Março - Adventist World
Transcrição
Março - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia Março 2010 na Todos Ig re ja ARTIGO ESPECIAL Desenvolvendo uma Visão de Unidade Veja página 11 Março 2010 AÇÃO EM IGREJA Editorial............................. 3 A R T I G O D E C A P A Todos na Igreja ..............16 A cada cinco anos os adventistas, aos milhares, reúnem-se para dirigir os negócios da igreja e celebrar o fato de fazerem parte da família de Deus. A R T I G O Notícias do Mundo 3 Notícias & Imagens Visão Mundial 7 A Face do Adventismo Está Mudando? E S P E C I A L Desenvolvendo uma Visão de Unidade .................. 11 Sandra Blackmer, editora assistente, entrevista Dan Jackson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Canadá. SAÚDE NO MUNDO Apneia do Sono ............. 10 Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless PERGUNTAS DEVOCIONAL Está Chegando o Grande Dia Por D. Chongo Mundende .......................................................... 14 A morte não é tão permanente como alguns acreditam. CRENÇAS Por Dennis Meier ........................................................................ 20 Antes de a humanidade trabalhar, descansou. DESCOBRINDO O ESPÍRITO Por Angel Manuel Rodríguez ESTUDO FUNDAMENTAIS Encontrado o Ritmo de Deus DE PROFECIA BÍBLICAS Purificação e Exaltação ......................... 26 BÍBLICO A Criação e as Verdades para o Tempo do Fim ............... 27 Por Mark A. Finley Acerto de Contas Final Por Clinton Wahlen..................................................................... 22 O que disse Ellen White sobre os eventos que precederiam o retorno de Cristo. HERANÇA ADVENTISTA Tocando os Intocáveis Por Kuk-Heon Lee ....................................................................... 24 A impressionante história de Sung-Hun Choi e a Igreja Adventista na Coreia. INTERCÂMBIO MUNDIAL 29 Cartas 30 O Lugar de Oração 31 Intercâmbio de Ideias O Lugar das Pessoas ............................. 32 Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 3, março de 2010. 2 Adventist World | Março 2010 www.portuguese.adventistworld.org A Igreja em Ação EDITORIAL Orando por Atlanta O s olhos de minha mãe se encheram lentamente de lágrimas ao verem os milhares de adventistas sentados nas arquibancadas daquele ginásio gigante. “Quem dera”, disse ela num sussurro, “quem dera que minha mãe tivesse visto isso. Ela nunca soube que a igreja da qual fazia parte estava ligada a uma fé desse tamanho.” A reação de minha mãe, lá de cima de uma arquibancada, na Assembleia da Associação Geral de 2000, em Toronto, fez-me lembrar de quão emocionante é para os crentes o espetáculo de uma sessão da Associação Geral. O alcance e a proporção do adventismo no mundo, agora chegando a 17 milhões de membros, e 25 milhões de pessoas na grande família que inclui crianças e jovens, constituem poderoso incentivo, mesmo porque muitos adventistas conhecem apenas algumas dezenas de irmãos na fé, com quem adoram todas as semanas. Como minha avó italiana, convertida de outra fé, a maioria dos adventistas do sétimo dia define sua igreja pela pessoa para quem sorriem cada sábado, pelo homem e mulher honestos que ensinam nas escolas sabatinas e pregam os sermões, pelos diáconos e diaconisas que cuidam das necessidades práticas tanto dos irmãos como do prédio da igreja. Temos, contudo, fome de saber que esse movimento mundial ainda está crescendo, ainda está em expansão, ainda chega a lugares onde o nome de Jesus não é conhecido. Nosso coração pula de alegria quando vemos que novas congregações são plantadas nas velhas nações ocidentais, enraizadas no secularismo. Ficamos encantados ao ouvir de crentes intrépidos das igrejas secretas no Oriente Médio, os quais praticam nossa fé sob circunstâncias perigosas. Presentes em quase todas as nações do globo, os adventistas do sétimo dia estão sempre desejosos de saber mais sobre o progresso dessa causa. Esta edição da Adventist World destaca a família adventista mundial na assembleia da Associação Geral de 2010, planejada para Atlanta, Georgia (EUA), no período de 24 de junho a 3 de julho. Esses dez dias de reunião da igreja internacional vão alinhar a Igreja para a nova década, escolhendo líderes e adotando políticas para o fortalecimento da fé e o crescimento do movimento. Mais de dois mil delegados oficiais e outros mais de cinquenta mil fiéis estarão presentes nos dois sábados. Os que forem a Atlanta representarão apenas três por cento dos membros batizados da igreja – uma pequena fração, dirão alguns. Contudo, estarão levando os sonhos, as esperanças, e as orações de milhões de adventistas, enquanto estiverem planejando, orando e adorando. Comece, agora, a orar pelo que Deus fará em Atlanta. – Bill Knott Março 2010 | Adventist World D E PEDRA FUNDAMENTAL: Construtores lançam pedra fundamental da primeira igreja adventista do sétimo dia na região do Golfo, em janeiro. O prédio também servirá como sede da igreja nos Emirados Árabes Unidos e países vizinhos. C O R T E S I A ■ Os adventistas do sétimo dia do Oriente Médio, na região do Golfo, esperam ansiosos o dia em que realizarão seus cultos em sua primeira igreja permanente, cuja conclusão está prevista para o fim do ano, informaram os líderes da igreja local, na cerimônia de lançamento da pedra fundamental, em janeiro. Victor Harewood, líder da igreja nos Emirados Árabes Unidos (EAU) e Oman, e cerca de 250 membros locais reuniram-se em Ras Al Khaimah para lançar a pedra fundamental do prédio, dando início oficial à construção. Ras Al Khaimah é um dos sete emirados nos EAU. O príncipe e chefe do parlamento, Sheikh Saud Bin Saqr Al Qasimi, aprovou o projeto do prédio em 2008. “[O fato] dará ao adventistas registro oficial, reconhecimento … e [a] possibilidade de ter nosso próprio prédio”, disse Rajee Mathew, projetista e administrador. F O T O S : Em Construção Primeira Igreja Adventista na Região do Golfo R O G E R TA E R / M E U NOTÍCIAS DO MUNDO 3 A Igreja em Ação 4 Adventist World | Março 2010 H O P E Programas do Hope Channel na TV Estadual Tcheca ■ A televisão estatal na República Tcheca começou a transmitir uma série especial de programas preparados para jovens pelo Hope Channel Tcheco (TV Adventista Internacional). Os programas Além do Horizonte começaram a ir ao ar em janeiro e devem ser transmitidos todas as manhãs de domingo, por seis meses. “Nosso alvo não é apresentar soluções pré-fabricadas, mas oferecer à audiência secular uma perspectiva alternativa”, explica um dos autores de nosso programa de TV para jovens cristãos. O programa será apresentado e moderado pelo ator e apresentador profissional Matous Ruml e pelo pastor adventista Jindrich Cernohorsky. “Beleza”, “Relacionamentos”, “História”, “Entretenimentos”, “Crises” e “Uma Estrela” são alguns dos títulos dos vários episódios. Cada um dos 26 episódios, apresentado em linguagem compreensível para o público jovem, apresentará um assunto importante que a maior parte das pessoas enfrenta durante a vida. Para cada assunto, os organizadores convidaram personalidades interessantes e bem conhecidas, as quais, de algum modo, representam o tema em discussão. Os espectadores terão a oportunidade de ouvir o piloto de MotoCross, Petr Pilat, que aparece no episódio de esportes radicais; o astrônomo Jirí Grygar, que participa na discussão sobre astrologia; o violinista Jaroslav Svecený, que fala sobre tradições. Cada episódio apresenta música de artistas contemporâneos e termina com uma pequena reflexão que oferece uma alternativa bíblica para o forte consumismo contemporâneo. Bedrich Jetelina, diretor do Hope Channel Tcheco, explica: “Essa série de programas é fruto da colaboração F O T O : Até agora, os adventistas se reuniam nos lares dos membros da igreja ou em espaços alugados de propriedade de outras denominações cristãs. Os líderes da igreja esperam concluir em oito meses a construção do prédio de três pavimentos. O primeiro piso será destinado à nave da igreja, com capacidade para 500 lugares. O prédio também servirá como sede da Igreja Adventista do Sétimo Dia da região do Golfo, diz Harewood, com espaço reservado para as residências e escritórios da equipe administrativa. A região inclui a Arábia Saudita, os EAU, Kuwait, Catar, Bahrein, Omã e Iêmen. “Estamos muito entusiasmados com esse projeto e oramos para que ele seja o início de uma nova era para nossa igreja nesta parte do mundo”, disse Jóhann E. Jóhannsson, tesoureiro da igreja na região transeuropeia, que supervisiona o setor do Golfo. O apoio da região transeuropeia, da União do Oriente Médio e da sede mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, ajudará a cobrir os custos da construção, que chegam a 3,2 milhões de dólares, com um adicional de 170 mil dólares para mobília e equipamentos. Com o reconhecimento que o prédio dará à Igreja Adventista na região do Golfo, os adventistas, finalmente, “poderão organizar o trabalho [da igreja] na região”, disse Kjell Aune, presidente da União do Oriente Médio. – Reportagem de Gureni Lukwaro, Divisão Transeuropeia e Rede Adventista de Notícias C H A N N E L T C H E C O NOTÍCIAS DO MUNDO PROGRAMAÇÃO NACIONAL: Equipe do Hope Channel Tcheco (TV da Igreja Mundial) gravando o programa de televisão que será transmitido em rede nacional. de longo termo entre nosso centro de mídia e o departamento oficial para programas religiosos da televisão estatal tcheca. Nosso objetivo e motivação principal na preparação dessa série é ajudar a geração jovem de nossos concidadãos, de maioria pós-moderna e secular, a descobrir que a Bíblia e o cristianismo podem oferecer uma valiosa alternativa de pensamento e estilo de vida prevalecente, e que a abordagem bíblica para as questões da vida é realista, funcional e satisfatória.” Os programas deverão estar disponíveis no site www.zaobzorem.cz. – Reportagem da Divisão Euro-Africana. Quase Concluída Sede da Igreja no Reino Unido e Irlanda, Após Incêndio ■ A sede administrativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Reino Unido e Irlanda está em vias de conclusão, catorze meses após o incêndio que destruiu a sede anterior. A fase final da reconstrução, incluindo um saguão de entrada, salas de treinamento, uma sala de reuniões e escritórios adicionais, está prevista para este ano, disseram os administradores da igreja na região. O fogo começou no dia 16 de novembro de 2008, no forro da sala de reuniões e rapidamente se espalhou por setenta e cinco por cento do prédio. Os funcionários mudaram-se de volta para o prédio no dia 18 de dezembro passado, apesar de ainda estar em construção. “Todos gostaram do novo visual da sede”, disse Victor Hulbert, diretor de comunicação da Igreja Adventista na Grã-Bretanha. “Eles podem estar sentados na mesma sala em que estavam antes do incêndio, mas ela está totalmente atualizada . . . e das janelas tem-se uma vista deslumbrante do Parque Stanborough.” Hulbert acrescenta que o novo espaço de trabalho permite que os funcionários sejam “mais eficientes no cumprimento da missão da igreja”. Embora o espaço de trabalho da sede ainda seja limitado até que o prédio seja concluído entre setembro e outubro deste ano, ainda é muito superior ao espaço restrito do local alugado temporariamente, para o qual a equipe se mudou logo após o incêndio. A equipe de construção concentrou-se primeiro nas áreas totalmente demolidas pelo fogo, disseram os administradores. O frio do mês de janeiro forçou a uma parada temporária. Com a premência de tempo, a equipe estava esperando que a temperatura subisse a cinco graus centígrados para continuar colocando concreto nos alicerces do restante das áreas de trabalho. NO TRABALHO: Funcionários da Igreja Adventista no Reino Unido e Irlanda voltam a trabalhar no prédio de escritórios reconstruído. Em 2008, um incêndio destruiu grande parte do prédio. F O T O : V I C T O R H U L B E R T / A S S O C I A Ç Ã O U N I Ã O Hulbert disse estar “impressionado” com a velocidade da reconstrução até agora, acrescentando que a interferência do clima não afetará o prazo para a conclusão. – Reportagem de Megan Brauner e Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias Desenvolvimento em Liderança Determina Diretrizes para Líderes Recém-Eleitos ■ O que acontece quando um membro adventista do sétimo dia, com pouca experiência em liderança, é inesperadamente eleito para um cargo administrativo na igreja? O Desenvolvimento em Liderança Global da igreja está fazendo o possível para que os membros nesses cargos tenham acesso aos recursos necessários, a fim de que sejam, em curto prazo, eficientes, líderes focados na missão e que possam enfrentar mudanças e desafios para agir de modo responsável e apropriado. Os líderes do Desenvolvimento em Liderança reuniram-se em Pequim, China, no mês de janeiro, para a terceira reunião de cúpula do Desenvolvimento em Liderança Global. Foram revistos os currículos dos presidentes regionais da igreja, secretários, tesoureiros e outros líderes, para garantir que nenhum item seja negligenciado. “Muitas das pessoas que são eleitas, diz o presidente, nunca trabalharam na área antes e, quando iniciam seu novo trabalho, às vezes não possuem as habilidades necessárias – como presidir uma B R I T Â N I C A reunião, ou como abordar assuntos no contexto legal”, disse Pardon Mwansa, que, juntamente com Michael L. Ryan, supervisiona a equipe de Desenvolvimento em Liderança. Ambos são vicepresidentes da igreja mundial. Enquanto os assuntos curriculares estão sendo padronizados em todas as regiões da igreja, também podem ser adaptados para atender às necessidades de determinada cultura. “Um assunto, por exemplo, é como se tomam decisões. Todos tomamos decisões onde quer que estivermos trabalhando, mas a maneira como se tomam decisões na China é muito diferente de como serão tomadas em , vamos dizer, nos Estados Unidos”, diz Mwansa. A equipe de liderança espera finalizar e aprovar o currículo em tempo para a assembleia mundial da Igreja Adventista, em junho, onde serão eleitos os líderes para preencher um certo número de cargos na sede mundial, como também em cada uma das treze regiões do mundo, disse Mwansa. Veja as diretrizes de liderança e novos desenvolvimentos no site: leadershipdevelopment.adventist. org/curriculums. – Reportagem de Elizabeth Lechleitner, Rede Adventista de Notícias Março 2010 | Adventist World 5 A Igreja em Ação NOTÍCIAS DO MUNDO HansBirkel Por Gerhard Padderatz, editor da revista BWgun, Baden-Württembergische Vereinigung, Alemanha Recebe Homenagem residencial P Adventista da Alemanha arrecada 62 mil euros para ajudar outros H HOMENAGEM PRESIDENCIAL: O presidente Horst Köhler (direita) cumprimenta o adventista do sétimo dia Hans Birkel, durante cerimônia, em Berlim. Durante 33 anos, Birkel angariou mais de 285 mil euros (403.303 dólares) para várias entidades de caridade, incluindo iniciativas de assistência da Igreja Adventista. 6 Adventist World | Março 2010 D E U T S C H E P O S T E G E R H A R D PA D D E R AT Z ans Birkel, adventista de 89 anos de idade, foi recentemente homenageado pelo presidente da Alemanha, Horst Köhler, em cerimônia especial em Berlim. No evento, Birkel e a esposa, Renate, se encontraram com o presidente Köhler, com o ministro da fazenda, Wolfgang Schäuble, e outras autoridades. Birkel foi homenageado por angariar recursos para caridade, especialmente pelo seu trabalho vendendo selos beneficentes. Os selos beneficentes são uma edição especial de selos postais, de 55 centavos, vendidos a 80 centavos. A sobretaxa vai para uma organização que distribui o dinheiro para entidades oficiais de caridade da Alemanha. Although Birkel começou vendendo selos beneficentes quando tinha 76 anos, em 1996, e arrecadou 62 mil euros, ou 87.736 dólares americanos. Birkel fez campanhas para diferentes tipos de causas beneficentes desde 1973, e seus registros são impressionantes. Ao todo, ao longo dos anos, coletou 127 mil euros (179.717 dólares) para várias entidades beneficentes. Ao mesmo tempo, levantou 95 mil euros (135.142 dólares) para causas beneficentes da Igreja Adventista. No total, Birkel angariou mais de 285 mil euros (403.303 dólares) nos últimos 33 anos. Embora tenha 89 anos, Birkel ainda leva uma vida ativa e dinâmica. É ávido nadador e instrutor de tênis de mesa. Ele não considera sua boa saúde algo trivial. Seu primeiro contato com os adventistas do sétimo dia aconteceu no início dos anos 1960, quando trabalhava como treinador de futebol voluntário. Um dos jogadores levava sua irmã, que era adventista, aos treinos. Enquanto seu interesse pela jovem aumentava, Birkel também se interessava na religião dela. Logo fez os estudos bíblicos e foi batizado em 1961. No ano seguinte, ele se casou com a jovem que havia despertado nele o interesse pela Igreja Adventista. O pastor de sua igreja apresentou-lhe a atividade que se transformaria em paixão. O pastor levou Birkel consigo para angariar fundos para um projeto de assistência social, em 1973. Em seguida, Birkel estava batendo de porta em porta sozinho. Ele desenvolveu seu próprio método. Anotou todas as casas e estabelecimentos comerciais que lhe deram cinco marcos alemães, ou mais (moeda alemã antes do euro), e no ano seguinte os visitou com um presente de muito obrigado. Desde 1995, o presente – um pote de geleia feito por sua esposa, Renate – tornou-se um prêmio muito valorizado. Enquanto Birkel faz a coleta, Renate investe tempo e trabalho em projetos de caridade. Em 2006, Renate fez 1.300 potes de geleia para seu esposo distribuir. Quando perguntaram por que ele gastou tantas horas e anos de sua vida arrecadando dinheiro para os outros, Birkel respondeu: “Sou muito feliz desde de que conheci Jesus e a mensagem adventista! Esse é o meu jeito de ajudar a diminuir a pobreza e o sofrimento e de ajudar outros a serem felizes também. Talvez esse seja um modo de levá-los a conhecer Jesus e a mensagem adventista.” Para Birkel, cada contato serve como oportunidade de testemunhar de sua fé. Falar sobre ela é muito natural para ele. Enquanto outros podem ter se sentido constrangidos durante a visita e o jantar especial oferecido pelo Estado, para Birkel o importante foi o resultado de seu trabalho voluntário, que ele considerou uma oportunidade para testemunhar. Coincidentemente, o correio imprimiu, neste ano, mais um lote de selos beneficentes. Pela primeira vez, eles terão um agradável aroma. Os compradores poderão escolher adesivos com perfume de maçã, morango, limão ou franboesa. – Traduzido e revisado por Chantal Klingbeil e equipe da Adventist World. VISÃO MUNDIAL A do ace F Adventismo Está Mudando? Como praticar os valores eternos em nossas culturas mutantes Por Jan Paulsen P ara alguns, é inquietante ver as palavras “mudança” e “adventismo” na mesma frase. Nossa igreja está mudando? Sua aparência está diferente, ela soa diferente, expressa-se de modo diferente de como era há décadas? Há duas ou três décadas? E se houver diferenças, como deve ser nossa atitude em relação a elas? A ideia de mudança pode ser profundamente perturbadora. Preferimos o que conhecemos, o confortável, o familiar. O que pertence ao hoje, entretanto, está em constante alteração, num processo de “tornar-se”. Encontro mudança inevitável quando olho no rosto dos meus filhos e netos, ou quando abro o jornal ou acesso a Internet. Ouço com clareza as mudanças nas palavras dos jovens profissionais adventistas que me falam sobre seus sonhos para sua igreja. Vejo a força da mudança na adoração das mulheres africanas ao se movimentarem enquanto cantam com alegria ao entrar na igreja. A experiência do poder da mudança ao adorar com os fiéis adventistas da China, que por tanto tempo estiveram separados da comunidade mundial da igreja e que me disseram: “Nós ainda pertencemos à igreja? Ainda fazemos parte da família?” A ilusão de que nós, como igreja, podemos permanecer estáticos enquanto o resto do mundo, ao nosso redor, está em constante movimento, é exatamente isso, apenas ilusão. Nossa igreja existe dentro dos parâmetros do tempo, geográficos e culturais, e assim também deve mudar. Somos atingidos pelas forças externas – política, economia, cultura e realidades tecnológicas – que estão absolutamente além de nosso controle. Há, ainda, forças internas, que existem simplesmente pelo que somos: uma família de 25 milhões de homens, mulheres e crianças; centenas de culturas, línguas e nacionalidades unidas em Cristo. Mudanças ocorrem porque a comunidade do adventismo está crescendo; ela é dinâmica e está viva. A face do adventismo está mudando? Sim, em alguns aspectos. Isso é algo a ser temido, algo a ser resistido? Penso que não. Andando Para Trás em Direção ao Futuro? Embora a mudança seja inevitável, nossa reação não é. Há essencialmente duas atitudes que podemos adotar. Podemos virar o rosto na direção do passado, fixar nossos olhos no caminho pelo qual já passamos e tentar andar para trás em direção ao futuro. Assim, passamos a ver todas as mudanças como inerentemente perturbadoras, e que, de certo modo, quebram nossa lealdade à nossa herança espiritual; quase Março 2010 | Adventist World 7 A Igreja em Ação VISÃO MUNDIAL uma apostasia. Perguntamos ansiosamente uns aos outros: “O que devemos fazer?” Outra alternativa é dar a volta e encarar o futuro, com todas as incertezas e desafios. O passado deixa de ser um destino, mas algo que ajuda a definir a essência de nossa identidade e valores, e define a direção para onde estamos indo; nesse caminho, vamos com o nosso passado rumo ao futuro. A questão crucial passa a ser: “Como podemos orientar e canalizar essas forças de mudança no que é bom para a igreja e para sua missão?” Creio que o adventista se congelou em determinado tempo ou cultura, perdeu-se no caminho. Ele não mais res- O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, retorna várias vezes à necessidade de salvaguardar a verdade. “Timóteo, guarde o que lhe foi confiado” (1Tm 6:20, NVI); “Retenha… o modelo da sã doutrina que você ouviu de mim. Quanto ao que lhe foi confiado, guarde-o por meio do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1:13, 14, NVI); “Permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem convicção, pois você sabe de quem o aprendeu” (2Tim. 3:14, NIV). Paulo está dizendo: “Cuide de sua herança espiritual. Compreenda o que você crê e leve consigo por toda a vida.” Há coisas do nosso passado que chegam ao Adventismo como “inegociáveis”. São nossa herança espiritual. Não estão Servimos a um Senhor que não é campeão do status quo. O evangelho de Cristo é um evangelho de transformação. ponde criativamente aos desafios; perdeu a habilidade de adaptar seus métodos, estrutura e o modo como usa seus recursos para levar adiante a missão para um mundo em mudança. Veja as palavras de Ellen White: “Não podemos ser aceitos por Deus prestando o mesmo serviço, ou fazendo as mesmas obras que nossos pais. A fim de ser aceitos e abençoados por Deus como eles foram, cumpre-nos imitar sua fidelidade e seu zelo, aperfeiçoar nossa luz como eles fizeram à sua e fazer como eles teriam feito caso vivessem em nossos dias. Cumpre-nos viver segundo a luz que brilha sobre nós, do contrário, essa luz tornar-se-á em trevas” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 262). Como podemos “andar na luz que brilha sobre nós”? Como trazemos conosco as verdades eternas de ontem para a realidade de hoje? Isso requer uma mentalidade que não teme mudar simplesmente por ser uma mudança. Exige a capacidade de discernir o que é transcendente, os valores imutáveis e verdades que nos permitem negociar com segurança em um mundo em mudança. Verdades Imutáveis Tudo o que está vivo passa por mudanças; elas acontecem independentemente da minha ou da sua opinião a respeito dela. Sabendo disso, vamos deixar que as mudanças aconteçam desenfreadamente? Permitiremos que elas conduzam e determinem a vida e o testemunho da igreja? 8 Adventist World | Março 2010 abertas à reinvenção, modificação ou relegadas a um lugar de menor importância. Elas são o nosso direito de nascença, as pedras fundamentais de nossa fé; quem determina nossa identidade e missão. Devemos levá-las conosco ao futuro. Quais são essas constantes? Em primeiro lugar, Cristo, como chega até nós pela história e como O encontramos nas Escrituras. Ele é e sempre será o Único, a “Rocha Inabalável”. Segundo, a Bíblia, pois é a voz de Deus dando valores e direção à raça humana. As Escrituras nos falam sobre a segunda vinda de Cristo, sobre Seu atual ministério de reconciliação e julgamento, sobre como Ele fez a vida e a nós neste planeta, sobre Seu dom profético para a igreja, e a lista pode estenderse até incluir cada uma das nossas 28 crenças fundamentais. Terceiro, o propósito de Deus para cada um de nós, como indivíduos; pois o vínculo espiritual pessoal entre mim e meu Criador deve existir antes que eu possa tomar o meu lugar como um membro do Corpo de Cristo. E, finalmente, nossa história comum, como igreja; tudo o que responde à pergunta: “Qual é o propósito do Adventismo? Por que Deus levantou esse movimento?” Essas quatro constantes não são “talvez sim/talvez não”. Elas têm significado em todas as culturas e não são diminuídas com o passar do tempo ou pela mudança de normas sociais. Elas existem acima e além das mudanças do mundo. E no âmbito dessas constantes, encontramos um corpo enorme de valores que nos identificam. Abordamos as mudanças com uma atitude de força e certeza. Navegando num Mundo em Mudança Posso compreender o temor e o espanto de Pedro quando testemunhou a glória do Cristo transfigurado. “Senhor”, ele disse. “Vamos ficar aqui. Vamos fazer três tendas aqui na montanha; uma para Ti, uma para Moisés e outra para Elias”(veja Mt 17:1-5). Mas Cristo desceu a montanha e continuou Seu ministério pela humanidade. O Adventismo também não pode ficar na montanha; deve ir às comunidades em que vivemos e trabalhamos, com toda sua sujeira, desordem e mudança. Nos últimos anos, tenho a consciência aguçada sobre vários pontos de pressão para mudança dentro do Adventismo, que vêm de muitas, muitas fontes diferentes. Tornei-me, também, mais cônscio da necessidade de eu, como líder da igreja, cultivar uma atitude não defensiva em relação às mudanças, de olhá-las para o que representam, na prática; para testá-las em relação às constantes de nossa fé como chegam a nós pelas Escrituras. Onde as mudanças irão nos testar? A pressão para mudança chegará a nós pelo campo político. A igreja deve funcionar dentro do ambiente em que foi colocada; ela não tem muita escolha. A igreja, no Ocidente, tem pouca repressão. Em muitos lugares ao redor do mundo, a igreja tem que achar caminhos para se adaptar às realidades políticas sem comprometer seus mais altos valores como comunidade de fé. Em lugares em que podemos falar abertamente, a voz do Adventismo deve ser claramente ouvida, sem nenhum partidarismo político, nos assuntos que tocam nossos principais valores: liberdade e direitos humanos, justiça, cuidado com os nossos semelhantes. Os membros da igreja devem perguntar: “Será que devo me envolver mais no cenário social e moral de minha comunidade ou nação? Como posso fazer isso? Como posso contribuir? Será que devo me envolver politicamente?” As mudanças de atitude da humanidade em relação à conduta e à moralidade também nos testarão. Em muitos lugares, há diálogos públicos sobre a definição de casamento e a implicação disso para a sociedade. Como nós, adventistas, lidamos com o assunto? Isso é algo que não tivemos que debater há vinte anos. A igreja não pode e não irá aprovar mudanças de atitudes morais que contrariam os preceitos claros das Escrituras, mesmo quando são aprovados por lei. E será que isso pode influir no funcionamento da igreja? Talvez. A igreja tem que explorar o delicado equilíbrio entre ser cidadãos da Terra obedientes e seres humanos equilibrados, sem se desviar dos valores bíblicos. As coisas nunca foram fáceis, mas devem ser enfrentadas. As mudanças continuarão a chegar até nós pela tecnologia, especialmente a tecnologia da comunicação e mídia. Essa é uma área em que eu acredito que o Adventismo deve se engajar. Estamos nos atualizando com as possibilidades que essas novas mídias nos apresentam? Estamos dispostos a explorar novos métodos de comunicação, na esperança de alcançar setores da humanidade, particularmente os jovens, que se tornam cada vez mais seletivos em suas fontes de informação? Outra área em que as mudanças chegam até nós é na forma do culto. Somos uma comunidade global e cada um de nós é filho de um tempo específico e de uma cultura. É natural que haja variações no formato do culto, no estilo de música ou no nível de formalidade ou espontaneidade. Nem todos necessariamente cantam acompanhados por um órgão! Tenho que ser muito cuidadoso para não rotular de pecaminoso tudo que não combina com minhas tradições, simplesmente porque é diferente. Do mesmo modo, quando encontro as pessoas, mesmo dentro da minha comunidade de fé, cuja aparência não combina com minhas expectativas, que eu não seja muito apressado em concluir que eles estão se afastando do Senhor. Sejamos gentis com as pessoas, pois no fundo, quando tudo é retirado deles, o que fica são as pessoas – não coisas, ideias ou expressões culturais – as quais Cristo irá salvar. Uma atitude não defensiva à mudança é especialmente importante quando atinge o modo em que abordamos a missão. Deve haver flexibilidade, elasticidade, em nosso modo de pensar que nos permita responder efetivamente às mudanças ambientais nas quais nos encontramos. Assim, as iniciativas e os programas para a missão podem mudar de ano para ano. A maneira como usamos nossos recursos, nossas prioridades de gastos, vai mudar. Políticas e estruturas não devem ser servas da tradição, e não devem ser investidas com uma aura de santidade, simplesmente porque “esse era o modo como sempre fizemos”. Ao contrário, a política da igreja deve servir à unidade da igreja e sua missão, e a linguagem da política deve ser moldada pela simples pergunta: “O que temos que realizar? O que é bom para a igreja?” Evangelho da Mudança Nós servimos a um Senhor que não é campeão do status quo. O evangelho de Cristo é, no fundo, um evangelho de transformação, de mudança radical. Cristo disse: “Nicodemos, você tem que nascer de novo. O que você é agora não é suficiente. Vou transformá-lo em uma nova pessoa.” Em Apocalipse, Cristo declara: “Eis que faço novas todas as coisas.” As mudanças virão. Virão porque nossa igreja está viva e saudável, e virá porque o mundo ao qual pertencemos está constantemente mudando. Compararemos as mudanças com as constantes de nossa fé. Perguntaremos: “Isso está nos unindo como comunidade espiritual? Será que expande nossa missão? Assim, caminharemos, sem medo, para o futuro de Deus. Março 2010 | Adventist World 9 S A Ú D E N O M U N D O Apneıa Sono do Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless Meu marido tem um padrão de sono peculiar. Ele inspira profundamente e, em seguida, para de respirar, só voltando a respirar com uma espécie de ronco! Ele, então, se assusta um pouco, lentamente se acalma e repete o padrão. Faço com que mude de posição, mais não estou descansando bem à noite e ele parece mais irritado do que costumava ser. Será que a cirurgia resolve o problema desse tipo de ronco? benéfico, mas, de longe, o tratamento mais eficaz é algo chamado Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (PPCVA). Um dispositivo que aumenta a pressão nas vias aéreas é usado para manter o tecido das vias aéreas aberto durante o sono. Isso requer um tempo para se adaptar, mas os pacientes logo se acostumam com o aparato e passam a apreciar grandemente seu resultado. Ao reduzir a flutuação dos níveis de oxigênio e dióxido de carbono, o PPCVA remove alguns dos mecanismos que possam predispor à hipertensão e ao risco de doenças cardíacas. Milhões de pessoas no mundo sofrem de apneia do sono. O que você descreveu tão bem é a “apneia do sono”. Esse é um problema que está se tornando muito comum e pode ser reflexo do aumento de indivíduos com sobrepeso entre nós. Às vezes, é chamada de “apneia obstrutiva do sono”, isto é, o estreitamento das vias aéreas superiores, fazendo com que os músculos respiratórios trabalhem mais. Há, porém, muitas outras ramificações. É estimado que milhões de pessoas no mundo sofrem de apneia do sono. Ela é mais comum na população mais idosa e mais frequente nos homens, especialmente os que estão com sobrepeso, fumantes, os de pescoço mais grosso e os que possivelmente têm mais tecido macio na área nasofaríngea. A apneia do sono é um fator de pressão arterial elevada. O aumento do dióxido de carbono e a queda na tensão de oxigênio no sangue podem estar envolvidos no desencadeamento de alterações vasculares. É reconhecido que, como grupo, as pessoas com apneia do sono são mais propensas a ter doença cardíaca isquêmica, irregularidades do ritmo cardíaco e insuficiência cardíaca que outro grupo de controle. Não é de admirar que seu marido esteja mais irritado, pois ele não tem descansado satisfatoriamente, e nem você. As pessoas com apneia do sono frequentemente estão cansadas durante Allan R. Handysides, o dia, reclamam de dor de cabeça e são M.B., Ch.B., FRCPC, FRCSC, mais esquecidas. Os do sexo masculino FACOG, é diretor do podem apresentar disfunções sexuais e Departamento de Saúde deveriam ser cuidadosamente avaliados da Associação Geral. quanto à hipertensão. Algumas pessoas sentiram-se Peter N. Landless, aliviadas com a chamada “sonoplastia”. M.B., B.Ch., M.Med., Esta é uma cirurgia em que o tecido F.C.P.(SA), F.A.C.C., é mole da parte posterior da garganta diretor-executivo da ICPA é removido. O procedimento envolve e diretor-associado do a úvula e o palato mole. Isso pode ser Departamento de Saúde. 10 Adventist World | Março 2010 M AT T H I J S É claro que o PPCVA não deve ser considerado como tratamento definitivo. A maioria das pessoas com apneia do sono melhorariam muito se perdessem peso. Você não mencionou o peso do seu marido, mas eu arriscaria dizer que ele deve estar uns dez quilos acima do peso. Se esse for o caso, ajude-o a reduzir o tamanho das porções nas refeições e certifique-se de que não come nada entre elas. As pessoas que consomem muita gordura (carnes vermelhas, queijo e alimentos gordurosos), podem reduzir as calorias evitando tais itens. Muitos comem muito pão e a redução da sua quantidade também ajuda na perda de peso. Recentemente, foram sugeridas novas orientações para o consumo ideal de açúcar: não mais de sete colheres de chá (cheias) por dia para as mulheres e nove para os homens. Esse valor é facilmente excedido se considerarmos que muitas bebidas que consistem em apenas água açucarada contêm até onze colheres de chá de açúcar por porção. Não se esqueça de encorajá-lo a fazer exercício. Comece a caminhar regularmente. Isso ajudará a melhorar a eficiência metabólica. Também sugerimos que vocês visitem o médico; parece que seu esposo necessita de acompanhamento médico. VA N H E E R I K H U I Z E / M O D I F I C A D A D I G I TA L M E N T E A RT I G O E S P E C I A L Por Sandra Blackmer Desenvolvendo ısão V Unidade uma de Daniel R. Jackson fala sobre as dificuldades e vitórias da igreja no Canadá C O U R T E S Y O F C A N A D I A N U N I O N M E S S E N G E R CANADIAN UNIVERSITY COLLEGE: A universidade adventista, em Alberta,Canadá, apresentou dezessete por cento de crescimento nas matrículas no último ano escolar. Destaque: PRESIDENTE DA IGREJA ADVENTISTA NO CANADÁ: Daniel Jackson. Sandra Blackmer, editora assistente da Adventist World, conversou recentemente com Daniel R. Jackson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia no Canadá, em sua sede, em Oshawa, Ontário. A entrevista franca e informativa abrangeu assuntos desde a relação entre EUA e Canadá quanto à questão da liderança feminina, até a autorização governamental de casamento gay no Canadá, e o quanto isso está afetando a igreja. Jackson é presidente dos 60 mil adventistas que vivem naquele país nos últimos oito anos. BLACKMER: Fale-me um pouco sobre você. JACKSON: Bem, eu sou ocidental. Nasci em Edmonton, Alberta, onde morei até ir para a Universidade Canadense. Fui pastor em Alberta, Colúmbia Britânica, Ontário, e missionário em Sri Lanka e Índia. Também fui presidente das Asssociações Manitoba-Saskatchewan e Columbia Britânica, e fui eleito presidente da Igreja Adventista no Canadá, em novembro de 2001. Qual seu maior desafio como presidente no Canadá? O Canadá é um país imenso, oito mil quilômetros de costa a costa. Incutir na mente de nossas Associações e membros de igreja uma visão de unidade, penso ser nosso maior desafio. Como conduzir esse enorme navio em uma direção? Como introduzir um processo evangelístico, zelo pela missão, em todo o país? Não posso dizer que temos obtido sucesso em tal tarefa, mas estamos caminhando nessa direção. O que há de singular no trabalho da igreja no Canadá? O Canadá está feliz por ser parte da Divisão Norte-Americana. Não há nenhum outro país do qual estejamos mais próximos, não só geograficamente, mas também em laços de fraternidade, do que os Estados Unidos. Mas o Canadá também é uma nação própria. Temos de lidar com as questões nacionais e, por causa da legislação canadense, não podemos aplicar certas políticas adotadas nos EUA. Temos singuralidades com base na legislação nacional e as características nacionais que nos fazem muito diferentes. Portanto, devemos sempre ter em mente os interesses da Igreja no Canadá. Há muita diversidade étnica em todo Canadá. Como os adventistas incorporam essa realidade ao testemunhar e evangelizar? Creio que a resposta mais simples é envolvimento com a comunidade. Em Toronto (Ontário), temos 60 igrejas – há cerca de 400 congregações em todo o Canadá. Como Toronto é extremamente multicultural e com muita diversidade, Sandra Blackmer é editora assistente da Adventist World. Março 2010 | Adventist World 11 A RT I G O E S P E C I A L temos bom número de congregações étnicas: japonesa, coreana, chinesa, ganesa e outras. Temos uma igreja de mil membros em Markham, na área da Grande Toronto, chamada igreja Apple Creek. É, primariamente, uma igreja indiana ocidental. O método que usaram para testemunhar foi por meio de campanhas de conscientização pública. São muito ativos na área de saúde, desenvolvimento da comunidade, e assim por diante. O pastor deles, Mansfield Edwards, que recentemente foi eleito presidente da Associação de Ontário, atualmente tornou-se capelão da Polícia Regional de York. Na Igreja Pedra de Esquina, em Coquitlam, Colúmbia Britânica, cujo prédio passou recentemente por uma grande reforma, os membros são predominantemente caucasianos, mas está situada no meio de uma área densamente habitada por chineses. Eles realizam eventos culturais, mantêm uma creche e alugam o prédio da igreja para um grupo comunitário chinês. O envolvimento com a comunidade é o segredo. Abaixo: ESCOLA ADVENTISTA NATIVA: Mamawi Atosketan Native School em Ponoka, Alberta. Destaque: MISSÃO VITAL: Os professores adventistas lecionam para cerca de 180 alunos, da 1a à 12a séries na escola nativa da igreja. Quanto de presença adventista há nas áreas mais remotas do Canadá? Temos uma igreja em Yellowknife, nos territórios do nordeste. Temos uma congregação em Whitehorse, no Yukon. Um grupo foi criado em Iqaluit, capital do Território de Nunavut, que é o maior deserto de gelo do mundo. Quando o Sol se põe em outubro, não torna a nascer até março. Temos, ainda, duas congregações que se reúnem em Port Hardy, na ponta norte da ilha de Vancouver, uma das quais é congregação nativa. Há cerca de quinze anos, um professor adventista americano, vindo de Óregon, queria evangelizar as pessoas da First Nation (Primeira Nação) no Canadá. Ele foi contratado pela Associação da Colúmbia Britânica, como força de trabalho no norte da Ilha de Vancouver, e gastou boa parte de seu primeiro ano ali, apenas andando pelas ruas da região. Ele orava com as pessoas, dizia-lhes que Jesus os amava e ficou conhecido como o “homem de Jesus”. Era apoiado pelos adventistas da First Nation da região. Hoje, há ali uma linda igreja como testemunho da perseverança de alguém comprometido com Deus. Essa igreja foi construída como uma casa nativa e tem uma congregação composta de 55 pessoas. O professor e sua esposa foram adotados por uma tribo local. Essa é uma linda história multicultural na qual um americano trabalha no Canadá com nativos, ou First Nations, e outros canadenses para formar essa linda congregação. Vocês estão ministrando, de outras maneiras, a pessoas da Primeira Nação (nativos)? Sim. Temos a Escola Nativa Mamawi Atosketan, em Ponoka, Alberta, frequentada por 180 alunos, da 1a à 12a série, onde há apenas um adventista entre eles. Está localizada no fim da reserva. A violência, drogas, álcool, sexo e as gangues naquela área são incríveis, mas a escola está causando impacto positivo. Alguns dos alunos voltam para os lares onde não há alimento, mas muita violência. Muitas das pessoas daquela 12 Adventist World | Março 2010 comunidade dormem no porão. Temem dormir nos quartos por causa dos tiroteios entre gangues. Assim, essa escola, uma escola adventista, está ministrando para as crianças dali. É um ministério nas trincheiras, na linha de frente. De que maneira vocês integram e mantêm os adolescentes e jovens na igreja? Nossa universidade, Canadian University College (CUC), em Lacombe, Alberta, exerce influência muito positiva em todo o país. Se existe algo que modela e promove a integração dos jovens na igreja, é nosso colégio. Também apoiamos os líderes de jovens de todo o Canadá com recursos e outros meios para a realização de eventos que treinam os jovens com a realidade nacional. Nosso maior desafio é a integração deles com a igreja. Os 335 professores lecionam para aproximadamente 3.500 alunos nas 48 escolas adventistas em todo o Canadá. Os membros da igreja e pastores veem a educação adventista como prioridade? Há uma mistura aí. Em junho passado, realizamos uma convenção nacional de pastores no CUC. A ênfase da convenção foi a educação cristã adventista, para encorajar nossos pastores a se tornarem mais ativamente envolvidos na educação, C O R T E S I A D O M E N S A G E I R O A D V E N T I S TA C A N A D E N S E porque educação é parte do que somos. É a educação de nossa igreja. Alguns pastores estão ativamente envolvidos em nossas escolas; já em outras áreas, não é a mesma coisa. Os pastores que não foram criados na igreja, às vezes não compreendem completamente como a educação adventista começou, com que sacrifício foi mantida; de modo que compreendem apenas parcialmente o adventismo. Creio que ninguém deveria entrar no ministério sem alguma instrução sobre a história da educação adventista. Cerca de 300 pastores participaram da convenção, e eu diria que um terço deles nunca havia estado em nosso colégio antes. Se um pastor adventista diz: “Não creio na educação adventista”, tenho um problema aí. Há muitas questões em jogo. A vida de nossas crianças e o alicerce espiritual delas são muito importantes para simplesmente colocá-las nas mãos de um professor de escola pública que você nem conhece. Pode ser que se consiga um bom professor, que respeite a visão religiosa de seu filho; mas pode se encontrar alguém que não respeite. Se seu filho é ensinado a não crer na história da criação e se fica em dúvida quanto à existência de Deus, tente reverter isso quando ele tiver 18 anos. Na sua opinião, como será o cenário da educação daqui a dez anos? Estamos nos esforçando muito para colocar na mente das pessoas a importância da educação adventista. Não sei se estamos tendo sucesso porque, como em todos os lugares da América do Norte, as matrículas estão decrescendo, com exceção de nossa universidade, onde tivemos crescimento de 17 por cento. Então, qual é a minha visão? Vejo que estamos nos esforçando muito para encorajar os membros a varrer as teias de aranha espirituais e intelectuais e perguntar: “À luz do fato de que Jesus em breve voltará, por que eu deliberada e intencionalmente colocaria meus filhos nas mãos de alguém que não tem fé em Deus, não crê na intervenção de Deus na vida do ser humano? Por que eu faria isso? Queremos que nossas escolas sejam fortes. Investimos nelas parte importante de nosso orçamento e continuaremos a fazê-lo. Em 2005, o Canadá se tornou o quarto país no mundo a sancionar oficialmente o casamento gay e agora proíbe a discriminação contra a orientação sexual. Qual foi a reação da Igreja Adventista no Canadá? O Canadá não é uma nação cristã. É uma sociedade secular/ pluralista. Quando a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo começou a ganhar vulto, nós nos preocupamos muito. Nosso advogado na época, Dr. Barry Bussey (agora diretor associado para Relações Públicas e Liberdade Religiosa da Associação Geral), discursou no Comitê de Justiça Comum. Quando o Parlamento enviou o assunto para a Suprema Corte do Canadá para ser decidido, Bussey foi um dos doze apresentadores. Obviamente, nós usamos a Bíblia, mas como os cristãos, no momento, não gozam de boa reputação no Canadá, não abordamos uma perspectiva estritamente bíblica. Nossa posição não foi sugerir ao judiciário que não podiam fazer o que planejavam, mas para que mantivessem o direito dos canadenses de decidir participar ou não na formação de casamentos entre pessoas do mesmo sexo e de optar por não empregar pessoas com essa prática. Em outras palavras, numa sociedade livre e aberta, você pode ter uma lei que apóia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nós, porém, não concordamos com isso. Então os adventistas no Canadá ainda têm o direito de escolher não realizar casamento entre pessoas do mesmo sexo e o direito de não contratar professores e pastores que optam pelo estilo de vida homossexual? Exatamente. Em sua visão, como está o Canadá em relação às mulheres na liderança de igrejas? Lamentavelmente, mesmo havendo lugares onde as mulheres estão empregadas no ministério, não estou vendo o nível de abertura que eu gostaria de ver. Há resistência por parte de alguns membros e líderes, porque estão preocupados com as implicações de contratar um pastor do sexo feminino. Não vejo problema tanto no sistema educativo como no ministério pastoral e nas funções administrativas. Há mulheres na função de pastor no Canadá? Sim, temos algumas. Geralmente, ocupam a função de associadas, mas temos bem poucas que são pastoras titulares. Isso depende da cultura da igreja local e da associação. Não importa quão capaz e talentosa seja a mulher, os líderes precisam estar comprometidos com seu sucesso ou a estarão condenando ao fracasso. Enquanto agirmos como se o dom do Espírito Santo estivesse ligado ao sexo, estamos realmente subestimando o Seu poder e o nosso trabalho. Há alguma coisa que gostaria de acrescentar antes de finalizar a entrevista? Em todos os lugares para onde viajo, no Canadá, vejo homens e mulheres que amam a Jesus de todo o coração e que realmente desejam servi-Lo. Desde as três mulheres em Newfoundland, que fundaram um pequeno grupo num lar de idosos, ao envolvimento em toda a associação no evangelismo durante as Olimpíadas de fevereiro de 2010, na Colúmbia Britânica, coisas maravilhosas estão acontecendo. As pessoas estão alcançando outras de muitas maneiras, simples e sofisticadas. Há muitas histórias lindas de ministério. Podemos sempre ser pessimistas, mas a realidade é que coisas muito mais bonitas do que negativas estão acontecendo no Canadá. Para ler a versão completa da entrevista, visite o site www.AdventistWorld.org. Março 2010 | Adventist World 13 A Morte é tão Definitiva! Eu ouvi a dor que essa mulher sofria, enquanto lutava para conter as lágrimas. Ela estava magoada e desapontada por tê-lo perdido tão prematuramente, e eu desejava poder compartilhar de sua dor. Mas Nathan Brown está certo: “A dor é a maior experiência de isolamento humano. Não importa quanto observamos, lemos a respeito, rimos ou simpatizamos com a dor dos outros, a própria dor é sempre uma experiência única e isolada. Simplesmente não há como compartilhar nossa mágoa, tristeza ou temor.”* Entre todas as fontes do sofrimento humano, a morte é a pior. As feridas 14 Adventist World | Março 2010 D E A N F ui visitar um amigo que recebera alta do hospital. Os médicos não podiam fazer mais nada por ele. Estava morrendo em consequência de um câncer que consumia sua vida. Como vegetariano estrito e entusiasta da saúde, frequentemente se questionava sobre o que teria feito de errado para ser vítima de experiência tão dolorosa. Antes dessa visita, costumávamos conversar sobre assuntos relativos à salvação e saúde. Quando cursava o ensino médio, ele gostava de correr e eu estava correndo havia poucos anos. Tentando desviar sua mente da dor, tentei conversar sobre corridas. Ele respondeu: “Chongo, corrida é a última coisa na minha mente neste momento.” Eu me senti como os amigos de Jó quando foram visitá-lo. O melhor período que passaram juntos foi quando ficaram sentados e calados por uma semana. Eu não sabia o que dizer. Meu amigo me socorreu falando sobre sua família. Em seguida, cantamos seus hinos prediletos, lemos a Bíblia e oramos a Deus por uma cura miraculosa. Seis dias depois, ele morreu. Eu estava viajando e, quando voltei, visitei a esposa dele para apresentar minhas condolências. Lembramo-nos da vida dele, especialmente de seu zelo por Deus. Ao lado da sepultura, ela declarou, enquanto chorava: “Como eu queria que você estivesse presente no funeral do seu amigo!” E D W A R D S D E V O C I O N A L Está Chegando o Grande Dıa Por D. Chongo Mundende Deus nos dá esperança para os tempos sombrios cicatrizam. Os relacionamentos podem ser reparados, mas a morte parece muito definitiva. Ela nos lembra de que a vida na Terra é curta e incerta. Às vezes, culpamos Deus pela morte, mesmo quando sabemos que Ele não é responsável pela dor e angústia que sentimos. Sabemos que Deus compreende melhor as nossas tristezas do que nós mesmos. Ele expressa Seu amor por meio de Jesus, a “esperança da glória” (Cl 1:27). O maior problema é que a morte gera desânimo, a maior arma do inimigo contra a humanidade. O desânimo tende a roubar nossa alegria e esperança em Cristo nesta vida e a certeza na vida eterna por vir. O maior antídoto para o desânimo é Jesus. Portanto, quando ficamos desanimados, devemos correr para Jesus, fixando os olhos nEle, porque Ele é “o autor e consumador A boa notícia é que a morte não é a resposta definitiva. Os justos mortos viverão outra vez. “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos Céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4:16-18). Sim, está chegando a hora em que os mortos ouvirão a Sua voz e sairão das sepulturas para a vida eterna (João 5:28, 29). Precisamos espalhar essa boa notícia para os outros até o dia que Deus nos chamar para o lar. Jesus morreu para O Grande Dia Está Chegando O maior e mais esperado momento da história humana está prestes a acontecer. Jesus voltará. Naquele dia, a morte perderá seu poder. Entes queridos serão reunidos para nunca mais se separar. Mal podemos esperar a manhã da ressurreição! Naquele maravilhoso dia, nossa natureza será transformada. Os justos que morreram ressuscitarão incorruptíveis e imortais (1Co 15:51-54; 1Ts 4:15). O mal findará. Este mundo, como conhecemos, será restaurado às condições originais planejadas por Deus; todo traço de pecado e dor será apagado. Deus habitará conosco e enxugará dos nossos olhos toda lágrima. Pense nisso: não mais morte, não mais luto, não mais choro, não mais dor (Ap 21:4). Pelos séculos sem fim da eternidade, os humanos desfrutarão de uma feliz Entre todas as causas de sofrimento humano, a morte é a pior. da nossa fé” (Hb 12:2). Deus nos amou infinitamente ao enviar Seu Filho para morrer por nós (João 3:16). Sim, Deus nos ama e não quer que nenhum mal nos aconteça. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais” (Jr 29:11). Como eu gostaria de me lembrar dessa declaração quando estou desanimado! Alguns Dias Serão Sombrios “Estas coisas vos tenho dito”, disse Jesus, “para que tenhais paz em Mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (Jo 16:33). E nas palavras de Paulo: “Todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2Tm 3:12). A morte é o maior desafio, mesmo para o crente. Especialmente quando envolve uma doença como câncer, apesar de nossa luta para viver corretamente. Entretanto, é confortante saber que Jesus também sofreu. Portanto, podemos entregar a Ele nossa vida e nossos problemas. Ele é quem pode mais adequadamente carregar nossos fardos. que não tivéssemos que morrer a segunda morte. Se Um Dia Formos Tentados Se algum dia começarmos a duvidar do amor de Deus, precisaremos visitar o Calvário. No Gólgota, sentindo-Se abandonado por Deus com o peso do pecado a envolvê-Lo e separando-O de Seu Pai, Jesus enfrentou a morte. “Deus Meu, Deus Meu”, gritou Ele, “por que Me desamparaste?” (Mr 15:34). Em Sua agonia, Jesus nem podia Se dirigir a Deus como “Pai”. Porém Deus, o Pai, estava lá. Incapaz de suportar a visão de Seu Filho nu e humilhado, Ele envolveu o Gólgota em trevas. “Aquele que não conheceu pecado” tornou-Se “pecado por nós; para que, nEle, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21). “Mas Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras fomos sarados” (Is 53:5). O Céu permaneceu em silêncio ao testemunhar o Comandante esquecido, lutando para salvar o planeta rebelde. Ele pisou o lagar sozinho (Is 63:3). comunhão com Deus e viverão em perfeita harmonia uns com os outros. Assim, não fiquemos excessivamente atribulados quando sofrermos uma perda (Jo 14:3). Comparando com a eternidade, temos apenas alguns anos para contemplar a desolação da morte. O velho morre; também o jovem. O pobre morre; também o rico. Não cristãos morrem; mas cristãos também. O ignorante morre; o educado também. Em todos os casos, a morte causa dor, tanto sendo esperada como de surpresa. Eu anseio pela maravilhosa terra onde não haverá mais câncer, nem acidentes, nem tristeza, nem morte. Não aceito a morte, mas toda vez que perco alguém, sou lembrado de que o grande dia está chegando e cada morte me leva para mais perto dessa realidade. *Nathan Brown, “Crashing Alone,” Adventist Review, 9 de junho de 2005, p. 31. D. Chongo Mundende é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, em Edmond, Oklahoma, EUA. Março 2010 | Adventist World 15 A R T I G O D E C A PA na Todos Por Kimberly Luste Maran Igreja Cada um de nós é necessário para que a família da igreja funcione H á todos os tipos de igrejas: algumas são pequenas, outras grandes. Algumas congregam em grandes edifícios, outras debaixo de árvores. Algumas são austeras, outras, muito unidas e carinhosas. Mas para que uma igreja seja bem-sucedida, não importa o tamanho ou lugar – cada membro deve trabalhar com espírito de equipe. Assim trabalhando, as congregações conseguem realizar as tarefas e os membros são mais felizes por causa disso. Há muitos trabalhos diferentes que precisam ser realizados em uma igreja. Por exemplo, quem garante que as contas serão pagas em dia? Quem cuida das crianças na Escola Sabatina? Quem prega o sermão? Quem recolhe a oferta? Quem contribui com serviços à comunidade? Quem mantém o local limpo e arrumado? Cada uma dessas tarefas é muito importante em uma congregação, e quando bem feitas, geralmente a igreja é um lugar feliz e acolhedor. De quando em quando, os membros da igreja se reúnem para discutir formas de servir melhor à comunidade e uns aos outros, exaltando assim o nome de Jesus, partilhando Sua mensagem e refletindo Seu amor ao longo do processo. É de vital importância para a igreja local que os membros conversem entre si sobre questões que possam influenciar a igreja e a comunidade. Kimberly Luste Maran é editora-assistente da revista Adventist World. 16 Adventist World | Março 2010 Sua igreja local representa a totalidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Com mais de 17 milhões de membros batizados (e muitos mais que ainda não são batizados e mesmo assim frequentam a igreja cada sábado), a Igreja Adventista é uma família muito grande. E, semelhante à sua congregação local, a Igreja Adventista em nível mundial possui todos os tipos de ministérios e promove encontros para garantir que esses ministérios trabalhem da melhor maneira possível. A fim de servir a Deus de modo adequado e apressar a volta de Cristo, a igreja deve funcionar bem. A maior reunião da igreja, onde o trabalho é discutido e planejado, é denominada sessão ou assembleia da Associação Geral. Essa assembleia, que reúne delegados eleitos em todo o mundo para tomar decisões após intensas discussões por quase duas semanas, ocorre a cada cinco anos em diferentes locais capazes de acomodar multidões extremamente grandes. Mais de 2.400 delegados* são escolhidos, vindos de todas as igrejas das treze divisões mundiais, como representantes das igrejas e associações locais. Eles revisam importantes planos e trocam, retiram ou adicionam itens do Manual da Igreja (documento que contém informações e instruções sobre o funcionamento da Igreja Adventista). Eles também elegem os líderes dos departamentos essenciais da igreja. Um delegado típico passará oito horas diárias em reuniões administrativas e atividades relacionadas às reuniões plenárias, durante os dez dias do evento. À semelhança de uma pedra lançada em um lago calmo, as decisões tomadas na assembleia da Associação Geral afetam cada círculo, até o último e mais amplo, que são os membros da igreja local. Os líderes da Associação Geral, eleitos na assembleia, servem ajudando as treze divisões com o desafio de levar mais e mais pessoas a Jesus e manter os membros atuais informados, atendidos e nutridos. Esse não é um desafio pequeno! Muitos desses líderes, vindos de todo o mundo, trabalham duro para sua igreja, cientes da responsabilidade a eles confiada por aqueles que os elegeram. A assembleia mais recente aconteceu em St. Louis, Missouri, Estados Unidos, em 2005. Este ano, a assembleia será em Atlanta, Geórgia, Estados Unidos, no período de 24 de junho a 3 de julho. Espera-se que cerca de cinquenta mil pessoas viagem de todas as partes do mundo para adorar juntos no sábado e confraternizar-se com os irmãos e irmãs de todo o globo. O presidente da Igreja, pastor Jan Paulsen, diz que a F O T O S : J O E L D . S P R I N G E R J . H O A L D E N J . H O A L D E N MOMENTOS DA ASSEMBLEIA DE 2005: (Extrema esquerda, acima no meio, acima à direita) Aqueles que assistiram à assembleia puderam apreciar a participação e o esplendor da presença de membros de todo o mundo, durante os momentos de culto. (Meio abaixo) Delegados votam levantando cartões durante as reuniões administrativas. (Direita abaixo) O Internet Cafe do centro de convenções oferecia conexão rápida e longas filas. Alimentação e Hospedagem assembleia da Associação Geral (AG) é mais do que reuniões administrativas. “Um encontro como esse é geralmente descrito como uma reunião administrativa da igreja mundial. Mas não se deixe enganar pela palavra ‘administrativa’. No centro de tudo – o que faremos e todas as decisões que serão tomadas –, há realmente apenas um objetivo: preparar e equipar a igreja para a missão que Deus nos confiou.” Tudo o que a igreja faz, em última instância, faz para Jesus. Ele é o nosso líder. Jesus quer que falemos dEle aos outros. Quando as pessoas vão a uma assembleia da AG, lembram-se um pouco do Céu, porque se encontram com milhares de membros da família da igreja, que amam a Cristo. Eles também se perguntam se essa será a última assembleia, pois desejam muito que Jesus volte logo. Eu espero que isso aconteça. E você? * Segundo a Secretaria da AG, 2.488 delegados estão inscritos para a assembleia. Refeições nutritivas e vegetarianas serão servidas, todos os dias do congresso, no almoço e jantar, no Hall C do Georgia World Congress Center, começando na quarta-feira, 23 de junho, e finalizando com o jantar de sábado, 3 de julho. As refeições estarão disponíveis apenas para os que possuírem tickets de refeição, que estarão à venda, todos os dias, no local do congresso, ou aquisição com antecedência pelo web site: http://gc.bigfoottech.com. As refeições também poderão ser feitas nos restaurantes e lanchonetes próximos ao local, muitos dos quais provavelmente oferecerão promoções e cardápio vegetariano. Os mercados e lojas locais possuem grande variedade de produtos alimentícios, lanches e bebidas. Os hotéis próximos ao Georgia World Congress Center já estão reservados para os delegados e funcionários da Associação Geral. Portanto, fazer a reserva de um apartamento pode ser um desafio. Entretanto, a Metropolitan Atlanta Rapid Transit Authority [MARTA] (companhia de transporte da cidade) faz do transporte público um meio simples de chegar ao Congress Center. Para disponibilidade de quartos de hotel, visite os vários sites de reserva online (Expedia. com, Travelocity.com, Hotels.com, Priceline.com, etc.) e faça a sua reserva. Os cerca de seis mil quartos de hotel reservados pela Associação Geral, para o evento, podem ainda apresentar alguma disponibilidade. Para informação, entre em contato com: ACVB Housing 233 Peachtree Street, NE., Suite 1400, Atlanta, GA 30303, U.S.A. Fone: 866-413-5137, E-mail: [email protected] Ou visite o site de hospedagem do congresso: https://resweb.passkey. com/Resweb.do?mode=welcome_ei_new&eventID=1392308. Março 2010 | Adventist World 17 A R T I G O D E C A PA Va m o s aoT r a ba l h o M atthew Bediako e Larry Evans, respectivamente secretário e vice-secretário da Associação Geral, já participaram de várias Assembleias da Associação Geral (Bediako, desde 1975, e Evans, desde 1985). Pedimos a eles que dessem um panorama da assembleia deste ano, em Atlanta. Após todos esses anos, quais são suas impressões das assembleias? Bediako: Ver adventistas de todas as partes do mundo reunidos e cantando “Breve Jesus voltará!” Evans: Na primeira assembleia de que participei, fiquei impressionado com o tamanho e a diversidade da igreja mundial. Agora, é claro, isso é ainda mais evidente. Quais itens importantes farão parte da agenda a ser tratada pelos delegados este ano? Bediako: Ouviremos os relatórios de cada comissão escolhida para estudar estruturas e serviços na Associação Geral. Isso será muito importante. Presumindo que a recomendação passe, os diretores adjuntos da Associação Geral não serão eleitos nessa assembleia, mas no primeiro Concílio Anual após o congresso. Em nossa última assembleia, votamos formar um comitê para analisar o Manual da Igreja e fazer algumas mudanças. Numa igreja mundial, às Matthew Bediako vezes, se você dá exemplos detalhados, torna-se muito difícil executar. Evans: Como o Matthew disse, essa é uma reorganização, não uma revisão, mas alguns itens interessantes serão discutidos. Um deles será se devemos ou não ordenar diaconisas nas igrejas. Ordenamos outros, mas devemos ordenar mulheres como diaconisas? Estamos procurando aplicar princípios. Às vezes, pensamos na [ordenação] como um sacramento. Estamos procurando considerá-la como reconhecimento de serviço. Uma das principais questões relacionadas ao Manual da Igreja e aos Regulamentos (Praxes) da Associação Geral, é a questão da crescente responsabilidade. Queremos proteger a igreja de ataques espúrios. Somos uma forma representativa de governo, e não temos plano para reduzir isso. Temos, porém, de nos certificar de que estamos cuidando das questões organizacionais. Larry Evans Descrevam o processo pelo qual um item vai a plenário numa assembleia. Evans: Um item discutido pelo plenário, geralmente vem de uma outra organização. Determinado indivíduo, por exemplo, manifesta uma preocupação que afetará sua igreja local. Essa igreja encaminha o assunto para sua Associação, que encaminha para a União, e esta para a Divisão. Quando o item chega à Associação Geral, temos várias comissões. Assim, quando um item do Manual da Igreja chega, vai para a Comissão do Manual da Igreja, daí para a Comissão Administrativa, que chamamos ADCOM. Da ADCOM, quer se trate de itens constitucionais, itens do Manual da Igreja ou itens de organização, são encaminhados para as várias comissões ou conselhos administrativos. Os itens que chegam à Assembleia da Associação Geral passam pelo Concílio Anual, e nesse caso, é um longo processo. Entre em Contato A Assembleia da Associação Geral de 2010 possui seu próprio web site: www.gcsession.org. Semanalmente e, em breve, diariamente, será atualizado até o fim do congresso. Provavelmente a maior parte de suas dúvidas sobre o congresso possam ser respondidas no site. 18 Adventist World | Março 2010 F O T O S : S A N D R A B L A C K M E R Delegados Teoricamente, um item pode ser discutido por vários anos. Evans: Alguns, definitivamente, sim. Alguns são revisados todos os anos e, quando chegam lá, podem parecer um tanto diferentes de quando foram trazidos pela primeira vez. Bediako: Alguém que vai pela primeira vez à Associação Geral pode desejar que um assunto seja apresentado (ao plenário) e que todos tenham a oportunidade de dizer o que desejarem sobre ele. Mas precisam compreender que ele passa por várias comissões e por um estudo minucioso da Bíblia. Se alguém, no plenário, levantar uma questão, tem esse direito. Mas o item não será discutido ali; será igualmente remetido à comissão que lida com o assunto. Evans: Criamos uma comissão de novas questões da assembleia. Os itens de agenda que surgirem serão remetidos a essa comissão, e poderão ser trazidos de volta ao plenário, ou, mais provavelmente, remetidos à próxima assembleia da Associação Geral, dependendo da natureza do assunto. Queremos ouvir o que o povo tem a dizer e ouvir a voz de Deus por trás disso. Bediako: Enviamos o material para os delegados com antecedência para que tenham a oportunidade de ler, especialmente os que não falam inglês. Traduzimos o material para quatro ou cinco línguas. Essas assembleias da Associação Geral requerem gastos elevados. Os resultados, porém, são compensadores, pois essas sessões promovem a unidade da igreja mundial. Os delegados de cada assembleia da Associação Geral são escolhidos para representar diferentes regiões da Igreja Adventista do Sétimo Dia em nível mundial. O número de delegados é baseado na proporção do número de membros batizados em cada Divisão do mundo e inclui delegados regulares, delegados gerais, administradores das Divisões, Uniões, pastores, membros leigos e convidados especiais. Abaixo está o número de delegados, por Divisão, para a assembleia deste ano, em Atlanta: Divisão Africana Centro-Oriental (ECD) 213 Divisão Euro-Africana (EUD) 137 Divisão Euro-Asiática (ESD) 133 Divisão Interamericana (IAD) 393 Divisão Norte-Americana (NAD) 270 Divisão Asiática do Pacífico Norte (NSD) 87 Divisão Sul-Americana (SAD) 294 Divisão Sul do Pacífico (SPD) 113 Divisão Sul-Africana e do Oceano Índico (SID) 216 Divisão Sul Asiática (SUD) 163 Divisão Asiática do Pacífico Sul (SSD) 174 Divisão Trans-Europeia (TED) 146 Divisão Africana Centro-Ocidental (WAD) 149 TOTAL 2.488 Fiel eVerdadeiro A Adventist Review (Revista Adventista em ingles), publicação co-irmã da Adventist World, tem os relatórios oficiais das Assembleias da Associação Geral desde 1863. A Review registra os nomes dos delegados, publica os relatórios da comissão de nomeação, decisões oficiais, mensagens dos devocionais, notícias e fotografias tiradas durante o congresso. Durante os dez dias da Assembleia, a Review, revista semanal, será publicada diariamente. Textos e fotos preparados nos escritórios do Georgia World Congress Center, em Atlanta (EUA), serão transmitidos digitalmente para a Review and Herald Publishing Association (Casa Publicadora), em Hagerstown, Maryland (EUA), e serão impressas durante a noite (em número suficiente para cada membro presente) e despachadas para que chegue em tempo para a reunião da manhã. Cópias do Boletim da Associação Geral serão disponibilizadas gratuitamente para os delegados e oferecidas para compra aos visitantes no salão de exposição. Os assinantes da Adventist Review receberão os Boletins como parte de sua assinatura. Os mesmos Boletins estarão disponíveis online no site www.AdventistReview.org. Março 2010 | Adventist World 19 C R E N Ç A S F U N D A M E N T A I S A inda me lembro do seu olhar confuso. Estávamos, com um grupo de nossa igreja, numa viagem de estudos, no sul da França, onde, por uma semana inteira, exploramos a história dos huguenotes, povo martirizado por sua fé protestante. Ela fora nossa guia turística e tinha vasto conhecimento da história, religião e cultura. Embora houvesse sido exposta a muitas tradições cristãs so. Ela não conseguia compreender por que um dia da semana seria diferente dos outros dias. E esse era o motivo de sua expressão confusa de que me lembro tão bem. Provavelmente eu me lembre do modo como me olhou, porque isso me machucou. Tive que perguntar a mim mesmo, mais uma vez: “Será que sou apenas um religioso bizarro e estranho?” Essa não foi a última vez que Felizmente, creio eu, para a maioria dos adventistas, o sábado não é simplesmente uma tradição ou um elemento de identidade. Em Mateus 13:44, Jesus relata a parábola do tesouro enterrado em um campo. Um fazendeiro trabalhador encontrou o tesouro enquanto tratava de seus negócios. Foi uma descoberta casual. Algo por acaso. Lembre-se de como os primeiros adventistas Por Dennis Meier NÚMERO 20 Encontrando o Rıtmo deDeus O sábado como um sinal de salvação por exigência do trabalho, não cria em Deus. Desenvolvemos uma bela amizade e, no último dia, ela queria saber mais sobre os adventistas. Éramos uma peça estranha e digna de nota em sua coleção denominacional. O que havia de tão especial nesse dia de sábado? ela perguntou. E por que éramos tão inflexíveis e obstinados em relação a um assunto tão sem importância? Tentei deixar claro por que o sábado era tão importante e santo. Não obtive suces- recebi esse tipo de olhar, uma vez que é uma expressão muito usada por pessoas secularistas que vivem seu próprio mundo “relativo”. Mas também descobri algo mais: Lembro-me muito bem de sua expressão porque a compreendia. Cresci em um mundo secular; fui para a escola e fui moldado por ela. Em muitas áreas de minha vida, vivo e penso de modo semelhante à média das pessoas pós-modernas. Tradição ou Identidade? Dennis Meier é pastor da igreja Grindelberg, em Hamburgo, Alemanha. Gosta de fazer música e de gastar tempo com sua esposa, Gunda, a filha Thandi (9 anos) e o filho Levi (6 anos). 20 Adventist World | Março 2010 E nós, adventistas, guardamos o sábado simplesmente porque isso se tornou tradição? Que Deus nos livre! Será que o fato de sermos “guardadores do sábado” simplesmente se tornou nossa marca registrada? Qual, então, é a relação entre tradição e identidade? Será que nossa compreensão da verdade ficou presa nos anos 1900? descobriram o sábado. Foi bem parecido com o agricultor da parábola. Descobriram por acaso uma verdade bíblica que por séculos esteve enterrada e perdida. Nossos antepassados espirituais “compraram” esse tesouro. Muitos de nossos irmãos e irmãs pagaram e continuam pagando alto preço pelo tesouro do sábado. O Ritmo de Deus A música é uma parte importante da vida humana. O ritmo é a moeda da música e, em certo sentido, o sábado é o ritmo do tempo que governa e move cada aspecto de nossa vida. Uma orquestra ou banda pode tocar uma música lenta ou rápida. Elas podem variar no tempo, mas se você quiser cantar e bater palmas junto com a música tem que seguir o ritmo estipulado. Tudo é questão de tempo. Jesus usa a parábola do tesouro escondido como uma metáfora do reino de Deus ou do evangelho. Seria muito forçado ou completamente fora de contexto comparar o sábado com o reino de Deus? Ou, em outras palavras: não seria a acusação, frequentemente feita contra nossa teologia do sábado, de que fizemos dela um requerimento para a salvação? Só esclarecendo esse ponto: Não creio que temos que guardar o sábado para nos salvar. Essa não é uma teologia adventista. A salvação vem tão somente por meio de Jesus Cristo. Salvação e Sábado Alguns cristãos pensam que o único assunto importante é o da “salvação.” Mas, se fôssemos seguir essa lógica, o discipulado se tornaria sem importância, uma vez que o discípulo é alguém que já foi salvo e, por isso, começa a modelar sua vida de acordo com a vontade de Deus. Um discípulo ora: “seja feita a Tua vontade” (Mt 6:10) e, depois de orar, está preparado para praticar a vontade de Deus. Isso nos leva totalmente de volta à salvação. Lendo as Escrituras, creio que é da vontade de Deus que entremos em Seu ritmo. Esse é o ritmo de Deus, não meu. Não sou eu quem decide como muitos cristãos creem, em que dia devo descansar (contanto que seja um entre os sete), mas é Deus quem decide. Em termos teológicos, isso é chamado de justificação pela fé. Significa: não a minha vontade, mas a dEle. Não o meu método, mas o método de Deus. Não a minha justiça, mas a Sua justiça, Jesus. Dois eventos bíblicos ilustram muito bem esse conceito: 1. Genesis 2:2 indica que Deus descansou (literalmente) e que abençoou e tornou santo o sétimo dia. Quão “velha” era a humanidade naquela época? Não tinha nem um dia de idade, uma vez que os humanos apareceram no cenário da vida apenas no sexto dia. O sétimo dia de Deus foi o primeiro dia completo para a raça humana. De que tipo de obras de jardinagem, de dar nome aos animais, ou de “multiplicar”, o casal poderia se lembrar? Nenhum! No dia de sábado, Adão e Eva desfrutaram das obras de Deus e não das suas próprias obras. É por isso que o sábado é um símbolo da salvação e justificação pela fé desde o princípio. 2. Em seguida, vem a entrega da lei. Moisés sobe a encosta do Monte Sinai e recebe os Dez Mandamentos das mãos de Deus. O sábado está ali, no meio da lei. Mas a verdadeira questão não consiste no fato de Deus primeiro ter libertado Seu povo, ato que O conduziu à lei da aliança? Mais uma vez, justificação pela fé. Voltemos ao nosso tesouro escondido no campo. Jesus disse que o tesouro é um símbolo do reino de Deus. Eu creio que o sábado também é um símbolo do reino de Deus (embora não seja propriamente o reino de Deus). Assim como o batismo é um símbolo que em si mesmo não salva ninguém e sim uma demonstração viva, o sábado é um sinal da salvação em nosso tempo. E o que é realmente fantástico é que independentemente da cultura, língua, posição social ou idade, o tempo é a única coisa imparcialmente dividida: 24 horas, 7 dias, para todo o mundo. O que teria dito minha guia turística sobre tudo isso? Ela habilmente havia descrito a fé dos huguenotes nos sítios históricos, enfatizando que podemos agradecer a esses mártires a nossa liberdade religiosa e de consciência, embora considerasse nossa guarda do sábado um passo atrás para a Idade Média. Ela me ensinou que Jesus deve ser o principal, inclusive em nossa teologia do sábado, uma vez que não é possível compreender o que é importante para um discípulo quando não se conhece o Senhor ao qual o discípulo está seguindo. O sábado não é nada sem o Senhor do sábado. Em vez de dizer às pessoas que guardem o sábado, deixemos que nossa guarda do sábado se torne nítida prova de nossa redenção, e assim, sintamos o ritmo de Deus em nossa vida! O Sábado O bondoso Criador, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas como memorial da criação. O quarto mandamento da imutável lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como ensino e prática de Jesus, o Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu povo. A prazerosa observância desse tempo sagrado, duma tarde a outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus. (Gn 2:1-3; Êx 20:8-11; Lc 4:16; Is 56:5, 6; 58:13, 14; Mt 12:1-12; Êx 31:13-17; Ez 20:12, 20; Dt 5:12-15; Hb 4:1-11; Lv 23:32; Mc 1:32.) Março 2010 | Adventist World 21 D E S C O B R I N D O O E S P Í R I T O D E P R O F E C I A Q uanto tempo resta ao nosso mundo? Os crescentes desastres naturais ou provocados pelo homem sugerem que o fim está próximo. E enquanto não podemos saber quanto tempo resta ao mundo, temos uma ampla ideia dos eventos futuros pelos escritos de Ellen White. Nesse breve artigo, podemos apenas tocar em alguns deles. A seguir, apresento sete fatos que precisamos saber sobre os eventos finais. 1. Desde 1844, não há mais profecias ligadas ao tempo. A conclusão da mais longa profecia ligada a tempo em 1844 marca o início do período final da história da Terra. Desse ponto favorável podemos delinear os eventos finais, mas somos alertados de que nenhuma nova luz servirá de base para calcular o tempo específico ou definitivo desses eventos. Os anos a partir de 1844 fornecem ampla evidência e apoio à predição de Ellen White, em 1909, de que “grandes mudanças estão prestes a operar-se no mundo, e os acontecimentos finais serão rápidos”.1 Ela também lamenta que Cristo já poderia ter voltado se a igreja houvesse tido êxito em realizar o trabalho para o qual foi chamada por Deus. Seu retorno foi protelado “em misericórdia ..., porque se o Mestre viesse, quantos se achariam desapercebidos!”2 2. “Tanto o nosso título ao Céu, como nossa idoneidade para ele, encontram-se na justiça de Cristo.”3 Uma compreensão errônea do evangelho pode deixar as pessoas despreparadas para o futuro. Através da confissão e arrependimento, o crente é levado a se harmonizar com Deus e Sua lei. A verdadeira santificação é um trabalho progressivo, tendo como seu objetivo ser semelhante a Cristo. Ao mesmo tempo, é-nos assegurado: “Se hoje estais em paz com Deus, estais preparados para receber a Cristo, se viesse hoje.”4 3. Acontecerá um falso reavivamento em nossas igrejas e a genuína manifestação do Espírito Santo será ignorada. A mensagem do tempo do fim destina-se a preparar o povo para a Segunda Vinda. Satanás, porém, introduzirá imitações baseadas em sentimentos para desviar a mente das verdades para esse tempo. “Não devemos considerar como nosso trabalho criar o entusiasmo.”5 “É por meio da Palavra – não de sentimentos ou de exaltação – que precisamos influenciar as pessoas a obedecer à verdade.”6 Somos também advertidos de que “temos muito mais a temer de dentro do que de fora”.7 Satanás procurará abalar a confiança das pessoas no Espírito de Profecia, porque ele sabe que não pode ter “caminho tão fácil para introduzir seus enganos e prender almas em suas mentiras se as advertências e repreensões e conselhos do Espírito de Deus forem atendidas”.8 22 Adventist World | Março 2010 certo A de Contas Final Por Clinton Wahlen Sete fatos que precisamos saber sobre os eventos finais 4. Devemos ser santificados pela obediência à verdade e ter um claro conhecimento do ministério investigativo de Cristo, a fim de sobreviver à sacudidura. Satanás procura desviar nossa mente de Jesus para que nos preocupemos com as atividades e prazeres mundanos. Em breve, “A marca da besta nos será recomendada com insistência. Os que, passo a passo, cederam às exigências do mundo e se sujeitaram a costumes mundanos não acharão difícil submeter-se aos poderes dominantes, de preferência a expor-se a escárnio, insultos, ameaças de prisão e morte... Satanás acossará intensamente os fiéis, mas em nome de Jesus eles se tornarão mais que vencedores” pela obediência à verdade.9 Por outro lado, muitos adventistas renunciarão à sua fé: “Unindo-se ao mundo e participando de seu espírito, chegaram a ver as coisas quase sob a mesma luz; e, em vindo a prova, estão prontos a escolher o lado fácil, popular.”10 Ellen White declara que “a igreja talvez pareça como prestes a cair, mas não cairá”,11 e que a maior parte dos verdadeiros seguidores de Cristo está em Babilônia. “Milhares de milhares que nunca ouviram palavras como essas, escutá-las-ão”,12 apesar de “a vasta maioria ignorá-las”.13 5. A proclamação final e gloriosa de Apocalipse 18 é uma revelação do caráter amoroso de Deus. Ao aproximar-se o fim, os testemunhos do povo de Deus “tornar-se-ão mais decididos e mais poderosos”.14 “A última mensagem de misericórdia a ser dada ao mundo é uma revelação do caráter de amor [de Deus]. Os filhos de Deus devem manifestar Sua glória. Em sua vida e caráter devem revelar o que a graça de Deus tem feito por eles.”15 Satanás também trabalhará com “prodígios de mentiras” e “Assim os habitantes da Terra serão levados a decidir-se.”16 6. O fator decisivo para que uma pessoa receba o selo de Deus ou a marca da besta é a lealdade. O sinal da besta é “o sinal de submissão aos poderes terrenos”,17 enquanto o selo de Deus é para aqueles que permanecerem leais à autoridade divina. Ninguém recebeu ainda o sinal da besta e não o receberá pelo simples fato de ter parado de “trabalhar com as mãos no domingo”, mas porque vão “reconhecer com a mente que o domingo é o sábado”.18 Os que recebem o selo de Deus e que serão protegidos no tempo de tribulação devem “refletir completamente a imagem de Jesus”.19 Uma vez que todos os que “mostraram ser leais aos preceitos divinos receberam ‘o selo do Deus vivo’, Jesus cessa de interceder no santuário celestial”, fecha-se a porta da graça e os pecados dos filhos de Deus são encerrados.20 “A vinda de Cristo não nos muda o caráter; fixa-o apenas para sempre além da possibilidade de qualquer mudança.”21 Não há necessidade para um segundo “tempo de graça”, porque aqueles que persistentemente resistiram à convicção dada pelo Espírito Santo “nunca se convenceriam”.22 7. A chuva serôdia será mais abundante que a chuva temporã e ajuda a preparar o povo de Deus para resistir no tempo de tribulação. Empregando a imagem bíblica da colheita, Ellen White explica que “o amadurecimento do grão representa a terminação do trabalho da graça de Deus na alma. Pelo poder do Espírito Santo, deve a imagem moral de Deus ser aperfeiçoada no caráter. Devemos ser completamente transformados à semelhança de Cristo”.23 Especialmente durante o tempo de angústia, Jesus percebe cada dificuldade enfrentada por Seu povo e “até a prisão será como um palácio.”24 Os ímpios, porém, “nunca exercitaram a mente no amor à pureza; nunca aprenderam a linguagem do Céu, e agora é demasiado tarde. Uma vida de rebeldia contra Deus incapacitou-os para o Céu. A pureza, santidade e paz dali lhes seriam uma tortura; a glória de Deus seria um fogo consumidor. Almejariam fugir daquele santo lugar. Receberiam alegremente a destruição, para que pudessem esconder-se da face dAquele que morreu para os remir. O destino dos ímpios se fixa por sua própria escolha. Sua exclusão do Céu é espontânea, da sua parte, e justa e misericordiosa da parte de Deus.”25 Ellen White frequentemente procurava chamar a atenção das pessoas para as glórias do Céu e a nova terra. A recompensa dos justos, escreveu ela, “será conhecida apenas dos que a contemplarem… Nessas pacíficas planícies, ao lado daquelas correntes vivas, o povo de Deus, durante tanto tempo peregrino e errante, encontrará um lar”.26 Mesmo quando estivermos lá, quanto mais aprendermos de Deus, mais admiraremos Seu caráter e com maior conhecimento testificaremos que “Deus é amor”.27 Ellen G. White, Eventos Finais (Casa Publicadora Brasileira), p 11. Note que as ideias não documentadas neste artigo, também são extraídas dessa importante compilação. Ibid., p. 37. 3 Ibid., p. 283. 4 Ibid., p. 74. 5 Ibid., ênfase no original. 6 Ibid., p. 93. 7 Ibid., p. 156. 8 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 6, p. 48. 9 Ellen G. White, Testemunhos Para Igreja, v. 5, p. 81, 82. 10 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 608. 11 White, Eventos Finais, p. 180. 12 White, O Grande Conflito, p. 606. 13 Ellen G. White, Nos Lugareas Celestiais, p. 343. 14 White, Eventos Finais, p. 201. 15 Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 415, 416. 16 White, O Grande Conflito, p. 612. 17 Ibid., p. 605. 18 White, Eventos Finais, p. 224. 19 Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 71. 20 White, O Grande Conflito, p. 613, 614. 21 White, Testemunhos Para Igreja, v. 5, p. 466. 22 White, Eventos Finais, p. 237. 23 Ibid., p. 183. 24 Ibid., p. 266. Veja também p. 277. 25 White, O Grande Conflito, p. 543. 26 Ibid., p. 675. 27 Ibid., p. 678. 1 2 Clinton Wahlen é diretor associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral; mora em Silver Spring, Maryland, EUA. Março 2010 | Adventist World 23 H E R A N Ç A A D V E N T I S T A Esquerda: PASTOR CHOI Direita: MÃOS LEVANTADAS: Membros da Igreja de Youngshinwon. Tocando os Itoc Por Kuk-Heon Lee E ra setembro de 1957, após um quente verão, a estação da colheita finalmente havia chegado. O arroz amadurecia nas lavouras e as castanhas estavam quase maduras nas montanhas ao redor. Nem o fato de os campos estarem devastados pela Guerra da Coreia podia impedir a chegada da estação das colheitas. A maioria dos coreanos, exausta pela fome e pela guerra, tinha esperança de uma colheita abundante. Encontrando os Inacessíveis No dia seguinte ao festival Chusok (tradicional festival da colheita), um estranho grupo de pessoas visitou a Igreja Adventista do Sétimo Dia de Hadong, localizada na região sul da península coreana. Sung-Hun Choi, pastor dessa igreja, estava com medo de atendê-los, pois estavam muito desfigurados. Os dedos estavam em terrível estágio de decomposição, as sobrancelhas haviam caído e havia sérias e visíveis lesões na pele. Os visitantes vinham de uma 24 Adventist World | Março 2010 FOTO OFICIAL: O pastor Choi, com sua esposa, e M. V. Campbell, ex-vice presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. colônia de leprosos próxima. Na verdade, a visão era tão repulsiva que o pastor sequer conseguia olhar diretamente para eles. O pastor Choi, no entanto, era apaixonado pela obra de Deus. Quando foi convidado pelos leprosos para ir e pregar a mensagem de Deus, decidiu trabalhar para eles. “Eu não podia rejeitar o convite, pois vi um apelo em seus olhos. Descobri que, realmente, desejavam receber a mensagem de Deus e a esperança do Céu”, ele afirmou. Esse foi um encontro providencial para o pastor Choi, quando decidiu concentrar seu ministério, pelo resto da vida, nas pessoas que sofriam com a lepra. áveis Sung-Hun Choi – um pioneiro adventista Salvo por Milagre Sung-Hun Choi nasceu numa pequena aldeia coreana, no dia 3 de fevereiro de 1913, ou seja, três anos após as três mensagens angélicas terem sido introduzidas na Coreia, pequeno país asiático cuja economia na época, dependia quase exclusivamente da agricultura. Como a maior parte de seus vizinhos, ele vivia em extrema pobreza, pois, com a ocupação japonesa, a vida era muito difícil. Abençoado com um forte espírito de independência e sinceridade, Choi superou muitas lutas e tribulações e, quando jovem, fez importantes escolhas. Foi nessa época que ele se tornou adventista. Em 1940, quando tinha 27 anos de idade, foi batizado na igreja adventista local e se tornou colportor durante os difíceis anos da II Guerra Mundial. Tempos Difíceis Em 1943, a Igreja Adventista da Coreia foi oficialmente dissolvida pelas autoridades japonesas. Essa foi a experiência mais difícil para os adventistas coreanos. Não podiam se reunir em igrejas e seus líderes foram espalhados por todas as direções. Entretanto, alguns pastores decidiram resistir e cuidar das igrejas e de seus membros. Eles formaram igrejas secretas que se reuniam para adorar e orar. Em Jangmae-ri, perto de Pyongyang, Choi fundou uma igreja secreta e mantinha os cultos regulares aos sábados. Um sábado, pela manhã, um policial foi à aldeia para procurar pela igreja secreta. O estudo da Lição da Escola Sabatina havia terminado. Choi instruiu os membros que voltassem para suas casas, assim que ouviu da aproximação da polícia. Ele esperou ansiosamente pela chegada dos policiais, após esconder todas as Bíblias e hinários. Ninguém, porém, foi ao lugar secreto. A polícia simplesmente retirou-se da aldeia. Deus usou o líder daquela comunidade para convencê-los a abandonar a busca pelos adventistas. Graças à sua intervenção persuasiva, os policiais foram embora e o pastor Choi atravessou ileso por outra crise. Uma Descoberta e uma Missão Em 1954, Sung-Hun Choi tornouse pastor de tempo integral. Após se formar pelo Korean Union College, foi para Hadong como pastor de igreja e trabalhou muito para pregar as três mensagens angélicas naquela área. Foi nesse período que ele se encontrou com os leprosos de um lugarejo próximo a Hadong. Esse encontro mudou sua vida e ele trabalhou entre os leprosos daquele momento até o fim da vida. Essa tarefa, entretanto, não foi fácil. Logo no início, por causa da ignorância e do preconceito, ele não conseguia chegar perto deles. Embora cumprimentasse sua congregação leprosa após o culto, pensava ser impossível comer junto com eles em suas casas. Temia ser infectado com a doença. Um dia, como prova de gratidão, um casal de leprosos o convidou para comer com eles em seu humilde lar. Ele sabia que se rejeitasse o convite dando alguma desculpa, eles ficariam desapontados e abandonariam o cristianismo, pois eram novos na fé. Mesmo com medo, sabia que, como pastor, devia mostrar-lhes o amor de Deus. Assim, aceitou o convite e tomou a refeição com eles. Daquele dia em diante, percebeu que se tornara um verdadeiro pastor de leprosos. Ele se tornou o grão do trigo para os leprosos na Coreia, conseguindo não apenas recursos necessários para aquela comunidade esquecida, mas também compartilhando praticamente todas as dores e alegrias daquele povo, por meio de seu ministério e envolvimento pessoal. Choi trabalhou por quarenta anos como pastor. Ele dedicou a maior parte desse tempo ao cuidado dos leprosos de Youngshinwon, em Hadong, Aejowon, em Chungmu, Sosaengwon, em Iksan e outros lugares. Construiu muitas igrejas, centros de treinamento para filhos de leprosos e asilos para leprosos idosos. Após jubilar-se oficialmente do ministério, continuou com a mesma paixão até o fim de sua vida. Certamente Deus usou o pastor Choi para abrir as portas da missão a seus irmãos adventistas na Coreia. Foi um grande homem de Deus, sendo lembrado pelos adventistas coreanos como o santo dos leprosos. Ele realmente tocou os intocáveis. Kuk-Heon Lee trabalha como capelão e professor na Universidade Sahmyook, Coreia. É formado pelo Newbold College, Inglaterra, e pela Universidade Sahmyook. É especialista em história da igreja. Março 2010 | Adventist World 25 P E R G U N TA S B Í B L I C A S P E R G U N T A : Por favor, explique o significado da purificação mencionada em Hebreus 1:3. para os que aceitam a Cristo como Salvador e Sumo Sacerdote celestial. “O sangue de Cristo… purificará a nossa consciência de atos que levam à morte, para que sirvamos ao Deus vivo!” (Hb 9:14). Todos são chamados ao arrependimento de suas obras mortas (6:1) e são assegurados de que experimentarão texto diz: “Depois de ter realizado a purificação dos a purificação por meio de Cristo. pecados, Ele Se assentou à direita da Majestade nas Essa limpeza atual é parte intrínseca do trabalho interalturas.”* O verso combina dois elementos: purificação cessor de Cristo ao lado direito de Deus (7:25), e atinge não e exaltação, porém não menciona como ocorre a purificação. apenas os nossos pecados passados, mas também os pecados A fim de esclarecer o texto, analisemos duas outras passagens em que esses elementos também estão presentes e, em seguida, não intencionais cometidos em nossa peregrinação cristã (10:26). Nessa jornada, exploremos o significado de “livremo-nos de tudo o que purificação em Hebreus. nos atrapalha e do pecado 1. Purificação e Sacrifíque nos envolve” (12:1). cio: Atente para as seguintes Pelo poder do sacrifício de passagens: “Mas quando este Cristo na cruz, onde Ele sacerdote acabou de oferecer, tirou os pecados de muitos para sempre, um único sacri(9:28), nossos pecados são fício pelos pecados, assentouperdoados por Deus. No Se à direita de Deus” (10:12). sistema israelita, isso era “[Cristo] suportou a cruz, representado pelo serviço desprezando a vergonha, e Por assentou-Se à direita do trono Angel Manuel Rodríguez diário. O sacrifício de Cristo e Sua intercessão cumprem de Deus” (12:2). A primeira o significado tipológico dos passagem menciona “um únisacrifícios diários. co sacrifício pelos pecados” 4. Purificação do em vez de “purificação pelos Santuário Celestial: O poder pecados”, esclarecendo, assim, purificador do sacrifício seu significado. A segunda de Cristo também tem uma expressão futura, representada mostra que o sacrifício foi a morte de Cristo na cruz. Ele realizou a purificação do pecado no sentido de que Se ofereceu pelo ritual de purificação do Dia da Expiação: “Portanto, era necessário que as cópias das coisas que estão nos Céus fossem a Si mesmo como vítima sacrifical. O sacrifício purificador/ purificadas com esses sacrifícios, mas as próprias coisas expiatório foi oferecido uma vez. Em Sua exaltação, Ele celestiais com sacrifícios superiores” (9:23). Essa passagem continua a oficiar como nosso sumo sacerdote no santuário pressupõe, claramente, uma interpretação tipológica do Dia celestial (8:2). Esse trabalho está diretamente ligado à da Expiação. Ao referir-se à purificação do santuário celeste, o purificação de nossos pecados. apóstolo aponta para a consumação da eficiência purificadora 2. Purificação e Primeira Aliança: Foi por meio do sada morte ou sacrifício de Cristo, que resultará na vindicação crifício de Cristo que os pecados cometidos sob a primeira de Deus e Seu povo e na consumação da salvação na segunda aliança foram finalmente perdoados: “[Cristo] morreu vinda de Jesus (9:28). como resgate pelas transgressões cometidas sob a primeira Essa purificação também aponta para o estabelecimento do aliança” (9:15). Segundo Hebreus, os pecados cometidos reino eterno de Deus (12:28) e para o momento em que todos sob a primeira aliança necessitavam de purificação, porque os inimigos de Cristo “sejam colocados como estrado dos seus o sangue de novilhos e bodes não podia remover pecados pés” (10:13; cf. 2:14), isto é, quando forem plena e definitivaou purificar pecadores. O sacrifício de Cristo legitimou a mente derrotados por Ele. Esse juízo de execução “consumirá purificação realizada no tipo, sob a primeira aliança. Essa era a purificação dos pecados cometidos sob a velha aliança, os inimigos de Deus” (10:27) na purificação final da presença como transgressão da lei da aliança. Esse efeito retrospectivo do pecado e dos poderes do mal no Universo. do poder purificador do sacrifício de Cristo não é exclusivo *Todas as citações bíblicas deste artigo foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI). de Hebreus; está implícito em outras partes do Novo Testamento (cf. Rm 3:25; At 17:30). 3. Purificação dos Crentes: A purificação dos pecados por meio do sacrifício de Cristo é eficaz, também hoje, para Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral. os que creem. O poder purificador da cruz aplica-se hoje O Purificação e Exaltação 26 Adventist World | Março 2010 E S T U D O B Í B L I C O A Criação Por Mark A. Finley e asVerdades para oTempo do Fim A Criação é uma das mais importantes verdades das Escrituras. Nossa compreensão da Criação influencia nossa compreensão de toda Bíblia. Nesta lição, estudaremos a importância da Criação e sua relação com outras verdades. Um dos grandes enganos de Satanás no tempo do fim é confundir o povo de Deus sobre o assunto da Criação e distorcer sua compreensão de muitas outras verdades bíblicas básicas. O inimigo é enganador e mentiroso. Suas mentiras sobre a Criação carregam em si as sementes do erro que ele atribui a toda a Bíblia, a qual, aos olhos de alguns, não é mais que um livro de mitos e fábulas. 1. Como fomos criados originalmente? “E criou Deus o homem à Sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 1:27). Cada um de nós foi criado à de Deus. O pecado deteriorou a imagem de Deus em toda a raça humana. Nossos pecados nos separam de Deus (Is 59:2). Nossa natureza é caída (Jr 17:9). Entretanto, por meio de Seu Espírito Santo, o coração amoroso de Deus anseia recriar a Sua imagem em nós. 2. Que promessa faz nosso Senhor àqueles que comprometem a vida com Ele? “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5:17). Escreva o significado dessa promessa em suas próprias palavras: Se não fomos criados por Deus, Ele não pode nos recriar. Se Deus não teve poder suficiente para formar o mundo no princípio, certamente não tem poder para transformar nossa vida. Podemos ser gratos a Deus, pois todo o Seu poder criativo está disponível para nos recriar à Sua imagem. 3. Ao longo de toda a Bíblia, Deus é chamado de Criador dos céus e da Terra (Is 40:28; Ec 12:7; 1Pe 4:19). Se o mundo não foi criado por Ele, que esperança podemos ter de que Deus recriará novos céus e nova terra? Leia as duas passagens abaixo e, em apenas uma sentença, diga o que significam para você. “Porque, eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65:17). “Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” (2 Pe 3:13). Março 2010 | Adventist World 27 4. Existe algo que seja impossível para Deus? “É impossível que Deus minta” (Hb 6:18). É que Deus . O livro de Gênesis começa com as seguintes palavras: “No princípio criou Deus os céus e a Terra” (Gn. 1:1). Se as primeiras palavras da Bíblia não forem verdadeiras, então toda a Bíblia não é confiável. Graças a Deus, elas são verdade, pois Deus não pode mentir. 5. O que o salmista diz sobre a veracidade da Palavra de Deus? “A Tua palavra é a verdade desde o princípio” (Sl 119:160). “Para sempre, ó Senhor, a Tua palavra permanece no Céu” (Sl 119:89). O salmista declara que a Palavra de Deus é e que no Céu. Os oponentes à Palavra de Deus não podem mudar o fato de que ela é verdade e que permanece no Céu. Nenhuma das mais conhecidas “teorias científicas” pode alterar a veracidade da Bíblia. 6. Por que Deus é digno de nosso culto e suprema lealdade? “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas” (Ap 4:11). Deus é digno de ser adorado porque Ele todas as . O sábado do sétimo dia é o eterno sinal de Deus de Sua autoridade criativa. Se Ele não criou o mundo, então o sábado não tem significado nenhum. O quarto mandamento ordena: “Lembra-te do dia do sábado” (Êx 20:8). Satanás adoraria destruir o sábado introduzindo o engano de que Deus não é o Criador. Toda vez, porém, que adoramos a Deus no sétimo dia, o sábado, declaramos nossa lealdade ao nosso Deus criador. 7. No tempo do fim, qual é a mensagem de Deus para nosso planeta, ligada ao mandamento do sábado? Apocalipse 14:6-11 descreve três anjos voando pelo meio do céu. O primeiro anjo diz em alta voz: “Temei a Deus, e dai-Lhe glória; porque é vinda a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (verso 7). À luz do julgamento final de Deus, esse primeiro anjo nos chama para adorar a quem? Devemos adorar Aquele que fez o ea e as A última batalha do longo conflito entre o bem e o mal é pelos mandamentos de Deus. O sábado, símbolo da Criação, está no centro do conflito. Nosso amado Criador pode recriar nosso coração. Um dia, Ele criará novos céus e nova terra. A cada semana, ao adorá-Lo em Seu sábado, seremos lembrados de quanto somos valiosos para Ele. A Criação é a verdade eterna que nos lembra de que Ele ainda pode realizar milagres em nossa vida e que Sua Palavra é verdadeira para todas as gerações. No estudo do próximo mês, “Eco da Eternidade”, examinaremos nosso legado semanal da criação. 28 Adventist World | Março 2010 . Intercâmbio Mundial C A R TA S Que Sacrifício Fiquei impressionado com o artigo de Thurman C. Petty, “O que Nós Fizemos!” (dezembro de 2009), e o convincente retrato de Jesus, Criador do Universo, cuidando de nós neste cantinho do universo chamado Terra. Na verdade, Deus nos amou muito antes da criação, com tal amor, que, até a eternidade, não compreenderemos completamente. Infinito e incomensurável amor de nosso querido Mestre Jesus! Roberto Deiró São Paulo, Brasil Gratidão Muito obrigado por listar a indústria da agricultura em primeiro lugar em seu editorial “Ouvindo com o Coração Aberto” (dezembro de 2009). Tantas vezes as pessoas listam profissões como doutores, advogados, engenheiros e dizem “até agricultores”. Sou agricultor aposentado e me irrito constantemente de estar no final de tais listas. Sua relação foi de gente trabalhadora e apreciei muitíssimo. Muito obrigado. Que Deus continue a abençoar essa revista. Jim Grubbs Hickory Corners, Michigan, Estados Unidos Transplante Cardíaco Achei muito importante que nossa atenção foi levada para a criação, mais uma vez, e que aceitar um Deus criativo é muito importante. O assunto foi muito bem explanado no artigo “Maravilhas da Criação” (por John T. Baldwin, Leonard R. Brand, Arthur Chadwick, e Randall W. Younker, agosto de 2009). As quatro razões mencionadas do parágrafo intitulado “Criação Especial e Outras Doutrinas Bíblicas” são muito importantes e bem formuladas. Senti falta, entretanto, da quinta e muito importante razão: Deus também quer recriar nosso coração. Falamos sobre criação no passado e esperamos uma nova criação no futuro. O sábado é o elo entre esses dois eventos da Criação. Mas, no intervalo, Deus deseja criar em nós um novo coração ou recriar no velho e duro coração. Criação significa instantaneidade. Muitos cristãos pensam que um novo coração não é criado por Deus, mas o resultado de sermos melhores. Esta é uma interpretação errada do que a Biblia nos diz e mostra que, mesmo aceitando a criação de sete dias, podemos ser evolucionistas em nosso coração. Muitos cristãos honestos lutam contra pecados dos quais não podem se livrar. Querem ser pessoas melhores, mas pecado é pecado. Todos têm fraquezas que finalmente levam ao pecado; e, sim, podemos evoluir em melhores seres humanos, à medida que nossa personalidade, passo a passo, vai sendo polida por Deus. Ao lutarmos, porém, vez após vez, contra um pecado específico faz-nos questionar por que tem que ser assim. Nós ainda cremos em um Deus criador capaz de nos recriar de tal maneira que somos salvos de nossas fraquezas? Se pedirmos ao nosso Criador, será Ele capaz de recriar fortalezas de nossas fraquezas? Somos realmente criacionistas? Johan Vanbrabant Zwevegem, Bélgica Revista Apreciada Quero saudá-los no nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Sou grato por publicarem experiências encorajadoras de pessoas em busca da Palavra de Deus. Os exemplares da Adventist World que li até agora me emocionaram muito. Sou queniano e adventista também. Estou no meu primeiro ano da Universidade Médica Delian, na China. É muito difícil encontrar uma igreja Adventista do Sétimo Dia aqui, por isso peço que me enviem palavras de ânimo. Irei compartilhar qualquer mensagem com meus amigos para que possamos formar nossa Escola Sabatina. Calvin Liaoning, China Nós ainda cremos em um Deus criador capaz de nos recriar de tal maneira que somos salvos de nossas fraquezas? — Johan Vanbrabantz Zwevegem, Bélgica Março 2010 | Adventist World 29 Intercâmbio Mundial C A R TA S No momento, estou morando na Divisão Africana Centro-Oriental da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sempre é muito bom receber a revista Adventist World. Louvo o árduo trabalho da equipe para que ela chegue até nós. Continuo acompanhando o fato de que essa revista tem sido de grande ajuda para muita gente. Não sei como é em outras partes do mundo, mas fui a oito países africanos e os jovens da África, em sua maioria, são leitores da Adventist World. Os jovens adventistas estão sempre prontos a ler qualquer coisa que os ajude a melhorar a sobrevivência e que os ajude a realizar mais na vida. Parece que a igreja faz pouco na capacitação dos jovens na África. Posso estar errado, e se estiver, estou aberto à correção. Um exemplo foi em julho de 2009, em Genebra, Suíça, quando os adventistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizaram um congresso sobre saúde. O assunto foi “Incluindo a Participação dos Jovens em Decisões de Saúde”, e entre os palestrantes, não havia nem um representante jovem, embora vários jovens recebessem patrocínio para participar do evento. Eu falei, e fui percebido. Embora não seja suficiente chamar a atenção apenas, na ocasião funcionou. Em todos os países que visito na África, procuro uma família adventista que me receba, e falo extensivamente com os jovens da igreja. Eles são maravilhosos e têm grande paixão pelo Senhor. Por favor, continuem o bom trabalho. Oro para que continuem a encontrar recursos para essa grande revista para que na África e fora dela, sejamos sempre edificados pela Palavra de Deus. Temmylade Ayo Aladeokin África Centro-Oriental Inspiração Posso comprar mais exemplares desta revista para distribuir em minha igreja? O conteúdo da Adventist World é soberbo. As cópias que recebemos para os anciãos da igreja têm sido recebidas com muito entusiasmo e agradável surpresa pelo trabalho de nossa igreja ao redor do mundo. Marcos de Oliveira Maceió, Alagoas, Brasil Infelizmente, no momento, a Adventist World, na América do Sul, só pode ser adquirida através da assinatura da Revista Adventista. Porém, pode ser lida online em vários idiomas, inclusive o português, no site www.adventistworld. org. Para outros idiomas, quando na página da Web, clique na janela superior, do lado direito, e escolha o idioma de sua preferência. Cartas para o Editor – Envie para: [email protected] As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com 250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo, data da publicação e número da página em seu comentário. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas. O LUGAR DE ORAÇÃO Sou grato a Deus por suas orações em favor de meus estudos. Consegui fazer um curso de administração com bolsa de estudos integral. Por favor, orem por minha vida espiritual e por minha família, para que o Espírito Santo habite em nosso coração e Jesus seja o líder de nossa vida. Patrick, Zâmbia Sou formando na Universidade da Libéria. Espero conseguir meu segundo diploma em teologia, mas em meu país não temos universidade ou faculdade adventista. Orem para que eu encontre ajuda financeira para meus objetivos. Remsee, Libéria 30 Adventist World | Março 2010 Sou colportor-evangelista e necessito do contínuo favor e da bênção de Deus sobre meu trabalho para Ele. Sei que suas orações me ajudarão. Continuem trabalhando para Jesus. Pattie, Estados Unidos Estou muito feliz por informá-los sobre meu trabalho. Deus respondeu a suas orações. Muito obrigado a todos os membros do grupo de oração. Pode ser que este ano a empresa reduza seu quadro de funcionários e ninguém está seguro sobre o amanhã. Meu contrato vai até abril, mas a Deus pertence o futuro. Por favor, orem para que eu continue trabalhando. Lembranças a toda a equipe, com meu desejo de feliz Ano Novo. Henry, Uganda Tenho o prazer de informá-los de que suas orações me levaram até um nível de formação em educação. Portanto, agradeço a Deus pela intercessão de vocês. Peço que continuem orando para que eu continue me esforçando. Josiya, Malávi Orem para que Deus abra as portas para eu estudar medicina. Quero ser um missionário. Pedro, Paraguai Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo, 75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material: envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904-6600 EUA. “Eis que cedo venho…” INTERCÂMBIO DE IDEIAS Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Mangas em Em um mundo absurdo, o povo de Deus ainda pode reunir-se Heidiland E nquanto o trem panorâmico segue caminho até o coração das montanhas na região central dos Alpes, gasto um minuto para dar uma segunda olhada nos meus companheiros do vagão de primeira classe. À minha direita, está um casal japonês. Próximo a eles, um homem paquistanês e um monte de falantes vovôs ingleses. Pelo menos é o que parece. Minha vontade era perguntar: “De onde são vocês? O que estão procurando?” Então, desviei o olhar deles e da linda visão das montanhas para observar a garrafa de suco de manga gelado em minhas mãos. Enquanto bebia, li a informação nutricional (como sempre, muitas calorias), mas uma frase no fim do rótulo chamou minha atenção: “Fabricado na Suíça” – escrito em três dos quatro idiomas oficiais daquele país –, “com mangas da Índia e Peru.” Mangas da Índia e do Peru? Mãos anônimas, há milhares de quilômetros de distância, colheram a fruta e levaram para alguma empresa com licença para exportar, permitindo que eu, um forasteiro sul-americano, desfrute o doce suco de manga, feito na Suíça. Um momento depois, minha mente sai das mangas para pensar na minha jaqueta fabricada no Sri Lanka, com couro australiano, e na minha toalha de mão fabricada em Honduras, com algodão egípcio. Que tipo de mundo é esse? Em que tipo de mundo estamos vivendo, onde podemos tomar um suco feito com frutas vindas de dois hemisférios, mas não conhecemos nosso vizinho do lado? Como podemos entender tal absurdo? Como podemos começar a fechar tal lacuna? Dois dias depois, volto novamente para o nível do mar, pronto para passar o sábado com irmãos e irmãs que não conheço. Quando me sentei na igreja, um jovem senhor, do púlpito, dava as boas-vindas a todos. “Nossos membros vêm de diferentes nações”, disse ele, e começou a descrever os países. Após mencionar mais de uma dúzia, os membros começaram a “soprar” os países que ele esquecera. “Peço desculpas se por acaso esqueci algum de vocês”, ele disse. “Mas não importa de onde você vem, aqui somos todos família”, acrescentou enfaticamente. Ao ver seu sorriso, acreditei nele. No momento seguinte, todos erguemos a voz para louvar a Jesus. Saí da igreja com o espírito elevado. A lacuna é imensa, mas há uma abertura quando o povo de Deus se reúne para louvar Seu nome. E sei que será essa abertura que finalmente levará Seus seguidores ao lugar onde os povos de todas as nações se reunirão para desfrutar, entre milhares de maravilhas, o suco de manga mais doce que já existiu. – Marcos Paseggi, nascido na Argentina, reside em Ottawa, Ontário, Canadá. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte. Editor Administrativo Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K. Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C. Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith; Karnik Doukmetzian, assessor jurídico Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson; Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk Editor-Chefe Bill Knott Editores em Silver Spring, Maryland Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coréia Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan Editor Online Carlos Medley Coordenadora Técnica Merle Poirier Assistente Executiva de Redação Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Alfredo Garcia-Marenko Atendimento ao Leitor Merle Poirier Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Fatima Ameen Consultores Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon, Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu, Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A. Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: [email protected] Website: www.adventistworld.org A menos que indicado de outra forma, todas as referências bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, 1993. Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos. Vol. 6, No. 3 Março 2010 | Adventist World 31 O Lugar Das AS Q U E L U G A R É E S S E ? R E M O PARTICIPE DA CONVERSA! Precisamos de colaboração nas seguintes categorias: Frases Adventistas (profundas ou espontâneas) Vida Adventista (anedotas curtas, especialmente do mundo adulto) Jotas e Tils (dicas relacionadas à igreja) Lembranças de Campais (anedotas curtas, humorísticas ou profundas) Que Lugar é Esse? (fotos em alta qualidade de membros de todo o mundo) R A D N E Y PESS E N V I A D O P O R Favor enviar sua colaboração para The People’s Place, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600(Estados Unidos); fax: 301-680-6638; e-mail: [email protected]. org. Favor incluir número de telefone. O material enviado não será devolvido. FRASE DO MÊS “Causar impressão positiva aos outros é um investimento lucrativo.” – Arni Holm (falecido) trabalhou a maior parte de sua vida para a igreja como professor, diretor, pastor e psicólogo nos Estados Unidos e Islândia; enviado por sua esposa Soley Holm T I M E T E A N N E T G U L I C K que chegou à escola, recémformado na faculdade, para lecionar matemática. Quando o diretor o informou de que uma das matérias que teria de ensinar seria Geometria, ele objetou. Durante toda a faculdade de Matemática, por algum motivo, nunca tinha cursado Geometria. Álgebra avançada, sim. Cálculo, sim. Trigonometria, sim, mas Geometria, não. A despeito das mais efusivas objeções, acabou tendo que dar aula de Geometria. Ele disse que estudava um dia antes o conteúdo da aula. Certo dia, um aluno disse: “Puxa! Como gostaria de saber Geometria como o senhor!” Ao que o professor respondeu: “Você saberá amanhã.” – Phyllis Roehl, Lincoln, Nebraska, Estados Unidos RESP O S TA : Em Taoyuan, Taiwan, membros da Comunidade Internacional Taoyuan da Igreja Adventista do Sétimo Dia posam para foto, após o culto, na manhã de sábado. VIDA ADVENTISTA Em recente reunião de ex-alunos (ensino médio), um ex-professor foi o orador do fim de semana. Ele contou