Humanos:
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Humanos:
MHSaúde por cátia dias Humanos: + fortes, + rápidos, + inteligentes quando estamos frente a frente com um macaco, ficamos à espera que ele tenha atitudes estranhas. Mas então eles fazem estas coisas incrivelmente humanas: bocejam, espreguiçam-se, coçam as orelhas. Ou ficam a olhar para nós, como se estivessem a avaliar-nos. É difícil não sentir que estamos perante um primo distante ou uma versão mais pequena, mais básica, mais encantadora do ser humano. No laboratório Andersen Neural Prosthetics da Caltech University em Pasadena, Califórnia, está em análise um macaco-Rhesus ( primata da família Cercopithecidae que habita as florestas temperadas da Índia, China e Afeganistão) chamado Chewie. > Mas como funciona? Uma equipa da Men´s Health norte-americana entrou num pequeno laboratório, na Califórnia, para tentar perceber como um macaco telepático contribui, à sua maneira, para nos dar a conhecer os segredos da mente. Surpreenda-se com a nossa descoberta. Sentado numa cadeira com uma abertura no crânio, três eléctrodos medem a actividade do seu cérebro. Através de uma câmara de infra-vermelhos e um monitor de computador é possível seguir o movimento dos olhos. Chewie é telepático. Ele é capaz de comunicar com um computador servindose apenas do seu cérebro. Tudo o que ele precisa de fazer é pensar em deslocar um pequeno ponto branco num monitor de computador, e presto! – aí vai o cursor. Este trabalho com Chewie veio permitir que homens e mulheres fossem dotados de mãos, braços e pernas robóticos sem fios – para se tornarem, em essência, biónicos. E o que significa ser-se biónico? O termo é complexo e abrange vários campos do conhecimento, mas como explica o Dr. Pedro L. Granja, Investigador Auxiliar do INEB (Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade do Porto) e editor principal do site Biomaterials Network, “quando aplicada à medicina, a biónica pode ser definida como a substituição ou melhoramento de estruturas anatómicas ou processos fisiológicos por componentes electrónicos ou mecânicos. A investigação nesta área pretende restaurar e/ou melhorar as funções sensoriais, motoras e neuronais humanas, que podem degenerar devido ao envelhecimento, lesões, entre outras razões”. Tudo começa com os neurónios, os mensageiros electroquímicos no cérebro que dizem ao corpo como agir. O cérebro humano tem cerca de 100 mil milhões de neurónios. Um grupo de neurónios permite-nos dobrar os dedos dos pés, outros trabalham em conjunto para possibilitar a faculdade da fala, e outros podem ainda tornar-nos simultaneamente nostálgicos, apaixonados, e conscientes da angustiante brevidade da nossa própria vida, enquanto caminhamos por um campo de relva fresca recém cortada num soalheiro dia de Primavera. Um cérebro de macaco funciona de forma similar. Quando Chewie tenta chegar a algo, activam-se várias regiões do seu cérebro, incluindo o córtex motor primário (que diz aos músculos o que fazer) e o córtex parietal posterior (que informa a mão do objectivo final do seu movimento). São estas regiões do cérebro que mais interessam aos cientistas. Através da monitorização do cérebro de Chewie, enquanto o macaco usa um joystick para mover um cursor pelo ecrã do computador, é possível determinar que neurónios se activam, e a que velocidade. Uns activam-se quando o macaco mexe o joystick para a esquerda, e um grupo diferente entra em acção quando o macaco toma a direcção da direita, ou para cima e para baixo, e assim sucessivamente. Ou seja, cada movimento da mão de Chewie tem a sua assinatura eléctrica específica identificada por um programa de computador que reconhece estas assinaturas e responde em sintonia. Chewie, que é, afinal de contas, apenas um primata preguiçoso, depressa compreende que consegue ter a sua bebida preferida mesmo não mexendo fisicamente no joystick. Ele obtém-no simplesmente pensando no sítio onde quer colocar o cursor. Por isso, ele abandona o joystick, mas o cursor prossegue o seu movimento. Bingo – um macaco telepático. > e nós, o que ganhamos com isto? Não é difícil de imaginar as potenciais aplicações humanas. Como faz referência o especialista, “a biónica é já uma realidade, através da utilização de diversas tecnologias distintas, tais como as próteses externas, os implantes ou a medicina regenerativa”, permitindo não só substituir diversas partes do corpo, recorrendo as várias tecnologias, como também melhorar as capacidades humanas, sobretudo no auxílio de tarefas profissionais. “Os casos mais representativos de próteses externas serão provavelmente as pernas, as mãos e os braços artificiais. Estes dispositivos atingiram já um grau de sofisticação elevado, como demonstram os atletas com pernas artificias. Os implan- tes, por outro lado, salvam de facto milhões de vidas em todo o mundo e contribuíram significativamente para o aumento da esperança de vida humana. Muitos destes implantes podem não ser vitais, mas proporcionam uma melhoria considerável na qualidade de vida dos pacientes. Entre alguns implantes fundamentais no mundo de hoje incluem-se o pacemaker, as válvulas cardíacas, os balões de angioplastia, o implante do ouvido, as próteses da anca e do joelho, as placas de fixação óssea, os implantes dentários, as lentes intraoculares, os implantes mamários, entre muitos outros. O coração artificial costuma ser apresentado como um desenvolvimento muito importante, embora não seja um grande sucesso, visto que mesmo o modelo mais avançado existente não assegura a sobrevivência do paciente durante mais que alguns meses. No entanto, a sua importância é vital, no sentido de constituir uma ponte para a transplantação de uma coração. Hoje em dia, dificilmente alguém chegará ao fim da sua vida sem, pelo menos, um destes dispositivos implantado”, explica o Dr. Pedro Granja. > humanos, versão 2.0 Os avanços nas protésicas requerem conhecimento, de uma forma ou de outra, de um pouco de tudo, desde a mecânica quântica à microbiologia, passando pela engenharia informática, técnicas cirúrgicas e teoria da evolução. Pensemos no número de anos acumulados de conhecimento aqui em causa: milhões de pessoas a discutir, a questionar, a investigar, a estudar, a escrever, de forma que agora, no princípio do século XXI, estejamos finalmente aptos a começar a falar com o cérebro utilizando a sua própria linguagem. Embora seja ainda tudo muito primitivo, muito limitado, como se sentirá o primeiro ser humano a ser dotado de visão artificial? Talvez valha a pena acreditarmos na ciência, afinal era a ela que se devia a visão. Será que em breve seremos capazes de mudar a nossa própria natureza? Que, de repente, alguém como um jogador de futebol, um bebé, um soldado, serão capazes de fazer coisas até então impensáveis ao ser humano? Eles serão mais fortes, mais rápidos, mais inteligentes. Humanos, versão 2.0. Há uma palavra para isto – um termo que descreve a capacidade de nos adaptarmos ao ambiente, de mudarmos de algo menos apto para algo mais capaz. A palavra é “evolução”. E a questão é: estamos nós a começar a arquitectar a nossa própria evolução? A adaptação do homem à natureza sempre foi conduzida pela complexidade, flexibilidade, e poder criativo em bruto do cérebro – especificamente, a capacidade desse cérebro de criar e modificar ferramentas. A verdade é que, O futuro dentro de um ano Em 2009 investigadores norte-americanos acreditam que estará disponível ao público um implante na retina capaz de restaurar a visão em milhões de cegos que perderam a visão devido à degenerescência macular relacionada com a idade, a principal causa de cegueira no mundo ocidental, segundo a Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. O pequeno implante eléctrico será colocado na retina, ligado a uma câmara acoplada aos óculos. A retina artificial vai permitir substituir as células fotoreceptoras destruídas por pequenos eléctrodos, que são implantados na retina. A câmara capta as imagens e uma unidade com o tamanho de um pequeno computador manual que pode colocar-se no cinto converte a informação visual em sinais eléctricos. Estes sinais são depois enviados para os óculos e, através de tecnologia sem fios, para um receptor sob a superfície do olho, que por sua vez os transmite aos eléctrodos na retina. Todo este processo ocorre em tempo real. O pequeno implante eléctrico custará cerca de 11,4 mil euros. Sabia que... Segundo o Dr. Pedro Granja, “a biónica, no fundo, representa um sonho tão antigo como a própria humanidade, e que é traduzido no ideal olímpico: “Citius, altius, fortius”, ou “mais rápido, mais alto e mais forte”. Já na mitologia grega, Daedalus fez asas, inspiradas nas asas de pássaros, para o seu filho Ícaro voar. Leonardo da Vinci é muitas vezes considerado o primeiro engenheiro de biónica, tendo em consideração os inúmeros estudos que realizou acerca de dispositivos inspirados na natureza”. + www.menshealth.com.pt MHSaúde nos últimos 200 anos, criámos ferramentas que nos ajudam a fazer mais ferramentas. E um computador é isso mesmo. Um simples aparelho que trabalha um pouco à semelhança do cérebro e é bom em tarefas rotineiras. Não é como se sempre tivéssemos treinado um computador para fazer algo impensável ao cérebro. > engenharia dos tecidos O único passo dado pelas protésicas neurais é permitir que o computador substitua o cérebro uma vez dentro do corpo e ligado directamente ao cérebro. Não estamos a falar de um grande salto em termos de evolução. E embora seja simpático pensarmos em Chewie e nos seus parceiros – os nossos precursores evolucionários – como aliados na nossa criação de herdeiros para o futuro, a ideia de colocar um computador no cérebro é no mínimo natural e o mais equivalente quando se pensa em evolução da espécie. O conhecimento explodiu nos últimos 5 anos. O que nos conduz à questão, Por que não? A resposta: o poder da tecnologia. A Engenharia dos Tecidos é outro exemplo. Aqui tenta-se induzir o corpo a regenerar-se a si próprio, em contraste com a substituição de partes danificadas por outras artificiais. “O paradigma da Engenharia de Tecidos consiste em implantar células, moléculas bioactivas e materiais (como estruturas de supor- te para as células), de modo a estimular processos de regeneração. Existem já produtos comerciais utilizando esta tecnologia para regeneração da pele, da cartilagem e de pequenos defeitos ósseos. Esses produtos consistem normalmente num material biodegradável, de estrutura porosa, que é colonizada por células antes da implantação. Idealmente, as células são do próprio paciente e de um tipo celular adequado a regenerar o tecido em causa. Após implantação, o material degrada-se, à medida que as células produzem novo tecido, regenerando o tecido original. Os avanços mais aguardados nesta área, e que se adivinham para o futuro, consistem no desenvolvimento de soluções para doenças sem tratamentos actualmente disponíveis, tais como doenças neurodegenerativas e cardiovasculares, bem como a falha de órgãos. Muito recentemente, foi publicado um ensaio clínico em que se demonstrou a regeneração de uma bexiga inteira utilizando esta tecnologia, o que demonstra o enorme potencial da Engenharia de Tecidos e nos permite também sonhar com a possibilidade de regenerar outros órgãos do corpo”, avança o Dr. Pedro Granja. Há, obviamente, enormes desafios a ultrapassar. É que segundo o especialista “são fáceis de prever diversos usos negativos para esta possibilidade, tais como fins militares ou criminais”. O Dr. Pedro Granja explica que “estão a ser desenvolvidos implantes neuronais que permitam ao indivíduo accionar máquinas e computadores, ou até comunicar por telepatia com outros indivíduos dotados do mesmo dispositivo, ou olhos artificias que permitam ver para além do visível, isto é, ver no escuro. Outro exemplo enigmático consiste num projecto com financiamento militar, que demonstrou recentemente ser possível um ser humano utilizar um braço biónico com capacidade muito superior à de um braço humano normal. > a questão “Será este Homem Biónico algo aceitável pelas nossas sociedades actuais, pelo menos nos tempos mais próximos?”, pergunta o investigador. “Há quem apelide a Engenharia de Tecidos como “não natural”, clamando que os cientistas estão a criar “Frankensteins” ou, pior, a “fazer o papel de Deus”. Quem sabe quem terá razão, visto que provavelmente ainda nem temos capacidade para avaliar todas as possíveis reais consequências destas novas tecnologias. O que será ser humano no futuro? Indivíduos cujo corpo possuirá diversas partes substituídas serão considerados humanos, ou haverá um limite estabelecido? (...) E quais serão os custos reais destas tecnologias?”, questiona o especialista. Será que daqui a alguns anos (poucos anos) vamos ter a possibilidade de viver mais tempo?”. Will see… MH Ser biónico hoje Ainda não é possível a reconstrução do nosso corpo, mas dentro do corpo humano assenta a tecnologia que permite que fiquemos mais fortes e mais rápidos de forma quase instantânea, para aquelas raras ocasiões que exigem uma força, velocidade ou flexibilidade super-humanas. Como estas… 1. Flicta os joelhos e a anca numa posição de quarto-agachamento. 2. Tenda todos os músculos, mas certifique-se de que a parte inferior do corpo – incluindo barriga das pernas, tendões e glúteos – se mantém rígida. 3. Inspire profundamente – para a barriga, não para o peito e aguente. 4. Levante durante 30 segundos, e depois largue e expire. Se necessário, repita. O Bigfoot está atrás de si Qualquer pessoa pode fazer um sprint. Mas é a capacidade de aceleração após ter estado a correr durante um bocado o que separa Steve Austins de Steven Seagal. Saiba como chegar à linha de meta. 1. Enquanto estiver a correr, diminua a velocidade em 5 a 10 por cento durante 10 segundos. 2. Inspire profundamente – de novo para a barriga, não para o peito. 3. Solte um grito horripilante e comece a correr tão depressa quanto possível. “O grito origina libertação de adrenalina, despertando os sentidos e desligando o cérebro para a percepção da dor”, diz Karnazes. O seu barco está a afundar-se Uma escotilha apertada é a única forma de escapar Esta técnica de alongamento, do contorcionista com direito a presença no Guiness World Record, Daniel Browning Smith, confere flexibilidade a qualquer músculo. 1. Corra (sem sair do lugar) durante dois minutos. 2. Flicta o músculo-alvo. Quando começar a doer, pare e aguente até sentir o músculo a relaxar. 3. Balance-se para a frente e para trás durante 15 segundos, indo além do ponto de dor, e volte à posição de início. 4. Descanse durante um minuto e repita, se necessário. fotos getty images, James Balog / charles masters Mais força O truque que se segue converte todo o seu corpo numa alavanca. Use-o para levantar carros ou árvores, ou apenas para completar aquela última, e insuportável, repetição no ginásio.