Variedades: ao gosto dos clientes
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Variedades: ao gosto dos clientes
1 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 2 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Editorial A 3 Variedades: ao gosto dos clientes importância do programa de melhoramento genético da cana-de-açúcar para o desenvolvimento do setor sucroenergético é, sem dúvida, opinião unânime entre os envolvidos no segmento. Os materiais desenvolvidos especialmente para diferentes áreas do Brasil, têm proporcionando ganhos significativos, tanto de produção agrícola, como de rendimentos de açúcar por hectare. A matéria de capa desta edição mostra que 16 novas variedades acabam de ser disponibilizadas no mercado e foram desenvolvidas pela RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), que detém um dos principais programas de desenvolvimentos de cultivares. As novas variedades chegam no momento em que se comemoram os 45 anos das Variedades RB e os 25 anos da RIDESA, período no qual foram produzidas 94 variedades RB. A edição de janeiro também traz uma matéria sobre a 15ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, momento no qual foram debatidos a atual situação e as perspectivas para o setor sucroenergético. Na ocasião, foi entregue ainda o Prêmio 40 anos de Etanol para personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do biocombustível no país. Como também a cobertura de outros eventos do setor realizados nos últimos tempos, como o 4º Fórum Nacional de Agronegócio, o Simpósio Desafio do Agro, o 14º Seminário de Produtividade & Redução de Custos, reunião anual da Canaplan, entre outros. Desta vez, temos três entrevistas com empresários de diferentes esferas do agronegócio: com Luiz Carlos Dalben, presidente da Agrícola Rio Claro; com Paulo Gallo, presidente do CEISE Br e com o consultor Luiz Almeida Marins Filho. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves opinam no “Ponto de Vista” José Oswaldo Bozzo, Coriolano Xavier e Tercio Marques Dalla Vecchia e artigo técnico de Alessandra Durigan. As notícias do Sistema trazem uma expectativa da diretoria sobre a próxima safra a se iniciar oficialmente em abril e mostram também que a campanha Copercana Premiada surpreendeu os consumidores. Destacam ainda que Canaoeste e Orplana debateram a perspectiva econômica da biomassa. Além de assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidas na revista de janeiro. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 RC Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 22.000 exemplares ISSN: 1982-1530 Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] Boa leitura! Conselho Editorial www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Variedade: RB985476 4 Ano IX - Edição 115 - Janeiro de 2016 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 34 Variedades: ao gosto dos clientes Ridesa lança 16 novas cultivares que contribuirão para a melhoria da produtividade, qualidade e lucratividade da cadeia canavieira E mais: Entrevista: Luiz Carlos Dalben .....................página 05 Paulo Gallo .....................página 08 10 - Entrevista Luiz Almeida Marins Filho Consultor de empresas no Brasil e exterior, empresário de sucesso no ramo do agronegócio, educação e marketing, com 29 livros e mais de 400 vídeos e DVDs publicados 18 - Notícias Copercana - Campanha Copercana Premiada - Controlar pragas é essencial para garantir a produtividade 22 - Notícias Canaoeste - Canaoeste e Orplana discutem a “Perspectiva Econômica da Biomassa” em Sertãozinho-SP 28 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal 46 - Destaque - Prêmio 40 anos de Etanol Em comemoração aos 40 anos do etanol no Brasil, com a criação do PROÁLCOOL (Programa Nacional do Álcool), personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do biocombustível foram homenageadas com o “Prêmio 40 anos de Etanol”. Pontos de Vista: José Osvaldo Bozzo .....................página 12 Coriolano Xavier .....................página 13 Tercio Marques Dalla Vecchia .....................página 14 Coluna Caipirinha .....................página 16 Assuntos Legais .....................página 26 Retrospectiva .....................página 30 Artigo Técnico .....................página 42 Destaque: 15° Congresso Brasileiro do Agronegócio acontece em agosto .....................página 41 Inovação será o caminho para a recuperação .....................página 44 60 anos da república de Jacarepaguá é comemorado com evento .....................página 48 Expectativas otimistas para o setor sucroenergético .....................página 52 Qualidade da matéria-prima será inferior à safra passada, diz Canaplan .....................página 54 Segurança Jurídica é vital para o campo .....................página 56 Informações Setoriais .....................página 60 Acompanhamento de Safra .....................página 62 Classificados .....................página 65 Cultura Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 ....................página 70 5 Entrevista I Pioneiro no assunto palha da cana-de-açúcar Luiz Carlos Dalben Um dos primeiros produtores no Brasil a fazer o recolhimento e comercialização da palha da cana-de-açúcar, Luiz Carlos Dalben, é presidente da Agrícola Rio Claro, de Lençóis Paulistas-SP, e utiliza o método de enfardamento para levar a palha para a indústria. Dalben foi um dos palestrantes no I Seminário de Biomassa “Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar)” realizado pela Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) e pela Orplana (Organização dos Plantadores da Região Centro-Sul do Brasil) no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. Ele conversou com a Revista Canavieiros e falou sobre várias questões envolvendo custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha. Acompanhe! Fernanda Clariano Revista Canavieiros - Em termos de custo-benefício, o que se pode dizer sobre o recolhimento da palha? Dalben - Como trabalho com palha já há 11 anos, consigo ter um ganho financeiro com a venda. Um dos grandes benefícios é que a minha região é fria e retirando a palha eu tenho uma temperatura de solo maior, então tenho um crescimento mais rápido da soqueira da cana nos meses mais frios do ano. Não aplico, por exemplo, nem um produto para cigarrinha, porque como não tenho a palha, não tenho infestação de cigarrinha. Esses são os itens mais importantes de ganho na questão da palha e é lógico que você tem outros ganhos indiretos, por exemplo: não tem fogo no canavial depois da colheita porque a minha palha está aleirada ou está recolhida, então são algumas coisas que temos avaliado e visto que hoje a gente não consegue mais trabalhar a agricultura da cana sem recolher a palha. Revista Canavieiros - Quais as perspectivas futuras de mercado da palha? Dalben - Vai depender muito do mercado de energia de biomassa, mas eu acho que futuramente vamos ter um mercado muito bom da palha, pois as máquinas estão sendo melhores desenvolvidas, a tecnologia das máquinas estão melhorando. Temos hoje um conceito diferente em conservação do solo, ou seja, deixando só 50% da palha, ficando o suficiente para ter a reciclagem de nutriente. Eu estou acreditando muito nesse mercado da palha e acho que dificilmente ele irá regredir nessa questão de biomassa para energia. Quando o etanol 2G realmente se concretizar, a palha será necessária porque só o bagaço vai ser insuficien- te. Eu acho que a palha é uma alternativa boa tanto para as usinas como para algumas termoelétricas que devem contar com a biomassa. Eu acredito nesse mercado e a remuneração vai ser em função do poder calorífico. Se você entregar uma palha com 20% de umidade você vai ter um preço, se você entregar com 15% com 10% você vai ter outro preço. Revista Canavieiros - Quais os impactos positivos e negativos do recolhimento da palha? Dalben – É preciso estar atento porque se não tiver um bom cuidado pode haver o pisoteio da lavoura e isso é um impacto negativo. No nosso caso é o único impacto negativo, o restante deles, a questão do custo, de doenças e pragas, dos tratos culturais, eu diria que a palha só tem resultados positivos. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 6 Revista Canavieiros - O recolhimento pode ser uma alternativa de renda para o produtor rural? Dalben - Com certeza. Ele tem que ser rentável, porque se não for, a gente não vai fazer. Hoje eu diria que já deixa uma margem de lucro, nos anos anteriores não. Estamos com dificuldades por causa da chuva, então não está ligado à biomassa, está ligado ao clima, como a cana e este ano, nós vamos deixar muita cana de pé. Revista Canavieiros - Em relação a precificação da palha, você concorda com a inclusão dela no Consecana? Dalben - A palha não. Eu acho que o bagaço no Consecana sim. Agora palha é uma opção ou não se você quer ou não vender, já o bagaço vai junto com a cana. A partir do momento em que a usina utiliza, há maneiras de ter uma viabilização desse custo também para o produtor. Revista Canavieiros - Em palestra você comentou que este ano está muito ruim para o recolhimento de palha. Falando sobre os riscos de custos, como tem sido essa variação do custo de recolhimento de palha? Dalben - Eu diria que no meu caso específico, risco da venda da palha não tem. Tenho contrato com uma usina de entregar a palha nos próximos quatro anos, que é mais ou menos o tempo que dura uma enfardadora que custa 200 mil euros. Este é o tempo estimado, mas a gente ainda não tem nenhuma temos duas enfardadoras e as duas estão paradas há mais de 40 dias por questão de chuva e eu estou pagando as máquinas. Então o ano mais chuvoso você vai demorar mais para pagar máquina. Com a chuva como esta que está tendo agora, é seis, sete dias de sol para você tirar palha. com quatro anos. Então, no nosso caso, o risco não existe, ou seja, existe o compromisso de entregar a palha e a usina nos pagar por essa palha de acordo com a metodologia que nós combinamos, independentemente da variação do preço da energia no mercado. Com relação a chuva, nós nunca tivemos um ano tão ruim para entregar a palha como esse, se tivemos foi em 2009, mas tínhamos uma condição diferente da de hoje. Esse ano foi realmente um ano que pegou, Revista Canavieiros - Quanto tempo é viável armazenar a palha? Dalben - Na Argentina armazenam por seis meses. Nós estamos lá em Lençóis Paulista-SP com pelo menos três meses armazenados. Depende muito do tempo, se chove ou não. O fardo é muito bem prensado. Eu acredito que quatro meses é absolutamente normal. Perde-se um pouco, mas não é algo que realmente vá comprometer. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 7 PROTEÇÃO E PERFORMANCE PARA A CANA-DE-AÇÚCAR. A T E NÇà O Estes produtos são perigosos à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas nos rótulos, nas bulas e nas receitas. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização dos produtos por menores de idade. Venda sob receituário agronômico. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo. Evos possui elevada seletividade e mobilidade que proporciona o pleno desenvolvimento da cana e obtém controle efetivo sobre a podridão-abacaxi e as ferrugens. É um fungicida de amplo espectro de ação pronto para promover melhor sanidade e qualidade do canavial, mais produtividade e lucro direto ao produtor. CONHEÇA NOSSA LINHA PARA CANA-DE-AÇÚCAR: +55 (41) 3071.9100 Uma empresa do grupo fb.com/altaagricola www.alt a - b r a s i l . c o m América Latina Tecnologia Agrícola Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 8 Entrevista II Nova diretoria do CEISE Br para o triênio 2016-2018 promete continuar intensificando o relacionamento com empresas e entidades ligadas ao setor sucroenergético Paulo Gallo Após cerimônia de posse que reuniu associados, empresários, parceiros ligados ao setor e autoridades políticas no Cred Club, em Sertãozinho-SP, o novo presidente do CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), Paulo Gallo, falou com a Revista Canavieiros sobre a entidade e prometeu dar continuidade nos trabalhos realizados no comando de Antonio Eduardo Tonielo Filho, seu antecessor. Acompanhe! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Como é para você retornar à presidência dessa instituição após 18 anos? Gallo: Vejo esse retorno com muita alegria e bons olhos, principalmente por observar como a entidade se desenvolveu nesse período e tomou um âmbito nacional. O CEISE Br hoje, além de ser reconhecido em nível de Brasil, é também conhecido lá fora, recebemos várias delegações de outros países que nos visitam. Isso é importante e me entusiasma. Revista Canavieiros: Na época em que presidiu, o CEISE Br não era Nacional, era local. Fale sobre essa mudança. Gallo: O Ceise nasceu basicamente por questões trabalhistas, pois existiam muitos conflitos na época. Tinha do lado dos trabalhadores um sindicato estruturado, mas ele não tinha com quem conversar, não existia uma entidade local para debater, discutir. Então, os fundadores do Ceise, João Luiz Sverzut, Wagner Stefanoni, Carlos Liboni e outros diretores na época, acharam importante criar a entidade que num primeiro instante estava mais focada nas ques- tões locais, mas foi tomando proporção, evoluindo, cresceu e virou nacional. O que foi uma excelente ideia, pois está aí apresentando resultados. Revista Canavieiros: Durante três anos, você acompanhou, como diretor técnico, os trabalhos do até então presidente do CEISE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho. Você vai seguir a mesma estratégia de trabalho? Gallo: Todas as ações que essa diretoria implementou serão mantidas, sem exceção. Claro que terão ações novas e algumas pretendemos até ampliar, mas vamos ouvir a opinião dos associados. O Tonielo Filho fez um trabalho excelente, principalmente na questão política, política partidária mesmo. Ele conseguiu reunir os extremos, nós temos um gerente que é do PT e temos várias cabeças que pensam de outra forma e o legal é isso, é você ter os opostos pensando e buscando soluções comuns e isso fez a entidade crescer muito. O que a gente puder melhorar a gente vai melhorar, mas parar não. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Revista Canavieiros: Quais serão os principais desafios no comando dessa entidade? Gallo: O nosso desafio em termos práticos é fazer o máximo possível para que o setor sucroenergético volte a comprar. Hoje o grande problema do nosso parque industrial não só de Sertãozinho, lembrando que o Ceise é nacional, é carteira. Hoje, muitas coisas que estão acontecendo como, por exemplo, a recuperação do preço do etanol, a volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) na gasolina, uma melhoria nos preços da energia elétrica, são resultados de ações as quais o CEISE Br tem participado e vamos continuar mantendo essas ações. Além disso, queremos junto com a Reed Exhibitions Alcantara Machado, que é nossa grande parceira na Fenasucro, levar nossas empresas para vender em outros segmentos. Não podemos só ficar em açúcar e etanol, não podemos abandonar o açúcar e o etanol, mas temos que buscar as alternativas e esses são os grandes desafios. Os desafios e a falta de mercado são o que estão nos matando hoje. 9 Revista Canavieiros: Quais são as estratégias que vocês pretendem buscar junto ao Governo em termos de apoio para a indústria? Gallo: Temos feito um trabalho muito intenso em Brasília e, inclusive, em São Paulo, e estamos abertos a conversar com qualquer Governo. Não temos cor partidária, se é PT, PSDB, PMBD, para nós é indiferente, no sentido de que nós queremos conversar e levar as nossas dificuldades. Estamos procurando política pública para o setor sucroenergético, não é o CEISE Br, não é o empresário industrial quem vai determinar a política de preço de gasolina, quem vai fazer isso é o Governo Federal e o que nós queremos é estreitar cada vez mais a relação com o Governo. Não é nossa obrigação criticar A, B ou C, temos que procurar espaços para nossas empresas associadas e é isso que vamos continuar fazendo. Revista Canavieiros: Você acredita que a indústria vai encontrar uma luz no fim do túnel em 2016? Gallo: Isso vai depender muito do desenrolar dessa crise que temos hoje, "O nosso desafio em termos práticos é fazer o máximo possível para que o setor sucroenergético volte a comprar. porque o grande problema é a crise política. Existe uma crise econômica, é claro, é obvio que existe, mas ela está sendo alimentada pela crise política. Esse é o grande problema, nós estamos encerrando 2015 e o Governo não conseguiu definir nem o ajuste fiscal. Se ele é bom ou se ele é ruim, não vou entrar no mérito, mas o que quero deixar claro é que já se passou um ano e o Governo não conseguiu avançar. A cri- se política está travando o país. A partir do momento em que ela se resolver, eu tenho certeza que a crise econômica se resolve muito rapidamente. Não dá para ter uma bola de cristal porque o Brasil é uma caixinha de surpresa, mas vamos torcer para que o pessoal crie bom senso lá em Brasília e que a gente possa ver o país andar. Revista Canavieiros: O que o associado do CEISE Br pode esperar dessa nova diretoria? Gallo: Pode esperar transparência e portas abertas. A gente quer ouvir os associados que sempre tiveram acesso à entidade e a gente quer abrir ainda mais as portas. Pretendemos trazer empresas de fora de Sertãozinho, fechamos parceria com o APLA (Arranjo Produtivo Local do Álcool) que está em Piracicaba. Então, o que o associado pode esperar é mais acesso para a entidade, mas ele também precisa participar. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 10 Entrevista III Antropologia no mundo corporativo Luiz Almeida Marins Filho Consultor de empresas no Brasil e exterior, empresário de sucesso no ramo do agronegócio, educação e marketing, com 29 livros e mais de 400 vídeos e DVDs publicados, Luiz Almeida Marins Filho é um dos mais requisitados palestrantes do país. Em novembro, o professor se apresentou no IV Encontro de Gerentes, realizado pelo sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP, onde discorreu o tema “Os desafios da motivação pela razão e não pela emoção num mercado competitivo”. Em um bate-papo agradável, Marins falou com a Revista Canavieiros. Siga! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Como é aplicar a antropologia no mundo corporativo? Marins: A antropologia estuda o ser humano, “anthropos” é ser humano e “logos” é estudo e a metodologia principal da antropologia chama-se observação participante. Ou seja, você convive numa sociedade, num grupo e estuda quais são os comportamentos que aquelas pessoas emitem e a partir daí você descobre o que é que aquela empresa quer, aonde ela quer chegar. É feito o estudo do comportamento e a partir daí, o que é que faz com que empurre a empresa para onde ela quer ir e o que é que puxa a empresa para onde ela não quer ir. E fazemos uma série de trabalho para conduzi-la na direção certa. A empresa é tecnologia, é recursos e principalmente gente. Você pode ter os melhores recursos, toda a tecnologia etc., mas gente é que faz a diferença. Às vezes, a maneira como as pessoas interagem, como elas entendem o processo de comunicação, a incoerência entre o discurso e a prática, por exemplo, faz com que elas não deem tudo o que elas podem dar para que a empresa cresça. Por meio da antropologia a gente estuda a empresa e o mercado dela, as pessoas e onde é que ela está inserida, para ver se ela não está, por exemplo, trabalhando no mercado de maneira contrária às tendências. Se o mercado está indo para um lado e ela querendo ir para o outro e assim por diante. Revista Canavieiros: Ao pararmos para pensar na atual situação do país em que vivemos não corremos o risco de nos desmotivar? Como se motivar diante dessa situação toda? Marins: A gente não pode confundir motivação com autoajuda e nem motivação com emoção. Têm pessoas que dizem que assistiram a uma palestra de motivação e permaneceram uma semana motivadas e depois ficaram piores do que estavam antes. Elas não ficaram motivadas, ficaram emocionadas. Motivação são os motivos, as razões de ordem lógica, racional, cartesiana, motivos pelos quais eu faço as opções na vida. Se eu não tiver os Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 meus motivos, eu sou desmotivado. O prefixo des na língua portuguesa é um prefixo de negação, descascar - tirar casca, desatualizado - não atualizado, sem motivo, se você não tiver motivos você não consegue andar. Motivação é você poder discutir porque está trabalhando, aonde quer chegar, por que quer chegar, de que maneira quer chegar, qual é o seu papel na sociedade. As pessoas precisam de um sentimento de missão e proposta naquilo que fazem senão não vão para frente. Revista Canavieiros: As suas palestras estão entre as mais requisitadas, quais os fatores que explicam essa demanda? Marins: Eu acho que é porque sou professor, só por isso. Eu procuro mostrar o que está acontecendo com o mundo e porque a gente tem uma visão de que só o Brasil é ruim. Por exemplo, a carência de mídia acontece no mundo inteiro, é um problema mundial e as pessoas começam a entender melhor e você vai ver quais são as vantagens comparativas que nós estamos viven- 11 do. Não se pode só olhar a parte vazia do cálice chamado Brasil, tem que olhar a parte cheia também. Nós temos vantagens comparativas que o mundo inteiro não tem, por exemplo, nós não temos fundamentalismos - fundamentalismo islâmico, ninguém está com medo que estoure uma bomba por aqui, então isso é uma das vantagens que a gente tem que ver a longo prazo e que tem que estudar melhor. Revista Canavieiros: Em suas apresentações, o que as pessoas mais estão querendo ouvir? Marins: Elas estão querendo ouvir alguma coisa que desembace a visão porque está muito embaçado. O grande problema não é que está ruim, está embaçado. As pessoas estão querendo que alguém lhes apresente um caminho, porque a análise do quadro negativo elas já têm todos os dias na televisão. Então, o que elas querem é saber qual é a luz no fim do túnel e no que podem acreditar, é isso que elas querem: saber e ouvir. Luiz Almeida Marins Filho foi palestrante no IV Encontro de Gerentes do Sistema Revista Canavieiros: Gostaria de deixar uma mensagem? Marins: Pensar é fundamental, o único animal que pensa, planeja e que pensa o futuro é o ser humano, por isso que é importante pensar e ele se motiva pela razão, não é pela emoção. Se você não ouvir as coisas, não pensar, você não pode se motivar. Se você não for roteirista da sua vida, alguém vai ser e é bom que você seja. É bom que você encontre os seus motivos para lutar ou não lutar, para acordar cedo, para fazer a diferença onde for. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 12 Ponto de Vista Agronegócio, esteio da economia brasileira Por José Osvaldo Bozzo* E m meio a tantas más notícias vindas da economia brasileira, um dado trouxe um pequeno alento aos mercados no início deste ano. Superando as previsões mais otimistas, a balança comercial do país – que mede a diferença entre exportações e importações – registrou em 2015 um superávit de US$ 19,8 bilhões, melhor resultado desde 2011. É claro que nem tudo foram flores. Afinal, os números refletem o significativo recuo da atividade econômica no Brasil, a alta da inflação – que ultrapassou os 10% no ano passado – e a disparada do dólar – com a desvalorização de quase 50% do real. Com isso, as importações levaram um tombo de 24,3% em 2015. As exportações caíram um pouco menos (14%), o que permitiu o saldo positivo da balança comercial. Mais uma vez os agronegócios tiveram participação de destaque no resultado. Mesmo com uma queda significativa nos preços internacionais das commodities agrícolas, o valor das exportações do segmento recuou 9% entre 2014 e 2015, percentual menor que o tombo de 14% na média geral das vendas externas. Mesmo com o recuo do valor obtido pelo agronegócio, a participação do segmento na composição das exportações brasileiras avançou de 29,2% em 2014 para 31,2% no ano passado, uma diferença de um ponto percentual, de acordo com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). A alta do dólar em relação ao real foi, evidentemente, um fator positivo para as exportações, que compensou parte da queda dos preços internacionais de commodities. Mas nada disso adiantaria caso a produtividade dos agronegócios nacionais tivesse recuado. Um dado que tem influência significativa sobre os preços internacionais das commodities foi divulgado em meados deste primeiro mês de 2016: a economia chinesa cresceu apenas 6,9% no ano passado, menor patamar desde 1990. Isso significa que um dos principais motores da economia mundial, a China, está desacelerando gradativamente, o que preocupa, sem dúvidas. Porém sabemos que os mais de 1,3 bilhão de chineses precisam continuar sendo alimentados. Pode até haver queda de preços das commodities, mas esse mercado seguirá tendo de ser atendido, e o agronegócio brasileiro está preparado para dar conta dessa demanda. Além disso, boas perspectivas estão se abrindo em relação à nossa vizinha e parceira Argentina. O novo governo, do presidente Mauricio Macri, tem dado sinais de que as políticas restritivas ao comércio internacional adotadas pela administração anterior devem ser abandonadas ou, ao menos, abrandadas, o que pode significar uma maior abertura aos produtos brasileiros. Sabemos que há ainda outros bons mercados estrangeiros que podem ser prospectados pelo nosso agronegócio. Talvez esse seja um dos grandes desafios para os produtores rurais, já que a exigência por qualidade e disponibilidade cresce muito quando os negócios são fechados internacionalmente. Isso sem falar da necessidade de cumprimento de regras sanitárias rígidas, que muitas vezes acabam sendo, de fato, barreiras quase que intransponíveis às exportações nacionais. Também, o considerável estímulo dado pela alta do dólar às exportações deve seguir permitindo melhores preços para os produtos em nosso próprio mercado interno, o que garante retornos mais adequados ao agronegócio. Na outra mão, no entanto, o segmento sofrerá com a redução na oferta de crédito à expansão agrícola, além de ser Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Por José Osvaldo Bozzo* ainda mais onerado pelas altas taxas de juros cobradas atualmente pelo mercado financeiro. Quem atua no agronegócio sabe que a atividade não é simples, e lidar com as variáveis nele envolvidas é um exercício de persistência e coragem. Depender das condições climáticas em um país com tanta variedade de climas é um dos principais desafios. Podemos tomar como exemplo as chuvas, que faltaram em muitos lugares no início do ano passado e que agora estão castigando certas regiões. Mesmo que um segmento se beneficie desse clima, surge o desafio de escoar a produção, especialmente em estradas de terra que, em alguns casos, ficam intransitáveis devido à lama. Afinal, sabemos bem que não é fácil viver do agronegócio. Ser um profissional do campo é um exercício de fé e de perseverança. Mas saber que a economia de todo um grande país, como o Brasil, depende dos resultados obtidos por esse segmento é sem dúvida um fator de estímulo para se apostar em seu potencial. *José Osvaldo Bozzo ([email protected]) é consultor tributarista e sócio da MJC Consultores. Formado em Direito, iniciou carreira na PwC. Foi tam-bém sócio da BDO e da KPMG e professor de Planejamento Tributário na USP. RC 13 Ponto de Vista II Sem ciência, sem futuro Coriolano Xavier* N o Canadá, o chefe de Governo eleito no final de 2015 (J. Trudeau) está oxigenando a administração pública. A começar por um critério macro, promessa de campanha já cumprida após a posse, que previa mulheres ocupando 15 dos 30 ministérios. Perguntado sobre o porquê de um gabinete igualitário entre gêneros, respondeu: “Porque é 2015”. Século XXI. No gabinete canadense, a gestão ambiental posicionou-se com um novo conceito perante a sociedade: mudou de Ministério do Meio Ambiente para Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, fazendo um alinhamento automático e de responsabilidade explícita com uma questão ambiental primordial, da atualidade. A contemporaneidade do gabinete canadense também está no tratamento prioritário reservado à ciência que – junto com a democracia – será pilar estratégico para atravessarmos com sucesso este século e seu dinâmico mundo. Para isso, o Governo canadense criou um Ministério da Ciência e lá colocou um cientista de renome, aparentemente com a tarefa de fomentar ciência pura e pesquisas de interesse público em áreas que no momento estão recebendo pouca atenção do capital privado. Até então, a gestão de Estado para a ciência como um todo estava alocada no Ministério da Indústria, Ciência e Desenvolvimento Econômico, que conserva um papel de gestão científica, mas agora com foco no estímulo da inovação tecnológica no setor privado. Ou seja: criou-se uma nova estrutura para incentivar a ciência pura e um foco renovado para estimular a evolução tecnológica na economia real – do chão da fábrica à amplitude dos campos. Coisa um pouco diferente do que acontece aqui em nossas paragens tropicais, onde a gestão de Estado para a ciência anda meio cabisbaixa. Não é que esse modelo caia como uma luva aqui no Brasil. Talvez sim talvez não, é preciso estudar, pois temos realidades, exigências e anseios diferentes. No entanto, o importante é que por trás da proposta canadense parece haver um pensamento estratégico e um propósito claro de alavancagem científica e de inovação. Poweringscience, todo poder à ciência, como palavra de ordem. À primeira vista, isso pode parecer meio distante para empreendedores e lideranças do nosso agronegócio. Mas basta lembrar o papel que a pesquisa agropecuária teve no progresso do nosso agronegócio, dos anos 1970 Coriolano Xavier para cá, para ver que ciência tem tudo a ver com o futuro que queremos ter na produção de alimentos, fibras e energia renovável. Nossos cientistas – integrados à ciência e tecnologia internacional – são os potencializadores de nosso agro. Já fizeram um trabalho heroico no passado, continuam a ser referência de excelência científica nos trópicos e certamente passa por eles um porvir de liderança internacional para o agronegócio brasileiro. Vamos cultivar a ciência e os cientistas do agro. Sem eles, não há futuro. *Coriolano Xavier é vice-presidente de CCAS (Comunicação do Conselho Científico para Agricultura Sustentável), professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 14 Ponto de Vista III 2016 VAI PASSAR! Etapa básica do planejamento de plantio Tercio Marques Dalla Vecchia O ano de 2016 será mais um ano difícil para o Brasil! Mas o mundo não acaba em 2016. Vamos torcer para que os corruptos e incompetentes sejam enjaulados e eliminados da sociedade brasileira. Tem muita coisa para lá de 2016 e uma delas nos chama a atenção: a firme convicção das nações que o meio ambiente não pode ser mais prejudicado do que já foi pelo homem. A Conferência sobre as Mudanças Climáticas (COP21) realizada em Paris em dezembro de 2015 demonstrou claramente isto. Todos que participam da cadeia da cana-de-açúcar sabem da importância desta lavoura e de seus produtos para a redução da emissão de gases geradores de efeito estufa. O desafio de chegar a 2.100 sem consumir uma gota de combustível fóssil (carvão, petróleo e gás) mostra como estão todos preocupados com o que pode acontecer neste planeta. Estamos em 2016, faltam apenas 84 anos. Foram 6.000 anos usando combustíveis fósseis e agora vamos extirpá-los de nosso convívio... Quem já viveu 50 anos sabe quão curtos são 84 anos. Usamos a cana-de-açúcar há mais de 4.000 anos...e ela não será eliminada nunca!!! Mas há muito que fazer nesta lavoura para melhorar sua relação com o meio ambiente. Alguns exemplos: redução de fertilizantes químicos, do consumo de diesel e outros derivados de petróleo, uso racional da água, aumentar a produção de bioeletricidade, etanolquímica, sucroquímica, bagaço e palhoquímica (!!) e assim vai! Tercio Marques Dalla Vecchia palha como combustível para produção de bioeletricidade. Que o potencial é fantástico, ninguém duvida! Que há entraves políticos, econômicos e outros, também ninguém nega! Mas, o futuro é inexorável e a bioletricidade veio para ficar tanto quanto as energias eólicas e solares. A palha é um combustível diferente do bagaço! A palha é altamente corrosiva, suas cinzas têm características muito particulares de comportamento reológico e a físico-química de combustão é diferente do bagaço. A presença de enxofre e cloro é a grande responsável pela corrosividade deste combustível. A proporção S/Cl e a temperatura de fusão da fuligem (característica de cada palha) são os principais itens que definem a agressividade do combustível. Grandes desafios! E quem disse que não gostamos de desafios? Estamos com tecnologia de caldeiras de palha trazida da Europa. Estas caldeiras são apropriadas para operar com qualquer tipo de palha (cana, milho, soja, trigo, canola etc.). Operam com os fardos inteiros, facilitando o armazenamento e manuseio da palha. Estas caldeiras podem ser projetadas para operar, simultaneamente, com diferentes tipos de biomassa, inclusive bagaço de cana. Vamos explorar estes assuntos aos poucos, começando com a utilização da Um modelo de Unidade Termoelétrica típica é composto de uma caldeira de 140 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 toneladas de vapor por hora e um gerador de 35 MW, exportando 30 MW, 330 dias por ano. O custo de implantação está em torno de R$ 150 mi. A taxa de retorno para o investidor pode chegar a 30% a.a. O potencial da palha é enorme. Para uma produção de 642 milhões de toneladas de cana por ano e usando 50% da palha, podem ser gerados 68 TWh por ano. Para efeito de comparação, Belo Monte produzirá em média 39,5 TWh por ano! Isso só da palha da cana! Temos ainda a produção de mais de uma 200 milhões de toneladas de grãos! Isso adicionaria outro tanto nestas contas! Hoje, o Brasil padece de linhas de transmissão de energia. Esta é uma grande vantagem da utilização das palhas. A energia é naturalmente distribuída. O Brasil tem centenas de geradores eólicos enfeitando as paisagens, pois sua energia não consegue ser levada onde deveria ser consumida. Com pequenas térmicas, a palha da energia pode ser produzida e consumida no local. Aliás, a energia distribuída é tema central dos estudos energéticos neste ano. O meio ambiente agradece! Tercio Marques Dalla Vecchia é engenheiro químico e CEO da Reunion RC 15 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 16 Coluna Caipirinha Caipirinha O Ânimo Volta Após Muitos Anos O que acontece com nosso agro? O agro fechou 2015 com um saldo de mais de US$ 75 bilhões na balança comercial, chegando a incríveis 46% do total exportado e contribuindo fortemente para o saldo de quase US$ 20 bilhões conseguido pelo Brasil. Se não fosse o agro, teríamos 55 bi de déficit, e um buraco maior ainda. As exportações caíram dos 96 bilhões em 2014 para pouco mais de US$ 88 bilhões em 2015, principalmente devido à queda em dólar, nos valores dos produtos exportados, e as importações também caíram. O índice das commodities da FAO fechou o ano com um tombo de 19% em relação ao final de 2014. O que salvou nossos produtores foi a desvalorização do real. Se está difícil para nós, imaginemos para os países produtores que não tiveram tal desvalorização de suas moedas. Vale dizer que é o quarto ano consecutivo de queda de preços. -Estudo recentemente publicado pelo MAPA (Ministrério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) mostra que a agricultura brasileira, entre 2000 e 2014 teve sua produtividade crescendo a 4% ao ano, bem superior à média mundial, que foi de 1,84%. O único show do Brasil hoje é o agro. A produção mundial de cereais no ciclo 2015/16 será de 2,527 bilhões de toneladas, 34 milhões abaixo do recorde de 2014. Como o consumo estimado é de 2,529 bilhões, haverá uma redução de apenas cerca de 3 milhões de toneladas do alto volume de estoques existentes. Portanto, não devemos, nas condições climáticas atuais, esperar reação de preços em 2016, a menos que o clima prejudique as lavouras. O consumo cresceu em 2015 quase 1%, o que representou quase 26 milhões de toneladas de grãos a mais. O que acontece com nossa cana? Começam a sair as primeiras projeções para a safra 2016/17, que se inicia em 1 de abril. Entre 605 a 630 milhões de toneladas no Centro-Sul. Datagro coloca algo próximo a 606 m.t., quase 6% acima de 15/16. Existem cerca de 35 m.t. que foram bisadas. 56 unidades entraram em 2016 ainda moendo. A visão é de um ciclo com maior dedicação de cana para açúcar quando comparado com 2015, ficando ao redor de 44%. Fechado o relatório de dezembro, a moagem de cana desde 1 de abril até o final do ano de 2015 foi de 594,08 m.t., 4,58% acima da safra anterior (568,07 m.t.). Em dezembro foram moídas quase 10,5 m.t., contra apenas pouco mais de 3 m.t. no ciclo anterior. Quase 68% da cana foi dedicada a etanol. O que acontece com nosso açúcar? Marcos Fava Neves* m.t., o que deve manter uma perspectiva de preços melhor. Em reais no mercado interno o açúcar atinge o maior preço histórico, quase R$ 85/saca. Pena que a inflação e o aumento de custos comeram boa parte da margem que este preço poderia trazer. Mas vale a nota que desde o início da safra os preços do açúcar no mercado interno subiram 63%. Na Índia também os preços internos aumentaram 15% nos últimos 30 dias. Isto estimula vendas no mercado interno e ajuda a secar a oferta para exportação, refletindo em preços. Ou seja, o ano começa doce para o açúcar! O que acontece com nosso etanol? Os dados de 2015 pelo Sindicom Segundo a Archer, a fixação de preços para o açúcar do ciclo 16/17 está em quase 56% da exportação prevista (pouco mais de 13 milhões de toneladas). Datagro estima produção de 33,5 m.t. de açúcar no ciclo 16/17, 12% mais que as 30,7 m.t. do ciclo 15/16. Continuam saindo previsões sobre o déficit de açúcar no mundo no ciclo 2016/17. Vão desde 2 a quase 9 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 mostram que o consumo no país caiu 3% em 2015. As vendas de gasolina caíram 8,6%, as de etanol cresceram 39,2% e as vendas de diesel caíram 5%, mostrando a retração na movimentação de cargas, consequência da queda da nossa economia. O espaço para o etanol 17 crescer em 2016 será em cima do mercado da gasolina, pois a crise brava que temos pela frente em 2016 deve reduzir o consumo de combustíveis no Brasil, impactando também o etanol. Datagro estima produção de 28,6 b.l. de etanol no ciclo 16/17, pouco a mais do que mais que os 27,8 b.l. do ciclo 15/16. Em dezembro, segundo a UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), foram comercializados 2,52 b.l. de etanol, sendo 1,4 b.l. de hidratado (8,43% acima de 2014) e 935 m.l. de anidro. O acumulado desde o início da safra é de 22,89 b.l. (21,21 b.l. mercado interno e 1,68 b.l. exportados). O volume de vendas é quase 24% maior que na safra anterior. Boa notícia também de 2015 foram as exportações totais de etanol (Centro Sul e Nordeste): 1,862 b.l. e com isto crescemos 33,6% em relação a 2014. Em dezembro foram 286 m.l. Preços em 2016 devem ser bem melhores, aliviando um pouco o caixa do setor. Para maio, o contrato BMF mostra R$ 1.455/m³ quase 30% acima do valor de 2015. E o petróleo chega a US$ 30 o barril. Temos que acompanhar com alguma preocupação este fato. A BP nos EUA vai diminuir a produção e demitir muita gente. Os preços do galão em postos nos EUA estão abaixo de US$ 2,0. Isto dá ao redor de R$ 2,0/litro. Porém, a imensa crise onde enfiaram a Petrobrás e a necessidade de arrecadação impedirão a meu ver, a redução do preço da gasolina. O acordo atingido pelos países na COP 21 em Paris deve ser comemorado pelo setor de cana. Aumenta no mundo a aceitação de que precisamos precificar cada vez mais as emissões e partir para uma economia de baixo carbono. E o etanol e a eletricidade da cana ganham com isto. Quem é o homenageado do mês? Todos os meses nossa coluna traz uma singela homenagem a alguém que sempre contribui com o agronegócio e com a cana. Neste mês, o homenageado é o Mauro Xavier, um grande craque pesquisador que temos no Centro Cana do IAC (Instituto Agronômico). Haja Limão: Passo o mês de janeiro aqui nos EUA, de onde escrevo nossa coluna. Uma mescla de sabático estudando todas as manhãs, lendo e escrevendo e curtindo a família à tarde. Aproveito para visitar supermercados, fotografar tudo o que posso e aprender sobre tendências e modelos de negócios. Vejo TV, jornais e converso com empresários. Entre milhares de diferenças, aqui tem um aspecto que chamo a atenção nesta coluna. Eles não tomam um banho diário de desânimo com notícias de corrupção que temos, que dominam os telejornais, os jornais, os editoriais e outros. Fora as centenas de whats-ups de protestos que recebemos diariamente. Já pararam para pensar na perda de produtividade pelo tempo que isto nos toma, mas principalmente, pela depressão que isto nos dá? A sociedade americana avança enquanto a nossa retrocede. Consequência da nossa opção atual pelo mundo bolivariano, que espero que possamos abandonar logo. Sempre defendendo a agricultura, onde quer que eu esteja, aqui neste mês nos EUA só coloco etanol no carro, o E85. Vejam que interessante a forma como ele aparece nos postos. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visitante Internacional da Universidade de Buenos Aires.RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 18 Notícias Copercana Campanha Copercana Premiada Por mais um ano a Campanha Copercana Premiada surpreende os consumidores Fernanda Clariano A ssim como nos anos anteriores, a Campanha Copercana Premiada vem fazendo sucesso e premiando os consumidores. Além dos tradicionais veículos de passeio e das “seladinhas” premiadas, a campanha de 2015 inovou sorteando cinco viagens e cinco prêmios de 1 ano de supermercado grátis. Os sorteios aconteceram nos dias 30 de dezembro e 13 de janeiro de 2016, na Loja de Ferragem e Magazine em Sertãozinho-SP e contaram com as presenças do presidente da Copercana e Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo, do diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, do avaliador da Ford Ortovel de Sertãozinho, Celso Bianchini, da supervisora de vendas da Ford Ortovel, Andressa Lança, do assessor das diretorias, Manoel Sérgio Sicchieri, do auditor do sistema, Moacir Roberti Garcia, do gerente comercial da Copercana, Ricardo Meloni, além de colaboradores e clientes que acompanharam. Moacir Roberti Garcia (auditor da Copercana), Pedro Esrael Bighetti (diretor da Copercana), Antonio Eduardo Tonielo (presidente da Copercana) e Manoel Sérgio Sicchieri (assessor das diretorias do Sistema) tes aderiram a campanha, compraram na rede Copercana e pudemos contemplar toda a região, isso é muito bom”, destacou o diretor da Copercana. De acordo com o presidente da Copercana, a cada ano a campanha vem fazendo sucesso e atraindo mais consumidores. “Este ano, o volume de cupons participantes foi bem maior do que no ano anterior, 700 mil cupons. Isso demonstra o sucesso da campanha. Eu gostaria de cumprimentar todos os ganhadores e agradecer a confiança que nos depositam ao consumir em nossas redes e prestigiar as nossas promoções. Esperamos que todos possam fazer bom proveito dos prêmios e que em 2016 possamos premiar mais clientes”, disse Tonielo. O gerente comercial da Copercana reforçou a tradição das campanhas que vêm sendo realizadas. “Cada ano estamos aprimorando as campanhas e fazendo com que um ano seja melhor do que o outro e com isso, deixando-as mais atrativas para o cliente e para o consumidor, que espera a nossa campanha e torce para que ele seja premiado. Em 2015, o sucesso se confirmou, e não vamos parar por aí, estamos finalizando essa campanha, mas os clientes já podem esperar que muitas promoções vão acontecer no decorrer deste ano”, afirmou Meloni. “Cada vez mais a Copercana vem inovando suas promoções e isso é muito bom porque incentiva o consumidor e nós da diretoria estamos procurando fazer cada vez mais para agradar os nossos cooperados e clientes. São 700 mil, 700 mil cupons participando dos sorteios e isso demonstra que os clien- A CAMPANHA A campanha Copercana Premiada aconteceu entre 15 de outubro de 2015 e 12 de janeiro de 2016 e distribuiu mais de R$ 220 mil em prêmios. Ao todo, foram 700 mil cupons -“seladinhas” participantes depositadas nas Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Ricardo Meloni, gerente comercial da Copercana urnas espalhadas na matriz e filiais. A cada compra no valor de R$ 70 reais, efetuada na rede Copercana: Supermercados, Lojas de Ferragem e Magazine, Auto-Center e Postos de Combustíveis, o cliente ganhou um cupom para concorrer a vários prêmios instantâneos nos valores de R$ 50, R$ 100 e R$ 200 reais, a viagens (cinco premiados), a 1 ano de supermercado grátis (cinco premiados) e no final a dois carros Ford KA 0km ano/modelo 2014/2015. 19 SORTEIOS Abertas ao público, as apurações aconteceram nos dias 30 de dezembro de 2015 e 13 de janeiro de 2016 na loja de Ferragem e Magazine da Copercana – Rua Dr. Pio Dufles, 556 – Jardim Soljumar em Sertãozinho-SP. Confira os ganhadores: 1 ano de Supermercado grátis Marcela B Morilha – Jaboticabal-SP Galeno Muniz – Pitangueiras-SP Pedro E. Sichieri – Pontal-SP Maria Gislene A. Franco – Serrana-SP José Roberto Moré – Sertãozinho-SP Antônio Esteves Azedo e sua família receberam a chave do carro zero km Ganhadores da Viagem (Equivalente em Certificado em Barras de Ouro) Josias F. de Souza – Pitangueiras-SP Luiz R. Trindade – Pontal-SP Ivana M. Mendes – Sertãozinho-SP Renata C. B. da Silva – Sertãozinho-SP Vivian J. dos Santos – Sertãozinho-SP Ganhadores do Novo Ford KA 0km Antônio Esteves Azedo – Sertãozinho-SP Francisco de Assis Pontes – Pontal-SP Francisco de Assis Pontes também esteve presente junto de sua família para receber o prêmio “Eu estava na casa da minha filha quando recebi a ligação avisando e cheguei a achar que fosse um trote, fiquei sem reação, mas depois foi “caindo a ficha” e foi muito emocionante, uma sensação muito boa. Eu sou cliente da Copercana já há alguns anos e com certeza irei continuar comprando na rede Copercana. Eu participei dos sorteios com aproximadamente 60 cupons, acredito que não se pode deixar de acreditar, só precisa tentar que um dia a sorte chega e ela chegou pra mim”, ressaltou o eletricista Francisco de Assis Pontes. “Sou cliente da Copercana desde que me mudei para Sertãozinho em 1994. Esse prêmio foi uma surpresa muito grande. Toda a família ficou feliz principalmente porque eu e minha esposa estamos comemorando 21 anos de casados e esse está sendo um grande presente para nós. O que eu tenho a dizer é que tem que acreditar. Toda vez que você tiver a oportunidade de receber um cupom, preencha e participe porque você nunca sabe quando a sorte vai chegar e ela está disponível. Uma pessoa vai ganhar e pode ser você”, enfatizou o médico veterinário Antônio Esteves Azedo. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 20 Notícias Copercana Controlar pragas é essencial para garantir a produtividade Professor da UFSCAR dá noções sobre monitoramento e combate de pragas da cana Andréia Vital “ Manejo das principais pragas da cana” foi o tema da palestra técnica ministrada pelo engenheiro agrônomo, dr. Newton Macedo, professor da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), no dia 2 de dezembro, no auditório da Canaoeste, em Sertãozinho-SP. Produtores e representantes de usinas participaram do evento promovido pela Bayer Cropscience, em parceria com a Copercana e Canaoeste. Na ocasião, Macedo, que é especialista em fitossanidade na cana-de-açúcar, deu noções sobre o controle e combate da Broca, Cigarrinha e Sphenophorus levis, pragas que têm contribuído para a redução da produtividade dos canaviais do Centro-Sul. Segundo ele, o controle das pragas é mais efetivo quando feito no início das infestações, por isso, é importante o monitoramento das populações para que a aplicação de defensivos ocorra no período correto. “Nós estamos em um momento muito oportuno porque começa a renovação de canaviais para a próxima safra e é agora que é preciso fazer o reconhecimento dos ataques das pragas”, disse o 1% de infestação, são contabilizadas perdas de 1,14% na produtividade, 0,42% na produção de açúcar e 0,21% a 0,25% na produção de etanol. “No caso das brocas, os níveis médios de infestação desejável são inferiores a 1,0%, médios até 30% são aceitáveis, mas superiores a 3,0% são intoleráveis”, disse. consultor, contando que as principais pragas, que ocorrem na região de Ribeirão Preto-SP, são em ordem de dificuldades econômicas e abrangência: o Sphenophorus levis, a cigarrinha das raízes e a broca. De acordo com o especialista, a variedade é um fator determinante de produtividade, mas a praga é um redutor dessa produtividade, então não adianta o produtor plantar uma variedade certa, adubar e tudo mais se ele não controlar as pragas. “O produtor não vai sair do negócio cana por errar no plantio da variedade, mas pode quebrar se não controlar as pragas, porque vai perder muito dinheiro”, constatou, dizendo que existem outros fatores que influenciam no rendimento da cana, tais como solo, clima, adubação, irrigação, maturadores, micronutrientes e viveiros de mudas. O consultor alegou que, em relação a custo, a redução de adubo ou de outro fator, equivale ao controle de pragas, dando como exemplo que a adubação para 1 ha custa R$ 6,0 t/ha e aumenta 10% a produtividade prevista, que neste caso é considerada 90 ton, já o controle de pragas para esta área sai por 2,0 t/ha e evita a perda de 10% da produtividade. Dr. Newton Macedo, professor da UFSCar Ao falar sobre broca da cana-de-açúcar, Macedo explicou que para cada Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 “De outubro a abril, deve-se fazer levantamento na lavoura onde houver variedades mais susceptíveis, nos primeiros cortes, áreas fertirrigadas e onde aparecer sintomas de ataque”, afirma, ensinando que a equipe de monitoramento deve seguir aproximadamente o seguinte cronograma: outubro/novembro/(1/2) dezembro: monitorar a cana de início de safra (canas plantas, socas de mudas e socas precoces); (1/2) dez /janeiro/(1/2)fevereiro: cana de meio de safra (média) e (1/2) fev / março / abril, verificar as canas de final de safra (tardias). Já com a cigarrinha da raiz, que como a broca é incidente no período de primavera/verão, as perdas são computadas por redução de 10 a 30 t cana/ha na produtividade; de 1,0 a 1,5 pontos na PCC e baixa qualidade de açúcar. O controle dessas pragas pode ser feito com defensivos, sendo biológico e químico para a broca e químico para a cigarrinha. No caso do Sphenophorus levis, uma nova e resistente praga que cresceu assustadoramente depois que a cana passou a ser colhida sem a queima prévia, o consultor indica: “O momento da destruição é o período seco (junho a setembro), não fazendo em dias de chuva e ou solo muito úmido” disse, ressaltando que é indicado tratar as soqueiras logo após a colheita em operação cortando a linha de cana. 21 Controlar Sphenophorus levis exige ações ousadas, sendo que em áreas com altas infestações, quando se encontram mais de 35% de tacos atacados, o produtor tem que optar por reforma. Já ações abrangentes, como investimentos na formação de viveiros, de mudas, na capacitação de pessoas e controle em todas as áreas de ocorrência do inseto, assim como ações contínuas e duradouras, como o monitorar sistematicamente com levantamento em soqueiras e usar quando necessário inseticida, com ações de choque e poder residual (60 dias), são necessárias. Durante a palestra, tecnologia e inovações da Bayer em relação ao controle de pragas foram apresentadas por Ricardo Eleotério e Matheus Dônega, engenheiros agrônomos da multinacional. Um dos destaques foi para o inseticida Curbix, especialmente recomendado para o controle da cigarrinha-das-raízes. “O evento é muito importante devido ao momento que a cultura passa, com alto ataque de pragas como broca, cigarrinha e Sphenophorus levis e estamos tendo a Ana Paula Marchesi Borges, associada da Canaoeste, conta com orientações do técnico agrícola Carlos Madeira, da Copercana e Thiago Verri, da Canaoeste oportunidade de ouvir o dr. Macedo, que é uma referência no mercado de manejo dessas pragas que vem trazer solução, tecnologia e informação para os produtores, para que eles consigam ter um aumento de produtividade e sucesso na sua produção”, disse Eleotério. As informações obtidas na ocasião foram muito úteis para Ana Paula Marchesi Borges, associada da Canaoeste, que tem lavoura de cana plantada em 70 hectares, em Pitangueiras-SP, onde produz, em média, 12 mil toneladas por safra. Enfrentando problemas com pragas em sua área, a produtora, que também é médica ginecologista, achou o evento muito didático e esclarecedor. “Foi interessante saber o quanto é importante tratar as pragas, porque no meu caso, eu priorizava mais a adubação e não ligava muito para as pragas e agora com essa nova visão vou intensificar mais o controle que já é feito”, afirmou. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 22 Notícias Canaoeste Canaoeste e Orplana discutem a “Perspectiva Econômica da Biomassa” em Sertãozinho-SP O I Seminário de Biomassa reuniu produtores rurais, agrônomos, técnicos, empresas ligadas ao setor sucroenergético e representantes de entidades do Estado de São Paulo e de Minas Gerais Fernanda Clariano C omo o assunto biomassa é algo em evidência, a Canoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo), com o apoio da Orplana (Organização dos Plantadores da Região Centro-Sul do Brasil), realizou no dia 26 de novembro, no auditório da Canaoeste em Sertãozinho-SP, o I Seminário de Biomassa – “Perspectiva Econômica da Biomassa (Palhada e Bagaço de Cana-de-Açúcar)”. Estiveram presentes, produtores rurais, agrônomos, técnicos, empresas ligadas ao setor sucroenergético e representantes de entidades como Asforama (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Iturama-MG); Afocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba e Região); Afcop (Associação dos Fornecedores de Cana da Região Oeste Paulista) de Valparaíso; Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri); Assocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari); Oricana (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Orindiúva); Aplacana (Associação dos Plantadores de Cana da Região de Monte Aprazível) e Ascana (Associação dos Plantadores de Cana do Médio Tietê) - Lençóis Paulista. Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana do IAC Luiz Carlos Dalbenm consultor da Agrícola Rio Claro Marcos Fava Neves, Markestrat Consultoria Vinícius Casseli, Consultor em equipamentos para processamento de biomassa que explanou sobre os “Ônus e Bônus da Palha”. Já o consultor da Agrícola Rio Claro, Luiz Carlos Dalben, apresentou “Detalhamento, custos e receitas sobre a operação de recolhimento da palha”. O professor da USP de Ribeirão Preto e Na ocasião foram apresentadas informações que servirão de base para que os fornecedores comecem a pensar nas novas estratégias. Para a Canaoeste também foi uma oportunidade de estender as comemorações pelos seus 70 anos de existência completados no dia 22 de julho de 2015. O evento contou com palestrantes renomados, como o diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), Marcos Guimarães de Andrade Landell, Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 23 viabilidade de incluir o bagaço e a palha no sistema Consecana. “Realizamos um seminário analítico sobre as novas alternativas de renda pelo potencial que temos, não só da biomassa oriunda da palha e do bagaço, mas também do cavaco de madeira, entre outros. Além disso, foi colocado em pauta o que vem sendo estudado no que se refere à remuneração pelo seu excedente”, afirmou Torcato. Roberto Sachs, gerente de departamento técnico da Assocap/Canacap Celso Albano, gestor superintendente da Orplana sócio da Markestrat Consultoria, Marcos Fava Neves, abordou “Quanto vale o bagaço?”. O consultor em equipamentos e máquinas para colheita florestal e processamento de biomassa, Vinícius Casseli, articulou sobre o “Mercado de biomassa: comercialização e transporte” e o gerente de departamento técnico da Assocap/Canacap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari-SP e Cooperativa dos Plantadores de Cana da Região de Capivari) e coordenador da Canatec - Câmara Técnica do Consecana (Conselho dos Produtores de Cana de São Paulo), Roberto Sachs, proferiu sobre “Estudo a remuneração do bagaço de cana excedente”. vas ações da Orplana para 2016. “A Orplana já tem várias ações previstas para acontecerem no ano que vem. Dentro dos projetos está a Academia da Cana, que pretende entrar na sociedade e nas escolas mostrando a mensagem de modo positivo do setor”, informou Albano. “O sincronismo dos temas abordados neste I Seminário de Biomassa foi excelente. Estamos felizes porque o evento foi valorizado, tivemos um número expressivo de participantes”, disse o gestor superintendente da Orplana,Celso Albano, que ainda chamou a atenção para no- De acordo com o gestor da Canaoeste, Almir Torcato, um dos objetivos do evento foi iniciar uma análise sobre a Almir Torcato, gestor da Canaoeste Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste e da Orplana Para o presidente da Canaoeste e da Orplana, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, a questão da remuneração pela biomassa é atual e precisa ser analisada. Uma possível mudança no Sistema Consecana não deve, na visão dele, ser imediata, já que a discussão deverá se intensificar só a partir de 2016. “A biomassa já vem, há algum tempo, nos motivando nessa direção. Só estávamos esperando atingir um número de unidades industriais que fosse representativo para o setor, a partir do qual se reconhecesse que existe um bom mercado, uma boa defini- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 24 Notícias Canaoeste nível de meio ambiente, mas também o crescimento de todas as regiões”, avaliou a produtora rural, Maria Conceição Ferreira Turini. ção que pudesse ser remunerada. Como fizemos, por exemplo, com o etanol, que não existia no Consecana, mas entrou à medida que se tornou um mercado significativo”, avaliou Ortolan. Depoimentos Ulisses Fanton, diretor da Assobari Paulo Roberto Artioli, diretor agrícola da Tecnocana “Eu acho não só oportuno, mas de extrema necessidade, termos eventos como esse, pois o setor está carente de informações. A cultura da cana teve uma mudança tremenda e nós não podemos mais ficar na mesmice do passado, quando queimávamos a palha. A biomassa, como hoje especificamente neste evento, está nos mostrando diversas alternativas. A energia de biomassa soluciona um monte de problema, ela fica barata sendo bem produzida e nós, dentro do setor de cana, ainda temos aquela imagem de como vai ficar a produção da cana em si, se vamos retirar a palha, não vamos retirar, o que atrai agronomicamente de prejuízo, se o financeiro repõe o agronômico e o operacional. Tudo isso está em estudos e não sabemos ainda o certo. Esse tipo de evento vem agregar muito para que os conhecimentos em cima disso possam contribuir para que o produtor de cana tome suas decisões na hora de fazer a escolha certa do recolhimento de palha ou de uma mudança de tecnologias, com a parte nutricional da cana. A Canaoeste e a Orplana estão de parabéns por promover este evento que só vai engrandecer o produtor de cana”, afirmou o diretor agrícola da Tecnocana, Paulo Roberto Artioli. “Esse evento é de grande valia porque traz um assunto que está em evidência, um assunto que está prometendo, que são as novas energias geradas pela biomassa. Esse foi um dia muito enriquecedor, tivemos várias versões de pensamentos, a biomassa da cana, a biomassa da madeira, a biomassa do resíduo. Tem uma infinidade de opções a serem criadas, algumas efetivamente sendo usadas, é um potencial muito grande. Eu acho que foi bem legal essa iniciativa e bem esclarecedora”, destacou o diretor da Assobari (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Bariri), Ulisses Fanton. Carlos Eduardo Osório Xavier, pós-doutorando da UFSCar “Todas as palestras foram ótimas e se complementaram, deixando aí uma boa mensagem para os associados da Canaoeste e Orplana, e também para o público que pôde comparecer. Como evento de difusão técnica para aproveitamento de biomassa, esse seminário foi excelente, pois, esse é um recurso que vem ganhando cada vez mais relevância na produção sucroenergética”, observou o pós-doutorando da UFSCar, Carlos Eduardo Osório Xavier. Maria Conceição Ferreira Turini, produtora rural “Esse é um momento propício para viabilizar os negócios dos fornecedores porque eles estão tendo uma vida muito sofrida em decorrência dos preços, dos custos e não só os custos de CCT (Corte, Carregamento e Transporte da cana-de-açúcar), mas os custos de plantio, enfim, de todos os demais custos. É uma nova geração de rentabilidade para amenizar os custos que a gente tem, é uma perspectiva nova e os fornecedores vão ter que se unir, vão ter que trabalhar pra que ocorra e acho que são duas vertentes: uma, nossa vertente como fornecedores de cana, para que aumente os valores, as nossas rentabilidades, os nossos lucros, que pelo menos surja um lucro. E a segunda vertente é a questão de energia limpa, não só em Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Maria Christina Pacheco, presidente da Assocap “Eu acho que esse é o momento adequado para este tipo de evento, para essa discussão. O bagaço é nosso e está na hora de receber por ele, independente de recolher ou não a palha. A cana que já vai para a indústria tem 1/3 de bagaço que é nosso. Acho que as palestras foram interessantes e vieram de diferentes níveis, num momento muito oportuno”, disse a presidente da Assocap (Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari), Maria Christina Pacheco. RC 25 Cooperados e Associados, - A COPERCANA estará fornecendo mudas de cana certificadas e isentas de doenças e pragas. - Local de retirada das mudas: Fazenda Santa Rita, no município de Terra Roxa. - Os interessados deverão fazer suas reservas até 12 de fevereiro de 2016. Os pedidos posteriores serão atendidos mediante possíveis desistências ou sobras de mudas. - Os pedidos serão analisados, segundo a disponibilidade, com o propósito de atendimento a todos os cooperados e associados. Deste modo, as quantidades de mudas, por variedades, estarão sujeitas a rateios, objetivando-se adequar ao total de reservas. - As Variedades CTC estão sujeitas ao pagamento de Royalties. - Preço: R$ 120,00 por tonelada de muda, cortada e carregada. - Condições de pagamento: parcela única em 10 de agosto de 2016. - Observações importantes da Fazenda Santa Rita: - As mudas estarão disponíveis somente a partir de 22 de fevereiro de 2016. - Os carregamentos estão sujeitos às condições de umidade do solo, pedindo-se, o favor, de confirmar tais condições, com Vadelei; - A Fazenda Santa Rita dispõe de balança; - O horário de atendimento será das 07h às 17h, de segunda-feira a sábado. Obs: Outras informações são encontradas no site CANAOESTE em: www.canaoeste.com.br, “clicando” Sua Lavoura e Variedades de Cana. As reservas poderão ser feitas através do Departamento Técnico CANAOESTE / COPERCANA, fone (0xx16) 3946- 3300 - ramais 2032 e 2035; na Fazenda Santa Rita, fone (0xx17) 3392 2157, email: [email protected], com Amauri, Alessandra e Vadelei, ou ainda, com os técnicos CANAOESTE / COPERCANA, nas Filiais ou Escritórios Regionais. Atenciosamente, CANAOESTE - Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo CANA-DE-AÇÚCAR, ENERGIA E ALIMENTO. COPERCANA - Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo Referência em cooperativismo para o Brasil e ao Mundo RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 26 Assuntos Legais PRA – Programa de Regularização Ambiental Paulista Regulamentado P rezados leitores, após quase 1 (um) ano de intensas discussões e debates, o Poder Executivo de São Paulo publicou em 13/01/2016 o Decreto n. 61.792/2016, que regulamenta a Lei n. 15.684/2015, de 14/01/2015, instituidora do PRA – Programa de Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no Estado de São Paulo. Tal decreto regulamenta formalmente artigos do Código Florestal (Lei Federal n. 12.651/2012) e do Programa de Regularização Ambiental de São Paulo (Lei n. 15.684/2015), determinando que: 1. Para aderir ao PRA, deve-se proceder a (i) inscrição no CAR – Cadastro Ambiental Rural através do sistema eletrônico SICAR-SP. (Decreto Estadual n. 59.261/2013), onde (ii) requererá a inclusão no PRA, com PRADA (Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas ou Alteradas) – , que (iii) aguardará a homologação do PRADA no prazo de 12 (doze) meses para, após, (iv) assinar TC (Termo de Compromisso) para cumprimento das referidas obrigações, (v) a ser assinado em até 90 (noventa) dias após a notificação da homologação. (vii) O órgão ambiental deverá acompanhar a execução do PRADA a cada 2 (dois) anos, findo o qual (viii) procederá a homologação final da regularização, podendo converter eventuais multas suspensas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso das áreas rurais consolidadas identificadas no PRA.; 2. Pois bem, o prazo para a adesão ao PRA é de 1 (um) ano a cotar da sua implantação, que se dará com uma Resolução da Secretaria do Meio Ambiente. Ressalte que a Secretaria do Meio Ambiente publicou em 14/01/2016 a Resolução SMA 04/2016, tendo a revogado integralmente através da Resolução SMA n. 05/2016, publicada em 19/01/2016 por motivos que falaremos mais adiante; 3. Com o pedido de adesão, poder-se-á o interessado requerer que os Termos de Compromisso celebrados antes da vigência da Lei Federal 12.651/2012 (Código Florestal) sejam revistos para adequarem-se à nova lei; 4. Há previsão de apoio técnico gratuito para a regularização ambiental dos pequenos imóveis rurais, a ser feito pelas Secretarias da Agricultura e Meio Ambiente ou instituições por elas autorizadas Já a homologação do PRADA e acompanhamento da execução das obrigações destes imóveis ficará à cargo da Secretaria da Agricultura; 5. Para facilitar a regularização ambiental, a Secretaria do Meio Ambiente disponibilizará banco de áreas disponíveis para compensação da Reserva Legal - mesmo em Unidades de Conservação pendentes de regularização fundiária - e banco de áreas de preservação permanente em imóveis rurais disponíveis para recomposição; 6. Para se calcular o percentual da Reserva Legal e das obrigações de recomposição de APP, devem ser excluídas as áreas de servidão administrativas informadas no SICAR-SP.; 7. Fica a cargo da Secretaria do Meio Ambiente aprovar a localização da Reserva Legal dentro do imóvel a ser regularizado, observando alguns critérios contidos no Decreto; 8. A compensação da Reserva Legal será feita por bioma em área de extensão equivalente, através da aquisição Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste de (i) CRA (Cota de Reserva Ambiental), (ii) arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva Legal excedente e (iii) doação da área pendente de regularização fundiária em unidade de conservação; 9. Ficará a critério da Secretaria da Agricultura e Abastecimento analisar a ocupação do imóvel rural e a época do desmatamento da vegetação nativa nele existente anteriormente a 2008, para fins de dispensa da implementação de Reserva Legal para aqueles quem desmataram observando a legislação da época, pois referido órgão detém os dados necessários para tal verificação; 10. A possibilidade de se realizar a recomposição de Área de Preservação Permanente e de Reserva Legal dos imóveis rurais no âmbito do Programa Nascentes, instituído pelo Decreto n. 60.521/2014, com incentivos governamentais. Estas são, em síntese, as normas constantes do Decreto que os proprietários e possuidores de imóveis rurais devem observar para proceder a regularização ambiental destes, ficando aqui consignado que guardam total coerência tanto com o novo Código Florestal como com a Lei do PRA Paulista. 27 Descompasso momentâneo dentro do governo paulista Neste espaço convém relatar aos leitores que o Governo Paulista atou em um descompasso sem precedentes na elaboração de suas normas, pois os debates que antecederam o referido Decreto do PRA envolveram os mais diversos órgãos governamentais que, de alguma forma, seriam os agentes de sua aplicação e fiscalização, assim como representantes do setor privado e da sociedade organizada, no intuito de garantir a tão almejada segurança jurídica. rização ambiental dos imóveis rurais, criando obrigações não existentes na lei e no decreto e, o que é pior, excluindo direitos e benefícios dos proprietários e possuidores de imóveis rurais garantidos pelo novo Código Florestal e pela Lei do PRA paulista. Pois bem, chegado ao consenso final sobre a redação do documento legal, fez-se sua publicação no Diário Oficial do Estado em 13.01.2016. Como há a previsão no Decreto de que o início de sua implantação deve se dar por Resolução da Secretaria do Meio Ambiente, esta o fez no dia seguinte, através da Resolução n. 04/2016, publicada no dia 14.01.2016. Verificando-se os prazos, tudo dentro da normalidade, mas, verificando o conteúdo da referida resolução, tudo estava muito mal. Ferindo de morte a Constituição Federal e a legislação de vigência, um ato infra-legal, no caso uma Resolução que apenas deve dizer a conduta e o procedimento do agente público na realização da lei e do decreto, fez exatamente o contrário, excedeu os seus limites normativos. O que mais chama a atenção é que a Secretaria do Meio Ambiente é dotada de profissionais do mais alto gabarito, em termos de conhecimento jurídico, o que nos força a concluir que praticaram tal ato em total rebeldia ao sistema democrático e legal ora instituído, colocando em desnecessário constrangimento o seu chefe maior, no caso o Governador do Estado. Isto porque, malfadada resolução praticamente inviabilizava a regula- A Secretaria do Meio Ambiente, assumindo mesmo que implicitamente o equívoco que cometera, publicou no Diário Oficial do Estado de 19.01.2016 a Resolução SMA 05/2016, revogando integralmente a malfadada Resolução SMA. 04/2016, após alerta da Secretaria da Agricultura e Abastecimento, provocada por uma onda de protestos feitos por diversas entidades representativas do setor produtivo e, também, entidades jurídicas. De tudo isto, devemos tirar uma lição de que as entidades de classe e as representativas da sociedade, quando devidamente aparelhadas por profissionais capacitados, são o melhor elo de comunicação com os governantes e legisladores, além de serem os mais eficazes instrumentos de defesa dos direitos da sociedade para evitar abusos, como o acima citado, antes mesmo de judicializar a questão. Tomara que, de ora em diante, tanto o Governo Bandeirante como outros, fiquem mais atentos com a atuação descompassada de seus servidores públicos pois, certamente, a sociedade está mais atenta. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 28 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Novembro/2015 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 30 de Novembro de 2015. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 29 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 30 Especial do Sistema Diretores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred fazem retrospectiva/perspectiva de 2015-2016 Fernanda Clariano O cenário de 2015 foi marcado pela instabilidade política, econômica e social. E após passar por uma das piores crises da história, com aumento nos índices de desemprego, aumento da inflação, dentre outros, vários setores que movimentam a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, trabalham em busca da recuperação. A Revista Canavieiros falou com os diretores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, para saber como foi o ano de 2015 e o que esperam para o ano de 2016 que acaba de chegar. AÇÚCAR E ETANOL Para o presidente da Copercana e presidente do Conselho de Administração da Sicoob Cocred, Antônio Eduardo Tonielo, 2015 foi um ano complicado. Segundo ele, não sabiam ao certo o que iria acontecer com o mercado nem com o clima. “No início do ano, tivemos problemas de produtividade de cana, depois muita chuva que veio atrapalhando a safra e atrapalhou o ATR (Açúcar Total Recuperável) que foi uma das mais baixas dos últimos tempos”, disse Tonielo. O empresário ainda falou sobre a perspectiva para 2016, sua expectativa é de que os preços se comportem para que a safra deste ano seja melhor. “Tivemos ¾ de safra com preço de médio para ruim e um final de safra que vai ser vendida até março com preços bons, tanto do açúcar como do etanol. Tudo isso porque os estoques foram se esgotando e agora temos que recompor. Eu acredito que 2016 será um ano um pouco melhor, pois é um ano em que vamos ter uma estabilidade boa para desempenho, é claro que nem todas as indústrias estão preparadas porque ficaram muito sucateadas. O que a gente espera é que pelo menos agora dê uma “ajeitada” e se faça uma safra bem melhor com mais cana, com mais açúcar e com preços rentáveis e que pelo menos dê para equilibrar receita e despesa e pagar um pouco das Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 contas porque as usinas estão muito endividadas. Mas eu acredito que as expectativas para este ano são bem melhores”, avaliou Tonielo. De acordo com o presidente da Canaoeste e diretor Superintendente da Copercana, Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, além da redução do ATR que vai ser de aproximadamente 6kg/ton. de cana, o principal desafio para os produtores é a recuperação das lavouras. “Agora, com as chuvas voltando à normalidade, é preciso fazer um trabalho de recuperação dos canaviais, tanto na renovação quanto na soqueira. As reformas estavam reprimidas, então muita gente não vinha renovando o canavial ou renovando uma área muito pequena em função dos investimentos que são necessários. Houve uma melhora significativa no preço do açúcar, no preço do etanol, e consequentemente essa melhoria vai também para a cana-de-açúcar. Com isso, volta a oportunidade de cuidar bem da lavoura e da produção para 31 Pedro Esrael Bighetti, diretor Secretário da Copercana dos preços favoráveis, os investimentos dificilmente irão retornar se essas indefinições persistirem”, ressaltou Ortolan. Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, presidente da Canaoeste e diretor Superintendente da Copercana que o resultado da atividade seja favorável”, ressaltou Ortolan que também falou sobre desafios. Para ele, o mercado agiu de forma favorável e também em função da conjuntura internacional, a perspectiva é que as próximas duas, três safras tenham um desempenho satisfatório bem melhor do que as últimas cinco safras. “Houve nesses últimos anos melhorias como aumento de preço - a questão do ICMS tornou o etanol mais competitivo em alguns Estados, o aumento na demanda de etanol, também estamos exportando mais etanol. O setor vai continuar lutando pela volta da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico) como uma forma de contemplar as externalidades do etanol e das políticas públicas que definam melhor as regras para inserir definitivamente o etanol na matriz energética brasileira, assim como a energia elétrica. Isso daria mais segurança para o setor, para o empreendedor, pois apesar COOPERATIVA E ASSOCIAÇÃO Embora 2015 tenha sido um ano difícil para a economia do país, o diretor Secretário da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, destacou que com muito otimismo e “pé no chão” a cooperativa conseguiu ter um bom ano e espera continuar trabalhando junto aos cooperados e clientes para vencer os desafios de 2016. “O Governo virou as costas para o setor sucroenergético, mas a Copercana não parou, buscou recursos e se virou. Mesmo com as adversidades enfrentadas no ano passado, nós conseguimos aumentar em aproximadamente 25% o nosso faturamento e estou otimista, pois acredito que este ano não será diferente, iremos vencer todos os desafios e para isso iremos continuar ao lado dos cooperados e clientes das nossas 20 filiais espalhadas pelo Estado de São Paulo e Minas Gerais, os apoiando em suas necessidades e tentando levar esse país para frente sem esperar pela vontade do Governo”, garantiu Bighetti. Já para a Canaoeste, como afirma o presidente Manoel Ortolan, 2015 não foi um ano bom para a Associação, devido o aumento de preço dos insumos e com preços de cana que não remuneravam os produtores e nem atividade. “Levando em conta as dificuldades que Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 32 o país atravessa bem como a baixa remuneração, aumento dos custos de produção, nós tivemos a receita da Associação comprometida e fizemos alguns ajustes no orçamento. Iniciamos um trabalho de reestruturação da Canaoeste e vamos fazer o possível para continuar assistindo os nossos associados da melhor forma possível”, disse Ortolan. Márcio Meloni, diretor Administrativo Financeiro da Cooperativa de Crédito Sicoob Cocred SICOOB COCRED Apesar da crise política e econômica que se agravou em 2015, a Sicoob Cocred e as cooperativas de crédito, de um modo geral, apresentaram um crescimento relevante em comparação ao mercado bancário. “Mesmo diante de um cenário de pessimismo, a Sicoob Cocred conseguiu manter seu vigor e, por meio de uma gestão cautelosa, continuou a amparar as atividades de seus associados de forma satisfatória, com planos de ampliar ainda mais sua cobertura no Estado de São Paulo e, desta forma, levar os benefícios do cooperativismo para cada vez mais pessoas”, afirmou o diretor Administrativo Financeiro da Cooperativa de Crédito Sicoob Cocred, Márcio Meloni, que ainda foi enfático ao dizer que o sistema bancário estará muito mais seletivo na concessão de crédito durante esse ano, o que segundo ele, é extremamente natural diante do cenário econômico e político do país. “Apesar da tendência de arrocho de crédito ser a tônica do mercado financeiro em 2016, esperamos manter o nosso ritmo de crescimento aliado ao nosso principal objetivo que é amparar nossos associados e continuar a fomentar as suas atividades. Temos boas expectativas, apesar do cenário adverso, porque desde Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 o ano de 2008, quando despontou a crise econômica mundial iniciada nos Estados Unidos, a Sicoob Cocred e as demais cooperativas de crédito apresentaram índices percentuais de crescimento superiores em relação ao sistema bancário. Isso demonstra que estamos no caminho certo”. O país vive uma crise complexa, permeada por fatores internos e também a crise internacional que, para quem vem acompanhando seus desdobramentos já está em seu nono ano, ou seja, não é algo novo. Ao ser questionado sobre os principais desafios da economia e o que o Brasil precisa para voltar a crescer, o diretor Administrativo e Financeiro da Sicoob Cocred foi enfático ao dizer que precisa de reorganização. “Para voltar a crescer é que o p'aís precisa se reorganizar e retomar os investimentos em seus setores estratégicos. Também precisa de maior eficiência da gestão pública e reformas urgentes na esfera fiscal, política e trabalhista, além da criação de novos programas de investimentos que contribuam com a geração de emprego e renda, o que fará o Brasil crescer com sustentabilidade. Um dos principais desafios do país será reconquistar a confiança do mercado internacional, retomar seus investimentos e voltar a crescer”, concluiu Meloni.RC 33 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 34 Variedades: ao gosto dos clientes Ridesa lança 16 novas cultivares que contribuirão para a melhoria da produtividade, qualidade e lucratividade da cadeia canavieira Andréia Vital O setor sucroenergético teve um bom motivo para comemorar, no dia 25 de novembro passado, quando foram liberadas 16 novas variedades de cana-de-açúcar. O lançamento das novas cultivares aconteceu durante o Encontro Nacional da RIDESA (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético), realizado em Ribeirão Preto-SP, que marcou também a comemoração dos 45 anos das Variedades RB e dos 25 anos da RIDESA. Monalisa Sampaio Carneiro, doutora em genética e melhoramento de planta da UFSCar, abriu oficialmente o evento que contou com a presença de pesquisadores das dez universidades federais que fazem parte da Rede, como de outras instituições, além da participação de importantes autoridades, como o professor da Universidade Federal do Goiás, Edward Madureira Brasil, atual secretário de Ciência e Monalisa Sampaio Carneiro, doutora em genética e melhoramento de planta da UFSCar Tecnologia Para Inclusão Social do Governo Federal; Oswaldo Baptista Duarte Filho, ex-reitor da UFSCar; Lourdes Souza Morais, diretora executiva da FAI UFSCar; Antonio Cesar Salibe, presidente da UDOP; José Paulo Stupiello, presidente da STAB Nacional, entre outros. Na ocasião, foram homenageados pesquisadores que Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Targino de Araújo Filho, prof. dr. e reitor da Universidade Federal de São Carlos participaram do desenvolvimento das variedades de cana-de-açúcar. Targino de Araújo Filho, prof. dr. e reitor da Universidade Federal de São Carlos, afirmou que o programa da RIDESA é o modelo de inovação mais eficiente do país, que se consolidou ao longo das últimas duas décadas e 35 outra para meio de safra, muito produtiva e dois materiais tardios, um tardio para solo fraco e outro para solo fértil”, explicou Hoffmann, afirmando que as novas cultivares são resistentes a doenças e fruto de um intenso trabalho de pesquisa realizado nos últimos 18 anos. O lançamento das novas cultivares aconteceu durante o Encontro Nacional da RIDESA, que marcou também a comemoração dos 45 anos das Variedades RB e dos 25 anos da RIDESA. meia, quando foi criado. Araújo Filho representou o presidente da RIDESA, o prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho, na oportunidade. O professor salientou ainda que o programa dará o título ao Brasil de detentor da melhor tecnologia para a produção de cana-de-açúcar global. Ao explanar, o coordenador geral da RIDESA e coordenador do Programa de Melhoramento da Cana-de-Açúcar na UFPR (Universidade Federal do Paraná), Edelclaiton Daros, lembrou a trajetória da pesquisa de melhoramento e o trabalho das universidades na busca dos melhores materiais para o produtor. Daros afirmou ainda que a RIDESA comemora as suas bodas de prata marcando a história do setor. “Hoje a Rede possui o mais abrangente e eficiente programa de melhoramento de cana-de-açúcar do mundo”, afirmou, explicando que a academia prima pela competência, sua interação com a comunidade, com a competitividade e com o seu compro- Edelclaiton Daros, coordenador geral da RIDESA misso com o país, para dar segurança ao setor canavieiro. Emocionado, fez um agradecimento ao setor sucroenergético pela parceria ao longo dos 25 anos. “Nestas variedades estão mais do que o nosso trabalho e empenho, está a nossa alma”, disse, completando “Ficamos cinco anos de stand by para escolhermos bem as variedades a serem lançadas”, conta o pesquisador, explicando que a última liberação de variedades da Rede foi em 2010. Anfitrião do evento, Hermann Hoffmann, coordenador do PMGCA (Programa de Melhoramento Genético de Cana-de-açúcar) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) afirmou que os novos materiais são muito competitivos e resistentes às principais doenças da cultura. Das 16 novas espécies liberadas, quatro são da UFSCar, “sendo uma precoce para solo fértil que até o momento não existia no mercado; Hermann Hoffmann, coordenador do PMGCA da UFSCar “As novas liberações têm condições de contribuir para aumentar a produtividade do setor sucroenergético. Os materiais já foram multiplicados pelas usinas conveniadas ao programa em São Paulo e no Mato Grosso do Sul, e apresentaram grande potencial. Inclusive a RB975201 já está entre as 10 variedades mais plantadas em Mato Grosso”, contou o pesquisador, lembrando que a lavoura comercial apontará como serão os resultados comerciais. As cultivares RB ocupavam 5% da área cultivada com cana no Brasil na safra 1990/1991, e hoje, com a evolução do plantio de variedades, representaram até a safra 2014/2015, 68% da área cultivada no país. A criação da Ridesa A importância do programa de melhoramento para o desenvolvimento do setor sucroenergético foi destacada durante palestra do prof. dr. da Universidade de Alagoas, Geraldo Veríssimo de Souza Barbosa. “O rendimento médio de ATR tem aumentado na razão de 155,7 kg/ha nas últimas quatro décadas, o que representou um ganho de 4% ao ano, sendo que metade desse ganho se deve ao melhoramento. Acréscimo de 700,65 milhões de ton.de ATR devido à substituição contínua de variedades. Um ganho de R$ 350 milhões na safra 2014/2015”, contabilizou o professor. A história da RIDESA, desde sua criação em 1991, até os dias atuais, foi destaque em sua palestra. De acordo com Barbosa, a RIDESA nasceu após a extinção do IAA (Instituto do Açúcar e do Álcool), órgão do Ministério da Indústria e Comércio e do PLANALSUCAR (Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-açúcar), que foi criado em 1971, tendo como escopo a melhoria dos rendimentos da cultura, tanto no campo, como na indústria. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 36 A partir de 1988 foi estabelecido um novo cenário para a política econômica, encerrando-se os programas de subsídios para os combustíveis, dentre eles o PROALCOOL. Com o encerramento do IAA e do PLANALSUCAR, em 1990, as unidades foram incorporadas por cinco universidades, que criaram a RIDESA. A sigla RB continuou a ser usada para identificar seus cultivares. A parceria público-privada já existia desde o PLANALSUCAR, porém foi mantida e aperfeiçoada pela RIDESA, e neste segundo momento o custeio das pesquisas passou a ser financiado pelas usinas, destilarias e fornecedores de cana. Atualmente, as universidades que abrigam os programas são as seguintes: UFAL (Universidade Federal do Alagoas); UFG (Universidade Federal de Goiás); UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso); UFPR (Universidade Federal do Paraná); UFPI (Universidade Federal do Piauí); UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco); UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro); UFSCar (Universidade Federal de São Carlos; UFS (Universidade Federal de Sergipe) e UFV (Universidade Federal de Viçosa). Há ainda 314 empresas parceiras, 79 bases de pesquisa e duas estações para cruzamento. 94 cultivares de RB disponíveis Em 45 anos de pesquisa em cana-de-açúcar foram produzidas 94 variedades RB, sendo 19 cultivares liberadas durante o PLANALSUCAR; 35 variedades lançadas durante a transição PLANALSUCAR/RIDESA e 40 produzidas durante os 25 anos de RIDESA, incluindo as 16 lançadas em 2015. Entre elas, Barbosa citou a RB867515, a variedade mais plantada no Brasil. Lançada oficialmente em dezembro de 1997, pela Universidade Federal de Viçosa, se expandindo a partir de 2000, atingiu em 2015 cerca de 25% da área total cultivada com cana. O seu sucesso é devido, principalmente, por permitir a expansão da área de cultivo em solos de baixa fertilidade, arenosos e com restrições hídricas onde outras variedades não têm apresentado o mesmo desempenho que ela. Mas a história não para aqui e novos cultivares devem ser liberados a partir de 2016. “Temos também um olhar para o futuro e a cana energia já vem sendo desenvolvida na última década pela RIDESA e irá contribuir para a solução energética do Brasil”, afirmou. Estima-se que sejam necessários investimentos na ordem de 50 milhões de dólares para desenvolvimento de uma variedade de cana. Atualmente, o custo de uma cultiva dessa cultura, como percentagem do custo de produção, é bem inferior ao de outras. Esse custo tem variado em torno de 1 a 6 dólares por hectare, o que representa menos de 0,3% do custo de produção. Variedade é o grande alicerce do setor “A boa casa é aquela que está em cima do bom alicerce e eu acho que a variedade é o grande alicerce do setor porque tudo parte da cana, sem ela nada é feito”, ressaltou Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana, ao participar do evento. Ortolan esclareceu que os programas de melhoramento dispõem de variedades que têm proporcionado ganhos significativos, tanto de produção agrícola, como de rendimentos de açúcar por hectare. “A atuação dos programas de melhoramento é muito importante e o lançamento de novas espécies é essencial para a renovação do canavial ao longo do tempo, já que algumas variedades precisam ser substituídas. O número maior de variedades nos dá mais segurança, pois é possível diversificar o plantio com número maior de variedades em uma menor área, evitando assim, prejuízo expressivo caso tenha problema com uma dessas cultivares”, explicou. Para Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), que na ocasião, representou o secretário de estado da Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, o evento de lançamento das novas espécies é um sinal de vitalidade do setor sucroenergético. “O Brasil tem grandes programas de melhoramento genético da cana, que nestas últimas décadas têm sustentado a agroindústria canavieira do país e contribuído para o aumento da produtividade. A RIDESA é um modelo de eficiência nesta questão”, afirmou, comentando que, normalmente nas estruturas públicas, é necessário ter pessoas comprometidas e apaixonadas pelo que faz, a exemplo da equipe da Rede, para que resultados sejam positivos. “O programa tem sido realmente uma inspiração para nós, do IAC. Quando redesenhamos o nosso programa, há pouco mais de 20 anos, nós Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC e Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana olhamos para eles, como estavam se estruturando naquela ocasião, reagindo às ameaças que sofreram com a extinção do PLANALSUCAR e do IAA e isso foi muito importante e de certa forma, indicou um caminho de captação de recursos privados através do modelo público/privado e o programa de Cana IAC seguiu mais ou menos este cami- 37 nho. Então, eu fico muito feliz de ver este trabalho hoje sendo apresentado”, afirmou, contando que nos últimos 10 anos, o IAC lançou 22 variedades. de Governo. Quem acaba movendo essa roda é o setor, com a sua própria demanda, que é o que inspira as ações dessas instituições públicas”, concluiu. Landell frisou ainda que a ocasião serve para refletir também. “O setor tem que celebrar e fazer uma reflexão sobre o que esse momento significa e entender que se tratam de tecnologias que são geradas e demoram de 15 a 20 anos para serem liberadas. Não é uma coisa imediata. Precisa de investimento de longo prazo e hoje, quem sustenta isso efetivamente é o próprio setor, muito mais do que uma ação pública, A relevância do lançamento também foi pontuada pelo presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo. “A indústria sucroenergética depende de cana e de variedades com mais qualidade, mais resistentes à praga, à mecanização, que é muito importante para nós hoje. Com novas cultivares, nós vamos vencer esta fase, pois tem que ter produção de açúcar no campo por que daí para frente a usina faz, o difícil é nós produzirmos no campo”, esclareceu, apontando um novo tempo para o setor sucroenergético com a valorização dos produtos da cana. “Eu acho que os preços estão chegando agora onde já deviam estar há dois anos, mas as usinas não recuperam tudo porque a safra já está no fim e com mais um agravante. Nós já tivemos problema com a falta de chuva, hoje nós estamos com problema com muita chuva, então tudo isso traz um transtorno, mas um transtorno que para frente pode melhorar, então eu acho que este resultado nós poderemos ver no próximo ciclo”. Safra em Pernambuco deverá ser 20% menor do que o ciclo passado De acordo com Djalma Euzébio Simões Neto, presidente da STAB Setentrional e coordenador do programa da RIDESA na UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), a safra no Nordeste mais uma vez enfrentou o déficit hídrico e deve terminar menor do que o ciclo passado. “Enfrentamos muita seca nos últimos anos e este ano não foi diferente, o canavial sentiu muito, então acredito que os estados de Alagoas, Pernambuco e Paraíba terão uma redução expressiva na safra”, afirmou, explicando que em Pernambuco a safra deverá ser cerca de 20% menor do que no ciclo anterior, quando a moagem foi de 15,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Djalma Euzébio Simões Neto, presidente da STAB e coordenador do programa da RIDESA na UFRPE “Mas é necessário conviver com estas intempéries e se investir mais, em novas tecnologias de irrigação e manejo, em áreas mais favoráveis às condições climáticas e se crescer verticalmente com novas variedades”, apontou ele, ressaltando a relevância das novas cultivares da RIDESA, das quais duas foram desenvolvidas pela UFRPE. “As 16 novas variedades são mais modernas, mais tolerantes e resistentes ao estresse hídrico, a ambientes mais desfavoráveis, a pragas e doenças. Cada uma tem suas características e qualidades específicas, sendo que algumas vão estar em vários Estados, outras em determinados Estados, com potencial para aquele tipo de ambiente, mas a gente espera ter dado um passo importante para melhorar a produtividade do setor e a condição do produtor”, alegou. Simões Neto comentou ainda que a busca por mais produtividade dos canaviais através de inovações vem se intensificando em Pernambuco e no norte de Alagoas que têm uma característica específica, que é a plantação da cana em encostas, acima dos 12% onde se pode mecanizar. “Os produtores estão desenvolvendo suas próprias máquinas e algumas já estão contribuindo e fazendo uma diferença, reduzindo os custos de colheita, sem usar mão de obra, mesmo nessas encostas”, contou ele frisando que a indústria de máquina não contemplou nenhum equipamento para atender à demanda daquela região. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 38 As novas variedades RB Conheças as 16 variedades lançadas e as universidades que as desenvolveram: Universidade Federal de Alagoas (UFAL) RB961552 florescimento. Experimentação e recomendações para o Estado de Alagoas: Ambientes de produção e épocas de colheita: Sequeiro: Outubro a dezembro; Irrigado: Outubro a fevereiro. Universidade Federal de Goiás (UFG) RB034045 RB 036088 Tem alta produtividade agrícola, elevada massa foliar, excelente fechamento das entrelinhas; responsiva à fertirrigação e raro florescimento. Experimentação e recomendações para o Estado de Alagoas: Ambientes de produção e épocas de colheita: Sequeiro: Novembro e dezembro; Irrigado: Novembro a fevereiro. RB991536 Tem alta produtividade agrícola; alto teor de sacarose no meio de safra; raro Clone com rápido crescimento inicial e fechamento das entrelinhas; elevado perfilhamento e potencial produtivo e responsiva a melhoria ambiental; tolerante as principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e Recomendações para o Estado de Goiás: Ambientes A,B e C; Épocas de colheita: Junho a agosto. Universidade Federal do Paraná (UFPR) RB036066 Clone com rápido crescimento inicial e alto perfilhamento. Elevado potencial produtivo e com ampla adaptabilidade e estabilidade da produção agrícola. Experimentação e recomendações para o Estado do Paraná: Ambientes de produção A, B,C e D; Épocas de colheita: Junho a setembro. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Elevada sanidade às principais doenças, elevada estabilidade da produção agrícola e ótima colheitabilidade. Experimentação e recomendações para o Estado do Paraná: Ambientes de produção A,B e C; Épocas de colheita: Setembro e outubro. RB036091 Clone com rápido crescimento inicial e fechamento das entrelinhas, elevado perfilhamento e potencial produtivo e responsiva à melhoria ambiental; tolerante às principais doenças da cana-de-açúcar. 39 Experimentação e recomendações para os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia: Ambientes de produção B, C e D; Épocas de colheita: Junho a setembro. RB988503 Experimentação e recomendações para o Estado do Paraná: Ambientes de produção A,B e C; Épocas de colheita: Junho a agosto. Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE RB992506 RB002754 Destaca-se pelo alto teor de sacarose; elevado potencial produtivo; colheita no início da safra. Experimentação e recomendações para o Estado de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte: Ambientes de produção e épocas de colheita: Sequeiro: Setembro e outubro; Irrigado: Novembro a janeiro. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ RB969017 Clone com bom fechamento das entrelinhas, elevado perfilhamento e alto potencial produtivo principalmente em socarias; tolerante às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para os Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia: Ambientes de produção B, C e D; Épocas de colheita: Junho a setembro. Universidade Federal de São Carlos - UFSCar RB975201 Elevado potencial produtivo e com ampla adaptabilidade e estabilidade da produção agrícola; excelente comportamento em ambientes restritivos. Experimentação e recomendações para o Estado de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte: Ambientes de produção e épocas de colheita: Sequeiro: Outubro e novembro; Irrigado: Novembro a janeiro. Clone com rápido crescimento inicial e fechamento de entrelinhas, elevado perfilhamento e potencial produtivo e responsiva à melhoria ambiental; tolerante às principais doenças da cana-de-açúcar. Tem alta velocidade de crescimento e elevada produtividade; ausência de flo- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 40 rescimento e isoporização e resistente às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção A, B e C; Épocas de colheita: Agosto a novembro. RB975242 na-de-açúcar; Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção A, B e C; Épocas de colheita: Abril a julho. RB985476 tação em colheita mecanizada, elevado perfilhamento, com ótimo fechamento das entrelinhas; tolerante às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção A, B e C; Épocas de colheita: Julho a setembro. RB988082 Material rústico, com alta produtividade; ausência de florescimento e isoporização; resistente às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção C e D; Épocas de colheita: Agosto a novembro. RB975952 Material precoce, com elevado teor de sacarose e alta produtividade; florescimento difícil e pouca isoporização; resistente às principais doenças da ca- Tem alta produtividade e elevado teor de sacarose no meio de safra; elevada estabilidade de produção; resistente às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção A, B, C e D; Épocas de colheita: Julho a setembro. Universidade Federal de Viçosa - UFV RB987935 Tem médio teor de sacarose, alta produtividade agrícola; excelente bro- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Tem médio teor de sacarose e alta produtividade agrícola, excelente sanidade, responsiva ao maturador e com ampla adaptabilidade e estabilidade; tolerante às principais doenças da cana-de-açúcar. Experimentação e recomendações para o Estado de São Paulo: Ambientes de produção A, B e C; Épocas de colheita: Junho a setembro. RC 41 Destaque I 15° Congresso Brasileiro do Agronegócio acontece em agosto Uma feira de negócios está entre as novidades do tradicional evento do setor Andréia Vital O Diversas lideranças participaram do lançamento oficial do evento, que discutiram os rumos do setor 15° Congresso Brasileiro do Agronegócio deverá movimentar a Capital paulista em agosto. Realizado pela ABAG SP (Associação Brasileira de Agronegócio), no Hotel WTC – World Trade Center (SP), o evento acontece no dia 8, seguido de dois dias de fóruns que abordarão aspectos atuais e relevantes para o Agronegócio, debatidos por profissionais e especialistas nacionais e internacionais com profundo conhecimento do assunto. Lideranças do agronegócio participaram do lançamento oficial da edição de 2016 realizada em novembro/2015, em São Paulo. Citando a versão passada, a qual teve como tema “Sustentar é integrar” e reuniu 1.200 participantes entre empresários, lideranças setoriais, gestores de propriedades rurais e executivos de empresas da cadeia produtiva, o presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), Luiz Carlos Corrêa Carvalho, destacou a importância dos temas debatidos nos eventos. “Fazem elos uns com os outros, somando no sentido de debater claramente a sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, disse ele, completando. “Liderança, protagonismo e sustentabilidade no agronegócio nortearão a programação do Congresso. Queremos evidenciar o domínio da tecnologia tropical, que foi espetacular e que explica a expansão, a grande oferta de produtos e os constantes ganhos em produtividade nos diversos biomas”, elucidou. Já Luiz Cornacchioni, diretor executivo da ABAG, apontou, na ocasião, o trabalho da entidade, que completa em 2016, 23 anos de atuação. “Desde sua criação, a ABAG tem trabalhado para o fortalecimento das cadeias produtivas do agronegócio e é com este foco, no sentido de fomentar as discussões sobre este setor, que corresponde por cerca de 23% do PIB (Produto Interno Brasilei- ro), que realizamos as últimas 14 edições do congressos”, afirmou. Uma das novidades da edição de 2016 será a realização de uma feira de negócios, que será organizada pela Reed Exhibitions Alcantara Machado. “Nosso compromisso é potencializar as competências da ABAG no Congresso, contribuindo para aumentar a qualidade e ampliar as oportunidades de negócios do evento”, disse Juan Pablo De Vera, presidente da multinacional. A programação do congresso, que terá transmissão ao vivo pela Internet para todo o Brasil e outros países, deverá ser divulgada em breve. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 42 Artigo Técnico Manejo Varietal na cultura da cana-de-açúcar Etapa básica do planejamento de plantio Alessandra Durigan - Gestora Técnica da Canaoeste N os últimos anos, o desenvolvimento de novas variedades pelos programas de melhoramento genético vem incorporando maiores produtividades às lavouras de cana-de-açúcar e contribuem significativamente para o aumento da lucratividade Existem atualmente três programas de melhoramento genético de cana-de-açúcar no Brasil: o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), a Ridesa (Rede Interuniversitária para Desenvolvimento do Setor Sucroenergético) e o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira). Esses programas trabalham ativamente para o desenvolvimento de materiais produtivos, com alto teor de sacarose e adaptados às diferentes condições de cultivo. Nos últimos cinco anos mais de 30 novas variedades foram lançadas em todo Brasil. Plantar cana de maneira correta e aumentar as produtividades são prioridades para o Setor Sucroenergético, dessa forma, o manejo varietal é etapa básica do planejamento do plantio e ferramenta de manejo importante, que tem como objetivo racionalizar a distribuição das variedades pelo canavial. Escolher qual está mais apta a ser plantada em determinada área e quais devem ser combinadas a ela é uma tarefa necessária para os produtores que almejam alcançar resultados favoráveis. O manejo varietal adequado e que deve ser adotado é aquele onde a área de uma determinada variedade não ultrapasse 20% da área da propriedade, respeitando sempre o ambiente de produção e a época de colheita adequada. Muito interessante também é que o produtor diversifique o seu plantio em rela- ção às variedades, ou seja, não plantar apenas uma variedade, assim, pode-se evitar que uma doença ou praga se prolifere na sua lavoura. Os Ambientes de Produção são definidos pela interação de dois fatores: tipo de solo e produtividade das variedades de cana-de-açúcar e visam separar as áreas em diferentes potenciais de produção de cana de açúcar (A, B, C, D e E), A = solos de alto potencial produtivo a E = solos de baixo potencial produtivo. Para otimizar o manejo varietal é fundamental identificar o potencial produtivo dos solos. A classificação e enquadramento desses solos nos ambientes de produção permitem a realização de manejos mais específicos. Realizar um adequado manejo varietal, com materiais modernos, mais produtivos e adaptados às mais adversas situações de cultivo, faz toda a diferença, principalmente diante do novo cenário: regiões que apresentam condições edafoclimáticas diferentes das tradicionais; aumento do corte mecanizado; extinção da queima; adoção do plantio mecanizado, incidência de novas pragas e doenças. Essas mudanças elevam as exigências em relação às variedades de cana, que além de eretas, ricas e produtivas, deverão brotar bem sob palha, tolerar ataques de pragas, resistir às doenças, tolerar a seca, ter boa performance em solos mais fracos e ter boa longevidade da soqueira. Outro ponto importante e de muita atenção é a sanidade das mudas. O conhecimento da procedência é muito importante. Mudas sadias, oriundas de tratamento térmico, produzidas em viveiros certificados, onde todos os cui- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Alessandra Durigan dados fitossanitários são realizados, nos dão a segurança e conforto para a multiplicação das variedades nos próximos plantios. Ambientes favoráveis a patógenos e falta de cuidado disseminam doenças e causam prejuízos para a produção. Portanto, a busca por maiores produtividades da cana-de-açúcar depende do correto planejamento de plantio e de adequado manejo varietal, estando o Departamento Técnico da Canaoeste capacitado para fornecer aos seus associados orientações para a escolha adequada da variedade a ser implantada no canavial. Ressaltamos que a Associação (Canaoeste) e a Cooperativa (Copercana) mantêm um viveiro de mudas de cana-de-açúcar, na Fazenda Santa Rita, em Terra Roxa. Anualmente, são produzidas aproximadamente 5 mil toneladas de mudas de cana com qualidade e com garantia de sanidade. O intuito é que o associado tenha acesso rápido às novas variedades e assim aumente a produtividade e a longevidade do seu canavial. Maiores informações, fone (0xx17) 3392-2157 ou e-mail: [email protected]. 43 RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 44 Destaque II Inovação será o caminho para a recuperação Especialistas debatem a situação atual e as perspectivas para o setor sucroenergético Andréia Vital “ Desafios e Oportunidades: planejando para o futuro” foi o tema da 15ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol realizada em setembro passado, na Capital paulista. Autoridades e lideranças do setor sucroenergético participaram do encontro, que é o evento técnico oficial do Sugar Dinner, e reuniu 650 participantes e 49 palestrantes de 32 países. Estimativas de safra, tendências de mercado de açúcar no Brasil e no mundo, a competitividade do etanol no segmento de combustíveis, custos de produção, estratégia, finanças e serviços, além de tecnologias e inovação foram discutidas na ocasião, a qual serviu também para a comemoração da 15ª edição do evento. “Conseguimos fazer uma combinação nesta conferência de temas de mercado, de tecnologia e de políticas públicas que nos permitiu fazer uma nova radiografia completa dessa indústria, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro, bastante completa”, afirmou Plínio Nastari, presidente da DATAGRO, que ao lado de Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, fez a abertura do evento. Ambos apontaram para a importância de discutir e planejar ações, reforçando o desempenho da indústria sucroenergética. Plínio Nastari, presidente da DATAGRO José Orive, diretor executivo da ISO Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO José Orive, diretor executivo da ISO (International Sugar Organization), fez um balanço sobre a oferta-demanda de açúcar no mercado mundial e os principais fatores de influência, em painel que teve como moderador o economista e ex-presidente da UNICA, Eduardo Pereira de Carvalho. O executivo afirmou que os preços da commoditie estão em queda desde 2011, devido à alta oferta do produto, e o volume mundial deve sofrer deficit, sendo 1% menor este ano. meros em box ao lado) e mostrou que será a safra mais alcooleira dos últimos oito anos, isso devido à situação de aumento de consumo de etanol, como também pela oferta maior devido à crise no mercado de açúcar. Já as perspectivas e desafios a serem enfrentados pelo Brasil foram assuntos da palestra de Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO, em painel que contou com a coordenação de Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e ORPLANA. Nastari apontou os números desta temporada e as expectativas para a safra 2016/17 (ver atualização dos nú- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Um dos destaques do evento foi um painel que discutiu a estratégia do setor sucroenergético e reuniu representantes das entidades ligadas à cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Participaram das discussões, o presidente do SIFAEG, André Rocha; o presidente da UDOP, Celso Torquato Junqueira Franco; o presidente do SINDALCOOL – PB, Edmundo Barbosa; a presidente da UNICA, Elizabeth Farina; o presidente do Sindalcool-MT, Jorge Santos; o presidente da Canaoeste e ORPLANA, Manoel Ortolan; o presidente do SIAMIG, Mário Campos Filho; o presidente da 45 ALCOPAR, Miguel Rubens Tranin; o presidente da SINDAÇUCAR-AL, Pedro Robério de Melo Nogueira; o presidente do SINDAÇUCAR-PE, Renato Pontes Cunha e o presidente da BIOSUL, Roberto Hollanda Filho. Além da produção, a competividade do etanol no mercado de combustível levantou importantes discussões acerca de soluções para o setor. Especialistas e líderes questionaram as iniciativas governamentais adotadas, recentemente, para a recolocação do etanol. O retorno da CIDE, por exemplo, é considerado insuficiente para alavancar as usinas, que ainda enfrentam baixa produtividade. Durante painel “Finanças e Serviços”, o diretor do Banco ITAÚ BBA S/A, Alexandre Enrico Figliolino, debateu sobre as soluções para o endividamento do setor, e mostrou que embora ocorreram alguns fatores positivos, como o aumento do anidro na mistura, a elevação da tributação da gasolina e a taxa de câmbio mais favorável, a realidade do setor é ainda muito dura e difícil. “Os efeitos benéficos no longo prazo, a elevação da taxa de câmbio no curto prazo está causando forte impacto nas dívidas do setor que possui aproximadamente 40% de seu endividamento atrelado à moeda americana”, avaliou o executivo. "A falta de regulação tem criado a possibilidade de subsídio cruzado na área de combustível como ocorre atualmente entre diesel e a gasolina, que cria situação de conforto para a Petrobras, desconforto para os produtores de etanol e desequilibro de preço no mercado interno", afirmou o presidente da DATAGRO, durante o painel “Competitividade do etanol com a gasolina". De acordo com ele, o preço do hidratado ainda não está cobrindo os custos de produção. “Sua comercialização é frágil”, afirmou Nastari. Para grandes traders, como o presidente da Tereos, Jacy Costa Filho, e presidente da Raízen, Pedro Mizutani, o setor segue prejudicado por falta de estímulos ao produtor, os quais necessitam de novos investimentos e incentivos de precificação para alavancar o etanol no mercado. "Depois da proibição da queimada precisamos a aprender a plantar cana e ainda estamos aprendendo" afirmou Mizutani. Já Costa Filho, ressaltou a importância da implantação de marco regulatório para o setor, como também, reforçou que o aumento da CIDE, ajudaria a produção, distribuição e preço para o consumidor. Ao falar sobre financiamentos para investimento, produção agrícola e ino- vação, Carlos Eduardo Cavalcanti, chefe do departamento de biocombustíveis do BNDES, contou que o banco de fomento desembolsou mais de R$ 55 bilhões para o setor sucroenergético no período de 2001 a 2015, sendo que mais de 120 novos projetos foram financiados no período. Segundo Cavalcanti, é necessário promover uma transformação estrutural do sistema produtivo agrícola e industrial, com introdução de novas tecnologias baseadas no tripé etanol 2G, cana transgênica e químicos renováveis. “A mitigação dos impactos ambientais envolve aumento substancial das fontes de energia de baixo carbono. A contribuição do Brasil é relevante”, alertou. Fez parte deste painel também a palestrante Ana Paula Malvestio, sócia da PWC, que mostrou as soluções para aumento de eficiência. Tecnologia e inovação foi tema do último painel da conferência e teve como coordenador Renato Junqueira Santos Pereira, Diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro e palestrantes Marcos Guimarães de Andrade Landell, Jucelino Oliveira De Sousa, presidente do Grupo Coruripe, Fabio Venturelli, presidente do Grupo São Martinho, Pedro Mizutani, vice presidente da Raízen e Jacyr Costa Filho, diretor do Grupo Tereos Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 46 tão promissoras quanto importantes para o desenvolvimento do setor. Ficou clara também a oportunidade de geração de venda adicional do aproveitamento do recolhimento de palha, muito embora ainda há uma série de questões a serem aprofundadas e mapeadas adequadamente na questão deste recolhimento”, afirmou Nastari. Henrique Vianna de Amorim, presidente da Fermentec, Renato Junqueira Santos Pereira, Diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro, Victor Campanelli, diretor da Agro Pastoril Paschoal Campanelli e Marcos Guimarães de Andrade Landell, diretor do Centro de Cana do IAC diretor do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico), que abordou os conceitos e vantagens das mudas pré-brotadas; Victor Campanelli, diretor da Agro Pastoril Paschoal Campanelli S/A, debatendo sobre os resultados positivos da agricultura de precisão e Henrique Vianna de Amorim, presidente da Fermentec S/A, que falou sobre fermentação. “Ficou muito clara a necessidade de controle dos índices de performance operacional, cuidados na operação agrícola e industrial durante os painéis realizados nestes dois dias. As inovações e tecnologias novas que vêm sendo implementadas são Outros grandes nomes da indústria também contribuíram para os demais debates, tais como: o diretor executivo da LMC, Martin Todd; presidente da AKS Sugar (maior refinaria do mundo), Jamal Al-Ghurair; diretor da RCMA Sugar, Jonathan Drake; presidente do Grupo São Martinho, Fábio Venturelli; diretor executivo da Bioagência, Tarcílo Ricardo Rodrigues; presidente da Archer Consulting, Arnaldo Correia, entre outros. Prêmio 40 anos de Etanol mos receber este prêmio é muito importante por que é um estimulo para a gente continuar trabalhando por aquilo que sempre acreditou: o setor sucroenergético”, afirmou. Em comemoração aos 40 anos do etanol no Brasil, com a criação do PROÁLCOOL (Programa Nacional do Álcool), personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do biocombustível foram homenageadas com o “Prêmio 40 anos de Etanol”. Inédita, a premiação foi uma maneira de comemorar a data na qual foi tomada a decisão de se promover a produção e o consumo em larga escala de etanol combustível no Brasil. Nestas últimas quatro décadas, esta diversificação permitiu relevantes avanços econômicos, tecnológicos e ambientais. “Isso aconteceu pelo trabalho e dedicação dos produtores e dos consumidores que acreditaram na atividade. Agora é um momento de fazermos um reconhecimento merecido para autoridades que se destacaram nestes últimos 40 anos”, afirmou Plinio Nastari, completando “Desejamos que nossos homenageados continuem servindo de exemplo e referência a avanços futuros do setor”. Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e ORPLANA fornecedores e usinas”. Para o executivo, o reconhecimento foi relevante. “Neste momento difícil que atravessa- Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e ORPLANA, foi um dos homenageados e recebeu o prêmio como “Líder do setor produtor de cana-de-açúcar e promotor da integração entre Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Ortolan ressaltou ainda que o prêmio pode ser entendido como o reconhecimento da contribuição que o trabalho dos produtores de cana-de-açúcar, das associações de produtores de cana, da própria ORPLANA vem fazendo ao longo dos anos em prol da cadeia produtiva canavieira. “Com certeza, a homenagem deixa a todos orgulhosos e felizes por fazer parte do rol de pessoas que fizeram e fazem parte da história do PROÁLCOOL e de outras conquistas conseguidas até os dias atuais. Certa- Plínio Nastari também foi homenageado 47 mente será um impulso para seguir em frente, lutando para que o segmento tenha mais presença de mercado, ajudando a solucionar os problemas ambientais, grande foco atual, e contribuindo para o bem-estar de todos”, concluiu. Na ocasião foram homenageados também: Alfred Szwarc; Antonio Cesar Salibe; Antonio Delfim Neto, Cicero Junqueira Franco; Eduardo de Carvalho; Fernando de La Riva Averhoff; Gabriel Murgel; Gyorgy Böhm; Henry Joseph Jr; Homero de Arruda Filho; Ismael Perina; Jairo Balbo; João Gui- lherme Ometto; José Carlos Maranhão; José Goldemberg; Lamartine Navarro Jr; Leontino Balbo Jr; Luiz Antonio Ribeiro Pinto; Luiz Gonzaga Bertelli; Maurilio Biagi; Maurilio Biagi Filho; Paulo Saldiva; Roberto de Rezende; Rubens Ometto Melo; Shigeaki Veki; e Werther Annicchino. Ao final, aclamado pelos homenageados e pelo público o presidente da DATAGRO, Plínio Nastari foi agraciado, de surpresa, com a medalha do Prêmio 40 Anos de Etanol, somando-se aos demais 27 laureados. “Nós tivemos a oportunidade durante este evento, não só de comemorar os 15 anos da nossa conferência, mas também de celebrar os 40 anos da diversificação do etanol aqui no Brasil. Tivemos a oportunidade de reconhecer 27 personalidades extraordinárias que se destacaram nestes 40 anos, pela sua contribuição para as conquistas que foram realizadas e nós agradecemos e ficamos muito gratificados pela oportunidade de poder fazer este reconhecimento e também pela homenagem recebida”, finalizou Nastari. DATAGRO prevê redução de moagem na safra 2016/17 Segundo estimativa da consultoria, serão processados entre 610 a 630 milhões de toneladas durante o próximo ciclo, que se inicia oficialmente em abril A DATAGRO estima que as unidades do país devem moer de 610 a 630 milhões de toneladas de cana na safra 2016/17, que se inicia oficialmente em abril. A previsão foi divulgada durante coletiva de imprensa coordenada pelo presidente da consultoria, Plínio Nastari, na primeira semana de janeiro/16. Segundo o executivo, a safra será mais alcooleira. “Isto foi previsto, já que 58,89% do ATR da cana foi destinado para a produção de etanol. Além disso, o consumo de hidratado aumentou 40,1% de janeiro a novembro de 2015 em relação ao mesmo período de 2014”, elucidou. Com menos produção de açúcar, as exportações da commodity foram a menor em cinco anos: 24 bilhões de toneladas, o que contribuiu para aumentar o deficit mundial de açúcar, agora em 3,87 milhões de toneladas. "Para a safra 2016/17, há perspectivas de aumento nas exportações da commodity brasileira para a China, já que haverá uma queda de produção no país asiático", afirmou Nastari. Conforme dados apresentados, a produção de açúcar deve ficar entre 33,5 a 34,5 milhões de toneladas e a de etanol, de 28 a 28,6 bilhões de litros. Nastari disse ainda que a safra 2016/17 terá de 35 a 37 milhões de toneladas de cana bisada no Centro-Sul devido às chuvas. Só para ter uma ideia, um levantamento feito pela consultoria mostrou que até o dia 31 de dezembro de 2015, as usinas perderam 49,5 dias de moagem por cau- sa do tempo, contra 41,7 do ano retrasado. Devido ao período extenso de chuvas, 45 unidades produtoras na região Centro-Sul ainda estão moendo. No acumulado até o dia 16 de dezembro de 2015, a moagem chegou a 581 milhões de toneladas de cana. A estimativa da DATAGRO é que na segunda quinzena do mês passado, a quantidade de cana esmagada tenha ficado entre 12 a 13 milhões de toneladas. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 48 Destaque III 60 anos da república de Jacarepaguá é comemorado com evento Alunos e ex-alunos da ESALQ/USP reúnem especialistas para discutir os desafios do agronegócio Andréia Vital A realização do I Simpósio Desafios do Agronegócio ocorrida recentemente em Piracicaba-SP teve um motivo mais do que especial para um grupo de ex-alunos e alunos da ESALQ/USP. É que o evento, que abordou temas como os desafios da produção sustentável, das instituições e do futuro profissional, logística e mercado, marcou a comemoração dos 60 anos da Jacarepaguá, uma das mais tradicionais repúblicas da cidade piracicabana. “A Jacarepaguá é uma república muito tradicional de Piracicaba e ainda está em atividade depois de 60 anos. Todos os anos nos reunimos com nossos familiares para comemorar e relembrar o passado, é muito bom”, contou Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana, que foi um dos moradores da república entre os anos de 1966 e 1969. Segundo ele, além do encontro interno, é praxe a realização de um evento maior, como o ocorrido na ocasião, reunindo diversas gerações do agronegócio para discutir os rumos que o setor está tomando no país e no mundo. “Com a chegada dos 60 anos da república, queríamos trazer o debate de fora para dentro da universidade, Prof. da Esalq Fernando Campos Mendonça Engenheiro Agrônomo Cristiano Walter Simon, Esalq além de oferecer suporte para o aluno e para o profissional, para que os desafios não sejam grandes o suficiente e que eles consigam enfrentar a situação no mercado”, explicou o estudante Gustavo Bernardo de Andrade, um dos atuais moradores da Jacarepaguá. Além da república, a organização do evento contou com o apoio do Departamento de Engenharia de Biossistemas, com coordenação do prof. Fernando Campos Mendonça, sendo presidido pelo engenheiro Agrônomo Cristiano Walter Simon, ambos da ESALQ. Especialistas debateram o futuro do agronegócio Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana Estudantes, profissionais e autoridades do agronegócio lotaram o Anfiteatro do Pavilhão de Engenharia da Escola Superior de Agricultura da ESALQ para abordar os temas mais discutidos no cenário da agricultura nacional, tais como produção sustentável, a correta utilização da água, entendimento do clima, o domínio do mercado e logísti- Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 ca, assim como a compreensão sobre os próximos passos das instituições para lidar com esses desafios e fortalecer os atuais e futuros profissionais da área. O ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Roberto Rodrigues, abriu os debates do dia e 49 logística e estrutura, política de renda para o campo, investimentos em tecnologia, defesa sanitária, entre outros”, elucidou Rodrigues. Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura e atual coordenador de Agronegócio da FGV ressaltou que, embora o agronegócio represente ¼ do PIB do país, 1/3 dos empregos e é responsável pelo saldo comercial, não tem o respaldo político correspondente ao valor econômico-social que tem, sendo necessária uma melhor comunicação destacando a sua Luíz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ importância para que as estratégias sejam adequadas e posicione o Brasil no patamar que merece estar. “O Brasil tem tudo para ser um campeão mundial da segurança alimentar e aqui salientamos quais são os desafios enfrentados pelo setor como a falta de uma estratégia para alguns setores, como Para o professor Luíz Gustavo Nussio, diretor da ESALQ, o agronegócio tem suportado e carregado o Brasil. “Cabe à instituição gerar conhecimento e pessoal que possam ir à frente e fazer essa agricultura andar num ritmo maior do que atualmente e estou muito animado com a perspectiva de poder inserir a ESALQ nesse grande plano de expansão do agronegócio”, alegou durante sua fala no primeiro painel do simpósio, que contou ainda com a participação do engenheiro agrônomo, Cristiano Walter Simon e do estudante Gustavo Bernardo de Andrade. Os desafios da produção sustentável “A agricultura é dentre as atividades econômicas a mais afetada pelas condições de tempo/clima, as quais são responsáveis por cerca de 80% da variabilidade interanual da produção agrícola no mundo”, explicou o professor Paulo Sentelhas (ESALQ), durante o painel que tratou dos desafios da produção sustentável. De acordo com ele, além do efeito direto na produtividade das culturas, o clima e sua variabilidade interanual e sazonal definem o sistema agrícola, o manejo das culturas e a escolha das espécies/culturas, a qualidade dos produtos agrícolas, entre outros aspectos. “A nossa habilidade é saber se adaptar a cada mudança, dentro deste conceito, temos que pensar em se adaptar”, alertou ele, lembrando que a pesquisa agropecuária brasileira já vem fazendo isso no intuito de tornar a agricultura cada vez mais eficiente, independentemente do cenário de clima. As medidas de adaptação das culturas às mudanças climáticas podem ser classificadas em: medidas de menor impacto no custo de produção, com o uso de cultivares tolerantes à seca e altas temperaturas; com ajustes da população de plantas e das épocas de semeadura. Ou com medidas de maior impacto no custo de produção, tais como preparo profundo dos solos, uso de autotranspirantes, irrigação, agricultura de precisão, etc. “A combinação dessas medidas, caso as mudanças do clima venham a se confirmar, levará a uma agricultura de maior sustentabilidade, porém com maiores investimentos em tecnologia”, finalizou. detectar os sinais do futuro e começar a fazer a lição de casa já. “Este é o nosso grande desafio. O Brasil tem pouca memória, a gente não se prepara para as coisas porque não acredita, porque não tem organização para isso”, afirmou ele, ao dizer que muitas mudanças estão ocorrendo e o país tem que se atentar e ter um papel de protagonista nos negócios, na formação de recursos humanos e no desenvolvimento das tecnologias. O ex-presidente da Embrapa, Silvio Crestana, alertou que é necessário Emiliano Graziano, gerente de Sustentabilidade da BASF Professor Paulo Sentelhas (ESALQ) Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa Já o coordenador do painel, Emiliano Graziano, gerente de Sustentabilidade da BASF South América, lembrou que o Brasil está credenciado para a questão da adaptação e das mudanças porque aqui já foi feito muita coisa que nos orienta a avançar nesta direção. Participou ainda deste painel, o professor Fernando Campos Mendonça, da ESALQ. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 50 Destaque III Desafios das instituições e do futuro profissional Luís Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG Laércio Giampani, presidente da Syngenta no Brasil Angelo Petto Neto, do presidente AEASP “Abordar, debater e esclarecer dúvidas de temas sensíveis da agricultura em eventos como este são de extrema importância para toda a cadeia e se tornem mais uma ferramenta para o crescimento das empresas e profissionais do ramo e principalmente na evolução e fortalecimento do agronegócio”, destacou Luís Carlos Corrêa Carvalho, presidente da (ABAG) Associação Brasileira do Agronegócio, ao falar sobre os desafios das instituições sobre a contratação de profissionais, a importância de se formar líderes e qualificação. “Estamos vivendo uma nova grande mudança na qual, nós, engenheiros agrônomos, teremos uma participação muito importante. Esta nova realidade vai requerer profissionais que tenham uma visão do agro global, tem que ter um domínio da operação de algoritmos, ter modelos para deslumbrar o futuro ou traçar metas e chegar a elas de uma forma competitiva, integrar sistemas e saber utilizá-los, ou seja, ter a visão da catedral integrando os vários sistemas e ter uma visão muito clara da questão de custo e da produtividade”, alertou. Ao responder como funciona o processo de admissão de novos funcionários na Syngenta, Giampani pontuou que antes do conhecimento técnico, o caráter de cada um é levado em conta para confirmar a contratação. “Você não será contratado pelo conhecimento técnico que teve na universidade, seguramente não. É uma combinação de como o candidato é como pessoa, de onde veio, que referências tem, o que fez na vida, com que cenários e ambientes já viveu, quem é sua família. Tudo isso vale mais no momento da contratação do que o conhecimento técnico que o candidato tem. A partir daí, tem a entrega, tem performance, as habilidades, aquelas que são natas, que vieram com a pessoa e aquelas que são aprendidas desenvolvidas, trabalhadas, a partir do momento que o candidato entra. Então são dois mundos, um mundo para entrar, e um mundo para estar” explicou, pontuando ainda que a competição para ingressar em uma empresa como a Syngenta é maior do que entrar na ESALQ, por exemplo, que tem em média 10 candidatos por vaga a cada vestibular, sendo que no último processo de recrutamento da empresa, quando contrataram 12 engenheiros agrônomos, a disputa foi de 37 por cada vaga, essas somente concorridas por alunos da instituição. Opinião compartilhada com Laércio Giampani, presidente da Syngenta no Brasil. “A competitividade que existe dentro do setor exige que você seja rápido, que seja preparado com as melhores análises para dar, para suportar e para tomar a melhor decisão, que saiba fazer uma boa negociação. É desse profissional que precisamos e que buscamos”, afirmou. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Outro palestrante, Angelo Petto Neto, do presidente AEASP (Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo) abordou o associativismo dentro da carreira do engenheiro agrônomo ao encerrar painel. 51 Desafios de logística e mercado José Vicente Caixeta Filho, prof. titular do Depto de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ Ao falar sobre os entraves da logística no agronegócio, José Vicente Caixeta Filho, prof. titular do Depto de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ, fez referência da lógica da logística, pontuou o porquê da prevalência do modal rodoviário e das mudanças lentas que revertem este cenário. “A nossa matriz de transporte é desequilibrada porque existe uma participação muito expressiva do transporte rodoviário, que se por um lado traz a vantagem de flexibilidade, é o transporte mais caro, então sim, precisamos construir mais ferrovia, precisamos usar mais a hidrovia, precisamos ter mais armazéns, precisamos investir mais no porto, mas tudo isso leva tempo. É muito improvável a tal da reversão da matriz de transporte acontecer em um período inferior a 15 anos, são 200 mil quilômetros de estradas pavimentadas contra menos de 30 mil quilômetros de ferrovias, se a gente for incluir as não pavimentadas batem 1 milhão”, exemplificou. Segundo ele, dependendo da carga, do instante de tempo, da região em si, produtora ou de destino, existem despesas logísticas que podem impactar por demais aquele agronegócio específico. “Há situações em que o peso das despesas logísticas chega a superar o 50% do valor final do produto, o que é muita coisa”, diz ele, constatando a morosidade em relação a gestão dos projetos logísticos que precisam ser implementados no país, embora tenha algumas ações sendo feitas neste sentido. Victor Abou Nehmi Filho, diretor da Sparta José Stamato Neto, assessor de investimento do Banco Tokyo Mitsubishi O professor ressaltou ainda que os avanços neste segmento vão depender fundamentalmente da desburocratização dos processos e até mesmo da eliminação de certas questões até de caráter ético. Também citou as licitações do segmento que são feitas no Brasil em que as questões ambientais ganham uma dimensão cada vez mais relevante. negócio”. Já Stamato Neto destacou os entraves que espantam investidores no país, tais como custo Brasil e insegurança jurídica, entre outros. Os ex-moradores da república de Jacarepaguá, Victor Abou Nehmi Filho, diretor da Sparta e José Stamato Neto, assessor de investimento do Banco Tokyo Mitsubishi, abordaram temas como o Brasil no Mercado Internacional e as Perspectivas de investimentos durante o último painel do dia que teve como moderador o diretor-fundador da Scot Consultoria Alcides Torres. Nehmi Filho ressaltou a importância de se agregar valor ao Brasil “É importante pensar em produtividade, mas se estivermos agregando valor, a gente tem muito mais estabilidade na renda e no controle dos fluxos de produto e dá para ganhar muito dinheiro. Agregar valor pode ser um bom “Há um otimismo no geral, todos sabemos que o mundo vai precisar mais do Brasil na área de alimentos e nós temos um avanço tecnológico que nos credencia a ampliar as ambições de participações no cenário mundial”, afirmou Roberto Rodrigues, ao finalizar o simpósio, mas ponderou que é preciso ter interesse do governo brasileiro neste sentido. “Estamos todos otimistas, mas não podemos ser inocentes, é preciso trabalhar para que as coisas aconteçam. É preciso ter amor por este país, acreditar que temos todas as condições para crescer, inovar com tecnologia, reduzir a burocracia, a corrupção, agregar valor, negociar melhor, colocar o Brasil como agente, como sujeito e não como objeto do negócio e acreditar nisso, pois se não lutarmos, o trem vai passar mais uma vez e vamos ficar olhando”, finalizou o ex-ministro da agricultura. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 52 Destaque IV Expectativas otimistas para o setor sucroenergético Grupo IDEA encerra o último evento de 2015 em clima de otimismo Fernanda Clariano com informações da assessoria P ara encerrar o ciclo de eventos promovidos em Ribeirão Preto-SP pelo Grupo IDEA e fechar 2015, ano que marcou a comemoração dos 20 anos da empresa com chave de ouro, a consultoria realizou o 14º Seminário de Produtividade & Redução de Custos. O evento ocorreu em dezembro no Centro de Convenções e reuniu mais de 350 participantes, dentre eles especialistas, profissionais da cadeia sucroenergética, empresas e agrônomos, que na oportunidade fizeram uma análise ampla do setor sucroenergético e também discutiram as perspectivas e os desafios para a próxima safra a partir de palestras variadas, onde foram abordados: os dados mais atuais de custos para a produção de cana, etanol e açúcar; as possíveis grandes mudanças que estão por vir nos mercados interno e externo; apresentações de como as empresas estão alcançando sucesso com o aperfeiçoamento de seus procedimentos; novas tecnologias de adubação que estão dando excelentes retornos financeiros; onde e como proceder para recuperar o ATR perdido, dentre outros assuntos. Alguns especialistas que palestraram no seminário apresentaram sinais claros de que a recuperação do setor sucroenergético brasileiro está em curso, depois de sete anos seguidos de crise. Em discurso, o diretor do Grupo IDEA, Dib Nunes, afirmou que o setor, mesmo em crise, não reduziu sua capacidade de moagem, sendo que sua produção continua em altos patamares. Segundo ele, esse é primeiro passo rumo à retomada. Mas a recuperação deve acontecer de forma gradativa. O empresário também fez uma análise da atual situação do setor sucroenergético, que, segundo ele, tem se recuperado e já mostra que tem um bom futuro pela frente. “Já estimamos um deficit de 4 milhões de toneladas de açúcar no mer- Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA Francisco Oscar Louro Fernandes, consultor da Sucrotec cado internacional, o que empurrará as cotações para cima. Vimos que o setor está superando os problemas que enfrentou nos últimos anos por causa do Governo para buscar uma nova fase, marcada por bons preços do açúcar e do etanol e por expectativa de crescimento”, disse o empresário. Já o trader da Sucden, Eduardo Costa Carvalho, falou sobre o que se pode esperar para 2016 quanto aos mercados de açúcar e etanol. A expectativa, segundo ele, é que haja um deficit no mercado global de açúcar, depois de cinco anos de superavit, o que trará pressão altista sobre os preços da commodity. O comportamento dos custos na safra 2015/16, em comparação com os últimos anos, foi analisado pelo consultor da Sucrotec, Francisco Oscar Louro Fernandes. Para ele, a perspectiva do ciclo 2016/17 é bastante positiva para as empresas que conseguirem equacionar as dificuldades de fluxo de caixa e de capital de giro, problemas que permanecerão na entressafra que se aproxima. “Teremos boa disponibilidade de matéria-prima e preços mais remuneradores para o próximo ano, mas o desafio de conter os custos de produção permanecerá”, afirmou. Os números da safra comprovam que já se ensaia uma retomada. Segundo levantamento da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) até a primeira quinzena de novembro, 544,5 milhões de toneladas havia sido processado na região, aumento de 1,11% ante o mesmo período da safra anterior. Eduardo Costa Carvalho, trader da Sucden Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 O diretor técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, apresentou uma análise da safra 2015/16 e fez projeções para o próximo ciclo. De acordo ele, a oferta de cana em 2016 não será diferente do registrado na atual sa- 53 fra, fechando entre 630 milhões e 640 milhões de toneladas. “Minha dúvida fica se vamos conseguir processar toda essa cana disponível, devido ao fechamento de várias usinas, que impacta a capacidade instalada, além do baixo aproveitamento de tempo”, disse Pádua que ainda afirmou, “as perspectivas do mercado de açúcar são favoráveis, com a manutenção da valorização do dólar, que beneficia as receitas geradas pela exportação. Para o etanol, a expectativa é positiva porque o preço da gasolina não tem nenhuma perspectiva de retração, o que favorece a margem para o combustível de cana”, disse Pádua. Marcos Fava Neves, professor da FEA-RP/USP Alessandra Durigan, gestora técnica operacional da Canaoeste O professor da FEA-RP/USP, Marcos Fava Neves, destacou em sua apresentação o cenário para o setor sucroenergético, com aumento no consumo interno de etanol. Segundo ele, esta mudança de cenário para o setor já foi inclusive percebida pelos negócios realizados na Bolsa de Valores. “As ações das empresas listadas tiveram seus papéis valorizados em 20%”. rados relevantes pelos participantes. “É muito interessan-te participar do Seminário porque são apresentadas alternativas para a redução de custos de produção como, por exemplo, a racionalização e otimização da adubação e também novas tecnologias voltadas principalmente para a área de nutrição que podem contribuir para o aumento das produtividades”, disse a gestora técnica operacional da Canaoeste, Alessandra Durigan. Os temas debatidos foram conside- Desafio CanaMáxima premia os vencedores O 14º Seminário de Produtividade & Redução de Custos também foi palco para a premiação da primeira edição do Desafio CanaMáxima, promovido pela Basf e pelo CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) - iniciativa que comprovou que, utilizando tecnologia de ponta e aplicando as melhores práticas agrícolas, é possível elevar a produtividade substancialmente. O CanaMáxima é um convite ao setor para utilizar o conhecimento e a prática de seus profissionais, ligados à área de produção. Estimulando as equipes técnicas das usinas a ousarem em suas ideias, e utilizarem práticas de cultivo inovadoras que possibilitem extrair o potencial máximo da cultura, com sustentabilidade e rentabilidade. O concurso contou com 39 usinas e grupos participantes e quatro premiados. “Nosso objetivo é levar a mensagem de que é possível alcançar o tão desejado três dígitos em produtividade, possibilitando a redução no custo por tonelada produzida, como ocorre em outras culturas”, enfatizou o gerente de Marketing de Biotecnologia do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) Virgílio Vicino. RC Confira as usinas campeãs do desafio: Categoria solos desfavoráveis - CTC 15 Umoe Bioenergia (campeã) Delta Sucroenergia - Unidade Volta Grande (vice-campeã) Categoria solos favoráveis - CTC2, CTC4, CTC20 Raízen - Unidade Jataí (campeã) Araporã Bioenergia (vice-campeã) Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 54 Destaque V Qualidade da matéria-prima será inferior à safra passada, diz Canaplan Previsão foi divulgada durante 2ª reunião da consultoria quando foi feita a reavaliação do ciclo 2015/16 Andréia Vital O ciclo 2015/16 da cana-de-açúcar na região Centro-Sul deverá encerrar com 610 milhões de toneladas, prevê a Consultoria Canaplan, que fez uma revisão de safra, durante reunião anual realizada em outubro, em Ribeirão Preto-SP. O volume representa cerca de 5% acima da moagem da safra 14/15, quando foram processadas 571,3 milhões de toneladas e confirma moagem recorde de cana, mas a safra será “pobre” em qualidade, afirma a consultoria. “Tínhamos uma visão do Centro-Sul com um potencial de redução de produtividade muito grande devido ao deficit hídrico da safra 2014, mas as chuvas trouxeram importantes mudanças, transformando a expectativa de uma Luiz Carlos Corrêa de Carvalho, diretor da Canaplan produtividade baixa, em uma produtividade realmente espetacular de novo. Isso virou o jogo de uma forma impressionante, do ponto de vista de produtividade, mas de qualidade da cana, nem tanto”, constatou Luiz Carlos Corrêa de Carvalho (Caio), diretor da Canaplan. Segundo ele, a queda se deve às chuvas em maior volume na safra 15/16, assim o ATR (Açúcar Total Renovável) deve ficar em 131,7 kg/t, ante 145 kg/t no ciclo passado. Já a produtividade deverá encerrar o período em 82 kg/t, sendo que no ciclo anterior foi de 78 kg/t. A justificativa, segundo Caio, é que os canaviais estão mais produtivos, pois 60% deles estão no terceiro corte. Já a produtividade agroindustrial deverá ser de 10,8 t ATR/h e o mix de produção de 41,4% para açúcar (31,7 milhões t) e 58,6% para etanol (27,6 bilhões de litros). “Há claros sinais de deterioração dos indicadores-chave da oferta de cana-de-açúcar, contudo a oferta de ATR total não deve apresentar redução significativa na safra 2016/17”, esclarece o executivo. Geração de caixa na veia das empresas Ao traçar cenários para a economia em 2016, o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, afirmou durante sua participação na reunião, que com a saída de Dilma Rousseff da presidência, em 2016, o câmbio chegaria a R$ 3,00, abrindo espaço para queda maior da inflação e da taxa de juros concomitante com aperto fiscal maior. Já se a presidente permanecer no cargo até o fim do mandato, a crise cambial seria mais grave, passando de R$5, com inflação mais elevada, acima de 6,5% e juros caindo mais lentamente, com fiscal sem recuperação em 2016. “A recessão se aprofunda podendo se estender a 2017. A visão de que a presidente está isolada é irrecuperável, travando qualquer evolução na negociação de ajustes com o Congresso”, afirmou ele, constatando que “Se a presidente sai no começo de 2016, o mercado de ativos se tranquiliza e melhora números de 2016. Se o processo se arrasta, 2016 fica perdido e a inflação fica maior pelo Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados 55 efeito permanente do câmbio. Se a presidente fica, a crise se estende até o final do mandato”, elucidou. Com relação ao cenário internacional, o economista destacou que alguns indicadores têm piorado nos EUA, além disso, o efeito imigração na Europa e a desaceleração na China, com PIB caminhando para crescer 6%, indica risco de recessão. Afirmou ainda que a CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira) não deverá ser aprovada no governo atual e que a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) seria a principal saída para ampliar a arrecadação no curto prazo. Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócios do Itaú BBA Já Alexandre Figliolino, diretor de Agronegócios do Itaú BBA, apresentou uma análise positiva para o setor sucroenergético, na ocasião. Segundo o executivo, o segmento vai viver, agora, um momento muito positivo devido a fatores como a recuperação dos preços do açúcar no mercado mundial, a desvalorização do real e a questão dos combustíveis, o que causou uma mudança de humor e de expectativa, com a volta de otimismo para a agroindustrial canavieira. “Começamos a fazer projeções do desempenho das empresas com os novos preços, tanto de etanol, como de açúcar, e observamos a melhora. É geração de caixa na veia das empresas”, constatou. Embora o clima seja mais otimista, o executivo ponderou que o ciclo de expansão só retornará a partir de 2018, pois para acontecer tem que haver bases muitos sólidas para gerar confiança nos investidores. “Estamos entrando em um ciclo mais positivo para o setor, as empresas que estão razoavelmente bem voltam a respirar, já as com endividamento elevado enfrentaram dificuldades”, finalizou. Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência Durante o encontro, empresas do segmento, tais como BASF, Bayer, DuPont, GAtec, John Deere e Syngenta apresentaram suas soluções e tecnologias para o setor. O encontro contou também com representantes das usinas para debater a reavaliação da safra 15/16 e as Sombras da 16/17 e encerrou com painel sobre a expectativas do mercado internacional e doméstico de açúcar e etanol, em momento de mudança de cenário com palestra de Martin Todd, executivo da Gareth Forber, LMC International e Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 56 Destaque VI Segurança Jurídica é vital para o campo Andréia Vital com informações da assessoria A nálise sobre os principais entraves jurídicos, legais e ideológicos que impedem o pleno avanço do agronegócio no Brasil foram os principais assuntos debatidos durante a realização do 4º Fórum Nacional de Agronegócio, evento promovido pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais), presidido por João Doria, e LIDE Agronegócio, liderado pelo ex-ministro Roberto Rodrigues, recentemente, em Campinas-SP. Com o tema “O Campo e a Legalidade: Jurídica, Trabalhista, Ambiental, Agrária e Biotecnológica”, o fórum reuniu diversas autoridades e lideranças do setor. Moderador do fórum, Roberto Rodrigues explicou que o evento, nas outras edições, tratou das questões da economia que envolviam o agro, mas infelizmente as “Cartas de Campinas’, geradas após os debates sobre os problemas que envolvem o setor e que são enviadas ao Governo Federal, não têm obtido resultado. "Dado o momento econômico debatemos desta vez sobre a questão institucional do agro. Questões que perturbam o setor e que influenciam diretamente na renda", explicou ele, ressaltando a necessidade de garantir a segurança jurídica para o campo, questão muito evidenciada durante o encontro. “Foi ressaltada no encontro a falta de contato dos Tribunais com a realidade do campo, até mesmo em função de regras e legislações inconsistentes com tal realidade”, afirmou o ex-ministro, dizendo que temas críticos para o bom andamento do agronegócio foram tratados com rigor na ocasião. “Entre eles, um destaque foi dado à falta de conhecimento realista sobre os resultados efetivos da reforma agrária frente aos custos desse programa bancado pela sociedade brasileira”, afirmou, dizendo ainda que a necessidade de avanços da biotecnologia e os resultados do Código Florestal e suas consequências na importante necessidade de sustentabilidade da produção rural também foram assuntos no encontro. “Temas agudos foram tratados com rigor, tais como, a falta de conhecimento realista dos resultados efetivos da reforma agrária frente aos custos desse programa bancado pela sociedade brasileira”, pontou Rodrigues. Durante sua participação no evento, o governador de São Paulo, Geraldo Al- Geraldo Alckmin, governador de São Paulo ckmin, destacou a importância do agronegócio para o Brasil e ressaltou que o Governo Estadual tem se empenhado em fazer ações em prol do agronegócio, como melhorar a infraestrutura para escoamento da safra com destino ao Porto de Santos-SP. Citou os investimentos feitos em relação a defesa sanitária, no rodoanel e ferroanel e a volta das atividades da hidrovia Tietê-Paraná, entre outras iniciativas. Visão jurídica Na palestra do ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que teve como tema “Como o Judiciário vê o Agro no Brasil”, pontos que geram distorções e insegurança jurídica no campo mereceram destaque. Ex-ministro Roberto Rodrigues Questões como as demarcações de terras para indígenas, as regras sobre trabalho análogo, a condição de escravo e áreas Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 destinadas à comunidades de quilombolas acabam aumentando o que se passou a se chamar de “judicialização” do sistema judiciário brasileiro. “Temos de trabalhar fortemente no sentido de desjudicializar a Justiça”, disse o ministro do STF, completando “Estamos hoje com cerca de 100 milhões de processos em análise nas várias instâncias. Se nada for feito, vamos chegar fácil a 200 milhões de processos e isso, 57 apesar de anualmente, julgarmos algo na casa de 25 milhões processos”, informou. Mendes ressaltou ainda a importância das entidades ligadas ao agronegócio acompanhar de perto as indicações e nomeações de juízes, tanto do STF quando do TST (Tribunal Superior do Trabalho). “Especialmente nesse último, entendo que há graves problemas no âmbito da Justiça do Trabalho. A meu ver, temos de analisar as demandas trabalhistas pensando na empregabilidade, pois se tornarmos essa questão onerosa, teremos Gilmar Mendes, do STF problemas no futuro”, comentou. Ao encerrar sua participação, o ministro disse que estar em um Estado de Direito é ter certeza de que quem bate à porta bem cedinho é o leiteiro e não a polícia. Participaram deste painel também Márcio de Freitas, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras); Gustavo Diniz Junqueira, presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira) e Antonio Alvarenga, presidente da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura). Legislação trabalhista ultrapassada “O poder judiciário tornou-se uma fonte de insegurança jurídica porque passou a adotar o populismo judiciário, sobretudo na esfera do Direito do Trabalho, o que fez explodir as demandas trabalhistas”, disse o ex-ministro do Trabalho e do TST, Almir Pazzianotto Pinto, durante sua participação no segundo painel do evento, que teve como tema “Visão trabalhista, biotecnologia, ambiental e agrária”. Segundo ele, nos últimos quatro anos as Varas do trabalho pagaram mais de R$ 70 bilhões a reclamantes em ações trabalhistas. Além disso, há um volume de R$ 18 bilhões em precatórios em fase final de julgamento e 2,5 bilhões de sentenças pendentes. Isso não pode continuar”, alertou Pazzianotto. A legislação ultrapassada e desapegada da realidade atual também foi destacada pelo ex-ministro, afirmando que o clima no Brasil é de insegurança. “O Brasil não tem vontade de progredir, nos acomodamos no subdesenvolvimento porque não resolvemos as Almir Pazzianotto Pinto, ex-ministro do Trabalho e do TST Segundo painel contou também com a participação da advogada Samanta Pineda, consultora jurídica da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional questões mais prioritárias para permitir uma atividade econômica sadia, vigorosa, segura e é a insegurança que impede investimentos e destrói empregos”, constatou ele, citando a morosidade em definir alguns pleitos, dando como exemplo a terceirização, que aguarda uma legislação desde 1986. “A solução vem pela via política. 2018 está aí, mais perto do que os senhores imaginam. Então nos preparamos para 2018 ou o PT ou algum aventureiro protelará mais uma vez o problema”, finalizou. O segundo painel contou também com a participação da advogada Samanta Pineda, consultora jurídica da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional, que iniciou sua palestra lembrando que a atual legislação brasileira aplicada ao campo é a mais rigorosa do mundo e que APP (Área de Proteção Permanente) e Reserva Legal são instrumentos que só existem aqui. “Mesmo com todas essas medidas restritivas, o produtor brasileiro conseguiu, entre 1960 e 2010, ampliar a produção de grãos em 830%, com um crescimento de apenas 127% na área plantada. Na pecuária o estoque de gado cresceu 251%, enquanto que a área ocupada por este gado cresceu só 39%. Isso foi obtido graças a muita tecnologia e empenho do homem do campo. É óbvio que um desempenho espetacular como esse despertou atenção dos demais produtores de alimentos, fibra e energia do mundo”, observou Samanta. A consultora jurídica destacou ainda que a legislação brasileira está descolada da realidade. “Entendo que o atual Governo tem um discurso ambientalista hipócrita, na medida em que deixa quebrar usinas que produzem o etanol, um combustível comprovadamente menos poluidor, negligencia com os programas de vistoria em veículos, que poderia reduzir as emissões e que deixa sucatear as estruturas de fiscalização de órgãos ambientais”, comentou a palestrante. Damares Monte, pesquisadora da Embrapa e especialista em engenharia genética, falou sobre a potencialidade da biotecnologia no Brasil e destacou Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 58 tiu Graziano, informando que já foram assentadas 962 mil famílias. “O ponto obscuro desse processo, é que não se sabe o resultado dele. Não se medem os resultados em termos de produção e de produtividade desses assentamentos, nem a qualidade de vida dessas pessoas e nem quanto custaram todos esses assentamentos”, comentou. Damares Monte, pesquisadora da Embrapa e especialista em engenharia genética Xico Graziano, ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo que existe uma percepção pública negativa sobre os organismos geneticamente modificados. “As pessoas, sobretudo nos centros urbanos, têm dificuldades em entender os benefícios dos avanços. Talvez por não compreenderem direito as enormes dificuldades de se conseguir produzir alimentos, elas fazem um julgamento equivocado da questão. Entendo que, nesse caso, um empenho maior em esclarecer, via educação, seria uma forma de contornar esse conceito equivocado”, disse a palestrante. Fechando o painel, o ex-secretário do Meio Ambiente de São Paulo, Xico Graziano, tratou da questão agrária e fez um apanhado dos assentamentos de reforma agrária promovidos pelo Governo brasileiro nos últimos anos. “O Brasil já fez a maior reforma agrária jamais executada no mundo”, garan- Outro ponto questionado por Graziano é em relação a notícias sobre negociações que são feitas com essas terras. “Mas o mais grave é que o Ministério do Desenvolvimento Agrário firmou, de 2003 a 2014, nada menos que 1.424 convênios com ONGs, que implicaram no repasse de R$ 2,7 bilhões para realização de ações sociais que não são fiscalizadas ou auditadas. Essa é uma das grandes deformações do processo de reforma agrária. São recursos públicos que não são investigados se estão realmente sendo aplicados onde devia”, finalizou Graziano. Visão parlamentar O senador Ronaldo Caiado abriu os debates do terceiro painel do dia e enfatizou as preocupações em relação ao acirramento da disputa por terras entre produtores rurais e índios. “O Governo Federal, por meio de órgãos como Incra e Funai, está organizando uma verdadeira máquina de invasões, utilizando como instrumentos ONGs e o MST”, afirmou o senador. O parlamentar esclareceu que, apesar de haver atualmente no Brasil 113 milhões de hectares de terras demarcadas para uso de comunidades indígenas, a Funai, o Conselho Indígena Missionário e alguns integrantes do Ministério Senador Ronaldo Caiado Público Federal reivindicam ainda outros 113 milhões de hectares e existem cerca de 600 processos demarcatórios em andamento. “Nesse caso, ocorre algo totalmente contrário à Constituição, uma vez que o Artigo 67 da Carta Magna determina que a demarcação de terras indígenas deveria ocorrer somente 5 anos após a promulgação da Constituição de 1988. No entanto, passados 12 anos após o término da determinação constitucional, ainda presenciamos expropriações de terras produtivas”, alegou Caiado. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Ao discursar, o secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, reforçou a iniciativa do Governo Paulista na implantação de um plano de defesa sanitária, comentado durante a participação do governador Geraldo Alckmin. “A defesa sanitária dispõe novos desafios no momento em que o mundo precisa disso como questão fundamental até para mesmo no contexto da exportação”, afirmou. Além de Caiado e Jardim, participaram desse painel final os deputados 59 federais Marcos Montes (PSD-MG) e Carlos Melles (DEM-MG) e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Fernando Capez. Todos foram unânimes em salientar os aspectos apontados pelos demais participantes do Fórum sobre a insegurança jurídica que afeta o agronegócio. Capez instigou o LIDE a organizar um grupo de notáveis para discutir saídas para a atual crise brasileira. “No caso do LIDE Agronegócios, nós já fazemos isso com regularidade, quando reunimos grupos de 60 a 80 pessoas, em pequenos seminários, nos quais os graves problemas do setor são analisados em detalhe”, comentou João Doria. Ao finalizar o fórum, o ex-ministro Roberto Rodrigues apresentou o Legado do Fórum, no qual o ponto principal mostra que é essencial para o avanço do Brasil que se tenham legislações e regras que garantam a segurança jurídica à Nação. “Até mesmo a possibilidade da revisão da Constituição de 1988 deve ser revisitada no interesse de toda a sociedade. João Doria, Cláudia Tonielo e Arnaldo Jardim destacaram a importância dos debates Aqui entram a preservação do Estado de Direito, garantido o direito de propriedade, a desideologização dos Tribunais do Trabalho, uma nova Legislação com uma Agenda Político Partidária com ampla participação da sociedade civil organizada, cuidando até mesmo de eventuais Empresas e entidades são premiadas abusos de autoridade”, disse Rodrigues, afirmando ainda que ficou clara a necessidade de legislar sobre a sustentabilidade produtiva em temas como o Pagamento por Serviços Ambientais e avanços na biotecnologia alinhados com os interesses da sociedade toda. Pesquisa mostra insatisfação No final do evento, diversas empresas e entidades setoriais da cadeia do agronegócio foram homenageadas pela sua atuação no mercado. Na área de defensivos, foram premiadas a ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal); a ANDAV (Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários); e o INPEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias). No segmento de fertilizantes, as empresas premiadas foram a Mosaic e Yara, na de implementos agrícolas, a Jacto, Jumil e Marchesan. No setor de sementes, recebem o prêmio a Monsanto, Du Pont Pioneer e Syngenta; e no de tratores as montadorasAGCO, CHN e SANY do Brasil. Durante o fórum foi feita pesquisa com os participantes que constatou pessimismo no setor. Conduzida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a sondagem, denominada “Índice LIDE–FGV de Clima do Agronegócio”, e que levou em conta componentes relacionadas a Governo, negócios e lucro, variando de zero a 10, ficou em 2,8. Em relação ao tema que mais preocupa o agronegócio atualmente, 47% dos empresários consideraram que é a legislação trabalhista, 20% afirmaram ser a legislação ambiental, 17% o avanço tecnológico e 16% a questão fundiária. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 60 Informações Climáticas Chuvas de dezembro & previsões de janeiro a março de 2016 Quadro 1: Chuvas anotadas durante o mês de dezembro de 2015. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas de dezembro de 2015 (243m) foi exatamente igual a da média histórica (243mm) e acima da média do mês de dezembro de 2014 (194mm). Merece destacar os menores volumes de chuvas registrados na faixa entre Cajobi/Severínia-Faz. Monte Verde, Bebedouro-EECB, Pitangueiras-Andrade e CFM e, também, Biosev-Santa Elisa. O s mapas A1 e A2, a seguir, ilustram interessantes semelhanças em dezembro de 2014 e de 2015, quais sejam: faixas centrais Norte-Sul do estado de São Paulo que mostraram menores volumes de chuvas em dezembro destes dois anos. Se bem que, em 2014 (mapa A1), menores chuvas (100mm a 50mm) foram, também, anotadas em larga área Sudoeste do Estado. Nas demais áreas sucroenergéticas de São Paulo, os volumes de chuvas em dezembro destes dois anos também se assemelharam (200 a 300mm). Os artigos mensais de Informações Setoriais (Climáticas) contam com o trabalho diário das anotações de chuvas dos Escritórios Regionais e, neste mês, foram condensados em Morro Mapa A1 Agudo e Pitangueiras. Estes dados são disponibilizados diariamente pelo site Canaoeste e, as suas médias mensais e as normais climáticas, são também aqui apresentadas no Quadro 2. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque do canto inferior direito, as expressivas diferenças observadas entre os totais dos meses de janeiro a dezembro de 2015, 2014 e 2013. Observa-se que o acumulado das médias mensais das chuvas em 2015 está quase 300mm menor que a de 2013 (devendo-se, quase que somente, às menores chuvas de janeiro), e quase uma vez e meia maior que a de 2014. As normais climáticas (1.544mm, em 2013; 1.445mm, em 2014 e 1.433mm em 2015) se mostram diferentes face as ponderações das méMapa A2 dias históricas (normais climáticas) observadas nestes três anos. Nos mapas B1 (2014) e B2 (2015) são apresentados e discutidos os comparativos de distribuição das chuvas entre os meses de dezembro destes dois anos, nos principais estados sucroenergéticos da Região Centro-Sul do Brasil, exceto para o estado de São Paulo, que já foi mostrado e discutido nos mapas A1 e A2. Na região do Triângulo Mineiro pode-se notar poucas diferenças de distribuições de chuvas entre dezembro de 2014 e 2015. As áreas sucroenergéticas do Centro-Sul do Mato Grosso do Sul e quase toda do Paraná (exceto a faixa Bandeirantes/Jacarezinho a São Bento do Ivaí) tiveram menores volumes de chuvas em 2014 que em 2015. As regiões canavieiras de Goiás e Mato Grosso foram, em dezembro de 2015, mais beneficiadas em chuvas que em 2014. Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre o Instituto Nacional de Meteorologia e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses de janeiro a março de 2016, como descrito a seguir e ilustrado no Mapa 3 abaixo: • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser acima das respectivas normais climáticas para as Regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, já na Região Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 61 Quadro 2:- Chuvas mensais de janeiro a dezembro de 2013, 2014 e 2015 anotadas pelos Escritórios Regionais; bem como, as respectivas médias mensais e normais climáticas. Mapa 3:- Elaboração Canaoeste do Prognóstico de Consenso entre INMET-INPE para janeiro a março de 2016 OBS:- Normais climáticas (ou médias históricas de 10-15 anos ou mais) correspondem as dos locais enumerados de 1 a 10 e mais a do Centro de Cana IAC - Ribeirão Preto. Mapa B1 Sul, poderão prevalecer temperaturas médias próximas das normais climáticas locais; • Pelo consenso climático INMET-INPE, as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) em todas as áreas assinaladas em cinza; enquanto que prevalecem previsões de chuvas acima das respectivas normais climáticas na área verde do Mapa. • Tendo-se como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios vizinhos são de 270mm em ja- Mapa B2 neiro, 215mm em fevereiro e 165mm em março. • Os modelos climáticos empregados pela SOMAR Meteorologia prevê para a Grande Região de Ribeirão Preto, e alguns comentários para o Centro-Sul do Brasil, que: 1) Em janeiro, as chuvas tendem a diminuir a partir do dia 17 (domingo), de 17 a 23 de janeiro as chuvas tenderão a ser mais esparsas e de menores volumes. Volta a chover a partir de 26-27, se bem que com menores volumes e intensidades; 2) Para fevereiro, durante a primeira quinzena, preveem-se chuvas mais frequentes e intensas no Centro-Sul do Mato Grosso do Sul, Centro Norte do Paraná e Sudoeste de São Paulo. Na segunda quinzena ocorrerão chuvas de 100 a 200mm e mais constantes em toda Região Centro-Sul do Brasil; 3) Em março, como mais distante e sujeita a alterações, poderão ocorrer chuvas mais frequentes durante a primeira quinzena do mês; 4) Quanto ao El Niño, prevê-se tendência de redução gradativa de seus efeitos ao longo do verão e meados de outono de 2016. A Canaoeste recomenda, ainda e em função das chuvas de dezembro e janeiro, especial atenção aos produtores de cana sobre incidências de cigarrinha das raízes que poderão ser mais frequentes. Se foram deixadas áreas remanescentes de cana para a próxima safra, o monitoramento e controle desta praga exigirão, ainda, muito mais atenção. Caso contrário, correm riscos de grandes perdas em qualidade e produtividade para a próxima colheita. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com.br www.revistacanavieros.com.br Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 62 Safra Acompanhamento da safra 2015/2016 E ste trabalho tem como objetivo apresentar os dados obtidos quinzenalmente na safra 2015/2016, em comparação com os obtidos na safra 2014/2015. A Tabela 1 contém o ATR médio acumulado (kg/tonelada) desta safra 2015/2016, em comparação com o obtido na safra 2014/2015, sendo que o ATR desta safra ficou 7,5 Kg abaixo do obtido na safra anterior. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste das safras 2014/2015e 2015/2016 Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, na safra 2014/2015. Thiago de Andrade Silva Gerente de Planejamento, Controle, Topografia e T.I. da Canaoeste As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2014/2015 e 2015/2016. O Gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. O BRIX do caldo da safra 2015/2016 ficou bem abaixo em relação ao da safra 2014/2015 durante todo o período, com menor acentuação no mês de agosto. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 5,4% inferior ao da safra 2014/2015. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos fornecedores de cana da Canaoeste, na safra 2015/2016 O Gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo, sendo que na média, nesta safra de 2015/2016, a POL do caldo está 5,6% inferior a da safra 2014/2015. O Gráfico 3 contém o comportamento da pureza do caldo na safra 2015/2016 em compara-ção com a safra 2014/2015. A Pureza do caldo da safra 2015/2016 ficou muito abaixo da obtida na Safra 2014/2015 durante todo o período, com acentuação na segunda quinzena de abril, exceto a partir da segunda quinzena de junho que ficou equiparado. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 63 Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2015/2016 e 2014/2015 Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2015/2016 e 2014/2015 O Gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. A Fibra da cana na safra 2015/2016 ficou muito abaixo daquela obtida na safra 2014/2015 no mês de abril e com menor acentuação na segunda quinzena de julho, primeira quinzena de agosto, no mês de setembro e no mês de outubro e pouco abaixo no mês de maio, na segunda quinzena de junho, na primeira quinzena de julho e na segunda quinzena de agosto, igualando na primeira quinzena de junho, ficando na média 0,5% inferior à observada na safra 2014/2015. O Gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. A POL da safra 2015/2016 ficou muito abaixo da obtida na safra 2014/2015 durante todo o período, ficando, nesta safra 5,4% inferior a da safra 2014/2015. Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2015/2016 e 2014/2015 O Gráfico 6 contém o comportamento do ATR na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. O ATR, expresso em kg/t de cana na safra 2015/2016 ficou muito abaixo do obtido na safra 2014/2015 durante todo o período apresentando, portanto, um comportamento semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média o teor de ATR desta safra está 5,2% inferior ao da safra anterior. Gráfico 4 – Comparativo da Fibra da cana O Gráfico 7 contém o comportamento do volume de precipitação pluviométrica registrado na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. A precipitação pluviométrica média observada nos meses de fevereiro, março, maio e novembro de 2015 ficaram muito acima da obtida em 2014, equiparada no mês de janeiro, abaixo nos meses de abril e julho e pouco acima no mês de junho, agosto, setembro, outubro e dezembro. O Gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométriRevista Canavieiros - Janeiro de 2016 64 Safra Gráfico 5 – POL da cana obtida nas Safras 2015/2016 e 2014/2015 ca acumulada por trimestre na safra 2015/2016 em comparação com a safra 2014/2015. Em 2015, observa-se um volume de chuva muito acima no primeiro Trimestre, no segundo Trimestre e em menor proporção no quarto Trimestre e pouco acima no terceiro Trimestre, se comparado aos volumes médios de 2014. Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2015/2016 e 2014/2015 Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2014 e 2015 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) por Trimestre, em 2014 e 2015 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Mesmo com deficit hídrico em relação à média histórica, a precipitação pluviométrica de 2015 ficou muito acima da verificada em 2014. A safra adentrou ao mês de janeiro, finalizando em sua maioria até o mês de novembro. Observa-se que, nessa safra, a produtividade foi próxima em relação a da safra 2014/2015, apesar do deficit hídrico ocorrido na safra 2014/2015, que comprometeu o crescimento vegetativo da matéria-prima para a colheita na safra 2015/2016. Por outro lado, verificou-se uma queda na qualidade média, intensificada pelas chuvas, comparativamente com a safra 2014/2015, fazendo com que o ATR médio ficasse 5,2% (7,5 kg/t) abaixo do obtido na safra 2014/2015. RC 65 VENDEM-SE - Curral de cordoalha, palanques de aroeira cerrada 15/15, 16 anos de vida, 20m /30m de comprimento, palanques de 2 em 2 metros em Pereira Barreto-SP. 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VENDEM-SE - Distribuidora Antoniosi, GS 1102, 2014; - Carroceria de ferro de 8 metros para plantio e transporte de cana inteira, marca Galego, 2008; - Bomba alta pressão 3”, saída de 2, adaptada com carrinho e motor acoplado, valor R$ 2.000,00; - Carreta de 2 rodas; - 2 Rolos compactadores para adaptar em escalificador (sem uso) R$ 1.000,00; Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 - 1 Conjunto para transporte de cana picada, sendo 1 carroceria e 2 julietas; - 2 pneus seminovos ref, 18-4-38 – 12 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 18-4-38; - 2 pneus seminovos ref. 14-9-28 – 10 lonas Pirelli com 2 rodas seminovas (aro e disco) 14-9-28; - Propriedade agrícola com 51 alqueires paulista, com 48 alqueires plantado em cana-de-açúcar sendo a maioria de 2º corte, totalmente plana na melhor região de Frutal, próximo a 2.000 metros do bim do Cutrale e 11 km de asfalto e 2 km de terra até a cidade de Frutal-MG, com as devidas benfeitorias e distância de 29 km da Usina Coruripe e 17 km até a Usina Frutal; - Propriedade agrícola de 58 alqueires paulista com 47 alqueires plantado em cana-de-açúcar sendo a maioria de 2º e 3º corte, a 2 km do asfalto ótima localização e excelentes benfeitorias na região de Frutal-MG com distância de 25 km da Usina Coruripe e 40 km da Usina Cerradão; “Sendo que ambas as propriedades aceita-se permuta com áreas maiores ou menores”; - 1 micro ônibus sem uso, Marco Polo Volare V8 on, capacidade para transporte de 27 passageiros, mais um auxiliar mais um motorista, totalizando 29 lugares, ar-condicionado e direção hidráulica, 011.108 km de fábrica "seminovo", prata, 2012, equipamentos de segurança completo conforme determina o CONTRAN p/ veículos de passageiros, totalmente estofado os bancos e assoalho. Preço de ocasião. Tratar com Marcus ou Nelson pelos telefones (17) 3281-5120, 9 81581010 ou 9 8158-0999. VENDE-SE Amarok prata, cabine simples 4x2 - Ano 2012 - 70.000 km, único dono. R$ 58.000,00. Tratar com Alexandre Moré pelo telefone (18) 9.9716-4562 67 VENDE-SE Sítio com 13 alqueires, localizado na Vicinal Vitor Gaia Puoli Km 2, em Descalvado-SP, em área de expansão urbana, com nascente, rio, energia elétrica, rede de esgoto e asfalto. Tratar com o proprietário - Gustavo F. Mantovani, pelos telefones: (19) 3583- 4173 e (19) 9 9767-3990. VENDE-SE - Carregadeira CMP 1.200 Master, BM 85 4X4, 2007, R$ 57.000,00. Tratar com Cláudio pelo telefone (16) 9 9109-8693. VENDEM-SE LIQUIDAÇÃO GIROLANDO E GIR PO - 4 touros GIR PO, 1 com 18 meses e 3 com 26 meses; - 11 novilhas girolando, grande sangue 3/4 e 5/8, todas de inseminação. Seis já estão prenhas; Obs.: Sítio localizado na cidade de Santo Antônio da Alegria - SP, há 15 anos trabalhando com inseminação. Tratar com José Gonçalo pelo telefone e/ou e-mail (16) 9 9996-7262 – [email protected]. VENDEM-SE - Sítio de 9 alqueires, sem mato ou brejo (100% aproveitável) em OlímpiaSP, a 5 km Usina Cruz Alta, 10 minutos dos Thermas dos Laranjais, 25 minutos de Rio Preto, 35 minutos de Barretos, plaino, na rodovia, sem benfeitorias, mas com energia na propriedade; - Sítio Arlindo - município de Olímpia, área de12 alqueires, casa de sede, área de churrasco (100 m²), casa de funcionário reformada, pomar e árvores ao redor da sede, 4 alqueires de mata nativa de médio/grande porte, terras de "bacuri" (indicador de terras muito férteis). Rede elétrica nova, divisa com fazenda Baculerê, distância de 25 Km de Olímpia. Tratar com David pelo telefone: (17) 9 8115-6239. VENDEM-SE - Caminhonete F 250 XLT, 2007, cor preta, ar-condicionado, bancos de couro, Air-bag; - Caminhonete D20 Custom de Luxe, 1995, cor verde; - Caminhonete D20 Custom S, 1992, cabine dupla, cor vinho; - Caminhão Mercedes Benz 1418, 1990, caçamba basculante. Tratar com João Pedro pelo telefone (14) 9 9758-1249 - Tupã-SP. VENDEM-SE - S10 tornado, 2009, prata, cabine dupla, diesel 4x4; - D20, 1992, vinho, turbo de fábrica; - D20, 1987, branca e bege, motor com 1000 km; - Montana Sport, 2012, prata; - F250 XLT, 2003, preta; - Uno 2012, Vivance, preto; - F4000 1989, cinza, carroceria madeira; - Trator MF 50x1973, MB 1313, carroceria truck, 1979, vermelho, motor zerado; - Saveiro 1991, álcool, prata, motor com 1000 km; - Gol 2000, álcool, prata. Tratar com: Diogo (19) 9 92136928, Daniel (19) 9 9208-3676 e Pedro (19) 9 9280-9392. VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada – Rondon. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 9 9732-3118. VENDE-SE Área de mata fechada para reserva ambiental de 90 hectares, Guatapará/ Pradópolis -SP, R$ 27.000,00 o hectare. Tratar pelo telefone: (16) 9 9992-1910. VENDE-SE Gleba de terras sem benfeitorias (30 alqueires), boas águas, arrenda- mento de cana com Usina ABENGOA (Pirassununga). Localizada no município de Tambaú-SP (Fazenda família Sobreira). Tratar com proprietário, em Ribeirão Preto, pelos telefones: (16) 36302281 ou (16) 3635-5440. VENDEM-SE - Transformador trifásico de 15 KWA, preço R$ 2.400,00; - Transformador trifásico de 30 KWA, preço R$ 2.600,00. Tratar com Chico Rodrigues pelos telefones: (16) 9 9247-9056 ou (16) 3947-3725 ou (16) 3947-4414. VENDEM-SE - Mudas de seringueira, Clone RRIM 600 com alta produção de látex. Viveiro credenciado no RENASEM Nº SP 14225/2013, localizado na Rodovia Vicinal Carlos Deliberto, a 2 Km da rotatória que leva à Usina Moema, município de Orindiúva-SP. Preço: R$ 4,50/muda; -Fazenda com 48 alqueirões no município de Carneirinho-MG, localizada próxima da rodovia asfaltada. Ótimo aproveitamento para plantio de cana, seringueira e/ou pastagens. Preço: R$ 60.000,00/alqueirão; -Imóvel sobradado em Ribeirão Preto - SP, localizado na Av. Plínio de Castro Pra-do, com salão e WC privativos, sacada, 03 dormitórios, sendo 1 suíte, armários embutidos, banheiro social, sala, sala de jantar, jardim de inverno, cozinha com armários, área de serviço, quarto com estante em alvenaria, WC, despensa, varanda coberta, ótima área externa. Excelente ponto comercial. Área construída: 270 m². Tratar com Marina e Ailton pelos telefones: (17) 9 9656-3637 e (16) 99134-8033 - Marina (17) 9 96562210 e (16) 9 9117-2210 – Ailton. VENDE-SE Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia. Composta por preparo de cana Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 68 com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim, Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson pelos telefones e/ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 9381-3513 / 9 9219-4414, e-mail: [email protected]. VENDEM-SE - Motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - Chave de partida ''a óleo"; - Transformador de 75 KVA; - Postes duplos T de cimento; - Chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco pelo telefone (17) 9 8145-5664. VENDE-SE Ordenhadeira mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator. Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647. VENDEM-SE - Duas casas, no mesmo terreno, com três cômodos cada, localizada à Rua Pedro Biagi, 789, em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 220.000,00; - 1 estabelecimento comercial, montado com base para Academia, em um terreno de 200m², contendo uma casa de laje com dois quartos, sala, cozinha, copa e banheiro e, ainda, uma sala comercial para escritório. O estabelecimento fica localizado à Rua. Ângelo Pignata, 23, em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 220.000,00; - 1 casa de aproximadamente 500m², com seis cômodos e dois salões comerciais com banheiro, separados da casa, localizada à Rua. Augusto Zanini, 1056, Sertão-zinho-SP. Preço a combinar. Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634. todo revisado, 73, vermelho. Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767. VENDEM-SE - Fazenda de 124 alqueires em Patrocínio Paulista, na beira do asfalto, sem benfeitoria, terra vermelha, 2 matrículas, 54 e 70 alqueires; - Sítio de 12 alqueires em Cássias dos Coqueiros, casa simples, curral, estrutura completa para pecuária. (Aceita imóvel na negociação); -Fazenda de 4.085 hectares em Tocantins, está aberta 90%, 100% plana, excelente logística, na beira do asfalto, faz divisa com o rio Dueré, boa para gado, plantio de feijão, arroz, melancia e outras culturas, documentação Ok. Tratar com Miguel pelo telefone (16) 9 9312-1441. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, 7700, esteira, motor Cummins M11, Auto-trac, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 128.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 2011, esteira, máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 118.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 250.000,00; - Transbordo de 10 toneladas, 2006 e 2007, R$ 20.000,00; - Transbordo de 8,5 toneladas, ano 2002, R$ 15.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. VENDEM-SE - Fazenda em Rancharia -SP, com 400 alqueires, em cana própria, às margens da rodovia, 40 Km da Usina; - Sítio de 2,7 alqueires, em Cajuru-SP, R$ 220.000,00; - Apartamento em lançamento, próximo à USP, com parcelas a partir de R$ 505,00; - Casa no condomínio Ipê Amarelo, em Ribeirão Preto, nova, maravilhosa; -Apartamento Jardim Botânico, 3 suítes, com armários, imóvel novo, próximo ao Parque Carlos Raya; - Sala comercial em Ribeirão Preto, próximo ao Ribeirão Shopping; -Terreno no condomínio Olhos D'Água em Ribeirão Preto, prolongamento da Avenida Prof. João Fiusa; - Casa no Condomínio Quinta do Golfe, em Ribeirão Preto, armários e toda estrutura de lazer no condomínio. W W W. S O R D I E M P R E E N D I MENTOS.COM.BR. Tratar com Paulo pelos telefones (16) 3911-9970 ou (16) 9 9290-0243. VENDEM-SE -Trator 292 MF, traçado, 2007; -Caminhão Mercedes 1113 truck, Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 VENDEM-SE - VW 17190 / 13 comboio; - VW 31320 / 12 chassi; - VW 31320 / 11 pipa bombeiro; - VW 31320 / 10 pipa bombeiro; - VW 26260/09 betoneira; - VW 15180 / 09 comboio de lubrificação e abastecimento; - VW 17180 / 08 munck 15 toneladas; - VW 15180 / 07 pipa bombeiro; - VW 12140 / 96 oficina móvel; - MB 2318 / 94 pipa bombeiro; - MB 2318 / 94 basculante; - MB 2831 / 12 basculante; - MB 1725 / 06 comboio; - MB 2220 / 90 pipa bombeiro; - MB 2013 / 81 munck 6 toneladas; - MB 1513 / 75 toco chassi; - MB 1725 / 06 guindaste oficina; - MB 1113 / 69 toco chassi; - F.Cargo 1719 / 13 toco chassi; - F.Cargo 2628 / 07 basculante; - F.Cargo 2626 / 05 pipa bombeiro; - F12000 / 95 pipa bombeiro; 69 - F14000 / 90 pipa bombeiro; - Prancha Facchini 2008 3 eixos; - Carreta Tanque Fibra 16.000 litros; - Tanque fibra 36.000 litros; - Tanque fibra 16.000 litros; - Tanque 14.000 litros pipa bombeiro; - Comboio Gascom 2.000 litros; - Comboio Gascom 4.000 litros; - Basculante 14m³; - Basculante 5m³; - Munck Hincol H 43000; - Munck Masal MS 12000; - Munck Hincol H 4000; - Munck 640-18; - Baú 7.80; - Carroceria de madeira, 8.20 metros; - Carroceria de ferro, 4.30 metros; - Borracharia móvel. Tratar com Alexandre pelos telefones: (16) 3945-1250 / 9 9766-9243 Oi / 9 9240-2323 Claro, whatsApp / 78133866 id 96*81149 Nextel. VENDEM-SE - Trator Ford 6600, 1979; - Trator Valmet 1280, 4x4, 1993; - trator Maxion 9150, 4x4, 1995; - Plantadeira Semeato, 5 Linhas PH 2700; - Plantadeira Jumil, 7 linhas Modelo 2980, plantio direto a ar; - Plantadeira Semeato, 3 Linhas; - Grade Intermediaria Baldan, 18 x 28, espaçamento 270mm; - Subsolador de arrasto 5 astes, com pistão pneus 1000x20; - Eliminador Soqueira, DMB, 2012; - Carreta basculante com desarme manual de duas rodas; - Sulcador DMB, com marcador de pistão caixa quadrada; - Sulcador DMB, com marcador de pistão caixa redonda; - Sulcador DMB, com marcador de pistão desarme automático e motor hidráulico Ano 2013; - Cultivador DMB, São Francisco para cana queimada com 2 astes de sulcar sem marcador; - Pulverizador Jacto Condor, 600 Litros com mexedor; - Cobridor de cana, Dria, oscilante com aplicador de inseticida tanque de 300 litros - Kit's de Amendoim; - Arado 3 bacia reversível; - Grade Niveladora 20 x 20; - Tanque de 10 mil litros, com bomba KSB chuveiro e canhão; - Tanque Bombeiro, 5 mil litros, com bomba e tanque Andrade chassi Facchini, 2015; - Enleradeira de Palha DMB; - Carreta de 01 eixo com tanque de água de 4 mil litros; - Prancha Acoplada no chassi do caminhão Medida: 6 x 2.60; - Carreta graneleira de basculante manual 1 eixo e pneus duplo de 3 mil kg, acoplada com ensiladeira EN6600 F.4, Nogueira; - Trator Valtra Modelo 785 4x4 com redutor comando hidráulico de 4 saídas, 2009, com 1.556 horas. Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 9 9326-0920. VENDE-SE OU ALUGA-SE Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo, 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes, 1872, Centro, Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086. VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia); - Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m²; - Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador); - Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada; - Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor; - Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada; Valor Total R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA. ALUGA-SE Estrutura de confinamento com capacidade para 650 cabeças com: 1 vagão forra-geiro + 1 carreta 4 rodas + 1 carreta 2 rodas, 1 ensiladeira JF90, 1 trator 292 + 1 trator Ford 5610, 1 misturador de ração, 3 silos trincheiras de porte médio, sendo uma grande possibilidade de área para produção de silagem com irrigação ao redor de 30 ha, Jaboticabal–SP, a 2 km da cidade. Tratar com Luiz Hamilton Montans pelo telefone (16) 9 8125-0184. PROCURAM-SE Glebas de Cerrado em pé, no Estado de São Paulo, para reposição Ambiental. Não pode ser mata. Área total da procura: Cinco mil hectares, podendo ser composta por várias áreas menores. Documentação Atualíssima, com: CCIR/CAR/Certificação de (Georreferenciamento) Georreferenciamento/ mapa do perímetro da área em KMZ e Autocad/Bioma:/vegetação. Valor por hectare, condição de pagamento e opção de venda. Tratar com Ricardo Pereira pelo e-mail e telefone – [email protected] – (16) 9 8121-1298. - A Revista Canavieiros não se responsabiliza pelos anúncios constantes em nosso Classificados, que são de responsabilidade exclusiva de cada anunciante. Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação. - A Revista Canavieiros não realiza intermediação das vendas e compras, trocas ou qualquer tipo de transação feita pelos leitores, tratando-se de serviço exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 70 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Ética na gestão empresarial Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. ...e a cada dia que levanto curvo-me frente a Deus, Agradeço-o. Renovo meu contrato de vida. In Trechos Tecidos com Palavras... Sentimentos... Afins... Sem Fim... Madras Editora/Renata Carone Sborgia “Nos momentos de crises institucionais, é vital resgatar a credibilidade nos valores, nas virtudes e na excelência do desempenho em servir. Ética na gestão empresarial propõe um modelo para aplicação dos principais conceitos teóricos e o ferramental para gestão da ética de modo a garantir a perenidade das organizações. O primeiro desafio do livro é motivar o leitor a refletir a própria competência em Ser Ético. Daí os cuidados com a seleção de conteúdos e a metodologia na apresentação de conceitos e aplicações. A obra é complementada por recursos que visam auxiliar no entendimento do tema e foi estruturada para atender a públicos diversos, como executivos, professores e estudantes.” Referência: MATOS, Francisco Gomes de. Ética na gestão empresarial: da conscientização à ação. -2.ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP Renata Sborgia Prezados amigos leitores: Seja bem-vindo 2016! Sempre grata por tê-los como meus queridos leitores e há anos acompanhando o meu trabalho na mídia impressa e virtual. Vale lembrar: “A presidente Dilma Roussef decidiu prorrogar por mais três anos a entrada em vigor, em caráter definitivo, do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa. Em decreto publicado ontem no “Diário Oficial”, a presidente determina que o período de transição para implementação das novas regras vai até 31 de dezembro de 2015. O prazo original ia até 31 de dezembro de 2012. Com o novo decreto, as determinações do novo acordo deverão ser seguidas, obrigatoriamente, a partir de 2016. Durante a transição, valem as duas normas ortográficas”. - Cito a fonte: Todos direitos reservados a Infoglobo Comunicação e Participações S.A. Assim, a partir do dia 01 de janeiro de 2016 usaremos as novas regras ortográficas, conforme o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa - 5 edição. Seja bem-vinda a nova grafia! Com o carinho e atenção Renata Carone Sborgia 1) Seja “bem vindo” 2016! ... com a grafia escrita de forma incorreta não será! O correto é: bem-vindo (com hífen) Regra fácil para as expressões abaixo: Bem-vindo, bem vindo, benvindo Estas três palavras nos causam muita confusão na hora de escrever. Ao chegar em toda cidade sempre encontramos aquela famosa placa. Na placa encontramos a seguinte frase: Seja Bem-vindo a ... Exemplo: Bem-vindo a São Paulo. Segundo o Acordo Ortográfico, usa-se o hífen com o composto bemExemplos: bem-dizer; bem-estar; bem-falante; bem-humorado; bem-me-quer; bemnascido; bem-te-vi; bem-vestido; bem-vindo; bem-visto. Portanto, sem hífen NÃO existe a expressão BEM VINDO! Benvindo sem hífen e com n é um nome de pessoa. Exemplo: Benvindo, meu tio, é um homem honesto. Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. 71 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016 72 Revista Canavieiros - Janeiro de 2016