Internacional

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Internacional
PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES
SOBRE O SETOR ELÉTRICO
RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA:
INTERNACIONAL
AGOSTO DE 2012
Nivalde J. de Castro
Tomaz Hamdan Melo Coelho
ÍNDICE
SUMÁRIO.................................................................................................................................................................................3
1-INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA...................................................................................................................................... 4
2-Conjuntura energética na América Latina.......................................................................................................... 6
2.1-ARGENTINA ...................................................................................................................................................................................6
2.2-BOLÍVIA............................................................................................................................................................................................7
2.3-CHILE.................................................................................................................................................................................................7
2.4 – URUGUAI.......................................................................................................................................................................................9
2.5 – PERU ...............................................................................................................................................................................................9
2.5 – VENEZUELA ............................................................................................................................................................................. 10
3. Energia no mundo....................................................................................................................................................... 11
3.1 – ESPANHA................................................................................................................................................................................... 11
3.2 -JAPÃO ............................................................................................................................................................................................ 11
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SUMÁRIO
A integração energética esteve presente no estudo do CIER, o qual calcula que sejam
necessários US$ 5 bilhões em investimentos para implantação de projetos de interconexão
elétrica entre países da América do Sul, Central e Caribe.
Em termos específicos, na América Latina, ganhou destaque a declaração do presidente
Hugo Chávez, em um ato de campanha em Sem Félix, reconhecendo os problemas de
abastecimento energético que afetam a maior parte do país. De acordo com o presidente,
apesar dos esforços do governo, o sistema elétrico nacional ainda não acabou de ser
reconstruído.
Na Europa, por sua vez, a Espanha, começa a desenhar o seu processo de
reestruturação do setor elétrico.
Por fim, o Japão deu prosseguimento aos estudos sobre o futuro da energia nuclear no
seu país.
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1-INTEGRAÇÃO ENERGÉTICA
Neste mês de agosto, em relação à integração energética, os presidentes da Argentina e
de Venezuela escreveram em Brasília a Declaração Presidencial Conjunta para uma Aliança
Estratégica entre a YPF e a PDVSA. O objetivo é realizar um planejamento conjunto em toda a
cadeia de hidrocarbonetos. As empresas buscarão se associar para otimização dos projetos
que estão sendo realizados em ambos os países e facilitar novos projetos.
Ainda no âmbito dos projetos de integração, no dia 31 de julho de 2012 a presidente
Dilma e o presidente uruguaio ratificaram um documento que promete buscar oportunidades
de desenvolvimento conjunto nas áreas, de petróleo e gás, energia eólica e integração
energética. Em relação à integração, Dilma e Mujica reconheceram a importância da
construção da linha de transmissão de 500 kV entre San Carlos e Candiota, a ser concluída em
2013. Foi iniciada também a associação entre a Eletrobrás e a empresa UTE para a eventual
construção de parques eólicos no Uruguai. Os subgrupos de pesquisa começam a trabalhar
imediatamente, podendo reunir-se de forma independente. Em 90 dias será convocada a
primeira reunião plenária do "Grupo de Alto Nível Brasil-Uruguai (GAN)” para que os copresidentes de cada subgrupo apresentem suas propostas.
Além disso, a CIER calcula que sejam necessários US$ 5 bilhões em investimentos para
implantação de projetos de interconexão elétrica entre países da América do Sul, Central e
Caribe. Ao todo, foram identificados 12 projetos, que somam 10 mil km de linhas e 6.500 MW
de capacidade de geração. O estudo encomendado pela comissão leva em conta projetos
hidrelétricos em desenvolvimento entre Brasil e Peru, com benefícios operativos de US$ 1,5
bi/ano. Elaborado pelas consultorias PSR, do Brasil, Mercados Energéticos, da Argentina, e
Synex, do Chile, o trabalho levou em conta a redução de custos operativos, a redução de
emissões e o aumento da confiabilidade, proporcionados pela integração. Foram considerados
critérios de rateio de benefícios e esquemas flexíveis de conexão, preservando a autonomia e
política energética de cada país.
Por fim, Brasil, Argentina e Uruguai estão estudando como realizar uma integração
produtiva da cadeia eólica no Mercosul. A princípio, as propostas, que envolvem desde
aspectos tributários até aspectos técnicos, como certificação de produtos e conteúdo local,
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valerão para os três países, mas depois, podem ser estendidas para outros membros do
Mercosul e até América do Sul. De acordo com o secretário executivo de Desenvolvimento de
Negócios da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Roberto Abreu e
Lima, uma ideia, que está em análise, é a de aumentar a alíquota de importação de produtos
vindos de fora do Mercosul. Emílio Guiñazu, diretor da WPE, unidade da Impsa em
Pernambuco, disse que a ideia é atingir o máximo potencial da indústria na região.
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2-Conjuntura energética na América Latina
2.1-ARGENTINA
No mês de agosto, a Cammesa suspendeu os envios de combustível para as centrais
geradoras. 5 dos 16 navios de bandeira nacional fretados por “traders globais” foram
suspensos de distribuir combustível importado as usinas. O custo diário do frete estaria na
ordem de US$25 mil. A Cammesa havia assegurado que renovaria os contratos de distribuição
de combustível automaticamente, entretanto, os contratos dessas empresas não foram
renovados, o que explica a suspensão. O conflito ameaça o abastecimento das usinas de Bahia
Blanca, Neochea, Mar del Plata, San Nicolás e Sorrento.
No primeiro trimestre deste ano 60% dos projetos de investimentos estavam em
Energia Renovável ou Mineração. Até o momento foi um total de US$ 8,579 milhões. As cifras
foram obtidas antes da estatização da YPF. Importantes obras como Emgasud, que instalará
um novo parque eólico por US$ 1,8 bilhões e projetos de longo prazo da Vale, com prazo
superior a 15 anos e investimentos de US$ 1,430 bilhões impulsionaram esses valores. A
origem dos capitais está igualmente dividida, sendo 50% de origem nacional e 50% de origem
estrangeira com destaque para Brasil, Chile e Canadá. A prioridade estratégica das empresas
tem sido, fundamentalmente, em garantir o acesso a insumos e capitais importados para
efetuar operações comerciais de remissa ao exterior.
Ainda nesse mês, foi divulgado que o consumo de energia elétrica na Argentina
aumentou 4,8% entre os meses de julho deste ano e do ano passado, sendo um novo recorde
de consumo. A demanda liquida do Mercado Elétrico Maiorista alcançou 11.071,7 GWh. A
principal fonte de energia a alimentar o sistema foi a térmica com 59,3% do total produzido,
em segundo lugar ficou a hidrelétrica com 35,1% e a nuclear com 5,3%.
A presidente Cristina Kirchner oficializou a decisão, já declarada em 20 de abril de
2012, de realizar uma nova licitação para as hidrelétricas ‘Presidente Néstor Kirchner’ e
‘Gobernador Jorge Cepernic’, localizadas em Santa Cruz. As represas terão potencia instalada
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de 1740 MW e serão acopladas ao sistema elétrico nacional. A obra foi classificada pelo
InfoGlaciar como a de maior envergadura dos últimos 20 anos.
Por fim, o governo anunciou que implementará novas regras, com o estabelecimento de
uma comissão para avaliar as situações econômico-financeira e operacional das empresas do
setor. O Vice Ministro da Economia, Alex Kicillof, será responsável por regular as atividades de
geração, transporte e distribuição da energia e suas tarifas. Kicillof designará uma
rentabilidade determinada a cada empresa de acordo com uma análise de seus custos, no
mecanismo de “Cost Plus”. Uma comissão liderada pela chefe de gabinete de Kicillof fará a
análise das empresas. O governo afirma que não há intenção de estatização das empresas do
setor. Para garantir a rentabilidade das empresas medidas poderiam ser tomadas no aumento
das tarifas ou na remodelação de subsídios.
2.2-BOLÍVIA
O governo boliviano anunciou que irá reduzir os custos de distribuição da energia
elétrica em áreas rurais, de acordo com a ministra do desenvolvimento, Teresa Morales. O
motivo é a tarifa elétrica da área rural ser 150% maior que nas áreas urbanas. O governo
recentemente fez intervenções na distribuidora Emprelpaz e removeu executivos de alto
escalão. A empresa encontrava-se em dividas com a distribuidora Electropaz por provisão
primária de energia. Especula-se que a redução dos preços de energia inicie-se pela empresa,
tendo em vista este recente episódio.
2.3-CHILE
No mês de agosto foi divulgado que o Chile ocupa o segundo lugar menos eficiente na
América do Sul em relação ao nível de emissões de CO2/MWh de acordo com a Pacific Hydro.
Para resolver esse problema, o governo busca soluções nas usinas hidrelétricas. A emissão
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chilena é de 0,37 ton de CO2/MWh, superada somente pela Bolívia com 0,39 ton de CO2/MWh,
Brasil e Paraguai lideram o Ranking chegando a 0,17 ton de CO2/MWh. A justificativa é do
grande número de UTEs a diesel operando no país e a baixa porcentagem de participação de
hidrelétricas no conjunto da produção (42%).
O alto preço da energia e a crescente incerteza sobre a sua disponibilidade futura e os
encargos tributários são as barreiras que inviabilizam o Chile ter uma indústria de nível
mundial de acordo com o presidente da “Asociación de Indústrias Metalúrgicas y
Metalmecánicas” (Asimet). O dirigente critica os entraves nos projetos de geração causados
por regulamentações ambientais e jurídicas e oposições locais. Uma claridade e estabilidade
tributária seriam fundamentais para a promoção do investimento e da criação de novos postos
de trabalho, pois reduziriam custos e aumentariam a competitividade industrial.
Ainda nesse mês, a GeoGlobal Energy Chile comunicou que concluiu a primeira fase de
exploração do projeto Geotérmico Curacautín, localizado na ladeira norte do vulcão Tolhuaca,
na região de Araucanía. Testes de fluxo provaram que os poços podem produzir energia
geotérmica e um deles (Tol-4) deve ser o mais produtivo de toda a America do Sul. A previsão
e que a energia da central chegue ao sistema em 2014.
A Suprema Corte do Chile determinou a paralisação da construção da central
termelétrica de Castilla e o porto associado ao projeto. Segundo o tribunal, a MPX terá que
apresentar um novo projeto de impacto ambiental que inclua tanto o porto quanto a central. A
MPX reiterou a sua convicção de que o projeto cumpre plenamente as regulamentações
ambientais vigentes, mas à luz da decisão proferida pela Corte, a companhia irá reavaliar sua
estratégia de negócios no Chile. Ambientalistas criticam a postura chilena de adotar o carvão
como fonte de energia por ser a fonte mais poluente. Caso saia do papel, a usina será rodeada
por 14 projetos de mineração, que entrariam em funcionamento entre este ano e 2017, com
uma demanda potencial de 1.500 MW.
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2.4 – URUGUAI
A UTE firmou dois acordos para projetos de energia renovável em Mello, no distrito de
Cerro Largo. Um dos projetos foi de um parque eólico com 20 aerogeradores e capacidade
instalada de 50 MW. A exploração ficará a cargo da empresa Estrellada S.A. Os primeiros
moinhos devem ser instalados em março do ano que vem. O outro projeto promovido pela
estatal consiste em instalar microturbinas no rio Tacuari de forma a gerar 15,2 MW de energia
com um investimento de US$ 38 mi. Nesta obra a Intendência de Cerro largo terá 51% do
projeto, enquanto os 49% restantes ficam a cargo das empresas privadas Hidrogenharia do
Brasil e Ramón C. Álvarez. A energia produzida pela obra já esta contratada pelos próximos 20
anos ao preço de US$ 90 por MWh.
2.5 – PERU
No mês de agosto, o poder executivo apresentou um projeto de lei para a massificação
do gás natural, principalmente no uso residencial e de transporte veicular. É prevista a
transferência de 200 mi de nuevos soles do Organismo Supervisor de Investimentos em
Energia e Minas (MEM). O projeto será executado apenas em regiões previstas pelo Ministério
de Minas e Energia. Há indicações que em um prazo de 3 anos o MEM começará o projeto de
promoção do investimento privado no setor, visando a concessão da distribuição de gás por
dutos.
A produção total de energia elétrica nacional registrou um aumento de 6,1% em julho
deste ano (3420 GWh) de acordo com a “Dirección General de Electricidad del Ministerio de
Energía y Minas”. A demanda máxima de potencia foi de 5,031 Mw. A oferta é composta por
47% de energia hidrelétrica e 53% de energia térmica. A produção das empresas do mercado
elétrico correspondeu a 3208 GWh e as empresas de uso próprio produziram 212 GWh.
Por fim, no dia 11 de agosto de 2012 foi desviado o curso do rio Huallaga para o inicio
da materialização da central hidrelétrica de Chaglia, a terceira maior do país, com potencia
instalada de 406 MW. A Oderbrecht é a encarregada e investirá US$ 1,2 bi, com previsão de
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conclusão para 2015. A usina se encaixa no atual projeto do país de converter sua matriz
elétrica de forma a torná-la mais sustentável. A queda da usina é de 368 metros, e a
expectativa é que a mesma gere 2540 GWH anuais, 8% da demanda atual de energia.
2.5 – VENEZUELA
As medidas do plano de economia e uso eficiente da energia adotada pelo Executivo
não se traduziram em uma baixa do consumo. Comparando abril com o mesmo mês em 2011
houve um aumento do consumo de energia em 3,24% de acordo com o “Boletín Estadístico
Mensual del Sistema Eléctrico Nacional”. O aumento comparado com janeiro fica em 1,88%. A
região de maior consumo foi Caracas com 6,37% de aumento no ano. O distrito de Guayana
teve uma redução de 14% no consumo liderando a queda. Essa queda foi justificada por uma
queda na produção industrial da região. O aumento da demanda no resto da Venezuela foi
puxado principalmente pelas residências. As medidas adotadas pelo governo venezuelano
incluem limites de consumo em residências (500 kwh/mês). Da energia produzida as
hidrelétricas são responsáveis por 68% enquanto os 32% restantes ficam a cargo das UTEs.
O partido Copei exigiu uma resposta por parte da Controladoria Geral da Republica
Venezuelana sobre seu pedido realizado a um ano. O partido havia requisitado uma
investigação sobre o destino de US$ 9 bi para reparar equipamentos do sistema elétrico
nacional. De acordo com partidários o sistema elétrico venezuelano estaria crítico e o país esta
as vésperas de um colapso elétrico geral
Nesse mês de agosto, o presidente Hugo Chávez, em um ato de campanha em Sem Félix,
reconheceu os problemas de abastecimento energético que afetam a maior parte do país. De
acordo com o presidente, apesar dos esforços do governo, o sistema elétrico nacional ainda
não acabou de ser reconstruído, isso explicaria a crise elétrica de 2010 e os habituais cortes de
energia em regiões do país. De acordo com o político, a falta de investimentos na década de 80
e 90 e o motivo do atual estado precário do sistema elétrico.
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3. Energia no mundo
3.1 – ESPANHA
No mês de agosto, o Ministério da Indústria, Energia e Turismo desenhou uma reforma
energética na qual planeja diminuir o limite da Tarifa de Ultimo Recurso (TUR) paga pelos
consumidores domésticos. Esta medida diminuirá o numero de usuários na tarifa regulada e
os obrigará a contratar provedores do mercado livre de energia. A TUR é reservada para
consumidores com potencia contratada inferior a 10KW, algo que atualmente enquadra 24 mi
de usuários. As novas condições para a bonificação social será ter uma potencia instalada
inferior a 3KW com todos os membros da família desempregados ou pensionistas. A demora
na aprovação da reforma se dá ao seu grau de complexidade e aos atritos provocados pelo
processo entre os setores publico e privado.
3.2 -JAPÃO
Até o fim de julho, a Tokyo Electric Power (Tepco) já havia pagado cerca de US$ 12,7 bi
em compensações às pessoas e negócios afetados pelo acidente na usina nuclear de
Fukushima Daiichi. A empresa já atendeu a 788 mil pedidos de indenizações. O total em
compensações distribuídas aos cerca de 606 mil voluntários a deixar a cidade de Fukushima
chegou a cerca de 259,7 bi de ienes. A Tepco planeja expandir para 10 mil o número de
funcionários do centro que recebe as reivindicações dos antigos moradores da região.
O ministro japonês da Indústria considerou factível que o país prescinda
completamente da energia nuclear a partir de 2030, sem prejudicar a economia. O governo
nipônico está trabalhando na definição de uma nova combinação energética, quase um ano e
meio depois do acidente nuclear de Fukushima que tornou obsoleto o objetivo anterior de
aumentar a participação nuclear até 2030. As autoridades estudam três hipóteses para até
2030: prescindir totalmente da energia nuclear, reduzir sua participação a 15% ou reduzi-la a
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uma faixa entre 20 e 25% da energia elétrica produzida. Analistas convocados pelo governo
afirmaram que uma hipótese "zero nuclear" reduziria de 1,2% a 7,6% o PIB em 2030.
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