A difícil tarefa de doar vida O cuidado de si e o

Transcrição

A difícil tarefa de doar vida O cuidado de si e o
ARTE & CULTURA
O coreto democrático
da praça São Salvador
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
Uma casa dedicada à
leitura em Laranjeiras
LILIBETH CARDOZO
A difícil tarefa
de doar vida
SAÚDE &
BEM-ESTAR
O cuidado de si
e o controle da
ansiedade
PROMOÇÃO
www.pommerland.com.br
SUMÁRIO
SUMÁRIO
COLUNAS &
ARTIGOS
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4
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Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo)
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Quem é Quem
SAÚDE &
BEM ESTAR
11 O cuidado de si e
o controle da ansiedade
07 Lilibeth Cardozo
08 Sandra Jabur
12 Suzan Hanson
23 Alexandre Brandão
No Osso
EDUCAÇÃO &
CONHECIMENTO
26 Oswaldo Miranda
27 Gisela Gold
28 Bijux in the Box
30 Tamas
31 Haron Gamal
ARTE &
CULTURA
32 ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL
Praça São Salvador: um
democrático coreto
12 Casa da
Leitura: 20 anos
de cultura e
educação
Arthur Moura
CAPA
EDITORIAL
EDITORIAL
O Rio também
chora
18
Rio: cidade
inacessível
Prédios públicos ou privados, ruas, saúde e transportes públicos, tudo exibe o despreparo da Cidade Maravilhosa para
respeitar cariocas e receber visitantes com mobilidade reduzida. As pessoas com deficiência são obrigadas a se adaptar
à falta de acessibilidade e, apesar desse cenário, a sociedade
organizada desenvolve projetos que ajudam na reabilitação e
inclusão social.
Há mais de dez anos a Folha Carioca vem homenageando o Rio
de Janeiro. Uma revista com um nome como este, Carioca, não
deixa de se encantar com as belezas naturais em versos, prosas e
imagens, passando a seus leitores um Rio que nos alegra. Mas o Rio
tem também muito choro, dor, aprisionamento. São os cariocas com
necessidades especiais que têm, a cada dia, muitas pedras em seus
caminhos, sendo impedidos de viver com liberdade. Nessa edição
mostramos como o Rio chora o mesmo pranto desses muitos cariocas.
Nossa capa traz uma matéria sobre como andamos mal em acessibilidade e em como nossa cidade limita pessoas que já foram limitadas
ao nascer, por acidentes, violência ou doenças. E novas construções
são feitas sem que governantes, gestores, arquitetos, engenheiros ou
construtores pensem que eles próprios podem, a qualquer momento,
serem limitados em independência física. O recém-construído cartório, referência do Registro Civil na Zona Sul da cidade, em Botafogo,
templo de cidadania, não tem qualquer adaptação para pessoas com
necessidades especiais. Afronta à população!
Lilibeth Cardozo, na página sete, relata emocionada uma imensa
decepção ao esbarrar com dificuldades sérias em fazer uma doação ao
INCA do sangue do cordão umbilical de seu neto, por ser domingo.
Mais afronta ao cidadão!
Falando em choro, o chorinho que rola na Praça São Salvador,
em Laranjeiras, é bem diferente das lágrimas de tristeza e revolta. O
coreto, aquele antigo símbolo de agregação popular nas pracinhas da
cidade é um exemplo de cidade democrática. Leia, no roteiro Boêmio
Cultural, a dica de onde o carioca canta e dança em programas de
grande liberdade.
Em Saúde e Bem-estar tem artigo sobre natação para pequenos
carioquinhas, um excelente artigo sobre o que é e como tratar a
endometriose e outro em que nossos leitores vão encontrar valiosas
observações sobre a ansiedade, coisa séria para nossas emoções!
Nesta edição Alexandre Brandão manda muito bem e brinca com
as palavras comentando um mês de fevereiro muito doido. As crônicas
do Alexandre são quase documentos!
E tem mais, muito mais para ler e se encantar. Falando em leitura, mostramos um palácio, ali em Laranjeiras, imponente e cheio
de tesouros, que só engrandece a nossa cidade e exerce atividades
voltadas para a cultura e cidadania. Motivo de orgulho! Leia na página
24 e vá visitar a Casa da Leitura!
Cidadãos chorosos ou sorridentes, divirtam-se e discutam a Folha
Carioca de abril de 2013!
5
A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM
[email protected]
Barteliê
Há mais ou menos dez anos meu amigo Luiz Octavio me
falou de um apartamento onde conhecidos se reuniam para
conversar, cantar e tocar, uma espécie de sarau. Era um lugar
supercharmoso em Ipanema chamado Barteliê. Ele inclusive
tocava piano lá. O tempo passou, nunca cheguei a ir, mas
ano passado veio novamente a conversa sobre esse lugar e
sua proprietária, a artista plástica Maria Tereza Capell, a Tetê.
Resolvi então ir com ele para conhecer.
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Já quando cheguei fiquei fascinada. Um prédio muito antigo, talvez
um dos mais antigos de Ipanema,
sem porteiro, sem portaria e sem
elevador. Perguntei ao meu amigo
qual o apartamento e ele disse que
era o 3. Como assim? É, o apartamento é o 3, nessa época ainda
não se usava 301. Toquei, e outra
surpresa: na mini-sacada aparece a
Tetê, que desenrolou um barbante
até as nossas mãos, com uma pequena cesta amarrada com uma chave
dentro. E não disse nada, como se
fosse a coisa mais natural do mundo,
como se todos os prédios da cidade
funcionassem assim. Só isso já teria
valido a minha ida! Que delícia voltar
naquela Ipanema da década de 30!
Tetê, dona do Barteliê, me recebeu como uma velha amiga, e de
repente eu estava lá, num ambiente
superagradável, com pessoas que eu
nem conhecia mas que logo me entrosei. Foi uma noite muito especial,
com piano, canto, poesia, violão e
percussão. E de que qualidade! Tetê
me falou de como tudo começou,
há mais ou menos quatorze anos, e
de como surgiu a ideia. Ela sempre
gostou de reunir amigos em torno
de música e conversa, e a coisa foi
crescendo de um jeito tal que ela teve
que se organizar. Vinham pedidos
para talk shows, festas de aniversário,
peças de teatro por companhias de
peso, sem falar no nhoque da fortuna
todo dia 29. Tudo isso dentro de um
apartamento que não é muito grande,
com a proprietária morando. Mas
para Tetê não existe problema, ela é
muito tranquila, e sempre administrou tudo muito bem. Ela é a alegria
e o alto astral em pessoa, animada e
vibrante, além de tocar divinamente
seu piano azul turquesa.
As histórias que aconteceram ao
longo desses treze anos são fantásticas,
e ela já tem material para um belíssimo
livro que pretende editar em breve. Eu
ficaria ali ouvindo a Tetê falar por horas
a fio, e não posso deixar de contar
uma história dentre as várias que ouvi.
Uma vez uma moça que estava em pé
ao lado do piano bebendo caipirinha,
exagerou na dose e já totalmente alterada foi escorregando pela parede onde
estava encostada, igual uma geleca.
Chegou no chão e dormiu. Devagarzinho Tetê foi ajeitando ela junto do
piano, bem debaixo pra não atrapalhar
o sarau e deixou ela lá, dormindo.
Sabe a que horas ela acordou? No dia
seguinte, à uma da tarde. Levantou e
perguntou com a maior naturalidade
de quanto era a conta.
Histórias deliciosas, um lugar
agradável, acolhedor e irreverente,
onde você se sente à vontade logo
que chega, esse é o Barteliê. Uma
ideia muito louca que funciona há mais
de quatorze anos e que só foi possível
graças à sua proprietária. Ela conseguiu
morar e usar o mesmo espaço sem
mexer na decoração. Acho que é aí
que está a bossa do lugar. A sala é
comum, muito bem decorada, com
as paredes coloridas, o piano azul turquesa, as miniaturas, as peças artísticas
espalhadas por todo lado, os livros,
enfim, é a sala dela, e nós somos seus
convidados amigos queridos. Os frequentadores são sempre amigos, ou
amigos de amigos, e toda a comida é
feita pela Tetê que não se importa em
se levantar do piano para ir à cozinha
preparar um crêpe, ou o "crepelie"
como ela chama. Atualmente ela conta
com uma ajudante, que entrega uma
comanda com o seu nome quando
você chega e vai anotando os pedidos.
Se você quiser conhecer a Ipanema de antigamente, um sarau de
verdade, um lugar diferente de tudo
que o mundo está te oferecendo,
não deixe de ir lá. Mas se, mais ainda,
você quiser conhecer uma mulher
fantástica, uma artista maravilhosa e
um ser humano de primeira grandeza,
se informe do próximo evento e corra!
L
ILIBETH CARDOZO
[email protected]
A
Bolsa Amarela
nunca aos domingos
Se você é cidadão brasileiro, quer fazer uma grande doação
de vida, não tente aos domingos, está fechado! Minha filha
e seu marido tiveram seu primeiro filho, num sábado, dia
16 de março de 2013. Planejaram doar ao INCA o sangue
do cordão umbilical de seu filhinho.
Num gesto de fraternidade e humanidade, seguiram as orientações do
Instituto Nacional do Câncer. Houve
um cadastro, orientações e anuência
da obstetra. Bem antes do parto
iminente, natural, fui pegar o kit para
coleta e armazenamento do sangue.
Dia 13 de março nasceu o Joaquim,
um filho desejado, planejado, amado e
cheio de vida. Foi recolhido o material
e, conforme orientação, armazenado
numa bolsa térmica, amarela. Antes
que completassem 24 horas da coleta
(conforme recomendações expressas)
levei o material recolhido ao INCA.
Ao encontrar o banco de sangue fechado, ouvi : “Senhora. Hoje é domingo”. Percorri corredores, protestei ,
busquei orientação e não tinha quem
recebesse aquela fortuna de vida,
dentro daquela bolsa amarela, porque
era domimgo! A importância desta
doação era dar a um serviço público
de saúde o sangue do cordão umbilical
e placentário de minha filha e de meu
neto, seguindo o que o próprio INCA
apregoa: “quando identificado, no
cordão umbilical um grande número
de células-tronco hematopoéticas,
que são células fundamentais no transplante de medula óssea, este sangue
adquire importância, pela doação voluntária, para pessoas que necessitem
do transplante”.
Diante do absurdo, ameacei denunciar à imprensa. Jovens médicas fi-
caram aborrecidas (elas não entendem
que estão ameaçadas pela soberba e
ignorância) e só depois de mais de
duas horas consegui deixar aqueles
frascos de esperança para médicos
trabalharem, pessoas serem salvas,
pesquisas avançarem e nos sentirmos
úteis ao bem comum de nosso povo.
Segundo o INCA, o sangue do
cordão é uma das fontes de células-tronco para o transplante de medula
óssea, e este é o único uso do material atualmente. O transplante é
indicado para pacientes com leucemia,
linfomas, anemias graves, anemias
congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma
múltiplo, além de outras doenças do
sistema sanguíneo e imunológico.
Lá pelos idos de 1982, li e me
apaixonei pelo livro A Bolsa Amarela,
um clássico da literatura infanto-juvenil,
da grande escritora Lygia Bojunga
Nunes. Quando fui buscar os frascos
para colher o sangue na hora do parto,
eu estava me sentindo sozinha. Vi-me
andando pela Praça da Cruz Vermelha,
carregando uma bolsa amarela. Dentro
dela estavam as recomendações, autorizações e frascos para colher o sangue
do cordão umbilical do Joaquim, meu
neto, que iria nascer a qualquer momento. Emocionada com o gesto da
minha filha, com a visita ao INCA, com
um nascimento próximo, com minhas
inquietações naturais, fiquei andando
pela rua. No céu, uma tempestade se
armava. Na praça suja e maltratada,
pombos arrulhavam entre cães imundos, homens maltrapilhos e embriagados que gritavam entre si, exibindo sua
mendicância. Em volta da praça, um
mar de carros, motores, calor, mau
cheiro. Rodei pela praça emocionada
e meio perdida, buscando uma saída
para voltar para casa. Nas escadas
do INCA, dezenas de pessoas com
rostos assustados, cobertos ou quase
sem rosto... Do outro lado, o prédio
da Cruz Vermelha Brasileira, caindo
aos pedaços, sujo, me fez lembrar de
muitas passagens dos livros que li em
que a cruz vermelha era a salvação.
Na minha memória, a cruz sempre
foi bordada em tecidos brancos. Ali,
naquela praça, no centro da cidade,
talvez já tenha havido um pouco de
branco, luz, beleza e esperança. Hoje
existe sujeira dor, lixo, doença, abandono. Do INCA saí com minha Bolsa
Amarela onde seria guardado o sangue
que ligava as vidas de minha filha e de
meu neto.
Tal qual Raquel, a menina do livro
da Lygia, parece que eu tinha na bolsa
tudo que se passava em minha alma.
E estava só, como Raquel. Caminhei
com minha emoção, que era triste
muito triste. Sem poder contar com
a compreensão alheia, companheiros
invisíveis e fictícios e começo a depositar na bolsa tudo que se passa em meu
íntimo, pois nela há espaço para tudo.
Como a menina Raquel, crio um
mundo mágico para mim dentro da
bolsa amarela, tentando fugir de um
lugar ao qual não me sinto pertencer.
Me consideram sem conhecimento
de nada, sem atenção alguma, o que
me leva a guardar dentro de mim desejos secretos. A bolsa passou a ser
o esconderijo ideal para as invenções
e vontades de Raquel. Tudo cabia lá
dentro. A bolsa amarela da menina
acaba sendo a casa muitos pensamentos e histórias inventadas pela
narradora, tal qual a minha bolsa, na
“Praça da Cruz Sem Cor”, no meio
do abandono e caos da minha cidade,
dita maravilhosa, acaba sendo a casa
das minhas dores, do meu abandono
de adulta, de minha emoção e de
alguns pensamentos “costurados” ao
longo da vida.
Depois do nascimento de Joaquim, a mesma bolsa amarela carrega
o gesto humano, solidário, responsável e consciente de uma nova mãe.
Uma vez tive um cordão igual ligando
a minha filha a todo o meu ser.
A minha bolsa amarela, pendurada
no meu ombro enquanto ando meio
perdida pela Praça da Cruz Vermelha,
me arranca lágrimas. Sinto-me uma
Raquel. Tenho uma história, como
a da grande escritora, em que vibro
com a conquista de ser eu mesma, a
liberdade, as escolhas por uma vida
em que todas as pessoas têm valor
pelo que são e pela contribuição que
dão ao mundo, ao bem comum.
Tudo cabe numa bolsa amarela,
às vezes fica mais leve, às vezes
mais pesada!
7
S
ANDRA JABUR
[email protected]
Natação desde
8
O universo é composto de ¾ de
água, o nosso corpo é constituído de
75% de água, passamos noves meses
envoltos no líquido amniótico dentro
da placenta materna.
É muita coincidência !!!
O bebê quando não sofre traumatismo ao nascer, ou durante o banho,
ou alguma intercorrência, ele adora
água, brincar com a água é um prazer
muito grande.
A atividade do bebê com a mãe,
que seria o primeiro contato com
o esporte, é muito importante em
diverso aspectos. Como afetividade,
segurança, através da mãe e socialização, integração com os outros bebes.
São oferecidas atividades com
músicas, relacionadas aos movimentos do corpo com muita alegria, com
brinquedos coloridos, motivando e
proporcionando prazer às crianças o
tempo todo da aula. As atividades na
água são baseadas no desenvolvimento
psicomotor da criança e não provocam
nenhum tipo de lesão.
Aos dois anos a criança vai para
a turma, deixa a mamãe e começa
um novo estágio - a independência.
Aumenta a convivência com as demais
crianças. A mamãe passa a assistir de
longe. O professor,”o tio“ assume o
papel principal.
São propostas atividades com dificuldade progressiva, que a criança deve
vencer, criar estratégias para resolução
das mesmas. As tarefas propostas são
desafios proporcionais a faixa etária da
criança não podem ser muito difíceis
para não criar frustrações e nem muito
fáceis para desmotivá-las.
Todo o trabalho relacionado à
natação infantil é pautado em estudos
do desenvolvimento psicomotor da
criança. Além disto, os objetivos da
natação infantil são ensinar à criança
seus limites, o perigo existente com a
água e adaptá-la ao meio liquido, que
ela aprenda a respiração, colocando
o rosto dentro d’água e fazendo bolinhas e a boiar que fazem parte do
salvamento.
Outro aspecto importante é o
aumento da resistência orgânica da
criança, ela fica mais resistente evitando
doenças. Outro beneficio é criar o gosto pela atividade esportiva, ela cresce
gostando da atividade física. Esse é o
nosso lema: motivação, prazer, saúde
para vida.
pequeno
Os próprios atletas afirmam que
o atleta de natação ele tem mais facilidade para praticar outros esportes. A
coordenação motora adquirida com o
nado no inicio da vida é fundamental
para o desenvolvimento motor. A
criança fica preparada para futuras
atividades esportivas. Ela aprende a
vencer o medo, a conhecer seus limites, a dividir o espaço e os brinquedos
com as outras crianças, a ter disciplina
e deslocar-se na água, criando consciência espaço –temporal.
O aspecto mais importante que as
atividades sejam lúdicas que as técnicas
sejam introduzidas através do descobrir, vivenciar, manusear com prazer
e não sejam mecanicistas, produtoras
de atletas em miniaturas.
Queremos contribuir no desenvolvimento de crianças felizes, confiantes,
motivadas para aprendizagem, companheiras, espertas, que os ensinamentos
aprendidos na água sejam levados
para a vida.
Na água, a criança não se machuca,
não tem lesões, participa de atividades
com obstáculos, ousa mais por não ter
medo de cair. Este ambiente rico em
cores, estímulos, brinquedos contribuem para seu equilíbrio físico, mental
e emocional. Ela estará preparada para
outras atividades no tempo certo.
Deixe a criança ser criança!!!
SAÚDE
& BEM-ESTAR
Publieditorial
A endometriose
A endometriose é definida
como uma doença inflamatória
crônica benigna, estrogênio-dependente, causada pela implantação e crescimento progressivo
do endométrio (tecido que forma
a menstruação) fora da cavidade
uterina, afetando cerca de seis
milhões de mulheres no Brasil, o
que corresponde cerca de 5 % a
15% das mulheres em idade fértil.
Nas mulheres que apresentam
infertilidade, pode existir em quase
40% dos casos. Mesmo sendo
uma doença que atinge muitas
mulheres, atualmente, o atraso no
diagnóstico inicial é, em média, de
7 a 10 anos.
O principal sintoma é a ocorrência, desde a adolescência, de
cólicas menstruais cada vez mais
fortes e que não melhoram com
o uso de medicamentos. Outros
sintomas dolorosos podem ocorrer como dor profunda na relação
sexual (dispareunia profunda);
dor ao evacuar (disquesia) e dor
ao urinar (estranguria). Uma das
principais consequência da doença
é a infertilidade, pois o processo
inflamatório progressivo que a
endometriose causa, pode comprometer a função dos órgãos
envolvidos na fertilidade (útero, tubas
e ovários).
Para a confirmação do diagnóstico, exames como a Ressonância Nuclear Magnética Pélvica
e a Ultrassonografia específica para
endometriose são importantes, pois
conseguem identificar, com precisão, a existência de focos profundos
da doença (com mais de 5 mm) e
auxiliam na decisão sobre qual tratamento será adotado e no controle
evolutivo. Atualmente, baseado nos
sintomas apresentados, na avaliação
do médico especialista e nos exames
realizados, um tratamento clínico ou
cirúrgico pode ser indicado, sem a
necessidade de uma cirurgia prévia
para biópsia comprovatória da existência da doença.
O tratamento clínico é a base de
medicações hormonais, por longos
períodos, com objetivo de inibir o
desenvolvimento das lesões através
do bloqueio da produção da menstruação, dentro e fora do útero. Já
o tratamento cirúrgico é realizado,
preferencialmente, pela laparoscopia que permite uma cirurgia mais
detalhada e minuciosa. O objetivo
é a retirada dos tecidos doentes,
a reconstituição da anatomia e das
funções dos órgãos acometidos.
Dr. Daniel Tabak
é médico especializado
em videolaparoscopia
ginecológica e
vídeo-histeroscopia.
Devido ao grande impacto
que a doença tem na população
feminina, vários estudos possibilitam esclarecer algumas características, como por exemplo, o
parentesco de primeiro grau ter
o diagnóstico de endometriose,
desenvolvimento inicial da doença
nas primeiras menstruações, bem
como a evolução e a gravidade da
endometriose serem distintas em
cada paciente. Além disso, alguns
fatores externos podem influenciar, como a época e número de
gestações e a utilização ou não de
medicações hormonais durante
a vida reprodutiva. Vale ressaltar
que a extensão e profundidade das
lesões nem sempre correspondem
aos sintomas apresentados, pois
existem pacientes com lesões
mínimas e muito sintomáticas e
pacientes com lesões extensas e
profundas, pouco sintomáticas.
É fundamental que as mulheres
tenham mais consciência da doença
e procurem um especialista para o
diagnóstico e decisão do tratamento
adequado, o mais precocemente
possível, a fim de evitar que as lesões
causadas pela endometriose venham
a comprometer, irreversivelmente, a
saúde da mulher.
EMERGÊNCIA
Tel.:2529-4505
GERAL
Tel.:2529-4422
9
SAÚDE
10
& BEM-ESTAR
SAÚDE
& BEM-ESTAR
CORPO E EMOÇÃO
O cuidado de si e o
controle da ansiedade
TEXTO_MARY
SCABORA*
Diferentemente do homem primitivo, a interpretação de perigo para o
homem moderno transcende a vida
biológica. Perigo é também interpretado como a impossibilidade de realizar
desejos e suprir necessidades.
O homem da sociedade contemporânea interpreta também como
perigo as perdas: de status, poder
econômico, de conforto, de afeto etc.
O perigo se relaciona com a impossibilidade de concretizar e a incapacidade
de criar. A dor que tem como 'raiz' o
medo, muitas vezes é gerada pelo
desconforto causado pela sensação
impotência diante de determinadas
situações que são inerentes à vida.
Para alguns, lidar com a mudança, com situações desconhecidas ou
lidar com o outro na adversidade
são motivos para ativar estados que
desencadeiam quadros ansiosos. São
sensações que se intensificam gerando
excitação corporal e aceleração mental.
Esta dinâmica é sentida como negativa
e desorganiza os processos de pensamento comprometendo a capacidade
de raciocínio lógico. Na maior parte das
vezes vem acompanhada da sensação
de incapacidade para lidar com o futuro
e medo de fracassar.
A vida moderna é competitiva
e cria demandas. Com a tecnologia
desenvolvemos outra relação com
o tempo, a sensação de que tudo é
efêmero e urgente. Os estímulos são
muitos e a mente exige elaborações
e soluções rápidas, o que favorece
quadros de ansiedade.
Muitas pessoas não conseguem
identificar a ansiedade. Sentem-se
angustiadas, inseguras, percebem
as alterações físicas como vertigem,
aperto no peito, alterações respiratórias e cardíacas, e neste estado
tentam encontrar uma lógica para
esta sensação. Não compreendem
o que sentem, pois aparentemente
está tudo bem e apesar disso a pessoa
sente como se alguma coisa terrível
fosse acontecer. Diante da inabilidade
de reconhecer e lidar com a ansiedade, o conteúdo pessimista torna-se
atuante, agravando o quadro.
Quando isso acontece em níveis
demasiadamente intensos ou com
maior frequência, tende a determinar
mudanças no comportamento. Muitos buscam um jeito rápido encontrar
alívio através do consumo abusivo de
bebida, comida, drogas e medicamentos ou comportamentos
como roer unhas, falar demasiadamente e outros que dão a
ilusão de conforto e alivio. Em casos
em que a ansiedade se torna crônica,
pode desenvolver transtornos como o
pânico, fobias, TEPT (Transtorno por
estresse pós-traumático), transtorno
obsessivo compulsivo (TOC), etc.
Conhecer e saber lidar com a
ansiedade é fundamental, pois ela é
considerada a causa mais frequente
para os distúrbios psicossomáticos.
Muitas vezes, a intensidade da ansiedade perturba o funcionamento
do organismo: aparelho digestivo
(gastrite, náuseas); aparelho respiratório; alergias e afecções cutâneas,
assim como distúrbios alimentares, de
memória e funções sexuais.
Em doses adequadas a ansiedade
aumenta a capacidade de realização do
indivíduo e prepara para a ação. Graças a ela criamos possibilidades e nos
organizamos nas relações
que estabelecemos com tudo que diz
respeito à vida, ao amor e ao trabalho.
Para isso faz-se necessária uma
educação emocional. O trabalho psicoterapêutico possibilita a elaboração
e o desenvolvimento de técnicas para
reconhecer, identificar e lidar com a
ansiedade e suas repercussões
Desta forma, a pessoa estará
exercendo o cuidado de si como
prática de vida. Aprender a voltar seu
olhar para si, examinar-se, observar
os pensamentos, as ações, perceber
o corpo, se pensar como um todo
no todo. É um exercício constante
de autoconhecimento e aprendizado.
*Psicóloga Clínica:
www.scabora.com.br
11
S UZAN HANSON
[email protected]
Mundo inteiro
Recentemente fui convidada por minha grande amiga e comadre Carla, em uma espécie de carinhoso desafio, a preparar
uma festa, como nos velhos tempos, quando tive um buffet, no
final dos anos 90.
12
Conversamos um bocado sobre
o conceito, pois não me atreveria a
entrar na cozinha profissionalmente se
não tivesse algo a dizer, considerando
esse mar de talentos técnicos e inovadores presentes no atual mercado
gastronômico.
Renovação da comida regional
brasileira, comida de diversos países
do mundo, petiscos visualmente muito
elaborados, experiências dos espanhóis na culinária química, diversos
conceitos de comida orgânica, vegan,
enfim, mil fontes de inspiração, ou...
de cópia. Pediram-me para frequentar
buffets, ver o que estava na moda,
colher ideias e opiniões.
Paramos, eu e Carla, para pensar no que de autêntico podíamos
oferecer. O conceito tomou forma
quando conversávamos sobre uma
matéria, escrita pelo Marcelo Adnet,
que falava de sua descoberta de uma
língua falada em Aruba, Bonaire e
Curação. Papiamento é a única língua
que nasceu no Caribe, uma mistura de
português, espanhol, inglês, holandês,
indígena e africano - praticamente um
esperanto! Além de multicultural é a
coisa mais singela e ingênua que já
vi... Vejam algumas frases retiradas
do texto do Adnet:
Bon dia, kon to ta bai? Só pelo
som: bom dia, como vc vai...
Ainda tin un monton di hende
bunita aki;
Bel mi bek (me liga de volta!);
Mi ke bebe awa (como uma criança pedindo pra beber água!).
Comentamos que era isso que
gostaríamos como resultado de uma
experiência culinária, que ela fosse multicultural e de raiz. Simples e ao mesmo
tempo renovadora. Poderia ser até
uma divertida e acolhedora perspectiva
da globalização: igual respeito e dimensão para os diversos países. O mundo
hoje é multicultural, mas carece de um
cimento que una tudo. No interessante
bairro londrino, onde ocorreram as
últimas Olimpíadas, viu-se um caldeirão
de povos, fervilhando da cultura de
imigrantes e seus descendentes. Mas,
ainda falta a liga.
E porque essa ideia nos capturou,
mostrou-se autêntica? Porque há anos
festejamos, em nosso pequeno grupo
de amigos e famílias, cozinhar, beber
vinhos, ouvir músicas, ler e ver filmes
do mundo inteiro.
Assim nasceu o “Descobridores
- Vinhos & Sabores dos 4 Cantos”,
com o primeiro cardápio fazendo
uma rota que começa no Egito,
com um singelo prato de pão árabe
grelhado, molhado em azeite para
agregar uma mistura de especiarias e
castanhas torradas, passa pela Eritréia,
com camarões grelhados sobre molho picante de tomates, se estende
pela Europa com representações
da Escandinávia, e seu gravlax, um
marinado de salmão fresco e aneto,
e um pouco do conforto do clássico
suflê de bacalhau português e da tra-
dicional versão da bruschetta italiana,
adicionada de um pouco mais de
novidades da Jamaica, com seu frango
defumado em molho apimentado
jerk e a polenta com pernil de cordeiro desfiado inspirada no Uruguai.
Finalizando, duas receitas com olhos
voltados para a Ásia: um macarrão
de arroz com molho refrescante
de ervas, gengibre, limão e leite de
coco e um queijo rústico coberto
com sementes, criado a partir de
ingredientes citados na Bíblia.
Tudo isso harmonizado com vinhos de diversas procedências como
África do Sul, Austrália, Patagônia,
Portugal, Espanha, Chile e Argentina.
De espumantes, a roses, brancos e
tintos.
De tudo um pouco, sem hierarquia.
13
G ASTRONOMIA CARIOCA
14
15
G ASTRONOMIA CARIOCA
BOA PEDIDA
Um tesouro gastronômico
escondidinho no Centro
16
Desde que abriu as portas,
em 1947, o clássico restaurante
Escondidinho vem alegrando aos
frequentadores que se aventuram
no minúsculo Beco dos Barbeiros
em que ele está localizado, entre a
Rua do Carmo e a Rua 1º de Março.
Da entrada à sobremesa, não há
decepção. Muito conhecido por
quem trabalha no centro, seu farto e
saboroso cardápio ecoa muito além
das cercanias e vale a visita. Os especiais do dia merecem a atenção,
principalmente a costela bovina,
estrela da casa, que dissolve na boca
em bossa com uma farofa de ovos
ou com agrião e aipim sem iguais.
Restaurante Escondidinho
De 2ª a 6ª, de 11h as 16h
Beco dos Barbeiros, 12
lojas A e B - Centro
Tel.: 2242-2234
Tradição e sabor nas ladeiras
de Santa Tereza
Quem já passeou pelas ladeiras
de Santa Tereza ou mora no bairro,
com certeza conhece, já frequentou ou pelo menos ouviu falar do
Bar do Mineiro. Considerado por
muitos o mais tradicional do bairro
ele fez fama ao longo de anos e atrai
turistas de vários países e estados
do Brasil em busca da autência
comida de buteco carioca.
Além do visual incrível, os clientes desfrutam de um cardápio muito
original. Destaque para o Frango
Ora Por Nóbis, ensopado com uma
típoica erva mineira que dá nome ao
prato, e servido com uma deliciosa
polenta, arroz e feijão. Também são
tradicionais os pastéis com sabores diferenciados e uma grande
variedade de cachaças. Vale subir a
ladeira e conferir.
Bar do Mineiro
Rua Pascoal Carlos Magno, 99
Santa Teresa.
Tel. 2221-9226
Publieditorial
Movimentos sociais
convocam população para
barrar os leilões do petróleo
Um dos maiores crimes contra o povo brasileiro está com data marcada
para acontecer em maio. Não é a derrota da seleção brasileira. Nem o atraso
das obras de um estádio para a Copa. Também não se trata da separação
de um casal de artistas famosos. Nem de uma armadilha para o mocinho da
novela das oito. Estamos falando da entrega de 289 áreas de petróleo. Isso
mesmo, o petróleo que deveria ser nosso, do povo brasileiro irá para as mãos
de empresários megamilionários, brasileiros e estrangeiros.
Se aceitarmos esse crime esqueça a ideia de utilizar esse recurso para
transformar a educação e saúde públicas, construção de moradias populares,
fazer acontecer a reforma agrária, desenvolver transportes de massa, espalhando metrôs, trens e barcas confortáveis e baratos pelo Brasil. Inclusive, iremos
perder a possibilidade de definir o ritmo de exploração do petróleo nacional e
construir um plano concreto de mudança de matriz energética, desenvolvendo
em larga escala energias limpas que substituam os poluentes combustíveis atuais.
Será que você já entendeu direito tudo o que está
acontecendo?
G ASTRONOMIA CARIOCA
Anuncie no guia
mais saboroso
do Rio
(21) 2253-3879
[email protected]
Os movimentos sociais são contra a privatização do petróleo por entender que esse recurso deve ser de todo o povo e não apenas gerar lucro para
poucos. O governo do presidente Fernando Henrique criou um modo de
entregar nosso ouro negro, o que ele chamou de Rodadas de Licitação de
Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás. O Lula continuou com
esse processo de leilões. E Dilma, infelizmente, marcou a 11ª rodada para maio
desse ano, quando irão a leilão reservas estimadas em 30 bilhões de barris,
mais que o dobro das reservas atualmente reconhecidas e comprovadas: um
crime sem precedentes!
Vamos assistir calados à entrega desses recursos que poderiam mudar a vida
do nosso povo tão sofrido? Vamos construir juntos a campanha O Petróleo Tem
que Ser Nosso que exige o fim dos leilões, controle público sobre a Petrobrás
e todo o petróleo e a destinação dessa riqueza para a resolução dos nossos
graves problemas sociais. Entre em contato com (21) 25088878.
A questão dos leilões é muito mais grave que a questão dos royalties.
Enquanto os royalties representam apenas 10% da renda do petróleo, os
leilões envolvem todos esses recursos. Queremos discutir “o elefante inteiro”
e não “apenas o seu rabo”. Enquanto todos brigam pelos royalties, para onde
vão os outros 90%?
Petrolíferas estrangeiras e a turma do Eike Batista querem levar nosso petróleo a preço de banana. Não vamos aceitar! Esse recurso precisa ser público
e pensado de forma estratégica dentro de um projeto de desenvolvimento justo
na perspectiva social e ambiental. Vamos dedicar toda nossa energia para barrar
esses leilões marcados para 14 e 15 de maio” – explica Emanuel Cancella, um
dos coordenadores da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso.
Fonte: Agência Petroleira de Notícias
17
CAPA
Muitas
pedras
no caminho
18
Na Cidade Maravilhosa, vedete dos eventos
globais, a acessibilidade ainda é uma realidade
distante para quem já carrega a superação como
uma imposição diária
Juliana Costa: faltam rampas de acesso no Parque Lage.
TEXTO_ JULIANA
FOTOS_ ARTHUR
ALVES
MOURA
Produzir uma matéria sobre acessibilidade em uma cidade apaixonante
como o Rio de Janeiro deixou-me
bastante impressionada. É fácil perceber mudanças como plataformas
elevatórias em ônibus (e ouvir sobre
o despreparo dos rodoviários para
operá-las, já que ainda não presenciei
seu uso), adaptações nas escadarias
do metrô (e ver os esforços de um cadeirante para entrar e sair de um trem
lotado) e concluir que “as coisas estão
melhorando”. Mas as dificuldades estão em todos os lugares e poderiam
desaparecer com mais respeito ao
próximo e boa vontade política. Apesar de ser um dos principais destinos
turísticos mundiais e sede de grandes
eventos (entre eles a Paraolimpíada de
2016), a acessibilidade por aqui ainda
está distante do ideal e sua ampliação
caminha a passos lentos.
Durante dez dias, conheci pessoas
que vivem sem rancor ou amargura
por terem nascido com deficiência
ou visto suas vidas mudarem devido
à violência urbana, acidente ou o
surgimento de alguma doença. Nossa
modelo Juliana Costa (foto de capa),
por exemplo, depende da ajuda do tio
para subir e descer os seis andares de
seu condomínio: ele a leva nas costas
porque não há elevador no local. E o
sorriso dela é um dos mais sinceros
que já vi.
Também conheci projetos, a
maioria fruto do voluntariado e de
iniciativas da sociedade organizada,
que proporcionam um pouco mais
de qualidade de vida, saúde e inclusão social para esses cidadãos que
precisam continuar ‘tocando a vida’,
como qualquer um de nós. E nesses
encontros, pude ouvir depoimentos
emocionados como o de um voluntário ao ajudar uma criança de oito anos
a entrar no mar após ter sofrido uma
severa distrofia muscular que, em dois
anos, praticamente o paralisou todo.
Jamais entenderia quão trabalhoso
Flagrante de má conservação da rua Luís de Camões, Centro do Rio de Janeiro
é, também para os acompanhantes,
passear pelos pontos turísticos se não
estivesse em um deles. No Parque
Lage, por exemplo, nossa equipe precisou fazer o desembarque da Juliana
em um lugar e depois estacionar o
carro em outro bem distante, mesmo com vagas próximas à entrada;
até no Corcovado é assim. Passei a
perceber que muitas calçadas não
são rebaixadas, e a encontrar veículos
estacionados em frente a esses trechos ou em cima da própria calçada,
tornando obrigatória a passagem de
pedestres pela rua e colocando suas
vidas em risco. A população, de forma
consciente ou não, deixa de respeitar
vagas em estacionamentos destinadas
às pessoas com deficiência e assentos
reservados em transportes coletivos
para prioridades.
Leandro Mendes, 31, foi cobrador durante cinco anos e teve de
conviver com atitudes nada cidadãs:
“Muitos fingem estar dormindo,
lendo, olham para fora do ônibus ou
simplesmente fazem de conta que
não estão vendo para não dar o lugar
às pessoas que precisam de atenção
redobrada”. Os membros do seu
lado esquerdo são paralisados (deficiência congênita descoberta pelos
pais aos seis meses de idade) e uma
cirurgia de alongamento dos tendões
permitiu que tivesse novas oportunidades. “Eu andava na ponta do pé
e agora consigo coloca-lo no chão.
Faço parte do projeto Adapt Surf que
reúne pessoas com deficiências durante os finais de semana nos postos
2 da Barra e 11 do Leblon porque
são locais mais acessíveis. A praia é
nivelada com o calçadão e ninguém
corre o risco de se machucar. Gostaria que toda a orla fosse adaptada,
desde Grumari até o Flamengo. No
Posto 12 do Leblon, por exemplo,
a distância entre a calçada e a areia
parece um abismo”.
Direitos garantidos
através de ações
judiciais
A acessibilidade no país é garantida pelo Decreto-lei 5296 de 2 de
dezembro de 2004, que explica, no
Artigo 8º, ser a “condição para utilização, com segurança e autonomia, total
ou assistida, dos espaços, mobiliários
e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos
dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa
com deficiência ou com mobilidade
reduzida”. Algumas melhorias foram
feitas como a adaptação de 65% da
frota de ônibus que, segundo dados
fornecidos pela Secretaria Municipal
de Transportes, terá todos em conformidade com a lei até 2014. Porém
o Município já está atrasado, pois a
justiça determinou a adequação total
até 02 de dezembro de 2012.
A adaptação em prédios públicos
está ainda mais lenta. São comuns
cenas como a flagrada por nossa
reportagem, que acompanhou a difícil subida das escadas do prédio do
Ministério da Fazenda, na Av. Antônio
Carlos, por um senhor que utiliza
muletas para locomoção. Manoel Elias
Couto, 60 anos, realizou, em 2006,
um transplante de rim que exigiu
muito repouso no pós-operatório, o
que facilitou a formação de trombose.
“A patologia chama-se polineuropatia.
Meu tratamento é realizado na ABBR
e ainda ando com muita dificuldade.
Mas o maior sofrimento é andar pelas
ruas do Centro e infelizmente, tenho
ido constantemente ao Ministério da
Fazenda para resolver um problema
gerado desde a época em que fiquei
inativo”. A burocracia excessiva, no
caso de Manoel, o obriga a voltar muitas vezes ao prédio e se deslocar ainda
mais pela cidade. “Pediram até a assinatura autenticada de um médico que
me atendeu em 2006”, exemplifica.
O Instituto Brasileiro dos Direitos da
Pessoa com Deficiência (IBDD) é o único
no país dedicado à defesa de direitos
desde 1998, e as causas coletivas também fazem parte das suas prioridades.
“Trabalhamos com frentes modificadoras
de um comportamento e que podem
fazer diferença em relação à pessoa com
deficiência. Ganhamos uma ação civil pública para que todos os prédios públicos
fossem adaptados. A multa está bastante
alta, já que são 10 mil reais por dia e
por prédio não adaptado. As áreas de
uso coletivo como faculdades, cinemas
e teatros devem ser acessíveis a todos.
Os bares só podem obt er o alvará de
funcionamento mediante condições de
acessibilidade, e infelizmente não é o que
acontece”, explica Teresa Costa d’Amaral,
superintendente da Instituição.
Teresa d'Amaral, superintendente do IBDD
19
Nobre missão
Perseverante é uma das melhores
formas de definir a idealizadora do
IBDD. O convívio com pessoas com
deficiência começou em sua própria
família através de sua irmã e, mais
tarde, seu sobrinho. Formada em
História e pós-graduada em Comunicação Social, Teresa soube aproveitar
a oportunidade de trabalhar no Ministério da Educação e Cultura e criou
uma comissão para educação especial
que incluía o próprio deficiente para
atender melhor as suas necessidades.
Em relatório, os membros definiram
90 ações direcionadas aos deficientes
que foram levadas ao Legislativo pela
Coordenadoria Nacional para a
Integração da Pessoa com Deficiência (CORDE) como projeto de lei.
Teresa, coordenadora do CORDE
na ocasião, obteve a aprovação de
todos os ministérios e, em 24 de
outubro de 1989, foi declarada a Lei
Nº 7.853.
Moto em frente à calçada rebaixada impedindo o
acesso (Rua Arthur Bernardes - Catete)
Terminal Rodoviário em frente a PUC - Gávea
CAPA
20
“Nossa lei é considerada a melhor das Américas por uma pesquisa
internacional feita em 2004, inclusive
melhor que a do Canadá e Estados
Unidos. Porém, é a menos respeitada”, afirma. O IBDD possui um
banco de dados de cerca de 40.000
pessoas e a inclusão no mercado
de trabalho é feita em todo o país.
Depois que o cumprimento da Lei
de cotas começou a ser fiscalizado,
as oportunidades aumentaram, mas
o deficiente ainda encontra barreiras
como o preconceito e a falta de acessibilidade nas empresas empregadoras.
“Acreditamos em colocação bem feita
e respeitosa para que seja duradoura.
Infelizmente, muitos ainda oferecem
somente vagas de assistente e auxiliar
de escritório e praticamente um terço dos nossos cadastrados possuem
curso superior. São pessoas formadas
capazes de fazer o que qualquer outra
pessoa faz”, explica a superintendente.
Trabalho em rede
Deficiências como paraplegia e
tetraplegia podem surgir ao nascer ou
mesmo durante toda a vida por um
traumatismo raquimedular (TRM). Os
acidentes de carro, moto e as freadas
com ou sem cinto de segurança,
dependendo do impacto, podem
deslocar uma vértebra e mudar o
destino de muitas pessoas. O diretor
e idealizador do projeto ReAbilitArte,
Renato de Paulo, faz um alerta para
os mergulhos em águas rasas: “É a 4ª
maior causa de TRM e passa
a ser a 2ª no verão do Rio.
Mergulhar em um banco
de areia pode causar uma
lesão para o resto da vida”.
Formado por uma equipe
multidisciplinar de voluntários, o Instituto é uma rede
facilitadora de reabilitação
que, através de parcerias,
ajuda gratuitamente na recuperação de pacientes. “Trabalhamos com quem possui
a estrutura de atendimento
para atuar como suporte intelectual,
logístico e fisioterapêutico”, explica.
A Secretaria Municipal da Pessoa
com Deficiência (SMPD) e o Instituto
Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) são exemplos de locais
que recebem pessoas e realizam os
respectivos tratamentos. Renato, que
também é coordenador do curso de
pós-graduação em Neurociências da
Reabilitação no Instituto, pioneiro no
Rio de Janeiro, está muito satisfeito
com a parceria do IBMR, que empresta suas instalações para atender
pacientes. “O serviço é gratuito.
Basta trazer os documentos pessoais e o encaminhamento médico
que o atendimento poderá ser feito
em qualquer clínica”. O grupo está
aberto e totalmente preparado para
receber voluntários (independente
da área de atuação) através do e-mail
[email protected].
1º Fórum Universitário
de Acessibilidade
No dia 26 de abril, na UFJR, o Instituto ReAbilitArte vai reunir profissionais
de diversas áreas como Fisioterapia,
Biomedicina, Arquitetura e Tecnologia
da Informação para o desenvolvimento
do projeto “Mapa de Acessibilidade
do Rio de Janeiro”. A ideia é utilizar
tecnologias como o Google Maps
para indicar informações em relação
à acessibilidade dos locais mapeados.
Para Jean-C Houzel, professor adjunto
no Instituto de Ciências Biomédicas da
Renato de Paulo,
diretor e idealizador
do projeto
ReAbilitArte
UFRJ e um dos diretores da ReAbilitArte,
acessibilidade é uma questão que deve
ter a participação de todos. “As pessoas
com deficiência também estarão conosco porque são quem realmente sabe a
relevância do que deve ser mapeado.
O piloto será feito na Ilha do Fundão e
o mapeamento será estendido para a
cidade do Rio de Janeiro”. Este será o
primeiro evento multiprofissional em
acessibilidade na universidade.
Um dos convidados é Eduardo
Battiston, diretor executivo de criação
da Agência Click Isobar e responsável
pelo projeto Accessibility View. Ele
foi vencedor da edição de 2012 do
Creative Sandbox, concurso realizado pelo Google para premiar ideias
que melhorem a vida nas cidades. O
aplicativo funciona como o Google
Street View dos cadeirantes, inclusive
com fotos panorâmicas, mapeando as
opções com melhor acessibilidade para
o deslocamento de deficientes.
Janúsio Januário Muniz dos Santos em fase de
adaptação
Reabilitação integrada
Quem passa pelo número 660 da
Rua Jardim Botânico não consegue
imaginar que a Associação Brasileira
Beneficente de Reabilitação (ABBR) é
praticamente um mundo de setores
de tratamentos às pessoas com deficiência. O lugar possui unidades de
amputados, convívio social, pilates,
infanto juvenil, Terapia Ocupacional
(incluindo um laboratório de vida diária cujo espaço simula uma residência
completa) e ainda ginásio de fisioterapia
e uma oficina ortopédica onde são
fabricadas as próteses.
Janúsio Januário Muniz dos Santos,
63, é bi-amputado devido às consequências do tabagismo, mas mesmo com
sua limitação esbanja felicidade. Há um
ano em tratamento na instituição, o simpático e querido paciente está passando
pela fase de adaptação da prótese e em
breve colocará a original. “Perdi minha
perna esquerda há dois anos e a direita
há um, e agradeço a Deus todos os dias
pela oportunidade de estar aqui com esses funcionários maravilhosos. E aqueles
Carolina dos Santos Vasconcellos, supervisora da
Terapia Ocupacional: "Os movimentos devem ser
corretos para que não sejam enviadas informações
erradas para o cérebro".
Oficina Ortopédica: fabricação de próteses sob medida
Fotos: Divulgação
Katarine Almeida / Divulgação
Voluntários em Copacabana durante banho de mar
irmãos e irmãs que puderem ajudar, a
ABBR está de portas abertas”, convoca
Januário. Na Terapia Ocupacional, são
desenvolvidas atividades para cada
parte do corpo, além da reabilitação
cognitiva onde se trabalha a atenção,
concentração, memória e raciocínio. A
oficina terapêutica é praticamente um
centro de produção de artesanatos e
nos dias 08, 09 e 10 de maio, haverá
um bazar especial para o Dia das Mães
e toda a renda será revertida para a
própria oficina.
Lazer e esporte para
todos
A inclusão social através do esporte e lazer também faz parte da missão
do Instituto Novo Ser (INS). Sob a
liderança de Nena Gonzalez, a organização desenvolve projetos como
Power Soccer (futebol em cadeira de
rodas- pioneiro no Brasil), Pesca Adap-
A modelo da capa
Juliana Costa é o orgulho de
todos: sua força de vontade motiva
a família a vencer os obstáculos diários. Em 2005, ela, seus tios, avó e a
prima, de 05 anos, estavam no carro,
em Rocha Miranda, quando começou
um tiroteio. Eduardo Pereira, um
dos tios, levou um tiro de raspão;
sua prima foi baleada na perna e o
projétil que atingiu a nossa modelo
provocou uma lesão medular que
a fez viver, desde então, em uma
cadeira de rodas.
Hoje, com 17 anos, Juliana cursa
o segundo ano do ensino médio,
pensa em administração ou moda
como cursos de graduação e está
Nena Gonzalez (camisa verde), idealizadora do projeto
tada, SuperAção e o Praia Para Todos.
Este último recebe frequentadores de
qualquer lugar do Rio de Janeiro aos
sábados, na Barra da Tijuca (Posto 3) e
aos domingos em Copacabana (Posto
5). “Aos 15 anos, meu filho sofreu um
acidente, ficou tetraplégico e não pode
mais surfar. Nessa nova fase, quando
ele queria ir à praia, eram necessários
muitos para ajudar e relaxávamos
pouco. Conversamos sobre criar algo
para facilitar o lazer dos que estavam
na mesma situação e, em 2008,
lançamos o piloto”, explica Nena. Os
visitantes sempre encontram uma esteira especial sobre a areia para facilitar
o acesso à praia e, além do banho de
mar e da piscina infantil, podem se
divertir surfando e jogando voleibol e
frescobol adaptados.
Os apoios são fundamentais
para desenvolver e manter todas as
atividades e essa 5ª edição do Praia
Para Todos conta com o 3º Grupamento Marítimo de Copacabana. Os
bombeiros voluntários passaram por
um processo de capacitação para
conhecer o projeto, e aprender,
principalmente, quais os cuidados
durante a transferência de um usuário
para a cadeira anfíbia que possibilita
sua entrada no mar. Em contrapartida,
a equipe de militares ensinou técnicas
de salvamento, segurança e
dicas sobre as marés.
“O nome ‘projeto’ às
vezes assusta e as pessoas
sentem-se desqualificadas
para participar. Mas qualquer um que vier aqui e lavar
uma cadeira ou simplesmente
conversar, conseguirá ajudar muito”, afirmou o subtenente Albuquerque. Para
ser um voluntário, acesse
www.praiaparatodos.com.br.
prestes a ingressar no mercado de
trabalho. Talvez você esteja com a
impressão de já tê-la visto, e isso é
bem possível. Em 2008, a produção
do TV Xuxa convidou-a para estrear
o quadro “Histórias de Vida”, ocasião
em que, além do encontro com a
Rainha dos Baixinhos, ganhou seu
primeiro book fotográfico. Foram
feitos outros dois ensaios e em breve
sua imagem será trabalhada também
em agências comuns.
Para ela, o número maior de
ônibus adaptados diminuiu o tempo
de espera, porém está longe de ser
o ideal. “Dificilmente paravam para
mim; agora tem sido mais fácil. Mas
se eu precisar de táxi... No Brasil, falta
acessibilidade em todos os lugares e
acho que teremos problemas graves
nas Olimpíadas porque a cidade não
é preparada para pessoas com deficiências”, afirma Juliana. Eduardo, o
tio coruja, esteve recentemente na Disney
e observou o respeito
dos parques por quem
necessita de cuidados
especiais: “Todos os
brinquedos são adaptados para pessoas
com deficiência. Eu
disse para a Ju que
ela vai adorar porque
poderá brincar sem
restrições”.
Power Soccer – Futebol em Cadeiras
de Rodas: modalidade paradesportiva
praticada por homens e mulheres de
qualquer idade
Katarine Almeida / Divulgação
+
NA WEB
• Interatividade: deixe seu
depoimento ou comentário
• Vídeos
• Galerias de imagens
folhacarioca.com.br
facebook.com/folhacarioca
A LEXANDRE BRANDÃO
| NO OSSO
[email protected]
Que fevereiro foi esse?
22
Do ponto de vista do universo, dos
universos, melhor dizendo, caiu um
pedregulho na Terra, logo ali na Rússia.
Um pedregulho, e todo aquele estrago.
Como somos pequenos!
Duas estagiárias do Senado Federal
foram demitidas por terem postado no
Facebook a foto de uma ratazana encontrada na gráfica do próprio Senado
ao lado de um comentário do tipo:
“Renan Calheiros não é o único problema.” Abandono a discussão importante
a propósito de se as meninas deveriam
ou não ser demitidas, se as empresas
deveriam ou não bisbilhotar a vida
virtual de seus funcionários etc. e tal.
Prefiro dizer que essa história mostra
bem como o Renan está “pedindo”.
Não só ele, claro, todos os senadores
que o recolocaram como presidente
da casa em que nem deveria entrar.
Há uns vinte anos, o médico que
trouxe à luz meus filhos mais velhos
mudou-se do Rio para Santa Catarina.
Fugia da violência. O mundo dá voltas,
camará.
Não entendo dos meandros do
poder do Vaticano, sei avaliar, quando
muito, como Bento XVI tem-se mostrado conservador em muitos assuntos.
Logo, não reajo nem com alívio nem
com apreensão a sua renúncia. Por
outro lado, ri com algumas tiradas em
torno desse assunto. No Facebook,
além de lançarem Sarney, Lula e
Malafaia como candidatos à sucessão,
fizeram uma charge na qual o Papa
incentiva a renúncia do Renan, pois,
se ele, que é Papa, renunciou, o que
impediria o senador de fazer o mesmo?
Tenho amigos sérios e que entendem
de política de modo geral, a do Vaticano
em particular. Eles me disseram que
alguns possíveis substitutos do Papa
podem fazer com que consideremos
light o conservadorismo do que se
despediu em fevereiro.
Um acidente na Avenida Brasil
envolvendo um ônibus não é raro,
mas acidente provocado por conta de
um passageiro indignado ter agredido
o motorista que não quis parar fora do
ponto já não é assim tão comum. O
passageiro é um desequilibrado, não
resta dúvida, e, se hoje ele agride por
motivo tão banal, amanhã poderá fazer
coisa pior por outros vãos motivos.
Não conheço o desfecho da história,
mas aproveito o incidente para refletir
sobre o seguinte: ponto de ônibus no
Rio de Janeiro é mais uma ideia do que
um lugar onde as linhas A e B param
e a C não. Sim, os motoristas fazem
o que querem. Não só eles, nós, os
passageiros, igualmente. É um tal de pedir
ao “motô” — somos
sempre transgressores
gente boa — para abrir
a porta um minutinho.
Além disso, acho incrível
uma coisa: em frente a
minha casa, há um recuo
para os ônibus pararem
para embarque e desembarque. Com isso,
saem um pouco da rua,
e o trânsito flui normalmente. O que acontece?
Os passageiros ocupam
esse lugar, e os ônibus
param no meio da rua,
e a rua vira o caos. Somos miúdos, mas nossa
estupidez não.
Vaticinei há um tempo: Yoani
Sánchez não viria ao Brasil. Naquela
época, não viria por não conseguir
o visto para deixar Cuba. Pois bem,
minha “profecia” se concretizou, só
que agora, apesar de ter estado por
aqui, ela continuou não vindo, pois
não a deixamos circular livremente,
lançar seu livro, participar do debate
sobre um filme no qual dera um depoimento. Cerceamos a moça que, se
não tivesse sido constrangida, poderia
ter respondido a muitas perguntas que
esclarecessem exatamente quem ela é.
Qualifico essa passagem da blogueira
por aqui como um vexame nacional.
Fevereiro não foi um mês como
outro qualquer. Nunca é, por causa do
carnaval, essa coisa toda. Mas a renúncia do Papa, a queda de um meteoro e
a vinda/não vinda da Yoani Sánchez ao
Brasil tornaram o esquisitão fevereiro
mais esquisitão ainda. Que doideira!
V ITRINE DIA DAS MÃES
Com uma magia latente o Espaço
Brechicafé carrega em sua identidade o
charme dos cafés e brechós ‘vintages’
europeus mesclado com o espírito alegre e
democrático brasileiro. Um ponto cultural
charmoso no bairro de Copacabana.
R. Siqueira Campos, 143 – lj . 31 Shopping
Cidade Copacabana
www.espacobrechicafe.com.br
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Criativa e divertida
Em Santa Teresa, a artesã Lola expõe suas
inspirações e criações em espaço agradável,
divertido e cheio de colorido, onde ainda
pode-se tomar um saboroso café. Uma grande
variedade de presentes para mães que curtem a
casa e a família.
Abre de 5ª a domingo de 11h30 às 19h30
21 9153-2505
Rua Santa Cristina 181 - Santa Teresa.
lolaateliercafe.blogspot.com.br
Wall Coiffeur
ATELIÊ AUAD
Um universo lúdico de cores e formas
Inspirado pela tranquilidade e natureza da localidade de São Pedro da
Serra, onde tem seu ateliê, o artista Marcelo Auad desenvolveu uma
linguagem própria que estampa quadros, mandalas, luminárias e outros
objetos de decoração, com temas que vão do infantil ao místico.
Encomendas pelo telefone 22 9957-1513
São Pedro da Serra - Nova Friburgo (próximo a Lumiar)
[email protected]
Estética e Bem-estar
Sempre atualizado, o Wall Coiffeur
trabalha com a tecnologia mais
avançada na área da beleza
e produtos de qualidade
superior. Com 21 anos de
experiência, Wall comanda
a equipe que conta com
Carlos Monteiro, Personal
Hair e Terapia Capilar, Léo
Delgado, expert em penteados
e colorimetria e Concita Mauro,
especialista em design de
sobrancelhas e maquiagem.
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9457-1405 / 7923-4430
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salas 201 e 203 - Copacabana
www.wallcoiffeur.com.br
facebook: wallcoiffeur
23
EDUCAÇÃO
&
CONHECIMENTO
Ler para todos
Um palácio dedicado à nobre arte da leitura
Há na cidade um lugar dedicado inteiramente à leitura. Não
é uma livraria, nem uma biblioteca. É a Casa da Leitura. Ali,
celebra-se o ato de ler em todas as suas manifestações. Leitura
de livros, leitura de imagens, leitura compartilhada. Dramatizada,
cantada ou, mesmo, cinematográfica. Neste ano, o espaço celebra duas décadas de trabalho em prol da leitura de crianças e
adultos e se projeta como um espaço para o público interessado
nas diversas formas de ler o mundo.
24
TEXTO_FRED PACÍFICO
FOTOS_ARTHUR MOURA
A casa é um misto de Centro
Cultural e Centro de Referência, que
oferece, gratuitamente, variadas atividades cuja base é a leitura, e promete
um ano de muitas comemorações
por conta do seu 20° aniversário,
com programação fixa que pode
ser acessada pelo Facebook (www.
facebook.com/proler.casadaleitura) ou
pelo site da instituição (www.bn.br/
proler). Instalada em Laranjeiras, em
um casarão localizado na Rua Pereira
da Silva, n°86, construído como uma
réplica de um palácio parisiense, a
Casa da Leitura sedia a Coordenação
Nacional do PROLER – Programa
Nacional de Incentivo à Leitura, um
projeto comprometido com a democratização do acesso e valorização
social da leitura e da escrita, vinculado
à Fundação Biblioteca Nacional e ao
MINC – Ministério da Cultura.
Por se tratar de casa tão imponente e bela, desde que foi instalada
no espaço, em 1993, a equipe do
PROLER logo tratou de dar utilidade
criativa ao ambiente. No fundo do
terreno foi construído um pequeno e
aconchegante auditório, que recebeu
o nome de Auditório Clarice Lispector,
escritora querida de todos que por ali
passam. Palestras, peças teatrais, bate-papo com escritores, debates sobre
literatura e cinema, contadores de
histórias, leituras dramatizadas, entre
outras tantas atividades para o público
infantil, de jovens e de adultos, acontecem no simpático auditório desde
então. Todas as ações desenvolvidas
buscam formar leitores críticos e
apaixonados, além de favorecer a
democratização do acesso ao livro,
através de uma integração com as
atividades da instituição.
Segundo a diretora da casa, Carmen Pimentel, a intenção é o estabelecimento cada vez maior da Casa da
Leitura como um centro de referência
em mediação de leitura. “Almejamos
a constituição de uma grande Rede
Nacional de Leitura, disponível para
estudantes, pesquisadores, especialistas, com acervo especializado em
informações sobre vivências, experiências, práticas, estudos e pesquisas
na área da leitura, literatura e escrita,
recolhidas em todo o território nacional e no exterior. A ideia da casa
como Centro de Referência começa
a ganhar corpo e cabeças parceiras da
mesma vontade”, diz.
A Casa da Leitura possui ainda
duas bibliotecas diariamente abertas
ao público: uma infantil e outra de
literatura juvenil e adulta. A infantil recebeu o nome de Monteiro Lobato. A
de jovens e adultos, especializada em
literatura brasileira, mas que também
abriga escritores de outros países de
língua portuguesa, foi batizada de
Adélia Prado, nome escolhido pelos
frequentadores no mês passado. Muitas escolas também visitam a Casa da
Leitura e suas bibliotecas para usufruir
de momentos dedicados à prática da
leitura.
Histórias que levam à
leitura
Programação:
Terças Culturais – toda terça-feira, às 19h – cine-literatura, leituras musicais,
o livro e o autor, leituras dramatizadas
Conversa com autor – toda quinta-feira do mês, às 16h – bate-papo com
escritores de nossa literatura. Este evento passa a ser gravado e transmitido
pela Rádio MEC AM a partir de maio
Conversinha com autor – última quarta do mês, às 15h, para crianças –
bate-papo com escritores de literatura infantojuvenil
Atividades de contação de histórias e de práticas leitoras nas
bibliotecas – durante todo o ano
Cursos e oficinas de formação de mediadores de leitura – durante
todo o ano são ofertados cursos e oficinas com temática voltada para a leitura
Oficinas de leitura e escrita nas férias – em julho e janeiro
Semana da criança – em outubro – atividades de leitura e escrita e
contação de histórias
Semana de Clarice Lispector – em dezembro – leituras dramatizadas de
textos de Clarice, palestras e debates sobre a escritora de textos de Clarice,
palestras e debates sobre a escritora
25
Serviço:
Casa da Leitura – Rua Pereira da Silva, 86, Laranjeiras.
Telefone: (21) 2557-7437
www.bn.br/proler
www.facebook.com/proler.casadaleitura
A Casa está aberta de segunda a sexta, das 9 às 18 horas.
Os eventos são todos gratuitos, e é só chegar.
Visitas escolares, é necessário agendar.
Para os cursos oferecidos, também gratuitos, é preciso realizar a inscrição,
que pode ser feita na própria Casa da Leitura, por telefone e/ou pelo e-mail
[email protected]. Deverão constar no e-mail os seguintes
dados: nome do curso, nome completo do aluno, RG do aluno, e-mail,
telefones fixo e móvel.
Fotos: Sandra Ney
Atualmente, a casa serve de
referência para os 84 Comitês do
PROLER espalhados pelo Brasil, além
de promover em suas dependências,
ao longo do ano, jornadas de leitura, com especialistas, mestrandos
e doutorandos para apresentação
de seus trabalhos ligados ao tema.
Assim como cursos de formação
continuada de mediação de leitura
para profissionais da área. Mas não
foi sempre assim...
Segundo a direção da Casa da
Leitura, o espaço foi originalmente
construído para servir de residência
ao casal Ferreira de Carvalho, nos
idos de 1920. Antonio Ferreira de
Carvalho e Tereza de Castro Carvalho vieram de Lisboa, Portugal, para o
Brasil e se estabeleceram numa chácara no Cosme Velho, onde hoje está
o Colégio Sion. Foi um de seus filhos,
Henrique, que mandou construir o
casarão da Pereira da Silva. A casa
era decorada com móveis em estilo
Manuelino. Os armários embutidos
ainda estão lá.
A família morou ali até 1947,
quando um decreto presidencial desapropriou o imóvel e o declarou de
utilidade pública, instalando no lugar a
Escola de Comando do Estado Maior
da Aeronáutica (ECEMAR), que ficou
no prédio até a nova sede da Escola
ser inaugurada no Galeão, em 1953.
Seis anos depois, o presidente Juscelino Kubitschek cedeu o imóvel para a
Associação das Pioneiras Sociais, que
já o ocupava há alguns anos, provavelmente desde sua fundação em 1956.
Em 1984, a associação foi extinta e,
em 1991, o imóvel foi cedido pela
União à Fundação Biblioteca Nacional
que instalou ali, dois anos depois, no
dia 13 de agosto, a Casa da Leitura,
como sede nacional do PROLER.
Uma pérola literária na cidade
do Rio de Janeiro, cravada no coração das Laranjeiras. Não ler é ficar
de fora desse mundo, o que talvez
signifique ficar de fora do mundo.
Então aproveite seus momentos de
estudo ou lazer e visite a Casa da Leitura. Celebre também tão saudável
hábito, participando da programação
de aniversário. Pode apostar que o
mundo agradecerá.
Contação de história do projeto Ler,
atriz Camilla Moreira - Sarau Clarice
Contar, Brincar
- banheira da Casa da Leitura
Paulo e Ricardo Santoro tocando
Palestra de Carmen Pimentel no
auditório da Casa da Leitura
OSWALDO MIRANDA
[email protected]
A casa do gringo agora é museu
26
22 de fevereiro de 1942. Da
Tribuna de Petrópolis, toquei para a
Delegacia de Polícia. Tem o suicídio
de um gringo e a sua mulher nas
Duas Pontes. O gringo era Stefan
Zweig; a mulher, sua esposa, Lotte.
Zweig ganhara projeção aqui depois
de escrever o livro “Brasil, país do
futuro”, em 1941. Alberto Dines,
seu biógrafo (Morte no paraíso – a
tragédia de Stefan Zweig), escreveu
sobre o escritor e a casa adquirida
em Petrópolis, financiada pelos governos alemão e austríaco e doações
particulares. Lembrou ter estado em
Brasília, comentando que o Brasil
tem uma dívida tão expressiva com
o escritor, que bem poderia emitir
um selo, um carimbo, uma moeda,
lamentando ainda, que sua máscara
mortuária em gesso, esteve um bom
tempo jogada no Instituto Geográfico e Histórico. Referiu-se à doação
feita pelo cunhado de Zweig, do
acervo que estava na casa de Bath,
na Inglaterra, desde que fosse levado
para sua última morada. Uma lista
assombrosa: 560 volumes de suas
obras, entre originais, encardenações
e traduções, diários, livros de notas,
além de móveis das residências de
Paris, Viena, Salsburg, Londres, Bath,
e Petrópolis. Mais: retratos autografados de Freud, Romain Rolland,
Toscanini, Rilke, Strauss, cartas de
Einstein, manuscritos de Mozart,
uma mesa de Beethoven. Pode-se
ver ainda o poema da despedida e
uma placa com nomes de refugiados
nazistas que para aqui vieram, como
o casal, em busca de paz.
Andando pelo mundo, angustiado, Zweig deixaria a opção de morar
em Nova Iorque, buscando o Brasil,
ainda que aqui tivesse poucos amigos.
Mas era o recanto ideal para morar
com Lotte, o isolamento, a solidão...
na casa de Petrópolis, agora transformada em museu, justa iniciativa,
como escreveu Dines, “para lembrar
o autor da maior homenagem ao Brasil jamais escrita por um estrangeiro”.
Ele encabeça a lista do grupo que se
empenhou em tornar em realidade
o museu.
Bem, a casa do gringo Zweig,
onde ele morou com a esposa e onde
se suicidaram, fica na rua Gonçalves
Dias, 34, constituindo-se hoje, em
mais um ponto importante a ser visitado no roteiro histórico e turístico
de minha cidade.
“A vida de nossa geração está selada. Nós não temos o poder para
influenciar o rolar dos acontecimentos e nenhum direito de dar
conselhos à própria geração, depois do fracasso da nossa“
Habemus papinha
Esta linda criança, Maria, filha
de meus netos Fátima e Maurício,
portanto, minha bisnetinha querida, aqui, na hora de um de seus
conclaves, quer dizer, gostosos
lanchinhos, que ela papa com
apetite, gulosinha que é...
G ISELA GOLD
[email protected]
O DIA: “Romário: a obra do
Maracanã é um assalto aos cofre
públicos. A CBF está nas mãos de
um cartel. O Brasil não tem time
para ganhar nada.” A tribuna estremeceu.
GERAL: Liszt Vieira deixou o Jardim Botânico – agora sem Rêve
d’amour...
O GLOBO: “Sílvio Santos entra em lista de bilionários da Forbes. Com fortuna de US$ 1,3 bilhão, é a
primeira celebridade brasileira no ranking.” Quem, como eu, conviveu com esse cidadão de origem humilde,
Senor Abravanel, nascido na rua do Senado, camelô no Centro e nas barcas de Niterói, hoje dono de um variado
complexo de negócios – deve se orgulhar com essa notícia. Celebridade, bilionário – tudo no batente. É piramidal!
HOJE: “Morreu Emílio Santiago.” Nunca o vi nos jornais, na Tv, nunca o ouvi
nas rádios. Um esquecido, sim. Peguei-o uma vez no Jô, cantando um irrepreensível
Misty. E pela última vez na Fátima Bernardes, falando de sua vida e no balanço do “Só
danço samba”. Vencedor de tudo, a partir da ‘Grande chance’ do Flávio Cavalcanti.
Olha só o Zuenir Ventura: “Diante do reconhecimento de seus pares, classificando
Emílio Santiago como um dos melhores cantores do Brasil, senão o melhor, é que
vi com sou ignorante em matéria de música. Nunca lhe dei importância.” É assim;
agora ficam os elogios póstumos...
ESQUENTA - Regina Casé: Antropólogo Roberto da Matta falando sobre pedestres e motoristas: “O trânsito no Brasil mata 42 mil pessoas por ano! É preciso
saber que a rua não é de quem está dirigindo e sim do pedestre. Nos Estados
Unidos basta botar o pé na faixa que o carro para.” Já aqui...
EXTRA: “A inflação de alimentos. Saiba o que está subindo no mercado.” Bem,
só para falar nos legumes, a alta está sendo de 134%. Hay gobieno?
ESPORTES: “Getúlio Vargas é o goleiro do Bangu e Nixon e Bolivar são atacantes do Flamengo e Botafogo.”
A História rola nos gramados da cidade.
NOVELA: Salve Jorge: Já notaram? A boate da Lívia em Istambul se
chama Nigth teaser’s... Só uma porta de saída. Estreita... Tem alvará? Nigth
teaser’s, com Russo, Wanda, Irina, seguranças...
HOJE: “IBOPE divulga pesquisa em que 79% aprovam o modo de
governar da Presidente Dilma. O grau de confiaça na pesquisa é de 95%.”
E ficamos combinados assim, diria Danusão Leão.
PETRÓPOLIS – Deploro a tragédia que se abateu sobre minha cidade. Águas de março. Temporais assim
lá são comuns de tempos em tempos. Num deles, Afonso rocha e eu fizemos uma extra da Tribuna com a
manchete “Abriram-se as cataratas do céu”, como agora desgraçadamente.
O GLOBO: “Joaquim Barbosa, presidente do STF – Há muitos juízes para colocar para fora. Esse conluio
entre juízes e advogados é o que há de mais pernicioso no judiciário.“ Ele defende uma faxina no setor. Sabe
que mexeu em casa de maribondos, só que de casa de maribondos... ele entende.
O DIA: Querem transformar a casa de Machado de Assis em Centro Cultural.” Jaguar comentou: - Ué, já
não era Centro Cultural quando ele morava lá?
O boneco
de Beto
Cada vez que a tia recolhia os desenhos,
um em especial lhe chamava atenção. Aquele
menino da última carteira a esquerda nunca
desenhava o bonequinho de palito com o pé
no chão. Tinha chão, mas o boneco estava
sempre alguns palmos acima. Bernardo era
Beto.Mas Beto não é apelido de Roberto?
Beto roia unha, e sempre perdia o olho
do quadro. Rumava para os sapatos, as meninas distraídas, o pilot destampado das mais
afoitas. Com eles montava o que queria na
cabeça. Tinha sempre uma história. Quando
a tia perguntava pergunta fácil, não sabia. O
que você quer agora, Beto, carrinho ou bola?
Sonho, respondeu. Prefiro sonho.
A vida tomou seu rumo, Beto se fez Dr.
Bernardo, assinou papéis, já tinha número de
identidade e firma reconhecida.
Certo dia, Beto conheceu Rosana que lhe
perguntou o que ele queria: beijo pra agora
ou pra sempre? Começou a desconfiar o que
queria. Encheu moça de beijos, dos quais
nasceu Artur.
O bonequinho já começava a ensaiar o
dedo do pé na linha do desenho. Beto não
vivia mais de sonho. Tinha a escola de Artur
para pagar. Mas o preço de colocar o pé do
boneco no chão era alto. Sem sonho, não
sabia muito bem responder a pergunta da tia.
O que queria mesmo?
Foi uma segunda feira, Rosana estava atrasada e Beto levou Artur para a aula. A escola
era a mesma que estudara, a sala de artes
continuava a três salas da diretoria e Dona
Kátia ainda dava seus berros com as crianças
levadas. Beto não resistiu e observava Artur na
fresta da porta. A tia estava atenta vendo os
desenhos, quando colocou o dedo no papel
de Artur. A fresta era suficiente para Beto perceber. Faltava pé no chão do boneco de Artur.
Graças a Deus.
27
B IJUX IN THE BOX
[email protected]
Impossível fugir da Globo
Na última edição, busquei dar algumas dicas para quem quer fugir da Globo. Não que a programação da emissora seja ruim, não. Ao contrário: por ser boa é que acostuma mal o telespectador,
que não usa o controle remoto pra buscar outras atrações. As dicas valiam – valem – para a Tv
aberta. Mas... e na Tv por assinatura? Nesta, é impossível fugir da Globo. Veja por que.
Comecemos pela Globo News,
extensão do jornalismo global, com
excelentes programas – Estúdio I,
Painel, Em Pauta, Milênio, e os jornais
durante todo o dia. Claro, tudo obedecendo ao padrão Globo. Aí tem o
GNT, coisa de mulheres para mulheres, com muita coisa boa – Decora,
Saia Justa, os programas de culinária.
Também uma emissora global. Vamos
28
ao canal vizinho, o Multishow: tão
global que nos deu por 78 dias vários
minutos extras do Big Brother, e que
tem programação musical moderninha que deve agradar aos mais jovens.
Também com envolvimento
global figuram o Futura, o Arte 1 –
com apresentações de orquestras
sinfônicas e filarmônicas de peso -,
o Globosat, o Viva e os três canais
SporTv. Todos apresentam programas de qualidade, embora um tanto
antigos e recorrentes. Mas todos eles
servindo como alternativa para a pífia
programação dos outros canais.
Todos os canais de filmes só passam filmes velhos. Tá certo, alguns são
mesmo cult, alguns vale a pena ver de
novo – e de novo, e de novo... Mas
não são oferecidos (os adeptos do
PC – Politicamente Correto – dizem
“ofertados”, argh!) os ganhadores
do Oscar, nem do ano retrasado,
quanto mais do ano passado! Nem
ficamos conhecendo vencedores de
outros festivais, como o de Cannes
e o alemão.
É por isso que é impossível fugir
da Globo nos canais por assinatura: as
opções são... nenhuma!
Uuuuuh!
Barriga geral
Tudo velho de novo
Esta é uma espécie de grito pra
dentro, expressão de frustração
diante de um gol perdido, murmúrio que é bem conhecido de todos
os torcedores. E foi o sussurro que
mais não se ouviu durante as partidas da agora denominada Seleção
do Felipão. Muitos, demasiados
Uuuuuh! para o antes denominado
País do Futebol. Salvos da derrota
sempre no último minuto. Condenados ao empate e ainda por cima
a agradecer porque o vexame não
foi maior. Também, quem manda
acreditar em feitiçarias? Chamaram
Felipão e Parreira porque já foram
campeões da Copa, tentando um
ressurgimento de nossas habilidades através desse tipo estranho de
pajelança. Esqueceram-se de que,
pela Lei das Probabilidades, se os
dois – os dois! - já foram campeões
uma vez cada, dificilmente serão
novamente nos próximos 100 milhões de anos.
Uuuuh!
No jornalismo se denomina
“barriga” à falha de comunicação
que acaba por divulgar informação errada. Foi o que aconteceu
na escolha do novo Papa. Apesar
de o anúncio do nome dele ser
bem claro - “impôs-se o nome de
Francisco” - TODAS as emissoras,
alguns jornais impressos e alguns
blogs jornalísticos cismaram de
chamar o argentino Jorge Mario
Bergoglio de Papa Francisco I. Isso
permaneceu no noticiário durante
mais de dois dias, e foi preciso que
o Vaticano informasse que o Papa
que escolhe um nome ainda não
usado só passa a ser o primeiro
quando houver um segundo. Foi
uma barriga geral, e mais do que
isso, uma prova da falta que faz um
bom ensino de matemática.
No finzinho de março, foi aberta
a temporada de apresentação da
programação deste ano em todas as
emissoras que se preocupam com
isso – Bandeirantes, Record e Globo. A grande novidade é que não
há novidade alguma. Os mesmos
Loucos por Elas, Grande Família,
BBB, Fátima Bernardes, Ana Maria
Braga, Faustão, Jô e quetais na Globo; Pânico, CQC, Gentilli e quetais
na Band; os mesmos Hoje em Dia,
Programa da Tarde, minisséries
bíblicas, na Record. Esta parece inovar no tal do Gotalent, até a gente
descobrir que é igualzinho a outros
programinhas comprados dos americanos – eles, sim muito criativos
em bolar bobagens lucrativas.
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www.colegiostockler.com.br
Rua General Rabelo, 56 - Gávea - RJ
Tel.: 2274-1121
T AMAS
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Sem forças
andei.
Sem inimigos
briguei.
Sem precisar
comprei.
Sem fé
duvidei.
Sem dinheiro
esmolei.
Sem motivo
empolguei.
Sem música
dancei.
Sem palavras
cantei.
Sem desejo
beijei.
Com sonhos
acordei.
Poeta Convidado
Alberto Tornaghi
Tempo
O tempo cura males e dores,
cria saudades,
murcha flores,
mata paixões
e apura vinhos e amores.
Pensamentos Pró-fundos
Instante Fugaz
[email protected]
- Envio gritos de alerta.
Recebo sinais de fumaça.
- O calor é tanto
que até as palavras
estão secando.
- Tenho inveja neste instante
vendo pássaros que voam
para terras distantes.
- MUTAÇÃO DAS ESPÉCIES:
Com tanta convivência
o cachorro e o Homem
estão cada dia mais parecidos.
- Em conversa de bar
palavras alegres
se perdem no ar.
- O sol sorriu
quando me viu
flutuando sobre a tormenta.
- A cidade pulsa.
Nervosa e violenta,
me expulsa.
- Olhar.
Ver.
Saber escolher.
- Coloco cores nos pés
para alegrar meu caminhar.
- Meu anjo da guarda
quer me processar
por trabalho escravo.
H ARON GAMAL
[email protected]
Livros de Benedito Vidigal
passeiam pelo lirismo e
recuperam o passado de
todos nós
Roland Barthes, em A preparação do romance, diz que o
cinema não é capaz de transmitir
os cheiros, mas a literatura, sim.
Antes, em Sade, Fourier, Loyola,
ele havia negado a capacidade da
literatura para tal representação.
Talvez isso tenha ocorrido porque,
naquele período, ele flertasse com
a psicanálise lacaniana, e visse no
princípio da denegação a impossibilidade de representação do real.
No entanto, Em A preparação,
Barthes parece mudar de ideia.
Analisando as afirmações do escritor francês, chego também à
mesma conclusão. Se pensarmos
o cinema como uma linguagem
organizada através de imagens, por
mais criativas que sejam suas sequências de cenas, concluiremos que
ele não é capaz de nos transmitir
odores. Tomemos com exemplo
a sequência de um filme que privilegie a imagem de várias flores.
Em primeiro lugar, essas imagens
causarão prazer aos nossos olhos,
ficando sensações mais sutis, como
o odor, em situação de desvantagem, tornando difícil ou mesmo
impossível a sua representação.
A abordagem de nossos sentidos
através da visão acabará por nos
marcar muito mais pelos contornos
que a imagem sugere do que pelas
eventuais propriedades que ela
possa comportar. Já a literatura,
não; uma vez que é constituída
por palavras, desde que usadas
com criatividade e esmero, poderia
representar os cheiros. O bom
escritor precisa nos conduzir, em
primeiro lugar, a esses conceitos
e sugestões, deixando as imagens
para um segundo momento. Na
literatura é plenamente possível
explicar um perfume. É lógico que
os cheiros presentes nas histórias
não exalarão fisicamente através
das páginas de um livro. O perfume que um personagem usa ou
o aroma de uma comida no fogo
poderão ser sentidos por nós
porque, na verdade, há um misto
de conceitos explanados por meio
de palavras mais a experiência que
vivemos no dia a dia. A verdadeira
literatura vai muito além do filme
que rola dentro da cabeça de cada
um de nós.
Essa questão pode ser percebida nesses dois livros de Benedito
Vidigal, Corações desatentos, de
poemas, e Espelho d’água, de
crônicas. Em ambos, somos conduzidos aos sabores e cheiros de
uma juventude perdida no tempo.
E também a situações contemporâneas, mas que não deixam de trazer um travo de sentimentalismo.
No livro de poemas, Vidigal
toca em temas amorosos, eró-
ticos, revisita amigos e canta as
lembranças proporcionadas pela
cidade de Valença à época em que
estudou medicina. O eu lírico é um
eterno apaixonado. Através de seu
percurso, experimentamos toda a
intensidade daquele passado.
Destaco algumas passagens de
sua poesia, sempre marcada pelo
caráter enxuto e elegante.
“Eu te olhava / enquanto dormia / Acordei por nada / ainda no
começo da noite / por isso / eu
te olhava de pertinho / sentia teu
cheiro / cheiro de perfume / cheiro
de amor...”, em “Detalhes”. O erotismo surpreendente predomina em
“Pela segunda vez”: “Ela lambeu-me
/ a boca / como se fosse cadela / e
saiu rebolando o traseiro / como se
cadela fosse / a segui / pelas ruas
sem fim / feito cão predileto...”, e
também em “Fuxico”: “Um beijo /
um cheiro / uma passada de mão
/ fuxicos ao pé do ouvido / outros
beijos / suspiro / e a negação...”. Reparem a sinestesia em “Ermitão”: “A
casa exibia / um caramanchão na entrada / lotado de jasmins estrelados /
a perfumarem o ar / Cheiravam mais
que as roseiras / ... lá dentro morava
o desejo / desejo não revelado...”.
Sobre as recordações, “Lembranças
de Valença”: “Naquele dia / seduzido
pela cidade / subi o jardim de baixo
/ desci o jardim de cima / e logo te
encontrei / naquela rua / Destino!”.
Por fim, Vidigal não deixa de fazer
uma elegia a amigos e amigas da
adolescência ao construir uma espécie de ciranda em “Our street”: “...
Rodem / rodopiem / gente alegre /
gente amiga / cujo destino / não nos
pode roubar / o afeto...”
Espelho D’água também nos
presenteia com histórias em prosa,
na maioria das vezes plenas de poesia. São narrativas sobre amores
roubados, lembranças de amigos
e de entes queridos, encontros
e separações. Dentre as vinte e
quatro crônicas que compõem o livro, destaco as seguintes: “Espelho
D’Alma”; “Colegas, Amigos”; “O
Ballet das Almas”; “Sob o estigma
do sobrenatural”; “Sem censura”;
“Sonhar é preciso” e “Pe. Caio de
Jesus”.
No final um inédito, “De mim
para você”, escrito pela mãe de
Vidigal sobre uma viagem que
ela fez à terra natal. Esta crônica,
pungente, recuperada e modelada
pelo autor, demonstra o gosto e
o talento da família de Benedito
Vidigal pela escrita, pela poesia,
enfim, pela literatura.
Corações desatentos, 119 páginas
e Espelho d’alma, 99 páginas
Autor: Benedito Vidigal
Editora Kelps
31
ARTE
&
CULTURA
ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL
32
Um democrático
coreto
TEXTO_FRED PACÍFICO
FOTOS_ARTHUR MOURA
Por mais que a cena da vida
acontecendo ao redor de
um coreto de praça seja uma
síntese de muitos interiores
desse nosso Brasil, em pleno
Rio de Janeiro, no bairro das
Laranjeiras, essa é a realidade
encontrada em um dos mais
charmosos cantinhos da região. Mas não se engane com
o bucolismo da cena. A Praça
São Salvador é um ponto de
encontro que, por mais que
mantenha ares interioranos,
tornou-se ponto de badalação
para os mais diversos perfis.
Localizada no encontro das ruas
Esteves Júnior, São Salvador e Senador
Correia, no limiar da divisa dos bairros
das Laranjeiras, Flamengo e Catete, a
praça tem programação variada todos
os dias e para todos os gostos. Seja
para ouvir uma boa música, tomar
uma cerveja gelada, curtir um bom
papo ou levar as crianças para brincar,
o ponto é um programa aprazível em
praticamente todos os dias da semana.
No entorno há boas opções de bares
e restaurantes, normalmente abertos
para almoço, com justas opções de
executivos, e durante as noites, quando
a praça se transforma e mostra sua face
boêmia.
A proximidade com o fim de semana faz com que a área encha, cada
dia com públicos distintos. Na quinta
O bucólico coreto da
Praça São Salvador é
o ponto de encontro
perfeito entre amigos
e visitantes
uma turma nova forma o burburinho,
tomando umas e outras em volta da
mureta que faz a vez de assento, enquanto a azaração toma a praça. Não
é sempre, mas às vezes algum aparato
sonoro dá o ar das graças. Seja pelo
estacionamento por ali do projeto RádioBike, bicicleta paramentada e conectada à internet, onde revezam músicos
e DJs, e que faz uma pequena festa ao
ar livre por onde passa, ou mesmo por
iniciativa dos próprios frequentadores.
Na sexta o público do dia anterior se
mistura com uma turma um pouco
mais velha (não muito!) com o espírito
de happy hour. É lotação garantida, tanto por quem só quer relaxar um pouco
após a semana de obrigações, quanto
pelos que vão fazer um ‘esquenta’ antes
de esticar a noite em outro destino.
No sábado durante o dia, a praça
volta aos seus frequentadores tradicionais de moradores, famílias e crianças.
Já quando chega a noite, a coisa se
transforma, consagrando o coreto
da praça à sua concepção original de
espaço para abrigar música e pessoas.
São vários os músicos e estilos que
tomam o palco por ali, possibilitando
uma surpresa aos frequentadores menos antenados com as programações e
compostos por uma variedade enorme de perfis. Um grupo que é mais
rotineiro aos sábados é o pessoal do
Batuque no Coreto (batuquenocoreto.
blogspot.com.br), que faz uma agradável roda de samba, normalmente
a partir das 18 horas, e que aceita os
agregados que se aventurarem a levar
seu instrumento e alegria.
A praça tem programação para
todos os gostos e a noite virou
ponto de badalação
A praça é nossa
Segundo a
fotógrafa Bianca
Pimenta, frequentadora assídua e
moradora do
entorno, a praça
é um ambiente
bem democrático.
“Acho importante
a boa utilização
dos espaços públicos, como acontece por aqui. A
praça é um ponto
de encontro entre amigos e uma excelente opção de lazer. O parquinho
atrai as famílias e crianças, enquanto o
coreto reúne os visitantes. É um espaço
democrático onde quem quiser pode
assumir o lugar e expor sua voz, seja
fazendo manifestações, espetáculos de
teatro, festa de aniversário ou tocando
boa música que alegra os visitantes.
Quem mora por aqui chega a sentir ciúme da praça, mas vejo isso com bons
olhos, pois o carinho dos moradores
faz com que todos cuidem da praça
como sendo seu próprio quintal”, diz.
Com tão bela
praça ao seu dispor,
não é de surpreender o ciúme sentido
pelos moradores,
que, apesar de reclamarem do barulho
das atividades noturnas e da sujeira deixada pelos frequentadores, aproveitam
a praça diariamente
sentando em seus
bancos, reunindo-se
com os amigos para
papear no coreto e observar ou levar
as crianças. Os pequenos tomam o espaço, brincando no parquinho que há
ali ou correndo ao redor do belíssimo
chafariz, com escultura em ferro fundido do francês Louis Savaugeau, que
data de 1862, e que foi reformado e
religado há pouco tempo, para alegria
dos moradores e visitantes.
No domingo o cenário é diferente das agitadas
noites no coreto, mas nem
por isso menos animado.
Logo cedo
uma simpática
feira de artesanato, boas
comidas e arte
toma conta
da praça. O
ambiente é familiar e muito
agradável. O local é, sem pestanejar,
uma excelente opção de programa
ao ar livre na cidade e começa por
volta das nove da amanhã, indo até às
18 horas, se não chover. No coreto
reúnem-se os chorões do Arrumando
o Coreto, uma agradabilíssima roda
de choro composta por músicos para
lá de talentosos, e apreciadores da
boas músicas de diversas idades. Tudo
regado pelas famosas caipirinhas de
frutas do Luizinho (R$ 8,00), batidinhas
(R$ 5,00) ou doses (R$ 5,00) da boa
carta de cachaça da barraca que fica
em frente a banda.
“Já faço parte desta feira há quatro
anos e adoro o clima bucólico daqui.
A São Salvador parece possuir um
tempo próprio, que foge da pressão
da cidade. O clima mais calmo e o
ambiente familiar faz a diferença para
quem expõe o trabalho e para os
frequentadores. Circula por aqui um
público de alto padrão, composto
por moradores do entorno, turistas
nacionais e estrangeiros, e visitantes
de todos os cantos da cidade”, conta
Tereza Cristina de Oliveira, da D’Art
Bijou (www.elo7.com.br/dartbijou),
que monta sua barraca todo domingo
na feira, onde expõe semi joias e
bijuterias feitas ou revendidas por ela.
Não importa o horário escolhido
para aproveitar a São Salvador, se a
fome bater ou o desejo for sentar em
uma mesa bem posicionada para ver
a banda passar, opções não faltam no
entorno. Quitutes há aos montes. É só
rodar pelas barracas e escolher o que
mais agradar. Há inclusive o pastel e
caldo de cana da famosa barraca, Pastel
do Bigode, famoso em outra feira do
gosto farto e valores que não furam o
bolso. Agora, não se engane com o
seu vizinho que, apesar de tentar fazer
as vezes de boteco arrumadinho, os
preços já são de restaurante. Mesmo
assim, a Casa Brasil vale o mérito do
chope bem tirado e da ótima porção
de frango a passarinho, além de ser
uma opção para quem gosta de assistir
ao futebol esvaziando copos.
Há ainda mais bares, lanchonete,
cantinas, padaria que estende o horário
em dias mais agitados, e um ótimo
33
O grupo de chorinho Arruma o Coreto alegra a feirinha que
toma conta da praça aos domingos
bairro, mas que também bate ponto
ali nos domingos. Dentre os bares,
o tradicional boteco Adega da Praça,
muito conhecido dos moradores, é
destino certo para um começo de conversa, com tudo que um bom pé-sujo
deve oferecer: cerveja geladíssima, tira
restaurante japonês, o Sushimar, para
os apreciadores da culinária oriental e
dos saborosos saquês que compõem
a carta da casa. Para quem ainda não
conhece, vale a pena o passeio. Só
pensar em qual perfil de programa que
mais encaixa contigo e ir curtir o coreto.
O NDE ENCONTRAR
Ações de Rua • Livrarias • Bancas
Cafés • Restaurantes • Espaços Culturais
Lojas cadastradas • Academias
Ação de distribuição
na Feira do Lavradio:
a Folha Carioca
cativando todas
as gerações
BOTAFOGO
FLAMENGO
Budha Spa Botafogo
Av. Lauro Sodré, 445/G3 e G4
– Shopping Rio Sul
República Animal
R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B
Tel.: 2551-3491 / 2552-4755
Tel.: 2295-7941
OX Fitness Club Mourisco
Praia de Botafogo 501
OX Fitness Club Praia
Praia de Botafogo, 488
21 2295-2211
COPACABANA
34
Banca do Babau
Rua Inhangá esquina c/ NSC
Banca Tia Vânia
Rua Xavier da Silveira, 45
Banca Xavier da Silveira
Rua Xavier da Silveira, 40
Empório Occhiali
Rua Siqueira Campos, 143 –
Loja 141-142
Espaço Brechicafé
R. Siq. Campos 143 - loja 31
Tel: 2497-5041
Graça Brechó
Av. N.S.Copabana 959 - Loja E
Ao lado do Cine Roxy
Le Chic Optique
Av. N.S.Copa., 267
Livraria Nobel
Rua Barata Ribeiro, 135
Tel.: 2275-4201
Helena's Studio
R. Siqueiro Campos, 143/lj 25
Rest. Príncipe de Mônaco
Rua Miguel Lemos, 18- Loja A
Shopping 195
Av. N.S.Copacabana, 195
Sorveteria Lopes
Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A
Theatro Net
Rua Siqueira Campos - N° 143
- 2º Piso. Copacabana
GÁVEA
15ª DP – Gávea
R. Major Rubens Vaz, 170
Tel.: 2332-2912
Banca da Bibi
Shopping da Gávea 1º piso
Tel.: 2540-5500
Banca da Gávea
R. Prof. Manoel Ferreira, 89
Tel.: 2294-2525
Banca Dindim da Gávea
Av. Rodrigo Otávio, 269
Tel.: 2512-8007
Banca Feliz do Rio
Rua Arthur Araripe, 110
Tel.: 9481-3147
Banca New Life
R. Mq. de São Vicente,140
Tel.: 2239-8998
Banca Planetário
Av. Vice Gov. Rubens Berardo
Tel.: 9601-3565
Banca Speranza
Praça Santos Dumont, 140
Tel.: 2530-5856
Banca Speranza
Rua dos Oitis esq. Rua José
Macedo Soares
Casa da Táta
R. Prof. Manoel Ferreira,89
Tel.: 2511-0947
Chaveiro Pedro e Cátia
R. Mq. de São Vicente, 429
Tels.: 2259-8266
Igreja N. S. da Conceição
R. Mq.de São Vicente, 19
Tel.: 2274-5448
Menininha
Rua José Roberto Macedo
Soares, 5 loja C
Tel.:3287-7500
Posto BR – loja de
conveniência
Rua Mq. São Vicente, 441
Restaurante Villa 90
Rua Mq. de São Vicente, 90
Tel.: 2259-8695
HUMAITÁ
Banca do Alexandre
R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim
Tel.: 2527-1156
IPANEMA
Armazem do Café
Rua Maria Quitéria, 77
Banca do Renato
Rua Teixeira de Mello, 30
Budha Spa Ipanema
Rua Visconde de Pirajá, 365/B,
Sobreloja 201
Tel: 2227-0265
Centro Cultural Laura Alvim
Av. Vieira Solto, 176)
Mundo Verde
Rua Visconde de Pirajá, 35
Supervídeo
Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D
21 2522-6893
Via Verde
R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C
Wash Club
Visconde de Pirajá, 12, loja D
JARDIM BOTÂNICO
Carlota Portella
Rua Jardim Botânico, 119
Tel: 2539-0694
Le pain du lapin
Rua Maria Angélica, 197
Tel: 2527-1503
Posto Ypiranga
Rua Jardim Botânico, 140
Tel:2540-1470
Supermercado Crismar
Rua Jardim Botânico, 178
Tel: 2527-2727
LAGOA
Bistrô Guy
Rua Fonte da Saudade, 187
LARANJEIRAS
Casa da Leitura
Rua Pereira da Silva, 86
Embalo Bar
R Dias Ferreira, 113
Fotografia Digital
Av. Afranio de Melo Franco, 310
Rio Flat - Apart Hotel
Rua Almirante Guilhem, 332
Mundo Verde
Rua das Laranjeiras, 466 – loja D
3173-0890
Vitrine do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 1079
LEBLON
Armazém do Café
Rua Rita Ludolf, 87
Tel.: 2259-0170
Banca Canto Livre
Rua Gen. Artigas, s/nº
Tel.: 2259-2845
Banca do Mário
Rua Gen. Artigas, 325
Tel.: 2274-9446
Banca do Vavá
Rua Gen. Artigas, 114
Tel.: 9256-9509
Banca Rainha
R. Rainha Guilhermina,155
Tel.: 9394-6352
Banca Scala
Rua Ataulfo de Paiva, 80
Tel.: 2294-3797
Banca Top
Rua Ataulfo de Paiva, 900
esq. Rua General Urquisa
Tel.: 2239-1874
Budha Spa Leblon
Rua General Urquiza, 102/
6º andar
Tel.: 2249-5647
Café com Letras
Rua Bartolomeu Mitre, 297
Café Hum Leblon
Rua Gen. Venâncio Flores, 300
Tel.: 2512-3714
Central de Compras do
Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 556
Centro Empresarial Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 204
Cidade do Leblon
Av. Ataulfo de Paiva, 135
Entreletras
Shopping Leblon nível A 3
Bar da Nalva
Rua Silvio Romero, 3 - Esquina
com Rua do Riachuelo
LAPA
LEME
Maison 25 Haute Coiffeur
Rua Roberto Dias Lopes, 25
Quiosque Espaço OX
Av. Atlântica, Posto 1
SANTA TERESA
Banca Chamarelli
Rua Áurea, 02
Banco do Lgo. dos Guimarães
Largo dos Guimarães s/nº
Bar do Gomes
Rua Áurea, 26
Bar do Mineiro
R. Paschoal Carlos Magno, 99
URCA
Banca da Deusa
Banca da Teca
Banca do Círculo Militar
em frente ao Círculo Militar
Banca do EPV
Banca Ernesto e Bia
Av. Portugal, 936
Banca Garota da Urca
Av. João Luíz Alves, 56
Bar Belmonte
Av. Portugal 986
Bar e Restaurante Urca
Rua Cândido Gafrée, 205

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