Relatório Final
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Relatório Final
1 Sumário 1. Apresentação 2. Encontros 2.1. Cronograma dos Encontros 3. Catálogos 4. Vídeos 5. Comunicação e Mídia 6. Núcleo Estratégico e Criativo do AfroReggae – NAR 6.1 Avaliação Debates Cultura de Ponta – Temas 6.2. Avaliação Debates Cultura de de Ponta – Catálogo 7. Lista de Anexos 2 1. Apresentação O AfroReggae, Light e a Secretaria de Cultura lançaram o Projeto Cultura de Ponta com o objetivo de conectar diferentes referências artísticas e culturais, estimulando a reflexão e a transformação social. Ao todo foram 49 encontros divididos em 15 eixos temáticos, com a missão de garantir um espaço democrático para exposição, divulgação e intercâmbio de elementos culturais da sociedade brasileira. Os debates discorreram sobre teatro, dança, música, empreendedorismo social, audiovisual, manifestações da cultura urbana, aspectos associados a violência e a segurança pública, Religião, dentre outros. Mais de 1.180 pessoas de todo o Brasil passaram pela sede do AfroReggae, na Lapa, buscando aprender, debater e ensinar sobre os temas abordados. O Brasil inteiro pôde assistir, online e ao vivo, a importantes artistas, produtores e intelectuais discutirem o que, de fato, orienta a cultura brasileira, seja da favela, seja do asfalto, dos jovens, qualquer público. Foram mais de 50 debatedores e mediadores enchendo o palco do Cultura de Ponta com perguntas e respostas que, ao fim de cada encontro, apresentaram caminhos para orientar os espectadores. 3 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. Além do espaço para debates, o Cultura de Ponta foi extremamente importante para ampliar a rede de relacionamento do AfroReggae com as escolas de todo estado do Rio de Janeiro. Entre os nossos espectadores, a maior parte eram alunos dos Ensinos Fundamental e Médio, de escolas parceiras da instituição. A cada novo aluno visitando a sede, uma nova luz para a descoberta e para a transformação. Como produto de cada eixo, foi produzido um catálogo com a síntese do que foi apresentado em cada encontro, com sugestão de debates a serem realizados dentro da sala de aula, ou entre uma equipe de trabalho, para que encontrem respostas e/ou novas perguntas sobre temas relevantes ao exercício da cidadania. 4 2. Encontros O Cultura de Ponta é um projeto que se articula por meio da organização de um espaço de debate e troca de experiências sobre vários temas contemporâneos. Foram realizados 49 encontros, divididos em 15 eixos temáticos. Cada eixo gerou um instrumento pedagógico na forma de um catálogo, sintetizando o debate e oferecendo pontos a serem discutidos posteriormente em sala de aula. Esse material foi distribuído para mais de 220 escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro e parceiros, a fim de multiplicar ainda mais o debate realizado. O projeto Cultura de Ponta ocorreu entre o mês de dezembro de 2013 e dezembro de 2014, na sede do Afro Reggae, com entrada gratuita e transmissão ao vivo pela internet. Os vídeos dos encontros estão disponíveis na íntegra e gratuitamente no portal Afro Reggae (www.afroreggae.org). A parceria com a Light permitiu que estudantes, gestores públicos, intelectuais, produtores culturais e diversos outras comunidades pudessem debater temas importantes para o desenvolvimento e valorização da cultura em diferentes áreas. Os encontros contaram com grandes nomes entre artistas, produtores e intelectuais. (Anexo I) A seguir, será apresentada a síntese de cada encontro, por eixo temático com o respectivo link para o vídeo, com o debate integral e um breve currículo dos palestrantes. 5 1º EIXO TEMÁTICO: DANÇA A arte é um patrimônio da humanidade. Refletir sobre esse fenômeno é pensar criticamente sobre a nossa condição existencial e sobre tudo o que nos cerca, seja dentro ou fora das linhas tradicionais das disciplinas escolares. Pensar sobre arte é, dependendo da habilidade e da disponibilidade do professor em abraçar novos desafios, pensar em história, geografia, literatura, língua portuguesa, sociologia, filosofia, ensino religioso, música, economia. Conheça os principais pontos debatidos em cada encontro deste eixo temático. Debate sobre Dança Negra. Foto: Arquivo Afroreggae. Assista aos melhores momentos dos encontros de Dança em: http://goo.gl/f44q2H 6 DANÇA NEGRA DANÇA NEGRA: “ONDE ESTÃO NOSSOS BAILARINOS E COREÓGRAFOS NEGROS?” Entre a afirmação política, o preconceito e a necessidade de consolidação conceitual, a dança negra constrói seu espaço O que é a dança negra? O que é que se dança na dança negra? De onde vem este tema? Quatro grandes nomes da dança carioca – os coreógrafos e estudiosos Gatto Larsen, Fábio Batista e Charles Nelson, mediados pelo também coreógrafo Luiz Monteiro - tentaram responder a estas difíceis perguntas. A dança negra tem na dança afro uma de suas maiores matrizes, mas engana-se quem pensa que terminam aí as suas fronteiras. Ela alcança horizontes que vão desde a dança afro primitiva indo até a batalha do passinho, passando pelo contemporâneo de Alvin Ailey, e está em pleno processo de auto descoberta e construção. Sistematizada por Mercedes Batista, que coletou as manifestações populares e consolidou seu o aspecto acadêmico da dança afro-brasileira, a dança negra vem evoluindo como instrumento de reflexão e expressão sobre africanidade, corporalidade, cultura, preconceito, aceitação religiosa, estética, linguagem, técnica, etc. Palestrantes: Gatto Larsen – Coreógrafo e co-gestor da Cia. Rubens Bardot Charles Nelson – Professor de dança Afro do Afro Reggae Fábio Batista – Coreógrafo e professor de dança Afro do Espaço Cultural de Arte e Dança do Rio de Janeiro. Mediação: Luiz Monteiro – Coreógrafo, professor e pesquisador de danças afro primitivo e contemporâneo. 7 DANÇA CLÁSSICA: “Só a Bailarina é que não tem…” Toda menina já ficou na ponta dos pés, e quando se fala em dança, a primeira imagem que nos vem à cabeça é a da sapatilha e do saiote. Como está, hoje, o universo da dança clássica? Exigências, sacrifícios físicos e sociais, muito estudo, mercado profissional restrito, e, compensando tudo isso, a realização do sonho de subir ao palco e praticamente voar. Este é o balé clássico! Três experientes professoras – Alice Arja, Nelma Darzi e Creuza Joaquim – se debruçaram sobre o assunto, e analisaram diversos aspectos da dança clássica. A dança clássica não é só sapatilha e se, depois dos primeiros anos de contato com a dança, o jovem decidir ser um bailarino profissional? O que ele pode esperar? O mercado de trabalho da dança, de modo geral, e do balé clássico, especificamente, é bastante restrito no Brasil, e quase sempre é preciso conciliar a atuação nos palcos com aulas ministradas em escolas ou academias. Palestrantes Nelma Darzi – Fundadora da Escola Petite Danse Creuza Joaquim – Professora de Balé do Afro Reggae e da Uniartes e Instituto Ama. Alice Arja – Fundadora da Escola de Dança Alice Arja. Mediação: Luiz Monteiro – Coreógrafo, professor e pesquisador de danças afro primitivo e contemporâneo. 8 DANÇA CONTEMPORÂNEA: Ousada a ponto de, muitas vezes, ultrapassar os limites da dança e invadir outras áreas, quais as características da dança contemporânea? O mundo está mudando, a dança está mudando e muitos bailarinos chegam a uma encruzilhada em suas carreiras, ansiando por novas formas de expressão. Esgotados os caminhos já conhecidos do jazz, da dança moderna e do clássico, buscam novas experimentações. Mais liberdade para coreógrafos e produtores, novos desafios para os bailarinos, novas formas de relação com o público. Regina Sauer, Renato Vieira e Betho Pacheco – experientes bailarins e coreógrafos, “craques” da dança contemporânea no Brasil, acreditam que ela ainda não está formatada, ainda não é um conceito reconhecível como o jazz e o moderno, embora existam técnicas de aulas e exercícios que já atendam por este nome. De origem européia mas bastante forte também nos EUA, a dança contemporânea surgiu para preencher esta lacuna, e, como toda novidade, tem suas polêmicas e contradições. Desta nova linguagem surgiram nomes como Pina Baush, com sua belíssima obra, mas, por outro lado, espetáculos de dança contemporânea, por vezes, incorporam movimentos e opções estéticas que só com muito boa vontade podem se chamados de “dança”. Palestrantes Renato Vieira: Coreografo, professor, diretor de movimento e diretor artístico da Cia. De Dança Renato Vieira. Regina Sauer: Diretora e coreógrafa da Cia. Nós da Dança, criou mais de 20 obras completas apresentadas no Brasil e no exterior. Mediação: Beto Pacheco - Coreógrafo, bailarino, professor e diretor de Dança do AfroReggae. 9 O DESAFIO DA DANÇA NO BRASIL No último ciclo de debates sobre dança, o assunto foi o futuro, para onde aponta o mercado e quais estratégias estão sendo testadas pelos profissionais da dança para garantir não só a sobrevivência, mas, principalmente o crescimento desta arte. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. Na composição da mesa estiveram: Andrea Raw, Thiago Engels, Luiz Monteiro, Renato Valverde, Charles Nelson, Carlos Magno e Creuza Joaquim. Beto Pacheco foi o anfitrião da noite, e abriu a conversa esclarecendo o que unia todas aquelas pessoas: “Eu trouxe aqui pessoas que são super parceiras nossas, que são jovens, que hoje estão fazendo com que a dança aconteça de alguma forma. Em termos de produção, em termos de execução, de arte, de cultura, e fazendo com que isso cada vez mais seja possível de se tornar uma profissão rentável. São pessoas que estão realizando alguma coisa dentro da dança, ou do cenário do Rio de Janeiro hoje”. Beto Pacheco 10 Palestrantes: Creuza Joaquim - Professora de Balé do AfroReggae e da Uniartes e Instituto Ama. Carlos Magno - Professor de Dança do AfroReggae. Andrea Raw - Professora de Dança Moderna e criadora do Congresso Brasileiro de Dança Moderna. Luiz Monteiro - Coreógrafo, professor e pesquisador de danças afro primitivo e contemporâneo Thiago Engels - Produtor da CLANM - Companhia Laboratório de Arte Negra e Movimento. Renato Valverde - Produtor da Companhia de Ballet do Rio de Janeiro e da Escola Alice Arja. Mediação: Beto Pacheco - Coreógrafo, bailarino, professor e diretor de Dança do AfroReggae. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 11 2º EIXO TEMÁTICO: CIDADANIA O termo cidadania tem origem etimológica no latim civitas, que significa "cidade". Cidadania é o exercício pleno dos direitos políticos, civis e sociais. A cidadania esteve e está em permanente construção, através daqueles que sempre buscam mais direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas, não se conformando com barreiras legais ou de preconceito. No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, pois, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985), persiste o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, desemprego, privação de educação, sem falar nas vítimas dos variados tipos de violência, ou aqueles que, por pertencerem a grupos minoritários, são obrigados a se adaptarem à “regra geral”, vendo desrespeitados seus direitos pessoais. As lutas sociais são todos os esforços desenvolvidos por um grupo de pessoas ou por um povo para conseguir obter seus direitos diante das autoridades, frente aos mais poderosos ou contra fatos e situações prejudiciais à comunidade. Os chamados “movimentos sociais” são ações reunindo pessoas pertencentes a diferentes classes e camadas sociais, mas que têm uma causa ou situação em comum, que os une. Os movimentos geram uma série de mudanças na vida pública e privada, contribuindo para o desenvolvimento e transformação da sociedade civil e política, e a participação da população em movimentos sociais foi fundamental para que houvesse uma ampliação significativa dos direitos políticos, sociais e civis das minorias. Este eixo debateu os principais temas relevantes ao exercício da cidadania tangenciando os direitos humanos. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/cMyYlw 12 DIVERSIDADE SEXUAL Lésbicas, gays, travestis e transexuais têm muito em comum, e ao mesmo tempo, um universo de diferenças e especificidades, que só fazem aumentar se considerarmos ainda as diferenças de classes sociais e de origem. Como conciliar tudo isso e unificar uma pauta de reivindicações que permita ao movimento LGBT avançar na conquista dos direitos humanos e civis de seus integrantes? Dois experientes lutadores nesta área, Bruno Bimbi e Eduardo Piza, tentaram responder a esta difícil pergunta, dando ainda depoimentos sobre ações já desenvolvidas, no encontro que ocorreu no dia 27/01/14. Casamento igualitário, direito civil, mercado de trabalho foram alguns dos temas abordados neste encontro. O debate foi transmitido ao vivo pela internet. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 13 Palestrantes: Bruno Bimbi. Assessor do deputado Jean Wyllys e Coordenador da campanha pelo casamento civil igualitário no Brasil. Eduardo Piza. Advogado especialista em direito público, militante do movimento LGBT em São Paulo. Mediação: Sergio Carrara. Cientista Social e Doutor em Antropologia. Coordenador do Centro Latino-Americano em sexualidade e Direitos Humanos. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 14 QUESTÃO RACIAL No segundo encontro do tema cidadania, foi a vez de debater a questão racial. O Brasil foi o último país independente do continente americano a eliminar completamente a escravidão. A libertação significou integração? Depois de conquistada a igualdade de direito, aconteceu à igualdade de fato? O longo período de escravidão deixou consequências para a população negra de hoje? Os professores, pesquisadores e militantes do movimento negro Jorge da Silva e Ivanir dos Santos no dia 03/02/14, procuraram esclarecer essas questões e mapear a cena atual da luta contra o preconceito racial e pela integração da população negra. O debate foi transmitido ao vivo pela internet e contou com 16 pessoas na plateia. Palestrantes: Ivanir dos Santos. Criador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas – CEAP. Jorge da Silva. Cientista Social, Professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e ex - secretário de Estado de Direitos Humanos – RJ. Mediação. Felipe Pasquollotto – Coordenador do Projeto Além do Arco-íris do AfroReggae. 15 CONDIÇÃO FEMININA No dia 10/02/14 foi à vez das mulheres entrarem no debate. O terceiro encontro sobre cidadania debateu a atual condição feminina, lutas, conquistas e reinvindicações foram pautas do encontro. Fábio Lopes e Irina Bacci levaram a plateia a refletir sobre o papel da mulher na sociedade, suas escolhas, os preconceitos e limites impostos pela sociedade. O debate foi transmitido ao vivo pela internet e contou com 17 pessoas na plateia. Palestrantes Fabio Lopes. Doutor em História pela Unicamp e Université Paris VII. Pesquisador sobre gênero e violência. Irina Bacci. Integrante da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Mediação: Felipe Pasquollotto. Coordenador do Projeto Além do Arco-íris do AfroReggae. 16 SÍNTESE - LUTAS PELA CIDADANIA No dia 17/02/14 o eixo temático sobre cidadania chegou ao fim, para a síntese do tema as lutas pela cidadania entraram em pauta. Na mesa Marcus Faustini e Nataraj Trinta falaram dos movimentos da rua que eclodiram em junho do ano passado. Contextualizando as lutas do passado e as lutas de hoje. O debate foi transmitido ao vivo pela internet e contou com a presença de 13 pessoas na plateia. No Brasil ainda há muito que fazer em relação à questão da cidadania, pois, apesar das extraordinárias conquistas dos direitos após o fim do regime militar (1964-1985), persiste o drama de milhões de pessoas em situação de miséria, desemprego, privação de educação, sem falar nas vítimas dos variados tipos de violência, ou aqueles que, por pertencerem a grupos minoritários, são obrigados a se adaptarem à “regra geral”, vendo desrespeitados seus direitos pessoais. Palestrantes Marcus Vinícius Faustini - Fundador da Agência de Redes para Juventude, diretor teatral, documentarista e escritor. Nataraj Trinta - Historiadora e ativista ligada à Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB); atua como professora e pesquisadora em história. Mediação: Felipe Pasquollotto – Coordenador do Projeto Além do Arco-íris do AfroReggae. 17 3º EIXO TEMÁTICO: FUNK Pelas características do tema, as atividades deverão ser fundamentalmente audiovisuais: muitas audições de clássicos do funk,apresentações musicais e resgate de imagens que contem e acompanhem a história do funk desde a década de 80 até hoje. Com este panorama, será fácil tratar com os alunos questões como cultura, moda, poesia, música de protesto, estilos musicais e muitos outros temas que sejam adequados à matéria tratada e ao nível da turma. História, Geografia e Língua Portuguesa são especialmente privilegiadas. Certamente não será difícil localizar, na própria comunidade, personagens que possam, com seus depoimentos, “ilustrar” o assunto e, claro, os próprios alunos têm muito o que contar. Por ser um tema bastante presente na vivência dos alunos, tão amplo, que em si já sugere atividades coletivas e fora dos muros escolares, e (aparentemente) descolado dos currículos básicos e tradicionais, o tema funk presta-se bem para as classes de alunos mais velhos, que podem trabalhar com mais autonomia, bem como a uma abordagem do tipo “projeto”, ou seja, mais prolongada no tempo, com um objetivo final e com “times” de trabalho e não necessariamente às turmas existentes. Conheça as principais questões debatidas! Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/qo9vD9 18 EMPREENDEDORISMO NO FUNK: TAMBORZÃO S.A. O funk cresceu rapidamente, não apenas como expressão cultural, mas também como nicho de mercado e oportunidade de negócios. Olho vivo e informação são as palavras-chave. A palavra empreender pode ter diversas definições. De modo geral, podemos dizer que significa identificar as oportunidades, desenvolver meios de aproveitá-las e, assumindo os riscos e desafios, transformá-las em um negócio lucrativo. Três nomes de peso estiveram reunidos para conversar sobre as oportunidades de negócios do funk. Batutinha, produtor musical de nomes como Anitta, Naldo e Roberto Carlos, Dennis DJ, produtor, criador e apresentador do programa do Som do Galerão, e criador do selo Galerão Records, e Mateus Aragão, idealizador e produtor da festa ”Eu amo baile funk” discutiram as características de um empreendedor cultural, a cadeia produtiva deste estilo musical, capaz de movimentar milhões, e contaram suas histórias de empreendedores de sucesso. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 19 Está mais do que provado que é possível viver de funk, e este é um momento especial, com a vinda da Copa e das Olimpíadas. Hoje, se você fala em empreendedorismo no funk, você fala de milhões de reais, milhares de empregos. Quem quiser apostar nesse movimento deve procurar se informar sobre a legislação tributária, direitos autorais, legalização de eventos, etc. O funk hoje é uma grande realidade, esperando quem souber explorá-lo! E você, tem alguma ideia para empreender no mundo funk? Palestrantes: Batutinha é DJ, produtor musical, compositor, músico e engenheiro de som. Toca gêneros como: Funk carioca, Soul, Hip Hop, Rap e Reggae. Como produtor muscial trabalhou com Anitta, Naldo. Entre Outros. Dennis é DJ e, aos 28 anos de idade, já é veterano não só dos bailes, mas também dos estúdios de produção. Mateus Aragão, Produtor da Eu Amo Baile Funk (a festa de maior sucesso do Circo Voador desde a sua reabertura, em 2004), está à frente da também da Rio Parada Funk: um encontro inédito de MCs, DJs, dançarinos e equipes de som. 20 RESOLUÇÃO 0013- E AÍ?: QUANDO O BAILE FUNK VIRA CASO DE POLÍCIA Solta a batida, mas só com autorização! O que fazer quando a lei se torna um impedimento para a realização de atividades culturais? Editada em janeiro de 2007, para regulamentar a organização de eventos artísticos, sociais e desportivos, a Resolução 013 gerou polêmica pois conferia poderes totais às autoridades policiais para proibir a realização de tais eventos. A Resolução caiu como uma bomba no universo funk, e praticamente calou o batidão em todo o Rio. O fundador da Associação dos Profissionais e Amigos do Funk (Apafunk) e autor do clássico “Endereço dos Bailes” MC Leonardo, e o major da Policial Militar Leonardo Nogueira, atual comandante da Unidade de Polícia Pacificadora do Morro do São Carlos, tiveram uma conversa franca sobre as causas e consequências da norma, hoje já revogada, mas cujos efeitos ainda se fazem sentir. Com a Resolução 132, aparentemente, a realização dos bailes encontrará menos obstáculos. Os produtores compreendem a necessidade de regulamentação e são enfáticos em dizer que querem segurança em suas festas. As autoridades, em geral, se mostram flexíveis nas comunidades. “Nós, policiais,estamos aprendendo a lidar com essa informalidade da favela, de maneira que você não aniquile a cultura funk. Por isso, estamos tendo um diálogo, talvez não seja ainda o ideal, mas nós já iniciamos esse diálogo”, afirma o major Nogueira. O que todo mundo quer é paz para agitar! 21 Palestrantes: Major Nogueira é Policial Militar de Carreira, com extensa atividade em UPPs. Ele inaugurou a UPP do Pavão-Pavãozinho, em 2009, e a UPP da Mangueira, em 2011. Em 2013 o Major assumiu o comando da UPP do São Carlos. Marcson Muller é DJ, diretor artístico e produtor Musical. Este a frente da direção artística da rádio FM O Dia 100.5 por 5 anos. Atualmente é consultor do AfroReggae e Multishow. Graduado em Propaganda e Marketing com Inglês fluente, cursando o MBA de Gestão em negócios no Ibmec. Mc Leonardo faz parte da primeira geração de Mc’s no Funk carioca. Com o seu parceiro e irmão, McJúnior, ele forma há 21 anos a dupla Júnior e Leonardo. Em 2008 , fundou a Associação do Profissionais e amigos do Funk (APAFUNK), e com ela conseguiu vários avanços, mas o principal foi o reconhecimento por Lei do Funk enquanto movimento cultural. Leonardo assina uma coluna na revista Caros Amigos e apresenta o programa Funk Nacional, na Rádio Nacional AM 1130. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 22 CULTURA FUNK: DO RIO PARA O MUNDO Depois de anos lutando para a ser reconhecido como movimento cultural, o funk finalmente começou a quebrar barreiras e preconceitos.Mas a luta continua. O funk já tem história! Hoje com cerca de 40 anos, o movimento tornou- se símbolo do espírito do carioca e, recentemente, foi reconhecido como manifestação cultural. Seus principais ícones são o MC, o DJ, as equipes de som e os bailes, mas não podemos deixar de lado, como importantes elementos culturais, a moda, a dança e o vocabulário funkeiros. Dois personagens dessa história nos ajudam a entender como tudo aconteceu: o DJ Sany Pitbull e o cantor Buchecha, conversaram lembrando suas trajetórias e contando como o funk se tornou o que é hoje. Qual a festa hoje não toca funk? Qual o evento hoje não toca funk? Presente em maior ou menor grau em todas as camadas sociais, o ritmo é sinônimo de festa e alegria, e garantia de pista cheia. Mas a aceitação do funk ainda não é completa, e ele permanece cercado por muitos preconceitos. Apologia ao crime, pornografia, violência, pobreza poética e associação ao tráfico são as principais acusações. Os bailes têm uma trajetória cheia de altos e baixos. Já foram centenas, realizados semanalmente em todo o estado, já foram tratados como caso de policia, sendo fechados muitas vezes a bala, e, depois de praticamente proibidos pela famosa Resolução 013, hoje tentam retomar sua força. Grande parte da fama de violência do funk vem dos “corredores” dos bailes dos anos 80 e 90, quando galeras se enfrentavam em grandes brigas. 23 Palestrantes: Claucirlei Jovêncio de Souza, mais conhecido por todos como Buchecha, estreou no cenário musical aos 17 anos de idade ao lado de seu amigo Claudinho. Juntos, fizeram do funk mania nacional e conquistaram uma legião de admiradores. Após a perda trágica do seu companheiro Claudinho, Buchecha lançou a sua carreira solo em 2003 pela Universal Music, distribuído pela Sony-BMG. Sanny Pitbull é DJ e Produtor Musical. Tem se diferenciado de outros produtores de funk por estar apostando na vertente instrumental do gênero. Marcson Muller é DJ, diretor artístico e produtor Musical. Este a frente da direção artística da rádio FM O Dia 100.5 por 5 anos. Atualmente é consultor do AfroReggae e Multishow. Graduado em Propaganda e Marketing com Inglês fluente, cursando o MBA de Gestão em negócios no Ibmec. MC Sapão. Com apenas 20 anos, lançou seu primeiro disco intitulado de "Papo de futuro" e teve mais de 120 mil cópias vendidas. Desde então, a carreira de Sapão foi marcada por shows nos mais diversos estados brasileiros, turnê pelos Estados Unidos, aparições nos principais programas de TV 24 DESCRIMINALIZAÇÃO DA MASSA FUNKEIRA: A CONSCIÊNCIA DE QUE O POBRE TEM SEU LUGAR Os funkeiros são marginalizados, os bailes são tratados como caso de polícia e o preconceito impede a real visão deste universo que só quer é ser feliz O cidadão funkeiro, o “Silva” de que fala o clássico Rap do Silva, de Bob Rum, continua sem poder andar tranquilamente na favela onde nasceu. Para a grande massa que curte o batidão, ainda vale a famosa frase do expresidente Washington Luís, que no século passado afirmou: “Questão social é caso de polícia”. O movimento funk é visto, praticamente desde o seu nascimento, com inegável preconceito, e seus integrantes, mais do que simplesmente discriminados, são criminalizados – todo mundo é culpado de alguma coisa, até que se prove o contrário. Para falar sobre este terrível aspecto do universo funk, o DJ Grandmaster Raphael, o MC Sapão e Mr. Catra estiveram juntos e relembraram momentos em que o preconceito doeu na pele. Muitas manifestações culturais nasceram e se afirmaram sob o olhar desconfiado do preconceito. O Brasil ainda mantém um alto grau de desigualdade, herança da escravatura, e as formas de expressão das populações pobres são frequentemente vistas como contravenção e até crime: foi assim com a capoeira, as religiões de matriz africana, os batuques e o samba - sambista era sinônimo de vagabundagem, de malandragem. O primeiro “crime” de que o funk é acusado é o de fazer, com suas letras, o elogio e a defesa do tráfico, das facções e de seus líderes – a famosa “apologia”. Ora, o funk, assim como o rap, é uma crônica social, uma narrativa do cotidiano do MC e de sua comunidade. É inevitável que seus temas abordem a violência, o tráfico e seus personagens. Se alguns MCs apoiam claramente a ilegalidade, eles são apenas “alguns” dentro de um grande universo de cantores e compositores. Indivíduos podem ter feito apologia do crime, mas o movimento como um todo não pode responder por isso. 25 Palestrantes: Grandmaster Raphael: DJ e produtor musical. Um dos mais conceituados produtores da Cena Funk do Brasil. O DJ também está profundamente envolvido na formação de jovens da periferia, em Vigário Geral comanda o Estúdio Red Bull Favela Beats, que oferece formação em música eletrônica para jovens que não podem pagar por seus estudos. Para, além disso, Grandmaster também viaja a outras regiões do país dando palestras e ministrando cursos que oferecem uma oportunidade de capacitação para os Jovens. Mr. Catra, foi aluno do Colégio Pedro II e líder estudantil. Montou uma banda de rock chamada "O Beco", que chegou a fazer um sucesso relativo em festivais de música de escolas e faculdades, em meados da década de 80. No ano de 2004, Mr Catra recebeu o primeiro convite para fazer seu show e levar uma parte da cultura do FUNK CARIOCA para fora do Brasil ... fez seu primeiro show no exterior ... mais precisamente no Favela Chic da Franca ... e dali não parou mais de trabalhar por la ... em suas turnês anuais já pode mostrar seus trabalhos por paises como : Suécia, Suíça, Inglaterra, Dinamarca, Alemanha, Polônia, Israel, Noruega, Holanda, Rússia, Espanha, Franca, Bélgica, etc. MC Sapão Com apenas 20 anos, lançou seu primeiro disco intitulado de "Papo de futuro" e teve mais de 120 mil cópias vendidas. Desde então, a carreira de Sapão foi marcada por shows nos mais diversos estados brasileiros, turnê pelos Estados Unidos, aparições nos principais programas de TV. 26 4º EIXO TEMÁTICO: CULTURA URBANA Muito do que vivemos, conhecemos gostamos, compramos, ouvimos, falamos, vestimos etc., surgiu nas ruas. As ruas são responsáveis por importantes capítulos da cultura. Claro, quando dizemos “rua” não é do elemento físico da paisagem urbana, da “rua de verdade” que falamos, mas sim de ideias, influências, costumes e comportamentos que são públicos, coletivos. A cultura produzida nas ruas, a chamada “cultura urbana”, tem diversas manifestações, e ao mesmo tempo em que engloba rap e grafite, encontrados praticamente em todos os países, também inclui cenas bastante localizadas e inesperadas, como a luta livre mexicana, protagonizada por homens mascarados, e as turmas de motociclistas da Rússia. Muitas das manifestações de cultura urbana que conhecemos surgiram nos bairros pobres das cidades em resposta à exclusão social, ao racismo, à crise econômica, à falta de acesso à educação, etc. Sua origem é a periferia e as camadas mais jovens da sociedade. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/6F5gkz 27 STREET ART GRAFITE E XARPI: ARTE, VANDALISMO E PRECONCEITO Os muros gritam mensagens todos os dias, mas é preciso ter olhos para ler o que a arte urbana tem para dizer Ainda há muita controvérsia quando o assunto é grafite ou pichação. Enquanto para alguns as duas formas de representação deveriam ter o mesmo status e respeitabilidade, para outros elas são coisas totalmente diferentes. Qualquer expressão que apareça nos muros da cidade deve ser considerada uma manifestação artística? Qual o papel político da pichação? Para ajudar a entender estas e outras questões, Gustavo Coelho, doutorando em Educação pela UERJ, e Rafo Castro, designer e ilustrador, conversaram sobre o tema. Recentemente um decreto foi baixado para normatizar a ação da Prefeitura do Rio e seus órgãos (Comlurb, Rioluz, Conservação, etc), e para fazer com que seus representantes entendessem o que essa arte representa. O decreto determina em quais superfícies os trabalhos podem ser aplicados, sem que haja repressão, deixando claro que o patrimônio tombado não pode ser usado como suporte. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 28 O debate entre o individual e o público, o direito à visibilidade e à propriedade privada, à liberdade de expressão e criação, em oposição ao gosto e à estética de cada um, é amplo e complexo, e, no caso dos grafites e pichações, talvez tenha que ser resolvido praticamente caso a caso, metro a metro de parede desenhada ou repintada. Palestrantes: Gustavo Coelho - Doutorando em Educação (UERJ). Mestre em Educação (UERJ). Documentarista e pesquisador interessado nas formas de resistência subjetivas que operam no nível do inconsciente, camufladas nos cotidianos de culturas populares, em especial, as culturas jovens periferizadas. Dirigiu o documentário "Luz, Câmera, PICHAÇÃO", sobre a pouco compreendida cultura da pixação de rua no Rio de Janeiro. Rafo Castro - Designer e ilustrador que trabalhou ao lado de nomes como Marcelo Sommer, Gringo Cardia e O estúdio Marcelo Dughettu - rapper e presidente do Instituto EixoRio. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 29 COMPORTAMENTO URBANO - A INFLUÊNCIA DA MODA URBANA NAS GRANDES MARCAS: A RUA SOBE NA PASSARELA As tendências surgidas na pista influenciam as novas coleções e, ao mesmo tempo, o que está nas vitrines afeta o gosto da galera, num grande ciclo fashion A partir dos anos 50 a moda deixou de brotar apenas da mente dos criadores consagrados e dos ateliês de alta costura, e começou a refletir um pouco o desejo de quem estava consumido aquela roupa na rua, no dia-a-dia. Desde então, é quase impossível desvincular a influência do comportamento urbano do que é produzido para vestir. Mais adiante, nos anos 90 ocorre outro fenômeno: todo mundo começa a ter mais acesso a coisas que antes eram muito restritas, em razão da multiplicação da quantidade de confecções e de acesso a um produto mais barato. A moda entra na moda, porque, com a facilitação do acesso, as pessoas começam a ter a oportunidade de fazer o que quisessem com o seu vestir. Da soma dos dois momentos surge uma maneira de vestir mais livre, mais independente das grandes tendências, mais individual. Cada um passa a ter a liberdade e a possibilidade de misturar uma peça cara, de grife, com outra comprada em lojas de departamento, outra comprada num brechó, customizando as três e criando uma quarta coisa, diferente das outras, que reflete todas as influências que aquela pessoa recebeu e recebe diariamente nas grandes cidades. O conjunto das coisas que cada um elege para si é que está gerando novas verdades. Para discutir o fenômeno da moda de rua, Pedro Perdigão, gerente de branding da Redley, Elle Alves, professora de design na universidade Veiga de Almeida, e Robson Teixeira, sócio fundador da Grife DNegro, estiveram reunidos e deram seus depoimentos. 30 Talvez não seja possível prever o futuro deste ciclo, mas uma tendência que já se apresenta é a absorção, por produtores e consumidores, de vários aspectos ligados às responsabilidade do fazer e do consumir. Preocupações com sustentabilidade, uso otimizado de materiais, redução de impactos e responsabilidade social são palavras que, pouco a pouco, estão se incorporando ao mundo fashion. Palestrantes: Robson Teixeira. Sócio fundador, foi camelo na Uruguaiana e montou uma loja ao lado da portela e virou um ponto de referencia da cultura urbana onde varias tribos se encontram. A grife tem a proposta de não ser somente uma marca de roupa urbana, mas com a ideologia de unir por meio da moda as diferenças de credo, cores e estilo. Elle Alves – Diretora da agência Elephante Amarelo; professora de design na universidade Veiga de Almeida; trabalhou na Vogue, L’Officiel e Jornal do Brasil e há 18 anos se dedica à pesquisa e ao desenvolvimento de produtos de moda associados ao comportamento de consumo. Pedro Perdigão – Gerente de branding da Redley; observador e pesquisador do comportamento contemporâneo e fotógrafo nas horas vagas. Marcelo Dughettu, rapper e presidente do Instituto EixoRio. 31 MÚSICA E MERCADO: AS ALTERNATIVAS DE UM TERRITÓRIO EM CONSTANTE MUDANÇA As diferentes formas de consumir música aumentam, tudo está a um clique de distância e a indústria fonográfica luta para se adaptar Durante várias décadas, o número de discos vendidos - fossem LPs ou CDs – era a marca do sucesso de um artista. Premiações como Disco de Ouro ou Disco de Platina indicavam uma curva ascendente na carreira de um cantor, e as vendas eram uma fatia importante do bolo financeiro do mercado musical. Eis que chega a tecnologia embaralhando tudo, facilitando a informação, barateando o acesso, eliminando etapas e colocando em contato praticamente direto o criador e o ouvinte. A frase “ninguém mais vende disco” já é quase um bordão nos meios musicais, caminhos alternativos surgem, a cena independente ganha força e a fórmula para medir o sucesso é reinventada. Como fazer a sua música circular? Como viver de música? DJ Saddam, referência na cena musical carioca, e Evandro Fioti, criador do selo Laboratório Fantasma e responsável pela carreira do rapper Emicida, estiveram juntos para ajudar a descobrir os novos rumos da música e do mercado fonográfico. O pensamento é pragmático: avaliando estrategicamente a sua carreira, por que não usar a verba de patrocínio para investir em algo que pode tornar seu trabalho maior? A primeira coisa é ter confiança dentro de você mesmo e saber o que está fazendo, e porque está fazendo. Com essa segurança, você vai poder passar isso para os outros e levar seu projeto adiante. 32 Palestrantes: Evandro Fioti. Com apenas 25 anos de idade, Evandro Roque de Oliveira, conhecido como Fioti, é seguramente um dos mais promissores nomes por trás do atual mercado musical brasileiro, especialmente no segmento independente. Ao lado do irmão Emicida criou o selo musical/gravadora Laboratório Fantasma há 5 anos e, se hoje o rapper é um dos maiores expoentes do gênero no Brasil, Fioti certamente tem sua parcela neste êxito. Agenciando e gerenciando a carreira de Emicida desde o início, aprendeu fazendo na prática. Com o tempo vieram turnês internacionais, prêmios grandes shows nos maiores festivais do Brasil. Hoje Fioti acumula também no currículo o empresariamento do rapper Rael, que já desponta como uma grande revelação da nova geração da música brasileira, além da produção e promoção de eventos com outros artistas, incluindo a curadoria da Virada Cultural de São Paulo. DJ Saddam. Há 18 anos em atividade, Mauricio Carneiro, mais conhecido como DJ Saddam, se tornou uma referência na cena musical carioca. O cara já abriu shows de nomes como 50 Cent, Mos Def, The Beatnuts, Ja Rule, Chamillionaire, Charlie Brown Jr., O Rappa, MV Bill, Marcelo D2, Pitty e Natirruts. Graduado em direito, já trabalhou como radialista, tocou nos principais eventos e casas noturnas do Rio de Janeiro e promoveu batalhas de Mc’s. Marcelo Dughettu rapper e presidente do Instituto EixoRio. 33 OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO: A ARTE É UM FOCO DE LUZ A cidade é nossa? Como aproveitar de fato os espaços que a rua oferece? Os espaços públicos oferecem uma experiência realmente democrática para todos? Quantas vezes passamos por uma praça, um jardim, um calçadão ou uma quadra de esportes abandonados e pensamos no desperdício de dinheiro público e de oportunidades de lazer? Ou, pior ainda, quantas vezes passamos por estes espaços e sequer nos sensibilizamos, como se eles nem existisse mais? E se este espaço estivesse ocupado por um mágico, um palhaço, um músico ou uma peça de teatro? André Garcia Alves, do Grupo Boa Praça e integrante do projeto Arte Pública, Antônio Consciência, rapper, compositor, produtor cultural e advogado, e Fabio Broa, produtor fonográfico e DJ oficial do Mc Coé, conversaram para refletir sobre a nossa relação cotidiana com o espaço público. É importante lembrar que o Brasil, por motivações histórias, sociais religiosas, tem um perfil coletivo, público. Somos um povo que adora estar no espaço público. A qualquer momento do dia ou da noite, em qualquer cidade do interior do Brasil, existe uma manifestação de rua acontecendo. O Brasil é a maior praça de arte pública do mundo... Palestrantes: André Garcia Alves. Ator, Palhaço, Diretor, Professor e Produtor. Iniciou como ator profissional em 1995, neste mesmo ano começou como produtor, pesquisador e assistente de oficinas teatrais. Há seis anos fundou a Cia. Será O Benidito!?, que tem sua historia e origem no teatro de rua. Nos 2 últimos anos desenvolveu e fundou o Núcleo de Teatro de Rua do CBTIJ com o Projeto Boa Praça e tenho ajudado a difundir e articular a Rede de Teatro de Rua e Artes Afins do Rio de Janeiro e do Brasil. 34 Antônio Consciência. Rapper, compositor, produtor cultural e advogado, Antonio Carlos Ribeiro Coelho, também conhecido como Antonio Consciência, iniciou sua carreira artística aos 21 anos, quando formou a banda Consciência Tranquila. Morador do morro da mineira e posteriormente no complexo do Turano, se Formou em Direito e em Técnico de Sonorização pela Iatec. Fábio Broa. Produtor e DJ. Durante o início do seu envolvimento com projetos culturais, foi conhecendo pessoas do meio artístico, produtores culturais e, desde então, participa de eventos, tais como as Batalha de MCs, promove eventos de Rap na rua, que tiveram início pelo Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 35 5º EIXO TEMÁTICO: NOVAS MÍDIAS O jeito de consumir informação em todo mundo mudou! Diariamente somos bombardeados por milhares de mensagens. Quem produz informaçãoprecisa entender que a forma ou o meio utilizado influencia o conteúdo, e modifica nossa maneira de compreender e reter o que é oferecido. Artistas, comunicadores e - por que não? - professores devem saber usar isso ao seu favor na hora de produzir conteúdo! A possibilidade de conexão através de dispositivos pessoais (celulares,laptops, tablets) e de tecnologias sem fio (3G, Wi-Fi, GPS, Bluetooth) vem transformando os processos de comunicação. Qualquer um pode pesquisar, comprar, vender, conversar, namorar, jogar, se divertir, trabalhar e realizar sabe-se lá quantas outras atividades na internet. Pessoas podem estar juntas, mesmo estando em continentes diferentes. Que alterações acomunicação móvel promoveu no pensamento e na forma de as pessoasse relacionarem? A utilização das novas tecnologias pode levar os alunos a desenvolverem capacidades críticas e reflexivas? Ou, ao contrário, ao apresentar tudo ao alcance de um clique, diminui a capacidade de pensar por si só? Estas e outras questões foram debatidas nos encontros apresentados a seguir. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/GAhQcj 36 HUMOR NA INTERNET: A EXPERIÊNCIA DE FAZER COMÉDIA NAS NOVAS MÍDIAS Se rir continua sendo o melhor remédio, qual a receita para ter sucesso com a tradicional arte da comédia no novíssimo espaço da internet? Já na Grécia antiga as artes cênicas eram representadas por duas máscaras: a da tragédia e a da comédia. O uso de humor existe desde o nascimento do teatro. Desde sempre, o riso foi usado para criticar os poderosos, as ideias estabelecidas, os preconceitos, o status quo. Gueminho Bernardes e Fábio Nunes, atores, roteiristas e protagonistas de grandes sucessos na internet, estiveram juntos para discutir como esta arte nascida na antiguidade se encaixou com perfeição no novo mundo das mídias digitais. A internet é uma ferramenta que aproxima muito o artista do público. Talvez nenhum outro aproxime tanto, porque, embora no teatro artista e público estejam no mesmo espaço físico, é um espaço público e consentido. Já na internet o fã entra na casa do artista, mesmo sem ser convidado, por email, pelo Facebook, pelos sites, etc. O artista precisa estar sempre atento ao fato de que ele fala – potencialmente - para milhões, e que é impossível saber o certo como será a recepção do que é dito ou postado. Palestrantes: Gueminho Bernardes: Autor, ator e diretor teatral. Criador, há 35 anos, do Teatro de Quintal. Atualmente com os espetáculos “Como Fracassar na Vida e Ser Infeliz no Amor” e “Mau Humor”, é ainda roteirista e co-criador do personagem “Dilma”, com o ator Gustavo Mendes, com quem também faz o show de “stand-up comedy” “Ponto GG – Tudo que você sempre quis saber sobre sexo, mas nunca teve um comediante para explicar” 37 Fábio Nunes: Integrante do grupo Avacalhados, de comédia e improvisação teatral. Atuou no grupo Os Inclusos e os Sisos – Teatro de Mobilização pela Diversidade. Autor das séries de humor Sobrevivendo à Maioria das Coisas, do canal Anões em Chamas, e diversos esquetes do canal Parafernalha. Fez participações em Será que Faz Sentido? E Adorável Psicose (Multishow). Com Felipe Neto, roteirizou e atuou no quadro Sem Noção, do Esporte Espetacular. Foi um dos protagonistas do especial de final de ano PaPePiPoPu (Record). Assista ao debate completo em: http://migre.me/jzSDE Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 38 PROTAGONISMO NA INTERNET: Um indivíduo pode transformar as pessoas e seu entorno? Como uma experiência local pode virar inspiração e motivação para outras pessoas Algumas pessoas, tomadas por um sentimento de desconforto com “tudo isso que está aí” decidem arregaçar as mangas e intervir de alguma forma na sua rua, escola, igreja, praça, local de trabalho, etc, agindo individualmente para o bem coletivo. Destacam-se, assim, e, com sua iniciativa e entusiasmo, frequentemente conseguem contagiar todo o grupo. O esforço de um só, em pouco tempo, torna-se uma corrente coletiva. Tornam-se protagonistas, personagens de referência, transformadores. Para contar suas experiências com mobilização e discutir como a experiência deles pode virar inspiração e motivação para outras pessoas, os jovens ativistas Rene Silva e Bábara Betts conversaram sobre o significado de ser protagonista de ações na internet. Plateia fazendo perguntas aos debatedores. Foto: Arquivo AfroReggae. 39 As redes, grupos que se encontram para trocar experiências e compartilhar ideias, soluções, exemplos e atitudes, são muito importantes na busca de ideias e canais, e saber trabalhar em equipe é fundamental. Não ser o dono da verdade é uma forma de somar esforços à sua proposta, de formar uma relação com a comunidade. O protagonismo é um tipo de educação para a cidadania, as relações sociais e as questões comunitárias. Requer coragem e intuição, mas os frutos colhidos, tanto para o indivíduo que se dispõe a trabalhar quanto para a comunidade que se mobiliza, são compensadores. Palestrantes: Rene Silva estudante, morador do Complexo do Alemão, é repórter, fotógrafo, redator, editor e colunista do “Voz da comunidade”, jornal que criou para denunciar os problemas da sua região. Ficou conhecido por tuitar em tempo real o que aconteceu no Complexo do Alemão no dia da ocupação pela polícia e pelo seu trabalho no jornalismo comunitário. Bábara Betts. Estudante, comanda o blog chamado Faça Diferença, cujo objetivo é influenciar jovens a pensar e fazer diferente. Já foi voluntária no Grupo Ambiental Escola Parque, e atuou em prol do meio ambiente. Foi palestrante no Rio+20. Participou da reunião internacional de jovens através da ONG CISV em 2013. Assista ao debate completo em: http://migre.me/jzSRP 40 DIREITO NO MEIO DIGITAL MARCO CIVIL DA INTERNET: LIBERDADE, NEUTRALIDADE E PRIVACIDADE Como uma lei foi construída a muitas mãos, e quais os problemas ela ajuda a resolver Em 23 de junho de 2014 sancionou-se a Lei 12.965/14, o chamado Marco Civil da internet, depois de um longo e original processo de construção e evolução de seu texto. A nova lei que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres das pessoas, empresas e governo para o uso da internet no Brasil. O que isso significa para cada um de nós, brasileiros? Que lições eleitores e parlamentares podem tirar daí? O deputado Alessandro Molon e a mestra em Administração Pública e Governos Juliana Nolasco, ambos conhecedores e articuladores dessa regulamentação, estiveram reunidos para explicar melhor os detalhes dessa verdadeira "Constituição da Internet". Dentro da ideia de privacidade, um tema polêmico é o chamado “direito ao esquecimento”. Muito já foi feito, e de um modo absolutamente novo e positivo. Mas ainda há muito que fazer, e cada cidadão é responsável por construir a internet que queremos. Palestrantes: Deputado Alessandro Molon. Advogado e professor de Direito na PUC-Rio, além de mestre em História pela UFF. Dois mandatos na Assembleia Legislativa do Rio. Em 2012, liderou e concluiu uma proposta de reforma do Código Penal. Foi relator do Marco Civil da Internet, aprovado no Congresso e sancionado pela presidente Dilma Rousseff. 41 Juliana Nolasco. Trabalha no Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio; mestre em Administração Pública e Governos pela FGV; trabalhou no Ministério da Cultura, na Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, no Centro de Referência da Música Brasileira e já realizou projetos de consultoria para UNESCO, Casa de Cultura Digital, Instituto Overmundo e Eletrocooperativa. Assista ao debate completo em:http://migre.me/jzSN1 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 42 6º EIXO TEMÁTICO: ARTE DA COMUNICAÇÃO A comunicação humana é um elemento central que atinge todos os setores dos nossos relacionamentos com as pessoas. É ela que torna possível a própria vida em sociedade. Tudo o que fazemos ou que deixamos de fazer está de alguma forma ligado à comunicação, seja ela verbal ou não verbal. A comunicação é tão presente em nossas vidas e tão abrangente que até mesmo quando escrevemos um lembrete para nós mesmos e colamos na porta da geladeira, estamos realizando um ato de comunicação. Comunicação é, numa definição rápida, o processo de troca de informações. O ato de comunicar é a materialização do pensamento e do sentimento em signos conhecidos pelas partes envolvidas. Mas o termo comunicação, com o tempo, adquiriu significados muito amplos e variados. Existe a comunicação do dia-a-dia, informal, através da fala, do gesto, do telefonema, da carta. Mas também são formas ou canais de comunicação a propaganda, o discurso político, o cinema, o teatro, a novela, rádio, show, circo, folclore, o jornal, revista, TV, rádio, pelas agências de notícias, os livros, sejam didáticos ou de ficção, aulas, palestras, etc. Mas textos não são só aqueles formados por palavras e frases. Os grafites, as pinturas, a música, obras de arte em geral, são formados por sinais que precisam ser decodificados, lidos, para serem compreendidos.Aarte também comunica. Conheça os pontos mais importantes do debate sobre a Arte de Comunicação, no Cultura de Ponta. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/QDhsuF 43 LITERATURA NAS FAVELAS: UMA CONVERSA SOBRE A PRODUÇÃO INTELECTUAL DA PERIFERIA FLUPP, saraus literários, novos autores e a efervescência da arte da palavra nas comunidades Nem sambista nem jogador de futebol. Muitos jovens nas comunidades querem ser escritores. Ao mesmo tempo, quando perguntados sobre seus hábitos de leitura, muitos outros jovens dessas mesmas comunidades respondem, quase sem constrangimento, que nunca leram um livro. Projetos como a Feira Literária da Periferia (FLUPP) e Ler é 10 tentam fazer a ponte entre estas duas realidades, levando os jovens autores aos leitores potenciais e estimulando o prazer – e, principalmente o hábito! - da leitura entre aqueles que ainda acham que um livro é um obstáculo quase intransponível. Os criadores da FLUPP e do Ler é 10 estiveram juntos e, além de contar suas experiências de vida, explicaram como a presença da literatura pode ser transformadora na formação de cada um. Se olharmos em volta, vamos ver que o diálogo por meio da escrita permanece e é muito forte mesmo entre os jovens que, supostamente, “não leem nada”. Eles leem e escrevem o dia todo, rápidos com seus polegares sobre os teclados dos celulares. Compositores de samba, de rap, de funk, por exemplo, escrevem poesia. E a periferia tem muita história para contar. Várias experiências ligadas à literatura e à poesia, à palavra escrita ou falada, esteticamente, já acontecem pelo Brasil. Embora a questão da qualidade seja frequentemente colocada, devemos lembrar que a literatura é uma forma de expressão, e que o importante, no processo de formação de leitores e escritores, é garantir a possibilidade de se expressar através da palavra poética. A qualidade é uma conquista posterior. 44 Palestrantes: Écio Salles. Formado em Letras, mestre em Literatura Brasileira, na UFF, e doutor em Comunicação e Cultura na ECO-UFRJ. Mentor e realizador da FLUPP – Festa Literária das UPPs, que já está em quatro cidades brasileiras. Otávio Júnior. Morador do Complexo da Penha, da comunidade do Caracol, é autor de 4 livros que aproximam o leitor da vida nas comunidades, buscando a identificação dos leitores com os personagens e ambientes. É o criador e realizador de projetos de promoção e mediação de leitura como o “Ler é Dez, ler é Favela”, que têm o objetivo de democratizar o acesso à leitura nessas comunidades. Heloisa Helena Oliveira Buarque de Hollanda Possui graduação em Letras mestrado em Letras ( Literatura Brasileira) e doutorado em Letras ( Literatura Brasileira) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1979). Fez PósDoutorado em Sociologia da Cultura na Columbia University (1982-83). Atualmente é Professora Emérita de Teoria Crítica da Cultura da Escola de Comunicação e Coordenadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea, órgão complementar à Faculdade de Letras, ambos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É diretora da Aeroplano Editora e Consultoria e, há mais de dez anos, criadora e curadora do Portal Literal (www.literal.com.br) especializado em literatura brasileira. Assista ao debate completo em: https://www.youtube.com/watch?v=zgAD7Vk2wYY 45 A COMUNICAÇÃO ALÉM DA FALA: UM DIÁLOGO COM DEFICIENTES AUDITIVOS Uma conversa sobre a importância da Libras e como se dá a comunicação tátil Normalmente associamos a comunicação à oralidade. A música, a literatura, a arte também podem ser consideradas expressões de uma fala. O que tem isso a ver com os deficientes auditivos? Tudo. Os surdos se expressam, "falam com as mãos". De acordo com o neurocientista Oliver Sacks "ver vozes" é o mesmo que ouvir a fala, pois é o que observamos ao acompanharmos um bom papo entre surdos. Os deficientes auditivos têm seu próprio senso poético, artístico e musical, onde tudo é comunicado por gestos.As mãos do surdo são a sua fala. E o que dizermos da surdocegueira? Isso mesmo, surdocegueira, uma só palavra, uma única deficiência que afeta todo o acesso à comunicação informação e mobilidade de uma pessoa. E como essas pessoas se comunicam? Também com as mãos. Agora é o tato, associado ao gesto, que se torna voz. Para entender melhor toda essa questão, professores do Instituto dos Surdos-Mudos, hoje, Instituto Nacional da Educação de Surdos (INES) estiveram reunidos, falando de suas experiências. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 46 Palestrantes: Vanessa Miró. Formada em Arquitetura e Urbanismo e em Letras / Libras. Pós-graduanda em especialização de Libras: Ensino. Nove anos de experiência no magistério de LIBRAS para ouvintes. Planejou e ministrou aulas de sexualidade para alunos surdos desde Educação Infantil ao Ensino Médio. Produziu, como colaboradora de imagem, material didático para o Manual de DST / Aids do Instituto Nacional de Educação de Surdos. Educadora no Curso de Agente Multiplicador em Saúde Sexual e Reprodutiva. Marcia Noronha - Graduada em História e Mestre em Educação na Linha de Políticas Públicas e Gestão. Especialista na Área de Deficiência Visual. Formação em Libras e pós-graduada em Saúde Mental da Infância e da Adolescência. É responsável pelo Programa de Atendimento e Apoio ao Surdocego do Instituto Benjamin Constant. Indira Cardoso Santos da Silva. Tradutora e intérprete de Libras do Instituto Benjamin Constant. Mediadora de situações de comunicação entre os alunos surdocegos e demais membros do setor de reabilitação da Surdocegueira no Instituto. Certificada pelo 6º exame nacional de proficiência em Libras. Assista ao debate completo em: http://www.youtube.com/watch?v=Przll_0ZShY 47 TALK SHOW COM JORGE MAUTNER: O CANTOR, COMPOSITOR E ESCRITOR BRASILEIRO EXIBE SUAS MÚLTIPLAS FACETAS Filho do Holocausto e mensageiro do Kaos mostra que é, também, muito bom de papo. Qual a relação entre arte e comunicação? Por intuição, todo mundo sabe que elas se relacionam, se alimentam mutuamente, mas nem todo mundo sabe, como o cantor, compositor, instrumentista e pesquisador Jorge Mautner, explicar como as duas coisas “conversam” entre si. Antes de mais nada, uma afirmativa categórica: a arte e seu uso para a comunicação estão na natureza. Por exemplo, o canto do pássaro, o macho e a fêmea: o canto mais bonito para atrair. Tem pássaros que é o macho que produz o ninho, e conquista a fêmea o que faz o ninho mais bonito. O tempo todo é isso: gritos e chamamentos... Isso tudo é a arte da comunicação. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 48 Para Mautner, todas as produções humanas estão de alguma forma relacionadas à produção artística. Ritos de nascimento, funerais, casamentos, cantos de guerra, vestimentas de festa, fardas, trajes cerimoniais, tudo é uma forma de arte, visual, tátil, auditiva. Até a gastronomia tem o seu aspecto artístico. As religiões são feitas com o que? Com rituais, que são o teatro, são feitas com música. O que são as orações? São poemas. A arte integra o ser humano, acompanha desde o nascimento. A pessoa morre e o enterro também é feito com arte: as pessoas que rezam um poema entoam cânticos. Ferramenta de integração do homem com a natureza, e do EU com os outros indivíduos, a arte é também instrumento de expansão da mente e da criatividade. Sem o convívio com os artistas, os cientistas dos séculos XIX e XX talvez não tivessem alcançado as grandes descobertas nas áreas da Física, afirma Mautner: Os cientistas são unânimes em dizer que não teriam conseguido criar as teorias de tudo o que pavimenta a nossa ciência de hoje, se eles, depois de discutir nos laboratórios, não fossem sempre se encontrar com os artistas. Eram os artistas que davam a dimensão de como imaginar o espaço. Assista ao debate completo em: https://www.youtube.com/watch?v=GUhrwWGZVoY 49 7º EIXO TEMÁTICO: AUDIOVISUAL Inventado em 1895, a primeira exibição no Brasil aconteceu em 1896, quando foram projetados pequenos filmes, pouco maiores que os comerciais de TV atuais, que mostravam cenas de cidades da Europa. Nos anos seguintes, o Brasil já produzia seus primeiros filmes. Em 1908 havia 20 salas de cinema no Rio. Nos anos 30 – já com o cinema falado - destacam-se o mineiro Humberto Mauro, autor de “Ganga Bruta”, e as chanchadas, comédias musicais com cantores do rádio e atrizes do teatro de revista. É quando surge o mito CarmenMiranda. Nos últimos tempos, ouviu-se falar bastante sobre a nova lei da TV paga, que obriga os canais a apresentar “conteúdo qualificado brasileiro”. A Lei 12.485 é extensa, mas fica explícita em alguns aspectos: canais que exibem predominantemente filmes, séries, animação e documentários passam a ter obrigação de dedicar à veiculação de conteúdos brasileiros três horas e 30 minutos semanais de seu horário nobre – das 11h às 14h e das 17h às 21h nos canais direcionados para as crianças e de 18h à 0h para os demais. Além disso, a lei estabelece que todos os pacotes oferecidos aos consumidores devem incluir um canal de espaço qualificado de programadora brasileira para cada três canais de espaço qualificado. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/q5lXOy 50 A NOVA LEI DA TV POR ASSINATURA: UMA TRANSFORMAÇÃO RADICAL NO MERCADO BRASILEIRO DE AUDIOVISUAL Apenas 30 minutos a mais por dia de programação nacional provocam uma pequena revolução para público, profissionais, produtores e exibidores. A Lei 12.485, conhecida como Lei da TV por assinatura, depois de longamente discutida no Congresso Nacional, foi sancionada em 2011. Desde então, canais que exibem filmes, séries, animação e documentários passam a ter obrigação de dedicar três horas e 30 minutos semanais de seu horário nobre para conteúdos brasileiros. A transformação aconteceu de forma gradativa, atingindo a totalidade em setembro de 2013, e agora todos os canais já estão obrigados a cumprir a chamada “cota”. A 12.485 abriu oportunidades de crescimento para diferentes segmentos do mercado: para as produtoras, pela enorme demanda de conteúdos nacionais e independentes inéditos, para as programadoras brasileiras, já que a lei levará ao aumento de canais de TV brasileiros de espaço qualificado, e para as programadoras estrangeiras, que terão uma proximidade maior do público brasileiro. A primeira constatação é a de que este é um momento único, histórico, porque, além da implementação da lei da cota, mais dois fatores contribuem para a explosão que se vê no mercado. Primeiro, com a famosa ascensão da classe C, houve um grande aumento da base de assinantes, ou seja, temos hoje mais pessoas vendo TV a cabo, buscando novidades, assuntos de interesse, novas histórias. Aliado a isso, a evolução tecnológica que hoje permite ao usuário ver filmes, séries e programas na TV, no computador de mesa, no laptop, no tablet e no celular - multiplica a demanda e as oportunidades de exibição e distribuição. 51 Para quem ainda não pegou o “bonde da história” e procura a porta de entrada para este mercado, o primeiro passo é se associar a uma casa produtora. O audiovisual é uma indústria, uma estrutura mais ou menos sistematizada, e, salvo algumas exceções, estar vinculado a uma produtora – como contratado ou freelancer, e seja qual for a função – é a melhor forma de ganhar capacitação profissional, realizar contatos, mostrar seu trabalho e apresentar suas ideias. Palestrantes: Debora Ivanov – Advogada e produtora cultural, diretora do Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo – SIAESP e sócia da Gullane Entretenimento. Em atividades de inclusão social, atua como Diretora Executiva do Instituto Querô, organização voltada para a inserção no mercado audiovisual de jovens na região portuária de Santos (SP). Mara Lobão – Produtora e diretora, sócia da produtora carioca Panorâmica Comunicação, produtora executiva de programas dos canais GNT, Multishow e Futura. Formada pela PUC / RJ em Comunicação Social, com cursos de especialização em cinema em Los Angeles. Maria Carolina Telles – Supervisora de produção e desenvolvimento do canal Discovery, de TV por assinatura. Foi produtora, diretora e roteirista nas TVs Globo e Record. Assista ao debate completo em: https://www.youtube.com/watch?v=1UWpgGzNCGc 52 A POPULARIZAÇÃO DO AUDIOVISUAL: CADA VEZ MAIS, UMA CÂMERA NA MÃO E UMA IDEIA NA CABEÇA Câmeras menores, melhores e mais baratas, celulares e tablets tornaram a produção e a exibição de filmes cada vez mais rápidas, simples e quase sem custos. Que efeitos isso pode causar? Uma pesquisa do Instituto Pereira Passos no Complexo do Alemão indicou que 90% dos freqüentadores da sala de cinema inaugurada lá em 2010 nunca tinha ido ao cinema até então. Uma taxa quase inacreditável, considerando que são moradores de uma comunidade encravada no meio de uma das maiores cidades do Brasil e da América Latina. Ao mesmo tempo, embora a pesquisa não tenha este dado, é quase certo que todos, ou pelo menos a esmagadora maioria dos “sem-cinema” tenha no bolso um celular com câmera e acesso à internet. Em outras palavras, são cineastas em potencial. Crianças, jovens e adultos de todas as idades utilizam celular, câmeras fotográficas e de vídeos para gravar situações cotidianas a qualquer hora. Cenas cuja filmagem custava milhares de dólares agora podem ser conseguidas com um equipamento de preço médio de US$ 400, sem perda de qualidade. Assim, produções de todos os gêneros e formatos pipocam nos sites todos os dias. Se a produção e a distribuição têm muito a ganhar com os novos formatos e a sua popularização, qual o futuro da comercialização? Para discutir a consequência desta popularização para o cinema, a TV e para a própria internet, estiveram reunidos o produtor cultural Anderson Quack, a gerente de projetos da Rio Filme Márcia Mansur e a coordenadora de produção Mariana Ferraz. 53 Palestrantes: Márcia Mansur - Gerente de Projetos na RioFilme Mariana Ferraz – Formada em Comunicação Social, sempre trabalhou com produção audiovisual. Produtora e diretora, coordenadora de produção da Matizar. Anderson Quack – Produtor cultural, diretor de teatro, de comerciais, de TV e de cinema. Autor do livro autobiográfico “No olho do furacão”. Secretário geral da Central Única das Favelas (Cufa). Assista ao debate completo em: https://www.youtube.com/watch?v=47VmN8rrpNk Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 54 O MERCADO DE TRABALHO E O PROFISSIONAL DE AUDIOVISUAL: A TEORIA E A PRÁTICA Vivendo um momento de enorme demanda por produção de conteúdo, o mercado de trabalho do profissional de audiovisual vive crise de amadurecimento Até pouco tempo, não havia formação teórica voltada para o mercado audiovisual. Profissionais das mais diferentes áreas se aventuravam no cinema e ali desenvolviam um currículo totalmente baseado na experiência prática. Hoje, os tempos são outros: houve um aumento na oferta de cursos universitários na área de cinema e vídeo. Porém, nem sempre um bacharel em cinema está apto a atuar no mercado ao sair da universidade, e vemos cada vez mais bons profissionais surgirem em cursos técnicos ou até mesmo autodidatas. E ainda: aumentam os projetos de capacitação em áreas de favela e periferia, revelando talentos para o mercado. Fica a questão: o mercado deve se fechar ao profissional sem formação teórica, ou os cursos de cinema devem fazer prevalecer a prática sobre a teoria? Rafael Dragaud, roteirista e diretor, Luciano Vidigal, ator, professor de teatro do Grupo Nós do Morro e cineasta, e Patrícia Rebello, doutora e mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conversaram sobre as características e dificuldades da formação do profissional de audiovisual. 55 Neste cenário, em que todos somos amadores, a formação do profissional de audiovisual entrou em crise de identidade. A universidade, as escolas técnicas, os cursos livres, etc, devem formar as pessoas para irem para o mercado, preparadas técnica e esteticamente para lidar com o que já existe, na certeza da empregabilidade, ou elas devem ser estimuladas a desafiar o mercado, rompendo com padrões, inserindo inovações, mas com risco à sua empregabilidade? A questão talvez seja encontrar o difícil equilíbrio, o meio termo entre o conhecimento já cristalizado e as mudanças formais e tecnológicas que não param de acontecer. É uma via de mão dupla que começa a se reinventar. Palestrantes: Rafael Dragaud - Roteirista e diretor. Na TV Globo, além dos programas de Regina Casé, trabalhou no Fantástico e no Som Brasil e Amor e Sexo. Foi diretor do programa Conexões Urbanas, do AfroReggae, o roteirista de 5 x favela – Agora Por Eles Mesmos. Esteve na produção executiva de Falcão, os meninos do tráfico. Luciano Vidigal - Ator, professor de teatro do Grupo Nós do Morro e cineasta. É um dos diretores do filme 5 x favela – Agora Por Eles Mesmos, ganhou prêmios em 2010 com seu episódio " Concerto para Violino". Diretor de Copa Vidigal. Foi preparador de elenco em "Cidade de Deus" de Fernando Meirelles e atuou em mais de 13 filmes. Patrícia Rebello - Doutora e mestra em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com pesquisa orientada para o campo do cinema documentário. Membro do comitê de seleção de curtametragens do Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade. Assista ao debate completo em: https://www.youtube.com/watch?v=P4bo7ASiCB4 56 8º EIXO TEMÁTICO: ESPORTES A escolha do tema “esporte” permitiria uma infinidade de abordagens. Falar de esporte significa falar também de diferentes campos do conhecimento. A prática esportiva alcança a criança, o jovem e a terceira idade. Alcança o amador e o profissional. Alcança a formação física e psicológica do indivíduo. Falar de esporte também é tocar em temas como inclusão social, discriminação, preconceito, política educacional, gestão pública, formação do profissional de Educação Física e do atleta, direito ao lazer, economia, história, política... Poderíamos continuar enfileirando objetos de discussão e talvez não esgotássemos todas as possibilidades. O Brasil foi invadido pelo esporte ao ser escolhido para sediar, entre 15 de junho de 2013 e 18 de setembro de 2016, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos e os Paraolímpicos. Um período intenso, em que todos os tópicos acima – e muitos outros – vieram à tona. Como isso repercute na escola, e como o professor pode usar isso a seu favor? Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/veib74 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 57 PRECONCEITO NO ESPORTE: A DISCRIMINAÇÃO NÃO PODE ENTRAR EM CAMPO A prática esportiva pode ser uma poderosa ferramenta para superação de todas as formas de discriminação. Mas o que fazer quando o preconceito está dentro das quatro linhas? Diversas manifestações de preconceito de raça, gênero e opção sexual são frequentes no mundo esportivo, ocorrendo tanto em esportes de massa, como o futebol, quanto em modalidades bastante específicas, como a luta grecoromana e o fisiculturismo. Para discutir as razões que ainda alimentam o preconceito, bem como as possíveis soluções para expulsá-lo das quatro linhas, estiveram reunidos o jogador de futebol Tinga e Caio Pannain, primeiro campeão do Brasil no Arnold Classic de fisiculturismo. As manifestações de preconceito podem estar presentes em várias situações da vida, e o que se passa nos campos, quadras e estádios apenas reflete um tipo de pensamento que ainda persiste na sociedade. Apesar das vitórias contra a discriminação e o preconceito, essas questões ainda permanecem e ainda há muito para mudar. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 58 Palestrantes: Tinga – jogador de futebol do Cruzeiro Esporte Clube, de Minas Gerais. Começou sua carreira no Grêmio, jogou no Kawasaki Frontale, no Botafogo, no Sporting, no Internacional e no Borussia Dortmund.Emfevereiro de 2013, foi alvo de racismo durante o jogo Real Garcilaso x Cruzeiro, no Peru. Após a partida, lamentou o acontecido, afirmando que "trocaria todos meus títulos por igualdade". Smigol - jornalista esportivo, ex-atleta de remo Caio Pannain – fisiculturista, primeiro campeão do Brasilemsua categoria no Arnold Classic Ohio, em 2013, vice-campeão do Arnold Classic Brasil (abril/2014) e faixa preta de judô. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 59 O LEGADO DA COPA: AS EXPECTATIVAS E O QUE REALMENTE FICOU PARA OS BRASILEIROS Interesses privados, benefícios coletivos, sonhos, decepções, perdas e ganhos – passada a euforia, quais foram realmente os ganhos para o país? Desde que o Brasil foi anunciado como sede da Copa de 2014, a palavra “legado” entrou para o vocabulário de gestores públicos, jornalistas e da população, a ponto de ficar até um tanto desgastada, e ter perdido o seu significado. Podemos dividir o tal “legado”, esta espécie de “herança” que a Copa deixou para o Brasil, em duas categorias: uma delas seria o legado direto, o que foi construído ou preparado especialmente para os jogos. Outra categoria seria a das ações ou iniciativas que deveriam ser feitas de qualquer modo, para benefício da cidade, e que foram aceleradas ou estimuladas por causa da realização do evento. Além dos estádios-sede, construídos a custo altíssimo e alvos de muita polêmica, o que ficou para o Brasil e os brasileiros? Qual foi o chamado “legado da Copa”, seja do ponto de vista material, ou do imaterial? Afinal, auto-estima, confiança e patriotismo também podem crescer entre os habitantes de um país que recebe um grande evento internacional, e podem ser considerados parte deste legado. Para fazer esta avaliação, estiveram reunidos Romulo Macedo, especialista em gestão de arenas e participante próximo de toda a estruturação do evento, e Felipe Barcellos, jornalista, produtor e crítico da forma como a gestão do evento se relacionou com as camadas mais populares das cidades em que aconteceram os jogos. 60 Palestrantes: Romulo Macedo – especialista em gestão de arenas. Felipe Barcellos - jornalista, diretor e produtor. Fernando Medeiros - coordenador de projetos esportivos no AfroReggae. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 61 APARELHOS ESPORTIVOS NAS CIDADES: ENTRE O LAZER E A PERFORMANCE DE ALTO NÍVEL Do Parque Madureira ao novo Maracanã e ao Parque Aquático Maria Lenk, como funciona o universo dos espaços públicos destinados aos esportes? Às vésperas da Olimpíada, momento em que todas as atenções estarão sobre a prática esportiva e a formação dos atletas nacionais estará em foco, que reflexões podemos fazer sobre nossos espaços públicos dedicados ao esporte? O que podemos constatar e o que devemos cobrar dos gestores, para que este momento – o das Olimpíadas – seja, ao mesmo tempo, uma oportunidade para a ampliação e democratização da prática esportiva e um passo adiante na preparação de atletas de alto nível no Rio e no Brasil? Para conversar sobre isso estiveram reunidos o atleta do surf Scooby e Marcos Vinícius Freire, executivo do Comitê Olímpico Brasileiro, que deram seus depoimentos sobre a preparação do atleta, a expectativa para 2016 e o uso público e coletivo dos centros esportivos. No Rio de Janeiro, quando se fala em equipamento público para a prática de atividades físicas e esportivas, o primeiro exemplo que vem à cabeça é o Parque Madureira, espaço com mais de 100 mil metros quadrados, equipado com quadras poliesportivas, ciclovia e uma pista de skate que já ficou famosa pela sua qualidade. É um grande exemplo do que deve ser a ação do poder público em favor do desenvolvimento do esporte. 62 Palestrantes: Pedro Scooby - surfista especializado em ondas grandes, é um dos principais nomes da nova geração do freesurf brasileiro. Avesso as competições, seu trabalho é surfar ondas perfeitas e captar imagens para os seus patrocinadores. Marcos Vinícius Freire – Diretor Executivo de Esportes do Comitê Olímpico Brasileiro. Como atleta, integrou a chamada "Geração de prata" do vôlei brasileiro, onde conquistou a medalha pela segunda colocação nos Jogos Olímpicos de 1984 em Los Angeles, nos Estados Unidos. Foi chefe da missão do Brasil nos Jogos Pan-americanos de 1999 em Winnipeg, no Canadá, e 2007, no Rio, e também chefe da missão nos Jogos Olímpicos de 2008,em Pequim, na China. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 63 9º EIXO TEMÁTICO: TRIBOS URBANAS Três eixos conceituais precisam ser bem compreendidos para se discutir a formação de tribos , e os problemas e questões daí decorrentes: o primeiro, obviamente, é o próprio conceito de tribos urbanas. O segundo – comportamento e tecnologia - ajuda a compreender a forma como os jovens se relacionam uns com os outros nesta sociedade em constante transformação e cada vez mais rápida e conectada. Por fim, e como resultado dos dois anteriores, a relação desses jovens com o consumo. Embora o pertencimento a uma determinada tribo leve o jovem a entrar em choque com pais, professores e autoridades, em geral estes jovens não questionam ou se opõem à sociedade de consumo ou ao capitalismo, como ocorria em décadas anteriores. Pode ser simplesmente a expressão da preferência por uma moda ou estilo. Punks, skinheads, rappers, clubbers, pagodeiros e, claro, a “massa funkeira”, são alguns exemplos, mas não os únicos, dessa forma de organização e agrupamento. Os meios de comunicação impõem necessidades, valores e costumes. A novidade de um produto é um dos principais atributos procurados pelos que compram, especialmente roupas e eletrônicos. Um exemplo é a quantidade de celulares vendidos, com o “novo” modelo se tornando uma necessidade imediata. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/JQRMDG 64 REDES SOCIAIS: OPORTUNIDADES E RISCOS Ao mesmo tempo em que oferece uma infinidade de opções de conhecimento e diversão, a internet também pode ser uma perigosa armadilha, envolvendo consumo, sexo e até risco de vida. Cerca de 80% das crianças e adolescentes brasileiros têm pefil em alguma rede social, como, por exemplo, MySpace, hi5, Facebook, Flickr, Friendster, Orkut, MSN Spaces e You Tube, o que quer dizer que praticamente todos os jovens têm na internet um importante meio de contato social e com o mundo. Quais as vantagens e desvantagens de tamanha abertura para o desconhecido? Que benefícios e quais os principais riscos podem vir daí? Para ajudar a refletir sobre estas perguntas a mediadora Vanessa Pascale recebeu a pesquisadora Camila Garroux, jornalista e coordenadora da pesquisa Kids Online Brasil, cujo alvo é exatamente a população nesta faixa etária. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 65 Os brasileiros têm presença maciça nas redes sociais, chegando a ser maioria. E. pela próprias características do nosso povo, acabamos adotando alguns comportamentos considerados “de risco”. Compartilhamos informações pessoais, ficamos “amigos” de completos desconhecidos, na ânsia de termos tantos ou mais seguidores quanto fulano ou beltrano, permitimos que nossas crianças tenham contas próprias, relaxamos as configurações de segurança e privacidade e exibimos imagens por vezes até comprometedoras, sem muitos freios ou cuidados. A internet é como se fosse uma rua, e a diferença é que cada vez mais as crianças estão sozinhas, uma vez que elas estão usando cada vez mais dispositivos móveis. O uso mediado, ou seja, a participação dos pais e professores, se torna ainda mais importante no sentido de orientar, já que a mediação restritiva - filtros de conteúdo, bloqueios de sites, etc – perde o sentido e a eficácia técnica. O grande desafio é fazer com que o uso da internet seja cercado de senso crítico, de reflexão e responsabilidade, tanto por parte dos pais e professores, que não podem abrir mão de seu papel de mentores, quanto pelos jovens, que não podem, em nome da diversão ou da curiosidade, abrir mão da segurança e da cautela, como fariam no mundo real. Palestrantes: Vanessa Pascale – Atriz, modelo e apresentadora do Canal Futura. Camila Garroux – Jornalista e coordenadora das pesquisas TIC Educação e pesquisa Kids Online Brasil Assista ao debate completo em:: http://migre.me/lt78C 66 TOLERÂNCIA, IDENTIFICAÇÃO E BULLYING: SER DIFERENTE É NORMAL Agressões por diferenças de cor, raça e sexo são frequentes nas salas de aula. Educação pode ser o único caminho para desconstruir o preconceito. A escola, todos sabemos, é o reflexo e a continuação da sociedade que a cerca. Assim sendo, ela não deixa de reproduzir a violência, a intolerância e os preconceitos existentes fora de seus muros. Por isso, o tema da violência na escola não pode ser tratado somente pelo que acontece dentro da sala de aula. Há um conjunto de violências na sociedade que contamina os relacionamentos, vindo da estrutura que essa sociedade oferece às famílias, às comunidades e às pessoas. Para debater o problema da violência em sala de aula, a mediadora Eliane Arenas recebeu Alice Yamasaki, doutora em Educação da UFF, Janine Rodrigues, escritora especialista em bullying, preconceito e baixa autoestima, e Luiz Henrique Rosa, professor da rede pública criador do projeto "Qual é a Graça?", de combate ao preconceito. Para a vítima de violência e de bullying, dois pontos são essenciais: a manutenção da autoestima e a recusa do silêncio. Primeiro: o jovem agredido precisa manter firme a certeza de que ele não merece a violência de que é vítima, que não é inferior e que suas escolhas e características – sexuais, de cor, religiosas, etc – devem ser respeitadas. A violência se alimenta da baixaautoestima do agredido. E, segundo: denunciar sempre. Porque a cada vez que você é agredido e se cala, você está alimentando o agressor. 67 Palestrantes: Alice Yamasaki. Doutora em Educação, Prof. Adjunta e Chefe da Subcoordenadora de Estágio da UFF. Janine Rodrigues. Escritora especialista em bullying, preconceito e baixa autoestima. Luiz Henrique Rosa. Prof. de Biologia e criador do "Qual é a Graça?”. Mediação: Eliane Arenas Mora. Doutora em Educação. Atualmente é professora adjunta da Universidade Federal Fluminense. Assista ao debate completo em:: http://migre.me/ls08E Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 68 CONSUMO CULTURAL: O QUE O CONSUMO DIZ SOBRE VOCÊ? O que é o consumo? Qual a relação dele com as nossas vidas? Os bens culturais são acessíveis? Qual é o cenário cultural oferecido para nossos jovens consumidores? Quem for curioso e der uma navegada pela internet vai ver que os estudos um pouco mais acadêmicos, universitários, teóricos, sobre a área cultural têm um certo receio de tratar os bens culturais como uma mercadoria a ser adquirida. Quanto cobrar por um ingresso? Quanto cobrar por um cachê? Quanto é necessário para viabilizar uma produção? Parece que isso desqualifica o bem cultural, tornando-o uma mercadoria qualquer. Para falar de consumo em geral e, em especial, do consumo desta mercadoria tão especial que é a cultura, o mediador Guti Fraga, presidente da Funarte e fundador do grupo Nós do Morro, recebeu para um bate papo o produtor cultural independente e gestor do Nós do MorroAlexandre Barreto e Saul Mizrahi, doutor em Engenharia da Produção e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia, que desenvolve tecnologias assistivas. O consumo de cultura é algo muito frequente nas nossas vidas, embora muitas vezes não tenhamos essa consciência. Estamos consumindo – e consumindo cultura – quando nos divertimos com um gibi, assistimos TV ou lemos alguma coisa no metrô ou no ônibus. Provavelmente alguém neste momento deve estar mexendo no celular, dando uma olhadinha no Facebook, mexendo na internet, mandando uma foto para alguém. Isso é consumo cultural também. 69 Palestrantes: Guti Fraga – Presidente da Funarte e fundador da ONG Nós do Morro, Diretor e Ator. Alexandre Barreto – Gestor do Grupos Nós do Morro, Administrador, Gestor Cultural e Produtor Independente Saul Mizrahi – Doutor em Engenharia de Produção e Pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) Assista ao debate completo em::http://migre.me/lseo6 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 70 10º EIXO TEMÁTICO: POLÍTICAS CULTURAIS Quando se fala em política cultural, de que exatamente se está falando? Artistas, governo e empresários têm o mesmo entendimento e objetivos para as políticas públicas para a promoção da cultura? Cultura é negócio? É responsabilidade apenas do Poder Público? Qual o papel das empresas e da iniciativa privada no desenvolvimento da nossa identidade cultural? Políticas culturais são propostas, iniciativas e medidas de apoio desenvolvidas principalmente pela administração pública - mas também por organizações não-governamentais e empresas privadas - para promover intervenções na sociedade através da cultura, e assim estimular e proteger seu patrimônio material e imaterial. Assista aos melhores momento em: http://goo.gl/9lrM1V Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 71 POLÍTICAS CULTURAIS: O DIÁLOGO ENTRE ESTADO E SOCIEDADE Um dos grandes desafios do campo da cultura é estruturar uma política que garanta direitos e também o seu desenvolvimento como um braço econômico importante do país Falar de política cultural é falar sobre política pública. O recurso do incentivo fiscal, amplamente utilizado no Brasil – Lei Rouanet, Lei do ICMS, Lei do ISS, Lei do Audiovisual – é bastante criticado, acusado, principalmente, de colocar nas mãos das empresas um poder que deveria ser do estado. e não pode ser a única alternativa para os atores da cena cultural. Como montar uma política pública que permita e garanta o direito ao acesso à cultura, e que torne os produtos culturais um potencial econômico para o mercado, dando sustentabilidade ao setor e, consequentemente, libertando-o da dependência dos incentivos? Dois experientes gestores de projetos culturais – Junior Perim, fundador do Circo Crescer e Viver, e Marcus Faustini, fundador da Agência de Redes Para Juventude – estiveram ao lado do advogado especialista em Leis de Incentivo e Audiovisual Roberto Jucá para debater os mecanismos de elaboração e realização das políticas para a cultura no país. A presença da sociedade na mesa de discussões sobre a elaboração de políticas culturais é uma experiência relativamente recente, e teve sua concretização nas experiências dos Pontos de Cultura e do programa Cultura Viva, experiências essas pelas quais passaram vários atores sociais de cultura vindos das camadas populares. É aí que se desenha a ideia de que, além do reconhecimento pelo Estado como uma interlocutora válida, essa produção cultural precisava também se afirmar na sua dimensão econômica, mantendo um nível de sustentabilidade que lhes permitisse ampliar o impacto da sua atuação, realizando o seu papel transformador. 72 Alguns dos atores sociais de cultura que passaram por essas esferas e esses programas chegaram ao limiar de se tornarem protagonistas no processo de transmutação da cultura em eixo estratégico de desenvolvimento econômico, humano e social, na sua capacidade de enfrentar as desigualdades. Contudo, o mesmo Estado que os trouxe até este ponto não promove as condições para o passo seguinte. Um exemplo simples: um circo-escola, contemplado com os recursos dos programas oficiais, e que alcança um nível de amadurecimento que lhe permitiria transformar a realidade social dos jovens atendidos, paga uma energia elétrica mais cara que uma pequena indústria, o que o inviabiliza economicamente, impedindo assim a realização de seu potencial. Ou ainda: gerar um emprego num organismo social custa mais caro que um emprego gerado pela grande indústria. É preciso dar conta dos direitos de acesso e realização, mas também do desenvolvimento campo popular como economia da cultura. Palestrantes: Eliza Seoud.Advogada, Assessora Jurídica “Projeto Portnari". Jair Miranda. Prof. Unirio, mestre em Memória Social, doutorando em Ciência da Informação. Márcio do Val . Relações Institucionais Ecad. Mediação: Ana Luzia Campos . Advogada, especialista em direito de propriedade intelectual. Assista ao debate completo em: http://migre.me/lzi6P 73 DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL: A PROTEÇÃO DA CRIATIVIDADE Proteger a criação do artista, remunerando seu trabalho, mas ao mesmo tempo permitir o acesso e o uso social das obras de arte. Um dilema de difícil solução O artista, apesar do aspecto muito especial de sua obra, é um trabalhador como qualquer outro, ou seja, precisa ser remunerado pelo que produz, sob o risco de não ter mais condições – ou interesse - de continuar produzindo. Quantos pintores, escultores e compositores de talento simplesmente abraçaram outras profissões, simplesmente porque não conseguiram viver de sua arte? Por outro lado, a obra de arte, uma vez pronta e tornada pública, é incorporada ao patrimônio cultural daquele povo, país ou comunidade. Tornase um bem comum, e sua circulação – seja de uma música, de uma técnica de artesanato, de um texto literário – deve ser estimulada, como ferramenta de educação e de construção de cidadania e coesão social. Somos mais brasileiros apreciando as obras de Portinari, mais cariocas apreciando o desfile das escolas de samba e nos sentimos membros da nossa comunidade ouvindo um funk que fala de nossa vizinhança. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 74 Equilibrar estes dois aspectos da mesma situação é um grande desafio, e estes são apenas dois dos aspectos que podemos apontar quando falamos em direito de propriedade intelectual. Se pensarmos ainda no surgimento de obras coletivas, nos trabalhos disponibilizados – voluntária ou involuntariamente – na internet, na apropriação privada dos bens elevados à categoria de patrimônio da humanidade, e no recurso do crowdsourcing, que torna todos “sócios” de um trabalho, o cenário se complica ainda mais. Para tentar esclarecer o assunto, ou, pelo menos, apontar direções na discussão, estiveram reunidos Ana Luzia Campos, advogada especialista em direito de propriedade intelectual, Eliza Seoud, assessora Jurídica do Projeto Portinari, Jair Miranda, presidente do Centro de Referência e Informação em Artes, Entretenimento e Cultura Brasileira, e Márcio do Val, gerente de Relações Institucionais do Ecad. Palestrantes: Junior Perim - Fundador do Circo Crescer e Viver. Roberto Jucá - Advogado, especialista em Leis de Incentivo e Audiovisual. Mediação: Marcus Faustini - Diretor teatral, documentarista, escritor e Fundador da Agência de Redes para a Juventude. Assista ao debate completo em:http://migre.me/lxaD1 75 POLÍTICAS CULTURAIS E SEGURANÇA PÚBLICA: A POLÍTICA CULTURAL ENCURRALADA Manifestações culturais em áreas de periferia acabam sendo, na prática, demarcadas pelas permissões policiais O que políticas culturais têm a ver com segurança pública? Se pensarmos em ações culturais que acontecem em áreas de periferia, nós vamos ver que têm tudo a ver. O que pode ou não acontecer na lanhouse, as circulações que acontecem no território da favela, as possibilidades de diversão, de entretenimento e até a permissão para usufruir os seus bens culturais, acabam, infelizmente, sendo reguladas pelas autorizações ou restrições policiais. Três pessoas que conhecem bastante esta realidade – a professora-doutora do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia e pós-doutoranda no Museu Nacional/ UFRJ Pâmella Passos, o coordenador e professor do curso de Produção Cultural do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia João Guerreiro, e o ator, diretor e artista-educador Veríssimo Junior – debateram este triste relacionamento entre políticas culturais e a presença dos agentes de segurança e da repressão dirigida às manifestações populares. Não é de hoje que se diz que “A questão social é uma questão de polícia, e não de política”. A capoeira e o samba são exemplos da desconfiança com que sempre foram vistas e tratadas as expressões culturais vindas das camadas populares. Atualmente, talvez o melhor exemplo seja o funk e tudo o que o cerca – a música, os bailes, a estética, os dançarinos, etc. Olhadas com desconfiança, todas as faces dessa expressão tipicamente carioca são tratadas – e reprimidas – como se delas, necessariamente, decorresse algum crime ou irregularidade. Assim, os bailes são sumariamente proibidos, seus adeptos interrogados, vigiados e detidos, etc. 76 As manifestações culturais que vêm da periferia são criminalizadas e reprimidas de diversas formas, não apenas com o fuzil em punho. Quando uma autoridade local faz exigências tão rigorosas à produção de um evento que acaba por inviabilizar sua realização, também está contribuindo para este entrelaçamento entre política cultural e segurança pública, remetendo, inclusive, a práticas muito comuns à época da ditadura, quando artistas sofriam com exigências burocráticas inexplicáveis. Palestrantes: Pâmella Passos. Professora doutora do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia e pós-doutoranda no Museu Nacional/ UFRJ. Veríssimo Junior. Ator, diretor e artista-educador. Mediação: João Guerreiro. Coordenador e professor do curso de Produção Cultural Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia. Assista ao debate completo em: http://migre.me/lztGX Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 77 11º EIXO TEMÁTICO: VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA Pergunte a qualquer morador de uma grande cidade do Brasil quais são as suas principais preocupações. Sem medo de errar, podemos afirmar que a dupla “Segurança Pública” e “violência” estará na lista de praticamente todos os entrevistados. É fácil entender o motivo: o Brasil apresenta estatísticas comparáveis a países em guerra, em número de mortos e feridos. Mas, afinal, o que é Segurança Pública – assim mesmo, com letra maiúscula? Usando um conceito bem enxuto e objetivo, é tudo aquilo que é feito pelo Estado com o objetivo de dar segurança ao cidadão. Segurança Pública não é apenas um problema de polícia, e uma boa política pública de segurança é – ou deveria ser - uma rede de proteção em torno da sociedade, para garantir sua defesa contra as diversas manifestações de violência. Contudo, quando todos os outros pontos dessa rede, em maior ou menor grau, falham, a população acaba vendo exclusivamente na atuação da polícia um sinônimo de “Segurança Pública”, e cobrando mais policiais nas ruas, mais prisões, mais ações espetaculares, mais medidas duras, tudo se resumindo ao combate das consequências, e não à prevenção das causas. A Segurança Pública é um dos temas mais debatidos e pesquisados nos últimos anos no Brasil. O Culura de Ponta não poderia deixar de discutir este tema. Conheça os principais assuntos debatidos. 78 FAIXA DE GAZA: VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA: UMA “FAIXA DE GAZA” EM CADA ESQUINA O cotidiano de algumas comunidades do Rio é de tal modo afetado pelos conflitos armados e pelas fronteiras imaginárias por eles criados que seus moradores se identificaram com um dos territórios mais conflagrados do mundo Diversos bairros e comunidades do Rio são cortados por fronteiras imaginárias e possuem “territórios proibidos”, apelidados de “Faixas de Gaza”. Frequentes confrontos armados, disputas territoriais entre facções e o bloqueio à livre circulação dos moradores e demais cidadãos despertam essa sensação de semelhança entre o cotidiano das comunidades e a guerra no Oriente Médio. A economista Joana Monteiro, o coronel da Polícia Militar Robson Rodrigues e Washington Rimas, o Feijão, ex-traficante e hoje funcionário do AfroReggae, debateram o assunto e apontaram algumas possíveis soluções. A participação da plateia trouxe um ponto importante para o debate: a descriminalização das drogas e do jogo. A necessidade de alteração da política de drogas foi consenso entre os participantes da mesa, assim como a certeza de que muitas dúvidas e detalhes precisariam ser discutidos antes de qualquer alteração na legislação. Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 79 Palestrantes: Joana Monteiro. Pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. Doutora e Mestre em Economia pela PUC-Rio e Bacharel em Economia pela UFRJ. Washington Rimas (Feijão). Ex-chefe do tráfico, foi mediador de conflitos no AfroReggae, atuou no filme 5x favela e na peça teatral “Urucubaca”. Já fez intercâmbio nos Estados Unidos, convidado pelo Departamento de Estado Americano, foi palestrante no Fórum de Desenvolvimento Social, em Lisboa, e em três edições do Fórum Econômico Mundial, no Rio e em Cartagena, na Colômbia. Mediação: Robson Rodrigues. Coronel da PMERJ, Bacharel em Direito pela UERJ, Mestre em Antropologia pela UFF e professor da Universidade Cândido Mendes (UCAM). Assista ao debate completo em: http://youtu.be/qi9WrDmmBV8 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 80 VIOLÊNCIA POLICIAL – SUAS PERCEPÇÕES E POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO Por que bater, torturar e eliminar criminosos são atitudes ainda consideradas necessárias para a proteção e defesa da ordem? Estado de Exceção, Direitos Humanos, Auto de Resistência e Pacificação são algumas das palavras e expressões sempre empregadas quando se trata de analisar a relação da polícia com as classes menos privilegiadas. Segurança Pública e violência policial estão sempre perigosamente próximas, na medida em que se vê na sociedade um anseio cada vez maior pelo endurecimento das ações policiais. Para falar disso, o psicólogo Luiz Alberto, o coronel da Polícia Militar Robson Rodrigues, Diego Santos, jornalista e ativista social, e a assistente social Priscila Martelo estiveram diante de uma plateia de jovens estudantes. A política pública de segurança hoje virou ponto de debate em vários canais - está na mídia, nas universidades e nas queixas dos cidadãos. Segundo alguns autores, o Rio de Janeiro viveria hoje o chamado “estado de exceção”, situação em que, para alguns indivíduos, em determinadas situações, os direitos não são garantidos, a lei “não vale”. 81 Palestrantes: Priscilla Martelo. Assistente Social, especialista em psicologia jurídica. Diego Santos. Jornalista e ativista social, foi Conselheiro Nacional de Juventude e desenvolveu trabalhos como a criação do Núcleo de Articulação para a Juventude na Grande Tijuca. Coordenou o projeto “Correspondente da Paz”, no Instituto de Estudos da Religião (Iser) como correspondente comunitário em oito favelas do Rio de Janeiro. Mediação: Luiz Alberto. Psicólogo graduado pelas Faculdades Maria Thereza com ênfase em Psicologia e Processos Sócios Institucionais. Pós Graduado em Psicologia Jurídica pela UERJ Assista ao debate completo em: http://youtu.be/K2fkWIUcqNI 82 Projeto “Comandos” – jogo aberto sobre crime, violência e a realidade da Segurança Pública Depois de um passado de conflito direto, ex-criminosos e policiais se encaram frente a frente sem meias palavras, e aceitaram o desafio de debater a dura realidade das forças policiais, o papel do Estado, a dificuldade da ressocialização e a exclusão social Reunindo ex-integrantes do crime organizado do Rio de Janeiro erepresentantes das forças legais do Estado, o Projeto Comandos se propõe a apresentar e difundir visões de mundo opostas, mas unidas pela vontade de transformação social. Personagens que até então estavam em lados opostos se unem pela crença na educação e na transformação social, a partir de histórias de vida que contribuem para a formação de uma consciência crítica. Alguns dos integrantes do Comandos, mediados pelo inspetor da Polícia Civil José Magalhães, também participante do projeto, estiveram reunidos durante o ciclo de debates sobre Segurança Pública do Cultura de Ponta, e contaram suas histórias. Abrindo o encontro, o inspetor Magalhães fez questão de enfatizar que a ação correta da polícia permite que aproximações como o Comando ocorram: “Meorgulho de sempre ter feito o meu papel de maneira correta, e por isso hoje estou aqui, tenho o respeito deles, porque sempre agi de maneira a cumprir a lei. Eu não sou justiceiro, não sou a favor de quem é justiceiro, acho que a quem a gente deve pagar é a justiça – tanto a justiça nossa dos homens quanto a justiça divina.” A primeira a se apresentar foi Daniela Pereira, que esteve presa por 3 anos, e que hoje coordena aAgência Segunda Chance, cujo principal foco do projeto é empregar ex-detentos, facilitando sua reintegração à sociedade.Também contaram suas histórias de vida Rogério Menezes e Ademir Salerme, o “Ziquinho” , ex-Comando Vermelho. Rogério Menezes hoje é o “Pastor Rogério”, conhecido por conseguir resgatar pessoas condenadas pelo “tribunal do tráfico”. 83 Palestrantes: José Luiz Magalhães. Investigador da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Daniela Pereira.Ex-detenta, coordenadora da Agência 2ª Chance. Rogério Menezes. Agente de Projetos e mediador de conflitos. Robson Homes. ex-miliciano, supervisor da Agência 2ª chance. Ademir Salerme (“Ziquinho”). Funcionário do AfroReggae, ex-Comando Vermelho. Gato. Ex- detendo, supervisor da Agência 2ª chance. Assista ao debate completo em: www.youtube.com/watch?v=GhbxtGN3HLA Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 84 12º Eixo Temático: Educação Enquanto os outros encontros introduziram novos temas para o enriquecimento do trabalho dos professores com seus alunos (dança, esportes, novas mídias, cultura urbana, etc), este fala justamente sobre a prática em sala de aula, e convida a discutir o ato de educar. Então, este “começo de conversa”, não é, como nos outros fascículos da coleção, uma apresentação do tema, mas sim um convite à reflexão. A educação, em seu sentido amplo, e não apenas no que se refere à educação escolar, está presente em todos os aspectos da vida humana: no trabalho, na vida social e na família, estamos sempre aprendendo ou ensinando algo. Esse processo não acontece de forma única e estática, mas de forma natural, vindo por vários canais. É a educação que permite que os homens compreendam, participem e transformem uma sociedade, mas também é a educação que, em determinadas circunstâncias, perpetua e congela o preconceito e a discriminação Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 85 DIVERSIDADE, INCLUSÃO E EDUCAÇÃO Mesas e cadeiras enfileiradas, horários controlados, roupas iguais, regras pouco flexíveis. Esta é a descrição da maioria das escolas. Mas, se somos todos únicos e especiais, como podemos nos adaptar a este ambiente uniformizador, às aulas sempre iguais e às avaliações que não enxergam diferenças? O aluno que é barrado na entrada da escola porque usava várias guias de candomblé sobre o uniforme, as estatísticas que revelam o fracasso e a reprovação em massa de um tipo específico de aluno e o professor que insiste em chamar pelo nome de registro o aluno ou aluna que pede para ser chamado por seu nome social não são fatos isolados. São manifestações cotidianas da dificuldade que temos todos – uns mais outros menos – em lidar com o diferente, com a diferença, com o outro, com a alteridade. Quantas palavras para a mesma ideia, não? E foi para discutir sobre tudo isso que se reuniram, em mais uma edição do Cultura de Ponta, Camila Menergado, especialista em História Africana e Brasileira, Rodrigo Ramos, professor de História e militante da causa LGBT, e Marcelo Andrade, professor, filósofo, sociólogo, historiador e Doutor em Ciências Humanas, todos mediados por Renata Coutinho, pedagoga do Grupo Cultural AfroReggae. Três “provocações” abriram o debate, apresentadas pelo professor Marcelo. Primeiro, a constatação de que a escola é um ambiente uniformizador. Segundo, a investigação sobre os motivos do fracasso de determinados indivíduos na escola. E, por fim, a indagação sobre a viabilidade de uma educação intercultural. Os três debatedores concordam que é na escola que vamos conseguir, de certa maneira, trazer as diferentes culturas de modo que se possa harmonizar isso e não trazer um discurso de violência e de ódio. E o professor Rodrigo conclui: - O que a gente está perdendo com esse discurso de ódio e de violência emrelação a essas culturas diferentes é a oportunidade de aprender com elas. 86 Palestrantes: Camila Menergado. Professora de História pela Faculdade de Formação de Professores da UERJ e pós-graduada em Ensino de História e Culturas Africanas e Afro-brasileiras pela IFRJ. Rodrigo Ramos. Formado em História pela Faculdade de Formação de Professores da Uerj, milita no coletivo LGBT Diversitas, da UFF. É mestrando do programa de pós graduação em história das ciências e da saúde da casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde pesquisa a construção dos discursos médicos brasileiros sobre a homossexualidade no período Vargas. Marcelo Andrade. Licenciado em Filosofia, Sociologia e História. Mestre em Educação e Doutor em Ciências Humanas - Educação pela PUC do Rio de Janeiro. Realizou o Programa de Doutorado no Exterior - PDSE/CNPq na Universitat de València, Espanha. Tem experiência como professor de ensino fundamental, médio e como educador popular. Mediação: Renata Coutinho. Formada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela mesma Universidade, em Enfrentamento da Violência e Defesa de Direitos, pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – FIO CRUZ, e em Diversidade Sexual na Escola. Atuando desde 2007 na Equipe Técnica Social do Grupo AfroReggae e desde 2010 como professora do Município do Rio de Janeiro. Assista ao debate completo em: http://migre.me/moBZj 87 NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS A sociedade muda, a tecnologia muda, as pessoas mudam, e a educação... não pode ficar parada! O que existe por aí para substituir o famoso (e antiquado) “cuspe-e-giz”? São evidentes os sinais de que os modelos pedagógicos clássicos - a escola que está no imaginário de todos nós, com mesas enfileiradas, um professor falando para muitos alunos, herança do século XVIII, etc. - precisam de renovação e, quem sabe, até superação. Em meio a tantas inovações tecnológicas e com o fenômeno ds redes sociais, as pessoas mudaram seu modo de se relacionar, se divertir, trabalhar e de aprender. O formato da educação e da escola que temos hoje é posto em questão todos os dias, a cada nota baixa de um aluno, a cada criança que desiste de estudar. Mas nem tudo é mesmice, e aqui e ali surgem novas experiências, até mesmo dentro da rede pública. Três exemplos desses novos modelos pedagógicos foram apresentados em mais uma edição do Cultura de Ponta. O Ginásio Experimental Olímpico Juan Antonio Samaranch foi apresentado por seu diretor, professor José Edmilson; a professora Thalita Marques explicou como funciona a escola Árvore, que desenvolve a metodologia Waldorf, e a psicóloga e professora Maria Clara Fernandes falou sobre o modelo da Faetec. Dois pontos são comuns a todos os métodos debatidos: a necessidade de comprometimento e contínuo aperfeiçoamento do professor e a inclusão da sociedade na escola, com todos os envolvidos – pais, alunos, funcionários, coordenadores, etc – produzindo esse espaço. - Qualquer escola só dá certo se tiver a presença de todo mundo. Não éresponsabilidade só do diretor, do professor. A escola se constrói com todas asforças que ela possui. – resumiu o professor Edmilson. 88 Palestrantes: Thalita Marques. Formada em pedagogia, e na pedagogia Waldorf desde2008. Professora da escola Árvore Jardim de Infância e Escola de Pais. Maria Clara Fernandes . Psicóloga e professora de psicologia na rede Faetec. Doutoranda em psicologia pela UFF, estudando os diferentes processos de subjetivação contemporâneos relativos à juventude. José Edmilson . Diretor do Ginásio Experimental Olímpico Juan Antonio Samaranch. Mediação: Renata Coutinho. Formada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela mesma Universidade, em Enfrentamento da Violência e Defesa de Direitos, pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – FIO CRUZ, e em Diversidade Sexual na Escola. Atuando desde 2007 na Equipe Técnica Social do Grupo AfroReggae e desde 2010 como professora do Município do Rio de Janeiro. Assista ao debate completo em: http://migre.me/moC2R 89 EDUCAÇÃO ALÉM DA ESCOLA A escola não é uma ilha, e a educação não acontece apenas nos bancos escolares. Outros espaços, outros formatos de relacionamento entre quem ensina e quem aprende e a incorporação de novas ferramentas podem levam o processo educativo para lugares antes impensáveis Carlos Bezerra e Desirre Reis são educadores no sentido mais amplo do conceito. São “professores”, no sentido tradicional da palavra, com formação pedagógica, etc, mas, principalmente, são pessoas que tratam a educação como um processo presente nas 24 horas do dia, em qualquer situação em que estejamos envolvidos. Foi para discutir esta forma de ver a educação e apresentar suas experiências que ambos estiveram presentes em mais uma edição co Cultura de Ponta. “Educar é um pouco assaltar a atenção dos jovens”. Esta frase, dita por Carlos Bezerra durante o debate, talvez sintetize bem a ideia de que a educação pode acontecer a toda hora, em qualquer situação, desde que o foco do processo – o educando, o aluno – esteja interessado, ou seja, tenha a sua atenção “roubada”. E isso pode acontecer tanto na escola quanto fora dela, nos chamados “processos informais”. O mediador do debate, o pedagogo André Silva, lembrou que o conceito de “educação além da escola” pode acontecer até mesmo dentro dos muros escolares, quando estes se abrem para experiências do mundo exterior. Proponente do projeto que tornou o samba patrimônio cultural do Brasil, o CCC tem um plano de salvaguarda desse bem cultural, e uma das medidas deste plano é trabalhar com educação patrimonial, dentro da qual a mostra foi desenvolvida. Assim, a exposição percorre atualmente um circuito de oito escolas no entorno da Mangueira, e pretende ampliar o roteiro. 90 Palestrantes: Carlos Bezerra .Pedagogo, foi professor da rede municipal de ensino de João Pessoa e Rio de Janeiro. Foi coordenador do projeto Escola (centro de estudos e atenção a infância e as drogas). Implantou cerca de 20 projetos entre os quais "Sou menina e mãe" (voltado para meninas de rua com filhos), OBA (Oficinas básicas de arte), Repúblicas (programa de construção de autonomia), O tambor e a palavra (ensino de língua portuguesa através de percussão). Criador do projeto" Rádio Madame Satã FM" ( rádio comunitária voltado para população de rua). Desirre Reis. Pesquisadora do Centro Cultural Cartola. Mestranda em História (PUC-Rio), pós-graduada em Gestão Governamental e Avaliação de Políticas Sociais (PUC-Rio). Membro do Conselho Editorial da "Samba em Revista". Graduação em História (UFRJ). Co-autora do livro paradidático "Ditadura Militar e Democracia no Brasil: História, Imagem e Testemunho". Mediação: André Silva. Licenciatura plena em pedagogia pela UNIRIO, curso de extensão universitária do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC) da UFRJ, Universidade das Quebradas. Professor do Município desde 2008 atuando na área da Educação Infantil. Atuando desde 2012 na equipe técnica social do AfroReggae, Vila Cruzeiro e Vigário Geral. Assista ao debate completo em: http://migre.me/moC6X 91 13º Eixo temático: Cultura e Território Cultura e território são conceitos bastante complexos e estabelecer a relação entre eles já não seria tarefa fácil. Se a eles se juntam ainda as ideias de violência, pertencimento e mudança de comportamento, a reflexão se torna muitíssimo mais difícil. Este ciclo de debates do Projeto Cultura de Ponta não se propõe nem a explicitar os conceitos, nem a esgotar o assunto, mas sim trazer para debate exemplos concretos de seu entrelaçamento, no que têm de positivo e negativo, oferecendo subsídios para novos debates, descobertas e superação de posições cristalizadas e pré-conceitos. As palestres deste ciclo têm como ponto comum a ideia de cultura como impulsionadora de transformações, desde o nível bastante concreto do lixo na rua e do estacionamento irregular, até o mais abstrato, que trata da violência invisível presente no dia-a-dia, passando pelo espinhoso terreno da religião e da política. Temas como cidades criativas, conflitos entre religiões e a violência urbana no geral, foram amplamente debatidos. Conheça os principais pontos de vista em cada tema. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/AFHU5A 92 CIDADES CRIATIVAS E TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS Usar a arte e a cultura como propulsoras de transformação urbana e social tem sido o caminho trilhado por grupos que pretendem sensibilizar a população na busca de soluções criativas para os pequenos e grandes problemas das cidades É inegável que as grandes ações necessárias à evolução e à manutenção de cidades como o Rio de Janeiro dependem fortemente de grandes intervenções, que por sua vez dependem, quase sempre, de grandes investimentos. Melhorar o trânsito construindo um viaduto, por exemplo. Ou renovar a frota de caminhões da empresa responsável pelo recolhimento do lixo, para aprimorar as condições de limpeza da cidade. A presença do Estado ou de grandes empresas privadas sempre foi considerada essencial para a dobradinha “ordem e progresso”, e Governo e empresas continuam sendo os parceiros principais neste jogo. Contudo, aos poucos, algumas pessoas estão percebendo que pequenos gestos cotidianos, pequenas iniciativas individuais ou de grupos de amigos e vizinhos são igualmente poderosos na arte de gerar mudanças positivas, de educar para a cidadania e de promover um convívio mais harmonioso nas grandes cidades. Para falar sobre essa nova forma de cuidar do que é de todos, e de mudar comportamentos relacionados ao bem comum usando a arte, a cultura e a criatividade, a representante do movimento Rio Eu Amo Eu Cuido, Ana Lycia Gayoso, e a fundadora do coletivo Cidade Criativa / Transformações Culturais, Regina Miranda, juntamente com Paula de Oliveira Camargo, gerente do Centro Carioca de Design, conversaram diante de uma plateia de estudantes e professores, em mais um edição do Projeto Cultura de Ponta. 93 Esta onda de iniciativas que buscam uma forma criativa de cuidar da cidade não é exclusiva do Rio. Movimentos semelhantes já aconteceram, por exemplo, em Bogotá (Colômbia) e em Nova York (EUA). Em geral, são grupos interdisciplinares – artistas, arquitetos, comunicadores, ambientalistas, advogados, web designers, etc., pessoas que sentem que podem e devem colaborar com a cidade em que vivem. A questão econômica é sempre um gargalo, e financiar estes projetos um permanente desafio. O trabalho é sempre fortemente baseado no voluntariado, mas este não é suficiente para dar conta das necessidades de gestão e operação dos projetos e ações. É preciso encontrar uma forma de remunerar os profissionais envolvidos, para manter a ideia em movimento. As encubadoras são uma solução possível. Outra são as parcerias em troca de espaço de marketing. Editais de cultura e financiamento por fundações ou governos também podem viabilizar movimentos semelhantes. Os caminhos ainda estão sendo descobertos... Palestrantes: Ana Lycia Gayoso. Gestora do Move Rio, associação sem fins lucrativos cujo objetivo é potencializar projetos de valor no Rio de Janeiro, e coordenadora do Rio Eu Amo Eu Cuido, desde 2011. Pioneiro como iniciativa que visa a melhoria do Rio através da mudança de comportamento dos cariocas, nascidos e de espírito, o Rio Eu Amo Eu Cuido incentiva os pequenos gestos e atitudes que estão ao alcance de todos e são capazes de transformar toda a cidade. Usando uma comunicação irreverente, ele procura sensibilizar o cidadão e mobilizar voluntários para as ações que têm foco na limpeza urbana, preservação do espaço público e educação no trânsito. 94 Regina Miranda. Uma premiada artista, sociocoreóloga e gestora cultural, que se dedica a desenvolver projetos artísticos inovadores e a prestar consultoria para executivos, políticos e planejadores urbanos sobre o relevante papel da arte e da cultura na revitalização de organizações, bairros e cidades. Possui Bacharelado em Teoria da Dança, pela State University of New York, e Mestrado em Ciências, pela Ken Blanchard School of Business, com foco em "Gestão de Processos de Transformação Cultural em Organizações, Bairros e Cidades". Fundadora e diretora geral do Cidade Criativa / Transformações Culturais. Mediadora. Paula de Oliveira Camargo. Gerente do Centro Carioca de Design. Instituto Rio Patrimônio da Humanidade. Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro City Hall. Assista ao debate completo em: http://migre.me/mMeWG Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 95 CONFLITOS TERRITORIAIS ISRAEL & PALESTINA Um complexo, longo e doloroso conflito, que mexe com os sentimentos de nacionalismo e religião de dois povos, na disputa pelo direito à soberania e pela posse da terra. Existem caminhos para a construção da paz neste território conflagrado? Diversos bairros e comunidades do Rio são cortados por fronteiras imaginárias e possuem “territórios proibidos”, apelidados de “Faixas de Gaza”. Frequentes confrontos armados, disputas territoriais entre facções e o bloqueio à livre circulação dos moradores e demais cidadãos despertam essa sensação de semelhança entre o cotidiano das comunidades e a guerra no Oriente Médio. Mas o que sabemos realmente sobre o conflito que, há décadas, divide o território e põe vizinho contra vizinho? É só uma questão de terras? É uma guerra religiosa? É um conflito étnico? Mais do que isso: existe alguma chance de solução e pacificação? O assunto é complexo demais para ser compreendido de uma só vez, e para ajudar nos primeiros passos do entendimento do que ocorre entre israelenses e palestinos o Projeto Cultura de Ponta recebeu dois grandes conhecedores do assunto: Leonardo de Carvalho Augusto, mestre em História Social da Cultura, e Kike Rosenburt, que além de já ter trabalhado no Parlamento israelense, atua há mais de 10 anos com desenvolvimento de lideranças juvenis em Israel. A conversa foi mediada por Dario Bialer, sociólogo e que atualmente exerce a função de rabino na Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro. 96 Finalizando, Dario retomou o apelo à informação e lembrou qual deve ser o papel da religião no relacionamento entre os homens: Quanto mais informados estivermos, quando conseguimos falar sem preconceito, com mais informação, mais vamos estar mais perto de alcançar, se não uma solução total, pelo menos pequenas soluções que nos aproximem mais de uma convivência pacífica, que é o que todo mundo quer. Temos pessoas sofrendo em ambos os lados, e gostaríamos que pudessem viver em paz. A religião é uma coisa muito sagrada para colocarmos Deus neste tipo de acontecimentos assassinos. Palestrantes: Prof. Murilo Sebe Bon Meihy. Professor Adjunto de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), possui bacharelado e licenciatura em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2004), mestrado em História Social da Cultura pela mesma instituição (2007), e doutorado em Estudos Árabes pela Universidade de São Paulo (2013). Tem experiência na área de História e Estudos Culturais, com ênfase em História Moderna e Contemporânea do Oriente Médio e Norte da África, atuando principalmente nos seguintes temas: Nação e Revolução no Oriente Médio, Cultura Árabe-Islâmica, Orientalismo, Vocabulário político árabe, Guerra Fria e Petróleo, e árabes no Brasil. Prof. Michel Gherman: Possui graduação em História com licenciatura em Educação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mestrado em Antropologia e Sociologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém (Israel). Atualmente é professor da UFRJ, onde coordena o Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos (NIEJ). 97 Mediador: Dario Bialer: licenciado em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires, com mestrado em Literatura Rabínica pelo Schechter Institute of Jewish Studies, em Jerusalém. Vindo do programa “The Senior Educators Program” em The Melton Centre for Jewish Education, Universidade Hebraica de Jerusalém, onde escreveu sua tese final sobre aEducação Adulta. Pósgraduação em Liderança e Gestão Institucional pelo Joint Distribution Committee. Foi representante da “International Raoul Wallenberg Foundation”, onde promove o diálogo inter-religioso e, atualmente, exerce a função de Rabino na Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro – ARI. Assista ao debate completo em: http://migre.me/mPRB5 Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. 98 TERRITORIO, VIOLÊNCIA e CULTURA A violência urbana possui vínculos estreitos com o território utilizado, assim como a cultura das favelas possui com a territorialidade. E violência nem sempre é o que dói apenas na pele: muitas vezes, é o que dói na alma A violência está frequentemente associada à agressão física, mas ela também tem a sua dimensão simbólica, ações que não estamos acostumados a enxergar como violência. E, ao se falar de violência, imediatamente o senso comum associa o tema às periferias e aos territórios de pobreza. A favela é vista como o lugar da violência. Para ajudar a desconstruir esse mito, revelar as violências silenciosas e apontar mecanismos que ajudem a superar esta situação, o Projeto Cultura de Ponta recebeu Mônica Francisco, ativista social e estudante de Ciências Sociais na UERJ, Marize Bastos da Cunha, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e doutora em Educação, e Tatiana Lima, mestranda do Programa de Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense. Qualquer morador de áreas de periferia ou já viveu a situação ou conhece alguém que já sofreu algum tipo de restrição, perda ou desqualificação por viver em favela, ou foi vítima de algum gesto que, embora não tenha se concretizado em agressão física, configurou claramente um gesto de violência. Exemplos são aquele jovem que não conseguiu a vaga de emprego por morar em comunidade, o outro que, sem cometer nenhuma irregularidade é obrigado a apresentar documentos ou a justificar o que faz dentro do shopping de classe alta, aquele evento que é “monitorado” por policiais só porque envolve moradores da periferia, ou ainda a adolescente que precisa trocar de calçado para sair de casa, pois a rua em que mora está inundada por esgoto. Em nenhum desses casos ocorreu a violência física, o “tapa na cara”, mas ela – a violência – estava inegavelmente lá, associada ao “território da favela”. 99 Romper com a relação, estabelecida há décadas, entre periferia e violência, passa por não se vitimizar e saber criar mecanismos para reagir, não só reagir no sentido de reclamar, mas no sentido de reagir ao silenciamento. E é a cultura que, talvez, melhor esteja desenvolvendo este papel. Palestrantes: Monica Santos Francisco. Ativista social e cursa a licenciatura em Ciências Sociais na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Moradora do Morro do Borel é uma das articuladoras e fundadoras da Rede de Instituições local, criada em 2010 quando da ocupação da favela para a instalação de uma Unidade de Polícia pacificadora. Marize Bastos da Cunha. Pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Fundação Oswaldo Cruz, onde trabalha no Departamento de Endemias Samuel Pessoa e atua no Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM). Tem experiência na área de História e Educação, com ênfase na História das Favelas e periferias urbanas e em Educação popular, atuando principalmente nos seguintes temas: educação popular, educação popular em saúde, história das favelas, metodologias qualitativas em territórios vulneráveis, memória social. Mediador: Tatiana Lima. É mestranda do Programa de Mídia e Cotidiano da Universidade Federal Fluminense (PPGMC-UFF). Possui graduação em Comunicação Social pelo Centro Universitário da Cidade (UNIVERCIDADE), bacharel em JORNALISMO, Brasil (2010). Tem experiência na área de jornalismo com ênfase em Comunicação Comunitária, Comunicação Popular, Comunicação Sindical, Segurança Pública, Política e Movimentos Sociais. Assista ao debate completo em: http://migre.me/mMeHu 100 14º Eixo Temático: Sexualidade Apesar de todas as transformações sofridas pela sociedade nas últimas décadas, a sexualidade permanece cercada de tabus e preconceitos, e este tema nas escolas ainda gera bastante preocupação. Em geral, a opção é não abordar, ou abordar superficialmente, deixando as respostas no nível do senso comum. Contudo, o tema já está lá, no dia-a-dia dos alunos: namoros entre colegas, beijos no pátio, formas de se vestir de meninos e meninas e, claro, os inúmeros casos de gravidez na adolescência são alguns exemplos. No Brasil podemos encontrar leis que protegem e defendem as minorias sexuais brasileiras. A Constituição de 88 proíbe qualquer manifestação de discriminação, e alguns estados têm promulgado leis que punem a discriminação por orientação sexual. É importante que a escola saiba deixar claro quais são as normas de comportamento sexual entre seus muros. Uma vez que a escola tenha clara a sua postura, isso deve ser comunicado aos pais e alunos. Evidentemente, se é impensável proibir tudo, também é impraticável permitir todos os impulsos dos alunos. Então, que tal inserir o debate sobre a sexualidade na escolas. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/cMyYlw 101 DIVERSIDADE SEXUAL: A LIBERDADE DE ESCOLHA Como construir uma sociedade em que a diversidade sexual seja não apenas tolerada, mas plenamente incorporada, e onde não existam mais questões como violência física e dificuldade de acesso ao mercado de trabalho? GLS, LGBT, LGBTQI... Não faltam siglas e rótulos na tentativa de dar conta da variedade de vivências sexuais, uma sopa de letrinhas perfeitamente incorporada ao vocabulário politicamente correto. Mas, e no dia-a-dia, na vida real, como se dá a integração de gays, lésbicas, transexuais, transgêneros, queers, travestis e intersexuais? No Brasil, das 27 unidades federativas, 19 contam com leis anti-discriminação em pelo menos um de seus municípios. No Rio de Janeiro, temos a Lei Estadual 3406/00, a Lei Orgânica do Município, de 1990, e a Lei Municipal 2475/96, todas proibindo a discriminação em virtude de orientação sexual. O artigo 5º da Constituição afirma que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantida aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Embora não haja referência à orientação sexual, podemos considerar que ela está garantida quando falamos de autonomia. Não falta, portanto, arcabouço legal para a promoção da igualdade. Contudo, o discurso de todos os que passam pelos rótulos daquelas letrinhas é quase sempre marcado por discriminação e violência. Como se dá a aceitação da diversidade sexual? Para dar o seu depoimento e discutir o tema, estiveram reunidos em mais uma edição do Projeto Cultura de Ponta Laura Mendes, agente social do Projeto Além do Arco-Íris, Yone Lidgre, ativista do movimento LGBT, e Pedro, integrante do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT, mediados por Margareth Gomes, pesquisadora em Gênero, Sexualidade e Saúde. 102 Há uma longa discussão sobre se devemos nos referir à sexualidade e à sua vivência como uma opção sexual. O termo mais adotado é “orientação sexual”, que não diz tanto do sujeito escolhendo isso ou aquilo, mas se permitindo viver algo que o seu desejo manda, pleiteia. Palestrantes: Laura Mendes. Integrante do Grupo Cultural AfroReggae, relata sua trajetória como a descoberta de sua identidade de gênero, e hoje atua como agente social do Projeto Além do Arco-Íris (pioneiro de inclusão social das Transgêneros do Rio de Janeiro que estão em vulnerabilidade social), na função de atendimento e encaminhamento das área de saúde, educação e atenção social desse público. Yone lidgren. Militante, Ativista do Movimento LGBT/Homossexual, Defensora, Promotora e Consultora em Direitos Humanos, coordenadora Geral do Movimento D´ELLAS, Coordenação Política Nacional da Articulação Brasileira de Lésbicas. Participante da Comissão Provisória de Trabalho para Elaboração do Programa Brasil Sem Homofobia, entre outras. Pedro. Graduando em História. Membro do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBT. Mediadora. Margareth Gomes. Sanitarista, mestre em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ, pesquisadora em Gênero, Sexualidade e Saúde. Atualmente doutoranda em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ e consultora do Ministério da Saúde na temática da Diversidade Sexual, particularmente Saúde LGBT. Assista ao debate completo em: http://migre.me/nlwhG 103 É NORMAL OU TRANSTORNO SEXUAL? Entre quatro paredes tudo é normal, ou algumas práticas podem ser consideradas transtornos de comportamento? E quem dita as regras do que é certo ou errado? Toda doença tem uma história, e alguns comportamentos que há 30, 50 anos atrás não eram considerado uma doença, podem ser considerado hoje uma patologia, assim como patologias de outrora são hoje perfeitamente aceitas como um comportamento perfeitamente normal. Então cabe perguntar: como começa a história dos transtornos sexuais? A doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ, Jane Araujo Russo, juntamente com o também doutor em Ciências Sociais Bruno Zilli, mediados por Michele Oliveira Assistente Social do Grupo Cultura AfroReggae, nos ajudam a entender melhor essa história. Já na segunda metade do século XX, com os movimentos feminista e homossexual, há toda uma luta contra os tabus que cercavam a sexualidade. A homossexualidade, que até então era considerada uma doença mental, é excluída do Manual da Associação Psiquiátrica Norte-Americana, e a sexualidade se torna uma questão política. 104 Palestrantes: Jane Araujo Nacional/UFRJ, Russo. Doutora professora do em Antropologia Instituto de Social Medicina pelo Museu Social/UERJ, pesquisadora do Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ). Áreas de atuação: Gênero, sexualidade e ciência. Temas de pesquisa: a constituição do campo sexológico e da medicina sexual, construção do diagnóstico em psiquiatria e medicina sexual. Bruno Zilli. Doutor em Ciências Sociais (PPCIS/UERJ), e Mestre em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ), onde é atualmente pós-doutorando. Suas pesquisas têm ênfase na área de antropologia médica e antropologia das emoções, e nos temas de sexualidade, gênero, direitos humanos e psiquiatria. Mediação: Michele Oliveira. Assistente Social do Grupo Cultura AfroReggae. Aluna da Especialização de Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos da Escola nacional de Saúde Pública ENSP - DIHS - Fio Cruz. Assista ao debate completo em: http://migre.me/nlJpl 105 SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO: DIRETO AO PONTO Todo jovem hoje é bombardeado por inúmeras informações sexuais o tempo todo - na TV, na internet, no cinema, nas músicas, na propaganda. Como o professor pode ajudar a organizar tudo isso na cabeça do aluno? Provavelmente todo aluno tem um colega de classe gay ou lésbica, talvez até mesmo uma travesti. Esses temas não são distantes da vida cotidiana dos jovens. Contudo, a sexualidade raramente é tratado nas escolas com a frequência e a naturalidade que ele pede e merece. Para entender a razão de tanto tabu, e também para apresentar um caso de sucesso, Letícia Serafim, coordenadora de Comunicação no Instituto Promundo, Marcello Accetta, psicólogo, e Renata Coutinho, pedagoga da Equipe Técnica Social do Grupo AfroReggae, participaram de mais uma edição do Projeto Cultura de Ponta. É conversando que é possível, por exemplo, perceber que cada um vive e pensa o sexo de um modo diferente, e que não há certo ou errado. A gente vai crescendo, as nossas práticas sexuais vão se transformando, nossos desejos sexuais vão mudando, porque isso tudo o que a gente diz agora não é uma verdade que está para sempre com a gente. A sexualidade, a nossa orientação sexual, não é uma coisa que determina a nossa vida. Não é uma coisa que tem sempre que ser igual. Vocês vão mudando, e vão acrescentando isso e outras coisas, ao longo da vida. No entender de Marcelo, o mais difícil de ser absorvido pelos jovens é que o que eles entendem como “natural”, “padrão” ou “normal” é, na verdade uma construção social. 106 Palestrantes: Leticia Serafim. Jornalista, formada pela PUC-RIO, é coordenadora de Comunicação no Instituto Promundo, que tem como missão promover masculinidades não-violentas e relações de gênero equitativas no Brasil e internacionalmente. Marcello Accetta. Psicólogo, mestrando em Psicologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista em Gênero e Sexualidade pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Integra o Projeto de Extensão "Diversidade Sexual na Escola" (UFRJ) onde desenvolve oficinas e atividades relacionadas aos temas de gênero, sexualidade, violências e inclusão. Professor dos cursos de extensão em Gênero e Diversidade, em parceria com o Ministério da Educação. Mediação. Renata Coutinho. Formada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela mesma Universidade. Atuando desde 2007 na Equipe Técnica Social do Grupo AfroReggae e desde 2010 como professora do Município do Rio de Janeiro. Últimas Pós-graduações em nível de Atualização: Curso de Enfrentamento da Violência e Defesa de Direitos na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - FIO CRUZ e Curso de Diversidade Sexual na Escola – UF. Assista ao debate completo em: http://migre.me/nlTY8 107 15º EIXO TEMÁTICO: RELIGIÃO, ESOTERISMO & CULTURA O sentimento religioso - que não significa, necessariamente, a prática de nenhuma crença em particular - é uma característica do ser humano. Refletir sobre esse fenômeno é pensar sobre a nossa condição existencial, é buscar o entendimento das questões ligadas à própria vida e à transcendência, é procurar resposta para as perguntas essenciais da existência, como “Por que nascemos?”, “Por que morremos?”, “Qual o objetivo da vida?”, “Existe algo depois da morte?”. Conhecer para compreender deve ser o mote não só especificamente do Ensino Religioso como disciplina, como também de toda discussão em torno do sagrado – mesmo em outras áreas de estudo - favorecendo o respeito à diversidade cultural, combatendo preconceitos e levando o aluno a refletir sobre vários aspectos da existência e sobre o sentido da vida, descobrindo seu comprometimento com a comunidade. O fenômeno religioso pertence ao universo da cultura, e a diversidade cultural e a diversidade religiosa andam juntas. As tradições religiosas e o sentimento do sagrado devem ser abordados com seriedade na escola, dentro e fora da sala de aula, de modo que crianças e jovens estudantes possam se situar diante das diferentes expressões e manifestações religiosas. O espaço escolar é especialmente propício para este debate por ser o lugar onde se discute o conhecimento historicamente produzido. Conheça o que debateu-se sobre este tema nos encontros a seguir. Assista aos melhores momentos em: http://goo.gl/rPsPb5 108 RELIGIÃO, ESOTERISMO E ESPIRITUALIDADE: A DIVERSIDADE DOS CAMINHOS PARA O AUTOCONHECIMENTO Na certeza de que existem mais coisas entre o céu e a terra do que o que supõe a nossa vã filosofia, a Humanidade buscou caminhos diversos para compreender as leis do Universo Se a própria ciência reconhece que mais da metade de tudo o que está à nossa volta é formado pela chamada “matéria escura”, ainda indetectável pelos instrumentos de medição dos cientistas e cuja natureza é desconhecida, como duvidar ou desqualificar as diversas formas criadas pelo homem para explicar as linguagens do universo? Se ainda há tanto o que descobrir, porque duvidar que este ou aquele seja o caminho certo? Como negar que esta ou aquela forma de exploração pode vir a ser a ferramenta adequada? Astrologia, numerologia, cabala, quirologia, meditação, alquimia... existe uma infinidade de nomes, escolas e filosofias que procuram entender como as leis do universo atingem a cada um de nós. Nesta última série de debates do Projeto Cultura de Ponta, dedicada à religião e também ao esoterismo, o monge Mahakala Dasa, a professora Maíra Graber, do Kabbalah Center, e a Mãe Flávia Pinto, mediados por André Porto, astrólogo e espiritualista, vieram discutir estas formas ainda pouco conhecidas de integração do ser humano com o universo e a transcendência. Aceitando que estamos todos aqui para evoluir nossa consciência e nosso espírito, essas ferramentas das tradições espirituais são uma forma de iluminar o caminho em direção a esta evolução. Essas linguagens ajudam muito você a acelerar o seu crescimento. Não é só a questão mística. É você ser um cidadão mais bacana, uma pessoa mais centrada, mais equilibrada. A espiritualidade fala de tudo isso. Ainda há muito preconceito contra a espiritualidade, uma visão muito limitada dessas outras energias subjetivas – explica André Porto. 109 O objetivo final de todas essas religiões, seitas, crenças, escolas, filosofias e tradições – o nome não importa tanto – é a felicidade do ser humano. Ela está no centro de tudo, e cada uma dessas opções é um caminho até ela. Objetivo comum, estratégias diferentes. Palestrantes: Flávia Pinto. Sacerdotisa da Casa do Perdão, Socióloga, Escritora, ganhadora do Prêmio Direitos Humanos 2011. Assessora na Coordenadoria de Direitos Humanos Prefeitura do Rio. Mahakala Dasa. Monge da tradição gaudiya-vaisnava desde 1973, é discípulo iniciado de Shrila Bhaktivedanta Swami Prabhupada, o fundador do Movimento Hare Krishna no Ocidente. Desde 1975, tem contribuído, como tradutor e editor, para a divulgação da obra literária de diversos mestres espirituais gaudiya-vaisnavas em língua portuguesa. Maíra Graber. Professora do Kabbalah Centre e estuda essa sabedoria há 13 anos. O Kabbalah Center é uma organização internacional fundada em 1922 em Jerusalém para estudo e disseminação da Kabbalah. Mediador: André Porto. Astrólogo e Espiritualista desde a adolescência, também atuou por 17 anos nas ONGs Viva Rio, ISER e URI – Iniciativa das Religiões Unidas onde coordenou vários projetos de Cultura de Paz, cidadania e diálogo entre as diversas tradições religiosas. Ele também é fotógrafo e esteve em 35 países a trabalho. Assista ao debate completo em: http://migre.me/nvcBD 110 RELIGIÃO NA EDUCAÇÃO: DIÁLOGO E VIVÊNCIA O Ensino Religioso está na lei, mas como será que ele está nas nossas salas de aula? Alcorão, Bíblia, candomblé, catolicismo, centro, Cristo, espiritismo, igreja, islamismo, Jeová, judaísmo, Maomé, mesquita, Orixas, Oxalá, sessão, sinagoga, templo, umbanda... A lista das palavras ligadas às diversas tradições religiosas que ouvimos todos os dias poderia não ter fim. Mas o que sabemos verdadeiramente sobre elas? E mais: o que sabemos sobre a ideia de sagrado, e sobre o sentimento de religiosidade que é comum a todos os seres humanos? A educação religiosa começa em casa, com os conselhos, opções e exemplos dos nossos pais, avós ou responsáveis, e segue, dentro da própria crença abraçada, com o convívio com os irmãos de fé, com a frequência às cerimônias religiosas, com os ritos de passagem, etc, etc. Recentemente, não sem polêmicas, a escola foi trazida para dentro deste processo educativo, com a legislação determinando a obrigatoriedade da oferta da disciplina Ensino Religioso. Para conversar sobre as iniciativas de algumas escolas, o Cultura de Ponta recebeu a irmã Vaneide Chagas, religiosa da Congregação Nossa Senhora de Sion, e Rafael Azamor, membro da Comissão de Diálogo Inter-religioso e professor da Escola Israelita Brasileira Liessin Scholem Aleichem. O Ensino Religioso nas escolas, longe de ser o espaço destinado à catequese e ao proselitismo, deve ser uma ferramenta para reconhecer as semelhanças, e principalmente, respeitar as diferenças. 111 Palestrantes: Prof. Rafael Azamor. Mestre em ciências pelo Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ, trabalhei durante 10 anos na preparação de jovens judeus para a realização da cerimonia da Bar Mitzvá (maioridade religiosa) na Associação Religiosa Israelita do Rio de Janeiro(ARI-RJ); Membro da comissão de diálogo inter-religioso da ARI-RJ; professor da Escola Israelita Brasileira Liessin Scholem Aleichem desde 2007 aonde ministro aulas sobre diálogo inter religioso e atualidades no oriente médio. Irmã Vaneide Chagas. Religiosa da Congregação Nossa Senhora de Sion, que é uma congregação internacional cujo carisma visa a promoção do Diálogo Inter-religioso. Sou Pedagoga, Pós Graduada em Cultura CristãJudaica e atualmente estudo MBA em Gestão na UFRJ. Mediadora: Renata Coutinho. Formada em Pedagogia pela Universidade Estácio de Sá. Pós-graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela mesma Universidade. Atuando desde 2007 na Equipe Técnica Social do Grupo AfroReggae e desde 2010 como professora do Município do Rio de Janeiro. Últimas Pós-graduações em nível de Atualização: Curso de Enfrentamento da Violência e Defesa de Direitos na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - FIO CRUZ e Curso de Diversidade Sexual na Escola – UF. Assista ao debate completo em: http://migre.me/nvcDn 112 ENCONTRO INTER RELIGIOSO: A INTEGRAÇÃO DAS DIFERENÇAS O esforço para integrar as diferenças deve se dar em todo plano da vida, não apenas no diálogo inter-religioso No último encontro de sua última série de debates, o projeto Cultura de Ponta promoveu uma grande celebração à diversidade, convidando representantes religiosos para não só falarem da história e das características de suas tradições, como também para discutir a proposta “como integrar as diferenças”? O islamismo, o cristianismo, o judaísmo e o candoblecismo foram representados, respectivamente, por Fernando Celino, assessor de comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro, Nelson Águia, secretário da Comissão da Arquidiocese do Rio para o diálogo interreligioso e ecumênico, Dario Bialer, mestre em Literatura Rabínica pelo Schechter Institute of Jewish Studies e Marcio de Jagun, Babalorixa. O encontro foi mediado por Carla Habif, diretora de diálogo inter-religioso e intercultural da Federação Israelita do Rio de Janeiro. O encontro teve, além das conversas, um momento bastante simbólico em que todos, debatedores e plateia, independentemente da religião professada, entoaram um mantra, o famoso Hare Krishna, vibrando pela concórdia e pela harmonia, vivendo o entendimento real de que existe igualdade na diversidade. É a partir dessa consciência que desenvolvemos a disposição de dialogar com aquele que pensa, crê ou é diferente, e a força de vontade que faz com que essas coisas saiam do discurso e venham para prática. 113 Palestrantes: Fernando Celino (Comunidade Muçulmana). Graduado em Comunicação Social - Jornalismo. Já ministrou diversas palestras sobre o Islam e diálogo inter-religioso, além de ter escrito artigos e revisado livros acerca das mesmas temáticas. Atualmente exerce o cargo de assessor de comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro (SBMRJ). Diácono Nelson Águia (Comunidade Católica). Diácono da Igreja Católica Romana. Membro da Comissão Estadual de Combate à Intolerância Religiosa. Secretário da Comissão da Arquidiocese do Rio para o diálogo inter-religioso e ecumênico. Rabino Dario Bialer (Judaísmo). licenciado em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires, com mestrado em Literatura Rabínica pelo Schechter Institute of Jewish Studies, em Jerusalém. Vindo do programa “The Senior Educators Program” em The Melton Centre for Jewish Education, Universidade Hebraica de Jerusalém, onde escreveu sua tese final sobre a Educação Adulta. Pós-graduação em Liderança e Gestão Institucional pelo Joint Distribution Committee. Marcio de Jagun (Candomblé). Babalorixa, advogado, professor universitário, conferencista, articulista, escritor, apresentador do Programa Ori, militante pela tolerância religiosa, fundador e presidente da Associação Nacional de Mídia Afro - ANMA. Mediadora: Carla Albala Habif. Historiadora e mestranda em História pela UFRJ. Atua como professora no colégio Eliezer, Max e como facilitadora de diálogo na Conferência Judaico Muçulmana. Atualmente, Carla é a diretora de diálogo inter-religioso e intercultural da Federação Israelita do Rio de Janeiro (FIERJ). Assista ao debate completo em: http://migre.me/nvcFo 114 2.1. Cronograma dos Encontros CRONOGRAMA CULTURA DE PONTA ENCONTROS DATA 1 2 3 4 02/12/2013 09/12/2013 16/12/2013 13/01/2014 5 6 7 8 27/01/2014 03/02/2014 10/02/2014 17/02/2014 9 10 11 12 24/02/2014 10/03/2014 17/03/2014 24/03/2014 13 14 15 16 07/04/2014 14/04/2014 28/04/2014 05/05/2014 17 18 19 20/05/2014 21/05/2014 22/05/2014 20 21 03/06/2014 04/06/2014 22 05/06/2014 TEMA DANÇA DANÇA NEGRA DANÇA CLÁSSICA. DANÇA CONTEMPORÂNEA. O DESAFIO DA DANÇA NO BRASIL. CIDADANIA DIVERSIDADE SEXUAL. QUESTÃO RACIAL NO BRASIL. CONDIÇÃO FEMININA. LUTAS PELA CIDADANIA. FUNK EMPREENDEDORISMO DO FUNK. RESOLUÇÃO 0013. CULTURA FUNK. DESCRIMINALIZAÇÃO DO FUNK. CULTURA URBANA STREET ART. COMPORTAMENTO URBANO. MÚSICA E MERCADO. OCUPAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO. NOVAS MÍDIAS HUMOR NA INTERNET. PROTAGONISMO NAS REDES SOCIAIS. DIREITO NO MEIO DIGITAL. ARTE DA COMUNICAÇÃO LITERATURA NAS FAVELAS A COMUNICAÇÃO ALÉM DA FALA TALK SHOW JORGE MAUTNER: O CANTOR, COMPOSITOR E ESCRITOR BRASILEIRO EXIBE SUAS MÚLTIPLAS FACETAS. 115 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 AUDIOVISUAL 15/07/2014 A NOVA LEI DA TV POR ASSINATURA. 16/07/2014 A POPULARIZAÇÃO DO AUDIOVISUAL. O MERCADO DE TRABALHO E O PROFISSIONAL DE 17/07/2014 AUDIOVISUAL ESPORTE E CULTURA 29/07/2014 PRECONCEITO NO ESPORTE. 30/07/2014 O LEGADO DA COPA. 31/07/2014 APARELHOS ESPORTIVOS NAS CIDADES. TRIBOS URBANAS 12/08/2014 REDES SOCIAIS: OPORTUNIDADES E RISCOS. 13/08/2014 TOLERÂNCIA, IDENTIFICAÇÃO E BULLYING 14/08/2014 CONSUMO CULTURAL. POLÍTICAS CULTURAIS 26/08/2014 POLÍTICAS CULTURAIS. 27/08/2014 DIREITO DE PROPRIEDADE INTELECTUAL. 28/08/2014 POLÍTICAS CULTURAIS E SEGURANÇA PÚBLICA. VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA 10/09/2014 FAIXA DE GAZA. 11/09/2014 TEM JEITO? 12/09/2014 COMANDOS: EDUCAÇÃO 23/09/2014 DIVERSIDADE, INCLUSÃO E EDUCAÇÃO. 24/09/2014 NOVOS MODELOS PEDAGÓGICOS. 25/09/2014 EDUCAÇÃO ALÉM DA ESCOLA. CULTURA E TERRITÓRIO. 21/10/2014 CIDADES CRIATIVAS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS 22/10/2014 CONFLITOS TERRITORIAIS | ISRAEL & PALESTINA 23/10/2014 TERRITORIO E VIOLÊNCIA | TERRITORIALIDADE E CULTURA SEXUALIDADE 11/11/2014 DIVERSIDADE SEXUAL – A LIBERDADE DE ESCOLHA 12/11/2014 É NORMAL OU TRANSTORNO SEXUAL? 13/11/2014 SEXUALIDADE NA EDUCAÇÃO: DIRETO AO PONTO RELIGIÃO, ESOTERISMO E CULTURA 02/12/2014 ESOTERISMO & ESPIRITUALIDADE. 03/12/2014 RELIGIÃO NA EDUCAÇÃO. 04/12/2014 ENCONTRO INTER-RELIGIOSO 116 3. Catálogo Cultura de Ponta Com o intuito de fomentar debates dentro de instiuições de ensino, outras ONGs, entre gestores públicos e funcionários de empresas privadas, o NAR – Núcleo Estratégico e Criativo do AfroReggae - desenvolveu o Catálogo Cultura de Ponta. O catálogo é a síntese de debates realizados em torno de temas pertinentes para o crescimento e transformação individual e coletiva. Ostemas foram discutidos nos encontros semanais e o debate era o resultado da interação entre o público presente os econvidados especializados. Os exemplares são formatados com o objetivo de colaborar com os professores, fornecendo sugestões para a preparação de atividades esendo um facilitador das discussões. Não pretende esgotar aspossibilidades de abordagem dos conteúdos, e sim instigar o professor abuscar encaminhamentos diferentes, criativos e atraentes, oferecendolheum material que proponha reflexões e, ainda, sugira novas formas de desenvolver o conhecimento em sala de aula, independentemente damatéria lecionada. Queremos que a rede escolar possa acessar conteúdos de qualidadepara estimular sua comunidade local a desenvolver e colocar em práticaideias criativas, fornecendo ferramentas que aperfeiçoem suas atitudesdiante dos obstáculos e aprimorem seu repertório para a construção dabase de criação artística, econômica e social. 117 Os catálogos possuem uma tiragem de 300 exemplares, sendo 217 distribuídos para escolas parceiras e Coorenadorias de Educação da cidade do Rio de Janeiro bem cmo Secretarias Municipais de Educação e Cultura de Nova Iguaçu e Rio de Janeiro (Anexo II), 10 unidades para Light e 73 para núcleos do AfroReggae e CEDOC – Centro de Documentação do AfroReggae. Ao todo foram desenvolvidos 15 catálogos da Coleção Cultura de Ponta (Anexo III), um para cada eixo do projeto: 1. DANÇA 9. TRIBOS URBANAS 2. CIDADANIA 10. POLÍTICAS CULTURAIS 3. FUNK 11. VIOLÊNCIA E SEGURANÇA PÚBLICA 4. CULTURA URBANA 12. EDUCAÇÃO 5. NOVAS MÍDIAS 13. CULTURA E TERRITÓRIO 6. ARTE DA COMUNICAÇÃO 14. SEXUALIDADE 7. AUDIOVISUAL 15. RELIGIÃO, ESOTERISMO CULTURA 8. ESPORTE E CULTURA 118 4. Vídeo Pílula Com o intuito de divulgação, os vídeos de curta duração apresentam a síntese dos debates realizados em decorrência do projeto Cultura de Ponta, na sede do Afro Reggae. A montagem dos depoimentos dos diferentes debates em torno de um eixo temático tem por objetivo ampliar a divulgação dos melhores momentos de cada encontro para o público. Todo o conteúdo audiovisual é disponibilizado gratuitamente no site do AfroReggae. (Anexo IV) Vídeo 1. Dança: http://goo.gl/VAdMwT Vídeo 2. Cidadania: http://goo.gl/AvPu9F Vídeo 3. Funk: http://goo.gl/qo9vD9 Vídeo 4. Cultura Urbana: http://goo.gl/6F5gkz Vídeo 5. Novas Mídias: http://goo.gl/GAhQcj Vídeo 6. Arte da Comunicação: http://goo.gl/QDhsuF Vídeo 7.Audiovisual: http://goo.gl/q5lXOy Vídeo 8. Esportes: http://goo.gl/veib74 Vídeo 9. Tribos Urbanos: http://goo.gl/JQRMDG Vídeo 10. Políticas Culturais: http://goo.gl/9lrM1V Vídeo 11. Violência e Segurança Pública: http://goo.gl/rPsPb5 Vídeo 12. Educação: http://goo.gl/xkVIjo Vídeo 13. Cultura e Território: http://goo.gl/AFHU5A Vídeo 14. Sexualidade: http://goo.gl/QDhsuF Vídeo 15. Religião, Esoterismo e Cultura: http://goo.gl/rPsPb5 119 5. Comunicação e Mídia Convite Para cada encontro, foram disponibilizados 10 convites para a Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Entretanto, é importante salientar que os todos os encontros foram abertos ao público sem necessidade de apresentação do convite Fotografia Todos os encontros foram registrados, via vídeo e fotografia. Esse material foveiculado nas mídias como material de divulgação do projeto, além de compor o acervo do site para consulta integral e gratuita. (Anexo V) Postagens no site (Anexo VI) O Portal AfroReggae ( www.afroreggae.org ) disponibiliza todo o material audiovisual desenvolvido por meio do Projeto Cultura de Ponta, entre catálogos, vídeos pílula, cartazes de divulgação, notícias com fotografias e texto descritivo de todos os debates realizados. Postagens no facebook (Anexo VII) O Facebook se mostrou como uma importante ferramenta não só para a divulgação dos encontros, como também para convidar aos internautas a acompanhar ao vivo os debates. Todos os 49 encontros foram divulgados entre os seguidores da página do AfroReggae. 120 Vídeos Streamming A fim de se universalizar os encontros, disponibilizou-se, em cada encontro, o debate ao vivo pela internet. Os vídeos estão disponibilizados pelo canal do AfroReggae no Youtube para que todos os interessados possam acessar. Produção para o Cultura de Ponta. Foto: Arquivo AfroReggae. Divulgação por Folders e Banners Os encontros também foram divulgados por meio de cartazes afixados em locais de grande circulação do potencial público dos debates, estudantes, gestores públicos da área cultural e pensadores. Em locais onde havia uma grande circulação de pessoas e já existiam outros cartazes afixados, desenvolvemos banners para chamar ainda mais a atenção, esse locais foram universidades e casas de show. (Anexo VIII) 121 6. Núcleo Estratégico e Criativo do Afro Reggae - NAR O NAR – Núcleo Estratégico e Criativo do AfroReggae, desde o seu surgimento por meio do Projeto Cultura de Ponta, tem sido um instrumento de grande importância dentro do AfroReggae. O NAR se mostra como um ambiente democrático de participação uma vez que os funcionários da instituição são convidados a participar das reuniões a partir das pautas específicas levantadas em cada reunião. A partir das reuniões do conselho técnico do editorial do NAR, variadas demandas foram debatidas de forma a contribuir com as diversas áreas do AfroReggae, por exemplo: Sugestão e definição dos eixos temáticos, temas e palestrantes dos encontros do Cultura de Ponta; Sugestão para atividades específicas em datas comemorativas, bem como publicações nas mídias sociais da instituição sobre o tema; Debate sobre os temas e impacto social dos vídeos educativos desenvolvidos pela produtora do AfroReggae. Elaboração do plano de divulgação de cada encontro do Cultura de Ponta. Definição de espaços onde seriam publicados os cartazes com as datas, temas e palestrantes. Programação e plano das aulas dos cursos oferecidos pelo projeto Na Realidade. Discussão de exercícios e formas de avaliação dos cursos. Elaboração de questionários de avaliação utilizados pelo Cultura de Ponta e outros projetos; Avaliação dos encontros no Cultura de Ponta, assim como das pesquisas desenvolvidas pelo AfroReggae para a avaliação dos debates. Avaliação dos catálogos desenvolvidos pelo Cultura de Ponta e distribuídos para instituições de ensino e outras ONGs. Acompanhaento das atividades e ações sociais desenvolvidas nos núcleos em Vigáreio Geral, Parada de Lucas, Cantagalo e Caju. 122 A equipedo NAR é comporta por 12 profissionais, entre os quais, 6 professores, 1 coordenador pedagógico, 3 agentes de projeto, 1 assistente social e 1 pedagogo. Com frequência mensal, foram realizadas 12 encontros durante 2014. Todas as reuniões aconteceram na sede da instituição, registradas em atas (Anexo IX) e publicizadas no portal AfroReggae, por meio da sessão Transparência. 6.1 Avaliação Debates Cultura de Ponta – Temas A gestão do Cultura de Ponta realizou uma pesquisa entre os colaboradores do AfroReggae que trabalham na Sede da instituição para saber o que eles pensam em relação ao Projeto Cultura de Ponta. Ao todo, 26 pessoas responderam o questionário. Gráfico 1. Você Sabe o que é o Projeto Cultura de Ponta? Não 11,5% Sim 88,5% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta Quase todos os colaboradores do AfroReggae que trabalham na Sede da instituição conhecem o projeto Cultura de Ponta. Dentre as 26 pessoas que responderam o questionário, apenas 3 não sabiam o que era o projeto. 123 Gráfico 2. O que Você Acha da Iniciativa? Indiferente Não Gosta 11,5% 3,8% Gosta Muito 30,8% Gosta 53,8% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta Gráfico 3. Você já participou de Algum dos Debates na Varanda? 0% 0% Não 53,8% Sim 46,2% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta 124 Gráfico 4. Você já Acessou o Streaming? Plataforma Online que Exibe o Debate ao vivo no Site do AfroReggae? 0% Não 46,2% 0% Sim 53,8% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta Apesar de 53,8% dos colaboradores do AfroReggae nunca terem participado de nenhum encontro do Cultura de Ponta, esse mesmo número se repete em relação aos trabalhadores da Sede que assistiram o debate ao vive pela internet. Gráfico 5. Você Acha que o Dia é Adequado? Não 42,3% Sim 57,7% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta 125 Gráfico 6. Você Acha que o Horário é Adequado? 0% 0% Não 34,6% Sim 65,4% Fonte: Avaliação debates Cultura de Ponta Mais da metade dos funcionários do AfroReggae consideram adequado o dia e o horário que o Cultura de Ponta acontece. Quando questionados sobre sugestões para temas, surgiram as seguintes questões: PAZ RESSOCIALIZAÇÃO VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO MEIO AMBIENTE MÍDIA ENQUANTO FORMADORA SISTEMA GLOBAL DE OPINIÃO SAÚDE PÚBLICA A IMPORTÂNCIA DO SORRISO PEDOFILIA TEMAS SOBRE FELICIDADE MAUS EDUCAÇÃO ESPECIAIS VIOLÊNCIA DOMÉSTICA COMUNIDADES PRECONCEITO OBESIDADE ALCOOLISMO ABORTO FAMILIAS CARENTES VIOLÊNCIA SEXUAL DROGAS EM GERAL INCLUSÃO SOCIAL CORRUPÇÃO POLITICA VIOLÊNCIA EM GERAL LIBERALIZAÇÃO DAS DROGAS. TRATOS A CRIANÇAS 126 6.2 Avaliação Debates Cultura de Ponta – Catálogo Uma outra função de grande importância do NAR está relacionado à avaliação do material produzido pela instituição com o intuito de indicar alterações e melhorar o projeto. Entre as principais avaliações, podemos destacar os catálogos do Cultura de Ponta, desde o primeiro momento acompanhados pelo grupo e, por sugestão da equipe, desenvolveram em conjunto com a equipe técnica social grupos focais de acompanhamento. (Anexo X). O NAR também buscou conhecer os hábitos de consumo das pessoas que vieram assistir ao encontro “Consumo Cultural: O que consumo diz quem eu sou? Quem eu sou e onde estou na sociedade de consumo?”, realizado no dia 14 de agosto no eixo temático Tribos Urbanas, através de um pesquisa entre os convidados do debate. Gráfico 1 - Você diria que comprar está entre suas diversões? 30,0% 20,0% 50,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Foi observado entre os convidados do debate que metade fazem compra apenas por diversão. 127 Gráfico 2 - Você calcula antes de gastar? 20,0% 40,0% 35,0% 5,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Um dado preocupante observado pela pesquisa é o fato que 40% dos convidados não fazem calculo antes de irem às compras. Gráfico 3 - Você sente culpa ou medo após uma sessão de compras? Série1; Nunca; 50,0% Série1; Raramente; 35,0% Série1; Frequentemente; 15,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo 128 Gráfico 4 - Você sente, ao mesmo tempo, euforia e ansiedade quando faz compras? Série1; Sempre; 35,0% Série1; Raramente; 25,0% Série1; Nunca ; 30,0% Série1; Frequentemente; 10,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Gráfico 5 - Você sente desconforto quando vai às compras acompanhado e a outra pessoa compra mais que você? Série1; Nunca; 60,0% Série1; Sempre; 20,0% Série1; Frequentemente; 15,0% Série1; Raramente; 5,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo 129 Gráfico 6 - Fazer compras, pra você é como um ato proibido e desejado? Série1; Nunca; Série1; Raramente; 40,0% 45,0% Série1; Frequentemente; 15,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Gráfico 7 - Seus hábitos de compra tem colocado você em apuros? Série1; Nunca; 50,0% Série1; Raramente; 35,0% Série1; Sempre; 5,0% Série1; Frequentemente; 10,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Entre os convidados, metade nunca ficaram em apuros pelos hábitos de compra, apesar de 40% dos entrevistados raramente ou nunca calcular antes de comprar. 130 Gráfico 8 - Você costuma ir a teatro? Série1; Raramente; 40,0% Série1; Nunca; 40,0% Série1; Frequentemente; 20,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Gráfico 9 - Você vai a exposição? Série1; Raramente; 40,0% Série1; Nunca; 40,0% Série1; Frequentemente; 20,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo 131 Gráfico 10 - Vai ao cinema? Série1; Sempre; 35,0% Série1; Raramente; 35,0% Série1; Frequentemente; 30,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Gráfico 11 - Frequenta Shows? Série1; Raramente; 50,0% Série1; Sempre ; 15,0% Série1; Frequentemente; 25,0% Série1; Nunca; 5,0% Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Foi observado entre as pessoas que responderam o questionário, que menos da metade não costumam ter momentos de lazer em cinemas, teatros, exposições e shows. 132 Gráfico 12 - Você se entende como um consumidor de cultura? Não 45,0% 55,0% Sim Fonte: Pesquisa Hábitos de Consumo Embora menos da metade dos convidados terem respondido que vão pouco a teatros, cinemas e shows, 55% se consideram consumidores de cultura. 133 7. Lista de Anexos Anexo I – Lista de Palestrantes Anexo II – Lista de Escolas e Secretarias Municipais de Educação Anexo III – Coleção Cultura de Ponta Anexo IV – Vídeos Pílula Anexo V – Registro Fotográfico Anexo VI – Postagens no Site Anexo VII – Postagens no Facebook Anexo VIII – Cartazes e Banners de divulgação Anexo IX – Anexo X – Grupo Focal de Acompanhamento Atas Reunião NAR 134