A difícil tarefa de doar vida O cuidado de si e o
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A difícil tarefa de doar vida O cuidado de si e o
ARTE & CULTURA O coreto democrático da praça São Salvador EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO Uma casa dedicada à leitura em Laranjeiras LILIBETH CARDOZO A difícil tarefa de doar vida SAÚDE & BEM-ESTAR O cuidado de si e o controle da ansiedade PROMOÇÃO www.pommerland.com.br SUMÁRIO SUMÁRIO COLUNAS & ARTIGOS www.folhacarioca.com.br [email protected] 4 Fundadora Regina Luz Conselho Editorial Paulo Wagner (editor executivo) Lilibeth Cardozo (editora de conteúdo) Vlad Calado Arquimedes Celestino Fred Alves Jornalista responsável Fred Alves (MTbE-26424/RJ) Design e Criação www.Ideiatrip.com.br Projeto gráfico Vlad Calado Foto de capa Arthur Moura Diagramação e Ilustração Yuri Bigio, Carlos Pereira, Olavo Parpinelli Fotografia Arthur Moura, Fred Pacífico Revisão Marilza Bigio e Carmen Pimentel Desenvolvimento web Bruno Costa Estagiária de jornalismo Juliana Alves Mídias Sociais Mary Scabora Colaboradores Alexandre Brandão, Ana Flores, André Leite, Arlanza Crespo, Carmen Pimentel, Fred Alves, Gláucia Pinheiro, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci Malta, Juliana Alves, Lilibeth Cardozo, Marilza Bigio, Oswaldo Miranda, Renato Amado, Sérgio Lima Nascimento , Suzan Hanson, Tamas Distribuição Gratuita, veja os pontos na página 42 Publicidade Verônica Lima, Angela Bittencourt, Solange Santos (21) 2253-3879 [email protected] Uma publicação: www.arquimedesedicoes.com.br Av. Marechal Floriano, 38 / 705 Centro – Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20080-007 06 Arlanza Crespo Quem é Quem SAÚDE & BEM ESTAR 11 O cuidado de si e o controle da ansiedade 07 Lilibeth Cardozo 08 Sandra Jabur 12 Suzan Hanson 23 Alexandre Brandão No Osso EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO 26 Oswaldo Miranda 27 Gisela Gold 28 Bijux in the Box 30 Tamas 31 Haron Gamal ARTE & CULTURA 32 ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL Praça São Salvador: um democrático coreto 12 Casa da Leitura: 20 anos de cultura e educação Arthur Moura CAPA EDITORIAL EDITORIAL O Rio também chora 18 Rio: cidade inacessível Prédios públicos ou privados, ruas, saúde e transportes públicos, tudo exibe o despreparo da Cidade Maravilhosa para respeitar cariocas e receber visitantes com mobilidade reduzida. As pessoas com deficiência são obrigadas a se adaptar à falta de acessibilidade e, apesar desse cenário, a sociedade organizada desenvolve projetos que ajudam na reabilitação e inclusão social. Há mais de dez anos a Folha Carioca vem homenageando o Rio de Janeiro. Uma revista com um nome como este, Carioca, não deixa de se encantar com as belezas naturais em versos, prosas e imagens, passando a seus leitores um Rio que nos alegra. Mas o Rio tem também muito choro, dor, aprisionamento. São os cariocas com necessidades especiais que têm, a cada dia, muitas pedras em seus caminhos, sendo impedidos de viver com liberdade. Nessa edição mostramos como o Rio chora o mesmo pranto desses muitos cariocas. Nossa capa traz uma matéria sobre como andamos mal em acessibilidade e em como nossa cidade limita pessoas que já foram limitadas ao nascer, por acidentes, violência ou doenças. E novas construções são feitas sem que governantes, gestores, arquitetos, engenheiros ou construtores pensem que eles próprios podem, a qualquer momento, serem limitados em independência física. O recém-construído cartório, referência do Registro Civil na Zona Sul da cidade, em Botafogo, templo de cidadania, não tem qualquer adaptação para pessoas com necessidades especiais. Afronta à população! Lilibeth Cardozo, na página sete, relata emocionada uma imensa decepção ao esbarrar com dificuldades sérias em fazer uma doação ao INCA do sangue do cordão umbilical de seu neto, por ser domingo. Mais afronta ao cidadão! Falando em choro, o chorinho que rola na Praça São Salvador, em Laranjeiras, é bem diferente das lágrimas de tristeza e revolta. O coreto, aquele antigo símbolo de agregação popular nas pracinhas da cidade é um exemplo de cidade democrática. Leia, no roteiro Boêmio Cultural, a dica de onde o carioca canta e dança em programas de grande liberdade. Em Saúde e Bem-estar tem artigo sobre natação para pequenos carioquinhas, um excelente artigo sobre o que é e como tratar a endometriose e outro em que nossos leitores vão encontrar valiosas observações sobre a ansiedade, coisa séria para nossas emoções! Nesta edição Alexandre Brandão manda muito bem e brinca com as palavras comentando um mês de fevereiro muito doido. As crônicas do Alexandre são quase documentos! E tem mais, muito mais para ler e se encantar. Falando em leitura, mostramos um palácio, ali em Laranjeiras, imponente e cheio de tesouros, que só engrandece a nossa cidade e exerce atividades voltadas para a cultura e cidadania. Motivo de orgulho! Leia na página 24 e vá visitar a Casa da Leitura! Cidadãos chorosos ou sorridentes, divirtam-se e discutam a Folha Carioca de abril de 2013! 5 A RLANZA CRESPO | QUEM É QUEM [email protected] Barteliê Há mais ou menos dez anos meu amigo Luiz Octavio me falou de um apartamento onde conhecidos se reuniam para conversar, cantar e tocar, uma espécie de sarau. Era um lugar supercharmoso em Ipanema chamado Barteliê. Ele inclusive tocava piano lá. O tempo passou, nunca cheguei a ir, mas ano passado veio novamente a conversa sobre esse lugar e sua proprietária, a artista plástica Maria Tereza Capell, a Tetê. Resolvi então ir com ele para conhecer. 6 Já quando cheguei fiquei fascinada. Um prédio muito antigo, talvez um dos mais antigos de Ipanema, sem porteiro, sem portaria e sem elevador. Perguntei ao meu amigo qual o apartamento e ele disse que era o 3. Como assim? É, o apartamento é o 3, nessa época ainda não se usava 301. Toquei, e outra surpresa: na mini-sacada aparece a Tetê, que desenrolou um barbante até as nossas mãos, com uma pequena cesta amarrada com uma chave dentro. E não disse nada, como se fosse a coisa mais natural do mundo, como se todos os prédios da cidade funcionassem assim. Só isso já teria valido a minha ida! Que delícia voltar naquela Ipanema da década de 30! Tetê, dona do Barteliê, me recebeu como uma velha amiga, e de repente eu estava lá, num ambiente superagradável, com pessoas que eu nem conhecia mas que logo me entrosei. Foi uma noite muito especial, com piano, canto, poesia, violão e percussão. E de que qualidade! Tetê me falou de como tudo começou, há mais ou menos quatorze anos, e de como surgiu a ideia. Ela sempre gostou de reunir amigos em torno de música e conversa, e a coisa foi crescendo de um jeito tal que ela teve que se organizar. Vinham pedidos para talk shows, festas de aniversário, peças de teatro por companhias de peso, sem falar no nhoque da fortuna todo dia 29. Tudo isso dentro de um apartamento que não é muito grande, com a proprietária morando. Mas para Tetê não existe problema, ela é muito tranquila, e sempre administrou tudo muito bem. Ela é a alegria e o alto astral em pessoa, animada e vibrante, além de tocar divinamente seu piano azul turquesa. As histórias que aconteceram ao longo desses treze anos são fantásticas, e ela já tem material para um belíssimo livro que pretende editar em breve. Eu ficaria ali ouvindo a Tetê falar por horas a fio, e não posso deixar de contar uma história dentre as várias que ouvi. Uma vez uma moça que estava em pé ao lado do piano bebendo caipirinha, exagerou na dose e já totalmente alterada foi escorregando pela parede onde estava encostada, igual uma geleca. Chegou no chão e dormiu. Devagarzinho Tetê foi ajeitando ela junto do piano, bem debaixo pra não atrapalhar o sarau e deixou ela lá, dormindo. Sabe a que horas ela acordou? No dia seguinte, à uma da tarde. Levantou e perguntou com a maior naturalidade de quanto era a conta. Histórias deliciosas, um lugar agradável, acolhedor e irreverente, onde você se sente à vontade logo que chega, esse é o Barteliê. Uma ideia muito louca que funciona há mais de quatorze anos e que só foi possível graças à sua proprietária. Ela conseguiu morar e usar o mesmo espaço sem mexer na decoração. Acho que é aí que está a bossa do lugar. A sala é comum, muito bem decorada, com as paredes coloridas, o piano azul turquesa, as miniaturas, as peças artísticas espalhadas por todo lado, os livros, enfim, é a sala dela, e nós somos seus convidados amigos queridos. Os frequentadores são sempre amigos, ou amigos de amigos, e toda a comida é feita pela Tetê que não se importa em se levantar do piano para ir à cozinha preparar um crêpe, ou o "crepelie" como ela chama. Atualmente ela conta com uma ajudante, que entrega uma comanda com o seu nome quando você chega e vai anotando os pedidos. Se você quiser conhecer a Ipanema de antigamente, um sarau de verdade, um lugar diferente de tudo que o mundo está te oferecendo, não deixe de ir lá. Mas se, mais ainda, você quiser conhecer uma mulher fantástica, uma artista maravilhosa e um ser humano de primeira grandeza, se informe do próximo evento e corra! L ILIBETH CARDOZO [email protected] A Bolsa Amarela nunca aos domingos Se você é cidadão brasileiro, quer fazer uma grande doação de vida, não tente aos domingos, está fechado! Minha filha e seu marido tiveram seu primeiro filho, num sábado, dia 16 de março de 2013. Planejaram doar ao INCA o sangue do cordão umbilical de seu filhinho. Num gesto de fraternidade e humanidade, seguiram as orientações do Instituto Nacional do Câncer. Houve um cadastro, orientações e anuência da obstetra. Bem antes do parto iminente, natural, fui pegar o kit para coleta e armazenamento do sangue. Dia 13 de março nasceu o Joaquim, um filho desejado, planejado, amado e cheio de vida. Foi recolhido o material e, conforme orientação, armazenado numa bolsa térmica, amarela. Antes que completassem 24 horas da coleta (conforme recomendações expressas) levei o material recolhido ao INCA. Ao encontrar o banco de sangue fechado, ouvi : “Senhora. Hoje é domingo”. Percorri corredores, protestei , busquei orientação e não tinha quem recebesse aquela fortuna de vida, dentro daquela bolsa amarela, porque era domimgo! A importância desta doação era dar a um serviço público de saúde o sangue do cordão umbilical e placentário de minha filha e de meu neto, seguindo o que o próprio INCA apregoa: “quando identificado, no cordão umbilical um grande número de células-tronco hematopoéticas, que são células fundamentais no transplante de medula óssea, este sangue adquire importância, pela doação voluntária, para pessoas que necessitem do transplante”. Diante do absurdo, ameacei denunciar à imprensa. Jovens médicas fi- caram aborrecidas (elas não entendem que estão ameaçadas pela soberba e ignorância) e só depois de mais de duas horas consegui deixar aqueles frascos de esperança para médicos trabalharem, pessoas serem salvas, pesquisas avançarem e nos sentirmos úteis ao bem comum de nosso povo. Segundo o INCA, o sangue do cordão é uma das fontes de células-tronco para o transplante de medula óssea, e este é o único uso do material atualmente. O transplante é indicado para pacientes com leucemia, linfomas, anemias graves, anemias congênitas, hemoglobinopatias, imunodeficiências congênitas, mieloma múltiplo, além de outras doenças do sistema sanguíneo e imunológico. Lá pelos idos de 1982, li e me apaixonei pelo livro A Bolsa Amarela, um clássico da literatura infanto-juvenil, da grande escritora Lygia Bojunga Nunes. Quando fui buscar os frascos para colher o sangue na hora do parto, eu estava me sentindo sozinha. Vi-me andando pela Praça da Cruz Vermelha, carregando uma bolsa amarela. Dentro dela estavam as recomendações, autorizações e frascos para colher o sangue do cordão umbilical do Joaquim, meu neto, que iria nascer a qualquer momento. Emocionada com o gesto da minha filha, com a visita ao INCA, com um nascimento próximo, com minhas inquietações naturais, fiquei andando pela rua. No céu, uma tempestade se armava. Na praça suja e maltratada, pombos arrulhavam entre cães imundos, homens maltrapilhos e embriagados que gritavam entre si, exibindo sua mendicância. Em volta da praça, um mar de carros, motores, calor, mau cheiro. Rodei pela praça emocionada e meio perdida, buscando uma saída para voltar para casa. Nas escadas do INCA, dezenas de pessoas com rostos assustados, cobertos ou quase sem rosto... Do outro lado, o prédio da Cruz Vermelha Brasileira, caindo aos pedaços, sujo, me fez lembrar de muitas passagens dos livros que li em que a cruz vermelha era a salvação. Na minha memória, a cruz sempre foi bordada em tecidos brancos. Ali, naquela praça, no centro da cidade, talvez já tenha havido um pouco de branco, luz, beleza e esperança. Hoje existe sujeira dor, lixo, doença, abandono. Do INCA saí com minha Bolsa Amarela onde seria guardado o sangue que ligava as vidas de minha filha e de meu neto. Tal qual Raquel, a menina do livro da Lygia, parece que eu tinha na bolsa tudo que se passava em minha alma. E estava só, como Raquel. Caminhei com minha emoção, que era triste muito triste. Sem poder contar com a compreensão alheia, companheiros invisíveis e fictícios e começo a depositar na bolsa tudo que se passa em meu íntimo, pois nela há espaço para tudo. Como a menina Raquel, crio um mundo mágico para mim dentro da bolsa amarela, tentando fugir de um lugar ao qual não me sinto pertencer. Me consideram sem conhecimento de nada, sem atenção alguma, o que me leva a guardar dentro de mim desejos secretos. A bolsa passou a ser o esconderijo ideal para as invenções e vontades de Raquel. Tudo cabia lá dentro. A bolsa amarela da menina acaba sendo a casa muitos pensamentos e histórias inventadas pela narradora, tal qual a minha bolsa, na “Praça da Cruz Sem Cor”, no meio do abandono e caos da minha cidade, dita maravilhosa, acaba sendo a casa das minhas dores, do meu abandono de adulta, de minha emoção e de alguns pensamentos “costurados” ao longo da vida. Depois do nascimento de Joaquim, a mesma bolsa amarela carrega o gesto humano, solidário, responsável e consciente de uma nova mãe. Uma vez tive um cordão igual ligando a minha filha a todo o meu ser. A minha bolsa amarela, pendurada no meu ombro enquanto ando meio perdida pela Praça da Cruz Vermelha, me arranca lágrimas. Sinto-me uma Raquel. Tenho uma história, como a da grande escritora, em que vibro com a conquista de ser eu mesma, a liberdade, as escolhas por uma vida em que todas as pessoas têm valor pelo que são e pela contribuição que dão ao mundo, ao bem comum. Tudo cabe numa bolsa amarela, às vezes fica mais leve, às vezes mais pesada! 7 S ANDRA JABUR [email protected] Natação desde 8 O universo é composto de ¾ de água, o nosso corpo é constituído de 75% de água, passamos noves meses envoltos no líquido amniótico dentro da placenta materna. É muita coincidência !!! O bebê quando não sofre traumatismo ao nascer, ou durante o banho, ou alguma intercorrência, ele adora água, brincar com a água é um prazer muito grande. A atividade do bebê com a mãe, que seria o primeiro contato com o esporte, é muito importante em diverso aspectos. Como afetividade, segurança, através da mãe e socialização, integração com os outros bebes. São oferecidas atividades com músicas, relacionadas aos movimentos do corpo com muita alegria, com brinquedos coloridos, motivando e proporcionando prazer às crianças o tempo todo da aula. As atividades na água são baseadas no desenvolvimento psicomotor da criança e não provocam nenhum tipo de lesão. Aos dois anos a criança vai para a turma, deixa a mamãe e começa um novo estágio - a independência. Aumenta a convivência com as demais crianças. A mamãe passa a assistir de longe. O professor,”o tio“ assume o papel principal. São propostas atividades com dificuldade progressiva, que a criança deve vencer, criar estratégias para resolução das mesmas. As tarefas propostas são desafios proporcionais a faixa etária da criança não podem ser muito difíceis para não criar frustrações e nem muito fáceis para desmotivá-las. Todo o trabalho relacionado à natação infantil é pautado em estudos do desenvolvimento psicomotor da criança. Além disto, os objetivos da natação infantil são ensinar à criança seus limites, o perigo existente com a água e adaptá-la ao meio liquido, que ela aprenda a respiração, colocando o rosto dentro d’água e fazendo bolinhas e a boiar que fazem parte do salvamento. Outro aspecto importante é o aumento da resistência orgânica da criança, ela fica mais resistente evitando doenças. Outro beneficio é criar o gosto pela atividade esportiva, ela cresce gostando da atividade física. Esse é o nosso lema: motivação, prazer, saúde para vida. pequeno Os próprios atletas afirmam que o atleta de natação ele tem mais facilidade para praticar outros esportes. A coordenação motora adquirida com o nado no inicio da vida é fundamental para o desenvolvimento motor. A criança fica preparada para futuras atividades esportivas. Ela aprende a vencer o medo, a conhecer seus limites, a dividir o espaço e os brinquedos com as outras crianças, a ter disciplina e deslocar-se na água, criando consciência espaço –temporal. O aspecto mais importante que as atividades sejam lúdicas que as técnicas sejam introduzidas através do descobrir, vivenciar, manusear com prazer e não sejam mecanicistas, produtoras de atletas em miniaturas. Queremos contribuir no desenvolvimento de crianças felizes, confiantes, motivadas para aprendizagem, companheiras, espertas, que os ensinamentos aprendidos na água sejam levados para a vida. Na água, a criança não se machuca, não tem lesões, participa de atividades com obstáculos, ousa mais por não ter medo de cair. Este ambiente rico em cores, estímulos, brinquedos contribuem para seu equilíbrio físico, mental e emocional. Ela estará preparada para outras atividades no tempo certo. Deixe a criança ser criança!!! SAÚDE & BEM-ESTAR Publieditorial A endometriose A endometriose é definida como uma doença inflamatória crônica benigna, estrogênio-dependente, causada pela implantação e crescimento progressivo do endométrio (tecido que forma a menstruação) fora da cavidade uterina, afetando cerca de seis milhões de mulheres no Brasil, o que corresponde cerca de 5 % a 15% das mulheres em idade fértil. Nas mulheres que apresentam infertilidade, pode existir em quase 40% dos casos. Mesmo sendo uma doença que atinge muitas mulheres, atualmente, o atraso no diagnóstico inicial é, em média, de 7 a 10 anos. O principal sintoma é a ocorrência, desde a adolescência, de cólicas menstruais cada vez mais fortes e que não melhoram com o uso de medicamentos. Outros sintomas dolorosos podem ocorrer como dor profunda na relação sexual (dispareunia profunda); dor ao evacuar (disquesia) e dor ao urinar (estranguria). Uma das principais consequência da doença é a infertilidade, pois o processo inflamatório progressivo que a endometriose causa, pode comprometer a função dos órgãos envolvidos na fertilidade (útero, tubas e ovários). Para a confirmação do diagnóstico, exames como a Ressonância Nuclear Magnética Pélvica e a Ultrassonografia específica para endometriose são importantes, pois conseguem identificar, com precisão, a existência de focos profundos da doença (com mais de 5 mm) e auxiliam na decisão sobre qual tratamento será adotado e no controle evolutivo. Atualmente, baseado nos sintomas apresentados, na avaliação do médico especialista e nos exames realizados, um tratamento clínico ou cirúrgico pode ser indicado, sem a necessidade de uma cirurgia prévia para biópsia comprovatória da existência da doença. O tratamento clínico é a base de medicações hormonais, por longos períodos, com objetivo de inibir o desenvolvimento das lesões através do bloqueio da produção da menstruação, dentro e fora do útero. Já o tratamento cirúrgico é realizado, preferencialmente, pela laparoscopia que permite uma cirurgia mais detalhada e minuciosa. O objetivo é a retirada dos tecidos doentes, a reconstituição da anatomia e das funções dos órgãos acometidos. Dr. Daniel Tabak é médico especializado em videolaparoscopia ginecológica e vídeo-histeroscopia. Devido ao grande impacto que a doença tem na população feminina, vários estudos possibilitam esclarecer algumas características, como por exemplo, o parentesco de primeiro grau ter o diagnóstico de endometriose, desenvolvimento inicial da doença nas primeiras menstruações, bem como a evolução e a gravidade da endometriose serem distintas em cada paciente. Além disso, alguns fatores externos podem influenciar, como a época e número de gestações e a utilização ou não de medicações hormonais durante a vida reprodutiva. Vale ressaltar que a extensão e profundidade das lesões nem sempre correspondem aos sintomas apresentados, pois existem pacientes com lesões mínimas e muito sintomáticas e pacientes com lesões extensas e profundas, pouco sintomáticas. É fundamental que as mulheres tenham mais consciência da doença e procurem um especialista para o diagnóstico e decisão do tratamento adequado, o mais precocemente possível, a fim de evitar que as lesões causadas pela endometriose venham a comprometer, irreversivelmente, a saúde da mulher. EMERGÊNCIA Tel.:2529-4505 GERAL Tel.:2529-4422 9 SAÚDE 10 & BEM-ESTAR SAÚDE & BEM-ESTAR CORPO E EMOÇÃO O cuidado de si e o controle da ansiedade TEXTO_MARY SCABORA* Diferentemente do homem primitivo, a interpretação de perigo para o homem moderno transcende a vida biológica. Perigo é também interpretado como a impossibilidade de realizar desejos e suprir necessidades. O homem da sociedade contemporânea interpreta também como perigo as perdas: de status, poder econômico, de conforto, de afeto etc. O perigo se relaciona com a impossibilidade de concretizar e a incapacidade de criar. A dor que tem como 'raiz' o medo, muitas vezes é gerada pelo desconforto causado pela sensação impotência diante de determinadas situações que são inerentes à vida. Para alguns, lidar com a mudança, com situações desconhecidas ou lidar com o outro na adversidade são motivos para ativar estados que desencadeiam quadros ansiosos. São sensações que se intensificam gerando excitação corporal e aceleração mental. Esta dinâmica é sentida como negativa e desorganiza os processos de pensamento comprometendo a capacidade de raciocínio lógico. Na maior parte das vezes vem acompanhada da sensação de incapacidade para lidar com o futuro e medo de fracassar. A vida moderna é competitiva e cria demandas. Com a tecnologia desenvolvemos outra relação com o tempo, a sensação de que tudo é efêmero e urgente. Os estímulos são muitos e a mente exige elaborações e soluções rápidas, o que favorece quadros de ansiedade. Muitas pessoas não conseguem identificar a ansiedade. Sentem-se angustiadas, inseguras, percebem as alterações físicas como vertigem, aperto no peito, alterações respiratórias e cardíacas, e neste estado tentam encontrar uma lógica para esta sensação. Não compreendem o que sentem, pois aparentemente está tudo bem e apesar disso a pessoa sente como se alguma coisa terrível fosse acontecer. Diante da inabilidade de reconhecer e lidar com a ansiedade, o conteúdo pessimista torna-se atuante, agravando o quadro. Quando isso acontece em níveis demasiadamente intensos ou com maior frequência, tende a determinar mudanças no comportamento. Muitos buscam um jeito rápido encontrar alívio através do consumo abusivo de bebida, comida, drogas e medicamentos ou comportamentos como roer unhas, falar demasiadamente e outros que dão a ilusão de conforto e alivio. Em casos em que a ansiedade se torna crônica, pode desenvolver transtornos como o pânico, fobias, TEPT (Transtorno por estresse pós-traumático), transtorno obsessivo compulsivo (TOC), etc. Conhecer e saber lidar com a ansiedade é fundamental, pois ela é considerada a causa mais frequente para os distúrbios psicossomáticos. Muitas vezes, a intensidade da ansiedade perturba o funcionamento do organismo: aparelho digestivo (gastrite, náuseas); aparelho respiratório; alergias e afecções cutâneas, assim como distúrbios alimentares, de memória e funções sexuais. Em doses adequadas a ansiedade aumenta a capacidade de realização do indivíduo e prepara para a ação. Graças a ela criamos possibilidades e nos organizamos nas relações que estabelecemos com tudo que diz respeito à vida, ao amor e ao trabalho. Para isso faz-se necessária uma educação emocional. O trabalho psicoterapêutico possibilita a elaboração e o desenvolvimento de técnicas para reconhecer, identificar e lidar com a ansiedade e suas repercussões Desta forma, a pessoa estará exercendo o cuidado de si como prática de vida. Aprender a voltar seu olhar para si, examinar-se, observar os pensamentos, as ações, perceber o corpo, se pensar como um todo no todo. É um exercício constante de autoconhecimento e aprendizado. *Psicóloga Clínica: www.scabora.com.br 11 S UZAN HANSON [email protected] Mundo inteiro Recentemente fui convidada por minha grande amiga e comadre Carla, em uma espécie de carinhoso desafio, a preparar uma festa, como nos velhos tempos, quando tive um buffet, no final dos anos 90. 12 Conversamos um bocado sobre o conceito, pois não me atreveria a entrar na cozinha profissionalmente se não tivesse algo a dizer, considerando esse mar de talentos técnicos e inovadores presentes no atual mercado gastronômico. Renovação da comida regional brasileira, comida de diversos países do mundo, petiscos visualmente muito elaborados, experiências dos espanhóis na culinária química, diversos conceitos de comida orgânica, vegan, enfim, mil fontes de inspiração, ou... de cópia. Pediram-me para frequentar buffets, ver o que estava na moda, colher ideias e opiniões. Paramos, eu e Carla, para pensar no que de autêntico podíamos oferecer. O conceito tomou forma quando conversávamos sobre uma matéria, escrita pelo Marcelo Adnet, que falava de sua descoberta de uma língua falada em Aruba, Bonaire e Curação. Papiamento é a única língua que nasceu no Caribe, uma mistura de português, espanhol, inglês, holandês, indígena e africano - praticamente um esperanto! Além de multicultural é a coisa mais singela e ingênua que já vi... Vejam algumas frases retiradas do texto do Adnet: Bon dia, kon to ta bai? Só pelo som: bom dia, como vc vai... Ainda tin un monton di hende bunita aki; Bel mi bek (me liga de volta!); Mi ke bebe awa (como uma criança pedindo pra beber água!). Comentamos que era isso que gostaríamos como resultado de uma experiência culinária, que ela fosse multicultural e de raiz. Simples e ao mesmo tempo renovadora. Poderia ser até uma divertida e acolhedora perspectiva da globalização: igual respeito e dimensão para os diversos países. O mundo hoje é multicultural, mas carece de um cimento que una tudo. No interessante bairro londrino, onde ocorreram as últimas Olimpíadas, viu-se um caldeirão de povos, fervilhando da cultura de imigrantes e seus descendentes. Mas, ainda falta a liga. E porque essa ideia nos capturou, mostrou-se autêntica? Porque há anos festejamos, em nosso pequeno grupo de amigos e famílias, cozinhar, beber vinhos, ouvir músicas, ler e ver filmes do mundo inteiro. Assim nasceu o “Descobridores - Vinhos & Sabores dos 4 Cantos”, com o primeiro cardápio fazendo uma rota que começa no Egito, com um singelo prato de pão árabe grelhado, molhado em azeite para agregar uma mistura de especiarias e castanhas torradas, passa pela Eritréia, com camarões grelhados sobre molho picante de tomates, se estende pela Europa com representações da Escandinávia, e seu gravlax, um marinado de salmão fresco e aneto, e um pouco do conforto do clássico suflê de bacalhau português e da tra- dicional versão da bruschetta italiana, adicionada de um pouco mais de novidades da Jamaica, com seu frango defumado em molho apimentado jerk e a polenta com pernil de cordeiro desfiado inspirada no Uruguai. Finalizando, duas receitas com olhos voltados para a Ásia: um macarrão de arroz com molho refrescante de ervas, gengibre, limão e leite de coco e um queijo rústico coberto com sementes, criado a partir de ingredientes citados na Bíblia. Tudo isso harmonizado com vinhos de diversas procedências como África do Sul, Austrália, Patagônia, Portugal, Espanha, Chile e Argentina. De espumantes, a roses, brancos e tintos. De tudo um pouco, sem hierarquia. 13 G ASTRONOMIA CARIOCA 14 15 G ASTRONOMIA CARIOCA BOA PEDIDA Um tesouro gastronômico escondidinho no Centro 16 Desde que abriu as portas, em 1947, o clássico restaurante Escondidinho vem alegrando aos frequentadores que se aventuram no minúsculo Beco dos Barbeiros em que ele está localizado, entre a Rua do Carmo e a Rua 1º de Março. Da entrada à sobremesa, não há decepção. Muito conhecido por quem trabalha no centro, seu farto e saboroso cardápio ecoa muito além das cercanias e vale a visita. Os especiais do dia merecem a atenção, principalmente a costela bovina, estrela da casa, que dissolve na boca em bossa com uma farofa de ovos ou com agrião e aipim sem iguais. Restaurante Escondidinho De 2ª a 6ª, de 11h as 16h Beco dos Barbeiros, 12 lojas A e B - Centro Tel.: 2242-2234 Tradição e sabor nas ladeiras de Santa Tereza Quem já passeou pelas ladeiras de Santa Tereza ou mora no bairro, com certeza conhece, já frequentou ou pelo menos ouviu falar do Bar do Mineiro. Considerado por muitos o mais tradicional do bairro ele fez fama ao longo de anos e atrai turistas de vários países e estados do Brasil em busca da autência comida de buteco carioca. Além do visual incrível, os clientes desfrutam de um cardápio muito original. Destaque para o Frango Ora Por Nóbis, ensopado com uma típoica erva mineira que dá nome ao prato, e servido com uma deliciosa polenta, arroz e feijão. Também são tradicionais os pastéis com sabores diferenciados e uma grande variedade de cachaças. Vale subir a ladeira e conferir. Bar do Mineiro Rua Pascoal Carlos Magno, 99 Santa Teresa. Tel. 2221-9226 Publieditorial Movimentos sociais convocam população para barrar os leilões do petróleo Um dos maiores crimes contra o povo brasileiro está com data marcada para acontecer em maio. Não é a derrota da seleção brasileira. Nem o atraso das obras de um estádio para a Copa. Também não se trata da separação de um casal de artistas famosos. Nem de uma armadilha para o mocinho da novela das oito. Estamos falando da entrega de 289 áreas de petróleo. Isso mesmo, o petróleo que deveria ser nosso, do povo brasileiro irá para as mãos de empresários megamilionários, brasileiros e estrangeiros. Se aceitarmos esse crime esqueça a ideia de utilizar esse recurso para transformar a educação e saúde públicas, construção de moradias populares, fazer acontecer a reforma agrária, desenvolver transportes de massa, espalhando metrôs, trens e barcas confortáveis e baratos pelo Brasil. Inclusive, iremos perder a possibilidade de definir o ritmo de exploração do petróleo nacional e construir um plano concreto de mudança de matriz energética, desenvolvendo em larga escala energias limpas que substituam os poluentes combustíveis atuais. Será que você já entendeu direito tudo o que está acontecendo? G ASTRONOMIA CARIOCA Anuncie no guia mais saboroso do Rio (21) 2253-3879 [email protected] Os movimentos sociais são contra a privatização do petróleo por entender que esse recurso deve ser de todo o povo e não apenas gerar lucro para poucos. O governo do presidente Fernando Henrique criou um modo de entregar nosso ouro negro, o que ele chamou de Rodadas de Licitação de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás. O Lula continuou com esse processo de leilões. E Dilma, infelizmente, marcou a 11ª rodada para maio desse ano, quando irão a leilão reservas estimadas em 30 bilhões de barris, mais que o dobro das reservas atualmente reconhecidas e comprovadas: um crime sem precedentes! Vamos assistir calados à entrega desses recursos que poderiam mudar a vida do nosso povo tão sofrido? Vamos construir juntos a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso que exige o fim dos leilões, controle público sobre a Petrobrás e todo o petróleo e a destinação dessa riqueza para a resolução dos nossos graves problemas sociais. Entre em contato com (21) 25088878. A questão dos leilões é muito mais grave que a questão dos royalties. Enquanto os royalties representam apenas 10% da renda do petróleo, os leilões envolvem todos esses recursos. Queremos discutir “o elefante inteiro” e não “apenas o seu rabo”. Enquanto todos brigam pelos royalties, para onde vão os outros 90%? Petrolíferas estrangeiras e a turma do Eike Batista querem levar nosso petróleo a preço de banana. Não vamos aceitar! Esse recurso precisa ser público e pensado de forma estratégica dentro de um projeto de desenvolvimento justo na perspectiva social e ambiental. Vamos dedicar toda nossa energia para barrar esses leilões marcados para 14 e 15 de maio” – explica Emanuel Cancella, um dos coordenadores da campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso. Fonte: Agência Petroleira de Notícias 17 CAPA Muitas pedras no caminho 18 Na Cidade Maravilhosa, vedete dos eventos globais, a acessibilidade ainda é uma realidade distante para quem já carrega a superação como uma imposição diária Juliana Costa: faltam rampas de acesso no Parque Lage. TEXTO_ JULIANA FOTOS_ ARTHUR ALVES MOURA Produzir uma matéria sobre acessibilidade em uma cidade apaixonante como o Rio de Janeiro deixou-me bastante impressionada. É fácil perceber mudanças como plataformas elevatórias em ônibus (e ouvir sobre o despreparo dos rodoviários para operá-las, já que ainda não presenciei seu uso), adaptações nas escadarias do metrô (e ver os esforços de um cadeirante para entrar e sair de um trem lotado) e concluir que “as coisas estão melhorando”. Mas as dificuldades estão em todos os lugares e poderiam desaparecer com mais respeito ao próximo e boa vontade política. Apesar de ser um dos principais destinos turísticos mundiais e sede de grandes eventos (entre eles a Paraolimpíada de 2016), a acessibilidade por aqui ainda está distante do ideal e sua ampliação caminha a passos lentos. Durante dez dias, conheci pessoas que vivem sem rancor ou amargura por terem nascido com deficiência ou visto suas vidas mudarem devido à violência urbana, acidente ou o surgimento de alguma doença. Nossa modelo Juliana Costa (foto de capa), por exemplo, depende da ajuda do tio para subir e descer os seis andares de seu condomínio: ele a leva nas costas porque não há elevador no local. E o sorriso dela é um dos mais sinceros que já vi. Também conheci projetos, a maioria fruto do voluntariado e de iniciativas da sociedade organizada, que proporcionam um pouco mais de qualidade de vida, saúde e inclusão social para esses cidadãos que precisam continuar ‘tocando a vida’, como qualquer um de nós. E nesses encontros, pude ouvir depoimentos emocionados como o de um voluntário ao ajudar uma criança de oito anos a entrar no mar após ter sofrido uma severa distrofia muscular que, em dois anos, praticamente o paralisou todo. Jamais entenderia quão trabalhoso Flagrante de má conservação da rua Luís de Camões, Centro do Rio de Janeiro é, também para os acompanhantes, passear pelos pontos turísticos se não estivesse em um deles. No Parque Lage, por exemplo, nossa equipe precisou fazer o desembarque da Juliana em um lugar e depois estacionar o carro em outro bem distante, mesmo com vagas próximas à entrada; até no Corcovado é assim. Passei a perceber que muitas calçadas não são rebaixadas, e a encontrar veículos estacionados em frente a esses trechos ou em cima da própria calçada, tornando obrigatória a passagem de pedestres pela rua e colocando suas vidas em risco. A população, de forma consciente ou não, deixa de respeitar vagas em estacionamentos destinadas às pessoas com deficiência e assentos reservados em transportes coletivos para prioridades. Leandro Mendes, 31, foi cobrador durante cinco anos e teve de conviver com atitudes nada cidadãs: “Muitos fingem estar dormindo, lendo, olham para fora do ônibus ou simplesmente fazem de conta que não estão vendo para não dar o lugar às pessoas que precisam de atenção redobrada”. Os membros do seu lado esquerdo são paralisados (deficiência congênita descoberta pelos pais aos seis meses de idade) e uma cirurgia de alongamento dos tendões permitiu que tivesse novas oportunidades. “Eu andava na ponta do pé e agora consigo coloca-lo no chão. Faço parte do projeto Adapt Surf que reúne pessoas com deficiências durante os finais de semana nos postos 2 da Barra e 11 do Leblon porque são locais mais acessíveis. A praia é nivelada com o calçadão e ninguém corre o risco de se machucar. Gostaria que toda a orla fosse adaptada, desde Grumari até o Flamengo. No Posto 12 do Leblon, por exemplo, a distância entre a calçada e a areia parece um abismo”. Direitos garantidos através de ações judiciais A acessibilidade no país é garantida pelo Decreto-lei 5296 de 2 de dezembro de 2004, que explica, no Artigo 8º, ser a “condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”. Algumas melhorias foram feitas como a adaptação de 65% da frota de ônibus que, segundo dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Transportes, terá todos em conformidade com a lei até 2014. Porém o Município já está atrasado, pois a justiça determinou a adequação total até 02 de dezembro de 2012. A adaptação em prédios públicos está ainda mais lenta. São comuns cenas como a flagrada por nossa reportagem, que acompanhou a difícil subida das escadas do prédio do Ministério da Fazenda, na Av. Antônio Carlos, por um senhor que utiliza muletas para locomoção. Manoel Elias Couto, 60 anos, realizou, em 2006, um transplante de rim que exigiu muito repouso no pós-operatório, o que facilitou a formação de trombose. “A patologia chama-se polineuropatia. Meu tratamento é realizado na ABBR e ainda ando com muita dificuldade. Mas o maior sofrimento é andar pelas ruas do Centro e infelizmente, tenho ido constantemente ao Ministério da Fazenda para resolver um problema gerado desde a época em que fiquei inativo”. A burocracia excessiva, no caso de Manoel, o obriga a voltar muitas vezes ao prédio e se deslocar ainda mais pela cidade. “Pediram até a assinatura autenticada de um médico que me atendeu em 2006”, exemplifica. O Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD) é o único no país dedicado à defesa de direitos desde 1998, e as causas coletivas também fazem parte das suas prioridades. “Trabalhamos com frentes modificadoras de um comportamento e que podem fazer diferença em relação à pessoa com deficiência. Ganhamos uma ação civil pública para que todos os prédios públicos fossem adaptados. A multa está bastante alta, já que são 10 mil reais por dia e por prédio não adaptado. As áreas de uso coletivo como faculdades, cinemas e teatros devem ser acessíveis a todos. Os bares só podem obt er o alvará de funcionamento mediante condições de acessibilidade, e infelizmente não é o que acontece”, explica Teresa Costa d’Amaral, superintendente da Instituição. Teresa d'Amaral, superintendente do IBDD 19 Nobre missão Perseverante é uma das melhores formas de definir a idealizadora do IBDD. O convívio com pessoas com deficiência começou em sua própria família através de sua irmã e, mais tarde, seu sobrinho. Formada em História e pós-graduada em Comunicação Social, Teresa soube aproveitar a oportunidade de trabalhar no Ministério da Educação e Cultura e criou uma comissão para educação especial que incluía o próprio deficiente para atender melhor as suas necessidades. Em relatório, os membros definiram 90 ações direcionadas aos deficientes que foram levadas ao Legislativo pela Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência (CORDE) como projeto de lei. Teresa, coordenadora do CORDE na ocasião, obteve a aprovação de todos os ministérios e, em 24 de outubro de 1989, foi declarada a Lei Nº 7.853. Moto em frente à calçada rebaixada impedindo o acesso (Rua Arthur Bernardes - Catete) Terminal Rodoviário em frente a PUC - Gávea CAPA 20 “Nossa lei é considerada a melhor das Américas por uma pesquisa internacional feita em 2004, inclusive melhor que a do Canadá e Estados Unidos. Porém, é a menos respeitada”, afirma. O IBDD possui um banco de dados de cerca de 40.000 pessoas e a inclusão no mercado de trabalho é feita em todo o país. Depois que o cumprimento da Lei de cotas começou a ser fiscalizado, as oportunidades aumentaram, mas o deficiente ainda encontra barreiras como o preconceito e a falta de acessibilidade nas empresas empregadoras. “Acreditamos em colocação bem feita e respeitosa para que seja duradoura. Infelizmente, muitos ainda oferecem somente vagas de assistente e auxiliar de escritório e praticamente um terço dos nossos cadastrados possuem curso superior. São pessoas formadas capazes de fazer o que qualquer outra pessoa faz”, explica a superintendente. Trabalho em rede Deficiências como paraplegia e tetraplegia podem surgir ao nascer ou mesmo durante toda a vida por um traumatismo raquimedular (TRM). Os acidentes de carro, moto e as freadas com ou sem cinto de segurança, dependendo do impacto, podem deslocar uma vértebra e mudar o destino de muitas pessoas. O diretor e idealizador do projeto ReAbilitArte, Renato de Paulo, faz um alerta para os mergulhos em águas rasas: “É a 4ª maior causa de TRM e passa a ser a 2ª no verão do Rio. Mergulhar em um banco de areia pode causar uma lesão para o resto da vida”. Formado por uma equipe multidisciplinar de voluntários, o Instituto é uma rede facilitadora de reabilitação que, através de parcerias, ajuda gratuitamente na recuperação de pacientes. “Trabalhamos com quem possui a estrutura de atendimento para atuar como suporte intelectual, logístico e fisioterapêutico”, explica. A Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD) e o Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) são exemplos de locais que recebem pessoas e realizam os respectivos tratamentos. Renato, que também é coordenador do curso de pós-graduação em Neurociências da Reabilitação no Instituto, pioneiro no Rio de Janeiro, está muito satisfeito com a parceria do IBMR, que empresta suas instalações para atender pacientes. “O serviço é gratuito. Basta trazer os documentos pessoais e o encaminhamento médico que o atendimento poderá ser feito em qualquer clínica”. O grupo está aberto e totalmente preparado para receber voluntários (independente da área de atuação) através do e-mail [email protected]. 1º Fórum Universitário de Acessibilidade No dia 26 de abril, na UFJR, o Instituto ReAbilitArte vai reunir profissionais de diversas áreas como Fisioterapia, Biomedicina, Arquitetura e Tecnologia da Informação para o desenvolvimento do projeto “Mapa de Acessibilidade do Rio de Janeiro”. A ideia é utilizar tecnologias como o Google Maps para indicar informações em relação à acessibilidade dos locais mapeados. Para Jean-C Houzel, professor adjunto no Instituto de Ciências Biomédicas da Renato de Paulo, diretor e idealizador do projeto ReAbilitArte UFRJ e um dos diretores da ReAbilitArte, acessibilidade é uma questão que deve ter a participação de todos. “As pessoas com deficiência também estarão conosco porque são quem realmente sabe a relevância do que deve ser mapeado. O piloto será feito na Ilha do Fundão e o mapeamento será estendido para a cidade do Rio de Janeiro”. Este será o primeiro evento multiprofissional em acessibilidade na universidade. Um dos convidados é Eduardo Battiston, diretor executivo de criação da Agência Click Isobar e responsável pelo projeto Accessibility View. Ele foi vencedor da edição de 2012 do Creative Sandbox, concurso realizado pelo Google para premiar ideias que melhorem a vida nas cidades. O aplicativo funciona como o Google Street View dos cadeirantes, inclusive com fotos panorâmicas, mapeando as opções com melhor acessibilidade para o deslocamento de deficientes. Janúsio Januário Muniz dos Santos em fase de adaptação Reabilitação integrada Quem passa pelo número 660 da Rua Jardim Botânico não consegue imaginar que a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) é praticamente um mundo de setores de tratamentos às pessoas com deficiência. O lugar possui unidades de amputados, convívio social, pilates, infanto juvenil, Terapia Ocupacional (incluindo um laboratório de vida diária cujo espaço simula uma residência completa) e ainda ginásio de fisioterapia e uma oficina ortopédica onde são fabricadas as próteses. Janúsio Januário Muniz dos Santos, 63, é bi-amputado devido às consequências do tabagismo, mas mesmo com sua limitação esbanja felicidade. Há um ano em tratamento na instituição, o simpático e querido paciente está passando pela fase de adaptação da prótese e em breve colocará a original. “Perdi minha perna esquerda há dois anos e a direita há um, e agradeço a Deus todos os dias pela oportunidade de estar aqui com esses funcionários maravilhosos. E aqueles Carolina dos Santos Vasconcellos, supervisora da Terapia Ocupacional: "Os movimentos devem ser corretos para que não sejam enviadas informações erradas para o cérebro". Oficina Ortopédica: fabricação de próteses sob medida Fotos: Divulgação Katarine Almeida / Divulgação Voluntários em Copacabana durante banho de mar irmãos e irmãs que puderem ajudar, a ABBR está de portas abertas”, convoca Januário. Na Terapia Ocupacional, são desenvolvidas atividades para cada parte do corpo, além da reabilitação cognitiva onde se trabalha a atenção, concentração, memória e raciocínio. A oficina terapêutica é praticamente um centro de produção de artesanatos e nos dias 08, 09 e 10 de maio, haverá um bazar especial para o Dia das Mães e toda a renda será revertida para a própria oficina. Lazer e esporte para todos A inclusão social através do esporte e lazer também faz parte da missão do Instituto Novo Ser (INS). Sob a liderança de Nena Gonzalez, a organização desenvolve projetos como Power Soccer (futebol em cadeira de rodas- pioneiro no Brasil), Pesca Adap- A modelo da capa Juliana Costa é o orgulho de todos: sua força de vontade motiva a família a vencer os obstáculos diários. Em 2005, ela, seus tios, avó e a prima, de 05 anos, estavam no carro, em Rocha Miranda, quando começou um tiroteio. Eduardo Pereira, um dos tios, levou um tiro de raspão; sua prima foi baleada na perna e o projétil que atingiu a nossa modelo provocou uma lesão medular que a fez viver, desde então, em uma cadeira de rodas. Hoje, com 17 anos, Juliana cursa o segundo ano do ensino médio, pensa em administração ou moda como cursos de graduação e está Nena Gonzalez (camisa verde), idealizadora do projeto tada, SuperAção e o Praia Para Todos. Este último recebe frequentadores de qualquer lugar do Rio de Janeiro aos sábados, na Barra da Tijuca (Posto 3) e aos domingos em Copacabana (Posto 5). “Aos 15 anos, meu filho sofreu um acidente, ficou tetraplégico e não pode mais surfar. Nessa nova fase, quando ele queria ir à praia, eram necessários muitos para ajudar e relaxávamos pouco. Conversamos sobre criar algo para facilitar o lazer dos que estavam na mesma situação e, em 2008, lançamos o piloto”, explica Nena. Os visitantes sempre encontram uma esteira especial sobre a areia para facilitar o acesso à praia e, além do banho de mar e da piscina infantil, podem se divertir surfando e jogando voleibol e frescobol adaptados. Os apoios são fundamentais para desenvolver e manter todas as atividades e essa 5ª edição do Praia Para Todos conta com o 3º Grupamento Marítimo de Copacabana. Os bombeiros voluntários passaram por um processo de capacitação para conhecer o projeto, e aprender, principalmente, quais os cuidados durante a transferência de um usuário para a cadeira anfíbia que possibilita sua entrada no mar. Em contrapartida, a equipe de militares ensinou técnicas de salvamento, segurança e dicas sobre as marés. “O nome ‘projeto’ às vezes assusta e as pessoas sentem-se desqualificadas para participar. Mas qualquer um que vier aqui e lavar uma cadeira ou simplesmente conversar, conseguirá ajudar muito”, afirmou o subtenente Albuquerque. Para ser um voluntário, acesse www.praiaparatodos.com.br. prestes a ingressar no mercado de trabalho. Talvez você esteja com a impressão de já tê-la visto, e isso é bem possível. Em 2008, a produção do TV Xuxa convidou-a para estrear o quadro “Histórias de Vida”, ocasião em que, além do encontro com a Rainha dos Baixinhos, ganhou seu primeiro book fotográfico. Foram feitos outros dois ensaios e em breve sua imagem será trabalhada também em agências comuns. Para ela, o número maior de ônibus adaptados diminuiu o tempo de espera, porém está longe de ser o ideal. “Dificilmente paravam para mim; agora tem sido mais fácil. Mas se eu precisar de táxi... No Brasil, falta acessibilidade em todos os lugares e acho que teremos problemas graves nas Olimpíadas porque a cidade não é preparada para pessoas com deficiências”, afirma Juliana. Eduardo, o tio coruja, esteve recentemente na Disney e observou o respeito dos parques por quem necessita de cuidados especiais: “Todos os brinquedos são adaptados para pessoas com deficiência. Eu disse para a Ju que ela vai adorar porque poderá brincar sem restrições”. Power Soccer – Futebol em Cadeiras de Rodas: modalidade paradesportiva praticada por homens e mulheres de qualquer idade Katarine Almeida / Divulgação + NA WEB • Interatividade: deixe seu depoimento ou comentário • Vídeos • Galerias de imagens folhacarioca.com.br facebook.com/folhacarioca A LEXANDRE BRANDÃO | NO OSSO [email protected] Que fevereiro foi esse? 22 Do ponto de vista do universo, dos universos, melhor dizendo, caiu um pedregulho na Terra, logo ali na Rússia. Um pedregulho, e todo aquele estrago. Como somos pequenos! Duas estagiárias do Senado Federal foram demitidas por terem postado no Facebook a foto de uma ratazana encontrada na gráfica do próprio Senado ao lado de um comentário do tipo: “Renan Calheiros não é o único problema.” Abandono a discussão importante a propósito de se as meninas deveriam ou não ser demitidas, se as empresas deveriam ou não bisbilhotar a vida virtual de seus funcionários etc. e tal. Prefiro dizer que essa história mostra bem como o Renan está “pedindo”. Não só ele, claro, todos os senadores que o recolocaram como presidente da casa em que nem deveria entrar. Há uns vinte anos, o médico que trouxe à luz meus filhos mais velhos mudou-se do Rio para Santa Catarina. Fugia da violência. O mundo dá voltas, camará. Não entendo dos meandros do poder do Vaticano, sei avaliar, quando muito, como Bento XVI tem-se mostrado conservador em muitos assuntos. Logo, não reajo nem com alívio nem com apreensão a sua renúncia. Por outro lado, ri com algumas tiradas em torno desse assunto. No Facebook, além de lançarem Sarney, Lula e Malafaia como candidatos à sucessão, fizeram uma charge na qual o Papa incentiva a renúncia do Renan, pois, se ele, que é Papa, renunciou, o que impediria o senador de fazer o mesmo? Tenho amigos sérios e que entendem de política de modo geral, a do Vaticano em particular. Eles me disseram que alguns possíveis substitutos do Papa podem fazer com que consideremos light o conservadorismo do que se despediu em fevereiro. Um acidente na Avenida Brasil envolvendo um ônibus não é raro, mas acidente provocado por conta de um passageiro indignado ter agredido o motorista que não quis parar fora do ponto já não é assim tão comum. O passageiro é um desequilibrado, não resta dúvida, e, se hoje ele agride por motivo tão banal, amanhã poderá fazer coisa pior por outros vãos motivos. Não conheço o desfecho da história, mas aproveito o incidente para refletir sobre o seguinte: ponto de ônibus no Rio de Janeiro é mais uma ideia do que um lugar onde as linhas A e B param e a C não. Sim, os motoristas fazem o que querem. Não só eles, nós, os passageiros, igualmente. É um tal de pedir ao “motô” — somos sempre transgressores gente boa — para abrir a porta um minutinho. Além disso, acho incrível uma coisa: em frente a minha casa, há um recuo para os ônibus pararem para embarque e desembarque. Com isso, saem um pouco da rua, e o trânsito flui normalmente. O que acontece? Os passageiros ocupam esse lugar, e os ônibus param no meio da rua, e a rua vira o caos. Somos miúdos, mas nossa estupidez não. Vaticinei há um tempo: Yoani Sánchez não viria ao Brasil. Naquela época, não viria por não conseguir o visto para deixar Cuba. Pois bem, minha “profecia” se concretizou, só que agora, apesar de ter estado por aqui, ela continuou não vindo, pois não a deixamos circular livremente, lançar seu livro, participar do debate sobre um filme no qual dera um depoimento. Cerceamos a moça que, se não tivesse sido constrangida, poderia ter respondido a muitas perguntas que esclarecessem exatamente quem ela é. Qualifico essa passagem da blogueira por aqui como um vexame nacional. Fevereiro não foi um mês como outro qualquer. Nunca é, por causa do carnaval, essa coisa toda. Mas a renúncia do Papa, a queda de um meteoro e a vinda/não vinda da Yoani Sánchez ao Brasil tornaram o esquisitão fevereiro mais esquisitão ainda. Que doideira! V ITRINE DIA DAS MÃES Com uma magia latente o Espaço Brechicafé carrega em sua identidade o charme dos cafés e brechós ‘vintages’ europeus mesclado com o espírito alegre e democrático brasileiro. Um ponto cultural charmoso no bairro de Copacabana. R. Siqueira Campos, 143 – lj . 31 Shopping Cidade Copacabana www.espacobrechicafe.com.br facebook.com/espacobrechicafe Criativa e divertida Em Santa Teresa, a artesã Lola expõe suas inspirações e criações em espaço agradável, divertido e cheio de colorido, onde ainda pode-se tomar um saboroso café. Uma grande variedade de presentes para mães que curtem a casa e a família. Abre de 5ª a domingo de 11h30 às 19h30 21 9153-2505 Rua Santa Cristina 181 - Santa Teresa. lolaateliercafe.blogspot.com.br Wall Coiffeur ATELIÊ AUAD Um universo lúdico de cores e formas Inspirado pela tranquilidade e natureza da localidade de São Pedro da Serra, onde tem seu ateliê, o artista Marcelo Auad desenvolveu uma linguagem própria que estampa quadros, mandalas, luminárias e outros objetos de decoração, com temas que vão do infantil ao místico. Encomendas pelo telefone 22 9957-1513 São Pedro da Serra - Nova Friburgo (próximo a Lumiar) [email protected] Estética e Bem-estar Sempre atualizado, o Wall Coiffeur trabalha com a tecnologia mais avançada na área da beleza e produtos de qualidade superior. Com 21 anos de experiência, Wall comanda a equipe que conta com Carlos Monteiro, Personal Hair e Terapia Capilar, Léo Delgado, expert em penteados e colorimetria e Concita Mauro, especialista em design de sobrancelhas e maquiagem. 21 2255-2819 / 9457-1405 / 7923-4430 Av. Na. Sra. de Copacabana, 613 / salas 201 e 203 - Copacabana www.wallcoiffeur.com.br facebook: wallcoiffeur 23 EDUCAÇÃO & CONHECIMENTO Ler para todos Um palácio dedicado à nobre arte da leitura Há na cidade um lugar dedicado inteiramente à leitura. Não é uma livraria, nem uma biblioteca. É a Casa da Leitura. Ali, celebra-se o ato de ler em todas as suas manifestações. Leitura de livros, leitura de imagens, leitura compartilhada. Dramatizada, cantada ou, mesmo, cinematográfica. Neste ano, o espaço celebra duas décadas de trabalho em prol da leitura de crianças e adultos e se projeta como um espaço para o público interessado nas diversas formas de ler o mundo. 24 TEXTO_FRED PACÍFICO FOTOS_ARTHUR MOURA A casa é um misto de Centro Cultural e Centro de Referência, que oferece, gratuitamente, variadas atividades cuja base é a leitura, e promete um ano de muitas comemorações por conta do seu 20° aniversário, com programação fixa que pode ser acessada pelo Facebook (www. facebook.com/proler.casadaleitura) ou pelo site da instituição (www.bn.br/ proler). Instalada em Laranjeiras, em um casarão localizado na Rua Pereira da Silva, n°86, construído como uma réplica de um palácio parisiense, a Casa da Leitura sedia a Coordenação Nacional do PROLER – Programa Nacional de Incentivo à Leitura, um projeto comprometido com a democratização do acesso e valorização social da leitura e da escrita, vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao MINC – Ministério da Cultura. Por se tratar de casa tão imponente e bela, desde que foi instalada no espaço, em 1993, a equipe do PROLER logo tratou de dar utilidade criativa ao ambiente. No fundo do terreno foi construído um pequeno e aconchegante auditório, que recebeu o nome de Auditório Clarice Lispector, escritora querida de todos que por ali passam. Palestras, peças teatrais, bate-papo com escritores, debates sobre literatura e cinema, contadores de histórias, leituras dramatizadas, entre outras tantas atividades para o público infantil, de jovens e de adultos, acontecem no simpático auditório desde então. Todas as ações desenvolvidas buscam formar leitores críticos e apaixonados, além de favorecer a democratização do acesso ao livro, através de uma integração com as atividades da instituição. Segundo a diretora da casa, Carmen Pimentel, a intenção é o estabelecimento cada vez maior da Casa da Leitura como um centro de referência em mediação de leitura. “Almejamos a constituição de uma grande Rede Nacional de Leitura, disponível para estudantes, pesquisadores, especialistas, com acervo especializado em informações sobre vivências, experiências, práticas, estudos e pesquisas na área da leitura, literatura e escrita, recolhidas em todo o território nacional e no exterior. A ideia da casa como Centro de Referência começa a ganhar corpo e cabeças parceiras da mesma vontade”, diz. A Casa da Leitura possui ainda duas bibliotecas diariamente abertas ao público: uma infantil e outra de literatura juvenil e adulta. A infantil recebeu o nome de Monteiro Lobato. A de jovens e adultos, especializada em literatura brasileira, mas que também abriga escritores de outros países de língua portuguesa, foi batizada de Adélia Prado, nome escolhido pelos frequentadores no mês passado. Muitas escolas também visitam a Casa da Leitura e suas bibliotecas para usufruir de momentos dedicados à prática da leitura. Histórias que levam à leitura Programação: Terças Culturais – toda terça-feira, às 19h – cine-literatura, leituras musicais, o livro e o autor, leituras dramatizadas Conversa com autor – toda quinta-feira do mês, às 16h – bate-papo com escritores de nossa literatura. Este evento passa a ser gravado e transmitido pela Rádio MEC AM a partir de maio Conversinha com autor – última quarta do mês, às 15h, para crianças – bate-papo com escritores de literatura infantojuvenil Atividades de contação de histórias e de práticas leitoras nas bibliotecas – durante todo o ano Cursos e oficinas de formação de mediadores de leitura – durante todo o ano são ofertados cursos e oficinas com temática voltada para a leitura Oficinas de leitura e escrita nas férias – em julho e janeiro Semana da criança – em outubro – atividades de leitura e escrita e contação de histórias Semana de Clarice Lispector – em dezembro – leituras dramatizadas de textos de Clarice, palestras e debates sobre a escritora de textos de Clarice, palestras e debates sobre a escritora 25 Serviço: Casa da Leitura – Rua Pereira da Silva, 86, Laranjeiras. Telefone: (21) 2557-7437 www.bn.br/proler www.facebook.com/proler.casadaleitura A Casa está aberta de segunda a sexta, das 9 às 18 horas. Os eventos são todos gratuitos, e é só chegar. Visitas escolares, é necessário agendar. Para os cursos oferecidos, também gratuitos, é preciso realizar a inscrição, que pode ser feita na própria Casa da Leitura, por telefone e/ou pelo e-mail [email protected]. Deverão constar no e-mail os seguintes dados: nome do curso, nome completo do aluno, RG do aluno, e-mail, telefones fixo e móvel. Fotos: Sandra Ney Atualmente, a casa serve de referência para os 84 Comitês do PROLER espalhados pelo Brasil, além de promover em suas dependências, ao longo do ano, jornadas de leitura, com especialistas, mestrandos e doutorandos para apresentação de seus trabalhos ligados ao tema. Assim como cursos de formação continuada de mediação de leitura para profissionais da área. Mas não foi sempre assim... Segundo a direção da Casa da Leitura, o espaço foi originalmente construído para servir de residência ao casal Ferreira de Carvalho, nos idos de 1920. Antonio Ferreira de Carvalho e Tereza de Castro Carvalho vieram de Lisboa, Portugal, para o Brasil e se estabeleceram numa chácara no Cosme Velho, onde hoje está o Colégio Sion. Foi um de seus filhos, Henrique, que mandou construir o casarão da Pereira da Silva. A casa era decorada com móveis em estilo Manuelino. Os armários embutidos ainda estão lá. A família morou ali até 1947, quando um decreto presidencial desapropriou o imóvel e o declarou de utilidade pública, instalando no lugar a Escola de Comando do Estado Maior da Aeronáutica (ECEMAR), que ficou no prédio até a nova sede da Escola ser inaugurada no Galeão, em 1953. Seis anos depois, o presidente Juscelino Kubitschek cedeu o imóvel para a Associação das Pioneiras Sociais, que já o ocupava há alguns anos, provavelmente desde sua fundação em 1956. Em 1984, a associação foi extinta e, em 1991, o imóvel foi cedido pela União à Fundação Biblioteca Nacional que instalou ali, dois anos depois, no dia 13 de agosto, a Casa da Leitura, como sede nacional do PROLER. Uma pérola literária na cidade do Rio de Janeiro, cravada no coração das Laranjeiras. Não ler é ficar de fora desse mundo, o que talvez signifique ficar de fora do mundo. Então aproveite seus momentos de estudo ou lazer e visite a Casa da Leitura. Celebre também tão saudável hábito, participando da programação de aniversário. Pode apostar que o mundo agradecerá. Contação de história do projeto Ler, atriz Camilla Moreira - Sarau Clarice Contar, Brincar - banheira da Casa da Leitura Paulo e Ricardo Santoro tocando Palestra de Carmen Pimentel no auditório da Casa da Leitura OSWALDO MIRANDA [email protected] A casa do gringo agora é museu 26 22 de fevereiro de 1942. Da Tribuna de Petrópolis, toquei para a Delegacia de Polícia. Tem o suicídio de um gringo e a sua mulher nas Duas Pontes. O gringo era Stefan Zweig; a mulher, sua esposa, Lotte. Zweig ganhara projeção aqui depois de escrever o livro “Brasil, país do futuro”, em 1941. Alberto Dines, seu biógrafo (Morte no paraíso – a tragédia de Stefan Zweig), escreveu sobre o escritor e a casa adquirida em Petrópolis, financiada pelos governos alemão e austríaco e doações particulares. Lembrou ter estado em Brasília, comentando que o Brasil tem uma dívida tão expressiva com o escritor, que bem poderia emitir um selo, um carimbo, uma moeda, lamentando ainda, que sua máscara mortuária em gesso, esteve um bom tempo jogada no Instituto Geográfico e Histórico. Referiu-se à doação feita pelo cunhado de Zweig, do acervo que estava na casa de Bath, na Inglaterra, desde que fosse levado para sua última morada. Uma lista assombrosa: 560 volumes de suas obras, entre originais, encardenações e traduções, diários, livros de notas, além de móveis das residências de Paris, Viena, Salsburg, Londres, Bath, e Petrópolis. Mais: retratos autografados de Freud, Romain Rolland, Toscanini, Rilke, Strauss, cartas de Einstein, manuscritos de Mozart, uma mesa de Beethoven. Pode-se ver ainda o poema da despedida e uma placa com nomes de refugiados nazistas que para aqui vieram, como o casal, em busca de paz. Andando pelo mundo, angustiado, Zweig deixaria a opção de morar em Nova Iorque, buscando o Brasil, ainda que aqui tivesse poucos amigos. Mas era o recanto ideal para morar com Lotte, o isolamento, a solidão... na casa de Petrópolis, agora transformada em museu, justa iniciativa, como escreveu Dines, “para lembrar o autor da maior homenagem ao Brasil jamais escrita por um estrangeiro”. Ele encabeça a lista do grupo que se empenhou em tornar em realidade o museu. Bem, a casa do gringo Zweig, onde ele morou com a esposa e onde se suicidaram, fica na rua Gonçalves Dias, 34, constituindo-se hoje, em mais um ponto importante a ser visitado no roteiro histórico e turístico de minha cidade. “A vida de nossa geração está selada. Nós não temos o poder para influenciar o rolar dos acontecimentos e nenhum direito de dar conselhos à própria geração, depois do fracasso da nossa“ Habemus papinha Esta linda criança, Maria, filha de meus netos Fátima e Maurício, portanto, minha bisnetinha querida, aqui, na hora de um de seus conclaves, quer dizer, gostosos lanchinhos, que ela papa com apetite, gulosinha que é... G ISELA GOLD [email protected] O DIA: “Romário: a obra do Maracanã é um assalto aos cofre públicos. A CBF está nas mãos de um cartel. O Brasil não tem time para ganhar nada.” A tribuna estremeceu. GERAL: Liszt Vieira deixou o Jardim Botânico – agora sem Rêve d’amour... O GLOBO: “Sílvio Santos entra em lista de bilionários da Forbes. Com fortuna de US$ 1,3 bilhão, é a primeira celebridade brasileira no ranking.” Quem, como eu, conviveu com esse cidadão de origem humilde, Senor Abravanel, nascido na rua do Senado, camelô no Centro e nas barcas de Niterói, hoje dono de um variado complexo de negócios – deve se orgulhar com essa notícia. Celebridade, bilionário – tudo no batente. É piramidal! HOJE: “Morreu Emílio Santiago.” Nunca o vi nos jornais, na Tv, nunca o ouvi nas rádios. Um esquecido, sim. Peguei-o uma vez no Jô, cantando um irrepreensível Misty. E pela última vez na Fátima Bernardes, falando de sua vida e no balanço do “Só danço samba”. Vencedor de tudo, a partir da ‘Grande chance’ do Flávio Cavalcanti. Olha só o Zuenir Ventura: “Diante do reconhecimento de seus pares, classificando Emílio Santiago como um dos melhores cantores do Brasil, senão o melhor, é que vi com sou ignorante em matéria de música. Nunca lhe dei importância.” É assim; agora ficam os elogios póstumos... ESQUENTA - Regina Casé: Antropólogo Roberto da Matta falando sobre pedestres e motoristas: “O trânsito no Brasil mata 42 mil pessoas por ano! É preciso saber que a rua não é de quem está dirigindo e sim do pedestre. Nos Estados Unidos basta botar o pé na faixa que o carro para.” Já aqui... EXTRA: “A inflação de alimentos. Saiba o que está subindo no mercado.” Bem, só para falar nos legumes, a alta está sendo de 134%. Hay gobieno? ESPORTES: “Getúlio Vargas é o goleiro do Bangu e Nixon e Bolivar são atacantes do Flamengo e Botafogo.” A História rola nos gramados da cidade. NOVELA: Salve Jorge: Já notaram? A boate da Lívia em Istambul se chama Nigth teaser’s... Só uma porta de saída. Estreita... Tem alvará? Nigth teaser’s, com Russo, Wanda, Irina, seguranças... HOJE: “IBOPE divulga pesquisa em que 79% aprovam o modo de governar da Presidente Dilma. O grau de confiaça na pesquisa é de 95%.” E ficamos combinados assim, diria Danusão Leão. PETRÓPOLIS – Deploro a tragédia que se abateu sobre minha cidade. Águas de março. Temporais assim lá são comuns de tempos em tempos. Num deles, Afonso rocha e eu fizemos uma extra da Tribuna com a manchete “Abriram-se as cataratas do céu”, como agora desgraçadamente. O GLOBO: “Joaquim Barbosa, presidente do STF – Há muitos juízes para colocar para fora. Esse conluio entre juízes e advogados é o que há de mais pernicioso no judiciário.“ Ele defende uma faxina no setor. Sabe que mexeu em casa de maribondos, só que de casa de maribondos... ele entende. O DIA: Querem transformar a casa de Machado de Assis em Centro Cultural.” Jaguar comentou: - Ué, já não era Centro Cultural quando ele morava lá? O boneco de Beto Cada vez que a tia recolhia os desenhos, um em especial lhe chamava atenção. Aquele menino da última carteira a esquerda nunca desenhava o bonequinho de palito com o pé no chão. Tinha chão, mas o boneco estava sempre alguns palmos acima. Bernardo era Beto.Mas Beto não é apelido de Roberto? Beto roia unha, e sempre perdia o olho do quadro. Rumava para os sapatos, as meninas distraídas, o pilot destampado das mais afoitas. Com eles montava o que queria na cabeça. Tinha sempre uma história. Quando a tia perguntava pergunta fácil, não sabia. O que você quer agora, Beto, carrinho ou bola? Sonho, respondeu. Prefiro sonho. A vida tomou seu rumo, Beto se fez Dr. Bernardo, assinou papéis, já tinha número de identidade e firma reconhecida. Certo dia, Beto conheceu Rosana que lhe perguntou o que ele queria: beijo pra agora ou pra sempre? Começou a desconfiar o que queria. Encheu moça de beijos, dos quais nasceu Artur. O bonequinho já começava a ensaiar o dedo do pé na linha do desenho. Beto não vivia mais de sonho. Tinha a escola de Artur para pagar. Mas o preço de colocar o pé do boneco no chão era alto. Sem sonho, não sabia muito bem responder a pergunta da tia. O que queria mesmo? Foi uma segunda feira, Rosana estava atrasada e Beto levou Artur para a aula. A escola era a mesma que estudara, a sala de artes continuava a três salas da diretoria e Dona Kátia ainda dava seus berros com as crianças levadas. Beto não resistiu e observava Artur na fresta da porta. A tia estava atenta vendo os desenhos, quando colocou o dedo no papel de Artur. A fresta era suficiente para Beto perceber. Faltava pé no chão do boneco de Artur. Graças a Deus. 27 B IJUX IN THE BOX [email protected] Impossível fugir da Globo Na última edição, busquei dar algumas dicas para quem quer fugir da Globo. Não que a programação da emissora seja ruim, não. Ao contrário: por ser boa é que acostuma mal o telespectador, que não usa o controle remoto pra buscar outras atrações. As dicas valiam – valem – para a Tv aberta. Mas... e na Tv por assinatura? Nesta, é impossível fugir da Globo. Veja por que. Comecemos pela Globo News, extensão do jornalismo global, com excelentes programas – Estúdio I, Painel, Em Pauta, Milênio, e os jornais durante todo o dia. Claro, tudo obedecendo ao padrão Globo. Aí tem o GNT, coisa de mulheres para mulheres, com muita coisa boa – Decora, Saia Justa, os programas de culinária. Também uma emissora global. Vamos 28 ao canal vizinho, o Multishow: tão global que nos deu por 78 dias vários minutos extras do Big Brother, e que tem programação musical moderninha que deve agradar aos mais jovens. Também com envolvimento global figuram o Futura, o Arte 1 – com apresentações de orquestras sinfônicas e filarmônicas de peso -, o Globosat, o Viva e os três canais SporTv. Todos apresentam programas de qualidade, embora um tanto antigos e recorrentes. Mas todos eles servindo como alternativa para a pífia programação dos outros canais. Todos os canais de filmes só passam filmes velhos. Tá certo, alguns são mesmo cult, alguns vale a pena ver de novo – e de novo, e de novo... Mas não são oferecidos (os adeptos do PC – Politicamente Correto – dizem “ofertados”, argh!) os ganhadores do Oscar, nem do ano retrasado, quanto mais do ano passado! Nem ficamos conhecendo vencedores de outros festivais, como o de Cannes e o alemão. É por isso que é impossível fugir da Globo nos canais por assinatura: as opções são... nenhuma! Uuuuuh! Barriga geral Tudo velho de novo Esta é uma espécie de grito pra dentro, expressão de frustração diante de um gol perdido, murmúrio que é bem conhecido de todos os torcedores. E foi o sussurro que mais não se ouviu durante as partidas da agora denominada Seleção do Felipão. Muitos, demasiados Uuuuuh! para o antes denominado País do Futebol. Salvos da derrota sempre no último minuto. Condenados ao empate e ainda por cima a agradecer porque o vexame não foi maior. Também, quem manda acreditar em feitiçarias? Chamaram Felipão e Parreira porque já foram campeões da Copa, tentando um ressurgimento de nossas habilidades através desse tipo estranho de pajelança. Esqueceram-se de que, pela Lei das Probabilidades, se os dois – os dois! - já foram campeões uma vez cada, dificilmente serão novamente nos próximos 100 milhões de anos. Uuuuh! No jornalismo se denomina “barriga” à falha de comunicação que acaba por divulgar informação errada. Foi o que aconteceu na escolha do novo Papa. Apesar de o anúncio do nome dele ser bem claro - “impôs-se o nome de Francisco” - TODAS as emissoras, alguns jornais impressos e alguns blogs jornalísticos cismaram de chamar o argentino Jorge Mario Bergoglio de Papa Francisco I. Isso permaneceu no noticiário durante mais de dois dias, e foi preciso que o Vaticano informasse que o Papa que escolhe um nome ainda não usado só passa a ser o primeiro quando houver um segundo. Foi uma barriga geral, e mais do que isso, uma prova da falta que faz um bom ensino de matemática. No finzinho de março, foi aberta a temporada de apresentação da programação deste ano em todas as emissoras que se preocupam com isso – Bandeirantes, Record e Globo. A grande novidade é que não há novidade alguma. Os mesmos Loucos por Elas, Grande Família, BBB, Fátima Bernardes, Ana Maria Braga, Faustão, Jô e quetais na Globo; Pânico, CQC, Gentilli e quetais na Band; os mesmos Hoje em Dia, Programa da Tarde, minisséries bíblicas, na Record. Esta parece inovar no tal do Gotalent, até a gente descobrir que é igualzinho a outros programinhas comprados dos americanos – eles, sim muito criativos em bolar bobagens lucrativas. 29 www.colegiostockler.com.br Rua General Rabelo, 56 - Gávea - RJ Tel.: 2274-1121 T AMAS 30 Sem forças andei. Sem inimigos briguei. Sem precisar comprei. Sem fé duvidei. Sem dinheiro esmolei. Sem motivo empolguei. Sem música dancei. Sem palavras cantei. Sem desejo beijei. Com sonhos acordei. Poeta Convidado Alberto Tornaghi Tempo O tempo cura males e dores, cria saudades, murcha flores, mata paixões e apura vinhos e amores. Pensamentos Pró-fundos Instante Fugaz [email protected] - Envio gritos de alerta. Recebo sinais de fumaça. - O calor é tanto que até as palavras estão secando. - Tenho inveja neste instante vendo pássaros que voam para terras distantes. - MUTAÇÃO DAS ESPÉCIES: Com tanta convivência o cachorro e o Homem estão cada dia mais parecidos. - Em conversa de bar palavras alegres se perdem no ar. - O sol sorriu quando me viu flutuando sobre a tormenta. - A cidade pulsa. Nervosa e violenta, me expulsa. - Olhar. Ver. Saber escolher. - Coloco cores nos pés para alegrar meu caminhar. - Meu anjo da guarda quer me processar por trabalho escravo. H ARON GAMAL [email protected] Livros de Benedito Vidigal passeiam pelo lirismo e recuperam o passado de todos nós Roland Barthes, em A preparação do romance, diz que o cinema não é capaz de transmitir os cheiros, mas a literatura, sim. Antes, em Sade, Fourier, Loyola, ele havia negado a capacidade da literatura para tal representação. Talvez isso tenha ocorrido porque, naquele período, ele flertasse com a psicanálise lacaniana, e visse no princípio da denegação a impossibilidade de representação do real. No entanto, Em A preparação, Barthes parece mudar de ideia. Analisando as afirmações do escritor francês, chego também à mesma conclusão. Se pensarmos o cinema como uma linguagem organizada através de imagens, por mais criativas que sejam suas sequências de cenas, concluiremos que ele não é capaz de nos transmitir odores. Tomemos com exemplo a sequência de um filme que privilegie a imagem de várias flores. Em primeiro lugar, essas imagens causarão prazer aos nossos olhos, ficando sensações mais sutis, como o odor, em situação de desvantagem, tornando difícil ou mesmo impossível a sua representação. A abordagem de nossos sentidos através da visão acabará por nos marcar muito mais pelos contornos que a imagem sugere do que pelas eventuais propriedades que ela possa comportar. Já a literatura, não; uma vez que é constituída por palavras, desde que usadas com criatividade e esmero, poderia representar os cheiros. O bom escritor precisa nos conduzir, em primeiro lugar, a esses conceitos e sugestões, deixando as imagens para um segundo momento. Na literatura é plenamente possível explicar um perfume. É lógico que os cheiros presentes nas histórias não exalarão fisicamente através das páginas de um livro. O perfume que um personagem usa ou o aroma de uma comida no fogo poderão ser sentidos por nós porque, na verdade, há um misto de conceitos explanados por meio de palavras mais a experiência que vivemos no dia a dia. A verdadeira literatura vai muito além do filme que rola dentro da cabeça de cada um de nós. Essa questão pode ser percebida nesses dois livros de Benedito Vidigal, Corações desatentos, de poemas, e Espelho d’água, de crônicas. Em ambos, somos conduzidos aos sabores e cheiros de uma juventude perdida no tempo. E também a situações contemporâneas, mas que não deixam de trazer um travo de sentimentalismo. No livro de poemas, Vidigal toca em temas amorosos, eró- ticos, revisita amigos e canta as lembranças proporcionadas pela cidade de Valença à época em que estudou medicina. O eu lírico é um eterno apaixonado. Através de seu percurso, experimentamos toda a intensidade daquele passado. Destaco algumas passagens de sua poesia, sempre marcada pelo caráter enxuto e elegante. “Eu te olhava / enquanto dormia / Acordei por nada / ainda no começo da noite / por isso / eu te olhava de pertinho / sentia teu cheiro / cheiro de perfume / cheiro de amor...”, em “Detalhes”. O erotismo surpreendente predomina em “Pela segunda vez”: “Ela lambeu-me / a boca / como se fosse cadela / e saiu rebolando o traseiro / como se cadela fosse / a segui / pelas ruas sem fim / feito cão predileto...”, e também em “Fuxico”: “Um beijo / um cheiro / uma passada de mão / fuxicos ao pé do ouvido / outros beijos / suspiro / e a negação...”. Reparem a sinestesia em “Ermitão”: “A casa exibia / um caramanchão na entrada / lotado de jasmins estrelados / a perfumarem o ar / Cheiravam mais que as roseiras / ... lá dentro morava o desejo / desejo não revelado...”. Sobre as recordações, “Lembranças de Valença”: “Naquele dia / seduzido pela cidade / subi o jardim de baixo / desci o jardim de cima / e logo te encontrei / naquela rua / Destino!”. Por fim, Vidigal não deixa de fazer uma elegia a amigos e amigas da adolescência ao construir uma espécie de ciranda em “Our street”: “... Rodem / rodopiem / gente alegre / gente amiga / cujo destino / não nos pode roubar / o afeto...” Espelho D’água também nos presenteia com histórias em prosa, na maioria das vezes plenas de poesia. São narrativas sobre amores roubados, lembranças de amigos e de entes queridos, encontros e separações. Dentre as vinte e quatro crônicas que compõem o livro, destaco as seguintes: “Espelho D’Alma”; “Colegas, Amigos”; “O Ballet das Almas”; “Sob o estigma do sobrenatural”; “Sem censura”; “Sonhar é preciso” e “Pe. Caio de Jesus”. No final um inédito, “De mim para você”, escrito pela mãe de Vidigal sobre uma viagem que ela fez à terra natal. Esta crônica, pungente, recuperada e modelada pelo autor, demonstra o gosto e o talento da família de Benedito Vidigal pela escrita, pela poesia, enfim, pela literatura. Corações desatentos, 119 páginas e Espelho d’alma, 99 páginas Autor: Benedito Vidigal Editora Kelps 31 ARTE & CULTURA ROTEIRO BOÊMIO CULTURAL 32 Um democrático coreto TEXTO_FRED PACÍFICO FOTOS_ARTHUR MOURA Por mais que a cena da vida acontecendo ao redor de um coreto de praça seja uma síntese de muitos interiores desse nosso Brasil, em pleno Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, essa é a realidade encontrada em um dos mais charmosos cantinhos da região. Mas não se engane com o bucolismo da cena. A Praça São Salvador é um ponto de encontro que, por mais que mantenha ares interioranos, tornou-se ponto de badalação para os mais diversos perfis. Localizada no encontro das ruas Esteves Júnior, São Salvador e Senador Correia, no limiar da divisa dos bairros das Laranjeiras, Flamengo e Catete, a praça tem programação variada todos os dias e para todos os gostos. Seja para ouvir uma boa música, tomar uma cerveja gelada, curtir um bom papo ou levar as crianças para brincar, o ponto é um programa aprazível em praticamente todos os dias da semana. No entorno há boas opções de bares e restaurantes, normalmente abertos para almoço, com justas opções de executivos, e durante as noites, quando a praça se transforma e mostra sua face boêmia. A proximidade com o fim de semana faz com que a área encha, cada dia com públicos distintos. Na quinta O bucólico coreto da Praça São Salvador é o ponto de encontro perfeito entre amigos e visitantes uma turma nova forma o burburinho, tomando umas e outras em volta da mureta que faz a vez de assento, enquanto a azaração toma a praça. Não é sempre, mas às vezes algum aparato sonoro dá o ar das graças. Seja pelo estacionamento por ali do projeto RádioBike, bicicleta paramentada e conectada à internet, onde revezam músicos e DJs, e que faz uma pequena festa ao ar livre por onde passa, ou mesmo por iniciativa dos próprios frequentadores. Na sexta o público do dia anterior se mistura com uma turma um pouco mais velha (não muito!) com o espírito de happy hour. É lotação garantida, tanto por quem só quer relaxar um pouco após a semana de obrigações, quanto pelos que vão fazer um ‘esquenta’ antes de esticar a noite em outro destino. No sábado durante o dia, a praça volta aos seus frequentadores tradicionais de moradores, famílias e crianças. Já quando chega a noite, a coisa se transforma, consagrando o coreto da praça à sua concepção original de espaço para abrigar música e pessoas. São vários os músicos e estilos que tomam o palco por ali, possibilitando uma surpresa aos frequentadores menos antenados com as programações e compostos por uma variedade enorme de perfis. Um grupo que é mais rotineiro aos sábados é o pessoal do Batuque no Coreto (batuquenocoreto. blogspot.com.br), que faz uma agradável roda de samba, normalmente a partir das 18 horas, e que aceita os agregados que se aventurarem a levar seu instrumento e alegria. A praça tem programação para todos os gostos e a noite virou ponto de badalação A praça é nossa Segundo a fotógrafa Bianca Pimenta, frequentadora assídua e moradora do entorno, a praça é um ambiente bem democrático. “Acho importante a boa utilização dos espaços públicos, como acontece por aqui. A praça é um ponto de encontro entre amigos e uma excelente opção de lazer. O parquinho atrai as famílias e crianças, enquanto o coreto reúne os visitantes. É um espaço democrático onde quem quiser pode assumir o lugar e expor sua voz, seja fazendo manifestações, espetáculos de teatro, festa de aniversário ou tocando boa música que alegra os visitantes. Quem mora por aqui chega a sentir ciúme da praça, mas vejo isso com bons olhos, pois o carinho dos moradores faz com que todos cuidem da praça como sendo seu próprio quintal”, diz. Com tão bela praça ao seu dispor, não é de surpreender o ciúme sentido pelos moradores, que, apesar de reclamarem do barulho das atividades noturnas e da sujeira deixada pelos frequentadores, aproveitam a praça diariamente sentando em seus bancos, reunindo-se com os amigos para papear no coreto e observar ou levar as crianças. Os pequenos tomam o espaço, brincando no parquinho que há ali ou correndo ao redor do belíssimo chafariz, com escultura em ferro fundido do francês Louis Savaugeau, que data de 1862, e que foi reformado e religado há pouco tempo, para alegria dos moradores e visitantes. No domingo o cenário é diferente das agitadas noites no coreto, mas nem por isso menos animado. Logo cedo uma simpática feira de artesanato, boas comidas e arte toma conta da praça. O ambiente é familiar e muito agradável. O local é, sem pestanejar, uma excelente opção de programa ao ar livre na cidade e começa por volta das nove da amanhã, indo até às 18 horas, se não chover. No coreto reúnem-se os chorões do Arrumando o Coreto, uma agradabilíssima roda de choro composta por músicos para lá de talentosos, e apreciadores da boas músicas de diversas idades. Tudo regado pelas famosas caipirinhas de frutas do Luizinho (R$ 8,00), batidinhas (R$ 5,00) ou doses (R$ 5,00) da boa carta de cachaça da barraca que fica em frente a banda. “Já faço parte desta feira há quatro anos e adoro o clima bucólico daqui. A São Salvador parece possuir um tempo próprio, que foge da pressão da cidade. O clima mais calmo e o ambiente familiar faz a diferença para quem expõe o trabalho e para os frequentadores. Circula por aqui um público de alto padrão, composto por moradores do entorno, turistas nacionais e estrangeiros, e visitantes de todos os cantos da cidade”, conta Tereza Cristina de Oliveira, da D’Art Bijou (www.elo7.com.br/dartbijou), que monta sua barraca todo domingo na feira, onde expõe semi joias e bijuterias feitas ou revendidas por ela. Não importa o horário escolhido para aproveitar a São Salvador, se a fome bater ou o desejo for sentar em uma mesa bem posicionada para ver a banda passar, opções não faltam no entorno. Quitutes há aos montes. É só rodar pelas barracas e escolher o que mais agradar. Há inclusive o pastel e caldo de cana da famosa barraca, Pastel do Bigode, famoso em outra feira do gosto farto e valores que não furam o bolso. Agora, não se engane com o seu vizinho que, apesar de tentar fazer as vezes de boteco arrumadinho, os preços já são de restaurante. Mesmo assim, a Casa Brasil vale o mérito do chope bem tirado e da ótima porção de frango a passarinho, além de ser uma opção para quem gosta de assistir ao futebol esvaziando copos. Há ainda mais bares, lanchonete, cantinas, padaria que estende o horário em dias mais agitados, e um ótimo 33 O grupo de chorinho Arruma o Coreto alegra a feirinha que toma conta da praça aos domingos bairro, mas que também bate ponto ali nos domingos. Dentre os bares, o tradicional boteco Adega da Praça, muito conhecido dos moradores, é destino certo para um começo de conversa, com tudo que um bom pé-sujo deve oferecer: cerveja geladíssima, tira restaurante japonês, o Sushimar, para os apreciadores da culinária oriental e dos saborosos saquês que compõem a carta da casa. Para quem ainda não conhece, vale a pena o passeio. Só pensar em qual perfil de programa que mais encaixa contigo e ir curtir o coreto. O NDE ENCONTRAR Ações de Rua • Livrarias • Bancas Cafés • Restaurantes • Espaços Culturais Lojas cadastradas • Academias Ação de distribuição na Feira do Lavradio: a Folha Carioca cativando todas as gerações BOTAFOGO FLAMENGO Budha Spa Botafogo Av. Lauro Sodré, 445/G3 e G4 – Shopping Rio Sul República Animal R. Marquês de Abrantes, 178 lj. B Tel.: 2551-3491 / 2552-4755 Tel.: 2295-7941 OX Fitness Club Mourisco Praia de Botafogo 501 OX Fitness Club Praia Praia de Botafogo, 488 21 2295-2211 COPACABANA 34 Banca do Babau Rua Inhangá esquina c/ NSC Banca Tia Vânia Rua Xavier da Silveira, 45 Banca Xavier da Silveira Rua Xavier da Silveira, 40 Empório Occhiali Rua Siqueira Campos, 143 – Loja 141-142 Espaço Brechicafé R. Siq. Campos 143 - loja 31 Tel: 2497-5041 Graça Brechó Av. N.S.Copabana 959 - Loja E Ao lado do Cine Roxy Le Chic Optique Av. N.S.Copa., 267 Livraria Nobel Rua Barata Ribeiro, 135 Tel.: 2275-4201 Helena's Studio R. Siqueiro Campos, 143/lj 25 Rest. Príncipe de Mônaco Rua Miguel Lemos, 18- Loja A Shopping 195 Av. N.S.Copacabana, 195 Sorveteria Lopes Av. N.S.Copa., 1.334 - loja A Theatro Net Rua Siqueira Campos - N° 143 - 2º Piso. Copacabana GÁVEA 15ª DP – Gávea R. Major Rubens Vaz, 170 Tel.: 2332-2912 Banca da Bibi Shopping da Gávea 1º piso Tel.: 2540-5500 Banca da Gávea R. Prof. Manoel Ferreira, 89 Tel.: 2294-2525 Banca Dindim da Gávea Av. Rodrigo Otávio, 269 Tel.: 2512-8007 Banca Feliz do Rio Rua Arthur Araripe, 110 Tel.: 9481-3147 Banca New Life R. Mq. de São Vicente,140 Tel.: 2239-8998 Banca Planetário Av. Vice Gov. Rubens Berardo Tel.: 9601-3565 Banca Speranza Praça Santos Dumont, 140 Tel.: 2530-5856 Banca Speranza Rua dos Oitis esq. Rua José Macedo Soares Casa da Táta R. Prof. Manoel Ferreira,89 Tel.: 2511-0947 Chaveiro Pedro e Cátia R. Mq. de São Vicente, 429 Tels.: 2259-8266 Igreja N. S. da Conceição R. Mq.de São Vicente, 19 Tel.: 2274-5448 Menininha Rua José Roberto Macedo Soares, 5 loja C Tel.:3287-7500 Posto BR – loja de conveniência Rua Mq. São Vicente, 441 Restaurante Villa 90 Rua Mq. de São Vicente, 90 Tel.: 2259-8695 HUMAITÁ Banca do Alexandre R.Humaitá esq. R.Cesário Alvim Tel.: 2527-1156 IPANEMA Armazem do Café Rua Maria Quitéria, 77 Banca do Renato Rua Teixeira de Mello, 30 Budha Spa Ipanema Rua Visconde de Pirajá, 365/B, Sobreloja 201 Tel: 2227-0265 Centro Cultural Laura Alvim Av. Vieira Solto, 176) Mundo Verde Rua Visconde de Pirajá, 35 Supervídeo Rua Visconde de Pirajá, 86 lj.C e D 21 2522-6893 Via Verde R. Vinicius de Moraes, 110, LJ. C Wash Club Visconde de Pirajá, 12, loja D JARDIM BOTÂNICO Carlota Portella Rua Jardim Botânico, 119 Tel: 2539-0694 Le pain du lapin Rua Maria Angélica, 197 Tel: 2527-1503 Posto Ypiranga Rua Jardim Botânico, 140 Tel:2540-1470 Supermercado Crismar Rua Jardim Botânico, 178 Tel: 2527-2727 LAGOA Bistrô Guy Rua Fonte da Saudade, 187 LARANJEIRAS Casa da Leitura Rua Pereira da Silva, 86 Embalo Bar R Dias Ferreira, 113 Fotografia Digital Av. Afranio de Melo Franco, 310 Rio Flat - Apart Hotel Rua Almirante Guilhem, 332 Mundo Verde Rua das Laranjeiras, 466 – loja D 3173-0890 Vitrine do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 1079 LEBLON Armazém do Café Rua Rita Ludolf, 87 Tel.: 2259-0170 Banca Canto Livre Rua Gen. Artigas, s/nº Tel.: 2259-2845 Banca do Mário Rua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446 Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509 Banca Rainha R. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352 Banca Scala Rua Ataulfo de Paiva, 80 Tel.: 2294-3797 Banca Top Rua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General Urquisa Tel.: 2239-1874 Budha Spa Leblon Rua General Urquiza, 102/ 6º andar Tel.: 2249-5647 Café com Letras Rua Bartolomeu Mitre, 297 Café Hum Leblon Rua Gen. Venâncio Flores, 300 Tel.: 2512-3714 Central de Compras do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 556 Centro Empresarial Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 204 Cidade do Leblon Av. Ataulfo de Paiva, 135 Entreletras Shopping Leblon nível A 3 Bar da Nalva Rua Silvio Romero, 3 - Esquina com Rua do Riachuelo LAPA LEME Maison 25 Haute Coiffeur Rua Roberto Dias Lopes, 25 Quiosque Espaço OX Av. Atlântica, Posto 1 SANTA TERESA Banca Chamarelli Rua Áurea, 02 Banco do Lgo. dos Guimarães Largo dos Guimarães s/nº Bar do Gomes Rua Áurea, 26 Bar do Mineiro R. Paschoal Carlos Magno, 99 URCA Banca da Deusa Banca da Teca Banca do Círculo Militar em frente ao Círculo Militar Banca do EPV Banca Ernesto e Bia Av. Portugal, 936 Banca Garota da Urca Av. João Luíz Alves, 56 Bar Belmonte Av. Portugal 986 Bar e Restaurante Urca Rua Cândido Gafrée, 205