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X Reunião Sul-Brasileira de Ciência do Solo Fatos e Mitos em Ciência do Solo Pelotas, RS - 15 a 17 de outubro de 2014 Núcleo Regional Sul Adubação nitrogenada em pastagem de Milheto no Município de Vacaria/RS Katiúscia Fonseca dos Santos Strassburger(1); Marcele Sousa Vilanova(1); Ricardo Munz Fernandes(2); Marcelo Masiá(2) (1) Professora; Universidade de Caxias do Sul; Endereço: Campus Sede: Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 - Caxias do Sul - CEP 95070-560; [email protected]; (2) Estudante do curso de Agronomia – Universidade de Caxias do Sul. RESUMO – Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes doses de nitrogênio (N) na produção de matéria seca (MS)/hectare (ha) em pastagem de milheto, em Vacaria/RS. Os tratamentos testados foram: T1: 0 kg de N/ha (testemunha), T2: 50 kg de N/ha; T3: 100 kg de N/ha e T4: 150 kg de N/ha; O aumento na dose de N na pastagem de milheto influenciou positivamente a produção de MS/ha (p˂0,01) apresentando uma regressão linear positiva (R² = 0,95) com o nível de N aplicado na área, ficando os valores médios em 7671,2 kg de MS/ha; O nível de 50kg de N/ha quando comparado ao 100 kg de N/ha na pastagem de milheto, em três cortes é o mais indicado ao produtor, em função de ser mais rentável, pois produz a mesma quantidade com menor uso de uréia, entretanto a dose de 150kg de N/ha foi a que apresentou maior produtividade dentre os tratamentos testados. Palavras-chave: doses de nitrogênio, fertilidade do solo, produtividade. INTRODUÇÃO- Com o crescimento da pecuária leiteira no Rio Grande do Sul o principal problema para os produtores é encontrar alternativas acessíveis economicamente e de qualidade bromatológica que substitua as pastagens nativas que são, em geral, pobres nutricionalmente para a alimentação do rebanho. Dessa forma surge a alternativa de plantio das pastagens tropicais que apresentam boa produtividade no período de verão, destacando entre elas o milheto que é uma forrageira originaria da África e que se adaptou bem a região, é uma planta que produz uma grande quantidade de matéria seca, não sendo muito exigente em fertilidade do solo, tolera bem a estiagens e responde bem a adubação principalmente a nitrogenada. O nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade, sendo responsável pelo crescimento foliar, constituinte principal de proteínas e enzimas, sua deficiência causa diminuição do crescimento e da absorção dos demais nutrientes tornado necessário a suplementação através da aplicação via fertilizante químico para um bom desenvolvimento da forrageira. Diante do exposto o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes doses de nitrogênio (N) na produção de matéria seca (MS)/hectare (ha) em pastagem de milheto, no município de Vacaria/RS. MATERIAL E MÉTODOS – O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade de Caxias do Sul/Campus de Vacaria, no município de Vacaria/RS, latitude 28º 30' Sul e à longitude de 50º 56' e com tipo de solo classificado como Latossolo Bruno Alumínio férrico típico (Streck, 2008). O clima da região é Subtropical úmido, com precipitação média anual é de 1250 a 2000 mm, com temperatura média anual de 14 a 22 Cº (Mendoça & Danni-Oliveira, 2007). Foram testadas quatro concentrações de N (0; 50; 100 e 150 kg/ha) frente a três períodos de corte. A área experimental utilizada foi de 23,9 m x 23,9 m, totalizando 571,21 m2, dividida em 16 parcelas de 25 m2 cada, separadas por caminho de 1,3 m entre elas, sendo que cada quatro parcelas foram agrupadas em blocos casualizados uniformes. A fertilidade do solo foi quantificada através de análise de solo retirada a uma profundidade de 20 cm, com pá-de-corte, retirando-se 12 sub-amostras aleatórias dentro do perímetro do experimento (Comissão, 2004), a qual foi identificada e remetida ao Laboratório de Química e Fertilidade do Solo da Universidade de Caxias do Sul, onde apresentou pH em água = 5,9; Ca = 5,7; Mg = 4,9; Al = 0; P = 3,3mg/dm³; K = 109mg/dm³; O preparo de solo pré-semeadura foi realizado com gradagem leve, 15 dias antes do plantio, a fim de eliminar as plantas invasoras e diminuir a compactação superficial. Na semeadura foi aplicado dose de 140 kg/ha de Fósforo e 140 kg/ha de Potássio, sendo utilizando Superfosfato Triplo (42% de Fosforo) totalizando 16,70 kg e Cloreto de Potássio (60% de Potássio) utilizando 11,70 kg seguindo a recomendação da Comissão (2004), e após, feita mais duas gradagens, para incorporação da adubação. A adubação nitrogenada na base não foi feita a fim de evitar que ocorresse interferência nos resultados do experimento. Utilizou-se no experimento a cultivar do milheto SuperMassa ADR-500 e a semeadura realizada no dia 1º de Novembro de 2011, em uma densidade de 25 kg/ha, a lanço com 1 cm de profundidade (Fontaneli, 2009) cobertas com um rastel. Utilizou-se como fonte de hidrogênio a ureia (44% de N) a qual correspondeu a correspondendo à: 0; 113, 63; 227,27 e 340,90 kg de uréia/ha, aplicada a lanço, em 3 doses iguais, manualmente sobre as parcelas nas seguintes épocas: 1ª aplicação 40 dias após a semeadura, 2ª aplicação de 0 a 5 dias após o primeiro corte, o qual ocorreu no dia 16/01/2012 e a 3ª aplicação de 0 a 5 dias após o segundo corte. Sendo compreendido um período de 21 dias entre cortes. Avaliou-se a disponibilidade de MS/ha, onde realizouse o corte do pasto rente ao solo em um quadrado de 0,5m por 0,5 m (0,25 m²), com tesoura de esquila, na qual realizou-se o corte oi avaliado um ponto distinto em cada parcela, em cada período: Primeiro corte: Quando ¼ das parcelas atingirem altura média de 50 cm; Segundo corte: 21 dias após 1º corte; Terceiro corte: 21 dias após segundo corte. O material coletado foi pesado e acondicionado em sacos de papel, colocados em estufa de ventilação forçada de ar, a 65ºC até obter massa constante. Utilizando-se esses valores, foi calculada a produção de MS/ha, levando em média 120 horas, em função da grande massa verde da cultura. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, com quatro tratamentos e quatro repetições de cada tratamento e em três períodos de corte, em esquema fatorial 4x3. Os dados foram submetidos a análise da variância (ANOVA) e as diferenças comparadas pelo teste de Tukey (5%), utilizando o programa ASSISTAT Versão 7.6 Beta (2012) (Silva & Azevedo, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO - A produção de MS/ha, do milheto sofreu influência significativa (p˂0,01) de acordo como nível de N aplicado no solo mas não houve interação significativa (p>0,5) entre os tratamentos e os cortes, apresentando uma regressão positiva (R² = 0,95) com o nível de N aplicado na área (CV% = 8,35), sendo a dose que apresentou maior produtividade a de 150 Kg/ha (Fig. 1). sem adubação nitrogenada, resultado superior aos encontrados (5115,6 kg MS/ha). Mesmo com um nível médio (4,9%) de matéria orgânica no solo, a aplicação de adubação nitrogenada é indicada, pois eleva significativamente (p<0,01) o potencial de produção de MS da forrageira da área quando comparada ao tratamento controle. Como a indicação do manual de adubação (Comissão, 2004) o nível de N para a cultura do milheto varia numa amplitude de 0 a 200 kg/ha, de acordo com o teor de matéria orgânica do solo, no caso a recomendação seria aplicar de 100 a 200 kg/ha de N. Frente a esta variação, os dados obtidos indicam que quando se optar pelo uso de N, o nível 50 kg/ha é preferível a 100 kg/ha em função de apresentarem a mesma produção de MS, entretanto, com a maior dose haverá maior gasto com ureia, tornando-o mais oneroso ao produtor. O aumento relativo na produção em resposta a aplicação de N demonstra que o suprimento de N do solo normalmente não atende ao potencial de crescimento das gramíneas anuais de verão, as quais tem altas taxas de crescimento e grande demanda por N (Heringer & Moojen, 2002). CONCLUSÕES – Os dados obtidos indicam que quando se optar pelo uso de N, o nível 50 kg/ha é preferível a 100 kg/ha pois apresentam a mesma produção de MS, com maior gasto com ureia, tornando-o mais oneroso ao produtor. Entre os tratamentos testados, a dose de 150 kg/ha de N é a que apresenta maior produtividade. REFERÊNCIAS COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO. Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. – 10ª ed. Porto Alegre, 2004. 400p. FONTANELI, R.S; SANTOS, H. P. Forrageiras para integração lavoura-pecuária-floresta na região sul-brasileira. Passo Fundo :Embrapa Trigo. 2009. p.188 HERINGER, I; MOOJEN, E. L. Potencial produtivo, alterações da estrutura e qualidade da pastagem de milheto submetida a diferentes níveis de nitrogênio. R. Bras. Zootec., v.31, n.2, p.875-882, Santa Maria- RS, 2002. MENDONÇA, F; DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologianoções básicas e climas do Brasil, São Paulo : Oficina de Texto, 2007. 206 p. Figura 1 – Matéria Seca (kg/ha) de milheto submetidos a períodos de corte e doses de nitrogênio. **Letras distintas indicam diferença significativa (1%) pelo teste de Tukey. Trabalhando com a mesma concentração de N, Heringer & Moojen, (2002), obtiveram valor inferior ao encontrado nesse experimento (6900 Kg de MS/ha), o que pode ser atribuído ao elevado teor de matéria orgânica no solo da área experimental no momento de implantação do projeto, o que pode ter disponibilizado mais N para a cultura, elevando o seu potencial de produção. Já Pereira Filho, et al. (2003), obteve 7100 kg MS/ha em plantio PEREIRA FILHO, I. A.; PEREIRA, A. S.; COELHO, A. M.; CASELA, C. R.; KARAM, D.; RODRIGUES, J. A. S.; CRUZ, J. C.; WAQUIL, J. M. Manejo da cultura do milheto. Sete Lagoas: Embrapa-CNPMS, 2003. 17 p. (Embrapa-CNPMS. Circular Técnica, 29). SILVA, F. A. S; AZEVEDO, C. A. V. de. Versão do programa computacional Assistat para o sistema operacional Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.1, p71-78, 2002. STRECK, E. V; KAMPF, N; DALMOLIN, R. S. D; KLAMT, E; NASCIMENTO, P. C; SCHENEIDER, P; GIASSON, E; 2 PINTO, L. F. S. Solos do Rio Grande do Sul. 2ª Ed. Porto Alegre, EMATER/RS-ASCAR. 2008, 222p. 3