation
Índia
Bangalore
Karnataka Tourism Development
Índia
Nova Delhi
Railway Board (Government Indian Railways)
Índia
Nova Delhi
FISME – Federation of Indian Micro and Small &
Medium Enterprises
Índia
Nova Delhi
NSIC – National Small Industries Corporation
Índia
Nova Delhi
APG Shimla University
Índia
Nova Delhi
Future Finvest Co. Pyt.Ltd
Hong Kong
Hong Kong
HKTDC – Hong Kong Trade Development Council
Hong Kong
Hong Kong
Invest HK – Hong Kong Special Administrative Region
Hong Kong
Hong Kong
Support and Consultation Centre for SME
Hong Kong
Hong Kong
FHKI Federation of Hong Kong Industries
Hong Kong
Hong Kong
Hong Kong Science & Technology Parks
Hong Kong
Hong Kong
Cuhk Business School
Taiwan
Taipei
IBD – Industries Development Bureau, Ministry of
Economic Affairs
Taiwan
Taipei
SMEA – Small and Medium Enterprise Administration
Taiwan
Taipei
Escritório Comercial do Brasil em Taipei
Taiwan
Taipei
ITRI – Industrial Technology Research Institute
Taiwan
Taipei
Hsinchu Science Park
China
Pequim
Cicasme China International Cooperation Association
of Small and Medium Enterprises
154
ANEXOS
Anexo 3
Definição de Pequenos Negócios em Países
Selecionados
BRASIL
SETOR
QUANTIDADE DE
EMPREGADOS
PORTE
Microempreendedor
Individual
Indiferente
Microempresa
FATURAMENTO
ANUAL
Até R$ 60 mil
Indiferente
Empresa de Pequeno
Porte
De R$ 60 mil a R$ 360 mil
De R$ 360 mil a R$ 3,6
milhões
COREIA DO SUL
SETOR
PORTE
QUANTIDADE
DE
EMPREGADOS
FATURAMENTO
ANUAL (MOEDA
LOCAL)
Manufatura
Micro,
pequenas
ou médias
até 300
Até 8 bilhões de Won Até R$ 17,5 milhões
Mineração,
Construção
e
Transporte
Micro,
pequenas
ou médias
até 300
Até 3 bilhões de Won
Até R$ 6,6 milhões
Varejo e
Serviços
Micro,
pequenas
ou médias
até 200
Até 20 bilhões de
Won
Até R$ 43,7 milhões
FATURAMENTO
ANUAL (R$)
155
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
MALÁSIA
SETOR
FATURAMENTO
ANUAL
(MOEDA LOCAL)
FATURAMENTO
ANUAL (R$)
De 51 a 150
De 10 milhões a 25
milhões de Ringgits
Até R$ 17,4 milhões
De 5 a 50
De 250 mil a 10 milhões
Até R$ 6,9 milhões
de Ringgits
Micro
Até 5
Até 250 mil Ringgits
Até R$ 174 mil
Média
De 20 a 50
De 1 milhão a 5 milhões
de Ringgits
Até R$ 3,5 milhões
Pequena
De 5 a 19
De 200 mil a 1 milhão
de Ringgits
Até R$ 694 mil
Micro
Até 5
Até 200 mil Ringgits
Até R$ 139 mil
PORTE
Média
Manufatura Pequena
Serviços
QUANTIDADE DE
EMPREGADOS
TAILÂNDIA
SETOR
PORTE
QUANTIDADE DE FATIVOS FIXOS
EMPREGADOS
(MOEDA LOCAL)
Média
de 51 a 200
De 50 a 200 milhões de de R$ 3,4 a R$ 13,7
Baht
milhões
Pequena
até 50
Até 50 milhões de Baht
Até R$ 3,4 milhões
Média
de 26 a 50
De 50 a 100 milhões de
Baht
de R$ 3,4 a R$ 6,8
milhões
Pequena
até 25
Até 50 milhões de Baht
Até R$ 3,4 milhões
Média
de 16 a 30
De 30 a 60 milhões de
Baht
de R$ 2 a R$ 4,1
milhões
Pequena
até 15
Até 30 milhões de Baht
Até R$ 2 milhões
Média
de 51 a 200
De 50 a 200 milhões de de R$ 3,4 a R$ 13,7
Baht
milhões
Pequena
até 50
Até 50 milhões de Baht
Manufatura
Atacado
Varejo
Serviços
156
ATIVOS FIXOS
Até R$ 3,4 milhões
ANEXOS
CINGAPURA
SETOR
PORTE
QUANTIDADE DE
EMPREGADOS
CLASSIFICAÇÃO
MONETÁRIA
(MOEDA LOCAL)
EM R$
Indiferente
Pequenas
e médias
<=200
Até S$100 milhões
Até 180
milhões
UNIÃO EUROPEIA
SETOR
Indiferente
PORTE
CLASSIFICAÇÃO
QUANTIDADE DE
MONETÁRIA
EMPREGADOS
(MOEDA LOCAL)
EM R$
Médio
< 250
<= 50 milhões EUROS
Até R$ 155
milhões
Pequeno
< 50
<= 10 milhões EUROS
Até R$ 31
milhões
Micro
< 10
<= 2 milhões EUROS
Até R$ 6,2
milhões
ÍNDIA
SETOR
PORTE
INVESTIMENTOS
NA FÁBRICA E
QUANTIDADE DE MAQUINÁRIOS,
EMPREGADOS
EXCLUINDO
O TERRENO E
CONSTRUÇÕES
Micro
Manufatura Pequeno
Médio
Indiferente
EM R$
< 2,5 milhões de Rs
Até R$ 96 mil
>= 2,5 milhões de Rs e
< 50 milhões de Rs
Até R$ 1,9
milhões
>= 50 milhões de Rs e
< 100 milhões de Rs
Até R$ 3,8
milhões
157
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
SETOR
PORTE
INVESTIMENTOS
NA FÁBRICA E
QUANTIDADE DE MAQUINÁRIOS,
EMPREGADOS
EXCLUINDO
O TERRENO E
CONSTRUÇÕES
Micro
Serviços
Pequeno
Indiferente
Médio
EM R$
< 1 milhão de Rs
Até R$ 38 mil
>= 1 milhão de Rs e
< 20 milhões de Rs
Até R$ 766 mil
>= 20 milhões de Rs e
< 50 milhões de Rs
Até R$ 1,9
milhões
RÚSSIA
SETOR
PORTE
QUANTIDADE DE
EMPREGADOS
CLASSIFICAÇÃO
MONETÁRIA
(MOEDA LOCAL)
EM R$
Médio
101 - 250
RUB 1 bilhão
Até R$ 64
milhões
15 - 100
RUB 400 milhões
Até R$ 26
milhões
1 - 15
RUB 60 milhões
Até R$ 3,9
milhões
Indiferente Pequeno
Micro
TAIWAN
CLASSIFICAÇÃO
QUANTIDADE DE
MONETÁRIA
EMPREGADOS
(MOEDA LOCAL)
EM R$
Manufatura,
Pequeno/
Construção,
Médio
Mineração
< 200
<= NT$ 80 milhões
Até R$ 6
milhões
Pequeno/
Médio
< 100
<= NT$ 100 milhões
Até R$ 7,5
milhões
SETOR
Demais
PORTE
Conversão para R$ segundo taxa média de câmbio de maio/2014.
158
ANEXOS
Anexo 4
Grupo 1
(Missão Sudeste Asiático)
Encontro no SMBA – Small & Medium Business
Administration, na Coreia do Sul
Recepção do SME Bank, na Malásia.
Panorâmica de Songdo, que faz parte de Incheon Free
Economic Zone, na Coreia do Sul, uma cidade modelo para
abrigar 600 mil habitantes
Visita a uma pequena exportadora, na Malásia.
159
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Encontro na Malásia, com representantes da Matrade, instituição que executa ações concretas para ajudar as empresas locais a
venderem seus produtos no mercado externo
Vista aérea do Gardens By The Bay, em Cingapura, um
impressionante jardim botânico
Encontro com a Spring Singapore, criada para fomentar o
desenvolvimento econômico de Cingapura
Visita à International Enterprise, agência do governo de
Cingapura com foco na economia externa
Encontro na SEALAC – Southeast Asia and Latin America
Trade Centre, da University of The Thai Chamber of
Commerce, na Tailândia
160
ANEXOS
Grupo 2
(Missão Rússia Escandinávia)
Na Dinamarca, encontro na Væksthuset, instituição
financiada pelo governo e cujo foco são empresas com
grande potencial e ambição para crescer
Encontro no Parque Tecnológico em Kongsberg, na Noruega
Grupo da missão Sebrae-PR, na Noruega
Grupo visita a Tekes, promotora da inovação, na Finlândia
161
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Encontro na VTT Impulse, maior centro de pesquisas
aplicadas e serviços tecnológicos do norte da Europa, na
Finlândia
Vista da Praça Vermelha, no coração de Moscou, na Rússia
Encontro com representantes da Russian Agency for
Small and Medium Business Support, em Moscou
Visita à Innovation Norway, criada em 2003 para o
desenvolvimento e inovação das empresas na Noruega
Marca dos países nórdicos, bicicletas fazem parte da
paisagem da Noruega
162
Panorâmica de Estocolmo, na Suécia, mostra integração
de transportes
ANEXOS
Grupo 3
(Missão Leste Asiático)
Visita do grupo à Shimla University, instituição indiana
que oferece educação de classe mundial, conta com 400
alunos e disponibiliza cursos de maior especialização, como
engenharia, moda, artes, ciências e gestão
Visita ao Invest HK, fundado em julho de 2000 com o objetivo
de fortalecer o status de Hong Kong como a localização ideal
para negócios das empresas internacionais
Encontro com representantes da Hong Kong Development
Council, em Hong Kong
Encontro na Federation of Hong Kong Industries, em Hong
Kong
163
ESTRATÉGIA
PARA
CRESCER
Grupo da missão, em Hong Kong
O Consulado do Brasil, nos diversos países visitados, deram
apoio às missões do Sebrae-PR
Grupo, na Embaixada de Nova Delhi, na Índia
164
Visita do grupo à CUHK Business School, uma entidade de
pesquisa, fundada em 1963, com visão global e missão de
integrar a tradição e a modernidade, a China e o Ocidente
Visita ao Industrial Technology Research Institute,
organização sem fins lucrativos, que, desde 1973, tem papel
vital nas conquistas tecnológicas de Taiwan
Visita do grupo à Small and Medium Enterprise
Administration Ministry of Economic Affairs, em Taipei,
Tawain

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