Os precursores da Arte Moderna Cézanne, Gauguin e

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Os precursores da Arte Moderna Cézanne, Gauguin e
Os precursores da Arte Moderna
Cézanne, Gauguin e Van Gogh são três pintores que, com estilo próprio, influenciaram notavelmente a arte do século XIX.
Partindo todos eles da experiência impressionista, depressa tentaram ir mais além, utilizando cada um uma linguagem
expressiva pessoal.
foi um pintor pós-impressionista neerlandês, frequentemente considerado um dos maiores de
todos os tempos. Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em
sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contatos sociais. Aos 37
anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio. A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição
das suas telas em Paris, a 17 de Março de 1901. Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências
impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século
XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstracionismo.
Primeiros anos: Vincent nasceu em Zundert, uma cidade próxima a Breda, na província de Brabante do Norte, nos Países
Baixos. Era filho de Theodorus, um pastor da Igreja Reformada Neerlandesa (calvinista), e de Anna Cornelia Carbentus.
Recebeu o mesmo nome de seu avô paterno e também daquele que seria o primogênito da família, morto antes mesmo
de nascer exatamente um ano antes de seu nascimento. Especula-se[2] que este fato tenha influenciado profundamente
certos aspectos de sua personalidade, e que determinadas características de sua pintura (como a utilização de pares de
figuras masculinas) tenham sido motivadas por isso. Ao todo, Vincent teve dois irmãos: Theodorus, apelidado de Theo, e
Cornelius (Cor); e três irmãs: Elisabeth, Anna e Willemina (Will). Vincent era uma criança séria, quieta e introspectiva.
Desenvolveu através dos anos uma grande amizade e forte ligação com seu irmão mais novo, Theo. A vasta
correspondência entre Theo e Vincent foi preservada e publicada em 1914, trazendo a público inúmeros detalhes da vida
privada do pintor, bem como de sua personalidade. É através destas cartas que se sabe que foi Theo quem suportou
financeiramente o irmão durante a maior parte da sua vida.
Aos 16 anos, por recomendação de seu tio Vincent (ou Cent), começou a trabalhar para um comerciante de arte
estabelecido na Haia, na empresa Goupil & Cie. Quatro anos depois foi transferido paraLondres, e depois para Paris. No
entanto, Vincent estava cada vez mais interessado em assuntos religiosos, e acabou sendo demitido da galeria. Ele então
decidiu retornar à Inglaterra para fazer um trabalho sem remuneração. Durante o Natal, Van Gogh retornou para casa e
começou a trabalhar numa livraria. Ele ficou seis meses no novo emprego, onde gastava a maior parte de seu tempo
traduzindo a Bíblia. Em 1877 sua família mandou-o para Amsterdã, onde morou com seu tio Jan. Vincent preparou-se para
os exames de admissão da Universidade de Teologia com seu tio Johannes Stricker (teólogo), mas fracassou. Mudou-se
então para a Bélgica, e novamente fracassou nos estudos da escola Missionária Protestante. Em 1879, ainda na Bélgica,
começou um trabalho temporário como missionário em uma comunidade pobre de mineiros.
Maturidade: Em 1880, Vincent decidiu seguir a sugestão do seu irmão Theo e levar a pintura mais a sério. Ele partiu
para Bruxelas para tomar aulas com Willem Roelofs, que o convenceu a tentar a Academia Royal de Artes. Lá ele estudou
um pouco de anatomia e de perspectiva. Em 1881, Van Gogh mudou-se com a família para Etten, onde ficou amigo de
Kee Vos-Stricker, sua prima e filha de Johannes Vicent Stricker. Ao pedi-la em casamento, ela o recusou com um
enérgico"nunca". Porém, Van Gogh insistiu em sua ideia, o que gerou conflitos com seu pai. No final do mesmo ano, Vincent
partiria para a Haia. Na Haia, ele juntou-se a seu primo, Anton Mauve, nos estudos de arte. Envolveu-se com uma prostituta
grávida e já mãe de um filho, conhecida como Sien. Quando o pai de Van Gogh soube do relacionamento do filho, exigiu
que ele a abandonasse. Em 1883, mudou-se para Nuenen (Holanda) onde se dedicou à pintura. Lá se apaixonou pela filha
de uma vizinha, Margot Begemann. Decidiram se casar, mas suas famílias não aceitaram o casamento, o que fez com que
Margot tentasse o suicídio. Em 1885, o pai de Van Gogh morreu de infarte. Neste mesmo ano ele pintou aquela que é
considerada a sua primeira grande obra: Os Comedores de Batata. Em novembro do mesmo ano, muda-se para Antuérpia.
Com poucos recursos, ele preferia mandar dinheiro para Theo em Paris, para que este lhe enviasse material de pintura, a
comer uma boa refeição. Enquanto estava em Antuérpia, dedicou-se ao estudo das cores e visitou museus, apreciando
trabalhos principalmente de Peter Paul Rubens, e tornou-se um bebedor frequente de absinto. Foi nesta altura que entrou
em contato com a arte japonesa, da qual se tornou fervoroso admirador e que posteriormente o influenciaria pelas cores
fortes e uso das linhas. Em 1886, matriculou-se na Ecole des Beaux-Arts de Antuérpia.
Paris: Em março de 1886, Van Gogh mudou-se para Paris, onde dividiu um apartamento em Montmartre com Theo. Depois,
os dois mudaram-se para um apartamento maior na Rue Lepic, 54. Por alguns meses, Vincent trabalhou no Estúdio Cormon,
onde
conheceu
os
artistas John
Peter
Russell, Émile
Bernard e Henri
de
Toulouse-Lautrec,
entre
outros.[1] Este
último, alcóolatra, apresenta van Gogh ao absinto, bebida popular da ocasião, que viria a ser muito consumida pelo pintor,
que a retratou em Natureza Morta com Absinto. O absinto possuía como principal ingrediente uma planta alucinógena de
nome Artemisia absinthium e cuja graduação alcóolica era de 68%. O absinto, também conhecida como "fada verde"
devido aos efeitos alucinógenos, foi responsabilizado por alucinações, surtos psicóticos e até mesmo mortes. Através de
Theo, conhece Monet, Renoir, Sisley, Pissarro, Degas, Signac e Seurat. Naquela época, o impressionismo tomava conta das
galerias de arte de Paris, mas Van Gogh tinha problemas em assimilar esse novo conceito de pintura. Vincent e Émile
Bernard começaram o uso da técnica dopontilhismo, inspirados em Georges Seurat. A partir de sua estada em Paris, Van
Gogh abandona sua temática sombria e obscura de camponeses e suas obras recebens tons mais claros. São desta época
os quadros Mulher sentada no Café du Tambourin, A ponte Grande Jatte sobre o Sena, Quatro Girassóis, os Retratos de Père
Tanguy, entre outros. Em 1887, conhece Paul Gauguin, e mais para o final do ano expõe em Montmartre. No ano seguinte,
decide mudar-se de Paris.
Arles: Vincent van Gogh chegou em Arles, no Sul de França, no dia 21 de fevereiro de 1888. A cidade era um local que o
impressionava pelas paisagens e onde esperava fundar uma colônia de artistas. Com objetivo de decorar a sua casa em
Arles (conhecida como A Casa Amarela, retratada em uma de suas obras), Van Gogh pintou a série de quadros
com girassóis, dos quais um se tornaria numa de suas obras mais conhecidas. Dos artistas que deixara em Paris, apenas
Gauguin respondeu ao convite feito para se instalar em Arles. O Vinhedo Vermelho, único quadro vendido durante a sua
vida, foi pintado nesta altura. Ele o vendeu por 400 francos. Gauguin e Van Gogh partilhavam uma admiração mútua, mas
a relação entre ambos estava longe de ser pacífica e as discussões, frequentes. Para representar as relações abaladas
entre os dois, Van Gogh pinta a A Cadeira de Van Gogh e a A Cadeira de Gauguin, ambas de dezembro de 1888. As duas
cadeiras estão vazias, com objetos que representam as diferenças entre os dois pintores. A cadeira de Van Gogh é sem
braços, simples, com assento de palha; a de Gauguin possui assento estofado e possui braços. Mediante os diversos
conflitos, Gauguin pensa em deixar Arles: "Vincent e eu não podemos simplesmente viver juntos em paz, devido à
incompatibilidade de temperamentos", queixou-se ele a Theo. Gauguin sentia-se incomodado com as variações de humor
de Vincent pela pressão exercida por elas. Em 23 de dezembro de 1888, após a saída de Gauguin para uma caminhada,
Van Gogh o segue e o surpreende com uma navalha aberta. Gauguin se assusta e decide pernoitar em uma pensão.
Transtornado e com remorso pelo feito, Vincent corta um pedaço de sua orelha direita, que embrulha em um lenço e leva,
como presente, a uma prostituta sua amiga, Rachel. Vincent retorna à sua casa e deita-se para dormir como se nada
acontecera. A polícia é avisada e encontra-o sem sentidos e ensanguentado. O artista é encaminhado ao hospital da
cidade. Gauguin então manda um telegrama para Theo e volta para Paris, julgando melhor não visitar Vincent no hospital.
Vincent passa 14 dias no hospital, ao final dos quais retorna à casa amarela. Em seu retorno pinta o Auto-Retrato com a
Orelha Cortada. O episódio trágico convenceu van Gogh da impossibilidade de montar uma comunidade de artistas em
Arles. O estilo de pintura acompanhou a mudança psicológica e Van Gogh trocou o pontilhado por pequenas pinceladas.
Quatro semanas após seu retorno do hospital, Van Gogh apresenta sintomas de paranóia e imagina que lhe querem
envenenar. Os cidadãos de Arles, apreensivos, solicitam seu internamento definitivo. Sendo assim, van Gogh passa a viver
no hospital de Arles como paciente e preso. Rejeitado pelo amigo Gauguin e pela cidade, descartados seus planos da
comunidade de artistas, se agrava a depressão de Van Gogh, que tinha como único amigo seu irmão Theo, que por sua
vez estava por casar-se. O casamente de Theo constribui para a inquietação de Vincent, que teme pelo afastamento do
irmão.
Saint-Rémy: Em 1889, aos 36 anos, pediu para ser internado no hospital psiquiátrico em Saint-Paul-de-Mausole, perto
de Saint-Rémy-de-Provence, na Provença. A região do asilo possuía muitas searas de trigo, vinhas e olivais, que se
transformaram na principal fonte de inspiração para os quadros seguintes, que marcaram nova mudança de estilo: as
pequenas pinceladas evoluíram para curvas espiraladas.
Auvers-sur-Oise: Em maio de 1890, Vincent deixou a clínica e mudou-se de novo para perto de Paris (em Auvers-sur-Oise),
onde podia estar mais perto do seu irmão e frequentar as consultas do doutor Paul Gachet, um especialista habituado a
lidar com artistas, recomendado por Camille Pissarro. Gachet não conseguiu melhorias no estado de espírito de Vincent,
mas foi a inspiração para o conhecido Retrato do Doutor Gachet. Em Auvers Van Gogh produz cerca de oitenta pinturas.
Entretanto, a depressão agravou-se, e a 27 de Julho de 1890, depois de semanas de intensa atividade criativa (nesta época
Van Gogh pinta, em média, um quadro por dia), Van Gogh dirige-se ao campo onde disparou um tiro contra o peito.
Arrastou-se de volta à pensão onde se instalara e onde morreu dois dias depois, nos braços de Theo. As suas últimas
palavras, dirigidas a Theo, teriam sido: "La tristesse durera toujours" (em francês, "A tristeza durará para sempre").
A doença: Na ocasião, o diagnóstico de Van Gogh mencionava perturbações epiléticas, ainda que o diretor do asilo, Dr.
Peyron, sequer fosse especialista em psiquiatria. As crises ocorriam de tempos em tempos, precedidas por sonolência e em
seguida apatia. Tinham a média de duração de duas a quatro semanas, período no qual Van Gogh não conseguia pintar.
Nestas crises predominavam a violência e as alucinações. No entanto, Van Gogh tinha consciência de sua doença e lhe
era repulsivo viver com os demais doentes mentais da instituição. A doença de Van Gogh foi analisada durante os anos
posteriores e existem várias teses sobre o diagnóstico. Alguns como o doutor Dietrich Blumer, em artigo publicado
no American Journal of Psychiatry, mantém o diagnóstico de epilepsia do lobo temporal, agravada pelo uso do absinto.
Segundo alguns, Vincent teria sofrido de xantopsia (visão dos objetos em amarelo), por isso exagerava no amarelo em suas
telas. Esta xantopsia pode ou não ter surgido pelo excesso de ingestão de absinto, que contém tujona, uma toxina. Outra
teoria seria que doutor Gachet teria indicado o uso de digitalis para o tratamento de epilepsia, o que poderia ter
ocasionado visão amarelada a Van Gogh. Outros documentos relatam ainda que na verdade Van Gogh seria daltônico.
Há ainda diagnósticos de esquizofrenia e de transtorno bipolar do humor, sendo este último o diagnóstico mais aceito.
Consta que na família de Van Gogh existiram outros casos de transtorno mental: Théo sofreu depressão e ansiedade e
faleceu de "demência paralítica" (neurossífilis), no Instituto Médico para Doentes Mentais em Utrecht. Willemina era
esquizofrênica e viveu durante 40 anos neste mesmo instituto e Cornelius cometeu suicídio aos 33 anos de idade. Faleceu
em 29 de julho de 1890. Encontra-se sepultado em Auvers-sur-Oise Town Cemetery, Auvers-sur-Oise na França.
foi um pintor pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das concepções do
fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a
ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. A frase atribuída a Matisse e
a Picasso, de que Cézanne "é o pai de todos nós", deve ser levada em conta. Após uma fase inicial dedicada aos temas
dramáticos e grandiloquentes próprios da escola romântica, Paul Cézanne criou um estilo próprio, influenciado
por Delacroix. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou
para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes
que foram essenciais para suas composições únicas. Cézanne não se subordinava às leis da perspectiva. E sim, as
modificava. A sua concepção da composição era arquitectônica; segundo as suas próprias palavras, o seu próprio estilo
consistia em ver anatureza segundo as suas formas fundamentais: a esfera, o cilindro e o cone. Cézanne preocupava-se
mais com a captação destas formas do que com a representação do ambiente atmosférico. Não é difícil ver nesta atitude
uma reação de carácter intelectual contra o gozo puramente colorido do impressionismo. Sobre ele, Renoir escreveu,
rebatendo o crítico de arte Castagnary: Eu me enfureço ao pensar que ele [Castagnary] não entendeu que Uma Moderna
Olympia, de Cézanne, era uma obra prima clássica, mais próxima de Giorgione que de Claude Monet, e que diante dele
estava um pintor já fora do Impressionismo. Cézanne cultivava, sobretudo a paisagem e a representação de naturezas
mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos. Antes de começar as suas paisagens estudava-as e
analisava os seus valores plásticos, reduzindo-as depois a diferentes volumes e planos que traçava à base de pinceladas
paralelas. Árvores, casas e demais elementos da paisagem subordinam-se à unidade de composição. As suas paisagens
são sutilmente geométricas. Cézanne pintou, sobretudo a sua Provença natal (O Golfo de Marselha e as célebres versões
sucessivas de O Monte de Sainte-Victoire). Nas suas numerosas naturezas mortas, tipicamente compostas por maçãs, levava
a cabo uma exploração formal exaustiva que é a terra fecunda de onde surgirá o cubismo poucos anos mais tarde. Entre
as representações de grupos humanos, são muito apreciadas as suas cinco versões de Os Jogadores de Cartas. A Mulher
com Cafeteira, pela sua estrutura monumental e serena, marca o grande momento classicista de Cézanne.
O período negro, em Paris, 1861-1870 : Em 1863, Napoleão III criou por decreto o Salão dos Recusados, onde as pinturas que
foram rejeitadas para mostra no Salão da Academia de Belas Artes eram exibidas. Entre os artistas proprietários das obras
rejeitadas, estavam os jovens impressionistas, considerados revolucionários. Cézanne foi influenciado pelo estilo dos
impressionistas, mas a sua dificuldade de relacionamento social – ele parecia rude, tímido, às vezes furioso e dado à
depressão – resultaram em um período caracterizado pelas cores escuras e o grande uso do preto. As obras desse período
diferem muito de seus rascunhos e aquarelas dos tempos da Escola Especial de Desenho de Aix-en-Provence (1859) ou de
seus trabalhos subsequentes. Entre as obras do período negro, estão pinturas como O Assassino (cerca de 1867-1868).
Período impressionista, em Provença e Paris, 1870-1878: Após o início da guerra franco-prussiana, em julho de 1870, Cézanne
e Marie-Hortense Fiquet deixaram Paris e foram para L’Estaque, perto de Marseille, onde ele passou a pintar
predominantemente paisagens. Cézanne foi considerado como fugitivo do serviço militar em janeiro de 1871, mas a guerra
terminou em fevereiro e o casal retornou a Paris no verão de 1871. Após o nascimento do primeiro filho, Paul, em janeiro
de 1872, em Paris, eles se mudaram para Auvers, em Val D’Oise, nas proximidades da capital francesa. Pissarro viveu
em Pontoise. Lá e em Auvers, juntos, ele e Cézanne pintavam paisagens. Muito tempo depois, Cézanne descreveu a si
mesmo como um aluno de Pissarro, dizendo que Todos nós surgimos de Pissarro. Sob a influência de Pissarro, Cézanne
começou a abandonar as cores escuras e suas telas se tornaram muito mais luminosas. Deixando Hortense na região de
Marseille, Cézanne andou entre Paris e a Provença, exibindo suas obras na primeira (1874) e na terceira mostras
impressionistas (1877). Em 1875, ele chamou a atenção do colecionador Victor Chocquet, cujas comissões providenciavam
alívio financeiro. Mas as pinturas que Cézanne exibiu atraíram hilaridade, ultraje e sarcasmo. O revisor Louis Leroy disse, sobre
o retrato que Cézanne fez de Chocquet: “Esta cabeça com uma aparência peculiar, e esta coloração de uma bota velha
podem causar um choque (a uma mulher grávida) e febre amarela ao fruto de seu ventre antes mesmo de seu ingresso ao
mundo.”. Em março de 1878, o pai de Cézanne, Louis-Auguste, descobriu o caso do filho com Hortense e ameaçou cortarlhe o suporte financeiro, mas, em setembro, decidiu dar 400 francos para sua família. Cézanne continuou a migrar entre a
região de Paris e Provença até que se construísse um estúdio para ele em sua casa, Jas de Bouffan, no começo dos anos
de 1880. O estúdio foi feito no andar superior, com direito a uma janela alargada, que permitia a entrada da luz vinda do
Norte, mas interrompendo a linha do beiral. Cézanne estabeleceu sua residência em L’Estaque. Lá, ele pintou com Renoir,
em 1882. Visitou Renoir e Monet em 1883.
Período maduro, em Provença, 1878-1890: No começo dos anos 1880, a família Cézanne fixou residência na Provença. Esta
mudança reflete uma independência em relação aos impressionistas, concentrados em Paris, e uma preferência marcada
pelo Sul, o solo nativo de Cézanne. O irmão de Hortense tinha uma casa dentro com vista para o Monte de Santa Vitória,
em L'Estaque. Uma série de pinturas desta montanha entre 1880 e 1883, e outras, de Gardanne, entre 1885 e 1888,
constituem o chamado “período construtivo”. O ano de 1886 foi um ponto de transformação para a família. Cézanne se
casou com Hortense. Também naquele ano, o pai de Cézanne morre, deixando-lhe o estado comprado em 1859; ele tinha
47 anos. Em 1888, a família se mudou para Jas de Bouffan, uma casa e terreno substanciais, o que permitiu um novo
conforto. Esta casa, com um terreno menor, atualmente é propriedade da cidade e está aberta ao público restritamente.
Também naquele ano Cézanne rompeu sua amizade com Émile Zola, após Zola usá-lo, em grande parte, como base para
compor o personagem, um artista sem sucesso e trágico afinal, Claude Lantier, no livro L'Œuvre. Cézanne considerou este
ato como uma quebra de decoro, e a amizade iniciada na infância estava irreparavelmente danificada.
Período final, Provença, 1890-1905 : O período idílico de Cézanne em Jas de Bouffan foi temporário. Desde 1890 até a sua
morte, ele foi cercado por eventos problemáticos, eventualmente se isolando com suas pinturas e passando um longo
tempo como um recluso virtual. Suas pinturas passaram a ser muito conhecidas e procuradas, e ele era o objeto de respeito
na nova geração de pintores.
Os problemas começaram com a crise de diabetes em 1890, desestabilizando a sua personalidade até o ponto onde as
suas relações com os outros foram, novamente, forçadas. Ele viajou para a Suíça, com Hortense e seu filho, talvez nas
esperanças de restaurar as suas relações. Cézanne, porém, retornou à Provença para continuar sua vida; Hortense e Paul
seguiram para Paris. As necessidades financeiras fizeram com que Hortense retornasse para Provença, mas vivendo em
cômodos separados. Cézanne se mudou com sua mãe e com sua irmã. Em 1891, ele se voltou ao catolicismo.
Cézanne alternou entre pintar na região de Jas de Bouffan e na região de Paris, como antes. Em 1895, ele fez uma visita
germinal para Bibémus Quarries e escalou o Monte Santa Vitória. A paisagem labiríntica dos despojos deve ter lhe inspirado,
pois ele alugou uma cabana no local em 1897 e a pintou extensivamente. Acredita-se que as formas tenham inspirado o
estilo embrionário do cubismo. Também naquele ano, a sua mãe morreu, um evento chocante, mas que também fez a
reconciliação com a sua esposa possível. Ele vendeu a área vazia de Jas de Bouffan e alugou um local em Rue Boulegon,
onde ele construiu um estúdio.
As suas relações, entretanto, continuavam tempestuosas. Ele precisava de um local para ser ele mesmo. Em 1901, ele
comprou algumas terras, além da Estrada de Lauves, uma estrada isolada em Aix, e pediu que um estúdio fosse construído
lá (o “ateliê”, agora aberto ao público). Ele se mudou para lá em 1903. Enquanto isso, em 1902, ele escreveu um testamento
que excluía a sua esposa do estado e deixava tudo para seu filho. A relação estava aparentemente quebrada novamente;
é dito que ela queimou os pertences de sua mãe.
De 1903 até o fim de sua vida, ele pintou em seu estúdio, trabalhando por um mês em 1904 com Émile Bernard, quem
permaneceu em sua casa como um convidado. Após a sua morte, o local se tornou um monumento, o Ateliê Paul
Cézanne.
Após a morte de Cézanne em 1906, as suas pinturas foram exibidas em Paris em uma retrospectiva de grande porte, em
setembro de 1907, no Salon D’Automne. A mostra causou um grande impacto na direção da vanguarda parisiense,
tornando-o um dos artistas mais influentes do século XIX e o responsável pelo advento do cubismo. As explorações de
simplificação geométrica e dos fenômenos óticos inspiraram Picasso, Braque, Gris e outros, que passaram a experimentar
múltiplas visões, mais complexas, de um mesmo objeto chegando, finalmente, à fratura da forma. Cézanne, assim, abriu
uma das mais revolucionárias possibilidades de exploração artística no século XX, influenciando profundamente o
desenvolvimento da arte moderna.
foi um pintor francês do pós-impressionismo. Apesar de nascido em Paris, Gauguin viveu os primeiros sete
anos de sua vida em Lima, no Peru, para onde seus pais se mudaram após a chegada de Napoleão III ao poder. Seu pai
pretendia trabalhar em um jornal da capital peruana e foi o idealizador da viagem. Porém, durante a longa e terrível
viagem de navio acabou por ter complicações de saúde e faleceu. Assim, o futuro pintor desembarcou em Lima apenas
com sua mãe e irmã.
Vida adulta e início de carreira: Quando voltou para seu país natal, em 1855, Gauguin estudou em Orléans e, aos 17 anos,
ingressou na marinha mercante e correu o mundo. Trabalhou em seguida numa corretora de valores parisiense e, em 1873,
casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, com quem teve cinco filhos. Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de
Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Começou assim uma vida de viagens
e boémia, que resultou numa produção artística singular e determinante das vanguardas do século XX. Ao contrário de
muitos pintores, não se incorporou ao movimento impressionista da época. Expôs pela primeira vez em 1876. Mas não seria
uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades econômicas, problemas conjugais, privações e doenças. Foi então
para Copenhagen, onde acabou ocorrendo o rompimento de seu casamento. Sua obra, longe de poder ser enquadrada
em algum movimento, foi tão singular como as de Van Gogh ou Paul Cézanne. Apesar disso, teve seguidores e pode ser
considerado o fundador do grupo Les Nabis, que, mais do que um conceito artístico, representava uma forma de pensar a
pintura como filosofia de vida. Suas primeiras obras tentavam captar a simplicidade da vida no campo, algo que ele
consegue com a aplicação arbitrária das cores, em oposição a qualquer naturalismo, como demonstra o seu famoso Cristo
Amarelo. As cores se estendem planas e puras sobre a superfície, quase decorativamente. O pintor parte para o Taiti em
busca de novos temas e para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia
exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão
pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.
Morou durante algum tempo em Pont-Aven, na Bretanha, onde sua arte amadureceu. Posteriormente, morou no sul da
França, onde conviveu com Vincent Van Gogh.
Numa viagem à Martinica, em 1887, Gauguin passou a renegar o impressionismo e a empreender o "retorno ao princípio",
ou seja, à arte primitivista. Tinha idéia de voltar ao Taiti, porém não dispunha de recursos financeiros. Com o auxílio de
amigos, também artistas, organizou um grande leilão de suas obras. Colocou à venda cerca de 40 peças. A maioria foi
comprada pelos próprios amigos de Gauguin, como por exemplo Theo Van Gogh, irmão de Vincent van Gogh, que
trabalhava para a Casa Goupil (importante estabelecimento que trabalhava com obras de arte). Mesmo conseguindo
menos de 3 mil francos, em meados de 1891 regressou ao Taiti, onde pintou cerca de uma centena de quadros sobre
tipos indígenas, como "Vahiné no te tiare" a("A moça com a flor") e "Mulheres de Taiti", além de executar inúmeras esculturas
e escrever um livro, Noa noa. Quando voltou a Paris, realizou uma exposição individual na galeria de Durand-Ruel, voltou ao
Taiti, mas fixou-se definitivamente na ilha Dominique[4]. Nessa fase, criou algumas de suas obras mais importantes, como "De
onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda a sua pintura, realizada antes de uma
frustrada tentativa de suicídio utilizando arsênio. Em setembro de 1901, transferiu-se para a ilha Hiva Oa, uma das Ilhas
Marquesas, onde veio a falecer de sífilis. Encontra-se sepultado no Cemitério de Atuona, Atuona, Arquipélago das
Marquesas na Polinésia Francesa.
Caracteristicas da obra: Gauguin desenvolveu as técnicas do "sintetismo" e "cloisonnisme" (alveolismo), estilos de
representação simbólica da natureza onde são utilizadas formas simplificadas e grandes campos de cores vivas chapadas,
que ele fechava com uma linha negra, e que mostravam uma forte influência das gravuras japonesas. A sua pintura é
caracterizada por:

Natureza alegórica, decorativa e sugestiva;

Formas dimensionais, estilizadas, sintéticas e estáticas.

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