Instituto Superior Miguel Torga Seminário Gonçalo
Transcrição
Instituto Superior Miguel Torga Seminário Gonçalo
Instituto Superior Miguel Torga Seminário Comentário do texto «Sony AIBO ERS 7 C: o melhor amigo da avozinha? Navegar no Oceano Azul: a criação de uma categoria e um marketing discreto. Do ponto de vista do processo de marketing o lançamento do Sony Aibo, à partida um robot de entretenimento, apresenta particularidades que se ligam com dois aspectos muitas vezes esquecidos, porque raros. Um aspecto liga-se com a especificidade da criação de uma marca que é ao mesmo tempo uma nova categoria de produtos. O outro aspecto tem a ver com o facto de não envolver meios avultados empregues numa campanha de grande difusão. O último o aspecto tem a ver com uma esfera do marketing que é a dos segmentos de grande poder de compra. Estes segmentos têm um tipo de comunicação muito próprio. Começando pela descrição e definição, o AIBO é um robot. A sua forma é a de um cão patusco que parece vir tirar o emprego ao cães verdadeiros, algo trapalhões. Estes podem, contudo, ficar descansados. Quem sabe se poderão até ser amigos no futuro. É também a simulação de um animal de companhia, mas a Sony rapidamente reposicionou a sua mensagem de forma a integrar e alargar a sua difusão aos segmentos dos motivados pela curiosidade tecnológica. Neste caso o robot oferece múltiplas funções e está preparado para receber outras tantas, mesmo por criação do cliente, se este for especialista no ramo. Nos dois casos, como animal de companhia e como aparelho técnico, dado o preço e a complexidade do produto – e dos componentes que podem vir como acessórios – os segmentos/alvo definem-se por pertencerem aos estratos ou classes altas. E por isso o seu marketing é restrito e discreto. É deliberadamente que a Sony aposta numa categoria nova e, por isso, não pensa em termos de concorrência de preços. Os autores W. Chan Kim e Rennee Mauborgne, na obra Blue Ocean Strategy, desenvolverem uma imagem que ilustra este conceito. Do Mar Vermelho para o oceano azul. Trata-se de uma área aberta pela primeira vez, em que a concepção de marca tem a liberdade criativa de poder pensar no desenvolvimento do conceito e da personalidade do produto se a pressão e o constrangimento dos preços concorrenciais. Se nós, como criadores de marca tivermos um dia a felicidade de poder trabalhar nestes moldes será uma hipótese num milhão. Não é todos os dias que se criam categorias de marca. Gonçalo Fernando da Costa Madeira Nº7716 Licenciatura em Comunicação Empresarial 1 Instituto Superior Miguel Torga Seminário Daí a também a possibilidade do segundo aspecto referido, o estilo de marketing. O seu marketing pode ser discreto e restringido aos domínios que foram segmentados à partida, os estratos de poder financeiro. Mas podemos pensar que a noção de um “marketing discreto” é contraditória. Alguém poderia perguntar se o marketing não consiste na difusão em grande escala. Não é verdade, é um mal entendido. O marketing tem como fundamento a comunicação humana. Como ser social o homem vive num mundo de símbolos, de linguagem e de pertença a um grupo. Na realidade pertencemos a vários tipos de grupo, os quais ajudam a moldar as nossas expectativas, os valores e as nossas crenças. Isto tanto funciona nos produtos como Jeans, Nike, como com as altas gamas. A mensagem é que deve adaptar-se aos segmentos alvo. O que acontece com a difusão do AIBO é um fenómeno de comunicação mediante o desejo de pertencer ao grupo dos que adquiriram primeiro os produtos desejados. A comunicação em onda, a partir dos iniciados para a influência no mainstream com poder de compra contribui para fazer marketing. Assim parece até que a Sony negligencia o marketing. Antes pelo contrário, poupa recursos, e joga com os factores pessoais e psicológicos que estão sempre em jogo no marketing. Uma coisa é conceber uma campanha de marketing, esse é também o nosso papel. Outra é fazer marketing criando a marca, concebendo o conceito, dando um nome atractivo e chamativo, que não mais se esqueça. Este tipo de marketing foi feito pela Sony desde a definição do produto, com as suas características, ao nome, aos segmentos perante os quais posicionou a sua mensagem, e à forma como concebeu a comercialização do AIBO. Este marketing é que foi discreto. O público alvo estava definido. Não era necessária uma grande campanha. O próprio público vai fazer a sua contribuição para o marketing pelos processos simbólicos e psicológicos referidos. Gonçalo Fernando da Costa Madeira Nº7716 Licenciatura em Comunicação Empresarial 2