Financeiro 55.indd

Transcrição

Financeiro 55.indd
Financeiro
A revista do crédito
ano 6 nº 55 nov-dez/2008
©iStockPhoto.com/Alex Slobodkin/montagem EDF
2009
Como será o novo ano
TIRAGEM DESTA EDIÇÃO: 20.000 EXEMPLARES
para o setor de crédito?
Crise
Internacional
Reflexões sobre causas e
efeitos da turbulência financeira
Seminário discute a
questão da fraude
editorial
Associação Nacional das Instituições de Crédito,
Financiamento e Investimento
Rua Libero Badaró, 425 - 28º andar - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3107-7177 Fax: (11) 3106-6082 - www.acrefi.org.br
Crédito continua a
ser grande impulso
da economia
Presidente
Adalberto Savioli
Adalberto Savioli, Presidente da Acrefi
Vice-Presidentes
Álvaro Augusto Vidigal, Aquiles Leonardo Diniz,
Carlos Henrique Zanvettor, Érico Sodré Quirino
Ferreira, José Arthur Lemos de Assunção, Luis Felix
Cardamone Neto, Marco Ambrógio Crespi Bonomi,
Odílio Figueiredo Neto, Paulo Eduardo D’Ávila Isola e
Wilson Masao Kuzuhara
Secretários
Cláudio Messias Ferro e Edson Ueda
Tesoureiros
Aristeu Zanúncio e Sergio Marra Pereira Capella
Diretores Regionais
Antônio Roberto Beldi (SP), Carlos Alberto Samogim
(SP - Interior), Elcio Antônio de Azevedo (MG), Felicitas
Renner (RS), Pedro Costa Carvalho (RJ), Sérgio Faria
Lemos da Fonseca Junior (DF) e Tiziana Dadalto (ES)
Diretores Executivos
Gildo Rodrigues de Almeida, Gunnar Murilo, José
Renato Simão Borges, Morris Dayan, Sandro Alexandre
de Almeida, Sergio Antônio Cipovicci, Sérgio Barbanti
Diretores Conselheiros
Leonel Dias de Andrade Neto, Marcelo Torresi, Marcio
Ronconi de Oliveira, Marcus André Oliveira, Paulo
Roberto Tabaquim, Paulo Sérgio Borsato, Roberto
Bronzere e Rubens Bution
Conselho Consultivo
Membros Natos : Alkindar de Toledo Ramos, Manoel
de Oliveira Franco e Ricardo Malcon. Membros:
Alencar Burti (ACSP), Francisco Valim (SERASA),
Jackson Schneider (ANFAVEA), João Elísio Ferraz
de Campos (FENASEG), Luiz Horácio da Silva
Montenegro (ANEF), Miguel de Oliveira (ANEFAC) e
Sergio Antonio Reze (FENABRAVE)
Conselho Fiscal
Efetivos: Alberto Borges Matias, Domingos Spina e
Istvan Karoly Kasznar. Suplentes: Roy Martelanc
A turbulência internacional aumentou a volatilidade dos mercados, mas,
apesar de todos os seus reflexos importantes, a economia deve se manter ativa, em especial no Brasil, tendo
como uma de suas peças-chaves o crédito. Essa projeção, bastante realista,
deve valer para um período de um ano,
pelo menos. Depois disso, com a crise
mais branda – esperamos –, o papel
dos financiamentos tende a retomar
uma rota de forte crescimento.
Até lá, o que muda no mercado de
crédito não é a oferta de linhas de fi nanciamento em si, mas o modo de
concessão, que tende a se tornar mais
ortodoxo, uma vez que passam a ser
aplicadas mais exigências ao tomador
de empréstimos que levam em conta
um maior número de variáveis e aprofundam o conhecimento da vida fi nanceira dos consumidores, além de
maiores garantias e taxas mais adequadas ao risco.
Dentre esses instrumentos, destaca-se um dos projetos para o qual
a Acrefi tem canalizado esforços, o cadastro positivo, um dos mais relevantes mecanismos do setor de disseminação das informações dos bons pagadores, que torna as taxas mais competitivas, amplia o número de operações
de crédito e agrega ao mercado o
consumidor que antes se mantinha
distante dos fi nanciamentos.
Esse cenário deixa claro que o Brasil
sente a crise global, mas deve passar por
ela melhor do que uma boa parte dos
países, inclusive desenvolvidos, fruto de
uma economia com fundamentos cada
vez mais sólidos e um consumidor muito
mais consciente na hora de tomar crédito. É hora de confiança e trabalho,
firmeza e foco no nosso setor!
Diretor Superintendente
Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho)
Economista-Chefe
Istvan Karoly Kasznar
Consultor Jurídico
Cassio M. C. Penteado Jr.
Nesta edição
4 Seminário
Acrefi realiza seminário internacional
Financeiro
ISSN 1809-8843
10 Tendência internacional
Risco bancário
17 Projeções
Retrospectiva sem perspectivas
Conselho Editorial : Adalberto Savioli, Prof. Istvan
Kasznar, Antônio A. A. Leite (Pancho) e Sérgio
Tamer; Coordenação Editorial : Tamer Comunicação
Empresarial; Jornalista Responsável: Eliana Nigro
(MTB 15.005); Editoração e Produção Gráfica: EDF
(www.edf.com.br); Pré-impressão e Impressão:
Eskenazi; Periodicidade: bimestral
Tiragem: 20.000 exemplares
As opiniões emitidas nos artigos assinados não
refletem necessariamente as posições da ACREFI e
são de exclusiva responsabilidade dos autores. A
reprodução total ou parcial do conteúdo da publicação
depende de autorização por escrito.
18 Cenário econômico
Crise histórica
27 Seminário
Menor crescimento para o varejo
30 Artigo
Crédito é renda variável
32 Artigo
Leasing: crescimento sustentável
34 Análise econômica
Crise se agrava e o ajuste será lento
36 Novos desafios
Na ferradura e no cravo
38 Artigo
Como será o novo marco regulatório depois da crise
financeira mundial?
40 Análise setorial
Causas da crise do suprime
43 Banco de dados
Divulgação
DIRETORIA
seminário
Acrefi realiza seminário internacional
A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) realizou, em São Paulo, seu terceiro seminário internacional.
Dessa vez, a entidade tratou de Fraudes no Processo Creditício, na busca de
trocar experiências para que esse tipo de crime diminua.
“Nosso objetivo foi trazer as experiências nacionais e internacionais, a
tentativa de frear, cada vez mais, a fraude no processo de crédito. No passado,
havia dados de que cerca de 0,5% da perda em crédito era oriunda de fraude.
Precisamos criar mecanismos ágeis e firmes, pois o bom pagador está sendo
penalizado pelo fraudador”, comentou o presidente da Acrefi, Adalberto
Savioli, na abertura do evento.
Convidados especiais
Foram convidados oito palestrantes, do Brasil, do Reino Unido,
do Canadá e da Argentina, além do
analista sênior para América Latina
e Caribe do Banco Mundial, Fernando Blanco.
Este último fez uma apresentação
sobre a atual crise e suas reais conseqüências na região e, em especial,
no Brasil. Para ele, “o Brasil, assim
como a maioria dos países da América Latina, fez a sua lição de casa. Isso
não quer dizer que vão passar imunes
diante da crise. Isso não vai acontecer,
mas as conseqüências serão menos
sentidas do que antigamente”.
Disse que um dos maiores problemas que a região deve procurar resolver é o inflacionário. Na maioria, a
taxa está acima da meta, como no
caso do Chile. Porém, no Brasil, a inflação deverá ficar dentro da meta estipulada pela área econômica do governo. O efeito real dessa crise é a
desaceleração do crescimento, desaquecimento industrial, preços de commodities em queda e, conseqüentemente, nível de desemprego em alta.
Blanco ainda comentou que o crescimento em 2008, para todos os países
da região, será ainda bom, na ordem
de 5% a 6%. “O Brasil está mais bem
preparado do que a média dos países
da região, mas mesmo assim terá um
índice de crescimento menor do que
em 2008, abaixo de 4%.”
O estranho caso de uma ilha
Um dos destaques internacionais
foi Alan Lambert, policial aposentado
do Reino Unido que atuou boa parte
de sua carreira combatendo fraudes,
principalmente as financeiras. Ele falou
que as instituições financeiras devem
constantemente estar alertas para perceber qualquer tipo de indício que
possa aparentar uma fraude, como no
relato feito a respeito do caso de uma
fraude financeira de mais de 2 milhões
de libras, em que a empresa era registrada em uma ilha no Canal da Mancha de cerca de 1 milha quadrada e 600
habitantes (Ilha de Sark).
Junto dessa empresa havia mais
de 15 mil registros de outras empresas nas quais todos os habitantes
eram diretores ou proprietários.
“Essa empresa vendia trailers e, normalmente, com a mesma licença
para todos os veículos, gerando um
rombo nas instituições financeiras
que tinham ligações com as vendas”,
esclareceu Lambert.
4
Adalberto Savioli, presidente
da Acrefi
Nessa ilha, uma empresa foi registrada como comercializadora de
motorhomes, porém, nessa localidade, não há veículos automotores.
As vendas eram realizadas em toda a
Inglaterra e, eventualmente, o diretor da empresa solicitava o veículo
para reparos e revendia, ou vendia
um não existente. Essa empresa era,
anteriormente, registrada na Ilha de
Mann e, também, no Panamá.
Acontece que, na Ilha de Sark, não
há polícia, governo ou taxas. Cada
habitante recebe cerca de US$ 100
para ser diretor de alguma empresa
nela registrada. Existem cerca de 60
mil empresas registradas na Ilha, que
atuam em toda a Europa.
“Especifi camente esta aplicou o
golpe dos carros usados ou novos
durante dois anos seguidos, sem
que as autoridades inglesas pudessem descobrir o paradeiro de seu
responsável, conhecido como Mr.
Lee. Para cada veículo vendido, ele
precisava de um plano de crédito e
utilizava o mesmo veículo, com pla-
FINANCEIRO
sobre fraude em crédito
Alan Lambert, policial aposentado
(Reino Unido)
cas diferentes, em várias instituições
financeiras”, finalizou Lambert.
A polícia brasileira está atenta
O diretor da Academia de Polícia do Estado de São Paulo, Tabajara Novazzi Pinto, veio apresentar
a Academia da Cidade Universitária
e mostrar que o Estado e a comunidade estão trabalhando em conjunto. Atualmente, a inteligência da
Academia de Polícia já é vista de
forma diferente e muito bem conceituada por toda a sociedade.
“As instituições financeiras
devem estar constantemente
alertas para perceber
qualquer tipo de indício
de fraude”
Alan Lambert
ACREFI
Fotos: Andréa Felizolla
Fernando Blanco, analista sênior para América
Latina e Caribe do Banco Mundial
“Hoje, não se vê mais armamento
pesado para combater a fraude, mas,
sim, a caneta, a tecnologia e a inteligência”, afirmou Novazzi Pinto.
George Henry Millard, delegado
de Polícia de Classe Especial, brasileiro de reconhecimento internacional,
mostrou o que pode ser crime econômico-financeiro. Para ele, as fraudes
podem ser colocadas em prática em
três etapas: a) ocultação, em que há
possibilidade de fraude para todas as
instituições financeiras, indiscriminadamente; b) estratificação, quando
existe a divisão por vários lugares;
e c) re-introdução, quando a fraude
tende a ser aperfeiçoada e colocada
em prática novamente.
Segundo o policial, apesar de os
números no Brasil não serem confiáveis, são cerca de US$ 600 bilhões
de perdas nas instituições financeiras por fraude no mundo todo.
Desse total, 49% não têm recuperação e 37% são de falsificação de
cheques e documentos. A origem
das fraudes, nas instituições financeiras, é externa em 52% dos casos,
o restante é fraude interna.
5
George Henry Millard, delegado de
Polícia de Classe Especial
Uma das conclusões de policiais
brasileiros e estrangeiros e executivos ligados ao processo de crédito foi
que existe uma grande dificuldade
em se perceber uma fraude logo na
primeira vez em que é executada,
principalmente as de caráter de falsidade ideológica.
“Os bancos e as instituições fi nanceiras investem cada vez mais
em tecnologia para coibir esse ato.
Mas uma coisa é de extrema importância e urgência: todos precisam
“A inteligência dos órgãos
policiais não pode combater
aquilo que conhece.
Portanto, deve haver troca
de informações entre os
mais diferentes órgãos
e instituições”
George Millard
seminário
Heliomar Oliveira Moura, gerente de
prevenção à fraude do Banco Panamericano
Tabajara Novazzi Pinto, diretor da
Academia de Polícia do Estado de SP
comunicar as ocorrências às autoridades, não apenas monetárias, mas
policiais, para que possam, também,
combater as práticas criminosas. A
inteligência dos órgãos policiais, das
mais variadas instâncias, não pode
combater aquilo que não conhece.
Portanto, deve haver troca de informações entre os mais diferentes
órgãos e instituições”, esclareceu o
delegado de Polícia Classe Especial,
George Millard.
Concordância da área executiva
Formando uma única voz com o
palestrante anterior, Heliomar Oliveira Moura, gerente de prevenção
à fraude do Banco Panamericano,
comentou que “a fraude deve ser
combatida com prevenção. Para isso,
todas as áreas da instituição devem
estar fortemente envolvidas”.
“A fraude deve ser combatida
com prevenção. Para
isso, todas as áreas da
instituição devem estar
fortemente envolvidas”
Heliomar Oliveira Moura
Para ele, esse é um trabalho que
não se mensura e, além de prevenção interna, deve, ainda, envolver
parceiros, outras entidades e instituições, a auditoria e as autoridades
monetária e policial.
“O relacionamento externo é fundamental, e os vários segmentos da economia devem se unir na prevenção, seja
com troca de informações ou outras
ações conjuntas”, finalizou Moura.
As grandes dificuldades de
nosso vizinho
Dante Anelli, gerente de risco da
unidade de cartões de crédito da
Cencosud (Argentina), mostrou que a
principal fraude em seu país é a falsidade ideológica, ou seja, roubo de
identidade para concessão de crédito.
“Há dois anos, a taxa de processos de fraude era de 2%. Porém, com
o passar do tempo, teve um aumento significativo, e as instituições perceberam que não tinham capacitação para combatê-la. Porém, como
era pequena, poucas pessoas davam
importância a isso”, ressaltou ele.
O Banco Central argentino tem a
norma de solicitar a carteira de identidade para que possa ser concedido
o crédito. Em função dessa norma,
muitas cédulas de identidade falsificadas estavam circulando. Segundo o
executivo, as identidades argentinas
são de muito má qualidade, sendo
as verdadeiras também confundidas
com as falsas.
6
Dante Anelli, gerente de risco da unid. de
cartões de crédito da Cencosud (Argentina)
“Os fraudadores exploram a deficiência do processo e as dificuldades
do Estado em determinar e provar
o que é fraude. As quadrilhas trabalham como empresas, como organizações corporativas, com planejamento de ações e metas a serem alcançadas”, comentou Anelli.
Segundo o executivo, já há ações
para a prevenção desse tipo de crime. E
os custos dos fraudadores estão sendo
levantados e muitos já são conhecidos. Uma quadrilha gasta, em média,
R$ 372 para forjar uma identidade.
Essa cédula falsa gera uma renda para
o fraudador de cerca de R$ 1.000 em
cada utilização e é utilizada quatro
vezes aproximadamente.
As ações de prevenção já começaram a ser realizadas. Muitas instituições já estão dificultando a saída
do fraudador do local onde solicita o
“As quadrilhas trabalham
como empresas, como
organizações corporativas,
com planejamento de ações e
metas a serem alcançadas”
Dante Anelli
FINANCEIRO
Nick Mothershaw, diretor de soluções
antifraude da Experian (Reino Unido)
crédito, analisando documentos em
outra área que o contraventor não
está presente, solicitando complementos para comprovação de documentos e qualificando atendentes
entre outras atitudes.
“Os custos de prevenção e controle sobre as vendas estão crescendo
19%. A Argentina está bastante atrasada em relação ao Brasil. Nos últimos
dois anos, as vantagens conseguidas
foram com as medidas de cooperação
e de troca de informação entre várias
instituições”, esclareceu Anelli.
A experiência do Canadá
Do Canadá, Peter German, policial da Real Polícia Montada, comentou que as rotas utilizadas pelo crime
organizado econômico são as mesmas usadas pelo tráfico de drogas.
“Os maiores problemas do
Canadá são o tamanho de sua fronteira e a imigração ilegal. Os Estados
Unidos são os maiores consumidores
“As instituições devem
desenvolver a prática de
relatar os crimes e não apenas
dar baixa contábil.
As autoridades têm de
conhecer o crime para
prevenir e combater”
Peter German
ACREFI
Peter German, policial da Real
Polícia Montada (Canadá)
de drogas do mundo, por isso temos
um problema maior. As maiores fraudes cometidas hoje estão ligadas à
tecnologia, que revoluciona, cada
vez mais, o mundo”, falou German.
Ele, como os outros palestrantes,
concorda que a melhor maneira de
se combater as fraudes é com prevenção. “Mas é difícil manter a polícia tecnologicamente atualizada. Os
jovens de hoje estão mais para a tecnologia do que qualquer outra geração. Prevejo que, dentro de 10 anos,
vamos ter uma tecnologia com capacidade maior do que a do cérebro
humano”, comentou o policial.
Ele recomendou a proteção de
identidade nos trabalhos em que se
requeiram cópias desses documentos, porém sabe que é preciso apenas
uma pessoa para colocar tudo a perder e acabar com a credibilidade de
uma empresa.
Segundo ele, as identidades estão
sendo cada vez mais utilizadas por
outras pessoas, virou commoditie. O
crime organizado está atrás de qualquer uma para ganhar dinheiro e,
hoje, são vendidos na internet identidades e cartões de crédito que viajam pelo mundo.
Esses documentos falsificados
podem auxiliar na lavagem de dinheiro nos paraísos fiscais pelo crime
organizado ou por “laranjas”, com
7
Francisco da Silva Coelho, presidente
da Ordem dos Economistas do Brasil
documentos dos verdadeiros donos.
“As instituições devem desenvolver a prática de relatar os crimes
e não apenas dar baixa contábil.
As autoridades têm de conhecer o
crime para poder prevenir e combater. Precisamos estar a par de tudo o
que acontece nesse campo, as instituições devem alertar seus clientes.
Nós queremos ajudar a manter a
infra-estrutura econômica com combate sério a esse tipo de crime”,
alertou German.
Segundo ele, no Canadá, a polícia
trabalha em conjunto com a sociedade para procurar prevenir todo o tipo
de fraude, e uma das atuações está
sendo feita sistematicamente nos hotpots, em que há grande proliferação
de crimes, principalmente os cibernéticos, tanto individuais como por organizações criminosas especializadas.
“O crime organizado
compartilha informações
e ações mais rapidamente
e melhor do que a
sociedade. Temos de fazer
a mesma coisa”
Nick Mothershaw
seminário
Participantes de seminário internacional incentivaram troca de experiências
Problema mundial
“É um problema global, crescente e muito comum em várias partes
do mundo. O crime organizado compartilha informações e ações mais
rapidamente e melhor do que a
sociedade. Nós temos de fazer a
mesma coisa.” Assim, Nick Mothershaw, diretor de soluções antifraude
da Experian, no Reino Unido, começou sua apresentação.
Para ele, o crime organizado vê
a fraude, dos mais variados tipos,
como vê as drogas, ou seja, o intuito
é ganhar dinheiro e as penas são
menores. As fraudes individuais no
Reino Unido aumentaram 20% em
um curto espaço de tempo e crescem
mais em épocas de crise econômica.
“A melhor maneira é investir em
prevenção. Colocamos quatro etapas simples para ter maior possibilidade de evitar o golpe: 1. a pessoa existe mesmo?; 2. essa pessoa
é você?; 3. se a pessoa está mentindo; 4. se não há antecedentes.
Com essas medidas, as possibilidades de fraude diminuem sobremaneira”, comentou Mothershaw.
O executivo esclareceu, ainda,
que é muito difícil identificar a primeira fase (explicada acima), pois
as falsificações estão cada vez melhores. Existem sites globais onde
se podem comprar inúmeros tipos
de documentos. Mas, em contrapartida, ele lamenta que não há, em
muitos casos, interesse do funcionário em identificar a veracidade das
informações, pois ele ganha pela
venda ou pela concessão do crédito.
Uma das oportunidades de que
Mothershaw falou é a troca de informações entre os birôs, para poder
comparar e identificar as fraudes. Até
pouco tempo atrás, essa possibilidade
era impedida, mas o governo implantou uma lei que permite essa troca.
“Dessa forma, teremos um avanço
especial no combate ao crime organizado, pois teremos as informações
mais comuns de todas as fraudes praticadas no Reino Unido. Os órgãos
têm a obrigação da troca de informações e não há mais as implicações do
compliance”, comemorou ele.
“Toda fraude no processo de
crédito ocorre em função da
confusão entre fluxo e
estoque, entre as contas a
pagar e a receber”
Francisco da Silva Coelho
A velha e boa contabilidade pode ser
a solução
O presidente da Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), Francisco
da Silva Coelho, fez uma comparação
entre a contabilidade e a crise econômica global. Ele lembra que em contabilidade se trabalha com o conceito
de estoque e de contas de fluxo.
“Toda fraude no processo de crédito ocorre em função da confusão
entre fluxo e estoque, entre as contas a pagar e a receber. Para uma
instituição, quando ela não quer
deixar claras as carteiras sem valor
(marcação a mercado), basta criar
um estoque de ativos inexistentes.
Está pronta uma fraude simples”,
lamentou Coelho.
Ele comentou que isso aconteceu no caso do Banco Nacional,
na década de 1990, quando o
banco relatou, em seus balanços, os
casos de carteiras que não existiam.
Durante anos, os balanços apresentados eram consistentes. Mas, hoje,
o sistema financeiro é outro. A evolução, principalmente na gestão de
crédito, impede que casos como
esse possam se repetir.
“Porém, a velocidade das mudanças é maior do que a própria mudança. Várias resoluções do Banco
Central tornam a fraude em crédito
mais difícil. Porém, como a fraude faz
parte do risco de crédito, com base
em Basiléia II, as instituições terão de
mensurar o risco da perda por fraude.
Isso é um avanço que será rapidamente sentido”, comentou ele.
Coelho disse, ainda, que, para
acompanhar essas alterações, as instituições terão de ter uma estrutura
de risco melhorada, pois, quanto pior
ela for, maior será o preço cobrado
e, nessa situação, a perda de mercado é logo sentida pela instituição.
“Uma coisa é claríssima: o mercado compra crescimento, aquilo que
dá retorno. Não adianta querer mais
mascarar as coisas, pois já estão bem
dimensionadas em todas as informações de mercado”, finalizou Coelho.
Evento realizado em 10/11/2008
8
FINANCEIRO
A Serasa dá uma
forcinha a mais
para o seu cliente ficar
com dívidas a menos.
Já é possível adicionar um boleto bancário
à carta-comunicado enviada aos seus
consumidores em atraso. Com a Carta
Boleto Serasa você facilita a vida de
seus clientes incentivando a regularização
da dívida. E a gente facilita a vida de
sua empresa reduzindo seus índices de
inadimplência.
11
33 Serasa (113373 7272) serasa.com.br
tendência internacional
Risco bancário
Divulgação
04/11/2008
Mais uma vez, o risco bancário
domina as emissões de crédito em
todo o mundo. Um sistema métrico
simples, mas poderoso, de Índice
de Risco integra o capital, os rendimentos e o risco dentro de um parâmetro analítico para avaliar o risco
de uma instituição financeira.
Risco bancário
À medida que aumentam as
falências dos bancos e as expectativas de mais problemas bancários
se espalham pelos Estados Unidos,
pela Europa e por outras regiões
do mundo, mais uma vez, o risco
bancário é visto como uma preocupação crucial da gestão de crédito
global. Os líderes governamentais
tomaram medidas sem precedentes
para minimizar outros transtornos
em seu mercado financeiro, aumentando os patamares de seguro de
depósitos, garantindo dívidas de
curto e longo prazo previamente
emitidas pelas instituições financeiras e investindo em ações preferenciais de grandes bancos selecionados para um determinado país. A
falência bancária não é um fenômeno novo.
Países de todos os continentes já
chegaram a contrair custos tributários significativos para salvar ban-
WILLIAM C. HANDORF, PH.D., PROFESSOR DE FINANÇAS NA ESCOLA DE
ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE GEORGE WASHINGTON; ATUALMENTE
ATUA COMO DIRETOR NO FEDERAL HOME LOAN BANK EM ATLANTA E, ANTES
DISSO, ATUOU COMO DIRETOR NO FEDERAL RESERVE BANK DE RICHMOND,
ONDE FOI PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA FILIAL DE
BALTIMORE. É UM PORTA-VOZ HABITUAL NO BRASIL SOBRE QUESTÕES
RELACIONADAS A IMÓVEIS, FINANÇAS E SERVIÇOS BANCÁRIOS
cos mal-sucedidos e recapitalizar ou
estatizar instituições recuperáveis.
Quando os bancos não são capazes
de intermediar fundos de setores
de poupança com excedentes para
setores defi citários de tomadores
seguros, os problemas econômicos
se agravam em um país, porque os
consumidores e as empresas não
conseguem financiar bens duráveis,
capital de giro ou instalações industriais e equipamentos. O congelamento de crédito causa ainda mais
problemas econômicos para as frágeis instituições financeiras restantes. As agências de avaliação de crédito, como a Moody’s Investors Service e a Standard & Poor’s, aumentaram a importância de um sistema
bancário saudável e da supervisão
prudente de um banco central do
país após observarem a conseqüência de bancos fracos e do risco-país
durante a crise asiática de 1997.
Apesar de crises bancárias serem
comuns a cada 10 ou 15 anos, a
classe de ativos subjacentes responsável pela situação desagradável é distinta. A atual catástrofe se
baseia, em grande parte, nos imóveis residenciais e no crédito imobiliário nos Estados Unidos durante a
última década.
Os preços dos imóveis residen-
10
ciais subiram muito nos Estados Unidos entre 2001 e 2006, e isso encorajou os especuladores e investidores a comprarem mais casas e condomínios do que eram necessários
para ocupação. A demanda adicional fez com que os preços subissem
ainda mais. Famílias sem condições
de comprar casas de alto valor contraíram empréstimos de alto risco
como sua primeira hipoteca, com
taxas de juros que posteriormente
eram reajustadas para níveis mais
altos ou com um saldo principal
que aumentava com o passar do
tempo. As mesmas famílias também
contraíram uma segunda hipoteca
para conseguir pagar o alto valor da
entrada e, por conta disso, tinham
pouca, ou nenhuma, participação
na propriedade do imóvel. As políticas habitacionais do governo encorajavam a aquisição de imóveis e
estimulavam os órgãos habitacionais patrocinados pelo governo (ex.,
Fannie Mae e Freddie Mac) a adquirirem ou garantirem os empréstimos
imobiliários de mutuários hipotecários subprime de alto risco. O Banco
Central dos Estados Unidos manteve as taxas de juros baixas demais
(ex. 1%) por um tempo muito longo
após a pequena recessão de 2001.
A política monetária acomodatícia
FINANCEIRO
encorajou os mutuários hipotecários
a contrair empréstimos com taxas
ajustáveis, facilitando o rápido crescimento do setor bancário. A subscrição negligente, fraudulenta ou
inexistente dos empréstimos contribuiu para os posteriores prejuízos
com esses empréstimos, mas os corretores estavam despreocupados,
contando que a Wall Street comprasse os empréstimos para criar
valores mobiliários altamente valorizados garantidos por hipotecas e
títulos de dívidas garantidas venenosos. À medida que o volume de
pagamentos atrasados relacionados
a empréstimos imobiliários subia,
execuções hipotecárias se elevavam
e os preços dos imóveis sofriam
uma baixa repentina, e determinados fundos hedge informavam perdas grandes. A excessiva alavancagem ou financiamento por excessivas dívidas minimizou a capacidade de todas as instituições afetadas
de absorver esse risco e contribuiu
para o desastre financeiro. Corretores hipotecários, bancos de investimento e bancos comerciais começaram a quebrar.
Este artigo aplica um índice de
risco (Índice) a grandes bancos dos
EUA e a um grupo de instituições
que faliram em 2008, de maneira
empírica. Em vez de avaliar o capital, os rendimentos e as várias fontes de risco de maneira independente, o Índice integra a análise
para produzir uma fórmula simples.
O Índice pode ser usado para estimar a probabilidade de o capital de
um banco cair abaixo de um certo
limite durante um prazo definido.
O Índice não substitui as análises fi nanceiras tradicionais; ele proporciona uma fonte suplementar de informações úteis para avaliar o risco
e o retorno.
Falência bancária
A maioria dos estudos empíricos
mostra que as instituições de depósito quebram por conta dos seguintes fatores financeiros, econômicos
e administrativos:
ACREFI
• Baixo nível de financiamento
por capital próprio;
• Baixa qualidade dos ativos
acompanhada de níveis inadequados de reservas ou precifi cação inapropriada do empréstimo;
• Carteira concentrada por tipo de
empréstimo ou local dos mutuários;
• Alta volatilidade de rendimentos e fluxo de caixa operacional;
• Recessão econômica levando a
um alto nível inesperado de prejuízos com empréstimos;
• Crescimento rápido apoiado
por dívidas de alto custo;
• Investimento em títulos de
alto rendimento não garantidos e
subordinados;
• Prejuízo operacional relacionado a uma incapacidade de controlar despesas não relacionadas
a juros;
• Questões de liquidez relacionadas à má publicidade em decorrência dos problemas com baixo capital
e/ou rendimentos;
• Excessivo risco de taxa de juros
ou sensibilidade do câmbio acompanhado de um período de dramática mudança no mercado;
• Fraude perpetuada pela administração e/ou clientes;
• Estratégia comercial inadequada ou falta de compromisso com
um modelo comercial viável; e
• Sistema inadequado de gerenciamento de risco.
Os riscos enumerados se correlacionam altamente com a supervisão regulamentar tradicional: capital, qualidade dos ativos, gerenciamento, rendimentos, liquidez e
sensibilidade. Os bancos quebram
em razão de os índices de capital
serem corroídos por crescimento
muito rápido, uma incapacidade de
controlar as despesas não relacionadas a juros ou prejuízos causados por um excesso de baixas
em empréstimos incobráveis compostos por fraude e /ou por uma
recessão. O capital tem importância
especial na avaliação de risco pelas
autoridades normativas e analistas
de crédito. Menos capital, lucros
11
Apesar de índices serem
importantes no processo
de análises de risco, os
fatores qualitativos também
desempenham um importante
papel na determinação
das classificações
irregulares e risco – sendo derivados de ativos de alto risco, práticas estratégicas e de gestão de
risco deficiente além de governança corporativa inadequada, liquidez estressada ou excessiva sensibilidade a taxas de juros ou índices
de câmbio – criam problemas para
as instituições financeiras.
As agências de avaliação de crédito analisam diversos fatores quantitativos e qualitativos antes de
designar uma nota em letra ou
número. Conforme ilustrado pela
Moody’s Investors Service:
“Apesar de índices serem importantes no processo de análises de risco, os
fatores qualitativos também desempenham um importante papel na determinação das classificações. Nosso enfoque está em rendimentos principais e
liquidez ao avaliar proteção para depositantes e proprietários de dívidas. Em
particular, o desempenho durante uma
recessão é fundamental para nossa avaliação de classificação, uma vez que
revela a capacidade de recuperação dos
rendimentos principais de um banco
sob pressão, o que vemos como ponto
crucial nessa avaliação.
Vemos os ganhos como a primeira
linha de defesa contra perdas, principalmente os rendimentos básicos.
Capital não é um tópico que enfatizamos muito em nossa pesquisa.
A Moody’s reitera sua posição de
que os rendimentos são a linha primária na defesa contra perdas. No
entanto, as classificações dos bancos
podem ser fortalecidas ou enfraquecidas pelo nível de capital por trás de
seus rendimentos.
tendência internacional
Entretanto, fatores subjetivos como
qualidade administrativa, desejo por
risco e estratégias também são essenciais nessa avaliação.
Tamanho absoluto não é um fundamento direto de nossas classificações.
Porém, percebemos que tamanho é freqüentemente relacionado a outros fatores mais qualitativos que são importantes para nossas qualificações. Por
exemplo, tamanho pode estar relacionado a diversificação comercial. Descobrimos que bancos maiores, com
freqüência, contam com carteiras de
empréstimo diversificadas e de alcance
geográfico mais amplo, reduzindo a
concentração de risco. Ademais, tamanho, com freqüência, permite economias de escala, que podem resultar em
maior eficiência operacional.
Essas comparações demonstram
que instituições com classificações
semelhantes mostram grandes variações em índices dentro de um determinado período. Todavia, usamos a
análise de índices em conjunto com a
análise quantitativa.”
As agências de análise de crédito estão preocupadas principalmente com os rendimentos básicos,
a estabilidade dos rendimentos básicos e outras fontes de risco de
liquidez ao designar uma nota à dívida bancária.
O capital, os rendimentos e o
risco afetam as decisões regulamentares e as análises de crédito.
O índice de risco descrito a seguir
condensa os fatores-chave previamente destacados em uma simples
fórmula que leva a uma demonstração probabilística de utilidade
para gerentes de risco e analistas
de crédito. O Índice complementa
centenas de outros índices comumente aplicados na avaliação de
instituições de depósito. O Índice
leva em consideração operações
de conta ao longo do tempo e,
portanto, não se trata de uma medida estática de risco típica de muitos índices. [Vide Commercial Bank
Financial Management, de Joseph
F. Sinkey Jr., para uma excelente
revisão do tópico: Prentice Hall
(Sexta Edição, p. 139-142)].
O Índice de risco
O Índice mede o risco abordando
uma questão estatística. Qual é a
probabilidade de o índice de capital de um banco cair abaixo de um
certo limite durante um prazo defi nido? O Índice segue:
Índice de Risco = (Índice de Capital
+ Média ROA - Limite de Capital)/
ROA Sigma
O numerador do Índice avalia o
índice de capital existente da empresa e projeta o índice num período futuro com base na suposição de que os rendimentos médios
gerados durante um período de
tempo recente estarão disponíveis
para reforçar o capital. O Índice,
conforme apresentado, não inclui
como fator o crescimento de ativos nem os pagamentos de dividendos. Os reguladores ou a administração deverão limitar o crescimento de ativos e /ou pagamentos
de dividendos para uma instituição
que se acredita estar subcapitalizada. Uma análise deve considerar
diversos fatores antes de se calcular e interpretar o Índice.
• Índice de capital – O índice
de capital deverá ser relacionado
a ativos pelo uso do retorno sobre
ativos como a fonte primária para
suplementar capital um período no
futuro. Pode-se usar patrimônio /
ativos, patrimônio /ativos tangíveis
ou o índice de alavancagem de
Nível 1. Essa análise se concentra no
índice de alavancagem de Nível 1
(ex., a soma do patrimônio líquido e
ação preferencial perpétua menos
o fundo de comércio e outros intangíveis, todos divididos pelo valor
dos ativos).
• Média ROA – A média do
índice de retorno sobre ativos (ROA)
deverá ser calculada a partir de
um período sufi cientemente longo
para incluir um ciclo econômico (no
mínimo, uma recessão ou retração
comercial) e taxas de juros voláteis,
12
mas sufi cientemente recente para
capturar o plano comercial atual da
administração. Essa análise ilustra
o Índice com um período de oito
anos entre 2000 e 2007. O período
de oito anos incluiu uma pequena
recessão em 2001 e taxas de juros
muito voláteis.
• Limite – Pode-se adotar um
limite de 0% para determinar a probabilidade de o capital do valor contábil de um banco se tornar negativo em um determinado período
de tempo. A administração, o conselho de administração, os reguladores, os analistas de classifi cação
e os analistas de crédito, todos se
preocupariam com a viabilidade de
uma empresa muito antes de o valor
contábil de capital se tornar negativo. Essa análise ilustra o Índice
usando um limite de 5% em consonância com muitos referenciais
normativos aplicáveis a bancos nos
Estados Unidos. Observe que a análise não usa regras de capital de ativos ponderadas por risco onde se
exige um limite de 10% para que
seja bem capitalizado.
• Risco (Sigma) – O Índice inclui
capital e rendimentos básicos para
qualquer avaliação de força ou fraqueza financeira, que seja compatível com o enfoque quantitativo
adotado pelos reguladores e analistas de crédito. O risco é capturado pela variabilidade ou desviopadrão de rendimentos calculados
durante um determinado período
de tempo, analisado para originar a
média ROA. O desvio-padrão representa a raiz quadrada da média
dos desvios ao quadrado do ROA
anual sobre uma média calculada.
Por exemplo, presumindo-se que
um banco tenha um ROA anual de
1,20%, 1,25% e 1,15% durante três
anos; a média ROA é 1,20% e a
Sigma da amostra é 0,05%. Outra
instituição pode registrar um ROA
de 1,80%, 2,20% e -0,40%; a média
ROA também é 1,20%, mas a Sigma
de amostra de ROA é 1,40%. A administração que melhor conseguir controlar o risco com uma carteira de
FINANCEIRO
ativos/passivos inteiramente diversifi cada terá um desvio-padrão ou
Sigma mais baixo. Os bancos de
baixo risco e bem administrados
não deverão ser afetados indevidamente por uma recessão, taxas
de juros voláteis e outras fontes
de risco que levem a perdas excessivas e a rendimentos imprevisíveis.
Planos estratégicos bem-sucedidos
promovem modelos comerciais que
prometem lucros básicos consistentemente altos com baixo Sigma.
Gestão efi ciente e governança corporativa efi caz são necessárias para
atingir as louváveis metas comuns a
todos os planos de negócios.
Os seguintes exemplos ilustram a
aplicação e interpretação do Índice
com três bancos.
Índice de Risco = (Índice de Capital
+ Média ROA - Limite de Capital)/
ROA Sigma
Banco A = (7,0% + 1,25% - 5,0%)
/0,25% = 13
Banco B = (5,5% + 1,00% - 5,0%)
/0,75% = 2
Banco C = (9,0% + 0,50% - 5,0%)
/0,50% = 9
Um Índice mais alto indica que
uma empresa é menos arriscada;
a instituição é financiada por mais
capital, gera altos rendimentos com
consistência ou gerencia melhor os
riscos conforme representado por
um Sigma baixo. Apesar de um
Índice alto sugerir menos risco, não
precisa ser melhor se o perfil do risco
impossibilita a capacidade de criar
valor para os acionistas devido a
financiamento excessivamente alto
por capital próprio. O Índice do
banco A está a 13 desvios-padrão de
fi car abaixo do limiar regulamentar
de 5%. Isso signifi ca que há uma
pequena chance de o índice de capital do banco baixar para menos de
5% dentro de um ano. Um Índice
mais baixo sugere que a empresa
seja mais arriscada; a empresa é
financiada por menos capital, é
menos lucrativa ou gera lucros ou
perdas de modo irregular. O Índice
ACREFI
do banco B está a apenas dois
desvios-padrão de fi car abaixo do
limite indicado. Há uma probabilidade mais ampla de o capital da
empresa cair abaixo dos 5% dentro
de um ano. O banco A é menos
arriscado do que a empresa B porque tem um índice de capital mais
alto e consistentemente ganha um
ROA mais alto.
O Índice é especialmente útil
ao se compararem empresas com
níveis de capital, média de retorno
sobre ativos e /ou variabilidade de
rendimentos muito diferentes. Para
ilustrar, o banco C tem um índice
de capital mais alto do que a empresa A ou B, mas um ROA em
média muito menor. O banco C é
mais ou menos arriscado do que o
banco A ou B? A resposta depende
da curva de risco da instituição conforme descrita pelo Sigma calculado durante um período de amostragem. Considerando um Sigma de
0,5%, o banco C tem um perfil de
risco mais próximo ao banco A do
que ao B com base no Índice calculado. Muitas instituições financeiras e indústrias adotam os programas de melhoria de qualidade
Seis Sigma. A Basiléia II estima o
peso do risco para os bancos, aplicando a abordagem de classificações internas avançadas, com uma
análise condicional de prejuízos históricos com empréstimos medidos
no nível de confiança de 99,9%
ou desvio-padrão de 3,09. Sigma é
um conceito de risco amplamente
aceito e utilizado.
Os bancos de baixo risco e bem
administrados não deverão
ser afetados indevidamente
por uma recessão, taxas de
juros voláteis e outras fontes
de risco que levem a
perdas excessivas
Quanto maior for o Índice,
menor será a probabilidade de o
índice de capital de um banco cair
abaixo do limite selecionado. O
Índice pode ser convertido para
uma porcentagem ou probabilidade. Se os ganhos de um banco são
representados de uma forma simétrica em torno da média, pode-se
originar a probabilidade associada
de o capital descer abaixo do desejado pela seguinte equação:
Probabilidade = 0,5 [1/(Índice de
Risco) 2 ]
A análise estatística é compatível com a desigualdade de Tchebysheff para uma distribuição simétrica. Multiplicamos por 0,5 ou meio
pela preocupação com um desempenho muito fraco abaixo da média
contra um desempenho excelente,
acima da média. Observe que um
Índice mais alto leva a uma probabilidade menor de algo ruim ocorrer.
Por exemplo, um Índice de 10 sugere
uma chance de 0,50% [0,5(1/{10} 2 )]
de o capital cair abaixo do limite
Tabela 1 – Amostra de grandes bancos (2000 a 2007)
Banco
Wells Fargo
Média ROA
1,65%
Sigma ROA
0,29%
Capital
6,84%
Índice de Risco
11,84
Escala de Risco Implícita
Baixo
Solidez Financeira
A
13
JPMorgan
0,65%
0,32%
6,19%
5,72
Alto
B+
Bank America
1,30%
0,21%
5,91%
10,56
Baixo
A-
Citibank
1,21%
0,43%
6,65%
6,71
Moderado
B
tendência internacional
indicado. Um Índice de 3 indica uma
probabilidade de 5,56% [0,5(1/{3} 2 )]
de o capital cair abaixo do limite
indicado. Conseqüentemente, um
Índice de 10 ou mais sugere uma
baixa probabilidade para a aparência dos problemas esperados,
enquanto um valor de 3 ou menos
sugere que mais atenção analítica
seria justifi cada. Depois, o Índice é
calculado e avaliado para os maiores bancos dos EUA, comparado com
uma amostra de instituições que
faliram e outra amostra de bancos
resistentes que estão sendo adquiridos ou estão adquirindo instituições enfraquecidas.
Análise empírica
A Amostra de Grandes Bancos.
A Tabela 1 ilustra as características
de amostra do Wells Fargo Bank,
JPMorganChase Bank, Bank of America e Citibank.
• Capital de Nível 1 – O índice de
capital médio de Nível 1 da amostra
é 6,40% com pico de 6,84% (Wells
Fargo Bank) e ponto baixo de 5,91%
(Bank of America).
• Média ROA – A média de
retorno sobre ativos da amostra
de grandes bancos calculada durante um período de oito anos é de
1,20%. A maior média ROA é de
1,65% (Wells Fargo Bank) e a menor
média ROA é de 0,65% (JPMorganChase Bank).
• Sigma – O Sigma de amostra
média de ROA por um período de oito
anos é de 0,31%. O menor Sigma é
de 0,21% (Bank of America) e o maior
Sigma é de 0,43% (Citibank).
Inicialmente, não é obvio qual
dos grandes bancos dos EUA é “o
mais forte” e qual é “o mais fraco”.
O Wells Fargo começou o ano de
2008 com o maior índice de capital
de Nível 1 e a média mais alta de
retorno sobre ativos. Porém, o Bank
of America pareceu ter o melhor
controle sobre risco, registrando o
menor desvio-padrão de rendimentos. Por outro lado, o Bank of America teve o menor índice de capital
de Nível 1, o JPMorganChase Bank
teve a menor média de retorno
sobre ativos; e o Citibank obteve o
maior Sigma. É precisamente nesse
tipo de situação que o Índice oferece uma visão analítica.
• Índice de risco – O Índice médio
da amostra é um desvio-padrão de
8,71. Observe que o Índice calculado
se baseia em dados mais precisos do
que os dois decimais ilustrados na
Tabela. Em média, há uma probabilidade de 0,66% [0,5(1/{8,71} 2 )] de
os índices de capital bancário fi carem abaixo de 5% em um ano. O
baixo Índice (alto risco) tem desviopadrão de 5,72 ou uma probabilidade de 1,53% [0,5(1/{5,72} 2 )]
de o capital fi car abaixo de 5%
(JPMorganChase), e o Índice alto
(baixo risco) tem desvio-padrão de
11,84 ou probabilidade de 0,36%
[0,5(1/{11,84} 2 )] de ter capital de
Nível 1 abaixo de 5% em um ano
(Wells Fargo Bank).
• Solidez financeira – Calculando
a probabilidade de um banco descumprir suas obrigações contratuais e a perda resultante que um credor contrai a partir dessa mora, as
avaliações de crédito demonstram
o risco relativo. Em vez de ilustrar
as avaliações de crédito que variam
entre “Aaa” e “Caa” para países
e empresas, esta análise mostra as
análises de solidez financeira específicas para a indústria bancária. As
análises de solidez financeira avaliam a probabilidade de um banco
precisar de auxílio financeiro de
uma holding, de seus investidores
ou do governo. As classificações de
solidez financeira variam entre “A”,
que é muito forte, e “E”, que é
muito fraco. A partir de 2008, o
Wells Fargo tem classificação “A”,
o Bank of America conseguiu uma
classificação “A-”, o JPMorganChase
alcançou uma classificação “B+”, e
o Citibank registrou a classificação
“B”. A correlação entre as classificações de solidez financeira designadas pela Moody’s Investors Service e o Índice é consideravelmente
alta, em 88%.
Amostra de Bancos que Faliram.
A Tabela 2 ilustra as características
da amostra de quatro bancos entre
muitos que foram colocados em concordata pelas autoridades e, então,
liquidados pela Corporação Federal
de Seguro de Depósitos em 2008.
Os bancos são sensivelmente menores do que aqueles identificados na
Tabela 1. Mais uma vez, as análises financeiras se encerram em 31 de dezembro de 2007, o que é anterior ao
ano em que cada banco listado faliu.
• Capital de Nível 1 – O índice
médio de capital de Nível 1 das
amostras de falência é 6,14% em
comparação com 6,40% na amostra
dos grandes bancos. Embora os bancos que faliram posteriormente tivessem menor financiamento médio por
capital próprio, o banco com o maior
índice de capital de Nível 1 (Hume
Bank), entre os oito bancos ilustrados, faliu posteriormente.
• Média ROA – A média de
retorno sobre ativos da amostra de
bancos que faliram é negativa em
0,34% comparada com 1,20% para
Tabela 2 – Amostra de bancos falidos (2000 a 2007)
Banco
Hume
Integrity
Mainstreet
Meridian
Média ROA
0,60%
0,27%
-1,42%
-0,81%
Sigma ROA
0,84%
1,94%
1,84%
1,33%
Capital
7,63%
5,17%
6,21%
5,53%
3,82
0,23
- 0,11
-0,21
Muito alto
Muito alto
Muito alto
Muito alto
Índice de Risco
Escala de Risco Implícita
14
FINANCEIRO
a amostra de grandes bancos calculada sobre um período de oito anos.
Fica claro que rendimentos baixos
(ou, pior, negativos) são um sinal
de falência, e isso está de acordo
com o enfoque em rendimentos da
Moody’s Investors Service ao designar classifi cações de crédito.
• Sigma – O Sigma de amostra
média de ROA sobre o período de
oito anos para a amostra de bancos
que faliram é uma porcentagem
muito alta, 1,49%, em comparação
com 0,31% para o grupo de grandes
bancos. O Sigma substitui o risco, e
os bancos que faliram não administraram o risco muito bem.
• Índice de risco – O Índice médio
da amostra de bancos que faliram
é menos do que 1 em comparação
com 8,71 para a amostra de grandes
bancos. Três dos bancos que faliram tinham um Índice perto de 0.
O único banco com um Índice maior
do que 3 registrou o maior índice
de capital de qualquer banco descrito. Porém, quando o índice de
capital alto foi integrado com baixa
média de rendimentos e alto Sigma
de rendimentos, o Índice do Hume
Bank caiu abaixo do nível de perigo,
atingindo o índice 4.
• Solidez financeira – Pequenos
bancos raramente são classificados
pelas agências de classificação de
crédito reconhecidas nacionalmente. O Integrity Bank localizado
no Estado da Geórgia foi o maior
do grupo e tinha ativos de apenas
US$ 1,2 bilhão no fim de 2007. O
Main Street Bank localizado no Es-
tado de Michigan tinha ativos de
US$ 151 milhões, enquanto o Hume
Bank localizado no Estado de Missouri tinha ativos totais de US$ 19
milhões no ano anterior a sua falência. O minúsculo Meridian Bank
em Illinois tinha ativos de apenas
US$ 7 milhões. Nenhum dos bancos
que faliram foram classificados pela
Moody’s Investors Service. Observamos que essa análise se concentra nas falências bancárias. Duas
grandes instituições de poupança
ou de economias e empréstimos
(savings and loan) faliram durante
2008, o Indymac localizado na Califórnia e o WAMU, ou Washington
Mutual, localizado no Estado de
Washington. Essas grandes instituições de poupança que faliram
também exibiam índices de risco
muito baixos indicando instituições
de alto risco.
Amostra de Bancos Resistentes.
A Tabela 3 apresenta informações
financeiras comparáveis sobre uma
amostra de bancos que ainda resistem e que estavam nos noticiários.
O Wachovia Bank, recentemente,
foi incentivado a se fundir ao Citibank e, mais tarde, foi adquirido
pelo Wells Fargo, considerando os
crescentes prejuízos com empréstimos, contraídos a partir de uma
aquisição desastrosa de uma instituição de poupança de alto risco da
Califórnia e a conseqüente perda
de confiança no mercado, levando
a uma fuga de depósitos. O National City encontrou problemas semelhantes e foi adquirido pelo PNC
Tabela 3 – Amostra de bancos resistentes (2000 a 2007)
Banco
Média ROA
Sigma ROA
Capital
Índice de Risco
Escala de Risco Implícita
Solidez Financeira
ACREFI
Wachovia
1,00%
0,46%
6,71%
5,88
Alto
B
National City
1,19%
0,42%
6,17%
5,65
Alto
C+
Comerica
1,49%
0,27%
9,39%
21,97
Baixo
B-
15
PNC
1,25%
0,35%
6,84%
8,76
Moderado
B
Nenhum dos bancos que
faliram foram classificados
pela Moody’s Investors Service.
Duas grandes instituições de
poupança ou de economias e
empréstimos faliram
durante 2008
Bank. O Wachovia e o National City
tiveram índices de risco abaixo de
6. Em contrapartida, o PNC Bank
reteve um respeitável índice de risco
de quase 9, e o Comerica Bank, um
resultado muito alto, de quase 22.
O Comerica tem um Índice muito
alto, mas, ainda assim, recebeu uma
classifi cação de solidez financeira
de apenas “B-”. O Comerica tinha
ativos abaixo de US$ 60 bilhões
em 2008. Apesar de o banco ser
grande, não é “grande demais para
não falir”. Além disso, o banco não
atinge integralmente as economias
de escala e pode não reter uma carteira integralmente diversifi cada. A
Moody’s Investors Service favorece
bancos muito grandes.
A análise dos bancos dos EUA
sugere que o Índice oferece informações úteis para categorizar a probabilidade de uma instituição contrair problemas financeiros dentro
de um ano. A seguinte escala categoriza os riscos. Cada banco dos
EUA que faliu em 2008 teve um
Índice inferior a 4. Apenas três bancos – Wells Fargo, Bank of America
e Comerica – contam com um Índice
acima de 10 e destacam a contínua
condição de fragilidade entre instituições de depósitos naquele país
que deram início a atual crise fi nanceira global. Para reduzir o risco,
o Ministério da Fazenda dos EUA
investiu US$ 25 bilhões em ações
preferenciais dos quatro maiores
bancos, US$ 7,7 bilhões no PNC e
US$ 2,25 bilhões no Comerica. O
investimento em ações preferenciais
melhora o Índice de cada banco.
tendência internacional
A análise dos bancos dos
EUA sugere que o índice
oferece informações úteis para
categorizar a probabilidade de
uma instituição contrair
problemas financeiros
dentro de um ano
Resumo
Os analistas de crédito, com freqüência, avaliam o risco com a produção e interpretação dos principais
índices financeiros. As análises bancárias normalmente avaliam o capital, a qualidade dos ativos, a administração, os rendimentos, a liquidez e a
sensibilidade aos riscos do mercado.
Os índices são avaliados individualmente. O índice de risco apresentado
neste artigo reúne o índice de capital
de um banco com rendimentos históricos medidos pela média de retorno
sobre ativos, e o risco retratado pelo
desvio-padrão do retorno sobre ativos. A análise de uma amostra dos
bancos dos EUA durante o ano de
2007 identificou corretamente cada
banco que faliu em 2008. A análise
mostrou, ainda, que a maioria dos
bancos restantes nos EUA ainda continua vulnerável a uma recessão prolongada ou profunda.
Embora a análise se concentre
apenas nos bancos dos EUA, a estrutura pode ser aplicada a outras empresas em outros países. Um analista
deve determinar o piso de capital adequado para comparar as operações
e condições financeiras. Por exem-
plo, os Federal Homes Loan Banks,
entre as poucas empresas norte-americanas patrocinadas pelo governo
que ainda são lucrativas e solventes,
devem ter um índice de capital, no
mínimo, equivalente a 4% dos seus
ativos, que é o piso apropriado. Em
contrapartida, percebe-se que empresas industriais, como a ExxonMobil, encontram problemas de crédito
quando a relação entre patrimônio
líquido e ativos cai abaixo de 20%,
que é o seu piso aplicável.
Pesquisadores avaliaram o risco
bancário sistêmico no Brasil.
“Ao omitir o risco-país, nossa análise
indica que nenhum dos 28 bancos estudados enfrenta um risco de inadimplência significativo durante o próximo ano. Esse baixo
risco de inadimplência é baseado principalmente na grande quantidade de títulos da
dívida pública retidos pelos bancos brasileiros, mas também reflete a capitalização
adequada dos bancos e os spreads de juros
extremamente altos. Ao incluir o risco-país
e as perdas no valor de mercado dos títulos da dívida pública chegarem a 10% (ou
mais), diversos bancos enfrentarão possíveis problemas de solvência.”
Se a crise global atual levar a níveis
menores de capitalização, rendimentos
mais baixos e/ou maior volatilidade de
rendimentos entre bancos brasileiros,
o risco de exposição aumenta. Os analistas de crédito devem ser mais cautelosos sobre os riscos bancários quando
o índice de risco registrar uma queda
progressiva. Considerando a importância do risco-país para o setor bancário brasileiro, o Índice seria menor
se as margens de crédito sobre títulos
da dívida pública aumentassem e/ou
a classificação do país fosse cair.
Bibliografia
1. Hannan, Timothy H. e Gerald A. Hanwek. “Bank
Insolvency Risk and the Market for Large Certificates of Deposit”. In: Journal of Money, Credit and
Banking. (Maio, 1988).
2. Federal Deposit Insurance Corporation. “Volume
1: An Examination of the Banking Crises of the
1980s and 1990s”. In: History of the Eighties and
Lessons for the Future. (Dezembro, 1997).
3. Moody’s Investors Service. “Ratios and US Bank
Ratings”. In: Rating Methodology. (Dezembro, 2002).
4. Moody’s Investors Service. “Probability of Default
Ratings”. In: Rating Definitions. (Outubro, 2006).
Escala de perfil de risco
Índice de risco
Negativo a 3,99
4,0 a 5,99
6,0 a 10
> 10
Probabilidade
de baixo nível
de capital
100% a 3,1%
3,1% a 1,4%
1,4% a 1,0%
< 1%
Perfil de risco
Muito alto
Alto
Moderado
Baixo
16
5. Handorf, William C. e Morgane Suriray. “Business
Plans, Portfolio Management and Basel II”. In: Bank
Accounting and Finance. (Junho-Julho, 2006).
6. Barnhill, Theordore M. e Marcos Rietti Souto.
“Systemic Bank Risk in Brazil: An Assessment of
Correlated Market, Credit, Sovereign and Interbank Risk in an Environment with Stochastic Volatilities and Correlations”. In: Journal of Banking and
Finance (Forthcoming).
FINANCEIRO
projeções
Retrospectiva sem
perspectivas
Arquivo ACREFI
27/10/2008
Escrever sobre perspectivas da economia em meio à turbulência que
afeta o cenário financeiro internacional, cujos reflexos já se fazem sentir no
Brasil, é tarefa praticamente impossível, porque os desdobramentos dessa
situação, tanto lá fora como aqui,
ainda são imprevisíveis.
Talvez, para que se possa ter alguma
idéia do possível cenário brasileiro para
2009, seja útil analisar o que se passou
com as principais variáveis que determinam o comportamento do crédito
e do varejo até setembro, com o que
se poderão avaliar quais desses fatores
determinantes podem sofrer alteração
de comportamento, como resultado da
internalização da crise mundial.
O varejo brasileiro apresentou desempenho bastante expressivo desde
2006 até setembro último, com as vendas crescendo acima de 10%, e até mais
no caso de veículos, beneficiado por
uma combinação de fatores favoráveis,
a saber: crédito abundante, taxas de
juros em queda (até abril), prazos longos de financiamento, do lado financeiro; melhora do emprego e da renda,
do lado real, somados à redução de preços de muitos bens, em função de uma
taxa de câmbio valorizada, que beneficiava a importação de produtos e componentes. Tudo isso resultou em valores de prestação dos bens de maior
valor acessíveis a uma vasta camada de
consumidores, que anteriormente não
tinham acesso a tais produtos, promovendo também a ascensão de outros que
já se beneficiavam do crédito, a patamares superiores de consumo. Assim,
ACREFI
MARCEL DOMINGOS SOLIMEO, ECONOMISTA-CHEFE E SUPERINTENDENTE DA
ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO
enquanto computadores passaram a ser
acessíveis a novos grupos, outros migraram para bens mais sofisticados ou mais
caros, como o automóvel.
Esse conjunto de fatores permitiu a
incorporação de um amplo contingente de novos consumidores ao mercado
por meio do crédito, como se pode
constatar pelo fato de 28 milhões de
novos CPFs serem consultados junto
ao Serviço Central de Proteção ao
Crédito (SCPC), da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entre 2006
e setembro de 2008, dos quais 45%
com idade entre 18 e 40 anos, faixa
mais beneficiada pelo aumento de
emprego e da renda. Curiosamente,
10% dos novos consultados tinham
mais de 70 anos, o que pode ser explicado pela melhora da aposentadoria
e dos benefícios sociais, em virtude de
crescimento do salário mínimo acima
das demais faixas salariais.
No momento em que este artigo
é escrito (fim de outubro), verifica-se
forte redução no número de consultas
ao SCPC, queda acentuada das vendas
de veículos, travamento do crédito tanto
para empresas como para consumidores. Como a divulgação dos dados de
emprego e renda está defasada, mostrando crescimento de ambas as séries
até setembro, não se sabe a situação
atual, embora tudo indique que ainda
devam estar registrando crescimento,
talvez mais lento, em função da inércia
da economia e da época do ano.
Considerando-se a evolução das
principais variáveis que determinam o
movimento do varejo, podemos ten-
17
tar especular sobre o seu comportamento para o ano de 2009. Tudo indica
que a expansão do crédito deverá ser
menor, não apenas em decorrência da
crise externa, que afeta a captação,
como das altas da Selic, do que devem
resultar juros mais altos e prazos mais
curtos de financiamento.
Provavelmente, o desemprego não
aumentará no curto prazo, mas a taxa
de crescimento do emprego deverá se
desacelerar, ou até se estabilizar no nível
atual, enquanto a renda deverá crescer
menos do que nos últimos anos, mas
com uma vantagem para as camadas de
menor salário em função do aumento do
salário mínimo, que deverá ser próximo
de 12% pela regra em vigor.
O câmbio, que ajudou a reduzir
preços de bens e componentes, deverá
atuar em sentido contrário, embora,
provavelmente, não se mantenha no
patamar atual, mas também não recue
ao patamar anterior.
Se a evolução dessas variáveis ocorrer como o aqui descrito, parece claro
que se pode esperar um cenário de
menor crescimento da economia e
das vendas do varejo para 2009, com
os bens de maior valor sendo mais
afetados. Estimar qual a taxa de crescimento para o próximo ano, no entanto, é inviável porque, mesmo que
se possa imaginar a direção em que
elas devem caminhar, é difícil prever a
intensidade e a duração da crise e de
seus desdobramentos internos. Nesse
caso, cabe lembrar a célebre frase do
ex-jogador Ananias: “Prognóstico, só
depois do jogo.”
cenário econômico
2008: Crise Histórica –
anotações, percepções, reflexões
e interpretações iniciais
Ótica principalmente internacional
Renato Fogal
16/10/2008
A responsabilidade deste
levantamento e análise recai
exclusivamente sobre o autor.
A crise mundial, liderada desta
vez pelos Estados Unidos, instalada com o estouro para valer das
garantias das cédulas hipotecárias,
ou o mercado subprime, sucedeu e
sucede com força crescente a partir
de 11 de setembro de 2008.
Essa crise será resolvida? Sim,
contudo pela sua dimensão e por
acontecer no seio da mais importante e prestigiosa economia do
mundo, irradiando-se de lá para
o globo, o encontro de soluções
demorará para valer bem de dois a
três anos.
Como no presente momento, a
7 de outubro de 2008, ninguém
conhece literalmente a dimensão
da crise e ela apresenta, a todo dia
que passa, novidades estarrecedoras, demorará bem de 40 a 60 dias,
pelo menos, para que se diagnostique e dimensione o tamanho das
reformas e ajudas que deverão ser
empreendidas nos EUA e por mutirões e ações conjuntas de todos
os bancos centrais do mundo, de
todas as agências supranacionais
e, de preferência, da maior parte
dos governos ocidentais e orientais, para implantar mudanças e
reformas corajosas.
Levantamentos realizados junto
a 14 especialistas em finanças inter-
ISTVAN KASZNAR, PH.D., ECONOMISTA-CHEFE DA ACREFI
Cabe a um Banco Central
intervir sim, positiva e
vigorosamente e com a
meta de assegurar o
patrimônio da nação e
dos cidadãos
nacionais me mostraram o quão
pouco sabemos da real dimensão
da faxina financeira a fazer. À pergunta: quanto existe em cédulas
de hipotecas subprime a limpar no
mundo?, recebi respostas que comprovam a volatilidade que ocorre
nas bolsas, nas commodities e na
mobilidade da formação de expectativas dos agentes econômicos: de
um mínimo de US$ 2,4 trilhões a
um máximo de US$ 14,2 trilhões
foram as respostas.
Por essa razão, se amanhecemos
com pedidos do secretário Paulson,
do vigoroso Tesouro Americano, de
US$ 700 bilhões num dia e, no dia
seguinte, os deputados aumentam
a conta para US$ 850 bilhões, num
diferencial de US$ 150 bilhões, que
em si já são uma soma colossal
de recursos, ou 20% a mais sobre
18
a base, temos uma demonstração
de volatilidade e dispersão elevada,
que evidenciam riscos crescentes no
sistema econômico.
Deixar quebrar o Lehman Brothers foi um grave erro estratégico
econômico. Ficou patente no curto
prazo que, se um líder de mercado
pode desaparecer e falir sem ajuda
da autoridade monetária, outras
entidades bancárias podem seguir
eventualmente o mesmo caminho.
E isso amedronta, horroriza e inibe
a todos os agentes econômicos.
Ex post facto, os depositantes do
Lehman vêem a garantia às contas
subir de US$ 150 mil para US$ 250
mil. Mas o mal, a ferida ensangüentada aberta, já está feito.
Cabe a um Banco Central intervir sim, positiva e vigorosamente e
com a meta de assegurar o patrimônio da nação, dos cidadãos e do
maior ativo do momento, que é a
confiança, a credibilidade nos fundamentos e bases de funcionamento do livre mercado, de suas autoridades monetárias e na regulamentação em funcionamento.
Por melhor, mais brilhante e mais
bem preparado que seja Ben Shalom Bernanke, presidente do Fed,
professor renomado e especialista
em estudos de grandes pânicos
e depressões, como o crack da
Bolsa de 1929 em Nova York,
espera-se que suas medidas, em
comum acordo com as operosas
FINANCEIRO
nações e bancos centrais europeus
e asiáticos, apresentem crescente
bom senso, segurança, prudência e
toque calculado de criatividade e
audácia. Não é tempo para ousadias
e liberações sem lastro, é tempo
para oferta de liquidez e vigor
monetário com conhecimento profundo, controlado e auditado com
a formação de times de emergência
e de elite, nas hostes de quem quer
que seja e se habilite a ajudar.
E também é tempo de economistas especialistas em ciclos de
negócios e retomadas. Especialistas em depressão olham como foi
que a economia desceu, foi puxada
para baixo. Especialistas em ciclos
conhecem todas as fases pelas quais
pode passar a economia e provavelmente possuem o que dizer sobre
como gerar saudáveis retomadas.
Nesta hora, a transparência e a
sinceridade são vitais. Ficar escondido e não falar, dissimular e não
confessar problemas é acentuá-los
e criar custos de ajuste superiores,
crescentes e exponenciais no futuro.
Quem tiver o que sugerir, para
acertar, será bem-vindo. Quem apenas criticar manterá ancorado o
mundo no passado, sem gerar as
transformações que o mundo globalizado requer.
A seguir, de forma bem objetiva, apresentam-se as principais
características dessa crise; formas
de ver sua evolução; as soluções
apontadas e o que poderá suceder,
dinamicamente.
Tenho fé que a situação vai
melhorar, pois a humanidade mostra grande e contínua capacidade
em suplantar a si mesma. Nosso
progresso é perceptível e essa crise,
assim como hoje dói e machuca,
muda o mundo e agoniza negócios, um dia fará parte da história,
à luz das superiores suplantações
que o homem sabe criar a favor de
si e dos seus.
Enfatizo que a ótica é internacional. A crise é vista com o que
sucede lá fora, em particular nos
EUA, uma economia importantíssiACREFI
Tenho fé que a situação
vai melhorar, pois a
humanidade mostra
grande e contínua
capacidade em suplantar
a si mesma
ma e referencial, exemplo consolidado de sucesso capitalista dos últimos 128 anos (desde 1880, quando
assume a liderança do PIB mundial).
No Brasil, os bancos e as financeiras são muito sérios e bem cuidadosos. O risco aparente de contaminação assevera-se pequeno.
Podem suceder problemas localizados e desafios cambiais, como
no mercado de Adiantamento sobre
Contrato de Câmbio (ACC). É da
natureza do mundo acontecer uma
ou outra fricção, menor, cá e lá.
A política monetária permanece ortodoxa e foi bem precauciosa nos seis meses que antecederam o estouro da bolha hipotecária. A disciplina fiscal está acertada e, neste momento, deveria
aumentar, sobretudo com o encolhimento de despesas correntes,
em 10% a 14% das contas, ao
A política monetária
permanece ortodoxa e foi
bem precauciosa nos
seis meses que
antecederam o estouro
da bolha hipotecária
19
longo de 12 meses, por uma questão de formação e direcionamento a um superávit fiscal efetivo.
Contudo, vale ressaltar, a ação
do Banco Central do Brasil é de
muito bom senso, vigorosa e bem
transparente. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) atua proativamente,
colocando à disposição mais e novas
linhas de crédito ao mercado brasileiro, o que é sumamente saudável e correto. Os bancos federais
atuam em consonância e possuem
grande capilaridade para atender
as clientelas pessoa jurídica e física
(CEF, BB, BASA, BNB). São atuantes
como um sistema bem integrado.
Mais do que crescimento positivo do PIB, neste momento o que
conta é o seguinte:
a) As reservas internacionais
superam US$ 206 bilhões, o que
nos dá capacidade de pagamento;
b) Os bancos e as financeiras
possuem um grau de alavancagem
sobre seus patrimônios líquidos
ajustados de 8,2 em julho de 2008
ou utilizam tão-somente dois terços de suas faculdades de empréstimo e geração de crédito. Essa é
uma demonstração de seriedade.
Seleção cuidadosa de carteira e
liberação a conta-gotas de crédito.
Isto é, embora o crédito tenha se
expandido positivamente em quatro anos, para 37% do PIB, em junho
de 2008, os intermediários financeiros não liberaram dinheiro a rodo,
foram bastante seletivos e contidos. Haveria espaço para emprestar mais, e esse espaço sequer foi
utilizado na plenitude; e
c) O grau de provisionamento
de recursos dos bancos e das financeiras é o dobro do que ocorre
normalmente noutros países do
mundo (vide Estudo Especial Acrefi
– Inadimplência, 2008; Kasznar).
Logo, mesmo com o aumento do
grau de inadimplência, existe cobertura técnica, presumidamente,
para fazer frente a eventuais problemas de falência empresarial e
da pessoa física.
cenário econômico
Existem referências para os levantamentos que seguem. Sugere-se a
leitura da bibliografia, para conhecer as fontes que também ajudaram
neste levantamento e estudo.
A seguir, de forma bem objetiva, apresentam-se as principais
características dessa crise; formas
de ver sua evolução; as soluções
apontadas e o que poderá suceder, dinamicamente.
Antecedentes – quando ocorre
a crise:
A formação da crise internacional do subprime nos EUA e sua
propagação:
• Empréstimos e financiamentos
em abundância;
• Relaxamento dos métodos de
avaliação e concessão de créditos;
• Linguagem friendly credit,
que faz vista grossa a análises de
crédito e dá perdão a quem tem
dificuldades;
• Agências de crédito elogiam
a economia do próprio país e não
analisam os efeitos de mudanças
súbitas nem de riscos cumulativos;
• Os consumidores tomam crédito vorazmente;
• Consumidores não tradicionais
no mercado de crédito e sem histórico positivo tomam mais crédito;
• A economia se expande; o
emprego diminui; os índices de
endividamento se elevam. Todos
vêem os dois primeiros elementos,
e o governo e os bancos se esquecem de alertar para o terceiro;
• O boom gera simpatias aos
desenvolvimentistas e credores
generosos, e ataque e massacre
aos “alertadores” (acusados de
alarmistas e marginalizados pela
banca) e criteriosos;
• Os bancos vendem, embrulhados em papel de luxo, títulos
hipotecários podres, a taxas de
juros altas;
• Os bancos, os fundos e as corretoras compram os títulos, pelos
rendimentos altos prometidos, e
revendem a bons lucros aparentes
aos fundos de aposentadorias e
A ação do Banco Central
do Brasil é de muito
bom senso, vigorosa e
bem transparente
pensões, aos investidores e ao mercado em geral, globalmente;
• O azar moral anda à solta, mas
o reino do faz-de-conta se instala;
• Entidades e instituições governamentais fazem “vista grossa” à
farra do crédito;
• Bancos e financeiras, movidos
a lucros e resultados de curto prazo,
continuam oferecendo crédito;
• Permanece por um tempo a
fé de que sempre haverá emprestador e pagador;
• Após certo tempo, a inadimplência aumenta. Os bancos
aumentam suas provisões, reduzem
sua alavancagem, trocam mais avidamente títulos de todo tipo;
• A qualidade dos tomadores
chega a um limite. Não se concede crédito e a renovação fica
escassa. Os maus devedores quebram primeiro;
• Os títulos hipotecários são
cobrados, mas não pagos. As carteiras dos bancos, fundos e investidores passam a valer menos, pelos
deságios, e o mercado entra em
crise de credibilidade;
• A falta de confiança aumenta,
dispara, e o país e o mundo descobrem o mercado de alto risco e de
inadimplências em que se meteram;
• Bancos alardeiam sua estabilidade, liquidez, segurança. Não
adianta: muitos quebram, são comprados por outros ou recebem
ajuda do governo;
• O governo, passivo, assiste à
20
débâcle, até que decide intervir,
ajudando uns poucos com a verba
pública que é de todos;
• Pelo tamanho da crise e sua
disseminação pelo mundo, não é
bastante a ação do Fed e da SeFaz
dos EUA: o mundo é confrontado
com uma crise colossal e completa
falta de transparência.
A alquimia da crise:
• Para aumentar a oferta de
crédito nos EUA, deu-se crédito
a 47 milhões de americanos que
tinham “má reputação ou mau
histórico ou nenhuma experiência
com crédito, no mercado”, por 15,
20 e até 40 anos;
• Na nova engenharia financeira, a meta era expandir o PIB
e a economia, com a concessão
do crédito aos excluídos, no pressuposto de que “a longo prazo,
todos pagam”;
• O preço das casas diluído
em prestações mínimas dava uma
chance de pagar. O crédito fácil
acelerava as vendas residenciais e
lançava o preço médio dos imóveis
para cima. As famílias se sentiam
ricas, com mais poder aquisitivo, e
consumiam mais;
• Mais “ricas”, as famílias davam
seus apartamentos e casas de
entrada para apartamentos e casas
cada vez mais caras, e isso pôs em
aceleração o mercado imobiliário;
• Por efeito multiplicador, os
setores da construção civil, de
materiais de construção, de engenharia, de loteamentos, de infraestrutura residencial e afins se
aqueceram. E o mercado de crédito a todos apoiou;
• Os bancos e as financeiras
revendiam os créditos hipotecários
na forma de títulos hipotecários.
Juntavam outros papéis para dar
um gosto de mix de qualidade;
• Formou-se um poderoso
mercado de “veículos de créditos estruturados”.
Numa economia e sociedade globalizadas, da informação:
FINANCEIRO
• Espera-se que, para produtos
e serviços globalizados, exista uma
transação com acompanhamento
e controle globalizado, assunto
supranacional e do BIS, FMI, WB e
uma World – SEC (inexistente) que
precisa existir;
• O que um agente financeiro
inventa, transmite com marketing
agressivo e vende com sucesso,
outros imitam na hora. Cria-se um
efeito bola de neve, que gera cifras
bilionárias de negócios (bons e ruins)
em tempo curto;
• Operam blocos econômicos,
bancos centrais e transnacionais.
Os grupos de poder esperam que,
pelo seu gigantismo, os problemas
se dissipem ou sejam solucionados
com o apoio do Estado;
• À medida que o governo americano careceu de liderança e competência, ele relaxou, foi relapso
e não resolveu os seus problemas
internos. Bancos centrais da Europa
e da Ásia não poderiam intervir, a
menos que o problema das hipotecas se tornasse público;
• Então, esperava-se melhor e
maior controle das finanças globais,
o que não ocorreu. Existem inúmeras medidas de regulação e de controles internacionais que se ausentam e não estão implantados.
O que é a megacrise
A crise atual sobrepassa as crises recentes do Japão e da Rússia,
entre outras, porque acontece no
epicentro da maior economia do
mundo, a norte-americana.
A megacrise é fruto de um conjunto de desacertos que foram se
somando e se combinando ao longo
de várias administrações e presidências. Inexiste um pai ou um responsável exclusivo para ela.
A fonte que mina os problemas
se constitui de créditos liberados
abusivamente a tomadores incapazes de pagar, no mercado hipotecário; das incursões e invasões ao
Afeganistão e ao Iraque, onde as
guerras absorvem e geram despesas mensais de US$ 12 bilhões;
ACREFI
A fonte que mina os
problemas se constitui
de créditos liberados
abusivamente a
tomadores incapazes
de pagar
dos gastos públicos para mobilizar
e facilitar a vida de 46 milhões
de norte-americanos que possuem
dificuldades financeiras ou mostram orçamentos insuficientes e
combalidos, mormente.
A combinação desses elementos
requer uma arrecadação de impostos crescente, que pressiona pelo
aumento da carga fi scal, algo que o
cidadão americano com boa razão
condena e quer ver mais bem controlado pelo Estado.
As recentes confissões e admissões da própria Casa Branca, de
que não havia instalações atômicas no Iraque, conforme aventaram os serviços de inteligência,
criou uma triste e desconfortável
situação para a Presidência dos
EUA. Em que pesem os desejáveis
esforços positivos desta para esclarecer a situação, a população ouviu
reiteradas vezes que não havia
fundamentos efetivos e reais para
supor que houvesse bombas atômicas no Iraque. Isso minou profundamente a confiança nos norteamericanos em sua secular e tradicional Presidência, no caso particular do atual titular da Casa
Branca, George W. Bush.
No mercado de crédito, a devolução de milhões de casas vazias
e as exigências repentinas para a
renovação de créditos amedrontaram a população e inibiram o grau
de confiança nas instituições.
A permanência da guerra e o
21
adiamento das datas de saída defi nitiva do Iraque e do Afeganistão,
debatidos, mas não definidos, criaram a certeza da manutenção de
uma alta carga fi scal.
Com o sentido oposto ao desejado pela grande maioria da população, aos três acontecimentos
supra-enumerados, a desconfiança
se espraiou. E quando a desconfiança aumenta, o risco-país também sobe.
Quando os bancos de outros
países soberanos exigiram o pagamento dos papéis “estruturados
hipotecários”, em ritmo crescente a
partir de março de 2008, os bancos
norte-americanos se viram em apuros e lentamente passaram a admitir difi culdades de capacidade de
pagamento dos ditos papéis. A iliquidez das cédulas subprime acelerou e deslanchou de vez a crise.
Então, a megacrise é:
• Uma comprovação de que o
sistema financeiro nacional (americano) e internacional funciona e
fugiu do controle dos bancos centrais e das autoridades que deveriam controlar o mercado e as operações com quaisquer títulos;
• A prova do desleixo e da indulgência com a qual os bancos, as corretoras e as financeiras eram tratados nos EUA para favorecer com
olhos vendados o consumidor;
• A demonstração da falta de
transparência nas operações;
• Uma crise geral de confiança nos
bancos, nas autoridades instituídas e
no sistema de crédito dos EUA;
• O anúncio de grandes transformações regulatórias, que virão
nos próximos anos, por pacotaços;
• A necessidade de arranjos e
reordenações globais, nacionais e
empresariais – ninguém sai incólume – basta fazer aplicações e
tomar créditos no mercado;
• O aparecimento de grandes
oportunidades: compra e venda de
bancos; transação de carteiras de
créditos; compra de bancos e fi nanceiras PME; momento de grandes fusões e aquisições; compra de
cenário econômico
massas falidas e seus bens na bacia
das almas; com queda das ações em
bolsas, compras futuras (quando?)
a preços atraentes; com queda do
valor dos imóveis, algumas compras serão “a real bargain”;
• A comprovação que o keynesianismo está vivo e é necessário:
políticas intervencionistas de Estado salvam o capitalismo em grandes crises.
O que implica a megacrise
A megacrise possui inúmeras
implicações, pela sua dimensão,
complexidade, capilaridade e capacidade de penetração na tessitura socioeconômica empresarial
e jurídica, entre elas, merecem
destaque:
• A demonstração das qualidades e capacidades do governo
George W. Bush;
• A demonstração das qualidades de Dick Cheney, o VP dos EUA,
e seu staff ;
• A demonstração das qualidades do secretário das Finanças,
Paulson, e do atual presidente do
Fed, Ben Shalom Bernanke;
• A cessão de poder a quem
gerou a megacrise. Seria isso inteligente e desejável?
• Na revisão do valor das políticas do ex-presidente do Fed, Alan
Greenspan: a crise não é de agora,
muita gente a fez germinar e crescer, há tempos;
• O crédito seca; fi ca superescasso e seletivo;
• O crédito internacional some:
ninguém acredita em ninguém;
• A legislação é insufi ciente e os
legisladores são moles;
• Faz-se apelo à ajuda do Estado para salvar os bancos. Neste
caso atual, antes de eles quebrarem, para quem administrou muito
mal e freqüentemente de modo
irresponsável, inconseqüente, liberam-se bilhões;
• Na revisão dos mercados e
produtos financeiros, urgentemente,
como e em especial cédulas hipotecárias, operações de hedge e
Os novos vencedores
comprarão muito com
pouco. Os grandes
perdedores perderão
muito com mínima
receita em caixa
IPOs, entre outros;
• No empobrecimento do poupador e investidor honesto; e
• Na punição dos que tiveram
suas casas e residências retiradas à
força da lei, 6,4 milhões de pessoas
nos EUA em três anos.
Certamente, as autoridades
instituídas fazem seus esforços
para encontrar soluções e sair da
crise. A questão integrada que
se coloca, contudo, à luz dessas
boas vontades é:
1) O teor e a composição dos
planos de ação são de qualidade
e suficientes?
2) Existe um líder-mor que sabe
integrar interesses e consegue fazer
funcionar em harmonia as medidas, em tempo hábil?
3) Em fins de governo, o candidato Obama, democrata e sério,
possui condições e interesse em
abrir a sua tecnologia, o seu saber
e de seus partidários, para salvar
os republicanos?
4) Como crise é oportunidade,
enquanto os EUA vendem seus
títulos podres, os árabes e os russos compram com petrodólares,
turbinados pela recente alta do
petróleo, numerosas e gigantescas empresas onde antes imperava o capital norte-americano e
europeu. Ou seja, à surdina, novos
proprietários arrematam partes do
mundo, com a economia americana necessitando voltar-se para
dentro. Não seria essa a demons-
22
tração de forças hegemônicas em
perda dos EUA, que sairão menos
poderosos da crise?
Benefi ciários da crise
Quando ocorre uma crise, há tanto
ganhadores quanto perdedores.
Isso não signifi ca que se trate de
um jogo de soma zero ou que contabilmente se tenha um método
perfeito de partidas dobradas.
Os novos vencedores comprarão muito com pouco. Os grandes
perdedores perderão muito com
mínima receita em caixa.
E contabilmente, os deságios
dos papéis, das propriedades imobiliárias e afins, serão especialmente elevados.
Algumas fi guras benefi ciadas
com a crise serão as seguintes:
• O s ricaços e “gatos gordos” de Wall Street , com inside
information ;
• Os yuppies, que entraram na
hora certa e saíram antes da crise;
• Os que se endividaram no
início e até meados do booming
das cédulas hipotecárias, entre
1987/1999 e saíram do mercado de
crédito, pagando antecipadamente
imóveis, após 10, 15 ou mais anos
de crédito amigável;
• Os bancos salvos com o dinheiro público;
• Os grandes bancos líderes,
como BofA;
• Os grandes investidores ousados, que têm fórmulas simples e
seguras de investir, comprovadas
no tempo, como Warren Buffet;
• Os donos de petrodólares, que
comprarão bancos e entidades fi nanceiras a preços baixos;
• Árabes, chineses e russos;
• Os Estados soberanos e suas
estruturas tecnocráticas. Nisso, os
funcionários públicos, que verão
a intervenção pública e estatal
crescer;
• Os judiciários e os advogados, que possuem e terão muitos
milhões de casos de inadimplências a resolver;
• Aqueles que advogam o fim
FINANCEIRO
do liberalismo e do capitalismo tal
como ele é, e acreditam na intervenção do Estado.
Perdedores
Os perdedores serão aqueles que
sairão mais pobres, menos poderosos e menos prestigiados com
os acontecimentos recentes e que
estão por vir. Entre eles, vale citar:
• Os contribuintes de impostos,
sobre os quais recai a carga fi scal;
• Os cidadãos em geral, que
vêem seus representantes aumentarem o pacote financeiro de ajuda
de US$ 700 bilhões a US$ 850
bilhões, sem maiores direitos de
apelo, numa rapidez inédita e com
liberdade imensa, a favor do secretário do Tesouro. Tal como diz o
ditado “apressado come cru”, não
houve amadurecimento de posições, nem os assuntos desse grau
de complexidade foram entabulados nos foros adequados, de
forma a se dar um quadro claro
do que e do quanto se precisou. A
nebulosa está criada e a crise de
confiança, instalada;
• Os investidores de bolsas de
valores, que descobrem perdas
colossais no seu dia-a-dia, com a
queda do valor das empresas e
a descoberta dos mecanismos de
literais apostas especulativas dos
tesoureiros em opções e futuros;
• Os que tiveram suas casas retiradas e suas dívidas superam o valor
de venda dos imóveis – estima-se
em 21,8 milhões de operações;
• Os investidores em cédulas
hipotecárias – quem? Quanto?
Onde? – isso está se revelando
pouco a pouco;
• Os investidores em “carteiras
bombadas a crédito hipotecário”;
• Os poupadores em geral, em
face dos maus devedores, sejam
honestos, sejam desonestos;
• Os países do mundo, em geral;
• Os países que dependem de
maciças exportações aos EUA e à
Europa, sobretudo;
• Os que não enxergam o
mundo com realismo e vivem num
ACREFI
A inércia das massas e
a passividade diante dos
acontecimentos
aprofundam as perdas
paraíso – no estilo, o Brasil é uma
ilha de tranqüilidade.
É de se esperar que, no futuro
breve, os perdedores se articulem,
para evitar mais perdas e forçar os
legisladores a utilizarem um novo
arcabouço regulatório local, nacional e mundial.
A inércia das massas e a passividade diante dos acontecimentos aprofundam as perdas. É relevante que as autoridades mundiais se reúnam mais amiúde e
o quanto antes, antes que as perdas se aprofundem e maculem os
esforços de estabilização e desenvolvimento de outros países.
O Brasil vem fazendo grandes
progressos desde 1993, nos campos social, econômico, financeiro e
jurídico. É relevante que acione os
mecanismos prudenciais, internos
e externos, para cooperar a favor
da estabilidade mundial.
Medidas tomadas
As medidas a serem tomadas
estão se iniciando e, no momento,
são insufi cientes e fracas. O mercado sente essa insuficiência, a
incoerência e reage em pânico, com
medo, e os índices da Bolsa no
mundo refletem a desconfiança, o
medo e que a crise não apresenta
uma macro-solução coerente.
• Não é no fim de um governo
fraco, mal-sucedido, gastador e crivado de erros no Iraque e no Afeganistão, que se resolverá o assunto;
23
• Os republicanos estão num
clima de “salve-se quem puder”;
• Os democratas já fizeram
muito antes das eleições para a Presidência, ao aceitarem e votarem
no Congresso na segunda-feira o
Pacote de Emergência dos EUA;
• Os democratas não têm motivos para resolver o assunto antes
das eleições presidenciais, se tiverem um plano de verdade, vão
usá-lo após as eleições, se Obama
for eleito. Agora, adotar medidas
seria “botar azeitona na empada
dos outros”.
O que se tem é:
1) Uma Lei da Estabilização
Econômica de Emergência, aprovada por 263 votos contra 171, em
ambiente aterrorizante – “vamos
entrar em pânico e todos vamos
quebrar”, conforme o presidente
George W. Bush;
2) Um início de Reforma do Sistema Financeiro;
3) Um secretário do Tesouro
com poderes imensos, desmesurados, em fim de governo, anunciando o apocalipse e US$ 850 bilhões na mão de uma equipe escolhida por ele (definido como
“o maior crime corporativo do
século” por Michael Moore, cineasta, o maior desafeto público de
George Bush filho e pai, e dos
republicanos);
4) Mais pacotes por vir, o que
é inevitável;
5) Crescente e maior intervenção do governo, com estatizações:
como sucedeu com Ginnie Mae,
Fannie Mae e afins;
6) O sintoma do efeito dominó:
a Califórnia pede socorro de US$
7 bilhões;
7) Os EUA perdendo empregos
em massa: 159.007 vagas em
setembro, pior retração em cinco
anos, e o aumento do pedido de
auxílio-desemprego;
8) A demissão e o corte de pessoal bancário: 132.727 dispensados
nos bancos mundiais desde julho
de 2007 (Bloomberg News);
cenário econômico
9) Os bancos pequenos e médios
(uns 8.700) à deriva, com possibilidade ou de ajuda dos Bacens ou
de compra de carteiras pelos bancos maiores;
10) A estimativa de 6.545.700
hipotecas que não serão pagas este
ano nos EUA;
11) O fortalecimento, entre
setembro de 2008 e janeiro de
2009, do caos das hipotecas;
12) A chance remota de o presidente Bush abdicar antecipadamente do poder, para que seu sucessor antecipe a faxina obrigatória (tal
como na Argentina, onde Menem
assumiu antes do previsto).
O que não existe não se tem:
1) Medidas para recompor a
capacidade de endividamento das
famílias;
2) Medidas para punir exemplarmente os membros do Executivo, que afundaram os EUA numa
crise desse tamanho;
3) Medidas duras que punam
executivos de mercado incompetentes e de má fé, sem afetarem
a estabilidade de suas famílias (ou
vão todos juntos?);
4) A volta confiável do crédito
ao consumidor nos EUA;
5) Uma fiscalização e um controle efetivo do Programa de
Ajuda Emergencial. Os US$ 850
bilhões são dinheiro demais nas
mãos do secretário Paulson. Como
o país deu um cheque de US$ 850
bi, com controle em branco, no
fim de governo?
6) Consenso entre autoridades
monetárias mundiais. A Irlanda
garante os bancos e furou a falta
de apoio, como na Grã-Bretanha e
Espanha. O influxo de capitais na
Irlanda aumentou e a Grã-Bretanha teve de auxiliar seus bancos (4
de outubro em diante).
A situação mundial exige respostas à altura da dimensão da
megacrise e dos acontecimentos,
do conjunto de responsáveis pelos
mercados, sejam eles públicos,
sejam eles privados.
Há grandes e boas razões
para aprofundar a
prudência, a cautela e a
vigilância responsáveis
Medidas propostas para resolver
de fato a crise:
1) Uma Legislação Preventiva
de Crises;
2) Uma Legislação de Socorro
de Emergências;
3) A criação de um Programa
de Apoio Efetivo ao Consumidor
Arruinado; ao Sistema Bancário;
aos Bancos com Iliquidez e Carteiras com Problemas;
4) Reduzir e erradicar a ajuda
aos maus administradores bancários e financeiros nos EUA;
5) A grande Reunião dos Bancos
Centrais para discutir e estabelecer
o que fazer com o assunto – prevista para novembro de 2008;
6) Fazer uma revisão e algo similar a Bretton Woods;
7) Ampliar o G-7 e incluir nele
os BRICs;
8) Injetar proporcionalmente às
necessidades de cada crise localizada, no todo em 64 países da
Europa, da Ásia e das Américas, US$
1,7 trilhão em até três meses;
9) Outras, em levantamento e
andamento.
Agências de avaliação de risco
As Agências de Risco falharam
elevadamente em sua maioria,
algo de triste e não desejável. Não
previram a crise nos EUA, andaram
pela tangente.
Seus compromissos aparentemente
com os grandes bancos – seus prin-
24
cipais clientes, logo a quem querem
agradar – geraram uma relação incestuosa e sumamente complicada.
Necessárias, caso ajustadas ao
uso de mecanismos de análise neutros e técnicos, as agências mostraram grandes difi culdades para avisar aos investidores a tempo o que
sucedia e o que está por suceder.
Mostraram-se com metodologias defasadas e falhas para antecipar os problemas com títulos, e
suas justifi cativas são insufi cientes.
Em nome da segurança alheia e
sob a alegação de que não poderiam desejar a formação de um
“efeito manada” oriundo de suas
declarações, pouco fizeram para
dar um forte downgrade a quem
fosse preciso.
Medida urgente a tomar: substituir as Agências de Risco comprovadamente incapacitadas por agências, consultorias e escritórios de análise de risco independente, que não
queiram agradar a curto prazo quem
quer que seja, e atuem deveras sobre
fatos, com coragem de antecipar o
melhor e o pior dos mundos.
O que vem aí
Nostradamus não previu nada a
respeito disto.
Quem somos nós, para prever?
Tudo é possível, ocorre rápido,
o precipício é um fato na vizinhança, e o pânico se instalou
nesses dias sombrios.
Então, pela lógica e pela antilógica, com e sem silogismos:
a) Uma recessão prolongada;
b) Várias recessões prolongadas;
c) Algumas medidas de bom senso,
que aliviam os mercados. Outras medidas surpreendentes, nem sempre
conhecidas em seus efeitos e impactos, que assombrarão, assustarão e
inibirão os investidores, empresários
e arrimos de família;
d) Uma recessão nos EUA;
e) Um maior olhar sobre a ativa
economia da China. Não que se
transforme em líder econômico mundial. Tão-somente é preciso reconhecer o dinamismo chinês, e crescer,
FINANCEIRO
desenvolver-se, faz bem à humanidade, e todos querem compartilhar
do sucesso alheio;
f) Intensidade de crescimento
menor, mas sensível, no Brasil. No
lugar de recessão, taxas tímidas de
crescimento; monitoramento agressivo da inflação; taxa de câmbio em
movimento de alta, no curto prazo;
g) Quebras bancárias possíveis em
série, no mundo, por algum tempo;
h) Quebras sucedidas por intervenções dos bancos centrais;
i) Um aumento na compra /
venda /fusão de bancos, corretoras
e financeiras;
j) Uma recauchutagem do FMI,
do WB e do BIS;
k) A redefinição do que é apoio
global dos bancos centrais e dos
blocos econômicos, num mundo
globalizado;
l) A troca de lideranças nos EUA,
reza-se por alguém bem melhor
que Bush e sua equipe;
m) Maior arrecadação de impostos nos EUA, no Brasil, na Europa;
n) Aumento do volume de capital público para estabilizar o sistema financeiro;
o) Os EUA perdem sua hegemonia, sua ação multipolar. Inicia-se
uma era de multipolarização do
capital financeiro no mundo.
Conclusão
O momento presente é excepcional. A dificuldade econômica reside
no exterior.
Há, contudo, grandes e boas razões
para aprofundar a prudência, a cautela e a vigilância responsáveis.
Reduzir estoques, manter uma
tesouraria bem líquida, dispor de
bons ativos de grande demanda e
menos ativos de grande valor unitário são decisões de bom senso.
Os EUA encontrarão soluções
para sair da complicada situação
em que se encontram. Mas tanto as
soluções quanto o amadurecimento das medidas demorarão dois,
três ou mais anos.
O mundo e seus países necessitarão aumentar o grau de cooperação e de interdependência.
No plano geral, por isso mesmo,
esse novo cenário é bem satisfatório e cheio de oportunidades, a
favor do Brasil.
Bibliografia
1. Alemanha dá garantia de US$ 800 bi em depósitos. Abalo Global; O Globo; 6 de outubro de 2008.
2. Andrews, E et al. At the FED, na unknown became a safe choice; The New York Times; October 26, 2005.
3. Banco Central do Brasil. Relatório Anual dos anos 1975 a 2007.
4. Banco Central do Brasil. Relatório de Economia Bancária e Crédito – 2007; texto técnico: Por que o volume de empréstimo consignado no setor privado é baixo? Qual a
solução? Por Tson Chu, Victorio; Lundberg, Eduardo Luis e Takeda Tony.
5. Banco Central do Brasil. Relatório de Estabilidade Financeira; Volume 7 – número 1; Maio de 2008.
6. Bailey, MJ. National Income and the price level, a study on Macrotheory; International Student Edition; Mac Graw Hill Company; Tokyo, 1962.
7. Bernanke, BS. Deflation: Making sure it doesn’t happen here. Federal Reserve Board; National Economists Club; Washington D.C.; Nov 2002.
8. Bernanke, BS. Downside danger; Why the world’s central banks must become more vigilant about falling prices; Doing Business; Nov/Dec 2003.
9. Bernanke, BS. A crash course for central bankers; www.foreign policy.com; 2000.
10. Bernanke, BS. Bernanke’s mid term tests; The New York Times; january 30, 2008.
11. Bernanke, BS. FED Chief calls his remarks a mistake; Washington Post; Hell Henderson; May 2006.
12. Bernanke, BS. On Milton Friedman’s Ninetieth Birthday; Federal Reserve Board; November, 2002.
13. Bernanke, BS. Authors, BSB; UNjobs; 2008.
14. Bernasek, A. To fill his shoes, Mr. Bernanke learn to dance; Washington Post.com; 2005.
15. Conjuntura Econômica; vol. 40 a 62, nos 1 a 12; Fundação Getulio Vargas.
16. Dornbush, R; Fisher, S. Macroeconômicas; Mac Graw Hill; 1981.
17. Galbraith, JK. O Novo Estado Industrial; Novos Umbrais; Livraria Pioneira Editora; 1973.
18. Duarte, P. Alívio no compulsório deve frear alta na taxa de juros; O Globo; 26 de setembro de 2008.
19. Economic News Releases; Bureau of Labor Statistics; US Department of Labor; www.bls.gov; 2008.
20. Frisch, F. Barbeiragem Financeira; O Globo; 27 de setembro de 2008.
21. Galhardo, R. et al. Blindagem contra a marola; Abalo Global; O Globo; 6/10/2008.
22. Gaspari, E. O homem dos US$ 50 bilhões já ganhou na crise; O Globo; 5 de outubro; 2008.
23. Hays, K.; Homan, T. US may be in very long recession, Fedstein says; Bloomberg.com; 2008.
24. Kasznar, I. Previsão e Análise de Falências e Concordatas de Empresas; edição Especial ABERJ; 1987.
25. Kasznar, I. O Programa de Aceleração do Crescimento – PAC; em Política de Gestão Pública Integrada; em coordenação de Fátima Bayma; FAPERJ e FGV – Fundação Getúlio
Vargas/Editora Projetos; ISBN – 978-85-225-0665-1.2008.
26. Kasznar, I. Finanças Internacionais para Bancos e Indústrias; Editora IBMEC – Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais; 1990.
27. Kasznar, I. Administração de Empresas sob Turbulência: análise de cenários macroeconômicos; RAP – Revista de Administração Pública, da EBAPE/FGV – Fundação Getulio
Vargas; ISSN 0034-7612.
28. Kasznar, I. Metodologia Intensa de Análise da Produção e cálculo de ciclo de negócios; RAP – Revista de Administração Pública, da EBAPE/FGV – Fundação Getulio
Vargas; vol. 31, n. 2, ISSN 0034-7612. 1997.
ACREFI
25
cenário econômico
29. Kasznar, I. Definição do Tamanho Ótimo do Estado – TOE; RAP – Revista de Administração Pública, da EBAPE/FGV – Fundação Getulio Vargas; ISSN 0034-7612.
30. Kasznar, I. Revista FINANCEIRO, a revista do crédito; ano 6, n. 53; jul/ago, 2008.
31. Kilborn, J. Comparative Cause and Effect: Consumer Insolvency and the eroding social safety net; John Marshall Law School; Columbia Journal of European Law; vol. 14;
n. 3; 2008.
32. Kilborn, J. Behavioral Economics, Overindebtedness & Comparative Consumer Bankruptcy; John Marshall Law School; Columbia Journal of European Law; vol. 22; 2005.
33. Kupelian, D. Inside Federal Reserve; WND unveils comprehensive report on fraud of the century; WorldNetDaily; www.worldnetdaily.com; August, 2006.
34. IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional. Análise dos fatores determinantes de Concordatas e Falências no Brasil – 2000-2006; mimeo. Depto. Pesquisas.
Vol 658; www.ibci.com.br; 2006.
35. IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional. Modelos de previsão de falências e concordatas: da ADM às redes neurais e à Teoria do caos na prática; mimeo.
Depto Pesquisas. Vol 642; www.ibci.com.br; 2005.
36. Lowenstein, R. The Education of Ben Shalom Bernanke; The New York Times; January 2008.
37. Mauldin, J. US in Recession desite manipulated employment and inflation statistics; www.marketoracle.co.uk; 2008.
38. Motta, J. De olho no furacão; Crise Externa; O Globo – Morar Bem; 5 de outubro de 2008.
39. O Globo; O pior dia na história das bolsas; 30 de setembro de 2008.
40. O Globo; do Washington Post; Fracasso Histórico; 26 de outubro de 2008.
41. Obstfeld, M; Krugman, P. Economia Internacional – Teoria e Política; 4ª edição; Makron Books do Brasil Editora; 1999.
42. RAP – Revista de Administração Pública da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, EBAPE, da Fundação Getúlio Vargas – FGV; série completa, dos
anos 1994 a 2008.
43. Reuters; Global slowdown may put US in recession: Greenspan; July, 2008.
44. Rosenberg, D. Debunking five Miths; Global economic analysis; May 18, 2008.
45. Shcroeder, R. White House says US avoided recession; MarketWatch; www.marketwatch.com; 2008.
46. Summers, L. Natural Gas Guru; Financial Times; Nov. 2007.
47. Wikipedia; Alan Greenspan; www.wikipedia.org; 2008.
48. Wikipedia; Economic Crisis of 2008; www.en.wikipedia.org; 2008.
49. Wikipedia; Federal Reserve System; www.wikipedia.org; 2008.
seminário
Menor crescimento para o varejo
“Temos munição mais do que suficiente para
enfrentar as questões de liquidez”, destaca o
presidente da Acrefi, Adalberto Savioli
Crédito escasso, entidades financeiras mais criteriosas na concessão e o câmbio em firme elevação: como
ficará o cenário interno em 2009? A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi ) e a Serasa analisaram o futuro econômico do País, no dia 13 de novembro, durante seminário
intitulado “Perspectivas do Crédito para 2009”, junto a
grandes especialistas do setor.
Em um mundo em que os mercados de capitais estão
integrados e a globalização se difundiu, o principal mecanismo de contágio da crise norte-americana é o sistema
financeiro. Analistas econômicos têm analisado, nos últimos meses, o nível de contaminação da queda de confiança que impactou as bolsas de valores. O
que mais interessa saber, neste momento, é
como a economia interna será afetada.
Na abertura do evento, o presidente da
Serasa/Experian América Latina, Francisco
Valim, comparou a crise atual com um fato
de superação. “Poucos aqui sabem quem
foi ‘Julinho’ Botelho, porém, essa é uma
história que vale a pena relembrar. Ao
surgir no túnel do Maracanã para substituir Garrincha num Brasil versus Ingla-
“Estamos satisfeitos com a
parceria com a Acrefi, pois essa
troca de experiência nos permite
olhar o futuro do crédito com
mais prosperidade”
Francisco Valim
ACREFI
Adalberto Savioli, presidente
da Acrefi
Francisco Valim, presidente da
Serasa/Experian América Latina
27
terra, Julinho ouviu um
barulho assustador –
orquestrado nas arquibancadas por torcedores. Em torno de 120
mil pessoas o rejeitavam, pois estava substituindo Mané Garrincha. Em poucos minutos, calou o estádio e,
naquela partida, marcou dois gols, sagrando
a vitória da seleção.
Saiu de campo ovacionado por aqueles
que o vaiaram”, relembrou Valim, mencionando que, “nos momentos de adversidade, a insistência deve
prevalecer”.
José Pereira Gonçalves,
superintendente técnico da Abecip
seminário
"Apesar da maior restrição na
concessão de crédito, os
empréstimos à pessoa física devem
crescer 10% no próximo ano"
Adalberto Savioli
A diferença entre os bancos brasileiros e os
estrangeiros, segundo o presidente da Acrefi ,
Adalberto Savioli, é que o sistema bancário
norte-americano sofreu perdas substanciais
no setor hipotecário. “Os bancos brasileiros
não têm empréstimos nesse setor. As questões impactantes no Brasil são reflexo da
Luiz Horácio da Silva Montenegro,
Osvaldo Luís do Nascimento,
presidente da Anef
diretor da Abel
liquidez externa, e providências estão sendo
tomadas. Não há problemas de solvência bancária no País, ou seja, continuaremos crescenPara o presidente da Serasa/Experian América Latina,
do, só que em menores proporções. Apesar da maior
qualquer perspectiva para 2009 é uma incerteza ou,
restrição na concessão de crédito por parte das instituimais do que isso, é um desafio. “Estamos satisfeitos
ções financeiras, os empréstimos à pessoa física devem
com a parceria com a Acrefi , pois essa troca de expecrescer 10% no próximo ano”, disse Savioli, defendendo
riências com grandes nomes do cenário econômico nos
a “implantação do cadastro positivo
permite olhar o futuro do crédito com
como alternativa saudável para concesmais prosperidade.”
são de crédito em 2009”.
A maior parte dos especialistas preSegundo o superintendente técsentes não traçou quadro pessimista
nico da Associação Brasileira das Entipara o ano que vem. A expectativa é
dades de Crédito Imobiliário e Pouque o faturamento cresça menos do que
pança (Abecip), José Pereira Gonçalem 2008, mas as estimativas anteriores
ves, o crédito imobiliário no Brasil deve
já embutiam um cenário de expansão
desacelerar no próximo ano sem caumais fraco em 2009.
sar grandes impactos. “Eu diria que o
Nessa linha de pensamento, o precrédito imobiliário, neste momento, é
sidente da Acrefi, Adalberto Savioli,
um navio transatlântico: nem arrancará
fez uma analogia otimista. “Temos
acelerado nem freará bruscamente.”
trabalhado muito para fomentar liquiGonçalves afirmou que o crédito
dez no mercado. O Brasil é um país priimobiliário representa 70% do volume
vilegiado em diversos setores, como o
de recursos emprestados à pessoa física
do petróleo; tivemos um investment
no mundo. “Cerca de 10 milhões de unigrade ; temos forte crescimento das
dades foram financiadas em 44 anos de
commodities ; e o Banco Central dishistória no Brasil. A tendência futura é
põe de mais de US$ 200 bilhões em
ampliar o crédito com modelos menos
reservas internacionais – posição subsburocráticos de concessão. Temos um
tancial no mercado futuro de câmbio,
défi cit habitacional que está em 8
Luís Félix Cardamone Neto, diretor
ou seja, temos munição mais do que
executivo do Banco Real –
milhões, e todos os esforços são para
suficiente para enfrentar as questões
Aymoré Financiamentos
que esse número não cresça.”
de liquidez”, destacou.
28
FINANCEIRO
No entanto, em relação ao volume de operações contratadas com
recursos das contas de
poupança no Sistema
Brasileiro de Poupança
e Empréstimo (SBPE), o
resultado de 2008 deve
superar um recorde histórico. “As operações do
SBPE atingiram R$ 22,8
bilhões entre janeiro e
setembro de 2008, um
dos melhores resultados
da história. Estamos projetando fechar o ano
com R$ 30 bilhões”, avaliou o especialista.
Pereira também informou que, no Brasil, o crédito imobiliário tem peso
pequeno, de apenas 2,4%
Executivos assistiram às apresentações sobre as perspectivas para 2009
no Produto Interno Bruto
(PIB), e que se espera auSegundo Nascimento, o leasing é um instrumento
mento desse número para 10% até 2015.
estratégico na viabilização de projetos produtivos, tanto
Para o presidente da Associação Nacional das
que foi alvo de algumas medidas baixadas pelo Banco
Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz
Central. “A Medida Provisória 442/08, que facilita o
Horácio da Silva Montenegro, ainda é difícil mensurar
socorro a bancos de pequeno porte, e o crédito a exporcom exatidão os problemas que o setor pode enfrentadores por parte do Banco Central autorizam empretar. “Estamos com uma instabilidade econômica munsas que operam com leasing a emitir letras de arrendadial, porém, ainda é cedo para avaliarmos precisamenmento mercantil com lastro em suas operações de créte os impactos.”
dito. As medidas são uma resposta à crise financeira
Em relação aos números setoriais, Montenegro
internacional e pretendem colocar mais recursos no
disse que, na área automotiva, foram produzidos 3,425
mercado de crédito brasileiro.”
milhões de unidades – crescimento de 15% em relação
Luís Félix Cardamone Neto, diretor executivo do
a 2007. “As vendas internas alcançaram 3 milhões de
Banco Real – Aymoré Financiamentos, disse que a
unidades, aumento de 24,2% em relação a 2007.”
crise pode refletir no Brasil, principalmente travando
Sobre o setor de duas rodas, o presidente da Anef
o financiamento externo das exportações, reduzindo
disse que a produção nacional deverá ultrapassar a baras linhas interbancárias, causando falta de dinheiro
reira dos 2 milhões de unidades, um incremento de
para as empresas, encarecimento do crédito domés17,3% sobre a produção do ano anterior. “O fi nanciatico, perdas nos mercados de ações, aumento da promento para aquisição de veículos nos leva a estimar um
cura por títulos públicos fly to quality e redução na
crescimento da ordem de 25% a 30% – R$ 143,9 bilhões
estimativa de crescimento do PIB em 2009. “Estamos
– na comparação com 2007.”
bem preparados para enfrentar essa crise. Acredito
Osvaldo Luís do Nascimento, diretor da Associação
que, no longo prazo, a economia brasileira estará
Brasileira das Empresas de Leasing (Abel), afi rmou que
favoravelmente posicionada para atrair investimenas operações de leasing devem continuar crescendo:
tos, em especial nos setores de infra-estrutura, servi“626% é o crescimento da carteira nos últimos cinco
ços e exportações.”
anos. Esse segmento no cenário nacional, a exemplo
Ao final do evento, o diretor superintendente da
do que aconteceu nos Estados Unidos, tem potencial
Acrefi, Antônio Augusto de Almeida Leite (Pancho),
para se converter em uma das principais ferramentas de
mediou os debates sobre os temas das palestras.
auxílio no setor produtivo.”
ACREFI
29
artigo
Crédito é renda variável
Mario MIranda/Agência Foto
23/10/2008
ROY MARTELANC, PROFESSOR DE FINANÇAS DA FEA/ USP E
COORDENADOR DO MBA BANKING DA FIA
A crise do subprime tem sua origem na instável combinação de crédito de baixa qualidade e alavancagem. Se um desses fatores for eliminado, adeus crise de crédito. O alvo é
a alavancagem.
Apesar de as instituições
financeiras não estarem
tão expostas a problemas
de insolvência, o volume
do crédito encolhe e as
exigências ao
tomador aumentam
Crédito ruim & alavancagem
Isolado, o crédito de alto risco não
chega a ser um problema sério. Imagine uma empresa de factoring, sem
dívida financeira, que perca de 10%
do seu patrimônio líquido com operações de crédito ruins. Grande coisa!
Com uma rentabilidade de 20%, recupera a perda em meio ano e bola
pra frente. Desagradável, mas nem
de perto fatal.
A alavancagem também não é
um problema per si. Se o crédito
for bom, o cliente provavelmente
pagará e tudo fi cará bem. Mesmo
se, como esperado, alguns clientes
não pagarem, a margem dos demais
será sufi ciente para compensar a
perda. Novamente, nada de tão
ruim ocorre.
O problema está na combinação
de inadimplência inesperadamente
elevada e de alavancagem excessiva. Por isso, de tempos em tempos, o mundo vê crises bancárias
e, por isso, os bancos são tão fortemente regulados. Em 2007, um
banco de investimento norte-americano típico tinha alavancagem de
30 por 1, em uma cadeia de for-
30
necimento em que fundos também
eram alavancados. A garantia eram
imóveis cujo preço subia endogenamente, crescimento de preço causado pela demanda gerada pelo próprio financiamento. Agora vemos
que a situação era instável e que se
tornou insustentável.
Outros vilões, às vezes apontados, são as operações originate-todistribute, a securitização e o uso de
derivativos. Na ausência de alavancagem, eles não são um problema
sério, apenas são difíceis de compreender e de rastrear. Ponto negativo para as agências de rating, que
não souberam cumprir seu papel e
mostraram a todos que não são tão
relevantes assim.
A crise desembarca no Brasil
pelo setor externo, pelas bolsas e
pelas expectativas. Apesar de as
instituições financeiras não estarem tão expostas a problemas de
insolvência ou interligadas com as
suas congêneres externas, o volume do crédito encolhe, e as exigências ao tomador aumentam. A
preocupação é a mesma. Um aumento da insolvência pode ser dramático mesmo com alavancagens
menores. Conhecemos e sobrevivemos a suficientes crises para saber
que a solução é se proteger e deixar que passem.
A restrição ao crédito é uma profecia auto-realizável. Menos crédito
FINANCEIRO
aumenta a probabilidade de insolvência, que reduz a propensão a
emprestar, até que o ciclo se esgote
ou seja interrompido. As áreas comerciais e de crédito das instituições financeiras entram em modo de
espera. A economia real que espere
também. Enquanto isso, o capital
aguarda aplicado em títulos públicos.
Ou há outra solução?
Crédito enquanto renda variável de
baixo risco
Uma alternativa é redefinir o conceito de crédito. Deixa de ser renda
fixa apimentada para se tornar renda
variável de baixo risco.
O investidor em renda fixa exige
um retorno certo ou quase certo e
uma remuneração sob a forma de taxa
de juros. Já aquele que investe em
renda variável prefere correr o risco,
pois deseja uma remuneração maior e
até uma volatilidade maior. Do ponto
de vista de um investidor em renda
variável, a volatilidade do PU dos
contratos de crédito é muito baixa,
mesmo durante uma crise de crédito.
Os mecanismos são os já disponíveis e testados fundos de investimento, sejam os em direitos creditórios, sejam os imobiliários. Eles
apenas passam a ser vendidos sob
a forma de investimento em renda
variável, mesmo que a operação original seja de crédito. Eles podem ser
negociados em bolsa.
As operações de crédito continuam
no ativo da instituição originadora?
Não se não houver co-obrigação. O
investidor deve ser qualificado? Não
para operações de renda variável.
Os recebíveis vencem? Sim, mas
podem ser substituídos por novos de
mesmo perfil. Há um estoque de ativos de baixa qualidade? Começa-se
apenas com os contratos novos. Há
pouca liquidez? Não se o volume
emitido do papel for sufi cientemente grande. Haverá necessidade
de repartir o lucro da operação com
o investidor? Naturalmente.
Credibilidade
Surge um novo problema de agência a resolver: como o investidor se
assegurará de que a instituição financeira não lhe transferirá predominantemente os seus ativos de baixa qualidade ou se tornará pouco exigente
na seleção dos futuros clientes?
Rating? Insuficiente credibilidade. Inadimplência do contrato? Sem
histórico nos contratos novos. Score
de crédito? Não há um padrão aberto pronto.
A resposta está no terceiro pilar
do Segundo Acordo da Basiléia: a
disciplina de mercado. A divulgação
freqüente dos principais indicadores
da carteira leva à reavaliação permanente do seu preço.
Nada diferente do mecanismo
que o mercado de renda variável
já utiliza com sucesso. Os fundos
podem ser agrupados por risco e
retorno, informando o cliente e mantendo intacta a reputação da instituição que os administra. Mesmo nas
operações de maior risco, as quotas
de fundos não alavancados terão volatilidade e beta mais baixos do que
os de qualquer ação.
Novas dúvidas. A instituição financeira pode empurrar seus ativos tóxicos para o fundo? Que sejam escolhidos por sorteio entre os contratos
de crédito elegíveis. Ela pode se tornar irresponsável na seleção de novos
clientes? Que retenha parte dos contratos de crédito que originar, assumindo seu risco. Alguma dessas posturas pode ser quebrada ou contornada? Podem ser acionados uma
auditoria e um seguro de compliance.
O importante é converter o crédito
em renda variável e retirar o impacto
da alavancagem.
A economia real
Em geral, a arte imita a vida.
Entretanto, há situações em que a
vida imita a arte. Da mesma forma,
o mercado financeiro geralmente
acompanha, sinaliza e financia a
economia real. Entretanto, ocasionalmente ele tem o poder de defi nir seus rumos por meio de sinalização e financiamento.
A atual crise começou como uma
de crédito ruim com alavancagem
excessiva e propagou-se pelo mundo
como uma de confiança e liquidez.
Expectativas negativas e falta de crédito afetam a economia real.
É justamente a economia real que
deve ser poupada da crise, pois é ela
que gera a produção que todos consumimos. Se ela for saudável, a sorte
do setor financeiro é melhor.
Assessoria financeira, assessoria jurídica e cobranças administrativas
• Cobranças amigáveis (CDC, Leasing e cartões)
• Jurídico (Banco autor e Banco réu)
• Reintegração de posse
• Busca e apreensão
Atuação em São Paulo, Grande São Paulo e filiais em Santos (cobrindo todo o litoral),
Bauru e Sorocaba.
www.sotopietra.com.br
Rua 15 de Novembro 184, 14º Andar - CEP: 01013-000 - São Paulo - SP - Tel: 11 2101-2500
artigo
Leasing: crescimento
sustentável
Divulgação
24/10/2008
O setor de leasing se consolida
de maneira perene. O saldo do Valor
Presente da Carteira (VPC) – R$ 100,3
bilhões, em agosto de 2008 – cresceu
mais de 600% nos últimos cinco anos.
Os novos negócios, em agosto, totalizaram R$ 6,8 bilhões, cifra 18,4%
superior ao volume de igual período
do ano passado. A conjunção de fatores macroeconômicos, associada à
atratividade da operação, é responsável pela evolução sem precedentes
da atividade no País.
O controle da inflação está sendo
conduzido com pulso forte pela autoridade monetária; o Produto Interno
Bruto (PIB) está em expansão; os
investimentos produtivos devem ser
impulsionados pelo Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC),
criado pelo governo federal para
suportar a aspiração de crescimento
sustentável do País; as bases de
uma nova política industrial, para
assegurar condições de competitividade para a indústria nacional, estão
sendo empreendidas pelo País.
Sem dúvida alguma, a crise deflagrada pelos Estados Unidos é uma
ameaça que não respeita fronteiras,
mas o governo brasileiro tem demonstrado vontade política para criar bases
sólidas para evitar o pior. O conjunto
de mudanças anunciado pelo Banco
Central (Bacen) demonstra que o Brasil está mais bem preparado para
RAFAEL CARDOSO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS
EMPRESAS DE LEASING (ABEL)
enfrentar choques externos e conseguirá aliviar os efeitos da escassez
internacional de crédito.
O leasing, pelo papel estratégico
na viabilização de projetos produtivos, foi alvo de algumas importantes
medidas baixadas pelo Bacen. Uma
delas, o adiamento, de novembro de
2008 para janeiro de 2009, do cronograma de implantação do recolhimento compulsório sobre o arrendamento mercantil. Em janeiro, o governo decidiu que os bancos deveriam
recolher compulsoriamente até 25%
dos depósitos captados pelas empresas de leasing. A previsão do Bacen
é que o adiamento do recolhimento
compulsório sobre leasing deixe na
economia R$ 8 bilhões.
Outra medida importante anunciada pelo Bacen é a criação de novo
canal de financiamento às empresas
de leasing, a Letra de Arrendamento
Mercantil (LAM), que proporcionará
melhores condições para que as sociedades arrendadoras possam captar
recursos. A decisão, que é uma reivindicação antiga do setor, deve ser
permanente e não só emergencial. A
LAM é mais ágil e irá baratear os custos operacionais e, em conseqüência,
as operações ao arrendatário.
Na Medida Provisória 422, a defi nição sobre a natureza da emissão de
debêntures tem o mérito de desembaraçar esse mecanismo de captação.
32
A MP esclarece que a aquisição de
debêntures emitidas por sociedades
de arrendamento mercantil, em mercado primário ou secundário, constitui
obrigação de natureza cambial, não
caracterizando operação de empréstimo ou financiamento.
Ainda na esteira dos mecanismos
criados pelo Bacen para minimizar os
efeitos da crise financeira internacional, é preciso mencionar, pelo acerto
da ação, o estímulo concedido aos
bancos para a compra de carteiras de
outras instituições, as chamadas cessões de direitos creditórios.
Diante da demonstração inequívoca do governo brasileiro de que
todas as medidas necessárias para
não tirar o País da rota do crescimento serão empreendidas, estamos confiantes, mesmo diante de um cenário
externo que deve se manter adverso
por algum tempo, de que o ciclo virtuoso por que vem passando o leasing
nos últimos anos não será rompido.
Além do cenário econômico favorável, algumas características do leasing
o tornam atrativo e contribuem para
seu fortalecimento no País: é flexível
e ajustável às necessidades do arrendatário; fácil e rápido na contratação;
contratos são de longo prazo e o custo
final é competitivo; condições tributárias são mais adequadas; o bem pode
ser adquirido ao final do contrato;
fomenta a inovação tecnológica; pro-
FINANCEIRO
porciona adequação ao fluxo de caixa.
Outro fator decisivo para a performance da atividade é o dinamismo
dos agentes desse segmento, representados pela Associação Brasileira das
Empresas de Leasing (Abel), a partir
dos quais o leasing conseguiu transpor obstáculos (conceituais, jurídicos,
legais e tributários) que eram impeditivos para sua consolidação.
A despeito dos resultados extraordinários dos últimos anos, o potencial de crescimento da carteira de leasing é considerável, porque as operações, hoje, ainda estão muito concentradas no setor automobilístico –
89,3% dos bens arrendados, seguido
por máquinas e equipamentos, com
8,3%; equipamentos de informática,
com 0,9%; e outros tipos de bens,
com 1,5%. Há espaço no Brasil para o
leasing se converter numa das principais ferramentas para viabilizar investimentos produtivos, seja por meio da
modalidade operacional ou da maior
Há espaço no Brasil para o
leasing se converter numa
das principais ferramentas
para viabilizar
investimentos produtivos
utilização do leasing financeiro para
máquinas e equipamentos.
Setores mais dinâmicos da economia, que necessitam de atualização
tecnológica permanente, encontram
na operação de leasing um poderoso
aliado na modernização, na expansão das atividades e na absorção
das melhores condições de competitividade. O leasing pode ser utilizado em todas as suas potencialidades em setores-chave para a economia, como o de infra-estrutura, por
exemplo. De acordo com o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo
pretende investir R$ 198 bilhões nos
próximos quatro anos em segmentos como comunicação, energia, ferrovias, portos, saneamento e transportes. Considerado um dos gargalos para a ampliação da produção,
o setor de infra-estrutura, em pleno
funcionamento, é condição sine qua
non para o crescimento econômico.
O Brasil ainda tem questões internas e de ordem macroeconômica a
resolver, mas acreditamos que os nós
serão desatados, estimulando investimentos e projetando ainda mais
luz sobre o arrendamento mercantil. E, se a robustez dos números do
arrendamento é motivo de comemoração, ela não nos exime da responsabilidade de continuar trabalhando incessantemente para que o
leasing permaneça sendo uma ferramenta em que os investidores depositem sua confiança.
análise econômica
Crise se agrava e
o ajuste será lento
Arquivo Acrefi
24/10/2008
CARLOS THADEU DE FREITAS GOMES, EX-DIRETOR DO BANCO CENTRAL E
CHEFE DO DEPARTAMENTO ECONÔMICO DA CNC
Arquivo Acrefi
MARIANNE LORENA HANSON, ECONOMISTA DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL
DO COMÉRCIO
As medidas tomadas pelas
autoridades monetárias e
fiscais por todo o mundo
não se mostraram
suficientes para restaurar a
confiança dos mercados
Crescem as incertezas quanto ao
tamanho do estrago da crise financeira na economia. Desde a quebra
do Lehman Brothers, um terremoto
passou por Wall Street, renovando
as pressões no mercado de crédito,
nas bolsas de valores, nos mercados
de capitais e no mercado interbancário. As expectativas de mais perdas entre as instituições financeiras
e as incertezas relacionadas ao mercado de derivativos fizeram com que
a falta de liquidez e a escassez
de crédito se transformassem numa
crise de solvência.
Assim como a crise começou com
um boom financeiro, relacionado à
expansão rápida do crédito, à proliferação de ativos financeiros e ao
financiamento sob risco significativo
de “alavancagem” e descasamento,
seu fim passa pela “desalavancagem”
dos bancos e instituições financeiras
e pela redução do tamanho dos mercados de derivativos. Para que isso
ocorra, faz-se necessário um ajuste
no balanço dessas instituições, por
meio de novas capitalizações para
fazer face à perda de valor de seus
ativos, ou do financiamento destes
num mercado com liquidez empoçada, quando não escassa.
As medidas tomadas pelas autoridades monetárias e fiscais por todo o
mundo não se mostraram suficientes
para restaurar a confiança nos merca-
34
dos. Um indicador tradicionalmente
usado para medir o risco financeiro,
mas especificamente o risco de crédito interbancário, como também o
prêmio por liquidez, é o spread entre
a taxa de juros Libor-Dólar e as
Letras do Tesouro Americano. Historicamente, esse spread flutua em torno
de 0,5%. Entretanto, durante a crise
do subprime, oscilou entre 1% e 2%
e se aproximou dos 5% nas semanas
que sucederam a quebra do Lehman.
Enquanto a confiança nos mercados não é retomada, os bancos centrais, principalmente o Fed, vão continuar injetando recursos via acordos
de recompra ou leilões de moeda
e ficando com os chamados “títulos
tóxicos” na carteira temporariamente. Algo parecido aconteceu no
Japão, em que os bancos, em vez de
realizar os prejuízos de uma vez só,
já que naquela ocasião não houve
compra de títulos ou ações daquelas instituições, se viram obrigados
a carregá-los em suas carteiras ao
longo dos anos.
Os títulos que estão sendo financiados pelo Bacen americano provavelmente seriam os primeiros a serem
comprados sob o pacote aprovado
pelo Congresso americano. Contudo,
esses papéis da carteira do Fed devem
estar com seus preços de garantia
arbitrados pelo Fed com deságios que
não refletem necessariamente seus
FINANCEIRO
valores de mercado. O risco de práticas de financiamento aos mercados
recai na emissão excessiva de papéis
pelo Tesouro Americano, o que pode
contribuir para a elevação de suas
taxas longas de juros. Contudo, no
atual ambiente de aversão ao risco e
de liquidez restrita, a demanda por
essas emissões é crescente.
O mais provável é que, por algum
tempo, os mercados financeiros continuem “pedalando” com os recursos
dos bancos centrais até que o Tesouro
faça a capitalização por meio das medidas anunciadas no pacote, os ativos problemáticos sejam eliminados
dos balanços das instituições financeiras, os mercados se ajustem e a
confiança seja retomada. Esse processo será lento e ninguém pode prever até quando durará.
A implementação do pacote proposto pelo Tesouro Americano não
será tarefa fácil devido à dificuldade
de precificação dos títulos. Provavelmente, os detentores dos papéis que
o Tesouro Americano vai comprar, no
afã de se livrar destes, vão oferecêlos com grande deságio. Se o Tesouro
pagar pouco, como é esperado, resta
saber como os prejuízos das instituições financeiras serão compensados
pelas capitalizações exigidas.
O cenário para a economia americana é bastante pessimista, com grandes chances de haver uma recessão
de consumo. Os dados mais recentes
mostram uma continuidade na queda
dos preços das casas, uma contração
no crédito às pessoas físicas, queda
nas vendas do varejo e na produção
industrial. O último ciclo de crescimento da economia norte-americana
baseou-se na forte expansão do crédito e valorização de ativos, concomitantemente a uma queda da renda
dos trabalhadores. Com o estouro da
bolha imobiliária e deterioração do
mercado de trabalho, o elevado grau
de endividamento das famílias americanas tornou-se insustentável.
A União Européia enfrenta desafios igualmente difíceis. Com a decisão conjunta dos governantes de
nacionalizar os bancos com difi culdades, os mercados se acalmaram.
Entretanto, muitos acreditam que
a conseqüência da crise financeira
sobre o nível de atividade econômica seria mais grave na região,
pois, devido às características estruturais da economia européia, como
a rigidez no mercado de trabalho,
por exemplo, o ajuste é mais demorado e os impactos negativos, mais
duradouros. Além disso, a região
já vinha de uma desaceleração do
crescimento econômico.
A tese do descolamento dos países emergentes sucumbiu à globalização financeira. Com a necessidade de capitalização, as instituições
financeiras internacionais estão desfazendo suas posições nos ativos desses países, reduzindo o fluxo de recursos externos. Dessa forma, o crédito
externo, além de mais caro, está mais
escasso. No Brasil, as remessas de
lucros e dividendos se intensificaram,
pressionando a conta-corrente do ba-
lanço de pagamentos. O nervosismo
dos mercados contribuiu para gerar
grande volatilidade no câmbio, que
deve continuar até que a confiança
seja retomada.
Além do câmbio, o crédito sentirá os efeitos da crise rapidamente.
A escassez de liquidez externa e as
taxas de juros mais elevadas já ocasionam uma redução de recursos disponíveis para empréstimos. Com a
captação mais cara, também deverá
haver uma redução nos prazos de financiamento. Ao longo do tempo,
haverá um maior impacto sobre o
nível de atividade econômica e nas
contas externas, pois o desaquecimento da economia global certamente reduzirá o fluxo de recursos
internacionais, tanto via exportações
quanto via investimentos.
O Banco Central deve agir com
cautela nesse momento, pois os
impactos da mudança no cenário
externo sobre a inflação são ambíguos. Se por um lado a desaceleração da economia mundial reduz os
preços das commodities e, por conseqüência, as pressões inflacionárias de
preços relativos, por outro, deve prejudicar os termos de troca e levar a
um real mais fraco do que o observado em boa parte de 2008. Adicionalmente, uma desaceleração da demanda interna via crédito também
deve reduzir as pressões inflacionárias. Dessa forma, a variável-chave
será a evolução da taxa de câmbio,
que determinará o balanço de riscos
da economia brasileira em 2009.
novos desafios
Na ferradura e no cravo
Divulgação
27/10/2008
FERNANDO SAMPAIO, ECONOMISTA, SÓCIO-DIRETOR E SUPERVISOR DA EQUIPE
DE ANÁLISE MACROECONÔMICA DA LCA CONSULTORES
dades imensas ao dimensionamento
do seu impacto macroeconômico.
desaceleração da demanda e o violento repique da aversão ao risco.
Mas há aspectos que podem mitigar
de maneira importante a esperada
queda do poder de compra relativo
das exportações brasileiras.
O ocorrido na grande recessão do
início dos anos 1980 tem sido invocado
como parâmetro para se aquilatar a
dimensão da potencial queda dos termos de troca. Um fato central não tem
recebido a devida atenção: naquela
ocasião, um dos ingredientes centrais
da crise era justamente o fato de que o
preço do petróleo subia extraordinários
200% (como resultado, entre outros
fatores, da ação do cartel de grandes
exportadores reunidos na Opep).
Em outras palavras, enquanto a
cotação da maioria das commodities
caía com força, a mais importante
Os termos de troca: lembretes
importantes
Dando continuidade a uma tendência presente desde 2005, os termos
de troca do comércio exterior brasileiro vinham em trajetória de melhora
(do ponto de vista do poder de compra da moeda brasileira) até setembro. O preço das exportações em alta
firme mais do que compensava o aumento, também expressivo, dos preços dos bens que o País importa (pelos
cálculos abalizados da Funcex).
É cristalino que as chances de continuidade dessa melhora foram corroídas nas últimas semanas, dada a
deterioração do quadro econômico
global – em que se destacam a clara
Gráfico 1 – Variação dos termos de troca (MM3Anos, em % ao ano)
15
10
10
8
5
5
9 8
8
6
4
6
3
1
1 0
2 3
1
0
0
-2
-5
-3 -2 -3
-1
-3 -4 -3
-5
-1 -1
-10
07
05
03
01
99
97
95
93
91
89
87
85
-11
83
-13
81
79
-14
-15
77
É bastante espinhosa a tarefa de
escrever a respeito de perspectivas da
conjuntura econômica num contexto
de excepcional volatilidade e incerteza como o atual. No caso do Brasil,
é notório que o epicentro da incerteza diz respeito à evolução da taxa
de câmbio. E é justamente de dois fatores que condicionam essa evolução
que este breve artigo irá tratar.
Evitando a armadilha de centrar
o foco em questões de curtíssimo
prazo (que poderão estar superadas
até esta revista chegar às mãos do leitor), aborda-se, primeiro, o comportamento dos termos de troca e, em
seguida, apresentam-se algumas considerações acerca das relações entre a
taxa de câmbio, a taxa de juros e a rentabilidade da atividade exportadora.
A avaliação, apresentada aqui de
modo bastante sumário (e que se alimenta da reflexão de toda a equipe
de análise macroeconômica da LCA),
é de que os termos de troca poderão
ter impacto menos negativo sobre o
real do que muitos esperam. Em paralelo, porém, a redução dos ganhos financeiros propiciados por operações
financeiras ligadas ao câmbio poderá
ter um impacto adverso relevante sobre
a rentabilidade e mesmo a competitividade de atividades exportadoras.
A probabilidade de que esse impacto
seja bastante heterogêneo não apenas
entre setores, mas também entre empresas de um mesmo setor, cria dificul-
Fonte: FUNCEX. Elaboração: LCA.
36
FINANCEIRO
Gráfico 2 – Variação dos termos de troca exclusive combustíveis (MM3Anos, em % ao ano)
15
9 10
8
7
5
5 4
5
1
0 1
0
0
-2 -2
-5
-5
-8
-10
-3
-1
-3 -3
3
2
1
-1
-2
-3
1
-1
-1
03
5
01
10
-6 -7
07
05
99
97
95
93
91
89
87
85
83
81
79
77
-15
Fonte: FUNCEX. Elaboração: LCA.
disparava na direção oposta. Na atualidade, isso está longe de se verificar: como se sabe, o petróleo não
tem escapado à queda substancial
que (em graus variados) afeta o conjunto das commodities.
Outro aspecto, complementar, é
que, no começo da década de 1980,
as compras de petróleo respondiam
por quase 60% do valor total das
importações brasileiras, proporção
que, desde então, recuou progressivamente, situando-se nos últimos
anos na faixa de 20% a 25%.
A combinação desses elementos
resultou, descontada a influência do
petróleo, a queda dos termos de
troca no início da década de 1980,
que foi bem menos intensa (Gráficos
1 e 2) – e poderá ser, agora, menos
dramática do que se teme.
E não é apenas pelo petróleo que
a queda das cotações das commodities traz alívio aos termos de troca: a
importação de outros bens primários
(como o trigo, por exemplo) também
é relevante. Por isso mesmo a correlação entre índices agregados de commodities e os termos de troca brasileiros é relativamente baixa, mesmo
considerando defasagens (Gráfico 3) –
a correlação entre os temos de troca e
os índices CRB é da ordem de 45%.
Câmbio e juros, competitividade e
rentabilidade dos exportadores
A progressiva e significativa valorização da moeda brasileira ao
longo dos últimos anos foi acompanhada por um crescimento contí-
Gráfico 3 – Termos de troca vs CRB (Var. % sobre o mesmo mês do ano anterior)
15
50
Termos de troca (eixo esq.)
40
CRB spot (eixo dir.)
10
CRB futuro (eixo dir.)
30
5
20
0
10
-5
0
-10
-10
Fontes: Bloomberg e Funcex.
ACREFI
37
jul/08
jul/07
jan/08
jan/07
jan/06
jul/06
jul/05
jan/05
jul/04
jul/03
jan/04
jan/03
jul/02
jul/01
jan/02
jul/00
jan/01
jan/00
jan/99
jul/99
jul/98
jan/98
-30
jul/97
-20
jul/96
jan/97
-20
jan/96
-15
nuo (embora declinante) dos volumes
embarcados. Sobretudo no caso da
exportação de manufaturados, cuja
competitividade externa é, em geral,
bem mais sensível ao nível do câmbio, a sustentação do crescimento
era, para muitos, surpreendente.
Há muito se sabe (graças à Funcex) que os exportadores de manufaturados brasileiros vinham conseguindo neutralizar boa parte do impacto do câmbio menos favorável por
meio de aumentos de preços. E também já se tinha noção de que os
ganhos financeiros (associados ao altíssimo diferencial entre o nível da
taxa de juros no mercado interno e
no exterior) também tinham alguma
influência nessa resistência.
As recentes notícias relativas a grandes operações financeiras cambiais de
altíssimo grau de risco sugerem que
o recurso a esse tipo de expediente
para reforçar a rentabilidade das empresas exportadoras (e eventualmente
até para preservar a sua competitividade, vale dizer, a sua capacidade de
reter fatias do mercado externo) pode
ter sido bem mais intenso e bem mais
espraiado do que se supunha. Chama a
atenção, em particular, o fato de que
algumas das companhias, que já se sabe
que recorreram a essas operações, não
tinham problemas sérios de competitividade, pois exportavam commodities
em que a produção brasileira goza de
vantagens comparativas importantes.
Esses pontos levantam a seguinte
questão: presumindo-se que não se
reponham condições propícias à continuidade do recurso tão intenso a
oportunidades arriscadas de ganho
financeiro, até que ponto a rentabilidade e mesmo a competitividade das
exportações brasileiras se verão afetadas? É uma pergunta para a qual
não parece haver condições sequer
de esboçar uma resposta mais específica. Mas é possível que esse seja mais
um fator a dificultar um refluxo mais
pronunciado e mais sustentado da
cotação do dólar no mercado doméstico (comparativamente aos níveis
exorbitantes alcançados na semana
encerrada em 24 de outubro).
artigo
Como será o novo marco
regulatório depois da
crise financeira mundial?
Divulgação
23/10/2008
O atual cenário de instabilidade
dos mercados financeiros tem gerado
reações de diversos governos, especialmente daqueles dos países mais
afetados. Uma estratégia anunciada
por Gordon Brown, primeiro-ministro britânico, é simplesmente adotar
a estatização de instituições financeiras como forma de garantia aos investidores de que os compromissos assumidos serão honrados. Outra estratégia, seguida pelo governo estadunidense, é eliminar a causa da crise
de confiança de circulação de títulos
do mercado. Embora ambas as abordagens não possuam aparentemente
pontos de contato, o certo é que,
cedo ou tarde, todos os países vitimados pelas turbulências tenderão
a implementar regimes regulatórios
mais rígidos para evitar novas crises.
Neste contexto adverso, o que
se pode esperar desses novos regimes regulatórios? A resposta precisa
investigar as causas dessa crise, pois
novas regulações tendem a ser reativas aos problemas surgidos. Notadamente, a crise atual resulta de um
erro na avaliação de risco, feito por
instituições financeiras, na concessão
de crédito. Num primeiro momento,
as instituições financeiras emprestaram recursos para a aquisição de bens
cujo preço de mercado estava supervalorizado devido a uma bolha imobiliária; em seguida, com a queda dos
preços de imóveis e o aumento da ina-
LEOPOLDO U. C. PAGOTTO, ADVOGADO DE XAVIER, BERNARDES, BRAGANÇA,
SOCIEDADE DE ADVOGADOS
dimplência – estima-se que cerca de
45% dos imóveis financiados apresentam valor de mercado inferior ao
valor da dívida que deveriam garantir –, as instituições financeiras começaram a sofrer enormes prejuízos. O
resto da história é bem conhecido:
as mortgage-backed securities circularam pelo mundo afora e dividiram,
com o resto do mundo, um risco que
era norte-americano na sua origem.
Desse modo, fica evidente que os
novos marcos regulatórios provavelmente se focarão na tentativa de
mitigar futuras causas da crise similares a essa, ou seja, tratarão da regulação do risco.
Nesse quesito, merecem destaque
as orientações gerais do Comitê da
Basiléia (antigo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia), uma vez
que tais recomendações visam exatamente evitar o alastramento de crises como a vivida atualmente. Talvez
nesse ponto surjam as maiores mudanças regulatórias.
Após distúrbios no mercado financeiro em 1974, o Comitê da Basiléia foi formado por iniciativa das autoridades monetárias da Bélgica, do
Canadá, da França, da Alemanha, da
Itália, do Japão, de Luxemburgo, da
Holanda, da Espanha, da Suécia, da
Suíça, do Reino Unido e dos Estados
Unidos.1 Impossível negar que parte
considerável das normas adotadas
pelas autoridades monetárias de vá-
38
rios países, inclusive do Brasil, recebe
influência direta das proposições
desse grupo. 2 Particularmente importantes são os seus “Princípios
Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz”, que contêm disposições
gerais3 e seu “Compêndio [a ser atualizado periodicamente] das Recomendações, Orientações e Normas do Comitê da Basiléia”, aos quais o documento dos Princípios Essenciais faz
muitas referências.4
Nos anos 1980, como decorrência
da liberalização dos mercados financeiros, a intensificação da concorrência entre instituições financeiras suscitou preocupações do Comitê sobre os
riscos que estavam sendo assumidos
pelos agentes econômicos. Temia-se
que, no afã de obterem lucros, algumas instituições financeiras se expusessem muito acima de sua capacidade.5 Além disso, a crise da dívida
nos países em desenvolvimento também aumentou as incertezas sobre a
saúde dos mercados financeiros.6 Em
1988, para contornar esses riscos, o
Comitê emitiu o Basel Capital Accord
(Acordo da Basiléia sobre o Capital),
por meio do qual perseguia, com a
padronização, a criação de níveis de
capitalização adequados e de igualdade para os agentes de mercado
nas diversas jurisdições (level playing
field), a fim de evitar que se atingisse
elevado volume de transações sem
que houvesse o correspondente nível
FINANCEIRO
de capital considerado necessário à
solvabilidade do agente econômico.7
O acordo funda-se em três “pilares”. O pilar 1 define a “razão mínima
do capital entre os ativos ponderados de acordo com os riscos”; o
pilar 2 impõe às autoridades o dever
de “efetuar a revisão qualitativa das
técnicas de alocação de capital dos
seus bancos e a observância destes
padrões”; e o pilar 3 estabelece mecanismos de disclosure, a fim de “facilitar a disciplina pelo mercado”.8
O acordo contém, também, instruções sobre o risco do capital, que é
divido em duas categorias. O de primeira linha inclui o capital subscrito
do banco, lucros retidos e ações preferenciais, cujos dividendos não se juntarão irrevogavelmente ao capital social
caso o emitente não efetue o pagamento dos dividendos (non-cumulative perpetual preference shares). Já
o de segunda linha consiste das reservas reavaliadas contabilmente (revaluation reserves), reservas não-divulgadas (undisclosed reserves) e empréstimos subordinados com prazo superior a cinco anos e ações preferenciais,
cujos dividendos se juntarão irrevogavelmente ao capital social caso o
emitente não efetue o pagamento
dos dividendos (cumulative perpetual preference shares).9 O capital de
primeira linha não representa risco
algum, ou seja, recebe a nota máxima
de 100%. Por seu turno, o de segunda
linha é avaliado e recebe “notas”
(0%, 10%, 20%, 50% ou 100%),
tomando-se por base critérios que
incluem, por exemplo, a condição da
outra parte.10 Ao fim, pondera-se o
capital de primeira linha com o de
segunda linha e se obtém uma razão.
O índice de solvabilidade estabelecido no pilar 1 para bancos é de 8%.11
No Brasil, o mesmo valor era previsto,
mas foi posteriormente majorado.
À primeira vista, tal mecanismo foi
insuficiente para evitar que instituições financeiras se expusessem excessivamente ao risco. Entretanto, não é
a mera relação matemática que está
equivocada – é a forma de classificação
de avaliação dos créditos que, na sua
ACREFI
Há uma tendência de que
as autoridades monetárias
se mostrem céticas quanto
à concessão de maior
liberdade para as
instituições financeiras
origem, foi considerada como sendo
de baixo risco, enquanto deveria ser
rotulada como de alto risco. Sob esse
aspecto, as regras podem ser criticadas por serem genéricas e não fornecerem diretrizes mais precisas sobre como
avaliar o risco de cada transação.
Em 1998, os membros do Comitê
da Basiléia decidiram que as regras
estabelecidas haviam se tornado inadequadas, o que em parte se deveu
ao desenvolvimento das técnicas de
avaliação de risco. Por mais paradoxal
que possa parecer no cenário atual
de crise, Basiléia II permite que o
limite mínimo de 8% seja flexibilizado, especialmente para os grandes
bancos, que seriam capazes de desenvolver mecanismos mais sofisticados
de avaliação de risco. Tal flexibilização
1
somente seria autorizada individualmente na hipótese de o banco convencer as autoridades monetárias de
que seus mecanismos de avaliação de
risco são mais sofisticados do que os
vigentes no pilar 1.
Ora, diante do cenário atual de
crise causada por erros na avaliação
do risco, é possível que, após apagados os focos de incêndio, as autoridades bancárias se voltem para
a imposição de regras mais estritas
para avaliação de risco na concessão
de crédito. Desse modo, menos liberdade de ação pode ser uma das
características do marco regulatório
em virtude dos critérios dúbios adotados na regulação do risco feita
pelas instituições financeiras.
Portanto, como a crise financeira
resulta de equívocos na avaliação
do risco, há uma tendência de que
as autoridades monetárias se mostrem céticas quanto à concessão de
maior liberdade para as instituições
financeiras. O mais provável é que se
assista a um recrudescimento das normas de avaliação de risco, de modo a
se combater as causas da atual crise,
ainda que isso possa fazer com que
alguns dos aperfeiçoamentos obtidos
com Basiléia II sejam perdidos.
CRANSTON, Ross. Principles of banking law, p. 63-64.
Idem, p. 64. “The prestige and power of the committee’s members have meant, however, that in practice
many other countries adopt its standards. Banking supervisors in other parts of the world have formed
parallel committees.”
3
Isso se aplica inclusive em relação à adequação ao capital. Ver COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA
DA BASILÉIA. “Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária Eficaz”, Basiléia, setembro de 1997, p.
22. “Princípio 6: Os supervisores bancários devem estabelecer, para todos os bancos, requisitos mínimos,
prudentes e apropriados, de adequação de capital. Tais requisitos devem refletir os riscos a que os bancos
se submetem e devem definir os componentes de capital, levando em conta a capacidade de absorção de
perdas de cada um. Pelo menos para os bancos com atuação internacional, esses requisitos não devem ser
menos rigorosos do que os estabelecidos no Acordo de Capital da Basiléia.”
4
COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DA BASILÉIA. “Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária
Eficaz”, Basiléia, setembro de 1997, p. 1.
5
BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária.
The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 12. “The major impetus for the 1988 Basel Capital
Accord was the concern of the Governors of the G10 central banks that the capital of the world’s major
banks had become dangerously low after persistent erosion through competition.”
6
CRANSTON, Ross. Op. cit., p. 89.
7
BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária.
The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 12.
8
BANK FOR INTERNATIONAL SETTLEMENTS. Secretariado do Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária.
The New Basel Capital Accord: an explanatory note, p. 10. “Pillar 1: The rules that define the minimum
ratio of capital to risk weighted assets. Pillar 2: The supervisory review pillar, which requires supervisors to
undertake a qualitative review of their bank’s capital allocation techniques and compliance with relevant
standards. Pillar 3: The disclosure requirements, which facilitate market discipline.”
9
VALDEZ, Stephen, WOOD, Julian. An introduction to global financial markets, p. 31.
10
CRANSTON, Ross. Principles of banking law, p. 90.
11
Ver COMITÊ DE SUPERVISÃO BANCÁRIA DA BASILÉIA. Princípios Essenciais para uma Supervisão Bancária
Eficaz. Basiléia, setembro de 1997, p. 23.
2
39
análise setorial
Mario Miranda/Agência Foto
Causas da crise
do subprime
23/10/2008
PROF. DR. ALBERTO BORGES MATIAS, PRESIDENTE DO INEPAD
D
iversas discussões acontecem atualmente acerca de
como a crise norte-americana e seus desdobramentos podem
afetar os mercados de diversos países e da economia global. Investidores, empresas e consumidores
agem com desconfiança sobre a
profundidade e a dimensão dos
impactos da crise. Muitos países
já foram afetados diretamente, e
muitos outros temem conseqüências indiretas, como retração do
mercado de crédito, queda do consumo e do valor das empresas.
A atual instabilidade econômica
tem norteado as principais decisões
sobre investimento, concessão de
crédito e interferência dos governos, na tentativa de afastar riscos,
sem comprometer a atividade econômica. Entender a causa da crise
é o primeiro passo para dimensionar seus reflexos nos mercados
e conhecer quais mercados estão
mais expostos ao risco.
A taxa prime é uma taxa preferencial de juros aplicada nas operações financeiras do mercado norte-americano. Assim como a taxa
Libor, da Inglaterra, ou o Certificado
de Depósitos Interbancários (CDI)
do Brasil, a taxa prime é utilizada
na concessão de crédito de baixo
risco. A expressão subprime é fortemente utilizada para mencionar a
FED FUND RATE E SETOR
7%
2.300
6%
2.100
5%
4%
1.900
3%
1.700
2%
1.500
1%
1.300
/0
ag 0
o/
0
no 0
v/
0
fe 0
v/
0
m 1
ai
/0
ag 1
o/
0
no 1
v/
0
fe 1
v/
0
m 2
ai
/0
ag 2
o/
0
no 2
v/
0
fe 2
v/
0
m 3
ai
/0
ag 3
o/
0
no 3
v/
0
fe 3
v/
0
m 4
ai
/0
4
ai
m
fe
v/
00
0%
Fed Fund Rate (%)
Casas construídas
Fonte: INEPAD, FED
40
A concessão de crédito foi
incentivada pela diminuição do
custo de operação, por meio da
redução da cobrança de juros
atual crise norte-americana, pois se
refere aos títulos de créditos que se
tornaram de alto risco de crédito.
Com intenção de oferecer maior
incentivo à economia norte-americana em 2001, o Federal Reserve,
Banco Central dos Estados Unidos,
decidiu reduzir a taxa básica de
juros – Fed Fund Rate. Essa medida
trouxe dois grandes reflexos na
economia: no mercado acionário e
no mercado de crédito. O primeiro
registrou crescimento substancial
devido ao aumento das aplicações
vindas de fundos de renda fixa,
pois estes ficaram menos rentáveis
e atrativos, com a diminuição da
taxa básica de juros. A concessão de
crédito foi incentivada pela diminuição do custo de operação, por
meio da redução da cobrança de
juros. Além disso, a concessão de
crédito imobiliário, em especial, foi
fortemente influenciada pelo aumento da demanda.
FINANCEIRO
FED FUND RATE E SETOR IMOBILIÁRIO
6%
2.500
5%
2.000
4%
1.500
3%
2%
A decisão do Fed, em 2004,
foi determinante para iniciar
um desequilíbrio no
mercado de crédito e
acionário norte-americano
1.000
1%
500
ja
n/
04
ab
r/0
4
ju
l/0
4
ou
t/0
4
ja
n/
05
ab
r/0
5
ju
l/0
5
ou
t/0
5
ja
n/
06
ab
r/0
6
ju
l/0
6
ou
t/0
6
ja
n/
07
ab
r/0
7
ju
l/0
7
ou
t/0
7
ja
n/
08
ab
r/0
8
0%
Fed Fund Rate (%)
Casas construídas
Fonte: INEPAD, FED e BC
BOLSAS DE VALORES – VARIAÇÃO MENSAL (%)
10
4
1
0
-10
-6
-6
-13
-20
-6
-11
-11
-15
-17
-21
-26
-30
Nova Iorque
Londres
ago/08
Hong Kong
set/08
São Paulo
out/08
Fonte: INEPAD & Yahoo Finance
A redução da taxa básica de
juros em janeiro de 2001 está associada com a posse de George W.
Bush da Presidência dos EUA, cuja
política buscou desde o início elevar o nível de aprovação do governo pela população.
Com o setor imobiliário aquecido,
ocorreu uma valorização robusta dos
preços dos imóveis nos EUA. Com a
alta do preço do imóvel, o qual é
oferecido como garantia na aquisição de empréstimos, os consumidores puderam renegociar a dívida e
tomar mais crédito. Muitos desses
consumidores aplicaram o dinheiro
tomado via empréstimo na Bolsa de
Valores de Nova York (Nyse). Esse
cenário permaneceu até meados de
2004, quando o Fed voltou a elevar a
ACREFI
taxa básica de juros com a justificativa de tentar conter o possível descontrole inflacionário no país.
A decisão do Fed, em 2004, foi
determinante para iniciar um desequilíbrio no mercado de crédito e
acionário norte-americano e na conseqüente crise financeira global. Os
fundos de renda fi xa voltaram a ser
atraentes, e a Bolsa de Valores de
Nova York perdeu parte dos investimentos, registrando desaceleração
do crescimento das cotações. E com
juros mais elevados, a facilidade de
aquisição de crédito foi comprometida, as prestações aumentaram e o
principal setor envolvido, o imobiliário, registrou uma queda acentuada no número de vendas e construção de novas unidades, além de
41
elevação dos níveis de inadimplência e insolvência.
Com esse desaquecimento no
setor imobiliário, os imóveis começaram a sofrer forte desvalorização
e, conseqüentemente, as garantias
oferecidas aos bancos nas operações de empréstimo também perderam valor. Diante da nova condição, as instituições financeiras solicitaram o pagamento das dívidas
ou a reposição em garantia com
valor equivalente ao empréstimo
tomado. Muitos consumidores se
viram numa situação difícil, pois,
sem condições de pagamento ou
de oferecer garantias, se tornaram
insolventes. Nesse momento, as
instituições financeiras assumiram
prejuízos de bilhões de dólares,
iniciando-se, portanto, a crise financeira norte-americana conhecida como subprime.
As instituições financeiras norteamericanas, assim como as demais
instituições ao redor do globo, realizam operações no mercado de capitais para poderem obter liquidez
e emprestar aos consumidores no
varejo. O mercado de capitais é um sistema de distribuição de valores mobiliários, no qual os títulos de emissão
das instituições podem ser negociados. Grandes investidores institucionais de todo o mundo, como fundos
de pensão, fundos de investimento
e seguradoras, atuam nesse mercado
com a perspectiva de obterem rentabilidade na operação e gerarem valor
aos acionistas. Desse modo, muitas
outras instituições financeiras, tanto
dos EUA quanto da Ásia e Europa,
análise setorial
As empresas precisam se
preparar para passar por uma
nova conjuntura econômica,
com adaptações no
planejamento estratégico e na
gestão de riscos financeiros
Colaborou para o desenvolvimento deste
artigo Jordão Tomas de Resende, analista
financeiro do Inepad.
estavam ligadas, diretamente ou indiretamente, aos bancos imobiliários
norte-americanos. Desse modo, as
conseqüências da crise imobiliária se
alastraram globalmente, distribuindo
prejuízos a vários investidores em
diferentes continentes. As instituições
financeiras Bradford & Bingley, da
Inglaterra; Hypo Real Estate, da Alemanha; e a Glitnir, da Islândia, são
exemplos de alguns agentes envolvidos nessa crise financeira.
O desconhecimento sobre a dimensão da crise, bem como sobre a
amplitude de instituições e países
afetados por ela, repercutiu em
todos os mercados acionários do
mundo. A crise de desconfiança,
que agora se fala até em retração
da economia real dos países, gerou
uma profunda instabilidade em
diversas bolsas de valores do
mundo. Além disso, para agravar a
instabilidade nesse mercado, a falta
de liquidez internacional, represada em instituições privilegiadas,
fez com que diversas bolsas de valores perdessem aplicações de investidores estrangeiros. As bolsas de
valores de Nova York, de Londres,
de Hong Kong e de São Paulo passaram por forte desvalorização no
segundo semestre de 2008, registrando em outubro um retorno
negativo de 21%, 17%, 11% e 26%,
respectivamente.
Em setembro e outubro de 2008,
já foram anunciados pacotes de
ajuda ao mercado pelos governos
norte-americano e europeus, no
montante de US$ 700 bilhões e US$
2,2 trilhões, respectivamente. As decisões buscam amenizar o problema de falta de liquidez no mercado
bancário internacional. A perspectiva é que a crise de desconfiança do
investidor, em relação às incertezas
dos desdobramentos da crise e também aos possíveis impactos na economia real, deva permanecer durante o primeiro trimestre de 2009,
pelo menos, com forte oscilação no
mercado acionário.
A economia brasileira vem apresentando certa blindagem diante
42
dos acontecimentos na economia
global, apesar de a Bolsa de Valores de São Paulo ter apresentado
a maior queda dentre as bolsas do
mundo. As instituições financeiras
nacionais não apresentam relações
diretas ou indiretas com os bancos
imobiliários norte-americanos afetados pela crise. A economia e as
empresas brasileiras apresentaram
nos últimos anos sólido desempenho, sendo que a Bolsa de Valores
dependia de investidores internacionais e das empresas de exportações e importações. Diante da volatilidade da cotação do dólar, o
Banco Central tem plena capacidade de manter o controle cambial,
desde que assim defina, por meio
da distribuição da moeda ao mercado, possibilitado pela sua grande
reserva, de mais de US$ 200 bilhões. As captações de empréstimos
no exterior são pequenas diante
dos ativos totais das instituições
financeiras brasileiras, mas foram
prejudicadas pela falta de liquidez
internacional, preocupando o mercado sobre a disponibilidade de
crédito interno. Esse vazio gerado
não pode ser facilmente coberto
pela redução do compulsório, em
face do empossamento de liquidez
nas grandes instituições. Já as operações de redesconto e de compra
de carteiras pelo Banco do Brasil
e Caixa Econômica Federal surtiram mais efeito, mas as instituições
tomadoras aproveitaram para aumentar suas taxas ativas.
Nesse momento de incertezas,
as empresas precisam se preparar
para passar por uma nova conjuntura econômica, com adaptações no
planejamento estratégico e na gestão de riscos financeiros. Já os bancos precisam aperfeiçoar ainda mais
suas práticas de gerenciamento de
risco financeiro, além de sofrerem
adequações em sua regulamentação que possibilitem a integração
das inspeções do mercado de capitais e bancário, tendo em vista tornar mais claro os processos e as operações de suas atividades.
FINANCEIRO
banco de dados por INEPAD
TAXAS MÉDIAS
GERAL
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
35,5
35,4
34,7
33,8
37,3
37,4
37,6
37,4
37,6
38,0
39,4
40,1
40,4
-0,2
-0,1
-0,7
-0,9
3,5
0,1
0,2
-0,2
0,2
0,4
1,4
0,7
0,3
10,9
11,0
11,2
11,5
11,6
11,4
12,2
12,4
13,1
13,5
13,8
13,9
14,0
-0,1
0,1
0,2
0,3
0,1
-0,2
0,8
0,2
0,7
0,4
0,3
0,1
0,1
24,6
24,4
23,5
22,3
25,7
26,0
25,4
25,0
24,5
24,5
25,6
26,2
26,4
-0,1
-0,2
-0,9
-1,2
3,4
0,3
-0,6
-0,4
-0,5
0,0
1,1
0,6
0,2
Variação set-set
4,9
3,1
1,8
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA FÍSICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
46,3
45,8
44,8
43,9
48,8
49,0
47,8
47,7
47,4
49,1
51,4
52,1
53,1
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
4,9
0,2
-1,2
-0,1
-0,3
1,7
2,3
0,7
1,0
11,3
11,3
11,5
12,0
12,2
12,1
12,5
13,1
13,9
14,4
14,8
14,5
14,5
0,0
0,0
0,2
0,5
0,2
-0,1
0,4
0,6
0,8
0,5
0,4
-0,3
0,0
35,0
34,5
33,3
31,9
36,6
36,9
35,3
34,6
33,5
34,7
36,6
37,6
38,6
-0,3
-0,5
-1,2
-1,4
4,7
0,3
-1,6
-0,7
-1,1
1,2
1,9
1,0
1,0
Variação set-set
6,8
3,2
3,6
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
PESSOA JURÍDICA
DATA
Aplicações % a.a.
Var. p.p.
Captações % a.a.
Var. p.p.
Spread % p.p.
Var. p.p.
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
23,1
23,4
23,3
22,9
24,7
24,8
26,5
26,3
26,9
26,6
27,5
28,3
28,3
-0,3
-0,5
-1,0
-0,9
4,9
0,2
-1,2
-0,1
-0,3
1,7
2,3
0,7
1,0
10,5
10,7
11,0
11,0
11,0
10,7
11,8
11,9
12,4
12,7
13,0
13,4
13,6
-0,2
0,2
0,3
0,0
0,0
-0,3
1,1
0,1
0,5
0,3
0,3
0,4
0,2
12,6
12,7
12,3
11,9
13,7
14,1
14,7
14,4
14,5
13,9
14,5
14,9
14,7
0,2
0,1
-0,4
-0,4
1,8
0,4
0,6
-0,3
0,1
-0,6
0,6
0,4
-0,2
Variação set-set
5,2
3,1
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
43
2,1
banco de dados por INEPAD
SPREAD FINANCEIRO
CRÉDITO PESSOA FÍSICA
CRÉDITO PESSOAL
Volum e
R$ Milhões
45,0
40,0
35,0
30,0
SPREAD
FINANCEIRO
25,0
20,0
15,0
Taxa de
Juros
130.000
58,00
120.000
56,00
110.000
54,00
100.000
52,00
90.000
50,00
80.000
48,00
70.000
46,00
Aplicação
60.000
set/08
ago/08
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
out/07
set/07
10,0
44,00
set out nov dez jan fev mar abr mai jun jul ago set
07 07 07 07 08 08 08 08 08 08 08 08 08
Captação
Vo lum e
T a xa d e J u r o s
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados - Recursos Livres (R$ milhões)
MÊS / ANO
CHEQUE
ESPECIAL
VARIAÇÃO
EM %
CRÉDITO
PESSOAL
VARIAÇÃO
EM %
FINANCIAMENTO
IMOBILIÁRIO
VARIAÇÃO
EM %
CARTÃO DE
CRÉDITO
VARIAÇÃO
EM %
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
13.963
14.580
14.405
12.937
14.061
14.786
15.059
15.469
15.521
15.659
15.457
15.400
15.767
0,9%
4,4%
-1,2%
-10,2%
8,7%
5,2%
1,8%
2,7%
0,3%
0,9%
-1,3%
-0,4%
2,4%
95.506
97.667
99.739
99.884
102.317
106.702
108.860
111.616
114.176
115.214
117.157
118.782
120.727
1,4%
2,3%
2,1%
0,1%
2,4%
4,3%
2,0%
2,5%
2,3%
0,9%
1,7%
1,4%
1,6%
294
315
330
349
361
378
393
422
440
466
482
508
38
5,4%
7,3%
4,8%
5,7%
3,5%
4,6%
3,9%
7,4%
4,3%
5,8%
3,4%
5,3%
-92,5%
16.674
17.016
17.610
17.275
17.844
18.533
18.910
19.566
19.930
20.245
20.442
20.807
21.160
1,4%
2,0%
3,5%
-1,9%
3,3%
3,9%
2,0%
3,5%
1,9%
1,6%
1,0%
1,8%
1,7%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - PESSOA FÍSICA - Prefixados/continuação Recursos Livres (R$ milhões)
AQUISIÇÃO
MÊS / ANO
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
VEÍCULOS
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
OUTROS
VARIAÇÃO
EM %
TOTAL
VARIAÇÃO
EM %
76.125
78.017
79.541
81.479
82.712
83.246
83.657
83.850
84.108
83.917
83.930
83.553
83.568
2,6%
2,5%
2,0%
2,4%
1,5%
0,6%
0,5%
0,2%
0,3%
-0,2%
0,0%
-0,4%
0,0%
11.434
11.688
11.945
12.447
12.789
12.055
11.956
11.860
11.903
11.808
12.078
12.114
11.697
0,4%
2,2%
2,2%
4,2%
2,7%
-5,7%
-0,8%
-0,8%
0,4%
-0,8%
2,3%
0,3%
-3,4%
87.559
89.705
91.485
93.926
95.501
95.301
95.612
95.711
96.010
95.725
96.008
95.667
95.265
2,3%
2,5%
2,0%
2,7%
1,7%
-0,2%
0,3%
0,1%
0,3%
-0,3%
0,3%
-0,4%
-0,4%
11.459
11.600
11.979
11.890
12.272
9.946
9.931
10.377
10.761
10.634
11.009
11.483
11.497
-2,0%
1,2%
3,3%
-0,7%
3,2%
-19,0%
-0,1%
4,5%
3,7%
-1,2%
3,5%
4,3%
0,1%
225.455
230.882
235.550
236.261
242.356
245.646
248.765
253.161
256.839
257.943
260.554
262.646
264.455
1,5%
2,4%
2,0%
0,3%
2,6%
1,4%
1,3%
1,8%
1,5%
0,4%
1,0%
0,8%
0,7%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
44
FINANCEIRO
VOLUME DE OPERAÇÕES DE CRÉDITO - CRÉDITO CONSIGNADO
CRÉDITO
PESSOAL*
MÊS / ANO
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
Var. set-set
107.540
109.847
112.182
112.467
115.125
119.866
122.525
125.498
128.352
129.766
132.551
134.797
137.205
27,59%
CONSIGNADO
Públicos
Privados
Total
Amostra**
52.967
54.398
55.732
56.179
57.123
58.449
59.444
60.791
62.136
62.635
63.439
64.392
64.946
22,62%
7.868
8.229
8.363
8.506
8.752
8.995
9.215
9.489
9.778
9.950
10.166
10.162
10.376
31,87%
60.835
62.627
64.096
64.686
65.875
67.444
68.660
70.280
71.914
72.585
73.606
74.554
75.322
23,81%
41.305
42.370
43.435
43.655
44.063
44.788
45.686
46.691
47.637
48.202
48.975
49.317
49.908
20,83%
% Consignado***
(R$ milhões)
Concentração
Taxa de Juros %aa
do Consignado
Estimativa INEPAD Consignado
Pessoal
Diferença
56,6%
57,0%
57,1%
57,5%
57,2%
56,3%
56,0%
56,0%
56,0%
55,9%
55,5%
55,3%
54,9%
-2,96%
67,9%
67,7%
67,8%
67,5%
66,9%
66,4%
66,5%
66,4%
66,2%
66,4%
66,5%
66,1%
66,3%
-2,41%
30,6%
29,9%
28,7%
28,1%
29,4%
28,8%
26,9%
26,9%
27,5%
27,7%
28,4%
28,5%
28,8%
-5,73%
49,4%
48,9%
46,8%
45,8%
53,1%
52,6%
50,5%
50,6%
48,4%
51,4%
53,6%
54,5%
56,3%
13,97%
18,8%
19,0%
18,1%
17,7%
23,7%
23,8%
23,6%
23,7%
20,9%
23,7%
25,2%
26,0%
27,5%
45,88%
FONTE: INEPAD / BC * Inclui empréstimos realizados pelas cooperativas de crédito. ** Pesquisa com treze das maiores instituições que operam com crédito pessoal. *** Total consignado sobre o total de crédito pessoal.
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
CRÉDITO PESSOAL (R$ mil)
Mês/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
86.121.220
87.990.401
89.883.995
90.711.792
92.449.829
96.761.783
98.527.512
101.022.018
103.022.153
104.407.365
105.881.336
107.489.859
109.232.042
2.025.750
2.282.817
2.177.904
1.656.724
2.125.426
1.952.962
2.156.672
2.244.679
2.368.574
2.228.419
2.389.760
2.215.523
2.411.716
2,12%
2,34%
2,18%
1,66%
2,08%
1,83%
1,98%
2,01%
2,07%
1,93%
2,04%
1,87%
2,00%
2.161.980
2.274.612
2.392.134
2.237.911
2.262.051
2.465.458
2.639.208
2.621.165
2.771.174
2.739.895
2.749.838
2.751.547
2.749.727
2,26%
2,33%
2,40%
2,24%
2,21%
2,31%
2,42%
2,35%
2,43%
2,38%
2,35%
2,32%
2,28%
5.197.355
5.118.794
5.285.358
5.277.475
5.479.643
5.522.235
5.536.722
5.727.793
6.013.821
5.838.192
6.135.827
6.325.442
6.333.228
5,44%
5,24%
5,30%
5,28%
5,36%
5,18%
5,09%
5,13%
5,27%
5,07%
5,24%
5,33%
5,25%
95.506.305
97.666.624
99.739.391
99.883.902
102.316.949
106.702.438
108.860.114
111.615.655
114.175.722
115.213.871
117.156.761
118.782.371
120.726.713
1,37%
2,26%
2,12%
0,14%
2,44%
4,29%
2,02%
2,53%
2,29%
0,91%
1,69%
1,39%
1,64%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS (R$ mil)
Mês/Ano
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
Saldo
Com atraso
sem atraso
de 15 a 30 dias
68.580.587
70.253.132
71.794.658
73.543.216
74.637.113
74.828.727
74.416.737
74.691.316
74.661.062
74.772.743
74.773.820
74.389.665
74.181.209
2.373.528
2.571.251
2.422.298
2.637.569
2.654.164
2.624.845
3.001.601
2.842.291
2.984.575
2.834.145
2.910.234
2.882.830
2.956.194
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
3,12%
3,30%
3,05%
3,24%
3,21%
3,15%
3,59%
3,39%
3,55%
3,38%
3,47%
3,45%
3,54%
2.690.668
2.804.002
2.881.636
2.844.229
2.871.003
3.115.683
3.468.378
3.416.415
3.371.102
3.309.526
3.156.526
3.133.013
3.231.757
3,53%
3,59%
3,62%
3,49%
3,47%
3,74%
4,15%
4,07%
4,01%
3,94%
3,76%
3,75%
3,87%
2.479.760
2.388.452
2.442.005
2.454.295
2.549.765
2.676.428
2.770.135
2.900.394
3.091.054
3.000.720
3.089.297
3.147.053
3.199.239
3,26%
3,06%
3,07%
3,01%
3,08%
3,22%
3,31%
3,46%
3,68%
3,58%
3,68%
3,77%
3,83%
76.124.543
78.016.837
79.540.597
81.479.309
82.712.045
83.245.683
83.656.851
83.850.416
84.107.793
83.917.134
83.929.877
83.552.561
83.568.398
2,61%
2,49%
1,95%
2,44%
1,51%
0,65%
0,49%
0,23%
0,31%
-0,23%
0,02%
-0,45%
0,02%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
ACREFI
45
banco de dados por INEPAD
INADIMPLÊNCIA - OPERAÇÕES PREFIXADAS
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
8.871.453
9.041.106
9.320.039
9.841.313
10.000.239
9.328.599
9.161.157
9.028.439
9.073.687
8.943.932
9.232.647
9.275.580
9.043.583
513.139
530.363
547.612
507.676
598.271
557.024
621.470
591.210
570.362
555.532
558.922
549.895
510.007
4,49%
4,54%
4,58%
4,08%
4,68%
4,62%
5,20%
4,98%
4,79%
4,70%
4,63%
4,54%
4,36%
599.807
620.679
608.934
561.225
598.402
656.068
736.038
713.810
683.873
672.979
629.815
617.148
573.863
5,25%
5,31%
5,10%
4,51%
4,68%
5,44%
6,16%
6,02%
5,75%
5,70%
5,21%
5,09%
4,91%
1.449.584
1.495.576
1.468.106
1.536.891
1.591.703
1.513.406
1.436.965
1.526.906
1.574.622
1.635.845
1.656.346
1.671.757
1.569.238
12,68%
12,80%
12,29%
12,35%
12,45%
12,55%
12,02%
12,87%
13,23%
13,85%
13,71%
13,80%
13,42%
11.433.983
11.687.724
11.944.691
12.447.105
12.788.615
12.055.097
11.955.630
11.860.365
11.902.544
11.808.288
12.077.730
12.114.380
11.696.692
0,45%
2,22%
2,20%
4,21%
2,74%
-5,74%
-0,83%
-0,80%
0,36%
-0,79%
2,28%
0,30%
-3,45%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
INADIMPLÊNCIA - CRÉDITO PESSOAL - PREFIXADO
Setembro/2008 (em R$ mil)
21%
Atraso de mais
de 90 dias
6.333.228
55%
24%
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS - PREFIXADO
Setembro/2008 (em R$ mil)
Atraso de
15 a 30 dias
2.411.716
Atraso de
31 a 90 dias
3.231.757
Atraso de
31 a 90 dias
2.749.727
19%
59%
22%
31%
34%
Atraso de mais
de 90 dias
3.199.239
INADIMPLÊNCIA - OUTRAS OPERAÇÕES - PREFIXADO
Setembro/2008 (em R$ mil)
Atraso de
INADIMPLÊNCIA - AQUISIÇÃO OUTROS BENS - PREFIXADO
Setembro/2008 (em R$ mil)
Atraso de mais
de 90 dias
1.569.238
35%
Atraso de
15 a 30 dias
2.956.194
15 a 30 dias
422.650
Atraso de
15 a 30 dias
510.007
15%
Atraso de mais
de 90 dias
1.562.777
58%
27%
Atraso de
31 a 90 dias
573.863
Atraso de
31 a 90 dias
746.741
OUTRAS OPERAÇÕES (R$ mil)
Mê s/Ano
Saldo
sem atraso
Com atraso
de 15 a 30 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
de 31 a 90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Com atraso
maior que
90 dias
% sobre
Saldo da
Carteira
Saldo total
CarteiraBrasil
Variação
em %
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
8.421.625
8.535.033
8.793.582
9.094.393
9.317.503
6.977.999
7.135.770
7.413.392
7.639.437
7.979.469
8.197.258
8.545.006
8.764.999
406.144
436.743
391.648
346.857
419.500
390.555
393.928
419.332
396.545
364.998
404.991
419.976
422.650
3,54%
3,77%
3,27%
2,92%
3,42%
3,93%
3,97%
4,04%
3,68%
3,43%
3,68%
3,66%
3,68%
773.997
744.062
766.712
745.291
736.306
738.217
781.798
768.969
771.992
749.909
705.316
719.670
746.741
6,75%
6,41%
6,40%
6,27%
6,00%
7,42%
7,87%
7,41%
7,17%
7,05%
6,41%
6,27%
6,50%
1.857.110
1.884.056
2.027.204
1.703.226
1.799.061
1.838.773
1.619.166
1.775.117
1.953.249
1.539.449
1.701.217
1.797.996
1.562.777
16,21%
16,24%
16,92%
14,33%
14,66%
18,49%
16,30%
17,11%
18,15%
14,48%
15,45%
15,66%
13,59%
11.458.876
11.599.894
11.979.146
11.889.767
12.272.370
9.945.544
9.930.662
10.376.810
10.761.223
10.633.825
11.008.782
11.482.648
11.497.168
-1,99%
1,23%
3,27%
-0,75%
3,22%
-18,96%
-0,15%
4,49%
3,70%
-1,18%
3,53%
4,30%
0,13%
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
46
FINANCEIRO
DESEMPREGO
TAXA DE DESEMPREGO (%)
DATA
Brasil
Var. p.p.
SP
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
9,00
8,70
8,20
7,40
8,00
8,70
8,60
8,50
7,90
7,80
8,10
7,60
7,60
-0,50
-0,30
-0,50
-0,80
0,60
0,70
-0,10
-0,10
-0,60
-0,10
0,30
-0,50
0,00
9,40
9,50
8,80
8,00
8,60
9,30
9,40
9,40
8,60
8,20
8,30
8,00
8,00
TAXA DE DESEMPREGO
Taxa (%)
Var. p.p.
-0,70
0,10
-0,70
-0,80
0,60
0,70
0,10
0,00
-0,80
-0,40
0,10
-0,30
0,00
Fonte: IBGE/INEPAD
Variação (p.p.)
12,0
1,00
11,5
0,80
11,0
0,60
10,5
0,40
10,0
0,20
9,5
0,00
9,0
-0,20
8,5
-0,40
8,0
-0,60
7,5
-0,80
-1,00
7,0
set
07
out
07
nov
07
dez
07
Brasil
jan
08
fev
08
mar
08
SP
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
ago
08
set
08
Var. p.p. mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
RENDIMENTO MÉDIO REAL HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
RENDIMENTO MÉDIO REAL
HABITUALMENTE RECEBIDO (R$)
DATA
Brasil
Var. %
SP
Var. %
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
1.185,96
1.192,39
1.208,48
1.219,29
1.219,34
1.232,39
1.225,60
1.238,12
1.226,35
1.223,00
1.224,40
1.253,70
1.267,30
0,3%
0,5%
1,3%
0,9%
0,0%
1,1%
-0,6%
1,0%
-1,0%
-0,3%
0,1%
2,4%
1,1%
1.306,56
1.325,35
1.338,49
1.377,21
1.386,26
1.399,36
1.372,09
1.369,45
1.354,96
1.345,99
1.340,10
1.370,70
1.390,50
0,1%
1,4%
1,0%
2,9%
0,7%
0,9%
-1,9%
-0,2%
-1,1%
-0,7%
-0,4%
2,3%
1,4%
Fonte: IBGE/INEPAD
3,0%
1.450
1.400
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
2,5%
2,0%
1,5%
1,0%
0,5%
0,0%
-0,5%
-1,0%
-1,5%
set
07
out
07
nov
07
dez
07
Brasil
jan
08
fev
08
mar
08
SP
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
ago
08
set
08
Var. % mensal Brasil
Fonte: IBGE/INEPAD
COMÉRCIO VAREJISTA
VOLUME DE VENDAS
VOLUME DE VENDAS
Data
ago/07
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
Variação
ago-ago
Hipermercados e
Veículos,Motos,
Índice
Var. %
Var. %
Var. %
Geral
Supermercados
Partes e Peças
133,30
130,40
135,47
138,31
187,17
135,83
125,72
142,04
135,47
148,06
137,92
142,50
146,40
9,8%
4,1%
-2,2%
3,9%
2,1%
35,3%
-27,4%
-7,4%
13,0%
-4,6%
9,3%
-6,8%
3,3%
2,7%
124,64
126,35
126,79
127,35
162,97
125,74
120,44
137,98
125,34
132,27
123,32
128,07
134,00
7,5%
2,2%
1,4%
0,3%
0,4%
28,0%
-22,8%
-4,2%
14,6%
-9,2%
5,5%
-6,8%
3,9%
4,6%
178,38
156,60
183,46
177,36
170,06
164,53
156,62
176,60
186,77
179,22
189,31
200,01
183,55
210,00
200,00
190,00
180,00
170,00
160,00
150,00
140,00
130,00
120,00
110,00
100,00
90,00
80,00
11,3%
-12,2%
17,2%
-3,3%
-4,1%
-3,3%
-4,8%
12,8%
5,8%
-4,0%
5,6%
5,7%
-8,2%
ago
07
out nov dez
07
07
07
Índice Geral
17,2%
Fonte: IBGE/INEPAD
ACREFI
set
07
47
jan
08
fev mar abr mai jun
08 08 08 08 08
Hipermercados e
Supermercados
jul
08
ago
08
Veículos, Motos,
Partes e Peças
banco de dados por INEPAD
PREVISÕES ECONÔMICAS
Ano de 2008
PIB Total % a.a.
PIB Agropecuário % a.a.
PIB Indústria % a.a.
PIB Serviço % a.a.
Produção Industrial % a.a.
4,50
5,13
5,22
5,22
4,85
4,93
5,06
5,09
4,64
5,39
5,38
5,39
4,29
4,71
4,79
4,78
5,82
5,57
5,48
5,49
Selic
Taxa anual
IGP-DI
% a.a.
IPCA
% a.a.
Taxa de Câmbio
R$/US$
Saldo Comercial
US$ bilhões
11,10
14,71
14,39
14,22
4,51
9,82
10,61
10,68
4,28
6,15
6,22
6,30
1,80
1,72
1,93
1,97
31,89
23,82
24,24
24,28
Var. p.p.
DATA
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 24/10/2008
Ano de 2008
Previsão 02/01/2008
4 semanas antes
1 semana antes
Previsão 24/10/2008
Fonte: BC-Focus/INEPAD
ATIVIDADE ECONÔMICA
DATA
Taxa da Utilização da
Capacidade Instalada
ago/07
83,40
1,00
set/07
83,10
-0,30
out/07
84,30
1,20
out/07
124,63
1,37%
nov/07
84,30
0,00
nov/07
124,95
0,26%
dez/07
81,30
-3,00
dez/07
125,17
0,18%
jan/08
81,6366
0,34
jan/08
124,79
-0,30%
Índice de Produção Física
Média Móvel Trimestral
Var. %
ago/07
122,73
0,68%
set/07
122,95
0,18%
fev/08
81,80
0,16
fev/08
125,06
0,22%
mar/08
82,60
0,80
mar/08
125,89
0,66%
abr/08
82,90
0,30
abr/08
126,03
0,11%
mai/08
82,80
-0,10
mai/08
126,23
0,16%
jun/08
83,30
0,50
jun/08
127,15
0,73%
jul/08
83,50
0,20
jul/08
128,60
1,14%
ago/08
83,50
0,00
ago/08
129,83
0,96%
Variação ago-ago
0,12%
Variação ago-ago
Fonte: CNI/INEPAD
5,79%
Fonte: IBGE/INEPAD
PRODUÇÃO (ÍNDICE) X CAPACIDADE (%)
Capacidade (%)
Produção - Índice
85,0
130
84,0
128
126
124
122
120
83,0
82,0
118
81,0
116
Fonte: INEPAD
T ax a d a U t i l i z ação
d a C ap ac i d ad e Ins t al ad a
ago/08
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
112
110
out/07
79,0
set/07
114
ago/07
80,0
Índ i c e d e Pr o d ução F ís i c a
M éd i a M óv el T r i mes t r al
48
FINANCEIRO
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA - AUTOMÓVEIS DE PASSAGEIROS, MISTOS, VEÍCULOS COMERCIAIS LEVES E PESADOS
PRODUÇÃO
PRODUÇÃO
(em unidades)
Data
Produção
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
252.911
299.251
271.201
220.772
253.700
251.899
282.926
300.551
289.884
303.784
317.777
311.628
298.367
Média Trim. Var. Mensal Var. Mensal (%)
265.988
277.057
274.454
263.741
248.558
242.124
262.842
278.459
291.120
298.073
303.815
311.063
309.257
-26.097
46.340
-28.050
-50.429
32.928
-1.801
31.027
17.625
-10.667
13.900
13.993
-6.149
-13.261
Variação set-set
-9,4%
18,3%
-9,4%
-18,6%
14,9%
-0,7%
12,3%
6,2%
-3,5%
4,8%
4,6%
-1,9%
-4,3%
(em unidades)
340.000
320.000
300.000
280.000
260.000
240.000
220.000
200.000
180.000
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
fev
08
Produção
18,0%
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
jul
08
ago
08
set
08
jul
08
ago
08
set
08
jul
08
ago
08
set
08
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
VENDAS INTERNAS NO ATACADO DE NACIONAIS
(em unidades)
Data
Vendas
Média Trim.
Variação
Variação(%)
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
222.868
252.823
242.612
207.322
214.213
217.073
248.964
267.405
261.486
279.382
287.604
281.839
270.660
226.640
238.446
239.434
234.252
221.382
212.869
226.750
244.481
259.285
269.424
276.157
282.942
280.034
-16.780
29.955
-10.211
-35.290
6.891
2.860
31.891
18.441
-5.919
17.896
8.222
-5.765
-11.179
-7,0%
13,4%
-4,0%
-14,5%
3,3%
1,3%
14,7%
7,4%
-2,2%
6,8%
2,9%
-2,0%
-4,0%
Variação set-set
(em unidades)
300.000
280.000
260.000
240.000
220.000
200.000
180.000
160.000
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
fev
08
Vendas
21,4%
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
Média trimestral
Fonte: Anfavea/INEPAD
EXPORTAÇÃO TOTAL
EXPORTAÇÃO TOTAL
(em unidades)
(em unidades)
Data
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
Exportações Média Trim.
64.575
78.993
59.586
56.005
53.959
55.843
64.489
65.333
55.187
66.382
62.981
63.778
58.588
Variação set-set
71.882
70.493
67.718
64.861
56.517
55.269
58.097
61.888
61.670
62.301
61.517
64.380
61.782
Variação
Variação(%)
-3.336
14.418
-19.407
-3.581
-2.046
1.884
8.646
844
-10.146
11.195
-3.401
797
-5.190
-4,9%
22,3%
-24,6%
-6,0%
-3,7%
3,5%
15,5%
1,3%
-15,5%
20,3%
-5,1%
1,3%
-8,1%
85.000
80.000
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
set
07
nov
07
dez
07
Exportações
-9,3%
Fonte: Anfavea/INEPAD
ACREFI
out
07
49
jan
08
fev
08
mar
08
abr
08
mai
08
jun
08
Média trimestral
banco de dados por INEPAD
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
LICENCIAMENTO DE AUTOMÓVEIS NACIONAIS E IMPORTADOS (em unidades)
Data
Vendas
1000cc
% no Total
1000cc a 2000cc
% no total
>2000cc
% no total
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
180.301
194.585
188.575
192.436
169.530
158.688
182.356
205.460
191.262
200.697
224.772
188.082
208.162
84.823
97.879
96.074
98.920
86.754
83.942
94.966
104.461
97.103
103.398
115.919
97.884
106.283
47,0%
50,3%
50,9%
51,4%
51,2%
52,9%
52,1%
50,8%
50,8%
51,5%
51,6%
52,0%
51,1%
93.689
93.690
89.677
90.728
80.554
72.870
84.998
97.585
91.071
94.071
105.607
87.229
98.835
52,0%
48,1%
47,6%
47,1%
47,5%
45,9%
46,6%
47,5%
47,6%
46,9%
47,0%
46,4%
47,5%
1.789
3.016
2.824
2.788
2.222
1.876
2.392
3.414
3.088
3.228
3.246
2.969
3.044
1,0%
1,5%
1,5%
1,4%
1,3%
1,2%
1,3%
1,7%
1,6%
1,6%
1,4%
1,6%
1,5%
Fonte: Anfavea/INEPAD
LICENCIAMENTO POR CATEGORIA - AUTOMÓVEIS
110.000
90.000
70.000
50.000
30.000
set
07
out
07
nov
07
dez
07
jan
08
fev
08
mar
08
abr
08
TAXAS DE JUROS PREFIXADOS - PESSOA FÍSICA
SALDO TOTAL
TAXAS DE JUROS
SALDO TOTAL
95.506
97.667
99.739
99.884
102.317
106.702
108.860
111.616
114.176
115.214
117.157
118.782
120.727
3,40
3,37
3,25
3,19
3,61
3,58
3,47
3,47
3,34
3,52
3,64
3,69
3,79
-0,03
-0,03
-0,12
-0,06
0,42
-0,03
-0,12
0,01
-0,13
0,17
0,12
0,05
0,10
49,40
48,90
46,80
45,80
53,10
52,60
50,50
50,60
48,40
51,40
53,60
54,50
56,30
-0,50
-0,50
-2,10
-1,00
7,30
-0,50
-2,10
0,10
-2,20
3,00
2,20
0,90
1,80
R$ milhões
76.125
78.017
79.541
81.479
82.712
83.246
83.657
83.850
84.108
83.917
83.930
83.553
83.568
jul
08
ago
08
set
08
(R$ milhões)
AQUISIÇÃO DE BENS - VEÍCULOS
% Variação % Variação
MÊS/ANO R$ milhões
a.m.
p.p
a.a.
p.p
set/07
out/07
nov/07
dez/07
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
jul/08
ago/08
set/08
jun
08
1000 cc a 2000 cc
1000 cc
CRÉDITO PESSOAL
mai
08
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
2,12
2,11
2,11
2,13
2,29
2,29
2,22
2,20
2,25
2,28
2,44
2,42
2,41
0,00
-0,01
0,01
0,02
0,16
0,00
-0,07
-0,02
0,05
0,03
0,15
-0,01
-0,01
SALDO TOTAL
% Variação
a.a.
p.p
28,63
28,44
28,53
28,76
31,20
31,20
30,10
29,80
30,60
31,10
33,50
33,30
33,10
AQUISIÇÃO DE BENS - OUTROS
-0,05
-0,19
0,09
0,23
2,44
0,00
-1,10
-0,30
0,80
0,50
2,40
-0,20
-0,20
R$ milhões
11.434
11.688
11.945
12.447
12.789
12.055
11.956
11.860
11.903
11.808
12.078
12.114
11.697
TAXAS DE JUROS
% Variação
a.m.
p.p
3,73
3,70
3,69
3,80
3,79
3,76
3,85
3,80
3,89
3,81
3,88
3,95
3,95
0,00
-0,03
-0,01
0,12
-0,01
-0,03
0,09
-0,06
0,09
-0,08
0,07
0,07
-0,01
%
a.a.
Variação
p.p
55,15
54,67
54,46
56,53
56,30
55,80
57,40
56,40
58,10
56,70
57,90
59,20
59,10
-0,04
-0,48
-0,21
2,07
-0,23
-0,50
1,60
-1,00
1,70
-1,40
1,20
1,30
-0,10
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
50
FINANCEIRO
POLÍTICAS ECONÔMICAS
TAXA DE JUROS - OVER SELIC (% aa)
28
26
24
22
20
18
16
14
12
Over Selic
set/08
jun/08
mar/08
set/07
dez/07
jun/07
mar/07
set/06
dez/06
jun/06
dez/05
mar/06
set/05
jun/05
dez/04
mar/05
set/04
jun/04
mar/04
set/03
dez/03
jun/03
mar/03
set/02
dez/02
jun/02
dez/01
set/01
mar/02
10
M.M 12 meses
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
IPCA MENSAL
BALANÇA COMERCIAL MENSAL
22.000
3,0%
20.000
2,5%
18.000
Milhões
3,5%
2,0%
1,5%
16.000
14.000
1,0%
12.000
0,5%
10.000
0,0%
8.000
set/08
ago/08
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
out/07
Exportações
M.M 12 meses
Fonte: INEPAD/IBGE
Importações
Fonte: INEPAD/MDIC
DÍVIDA LÍQUIDA DO SETOR PÚBLICO / PIB (%)
RESULTADO NOMINAL (R$ milhões corrigidos pelo IPCA - jul/08)
Juros Nom inais
Resultado Nom inal
Dívida Líquida (% PIB)
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
Fonte: Banco Central do Brasil/INEPAD
51
M.M 12 m eses
ago/08
jul/08
jun/08
mai/08
abr/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
out/07
ago/07
ago/08
jul/08
jun/08
abr/08
mai/08
mar/08
fev/08
jan/08
dez/07
nov/07
out/07
set/07
jul/07
ago/07
jun/07
Resultado Prim ário
set/07
45
44,5
44
43,5
43
42,5
42
41,5
41
40,5
40
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
-5.000
-10.000
-15.000
-20.000
-25.000
-30.000
ACREFI
set/07
jul/07
set/01
dez/01
mar/02
jun/02
set/02
dez/02
mar/03
jun/03
set/03
dez/03
mar/04
jun/04
set/04
dez/04
mar/05
jun/05
set/05
dez/05
mar/06
jun/06
set/06
dez/06
mar/07
jun/07
set/07
dez/07
mar/08
jun/08
set/08
IPCA
ago/07
6.000
-0,5%
Seu evento
no coração de São Paulo
Lgo São Bento
Vi
ad
o
le
Va
do
Ch
á
a
Ru
o
er
íL b
ão
Jo
ão
ó
ar
d
Ba
Pça Antonio Prado
Rua B o a V
ut
do
ú
ba
a
g
an
h
An
Av
.S
ista
Pça do Patriarca
Recepção
Auditório para 90 pessoas
Lounge
Salão Coffee Break/Refeições
• Conference Room • Sistema audiovisual completo • Plasma TV
Informações e reservas – Tel.: (11) 3107-7177
Centro de
Eventos
ACREFI
No coração de São Paulo

Documentos relacionados

Financeiro 28.indd

Financeiro 28.indd Paulo Sérgio Monteiro Castro Aguiar, Rubens Sardenberg Diretores Regionais Carlos Alberto Samogim, Félix Archanjo Bordin, Leonardo Marcondes Dadalto, Sérgio Faria Lemos da Fonseca Júnior, Aquiles L...

Leia mais