identité pour document de visite - Abbaye du Mont-Saint
Transcrição
identité pour document de visite - Abbaye du Mont-Saint
arquitectura Por édito de Bento de Nursia, no século VI, para o seu mosteiro de Monte Cassino (Itália), esta regra prescreve a oração e o trabalho: é observada, entre outros, pelos beneditinos. Centre des monuments nationaux Abbaye du MontSaint-Michel 50116 Le Mont-SaintMichel tél. 02 33 89 80 00 fax 02 33 70 83 08 www.monumentsnationaux.fr português O Mont-Saint-Michel história Regra de *São Bento São Miguel, chefe da milícia celeste, tem uma grande importância na sensibilidade religiosa medieval. No Novo Testamento, São Miguel aparece no livro do Apocalipse: combate e vence um dragão, símbolo do demónio. Para o homem medieval que vive na esperança e no medo do além, São Miguel é aquele que conduz os mortos e pesa as almas no dia do Último Julgamento. Tendo registado uma grande expansão no Oriente a partir do séc. IV, o culto de São Miguel só surgiu no Ocidente em finais do séc. V, com a construção de um primeiro santuário no Monte Gargano (Itália) em 492. Perto do ano 1000, as igrejas e as capelas dedicadas ao santo multiplicaram-se por todo o lado na Europa, frequentemente no alto de colinas ou de promontórios. Após a Guerra dos Cem Anos, a devoção a São Miguel tomou uma dimensão particular devido à resistência do Monte contra os ingleses. Finalmente, este culto conheceu um novo impulso com a Contra Reforma: apenas o anjo militar podia, aos olhos da Igreja, garantir a luta contra a heresia protestante. Na iconografia cristã, São Miguel é frequentemente representado com uma espada e uma balança. As tradições e os cultos populares fizeram de São Miguel Arcanjo o patrono dos cavaleiros e de todas as corporações ligadas às armas e às balanças. A estátua que culmina o campanário retoma os atributos tradicionais do arcanjo. Foi realizada em 1897 pelo escultor Emmanuel Frémiet a pedido do arquitecto Victor Petitgrand, que pretendia coroar a nova flecha de 32 metros. Esta estátua foi restaurada em 1987. abadia do Mont-Saint-Michel * Contrafortes Pilares erguidos de forma saliente contra uma parede para a apoiar. O culto de São Miguel crédits photos J. Feuillie, R. Jacques, A. Wolf, Arch. phot. © Centre des monuments nationaux, Paris. conception graphique LM communiquer. impression Néo-Typo, avril 2007. * Colateral Nave lateral da nave principal de uma edificação. A abadia do Mont-Saint-Michel é um monumento único: a sua concepção não pode ser comparada com a de qualquer outro mosteiro. Tendo em conta a forma piramidal do monte, os mestres de obra da Idade Média envolveram a rocha granítica com os edifícios. A igreja abacial, situada na parte superior, repousa sobre criptas que criam uma plataforma capaz de suportar o peso de uma igreja de 80 metros de comprimento. A construção da "Merveille", frequentemente evocada como o florão da arquitectura da abadia, é a testemunha da mestria arquitectónica dos construtores do séc. XIII que conseguiram apoiar sobre o declive do rochedo dois corpos edificados com três pisos. Disposições técnicas precisas permitiram esta realização. No rés-do-chão, a estreita colateral* do celeiro tem um papel de contraventamento. Em seguida, os suportes dos dois primeiros níveis do edifício ocidental sobrepõem-se. Por fim, as estruturas são cada vez mais leves, à medida que se vai progredindo para cima. No exterior, o edifício é sustentado por poderosos contrafortes* . Os grandes princípios da vida monástica também influenciaram a organização e a arquitectura das edificações. A regra de São Bento* , que regia os monges do Monte, previa que estes pudessem consagrar o seu dia à oração e ao trabalho. Os espaços foram organizados em torno destas duas actividades, respeitando o princípio da clausura, ou seja, do espaço reservado aos monges. Assim, fiéis a este princípio, os espaços destinados a receber os laicos foram instalados no rés-do-chão da "Merveille". Houve dois grandes imperativos que prevaleceram na construção da abadia do Mont-Saint-Michel: as exigências da vida monástica e as limitações topográficas. São Miguel Arcanjo Uma concepção única A longa história do Mont-Saint-Michel (Monte de São Miguel) terá começado em 708, quando Aubert, bispo de Avranches, mandou edificar sobre o Mont-Tombe um santuário em honra do Arcanjo. O monte tornou-se rapidamente um local de peregrinação de grande importância. No séc. X, os beneditinos vieram instalar-se na abadia, tendo-se desenvolvido uma aldeia no sopé. Esta estendeu-se até à base do rochedo durante o séc. XIV. Praça forte impenetrável durante a Guerra dos Cem Anos, o Mont-Saint-Michel é, também, um exemplo de arquitectura militar. As suas muralhas e fortificações resistiram a todos os assaltos ingleses e fizeram do Monte um lugar simbólico da identidade nacional. Após a dissolução da comunidade religiosa na altura da Revolução e até 1874, foi objecto de grandes restauros. Desde então, os trabalhos não foram interrompidos no conjunto do local. Permitem aos visitantes reencontrar o esplendor da abadia que os homens da Idade Média viam como uma representação da Jerusalém celeste sobre a terra, imagem do Paraíso. Desde 1979, o Mont-Saint-Michel encontra-se inscrito na lista do património mundial da UNESCO. 6 3 rochedo 4 n í ve l i n t e r m é d i o n í ve l s u p e r i o r n í ve l i n f e r i o r 15 5 14 13 rochedo 1 11 siga o guia 2 Depois de se ter franqueado a sala dos Guardas .1., entrada fortificada da abadia, o visitante transpõe a escadaria do Grande Degrau .2. até ao patamar do Saut-Gaultier. Caminha-se entre a igreja, à direita, e as habitações abaciais, à esquerda, ligadas por passagens suspensas. Essas habitações, construídas entre o séc. XIV e XVI , foram a residência senhorial dos abades. O terraço oeste .3. é constituído pelo adro primitivo da igreja abacial e dos três primeiros vãos da nave destruídos no séc. XVIII após um incêndio. A fachada clássica foi reconstruída em 1780. Daí, tem-se uma vista geral sobre a baía, do rochedo de Cancale, a oeste e na Bretanha, até às falésias normandas a este. Também é possível ver dois maciços graníticos, o Mont-Dol a sudoeste, em terra, e a ilhota de Tombelaine a norte. Ao largo, distingue-se o arquipélago das ilhas de Chausey de onde provém o granito que permitiu construir a abadia. Finalmente, o terraço oferece uma perspectiva única sobre a flecha neogótica da torre sineira erigida em 1897 e rematada pela estátua em cobre dourado de São Miguel. Construída nos primeiros decénios do ano mil, a igreja abacial .4. foi instalada na base do rochedo, a oitenta metros acima do nível do mar, sobre uma plataforma de oitenta metros de comprimento. A nave apresenta uma elevação de três níveis: arcadas, tribunas e janelas altas. *Abóbada artesoada Abóbada revestida com tábuas de madeira. O vigamento da nave está revestido por uma abóbada artesoada* . O vigamento da nave está revestido por uma abóbada artesoada. O coro românico, que desmoronou em 1421, foi reconstruído, depois da Guerra dos Cem Anos, em estilo gótico flamejante. A visita prossegue através do claustro .5.. Esta galeria, que permitia a circulação entre os vários edifícios, era um local de oração e de meditação. Durante as festas religiosas eram aí realizadas procissões. O claustro está situado na parte superior de um edifício que é chamado "Merveille" (a Maravilha), construído no início do séc. XIII. Permite o acesso ao refeitório, à cozinha, à igreja, ao dormitório, ao cartório e às várias escadarias. A oeste, o vão central, aberto sobre o mar, deveria dar acesso a uma sala capitular que nunca foi construída. As galerias do claustro foram construídas com vigamento de madeira para aligeirar o seu peso. Um duplo alinhamento de pequenas colunas, ligeiramente desencontradas, desenha perspectivas em permanente mutação. No refeitório .6., os monges comiam as suas refeições em silêncio, enquanto um deles procedia à leitura a partir do púlpito da parede sul. As paredes laterais desta sala são atravessadas por frestas estreitas invisíveis a partir da entrada. Acede-se, por uma escadaria, à sala dos Hóspedes .7. que se encontra exactamente por baixo do refeitório. Destinava-se à recepção dos reis e dos nobres. A visita prossegue com o acesso à cripta dos grandes pilares .8.. A cripta foi erguida em meados do séc. XV para sustentar o coro gótico da igreja abacial. 7 12 * Transepto Nave transversal entre a nave principal e o coro de uma igreja. * Ossário Sala onde se juntam as ossadas humanas extraídas de um cemitério. Para saber mais: LE MONT- SAINTMICHEL Henry Decaëns Coll. "Itinéraires du patrimoine" Éditions du patrimoine 1997 À LA DÉCOUVERTE DU MONT- SAINTMICHEL Olivier Mignon Editions Siloë 1999 10 8 9 Acede-se à cripta de Saint-Martin (São Martinho) .9. erguida depois do ano mil para servir de fundação ao braço sul do transepto* da igreja abacial. Esta cripta apresenta uma abóbada com uma dimensão impressionante de nove metros. Da cripta de Saint-Martin acede-se, através de uma pequena passagem, à enorme roda que ocupa o antigo ossário* dos monges .10.. Foi instalada por volta de 1820 para fazer subir os alimentos dos detidos fechados na abadia transformada em prisão. Trata-se de um réplica das rodas utilizadas na Idade Média nos estaleiros de construção. A capela Saint-Etienne .11. encontra-se situada entre a enfermaria que abateu no início do séc. XIX e o ossário dos monges. Servia, naturalmente, de capela mortuária. Em seguida, utiliza-se a escadaria norte-sul .12. situada sob o terraço oeste. Trata-se do grande eixo de circulação do mosteiro românico. Abre sobre uma galeria coberta .13., uma sala comprida de nave dupla. Os seus arquitectos imaginaram montar as suas abóbadas sobre uma cruzaria de ogivas: esta inovação anunciava o nascimento da arte gótica no início do séc. XII. Descobre-se a "Merveille" entrando na sala dos Cavaleiros .14.. Construída para suportar o claustro, era a sala de trabalho e de estudo dos monges. A sua obra intelectual chegou até nós: os manuscritos da abadia são conservados em Avranches. A visita da "Merveille" termina pela esmolaria .15. estabelecida no primeiro nível, sob a sala dos Hóspedes. Era neste local que os monges acolhiam os pobres e os peregrinos de todas as condições.