Faça o

Transcrição

Faça o
4º seminário
internacional
de Kali Silat no Rio de Janeiro
Cutelaria Artesanal
Aprofundando o tema
Karambit
Séculos de história em uma faca “moderna”
Esparta
e a batalha das Termópilas
Revista
Eletronica
2
Kombato.org
A
Revista Trincheira prima pela especificidade, qualidade, pesquisa e pela boa leitura. É de primordial importância que os
nosso artigos e matérias sejam instrutivos e esclarecedores para que nossos leitores possam saborear novas vivências e,
a partir daí, construírem opiniões.
Nesta publicação, de número 2, vamos começar com um artigo do Mestre Paulo Albuquerque abordando o “Quarto Seminário Inter-
nacional de Kali Silat ” feito no Rio de Janeiro, que promoveu um grande encontro entre praticantes de Kali de várias partes do país e contou
com a presença do Masguru Dennis O´Campo, além do nosso querido Tuhon, Greg Alland, vindo dos EUA.
Você também vai entender um pouco mais sobre a cutelaria artesanal e saber as origens da faca Karambit. Além disso, lerá ainda,
um artigo crítico e emocionante que fala sobre honra a pátria através de uma alusão aos guerreiros espartanos.
Na seqüência, uma matéria especial sobre Defesa Pessoal Feminina. As mulheres terão uma pequena amostra do que podem fazer
para defender-se de agressores quando bem treinadas.
Nos especias voltados para a saúde, sua Trincheira aborda os primei-
ros socorros em matéria, totalmente ilustrada e muito bem escrita, pelo con-
A agenda poderá ser modificada, para ver as atualizações acesse: www.kombato.org
ceituado médico Dr. Ricardo Torviso. Ainda com tema saúde o personal trainer
Diogo Bracet preparou uma matéria sobre Pliometria.
agenda
O Bastão Expansível Tático, o BET será apresentado aos leitores de forma sim-
ples e objetiva. Por último, você lê sobre as técnicas do Wado-Ryu.
A Trincheira é um espaço é democrático promovido pelo Mestre Paulo
Albuquerque, que permanece perceverante no sentido proporcinar instrução,
prazer e questionamentos internos aos leitores desta publicação digital. Tenham
todos uma ótima leitura.
ana claudia rebello
editora chefe
Trincheira: Revista digital de distribuição gratuita da Kombato ltda
Coordenação: Paulo Albuquerque
Editora-Chefe: Ana Claudia Rebello
Sub-Editor: Richard Clarke
Editor/Editoração Eletrônica: Marcos Souza , André Pinho
Colunistas desta Edição: Paulo Albuquerque, Lucas Silveira, Richard Clarke, Francisco José
Ferrari, Paulo Eleutherio Neto, José Lezon, Alcio Chagas Nogueira Filho, Ricardo Torviso
Logomarca Trincheira: Carolina Cereda Rafaine
Parceiras: Academia Cabalá, Academia By Fit, Associação Brasileira de Haidong Gumdo,
Silveira Knives, Estacioradiosite.com .
Contato Comercial: [email protected]
Mande sua sugestão de pauta: revistatrincheira.redaçã[email protected]
Fale Conosco: [email protected]
FEVEREIRO 2009
14/02/09 Sábado - 14h CURSO INTENSIVO DE BOXE - RALAÇÃO
FORTE!! - R$ 100,00
28/02/09 Sábado - 14h - CURSO DE COMBATE COM FACAS - MOD2 - R$
R$ 100,00 - M. Paulo
MARÇO 2009
14/03/09 Sábado - 14h - CURSO DE COMBATE COM FACAS - MOD3 R$ 100,00 - M. Paulo
14/03/09 Sábado - Curso de Combate com facas - Módulo 1 - (SP)
R$ 120,00 - Instrutor Lucas (mínimo de 10 pesoas)
22/03/09 Domingo - 14h SEMINÁRIO DE MUAY THAI COM O PROFESSOR
CHINA - RJ
ABRIL 2009
04/04/09 Sábado - Seminário de Kali - Iniciantes e
avançados - R$ 100,00
11/04/09 Sábado - Seminário de Kali em em Bauru
18/04/09 Sábado - 14h - CURSO DE PANGGAMUT - MÓDULO 2 - R$ 100,00 - Masguru Paulo (RJ)
25/04/09 Sábado - 14h - CURSO DE COMBATE COM FACAS - 17 CORTES - R$ 100,00 - R. Clarke
Texto: paulo albuquerque/fotos: divulgação
P
ara ser feito um encontro internacional
de Kali, é preciso muita fé nas pessoas,
na organização, mas o nosso trabalho
tem compensado. Nos dias 22 e 23 de novembro de 2008, fizemos pela quarta vez, um
legítimo Sama-sama (seminário/encontro).
Mas, desta vez conseguimos ir mais além.
Muitos que eram apenas iniciantes no
primeiro seminário, agora já estavam ensinando a arte e ciência do Kali Silat no
evento, fortalecendo minhas instruções, e
com o Masguru Dennis O´Campo, além do
nosso querido Tuhon, Greg Alland. Nestas
horas de seminário foram estudados diversos Drills, Panggamut, escolhas de lâminas,
e muito material para as 15 horas de treinamento, todos ficaram satisfeitos.
Tuhon Paul Greg Alland é um mestre graduado em diversas escolas filipinas, e é
o meu Mestre de artes malaias, já há 22
anos, desde que ele colocou os pés no Brasil
pela primeira vez
em 1986.
De lá para
cá, viagens
e tudo o
mais, consegui
ir
evoluindo
até passar
de aluno
para instrutor, de
instrutor para professor, de professor
para Mestre.
Hoje, depois deste seminário, já posso di-
zer que, em poucos anos terei também formado um aluno meu mestre. Um verdadeiro
Guru de Kali não apenas ensina a matar, mas
principalmente a viver, e por isso orienta seu
aluno a seguir o caminho de forma correta.
Logo, formar um aluno seu instrutor, depois
professor, depois mestre, é uma sensação
semelhante a de um pai vendo seu filho
crescer e ser um homem com sucessos
e responsabilidades, pois quem o elegerá
como Mestre são os alunos que ele terá, e
por isso o orgulho.
Ver a evolução do seu trabalho, é muito satisfatório. Em especial o Kali, pois
apesar de todos os meus esforços nos
primeiros anos, parecia que as sementes que eu estava plantando não cresciam - e eu sempre me questionava até
que ponto eu não estaria regando de
forma errada.
Mas um dia, as coisas começaram a
mudar. Talvez através
do sistema Kombato, que
despertou
o interesse
dos meus
alunos por
armas, ou
talvez pelo
cinema,
como nos
filmes da trilogia Borne, o Kali começou a
tomar outro impulso no pais.
Neste quarto Seminário Internacional que
“Um Guru não apenas
ensina a matar, mas a
viver. Formar um aluno
é semelhante a um pai
ver seu filho crescer
e ser um homem”.
promovemos, nas quase 15 horas de treinamento em dois dias, os iniciantes puderam receber o aprendizado de Kali através das mãos
de não apenas três Mestres, mas de uma boa
quantidade de professores e instrutores. Foi
um encontro muito produtivo, com o espírito
de amizade, onde Kalipis de diversos estados
do Brasil - Rio de Janeiro - Minas Gerais - São
Paulo - Curitiba - Brasília - e mais dois países
puderam se encontrar, e fortalecer seus laços
de amizade e companheirismo - o espírito de
nossa tribo, que deixará, sem dúvidas, em todos uma grande saudade do encontro.
Mas, esta saudade poderá ser saciada em
breve - estamos organizando, para o ano de
2009, além do Seminário anual do Tuhon
Greg, um Seminário anual de Marc Denny,
líder dos Dog Brothers e um fim-de-semana
de treinamento intensivo em um hotel no
estado do Rio de Janeiro. Tenho certeza de
que nossa federação, recém nascida, seguirá os passos bem-sucedidos do Kombato
- alunos fiéis, instrutores de qualidade, e
principalmente o espírito de dividir o conhecimento com quem precisa e merece.
Um agradecimento especial ao meu
Tuhon pelo conhecimento passado para
mim, e pela permissão de passá-lo para
outras pessoas - que já estão semeando
a arte em outras partes do Brasil e do
Mundo. E um agradecimento especial a
todos que me elegeram como Mestre,
pois sem a fé que depositaram em mim,
e luz que me enviam, eu não poderia estar onde estou.
Maraming Salamat Po
4º seminário
internacional de
kali
silat
no rio de Janeiro
corpo docente da
kali silat brasil
Texto: francisco ferrari/fotos: francisco ferrari e fernando bornia
V
imos no artigo anterior o surgimento
da cutelaria e seu contexto histórico.
Nesse, aprofundaremos mais o tema,
já nos situando no presente, e conseqüentemente, estabelecer o tema dentro
do assunto da defesa pessoal.
A atual indústria de cutelaria é muito moderna, e
se pesquisarmos, mesmo
que superficialmente, veremos uma vasta gama de
modelos e tipos de facas
ou outros instrumentos de
corte, bem como vários tipos
de materiais empregados.
A cutelaria artesanal situa-se
dentro do nicho de mercado
mais especializado, principalmente visando atender clientes
mais exigentes, ou seja, aqueles que procuram algo diferenciado, personalizado e
com a sua cara.
É interessante notar que hoje nos USA, o
mercado de cutelaria artesanal só perde
em movimento pelo mercado de jóias.
O Brasil, é claro, ainda está muito atrás
nesse mercado, mas caminha a passos
largos para sua consolidação e a ampliação. A cerca de 10 anos atrás, existia somente uma feira anual, que não consegui
reunir nem 20 profissionais da área. Hoje
temos 3 grandes feiras nacionais, sendo
que a maior já consegue reunir mais de
50 cuteleiros, fora o mercado paralelo de
suprimento e ferramental.
Apesar de ser suspeito em falar, muito
desse progresso deve-se à Sociedade Brasileira de Cuteleiros, que tem trabalhado muito
para que isso aconteça. Além da parte de
mercado, a SBC também fornece um curso
de extensão de cutelaria artesanal dentro
da UNB em Brasília-DF, e em breve outra escola será aberta em Campina Grande-PB.
Nesta altura do campeonato, o leitor deve
estar se perguntando: O que a cutelaria
artesanal tem a ver com defesa pessoal?
A resposta é simples: tudo. Principalmente
para quem quer escolher uma lâmina. Não
é raro alguém querer alguma faca, quer
seja para treino ou porte que não acha o
que quer ou simplesmente não está contente com o que possui.
Quem me conhece sabe que sei
apenas o básico sobre defesa com facas, mas sempre que me aventurei nessa área procurei orientação de quem
conhece o tema mais a fundo. Com
várias opiniões, a cuteleiro já começa
a formar o seu conceito sobre o que
Geralmente o perfil de quem procura um
artesão para sua lâmina é porque deseja algo
sob medida, como se fosse uma roupa. O cliente também tem seus conceitos formados,
por isso quer algo só seu. Respondendo por
mim, às vezes são necessárias várias conversas e muitos esboços para se
chegar a um consenso de projeto,
e daí sim partir para a confecção.
O resultado é algo totalmente personalizado.
O cuteleiro confecciona a lâmina
uma a uma, e isso faz com que a
qualidade seja maior que as facas
industriais, já que ele tem 100%
do controle da produção e em
todos os seus estágios. Em compensação, devido a esse controle,
os prazos para a entrega são
maiores. Conheço alguns cuteleiros que tem
uma fila de espera de mais de 7 anos!
Finalizando, gostaria de esclarecer que
a cutelaria artesanal tem uma grande amplitude, já que alguns cuteleiros podem se
especializar em certas áreas, enquanto
outros são mais flexíveis em seus projetos, portanto cabe ao cliente escolher
aquele que lhe agrade e possa executar
o que pretende. No próximo artigo entraremos na parte técnica da coisa, por isso
não percam!
“O cuteleiro confecciona a
lâmina com qualidade maior
que a das facas industriais,
já que ele tem 100% do
controle da produção”.
cutelaria
artesanal
aprofundando o tema
pode fazer, ou seja, como será sua
faca tática. É interessante ressaltar o
que foi dito acima, pois quem não está
familiarizado com a lâminas artesanais
acha que faca é faca, portanto é tudo
a mesma coisa, mas se começarmos
a prestar atenção veremos que cada
cuteleiro tem seu estilo próprio, geralmente formado por conceitos e pela
sua prática. Não que um seja certo e
outro errado, são apenas maneiras
diferentes de expressão.
Francisco José Ferrari é
Membro fundador e
Vice-Presidente da SBC
Texto/fotos: richard clarke
Primeira opção:
Ataque com uma adaga em pakal (pegada invertida), o Kalipi usa a mão viva para quebrar o ataque, atacando com o cutelo da
mão o ante-braço da mão da arma do adversário (imagem 1).
A mão da Arma entra junto com a mão viva para não perder o contato, evitando uma outra investida (imagem 2).
Com o braço da arma controlado, o kalipi ataca com a Kerambit numa areá vital (imagem 3).
2
1
3
Segunda opção:
Ataque com uma adaga em pakal (pegada invertida) , o Kalipi usa a mão viva para quebrar o ataque, atacando com o cutelo da
mão o ante-braço da mão da arma do adversário (imagem 1)
A mão viva captura a mão armada do agressor fazendo uma torção usando o antebraço para desarmá-lo enquanto o Kalipi aplica
uma Rompida (ataque de baixo para cima, imagem 4) na barriga e vai até o pescoço e volta indo para as costas do agressor como
mostram as imagens 5, 6 e 7.
Estes exemplos, acima descritos, foram uma pequena amostra do que se pode fazer com uma Kerambit. E se você quer praticar
procure um instrutor credenciado para aprender da forma correta, não se deixando enganar com pessoas sem qualificações.
kerambit
séculos de história
em uma faca “moderna”
T
alvez uma das mais exclusivas entre as muitas variedades de lâminas do arquipélago indonésio é a
Kerambit. A origem desta inusitada faca
foi na época do império Majapahit de
quase 5.000 anos atrás. Desde lá ela
foi desenvolvida como utensílio e arma
nas Filipinas, Bornéo, Bali, Indonésia.
Suas características são visíveis. Possui
orifício na empunhadura onde fixa-se
uns dos dedos, facilitando assim, a desferida do golpe.
Karambit ou Kerambit, é uma arma do
Kali Silat. Originariamente era uma garra
de Harimau, um dos maiores felinos (Tigre indonésio), e possuía várias formas de
uso. A partir daí, os povos que adotaram
ferramentas comuns em armas para defesa pessoal, logo perceberam que a Kerambit estava bem adaptada como uma
arma defensiva.
Apesar da origem antiga, só recentemente há uma crescente popularidade da
Kerambit pelos praticantes de artes marciais, em especial os lutadores de Kali Silat
e Silat. Esta faca está sendo muito utilizada
em filmes, resgatando as origens de sua
história e misturando-se com o moderno.
Características:
A Kerambit é uma lâmina com uma
curva acentuada e é, normalmente,
duas vezes cortante. Foi concebida
para ser realizada em um grip (pegada) invertida. A Kerambit possui
um furo no cabo no qual é colocado
o dedo indicador, proporcionando
assim uma aderência extremamente
segura, devido a esta característica é
muito difícil desarmar alguém que a
estiver empunhando.
Descreverei agora duas opções, de várias, para exemplificar o uso da Kerambit.
1
4
6
5
7
Texto/foto:paulo eleutherio neto/ilustração: Stanley Meltzoff
Parceiros
ESPARTA
e a batalha das termópilas
O
exemplo dos trezentos guerreiros
de Esparta que, sob o comando de
Leônidas e ao lado de soldados de
outras cidades gregas enfrentaram no desfiladeiro das Termópilas o formidável exército
comandado por Xerxes, continua sendo
a demonstração inequívoca de um dos
maiores modelos de coragem e de patriotismo em toda a história da humanidade.
No ano passado, provocado pelo entusiasmo do meu filho Paulo (mestre
Paulo Albuquerque), resolvi assistir ao
filme que reproduz aquele belo capítulo
da história da humanidade, assunto do
qual tomei conhecimento em minha
juventude através dos ensinamentos
de professores do colégio por mim
freqüentado em Recife e da leitura de
compêndios da matéria conhecida na
época por História Geral.
Ao terminar de apreciar aquele belo
trabalho, e ainda emocionado com o
tema desenvolvido, um pensamento
me veio à mente: por que não mais
existe, no Brasil, um conjunto, ou um
número considerável de pessoas com
a coragem e a noção de patriotismo
demonstrada por aqueles espartanos?
Pelo que conheço, há algum tempo
em nossa história eram bastante
freqüentes tais demonstrações, sobre
uma das quais tive bastante conheci-
mento, que foi a Revolução Constitucionalista de 1932, a qual repercutiu
até no Pará, onde foi apoiada de forma
bastante clara e explícita por muitos,
sendo um dos líderes da época,
naquele Estado, o meu saudoso pai,
então com dezoito anos de idade.
Aparentemente, a questão da queda
de qualidade do ensino no Brasil, a nítida
deterioração das bases de formação das
famílias brasileiras e o nítido desprezo por
uma educação de qualidade – desprezo
esse que pode ser até proposital – são
os maiores responsáveis pela decadência
do amor pátrio e pelo pouco caso demonstrado com relação aos inúmeros erros
que vemos e que continuam a persistir
principalmente nas esferas de governo e
na direção dos mais diversos órgãos dos
poderes constituídos.
A bandeira de nosso país não é mais
aquele símbolo em frente ao qual entoávamos, quase que diariamente, de forma emocionada e entusiasmada, o Hino Nacional,
do qual cada vez menos brasileiros se lembram das estrofes. E, para tornar o cenário
atual ainda mais triste e revoltante, observamos que nada acontece com aqueles
que violam os princípios da hierarquia e da
disciplina, que se constituem nos pilares da
estrutura das Forças Armadas de qualquer
país. E o que é pior: ainda contam com o
beneplácito e até a aprovação de muitos
dos que se intitulam, ou se fantasiam, de
representantes do povo. É, realmente, uma
vergonha. Agora entendo – mesmo sem
concordar – o motivo pelo qual muitos de
nossos patrícios procuram uma segunda
cidadania. Está, realmente, ficando frustrante ser brasileiro. E principalmente sob
governos da qualidade desses que temos
experimentado há alguns anos, "que nada
sabem" e que nada vêem.
Estamos necessitando urgentemente
de um Leônidas. E, acima de tudo, precisando adotar, com toda urgência e
com toda ênfase, os valores demonstrados e divulgados, na História da Humanidade, por aqueles brilhantes e valorosos
trezentos combatentes de Esparta.
paulo
eleutherio neto
Texto: paulo
albuquerque/fotos:
Richard Clarke
Texto
e fotos: paulo albuquerque
Golpe com o calcanhar da mão
1. Neste caso, o agressor caminha diretamente em direção à garota, gritando para amedrontá-la e mostra claramente a intenção
de atacar. A garota levanta as mão, fingindo medo.
2. Ela o golpeia usando o calcanhar da mão diretamente sobre o nariz do atacante, três vezes seguidas, alternando as mãos. Agora
ela está em condições de fugir e chamar a polícia.
Observe a seqüência:
2
1
OBS.: O uso do calcanhar da mão é baseado em estudos ortopédicos. A maioria das mulheres possui uma estrutura óssea frágil
nas mãos e pulsos, quando comparadas aos homens. Dessa maneira, golpear com os punhos cerrados é geralmente perigoso para
as Kombatentes
DEFESA PESSOAL
Garota fala ao celular quando está na espreita um agressor
1. O Agressor se aproxima por traz.
2. Tentando agarrá-la pelas costas. Percebendo isso, Ela usa a quina do celular contra a mão do atacante, simultaneamente agarrando seu dedo mínimo. Subitamente vira o dedo mínimo lateralmente, talvez conseguindo quebrá-lo.
3. O agressor a solta,
4. Em seguida, ela golpeia o nariz dele com o celular.
Observe a seqüência:
FEMININA
A
tualmente muitas mulheres brasileiras, principalmente as
que vivem no Rio de Janeiro, estão aprendendo Kombato
(um sistema brasileiro de combate militar). Existem cursos
especiais, oficinas e aulas regulares em muitas academias e escolas de artes marciais - não apenas em organizações militares. Esse
sistema, adaptado para a realidade feminina, inclui conhecimento
de técnicas de segurança, prevenção e reação contra estupros,
assim como combate desarmado, gerenciamento do comportamento agressivo, cuidados com crianças e especialmente combate com facas e armas improvisadas. As armas são as mais
inusitadas: escovas, celulares, BET – Bastões e etc. Tal sistema é
focado em um ou mais atacantes, na maioria das vezes homens.
Descrevemos a seguir alguns dos golpes básicos que podem
ser aprendidos pelas leitoras:
1
3
2
4
Garota andando em lugar deserto
1. Dois agressores a tentam agarrar. Talvez seja um estupro!
2. Ela rapidamente saca uma faca.
3. Golpeando primeiro agressor na barriga, pois é mais difícil para o agressor defender-se.
4. Logo depois, ela vira e golpeia o segundo agressor.
Garota no chão
1. O agressor consegue levar ela ao ponto aonde fica ajoelhado
entre suas pernas.
2. Ela empura os quadris dele com os pés,
3. abrindo espaço para um pisada no rosto.
Observe a seqüência:
OBS.: Ao invés da faca, pode ser uma chave de fenda ou qualquer instrumento pontiagudo - até mesmo uma caneta. Mas,
ao invés de golpear a barriga, mire os olhos.
Observe a seqüência:
1
1
2
2
3
4
Filosofia do Sistema Kombato contra estupros
No Kombato, nós usamos a sigla C5 - significa: comando de voz, correr (fugir), combater (lutar), corpo de delito (prova do
crime) e comunicar (avisar as autoridades).
Explicando em detalhes:
1. Comando de voz: diga alguma coisa em tom imperativo, como "PARE!" ou simplesmente grite "FOGO!". Na maioria das vezes o
agressor ficará envergonhado e desaparecerá.
2. Corra: corra até um lugar público, como um shopping center, uma loja, restaurante, ou mesmo para a polícia, se possível.
Lembre-se que a fase da corrida pode acontecer até mesmo quando o agressor está pronto para a agressão. "Uma mulher com
a saia levantada corre mais que um homem de calças arriadas."
3. Combate: agora entramos na parte realmente física. Artes marciais, especialmente Kali, ou um sistema como o Kombato
podem ser úteis. Lembre-se que movimentos inesperados produzem os melhores resultados.
4. Prova: talvez seja doloroso, mas se a agressão ocorrer - apesar de tudo o que foi dito antes - não vá para casa. Vá até a polícia
ou ao hospital e deixe-os verificar o que aconteceu.
5. Comunicar: preste queixa numa delegacia.
3
Lembre-se, o agressor raramente surge de um beco escuro, como os jornais fazem acreditar. Na maioria dos casos,
no Brasil e nos Estados Unidos, o agressor é alguém que você já conhece. Ele pode estar na sua faculdade, na escola,
ou no escritório. Com um treinamento adequado você não estará mais no papel de vítima.
Texto: ricardo torviso
PRIMEIROS
SOCORROS
O
socorrista que presta os Primeiros
Socorros a uma vítima deve levar
em considerção alguns mandamentos básicos, como segue:
OS 10 MANDAMENTOS DO
SOCORRISTA
01. Mantenha a calma.
02. Tenha em mente a seguinte ordem
de segurança quando você estiver prestando socorro:
· PRIMEIRO EU (o socorrista)
· DEPOIS MINHA EQUIPE (Incluindo os
transeuntes)
· E POR ÚLTIMO A VÍTIMA
Isto parece ser contraditório a primeira
vista, mas tem o intuito básico de não
gerar novas vítimas.
03. Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao atendimento pré-hospital
de imediato ao chegar no local do acidente. Podemos por exemplo discar
3 números: 192 (número nacional do
SAMU), ou 193 (Bombeiros).
04. Sempre verifique se há riscos no local, para você e sua equipe, antes de agir
no acidente.
05. Mantenha sempre o bom senso.
06. Mantenha o espírito de liderança,
pedindo ajuda e afastando os curiosos.
07. Distribua tarefas, assim os transeuntes que poderiam atrapalhar lhe aju-
darão e se sentirão mais úteis.
08. Evite manobras intempestivas (realizadas de forma imprudente, com pressa)
09. Em caso de múltiplas vítimas dê
preferência àquelas que correm maior
risco de vida como, por exemplo, vítimas
em parada cárdio-respiratória ou que estejam sangrando muito.
10. Seja socorrista e não herói (lembrese sempre do 2 mandamento).
Lembre-se sempre destes mandamentos, visando a sua segurança e de
sua equipe, e ainda, evitando riscos
desnecessários para o paciente ou o
agravo de suas lesões.
O “ABC” DA VIDA
Em nosso cotidiano podemo-nos deparar com situações de emergência onde
somos forçados a tomar medidas para
manter a vida daqueles que porventura
tenham-se acidentado.
Quando nos deparamos com uma situação como essa devemos sempre ter
em mente o “Triângulo da Vida”, o que
chamamos do “ABC” da vida.
Quando presenciamos um acidente
devemos seguir um protocolo de atendimento numa sequência lógica, de forma
rápida e eficiente.
Cada minuto perdido pode significar ou
o agravamento da lesão ou até mesmo a
morte do paciente.
Considere que o cérebro, órgão com células extremamente nobres, só pode ficar
apenas quatro a seis minutos sem oxigenação, portanto temos que ser breves em
nossa avaliação do paciente e tomar medidas para que chegue oxigênio e glicose
(nutrientes) à célula nervosa cerebral.
Pacientes atendidos no primeiro minuto do acidente tem grandes chances
de recuperação, e a cada minuto que
passe sem o atendimento suas chances
diminuem drasticamente. É o que chamamos de “Golden Minute”.
Note que o tempo começa a ser contado no momento da lesão, portanto o
socorrista deve iniciar o atendimento o
mais breve possível.
Outro dado importante a ser lembrado
é que se o paciente é atendido, depois
de removido do local do acidente, numa
unidade de emergência preparada para
recebê-lo dentro da primeira hora após
o acidente ele tem 85% de chance de
recuperação. É o que chamamos de
“Hora de Ouro”, batizada assim pelo Dr.
R. Adams Cowley, da famosa Unidade de
Trauma e Choque de Baltimore, Maryland, Estados Unidos.
Mais uma vez lembramos que o TEMPO
é um fator determinante no sucesso de
prestarmos assistência adequada a um
acidentado e aumentar suas chances
de recuperação.
Como dito anteriormente, aquele que
presta o primeiro atendimento ao acidentado deve seguir um protocolo numa
sequência lógica e de forma rápida, como
veremos à seguir.
atendimento a uma vítima é avaliar a cena
(o local) onde o sinistro ocorreu. Isto se faz
imprescindível tanto para sua segurança
como para o próprio paciente. Avalie a cena a
procura de perigos. Se a cena não for segura
faça com que se torne segura. Avalie a necessidade de remoção imediata da vítima do
local do acidente (ex: casos de incêndio, local com gases tóxicos, materiais energizados,
etc.). Não exponha sua vida agindo de forma
precipitada ou impensada, pois você pode
se tornar outra vítima. No caso de acidente
por corrente elétrica, certifique-se de isolar
o paciente da fonte energizada ou desligue a
fonte elétrica antes de tocar o paciente.
Confira o número de vítimas. No
caso de mais de uma vítima de trauma grave solicite o mesmo número de
ambulâncias para o resgate e transporte a um centro de emergências
com condições de dar o tratamento
adequado à vítima.
Solicite ajuda de companheiros e peça
que algum deles entre imediatamente
em contato com a equipe de resgate (no
nosso caso por intermédio dos bombeiros
pelo telefone 193).
Feito isto, passe para a Avaliação
Primária do acidentado.
SE
APROXIMA DO PACIENTE
Você deve avaliar a situação do paciente
mesmo antes de chegar a seu lado. Está
alerta ou apresenta aguma dificuldade?
Tem lesões óbvias ou aparentes? Este
panorama geral obtido enquanto se
aproxima da vítima pode dar-lhe o sentido de urgência da situação. Por mais
grave ou grotesca possa apresentar-se
a situação, não varie a forma de realizar
a avaliação primária, pois se você “pular”
passos deixará de detectar lesões.
Ao aproximar-se do paciente procure
acalmá-lo. Apresente-se e procure tranquilizá-lo dizendo que está ali para ajudálo. Esta apresentação deve ser frontal
(cara-a-cara) para que não tenha que
virar o rosto para vê-lo.
AVALIAÇÃO DAS VIAS AÉREAS, ESTABILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL E NÍVEL
DE CONSCIÊNCIA (NDC)
A avaliação é imediata, mesmo que o
paciente esteja sendo removido do local
(ex: local insalubre ou que ofereça risco).
A remoção não pode interferir com o cuidado do paciente.
Caso o paciente encontre-se lúcido, procure
saber seu nome. Desta forma você estará
avaliando ao mesmo tempo se as vias aéreas
AVALIAÇÃO PRIMÁRIA
Esta é uma avaliação rápida para determi- estão pérveas e seu grau de consciência.
Se o paciente estiver inconsciente faça a
nar as condições que mantém a vida (ABC).
Esta avaliação deve demorar no máximo 2 avaliação pelo método “ver, ouvir e sentir”.
minutos e é tão importante que nada deve Você pode ao mesmo tempo avaliar as vias
interrompê-la, salvo por obstrução das vias aéreas e a circulação: Coloque uma das
mãos sobre o pescoço da vítima (o ponto
aéreas ou parada cardíaca.
As prioridades que devem ser lem- de referência é o ângulo da mandíbula),
bradas enquanto se procede a Avalia- aproxime seu ouvido da boca e nariz da
vítima de forma que possa olhar o tórax
ção Primária são:
a. Panorama geral do paciente enquanto e abdome da mesma, e ponha sua outra
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO se aproxima dele;
b. Avaliar as vias aéreas,
AO ACIDENTADO
O socorrista deve seguir os seguintes estabilizar a coluna cervical
e determinar o nível de conpassos ao abordar a vítima:
sciência (NDC);
c. Avaliar a respiração
1. Avaliação da cena
(frequência e qualidade)
2. Avaliação Primária
d. Avaliar a circulação
3. Avaliação Secundária
(frequência e qualidade)
4. Reavaliação
e. Examinar brevemente o abdome,
AVALIAÇÃO DA CENA
pelve e extremidades.
O primeiro passo a ser dado ao se prestar
PANORAMA GERAL ENQUANTO
mão sobre o tórax da vítima. Veja os movimentos respiratórios (tórax ou abdome);
Ouça o ruído do ar nas vias aéreas; Sinta
os movimentos respiratórios e ao mesmo
tempo a pulsação da artéria carótida.
No caso de não se detectar respiração
mesmo com a retificação das vias aéreas
(elevação do mento), proceda a pesquisa
digital por algum corpo estranho que possa
estar obstruindo as vias aéreas (Ex: próteses dentárias, queda da língua, etc.).
No caso das vias aéreas estarem realmente obstruídas, proceda a exploração
das mesmas antes mesmo de terminar
a Avaliação Primária, e certifique-se de
identificar o agente causal.
Todo paciente com trauma severo deve
ter suspeita de lesão cervical, portanto
sua manipulação deve ser extremamente
cuidadosa para não correr risco de agravamento da lesão.
Nota: No caso de necessidade de respiração boca-a-boca, atualmente preconiza-se que o socorrista terá o livre arbítrio
para realiza-la ou não, caso o paciente
apresente sangramento das vias aéreas
(cavidade oral ou nariz), pois há risco de
contrair doença infecto-contagiosa (estará expondo sua própria vida a risco).
Desta forma deve proceder apenas a
massagem cardíaca.
Todo paciente com dificuldade respiratória ou NDC alterado estão na
categoria de “Carregar e Transportar”, e
devem ser sempre hiperventilados (24
por minuto se assim tolerar). Certifique-se
que tanto a frequência quanto o volume
ministrado estejam sendo corretamente
aplicados. Estes pacientes necessitam
também de um aporte maior de oxigênio,
normalmente 15 litros por minuto, seja
por máscara, cateter nasal, etc.
Caso o paciente não respire, imediatamente ministre duas insuflações e tente
sentir o pulso carotídeo (muitas vezes até
mesmo para um socorrista experimentado é difícil palpá-lo devido a situação de
stress, obesidade do paciente, etc.). Caso
não sinta o pulso carotídeo inicie imediatamente as manobras de ressuscitação
cárdio-pulmonar (RCP) que serão descritas mais adiante.
Nota: O Volume Corrente* (VC) de um
paciente adulto é de 500ml, portanto certifique-se de estar ministrando o volume
correto a cada insuflação.
* Ver mais adiante Volumes Respiratórios.
Note que não basta apenas avaliar se
o paciente está respirando e apresenta
pulso, mas avaliar também a frequência
e qualidade de ambos. Frequêncas mais
altas ou mais baixas que as das faixas
de normalidade indicam anormalidades
que necessitam ser investigadas com a
maior brevidade possível para minimizar
a chance do estado de choque.
Normalmente estado de choque pode
ser desconfiado se o paciente apresentar
uma frequência cardíaca acima de 100
batimentos por minuto, pele fria e sudoreica, palidez cutâneo-mucosa, confusão
mental, debilidade física e/ou sede.
Note que um paciente com trauma espinhal pode não encontrar-se pálido, frio
ou sudoreico, e não tenderá a taquicardia
(frequência cardíaca alta). Ele tenderá a
uma pressão sanguínea baixa e paralisia.
Nesta fase de investigação procure por
veias jugulares túrgidas (muito cheias,
distendidas), desvio da traquéia da linha
média do pescoço, movimentos toráxicos
paradoxais (Ex: o tórax se deprime à inspiração), edemas (inchaços), enfizema
subcutâneo (ar no tecido subcutâneo, o
que faz com que sintamos crepitação ao
palparmos a pele).
Se houver alguma dificuldade respiratória
o tórax deverá ser exposto para inspeção.
Procure por deformidades, contusões,
abrasões, penetrações, movimentos paradoxais, queimaduras, lacerações e edemas
(DACPP-BLS). Avalie a sensibilidade ao tato,
instabilidade ou deformação (TIC).
Se possível, siga sua investigação fazendo
uma ausculta torácica com um estetoscópio e verifique se os ruídos respiratórios
estão presentes e iguais bilateralmente.
No caso de estar abolido em um dos lados,
percuta. O aumentoo do som da ercussão
em um dos lados significa ar nas cavidades
pleurais (pneumotórax), e no caso de macicez significa haver líquido (normalmente
sangue – hemotórax).
Pesquise também uma possível instabilidade torácica (normalmente causada por
múltiplas fraturas de arcos costais). Em
qualquer destes casos procure corrigir a
causa que leva a dificuldade respiratória
(fechamento de uma ferida lacerante, estabilizar com a mão um segmento instável,
dar oxigênio, assistir a ventilação,
etc.).
AVALIAÇÃO DO
ABDOME PELVE E
EXTREMIDADES
Rapidamente
exponha e veja o
abdome. Procure
DCAP-BLS.
Um
abdome distendido ou duro (em
tábua) significa
problema grave,
como possível sangramento interno.
Não perca tempo tentando auscultar os
ruídos do trato gastro-intestinal (peristalse).
Lembre-se que o tempo é fundamental no
sucesso de recuperação de seu paciente
uma revisão da pelve brevemente. Procure DCAP-BLS. Pressione o púbis contra o
sacro e também ambas as cristas ilíacas em
direção medial visando dor referida pelo paciente ou crepitações às manobras.
Inspecione as extremidades superiores
e inferiores procurando DCAP-BLS. Palpe
em busca de TIC e pulso distal, função
motora e sensibilidade (PMS).
Neste momento você possui informações suficientes para determinar as
situações críticas de trauma que deve
considerar-se na categoria de “Carregar e
Transportar” (remoção rápida para a unidade de tratamento especializada).
Nota: As emergências médicas que
exigem rápida intervenção do socorrista são: Sangramento incoercível,
Obstrução das vias aéreas superiores
e Parada cárdio-respiratória. Se não revertidas prontamente levam o acidentado a êxito letal.
INTERVENÇÕES CRÍTICAS E
DECISÃO DE TRANSPORTE
Para avaliar se o paciente se encontra
na categoria de “Carregar e Transportar”
(paciente crítico), você deve observar se
ele apresenta qualquer uma das seguintes
lesões ou condições críticas:
1. Lesão da cabeça com alteração do
nível de consciência
2. Obstrução das vias aéreas não resolve
com métodos mecânicos (elevação do
mento, desobstrução digital, aspiração,
pinças ou compressões abdominais)
3. Condições que possivelmente produzem respiração inadequada
a. Grande ferida succionante de tórax
b. Grande segmento torácico instável
c. Pneumotórax hipertensivo
d. Lesão contusa importante do tórax
4. Parada cárdio-pulmonar
5. Choque
a. Hemorrágico
b. Espinhal
c. Contusão miocárdica
d. Tamponamento cardíaco
Esta lista anterior pode simplificar-se
ainda mais para condições baseadas em
sinais e sintomas:
1. Nível de consciência
2. Respiração anormal
3. Circulação anormal (choque)
4. Sinais ou condições que rapidamente
produzem choque
a. Abdome sensível (doloroso) e distendido
b. Instabilidade pélvica
c. Fraturas bilaterais do femur
Antes de colocar o paciente na maca
para o transporte faça uma rápida avaliação da região posterior do corpo. Procure
por DCAPP-BLS.
Existem poucos procedimentos que
devem ser realizados no local da cena:
manejo das vias aéreas, controle de
sangramento abundante, fechamento de
uma ferida succionante de tórax, estabilização manual de um segmento instável,
descompressão de um pneumotórax
hipertensivo e início de uma RCP.
A – Alergias
M – Medicamentos
P – Prévias enfermidades
L – “La” última refeição (a última
refeição feita e se sólido ou líquido)
E – Eventos que precederam ao
acidente
3. Realize um exame da cabeça
aos pés com maiores detalhes. A
exploração deve incluir inspeção,
ausculta, palpação e quando neAVALIAÇÃO SECUNDÁRIA
cessário percussão. Comece pela
No paciente crítico esta avaliação se dá cabeça, pescoço, tórax, abdome, peldurante o transporte, enquanto no pa- ve e finalmente extremidades.
ciente estável pode-se realizar na cena,
4. Realize um breve exame neurológico
porém não deve ultrapassar 10 minuntos.
a. Nível de consciência
Pacientes considerados estáveis podem A – Alerta
tornar-se instáveis rapidamente.
V – Responde a estímulo verbal
1. Cheque os sinais vitais
D – Desorientado
2. Obtenha um histórico da lesão
I – Inconsciente
a. Observação pessoal
b. Motora: o paciente pode mover os
b. Transeuntes
dedos das mão e dos pés?
c. Paciente (em pacientes conscientes
c. Sensorial: Pode sentir quando é toutilize um histórico SAMPLE)
cado? O paciente inconsciente reage ao
S – Sintomas
ser beliscado?
d. Pupilas: Estão com o mesmo
diâmetro? São fotoreagentes?
O exame neurológico é muito simples,
porém frequentemente esquecido.
Proporciona informações importantes
que servem de ponto de partida e que
pode ser utilizado mais adiante para
tomar-se decisões de tratamento. Sempre o realize e registre os achados do
exame neurológico.
5. Se necessário renove as bandagens
(compressas) e faça novas imobilizações
6. Monitore e reavalie seu paciente
continuamente.
O paciente estável deve ser reavaliado a
cada 15 minutos e o crítico a cada 5 minutos
ou a qualquer momento se houver suspeita
de deteorização de seu quadro clínico.
Transporte imediatamente se a avaliação secundária revelar qualquer situação crítica de trauma descrita anteriormente que se inclua na categoria de
“Carregar e Transportar”.
para estabilizar objetos empalados.
Os pacientes críticos são inicialmente
imobilizados na maca, e a menos que
ocorra atraso na cena são feitas outras
imobilizações durante o transporte.
A reavaliação do paciente crítico deve
ser feita a cada 5 minutos e a do estável a
cada 15 minutos. Esta reavaliação também
deve ser realizada sempre que a condição
do paciente deteriore.
Registre exatamente o que observar e o
que tenha realizado.
Registre as mudanças nas condições do
paciente durante o transporte.
Registre o horário em que os procedimentos foram realizados.
O CONTATO COM A
EQUPE MÉDICA
Caso venha a ter um paciente crítico a
seus cuidados iniciais, solicite auxílio o
mais breve possível. Em nosso meio usamos os serviços do corpo de bombeiros
(telefone 193).
Peça a alguém para contactar o serviço
CUIDADO CRÍTICO
o mais urgentemente possível, inforE REAVALIAÇÃO
O cuidado crítico se refere a todas as mando o local do acidente com a maior
intervenções e procedimentos realizados riqueza de detalhes, o número de vítimas,
em resposta a avaliação que você realiza. e se possível o mecanismo de lesão além
Isto se refere aos procedimentos efetu- do quadro pormenorizado de cada acidentado. Em caso de mais de uma vítima
ados na cena e durante o transporte.
1. Manejo das vias aéreas. Todos os pa- solicite o número suficiente de ambulâncientes críticos de trauma devem receber cias, uma para cada vítima.
Informe também se é necessário algum
oxigênio (15 litros por minuto). Considere
tipo
de equipamento especial (serras,
se o paciente requer mais intervenções
sobre as vias aéreas (intubação, ventila- macaco hidráulico, etc.).
ção assistida, descompressão de pneumotórax hipertensivo, aspiração, estabilização de tórax instável, etc.).
2. Colocar monitores. Isto geralmente
se faz durante o transporte, a menos que
exista atraso na cena.
3. Avalie a decisão de instalar um
acesso venoso. Isto sempre se realiza
ADULTO
durante o transporte, a menos que
12 a 20
exista atraso na cena.
4. Bandagens e imobilizações: Nos paCRIANÇA
cientes críticos estes procedimentos
são realizados durante o transporte
15 a 30
para se preservar a “Hora Dourada”.
ADOLESCENTE
Entre algumas excessões encontramse as bandagens de compressão para
25 a 50
o cotrole de hemorragias e aquelas
Quanto mais informações e mais precisas
forem, as equipes de resgate terão condições
de estar preparadas para dar o melhor suporte ao acidentado, aumentando assim ma
chance de sobrevida do acidentado.
Para outras informações quanto as
técnicas de primeiros socorros visite
nosso site http://www.preventfisic.com
ou entre em contato por nosso e-mail
[email protected] .
A cada edição desta revista estaremos
disponibilizando material sobre este assunto, sempre com novas informações.
Dr. Ricardo Torviso
Médico generalista pela Universidade
Gama Filho
Especialização em Cirurgia Geral pelo
Hospital Adventista Silvestre
Título de Especialista em Cirurgia Geral
pelo Conselho Regional de Santa Catarina
Membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões
Pós-graduado em Medicina do Trabalho
pela Universidade Federal Fluminense
Médico Offshore Internacional
Instrutor de Primeiros Socorros pela
Prevent-Fisic.
FREQUÊNCIAS
RESPIRATÓRIAS
NORMAL
ANORMAL
ADULTO
<8 ou >24
CRIANÇA
<10 ou >35
ADOLESCENTE
<25 ou >60
Texto:
Diogo Bracet
Texto/fotos: diogo
bracet
Q
uando falamos de treinamento de potência para o esporte, sempre surge uma dúvida de qual a metodologia ideal
para cada modalidade desportiva, pois esse treinamento não deve interferir na técnica desenvolvida ao longo de
todos os anos de aprendizagem e aprimoramento motor. Portanto, esse treinamento deve dar preferência para
movimentos naturais ou o mais próximo possível do desejado no esporte.
Pesquisadores e treinadores de todo o mundo buscam desenvolver aquilo que chamam de ideal, no entanto, o treinamento
que parece trazer melhores benefícios ao atleta é o Treinamento Pliométrico (TP). O interessante é que não se sabe ao certo
quando nem onde começou a ser utilizado, principalmente por usar diversos exercícios comuns às brincadeiras de crianças de todo
o mundo, como por exemplo: pular corda, amarelinha, elástico.
Segundo o especialista em Teoria e Metodologia do Treinamento, Dr. Tudor Bompa, a pliometria teve seu início com atletas
de atletismo em 1920, porém exercícios e competições são encontrados na história ainda da Idade Média. Mesmo com tantos anos
de prática, o treinamento pliométrico só começou a ser estudado como ciência no final dos anos 1960, com especialistas como
Verkhonshanski (1967; 1968), Cavagna (1970), Komi e Buskirk (1972), dentre outros.
O princípio do TP é utilizar movimentos naturais para desenvolver a potência do atleta, lembrando que potência é igual à
força vezes velocidade (P = F x V). Esses exercícios são separados por nível de impacto: exercícios de baixo impacto e exercícios
de alto impacto; e também por nível de intensidade: intensidade baixa (# 5) seguindo até alta intensidade (# 1). Abaixo vemos um
quadro demonstrando os níveis de intensidade dos exercícios pliométricos, com seus diferentes tipos de exercícios e a forma de
utilizá-los.
Valores de
Tipos de
Intensidade
Nº de reps.
Nº de reps./
Intervalo
intensidade
exercício
do exercício
e séries
sessão de treina-
de repouso
mento
entre as
séries
1
Tensão
Máxima
8-5 X 10-20
120-150(200)
8-10 min.
Muito alta
5-15 X 5-15
75-100
5-7 min.
Submáxima
3-25 X 5-15
50 -250
3-5 min.
Moderada
10-25X10-25
150-250
3-5 min.
Baixa
10-30X 10-15
50-300
2-3 min.
Salto de alta
reatividade
2
Saltos em
profundidade
3
Exercícios de salto
múltiplos
4
BASES DO TREINAMENTO
PLIOMÉTRICO
Saltos de baixa
reatividade
5
Baixo impacto
Saltos no lugar
Arremessos de
implementos
Fonte: Livro Treinamento de Potência para o Esporte – Tudor O. Bompa, 2004 – Ed. Phorte
Cada
nível
de
Grupos de idade
Formas de
intensidade deve ser utilizado
para níveis de aprendizado
treinamento
diferentes, assim como idade
Iniciante12-13 anos
Apenas exercícios
cronológica do indivíduo. Todo
em geral
profissional deve ter em mente
o princípio da especificidade,
Jogos
princípio da individualidade e
o princípio da progressão de
carga de treinamento, para
evitar lesões, overtrainning e
Intermediário
Força em geral
conseguir um bom resultado
13-15 anos
Exercícios orientados
com o treinamento. Outro fator
muito importante para iniciar
o treinamento pliométrico é
o fato de que o atleta deve
Força em geral
Intermediário –
ser muito bem condicionado
Evento orientado
Avançado
em treinamento de força (ex.:
musculação,
levantamento
15-17 anos
básico, levantamento olímpico),
treinamento esse essencial
para qualquer atleta de todas
as idades e modalidades
desportivas. Quanto mais forte
Evento orientado
for o atleta, menor o risco de
Força especifica
Avançado
lesão e melhor o resultado obtido
com a pliometria. Veremos agora
>17
os diferentes exercícios para
cada grupo de idade:
Esse tipo de treinamento
depende de diversos fatores em
sua metodologia para que o atleta
tenha um resultado satisfatório
e reduza a probabilidade de
lesão. Dentre elas, repouso e
Alta performance
Específica
intensidade do treinamento são
cruciais.
Normalmente, quando
iniciamos o desenvolvimento
de um atleta, ele é bem jovem
e, muitas vezes, apenas uma
criança. Nesses casos, a atenção
deve ser redobrada, para não corrermos o risco
Métodos
Volume
Intensidade
Meios de treinamento
Resistência Mus-
Baixo
cular
Médio
Muito baixo
Exercícios de
resistência leve
Implementos leves
Medicine Ball
Bolas
Baixa
Hateres
Resistência
Baixo
muscularIntrodução
Médio
Drible
de pliométricos de
Alto
Medicine Balls
baixo impacto
Construção muscu-
Idem ao anterior
larTreinamento em
Baixa
Todos Acima
Média
Pesos livres
circuito (resistência
muscular)PotênciaPliométricos de
baixo impacto
Construção
Médio
Média
Pesos livres
muscularResistência
Alto
Alta
Equipamento de
muscularPotência-
Máximo
força e potência
especial
Força máximaPliométrico de baixo
impactoIntrodução
de pliométricos de
alto impacto
Todos acimaExcên-
Todas acima
Médio
tricoPliométricos-
Alto
Baixo impactoAlto
Super máximo
Todos acima
impacto
Fonte: Livro Treinamento de Potência para o Esporte – Tudor O. Bompa, 2004 – Ed. Phorte
de prejudicarmos uma vida por um erro de planejamento ou técnica empregada nos exercícios. Segundo
Bompa, o treinamento deve ser iniciado com o fortalecimento da região central do corpo, hoje muito
conhecida como CORE – abdômen e paravertebrais. Com a região CORE bem preparada, podemos seguir para
as extremidades do corpo.
Com a progressão para exercícios de maior impacto, deve-se estar atento ao tipo de calçado e piso
utilizado durante o treinamento. De acordo com pesquisadores do Leste Europeu, o treinamento descalço
é ideal para o fortalecimento dos tendões e ligamentos do pé, reduzindo o risco de lesões, assim como o
treinamento na areia fofa. No entanto, os americanos recomendam o uso de calçados esportivos em qualquer
atividade. Em relação ao tipo de solo, o piso macio reduz o impacto, diminuindo o risco de lesão, porém
reduz também a reatividade do sistema neuromuscular (essencial no TP), que, por sua vez, é aumentada em
superfície sólida.
Como em qualquer método, o treinamento deve ser iniciado com o aquecimento, o qual deve ser
dividido em duas partes: Aquecimento geral (AG) e Aquecimento Específico (AE). O primeiro tem como objetivo
aumentar a freqüência cardíaca e a temperatura corporal, até o ponto de o atleta começar a suar, no entanto,
devemos prestar atenção nos dias de calor intenso, pois o atleta começará a suar muito rapidamente, o que
não quer dizer que já está preparado para o treinamento específico. No geral esse aquecimento deve ter
em torno de 20 a 30 minutos. Após essa primeira etapa, devemos iniciar o AE, com o objetivo de preparar
o atleta para o treinamento propriamente dito, utilizando exercícios específicos com menor intensidade e
maior volume.
Dado o aquecimento, partimos para o treinamento. Como dito anteriormente, o TP é a metodologia
específica para o treinamento de potência, porém não o único método a ser utilizado na preparação física de
um atleta. Ainda é necessário trabalhar a resistência, força, flexibilidade... Bompa indica não treinar pliometria
após o treinamento de força
ou resistência, pois esses resultam numa fadiga extrema do atleta. Na tabela a seguir veremos
algumas possibilidades de organizar esse treinamento com os diferentes métodos.
Ex. 1
Aquecimento
Técnica
Velocidade
Pliometria
Ex. 3
Aquecimento
Técnica
Pliometria
Resistência
Ex. 2
Aquecimento
Velocidade
Pliometria
Resistência
Ex. 4
Aquecimento
Técnica
Pliometria
Força
Fonte: Livro Treinamento de Potência para o Esporte – Tudor O. Bompa, 2004 – Ed. Phorte
Para um preparador físico experiente não há mistério quanto à periodização do TP, uma vez que obedece a mesma regra
que todo método de treinamento: elaboração de um Microciclo, um Mesociclo e um Macrociclo. Para um maior aprofundamento
do assunto, sugiro a leitura do livro Treinamento de Potência para o Esporte, de Tudor O. Bompa. Nele, serão encontradas mais
explicações e uma vasta lista de exercícios pliométricos para utilizarmos em nossos treinos.
Bom treino e muita força a todos!
Pegue essa onda na WEB
Texto: lucas silveira/fotos: Richard Clarke
bet
bastão
expansível
tático
O
s bastões são parte do equipamento indispensável para aqueles
que trabalham com segurança, por
agregarem poder de impacto, distância
segura e fácil controle dos oponentes,
seja por golpes em regiões determinadas
ou por imobilizações táticas.
BET é uma sigla para Bastão Expansível Tático. Cada vez mais presentes, os
bastões expansíveis devem, com o passar
do tempo, substituir os bastões fixos, como
cassetetes e tonfas, por terem a mesma
eficiência, apesar da portabilidade incomparável, seja pelo tamanho ou pelo peso.
O grande apelo deste tipo de bastão é,
de fato, a portabilidade: um bastão de 26”
(65 cm) aberto, pode ter reduzido para
apenas 9 ½” (24 cm), cabendo, por exemplo, no bolso de uma calça jeans, passando completamente desapercebido. Deste
modo, Deste modo, esta é também uma
ótima alternativa para aqueles que não
trabalham com segurança, mas procuram
um meio para se defender da violência
urbana, especialmente em tempos de
vigência do Estatuto do Desarmamento.
O mercado disponibiliza bastões expansíveis de tamanhos,
construção e valores variados, tornando-os acessíveis para
quaisquer públicos. Os mais comuns são feitos de aço e produzidos em larga escala na China, com o preço no mercado nacional variando entre R$100,00 e R$200,00, todavia, os modelos
de materiais modernos, como alumínio de aviação (7075), chegam no Brasil na faixa dos R$300,00 a R$400,00, além, é claro,
das edições especiais, com acabamento de ouro ou jóias, cujos
preços passam facilmente dos R$500,00.
Outra opção interessante são os bastões de polímero. Construídos sem nenhum tipo de metal, são mais leves e podem ser
tão ou mais resistentes que os bastões de aço de baixo custo,
com os valores semelhantes. Para os indecisos, existem também
peças construídas parte de metal e parte de polímero, na tentativa de agregar as características de ambos.
No que se refere ao comprimento, as opções são ainda maiores.
A marca estadunidense ASP, fabrica bastões de 16” (equivalente
a 40 cm) a 31” (77,5 cm), todavia a concorrente Monadnock, tem
bastões de até 36”, ou 90 cm.
Os mais conservadores podem argumentar que estas ferramentas têm menos poder de impacto ou são menos
resistentes que os bastões feitos de peça única. Os fabricantes,
entretanto, afirmam que alguns dos seus produtos podem resistir
a tensões de até 4,5 toneladas, mantendo a funcionalidade integral. E para aqueles que querem mais impacto, existem opções de
ponta diferenciadas, quadradas e com cantos vivos, suficientes
para danificar qualquer tipo de tecido vivo.
O treinamento, é claro, é fundamental para o bom uso de
qualquer tipo de arma. É importante advertir que o uso inadequado de um bastão expansível pode ser desnecessariamente
perigoso. Recomenda-se procurar uma escola séria e treinar
constantemente.
desarme de faca com bet
1
2
Etapa 3 - Ângulos diferentes
Saque do BET
3
3
Texto e fotos: José Lezon e Alcio Chagas Nogueira Filho
wado ryu
máximo de eficâcia com o
mínimo dispeêndio de energia
W
ado-Ryu é um dos quatro estilos
reconhecidos pela WKF e EKU. Este
pequeno artigo pretende, apenas,
esclarecer sobre as características do estilo, das suas bases e particularidades fundamentais. Antes porém, para informação
e esclarecimento geral, convem realçar
que abordamos essencialmente o que se
treina na da JKF Wado-Kai. Isto porque,
para além da JKF Wado-Kai, existem mais
duas organizações de Karate Wado-Ryu, casos da WIKF – Wado International Karatedo
Federation, fundada e liderada por Tatsuo
Suzuki, e a Wado-Ryu Karate-do Renmei de
Jiro Ohtsuka, filho do fundador.
As técnicas do Wado-Ryu são realizadas
em movimentos curtos e precisos, com
conjugação da rotação do corpo, fazendose projecções, que foram trazidas do Shindo
Yoshin Ryu JuJutsu por H. Ohtsuka. Todas as
técnicas utilizadas originam diversas ações
motoras, o que dificulta um pouco a sua
aprendizagem. Só com o decorrer do tempo,
e muito treino contínuo, se conseguirá tirar
proveito e tornar as mesmas eficazes.
No que diz respeito às posições, estas
possuem o centro de gravidade mais alto
(cintura pélvica), contrariamente à maioria dos estilos, tendo sido projetadas para
serem executadas por seres humanos e
não baseando-se nos movimentos de animais, descendem, ainda, das bases do Kenjutsu. As deslocações e esquivas são assim
executadas com maior velocidade, fluidas
e sem necessidade de recorrer à utilização
de tanta força, aproveitando a força do adversário para desferir os ataques e contraataques, que geralmente são feitos simultâneamente, ou seja, os chamados Nagashi
Tsukis. Estes tem por base três elementos
muito importantes no Wado-Ryu: Nagasu,
que é a forma de deixar passar o ataque do
adversário de forma muito simplificada, não
se afastando demasiado do mesmo para
facilitar o contra-ataque; o Inasu, que é a
forma de desviar o ataque com os braços
ou as mãos, do ponto em que o ataque era
direccionado, e contra-atacar no momento
em que o adversário utiliza a sua força, tornando assim o contra-ataque mais forte; o
Noru, significa entrar no adversário.
Em suma, o estilo Wado-Ryu diferencia-se
dos restantes essencialmente por recorrer
a técnicas de esquiva (tai-sabaki e nagashi),
a torções, projecções, imobilizações, estrangulamentos e quedas (Kansetsu-Waza, NageWaza, Osae-Komi-Waza, Shime-Waza, Uke-miWaza). É um estilo muito natural, fluído, onde
todos os movimentos se enquadram na
forma natural do corpo humano. Para que se
entenda bem, quando se pratica as técnicas
defensivas (Ukewaza), tudo é praticamente
feito em esquiva, com movimentação simultânea da cintura em direcção ao oponente,
fazendo-se o contra-ataque quase em simultâneo à defesa (esquiva), aproveitando o
máximo da força do adversário utilizada no
seu ataque. Este é pois um dos princípios do
Wado-Ryu, obter o máximo de eficácia com
o mínimo dispêndio de energia.
No Wado-Ryu há um imenso manancial de
técnicas trazidas do Shindo Yoshin Ryu Jujutsu
algumas das quais muitos poucos conhecem.
A somar a outras, as treinadas regularmente
e que caracterizam o estilo, são os Yakusoko
Kumite/Kihon Kumite -- Treino com parceiro,
com ataques e defesas onde os conceitos
avançados do Wado são treinados e que Sensei Ohtsuka criou e introduziu com as bases
do Shindo Yoshin Ryu Jujutsu.
Foram criadas dez formas básicas
de kumites combinados (Ipponme, Nihonme, Sanbonme, Yonhonme, Gohonme,
Ropponme, Nanahonme, Happonme,
Kyuhonme e Jyupponme). Tanto Doris, Sequência de defesas por parte do Uke
(defensor) a ataques efectuados com
punhal por parte do Tori (atacante).
São técnicas em que está bem patente
o Shindo Yoshin Ryu Jujutsu. Este treino
deve ser, inicialmente, feito com facas de
madeira, borracha, santoprene (tipo de
plástico) e de alumínio (projetada também para treinamento) a fim de evitar
acidentes, sendo preconizado por praticantes com graduações mais avançadas,
uma vez que requer um certo grau de
experiência técnica para poder assimilar
todos os pormenores exigidos nas defesas e nos ataques, já que se utilizam
costantemente técnicas de Yaku (chaves)
e Nage (projecções), para além da grande
importância do ma-ai (distância), o timing
(momento certo da acção e da reacção),
e o Zanshin (espírito de alerta). Tal treinamento evolui até a utilização de lâminas
reais. Trata-se de um treino em que é
exigido o máximo de concentração, a qual
deve ser aliada a um relaxamento muscular para permitir uma rápida reação de
movimentos imprescindíveis para efetuar
uma defesa eficaz. Treina-se ainda técni-
cas de defesa pessoal (Goshin Jutsu), pois
a realidade moderna exige que o karateca
esteja preparado, também nestes casos.
O Zanshin que deve estar presente em
todas as situações na vida de um Karateca, principalmente no dia a dia, quando
a nossa vida pode correr algum perigo, é
imperioso que esteja SEMPRE presente.
Treinam-se os Idoris - Forma de Kumite
tradicional japonesa feita a partir de
posição de seiza (de joelhos). Aqui também o Shindo Yoshin Ryu Jujutsu está bem
patente. A complexidade e o grau de dificuldade na execução prática dos Idoris é
sem dúvida muito grande. Não é pois por
acaso, que o treino e estudo dos Idoris é
elaborado por alunos com graduações mais
avançadas. As técnicas de Yaku (chaves) e
Nage (projeções) estão, mais uma vez, na
base de todos os Idoris. Treina-se o Tachi
Dori - Técnicas de defesa a ataques de espada e facas que foram trazidas do Shindo
Yoshin Ryu Jujutsu, por H.Ohtsuka. Treinamse o Jodandori - Chudandori– Gedandori –
Wakigamaedori - Hassodori .
Entre vários e bons mestres que felizmente
há no estilo espalhados por esse mundo fora,
as grandes referências são Tatsuo Suzuki,
Toru Arakawa, H.Takashima, Katsumi Hakoishi,
Mizuho Ashiara, Shiomitsu, e claro H. Ohtsuka
II. Temos em Portugal como professor e representante da JKF Wado-Kai, reconhecido
6º Dan, o Sensei José Augusto Lezon, que
frequentemente nos visita e orienta aqui no
Rio de Janeiro, além de possuir uma grande
capacidade administradora e conciliadora.
Voltando à história da origem do WadoRyu o Sensei Ohtsuka era, inicialmente,
um expert na arte do Shindo Yoshin
Ryu Jujutsu. Ao tomar conhecimento da
existência do Karate e tendo visto uma
demonstração, interessou-se pelo assunto e foi ter com o sensei Funako-
shi Giguin propondo-lhe uma troca de
conhecimentos entre os dois, da arte
que cada um praticava e ensinava. Ohtsuka sensei sendo um exímio praticante
da sua arte, aprofundou-se nos conhecimentos do Karate, sendo que depressa
alcançou um lugar de destaque e se tornou braço direito de Funakoshi. Infelizmente, divergências de opiniões surgiram
entre eles e, a primeira diferença entre
os dois, começou curiosamente pelos Katas. Ohtsuka dizia e afirmava que treinar
somente Kihons(técnicas básicas) e Katas era bom, mas não era o suficiente. A
partir daí as coisas começaram a afastar
a forma do Karate entre os dois. Sensei
Ohtsuka dados os seus conhecimentos do
Shindo Yoshin Ryu, foi criando os chamados "Yakusoko Kumite"combinações de
treino com parceiro, e Ju Kumites e um
dia os apresentou ao próprio Funakoshi.
Dessa forma nasceram diferenças na
metodologia de treino. Separaram-se mas
continuarram a ter boas relações durante
toda as suas vidas.
Aqui no Brasil, na ABKW (Assossiação
Brasileira de Karate Wado-Ryu), encontramos bons praticantes e professores nos
seguintes endereços:
- Roberto Pimentel 6º Dan – Academia
Staff, Rua Machado de Assis nº Largo do
Machado – Rio de Janeiro;
- Luis Gama – Teresópolis/RJ. - Av. Delfin
Moreira 1340, sobrado - Vale do Paraíso;
- Mycon Nonoyama 5º Dan – Academia Malharte nº 203, Asa Sul Bloco A, Brasília - DF;
- Prof. Paulo Laércio Alves – Academia
Aliança, Três Corações – MG
Tel.: (35) 3231 4752
- Prof.:Lupércio Cesar - Campanha Esporte Clube - Endereço: Praça Zoroastro
de Oliveira,26
Telefone: (035) 3261-1348
sensei otsuka era expert
em shido yoshin ryu jujutsu

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