Abrir Arquivo - MGM - Misnistérios Cristãos Grão de Mostrada
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O DNA do Grão de Mostarda O plano de Deus para um Movimento bem sucedido Copyright @2013 Editora Grão de Mostarda CAPA E DIAGRAMAÇÃO: Bruno Marques e Inacio Mendes SUPERVISÃO EDITORIAL: Iran Bernardes da Costa COLABORAÇÃO: Rogério Mendes Teixeira e Nataniel Soares Apoio: SUPERINTENDENTE GERAL Prs. Iran Bernardes da Costa e Neusa Maria dos Santos Costa SUPERINTENDENTES Prs. Daniel Rincon e Roseli Turati Rincon Prs. Ricardo Gonçalves Garcia e Raqueline Bernardes Garcia Prs. Wilson Sandoval e Maria do Carmo Ribeiro Sandoval Brasilia 2013 Gráfica ATRIUM O DNA do Grão de Mostarda O Plano de Deus para um Movimento bem sucedido Por Iran Bernardes da Costa E Colaboradores ESCOLA DE MINISTÉRIOS MGM Junho de 2013 Grão Nacional Não os únicos, mas unicamente discípulos. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9 APRESENTAÇÃO .........................................................................................13 IDENTIDADE DO MINISTÉRIO GRÃO DE MOSTARDA ...............................17 A IDENTIDADE DO MINISTÉRIO ......................................................................18 EM QUE CREMOS .......................................................................................20 AS MARCAS DA IGREJA QUE JESUS PROJETOU E FUNDOU .......................................21 APERFEIÇOANDO NOSSO RELACIONAMENTO NA IGREJA - DEZ REGRAS BÁSICAS .........24 EIS O HOMEM! QUEM É ESSE HOMEM? ...........................................................25 CITAÇÕES IMPORTANTES ..............................................................................28 GRUPOS DE MINISTÉRIOS E SERVIÇOS EM FUNCIONAMENTO ...................31 ESCOLA DE MINISTÉRIOS GRÃO DE MOSTARDA ..................................................32 HESSED INSTITUTO FAMÍLIA ........................................................................38 EDITORA GRÃO DE MOSTARDA ......................................................................65 CHAMADO E COMPROMISSO...................................................................67 MORDOMIA BÍBLICA DO REINO DE DEUS ..........................................................68 UMA CHAMADA E UM COMPROMISSO ............................................................81 REVITALIZAÇÃO MISSIONAL ..........................................................................93 VALORES FUNDAMENTAIS .......................................................................107 COMPONENTES DE UM BOM PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ................................. 109 EM QUE CREMOS – FÉ, NOSSO FIRME FUNDAMENTO ......................................... 109 VALORES DINÂMICOS OPERACIONAIS ............................................................. 130 UMA FILOSOFIA ECLESIAL PRÁTICA ............................................................... 131 NOSSA AGENDA DE ORAÇÃO ........................................................................ 136 EM QUE CREMOS...................................................................................... 138 JUSTIFICATIVAS ........................................................................................ 139 RESULTADOS JÁ ALCANÇADOS ...................................................................... 141 RESULTADOS ESPERADOS PARA O FUTURO A CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZO ........... 142 MORDOMIA CRISTÃ ..............................................................................143 SANEAMENTO FINANCEIRO – DÍVIDAS, NUNCA MAIS! ........................................ 144 MOTIVAÇÃO DA MORDOMIA CRISTÃ .............................................................. 159 MOTIVAÇÃO DA MORDOMIA CRISTÃ - UM BOM EXEMPLO ................................. 166 ATITUDES CRISTÃS COM RELAÇÃO AO DINHEIRO .............................................. 172 A GRAÇA DA GENEROSIDADE ...................................................................... 180 ASPECTOS GERAIS .................................................................................... 190 7 O DNA do Grão de Mostarda 8 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Introdução Daniel e Roseli Rincon e Nataniel e Denise Soares No mundo orgânico, o DNA é o código ou pradão genético que dita e produz a vida, saúde e reprodução de todos os seres vivos. Em todo organismo é o DNA que codifica cada célula tanto em sua função como em seu lugar no corpo. É no DNA que toda a informação genética é armazenada e posteriormente transmitida. Em sua estrutura, o DNA é constituido por uma fita dupla em que se encontram os genes com suas multiplas combinações, determinando as caracteristicas fisicas, morfologicas e fisiologicas do organismo. O que essa informação pode ajudar na compreensão do corpo de Cristo? A analogia (metáfora) do corpo humano e do corpo de Cristo—a igreja, foi usada por mais de trinta vezes no Novo Testamento, revelando através dessa comparação que realidades tangíveis encontradas no organismo fisico e espiritual, partem de uma verdade essencial: o DNA do corpo; tudo começa aqui! E pôs todas as coisas debaixo dos pés e, para ser O cabeça sobre todas as coisas,o deu a igreja, a qual é o corpo, a plenitude daquele que a tudo enche todas as coisas (Ef 1:22-23). Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo (1Co 12:27). Na analogia do corpo humano com o corpo de Cristo não se pretende afirmar que Deus tenha criado as células do corpo humano com um objetivo espiritual ou que fatos biológicos reflitam de forma precisa a verdade espiritual. Mas certamente existe uma semelhança entre o corpo humano e o corpo espiritual, a igreja; semelhança que vem do mesmo autor, o 9 O DNA do Grão de Mostarda mesmo Deus criou ambos. O apóstolo Paulo foi inspirado a procurar um modelo de verdade espiritual que do mesmo modo como o corpo humano se estrutura e funciona, definisse o padrão de vida na igreja, o Corpo de Cristo. Fato que pudesse ser evidenciado tanto na menor como na maior unidade desse corpo espiritual. Comparativamente ao DNA humano, o DNA da igreja é formado também por "uma fita dupla" em que "genes espirituais" definem as caracteristicas de uma igreja saudável. Esse DNA do corpo de Cristo corresponde sem nenhuma dúvida à verdade espiritual personificada em Jesus Cristo, ensinada por Ele e definida como padrão essencial do corpo de Cristo. Jesus resumiu em dois mandamentos, todo o Antigo Testamento, definindo a divina verdade geradora do Novo Testamento e da vida da igreja, o seu corpo espiritual aqui na terra. Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeulhes Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e todo o teu entendimento. Este é o maior e primeiro mandamento. O segundo e semelhante a este; é : Amarás o teu proximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt 22.34-40, Mc 12.28-34 e Lc 10.25-28). Portanto, o DNA do corpo de Cristo, encontra-se constituído por essa fita dupla entrelaçada e inseparável de dois mandamentos em um, de onde procedem todas as realidades e caracteristicas do corpo de Cristo por meio de "genes" espirituais encontrados nesse DNA espiritual. Cremos que a compreensão do DNA espiritual do corpo de Cristo é essencial para o crescimento espiritual da pessoa enquanto individuo, e da igreja. O Ministério Grão de Mostarda como parte da igreja de Cristo, tem buscado obter um maior discernimento do DNA do Corpo de Cristo, à semelhança do mapeamento genético do 10 Não os únicos, mas unicamente discípulos. DNA humano, com vistas a dispensar todo esforço necessário a fim de estabelecer uma identidade, propósito e destino compatível com aquele DNA padrão. Assim damos a todos os participantes e leitores deste livro, as boas-vindas ao módulo da Escola de Ministérios: O DNA do Grão de Mostarda, O plano de Deus para um movimento bem sucedido. 11 O DNA do Grão de Mostarda 12 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Apresentação Iran Bernardes da Costa Como tem sido fácil nos referirmos ao materialismo como uma característica dos outros grupos, denominações, 1 comunidades e tradições, exceto nós. “Um líder precisa ser grande o suficiente para reconhecer erros; precisa ser forte o suficiente para corrigir os erros; precisa ser sábio o suficiente para tirar proveitos dos erros” (John C. Maxwell). O conteúdo com que lidamos nas páginas seguintes inclui cinco blocos, constituindo-se de uma exposição lógica que inicia com uma apresentação conceitual, o que aqui chamamos de Identidade do Ministério. Em seguida fazendo uma abordagem dos Grupos de Ministérios e Serviços até então, implementados, a saber, a Escola de Ministérios, o Hessed e a Editora Grão de Mostarda. Chamada e compromisso constam do nosso terceiro bloco, que oferece uma conscientização do nosso envolvimento e comprometimento com Deus e com o ministério. Citamos aqui uma expressão de Charles Spurgeon: “Compromisso vem com um preço.” Em quarto lugar lidamos com nossos Valores Fundamentais, que além de reforçar a identidade do ministério, traz mais convicção das realidades que temos por preciosas e que constituem significativa parte de nosso etos (ethos). As coisas existem, os valores valem. Fechando o circulo temos uma abordagem, mesmo que simples, da Mordomia Cristã visando o saneamento financeiro de nosso povo e estimulando a generosidade, para que em 1 Randy Alcorn. Money Possessions and Eternity, p.73. 13 O DNA do Grão de Mostarda boas condições, o Ministério possa, consequentemente, obter recursos suficientes para a satisfação das necessidades internas e externas e ainda poder contar com uma importante reserva financeira. As contribuições, além de sua natureza devocional, como ato de adoração e gratidão a Deus, servem também como meio sacramental de suprir faltas e atender a situações imprevista e ou emergenciais. As contribuições tem, sim, uma natureza utilitária, como vemos de 1 Coríntios capítulos oito e nove. Podemos ainda citar o tão conhecido texto de Malaquias, “para que haja mantimento na minha casa.” Ênfase especial será dada na área de Mordomia Cristã. Temos uma boa razão para fazer isso; é que queremos que Deus alcance e toque profundamente nossos corações. Então, não deveríamos dar maior ênfase em outra área que fosse mais espiritual ou mística? Muitas vezes não lembramos que bens ou riquezas andam lado a lado com o nosso coração. Riqueza e coração são irmãos gemelares, e, onde está um, necessariamente, está o outro. Essa relação é sacramental – o espiritual e o material se interlaçam. Jesus revelou esse princípio ao afirmar, em Mateus 6.19-21, o seguinte: Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Quando colocamos os recursos financeiros de volta à disposição de Deus, o qual é o criador e Senhor de tudo, junto com eles vai o nosso coração. “Através do material o espiritual se estabelece.” 14 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Isso mostra que a área financeira serve não só para suprir necessidades materiais, mas opera grande poder moral e espiritual quando administrada moral e espiritualmente. Em relação à maximização de recursos financeiros por meio de ofertas, dízimos e doações, é sempre bom considerar essa pergunta: “Por que desejaria eu me envolver e me comprometer com isso?” De outra forma, “Qual é meu propósito em obter mais recursos para este ministério?” As respostas a essas perguntas, muitas vezes nos enviam para a motivação mais comum entre os líderes de ministérios, qual seja, “estabilidade e expansão financeira.” Embora isso não seja necessariamente um erro, é preciso responder ainda a esta pergunta, “será que essa motivação é eticamente uma realização satisfatória?” e, ainda, “Será que a motivação a que nos propomos se harmoniza com os ensinos bíblicos e tem fundamentação teológica sustentável?” O porquê do que nos propomos a fazer determina o que faremos. A melhor razão, ou o melhor porque, seguido de uma base frágil sempre resulta em frustração. Não basta a gente querer; é preciso ter uma razão cristã, plausível para que haja o resultado justo e valioso. Aspectos pessoais Em nossas atividades ministeriais estaremos em relacionamentos interpessoais. Isso requer uma profunda percepção dos atributos pessoais para que sejamos eficientes no que fazemos, sempre valorizando o ser. O texto bíblico a seguir revela aspectos pessoais ou psicológicos dos mais importantes, tanto de um líder, como também daqueles a quem Deus lhe confia para serem mobilizados e bem aproveitados no ministério. 15 O DNA do Grão de Mostarda Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte e será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado (Lc 1.15-17). Esse texto refere-se a João Batista, como líder e profeta de transição entre o velho e o novo regime testamental. Suas qualidades pessoais são assim descritas: ...ele será grande diante do Senhor – grandeza proética; ...não beberá vinho nem bebida forte – vida de santificação; ...será cheio do Espírito Santo – carismático; ...E converterá muitos – Eficiente; ...E irá adiante do Senhor – Coragem, proatividade; ...habilitar para o Senhor um povo preparado – Habilidade; ...um povo preparado – Objetivo desejado, alcançado. Aspirações Ainda no domínio da personalidade, todo planejamento estratégico precisa levar em conta o importante fator das aspirações ou sonhos. Sonhos são bons combustíveis que podem fazer funcionar a máquina humana a serviço da causa de Deus. Fica sempre mais remota a possibilidade de Deus usar pessoas que não tem sonhos. 16 Identidade do Ministério Grão de Mostarda 17 O DNA do Grão de Mostarda A Identidade do Ministério Iran Bernardes da Costa Declarações de fé do Ministério Grão de Mostarda Bem-vindos ao Grão de Mostarda Ministérios Cristãos Nós somos um grupo de Cristãos comprometidos em conhecer, amar e servir a Deus, bem como amar o próximo como Ele nos amou. Primamos pela excelência neste Ministério e procuramos viver uma vida simples sob o Senhorio de Cristo. Nossa tarefa principal é proclamar o amor de Deus por todo o mundo. Nós submetemos nossas vidas... À JESUS CRISTO, o Filho do Deus vivo, nosso Senhor, Salvador e Amigo. À AUTORIDADE das Escrituras, a Palavra escrita de Deus, como nossa base de pregação e ensino e como o fundamento de nossa orientação espiritual. A UM ESTILO de vida cristão prático, que se inicia com o novo nascimento pela fé, arrependimento e batismo, e continua numa vida de obediência à Palavra de Deus, sob a direção do Espírito Santo. À ORAÇÃO, como parte vital para nosso relacionamento com Deus, como fonte de poder espiritual e direção. AO LOUVOR E ADORAÇÃO, que expressam a honra que ele merece pelo que Ele faz e pelo que Ele é. À COMUNHÃO UNS COM OS OUTROS, acatando a todos com compaixão, perdão, encorajamento, integridade, e sendo responsáveis uns para com os outros, dando nossas vidas em favor das necessidades dos outros. 18 Não os únicos, mas unicamente discípulos. À UNIDADE de todos os Cristãos. À PUREZA de vida para o bem-estar dos outros, para nossa própria integridade, e, especialmente, para a glorificação de Deus. AO EVANGELISMO, como meio de levar aos outros as boasnovas de salvação, tanto local como mundialmente. À LIDERANÇA, que através do exemplo e do ensino nos equipa para o pleno cumprimento de nosso ministério. AO SERVIÇO DA CASA DE DEUS, compartilhando com nosso tempo, dinheiro, e energia, para alcançarmos a MISSÃO GLOBAL DE DEUS. 19 O DNA do Grão de Mostarda Em que Cremos A Simplicidade é a Principal Marca da Fé Cristã 1. Nosso credo é Jesus Cristo. 2. Nosso Livro é a Bíblia. 3. Onde as Escrituras falam, nós falamos; Onde Elas calam, nós calamos. 4. Não somos os únicos, mas unicamente discípulos. 5. Cremos que a Bíblia é infalível e inerrante. 6. Confessamos que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e O proclamamos como Senhor e Salvador. 7. Cremos que através do batismo em Cristo somos introduzidos a uma vida nova e nos tornamos uma unidade com Ele. 8. Através da leitura bíblica, da Ceia do Senhor e da oração, mantemos comunhão com Deus. 9. Cremos no Batismo com o acompanhado dos Dons Espirituais. Espírito Santo, 10. Cremos na Cura Divina, através da oração, mediante a unção com óleo e a imposição das mãos. 11. Os espíritos maus são expelidos e as pessoas atormentadas são libertas pelo poder do Nome de Jesus. 20 Não os únicos, mas unicamente discípulos. As marcas da Igreja que Jesus projetou e fundou 1. “Não somos os únicos, mas unicamente discípulos.” 2. A Igreja de Cristo é essencial, intencional, e constitucionalmente uma só, constituindo-se de todos e em todo lugar, que professam sua fé em Cristo e O obedecem em todas as coisas de acordo com as Escrituras e que manifestam essa fé através de seu comportamento e conduta. 3. Embora essa unidade pressuponha e permita a existência de congregações locais, deverá haver a mais perfeita harmonia e unidade de espírito entre todas elas. Somos uma parte distinta da família de Deus e reconhecemos como irmãos todos os cristãos do item anterior que não façam parte desta visão de restauração da Igreja, e manifestamos a necessidade e desejo de manter comunhão com eles, desde que essa comunhão não ponha restrições do processo de restauração. 4. A Bíblia é a única regra de fé e prática para os cristãos, os quais se sujeitam a todos os seus ensinos, mandamentos e preceitos, tais como ensinados no Novo Testamento, pelo Senhor Jesus Cristo e seus apóstolos. 5. As Escrituras do Velho e Novo Testamento são inseparavelmente ligadas, formando uma revelação perfeita e completa da vontade divina para a edificação da Igreja; portanto, neste particular, não poderão ser separadas. Por outro lado, no que se refere direta e propriamente ao seu objeto imediato, o Novo Testamento é tão perfeito como constituição para o culto, a disciplina e o governo da Igreja e regra tão 21 O DNA do Grão de Mostarda perfeita para as obrigações individuais dos membros, como foi o Velho Testamento para o culto, disciplina e governo para o povo de Israel. 6. Interpretações e deduções das Escrituras, embora sob a presunção de verdadeiras, não podem ser transformadas em mandamentos da Igreja. 7. Opiniões divergentes quanto a tais interpretações não poderão constituir-se em obstáculos à comunhão no corpo de Cristo. 8. A confissão de fé em Cristo Jesus, o Filho de Deus, como o único Senhor e Salvador, mediante o arrependimento e a conversão é o suficiente para que o pecador seja batizado e se torne membro do corpo de Cristo, restabelecendo, assim, sua comunhão com Deus, e iniciando-se o processo de discipulado. 9. Batismo - A única forma de batismo que simboliza, biblicamente, a morte, o sepultamento e a ressurreição com Cristo e o novo nascimento para uma nova vida é a imersão nas águas (Rm 6.3-5; CI 2.12). 10. Todo aquele, que assim crê, deverá demonstrar a sinceridade de sua fé através de sua conduta, amando e vivendo fraternalmente como membro do mesmo corpo e co-herdeiros da mesma herança. 11. A divisão entre cristão é antibíblica e anormal. É uma violação direta ao mandamento do Senhor Jesus (Jo 17; Ef 4). 12. A negligência à vontade de Deus revelada nas Escrituras e a introdução de inovação humanas são e têm sido as causas de corrupção e divisões na Igreja. 22 Não os únicos, mas unicamente discípulos. 13. A Igreja através dos séculos e até hoje, tem gozado da presença do Espírito Santo, mediante Seu Ministério de Consolador e através dos dons espirituais. (Alexander Campbell tinha consciência de que o sistema de congregações isoladas era inadequado. Fez grande esforço para combater a postura doutrinária da total autonomia congregacional - “A Autonomia Local” como slogan não apareceu até o Século Vinte).2 2 H. Eugene Johnson.The Declaration And Address For Today (Nasville-TN: Reed And Company, 1971), p. 17. 23 O DNA do Grão de Mostarda Aperfeiçoando Nosso Relacionamento na Igreja - Dez Regras Básicas 1. Reconheço que, sendo imperfeito, não me encaixaria bem numa igreja perfeita, se tal igreja existisse. 2. Ao invés de criticar as falhas de alguns, é muito melhor ressaltar as virtudes dos outros. 3. Se eu já sou velho, devo tratar os jovens como eu gostaria de ter sido tratado no meu tempo de jovem; se sou jovem, vou tratar os mais velhos como gostaria de ser tratado quando ficar velho. 4. Quando vier o impulso para criticar os outros, oro primeiro por eles. Talvez eles não vão mudar, mas Deus poderá fazer maravilhas em minha própria vida. 5. Quando verificar que algum trabalho está sendo negligenciado, ao invés de criticar, oferecerei ajuda. 6. Não vou culpar os outros por suas faltas. Cada indivíduo pode ser fiel a Deus apesar de exemplos desanimadores. 7. Quero sempre lembrar de que a forma mais eficaz de melhorar o mundo é começar comigo mesmo. 8. Procurarei ressaltar as virtudes dos irmãos, anotando-as mentalmente. 9. Farei todo possível para aumentar meu círculo de amizade e trazer novos membros para a igreja. 10. Sei que toda igreja tem dificuldades. Pergunto a mim mesmo: “estou contribuindo para a solução dos problemas ou sou meramente um espectador crítico?” “Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que venham as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt. 5:16). 24 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Eis o Homem! Quem é esse Homem? Jesus através das Escrituras Em Gênesis Ele é a Semente da Mulher. Em Êxodo Ele é o Cordeiro Pascal. Em Levítico Ele é o Sumo Sacerdote. Em Números Ele é a Coluna de Nuvem de Dia e a Coluna de Fogo à noite. Em Deuterônimo Ele é o Profeta Semelhante a Moisés. Em Josué Ele é o Capitão de nossa salvação. Em Juízes Ele é o nosso Juiz e Legislador. Em Rute Ele é o Remidor da nossa Parentela. E I e II Samuel Ele é o nosso Profeta Confiável. Em Esdras Ele é o nosso Escriba Fiel. Em Neemias Ele é o Reconstrutor dos Muros Caídos de nossas Vidas. Em Ester Ele é o Mordecai de nossa Adoção. Em Jó Ele é o nosso Sempre-Vivo Redendor. Em Salmos Ele é o nosso Pastor. Em Provérbios e Eclesiastes Ele é a nossa Sabedoria. Em Cantares Ele é o nosso Noivo Amado. Em Isaías Ele é o Príncipe da paz. Em Jeremias Ele é o Ramo da Justiça. Em Lamentações Ele é o nosso Profeta que chora. Em Ezequiel Ele é o Maravilhoso Homem de Quatro Faces. Em Daniel Ele é o Quarto Homem da Fornalha. Em Oséias Ele o Marido Fiel, “Para Sempre Casado com os Descaídos”. Em Amós Ele é o Que suporta Nossos Fardos. Em Obadias Ele é o Poderoso Para Salvar. Em Jonas Ele é o Missionário Transcultural. Em Miquéias Ele é o Mensageiro dos Pés Formosos. 25 O DNA do Grão de Mostarda Em Naum Ele é Aquele que Exerce Vingança em Favor do seu Povo. Em Habacuque Ele é o Evangelista de Deus que Clama: “Aviva a tua Obra no Meio dos Anos”! Em Sofonias Ele é o nosso Salvador. Em Ageu Ele é o Resgatador da Herança Perdida de Deus. Em Zacarias Ele é a Fonte Aberta na casa de Davi para remover o Pecado e a Impureza. Em Malaquias Ele é o Sol da Justiça. Em Mateus Ele é o Messias. Em Marcos Ele é o Servo Maravilhoso. Em Lucas Ele é o Filho do Homem. Em João Ele é o Filho de Deus. Em Atos Ele é o Espírito Santo. Em Romanos Ele é o nosso Justificador. Em I e II Coríntios Ele é o que nos Santifica. Em Gálatas Ele é o que nos Redime da Maldição da Lei. Em Efésios Ele é o Cristo das Riquezas Insondáveis. Em Filipenses Ele é o Deus que supre em Glória todas as nossas necessidades. Em Colossenses Ele é a Plenitude Daquele que tudo enche. E I e II Tessalonicenses Ele é o nosso Rei que em breve Voltará. Em I e II Timóteo Ele é o nosso Mediador entre Deus e os Homens. Em Tito Ele é o nosso Pastor Fiel. Em Filemon Ele é o Amigo mais chegado que um irmão. Em Hebreus Ele é o Sangue da Eterna Aliança. Em Tiago Ele é o Grande Médico, porque “A Oração da Fé Salvará o Enfermo”. Em I e II Pedro Ele é o Supremo Pastor, que em breve aparecerá com Imarcescível Coroa de Glória. 26 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Em I, II e III João Ele é o Amor. Em Judas Ele é o Senhor que voltará com dezenas de milhares de Santos. Em Apocalipse Ele é o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores. ELE É JESUS DE NAZARÉ, O FILHO DO DEUS VIVO! MEU SALVADOR! MEU COMPANHEIRO! MEU SENHOR E REI! 27 O DNA do Grão de Mostarda Citações Importantes Nós tomamos conta de tudo - cidades, fortes, metrópoles, centros financeiros, Sim! E quartéis, tribos, palácios, senados, fóruns e tribunais. Tudo o que fica pra você é o templo (Tertuliano, The Body, p. 359). Nossa visão, pela qual nos empenhamos, é levar homens, mulheres, jovens e crianças a se tornarem discípulos de Jesus e a serví-lo em comunhão de uns com os outros e na sociedade (Iran Bernardes da Costa). O gesso serve para imobilizar os membros quebrados. Quanto mais tempo durar a imobilização, mais atrofiados ficam os membros. Assim são os “Templos” (Iran Bernardes da Costa). Eis o grande desastre evangélico - o fracasso do mundo evangélico por não se posicionar pela verdade como verdade. Só existe uma palavra que define tal situação – Acomodação (Francis Schaeffer, The Body p. 227). A tarefa do povo de Deus é, com o máximo empenho possível dentro de uma geração perversa, resgatar o cosmos para o propósito criado por Deus (Carl F. H. Henry, The Body, p. 255). O mundo bebe para esquecer; os cristãos bebem para lembrar (Em memória de mim - Steve Brow, The Body, p. 121). Se alguém tem Deus como Pai, terá a Igreja como Mãe (Agostinho, The Body, p. 63). 28 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Eu não optei por uma religião para me tornar feliz. Eu sei que uma garrafa de licor poderia suprir isso. Se você deseja uma religião apenas para lhe trazer conforto, eu certamente não lhe recomendo o cristianismo (C. S. Lews, The Body, p. 39). Se você procura uma igreja só para se sentir seguro e confortável, o ministério Grão de Mostarda poderá não ser um bom lugar (Iran Bernardes da Costa). 29 Grupos de Ministérios e Serviços em Funcionamento Iran Bernardes da Costa, Bruce Vernon Colson e Helio Alfinito Júnior O DNA do Grão de Mostarda Escola de Ministérios Grão de Mostarda Palavra do Diretor Geral É uma imensa alegria dizer a todos, bem vindos à Escola de Ministério Grão de Mostarda! Depois de vinte e cinco anos de tentativas ministeriais marcadas por frustrações, o Senhor nos agraciou com um ministério emergente, revitalizado e vibrante, e, Isto é o que precisávamos para servir de respaldo para o que estamos iniciando agora. A Escola de Ministérios Grão de Mostarda é uma iniciativa da Missão Cristã Grão de Mostarda, uma pequena semente de fé plantada no dia 11 de maio de 1994, em Brasília, DF. Desde seu inicio, esta “Igreja“ tem sido muito bem sucedida, obtendo resultados expressivos realizando ministérios com total sucesso, em diversas áreas. Sua marca principal é a simplicidade. Seu livro é a Bíblia, seu credo é Jesus Cristo; postula que “Não somos os únicos, mas unicamente discípulos.” Seu maior patrimônio é o seu povo. (Iran Bernardes Costa é casado com Neuza Maria S. Costa. É formado em Teologia pelo Seminário Teológico Evangélico do Brasil, Belo Horizonte, MG; Bacharel em Direito pela UFMT, Mestre em Artes em Religião pelo Emmanuel School of Religion, TN, USA. e é Doutorando pela Faculdade Teológica Sul Americana, Londrina, Paraná). Palavra do Diretor de Formação Integral Nos úlimos 50 anos temos constatado grandes mudanças ocorridas no mundo. Palavras e conceitos que nem existiam há pouco tempo passaram a fazer parte do dia-a-dia das pessoas. Neste contexto a Igreja também tem passado muitas 32 Não os únicos, mas unicamente discípulos. mudanças, ainda que o Evangelho permaneça o mesmo. A Escola de Ministérios Grão de Mostarda nasceu da necessidade que a Igreja tem de levantar e treinar uma liderança para esta época. O Reino de Deus está expandindo por todo o mundo de maneira assutadora através de pequenos grupos e pequenas congregações espalhadas por várias regiões do mundo. Estas pequenas congregações, bem como as grandes, contam com líderes que ainda necessitam de treinamento à altura dos desafios atuais. Assim, temos o prazer de convidar a todos a se unirem a nós nesta nova e empolgante aventura e iniciativa de desenvolver uma nova geração de líderes de vanguarda para estes dias. (Bruce Colson é casado com Marineide R. Colson. Bruce é graduado em Teologia pelo Crossroads College, em Rochester, MN; possui Mestrado em Divindade pelo Emmanuel School of Religion em Johnson City, TN e Estudos Graduados de Missões, pelo Fuller Theological Seminary). Escola de Ministérios Grão de Mostarda ESCOLA: A palavra escola neste caso indica nossa ênfase no caráter humilde de um discipulado planejado para produzir uma liderança e serviços de qualidade. Escola diz respeito à busca de habilidades práticas, e não apenas informações. Sobretudo, a escola visa o desenvolvimento do caráter pessoal, preparando a Igreja e seus membros e líderes para o Ministério da reconciliação. ...DE MINISTÉRIO: Trata-se de formação ministerial e não apenas intelectual. A escola teológica convencional ensina teologia para produzir ministros (servos obreiros e pastores). A escola de Ministério, ao contrário, ministra serviços e assim, 33 O DNA do Grão de Mostarda pretende obter ministros que acabam aprendendo também um pouco de teologia. ...GRÂO DE MOSTARDA: é uma idéia de celebração da insignificância e da simplicidade. Não pretendemos grandeza, pelo contrário, “Deus escolheu as coisas humildes do mundo e as desprezadas, aquelas que não são para reduzir a nada, aquelas que são, a fim de que ninguém se vanglorie na presença do Senhor” (1 Coríntios 1:28-29). Tese fundamental A Igreja é essencial para a redenção de toda a humanidade e para a edificação de cada membro através do cumprimento de ministérios efetivos e a continuada formação de novos líderes. Missão A Escola de Ministério Grão de Mostarda existe para, enfaticamente, impactar a Igreja local, inspirando, equipando e desafiando os membros do “corpo de Cristo” e seus líderes com princípios aplicáveis e idéias práticas para viverem a vida cristã em sua plenitude, e, assim, melhor cumprir o mandato da Grande Comissão. Visão A Escola de Ministério Grão de Mostarda visa prover a igreja local de um ministério revitalizado, em todo o mundo: Desenvolvendo módulos de treinamento que sejam sólidos em conhecimento e inspiração, e doutrinariamente sadios e práticos para o ministério. Desenvolvendo um corpo docente que possa guiar esses módulos de tal maneira que sejam aplicáveis à vida ministerial 34 Não os únicos, mas unicamente discípulos. dentro do contexto cultural onde o módulo está sendo oferecido. Objetivo Proporcionar ao discípulo, condições para viver a vida em Cristo de forma plena, tornando-o um líder, e preparando-o para exercer seu ministério de forma excelente. Objetivamos, portanto, formar líderes capazes de exercer seu ministério, muito mais por sua influência moral e espiritual do que pelo conhecimento.... INTRACULTUL Intracultural Sendo dinâmica, a Igreja está em constante mudança, em todo o mundo. A Bíblia apresenta princípios intraculturais que podem ser aplicados a qualquer contexto cultural. Outros princípios contudo existem, que são aplicáveis em determinada cultura. A Igreja vive e ministra dentro do contexto de uma cultura local. 1. Aspectos gerais Princípio do sacerdócio universal – enfatizamos que todos os membros da Igreja têm a incumbência da proclamação e do discipulado, e para isso devem ser bem preparados; Sistema consorcial de ensino e aprendizagem – isto significa que “ninguém é tão ignorante que não possa ensinar; e ninguém é tão sábio que não possa aprender mais”. Isto é a prática da educação continuada, ao longo da vida e do ministério; Valores funcionais - Recursos humanos, tecnológicos, físicos, Intelectuais, espirituais, motivacionais, são valores funcionais nesta escola; 35 O DNA do Grão de Mostarda Experiências transculturais - Através de Intercâmbios internacionais de alunos e professores tais experiências serão seriamente encorajadas. 2. Aspectos curriculares O currículo da escola será constituído tanto de elementos objetivos, ou seja, disciplinas que visam o desenvolvimento do intelecto; como subjetivos, valores psicológicos internalizados ao objetivo, tais como: atitudes, palavras e ações. A Escola oferece um variado currículo, levando-se em conta os aspectos da necessidade, da oportunidade, e da aplicabilidade, nas áreas de: Divindade: Conhecendo Deus como Pai, Filho, e Espirito Santo, Humanidade: Conhecendo o Homen, sua queda e restauração, Revelação: Conhecendo e vivendo a Palavra de Deus Profundamente, Comunidade: Vivendo como O Povo de Deus aqui na Terra, Família: Restaurando os Principios de Deus para a Familia 3. Público alvo Esta instituição é aberta e pretende servir a todos os cristãos interessados, procedentes de qualquer legenda evangélica, com testemunho cristão autêntico. Esta iniciativa pretende servir ao Reino de Deus, sem distinção ou barreiras preconcebidas. Todos aqueles que têm tido real experiência de salvação em Jesus Cristo e que desejam servi-lo melhor, são muito bem vindos. A Escola de Ministérios Grão de Mostarda estende esta oportunidade a todos. 36 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Além do treinamento específico e habilidades ministeriais, a escola oferece fundamentos para uma ética bíblica visando resgatar os valores morais, atualmente tão raros na vida profissional, na cidadania, na família, e na igreja. 4. Como funciona A Escola de Ministério Grão de Mostarda funcionará de modo a atender às necessidades de formação de líderes para a igreja, onde quer que haja esse desafio, em qualquer parte do mundo. Os estudantes terão suas aulas em módulos, tanto na sede da escola, bem como em determinadas localidades. A Escola procurará disponibilizar, dentro do possível, professores com as habilidades e dons que melhor atendam às necessidades da igreja local, no país onde ela se encontra. Lembramos que esta escola não possui registro de reconhecimento no Ministério da Educação, estando, portanto, dentro da categoria de cursos livres. 37 O DNA do Grão de Mostarda HESSED Instituto Família Modelo de atuação Ministerial Introdução A família inegavelmente é o melhor projeto concebido e implantado por Deus para relacionamento com Ele, entre seus componentes e as pessoas com quem interage. A família representa um grupo primário que influencia seus participantes, produzindo valores de caráter e disseminando princípios por toda a sociedade. Deus criou homem e mulher como núcleo familiar monogâmico e o estruturou para que vivesse em amor, harmonia, alegria e paz, segundo elevados padrões éticos e morais, viabilizando maravilhosa experiência e formando a base de gerações subsequentes felizes. Deus dá a vida ao ser humano para que viva sobre o alicerce familiar estruturado dentro dos padrões divinos. Havendo vida há que preservá-la e destiná-la para viver numa boa família. Tudo de melhor que pode acontecer à sociedade é consequência da educação equilibrada em família. Valores e influências distorcidas têm seduzido o ser humano ao longo dos tempos e provocado consequências desastrosas. Quantas vidas no útero de mulheres deixaram de existir por medo de gravidez indesejada ou mesmo de receio “do que vão dizer”. O aborto é egoísta, pois desconsidera a vida que se formou no ventre da mulher. Os descontroles gerados pelos vícios ou mesmo a falta de discernimento quanto ao adequado convívio relacional produzem violência familiar que geralmente alcança esposas e filhos, com sequelas de difícil cura e relacionamentos normalmente restaurados somente em médio e longo prazo. Nesse contexto ainda acontecem os abusos sexuais, causadores de medos, inseguranças e depressões. Os 38 Não os únicos, mas unicamente discípulos. divórcios por sua vez têm dilacerado a sociedade, afetando principalmente os filhos. Dificilmente filhos de pais divorciados encontram norte para suas vidas. Sempre falta a presença do pai ou da mãe nos momentos mais cruciais de formação do caráter. Faltam referências, orientações e exemplos dignos. São situações que produzem uma sociedade onde impera o egocentrismo, o desejo de sempre levar vantagem sobre o outro, a ganância de alcançar ganhos além das necessidades sem honestidade de propósitos. Uma sociedade doente, ferida e infeliz. Nela encontram-se inúmeras pessoas tristes e que sofrem, quando poderiam se alegrar e viver em harmonia e plenitude. Nela há ainda várias pessoas atribuladas pela insegurança e falta de esperança, quando poderiam viver em paz. Nela também se constata pessoas derrotadas que poderiam ser vencedoras. A família estruturada é verdadeiramente a célula de uma sociedade saudável e produtiva. A vida equilibrada em família necessita ser o foco das principais e prioritárias atenções. Se não for, casamentos serão desfeitos, filhos estarão sujeitos à violência familiar e às influências das más conversações e costumes, e gerações serão perdidas. Nossa missão é orientada pelo padrão da graça e do amor de Deus revelados na Nova Aliança em Cristo Jesus, para sermos agentes de transformação do contexto social das famílias, procurando elevar a sociedade em que vivemos a patamar superior de desenvolvimento, amor, harmonia e paz planejados por Deus, preparando os escolhidos para a glória do Pai na eternidade. É nesse sentido que o presente documento trata do Modelo de Atuação Ministerial do Instituto Família Hessed, criado parao resgate e a restauração da identidade, da dignidade, da integridade e do bem-estar da família. 39 O DNA do Grão de Mostarda Contexto social das famílias A formulação de um modelo de referência deve considerar o contexto em que se insere a instituição e seus propósitos, para contemplar a realidade e as necessidades das pessoas que são alvo de suas ações. No Século 21 as rupturas familiares aumentaram consideravelmente e novos conceitos de convivência foram criados naturalmente como forma de ajuste às realidades sociais. Inúmeras famílias formadas pelos valores tradicionais casal composto de marido e esposa, com ou sem filhos - foram desfeitas e isso acarretou mudanças na composição original do grupo familiar concebido por Deus, produzindo as mais diferentes configurações. Trazendo a questão para o Brasil, que é o objeto focal do Instituto Família Hessed, os números oficiais demonstram alterações que merecem análise. O senso do IBGE de 2010 constatou que há cerca de 57 milhões de lares brasileiros e uma nova distribuição das famílias no Brasil conforme a sua composição. As famílias segundo o IBGE estão assim distribuídas: a) 37,7 milhões ou 66,2% são Famílias Nucleares, sendo que destas 61,9% são casais com filhos; 20,7% são casais sem filhos; 15,1% são mulheres e seus filhos; 2,3% são homens que moram com seus filhos; b) 10,8 milhões ou 19% são Famílias Estendidas, sendo que destas 43% são casais com filhos e outro parente; 10,9% são casais sem filhos e outro parente; 26,7% são mulheres com filhos e outro parente; 3,6% são homens com filhos e outro parente; 15,8% são outros tipos de famílias estendidas; 40 Não os únicos, mas unicamente discípulos. c) 1,4 milhões ou 2,5% são Famílias Compostas, sendo que destas 30,1% são casais com filhos vivendo com não parentes; 9,9% são casais sem filhos vivendo com não parentes; 15,8% são mulheres com filhos vivendo com não parentes; 3,5% são homens com filhos morando com não parentes; 40,6% são outros tipos de famílias compostas; d) 6,9 milhões ou 12,2% são Lares Unipessoais, sendo que destes 51,2% são homens morando sozinhos e 48,8% são mulheres vivendo sozinhas; e) 60 mil são casais gays, sendo que 53,8% deles são compostos por mulheres e 46,2% por homens. O Anexo 1 demonstra a nova configuração das famílias brasileiras, segundo o senso de 2010 do IBGE. Importantes comparações podem ser feitas entre o senso realizado no ano 2000 e no de 2010. A proporção de divorciados quase dobrou, pois em 2000 eram 1,7% dos brasileiros e em 2010 passou para 3,1% (aumento de 82,3%), o que significa que os filhos deixaram de contar com a referência de pai ou mãe, afetando seu equilíbrio formativo de valores e princípios. O índice de casados caiu em menor proporção, uma vez que em 2000 eram 37% dos brasileiros e em 2010 o percentual foi de 34,8% (queda de 5,9%), representando que há menor número de famílias estruturadas como núcleo social oficial. Constatou-se por outro lado que 16,3% desses casais são famílias reconstituídas, integradas por divorciados que se unem novamente em casamento, trazendo os filhos de relacionamentos anteriores. Essa situação, porém, traz concepções novas para os filhos e futuras formas de composição da família. 41 O DNA do Grão de Mostarda Por sua vez, a união consensual cresceu 21,7%, na medida em que no ano 2000 eram 28,6% dos brasileiros e em 2010 passou para 34,8%. Tal crescimento também se deveao fato de que a Constituição Federal Brasileira de 1988 passou a reconhecer expressamente a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, e, portanto, com especial proteção do Estado, configurada na convivência pública, continua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Todavia, tal união estável nem sempre confere orientação segura ao companheiro ou companheira, nem aos filhos do casal, tendo em vista que na maioria dos casos é afastado qualquer balizamento de caráter bíblico e a união torna-se frágil por facilitar a separação da família. Os casamentos civis e religiosos reduziram 13,15%, considerando que em 2000 houve 49,4% dos brasileiros casando e em 2010 foram 42,9%. Muitos casais possivelmente optaram pela união consensual, para posteriormente avaliarem da conveniência ou não de casarem. Esse fato também mostra que o número de famílias estruturadas como núcleo social oficial vem reduzindo, com reflexos negativos para os filhos quando tiverem de optar pela forma de composição da respectiva família. O Anexo 2 mostra graficamente as comparações entre o senso realizado no ano 2000 e no de 2010. Os efeitos do quadro exposto são nefastos, como já comentados anteriormente. Contudo, há necessidade ainda de trazer essa configuração constatada pelo senso oficial para o contexto das igrejas cristãs. Nesse sentido, a primeira pergunta que não pode calar é: Já percebemos que quando pensamos em família a imagem que nos vem à mente é um tipo de família nuclear, composta de pai, mãe e filhos? 42 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Todavia, existe na igreja a maioria das composições de família mostradas pelo senso IBGE. Portanto, a igreja necessita ampliar o escopo de atuação junto às famílias, não se limitando ao trabalho exclusivo com casais. Encontramos casais, homens ou mulheres solteiros ou separados que não sabem fazer e/ou não dedicam tempo à educação de seus filhos. Há filhos de pais separados que ainda são crianças e adolescentes. Existem jovens que pensam em relacionamento sério para posterior casamento. Existem ainda os casais idosos, tão carentes de atenção e oportunidades de comunhão com pessoas de idade semelhante. Outros são adultos ainda solteiros, divorciados, viúvos, mães e pais solteiros, sogros, sogras, avós, noivos. São vidas preciosas que Jesus acolheu com grande amor e a igreja do Senhor precisa alcançar, aproveitando as oportunidades e enfrentando os desafios das diferentes composições ou configurações de famílias. A Bíblia mostra inúmeros exemplos de famílias constituídas não só de casais. Tanto no Antigo como no Novo Testamento citam-se exemplos de solteiros. Quem nunca leu que Jesus amava estar na família de três irmãos solteiros: Marta, Maria e Lázaro (Lc 10:38, Jo 11:1-3 e outros). A Bíblia mostra homens e mulheres que criaram seus filhos sem a presença do cônjuge. Um dos exemplos mais claros de alguém que vivenciou o que é ser mãe solteira e ver a misericórdia de Deus na sua vida foi Hagar (Gn 16:6-11; 21:14-18). E as viúvas? Tanto no Antigo como no Novo Testamento temos relatos de viúvas que foram usadas por Deus para cumprimento de seus propósitos: a Viúva de Sarepta (I Re 17:10-12, Lc 4:26), Rute (Rt 1:16), Noemi (Rt 1:8) e outras. A exortação que temos no Novo Testamento é para que a igreja primitiva estivesse atenta às suas dificuldades (At 6:1, I Tm 5:16). E os relacionamentos fracassados? A Mulher Samaritana (Jo 4:1-42) é a 43 O DNA do Grão de Mostarda representante de milhares de homens e mulheres que viram seus projetos matrimoniais ou familiares destruídos por circunstâncias diversas e Jesus mostra-lhe que há vida após um relacionamento fracassado. O fato de a igreja acolher o divorciado não é sinônimo de que apoia ou incentiva o divórcio, mas que como igreja deve pastorear aqueles que se encontram nesta situação. Jesus também redefine o lugar da criança no Reino de Deus (Mc 10:14, Mt 18:3). Vemos também exemplos de sogro e sogra. Enfim, todas essas pessoas são amadas por Deus independente do seu estado civil ou condições que vieram ao mundoou nele estão. Necessitamos de um novo olhar ao examinarmos a Bíblia, especialmente o Novo Testamento, para perceber o quanto podemos aprender no acolhimento às vidas, criando um ambiente em que elas se sintam incluídas e amadas. Há ainda outros aspectos a considerar no contexto familiar, qual sejam os efeitos da rápida evolução tecnológica experimentada pelas pessoas em todo o mundo, especialmente a informática e a Internet, que trouxeram inúmeras facilidades de disseminação de informações em tempo real. Sob essa ótica se enquadram as mais diferentes mídias como vídeos, blogs, colunas e páginas atrativas operacionalizadas em site oficial, Ensino à Distância (EAD), as redes de relacionamento como Facebook e Twitter, que, ao invés de serem instrumentos marginalizados pelas lideranças das igrejas, podem ser oportunamente utilizados para disseminar valores e princípios de uma família segundo os padrões da Nova Aliança, alcançando o maior contingente possível de pessoas e famílias. Isso sem falar nas crescentes evoluções do uso do celular como instrumento de acesso à Internet e aos vídeos nela disponíveis, envio de mensagens e outras formas de 44 Não os únicos, mas unicamente discípulos. comunicação. Claro que não perderam seu valor e devem ser mantidos os instrumentos pedagógicos tradicionais como livros, apostilas, revistas e outras literaturas, assim como os encontros, seminários e cursos presenciais. Pressupostos diretivos para o modelo de atuação ministerial Além de considerar o contexto com suas realidades e necessidades, o Modelo de Atuação Ministerial é a referência que deve ter como base os Fundamentos Norteadores e as Condições de Caráter Operativo das ações da instituição objeto de estruturação e implantação. É a forma de direcionar conscientemente seus esforços produtivos e evitar o desenvolvimento de trabalhos que não atingem o que realmente necessita ser realizado, o que, caso contrário, seria como dar a esmo “murros ou golpes no ar”. Fundamentos norteadores A publicação do livro Hessed, Pais e Filhos - Um Caminho Sobremodo Excelente, produzida pelos Pastores Iran Bernardes da Costa e Neuza Maria S. Costa, que foi apresentada no XVII Encontro Nacional do Ministério Grão de Mostarda de 2011, mostra os pontos de abordagem que devem orientar todas as ações do Instituto Família Hessed. São pontos que se constituem nos fundamentos norteadores do Hessed, reproduzidos a seguir. A ferramenta é o amor Com ênfase na Nova Aliança, o Hessed busca um caminho sobremodo excelente. Preterindo os meios até agora utilizados, está voltado para as coisas que são melhores e pertencentes à salvação. Estamos nos referindo ao que Cristo conquistou na 45 O DNA do Grão de Mostarda cruz, um novo estado de espírito e um novo estilo de vida, que o Novo Testamento chama de amor incondicional, ou Hessed (1 Co 13; Hb 6:9). O método é a aceitação Uma das mais profundas e urgentes necessidades das pessoas é a certeza de sua aceitação. Todas as pessoas são preciosas e devemos aceita-las como elas estão ou são, pois esta atitude oferece uma oportunidade para a operação da Palavra de Deus e do Espírito Santo, que são poderosos para a salvação de todos. Todavia, é importante ressaltar que aceitar as pessoas não implica em concordar com o estilo de vida que praticam. Por errar na distinção destes dois aspectos (valor individual e estilo de vida) é que a igreja tem falhado em sua principal missão: a de transmissora da graça de Deus e de colaboradora para a transformação da vida das pessoas que lhe são confiadas. A sustentação é a oração Respondendo a uma pergunta de D. L. Moody, uma criança disse que “Oração é uma oferta que fazemos a Deus contando nossos desejos por coisas da concordância dele, em nome de Cristo, com confissão dos nossos pecados e com agradecimento por sua misericórdia”. A oração nunca é um fardo que temos que carregar ou uma obrigação a cumprir. É, antes, um gozo do espírito e tem um poder sem limite. “Oração é o sincero desejo da alma; Expresso, ou calado dentro em nós. O mover de um rio, trazendo calma; É a comoção de espírito, na congregação ou a sós. Se preocupação distrai, ou temos assombra; 46 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Se culpa condena, ou pecados consomem; Em todo caso, Ore! Ore! Descanse, Dele à sombra”. Iran A atitude central é a compaixão “Ao aflito deve o amigo mostrar compaixão, a menos que tenha abandonado o temor do Todo-Poderoso” (Jó 6:14). Será que esse preceito vaticinado por Jó foi validado na Nova Aliança? Mateus registrou essas palavras de Jesus: “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça pelo caminho” (Mt 15:32). Compaixão e temor do Senhor andam de mãos dadas. Essa deve ser sempre nossa atitude principal para com os que sofrem. O Empenho é o cumprimento do mandato do Pai Empenho é sede inexaurível de servir. É o aguilhão que nos move a cumprir nosso chamado. Temos o exemplo tocante de Paulo, que disse: “Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (At 2:24). A força é a identidade e o destino Nosso maior exemplo é o Senhor Jesus. Quando perguntado por Pilatos se ele era rei, Ele respondeu: “Tu dizes que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade” (Jo 18:37). Assim como Jesus, buscamos a certeza de quem somos e para que estamos aqui. 47 O DNA do Grão de Mostarda É esta convicção a força propulsora daquilo para o que fomos chamados. A Vida é para cumprir nossa Missão Todos nós nascemos pelo desígnio de Deus e com uma missão pessoal. Essa missão é a razão da nossa vida. Atitudes Gerais Para com os doentes, é curá-los O ministério de Jesus, que é o nosso paradigma, foi essencialmente de cura. Não temos em nós mesmos o poder para curar, mas o fazemos pelo poder de Deus, que exercemos em nome de Jesus. Também a Palavra de Deus ministrada traz cura e libertação; traz alívio e conforto para as pessoas. Através da oração podemos realizar um excelente ministério de cura. Para com os perdidos, é encaminhá-los. A situação do mundo está igual ou pior do que nos dias de Jesus. Por outro lado, encontramos multidões aflitas e exaustas, como ovelhas que não tem pastor. Pessoas que não sabem de onde vem nem para onde vão. Não sabem o caminho; estão perdidas. O deus deste século as cegou de tal maneira que estão sem a menor referência. É nossa incumbência encaminhar essas pessoas. Tanto crianças como adultos; todos precisam ser guiados em toda a verdade. Para com os caídos, é levantá-los Por todo o lugar encontramos pessoas caídas, em todos os sentidos. Aqueles que perderam o ânimo para a vida; aqueles que sofreram reveses nos negócios; aqueles que se acham mal sucedidos na criação dos filhos; aqueles que foram vítimas do 48 Não os únicos, mas unicamente discípulos. pecado e muitos outros. Pessoas caídas de todas as maneiras. Deus nos chamou a levantar os caídos, como fez o samaritano ao homem caído no caminho, por onde já haviam passado o sacerdote e o levita. Para levantar os caídos, temos que nos nivelar a eles, não da mesma realidade física ou moral, mas em atitude de simplicidade e humildade; compreensão e aceitação. Para com os marginalizados, é valorizá-los Muitos que vivem à margem do caminho. São indecisos; irresolutos; rejeitados; sem teto; sem voz; sem direito. Nossa tarefa é valorizá-los. Isso significa abrir-lhes o entendimento de que eles têm valor e ajudá-los a descobrir esse valor e utilizá-lo para a viabilização da vida. É investir algum capital moral; resgatar a dignidade; curar a autoestima e sugerir meios para assumir a vida. Para com os arruinados, é reconstruí-los Não poucas são as vezes que encontro pessoas, e até famílias inteiras, arruinadas. Às vezes a situação é muito desanimadora e não temos a menor ideia do que fazer. Entretanto, temos também visto pessoas e famílias reconstruídas por Deus de maneira milagrosa. Temos de crer que Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos (Is 58; Ef 3:20). Para com os quebrados, é reintegrá-los Um sentimento de desintegração ocupa o coração de grande parte da população hoje em dia. Não é apenas um sentimento, mas uma realidade. Famílias despedaçadas; pessoas portadoras de malformação social, espiritual e psicológica; desajustes de toda ordem; feridas na alma; atitudes de 49 O DNA do Grão de Mostarda aviltamento, de aniquilamento e de autoextermínio crescem a cada dia. Essa é a hora de lembrarmo-nos do que vaticinou o profeta Ezequiel, traduzindo o coração de Deus: “a perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei...” (34:16). Tal foi o ministério de Jesus, tal deve ser também o nosso: reintegrar os quebrados. Para com os mortos no pecado, é dar-lhes a vida Através do ministério realizado por humanos, o Divino devolve a vida aos mortos no pecado. Este é o grande sacramento. É como diz Paulo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora...” (Ef 2:1). Ecologia Espiritual Todo organismo precisa de um ambiente onde possa viver e se expressar, para assim cumprir seus objetivos. O Hessed é um ministério criado e fundamentado nas Escrituras Sagradas, portanto é orgânico, e pede uma ecologia que lhe seja apropriada, em três dimensões, a saber: Relacionamento com Deus As pessoas envolvidas e comprometidas com o ministério, antes de tudo, são comprometidas com Deus. Vivem uma vida piedosa e virtuosa; isto quer dizer que são devotas à oração e vivem uma vida de pureza e integridade. Ouvem Deus através das Escrituras sagradas e falam com Deus através da comunhão e da oração. Tem espírito quebrantado e coração humilde e não tem espírito de oposição. 50 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Relacionamento com as pessoas Nosso relacionamento com Deus implica em relacionamento com as pessoas e vice-versa. Construir, manter e restaurar relacionamentos é uma chamada permanente na vida de cada um de nós. Em relacionamentos, às vezes precisamos nos arrepender, pedir perdão; perdoar e relevar muitas ofensas e desapontamentos. Quando corrigia os irmãos de Corinto sobre litígios entre eles, Paulo lhes faz duas perguntas em tom de repreensão: “Por que não sofreis, antes, a injustiça? Por que não sofreis, antes, os danos?” (1 Co 6:7). Isto significa que o cristão assume os ônus e sofre os danos que porventura lhes restarem nos relacionamentos. Relacionamento com a natureza em geral Cremos que a incumbência dada por Deus aos nossos primeiros pais, no Éden, permanece como nosso dever: Cuidar da criação. Deus criou; o ser humano, especialmente o cristão, recria. Ele não só zela pela conservação, mas também pelo desenvolvimento, limpeza e embelezamento de toda a criação. Ecologia é do interesse de Deus e deve ser nosso também. Quando essa ecologia é respeitada, o ser humano encontra a verdadeira significância para sua vida, seu real propósito, saúde e plenitude de vida. Redenção É Graça que inclui para transformar; Graça que transforma para incluir. Nome Hessed, o Deus que faz, cumpre e nos ajuda a cumprir a aliança. Hessed, Amor Incondicional. 51 O DNA do Grão de Mostarda Atitude para com Deus Amor Incondicional, Hessed. Natureza e Intensidade do Nosso Amor a Deus (Mt 22:37; Mc 12:30-33; Lc 10:27): Afeição - de todo o coração; Paixão - de toda a alma; Razão - de todo o entendimento; Dedicação - de toda a força. Condições de caráter operativo Objeto As pessoas e as famílias necessitam de especial atenção em todas as suas configurações e aspectos. Nesse sentido, o Instituto Família Hessed tem por finalidade a pesquisa, a estruturação, o desenvolvimento e a produção de material pedagógico-educativo, que vise o resgate e a restauração da identidade, da dignidade, da integridade e do bem-estar das pessoas e da família. Para cumprir sua finalidade, o Instituto Família Hessed desenvolverá, produzirá e implementará ministérios e respectivos conceitos, métodos, modelos, projetos, cursos, seminários, vídeos, CD´s, DVD´s, slides, livros, EAD (Ensino à Distância), site na Internet e outros instrumentos pedagógicos e de comunicação, assim como encontros e congressos, podendo capacitar e credenciar líderes específicos com esse objetivo. A instituição do Hessed, sua visão e o relacionamento com outras Organizações Na sua essência, o Instituto Família Hessed se constitui em ministério que é fruto da convicção de que as famílias brasileiras e em todo o mundo carecem de uma abordagem 52 Não os únicos, mas unicamente discípulos. cristã fundamentada na Nova Aliança, que vise à prevenção, a cura e a restauração de pessoas e famílias, atuando para evitar e minimizar os sofrimentos familiares e da sociedade em geral. O Hessed foi criado dentro da ótica complementar e cooperativa. Não vislumbra ser a única ou a mais importante das iniciativas dedicadas à nobre tarefa de restaurar e edificar as famílias, em apoio às igrejas e à sociedade. O Hessed pretende unicamente realizar a missão que lhe foi confiada, estando aberto às parcerias em prol do maior alcance possível de pessoas e famílias. Portanto, todas as organizações para-eclesiásticas e as próprias igrejas que se dedicam às famílias têm importante papel e necessitam permanecer dando suas valiosas contribuições. Nenhum esforço é secundário. O importante é somar e multiplicar. Nunca subtrair e dividir. Dessa forma, o Hessed tem como princípio ético evitar a competição e o desenvolvimento de atividades, conceitos, métodos, modelos e projetos iguais aos adotados por outras instituições empenhadas no resgate e restauração de famílias. O alvo são as pessoas e famílias. Assim, o Hessed estará sempre à disposição das igrejas cristãs de diversas denominações para apoiá-las e com elas manter relacionamento responsável que considere o contexto de seus ministérios. Abrangência e aderência do modelo de atuação Ministerial Toda organização adequadamente estruturada e produtiva se baseia em um modelo de atuação concebido de acordo com suas finalidades, contexto aplicável e fundamentos norteadores. O modelo é o instrumento que considera a essência desse contexto, traduz os alvos a serem alcançados por meio de ministérios, define as ações que necessitam ser 53 O DNA do Grão de Mostarda realizadas e as interações existentes entre elas, elege os atores envolvidos - em especial os seus beneficiários -, e ainda estabelece os meios capazes de gerar resultados eficazes e promover a transformação esperada no contexto socioeconômico. No caso específico do Instituto Família Hessed, os aspectos abrangidos pelo seu Modelo de Atuação Ministerial devem guardar sintonia, coerência e consistência com as ORIENTAÇÕES BÁSICAS definidas para o Hessed pelo Ministério Grão de Mostarda, particularmente o estabelecido no item 3.3 dessas Orientações. Nesse sentido, está estabelecido que, no início das suas atividades, o Hessed deve formular o seu modelo de atuação ministerial, contemplando pelo menos a sistemática de trabalho e os temas básicos de ministérios voltados para o resgate e restauração de famílias. Operacionalização das atividades O Hessed realizará suas atividades de forma criativa e inovadora, empenhado na pesquisa e na formulação de ministérios e respectivos conceitos, métodos, modelos e projetos diferenciados dos existentes no mercado, podendo contar com equipes destinadas a tal fim. Nesse sentido, um dos alvos do Hessed é desenvolver ministérios que guardem sintonia com os valores e princípios da Nova Aliança em Cristo Jesus e a visão do Reino de Deus nela revelada, sempre buscando trazer novas dimensões em relação aos seminários e cursos já existentes. Equipes de projetos poderão ser constituídas pelo Hessed, de acordo com as necessidades, sempre levando em conta os temas de ministérios e os respectivos requerimentos de contribuições profissionais. 54 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Para viabilizar o maior alcance dos ministérios, conceitos, métodos, modelos e projetos desenvolvidos, junto às pessoas e famílias, o Hessed atuará com amplo processo de disseminação, contemplando, dentre outros, a produção e divulgação de CD´s, DVD´s, vídeos na Internet e EAD (Ensino à Distância) e outras mídias, bem como seminários de sensibilização de líderes. Todas as lideranças facilitadoras dos seus seminários, cursos e outros meios adotados deverão ser préviamente capacitadas e credenciadas pelo Hessed. O Hessed orientará seus ministérios pela edição de literaturas, vídeos, CD´s, DVD´s, slides, EAD (Ensino à Distância), site na Internet e outros instrumentos de comunicação e educação de produção própria, assim como outras iniciativas que se coadunem com suas finalidades. Pessoas e configurações familiares, necessidades e ministérios Para direcionar conscientemente seus esforços produtivos e evitar o desenvolvimento de trabalhos que não atingem o que realmente precisa ser realizado, o Hessed focará seus ministérios a partir das necessidades identificadas no contexto social das famílias. Como o contexto é dinâmico, em função dos ajustes sociais que ocorrem ao longo do tempo, sempre que houver mudanças significativas das realidades do contexto, os ministérios, isolada ou coletivamente, necessitarão ser ajustados. Portanto, o quadro apresentado no Anexo 3 retrata as pessoas e configurações familiares existentes e suas necessidades no contexto social e as sugestões de ministérios que as contemplem. 55 O DNA do Grão de Mostarda Modelo de atuação ministerial O presente Modelo procura retratar ilustrativa e resumidamente a sistemática de trabalho e os temas básicos de ministérios, considerando o Contexto e os Pressupostos Diretivos anteriormente abordados, estando configurado no Anexo 4 deste documento. Trata ainda do processo de aplicação e operacionalização dos ministérios, em função do grau dos problemas e necessidades de pessoas e famílias, conforme apresentado no Anexo 5. 56 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Anexo 1 NOVA CONFIGURAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS Fonte: Censo demográfico de 2010 - IBGE 57 O DNA do Grão de Mostarda Anexo 2 PESSOAS E SITUAÇÃO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS COMPARAÇÕES ENTRE O SENSO IBGE 2000 e 2010 58 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Anexo 3 PESSOAS E CONFIGURAÇÕES FAMILIARES, NECESSIDADES E MINISTÉRIOS. CONFIGURAÇÕES FAMILIARES - Orientações básicas sobre o relacionamento e estilo de vida do casal (*) Famílias Nucleares MINISTÉRIOS HESSED (títulos iniciais) NECESSIDADES Casais com ou sem filhos - Aperfeiçoamento e consolidação do relacionamento e estilo de vida do casal (*) Mulher ou homem, morando com seus filhos. - Educação dos filhos (*) Aconselhamento CasaisHessed Sagrado Matrimônio Hessed - Pais e Filhos - Orientações específicas para o relacionamento e estilo de vida de casais idosos (*) - Orientações básicas sobre o relacionamento e estilo de vida do casal (*) - Aperfeiçoamento e consolidação do relacionamento e estilo de vida do casal (*) - Educação dos filhos (*) CasaisHessed - Melhor Idade - Educação dos filhos (*) Aconselhamento Hessed - Pais e Filhos - Orientações básicas sobre o relacionamento e estilo de vida do casal (*) - Aperfeiçoamento e consolidação do relacionamento e estilo de vida do casal (*) - Educação dos filhos (*) Aconselhamento CasaisHessed Mulher ou homem com filhos, morando com não parentes. - Educação dos filhos (*) Hessed - Pais e Filhos Lares Unipessoais Mulher ou homem morando sozinho, sem relacionamento anterior com sexo oposto. Divorciados (as) Viúvos (as) - Orientações para a vida solitária e as possibilidades de construção ou reconstrução de lares Homem Hessed ou Mulher Hessed Construindo Famílias Hessed Casais homossexuais Mulher vivendo com mulher, ou homem vivendo com homem. - Orientações para resgate e restauração espiritual e social Homem Hessed ou Mulher Hessed - Orientaçõespara os relacionamentos e estilo de vida (*) Futura Geração Casais Idosos Famílias Estendidas Casais com ou sem filhos, morando com um parente. Mulher ou homem, morando com filhos e um parente. Famílias Compostas Solteiros(as) vivendo com a família Sogros (as) Gravidez antes do casamento Casal com ou sem filhos, vivendo com não parentes. Adolescentes Pais de adolescentes Aconselhamento CasaisHessed Sagrado Matrimônio Hessed - Pais e Filhos Sagrado Matrimônio Hessed - Pais e Filhos Excelente Amor Situação de corte, namoro ou noivado. - Orientações para os relacionamentos e estilo de vida antes e após o casamento (*) Relacionamentos Hessed Situação de dificuldades no relacionamento com noras e genros. Filhas grávidas - Orientações para esse tipo de relacionamento (*) Sogros Hessed - Orientações específicas para essas situações (*) Amor Hessed Filhos que engravidaram moças (*) Inclui abordagem sobre cura e prevenção da violência familiar. Obs.: 1) A designação de casal adotada no quadro acima independeu da situação marital em que vivem (casados, união estável ou outra); 2) O quadro retrata também outras situações não contempladas pelo Censo IBGE, mas que são realidades sociais a serem alcançadas, que existem na igreja e fora dela 59 O DNA do Grão de Mostarda Anexo 4 MODELO DE ATUAÇÃO MINISTERIAL (apresentação-síntese) Contexto Mudança sociocultural da sociedade; Crescimento do estresse e da competição; Intensificação da desestruturação da família; Novas configurações de vida de famílias e pessoas; Aumento significativo das doenças psicossociais. Alvos Fundamentos Princípios da Nova Aliança em Cristo Jesus. Amor, aceitação, oração, compaixão, empenho, identidade e destino, missão. Atitudes: curar, encaminhar, levantar, valorizar, reconstruir, reintegrar, gerar vida. Resgate e restauração da identidade, dignidade, integridade e bem-estar de famílias e pessoas. Promoção de transformação no contexto socioeconômico. Famílias; Pessoas; Igrejas; Coordenadores de ministérios; Ministradores; Conselho Hessed; Diretoria Hessed; Parceiros. Plano de Operacionalização Condições Operativas Ministérios que considerem contexto, fundamentos e alvos. Atores motivados e engajados Ministérios amplamente divulgados e disponibilizados em diversas mídias, para aumento do seu espectro de alcance. Incremento do alcance de pessoas e famílias pela cooperação e parceria com terceiros. 60 Criação do Conselho Hessed (CH) Definição dos ministérios prioritários Escolha de equipe por ministério (produção) Avaliação das propostas pelo CH Escolha de coordenador por ministério Divulgação Implementação e acompanhamento Não os únicos, mas unicamente discípulos. Anexo 5 PROCESSO DE APLICAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DOS MINISTÉRIOS 1 - Objetivo O processo tem como objetivo definir as ações ministeriais a serem adotadas após cuidadoso diagnóstico dos problemas e necessidades da família e/ou pessoas. Portanto, o diagnóstico é o primeiro passo do processo, vindo em seguida o tratamento a ser adotado por meio das ações ministeriais aplicáveis. 2 - Diagnóstico O diagnóstico é fundamental para definir o ministério apropriado a cada caso. Será realizado inicialmente pela liderança mais próxima da família e/ou pessoas, devendo essa liderança atuar em estreita sintonia e contando com o assessoramento de pastor (a) com quem mantém vínculo ministerial. O diagnóstico final será resultado do trabalho conjunto do (a) líder e do (a) pastor (a), uma vez que é fundamental para definir o ministério aplicável ao caso e o respectivo curso ou seminário a ser indicado às pessoas alvo do processo. 3 - Tratamentos Para facilitar a identificação das ações ministeriais necessárias em função do diagnóstico, foi escolhido como referência o modelo utilizado pela medicina, que define o tratamento mais adequado em função da situação do paciente. Contempla duas grandes categorias: Medicina Preventiva; Medicina Corretiva. A Medicina Preventiva é a especialidade médica que se dedica à prevenção de doenças ao invés de seu tratamento. No caso do Instituto Hessed as ações preventivas serão designadas de Ministérios de Edificação ou Aperfeiçoamento. A Medicina Corretiva é a especialidade médica que se dedica ao tratamento curativo da doença ou do trauma causado por acidentes ou ações deliberadas das pessoas. Em função do grau de intensidade da doença ou do trauma, a Medicina Corretiva pode ser exercida em consultório, clínica ou hospital. Em consultório ou clínica são tratados os casos de pouca ou média urgência/seriedade e não acontece internação. Já em hospital o atendimento é urgente/sério e poderá ocorrer em Pronto Socorro ou 61 O DNA do Grão de Mostarda Emergência, requerendo ou não internação, conforme o caso. A internação requer maior atenção e também pode acontecer para cirurgias eletivas, ou seja, as programadas previamente. Seja em decorrência de quadro grave atendido inicialmente em Pronto Socorro ou após cirurgias com risco de vida, o paciente poderá ser alocado em UTI - Unidade de Tratamento Intensivo, até que se restabeleça e possa ser internado em área hospitalar de recuperação, com perspectiva de alta. No caso do Instituto Hessed as ações corretivas serão designadas de Ministérios de Resgate ou Restauração. 3.1 - Ministérios de Edificação ou Aperfeiçoamento: São aplicáveis no caso de diagnósticos de problemas e necessidades de famílias e/ou pessoas que não tenham problemas urgentes/sérios. Contemplam ações de edificação ou aperfeiçoamento, objeto de cursos e/ou seminários de ministérios Hessed voltados para este tipo de ações, visando consolidar princípios e estilo de vida cristã e evitar problemas futuros. O curso e/ou seminário será alocado de acordo com um dos perfis de família ou pessoas abaixo listados: Adolescentes, jovens, namorados, solteiros (as); Casais recém-casados, casais unidos civilmente ou em união estável; Pais ou mães que criam seus filhos sem companheira (o); Sogros (as), genros e noras. 3.2 – Ministérios de Resgate ou Restauração: São aplicáveis no caso de diagnósticos de problemas enecessidades de famílias e/ou pessoas que identifiquem problemas urgentes/sérios. Contemplam ações de resgate ou restauração, objeto de aconselhamentos, cursos e/ou seminários de ministérios Hessed voltados para este tipo de ações. A indicação de aconselhamento, curso ou seminário acontecerá de acordo com o perfil da família ou pessoas e com os graus de intensidade acima expostos, semelhantes aos adotados no tratamento da medicina corretiva (consultório, emergência, internação, UTI). Para facilitar o tratamento em função dos graus de intensidade dos problemas urgentes/sérios, será adotado o seguinte critério: 3.2.1 - Casos de menor urgência/seriedade com perspectiva de conserto (brigas, ciúmes, egoísmos, adultério, vícios, dívidas, disciplina inadequada nos filhos, etc): 62 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Aconselhamento inicial (consultório) e indicação de curso ou seminário Hessed; Participação em curso e/ou seminário (internação); Aconselhamento de acompanhamento (consultório). 3.2.2 - Casos emergenciais/sérios com menor perspectiva de conserto (separações de casais já efetivadas ou em vias de efetivação, doenças transmissíveis, mulheres solteiras grávidas, violência familiar, filhos expulsos de casa, dívidas impagáveis, drogas, etc): Aconselhamento de impacto (emergência); Aconselhamento especial para resgate (UTI); Participação em seminário emergencial de poucos dias (UTI); Participação em curso (internação); Aconselhamento de acompanhamento (consultório). A apresentação gráfica do presente Processo de Aplicação e Operacionalização dos Ministérios consta deste Anexo 5 e pode ser visualizado na página a seguir. 63 O DNA do Grão de Mostarda Anexo 5 PROCESSO DE APLICAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DOS MINISTÉRIOS (Quadro Demonstrativo) Passo 1 - Diagnóstico Tipo de Diagnóstico O Que é Problemas não urgentes/sérios Cuidadosa descoberta e identificação dos problemas e necessidades da família e/ou pessoas Problemas urgentes/sérios Passo 2 - Tratamentos Hessed - Instituto da Família Associação com a Medicina Preventiva (prevenção de doenças ao invés de seu tratamento) Corretiva (tratamento curativo da doença ou do trauma causado por acidentes ou ações deliberadas das pessoas) Ministério Situação Indicação Edificação ou Aperfeiçoamento Necessidade de consolidar princípios e estilo de vida cristã, para evitar problemas futuros Curso e/ou seminário de acordo com o perfil da família ou pessoa Casos de menor urgência/seriedade com perspectiva de conserto (brigas, ciúmes, egoísmos, adultério, vícios, dívidas, disciplina inadequada nos filhos, etc) Ações de acordo com o perfil da família ou pessoa: Aconselhamento inicial (consultório) e indicação de curso ou seminário Hessed; Participação em curso e/ou seminário (internação); Aconselhamento de acompanhamento (consultório). Ações de acordo com o perfil da família ou pessoa: Resgate ou Restauração Tipos de Tratamento: Consultório, emergência, internação, UTI 64 Casos emergenciais/sérios com menor perspectiva de conserto (separações de casais já efetivadas ou em vias de efetivação, doenças transmissíveis, mulheres solteiras grávidas, violência familiar, filhos expulsos de casa, dívidas impagáveis, drogas, etc) Aconselhamento de impacto (emergência); Aconselhamento especial para resgate (UTI); Participação em seminário emergencial de poucos dias (UTI); Participação em curso (internação); Aconselhamento de acompanhamento (consultório). Não os únicos, mas unicamente discípulos. Editora Grão de Mostarda A escrita faz parte da história e cultura humana, e particularmente, da nossa fé. A fé cristã é uma fé revelada e nós a temos recebido através das Escrituras Sagradas. Deus ao revelar-se a Moisés, disse: “Escreve estas palavras; porque conforme o teor destas palavras tenho feito pacto contigo e com Israel.” Para Jeremias, o Senhor disse: “Escreve, para que fique registrado, tudo o que tenho dito.” Lucas, como um historiador, pesquisou de forma acurada, a fim de registrar os acontecimentos sobre a vida de Jesus. Estes são apenas alguns exemplos de escritores bíblicos e a maneira como eles registraram a revelação divina. Deus se revela e se comunica através das palavras, e de forma definitiva Ele se fez carne, e se revelou através de Cristo, a Palavra. A história cristã e sua tradição é recheada de escritos extraordinários sobre essa revelação. O Ministério Grão de Mostarda é herdeiro de uma tradição cristã cuja característica era registrar e publicar material cristão para a divulgação do evangelho e dos princípios e valores que norteavam aquele movimento. Alexander Campbell, um dos fundadores do Movimento de Restauração, também conhecido como Movimento Stone-Campbell, além de excelente pregador, também era um editor e publicador. O crescimento da influência de Campbell e do Movimento de Restauração pode ser diretamente relacionado às suas atividades editoriais. Através de revistas mensais, panfletos ocasionais, uma tradução da Bíblia, livros de hinos, debates publicados, e outros livros, ele proclamou os princípios e valores básicos do movimento. Foi a imprensa acima de tudo que lhe permitiu dar forma e sentido a 65 O DNA do Grão de Mostarda uma Igreja, Os Discípulos ou Cristãos, que não tinha nenhuma organização central, mas foi organizada congregacionalmente.3 O Ministério Grão de Mostarda desde seu nascimento mantém essa tradição. Todos os líderes e pastores são incentivados e motivados a escrever suas palavras. O primeiro livro publicado foi O Padrão para Crescimento, de autoria do Pr. Gerald Holmquist, editado pelo Pr. Iran Bernardes da Costa. Os Encontros Nacionais desde o início possuem material escrito. Nos primeiros anos, foram confeccionadas apostilas e revistas. A partir de 2009, passamos a publicar livros, os quais têm ultrapassado as fronteiras do próprio ministério. A Escola de Ministérios seguiu esse mesmo padrão, e todos os cursos tem material escrito. A partir de 2013, a Escola de Ministérios também passou a publicar o seu material em forma de livro, e o primeiro módulo desse ano atingiu a frequência de mais de quinhentos participantes. Assim, mesmo como um pequeno “embrião,” a Editora Grão de Mostarda é uma realidade, cuja missão é divulgar o Evangelho de Jesus Cristo, que é o “poder de Deus para transformar aquele que crê;” dessa forma a Editora Grão de Mostarda objetiva influenciar famílias, líderes cristãos, igrejas e a sociedade com princípios e valores morais coerentes com a revelação de Deus e Sua perfeita vontade. 3 Gary Holloway. Alexander Campbell as a Publisher, Vol. 37/No. 1 (1995), Institute for Christian Studies, Abilene Christian University. 66 Chamado e Compromisso O DNA do Grão de Mostarda Mordomia Bíblica do Reino de Deus Bruce Vernon Colson “Na eternidade muitos de nós se encontrarão em condições opostas à atual situação em que se encontram aqui na terra.”4 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele (Lucas 8:1). O etos do Reino de Deus Jesus veio para anunciar o evangelho do Reino de Deus. Este evangelho (boas novas) era bem diferente do que o povo tinha ouvido sobre um reino. Jesus veio falar de um reino, não estabelecido e dominado pelos homens, mas um reino criado, e sustentado pelo amor de Deus. Antes de pensar sobre a mordomia bíblica precisamos pensar sobre o etos (gênio) do Reino de Deus. O etos é definido como: “a configuração subjacente de paixões definidas e valores fundamentais que moldam, guiam e colocam em movimento as atitudes pessoais e comportamentais” (Mark McCloskey). É a disposição de uma pessoa, comunidade ou época. O Grão de Mostarda como movimento tem seu etos. Para entendermos bem o Reino de Deus é necessário estudar e compreender o etos deste reino porque é bem diferente de qualquer outro reino estabelecido pelos homens. 4 Randy Alcorn, Money, Possessions and Eternity, p. 37. 68 Não os únicos, mas unicamente discípulos. O Reino de Deus no Velho Testamento Sabemos que o Reino de Deus foi bem estabelecido desde a criação. Foi Ele que criou todas as coisas no princípio (Gn1:1) O homem foi criado por Deus e foi comissionado de cuidar tudo o que Deus fez (Gn 1:28-30). Deus esperava que o homem nunca fosse esquecer-se do fato de que Deus é o Criador de todas as coisas, inclusive do homem (Rm 1:20-23). Ao entrar na terra prometida, Deus colocou a seguinte orientação para o povo de Israel: Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças. Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões (Dt 6:4-9). O povo de Israel entrou e possuiu a terra prometida. Mas antes, já conhecendo o coração do homem, Deus sabia que eles iam querer um rei, igual as outras nações. Uma atitude que entristeceu o coração de Deus (1Sm 8:7-9; 12:12-15). Mesmo assim, ele deu orientação sobre este rei, lembrando ao povo que mesmo com um rei terreno, Ele era a autoridade suprema sobre o rei e o povo. Se quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, tiverem tomado posse dela, e nela tiverem se estabelecido, vocês disserem: ‘Queremos um rei que nos governe, como têm todas as nações vizinhas’, tenham o cuidado de nomear o rei que o Senhor o seu Deus, escolher. Ele deve vir dentre os seus próprios irmãos israelitas. Não coloquem um estrangeiro como rei, alguém que não seja israelita. Esse rei, porém, não deverá adquirir 69 O DNA do Grão de Mostarda muitos cavalos, nem fazer o povo voltar ao Egito para conseguir mais cavalos, pois o Senhor lhes disse: ‘Jamais voltem por este caminho’. Ele não deverá tomar para si muitas mulheres; se o fizer, desviará o seu coração. Também não deverá acumular muita prata e muito ouro. Quando subir ao trono do seu reino, mandará fazer num rolo, para o seu uso pessoal, uma cópia da lei que está aos cuidados dos sacerdotes levitas. Trará sempre essa cópia consigo e terá que lê-la todos os dias da sua vida, para que aprenda a temer o Senhor, o seu Deus, e a cumprir fielmente todas as palavras desta lei, e todos estes decretos. Isso fará que ele não se considere superior aos seus irmãos israelitas e que não se desvie da lei, nem para a direita, nem para a esquerda. Assim prolongará o seu reinado sobre Israel, bem como o dos seus descendentes (Dt 17:14-20). Não levou muito tempo para que o povo de Israel se desviasse das orientações e dos mandamentos que Deus havia dado a eles – então, eles foram punidos por Deus. Mas, o Senhor sempre queria manter (nos corações das pessoas) este reinado dEle sobre suas vidas. Quando o Senhor viu que eles se humilharam, veio a Semaías esta palavra do Senhor: “Visto que eles se humilharam, não os destruirei, mas em breve lhes darei livramento. Minha ira não será derramada sobre Jerusalém por meio de Sisaque. Eles, contudo, ficarão sujeitos a ele, para que aprendam a diferença entre servir a mim e servir aos reis de outras terras (2Cr 12:7-8). Toda essa história do Velho Testamento serve como entendimento fundamental do etos do Reino de Deus. Assim nasceu Jesus, não mais para estabelecer um reino físico com Deus desejava no VT, mas agora um reino espiritual com o mesmo etos do Reino de Deus desde o princípio. Não é possível entender o conceito de mordomia bíblica sem entender o conceito de Jesus como Rei e nós como cidadãos deste Reino. 70 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Jesus o Rei Então, Jesus nasceu como Rei do Reino de Deus. Ele declarou isto diante de Pilatos que era a autoridade máxima em Jerusalém naquela época: Tu dizes que sou rei. De fato, por esta razão nasci e para isto vim ao mundo (Jo 18:37). A mensagem que Jesus pregou foi o evangelho do Reino de Deus (Mc 1:14; Lc 4:43; 8:1). Ele orou sobre a vinda do Reino de Deus aqui na terra (Mt. 6:10) e viveu os princípios do Reino de Deus (Jo 4:31-34). Ele morreu como Rei e um dia voltará como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, Aleluia! (Ap 19:1116). É importante salientar, mais uma vez, que o Reino de Deus é diferente do nosso entendimento de um reino terrestre. Jesus declarou isto diante de Pilatos quando disse: O meu Reino não é deste mundo. Se fosse, os meus servos lutariam para impedir que os Judeus me prendessem. Mas agora o meu Reino não é daqui (Jo 18:36). Jesus não era como um rei do mundo. Ele não veio para “ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mt. 20:28). Qual é o rei do mundo que tinha ou tem esta atitude? Jesus não é conhecido como o Rei que manda em todos, mas o servo sofredor. Ele é o Rei do Reino de Deus e para entender o conceito que nós somos mordomos ou administradores daquilo que Deus tem colocado em nossas mãos, precisamos conhecer Jesus íntimamente e o etos da sua vida e Reino. Ele é o Rei dos Reis e tem toda a autoridade nos céus e na terra e tudo o que possuímos provem dEle. Mas para sermos despenseiros fiéis precisamos compreender o coração de Jesus (Jo 15:1-17). Se não, o mundo vai confundir o nosso entendimento completamente. A natureza do trabalho de um mordomo é determinado pela natureza do trabalho do Mestre (Senhor). No caso de 71 O DNA do Grão de Mostarda mordomia bíblica, é de colocar os recursos do Mestre para trabalhar e cumprir os desejos do Mestre. A obra do Reino é representada pelo amor de Deus. O amor de Deus é demonstrado atravez de sua generosidade, graça, perdão, provisão e proteção. A marca máxima da mordomia é de demonstrar o amor de Deus para com os outros (Brandon Ganz). Filhos e Filhas/Servos e Servas Diante de tudo isso quem somos nós no Reino de Deus? A Bíblia diz que somos filhos e filhas de Deus (Gl 4:5). Nós somos filhos e filhas de Deus em termos de herança. Nossa herança é garantida pela morte de Jesus na cruz tirando a inimizade entre nós e Deus. Porém, em termos de ministério, a Bíblia usa outros termos: servos, escravos, administradores, despenseiros, mordomos, comissionados e os encarregados. Há duas palavras no NT que são usadas para nos ajudar a entender a mordomia. A primeira é oikonomos. Oikonomos OIKONOMOS vem de duas palavras: OIKOS que significa casa e NEMO que significa despensar ou administrar. Um oikonomo era a pessoa encarregada de administrar bem, em todos os sentidos, a casa do seu patrão. Antigamente, no Brasil surgiu a palavra MORDOMO para indicar essa pessoa. No NT o trabalho dessa pessoa era descrito pela palavra oikonomia. Hoje usamos a palavra mordomia ou administração. Mordomia bíblica é o mandato dado a cada seguidor de Jesus para trabalhar diligentemente para o progresso do empreendimento do Seu Reino na terra, cuidando ativamente de tudo que Ele provê e confia aos seus seguidores para o sucesso deste Reino (Mark McCloskey). 72 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Jesus veio estabelecer o Reino de Deus aqui na terra. Ele nos chamou para entrar e trabalhar neste Reino. Ele nos deu dons, talentos, capacidades e recursos financeiros para cooperar com Ele na edificação deste Reino. Como Rei Ele é o dono de tudo. Ele nos deu tudo e vamos prestar contas diante dEle como usamos o que colocou em nossas mãos. Na igreja, no livro de Atos, lemos como os seguidores de Jesus colocaram isto em prática. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. Todos estavam cheios de temor, e muitas maravilhas e sinais eram feitos pelos apóstolos. Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diáriamente os que iam sendo salvos (At 2:4247). Os primeiros seguidores reconheceram que não tinham nada individualmente, mas tinham tudo em comum. Sobre isto Brandon Ganz escreve: A união e entendimento próprio do papel deles como mordomos, não donos dos recursos disponíveis a eles, permitiu que eles não sómente testemunhassem poderosamente diante da comunidade, mas também os levou a cuidar uns dos outros. O mordomo de Deus reconhece que ele não tem nada pra si mesmo, pois no Reino de Deus tudo pertence ao Rei que tem confiado a ele dons, talentos e outros recursos para serem usados para cumprir a missão do seu Rei. 73 O DNA do Grão de Mostarda Fidelidade dos Mordomos Paulo, escrevendo para a igreja em Corinto, coloca a seguinte atitude que todos nós devemos ter: Portanto, nós homens, devemos nos considerar como ministros (como pessoas que servem os outros) de Cristo e administradores (oikonomos) dos mistérios de Deus. Portanto, o que se requer dos administradores (oikonomos) é que eles sejam encontrados fiéis (1Co 4:1-2). Então, o primeiro passo para entender mordomia bíblia, é o de entender que não temos nada individualmente (pessoalmente). Tudo o que temos e somos provem de Deus. Jesus é o Rei das nossas vidas e como Rei é o dono de tudo e reina soberano sobre cada um de nós. Somo servos, mordomos, administradores, e despenseiros daquilo que Deus tem colocado em nossas mãos, até as nossas próprias vidas. É isto que Pedro falou no dia do Pentencostes quando disse: “Portanto, que todo o Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor (Rei) e Cristo (Salvador) (At 2:36). Tudo que temos aqui na terra seja a vida, dons, talentos, recursos financeiros são do Rei. Ele coloca em nossas mãos para usarmos enquanto estamos na terra. Mas nada é nosso! Tudo pertence ao Rei, Jesus. Nós somos mordomos, administradores, e despenseiros das riquezas de Deus, e um dia vamos prestar contas da nossa fidelidade como mordomos e administradores. Jesus ensinou sobre esta fidelidade em Mateus 24:42-51. Portanto, vigiem, porque vocês não sabem em que dia virá o seu Senhor. Mas entendam isto: se o dono da casa soubesse a que hora da noite o ladrão viria, ele ficaria de guarda e não deixaria que a sua casa fosse arrombada. Assim, vocês também precisam estar preparados, porque o 74 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Filho do homem virá numa hora em que vocês menos esperam. Quem é, pois, o servo fiel e sensato, a quem seu senhor encarrega dos de sua casa para lhes dar alimento no tempo devido? Feliz o servo que seu senhor encontrar fazendo assim quando voltar.Garanto-lhes que ele o encarregará de todos os seus bens. Mas suponham que esse servo seja mau e diga a si mesmo: ‘Meu senhor está demorando’, e então comece a bater em seus conservos e a comer e a beber com os beberrões. O senhor daquele servo virá num dia em que ele não o espera e numa hora que não sabe. Ele o punirá severamente e lhe dará lugar com os hipócritas, onde haverá choro e ranger de dentes. É interessante que no vs. 45 Jesus usa a palavra “doulos” que normalmente significa escravo, para descrever o mordomo da casa. O mordomo do Senhor, que está administrando bem seu trabalho quando o Senhor voltar seria bem-aventurado (vs.46). Tudo o que Deus tem determinado para o servo fiel será colocado à disposição dele (vs. 47). Porém o mordomo (Jesus continua usando a palavra doulos ou escravo) que não está administrando bem os seus dons, talentos e recursos financeiros que o Senhor colocou nas suas mãos, seria lançado no inferno (veja Mt. 8:12). A Edificação do Reino: Nosso Ministério como Mordomos O segundo passo de entendimento é compreendermos que devemos estar ativamente usando o que Deus tem colocado em nossas mãos até a volta dEle. A edificação do Reino de Deus é uma obra contínua. Não podemos aceitar nenhuma atitude diferente do que a participação ativa na obra do Reino de Deus, usando fielmente tudo o que Deus nos deu para o sucesso do Seu Reino. A parábola dos talentos também nos ensina sobre mordomia bíblia. Mt. 25:14-30: 75 O DNA do Grão de Mostarda E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem. O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco. Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois. Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu Senhor. Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles. O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’ Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’. O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco, eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!’ Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou ejunta onde não semeou. Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’. O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei? Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros. ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez. Pois a quem tem, mais será dado, e terá em grande quantidade. Mas a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. E lancem fora o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes.’ Mais uma vez Jesus usa a palavra doulos (escravo) para descrever este administrador. O ponto importante é que não há muita diferença entre um escravo e um mordomo no sentido de que ele não é dono de nada. O seu senhor é o dono e ele é o 76 Não os únicos, mas unicamente discípulos. administrador dos bens do verdadeiro dono, que para nosso entendimento é Jesus, o Rei. Também é importante salientar que a quantidade de talentos é insignificante. O dono dá conforme a capacidade de cada um (vs.15). Não precisamos cobiçar os talentos, sejam o que for, dos outros, mas confiar que Deus coloca em nossas mãos conforme a Sua sabedoria. A Importância de Arriscar O ensinamento importante desta parábola é que é importante arriscar os dons, talentos, recursos financeiros para a edificação do Reino de Deus. O servo (administrador) negligente (vs. 26) ficou com medo e simplesmente escondeu seu talento no chão. A obra do Senhor nos leva a arriscar nossas vidas em prol do Reino de Deus. Muitos missionários têm arriscado suas vidas para a edificação do Reino de Deus na terra. Eles têm sido administradores fiéis e a recompensa está nas mãos deles. Dando o dízimo ou até mais do que o dízimos é arriscar nossos recursos financeiros. Confiamos que enquanto estamos sendo fiéis com os recursos que Deus tem colocado em nossas mãos, que Ele vai ser fiel conosco cuidando das nossas necessidades. O povo de Deus não pode ser dirigido pelos mêdos, pois “o amor perfeito (completo e maduro) lança fora o mêdo” (1Jo 4:18). A mordomia bíblica não está motivada pelo medo, mas pelo amor a Jesus que vem de um relacionamento íntimo com Ele. Jesus nos ensinou sobre a necessidade da fidelidade como mordomos dEle. Mas o motivo da fidelidade não é obrigação, mas um amor tão profundo com Jesus que a missão dEle de estabelecer o Reino de Deus aqui na terra pela qual Ele deu sua própria vida, se torna nossa missão também. 77 O DNA do Grão de Mostarda Epitropos A segunda palavra no Novo Testamento traduzida como mordomo é a palavra EPITROPOS que significa uma pessoa encarregada de cuidar ou administrar algo ou alguem. Jesus usou esta palavra na parábola dos trabalhadores na vinha em Mt. 20. No versículo 8 o dono da vinha disse ao seu administrador (epitropos) “chama os trabalhadores e paguelhes o salário...” O administrador não tinha dinheiro para pagar os trabalhadores. Ele usou o dinheiro do dono. Ele era um administrador dos recursos financeiros do dono da vinha. Nós, como administradores de tudo o que Deus tem colocado em nossas mãos, reconhecemos que o que temos não é nosso, mas é do dono das nossas vidas, que é Jesus e que fomos comprados por alto preço, e que devemos glorificar a Deus com nossos corpos e tudo o que temos (1Co 6:20). As duas palavras, oikonomos e epitropos são usadas em Gálatas: Digo porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo. No entanto, ele está sujeito a guardiões (epitropos) e administradores (oikonomos) até o tempo determinado por seu pai (Gl 4:1-2). Mais uma vez queremos confirmar nossa posição diante de Deus. Somos filhos e filhas de Deus e herdeiros das grandes promessas dEle. Porém, em termos de ministério somos meramente mordomos e administradores. Neste sentido precisamos ser mais como crianças e escravos do que herdeiros. Precisamos lembrar o que Jesus falou sobre crianças: Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas (Mt. 19:14). 78 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus. Portanto, quem se fez humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus (Mt. 18:3-4). Crianças sabem muito bem que não são donos de nada, que tudo pertence aos pais delas. As crianças vieram a Jesus, não para receber status ou ganhar uma posição sobre as outras, mas elas simplesmente queriam estar com Jesus. Este desejo de intimidade com Jesus é necessário para sermos mordomos fiéis de Jesus. Mark McCloskey escreve: Os discípulos tinham que renunciar esse desejo crônico de status e as outras preocupações semelhantes de posição, poder, e prestígio, e em vez disto se humilhar alinhando seus corações mundanos e orgulhosos com o coração de uma criança – com pouco ou sem status. Sem esta atitude de uma criança é muito difícil aceitar nosso status de Reino de Deus de escravo e servo. As crianças, na época de Jesus, eram o maior exemplo de pessoas sem direito, status, poder ou privilégio. Por isso Ele disse que a não ser que convertamos e nos tornemos como crianças JAMAIS entraremos no Reino dos céus. É o passo de um mordomo fiel. O Propósito de Deus e o Nosso Jesus foi enviado à Terra para cumprir o propósito de Deus de estabelecer Seu reinado sobre Seu povo (algo que Ele queria desde a criação de todas as coisas). A história do VT nos mostra que o homem como rei não funciona. Existe só um Rei verdadeiro e seu nome é Jesus! Ele veio, ensinou sobre o etos do Reino de Deus e morreu na cruz para estabelecer esta nova aliança entre Deus e o homem. Agora a vontade do Pai e Jesus é que este reino venha ser edificado aqui na terra como está nos céus. Deus tem capacitado homens e mulheres com 79 O DNA do Grão de Mostarda dons, talentos e recursos financeiros para cumprir esta missão. A missão não é de ver quantas almas podemos salvar, pois a salvação de almas não é o nosso trabalho. Só Deus pode atraves do Espírito Santo, salvar uma alma. Nosso trabalho como mordomos, administradores e despenseiros dos mistérios de Deus é de usar, arriscar, ativamente investir tudo, fielmente, todos os dias, o que Deus tem confiado a cada um de nós para a edificação do seu Reino até que Ele venha. Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis meus discípulos (Jo 15:8). 80 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Uma Chamada e um Compromisso Iran Bernardes da Costa “Nenhum de nós pode entronizar o Deus verdadeiro a menos que sejamos comprometidos o suficiente para destronar nossos outros deuses.”5 Chamados ao discipulado O conceito de discipulado era bastante conhecido nos dias de Jesus. Assim, quando Ele chamou os seus primeiros discípulos, estes tiveram em mente a idéia inicial, de que Jesus pudesse ser mais um daqueles mestres do judaísmo ou mais um sábio grego do seu tempo. Tal deve ter sido a surpresa dos primeiros discípulos! Seu discipulado era para ser muito diferente dos outros, como o dos fariseus, o de João Batista, e outros. Então, vemos que a idéia básica do discipulado era bastante conhecida quando Jesus chamou os primeiros discípulos. A principal diferença era que o discipulado de Jesus era muito mais profundo e comprometedor. Enquanto o discipulado dos outros vinculava às idéias e ensinos de seus mestres, o discipulado de Jesus vinculava os discípulos à sua pessoa. No discipulado de Jesus, ao contrário dos demais, os discípulos comprometiam suas vidas com Ele por toda a vida. Enquanto os demais discipulados eram baseados em um contrato, o de Jesus era uma aliança. 5 Randy Alcorn, Money Possessions and Eternity, p. 5. 81 O DNA do Grão de Mostarda Chamados por Jesus Nos círculos rabínicos, o discípulo podia escolher seu próprio mestre e voluntariamente se matricular na escola dele. Isto não poderia acontecer no discipulado de Jesus. Ele tinha toda a autonomia e autoridade para escolher e chamar seus discípulos. Jesus chamou Simão, André, Filipe, Tomé, Tiago, João, Mateus, Marcos e outros e lhes deu as condições do seu discipulado e declarou-lhes o custo de tal projeto. Jesus foi muito claro e sincero ao declarar: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e sigame" (Lc. 9:23). No discipulado de Jesus ele escolhe os seus discípulos: "Não fostes vós que me escolhestes a mim, pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça" (Jo. 15:16). A questão de se escolher o mestre ou ser escolhido por ele tem algumas implicações muito relevantes no discipulado. Primeira: Quando somos escolhidos por Jesus, nossa visão de nós mesmos e nossas atitudes, e motivação para com Ele e sua obra são totalmente alteradas. A diferença é a mesma entre um atleta que é convocado para defender seu país numa olimpíada e um torcedor, que apenas escolheu uma equipe para torcer por ela. O atleta é totalmente envolvido e comprometido - seu tempo, esforço e total dedicação. O torcedor fica livre - não tem obrigação alguma. Um é competidor; o outro é espectador. Um é escolhido; o outro é escolhedor. A igreja de hoje sofre de um mal terrível porque tantos de seus membros sentem que eles fizeram uma escolha e acabaram se filiando a uma igreja. Pensam que isto é tudo. Esse costume de nós mesmos fazermos a escolha é humanista, ego-centralizado, e por isso não produz os frutos que Deus deseja. 82 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Somente quando somos escolhidos, e passamos a ter essa convicção de que somos chamados e comissionados por Jesus é que nós desejamos ardentemente apresentar nossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Os apóstolos tinham a convicção e a consciência de que eram chamados e designados por Jesus. "Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus" (Rm. 1:1). "A todos os amados de Deus, que estais em Roma, chamados para ser santos: Graças a vós outros e paz..." (Rm. 1:7). Segunda: A segunda implicação de sermos escolhidos ou escolhermos é que isto vai determinar se o nosso discipulado será o mesmo com relação uns com os outros ou não. Se escolhermos, teremos vários mestres e não haverá unidade; e, conseqüentemente, não poderíamos compartilhar nossas vidas. Se Ele nos escolhe, somos todos co-discípulos, unidos numa aliança a qual nos habilitou a sermos uma família, uma nação imbatível, pois "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mt 18:20). E na força do nosso relacionamento comum com Cristo nós podemos vencer as batalhas e anular os sofismas. Chamados a Jesus Não somos apenas chamados por Jesus, mas somos também chamados a Jesus - para Jesus. Nos dias de Cristo na terra, tanto os Rabis Judeus como os Filósofos gregos esperavam que seus discípulos se comprometessem com seus ensinos e com suas idéias. Jesus, porém, chama seus discípulos, não às idéias, ensinos ou doutrinas, mas a Ele mesmo. A chamada de Jesus não é idealística, mas pessoal e personalizada. Jesus chama os discípulos a segui-lo, para estarem com Ele; para crerem nele; e para sofrerem por ele. 83 O DNA do Grão de Mostarda O elo entre Jesus e seus discípulos era uma forte aliança e sua profundidade pode ser avaliada no comportamento dos discípulos no período entre a morte e a ressurreição de Jesus, como vemos no episódio de Lucas 4:13-25. Quando Buda estava às portas da morte, ouviu seus seguidores discutindo sobre como melhor poderiam lembrar-se do seu mestre. Então Buda lhes disse: "Não é a minha pessoa que deve ser lembrada, mas os meus ensinamentos". Jesus, entretanto, antes de sua morte, reuniu os seus discípulos num jantar e ali, pegou um pão e o abençoou e o deu aos discípulos dizendo: "comei dele todos, pois isto é o meu corpo que é dado por vós, e depois deu-lhes também um cálice com o fruto de vide, e disse-lhes, bebei dele todos, pois isto é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados, e acrescentou; fazei isto em memória de mim". Ele não disse: "em memória de minha doutrina"; mas "em memória de mim". Jesus não veio para nos dar a melhor doutrina; Ele veio para nos dar sua vida. Aleluia! Nosso discipulado de Jesus significa conhecê-lo; crer nele, ser comprometido com Ele! Chamados para Obedecer Os discípulos dos rabis e filósofos tinham a obrigação de obedecê-los até o dia de sua formatura, quando então se tornariam mestres. Aí terminaria sua submissão ao mestre. No discipulado de Jesus somos chamados a obedecê-lo por toda a vida. Nesta escola nunca nos formamos! Somos sempre discípulos. A obediência a Jesus é a melhor forma de cumprirmos o objetivo de nossas vidas. Não herdamos o reino por observarmos os preceitos de uma religião, mas ao obedecermos a Jesus. Ele disse: "Nem todo o que me diz Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz 84 Não os únicos, mas unicamente discípulos. a vontade de meu Pai que está nos céus". Sorem Kierk uma vez disse: "É muito difícil crer, pois isto implica em obedecer". David Watson disse: "Se Jesus não é Senhor de tudo, Ele não é Senhor de nada!". Devemos fazer de nós mesmos verdadeiros discípulos que obedecem a Jesus. Jim Wollis disse: "A grande tragédia da igreja de hoje é que muitos são chamados a crer, e poucos a obedecer". Chamados para Servir Ao mesmo tempo em que os discípulos de Jesus são chamados a estar com Ele, eles são também comissionados a ir por todo o mundo para proclamar o evangelho. Os setenta foram enviados a curar os enfermos e anunciar a chegada do Reino de Deus (Lucas. 10:1-20). Perigos e Tentação no Serviço Ambição - (Mateus. 20:20-26) Auto piedade - "Eis que tudo deixamos para te seguir" (Lc. 18:20-30). Hoje há uma generalizada idéia de que Jesus é um tipo de servo que resolve todos os problemas. Mas não nos esqueçamos de que todas as nossas necessidades são supridas quando comprometemos nossas vidas a Ele (Lc 6:38). Chamados para sofrer Ao serem chamados por Jesus, seus discípulos deveriam estar dispostos a trilhar com Ele o caminho da cruz. Se eles teriam que compartilhar suas vidas, eles deveriam, portanto, compartilhar dores e alegrias. "Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de credes nele" (Fp. 1:29). 85 O DNA do Grão de Mostarda Jesus procurou preparar seus discípulos para isto falando abertamente sobre o seu próprio sofrimento e o sofrimento que seus seguidores deveriam experimentar. Entretanto, eles não puderam ou não quiseram entender suas advertências. Em Mateus 16:21 lemos que "Desde esse tempo, começou Jesus a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia". Neste ponto "Pedro chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum ti acontecerá". Por causa disso Pedro recebeu uma forte repreensão: "Arreda! Satanás; tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim das dos homens" (Mt. 16:22-23). E, no caso, os discípulos estavam sob o poder da ilusão, mas Jesus lhes falava abertamente sobre o sofrimento deles próprios, também. "Se alguém quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me". Porquanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa, achá-la-á" (Mt. 16:24-25). A vida, para Jesus, termina com rejeição, dor, e morte agonizante. Os discípulos não deveriam nunca se surpreender se seguir o mestre conduz ao mesmo fim. Sofrimento físico Muitos sofreram perseguição física. Pedro e João foram presos e espancados por causa de sua perseverança em segui-lo. Estêvão foi apedrejado até a morte; Tiago foi morto ao fio da espada. Em Atos 8 lemos: "Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja em Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos". Paulo mais tarde escreve acerca das cinco vezes que fora açoitado com as chamadas quarentenas dos Judeus, e três vezes com varas, e 86 Não os únicos, mas unicamente discípulos. também apedrejado. A maioria dos apóstolos sofreu martírio de uma ou de outra forma. Durante os dias da igreja primitiva a perseguição passou por toda a sucessão dos imperadores romanos: Nero, Domiciano, Trajano, Plínio, Marco Aurélio, Décio e Diocleciano. Em vários graus de ferocidade esta perseguição continuou através da história da igreja cristã. Ainda hoje, milhares de crentes em todo o mundo, sofrem perseguições e prisões por causa de sua fé. Pesquisas revelam que só neste último século tem havido mais mártires cristãos do que em todo o resto da história da Igreja Cristã. Nada disso tem vindo como surpresa. Jesus avisou os seus discípulos acerca dos sofrimentos físicos que eles enfrentariam. Em Mateus 10:17,21 e 22, Jesus diz: "Acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas...". Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai ao filho; filhos haverá que se levantarão contra os progenitores, e os matarão. Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo". Sofrimento mental e emocional Será que as seguintes declarações de Paulo não nos incomodam? "Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito para a Dalmácia. Somente Lucas está comigo... Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males" (2Tm 4:9-11 e 14). Também nós, freqüentemente temos sido feridos e desapontados uns com os outros. Contudo, somos todos pecadores e sujeitos a esses tipos de fraquezas humanas. Todos nós precisamos sempre de perdoar e ser perdoados e sabemos que perdão é sempre uma experiência profundamente dolorida. Perdão exigiu a vida de 87 O DNA do Grão de Mostarda Jesus sobre a cruz. Para nós, também, o perdão é uma experiência de crucificação. Perdoar alguém que nos traiu nos abandonou e nos humilhou é ser crucificado com Cristo. Entretanto, é nossa única alternativa de vida e paz. Sofrimento espiritual Paulo escreveu sobre sua preocupação e dor pelos Judeus que rejeitaram crer no Senhor Jesus como o Messias: "Digo a verdade em Cristo... que tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne" (Rm. 9:1-3). E durante seu ministério em Éfeso ele disse que "por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrima, a cada um" (Atos 20:31). Deus em sua grande compaixão estende suas mãos todo dia, aos rebeldes e ingratos. Tendo nos feito à sua imagem, Ele também providencia para que participemos do seu amor. Desde que o amor não força o pecador que não deseja a graça de Deus, Deus permite sua queda e afastamento dele e uns dos outros. Deus vê tais pessoas em ressentimento, se odiando, e matando umas as outras. Por isso Ele enviou seu Filho, para trazer paz sobre a terra, mas porque a humanidade não o recebe para reinar sobre nós, é que acontece tanto sofrimento na vida das pessoas. Seria surpresa para nós encontrarmos na bíblia um Deus que sofre? Quando Jesus chora por seu corpo - a igreja quebrada, os espinhos, as feridas - poderíamos ficar indiferentes? Quando Jesus chora, como Ele o fez uma vez junto ao túmulo de Lázaro, quando Ele vê hoje a vingança no coração dos homens, poderíamos ficar apáticos? Quanto mais nós amamos a Deus, mais próximos nós ficamos do seu coração cheio de amor e a dor e sofrimento não são mais surpresas para nós. 88 Não os únicos, mas unicamente discípulos. O sofrimento é inevitável no processo de discipulado. Entretanto, é no sofrimento que Deus trabalha mais profundamente em nossas vidas. As pessoas que possuem grande sensibilidade espiritual são sempre aquelas que já experimentaram grandes sofrimentos. Um cristão que passou dez anos na prisão comunista disse: "meus torturadores podem quebrar meus ossos, mas meu espírito não". Ele se referia àqueles anos como os anos de maior enriquecimento de sua vida. Ele dizia: "nós temos que orar, não para que não venha a perseguição, mas para que nós sejamos enriquecidos por ela, e abertos para as bênçãos que Deus nos oferece através delas". Chamados independentemente da nossa qualificação Enquanto que os rabis só podiam aceitar discípulos que proviam de uma "pureza" cerimonial, e aqueles que eram considerados justos de acordo com a lei, e aqueles que tinham inteligência suficiente para estudar o Torah e se tornarem também em mestres, Jesus chamou a si mesmo uma classe de pessoas totalmente diferente. Alguns eram pescadores da classe baixa; Tiago e João eram filhos de zelote (zelador); Levi era um desprezível corrupto coletor de impostos; e entre os doze encontramos nomes gregos e semíticos, o que revela que Jesus chama pessoas de toda e qualquer raça. O mais curioso é que, dentre os que Jesus chamou para serem discípulos dele, estava um por nome Judas, o qual o traiu. Jesus já sabia que ele o trairia, entretanto o chamou assim mesmo, e cremos, para cumprir dois propósitos específicos: Primeiro: Jesus amou Judas até o fim; Segundo: Jesus teria que cumprir as profecias messiânicas do Velho Testamento. Assim Jesus reconheceu que ele mesmo era o servo sofredor; pôde então compreender o papel que Judas 89 O DNA do Grão de Mostarda cumpriria como traidor, até mesmo com respeito às trinta moedas de prata. Humanamente falando, nós teríamos escolhido para fazer parte do grupo dos apóstolos, pessoas bem melhor qualificadas do que aqueles doze. Mas "os caminhos de Deus não são os nossos caminhos, e os seus pensamentos não são os nossos pensamentos". Em obediência ao Pai, Jesus chamou aqueles que mais tarde falhariam e o decepcionaria, entretanto, nenhuma vez Ele lhes negou o amor. Ele os amou até o fim. Perfil do discipulado Com esse grupo totalmente mesclado e plenamente falível, de discípulos, Jesus estabelece o padrão para a Igreja Cristã que seria fundada no dia de pentecostes. "Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as cousas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus" (1Co 1:26-29). Este conceito peculiar de discipulado, introduzido por Jesus, inclui todos aqueles que ouviram o chamado de Jesus e se decidiram segui-lo como salvador e Senhor. Nós não podemos fugir desse padrão de discipulado. O chamado para obedecer, para servir, para viver um estilo de vida simples, para sofrer e, se for necessário, morrer, é comum a todos os que seguem a Jesus. Sobretudo, nós temos que comprometer nossas vidas sem reservas a Ele e uns aos outros como membros do corpo de Cristo. A igreja não é um clube ao qual pertencemos e que supre as nossas necessidades, não! A igreja é um corpo, uma 90 Não os únicos, mas unicamente discípulos. casa espiritual, uma família, um exército - estas são palavras que retratam a igreja em nossas mentes e corações e que nos estimulam a aceitar o desafio do chamado de Cristo, e que nos encorajam a assumir nossa responsabilidade, a qual não podemos evitar, se nós realmente queremos ser discípulos. Não é uma questão simplesmente de sentimento pessoal ou de escolha, mas é o fato de Jesus colocar sobre nós uma demanda tão séria. Nós não somos mais nossos. Nós fomos escolhidos por ele, chamados por ele, comprados por Ele; portanto nós agora pertencemos a Ele, e por conseqüência disso, nós pertencemos uns aos outros, contudo, seja fácil ou difícil confortável ou dolorosa, esta é a verdade. Se o custo é alto, o propósito, privilégios e recompensas são infinitamente maiores. "Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um como nós o somos. Eu neles e Tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que Tu me enviaste, e os amaste como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo" (Jo 17:22-24). Chamados para um grande propósito Um propósito, uma grande causa, maior do que nossas vidas. O que marcou e continua marcando a vida de homens e mulheres que fazem história, é a forte convicção de sua identidade e destino. São pessoas que possuem a convicção de que não vivem somente para si mesmas, nem somente para este plano terreno, mas acima de tudo, crêem que suas vidas serão perpetuadas por toda a eternidade. Essas pessoas 91 O DNA do Grão de Mostarda viviam para um propósito maior do que elas mesmas. E para nós, cristãos, a nossa grande causa, maior que nossas próprias vidas, é o próprio Senhor Jesus Cristo: Nós fomos chamados para um grande propósito. E o que é propósito? É a intenção original na mente do criador que o motiva a fazer alguma coisa. O Senhor quer que saibamos o motivo, o significado de nossa vida aqui. O porquê e para que existimos. O propósito de Deus é a razão única e singular da nossa existência. Nós não somos obra do acaso, nem um acidente. Deus intencionalmente nos criou, motivado pelo seu profundo amor, e Ele tem algo especial para cada um de nós. Deus tem uma grande causa, que deve nos motivar a entregarmos as nossas próprias vidas por ela. Fomos chamados para fazer algo relevante, algo do valor para toda a eternidade. E o que pode agradar mais ao coração de Deus, e ser de valor por toda eternidade? Penso que os versículos, abaixo, respondem essa pergunta: Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR; E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição (Ml 4:5-6). Nosso propósito é fazer discípulos em todas as nações, é levar os pais a amarem seus filhos, é levar os filhos a amarem seus pais, é converter o coração do marido à mulher e desta ao marido, é “restaurar os tempos roubados pelo devorador”, é ministrar princípios bíblicos que transformem as casas em lares espirituais, desviando a maldição, e trazendo a bênção de Deus para a terra. E Deus conta com cada um de nós para operar essa grande transformação. Então: Toda a terra se encherá da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar. 92 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Revitalização Missional Daniel Rincon Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer (Jo 17.4). Ao final de Sua vida, Jesus fez essa oração. Seu Pai o enviara, dentro do tempo e espaço, para que cumprisse objetivos específicos. Ele sabia quais eram esses objetivos e os cumpriu. O trabalho de alcançar o mundo inteiro não foi concluído na sua morte, mas Jesus entendeu que não tinha sido enviado para fazer tudo. Uma grande parte da missão iria ser completada pela Igreja que Ele estava deixando na Terra. Mas, para aquele momento, a tarefa específica que devia desempenhar como Filho e Messias estava concluída. Muitas vezes, nós mesmos nem sabemos qual é a nossa tarefa como servos do Senhor. Se algo precisa ser feito, então, deve ser nossa responsabilidade fazê-lo! No entanto, Jesus não achava que tudo era Sua responsabilidade. Ele sabia exatamente o que o Pai lhe incumbira de fazer e sabia quando seu trabalho tinha sido concluído. Com esse exemplo de Jesus, podemos aprender muito para nossas próprias vidas e chamados. Você sabe o que Deus lhe chamou para fazer no Reino, como parte do corpo e especificamente como servo dEle? Para podermos desempenhar bem nossa função no Reino temos de conhecer bem a nossa missão. É quase impossível conseguir fazer bem aquilo que não se entende. Se a Igreja deve fazer aquilo que Jesus nos deixou para fazer, devemos saber qual é esse trabalho e como ele deve ficar depois de concluído. 93 O DNA do Grão de Mostarda Chama-nos atenção também nessa passagem é que o Pai foi glorificado pela obediência do Filho no cumprimento de Sua tarefa. Deus não está olhando só para o passado e presente, mas também, para a linha de chegada. Ele me desafia a, não somente começar bem, mas a terminar bem. Somente então Ele será glorificado na minha vida e por meio do meu trabalho. Essas duas situações são sérios desafios que devem estar sendo constantemente levados em oração. Você está fazendo aquilo que Deus o chamou para fazer? Você vai conseguir cumprir sua tarefa? Além da lição pessoal, também podemos fazer essas perguntas como Igreja e Ministério. Qual é o nosso trabalho, enquanto corpo, como Igreja e ministério? Como sabemos se cumprimos o trabalho? Como podemos avaliar e medir a obediência dessa geração como Corpo de Cristo? Revitalização da Missão pessoal - realizando nossa função de testemunha Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8). Precisamos entender corretamente o que é ser uma testemunha de Cristo. De alguma forma, talvez pela ênfase das igrejas nesta direção, associamos o verbo “testemunhar” a “pregar” ou “evangelizar”. Existe uma diferença entre evangelizar e testemunhar. Evangelizar significa anunciar as boas novas de João 3:16. Testemunhar significa narrar algo que se presenciou ou algo que aconteceu conosco. O significado original de testemunha é mártir, e isso em face aos riscos que os cristãos corriam diante da perseguição. 94 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Observamos então que qualquer um pode pregar o Evangelho (Fp 1.15), mas só pode testemunhar aquele que foi alcançado por este Evangelho. Mesmo aqueles que pregam sem obedecer, estão evangelizando, contudo só quem obedece pode, de fato, testemunhar. Por isso entendemos que nem sempre quem evangeliza está testemunhando e que alguns evangelizam com e em testemunho. O testemunho dá mais vida e realidade à evangelização. A evangelização, por sua vez, completa o testemunho, levando a pessoa a experimentar a ação de Cristo em sua própria vida. Razão pela qual o resultado do testemunho dos apóstolos, logo após o pentecostes, levou muitas pessoas a serem evangelizadas. Eles aproveitavam muito bem suas oportunidades que tiveram de testemunhar para proclamar a palavra de Deus. Por isso, testemunhar não é pregar nem tampouco evangelizar. Quando os líderes religiosos do judaísmo tentaram proibir os apóstolos de falarem de Jesus, a resposta dada por eles mostra que eles entendiam muito bem o significado de ser uma testemunha de Cristo: Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos (At 4:20). Para eles não se tratava simplesmente de pregar, mas sim de contar tudo o que viram e ouviram. Quem testemunha, é como um cliente satisfeito, e não há método melhor de se “vender” algo do que a divulgação “boca a boca” dos satisfeitos. É isto que uma testemunha faz! Testemunhar é como acontece em um tribunal, lá não se espera que a testemunha debata o caso. Nem tampouco que ela comprove a verdade; ou insista em determinado veredicto. Esse é o trabalho dos advogados. A testemunha simplesmente conta o que lhe aconteceu ou o que viu, e deixa a conclusão. 95 O DNA do Grão de Mostarda Em um tribunal ninguém tem autoridade para testemunhar com base no que outros viram, e sim naquilo que ele próprio viu. Isto é testemunhar. Jesus não considerou seus discípulos aptos a testemunhar somente pelo fato de o terem visto ressuscitado. Isto tinha muito peso, mas não bastava. Se para ser testemunha de Cristo fosse só quem O viu ressuscitado, então a maioria dos crentes jamais poderia cumprir este papel. O apóstolo Pedro declarou: Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem (At 5.32). Quando Paulo recebeu a comissão de ser uma testemunha de Cristo, foi colocado debaixo do mesmo encargo de falar daquilo que veria e ouviria: Porque terás de ser sua testemunha diante de todos os homens, das coisas que tens visto e ouvido (At 22.15). Testemunhar é falar do que vimos e ouvimos, por isto, o que mais precisamos é que o Espírito Santo nos leve a provar o poder de Jesus Cristo em nossa vida. Por essas questões, será que temos uma função como testemunhas de Cristo? Testemunhando o que Provamos Para que o testemunho seja eficaz, primeiramente é preciso buscar a ação do poder de Deus em nós. Depois temos que entender o quanto é importante repartir isto com outros. Quando Jesus libertou o endemoninhado gadareno, aquele homem quis acompanhá-lo em suas viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra proposta: Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti. Então, ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera; e todos se admiravam (Mc 5:19-20). 96 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Sobre qual assunto este homem deveria conversar com as pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo havia feito na sua vida e com isto comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada um dos homens. Quando falamos daquilo que evidenciamos, o impacto é muito maior nos que nos ouvem. O mesmo se deu com aquela mulher samaritana que Jesus encontrou junto ao poço de Jacó. Quanto à mulher, deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens: Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?! Saíram, pois, da cidade e vieram ter com ele (Jo 4:28-30). Veja o resultado do testemunho dela: Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, em virtude do testemunho da mulher, que anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito (Jo 4:39). No início, as pessoas foram atrás de Jesus por causa da experiência dela; mas depois disso começaram a ter suas próprias experiências: Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias. Muitos outros creram nele, por causa da sua palavra, e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo (Jo 4.40-42). Que maravilha! O testemunho daquela mulher permitiu que outras pessoas conhecessem a Jesus. Primeiro provamos o poder de Deus e temos nossas experiências, depois as contamos. E quando testemunhamos o que provamos, Deus age na vida daqueles que nos ouvem. O livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos apóstolos: Com grande poder, os apóstolos 97 O DNA do Grão de Mostarda davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça (At 4.33). Muitos cristãos têm tentado ser testemunha de coisas que não viveram, mas o padrão de Deus é que o processo se estabeleça primeiro na sua vida. Se entregue totalmente ao Senhor, deixe-O agir na sua vida de forma plena, aprenda a reconhecer o quanto Deus está disposto a te fazer testemunha dEle. Receba o Espírito Santo e será uma testemunha de Cristo e do Seu poder aonde quer que você vá. Foi exatamente assim que se deu com os apóstolos: Dando Deus testemunho juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuições do Espírito Santo, segundo a sua vontade (Hb 2.4). Creio que já é hora da Igreja romper em sinais e milagres. Mas primeiro precisamos levar os cristãos a entenderem a importância de cada um. Experimentar o poder de Deus na sua própria vida, para depois rompermos numa demonstração maior do poder de Deus. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder (1Co 2.4). As Escrituras Sagradas na Revitalização Missional Nos últimos momentos de sua vida na Terra, Jesus deu instruções aos seus discípulos. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século (Mt 28.18-20). E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura (Mc 16.15). 98 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Então, lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém (Lc 24.45-47). Muitos têm concentrado esses objetivos a dois simples mandamentos que dizem que Jesus nos chamou para "alcançar cada criatura e discipular as nações." Isso se encaixa exatamente no que parece ser o enfoque de Deus por toda a Bíblia para a existência humana. Há uma continuidade de Adão até Jesus Cristo, uma espinha dorsal do propósito da nossa existência. Para Adão e Eva, homem e mulher, Deus usa as seguintes palavras: E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra (Gn 1.28). Para Abraão e sua descendência, várias vezes, Deus disse: Que deveras te abençoarei e certamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar; a tua descendência possuirá a cidade dos seus inimigos, nela serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz (Gn 22.17-18). Parece claro que essa ênfase na multiplicação e na benção, ou seja, na quantidade e na qualidade, está nos planos e propósitos de Deus para o homem, desde a sua criação. Estamos aqui para encher a Terra e também para zelar por ela. Essa definição do nosso propósito não desapareceu com a entrada do pecado no mundo. Ao contrário, ela continua, apesar do trabalho extra que agora o pecado nos dá. Podemos avaliar o trabalho da Igreja em duas dimensões: a amplitude de alcançar cada criatura e a profundidade de abençoar e discipular todas as nações (pessoas). Nosso 99 O DNA do Grão de Mostarda trabalho é tanto quantitativo, como qualitativo. Nos dois últimos séculos, temos compreendido muito bem o nosso trabalho quantitativo. A Tarefa Quantitativa: alcançando cada criatura Essa tarefa quantitativa da Igreja pode ser medida, mapeada e representada graficamente. O século XX foi provavelmente o mais animador na história da Igreja com relação à estratégia de alcance e ao mapeamento global dos povos não alcançados. Atualmente, temos uma quantidade impressionante de informações que nos ajudam a avaliar o nosso trabalho de evangelização. Nos últimos trinta e cinco anos, organizações inteiras foram criadas com o compromisso exclusivo de acompanhar e documentar como a nossa geração está se saindo no cumprimento dessa nossa tarefa de alcançar todas as pessoas da Terra com o Evangelho. Sabe-se ainda que, hoje, há aproximadamente mai de sete bilhões de pessoas vivendo no nosso planeta, como também, que mais de 90% daqueles que nunca ouviram sobre o Evangelho vivem no que nós, em missões, chamamos de "janela 10/40". Essa "janela" se localiza entre as latitudes 10 e 40 graus, indo do Oeste africano até atravessar todo o continente asiático. Dentro dessa "janela," vivem a maioria dos Muçulmanos, Budistas, Hinduístas e Confucionistas. Sabemos que, menos de 5% dos missionários cristãos do mundo todo trabalham dentro da janela 10/40 e que os 95% restantes trabalham onde menos de 10% da população nunca sequer ouviu falar de Jesus Cristo. Isso nos deixa com uma visão clara sobre onde devemos concentrar nossas energias e sobre se queremos completar a tarefa de alcançar cada criatura na nossa geração. 100 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Além do conhecimento a respeito da população e dos desafios geográficos da nossa tarefa, nós sabemos que, atualmente, por volta de onze mil povos do mundo ainda não têm o Evangelho. Sabemos quais desses grupos estão na mira dos ministérios de tradução e quanto tempo eles levarão pra cumprir o trabalho. Programas de computador, tradução e de mapeamento, têm feito desse planejamento estratégico uma área de pesquisa fascinante, que proporciona ferramentas significativas aos obreiros no campo. Isso tudo nos ajuda na avaliação do trabalho da Igreja e no planejamento necessário para cumpri-lo. Podemos comparar a tarefa atual de alcançar cada criatura com o trabalho da primeira geração da Igreja. Sabemos que, nos dias de Paulo, existia aproximadamente uma igreja para cada quatrocentos ou mais povos que necessitavam ser alcançados. Hoje, existem mais de quatrocentas igrejas para cada tribo não alcançada. Na primeira geração da Igreja, havia um cristão para cada sete não alcançados. Hoje, existem sete cristãos para cada pessoa que nunca ouviu o Evangelho. Mais pessoas vivem hoje em dia no planeta que em toda a História, porém, existem mais cristãos e mais igrejas tentando alcançá-las atualmente que em qualquer outro momento na História da humanidade. A tarefa quantitativa de "alcançar cada criatura" dessa geração está em pleno avanço. Podemos ficar orgulhosos com o compromisso da Igreja nessa obra e é claro que o trabalho deve continuar e crescer. Se nós queremos ver Deus glorificado na nossa geração, o nosso trabalho é concluir a tarefa. Mas, e quanto a ensinar, abençoar e discipular todas as nações? Estamos trabalhando nisso? O que significa essa outra tarefa? 101 O DNA do Grão de Mostarda A Tarefa Qualitativa: discipulando todas as nações No final da sua vida, Jesus, além de dizer aos discípulos para alcançar cada criatura, também reenfatizou a segunda incumbência. Ele lhes pede para fazer discípulos em todas as nações. O destino de Deus para a humanidade, para Israel, para as nações e finalmente para a Igreja, nunca teve a ver somente com a quantidade. Ele se preocupava com a nossa qualidade de vida. Se alcançar indivíduos é a tarefa quantitativa, discipulá-los, bem como, discipular suas comunidades é o trabalho qualitativo de ensinar e aplicar as verdades bíblicas para o nosso crescimento e para a nossa maturidade. O pesquisador cristão George Barna diz que, nos Estados Unidos, não existe diferença significativa entre o comportamento das pessoas que se dizem "nascidas de novo", e as que não são. Creio que no Brasil não seja muito diferente. Não é o suficiente alcançar os não alcançados. Não é o suficiente implantar igrejas nos lugares onde não há igrejas. Nós temos também de ensinar as pessoas a viver a palavra de Deus. Por isso, salvar almas e implantar igrejas é só o começo. O caráter dessas pessoas, a qualidade dessas igrejas e o impacto da vida dos seus membros em suas comunidades é o reflexo da qualidade de nosso trabalho para Jesus. No atual momento, estamos mal neste aspecto. Que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.15-17). A palavra de Deus tem de estar impressa nas nossas mentes e nossos corações. A todo o momento temos que utilizá-la. No 102 Não os únicos, mas unicamente discípulos. nosso dia-a-dia (família, trabalho, escola, passeios, festas, transito, igreja) temos de manifestar o conhecimento de Cristo. A palavra de Deus nos ensina a verdade, condena os erros, corrige as faltas e nos ensina a maneira certa de viver. Como é valioso este entendimento. Tanto o de aprender sobre praticar os princípios da palavra de Deus, como o da missão de ensiná-la. Ensinar a palavra de Deus é a ação de integrar um novo convertido dentro dos princípios e valores espirituais, morais e éticos, os quais constroem a identidade cristã perante o mundo. Sendo esses valores que servirão de base para sua conduta social e espiritual. Tal aperfeiçoamento contribuirá para agir segundo essa identidade, orientando suas atitudes e ações no mundo que jaz no maligno; tornando-o apto para o trabalho do reino de Deus. O ensinamento das Sagradas Escrituras deve ser um ato contínuo na Igreja para que haja a maturidade e crescimento espiritual, e o aperfeiçoamento dos santos. O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo (Cl 1.28). O cristão realiza sua função de testemunha, simplesmente contando o que Cristo tem mudado e realizado em sua vida. Através deste testemunho evangelístico novas pessoas são conduzidas a Cristo, pela ação do Espírito Santo, no coração das pessoas e através de sinais, prodígios e milagres. Surge, então, a necessidade de batizar esses novos convertidos, dando a eles a oportunidade de testemunhar publicamente a sua decisão de servir a Cristo e lhes dando uma identidade espiritual – filho de Deus. Após isto, se inicia o ensinamento dos valores bíblicos, tanto do conhecimento das escrituras sagradas quanto do viver em Cristo. 103 O DNA do Grão de Mostarda “Em Cristo,” aspecto corporativo da Revitalização Missional Embora tenhamos sido chamados para testemunhar, e isso fala da nossa função como indivíduos, Paulo usa frequentemente, a metáfora “em Cristo,” a qual nos remete para o aspecto corporativo. “Em Cristo” descreve o lugar onde a nova vida começa e se desenvolve. “Em Cristo” identifica as pessoas que abraçaram essa nova vida e foram incluídas na igreja, a nova comunidade de Cristo, e afirma a unidade desses novos cristãos, pois “não há judeu nem grego, escravo ou livre, homem ou mulher; pois todos somos um em Cristo” (Gálatas 2:4). Esses irmãos e irmãs tem “em Cristo” uma igualdade fundada no amor e na graça de Deus. Antes eles eram sujeitos ao pecado, agora foram reconciliados com Deus, pela graça através da fé, e devem eles mesmos cooperar com Deus nesse ministério da reconciliação (2Co 5.19-20). Missão Local A mutualidade é esperada daqueles que estão “em Cristo.” Eles devem edificar uns aos outros, devem consolar uns aos outros, encorajar uns aos outros, amar uns aos outros. Onde há diferenças de necessidades, há também a expectativa de que aqueles que possuem mais possam compartilhar com aqueles que têm menos (At 2.42-47). Como instrui Paulo, “enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10). A preocupação em suprir os irmãos e irmãs em necessidades pode ser vista na carta aos Romanos, onde Paulo fala daqueles que resolvem compartilhar seus bens materiais com os pobres de Jerusalém: Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia levantar uma oferta fraternal para os pobres dentre 104 Não os únicos, mas unicamente discípulos. os santos que estão em Jerusalém. Isto pois lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes das bênçãos espirituais dos judeus, devem também servir a estes com os materiais (15.26-27). Missão Global “Em Cristo” nós também devemos demonstrar reciprocidade e mutualidade ao ajudar no trabalho em lugares distintos de onde nos encontramos. Exemplo dessa atitude encontramos na igreja de Filipos, que ajudou Paulo em suas necessidades, a fim de que o Evangelho alcançasse outros lugares. Como cristãos, somos chamados a cuidar uns dos outros, perto ou longe. Temos exemplos recentes de irmãos e irmãs que fazem contribuições generosas para outras localidades. O nosso Ministério – Grão de Mostarda, em suas contribuições para os irmãos em Memba – Moçambique, e no Haiti, também são exemplos de mutualidade e ministração aos necessitados, que não estão tão perto de nós assim. Estar “em Cristo” abre-nos a possibilidade de fazer parte com Deus do seu trabalho nesse mundo. O evangelho é o poder de Deus que se concretizou em Cristo, e nós recebemos desse poder, fomos transformados, e agora fazemos parte com Deus desse trabalho. Fazemos parte com Deus do ministério de reconciliação dos seres humanos com ele mesmo, e uns com os outros (2Co 5.18-19). Nós participamos da obra dele, por estarmos em Cristo; essa solidariedade com Cristo é expressa quando nós como igreja fazemos o que Cristo pensa e quer. 105 O DNA do Grão de Mostarda Conclusão Assim como Jesus cumpriu o seu ministério, cada um de nós fomos chamados, individualmente para sermos suas testemunhas, encarnando sua pessoa e consequentemente sua missão, e corporativamente, como igreja e ministério, somos chamados a alcançar todas as criaturas, perto e longe. O Ministério Grão de Mostarda tem desenvolvido um trabalho de testemunhar perto e longe. Em nossa missão, temos diante de nós, uma porta aberta tanto em Moçambique como no Haiti, países que já temos servido, mas que sem dúvida, precisam de nosso engajamento, oração, contribuições financeiras e viagens missionárias. Essa é a nossa hora de avançar e ampliar as fronteiras para a glória de Deus, o Pai. 106 Valores Fundamentais Não os únicos, mas unicamente discípulos. Componentes de um bom planejamento estratégico “Um líder precisa ser grande o suficiente para reconhecer erros; precisa ser forte o suficiente para corrigir os erros; precisa ser sábio o suficiente para tirar proveitos dos erros” (John C. Maxwell). O que não pode faltar: Valores fundamentais. Em que cremos – Fé, nosso firme fundamento Rogério Mendes Teixeira Se hoje estamos reunidos em torno de temas de tamanha relevância, isso teve um início. Chegamos aqui pela fé. Nós cremos no Evangelho, quando a fé foi gerada em nossos corações pelo Espírito Santo. A caminhada cristã se inicia com a fé. Em Efésios 2:10 Paulo nos diz que “Pela graça somos salvos, por meio da fé, e isso não procede de nós, é dom de Deus”, e aos Romanos ele escreve que “Sendo pois justificados pela fé temos paz com Deus”. O escritor aos Hebreus nos diz que “Sem fé é impossível agradar a Deus”, pois aquele que dele se aproxima, precisa crer em sua existência. A fé é, portanto, a condição para mantermos um relacionamento com Deus. A fé consiste no exercício de nos entregar aos cuidados de Deus, a fim de que sejamos transformados a semelhança de Cristo. É uma atitude de aceitação das realidades espirituais. Ela nos fala de uma dimensão eterna, espiritual, convencendo-nos dessa realidade. Através de relacionamentos mais significantes como os relacionamentos de confiança e de lealdade que a fé acontece. Em fé nós confiamos e somos leais. Estamos relacionados em 109 O DNA do Grão de Mostarda confiança e lealdade não somente a pessoas e grupos, como também a “centros de valores e poder”. O nosso relacionamento com Deus e com sua igreja se dá pela fé. Através dessa relação o nosso mundo é formado, recebe significado, tanto dentro como fora de cada um de nós. Os limites humanos são ampliados por meio da fé, que nos dá uma visão adequada, revelando-nos o propósito da nossa existência, encorajando-nos a viver alegremente em momentos de grandes dificuldades. A fé exercida através das orações abre caminhos de graça, misericórdia e infinitas bênçãos das riquezas infindáveis do nosso Deus e Pai. A fé cristã está firmada em uma revelação, a isso chamamos de aspecto objetivo da fé, é a oferta da graça de Deus ao homem. No evangelho se revela a justiça de Deus que deve ser recebida pela fé (Rm 1.16,17). Temos também outro aspecto da fé, o qual chamamos de subjetivo, é a resposta do homem à verdade divina, é uma atividade humana em resposta ao evangelho de Jesus Cristo, e corresponde ao desenvolvimento do nosso estilo de vida, é um dos lados do fruto do Espírito, nos capacitando a viver em santidade, em fidelidade a Deus e aos seus princípios, sendo desenhado e construído a partir do que objetivamente, nós declaramos crer. É através dessa fé que nos apropriamos da verdade divina, compreendemos o amor de Deus e desfrutamos de um relacionamento de intimidade e comunhão com Ele e uns com os outros. Desde o novo nascimento até a glorificação do crente, a sua vida deve ser pela fé. “O meu justo viverá pela fé”, e isso é uma atividade do Espírito Santo na vida do homem, que por meio da pregação, pois “a fé vem pelo ouvir e o ouvir a palavra de Deus”, vai convencendo-o da necessidade de um relacionamento com Deus. 110 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Entendemos também que é pela fé que se obtém resultado significativo no ministério. O labor e o trabalho cristão ficam sem sentido e sem vigor se não forem executados através da fé. Tudo o que somos e o que fazemos, deve ter como motivação a nossa fé. A natureza da Fé De acordo com o dicionário, fé é uma firme convicção de que algo seja verdade, sem nenhuma prova, pela absoluta confiança que se deposita neste algo ou alguém. A palavra fé veio da palavra grega pístis, que transmite a idéia de confiança, fidúcia, firme persuasão. A fé se relaciona de maneira unilateral com os verbos acreditar, confiar, ou seja, se alguém tem fé em algo, então acredita, confia nisso. Pode-se considerar que ter fé é nutrir um sentimento de afeição pelo que acredita e confia. Na Bíblia, a fé é definida como confiança plena, expressando segurança, convicção, fidelidade. A verdadeira fé é alcançada quando sabemos no que cremos, o porquê cremos, e nos entregamos completamente ao objeto da nossa fé. Quando a verdadeira fé existe, ela permanece como forte base para a esperança, e nos garante que vivendo assim, seremos agradáveis a Deus (Hb 11.1,6). Os tipos de fé encontrados no Novo Testamento Nas páginas do Novo Testamento, podemos encontrar sentidos diferentes conferidos a palavra “fé”. Nesse estudo, trataremos de três desses sentidos: A fé Carismática, A fé Objetiva e a Fé subjetiva. 111 O DNA do Grão de Mostarda Fé, um dom carismático para grandes realizações "E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé..." (1Co 12:9). Na primeira carta aos Coríntios, Paulo fala que a uns é dado o dom da fé. E mesmo Jesus, declarou que se alguém “tivesse fé do tamanho de um grão de mostarda, poderia ordenar ao monte e lançá-lo ao mar”, ou seja, poderia fazer coisas extraordinárias. Esse é o dom da fé, que entendemos como sendo um dom especial para alcançar grandes realizações no reino de Deus, é a capacidade especial dada por Deus a alguns membros do Corpo de Cristo, habilitando-os a discernir com grande confiança a vontade de Deus para o desenvolvimento do trabalho futuro. O dom da fé carismática nos move a uma profunda convicção e confiança íntima de que Deus realizará aquilo pelo qual oramos, mesmo que as circunstâncias sejam contrárias. Enquanto todos os cristãos devem possuir fé e confiar em Jesus em todas as questões e situações da vida, Deus dá a alguns, pelo “mesmo Espírito”, o dom especial da fé, “a fé que remove montanhas”. Esse dom da fé nos leva a crer incondicionalmente no poder de Deus, crer e confiar que o Senhor agirá em favor do seu povo, aqui e agora. Em João 11:40, Jesus declara para Maria: “Se creres, verás a glória de Deus”. Essa fé tem levado homens e mulheres a mudar o rumo da história, realizando grandes feitos para Deus. João Comênio, um exemplo No período da Reforma (1500/1600) havia entre 150 a 200 mil membros em quatrocentas igrejas por toda a Europa Central. Mas, no levante das guerras no início do século XVII, por volta de 1618, a Boêmia e a Morávia (República Checa) foram dominadas por um rei católico romano, o qual 112 Não os únicos, mas unicamente discípulos. desencadeou uma terrível perseguição contra os ”Irmãos morávios”, grupo de cristãos autênticos e zelosos. Nesse período, havia na Boêmia um pastor e professor da “UnitasFratum”, chamado João Comênio. Ele se tornou líder do Grupo dos Irmãos na Boêmia, e com a perseguição tiveram que fugir do país. Peregrinaram durante sete anos, nos quais João Comênio ia ministrando aos “Irmãos”. Antes de deixar sua terra amada, Comênio pára e conduz o grupo em oração: “Senhor preserve uma ‘semente oculta’ em seu povo, uma que possa crescer e dar frutos mais tarde”. Comênio nunca mais viu sua terra natal. Por quase cem anos a igreja dos Irmãos procurava fugir da perseguição, “parece que o mundo não tinha lugar eles”. Comunidade de Herrnhut - resposta à oração de Comênio Os irmãos Morávios continuaram fugindo da perseguição e cruzaram a fronteira da Alemanha. Em torno de 1720, eles ouviram falar de um lugar conhecido como Herrnhut, uma pequena faixa de terra na propriedade de um conde chamado Zinzendorf, um homem de família rica e tradição luterana, que já tinha em seu coração o desejo de estabelecer naquele local uma comunidade cristã. Quando foi procurado pelos “Irmãos Morávios”, Zinzendrofos os recebeu de bom grado. A afinidade entre eles foi crescendo, e em determinado momento, o conde sentiu necessidade de deixar a sua Mansão Senhorial para morar com a comunidade, quando passou a visitar e ministrar aos seus membros. Aquela comunidade tornou-se unida, e de cerca de 80 moravianos inicialmente, rapidamente cresceu para aproximadamente trezentos. Eles mantinham oravam e estudavam a bíblica com constância e regularidade. Após alguns meses de intensa busca, entusiasmo e fervor espiritual, 113 O DNA do Grão de Mostarda em um culto de confirmação de duas meninas, após a bênção final, a igreja foi tomada por grande emoção. Alguns choravam, outros cantavam, muitos oravam fervorosamente, entenderam que não era outra coisa, senão a manifestação poderosa do Espírito Santo de Deus. A partir daquele dia, eles formaram um “corpo” em Herrnhut. Além disso, procuraram fazer contatos com outros “Irmãos” espalhados pela Europa, formando urna poderosa rede de cristãos clandestinos. Desenvolveram um sistema de discipulado e de correspondência. Muitos líderes eram treinados para visitar outros grupos e compartilhar com eles o que estavam vivendo em Herrnhut, além do envio de centenas de missionários por toda a parte do mundo. O movimento moraviano, através das missões tornou-se o maior movimento de transformaçâo e evangelizaçâo do mundo depois da igreja primitiva. A “semente oculta” pela qual João Comênio orou, surgiu e produziu muito fruto. Essa história ilustra a visão de um homem de fé. E como essa, nós temos tanto na história bíblica como na história eclesiástica, diversos testemunhos que expressam o dom carismático da fé. Em que cremos – A Fé objetiva A fé objetiva é outro tipo de fé encontrada no Novo Testamento. Essa fé refere-se ao conjunto dos ensinos transmitidos por Jesus Cristo e seus discípulos, constituindo-se na “fé cristã”. Ela tem toda a Escritura como a Palavra de Deus. Essa fé nos remete às verdades reveladas por Deus, através das Escrituras, de Jesus Cristo e do Espírito Santo. Nós cremos não só pela veracidade dessas verdades, mas pela confiança que depositamos n’Aquele que as proclamou. Jesus 114 Não os únicos, mas unicamente discípulos. torna-se o centro de nossa vida sem precisarmos tê-lo visto corporalmente, mas sentimo-lo e O vemos com o coração. Esta fé apresenta Jesus Cristo como o enviado do Pai, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, o Espírito Santo que edifica a Igreja de Cristo e a santifica. Essa fé é necessária para a salvação. Ela vem em conseqüência do Batismo, da pregação do evangelho de Jesus Cristo, do testemunho e da comunhão entre a igreja. Essa fé nos protege, pois estamos vivendo tempos nos quais os homens “...não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos, e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas” (2 Tm 4.3-4). Vejamos alguns aspectos da fé objetiva, que deve fazer parte da nossa declaração de fé. Nós cremos em Deus, o Pai, Criador Podemos afirmar e declarar a nossa fé em Deus, o Pai, criador do universo. O Deus que se revela se comunica e se faz conhecido ao homem. Essa revelação pode ser percebida pelas coisas criadas: “Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento as obras das suas mãos.” (Sl 19.1); “...Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria Divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas...” (Rm 1.19,20). Pode ser compreendida também pelas Escrituras Sagradas e pelo próprio Filho: 115 O DNA do Grão de Mostarda “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho...” (Hb 1.1,2). Embora não possamos conhecer Deus plenamente, sabemos que podemos conhecê-lo de modo verdadeiro. Esse Deus em quem cremos é revelado nas Escrituras como um Deus verdadeiro, cuja essência é o amor, esse amor que podemos conhecer e experimentar em nossa vida. Podemos também conhecer os seus caminhos e até mesmo os seus pensamentos, e como Davi, considerá-los preciosos: E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles! (Sl 139.17). Deus pode ser conhecido, pessoalmente. Ele não é Aquele, como diz a filosofia deista, criou o mundo e deu “corda” como se faz com um relógio, e a partir daí, passou a assistir a tudo de longe. O Deus em quem cremos é Pessoal, tem um Nome, Ele é Santo, e também é um Deus que mesmo “habitando a eternidade” interage com a sua criação, tornando-se acessível, e demonstra que se importa com cada um de nós, pois “Ele também habita com o contrito e quebrantado de coração”. Estamos certos de que Ele preside todos os assuntos da vida, “Ele é o governador de toda a humanidade, Sua mão controla força e poder.” Pela fé, cremos que a atmosfera que nos rodeia está permeada pela providência e graça de Deus, tudo expressa a sua glória. Cremos que Ele está presente onde estivermos agindo em favor do cumprimento dos seus propósitos. Por isso podemos afirmar que Todas as coisas contribuem juntamente para aqueles que amam a Deus, aqueles que foram chamados pelo seu propósito (Rm 8.28). Cremos em um Deus real, pessoal, que anseia por relacionar-se com cada um dos seus filhos. 116 Não os únicos, mas unicamente discípulos. A experiência de Jó mostra que muitas vezes o nosso conhecimento está limitado a algumas informações que temos a respeito de Deus: “Antes eu te conhecia de ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem.” Mas, assim como Jó, pela fé podemos conhecer Deus de forma pessoal. Ter fé em Deus e conhecê-Lo pessoalmente deve ser a fonte da nossa alegria e da nossa noção de importância. Veja o que Jesus disse em sua oração: “Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti; assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17.1-3). Jeremias também faz uma declaração que deveria transformar a nossa mente: “Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR.” (Jr 9.23-24). Esse Deus em quem cremos e temos o privilégio de nos relacionar com Ele, se revelou de forma plena, através do seu Filho Jesus Cristo. Nosso credo é Jesus Cristo A centralidade de Jesus Cristo para a fé cristã A fé cristã, não é simplesmente um conjunto de doutrinas, Ela está baseada e firmada em uma Pessoa. Por isso nós devemos afirmar que confiamos em Jesus Cristo, Ele é o nosso Credo. 117 O DNA do Grão de Mostarda Cremos em tudo o que as Escrituras afirmam a respeito dele. E podemos dizer como Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mateus 16:14-16). Paulo descreve quem é Jesus, o Cristo: sua primazia, sua relevância, sua participação na criação, sua suficiência, seu poder, sua humilhação e exaltação. “JESUS CRISTO é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus (Cl 1.15-20). E continua: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai” (Fp 2.5-11). 118 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Como não nos prostrarmos diante dessa revelação? Como não declararmos a nossa fé, numa Pessoa tão proeminente, como Jesus? Em Jesus nós podemos confiar. Nós cremos também no que João falou a respeito dele, que Ele é o Verbo feito carne, é o próprio Deus que “fez seu tabernáculo” conosco, que andou entre nós, que pode ser tocado, observado, contemplado fisicamente. Temos a convicção de que Jesus de Nazaré é Deus feito homem. Deus, Filho, a segunda pessoa da trindade, tomou a forma humana sem perder a divindade. Cremos que Jesus é Homem-Deus e Deus-Homem. “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida (porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada); o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1:1-4). Para nós a profecia de Isaías a respeito do nascimento de Jesus, cumpriu-se literalmente, como registrado por Mateus: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco.” Temos a sua vida como exemplo e os seus ensinos como os mais profundos e adequados para vivermos uma vida plena. Quando olhamos para a cruz, podemos ter a certeza de que cada ferida de Jesus é remédio para a nossa alma, “ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.” Sua morte 119 O DNA do Grão de Mostarda na cruz do calvário foi um ato de pleno amor por nós, a fim de que pudéssemos receber o perdão de Deus. A sua obra foi completa. Ele mesmo afirmou isso: “Está consumado.” A cruz que parecia ser o fim, foi o palco da demonstração do grande amor de Deus pela humanidade. E Jesus, não somente morreu, mas após três dias, deixou o túmulo vazio, Ele ressuscitou. O nosso Salvador é um Deus que vive, portanto, Ele é real, e tem toda a capacidade para nos conceder a vida eterna. “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória” (1Tm 3.16). E um dia Ele voltará. Nós cremos que Jesus voltará para buscar a sua igreja, voltará para nos levar para junto dele, para que “...onde Ele estiver, estejamos nós também.” Para confirmar e ajudar aqueles que creram e ainda irão crer em seu nome, Jesus prometeu o Consolador. O Espírito da Verdade, o Consolador6 Assim como confiamos em Jesus, depositamos também nossa confiança no Espírito Santo, o Consolador prometido por Jesus, para habitar a vida dos crentes. Nós cremos que o Espírito Santo é Deus, cremos em sua Pessoa, e podemos receber suas influências em nossas vidas. Embora sendo uma pessoa, o Espírito Santo é, muitas vezes, descrito de formas impessoais, tais como: “O Sopro que preenche”; “O óleo que unge”; “O Fogo que queima e ilumina”; “A Água que dessedenta e refresca”; “O vento que sopra”. 6 Iran Bernardes da Costa, Apostila do VIII Encontro Nacional do Ministério Grão de Mostarda. 120 Não os únicos, mas unicamente discípulos. E como pessoa, o Espírito Santo exerce as funções próprias de uma personalidade :Ele é capaz de sondar os corações (Rm 9.27) e de assistir-nos em nossa fraqueza (Rm 9.26); Ele possui sentimentos (Ef 4.30); Exerce o ministério do ensino (João 14:26). O Espírito Santo Fala (Ap 2.7), revela (2Pe 1.21) e clama (GI 4.6). Uma das mais preciosas ministrações do Espírito Santo como pessoa é a sua atuação como Consolador. Esse é o título que o Espírito Santo recebe do próprio Senhor Jesus: Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado... Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir (Jo 16.712). Sabemos que seu poder é ilimitado, por isso devemos recorrer a Ele em todas as situações da vida, cremos na sua função de intercessor que “por nós intercede com gemidos inexprimíveis”. Cremos em seu testemunho e confirmação de que somos filhos de Deus, e sua presença, é consolo para a nossa alma. O Espírito Santo é o Espírito da verdade, e foi enviado por Jesus, para confirmar a verdade de Deus em nossas vidas, Ele mesmo nos ensinará e nos ajudará a entender e compreender a verdade da Palavra de Deus. Nós cremos na Palavra de Deus Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na 121 O DNA do Grão de Mostarda justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra (2Tm 3.16-17). A Palavra Escrita 7 Nós cremos que a Bíblia é o registro fiel e inerrante da Palavra de Deus. Nós valorizamos a Bíblia, nós cremos na Bíblia, nós aceitamos a Bíblia como a inspirada Palavra de Deus escrita. A Bíblia é a autoridade final em tudo o que se refere à fé e à prática cristãs. Ela é tão importante porque nela a suprema revelação de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, está fielmente gravada. “A mensagem de Deus ao mundo foi falada em sua forma plena e acabada através de uma pessoa e não através de um livro, e essa pessoa é Jesus Cristo (não um livro) e Ele mesmo é a Palavra de Deus. O livro, porém, é apenas um dos meios materiais de testemunho acerca de tal pessoa através de quem Deus revelou o conhecimento salvífico de si mesmo ao mundo e é através das páginas do livro que nosso contato com a pessoa de Jesus Cristo acontece” (Dr. Richardson, A Preface to Bible Study, 11). Precisamos dar ênfase na natureza histórica da revelação bíblica. A Bíblia é um livro indispensável porque ela é primeiramente um livro sobre Jesus e ela contém as primeiras evidências concernentes a Ele. A Bíblia contém todos os testemunhos históricos que existem acerca de Jesus Cristo. Outros livros, tais como As Confissões de Agustinho, ou O Peregrino, também contém o testemunho de Cristo, mas eles não são históricos. O testemunho desses livros, antes de tudo, é baseado no testemunho histórico da 7 Iran Bernardes da Costa, Ministério Saudável – Alicerçado nos valores éticos sacramentais” (Londrina-PR:Descoberta, 2012), p. 27. 122 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Bíblia, isto é, derivado dela. A Bíblia é o livro de testemunho histórico: o testemunho dos profetas de Israel acerca do Cristo que deveria vir, e o testemunho dos apóstolos e da comunidade apostólica do Novo Testamento acerca da verdade de que Jesus de Nazaré é o que fora anunciado pelos profetas. A Bíblia é o livro de testemunho histórico: É por isso que ela foi encerrada por volta de 100 D.C., quando a geração dos que conheceram o testemunho original estava morrendo e não poderia mais haver testemunho histórico algum. O Dr. Myron J. Taylor diz que: A Bíblia é, ao mesmo tempo, a Palavra de Deus e as palavras dos homens. Ela é um livro sacramental – através das palavras, A Palavra (logos) vem (Dr. Myron J. Taylor). E o Dr. Ladd, em comenta: Aqui talvez esteja o maior milagre da Bíblia: O fato de que, nas contingências e relatividades da História, Deus deu ao homem uma auto-revelação salvadora em Jesus Cristo de Nazaré, registrada e interpretada no Novo Testamento; e que no próprio Novo Testamento, que são as palavras dos homens escritas dentro de específicas situações históricas, e ainda sujeitas a teorias e hipóteses de investigações históricas e críticas, nós temos a salvadora, edificante, e segura Palavra de Deus (Ladd, The New Testament and Criticism, 218). E o escritor aos Hebreus mostra porque podemos crer e confiar plenamente na Palavra de Deus. Ela continua sendo relevante e eficaz em todos os aspectos da nossa vida: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas (Hb 4.12-13). 123 O DNA do Grão de Mostarda Nós cremos no poder da oração Mesmo vivendo em um mundo onde as pessoas excluíram Deus das suas vidas, nós ainda assim, cremos no poder da Oração, cremos na diferença que fazem as lágrimas derramadas aos pés da Cruz. Necessitamos adentrar o lugar secreto, pois ali, os nossos corações são expostos a Deus, e Deus nos comunica a sua vontade. A oração traz para a terra, as realidades e os tesouros dos céus. A oração nos leva à intimidade com Deus, através dela, Deus nos escuta e estende para nós as suas poderosas mãos. Jesus separou tempo para cultivar a sua vida de piedade, através da oração. Jesus valorizou e deu grande importância a oração. Diversos textos retratam isso. “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus e, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos” (Lc 6.12-13). ”E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras, tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte a orar. E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente” (Lc 9.28-29). “E, saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava” (Lc 22.39-41). A vida de Jesus foi permeada de oração, de fala com Deus, de diálogo com Deus. Jesus sabia que para viver nesse mundo, não há outro caminho que não seja através da oração, da conversa com seu Pai. Isso era tão evidente, que em 124 Não os únicos, mas unicamente discípulos. determinado momento da sua vida e ministério, seus discípulos pediram: Senhor, ensina-nos a orar. Podemos pedir a Deus para nos ensinar a orar, nos ensinar a compreender esse caminho deixado por Ele, que é a oração. Cremos que quando abrimos a nossa alma e o nosso coração de forma sincera e consciente diante de Deus, Ele nos ouve. “Seus ouvidos estão atentos e os seus braços estão estendidos”, oremos. Para nós a oração genuína é verdadeiro poder. A Fé - virtude, fruto do Espírito - Aspecto Subjetivo Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo, entrou em Cafarnaum. E o servo de um centurião, a quem este muito estimava, estava doente, quase à morte. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, pedindo-lhe que viesse curar o seu servo. Estes, chegando-se a Jesus, com instância lhe suplicaram, dizendo: Ele é digno de que lhe faças isto; porque é amigo do nosso povo, e ele mesmo nos edificou a sinagoga. Então, Jesus foi com eles. E, já perto da casa, o centurião enviou-lhe amigos para lhe dizer: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa. Por isso, eu mesmo não me julguei digno de ir ter contigo; porém manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Porque também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens, e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz. Ouvidas estas palavras, admirou-se Jesus dele e, voltando-se para o povo que o acompanhava, disse: Afirmo-vos que nem mesmo em Israel achei fé como esta (Lc 7.1-9). O texto acima fala de um homem, que mesmo não fazendo parte do então “povo de Deus”, possuía uma fé virtuosa. A fé como uma virtude, é gerada em nossos corações pelo Espírito, nos conduzindo a confiar plenamente em Deus, em suas palavras e na realização das suas promessas. Ela nos leva a 125 O DNA do Grão de Mostarda avançar, a ir além, conduzindo-nos ao descanso, pois sabemos que Deus “cuida da flor do campo, e dos passarinhos”, Ele sabe cuidar também, de cada um de nós. Essa fé nos faz descansar na soberania e na providência divina (Mt 6.25). Essa fé alimenta a vida cristã, aprofunda a esperança e leva o homem a viver e agir em amor. Seu firme fundamento é a Palavra de Deus, os sacramentos, a vida de oração e a vida comunitária; ela é um grande suporte para que nós possamos viver e vencer nesse mundo. Ela nos ajuda a crer nas realidades espirituais, que não estão à nossa vista “...pois não andamos por vista, mas por fé”, mas que são reais. Ela também nos ajuda a experimentar a viva e graciosa presença de Deus em nossa vida, independente das circunstâncias. Por essa fé, nos entregamos plenamente à bondade divina, obedecemos e praticamos a Palavra de Deus, vivemos em estilo de vida segundo a mente de Cristo. Os mandamentos de Deus são interiorizados em nossos corações, seus ensinamentos são desejados não como uma obrigação, mas por devoção e amor. Essa é a fé que nos leva a entregar a nossa vida aos propósitos eternos de Deus, por ela demonstramos ao mundo que a vida com Deus e a sua palavra são reais, e, até mesmo podemos atender ao chamado “Sê fiel até a morte”. Essa fé nos ajuda a perseverar, a manter pela graça de Deus, a aliança, e mesmo num mundo onde “o amor de muitos tem se esfriado”, nossos corações continuam aquecidos e cada vez mais firmes em Deus. Aqueles que têm permitido que o Espírito Santo viva em suas vidas, vivem por essa fé, e demonstram em suas vidas uma gloriosa dependência de Deus, são encorajados a perseverarem a despeito das circunstâncias. Essa fé, como 126 Não os únicos, mas unicamente discípulos. virtude nos torna abundantes em boas obras, quase não há limites para as possibilidades de nosso serviço. Além disso, ela nos capacita a suportar grandes dificuldades e nas adversidades e conflitos, ela nos capacita a “sofrer o dano” e ao mesmo tempo perseverar no ministério. O trabalho que resulta da Fé – nosso Ministério8 O apóstolo Paulo identifica o trabalho dos Tessalonicenses ao referir-se “à operosidade da vossa fé”. Na versão NIV, lemos: Nós sempre damos graças a Deus por todos vocês, mencionando vocês em nossas orações. Nós continuamente relembramos diante de nosso Deus e Pai o vosso trabalho produzido pela fé (1Ts 1.3). Nada pode nos falar tão bem sobre a vida de uma pessoa como a maneira como ela trabalha. Uma pessoa pode encontrar diversas razões e motivos para fazer o seu trabalho. Trabalho forçado A pessoa pode trabalhar por causa de medo do chicote do patrão. Este é um trabalho tipicamente de constrangimento. Neste caso a pessoa está trabalhando para um senhor duro e tirano; ela não trabalha pelo princípio da liberdade, mas sob ameaça. Ganância Uma pessoa pode trabalhar movida por uma ganância de ganhar mais e mais; sua motivação está na imediata retribuição. Nossa sociedade moderna é quase totalmente educada com base na autogratificação, e por isso é que o trabalho é penoso para muitos, no mundo. 8 Iran Bernardes da Costa, Apostila Costurando o Vestido da Noiva (Brasilia-DF: Grão de Mostarda). 127 O DNA do Grão de Mostarda Competição Uma pessoa pode trabalhar movida pelo senso de competição, e esta forma de trabalhar pode conduzir as pessoas ao estresse, à exaustão e até à depressão. Ela é insegura e sempre sente que precisa fazer mais do os outros. Inspirado pela fé Mas há outra motivação para o trabalho: É a motivação que Paulo identificou na vida dos Tessalonicenses. Conforme uma outra versão, o “trabalho dos tessalonicenses era inspirado pela fé.” Que tipo de fé eles tinham para serem tão trabalhadores e zelosos como Paulo os define? A fé deles estava fundada no fato e na convicção de que sua tarefa lhes fora confiada por Deus e não pelo homem. Em última análise, o trabalho deles não era para homem algum e sim para Deus, o Deus que inventou o trabalho, ao criar o universo; o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual disse: “Meu Pai trabalha até agora, eu trabalho também”. Aquele que trabalha inspirado por essa fé tem a convicção de que “Tudo quanto fazem, fazem-no de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que receberão do Senhor as recompensa da herança” (Cl 2.23,24). Aqueles que trabalham inspirados pela fé, podem recitar com alegria: “Tudo o que existe nos céus e na terra é teu, ó, Senhor e teu é este reino. Nós adoramos a Deus porque Ele dirige todas as coisas. Riquezas e honra vêm somente do Senhor, e ele é o governador de toda a humanidade; sua mão controla força e poder, e é por sua vontade que os homens se tornam importantes e recebem força” (1Cr 29.11,12). 128 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Conclusão Embora possamos falar de fé em diferentes caminhos, podemos dizer que fé é relacionamento de confiança e profunda dependência de Deus, é a resposta humana à graça divina, como ilustrada pelo escritor aos Hebreus: E que mais direi? Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté, e de Davi, e de Samuel e dos profetas, os quais pela fé venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos. As mulheres receberam pela ressurreição os seus mortos; uns foram torturados, não aceitando o seu livramento, para alcançarem uma melhor ressurreição; e outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra. E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados (Hb 11.32-40). 129 O DNA do Grão de Mostarda Valores dinâmicos operacionais Iran Bernardes da Costa 1. Nós estamos criando para Deus Uma família de sacerdotes do reino 2. Nós estamos aperfeiçoando para Deus Uma academia de epistemólogos da obediência 3. Nós estamos atraindo para Deus Um bando de fazedores de boas obras 4. Nós estamos arregimentando para Deus Um exército de pessoas leais 5. Nós estamos adestrando para Deus Uma Companhia de comprometidos 6. Nós estamos formando para Deus Uma comunidade de adoradores 7. Nós estamos funcionando para Deus Uma alta corte de reconciliação 8. Nós estamos formando para Deus Uma nação de cidadãos do céu aqui na terra 9. Nós estamos funcionando para Deus Uma escola de intérpretes da Bíblia 10. Nós fazemos parte com Deus de uma ecologia do amor, da graça e da misericórdia 11. Nós fazemos parte com Deus de uma matilha de raposas enviadas 12. Nós fazemos parte com Deus daqueles que “onde a bíblia fala, nós obedecemos; onde a Bíblia cala, de nada cogitamos” 13. Nós integramos a equipe restaurando famílias em Cristo 130 daqueles que estão Não os únicos, mas unicamente discípulos. Uma Filosofia Eclesial Prática Iran Bernardes da Costa Filosofia ministerial Um ministério eclesiástico ou uma organização denominacional, que se valoriza, precisa colocar seu conjunto de valores, ideias, postulados e revelações dentro da moldura do ministério de todos os cristãos, caracterizado aqui de uma filosofia eclesial. Nesta seção, eu quero compartilhar com você uma visão prática que tem direcionado a nossa filosofia eclesial. São frases e pensamentos a respeito da existência e funcionamento da igreja e do ministério que ajudam a manter o foco no trabalho que Deus nos deu para desenvolver. Intencionalmente eu não desenvolvi e ampliei esses pensamentos, para que cada líder, pastor, empreendedor cristão possa, em oração e submissão a Deus, fazer a aplicação necessária à sua vida e ministério. Não temos uma igreja para ir; somos uma igreja para levar. Não só fazer, mas também ser. Às vezes, a igreja local se dedica tanto às suas atividades, que acabar se esquecendo de sua missão de SER. No mundo, os pré-cristãos não leem a Bíblia; eles observam a vida dos discípulos de Cristo. A Igreja postulada9 constitui-se um obstáculo à verdade do Evangelho, à atuação eficaz da Igreja e à sua atuação. 9 Conceituamos postulado, neste trabalho, o que é fruto da elucidação humana e não expediente de revelação divina. 131 O DNA do Grão de Mostarda Evento “é vento”, enquanto que o estilo de vida é consistente e produz frutos duradouros; programas ocasionais só agitam as pessoas, tornado-as eufóricas por algum tempo. Teologia e Práxis. Uma teologia revitalizada conduz a uma prática dinâmica. É importante notar o quanto uma teologia sadia pode redefinir e reorganizar a nossa mente e a nossa consciência ministerial, pois cria em nós uma atitude positiva para um ministério revitalizado. “Igreja, vá para casa! Lá é o seu lugar”. Se Jesus saísse à porta, ordenaria: “Igreja, para casa!” Creio que a Igreja que Jesus projetou , fundou e mantém, tem como seu ambiente natural as casas. Estudiosos da Bíblia e a história da Igreja confirmam que os mais importantes e maiores avanços da fé e prática cristãs dependem do retorno da Igreja para o seu ambiente familiar. Antes de se expandir - “alargar o espaço da sua tenda, antes de estender o toldo da sua habitação, e antes de alongar as cordas e firmar bem as suas estacas” - sem impedimentos, a igreja precisa se encolher. Uma igreja não deve ser subdesenvolvida nem uma igreja faraônica. Cada igreja (congregação/comunidade) deve ser do tamanho próprio, levando-se em consideração sua idade e outros fatores relacionados a ela. Ao multiplicar-se e assumir novos territórios, a igreja estará se encolhendo e assumindo uma forma e tamanho que nos previnem de uma atitude megalomânica. Em pequenas congregações, a igreja pode existir e funcionar adequadamente, centrada em Jesus Cristo, seu fundador. Assim, a igreja será pequena e grande ao mesmo tempo. A Igreja precisa de líderes bem preparados, firmes e resolutos. Ela não deve se esquecer de que foi projetada para funcionar como um corpo, mediante uma liderança compartilhada, não centralizada. 132 Não os únicos, mas unicamente discípulos. O jogo de quebra-cabeça mantém suas peças em seus lugares, de acordo com suas cores e formas. O ministério pastoral funciona pelo princípio do sacerdócio universal, embora a presença de um líder catalítico seja necessária. O líder catalítico é capaz de conduzir com habilidade um processo revolucionário para alcançar e manter resultados a curto, médio e longo prazo. Sobre a natureza da igreja, precisamos entender se somos organização ou um organismo, uma instituição ou um grupo institucionalista. Nós lidamos com valores relativos e valores absolutos. Por exemplo, valorizamos nossa estrutura, nosso nome e nossa reputação eclesiástica – valores relativos - que são os meios de transmitirmos a realidade espiritual; adoramos a Deus e louvamos a Jesus Cristo – valores absolutos. Estamos na contramão! Ao invés de convidar as pessoas para visitar nossa igreja, nós preferimos levar a igreja até as pessoas. A igreja não deve ser a igreja da cidade, mas uma igreja para a cidade. A Ceia do Senhor não é uma missa, mas um sacramento. O batismo não é apenas um ritual de entrada, mas um sacramento para remissão de pecado, de aceitação de aceitação do evangelho e inclusão no Corpo de Cristo. A igreja não é apenas uma receptora, mas uma transmissora dos valores eternos. O princípio da economia (oikósnomos) deve sempre ser observado por nós. Fazer o máximo com o mínimo de recursos. 133 O DNA do Grão de Mostarda Nosso jejum deve ser primeiramente moral, depois, material. Subjetivo, depois, objetivo. Primário, depois, secundário (Is 58.1-14). A nossa consagração deve ser primeiramente para Deus e não para alcançar nossos objetivos pessoais. O crescimento da igreja, o aumento de congregações e a inclusão de novos membros, devem ser de modo natural e não o resultado de uma estratégia artificial e periférica. Cristãos se reproduzem em outros cristãos; igreja se reproduz em outras igrejas. Os pontos apresentados acima, nesta seção, constituem-se, em parte, a nossa filosofia eclesial. O objetivo deste trabalho foi colocar a igreja em destaque, como uma foto numa moldura. Dentro desse contexto, Filosofia Eclesial é como uma usina nuclear e está carregada de ideias, valores e convicções. Ela nos inspira o tempo todo, nos motiva para o trabalho do Senhor e nos conclama a participar de desafios cada vez maiores. Esta filosofia não é político-democrática, mas aberta à participação ministerial. Muito antes das técnicas e das metodologias, esta filosofia já estava presente com seu poder capacitador, que assalta nossa mente e coração para nos tornar membros apaixonados de um movimento mundial que começou com o Filho de Deus em Jerusalém, no ano trinta aproximadamente. Com essa filosofia em nossas mentes e corações, seremos sempre vitoriosos, sem precisar fazer parte de ondas triunfalistas. Quando encontramos obstáculos, não sucumbimos nem nos deixamos esmorecer de vez, pois dentro de cada um de nós tem uma reserva de energia que nos permite “olhar firmemente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé” e, assim, continuamos em nossa caminhada. Todo verdadeiro líder está cheio desta Filosofia Eclesial. Esses são orientados pela virtude da perseverança, dotados da 134 Não os únicos, mas unicamente discípulos. arte de enfrentar oposições, com autoridade, moderação e doçura. Um ministério, formado por líderes com essa Filosofia, também está preparado para todas as circunstâncias. Esse ministério está pronto a responder conforme o caráter e ensinos de Jesus. 135 O DNA do Grão de Mostarda Nossa agenda de oração Iran Bernardes da Costa “Invoca-me, e te responderei: anunciar-te-ei causas grandes e ocultas, que não sabes” (Jr 33.3). “Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai, de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a terra, para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior; e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3.14-21). “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo” (Ap 3.20). Unção do Espírito Santo: Para a vida diária e realizações. Visão Clara da Vontade de Deus: Para não estar em desacordo com Ele. Entendimento e Aceitação do Senhorio de Cristo: Para uma completa rendição de tudo. Frutificação do Ministério: Para uma multiplicação sem precedentes. 136 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Atuação Sobrenatural de Deus no Ministério: Milagres, Prodígios e Maravilhas. Paz e Harmonia entre os Membros da Família de Deus: Denominações, Igrejas e Membros. Derramamento dos Dons do Espírito Santo: Manifestações genuínas e espontâneas. Desenvolvimento de Relacionamentos: Habilidade de não ofender a outrem e capacidade de não se ofender. Estilo de Vida de Contato: Evangelismo, Testemunho, Salvando seu Óikos. Santificação dos Nossos Filhos para Deus: Acordo entre pais e filhos quanto à Corte; Honra entre pais e filhos. Batalha Espiritual: Quebrar os poderes controladores em familiars e membros da Célula. Patrulhar a Cerca: Vigilância cerrada protegendo a família contra álcool, fumo, drogas, sexo ilícito, namoro inconsequente e “ficar”. Discernimento de Espíritos Enganadores: Materialismo, Mundanismo, Prazeres da carne. 137 O DNA do Grão de Mostarda Em que cremos A simplicidade é a principal marca da fé cristã. 1. O nosso credo e Jesus Cristo. 2. Nosso livro é a Bíblia. 3. Onde as Escrituras falam, nós falamos; onde elas calam nos calamos. 4. Não somos únicos; mas unicamente discípulos. 5. Cremos que a Bíblia e infalível e inerrante. 6. Confessamos que Jesus Cristo é o filho de Deus, e o proclamamos como senhor e salvador. 7. Cremos que através do batismo em Cristo somos introduzidos a uma vida nova e nos tornamos uma unidade com ele. 8. Através da leitura da Bíblica, da ceia do senhor e da oração, mantemos comunhão com Deus. 9. Cremos no batismo como o espirito santo acompanhando dos dons espirituais. 10. Cremos na cura divina, através da oração com óleo e a imposição das mãos.10 11. Os espíritos maus são expelidos e as pessoas atormentadas são libertas pelo poder do nome de Jesus.11 10 Adicionado por Iran Bernardes da Costa. 11 Ibid 138 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Justificativas Noção de necessidade interna e externa Justificativa de existência própria A Grande Comissão dada por Jesus Cristo a seus discípulos, e por extensão, à Igreja, é uma tarefa ainda quase intacta, constituindo-se no grande e urgente desafio que tem pela frente. Com o passar do tempo e com o fator demográfico, fica cada vez mais remota a sua compleição. A Igreja no mundo deve sentir-se feliz pelo que já tem realizado dessa tarefa, porém uma profunda insatisfação deveria atuar como uma força movendo o povo de Deus a realizar muito mais. A Igreja em geral e nosso movimento em particular, tem falhado em não cumpri-la, pois não alcançamos resultados com impactos, nem estatísticos, nem comportamentais na vida da sociedade nem da própria Igreja. Se o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê, como de fato o é, o Cristianismo não deve ser mais uma mera religião que recai apenas no domínio sociológico, mas deve ser um movimento, ou mesmo uma revelação revolucionária, que transforma pessoas a partir de sua natureza espiritual e moral, em índices tão expressivos de modo que haja repercussão até mesmo nas instituições. Essa é uma tarefa muito difícil, pois crer em Jesus Cristo como o filho de Deus, e salvador do mundo, implica em obediência “Coisa dura 12 é crer, pois isso importa obedecer” . A obediência é o que convalida a fé. O processo de alcance e transformação proposto pelo Evangelho espera que as pessoas tomem consciência de Jesus Cristo e creia nele como salvador e 12 Watson, David. Called and Committed, p. 9. 139 O DNA do Grão de Mostarda senhor; passem a amá-lo de todo o coração, pois ele é Deus; e comprometam suas vidas a ele radicalmente. Através da História Deus tem suscitado movimentos revolucionários para revitalizar a Igreja, ou parte dela, com o fim de cumprir melhor a grande comissão. Esses movimentos foram dinâmicas e/ou expedientes, como o Espírito Santo moveu sobre as pessoas e os diversos grupos, em épocas distintas, de diversas e particulares formas de atuação. Essas iniciativas atuaram em todas as áreas da missão da Igreja, com certas limitações, mas cada uma teve sua característica, ou peculiaridade principal. Quem vai dizer se o MGM é (foi) um movimento que justificou sua existência e atuação nos seu tempo, são as gerações futuras, contudo, hoje praticamos a fé e a vida da Igreja, como sendo um movimento, tão histórico e autêntico como o foram os outros. A diferença é para eles o tempo passou, para o MGM, esta é a nossa hora. 140 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Resultados já alcançados Vinte e duas congregações Oitenta e sete pastores ordenados Dezenas de líderes de células (pastores ainda não ordenados). Cidades e Estados onde temos congregações do MGM... Número de membros em todo o Brasil... Número de células existentes... Vinte Encontros Nacionais com material escrito Quinze módulos da Escola de Ministérios com conteúdo escrito Dezenas de seminários de edificação da família 141 O DNA do Grão de Mostarda Resultados esperados para o futuro a curto, médio e longo prazo Todo planejamento leva em conta resultados já alcançados e futuros. Até aqui, vimos como o Ministério Grão de Mostarda funciona, sua identidade e seus valores fundamentais, e certamente somos desafiados a comprometer nossas vidas, pois é uma visão de Deus para nós, a fim de cumprirmos a Grande Comissão deixada pelo nosso Senhor Jesus Cristo. No próximo módulo da Escola de Ministérios, continuaremos abordando esse tema, O Plano de Deus para um Movimento bem sucedido, então, trataremos de resultados esperados para o futuro a curto, médio e longo prazo. 142 Mordomia Cristã O DNA do Grão de Mostarda Saneamento financeiro – Dívidas, nunca mais! Iran Bernardes da Costa Suas propriedades os mantem em cadeias... cadeias que algemam sua coragem e sufocam sua fé e obstruem seus julgamentos e estrangulam alma. Eles pensam que são donos, mas na verdade eles são possuídos: escravos como são de suas posses, eles não são senhores de seu dinheiro, mas escravos dele13 (Cipriano). Deus se opõe à usura e à ganância, e muitos não tem essa consciência porque estas duas coisas não são simples assassinos e assaltantes. Ao contrário, a usura é a mais 14 insaciável dos assassinos e assaltantes (Martinho Lutero). A natureza de dívida O que é dívida? Uma das maneiras mais objetivas de entender a natureza de dívida é fazendo uma antítese entre débito e crédito. É a diferença diametral entre o haver e o dever. Isto é a noção mais elementar das ciências contábeis. Todas as vezes que se emite uma obrigação cria-se um débito; sempre que se adquirem valores, estabelece-se um crédito. Todas as vezes que se registra uma saída, a conta opera em dever; quando se opera uma entrada, a conta fica em haver. Então, a antítese do crédito é o débito. Quando uma conta bancária está em excesso, se diz que está devedora. O correntista emitiu mais saídas que entradas; mais gastos que depósitos. Então, quando se gasta mais do que se recebe a pessoa fica em débito; fica devedora. De forma simples e não jurídica 13 14 Randy Alcorn, Money, Possession and Eternity, p. 305. Ibiden. 144 Não os únicos, mas unicamente discípulos. pode-se dizer que essa pessoa está em estado de insolvência; ou seja, não tem aptidão financeira para corresponder a seus compromissos. A insolvência aludida acima nem sempre é de natureza patrimonial, mas às vezes, apenas financeira. É o caso do devedor ser proprietário de bens até mais que suficientes para quitar seus débitos, mas não dispõe de fluxo financeiro que possa cobrir suas dívidas. E, ainda, pode acontecer que o devedor tenha recursos financeiros suficientes, mas tem o mau costume de sempre prorrogar seus compromissos. Então, dívida é um estado de nulidade financeira; é estar vazio diante da obrigação; pessoa (física ou jurídica) para quem a prestação deva ser cumprida. A inadimplência está caracterizada. Como as dívidas são contraídas Antes de tudo o devedor em potencial “tem uma necessidade inadiável” e não tem os fundos para tal aquisição. Essa “necessidade”, na maioria das vezes, é uma comichão15 por algo que vá lhe trazer satisfação, prazer, suprir necessidades, etc. O passo seguinte é dar uma boa enverniza na cara de pau, e, então, como todo devedor sabe, existem múltiplas fontes onde buscar os recursos, tais como bancos, financeiras, a empresa onde trabalha, o patrão, colegas de trabalho, irmãos, pais, filhos; financiamentos escolares. Empréstimo entre amigos é a melhor providência para quebrar relacionamentos: “...e, aí, será que dá pra me arrumar cento e vinte até o dia do pagamento?” 15 Desejo ardente, incontrolável. 145 O DNA do Grão de Mostarda “Vê pra mim aí uns cinquentinha até amanhã; eu tenho um dinheiro para receber amanhã”. “Cara, minha comissão atrasou e eu tô arrochado. Me empresta aí seiscentos! Saindo, tá na sua mão”. Bem, outras formas de endividamento: atrasando o aluguel; o condomínio, a energia elétrica; a mensalidade escolar; viagens precipitadas; uma cirurgia eletiva voluptuária, a troca do carro meio forçada; a compra de um imóvel, mesmo que aparentemente racional, não contando com os recursos para as prestações, e muitas outras situações. Às vezes o endividamento ocorre em situações imprevisíveis e inevitáveis, em decorrência de compromissos normais e justos e necessários. Às vezes acontece motivado por perdas, desemprego, etc. Contudo, estamos falando do que é mais comum no dia a dia das pessoas. Então, todo comprometimento financeiro sem o lastro correspondente, é dívida; todo crédito tomado a seu favor se transforma simultaneamente em débito contra você; todo serviço prestado a você sem a contraprestação, o torna devedor. Contudo, a forma mais comum e mais sutil e traiçoeira de endividamento é o mau uso16 do cartão de crédito. Não podemos, contudo, fazer do cartão de crédito o vilão, pois presumimos uma capacidade moral do seu titular; entretanto, na carência desta, é melhor sacrificá-lo. Endividar-se “é comer o lanche antes do recreio”. 16 Se há o mau uso, deve haver o bom uso. Disciplina. “Se teu cartão de crédito te faz tropeçar, cirurgia plástica nele!” 146 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Primeiro exercício: 1. Fazer uma lista de formas de endividamento não mencionadas acima: -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2. Dê sua própria definição de dívida: -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3. Faça a lista de todas as suas dívidas: -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 147 O DNA do Grão de Mostarda 4. Descreva seu estado de espírito em razão do que as dívidas representam para você em termos de consciência; qualidade do repouso; relacionamentos interpessoais; ameaças de protestos; cobranças judiciais; seu nome e sua reputação, etc. -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O crédito é como as delícias do amor furtado, que, uma vez desfrutado, converte-se em débito; é como a picada de uma víbora peçonhenta: Desvia-te do caminho das ofertas de crédito e não te aproximes da casa delas, para que não cedas a outrem a tua honra, nem o melhor de tua vida, à voracidade da ganância. Assim, evitarás que os teus bens estufem os celeiros dos poderosos, e guardarás o fruto do teu trabalho para teus filhos e netos, e não lamentes no fim de tua vida. Origem do comprometimento financeiro e do endividamento Esta é uma questão essencialmente visceral, vem das entranhas. Jesus nos preveniu quanto à origem de coisas inconvenientes. Ele falou assim: O que sai da pessoa é o que a faz ficar impura. Porque é de dentro, do coração, que vêm os maus pensamentos, a imoralidade sexual, os roubos, os crimes de morte, os adultérios, a avareza, as maldades, as mentiras, as imoralidades, a inveja, a calúnia, o orgulho e o falar e agir 148 Não os únicos, mas unicamente discípulos. sem pensar nas consequências. Tudo isso vem de dentro e faz com que as pessoas fiquem impuras.17 O apóstolo Tiago, irmão do Senhor, lecionou também sobre a subjetividade dos impulsos. De onde vêm as lutas e as brigas entre vocês? Elas vêm dos maus desejos que estão sempre lutando dentro de vocês. Vocês querem muitas coisas; mas, como não podem tê-las, estão prontos até para matar a fim de consegui-las. Vocês as desejam ardentemente;18 mas, como não conseguem possuí-las, brigam e lutam. Não conseguem o que querem porque não pedem a Deus. E, quando pedem, não recebem porque os seus motivos são maus. Vocês pedem coisas a fim de usá-las para os seus próprios prazeres. Gente infiel! Será que vocês não sabem que ser amigo do mundo é ser inimigo de Deus? Quem quiser ser amigo do mundo se torna inimigo de Deus. Não pensem que não quer dizer nada esta passagem das Escrituras Sagradas: “O espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos.” Porém a bondade que Deus mostra é ainda mais forte, pois as Escrituras Sagradas dizem: “Deus é contra os orgulhosos, mas é bondoso com os humildes.” Portanto, obedeçam a Deus e enfrentem o Diabo, que ele fugirá de vocês. Cheguem perto de Deus, e ele chegará perto de vocês. Lavem as mãos, pecadores! Limpem o coração, hipócritas! Fiquem tristes, gritem e chorem. Mudem as suas risadas em choro e a sua alegria em tristeza. Humilhem-se diante do Senhor, e ele os colocará numa posição de honra.19 Lembra-se da palavra comichão, que falamos bem no início? Tiago a cita neste texto, assim: vocês as desejam ardentemente. 17 Marcos 7.21-23 Destaque nosso 19 Tiago 4.1-10. 18 149 O DNA do Grão de Mostarda O poder dos desejos O apóstolo Tiago apresenta o grande desafio da questão. O que você pensa: o objetivo da vida cristã é submeter os desejos à vontade de Deus ou buscar a satisfação dos próprios desejos pelos prazeres deste mundo? Se a vida for centrada na busca dos desejos, muitos desgostos e decepções poderão ocorrer. Tiago mostra que os resultados da atitude de uma vida orientada pela busca dos desejos são guerras e batalhas. 20 O resultado prático dessa ardente busca por prazeres são os maus sentimentos, tais como as competições, as rupturas nos relacionamentos, as inimizades, as explosões de ira. Isso foi tema de preocupação dos antigos moralistas, como deveria ser para nosso mundo pós-moderno. Considerem a contínua guerra que prevalece entre os homens mesmo em tempos de paz, a qual existe não só entre nações e países e cidades, mas também entre as famílias, ou melhor, eu deveria dizer, uma guerra que está presente em cada homem individualmente; observem a indizível tempestade de fúria na alma das pessoas em decorrência do violento empurra-empurra (rush) entre os homens em sua busca por sobrevivência; e você ficará abismado se encontrar alguém que possa ter alguma calma ou tranquilidade dentro desse tsunami provocado por esse mar indomável da vida.21 Filo, em suas considerações, concluiu que a razão de os Dez Mandamentos encerrarem com “Não cobiçarás”, é que para ele, os desejos são as piores paixões da alma. Não é por causa dessas paixões que os relacionamentos são quebrados e a natural boa disposição das pessoas são transformadas em inimizade, e que os mais populosos 20 Polemoi, que significa guerras e machai, batalhas. Philo, citadopor William Barklay in The Daily Bible Series, The Letter of James and Peter, p. 98. Philo foi um filósofo Greco-judaico, em Português, Filo de Alexandria, 25aC a 50dC. 21 150 Não os únicos, mas unicamente discípulos. países são desolados pelas dissenções domésticas? E terra e mar estão sempre cheios denovos desastres através das batalhas navais e campanhas? Por que as guerras famosas em tragédias... todas procedem damesma fonte – os desejos tanto por dinheiro ou glória ou prazer. Por essas 22 coisas o ser humano fica enfeitiçado. É impressionante como esse homem já antevia o clima dos relacionamentos sócias dos nossos dias. Ele sustenta que tudo isso é por causa dos desejos: “A única causa das guerras, das revoluções e batalhas não é outra senão o corpo e seus desejos.”23 Barklay ainda cita Cícero, “São os insaciáveis desejos que subvertem não só os homens individualmente, mas famílias inteiras, e que até mesmo sucumbem o Estado. É dos desejos que brotam o ódio, os cismas, as discórdias, as seduções e as guerras”. 24 Os desejos são a raiz de todos os males que arruínam a vida e dividem os homens. Os autores bíblicos são unânimes em sustentar que os desejos e a busca pelo prazer são as forças que dominam a humanidade e ameaçam a integridade moral e a saúde espiritual das pessoas. O apóstolo Paulo descreve para Tito o estilo de vida daqueles que ainda não tinham a fé cristã: “Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros”.25 Agora vejamos o que Jesus Cristo pontuou sobre o tema na ocasião que explicou o sentido da parábola do semeador: “...a semente é a Palavra de Deus... A que caiu entre espinhos são 22 Ibiden. Platão, Grecia 427aC a 347dC. Citado por Barklay, p. 99. 24 Ibiden, p. 99. 25 Carta de Paulo a Tito 3.3. 23 151 O DNA do Grão de Mostarda os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida”.26 Consequências das atitudes centradas nos desejos A pessoa cuja mente é dominada pelos desejos sofrerá danosas consequências. Como preconiza Tiago, esses desejos são capazes de levar as pessoas a se agredirem e se atracarem na garganta uns dos outros. Desejos são poderes bélicos inerentes ao ser humano. Essa belicosidade operacionaliza-se com sentimentos de ira no interior como também se manifesta em explosões de agreções mútuas. Invariavelmente os desejos são relacionados a três coisas básicas: dinheiro, poder e sexo. Quando os seres humanos se liberam para obter esses e outros itens, a vida torna-se uma arena de competição e os homens fazem de tudo para eliminarem seus rivais. Como o processo ocorre Tudo começa pela concepção de um desejo. Sempre através de um ou mais sentidos. Vendo, cheirando, ouvindo, tocando, degustando. É papel do marketing criar nas pessoas a impressão de necessidade – quase sempre é uma necessidade falsa; mero desejo. Inicialmente é um simples germe que vai se evoluindo; a pessoa vai alimentando o desejo e este vai dominando a mente da pessoa que, sob tal estado emocional, não consegue livrar-se do sonho de obter o que deseja. Passos são dados, providências tomadas e a decisão é feita. O desejo triunfou sobre a razão. Nesse ponto a vida relacional começa a mostrar os efeitos danosos. Culpa e auto condenação; atritos domésticos; 26 Evangelho segundo Lucas 8.11,14. 152 Não os únicos, mas unicamente discípulos. abatimentos; depressões e angústias; a satisfação obtida torna-se um laço de traição; orações interrompidas, pois descobriu-se que antes suas orações tinham como propósito obter os desejos; agora perdeu-se o verdadeiro objetivo da oração, como revelado por Jesus Cristo, “seja feita a tua vontade” mas até agora a pessoa sempre orou para que sua própria vontade fosse feita. Exercício Citamos acima vários personagens, inclusive o Senhor Jesus Cristo. Não temos a intensão de equipara-los numa taxonomia absoluta, mas mostrar que todos foram unânimes em afirmar que as guerras e disputas entre nações, povos e indivíduos, vem dos desejos. Tiago chamou isso de desejos ardentes; apelidamos isso de comichão. 1. Você concorda que falta de contentamento se aplica bem ao que estamos falando: Sim ( ) Não ( ) Por que? -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------2. Abaixo temos uma lista de fatores subjetivos que podem ou não influenciar nosso comportamento quanto à satisfação dos desejos. Veja se você já foi ou tem sido atingido por alguns deles (Ofereça alguns comentários). Inveja ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 153 O DNA do Grão de Mostarda Ciúmes ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Vaidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Orgulho ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Grandeza ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Supremacia ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Competição ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Glamour ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Imitação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Exaltação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Pressão ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 154 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Cobiça ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Autoafirmação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Imagem própria ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Alienação ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Sedução ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Encantamento ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Hábitos ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Impulso ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Ansiedade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Pressa ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 155 O DNA do Grão de Mostarda Busca de prestígio ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Sensação de posse e ou propriedade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Afirmação do próprio gênero (homem ou mulher) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3. A seguir a lista dos fatores objetivos que podem ou não influenciar nosso comportamento quanto aos desejos. Veja se você já foi ou tem sido atingido por alguns deles (Ofereça alguns comentários) Marca ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Modelo ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Moda ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Preço ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Oferta ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Oportunidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 156 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Disponibilidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Propaganda ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Novidade ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Lançamento ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------4. Quando alguém vem dirigindo atrás de você um carro bem mais imponente do que o seu e fica dando luz alta e se aproxima da sua traseira... Como se sente? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5. Quando você está dirigindo e faz o mesmo com o motorista da frente, o que você poderá estar demonstrando? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------6. Que atitudes você resolutamente decide hoje tomar, em relação ao comprometimento financeiro e ao endividamento? --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 157 O DNA do Grão de Mostarda 7. Diante do que vimos qual é o caráter comprometimento financeiro e do endividamento? do Bom ( ) X ( ) mau Por que? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Obs.: Em qual dos itens acima você porventura poderia ter sido menos honesto na sua resposta ou consideração? ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Conclusão Nossa atitude agora deve ser a de não contrair mais dívidas, contudo em caso de recorrência, é melhor sentar e calcular os custos e todas as consequências. 158 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Motivação da mordomia cristã O sacramento de uma oferta Iran Bernardes da Costa Graça e gratidão se pertencem assim como o céu e a terra.Graça evoca gratidão assim como a voz ressoa em eco;Gratidão segue a graça assim como o trovão segue o 27 relâmpago. Vivendo para doar; doando para viver. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela (a fé) também mesmo depois de morto, ainda fala (Hb 11.4). Introdução Nosso país recebeu no dia sete de abril de 2011, um batismo. Um batismo de sangue! 28 A gente não chora, nem se lamenta, nem se dá conta da profundidade da dor que corta o coração dos pais, dos avós, dos tios, dos primos, dos amigos, dos professores, porque todos nós estamos desumanizados; 27 Barth, citadopor Randy Alcorn, Money, Possession and Eternity, p. 195. 28 Massacre de Realengo refere-se ao assassinato em massa ocorrido em 7 de abril de 2011, por volta das 8h30min da manhã (UTC-3), na Escola Municipal Tasso da Silveira, localizada no bairro de Realengo, na cidade do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, invadiu a escola armado com dois revólveres e começou a disparar contra os alunos presentes, matando doze deles, com idade entre 12 e 14 anos. Oliveira foi interceptado por policiais, cometendo suicídio. 159 O DNA do Grão de Mostarda corações petrificados; corações materializados; enfeitiçados pela cultua da banalização; encantados pela filosofia da erotização; calejados pelo estilo de vida de consumo e hipnotizados pela naturalização da violência! Nosso coração está distanciado! Alienado! Adormecido! Num paraíso diferente do de Deus. Jesus nos ensinou, que onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt 6.1921). O sistema econômico; o sistema de poder que rege a nação; A cultura da corrupção – tudo isso em seus pormenores – exerce uma poderosa e devastadora influência maligna sobre toda a sociedade e também sobre a igreja. Quase sempre me encontro “amarrotado”, como diz minha mãe, e “acabrunhado”, como dizia meu pai. Uma voz subliminar, me dizendo o tempo todo, “inventou, agora aguenta!” Nos últimos anos venho pensando em grandes desafios para mim, para minha família e para todos nós que fazemos o MGM. Desafios que demandem recursos financeiros expressivos; muito mais consciência de nosso papel e atuação e muito mais forte convicção! Mais trabalho, mais fidelidade, mais santidade, mais oração. Muitas vezes toco neste assunto, converso com a Neuza, e sempre sofro a tentação do desânimo. É melhor adotar um caminho mais fácil; que agrade a todos; que não desaponte a ninguém; que traz felicidade geral. Por que ficar falando nesse assunto toda vida? Desde alguns anos venho procurando coragem para entrar nessa Agenda em Aberto, mas a relutância quer sempre me vencer. “Por que você não trata de assuntos espirituais ao invés de ficar falando em dinheiro?”. 160 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Finalmente fui convencido. Convencido de que falar sobre dinheiro sob a perspectiva divina é mais espiritual do que qualquer outro assunto. Então, minha alternativa é completar o que iniciei, ou iniciamos, e procurar glorificar a Deus com o melhor entendimento sobre o assunto, e servi-lo como nosso trabalho e com os bens que Ele nos confiou. O autor aos Hebreus começa seu rol de personagens honradas da Antiga Aliança, citando um homem que, aparentemente, fez pouco pela causa de Deus: Abel. A Bíblia não fala muito sobre Abel. O que sabemos dele a partir de Gênesis é que ele era filho Adão e Eva; irmão mais novo que Caim; que foi pastor de ovelhas; que sua oferta foi aceita por Deus, e que foi assassinado por seu irmão. Na verdade, a Bíblia não fala muito desse personagem, cuja trajetória foi curta, mas fala o essencial. Em Hebreus temos mais uma informação, à qual nos reportaremos mais adiante. Atitudes sobre riquezas e bens Atitudes incorretas sobre bens matérias e poder tem sido causas de muita discórdia e atritos entre pessoas, organizações e países. As pessoas, as organizações e os países, quando percebem ou presumem que os outros dão sinais de interesse nos seus bens, às vezes ficam inseguros e desconfortáveis. O apego a bens e riquezas leva as pessoas a uma atitude de constante vigilância para não deixar escapar nada. Pessoas apegadas ao dinheiro gastam metade da vida acumulando tudo o que puderem; a segunda metade a vida eles gastam vigiando para não perder o que ganharam; assim, elas não são felizes, nem na primeira nem na segunda parte da vida. Na tradição judaica tem uma explicação sobre o primeiro homicídio da história. Naqueles dias, ainda bem no início de 161 O DNA do Grão de Mostarda tudo, toda a terra estava para ser possuída e explorada, e a humanidade estava em franco poder da queda. Então vejamos o que diz uma tradição judaica. Caim e Abel não estavam entrando em acordo sobre o que cada um devia e poderia possuir de toda a terra e do que dela pudessem tirar. Então Abel sugeriu um plano em que eles pudessem chegar a um entendimento pacífico. Então Caim, insatisfeito, procurou logo tomar posse dos melhores lotes de terra, enquanto que Abel estava ficando sem boas opções, e o que lhe restava eram bens “semoventes”, ou seja, alguns animais. O coração de Caim já estava ficando amargurado e invejoso, mesmo sem uma razão aparente. Um dia Caim disse a seu irmão: “Se arranca! Tira o pé do que é meu! Você não vê que eu já estou aqui nessa planície há muito tempo!?” Abel juntou as coisas e partiu para as montanhas. De repente, Caim chega lá,e lhe diz, “Você parece que não entendeu nada mesmo, hein? Já te falei que toda essa região montanhosa é minha! Será possível!?” Esse estado de espírito de Caim continuou. Vários outros episódios aconteceram, até que um dia Caim encontrou Abel dormindo lá em cima de uma montanha. Chegou devagarzinho, com uma enorme pedra nas mãos, e com ela, esmagou a cabeça de seu irmão. Essa estória traz um duplo fundo de verdade para nós. Primeiro, é que a inveja e a cobiça existem. Um antigo filósofo, Eurípedes, dizia, “a inveja é a maior de todas as doenças entre os homens. Um antigo provérbio grego dizia: a inveja não tem lugar na congregação (no coral) de Deus.” A inveja e a cobiça levam à amargura, a amargura leva ao ódio, o ódio leva ao assassinato. Em segundo lugar, essa estória revela que Caim descobriu um novo pecado. Caim introduziu o homicídio no mundo, uma tragédia que tem produzido tantos desdobramentos! Agora, o que me chama a atenção na história de Caim e Abel é o fato de que esse homicídio aconteceu no meio de uma situação em que ambos haviam trazido suas ofertas a Deus. 162 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Naquele contexto não era para ter esse espírito de inveja, ciúme e avareza, vergonha, insegurança, desconforto, disputa. Isso nos traz à lembrança Judas, um dos discípulos de Jesus, que quando viu a mulher pecadora derramando tanto óleo sobre a cabeça de Jesus, ficou indignado e exclamou, “por que esse desperdício?” A tragédia de uma oferta errada Uma oferta errada é aquela que vem de um mau procedimento. “...trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor” (Gn 4.3b; 4.7b). A primeira tragédia de uma oferta errada é que ela não é aceita: (Gn 4.5). A rejeição da oferta leva o ofertante à decepção: Semblante descaído. A decepção conduz à amargura e ao sentimento faccioso. A amargura é um mal incontido; a amargura tem o poder de “enraizar” no coração das pessoas; tem o poder de “brotar”; tem o poder de “contaminar a muitos”; e produzir as mais graves devastações na vida e nos relacionamentos. O autor aos Hebreus nos ensina isso de forma poderosa (Hb 12.14-15). A amargura conduz à ira. Ira é um estado de espírito que se inclina ao extermínio, ou liquidação do objeto da ira. O iracundo não quer ouvir falar; não quer ver, muito menos se encontrar com a pessoa contra quem está irado. O apóstolo Tiago ministrou seriamente sobre isso (Tg 3.13-18). Ódio conduz à violência A violência deixa um trágico legado que atravessa toda a História da Humanidade. Caim introduziu o homicídio no mundo. Como está o índice de violência hoje? Quantos homicídios a cada dia, em nosso país? Oferta mal motivada; oferta rejeitada. 163 O DNA do Grão de Mostarda Oferta sacramental, oferta aceita O eterno Deus já havia estabelecido a natureza éticosacramental das ofertas que ele receberia. Quando da queda de Adão e Eva, Deus lhes fez uma oferta de natureza ética, sacramental, suficiente para cobrir a nudez do casal. Essa oferta foi através do sacrifício de um animal (Gênesis 3:21). De acordo com toda a narrativa Bíblica na Velha Aliança, bem como no Novo Testamento, aquela oferta que Deus fez no Éden, para “cobrir a nudez de Adão e Eva”, era uma figura tipológica da verdadeira e única oferta que viria no futuro, e que seria capaz de cobrir a nudez espiritual de toda a humanidade. Aquela oferta, no Éden, era o protótipo do “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Esse é o tipo de oferta que agrada a Deus. Por que a oferta é uma experiência sacramental? Sacramento é uma poderosa atuação de Deus a favor do ser humano, em resposta ao que este fez através das obras materiais. 1. A oferta abre as janelas do céu (Ml 3.10,11; Lc 6.38); 2. A oferta leva as pessoas a darem graças a Deus (2Co 9.11); 3. A oferta age como semente na terra, trazendo fruto (2Co 9.6); 4. A oferta retorna em maior medida (2Co 9.6); 5. A oferta traz glória a Deus (2Co 8.19); 6. A oferta satisfaz necessidade dos filhos de Deus (2Co 9.12); 7. A oferta promove a Justiça Social ( 2Co 8.14,15); 164 Não os únicos, mas unicamente discípulos. 8. A oferta afeta as próximas gerações (Hb 11.4); 9. A oferta perpetua o testemunho do ofertante (Hb 11.4); 10. A oferta multiplica os frutos da justiça do ofertante (2Co 9.8-11); 11. A oferta traz abundância da graça de Deus sobre o ofertante 12. A oferta leva o ofertante a receber a aprovação de Deus (Hb 11.4); 13. A oferta guia o coração para Deus (Mt 6.21); 14. A oferta é o símbolo e o sacramento da mais perfeita oferta que o mundo recebeu, Jesus (Hb 10.9,10). 165 O DNA do Grão de Mostarda Motivação da Mordomia Cristã - Um bom exemplo A história da oferta de uma menina chamada May “Se formos fiéis nas ofertas a Deus, então poderemos ir a ele em busca de ajuda para podermos pagar nossos compromissos”29 Este sermão foi pregado por Russel Conwell para sua igreja, a Temple Baptist Church em 1912 e é apresentado aqui devido a questionamentos sobre uma estória baseada em uma versão distorcida que algumas pessoas já ouviram em outro lugar. Por favor, lembre que o retrato a que se refere o texto a seguir é propriedade da atual Templo da Igreja Batista (Temple Baptist Church) localizada na cidade de Blue Bell, Pennsylvania. Uma imagem do retrato pode ser vista no final deste sermão. O retrato por si mesmo nao esta no campus da Universidade do Templo (Temple University). Observe também que o Hospital Samaritano a que se refere o texto tem hoje o nome de Hospital da Universidade do Templo (Temple University Hospital). O edifício Templo Batista (Temple Baptist) mencionado no texto é hoje propriedade de um Hospital Universitário, da Temple University (Universidade Templo). Embora não esteja atualmente em uso, o prédio esta passando por uma extensa reforma e está fechado para o público, mas, será eventualmente reaberto quando todas as reformas estiverem completas. A sociedade Casa de Wiatt Mite mencionada no texto foi substituída por um novo edifício há algum tempo atrás. 29 Randy Alcorn. Money, Possessions and Eternituy, p. 313. 166 Não os únicos, mas unicamente discípulos. A Historia dos Cinquenta e Sete Centavos Sermão de Russel H. Conwell Domingo, 1 de Dezembro de 1912. Nós estamos prestes a conhecer a foto de Hattie May Wiatt, uma menininha que morreu em 1886. Muitos anos já se passaram desde sua morte, mas sua estória fala até hoje. Nós pretendemos pendurar esta foto no gabinete pastoral, no local de maior destaque, e deixá-la ali pelos anos futuros, para que ao passarem por ali as pessoas possam perguntar: “O que significa esta foto?” E assim, a estória simples e maravilhosa, possa ser contada. A pequena Hattie May Wiatt morava em uma casa próxima a igreja onde costumávamos frequentar, entre as ruas Berks e Mervine, hoje ocupada por uma Igreja Evangélica. Era uma igreja pequena e vivia cheia, ao ponto de senhas serem distribuídas para a entrada para o culto, com semanas de antecedência. A escola dominical também era muito cheia. Em certo sábado quando eu fui à igreja para um estudo bíblico, eu vi um grande numero de crianças do lado de fora. Elas estavam muito incomodadas porque não conseguiam entrar, devido à multidão de crianças que já estavam lá dentro nas salas de estudo e a pequena Hattie May, que morava bem próximo, havia trazido seus livros e também uma oferta, e aguardava próximo ao portão, hesitando se voltava para casa ou esperava para tentar entrar mais tarde. Eu a apanhei em meus braços coloquei-a em meus ombros, e enquanto ela se segurava em minha cabeça (um abraço que jamais esquecerei) eu a carreguei através da multidão no corredor até chegarmos à sala, onde a deixei em uma cadeira afastada num canto meio obscuro. 167 O DNA do Grão de Mostarda Na manhã seguinte quando eu vim de casa para a igreja eu passei pela casa de Hattie May e ela estava subindo a rua em direção à escola. Ao nos encontrarmos eu disse “Hattie, vamos ter uma sala de escola dominical maior em breve,” e ela disse, “eu espero que sim. É tão cheia que eu tenho medo de entrar lá sozinha”. “Bem,” disse eu, “quando tivermos o dinheiro para levantar o prédio da escola nós construiremos um que seja grande o suficiente para acomodar todas as crianças e em breve estaremos levantando os fundos para a construção.” A imagem da escola estava ainda apenas em minha mente como uma visão na minha imaginação, mas eu queria dizer algo encorajador à pequena Hattie. A próxima noticia que eu tive de Hattie era que ela estava muito doente. Pediram-me para visitá-la. Eu fui e orei com ela. Enquanto eu ia subindo a rua, orando pela recuperação da menina, eu tinha durante todo o tempo, a convicção de que ela não ficaria curada. Hattie May Wiatt morreu. Ela havia juntado 57 centavos (alguns dizem 54) que foram deixados como sua contribuição para a construção de outro prédio para as crianças. Após o funeral, sua mãe me entregou uma sacolinha com os 57 centavos. Eu a levei para a igreja e disse ás pessoas que já havíamos recebido a primeira contribuição para o novo prédio da escola dominical, que a pequena Hattie May Wiatt, que se fora para a Glória, havia deixado para trás. Então, eu troquei o dinheiro por moedas de um centavo e resolvi vende-las. Eu recebi cerca de $250 dólares pelas 57 moedas; e, 54 centavos dos 57 me foram devolvidos pelas pessoas que haviam comprado. Então eu coloquei essas moedas devolvidas em uma moldura e a pendurei em um lugar de destaque. Os $250 que recebemos da venda das 57 moedas foram suficientes para comprarmos uma casa ao norte da igreja que ficava entre 168 Não os únicos, mas unicamente discípulos. as ruas Berks e Mervine. Aquela casa foi comprada pela Sociedade Wiatt Mite, a qual fora organizada com o propósito de tomar os 57 centavos e multiplicá-los em quantia suficiente para comprar uma propriedade para hospedar o Departamento de Escola Dominical infantil. Na Sociedade Wiatt Mite estava o senhor Edward Elliot, hoje um de nossos conselheiros e responsável pela moldura contendo os 54 centavos. Então, quando o numero de pessoas tornou-se grande a ponto de o novo prédio não comportar mais, um pensamento veio sobre a congregação, “Precisamos de uma igreja maior e também de uma sala para escola dominical mais ampla.” A fé em Deus era uma característica de nosso povo, e eles disseram, “Nós podemos fazer isto,” muito embora a igreja estivesse hipotecada por $30.000 dólares e nós não tínhamos dinheiro disponível. Contudo, a convicção de que devíamos construir um edifício maior era grande a ponto de alguns sugerirem que devêssemos construir a igreja em uma das principais ruas da cidade. Mas a Sociedade Wiatt Mite, usando a influencia do primeiro depósito de Hattie May Wiatt levantou o dinheiro para pagar, como eu disse, pela casa, e então a tarefa estava diante de nós: Será que deveríamos ir adiante e construir um templo maior? Eu fui em direção ao senhor Baird, que vivia na esquina da rua onde a Associação Atlética Alemã hoje se reúne, e o perguntei quanto queria pelo terreno e dizer que tínhamos 54 centavos para oferecer, mas, que éramos tolos o suficiente para pensar que um dia ainda compraríamos aquele terreno. Encorajado pelo que disse, e sem oposição no conselho de diáconos, eu fui novamente ao senhor Baird e perguntei se ele não poderia segurar o lote por 5 anos. O senhor Baird falou, “Eu tenho pensado sobre este assunto com frequência e decidi que venderei o lote para vocês por $25.000, recebendo $5.000 a menos do que eu penso que ele vale, e eu receberei os 54 169 O DNA do Grão de Mostarda centavos como entrada e financiarei o restante do pagamento a 5% de juros ao ano. Eu retornei e reportei a conversa para a igreja, e eles disseram: “Bem, nos podemos levantar mais dinheiro do que 54 centavos”, mas, eu fui de volta e deixei os 54 centavos com o senhor Baird e peguei um recibo como entrada do pagamento pelo lote. Mais tarde o senhor Baird devolveu os 54 centavos como oferta. Então nós compramos o lote, e encorajados por Deus passo a passo, continuamos a construir o edifício. Nós devíamos U$109.000 quando a construção terminou, mas tínhamos a coragem e fé em Deus. Nós mal poderíamos ter sonhado que nos anos que se seguiram, nosso povo, sem grandes riquezas, cada um dando apenas o que podia de seus ganhos, teria pago tamanha divida sem contar com ajudas de fora da igreja. A única ajuda de fora que realmente recebemos foi do senhor Bucknell. Embora nossa igreja fosse chamada de Igreja Batista da Graça naquela época, ele gostaria que não chamássemos o edifício de igreja até que o financiamento fosse quitado. Ele nos deu U$10.000 na condição de que nós chamássemos este prédio por outro nome, mas não de Igreja Batista da Graça, e isto explica porque nós chamamos “O Templo” em vez de Igreja da Graça. Mais tarde, quando quitamos definitivamente o financiamento, dedicamos o prédio e temos agora o direito de chama-lo daquilo que bem entendermos, mas apos 21 anos com o nome de O Templo não há razão para mudarmos de nome, e não ha qualquer esperança de tentarmos mudar de nome. O prédio será sempre chamado de OTemplo. Eu devo dizer aqui também que dentro da casa comprada com a venda dos 57 centavos foi planejada 170 Não os únicos, mas unicamente discípulos. e organizada o que hoje se conhece como A Universidade do Templo.30 Para esta semana: Considere com sua família e diante de Deus sua generosidade e separe suas ofertas especiais para serem entregues na sua Celebração, conforme orientação dos seus pastores. Acerca da coleta para os necessitados da Judéia Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for. E, quando tiver chegado, enviarei, com cartas, para levarem as vossas dádivas a Jerusalém, aqueles que aprovardes. Se convier que eu também vá, eles irão comigo (1Co 16.1-4). 30 Temple University, veja seu website http://www.temple.edu/. 171 O DNA do Grão de Mostarda Atitudes Cristãs com Relação ao Dinheiro Iran Bernardes da Costa O Dinheiro Textos bíblicos: Gênesis 1:31,28; Mateus 6:25-34; MaIaquias.3:10; 1 Timóteo. 6:6-10; 2 Coríntios. 8:1-15; 6-15, SaImos.19:1,4. Introdução Com relação à possessão de bens materiais, quero inicialmente fazer a seguinte colocação: Ninguém é tão rico que não possa receber mais; e ninguém é tão pobre que não possa dar. Perguntaram a Rockefeller: - Quanto de dinheiro é o suficiente para satisfazer o homem? - Só um pouquinho mais do que ele já tem, respondeu Rockefeller. O ser humano de fato, parece ser insaciável; quanto mais tem, mais quer possuir. Os bens foram criados por causa do homem, e não o home por causa do dinheiro. Deus criou todas as coisas Tendo criado o mundo e tudo o que nele há, Deus declarou: "Eis que tudo é muito bom". As coisas materiais são boas e foram criadas para o bem e aprazimento da criatura humana. Não há nada de mal naquilo que Deus criou. Pelo contrário, tudo foi criado puro e para a satisfação das necessidades humanas e para manifestar a glória de Deus. 172 Não os únicos, mas unicamente discípulos. A ordem da relação entre o ser humano e a natureza é: "Dominar sobre ela", "sujeitai-a". A natureza testemunha de Deus A natureza (ou seja, os bens materiais), dá testemunho de Deus. Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras das suas mãos (SI 19.1); ... Por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras até aos confins do mundo (Sl 19.4). A natureza fala de Deus e seus atributos Fala da sua sabedoria Fala da sua providência Fala da sua bondade Somos mordomos sob a autoridade de Deus Deus deu ao homem uma tarefa: Administrar as coisas que ele criou (Gn 1.28). Não somos donos de nada, mas administradores das riquezas de Deus. A noção de propriedade do homem surgiu depois da queda e a partir daí o ser humano passou a buscar sua identidade no TER e não no SER. Disputas, porfias, ciúmes, invejas e competições surgiram. Sobre isto temos os exemplos tristes de Caim e Abel (Gn 4.1-16) e de Lameque (Gn 4.23-26); corrupção geral veio sobre a terra (Gn 6.11). O ser humano, após a queda, passou a buscar, de forma desesperada, a sua significação, e isto, através de conquistas e acúmulo de bens. Hoje em dia, o homem só sente que é alguém, se for "proprietário". Não é o seu nome e seu caráter, isto é, o SER, mas o ter, que é valorizado. 173 O DNA do Grão de Mostarda Bem mais tarde, tornou-se necessária uma legislação para controlar as relações sociais. Foi então que Deus, através de Moisés estabeleceu os Dez Mandamentos. É muito interessante observar que todo e qualquer dos dez mandamentos tem a ver com o mesmo problema, o egoísmo do ser humano. A queda da raça humana trouxe o egoísmo; a lei não foi eficaz na sua finalidade. Só em Cristo o ser humano pode deixar de querer ser o dono para ser um administrador dos bens que foram criados por Deus e confiados aos cuidados dos seus servos. O Senhor Jesus, “que sendo rico se fez pobre" é o único que pode mudar nossa natureza egoísta e egocentralizada, em uma natureza piedosa e generosa. Uma coisa é certa, as coisas materiais são boas e existem para o nosso aprazimento e servem como meio de viabilizar nossas necessidades e como elemento usado por Deus, através da Igreja, para promover o seu Reino no mundo inteiro. As coisas materiais existem por causa de Deus e do seu projeto de abençoar a toda criatura. Elas existem por causa do ser humano e não o ser humano por causa delas. Os bens materiais devem ser usados e administrados por nós; e não o contrário, isto é, os bens materiais não podem dominar e sujeitar nossas vidas. Quando Deus disse: "Não terás outros deuses diante de mim", ele estava referindo-se a qualquer coisa que possa se interpor entre nós e ele, inclusive, os bens materiais. Com relação a isto Jesus ensinou que nós não podemos "servir a dois senhores; não podemos servir a Deus e às riquezas" (Mt 6.24). Como é fácil colocar os bens materiais em nossos corações, no lugar que é exclusivo do Senhor Jesus! Nossa atitude para com as riquezas precisa ser levada cativa ao trono de Deus. O mundo de hoje é mais materialista do que 174 Não os únicos, mas unicamente discípulos. nunca. Mamon é o Deus deste século. O Espírito Santo questiona a cada um de nós: "Quem é o teu Deus?" Quem é o Senhor da vida de cada um de vós?.” Vejamos com que ternura o Senhor nos exorta com relação à nossa atitude para com as riquezas: "Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que é Ele o que te dá forças para adquirir riquezas; para confirmar a sua aliança que, sob juramento, prometeu a teus pais, como hoje se vê" (Dt 8.18). Em Eclesiastes nós podemos ler a seguinte exortação: "Quanto ao homem, a quem Deus conferiu riquezas e bens, e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho: ISTO É DOM DE DEUS" (Ec 5.19). Ao denunciar a ingratidão da nação de Israel, Deus assim a exorta: "Ela, pois, não soube que eu é que lhe dei o grão, e o vinho, e o óleo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para baal" (Os 2.8). Em seu livro Prosperith In The End Time, Roger e David Campbell colocam alguns pensamentos muito interessantes: Aqueles que vivem em função das riquezas gastam metade da vida ajuntando tudo o que podem dos outros; a outra metade da vida eles gastam vigiando para que os outros não lhes tomem de volta o que ajuntaram; e assim eles não são felizes nem na primeira nem na segunda metade da vida. O dinheiro pode ser a palha do trigo. Nunca o grão. O dinheiro pode lhe trazer comida. Nunca o apetite. O dinheiro pode lhe comprar remédio. Nunca a saúde. O dinheiro pode lhe dar fama. Nunca amigos. O dinheiro pode lhe dar servos, nunca lealdade. O dinheiro pode lhe dar momentos de prazer, nunca a paz e a alegria eternas. 175 O DNA do Grão de Mostarda Na lápide de uma sepultura na Inglaterra estava escrito: “O que gastei, já era, O que economizei, eu perdi. O que eu dei, eu tenho.” O apóstolo Paulo foi inspirado por Deus para registrar na sua carta a Timóteo esta palavra tão maravilhosa, vejamos: De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e a si mesmos se atormentaram com muitas dores (1Tm 6.6-10) Deus nos chama a uma atitude nobre para com as riquezas Afastar nosso coração do materialismo Em seguida às palavras de Paulo, que acabamos de considerar, o Espírito Santo nos A encoraja a uma tomada de posição radical: Tu, porém, o homem de Deus, foge destas coisas (1Tm 6.11a). Nossa conversão verdadeira em Cristo nos habilita a fugir do materialismo e da ganância e do egoísmo. Às vezes já nascemos de novo em Cristo, mas temos sido indisciplinados e permitimos que nosso estilo de vida seja materialista e egoísta. Isto pode ser uma fortaleza que o inimigo criou em nossa mente contra o conhecimento de Deus. Temos que tomar uma decisão radical contra tudo o que se coloca contra Deus. A natureza de Deus habitando em nós nos fará servos, humildes, obedientes e generosos e desprendidos. 176 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Buscar as virtudes de Deus Antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão (1Tm 6.11b). Essas palavras descrevem bem a natureza do reino de Deus, ou seja, “justiça, paz e alegria no espírito Santo”. E Jesus nos ensinou: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33). Um conselho de Deus aos que possuem riqueza Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade das riquezas, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pratiquem o bem sejam ricos em boas obras, generosas em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmo tesouros, sólido fundamento para o futuro, a fim de se apoderarem da verdadeira vida (1Tm 6.17-19). Jesus, com seu estilo de vida e com suas palavras, nos exorta: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói; e onde ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Mt 6.19-21). É dando que se realiza Em Atos 20:35, Paulo nos dá forte encorajamento na área da nossa motivação com relação ao trabalho e o desprendimento material: Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer aos necessitados, e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: mais bem aventurado é dar que receber. 177 O DNA do Grão de Mostarda Exemplos nobres de liberalidade Um menino dá a Jesus toda a sua provisão Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente? (Jo 6.9). Jesus e seus doze discípulos, e uma imensa multidão estavam na praia do Lago de Tiberíades. Todo mundo com fome; e os discípulos sugerem que Jesus mande a multidão para casa. Jesus, entretanto Ihes diz; "dai-lhes, vós mesmos de comer". André informou a: Jesus: "Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente? Jesus, tomando os cinco pães e dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoava. Depois, tenho partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões" (Mt 14.19). Outro caso comovente é o da viúva pobre Assentado diante do gazofilácio, observava Jesus como o povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre depositou duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante. E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: em verdade vos digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais do que o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do que lhe sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto possuía, todo o seu sustento. (Mc 12.41-44). Conclusão “Ninguém é tão rico que não possa receber mais; ninguém é tão pobre que não possa dar alguma coisa”. 178 Não os únicos, mas unicamente discípulos. ...Daí, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com medida com que tiverdes medido vos medirão também (Lc 6.38). 179 O DNA do Grão de Mostarda A Graça da Generosidade Iran Bernardes da Costa Como Igreja, herdamos dos movimentos dos últimos cinquenta anos, com boas e honrosas exceções, os valores referentes ao trato com finanças, mordomia e destinação dos recursos arrecadados nos cultos, cuja principal motivação tem sido infelizmente a troca com Deus, bem-estar pessoal e a aquisição de bens de consumo. Nesse capítulo, por outro lado, eu apresento algumas considerações sobre a aliança de Deus com cada um de nós, que Ele demonstrou de maneira inquestionável ao dar seu único filho, Jesus Cristo. A motivação é sempre necessária para tudo que fazemos no Reino de Deus. Com relação às contribuições que fazemos, sejam elas em trabalho, tempo, doações, dízimos e ofertas, tudo deve ser feito sob uma real e sadia motivação. Então, como motivaremos nosso povo a contribuir significativa e fielmente, mesmo em tempos de recessão, desemprego ou apatia? Como motivar bem o nosso povo sem, contudo, praticar constrangimentos ou abusos? “A igreja só fala em dinheiro!” é o que as pessoas dizem, quando estão nesse estado de espírito. São muitos os fatores que fazem deste assunto uma questão muito delicada e complexa e deixam os pastores e líderes reféns e sem liberdade para abordarem a questão. Primeiro, tem-se observado que uma boa parte dos líderes e pastores não dispõe de uma preparação adequada; o fato de o salário deles provir da igreja os torna ainda mais imobilizados, e, por outras razões, essa importante questão bíblica deixa de ser francamente ministrada na vida do povo de Deus. Entretanto, quando temos o conhecimento da doutrina da mordomia cristã, 180 Não os únicos, mas unicamente discípulos. a compreensão e a convicção de que a Palavra de Deus é verdadeira e fiel, nós também temos toda a liberdade para tratar este assunto, bem como de todos os demais ensinos de Deus, revelados nas Escrituras. Os líderes que desejam estar alinhados com as Escrituras, sentindo-se seguros e com liberdade para tocarem no assunto, precisam descobrir o ponto vital do ensino bíblico sobre a matéria. Ao escrever sua segunda carta aos Coríntios (2Co 8.8-15), o apóstolo Paulo demonstra que sentia o dever de lidar com o assunto tão delicado que é o dinheiro, precisamente sob circunstâncias bastante graves. Paulo solicita uma ajuda para os irmãos de Jerusalém, ou seja, ofertas para os menos favorecidos daquela comunidade. O modo como Paulo tratou do assunto nos chama a atenção, pois a sua abordagem foi honesta, e, como não poderia deixar de ser, Cristológica. Paulo decidiu fazer esse sincero, mas dramático apelo, pois, para ele, as ofertas dos coríntios seriam um meio tangível (sacramento) de demonstrarem amor aos irmãos de Jerusalém (Gl 2.10). De fato, os gentios deveriam se sensibilizar ante o sofrimento dos irmãos judeus. Em sua primeira carta aos coríntios, Paulo refere-se a essa coleta que pretendia levantar como podemos ver em (1Co 16:1). Na segunda carta, o apóstolo inclui seu veemente apelo (2Co 8 e 9), pedindo que aqueles irmãos completassem a parte deles naquela coleta. Para mover o ânimo dos coríntios para envidar todos os esforços e reunirem uma grande doação, Paulo precisava ter o cuidado de motivá-los corretamente. Para isso, ele destacou duas virtudes: honestidade e persuasão. Não seria uma tarefa fácil. Paulo já havia tratado os coríntios um pouco duramente sobre outros assuntos e agora não poderia mercadejar a Palavra de Deus, como é muito comum em nossos dias. Então, ele procedeu teologicamente e com muita prudência. 181 O DNA do Grão de Mostarda A Abordagem do Apóstolo O apóstolo aborda a doutrina da mordomia cristã tendo como fundamento sua pura cristologia. A teologia de Cristo, defendida por Paulo, seria a sua única argumentação. Para isso, ele explora, como um ardoroso advogado cristão, um conceito cristológico, quase irresistível. Esse conceito vem da própria palavra “cristo”, ou seja, aquele que foi ungido, crismado, carismado. A palavra “cristo” é um verbo na forma passiva. Com relação a Jesus, o filho de Deus, isto significa que ele recebeu a ministração do Espírito Santo, que o tornou cristo, enchendo-o de graça. Este conceito vem da palavra xaris (charis), que quer dizer “graça”, daí veio o termo “carismático”. Então Paulo utiliza a palavra “graça” (charis) como base de seu argumento, como veremos a seguir nos seguintes versículos. Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande generosidade (2Co 8.1,2). Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos (2Co 8.9). Suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta, e, assim haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve demais; e os que pouco, não teve falta (2Co 9.14). Essa é a mesma graça que capacitou os macedônios a participarem da mesma ação benevolente em favor dos irmãos da igreja em Jerusalém, mesmo em face à sua “profunda pobreza” (2Co 8.1). 182 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Também a própria coleta é chamada de graça. “... o que nos levou a recomendar a Tito que, como começou, assim também complete essa graça entre vós” (2Co 8.6). “... e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça” (2Co 8.7). É a própria oferta que é chamada de graça, ou seja, “uma obra graciosa,” que se torna possível pelo poder do Espírito Santo. “E não só isto, mas foi também eleito pelas igrejas para ser nosso companheiro no desempenho desta graça ministrada por nós, para a glória do próprio Senhor e para mostrar a nossa boa vontade” (2Co 8.19). Além do mais, Paulo está certo de que Deus suprirá os coríntios de toda a graça, isto é, toda a bênção, assim descrita: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre” (2Co 9:8,9). A graça de Deus manifesta na generosidade dos coríntios, certamente inspiraria os cristãos de Jerusalém (beneficiários da graça) a orarem por eles, como sugere o texto bíblico: “...enquanto oram eles a vosso favor, com grande afeto, em virtude da superabundante graça de Deus que há em vós” (2Co 9.14). Paulo conclui apropriadamente a sua argumentação sobre a coleta que pretende levantar entre os coríntios, agradecendo a Deus por sua graça, vista primeiro nos irmãos da Macedônia, e, agora, esperada também dos coríntios, como segue: “Graças a Deus pelo seu dom inefável” (2Co 9.15). Nesta carta, a mais comum declaração sobre a graça ocorre em (2Co 8.9): “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela sua pobreza, vos tornásseis ricos.” Com estas palavras, Paulo procura estabelecer uma co-relação vital entre Cristo e a necessidade de se fazer a coleta. O material e o espiritual são 183 O DNA do Grão de Mostarda aqui necessariamente vinculados. Como isso foi possível? Para entendermos essa união, precisamos descobrir porque Paulo introduz a graça exatamente neste ponto. Ele faz essa abordagem cristológica, explorando a graça de Cristo. A sua argumentação é essencialmente didática com respeito a dar e receber, especialmente falando de bens materiais ou financeiros. Em seguida, conforme veremos no versículo abaixo, Paulo explora o exemplo dos macedônios, que fizeram uma contribuição generosa e muito expressiva para o mesmo projeto, mesmo em face à extrema pobreza deles. Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus concedida às igrejas da Macedônia; porque, no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade (2Co 8.1-7). Tendo isso em mente, ou seja, o conjunto de conhecimento, atitudes e ações dos macedônios, Paulo envia Timóteo aos coríntios para finalizar a obra graciosa, a coleta para os irmãos de Jerusalém. Agora, Paulo insiste com os coríntios, que eram muito ricos de outros dotes carismáticos (dons), para que sejam também exemplares nas ofertas solicitadas: “Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça” (2Co 8.7). É muito gratificante para nós, cristãos contemporâneos, ver que Paulo não trata a mordomia em termos de coerção ou obrigação, mas em termos de espontaneidade e graça. “Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor” (2Co 8.8). 184 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Naturalmente, usando o exemplo dos macedônios, Paulo corria o risco de motivar erroneamente os coríntios, sugerindo indiretamente uma competição entre eles. Contudo, o apóstolo ressalta a liberalidade dos macedônios em meio a tanta pobreza, sob a grande rubrica da graça (2 Co. 8:1). Paulo faz referência aos macedônios, não para compelir os coríntios a darem, mas para oferecer-lhes a oportunidade de passarem no teste da generosidade do amor deles. O amor não deve ser compulsório. Amor não pode ser comandado, somente demonstrado. Amor não é imposto, é expressão de voluntariedade. O que mais poderia provocar uma resposta em amor dos coríntios ao apelo do apóstolo? Somente a graça de nosso Senhor Jesus Cristo (2Co 8.9). Só uma cristologia bíblica poderia dominar as mentes e os corações dos coríntios para se tornarem prontos a atender aos clamores dos empobrecidos de Jerusalém. Sobre a graça de Cristo, nós observamos que ela está primeiramente em sua encarnação, assim descrita: “Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, por sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co 8.9). O filho de Deus se tornou “pobre”, no sentido de pobreza terrena e no sentido celestial, ao ter deixado toda a sua glória e riquezas celestiais para tornar-se homem, como Paulo declara: Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornou-se em semelhança de homem; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. (Fp 2.6-8). O propósito da encarnação de Cristo foi para que nos tornássemos ricos. Sobre isso, podemos observar que Paulo 185 O DNA do Grão de Mostarda tinha em mente não a pobreza e as riquezas materiais, mas, sim as espirituais, como ele descreve neste trecho de sua carta aos coríntios: Sempre dou graças a [meu] Deus a vosso respeito, a propósito da sua graça, que vos foi dada em Cristo Jesus; porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo; o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor (1Co 1.4, 9). De fato, o que é essa graça que tanto nos enriquece? Paulo, na abrangência de sua Cristologia, tem na graça as obras de Cristo a nosso favor, em todos os valores soteriológicos, como por exemplo, a justificação, a reconciliação, a regeneração, a libertação, a adoção, a habitação do Espírito Santo e muito mais. Estes são valores da riqueza que provém da pobreza do Senhor Jesus. Será que o apóstolo Paulo está sugerindo que os cristãos em geral devam tornar-se pobres de tal maneira que os outros se enriqueçam? O que você pensa? Certamente que não. Paulo traz à mente a figura da encarnação de Jesus para afirmar que os coríntios já tinham sido enriquecidos pela graça de Jesus Cristo e assim pudessem responder livremente em amor às necessidades dos outros. Não sendo resistida, a graça pode tocar a todos e transformá-los. A graça, em nossas vidas, nos capacita a compartilhar os nossos recursos com os outros, e certamente obteremos em retorno muito amor. Isto é o real princípio da encarnação. De fato, a oferta dos coríntios para os 186 Não os únicos, mas unicamente discípulos. irmãos da Judéia é a melhor explicação do significado prático da encarnação. De uma forma maravilhosa, a encarnação de Cristo, de uma vez e para sempre, funde as duas realidades, tanto a espiritual como a material, em uma única realidade. Não há mais distinção entre uma e outra. A vida em Cristo não é simplesmente “uma doce comunhão mística” com outro mundo. O drama da redenção acontece onde nós vivemos, no contexto da realidade histórica, em Jesus de Nazaré. Assim, compartilhar com os outros é uma excelente maneira de vivenciar a própria encarnação do Verbo Divino e isto é graça. Nós não podemos manifestar que somos irmãos apenas através dos sentimentos místicos, mas através da realidade do nosso dia-a-dia. À luz dessa graça transformadora, os coríntios poderiam renovar seus esforços para abençoarem os irmãos de Jerusalém. Sabemos que não lhes faltava o desejo e agora contam também com a oportunidade. Deus não se preocupa com o tamanho do donativo, mas com a intensidade do desejo de seus corações. Às vezes, nós nos sentimos inseguros diante do desafio de contribuir, pois temos o sentimento de empobrecimento. Em tempos de recessão, crises, desemprego, este sentimento é compreensível. Os coríntios poderiam ter sentido que Paulo quisesse inverter as posições, tornando-os pobres e os da Judéia, ricos. À primeira vista, pode parecer que sim, mas não era isso. O certo é que Deus não queria o empobrecimento de ninguém; o que Ele queria era ver o princípio da igualdade funcionando. Igualdade é a abundância de alguns suprindo a falta de outros. Assim, o que pode motivar nosso coração a contribuir para o sustento da igreja, ou para outra causa igualmente justa? Temos visto que diversas correntes doutrinárias têm sugerido 187 O DNA do Grão de Mostarda várias motivações, algumas com caráter recomendável. Como exemplos, podemos citar: ético pouco Nobilidade – “Vocês viram o quanto ele é generoso?”; Solidariedade humana – “Nós somos todos iguais”; Necessidade – “Temos que ajudar os pobres”; Reconhecimento pessoal – “Vou receber um ótimo brinde”; Auto-gratificação – “Serei muito feliz ao dar”; Campanhas – “Deus vai retribuir”; Lealdade para com a igreja – “Tenho que mostrar que sou fiel”; Rivalidade ou inveja – “Quero ser o maior dizimista”; Reputação – “O generosidade”; homem é reconhecido por sua Graça – “Sua oferta é um gesto de gratidão”. As correntes doutrinárias acima mostram o quanto é fácil desenvolver teologias e hábitos que supervalorizam motivações secundárias ou apelativas. Por isso, temos que ter muito cuidado. Precisamos basear nosso apelo ou fazer nossa contribuição, antes de tudo, sobre um firme fundamento teológico, ou seja, na cristologia que expressa a graça de Deus em Cristo. Sem dúvida, a nossa motivação em dizimar e ofertar não pode ser humanista, mas cristológica; não pode ser centrada na natureza egoísta do ser humano, mas na natureza graciosa de Jesus Cristo. Para que seja assim, precisamos adotar três procedimentos fundamentais: Identificação – Precisamos, antes de tudo, identificar a graça de Jesus Cristo – A Bíblia nos diz que “Ele, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que por sua pobreza, vos 188 Não os únicos, mas unicamente discípulos. tornásseis ricos” (veja também Rm 3.21-26; 5.1-21; 8.18-30; 1Co 3.21-23; 2Co 12.1-10; Ef 1.3-14). Experiência – Experimentar a graça de Jesus Cristo – A graça são todos aqueles valores soteriológicos que Deus, em Cristo, nos disponibilizou. Podemos verificar isto em nossa vida ao observarmos que não tínhamos identidade nem destino. Agora, somos cidadãos do reino de Deus, sabemos o que somos em Cristo e sabemos porque estamos aqui. Agora somos filhos de Deus com propósito na vida. Conhecendo e experimentando a graça de Jesus, o discípulo abre seu coração em amor e generosidade (veja também Rm 5.6-11; Gl 4.4; Cl 1.15-20; Jo 1.1-18; Jo 17.4,5). Resposta – Responder à graça de Jesus Cristo – “De graça recebestes, de graça dai.” Nossa resposta não será na base secundária de motivação, mas fundada na graça que recebemos e que gera em nós a correspondente gratidão por aquilo que Cristo fez por nós. A pregação do apóstolo é dialógica, isto é, Deus fala e o homem responde. A graça é demonstrada e nós nos movemos em amor, respondendo com nossa generosidade, em gratidão, em reconhecimento e total devoção e dependência de Deus, que nos ajuda a responder adequadamente à sua graça. Temos, na narrativa bíblica, inúmeros exemplos de respostas, encorajadoras e até comoventes, como foram os casos da “viúva pobre”, “a mulher pecadora” e “Zaqueu”. Generosidade é um valor ético-sacramental que deve ser cultivado na igreja. Com base no que vimos neste capítulo, o trato com o dinheiro, na igreja, não é um fardo nem para os líderes e pastores, nem para os membros da igreja, pois todos conheceram “a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor anós, para que, por sua pobreza, nos tornásseis ricos” (2Co 8.9). 189 O DNA do Grão de Mostarda Aspectos Gerais Orçamento e Projeção Financeira Dotações para estrutura Dotações para pessoal Dotações para missões Dotações para o social Dotações para bolsas de estudos especializados Dotações para viagens Dotações para produções Dotações para edições e publicações Prestação de contas Prestação de contas é transparência Prestação de contas cria confiabilidade Prestação de contas elimina suspeita Prestação de contras dá visibilidade e perspectiva Prestação de contas demonstra fatos e realidades Prestação de contas estimula participação Prestação de contas traz segurança Todas as contas bancárias farão prestação de contas Como foram aplicados os recursos Prestação de contas no ministério pastoral Quantos batismos tiveram no mês passado Quantas células estão em funcionamento Quanto foi o total das contribuições desta celebração na semana passada ou mês passado 190 Não os únicos, mas unicamente discípulos. Segmentos sociais com os quais devemos fazer contato e ministrar Congregações nacionais - todas Membros das congregações - todos Amigos Simpatizantes Pré-cristãos Familiares Colegas Segmentos homogêneos com os quais devemos trabalhar Infantil até nove anos Adolescentes de dez a dezoito anos Solteiros e solteiras acime de dezoito anos Mulheres Homens Casais Melhor Idade 191 O DNA do Grão de Mostarda Bibliografia Alcorn, Randy. Money, Possessions and Eternity. Carol Streeam, IL:Tyndale House Publishers, 2003. Burkett, Larry. Negócios à Luz da Bíblia. Pompéia-SP: Associação Nova Shalom, 2004. Costa, Iran Bernardes da. Deixa o meu povo fazer; Deixa a minha Igreja Crescer. Brasília, DF: Grão de Mostarda e Atrium, 2013. Dallas, Myers Wayne. Living Beyond the Possible. Dallas, TX: The Great Comission Evangelist Association, 2003. Dayton, Howard. O Seu Dinheiro. Pompéia, SP: Editora Bless, 2002. Ellul, Jacques. O Homem e o Dinheiro. Brasília, DF: Editora Palavra, 2008. Ganz, Brandon. 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