secretaria de estado de segurança pública corpo de bombeiros
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SECRETARIA DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS RENATA VILELA CHAVEIRO COBERTURA VACINAL DOS MILITARES DO CORPO DE BOMBEIROS EM GOIÂNIA-GOIÁS GOIÂNIA, 2013 RENATA VILELA CHAVEIRO COBERTURA VACINAL DOS MILITARES DO CORPO DE BOMBEIROS EM GOIÂNIA-GOIÁS Artigo científico apresentado em cumprimento das exigências para término do curso de formação de oficiais sob orientação do Capitão QOS José Laerte R. da Silva Júnior. ______________________________________________________ Orientador: Capitão QOS José Laerte R. da Silva Júnior GOIÂNIA, 2013 3 RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo verificar a situação vacinal dos militares do serviço operacional do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Para isso foi aplicado um questionário a 96 militares de forma aleatória nas unidades 1º Batalhão Bombeiro Militar; 2º Batalhão Bombeiro Militar; Batalhão de Salvamento e Emergência; 8º Batalhão Bombeiro Militar; COA, CODEC, CAL, Academia Bombeiro Militar e Comando de Ensino a fim de verificar a adesão dos referidos militares a Campanha de Vacinação realizada no primeiro semestre de 2013, se todos possuem cartão de vacinação e como está o esquema vacinal básico e ocupacional dos militares. Observou-se que 61% dos entrevistados não participaram da campanha de vacinação contra influenza ocorrida no âmbito da corporação. 62% dos entrevistados apresentaram esquema vacinal básico incompleto, 23% não apresentaram cobertura vacinal, 3% dos militares apresentaram o esquema vacinal básico completo, 3% do militares apresentaram o esquema vacinal básico e ocupacional completo, 9% apresentaram o esquema vacinal básico completo e ocupacional incompleto. Dos entrevistados 23% não apresentaram cartão de vacinação. Desta forma observa-se que os bombeiros militares da cidade de Goiânia não apresentam devida imunização. Palavras chaves: imunização, cartão de vacinação, vacina ABSTRAT The present research aims to verify the vaccine situation of military operational service of the Military Firefighters Corps in Central Goiás State, Brazil. For this a questionnaire was applied to 96 military randomly in the 1st Battalion Military Firefighter units; 2nd Battalion Military Firefighter; Emergency and Rescue battalion; 8th Battalion Military Firefighter; COA, CODEC, CAL, Firefighter Academy and Military Education Command in order to verify the adherence of these military vaccination campaign carried out in the first half of 2013, if all have vaccination card and how is the basic vaccination schedule and military occupational. It was noted that 61% of respondents did not participated in the vaccination campaign against influenza which occurred within the Corporation. 62% of respondents have submitted 4 incomplete basic vaccination schedule, 23% did not provide vaccination coverage, 3% of the military presented the full basic vaccination schedule, 3% of the military presented the basic vaccination schedule and full-occupational, 9% presented the basic vaccination schedule complete and incomplete occupational. 23% of respondents did not provide vaccination card. In this way it is observed that the military firefighters of the city of Goiânia do not present proper immunization. Keywords: immunization, vaccination card, vaccine INTRODUÇÃO O Estatuto do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, Lei nº 11.416 de 05 de fevereiro de 1991, prevê que os militares desta instituição sejam empenhados na execução de serviços de perícia, prevenção e combate a incêndios; de busca e salvamento; de prestação de socorros nos casos de inundações e desabamentos, catástrofes e calamidades públicas, bem assim, à execução de outros serviços que se fizerem necessários à proteção da comunidade, inclusive atividades de defesa civil. (ESTADO DE GOIÁS,1991) Visto que estes profissionais atuam na área de salvamento e resgate de vítimas de acidentes ou em perigo iminente, como é o caso de enchentes, enxurradas e outras atividades de defesa civil e, por estarem constantemente em ambientes hospitalares por realizarem atividades de atendimento pré-hospitalar, fazse aumentado a exposição a materiais biológicos como sangue, fluidos orgânicos potencialmente infectantes (sêmen, liquor, secreção vaginal, líquido sinovial, líquido pleural, peritoneal, pericárdio e amniótico) e fluídos orgânicos potencialmente não infectantes (suor, lágrima, fezes, urina e saliva), exceto se contaminado com sangue, o que torna o militar mais propenso a adquirir doenças contagiosas. (BRASIL, 2006) Desta forma, como tantos outros profissionais que atuam na área de saúde, o bombeiro militar encontra-se em uma situação suscetível de adquirir e de servir de hospedeiro de doenças, sendo que muitas delas são imunologicamente preveníveis. Algumas medidas são recomendadas para minimizar o risco de contágio dos 5 profissionais de saúde que incluem lavagem frequente das mãos, isolamento dos doentes infectados, técnicas estritas de manuseamento de produtos biológicos, respeito pelas técnicas de contato com doentes de alto risco (uso de máscaras, luvas, batas, etc.) e, claro, manutenção de planos de vacinação individuais. O plano de vacinação dos profissionais de saúde em nada difere do recomendado para os adultos saudáveis. Mas em termos práticos, as recomendações mais bem substanciadas definem que estes profissionais devem estar imunizados contra a papeira, sarampo, rubéola, gripe, tétano, difteria e pneumococo. E, em casos específicos, também contra a hepatite B, poliomielite, meningococo, raiva, febre tifóide e hepatite A. (CARNEIRO et al, 2011) A vacinação é uma medida preventiva, o foco é na vacinação de massas (e não de indivíduos isolados) e a vacinação constitui uma intervenção indiscutivelmente eficaz para a redução do risco das doenças infecto-contagiosas (cerca de 99% das doenças preveníveis por vacinação desapareceram dos países desenvolvidos). (CARNEIRO et al, 2011) Segundo estudo realizado no Paraná, os bombeiros e policiais militares estão inclusos entre os dez profissionais que mais se expõem a acidentes por agentes biológicos conforme análise de 253 fichas de notificação de acidentes desse tipo encaminhadas pelas instituições de saúde da área de abrangência do Centro de Referencia em Saúde do Trabalhador no município de Londrina – PR. Um estudo realizado em Goiás (GO) junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e a duas unidades do corpo de bombeiros, que buscou identificar a frequência de acidentes laborais, com destaque para os riscos biológicos, identificou que 70% destes trabalhadores foram alertados quanto ao risco biológico na admissão, 61% não participaram de trabalhos de educação permanente sobre biossegurança, 76% da equipe foram vacinados contra hepatite B e apenas 33% fizeram o esquema com três doses. Todos consideraram indispensável a utilização das luvas e 97% referiram utilizá-las sempre, dados que denotam alguma deficiência em educação para a segurança no trabalho. (NUNES E FONTANA, 2012) A preocupação com a vacinação dos integrantes desta instituição se deu principalmente pela falta de conhecimento de adesão ao esquema vacinal completo dos militares. O Comando de Saúde – CSAU juntamente com o Serviço 6 Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT, no primeiro semestre de 2013, lançou uma campanha de vacinação na cidade de Goiânia em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia. A vacina em foco era a Influenza e foi fornecida pela própria Secretaria. Não há registros no CSAU de quantos militares foram atingidos pela campanha. Observando a real necessidade de manter em dia a carteira de vacinação dos militares desta instituição surgiu o seguinte questionamento: como se encontra a cobertura vacinal dos militares do Corpo de Bombeiros da cidade de Goiânia? O presente trabalho tem como objetivo verificar a taxa de cobertura vacinal dos militares do Corpo de Bombeiros em Goiânia-Goiás tendo como base o esquema do Programa Nacional de Imunizações e o calendário de vacinação ocupacional recomendado pela Sociedade Brasileira de Imunizações, além de avaliar a taxa de aderência a campanha de vacinação contra influenza realizada no primeiro semestre de 2013. REVISÃO DA LITERATURA PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI) As ações de vacinação no Brasil são coordenadas pelo Programa Nacional de Vacinação (PNI) da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e têm o objetivo de erradicar, eliminar e controlar as doenças imunopreveníveis no território brasileiro. O programa foi criado em 1973, regulamentado no ano de 1975 pela Lei nº 6.259 de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto nº 78.231 de 30 de dezembro de 1976. O PNI já existe há 40 anos e no decorrer destes anos têm demonstrado, de forma inequívoca, que a vacinação é um método eficaz, disponível e de baixo custo de evitar doenças. Todas as vacinas que estão no calendário estão disponíveis gratuitamente na rede publica de saúde. (PORTAL BRASIL, 2013) A Portaria nº 3.318, de 28 de outubro de 2010 institui em todo o território nacional, o Calendário Básico de Vacinação da Criança, o Calendário do Adolescente e o Calendário do Adulto e Idoso. 7 Art. 1º Fica instituído, em todo o território nacional, o Calendário Básico de Vacinação da Criança, o Calendário do Adolescente e o Calendário do Adulto e Idoso, no âmbito do Programa Nacional de Imunizações (PNI), visando ao controle, à eliminação e erradicação de doenças imunopreveníveis. Parágrafo único. As vacinas que compõem o Calendário Básico de Vacinação da Criança, o Calendário do Adolescente e o Calendário do Adulto e Idoso e o respectivo cartão de vacinação serão fornecidos, gratuitamente, pelas unidades de saúde integrantes do SUS. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010) O art. 4º desta portaria diz que as vacinas e períodos constantes no calendário são de caráter obrigatório com a finalidade de assegurar a proteção da saúde pública. No Calendário do Adulto de Idoso, disposto no Quadro 1, são disponibilizadas as vacinas Dupla Adulto, Febre Amarela, Tríplice Viral e Hepatite B no serviço de saúde gratuitamente. Quadro 1 - Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso IDADE DOSE DOENÇAS EVITADAS Três doses Hepatite B Uma dose a cada dez anos Difteria e tétano Uma dose a cada dez anos Febre Amarela Tríplice viral (SCR) (4) vacina sarampo, caxumba e rubéola Dose única Sarampo, caxumba e rubéola Hepatite B (1) (Grupos Vulneráveis) vacina Hepatite B(recombinante) Três doses Hepatite B Febre Amarela (3) vacina febre amarela (atenuada) Uma dose a cada dez anos Febre Amarela Influenza sazonal (5) vacina influenza (fracionada, inativada) Dose anual Influenza sazonal ou gripe Pneumocócica 23-valente (Pn23) (6) vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) Dose única Infecções causadas pelo pneumococo 60 ANOS OU MAIS 20 A 59 ANOS (1) VACINA (Grupos Hepatite B Vulneráveis) vacina Hepatite B (recombinante) Dupla tipo adulto (dT) (2) vacina adsorvida difteria e tétano adulto Febre Amarela (3) vacina febre amarela (atenuada) 8 Os bombeiros militares por serem considerados profissionais de risco devido à característica de suas atividades, faz-se necessário que também recebam as seguintes vacinas: Hepatite A, Varicela, Influenza e Meningocócica C segundo a Associação Brasileira de Imunização no Calendário de Vacinação Ocupacional. (SBIm, 2010) disposto no Quadro 2 Quadro 2 - Calendário de Vacinação Ocupacional – Sociedade Brasileira da Imunização VACINAS ESQUEMAS BOMBEIROS Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) Duas doses com intervalo de 30 dias. SIM Hepatite A Duas doses, no esquema 0-6 meses. SIM Hepatite B Três doses, no esquema 0-1-6 meses. SIM Dupla Adulto Com esquema de vacinação básico completo: reforço a cada dez anos. Com esquema de vacinação básico para tétano incompleto (menos de três doses): uma dose a qualquer momento e completar a vacinação básica com uma ou duas doses de dT de forma a totalizar três doses de vacina contendo o componente tetânico. SIM (difteria e Tétano) Varicela (catapora) Duas doses com intervalo de um a três meses entre elas. SIM Influenza (gripe) Dose única anual. SIM Meningocócica conjugada Uma dose, mesmo para aqueles vacinados na infância ou há mais de cinco anos. SIM Febre amarela Uma dose com reforços a cada dez anos. SIM Nota: retirado do calendário partes somente referentes ao bombeiro. DOENÇAS IMUNOPREVINÍVEIS O Ministério da Saúde considera os profissionais de saúde sob risco significativo de contrair ou transmitir doenças como as Hepatites A e B, tuberculose, varicela, sarampo, caxumba, rubéola, doença pneumocócica, tétano, influenza, todas preveníveis através de vacinas disponibilizadas à população pelo governo federal. Importante salientar que outras infecções graves, como a Hepatite C e o HIV, também representam alto risco aos trabalhadores da área, porém até o momento, não existem vacinas disponíveis. (BRASIL, 2006) 9 IMUNIZAÇÃO OCUPACIONAL Imunização é o processo de defesa do organismo mediada pela presença de anticorpos específicos contra agentes etiológicos. A vacinação em massa consegue uma imunização generalizada o que constitui de fato um verdadeiro sucesso da medicina: permitiu o desaparecimento da varíola, sendo anualmente salvas a nível mundial mais de 5 milhões de vidas pela vacinação contra a poliomielite, tétano e sarampo. (CARNEIRO et al, 2011) A imunização por meio de vacinas é uma das medidas mais eficazes na redução da morbidade e da mortalidade por doenças imunopreveníveis (Medeiros e Marinho, 2000). Para os profissionais da área da saúde, manter-se imune a doenças é uma segurança para o profissional e para as pessoas a quem ele irá assistir, pois assim estas não correm o risco de serem atendidas por um militar infectado, sendo portanto, o uso de vacinas bastante interessante para estes casos. A imunidade pode ser adquirida de forma passiva ou ativa. A passiva pode ser natural ou artificial. A natural é obtida através da amamentação enquanto a artificial é através da soroterapia. A imunização passiva é obtida pela transferência ao indivíduo de anticorpos produzidos por um animal ou outro homem. Esse tipo de imunidade produz uma rápida e eficiente proteção, mas é temporária, durando em média poucas semanas ou meses. A imunidade ativa é também subdividida em natural ou artificial. A natural é adquirida a partir do contato com um patógeno e a artificial pela vacinação. A vacina gera uma memória imunológica, a qual é traduzida por uma proteção de longa duração. Quando o indivíduo é vacinado (ou “imunizado”), o seu organismo passa a prevenir a doença sem os riscos da própria infecção. O organismo do paciente desenvolve proteínas denominadas “anticorpos” ou “imunoglobulinas” que impedem a disseminação do micro-organismo juntamente com outras moléculas e células do organismo. (CREPE, 2009) A Portaria n. 485 de 11 de novembro de 2005, que aprova a Norma Regulamentadora de nº 32 – NR 32 - nos termos do Anexo I, diz no item 32.2.4.17 que a todo trabalhador dos serviços de saúde deve ser fornecido gratuitamente as vacinas contra tétano, difteria e hepatite B e sempre que houver vacinas eficazes a outros agentes biológicos a que os trabalhadores estão, ou poderão estar, expostos, deve ser fornecida a vacina ao trabalhador, também gratuitamente. É dever do 10 empregador assegurar que os trabalhadores sejam informados das vantagens e dos efeitos colaterais, assim como dos riscos a que estarão expostos por falta ou recusa de vacinação, e esta deve ser registrada no prontuário clínico individual do trabalhador. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2005) O Ministério do Trabalho e Emprego através da portaria citada acima, demonstra sua preocupação com a imunização do trabalhador que devido a sua atividade profissional se expõe a riscos biológicos sendo considerados assim os microrganismos, geneticamente modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2005) É importante salientar que o Ministério do Trabalho e Emprego deixa claro que a responsabilidade pela atualização da carteira de vacinação do trabalhador é do empregador, sendo ele responsável pela vacinação, reforço e anotação no prontuário clínico individual do trabalhador conforme o prescrito nos itens 32.2.4.17.2; 32.2.4.17.3 e 32.2.4.17.6 do Anexo 1 da Portaria n. 485/2005. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2005) É bem sabido que a Portaria n. 485 de 11 de novembro de 2005 aprova o texto da nova Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde. O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás não é um estabelecimento de saúde, mas seus militares são considerados profissionais da área de saúde pelo Ministério da Saúde, sendo assim, a corporação poderia se responsabilizar pela imunização dos bombeiros militares desta instituição criando um programa de imunização e mantendo os registros da vacinação no prontuário clinico do militar que se encontra no Comando de Saúde – CSAU. A Portaria n. 30/2011 – CG que regula os procedimentos a serem adotados para a avaliação médica periódica no âmbito da Corporação diz em seu art. 2º que a avaliação médica periódica é definida como procedimento preventivo realizado anualmente com o objetivo de constatar, mediante exame clínico e análise de exames complementares solicitado pelo médico da corporação, se o militar da ativa é ou não portador de doenças e sintomas que possam inabilitá-lo para o exercício de sua atividade-fim, visando ações recuperativas. 11 No art. 4º, esta portaria versa que a metodologia realizada para os exames será estabelecida obedecendo os seguintes critérios: faixa etária; biotipo e histórico de sobrepeso e/ou doenças associadas. Onde militares com idade menor de 40 anos e sem sobrepeso ou doenças associadas devem realizar os seguintes exames: Hemograma; Lipidograma; Creatinina; e Gama-GT. Se houver sobrepeso ou doença associada além dos exames citados deve fazer também exame de glicemia, Raio X de tórax e outros exames específicos da doença ou a critério do médico e a cada três anos teste ergométrico. Para militares com idade maior de 40 anos e sem sobrepeso ou doenças associadas os exames solicitados são: Hemograma; Lipidograma; Creatinina; Gama-GT; Glicemia; Raio X de tórax; PSA e a cada 2 anos deve realizar o teste ergométrico. Se houver sobrepeso ou doença associada além dos exames citados o médico poderá solicitar outros exames específicos da doença. Esta avaliação clínica deverá ser agendada pela SAAD da OBM nos casos da mesma ser na Região Metropolitana de Goiânia no mês de aniversário dos militares das respectivas unidades é o que diz o art. 6º da Portaria n. 30/2011 – CG. Observase que em nenhum momento a portaria faz menção a necessidade de apresentar o cartão de vacinação do militar. O Comando de Saúde já organizou três campanhas de vacinação. A primeira e a segunda foram campanhas de incentivo a vacinação. A terceira, que foi realizada no primeiro semestre de 2013 foi realizada com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde com o intuito de vacinar os militares de Goiânia e seus familiares contra Influenza. Esta ação foi realizada nos seguintes quarteis: Batalhão de Salvamento e Emergência – BSE; 1º Batalhão Bombeiro Militar; 8º Batalhão Bombeiro Militar e Academia Bombeiro Militar. Apesar destas ações terem sido realizadas no âmbito da corporação, coordenadas por militares do CSAU e do SESMET em quarteis estratégicos da capital, não se sabe quantos bombeiros foram atingidos com a campanha. Isto nos mostra que não houve um controle da carteira de vacinação e que não foi anotado no prontuário clínico do militar que o mesmo recebeu a vacina no ano de 2013. O que nos mostra a necessidade de organizar o controle vacinal dos militares da instituição. 12 METODOLOGIA LOCAL DO ESTUDO Foram entrevistados 96 militares das seguintes unidades: 20 militares no 1º Batalhão Bombeiro Militar, 18 militares no 2º Batalhão Bombeiro Militar, 7 militares no 8º Batalhão Bombeiro Militar, 19 militares no Batalhão de Salvamento e Emergência, 5 militares no Centro de Apoio Logístico, 12 militares no Comando de Operações Aéreas, 7 militares no Comando de Operações de Defesa Civil e 12 militares da Academia Bombeiro Militar. Somando o efetivo total das respectivas unidades obtém-se um total de 687 militares. As unidades foram divididas em conglomerados que foram numerados selecionados de forma aleatória através do uso de um módulo do Microsoft Office Excel (RandLotto) de geração de números aleatórios únicos. Cada conglomerado sorteado será avaliado consecutivamente até se alcançar o número de participantes necessário para o estudo. As unidades e seções sorteadas foram: 1º Batalhão Bombeiro Militar (Ala 1 , Companhia Operacional, Amoxarifado e Seção de Apoio Administrativo), 2º Batalhão Bombeiro Militar (Ala 2 e 3, Companhia Operacional), 8º Batalhão Bombeiro Militar (Seção de Proteção Contra Incêndio, Explosão e Pânico, Ala 3), Batalhão de Salvamento e Emergência (Comando de Saúde, Ala 2, Comando de Ensino, Companhia Operacional), Comando de Apoio Logístico (Departamento de Controle Patrimonial e Departamento de Compras e Licitação), Comando de Operações Aéreas (Companhia Operacional e Seção de Operações), Academia Bombeiro Militar (Seção Técnica de Ensino, Seção de Apoio Administrativo e Ala 1), Comando de Operações de Defesa Civil (Ala 1 e Seção de Apoio Administrativo). DESENHO DO ESTUDO Será realizado um estudo de corte transversal para determinar a taxa de cobertura vacinal dos militares do Corpo de Bombeiros em Goiânia-Goiás tendo como base o Calendário de Vacinação do Adulto e do Idoso do esquema vacinal do 13 Programa Nacional de Imunizações e o Calendário de Vacinação Ocupacional da Associação Brasileira de Imunização. . CÁLCULO DO TAMANHO DA AMOSTRA O cálculo do tamanho da amostra foi realizado estimando a proporção da população com precisão absoluta especificada na fórmula apresentada por Lwanga e Lemeshow, 1991. (n= z21-α/2P(1-P)/d2) (referencia w). Baseado também em uma pesquisa realizada em 2007 de avaliação prévia da cobertura vacinal para verificar a prevalência de indivíduos com vacinação completa em um determinado quartel do Corpo de Bombeiros do Estado de Goiás onde constatou-se uma porcentagem de 48,4% de militares imunizados (referencia y) foi definido, ao nível de confiança de 95% , uma precisão absoluta de 10%, onde será necessária uma amostra de 96 indivíduos. COLETA DE DADOS A pesquisa de campo será realizada através de uma entrevista com todos os militares de cada conglomerado selecionado de forma aleatória. Antes do agendamento da avaliação será feito contato telefônico na unidade selecionada solicitando que os militares levem seus cartões de vacinação para comprovar as vacinas já recebidas. DEFINIÇÕES DO ESTUDO Militar com esquema vacinal básico completo: indivíduo que possui cartão de vacina que comprova no mínimo 3 doses de hepatite B, 1 dose de DT há menos de 10 anos, 1 dose de vacina para febre amarela, 1 dose da tríplice viral e 1 dose contra influenza há menos de 1 ano w. Lwanga SK, Lemeshow S. Sample size determination in health studies: a pratical manual. World Health Organization, Geneva. 1991. y. Relatório de atividades do serviço médico. Ofício 303/07, Goiânia: BSE/CBMGO; 2007. (colocar essa referencia) 14 Militar com esquema vacinal básico e ocupacional completo: indivíduo que possui esquema vacinal básico completo e 2 doses da hepatite A, 2 doses da varicela e 1 dose da meningocócica tipo C. Militar com esquema vacinal básico incompleto: Militar que comprova no mínimo uma imunização do esquema vacinal básico. Militar com esquema vacinal básico completo e ocupacional incompleto: Militar que comprova imunização completa do esquema vacinal básico e no mínimo uma do esquema ocupacional completo. Militar não vacinado: militar não recebeu qualquer vacina, que não preenche critério de imunização atual para nenhuma vacina do esquema vacinal básico ou que não possui cartão de vacinas para comprovar status vacinal. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Foram avaliados 96 militares das seguintes unidades: 1º Batalhão Bombeiro Militar, 2º Batalhão Bombeiro Militar, 8º Batalhão Bombeiro Militar, Batalhão de Salvamento e Emergência, Centro de Apoio Logístico, COA, CODEC, Comando de Ensino e Academia Bombeiro Militar. Somando o efetivo das respectivas unidades obtém-se um total de 687 militares. (figura 1) Figura 1:Relação de bombeiros entrevistados por unidades UNIDADES DE ORIGEM DOS ENTREVISTADOS 16 Nº DE MILITAR 18 15 5 7 1ºBBM 2ºBBM 8ºBBM BSE CAL 12 COA 7 CODEC 12 4 ABM CEBM 15 Dos 96 bombeiros entrevistados 5 (5%) são do sexo feminino e 91 (95%) do sexo masculino (Figura 2) . Com relação a idade dos bombeiros 28 (29%) tem entre 20 e 30 anos, 41 (42%) tem entre 31 e 40 anos, 26 (27%) tem entre 41 e 50 anos, 1 (1%) tem entre 51 e 60 anos e 1(1%) tem acima de 60 anos (Figura 3). Figura 2: Sexo dos entrevistados Figura 3: Idade dos entrevistados FEMINI NO 5% SEXO DOS PARTICIPANTES IDADE DOS MILITARES MASC ULINO 95% 40 28 26 Nº DE MILITARES 20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos 1 1 51 a 60 anos acima de 61 anos Com relação ao tempo de serviço, 30 militares (31%) possuem até 5 anos de serviço, 17 (18%) possuem entre 6 e 10 anos de serviço, 20 (22%) possuem de 11 a 15 anos de serviço, 12 (13%) possuem de 16 a 20 anos de serviço, 14 (15%) possuem acima de 20 anos de serviço (Figura 4). Figura 4: Tempo de serviço dos militares entrevistados TEMPO DE… 30 17 20 12 nº… 14 até 5 anos de 6 a 10 de anos 11 a de 15 16 anos aacima 20 anos de 20 anos 16 Em relação ao esquema vacinal, 3 (3%) militares apresentaram o esquema vacinal básico completo, 3 (3%) militares apresentaram o esquema vacinal básico e ocupacional completo, 8 (9%) apresentaram o esquema vacinal básico completo e ocupacional incompleto, 58 (60%) estavam com o esquema vacinal incompleto e 24 (25%) não tinham cobertura vacinal (Tabela 1). Tabela 1: Esquema vacinal básico e ocupacional ESQUEMA VACINAL Esquema vacinal básico completo Esquema vacinal básico e ocupacional completo Esquema vacinal básico completo e ocupacional incompleto Esquema vacinal básico incompleto Sem cobertura vacinal Nº DE MILITARES 3 (3%) 3 (3%) 8 (9%) 58 (60%) 24 (25%) Dos entrevistados, 72 (75%) militares apresentaram cartão de vacinação e 24 (25%) não apresentaram (Figura 5). Observando as vacinas que compõem o calendário do adulto do PNI, dos militares entrevistados 58% haviam tomado a vacina contra febre amarela a menos de 10 anos, sendo 56 militares tomaram uma dose da vacina e 40 apresentaram administração de nenhuma dose. Figura 5 Figura 6 Registro Vacinal NÃO 25% Febre Amarela nenhuma dose 42% SIM 75% uma dose 58% Dos 54 militares que apresentaram ter recebido alguma dose da vacina contra Hepatite B, 22% (12) receberam uma dose, 15% (8) receberam duas doses e 17 63% (34) receberam as três doses da vacina (Figura 7). Em relação a vacina Dupla Adulto, 56% (54) apresentaram pelo menos uma dose da vacina a menos de 10 anos (Figura 8). Figura 7 Figura 8 Hepatite B Dupla Adulto uma dose 22% duas doses 15% três doses 63% uma dose 56% nenhuma dose 44% Sobre a vacina contra Influenza foi observado que 65% (62) dos entrevistados apresentaram ter tomado a vacina (Figura 9). Dos entrevistados 26% (24) apresentaram imunização contra sarampo, caxumba e rubéola através da vacina Tríplice Viral (Figura 10). Figura 9 Figura 10 Influenza Tríplice Viral uma dose 25% nenhuma dose 35% uma dose 65% nenhuma 75% As vacinas do calendário ocupacional da Associação Brasileira de Imunização tiveram menor adesão. Dos entrevistados 8% (8) apresentaram uma dose de hepatite A e 12% (11) duas doses desta vacina e 80% (77) não apresentaram nenhuma dose (Figura 11). Contra Varicela apenas 5% (5) apresentaram uma dose 18 da vacina e apenas um entrevistado (1%) apresentou as duas doses contra a doença, sendo que 94% (90) não apresentaram nenhuma dose (Figura 12). Referente à vacina Meningocócica C 6% (6) apresentaram já ter tomado uma dose da vacina e 94% (90) não apresentaram nenhuma dose (Figura 13). Figura 11 Figura 12 Hepatite A Varicela Duas doses 12% Uma dose 5% Uma dose 8% Duas doses 1% Nenhuma 80% Nenhuma 94% Figura 13 Nenhuma 94% Uma dose 6% Meningocócica C Sobre a adesão a campanha de vacinação contra influenza ocorrida no primeiro semestre de 2013, 37 militares participaram da campanha e 57 não participaram (figura 14). Figura 14: Demonstrativo da adesão à campanha de vacinação contra Influenza Campanha de vacinação 1º sem/2013 sim 39% não 61% 19 CONCLUSÃO O desconhecimento da situação vacinal ainda é um dos maiores problemas que se enfrentam quando se trata da vacinação de adultos, pois o indivíduo não costuma preservar seu comprovante de vacinação. (Ilse, Luciana e Udson, 2005 apud et al, 2009). Esse foi um dos fatos observados durante as entrevistas. Dos 96 militares entrevistados 24 não tinham cartão de vacinação. Esse é mais um dado que comprova a necessidade da corporação manter o controle vacinal dos militares da instituição. Desta forma, seria interessante que o Comando de Saúde mantivesse o registro correto das vacinas que foram administradas aos militares da corporação para que se saiba como está a imunização deste militar. A Portaria n. 30/2011 CG traz os exames médicos que devem ser apresentados todo ano pelos militares. Sem o cumprimento desta portaria a promoção do militar fica prejudicada. Diante disso, sugiro que seja incluído a entrega de uma cópia do cartão de vacinação atualizado juntamente com os exames médicos, vinculando assim a vacinação do militar a sua inspeção de saúde anual. Também seria propício para corporação que no momento do ingresso do cidadão na instituição fosse solicitado a entrega de uma cópia seu cartão de vacinação básico e ocupacional completo juntamente com os exames de admissão, desta forma, a instituição iria cuidar da manutenção do cartão de vacinação e o militar já entraria para o serviço imunizado. Em relação aos dados coletados, pude perceber que as vacinas mais administradas foram: Febre Amarela e Influenza. Atribuo este fato a campanha de vacinação contra Febre Amarela realizada nos últimos 10 anos e a Campanha contra Influenza que ocorre anualmente. Os resultados referentes às vacinas recomendadas pelo calendário de vacinação ocupacional (baixa adesão) são provavelmente devido à dificuldade de acesso as mesmas, pois não estão disponíveis nas redes de saúde públicas. 20 Observando também os dados referentes à campanha de vacinação contra influenza ocorrida no primeiro semestre de 2013 foi constatado que dos 96 militares entrevistados 61% não participaram da campanha. Durante a entrevista pude perceber que a maioria dos militares que participaram da campanha faziam parte das unidades em que a mesma foi efetivada (BSE, 1º BBM, 8º BBM e ABM). Muitos militares disseram que não obtiveram conhecimento da realização da campanha que tinha como objetivo vacinar todos os militares da cidade de Goiânia. Esse fato demonstra que não houve uma difusão efetiva da campanha para que atingisse seu objetivo. Pressupõe-se, portanto que o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás – CBMGO, por não ter a prática da vacinação instituída, não tem atuado de forma efetiva na prevenção das doenças infecciosas através da imunização. Avaliando o estado vacinal dos militares de forma geral foi constatado que 64% dos entrevistados não possuem o esquema vacinal básico completo e 25% não apresentaram nenhuma cobertura vacinal. Ou seja, os bombeiros militares de Goiânia estão trabalhando sem a devida proteção imunológica estando expostos a adquirir doenças evitáveis. Sendo o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás responsável pela imunização dos seus militares conforme o exposto na NR 32, este papel não tem sido cumprido de forma eficaz sendo que através desta pesquisa conclui-se que mais da metade dos integrantes da corporação que trabalham na cidade de Goiânia não apresentam devida imunização. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - Associação Brasileira de Imunização. Calendário de Vacinação Ocupacional: Recomendações da Associação Brasileira de Imunização. São Paulo (SP): SBIm, 2010. - BRASIL, Ministério da Saúde. Exposição a Materiais Biológicos. Brasília, 2006. Disponível em: - BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005. Aprova a Norma Regulamentadora nº 32 – segurança e saúde no trabalho em estabelecimento de assistência à saúde. Diário Oficial da União, Brasília, 16 de nov. 2005. - BRASIL. Portaria nº 1.602 de 17 de julho de 2006 do Ministério da Saúde. Institui em todo território nacional, os Calendários de Vacinação da Criança, do Adolescente, do Adulto e do Idoso. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de jul. de 2006. - BRASIL. Portaria nº 3.318, de 28 de Outubro de 2010 do Ministério da Saúde. Calendário Nacional de Imunização. Brasília (DF): Ministério da Saúde, 2010. - CONTRERA-MORENO, Luciana. MOTTA-CASTRO, Ana Rita Coimbra. PENRABEL, Rafaela Palhano Medeiros. PRECI, Graziela. STIEF, Alcione Cavalheiro Faro. SALAS, Frederico Reis Pouso et all. Situação Vacinal dos Bombeiros Militares da Região Metropolitana do Brasil Central. In anais do 3º Seminário Internacional sobre o trabalho na enfermagem, de 11 – 13 ago 2011. Bento Gonçalves, Brasil. Bento Gonçalves: ABEN; 2011. Trabalho 99. - CREPE, Charles Alberto. Introduzindo a Imunologia: Vacinas. Apucarana, 2009 - ESTADO DE GOIÁS. Portaria nº 30, de 09 de março de 2011 do Comando Geral. 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